Revista Clínica Veterinária - ed.154 - pt

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Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais

Cirurgia

Piometra em onçaparda (Puma concolor – Linnaeus, 1771) – relatode caso

Riscos ocupacionais Evolução do conjunto normativo

Medicina veterinária de desastres Capacitação para atuação em desastres envolvendo animais

Indexada no Web of Science – Zoological Record, no Latindex e no CAB Abstracts DOI: 10.46958/rcv

www.revistaclinicaveterinaria.com.br



Divulgação


Índice Editora Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br

Medicina veterinária de desastres Capacitação para atuação em desastres envolvendo animais

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Publicidade Alexandre Corazza Curti midia@editoraguara.com.br Editoração eletrônica Editora Guará Ltda. Projeto gráfico Natan Inacio Chaves

Medicina veterinária do coletivo

Gerente administrativo Antonio Roberto Sanches admedguara@gmail.com

A ilha dos gatos abandonados

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Os indígenas e seus animais de companhia sob a óptica da Saúde Única

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Capa Suçuarana fêmea Bernardo José Sader Teixeira

Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total res­­ponsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou to­tal do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária. Editora Guará Ltda. Rua Adolf Würth, 276, cj 2 Jardim São Vicente, 06713-250, Cotia, SP, Brasil Central de assinaturas: (11) 98250-0016 cvassinaturas@editoraguara.com.br Gráfica Gráfica e Editora Pifferprint Ltda.

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Cirurgia

26 Piometra em onça-parda (Puma concolor – Linnaeus, 1771) – relato de caso Pyometra in Puma (Puma concolor Linnaeus, 1771) – case report Piómetra en puma (Puma concolor Linnaeus, 1771) – relato de caso

Bem-estar animal Coelhos domésticos – bem-estar – parte 3

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Direito médicoveterinário

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Labyes do Brasil lança Feline Endospot

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SuperCrac Pet – programa para elaboração de alimentação animal e acompanhamento nutricional

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Ambiente hospitalar veterinário

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Tecnologia da informação

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A judicialização da medicina veterinária

Riscos ocupacionais

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Riscos ocupacionais na atividade veterinária

Notícias

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International Veterinary Students’ Association (IVSA)

Centro cirúrgico – atendimento normativo e diferenciação

Nova plataforma da PremieRpet® promove encontro entre tutores e animais

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Lançamentos

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Marketing digital

Gostosura para os cães: PremieRpet® lança cookie temático para o Halloween

Boehringer Ingelheim Saúde Animal lança novo medicamento para parasitas internos e externos em cães no Brasil

Gestão

Plano de ação para empreendimento espiritualizado – etapa 1

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Vet agenda

Cursos, palestras, semanas acadêmicas, simpósios, workshops, congressos, em todo território nacional e por todo o planeta

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Editorial

A medicina veterinária e o amor Nas nossas conversas, no nosso convívio social, no ambiente profissional, no dia a dia, circulam livremente conceitos e valores inegavelmente importantes, como os de dedicação, competência, conhecimento, apuro tecnológico. Eles são sempre bem acolhidos e valorizados, seja para incentivar nosso trabalho, seja até como argumentos publicitários convincentes. Ao lado desses valores positivos, temos à nossa volta também uma série de manifestações de violência em todos os níveis – relacional, político, econômico, social. No noticiário e na indústria do entretenimento, o que mais vemos são violências de todo tipo – tiros, explosões, mortes e perversidades as mais variadas. Em contraste com tudo isso, falta espaço e chega até a haver certo pudor em manifestar e de falar de amor, gratidão, empatia, compaixão, respeito, compartilhamento, generosidade. A medicina veterinária, como tantas outras profissões, nos oferece oportunidades para exercitar, contribuir, aprender e melhorar toda essa gama sentimentos. Atendemos, cuidamos, tratamos. Se conseguirmos extrapolar essa empatia, essa compaixão, esse respeito e esse amor que temos pelos animais para os seus tutores e suas famílias, e também para as demais pessoas com as quais convivemos, no bairro, no ambiente de trabalho, veremos que sempre há uma oportunidade para exercitá-las. E que podemos com isso ampliar nossa capacidade de interação com o mundo dentro de uma óptica diversa da que geralmente nos é proposta. Ou imposta. Se tivermos atenção e essa intenção para com as demais formas de vida, a natureza e o planeta, conseguiremos criar uma relação com o que existe a partir de um lugar interior mais pleno, ampliando nossas percepções e expandindo a empatia, o respeito e o amor que hoje julgamos ter em medida suficiente para que ocupe todo o nosso campo vital. Todos os dias nos são dadas oportunidades de escolher entre ser ou não compassivos. Podemos demonstrar condescendência para com o quadro geral de alheamento, indiferença, insensibilidade e violência que nos é apresentado, ou então buscar ativamente uma conexão com o nosso núcleo empático, amoroso, respeitoso. Se aproveitarmos as oportunidades que nossa profissão oferece, estaremos contribuindo para uma “ecologia de sentimentos” solidária e humana no melhor sentido, com gratidão pelos caminhos e desafios que trilhamos e aproveitando as experiências que surgem para, acima de tudo, exercitar o amor, em lugar da indiferença e da aceitação passiva de formas cada vez mais disseminadas de violência – sutil ou ostensiva. O momento nunca pediu tanto atitudes como essas, positivas e medicinais, compassivas e corajosas. E extremamente lúcidas. Que todos consigamos celebrar a nossa profissão neste 9 de setembro vibrando amor, compaixão e empatia, para buscarmos nos tornar seres humanos plenos em todos os nossos potenciais. Maria Angela Sanches Fessel CRMV-SP 10.159 6

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Consultores científicos Adriano B. Carregaro FZEA/USP-Pirassununga Álan Gomes Pöppl FV/UFRGS Alberto Omar Fiordelisi FCV/UBA Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM Alejandro Paludi FCV/UBA Alessandra M. Vargas Endocrinovet Alexandre Krause FMV/UFSM Alexandre G. T. Daniel Universidade Metodista Alexandre L. Andrade CMV/Unesp-Aracatuba Alexander W. Biondo UFPR, UI/EUA Aline Machado Zoppa FMU/Cruzeiro do Sul Aline Souza UFF Aloysio M. F. Cerqueira UFF Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia Ana Liz Bastos CRMV-MG, Brigada Animal MG Ananda Müller Pereira Universidad Austral de Chile Ana P. F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL André Luis Selmi Anhembi/Morumbi e Unifran Angela Bacic de A. e Silva FMU Antonio M. Guimarães DMV/UFLA Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP-São Paulo Aulus C. Carciofi FCAV/Unesp-Jaboticabal Aury Nunes de Moraes UESC Ayne Murata Hayashi FMVZ/USP-São Paulo Beatriz Martiarena FCV/UBA Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI Berenice A. Rodrigues MV autônoma Camila I. Vannucchi FMVZ/USP-São Paulo Carla Batista Lorigados FMVZ/USP-São Paulo

Carla Holms Anclivepa-SP Carlos Alexandre Pessoa www.animalexotico.com.br Carlos E. Ambrosio FZEA/USP-Pirassununga Carlos E. S. Goulart EMATER-DF Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp-Jaboticabal Carlos Mucha IVAC-Argentina Cassio R. A. Ferrigno FMVZ/USP-São Paulo Ceres Faraco FACCAT/RS César A. D. Pereira UAM, UNG, UNISA Christina Joselevitch IP/USP-São Paulo Cibele F. Carvalho UNICSUL Clair Motos de Oliveira FMVZ/USP-São Paulo Clarissa Niciporciukas Anclivepa-SP Cleber Oliveira Soares Embrapa Cristina Massoco Salles Gomes C. E. Daisy Pontes Netto FMV/UEL Daniel C. de M. Müller UFSM/URNERGS Daniel G. Ferro Odontovet Daniel Macieira FMV/UFF Denise T. Fantoni FMVZ/USP-São Paulo Dominguita L. Graça FMV/UFSM Edgar L. Sommer Provet Edison L. P. Farias UFPR Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE Elba Lemos FioCruz-RJ Eliana R. Matushima FMVZ/USP-São Paulo Elisangela de Freitas FMVZ/Unesp-Botucatu Estela Molina FCV/UBA Fabian Minovich UJAM-Mendoza Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR

Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE Fabio Otero Ascol IB/UFF Fabricio Lorenzini FAMi Felipe A. Ruiz Sueiro Vetpet Fernando C. Maiorino Fejal/CESMAC/FCBS Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL Fernando Ferreira FMVZ/USP-São Paulo Filipe Dantas-Torres CPAM Flávia R. R. Mazzo Provet Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá Flavio Massone FMVZ/Unesp-Botucatu Francisco E. S. Vilardo Criadouro Ilha dos Porcos Francisco J. Teixeira N. FMVZ/Unesp-Botucatu F. Marlon C. Feijo Ufersa Franz Naoki Yoshitoshi Provet Gabriela Pidal FCV/UBA Gabrielle Coelho Freitas UFFS-Realeza Geovanni D. Cassali ICB/UFMG Geraldo M. da Costa DMV/UFLA Gerson Barreto Mourão Esalq/USP Guilherme G. Pereira Nayacardiovet Hector Daniel Herrera FCV/UBA Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB Hélio Autran de Moraes Oregon S. U. Hélio Langoni FMVZ/Unesp-Botucatu Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ Herbert Lima Corrêa Odontovet Iaskara Saldanha Lab. Badiglian Idael C. A. Santa Rosa UFLA Ismar Moraes FMV/UFF

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Jairo Barreras FioCruz James N. B. M. Andrade FMV/UTP Jane Megid FMVZ/Unesp-Botucatu Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade João G. Padilha Filho FCAV/Unesp-Jaboticabal João Luiz H. Faccini UFRRJ João Pedro A. Neto UAM Jonathan Ferreira Odontovet Jorge Guerrero Univ. da Pennsylvania José de Alvarenga FMVZ/USP Jose Fernando Ibañez FALM/UENP José Luiz Laus FCAV/Unesp-Jaboticabal José Ricardo Pachaly Unipar José Roberto Kfoury Jr. FMVZ/USP Juan Carlos Troiano FCV/UBA Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu Juliana Werner Lab. Werner e Werner Julio C. C. Veado FMVZ/UFMG Julio Cesar de Freitas UEL Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal Leonardo D. da Costa Lab&Vet Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal Leucio Alves FMV/UFRPE Luciana Torres FMVZ/USP-São Paulo Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Marcello Otake Sato FM/UFTO Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo


Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP-São Paulo Marcelo Faustino FMVZ/USP-São Paulo Marcelo S. Gomes Zoo SBC,SP Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo Márcia Marques Jericó UAM e Unisa Marcia M. Kogika FMVZ/USP-São Paulo Marcio B. Castro UNB Marcio Brunetto FMVZ/USP-Pirassununga Marcio Dentello Lustoza Biogénesis-Bagó S. Animal Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo Marconi R. de Farias PUC-PR Maria Cecilia R. Luvizotto CMV/Unesp-Araçatuba Maria Cristina Nobre FMV/UFF M. de Lourdes E. Faria VCA/Sepah Maria Isabel M. Martins DCV/CCA/UEL M. Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp-Botucatu Maria Lúcia Z. Dagli FMVZ/USP-São Paulo Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba Marta Brito FMVZ/USP-São Paulo Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba Masao Iwasaki FMVZ/USP-São Paulo Mauro J. Lahm Cardoso Falm/Uenp

Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP Michele A. F. A. Venturini Odontovet Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu Miriam Siliane Batista FMV/UEL Moacir S. de Lacerda Uniube Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL Nadia Almosny FMV/UFF Natália C. C. A. Fernandes Instituto Adolfo Lutz Nayro X. Alencar FMV/UFF Nei Moreira CMV/UFPR Nelida Gomez FCV/UBA Nilson R. Benites FMVZ/USP-São Paulo Nobuko Kasai FMVZ/USP-São Paulo Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL Paulo Anselmo Zoo de Campinas Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu Paulo S. Salzo Unimes, Uniban Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo Pedro Germano FSP/USP

Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia Regina H. R. Ramadinha FMV/UFRRJ Renata A. Sermarini Esalq/USP Renata Afonso Sobral Onco Cane Veterinária Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu Ricardo Duarte All Care Vet / FMU Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR Ricardo S. Vasconcellos CAV/Udesc Rita de Cassia Garcia FMV/UFPR Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ Rita Leal Paixão FMV/UFF Robson F. Giglio H. Cães e Gatos; Unicsul Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba Ronaldo C. da Costa Ohio State University Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio Rosângela de O. Alves EV/UFG Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA

Sady Alexis C. Valdes Unipam-Patos de Minas Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu Silvia E. Crusco UNIP/SP Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo Silvio A. Vascon­cellos FMVZ/USP-São Paulo Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM Simone Gonçalves Hemovet/Unisa Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu Tiago A. de Oliveira UEPB Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR Valéria Ruoppolo I. Fund for Animal Welfare Vamilton Santarém Unoeste Vania de F. P. Nunes FNPDA e Itec Vania M. V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Victor Castillo FCV/UBA Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG Viviani de Marco UNISA e NAYA Wagner S. Ushikoshi UNISA e CREUPI Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional

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Instruções aos autores

A

Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Enviar por e-mail (cvredacao@editoraguara. com.br) ou pelo site da revista (http:// revistaclinicaveterinaria.com.br/blog/envio-deartigos-cientificos) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na lar­ gura 10

de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitali­ za­ das, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de re­ da­ ção cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acom­pa­nha­das de identificação de propriedade e autor). Devem ser en­viadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, tel­efones e e-mail) e uma foto 3x4 de rosto de cada um dos autores. Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus tí­ tulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser re­lacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 12, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser

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utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Uti­li­zar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utili­zar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições an­te­riores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar in­for­mações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utili­za­do, cada capítulo deverá ser considerado uma

referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). Somente autores de trabalhos originais devem ser citados, e nunca de revisões. É preciso ser ético pois os créditos são daqueles que fizeram os trabalhos originais. A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www. xxxxxxxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabalho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. Nesse subtítulo devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/ distribuidor, cidade e estado. Revista Clínica Veterinária / Redação Rua Adolf Würth, 276, cj. 2, 06713-250, Cotia, SP cvredacao@editoraguara.com.br

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Medicina veterinária de desastres

Capacitação para atuação em desastres envolvendo animais

Aula teórica fundamental para o conhecimento específico das áreas afetadas, dos animais envolvidos e das questões de segurança 12

tema são apresentados para auxiliar os profissionais a desenvolver suas habilidades, avaliar suas competências técnicas e testar sua capacidade de planejamento e de ação para que alcancem bons resultados. Um grande número de interessados previamente inscritos foram triados, dentre os quais 10 profissionais foram escolhidos para realizar a capacitação e, se aptos, ser incorporados ao grupo voluntário de resgatistas. A capacitação foi realizada na cidade de Conselheiro Lafaiete, MG, contando com o apoio de diferentes parceiros locais. A parceria formada pela base do Tiro de Guerra, extensão do Exército Brasileiro, a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros Militar e a Prefeitura Municipal contribuiu muito para que esse trabalho fosse bem sucedido. Durante três dias, os

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Grad

O Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad), uma força-tarefa composta por profissionais de diferentes áreas de atuação, como médicos-veterinários, biólogos, brigadistas e bombeiros civis, entre outros, realizou no mês de junho uma capacitação para profissionais de diversas áreas, como medicina veterinária, biologia, oceanografia, zootecnia, engenharia ambiental e apicultura, com foco na atuação em desastres nos quais animais tenham sido atingidos. A capacitação de profissionais é, de forma geral, uma ferramenta imprescindível, sem a qual a qualidade de qualquer atividade humana pode sofrer com equívocos e ausência de eficiência e autonomia. De forma geral, ela é obtida por meio de treinamentos nos quais conteúdos teóricos e práticos relativos ao

Um veículo leve e potente pode ajudar no rápido transporte de 2 pessas e de materiais, inclusive engatando uma carretinha, além de ajudar na remoção de obstáculos

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Grad

Grad

Aula prática para busca de animais presos em tocas sob áreas afetadas

participantes permaneceram alojados juntos como parte do curso, em que a imersão nas atividades diuturnas, a convivência, a divisão de tarefas e a alimentação foram discutidas e realizadas por eles, além do treinamento tradicional teórico e prático. Foram abordados conteúdos teóricos e práticos envolvendo todos os aspectos necessários em um cenário de diversos tipos de desastres, desde a atuação multidisciplinar, o

Aula prática utilizando diferentes tipos de equipamentos, inclusive equipamentos de segurança

sistema de comando de incidentes, a logística e os planejamentos, até a destinação adequada dos animais resgatados. A prática foi realizada em cenários simulados de riscos de inundações, deslizamentos de encostas e incêndios florestais, tendo como vítimas animais domésticos, de fazenda e silvestres. A capacitação contou com a estrutura de posto de comando, materiais e equipamentos para os resgates, EPIs, veículos, hospital veterinário de campanha e bases

Grad

Grad

Aula prática com a simulação de um resgate de um animal – manequim de animal de pelúcia – após uma enchente com soterramento

Aula prática para aprendizagem de contenção com equipamentos específicos para a espécie, como a fixação de cintas para evitar o deslocamento, e resgate utilizando manequim de bovino

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Grad

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Medicina veterinária de desatres

Aula prática para aprendizagem de contenção e resgate com equipamentos específicos para a espécie, como a utilização de corda guia no cabresto controlada por uma pessoa posicionada em frente, utilizando manequim de equino

Aula prática para aprendizagem de técnicas de primeiros socorros utilizando manequins de humanos 14

Exercício de aula prática realizada no tiro de guerra, para aprendizagem de técnicas de primeiros socorros

diversos campos de atuação, de vários estados brasileiros, que busca cada vez mais ampliar os conhecimentos sobre a medicina veterinária de desastres e todas as áreas envolvidas, que vão muito além do trabalho liga-

Grad

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de apoio, e também com o uso de manequins de animais e de pessoas nas simulações em campo para o planejamento, a tomada de decisões e o resgate em si. O Grad é uma força-tarefa ligada ao Fórum Animal. Trata-se de um grupo de voluntários com profissionais de diferentes formações e

Aula prática para aprendizagem de técnicas de primeiros socorros utilizando manequins de humanos

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Grad

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Luciana Guimarães e Vania Plaza Nunes do Grad, com cão adotado pelo soldados do Tiro de Guerra durante o curso e que serviu de modelo para o treinamento

do diretamente aos animais. Os desafios enfrentados incluem, além da capacitação técnica, a capacitação comportamental e a importância de manter o equilíbrio para que se tomem as melhores decisões, mesmo sob pressão, evitando riscos desnecessários para si e para a equipe e assegurando o sucesso da missão. Novas oportunidades deverão surgir no futuro, mas é importante ressaltar que os participantes do grupo original, a cada oportunidade, também adquirem novos conhecimentos e habilidades. Depoimento de dois participantes “Participar do curso de capacitação do Grad foi uma das experiências mais intensas que já vivenciei. Todas as minhas expectativas foram superadas pelo fato de irem muito além do ato de resgatar um animal. Há planejamentos, logística e dedicação extrema para que o objetivo seja alcançado com sucesso e para que todos os envolvidos mantenham a integridade física e psicológica, de modo que os trabalhos possam ser executados. Antes do curso, as ações me pareciam simples, mas a vontade de ajudar por si só não basta. É preciso preparação, direcionamento e inteligência emo-

Membros da Equipe do Grad durante o treinamento

cional para evitar erros que podem ser fatais. Além disso, existe uma necessidade extrema de me manter sempre preparado. Para isso, tenho que estudar e buscar novos conhecimentos para lapidar as técnicas passadas no curso. Afinal, um desastre pode acontecer a qualquer momento. Só tenho agradecimentos a fazer ao Grad. Essa semente plantada por esta ‘família’ vem se desenvolvendo e ficando cada vez mais forte, e a zona de conforto do meu dia a dia está cada vez mais distante. Consigo perceber um crescimento e um desenvolvimento pessoal que se fortaleceu com essa experiência. Tenho muito orgulho de fazer parte do Grad Brasil.” (Wellington, médico-veterinário) “Frequentar o curso extrapolou minhas expectativas. Foi como frequentar uma faculdade, com tantos novos conhecimentos. Aprendemos noções de primeiros socorros, fizemos simulações de resgate e de convívio em equipe, tudo sempre com o foco no respeito à vida. Me sinto um veterinário-bombeiro. Agradeço demais a oportunidade de ser um integrante dessa família que é o Grad!” (Daniel, médico-veterinário) Grad Brasil

https://www.gradbrasil.org.br/

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Medicina veterinária do coletivo

A ilha dos gatos abandonados

Introdução No estado do Rio de Janeiro, no munícipio de Mangaratiba, existe uma pequena ilha, a 8 quilômetros do continente, oficialmente chamada de ilha Furtada, mas popularmente conhecida por outro nome: ilha dos Gatos. Mesmo sendo considerado crime ambiental, o abandono de felinos na ilha vem ocorrendo há pelo menos 70 anos, sendo até considerado parte da cultura local. Não se sabe exatamente como os primeiros animais chegaram lá, mas, de acordo com as lendas locais, uma família tentou habitar a ilha em meados de 1950, e, ao desistir, deixou para trás alguns felinos, que começaram a se reproduzir 1,2. Não há alimentos suficientes ou água potável na ilha; aves e outros pequenos animais já não são mais encontrados no local. Voluntários de organizações não governamentais (ONGs) locais vão frequentemente à ilha para deixar ração e água para os animais. Já a Secretaria de Saúde do município pede que a população não alimente os gatos, alegando que isso encoraja o abandono no local. Entretanto, ambos os órgãos concordam que a população de felinos deve ser controlada. Para isso, os animais são capturados e esterilizados. Após a esterilização, os felinos sociáveis são destinados para a adoção, enquanto os ferais são devolvidos à ilha, devido à lotação de abrigos e à incapacidade de socializá-los 1,3. Apesar dos esforços das ONGs e do município, a população de gatos continua aumentando, devido à procriação desenfreada dos animais e ao aumento de abandonos durante a pandemia de Covid-19, o que gera um grande impacto ambiental no ecossistema da ilha 1,3. 16

Fernando Gonsales

A ilha Furtada, no estado do Rio de Janeiro, é o destino final de centenas de gatos indesejados

O abandono de felinos na ilha dos Gatos vem ocorrendo há pelo menos 70 anos, a ponto de ser considerado até parte da cultura local

A problemática Os gatos se adaptaram com grande sucesso a diversos ecossistemas e tornaram-se predadores dominantes em muitas ilhas, em áreas de mata suburbanas e áreas urbanas. Apesar de serem animais de companhia, mantiveram em sua evolução características de semi ou total independência em relação ao homem, podendo ser classificados em três categorias, de acordo com o local e a forma como vivem: gatos domésticos, que estão sob os cuidados de um tutor; gatos errantes, que perambulam em torno de cidades ou propriedades rurais e não têm tutores, mas podem depender de recursos fornecidos por seres humanos; e gatos ferais, que vivem e se reproduzem em estado selvagem, sobrevivendo por meio da caça ou da procura por restos de alimentos, de forma que suas necessidades não são satisfeitas intencionalmente por seres humanos 4,5.

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Em 2012, a população de gatos na ilha foi estimada em 250 animais; já em 2020, a Subsecretaria de Proteção e Bem-Estar Animal do Rio de Janeiro (Supan) estimou que aproximadamente 750 gatos viviam no local. Durante o ano de 2020, com a pandemia do novo SARS-CoV-2, o número de gatos na ilha cresceu substancialmente. Mesmo antes do contexto da pandemia, o abandono de animais no Brasil já era comum. Apesar de o ato de abandonar animais se enquadrar na prática de maus-tratos prevista no artigo 32 da Lei Federal de Crimes Ambientais n° 9.605/98, estima-se que no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados. A crise ocasionada pelo coronavírus no Brasil deixou milhares de tutores sem condições de cuidar dos seus animais, o que sobrecarregou muitos abrigos, que acabaram sem espaço para acolhê-los, levando muitos deles ao abandono. As justificativas para o abandono são variadas, desde desemprego, diminuição da renda e o medo de contrair o coronavírus dos animais de estimação. Algumas pesquisas realizadas por ONGs revelaram que o número de abandono de animais cresceu seis vezes mais em relação aos anos anteriores à pandemia. No estado do Rio de Janeiro, os pedidos de recolhimento de animais cresceram para mais de 700 solicitações diárias 1,6,7. Além disso, outros motivos – como problemas de saúde, agressividade, falta de vínculo emocional (apego) do tutor para com o animal, expectativa errada e falta de conhecimento sobre o comportamento natural da espécie, agressões e doenças – parecem estar ligados ao abandono dos felinos. Em suma, animais indesejados e sem tutela geram aumento na população de felinos abandonados e, consequentemente, todos os transtornos acarretados por eles, como prejuízos à fauna e à saúde pública, além do fato de serem potenciais transmissores de doenças contagiosas, como toxoplasmose, raiva e leptospirose 4,5,8. Por fim, a introdução de uma espécie exótica invasora em ambientes silvestres leva a alterações antrópicas que ameaçam diversas

espécies nativas. A predação, a competição e a veiculação de doenças domésticas para a vida silvestre representam um grande risco para a fauna nativa. As características biológicas e comportamentais dos gatos domésticos permitem grande adaptabilidade às áreas naturais, favorecendo a exploração e a ocupação dos ambientes, razão pela qual a ação dos felinos é apontada como um dos principais motivos da perda de espécies, principalmente em ilhas 4,9. Considerações finais O fato de o abandono de gatos na ilha estar acontecendo há pelo menos 70 anos nos faz refletir sobre a falta de ações e de leis e o descaso por parte do poder público para impedir que essa situação continue. Estratégias como a esterilização dos felinos para frear o crescimento desordenado da população e a guarda responsável, não somente no contexto da pandemia, devem ser incentivadas para minimizar os impactos causados pela presença desses animais em áreas silvestres. Referências

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Medicina veterinária do coletivo

Introdução A população indígena brasileira atual compreende aproximadamente 896.917 pessoas autodeclaradas, 57,7% das quais residem em terras indígenas oficialmente reconhecidas, com maior concentração na Região Norte 1. São reconhecidas oficialmente 305 etnias e 274 variações linguísticas pertencentes aos dois principais troncos étnicos, Tupi e Macro-jê 1,2. Apesar de se diferenciarem em alguns aspectos, como linguagem, crenças e costumes, elas compartilham algumas características, destacando a vida coletiva e a sobrevivência por meio da caça, da pesca e da agricultura para consumo próprio  3. Além disso, em algumas comunidades indígenas é registrada a presença de animais de companhia, como cães, gatos e alguns animais silvestres 4. Registros paleontológicos, históricos e genéticos indicam que animais de companhia dos atuais grupos taxonômicos dos cães (Canis lupus familiaris) e dos gatos (Felis catus) foram introduzidos na vida dos indígenas pelos europeus durante a colonização 4. Há relatos de que os cães proliferaram intensivamente entre as Américas após a Conquista, por sua capacidade de auxiliar na prática da caça 5. Trazidos por conquistadores europeus, os cães foram rapidamente adotados por diversos grupos indígenas como animais de companhia, auxiliando nas atividades de caça 4, enquanto os gatos foram adotados como animais que adornam o ambiente, sem registros de contato íntimo ou com caráter afetivo semelhante ao familiar 4,5. O intenso fluxo de alimentos, especiarias, seres humanos e animais, especialmente de 20

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Os indígenas e seus animais de companhia sob a óptica da Saúde Única

A presença de cães domésticos como animais de companhia é comum em comunidades indígenas após a Era dos Descobrimentos, associada às atividades de caça

fauna exótica, entre o Velho e o Novo Mundo pode ter propiciado também o intercâmbio de doenças entre as populações 6. Sem contato prévio com doenças do Velho Mundo, as populações nativas eram imunologicamente suscetíveis aos novos patógenos, sendo fortemente impactadas por eles 6. Dentre as doenças introduzidas no Novo Mundo destacam-se a varíola, o sarampo, a catapora, a peste bubônica, o tifo e a malária 7. Apesar disso, doenças como a bartonelose, a leishmaniose tegumentar, a sífilis e a tripanossomíase americana foram registradas antes do contato com europeus e africanos 8. As zoonoses são doenças naturalmente transmissíveis entre os animais vertebrados e o homem 9, causadas por patógenos de origem bacteriana, fúngica, viral ou parasitá-

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ria  10, estes últimos geralmente associados a animais em ambientes compartilhados com seres humanos 11. Do ponto de vista epidemiológico, os cães e os gatos podem se comportar como sentinelas, alertando quanto à circulação de patógenos com importância zoonótica e à contaminação ambiental, e também podem ser fonte de infecção e reservatório de patógenos 12. Nesse sentido, a abordagem em Saúde Única entre indígenas, seu ambiente e animais de companhia em cenários pré e pós-colombianos pode ser uma importante ferramenta para o monitoramento de zoonoses. O Intercâmbio Colombiano (Columbian Exchange) marcou a Era dos Descobrimentos, proporcionando um intenso fluxo de animais, alimentos, especiarias e seres humanos entre o Velho e o Novo Mundo, e consequentemente o intercâmbio de patógenos entre as populações 6. Contudo, registros paleontológicos demonstram que há 10 mil anos já ocorriam espécies de canídeos nas Américas 14. Existem evidências históricas, arqueológicas e genéticas da presença de cães domesticados em populações indígenas na América do Norte e no México pré-colombiano 6. Entretanto, sua presença e distribuição na América Latina ainda está em discussão, principalmente na região Amazônica 4. Recentemente, escavações arqueológicas no estado do Rio Grande do Sul revelaram evidências de cães domésticos (Canis lupus familiaris) há 1.500 anos 15. Vestígios de osso de mandíbula e dois molares encontrados pelos pesquisadores remetem a um cão de porte médio; por meio de uma análise química preliminar, sugere-se que a dieta do animal compreendia restos de peixe, que seguramente era alimentado por seu companheiro humano. Esse importante achado paleontológico compreende o primeiro registro de cães domésticos pré-colombianos encontrados em território brasileiro 16. A hipótese da ocorrência de cães anteriores à Era dos Descobrimentos tem sido corroborada pelo sequenciamento

de 71 fósseis de cães americanos e siberianos, além da análise de DNA mitocondrial de 145 espécimes modernos e antigos contidos em um banco de dados mundial 17. A árvore filogenética construída pelos autores a partir dos genomas dos animais demonstrou que os cães americanos que habitavam o continente antes do contato com o colonizador europeu descendiam de populações caninas da ilha Zhokhov, da Sibéria oriental 17. Isso sugere que os cães americanos se originaram na Sibéria e atravessaram o estreito de Bering durante as primeiras ondas de migrações humanas para o continente 17. Com o impacto da colonização, houve o declínio da população de cães siberianos, possivelmente por doenças, perseguição cultural e mudanças biológicas 17. Ainda que dizimados, os cães nativos americanos deixaram como marca o tumor venéreo (TVT) nos animais europeus, sendo o último vestígio da população que se aventurou pelo estreito de Bering há mais de 10 milênios 17. Os cães de comunidades indígenas após a colonização se destacavam pela habilidade de rastrear e caçar animais como cotias, pacas, tatus e outras presas de pequeno porte que fazem parte da dieta de indígenas 4,6. Entre comunidades indígenas Koripako, localizadas no Alto Rio Negro, AM, foi registrada a prática da não alimentação dos cães, atrelada ao treinamento desses animais para a caça 18. Há relatos de que povos indígenas da etnia Achuar concedem aos cachorros ervas para que tenham um olfato mais aguçado 19. Relata-se ainda que entre alguns povos indígenas da Amazônia, os cães de caça são propriedade dos homens e recebem tratamento especial em relação aos demais cães não caçadores, figurando ora como ajudantes na caça, ora como animais domésticos  20. Impacto da interação na Saúde Única Os cães, como dito anteriormente, destacam-se em atividades de caça em comunidades indígenas  3,4, o que pode se refletir na saúde desses animais, devido à exposição a

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Medicina veterinária do coletivo vetores e patógenos em áreas de mata preservada. Durante estudo realizado em comunidades indígenas de etnias Tapirapé e Karajá, no estado do Mato Grosso, 327 cães (114 tapirapés e 213 karajás) foram avaliados com o objetivo de pesquisar a presença de anticorpos para anti-Babesia vogeli, anti-Ehrlichia canis e anti-Rickettsia spp 21. Os resultados apontaram 13,15% soropositivos para B. vogeli e 14,37% para E. canis, e, das 103 amostras, 87% tiveram resultados soropositivos para pelo menos uma espécie de Rickettsia spp 21. Dos 327 cães, 11,9% estavam infestados por carrapatos Amblyomma cajennense stricto sensu, Amblyomma ovale, Amblyomma oblongoguttatum, Amblyomma tigrinum e Rhipicephalus sanguineus 21. De acordo com os autores, o hábito de utilizar os cães para caça pode estar associado à exposição dos animais aos patógenos e aos carrapatos 21. Zoonoses causadas por protozoários também têm sido estudadas em comunidades indígenas. Um estudo de prevalência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii e anti-Neospora caninum observou a exposição a esses patógenos em comunidades indígenas de etnias Tapirapé e Karajá, no estado do Mato Grosso 21. Foram testadas 325 amostras sorológicas de cães presentes na comunidade indígena para pesquisa de anticorpos IgG anti-T. gondii e anti-N. caninum, e dessas 52% tiveram resultados soropositivos para T. gondii e 9,8% para N. caninum 21,22. Os gatos podem não apresentar uma interação tão próxima com os indígenas, podendo tornar-se arredios e por vezes ferais  4,23. Recentemente, um estudo sorológico sobre a exposição ao T. gondii na comunidade indígena Haliti-Paresi, pertencente à terra indígena Utiariati, MT, aponta a presença de gatos domésticos na aldeia como animais de estimação; esses gatos realizam a caça de animais silvestres e compartilham a fonte de consumo de água, o que pode pôr a comunidade em risco de contrair a doença 24. Estudos sobre a presença de parasitos de importância zoonótica no ambiente também têm sido realizados em comunidades indíge22

nas, incluindo duas da etnia Kaingang, no estado do Paraná, visando analisar o grau de contaminação do solo por parasitas 25. Foram coletadas 18 amostras de solo no peridomicílio e 22 amostras das residências, tratadas por meio da técnica de sedimentação em água para avaliar a presença de ovos 25. Os resultados indicaram contaminação de 75,5% na comunidade indígena de Faxinal e de 96,2% em Ivaí. Os parasitas mais prevalentes foram Ascaris spp, Isospora spp e Toxocara spp 25, sugerindo que a falta de tratamento de excrementos humanos e animais de companhia influenciou fortemente o grau de contaminação do solo encontrado nessas comunidades 25. Considerações finais A presença de cães e gatos em comunidades indígenas representa uma forte interação entre homem e animais de companhia, seja pelo vínculo afetivo e/ou para atividades de caça. Nesse contexto, o monitoramento da circulação de patógenos e da ocorrência de vetores entre animais de companhia, indígenas e animais silvestres se faz necessário para embasar ações de controle e prevenção de doenças com abordagem em Saúde Única. Referências

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Medicina veterinária do coletivo 21-MINERVINO, A. H. H. ; LIMA, J. T. R. ; SOARES, H. S. ; MALHEIROS, A. F. ; MARCILI, A. ; KRAWCZAK, F. S. ; LOPES, M. G. ; MARTINS, T. F. ; MOREIRA, T. R. ; RIBEIRO, M. F. B. ; LABRUNA, M. B. ; GENNARI, S. M. Seroprevalence of tick-borne pathogens and tick infestation in dogs from Tapirapé and Karajá Indigenous Communities, Brazil. Vector Borne and Zoonotic Diseases, v. 15, n. 7, p. 412-418, 2015. doi: 10.1089/ vbz.2014.1737. 22-MINERVINO, A. H. H. ; CASSINELLI, A. B. M. ; LIMA, J. T. R. ; SOARES, H. S. ; MALHEIROS, A. F. ; MARCILI, A. ; GENNARI, S. M. Prevalence of anti-Neospora caninum and anti-Toxoplasma gondii antibodies in dogs from two different indigenous communities in the Brazilian Amazon region. The Journal of Parasitology, v. 98, n. 6, p. 12761278, 2012. doi: 10.1645/GE-3151.1. 23-ALMEIDA, S. M. ; JESUS, S. Predação do sabiá-gongá Saltator coerulescens (Thraupidae) e do pardal Passer domesticus (Passeridae) por gato doméstico Felis catus (Carnivora: Felidae). Atualidades Ornitológicas, v. 1, n. 175, p. 18-20, 2013. 24-SANTOS, A. L. C. ; TRETTEL, A. C. P. T. ; RIBEIRO, L. D. J. B. B. ; VASCONCELLOS, M. L. ; ZENAZOKENAE, L. E. ; SANTOS, M. A.  ; LEMOS, E. R. S. ; AMENDOEIRA, M. R. R. Serological study on toxoplasmosis in the Haliti-Paresí communi-

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Cirurgia Piometra em onça-parda (Puma concolor – Linnaeus, 1771) – relato de caso Pyometra in Puma (Puma concolor Linnaeus, 1771) – case report Piómetra en puma (Puma concolor Linnaeus, 1771) – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 154, p. 26-36, 2021 DOI: 10.46958/rcv.2021.XXVI.n.154.p.26-36 Rodrigo H. F. Teixeira MV, CRMV-SP: 11.339 mestre, dr., prof. Zoológico Mun. de Sorocaba Uniso e Unesp-Botucatu rhftzoo@hotmail.com

André Luiz Mota da Costa MV, CRMV-SP: 11.662 mestre, aluno de doutorado Zoológico Mun. de Sorocaba almotacosta@yahoo.com.br

Mayara Grego Caiaffa MV, CRMV-SP: 47.956 Aluna de residência Zoológico Mun. de Sorocaba mayaracaiaffa@gmail.com

Maraya Lincoln Silva MV, CRMV-SP: 49.713 Aluna de residência Zoológico Mun. de Sorocaba marayals@yahoo.com.br

Juliana Pires Silveira MV, CRMV-SP: 20.876 Vetver Serviços Veterinários julilufe.ps@hotmail.com

Thais F. da S. M. Camargo MV, CRMV-SP: 15.434 mestre, profa. Uniso/Sorocaba

thais.machado@prof.uniso.br

Resumo: A piometra nos felinos pode se apresentar com ou sem secreção vaginal, dependendo da abertura do colo uterino. Os sinais clínicos mais evidentes de uma piometra de colo uterino fechado são perda do apetite, apatia, letargia, polidipsia, poliúria, hipertermia e aumento de volume abdominal. A conduta veterinária depende de inúmeros fatores, mas invariavelmente a paciente é submetida a procedimentos cirúrgicos de ovário-histerectomia. O presente relato de caso se refere a uma onçaparda (Puma concolor) de mais de 16 anos sob cuidados humanos em um zoológico do interior de São Paulo com suspeita clínica de piometra fechada. A paciente foi submetida a exame de ultrassom, análises laboratoriais e ovário-histerectomia. O animal se recuperou bem e retornou ao recinto de exposição do jardim zoológico. Unitermos: felino selvagem, zoológico, infecção uterina, ovário-histerectomia Abstract: Pyometra in felines may present with a vaginal discharge or no vaginal discharge, depending on the opening of the uterine cervix. The most obvious clinical signs of a closed uterine cervix pyometra are loss of appetite, apathy, lethargy, polydipsia, polyuria, hyperthermia and abdominal enlargement. The veterinary approach depends on numerous factors, but the patient is invariably submitted to an ovariohysterectomy. This case report discusses a puma (Puma concolor), aged over 16 years and under human care in a zoo in the state of São Paulo, Brazil, with clinical suspicion of closed pyometra. The patient underwent ultrasound examination, laboratory analysis and an ovariohysterectomy. The animal recovered well and returned to the display enclosure at the zoo. Keywords: wild large cat, zoo, uterine infection, ovariohysterectomy Resumen: En felinos la piómetra se puede presentar con o sin secreción vaginal, dependiendo de que el cuello uterino se encuentre abierto o cerrado. Los signos clínicos más evidentes de cuello cerrado son la pérdida del apetito, apatía, letargia, polidipsia, poliuria, hipertermia y aumento del volumen abdominal. El tratamiento depende de muchos factores, pero es común que a estos pacientes se les realice una ovariohisterectomía. El presente relato refiere a una puma (Puma concolor) de más de 16 años bajo cuidados humanos en un zoológico del interior del estado de São Paulo, Brasil, con diagnóstico presuntivo de piómetra cerrada. Se realizó una ecografía, exámenes de laboratorio y, finalmente, se realizó la ovariohisterectomía. El animal se recuperó bien, y volvió a su recinto de exposición en el zoológico. Palabras clave: felino salvaje, zoológico, infección uterina, ovariohisterectomía

Lourenço Candido Cotes MV, CRMV-SP: 15.452 mestre prof. Uniso/Sorocaba

lourenco.cotes@prof.uniso.br

Marcela Pellegrini Peçanha Bióloga, CBio-1: 6.969, dra. profa. titular Uniso/Sorocaba

marcela.pecanha@prof.uniso.br

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Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 154, setembro/outubro, 2021



Bem-estar animal

Coelhos domésticos: bem-estar – parte 3

Os coelhos domésticos têm se tornado cada vez mais populares no Brasil, e estima-se que aproximadamente 468.000 desses animais convivam com seres humanos com o status de animais de estimação 1. Para que os médicos-veterinários possam lhes dar a devida assistência, é importante que se conheça melhor o padrão de resposta comportamental herdada de seus ancestrais selvagens e também os quesitos associados ao seu bem-estar. Deve-se ressaltar que os parâmetros de bem-estar normalmente aplicados em relação aos coelhos são provenientes da criação comercial. Nessas circunstâncias, geralmente visam ganho rápido de peso e não podem ser extrapolados para os coelhos que são mantidos como animais de estimação 2. Dessa forma, é extremamente importante ter conhecimento sobre a associação do padrão comportamental com os pilares de bem-estar que promovem a saúde física, mental e emocional dos coelhos domésticos. Para isso, os aspectos relacionados à domesticação e aos comportamentos normais dos coelhos domésticos foram abordados na primeira e na segunda parte desta série especial, em artigos publicados nas edições 152 e 153 3,4. Esta terceira parte tem como finalidade auxiliar os médicos-veterinários a entender melhor os pilares do bem-estar do coelho doméstico. Neste artigo encontram-se as recomendações mais atualizadas da Rabbit Welfare Association & Fund (Associação e Fundação do Bem-Estar do Coelho – RWFA) e da Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (Sociedade Real de Prevenção da Crueldade contra os Animais – RSPCA) referentes ao bem-estar de coelhos 5. 38

A interação da estruturação do bem-estar com o estado emocional Com base no Animal Welfare Act (Ato de Bem-estar Animal) de 2006 6, os cinco pilares essenciais para o bem-estar dos coelhos estão relacionados às necessidades de: 1) prover um ambiente apropriado; 2) oferecer uma dieta adequada; 3) permitir a exibição de padrões de comportamentos normais; 4) estar alojado com animais da mesma espécie e protegido de outras espécies de animais; e 5) estar protegido de dor, sofrimento, injúrias e doenças 7,8. Para avaliar o estado emocional, usa-se um método baseado na Estrutura de Cinco Domínios, que contém quatro domínios físicos ou funcionais, sendo que três deles estão relacionados à sobrevivência e consistem em: nutrição (água e dieta balanceada), ambiente (confortável, seguro e agradável) e saúde (boa saúde e condição física). Já o quarto está associado ao comportamento que se vincula aos fatores circunstanciais e à capacidade de o coelho expressar comportamentos recompensadores 9. Todos esses domínios estão conectados e modulam o quinto domínio, o estado emocional, que é o resultado do equilíbrio entre os fatores negativos e os fatores positivos associados aos quatro domínios físicos (Figura 1) 10. Para aumentar a qualidade do bem-estar, é necessário reduzir os fatores negativos a níveis muito baixos e permitir que os animais tenham oportunidades de vivenciar os fatores positivos 9. Altos níveis de bem-estar não estão relacionados à ausência de fatores negativos, e sim à habilidade do coelho para lidar com esses fatores, mantendo um estado men-

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Figura 1 – Avaliação do bem-estar dos coelhos por meio da Estrutura dos Cinco Domínios. Adaptada 9

tal positivo 10. Na seção abaixo, descreve-se a conexão entre esses domínios e como o manejo pode promover os fatores positivos e diminuir a presença dos fatores negativos na vida do coelho. Conexões entre a dieta, o ambiente, a companhia e o bem-estar de coelhos O conhecimento sobre os parâmetros associados ao bem-estar dos coelhos auxilia o médico-veterinário a aplicar abordagens amigáveis a esses animais, conhecidas também como abordagens sem estresse e sem medo 5,11,12. Apesar de alguns coelhos serem considerados animais de estimação e supostamente apresentarem um status comparável ao do cão e do gato, muitos são mantidos em gaiolas pequenas, com uma dieta inadequada, e somente alguns têm acesso a cuidados veterinários 2,13. A redução do bem-estar associada à inadequação da habitação, da alimentação, do manejo e da socialização, bem como a falta de cuidados associada à restrição de conhecimentos dos tutores e dos médicos-veterinários, são fatores que contribuem para a diminuição da expectativa de vida dos coelhos 14. Além disso, um estudo recente mostrou que abordagens que visam alterar as percepções

dos tutores sobre a inteligência, o estado emocional e a capacidade de sentir dor dos coelhos podem ser excelentes ferramentas para melhorar os aspectos relacionados ao bem-estar desses animais 15. As diretrizes da House Rabbit Society (Sociedade dos Coelhos Domiciliados – HRS) recomendam que os coelhos sejam abrigados no interior das casas 16. Os motivos pelos quais se alojam os coelhos no interior dos domicílios estão relacionados ao aumento do vínculo entre seres humanos e animais, ao maior controle da temperatura do ambiente, à proteção de predadores e à redução da exposição a vírus letais, como mixomatose e vírus da doença hemorrágica do coelho 9,16,17. No Brasil, há relatos de casos de infecção de coelhos domésticos pelo vírus da mixomatose, para a qual até o momento não há vacina disponível 18; portanto, é importante alertar os tutores que abrigam seus coelhos em ambientes externos para a possibilidade desse tipo de risco 2. No entanto, os coelhos que habitam exclusivamente o interior de casas ficam impedidos de pastar em áreas externas, têm menores chances de serem alimentados com feno, estão expostos a ciclos de dia e noite anormais, apresentam comportamentos indesejáveis e destrutivos, como cavar, têm menores chances de ter outro coelho como companhia e não têm acesso à luz solar, ou apenas à luz solar filtrada pelos vidros da janelas 2. Todos esses fatores podem afetá-los física e emocionalmente 9. A própria história da domesticação de coelhos está associada ao fato de muitas pessoas os manterem em recintos pequenos conhecidos como coelheiras 2. Os recintos vendidos nas lojas são relativamente pequenos em relação aos fabricados manualmente 19. Apesar de não existirem leis associadas ao tamanho do recinto dos coelhos de companhia, muitos deles são mantidos em locais menores que aqueles exigidos por órgãos que regulamentam tanto a produção de coelhos em escala industrial como a experimentação feita com esses animais 8. Não é surpreendente que

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Figura 2 – Recinto feito com cercados de cães. No interior há caixa de feno, pote de água, lugar para esconderijo e brinquedos. A porta do recinto aberta garante livre acesso a uma área maior

mova a atividade de pastar 8. Podem-se usar pequenos cochos com feno (Figura 3), porém os coelhos geralmente preferem comer o que está sobre o piso, comportamento mais próximo ao seu modo normal de pastar 9,22. Para encorajá-los a comer, os tutores podem fornecê-lo de diversas maneiras 23. Recomenda-se que o recinto tenha uma caixa de plástico contendo feno, que também é frequentemen-

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muitas pessoas acreditem que o comportamento apático de um coelho é normal, uma vez que coelhos mantidos em recintos pequenos apresentam uma aparência depressiva 2. Os recintos devem permitir que o coelho exiba seus comportamentos normais, associados às atividades de saltar, correr, cavar, alongar o corpo tanto ao chão quanto na orientação vertical sob as patas traseiras, esconder-se, explorar, brincar e pastar 3-5. Tanto o espaço quanto os itens contidos nessa área são essenciais para incentivar que ele exiba seus comportamentos normais 5,20. Para isso, sugere-se que o recinto destinado a ele tenha no mínimo a medida de 3 a 4 saltos do coelho como comprimento, e que ele possa se deitar e se levantar sem se curvar 8. A RWAF recomenda que o tamanho do recinto tenha 1,80  m de comprimento, 60  cm de profundidade e 60  cm de altura e esteja conectado a uma área de exercício de 2,40  m por 1,80  m de largura 9. Ter uma área de exercício disponível é muito importante, já que o pico de atividade desses animais é observado nos períodos de crepúsculo 5. As diretrizes atualizadas da RSPCA e da RWAF recomendam que as dimensões do recinto para dois coelhos sejam no mínimo de 3  m de comprimento por 2  m de largura e 1  m de altura 5. A HRS disponibiliza várias opções de espaços estruturados para coelhos e que possam se adequar ao estilo de vida dos tutores (Figura 2) 16. Os animais que não têm acesso a uma área de exercício conectada ao seu recinto precisam de pelo menos 4 horas de atividade por dia, que deve ser promovida nos horários em que eles estão mais ativos 2. É crucial manter a temperatura entre 15 e 24  °C 8. Temperaturas superiores a 22  °C resultam na redução de ingestão de comida, e em ambientes com temperaturas acima de 27  °C observam-se sinais de estresse térmico 11, considerado uma das principais causas de redução de bem-estar 21. É importante que o recinto disponha de uma área confortável onde o coelho possa se deitar e que contenha um substrato que pro-

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Bem-estar animal

Figura 3 – Pequeno cocho com feno

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te usada por eles como caixa sanitária (Figura 4) 16. Dessa forma, podem-se colocar no recinto caixas de plástico similares às usadas como caixas de areia para gatos para treinar o coelho a urinar e defecar nesse recipiente 16. Recomenda-se usar material absorvível, como papel picado ou granulado de pó de madeira, como camada inferior, e feno na camada superior, para que o animal possa comer 2,16. É importante considerar que qualquer material pode ser ingerido pelo coelho, e, portanto, não se deve deixar materiais tóxicos e indigestos ao seu alcance. A serragem libera compostos fenólicos que, quando aspirados, podem causar danos hepáticos ao animal, razão pela qual não deve ser utilizada 16. Além disso, os materiais comercializados como areias para gatos devem ser evitados, pois podem causar obstrução intestinal e problemas respiratórios 2,16,24. Aconselha-se limpar o recinto e a caixa de feno diariamente ou assim que seja necessário, para evitar acúmulo de resíduos e também eliminar odores que podem afetar a saúde do animal 2. Diferentemente dos gatos, que normalmente pulam das caixas de areia logo após enterrar seus dejetos, os coelhos podem passar longos períodos de tempo na caixa sanitária e até deitar-se em seu interior (Figura 5) 25. É fundamental enriquecer o ambiente com

estímulos a fim de prevenir o tédio 2,9. Por isso, é imprescindível oferecer acessórios que façam com que o coelho possa se mover verticalmente, como também esconder-se, cavar e roer 2,16. Devem-se disponibilizar objetos que sirvam como plataformas, feitos de materiais robustos o suficiente para suportar o peso do animal. Com isso, ele pode demonstrar comportamentos normais associados à avaliação do ambiente, em que exibe a extensão do corpo, sustentado pelas patas traseiras 26. Pelo fato de serem presas, é importante oferecer lugares onde os coelhos possam se esconder em caso de se sentirem ameaçados, para evitar que se estressem 2. Apesar de os coelhos domésticos não precisarem cavar túneis para se esconder dos predadores, podem-se usar almofadas e colchas como substratos para que eles exerçam essa atividade 25. Eles exibem esse comportamento quando estão explorando novos ambientes, quando querem tornar o ambiente mais confortável ou quando estão estressados ou querem chamar a atenção 27. Além disso, o ato de cavar auxilia o desgaste das unhas, que crescem continuamente 27. Portanto, esses animais precisam de um lugar onde cavar, seja no jardim ou até em uma caixa de papelão 2. No piso, recomenda-se colocar materiais antiderrapantes,

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Figura 4 – Caixa de feno

Figura 5 – Coelho deitado na caixa de feno Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 154, setembro/outubro, 2021

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Bem-estar animal como tapetes, lençóis e piso emborrachado infantil 16,28. Pela própria anatomia das patas dos coelhos, não se devem usar pisos aramados ou fenestrados, que não permitem que eles se movimentem normalmente, predispondo-os a desenvolver pododermatites e também aumentando as chances de quebrarem as unhas 2 – infelizmente, é o que mais se observa nos locais que os comercializam 2. Coelhos tendem a roer cabos elétricos. Desse modo, caso os animais tenham acesso a esses cabos, eles devem ser revestidos para evitar acidentes 2,16. A dieta ideal dos coelhos domésticos é baseada no conhecimento sobre a alimentação de coelhos selvagens, que consiste predominantemente em forrageiras, compostas na maior parte por gramíneas com uma pequena proporção de leguminosas, juntamente com brotos, galhos e cascas de árvores que podem ser consumidos dependendo da disponibilidade de gramíneas 29. Já os alimentos mais calóricos, como frutas e cereais, são consumidos em pequenas quantidades 29. De modo semelhante, a dieta dos coelhos domésticos consiste em uma variedade de forrageiras, principalmente as gramíneas, denominadas também como capim 9. Uma vez que os coelhos selvagens passam 70% de seu tempo ativo comendo forrageiras, idealmente, os domésticos deveriam ter acesso a locais contendo uma variedade de gramíneas e diferentes espécies de plantas 29,30. Em outras palavras, os coelhos são mais precisamente classificados como fibrávoros (fibrevores em inglês), ou ainda graminívoros (graminivores em inglês), uma vez que dependem da ingestão de plantas com alto teor de fibras e pouca energia (gramíneas) 22,31. Precisam passar boa parte de seu tempo ativo comendo 2,9, o que é impraticável para a maioria dos tutores; é importante fornecer-lhes forrageiras de forma ilimitada 7. Como a maioria dos tutores não têm pastos onde obter capim fresco, é necessário oferecer esse alimento na forma desidratada, conhecida como feno 2. Geralmente, forrageiras como as gramíneas 42

contêm um alto teor de fibras, são muito palatáveis e têm uma quantidade maior de sílica, que é importante na manutenção do desgaste dos dentes 2,9,16. Há vários brinquedos no mercado que são erroneamente indicados para o desgaste dos dentes dos coelhos; os materiais abrasivos e mesmo os alimentos classificados como duros não motivam esses animais a desgastar os dentes, e portanto são ineficientes para essa finalidade 9. A RWAF afirma que a composição da dieta adequada a um coelho consiste em 85% de feno, 10% de verduras verdes, 5% de ração e água à vontade 32,33. Uma dieta mal balanceada pode ocasionar problemas gastrintestinais, dentários e urinários, obesidade e também problemas comportamentais 8. O feno deve apresentar um aroma adocicado e agradável, ter uma coloração esverdeada, não apresentar mofo e estar cortado em pedaços maiores que 10  cm, já que pedaços longos são mais atrativos para o coelho 9. Quando o capim ou feno são cortados em pedaços muito pequenos, não estimulam uma variedade de atividades comportamentais associadas ao ato de pastar do animal 9. O consumo de forrageiras pode influenciar o seu comportamento, visto que aqueles que as consomem passam mais tempo ativos que os animais que comem somente ração ou muesli, alimento normalmente encontrado em lojas, que contém uma mistura de ração, milho, aveia, trigo, flocos de ervilha e pedaços ricos em amido 9,34. Já os coelhos que se alimentam exclusivamente de ração comem mais rapidamente o alimento, resultando em uma redução para apenas 8% no tempo gasto com alimentação 35. As forrageiras não só são essenciais para a dieta como também funcionam como ferramentas de enriquecimento ambiental, já que os coelhos que as consomem interagem por tempo mais longo e apresentam uma redução na expressão de comportamentos anormais, quando comparados com animais que são alojados com outros objetos que também visam prover o enriquecimento ambiental, como gravetos e caixas 36.

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Visto que os coelhos evoluíram para passar a maior parte de seu tempo ativo pastando, a incapacidade de expressar esse comportamento resulta em maior tempo de inatividade, no redirecionamento para outros tipos de comportamento, como morder tapetes e consumir elementos presentes na cama do recinto, e no aumento de tédio e frustração associados a comportamentos estereotipados 34,35,37. O comportamento estereotipado é realizado repetidamente de maneira fixa e não está associado a algum estímulo específico ou objetivo 9. Essas alterações comportamentais podem incluir automutilação, lambedura excessiva da pelagem, mordedura de barras da gaiola e de outros objetos, movimentos da cabeça para a frente e para trás, patadas na gaiola e andar em círculos 9. As verduras podem ser oferecidas diariamente em quantidade limitada, já que o teor de fibras é relativamente baixo. A introdução de novas verduras deve ser realizada gradualmente para permitir que a microbiota cecal se adapte 29. As verduras que podem ser oferecidas incluem: brócolis, repolho, chicória, acelga, couve, salsinha, coentro, agrião, salsão, escarola, radicchio, rúcula, acelga-chinesa (bok choy), manjericão, alface (exceto alfaces de folhas claras, como a alface-americana), e ramas de cenoura e beterraba (Figura 6) 16,29.

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Figura 6 – Coelho alimentando-se de várias folhas e talos de diferentes verduras

Plantas silvestres como dente-de-leão, tanchagem, serralha, trevo-vermelho, trevo-branco, mil-folhas, folhas de amoras-silvestres e capim-pé-de-galinha, entre outras, podem ser oferecidas aos coelhos 29. Considerando que é necessário prover uma variedade de 5 a 7 tipos de verduras e diversos tipos de plantas forrageiras para garantir a ingestão de micronutrientes adequados, a dieta deve ser suplementada com quantidades limitadas de ração 16,29. Há uma variedade de rações para coelhos no mercado, porém poucas delas são apropriadas 2,9,16. Essas rações inicialmente foram desenvolvidas para coelhos destinados à produção animal com o objetivo de promover rápido ganho de peso 16. As rações destinadas a roedores conhecidas como muesli contêm um alto teor de carboidrato e gordura, resultando em maior digestibilidade e conversão em energia 38. Consequentemente, desencadeiam ganho de peso e obesidade, e, dessa forma, não são recomendadas 2,9. Além disso, a ingestão de muesli também está associada ao desenvolvimento de problemas dentários 39. Atualmente, encontram-se no mercado rações com alto teor de fibra (superior a 20%) e também rações recomendadas para coelhos que apresentam certos quadros clínicos como obesidade e distúrbios nos tratos gastrintestinal e urinário 2. Recomenda-se oferecer apenas de 15 a 25  g/ kg/dia de ração na refeição seguinte, caso a quantidade da refeição anterior tenha sido totalmente consumida 29. Sabe-se que fatores ambientais (temperatura, umidade), regime de exercícios, raça, idade, sexo e o status reprodutivo podem influenciar os requerimentos energéticos; portanto, é importante acompanhar o peso do coelho, como também avaliar constantemente o escore da condição corporal para ajustar apropriadamente a quantidade de ração 29,38,40. Além disso, aconselha-se que a ração seja oferecida na parte da noite, para prevenir comportamentos indesejáveis e estereotipados, como roer a mobília e morder as barras do recinto 2,41. Os veterinários da RWAF recomendam que a ração seja usada

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nas grades do recinto, quando comparados com coelhos alojados individualmente 46. Outros estudos mostraram que o uso de espelhos pode promover o enriquecimento ambiental e diminuir o tempo de inatividade de coelhos solitários 47. Apesar de esse artifício resultar em algum benefício para o bem-estar desses animais, não se recomenda que esse procedimento seja usado por um longo período, pois não substitui todos os estímulos associados à companhia de outro coelho 48. Três renomadas organizações do Reino Unido, RSPCA, RWAF e British Small Animal Veterinary Association (Associação Britânica de Veterinários de Pequenos Animais – BSAVA), recomendam que um coelho deve ser alojado na companhia de outro animal da mesma espécie, para garantir que todos os fatores associados ao seu bem-estar sejam alcançados 48,49. Para isso, é essencial que eles sejam castrados, pois esse procedimento é importante tanto para a sua saúde, pois previne doenças associadas ao trato reprodutivo, quanto para o seu bem-estar 11,50,51. Os profissionais dessas organizações ressaltam que os animais devem ser compatíveis e exibir comportamentos positivos entre si de forma frequente 5,14, pois a companhia de coelhos incompatíveis resulta no aumento de estresse 5. Os coelhos podem conviver com certas es-

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ocasionalmente, como petisco, e também para incentivar comportamentos desejáveis 9,42. Frutas como maçã, banana, melão, pera, pêssego, ameixa, abacaxi, morango, mirtilo e framboesa, por conter alto teor de carboidrato, podem ser oferecidas ocasionalmente, como petiscos 16. Há no mercado outros petiscos adequados que contêm um alto teor de fibras, ervas secas e pequenas quantidades de frutas 29. Muitos dos petiscos disponíveis comercialmente são ricos em carboidratos e/ou gordura, e portanto não são apropriados para os coelhos 2. Além disso, não se deve oferecer alimentos comumente produzidos para consumo humano, como pães, bolos, biscoitos e cereais, assim como produtos contendo leite 2,29. Alimentos como batata, sementes e grãos, como milho, lentilhas e feijões, também não devem ser dados como alimentos aos coelhos 2,16, nem cebola, abacate, ruibarbo, chocolate e caroços de frutas, que são tóxicos 2. A ingestão diária de água pode variar entre 50 e 150  mL/kg; dessa forma, um coelho de 2  kg ingere a mesma quantidade de água que um cão de 5  kg 2,43. Para mimetizar o comportamento normal dos coelhos, recomenda-se oferecer água à vontade, em potes 44. Os potes de cerâmica são recomendados para manter a água fresca e também por serem pesados, evitando assim que os coelhos os derrubem (Figura 7) 16. A tradição de manter os coelhos de forma solitária está associada à implementação de medidas para conter possíveis contágios de doenças infecciosas em criações comerciais de produção de carne, pele ou pelo 2. Uma pesquisa com 912 tutores na Holanda mostrou que a média de vida de coelhos solitários era de aproximadamente 4,2 anos, isto é, aproximadamente três vezes menor que o potencial da vida útil, sugerindo que a ausência de companhia pode reduzir a sua expectativa de vida 45. Um outro estudo com coelhos alojados em abrigos no Reino Unido mostrou que o alojamento desses animais em pares está associado a redução do estresse, melhoras na termorregulação e diminuição de mordidas

Figura 7 – Água oferecida em pote de cerâmica

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pécies de animais, contanto que não apresentem comportamentos predatórios em relação a eles e nem pratiquem bullying entre si 9,49. Como eles são presas, a companhia de cães e gatos, que são animais predadores, deve ser supervisionada 9,16,49. Os coelhos exibem aversão a odores associados a predadores como os furões, que podem desencadear neles altos níveis de estresse e medo, fazendo com que reajam com respostas instintivas de fuga e agressividade 9. De modo geral, eles normalmente exibem sinais mais intensos de medo e estresse quando sentem odores de furões do que aos odores de cães e gatos 2. Já com o auxílio de treinamento, a introdução de um cão na vida de um coelho pode ser segura 9,52. Algumas raças de cães foram selecionadas para perseguir e matar pequenos mamíferos; dessa forma, não se recomenda colocar um coelho na presença de cães dessas raças 7,53. Muitas pessoas que adotam coelhos já possuem gatos, que normalmente não se comportam de maneira predatória, porém é desaconselhável introduzir um coelho muito pequeno, do tamanho de um rato, no mesmo recinto que um gato 16. A maioria dos tutores de gatos e coelhos relatam que seus animais convivem pacificamente (Figura 8) 9. Existe uma falsa ideia de que coelhos e porquinhos-da-índia podem ser companheiros

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Figura 8 – Convivência pacífica entre gatos e o coelho

ideais, porém é importante salientar que ambas as espécies requerem dietas diferentes, já que os porquinhos-da-índia necessitam de fontes de vitamina C 9. Os coelhos e porquinhos-da-índia têm comportamentos sociais diferentes, que podem desencadear problemas de comunicação entre eles, resultando em situações de estresse e frustração 7,9. Além disso, os porquinhos-da-índia podem adoecer severamente devido à infecção provocada por patógenos respiratórios que podem ser transmitidos pelos coelhos 54. A importância da identificação da dor para o bem-estar de coelhos A experiência da dor é multidimensional e está associada a alterações fisiológicas e comportamentais 55 cuja identificação pelos tutores e médicos-veterinários é crucial 8,14,15. Detectar a dor é essencial tanto para sanar as questões éticas quanto para ajudar a resolver comportamentos indesejáveis 9. Os coelhos são animais que mascaram os sinais de dor, tornando essa tarefa mais difícil 56. Frequentemente, as mudanças de comportamento associadas à dor em coelhos incluem redução nas atividades de movimentação, salto, exploração e interação com os objetos, como também o aumento de tempo na postura de decúbito ventral e a exacerbação de lambeduras na área afetada, além da presença de contrações musculares 57,58. No entanto, o reconhecimento da dor pode ser influenciado por fatores relacionados ao indivíduo, à idade e também à subjetividade do observador 56. Um estudo recente mostrou que os coelhos evitam demonstrar comportamento de dor na presença de um observador 58. Uma análise de respostas de 151 pessoas mostrou que a maioria delas são incapazes de avaliar alterações comportamentais associadas à dor em coelhos 59. Outro estudo realizado com veterinários na Nova Zelândia mostrou que a maioria dos respondentes admitem saber muito pouco sobre o reconhecimento e o tratamento da dor em coelhos 60. Uma pesquisa contendo quase mil respostas

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Bem-estar animal de veterinários do Reino Unido mostrou que apenas 22% medicavam pequenos mamíferos, inclusive coelhos, com analgésicos após procedimentos cirúrgicos 61. Apesar desses dados, os médicos-veterinários parecem estar mais atentos ao tratamento da dor desses animais, já que a administração de analgésicos em coelhos aumentou de 16 a 50% em um intervalo de 10 anos 62. Mesmo com a existência de escalas que avaliam a dor em coelhos, poucos clínicos usam essas ferramentas. Sabe-se que as mudanças na expressão facial podem auxiliar a identificar a dor em coelhos 63. Em 2020, uma escala de dor quantitativa foi publicada a fim de auxiliar profissionais da clínica médica a avaliar a dor em coelhos 64. Com o intuito de prevenir e reduzir a dor, especialistas sugerem a utilização de protocolos analgésicos apropriados e de uma abordagem multimodal com a administração de diferentes tipos de analgésicos 56. Promoção de cuidados gerais e de visitas regulares ao médico-veterinário É importante que os médicos-veterinários aconselhem os tutores a levar seus coelhos para exames regulares e preventivos anualmente 2. Sabe-se que os coelhos de 44% dos tutores no Reino Unido não têm registros em clínicas veterinárias 2. Em relação aos cuidados gerais, ao crescer, as unhas dos coelhos podem facilmente quebrar e ser foco de infecção, razão pela qual é necessário cortá-las mensalmente 8. De modo geral, os coelhos trocam de pelo duas vezes por ano – processo esse que se inicia na cabeça, espalhando-se para o restante do corpo –, e precisam de auxílio para a remoção dos pelos, que pode ser realizada por escovação 2. A pelagem deve ser regularmente escovada com uma escova de cerdas macias, e os coelhos de pelos longos devem ser escovados diariamente 2,16. Considerações finais Assim como outros animais, os coelhos são 46

animais complexos. De modo geral, ter um coelho como animal de estimação demanda mais recursos do que normalmente se imagina 2. O conhecimento sobre os alicerces do bem-estar, assim como sobre a linguagem e o comportamento dos coelhos, é crucial para que o médico-veterinário consiga identificar, prevenir e tratar problemas comportamentais desses animais, estabelecendo abordagens amigáveis em relação a eles. É importante que ele esteja apto a detectar problemas comportamentais que podem ser a primeira indicação de doença ou lesão. Além disso, o profissional da medicina veterinária tem papel fundamental na educação dos tutores sobre os comportamentos normais e anormais de seus coelhos e na sua conexão com o bem-estar desses animais. Agradecimentos O conteúdo deste manuscrito foi revisado por Carine Diaz. O médico-veterinário Renato Silvano Pulz foi responsável pela revisão técnica. Crédito das fotos: Isabelle Tancioni e Jaimie Alexander. Todos os coelhos mostrados nas fotos foram resgatados pela San Diego House Rabbit Society (SDHRS). Os gatos das fotos foram resgatados pela San Diego Humane Society (SDHS). Agradeço aos funcionários e voluntários da SDHRS pela oportunidade de treinamento que tenho feito nesse abrigo especializado em coelhos, localizado na cidade de San Diego, Califórnia, EUA, desde 2018. Referências

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Bem-estar animal 44-TSCHUDIN, A. ; CLAUSS, M. ; CODRON, D. ; LIESEGANG, A. ; HATT, J. M. Water intake in domestic rabbits (Oryctolagus cuniculus) from open dishes and nipple drinkers under different water and feeding regimes. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition, v. 95, n. 4, p. 499-511, 2011. doi: 10.1111/j.1439-0396.2010.01077.x. 45-SCHEPERS, F. ; KOENE, P. ; BEERDA, B. Welfare assessment in pet rabbits. Animal Welfare, v. 18, n. 4, p. 477-485, 2009. ISSN: 0962-7286. 46-BURN, C. C. ; SHIELDS, P. Do rabbits need each other? Effects of single versus paired housing on rabbit body temperature and behaviour in a UK shelter. Animal Welfare, v. 29, n. 2, p. 209-219, 2020. doi: 10.7120/09627286.29.2.209. 47-DALLE ZOTTE, A. ; PRINCZ, Z. ; MATICS, Z. ; GERENCSÉR, Z. ; METZGER, S. ; SZENDRO, Z. Rabbit preference for cages and pens with or without mirrors. Applied Animal Behaviour Science, v. 116, n. 2, p. 273-278, 2009. doi: 10.1016/j. applanim.2008.08.011. 48-HOWSE, J. How mirrors affetc the behabiour of rabbits in different social environments. Rabbiting On, 2020. 49-DIXON, L. The five welfare needs – the need to be housed with, or apart from, other animals. Rabbiting On, 2021. 50-RABBIT WELFARE ASSOCIATION & FUND. Neutering: why rescues always neuter rabbits. Rabbiting On, n. 16-17, 2019. 51-SPEIGHT, C. Rabbit essentials - neutering. Rabbiting On, n. 37, 2019. 52-VALVONA, C. New puppy worries. Rabbiting On, n. 27, 2020. 53-RAMNARAINE, A. Rabbits and dogs. House Rabbit Society, 2017. Disponível em: <https://rabbit.org/rabbits-and-dogs/>. Acesso em 4 de agosto de 2021. 54-VARGA, M. Infectious diseases of domestic rabbits. Textbook of rabbit medicine, n. 149792, p. 435-471, 2014. doi: 10.1016/b978-0-7020-49798.00014-5. 55-KOHN, D. F. ; MARTIN, T. E. ; FOLEY, P. L. ; MORRIS, T. H. ; SWINDLE, M. M. ; VOGLER, G. A. ; WIXSON, S. K. Guidelines for the assessment and management of pain in rodents and rabbits. Journal of the American Association for Laboratory Animal Science, v. 46, n. 2, p. 97-108, 2007. 56-BENATO, L. ; ROONEY, N. J. ; MURRELL, J. C. Pain and analgesia in pet rabbits within the veterinary environment: a review. Veterinary Anaesthesia and Analgesia, v. 46, n. 2, p. 151-162, 2019. doi: 10.1016/j.vaa.2018.10.007. 57-LEACH, M. C. ; ALLWEILER, S. ; RICHARDSON, 50

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09 DE SETEMBRO DIA DO MÉDICO-VETERINÁRIO

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Direito médico-veterinário

A judicialização da medicina veterinária A última década tem sido marcada, na medicina veterinária, pela judicialização da profissão. O uso das redes sociais e as facilidades de buscas por meio de programas específicos na internet têm colaborado para que isso venha ocorrendo. Dentro desse mesmo contexto, a propagação de publicações com animais vem acontecendo de forma cotidiana, seja como companheiros em famílias, seja para divulgar e buscar justiça em casos que envolvam abuso e maus-tratos, e, recentemente, a responsabilidade administrativa e civil 1. A concepção do mundo percebida por meio da ciência e da tecnologia vem mudando paradigmas no que se refere aos animais, porém as leis brasileiras que regem seus direitos ainda engatinham. O Código Civil Brasileiro, no seu Artigo 82, trata os animais como bens móveis, aqueles que têm movimento próprio, denominados semoventes. Tramita ainda no Congresso Federal Projeto de Lei que muda o status social dos animais, porém a dinâmica que rege a vida e consequentemente os atos jurídicos que daí possam advir não acompanha os trâmites burocráticos quando se trata de mudanças rápidas e necessárias. Isso tem levado aos tribunais inúmeros casos que envolvem os interesses dos animais, surgindo, dessa forma, decisões que vêm regrando outros vereditos similares. Desde os anos 1970, quando o filósofo australiano Peter Singer, em seu livro Animal Liberation [Libertação animal (Porto Alegre: Lugano, 2008)], mostrou a situação dos animais de produção, há uma movimentação mundial em relação ao bem-estar desses animais e também daqueles usados em laboratório. Muito se avançou nessa área, que ganhou pesquisadores envolvidos em estudar a ciência do bem-estar animal. Em 2012, na Universidade de Cambridge, um grupo de 52

pesquisadores da neurociência elaboraram um documento denominado “Declaração de Cambridge de Consciência” em animais humanos e não humanos. Nessa declaração, os cientistas afirmaram que, com base nas evidências, os seres humanos não seriam os únicos a ter substratos neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo mamíferos, aves e outras criaturas, inclusive os polvos, tinham os mesmos substratos neurológicos 2. A partir daí, a senciência animal, ou seja, a capacidade de o animal sentir dor, tanto física como psiquicamente, passou a ser aceita pela comunidade científica. No Brasil, um marco histórico ocorreu em 2014, durante o III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar Animal. Nesse evento foi elaborada a “Carta de Curitiba”, em que palestrantes nacionais e internacionais e autoridades, seguidos pelos mais de 600 participantes do evento, foram signatários do documento, no qual afirmaram: “Nós concluímos que os animais não humanos não são objetos. Eles são seres sencientes. Consequentemente, não devem ser tratados como coisas”. Vicente de Paula Ataíde Junior, quando aborda o tema do direito animal brasileiro, diz que ele se baseia nas noções da senciência e da dignidade animal. Explica o direito animal como direito à tutela jurídica dos animais; uma vez considerados fauna em seu conjunto pela Constituição Federal, a competência legislativa é de responsabilidade da União, dos estados e do Distrito Federal. Ou seja, a União estabelece as normas gerais, e os estados exercem a competência legislativa plena, para atender às peculiaridades inerentes a cada um. Nas legislações estaduais, três estados brasileiros têm legislações específicas. Santa Catarina reconhece que cães e gatos são sujeitos de direito, ao passo que o Rio Gran-

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de do Sul abrange no seu Código Ambiental todos os animais de estimação, e no estado da Paraíba, no Código de Direito e Bem-estar Animal, os animais são reconhecidos, de forma geral, como titulares de direitos fundamentais, sendo estes listados no seu Artigo 5º, a saber: “Todo animal tem o direito: I - de ter a existência física e psíquica respeitada; II - de receber tratamento digno e essencial a uma qualidade de vida sadia; III - a um abrigo capaz de protegê-lo da chuva, do frio, do vento e do sol, com espaço suficiente para se deitar e se virar; IV - de receber cuidados veterinários em caso de doença, ferimento ou danos psíquicos experimentados; V - a um limite razoável de tempo e intensidade de trabalho, a uma alimentação adequada e a um repouso reparador” 3. A medicina veterinária legal, área que, em conjunto com outras relacionadas, atua no auxílio da justiça, embora antiga, vem chamando muito a atenção, em razão das mudanças significativas que a sociedade como um todo vem dispensando aos animais. Isso se verifica principalmente no cuidado dispensado aos animais de companhia, como claramente demonstram as transformações no direito de família e em questões relativas no direito civil. Dados disponíveis no CRMV-SP dão conta de que, no período de 2016 a 2020, 63% dos processos éticos profissionais abertos eram em clínicas veterinárias; em relação aos denunciantes como um todo, 69% eram proprietários/tutores 4. No mesmo relatório observa-se que a maioria das infrações éticas ocorreram em clínicas veterinárias (Figura 1). No que tange aos processos cíveis relativos Local das ocorrências

aos danos morais e materiais, as decisões jurisprudenciais vêm deliberando, em sua maioria, levando em conta os laços afetivos entre os animais e seus tutores. Porém, é no direito de família que as mudanças vêm acontecendo de forma mais significativa, acompanhando a dinâmica das relações familiares. Em 2016, o juiz Leandro Katscharowski Aguiar, titular da 7ª Vara Cível da comarca de Joinville, SC, declinou competência em favor de uma das varas da família sobre processo que discutia a posse e propriedade de uma fêmea canina disputada por casal recém-separado, entendendo que os animais de estimação já estavam merecendo tratamento jurídico distinto daquele conferido a um simples objeto 5. A decisão do TJ/SP em 2018, na qual o desembargador José Rubens Queiroz Gomes citou jurisprudência da corte no sentido de que a relação afetiva existente entre seres humanos e animais não foi regulada pelo Código Civil e que, como a lei não prevê como resolver conflitos entre pessoas em relação a animal adquirido com a função de proporcionar afeto e não riqueza patrimonial, deve o juiz decidir de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito, foi: “Por conseguinte, aplicando-se a analogia acima referida, estando a ação de reconhecimento e dissolução de união estável em trâmite na 3ª Vara de Família e Sucessões do Foro Central, é deste juízo a competência para o julgamento da ação em que se discute a ‘posse compartilhada e visitação’ do animal doméstico” – deliberando que a vara de família tem competência para decidir sobre a guarda compartilhada de animais 6. Outras ações já Percentual de casos nos anos

2016

2017

Campanha de castração

4%

Atendimento domiciliar

4%

Clínica veterinária

42%

Hospital veterinário Total de casos em números absolutos

2018

2019

2020

2%

-

2%

-

4%

3%

2%

-

71%

62%

54%

76%

13%

-

6%

9%

18%

48

56

63

95

50

Figura 1 – Locais de ocorrência de infrações éticas referentes ao período de 2016-2020. Adaptado de estatísticas de processos éticos profissionais do CRMV-SP Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 154, setembro/outubro, 2021

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Direito médico-veterinário decidiram sobre pensão alimentícia quando, no caso das separações de cônjuges, a guarda é unilateral 7. Como se observa, a rapidez das mudanças na sociedade tem cada vez mais criado decisões judiciais que colocam em pauta os animais e a relação com seus tutores, daí já sendo aceito o conceito mais moderno de família multiespécie. O médico-veterinário tem um papel fundamental nessas questões. Quem poderá dizer em juízo qual é o melhor lugar ou quem poderá cuidar melhor do animal a não ser o médico-veterinário? Quem tem conhecimento específico sobre comportamento, características que envolvem raças e espécies que devem ser observadas quando das disputas judiciais? O trabalho de levantamento de casos de processos administrativos nos Conselhos Regionais do Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo que mostram aumento progressivo de denúncias e processos nesses Estados já é reconhecido 1. Ao mesmo tempo, um estudo recente desses autores também demonstra o aumento exponencial progressivo de processos e de valores de indenização que os profissionais da medicina veterinária vêm sofrendo na esfera cível por alegado erro médico 8. Os médicos-veterinários vêm cada vez mais contribuindo com as áreas afins quando se trata de decisões em que os animais são parte das demandas judiciais, consolidando a importância da medicina veterinária legal como área de atuação e a necessidade de ensino e pesquisas nas instituições de ensino da medicina veterinária nacional. Referências

01-SOUZA, C. N. A. ; MAIORKA, P. C. As responsabilidades administrativa e civil do médico-veterinário mediante o erro médico. Revista CFMV, ano XXVI, n. 83, p. 39-42, 2020. ISSN: 1517-6959. 02-LABORATÓRIO DE BEM-ESTAR ANIMAL. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Declaração de Cambridge sobre a consciência animal. LABEA/UFPR, 2014. Disponivel em: <http://www.labea.ufpr.br/portal/wp-content/uplo54

ads/2014/05/Declara%C3%A7%C3%A3o-de-Cambridge-sobre-Consci%C3%AAncia-Animal. pdf> Acesso em 23 de junho de 2021. 03-VIEIRA, T. R. ; SILVA, C. H. Família multiespécie - animais de estimação e direito. 1. ed. Brasília: Zakarewicz, 2020. 395 p. ISBN: 9786587974002. 04-CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Estatísticas dos processos ético-profissionais. CRMVSP, 2021. Disponível em: <https://crmv-sp.implanta.net.br/portaltransparencia/#publico/ Conteudos?id=6043cb96-8a19-4768-8624-bf9ad929236e> Acesso em 23 de junho de 2021. 05-WISBECK, A. ; MEDEIROS, Â. ; COSTA, D. P. ; ARAÚJO, S. Juiz entende que cão não é objeto e remete disputa por animal para Vara de Família. Poder Judiciário de Santa Catarina, 2016. Disponível em: <https://www.tjsc.jus.br/ web/imprensa/-/juiz-entende-que-cao-nao-e-objeto-e-remete-disputa-por-animal-para-vara-de-familia>. Acesso em 23 de junho de 2021. 06-TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Agravo de instrumento nº 205211452.2018.8.26.0000.2018. Poder Judiciário/Tribunal de Justiça do Estado de SP, 2018. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/vara-familia-julga-guarda-compartilhada.pdf>. Acesso em 23 de junho de 2021. 07-AGUIAR, J. L. L. Direito dos animais sob os aspectos da guarda compartilhada e dano moral em caso de lesão animal. 1. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018. 124 p. ISBN: 9788551905746. 08-SOUZA, C. N. A. ; LIMA, D. M. ; SOUZA, A. N. A. ; MAIORKA, P. C. Quantitative and qualitative analysis of lawsuits against veterinarians and correlation of potential risk factors with court decisions. Forensic Science International, v. 310, n. 110233, p. 1-6, 2020. doi: 10.1016/j.forsciint.2020.110233. Norma Centeno Rodrigues MV, CRMV-RS: 2.221 mestre, dra. Presidente da Associação Brasileira de Medicina Veterinária Legal normacentenorodrigues@gmail.com

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Riscos ocupacionais

Riscos ocupacionais na atividade veterinária

Evolução do conjunto normativo que visa garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores de estabelecimentos veterinários

A atividade de médicos-veterinários envolve riscos físicos, químicos, biológicos 1, de acidentes e ergonômicos. Minimizar a exposição a riscos ocupacionais em estabelecimentos veterinários exige conhecimento amplo de diversas áreas, não só de biossegurança, zoonoses e segurança no manejo de animais, mas de uma série de outros pontos, que demandam tempo e empenho para se conhecer e compreender o amplo conjunto normativo criado para garantir a higiene e a segurança ocupacional, como a proteção radiológica, o manuseio de produtos químicos, o manejo de resíduos e a prevenção de incêndios e acidentes, entre outros. Normalmente, os médicos-veterinários têm um conhecimento genérico de procedimentos-padrão e equipamentos de proteção, bem como sobre higiene e segurança, e a maioria carece de informações mais amplas e detalhadas a respeito dos riscos ocupacionais, que são aspectos pouco tratados nos próprios cursos de formação. Um bom ponto de partida é conhecer a legislação correspondente e estar atento às eventuais atualizações. O momento atual é oportuno, pois as normas regulamentadoras (NR) sobre esses aspectos no âmbito veterinário vem sendo atualizadas desde 2019, e serão consideradas para fins de fiscalização a partir de 3 de janeiro de 2022. Algumas NR que se aplicam ao contexto veterinário passaram a ter novos escopos como a NR-1 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais 2; a NR-7 – Programa de Controle Médico de Saú56

de Ocupacional 3; e NR-9 – Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos 4 Considerando a premência de tempo envolvida, a partir desta edição apresentamos uma série de matérias tratando do atual quadro normativo sobre segurança e higiene ocupacional em estabelecimentos veterinários, destacando os pontos principais. O principal objetivo é prático, isto é, permitir uma boa análise do grau de adequação dos procedimentos e instalações veterinários, e acelerar a implantação das medidas para promover as melhorias e adaptações necessárias. Breve histórico da evolução da normatização no Brasil É importante reconhecer o papel dos CRMVs e do CFMV na orientação dos profissionais. Em 1998 o CRMV-SP contribuiu para a publicação do Anexo 8 – Roteiro de Inspeção de Estabelecimentos Veterinários, parte integrante do Volume 8 da Coleção Saúde e Cidadania 5. Em 2008, o Núcleo de Assessoramento na Descentralização das Ações de Vigilância Sanitária (Nadav) da Anvisa deu início à elaboração da Referência Técnica para o Funcionamento dos Serviços Veterinários, visando subsidiar as ações de Vigilância Sanitária sobre Serviços Veterinários 6,7. Embora tanto o Roteiro de Inspeção quanto a Referência Técnica da Anvisa para o Funcionamento dos Serviços Veterinários não tenham sido concebidos com qualquer poder

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legal, limitando-se a material de referência, eles trouxeram aos estados e municípios um ponto de partida para que elaborassem e instituíssem legislações locais a respeito do assunto, com passos mais detalhados para avaliação técnica e correção dos problemas encontrados. As normas estaduais e municipais, a exemplo da Resolução SMG-N nº 742 de 22 de maio de 2006 da Prefeitura do Rio de Janeiro, RJ, têm um papel importante, pois contribuem para organizar as orientações em um documento único na forma de uma lista de verificação, reforçando a publicidade das normas federais de segurança e saúde ocupacional, bem como agregando outras boas práticas a observar, orientando os proprietários e gestores de estabelecimentos veterinários com instruções tais como o Roteiro 8, de Autoinspeção e Inspeção em Clínicas e Consultórios Veterinários, para que se verifique o cumprimento de normas oriundas de órgãos tão distintos e que estão na interface da vigilância sanitária com a segurança ocupacional 8. Com o objetivo de orientar os responsáveis técnicos desses estabelecimentos na redução dos riscos à saúde dos profissionais, proprietários e animais, a Prefeitura de São Paulo, SP, publicou em 9 de abril de 2016 a Portaria 641/2016-SMS-G 9. Sua redação considera tanto o conteúdo da Referência Técnica da Anvisa como outras legislações pertinentes a esses estabelecimentos. Com isso, a portaria também trata de questões relacionadas ao domínio da higiene e da segurança ocupacional quando considera normas regulamentadoras do extinto Ministério do Trabalho e Emprego, a exemplo da NR-7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional 3, NR-9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais 4 e NR-32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde 10, bem como a Resolução Conama nº 358, de 29 de abril de 2005, que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências 11; a RDC nº 306/2004 –

MS, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde 12; e a Portaria GM/MS nº 3.523, de 28 de agosto de 1998 13, que visa garantir a qualidade do ar de interiores e prevenir riscos à saúde dos ocupantes de ambientes climatizados. Podemos considerar a Portaria 641/2016-SMS-G como um progresso feito a partir da Referência Técnica para o Funcionamento dos Serviços Veterinários proposta pela Anvisa em 2010. Ao analisar seu regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e as boas práticas para estabelecimentos e serviços veterinários e suas referências, que incluem documentos do Ministério da Saúde, Mapa, Anvisa, Conama, Governo Estadual de São Paulo, Prefeitura Municipal de São Paulo e Vigilância Sanitária, entre outros órgãos, é possível observar que, embora o texto da Portaria 641/2016-SMS-G tenha 23 páginas, o fato é que suas 37 referências incluem documentos dos órgãos mencionados acima, somando mais de mil páginas de orientações aos empreendedores/gestores de estabelecimentos veterinários. Na figura 1 é possível observar que, ainda assim, alguns tópicos que já estão no escopo do CDC e do Instituto Nacional para Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos (National Institute for Occupational Safety and Health – Niosh) para orientação de boas práticas de segurança e higiene ocupacional em estabelecimentos veterinários norte-americanos ainda não estão no escopo das orientações aos órgãos de fiscalização na cidade de São Paulo, mas já podem ser objeto de análise visando melhorias pelos gestores. Sugestões de aprimoramentos na atual normatização A comparação do escopo da Portaria 641/2016-SMS-G, de seu Regulamento Técnico e das Referências (que inclui considerável conjunto da legislação brasileira, seja em nível federal, estadual ou da cidade de São Paulo), com as boas práticas de estabelecimentos

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Riscos ocupacionais Aspecto identificado na legislação norte-americana (EUA)

Abrangência do aspecto segundo a Portaria 641/2016-SMS-G, seu regulamento técnico e referências

Prevenção, tratamento e regis- Tópicos bem abordados na legislação brasileira, seja por meio do PPRA, do PCMSO e de tro de acidentes mapas de risco (prevenção), seja por meio da CAT (tratamento e registro de acidentes) Exposição a gases anestésicos residuais

NR-32 (manutenção 32.3.9.3) e Resolução CFMV nº 1275/2019 (define os estabelecimentos)

Riscos relacionados ao manejo e à contenção de animais

Portaria 641/2016-SMS-G e Decreto nº 5.053/2004

Patógenos transmitidos pelo sangue

NR-32 (Anexo II) e “Manual de segurança do paciente em serviços de saúde”: limpeza e desinfecção de superfícies (2012)

Exposição a medicamentos perigosos (como quimioterápicos)

RDC Nº 220/2004 (funcionamento dos Serviços de Terapia Antineoplásica) e item 32.3.9.4 da NR-32

Substâncias controladas

RDC/Anvisa Nº 06/2014 – Substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e Portaria nº 344/1998 – Regulamento Técnico sobre Substâncias Sujeitas a Controle Especial

Ergonomia

Não há menção na Portaria 641/2016-SMS-G. O Código Sanitário (Lei nº 13.725/2004) fala de adequar-se às condições psicofisiológicas dos trabalhadores, tendo em vista as possíveis repercussões negativas

Segurança, prevenção e resposta contra incêndios

Não há menção na Portaria 641/2016-SMS-G. O item 8 da RDC/Anvisa nº 307 apresenta tabela com normas da ABNT referentes à segurança contra incêndio em edificações urbanas (Item 32.3.7.5 da NR-32)

Produtos químicos como óxido de etileno, formaldeído, formalina e mercúrio

“Manual de processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde” (1994). Menção no Item 32.3.7.4 da NR-32, na RDC/Anvisa nº 306/2004 e na Resolução Conjunta SS/SMA/SJDC - SP – 1/2004

Condições climáticas severas e adversas

Não há menção na Portaria 641/2016-SMS-G. Item 6.3.2 da Norma CNEN-NE-3.02 recomenda estudo

Proteção auditiva

Não há menção na Portaria 641/2016-SMS-G. Somente na NR-7 (PCMSO)

Controle de infecção, incluindo manuseio de objetos perfurocortantes como lâminas, agulhas e resíduos de serviços de saúde

Tópico abordado na Portaria 641/2016-SMS-G; “Manual de processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde” (1994), NR-32; “Manual de limpeza e desinfecção de superfícies” (Anvisa, 2012) na Resolução CFMV Nº 1275/2019; Informe Técnico Covisa nº 40, RDC/Anvisa nº. 302/2005, Resolução Conjunta SS/SMA/SJDC – SP – 1/2004, RDC/ Anvisa nº 306/2004 e RDC nº 220/2004

Segurança no uso de laser para fins cirúrgicos e terapêuticos

Não há menção na Portaria 641/2016-SMS-G, Regulamento Técnico e Referências

Equipamentos de proteção individual

NR-32, “Informe Técnico Covisa nº 40”, “Manual de processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde” (1994), RDC/Anvisa nº. 302/2005, Resolução Conjunta SS/SMA/SJDC – SP – 1/2004, RDC/Anvisa nº 306/2004, “Manual de segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies” (Anvisa, 2012) e RDC nº 220/2004

Cuidados especiais com funcionárias gestantes

NR-32, Resolução Anvisa nº 38/2008, item 5.2.3; “Funasa alerta para o tétano neonatal” (2001); Norma CNEN NN 3.01 e Portaria SVS/MS n° 453/1998 – “Mulher ocupacionalmente exposta à radiação ionizante”

Segurança no uso de equipamentos radiológicos de diagnóstico e terapêuticos

NR-32, Resolução nº 38/2008; CNEN-NN 3.01, NE 3.02; Portaria SVS/MS n° 453/1998; Decreto nº 40.400/1995 em seu Capítulo VI, do Artigo 28 ao artigo 31

Violência no local de trabalho

Não há menção na Portaria 641/2016-SMS-G, Regulamento Técnico e Referências

Exposição a potenciais doenças zoonóticas

NR-32; Decreto nº 40.400/1995, em seu Capítulo VIII, artigos 35 e 36, exige a notificação compulsória de raiva, leptospirose, leishmaniose, tuberculose, toxoplasmose, brucelose, hidatidose e cisticercose

Figura 1 – Aspectos abordados na legislação norte-americana 14 e sua previsão na Portaria 641/2016-SMS-G, Regulamento Técnico e Referências 58

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veterinários dos Estados Unidos, boa parte delas compiladas por Seibert 14, que são baseadas em padrões da Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (Occupational Safety and Health Administration – Osha), do Niosh e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention – CDC) permitiu maior clareza na identificação de elementos que ainda estão pouco visíveis ou mesmo não são evidenciados na Portaria 641/2016-SMS-G, seu Regulamento Técnico e Referências. Entre eles podemos citar: 1) ergonomia: pouco abordada na Portaria 641/2016-SMS.G em seu Regulamento Técnico e nas Referências; 2) segurança, prevenção e resposta contra incêndios: não são abordadas na Portaria 641/2016-SMS.G nem em seu Regulamento Técnico; pouco abordadas nas Referências; 3) condições climáticas severas e adversas: não são abordadas na Portaria 641/2016-SMS-G nem em seu Regulamento Técnico ou Referências; 4) proteção auditiva: não é abordada na Portaria 641/2016-SMS-G nem em seu Regulamento Técnico; pouco abordada nas Referências; 5) segurança no uso de laser: não é abordada na Portaria 641/2016-SMS-G nem em seu Regulamento Técnico ou Referências; 6) segurança e prevenção contra violência no local de trabalho: não são abordadas na Portaria 641/2016-SMS-G nem em seu Regulamento Técnico ou Referências; 7) cuidados especiais com funcionárias grávidas: não são abordados na Portaria 641/2016-SMS-G nem em seu Regulamento Técnico; pouco abordados nas Referências. O CFMV tem em sua estrutura a Comissão Nacional de Estabelecimentos Veterinários – CNEV, cujo objetivo consiste em propor diretrizes para as ações desses estabelecimentos e revisar a atualização da legislação referente a eles; apresentar posicionamento técnico, bem como analisar as demandas e necessidades dos CRMVs relativas ao seu funcionamento e à sua fiscalização; e desempenhar

outras atribuições que lhe forem designadas pelo presidente do CFMV. Essa comissão tem representantes dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária e vem realizando estudos e análises relativos à higiene e à segurança ocupacional desses estabelecimentos, a exemplo da análise da legislação internacional sobre eles (Mercosul, União Europeia e Estados Unidos); à possibilidade de fiscalização sanitária por parte do Mapa; à proposta de um Manual de Procedimentos para Clínicas Veterinárias; e à proposta de alteração da Resolução CFMV nº1015/2012, que conceitua e estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos médico-veterinários de atendimento a pequenos animais e dá outras providências 15. Em 2019, a Resolução CFMV nº1015/2012 foi revogada pela Resolução nº 1.275, de 25 de junho de 2019 16. Tipos de estabelecimentos e serviços, e consequentes riscos à saúde humana Os estabelecimentos e serviços veterinários 7 atuam na criação, no cuidado e na proteção das espécies animais. São operados por médicos-veterinários e profissionais de apoio, promovendo o bem-estar das espécies animais, por meio de atividades clínicas, cirúrgicas, laboratoriais e da interação com radiações ionizantes, além da manipulação de animais e materiais com potencial risco biológico. Alguns estabelecimentos demandam uso de considerável variedade de reagentes químicos, materiais de consumo que incluem perfurocortantes, e a consequente geração e necessidade de manuseio de resíduos químicos e biológicos perigosos 17; ademais, em algumas atividades vêm sendo observados riscos psicológicos 18, reprodutivos 19 e de violência no trabalho 20. Além dessas atividades, esses profissionais vêm, por meio da Saúde Pública Veterinária 21, contribuindo na prevenção de agravos à saúde humana. O conhecimento sobre os riscos e a fluência da prática preventiva acaba sendo obtido de forma diversificada, seja durante a formação acadêmica, seja na rotina profissional. Além

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Riscos ocupacionais da formação, a legislação – a exemplo das NRs – e as atividades de fiscalização – parte das quais no Brasil são conduzidas pelos órgãos de Vigilância Sanitária e pelos auditores fiscais do trabalho – são necessárias para que alguns empreendimentos alcancem padrões minimamente satisfatórios de higiene e segurança ocupacional. Em qualquer grupo profissional, o nível de proficiência das boas práticas que são determinantes para a minimização da exposição aos riscos ocupacionais varia. Em 2019 o Brasil tinha 376 cursos de medicina veterinária 22 e mais de 185 mil profissionais 23. Parte deles atuava em 9.500 consultórios, 17.800 clínicas e 720 hospitais 24. Se por um lado a compreensão e a assimilação dos riscos ocupacionais tende a estar relacionada à experiência do indivíduo 25, por outro, o repertório de experiências possíveis está relacionado à diversidade de atividades que o estabelecimento no qual ele aprende/ se desenvolve/treina/trabalha tem meios para desenvolver. Em publicação do Ministério da Saúde 26 que trata do tema da biossegurança em saúde são apontados como problemas a enfrentar no campo da biossegurança: 1) baixa inserção curricular do tema nos cursos universitários; 2) falta de controle sobre os riscos advindos de ambientes universitários; e 3) necessidade de inserção do tema da biossegurança nos cursos universitários e técnicos. Observa-se ainda que, além da deficiência/falta de articulação de conteúdos curriculares relacionados à higiene e à segurança ocupacional na formação de médicos-veterinários, muitos estudantes são formados em ambientes escolares que não atendem à legislação de segurança ocupacional, executando atividades sem as instruções de procedimentos operacionais padrão (POPs) e sem acesso a equipamentos de proteção individual (EPIs); além disso, têm baixa representatividade ou acesso a comissões de biossegurança e de resíduos ou a comissões internas de prevenção 27. 60

A construção dos conhecimentos sobre higiene e segurança ocupacional pode estar apoiada tanto na teoria, às vezes de forma excessivamente discursiva, abstrata e com poucas conexões com a realidade prática e normativa, como em experiências práticas, concretas e amparadas no conjunto normativo vigente. Como exemplo podemos citar atividades que demandam o uso de um equipamento de proteção individual (EPI) e a leitura e assimilação de um procedimento operacional (POP) como pré-requisito para o cumprimento da tarefa. Temos ainda a variabilidade da infraestrutura dos estabelecimentos de formação de médicos-veterinários no Brasil. Se por um lado tópicos como zoonoses (a exemplo de raiva, infecções bacterianas, parasitas, toxoplasmose e aracnídeos), segurança no manejo de animais (mordidas, pisões, coices e chifradas) e princípios de proteção radiológica (raio-X) são plenamente discutidos nas diferentes disciplinas de graduação dos cursos de medicina veterinária do país, outros, como biossegurança em laboratórios, segurança no manuseio de produtos químicos (incluindo quimioterápicos e anestésicos), housekeeping, prevenção contra incêndios, relações no trabalho, manejo de resíduos e outros riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes são, na maior parte dos cursos, vagamente explorados e discutidos. Podemos entender que, de forma efetiva, isso depende de uma infraestrutura e de uma cultura de segurança de que a maior parte dos cursos não dispõe, por dificuldades financeiras, administrativas e culturais. Muitos estudantes e profissionais desconhecem todos os riscos do estabelecimento veterinário em que atuam 26. A relevância dessa reflexão está na própria atualização do conjunto normativo pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Cabe à Coordenação-Geral de Segurança e Saúde no Trabalho (CGSST), por meio da Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), a discussão de temas referentes à segurança e

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à saúde no trabalho, em especial as Normas Regulamentadoras (NRs) 28. As NRs foram criadas em 1978, e, em função da evolução das atividades produtivas, das tecnologias e das relações de trabalho, seus textos sofrem mudanças às quais os empreendedores e gestores devem estar atentos. Atualmente existem 37 NRs. Dessas, algumas se aplicam a estabelecimentos veterinários e/ou atividades de responsabilidade do médico-veterinário, a exemplo das NRs 1, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 17, 23, 24, 25, 31, 32 e 36. É importante enfatizar que a

atualização dos textos normativos que se iniciou em fevereiro de 2019 visa a garantia da saúde e a segurança dos seus colaboradores e, ao mesmo tempo, favorecer a geração de empregos e investimentos em novos empreendimentos. A NR-1 2, a NR-7 3 e a NR-9 4, já atualizadas, passarão a vigorar em 3/1/2022, devendo os gestores e as equipes dos estabelecimentos estar preparados para identificar os riscos (por meio da atuação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que dentre suas funções deve elaborar os mapas de risco) 29 bem

Físicos

Químicos

Biológicos

Acidentes

Ergonômicos

NR 9 – Item 9.1.5.1 Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som. Atentar para anexos I - X da NR-15

NR 9 – Item 9.1.5.2 Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Atentar para anexos XI-XIIIA da NR-15

NR 9 – Item 9.1.5.3 Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros (príons). Podem agir por contato bem como na interação com animais e carcaças, causando infecções agudas e crônicas a exemplo. Atentar para anexo XIV na NR-15, NR-32 e Manual Classificação de Risco dos Agentes Biológicos do Ministério da Saúde

Anexo IV (Tabela I) da Portaria N.º 25, de 29 de dezembro de 1994 Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade, imposição de ritmos excessivos, e outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico

NR 17 – Ergonomia e Anexo IV (Tabela I) da Portaria N.º 25, de 29 de dezembro de 1994 Armazenamento e arranjo físico inadequado. Máquinas e equipamentos sem proteção. Ferramentas inadequadas ou defeituosas. Iluminação Inadequada. Animais peçonhentos. Eletricidade

Calor e exposição ao sol ou frio e umidade em trabalhos de campo. Frio em câmaras refrigeradas Latidos e ruídos de equipamentos e/ou veículos motorizados Cortes e perfurações com lâminas, agulhas e fios Radiações ionizantes (raio-X com manutenção insuficiente) e não ionizantes (laser)

Asfixiantes: H2, N2, CH4, CO, CO2, propano, sais de nitrito ou nitrato, compostos nitroorgânicos Irritantes: amônia (NH3), formaldeído (CH2O), ácido clorídrico (HCl), cloro (Cl2); dióxido de nitrogênio (NO2) Desinfetantes: glutaraldeído, óxido de etileno, ácido paracético e outros produtos de limpeza Medicamentos, quimioterápicos, hormônios e antibióticos Anestésicos (depressores do sistema nervoso central) Armazenagem incorreta de substâncias incompatíveis (reagentes e resíduos)

Manuseio de amostras com agentes patogênicos Contaminação por arranhões, mordidas, picadas de insetos e aracnídeos Contaminação pelo manuseio de sangue, urina, secreções e fezes Contaminação por perfurocortantes

Trabalho repetitivo em cirurgias, incubadoras e biotérios Postura incorreta em clínica e cirurgia Monotonia em trabalhos de observação Trabalho em turno e plantões Trabalho prolongado em pé ou sentado

Traumas e lesões advindos de atividades de manejo e contenção de animais, a exemplo de coices, pisões, mordidas, arranhões e chifradas Lesões nos olhos no manejo de animais, uso de ferramentas e equipamentos ou material particulado. Escorregões, quedas e trauma Choques elétricos, queimaduras e incêndios, parada cardiorrespiratória Iluminação deficiente

Figura 2 – Normas regulamentadores e exemplos de riscos em estabelecimentos veterinários. Adaptado 1,17,30 Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 154, setembro/outubro, 2021

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Riscos ocupacionais como colaborar com a elaboração dos planos de gerenciamento de risco. Na figura 2 são relacionados alguns riscos encontrados em estabelecimentos e serviços. As NRs atualizadas discorrem sobre: - NR nº 1: disposições gerais – que exigem a elaboração de um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que passará a vigorar em 03/01/2022, substituindo a exigência do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA); - NR nº 7: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); - NR nº 9: antes, Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), e agora Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos (ACEOAFQB); - NR nº 12: segurança do trabalho em máquinas e equipamentos; - NR nº 17: ergonomia no ambiente de trabalho; - NR nº 24: higiene e conforto nos locais de trabalho; e - NR nº 31: agricultura, silvicultura, exploração florestal e aquicultura.

A publicação da Portaria nº 8.873 de 23 de julho de 2021 30 adiou de 1° de agosto de 2021 para o dia 3 de janeiro de 2022 o início da vigência do novo texto das Normas Regulamentadoras nº 1 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, nº 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e nº 9 – Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos (ACEOAFQB), propiciando um pouco mais de tempo para que os estabelecimentos entrem em conformidade com esse conjunto normativo. Nesta série de matérias, propomos uma reflexão sobre a evolução do quadro normativo que regula a segurança e a higiene ocupacional em estabelecimentos veterinários e as contribuições da Anvisa e das Vigilâncias Sanitárias, bem como sobre questões a serem observadas por profissionais, empreendedores, gestores e docentes de instituições de ensino relacionadas à ciência animal e veterinária. Por fim, discutiremos aspectos pouco evidentes para o leitor, mas que podem ser de grande valia para a manutenção dos me-

Itens necessários

Enquadramento legal

O setor de atendimento da clínica possui sala de recepção e espera?

art. 9º, I da Resolução do CFMV 1.275/2019

Possui sala de atendimento médico dos pacientes?

art. 9º, V da Resolução do CFMV 1.275/2019

A sala de atendimento possui mesa impermeável para o atendimento? art. 9º, V, a da Resolução do CFMV 1.275/2019 A sala de atendimento possui pia de higienizaçãoprovida de água corrente?

art. 9º, V, b da Resolução do CFMV 1.275/2019; c/c item 32.2.4.3 da NR 32 da Portaria Federal 3.214/1978GM

Todas as pias de higienização estão providas de material para higiene, como papel toalha e dispensador de detergente/sabonete líquido?

art. 15, VI da Resolução do CFMV 1.275/2019; c/c item 32.2.4.3 da NR 32 da Portaria Fed. 3.214/1978GM

A lixeira do setor de atendimento médico é provida de sistema de abertura sem contato manual?

art. 17 da Resolução RDC 222/2018 da Anvisa; c/c item 32.2.4.3 da NR 32 da Portaria Federal 3.214/1978GM

A sala de atendimento médico possui armários próprios para equipamentos e medicamentos?

art. 9º, V, d da Resolução do CFMV 1.275/2019

Pratica-se a conservação e/ou armazenamento de produtos de uso veterinário em temperatura recomendada na rotulagem ou bula do produto?

arts. 20, III, VI; 65, II; 68, VII do Dec. Fed. 5.053/2004; c/c art. 15, I da Resolução do CFMV 1.275/2019

Armazenam-se vacinas, antígenos, medicamentos e outros materiais biológicos em unidade de refrigeração exclusiva?

art. 9º, V, c; 15, inciso I da Resolução do CFMV 1.275/2019

Se há o armazenamento de alimentos, este é feito em geladeira ou unidade de refrigeração de uso exclusivo de alimentos de animais e de humanos em separado?

art. 15º, inciso II da Resolução do CFMV 1.275/2019

Figura 3 – Exemplo de lista de verificação adotado pela vigilância sanitária municipal de Criciuma, SC, com perguntas sobre as condições de salas de atendimento médico-veterinário relacionadas à Resolução do CFMV 1.275/2019 16 e à NR-32 32 62

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lhores padrões de segurança para os estabelecimentos, suas equipes e clientes. Para finalizar, a partir dos pontos discutidos, sugerimos a reflexão a respeito das condições atuais que os leitores encontram em consultórios e salas de atendimento médico-veterinário, das NRs explorados neste artigo, e em itens da listagem encontrada na figura 3, com o objetivo de minimizar os riscos pontenciais desses ambientes. Considerações finais Nesta primeira abordagem, apresentamos uma descrição da evolução geral do quadro normativo e também um quadro geral dos riscos operacionais envolvidos na atividade, com destaque para o ambiente da sala de consulta clínica. Esta série de matérias prossegue na

próxima edição com outros aspectos a serem observados por profissionais, empreendedores, gestores e docentes de instituições de ensino a respeito de padrões de segurança para estabelecimentos, equipes e clientes. Referências

01-BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO ; SECRETARIA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994. Dá nova redação à NR 9 e altera as NRs 5 e 16. Brasília: Gov.br, 1995. Seção1, p. 1987-1989. Disponível em: <https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/ seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-portarias/1994/ portaria_25_aprova_a_nr_09_e_altera_a_nr_5_e_16. pdf>. Acesso em 27 de agosto de 2020. 02-BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA; SECRETARIA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO

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Riscos ocupacionais TRABALHO. NR-1 - DISPOSIÇÕES GERAIS E GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS. Portaria SEPRT nº 6.730, de 9 de março de 2020.). Disponível em: <https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/ pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ ctpp-nrs/nr-1>. Acesso em 23 de agosto de 2021. 03-BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA; SECRETARIA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. NR 7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO E SAÚDE OCUPACIONAL - PCMSO. Portaria SEPRT 6.734, de 9 de março de 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/ composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/ norma-regulamentadora-no-7-nr-7>. Acesso em 23 de agosto de 2021. 04-BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA; SECRETARIA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. NR-9 - AVALIAÇÃO E CONTROLE DAS EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS A AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS Portaria SEPRT nº 6.735, de 10 de março de 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/ composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/ norma-regulamentadora-no-9-nr-9>. Acesso em 27 de agosto de 2020. 05-EDUARDO, M. B. P. ; MIRANDA, I. C. S. Vigilância sanitária. Série Saúde e Cidadania para Gestores Municipais de Serviços de Saúde, Livro nº 8. São Paulo, Faculdade de Saúde Pública da USP, 1998. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_cidadania_volume08.pdf>. Acesso em 23 de agosto de 2021. 06-TEIXEIRA, L. A. B. ; KOBLITZ, E. Anvisa publica referência técnica para o funcionamento dos serviços veterinários. Curitiba: CRMV-PR, 2011. Disponível em: <https://www.crmv-pr.org.br/artigosView/88_Anvisa-publica-referencia-tecnica-para-o-funcionamento-dos-servicos-veterinarios.html>. Acesso em 20 de julho de 2020. 07-BRASIL. Referência técnica para o funcionamento dos serviços veterinários. Brasília: Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2010. 47 p. Disponível em: <https://saude.campinas.sp.gov. br/vigilancia/vig_sanitaria/Referencia_tecnica_funcio64

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premierpet contato@premierpet.com.br


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SECRETARIA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRA-

trução de mapas de risco em um hospital público. Ci-

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Notícias

A International Veterinary Students’ Association (IVSA) é a maior organização internacional de estudantes de medicina veterinária do mundo, contando com mais de 38 mil membros, divididos em 194 unidades espalhadas em 74 países ao redor do planeta. A organização, fundada em 1953, apresenta-se como não governamental e sem fins lucrativos e tem por objetivo beneficiar os animais e as pessoas mundialmente por meio do aproveitamento do potencial de estudantes de medicina veterinária, de forma a aplicar internacionalmente suas habilidades e os conhecimentos da área. A IVSA realiza encontros anuais que envolvem congressos e simpósios, além de desenvolver programas de intercâmbio, organização de eventos e comitês sobre os mais diversos temas. Dessa forma, a associação apresenta oportunidades educacionais em projetos focados em bem-estar animal, saúde única, soft skills e saúde mental. Entre os diversos comitês permanentes da IVSA, há o Comitê Permanente em Saúde Única (SCOH), que envolve Saúde Única e Saúde Pública; o Comitê de Bem-Estar Animal (SCAW), responsável pela conscientização, em nível mundial, da importância da aplicação de altos padrões de bem-estar animal; além dos Comitês de Saúde Mental (SCOW); Educação Veterinária (SCoVE); e Atributos de Carreira (SCoCA). Além disso, a IVSA apresenta a rede Alumni, composta por membros da IVSA já graduados que agem como uma rede de apoio aos estudantes, além de retribuírem à comunidade todo o aprendizado adquirido nos anos em que foram membros da IVSA durante a graduação. 70

IVSA Global

International Veterinary Students’ Association (IVSA)

Congressos, simpósios e uma variedade de programas de intercâmbio para estudantes de medicina veterinária do mundo inteiro compõem o núcleo de atividades da IVSA, que desde 2020 conta com uma unidade no Brasil

IVSA São Paulo A IVSA São Paulo é a única unidade ativa no Brasil com sede na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP). Com data de criação em agosto de 2020, atualmente tem mais de 100 membros de diversos períodos da graduação com interesses espalhados nas variadas áreas da medicina veterinária. A IVSA São Paulo pratica atividades que buscam agregar o conhecimento e as habilidades dos membros, possibilitando que

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IVSA São Paulo, Brazil

Marcos Santos / FMVZ Imagens

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, que abriga a única unidade da IVSA ativa no Brasil e que sediará o 71º Congresso IVSA

trabalhem e interajam com estudantes de outros países. Pode-se citar a atuação em conjunto com o time The Americas Region, como o intercâmbio online com IVSA Bidar, Índia; Workshop de Atualidades Felinas em conjunto com o Grupo de Estudos de Felinos (Gefel-USP); e ainda o Simpósio de Saúde Pública organizado por unidades das Américas (IVSA México, Peru, Trinidad e Tobago, Estados Unidos, Canadá e Colômbia). A IVSA São Paulo atuou como apoio no 1st Congress of Animal Nutrition, organizado por unidades de diversos continentes; participou da Semana de Bem-Estar Animal, coordenada pelo Comitê Permanente de Bem-Estar Animal (SCAW); realizou o Congresso de Nutrição de Animais Selvagens, contando com palestrantes nacionais e internacionais em agosto de 2021; e faz parte do comitê organizador do Primer Congreso Latinoamericano de Comportamiento y Bienestar Animal, que ocorrerá on line em novembro deste ano. O 71° Congresso da IVSA A IVSA organiza um congresso internacional em um país diferente todos os anos no mês de julho. Desta vez, o Brasil foi escolhido para sediar o 71° Congresso Internacional da IVSA, entre os dias 17 e 27 de julho de 2022,

na cidade de São Paulo. Nesse evento, apenas membros associados podem participar como delegados. O evento contará com a presença de delegados vinculados à associação oriundos de mais de 70 países. O congresso abordará o tema All working as one: overcoming difficulties with perseverance (Todos trabalhando juntos: superando dificuldades com perseverança) e será realizado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP). Os alunos interessados em fazer parte da IVSA devem entrar em contato pelo e-mail americas. team@ivsa.org para mais informações. IVSA São Paulo Instagram: @ivsa.saopaulo (https://www. instagram.com/ivsa.saopaulo/) Facebook: IVSA São Paulo - Brazil (https:// www.facebook.com/ivsa.saopaulo) 71° Congresso Internacional da IVSA: https:// www.instagram.com/71ivsa.congress/

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Notícias

Nova plataforma da PremieRpet® promove encontro entre tutores e animais

Além de ajudar a encontrar o companheiro ideal, o site também oferece informações e dicas sobre cães e gatos

Divulgação PremieRpet®

Quem nunca desejou compartilhar a vida com um melhor amigo pet, dormir e acordar juntos, divertir-se e ser a companhia ideal um para o outro? Mas conviver com um animal de estimação é uma decisão importante e envolve, além de muita fofura e diversão, bastante responsabilidade e cuidados. Os bichinhos são membros da família, e por isso é importante que tenham afinidade e se integrem ao estilo de vida do tutor e à dinâmica do lar. Para promover um encontro harmonioso, foi lançado o MatchPet – PremieRpet®, portal de conteúdo com informações sobre cães e gatos, criadores referenciados e dicas para os tutores. A principal funcionalidade da plataforma é o “Match – Encontre o pet que tem tudo a ver com você”, em que é possível encontrar o animal que mais se encaixa ao perfil do tutor. Basta responder a uma série de perguntas que incluem informações sobre o espaço disponível para o animal, preferência de atividades, se há outros animais compartilhando o mesmo ambiente, entre outros detalhes que são muitos importantes para promover uma convivência feliz e saudável. Com base nas respostas, a plataforma promove a escolha ideal para cada tutor. Além disso, com o MatchPet – PremieRpet® é possível ter acesso a informações sobre diversas raças de cães e gatos, incluindo os indispensáveis SRDs, além de notícias e curiosidades do 72

mundo animal, agenda de eventos da PremieRpet® e materiais informativos para download. De acordo com Madalena Spinazzola, diretora de Planejamento Estratégico e Marketing Corporativo da PremieRpet®, a plataforma foi idealizada para apoiar tutores que buscam compartilhar a vida com os animais de estimação, promovendo encontros por afinidade, disseminando os bons-tratos, os cuidados adequados, informações de especialistas e outros conteúdos sobre animais, independentemente de raça ou origem. “A guarda responsável de cães e gatos inclui respeitar a sua individualidade e proporcionar cuidados e momentos que permitam o seu desenvolvimento pleno ao longo da vida. Com o portal MatchPet – PremieRpet®, os tutores poderão encontrar desde informações mais técnicas até orientações essenciais de saúde, comportamento e nutrição especializada, o que fortalece o nosso comprometimento com o bem-estar animal”, afirma Madalena. A nova plataforma foi lançada no Dia do Amigo, comemorado em 20 de julho, e também contou com uma ação solidária. Cada uso compartilhado do filtro do MatchPet – PremieRpet® no Instagram corresponderá à doação de uma refeição para os animais da ONG Amigo Animal, parceira do Instituto PremieRpet®, braço social da empresa. PremieRpet https://www.premierpet.com.br/matchpet/

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Lançamentos

Gostosura para os cães: PremieRpet® lança cookie temático para o Halloween Com sabor de abóbora e amora, o produto tem edição limitada nos meses de setembro e outubro

Os animais agora também podem participar das brincadeiras do Halloween. Para proporcionar momentos felizes de interação com os cães, a PremieRpet® acaba de lançar uma gostosura inigualável e exclusiva: PremieR Cookie Halloween – edição limitada. Destinada a cães adultos de pequeno porte, a novidade chega no sabor abóbora e amora, dois ingredientes nutritivos que juntos se tornam irresistíveis para os melhores amigos. O produto estará disponível nas lojas em edição limitada, somente nos meses de setembro e outubro ou enquanto durarem os estoques. “Esta edição de PremieR Cookie Halloween foi pensada para atender aos tutores que desejam vivenciar momentos únicos e especiais de interação e diversão com seus cães, sem abrir mão de todos os aspectos saudáveis, do sabor e dos ingredientes naturais”, afirma o médico-veterinário Fernando Jun Suzuki, diretor de Marketing de Produtos e Trade Marketing da PremieRpet®.

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Divulgação PremieRpet®

Brincadeira saudável Suzuki esclarece que o produto agrega à fórmula exclusiva de PremieR Cookie ingredientes rigorosamente selecionados, que auxiliam a saúde intestinal por meio do prebiótico MOS, contribuem para a saúde oral com o hexametafosfato de sódio e, devido à biotina e ao zinco, também auxiliam a saúde da pele e da pelagem. Os cookies da PremieRpet® são assados, não contêm ingredientes transgênicos, aromatizantes ou corantes artificiais e têm o selo Cage Free, que atesta o uso de ovos desidratados provenientes de galinhas livres de gaiolas. “É um alimento alta-

mente palatável, que oferece aos cães um prazer diferente do das refeições comuns, tornando-se perfeito para momentos de descontração, agrado e recompensa”, destaca o executivo. Com a gostosura garantida para o Halloween dos pets, basta manter a moderação. Os cookies não devem ser oferecidos em excesso, para não comprometer o equilíbrio nutricional. Por isso, é importante estar atento às recomendações de uso das embalagens e à orientação de um médico-veterinário. PremieR Cookie Halloween – Edição Limitada chega ao mercado na apresentação para Cães Adultos de Pequeno Porte 250  g. O produto estará disponível nas lojas especializadas somente nos meses de setembro e outubro ou enquanto durarem os estoques. Os produtos PremieRpet® são vendidos exclusivamente no canal especializado, do qual fazem parte clínicas veterinárias e pet shops. Mais informações no site www.premierpet.com.br ou pelo PremieRpet Responde: 0800 055 6666 (de segunda a sexta, das 8h30 às 17h30).


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Lançamentos

Boehringer Ingelheim Saúde Animal lança novo medicamento para parasitas internos e externos em cães no Brasil Com sabor de carne e altamente palatável, o NexGard Spectra® é uma solução completa recomendada para prevenção de pulgas, carrapatos, vermes e sarna em cães de todos os portes

Um tablete mastigável sabor carne “4 em 1”, que elimina pulgas, carrapatos e sarna de ouvido, além de tratar infecções ocasionadas por vermes intestinais: esse é o novo NexGard Spectra®, lançamento da Boehringer Ingelheim Saúde Animal no Brasil, que é produzido inteiramente na fábrica da empresa em Paulínia, SP, e distribuído para o Brasil e para o mundo. O NexGard Spectra® tem muitos diferenciais que o fazem ideal para o combate de parasitas internos e externos nos cães. A textura macia e o sabor de carne fazem com que os cães encarem o medicamento como uma experiência superagradável, facilitando a administração e evitando um possível estresse aos animais ou aos tutores. Além disso, evita a aplicação incorreta devido à resistência usual dos cães a ingerir diversos medicamentos: é um e pronto! O seu uso deve ser contínuo, a cada 30 dias, para garantir eficácia completa e prolongada. O produto está disponível 76

em cinco apresentações para cachorros com pesos de 2  kg a 3,5  kg (PP), de 3,6  kg a 7,5  kg (P), de 7,6  kg a 15  kg (M), de 15,1  kg a 30  kg (G) e de 30,1  kg a 60  kg (GG). NexGard Spectra® protege os cães, eliminando a sarna de ouvido e os vermes intestinais, além de prevenir e tratar pulgas e carrapatos. Em sua fórmula estão presentes os princípios ativos: afoxolaner, ectoparasiticida que elimina pulgas, carrapatos e ácaros da sarna otodécica; e milbemicina oxima, endoparasiticida que trata infecções ocasionadas por nematódeos gastrintestinais. Destaque no mercado nacional, é o único produto oral que combate os principais parasitas externos e internos com apenas um tablete. “A prevenção de parasitas externos, como pulgas e carrapatos, faz parte dos cuidados de rotina dos tutores, e alguns produtos utilizados para prevenir ou eliminar tais parasitas, como NexGard®, já vêm sendo utilizados com grande frequência. Sabe-se também que os parasitas internos causam grandes prejuízos à saúde dos animais, porém seu tratamento apresenta uma frequência menor na rotina dos tutores”, analisa a médica-veterinária Gabriela Rosa, gerente de Assuntos Técnicos da área de Pets da empresa. “A sarna otodécica, ou sarna de ouvido, ocorre pela infestação do

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Divulgação

NexGard Spectra® é o novo antiparasitário interno e externo para cães lançado pela Boehringer Ingelheim Saúde Animal no Brasil. O produto está disponível em cinco apresentações de pesos de 2  kg a 3,5  kg (PP), de 3,6  kg a 7,5  kg (P), de 7,6  kg a 15  kg (M), de 15,1  kg a 30  kg (G) e de 30,1  kg a 60  kg (GG)

ácaro Otodectes cynotis e causa grande irritação aos cães, como coceira e feridas. Já os vermes intestinais podem causar diarreia, perda de peso, apatia, anemia e vômitos. Além de todo o desconforto que esses parasitas causam aos cães, eles podem provocar zoonoses, como é o caso do bicho-geográfico, que ocorre após o contato do ser humano com solo contaminado pelas fezes do animal com a presença de ancilostomídeos (vermes intestinais). Por isso é fundamental a prevenção”, conclui Gabriela Rosa. O lançamento faz parte de um direcionamento estratégico da Boehringer Ingelheim que colocou o mercado de animais de estimação como uma prioridade no país. “A divisão de Pets tem alto valor agregado dentro da companhia, e temos o objetivo de continuar crescendo e conquistando uma fatia maior do mercado (market share). Para

isso, é necessário oferecer aos tutores um portfólio completo e as soluções mais modernas e eficazes no combate aos parasitas”, afirma Tatiana Zambon, diretora da área de Pets da empresa. O novo medicamento chega para ser um dos principais produtos do portfólio da companhia no país: “Em 2020, o NexGard®, que combate pulgas e carrapatos em cães, foi o antiparasitário número um do mundo e o mais comercializado da empresa, com 804 milhões de euros em vendas. A chegada do NexGard Spectra®, além de trazer inovação aos consumidores brasileiros, amplia o mercado consumidor do produto e a sua fatia de vendas ao prevenir outras enfermidades”, finaliza Tatiana Zambon. Boehringer Ingelheim https://www.boehringer-ingelheim.com.br/

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Lançamentos

Labyes do Brasil lança Feline Endospot Vermífugo spot-on, prático e sem estresse

dias, não necessitando de dose de reforço. Feline Endospot é um produto seguro e indicado para gatos a partir de 4 semanas de idade e 0,5 kg de peso. A frequência de aplicação varia conforme o estilo de vida do gato, a configuração familiar do ambiente no qual ele vive, a parasitose a ser controlada e a recomendação do médico-veterinário. Feline Endospot vai ao encontro do conceito mundial de “Um mundo, uma saúde”, uma vez que a vermifugação regular, além de proteger a saúde dos felinos, preserva a de todos os que os rodeiam. O produto já está disponível por meio dos distribuidores exclusivos Labyes de todo o país. A Labyes é uma companhia com 35 anos de trajetória, fundada por médicos-veterinários e voltada à clínica diária. A empresa baseia-se na inovação constante, na preservação da saúde e da qualidade de vida de pequenos animais, na paixão pela qualidade e no compromisso com o cuidado do meio ambiente. Saiba mais em: https://labyes.com/feline/pt-br/

Divulgação

No mês de agosto, a Labyes do Brasil trouxe ao mercado nacional o produto Feline Endospot, um vermífugo de aplicação tópica para felinos. Já consagrado no mercado de animais de conpanhia em países como Argentina e México, Feline Endospot se destaca pela eliminação dos parasitas internos sem estresse para o paciente felino e para quem o aplica, pois foi desenvolvido com o intuito de proporcionar uma vermifugação amigável, simples e prática para todos: gatos, tutores e médicos-veterinários! Os princípios ativos de Feline Endospot combinam uma fórmula de ivermectina e praziquantel, uma combinação de amplo espectro para o tratamento e a prevenção contra os nematoides e cestoides mais frequentes em gatos. Ao ser aplicado sobre a pele, assegura o recebimento da dose completa administrada, possibilita o tratamento de gatos com intolerância digestiva ou daqueles nos quais a administração de comprimidos ou suspensões orais representa um desafio para a vermifugação. Por ser tópico, não há perdas, o que garante a eficácia do tratamento recomendado, além de oferecer proteção por 30

Feline Endospot, vermífugo de aplicação tópica para felinos, nas apresentações indicadas para animais de até 2  kg, de 2 a 5  kg, e acima de 5  kg 78

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Lançamentos

SuperCrac Pet – programa para elaboração de alimentação animal e acompanhamento nutricional

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Sua carreira profissional pode dar um salto com a utilização de um software direcionado para a nutrição animal. A TD Software, empresa com mais de 25 anos de experiência no mercado, é pioneira em softwares para nutrição animal no Brasil. Com sede em Minas Gerais, desde o início de sua fundação conta com a assessoria dos mais renomados consultores e professores universitários brasileiros para o auxílio do desenvolvimento técnico nutricional de seus produtos. Assim, a TD Software desenvolveu o SuperCrac Pet, especialmente para o setor de animais de companhia. O SuperCrac Pet é um programa que auxilia de forma rápida, fácil e segura na elaboração da alimentação dos animais de estimação, gerando refeições diárias personalizadas (naturais ou não). Além disso, o sistema permite o acompanhando nutricional supervisionando todo o desenvolvimento do animal (IMC, % de gordura corporal, taxas de crescimento e outros) com base em informações específicas, tais como: peso, idade, porte, sexo e fase (crescimento, lactação, gestação, adulto), possibilitando assim que os animais consumam alimentos adequados, de acordo com as suas características individuais, e não sofram por excesso ou falta de nutrientes. O programa tem cadastro de animais, clínicas e profissionais e gera relatórios personalizados com a logomarca de sua empresa/clínica para seus clientes, sendo de fácil manuseio, suporte gratuito e sem taxa de mensalidade ou anuidade.

O SuperCrac Pet é um software gratuito e fácil de usar que permite elaborar um programa balanceado de alimentação para animais de estimação, gerando refeições diárias personalizadas, naturais ou não, e supervisionando o desenvolvimento do animal.

Acesse https://www.agropecuaria.inf.br/produtos/supercrac-pet e saiba como você pode redimensionar sua carreira profissional com o novo SuperCrac Pet. A saúde e o bem-estar de qualquer animal de companhia começam sempre com uma alimentação adequada e bem-balanceada. TD Software https://www.agropecuaria.inf.br

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Ambiente hospitalar veterinário

Centro cirúrgico – atendimento normativo e diferenciação

Renato Couto Moraes

Sala de indução e recuperação anestésicas de pequena área de um centro de especialidades. Notar a mesa de inox para realização de procedimento pré-operatório (seta laranja) e os alojamentos para recuperação anestésica (setas azuis). O conforto térmico é dado por aparelho de ar condicionado (seta cinza) 82

para o posicionamento preciso dos dispositivos. Assim, a previsão dos tipos de intervenção cirúrgica que se pretende realizar em uma clínica ou em um hospital veterinários acaba por determinar o projeto do espaço. Ao apresentar o valor de uma cirurgia, é costumeiro cobrar pelo uso do espaço do bloco cirúrgico, discriminando os diversos valores, como: 1) a medicação pré-anestésica, anestésica e de controle da dor; 2) os honorários médicos do cirurgião, do auxiliar e do anestesista; e 3) o espaço dedicado ao serviço de cirurgia. Como o tutor poderá questionar essa cobrança, pode-se apresentar todo o espaço técnico, seja por meio de fotos digitais, vídeo institucional ou visita in loco ao bloco cirúrgico. Essa ação diferencia de

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Um momento sempre crítico para qualquer tutor é a realização de uma cirurgia em seu animal, seja ela eletiva ou não, pois desperta uma série de preocupações. Novamente, o estabelecimento tem uma oportunidade de mostrar que se empenha em todos os aspectos, incluindo os ambientes restritos ao público. O oferecimento dos serviços de cirurgia deve ser coerente com o espaço, os equipamentos existentes e a espécie animal. Um exemplo clássico é a cirurgia ortopédica, para a qual se recomenda uma sala de cirurgia de maior área do que a convencional (mínimo de 10 m2), por conta de equipamentos especiais que devem estar presentes (arco cirúrgico) ou serão trazidos para a sala (aparelho de radiografia móvel), de forma a permitir a visualização das estruturas ósseas

Sala de indução e recuperação anestésicas de maior área de um centro de especialidades. Notar a bancada de mármore para procedimentos pré-operatórios (seta laranja), os alojamentos para recuperação anestésica (setas azuis), a pia para lavagem de mãos (seta rosa), os móveis destinados à guarda de materiais (setas pretas) e a iluminação de emergência de aclaramento (seta vermelha). O conforto térmico é dado por aparelho de ar condicionado (seta cinza)

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tura branco-quente). A sala de assepsia e paramentação, também chamada de antecâmara, deve apresentar obrigatoriamente: lavatório cirúrgico de inox, dispensador de detergente e torneira acionáveis por fotossensor ou por meio de cotovelo, joelho ou pé, e nunca com acionamento manual. Deve atender um fluxo correto, com entrada por um corredor de acesso dentro do centro cirúrgico e direcionamento até a sala de cirurgia. Esse ambiente pode atender uma ou mais salas de cirurgia. A porta de acesso à antecâmara pode ter maçaneta e chave, mas a(s) porta(s) de acesso à(s) sala(s) de cirurgia deve ser sempre com dobradiça do tipo “bang-bang” (também chamada de vai e vem) ou ter acionamento automático, sem maçaneta. A sala de lavagem e esterilização de materiais deve contar obrigatoriamente com autoclave para o procedimento de esterilização, não sendo mais, há alguns anos, aceito o uso de estufa. Deve conter ainda um tanque de inox

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maneira clara para o tutor a estrutura física do estabelecimento e também implica que o médico-veterinário empreendedor planeje a reserva de uma quantia financeira para a manutenção e a modernização periódica do bloco cirúrgico. Os ambientes de um centro cirúrgico são: sala de preparo, sala de recuperação, assepsia e paramentação (antecâmara), sala de lavagem e esterilização de materiais e, por fim, a sala de cirurgia. A sala de preparo e a de recuperação podem ser um mesmo ambiente, denominado sala de indução e recuperação anestésicas, provido de oxigênio medicinal e aquecimento ao animal. É uma vantagem estar num ambiente integrado porque possibilita a facilidade do fluxo do paciente e dos profissionais, além do compartilhamento de móveis, equipamentos e outros. Esse ambiente deve contar, sempre que possível, com uma boa proteção acústica, para possibilitar o retorno anestésico tranquilo dos animais, sobretudo dos gatos. Outro ponto importante é a luminosidade adequada e diferente entre o local destinado ao procedimento (maior intensidade e temperatura branca, neutra ou fria) e à manutenção dos animais (menor intensidade e tempera-

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Bloco cirúrgico. Corredor de acesso para a sala de assepsia e paramentação ou antecâmara (seta vermelha) e para as salas de cirurgia (setas verde e azul) de um hospital veterinário. Notar que esse ambiente possui entradas de acesso restrito. Neste caso, a antecâmara atende duas salas de cirurgia, e a porta da sala de assepsia e paramentação pode ou não possuir maçaneta ou chave

Sala de assepsia e paramentação de um centro de especialidades. Notar o lavatório de inox com torneira acionável por joelho (seta azul), a prateleira para avental cirúrgico e luvas (seta laranja), a caixa de passagem (seta vermelha) e a porta com visor (seta amarela) e identificação do ambiente (seta verde)

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Ambiente hospitalar veterinário

Sala de cirurgia de um centro veterinário de especialidades. Notar a presença de mesa pantográfica (seta azul), mesas auxiliares (setas laranja), aparelho de anestesia (seta rosa), aparelho de monitoramento (seta azul claro), cilindro de oxigênio (seta verde), armários vitrines (setas pretas) e iluminação de emergência de aclaramento (seta vermelha). O conforto térmico é dado por aparelho de ar condicionado (seta cinza). Acabamentos: piso vinílico em placas e paredes azulejadas

Sala de lavagem e esterilização de materiais de um centro de especialidades. Notar a presença de cuba de inox (seta rosa) para lavagem de materiais, bancada para suporte de banho desincrustante (seta laranja) e da autoclave (seta azul), gabinete para guarda de materiais (seta preta), caixa de passagem (seta vermelha) com comunicação para a sala de assepsia e paramentação e porta com visor (seta branca) e identificação do ambiente (seta amarela)

ou de cerâmica para lavagem do instrumental cirúrgico, bancada para acomodar banho desincrustante, gabinete para guardar materiais de identificação e embalagem do instrumental, e armário para guardar o material já esterilizado. É interessante apresentar uma caixa de passagem (do inglês pass-through) para transferência do material esterilizado para o usuário final (médico-veterinário cirurgião) da sala de assepsia e paramentação para a sala cirúrgica. Essa caixa pode ser adquirida comercialmente, sendo de inox ou de madeira com superfícies revestidas por laminado melamínico, ou até mesmo ser feita em alvenaria, com revestimentos adequados (pintura epóxi, porcelanato sem emendas) e por84

tas de vidro (temperado). A sala de lavagem e esterilização de materiais é um ambiente dispensável, desde que a empresa tenha contrato de terceirização específico para essa finalidade. Um ambiente adicional não obrigatório é o vestiário de barreira, que auxilia a manutenção dos aspectos de biossegurança dos estabelecimentos. A equipe veterinária deixa seus vestuários de uso clínico ou comum no armário, além dos calçados, para colocar roupa esterilizada do estabelecimento e calçado higienizado. Recomenda-se a implantação do vestiário de barreira em área adjacente à antecâmara. Os requisitos mínimos para a sala de cirurgia incluem: a) mesa impermeável; b) iluminação emergencial própria (preferencialmente bloco de aclaramento e não de balizamento); c) climatização por ar condicionado; d) foco cirúrgico; e) tela milimétrica nas janelas (quando presentes); f) mesa auxiliar; g) ponto de oxigênio medicinal; h) equipamento para aquecimento do animal (colchão térmico); i) equipamento de anestesia (não opcional); e j) equipamento de monitoramento (não opcional). Alguns cuidados adicionais incluem: a) pro-

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teção acústica dos demais ambientes e do logradouro; b) troca de ar por meio de exaustor, para permitir a renovação do ar dentro da sala; c) luminosidade de alta intensidade com temperatura de cor neutra; e) portas sem maçanetas (desde aquela porta de acesso do animal a partir de corredor ou da sala de indução e recuperação anestésicas ou a porta da antecâmara); e f) cantos arredondados nos encontros entre parede e piso e entre parede e parede. O bloco cirúrgico é classificado como área crítica; assim, a restrição de decoração é superior a todos os ambientes não críticos ou semicríticos já abordados nos artigos anteriores. Alguns aspectos gerais são: a) paredes e pisos de fácil higienização e resistentes a agentes químicos mais severos usados com maior frequência; b) objetos de iluminação embutidos (sempre que possível) ou sobrepostos com menor altura. Há uma grande dificuldade relativa ao conceito de paredes de fácil higienização; sendo assim, a maioria dos estabelecimentos aplicam azulejos ou cerâmicas brancas nas paredes, mas é possível usar pintura epóxi (preferencialmente à base de solvente) de cor clara, com aplicação de fai-

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Sala de cirurgia de um hospital veterinário. Notar a presença de mesa pantográfica (seta azul), mesas auxiliares (setas laranja), foco cirúrgico (seta verde) e aparelho de anestesia (seta rosa). O conforto térmico é dado por aparelho de ar condicionado (seta vermelha). Acabamentos: piso vinílico em manta e paredes pintadas com epóxi

Sala de cirurgia de um hospital veterinário. Notar a presença de mesa pantográfica (seta azul), móvel auxiliar (seta laranja), aparelho de anestesia (seta rosa), aparelho de monitoramento (seta roxa), ponto de oxigênio (seta verde) e foco cirúrgico (seta amarela). O conforto térmico é dado por aparelho de ar condicionado (seta cinza). Acabamentos: piso de porcelanato e paredes pintadas com epóxi

xas de cerâmica, azulejos ou pastilhas de vidro sem ressalto. Dessa forma, é possível trazer as cores da logomarca mantendo a identidade visual do estabelecimento dentro do centro cirúrgico. A comunicação visual de cada ambiente do bloco cirúrgico é importante para sua identificação, sobretudo quando existem profissionais do tipo volante, sendo mais comum na porta, mas podendo ser próxima a ela. O bloco cirúrgico tecnicamente projetado traz diferenciais marcantes tanto para o tutor como para a equipe veterinária. Um bloco cirúrgico bem projetado e executado possibilita pré e pós-operatórios de excelência, biossegurança e comodidade aos médicos-veterinários e aos animais. Renato Couto Moraes MV, CRMV-SP: 16.509, mestre, dr., engenheiro-civil especializado em arquitetura de saúde www.ambientepet.com contato@ambientepet.com

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JUNTOS, POR UM MUNDO MAIS SAUDÁVEL PARA OS ANIMAIS. O maior evento de negócios e congresso de especialidades da América Latina


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2022

9 DE SETEMBRO

DIA DO MÉDICOVETERINÁRIO Que tenha a recompensa pelo amor que dedica aos animais. Parabéns pelo seu dia!


Tecnologia da informação

Marketing digital A internet promoveu uma mudança tão profunda na vida das pessoas que muitos traçam um paralelo entre essa época e a do surgimento do rádio ou da televisão. Em maio de 1995, o Ministério das Comunicações liberou o serviço comercialmente no Brasil, e as primeiras URLs com o sufixo “.com.br” apareceram no cenário nacional, dando início a uma revolução na vida das pessoas. Apenas 25 anos depois, mudamos completamente a maneira de fazer coisas simples, como tomar um táxi, comprar uma passagem de avião, reservar um hotel ou fazer compras. Os médicos-veterinários trocaram seus arquivos de aço por aplicativos hospedados em nuvem, obtêm resultados de exames à distância e assistem a palestras e congressos no conforto de suas residências. A maneira de divulgar o trabalho e estabelecer uma conexão entre o tutor e o médico-veterinário também mudou drasticamente. A mala direta enviada via correio e os anúncios em jornais de bairro deram lugar ao marketing digital. Hoje em dia é imperativo que médicos-veterinários, clínicas e hospitais definam uma estratégia de marketing digital para suas atividades, sob o risco de verem seus concorrentes alavancarem suas operações, enquanto quem não o faz experimenta frustração com a estagnação ou a queda do faturamento. O objetivo deste artigo é dar uma visão geral dos principais pontos a considerar nessa jornada e apontar algumas dicas importantes. Assumir a tarefa ou terceirizar O conhecimento necessário para desenvolver uma estratégia de marketing eficiente é enorme; portanto, delegar essa tarefa a uma empresa especializada é sem dúvida a melhor opção. Uma vez que o clínico veterinário coloca suas energias no atendimento aos tutores 88

Site da Resultados Digitais: https://resultadosdigitais. com.br/materiais-educativos/

e seus animais, e o gestor da clínica foca a administração do negócio, provavelmente nenhum deles conseguirá desempenhar muito bem o trabalho de um profissional de marketing. A empresa Resultados Digitais (https:// resultadosdigitais.com.br/materiais-educativos/), que se tornou referência nacional nessa área, disponibiliza vasto material que pode ajudar a entendê-la melhor. Uma rápida pesquisa no Google permite encontrar agências de marketing especializadas no setor veterinário. É importante salientar que, ao contratar uma agência ou um profissional de marketing, o gestor da clínica deve definir metas objetivas e monitorar os resultados. Existem hoje ferramentas capazes de mensurar o resultado de determinadas ações, que se traduzem em relatórios de desempenho intuitivos e de fácil interpretação. Em linhas gerais, o médico-veterinário tem que ter em mente uma conta simples: se ele investe um valor X em reais em uma empresa ou em uma campanha de marketing, a empresa contratada deve mostrar que o faturamento subiu no mínimo duas vezes, caso contrário a estratégia deve ser reavaliada. Evidentemente, esse resulta-

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do pode não aparecer no primeiro mês, mas é importante considerar mudar de plano caso não tenha algum resultado positivo em três meses. Os pontos mais importantes de uma campanha de marketing digital Vamos considerar que o médico-veterinário ou proprietário de uma clínica pequena não tenha condições financeiras para contratar um profissional de marketing, ou mesmo que esteja disposto a tentar fazer algo por conta própria. Nessa situação, é fundamental que conheça os pontos-chaves do marketing digital. Website Não importa o tamanho do negócio, isso serve para um veterinário autônomo ou para um hospital veterinário. Ter um site institucional na internet é o primeiro passo. É fundamental pensar em um nome de domínio para o site e ver se ele já está sendo utilizado. A consulta e o registro de domínios podem ser feitos no Registro.br (https://registro.br/), que é o departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br, responsável por coordenar e integrar as iniciativas e serviços da internet no Brasil. O custo para registrar um domínio no Brasil é de R$ 40,00 ao ano. Além de domínio com o sufixo “.com. br”, é possível registrar domínios do tipo “.vet.

br” para veterinários, “.zlg.br” para zoólogos, “.bio.br” para biólogos e muitos outros. A lista completa de domínios disponíveis pode ser encontrada no endereço https://registro.br/ dominio/categorias/. Uma vez efetivado o registro de domínio, é necessário criar o site e hospedá-lo em um servidor. Há várias plataformas que permitem criar sites sem a necessidade de muito conhecimento de programação e a custos muito baixos, como Locaweb (https://www.locaweb. com.br/) e Wix (https://pt.wix.com/), entre outras. Pensar em um site complexo, com muitas páginas e fotos, é um erro para quem estiver começando. É recomendável começar com algo bem simples, com informações básicas e dados de contato como telefone, endereço e e-mail. Uma única página é o suficiente para começar.

Site da Locaweb: https://www.locaweb.com.br/

Site da Registro.br: https://registro.br/dominio/categorias/

Site da Wix: https://pt.wix.com/

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Tecnologia da informação

Site do Google Ads: https://www.google.com/intl/pt-BR_br/business/ Site do Google Meu Negócio: https://www.google. com/intl/pt-BR_br/business/

Google A partir do momento em que o empreendimento tenha um site, o próximo passo é criar uma conta no Google Meu Negócio (https:// www.google.com/intl/pt-BR_br/business/). Essa funcionalidade permite que os usuários visualizem o site quando procuram veterinários no Google; além disso, podem interagir após serem atendidos, classificando o atendimento com até 5 estrelas e escrevendo comentários. Quanto maior o número de comentários positivos, maiores as chances de seu site aparecer na lista desse tipo de pesquisa. Redes sociais A presença nas redes sociais é necessária, contudo, mais importante ainda é a frequência das postagens. Um canal desatualizado no Facebook ou no Instagram denigre a imagem da clínica; em contrapartida, um canal com postagens semanais, conteúdo de qualidade e boas imagens tem mais chances de chamar a atenção e de promover um alto engajamento de clientes que voltem a acessar o canal. Outro ponto fundamental é a linguagem utilizada nas postagens. A forma de se comunicar com o público define a imagem que o cliente fará do negócio. Aqueles que adotam uma linguagem infantil provavelmente serão lembrados como amigos, mas os que usam uma linguagem profissional, com informações 90

técnicas de qualidade e de fácil compreensão, serão lembrados como veterinários competentes. Não basta engajar muitos seguidores, é importante posicionar-se de maneira a agregar valor ao serviço. A valorização da profissão começa pela imagem que o cliente cria do profissional, e isso ocorre muitas vezes antes mesmo de ele se tornar cliente. Investimento em publicidade Alguns canais aceitam publicidade, ou seja, é possível investir um valor diário para forçar a visualização do seu site ou canal de redes sociais. O resultado desse tipo de investimento costuma ser imediato. Ao investir numa campanha no Google AdWords (https://ads. google.com/), por exemplo, criam-se anúncios que são listados na área de publicidade do buscador. O objetivo do Google com esse tipo de ação é colocar uma pessoa que procura por um atendimento veterinário em contato com uma clínica veterinária perto dela. O ponto importante a lembrar no caso do Google AdWords é que é possível definir uma área geográfica para a publicidade, de maneira que apenas pessoas localizadas em determinado bairro ou cidade visualizem os anúncios, otimizando ao máximo o valor investido. Marcelo Sader Consultor em TI para o mercado veterinário NetVet Tecnologia para Veterinários www.netvet.com.br marcelo@netvet.com.br

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Gestão

Conforme mencionado no nosso artigo de gestão da edição passada, vamos começar a apresentar os 10 itens do plano de ação para um empreendimento espiritualizado. A intenção do seu trabalho O primeiro passo é definir a intenção do seu trabalho. Isso lhe oferece a oportunidade de fazer uma profunda reflexão de vida, ao responder à seguinte questão: por que e para que você exerce sua profissão e seu trabalho? A resposta deve vir do mais profundo da sua essência, bem além do pensamento (racionalidade) e do sentimento (emoções). Os argumentos racionais produzem respostas automáticas do tipo: “Eu trabalho para obter um benefício monetário que me permita sobreviver e ter bens que tragam conforto e bem-estar para minha vida presente e futura”. Obviamente, o trabalho remunerado é fundamental para a nossa sobrevivência, mas muitas vezes o que alimenta nosso esforço e nossa motivação é uma ambição de alcançar conquistas a qualquer custo, movidos basicamente pelo egocentrismo, e isso, no limite, pode levar-nos a encarar clientes, parceiros, fornecedores e colaboradores como meros instrumentos para alimentar nossas pretensões assentadas no ego. Em uma visão espiritualista, o problema dessa atitude é que gera muitos carmas negativos, que redundam em perda de saúde, de prosperidade e de harmonia. Um conceito muito difundido, mas comprovadamente falso, é que ter bens é algo que garante a felicidade. Ao contrário, no limite essa atitude tão generalizada e estimulada é uma das principais responsáveis pela destruição do equilíbrio do nosso planeta. Uma pessoa que adote uma postura mais espiritualizada escolherá outra direção como objetivo de seu trabalho. Vai orientar todos os seus 92

Kzenon

Plano de ação para empreendimento espiritualizado – etapa 1

A maior clareza quanto à real intenção do nosso trabalho pode nos levar a desvinculá-lo de uma visão meramente egocêntrica e gerar carma positivo, orientando-nos a servir o próximo e gerar satisfação em clientes, fornecedores, colaboradores, parceiros e colegas

esforços para o serviço ao próximo e fazer seu trabalho gerar satisfação, realização e alegria a seus clientes, fornecedores, colaboradores, parceiros e colegas. Além disso, procurará contagiá-los para que tenham também uma elevação espiritual, busquem alcançar um nível de excelência em seu serviços ou produtos e pratiquem também esses princípios universais. O carma positivo gerado por essa conduta reverte em saúde, prosperidade e harmonia, e encaminha você para práticas de respeito à natureza e a todas as formas de vida. Além disso, em termos mais gerais, dá apoio a uma visão de mundo que nos faz contribuir para alcançar um cenário bem diferente do atual, isto é, que torne possível passar às futuras gerações um planeta de natureza exuberante, com tecnologias voltadas para a ecologia e com pessoas altamente espiritualizadas, direcionadas ao bem comum. Cultura no trabalho O segundo item do plano refere-se à cultura

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que iremos adotar e incentivar no trabalho. Trata, portanto, dos valores comportamentais, das práticas de conduta que adotamos nas nossas relações com as pessoas do nosso círculo profissional. Dentro de um plano espiritualista, os valores de conduta refletem alguns princípios universais, tais como: • praticar o amor altruísta, ou seja, desenvolver seu trabalho de modo a servir com amor (mantendo uma vibração amorosa). Com isso, evitamos que a nossa vibração de amor fique direcionada para um egoísmo exacerbado, pois isso acaba gerando ressentimento, inveja, rancor, mágoa, raiva, ódio, etc; • praticar a gratidão por tudo, sem se esquecer de experimentar a gratidão também e principalmente em relação às dificuldades e “dores”, pois é o que mais nos fortalece espiritualmente. Como mencionado em artigos anteriores, praticar a gratidão proferindo o “obrigado” ou o “muito obrigado” incontáveis vezes é um gesto simples, mas a repetição dessa ação acaba nos levando a sentir uma gratidão sincera e a perceber a importância de ter esse sentimento sempre presente, tanto pelas coisas positivas quanto pelas negativas; • praticar o sorriso, para deixar o clima mais agradável e receptivo. O sorriso é como a marca registrada de “servir bem” às pessoas; • praticar a humildade, pois ela nos permite perceber o próximo, ouvi-lo, compreender quais são suas reais necessidades e servi-lo sem ter em mente o benefício próprio, e sim o desejo de fazer o bem aos demais; • promover a harmonia nascida do amor, para criar laços e conciliação com o bem maior e de todos. Evitar alimentar conflitos. Eles só servem para nos prejudicar, pois são um desperdício de tempo e produzem ressentimentos. É bem melhor adotar a postura oposta, isto é, focar os esforços no bem maior; • exercitar a sinceridade, cumprindo o que prometemos, praticando o que dizemos e sendo sinceros; • buscar a realização dessa nossa “intenção do trabalho” com boa organização, disciplina, per-

A prática de valores como o amor altruísta, a gratidão, o sorriso e a humildade no nosso trabalho gera um mecanismo invisível de movimentos que resulta em prosperidade

sistência e determinação; • promover a organização e a limpeza e evitar desperdícios de material, de tempo e de sentimentos; • promover a cooperação, o apoio e o incentivo mútuos, ou seja, a cooperação não deve ser unilateral: é preciso que haja um comprometimento mútuo e que os resultados sejam sempre satisfatórios para ambas as partes. A prática desses valores na entrega da excelência do nosso trabalho com essa intenção mais abrangente e espiritualista gera um mecanismo invisível de movimentos que tem como consequência a prosperidade. No próximo artigo, abordaremos outros itens dessa formulação do plano de trabalho espiritualizado. Nossa sugestão é você começar a aplicar esses valores por meio de alguns exercícios práticos na sua profissão, testando na situação real a verdadeira intenção de vida que você adota no seu trabalho. Praticar gradualmente esses itens do plano de um empreendimento espiritualizado permitirá entender melhor os valores dessa cultura e certamente começará a produzir logo os primeiros resultados. Celso Morishita Gestor empresarial espiritualista celsomorishita@yahoo.com

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22 e 23 de outubro Online I Curso de cirurgia no paciente endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br

11 e 12 de setembro São Paulo, SP 3º Curso Avançado de Cinesioterapia https://bit.ly/2K3q9z3

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25 de setembro a 21 de agosto de 2022 Jaboticabal, SP VI Curso de Aperfeiçoamento em Cirurgia de Pequenos Animais https://eventos.funep.org. br/Eventos/Detalhes#/ exibir/5561

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13 a 17 de setembro Online SiMFel: 2º Simpósio de Medicina Felina https://docs.google.com/forms/ d/e/1FAIpQLScVe3--NLm9LWV 6YKiETWUyv6dk7vhuDZ3mL1l QDugpNHDBbQ/viewform 20 a 24 de setembro Online SIMFEL: 1º Simpósio de Medicina Felina do Vale do São Francisco https://www.even3.com. br/1simposiolafel/

Neurologia

19 de fevereiro a 3 de julho de 2022 Jaboticabal, SP X Curso Teórico-Prático de Neurologia e Neurocirurgia de Cães e Gatos https://eventos.funep.org.br/ Eventos/Detalhes#/exibir/5611

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Feiras, Congressos & Simpósios

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Vet agenda 13 e 14 de setembro São Paulo, SP Pet Conecta digital https://www.petvetexpo.com.br 26 a 28 de setembro Novo Hamburgo, RS Feipet https://linktr.ee/feirafeipet 16 a 24 de outubro Online IV Simpósio dos Residentes do Hovet/USP: Emergências e Medicina Intensiva https://www.sympla.com.br/ iv-simposio-dos-residentesdo-hovet-usp---emergencias-emedicina-intensiva__1320147 30 de novembro a 2 de dezembro São Paulo, SP Pet Vet Expo https://www.petvetexpo.com.br 2022 17 a 19 de março Rio de Janeiro, RJ Congresso Veterinário de León – CVDL https://www.cvdlinrio.com/

13 a 15 de abril São Paulo, SP Veterinária Expo+Congress https://www.veterinariaexpo. com/ 25 a 27 de maio Maceió, AL 41º Congresso Brasileiro da Anclivepa https://www.cbamaceio.com. br/ 30 de junho a 2 de julho Bento Gonçalves, RS Congresso Medvep Internacional de Especialidades Veterinárias 2021 https://cutt.ly/pbAmX7v

Agenda internacional

2 a 5 de setembro Online Constancias CVDL https://www.facebook.com/ watch/?v=633023890649654

6 a 9 de outubro Illinois, EUA 2021 ACVS Surgery Summit https://bit.ly/2kyNE6a

11 a 26 de outubro Online VIII Congreso NEUROLATINVET 2021 https://neurolatinvet.net/ 14 a 16 de outubro Kuching, Malásia 21st FAVA Congress 2021 https://www.favamember.org 20 a 22 de outubro Mérida, México AMMVEPE 2021 https://bit.ly/3p4vogX 25 a 27 de outubro Sevilha, Espanha Congress of the European Association of Veterinary Laboratory Diagnosticians https://eavld2020.org/ 13 a 15 de novembro Online WSAVA Global Community Congress http://ow.ly/GETc50FbEz7 8 e 9 de dezembro Sevilha, Espanha Internat. Conference on Animal and Vet Sciences http://www.istdst.org/AVS

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