Revista Ser Familia 22 edição

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Ser Família A sua revista de desenvolvimento familiar e muito mais

Ano III • Nº22 • Nov/Dez

Uma nova opção:

a orientação familiar Educar hoje 2

Educar hoje 3

INTIMIDADE

SOCIEDADE

Como perder a autoridade em instantes Apaixonados pelas diferenças

COLUNISTA

Investimentos: O velho e o novo

Alcoolismo na adolescência

Educação da sexualidade





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Revista

Ser Família A Revista Ser Família é uma publicação bimestral que oferece respostas criativas, alternativas inteligentes e soluções eficazes para viver bem.

editorial

O conteúdo dos artigos assinados é de exclusiva responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente a opinião dos responsáveis pela direção da revista.

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Realização | Parceira

Revista

Ser Família

C

omo frutos de nosso amor

A intimidade é algo muito rico. O que levamos dentro de nós é tão grandioso e extenso, que nunca nos conheceremos por completo. Mas, pelo menos até onde somos capazes, quanto mais nos conhecermos, mais poderemos realizar o desejo de sermos nós mesmos. Como é bom e como facilita a vida reconhecer defeitos e qualidades de nossa personalidade. Existem muitas formas para aumentar o conhecimento próprio. Uma delas, e mais eficaz, ocorre por meio do casamento... Para estarmos bem com o outro temos que estar, antes, bem conosco mesmos. E quando estamos bem conosco a vida flui com mais alegria. Temos mais facilidade para sorrir e permanecer serenos diante das diversas situações. O conhecimento próprio facilita entender também como o outro é e, com isso, perceber suas necessidades pessoais, as quais só nós seremos capazes de suprir. Portanto, adquirimos uma responsabilidade essencial: a felicidade da outra pessoa depende de mim e se não procuro preencher a vida da pessoa por quem um dia me apaixonei, carregarei sempre o fardo de sua infelicidade. Viver com carências afetivas no casamento é viver em perigo iminente. Mas se a amizade entre o casal funciona bem, é frutífera, rica e amável, este perigo não existe, ou pelo menos não deveria. Esta harmonia de um casamento que tem em seu bom relacionamento o ponto principal, tem os filhos como fruto. E eles, por sua vez, encontram nesta harmonia a sua maior satisfação afetiva para seu bom e equilibrado desenvolvimento psicossocial. Aprecie os temas que preparamos para você refletir nestes aspectos e muito mais!

Autimio Antunes


09 10 14 18 22 28 32 34 40 44 48 Breves

“Novos” chefes de família

educar hoje 1 Educar em valores

COLUNISTA Investimentos: O velho e o novo

viagem e cultura Brotas-SP

intimidade Apaixonados pelas diferenças

educar hoje 2 Como perder a autoridade em instantes

SOCIEDADE Educação da sexualidade

ENTREVISTA Educar com profissionalismo

educar hoje 3 Alcoolismo na adolescência

Tecnologia e comportamento Sempre mais

ENTRETENIMENTO Up – Altas aventuras



breves >> pág. 9

“Novos” chefes de família “O envelhecimento da população e o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho estão provocando uma revolução nas famílias brasileiras. O aumento da proporção de mulheres e idosos – homens e mulheres – chefes de família é o principal fenômeno apontado pela análise apresentada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a partir de dados da última Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD). O estudo do IPEA mostra que, entre 1992 e 2009, as famílias com e sem filhos chefiadas por mulheres passaram de 0,8% para 9,4% do total. Em números absolutos, isso significa que, em 2009, 4,3 milhões de domicílios brasileiros encontravam-se nessa categoria. No mesmo período, as famílias formadas por mães e filhos (portanto, chefiadas por uma mulher) passaram de 12,3% para 15,4%.” (Fonte: site da revista Veja. 13/10/2010. “Ipea mostra uma revolução na família brasileira”. www.veja.abril.com.br)


intimidade >> pรกg. 10

Apaixonados pelas


di ferenรงas

Por Autimio Antunes


O

que é recebido, pura e simplesmente, não nos faz crescer como pessoa. A felicidade depende de fazermos algo por alguém e isto consiste em dar sentido à vida. Quando fazemos algo para nós mesmos, e não tem uma finalidade de abertura aos outros, sem percebermos, caminhamos rumo ao isolamento, à perda de vínculos interpessoais, à solidão, que é fonte da mais profunda tristeza. Não há outra receita. Num relacionamento, para poder receber o que desejo, tenho de dar o primeiro passo: doar-me. Por isso, o casamento é caminho de harmonia e felicidade, que se inicia com o desejo, de ambos, de fazer de tudo para dar o máximo de si para o outro. E quais são os desejos e inspirações dos jovens às vésperas do casamento? “Você é toda minha”, que corresponde ao “sou toda sua” e vice-versa. Percebem “na pele” que satisfazer ao outro também traz satisfação. Quem dos cavalheiros que nos lê, não se recorda como era agradável abrir a porta do carro para “ela” e cuidar para que estivesse bem acomodada? Esses detalhes não deixaram de nos causar satisfação e nem desapareceram do nosso coração. A diferença é que, no início, tínhamos a ajuda da

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paixão espontânea, e agora vivemos com uma determinação amorosa, apesar das dificuldades e obstáculos do dia a dia, para continuarmos apaixonados.

o homem e a mulher são as duas evidentes formas de como se vive a realidade humana. Mas, na prática, esquecemo-nos que pensamos, agimos e sentimos de modos completamente diferentes Se no relacionamento não cuidamos destes detalhes, incorremos em duas grandes ilusões: começar a pensar que a “a galinha do vizinho é uma pavoa” e que o culpado é o outro. O amor terá consistência quando se conseguir amar a outra pessoa como ela é. Mas... Como ela é? Como ele é? O homem e a mulher são as duas evidentes formas de como se vive a realidade humana. Mas, na prática, esquecemo-nos que pensamos, agimos e sentimos de modos completamente diferentes. Consciente ou

inconscientemente se espera receber do outro o que gostaríamos, e não o que ele pode nos dar. É uma expectativa frustrada que leva ao desalento ao não vê-la satisfeita. O homem e a mulher estão chamados a harmonizar esforços. Quando um homem, ao entrar em casa, esquece de dar um beijo em sua esposa e caminha direto e reto para ligar a televisão, cumprimentando-a com um seco “oi”, não significa, necessariamente, que deixou de querê-la, e sim que busca uma forma de apagar as preocupações que carrega do trabalho. Quando uma mulher interrompe o discurso inflamado do marido sobre suas realizações e planos, para recordar que a resistência do chuveiro queimou, não é sinal de indiferença, nem de que deixa de valorizar as ideias do marido, mas no dia seguinte ela tem que dar banho nas crianças com água quente. São alfinetadas que chegam a comprometer o nosso ânimo, quando não se enxerga que cada um é diferente. Reconhecer as diferenças entre marido e mulher é o primeiro passo para saber como e quando é preciso satisfazer as necessidades e sentimentos do outro, para que possa haver um relacionamento harmonioso e agradável. Por isso, temos que enxergar as diferenças entre ambos como uma motivação à complementaridade. Os dois


necessitam ser satisfeitos e também devem satisfazer, ao mesmo tempo. Compreender que as características de um suprem as carências do outro, em prol do bem e da realização familiar. As diferenças entre o homem e a mulher são muito claras e chamam a atenção. E não se trata de qualidade e sim de propriedades da natureza... Diante de situações imprevistas, a mulher é resolutiva, enquanto o homem bloqueia. Ele está mais propenso a se abstrair com ideias, enquanto ela está muito mais próxima de realidades imediatas. Ela sabe pôr fantasia nas coisas pequenas, enquanto para ele custa enxergar o charme dos detalhes. Homem e mulher são muito diferentes no modo

unitária, enquanto o homem tende a ser mais setorial e não é difícil encontrar aqueles que adotam um comportamento “esquizofrênico” no trabalho e na família.

de pensar: o processo psicológico do pensamento dele é mais lento, enquanto ela pode chegar a um conhecimento muito certeiro com um “golpe” de vista. Sem dúvida, o humor de uma mulher é mais cambiante, dentre alguns fatores, porque qualquer acontecimento afeta sua totalidade, sua vida é mais

reconhecer as diferenças entre marido e mulher é o primeiro passo para saber como e quando é preciso satisfazer as necessidades e sentimentos do outro

Lógico que essas características são colocadas de forma rápida e superficial. E claro que podem sofrer variações, mas é muito útil reavivar o óbvio de suas diferenças. Mesmo porque, esquecemos de ser óbvios na prática, atuando com certo egocentrismo (maior fonte de infelicidade e infidelidade no casamento), que faz com que “ele” aja como quem sempre tem a razão e “ela” tenha a queixa de quem sempre se sente vitima. Só posso dizer que esse amor, essa presença da mulher, que sente muito mais do que vê, é insubstituível.

O que ela quer

O que ela não quer

Ser ouvida com atenção

Soluções para o que diz

Afeto, carinho, abraços, beijos...

Compensações materiais

Transparência com os planos e sentimentos do marido

Ficar sabendo depois que as coisas acontecem

O que ele quer

O que ele não quer

Ser reconhecido por seu empenho e capacidades

Que ela fale mal dele para as amigas

Uma esposa que se cuida

Uma fisionomia pálida e abatida

Uma esposa preocupada com o lar e os filhos

Que ela se polarize somente no trabalho 13


Especialista em Desenvolvimento Pessoal e Familiar, pela Universidad de La Sabana, na Colômbia.

Ludmila Girão A. De Souza Entrevista >> pág. 14


Educar com profissionalismo Por Silvia Kuntz

A

paixonada pela educação dos seus seis filhos, motivada pela importância que a família tem, nos dias de hoje, para a construção de uma sociedade mais justa e feliz, ela é uma das orientadoras familiares do país e virou uma “expert” no assunto, ao concluir um curso de especialização, trazido do exterior e reconhecido pelo MEC.

Você é dentista, mas, há 15 anos, resolveu se dedicar à orientação familiar e hoje é especialista na área. O que motivou essa mudança de rumo na sua vida profissional? Na verdade, foi uma necessidade natural. Com o nascimento do meu primeiro filho, nasceu também meu interesse por estudar

Educação Familiar. Fui percebendo que o bom senso era insuficiente para educar, então comecei a ler e aprofundar no assunto, frequentar alguns cursos relacionados ao tema, e cheguei à conclusão de que essas são apenas ferramentas que nos auxiliam a conhecer mais profundamente o ser humano, mas não apresentam uma receita para a solução de 15


cada uma das dificuldades que enfrentamos na hora de ajudar um filho a adquirir a melhor personalidade que poderia. A partir dessas descobertas, achei que poderia ajudar outros pais a aprofundarem na educação de seus próprios filhos. Como você definiria a educação dos filhos? Eu diria que é um desafio! Jamais encararia a educação como um peso, por exemplo. Para os pais que “sentem o peso” da educação, os adolescentes viram “aborrescentes”, as crianças viram problemas e os jovens viram simples delinquentes. Muitas vezes, os pais têm que aprender a se reestruturar interiormente para enxergar os filhos de uma maneira diferente. Nós é que temos que mudar primeiro. Então o papel da orientação familiar, na educação dos filhos, é mais focado nos pais do que nos problemas dos filhos? O objetivo da orientação familiar é ajudar os pais que têm problemas específicos a detectar qual é o problema em si e como enfrentar esse problema da forma mais objetiva possível. Ou seja, a orientação familiar, primeiramente, está voltada para ajudar os pais no 16

discernimento do principal ponto a ser “atacado” e, depois, na constatação da melhor forma de implementar planos concretos de ação para ajudar o filho a enfrentar esse problema. E esse plano deve ser feito pelos pais e implementado também pelos pais, então, como o nome já diz, é uma orientação familiar, ou seja, orientamos os pais para que, em última análise, ganhem uma autonomia para educar. Qual o segredo para adquirir essa autonomia? Em que sentido a orientação familiar ajuda a despontar essa qualidade nos pais? Uma das coisas mais fundamentais é conhecer cada um dos filhos profundamente. Esse é o segredo. A orientação familiar também fornece ferramentas para isso. A partir do momento em que você conhece o “alvo” que quer atingir, sua atitude pode ser mais eficiente. Os filhos são diferentes entre si, portanto nem sempre a maneira de educá-los será a mesma. O momento de deixá-los sair com os amigos pode ser totalmente diferente, por exemplo. Dar broncas pode ser bom para um filho, mas pode surtir o efeito contrário para outro... A decisão de que medida tomar em cada caso, vai depender do

conhecimento que temos de cada filho. Com isso, não quero dizer que sempre acertaremos 100%, mas já ajuda muito. Existe alguma situação, na educação dos filhos, que seja mais indicada como o momento certo para se procurar uma consultoria familiar pela primeira vez? O ideal seria no começo do casamento, quando ainda se está pensando em ter filhos, ou quando os filhos ainda são pequenos. Nesse caso, a orientação consiste em palestras, cursos, indicações de leituras... Sedimentar o conhecimento antes para aplicá-lo depois facilita, e muito! Mas também existem outras circunstâncias propícias para se procurar uma orientação... É o caso, por exemplo, de uma filha adolescente com um probleminha que já está instalado. Provavelmente, os pais percebem que “perderam” alguma coisa no meio do caminho. Não daria tempo desses pais terem palestras, lerem, frequentarem cursos, porque até lá o que era um probleminha já pode ter se transformado em um problemão. Então seria interessante a orientação familiar pessoal, para adquirir subsídios para lidar com aquele problema específico.


E há uma terceira ocasião em que a orientação pode ajudar, embora mais indiretamente: quando se trata de um problema patológico. Nesse caso, a orientação vai indicálos um profissional especializado naquela patologia. Não um médico especifico, mas o tipo de profissional a ser procurado (psicólogo, psiquiatra etc).

quando mandar, o que deixar, o que não deixar... Não quer dizer que você não terá problemas, mas vai conseguir lidar melhor com as diversas situações e se munir de argumentações. E, quando os filhos se tornam adolescentes, eles são bons nisso (argumentação), então temos que ter um superávit de argumentos...

Então, o ideal é que os pais estudem mais sobre educação... Mas e aqueles que não têm tempo disponível para isso?

Se não investirmos o tempo no começo, mais adiante teremos que viver apagando incêndio. Se você adquire a postura de fazer o que todo mundo faz na educação, por exemplo, o que os pais dos amigos dos seus filhos fazem, você corre o risco de o seu filho também fazer o que todo mundo faz. Os pais têm que ter claro que eles escolhem para os filhos o que eles querem, e essas escolhas vão gerar consequências. Se você quer ter filhos bons, invista tempo e sacrifício.

É preciso ter a consciência de que não se educa filhos, ou, pelo menos não se obtém bons resultados, sem esforço. A cultura atual exige rapidez, tudo é “on line”, os prazos “para amanhã”, e os pais também estão perdendo a tolerância na educação. Querem soluções para resolver os problemas imediatamente e isso nunca vai acontecer. Eu costumo dizer que é um investimento de tempo e de cabeça. A educação é um processo. Esse tempo que você “perde” estudando, você ganha na hora de colocar em prática (e ganha não só em tempo, mas também em qualidade e eficiência). Quanto mais se lê e se aprende sobre o assunto, mais noção, firmeza e segurança se adquire na hora de escolher o que mandar,

Quanto tempo dura uma orientação familiar eficaz? Não tem regra. Só não pode chegar a 12 sessões, por exemplo, isso seria um exagero. Em 4 ou 5 sessões de, mais ou menos, uma hora já se teria que alcançar algum resultado. Não é uma terapia, é uma orientação para que o casal ande sozinho, e tem que ser o mais breve possível, para não criar uma dependência. O objetivo não é resolver

problemas pontuais. Na orientação familiar, até se pode ir com um problema pontual, mas que já é consequência de alguma coisa, às vezes o problema aparece agora, mas já está instalado há alguns anos, então o que se faz é ajudar o casal a ter essa percepção: analisar os fatos, de onde veio o problema e quais seriam as possíveis soluções para aquela família e, por isso, é pessoal. Um mesmo casal pode terminar as sessões de orientação e voltar depois de alguns anos? Se a pessoa já está empenhada nisso, seria muito bom dar continuidade por meio de leituras, palestras, cursos... Esse tipo de formação nunca acaba, porque os filhos crescem, mudam, e vem outra fase, então é preciso estar sempre aprendendo. Quando a pessoa começa a estudar, implementar e ver que dá certo, ela começa a se encantar pela coisa. Por mais que você assista a uma palestra repetida, o momento é outro e outras coisas vão chamar a atenção. A educação é muito dinâmica e muito rica. As próprias regras que colocamos em casa, num momento são de um jeito e em outro momento podem mudar, de acordo com a situação, com as necessidades... 17


educar hoje 1 >> p谩g. 18

Educar em Valores

Luciano Junqueira Vilarinho Marido, pai, administrador de empresas e agr么nomo vila707@uol.com.br


E

ducar em valores é integrar razão, vontade e sentimento em cada ação da pessoa. Os pais devem alimentar a inteligência dos filhos com o conhecimento dos valores e ensinar a refletir para decidir o mais adequado em cada situação. O cérebro humano atinge 90% do seu peso por volta dos sete anos de idade, por isso a importância de estimular a educação nesta fase. Conhecer como funciona o processo de aprendizagem e os períodos sensitivos (períodos nos quais as crianças estão mais predispostas para o desenvolvimento de uma habilidade ou hábito) potencializa a educação dos filhos. E quando ainda pequenos, alimentamos nossos filhos, principalmente, de três grandes valores: a ordem, a sinceridade e a obediência. E isso por meio, fundamentalmente, do exemplo e de estímulos positivos e constantes. As repetições frequentes das ações viram hábitos, criam marcas no cérebro, caminhos que permitem executar uma determinada ação sem muito esforço. Os hábitos, por si, não garantem a virtude. A disposição contínua e firme para fazer o bem, permitindo que a pessoa dê o melhor de si, isto sim, garante e define a virtude. Portanto, se seus filhos forem virtuosos, serão pessoas de bom caráter, de valor...

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E enquanto pai ... Seja Proativo ( O 1º Hábito de Stephen R. Covey) No dia a dia de qualquer pessoa, existem dois círculos de atuação: o círculo de influência (em que temos o controle das ações) e o círculo de preocupação (em que não temos esse controle). Círculo de preocupação

Por outro lado, atuar no círculo de influência reduz o círculo de preocupação. É uma ação proativa, sempre positiva e cheia do “ser” (eu posso ser mais generoso, ser mais paciente, ser mais alegre, ser mais positivo, ser mais amigo etc.). Círculo de preocupação

Círculo de influência Ação proativa

Círculo de influência

Quanto mais se atua no círculo de preocupação, mais se reduz o círculo de influência. É uma ação reativa, normalmente negativa, baseada no “ter” (se tivesse mais dinheiro, se meu filho tivesse mais atenção, se meu chefe tivesse mais compreensão, se tivesse mais tempo etc.). Círculo de preocupação

Ação reativa

Círculo de influência

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os hábitos, por si, não garantem a virtude. A disposição contínua e firme para fazer o bem, permitindo que a pessoa dê o melhor de si, isto sim, garante e define a virtude

A decisão de como e onde agir é sempre pessoal, o exercício desta liberdade implica na consequência da escolha. Para toda ação há uma reação e, entre elas, a liberdade de escolha.

Seja Ordenado ... A ordem é a base de todas as virtudes e consiste em fazer o que é certo na hora certa. Ela também contribui para otimizar o tempo, ser mais eficaz, aumentar o rendimento e conseguir mais facilmente os objetivos previstos. Não há uma fórmula mágica, mas um bom caminho para criar este hábito pode ser separando as coisas da vida por ordem de importância. Se sabemos detalhar cada uma delas e hierarquizar na nossa “lista de afazeres”, já estamos na metade do caminho para nunca mais faltar tempo para as coisas importantes. Com esse plano definido, só falta partir para a ação.

Atue! O grande desafio dos pais é ajudar seus filhos a adquirirem o primeiro hábito e a base de todas as virtudes. Juntando essas duas “aquisições” e agindo guiados por elas, nossos filhos se tornarão pessoas fortes e valiosas. Isso não vai privá-los de erros, mas vai fazê-los levantar e voltar à luta.



educar hoje 2 >> pรกg. 22

Como perder a

autoridade em instantes

Por Autimio Antunes



N

ós, pais, estamos sempre ensaiando a melhor resposta para as más condutas de nossos filhos e, geralmente, quando nossa conduta não é adequada, perdemos a autoridade, ao invés de aumentá-la. Por isso, vale a pena sabermos quais condutas nos prejudicam nesta caminhada por estabelecer uma autoridade convincente, e assim possamos estabelecer respostas adequadas e positivas, que levem os filhos a corresponderem sinergicamente àquilo que lhes convém. Vocês devem estar curiosos para saber quais são estas tais respostas que levam a perder a autoridade! Pois bem, o professor Alexander LyfordPike, médico psiquiatra do IPM (Instituto de Psiquiatria y Psicologia de Montevideo), apresenta as seguintes atitudes, que deveriam ser evitadas:

Manipulação Vale a pena exemplificarmos algumas destas condutas, que muitas vezes acabam se incorporando em nossa forma de atuar, e, com o passar do tempo, dificultando uma ação assertiva. A verdadeira autoridade sabe combinar

geralmente, quando nossa conduta não é adequada, perdemos a autoridade, ao invés de aumentá-la

Lutar por poder

exigência e carinho. Não existe nada pior para os filhos e seu bom desenvolvimento do que não se sentirem amados. E eles só se sentirão amados se soubermos harmonizar o afeto e a exigência em nossa atuação como pais.

Dar respostas vagas e inconsistentes

Luta por poder

Falta de perseverança Perguntar Suplicar Colocá-los em um trono Dar castigos que não se pode cumprir Gritos e ameaças 24

Violência

Todos concordamos que, hoje em dia, as crianças apresentam uma capacidade de argumentação como nunca se viu antes. Estão altamente preparados para pedir , ou, como diz Lyford, “contestam mais facilmente”, citando um exemplo:

“Nicolas: quero comer carne com batatas fritas! Mãe: eu já preparei peixe. Nicolas: então não vou comer. Mãe: como não? Eu mesma que preparei, é para seu bem, é o que te faz crescer. Nicolas: não importa, eu quero batatas fritas! Mãe: de jeito nenhum! Vai comer o que ponho em seu prato e pronto!” Quando discutimos, ao dar argumentos (ainda que sejam racionais), entramos inconscientemente numa luta pelo poder. E podemos analisar a questão e perceber que quando pais e filhos enredam por estes caminhos, não se costuma chegar a uma solução e, normalmente, os pais ficam irritados. A situação vai se agravando quando os filhos começam a perceber que os argumentos de seus pais passam a ser mais fruto de seu estado de ânimo, e não mais de uma lógica. E quando a situação chega a este ponto, o comum é que os filhos não obedeçam a seus pais ou, se o fizerem, será por medo.

Falta de perseverança É muito comum e frequente os pais darem uma ordem


para seus filhos e não acompanharem, para verificar se cumprem o deliberado. Causa menos mal aos filhos não falarmos nada, do que dar ordens que não serão cumpridas, pois seria a mesma coisa que disséssemos: “isso que te mando não é tão importante

e, se você não cumprir, não tem problema, não acontece nada e não te acarreta consequências”. Quando um pai dá uma orientação para um filho, é fundamental que tome as medidas necessárias para que seja obedecida. Fazer vista

grossa ao descaso dos filhos pode ser consequência de um cansaço, devido às múltiplas atividades do trabalho, por se sentirem incapazes de pôr ordem e dar bom andamento frente à resistência dos filhos, ou porque foram vencidos em outras tentativas.

os filhos, inconscientemente, necessitam desta firmeza em fazê-los cumprir as ordens dadas pelos pais

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O que ajuda muito nesta empreitada é sabermos que os filhos, inconscientemente, necessitam desta firmeza em fazê-los cumprir as ordens dadas pelos pais, mesmo a contra gosto. Eles ainda não apresentam a maturidade psicobiológica para reagirem adequadamente. Saber que o natural na educação dos filhos é que eles sejam muitas e muitas vezes contrariados deve nos transmitir tranquilidade, sem deixar espaço para complexos de que só exigimos, só falamos “não”... Até quando nos chamam de chatos e dizem que os pais dos amigos deles não são assim. Mesmo porque, o resultado final, quando sabemos perseverar, é um filho com autoestima alta e um “pai” satisfeito e realizado pelo dever cumprido. Existem várias técnicas para manejarmos os limites e evitar discussões. Não temos espaço para citar todas elas, mas gostaria de esclarecer uma técnica que pode ser muito útil para ajudar os pais a exercerem sua autoridade de forma adequada, assertiva e com firmeza... Quando os filhos, em vez de obedecer às ordens dos pais, passam a argumentar e discutir, podemos usar a técnica da extinção: Existe um princípio, em psicologia, que estabelece que 26

todo estímulo não respondido se extingue. Pois bem, quando os filhos reagem de modo inadequado a um desejo não correspondido, tenham a certeza de que, com o passar do tempo (basta um minuto), eles voltarão ao normal. Mas se não suportarmos algumas dezenas de segundos, as coisas vão

existe um princípio, em psicologia, que estabelece que todo estímulo não respondido se extingue ficando cada vez mais difíceis. Algumas certezas como esta devem balizar nosso comportamento, pois ajudam a estabelecer metas de conduta pessoal, antes que as coisas aconteçam, aumentando, e muito, nossa capacidade de suportar as pressões que nossos filhos impõem nestes momentos. Segundo Lyford, dependendo da reação dos pais diante de uma conduta inadequada de um filho, esta se manterá ou se corrigirá. O que reforça essa conduta são as consequências, que se conhecem como “reforçadores”... Quando uma conduta deixa de ser reforçada, diminui sua

frequência até desaparecer, extinguindo-se”. “Esta técnica é maravilhosa!”, exclamou um pai ao relatarme sua experiência, quando seu filho de sete anos pediu a ele para abrir um sorvete de creme. Ele indicou ao menino que comesse o de flocos, pois já estava aberto. Foi o suficiente para o filho retrucar e exigir o sorvete de creme. Já afetado e psicologicamente propenso a ceder, o pai, desta vez amparado pelo conhecimento da técnica, respirou fundo e se segurou por 30 segundos, antes de esboçar qualquer reação. E para sua surpresa, após os “dolorosos” segundos, virouse e viu seu filho, pacificamente, tomando o sorvete de flocos. A educação é algo exigente, que muitas vezes nos pede um abandono de nossas coisas e atividades, em benefício dos outros, no caso, nossos filhos, para que possamos de fato ajudá-los a crescer e desenvolver capacidades que facilitarão suas vidas no futuro. Mas o fato é que se não nos preparamos adequadamente, este trabalho educativo tende a se tornar mais difícil. E somente conseguiremos uma harmonia familiar, que é fruto do empenho de todos os membros da família, se conhecermos os mecanismos psicossociais que regem o relacionamento de pais e filhos.


Nós cuidamos de você para você poder cuidar do que realmente importa.

Assim é a Cremer, uma empresa que há 75 anos estabeleceu um compromisso com o seu bem-estar. Muito mais do que fabricar produtos médico-hospitalares, na Cremer a nossa maior prioridade é cuidar de um bem ainda mais valioso: a saúde humana. É ela a grande motivação para continuarmos crescendo. Afinal, sabemos que é mais fácil aproveitar o que a vida tem de melhor quando a nossa saúde está em boas mãos.


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Por Valdir Reginato


C

ada um destes temas, por si só, deve merecer uma atenção especial por parte dos pais. Quando associados, a atenção deve entrar em alerta vermelho. Não quero falar de um e de outro, mas de como estão tão vinculados, e cada vez mais, nos dias de hoje. Se é verdade que em uma família, quando adultos (principalmente em se tratando do pai ou da mãe) estão envolvidos com o alcoolismo, a chance dos adolescentes passarem a andar por este caminho é maior, também é constatado que a adolescência, pelas suas características, tem uma especial afinidade para o consumo do álcool. É conhecido que o alcoolismo alcança, em muitas famílias, uma sucessão de pessoas envolvidas em gerações sequenciais, infelizmente. Nestes casos, pode-se correr o risco de acostumar-se com uma “convivência” por parte dos outros. Embora não concordem, rendem-se à aceitação para que não sejam tomados pelo desespero, diante da enorme dificuldade que existe na recuperação do alcoólatra. Por isso, gostaria de focar nossa abordagem, principalmente, nos adolescentes que ainda não se comprometeram totalmente pelo vício, mas estão numa fase que chamaríamos de prevenção.

Os fatores que levam ao alcoolismo na adolescência atual, certamente, não são desencadeados somente pela presença de alcoólatras na família. Pelo contrário, estas situações, ainda que frequentes, não competem em igualdade com uma gama enorme de outros fatores que provocam tanto o início, como

Cresce, cada vez mais, o número de jovens que, sem que ocorra um exemplo direto em casa, tornam-se dependentes do álcool a caminhada do adolescente nesta trilha. Cresce, cada vez mais, o número de jovens que, sem que ocorra um exemplo direto em casa, tornam-se dependentes do álcool. A abordagem está longe de ser simplista, quando o assunto é alcoolismo na adolescência. Ainda que pesquisas recentes falem a favor de fatores genéticos de predisposição, nada pode ser considerado mais forte do que a influência do meio e a história de infância de cada um destes adolescentes. Se não há uma lei que explique todas as

situações, pelo menos poderemos procurar descobrir alguns pontos mais comuns que permitam uma orientação. O alcoolismo não é uma ocorrência que nasce sem um processo gestacional, até que bastante demorado, na maioria das vezes. É possível detectar sinais de alarme que disparam ao longo do tempo, e cabe aos pais ficarem atentos, sem julgar que são falsos, ou muitas vezes um exagero. Nas últimas décadas, observase na Pediatria que o alcoolismo, antes uma doença de adultos, passou a comprometer os jovens, adolescentes e, hoje, inicia-se, em alguns casos, na própria infância, sem que os pais se deem conta disto. Os episódios que levam a este desfecho, frequentemente, encontram suas origens na dinâmica do ambiente familiar. Por diferentes motivos, ocorrem circunstâncias em que os pais deixam a guarda das crianças com terceiros, nem sempre comprometidos com a atenção necessária para um bom processo de educação. O trabalho externo dos pais (mãe e pai) faz com que muitas crianças passem dias sem uma convivência adequada ou até sem vê-los; quando muito, chegam para o beijo de boa noite. Dentre tantas consequências provocadas por esta condição, a falta de acolhimento por parte dos pais 29


na infância gera a sensação de abandono (pode não ser somente sensação), que será fator de colaboração para que a criança crescida busque, futuramente, o “conforto” em outras coisas, dentre elas a bebida. Uma atitude que pode iniciar por simples curiosidade, ou pelo convite de um “amigo”. As histórias são muitas... E até existem pais que acreditam, por tradição da família, que faz bem experimentar um “golinho” desde cedo “porque fortalece o homem”. Introduzem, até por diversão, o sabor da bebida precocemente na criança, que poderá beber quando os pais não estão em casa e, futuramente, na casa de amigos. O que se colhe na adolescência quase sempre foi plantado na infância. Contudo, não se pode negar que mesmo os pais cuidadosos enfrentam hoje uma concorrência desleal com a força da mídia e da “cultura dos tempos atuais”, em que o prazer, o “estar alegre”, é uma condição a ser alcançada a qualquer preço. Coloca-se em risco a própria saúde, e mesmo a vida, fato muito distante da consciência dos adolescentes, portadores de uma constituição física de resistência, aparentemente, sem limites. Criou-se uma ideia, errada no meu entender, de que a 30

adolescência é um período de aborrecimento aos pais, e os filhos crescem sozinhos ou mesmo abandonados. Procuram alguém que os acolha na turma, e, para tanto, precisam enfrentar dificuldades próprias como a timidez, ou

banir a bebida com uma lei seca nunca foi um bom critério. A bebida alcoólica, em medida adequada, acompanha as comemorações na história da humanidade. Os critérios para introduzi-la na vida do adolescente e a moderação é que devem tomar a preocupação por parte dos pais adaptar-se às regras do grupo, onde o uso exagerado da bebida está presente com bastante frequência. Cada adolescente deve ser assistido dentro da sua

realidade. Passar a mesma “régua” para todos pode fazê-lo se sentir como mais um, e, na verdade, ele está se esforçando por evitar o comportamento da maioria. Não se deve confundir uma taça de champagne, na festa de 15 anos da amiga, com meia garrafa de vodka na balada. Uma taça de vinho em comemoração pelo centenário da nona não é o engradado de cerveja depois do futebol de sábado. Banir a bebida com uma lei seca nunca foi um bom critério. A bebida alcoólica, em medida adequada, acompanha as comemorações na história da humanidade. Os critérios para introduzi-la na vida do adolescente e a moderação é que devem tomar a preocupação por parte dos pais. Seguramente a infância não deve ser este período, assim como os primeiros anos da adolescência. Iniciar a degustação da bebida, em certas ocasiões comemorativas e de ambiente familiar, não significa uma liberação para toda e qualquer oportunidade. A falta de critérios tem levado muitos adolescentes a frequentar lugares onde, mesmo com “responsáveis” presentes, há uma liberação sem limites de qualquer tipo de bebida. Dentro de casa ou em festas promovidas por famílias, ocorrem, por exemplo, as competições para


ver quem “aguenta mais”. Pode-se iniciar pela cervejinha, que logo será seguida pela vodka ou pinga. As alterações provocadas pelo álcool no comportamento são motivos de risos, e mesmo quando alguém excede além do que a própria consciência aguenta, mergulhando em coma alcoólico, isto não assusta aos demais. Pelo menos não o quanto se esperaria. As ocorrências em prontosocorros são prova disto. O fundamental é lembrar que uma “bebedeira” não faz de ninguém um alcoólatra, mas dá um grande alarme para o caminho do alcoolismo. Porém, uma “bebedeira”, isoladamente, já pode ser responsável por uma infinidade de consequências, que passam por traumatismo físico por quedas, brigas, acidentes automobilísticos... Quando não uma gravidez inesperada. Nunca uma “bebedeira” pode ser vista “apenas” como um episódio, que não deve se repetir. Ultrapassar o limite da perda do controle sobre quando parar já acusa uma disposição em querer romper barreiras que se apresentarão futuramente. É bastante conhecido que quando um adolescente passa a ter “bebedeiras” muito precoces (mesmo antes dos 14 anos), a chance de se tornar um alcoólatra cresce muito, perante aqueles que apresentarão o mesmo

episódio tardiamente, quando jovens adultos. Além disso, quando se fala de alcoolismo na adolescência é preciso avançar em outros campos, vizinhos desta condição: as drogas e outros costumes que degradam o respeito à condição humana, levando a condutas promíscuas. Pais e irmãos, bem como parentes próximos e os verdadeiros amigos, têm papel insubstituível na prevenção e recuperação destes adolescentes que, muitas vezes, só encontram acolhimento em clínicas especializadas ou instituições religiosas. O tratamento profissional nunca deve dispensar a colaboração daqueles que estão de fato preocupados com o adolescente. Medidas que propiciem uma maior aproximação do adolescente, procurando observá-lo, ouvi-lo, compreendê-lo e ampará-lo, numa atitude de confiança e esperança, fazem com que seja apresentado um novo horizonte a alguém que se sinta encorajado a se recuperar. A paciência é fundamental para os que colaboram, já que a perseverança do adolescente envolvido está totalmente fragilizada. As recaídas são muito frequentes, e não podem fazê-lo desanimar. Promover um ambiente mais saudável, tanto nas condições

físicas de alimentação e esporte, assim como fortalecer a aproximação de amizades sinceras, e um trabalho de atividades de solidariedade, são fatores imprescindíveis para que se alcance uma recuperação mais rápida. Muitas vezes os pais não estarão em condições desta aproximação imediata, até por resistência do adolescente. Eles, os pais, devem compreender, e saber (com a ajuda de amigos ou irmãos) esperar a melhora do adolescente para se aproximarem num segundo tempo. Certamente muito ainda poderia se falar sobre este tema de alta complexidade e tão necessário para a sociedade atual, mas termino deixando, não um conselho, mas uma reflexão para aqueles que, por ventura, estejam convivendo com esta situação: diante desta realidade não busquem culpados no passado, mas apenas fatos que possam colaborar para compreender o presente, e assim construírem um futuro melhor. Não julguem, e muito menos critiquem, quem está com este problema. Castigos e broncas repetidas não ajudam. Tenha certeza, o adolescente em questão já se sente bastante mal. Seja você mais forte no amor, o que pode parecer impossível, por estar escondido na sua falta de esperança. Acredite nele. Com essa confiança depositada, ele voltará a querer ser feliz. 31


COLUNISTA >> pรกg. 32

o velho e o novo

Investimentos:

Por Rafael Paschoarelli Doutor e professor de Finanรงas da Universidade de Sรฃo Paulo.


Q

uando o assunto é investimento conservador, as pessoas costumam se lembrar da velha Caderneta de Poupança e as notícias que tenho para dar não são boas para os aplicadores da popular poupança. Pode-se afirmar que quem aplica na Poupança, ou é uma pessoa destituída de muitos recursos financeiros (pobre) ou não dispõe de conhecimento financeiro (desinformada). Explico: O micro poupador, aquele que consegue aplicar R$ 50, ou menos, cada vez que faz uma economia, encontra na Caderneta de Poupança a única alternativa viável de investimento, uma vez que fundos DI, de renda fixa e outras modalidades de aplicação exigem aportes maiores. E a Caderneta de Poupança oferece isenção de Imposto de Renda e também não está sujeita à incidência de tarifa para a manutenção da conta poupança. Mas nem sempre a Caderneta de Poupança é o melhor investimento. Do ponto de vista prático, se o poupador aplica valores que passem de R$ 200 – ou se o saldo aplicado já for superior a R$ 200 – diria até que, definitivamente, a Caderneta de Poupança é um péssimo negócio. E tem sido muito

ruim pelo menos nos últimos 15 anos! Mesmo assim, o total de depósitos na Caderneta de Poupança, segundo dados do Banco Central, ultrapassa algumas centenas de bilhões de reais. Talvez porque uma parcela considerável da população brasileira se

o que garante o saldo da Caderneta de Poupança, caso o banco venha a quebrar, não é o Governo, mas sim o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), comporte como a Velhinha de Taubaté, que se tivesse dinheiro sobrando, teria aplicado na Caderneta de Poupança achando que é garantida pelo Governo. Mas não é! O que garante o saldo da Caderneta de Poupança, caso o banco venha a quebrar, não é o Governo, mas sim o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), entidade privada e sem fins lucrativos criada em 1995, para aplicações de até R$ 60 mil. Além disso, é o próprio FGC que também garante no Brasil uma série de outras aplicações, ainda mais rentáveis que a Poupança.

Do ponto de vista da rentabilidade, a Caderneta de Poupança também virou história pra criança dormir. Independente do banco escolhido pelo investidor, ela rende 0,5% ao mês, acrescida da Taxa Referencial (TR), que costuma ser muito baixinha. Isso a transforma em um investimento péssimo. Outras alternativas conservadoras de investimento (CDB e Títulos Públicos) estão sujeitas às dentadas do Leão, via Imposto de Renda com alíquotas variando de 15% a 22,5% sobre o rendimento, dependendo do prazo que o dinheiro ficar aplicado. Por isso, dispondo de valores um pouco superiores a R$ 200 e assumindo alíquota de IR máxima de 22,5%, uma aplicação atrelada à Selic, que é a taxa de juros fixada pelo Banco Central e que gira hoje em torno de 10,75% ao mês, oferecerá rendimento líquido de impostos de aproximadamente 0,66% ao mês. A pergunta que o leitor pode estar fazendo é: como aplicar em CDB ou em Títulos Públicos? Para aplicar em CDBs, basta procurar um banco e solicitar a aplicação em um que esteja 33


atrelado a determinado percentual do CDI. Em tempo: o CDI é a taxa de referência no mercado de renda fixa (atualmente em 10,75% ao ano) enquanto que o CDB é produto bancário de investimento com rendimento atrelado ao CDI. A chave para o sucesso é negociar com o banco o maior percentual do CDI. Isto é, ao contrário da Caderneta de Poupança cujo rendimento é fixado pelo Banco Central, o rendimento do CDB depende de negociação prévia do cliente com o banco no que tange ao percentual do CDI. Uma boa negociação conduzirá a 98%, 99% ou até mesmo 100% do CDI. O problema (ou solução) é que seu poder de barganha aumenta quanto maiores forem seus recursos. Isto é, o banco estará mais inclinado a fechar com você 100% do CDI caso você disponha de R$ 500.000 ou mais. Se você tiver poucos recursos para investir, sua negociação será mais árdua e, dependendo do percentual do CDI que o banco estiver disposto a fechar com você, a bisonha Caderneta de Poupança poderá ser melhor. A melhor notícia que tenho para dar é que com o advento do Tesouro Direto, programa do Governo Federal que permite a compra de títulos públicos federais pelas pessoas 34

físicas, é possível fazer as mesmas aplicações que bancos e abonados fazem, a partir de pouco mais de R$ 200. É possível, por meio de algumas ferramentas financeiras, com o o site www. comdinheiro.com.br, por exemplo, comparar o rendimento da Poupança com CDB que o banco ofereceu de acordo com o percentual ofertado.

a chave para o sucesso é negociar com o banco o maior percentual do CDI


Nossa vida nossa arte

No Campo Limpo, bairro da zona sul de São Paulo, o programa da ASSOCIAÇÃO OBRA DO BERÇO é uma valiosa ajuda na formação de cidadãos responsáveis pelo futuro pessoal e coletivo Imagine crianças e adolescentes que vivem em áreas de altíssima privação social. Quais as perspectivas de futuro para esses meninos e meninas? Nenhuma? Pensam alguns. Mínimas seria a aposta dos mais otimistas. MUITAS (E BOAS) se levarmos em conta o trabalho que a ASSOCIAÇÃO OBRA DO BERÇO faz, há 16 anos, na unidade Campo Limpo. É no Centro de Crianças e Adolescentes que acontece

Linguagem: Língua Portuguesa, Literatura, Informática

uma programação sócioeducativa construída em torno de eixos temáticos e que estimula o diálogo entre os conteúdos estudados e a realidade comunitária. Resumindo, em termos leigos, reforço escolar com a mediação de educadores.

Ser Comunidade: Formação Cidadã e Pequenos Projetos Comunitários Ciências e Natureza: Ciências, Matemática, Ecologia e Saúde;

Os temas são escolhidos pelas crianças de 6 a 15 anos que freqüentam o programa NOSSA ARTE NOSSA VIDA, fora do horário escolar, e que abordam assuntos de importância fundamental para a formação de cidadãos responsáveis por seu futuro pessoal, como:

Arte e Cultura: Música, Teatro, Artes Plásticas, Eventos Culturais Corporalidade e Lazer: Educação do Movimento, Recreação, Jogos e Passeios

Principais parceiros: www.obradoberco.org.br obradoberco@obradoberco.org.br secretaria de assistência e desenvolvimento social

Do Berço para a vida toda

(11) 5844-1915/5842-5199/5841-9162


SOCIEDADE >> pág. 34

Educaca ‘

~

da

Sexualidade

Por Dora Porto Master em Matrimônio e Família pela Universidade de Navarra, Espanha Representante do Programa Protege tu Corazón no Brasil www.protegetucorazon.com

dora.porto@protegetucorazon.com.br doritaporto.blogspot.com

Elenice Modesto Valença Jornalista, moderadora do Programa Protege tu Corazón


T

udo começou na Colômbia, em 1993. Tal como a grande maioria dos pais, Juan Francisco e Maria Luisa Vélez, pais de sete filhos, começaram a se preocupar com a suposta “educação sexual” que seria implantada nas escolas de seus filhos. A orientação proposta contrariava tudo o que haviam imaginado transmitir a seus filhos a respeito do amor, da família e da vida. Confundia-se sexualidade com sexo, amor com sexo e alicerçava seu conteúdo exclusivamente no que denominavam “sexo seguro”. Mas... O que queriam dizer com sexo seguro? Que independente de fomentar uma conduta promíscua nos adolescentes, o importante era preservá-los de uma gravidez indesejada e das doenças sexualmente transmissíveis (DST), com o uso de preservativos. Ninguém se preocupava com os danos que poderiam causar nas outras dimensões, como a emocional, a racional e a transcendente. Passados 17 anos, vemos que esta questão é tão atual quanto preocupante. Este casal, porém, não se limitou a lamentar, mas, junto a especialistas e, sobretudo outros pais de família, elaboraram um Programa de Educação da Sexualidade para ser aplicado nas escolas e que, hoje, está espalhado por 18

países, na América Latina, do Norte, Europa e Filipinas. O programa tem como slogan “Caráter forte, sexualidade inteligente”, ou seja, entende que, em primeiro lugar, a sexualidade é um componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de se manifestar, de se comunicar com os outros, de se expressar e de viver o amor humano.

a metodologia é interativa, moderna, com material audiovisual, dramatizações, discussões em grupo, exercícios escritos etc. A proposta do programa que se denomina “Protege Tu Corazón”é ajudar os adolescentes a fortalecerem seu caráter, de tal forma que a inteligência e a vontade adquiram prioridade sobre os sentimentos. Os adolescentes normalmente são impulsivos, não se conhecem bem, são inseguros, e, dentre outras, são essas carências que os levam a tomar decisões equivocadas, a correr riscos desnecessários, e, principalmente a iniciarem um relacionamento sexual muito precoce desconhecendo as consequências negativas...

Consequências essas, que não se reduzem às DST e gravidez, mas, sobretudo, enfraquecem sua capacidade de amar verdadeiramente. Nossos adolescentes são continuamente “bombardeados” por pressões dos meios de comunicação, amigos, meios culturais e sociais. É fundamental que nós, pais e escolas, saibamos ajudá-los a lidar com elas e aprender administrá-las da melhor forma possível! E ajudá-los também a descobrir que é na família o melhor lugar para desenvolverem seu potencial. O programa Protege tu Corazón, que nasceu com a proposta de ajudar pais e educadores nessa tarefa, já está no Brasil e realizou um Programa Piloto para pais e adolescentes, separadamente, no Colégio Ranieri, em São Paulo, com as turmas de 2o e 3o anos do Ensino Médio. Perguntamos a Carina Silva Rodrigues Coelho, tutora do ensino médio, além de professora de Ciências e Biologia, quais eram suas expectativas, no início, em relação ao projeto para o Colégio Ranieri: “esperava agregar valores e nos ajudar a preparar nossos alunos para outra fase da vida. Quando o aluno está na escola, ele ainda está protegido. Na faculdade, ele tem que ter uma compreensão maior do que realmente quer se tornar, como

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foi explicado no programa: uma pessoa completa nas cinco dimensões.” Na sala de aula, ela percebe que algo mudou dentro deles: “estão mais seguros”. E, sobre a importância atual do projeto na escola, ela diz que “às vezes os pais se isentam de conversar com os filhos sobre os temas abordados pelo programa, como, por exemplo, o sexo, e acabam delegando isso para a escola. Acho importante eles terem aprendido a diferença entre sexo e sexualidade. Aprender sobre as cinco dimensões (física, racional, emocional, social e transcendente), a identificar e a lidar com as pressões, mas, sinceramente, gostaria que começasse mais cedo!” A principal carência que Carina tem detectado nos adolescentes é a falta de diálogo com os pais. Segundo ela, os pais estão absorvidos pelas exigências do dia a dia, e, com isso, a educação fica um pouco falha. “Os jovens, normalmente, não entendem que existem limites, não medem consequências. Eles precisam conversar com os pais, também a respeito da escolha da profissão, por exemplo, porque aos 16, 17 anos ainda são imaturos.”

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Na verdade, respondendo à solicitação da professora e tutora Carina Silva,o ideal é que se iniciem as sessões no 6o ano e se retorne, a cada ano,

com mais 3 a 4 sessões, de forma gradual, a fim de que os adolescentes e os pais assimilem todo o conteúdo. A metodologia é interativa, moderna, com material audiovisual, dramatizações, discussões em grupo, exercícios escritos etc. Os adolescentes

a proposta do programa que se denomina “Protege Tu Corazón”é ajudar os adolescentes a fortalecerem seu caráter, de tal forma que a inteligência e a vontade adquiram prioridade sobre os sentimentos são muito participativos, mesmo aqueles que na primeira sessão demonstravam um pouco de timidez, no decorrer das sessões, viam-se motivados a participar e expor suas opiniões. Com esta metodologia, totalmente adaptada ao adolescente, pretende-se que ele seja levado a refletir sobre suas escolhas, sobre seus sonhos, mas, acima de tudo,

pretende gerar ideais exigentes. Todo o conteúdo do programa ajuda a despertar admiração pela vida, pela família e pelas verdadeiras amizades. Conversamos também com os alunos, e a adolescente Débora, de 17 anos, disse que o Protege Tu Corazón deu a ela a oportunidade de se conhecer melhor. Não cede às pressões negativas, pois age de acordo com sua própria opinião. E sempre teve facilidade de dialogar com a família... Gustavo, 17 anos, tem uma opinião bastante parecida e afirmou que o programa ensina o adolescente a dizer não. Que o projeto é muito forte e gostaria muito que fosse levado a sério, porque ensina os adolescentes a identificar as pressões negativas e a viver a própria vida, recusando a pressão do grupo. Carolina, de 17 anos, contou que quando saiu para uma balada, percebeu de imediato que estava sofrendo uma pressão negativa, quando lhe ofereceram bebida alcoólica e, imediatamente, disse que não, e completou que se a pessoa insistisse chamaria o segurança! Ela também sempre teve um bom diálogo com os pais. Já Adriana, 15, disse que não apenas os adolescentes, mas todas as pessoas devem ter personalidade e dizer “não” ou “sim” na hora certa. Saber administrar as pressões é fundamental, porque todos têm objetivos!


Segundo a adolescente Paula, é horrível quando se é pressionado, mas é possível ser firme. É preciso ter argumentos para falar “não” com educação! Flávio, que tem 17 anos, afirmou que alguns jovens tentam encontrar solução na bebida e nas drogas, mas com isso estão buscando a felicidade! No final de cada sessão, os adolescentes levam para casa o “Falando Juntos”, que são perguntas sobre o tema abordado, com as quais pais e filhos têm oportunidade de estarem juntos para conversar e principalmente saber o que os filhos sabem a respeito do tema. É uma ocasião para que se conheçam melhor. O Protege Tu Corazón apresenta uma característica muito importante: fomentar o diálogo entre pais e filhos e, acima de tudo, o programa tem uma norma: “Propor, e não impor”. Faz pensar e respeita a liberdade. Foi perguntado aos adolescentes em uma das sessões, o que é uma família feliz e eles responderam que é uma família que conversa! O efeito do programa entre os pais é emocionante! Muitos revelam que gostariam de têlo conhecido antes e agradecem a oportunidade que seus filhos terão. Os adolescentes, como são naturais, no primeiro

momento ficam desconfiados, e, pouco a pouco vão revelando o melhor que têm dentro de si. O programa os considera pessoas muito especiais e inteligentes. A um casal de namorados, perguntamos se o Protege Tu

os adolescentes, como são naturais, no primeiro momento ficam desconfiados, e, pouco a pouco vão revelando o melhor que têm dentro de si. O programa os considera pessoas muito especiais e inteligentes Corazón ajudou algum aspecto do namoro deles e a resposta foi que sim: a identificar as pressões que podem ocorrer no namoro e aprender a respeitar as diferenças e o modo de ser do outro. Perguntamos a Diego (17 anos), se é possível ter autocontrole das emoções na adolescência, e ele achava que não, porque os hormônios têm altos e baixos. Mas diz que aprendeu a identificar as

pressões e a recusar as que são negativas. E como estão tão acostumados a esta banalização do sexo em toda a mídia, ficam perplexos quando começam a perceber outra forma de entender a sexualidade, de viver uma vida muito mais digna, de entender o autocontrole e o esforço, de respeitar e admirar a beleza do sexo oposto. Os adolescentes entenderam as cinco dimensões e conseguiram perceber a diferença entre a forma de pensar do homem e da mulher. E quando não cedem às pressões negativas são mais felizes. Segundo eles, preocupavam-se com as possíveis doenças sexualmente transmissíveis, mas não haviam pensado no sofrimento que um comportamento promíscuo poderia causar. Mas os principais protagonistas dessa mudança são os próprios pais. O programa na escola é uma ajuda poderosa para eles, mas não pretende nem substituílos, nem subestimá-los. Apoiaos e oferece ferramentas concretas para facilitar a comunicação entre pais e filhos. É uma parceria que dá muito certo! Embora os depoimentos sejam reais, os nomes dos adolescentes são fictícios, com o único objetivo de preservá-los.

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tecnologia e comportamento>> pรกg. 40

Se

s i a m e r p m


O

s interesses comerciais por vender tecnologia convergem com os que querem vender, por meio deles, bens e serviços. Assim a “caminhada” da informática chega a um número de lares estimado hoje em mais 900 milhões. A capacidade de transmitir por um mesmo meio físico, neste caso a fibra ótica, imagens, sons e dados, abre a possibilidade real de ter acesso, ao mesmo tempo, a 100 canais de televisão, enquanto se mantém uma comunicação telefônica com a Europa, se envia um e-mail a um cliente em Córdoba,faz-se uma consulta na biblioteca de Harvard, resolve-se o trabalho de geografia do filho mais velho e, enquanto isso, atualiza-se sobre o desenrolar da novela da tarde. Para acompanhar estas possibilidades já existem no mercado equipamentos integrados nos quais se pode

sintonizar rádio, escutar músicas gravadas, ou rodar um programa de computador, enquanto se vê as declarações de um Ministro pela TV. E nem precisa de muito “espaço” para isso...Os equipamentos medem 10 cm de altura, 5cm de largura e só 0,5cm de profundidade. Podemos fazer

os pais devem conhecer os meios tecnológicos tanto quanto seus filhos, ou mais compras sentados na cadeira da sala, e ainda selecionar “ao vivo” o produto que queremos: basta apertar um botão do mouse para pagar a conta e o dinheiro é automaticamente debitado do banco. Depois é só esperar que chegue a encomenda na porta de casa. A chegada da televisão digital já permite que nos televisores “inteligentes” possamos selecionar, dentre centenas de canais, só os programas que correspondem a um tema indicado, mostrando um deles, enquanto se grava o resto na memória. E ainda se faz uma cópia de segurança em um CD

para que se veja o programa a qualquer hora. Esse foi um rápido recorrido desde a gênese dos meios eletrônicos até nossos dias, para poder entender melhor o fenômeno e tudo o que significa esses aparelhos metidos no meio da família. Toda nova tecnologia está intrinsecamente ligada à sociedade, como pretexto de democratizar o conhecimento, ou se converter num produto a mais de consumo, ao que se adere segundo os interesses comerciais. Assim a família enfrenta o dilema de como usar bem estes meios, como integrá-los ao dia a dia. Os meios de comunicação já não são monopolizados pelos poucos proprietários da imprensa, rádio ou redes de televisão. Esses monopólios (que ainda hoje existem, é verdade, e são poderosos), que se apropriaram há anos da mente de várias gerações, têm cada vez menos poder e competem com milhares de jornalistas profissionais ou aficcionados que, simplesmente, pensam de modos diferentes. Hoje existem infinitas fontes que alimentam, 24h por dia, os sites oficiais, não oficiais, blogs, fóruns, twitter, mas não só de noticias e coisas boas, como também com a pior página pornográfica ou a foto dos pederastas mais procurados do mundo. Toda informação está na web, tudo se pode saber, buscar e encontrar. 41


A responsabilidade dos pais Se tivéssemos que fazer um decálogo do uso dos meios de comunicação para os pais, começaríamos com uma exigência: “os pais devem conhecer os meios tecnológicos tanto quanto seus filhos, ou mais”. As desculpas não são válidas: “isto é para os jovens, sou de outra geração, não entendo dessas coisas”. Para os pais, estar no mesmo nível é uma obrigação grave, porque propor ou impor regras (se for o caso), faz-se a partir de um conhecimento superior, ou ao menos igual ao dos filhos, ainda mais em se tratando de adolescentes. O controle remoto, o vídeo, o DVD, o MP3, o MP4, celular, iPod, iPhone, o notebook, não podem ter segredos. Geralmente uma leitura consistente do manual é mais do que suficiente... Algumas vezes será mais conveniente um “estudo em família”, mas é imprescindível que conheçamos detalhadamente as possibilidades de cada aparelho que tenhamos dentro de casa. Esta “exigência” também é válida para os professores e todos os que lidam de alguma maneira com crianças e adolescentes: educadores, médicos, terapeutas, porque assim sabem o que eles veem, o que escutam, o que encontram. E, para entendêlos, há que estar em seu nível. Essa é a única forma de saber impor limites. 42

Quando se trata de limitar a TV, o DVD, ou qualquer outro reprodutor, dependendo da idade, é fácil controlar o cumprimento da norma imposta. Obviamente, para que a norma se cumpra, o aparelho não deve ser de propriedade do interessado e, muito menos, estar em seu quarto ou em

hoje tudo está na rede, até a descrição de como se fabricar uma bomba e vídeos pornográficos lugares isolados. Os lugares públicos da casa são os ideais para ficarem todos os aparelhos. Se estão no quarto(que deve, sim, ser da privacidade das crianças e adolescentes), não há norma válida. Mas além dessa regra, existem recursos técnicos que nos asseguram que, pelo menos em casa, a restrição se cumpre. O que acontece depois, dependerá de quão bem nossos filhos tenham fixado esses princípios, até se converter em hábitos que, com o tempo, serão valores.

Controle parental Atualmente a possibilidade de que os pais possam limitar o que se vê na TV(quais canais e em que horários) está ao alcance das principais empresas

de TV a cabo, sempre que o sinal seja digital e tenha um decodificador apropriado. Para internet, como as possibilidades são infinitas, é preciso paciência e um pouco de astúcia. Os pais podem impor limites reais, com a ajuda de filtros. É verdade que nem sempre são perfeitos porque algumas vezes também impedem de navegar em qualquer página, mas nesses temas é melhor exagerar do que lamentar depois. Mas... O que tanto tem na internet, que se faz necessário limitá-la? A resposta é simples, já vimos acima: tudo! Hoje tudo está na rede, até a descrição de como se fabricar uma bomba e vídeos pornográficos! O problema das revistas pornográficas, hoje em dia, não está mais no risco de um colega levar para o colégio, mas dentro de casa, quando os pais não estão ou não sabem impor limites. Muitas vezes nos escandalizamos porque as crianças não leem, mas a verdade é que só não leem o que devem... As instruções de um jogo na rede, por exemplo, eles leem rapidamente e com uma capacidade de compreensão muito alta. A linguagem é outra, e corremos o risco de que a linguagem seja “a dos outros”. Por isso é tão importante entender as novas tecnologias:são praticamente elas que estão educando as crianças.



viagem e cultura >> pág. 44

Brotas

- sp

Texto e fotos: Família Muller


H

á alguns anos, Brotas despontava como a capital dos esportes radicais, atividades que poucas pessoas conheciam. De lá para cá, a cidade foi escolhida como um dos 12 destinos para a implantação do programa Aventura Segura, patrocinado pelo Ministério do Turismo. Hoje é um dos municípios que abriga o maior número de atividades de aventura certificadas pelo Inmetro de acordo com as normas da ABNT para Turismo de Aventura, o que veio de encontro à proposta de expandir a prática destas atividades não apenas para jovens e corajosos aventureiros, mas também para famílias e iniciantes.

Rafting no Rio Jacaré - Papira Brotas é a cidade natal das principais equipes de rafting do Brasil, com destaque para a equipe Alaya Bozó d´água, que coleciona vários títulos, não à toa, pois o rafting é uma das principais atividades de Brotas, o precursor maior da divulgação das atividades de aventura na cidade. O Jacaré Pepira, onde o rafting é realizado, é um dos únicos rios não poluídos do Estado de São Paulo e são 14 corredeiras que vão das classes II à IV. Durante o percurso que dura por volta de duas horas, além de descer corredeiras e quedas, é realizada uma pausa no rafting para que os participantes possam deslizar por duas

pequenas tirolesas que atravessam de uma margem à outra o rio Jacaré Pepira sobre a corredeira dos 3 Saltos. O mini rafting é uma atividade mais voltada para as crianças pequenas (a partir dos 3 anos) e para aqueles que dispensam a adrenalina. O bote desce outro trecho do Jacaré Pepira onde as corredeiras são mais tranquilas... É um passeio bem gostoso para toda a família

a cidade foi escolhida como um dos 12 destinos para a implantação do programa Aventura Segura, patrocinado pelo Ministério do Turismo contemplar a paisagem e a mata ciliar.

Arvorismo O arvorismo é uma prática normalmente utilizada por biólogos e científicos para estudar a fauna e a flora existentes na copa das árvores. Estes pesquisadores foram os primeiros a praticar essa atividade. O Verticália Brotas, um misto de atividade de aventura com passeio ecológico nas alturas, foi o primeiro circuito de arvorismo trazido para o Brasil por Jean Claude Razel. Certificado dentro das normas de segurança do

projeto Aventura Segura, conta com 41 atividades suspensas, como pontes, falsa baiana, estribos, redes, escadas etc., divididas em quatro circuitos que aumentam progressivamente a dificuldade e terminam com tirolesas que levam ao chão. O percurso é aberto para maiores de 1,40m de altura. Para os pequenos, o Veticalinha é o único percurso de arvorismo exclusivamente dedicado às crianças em Brotas. Suas 16 atividades foram criadas de forma lúdica para, além de garantir a segurança das crianças, desenvolver um potencial de aprendizado. Numa variação do arvorismo, nasceu a aerotrilha, um circuito de tirolesas que atravessa de uma copa à outra das árvores. O nomeado Voo do Falcão (atividade certificada pelo projeto Aventura Segura) oferece um circuito de 6 tirolesas sequenciais, totalizando 1080m de voo sobre o vale do Rio Jacaré e 3 cachoeiras.

Cachoeiras A maior parte dos atrativos naturais de Brotas está localizada em propriedades particulares, abertas à visitação, mediante uma taxa de ingresso. Desta forma, os proprietários valorizam seus recursos naturais, visando o crescimento sustentável do turismo. Banhar-se nas cachoeiras (ou apenas contemplá-las) é um dos ótimos programas na cidade. A região conta com muitas cachoeiras, 45


não deixe de visitar pelo menos uma delas. O Canionismo da Furna, oferecido pela Ayala, é uma forma diferente de explorar uma cachoeira. São duas descidas de rapel, uma delas na queda São Sebastião (25m) e a outra num rapel guiado, na cachoeira do Jacaré (30m). A atividade também inclui a caminhada por um trecho do rio, a travessia de uma piscina natural e uma caminhada interpretativa. Todo o percurso do canionismo leva por volta de três a quatro horas e é recomendado a maiores de 10 anos.

Cavalgada e quadriciclo Quem contrata a cavalgada no EcoParque Brotas não se restringe apenas a andar a cavalo. Saindo da barragem da represa do Patrimônio, inclui a visita à Usina do Jacaré, segue numa travessia pelo rio Jacaré Pepira e por uma trilha pela mata nativa até a Cachoeira das Meninas, que tem uma queda de 35m e uma piscina natural onde quem participa do passeio pode se refrescar. O passeio de quadriciclo oferecido pela Quadricompany é 46

o primeiro do país a ser certificado dentro do programa Aventura Segura. Este passeio costuma atrair muitas famílias em busca da experiência de dirigir estes veículos em meio à natureza. O passeio segue por uma estrada de terra, atravessando pontes e regiões de mata nativa, até a Fazenda N.Sra. Aparecida. Dentro da fazenda, a trilha continua por vales, beirando lagoas. Depois de atravessar um pequeno riacho, o percurso continua por uma descida acidentada, onde estacionamos os veículos e iniciamos uma caminhada por entre a mata até a Cachoeira do Cristal, belíssima! Um “plus” no passeio, além da oportunidade de tomar um banho na cachoeira para tirar a poeira antes de retornar à base.

Outros passeios Areia que Canta – Uma nascente borbulhante que forma uma piscina natural cristalina de 10m de diâmetro, em meio a uma areia branca muito fina, cercada por remanescentes de mata ciliar. Devido à forma arredondada das partículas de quartzo, quando friccionada entre as mãos, a areia produz um

tipo de som, daí o nome “Areia que Canta”. www.areiaquecanta. com.br Parque dos Saltos – Localizado no centro de Brotas, é um dos cartões postais da cidade, o acesso ao parque é gratuito e é um ótimo lugar para caminhar e curtir a vista nos mirantes localizados bem acima das corredeiras e quedas do Rio Jacaré-Pepira. Centro de Estudos do Universo (CEU) – A visita a este planetário de nível internacional inclui apresentação multimídia, sessão de planetário e observatório em noites de céu aberto. A programação inicia às 20h e termina às 22h45, normalmente é realizada apenas aos sábados e feriados prolongados. Nos meses de férias (dezembro, janeiro e julho) funciona também às quartas e sextas-feiras. Rua Emilio Dalla Dea Filho, s/ nº - Portão 4 www.fundacaoceu.org.br Dica: Quem visita Brotas aproveita mais os programas e atrativos se for com seu próprio veículo, por conta das longas distâncias entre o


centro da cidade, os hotéis e os locais onde se praticam as atividades de aventura. Os transportes públicos não levam até as fazendas, nem aos parques de aventura, e o táxi encarece bastante a viagem.

aquecida, lago com caiaques e cavalos que estão entre as atividades de lazer oferecidas pelo hotel.

Serviços

Tel: (14) 3656-6332 / 3656-5091 / 3656-5133 / 3656-5082 http://www.recantoalvorada.com.br/

Rodovia SP 197, km 13 (estrada Brotas-Torrinha)

As atividades de aventura podem ser contratadas na base da Alaya Expedições Av. Mário Pinotti, 230 - Centro Contato: Alaya (14) 3653.5656 www.alaya.com.br

Onde comer

Para o passeio de quadriciclo Quadricompany Rua Cubatão, 161 tel: (14) 3653-2235 / 9162-6007 www.quadricompany.com.br

Serve uma incomparável comida caipira e o yakisoba, feitos no fogão à lenha. Os pastéis fartos de recheio também são uma boa pedida. Não deixe de provar o doce de leite com chocolate, feito pela simpática proprietária do restaurante.

Onde ficar: Recanto Alvorada Eco Resort Sem dúvida um dos melhores hotéis fazenda de Brotas, ideal para famílias com crianças e casais que gostam de tranquilidade. Situado num belo ambiente natural, conta com chalés bem equipados, apartamentos espaçosos, salão de jogos, cinco piscinas, uma

Sakurá Kiosky

BRO 040 , km 9,4 entre Brotas e Patrimônio Malagueta Bar e Restaurante Num ambiente colorido, aconchegante e despojado, serve uma comida bem variada, por quilo. - Av. Mário Pinotti, 243 As reportagens da Família Muller têm o patrocínio de:

Timex: www.timex.com.br Trilhas & Rumos: www.trilhaserumos.com.br Skygraf: www.skygraf.com.br

Apoio de: Copa Gastronomia e futebol: www.restaurantecopa.com.br VIP´s Tur e Câmbio: www.vipsturecambio.com.br Poddium Restaurante: www.poddium.net Gatorade: www.gatorade.com.br Visite o site da Família Muller: www.familiamulleraventura.com.br Para contratar nossa palestra motivacional envie um e-mail para: falecom@familiamulleraventura.com.br

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entretenimento >> pág. 48

UP – Altas Aventuras Uma longa-metragem de animação produzida pelos estúdios Pixar, que vale a pena assistir não só para se distrair ou passar o tempo, mas analisando os valores, principalmente de relacionamento, transmitidos pelos personagens. Carl Fredericksen, um vendedor de balões, e sua esposa Ellie, sempre tiveram um sonho: mudar-se para o Paraíso das Cachoeiras. Só que outras obrigações financeiras sempre surgiram, atrasando seu sonho. Quando eles finalmente compram as passagens, Ellie morre de velhice... Aparentemente a aventura de Carl começa nesse momento. Inclusive tudo isso acontece nos primeiros minutos da animação, mas são os “minutos” que sustentarão toda a força de vontade de Fredericksen para ir atrás de seu sonho. Sempre com a esposa “presente”, ele consegue o que quer, alimentando-se da lembrança de que ela queria o mesmo. Quando, enfim, atinge o objetivo, passando por diversos momentos difíceis, oferece a Ellie o triunfo e se dá conta de que sua verdadeira aventura, a que mais valeu a pena, foi o seu casamento. A animação já vale pelos primeiros e pelos últimos minutos de filme!

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Ser Família Ser Família, feita por quem entende de educação, garante: os pais que sabem o que fazem educam melhor. A revista

Palestras em escolas

Apaixonados pelas diferencas (relacionamento do casal) Como perder a autoridade em instantes (educação dos Filhos) Contrate nossas palestras: Telefone: 11 38490909 /11 99821581 revista@serfamilia.com.br


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