Revista Clínica Veterinária - ed.153 - pt

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Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais

Medicina veterinária do coletivo Medicina veterinária do coletivo: a nova especialidade da medicina veterinária

Reflexões para a criação e a implantação de abrigos de animais

Cães detectores de doenças

Cães de trabalho

Indivíduos com comportamento de acumulação e a Saúde Única

Maus-tratos – uma análise do conhecimento da população sobre a identificação de casos e legislação

Indexada no Web of Science – Zoological Record, no Latindex e no CAB Abstracts DOI: 10.46958/rcv

www.revistaclinicaveterinaria.com.br



Divulgação


Índice Editora Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br Publicidade Alexandre Corazza Curti midia@editoraguara.com.br Editoração eletrônica Editora Guará Ltda.

Edição especial Medicina veterinária do coletivo Medicina veterinária do coletivo: a nova especialidade da medicina veterinária

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Reflexões para a criação e a implantação de abrigos de animais

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Cães de trabalho

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Indivíduos com comportamento de acumulação e a Saúde Única

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Cães detectores de doenças

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Maus-tratos – uma análise do conhecimento da população sobre a identificação de casos e legislação

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Bem-estar animal

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Projeto gráfico Natan Inacio Chaves Gerente administrativo Antonio Roberto Sanches admedguara@gmail.com Capa Golden retriever e gato Emily Skeels shutterstockkisses

Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total res­­ponsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou to­tal do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária. Editora Guará Ltda. Rua Adolf Würth, 276, cj 2 Jardim São Vicente, 06713-250, Cotia, SP, Brasil Central de assinaturas: (11) 98250-0016 cvassinaturas@editoraguara.com.br Gráfica Gráfica e Editora Pifferprint Ltda.

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Coelhos domésticos – comportamento – parte 2 Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 153, julho/agosto, 2021


Direito médico veterinário

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A importância do direito médico-veterinário na atualidade da medicina veterinária

Notícias

Lançamentos

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MSD Saúde Animal lança Bravecto Plus Gatos

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Ambiente hospitalar veterinário

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Tecnologia da informação

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Filamentos de ouro para alívio da dor

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X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo

I Encontro Nacional sobre Desastres em Massa Envolvendo Animais – objetivos e desdobramentos

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PremieRpet lança o CuidaDoPet, podcast sobre guarda responsável

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PremieRpet lança campanha de conscientização pelos “bons-tratos” aos animais

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Programa Fidelidade Gerioox

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Consultório veterinário – atendimento técnico ao animal

Blockchain, bitcoin e computação descentralizada no contexto da medicina veterinária – parte 2

Gestão

Plano de ação para empreendimento espiritualizado

Vet agenda Ourofino Saúde Animal promove acessibilidade por meio de suas embalagens

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Cursos, palestras, semanas acadêmicas, simpósios, workshops, congressos, em todo território nacional e por todo o planeta

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Editorial

O coletivo e o individual A situação que enfrentamos hoje em nosso país, uma das mais graves de todo o planeta, nos dá também a oportunidade de refletir sobre como temos levado adiante a nossa cultura, sem questionar, e como estamos utilizando nosso tempo de vida e transmitindo nossos padrões e modelos às gerações futuras. A postura generalizada e impositiva de valorização do fator individual sedimentou a noção de que alguns de nós têm mais direitos que outros, principalmente em função da nossa condição social e financeira. A pandemia nos fez perceber melhor a interdependência das diversas formas de vida no planeta, bem como a interdependência dos seres humanos. Ricos e pobres se contaminam com o sars-cov-2, mas a proporção de pobres é bem maior, pois os de melhor condição socioeconômica, sejam países ou pessoas, têm melhor nutrição e resposta imune. Mas estamos todos próximos, convivendo, contaminados ou imunes, e a pandemia ressaltou que, apesar das diferenças, estamos todos juntos para o bem e para o mal neste mundo, e que é assim que conseguiremos preservá-lo ou destruí-lo. A saúde coletiva começa pela saúde das famílias – e das famílias multiespécie – e pelo conhecimento dos princípios da saúde única, que engloba conceitos de medicina veterinária do coletivo, de medicina veterinária de desastres, de bem-estar animal e de medicina veterinária legal, entre outros. No Brasil e no mundo, temos avançado em ampliar o conhecimento e a ação das organizações, das entidades, dos governos e, principalmente, dos profissionais que militam nessas áreas. Exemplo recente foi o reconhecimento pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) da especialidade de medicina veterinária do coletivo, que passa a contar com o Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo (IMVC) para a concessão do título de especialista. A realização da X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo, em plataforma online nos dias 21 e 22 de maio de 2021, em parceria entre o IMVC e a UFPR, celebrou os 10 anos de realização desse importante evento. Neste número 153 da revista Clínica Veterinária – com o planeta mais voltado para a realidade da saúde coletiva e da imunidade coletiva –, decidimos lançar uma edição especial sobre medicina veterinária do coletivo, para auxiliar a reflexão e ampliar a participação individual, somando esforços para o bem de todos. O Brasil vem tendo avanços e retrocessos nessas questões que demandam ainda maior atenção. Embora conseguindo melhorar a conscientização sobre a importância do bem-estar de animais de estimação, temos assistido impotentes à destruição de florestas, rios e mares em velocidade assustadora. É hora de unirmos esforços, todos nós, a população brasileira e ainda mais os profissionais da medicina veterinária, para ampliar os mecanismos de apoio e de educação de toda a população, da pré-escola à pós-graduação, para deter a rota de destruição que o planeta segue de maneira em muitos aspectos já irreversível. A educação para a compaixão, a solidariedade, a colaboração e a compreensão do coletivo é fundamental para a sobrevivência e a boa qualidade de vida de todos e de cada um de nós. É urgente despertar a consciência para a importância desse trabalho de educação, para compreendermos nossa existência de modo menos individualista, resistindo às pressões que a sociedade exerce para nos manter afastados uns dos outros e para nos convencer de que não existe alternativa. Existe, sim, e os resultados dessa postura individualista, de inércia, mostram com clareza alarmante aonde ela nos leva. A ganância, a violência, a indiferença e o desrespeito ao próximo, junto com a desinformação intencional de que somos vítimas e que até certo ponto toleramos como sociedade e pessoalmente, nos levarão coletivamente ao extermínio e ao sofrimento. Isso já está acontecendo – e é gravíssimo. Respeitar todas as formas de vida, de expressão e de amor, com compaixão, empatia, perdão e acolhimento é a única atitude que pode evitar o caos, cada vez mais próximo e evidente. Maria Angela Sanches Fessel CRMV-SP 10.159 6

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Consultores científicos Adriano B. Carregaro FZEA/USP-Pirassununga Álan Gomes Pöppl FV/UFRGS Alberto Omar Fiordelisi FCV/UBA Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM Alejandro Paludi FCV/UBA Alessandra M. Vargas Endocrinovet Alexandre Krause FMV/UFSM Alexandre G. T. Daniel Universidade Metodista Alexandre L. Andrade CMV/Unesp-Aracatuba Alexander W. Biondo UFPR, UI/EUA Aline Machado Zoppa FMU/Cruzeiro do Sul Aline Souza UFF Aloysio M. F. Cerqueira UFF Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia Ana Liz Bastos CRMV-MG, Brigada Animal MG Ananda Müller Pereira Universidad Austral de Chile Ana P. F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL André Luis Selmi Anhembi/Morumbi e Unifran Angela Bacic de A. e Silva FMU Antonio M. Guimarães DMV/UFLA Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP-São Paulo Aulus C. Carciofi FCAV/Unesp-Jaboticabal Aury Nunes de Moraes UESC Ayne Murata Hayashi FMVZ/USP-São Paulo Beatriz Martiarena FCV/UBA Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI Berenice A. Rodrigues MV autônoma Camila I. Vannucchi FMVZ/USP-São Paulo Carla Batista Lorigados FMVZ/USP-São Paulo

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Carla Holms Anclivepa-SP Carlos Alexandre Pessoa www.animalexotico.com.br Carlos E. Ambrosio FZEA/USP-Pirassununga Carlos E. S. Goulart EMATER-DF Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp-Jaboticabal Carlos Mucha IVAC-Argentina Cassio R. A. Ferrigno FMVZ/USP-São Paulo Ceres Faraco FACCAT/RS César A. D. Pereira UAM, UNG, UNISA Christina Joselevitch IP/USP-São Paulo Cibele F. Carvalho UNICSUL Clair Motos de Oliveira FMVZ/USP-São Paulo Clarissa Niciporciukas Anclivepa-SP Cleber Oliveira Soares Embrapa Cristina Massoco Salles Gomes C. E. Daisy Pontes Netto FMV/UEL Daniel C. de M. Müller UFSM/URNERGS Daniel G. Ferro Odontovet Daniel Macieira FMV/UFF Denise T. Fantoni FMVZ/USP-São Paulo Dominguita L. Graça FMV/UFSM Edgar L. Sommer Provet Edison L. P. Farias UFPR Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE Elba Lemos FioCruz-RJ Eliana R. Matushima FMVZ/USP-São Paulo Elisangela de Freitas FMVZ/Unesp-Botucatu Estela Molina FCV/UBA Fabian Minovich UJAM-Mendoza Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR

Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE Fabio Otero Ascol IB/UFF Fabricio Lorenzini FAMi Felipe A. Ruiz Sueiro Vetpet Fernando C. Maiorino Fejal/CESMAC/FCBS Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL Fernando Ferreira FMVZ/USP-São Paulo Filipe Dantas-Torres CPAM Flávia R. R. Mazzo Provet Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá Flavio Massone FMVZ/Unesp-Botucatu Francisco E. S. Vilardo Criadouro Ilha dos Porcos Francisco J. Teixeira N. FMVZ/Unesp-Botucatu F. Marlon C. Feijo Ufersa Franz Naoki Yoshitoshi Provet Gabriela Pidal FCV/UBA Gabrielle Coelho Freitas UFFS-Realeza Geovanni D. Cassali ICB/UFMG Geraldo M. da Costa DMV/UFLA Gerson Barreto Mourão Esalq/USP Guilherme G. Pereira Nayacardiovet Hector Daniel Herrera FCV/UBA Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB Hélio Autran de Moraes Oregon S. U. Hélio Langoni FMVZ/Unesp-Botucatu Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ Herbert Lima Corrêa Odontovet Iaskara Saldanha Lab. Badiglian Idael C. A. Santa Rosa UFLA Ismar Moraes FMV/UFF

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Jairo Barreras FioCruz James N. B. M. Andrade FMV/UTP Jane Megid FMVZ/Unesp-Botucatu Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade João G. Padilha Filho FCAV/Unesp-Jaboticabal João Luiz H. Faccini UFRRJ João Pedro A. Neto UAM Jonathan Ferreira Odontovet Jorge Guerrero Univ. da Pennsylvania José de Alvarenga FMVZ/USP Jose Fernando Ibañez FALM/UENP José Luiz Laus FCAV/Unesp-Jaboticabal José Ricardo Pachaly Unipar José Roberto Kfoury Jr. FMVZ/USP Juan Carlos Troiano FCV/UBA Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu Juliana Werner Lab. Werner e Werner Julio C. C. Veado FMVZ/UFMG Julio Cesar de Freitas UEL Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal Leonardo D. da Costa Lab&Vet Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal Leucio Alves FMV/UFRPE Luciana Torres FMVZ/USP-São Paulo Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Marcello Otake Sato FM/UFTO Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo


Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP-São Paulo Marcelo Faustino FMVZ/USP-São Paulo Marcelo S. Gomes Zoo SBC,SP Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo Márcia Marques Jericó UAM e Unisa Marcia M. Kogika FMVZ/USP-São Paulo Marcio B. Castro UNB Marcio Brunetto FMVZ/USP-Pirassununga Marcio Dentello Lustoza Biogénesis-Bagó S. Animal Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo Marconi R. de Farias PUC-PR Maria Cecilia R. Luvizotto CMV/Unesp-Araçatuba Maria Cristina Nobre FMV/UFF M. de Lourdes E. Faria VCA/Sepah Maria Isabel M. Martins DCV/CCA/UEL M. Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp-Botucatu Maria Lúcia Z. Dagli FMVZ/USP-São Paulo Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba Marta Brito FMVZ/USP-São Paulo Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba Masao Iwasaki FMVZ/USP-São Paulo Mauro J. Lahm Cardoso Falm/Uenp

Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP Michele A. F. A. Venturini Odontovet Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu Miriam Siliane Batista FMV/UEL Moacir S. de Lacerda Uniube Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL Nadia Almosny FMV/UFF Natália C. C. A. Fernandes Instituto Adolfo Lutz Nayro X. Alencar FMV/UFF Nei Moreira CMV/UFPR Nelida Gomez FCV/UBA Nilson R. Benites FMVZ/USP-São Paulo Nobuko Kasai FMVZ/USP-São Paulo Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL Paulo Anselmo Zoo de Campinas Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu Paulo S. Salzo Unimes, Uniban Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo Pedro Germano FSP/USP

Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia Regina H. R. Ramadinha FMV/UFRRJ Renata A. Sermarini Esalq/USP Renata Afonso Sobral Onco Cane Veterinária Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu Ricardo Duarte All Care Vet / FMU Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR Ricardo S. Vasconcellos CAV/Udesc Rita de Cassia Garcia FMV/UFPR Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ Rita Leal Paixão FMV/UFF Robson F. Giglio H. Cães e Gatos; Unicsul Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba Ronaldo C. da Costa Ohio State University Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio Rosângela de O. Alves EV/UFG Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA

Sady Alexis C. Valdes Unipam-Patos de Minas Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu Silvia E. Crusco UNIP/SP Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo Silvio A. Vascon­cellos FMVZ/USP-São Paulo Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM Simone Gonçalves Hemovet/Unisa Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu Tiago A. de Oliveira UEPB Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR Valéria Ruoppolo I. Fund for Animal Welfare Vamilton Santarém Unoeste Vania de F. P. Nunes FNPDA e Itec Vania M. V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Victor Castillo FCV/UBA Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG Viviani de Marco UNISA e NAYA Wagner S. Ushikoshi UNISA e CREUPI Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional

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Instruções aos autores

A

Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Enviar por e-mail (cvredacao@editoraguara. com.br) ou pelo site da revista (http:// revistaclinicaveterinaria.com.br/blog/envio-deartigos-cientificos) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na lar­ gura 10

de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitali­ za­ das, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de re­ da­ ção cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acom­pa­nha­das de identificação de propriedade e autor). Devem ser en­viadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, tel­efones e e-mail) e uma foto 3x4 de rosto de cada um dos autores. Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus tí­ tulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser re­lacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 12, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser

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utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Uti­li­zar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utili­zar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições an­te­riores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar in­for­mações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utili­za­do, cada capítulo deverá ser considerado uma

referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). Somente autores de trabalhos originais devem ser citados, e nunca de revisões. É preciso ser ético pois os créditos são daqueles que fizeram os trabalhos originais. A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www. xxxxxxxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabalho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. Nesse subtítulo devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/ distribuidor, cidade e estado. Revista Clínica Veterinária / Redação Rua Adolf Würth, 276, cj. 2, 06713-250, Cotia, SP cvredacao@editoraguara.com.br

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Medicina veterinária do coletivo

Medicina veterinária do coletivo: a nova especialidade da medicina veterinária

Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo é a organização habilitada pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária para conceder o título de especialista

A medicina veterinária do coletivo foi recentemente reconhecida como uma nova especialidade da medicina veterinária, e o Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo (IMVC) é a organização habilitada junto ao Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) para conceder o título de especialista. A decisão ocorreu na 346ª Sessão Plenária Ordinária do CFMV, realizada em 28 de abril de 2021, publicada na Resolução 1.394 de 13 de maio de 2021. O título de especialista para a medicina veterinária do coletivo (MVC) é um marco histórico pois, junto com ele, vem o amplo e merecido reconhecimento da área pelo CFMV. A MVC objetiva promover a saúde e o bem-estar dos indivíduos, com enfoque nas interações entre ser humano, animal e ambiente, principalmente nas temáticas ligadas à saúde coletiva, medicina de abrigos, medicina veterinária de desastres e medicina veterinária legal. Esse reconhecimento traz a discussão de questões importantes, como a compreensão de que o médico-veterinário é um profissional de saúde essencial para a saúde não só animal, mas ambiental e humana, consolidando o conceito de Saúde Única. Atualmente a formação do médico-veterinário ainda é generalista, mas o mercado exige 12

cada vez mais que os profissionais ofereçam respostas específicas a determinados assuntos e demandas. O avanço do conhecimento nas diferentes áreas de atuação profissional tem determinado o surgimento contínuo de especialidades. O objetivo de se especializar

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é de desenvolver habilidades específicas em uma área com competências tão diversas. A titulação permite maior empregabilidade, diferenciação no mercado e ascensão na carreira. O termo “especialista” na medicina veterinária é um título conferido pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e que homologa o emitido por entidades que cumprem os requisitos da resolução referente a especialidades veterinárias (Resolução CFMV nº 935/2009) e que devem estar habilitadas por ele. As normas regulamentadoras de concessão de título de especialista em medicina veterinária do coletivo pelo IMVC são: a) o candidato interessado no título de especialista em MVC deverá passar por um processo seletivo composto por prova objetiva de conhecimentos específicos de medicina veterinária do coletivo, de caráter eliminatório e classificatório; b) apresentar memorial documentado, que inclua o currículo Lattes, no qual se possa comprovar que o solicitante desenvolve atividades na área da especialidade requerida há pelo menos 5 anos, incluindo os cursos de pós-graduação lato e/ou stricto sensu. Caso o solicitante não possua quaisquer dos títulos citados anteriormente, poderá pleitear o título de especialista desde que apresente memorial documentado que demonstre de forma inequívoca sua experiência há pelo menos 8 anos na área da especialidade pleiteada e logre aprovação na prova de conhecimentos específicos. Além das normas acima, os candidatos devem preencher os seguintes pré-requisitos: a) ter diploma de médico-veterinário devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) da jurisdição onde atua e não estar cumprindo pena por infração ética; b) apresentar certidão de habilitação legal (CHL) original do respectivo CRMV; c) ser associado do IMVC há pelo menos dois anos, excluindo-se o ano da prova, e estar quite com a anuidade, devendo encaminhar declaração comprobatória;

d) ter currículo Lattes cadastrado; e) quanto à pós-graduação, apresentar um dos certificados ou títulos especificados abaixo: i. apresentar certificado de curso de especialização na área específica, conferido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Conselho Nacional de Educação/Ministério da Educação (CNE/MEC) ou por entidades de especialistas, cujo curso atenda aos requisitos da Resolução CFMV Nº 935 de 10 de dezembro de 2009, sendo observada a distribuição da carga horária mínima de 500 horas entre os conteúdos teóricos e práticos presenciais, das quais 400 horas na área específica e 100 horas em atividade prática, a ser cumprida em no máximo 36 meses; e/ou: ii. apresentar certificado de conclusão de programa de residência na área específica; e /ou: iii. apresentar título de mestre na área específica, conferido ou revalidado por instituição de ensino superior em curso/programa de pós-graduação reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC); e /ou: iv. apresentar título de doutor na área específica, conferido ou revalidado por instituição de ensino superior em programa de pós-graduação reconhecido pela Capes/MEC. O título de especialista obtido terá validade de 5 anos, conforme determinação da Resolução CFMV nº 935 de 10 de dezembro de 2009. Após o término da validade, o profissional poderá revalidar seu título por igual período, apresentando, para tanto, memorial documentado no qual se possa comprovar que o solicitante desenvolveu atividades na área da especialidade nos últimos cinco anos, incluindo eventos promovidos pela entidade e ministração de palestras e de cursos vinculados à especialidade; apresentação de trabalhos em conclaves científicos; participação em eventos científicos nacionais ou estrangeiros; publicação de artigos de divulgação e trabalhos em periódicos arbitrados e indexados; atividades de consultoria e/ou assessoria; coordenação ou participação como orientador em

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Medicina veterinária do coletivo programas de residência e de graduandos em medicina veterinária ou zootecnia; responsabilidade por serviços ou setores vinculados à especialidade e de inequívoca e comprovada atuação na rotina dessa área. Ainda não há previsão de data e/ou local para a primeira seleção de emissão do título de especialista. Informações mais detalhadas serão publicadas no site do Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo (IMVC) a partir de agosto de 2022. A medicina veterinária do coletivo envolve uma atuação mais holística e abrangente, com maior entendimento da complexidade social e ambiental e de suas demandas políticas, econômicas, sociais e educacionais, existentes em todas as comunidades e territórios, visto que não se referem apenas a problemas humanos. Ela objetiva promover a saúde e o bem-estar de indivíduos, famílias, comunidades e entorno, considerando os animais como parte integrante e indissociável dessas representações e gerando diversas possibilidades de interação com outras disciplinas e novas áreas de atuação do profissional. Dessa forma, a medicina veterinária do coletivo (MVC) é uma nova área multidisciplinar da medicina veterinária que utiliza conhecimentos da saúde coletiva, da medicina de abrigos e da medicina veterinária legal 1. Os profissionais têm atuação em diversos setores, operando no controle e na prevenção de zoonoses e de outros agravos que envolvem a interação entre ser humano, animal e ambiente, seja na atenção primária ou em nível central; no diagnóstico das interações negativas entre ser humano e animal relacionadas a violência interpessoal e maus-tratos, abuso, negligência e crueldade animal; na medicina de abrigos, seja em Centros de Controle de Zoonoses, em Unidades de Vigilância em Zoonoses ou em abrigos do terceiro setor; na medicina de desastres, atuando em planos de contingenciamento, e também durante e após esses eventos, tanto para melhorar o nível de bem-estar dos animais resgatados como na perícia; na medicina veterinária le14

gal, tanto como assistentes técnicos quanto como peritos. Os locais de atuação no poder público envolvem secretarias de Saúde, Meio Ambiente e de Assistência Social, trabalhando em rede de forma interdisciplinar e transdisciplinar com outros profissionais. O CFMV está legitimando uma área importante e relevante da medicina veterinária que já é reconhecida como especialidade em diversos outros países – a chamada medicina de abrigo (shelter medicine) –, como nos Estados Unidos e na Europa. Apesar desse reconhecimento, pode-se dizer que em relação a outras especialidades ainda é uma área recente da nossa profissão, iniciada em meados da década de 1990. No Brasil, a MVC se iniciou a partir de uma demanda de políticas públicas de Manejo Populacional de Cães e Gatos e começou a progredir há aproximadamente 10 anos, com a primeira disciplina e residência em 2011, na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (FCA/UFPR). Neste ano, a UFPR será a primeira universidade pública a oferecer o Curso de Especialização em Medicina Veterinária do Coletivo, que terá início em 30 de agosto de 2021 – informações disponíveis nos sites agrarias.ufpr.br/portal/mvc/ e institutomvc. org.br. A MVC trabalha com questões amplas como zoonoses, saneamento básico, violência, pobreza, educação em saúde, bem-estar animal, preservação ambiental, e o faz de forma preventiva, com equipes multidisciplinares e de forma transdisciplinar, em prol de uma relação mais harmônica entre os homens, seus animais e o meio ambiente. Quem já trabalha nessa área e quer ser reconhecido como especialista, deve ficar atento às informações publicadas pelo CFMV e pelo IMVC sobre o processo de emissão do título de especialista. Quem ainda não trabalha, mas tem interesse em conhecer a área, deve associar-se ao IMVC e obter acesso a todas as informações relevantes sobre essa especialidade por meio do site eletrônico www.institutomvc.org.br.

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Referência

1-GARCIA, R. C. M. ; BRANDESPIM, D. F. ; CALDERÓN, N. Medicina veterinária do coletivo: promovendo a saúde por meio da estratégia de

saúde única. In: GARCIA, R. C. M.; BRANDESPIM, D. F. ; CALDERÓN, N. Medicina veterinária do coletivo: fundamentos e práticas. São Paulo: Integrativa Vet, 2019, p. 30-3.

Lucas Galdioli MV, CRMV-PR: 16.773 Conselheiro fiscal IMVC lucasgaldioli@ufpr.br

Ana Liz Ferreira Bastos MV, CRMV-MG: 5.200 Vice Coordenadora Executiva IMVC analiz.bastos@gmail.com

Rosangela Ribeiro Gebara MV, CRMV-SP: 9.264 Coordenadora de Projetos e Informações IMVC rosangelagebara@gmail.com

Vania de Fátima Plaza Nunes MV, CRMV-SP: 4.119 Consultora técnica IMVC vania.vet@gmail.com

Rita de Cassia Maria Garcia MV, CRMV-PR: 12.912 Coordenadora Executiva IMVC ritamaria@ufpr.br

Taylison Alves dos Santos Gestor financeiro Conselheiro fiscal IMVC taylison@ufpr.br

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Medicina veterinária do coletivo

Reflexões para a criação e a implantação de abrigos de animais

Quais são as etapas de planejamento em que devemos pensar antes de iniciar o projeto de um abrigo de animais?

A medicina de abrigos no Brasil é uma área em ascensão advinda de uma demanda por mudanças nas políticas públicas para o Manejo Populacional de Cães e Gatos (MPCG). No país, segundo dados de 2018 do Instituto Pet Brasil (IPB), existem 370 organizações não governamentais (ONGs) ou Organizações da Sociedade Civil (OSCs) atuando na proteção animal. Dessas, 46%, ou 169, estão na Região Sudeste, seguida pelas regiões Sul (18%), Nordeste (17%), Norte (12%) e, por fim, Centro-Oeste (7%). Essas instituições tutelam mais de 172 mil animais, sendo 165.200 (96%) cães e 6.883 (4%) gatos 1. Animais abandonados e que vivem em situação de rua são uma realidade em todos os municípios brasileiros, sensibilizando parte da comunidade em que estão inseridos e estimulando o desejo de muitos de criar um abrigo para resgatá-los, recuperá-los e ajudá-los. Geralmente as pessoas envolvidas nesse processo são muito motivadas, mas agem de forma impulsiva; há também casos de pessoas que eram protetores independentes e se depararam com quantidades exorbitantes de animais. Em ambos os casos, ignoram-se os problemas advindos dessa decisão. Muitas pessoas e organizações avaliam os abrigos de animais como uma necessidade urgente em seu município/comunidade, o que nem sempre é o caso. Assim sendo, é essencial que se façam pesquisas e planejamentos preliminares à funda16

ção de um abrigo, que economizarão tempo e evitarão erros posteriores; afinal, construir um novo abrigo, além de ser caro e requerer muito planejamento e organização, pode gerar mais problemas do que soluções concretas para a melhora do nível de bem-estar dos animais e a prevenção do abandono. O objetivo deste artigo é analisar a viabilidade da construção e instalação de um novo abrigo, e, em caso de resposta positiva, discutir como deve ser feito o planejamento para isso. Estratégias do manejo humanitário e sustentável da população de cães e gatos Cães e gatos vivem comumente nas ruas tanto do meio urbano quanto do rural, causando comoção em grande parte das pessoas. Esses animais são, na maioria das vezes, resultado da restrição financeira e cultural da população, da falta de políticas públicas voltadas à causa, da tutela irresponsável, da reprodução descontrolada dos animais soltos e mesmo da ausência de auxílio veterinário coordenado 2. A fim de diminuir e até cessar as preocupações com os animais errantes, um manejo humanitário e sustentável da população de cães e gatos (MHSPCG) deve ser planejado e implementado nos municípios. Esse manejo envolve diversas etapas e estratégias (Figura 1), sendo os abrigos uma delas. Um programa eficaz é multifacetado, envol-

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WAP, 2015

Figura 1 – Componentes de um programa de manejo populacional de cães e gatos

vendo os setores que trabalham com a saúde humana, animal e ambiental. Um único componente não redundará em uma abordagem efetiva, resultando na recorrência do problema. Assim, os abrigos localizados em regiões que não contam com abordagens claras e contínuas para a causa animal poderão se tornar apenas depósitos para cães e gatos 2. Um bom programa de MHSPGC deve ser permanente e contínuo, buscando compreender o problema da comunidade e avaliar a necessidade de intervenção, para só então planejar a melhor forma de ação. Iniciando um abrigo de animais Entendendo que os abrigos são apenas uma das diversas estratégias para um manejo populacional efetivo, o passo inicial para a sua construção e fundação exige um planejamento criterioso. Cinco etapas que podem auxiliar pessoas envolvidas na causa e que tenham o intuito de fundar um abrigo de animais (Figura 2). Entender a base do problema Na primeira etapa, é importante compreender que os abrigos são considerados apenas casas de passagem, devendo o animal permanecer o menor tempo possível nesses am-

Figura 2 – Etapas de planejamento para iniciar um abrigo

bientes. Um período de tempo prolongado em um abrigo pode gerar estresse nos animais e produzir alterações comportamentais, desde as mais leves até aquelas graves e difíceis de corrigir  3. Além disso, pode aumentar a chance de ocorrerem surtos de doenças infecciosas, sobrecarregando os trabalhos dos funcionários. Após entender essa característica essencial dos abrigos, deve-se verificar: se o centro de passagem naquela comunidade/local/município atenderá às necessidades e ajudará a resolver o problema; qual é o escopo do problema da comunidade; qual a melhor maneira de lidar com isso; quais são os fatores que afetam a alta densidade da população animal em geral; o que outras pessoas do movimento humanitário estão fazendo; como trabalhar em conjunto com outros órgãos; se já existem outros abrigos na região e se a construção de um novo não afetaria os trabalhos já realizados; se há recursos financeiros e equipe capacitada para manter adequadamente o abrigo em longo prazo. Tais questionamentos devem ser levantados para verificar se a construção do abrigo vai além de apenas uma ideia atraente  4. Um fluxograma permite analisar e verificar se a construção de um abrigo é a melhor opção (Figura 3). Os abrigos são uma das estratégias de um

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Medicina veterinária do coletivo

Figura 3 – Fluxograma para análise e verificação da adequação da construção de abrigos para animais. Adaptado 5 18

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programa de MPCG nos municípios, recuperando os animais abandonados e reintroduzindo-os na sociedade por meio da adoção, mas não resolvem a fonte do problema – o abandono e a presença de animais nas ruas. Segundo a International Companion Animal Management Coalition (Icam), em locais em que existam muitos cães e gatos em situação de rua e as taxas de adoção sejam mínimas, os abrigos não se tornam uma estratégia eficaz de manejo populacional e apenas retratam um sintoma dessa problemática  6, que pode estar principalmente ligada aos aspectos culturais e socioeconômicos daquela comunidade. Analisar os problemas e as necessidades da comunidade deve ser uma das providências mais importantes antes de efetivar a criação de um abrigo. O Icam considera que um abrigo temporário e permanente é um verdadeiro desafio para manter o bom nível de bem-estar dos animais, e as suas instalações devem prover cuidados adequados enquanto eles esperam por um novo lar. Se a adoção do animal é improvável, não se deve pensar primeiramente em levá-lo para um abrigo; em vez disso, é mais adequado pensar em manejá-lo in situ, ou seja, usando um método de capturá-lo, esterilizá-lo e devolvê-lo (CED)  6. Criar e concretizar seus valores Concluindo que a instalação de um abrigo no local seja algo positivo e que se somará às medidas existentes para atingir a promoção da saúde na comunidade, os próximos passos devem ser estabelecer a missão, os objetivos e as metas do abrigo em texto escrito. A missão do abrigo deve ser descrita de forma concisa, clara e motivacional, de modo que consiga declarar o propósito da organização e alcançar a empatia e a sensibilização de pessoas que apoiarão o trabalho; ela é que guiará todos os trabalhos e o gerenciamento do abrigo. Os objetivos e metas devem estar divididos em tópicos e conter as ações que devem ser realizadas para atingir sua missão

e o prazo para atingi-las. Para isso deve-se responder a questionamentos como: “Onde se pretende estar daqui a 5/10 anos?”, e: “O que se precisa fazer para chegar lá?”. Devem-se traçar metas de curto, médio e longo prazo, registrar por escrito as formas de monitorar os objetivos e verificar se eles estão sendo alcançados  4. Estudar e criar uma rede de apoio É importante compreender que, para construir um abrigo e administrá-lo, é preciso ter muito mais do que boas intenções; é necessária uma ampla rede de apoio de pessoas que tenham experiência em gestão, habilidades financeiras, contábeis e conhecimento de marketing, e um perfil proativo e engajado com a comunidade, além de investir tempo e recursos suficientes no planejamento, na organização e na arrecadação de fundos para atingir o propósito estabelecido  4. Essa equipe deve visitar abrigos de referência e estar a par da ciência da medicina de abrigos, participar de workshops e simpósios e consultar profissionais capacitados para entender como deve ser estruturado um abrigo, de modo a criar uma rede com colegas já experientes. É importante entender que os integrantes da equipe são fundamentais para garantir o sucesso do abrigo e a promoção de bem-estar e adoção dos animais. A equipe deve ser multidisciplinar, com ao menos um médico-veterinário, um profissional de publicidade e/ou relações públicas, um profissional da área de finanças e pessoas engajadas na causa da promoção da saúde dos animais e da comunidade. A divisão das tarefas da equipe deve ser igualitária para que o gerenciamento funcione. Ninguém deve nem pode fazer tudo. Os interesses e talentos das pessoas podem levá-las a gastar quase 90% de seu tempo no cuidado direto dos animais ou em outras tarefas administrativas para ter uma organização sólida. As organizações mais bem-sucedidas são produto do trabalho em equipe, e exigem a cooperação de várias pessoas

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Medicina veterinária do coletivo com habilidades e talentos variados que se dediquem ao propósito do grupo  7. Também como parte importante da rede de apoio, a parceria deve incluir pessoas que possam oferecer o chamado lar transitório (LT) aos resgatados. Essas pessoas serão responsáveis por fornecer abrigo temporário, alimentação e cuidados até que os animais sejam adotados por uma família definitiva. Esse tipo de suporte ajudará a alojar animais mais vulneráveis, evitando uma alta densidade populacional no abrigo e gastos maiores com a estrutura física do local, além de garantir melhores níveis de bem-estar aos cães e gatos. Todas essas informações partem do princípio de que muitos abrigos são idealizados com o objetivo de promover apenas a adoção dos animais, porém é extremamente importante que a busca central esteja associada a diminuir a taxa de abandono pela sociedade. Para isso é necessário que haja parceria e articulação de forma adequada com órgãos competentes, a fim de garantir políticas públicas voltadas para a promoção da saúde, a educação humanitária, a valorização dos cuidados e a diminuição de animais não domiciliados, e, dessa forma, construir uma cultura na sociedade que corresponda a uma tutela responsável e valorize os animais como seres sencientes, dignos da vida e de direitos fundamentais  8. É evidente que todo abrigo deve ter um planejamento prévio e uma gestão consolidada e efetiva para atingir o ponto principal: ser uma casa de passagem que garanta qualidade de vida aos animais abrigados. Um estudo do Reino Unido de 2017  9 explorou o papel do empreendedorismo social na diminuição das taxas de eutanásia e no aumento das taxas de adoção em abrigos para animais. Comparando dois grandes abrigos dos Estados Unidos e da Austrália, observou-se que três fatores principais podem contribuir para a transformação dos abrigos sem fins lucrativos e resultar em menores taxas de eutanásia e maiores taxas de adoção, bem como na di20

minuição de burnout nos funcionários. São eles: 1) profissionalização do gerenciamento de abrigos; 2) envolvimento com atividades de empreendimentos sociais sem fins lucrativos; e 3) melhora da eficiência das operações diárias. O estudo confirma que o objetivo não é incluir práticas comerciais no abrigo, mas profissionalizar a administração e as operações que incluem fluxos de renda diversos e autossustentáveis, propiciando condições de bem-estar e resultados positivos, ressaltando a importância de se compreender a necessidade de planejar e gerir um abrigo como se faz com uma empresa. Além de compreender o que é necessário para tornar os esforços bem-sucedidos, ter claro o propósito e dispor de uma equipe multidisciplinar definida, é necessário realizar um planejamento e arrecadar fundos. A maioria das pessoas entende a importância de fornecer cuidados de qualidade aos animais, mas desconhece os aspectos administrativos da gestão da organização  7. Definição de protocolos e políticas internas Antes de o abrigo começar a funcionar, devem-se definir claramente para todos os funcionários e colaboradores os procedimentos e operações diários que ajudarão a mantê-lo dentro dos padrões para que tenha condições de oferecer o maior nível possível de bem-estar aos animais alojados. Todos precisam saber quais são os procedimentos usuais. Esse é um processo contínuo que poderá ser sempre adaptado à medida que o abrigo vivencie diferentes situações e realidades. O abrigo deverá registrar por escrito e com clareza suas políticas internas, especialmente no que tange a: manejo da população e capacidade de prover cuidados; definição da estrutura física e dos fluxos de passagem adequados; programas preventivos (protocolos de limpeza e higienização); protocolos de admissão (resgate, triagem e recepção); protocolos de vacinação; controle de endo e ectoparasitas; manejo nutricional; cuidados com a saúde (monitoramento diário, controle da dor,

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cuidados médicos básicos e emergenciais); protocolos para enfrentamento de doenças e surtos; etologia (avaliação, monitoramento e modulação comportamental); protocolos de adoção e monitoramento pós-adoção; gerenciamento de recursos humanos – entre outras atividades  10,11. Essas diretrizes ajudam a tornar a organização estável, de forma que todos estejam alinhados em um trabalho conjunto, com o mesmo pensamento e os mesmos objetivos. Isso dá credibilidade à organização, garantindo o fornecimento de serviços de qualidade. A organização da gestão e do trabalho permite que o abrigo preste um bom serviço, garantindo o bem-estar e a diminuição do tempo de permanência dos animais, e preservando a saúde física e mental dos trabalhadores. Apoio e divulgação A divulgação do trabalho desenvolvido pelo abrigo é um fator crucial tanto para a credibilidade do local quanto para a promoção de recursos financeiros e humanos. Quanto maior o apoio, maior tende a ser o sucesso da organização. O conteúdo deve ser interativo e conter informações sobre a história do abrigo; as ações executadas; os tipos de doações que recebe e como proceder para doar; como ser voluntário; e, é claro, os animais disponíveis para adoção. Contar com uma equipe publicitária tornará o processo muito mais efetivo, à medida que ela criar uma identidade visual para a entidade e divulgar informações de modo coerente em mídias sociais, atingindo o maior número possível de pessoas. Considerações finais Criar um abrigo voltado ao resgate animal parece ser algo simples e que depende unicamente da empatia das pessoas pela causa. Muitas vezes ignora-se que os abrigos são importantíssimos para a saúde pública e que devem promover o manejo populacional de cães e gatos em áreas urbanas (MPCG) de

forma sustentável e ética, além de reabilitar e ressocializar os animais abandonados para que sejam reintroduzidos na sociedade por meio da adoção responsável 12. Além de guiar o gestor sobre a melhor forma de instituir políticas internas para melhorar os níveis de bem-estar dos animais abrigados, diminuir o tempo de manutenção e promover adoções monitoradas, a medicina de abrigos estimula a reflexão sobre a real necessidade de se construir um novo local. A maioria das pessoas entende a importância de fornecer cuidados de qualidade aos animais, mas não compreende todos os aspectos administrativos e de gestão envolvidos na organização e como a falta de procedimentos planejados das políticas internas e externas por meio das políticas públicas existentes no território podem impactar o abrigo, muitas vezes negativamente. Um projeto de tamanha proporção deve seguir um rigoroso processo de análise e estruturação, sempre apoiado em opiniões técnicas de especialistas da área. Caso isso não ocorra, a probabilidade de o abrigo ser apenas um depósito de animais poderá ser muito grande, propiciando baixos níveis de bem-estar animal e levando gestores e funcionários à exaustão mental. Uma alternativa à criação de um novo abrigo de animais é verificar se não existem programas de apoio ou de extensão que possam ser utilizados para atingir o objetivo junto à comunidade de forma mais imediata e assertiva. A título de exemplificação, podem ser feitas parcerias com programas humanitários em assistências sociais, programas de manejo populacional, de educação humanitária. Além desses, parcerias com hospitais veterinários e centros de reabilitação podem ser importantes para se atingir o objetivo proposto  7. De modo geral, a busca deve ser sempre por diminuir a taxa de abandono dos animais pela população por meio de políticas públicas eficientes e educar as pessoas sobre a tutela responsável e a valorização das diversas espécies animais.

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Medicina veterinária do coletivo Referências

01-INSTITUTO PET BRASIL. País tem 3,9 milhões de animais em condição de vulnerabilidade. Instituto Pet Brasil, 2019. Disponível em: <http://institutopetbrasil.com/ imprensa/pais-tem-39-milhoes-de-animais-emcondicao-de-vulnerabilidade/>. Acesso em 5 de maio de 2021. 02-WORLD ANIMAL PROTECTION. Manejo humanitário de cães. World Animal Protection, 2015. 40 p. Disponível em: <https://www. worldanimalprotection.org.br/sites/default/files/ media/br_files/manejo_humanitario_de_caes_ wap_portugues_pg2_alta.pdf>. Acesso em 24 de maio de 2021. 03-SOUZA, M. F. A. ; GARCIA, R. ; CALDERÓN, N. ; MAC GREGOR E. Bem-estar animal em abrigos de cães e gatos. Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, 2018. 19 p. Disponível em: <http://www.agrarias.ufpr.br/portal/mvc/wpcontent/uploads/sites/32/2018/07/Bem-Estarem-Abrigos-FNPA.pdf>. Acesso em 24 de maio de 2021. 04-BROWN, B. Starting a non-profit to help animals. Petfinder, 2021. Disponível em: <https://www.petfinder.com/animalshelters-and-rescues/starting-a-pet-adoptionorganization/starting-nonprofit-help-animals/>. Acesso em 14 de maio de 2021. 05-ROYAL SOCIETY FOR THE PREVENTION OF CRUELTY TO ANIMALS. Guidelines for the design and management of animal shelters. RSPCA, 2010. 17 p. Disponível em: <https:// caninerabiesblueprint.org/IMG/pdf/Link77_ AnimalShelters_RSPCA.pdf>. Acesso em: 30 maio 2021 06-INTERNATIONAL COMPANION ANIMAL MANEGEMENT COALITION. Guia para el manejo humanitario de poblaciones caninas. ICAM, 2019. 103 p. Disponível em: <https://www. icam-coalition.org/wp-content/uploads/2019/09/ ICAM-ManejoHumanitario-2020.06.21.pdf>. Acesso em 2 de maio de 2021. 07-AMERICAN SOCIETY FOR THE PREVENTION OF CRUELTY ANIMALS. Keys to a great shelter: a guide to starting and improving a humane organization. ASPCA, 2018. 276p. Disponível 22

em: <https://d17fnq9dkz9hgj.cloudfront.net/ uploads/2018/08/keys-to-a-great-shelter.pdf>. Acesso em 14 de maio de 2021. 08-ATAIDE Jr., V. Introdução ao direito animal brasileiro. Revista Brasileira de Direito Animal, v. 13, n. 3, p. 48-76, 2018. doi: 10.9771/ rbda.v13i3.28768. 09-STAVISKY, J. ; BRENNAN, M. L. ; DOWNES, M. J. ; DEAN, R. S. Opinions of UK rescue shelter and rehoming center workers on the problems facing their industry. Anthrozoös, v. 30, n. 3, p. 487-498, 2017. doi: 10.1080/08927936.2017.1326677. 10-GALDIOLI, L. ; FERRAZ, C. P. ; LIMA, L. C. F.  ; GARCIA, R. C. M. Medicina de abrigos - desafios e avanços no Brasil. Clínica Veterinária. Ano XXV, n. 144, p. 28-34, 2020. 11-GARCIA, R. C. M. Introdução à medicina de abrigos. In: GARCIA, R. C. M. ; CALDERÓN, N. ; BRANDESPIM, D. F. Medicina veterinária do coletivo: fundamentos e práticas. 1. ed. São Paulo: Integrativa, 2019. p. 274-286, 2019. ISBN: 978-65-80244-00-3. 12-INSTITUTO DE MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO. Medicina veterinária de abrigos. IMVC, 2021. Disponível em: <https://www. institutomvc.org.br/medicina-veterinaria-deabrigos/>. Acesso em 16 de maio de 2021. Lucas Galdioli MV, CRMV-PR: 16.773 Aluno de mestrado UFPR lucasgaldioli@ufpr.br Heloise Zavatieri Polato MV, CRMV-PR: 17.821 Consultora Técnica em Medicina de Abrigos UFPR heloise.polato@ufpr.br Larissa Rachel Wolf Bacharela em medicina veterinária Aluna de mestrado UFPR larissarwolf@hotmail.com Rita de Cassia Maria Garcia MV, CRMV-PR: 12.912 Profa. dra. UFPR ritamaria@ufpr.br

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LONGA E AMPLA PROTEÇÃO. AÇÃO CONTRA PULGAS, POR 12 SEMANAS, SARNA E VERMES.

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Medicina veterinária do coletivo

Cães de trabalho

Introdução O cão foi o primeiro animal a ser domesticado por seres humanos, especialmente por grupos de caçadores-coletores, entre 15 mil e 40 mil anos atrás, período em que o pesquisadores sugerem a divergência genética entre cães e lobos 1,2. A história da domesticação e da formação das raças de cães conta com muitas lacunas e com a mistura entre populações caninas e de lobos, que resultaram em aproximadamente 400 raças, com grande variação fenotípica, associadas à aptidão física e de aprendizado 2. Especula-se que a presença de lobos que viviam perto dos acampamentos contribuiu para que se aproximassem do homem, inclusive com a criação de filhotes de lobos e a seleção de canídeos selvagens tolerantes com os seres humanos 3. Devido ao olfato e à audição aguçados, tornaram-se importantes para a caça e também para a segurança, à medida que detectavam a presença de grandes felídeos, ursos e lobos 3. A partir desse início de domesticação, é possível ver os registros nas sociedades constituídas do uso de cães exercendo alguma função que facilitaria e/ou implementaria o trabalho do ser humano (Figura 1) 3, como mostram registros de 4.000 a.C., em que se observam cães selvagens com coleiras nas mãos de guerreiros egípcios investindo contra possíveis inimigos 4. De lá para cá, essa relação comensal entre homem e cão se mostrou cada vez mais eficaz, tornando-se o que é conhecido na cinotécnica como “binômio”, em que homem e cão se tornam um indivíduo para desempenhar a atribuição para a qual foram treinados, seja para a guarda e proteção, 24

Fernando Gonsales

O enriquecimento ambiental de cães utilizados pelos órgãos de segurança pública

Figura 1 – Os cães podem auxiliar os órgãos de segurança pública (policiais e militares) e atuar em atividades de caça, pastoreio, guarda e na assistência a pessoas com necessidades especiais

a detecção de substâncias, a busca, o resgate e a captura de pessoas e até a detecção de percevejos 5. O olfato do cão, caracterizado por sua alta capacidade de detecção e distinção de odores, permite-lhe ser capaz de detectar doenças, como a Covid-19, alguns tumores mamários 6,7, entre outras. Data de 1899 a primeira instalação destinada a treinamento de cães policiais (chamados K-9) para perseguição e ataque, sediada em Gante, na Bélgica 8. Tendo por base esse programa, em 1907 foi implementado em Nova York o primeiro centro de treinamento para cães dos Estados Unidos 8. Até os anos de 1940, cães de aproximadamente 30 raças foram utilizados extraoficialmente por agências de inteligência e corporações policiais militares de diferentes países 8. Em 1942, após exemplos bem-sucedidos do uso de K-9 du-

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rante a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, um centro de treinamento oficial para cães foi implementado pelos Estados Unidos, que se concentrou em sete raças: pastor-alemão, pastor-belga, doberman-pinscher, collie, husky-siberiano, malamute-do-alasca e cão-esquimó 8. Atualmente, há diversos centros de treinamento para cães de trabalho relacionados a órgãos de segurança pública, com variável efetivo especializado em ataque, detecção, busca e resgate ou mais funções combinadas, com aproximadamente 50 mil cães apenas nos Estados Unidos 9. Contudo, a intensa atividade de trabalho e o alojamento em canis individuais podem levar a comportamentos decorrentes de distresse e de quadros de estresse pós-traumático (posttraumatic stress disorder – PTSD), como vocalização excessiva, movimentos locomotores repetitivos, redução do apetite, posturas ambivalentes e comportamento de fuga ou esquiva, entre outros 10. Nesse sentido, o enriquecimento ambiental tem sido aplicado também ao efetivo de cães de trabalho de órgãos de segurança pública. Cães de trabalho versus enriquecimento ambiental O enriquecimento ambiental é uma área associada a zoológicos estudada há um século 11 para melhorar a qualidade de vida dos animais cativos e que se espalhou para os mais variados cenários, incluindo animais de laboratório, produção, companhia e traba-

Local do estudo

N e raças

lho 12. Para cães que estão em abrigos, o uso de estratégias de enriquecimento ambiental, como a realização de condicionamento operante positivo aliado à oferta de brinquedos e alimento como reforço, pode levar à redução de comportamentos indesejáveis, aumentando o bem-estar e o sucesso na adoção 13. O enriquecimento ambiental é um processo dinâmico no qual mudanças na estrutura e implementações de práticas de manejo 14, juntamente com estratégias temporais, físicas, sociais e sensoriais, visam oferecer uma série de estímulos que possam aumentar o conforto e a capacidade de adaptação tanto fisiológica quanto mental do animal ao seu ambiente 15. Dessa forma, apesar da percepção inicial de que estratégias de enriquecimento ambiental pudessem reduzir a motivação para o trabalho, diversos estudos têm demonstrado o oposto 16 (Figura 1). Até o momento, poucos estudos foram realizados para avaliar o impacto do enriquecimento ambiental no estresse crônico de cães de trabalho de órgãos de segurança pública (Figura 2). Em um desses estudos, realizado no Reino Unido, 22 cães da Royal Air Force Police Dog foram analisados quanto a 11 atributos associados à capacidade de trabalho após receberem enriquecimento alimentar ou atenção como recompensa por 4 meses. Como resultado, observou-se que o enriquecimento alimentar empregado corretamente pode aumentar significativamente a capacidade de aprendizado 16.

Resultados

Referência

Reino Unido: Royal Air Force 22 cães: Police Dog pastor-alemão e pastor-belga

O enriquecimento alimentar pode aumentar a capacidade de aprendizado.

14

Portugal: Grupo de Intervenção 6 cães jovens: Cinotécnico da Guarda Nacio- pastor-alemão nal Republicana

Cães submetidos ao enriquecimento ambiental na fase de socialização apresentaram níveis mais baixos de cortisol perante obstáculos.

15

Portugal: Grupo de Intervenção 20 cães: Cinotécnico da Guarda Nacio- pastor-alemão nal Republicana

Cães submetidos ao uso de coleira que libera feromônios apresentaram menores níveis de cortisol.

16

Figura 2 – Estudos sobre enriquecimento ambiental para cães utilizados por órgãos de segurança pública no Reino Unido e em Portugal Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 153, julho/agosto, 2021

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Medicina veterinária do coletivo Em um estudo realizado em Portugal, seis cães jovens do Grupo de Intervenção Cinotécnico da Guarda Nacional Republicana (GIC/ GNR) foram submetidos ao protocolo habitual de socialização e a práticas de enriquecimento ambiental em um parque com tipos diferentes de piso, cores e obstáculos, com medição de cortisol perante diferentes estímulos 17. Os cães submetidos ao enriquecimento ambiental apresentaram níveis mais baixos de cortisol quando submetidos a obstáculos, sugerindo os benefícios dessas práticas para a socialização de cães policiais 17. Ainda em Portugal, 20 cães do GIC/GNR foram avaliados quanto aos níveis de cortisol após práticas de enriquecimento ambiental (osso para roer), associadas ou não ao emprego da coleira DAP (dog appeasing pheromone, DAP®), que libera feromônios calmantes 18. Segundo o estudo, o uso da coleira reduziu os níveis de cortisol nos cães estudados, sendo necessário ampliar o número e o tipo de aptidão dos animais para maiores conclusões 18. Um estudo realizado no Brasil com 13 cães farejadores do Canil da Polícia Militar do Estado de São Paulo teve por objetivo analisar o nível de cortisol salivar durante atividades e repouso 19. Como resultado, houve diferença significativa nos níveis de cortisol salivar no período da tarde, entre o descanso e as atividades de trabalho, em que os momentos de repouso pareceram mais estressantes que os períodos de trabalho para aqueles animais 19. O estudo sugeriu que o período de descanso seja adaptado com alternativas para o enriquecimento ambiental, como atividades recreativas, de interação com adestradores e simulações de situações de trabalho, reduzindo o período ocioso nos canis 19. Vale ressaltar que, além da dosagem de cortisol, a medição do grau de assimetria cerebral funcional tem sido utilizada como método não invasivo e alternativo para análise de estresse crônico 20. Um estudo avaliou a assimetria cerebral funcional em quatro grupos de cães de diferentes condições ambientais: cães de rua 26

mantidos em um abrigo com enriquecimento ambiental; cães de rua que foram adotados havia mais de um ano; cães de rua mantidos em canis individuais por mais de seis meses; cães de rua que estavam em um abrigo havia mais de 30 dias 20. O estudo relacionou a lateralidade cerebral e o estresse crônico no grupo de animais mantidos em canis individuais havia mais de seis meses e naquele mantido em abrigos havia mais de 30 dias sem enriquecimento ambiental, o que pode gerar alterações de comportamento como medo, agressividade e baixa sociabilidade 20. Considerações finais A atividade intensa de trabalho de cães da área de segurança pública, associada a períodos ociosos em canis, parece levá-los ao distresse, com consequente queda no desempenho e na qualidade de vida dos animais. Diversos estudos têm sugerido queda nos níveis de cortisol e melhora do desempenho de animais que recebem enriquecimentos ambientais e comportamentais. A parceria entre as entidades de pesquisa e os órgãos de segurança pública – mais especificamente as unidades de operações com cães – parece necessária para o desenvolvimento de mais estudos específicos, resultando em subsídios técnicos para a melhora do desempenho e da qualidade de vida desses cães. Referências

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Indivíduos com comportamento de acumulação e a Saúde Única

Um desafio multissetorial e uma abordagem multidisciplinar

Introdução Desde 2013, o transtorno de acumulação de objetos e/ou animais está classificado no DSM-5 – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 5. ed. (Porto Alegre: Artmed, 2014), apresentando uma prevalência de aproximadamente 2% da população mundial  1,2. Conforme a definição do DSM-5, esse transtorno se caracteriza por dificuldade e sofrimento em descartar itens prescindíveis ou para os quais não há espaço e condições domésticas disponíveis – que podem inclusive consistir em animais –, afetando o funcionamento global da vida dos indivíduos  1,3. Acredita-se que fatores individuais, como genéticos, neurocognitivos, de personalidade e eventos traumáticos, podem estar associados ao desenvolvimento do transtorno de acumulação, bem como fatores demográficos como sexo, idade e condições socioeconômicas  4. Nesse contexto, os indivíduos com transtorno de acumulação podem perder o apoio e o vínculo dos familiares  1, intensificando o comportamento antissocial e, consequentemente, o isolamento, o que aumenta o apego aos objetos e animais envolvidos. Portanto, qualquer ação referente à retirada desses objetos e/ou animais da tutela desse indivíduo pode causar grande desconforto emocional  5. Assim, a correta identificação de indivíduos com comportamento de acumulação, com ou 30

sem o diagnóstico clínico definitivo de transtorno de acumulação, deve propiciar o conhecimento e o atendimento às necessidades imediatas daqueles indivíduos, dos possíveis animais envolvidos e do ambiente em que vivem, buscando estabelecer o vínculo para acompanhamento e tratamento a longo prazo 6. Devido ao prejuízo social, sanitário e ambiental, a acumulação compulsiva de objetos e/ou animais representa um desafio multissetorial, pois é necessário que a abordagem compreenda todos os aspectos da Saúde Única. Este artigo visa chamar novamente a atenção para essa questão que há muito vem sendo abordada na medicina veterinária do coletivo  7,8. Indivíduos com comportamento de acumulação e a abordagem em Saúde Única Casos de acumulação compulsiva podem colocar em risco os três pilares indissociáveis da Saúde Única: humana (saúde do indivíduo com comportamento de acumulação), animal (dos animais envolvidos direta ou indiretamente) e ambiental (do ambiente doméstico e da comunidade) 6 (Figura 1). Quanto à saúde humana, indivíduos com comportamento de acumulação podem apresentar com maior frequência doenças crônicas como artrite, hipertensão, obesidade e moléstias autoimunes, quando comparados

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Saúde humana (do indivíduo com comportamento de acumulação)

- Doenças crônicas, como hipertensão e obesidade 9; - transtornos mentais, como depressão e ansiedade 10; - transtornos de uso de álcool e tabaco 10; - zoonoses: status imunológico versus condições higiênico-sanitárias 11; - queimaduras, traumas e morte devido ao risco de incêndios e desabamento 12; - abandono familiar e isolamento social 1,5.

Saúde dos animais

- Situação favorável à circulação de patógenos e ectoparasitas 11,12,15; - bem-estar dos animais comprometidos 11,12,15.

Saúde ambiental

- Acúmulo de matéria orgânica e proliferação de fauna sinantrópica 2,15; - poluição sonora e visual 15.

Figura 1 – Casos de acumulação compulsiva podem colocar em risco os três pilares indissociáveis da Saúde Única

A saúde ambiental pode ser comprometida pelo acúmulo de objetos, matéria orgânica e superlotação de animais, condições favoráveis à proliferação de fauna sinantrópica (Figura 2), além da poluição sonora de latidos contínuos  15. No caso de um grande número de gatos, esses animais, mesmo quando domesticados, tendem a expressar seus comportamentos naturais, percorrendo a vizinhança e afastando-se até três quilômetros de sua residência em uma única noite  16; e, por serem exímios caçadores, devastam a fauna da região, como pássaros, lagartos, anfíbios e pequenos mamíferos que compõem a fauna nativa  17, além de serem hospedeiros de inúmeras zoonoses.

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aos familiares 9. Ainda segundo esse estudo, os idosos com comportamento de acumulação parecem ser menos assistidos, pois procuraram com menor frequência os serviços de saúde 9. Os indivíduos com comportamento de acumulação podem estar mais predispostos a outros transtornos mentais como depressão e ansiedade  1, além do uso de álcool e tabaco  10. Além disso, há o risco de zoonoses, devido ao seu status imunológico e a condições higiênico-sanitárias  11. Podem ocorrer incêndios e desabamento pelo acúmulo de objetos e a obstrução de saídas, com risco de queimaduras, traumas e morte  12. Além disso, o abandono familiar e o isolamento social são frequentes entre esses indivíduos 6. Quanto à saúde animal, os animais de indivíduos com comportamento de acumulação não recebem cuidados nutricionais, sanitários e veterinários mínimos, situação favorável à circulação e proliferação de patógenos e ectoparasitas e ao comprometimento de seu bem-estar geral  11. Podem apresentar inúmeras doenças e condições clínicas como infecções do trato respiratório, doenças gastrintestinais, infectocontagiosas e crônicas, diarreia, verminoses, ectoparasitas e desnutrição, entre outras  3, além de não desfrutarem de espaço suficiente para desempenhar o comportamento natural da espécie  13, o que pode levar ao estresse crônico e prejudicar consideravelmente sua qualidade de vida. Tendo tudo isso em vista, atualmente se classificam essas situações como maus-tratos aos animais  14.

Figura 2 – A situação de acumulação pode criar ambientes favoráveis à multiplicação de vetores de doenças e animais sinantrópicos

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O médico-veterinário e os indivíduos com comportamento de acumulação Muitas vezes o médico-veterinário assume a frente no trabalho com os indivíduos com comportamento de acumulação, pois sua grade de formação inclui disciplinas que abordam os conceitos de Saúde Única  23. O médico-ve32

terinário pode conseguir estabelecer um vínculo de confiança com essas pessoas e reduzir os riscos da situação, visando o manejo da população de cães e gatos envolvida e o seu bem-estar. A esterilização dos animais é uma das principais estratégias no manejo dessa população, evitando que ela aumente e algumas vezes propiciando a adoção de alguns membros  24. Porém, ainda é necessária uma abordagem que contemple a condição psicossocial do indivíduo e as precárias condições ambientais, o que requer o auxílio de outros profissionais, como assistentes sociais, médicos e psicólogos. A abordagem de um caso de indivíduo com comportamento de acumulação é mais eficaz quando ocorre de forma multidisciplinar e a pessoa é assistida pelo Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf)  25,26. A acumulação tem caráter crônico, sendo necessários anos para a situação chegar ao ponto de causar desconforto à vizinhança que aciona o poder público (Figura 3); quando isso acontece, a população exige que o problema seja resolvido rapidamente. Porém, quando a retirada de objetos e animais é abrupta e isolada, na maioria ou mesmo na totalidade dos

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O contato íntimo e as zoonoses O cenário atual da pandemia pelo vírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), a Covid-19, cujos estudos apontam ter-se iniciado como uma zoonose  18, e os dados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) – que apontam que 60% das doenças infecciosas conhecidas atualmente têm um caráter zoonótico, e mais de 75% das doenças emergentes têm origem em animais – alertam que o contato próximo com animais pode gerar nos patógenos o conceito de spillover – quando um patógeno que somente acometia uma espécie se adapta por meio de mutações e passa a causar doença em outras espécies  19. Nesse contexto, o cenário de acumulação de animais se torna um ambiente totalmente propício para que aconteça o spillover de algum patógeno pelas seguintes razões: a condição de estresse prolongado a que estão sujeitos os animais e os indivíduos com comportamento de acumulação; o déficit alimentar que geralmente enfrentam por falta de recursos financeiros; e o contato íntimo que esses indivíduos têm com seus animais; a soma dessas três circunstâncias acaba por diminuir a capacidade do sistema imune de lidar com os possíveis patógenos 20, podendo levar à ocorrência de mutações que permitem que eles causem doenças e infectem várias espécies. Apesar dos riscos a que estão sujeitos os indivíduos e do grande número de animais envolvidos, alguns estudos realizados no município de Curitiba, PR, demonstraram que a frequência de anticorpos para leptospirose e toxoplasmose nos indivíduos com comportamento de acumulação e em seus animais é menor que a de anticorpos na população geral  21,22.

Figura 3 – A poluição sonora e o odor desagradável podem causar desconforto à sociedade, a ponto de ela procurar o poder público

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casos ocorre recidiva 27, e em pouco tempo o problema retorna ao mesmo cenário, quando não piora, necessitando de acompanhamento durante anos para resolver ou minimizar a situação. Considerações finais Cada indivíduo que sofre do transtorno de acumulação tem um perfil específico e requer uma estratégia especializada e individualizada, o que dificulta a padronização de ações por meio do poder público, visto que apenas a aplicação de multas muitas vezes não é suficiente para resolver a questão. Por isso, é necessária uma equipe multidisciplinar composta por vários setores do poder público, como, por exemplo, bombeiros, médicos-veterinários, assistentes sociais, enfermeiros, médicos, agentes comunitários de saúde, agentes de combate a endemias, fiscais sanitários e fiscais do meio ambiente; a soma dessas diversas áreas de conhecimento contribuirá para a formulação de um plano de ação que aborde a situação do indivíduo com comportamento de acumulação e dê continuidade à assistência, a fim de reduzir os riscos e evitar que ele volte a acumular. Com isso, será possível englobar toda a tríade da Saúde Única e fazer um trabalho que atenda tanto ao indivíduo como aos animais, ao meio ambiente e à comunidade.

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responses to help people, animals and communities at risk. Hoarding of Animals Research Consortium, 2006. p. 50. João Henrique Farinhas MV, CRMV-PR: 18.296 Residente – UFPR joaofarinhas@ufpr.br Raphael Rolim de Moura Biólogo, CRBio–PR 66032/07, MSc, Aluno de doutorado PPPCVUFPR biologorolim@gmail.com Louise Bach Kmetiuk MV, CRMV-PR: 14.332 MSc., dra., aluna de pós-doutorado PPG/UFMG louisebachk@gmail.com Graziela Ribeiro da Cunha MV, CRMV-PR: 9.829 MSc., dra., profa. Universidade Positivo graziribeiro.vet@gmail.com Alexander Welker Biondo MV, CRMV-PR: 6.203 MSc., prof. dr. associado UFPR abiondo@ufpr.br

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Medicina veterinária do coletivo

Cães detectores de doenças

Uma alternativa diagnóstica para a triagem de infecção por SARS-CoV-2

Introdução A pandemia da Covid-19 (Coronavirus disease) pelo Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-CoV-2) tem sido um dos maiores desafios de saúde pública enfrentados neste século 1. Com ampla distribuição na América Latina, principalmente no Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia de Covid-19, o real número de mortes pela doença torna esse cenário ainda mais desafiador 2. O SARS-CoV-2 é um vírus pertencente à ordem Nidovirales, família Coronaviridae, gênero Betacoronavirus, subgênero Sarbecovirus 3. Trata-se de um vírus envelopado, constituído com genoma de RNA (ácido ribonucleico), fita simples, não segmentado e de polaridade positiva 3. O SARS-CoV-2 foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019 como agente causador de um surto de pneumonia em Wuhan, na China 4, quando se registrou uma associação entre os primeiros casos e um mercado local que vendia animais vivos onde a maior parte dos infectados havia trabalhado ou frequentava o local 5,6,7. A disseminação do SARS-CoV-2 foi rápida, resultando em uma epidemia, e sua principal forma de transmissão passou a ser de pessoa para pessoa, por via respiratória ou após tocar em superfícies contaminadas e em seguida nos olhos, nariz ou boca 5, sendo em março classificada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) 8. Com a pandemia da Covid-19 surgiram importantes corridas de pesquisa para terapias eficazes e vacinas; entretanto, a triagem precisa e rápida de indivíduos potencialmente infectados, sintomáticos ou assintomáticos, compreende uma terceira necessidade e de38

tém papel fundamental no retardo e na limitação da propagação da doença 9. A maioria dos testes diagnósticos de Covid-19 envolvem amostra de secreção de nasofaringe e/ ou orofaringe em swab para detecção molecular do SARS-CoV-2 pela transcrição reversa, seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-qPCR), considerada padrão-ouro e método de referência para o diagnóstico laboratorial, com alta especificidade 9,10. Em relação às desvantagens do método RT-qPCR, destacam-se o desconforto físico envolvido durante a coleta de swab, a exposição para quem realiza a coleta, o alto custo e a tecnologia envolvida, além do tempo hábil para o resultado 11. O uso de cães farejadores tem se mostrado eficiente para a detecção de diversas doenças crônicas e infecciosas 12, e pode representar um método alternativo para a triagem de indivíduos infectados com SARS-CoV-2 (Figura 1). Os cães e a detecção de compostos orgânicos voláteis (COVs) O sentido do olfato está relacionado à capacidade de as células perceberem compostos orgânicos voláteis (COVs) 12, substâncias que têm carbono na composição e se volatilizam em condições normais de temperatura e pressão 13. O epitélio olfativo, responsável pela detecção de odores e relacionado ao sentido mais desenvolvido nos cães, detecta de 10 mil a 100 mil vezes mais odores que o da espécie humana 14. O sentido do olfato avançado e a capacidade de aprender por condicionamento são responsáveis pelo fato de os cães serem

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utilizados na detecção de doenças e outros tipos de problemas de saúde em seres humanos 12,15. COVs são produtos metabólicos produzidos em todos os tecidos de forma simultânea em milhões de células e liberados no meio extracelular e no ambiente por meio de respiração, sangue, saliva, urina, fezes e pele 16. Sabe-se que alelos específicos do sistema antígeno leucocitário estão relacionados à produção de COVs selecionados e que isso leva a uma “impressão digital” de odor específico da célula 17. Diversos estudos vêm demonstrando que os padrões de COV podem ser específicos para doenças infecciosas e não infecciosas, como asma, fibrose cística, diabetes, tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crônica, síndrome do intestino irritável e uma variedade de neoplasias que podem ser detectadas por cães farejadores 18. Um estudo recente com cães da raça beagle treinados mostrou a capacidade de esses animais diferenciarem o odor do soro de pacientes com câncer de pulmão do de pacientes sem a neoplasia 19.

Fernando Gonsales

Figura 1 – O uso de cães farejadores vem se mostrando eficiente para a detecção de diversas doenças crônicas e infecciosas, e pode representar um método alternativo para a triagem de indivíduos infectados com SARS-CoV-2

Diversos estudos sobre odores que acompanham as infecções virais evidenciam que COVs distintos são produzidos por infecções com vírus diferentes 20. A título de exemplo, os padrões de COVs gerados em resposta à infecção em células linfoblastoides B foram considerados únicos para os vírus da influenza: H9N2 (aviário), H6N2 (aviário) e H1N1 (humano) 21. Cães da raça labrador aprenderam e detectaram qual era o COV associado a um vírus em tempo real 22. Os animais foram capazes de diferenciar culturas de células infectadas com vírus alvo das culturas de outros vírus, com sensibilidade de ~ 96% e especificidade de ~ 98% 22. Relatos sobre o uso da capacidade olfativa canina para detecção de Covid-19 e sua aplicabilidade O mecanismo de entrada do SARS-CoV-2 em células do trato respiratório inferior ocorre principalmente pela sua proteína S, que se liga aos receptores humanos ACE II dessas células, induzindo a endocitose 23. Com um receptor de entrada viral diferente do da influenza ou rinovírus, acredita-se que o SARS-CoV-2 possa gerar COVs específicos e assim ser diferenciado de outros vírus 17,18, evidenciando que a detecção de COV específico para SARS-CoV-2 em secreções corporais pode ser uma alternativa diagnóstica 12 (Figura 2). Um estudo realizado na França e no Líbano presumiu que indivíduos com Covid-19 têm um odor de suor nas axilas distinto do de indivíduos não infectados, podendo ser diferenciado por cães 24. Foram selecionados inicialmente 18 cães, sendo 16 da raça pastor-belga-malinois, um pastor-alemão e um jack-russell-terrier, dos quais somente 8 foram capazes de se adaptar adequadamente e completar o teste 24. Os cães deveriam farejar amostras diferentes por um cone de olfato e sentar-se diante da amostra positiva 24. Foram coletadas um total de 198 amostras de diferentes hospitais, sendo 101 de pacientes com Covid-19 e 97 do grupo de controle 24. Ao todo, foram realizadas 368 tentativas; os cães

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Medicina veterinária do coletivo treinados foram capazes de detectar amostras positivas entre 83% e 100% 24. Durante o estudo, 2 amostras negativas foram detectadas como positivas pelos cães, levando os pesquisadores ao reteste desses pacientes, com resultados moleculares positivos para SARS-CoV-2 24. Em pesquisa realizada na Alemanha, foram coletadas amostras de 7 pacientes hospitalizados pela Covid-19, além de outros 7 indivíduos do grupo de controle 25, com treinamento semanal de 8 cães farejadores 25. A apresentação de 1.012 amostras aos cães resultou em sensibilidade de 94% e especificidade entre 82,63% e 96,35% 25. Esses resultados sugerem que os cães podem ser treinados em um curto período de tempo para detectar pacientes infectados com Covid-19 25,26,27. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia analisaram se os cães são capazes de discriminar amostras de urina e saliva infectadas pelo SARS-CoV-2 daquelas com o vírus inativado por detergentes ou temperatura 28. Treinaram 10 cães, sendo 9 da raça labrador e 1 pastor-belga-malinois 28. As amostras de

saliva e urina foram coletadas de crianças e adultos infectados por SARS-CoV-2 em diferentes hospitais 28. Os testes envolvendo amostras inativadas com detergente apresentaram sensibilidade de 71% e 99% de especificidade. Nos testes envolvendo inativação térmica, a sensibilidade foi de 71% e 98% de especificidade, sugerindo que os cães têm capacidade de discriminar com sucesso amostras de urina e saliva infectadas de outras com o vírus inativado, independentemente do protocolo de inativação 28. No Irã, um estudo sugeriu que os cães podem ser treinados para identificar casos de Covid-19 em secreções faríngeas dos infectados 29. Recrutaram-se para o treinamento 6 cães de distintas raças e colheram-se amostras de secreção faríngea de pacientes internados em unidades de tratamento intensivo (UTIs) infectados com SARS-CoV-2. Também se utilizaram máscaras e vestimentas dos pacientes com Covid-19 29. Os cães foram capazes de identificar amostras positivas entre todos os tipos de amostras, com especificidade de 92% 29.

Local

Cães

Tipo de amostra

Resultado

França e Líbano

6 cães: 3 cães detec- Suor de 177 indivíduos infectores de explosivos, tados e não infectados por 1 cão de busca e SARS-CoV-2 resgate e 2 cães detectores de câncer de cólon

Os cães foram capazes de diferenciar amostras de suor de indivíduos infecta-dos e não infectados por SARS-CoV-2

24

Alemanha

8 cães treinados por uma semana

Saliva e secreções traqueobrônquicas de indivíduos infectados e não infectados por SARS-CoV-2

Sensibilidade de 82,63% e especificidade de 96,35% em discriminar amostras de saliva e secreção traqueobrônquica de indivíduos infectados e não infectados por SARS-CoV-2

25

EUA

9 cães labrador e 1 pastor-belga-malinois

Amostras de urina e saliva infectadas por SARS-CoV-2, inativadas ou não com detergentes ou por meio de calor

Os cães foram capazes de diferenciar amostras de urina e saliva infectadas por SARS-CoV-2 daquelas cujo vírus fora inativado por detergentes ou por meio de calor

28

Irã

6 cães de diferentes Amostras de secreção farín- Os cães foram capazes de identificar raças gea de pacientes internados amostras positivas entre todos os tipos em UTI, além de máscaras coletados com especificidade de 92% e vestimentas dos pacientes com Covid-19

29

Figura 2 – Estudos publicados até o momento sobre cães farejadores de SARS-CoV-2 40

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Referência


Estudos semelhantes estão sendo feitos em vários países. Na Colômbia, uma pesquisa aplicou esse método em indivíduos assintomáticos, pré-sintomáticos ou sintomáticos, como alternativa para triagem 30. Esse trabalho sugeriu que qualquer cão de raça ou mestiço pode ser treinado para realizar a detecção precoce de indivíduos infectados por SARS-CoV-2, o que possibilita a implementação desse método em aeroportos, estádios, hospitais e indústrias 30. No Reino Unido, alguns estudos em desenvolvimento com 300 participantes assintomáticos e levemente sintomáticos visam o uso de cães de biodetecção para limitar a disseminação de Covid-19 entre viajantes em pontos de entrada 31. O combate à pandemia de Covid-19 se reflete no equilíbrio entre medidas que visam a saúde e perdas econômicas 32. A adoção de medidas de bloqueio demonstrou ser eficaz para reduzir as taxas de transmissão, porém gera impacto econômico 33. Nesse contexto, as populações vulneráveis enfrentam um risco maior de ser infectadas pelo SARS-CoV-2, relacionado à sua condição social 32,33. A testagem em massa vem sendo sugerida por vários especialistas como um bom meio de triar, detectar e isolar casos, enquanto o mundo aguarda a vacinação em larga escala e a imunidade de rebanho 28,34. Entretanto, o teste padrão-ouro para o diagnóstico da infecção por SARS-CoV-2 apresenta o custo, a necessidade de equipamentos e o tempo para o resultado como as principais limitações 9. Uma alternativa seria o uso de cães farejadores para a detecção de compostos orgânicos voláteis (COVs) resultantes da infecção por SARS-CoV-2 28. Alguns pontos vêm sendo considerados sobre essa alternativa diagnóstica, um dos quais é o risco de os cães se infectarem durante o rastreamento e se tornarem fonte de infecção 26,27,34. Apesar dessa preocupação, alguns estudos já sugerem que, diferentemente dos gatos, os cães apresentam baixa suscetibilidade ao vírus 36. Assim, não há por enquanto nenhuma evidência de que cães infectados

por SARS-CoV-2 sejam uma fonte de infecção para outros cães ou indivíduos 34,36,37,39,40. Outros fatores podem afetar o desempenho dos cães como detectores de SARS-CoV-2 41, como o tamanho da amostra e o uso de amostras similares durante o treinamento e no ensaio, gerando efeitos ordenados, como os cães se lembrarem dos odores dos indivíduos infectados e não propriamente do odor associado ao vírus 9. Considerações finais Os cães farejadores vêm sendo considerados como uma alternativa para a detecção de diversas doenças crônicas e infecciosas, e podem ser utilizados para a triagem de indivíduos assintomáticos e sintomáticos infectados com SARS-CoV-2, de forma pouco invasiva, eficiente, com rápido resultado e de baixo custo, principalmente em locais públicos e de grande circulação, como aeroportos, estádios e indústrias. Referências

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Medicina veterinária do coletivo

Maus-tratos – uma análise do conhecimento da população sobre a identificação de casos e legislação

Melhorar a compreensão a respeito de maus-tratos e de como a população de maneira geral lida com essas situações é fundamental para que se possam criar e implementar políticas públicas. As leis relacionadas com o assunto não são devidamente conhecidas pela população geral, e diversas vezes a ignorância é usada como justificativa de ações de maus-tratos. É necessário mudar os fundamentos sociais para evitar a ocorrência desses casos, e a melhor forma de fazer isso é diminuir a ignorância e educar o povo brasileiro, para que as próximas gerações saibam como lutar pelos direitos dos animais e denunciar esses crimes. Muitas pessoas sentem que são capazes de identificar um caso de maus-tratos e que é dever da sociedade denunciá-lo, mas mesmo assim a maioria dos casos não chega às autoridades responsáveis. O objetivo deste trabalho foi determinar o conhecimento da população sobre o tema e as formas de denúncia. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013, 44,3% dos domicílios do país (28,9 milhões) tinham pelo menos um cachorro e 17,7% dos domicílios do país (11,5 milhões) tinham ao menos um gato 1. Os registros de denúncias de maus-tratos a cães e gatos aumentaram 81,5% em São Paulo no primeiro semestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019 2. A população costumeiramente se 46

mostra revoltada perante uma situação de crime contra um animal; diante de tal circunstância, muitas vezes se manifesta a intenção de fazer justiça com as próprias mãos, até pelo desconhecimento a respeito das leis e dos meios de denúncia. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a violência é definida como o uso intencional de força ou poder, por meio de ameaça ou literalmente contra a própria pessoa, outra pessoa, um grupo ou uma comunidade, que resulta, ou tem altas chances de resultar em prejuízo do desenvolvimento, dano psicológico, privação ou morte 3. A definição da OMS associa a intenção de cometer o ato, independentemente do resultado obtido. Atualmente, o acesso à informação pode ser obtido por celular; entretanto, em momentos críticos esse meio pode deixar de ser fácil e instrutivo, sendo importante o entendimento das leis e dos meios de denúncia. No Brasil, a denúncia contra casos de abuso animal é ressalvada pelo Artigo 32 da Lei nº 9.605/98 4 e pela Constituição de 1988 5. Foi feita uma pesquisa com 174 pessoas para compreender o nível de conhecimento que tinham sobre a legislação e as formas de queixa, tendo enfoque na Lei no 9.605/98 (instituída para que aqueles que lesem a fauna e a flora sejam punidos com sanções penais e administrativas derivadas de sua conduta) e nos seus meios de denúncia, a seguir:

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- Polícia Militar:190; - Disque Denúncia:181; - Ibama (no caso de animais silvestres) – Linha Verde: 0800 61 8080; www.ibama.gov. br/denuncias; - Ministério Público Federal: http://www.mpf. mp.br/servicos/sac; - Safer Net (crimes de crueldade ou apologia aos maus-tratos na internet): www.safernet. org.br. A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2021, com o objetivo de estimar o conhecimento da população sobre a legislação brasileira contra maus-tratos e abuso animal. Para isso foi empregado um formulário na plataforma Google Forms, com foco na população geral. O questionário contou com nove perguntas que pesquisavam os conhecimentos sobre a Lei nº 9.605/98, entre as quais: se haviam presenciado casos de maus-tratos; se esse caso foi denunciado para as autoridades responsáveis; assim como se eles se sentiam capazes de identificar um caso de maus-tratos, de quem seria a responsabilidade de denunciar esses casos; e se conheciam os meios de denúncia para casos de agressão e maus-tratos a animais. Para a realização do estudo foram averiguados 174 questionários. Os questionários foram respondidos por pessoas de diferentes faixas etárias: abaixo de 20 anos (13,8%); de 20 a 30 anos (26,4%); de 31 a 40 anos (13,2%); de 41 a 50 anos (24,7%); de 51 a 60 anos (19%); acima de 60 anos (2,9%). Com relação ao grau de escolaridade, os participantes se dividiram nas categorias: ensino médio incompleto (8,6%); ensino médio completo (9,8%); ensino superior incompleto (24,7%); ensino superior completo (30,5%); pós-graduação (24,1%); mestrado (1,7%); doutorado (0,6%). Quanto ao gênero, os participantes representaram: feminino (54,6%) e masculino (45,4%). Quanto às regiões, as respostas se dividiram em: Região Sudeste (90,2%), Região Centro-Oeste (5,2%), Região Nordeste (2,9%), Região Sul (1,1%) e Região Norte (0,6%). Em relação ao conhecimento da população

Figura 1 – Conhecimento dos entrevistados a respeito da Lei nº 9.605/09

a respeito da Lei nº 9.605/98, 62,1% responderam que não a conheciam, enquanto 37,9% responderam que estavam familiarizados com ela (Figura 1). Os cidadãos que conheciam a lei foram questionados sobre a obtenção desse conhecimento: 1,3% disseram ter obtido essa informação em palestras e congressos; 10,5%, na graduação; 51,3%, na internet ou em redes sociais; 11,8%, em livros, revistas ou artigos; e 25% não se recordavam de onde obtiveram esse conhecimento. Quanto a já terem presenciado alguma ocorrência de maus-tratos, 38,5% já tinham presenciado um caso, e 61,5% negaram tê-lo feito. Para a parcela dos entrevistados que afirmaram ter presenciado uma ocorrência de maus-tratos foi feita uma pergunta sobre a denúncia de tal caso; 25,5% dos respondentes disseram ter feito a denúncia, ao passo que 74,5% negaram ter denunciado. Quanto a se sentirem capazes de identificar um caso de maus-tratos, 96,6% afirmaram ter essa capacidade, e 3,4% negaram. Para a pergunta sobre de quem é a responsabilida-

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Medicina veterinária do coletivo de de identificar um caso de crueldade animal, 93,7% disseram ser responsabilidade da sociedade, e 6,3% manifestaram que a responsabilidade é dos médicos-veterinários. Quando questionados se a responsabilidade deveria ser apenas do médico-veterinário, 98,9% apontaram que não; no entanto, 1,1% reiteraram que a responsabilidade é apenas dos médicos-veterinários. Em relação a se conheciam os meios de denúncia para agressões contra animais, 44,8% afirmaram conhecer, enquanto 55,2% negaram ter esse conhecimento (Figura 2). Notou-se que a grande maioria dos entrevistados desconhecia a Lei nº 9.605/98, incluindo aqueles com alto grau de escolaridade, uma vez que não sabiam o que deve ser feito ao presenciar maus-tratos. A divulgação insuficiente e o consequente desconhecimento dessa lei acaba por impedir que as pessoas denunciem casos de maus-tratos, visto que nela consta a definição desse crime, além dos tipos de pena que o infrator pode sofrer e como denunciar 4. Apesar de mais de 96% dos entrevistados relatar que se sente capaz de identificar uma situação de crueldade, boa parte não conhece os meios de denúncia. Isso, atrelado ao número de pessoas que presenciaram casos mas não os denunciaram, chama a atenção para a necessidade de divulgar essa lei. O desconhecimento da população do real significado de maus-tratos também precisa ser destacado. Muitos acreditam que se resume apenas a bater em um animal ou machucá-lo fisicamente. No entanto, a caracterização de maus-tratos inclui o abandono, a prisão em espaço incompatível ao porte do animal ou em local sem iluminação e ventilação, e o manejo em locais sem higiene e limpeza adequados 6. Não apenas animais domésticos sofrem abuso, mas também animais silvestres e exóticos – que muitas vezes são contrabandeados –, além dos animais de produção. Como muitos desconhecem esses fatos, identificar essas situações com clareza e denunciá-las acaba sendo muito difícil. 48

Figura 2 – Conhecimento dos entrevistados a respeito dos meios de denúncia

O nível de educação que mais conhece a legislação é o de pessoas com ensino superior completo (36,5%), entre 20 e 30 anos (33,5%) e que se identificam como do gênero feminino (56,1%). O interesse na lei pelos jovens pode estar relacionado ao crescimento do ativismo em defesa dos animais 7. A maior parte dos entrevistados (62,1%) não se julgava familiarizada com a lei; entretanto, uma grande parcela (96,6%) se sentia capaz de identificar ocorrências de maus-tratos. Entre aqueles que afirmaram ter presenciado um caso de abuso animal (38,5%), apenas a minoria (25,5%) o denunciou às autoridades apropriadas. A baixa taxa de casos denunciados é semelhante à dos dados encontrados em 2019 2. O conceito de maus-tratos abrange muito mais do que é de conhecimento geral, e isso reforça a necessidade de maior divulgação da Lei nº 9.605/98. A internet pode permitir uma divulgação melhor, uma vez que hoje é a maior fonte de informação do mundo, além de uma forma mais rápida e fácil. Ela foi a principal fonte dos 51,3% dos indivíduos que tinham conhecimento dessa lei. A utilização da internet pode permitir que se conscientizem

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mais pessoas a respeito dos maus-tratos, de como identificá-los e denunciá-los, além de contribuir para sua diminuição, garantindo maior proteção e bem-estar animal. A denúncia de casos de maus-tratos é essencial. A pesquisa demonstrou que a maioria das ocorrências presenciadas pela população brasileira não é denunciada às autoridades, o que impede que os criminosos sejam processados e punidos como dita a lei. Sugere-se a educação também dos servidores públicos, para que, junto com a sociedade, se obtenha um trabalho mais eficaz na luta contra maus-tratos, abusos e agressões. O conhecimento da Lei nº 9.605/98 entre os residentes e profissionais da área de medicina veterinária no Brasil é importante, em especial para aqueles que militam nas áreas de pequenos animais e medicina do coletivo, nas quais esses profissionais se deparam com uma frequência maior de casos de maus-tratos. Referências

1-IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Brasileiro de 2010. IBGE, 2013. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov. br/noticias-censo.html?id=1&idnoticia=2902&view=noticia> Acesso em 26 de maio de 2021. 2-MAUS-TRATOS contra animais são frequentes, mas poucos denunciam. Pesquisa do Ibope feita com internautas revelou que a maioria já presenciou maus-tratos contra animais, mas só 17% denunciaram a prática. R7, São Paulo, 6 nov. 2019. Disponível em: <https://noticias.r7.com/ sao-paulo/maus-tratos-contra-animais-sao-frequentes-mas-poucos-denunciam-06112019#/ foto/1>. Acesso em 28 de maio de 2021. 3-KRUG, E. G. ; DAHLBERG, L. L. ; MERCY, J. A. ; ZWI, A. B. ; LOZANO, R. World report on violence and health (Geneva: World Health Organization, 2002). Disponível em: <https://www. who.int/violence_injury_prevention/violence/ world_report/en/full_en.pdf>. Acesso em 26 de maio de 2021. 4-BRASIL. Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais

e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em 11 de maio de 2021. 5-BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 10 de maio de 2021. 6-Frequently Asked Questions About Reporting Animal Cruelty. Animal Welfare Institute, 2020. Disponível em: < https://awionline.org/content/ frequently-asked-questions-about-reporting-animal-cruelty>. Acesso em 4 de junho de 2021. 7-OSTOS, N. S. C. A luta em defesa dos animais no Brasil: uma perspectiva histórica. São Paulo, Ciência e Cultura, 2017, v. 69, n. 2. Disponível em: < http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252017000200018>. Acesso em 28 de maio de 2021. Liege Cristina Garcia Silva MV, CRMV SP: 20.888 Dra., profa. - UAM liegegarcia@yahoo.com.br Luana Paula Bertassi Freitas Vieira Aluna de graduação UAM luanabertassi@hotmail.com Ingrid Guedes Sacayemura Araujo Aluna de graduação UAM guigaraujo@gmail.com Pedro Henrique Simões Ramalho Aluno de graduação UAM pedrohenrique.ramalho@hotmail.com Isadora Augusto Cristofani Aluna de graduação UAM isaaugusto2010@hotmail.com

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Bem-estar animal

Coelhos domésticos: comportamento – parte 2

Como o coelho percebe o ambiente e como se comunica Os coelhos têm uma quantidade maior de papilas gustativas que os seres humanos e, dessa forma, são capazes de distinguir diferentes sabores e detectá-los em concentrações mais baixas 3 – uma vantagem decorrente do processo evolutivo que fez com que possam descobrir e selecionar alimentos com alto teor calórico enquanto pastam 1,3. No entanto, esse mecanismo seletivo de alimentação pode desencadear diversos problemas quando alimentos altamente calóricos lhes são oferecidos em grande quantidade 1,3. Portanto, é importante restringir a quantidade de frutas e verduras, uma vez que os coelhos preferem comer esses tipos de alimentos do que plantas forrageiras, que fazem parte majoritária de sua dieta ideal 1. Os coelhos constantemente transmitem informações sobre seu estado físico e mental através de sinais posturais visuais, auditivos e olfativos 3. Assim como outros animais presas, os olhos estão localizados lateralmente, em 50

lados opostos da cabeça, provendo um ângulo de visão de quase 360 graus, com apenas um ponto cego na região frontal entre os dois olhos 1,2. Embora vejam bem com pouca luz, eles não conseguem enxergar na escuridão total 5, orientando-se majoritariamente através de odores e pelas vibrissas (bigodes), e sentem-se incomodados quando tocam em suas narinas 1. Os coelhos também transmitem informações sobre seu estado físico e mental por meio de odores produzidos por glândulas localizadas em diferentes áreas, como nas mamas, nas regiões submandibulares, ao redor dos olhos, dos genitais e da região perianal 1,3. A comunicação por meio de odores é complexa, e os seres humanos são incapazes de detectar todos esses estímulos 3. Os coelhos podem transmitir esses sinais ativamente por meio da marcação de odores produzidos pelas glândulas localizadas na região submandibular, que está associada ao comportamento conhecido como esfregar o queixo (Figura 1) – chinning,

Isabelle Tancioni

Os coelhos domésticos têm se tornado cada vez mais populares, e, para que os médicos-veterinários possam lhes dar a devida assistência, é importante que se conheça melhor como o coelho percebe o ambiente e como esse animal se comunica. Os coelhos domésticos herdaram um padrão de resposta comportamental de seus ancestrais selvagens 1-3. Esses aspectos foram abordados na primeira parte de uma série de artigos que visa abordar o comportamento e o bem-estar dos coelhos domésticos 4. Este artigo é a segunda parte de um trabalho que tem como finalidade auxiliar os médicos-veterinários brasileiros a entender melhor o comportamento desses animais.

Figura 1 – Coelho esfregando a região submandibular em caixa de plástico

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disso, a esclera pode ser facilmente visualizada, e normalmente há uma redução abrupta na frequência de piscar dos olhos 3 (Figura 3). As orelhas podem se mover em diferentes direções de forma independente para melhor captar a origem do som 2 (Figura 4). Os coelhos em estado de alerta posicionam as orelhas de forma ereta, com a pina (região de abertura da orelha) rotacionada para a frente 6 (Figura 5). Já num coelho relaxado, as orelhas

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em inglês –, ou ainda pela marcação feita pela urina e pela defecação 1,3. No entanto, esses animais podem emitir sinais olfativos passivamente em secreções das glândulas mamárias e inguinais 3. Esses sinais são importantes tanto para o estabelecimento da posição social do coelho como para a definição de seu território e a transmissão de informações sobre seu status social e sexual para outros indivíduos 3. Geralmente, um coelho relaxado apresenta uma postura sentada e os olhos parcialmente fechados 6 (Figura 2). No entanto, quando está ansioso ou com medo, os músculos faciais ficam tensos, e isso faz com que seus olhos pareçam estar mais salientes 3. Além

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Figura 4 – Coelho com uma orelha ereta e a outra orelha posicionada ao longo do dorso

Figura 2 – Coelho em postura sentada com os olhos parcialmente fechados Isabelle Tancioni

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Figura 3 – Esclera e pupila dilatada em coelho doméstico

Figura 5 – Coelho com orelhas eretas e pinas direcionadas para a frente

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Bem-estar animal

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ficam semieretas, com as pinas direcionadas lateralmente (Figura 6), ao passo que, quando está totalmente relaxado, as pinas se posicionam na lateral ao longo do dorso 6 (Figura 7). No entanto, um coelho com medo pode apresentar as orelhas alinhadas ao dorso, acompanhadas muitas vezes de olhos proeminentes, cauda ereta e uma postura corporal mais retraída, próxima ao chão 3. As orelhas também servem como reguladores da temperatura corpórea, já que eles não têm glândulas na pele e não são capazes de suar 1,2. Portanto, as lesões nas orelhas podem comprometer a sua capacidade de regular a temperatura corpórea 1. A respiração do coelho ocorre somente através das narinas, que podem se mover de

2 a 120 vezes por minuto, dependendo da atividade exploratória do animal, que está associada ao aumento do ato de farejar 1. Quando amedrontados e estressados, tendem a achatar os lábios e a alargar as narinas devido à tensão muscular 6. Os coelhos são animais silenciosos, que raramente vocalizam; geralmente as vocalizações estão associadas a experiências negativas 3. Eles podem emitir um som similar a um rosnado, quando ameaçados e um som bem agudo quando atacados 2. Já os grunhidos estão associados ao comportamento sexual, enquanto que a vibração produzida pelo batimento suave dos dentes ocorre em situações de contentamento, muitas vezes observada quando são acariciados pelo tutor ou durante o processo de limpeza, conhecido como catação (grooming, em inglês) realizado por outro coelho 3,6,7. No entanto, os coelhos podem ranger os dentes se estiverem sentindo dor, e comumente o som produzido é mais audível 3,6. Assim como seus ancestrais selvagens, os coelhos domésticos batem com as patas traseiras no chão para produzir um sinal auditivo de alerta para outros coelhos, conhecido como batida ou thump em inglês 3. Isso também pode indicar frustração, e ocasionalmente estar associado a comportamentos de brincadeira 3,7. O posicionamento baixo da cabeça indica que o animal quer interagir e frequentemente mostra que ele está se apresentando e soli-

Isabelle Tancioni

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Figura 6 – Coelho com orelhas semieretas e pinas rotacionadas lateralmente

Figura 7 – Coelho com orelhas ao longo do dorso 52

Figura 8 – Coelho com posicionamento baixo da cabeça

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citando o início do processo de limpeza a um outro coelho ou carícias para o tutor, que normalmente podem ser feitas na parte frontal da cabeça 1 (Figura 8). Essa postura mostra calma e segurança 3,6. Balançar ou sacudir a cabeça pode fazer parte da sequência do processo de limpeza, porém em outros contextos pode indicar frustração e relutância associada a uma interação, ou até sinais de desconforto relacionados a enfermidade do sistema auditivo 1,3. Esses animais também usam a cauda para se comunicar 1. A cauda pode ser projetada de forma ereta, para que os outros coelhos a vejam, e pode estar associada a uma resposta agressiva, à fuga diante de uma ameaça ou ainda ao estímulo sexual 3. Os coelhos domésticos passam boa parte do tempo em estado de alerta ou vigilantes, assim como os coelhos selvagens 8. Podem se estender e erguer o corpo usando as pernas traseiras em uma postura de alerta e para melhor avaliar o ambiente 1 (Figura 9). A postura sentada com o abdômen e o tórax acima do chão indica repouso, porém em vigilância,

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normalmente com as orelhas direcionadas para a frente e as narinas movimentando-se constantemente 6,8. A postura curvada está associada a um corpo compacto, pequeno e arredondado, com a pernas flexionadas sob o corpo, que pode ser observada quando o coelho sente dor ou está relaxado; por isso, é importante avaliar o contexto e os outros sinais 3 (Figura 10). Um coelho amedrontado pode exibir uma postura conhecida como “achatada”, no intuito de se tornar menos visível a possíveis ameaças 3. Ainda em relação a essa postura, observa-se o alongamento do corpo, que é contraído ao solo, as orelhas contra as costas e o rebaixamento da cauda, geralmente acompanhados por olhos salientes e aumento da tensão facial 3,9. Já alguns animais tendem a permanecer imóveis; essa postura é conhecida como “congelamento” e é uma das principais alterações comportamentais decorrentes da dor, do sofrimento e do estresse intenso 10. Além de os coelhos amedrontados apresentarem respostas de congelamento, eles ainda podem exibir respostas de fuga ou luta, apoiando-se nas patas traseiras e elevando o corpo, rosnando, erguendo as orelhas e mantendo as patas dianteiras elevadas – resposta comportamental conhecida como boxing em inglês 9. Caso o estímulo indutor de medo e estresse persista, eles podem reagir com agressividade,

Isabelle Tancioni

Figura 9 – Coelho com extensão e elevação do corpo

Figura 10 – Coelho com corpo curvado

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Bem-estar animal área de contato e assim maximizar a perda de calor 3,6. Como essa postura pode indicar tanto relaxamento quanto estresse, é importante avaliar outros sinais associados ao desconforto e à dor, como também analisar o contexto em que o coelho se encontra, como o ambiente com temperatura elevada, um período pós-cirúrgico, entre outros 3. O termo em inglês binkying, que não tem tradução em português, descreve um conjunto de comportamentos que o coelho apresenta quando está relaxado e se encontra em um ambiente seguro 3,6. Além disso, esse comportamento, é frequentemente observado quando o coelho é transferido de um ambiente de confinamento para uma área maior 3,6. Há duas formas: binky completo (full binky, em inglês), em que o coelho salta e movimenta as patas traseiras, e binky parcial (partial binky, em inglês), em que o coelho balança a cabeça; esse movimento pode ser acompanhado ou não de um salto 3,6. Acredita-se que esses comportamentos têm a função de treinamento para a fuga, já que a prática desses movimentos, que confere mudanças de direção da corrida em alta velocidade, pode ser útil para escapar de predadores 3,6. Já as corridas curtas (sprinting, em inglês) podem ser realizadas com ou sem binky 3,6. Tanto o binky como as corridas curtas não estão associados a um

Isabelle Tancioni

ataques e mordidas 1,3. A postura deitada, em que o tórax entra em contato com o solo, com ou sem a extensão das pernas traseiras e dianteiras, indica na maioria das vezes relaxamento 3,6 (Figura 11). De modo geral, o grau de relaxamento está conectado ao grau de extensão dos membros 3 (Figura 12). Quando o coelho se joga repentinamente de lado (sideways flop, em inglês), isso indica relaxamento 1,7 (Figura 13). Essa postura também pode estar associada a temperaturas mais quentes, quando os coelhos tendem a se esticar para aumentar a

Isabelle Tancioni

Isabelle Tancioni

Figura 11 – Coelho em postura deitada e pernas estendidas

Figura 12 – Coelho em postura deitada e pernas completamente estendidas 54

Figura 13 – Coelho em postura deitada em decúbito lateral

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estímulo externo e parecem estar conectados a brincadeiras 3,6. A perseguição geralmente é observada entre coelhos jovens como uma forma de brincadeira, e auxilia no estabelecimento de hierarquias sociais 3,6. Mais raramente, os coelhos mais velhos também podem perseguir uns aos outros, ao competirem por um alimento 3,6. A figura 14 mostra uma compilação de diferentes posturas apresentadas pelos coelhos, associadas a graus de estresse e relaxamento. Considerações finais Os coelhos são animais amigáveis, sociá-

veis e podem ser companheiros fantásticos para a família multiespécie. De modo geral, os coelhos domésticos herdaram um padrão de resposta comportamental de seus ancestrais selvagens 1-3. São animais sociais, que correm, saltam, cavam e geralmente fogem, e se escondem quando se sentem ameaçados. São territorialistas e vivem em um grupo hierárquico 1,3. Exibem uma complexidade comportamental, assim como outros animais que comumente são atendidos na rotina clínica. É importante o médico-veterinário ter conhecimento sobre como o coelho se comunica e como esse animal percebe o ambiente, assim poderá reconhecer os comportamentos nor-

Gregório Moreira

Figura 14 – Posturas de relaxamento (A-D), tensão e medo (E-J). A) Postura compacta. B) Postura deitada, com as patas dianteiras estendidas para a frente e as traseiras projetadas lateralmente. C) Postura deitada com o corpo totalmente estendido e relaxado. D) Binky; E) Batida. F) Coelhos amedrontados ou ansiosos podem se esconder. G) Postura de congelamento. H) Fuga. I) Luta. J) Ataque. Adaptada 9 Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 153, julho/agosto, 2021

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Bem-estar animal mais desses animais e auxiliar os tutores a entender a relação entre os comportamentos e o bem-estar dos coelhos domésticos. Agradecimentos À Carine Diaz pela revisão do artigo; ao médico-veterinário Renato Silvano Pulz, responsável pela revisão técnica; e ao artista Gregório Moreira pelos desenhos; e a Jamie Alexandre, pelo auxílio com as imagens. Todos os coelhos mostrados nas fotos foram resgatados pela San Diego House Rabbit Society (SDHRS). Agradeço também aos funcionários e voluntários da SDHRS pela oportunidade de treinamento, desde 2018, nesse abrigo especializado em coelhos localizado na cidade de San Diego, Califórnia, EUA. Referências

01-BUSETH, M. E. ; SAUNDERS, R. Rabbit behaviour, health and care. 1. ed. Oxfordshire: CABI, 2015. 242 p. ISBN: 978-1780641904. 02-DAVIS, S. E. ; DEMELLO, M. Stories rabbits tell: a natural and cultural history of a misunderstood creature. 1. ed. New York City: Lantern Publishing & Media, 2003. 320 p. ISBN: 9781590560440. 03-BRADBURY, G. Behavioural problems in rabbits: a clinical approach. 1. ed. Sheffield: 5m Publishing, 2018. 248 p. ISBN: 978-1789180121. 04-TANCIONI, I. Coelhos domésticos – origens e

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domesticação – parte 1. Clínica Veterinária, Ano 26, n. 152, p. 66-72, 2021. 05-CROWELL-DAVIS, S. L. Behavior problems in pet rabbits. Journal of Exotic Pet Medicine, v. 16, n. 1, p. 38-44, 2007. doi: 10.1053/j. jepm.2006.11.022. 06-BRADBURY, G. What is happiness for rabbits how can you tell? Rabbiting On, 2020. 07-HARRIMAN, M. House rabbit handbook: how to live with an urban rabbit. 5. ed. Alameda: Drollery Press, 2013. 96 p. ISBN: 9780940920187. 08-CLEMENTS, N. ; SAUNDERS, R. What is your rabbit telling you? The body language of fear. Rabbiting On, 2019. 09-RSPCA. What does my rabbit’s behaviour mean? RSPCA, 2021. Disponível em: <https:// www.rspca.org.uk/adviceandwelfare/pets/rabbits/behaviour/understanding>. Acesso em 25 de abril de 2021. 10-LEACH, M. C. ; ALLWEILER, S. ; RICHARDSON, C. ; ROUGHAN, J. V. ; NARBE, R. ; FLECKNELL, P. A. Behavioural effects of ovariohysterectomy and oral administration of meloxicam in laboratory housed rabbits. Research in Veterinary Science, v. 87, n. 2, p. 336-347, 2009. doi: 10.1016/j.rvsc.2009.02.001.

Isabelle Tancioni MV, presidente da Best Friend Alliance Coordenadora no Brasil da Global Animal Advocacy (The Pollination Project) belletanjoni@gmail.com

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Direito médico-veterinário

A importância do direito médico-veterinário na atualidade da medicina veterinária

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Billion Photos

A relação entre seres humanos e animais, ainda que de maneira tardia, está mudando drasticamente. Prova disso é que até junho de 2019 o Brasil somava a quantia de 139,3 milhões de animais de estimação 1, colocando-nos no segundo lugar no ranking de crescimento do setor no mercado, suplantado apenas pelos Estados Unidos. Sob essa constatação, a comunidade jurídica também começou a prestar mais atenção aos direitos dos animais, iniciando-se as discussões sobre a sua personalidade jurídica e as relações estabelecidas em cada segmento de atuação, especialmente a relação entre o animal, o tutor e o médico-veterinário. Com o reconhecimento de que os animais são seres sencientes, é cada vez mais comum ver o Poder Judiciário ser acionado para proteção dos direitos fundamentais – instituídos pela Declaração Universal dos Direitos dos Animais (Duda), pela Constituição Federal e pela legislação de proteção ambiental – por autores de demandas, representados por entidades de proteção animal ou por seus tutores. A partir do reconhecimento da família multiespécie – “aquela lastreada essencialmente na afetividade inerente na relação ser humano/animal” 2 –, diversos ramos do direito estão empenhados em encontrar as soluções jurídicas para os problemas que envolvem essa relação. O direito de família, por exemplo, preocupa-se em regulamentar a guarda, o direito de visitas e a eventual necessidade de pensão alimentícia para o animal de estimação na hipótese de rompimento de uma

A frequência maior com que o Poder Judiciário é chamado a resolver questões da relação entre o animal, o tutor e o médico-veterinário ressalta a importância de contar com assessoria jurídica especializada

sociedade conjugal. É necessário, portanto, diferenciar o direito dos animais, o direito do animal e o direito médico-veterinário. O direito dos animais visa proteger os animais abstratamente entendidos enquanto parte de um ecossistema, incluindo a preservação das espécies. Já o direito do animal tem por objetivo a proteção dos animais como seres individualizados capazes de sentir sofrimento e prazer. Ambos podem ser considerados ramos autonomizáveis do direito ambiental. Por sua vez, o direito médico-veterinário debruça-se sobre os estudos da regulação ética, sanitária, ambiental e das responsabilidades de todos os atores envolvidos na prática da medicina veterinária, principalmente sob o enfoque da relação entre médico-veterinário, tutor e animal.

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Infelizmente, muitas vezes o médico-veterinário desconhece o seu próprio Código de Ética e todas as demais legislações que regulam a sua atividade direta ou indiretamente. Esse desconhecimento traz uma grande sensação de vulnerabilidade, especialmente quando tratamos da relação direta entre médico-veterinário e tutor. Muitas vezes, o veterinário é refém de determinada situação, e o tutor cria uma expectativa irreal com base no entendimento equivocado de que é o detentor de todos os direitos ao intitular-se consumidor. Ao contar com uma assessoria jurídica especializada, o médico-veterinário terá segurança para exercer a profissão, conscientizando-se do que é permitido ou proibido – o que

lhe permitirá avaliar e gerenciar os riscos na tomada de qualquer decisão. Estará amparado sempre que a prática clínica trouxer situações nem sempre de fácil solução e que podem acarretar graves consequências jurídicas à moral e ao patrimônio dos profissionais e a suas clínicas, hospitais, laboratórios, etc. Também poderá divulgar os seus serviços de maneira segura, respeitando as regras impostas para a publicidade, incluindo as redes sociais, a fim de evitar dissabores desnecessários. De igual maneira, com uma assessoria especializada o profissional estará amparado na elaboração e na guarda dos seus documentos médicos, adotando estratégias específicas

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Direito médico-veterinário para garantir o cumprimento dos deveres de informação e comunicação e adequando-se à capacidade cognitiva de cada tutor de paciente, além de comprovar o uso correto dos protocolos clínicos, protegendo-se contra eventuais acusações de negligência, imprudência ou imperícia nas esferas administrativas e judiciais. Os documentos médicos que integram o prontuário do paciente devem ser muito bem redigidos, porque constituem o maior aliado no exercício profissional para garantir a isenção de responsabilidades e o recebimento pelos serviços prestados. Como prevenir é melhor do que remediar, contar com auxílio jurídico no momento da ocorrência dos fatos traz resultados positivos na prevenção, evitando processos administrativos e judiciais. Quando for inevitável a solução pelos meios legais, administrativos ou judiciais, o profissional contará com uma defesa técnica bem-estruturada e fundamentada para afastar eventuais responsabilidades ou mitigar os prejuízos quando se verificar qualquer caracterização da culpa. O direito médico-veterinário também pode auxiliar o médico-veterinário a implantar protocolos seguros para o gerenciamento dos riscos inerentes à rotina profissional, o treinamento da equipe e do próprio profissional na construção de uma boa relação com o tutor do animal e a padronização da prestação dos seus serviços a fim de garantir maior segurança de atuação. A diferença entre o profissional generalista e o especialista se refere ao objeto de estudo, ou seja: o generalista não se dedica a estudar as especificidades de uma matéria ou de uma atuação e se concentra em conhecer as regras gerais; por outro lado, o especialista dedica-se a entender tudo o que envolve determinada matéria em minúcias. O generalista costuma resolver parte do problema até o momento que exige o conhecimento técnico, reunindo as legislações específicas e a sua correta interpretação e apli60

cação ao exercício da medicina veterinária. Essa é a regra para quem deseja ter segurança jurídica efetiva, e os veterinários não são uma exceção. Ao perceber isso, o médico-veterinário se convence de que os seus direitos estarão mais bem protegidos nas mãos de um especialista, porque, sendo o direito médico-veterinário um ramo ainda pouco explorado pelos operadores do direito, os conflitos serão normalmente enfrentados contra profissionais generalistas, viabilizando maiores chances de êxito na preservação de seus legítimos interesses. O grande desafio está em conscientizar os profissionais da importância de estarem bem assessorados juridicamente para o cumprimento das exigências regulatórias e sanitárias, e para a proteção contratual entre prestadores, fornecedores e colaboradores, a observância dos deveres éticos, a garantia dos direitos do tutor na qualidade de consumidor, as exigências ambientais e, especialmente, a prevenção das mais diversas e inusitadas situações da prática clínica em que se observa um aumento exponencial do requerimento do Poder Judiciário para solucionar esses problemas. Referências

1-http://institutopetbrasil.com/imprensa/censo-pet-1393-milhoes-de-animais-de-estimacao-no-brasil/ 2-https://ibdfam.org.br/index.php/artigos/1566/ Fam%C3%ADlia+multiesp%C3%A9cie:+an%C3%A1lise+da+(in)+viabilidade+de+tutelar+judicialmente+as+demandas+de+guarda,+regulamenta%C3%A7%C3%A3o+de+visitas+e+alimentos+para+os+animais+de+estima% C3%A7%C3%A3o+ap%C3%B3s+a+ruptura+do+v%C3%ADnculo+conjugal

Julio Cesar Reis Marques Advogado especialista em direito da medicina e direito médico e hospitalar juliomarques@mmeadv.com

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Notícias

X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo Resgatando saberes, construindo conhecimentos e fortalecendo ações

Nos dias 21 e 22 de maio de 2021 realizou-se a X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo, em parceria entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo (IMVC). Quando do primeiro evento, na Universidade de São Paulo, em 2010, não se poderia imaginar que a MVC iria se consolidar no país em tão pouco tempo – consolidação essa que culminou com a recente aprovação da especialidade pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), em sua 346ª Sessão Plenária Ordinária, como mais uma das especialidades médicas reconhecidas em território nacional. Nada mais oportuno para comemorarmos o aniversário de uma década dessa conferência. Durante esses 10 anos, após conferências realizadas em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa, conceitos como saúde única, saúde coletiva, teoria do elo, veterinária social, medicina de abrigos, medicina veterinária de desastres, medicina veterinária legal (área de maus-tratos aos animais) e tantos outros se consolidaram em trabalhos científicos, manuais, palestras, projetos governamentais, projetos de lei, mesas de discussões e eventos científicos das mais diversas áreas que se conectam à medicina veterinária – como saúde pública, sociologia, antropologia, medicina forense, bem-estar animal, etc. Há cerca de 10 anos, muitos estudantes de medicina veterinária e profissionais não sabiam 64

ao certo o que era a medicina veterinária do coletivo, e foi somente em 2011 que surgiu a primeira disciplina e residência em MVC na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Hoje contamos com a oferta da disciplina de MVC para a graduação em vá-

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rias instituições (UFPR, UFMG, UFRPE, Uece, PUCPR, Faculdades Anhembi-Morumbi, Centro Educacional Anclivepa, Centro Universitário Newton Paiva, Ifsuldeminas – a partir de 2022, como disciplina obrigatória), além das residências na UFMG e na UFPR e da disciplina MVC no Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFMG. Os estudantes também estão se mobilizando e criando grupos de estudos na área, a exemplo do Coletivet (Anhembi-Morumbi), Gecolabe (UFPR), Nevec (Ufla) e GEMVC-Ceunsp (Ceunsp), Coletivo (Anclivepa) e Coletizo (Unip). Após 10 anos, é um desafio continuar a trazer este debate científico acerca de um tema tão importante e mais relevante ainda neste momento que estamos vivenciando de pandemia e isolamento social. E justamente neste momento vemos a importância e a relevância de sua interlocução transdisciplinar, e verificamos que seu alto potencial de inovação traz um caminho sem volta em prol da sociedade e da Saúde Única. A X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo objetivou promover a disseminação e o aprimoramento dos conhecimentos da MVC, atualizando os profissionais nos mais modernos preceitos da área mediante a apresentação de experiências práticas e de estudos científicos nacionais e internacionais. Este ano contamos com 26 profissionais de 6 países, que trouxeram o que há de mais novo e relevante em suas áreas de especialidade para os 540 participantes. Também foram 13 trabalhos e experiências apresentados oralmente e quase 50 trabalhos apresentados em forma de pôster. Os pôsteres premiados foram: 1º lugar: - Aspectos de saúde única em comunicações da mídia sobre o desastre de derramamento de petróleo no Nordeste do Brasil – Letícia Koproski, Leonardo José Duda, Maíra Zacharias, Éder Paetzhold, Danyelle Stringari, Marina Balbuena e Thaiany Soares. Empatados em 2º lugar: - Análise do manejo ético populacional de

cães e gatos no campus Pampulha da UFMG – Gustavo Canesso Bicalho, Camila Machado Torres, Werik dos Santos Barrado, Antônio Barbosa Júnior, Marcelo Teixeira Paiva, Camila Stefanie Fonseca de Oliveira, Graciela Kunrath Lima, Christina Malm, Marcelo Pires Nogueira de Carvalho, Luiz Carlos Villalta, Vania Regina Goveia, Fernanda Louro de Souza e Danielle Ferreira de Magalhães Soares; - Avaliação do conhecimento sobre zoonoses para tutores de cães participantes de campanha de castração no município de Araucária, Paraná, Brasil – Luis Fernando Turozi Mausson, Heloise Zavatieri Polato, Lucas Galdioli, Jéssica Pinheiro Feliciano do Nascimento e Rita de Cassia Maria Garcia. 3º lugar: - Núcleo de estudos como ferramenta de ensino sobre a medicina veterinária do coletivo na UFLA – Kelly Cristina de Souza, Blenda Araujo Martins Ferreira, Gabriela Cesar Policarpo de Oliveira e Maria Raquel Isnard Moulin. As apresentações orais premiadas foram as seguintes: 1º lugar: - Análise do manejo ético populacional de cães e gatos no campus Pampulha da UFMG – Gustavo Canesso Bicalho, Camila Machado Torres, Werik dos Santos Barrado, Antônio Barbosa Júnior, Marcelo Teixeira Paiva, Camila Stefanie Fonseca de Oliveira, Graciela Kunrath Lima, Christina Malm, Marcelo Pires Nogueira de Carvalho, Luiz Carlos Villalta, Vania Regina Goveia, Fernanda Louro de Souza e Danielle Ferreira de Magalhães Soares. 2º lugar: - Bem-estar de cães abrigados no sul de Minas Gerais: que pontos devemos melhorar? – Diana Cuglovici Abrão. Empatados em 3º lugar: - Projeto Médicos-Veterinários de Rua: colocando

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Notícias em prática a medicina veterinária do coletivo – Stefanie Sussai, Fernanda Mantovani Coqui, Lilian Lucon Wahler, André Stroebel de Gerone e Thaís Andrade dos Santos; - Análise da concorrência de casos de violência doméstica e maus-tratos aos animais – Bruno Pedon Nunes, Larissa Rachel Wolf, Michelle Monique de Alcântara Lucchesi e Rita de Cassia Maria Garcia. As melhores experiências premiadas foram: 1º lugar: - Apoio à formulação, implementação e execução da política estadual do bem-estar animal do Amazonas – Camila Martins Pires, Gleice Rodrigues de Souza, Letícia Oliveira Cobello, Kiviane Castro Ribeiro, Gabriela Passos Sampaio, Vanessa Menezes da Silva e Suelen Alves Muniz. 2º lugar: - Avaliação do checkout dos pets hospedados pelo projeto Integra Animal Ufal-Braskem em Maceió, AL – Yana Gabriella de Morais Vargas, Aline dos Santos Oliveira, Riquelly Amália Dantas Ribeiro, Pamela Thaiany Filgueira da Silva, Helena Emília Oliveira Teodósio, Maria Krislayne Oliveira da Silva, Rayane Caroline Medeiros do Nascimento, Yane Fernandes Moreira, Pierre Barnabé Escodro e Renildo dos Santos Floresta. 3º lugar: - Projeto de conscientização sobre a covid-19 e a relação ser humano/animal em assentamento no município de Viçosa, Alagoas, Brasil – Ibenny Emanoel dos Santos Souza, José Alan de Melo Feitosa, José Venicius dos Santos, Ana Paula Menezes Felix, Claudio César dos Santos Freire, José Witlley Castanha Lopes, Yana Gabriella de Morais Vargas, Rayane Caroline Medeiros do Nascimento, Tobyas Maia de Albuquerque Mariz e Pierre Barnabé Escodro. Nessa X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo, o Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo reconheceu os 66

trabalhos em manejo populacional de cães e gatos em benefício das pessoas, dos animais e do meio ambiente e concedeu os seguintes títulos: - Destaque Internacional em Medicina Veterinária do Coletivo: Elly Hiby, Diretora do International Companion Animal, Management Coalition (Icam). - Destaques em Medicina Veterinária do Coletivo na América Latina: Melania Gamboa, gerente de Programas de Animais de Companhia pela World Animal Protection de 2010 a 2021; e Rosangela Ribeiro Gebara, gerente de Programas de Animais de Companhia pela World Animal Protection de 2010 a 2021. - Associada honorária do Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo: Vania Plaza Nunes, diretora do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e consultora do Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo (IMVC). Também nessa X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo foram entregues os prêmios Maria Padilha e Werner Payne (in memoriam). O Prêmio Maria Padilha visa valorizar, reconhecer e divulgar a produção acadêmica das diferentes áreas de conhecimento referentes à relação entre a violência interpessoal e os maus-tratos aos animais. A psicóloga Maria José Salles Padilha foi a primeira pesquisadora brasileira e talvez latino-americana a publicar uma pesquisa sobre a relação entre a violência doméstica e os maus-tratos aos animais. Durante anos, Maria Padilha dedicou a vida a incentivar a guarda responsável e a implantação de políticas públicas municipais para o manejo populacional canino e felino, além de lutar contra as práticas cruéis de captura e eliminação de cães e gatos em Pernambuco. Os premiados foram: 1º lugar: - Bayesian spatial models of the association between interpersonal violence, animal abuse and social vulnerability in São Paulo, Brazil – Oswaldo Santos Baquero, Fernando Ferreira, Marcelo Robis, José Soares Ferreira Neto e Jason ArdilaOnell.

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2º lugar: - Teoria do elo: a relação entre os maus-tratos aos animais e a violência interpessoal – Stefany Monsalve Barrero, Yasmin da Silva Gonçalves da Rocha, Lucas Galdioli e Rita de Cassia Maria Garcia. Empatados em 3º lugar: - A vulnerabilidade na família como determinante de maus-tratos aos animais de companhia – Stefany Monsalve Barrero; - Estratégia para avaliação de violência no âmbito da família multiespécie – Yasmin da Silva Gonçalves da Rocha e Rita de Cassia Maria Garcia.

revisão sistemática da literatura e estudo de campo com capturas, marcações, esterilizações e recapturas – Vinícius Silva Belo. 2º lugar: - Defining priorities for dog population management through mathematical modeling – Oswaldo Santos Baquero, Akamine, Marcos Amakue e Fernando Ferreira. 3º lugar: - Dinâmica populacional canina e felina em área urbana: avaliação da estratégia de controle reprodutivo – Rita de Cassia Maria Garcia, Marcos Amaku, Alexander Biondo e Fernando Ferreira.

O Prêmio Werner Payne visa valorizar, reconhecer e divulgar a produção acadêmica das diferentes áreas de conhecimento referente a práticas de formas humanitárias e eficientes na promoção do manejo populacional de cães e gatos em cidades brasileiras e latino-americanas. O médico-veterinário Werner John Payne é por muitos considerado a “lenda” do controle populacional de cães e gatos no Brasil, reconhecido e respeitado como referência e liderança pelo Movimento de Defesa dos Direitos Animais nacional e internacional, e apoiador e benfeitor em temas em que os animais mais vulneráveis estavam envolvidos. Foi o precursor e disseminador no Brasil de técnicas cirúrgicas como a “técnica do gancho” e a “castração pediátrica” de cães e gatos. Atuou na humanização das técnicas de controle de zoonoses e manejo populacional e no planejamento e agilização dos métodos de socorro aos animais atingidos por catástrofes naturais. Participou de programas de controle populacional, mostrando que a transformação do destino de animais negligenciados por seus tutores passa pelo controle reprodutivo de qualidade, pela educação e por programas eficientes de adoção. Os premiados foram:

Com mais de 540 pessoas online de diversos estados brasileiros e vários países pelo mundo, a conferência foi um sucesso. A forma de trabalho online foi uma experiência positiva, e por isso as próximas utilizarão o método híbrido (online e presencial), a fim de viabilizar a participação e a inclusão de todos. Em maio de 2023 acontecerá a XI Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo, em Recife. Todos os trabalhos realizados durante esse período de pandemia nos ensinaram uma lição valiosa – e, como dizia Paulo Freire: “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…”

1º lugar: - Dinâmica populacional de cães irrestritos:

IMVC https://www.institutomvc.org.br/

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I Encontro Nacional sobre Desastres em Massa Envolvendo Animais – objetivos e desdobramentos

A Comissão Nacional de Desastres em Massa (CNDM) do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) realizou no dia 11 de maio de 2021 o I Encontro Nacional sobre Desastres em Massa Envolvendo Animais. O evento ocorreu por videoconferência e contou com a participação de 71 representantes de 24 Conselhos Regionais de Medicina Veterinária (CRMVs). O encontro teve como objetivos centrais a apresentação do Plano Nacional de Contingência, elaborado pelo Grupo de Trabalho de Medicina Veterinária de Desastres em Massa (GTDM/CFMV); a apresentação da CNDM; e a sensibilização dos CRMVs locais para a necessidade de se anteciparem nos cenários de desastres por meio da criação de comissões técnicas estaduais. O Plano Nacional de Contingência foi elaborado para orientar os profissionais médicos-veterinários, zootecnistas e demais atores envolvidos sobre a atuação em cenários de desastres que envolvam animais e/ou nos quais eles sejam vítimas. Publicado em outubro de 2020, é o primeiro documento a abordar o assunto de forma oficial no país. Após a publicação foi criada a CNDM, cujo principal objetivo é fornecer apoio à execução do documento e servir de consulta aos governos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios em assuntos relativos a desastres em massa envolvendo animais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um desastre é um acontecimento que gera estragos, desestabilização econômica, perda de vidas humanas e deterioração de saúde em uma escala que justifique uma mobilização excepcional de auxílios vindos de fora da comunidade e 68

Programação do I Encontro Nacional sobre Desastres em Massa Envolvendo Animais, evento virtual realizado em 11 de maio, com a participação de representantes de 24 Conselhos Regionais de Medicina Veterinária

da zona atingida, e enfatiza o elemento específico da medicina de desastres: a insuficiência temporária de recursos para responder às necessidades do cenário em questão. Pouco se fala dos impactos sofridos pelos animais e de suas consequências na vida e na saúde do ser humano, que atingem vários segmentos, seja no âmbito emocional, no econômico, no ambiental ou inclusive na saúde pública. Os desastres chegam a acometer ecossistemas completos, provocando distúrbios na

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A Comissão Nacional de Desastres em Massa (CNDM) do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) realizou no dia 11 de maio de 2021 o I Encontro Nacional sobre Desastres em Massa Envolvendo Animais

fauna e na flora, e atingem populações que, pela própria definição de desastre, não são capazes de dar uma resposta adequada e imediata ao evento. O furacão Katrina, em Nova Orleans, EUA, trouxe à tona um novo paradigma no tocante ao apoio médico-veterinário que deve ser oferecido aos animais envolvidos em desastres. Esse evento deixou latente a necessidade de um plano que os englobasse, mais especificamente no tocante ao transporte, à assistência e ao alojamento temporário, devido à elevada quantidade de animais não retirados dos lares por seus tutores, que em grande número vieram a óbito por afogamento. Assim, faz-se necessário o envolvimento de médicos-veterinários e zootecnistas nesses cenários. Durante o I Encontro, o presidente do CFMV, Francisco Cavalcanti de Almeida, incentivou os participantes a estabelecer um diálogo e a efetuar contribuições efetivas: “A participação de vocês é muito importante. Questionem, dialoguem, participem efetivamente. Estamos presentes”. Para falar sobre o histórico dos acidentes envolvendo resgate técnico de animais no país foi convidada a médica-veterinária e bióloga Paula Helena Santa Rita, integrante da CNDM e presidente das comissões estaduais de Animais Silvestres (CEAS) e de Resgate Técnico Animal e Medicina Veterinária de Desastres do CRMV-MS. Paula destacou diferentes desastres ocorridos nas cinco regiões do país, de 2000 a 2021, como aqueles causados por chuvas intensas, queimadas, rompimento de barragens, vazamento de

A professora doutora Paula Helena Santa Rita, bióloga e médica-veterinária, integrante da Comissão Nacional de Desastres em Massa e presidente das Comissões Estaduais de Animais Silvestres do CRMV-MS destacou a necessidade de ação conjunta da comissão e dos conselhos regionais para a padronização dos protocolos adotados

óleo, incêndios, inundação, enchente e seca, nos quais o resgate técnico animal ainda fica muito a desejar. “O objetivo da comissão é trabalhar em conjunto com os conselhos regionais a fim de padronizar protocolos em todo o território nacional para as diferentes situações. Além do atendimento imediato dos animais vítimas de desastres, já percebemos a necessidade de trabalhar também as medidas a tomar após os acidentes.” Os animais não resgatados, deixados no local do desastre, ficam vulneráveis à reprodução descontrolada, a fome, ferimentos, doenças e morte. Estão sujeitos a doenças infecciosas causadas por vírus, bactérias e parasitas, que podem ser transmitidas para a população humana. Em cenários de desastres em massa, a dispersão de agentes zoonóticos se agrava. Os setores da saúde devem atuar nas fases de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação dos desastres, sendo o médico-veterinário o profissional indicado para as abordagens que envolvam tais agentes. Plano Nacional e perspectivas Laiza Bonela, médica-veterinária e presidente da CNDM, apresentou o Plano Nacional de Contingência aos conselhos regionais, narrando inclusive o contexto em que surgiu o documento, logo após o rompimento da barragem de rejeitos

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O Plano de Nacional de Contingência é uma base norteadora, mas segundo Laiza Bonela, médica-veterinária e presidente da CNDM, requer constante atualização e aprimoramento, a partir da criação de frentes de trabalho nos conselhos regionais do país

de minérios em Brumadinho, MG. Na época, ficou clara a necessidade de se estruturar um documento para orientar a atuação em campo de médicos-veterinários e zootecnistas dispostos a resgatar animais em cenários de desastres em massa. Laiza enfatizou que o plano é o início de um trabalho, uma base norteadora que requer constante atualização e aperfeiçoamento. Para isso, incentivou a criação de frentes de trabalho nos conselhos regionais, reunindo profissionais com perfis heterogêneos. “Deixo aqui o estímulo para que cada CRMV tenha sua comissão de desastres ou um grupo técnico, para que possamos formar uma rede de enfrentamento nos estados a fim de atender às emergências e, especialmente, prevenir e mitigar novas ocorrências”, reforçou. Os profissionais passam a ter um norte, uma regra geral que pode ser aplicada em todos os estados: “Isso significa mais segurança para quem vai atuar em campo. A medicina veterinária é a primeira categoria profissional a ter um plano de contingência de condutas em desastres em massa”. Destaca ainda a legislação pertinente e a contribuição da medicina veterinária legal para esclarecer causas, a dinâmica e a autoria de crimes, haja vista que animais vivos e mortos em desastres podem representar informações importantes para a investigação policial e pericial. A construção do plano foi possível observando e documentando as dificuldades enfrentadas em desastres nacionais ocorridos desde 2011, com as inundações e 70

deslizamentos de Nova Friburgo, passando pelos rompimentos de barragens em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, em 2019, até chegar a 2020, com os incêndios no Pantanal. Em situações futuras, a atuação do médico-veterinário poderá ocorrer de maneira mais explícita, inclusive nas medidas preventivas, fazendo jus ao conceito de Saúde Única; para isso, a comissão vai elaborar mais encontros e capacitações, e estimular todos os regionais para que formem uma comissão ou grupo técnico em cada estado brasileiro. Sistema de Comando de Incidentes No último tópico do evento, o profissional Cláudio Zago, bombeiro militar, médico-veterinário e integrante da CNDM, abordou a estrutura e a função do Sistema de Comando de Incidentes (SCI). O objetivo desse comando unificado é padronizar o gerenciamento perante uma emergência, adotando uma estrutura organizacional integrada para atender à complexidade de uma demanda. Para isso, cria-se um comando com operações, planejamento, logística, finanças e administração, admitindo-se flexibilidade para aumentar ou diminuir as ações conforme a necessidade. O SCI tem como objetivo e finalidade: a segurança dos envolvidos na resposta ao acidente, bem como o envolvimento no evento; o cumprimento dos objetivos táticos e técnicos definidos para o desenvol-

Cláudio Zago, bombeiro militar, médico-veterinário e integrante da CNDM, destacou a importância do Sistema de Comando de Incidentes (SCI) para unificar ações e padronizar o gerenciamento de emergências no que se refere a planejamento, logística, finanças e administração

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Ao todo 71 representantes dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária participaram do encontro realizado por videoconferência, em busca de uma perspectiva integrativa e dialogada entre os profissionais responsáveis e os órgãos competentes, e ressaltando a importância de criar estruturas técnicas estaduais por meio da CNDM

vimento das ações relacionadas ao acidente; e o uso eficiente dos recursos disponibilizados para o evento. Além disso, existem cinco funções de gerenciamento principais que são a base sobre a qual o sistema de organização se desenvolve: comando de acidente; operações; planejamento; logística; finanças e administração. Ao final do evento, os membros dos CRMVs reconheceram a importância e a urgência de trabalhar essa temática da assistência e do resgate de animais em situações de desastres por uma perspectiva integrativa e dialogada entre os profissionais responsáveis e os órgãos competentes. O CFMV se prontificou a fomentar apoio à estruturação, ao fortalecimento e à capacitação das comissões técnicas estaduais por meio da CNDM. O I Encontro Nacional sobre Desastres em Massa Envolvendo Animais cumpriu de forma exitosa o objetivo proposto. A partir desse evento, a CNDM acredita que a atuação nesses cenários tão complexos será realizada de forma cada vez mais técnica, profissional e planejada.

Bibliografia sugerida

BANDEIRA, R. Medicina de catástrofe. Porto: Editora da Universidade do Porto, 2008. CAETANO, E. C. S. As contribuições da TAA – Terapia Assistida por Animais à Psicologia. Universidade do Extremo Sul Catarinense – Unesc, Criciúma, 2010.

CFMV. CFMV aprova Plano Nacional de Contingência de Desastres em Massa Envolvendo Animais. Disponível em <https://www.cfmv.gov.br/ plano-nacional-de-contingencia-de-desastres-em-massa-envolvendo-animal/comunicacao/publicacoes/2020/10/05/#10>: Acesso em 24 de maio de 2021. MERCALLI. Recommendations to enhance companion animal emergency management in New Zealand. 2010. Disponível em: <https://training.fema.gov/hiedu/ docs/glassey%20-%20report-recommendations%20 to%20enhance%20companion%20animal%20em%20 in% 20nz.pdf>. Acesso em 24 de maio de 2021. Organização Mundial da Saúde (OMS). Zoonoses. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/ fact-sheets/detail/zoonoses>. Acesso em 24 de maio de 2021. REIS, S. CFMV aprova Plano Nacional de Contingência de Desastres em Massa Envolvendo Animais. Disponível em: <https://www.cfmv.gov.br/ cfmv-aprova-plano-nacional-de-contingencia-de-desastres-em-massa-envolvendo-animais/comunicacao/noticias/2020/10/05> 2020. Acesso em 24 de maio de 2021. SEIMENIS, A. M. The spread of zoonoses and other infectious diseases through the international trade of animals and animal products. Veterinaria Italiana, v. 44, p. 591-599, 2008.

Fonte: Comissão Nacional de Desastres em Massa Envolvendo Animais do CFMV

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PremieRpet lança o CuidaDoPet, podcast sobre guarda responsável A PremieRpet inovou com o lançamento do podcast CuidaDoPet, que apresenta histórias de adoção, trabalho das ONGs, comportamento animal e posse responsável. Uma jornada de adoção traz muitas experiências e histórias. O resgate, a acolhida no abrigo, os cuidados, o encontro com o tutor e, finalmente, uma nova vida são muitas das fases pelas quais passam os cães e gatos abandonados até conquistarem um lar de verdade. Cada história é única, mas também universal, pois reverbera nos ouvidos e no coração daqueles que amam os animais de estimação. Essas histórias que se cruzam, narradas por muitas vozes e conduzidas com delicadeza pelo comunicador Marc Tawil, são o mote da primeira temporada do CuidaDoPet, que traz emocionantes relatos de adoção, os bastidores do trabalho das ONGs e a palavra de grandes especialistas em comportamento animal. São oito episódios, com veiculação sempre às terças-feiras em semanas alternadas nas principais plataformas de podcast, como Spotify, Apple Podcasts, Deezer e Castbox, entre outras. A cada episódio, Marc Tawil conversa com tutores, voluntárias e profissionais que generosamente compartilham suas experiências de conviver com os animais de estimação, acolhendo-os, cuidando deles e amando-os. O primeiro episódio do CuidaDoPet conta a emocionante história do cão Magoo, resgatado já idoso pela Associação MaxMello de Amparo à Vida Animal (Amava) e que hoje vive sua melhor idade ao lado da tutora Marisa. O episódio tem ainda a participação especial do dr. Dalton Ishikawa, comportamentalista animal. O segundo episódio também já está disponível e conta a história de Lilith, uma cachorrinha jogada de um carro, e de Sirius, que viveu dois anos no abrigo do Projeto Segunda Chance 72

(PSC) até entrar na vida de Thaty. “CuidaDoPet coloca em evidência histórias que merecem ser contadas para inspirar e derrubar preconceitos sobre animais que tiveram um passado de abandono e maus-tratos. Todos merecem e podem ter uma vida plena e feliz, independentemente de sua origem. Essa iniciativa reforça o nosso comprometimento com o bem-estar animal e homenageia todos aqueles que se dedicam a cuidar dos cães e dos gatos”, afirma Madalena Spinazzola, diretora de Planejamento Comercial Estratégico e Marketing Corporativo da PremieRpet. Projeto solidário E para fechar um ciclo virtuoso de informação + ação, o lançamento do CuidaDoPet conta também com uma iniciativa solidária. A PremieRpet, juntamente com o comunicador Marc Tawil, promoveu a doação de 1,6 toneladas de alimentos para as seis ONGs participantes do podcast, todas integrantes do projeto Medicina Veterinária de Abrigos (MVA) do Instituto PremieRpet – braço social da PremieRpet que há anos contribui para tornar a alimentação de alta qualidade mais acessível para cães e gatos que estão sob cuidados dessas ONGs. Agora basta abrir os ouvidos e o coração para se emocionar com as histórias do CuidaDoPet! PremieRpet https://conteudo.premierpet.com.br/podcasts

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PremieRpet lança campanha de conscientização pelos “bons-tratos” aos animais

Fita Laranja combina iniciativas para nutrir laços de afeto e fomentar multiplicadores de “bons-tratos” aos cães e gatos Visando incentivar cada vez mais os “bons-tratos” aos animais, a PremieRpet lança a campanha Fita Laranja. A fita é simbólica e, quando presa à guia de passeio do animal, indica “bons-tratos” e evidencia que ele está saudável e disposto à interação com pessoas ou animais. Uma ação simples que ajuda a identificar e comunicar os melhores cuidados. Durante a fase inicial da campanha serão distribuídas 2 mil fitas de cetim em 25 pet shops selecionadas na região metropolitana de São Paulo, SP. Junto com a fita, será entregue uma mensagem de incentivo para que o tutor publique uma foto do animal com a fita laranja em suas redes sociais, utilizando a hashtag #NutrindoLaços. O propósito é que os tutores se tornem os “multiplicadores dos ‘bons-tratos’”, fortalecendo uma corrente de amor e cuidado aos animais. Ao longo do ano, está prevista ainda a distribuição de mais 15 mil fitas também em outros estados.

A ação reforça o comprometimento permanente da PremieRpet com o bem-estar animal. “Cuidar de cães e gatos inclui respeitar a sua individualidade e proporcionar momentos que permitam o seu desenvolvimento pleno ao longo da vida. Por isso, sinalizar para a sociedade que o animal se encontra saudável, feliz e apto ao convívio permite que ele viva mais momentos agradáveis”, afirma Madalena Spinazzola, diretora de Planejamento Comercial Estratégico e Marketing Corporativo da PremieRpet. No site da campanha, os tutores poderão contar suas histórias de “bons-tratos” e cuidados com seus animais. Os relatos serão selecionados e publicados nas redes sociais da PremieRpet para disseminar a estimular as melhores práticas. PremieRpet https://conteudo.premierpet.com.br/fita-laranja

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Programa Fidelidade Gerioox

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O Programa Fidelidade Gerioox foi desenvolvido com o intuito de facilitar a compra para os clientes que utilizam o produto, proporcionando assim maior qualidade de vida para os animais. Com ele, o cliente pode cadastrar até dois animais e mensalmente obter um desconto exclusivo de 30% na compra do produto Gerioox nas lojas físicas ou e-commerce participantes do programa. Como funciona? É superprático!! Basta o cliente acessar o site gerioox.com/ geriooxfidelidade e preencher o formulário de cadastro com seus dados e os dados do animal, e já recebe seu cupom para compra de Gerioox com o desconto em uma loja cadastrada. O cliente também pode baixar o ícone da plataforma em seus dispositivos móveis, onde é possível consultar todas as informações de seus cupons válidos, localizar a loja mais próxima ou editar seus dados, tudo isso como se fosse um aplicativo de celular. Rápido e fácil! Gerioox é o primeiro e único medicamento geriátrico para cães e gatos. Graças a uma combinação de ácidos graxos ômega 3, sulfato de condroitina, glucosamina e antioxidantes, tem ações imunomoduladoras, antioxidantes e condroprotetoras, diminuindo os processos neurodegenerativos e inflamatórios. Estimula o apetite, melhora o estado cognitivo, protege os órgãos dos sentidos e favorece a microcirculação, potencializando a oxigenação e a desintoxicação em nível celular. É indicado para melhorar a vitalidade e a qualidade de vida do animal idoso, já que ajuda a deter os processos típicos do envelhecimento. Gerioox está disponível na apresentação de 30 comprimidos de prática dosagem, o que facilita a sua administração!

Gerioox é um medicamento geriátrico para cães e gatos, com ácidos graxos ômega 3, sulfato de condroitina, glucosamina e antioxidantes, que tem ações imunomoduladoras, antioxidantes e condroprotetoras

A Labyes é uma companhia com 35 anos de trajetória, fundada por médicos-veterinários e voltada à clínica diária. A empresa baseia-se na inovação constante, na preservação da saúde e da qualidade de vida de pequenos animais, na paixão pela qualidade e no compromisso com o cuidado do meio ambiente. Acesse o QR Code ao lado para acesso ao site: Labyesl https://labyes.com/pt-br/

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Ourofino Saúde Animal promove acessibilidade por meio de suas embalagens

Produtos da empresa incluem audiobula e textos em braile para facilitar o acesso à informação por diferentes consumidores

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A Ourofino Saúde Animal inova ao completar 34 anos de trajetória no último mês de junho. A empresa vem aliando em suas embalagens o uso de tecnologia para promover o acesso de deficientes visuais e pessoas analfabetas ou com dificuldade de leitura a informações sobre seus produtos. Por meio de QRCodes, o cliente tem acesso ao conteúdo técnico dos produtos, com as audiobulas, que facilitam o entendimento sobre as soluções da empresa e a forma de aplicação. “A ação está integrada aos propósitos da companhia de reimaginar a saúde animal e cuidar das pessoas, visando a pluralidade, a diversidade e a inclusão ao agregar diferentes realidades para somar competências e experiências. A ideia é proporcionar a melhor experiência de uso para nossos diferentes públicos”, comenta Veronica Martins, diretora da Unidade de Negócios de Animais de Companhia e Comunicação Corporativa da empresa. Segundo a pesquisa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicada em 2020, a taxa de analfabetismo no Brasil é de 6,6%, o que representa 11 milhões de pessoas que não sabem ler ou escrever. São consideradas pela pesquisa como analfabetos pessoas a partir dos 15 anos de idade que não conseguem ler ou formular pequenos textos. Outra novidade é a inserção dos nomes dos produtos em braile, ação que facilita o acesso à informação por deficientes visuais. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), há

QRCodes dão acesso a informações sobre o Auritop por meio de audiobulas que, assim como a disponibilidade em braile do nome dos produtos, permite a inclusão de pessoas para as quais a leitura convencional não é um recurso viável

cerca de 1,2 milhão de casos de cegueira no país, dos quais 33 mil em crianças. Cerca de 30% das embalagens da companhia já contam com as adaptações, que seguirão para demais soluções do portfólio. Ourofino Saúde Animal https://www.ourofinosaudeanimal.com/

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Medicina Veterinária do Coletivo: A nova especialidade da Medicina Veterinária

A

Medicina

Veterinária

do

Coletivo recentemente foi reconhecida como nova

uma

especialidade

da

Medicina Veterinária e o Instituto de Medicina

Veterinária

do

Coletivo

(IMVC) é a organização habilitada junto

ao

Conselho

Federal

de

Medicina Veterinária (CFMV) para conceder esse título.

A decisão

ocorreu na 346ª Sessão Plenária Or Ordinária do CFMV, realizada em 28 de abril de 2021, publicado na Resolução 1.394, de 13 de maio de 2021. O título de especialista para a Medicina

Veterinária

do

Coletivo

(MVC) é um marco histórico pois, junto a ele, vem o amplo e merecido reconhecimento da área pelo CFMV. A MVC tem como intuito promover a saúde e o bem-estar dos indivíduos, com foco nas interações do humano, animal e ambiente. Principalmente nas

temáticas

coletiva,

ligadas

medicina

de

à

saúde abrigos,

medicina veterinária de desastres e medicina veterinária legal.

O termo "especialista" na Medicina Veterinária é um título homologado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) emitido por entidades que cumprem os requisitos da resoluçãoque

trata

sobre

especialidades

veterinárias

(Resolução CFMV nº 935/2009) e que devem estar habilitadas pela

esfera

Federal.

As

normas

regulamentadoras,

pré-requisitos e validade de concessão do título de especialista em Medicina Veterinária do Coletivo pelo IMVC poderão ser acessadas no site do Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo. www.institutomvc.org.br

Ainda não há previsão de data e local para acontecer a primeira seleção de emissão do título de especialista. Informações mais detalhadas sobre o processo seletivo serão publicadas no site do Instituto de Medicina Ve Veterinária do Coletivo a partir do segundo semestre de 2022.


Lançamentos

Filamentos de ouro para alívio da dor

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Divulgação

A acupuntura veterinária vem ganhando espaço cada vez maior no Brasil, com a difusão mais ampla de suas técnicas e dos bons resultados que permitem obter. Uma dessas técnicas é a aplicação de implantes de ouro para estender a ação sobre os pontos tratados e para o alívio de dores. A GoldenPetCare é uma marca patenteada, especializada na fabricação de implantes de ouro e aplicadores para acupuntura veterinária. Desde 2011 no mercado, conta com certificação de ouro no Brasil (Amagold), ISO 9001 e análise de metal comprovada. Em busca constante de aprimoramento e inovação, a empresa está implementando e expandindo o ramo de ouro no setor da acupuntura veterinária, difundindo os benefícios de cura dessas técnicas e buscando aprofundar suas relações com a medicina veterinária em geral, tanto no Brasil como no exterior. Os implantes específicos para acupuntura veterinária produzidos pela GoldenPetCare são de ouro 750 (18k), e os aplicadores específicos para esse trabalho são patenteados. Segundo a médica-veterinária Paula Tussini Onida, “O implante de ouro é uma técnica da medicina chinesa, também conhecida como acupuntura permanente, bastante utilizada em pacientes com dores crônicas, que consiste em aplicar pequenos filamentos de ouro em pontos de acupuntura, a fim de prolongar os efeitos da sessão”. Segundo a literatura, esse efeito pode chegar a até 2 anos após o implante, e constitui uma estratégia para aliviar a dor e a inflamação em enfermidades articulares e em hérnias de disco, uma vez que o ouro provoca uma reação físico-química no

A aplicação de implantes de ouro nos pontos tratados ou nos que promovem alívio de dores crônicas é uma técnica cada vez mais utilizada na acupuntura veterinária por estender em até dois anos a eficácia das sessões. A GoldenPetCare produz implantes e aplicadores específicos patenteados

local da inflamação, neutralizando e debelando o processo inflamatório. Segundo a dra. Paula Onida, a técnica deve ser realizada por médico-veterinário acupunturista, e geralmente o paciente é sedado para o procedimento. “O ideal é que o animal tenha boa resposta à acupuntura convencional”, acrescenta ela. Outras indicações para o implante são pacientes com sequela de cinomose, epilepsia idiopática, osteoartrose, artrite, osteocondrite, enfermidades de joelho e de quadril, e em alguns casos de atopia e incontinência urinária. Golden Pet Care h t t p s : / / w w w. f a c e b o o k . c o m / i m p l a n t e s pet-100263024728618/ https://www.instagram.com/implantespet/

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Lançamentos

MSD Saúde Animal lança Bravecto Plus Gatos

Novo produto, que combate pulgas, sarna otodécica e vermes intestinais, pode ser utilizado em felinos com até 12,5 kg e é o único com proteção prolongada de 12 semanas para pulgas

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Divulgação

A MSD Saúde Animal traz ao mercado pet uma nova solução contra os parasitas dos felinos, o Bravecto Plus Gatos. O produto é o único do mercado que combate pulgas por 12 semanas, sarna otodécica e vermes intestinais, e traz benefícios como efeito prolongado e maior conveniência para o tutor. Além disso, dispõe de três apresentações que protegem felinos de 1,2 kg até 12,5 kg com uma só administração. O lançamento foi realizado na última semana de maio e está disponível desde junho. De acordo com Ahmed A. Álvarez, médico-veterinário e gerente de produto pet da MSD Saúde Animal, o Bravecto Plus Gatos chega para inovar o setor e trazer uma experiência completa aos tutores. “Da mesma forma que Bravecto comprimidos marcou uma nova era no combate a ectoparasitas de cães, estamos diante de uma solução inédita, a primeira para felinos dessa nova geração de antiparasitários, as isoxazolinas. Esses lançamentos são uma das razões que nos motivam a cada dia a cumprir nosso propósito de melhorar a vida das pessoas e a saúde e o bem-estar dos animais”, explica. A prevenção de longa duração permite quebrar o ciclo de infestação e eliminar de forma efetiva as pulgas que permanecem nos ambientes de convivência dos lares brasileiros, em combinação com a vermifugação de parasitas intestinais e a ação acaricida. A sarna otodécica, causada pelo ácaro Otodectes cynotis, é uma doença infelizmente muito comum em gatos, e por isso a prevenção e o tratamento são muito importantes no cuidado dos felinos. É essencial lembrar que o uso de um produto de longa duração e amplo espectro fa-

A Linha Bravecto Plus para gatos de 1 a 12,5 quilos oferece proteção contra pulgas por 12 semanas, além de combiná-la com ação acaricida e contra parasitas intestinais

vorece o cumprimento dos tratamentos, evitando qualquer interrupção que os antiparasitários mensais possam causar por culpa do esquecimento. O Bravecto Plus Gatos é completo, pois, além de prevenir e tratar a doença, também garante proteção ao lar. “Este último ponto é importante porque as pessoas costumam achar que os gatos, por serem animais mais independentes do que os cães e muitas vezes serem criados dentro de casa, não precisam de antiparasitários. No entanto, é exatamente o contrário, pois 95% das pulgas estão dentro dos lares, trazidas, muitas vezes sem saber, pelo próprio tutor”, explica Álvarez. MSD Saúde Animal http://www.msd-saude-animal.com.br/

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Ambiente hospitalar veterinário

Consultório veterinário – atendimento técnico ao animal

Sala dinâmica de um centro de diagnóstico veterinário. Notar as cores neutras da pintura, da bancada e do gabinete (seta preta). Os dispensadores de papel-toalha, sabonete líquido e álcool gel (setas amarelas) estão fixados nas paredes, próximo à cuba de lavagem de mãos (seta rosa). O mobiliário é reduzido, tendo apenas: mesa de aço inox para exame físico (seta verde), gabinete (seta preta), poltronas altas (setas roxas) e cortina do tipo blecaute (seta vermelha). O conforto térmico é dado por aparelho de ar condicionado e exaustor para troca de ar (setas azuis) 82

se se atendem animais exóticos, deve-se ter um consultório especializado para o atendimento deles. Uma estratégia de uso do espaço dedicado ao atendimento clínico é ter, além dos consultórios, uma sala dinâmica, isto é, uma sala em que não ocorra entrevista do tutor nem exame físico minucioso, destinada à aplicação de medicamentos e/ou vacinas, coleta de amostras biológicas, lavagem otológica, intervenção de emergências e outros procedimentos não cirúrgicos. Com isso, é possível ter um espaço com uma área menor do que o consultório e maior rotatividade dos consultórios. Alguns cuidados particulares devem ser adotados no consultório especializado para gatos; são eles: a) proteção acústica dos la-

Renato Couto Moraes

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O tutor aguarda que o chamem para ir ao consultório com seu animal. Se o ambiente causou uma boa impressão até agora, a expectativa do tutor é alta. Isso quer dizer que ele espera encontrar um consultório de fato coerente com tudo o que viu até aquele momento. O oferecimento dos serviços do estabelecimento de saúde animal deve ser sempre coerente com os seus espaços. Desse modo, na existência de uma recepção para gatos é bem apropriado ter um consultório dedicado ao atendimento exclusivo de gatos, assim como,

Consultório veterinário indiferenciado de um centro de diagnóstico. A cor principal da logomarca aparece na pintura (seta azul). Notar a mesa de entrevista (seta marrom) em cor neutra, a poltrona do veterinário em cor neutra (seta roxa), a cadeira colorida para tutor (seta vermelha), os quadros decorativos (setas pretas) e o visor na porta (seta laranja)

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tidos dos cães; b) ventilação constante para evitar maus cheiros de outros animais (podendo ou não empregar odorizadores de ambiente não irritantes); c) luminosidade controlada, preferencialmente com temperatura de cor quente; d) tela nas janelas; e) porta com mola aérea; f) prateleiras junto à mesa de exame físico onde o animal possa ser colocado (de-

pendendo de seu estado físico); e g) rolo de proteção descartável sobre mesa de aço inox; além dos demais itens obrigatórios de qualquer consultório. O consultório é classificado como área semicrítica; assim, a restrição de decoração é maior quando comparada a uma área não crítica, como a recepção. Alguns aspectos sobre

Renato Couto Moraes

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Consultório veterinário indiferenciado de um comércio misto. A) Identidade visual no papel de parede em uma das cores da logomarca (seta verde-clara); cuba de lavagem de mãos (seta laranja) estrategicamente posicionada; gabinete e prateleiras (setas pretas). B) Mesa de aço inox para exame físico (seta vermelha); aproveitamento do espaço debaixo da mesa com prancha de madeira em fórmica (seta amarela), desde que mantidos os aspectos sanitários

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Ambiente hospitalar veterinário mônico, instalando placas de aviso tais como: proibido fumar, lavagem obrigatória de mãos sobre a cuba, orientação para uso do álcool

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a recepção já abordados na matéria anterior devem ser novamente respeitados: sofás ou poltronas em tecido impermeável; não instalar papéis de parede comuns; evitar enfeites demais nas faces das paredes; e, por fim, um piso de baixa porosidade. Novamente, a identidade visual deve estar presente no consultório com as cores da logomarca presentes em pintura, quadros artísticos ou não, placas de comunicação visual, cadeiras ou poltronas, etc. A comunicação visual na porta ou próximo a ela é importante para identificar o ambiente. Internamente, pode-se demonstrar todo o cuidado com o espaço físico, de modo har-

Renato Couto Moraes

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Consultório veterinário indiferenciado de um centro de especialidades. Notar a identidade visual na porta com placa de identificação do ambiente (seta vermelha). Os dispensadores de papel-toalha, sabonete líquido e caixa de perfurocortantes (setas amarelas) são aéreos, i.e., não estão apoiados. A iluminação difusa é adequada à atividade técnica (seta azul). O mobiliário está completo: mesa de aço inox para exame físico (seta verde); mesa de entrevista (seta marrom); cadeiras com as cores da logomarca (setas rosa); gabinete, gaveteiro junto à mesa e prateleiras para livros (setas pretas). O conforto térmico é dado por aparelho de ar condicionado (seta cinza)

Sala dinâmica de um centro veterinário de especialidades. Notar a identidade visual na porta com placa de identificação do ambiente (seta vermelha). Os dispensadores de papel-toalha e sabonete líquido (setas marrons) estão fixados nas paredes, próximo à cuba de lavagem de mãos. A sala dispõe de uma iluminação difusa (seta azul) e uma iluminação focal dimerizável (seta amarela). O mobiliário é reduzido, tendo apenas: mesa de aço inox para exame físico (seta verde), armário-vitrine (seta roxa) e gabinete (seta preta). Os equipamentos são geladeira para termolábeis (seta laranja) e cilindro de oxigênio (seta verde-clara). Há conforto térmico dado por aparelho de ar condicionado (seta cinza) 84

Consultório veterinário de um estabelecimento misto. O ambiente dispõe de um visor voltado para a loja (seta rosa); iluminação focal (seta amarela) e difusa; mesa de aço inox para exame físico (seta verde); mesa de entrevista (seta marrom); armário de medicamentos (seta azul); frigobar para termolábeis (seta preta); armário e gabinete (setas roxas)

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Renato Couto Moraes

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Consultório veterinário especializado em gatos de um centro de especialidades. Notar os detalhes decorativos em verde (setas pretas) no mobiliário de refúgio para gatos, nas prateleiras das paredes. A) Notar cuba para lavagem de mãos (seta rosa) sobre gabinete com dispensadores de papel-toalha e sabonete líquido (seta amarela) próximos, mesa de entrevista (seta marrom) em cor neutra e mesa de exame físico (seta verde) em tom amadeirado com tampo de fórmica lisa. B) O mobiliário para gatos permite uma avaliação comportamental e exame físico com menor estresse

gel, identificação de certos equipamentos (geladeira de medicamentos, por exemplo), etc. Outro item que tem aspecto decorativo mas também papel técnico é a iluminação. Deve-se calcular a intensidade luminosa para o consultório de modo que seja suficiente para cada tarefa, priorizando a temperatura com o uso da cor branca neutra (~4.300  K) sobre a mesa de exame físico, e a branca fria (~5.000  K) ou quente (3.000  K) sobre a mesa de entrevista. É recomendável alternar pontos de iluminação focal e difusa, podendo-se escolher focal sobre a mesa de exame físico, a cuba para lavagem de mãos, a bancada, etc. Alguns aspectos do consultório veterinário que são obrigatórios: mesa de entrevista ao tutor com duas ou mais cadeiras ou poltronas (a maioria dos tutores vêm acompanhados por outra pessoa); cuba para lavagem das mãos (não pode ser a do banheiro interno); dispensador de papel-toalha (não se permite toalha de tecido); dispensador de sabonete líquido (recomenda-se o aéreo, i.e., fixado à parede); dispensador de álcool gel (próximo ao interruptor da entrada do consultório e também à mesa de exame físico); caixa de descarte de perfurocortantes suspensa (i.e.,

não apoiada sobre mesa ou outro móvel); e, por fim, mesa de exame físico (de aço inox ou outro material que permita desinfecção, como fórmica). Devido à área reduzida de alguns consultórios, é possível usar o espaço abaixo da mesa de exame físico a partir da colocação de uma prancha de madeira com fórmica para acomodar, gaveteiros plásticos para estoque de insumos estéreis, focinheiras, almotolias e até mesmo um frigobar para manutenção de termolábeis, desde que seja mantido o sifão de inox para encaminhamento de excreções e/ou secreções até o cesto coletor. Em resumo, o consultório veterinário é uma ótima oportunidade de fidelizar o cliente, pois um espaço físico de qualidade indica condições de atendimento de qualidade. Portanto, um bom consultório possibilita um atendimento de qualidade a diferentes espécies animais (notadamente cães e gatos), conforto e bem-estar ao animal e percepção de valor do tutor. Renato Couto Moraes MV, CRMV-SP: 16.509, mestre, dr., engenheiro-civil especializado em arquitetura de saúde www.ambientepet.com contato@ambientepet.com

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JUNTOS, POR UM MUNDO MAIS SAUDÁVEL PARA OS ANIMAIS. O maior evento de negócios e congresso de especialidades da América Latina

ATUALIZE CONHECIMENTOS, FORTALEÇA SUA MARCA, MARQUE PRESENÇA. O ano de 2021 tem a inovação como exigência fundamental É hora de acompanhar, de se informar, de participar da mudança e a inovação requer uma base consistente. Neste momento importante, nossa parceira de mídia e conteúdo oficial é a revista Clínica Veterinária, principal veiculo do segmento. Faça como nós. Escolha como parceira a revista Clínica Veterinária, publicação com conteúdo de referência no setor.


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ABRIL SÃO PAULO SP BRASIL

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Tecnologia da informação

Na edição passada, a primeira parte deste artigo apresentou a tecnologia blockchain 1 e as principais aplicações na área da saúde, ainda em seus estágios iniciais. A seguir, a continuidade dessa análise. Informações confiáveis impactam o valor dos negócios A falta de confiabilidade das informações sobre animais de alto valor de mercado, como cães e cavalos que participam de competições nacionais e internacionais, é um problema constatado com bastante frequência hoje em dia. O valor desses animais é determinado em grande parte pelo seu pedigree e pela história médica. Uma informação falsa pode ter grande influência na decisão de compra, envolvendo transações de alto valor. Aplicações baseadas na tecnologia blockchain poderiam ajudar a reduzir as chances de fraudes por meio da criação de registros imutáveis do histórico do animal. Documentos como prontuários clínicos, registros de pedigree e de exames laboratoriais seriam facilmente validados usando-se algoritmos matemáticos. Além disso, a rastreabilidade do sistema permitiria expor todos os elos da corrente de dados criada, tais como as entidades e os profissionais responsáveis pela autenticidade desses documentos, garantindo transparência ao processo. Pensando em levantar fundos para ajudar animais em abrigos ao redor do mundo, a empresa Pawtocol (https://pawtocol.com/), com sede em Miami, criou uma solução baseada em um conceito ainda mais recente e inovador: non fungible token – NFT (token não 88

archerix (Vasyl Nesterov)

Blockchain, bitcoin e computação descentralizada no contexto da medicina veterinária – parte 2

Soluções baseadas em tecnologia blockchain, de computação descentralizada, garantem a confiabilidade de certas informações, como as referentes a animais de alto valor no mercado ou as que servem para avaliar o perfil de profissionais com vistas à sua contratação

fungível, em tradução livre). O NFT pode ser entendido como uma espécie de certificado digital, estabelecido via blockchain, que estabelece a originalidade e a exclusividade de bens digitais. Parece difícil de acreditar, mas algumas pessoas chegam a pagar somas milionárias por pequenas imagens digitais sem muita qualidade, apenas pelo fato de serem exclusivas. Segundo Karim Quazzani, diretor da Pawtocol, o objetivo é utilizar os NFTs como peças de arte que representem um animal de abrigo e negociá-los pela internet 2. “Embora existam muitos casos de uso de NFTs, como na arte digital e na música, não vimos nenhum caso relevante para a humanidade, como, por exemplo, salvar a vida de animais”, diz Quazzani.

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Tecnologia ajuda a identificar bons profissionais A medicina veterinária é uma profissão que se mantém em alta há décadas. Mesmo em tempos de pandemia, o mercado pet tem mostrado sinais de crescimento. O número de faculdades cresce em taxas absurdas. Aproximadamente metade das faculdades de veterinária do planeta estão no Brasil. Os cursos de especialização se multiplicam em praticamente todas as áreas. Mas como identificar bons profissionais em meio a essa enxurrada de oferta? A grande maioria dos empregadores se baseia em variáveis imprecisas, como currículo e indicação, e em muitos casos essas informações nem são verificadas. A empresa VetBloom, sediada nos Estados Unidos e com atuação na formação de veterinários, desenvolveu uma parceria com a IBM para criar uma aplicação com uma abordagem inovadora para identificar, organizar, rastrear e compartilhar as habilidades e competências de sua força de trabalho. Segundo o médico-veterinário Patrick Welch, fundador e diretor da VetBloom (https://vetbloom.com/): “Uma solução baseada em blockchain pode transformar as interações entre todos os principais interessados, incluindo fornecedores de educação, estudantes, órgãos reguladores, as-

sociações e empregadores, fornecendo uma estrutura digital segura para compartilhar credenciais de aprendizagem validadas e pesquisáveis, competências e certificações” 3. Ainda é cedo para afirmar se as tecnologias apresentadas acima serão implementadas de fato na rotina diária de médicos-veterinários, criadores ou tutores, mas o fato é que a computação descentralizada é uma realidade, e as soluções baseadas em blockchain estão forçando os profissionais do setor da saúde a saírem de sua zona de conforto. Referências

1-Bitcoin: IBM Topics: O que   a tecnologia blockchain?. https://www.ibm.com/br-pt/ topics/what-is-blockchain 2-Get Unique NFTs Help Animals. https://nft. pawtocol.com/ 3-Growing the veterinary learning credential network with blockchain. https://www.ibm. com/blogs/blockchain/2020/09/growing-the-veterinarylearning-credential-network-with-blockchain/ Marcelo Sader Consultor em TI para o mercado veterinário NetVet Tecnologia para Veterinários www.netvet.com.br marcelo@netvet.com.br

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Gestão

Nos diversos artigos aqui publicados até agora, procuramos dar uma visão geral dos empreendimentos espiritualizados, isto é, daqueles que buscam adotar e valorizar um conjunto de princípios universais como a gratidão, o sorriso, a humildade, a harmonia e o amor altruísta. Nosso atual ambiente de negócios é baseado nas noções clássicas da administração, que têm levado à maximização da competitividade a todo custo, à redução radical dos custos, à obtenção de resultados imediatos e à consolidação de uma imagem favorável para o cliente que muitas vezes não corresponde à realidade. Os empreendimentos espiritualizados partem de um enfoque mais abrangente, assentado na compreensão da importância desses citados princípios universais, tanto na vida pessoal quanto na empresarial. Assim, o sucesso vem de seu enfoque particular e das relações mais sólidas com os clientes e com o próprio negócio, fundamentadas nesses princípios. Isso pode à primeira vista parecer menos eficaz do que a costumeira postura aguerrida e individualista, mas tem o poder de revigorar um empreendimento, dando nova vida às relações com os clientes e à gestão do negócio, com resultados práticos surpreendentes. Oferecer reais benefícios aos clientes e cuidar do negócio segundo uma óptica espiritualista permite obter ganhos de competitividade mais sólidos, resultantes de uma postura fundamentada em relações mais verdadeiras e consistentes. O primeiro passo para um empreendimento espiritualizado é montar um plano de ação com as respectivas etapas, como ocorre com todo empreendimento. Esse plano de ação deve identificar os objetivos que irão orientar a prática. 90

Lightspring

Plano de ação para empreendimento espiritualizado

No cenário atual de valorização da inovação, dar ao seu empreendimento um enfoque espiritualizado pode fazer toda a diferença, ao reorientar seus objetivos e o seu relacionamento com os clientes, permitindo ganhos de competitividade realmente sólidos e duradouros

Um plano realizado a partir de uma consciência espiritualista, embora tenha o fim de produzir meios de se autossustentar, se desenvolver e gerar rendimentos, deve colocar ênfase em uma profunda reflexão sobre os verdadeiros motivos existenciais que inspiram o empreendedor a desenvolver a sua atividade profissional. Esse é um de seus grandes diferenciais. Nesse sentido, o plano deve refletir as intenções e o desejo do empreendedor ao exercer sua atividade. Intenção e desejo nos remetem ao sentimento e não apenas ao pensamento, ao raciocínio lógico. O que caracteriza a visão espiritualizada de um empreendimento é um comprometimento específico. Em vez de procurar maneiras de extrair algo do consumidor ou cliente, esse comprometimento parte da disposição genuína de “servir”

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ao próximo (os clientes). Servir, em sua manifestação plena, é um “produto” raro no ambiente de negócios, apesar de constituir até mesmo o slogan de muitos empreendimentos. A consciência da espiritualidade contempla o altruísmo, o amor ao próximo, o desejo de oferecer satisfação e alegria por meio do trabalho. Isso é que diferencia um empreendimento espiritualista, e é nisso que se assenta seu sucesso. Ele vai na direção oposta à do desejo de ser servido, de ter vantagens pessoais, de ir atrás de conquistas, de realizações e de bens, que em sua essência focam apenas a satisfação pessoal. Cada vez mais essas motivações se mostram insatisfatórias e ineficazes. No contexto da espiritualização, propósitos pessoais não são excluídos, mas passam a ser consequência do desejo de servir ao próximo fazendo o bem. E é isso que traz resultados mais sólidos para o cliente e para o empreendimento, pois clientes satisfeitos são fundamentais para um negócio de sucesso. O plano de trabalho que iremos propor ao longo dos próximos artigos é composto por 10 itens. Eles nos levam a identificar os nossos valores mais profundos, que em sua essência serão os fundamentos para o sucesso do empreendimento. Os 10 itens são: a intenção do trabalho; a cultura de valores; a estratégia de execução; os

talentos pessoais; as sabedorias profissionais e espirituais; os conhecimentos e as habilidades profissionais e espirituais; o desenvolvimento da intuição; a oração e a conexão com algo maior; o desenvolvimento do próprio potencial, e a superação das autolimitações. É importante começar uma reflexão sobre essas questões para ganhar clareza a respeito de cada uma delas. Nas próximas edições falaremos sobre cada um desses itens do plano, lembrando que devemos sempre buscar uma mudança na nossa maneira de pensar a fim de cultivar sentimentos positivos. Portanto, trata-se de um desafio, e para isso não devemos nos autolimitar. É preciso ter um pouco de ousadia para buscar novos horizontes. E a apreciação desses itens permite no mínimo realizar um bom balanço do que viemos fazendo até aqui e apreciar o valor desses princípios para a nossa vida individual e social. Trata-se de uma proposta de mudar o foco de nossas ações – e a essência dessas ações está na própria espiritualidade.

Celso Morishita Gestor empresarial espiritualista celsomorishita@yahoo.com

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Vet agenda Anestesiologia

10 de julho Online Curso Básico Online de Anestesia em Cães e Gatos Para Acadêmicos e Iniciantes https://www.instagram.com/ seavetcursos/

Animais silvestres

3 de julho Online Workshop Pets Nada Convencionais https://www.sympla.com. br/workshop-pets-nadaconvencionais__1229673

13 de julho

Online Evolução, biologia e manejo de répteis https://docs.google.com/forms/ d/e/1FAIpQLSeULCnPNd2Q0SdgEfw29Oiw4QBDOZVCGloXzk5cFLIdgrQ/viewform 1 a 15 de julho Online Palestras sobre Distúrbios Nutricionais em Pets Não Convencionais

https://docs.google.com/forms/ d/e/1FAIpQLScEdiCdBdNre_ pmrni79_7qwegBYMlbFw2qSIYO_ gdHj2vOMA/viewform

6 a 8 de agosto Online I Simpósio Latino-Americano de Patologia de Animais Selvagens e de Zoológico – PATOCON http://www. patologiaeconservacao.com. br/#/ 14 de agosto Online I Workshop Online Crossover de Medicina em Aves, Rapinantes e Introdução a Falcoaria https://www.safarivet.com. br/medicina-aves-rapinantesfalcoaria

Bem-estar animal

17 de julho

Online Bem-Estar de Cães: Lidando com Problemas Comportamentais https://bioethicus.com.br/ produto/bem-estar-de-caes/

18 a 21 de julho Jaboticabal, SP VIII Congresso brasileiro de biometeorologia, ambiência e bem-estar animal https://bit.ly/34cWGtv

Cardiologia

28 de julho a 4 de setembro Online Iniciando na Cardiologia Clínica de Cães e Gatos https://www.institutonaya.com. br/Curso/Index/76

Cinesioterapia

11 e 12 de setembro São Paulo, SP 3º Curso Avançado de Cinesioterapia https://bit.ly/2K3q9z3

Cirurgia

14 de agosto a 19 de dezembro Goiana, GO 4º Curso de Aperfeiçoamento em Cirurgia: Tecidos Moles Aplicado a Rotina em Cães e Gatos http://www.anclivepago.com. br/go/tecido_mole.html

Divulgue seu evento !!

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Vet agenda 19 e 20 de agosto Jaboticabal, SP 4º Curso de Aperfeiçoamento em Cirurgia: Tecidos Moles Aplicado a Rotina em Cães e Gatos https://eventos.funep.org. br/Eventos/Detalhes#/ exibir/5613 1 de setembro São Paulo, SP Curso de Pós-Graduação em Cirurgia de Animais Silvestres e Exóticos https://famesp.com.br/cursopos-graduacao-cirurgiaanimais-silvestres-exoticos/ 25 de setembro Jaboticabal, SP VI Curso de Aperfeiçoamento em Cirurgia de Pequenos Animais https://eventos.funep.org. br/Eventos/Detalhes#/ exibir/5561

Clínica

7 de julho Online Webinar Elanco Momento Galliprant Sobre Osteoartrite Canina https://www. momentogalliprant.com.br/ 3 de agosto a 7 de dezembro Online VI Curso sobre Cannabis Medicinal

https://sistemas.unifesp. br/acad/proec-siex/index. php?page=INS&acao=1&code=20258

Dermatologia

8 e 9 de outubro Recife, PE Dermato in Rio https://www.inrio.vet.br/ vetsinrio2021 94

Diagnóstico por imagem

27 e 28 de julho Online 1º Curso On-line: Interpretação Radiográfica https://www.instagram.com/ mariorennociruvet/ 18 de setembro a 18 de março 2022 Online I Curso Online de Ultrassonografia Em Pequenos Animais https://eventos.funep.org.br/ Eventos/Detalhes#/exibir/5610 25 a 27 de novembro 2022 Botucatu, SP Curso de Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada em Pequenos Animais https://eventos.funep.org.br/ Eventos/Detalhes#/exibir/5515

Endocrinologia

23 e 24 de julho Online II Curso de imagem no paciente endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br 13 e 14 de agosto, 17 e 18 de setembro Online VI Curso de endocrinologia clínica de cães e gatos cursos@endocrinovet.com.br 14 e 15 de agosto Jaboticabal, SP III Curso obesidade perspectivas e desafios https://bit.ly/34dnmKv 27 e 28 de agosto Online I Curso de raciocínio clínico

em nutrologia de cães e gatos cursos@endocrinovet.com.br 22 e 23 de outubro Online I Curso de cirurgia no paciente endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br

Felinos

7 de agosto Online I Simpósio Latinoamericano de Medicina Felina www.mrhealthevents.com

Medicina veterinária do coletivo

5 de julho a 12 de setembro Online Curso de Capacitação de Medicina de Abrigos https://forms.gle/ C2nZi6S5qZa1F1KQA 24 de julho Online 4º Encontro Nacional de C.E.D.

https://www.even3.com.ndc2021 /?fbclid=IwAR0_01GrkmWcFoR AQZ0Fbc98YE98EOLf5QiDjsqsF Wgb55p4acBjKUWW0OY

30 de agosto Online Curso de Especialização em Medicina Veterinária do Coletivo https://ufpr.pecca.com.br/ especializacao-medicinaveterinaria-coletivo/

Medicina veterinária de desastres

12 de julho Online Manejo de Animais em Situação de Desastre

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https://www.crmv-pr.org.br/ noticiasView/5817_Cursoonline-e-gratuito-sobremanejo-de-animais-emsituacao-de-desastre.html

Microbiologia

4 a 6 de agosto Online I Congreso Virtual de Microbiología Veterinaria https://congresos.unlp.edu. ar/microvet/

Neurologia

19 de fevereiro a 3 de julho de 2022 Jaboticabal, SP X Curso Teórico-Prático de Neurologia e Neurocirurgia de Cães e Gatos https://eventos.funep.org. br/Eventos/Detalhes#/ exibir/5611

Nutrição

1 de agosto Online Nutrologia Veterinária https://escoladenutricao. premierpet.com.br/precadastro/ 4 a 6 de novembro Online IX Simpósio Sobre Nutrição Clínica de Cães e Gatos https://eventos.funep.org.br/ Eventos/Detalhes#/exibir/5618

Obstetrícia

7 de julho Online Cesariana em Pequenos Animais https://docs.google.com/forms/ d/e/1FAIpQLScxHms-nZPBsON O6C6DwAiPijO5uSAlDA238L5i bX6L8qud_g/viewform 96

Oftalmologia

17 a 19 de novembro Foz do Iguaçu, PR 17º Congresso Brasileiro de Oftalmologia Veterinária https://www.congressocbov. com.br/

Ortopedia

29 de janeiro a 4 de dezembro de 2022 Jaboticabal, SP VIII Curso de Aprimoramento em Ortopedia de Cães e Gatos https://eventos.funep.org. br/Eventos/Detalhes#/ exibir/5605

Patologia clínica

6 a 8 de agosto Online I Simpósio Latino-Americano de Patologia de Animais Selvagens e de Zoológico – PATOCON http://www. patologiaeconservacao.com. br/#/ 16 a 19 de setembro Online COMPATOCLIN: Congresso Medvep Online de Patologia Clínica https://medvep.com.br/ categoria/congressos/

Zoonoses

6 de julho Jaboticabal, SP Webinar Dia Mundial Contra As Zoonoses https://bit.ly/webinarzoonoses-2021

Feiras, Congressos & Simpósios

5 a 9 de julho Online

I Simpósio de Especialidades Veterinárias https://www.sympla.com.br/isimposio-de-especialidadesveterinarias__1211542 5 a 10 de julho Online II Simpósio ALCAVET https://www.shopmedvep. com.br/produtos/congressomedvep-internacional-deespecialidades-veterinarias2021-de-27-a-29-de-julho-de2021-em-bento-goncalves-rs/ 27 a 29 de julho Online Congresso Medvep Internacional de Especialidades Veterinárias 2021 https://www.sympla.com.br/ii-simposio-alcavet__1239787 7 de agosto Online I Simpósio Latinoamericano de Medicina Felina www.mrhealthevents.com 16 a 19 de agosto Online Congresso On-line Nacional de Clínica Veterinária de Pequenos Animais https://www.ime.events/ clinvet 20 e 21 de agosto São Paulo, SP Cat in Rio https://www.inrio.vet.br/ catinrio2021 17 a 19 de março de 2022 Rio de Janeiro, RJ Congresso Veterinário de León – CVDL https://www.cvdlinrio.com/

Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 153, julho/agosto, 2021


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13 a 15 de abril de 2022 São Paulo, SP Veterinária Expo+Congress https://www.veterinariaexpo. com/ 25 a 27 de maio de 2022 Maceió, AL 41º Congresso Brasileiro da Anclivepa https://www.cbamaceio.com. br/ 30 de junho a 2 de julho de 2022 Bento Gonçalves, RS Congresso Medvep Internacional de Especialidades Veterinárias 2021 https://cutt.ly/pbAmX7v

Agenda internacional

3 e 4 de julho Online CAVEPS VIRTUAL 2021 – II Congreso de Capacitación y Actualización Virtual para Veterinarias, Pet Shops y Peluqueros Caninos http://www.expovet.com.ar/ congreso_cupon.html 7 de julho

Online Fifth Webinar PreWorldLeish7: Moulding Leishmanial Diversity – Time and Source of Infection https://www.worldleish7.org/ pre-worldleish-7/ 22 a 24 de julho Cartagena, Colômbia Congreso VEPA Nacional 2021 https://www.facebook.com/ vepa.col 7 de agosto Online I Simpósio Latinoamericano de Medicina Felina www.mrhealthevents.com 2 a 5 de setembro Online Constancias CVDL https://www.facebook.com/ watch/?v=633023890649654 6 a 9 de outubro Illinois, EUA 2021 ACVS Surgery Summit https://bit.ly/2kyNE6a 11 a 26 de outubro Online

VIII Congreso NEUROLATINVET 2021 https://neurolatinvet.net/ 14 a 16 de outubro Kuching, Malásia 21st FAVA Congress 2021 https://www.favamember.org 20 a 22 de outubro Mérida, México AMMVEPE 2021 https://bit.ly/3p4vogX 25 a 27 de outubro Sevilha, Espanha Congress of the European Association of Veterinary Laboratory Diagnosticians https://eavld2020.org/ 13 a 15 de novembro Online WSAVA Global Community Congress http://ow.ly/GETc50FbEz7 8 e 9 de dezembro Sevilha, Espanha International Conference on Animal and Veterinary Sciences http://www.istdst.org/AVS

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Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 153, julho/agosto, 2021


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