PERNAMBUCO PASSA POR AQUI
ARQUITETURA talentos da arquitetura pernambucana
CINEMA HERMILA GUEDES
CULTURA j.borges
DESTINOS uma viagem à china
GASTRONOMIA chef luciana sultanum
MÚSICA palhaço chocolate
TEST DRIVE HONDA CIVIC GERAÇÃO 10 VOLVO XC60 DIESEL
LAURA AREIAS PORTUGAL E PERNAMBUCO NO CORAÇÃO
www.terramagazine.com.br
@TERRAMAGAZINE
PERFIL
R$ 14,90 / ED. 41 AGO/SET/OUT -16
PROJETO DOIS PAUS E UMA DAMA
EDITORIAL
F
azer aniversário é quase reinventar-se nos dias atuais, para qualquer segmento. Não seria diferente com nossa revista, que busca informação, como compromisso maior, mas traz leveza e por que não dizer, beleza em suas páginas. Quando discutimos nossas pautas, enfatizamos o quanto é importante ir atrás do que não é óbvio, ou do que não foi dito. Essa é a essência do jornalismo. E que nos perdoem os plágios por aí afora. Nós não trabalhamos desta forma.
CLAUDIO BARRETO EDITOR GERAL
A capa festiva de dona Laura Areias é um grande exemplo disto. Um turbilhão de perguntas a esperava no dia da reportagem, mas aos poucos nos amansamos e numa fluidez, conhecemos a história dessa portuguesa que carrega mais de seis décadas vividas em nosso Pernambuco. Nada lá estava nos livros. E não poderíamos viver de verdade, sem destacar essa luso-pernambucana que facilmente nos faria brigar com Portugal para tê-la unicamente como nossa. O mesmo na pauta do xilogravurista J.Borges. Pesquisar sobre a vida dele, em nada se comparou a estar presente em seu museu, ouvir com sabedoria as histórias contadas por ele e sair de lá certos de que a nossa cultura é um dos maiores patrimônios não monetários do nosso Estado.
ANA PAULA BERNARDES EDITORA
Celebrar nos lembra cor e nos traz felicidade. Em nossa edição, trazemos o verão e a beleza das pipas coloridas ao mar, com o kitesurf se consolidando como um grande produto do tuirismo brasileiro.
Em clima de aventura, o test drive nos levou para João Pessoa a bordo do lançamento a diesel da Volvo do XC 60 e no litoral pernambucano no novo Honda Civic geração 10. Na enogastronomia, o Modigliani estampa novamente nossa revista, como sendo um dos verdadeiros nomes da gastronomia francesa por aqui. Mas trazemos uma novidade: a coluna assinada pela chef Luciana Sultanum, que nesta abertura traz uma receita de um ragu de cordeiro com damasco e amêndoas. Em Case De Sucesso, Marivan Gadêlha destaca o trabalho de Paulo Queiroz, dono da Zozand, que comercializa as marcas Coca-Cola, Be Red, Fashion Comics e Chilli Beans vestuário. E não poderíamos deixar de destacar os Talentos da Arquitetura, a tradição do Espaço Design por Paulo Azul, o escritório de Madá e Newman e muitas outras tendências deste universo dos traços perfeitos. E por falar em perfeição, não somos perfeitos. Ainda. Mas é isso que buscamos, sempre. Com honestidade e muito respeito a quem nos acompanha. Na hora de apagar as velinhas, fica aqui o nosso desejo de que o tempo seja generoso com nossas ideias, com nossas ações. E que elas possam contribuir sempre para um Pernambuco lindo de se viver! Boa leitura a todos. Ana Paula Bernardes e Claudio Barreto
41ª edição CAPA LAURA AREIAS TEXTO ANA PAULA BERNARDES FOTOS ARMANDO ARTONI
6|
TERRA MAGAZINE
QUANDO VOCÊ JÁ VIU DE TUDO, PREPARE-SE PARA ALGO REALMENTE NOVO. O novo Civic Geração 10 traz um design único mudando a categoria de sedãs para sempre.
Autoline
Imbiribeira: 81 3316.4800 Afogados: 81 3226.8466 Prado: 81 3226.8490 autolinehonda.com.br
Recife
Torre: 81 3334.1800 recifehonda.com.br
Jaboatão
Piedade: 81 3093.2626 jaboataohonda.com.br
Caruaru
Caruaru: 81 3722.6600 caruaruhonda.com.br
Todos juntos fazem um trânsito melhor.
EXPEDIENTE DIRETOR | EDITOR GERAL Claudio Barreto DRT/PE - 5254 editor@terramagazine.com.br (81) 99504 7550 EDITORA Ana Paula Bernardes REDAÇÃO/CONTEÚDO DA EDIÇÃO Ana Paula Bernardes Célia Labanca Claudio Barreto Paulo Azul Kiki Marinho Marivan Gadelha Luíza Tiné Luciana Torreão Sófocles Medeiros Selma Vasconcelos FOTOGRAFIA | FILMAGEM Armando Artoni Geraldo Donald Noé Neto Rudah Goes PROJETO WEB/EDIÇÃO IMAGEM Geraldo Donald ADMINISTRAÇÃO Maria do Carmo Veras (81) 9 9159 8905 COMERCIAL Jô Santana comercial@terramagazine.com.br (81) 9 9965 5021 REPRESENTANTE - BRASÍLIA Juliano Barreto (61) 8267 3792 REPRESENTANTE - ITÁLIA Aurihelen Paiva +39 340 426 6767 PRODUÇÃO | EVENTOS Danielle Esteves (81) 9 9233 5939 DJ SARDINHA (81) 9 9933 3744
ÍNDICE 11 | Portal Terra Magazine 14 | Coluna Mundo 16 | Reportagem 18 | Entrevista - Paula Limongi 20 | Música - Projeto Dois Paus e Uma Dama 22 | Perfil - Palhaço Chocolate 28 | Por trás da gravata – José Ferreira de Carvalho 30 | Cultura - J. Borges 32 | Capa - Laura Areias 38| Talentos da arquitetura pernambucana 42| Mercado de luxo 46 | Casa Cor 2016 - Espaço André Carício 48 | Espaço Design - Paulo Azul 54 | Projeto Anderson Lula Aragão 60 | Destinos - Zezinho Santos 64 | Diário de Bordo – Débora Mayrinck 66 | Moda – Pernambuco respira moda 72 | Social Terra Magazine 81 | Enogastronomia Vinho Club 82 | Gastronomia - Luciana Sultanum 85 | Test Drive - Claudio Barreto 90 | Mercado 92 | Case de Sucesso - Paulo Queiroz 94 | Esporte – Kitesurf 96 | Saúde 104 | Com a palavra - Célia Labanca 106 | Dicas para Leitura - Selma Vasconcelos 109 | Cinema pernambucano - Sófocles Medeiros 110 | Filmes 112 | Artigo - Alexandre Slivnik 113 | Artigo - Marivan Gadelhâ 114 | Crônica - Andréa Nunes Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista. É proibida a reprodução de textos e fotos sem autorização.
PÁG. 66
MODA ENDEREÇO contato@terramagazine.com.br Rua Bruno Veloso, 393 Boa Viagem - Recife/PE (81) 3083 5326 51.021-280 TIRAGEM - 3 mil exemplares TERRA MAGAZINE LTDA ME CNPJ 15.146.527/0001-04
STRATEGY CONTÁBIL
Av. Hidelbrando de Vasconcelos, 255 Dois Unidos - Recife PE (81) 3451-0715 | 99638-3464 CEP 52.140-005
"A escolha correta de um tapete, em lugar de se sobrepor ao piso original, soma, acrescenta, engrandece o que jĂĄ e belo", Zezinho e TurĂbio Santos
(81) 3081.9192
TERRA MAGAZINE
NOSSA EQUIPE DE MODA
RICARDO COLLER @ricardocoller Pernambucano arretado, vem se destacando no cenário local e nacional como produtor de moda. Quando o assunto é moda, Coller é uma referência no estado. Há oito anos comanda o Moda Recife, dando oportunidade aos estilistas para ousar, mostrar sua identidade, criatividade e originalidade nos desfiles.
JACQUELINE CAETANO @jacquelinesorelli Empreendedora, proprietária da rede de salões Sorelli Spa Urbano e maquiadora, com formação em New York pela Make Up For Ever Academy, realizou diversos trabalhos na indústria de cosméticos nacionais e internacionais. Evidenciando os melhores traços em todo o tipo de beleza, tanto no segmento de moda, como no segmento social e de noivas. Valorizar e realçar a beleza é a sua missão!
NOÉ NETO @noenetoo Fotógrafo, inspirado no mundo da moda, produz campanhas, magazines, fashion films e é responsável pelo desenvolvimento de imagem dos modelos da EPmodels Brasil.
IRAN NASCIMENTO @iran.nascimento Dono de uma visão moderna e sofisticada, atua como produtor de moda e stylist. Sempre antenado com as tendências mundiais, vem ao longo desses anos assinando desfiles, campanhas, catálogos e editoriais de moda no Brasil.
10| TERRA MAGAZINE
Com um olhar muito sensível, as imagens falam, respiram e transiram com toda sua magia.
GASTRONOMIA TIO PEPE COMEMORA 52 ANOS
PORTAL
H
www.terramagazine.com.br
TURISMO
á 52 anos o Tio Pepe faz questão de contrariar todas as tendências de uma gastronomia cada vez mais “fast food” e se posiciona como “Slow Food”, com o objetivo declarado de resgatar nas pessoas o prazer de apreciar a boa culinária, em um lugar que convide a contemplação e a descontração.
Restaurante Tio Pepe - (81) 3341-7153 www.tiopepe.com.br
RESTAURANTE COM VISTA PARA O MAR
UM ESPAÇO PARA RELAXAR NO LITORAL DA PARAÍBA
O Chicama agora tem uma vista incrível, muito mais espaço, vários ambientes e um cardápio repleto de novidades. O restaurante passa a funcionar no Cabanga Iate Clube de Pernambuco, com novo projeto do arquiteto Paulo Velozo. O chef Biba promete manter a tradição da fusão da gastronomia nikkei e nordestina.
U
m oásis no verdadeiro sentido da palavra! Esta é a proposta da pousada Oásis Tajaja. Distante 20km de João Pessoa, a pousada está localizada na praia de Carapibús, no município da Costa do Conde, Litoral Sul da Paraíba.
Cabanga Iate Clube, Recife - PE (81) 3314-8150 / 9 9185-4177
COMEMORAÇÃO
A decoração dos quartos é inspirada em um dos quatros elementos: água, terra, fogo e ar. “É um ambiente de descanso e cuidados com a alma e corpo, em que proporcionamos conforto, requinte e privacidade”, diz Christine Brugger, proprietária da pousada. Rua Mário F. Gominho Praia de Carapibús, Costa do Conde (PB) (83) 31922121 | 981272468
ONDE IR
CLAUDIO BARRETO - Editor da Terra Magazine, comemora 50 anos com amigos no Cabanga.
HAPPY HOUR NO DUTCH BAR Mais uma opção gastronômica numa atmosfera lounge, música, drinks, charutaria, cafeteria, loja de conveniências e menu especial, tudo isso em forma de atendimento delivery para embarcações do Iate Clube Cabanga. A empresa é pioneira no seguimento, no que tange ao suprimento de comidas e bebidas para embarcações, através de delivery. Clube Cabanga Recife Quartas a sextas-feiras, das 14h às 22h Sábados, domingos e feriados das 8h às 22h
EDISIO JUNIOR - O empresário comemora seu aniversário ao som da banda Vintage Pepper.
(81) 3033.2345
(81) 3038.2345
LOJA ESPINHEIRO
COLUNA MUNDO
A música mais feliz do mundo
V
ocê se emociona ao ouvir uma música. Ela te traz recordações e te conecta com lembranças. Mas qual seria a música mais feliz do mundo? O holandês Jacob Jolij, neurocientista da Universidade de Groningen, recebeu como missão descobrir qual música traz as melhores sensações no cérebro humano. O topo da pesquisa elencou “Don’t Stop Me Now”, da banda britânica Queen, hit que estourou em 1978, mas que até hoje, quando toca, traz agradáveis sensações para quem a escuta. A pesquisa contou com uma consulta com 2 mil pessoas que selecionaram 126 músicas dos últimos 50 anos que consideravam as mais felizes. As outras músicas que foram lembradas na pesquisa foram: “Dancing Queen”, do ABBA, “Good Vibrations”, do grupo Beach Boys, e “Uptown Girl”, do músico Billy Joel.
Último hack à NSA foi... a própria NSA
A
NSA, uma das maiores divisões governamentais de espionagem do mundo pode atrair curiosos do mundo todo. Mas, quem poderia supor que a mesma sofresse com vazamento de seus dados, graças à falha dela mesma? Pois bem, esse erro permitiu, há cerca de um mês , que houvesse esse vazamento de portas de segurança. E diversas fontes ligadas diretamente à investigação do incidente afirmam que o vazamento de dados seria de autoria de Edward Snowden ou de que o governo russo teria forçado sua entrada na plataforma secreta para roubar informações que deviam ser descartadas e dar lugar a uma situação bem mais embaraçosa para a NSA.
14| TERRA MAGAZINE
Drone sem bateria? É possível!
O
s aparelhos raramente conseguem voar mais de 20 minutos em uma única carga pelo fato de consumirem muita energia. Por isso, pesquisadores da Imperial College London criaram um drone que não tem nada de bateria. O veículo foi elaborado pelo Dr. Samer Aldhaher, que ao invés de carregar toda a carga que precisa em uma célula de energia, ele conta com uma tecnologia de transmissão de eletricidade sem fio, bem similar ao que vemos em smartphones que podem carregar suas baterias sem cabos. A diferença é que a transmissão ocorre sem que o drone precise encostar em nada. Ainda assim, o limite de altitude dele ainda não passa de alguns centímetros, e ele não pode sair de cima do emissor.
Pitbull não é raça mais agressiva de cães
V
ocê parado de frente para um pitbull, certamente correria de medo, não é verdade? Mas, apesar da fama da raça do cachorro, eles não são considerados pela maioria da população criadora de cães, mais agressivos do que os chihuahuas. Este foi o resultado de uma pesquisa online realizada com mais de 4.000 donos de cães em todo o mundo. Por mais incrível que possa parecer, quase todas as raças foram avaliadas como tranquilas por seus donos - inclusive os pitbulls, que foram chamados de "raramente agressivos". Aliás, o que pesou para os antes malvados, foi de que se trata de uma raça que sofre com preconceito e a ignorância da sociedade. Em tempo, as únicas raças integralmente boazinhas, segundo a pesquisa, são os pugs, os collies e o King Charles Cavalier.
Grupo Femsa compra Vonpar Bebidas por R$ 3,5 bilhões
A
maior engarrafadora de produtos Coca-Cola no mundo em volume de vendas, FEMSA ,anunciou no final de setembro a compra da Vonpar Bebidas, braço de bebidas do grupo gaúcho. O valor da transação é de R$ 3,508 bilhões. A família Vontobel receberá em dinheiro R$ 1,73 bilhão, R$ 688 milhões serão convertidos em ações da Femsa e R$ 1,1 bilhão serão emitidos em notas provisórias para resgate em três anos, podendo também serem transformados em
capital acionário. Com isso, a Femsa passa a ser a maior operadora da marca Coca-Cola no mercado brasileiro, com 49% do volume no País.
Segundo a companhia, a combinação das capacidades elevará o alcance a 88 milhões de consumidores (43% da população e 54% do PIB).
Juiz Sérgio Moro entre os mais influentes do mundo
D
epois de incluído entre as 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista americana Times, o juiz federal Sérgio Moro agora está entre os 10 do mesmo gênero, de acordo com o site de notícias, “Bloomberg”. Responsável pelo julgamento dos processos da Operação Lava Jato, Moro aparece na lista na frente de figuras como o Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil, que está na 42ª posição, o presidente da Rússia, Vladimir Putin (30ª) e do bilionário sul-africano Elon Musk, na 11ª posição.
O
O Milk Shake mais querido do mundo
milk-shake de Ovomaltine passou a ser da rede de fast-food McDonald's. E as marcas simplesmente enlouqueceram nas redes sociais. Quando a nova detentora passou a noticiar, desde então, outras marcas embarcaram no "buzz" gerado nas redes e deram seus recados. A própria Bob´s decidiu se manifestar, dizendo: "Não tem textão, a questão é simples: quem conhece o sabor de verdade não toma #MilkFake", em post no Facebook.
Tênis sem cadarço
O
calçado high-tech da Nike deve ser lançado no dia 28 de novembro para o mercado norte-americano e ainda não tem previsão para chegar aos demais países. Batizado de HyperAdapt, o modelo é equipado com sensores que fazem com que o material se ajuste ao pé, dispensando a necessidade de amarrar os cadarços.
Imagens e fontes | internet
TERRA MAGAZINE | 15
FOTOJORNALISMO
Hélia Scheppa Armando Artoni
Clelio tomaz Robert Fabisak
IMAGEM E TEXTO
A COMBINAÇÃO QUE É NOTÍCIA por Kiki Marinho
A
imagem fala. Grita. Sussurra. Denuncia. Agride. Choca. Comove. Apazigua. A imagem fala por si. A imagem retrata exatamente o que o texto quer dizer, complementa a escrita e viceversa. Isso é fotojornalismo. E, assim como os textos, as fotografias têm a função de registrar a história. Como explica a jornalista Marília Scalzo, em seu livro Jornalismo de Revista, "o texto, por mais perfeito que seja, será sempre melhor compreendido e atraente quando acompanhado de uma boa fotografia". E em tempos de smartphones com lentes poderosas e internet, a capacidade de registrar momentos ganhou dinamismo e agilidade. E uma fotografia, qualquer pessoa com senso de estética e uma câmera razoável, faz. Mas, para ser um repórter fotográfico, é preciso carregar consigo algumas características como: senso crítico, sensibilidade, ética. E, claro, muita técnica. "Técnica, sensibilidade, percepção... deve haver uma ligação perfeita entre essas coisas, que têm um peso muito significativo,
16| TERRA MAGAZINE
principalmente no fotojornalismo", explica o professor Roberto Soares. "E eu acho que além do software, além do hardware, o 'peopleware' ainda é o que tem mais relevância nesse universo onde todo mundo tem um celular e pode fazer notícia". Com 36 anos dedicados ao ensino da fotografia - 18 deles no ambiente acadêmico. "Além de trabalhar como repórter fotográfico, hoje a minha vertente de ensino é mais voltada para o fotojornalismo", conta. O professor aponta o diferencial básico do fotojornalismo: para o repórter fotográfico o foco é a notícia. "É o fato em si, o que difere da fotografia publicitária, por exemplo. O jornalismo é a noticia, é o fato". E para ser um repórter, é preciso ter, além da pauta, arte e técnica. "São vários fazeres dentro do fazer fotográfico", ensina. O paulista Armando Artoni, fotógrafo colaborador da Terra Magazine, adotou Pernambuco desde os 13 anos de idade. Aos 19 já trabalhava com fotografia. São mais de duas décadas dedicadas à profissão e agora está terminando a faculdade de
jornalismo. "Estou no sétimo período", diz. Ele corrobora do pensamento do francês Henri Cartier-Bresson, considerado o pai do fotojornalismo, sobre a definição da profissão: "Na foto jornalística não há interferência nenhuma no que você está fotografando. Você tenta ser o mais realista possível e pegar o momento com a veracidade do acontecimento". De acordo com Artoni, "o repórter fotográfico tem o pensamento da notícia, ele sabe o que é a construção da notícia. O olhar é diferenciado, pois ele conhece o resultado que a imagem precisa ter para compor com o texto". "É uma simbiose", explica o jornalista Wilfred Gadelha. "Há fotografias que não existiriam sem o texto e vice-versa. A cumplicidade entre o repórter e o repórter fotográfico é fundamental". Wilfred, que já trabalhou como repórter e editor de jornal, afirma que, "inicialmente o editor não prevê uma matéria sem fotografia. Porque a gente sabe que a fotografia tem um papel maior do que ilustrar. Ela também informa tanto quanto o texto, às vezes até mais". Ele conta que
muitas vezes é o repórter fotográfico que pauta a matéria, a partir da percepção que ele tem das coisas que vê nas ruas da idade. "É o caso de uma fotografia emblemática de Diego Nigro. Ele estava em outra pauta, mas fez uma foto de menino no meio do lixo no canal do Arruda, na zona norte do Recife. A partir dessa foto é que nasceu a matéria", relembra. Fotógrafa desde 1998, Hélia Scheppa já trabalhou como repórter fotográfica nos maiores jornais do Pernambuco. De acordo com ela, o que difere um fotógrafo de um repórter é a pauta. "Um repórter fotográfico é um fotógrafo sempre. Ele apenas está ali pautado, com um direcionamento. Eu sou fotógrafa sempre, mas em alguns momentos eu sou repórter fotográfica", diz. Para ela, o fotojornalismo tem um papel muito importante. "A gente tem a necessidade de ver, de marcar, de documentar. O fotojornalismo pode ser um documento, pode ser uma denúncia. Ele é uma informação, ele é toda uma matéria. É tudo aquilo que está comprovando o que foi visto, o que foi feito, o que foi denunciado. Hoje em dia o fotojornalismo está entrando em galerias de arte, em tantas outras plataformas, mas eu acho que a essência dele é essa", conclui. A jornalista Hercília Galindo, da Folha de Pernambuco, destaca que com o advento das redes sociais, a leitura se tornou mais dinâmica e os jornais tiveram que se adequar a uma diagramação mais leve, com letras graúdas e muita, muita imagem. O formato de “revista” acabou migrando para os impressos. Assim como o dos portais de notícia. "Sem fotos, eles não existiriam", explica. "Até bem pouco tempo, os jornais impressos tinham como padrão letras menores, muito texto, alguns até sem foto. Quem não lembra do extinto Valor Econômico?", diz. Hercília afirma que uma boa imagem fala, sim, por si só, assim como a boa notícia. "Mas a união dessas duas ferramentas completa qualquer leitura", complementa. Já a subeditora de economia da Folha de Pernambuco, Bianca Negromonte, destaca a atualidade do provérbio chinês 'uma imagem vale mais que mil palavras'. Segundo ela, nos dias de hoje, com as redes sociais e a informação correndo tão rápido, muitas vezes as fontes não são confiáveis. "Hoje você tem novos instrumentos de comunicação, novas mídias e fica muito difícil de controlar. Mas com a imagem é possível mostrar a realidade", afirma. "Sempre gostei de fotografia e percebi que o jornalismo iria me permitir ter a
Robert Fabisak
uma grande oportunidade de escrever seu nome na história, de alguma forma, por mais simples que seja o fato" oportunidade de estar em lugares incríveis fazendo registros históricos. Foram três anos de trabalho em redação de jornal, na Folha de Pernambuco, até que resolvi sair para tocar um projeto pessoal", conta Nathália Bormann. Ela descreve o fotojornalismo como "uma grande oportunidade de escrever seu nome na história, de alguma forma, por mais simples que seja o fato". Mas ela destaca que é importante ter sensibilidade para traduzir em uma imagem o que um repórter de texto escreve em dezenas ou centenas de palavras. "Isso é muito desafiador", diz.
rua para coletar uma informação, seja num momento de tragédia ou num momento de alegria, mas ele vai tentar retratar a imagem daquele momento", complementa. Mas segundo ele, o perfil de fotógrafo e repórter fotográfico hoje vem se complementando. "Você vê fotógrafos de casamento que têm uma pegada de fotojornalismo, uma coisa mais de movimento e não apenas aquela coisa mais burocrática da cerimônia. Já o repórter fotográfico, quanto tem uma pauta mais fria, tenta fazer uma produção pra foto, com uma luz mais trabalhada. Penso que um completa o outro", conclui.
Bormann afirma que o diferencia um fotógrafo de um fotojornalista é que esse último precisa ser ágil, discreto pra conseguir o que pretende e perspicaz. "Tem que saber lidar com a mais diversas situações e condições adversas. Tem que ter a grande responsabilidade de fazer o melhor recorte que puder, de algo que jamais vai se materializar na sua frente novamente, da mesma forma. Uma responsabilidade e tanto!", finaliza.
Há 18 anos no batente, Robert Fabisak já sabia, desde a faculdade de jornalismo, que queria trabalhar com imagem. E ele diz que hoje em dia todo mundo tem algo de fotógrafo, pois com um celular em punho é possível não apenas ver e registrar a imagem, mas também corrigir e transmitir. Mas, então, o que diferencia um repórter fotográfico? "O olho. Todo mundo pode fazer, mas vai ter qualidade? Enquadramento? Plasticidade? Luz, foco? Vai ter informação? Quem vai conseguir fazer uma foto que traduza tudo isso é o repórter fotográfico, por meio de uma linguagem e por meio da bagagem que adquire na vida", ensina. "A imagem tem o poder de colocar o leitor dentro do local do fato. Quando há o casamento do texto com a foto, é uma história que está sendo contada", finaliza.
Clélio Tomaz começou a trabalhar com fotografia em 2007 e já atuou em jornais e revistas e portais locais, nacionais e internacionais. Empresário de segmento, Clélio atua não apenas como repórter fotográfico, mas também como fotógrafo. ”Fotojornalismo pra mim é transformar as pautas do dia a dia em imagem, fazendo com que o leitor tenha entendimento daquele assunto mesmo não lendo a matéria. É isso que a gente tenta mostrar com a nossa foto, aquela história de que, às vezes, uma foto fala mais do que palavras", conta. "O repórter fotográfico vai para a
O repórter fotográfico é uma categoria profissional reconhecida pela Federação Nacional dos Jornalistas, a Fenaj, que não requer, necessariamente, a formação superior. Para ter direito ao registro, o profissional deve se dirigir à entidade de classe do Estado e apresentar publicações em veículos de comunicação que comprovem o exercício da profissão. Feito isso, o material é submetido à análise de uma comissão, que concederá - ou não - o registro profissional. Em Pernambuco, quem faz isso é o Sinjope Sindicato dos Jornalistas Profissionais de PE. Mais informações no www.sinjope.org.br.
TERRA MAGAZINE | 17
ENTREVISTA PAULA LIMONGI
Você sabe o que faz uma Embaixadora de Whisky?
por Redação Terra Magazine
Terra Magazine entrevistou a embaixadora do Whisky Chivas Regal no Brasil, Paula Limongi e conta tudo que você queria saber sobre a vida nas Embaixadas Etílicas. Terra Magazine - Há quanto tempo é embaixadora de Chivas Regal e como surgiu este convite? Paula Limongi - Assumi o cargo de embaixadora de Chivas Regal no Brasil em julho de 2014. Faço parte da primeira turma de embaixadoras da Chivas Brother´s no mundo. Somos 18, sendo 14 britânicos, 2 africanos, um sul-africano e eu, única representante das américas. O convite surgiu através de uma empresa de head hunters, que estava buscando alguém para assumir a vaga. Pelo fato de morar no Recife (cidade com maior consumo de whisky per capita do mundo), ser uma amante do scotch whisky e já ter uma experiência prévia de cinco anos no mercado etílico , entrei no processo seletivo e acabei conquistando a vaga. Terra - Sua formação como jornalista é importante no dia a dia como embaixadora? Quando se formou, imaginava que poderia trabalhar no setor de bebidas? Paula - Me formei em jornalismo em 2010. Antes de ingressar no ramo etílico, trabalhava como repórter de rádio. Sempre amei o mundo da comunicação, e o fato de ter essa bagagem me ajuda muito na minha função de embaixadora, onde o papel principal é comunicar. Sempre gostei muito do jornalismo, mas a cultura etílica me fascina há um bom tempo. Unir essas duas paixões foi algo sensacional. Terra - O que faz uma embaixadora de Whisky? Paula - O papel principal de um embaixador de marca é comunicar. Somos o meio e a mensagem. Uma vez que a marca não pode falar, emprestamos a nossa voz à ela. Faço vários eventos voltados para consumidores e apreciadores, desde testes cegos com diferentes rótulos, degustações da família Chivas Regal, degustações harmonizadas com menus exclusivo criados por chef renomados, até harmonização de whisky com chocolate. Sou uma espécie de sommelier, mas falando de whisky.
Foto Cecilia Bradley
18| TERRA MAGAZINE
Foto Gleyson Ramos
E é através desse trabalho que divido com as pessoas várias curiosidades que quase ninguém sabe. As pessoas ficam muito surpresas quando descobrem que Chivas Regal é considerado o primeiro whisky de luxo do mundo e encantadas quando descobrem que o Royal Salute 21 anos foi criado em homenagem à coroação da Rainha Elizabeth II e que as cores das garrafas (rubi, safira e esmeralda) se referem as cores das pedras da coroa da Rainha, bem como a idade do whisky (21 anos) representa o numero de tiros disparados pelos canhões reais no dia da coroação. Terra - Quais as principais lições que você guardou dos treinamentos que realizou na Escócia? Paula - O primeiro treinamento foi mais intenso, passei 5 semanas respirando whisky no Reino Unido. Foram 3 semanas em Londres e duas na Escócia. Durante esse tempo, vivemos uma grande imersão cultural, tanto sobre o produto, quanto sobre os valores da marca. Aproveitei para me aproximar da cultura dos escoceses e entender como um país com apenas 5 milhões de habitantes produz uma quantidade de whisky que abastece o mundo inteiro.
Aprendi que esse trabalho passa de geração para geração e é feito com muito amor e dedicação. Mas a lição que guardei foi que, apesar do mito de que o escocês só bebe whisky “cowboy”, e que esse é o jeito certo de beber, eles me ensinaram que o melhor jeito de consumir whisky é o seu jeito. E da mesma maneira que muitos brasileiros tomam whisky com água de coco, os asiáticos tomam com chá verde e os escoceses geralmente consomem com uma ou duas pedras de gelo ou com um pouco de água natural, para abrir os aromas do whisky. Uma vez por ano voltamos para um treinamento de reciclagem de conteúdo e também para conhecer os novos embaixadores mundo afora. Agora já somos 60 espalhados por todos os continentes. Terra - O que é o “Drink Ritual”? E a propósito, qual é hoje o seu drink favorito com Chivas Regal? Paula - Drink Ritual é a maneira que você escolhe ou cria para melhor apreciar seu momento etílico. No Japão, por exemplo, é impossível tomar uma garrafa de vinho sozinho. O drink ritual diz que você deve sempre beber em companhia e para gerar
senso de interação e compartilhamento, você nunca pode encher o seu copo. O mesmo deve ser servido pelos que partilharem a garrafa. Muitos whisky lovers têm seu Drink Ritual, que vai desde usar só um tipo de copo, um formato de gelo específico ou até fumar um charuto que harmonize com as notas do scotch. Sou suspeita para falar de drinks com Chivas porque sou muito fã de drink feito com whisky, mas, ultimamente, um dos meus prediletos foi criado pelo mixologista João Morandi, para um evento de lançamento do novo Chivas Extra para imprensa do Recife, o Chivas Extra Press, e pode ser encontrado no Pisco Lounge, em Boa Viagem. Abaixo a receita:
Chivas Extra Press • 45ml Chivas Extra • 15ml limão siciliano • 15ml limão tahiti • 30ml frutas vermelhas (polpa) • 30ml Simple Syrup • Refrigerante de Baunilha
TERRA MAGAZINE | 19
MÚSICA PROJETO DOIS DE PAUS E UMA DAMA
Dois de Paus e Uma Dama
Projeto dedicado ao público com clássicos nacionais que vão de Capiba a Chico Buarque e grandes clássicos internacionais
por Redação Terra Magazine
A
arte da música corre nas veias de três grandes músicos e amigos que amam compor e interpretar belas canções, que em um dos encontros resolveram montar um trabalho dedicado ao público com clássicos nacionais que vão de Capiba a Chico Buarque e grandes clássicos internacionais, surgindo o: “Dois de Paus e Uma Dama”. Este é o projeto paralelo composto pela cantora Nena Queiroga, Renato Bandeira (violão), Bráulio Araújo (baixo acústico), e com o convidado, Tostão Queiroga (bateria).
Cover Baixo, onde foi considerado um dos grandes baixistas do Brasil.
Nena é a “Dama” e interpreta clássicos musicais de vários ritmos e estilos, incluindo clássicos internacionais num formato mais acústico, sem esquecer o frevo, que recebe roupa nova, de uma cantora mais contida, bem diferente daquela que explode de energia no Carnaval.
Paralelo aos dois de Paus, recentemente lançou seu segundo trabalho, o CD PONTE. Após ter sido convidado a participar do NH Bass Fest – New Hapshire – MA, passou uma temporada em Boston e NYC divulgando o seu novo álbum em Pub’s de Jazz renomados como Rilles em Boston - MA e Zinc Bar e Zirzamim em NY , além de ter participado do show do centenário de Luiz Gonzaga no Lincoln Center - NY. Um CD que conta também com uma bela releitura da música do Leo Gandelman e Willian Magalhães “SOLAR”, e com participações de grandes nomes da música brasileira como, Maestro Spok (Spok Frevo Orquestra), Cezzar Thomas, Fabinho Costa (Jorge Vercilo), Genaro (Trio Nordestino), entre outros.
Bráulio
Renato
Araújo - contrabaixista, arranjador, produtor musical e compositor. Nascido em São Paulo, radicado no Recife desde 10 anos de idade. Autodidata, tendo forte influência por parte do seu pai, Marcos Araújo, também contrabaixista, arranjador e professor do Conservatório Pernambucano de Música. Marcou presença em grandes festivais consagrados. Foi citado em publicações que circulam na América Latina, como as revistas Guitar Player e
20| TERRA MAGAZINE
Bandeira Violonista e guitarrista, iniciou seus estudos em música popular pelo Conservatório Pernambucano de Música. Renato Bandeira vem se destacando pela sua versatilidade como compositor, arranjador e produtor musical. Acompanha e participa de gravações de diversos artistas da música instrumental e de consagrados nomes da MPB em shows pelo Brasil e em turnês internacionais. Integrante da SpokFrevo Orquestra, ele já
acompanhou nomes como Dominguinhos, Léo Gandelman, Márcio Montarroyos, Alceu Valença, Gal Costa, Silvério Pessoa, Chico César, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Sivuca, Antonio Carlos Nóbrega, Edu Lobo, João Donato, Maria Rita, Ney Matogrosso, Vanessa da Mata, entre outros. Junto com a SpokFrevo Orquestra, grupo pernambucano que vem revolucionando o gênero fazendo uma fusão do jazz com o frevo, Renato já passou por diversos palcos nacionais e internacionais, dentre eles: Festival de Jazz de Montreux-Suiça(2008), Paléo Festival Nyon-Suiça Roskilde-Dinamarca(2008),Pori Jazz Festival-Finlândia(2009) Arts Salive Festival-África do Sul(2009), Jazz Pulsation Nancy-França(2009),Intercâmbio Cultural Índia-(2009), Jazz in Marciac-França(2010), North Seea Jazz Rotterdam-Holanda(2010), Juan les Pins Festival-França(2010). Também em 2010 junto com a SpokFrevo Orquestra, fizeram 3 apresentações em Londres na lendária casa de Jazz Ronnie Scott’s. Participou dos CDs "Cabeça Elétrica Coração Acústico" de Silvério Pessoa e do CD Passo de Anjo, da SpokFrevo Orquestra, ambos vencedores do prêmio TIM de música em 2006. Com participações em importantes registros da música pernambucana e brasileira, Renato integra o time de músicos do CD "É de perder os sapatos: 100 anos de frevo, lançado pela gravadora Biscoito Fino, em comemoração ao centenário do ritmo,
Renato Bandeira
Braulio Araujo
Tostão Queiroga
fotos: Bárbara Jaques - Quânticos Atos Criativos
que rendeu um grande show na Praça do Marco Zero do Recife, dia 09 de fevereiro de 2007, com sua participação. Também pela Biscoito Fino, foram lançados o CD e o DVD Passo de Anjo ao Vivo, da SpokFrevo Orquestra, com a marca registrada da guitarra de Renato Bandeira.
Nena Queiroga - Cantora e compositora,
nascida no Rio de Janeiro, criada no Recife desde criança. Em 2012, recebeu o título de Cidadã Pernambucana. Filha do radialista Luiz Queiroga e da cantora Mêves Gama, começou a cantar desde muito nova. Aos 12 anos integrava o grupo Quarto Crescente, liderado por seu irmão mais velho, o cantor e compositor Lula Queiroga. A ligação com o carnaval se deu também por acompanhar sua mãe, cantora de orquestra e intérprete de vários sucessos de carnaval, nos ensaios e gravações de frevos. Aos 16 anos já cantava em Orquestras da cidade. Aos 19 anos, fez parte do elenco da casa de shows Som das Águas, onde conheceu o Maestro Spok, pai dos seus dois filhos, e André Rio, artista que a introduziu no mundo dos shows populares e das composições.
Nena Queiroga TIM da Música Brasileira e chegou à final, competindo com álbuns de Ivete Sangalo e Daniela Mercury. O disco conta com participações de André Rio, da sua irmã, Mevinha Queiroga, além de Alceu Valença e Dominguinhos. A discografia da cantora ainda conta com mais um álbum de forró, "Numa Festa de São João", e dois de ritmos carnavalescos, "Esse é o Meu Carnaval" e "É Frevo, Meu Bem! ".
Em 2005, começou oficialmente a puxar um dos trios do Galo da Madrugada, considerado, pelo Guiness Book, o maior bloco do mundo. Por ser a única mulher a ter seu próprio trio, passou a ser reconhecida como a voz feminina do Galo. Neste mesmo ano, também recebeu o título de Rainha do Carnaval de Pernambuco.
2014 foi um ano marcante na vida da cantora. Em fevereiro, Nena gravou seu primeiro DVD, intitulado Pernambuco Para o Mundo, show no qual a artista cantou para um público de 60 mil pessoas, que lotaram o Cais da Alfândega, no Recife Antigo. A gravação contou com participações especiais de grupos e artistas como Ivete Sangalo, Maria Gadu, Luiza Possi, Lenine, Elba Ramalho, André Rio, Maestro Spok, Maestro Forró, Ed Carlos, Gustavo Travassos, Ylana, Coral Edgard Moraes e Orquestra dos Prazeres.
Seu primeiro CD, Xotes e Forrós, em 2006, levou-a ser indicada ao Prêmio
Mas não só de carnaval vive a cantora, que, consagrada no estado, tem vários projetos
de shows como “BAILE DA NENA” criado em 2015, direcionado a todos os públicos e ritmos. Quem for conferir o Dois de Paus e Uma Dama Brasil afora, vai identificar vários músicos e artistas convidados. Atualmente o trio conta com a participação de Tostão Queiroga, como convidado especial, irmão de Nena, baterista que que também trabalha com a cantora Elba Ramalho, e uniu-se aos amigos nesse projeto maravilhoso. A proposta é que vários convidados por vez façam parte das etapas e shows do projeto. O projeto tem como finalidade atingir o público da boa música do mundo e foi estruturado para qualquer tipo evento que comporte a versão acústica. Com produção executiva de Pepita Ferreira, quem tiver interesse de contratá-los, pode solicitar pelo email -doisdepauseumadama@gmail.com. Conheça mais pelo: https://soundcloud. com/doisdepauseumadama.
TERRA MAGAZINE | 21
PERFIL PALHAÇO CHOCOLATE
Palhaco Chocolate Uma vida inteira dedicada à arte de fazer sorrir por Luiza Tiné
40
anos. É este o tempo que o Palhaço Chocolate, personagem genuinamente pernambucano, vem alegrando crianças ao redor de todo o Brasil. Criado por Ulisses Dornelas, ele é figura conhecida na infância de muita gente e a sua alegria contagiante no palco influencia gerações: são avós, pais, filhos, netos, todos reunidos na plateia para ver o artista se apresentar, cantar e encantar há quatro décadas. Natural de Olinda, Ulisses Dornelas é ator, professor, pedagogo, marketeiro e administrador de empresas, mas além de tudo isso, ele também é o Palhaço Chocolate, profissão que para ele não tem prazo de validade ou aposentadoria e que lhe dá tantas alegrias. “Todas as faculdades que eu fiz foram para somar e fazer um personagem cada dia melhor”, afirma o artista, que também é diretor de espetáculos, roteirista e figurinista e faz questão de frisar que é único: “Não existe cover do Palhaço Chocolate! Onde você ver ele se apresentando, tenha certeza que ele é o original, feito por mim”, pontua. A paixão pelo teatro e pelo circo veio de muito jovem. Filho de Adalberto Souza, que era militar, e de Maria do Carmo Dornelas, que era professora primária, confessa que herdou o dom da mãe: “Minha mãe dava aula cantando. Aprendi com ela!”. Quando criança, foi aluno do Jardim de Infância Ana Rosa, no bairro de Santo Amaro, e após as aulas, passava as tardes no Teatro Santa Isabel participando de figurações. O interesse pelas artes aumentou ainda mais quando foi estudar no Ginásio Pernambucano, na Rua da Aurora, e passou a fazer parte da banda e a se engajar em grupos de teatro. A partir daí então se iniciou uma vida inteira dedicada aos palcos e, acima de tudo, às crianças. O Palhaço Chocolate nasceu na década de 1970 através de um grupo de amigos recreadores infantis que criou, no Recife, a Família dos Bombons. Dentre todos eles, Ulisses Dornelas era o responsável por dar vida ao bombom Chocolate, que acabou se destacando
22| TERRA MAGAZINE
Foto Ivaldo Bezerra
TERRA MAGAZINE | 23
PERFIL PALHAÇO CHOCOLATE
Foto Sayonara Freire
A arte me escolheu. Eu repetiria tudo que eu fiz até hoje com muita felicidade porque eu sou apaixonado por estar no palco”
nos eventos em que se apresentava aniversários, confraternizações, eventos corporativos - e com o fim do grupo, veio a oportunidade de seguir carreira solo. A proposta do ator era de criar, então, um palhaço diferente, que fosse ao mesmo tempo um arauto, um apresentador, um cantor, um diretor de espetáculo, um roteirista, ou seja, que acumulasse várias outras funções, além de fazer brincadeiras. O caminho para dar vida ao personagem, no entanto, não foi fácil. Ulisses afirma que o teatro infantil no Brasil sempre sofreu grande discriminação. “Na época em que decidi criar o Palhaço Chocolate, tínhamos poucas opções de teatro para crianças. Lembro-me de Maria Clara Machado e Lúcia Bernadete, por exemplo, que sempre
24| TERRA MAGAZINE
faziam grandes espetáculos, mas era tudo muito formal e eu sempre quis quebrar esta engenharia cênica”, relata. O grande propósito do personagem sempre foi criar peças e musicais onde as crianças pudessem participar, daí a necessidade de inserir um outro tipo de linguagem, e principalmente, montar espetáculos lúdicos onde cada criança pudesse absorver, além do entretenimento, uma mensagem educativa, de paz, de amor ao próximo. Por ser contemporâneo do Ato Institucional Nº5 - AI 5 - Ulisses afirma que o personagem do palhaço naquela época era um dos maiores porta-vozes da arte num país onde todas as palavras que eram ditas publicamente precisavam ser
milimetricamente calculadas. Para compor o seu personagem, ele nos conta que se inspirou em palhaços como o Carequinha, Fred, Arrelia, Torresmo, Piolin - grandes ícones da época. Eles, no entanto, seguiam uma linha mais circense e após estudar muito o comportamento de cada um, ele resolveu criar o Chocolate, unindo o circo ao teatro, música e dança. Ao seguir carreira solo, o Palhaço Chocolate fechou uma parceria com a casa de festas Maria Fumaça, que ficava no bairro da Soledade e era responsável por animar várias festas pelo Recife e Região Metropolitana. A partir daí veio a oportunidade de abrir espetáculos infantis no Teatro Santa Isabel. “Comecei a fazer números de abertura no Circo Rataplan em um novo horário - às 10h”, relembra. “Foi assim que dei início ao período matinal para as apresentações teatrais que permanecem até hoje no mesmo horário”. Foi então, no Teatro Santa Isabel que o Palhaço Chocolate começou a conquistar o seu público e junto com ele, modernizar o seu visual. “As crianças que construíram o Chocolate. Foi de acordo com a linguagem delas que eu fui criando uma identidade mais contemporânea, com figurino e maquiagem que encantavam pelas cores e pelo brilho, fazendo com que o palhaço se tornasse mais moderno, porém sem perder a essência tradicional”, comenta. Os shows de abertura então foram migrando para viagens para fora de Pernambuco e até mesmo do Brasil, com apresentações em grandes eventos públicos em praças, ginásios, campos de futebol, onde levava um espetáculo com banda, corpo de baile, malabaristas e tudo que uma trupe completa tem direito. E tudo isso de forma dinâmica, criando uma relação com a plateia através da música, texto, cenografia, unindo entretenimento e educação. Paralela à ocupação com o Palhaço Chocolate, Ulisses também trabalhou como professor de Educação Física no
Foto Reginaldo Sereno
Colégio Oliveira Lima, do Governo do Estado de Pernambuco, por mais de 30 anos. A escola, tradicional na cidade do Recife, fica no bairro da Boa Vista e por lá, o “professor Ulisses”, como era conhecido, fez a diferença na vida de muitos jovens. “Enquanto educador tive a oportunidade de levar o teatro para dentro da escola. Montamos uma estrutura com palco, som e cortinas onde os alunos pudessem se apresentar com qualidade”, relembra. Ele também se recorda que conversava com professores de outras matérias para inserir a arte em suas aulas: “Levava a arte para as aulas mais inusitadas, como por exemplo, a de matemática. Perguntava ao professor qual era o assunto da semana e juntos bolávamos uma aula divertida que chamasse ainda mais a atenção do aluno para o aprendizado”. Ele tinha uma maneira de definir a sua rotina diária: “Segundas, terças e quartas eram para o Estado. Quintas, sextas, sábados e domingos eram para o Chocolate. E sempre funcionou. Nunca tirei férias!”. Ao se aposentar do cargo de educador, Ulisses passou a se dedicar cem por cento ao Palhaço Chocolate. E não se arrepende: “A arte me escolheu. Eu repetiria tudo que eu fiz até hoje com muita felicidade porque eu sou apaixonado por estar no palco”, confessa ele, que estuda, pesquisa e é extremamente detalhista com as suas construções. “Nada me satisfaz mais do que ver o sorriso de uma criança e o brilho no seu olhar. É isso que me dá forças para manter a chama da arte sempre acesa em mim”, confessa. Desde o ano de 2010, em parceria com o Colégio Salesiano, que Ulisses Dornelas assumiu o comando do Teatro Boa Vista,
Nada me satisfaz mais do que ver o sorriso de uma criança e o brilho no seu olhar. É isso que me dá forças para manter a chama da arte sempre acesa em mim” que fica nas dependências da instituição religiosa. Por lá, ele lutou pela reforma e redemocratização do espaço, que hoje em dia não é mais um teatro apenas do colégio, mas sim de toda a cidade do Recife, recebendo espetáculos de grande porte. É lá onde o Palhaço Chocolate se apresenta nas manhãs de todos os domingos, sempre às 10h. O seu mais recente espetáculo de trabalho é o “Circo Mágico do Palhaço Chocolate”, onde Ulisses, que é responsável pela roteirização, pesquisou mais de 50 canções de roda de diferentes regiões do Brasil. O musical reúne a magia do circo com cantigas tradicionais fazendo do espetáculo um momento onde os pais podem reviver a infância e os filhos podem se encantar com as músicas pela primeira vez. A equipe do Palhaço Chocolate hoje soma cerca de 40 profissionais que se envolvem direta e indiretamente em cada peça, mas sempre monitorados por Ulisses: “Eu me preocupo do roteiro até a concepção final do espetáculo, passando pela luz, figurino, cenário e maquiagem” pontua. Dia das Crianças no Parque 13 de Maio: A data mais esperada do ano para o Palhaço Chocolate, sem dúvidas, é o dia 12 de Outubro, quando se é comemorado o Dia das Crianças. A iniciativa partiu do próprio Ulisses há mais de 30 anos, que na época,
em parceria com uma marca de sorvetes, resolveu fazer um show para a criançada, o dia do sorvete, mas que acabou crescendo e se transformando em uma grande comemoração. “Começamos sem palco e sem estrutura nenhuma, mas eu vislumbrei que ali tinha potencial para ser cenário de um show grandioso” relembra. A estrutura então foi montada e o Parque 13 de Maio passou a receber a maior comemoração do Dia das Crianças na cidade. “Comemorar o 12 de outubro no Parque 13 de Maio é o momento mais feliz da minha carreira. Me emociona muito ver cerca de 100 mil pessoas, sem distinção de classes sociais, brincando, dançando e cantando com o Palhaço Chocolate” nos conta, emocionado. O evento, para ele, é o maior encontro de gerações e de situações sociais, já que nem todo mundo tem dinheiro para ir ao teatro. Sobre as situações marcantes que já viveu durante o evento, ele recorda de uma em especial: “Certa vez uma mãe me disse que ela só tinha o dinheiro para uma coisa: comprar o leite da criança ou a passagem do ônibus para ver o show do Chocolate no 13 de Maio. E ela resolveu ir ao show. Deste momento eu jamais vou esquecer”.
TERRA MAGAZINE | 25
ILUMINAÇÃO CENOGRÁFICA
SONORIZAÇÃO PROFISSIONAL
PRODUZA SEUS EVENTOS COM OS MELHORES DO MERCADO
SOLUÇÕES MULTIMÍDIA
ESTRUTURAS PERSONALIZADAS
POR TRÁS DA GRAVATA JOSÉ FERREIRA DE CARVALHO
Ferreira foto arquivo pessoal
UM CORAÇÃO QUE SE DIVIDE ENTRE TELAS DE PINTURA E CARROS PUMA
por Luíza Tiné
por Luíza Tiné
U
m ateliê localizado no bairro de Campo Grande, na Zona Norte do Recife: de um lado, quadros e esculturas; de outro, uma série de carros Puma. Duas grandes paixões do artista plástico José Ferreira de Carvalho, que divide no coração estas duas paixões: o automobilismo e a arte. Ferreira, como é conhecido, começou a pintar ainda na infância e descobriu, já na idade adulta, a admiração pelos veículos, que acabou por se tornar um dos seus maiores hobbies.
28| TERRA MAGAZINE
Ferreira é pernambucano, nascido e criado no Recife. Aos 67 anos recém-completados, confessa que a sua veia artística foi descoberta há pelo menos 50 anos pelo seu pai, o senhor Manuel Ferreira da Silva militar, porém, grande admirador das artes. Em uma família de oito filhos, de onde saíram médicos, advogados e músicos.
tempo. Eu não achei que soubesse fazer isto, até que um dia resolvi tentar. Tentei, gostei e sigo pintando até hoje”, recorda o artista. “A minha primeira tarefa foi copiar a figura de um velho que achamos em uma página de revista. Meu pai pediu que eu reproduzisse e assim eu o fiz. Guardo este trabalho até hoje”, recorda o artista.
Ferreira se destacou na arte da pintura e decidiu fazer disto a sua carreira profissional para o resto da vida. “O meu pai me incentivava a pintar para passar o
Começou a comercializar seus quadros ainda jovem. Sua primeira venda foi aos 7 anos, quando o médico Lucilo Maranhão afirmou-lhe que compraria tudo que
fosse pintado por ele, e desde então, não parou. Em meados da década de 1970, Ferreira ingressou no ensino superior, adquirindo dois diplomas diferentes: um em Administração de Empresas e outro em Economia. Após a graduação, ainda trabalhou na extinta ABC Rádio e Televisão, mas abandonou o emprego após quatro anos de serviço para se dedicar exclusivamente à arte. Sobre a sua pintura, Ferreira afirma que não segue uma linha específica e sim, que pinta o que tiver vontade, sejam paisagens ou retratos. “Sou fascinado pela pintura de uma forma geral e costumo dizer que mando na minha vontade logo, eu pinto o que eu quero. Nunca fui preso a um único e exclusivo estilo”, dispara. O fascínio pelos carros Puma veio, segundo ele, há cerca de 30 anos, data de quando se interessou em adquirir o primeiro veículo: um modelo GPS 69 Conversível na cor prata, que viria a ser o primeiro de sua estimada coleção. Ferreira descobriu, então, um novo hobby para passar o tempo entre um trabalho artístico e outro. O mesmo ateliê onde realiza suas criações, ele passou a abrigar os automóveis, espaço que encontrou procurando em anúncios de jornal. Ferreira relata que comprava os carros - em sua grande maioria já velhos - e os desmontava para reconstruí-los, passando assim, a conhecer peça por peça e o funcionamento de cada um dos veículos. “Eu comprava o carro velho e transformava
Sou fascinado pela pintura de uma forma geral e costumo dizer que mando na minha vontade logo, eu pinto o que eu quero. Nunca fui preso a um único e exclusivo estilo” em um novinho em folha. Naquela época era mais fácil adquirir um Puma - custava em torno de dois a três mil reais. Eu ia buscar o veículo onde ele estivesse”, relata. Ele confessa ainda que os carros conversíveis sempre lhe chamaram a atenção, sendo deste modelo a maioria de seus Pumas. “Depois que eu comecei a adquirir os veículos e reformá-los, muita gente se interessou pelo assunto, principalmente meus amigos. Costumávamos nos reunir para darmos umas voltas pela cidade, ir a Gravatá ou no meu ateliê mesmo, onde trocávamos peças e ficávamos lá por horas”. Ferreira chegou a reunir em seu acervo 18 diferentes tipos de carros Puma, todos fabricados no Brasil. A sua rotina, desde que deixou o emprego na ABC Rádio e Televisão, sempre foi de pintar, diariamente. O tempo para os Puma ficava, então, para os finais de semana e por alguns dias entre uma pausa e outra
nas pinturas. Com a sua coleção, Ferreira chegou a participar de exposições na cidade de Gravatá e a manter contato com colecionadores de outros lugares do Brasil como Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde existiam os conhecidos Clubes de Puma - os localizados em São Paulo e Brasília foram visitados pessoalmente por ele. O cuidado com os carros também sempre foi uma grande paixão. Ao ser questionado sobre a dificuldade em manter os automóveis, a resposta é direta: “Não dá trabalho e nem é tão caro. Basta ter vontade. E quando se faz por gostar, então é que não dá trabalho mesmo!”. O espaço para os automóveis, que era dividido com o seu ateliê, acabou então ficando pequeno. Ferreira sentiu a necessidade de transformar parte do espaço em uma galeria de arte. “Lá já estava se tornando uma oficina” conta, aos risos. Os veículos, no entanto, são para ele uma verdadeira obra de arte - obras essas que ele mantém com muito cuidado e apreço. Hoje em dia, Ferreira dispõe apenas de dois carros para passeio e afirma que não vende, não troca e não se desfaz. Uma das coisas que mais gosta de fazer ainda é dirigir um de seus modelos pela cidade, chamando a atenção das pessoas e atraindo olhares curiosos. “Sou apaixonado até hoje. Conheço direitinho como cada um funciona e tenho muito orgulho da minha coleção, que sempre deu muito certo” finaliza.
TERRA MAGAZINE | 29
CULTURA J. BORGES
DO CORDEL PARA A VIDA
O FABULOSO MUNDO DE
J. Borges por Luciana Torreão
D
o alto dos seus 80 anos, José Francisco Borges – ou simplesmente J. Borges – tem o privilégio de ver sua obra ser reconhecida mundo afora. Já tendo viajado e exposto seu trabalho por dezenas de países como França, Itália, Alemanha, Suíça, Venezuela, Estados Unidos e México, J. Borges é o mito popular da literatura de cordel e da xilogravura pernambucana. Homem simples, mas de profunda sabedoria, vivência e simpatia, tem a honra de ser Patrimônio Vivo Cultural de Pernambuco desde 2006. Também já foi agraciado com a Comenda da Ordem do Mérito Cultural, em 1999, pelo Ministério da Cultura, e recebeu o prêmio Unesco na categoria Ação Educativa/Cultural. Em 2002, foi um dos treze artistas a ilustrarem o calendário anual das Nações Unidas, cuja xilogravura selecionada foi “A vida na floresta”. Autodidata, o amor pela literatura de cordel aconteceu desde menino, influenciado por seu pai – um dos três que sabiam ler dentre os 500 habitantes do povoado de Piroca, em Bezerros. “Meu pai num fazia outra coisa nas horas vagas. Lia cordel no sábado, no domingo, de noite, e sempre que podia. E aquilo também fez nascer em mim a mesma paixão. Eu queria aprender a ler só pra ter o prazer de apreciar aquelas histórias”. Apesar de ter frequentado apenas dez meses de escola, foi o suficiente para levar à frente sua paixão. Ainda jovem, durante muito tempo, viveu de comprar e vender folhetos de cordel em feiras e praças do interior, que segundo ele, deu muito certo. Em 1956, escreveu seu primeiro cordel, mas achando que não estava a contento,
30| TERRA MAGAZINE
Depois Ariano disse que eu era o melhor do Brasil e, já de uns tempos pra cá, antes de falecer, falou que eu era o melhor do mundo (risos). Ariano foi meu grande incentivador. Divulgou meu trabalho. E, por causa dele, sai em tudo que foi jornal e TV do Brasil." engavetou. Contudo, depois, motivado por um amigo, ele publicou sua primeira história, cuja capa foi ilustrada pelo mestre Dila de Caruaru: “O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina”. Foi o primeiro sucesso. Entretanto, tem uma tristeza, perdeu o original e nunca mais encontrou. “Já procurei saber por todo lugar, coloquei no rádio, já fiz campanha, ofereci dinheiro e até hoje não apareceu. Quem souber onde posso encontrar, mande avisar que eu vou buscar”, apela. Mas até aquela época, sua fama era apenas local. Em 1970, ainda desconhecido no Estado, seu talento foi descoberto pelo escritor Ariano Suassuna, que o considerava o melhor xilogravurista do Nordeste. “Depois Ariano disse que eu era o melhor do Brasil e, já de uns tempos pra cá, antes de falecer, falou que eu era o melhor do mundo (risos). Ariano foi meu grande incentivador. Divulgou meu trabalho. E, por causa dele, sai em tudo que foi jornal e TV do Brasil. No dia seguinte, começou a aparecer um monte de gente na minha porta: professores, alunos, jornalistas
e turistas. Desde então nunca mais tive sossego”, brinca, dizendo que hoje vem gente de todo lugar lhe conhecer. “Eu gosto disso, sinto-me bem, sinto-me um artista. Muito bom ver esse lugar cheio de criança e de alunos. Adoro criança e tenho até vontade de fazer livros infantis e voltados à educação, coisas engraçadas e bem ilustradas para incentivar a leitura. Também pretendo escrever um livro mais minucioso sobre a minha vida, mas me falta tempo”. J. Borges já teve seus trabalhos exibidos em vários museus do mundo e chegou a ser notícia no The New York Times. Com relação às xilogravuras, começou a fazer apenas no intuito de ilustrar seus folhetos. Mas houve tanta aceitação, que deu continuidade ao trabalho e passou a receber encomenda de outros cordelistas. Desenvolveu até técnica própria, fazendo as gravuras em cores. A inspiração para o seu trabalho vem do cotidiano, do folclore, da cultura do Sertão e de histórias e anedotas que ouve contar na barbearia. Ao todo, até o dia deste bate papo, escreveu 313 histórias. E pretende escrever muito mais, pois sua mente não para de criar. “Aprecio fazer histórias e gravuras sobre temas tradicionais e realidade fantástica, como a da mula sem cabeça. Mas os tempos mudaram e vou acompanhando as tendências. Atualmente, a preferência é por gravuras com temas da natureza, animais, frutas e piadas. Faço muito trabalho por encomenda, para tudo que é gente, de todo lugar do mundo”. Seus trabalhos já estamparam até capa de livro de artistas famosos, como “As Palavras Andantes”, do escritor uruguaio Eduardo Galeano.
E ao ser questionado sobre qual de suas histórias ele gosta mais, é taxativo: “Gosto daquela que vende mais, a mais famosa, ‘A chegada da prostituta no céu’, de 1976, que vendeu cerca de 120 mil cópias e já virou até peça de teatro”. Para a posteridade, há treze anos, J. Borges inaugurou o Museu da Xilogravura - Memorial J. Borges, em Bezerros, onde pretende fazer dali um museu para as pessoas saberem sobre quem ele foi, sua
história, sua arte e seu amor pelo cordel. Se você ainda não conhece o local e o artista, recomendamos a visita. Com certeza será uma grande experiência!
SERVIÇO: Avenida Major Aprigio da Fonseca, 420, São Sebastião Bezerros, Pernambuco - CEP 55660-000 (81) 3728. 0364 / 98839.0373
TERRA MAGAZINE | 31
CAPA LAURA AREIAS
Laura Areias
Portuguesa de nascimento, pernambucana de coração por Ana Paula Bernardes | fotos Armando Artoni
I
nspiração no cotidiano, no amor, na natureza e no que nos enche a alma. Com uma caneta bic à mão, Laura Areias, com admirável lucidez aos 92 anos, escreve sobre tudo e o tempo todo. Portuguesa de nascimento, mas pernambucana de coração, graças ao título concedido pelo deputado Vinícius Labanca, ela sorri emocionada, quando diz: “É a verdadeira compreensão de que estou aqui e que fui lembrada. É algo como um prêmio. Tudo isso me faz muito feliz”, relata. Cruzar o Atlântico não era fácil naquela época, tampouco por serem tão jovens, ela e o marido, que migravam por questões políticas trazendo na bagagem tantos sonhos. Mas foi este mesmo estado que os abraçou, e que lhes deu oportunidades de estudo, trabalho e crescimento. E nessa longa vida, já são mais seis décadas em solos pernambucanos, onde a escritora nunca deixou de expressar uma grande admiração pelo Brasil, onde seu verde, seu povo, sua riqueza, são temas de suas narrativas. Por aqui a família cresceu. Em todos os sentidos. Ao todo, seis filhos e uma vida dedicada a cuidar deles, ao mesmo tempo em que viu aflorar o desejo de escrever. Aquelas linhas iniciais foram marcadas por versos e poemas, com intuito unicamente de passar o tempo. Mas logo em seguida, Laura Areias cursaria jornalismo e Letras, na UNICAP. A dedicação de Laura era tão grande para entrar na universidade, que ela faz questão de destacar que foi 1ª aluna no vestibular e graças a isso, foi premiada com uma bolsa para o curso de jornalismo. O fez com esmero. Lembra ter estudado ao lado de nomes como Cesar Leal, Ronildo Maia Leite, Zita Beltrão e tantos outros
32| TERRA MAGAZINE
TEXTO ANA PAULA BERNARDES | FOTOS ARMANDO ARTONI
TERRA MAGAZINE | 33
CAPA LAURA FRANCISCO AREIAS JOSÉ
amigos queridos. Esta turma, sendo a primeira de jornalismo da Universidade Católica do Estado, teve como paraninfo, o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Numa rápida radiografia ao quantificar seus livros, ela responde com exatidão: “50 livros, porém nem todos editados”, relata. Sem prediletos, alguns mais marcantes do que outros, mas, nesta lista o primeiro, sem dúvidas, é inesquecível: “Cantares da minha terra”, de 1962. Fala de um Portugal que continua vivo e rico nas memórias da escritora. E isso se fez presente também no jornalismo, ao trabalhar no jornal O pequeno, com a coluna Portugal Minha Terra, Minha Gente. Até que migrou para área acadêmica, lecionando no Colégio Americano, no Ginásio Pernambucano e na própria UNICAP.
Mesmo como professora, não se desvencilhava dos escritos. E até hoje é assim. Escreve o que choca, o que a acalenta, ou o que a intriga. É o caso da obra sobre Dom Pedro I, que mal visto por tantos brasileiros e tão injustiçado pelos livros de história do Brasil, merecia uma defesa. Dona Laura foi quem a fez. Escreveu sobre a bravura do monarca em ter deixado sua terra, navegado em outros mares, desafiando o próprio país de origem, buscando outro aconchego e libertando o Brasil das mordaças coloniais. Ao lado deste, uma obra dedicada a Santo Antônio e São Francisco, bem como João Fernandes Vieira, mostrando que alguns dos livros da escritora são frutos de pesquisa, mas nem sempre biográficas. No acervo, é o gênero ficção construído a peças reais, que mais se sobressai. Em alguns livros é quase impossível desfazer
Eu gosto do que é desafiador. Isso me dá prazer. É natural e que carrego desde menina”
essa mistura, de tão autêntica que ela se propõe. A propósito, é essa autenticidade que dá nome à personalidade da nossa escritora. “ É fácil para mim escrever. Algo instintivo. Caneta à mão, faço sem muita dificuldade. Apenas espero que o leitor goste”, pontua. Questionada sobre suas influências, ela se retrai. Para tão grande escritora, é curioso saber o que estaria em sua cabeceira. “Leio tudo e não leio nada. Enquanto escrevo não leio para não ter influência. E com isso acabo de escrever em no máximo, três meses”, declara a autora, que já está com um livro semi-acabado, mas ainda não titulado. Entre autores lidos e apreciados, ela diz que não poderia deixar de destacar seus conterrâneos. Camões, Eça de Queiroz, mas também ressalta os brasileiríssimos, Jorge Amado, Machado de Assis, Vinícius de Moraes e os nossos, Raimundo Carrero e o seu colega de turma, César Leal. Pernambuco também está nas histórias contadas por Laura Areias. Nessa imensidão, encontramos personagens quase como interlocutores de famílias locais. Já em outras obras, está clara a essência pernambucana, viva, cotidiana e sincera. Em "É você o assassino?", por exemplo, o personagem Jorge é descrito brincando no carnaval do estado. E ali se cria uma proximidade com o leitor que se vê, ora nas ladeiras de Olinda, ora no Recife Antigo, ou relembrando amores de carnaval. Uma trama amarrada, que em nada deixa a desejar de gêneros policiais dos mais consagrados da literatura mundial. Em 2011, uma grande missão. Escrever sobre a vida de um dos portugueses que, como bem define a escritora, honrou a missão da diáspora lusa em nossos solos. Alberto Ferreira da Costa, provedor do Real Hospital Português, driblou desafios e caminha nesta nossa terra há mais de cinco décadas. Após contos, poesias e outras obras de ficção, Laura lembra-se de que só faltava uma trama investigativa para integrar seu portfólio. E buscou essa nova tipicidade aliando, aquilo que traduz como facilidade e prazer. “Eu gosto do que é desafiador. Isso me dá prazer. É natural e que carrego desde menina”, justifica a filha de dona Alice Augusta que, embora sendo rebento único, foi criada sob forte rigidez e disciplina. Tal rigor não impediu aquela garota de ser a aluna reivindicatória do seu colégio de freiras, em Portugal. “Ia para aula e já queria respostas o tempo todo. Desafiava
34| TERRA MAGAZINE
São a razão do meu viver. Digo sempre que meu escrever foi em função deles. A maior parte de minha vida dividiu-se entre dar aula e criá-los”
e por isso levei muita régua na mão”, relembra. Seu pai, José Marteiro, diretor geral dos correios em Portugal, também era escritor. Laura nos conta que, “Filosofias de um guarda noturno”, que se passa no bairro de Casa Forte, foi cumprido em linhas, edição e emoção e por ela, e dedicado ao seu pai. Aliás, pais e filhos, foram capítulos presentes em toda essa narrativa por Laura Areias, mas nenhum está em espécie em suas obras. No entanto, foi para filhos, que a escritora empenhou-se ao longo dessas primaveras. “São a razão do meu viver.
Digo sempre que meu escrever foi em função deles. A maior parte de minha vida dividiu-se entre dar aula e criá-los”. Essa sua história, no entanto, ainda não foi enredo. Não teve narrativa própria, bem como não lhe serviu de inspiração. A autora é dona de lembranças ricas, vivas, mas que ainda não foram contadas. “ Viver é ótimo. Acho um verdadeiro presente, mas não faço disso um tema. Acho que a minha vida é tão minha, que não é de interesse ou importante para os outros”.
pôde dar tema. O hoje, na visão de Laura Areias, ganha outra amplitude. Por vezes ali norteia uma jovem, tamanha é sua vivacidade, outrora está a senhora, com idade avançada, mas que vê a vida por outra dimensão, onde o instante é um perfeito aliado. “ O saudosismo é algo que nos acompanha. É base para o hoje e o hoje é base para o amanhã. O futuro talvez seja uma verdade. Não me preocupo com o fim. Acho que sempre tenho esse amanhã. Ele pode ser dias, horas, minutos. A vida sempre será bela”.
A escritora entende que viveu bem, embora não o bastante para tudo que
TERRA MAGAZINE | 35
TALENTOS DA ARQUITETURA PERNAMBUCANA
Arquiteto
fábio morim
foto Rogério Maranhão
Terra Magazine - Quando decidiu que a arquitetura faria parte de sua vida?
existem muitas opções, mas vai ter uma apenas que vai ser adequada para sua casa" por Ana Paula Bernardes
U
ma criança facilmente se identifica com as profissões: médico, professor, bombeiro ou qualquer outra que esteja lincada com o imaginário infantil. Dificilmente se for questionada a respeito, responderá que deseja ser arquiteto. Com Fábio Morim foi diferente. Aos 9 anos decidiu o que seria. Estudou, estagiou, fez intercâmbio e sentia-se completo para o mercado.
38| TERRA MAGAZINE
Fábio Morim - Decidi ser arquiteto com nove anos. Cheguei para meus pais e perguntei qual era a profissão que construía casas, prédios e fiquei com isto na cabeça. Com 13 anos entrei na Escola Técnica fazendo Edificações. Mas isso me deu uma base muito boa, tanto o lado de desenho técnico mesmo quanto o lado desta parte construtiva, cálculo, materiais de construção, topografia... e na verdade me encantei pelo desenho. Com 16 anos fiz vestibular para a Federal, que é voltado para a construção, que era o que eu já estava vendo. TERRA - E como foi sua trajetória? Fábio - Estagiei em vários tipos de escritório, de ambientação , e fui trabalhar no meu hobby que é Patrimônio. Fui estagiário do Patrimônio Histórico de Olinda. Dentro da Universidade estudei arquitetura portuguesa, arquitetura alemã, fiz curso de detalhamento de níveis, vi muito sobre levantamento, materiais carpintaria, pintura, restauração... Adquiri uma bagagem tão grande, diferente até do que a Universidade propunha. Foi quando decidi fazer meu trabalho de conclusão com uma intervenção no Porto do Recife e tive grandes mestres como orientadores. Meu trabalho de conclusão foi um Centro de Lazer e Cultura voltado para a
arte do circo. Depois disso, com a ajuda de Moises Andrade, meu professor, eu consegui uma bolsa para estudar fora, em Barcelona, fazendo especialização em intervenção em ambientes construídos na Universidade Politécnica da Cataluña. E me encantei pelo mobiliário urbano, iluminação. É um outro mundo, outro universo. Ainda trabalhei em tecido, loja de planejados e comecei a circular. Depois de 4 anos trabalhando em todos esses tópicos, me senti seguro para abrir meu primeiro escritório. TERRA- Quem é o Fábio Morim na sua mais pura identidade? Fábio - O que eu amo mesmo é estudar, me atualizar, saber do que acontece lá fora, trazer para cá e saber da sociedade o que você quer, o que você gosta. De onde você vem, quais são as lembranças que você traz na vida. TERRA- Qual o principal desafio de um projeto? Fábio - As pessoas têm que entender que existem muitas opções, mas vai ter uma apenas que vai ser adequada para sua casa. Essa coisa de internet ajuda, mas também atrapalha muito, por deixar o cliente um pouco confuso. Cria desejo, mas nem sempre conseguimos adequar isso à vida ou necessidade do cliente. Existem mil maneiras
fotos Marcelo Marona
de fazer tudo, mas muitas vezes fogem do planejamento do cliente. Muitas vezes ele não sabe ainda o que quer de verdade. Puxar dele, filtrar e oferecer para ele o que é a sua essência. Temos que buscar coerência, mas também qualidade e a mão de obra do projeto às vezes é quem atrapalha o resultado final. Terra - Quais as principais referências? Fábio - Carlos Augusto Lira, pela maneira como ele lida com o que é novo e como utiliza o que é da terra. João Armentano, que faz sofisticação sem ser exagerado. Zaha Hadid, no âmbito internacional. E também as obras dos arquitetos escandinavos porque eles estão num alto nível de evolução humana e isso faz com que eles cuidem das pessoas. A escala de projetos deles estão relacionados às pessoas. São acolhedores e fazem uso de projetos naturais, renováveis. O homem é o foco. Meus professores Zeca Brandão, Vera Millet, Ariano Suassuna. Ele me fez abrir a mente tanto para fazer um trabalho arquitetônico quanto social. TERRA- Qual o seu maior sonho profissional? Fábio - Tenho vários sonhos. Estou realizando um agora que é fazer arquitetura comercial e você tem que atrair os olhos do máximo de
pessoas que tenham vontade de estar lá. Você tem que fazer uma arquitetura linda, mas que seja coadjuvante ao produto que está sendo vendido ali. Um deles, marcante, foi aprovado na Itália é para marca de cafés Illy que é o Café na Xícara. Ele é um conjunto de quiosques que vai estar em todos os shoppings do Brasil e tem o Grupo Braccialeto que enxergou uma mudança de mercado e ascensão de consumo das classes C e D e que eles não correspondiam a isso e portanto, fizemos algo de impacto, com design. Um dia quem sabe, gostaria de fazer um grande teatro, um grande parque que tivesse impacto social numa cidade e meu grande sonho seria voltar a trabalhar com a valorização do nosso Patrimônio Cultural. Você tem igrejas belíssimas , casarões que poderiam ser transformados unindo poder público e iniciativa privada. Países como a Estônia, não tem nada, mas é uma cidade viva e dá retorno e Olinda é um turismo de uma tarde e as pessoas não deixam nem dinheiro lá. É uma cidade vivermos numa cidade TERRA - Projetos marcantes Fábio - Estou transformando um local para ser um asilo de beneficência e vou fazer um projeto de outro asilo para quem pode pagar. É um único dono, mas com dois projetos. Para mim está sendo muito marcante porque você pode entrar no lúdico e tirar o conceito de espaço fechado, e sim, colocamos algo mais aberto, com ventilação.
TERRA - O crescimento do mercado imobiliário agregou mudança de consumo? Hoje em dia todo mundo quer ter o melhor celular, que é igual a todo mundo, o carro que todo mundo tem, o relógio, mas a casa você quer ter é sua. Somente sua e a sua cara. Então, com a evolução de materiais, foi evoluindo também a procura de pessoas por arquiteto. A gente tem muito cliente desses programas de governo e eles não têm como errar e eles contratam e pagam com todo esforço. São os melhores clientes, pois eles se esforçam e querem ter uma coisa bonita. Hoje é mais fácil ter acesso às coisas, por pior que esteja o País. Já foi mais dramático, mas hoje não. As pessoas hoje têm muita opção. Somar tudo que você deseja ter na sua casa e quando comprara com o valor de um projeto, é muito além. Projeto não é custo, é valor. Por isso eu digo sempre que a gente tem que elencar as prioridades e quando você menos esperar, sua casa está pronta e do jeito que você sonhar. Nesta recessão surge um outro mercado que é ir para uma planta menor. Trabalho não deixou de existir . O que freou foi o consumo com o dinheiro parando de circular. Serviço: Fábio Morim Arquitetura Av Conselheiro Aguiar 2738 / 303 Empresarial Armindo Moura Fabio@fabiomorimarquiteura.com.br
TERRA MAGAZINE | 39
TALENTOS DA ARQUITETURA PERNAMBUCANA
Arquiteta
Sandra Brandão por Ana Paula Bernardes
F
eeling de mãe não erra. Assim foi com dona Antônia Brandão ao olhar para a filha Sandra e perceber que, daquelas mãos, sairiam traços imponentes e persistentes, tal qual era a inquietude e curiosidade da filha, desde criança.
Arquitetura é sempre a busca da felicidade”
Sandra Brandão faz parte da geração de arquitetos guiados por Janete Costa. E foi naquele escritório, pilotado pela dama da arquitetura e por seu marido, Borsoi, onde Sandra teve o privilégio de estagiar, indo montar, inclusive, dessa vez como sócia, a filial da dupla no Rio de Janeiro. Mas antes disso, ainda como estudante, já realizou projetos que guarda com carinho em sua memória até hoje. É pós graduada em Construções Sustentáveis pela UNIP SP, vinculada ao GBC Brasil. Com tantos feitos, reconhecidos inclusive em premiações diversas, não tinha como não ser um talento da arquitetura lembrado em nossa publicação. Terra Magazine - Quando decidiu que a arquitetura faria parte de sua vida? Sandra Brandão - Sempre fui curiosa, inquieta, atenta a novas tendências e novas construções. Posso não falar, mas meu olhar diz muito. E foi esse olhar que tive desde criança que fez com que minha mãe entendesse que a forma como eu já me colocava poderia dar uma arquiteta. Acho que feeling de mãe não erra. E com certeza
40| TERRA MAGAZINE
não sou a única que a mãe teve interferência direta na orientação profissional. Entrei na faculdade no primeiro vestibular. Terra- E como foi sua trajetória? Sandra - Por sorte, sou da geração de arquitetos que passou pelo escritório de Janete Costa e Borsoi. Estagiei um ano e meio e assim que eu me formei fui para o Rio de Janeiro montar o escritório deles lá como sócia. Fiquei três anos e meio e depois resolvi retornar para ficar perto da minha família. Tinha um mercado muito bom lá, mas pesou a questão da família. No entanto, antes de me formar eu já tinha projetos. Inclusive uma casa no Rosarinho. Quando voltei, tinha segurança, respaldada pelos estágios que eu tinha feito. Então eu entrei na minha vida profissional com um horizonte largo, já fazendo arquitetura e interiores. E é isso até hoje. Mais recentemente eu trabalho com mentoring, que é fazer projetos para varejo, adequando qualquer área de atuação quando se trata de um novo produto no mercado. Terra- Como funciona, de fato, o mentoring para área comercial? Sandra- É fazer o concept da loja. Fiz mais recentemente da Catarina Brito Enxovais, onde tratei desde a escolha do empreendimento onde se estabelece o negócio, acompanhando a ideia e o desdobramento desse negócio.
Participo do treinamento da equipe, junto ao programador visual, viajo para ajudar na compra do produto e por fim, auxilio na montagem da loja. Depois desse trabalho é que a loja cria vida. É um tipo de trabalho mais adequado para o varejo, pois as pessoas estão precisando de mais aporte. Este nicho foi identificado através de uma assessoria para a Itálica, quando ela foi montar a primeira loja dela, então identificamos isso, graças aos anos de pesquisa que faço em Milão e que deram esse resultado. Fiquei alguns anos na Itálica fornecendo esse mentoring. Depois veio Catarina Brito e para a Okke, loja de revestimentos no interior. Terra- Qual o principal desafio de um projeto? Sandra- É conseguir juntar a obra e fazer com que todas as pessoas envolvidas neste trabalho, entendam e respeitem o que está sendo feito. É preciso exercitar com os fornecedores e com as pessoas que fazem a cadeia de execução. Além disso, é preciso saber projetar de forma sustentável e responsável, para que o produto final seja o mais próximo da realidade pensada pelo cliente. Terra - Você citou a questão da sustentabilidade. Como ela é trabalhada pelo seu escritório? Sandra - No meu exercício de projetar tem dois itens que eu faço questão de passar para meu cliente, dentro de qualquer empreendimento: é a questão de tecnologia de inverter as climatizações e da iluminação de led. E isso tem impacto direto na questão da sustentabilidade, pois consome menor energia. Hoje a sustentabilidade já pode ser democratizada. São pontos positivos e simples que podem e devem ser adotados. Aqui no Nordeste já constrói assim. Porque a gente gosta de muita luz, grandes aberturas e as questões de ventilação podem ser tratadas com cuidado. Em outras regiões, naturalmente, você projeta sem ter muito como atentar para isto, já que tem as quatro estações mais definidas. A indústria ainda precisa se movimentar para que a gente realmente tenha produtos mais sustentáveis. Como profissional precisamos estar cientes de todas essas situações, para orientar de maneira correta o cliente. Mas acredito que a gente pode, de verdade, já começar a ter esse olhar. Terra - Quais as principais referências do seu trabalho? Sandra - É uma profissão que você precisa ter muita paixão para fazer. Não é uma atividade simples, devido à resposta técnica e estética que precisamos dar para o cliente. E essa resposta precisa estar inserida dentro de um contexto social. Você nasce com alguns dons e habilidades. Alguns, você desenvolve mais, outros menos. Arquitetura é isto. Eu poderia
ser outra coisa que não fosse arquiteto, mas o que tem de bacana na arquitetura é a coisa da paixão, de você pesquisar uma estética, de você trabalhar para o outro e dar resposta para ele de uma forma bonita. Projetamos para deixar coisas bonitas, fazer as pessoas viverem melhor, usufruir de espaços mais confortáveis e conseguir que o ser humano se sinta mais íntegro ou mais feliz naquele espaço que você criou. Arquitetura é sempre a busca da felicidade. Terra - Qual o seu maior sonho profissional?
autocrítica para melhorar e fazer com que o mercado melhore também. Todos os projetos são marcantes diante disso. Terra - Como a tecnologia ajuda teu trabalho? Sandra - Imensamente. Eu faço os projetos em 3 D. Não abro mão. Ele representa a cadeia que fornece os materiais e o projeto final. Até a luz que utilizamos, o cliente vai querer exatamente igual ao 3D. A tecnologia hoje ajuda no convencimento e criação do sonho e estampa para o cliente.
Sandra - Recife tem sérios problemas como cidade grande. Há um conflito em não tratar o urbano como prioridade. Não se entende esse crescimento e o modo como o espaço está sendo ocupado. Gostaria de projetos que pensassem nas pessoas, em como elas pudessem usufruir melhor os espaços. É uma cidade vista de uma janela de um carro. Então, o sonho é fazer projetos que melhorem os espaços públicos, melhorando o convívio social.
TERRA- Como a A.Carneiro Home soma ao teus projetos?
TERRA - Projetos marcantes:
Serviço: Sandra Brandão Arquitetura Av República do Líbano, Torre 3, Sala 2402 (81) 34285424 - @sandrabrandaoarquitetura
Sandra - A casa do Rosarinho que fiz na época da faculdade. Eu digo sempre que tem que ter
Sandra - É minha loja de especificação de tapetes e tecidos. Digo sempre que encontrar num só lugar, tudo que agrega ao teu trabalho , atendendo às necessidades do cliente, é muito importante. Acho que o mercado só tem a ganhar quando as lojas buscam se reposicionar, pesquisam e ampliam os horizontes.
COMPLEXO DE LUXO NO CORAÇÃO DA ZONA SUL 42| TERRA MAGAZINE
U
m espaço sofisticado, acolhedor com atendimento personalizado e produtos de alta qualidade. Essa é a proposta inovadora no empreendimento do casal Doriva Medeiros e Mary Mansur, que decidiram montar o mais novo complexo de luxo no bairro de Boa Viagem, Recife, reunindo A Maison, Studium Maison e Domodi. O complexo possui quase 2 mil metros quadrados projetado pelos arquitetos João Vasconcelos e Luís Dubeux, com uma proposta sem paredes ou portas, para livre circulação dos clientes,
promovendo o encontro entre moda, beleza e decoração. A inauguração ocorreu em grande estilo com presença dos atores Klebber Toledo e Felipe Titto e a modelo Carol Bittencourt que chegaram em clássico Jaguar, à altura do que a ocasião pedia, e esbanjaram simpatia aos convidados. Segundo Doriva, o conceito do complexo é proporcionar aos clientes o que há de mais moderno com muito charme nos três segmentos.
Doriva Medeiros e Mary Mansur
A MAISON
DOMODI
Reúne variedade de vestidos de festa, casamento e incluindo no portfólio um espaço destinado à moda casual. Podendo encontrar as grifes mais tops do país, Romona Keveza, Badgley Mischka, John Paul Ataker, Rosa Clará, Pronovias, Lucas Anderi, Fabiana Milazzo, Kalandra, Caos, Cajo, Skazi, Mabel Magalhães, Fátima Scofield, Vivaz e Printing, dentre outras.
Novidades com peças do designer Ronald Sasson, Tadeu Paisan e trabalhos com lã de ovelha de Inês Schertel. Além da primeira mostra de decoração montada pelos escritórios Dubeux e Vasconcelos - Luis Dubeux e João Vasconcelos, PMZ - Lorena Pontual, Juliana Zirpoli e Elza Mendonça, Arquimulti - Dani Barreto, Bruna Lobo e Soraya Carneiro Leão, LM Arquitetura - Luciana Dias e Mariana Carvalho, DWG Arquitetura - Rodrigo Duarte e Maria do Loreto, e os arquitetos André Carício e Saulo Barros, totalizando sete ambientes do showroom.
44| TERRA MAGAZINE
STUDIUM MAISON Conta com os melhores profissionais do mercado na área de beleza, onde a equipe é composta pelos cabeleireiros: Diego Veríssimo, Leo Silva, Layon Santino, Júnior Santos, Gutto Gibernot e os maquiadores Laércio AZ e Henrique Mello. Os empresários criaram uma estrutura no piso superior para atendimento exclusivo para produção de noivas.
Av. Conselheiro Aguiar, 1650 Boa Viagem – Recife. (81) 3877-2718 / 3019-7227
TERRA MAGAZINE | 45
Living Garden CASA COR PE 2016
N
o espaço onde era uma antiga varanda, foi inserida uma caixa de vidro, preservando a arquitetura original, transformando-se em um grande living com vista para o jardim. Debruçado para uma área aberta, traz a integração entre o interior com o exterior. Foram preservados todos os elementos da fachada original, como as colunas dóricas e o teto com os frisos decorativos. As colunas tiveram a pintura "descascada", para mostrar as várias intervenções feitas durante esses anos. Receberam uma iluminação mais "dramática", criando assim, um cenário ainda mais especial. Todo o projeto luminotécnico foi pensado para valorizar a arquitetura e o design de peças. O Living Garden recebeu uma decoração minimalista, dando destaque para o DESIGN, sempre conectado com a Arquitetura.
Foto Lulu Pinheiro
Peças assinadas de grandes designers nacionais e internacionais, deixam o espaço ainda mais sofisticado e com personalidade ímpar.
ARQUITETO
ANDRÉ CARÍCIO 46| TERRA MAGAZINE
O SOFÁ, MESA DE CENTRO, PUFF, CADEIRA PRETA E AS MESAS LATERAIS FORAM PROJETADOS PELA DOMODI EXCLUSIVAMENTE PARA 0 ESPAÇO LIVING GARDEN
Fotos Rogério Maranhão
TERRA MAGAZINE | 47
ESPAÇO DESIGN PAULO AZUL
DESIGN E TECNOLOGIA NO HOME OFFICE DA CASA COR PE
Na verdade o espaço fala. Literalmente mantém uma comunicação completa com o visitante. Todo o ambiente dá uma dica de como ele quer que seja transformado e visualizado. A necessidade de valorizar o design brasileiro, a arte nacional e internacional, com peças da cultura do Japão como os dois dragões em pedra esculpidos a mão e uma peça em murano, além de obras de artistas como Reynaldo Fonseca, Carmen Gerbaile, Lucia Py, Jairo Arcoverde e Miguel dos Santos que são apresentadas ao público. A cor central do ambiente é um tom Fendi, que assim como a cortina de linho bege central do espaço e papel de parede em tom dourado da A.Carneiro Home enfatizam a neutralidade de móveis e montagem do local, onde a vivacidade dos tons virá nos elementos piso, tapete e almofadas. A essência da tecnologia com o formato do tapete, onde a sua composição em tecido de forração nas cores laranja, bege e vermelha com base de látex antiderrapante algo totalmente inovador- está presente também nas almofadas, figura com certeza como tendência em nossas especificações futuras. A importância da iluminação
48| TERRA MAGAZINE
ao pontuar a arte, a vertificação, dá ao conjunto o resultado de você ter em casa um home office e home theater integrados. Esta comunicação acontece com subdivisão e acústica feitas a partir de uma caixa em pedra , um carpete e um tapete em tecido. Com a minimização dos espaços, dá um resultado de utilização dupla ou mútua do ambiente, onde nos dias atuais e nos momentos futuros na vida cotidiana das pessoas, há necessidade de se ter o espaço de trabalho, aliado à tecnologia, sofisticação, à cultura popular e internacional, além do bom gosto, como a nossa escrivaninha assinada por Ronald Sasson, associada com a poltrona de Vanessa Martins e os estofados de Tadeu Paisan e puffs de Inês Schertel . A neutralidade do Home Office também abriu espaço para enaltecer a parede lateral que traz um espelho fumê, lançamento da Vivix, que reflete toda profundidade ao ambiente, usada também de frente para quem entra no espaço, reforçando a proposta de amplitude. Para fechar, destaco a homenagem à arquiteta, galerista, design de jóias e curadora, Beth Araruna e não posso deixar de relatar, o companheirismo de Lucianna Pimentel, a simpatia de Taciana Feitosa, já que ambas assinam comigo este projeto, onde estamos até 6 de novembro na Casa Cor PE edição 2016, localizada neste ano na Av Rui Barbosa, 471. Graças, onde pela primeira vez a sutileza e a composição entre os ambientes, tornaram esta uma Casa única, em bom gosto, tecnologia, arte e Cor.
PAULO AZUL
foto Lulu Pinheiro
E
m todo o desenvolvimento de projeto existe um ponto de partida. Na verdade, eu teria dois a pontuar. Não posso deixar de falar da escrivaninha que inspirou o ambiente e consequentemente a formação do Box em pedra, que além de ser montado solto no espaço, tem a ousadia da engenharia de poucas emendas. Uma tendência italiana muito forte. A montagem da caixa foi realizada pela G3 mármores.
TERRA MAGAZINE | 49
Home office da Casa Cor 2016, assinada por Luciana Pimentel, Paulo Azul e Taciana Feitosa.
Av. Conselheiro Aguiar, 1650 Boa Viagem – Recife. (81) 3877-2718 / 3019-7227
D
a Habitare, destaque para as cortinas Twinline da HunterDouglas, cujos movimentos das faixas translúcidas e opacas permitem adequação da luminosidade, visibilidade e privacidade desejadas ao ambiente. O papel de parede exclusivo, selecionado pela arquiteta Taciana Carulla, combinado com os espelhos, louças e metais nobres, conferem sofisticação e amplitude ao lavabo.
ARQUITETA
TACIANA CARULLA
Av. Conselheiro Aguiar, 1914 Boa Viagem, Recife - PE, 51.111-010 (81) 3465-4053
TERRA MAGAZINE | 53
PROJETO ANDERSON LULA ARAGÃO
Cozinhas integradas: união da família e amigos em cada canto da casa
A
dinâmica da casa mudou. Hoje temos menos espaços e novas atividades, como por exemplo a tendência de experimentações gastronômicas em espaços gourmet.Mas nem sempre se pode ter um ambiente especifico para estas atividades de lazer então, porque não usar a cozinha, já que ela possui todos os equipamentos e utensílios? A solução é integrar a sala ao ambiente culinário da casa. O arquiteto Anderson Lula Aragão tem realizado em seus projetos esta integração e afirma que o grau de satisfação dos clientes é alto: "- Vale a pena fazer a integração quando de fato se tem a prática de cozinhar e receber ao mesmo tempo, pois a cozinha se torna um ambiente social da casa", afirma.
ARQUITETO
ANDERSON LULA ARAGÃO
54| TERRA MAGAZINE
Existem ainda algumas técnicas que podem ser utilizadas para o fechamento parcial da cozinha, quando não há interesse em deixála aberta todo o tempo, como painéis ou cortinas. Mas com uma cozinha tão bonita, o bom mesmo é sempre deixa-la à mostra, não é mesmo?
TERRA MAGAZINE | 55
Catarine e Rose Camelo
www.rcarquiteturaedesign.com.br contato@rcarquiteturaedesign.com.br (81) 9 9708-4000
DESTINOS ZEZINHO SANTOS
Tian’namen por Zezinho Santos
60| TERRA MAGAZINE
A
ssim como Pink Floyd, adoro o trabalho solo de Roger Waters. Em 1992, o álbum Amused to Death trazia a faixa Watching TV, sobre uma estudante chinesa. A estudante de filosofia, filha de engenheiro, assistente de cozinha em uma lanchonete, de olhos amendoados e com as roupas ensanguentadas que morreu ̶ assim como tantos outros ̶ ao vivo, na televisão. And she is different from Cro-Magnon man | She's different from Anne Boleyn | She is different from the Rosenbergs | And from the unknown Jew | She is different from the unknown Nicaraguan | Half superstar half victim | She's a victor star conceptually new | And she is different from the Dodo | And from the Kankanbono | She is different from the Aztec | And from the Cherokee | She's everybody's sister | She's symbolic of our failure | She's the one in fifty million | Who can help us to be free | Because she died on TV. Pela televisão, lembro bem daquelas semanas. Era 1989. Desde abril, uma série de manifestações lideradas por estudantes sacudia Pequim. Em 4 de junho, o governo comunista chinês decidiu encerrar os protestos abrindo fogo sobre as pessoas reunidas em Tian’namen, a Praça da Paz Celestial. No dia seguinte, a imagem do jovem anônimo e desarmado que desafia uma fileira de tanques de guerra fez história
como símbolo de resistência a qualquer opressão. Vários artistas que admiro cantaram a tragédia chinesa ̶ o próprio Waters, Siouxsie & the Banshees e Sinead O’Connor
entre eles. O’Connor, aliás, muito antes de Miley Cyrus haver sequer feito aquelas bobagens para a Disney, para não falar em tentar polemizar com quem de fato pensa. Mas isso é outra história.
TERRA MAGAZINE | 61
DESTINOS ZEZINHO SANTOS
A cerca de 200 quilômetros nordeste de Pequim, em um trecho da muralha pouco visitado, quase deserto, com o sol brilhando e o vento passando entre as frestas na rocha, pensei: Que bom que vim aqui. Paz.
Em uma manhã ensolarada do ano passado, era de Siouxsie a música que meu Ipod imaginário tocava quando entramos na praça: You awoke in a burning paper house | From the infinite fields of dreamless sleep | You return to Tian’namen | An eyewitness in a shroud | To see them fall, feel them yield | Reliving the terror of the crowd.
que fica. A série de pipas colorindo o céu de entardecer em Xi’an concorreria com algumas outras passagens, mas foi longe do incansável e incessante burburinho daquela gente que a imagem da China ficou para mim mais clara, mais viva e mais próxima.
A cerca de 200 quilômetros nordeste de Pequim, em um trecho da muralha pouco visitado, quase deserto, com o sol brilhando e o vento passando entre as frestas na rocha, pensei: Que bom que vim aqui. Paz.
A atmosfera, todavia, era pacífica. Tian’namen estava cheia ̶ como, aliás, está a China em quase toda parte ̶ mas ordeira, e a serenidade que eu via contrastava com a letra da música em minha cabeça. É estranho visitar um local que por décadas evocou imagens tão sombrias. Parece haver outra camada por baixo do que se vê, do que se escuta, do que se sente. Entre a Praça e Cidade Proibida, foram dois dias de visita. Dois dias das cinco semanas que passamos na China. Uma viagem agradável, peculiar, irritante, instrutiva, prazerosa, desagradável ... E tantos outros adjetivos quanto são os chineses. Há sempre, porém, um momento que faz toda a experiência valer a pena. Aquela coisa que particularmente marca,
TERRA MAGAZINE | 63
DIÁRIO DE BORDO DÉBORA MAYRINCK
GRÉCIA DIÁRIO DE BORDO
POR DÉBORA MAYRINCK
N
ossa viagem começou por Mykonos, uma ilha da Grécia que faz parte do arquipélago das Cíclades, um grupo de ilhas do Mar Egeu, com uma área de 86 km². Para chegarmos nessa ilha, saímos de Recife, fizemos conexão em Lisboa (Portugal), Genebra (Suíça) e através do porto de Piraeus, em Atenas, pegamos um Catamaran da Seajets que levou um pouco menos de 3 horas para chegarmos ao destino. Também existe a opção de ir de Ferryboat, através do mesmo porto, ou de avião, pois a ilha conta com um simpático aeroporto. Mykonos é o coração das ilhas Cíclades, com suas praias de areias claras e repletas de casinhas brancas ou tavernas locais. As praias de Mykonos são suas principais atrações. Ficamos hospedados em Ornos e o curioso era que, inclusive, o box do nosso banheiro do hotel tinha o formato de uma taverna branca, cheio de charme. Utilizamos o quadriciclo como meio de transporte, que é o mais utilizado e facilmente alugado. Além de ser prático e divertido, é fácil de estacionar nas praias e em torno da cidade.
64| TERRA MAGAZINE
Chora, a capital, é a parte mais antiga da cidade com ruas de pedra cheias de casinhas brancas, com varandas floridas e cercada de igrejas pequeninas, um labirinto com recantos por desvendar, cheio de restaurantes e bares. Na capital da ilha, no bairro de Little Venice, que fica no centro, é observado um conjunto de casas construídas no século XVI banhadas pelo mar. Sendo um dos lugares mais procurados de Mykonos, com uma paisagem fabulosa, sobretudo durante o pôr-do-sol, com o mar à frente e os moinhos ao lado. Em seguida, pegamos outro catamaran para conhecer uma outra ilha, Santorini, chamada oficialmente Tira e Tera na Antiguidade. É uma ilha no sul do mar Egeu, a cerca de 200 quilômetros a sudeste da Grécia continental. O arquipélago de Santorini é essencialmente o que restou depois de uma gigantesca erupção vulcânica que destruiu os primeiros assentamentos humanos há aproximadamente 3.500 anos atrás, e que criou a caldeira geológica atual, sendo o centro vulcânico mais ativo , do sul do mar Egeu. Embora o que permaneça até hoje seja principalmente uma caldeira cheia de água. O arco vulcânico tem
aproximadamente 500 km de comprimento e de 20 a 40 quilômetros de largura. Repleta de charme e encantos, para onde olhar, encontraremos paisagens deslumbrantes, que enfeitiçam qualquer um, como a vista do nosso hotel para o centro da caldeira. Aqui alugamos um carro, pois há muito sobe e desce e por ser muito alta, venta bastante. A capital de Santorini é Thera (ou Fira), principal centro turístico e um autêntico labirinto de ruazinhas pintadas de branco, cheias de lojas de joias e artesanato. As praias nesta ilha não possuem acesso muito fácil, com exceção da Red Beach, então o ideal é fazer o passeio de barco que passa por diversas praias, com direito a churrasco a bordo. Ainda tivemos a oportunidade de conhecer Akrotiri, situada ao Sul da ilha, perto de nosso hotel. Ela foi uma importante cidade da era minóica, encontrada soterrada sob as cinzas de uma erupção vulcânica, o que lhe valeu o título de “A Pompéia do Egeu”. A coleção encontrada lá demonstra o avançado e o sofisticado estado desta antiga cultura, que já no século XVII a. C. dominava a pintura e a cerâmica e
importava artigos de luxo de todo o mundo. A Acrópole de Atenas é a mais conhecida e famosa do mundo. Ela é a parte da cidade construída nas partes mais altas do relevo da região. A posição tem tanto valor simbólico como estratégico, pois dali podia ser melhor defendida. A Acrópole Grega original de Atenas ficou famosa pela construção do Partenon, sumptuoso templo em honra à deusa Atenas, ricamente construído em mármores raros e ornado com esculturas de Fídias por ordem de Péricles e com recursos originalmente destinados a patrocinar a guerra contra os Persas. Cidade da antiga Atenas, localizada
sobre um rochedo (aproximadamente 100m). Consagrada a Atenas desde a era micênica, foi devastada pelos persas nas guerras médicas. No século V a.C., Péricles encarregou Fídias de sua renovação; foram construídos magníficos monumentos (Pártenon, Erecteion), com o acesso pelo Propileu. Rico museu de obras arcaicas. Atualmente a cidade está sendo toda reconstruída. Por fim, visitamos o belo museu arqueológico de Atenas, que ficava em frente ao nosso hotel. Lá pudemos ver relíquias datadas desde a pré-história, passando pelo período grego até obras do império romano.
TERRA MAGAZINE | 65
MODA TERRA MAGAZINE
PERNAMBUCO RESPIRA MODA Em sintonia com o mercado global e antigas tradições regionais, como o artesanal, os estilistas: Melk Zda, Leopoldo Nóbrega e Eliane Mello, trazem a moda pernambucana para esta edição.
Melk Zda A
o entrar no ateliê de Melk Zda você é transportado para uma atmosfera que assume formas de uma vida simples e perfeita. Suas peças surgem das araras como poesia, te presenteando com uma visão de delicadeza e primor. É a magia do feito a mão. As peças falam e através das linhas, contas e pétalas relatam histórias que só os corações mais sensíveis podem compreender.
66| TERRA MAGAZINE
MODA TERRA MAGAZINE
Leopoldo Nóbrega N
ão existem limites quando se fala de arte. A beleza é relativa e tudo é fruto dos experimentos de uma mente brilhante como a de Leopoldo Nóbrega. A união de formas, texturas e aplicações inusitadas geram uma harmonia única, em especial no caftan de tramas em denim com aplicações de contas em barro.
TERRA MAGAZINE | 69
MODA TERRA MAGAZINE
Eliane Mello A
mulher de Eliane Mello é do tipo que não passa desapercebida. Suas peças são verdadeiras representações de beleza e requinte, temperadas com inspirações da natureza e cultura local.
70| TERRA MAGAZINE
Ficha Técnica: Fotografia: Noé Neto Styling e texto: Iran Nascimento Make: Jacqueline Caetano Hair: Sorelli Spa Urbano Produção Executiva: Ricardo Coller Modelo: Natália Tavares (EPmodels Brasil)
TERRA MAGAZINE | 71
A Zozand é especializada na representação de marcas de moda e oferece diversas oportunidades para expandir seus negócios. O escritório traz as marcas do núcleo de licenças BE RED: Coca-Cola Jeans, Mormaii Original, Fashion Comics, Chilli Beans e Be Red; além de Fórum e Colcci que fazem parte do Grupo AMC Têxtil considerado maior gestor de modas da América do Sul.
Conheça nossas marcas, novidades, linhas, campanhas e ações.
(81) 3327.0273 (81) 98220.1641 zozand.com.br
LANÇAMENTO DA 40ª EDIÇÃO TERRA MAGAZINE
Equipe da Rede Globo, Armando Artoni e Claudio Barreto
LANÇAMENTO 40ª EDIÇÃO Claudio e Maria do Carmo Barreto reuniram na Concessionária Rota Premium em julho, amigos e convidados que prestiagiaram o lançamento da edição com Francisco José na capa. Uma noite que mostrou o prestígio do jornalista, com o local amplamente lotado. Na ocasião contamos ainda com o lançamento Jaguar F PACE. Para animar os presentes a cantora Letícia Bastos desempenhou com uma voz memorável sucessos internacionais e nacionais. Claudio Barreto, Francisco José e Beatriz Castro
Iuri Leite, Beatriz Castro, Francisco José, José Ranufo e Julieta Queiroz
Taciana Carulla,Heracliton Diniz e Valdejane Moraes
74| TERRA MAGAZINE
Paula Queiroz e Joana Meira de Vasconcelos
Paulo Azul, Jacqueline Ferreira, Jaidete Ferreita e Eduarda Costa
André Lauria, Kelly Barros, Danielle Esteves e Glauber Rocha
Letícia Bastos
Luciana Luna e Maria Inês Pessoa
Paulo Queiroz, Nilma Dantas e Pedro Amilcar
Kátia Mota, Daniel Fazio, Mariana Souza Leão e Filipe Perazzo
Rildo Saraiva e Izabelle Rino
Elizângela Pontes e Noé Neto
Fernanda Mossumez, Thais Sulzbach e Mª do Carmo Barreto
Ronan e Simone Drumond
Madá, Maria Rita e Newman Belo Duca Lapenda e Luciana Sultanum
Rodrigo Gama, Antônio Augusto Pimentel, Thiago Norões, José Ranufo e Marcelo Queiroz
Flávio Nascimento e Marcelo Santos
Paulo Camelo e Silvana Salazar
Lu Uchôa e Rapha Torres
Raquel e Silvio Menezes
Gedai Silton e Aline Lima
Tatiane Pontes, Elizabete Silva e Ana Paula Souza
Kiki Marinho, Ana Paula Bernardes, Claudio Barreto e Luiza Tiné
TERRA MAGAZINE | 75
SOCIAL TERRA MAGAZINE
PROJETO HOUSE DUO - DJ SARDINHA E VIOLINISTA ELISON NUNES
COMIDINHAS DA CHEF KACIA NOGUEIRA
LANÇAMENTO OFICIAL DA TERRA TV O lançamento oficial da Terra TV web em agosto, reuniu amigos, parceiros e convidados no espaço Mundo do Whisky, shopping RioMar Recife. O DJ Sardinha acompanhado pelo violinista Elison Nunes deram um torque especial ao evento e o buffet assinado pela chef Kacia Nogueira (Donna Panela). Na ocasião, o projeto foi apresentado por Geraldo Donald e a realizadas as premiações do concurso "Blogueiras em um desafio Gourmet", tendo como vencedora Eduarda Baima nas duas categorias: a mais votada pelos internautas e a melhor receita da sobremesa eleita pelas chefs Luciana Sultanum e Taciana Teti. Agradecimentos: Ornare, Donna Panela, Portofit, Camicado, Carmen Steffens, Dra. Fernanda Mossumez, A3 Design, Lapidar Acessórios Femininos, Paola Bartole, Dj Sardinha e Mundo do Whisky. EDUARDA BAIMA VENCEDORA DO CONCURSO "BLOGUEIRAS EM UM DESAFIO GOURMET"
76| TERRA MAGAZINE
PARTICIPANTES DO PROGRAMA "BLOGUEIRAS EM DESAFIO GOURMET"
EMBAIXADORES: BALLANTINE´S, PASSAPORT E CHIVAS
TERRA MAGAZINE | 77
Ambiente projetado pelo arquiteto Diego Ferraz.
RUA JOAQUIM CARNEIRO DA SILVA, 13 - PINA - RECIFE/PE
SOCIAL TERRA MAGAZINE SOCIAL TERRA MAGAZINE
A
Newsedan apresenta o novo Mercedes Benz C 250 Coupé Sport 2017
concessionária Newsedan promoveu coquetel para apresentação do novo Mercedes-Benz C250 Coupé Sport 2017 no Brasil. O Empresário Rodrigo Carvalho esteve presente recepcionando os amigos, clientes, parceiros e convidados da sociedade pernambucana.
TERRA MAGAZINE | 79
ENOGASTRONOMIA VINHO CLUB
foto Jo Sultanum
Modigliani Bistrô
por Kiki Marinho
A
medeo Modigliani nasceu na Itália, mas escolheu Paris, na França, para viver e trabalhar. Suas telas e esculturas ficaram famosas por explorar o nu feminino. A admiração por ele, que é um dos nomes fortes do Modernismo, inspirou a artista plástica recifense Adriana Alliz a abrir o Modigliani Bistrô. Na casa, que completou um ano em julho, já funcionava o ateliê dela: um sobrado do século 19, charmoso, coração do bairro de Apipucos, zona norte do Recife. O lugar comporta 50 pessoas e o tíquete médio é de R$100. É aconchegante e respira arte. Nas paredes, quadros pintados por Adriana, com releituras de Modigliani, em
madeira de demolição. À mesa, mais charme: os pratos nos quais as iguarias são servidas ostentam pinturas feitas à mão pela artista. O cardápio é assinado pela chef Luciana Sultanum. "Quando fui convidada por Adriana Alliz para elaborar o cardápio da casa, fui pesquisar sobre o artista para me inspirar. Vi que ele nasceu na Itália e morou na França, então pensei em pratos que tivessem influência dos dois países", conta. O resultado é um cardápio de linhas franco-italiano, que traz fortes elementos das duas clássicas cozinhas. "Você tem o pão à mesa, como se faz tanto na França, como na Itália, a comida de molho, para você comer com o pão, foi bem essa ideia rústica e clássica dessas duas cozinhas", finaliza. O prato eleito pelo presidente do Vinho Club Premium, Rildo Saraiva, para fazer a
harmonização foi um penne com pedaços de filé mignon ao molho de cogumelos cremoso. A chef explica que não se trata de massa com carne, mas, sim, um prato único, no qual a carne, a massa e o molho cremoso já são servidos misturados. O toque de contemporaneidade e crocância fica por conta do crispy de batata doce. E do cardápio de cerca de 50 rótulos, Rildo optou pelo Finca La Daniela, de uvas Malbec, safra de 2014. O vinho tem aroma frutado, com notas de especiarias e floral suave. Na boca é macio e fresco, com bom corpo. Combinação perfeita. E porque não dizer, uma verdadeira obra de arte!
Modigliani Bistrô R. Dois Irmãos, 14 - Apipucos, Recife - PE
TERRA MAGAZINE | 81
COLUNA GASTRONOMIA CHEF LUCIANA SULTANUM
A cozinha que me emociona fotos Jo Sultanum
por Luciana Sultanum
P
ensando sobre o que escrever nessa primeira coluna, conversei com meu marido sobre a resignação do cozinheiro em ter um papel servil. Sim, cozinhar é servir! O que isso quer dizer? Que o chef é menos importante que o comensal. Sempre. Hoje, apesar de toda a folia e o tal glamour envolvidos no trabalho do cozinheiro, enxergo esse trabalho de uma outra forma. As pessoas, quando vão ao restaurante, seguem dispostas a comer, se divertir e a gastar dinheiro com isso. Mas, de um modo geral, mesmo que elas admirem o meu trabalho ou gostem da minha comida, elas não vão ao restaurante por mim. Vão por seus convidados, para ter um momento de alegria e descontração. Tivemos um momento em que a função do restaurante era basicamente inflar o ego do chef e fazer com que os clientes
82| TERRA MAGAZINE
se dispusessem a passar horas prestando muita atenção à comida, harmonizando cada prato com a bebida ideal, escutando o garçom falar sobre cada inspiração que trouxe aquela concepção de prato, blábláblá... Confesso que hoje, como cliente, tenho muita preguiça para esses menus intermináveis, para essas horas passadas ao lado de pessoas com quem nem posso conversar, tamanha é a atenção que tenho que dar ao trabalho do chef. Sim, certamente a cozinha tem a sua função artística, uma vez que ela é o meio utilizado por nós, cozinheiros, para nos expressar, mas não devo esquecer que o restaurante também é local de entretenimento, de leveza e de diversão. E que, sim, custa caro! Conversando com amigos que também são cozinheiros profissionais, vi que a maioria tem, entre seus pratos favoritos, comidas muito simples, aquelas que a gente faz pra compartilhar com muita gente. Essa é a minha verdade também. Apesar de trabalhar com gastronomia e conhecer produtos e métodos de preparo
Ragu de cordeiro com damasco e amêndoas Costumo servir esse prato com arroz com lentilhas ou cuscuz marroquino com legumes para 10 pessoas. INGREDIENTES: avançados, o que me encanta na comida é a imperfeição. Bem, como imperfeição entenda a pontinha da carne que queimou na grelha, o gratinado que formou aquelas bolhas marrons, quase pretas, em cima da lasanha (a melhor parte!), o ragu que se desmancha, formando um volume úmido, espesso e disforme, difícil de arrumar em um prato de restaurante. É a galinha que a minha avó postiça faz (só ela consegue fazer), usando uma técnica quase de braseado, sendo que ela não faz a menor ideia do que seja isso. Essa é a comida que me emociona. E assim, nessa primeira coluna, compartilho com vocês a receita de um prato que costumo desfrutar com os meus, cheio de sabor e carregado de boas lembranças, pois faço desde a época em que morava na França, onde tinha muitos amigos libaneses e marroquinos e onde (re)descobri minhas próprias origens árabes, quando aprendi, entre outras coisas, o valor do cominho em um bom ragu. Espero que gostem!
• Água (uns 2l) • 2Kg de paleta de cordeiro desossada • 1 colher (chá) de canela em pó • 1 colher (chá) de cúrcuma • 1 colher (café) de cominho • 1 colher (café) de gengibre em pó • Noz moscada, sal e pimenta branca a gosto • ½ xícara de farinha de trigo • Azeite (suficiente para refogar a carne) • ½ xícara de extrato de tomate • 2 cebolas • 3 tomates • ½ xícara de damascos secos • 1/3 xícara de amêndoas laminadas • 2 colheres (sopa) de salsinha picada MODO DE PREPARO: • Coloque a água no fogo para ferver; • Em um potinho, junte a canela, o cominho, a cúrcuma, a noz moscada e o gengibre e reserve; • Corte a carne em cubos de aproximadamente 4cm e tempere com sal, pimenta do reino e as especiarias misturadas; • Passe os cubos de carne na farinha de trigo, retirando bem o excesso;
• Aqueça uma panela de fundo grosso com um pouco de azeite e coloque a carne na panela com o fogo bem alto, para dourar de todos os lados; • Enquanto a carne está dourando, corte a cebola em tiras e o tomate em cubos; • Quando a carne estiver bem dourada, acrescente a cebola em tiras e deixe refogar 4 minutos; • Junte os tomates em cubos e o extrato de tomate e mexa com uma colher de pau por mais 3 minutos; • Acrescente a água fervente (a quantidade deve ser suficiente apenas para cobrir a carne); • Tampe a panela e deixe cozinhar lentamente por aproximadamente 1 hora ou até que a carne fique bem macia, quase desmanchando (você pode usar a panela de pressão, deixando cozinhar por 25 minutos depois que a panela começar a chiar); • Verifique o sal e pimenta do reino, acrescente os damascos e deixe cozinhar por mais 10 minutos, sem tampa, para que o caldo reduza; Desligue o fogo e acrescente a salsinha picada; • No momento de servir, coloque as amêndoas torradas por cima e sirva em uma panela única, sem perder o sentido do compartilhamento.
TERRA MAGAZINE | 83
• EVENTOS CORPORATIVOS • COQUETÉIS VOLANTES • ANIVERSÁRIOS INFANTIS • 15 ANOS • CASAMENTOS
vivianemeloeventos vivianemeloeventos
www.vivianemeloeventos.com.br (81) 3088.8554 • 98640.2303 • 98739.2303 contato@vivianemeloeventos.com.br
TEST DRIVE VOLVO XC60
viajamos no Volvo XC60 D5 2017 a diesel por Claudio Barreto
A
SUV XC60, atualmente o "carro chefe" de vendas da montadora Volvo no Brasil, modelo premium, é o sonho de consumo no mercado brasileiro e finalmente lança versão a diesel. Antigamente quando se pensava em comprar um carro a diesel, já vinha em mente um usuário que costuma andar grandes distâncias, fazendas ou para finalidade de carregar muito peso, enfim algo voltado para força bruta. Hoje na minha avaliação neste conceito mudou. A diferença entre o movido a gasolina e a diesel é praticamente zero neste carro sueco. Aparentemente nosso teste foi andar no centro urbano e claro, estamos no nordeste, e por isso nada melhor do que se aventurar em trilhas no percurso de Recife a João Pessoa, em paisagens paradisíacas do litoral. Fizemos um percurso total de 400 km - ida e volta - Pernambuco a Paraíba.
O nível de conforto dos passageiros agradou e a parte de itens de segurança está entre os pontos fortes do carro, que vem com airbags laterais e frontais. O interior clean com materiais de qualidade, tecnologia e conectividade. A suspensão, com sistema McPherson na frente e Multlink independente atrás, filtrou bem as imperfeições da estrada. A estabilidade nas curvas em alta velocidade melhorou acima da média para um modelo do seu porte, deixando mais seguro, devido a versão diesel que tem como item de série a tração integral (AWD). O câmbio automático de 6 marchas, paddle shifts no volante e motor 2.4 de cinco cilindros que gera 220 cv a 4 mil rpm e 44,9 mkgf a partir dos 1.500 giros, deixou o carro suave e rápido nas aceleradas e retomadas. A economia foi outro ponto forte. Detalhe: não fizemos abastecimento de combustível.
De acordo com o fabricante, seu consumo é 14,5 km/l, com autonomia para 875 km na estrada.
FICHA TÉCNICA Motor: diesel, diant., transv., 5 cil., 2.400 cm3, 20V, 220 cv a 4.000 rpm, 44,9 mkgf a 1.500 rpm Câmbio: automático, 6 marchas, tração integral Suspensão: McPherson (diant.) / multilink (tras.) Freios: discos ventilados (diant. e tras.) Direção: elétrica Rodas e pneus: 235/60 R18 Dimensões: comp., 464,4 cm; largura, 189,1 cm; altura, 171,3 cm; entre-eixos, 277,4 cm; peso, 1.903 kg; tanque, 70 l; porta-malas, 495 l
AGRADECIMENTOS: Concessionária Rota Premium Volvo Rua Itajubá, 311 Imbiribeira Recife PE. (81) 3471 5003
TERRA MAGAZINE | 85
por Claudio Barreto
A
HONDA CIVIC ACELERA NA FRENTE
nova geração do Honda Civic está confundido "Gregos e Troianos", com sua proposta de entrar na categoria de carros premium. Foi esta minha concepção após assistir um encontro de carros premium, "EXOTICS PE", organizado por apaixonados por carros. O modelo que pilotava HONDA CIVIC EXL - 2.0 i-VTEC FlexOne, com 155 cva - para minha surpresa, chamou atenção entre os carros: Porsche, Mercedes, Jaguar, Land Rover, BMW, Audi, gerando alguns cliques de curiosos. A frase que escutei de um empresário de concessionária de carros de luxo e que estava como expositor, foi a que mais marcou e mudou meu ponto de vista: "Quem é o barão que está chegando neste carro?". Após este pequeno comentário, caiu a ficha "O carro veio para ficar entre os modelos de primeira linha e acelerando à frente dos rivais tradicionais da mesma categoria". Painel futurista
O seu desenvolvimento focou nos automóveis Premium europeus para definir o modo de rodar, sua dirigibilidade e nível de ruídos e vibrações, bem como a qualidade e o acabamento do interior e chegando bem próximo aos sedãs de luxo. Um carro tecnológico que consegue ser operado de maneira simples e intuitiva. Mas nem tudo é um "mar de rosas", pois faltam pequenos detalhes neste modelo, como por exemplo: faróis em led, banco do carona com regulagem de altura e elétrico para o motorista. E outro detalhe, a entrada dos cabos para conexão USB, praticamente só o motorista tem acesso. Em relação ao consumo na cidade, houve uma melhoria em relação ao seu antecessor e na estrada pilotei apenas na versão esporte, trocas de marcha atrás do
volante e sem controle de consumo. O controle de tração nas curvas comportouse bem em alta velocidade, fazendo curvas suaves e seguras. O novo Civic chegou ao mercado em três propostas: EX e EXL, com um perfil mais elegante e focado no conforto e na tecnologia, para atrair os consumidores atuais do modelo; as inéditas Sport, com personalidade esportiva e jovial; e Touring, com apelo superior para competir com os sedãs sofisticados. Serão duas opções de transmissão, sendo uma manual de seis velocidades (Sport), e uma continuamente variável: (Sport, EX, EXL e Touring). O novo Civic também terá duas opções de motorização – 2.0 FlexOne, para as versões Sport, EX e EXL e 1.5 Turbo para a Touring. Em todas as versões airbags frontais, laterais e de cortina, controle de tração e estabilidade VSA (Vehicle Stability Assist), sistema de partida em aclive (HSA), sistema de vetorização de torque baseado em frenagem Agile Handling Assist (AHA).*
*fonte internet
A geração 10 chegou em grande estilo, ficando mais sofisticado, espaçoso, seguro, tecnológico e acelerou na frente dos rivais. Autoline Honda Av. Mal. Mascarenhas de Morais, 1818 Imbiribeira, Recife - PE, 51180-001 (81) 3316-4800
Um show de iluminação
EVENTOS CORPORATIVOS | SOCIAIS | SHOWS
ILUMINAÇÃO Cênica - decorativa - shows ESTRUTURAS Tablados - geradores - toldos em grid PAINÉIS DE LED Alta definição - tamanhos variados - vídeos personalizados - transmissão simultânea EFEITOS DECORATIVOS CO2 - cascata - chuva de prata - bola espelhada
www.movingshow.com.br contato@movingshow.com.br
(81) 3038.1987 - 99861.9530 (whatsapp) Rua Vitoriano Ebla 11, Jardim São Paulo - Recife - PE | 50.910-460
MERCADO NEWMAN BELO E MADÁ ALBUQUERQUE
Uma união feliz:
no casamento e no ofício
Encontramos novas famílias, executivos que moram sozinhos, jovens casais, pessoas que agora vivem o ninho vazio, além dos divorciados. Todos eles são demanda e o que vai figurar aí é conseguir dar praticidade a essas vidas”
por Ana Paula Bernardes
U
ma harmonia em todos os detalhes. Tanto na hora de projetar, pensar as ideias dos clientes, como na vida a dois. Um dos casais mais queridos da sociedade pernambucana, Madá Albuquerque e Newman Belo, mostra diariamente, desde 2003, que é possível conciliar a vida a dois com as demandas profissionais. Juntos, eles falam nesta
entrevista, como pensam e vivem a arquitetura dentro do nosso Estado. A atuação da dupla de profissionais preza pelo foco na arquitetura propriamente dita, bem como na área de interiores, como sendo esta a exigência que ambos consideram fundamental para o sucesso do projeto final.
Atualmente há um novo modelo imobiliário oferecendo plantas mais compactas, o que gerou uma atenção voltada para a ambientação e a necessidade de se ter um profissional de arquitetura. “No início da década de 90, o público consumidor era restrito. Achava-se que o poder de consumir arquitetura era muito alto. Dentro das classes A,B e C você pode seguir esses
três patamares, dando funcionalidade, beleza, até mesmo reutilizando peças e materiais que já existem. O grande desafio é criar particularidade na vida das pessoas. É possível criar um ambiente planejado, dentro das necessidades, personalizado e que pode trazer conforto e qualidade”, explica Madá. E graças a esse novo mercado de consumo, a palavra de ordem para arquitetura vai além da estiticidade e do apelo visual. Para os arquitetos, o público, incluindo as novas famílias que abrigam o Recife, querem algo totalmente adequado à nova vida deles. “Encontramos novas famílias, executivos que moram sozinhos, jovens casais, pessoas que agora vivem o ninho vazio, além dos divorciados. Todos eles são demanda e o que vai figurar aí é conseguir dar praticidade a essas vidas”, pontua Madá, que destaca o fato de conseguir manter um projeto de arquitetura com montagem de utensílios, equipamentos e completa especificação com o que é tendência atendendo com isso a todas necessidades.
Mas falar de tendência, por mais que seja uma nomenclatura tão usual dentro do universo arquitetônico, é algo que merece atenção. Intrinsecamente ligada à questão cultural da moda, tendência é, acima de tudo, o que as famílias devem consumir diante das suas necessidades, na análise de Madá. “Hoje o que as famílias estão vivenciando é o lazer enogastronômico. E isso reflete diretamente na hora de projetar. Chega a 90% o número de clientes que pede algo ligado a este segmento: uma varanda gourmet, uma mesa grande para receber, inserção de adega, seja pela vontade de não sair de casa, ou para buscar um convívio melhor entre os amigos e as famílias”. A dupla é unânime em dizer que ao mesmo tempo que os clientes trazem seus sonhos de um novo espaço, eles também possuem todo tipo de informação ao seu dispor. Enfrentar isto, segundo Madá, requer profissionalismo. “A evolução da casa passa por várias fases, desde o planejamento do projeto, o modelo de vida,tecnologia e por último essa informação que hoje está nas mãos do cliente. E pesquisou referências estéticas. O profissional deve saber respeitar esses quatro elementos e agora, de posse disto, traduzir a inspiração do cliente de subjetividade para algo objetivo e possível”. Para Newman, o momento é de renovação da arquitetura. "É o tectônico, deixando a luz da tecnologia, onde montamos uma estrutura com função aparente de beleza, mas que traz uma diferenciação em cada proposta".
Mestrando em Desenvolvimento Urbano, Newman também atenta para o desenvolvimento das edificações. Os olhares dos profissionais de arquitetura estão voltados para uma dicotomia cada vez mais pulsante entre forma X função. “ O trabalho do arquiteto deve ir mais longe. Há a questão transcendental que é o uso da luz natural para transformar os ambientes, causando verdadeiras emoções nas pessoas, mexendo muitas vezes com o lado religioso de trazer paz e a natureza de fora para dentro ou de unir-se à ela. Isso é prazer e ao mesmo tempo, funcionalidade”, ressalta. Newman destaca ainda que os problemas urbanos devem estar no planejamento de qualquer escritório de arquitetura. “Estamos numa época de caos urbano, por isso as pessoas estão se afastando das cidades. Elas simplesmente não as usam. Isso é gerado por não haver cuidado com os espaços urbanos”. Atuando em paralelo na Secretaria de Planejamento de Olinda, o arquiteto está trabalhando na revisão do Plano Diretor da Cidade que vai acontecer no final deste ano com a participação de técnicos de governo, município e moradores da cidade. “É uma forma de pensar o Patrimônio e num modelo urbanístico participativo e integrado”. Além de pilotarem o escritório em conjunto, tanto Newman quanto Madá são professores, e comandam o Just Madá, bistrô que já figurou em belas e saborosas páginas de nossa Terra Magazine.
TERRA MAGAZINE | 91
CASE DE SUCESSO PAULO QUEIROZ
PRAZER NO QUE FAZ, FOCO NO ESSENCIAL E MARCAS CONSAGRADAS fotos Armando Artoni
por Marivan Gâdelha
U
m economista que sempre trabalhou no mercado da moda. Foi modelo, produtor, fotógrafo, vendedor, gerente e empresário de lojas, supervisor, designer e industrial do segmento. Em meio a todas estas experiências, sempre sonhou em distribuir algo que fosse “grande”, embora não soubesse na época exatamente o que era. Depois de muitas idas e vindas e de toda aquela empolgação natural da juventude, quando mais uma vez atuava como gerente de loja no interior da Bahia, seu estado de origem, em um período de férias, foi atuar como free lancer no Show Room da marca Forum em Salvador. Contratado, atuou como gestor da marca nas áreas de vendas, consultoria e expansão de mercado. Nos 02 anos seguintes, atuou sempre ao lado da representante da época, Ana Regina Brackarz, cujo trabalho, segundo ele, foi um “divisor de águas” para o Nordeste. Paulo cuidava de uma espécie de “regional” que englobava uma parte do mercado em que hoje atua, os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, mais o Pará, Rondônia, Amapá, Ceará, Maranhão e Piauí. Saiu desta posição para ser representante no
92| TERRA MAGAZINE
Essa tem sido a estratégia do empresário Paulo Queiroz, para manter o crescimento de seus negócios no mundo da moda estado da Bahia da Zoomp, principal marca concorrente da Forum na época. Após um ano de representação na Bahia, dividindo o cargo com a amiga Luciana Lobo, a diretoria da Zoomp propôs a Paulo que assumisse a região em que atua hoje. Sempre movido por grandes desafios, aceitou a oportunidade. Há aproximadamente 14 anos a partir de Recife, responde pelos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. É um apaixonado pela arte e pela cultura da região, que considera extremamente criativa e sofisticada, com reflexos em todas as áreas de atividades. Segundo ele, no segmento da moda esse zelo se desdobra de forma diferenciada na arquitetura e na construção das lojas, mesmo nas pequenas cidades do interior. Apesar dessas diferenças importantes, percebeu que se as lojas da região fossem melhor assistidas, a partir de uma referência externa mais bem informada e atualizada, os resultados poderiam ser melhor potencializados, de forma que esta visão passou a permear todas as suas estratégias e atividades na região.
Hoje através da sua empresa a ZOZAND Representações, comercializa as marcas Forum, Colcci, e a Plataformas BE RED com as marcas Coca-Cola Jeans, Be Red, Fashion Comics e Chilli Beans vestuário, todas do grupo AMC Têxtil. Embora a visão social e progressista do empresário em relação aos lojistas da região seja de otimismo, a carga tributária asfixiante, associada no momento à dimensão psicológica da crise sobre o mercado, que potencializa seus efeitos, têm sido um dos maiores desafios comerciais. Naturalmente o crescimento de seus negócios num cenário macro econômico mais favorável, teria sido melhor, porém trabalhando muito mais como tem feito, procurando manter o essencial, e considerando o fato de que atua com marcas consagradas em negócios estabelecidos, onde o público é extremamente fiel, Paulo tem mantido um crescimento que supera os 15% em suas coleções. No varejo da moda, o mais difícil é fazer escolhas, pois é necessário sempre equilibrar razão e emoção. Comprar errado pode significar a diferença entre lucro e prejuízo, e nem sempre o cliente
consegue este equilíbrio. Paulo estimula seus clientes a medirem seus resultados sistematicamente. Se alguma de suas marcas não estiverem gerando os resultados esperados em determinado cliente, ele diz ao parceiro: “não compre mais”. Quando o cliente diz que adora uma “base de calça”, mas que o giro daquele produto não tem a performance esperada, Paulo fica super orgulhoso, pois isto significa que o cliente alcançou um estágio onde está efetivamente medindo a performance dos produtos em sua loja. Este cenário gera um novo desafio, que é o de treinar a equipe do cliente para demonstrar que aquela é a base ideal, ou de fazer com que o cliente possa buscar produtos mais adequados às necessidades de seu mercado. O showroom da ZOZAND é localizado em uma mansão bem estruturada, no bairro de Piedade em Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife. A casa tem projeto original do arquiteto Carlos Augusto Lyra, mantido externamente. As salas dedicadas à cada marca representada, são ambientadas pelos arquitetos Josemar Costa Junior, Acácio Costa e Viviane Manzi. A dinâmica do showroom inclui o lançamento de 04 coleções por ano: primavera, verão, outono e inverno. Lá uma equipe de aproximadamente 30 profissionais alterna a sua forma de atuação. Nos períodos específicos de venda, quando dos lançamentos das coleções, todos estão focados neste processo, que é realizado por agendamento e atendimento personalizado, com no máximo dois clientes por vez em cada espaço do showroom. A depender do porte, o cliente pode passar de uma manhã até dois dias nesse ambiente de compras. Passado cada
período específico, uma equipe de apoio permanece no showroom, para entre outras atividades, atender e cadastrar clientes, enquanto os demais membros da equipe visitam os clientes das pequenas cidades do interior. Terminada esta fase, são priorizados os treinamentos requeridos para a carteira de clientes ativos. Evidentemente que a depender do tipo de cliente, como em lojas multimarcas por exemplo, a equipe utiliza a linguagem e as práticas do varejo. O empresário acredita que tão importante quanto um bom produto e uma boa marca é o Visual Merchandising – VM, que engloba a apresentação estratégica dos produtos, incluindo o sincronismo de cores, a inserção de acessórios e as formas descritivas e/ ou ilustrativas. Para ele o VM é o terceiro vendedor de uma loja. O primeiro é a loja em si e o segundo o consultor de vendas. Em seus treinamentos pelo menos 50% do tempo é dedicado ao VM. A ZOZAND possui mais de 400 clientes ativos em sua “carteira”, cuja classificação
individual está baseada no “conceito”. Eventualmente pequenos clientes abrem lojas muito bem projetadas do ponto de vista da arquitetura, do design e da programação visual, se habilitando como cliente “A”, independentemente do volume de compras. Estes clientes normalmente apresentam potencial diferenciado, muitas vezes se inserindo em outras praças. Esse modelo de negócios exitoso, que pode se pensar glamuroso, requer amor pela moda, talento, tenacidade, agressividade comercial e muita dedicação, que impõe uma dinâmica de viagens muito pesada. Nesse mundo extremamente movimentado, Paulo se ressente da sua capacidade de administração do tempo, pois acredita que deveria ter um nível ainda maior de dedicação aos clientes, pois é nesse processo que ele se percebe mais feliz, interagindo e contribuindo, não somente com clientes, mas com as lideranças da próprias marcas. Ele acredita que trabalhar fazendo o que gosta, o leva a uma nível de desempenho profissional superior que alimenta sua vida.
TERRA MAGAZINE | 93
ESPORTE KITESURF
Pipas coloridas
ao mar Foto Theo Holanda
por Ana Paula Bernardes
U
m colorido que reina na união do céu com o mar e que pode ser facilmente encontrado em diversas partes do País, principalmente no litoral nordestino. Assim é o universo do Kitesurf, que atualmente encontra-se em franca expansão, principalmente como produto do turismo brasileiro. O esporte radical aquático foi criado na década de 80 pelos franceses Bruno e Dominique Legaignoux, onde o nome da prática esportiva vem da junção de kitepipa e surf –deslizar sobre ondas e você embarca numa espécie de voo livre na mais real sensação de liberdade ao vento. Depois que os irmãos Legaignoux começaram a divulgar e patentearam o esporte, os primeiros praticantes do kitesurf tinham dificuldade em encontrar o
Não existe limitação. É necessário apenas saber nadar” equipamento e só na década de 90 é que a pipa passou a ser comercializada atingindo sua popularidade no mundo. Estigmatizado como um esporte para playboy, engana-se quem pensa que o kite está limitado apenas para uma escala da sociedade. Na realidade, todos aqueles apreciadores do mar, vento e de uma boa dose de endorfina, podem e devem deslizar sobre as ondas com o auxílio da pipa. A
dica é do instrutor pernambucano Antônio Carlos, mais conhecido como Toinho, que pratica o esporte desde 2005 e ministra aulas no bairro de Casa Caiada, em Olinda, Pernambuco. “Não existe limitação. É necessário apenas saber nadar”, relata o professor que, antes de entrar no mundo do kite, já surfava desde criança, algo muito comum entre os praticantes. Porém, o instrutor ressalta que esta não é uma condição determinante para quem deseja aprender kitesurf. “As pessoas pensam que para aprender kitesurf tem que ser surfista e não é assim. Eu digo sempre que o surfista pode ter dificuldades em aprender como qualquer outra pessoa e muitas vezes, pelo tipo de manobra e posição que eles costumam ficar na prancha, pode gerar algum tipo de vício na postura do kitesurf ou até mesmo algum bloqueio no movimento”, explica. Em Pernambuco os principais picos dividem-se entre o litoral norte: Olinda, Maria Farinha, Itamaracá e o litoral sul: Candeias, Maracaípe, Serrambi. Mas pelo Nordeste afora, é possível encontrar praticantes do esporte em João Pessoa, São Luís, Rio Grande do Norte e Ceará, sendo este considerado o point mundial do esporte, pela grande quantidade de pousadas destinadas à instrução do kitesurf e boa quantidade de ventos o ano todo. Aliás, acompanhar o vento, é a palavra de
94| TERRA MAGAZINE
É claro que para isso você teria que praticar mais vezes, mas o kitesurf associado com outro esporte durante a semana é muito positivo para ajudar a manter a forma” ordem para quem quer se aventurar no esporte. Como toda prática esportiva, o kitesurf é uma excelente maneira de se manter em forma. E se bem soubessem as mulheres, investiriam pesado no esporte, tendo em vista que o maior esforço do atleta concentra-se no abdômen. “É claro que para isso você teria que praticar mais vezes, mas o kitesurf associado com outro esporte durante a semana é muito positivo para ajudar a manter a forma”, ressalta Toinho, que ainda destaca outros benefícios. “É uma verdadeira terapia o contato com o vento e mar que o esporte proporciona. A sensação de velejar nos permite relaxar e renovar para voltar às atividades do dia a dia”, explica. O odontólogo Bernardo Rojas, boliviano que mora no Brasil há quase três décadas, onde uma delas foi reservada para a prática do esporte, compactua desta opinião. “Comecei a praticá-lo no Brasil. Eu me empolgo quando falo do kitesurf, pois é algo que gosto muito, pois você se sente livre, se sente bem, graças ao total contato com a natureza e da oportunidade de passear na água”. O pico preferido por Bernardo é na Ilha de Itamaracá, onde ele faz parte do Itamaracá Kite Point, que reúne adeptos do esporte. Perguntado se praticou algum outro esporte aquático anteriormente, Bernardo
OS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS: Prancha- direcionais semelhantes às pranchas de surfe, bidirecionais ambos os lados são iguais ou wakeboard que permitem pouca flutuação. Kite – É a pipa e tem formato de asa em arco. Possui a bomba e o liche (equipamento de segurança) Trapézio – é o que conecta o esportista e a pipa. Barra de controle – é com a barra de controle que o atleta controla a direção e a velocidade. Seu comprimento é de 90 cm e conta com um sistema de “freios” para parar a pipa em caso de emergência. Linhas – ligam o kite ao surfista e sua função é de controlar o kite. Para isso são extremamente resistentes e tem pouca elasticidade.
também confirma sobre a não relação entre os esportes do mar. “Nunca fiz outro esporte aquático antes e vejo como um esporte em crescimento. Mas não é como pegar uma prancha. Eu recomendo para todos que admiram o esporte. Vale a pena tentar fazer, mas sempre com disciplina e atenção”, destaca o praticante que, apesar do tempo dedicado ao esporte, só mais recentemente participou de campeonato na categoria de profissionais. Para aqueles que desejam ingressar neste novo mundo, só vontade não é o bastante. É preciso procurar um profissional qualificado que lhe dará todas as horas aulas necessárias, onde primeiro você recebe
orientações na areia sobre direção e força do vento, para depois cair na água e iniciar o esporte. “ Existem várias escolas em todo o Brasil, além de instrutores particulares pelo litoral. É uma responsabilidade muito grande desses profissionais. É uma vida que você coloca dentro da água, onde a nossa missão é ensinar a utilizar a pipa para cada condição de vento, sem riscos”, ressalta Toinho. Serviço: Antônio Carlos – instrutor Kitesurf (81) 9 8898.8983 ABK – Associação Brasileira de Kitesurf- agenda de cursos e campeonatos no País. http://www.abk. com.br/
TERRA MAGAZINE | 95
SAÚDE
TECNOLOGIA LOCALIZA DOADORES VOLUNTÁRIOS DE MEDULA ÓSSEA
C
om o propósito de auxiliar na localização de doadores voluntários de medula óssea, e assim aumentar as chances dos pacientes que precisam de um doador compatível para realizar o transplante, a TransUnion disponibiliza para o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) uma ferramenta de dados cadastrais. O uso da ferramenta possibilitou ao Registro, um aumento de 23% na localização de doadores, de abril a dezembro de 2015, em relação ao mesmo período do ano anterior. Informações de contato desatualizadas são uma das grandes dificuldades na localização de doadores em todo o mundo. Para minimizar esse problema, a TransUnion disponibilizou a ferramenta ZipOnline, que reúne informações de contato, relações de parentesco e vínculos da pessoa em questão, ampliando as chances de encontrá-la mesmo quando há mudanças de endereço ou telefone. Esta é uma ação voluntária da empresa junto ao REDOME. O REDOME pode acessar o banco de dados da ferramenta para verificar as informações de contato dos doadores e, assim, ampliar as possibilidades de contato na busca do doador. O uso da ferramenta é feito sem nenhum tipo de ônus e seguindo o critério de sigilo dos dados do doador cadastrado. “Na TransUnion, trabalhamos diariamente com o levantamento e validação de informações para usos diversos. Entendemos que existe uma responsabilidade em fazer o bom uso de dados, de uma forma segura, para fins que tragam melhorias para a vida das pessoas. É muito gratificante saber que este trabalho pode ser considerado bem sucedido em um período tão curto”, comenta Juarez Zortea, presidente da TransUnion no Brasil. “Para os pacientes que necessitam de transplante, cada segundo é muito precioso. Nosso objetivo é contribuir para que o REDOME não tenha dificuldades em encontrar os doadores e que isso seja feito no menor tempo possível, afinal vidas dependem disso”, completa. A compatibilidade de medula é determinada pela genética e a chance de encontrar um doador compatível com um paciente é em média 1 em 100 mil. “Por isso, é muito importante que os doadores voluntários sejam encontrados quando necessário”, explica Alexandre Almada – Gerente de relacionamento do REDOME. “A TransUnion promove o uso do poder da informação como instrumento valioso para a melhoria das relações humanas. A oportunidade de cooperar com o REDOME nessa causa tão nobre é a prova mais concreta dessa meta”, finaliza Juarez Zortea.
SAÚDE DRA. FERNANDA MOSSUMEZ
Alternativas para a flacidez A
flacidez proporciona os efeitos de envelhecimento da face, quando os tecidos começam a assumir posições diferentes daquelas que tínhamos na juventude. O corpo também sofre com ela, principalmente nos grandes emagrecimentos e naquelas pessoas que não conseguem fazer atividade física com frequência. Na verdade, por mais que se tenha cuidados com o rosto, bem como a prática de exercícios, é natural que o próprio envelhecimento com a diminuição da produção de colágeno, acabem interferindo no aparecimento dela. Até bem pouco tempo atrás, o único recurso disponível eram as cirurgias plásticas. Entretanto, hoje em dia, dispomos de recursos mais modernos por conta da melhora da tecnologia desses produtos e consequentemente, auxiliando a postergar um procedimento cirúrgico mais invasivo e que podem ser feitos em um menor período de tempo e com o conforto de voltar às suas atividades no mesmo dia. Várias técnicas estão disponíveis com excelentes resultados e sem cicatrizes, tanto para rosto quanto para o corpo. A radiofrequência é uma ótima tecnologia que usa o remodelamento do colágeno da pele e pode ser usada tanto para o rosto quanto para o corpo. É totalmente indolor, sem o uso de agulhas e promove inclusive conforto no momento da aplicação por produzir um discreto aquecimento da pele. Para um bom resultado, dependendo da área tratada, são realizadas em média 4 a 6 sessões com melhora progressiva em cada uma delas. Outra novidade no mercado, são os fios de ácido polilactico que vieram em substituição aos antigos fios russos. Muito mais finos, com trauma mínimo devido à sua espessura, funciona tanto quanto uma suave tração nas áreas com flacidez, tanto quanto um estimulador de colágeno ocasionado pelo produto do próprio fio. Entretanto, é indicado para graus iniciais de flacidez de pele. Uma alternativa aos fios, é o SCULTRA, que é o mesmo produto do fio, o ácido
polilactico, só que desta vez aplicado em maior quantidade puro na pele. Esta é uma excelente opção para graus variados de flacidez de face e a grande novidade é que também tem sido usado para melhorar a flacidez do braço e bumbum. Dá resultados extraordinários com três aplicações também, com uma média entre as sessões de 45 dias de intervalo. Bom, com tantas novidades e opções, não há mais razão para não chegar ao verão com tudo em cima, né?
Dra. Fernanda Mossumez Serviço: Centro Integrado de Longevidade e Estética Empresarial RioMar Trade Center 1 Pina - Recife
TERRA MAGAZINE | 97
SAÚDE DR. JOÃO VILAÇA
98| TERRA MAGAZINE
TERCEIRA IDADE ENTENDA AS MUDANÇAS E DOENÇAS QUE ACONTECEM NA VISÃO
A
chegada da terceira idade é algo inevitável para todos os seres humanos. A fase da vida que começa a partir dos 60 anos chega acompanhada de uma série de mudanças físicas em todo o organismo e a visão não poderia ficar de fora, sendo muitas vezes, bastante afetada. É natural que com o envelhecimento, aconteça uma diminuição da visão e uma maior dificuldade em focalizar objetos próximos. A perda faz com que os idosos precisem de auxílios como uma luz mais forte para a leitura e assim sejam vítimas da chamada “síndrome do braço curto”, que os obriga a esticar o braço para ler o jornal. Problema chamado também de presbiopia, ou conhecido popularmente como a vista cansada - que pode ser resolvido com o uso de óculos, lentes de contato ou até mesmo com cirurgias, como a cirurgia refrativa a laser e implante de lentes intra-oculares multifocais. A partir dos 60 anos também é comum o surgimento da catarata. A catarata é o resultado da opacificação do cristalino, uma lente natural que nos ajuda a focar os objetos que enxergamos. Com a diminuição da transparência desta lente, surge então, a doença. Um dos sintomas da catarata é deixar a visão borrada, fazendo com que o uso dos óculos já não auxilie mais na visão, além da dificuldade de determinar diferentes cores e também de conduzir veículos à noite.
A cirurgia é o único tratamento para o problema, uma vez que durante o processo se é retirado o cristalino opaco, que é substituído por um artificial - a lente intraocular. O implante de lentes intraoculares multifocais ajuda a resolver o problema e ainda minimiza a necessidade dos óculos, corrigindo tanto o grau de longe como o de perto. A tecnologia utilizada para a retirada da catarata também evoluiu bastante com o passar do tempo. A facoemulsificação com ultrassom somada à tecnologia do laser de femtosegundos acabou tornando a cirurgia ainda mais segura, rápida e reprodutível. Outra estrutura do olho que pode ser fortemente afetada com a chegada dos 60 anos é a retina - região do globo ocular responsável pela transmissão de impulsos luminosos em elétricos para o cérebro. As lesões nesta área podem provocar distúrbios de visão como: manchas, aparecimento de pontos luminosos e até a perda. As maiores causas de problemas na retina são a degeneração macular, retinopatia diabética e o descolamento. Na degeneração macular a visão central é comprometida, fazendo com que evolua para uma mancha preta no centro do campo visual. O tratamento para o problema pode ser realizado com comprimidos antioxidantes e em alguns casos, se faz necessária a aplicação de laser ou injeções intravítrea. A retinopatia diabética também é uma doença que pode
acometer os vasos da retina, provocando hemorragias e áreas de isquemia na retina. Os casos não tratados podem resultar na perda da visão. Outro grande problema que afeta a visão na terceira idade é o glaucoma - principal causa de cegueira irreversível no mundo. A partir dos 70 anos, o glaucoma acomete de 6 a 7% da população. A doença acomete o nervo óptico provocando dano irreparável, principalmente pelo aumento da pressão intraocular. O glaucoma, no entanto, pode ser evitado com atitudes e métodos de prevenção. Existem colírios, lasers e cirurgias que ajudam no controle da pressão ocular.
Dr. João Vilaça Hvisão - Hospital da Visão de Pernambuco www.hvisao.com.br (81) 3117 9090 | 9 9609 0557
TERRA MAGAZINE | 99
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA HABILIDADE FUNDAMENTAL PARA SUA PRÁTICA PROFISSIONAL
V
ocê sente que sua comunicação pode ser ainda melhor, agregando valores à sua dinâmica profissional e fazendo com que sua performance comunicativa seja mais assertiva?
A comunicação é essencial nas relações humanas e profissionais. Comunicar bem não é isoladamente saber transmitir ou receber bem as informações, mas é também troca e entendimento, entender e se fazer entendido. Indivíduos que apresentam uma comunicação interpessoal mais segura, recebem apoio social e constroem network. Por isso, ter competência comunicativa faz toda diferença nas relações pessoais e profissionais. O bom comunicador faz uso de recursos que tornem as mensagens atraentes e persuasivas. Isto vai além das palavras, pois envolve as emoções, expressividade vocal e corporal. Os recursos verbais são as palavras que se fala e estão relacionadas ao conteúdo da mensagem, seja na fala ou na escrita, ou seja, envolve a escolha dos vocábulos que vão compor a mensagem. Já os recursos vocais, são as variações que acontecem com a voz, que mudam de acordo com a intenção da ideia e ocorrem junto aos recursos não verbais, que é a expressividade corporal, facial e gestos, isto é, os movimentos do corpo durante a comunicação. A combinação de tais recursos tem o propósito de facilitar a compreensão, envolver mais facilmente quem ouve e distanciar do artificialismo.
VEJAMOS DETALHADAMENTE ALGUNS PONTOS IMPORTANTES NA COMUNICAÇÃO: Ø ARTICULAÇÃO (popularmente conhecida com dicção) Uma articulação precisa transmite clareza de ideias e pensamentos e influencia na inteligibilidade da comunicação da mensagem. Já uma má articulação pode ser percebida pelo ouvinte no momento de fala de um sujeito, podendo indicar confusão mental, falta de vontade em ser compreendido, falta de vontade em estabelecer uma comunicação, falta de domínio no discurso, falta de conforto da situação de comunicação e ainda agressividade ou afetação. Ø ÊNFASES Servem para destacar as palavras de valor, valorizando o que se quer dizer de forma eficiente. Ø PAUSAS São recursos de grande importância na comunicação, fazem parte do discurso, sendo essenciais para o ouvinte assimilar o que está sendo dito e para o comunicador pausar e respirar. Ø ENTONAÇÃO É a modulação da voz que se traduz na melodia. A entonação está ligada às emoções e quando bem utilizada propicia uma fala com vida.
Ø VELOCIDADE DE FALA Falar rápido ou devagar demais pode interferir na compreensão ou resposta. Uma velocidade lenta pode indicar monotonia, cansaço ou falta de interesse e ainda ansiedade ou nervosismo, o que dispersa o ouvinte. Uma fala acelerada associada a uma má articulação pode denotar descaso com o ouvinte e falta de controle da própria emoção. Ø FLUÊNCIA Diz respeito a uma fala livre de rupturas. Uma fala fluente é também uma fala sem vícios de linguagem como: né, aí, entre outros. Devemse evitar os vícios de linguagem, uso de gerúndios, diminutivos e gírias na linguagem profissional. Ø EMOÇÃO
DIALOG Consultoria voltada para o desenvolvimento da competência comunicativa, a partir de um treinamento focado nas necessidades individuais ou de um grupo. Áreas de atuação na área de comunicação Ø Desenvolvimento da competência comunicativa Ø Práticas de apresentações em público Ø Media Training Ø Coach executivo e pessoal Ø Recrutamento e seleção de pessoal Ø Avaliações do perfil comunicativo e comportamental
A emoção do orador tem influência na conquista dos ouvintes, estando presente em vários momentos da fala e demonstrada através da voz, vocabulário e expressão corporal. A competência comunicativa é uma ferramenta essencial durante a atuação laboral. Desta forma, construir uma imagem positiva, aprimorando a postura profissional, a habilidade de se comunicar e argumentar com segurança por meio de uma comunicação eficiente, natural e clara é fundamental nos dias atuais.
Jamile Vasconcelos (81) 999797323
NOTINHAS VENCEDOR DO DESAFIO DA BELEZA, FELIPE MOREIRA VEIO AO RECIFE PARA LANÇAR AFRICANÍSSIMA DE O BOTICÁRIO O maquiador Felipe Moreira de O Boticário, e grande vencedor do programa Desafio da Beleza 2015 do canal GNT, apresentou a linha Make B. Africaníssima nos dias 09 e 10 de Setembro, nos shoppings RioMar e Recife respectivamente. O evento foi aberto ao público que pode conferir as dicas e truques de maquiagem utilizando a nova coleção de maquiagem para a primavera-verão. Inspirada na exuberância das paisagens, na vivacidade das cores e diversidade cultural Africanas, Make B. Africaníssima foi desenvolvida para iluminar e trazer mais vibração para a próxima estação.
ESTREIA NA TV TRIBUNA
Tem estreia na TV aberta. É o quadro Pense Auto por Claudio Barreto, nosso editor, que será veiculado todas as sextas feiras às 14h35, na TV Tribuna, dentro do programa Vittrine apresentado por Julia de Castro. Acima a foto da gravação do primeiro quadro.
SKOL BEATS SECRET CHEGA AO MERCADO Consumidores de todo o país já podem encontrar o mais novo lançamento de Skol no mercado: a Skol Beats Secret. Com líquido e embalagem vermelhos, a bebida é ainda mais refrescante, pois une a mistura de sabores cítricos e silvestres. Apreciada bem gelada, pura ou acompanhada de gelo, fica mais gostosa. A nova versão vem ampliar a família Skol Beats, que já inclui a Skol Beats Senses, na cor azul, e a Skol Beats Spirit, na cor verde. Skol Beats Secret já está disponível nos principais pontos de venda do país.
C
onscientizar a população sobre a inclusão e discussão de temas importantes como Síndrome de Down, Autismo e Câncer Infanto-juvenil. Esse é o objetivo do Projeto “União de Sorrisos”, idealizado pela OAB/PE – Subseção Timbaúba na pessoa de seu Vice-Presidente e Professor Universitário, Grinaldo Gadelha Júnior, e que tem como instituições madrinhas e co-realizadoras, a Associação Novo Rumo e o Núcleo de Apoio à Criança com Câncer – NACC. Lançada oficialmente a campanha junto à sociedade e a imprensa local, no auditório do NACC, na ocasião foram apresentados detalhes da campanha e dois eventos que ocorrerão em outubro e novembro. O primeiro, acontece no dia 16 de outubro, na Praça do Centenário – Timbaúba com atividades lúdicas, divertidas e gratuitas tais como shows com Mini-Orquestra de frevo e Gabrielzão(1º Boneco de Olinda Down), Coral da OAB, Banda “Rockeirinhos”, contação de histórias com Ilana Ventura, oficinas de maquiagem infantil, palhaços, pintura e outras, a interação entre pais, crianças e adolescentes com Down, Autismo, Câncer e outras necessidades especiais, bem como crianças em geral. O segundo evento acontece no dia 05 de novembro, na área de eventos do piso L3 do Shopping RioMar Recife, e terá com atrações musicais, atividades lúdicas e ações especiais com foco na conscientização dos temas abordados pelo projeto. Neste dia ocorrerá um leilão solidário promovido pelo Leiloeiro Oficial Diogo Mattos Dias Martins, entre empresários, autoridades e representantes da sociedade civil. O Projeto “União de Sorrisos” conta com o apoio institucional da Inova-Leilão, OAB-Pernambuco, OAB-PE – Subseção Timbaúba, Tribunal de Justiça de Pernambuco -TJPE, Revista e TV - Terra Magazine, Pearl Drums, Orion Cymbals, LIONS Internacional , Prefeitura Municipal de Timbaúba, Shopping RioMar Recife,Plus Soccer, Assembléia Legislativa de Pernambuco – ALEPE, além da parceria com artistas e bandas : Carol Levy, Mundo Bita, Banda Rocket, Projeto Roqueirinhos, Hernandes(Jogador da Juventus-Itália), Orquestra Cidadã, Ilana Ventura, Coral da OAB, Gabrielzão(1º. Boneco Gigante de Olinda – Down), União Forrozeira, Genaro, As Fulô, Gal Santos, Verônica Sanfoneira, Max Menezes e Forró Baião e formadores de opinião locais. Ao final do evento, todo o valor arrecadado será dividido e doado para o NACC, Novo Rumo, CAT Timbaúba e Creche Mãe Rainha. Você pode doar sorriso, depositando qualquer valor na conta única do projeto: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Banco: 104 Agência: 1294 Conta Corrente: 4283-5 Tipo: 003 Favorecido: Núcleo de Apoio à Criança com Câncer – NACC
102| TERRA MAGAZINE
SUA FESTA ATÉ VOCÊ Sabor, praticidade e conforto: segredos de um bom anfitrião
A
linhar sabor, praticidade e conforto para receber os amigos e familiares, é o objetivo de todo bom anfitrião. Com a ajuda dos profissionais certos, hoje é possível montar um pequeno, elegante e aconchegante restaurante dentro de casa. O modelo traz a experiência de ter um verdadeiro chef para receber amigos e convidados, mostrando ainda o zelo com cada visitante. A ideia é garantiruma recepção perfeita, com bom gosto em cada detalhe. Os cuidados ficam por conta da casa de buffet especializada no serviço, que se responsabiliza por tudo: desde a preparação das entradinhas à escolha do vinho e o encerramento com a sobremesa. Os buffets preparam ainda toda a estrutura para receber os amigos em casa, sem precisar se preocupar em cozinhar, servir e limpar. Além disso, o cliente se preferir ainda pode contar com o apoio e a consultoria dos especialistas durante toda a recepção. E specializado neste serviço, o Estro Buffet nasceu da iniciativa e experiência do empresário Rodrigo Figueira e promete ampliar o conceito de buffet delivery na cidade. O modelo exportado da cidade de São Paulo chega ao Recife com foco principal em atender à necessidade do cliente. O intuito é oferecer o máximo de comodidade e praticidade. Além dos serviços tradicionais de um buffet - montar cozinha, preparo do cardápio, utensílios, garçons, maitre e etc -, o Estro oferece a personalização e organização sensorial do evento, a partir de consultoria individuais e propostas moldadas a cada necessidade. De acordo com o empresário Rodrigo Figueira, a promessa é levar a festa até o cliente, proporcionando o máximo de tranquilidade. "A ideia é oferecer uma verdadeira experiência sensorial, através de soluções criativas para atender as necessidades do anfitrião", destaca Figueira. Esta tendência tem sido uma das opções preferidas entre as pessoas para confraternização, pequenos aniversários e datas comemorativas, como Natal e Réveillon. @estro_buffet /Estro-Buffet-Sua-Festa-Até-Você contato@estro-buffet.com.br www.estro-buffet.com.br
TERRA MAGAZINE | 103
Com a palavra CÉLIA LABANCA
TUDO PASSA A
cabei de chegar de mais uma viagem dos sonhos. Estive em um dos paraísos do planeta. Vi muita neve, paisagens sufocantes, belos passeios, muito frio, chocolate quente e, em tudo, uma excelente infraestrutura para o turismo. Mas, voltei. Fazer o quê? Voltar sempre. Aqui é o meu país, a minha cidade, os meus afazeres, os meus amigos e amigas, a minha família, o meu trabalho. Tudo que faz de mim o que sou, o que quero, o que gosto. Novamente encontrei coisas novas. Novas surpresas boas, e outras nem tanto: olimpíadas, e a beleza do espetáculo de abertura; o golpe em curso, as vaias, a inflação aumentando, e as mesmas incertezas no futuro. Pensando bem, as crises são humanas e cíclicas. A maturidade me dá a certeza de que o ruim passará, porque já passou um dia, e dará outra vez espaço para novas possibilidades. É o que me resta esperar. Desejar. Reencontrei o país meio aturdido. Caótico, talvez. Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, e como a sua característica é de demorar para entender o que ele mesmo produz, porque influenciado parece que unicamente pela mídia, seja ela qual for, tenha ela o interesse que tenha, ou pela inconsciência cidadã, faz com que demore a analisar o que quer que seja, e quem sabe, tomar uma posição, ou uma decisão, uma atitude. Se apega sempre às superficialidades, o que contribui para deixar para depois o que pode ser feito agora. Isto é preocupante, ou continua.
A crise política está congelada. Ninguém mais se assusta com as prisões expedidas pela operação lava jato, ninguém mais se posta em vigilância, ou ninguém mais protesta contra os desmandos que continuam irresponsavelmente aumentando os gastos do país pelo governo federal e sua mania de grandeza, como o dos salários de classes já abonadas, as não prisões da mesma operação mesmo e apesar de todas as delações. Nem com relação às perdas trabalhistas, as reclamações com os planos de saúde. E, por aí vai... E, com referência às olimpíadas, a preocupação é apenas com o nosso ópio eterno, a seleção masculina de futebol, quando entre quase todos os quatrocentos ou mais dos nossos atletas, até agora, somente duas medalhas foram recebidas. - Seria consequência da conturbação que está instalada no país, ou descomprometimento histórico? O que tem ficado claro, é que somos capazes de montar um campus olímpico dos mais modernos, fazer uma festa inusitada e bela, e os nossos atletas sem condições de competirem com os melhores do mundo. Falta-lhes, de acordo com a história, apoio financeiro, técnico, psicológico. - As desculpas virão! Principalmente dos que não têm compaixão. E eu espero, por mais algumas medalhas que venham justificar o "sangue" que derramam ao longo de anos em treinamentos, sofrimentos e luta. - Bom que se pense sobre isto. Outra coisa que pode servir para mais um exercício do pensamento é que as olimpíadas têm sido consideradas apenas do Rio, quando ela é do Brasil. Isto é errado. Injusto. Muito injusto. Claro que o Rio é
uma cidade antologicamente maravilhosa e amada por todos nós, mas isso não a faz única dentro da federação. Ela é brasileira. E, como tal, de uma forma ou de outra, direta ou indiretamente, recebeu a ajuda do todo o país, para estar fazendo o que está, tanto que vários jogos acontecem em diversos estádios, em diversos Estados. E os nossos atletas são do país inteiro. Portanto, que fique para a história as Olimpíadas do Brasil 2016. Então, registrada as minhas questões que têm a ver com o que me cerca, me alerta, e me estimula a cobrar, e a colaborar, com o maior prazer, sinto-me na obrigação de dar uma medalha de ouro ao meu amigo Cláudio Barreto, dono desta revista, e à sua equipe, por mérito absoluto. Por mais um ano no mercado, pela competência de se mostrar séria, leve sem futilidades, informativa e com conteúdo de gente grande. Um orgulho para toda nossa gente. Parabéns, Cláudio, daqui a mais quatro anos estarei aqui para lhe doar mais uma medalha de ouro.
Célia Labanca
TERRA MAGAZINE | 105
Dicas
para
leitura
POR SELMA VASCONCELOS
SÉRGIO MORO A figura do Juiz Sérgio Moro é aqui retratada através de suas atuações em diversos casos de corrupção, passando pelo mensalão, o caso Banestado, até chegar a assumir a investigação da operação LavaJato, juntamente com o Ministério Publico e a Policia Federal. A autora desvenda os meandros das atividades criminosas, seguindo os passos do Juiz, na direção de encontrar os verdadeiros culpados e limpar este País de uma das maiores manchas éticas e morais que nos assolou nos últimos
anos. O relato não se limita aos fatos ou à brilhante carreira de Moro, mas faz um retrato do homem, sua personalidade e particularmente seu destemor e obstinação em mudar a face deste País. Como seriam esperadas , muitas têm sido as barreiras que foram e ainda são encontradas pelo caminho , registradas por Hasselmann e o modo como o Juiz tem conseguido superálas apoiado fortemente pelas manifestações das ruas . Moro tornou-se, na atualidade, um exemplo e uma esperança para o povo brasileiro tão farto de ser desrespeitado e submetido às injustiças sociais por falta de honradez e seriedade no trato da coisa pública. Sem dúvida, um dos relatos a ser consultado em meio a tantos outros, face ao brilho do personagem. A autora é Joice Hasellmann, jornalista com atuação no Paraná. A Editora é a Universo dos Livros.
uma crítica ácida das relações sociais de então, ao revelar a dura realidade vivida pelo homem do povo. Por outro lado, o fiel escudeiro Sancho Pança é um tipo que apesar da aparente ingenuidade, convive bem com o senhor e chega a protagonizar um farol de bom senso tentando trazer o fantasioso Dom Quixote à realidade.
Dom Quixote de La Mancha Dom Quixote de La Mancha foi publicado, pela primeira vez, na Espanha do século XVII(1605). A história do engenhoso fidalgo Dom Quixote e de seu fiel escudeiro Sancho Pança atravessa o tempo e conquista leitores geração após geração. Cervantes faz uma paródia com os romances de cavalaria que ao tempo da primeira edição já estavam em declínio como gênero. Sua leitura permite um mergulho na estrutura das relações sociais e nos valores culturais da Espanha medieval.
A obra de Cervantes é considerada o expoente máximo da literatura espanhola e, em 2002, foi eleito por uma comissão de escritores de cinquenta e quatro países, o melhor livro de ficção de todos os tempos. Em homenagem aos 400 anos de morte de Miguel de Cervantes, a Nova Fronteira traz ao público esta edição especial, com a obra integral em dois volumes, acompanhado das belíssimas ilustrações do francês Gustave Doré, um dos grandes artistas do século XIX.
Através da insanidade do personagem, o autor se permite viver fantasias, aventuras plenas de humor, mas que no fundo trazem
PROFISSÃO REPÓRTER 10 ANOS É uma publicação em comemoração aos dez anos do Programa “Profissão Repórter”. Ao longo desta década foram ao ar cerca de duzentos e cinquenta exibições, servindo inclusive de material de pesquisa sócio antropológica em algumas Universidades. O livro traz uma seleção das vinte melhores reportagens feitas pela equipe de Barcelos. De leitura interessante, revela não só os bastidores do trabalho dos repórteres, mas os tipos humanos que serviram de investigação por parte da mídia. O programa em questão conquistou vários prêmios de comunicação e é comandado também pelo jornalista Caco Barcelos. Ele abre o livro com o texto de sua autoria intitulado” Histórias entre o céu e a terra” , baseado
106| TERRA MAGAZINE
em sua experiência ao viajar para cobrir o garimpo da Amazônia. Entre outras, a assinatura de Gabriela Lian vem do relato de uma experiência mística, religiosa da maior importância, que é o Círio de Nazaré. Ela testemunhou o clima de magia e dedicação por parte dos fieis que chega a comover o visitante, mesmo aquele mais descrente, pela força da fé que emana da multidão. É sempre um grande aprendizado ouvir alguém que diante de um fato novo revela muito da alma humana. É isto que acontece com o leitor desta publicação. A editora é a Planeta.
INOVAÇÃO, VARIEDADE E ENTRETENIMENTO, É NO CANAL DA GENTE! DE SEGUNDA A SEXTA, ÀS 14H35 APRESENTAÇÃO:
JÚLIA DE CASTRO
www.tvtribunape.com.br
série
CINEMA
PERNAMBUCANO
“Três Viúvas de Artur” (2005); “Essa Febre Que Não Passa” (2011).
SÓFOCLES MEDEIROS
TRABALHOS NO CINEMA Aprovada para estrelar o filme de Adelina, Hermila terminou recebendo pelo trabalho o prêmio de melhor atriz de curtas no 4º Festival de Cinema de Recife e no 10º Cine Ceará. Após fazer uma ponta no longa “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2004), filme de Marcelo Gomes foi convidada por Karim Aïnouz, amigo de Marcelo, a fazer um teste para a sua produção “O Céu de Suely” (2006).
Foto: Iñaki Pardo | reprodução internet
Ela terminou ganhando o papel principal que lhe valeu os prêmios de melhor atriz nos festivais do Rio e Cine Goiânia, além do 28º Festival de Havana. Logo a seguir foi convidada pela TV Globo a fazer testes para uma produção que contaria a vida de Elis Regina, com quem parecia muito fisicamente, segundo algumas pessoas mais próximas.
A musa do cinema pernambucano
HERMILA GUEDES foto reprodução internet
Q
uem acompanha o cinema pernambucano atual percebe facilmente a presença frequente e marcante de alguns atores e atrizes.
levou à mudança da família (inicialmente para Olinda) foi algo indesejado: seu pai era policial e foi assassinado em uma tocaia, quando Hermila tinha 10 anos de idade.
Entre as mulheres surge com absoluta imponência a figura de Hermila Guedes. Difícil encontrar uma só expressão que possa defini-la: “impressionante”, “carismática”, “capaz de uma entrega total aos seus personagens” são apenas algumas definições que surgem espontaneamente neste momento.
No Recife, fez um curso de Turismo e chegou a trabalhar em uma agência de viagens. Posteriormente iniciou o curso de Letras na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
E o mais impressionante é que ela não teve uma formação específica para desempenhar a função, o que foi compensado com muito talento e uma enorme dedicação ao que faz.
TRABALHOS NO TEATRO
AS ORIGENS Hermila nasceu em 01 de janeiro de 1980, na cidade de Cabrobó, localizada no Sertão de Pernambuco, e que fica a pouco mais de 500 km da capital. Nos verões vinha até o Recife, acompanhada da mãe, para visitas periódicas a um dermatologista que cuidava de seu vitiligo. Talvez por isso sua mãe nutrisse o desejo de vir morar na capital, mas o motivo que
Nessa época ela queria mesmo era ser cantora.
Para superar problemas de timidez começou a fazer teatro, encarando a atividade apenas como “coisa de amigos”, sem ter nenhuma pretensão de seguir a carreira de atriz. Em 1998 surgiu a oportunidade de fazer um teste para o filme “O Pedido”, um curta de Adelina Pontual.
A seguir a lista de seus filmes:
Curtas: “O Pedido” (1998); “Entre Paredes” (2004); “Copo de Leite” (2004); “O Homem da Mata” (2004); “Uma Vida e Outra” (2006); “Rifa-me” (2006), “Carnaval Inesquecível” (2007); “Quinha” (2012). Longas: “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2004); “O Céu de Suely” (2006); “Baixio das Bestas” (2007); “Deserto Feliz” (2007); “Boca” (2010); “Ponto Final” (2011); “Assalto ao Banco Central” (2011); “O Grande Kilapy” (2012); “Francisco Brennand” (2012) – como narradora; “Era Uma Vez Eu, Verônica” (2012); “O Fim e os Meios” (2014); “A Luneta do Tempo” (2014).
TRABALHOS NA TELEVISÃO Aprovada nos testes, Hermila viveu a cantora Elis Regina no especial “Por Toda a Minha Vida - Elis Regina”, dirigido por Ricardo Waddington e João Jardim. Em 2008, fez sua estreia em novelas na segunda versão de “Ciranda de Pedra” e no ano seguinte, fez parte do elenco fixo da telessérie “Força Tarefa”, que ficou no ar por três temporadas. A seguir a lista de seus trabalhos na TV:
A seguir a lista de seus trabalhos como atriz teatral:
Como atriz: “Por Toda a Minha Vida – Elis Regina”(2007); “Ciranda de Pedra” (2008); “Força Tarefa” (2009-2010); “Amor Eterno Amor“(2012), “Segunda Dama” (2014).
“A Duquesa dos Cajus” (1999); “Noite Feliz” (2000); “Paixão de Cristo” (2001); “Meia Sola! (2003); “Angu de Sangue” (2004);
Como apresentadora: “Agora Curta” (2008); “Minha Vida É a Minha Cara” (2011).
TERRA MAGAZINE | 109
CURTA
#CINEMA
Conheça nosso canal | www.terramagazine.com.br
KUBO E AS CORDAS MÁGICAS Kubo vive uma normal e tranquila vida em uma pequena vila no Japão com sua mãe. Até que um espírito vingativo do passado muda completamente sua vida, ao fazer com que todos os tipos de deuses e monstros o persigam. Agora, para sobreviver, Kubo terá de encontrar uma armadura mágica que foi usada pelo seu falecido pai, um lendário guerreiro samurai.
SULLY
JACK REACHER: SEM RETORNO
Em 2009 o mundo entrou em estado de choque e admiração por causa de um fato inesperado e impossível: no dia 15 de janeiro daquele ano, o Capitão Chesley "Sully" Sullenberger (Tom Hanks) conseguiu pousar um avião em pane no Rio Hudson. Esse ato quase impossível salvou a vida dos 150 passageiros e alçou Sully à categoria de herói nacional. No entanto, nem mesmo a aclamação pública foi capaz de impedir uma investigação rigorosa sobre sua reputação e carreira.
Um crime brutal foi cometido contra cinco pessoas ao mesmo tempo e um atirador de elite, veterano de guerra, foi acusado pelos assassinatos sem muita chance de defesa. Durante o interrogatório, ele cita apenas o nome de Jack Reacher (Tom Cruise), um excombatente com inúmeras condecorações, dado como desaparecido para o governo e autoridades. Só que ele aparece do nada e resolve investigar por conta própria o tal mistério. Sua teoria é que existe uma ligação entre as mortes e o verdadeiro responsável tem outros interesses, procurando desviar a atenção. Só que Jack não desiste da verdade e tem um jeito especial de fazer a sua justiça, doa a quem doer.
ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM A GAROTA NO TREM Rachel (Emily Blunt), uma alcoólatra desempregada e deprimida, sofre pelo seu divórcio recente. Todas as manhãs ela viaja de trem de Ashbury a Londres, fantasiando sobre a vida de um jovem casal que vigia pela janela. Certo dia ela testemunha uma cena chocante e mais tarde descobre que a mulher está desaparecida. Inquieta, Rachel recorre a polícia e se vê completamente envolvida no mistério.
110| TERRA MAGAZINE
O excêntrico magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) chega à cidade de Nova York com sua maleta, um objeto mágico onde ele carrega uma coleção de fantásticos animais do mundo da magia que coletou durante as suas viagens. Em meio a comunidade bruxa norte-america que teme muito mais a exposição aos trouxas do que os ingleses, Newt precisará usar suas habilidades e conhecimentos para capturar uma variedade de criaturas que acabam saindo da sua maleta.
foto reprodução internet
ARTIGO ALEXANDRE SLIVNIK
CLT culpada ou inocente?
por Alexandre Slivnik
P
ode parecer clichê o título do meu artigo, mas se queremos que o Brasil cresça verdadeiramente, é preciso discutir (e aprovar) a reforma das leis trabalhistas do nosso amado país. Essas normas que regulamentam as relações entre empresas e colaboradores entraram em vigor em 1940, ou seja, 76 anos se passaram. Mesmo que essas leis protejam uma parte, graças também a ela, temos uma maioria esmagadora de trabalhadores em condições precárias e que não são abraçados pelos mesmos direitos que os registrados. E agora, como resolver essa conta que não fecha nunca? Nos últimos 12 meses, mais de 1,7 milhão de brasileiros perderam o emprego e a referência de segurança em termos de qualidade de vida. Afinal, não importa a idade, qualquer profissional usa o fruto do seu trabalho para atender as mais variadas necessidades básicas que irão garantir a sobrevivência dele e da família. É o que aponta os estudos realizados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE).
No Brasil, temos o fundo de garantia (FGTS), seguro desemprego, aviso prévio, férias remuneradas, décimo terceiro e etc. São excelentes benefícios, mas podem ser péssimas armadilhas se pensarmos em produtividade. E é neste sentido que devemos também usar o momento para refletir a forma como trabalhamos. Infelizmente, há quem ainda se aproveite dessas vantagens e deixa de produzir para que seja demitido pois, afinal, pode ser ainda muito vantajoso para ele. Perde a empresa, o trabalhador e o país. Como consequência da elevada quantidade de desempregados, a economia levou um tombo ainda maior. Todos os setores praticamente frearam. O consumo passou de básico para somente o necessário. Leiase “esqueça a pizza e o cinema de final de semana”. Afinal, a emocionante aventura não sai por menos de 200 reais para uma família de quatro pessoas. A crise também resultou em um rebaixamento no grau de investimento que é dado pelas agências de classificação de risco, espantando a vinda de empresas capazes justamente de criar novos postos de trabalho. Além de buscar formas de virar esse jogo, é preciso entender que o país precisa urgente de mudanças para voltar a crescer. Todos querem trabalho. A classe média brasileira não vê a hora de poder voltar a consumir, financiar imóveis, carros, viagens internacionais, e voltar a sonhar com um futuro melhor. Muitos brasileiros querem o american way of life, amam os Estados Unidos, mas lá as leis são muito diferentes. Não existe, por exemplo, seguro desemprego, décimo
terceiro, férias remuneradas, aviso prévio e etc. Isso faz com que o norte-americano queira sair da zona de conforto e produzir mais, pois caso contrário será demitido... e vou contar ainda mais uma novidade: ninguém morreu por conta disto. Muito pelo contrário, é sem dúvida, a maior economia de todos os tempos. Entendo que o modelo norte-americano privilegia demais os empresários e de menos os trabalhadores. Já no Brasil, é exatamente o oposto. Talvez a flexibilização proposta pelo governo seja o meio termo de que tanto necessitamos. Precisamos entender, de uma vez por todas, que a atualização da legislação trabalhista não prevê o aumento da jornada de trabalho, que não poderá ultrapassar 44 horas semanais; tão pouco a exclusão de direitos. Haverá ainda a criação de duas novas modalidades de contrato de trabalho parcial e intermitente, com jornadas inferiores a 44 horas semanais e salários proporcionais. Esta solução sobre a possível alteração da “forma de pagamento” de alguns benefícios que são custosos e que podem estimular a improdutividade (férias remuneradas, seguro desemprego e aviso prévio), incorporando esses valores nos salários, o que deixaria a equipe mais motivada afinal, eles ganhariam muito mais mensalmente e premiaríamos a produtividade. O país mudou, as formas de trabalhar mudaram e os objetivos das pessoas também. Então, porque não rever essas condições impostas a empresas e trabalhadores? Essas reformas estruturais são extremamente importantes. Talvez a CLT, do jeito que existe hoje, seja a própria algoz do trabalhador.
Alexandre Slivnik é autor do best-seller O Poder da Atitude e O poder de Ser Você. É sócio-diretor do Instituto de Desenvolvimento Profissional (IDEPRO), diretor-executivo da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) e diretor geral do Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD). Palestrante e profissional com 17 anos de experiência na área de RH e treinamento, é formado em educação física pela Universidade Mackenzie, com ênfase em qualidade de vida empresarial. É atualmente um dos maiores especialistas em excelência Disney no Brasil, tendo visitado e estudado profundamente os parques e feito os treinamentos do Disney Institute sobre os temas excelência em liderança, inovação e criatividade, qualidade em serviços e excelência em negócios. Leva periodicamente vários grupos de executivos brasileiros para treinamentos in loco nos bastidores do complexo Disney, em Orlando, nos Estados Unidos, para estudar e ensinar como as empresas podem incorporar a mesma excelência e felicidade, o que é também tema de suas palestras, cursos, treinamentos e seminários. Atualmente, faz especialização em experiência de clientes por HARVARD. Contatos com o autor: www.slivnik.com.br ou alexandre@slivnik.com.br ou 11 5539-4665.
ARTIGO MARIVAN GADÊLHA
foto reprodução internet
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Na crise ou fora dela, planejar o futuro sempre será um grande desafio para as lideranças empresariais, porém na crise sempre será mais importante, pois são nesses cenários onde o risco à sustentabilidade é extremo.
P
lanejamento estratégico é o conjunto de práticas de gestão, voltadas para a identificação da posição competitiva de uma organização, assim como das melhores estratégias para a sua sustentabilidade. Nesse contexto, é importante lembrar que em toda e qualquer organização, existem três níveis de atuação. O nível operacional, onde atuam a pessoas que fazem acontecer. O nível tático, onde atuam as pessoas que devem focalizar a operacionalização das estratégias e, o nível estratégico, onde atuam as pessoas que devem focalizar o médio e o longo prazo. As interfaces entre esses três níveis, assim como as formas de atuação em cada um, dependem do porte e da capacidade de planejamento de cada organização. Normalmente quanto maior a empresa, mais bem definidos são estes níveis. É comum nas pequenas empresas, que o nível tático “desça” e atue no operacional, assim como que o nível estratégico “desça” e atue no nível tático. Este modelo gera confusão e impede, mesmo nas condições de mercado mais favoráveis, o exercício de se pensar no médio e no longo prazo, responsabilidade primordial do nível estratégico. Na crise ou fora dela, planejar o futuro sempre será um grande desafio para as lideranças empresariais, porém na crise sempre será mais importante, pois são nesses cenários onde o risco à sustentabilidade é extremo. A experiência tem mostrado, que a elaboração e a implementação de um planejamento estratégico consistente, minimiza os esforços para superação dos obstáculos à sustentabilidade e o crescimento. Considerando essa necessidade, em qualquer que seja o porte da organização, um planejamento estratégico pode ser estruturado em quatro fases mais importantes: Definição da identidade organizacional, análise de cenários, formulação estratégica e desdobramento das estratégias. Na primeira fase, o processo exige uma análise histórica da forma como a organização foi criada, incluindo os objetivos iniciais, o perfil de seus acionistas e o contexto socioeconômico da época. Num primeiro passo, tudo isto deve ser complementado por uma análise detalhada das evoluções
ocorridas na organização ao longo do tempo, incluindo as dificuldades, as alterações em seu quadro de acionistas, assim como dos impactos dos diversos cenários socioeconômicos sobre a organização. Toda essa análise deve assegurar o entendimento das principais linhas de atuação, onde o prazer da realização empresarial, associado ao talento, ao conhecimento e as experiências da força de trabalho, se uniram numa só direção, promovendo o que denominamos de zona de alto desempenho, que deve ser representada pela missão. O ser humano efetivamente produz mais e melhor quando atua naquilo que gosta. As empresas se comportam da mesma forma, pois elas são a expressão das pessoas que compõem a sua força de trabalho. Tudo isso eleva a importância da missão, que muitas vezes é elaborada e tratada fora do contexto aqui apresentado. Na maioria dos casos com enfoque puramente comercial. Este tipo de situação gera um impacto negativo no processo de formulação estratégica, que perde consistência. O segundo passo, consiste na identificação dos valores organizacionais, que podem ser definidos como os principais aspectos comportamentais positivos, assumidos pela força de trabalho de uma organização nos momentos de crise, e que podem potencializar o planejamento estratégico. Muitos profissionais de consultoria erradamente os definem como aspectos de comportamento, nos quais a organização acredita, porém, acreditar não significa praticar. O terceiro passo consiste na identificação da visão, ou seja, da situação global representativa da performance desejada para a organização. Essa visão deverá nortear todo o processo de formulação estratégica. A segunda fase corresponde à análise de cenários, que pode ser definida como um processo sistemático de coleta e tratamento de informações nos ambientes interno e externo à organização, que possam gerar impacto nas decisões e consequentemente nas operações. Segundo o general e estrategista chinês Sun Tzu, em seu tratado militar A Arte da Guerra
(FONTES, 2002), [...] aquele que conhece o inimigo e a si mesmo, lutará sem batalhas sem perigo de derrota. Aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, terá iguais chances para a vitória ou para aderrota. Aquele que não conhece nem o inimigo nem a si próprio será derrotado em todas as batalhas. Facilmente podemos replicar esse conceito para o mundo dos negócios, pois as empresas vivem rotineiramente uma guerra diária pela sobrevivência. Nesse contexto, a análise de cenários pode ser estruturada a partir de três iniciativas distintas de igual importância, ou seja: Análise interna, caracterizada pela identificação das forças e fraquezas da organização, análise da concorrência, ou seja, do perfil das empresas competidoras e análise de mercado. Os dados coletados nesta fase devem permitir em conjunto, a identificação das informações ativas necessárias e suficientes para suportar o planejamento. A terceira fase corresponde à formulação estratégica, momento em que as fraquezas, oportunidades e ameaças, devem ser analisadas criticamente frente as palavras ou frases chave da missão, valores e visão, assegurando a identificação de todos os aspectos que efetivamente devem ser tratados, por se caracterizarem naquele momento histórico da organização como estratégicos. Nesse contexto, pode-se afirmar que as palavras ou frases chave representativas das fraquezas, oportunidades e ameaças, que na análise crítica não impactarem no atingimento da Missão, dos Valores e/ou da Visão, ou seja, que não estão associadas a estes aspectos, podem ser importantes, porém não são estratégicas no momento histórico da avaliação. De forma diferente, aquelas fraquezas, oportunidades e ameaças, que por impactarem diretamente no atingimento da Missão, dos Valores e/ ou da Visão, estiverem associadas a estes aspectos devem ser transformadas em objetivos estratégicos, a serem tratados no médio e longo prazo, dentro do contexto do planejamento estratégico. gadelha@qsmconsultoria.com.br
TERRA MAGAZINE | 113
CRÔNICA ANDRÉA NUNES
Somos
todos 14 Bis foto reprodução internet
Por Andréa Nunes
N
o dia 05 de agosto de 2016, a abertura das Olimpíadas no Maracanã impressionou o mundo: A cada etapa da cerimônia, sobressaíam naquele campo a alegria, o talento e a grandiosidade que havíamos esquecido em algum ponto da nossa trajetória. Esse dia parece ter sido o catalisador do importantíssimo resgate de algo que tínhamos perdido há algum tempo: autoestima. Milhares de compatriotas, entre os quais me incluo, se emocionaram até às lágrimas em poder mostrar para o mundo que somos bem mais do que o país do sete-a-um. Dos tantos pontos altos ressaltados pela imprensa nacional e internacional, destaco um que me pareceu apoteótico: o sobrevoo da réplica do 14 Bis sobre o Maracanã e sobre a cidade do Rio de Janeiro. Li matérias sobre a "fúria" dos americanos com esse gesto, tendo em vista que eles sempre quiseram fazer prevalecer a tese de que o primeiro voo da história fora realizado pelos irmãos Wright. Não vou polemizar essa discussão, até porque acho que os americanos que se insurgiram contra isso não entenderam nada. Penso que, precisamente, reside aí a genialidade da coisa: sabe-se que o conceito de espírito olímpico é justamente expor o que a humanidade tem de melhor,
114| TERRA MAGAZINE
em detrimento da pequenez de precisar sempre superar o outro, vencer pelo simples imperativo de levar vantagem. Para compreender o sentido dessas palavras na prática, basta tomar dois exemplos: Nikky Hamblim, a corredora neozelandesa que parou para ajudar a rival machucada na competição dos 5000 metros do atletismo e perdeu a prova, e Ryan Lotche, o nadador americano que “inventou”, por conveniência pessoal, o assalto no posto carioca. As Olimpíadas 2016 imortalizaram esses dois atletas, mas de modo bem diferente: a primeira, coberta de glórias. O segundo, de vergonha. E se nossa autoestima decolou naquele dia da abertura das Olimpíadas, ela aterrissou definitivamente dentro de cada um de nós no dia em que ganhamos a medalha de ouro no futebol, no Maracanã. Por mais tentador que seja atribuir essa alegria à derrota da Alemanha, esse ouro exorcizou muito mais fantasmas: naquele mesmo local, havíamos perdido a final contra o Uruguai, em 1950. Naquela mesma competição, havíamos perdido em 1984, 1988 e 2012, sempre na final. Mais uma vez resgatando o conceito de espírito olímpico, percebo que o êxtase pelo ouro inédito no futebol não era a
celebração por derrotar ninguém: aquilo era sobre superação de todos os nossos medos, falhas e frustrações. Era a mais difícil e saborosa vitória , que é aquela sobre nossas próprias limitações: a chamada auto superação. Na hora do hino à capela quando acabou aquela final olímpica no Maracanã, 12 caras e uma nação inteira com a medalha pesando junto do coração, juro que avistei ali no alto a linda imagem do aeroplano voltando do seu voo, naquele mesmo pedaço de céu de onde ele havia partido há alguns dias. Ele pairava sobranceiro acima de todas as nossas guerras, ódios, disputas e falta de espírito esportivo. E dizia, sem palavras, aquilo que queríamos muito gritar para o mundo: hoje somos todos você, 14 Bis: desacreditados, mas surpreendentemente eficazes. Talentosos. Lindos, leves. E com o orgulho na estratosfera.
Andréa Nunes é escritora e Promotora de Justiça do Estado de Pernambuco
TERRA MAGAZINE | 115