Clínica
Botulismo em cães – relato de dez casos Botulism in dogs – report of ten cases Botulismo en perros – relato de diez casos
Clínica
46 54
Técnica alternativa para prevenção da neuropatia isquiática por injeção intramuscular em cães Alternative technique for preventing sciatic neuropathy by intramuscular injection in dogs Técnica alternativa para prevenir la neuropatía ciática por inyección intramuscular en perros
62
Clínica
Broncomalácia em cães – relato de dois casos Bronchomalacia in dogs – a report of two cases Broncomalacia en perros – relato de dos casos
Clínica
Oncologia
Meduloepitelioma teratoide maligno intraocular em cão – relato de caso Malignant intraocular teratoid medulloepithelioma in a dog – a case report Meduloepitelioma teratoide maligno intraocular en un perro – reporte de caso
4
No artigo Aspectos radiográficos e tomográficos da displasia do cotovelo – revisão de literatura, publicado na edição 107, nas páginas 104 e 105, as legenda das figura 4 e 9 devem ser as que estão abaixo: Figura 4 - Imagens radiográficas do cotovelo nas projeções mediolateral e craniocaudal. Seta: não união do processo ancôneo da ulna; ponta de seta: osteoartrose. Figura 9 - Imagens radiográficas do cotovelo nas projeções mediolateral e craniocaudal. Seta evidencia a incongruência entre a articulação radioulnar e fragmento ósseo
@ Na internet FACEBOOK
58
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Uso de termômetro infravermelho a laser para aferição da temperatura periférica cutânea e da mucosa oral em cães sadios Use of infrared thermometer for checking peripheral skin temperature and oral mucosa temperature in healthy dogs Uso de termómetro infrarrojo laser para la medición de temperatura cutánea periférica y de la mucosa oral em perros sanos
Errata
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Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
12
Ecologia
Desmatamento ilegal de 130 mil metros quadrados de vegetação nativa de Mata Atlântica em Ibiúna, SP
14
Animais selvagens
• Capacitação para trabalho com fauna em vida livre
16
Bem-estar animal
• Governador de SP poderá proibir testes em animais • MG proíbe circo com animais • Direitos animais: controle ético das populações
domesticadas
Saúde pública • A distância fria e pragmática do CFMV
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quando defende a ilegalidade do tratamento da leishmaniose • Simpósio Internacional de LVC - 10 anos de história • A medicina veterinária e políticas públicas
Notícias
• 1º Fórum Hospitalar Veterinário • Total leva veterinários à Universidade de Illinois • Instruções aos autores, primeiro passo para publicar rápido
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36
• Ciência, gestão e marketing no SINDIV
• Eventos veterinários na América do Sul
• AOVET no pré-congresso do 35º CBA
Equipamentos
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Medicina veterinária legal
88
Comportamento
90
Gestão, marketing e estratégia
92
Lançamentos
94
Inovação tecnológica: ECG digital
Entomologia forense e sua aplicação na medicina legal Cachorródromos, dog parks, áreas para cães: é essencial que haja regras Ano do cavalo será propício para transformações • Nutrição • Saúde e prevenção para cães • Kits para diagnóstico rápido • Alimentos úmidos para gatos
Guia veterinário – www.guiavet.com.br Vet Agenda - www.vetagenda.com.br
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
96 104
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Arthur de Vasconcelos Paes Barretto editor@editoraguara.com.br CRMV-MG 10.684 - www.crmvmg.org.br
Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br
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I
novar, integrar e compartilhar. Essas são algumas das propostas da revista Clínica Veterinária para 2014. No âmbito da inovação, estamos lançando aplicativos para iOs e Android que permitem visualizar o acervo digital da revista em tablets e smart phones. Com esses aplicativos, é possível agora baixar as nossas edições e vê-las em qualquer lugar, o que facilita consultar e compartilhar temas específicos com colegas, clientes ou professores. A qualidade é o nosso diferencial, como atesta o fato de sermos a única revista brasileira do segmento pet indexada no ISI Web of Knowledge – Zoological Record. Mesmo assim, sempre optamos por um preço de assinatura acessível, preferindo compartilhar o conhecimento, em vez de elitizá-lo. Por isso, ao lançar o acervo digital, optamos por seguir a prática atual do mercado editorial e criamos três tipos de assinatura, à escolha do leitor: versão impressa, versão digital ou versão impressa e digital. Cada uma possui um valor. Os nossos assinantes de longa data da versão impressa podem a qualquer momento ligar gratuitamente para nossa central de assinaturas, 0800 887-1668, e fazer o upgrade da assinatura, tendo assim acesso tanto à versão impressa quanto à digital. Sobre nossas propostas para integração, o destaque fica por conta da versão em espanhol da revista. Ela foi criada para o formato digital, e já está em seu terceiro ano editorial – os assinantes do acervo digital têm acesso a ambas as versões. A edição em espanhol difunde para todo o continente sul-americano temas relevantes, como o avanço da leishmaniose visceral e o desenvolvimento de políticas públicas, além dos eventos realizados regularmente, como as Jornadas Veterinarias, em Buenos Aires, Argentina; a Conferencia Veterinaria Latinoamericana, em Lima, Peru; e o Congresso Brasileiro da Anclivepa. Muitos brasileiros já frequentam as Jornadas com regularidade – que após a primeira participação sempre despertam o desejo de voltar. A Conferência no Peru pode estar um pouco mais distante para os brasileiros, mas o país oferece atrativos adicionais, como sua excelente culinária por valores iguais ou inferiores aos do Brasil, a grande receptividade ao turista e até mesmo a oportunidade de conhecer as ruínas de Machu Picchu, patrimônio cultural da humanidade. O Brasil, por sua vez, é sempre uma opção atraente para os colegas dos demais países do continente. Para ficar atualizado com os eventos, consulte: http://www.vetagenda.com.br Que em 2014 soprem bons ventos e que, em vez de dispersar, eles nos aproximem. Por meio da união e do compartilhamento seremos, com certeza, capazes de mudar nossa comunidade, nossa cidade e nosso país.
Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária.
Arthur de Vasconcelos Paes Barretto 8
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
CONSULTORES CIENTÍFICOS Adriano B. Carregaro
Cassio R. A. Ferrigno
Francisco J. Teixeira N.
Juan Carlos Troiano
Marion B. de Koivisto
Alberto Omar Fiordelisi
Ceres Faraco
F. Marlon C. Feijo
Juliana Brondani
Marta Brito
César A. D. Pereira
Franz Naoki Yoshitoshi
Juliana Werner
Mary Marcondes
Christina Joselevitch
Gabriela Pidal
Julio C. C. Veado
Masao Iwasaki
Cibele F. Carvalho
Geovanni D. Cassali
Julio Cesar de Freitas
Mauro J. Lahm Cardoso
Clair Motos de Oliveira
Geraldo M. da Costa
Karin Werther
Mauro Lantzman
Clarissa Niciporciukas
Gerson Barreto Mourão
Leonardo Pinto Brandão
Michele A. F. A. Venturini
Cleber Oliveira Soares
Hannelore Fuchs
Leucio Alves
ODONTOVET
Cristina Massoco
Hector Daniel Herrera
Luciana Torres
FMVZ/Unesp-Botucatu
Daisy Pontes Netto
Hector Mario Gomez
Lucy M. R. de Muniz
FMV/UEL
Daniel C. de M. Müller
Hélio Autran de Moraes
Luiz Carlos Vulcano
UNIUBE
Daniel G. Ferro
Hélio Langoni
Luiz Henrique Machado
FMV/UEL
Daniel Macieira
Heloisa J. M. de Souza
Marcello Otake Sato
FMV/UFF
Denise T. Fantoni
Herbert Lima Corrêa
Marcelo A.B.V. Guimarães
FMV/UFF
Dominguita L. Graça
Iara Levino dos Santos
Marcelo Bahia Labruna
Edgar L. Sommer
Iaskara Saldanha
Marcelo de C. Pereira
Edison L. P. Farias
Idael C. A. Santa Rosa
Marcelo Faustino
Eduardo A. Tudury
Ismar Moraes
Marcia Kahvegian
A. Nancy B. Mariana
Elba Lemos
Jairo Barreras
Márcia Marques Jericó
Arlei Marcili
Eliana R. Matushima
Aulus C. Carciofi
Elisangela de Freitas
Aury Nunes de Moraes
Estela Molina
Ayne Murata Hayashi
Fabiano Montiani-Ferreira Jean Carlos R. Silva
Beatriz Martiarena
Fabiano Séllos Costa
Benedicto W. De Martin
Fabricio Lorenzini
Berenice A. Rodrigues
Fernando C. Maiorino
Camila I. Vannucchi
Fernando de Biasi
Carla Batista Lorigados
Fernando Ferreira
Carla Holms
Filipe Dantas-Torres
FZEA/USP-Pirassununga FCV/UBA
Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM
Alejandro Paludi FCV/UBA
Alessandra M. Vargas Endocrinovet
Alexandre Krause FMV/UFSM
Alexandre G. T. Daniel Universidade Metodista
Alexandre Lima Andrade
CMV/Unesp-Aracatuba
Alexander W. Biondo UFPR, UI/EUA
Aline Machado Zoppa FMU/Cruzeiro do Sul
Aloysio M. F. Cerqueira UFF
Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia
Ananda Müller Pereira
Universidad Austral de Chile
Ana P. F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL
André Luis Selmi
Anhembi/Morumbi e Unifran
Angela Bacic de A. e Silva FMU
Antonio M. Guimarães DMV/UFLA
Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal FMVZ/USP-São Paulo FMVZ/USP-São Paulo FCAV/Unesp-Jaboticabal UESC
FMVZ/USP-São Paulo FCV/UBA
FMVZ/USP; IVI
Médica veterinária autônoma FMVZ/USP-São Paulo FMU
Anclivepa-SP
FMVZ/USP-São Paulo FACCAT/RS
UAM, UNG, UNISA
FMVZ/USP-São Paulo UNICSUL
FMVZ/USP-São Paulo ANCLIVEPA-SP EMBRAPA
Salles Gomes C. Empresarial FMV/UEL
UFSM/URNERGS ODONTOVET FMV/UFF
FMVZ/USP-São Paulo FMV/UFSM PROVET UFPR
DMV/UFRPE FioCruz-RJ
FMVZ/USP-São Paulo
FMVZ/Unesp-Botucatu FCV/UBA
FMV/UFPR
DMV/UFRPE FAMi
FEJAL/CESMAC/FCBS DCV/CCA/UEL
FMVZ/USP-São Paulo CPAM
Carlos Alexandre Pessoa Flávia R. R. Mazzo www.animalexotico.com.br
Provet
Carlos E. S. Goulart
Flavia Toledo
Carlos Roberto Daleck
Flavio Massone
Carlos Mucha
Francisco E. S. Vilardo
FTB
FCAV/Unesp-Jaboticabal IVAC-Argentina
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Univ. Estácio de Sá FMVZ/Unesp-Botucatu Criadouro Ilha dos Porcos
FMVZ/Unesp-Botucatu UFERSA Provet
FCV/UBA
ICB/UFMG
DMV/UFLA
ESALQ/USP
Instituto PetSmile FCV/UBA
EMV/FERN/UAB
Dep. Clin. Sci./Oregon S. U. FMVZ/UNESP-Botucatu FMV/UFRRJ
ODONTOVET
Koala H. A. e Inst. Dog Bakery Lab. Badiglian UFLA
FMV/UFF FioCruz
FCV/UBA
FMVZ/Unesp-Botucatu Lab. Werner e Werner FMVZ/UFMG UEL
FCAV/Unesp-Jaboticabal Ceva Saúde Animal FMV/UFRPE
FMVZ/USP-São Paulo FMVZ/Unesp-Botucatu FMVZ/Unesp-Botucatu FMVZ/Unesp-Botucatu FM/UFTO
FMVZ/USP-São Paulo FMVZ/USP-São Paulo FMVZ/USP-São Paulo FMVZ/USP-São Paulo FMVZ/USP-São Paulo UAM e UNISA
James N. B. M. Andrade Marcia M. Kogika FMV/UTP
FMVZ/USP-São Paulo
Jane Megid
Marcio B. Castro
Janis R. M. Gonzalez
Marcio Brunetto
FMVZ/Unesp-Botucatu FMV/UEL
UFRPE, IBMC-Triade
UNB
FMVZ/USP-Pirassununga
Marcio Dentello Lustoza
Biogénesis-Bagó Saúde Animal
CMV/Unesp-Araçatuba FMVZ/USP-São Paulo CMV/Unesp-Araçatuba FMVZ/USP-São Paulo FALM/UENP
Psicologia PUC-SP
Michiko Sakate
Miriam Siliane Batista Moacir S. de Lacerda Monica Vicky Bahr Arias Nadia Almosny Nayro X. Alencar Nei Moreira CMV/UFPR
Nelida Gomez FCV/UBA
Nilson R. Benites
FMVZ/USP-São Paulo
Nobuko Kasai
FMVZ/USP-São Paulo
Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu
Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz
Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL
Paulo Anselmo Zoo de Campinas
Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo
Paulo Iamaguti
FMVZ/Unesp-Botucatu
João G. Padilha Filho
Márcio Garcia Ribeiro
João Luiz H. Faccini
Marco Antonio Gioso
João Pedro A. Neto
Marconi R. de Farias
Jonathan Ferreira
Maria Cecilia R. Luvizotto Pedro Luiz Camargo
Jorge Guerrero
M. Cristina F. N. S. Hage Rafael Almeida Fighera
José de Alvarenga
Maria Cristina Nobre
Jose Fernando Ibañez
M. de Lourdes E. Faria
José Luiz Laus
Maria Isabel M. Martins
José Ricardo Pachaly
M. Jaqueline Mamprim
José Roberto Kfoury Jr.
Maria Lúcia Z. Dagli
FCAV/Unesp-Jaboticabal UFRRJ UAM
Odontovet
Universidade da Pennsylvania FMVZ/USP
FALM/UENP
FCAV/Unesp-Jaboticabal UNIPAR
FMVZ/USP
FMVZ/Unesp-Botucatu FMVZ/USP-São Paulo PUC-PR
CMV/Unesp-Aracatuba FMV/UFV FMV/UFF
VCA/SEPAH
DCV/CCA/UEL
FMVZ/Unesp-Botucatu FMVZ/USP-São Paulo
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
Paulo S. Salzo UNIMES, UNIBAN
Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo
Pedro Germano FSP/USP
DCV/CCA/UEL FMV/UFSM
Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia
Regina H.R. Ramadinha FMV/UFRRJ
Renata Afonso Sobral Onco Cane Veterinária
Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente
Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu
Ricardo Duarte Hovet Pompéia
Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR
Ricardo S. Vasconcellos CAV/UDESC
Rita de Cassia Garcia FMVZ/USP-São Paulo
Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ
Rita Leal Paixão FMV/UFF
Robson F. Giglio
Hosp. Cães e Gatos; Unicsul
Rodrigo Gonzalez
FMV/Anhembi-Morumbi
Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu
Ronaldo C. da Costa CVM/Ohio State University
Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio
Rosângela de O. Alves EV/UFG
Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG
Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA
Sady Alexis C. Valdes ICBIM/UFU
Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu
Silvia E. Crusco UNIP/SP
Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap
Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo
Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo
Silvio A. Vasconcellos FMVZ/USP-São Paulo
Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM
Simone Gonçalves Hemovet/Unisa
Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu
Tiago A. de Oliveira UEPB
Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR
Valéria Ruoppolo
Int. Fund for Animal Welfare
Vamilton Santarém Unoeste
Vania M. de V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu
Victor Castillo FCV/UBA
Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG
Viviani de Marco
UNISA e NAYA Especialidades
Wagner S. Ushikoshi
FMV/UNISA e FMV/CREUPI
Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional
Instruções aos autores A Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais, que são discutidas detalhadamente. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo até 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de dez anos de publicação. Critérios editoriais Para a primeira avaliação, os autores devem enviar pela internet (cvredacao@editoraguara.com.br) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na largura de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitalizadas, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de redação cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acompanhadas de identificação de propriedade e autor). Devem ser enviadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, telefones e e-mail). Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus títulos no momento em que o trabalho foi escrito. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 10, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências.
No caso de todo o material ser remetido pelo correio, devem necessariamente ser enviados, além de uma apresentação impressa, uma cópia em CD-rom. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de au torização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Evitar citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Procurar se restringir ao "Material e métodos" e às "Conclusões" dos trabalhos. Sempre buscar pelas referências originais consultadas por esses autores. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,3,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Utilizar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utilizar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições anteriores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar informações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utilizado, cada capítulo deverá ser considerado uma referência. Não são aceitos Apuds. A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www.xxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. No rodapé devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/distribuidor, cidade e estado
Revista Clínica Veterinária / Redação Rua dr. José Elias 222 CEP 05083-030 São Paulo - SP cvredacao@editoraguara.com.br
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ECOLOGIA
Divulgação
Desmatamento ilegal de 130 mil metros quadrados de vegetação nativa de Mata Atlântica em Ibiúna, SP
Divulgação
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Devastação em área de Mata Atlântica na altura do km 67,5 da Rodovia Bunjiro Nakao, em Ibiúna, SP
de vegetação nativa de Mata Atlântica. Após a entrega do Auto de Embargo a um representante da empresa FAL Pavimentação e Terraplanagem Ltda., que estava executando o cercamento da área, foi aberto o processo administrativo nº 10.844/2013, visando apurar todas as irregularidades que contribuíram para que a devastação de grandes proporções não fosse evitada.
Testemunhas disseram ver animais desesperados, procurando seus filhotes e abrigo em meio às árvores caídas Bugio que foi atropelado e morreu porque tentava atravessar a pista para chegar ao outro lado da mata. Foi identificado como líder do grupo e estava acompanhado de um filhote que não queria abandoná-lo
N
o dia 9 de dezembro de 2013, a Prefeitura de Ibiúna, SP, expediu Auto de Embargo com a finalidade de paralisar quaisquer atividades na propriedade situada na Rodovia Bunjiro Nakao, nas imediações do km 67, lado direito, sentido São Paulo, bairro do Curral, onde ocorreu o desmatamento ilegal de aproximadamente 130 mil metros quadrados
Para tanto, no mesmo dia foi protocolado na Polícia Militar Ambiental ofício expedido pelo chefe do Executivo, visando a obtenção de todos os documentos resultantes dos procedimentos adotados, principalmente devido aos inúmeros relatos de que viaturas do policiamento estiveram no local por várias vezes, e mesmo assim as atividades prosseguiram. Já no dia 10 de dezembro, as cópias dos documentos foram obtidas devido ao apoio da gestora da Área de Proteção Ambiental (APA) Itupararanga, e assim toda a documentação foi juntada aos autos.
Em resumo, segue a ordem dos fatos: Dia 24/11/2013: Boletim de Ocorrência Ambiental n. 130.587, respectivo Auto de Infração Ambiental n. 288.619, que resultou em multa de R$ 2.325,00 e Termo de Embargo da Área e/ou Atividades, referente ao desmatamento de vegetação nativa em área correspondente a 775 m²; Dia 24/11/2013: Boletim de Ocorrência Ambiental n. 137.665; Dia 28/11/2013: Boletim de Ocorrência Ambiental n. 137.688; Dia 30/11/2013: Boletim de Ocorrência Ambiental n. 137.692; Dia 02/12/2013: Boletim de Ocorrência Ambiental n. 130604, respectivo Auto de Infração Ambiental n. 288.647, que resultou em multa de R$ 24.000,00, Termo de Embargo de Área e/ou Atividades e Termo de Apreensão de uma Escavadeira e uma Máquina nº D61, referente ao desmatamento de vegetação nativa em 4.000 m²; Dia 03/12/2013: Boletim de Ocorrência Ambiental n. 130.605, respectivo Auto de Infração Ambiental n. 288.655, que resultou em multa de R$ 380.700,00, Termo de Embargo de Área e/ou Atividades, referente ao desmatamento em 126.900 m²; Todos os documentos, Autos de Infração Ambiental, assim como os Termos de Embargos e outros documentos, foram lavrados em nome da empresa Speedy Imóveis Ltda., CNPJ 16.640.610/0001-90, e do seu representante. Sendo assim, além do primeiro embargo, no dia 12 foi lavrado outro Auto de Embargo, agora em nome da empresa Speedy Imóveis Ltda. e de seu representante. Na mesma data, a Prefeitura afixou duas faixas no local do crime ambiental, visando informar a
Fonte: http://www.ibiuna.sp.gov.br/prefeitura/noticias/detalhes/prefeitura_toma_providencias_em_relacao_ao_desmatamento_realizado_no_km_675_da_rodovia_bunjiro_nakao#
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Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
da situação, que deverá ser investigada na esfera penal, cível e administrativa. Divulgação
população sobre as providências e contar com o seu apoio para eventuais denúncias. Com relação à autorização que foi expedida pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente no dia 12 de novembro, em nome da mesma empresa, para: “supressão de floresta plantada de eucaliptos, abandona ou subutilizada, ocupando a totalidade de uma área com 143.605,568 m²”, será aberta sindicância visando apurar as responsabilidades e os possíveis prejuízos de tal ato, assim como as suas consequências administrativas sobre os envolvidos. A partir da juntada dos documentos, no início da próxima semana a Prefeitura Municipal informará formalmente o secretário de Estado do Meio Ambiente e demais autoridades, assim como fará representação junto ao Ministério Público, visando agilizar as investigações e os desdobramentos
Além disso, a Prefeitura vem buscando apoio técnico visando o resgate da fauna silvestre ainda restante no local, e aproveita para alertar à população para que tome os cuidados necessários quando estiver trafegando com veículos nas proximidades, com a intenção de evitar acidentes devido à travessia de animais na pista.
Das 250 espécies de mamíferos da Mata Atlântica, 38 estão ameaçadas de extinção, segundo sumário executivo do plano de ação nacional para a conservação dos mamíferos da Mata Atlântica central: http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-plano-deacao/pan-mamiferos-da-mata-atlantica/SUMARIO-Mamiferos-Mtlanticaweb-bxa.pdf
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
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ANIMAIS SELVAGENS
Capacitação para trabalho com fauna em vida livre
H
á muito tempo vêm sendo desenvolvidos estudos com animais selvagens em vida livre, porém poucos cursos de capacitação são realizados no Brasil. Devido ao número crescente de projetos, seja para pesquisa, empreendimentos ambientais ou conservação, faz-se necessária a formação de profissionais capacitados para trabalhar em campo nos diferentes biomas. Elaborado pela médica veterinária Flávia Miranda e organizado pelo Projeto Tamanduá, em parceria com a Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (Abravas), o II
Curso de Capacitação para Trabalho com Fauna em Vida Livre foi realizado entre os dias 30 de agosto e 7 de setembro na Pousada Aguapé, em Aquidauana, no Pantanal Sul-matogrossense. O curso tem como objetivo promover o conhecimento de técnicas desenvolvidas em campo em diferentes espécies de fauna e flora. Contou-se com a presença de seis renomados palestrantes internacionais que nos últimos dez anos vêm desenvolvendo pesquisa e trabalhos em prol da conservação dos
animais selvagens. Pesquisadores brasileiros com vasta experiência também contribuíram para aumentar o conhecimento de trinta alunos de diferentes partes da América Latina. Temas como biologia, genética e medicina da conservação, manejo de animais selvagens em vida livre e cativeiro, técnicas e uso de equipamentos em campo foram discutidos durante o evento. Por oito dias consecutivos, os alunos puderam aprender na teoria e na prática os métodos diretos e indiretos de observação de fauna, elaboração de lista vermelha de
Se esta é a sala de aula que você procura, agende-se para o próximo curso, em setembro de 2014 14
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Após observação e captura, grupo examina espécie nativa (tatu) e obtém amostras biológicas
espécies ameaçadas, uso de programas de GPS e telemetria, captura, colheita, processamento e armazenamento de amostras biológicas, etc. Tudo isso vivenciando o dia a dia dos pesquisadores que trabalham em campo em meio ao melhor que o bioma Pantanal pode proporcionar. De extrema importância para profissionais que pretendem se dedicar à área, o curso incentiva e promove grande crescimento pessoal e profissional para os alunos. No ano de 2014 será realizado o III Curso de Capacitação para Trabalho com Fauna em Vida Livre, entre os dias 6 e 14 de setembro, no mesmo local e com as mesmas entidades organizadoras do evento de 2013. Maiores informações, em breve, através do site http://www.abravas.org.br e http://www.tamandua.org .
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BEM-ESTAR ANIMAL
Governador de SP poderá proibir testes em animais
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Assembleia Legislacrescente de métodos alternativa de São Paulo tivos que não envolvem a uti(ALESP) aprovou, lizacão de animais”, celebrou Feliciano. “O modelo na noite desta quarta-feira de saúde que defendemos é (11), o Projeto de Lei n. aquele que valoriza a vida 777/2013, de autoria do humana e animal. Os maioDeputado Feliciano Filho res progressos em saúde (PEN51-SP), que proíbe a coletiva se deram através de utilização de animais para sucessivas mudanças no desenvolvimento, experiestilo de vida das populamentos e testes de produtos ções.” cosméticos, higiene pessoal, O PL777/2013 segue perfumes e seus componenagora para sanção ou veto tes. do governador. O projeto, elaborado pelo Outros projetos do depudeputado em parceria com a tado Feliciano relacionados primeira Comissão AntiviConfira aqui o projeto aprovado na íntegra: a experimentos com animais visseccionista do país, criada http://www.al.sp.gov.br/propositura/?id=1165668 ainda tramitam na ALESP: por ele, atende ao apelo de PL 583/2009 - proíbe o uma sociedade que não aceita mais esse tipo de crueldade. E não é só validação de pesquisa que não utilizam envio de animais dos CCZs para experino Brasil: Na União Europeia os testes animais na fase de testes – o Centro mentos; em animais são proibidos desde 2009, e Brasileiro de Validação de Métodos PL 479/2009 - obriga os fabricantes a informar no rótulo se os produtos foram a comercialização de produtos testados Alternativos (Bracvam). está proibida desde março de 2013. No “Portanto, não há mais justificativas testados ou se têm componentes de oriBrasil, o Ministério da Ciência, para continuarmos permitindo essa práti- gem animal; Tecnologia e Inovação criou, pela ca cruel, que já foi abolida em tantos paí- PL 706/2012 - restringe a utilização de Portaria n. 491 de 3/6/2012, a Renama ses. Acreditamos que as empresas podem animais em atividades de ensino no (Rede Nacional de Métodos Alter- garantir a segurança de seus produtos estado de São Paulo. O deputado também teve participação nativos), e o país possui, desde 2012, o escolhendo dentre milhares de ingredienprimeiro centro da América do Sul a tes existentes que têm uma longa história decisiva no Caso do Instituto Royal – desenvolver métodos alternativos de de uso seguro, empregando um número http://youtu.be/oWk0_bz2rAc . Fonte:
http://www.felicianofilho.com.br/index.php?noticia=346&interno=ok#.Urt4K2RDuSY
PARECER N° 2186, DE 2013 DA REUNIÃO CONJUNTA DAS COMISSÕES DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E REDAÇÃO E DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, SOBRE O PROJETO DE LEI N° 777, DE 2013
De autoria do nobre Deputado FELICIANO FILHO, o Projeto de lei em epígrafe dispõe sobre a proibição da utilização de animais para desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos, higiene pessoal, perfumes, e seus componentes, no Estado. Nos termos regimentais, a propositura esteve em pauta nos dias 30 de outubro a 05 de novembro de 2013, ocasião na qual não recebeu emendas. Reunidas, nesta reunião, estão as Comissões de Constituição, Justiça e Redação e Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. 16
Quanto aos aspectos legais, jurídicos e constitucionais verificamos não haver óbices para a aprovação da proposição. Quanto ao mérito, trata-se de matéria de real importância à valorização da saúde humana e animal de forma ética, buscando alternativas eficazes para tratar de problemas reais, substituindo a utilização de animais na experimentação e testes para cosméticos, por métodos alternativos comprovadamente eficazes e éticos. Dessa forma, manifestamo-nos favoravelmente à aprovação da presente propositura.
É o nosso parecer. José Bittencourt – Relator Aprovado como parecer o voto do relator, favorável à proposição. Sala das Comissões, em 11/12/2013. Maria Lúcia Amary – Presidente Heroilma Soares – Maria Lúcia Amary Maria Lúcia Amary – Feliciano Filho – José Bittencourt – Antonio Salim Curiati – Ed Thomas – Aldo Demarchi – Aldo Demarchi – Fernando Capez – Fernando Capez – Ulysses Tassinari – Ulysses Tassinari – Welson Gasparini
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BEM-ESTAR ANIMAL
MG proíbe circo com animais oi aprovado no dia 19/12/2013, na F Reunião Extraordinária de Plenário, na Assembleia Legislativa de Minas
Gerais (ALMG), o Projeto de Lei (PL) n. 4.787/13, que proíbe a apresentação, manutenção e utilização de animais selvagens ou domésticos, sejam nativos ou exóticos, em espetáculos circenses no Estado. A proposição é de autoria do deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT). O projeto foi aprovado em segundo turno na forma do substitutivo nº 1. Proposto pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o substitutivo determina que o descumprimento da lei sujeita o infrator às penalidades de apreensão do animal e multa de 10 mil unidades fiscais do Estado de Minas Gerais (Ufemgs). Para o exercício de 2014, uma Ufemg equivale a R$ 2,6382.
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Desse modo, a multa de 10 mil Ufemgs será de R$ 26.382,00. No projeto original, a proibição não se aplicaria a eventos sem fins lucrativos, de natureza científica, educacional ou protecional, bem como a rodeios e exposições agropecuárias ou a eventos voltados para a comercialização de animais, desde que eles sejam mantidos em condições adequadas de bem-estar. No entanto, o substitutivo nº 1 retira essa exceção e determina a proibição dos animais exclusivamente nos circos. Além disso, o novo texto especifica que a proibição está relacionada aos animais silvestres ou domésticos, nativos ou exóticos, e acrescenta que o descumprimento da lei também implicará a apreensão do animal. Fonte: Assessoria de Imprensa ALMG
Para onde irão os animais apreendidos? Santuários? Onde estão? Serão mantidos pelo Estado? A tramitação do PL n. 4.787/2013 pode ser acompanhada no endereço http://www.almg.gov.br/atividade_parlamentar/tramitacao_projetos/interna.html?a=2013&n=4787&t=PL
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Direitos animais: controle ético das populações domesticadas
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o falarmos de direitos animais, falamos do dever de respeito ao valor da vida e do bem próprio a cada animal, não importando a espécie na qual a vida do animal se manifesta. Falar de direitos animais é reconhecer que o Estado tem deveres para com os animais, e que esses deveres são perenes, ainda que a forma de cumpri-los tenha que ser revista de tempos em tempos, para adequar o dever do Estado ao direito do animal em cada contexto ou situação. O Art. 225 da Constituição Brasileira promulgada em 1988 estabelece que o Estado brasileiro tem o dever de proteger todos os animais que vivem neste território e de prevenir sua extinção, coibindo maus-tratos e fomentando a responsabilidade de todos os cidadãos em relação à vida deles. Cabe, portanto, ao Estado implementar políticas públicas de proteção e fomentar projetos que garantam vida digna ao animal que habita o território brasileiro, reside com seres humanos e se move nos espaços públicos. Aos cidadãos, por sua vez, cabe a responsabilidade pela proteção dos animais que escolhem para estima, guarda ou companhia. Tal proteção deve ser guiada pelo mesmo imperativo que
ordena a guarda de bebês, de crianças e de adolescentes humanos: a defesa do seu direito à vida, à liberdade e à expressão de sua singularidade. A defesa desses direitos implica protegê-los de interações nas quais possam sofrer danos físicos, emocionais e mentais. Isso vale tanto para as crianças da espécie humana, quanto para os animais de outras espécies, que, pela domesticação milenar, foram forçados à convivência com os seres humanos em centros urbanos e nas áreas rurais. Mas o que significa falar de Direitos Animais e Ética no controle das populações? Em 7 de julho de 2012 reuniram-se em Cambridge, na Inglaterra, neurocientistas de todas as especialidades, da anatomia à psicologia animal e humana, para discutir e afirmar que todos os animais têm consciência da dor, do tormento, do sofrimento e da morte. Sempre se soube disso. Mas há quatro séculos a ciência escondeu para debaixo do tapete a verdade sobre a mente dos animais. Ao negar a sua capacidade de sentir dor, de sofrer e de ter emoções iguais às dos seres humanos, como medo, pavor, amor, ciúme, luto, tristeza, contentamento, os cientistas vêm desde então fazendo experimentos brutais e cruéis
no corpo dos animais vivos, respaldando-se na tese de que os animais, mesmo tendo um cérebro semelhante ao nosso, não sentiriam dor. Também desde sempre a hipótese da inconsciência e da insensibilidade dos animais foi rejeitada por cientistas e filósofos, mas os que assim procederam não foram ouvidos nesses quatro séculos, até que resolveram se reunir para declarar ao mundo que os animais têm consciência de tudo o que acontece com o seu corpo e registram tudo o que fazemos a eles com um filtro emocional igual ao que usamos para memorizar nossas interações agradáveis e desagradáveis e podermos nos orientar no mundo, buscando o que nos dá prazer e rejeitando o que nos causa dor, tormento, sofrimento ou nos ameace de morte. Quando falamos da consciência animal, reconhecemos que para cada animal, individualmente considerado, tudo o que acontece no ambiente no qual seu corpo está interagindo é relatado e memorizado em seu cérebro, evocando movimentos internos de prazer ou de desconforto, de bem-estar ou de tormento – portanto, emoções compatíveis com essas características. São as emoções que forçam a liberação da química cerebral que levará as imagens prazerosas
Fonte: http://pensataanimal.net/pensadores/152-sonia-t-felipe/396-direitos-animais-controle-etico-das-populacoes-domesticadas
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ou dolorosas a serem marcadas no arquivo mental. Com essas imagens o animal escolhe fugir ou se aproximar de algo, dependendo do registro que tem do prazer ou da dor que isso lhe proporcionou no passado. Do mesmo modo que ocorre em seres humanos, também a consciência animal pode ser mobilizada tanto pela presença quanto pela ausência de algo. Uma coisa que provoca a sensação de conforto físico ou mental leva o animal a julgá-la boa e aproximar-se dela. O que provoca desconforto físico ou mental leva o animal a julgá-la má e afastarse dela. Uma coisa que provoca o bemestar físico ou mental, mas não pode ser obtida, leva o animal a sentir desprazer, angústia, medo ou frustração. O que provoca nele sensações de medo, angústia, desprazer ou frustração o leva a afastar-se. Não há diferença entre a mente humana e a mente dos outros animais no que diz respeito à busca daquilo que é necessário para saciar-se, para manter o organismo em equilíbrio, traduzido em sensações gravadas com o juízo do ruim, algo que fazemos todo o tempo quando sentimos frio, calor, secura, umidade, fome, enjoo, desgosto, nojo e assim por diante, ou com o juízo do bom, quando nos dá prazer, satisfação, alegria ou desperta o desejo de ter disso mais um pouco e repetidas vezes. Tendo nascido na forma de vida chamada animal, todos os indivíduos, não importa a espécie – canina, felina, bovina, suína, caprina, avina ou humana –, são dotados por natureza de um aparato que os acompanha por toda a vida, um sistema nervoso central organizado e um diencéfalo, sede dos estímulos reconfortantes e dos ameaçadores, gravados e recriados pelos nociceptores a cada novo movimento, dia a dia, ano após ano, até a morte. Esse arquivo mental individual forma a mente do animal. Por isso, não há dois animais com a mesma mente, embora todos a tenham. Nisso não nos distinguimos dos demais animais. Sabemos que eles são iguais a nós nessas habilidades neuromentais que os levam a ter uma vida emocionalmente tão rica e tão importante para sua autonomia no mundo
quanto a nossa, orientada todo o tempo pelas emoções que as experiências do bom e do ruim evocam em nossos arquivos. A emoção com a qual cada uma das nossas experiências é gravada em nossa mente é basicamente a mesma em todos os animais. O que varia, obviamente, é a intensidade do estímulo que causa dor, medo, alegria ou sofrimento. Enquanto uma situação pode ser extremamente tormentosa para um animal, devido à memória que ele tem de algo semelhante experimentado no passado, a mesma situação pode não evocar emoção dolorosa em outro indivíduo da mesma espécie, caso não tenha passado por emoções dolorosas com estímulos desse tipo. Há cães que estremecem ao ver um homem se aproximar. Outros não se abalam. Há seres humanos que estremecem ao ouvir a sirene de uma ambulância. Outros dão passagem para ela, mas não sentem emoção negativa alguma. Tudo depende das marcas emocionais que tais experiências deixaram na mente de cada um. Nisto, na senciência, todos os animais são iguais. Quando falamos do bem-estar animal, falamos basicamente dessa realidade mental animal. O que proporcionamos a um animal ajuda a configurar sua mente e suas reações futuras. Quanto mais dor, tormento e sofrimento infligimos a um animal, mais o tornamos amedrontado. E sabemos, por experiência própria, que o medo tolhe o movimento. Sabemos que em constante estado de alerta perdemos a alegria, o contentamento, a energia para expressar a gratidão por estarmos vivos. Isso vale para o animal humano. Vale igualmente para todos os não humanos. Bem-estar animal e bem próprio animal são duas faces da natureza de todo animal. O bem-estar está relacionado ao conforto físico, à presença do que o animal precisa para manter o equilíbrio metabólico (alimento, água, ar, espaço para movimento e descanso e ausência de ameaças que possam se configurar na mente como ameaça à sobrevivência física). O bem próprio do animal, por outro lado, vai além disso, e tem muito a ver com a liberdade de expressão do tipo de vida espiritual para a qual a espécie biopsicomental do animal veio configurada.
Bem-estar físico, repito, tem a ver com a presença dos elementos que propiciam condições de manutenção do organismo com saúde e sem privações. Bem próprio, por sua vez, tem a ver com o espírito do animal, com a expressão dele de acordo com a espécie na qual nasce, marcada pela sua singularidade individual. Nenhum animal é igual ao outro, quando se trata de falar do bem próprio. Cada animal precisa estar livre e ter autonomia para buscar o que sua natureza ou bagagem genética lhe garante, mas fazer isso com um traço que singularize sua passagem no mundo. Isso vale para cada ser humano e vale para cada animal que se move conosco neste planeta. A espécie humana é a única espécie animal que retém junto a si animais de outras espécies, para fazer uso deles e atender a diferentes interesses humanos tidos como essenciais. Assim, na história humana, demos início à prática de reter animais em nosso domicílio para fins de estima, guarda e companhia. Há mais de dez mil anos nascia a convivência de cães e de gatos com os seres humanos. Mas, enfatizo, há dez mil anos não vivíamos em cidades, não nos trancávamos em apartamentos, não murávamos nem gradeávamos nossas residências. Historicamente, os seres humanos traíram os animais que domesticaram. No início o animal seguia o ser humano em suas atividades pela floresta, nos campos e nas viagens. Seguia fisicamente livre, como o fazia seu “amo e senhor”. O ser humano obtinha vantagens da companhia do cão, que o protegia dos assaltantes ou encontrava para ele algum animal perdido e ferido na floresta. Em troca, o animal recebia o calor da presença física do ser humano, que por sua vez o protegia de predadores. Havia realmente uma troca. Naquela troca inicial o animal não perdia nada, nem física nem mentalmente. Podia expressar plenamente sua natureza canina ou felina, caçando. Sem jaula alguma, sem corrente alguma, sem muralha ou grade alguma, o cão foi ficando na companhia dos seres humanos, e assim se deixou “humanizar”. Fim da história idílica. Com o aumento do número de seres
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humanos vivendo em urbes, aumentou a população de animais eleitos para estima, guarda e companhia. O espaço do qual os cães e gatos gozavam na vida campestre se foi. Agora, para esses animais, o que se oferece são quatro paredes, janelas com grades ou telas e portões com travas eletrônicas. No que diz respeito à dieta, nos primórdios os animais continuavam a se autoprover sem atrofiar seu espírito específico. Podiam até ganhar um naco de carne do seu “amo e senhor”, mas não dependiam absolutamente dele para se alimentar. Ficavam na companhia dele pela companhia. Não pela comida. Viviam soltos e podiam caçar. Escolher sua comida. Variar a cada dia. Seguir o mesmo impulso que nos leva a escolher no buffet o que vamos colocar no prato hoje e não queremos amanhã. Nada se havia perdido para a mente animal. Tudo isso se acabou. Hoje, a dieta dos cães e gatos é definida pela indústria da produção de rações. Entretanto, com a comida garantida no prato, a fisiologia das fêmeas se transforma. Enquanto no ambiente natural a fêmea tem que sair à caça para obter alimentos, no ambiente de confinamento completo, reservado aos animais detidos na companhia dos seres humanos nos centros urbanos, o alimento é garantido. Isso induz o metabolismo das fêmeas a se preparar para se reproduzir ilimitadamente. Na natureza, a possibilidade de reprodução bemsucedida duas vezes por ano é remota. E, mesmo que a cadela ou a gata dessem à luz uma ninhada farta, poucos dos filhos sobreviveriam. Assim, na natureza não há explosão demográfica das populações animais usadas para estima, guarda ou companhia. No quadro atual, a reprodução em série, fomentada especialmente pela comercialização de animais usados para companhia, deu início aos problemas com os quais hoje o Estado e a sociedade se defrontam. Não adianta esconder a cabeça no balde. O problema é de monta. Uma solução igualmente poderosa precisa ser adotada. Com as ninhadas bem-sucedidas, as fêmeas caninas e felinas colocam no mundo um número infinitamente maior do que seriam capazes de sustentar. Quem as comprou 22
como se fossem bonequinhas, sem se dar conta de que eram animais plenos em sua capacidade de deixar sobre o planeta milhares de registros de sua genética, acaba por eliminar da vida os filhotes, descartá-los ou abandoná-los. Aqui estamos. Este é o problema de hoje: abandono, negligência, maus-tratos e descarte de animais de espécies tidas como dignas de estima. Uma solução para o problema seria obrigar todos os que têm animais a se responsabilizarem por todos os filhotes que nascem de suas matrizes. Mas uma gata ou uma cadela podem dar cria duas vezes por ano, com lotes que podem variar de cinco a dez filhotes por vez. Se esses animais nascessem em ambientes naturais, não sobreviveriam todos. Mas, nascidos em casas e apartamentos, têm a segurança física garantida e tornam-se adultos sem passar por qualquer ameaça natural à vida, reproduzindo-se, por sua vez, com igual facilidade. Em um ano, cada fêmea jovem pode ter sua própria ninhada, além da ninhada de sua mãe, e em dois anos o número já se tornou tão assombroso que não seria mais possível a pessoa alguma manter todos os animais em condições dignas em seu espaço domiciliar. Segundo a OMS, uma cadela pode responder pela reprodução de até 70 mil indivíduos durante o ciclo reprodutivo de sua vida. Multipliquemos esses 70 mil cães pelos bilhões de cães ao redor do planeta e veremos o quadro apocalíptico no qual hoje se encontra a capacidade reprodutiva desses animais e a impossibilidade de sustentar a todos, seja pelas pessoas que os compraram, seja pelas que os poderiam adotar. É preciso pensar no gasto com alimentação, no alojamento e nos cuidados médicos. Não educados para responder civilmente por todos os animais que levam para casa, os consumidores acostumados a comprá-los acabam por se livrar do problema da superpopulação doméstica descartando os pequenos filhotes ou abandonando seus progenitores quando adoecem ou envelhecem. O abandono de animais se deve, pois, a dois fatores: a falta de consciência sobre a natureza senciente dos animais,
sobre sua capacidade de sofrer, e o desespero por não poder manter fisicamente tantos filhotes nascidos a cada ano em seu domicílio. Se, por um lado, a educação continuada sobre a natureza emocional dos animais e as necessidades específicas de cada espécie de vida eleita para estima é a grande aliada do poder público para minimizar a reprodução dos animais mantidos em companhia dos seres humanos nos centros urbanos, por outro, a proibição de reproduzir animais com fins comerciais deveria ser a outra forma de conter os desdobramentos que levam ao descarte dos animais indesejados, como se fossem lixo. Quem precisa de um animal de companhia pode adotar um dos milhões disponíveis. Os animais não são objetos nem itens de consumo. São seres sencientes, iguais aos seres humanos no que diz respeito à capacidade de sentir dor e de sofrer e na necessidade de expressar plenamente seu espírito específico. Abandonar os animais implica causar-lhes dor, tormento, sofrimento e morte. Manter todos os animais nascidos no âmbito domiciliar implica não ter espaço digno para eles, não poder manter o ambiente limpo e arejado, não poder dar-lhes o alimento adequado e, finalmente, transformar a própria casa em um grande campo de concentração animal. Isso acontece com os colecionadores, que começam a adotar um animal e continuam a adotar todos os desvalidos, mesmo que não tenham condições financeiras para sustentá-los. Se o abandono não é a solução, o acúmulo também não é. Nenhuma dessas formas resolve a questão. Criamos o problema quando transferimos os animais domesticados para companhia ao nosso domicílio com a finalidade de apenas estimá-los. Há uma brutal diferença entre a companhia que um animal obtinha do seu “amo e senhor” no ambiente natural no qual ambos viviam e a companhia que um animal pode obter hoje de alguém que sai para o trabalho de manhã e volta à noite, deixando-o desacompanhado o dia todo para que ele se distraia sozinho, já que não há absolutamente nada de interessante para ele fazer, trancado na garagem, num quartinho, abandonado
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BEM-ESTAR ANIMAL
Adote um cão. Amigo não se compra
em um terreno ou trancado em sua casinhola. Enquanto o abandono nas ruas ameaça fisicamente o animal, o confinamento o ameaça espiritualmente. Sem a companhia que há milênios o animal tinha do ser humano e sem atividade física alguma que permita ao animal mover-se e continuar se autoprovendo no ambiente natural em companhia dele, o animal não humano ganha a ração no prato e perde aos poucos o espírito, atrofiando-se na monotonia de uma vida sem graça, que só é agraciada com a volta do dono para casa no final do expediente. Acumular animais sem condições territoriais de dar a eles espaço para buscar seu bem próprio, o bem próprio de seu espírito, é fonte de tormento para eles. Vemos isso todos os dias quando se mostram as casas nas quais algumas pessoas chegam a acumular centenas de animais. O estado de imundície no qual esses animais geralmente se encontram é indescritível, e a qualidade dos alimentos ou da água, do espaço para se mover ou descansar não deixa por menos. Desesperadas por não verem outra solução, as protetoras ou socorristas recolhem e abrigam cada vez mais animais. O sofrimento do animal maltratado e abandonado nas ruas é real. Esse sofrimento não pode esperar anos até 24
que algum político se sensibilize e encaminhe um projeto de lei para dar cabo da situação. O sofrimento dos animais abandonados precisa ser eliminado hoje. Mas as pessoas que prestam socorro a esses animais são sempre as mesmas, e já não aguentam mais, nem física nem financeiramente, o custo de sua generosa ação. Enquanto isso, os compradores de animais continuam a jogar fora os animais indesejáveis, pois não têm ideia de como provê-los, na medida em que eles continuam a oferecer ninhadas e ninhadas. Os irresponsáveis jogam fora os animais indesejáveis. As socorristas os recolhem sem ter condições de sustentá-los. Algo está errado e precisa ser corrigido. De forma ética. Redefinição das políticas públicas relativas às populações que habitam as mesmas áreas humanas Qualquer que seja a decisão tomada por nós em relação à contenção das populações de animais domesticados para companhia, ela recairá sobre os animais. Nenhuma opção será absolutamente justa, considerando-se a perspectiva deles. Mas, somando-se o sofrimento acumulado com a vida de milhões de animais maltratados ou descartados por quem de direito deveria protegê-los de todo mal físico e emocional, é preciso que sejam implantadas
políticas públicas de contenção das populações, ao mesmo tempo em que é preciso continuar a educar sem parar os cidadãos, para que possam entender que um animal não é uma massa corporal sem mente, sem emoções, sem consciência. Não importa que solução será dada ao caso. Importa que qualquer uma das possíveis deve levar em consideração o bem-estar e o bem próprio de todos os animais envolvidos na ação, daqueles que sofrerão os desdobramentos da decisão. Todas as discussões devem levar em conta o animal. Ele deve ser o fim, nunca o meio para que os interesses humanos sejam conciliados. Se o animal deve ser o alvo da política pública, essa política tem que considerar esse animal em sua plena existência física e mental. Toda decisão deverá estar voltada para atender ao bem próprio do animal. Portanto, uma decisão sozinha não contemplará o leque de problemas postos hoje a todos os seres humanos que detêm animais de companhia em sua residência. Uma política pública ética leva em consideração que a solução do caso da superpopulação tem múltiplos nós que precisam ser desfeitos, desde os conceitos fomentados sobre a natureza dos animais até as práticas privadas e institucionais que colhem nas malhas nada éticas todos os animais eleitos para estima, companhia ou guarda. É preciso desmontar essa rede. Libertar os animais do tormento ao qual os condenamos nos últimos séculos. Redesenhar nossa relação com eles. Protegê-los de nossos impulsos possessivos. Interagir com eles com o mesmo respeito que hoje reconhecemos necessário na interação com os demais seres humanos. Passamos os últimos quatrocentos anos acreditando que o que fazemos aos animais não interessa nem a eles nem aos demais seres humanos. Agora não há mais inocência. Tudo o que fazemos aos animais interessa a eles e a todos os seres humanos interessados na defesa dos direitos deles. Dra. Sônia T. Felipe Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4781199P4
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SAÚDE PÚBLICA
A distância fria e pragmática do CFMV quando defende a ilegalidade do tratamento da leishmaniose É com imenso pesar que nós, na qualidade de voluntários da causa animal, e eu, em particular, como operador do direito e responsável pelas formulações jurídicas que levaram às decisões paradigmáticas que entenderam pela ilegalidade da Portaria, viemos a público para esclarecer os equívocos do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que, como órgão de classe, deveria lutar pela vida animal e não usar de retórica para disfarçar a gravidade da política equivocada de extermínio de cães praticada em solo brasileiro, sob o disfarce de combate à transmissão da leishmaniose visceral. Fraqueja o discurso, fraqueja a classe, fraquejam as entidades de proteção animal e, acima de tudo, fraqueja o poder público ao adotar uma política conservadora, ultrapassada e ineficaz, e, pior, voltada para interesses equidistantes daqueles detidos pela maior parte da laboriosa classe dos médicos veterinários. Este é um problema ético, que não pode ser trivializado, como fazem os órgãos aqui citados, pois de um lado há o sofrimento dos animais, e do outro, nosso bem maior: a ciência a serviço da vida do homem e também dos animais, já que somos indissociáveis. A recuperação da imagem do Judiciário é feita em pequenas etapas, tais como as aqui tomadas, o que nos leva a exaltar e parabenizar os membros da Egrégia Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que, ao reconhecerem a inconstitucionalidade da Portaria, demonstram claramente que o poder público não está atento à realidade científica que recomenda o tratamento, e que ninguém está acima das leis e das instituições republicanas. Nossos parabéns ao ministro Joaquim Barbosa pela força e coragem para o que se avizinha, pois cremos que essa anomalia de sacrificar milhares de cães anualmente tentará ser mantida e ampliada, apesar dos riscos de nos tornarmos referência mundial de desrespeito do 26
bem-estar animal. No caso presente, a opção pelo não tratamento e pelo sacrifício puro e simples de manter uma política que há mais de 20 anos é aplicada e agora ampliada, e nada resolve, a não ser manter alguns poucos nos seus privilégios, em detrimento dos interesses do todo, do legal, do ético, do humano, só se justifica por isso e nada mais. A má notícia pela qual se pautam é que o processo principal, aforado pelo Abrigo dos Bichos, não recebeu ainda julgamento definitivo e, longe disso, está na sua fase inaugural, estando a festejada decisão suspensa em sua eficácia, em razão dos conhecidos embargos de declaração, que não foram sequer julgados. O frio pragmatismo aditado pelo CFMV está longe, muito longe da realidade processual, e só ganha foros de verdade para aqueles que desconhecem as letras jurídicas ou agem com desapego pela verdade. Assuntos incômodos, como o fato de que o cão tratado é cão não transmissor, passam ao largo das tendenciosas exposições do órgão de classe que deveria primar pelo respeito à vida animal e, acima de tudo, pela defesa das prerrogativas profissionais do médico veterinário, cujo dever é prescrever o melhor ao seus pacientes com o fim de preservar a espécie. Assim, de olho na política classista, ao que parece, o CFMV e a sua cúpula prepararam e divulgaram amplamente uma matéria dizendo que a Portaria n. 1.426/2008 estaria vigente, o que é um rematado absurdo, por duas ordens de razões: • a primeira, porque a sentença da cautelar está com seus efeitos vigentes, já que o recurso interposto (Embargos de Divergência) não tem suspensividade, ao contrário da tutela antecipatória conferida na Principal, que sofre efeitos dos embargos de declaração com efeitos infringentes. Assim, a primeira decisão bem elucidou que “a Portaria n. 1.426/2008 é ilegal, porquanto
extrapola os limites tanto da legislação que regulamenta a garantia do livre exercício da profissão de médico veterinário como das leis protetivas do meio ambiente, em especial da fauna” (Apelação cível nº 001203194.2008.4.03.6000/MS); • a segunda, porque em tentativa de suspender essa decisão através de processo no Supremo Tribunal Federal (que reforça a afirmação de que os Embargos de Divergência não têm suspensividade), o ministro Joaquim Barbosa afastou as três ilações adotadas pela União, para obter o agravo (suspenso em seus efeitos, por embargos de declaração com efeitos infringentes), ao pontificar que: a) não há ameaça à saúde pública; b) ser a Portaria inconstitucional, tanto que manteve a decisão da cautelar; e, ainda, c) ser a eliminação dos cães um tratamento cruel e, portanto, proibido pelo sistema jurídico nacional; d) que uma nova política de enfrentamento da doença deve ser criada. O Parecer da Advogacia Geral da União (AGU) parte de formulações teóricas, utilizadas com o intuito único de respaldar a legalidade da Portaria, porém, o confronto com o Código de Processo Civil, que confere a suspensão dos efeitos jurídicos da decisão diante da sua interposição, nos permite dizer que a Portaria, até o presente momento, é inválida. E, mais ainda, a Constituição Federal, a Declaração de Bruxelas e as leis de proteção à fauna conduzem-se no sentido da proteção tanto da vida como contra os maus-tratos. A vedação de ministrar medicamentos usados para seres humanos, ou até mesmo os não registrados, para aliviar ou evitar a doença em causa (leishmaniose visceral) nos cães, desde que prescritos por quem de direito, representa séria violação e desrespeito aos estatutos mencionados no parágrafo antecedente, conforme assinalado em Juízo Colegiado, e não por decisão
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monocrática, como feito na ação principal, que foi assentada em estudo realizado no continente europeu e, portanto, fora do contexto de pesquisa nacional, é no mínimo temerária. A linguagem sectária e inflamada do CFMV, quando trata desse assunto, na qual a cortesia e a civilidade são esquecidas, na sua maior parte se travestiu da santimônia das certezas absolutas e inegociáveis. O caso, porém, é que essa certeza é rara, tanto que um dos fundamentos da ação é o exercício do direito à pesquisa científica que a Portaria terminamente proíbe. Por outro lado, a maneira como o CFMV descreve a situação atrai a máfé, uma vez que eles pretendem dizer que o extermínio dos cães é o fator preponderante do combate à doença, quando, ao contrário, são eles que poupam o homem do contágio, pois são passivos, e os flebotomíneos transmissores encontram um corpo fácil para depositar as formas da Leishmania, o que, por oposição, sugere que aqueles que defendem, que querem preservar a vida animal, estão atentando contra a saúde pública. Ledo engano. Estamos lutando por uma causa justa: a preservação de uma espécie que em estado último, por receber a picada, por estar ao lado do homem, impede que ele o receba. Diante do cenário de incerteza, seria recomendável a prudência, em opiniões que incidam no sempre delicado terreno ético e moral da profissão do médico veterinário, que, no nosso entender, têm o dever de preservar a vida animal a qualquer custo, já que foi a isso que se propuseram quando escolheram essa carreira, e de investir na pesquisa para reparar os males que os afligem, e não é isso que se vê nas resoluções do CFMV. Nesse campo, sua administração tende a organizar-se em times e/ou torcidas que se fecham dogmaticamente em torno de suas concepções de mundo, que os tornam impermeáveis aos argumentos contrários, tais como as recentes pesquisas realizadas por renomados médicos veterinários que apontam para outros caminhos, como bem salientado pelo ministro Joaquim Barbosa. Em seu recente livro, intitulado com muita propriedade “Tribos morais
(Moral Tribes)”, Joshua Greene, pesquisador de Harvard, bem resumiu esse espírito – http://www.wjh.harvard.edu/~jgreene/. Ainda sobre a bandeira do bem comum, prega o CFMV solução monstruosa, que sacrificaria anualmente mais de um milhão de cães nos CCZs do Brasil afora, nas clínicas veterinárias, nos hospitais e em outros campos de O 1º passo para a prevenção deve ser a vacinação, extermínio. Ganharíamos muito não esquecendo que a coleira antiparasitária tammais se parássemos de bém é necessária e deve ser trocada de acordo com discutir sobre o direito a periodicidade indicada pelo fabricante e sobre a interpretação Como se sabe, os fatos são teimosos, do Código de Ética Médica do Veterinário e se, antes de nos pergun- posto que mais de 12 mil cães são tarmos que direitos estão em jogo, nos sacrificados anualmente em Campo questionássemos sobre qual deveria ser Grande (dado atestado pelo CCZ). E o a solução que produziria melhores que se vê é o aumento do contágio, que, apesar das mortes, não está sendo resultados, diz o conceituado Greene. Pode ser de fato saudável reconhe- reduzido, demostrando com isso a cer que nossos princípios classistas, carga de simplismo falacioso que se usa confrontados com a realidade dura das para deixar a população confusa, posto ruas, onde os cães são abandonados que, mesmo que se reduza a população normalmente doentes e em estado ter- canina de maneira significativa – uma minal, são insuficientes e às vezes con- vez que se calcula, entre clínicas e hostraditórios, mas isso não justifica aban- pitais, o sacrifício de 30 mil animais ao doná-los. Talvez por isso nem sejam ano –, mesmo assim a doença continua em crescimento de mais de 100%. desejáveis. Logo, não passa de mera falácia a Igualmente inevitável é o choque entre princípios inconciliáveis e difí- retórica utilizada para disfarçar a questão central do problema, pois a matanceis de equacionar. As demandas da vida humana e a ça não fecha a equação. Essa ação, portanto, não passa de sua preservação estão umbilicalmente ligadas à preservação das demais espé- mero jogo de cena, sem efeitos concrecies e exercem inegável pressão sobre tos, e foi proposta em detrimento da real causa da doença, que nada mais é o meio ambiente. Portanto, a acomodação entre os dois do que a falta de saneamento básico e será sempre conflituosa quando se faz de investimento em políticas sociais um discurso de extermínio puro e sim- para o combate do inseto transmissor. Percebemos que a matança em nada ples, que mancha a biografia dos atuais dirigentes do CFMV, os quais sujam as atua, a não ser no impedimento da mãos com o sangue de milhões de cães investigação científica, que poderia desenvolver novas drogas, com a possacrificados inutilmente. De sorte que é necessário chegar ao sibilidade do tratamento da doença âmago da questão: não há risco à popu- com o remédio humano. Será razoável desconfiar dos puros, lação com o tratamento desses animais; o que representa risco é unicamente a dos que são possuídos por qualquer falta de uma política séria e responsável chama sagrada – sobretudo, quando estes acreditam que a causa justifica de combate adequado à leishmaniose.
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quaisquer meios, até mesmo aqueles que infringem a lei e o seu código de ética, que se assenta em duas balizas: aprimoramento constante e o uso do melhor progresso científico (art.6, inciso I, do Código de Ética). Os dirigentes do CFMV certamente imaginaram estar acima ou até mesmo além da moral da profissão, e que o inciso IV do Código de Ética é letra morta, pois este visa garantir, quando em cargo de direção, as condições para o desempenho profissional do médicoveterinário. A nota emocional e econômica é difícil de contornar quando nos deparamos com o número de cães sacrificados anualmente, que já está próximo de um milhão, e com o fato de que em mais de 40% deles o diagnóstico nem sequer havia sido fechado. Essa forma inescrupulosa e precipitada de agir coloca em jogo vários problemas éticos que não podem ser trivializados. O médico veterinário tem o dever de tratar o animal, de forma que sejam miminizados seus sofrimentos e que esse tratamento seja controlado por parâmetros dentro da óptica científica. Além disso, está o bem maior: a preservação da profissão, que reclama tratamento para todos os cães, indistintamente, e o desenvolvimento científico permanente. Já não se admite mais a matança que se faz, quando ela nada resolve, a não ser diminuir o universo de bem estar gerado pela relação entre o homem e seu animal de estimação, além de limitar o progresso e expansão das clínicas e hospitais veterinários. O avanço da ciência – e da educação científica – não pode ser tolhido por uma simples Portaria Interministerial, uma vez que sua dimensão ética passa pela tentativa de preservação da vida animal, combinada com a busca do conhecimento científico. Ademais, é cediço que esses dois grandes preceitos do Código de Ética, se violados pela orientação errônea do CFMV, se traduzem em infração profissional, punível da perda do cargo de direção exercido. Numa combinação perversa, a ploriferação da doença avança a passos largos, e o extermínio de cães, em maior 28
proporção que ela – e, como se pode constatar, não se reduz a infecção em seres humanos. Portanto, é claro que algo não está certo nessa campanha de extermínios de cães, muitos apenas por mera suspeita de contaminação, numa demonstração de puro pragmatismo que somente caracteriza os interesses subalternos, os mais convenientes para os donos do poder. É de bom alvitre lembrar que nem todo cachorro contaminado é infectante. Isso mesmo. Dependendo da proporção de protozoários, ele é incapaz de transmitir a infecção ao inseto, não sendo fonte para infecção humana. Ademais, quando em tratamento, ele não está sendo reservatório, tendo o médico veterinário condições de assim manter essa condição não infectante por toda a vida do animal. A orientação passada aos médicos veterinários, enaltecendo a responsabilização ética, é um ponto fora da curva, posto que, ao deixar de tratar os animais, eles estarão infringindo o maior de seus deveres éticos, que é o da preservação da vida animal, e com isso afrontando a Declaração de Bruxelas e as leis de proteção à fauna, ao Código de Ética e ao Código Penal. Como sociedade, precisamos de maiores esclarecimentos não só quanto às formas de prevenção da leishmaniose, que devem ser tomadas tanto no ambiente quanto no animal e no homem, como também devemos desenvolver no povo brasileiro a consciência de que o único meio de transmissão da leishmaniose visceral (calazar) é através da picada do mosquitopalha (flebotomíneo), e que sem este inseto, mesmo estando todos os cães com calazar, não há como a doença ser transmitida. Resta a nós, como cidadãos, pleitear junto ao governo brasileiro o extermínio eficaz dos flebotomíneos, uma vez que, mortos os cachorros, o risco se torna maior, pois o mosquito-palha que transmite a doença, na falta desses animais, irá picar as pessoas. Foi bastante feliz o autor da matéria quando ressaltou a dinâmica dos cuidados com o meio ambiente, posto que estes proporcionam a diminuição da reprodução do mosquito-palha (flebotomíneo),
que é o único e real disseminador da Leishmania, pois tanto o homem como uma gana enorme de animais são meros receptores, afastando assim no discurso do articulista, o falso problema e a falsa solução apregoada. O articulista também levanta outra forma de preservação, com relação aos cuidados com o meio ambiente que visam diminuir a reprodução do mosquito-palha (flebotomíneo). Ele nos adverte que: 1º- o transmissor da leishmaniose (o mosquito-palha), reproduz em material orgânico, portanto, recomenda-se que a população limpe os quintais, diariamente e não acumule entulhos, madeiras, folhas e dejetos; 2º- recomenda que é importante que governo e população se tornem parceiros para manter as cidades limpas e acondicionar o lixo em locais apropriados; 3º- em relação aos cães, o primeiro passo para a prevenção deve ser a vacina, não esquecendo que a coleira e os produtos tópicos inseticidas e repelentes também são necessários e devem ser aplicados conforme a periodicidade indicada pelos fabricantes; 4º- em locais com muitos flebotomíneos, orienta-se que os animais sejam colocados dentro de casa no final da tarde, lá permanecendo durante a noite, período de maior atividade dos mosquitos-palha; 5º- os animais também devem, periodicamente, passar por consultas com médicos veterinários, e submetidos a exames, já que os sintomas da leishmaniose podem ser diferentes ou por vezes nem se apresentarem nos animais; 6º- o ser humano deve, principalmente, evitar que os cães sejam contaminados. Em locais muito infestados recomendase o uso de repelentes cutâneos. Por fim, devemos nos lembrar de que o Brasil é o único país que usa este método arcaico de combate ao calazar, considerado ineficaz pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que entende que os animais não podem ser sumariamente exterminados, e que o tratamento é viável e seguro, desde que acompanhado por médico veterinário. Portanto, o maciço extermínio de cães infectados por leishmaniose é uma medida drástica usada somente em
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nosso país. Esclarecemos que o tratamento no Brasil não está proibido, como quer fazer crer o CFMV, pois o que estava proibido, segundo a Portaria Interministerial, era o tratamento da leishmaniose visceral canina com produtos de uso humano ou não registrados no Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento. Porém, portaria não tem força de lei, e não existe nenhuma lei federal proibindo esse tratamento; além do mais, existe uma ação, por nós intentada, que visa tornar definitiva a suspensão dos efeitos da liminar que reconheceu a ilegalidade dessa portaria.
Posto isso, neste ponto e em contrapontos, externamos a nossa opinião sobre a Nota de Esclarecimento do CFMV (publicada em seu site e compartilhada abaixo). Wagner Leão do Carmo Advogado voluntário
CFMV esclarece ilegalidade e riscos do tratamento da leishmaniose 17/12/2013
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http://www.cfmv.com.br/portal/noticia/index/id/3388
O CFMV esclarece que o tratamento da leishmaniose continua sendo ilegal e pode trazer riscos para os seres humanos. Continua em vigor a Portaria 1.426/2008 que proíbe o tratamento de animais infectados. A ONG Amigo dos Bichos entrou com duas ações, uma cautelar e uma principal, no Tribunal Regional Federal da 3ª Região pedindo a autorização para o tratamento da leishmaniose em cães e, portanto, questionando a Portaria 1.426/2008. A União recorreu da decisão da ação cautelar, que foi posteriormente julgada pelo STF. No entanto, a ação principal julgada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, manteve a Portaria. Nesse sentido, a decisão válida é a da ação principal, portanto, exige-se a eutanásia dos cães que manifestarem a doença. A AGU também publicou um parecer informando que a decisão do STF não afastou a obrigatoriedade da portaria, tampouco a revogou – http://goo.gl/U3TavM. Médicos veterinários devem trabalhar de acordo com a Portaria 1.426/2008 que proíbe o tratamento de cães com leishmaniose, sendo indicada a eutanásia em todos os casos. Riscos para a população Os estudos não são satisfatórios e os números de morte de seres humanos devido à leishmaniose são alarmantes. Por isso, há a necessidade de se evitar a proliferação do parasita, de todas as formas possíveis. A ANVISA estima que cerca de 45 mil pessoas morrem por ano vítimas da leishmaniose no Brasil. Recentemente, no Mato Grosso do Sul, estado onde a ação judicial foi instaurada, somente em uma semana 23 pessoas morreram infectadas. O parasita da leishmaniose é o
segundo que mais mata pessoas no mundo, ficando atrás apenas da malária. É uma doença crônica, portanto sem cura, que causa a morte e se apresenta com maior intensidade de acordo com as condições imunológicas do infectado. Como o parasita, mesmo em animais tratados, continua hospedado no organismo dos cães infectados, a forma de se controlar e diminuir a transmissão da doença é por meio da eutanásia. Orientação para médicos veterinários O CFMV esclarece que o médico veterinário que tratar animais com leishmaniose e for flagrado ou denunciado está sujeito à abertura de processo ético (Resolução CFMV 875/2007). Se condenado terá penalidades como advertência, censura confidencial, censura pública, suspensão por até 90 dias ou cassação do registro profissional de acordo com o Artigo 33 da Lei 5.517/68. Como evitar a leishmaniose Todas as formas de prevenção devem ser tomadas tanto no ambiente, quanto no animal e no homem.Os cuidados com o meio ambiente visam diminuir a reprodução do mosquitopalha (flebotomíneo). Essa é a forma mais eficaz de combate. Diferentemente do mosquito da dengue, o transmissor da leishmaniose se reproduz em material orgânico, portanto, recomenda-se que a população limpe os quintais diariamente e não acumule entulhos, madeiras, folhas e dejetos. Também é importante lembrar que governo e população devem ser parceiros para manter as cidades limpas e acondicionar lixos em locais apropriados. Em áreas não pavimentadas é recomendável arar a terra. Em casas são indicadas telas bem fechadas, que se assemelhem ao tecido de
anáguas femininas, nas janelas e portas. Onde houver grande quantidade de mosquitos ou casos de contaminação em humanos ou cães por leishmaniose, recomenda-se a dedetização do local com inseticidas do tipo piretroides, banhando as paredes do local. Eles podem ser encontrados em qualquer casa agrícola ou estabelecimento veterinário. Em relação aos cães, o primeiro passo para a prevenção deve ser a vacina, não esquecendo que a coleira antiparasitária também é necessária e deve ser trocada de acordo com a periodicidade indicada pelo fabricante. Em locais com muitos mosquitos, orienta-se que os animais sejam colocados para dentro de casa no final da tarde, permanecendo por algumas horas da noite, período de maior atividade dos mosquitos-palha. Os animais também devem ser consultados por médicos veterinários periodicamente, submetendo-os a exames, já que os sintomas da leishmaniose podem ser diferentes ou nem se apresentarem nos animais. O ser humano deve, principalmente, evitar que os cães sejam contaminados para não haver a transmissão da doença. Em locais com muitos mosquitos, recomenda-se repelentes cutâneos. O que fazer se o cachorro tem leishmaniose Para a confirmação da leishmaniose, é indicado que o cão passe por dois exames, o ELISA e o RIFI. Também há o PCR, mais confiável, mas também mais caro. Caso haja confirmação por dois exames ou pelo PCR, o animal deve ser avaliado por um médico veterinário público. Com a confirmação, o indicado é que o cachorro seja encaminhado para o procedimento de eutanásia.
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Simpósio Internacional de LVC - 10 anos de história
O
I Simpósio Internacional de Leishamniose Visceral Canina realizado pela Anclivepa-MG em 2003 contou com a participação da dra. Guadalupe Miró Corrales, DVM, atual presidente do LeishVet – grupo europeu de médicos veterinários especialistas em leishmanioses formado em 2005, durante o World Leish 3. Na época do I Simpósio, nem existia o LeishVet, mas mesmo assim a busca pela ajuda internacional foi certeira e a Anclivepa-MG conseguiu proporcionar muita informação de qualidade para os clínicos veterinários por meio da colaboração da excelente especialista. Passaram-se os anos e o simpósio continuou sendo realizado com a participação de especialistas internacionais. Em 2013, o Brasil teve a felicidade de ser o anfitrião do World Leish 5, congresso internacional sobre leishmanioses. Isso aproximou mais ainda os membros do Brasileish – grupo de estudos sobre leishmaniose animal criado em 2011 – dos membros do LeishVet. Essa aproximação foi muito produtiva para o compartilhamento de informação científica e também auxiliou na vinda dos especialistas italianos Gaetano Oliva e Domenico Otranto para o X Simpósio Internacional de Leishmaniose Visceral Canina, realizado em dezembro de 2013, em Belo Horizonte, MG.
Dr. Gaetano Oliva, membro do Leish Vet, grupo europeu de especialistas em leishmanioses, ficou perplexo com o grande empenho despendido pelos clínicos veterinários brasileiros em buscar a integração com os órgãos do governo para que seja praticada uma política de saúde ética, humanitária e confiável. Para o especialista, o governo é que deveria buscar os clínicos veterinários e promover ações que de fato levem à saúde e bem-estar da comunidade. À sua direita, Vitor Márcio Ribeiro (Brasileish), Nivaldo da Silva (presidente do CRMV-MG) e Bruno Divino Rocha (presidente da Anclivepa-MG)
Alguns pontos foram marcantes no simpósio: os testes rápidos são ótimos para triagem, mas não devem ser utilizados para fechar diagnóstico; a diluição total na RIFI deve ser usada e explo-
rada pelo clínico; o tratamento canino, quando monitorado pelo médico veterinário e realizado com base na literatura científica, não prejudica a saúde dos seres humanos.
O X Simpósio Internacional de Leishmaniose Visceral Canina dedicou um final de semana inteiro a apresentações e discussões. Na foto, os participantes que ficaram no domingo, até escurecer! Parabéns à Anclivepa-MG, ao Brasileish e a todos os participantes que estiveram presentes e que poderão propagar o aprendizado 30
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Rosana Meneguini (esquerda), veterinária do NASF e Ana Liz Bastos (direita), coordenadora técnica da Vigilância Ambiental de Itabirito, MG: “Para auxiliar o controle da LVC é fundamental a implantação de um programa público de manejo populacional de cães, visando a melhoria da saúde animal, humana e do ambiente. O CFMV deveria propor e cobrar políticas públicas éticas, técnicas, racionais e humanitárias para os animais por parte dos órgãos públicos”.
Marco Ciampi, da ONG Arca Brasil: “Prevenção é a única solução. Informação é a arma que mudará o cenário atual da LVC! Seja protagonista dessa história”.
André Luis Soares da Fonseca, integrante do Brasileish: “As políticas públicas no Brasil carecem de embasamento técnico e de adequação às diferentes realidades do pais, e por isso são frequentemente ineficazes”.
Fábio Nogueira, integrante do Brasileish: “Fique em sintonia com informações relevantes sobre a leishmaniose visceral canina. Visite o site http://www.brasileish.com.br e cadastre-se por meio de formulário acessado pelo menu de navegação”.
Andréa Pinheiro Gomide, médica veterinária: “Os simpósios estão aí para informar e capacitar. A busca por informação correta valoriza a nós profissionais e valoriza a luta em relação à leishmaniose visceral e seu tratamento”.
João Carlos Toledo Júnior e Josiane Tavares de Abreu, do CDMA – http://www.cdmalaboratorio.com.br : “Realizamos todos os exames para a leishmaniose visceral canina. Inclusive, a diluição total na RIFI”.
Leda Leite, médica veterinária: “Em 10 anos de simpósio o conhecimento sobre a doença aumentou imensamente. Que venham outros simpósios. Que o estudo continue avançando na busca de dias melhores para o cenário da LVC no Brasil”. Bruno Divino Rocha e Aldair Junio Woyames Pinto, respectivamente, presidente e diretor da Anclivepa-MG: “Informar os médicos veterinários é uma das nossas missões. O simpósio é uma oportunidade muito especial para isso e estamos preparando o 35º CBA de forma que seja inesquecível”.
Laboratório Hertape Calier: “O laboratório Hertape Calier e sua equipe prestigiaram o X Simpósio Internacional de Leishmaniose Visceral Canina reafirmando o compromisso da empresa de estar sempre próxima do médico veterinário e dos assuntos relevantes que tangem a medicina veterinária de pequenos animais”.
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Promoção válida até 30/04/2014 e enquanto durarem os estoques
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A medicina veterinária e as políticas públicas A participação da medicina veterinária nas políticas públicas de saúde e na educação ê fundamental para a conservação da saúde das comunidades e dos ecossistemas. Cada vez mais se percebe isso e mais regiões passam a contar com a valorização da integração e com a participação dos médicos veterinários. Na prática, as regiões pioneiras nessa atenção estão simplesmente atendendo à demanda social. Também na classe política, diversos profissionais vêm somando seus esforços para melhorar a qualidade de vida das populações animais e humanas e preservar o meio ambiente. Em São Paulo, capital, destacam-se alguns nomes, como o do vereador Roberto
Tripoli – http://www.robertotripoli. com.br, o mais votado do Brasil nas últimas eleições e ambientalista há 30 anos. Vereador da maior cidade do país, ele vem legislando e lutando por mais qualidade de vida para seres humanos e não humanos, e por uma cidade mais equilibrada para todas as formas de vida. Teve participação ativa na concretização do convênio entre a Prefeitura Municipal de São Paulo e a Anclivepa-SP (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais – São Paulo), que resultou na criação do hospital veterinário com atendimento gratuito à população. Autor das principais leis de defesa dos animais, também conseguiu chamar a atenção da cidade e do governo para o
problema da poluição sonora, que passou a ser fiscalizada com muito mais eficiência. Outros nomes que estão em evidência são: • o deputado federal Ricardo Tripoli – http://www.ricardotripoli.com.br/ ; • o deputado federal Ricardo Izar Junior – http://www.ricardoizar.com.br , coordenador da Frente Parlamentar do Congresso Nacional em Defesa dos Direitos Animais – http://www.camara.gov.br/internet/deputado/Frente_ Parlamentar/440.asp ; e • o deputado estadual Feliciano Filho – http://www.felicianofilho.com.br , autor de importante projeto votado recentemente: o Projeto de Lei n. 777/2013, criado pelo deputado em
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), em parceria com a Secretaria de Educação, homenageou em 19 de dezembro de 2013, no Plenário da Câmara de São José dos Pinhais, os ganhadores do Concurso Veterinário Mirim. “É com imensa satisfação que homenageamos todos os ganhadores e os profissionais envolvidos no Concurso Veterinário Mirim, que resultou em excelente trabalho de conscientização sobre como cuidar do meio ambiente”, ressaltou o prefeito Luiz Carlos Setim – http://www.sjp.pr.gov.br/semma-realiza-homenagem-aos-ganhadores-doconcurso-veterinario-mirim . 32
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SAÚDE PÚBLICA
parceria com a 1ª Comissão Antivivisseccionista do país, que proíbe a utilização de animais para desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos, higiene pessoal, per fumes e seus componentes – http://www.felicianofilho.com.br/ind ex.php?noticia=346&interno=ok#.U sRnIWRDuSY . Outros municípios também tomam suas iniciativas. Porto Alegre, por exemplo, vem investindo bastante desde a criação da Secretaria Especial dos Direitos Animais, a qual fiscaliza ocorrências de maus-tratos, realiza atendimento clínico veterinário, vermifugações e vacinações com o uso de unidade móvel que percorre os bairros da capital; e promove feira de adoções de animais, entre outras atividades relacionadas com os animais e sua interação saudável com os seres humanos – http://www2.portoalegre.rs.gov.br/seda . Curitiba, por sua vez, tem sido local de vanguarda. Recentemente, a UFPR aprovou concurso para professor de medicina veterinária do coletivo (shelter medicine) e medicina veterinária legal. Ambas as especialidades são fundamentais para a capacitação dos médicos veterinários que desejam se especializar e trabalhar em prol da saúde da comunidade. A região de Curitiba e arredores foi pioneira em ações ligadas à educação das crianças por meio do Concurso Veterinário Mirim. Graziela Ribeiro, residente em Medicina Veterinária do Coletivo na Universidade Federal do Paraná, explica: “Em Pinhais, o concurso é realizado em todas as 21 escolas municipais, com crianças de 1ª a 4ª série, dividido em categorias diferentes de premiação por conta da idade. Em São José dos Pinhais também é realizado em todas as 55 escolas municipais com crianças do 5º ano, sendo premiado um aluno de cada turma. Em Curitiba, foi realizado nas escolas que demonstraram interesse, totalizando 40 escolas, com crianças do 3º ano, sendo premiado um aluno de cada regional administrativa da cidade. A cada ano, as crianças devem produzir um trabalho sobre um determinado tema. Em 2013, o tema trabalhado nos três municípios foi a 34
adoção. A proposta para 2014 é sobre abandono.” Outra universidade que vem dando destaque à medicina veterinária do coletivo e, consequentemente, às políticas públicas é a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP), por meio do Projeto Santuário. Recentemente, no dia 2 de dezembro de 2013, ocorreu no auditório do CRMV-SP o lançamento do projeto: Medicina Veterinária e Políticas Públicas, criado por meio de parceria do CRMV-SP com o Projeto Santuário da FMVZ/USP. O evento contou com a participação de médicos veterinários e representantes do Ministério Público de São Paulo e do Poder Legislativo. Na abertura do evento, o Presidente do CRMV-SP, dr. Francisco Cavalcanti, comentou sobre a importância da classe médica veterinária participar das discussões sobre a elaboração e implantação de políticas públicas. "Por ser o médico veterinário o profissional que possui maior respaldo técnico para falar sobre bem-estar e saúde dos animais, entre outros temas relacionados à área animal e a saúde pública, é de fundamental importância que os legisladores busquem sua orientação técnica ao elaborarem projetos de lei", comentou o Presidente do CRMVSP. Ao longo de 2014 serão realizados ciclos de debate sobre os diversos temas ligados à medicina veterinária e às políticas públicas. "Pretendemos conscientizar a classe médica veterinária sobre a importância da participação desses profissionais nas ações que envolvem a elaboração e implantação de leis e programas relacionados à área animal e à saúde pública", comentou a dra. Fernanda Beda, Presidente da Comissão de Políticas Públicas. A Promotora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, dra. Vania Tuglio, falou sobre as ações do GECAP (Grupo Especial de Combate aos Crimes Ambientais e Parcelamento Irregular do Solo) no combate aos crimes ambientais e especificamente contra a fauna, e sobre a necessidade de um parecer técnico produzido por médicos veterinários para o diagnóstico de maus-tratos. A Promotora do GECAP comentou ainda sobre como
os médicos veterinários devem proceder ao diagnosticar maus-tratos em um animal. O Deputado Federal Ricardo Tripoli, Coordenador do Departamento de Fauna da Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso Nacional, enfatizou a importância da participação dos médicos veterinários na elaboração de projetos de lei que visem a proteção aos animais. O parlamentar, que é o mais atuante no Congresso Nacional em defesa e proteção da fauna, comentou ainda sobre os projetos de lei de sua autoria e sobre sua luta pela aprovação de leis que punam com maior rigor quem praticar crimes contra a fauna. Para finalizar o evento, a professora da FMVZ-USP, dra. Paula Papa, falou sobre a importância da existência de programas públicos de educação para conscientizar a população a respeito das formas de prevenção das zoonoses, guarda responsável, bem-estar e proteção aos animais. Há ainda mais exemplos pelo Brasil de locais que iniciam ou aperfeiçoam ações focadas no bem-estar animal e na saúde da comunidade. Porém, há uma medida que requer atenção federal e pronta execução: a adoção de campanhas massivas de controle populacional, associadas a campanhas de guarda-responsável. Ao controlar a população de cães e gatos, indiretamente estaremos contribuindo para um maior controle de várias zoonoses. Existem projetos nesse sentido que vêm sendo trabalhados há mais de dez anos. Porém, a ocorrência mais frequente ao se pesquisar sobre o seu andamento é que tais projetos encontram-se em tramitação. E, do mesmo modo, existem novos projetos que correm o risco de acabar tramitando por um longo período. Chega-se, assim, à conclusão de que o que falta não são exatamente projetos, mas vontade política de obter uma solução ética para o problema do controle populacional de cães e gatos nos centros urbanos do nosso país. Arthur de Vasconcelos Paes Barretto editor@editoraguara.com.br
Médico veterinário, editor da revista Clínica Veterinária
http://www.revistaclinicaveterinaria.com.br
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
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NOTÍCIAS
1º Fórum Hospitalar Veterinário
A
Royal Canin, empresa especialista na alimentação de gatos e cães e comprometida com a saúde animal há mais de 40 anos, e a Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do Estado do Paraná (ANCLIVEPA Paraná) realizaram o 1º Fórum Hospitalar Veterinário, entre os dias 28 e 30 de novembro de 2013 em Curitiba. O evento foi o primeiro do gênero no país e reuniu cerca de 60 profissionais de 15 cidades, como Salvador, Brasília, João Pessoa, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Porto Alegre, Goiânia e Curitiba. Marcelo Soares, gerente de marketing da Royal Canin Brasil, afirma que
o objetivo de qualificar a gestão das clínicas e dos hospitais veterinários e aumentar o relacionamento e a troca de informações entre os profissionais foi alcançado. “A qualidade das apresentações e dos debates e a interação entre todos os presentes superaram as nossas expectativas”, comenta o exe- Evento reuniu cerca de 60 profissionais em cutivo, ansioso para poder Curitiba, PR organizar uma segunda iniciativa do gênero. Uma pesquisa com os participantes a Royal Canin, apoiar iniciativas de apriapontou que o Fórum foi de grande moramento do setor veterinário é uma importância para a atividade profissional maneira eficiente de disseminar conhecie que a iniciativa complementou conhe- mentos e contribuir com a qualificação cimentos para a gestão de negócios. Para do mercado pet em todo o país.
Total Alimentos leva veterinários à Universidade de Illinois
A
Total Alimentos convidou seu COO Anderson Duarte, o veterinário e consultor técnico Wander Palomo e os parceiros dr. Júlio Cesar Cambraia, dr. Luciano Giovaninni e dra. Viviani De Marco para visitar a Universidade de Illinois. A universidade é parceira da empresa há mais de vinte anos e atua em pesquisas para o desenvolvimento dos
George Fahey - professor emérito http://ansci.illinois.edu/
produtos da Total Alimentos. Na ocasião, George Fahey, professor emérito, apresentou a estrutura do seu departamento (Animal Sciences), os trabalhos de extensão, o treinamento oferecido à comunidade local e as pesquisas focadas em pré e probióticos. A visita contou ainda com tour pela universidade, seus principais departamentos e áreas de atuação. E para fechar com chave de ouro, os visitantes puderam assistir a palestras de rico conteúdo com os professores e PhDs dr. Kelly Scott Swanson, dra. Alison Beloshapka,
dr. Matt Panasevich, dra. Ping Deng, dr. Ryan Dilger e dra. Maria R.C. de Godoy. A viagem aconteceu entre os dias 23 e 28 de novembro de 2013 e faz parte do Projeto de Incentivo à Pesquisa que teve início em 2006 e já levou mais de 20 veterinários brasileiros para Illinois. Visitas como essa enriquecem o conhecimento dos veterinários e mostram a seriedade e a qualidade do trabalho da Total Alimentos, que desenvolve seus produtos com responsabilidade e sempre busca oferecer ao mercado produtos de alta tecnologia.
Desde 2006 a Total Alimentos leva brasileiros para a Universidade de Illinois por meio do seu Projeto de Incentivo à Pesquisa 36
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
NOTÍCIAS
Instruções aos autores, primeiro passo para publicar rápido Simpósio Internacional de MetoO dologia Científica foi realizado em novembro de 2013 pela Sociedade
Brasileira de Cardiologia Veterinária – http://www.sbcv.org.br e ministrado por: Aparecido Antônio Camacho, professor titular da Unesp-Jaboticabal e editor-associado da revista ARS Veterinária; Sydney Moise, profa. da Universidade de Cornell (EUA) e editora científica chefe da Journal of Veterinary Cardiology; Romain Pariaut, editor científico da Journal of Veterinary Cardiology; e Adrian Boswood, revisor científico de várias revistas científicas, como Journal of Veterinary Internal Medicine e The Veterinary Record, entre outras. Segundo Guilherme Goldfeder, presidente da SBCV, uma característica identificada da cardiologia veterinária
Dr. Boswood, dra. Moise e dr. Pariaut
brasileira é matéria-prima para poder pensar em publicar: o elevado conhecimento dos especialistas e a alta casuística verificada nas clínicas e nos hospitais veterinários. Durante o simpósio, os especialistas foram unânimes em destacar a importância de se dar atenção às instruções aos autores, pois é comum receber artigos nos quais os autores demonstram desconhecer as regras informadas nas instruções aos autores.
Na revista Clínica Veterinária, por exemplo, toda edição atual possui a versão atualizada das instruções, as quais também se encontram on line: http://www.revistaclinicaveterinaria.com.br . Além disso, a revista promove o concurso Artigo Premiado, que visa incentivar a produção de conteúdo científico de qualidade, contemplando os ganhadores com inscrições em congressos da Anclivepa – http://www.anclivepa2014.com.br e equipamentos da Brasmed no valor de até R$ 8.000,00 - http://www.brasmed.com.br . O resultado do concurso atual será publicado na próxima edição. Para 2014 a SBCV trará mais novidades em eventos de conteúdo científico avançado. Fique atento e mantenha-se informado consultando a Vet Agenda: http://www.vetagenda.com.br .
Ciência, gestão e marketing no SINDIV meio de palestras com especialistas de renome internacional, é oportunidade de encontrar empresas ferecedoras de produtos que além de proporcionar qualidade nos resultados obtidos no exame, também oferecem soluções que valorizam o serviço prestado, úteis para trabalhar a gestão de exames e o marketing de relacionamento com os clientes. As impressoras de exames são um bom exemplo disso. Elas tornam palpável o investimento feito pelo cliente. O tempo gasto em cada exame é outro ponto importante para a produtividade de qualquer centro diagnóstico. O FCR Prima, por exemplo, possui capacidade para processar 17 imagens por hora. Ele é um leitor simples que oferece alta qualidade de imagem e durabilidade comprovada. Além disso, é um dos equipamenA grande quantidade de especialistas presentes no SINDIV 2013, realizado no Rio de Janeiro, mostrou que tem público fiel e que está tos mais compactos e leves do mercado, necesacompanhando o evento onde quer que ele vá. Vamos para BH em sitando de pouco espaço para instalação. Seu 2014! Acompanhe: http://www.vetagenda.com.br desempenho é otimizado e flexível, o que permite a leitura em diversos tamanhos. Fazem parte também da linha a Prima Console, que é Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem uma estação de trabalho multifuncional que permite aos veteVeterinário vem sendo realizado há 3 anos. Ele teve rinários obter de maneira fácil as instruções de entrada, coninício em Recife, passou por Curitiba e no final do firmar e processar imagens, além de fazer backup (quando ano passado teve lulgar no Rio de Janeiro. Este ano, está necessário); e a DryPix Prima, impressora com produção para agendada sua realização em Belo Horizonte, cidade que tam70 filmes/hora, sistema DICOM e com suporte à rede: bém será palco do 35º CBA. http://www.fujifilm.com/products/medical/products/dry Um dos pontos fortes do SINDIV, além da capacitação por _imager/drypix_prima
O 38
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Jack Hanna Tuesday, January 21, 2013 • 7:30 PM Gaylord Palms Resort & Convention Center Doors open at 7:00 PM Jungle Jack Hanna explores the corners of the globe as one of the most respected animal ambassadors. His enthusiasm and “hands-on” approach to wildlife conservation has won him widespread acclaim as a conservationist, television personality, author and Director Emeritus of the Columbus Zoo and Aquarium.
NOTÍCIAS
Eventos veterinários na América do Sul o segundo trimestre de 2014 haveN rá três eventos na América do Sul que são muito importantes:
a Latin American Veterinary Conference, em Lima no Peru, de 22 a 25 de abril o 35º CBA, em Belo Horizonte, MG, Brasil, de 30 de abril a 2 de mayo; e a XXIII Jornadas Veterinarias, em Buenos Aires, Argentina, nos dias 11 e 12 de maio. Os dois eventos internacionais são uma oportunidade ímpar em aproveitar para conhecer regiões da América do Sul. Em Buenos Aires, por exemplo, há muitas atrações locais. Porém, também é possível aproveitar para conhecer as belezas naturais do delta do Paraná através de passeios que partem de Buenos Aires, em Puerto Madero. As Jornadas Veterinarias cativam a
conferir grande espetáculo formado por fontes e show de luzes. Partindo de Lima, é possível ir até Cusco e, na sequência, chegar em Machu Picchu. Sem dúvida, viagens inesquecíveis! Programe-se e aproveite! Fique atento às informações através da Vet Agenda: http://www.vetagenda.com.br .
Ao lado, momento de intervalo durante as Jornadas Veterinarias, em Buenos Aires. Acima, Puerto Madero, local em Buenos Aires onde se pode obter embarcação com destino à cidade de Tigre (norte) e desfrutar das belezas naturais do delta do Paraná (acima, em destaque) http://www.sturlaviajes.com.ar/new2/paquete.php?c=37&p=49
todos que a frequentam e há diversos brasileiros que vão todos os anos. O evento sempre conta com palestrantes de renome e possui uma peculiaridade: durante todo o evento não é necessário sair do local para encontrar alimentação. Durante todo o dia é amplamente servido nas mesas que se encontram nas áreas dos stands, café, lanches e almoço completo, sem nenhum custo adicional para o inscrito. Lima, por sua vez, é uma cidade que encanta, muito hospitaleira, e com um custo de vida muito próximo ao do Brasil. Em alguns locais, o custo da alimentação chega a ser até mais barato do que o do Brasil... Em Lima, há atrações locais como o Parque de La Reserva, onde se pode 40
Show de luzes inesquecível durante visita no Parque de La Reserva http://www.parquedelareserva.com.pe
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NOTÍCIAS
AOVET no pré-congresso do 35º CBA
O
CONGRESSO BRASILEIRO DA ANCLIVEPA é um evento tradicional na medicina veterinária brasileira de pequenos animais, constituindo-se num importante instrumento de intercâmbio de ideias e numa inesgotável fonte de atualização para o clínico veterinário de pequenos animais nas resoluções de problemas de seu dia a dia. Também oferece excelente oportunidade para discutir os assuntos pertinentes ao papel da medicina veterinária no Brasil e definir como manter a profissão integrada e atenta às necessidades da sociedade humana em desenvolvimento. A Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais – Regional Minas Gerais (ANCLIVEPAMG) está responsável pelo congresso de 2014 e pela inclusão de importantes eventos satélites: • Fórum internacional de nutrição clínica; • Jornada do conhecimento Tecsa; • workshop prático; • curso de gestão e marketing para clínicas veterinárias; • IV Simpósio de Nutrição; • Simpósio de especialidades Qualittas; • 1º Simpósio Premier Pet;
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• VIII Congresso Brasileiro de Odontologia Veterinária. O 35º CONGRESSO BRASILEIRO DA ANCLIVEPA 2014 contempla, na sua programação, mais de 25 especialidades, de forma que os congressistas possam aproveitar ao máximo a variedade dos temas abordados. AOVET no pré-congresso Também foi confirmada a participação da AOVET no pré-congresso, que acontecerá durante todo o dia 29 de abril de 2014, data que antecede os três dias do Congresso Brasileiro da ANCLIVEPA de 2014.
A instituição, com grande atuação global, vem capacitando e integrando profissionais que se dedicam à ortopedia veterinária http://aovet.aofoundation.org. Estarão presentes ortopedistas reconhecidos internacionalmente, enriquecendo esta oportunidade impar, uma vez que a AOVET normalmente realiza treinamentos no Brasil apenas uma vez ao ano e com número de vagas extremamente limitado. Destaques no 35º CBA: Theresa Fossum:
DVM, MS, PhD; Diplomate ACVS
A dra. Theresa Fossum é professora em cirurgia veterinária da Texas A & M University. É cirurgiã de renome mundial, autora de livro referência em cirurgia veterinária e atua como diretora de cirurgia cardiotorácica e dispositivos biomédicos no Michael E. DeBakey Institute for Comparative Cardiovascular Science and Biomedical Devices – http://vetmed.tamu.edu/debakeyinstitute . Foi recentemente nomeada diretora do Texas A&M Institute for Preclinical Studies – http://tips.tamu.edu , um empreendimento de 60 milhões de dólares que irá promover parcerias público-privadas para acelerar o desenvolvimento de dispositivos médicos. A liderança da dra. Fossum foi fundamental na conceituação e financiamento deste Instituto. Tem cadeira no Conselho de Administração da National Space Biomedical Research Institute (NSBRI) e faz parte do Conselho de Governadores para a Fundação para a Pesquisa Biomédica (FBR).
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
NOTÍCIAS
A dra. Fossum, juntamente com o dr. Michael E. DeBakey, fundaram a Care Foundation, em 2004, a fim de fornecer uma infra-estrutura para a medicina veterinária para poder realizar de investigações de doenças espontâneas em animais.
veterinária, onde já fez contribuições substanciais para o desenvolvimento de procedimentos diagnósticos e esquemas terapêuticos para o gerenciamento de problemas cardíacos em animais de companhia.
Stephen J. Ettinger:
MS, Diplomate ACVS
DVM, DACVIM, DACVIM/Cardiology, Veterinary Specialist
O dr. Stephen Ettinger é notoriamente conhecido pelo livro Medicina Interna Veterinária: Doenças do Cão e Gato, agora em sua sétima edição, do qual é editor e autor. Seu nome também tornou-se sinônimo de especialidades veterinárias. Junto com colegas, fundou o American College of Veterinary Internal Medicine e também, em 1977, ajudou a estabelecer o Berkeley Veterinary Medical Group, o primeiro grupo privado, nos Estados Unidos, de práticas de especialidades veterinárias. Destaca-se por ser um dos pioneiros da profissão em cardiologia
Stephen J. Birchard: O dr. Bichard é bastante conhecido por ser o editor-chefe do Manual Saunders de Clínica de Pequenos Animais, co-editado pelo dr. Robert Sherding.
Na década de 80, o dr. Birchard ingressou no College of Veterinary Medicine, Purdue University – http://www.vet.purdue.edu para participar do pograma de residência cirúrgica e mestrado e, na sequência, diplomouse pelo American College of Veterinary Surgeons – http://www.acvs.org . Sua especialidade é clínica de pequenos animais e cirurgia de tecidos moles. Seus interesses de pesquisa estão em cirurgia oncológica, cirurgia torácica geral, desvio portossistêmico e quilotórax.
Descubra Minas Gerais
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Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
Clínica Botulismo em cães – relato de dez casos Botulism in dogs – report of ten cases Botulismo en perros – relato de diez casos Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, p. 46-51, 2014
Jusciêne Bagagi Moura MV, mestre, sanitarista Univasf
juscikoelho@hotmail.com
Vanessa Martins Fayad Milken MV, profa., dra. UFPB
vanessa@cca.ufpb.br
Danniele Granville Duarte médica veterinária Clínica Veterinária Vida
dannigranville@gmail.com
Ronnie Assis MV, dr. LANAGRO/MG
ronnieassis@gmail.com
Regina Wolf Queiroz médica veterinária HOVET - Univasf
regina.wolf@univasf.edu.br
Márcia B. Moreira MV, profa., dra. Univasf
marcia.moreira@univasf.edu.br
Dielson da Silva Vieira aluno de graduação CMV/Univasf
dielson.vieira@ig.com.br
Mateus Matiuzzi da Costa MV, prof., dr. Univasf
mateus.costa@univasf.edu.br
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Resumo: O botulismo é uma intoxicação atribuída à ingestão de carne deteriorada ou crua, provocada por potentes toxinas de Clostridium botulinum, que causam tetraparesia flácida ascendente em cães. São sete tipos: A, B, C(α,β), D, E, F e G, com predomínio do C e D nos animais. Embora seja considerado raro na maioria dos países desenvolvidos, ele ainda pode ser encontrado com certa frequência. Este trabalho relata dez casos de botulismo canino tipo C, oriundos de área urbana e rural, atendidos entre os meses de maio de 2009 e outubro de 2010 em clínicas particulares, na cidade de Petrolina, Pernambuco. No presente trabalho, foram analisados a abordagem do histórico, os sinais clínicos, o diagnóstico laboratorial e o tratamento. Foi utilizada a técnica de inoculação em camundongo na identificação da toxina botulínica, que se mostrou sensível neste trabalho. Unitermos: paresia, toxina, Clostridium Abstract: Botulism is a poisoning caused by ingestion of potent toxins of Clostridium botulinum, causing upward flaccid quadriplegia in dogs. There are seven types of botulism: A, B, C (α, β), D, E, F and G, with the predominance of C and D in animals, attributed to the ingestion of raw or decaying meat. Although considered rare in most developed countries, it can still be found with some frequency. This article reports ten cases of canine type C botulism, originating from urban and rural areas and seen between the months of May 2009 and October 2010 in private veterinary practices in the city of Petrolina, Pernambuco, Brazil. The approach of anamnesis, clinical signs, and laboratory diagnosis were analyzed. The technique of inoculation in mice was used for the identification of the botulinum toxin, which has shown to be sensitive in this work. Keywords: paresis, toxin, Clostridium Resumen: El botulismo es una intoxicación que suele producirse por el consumo de carne en mal estado o cruda, provocada por la ingestión de potentes toxinas de Clostridium botulinum, que en los perros causan una tetraparesia fláxida ascendente. En los animales existen siete tipos de toxinas: A, B, C (α,β), D, E, F e G, con predominio de la C y D. A pesar de ser considerada una enfermedad de aparición rara en los países desarrollados, la misma puede ser encontrada con cierta frecuencia. Este trabajo relata diez casos de botulismo canino tipo C, originados en áreas urbanas y rurales, que fueron atendidos entre mayo de 2009 y octubre de 2010 en clínicas particulares de la ciudad de Petrolina, Pernambuco, Brasil. En este trabajo se analizaron el histórico del paciente, sus signos clínicos, exámenes de laboratorio y el tratamiento. Se utilizó una técnica de inoculación en ratones, que fue sensible para la identificación de la toxina botulínica. Palabras clave: paresia, toxina, Clostridium
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
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Materiais e métodos Foram atendidos entre os meses de maio de 2009 e outubro de 2010, em clínicas particulares, na cidade de Petrolina, Pernambuco, dez cães com suspeita clínica de botulismo (Figura 1). Todos apresentaram queixa inicial de tetraparesia flácida aguda (Figuras 2, 3 e 4), com andar cambaleante Cão
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
seguido de prostração, cerca de 24 horas após o acesso à rua ou a carcaças de outros animais (quando residentes na zona rural). Os animais eram alimentados com comida caseira e carne crua. Todos eram vermifugados, vacinados e não possuíam ectoparasitas e históricos anteriores de paresia ou prostração. Os animais pertenciam a proprietários distintos, que residiam em bairros diferentes na referida cidade, que tem clima semiárido. Após a anamnese, foi realizado o exame físico, com avaliação de parâmetros fisiológicos (estado nutricional, hidratação, tempo de preenchimento capilar e avaliação de mucosas, temperatura corpórea, frequência cardíaca e respiratória). Também foi realizado teste com fluoresceína, para identificação de úlcera de córnea. Em seguida ocorreram as avaliações dermatológica, ortopédica e neurológica. Durante a consulta, constatou-se que a cadela 5 (Figura 1) estava prenhe, sendo encaminhada para realização de exame ultrassonográfico abdominal. Jusciêne Bagagi Moura
Introdução O botulismo é uma intoxicação causada pela ingestão de potentes toxinas de Clostridium botulinum 1-3, absorvidas na mucosa intestinal 4-7, que são transportadas pelo sangue até as junções neuromusculares, onde inibem a liberação da acetilcolina por ligação irreversível às terminações nervosas présinápticas 8. Esse mecanismo se produz pela clivagem das enzimas SNAP-25 e da sintaxina, que impedem a exocitose e, consequentemente, a liberação da acetilcolina 9. Graças à barreira hematoencefálica, as toxinas não atingem o sistema nervoso central 10. São sete tipos: A, B, C(α,β), D, E, F, G 7,8,11, com o predomínio do C e D em animais 1,12,13. Muitos casos caninos de botulismo têm sido atribuídos à ingestão de carne deteriorada ou crua 14, com o envolvimento do tipo C 15. Em cães, o botulismo pode causar tetraparesia flácida aguda 16,17, acompanhada de anormalidades dos nervos cranianos e interrupção do sistema parassimpático, sem déficits sensoriais 16, e com a preservação da sensibilidade dolorosa 17. O diagnóstico requer a detecção da toxina no soro, nas fezes ou no conteúdo gástrico, que pode ser realizada por inoculação em camundongos 15. No diagnóstico diferencial, devem ser inclusas as doenças miastênicas 18,19, polirradiculoneurites 19,20, paralisia por carrapato, intoxicação crônica por aminoglicosídeos 21 e organofosforados 22,23. O tratamento é o de suporte até que ocorram a formação de novas terminações nervosas e a liberação de acetilcolina nas junções neuromusculares, cessando a tetraparesia flácida 16. Este trabalho teve por objetivo relatar dez casos de botulismo canino tipo C na cidade de Petrolina (PE).
Figura 2 - Cão com tetraparesia flácida aguda, provocada por botulismo tipo C. Midríase bilateral, no primeiro dia de internação, consequência do acometimento dos nervos cranianos
Idade (anos)
Peso (kg)
Raça
Sexo
Área
Início da tetraparesia (horas)
7 5 10 4 <1 2 <1 3 1 2
18 12 30 17 22 20 6 18 10 16
SRD poodle PA SRD SRD SRD SRD SRD SRD SRD
F F F M F M M F M F
U U R U U U R U U U
24 24 24 24 24 24 24 24 24 24
Recuperação total dos cães (dias) 15 6 12 12 15 9 6 11 12 8
Bioensaio Óbito/*recuperação dos camundongos (horas) + 120* + 72* + 72 + 48 + 24 + 48 + 24 + 48 + 48 + 48
T
C C C C C C C C C C
SRD: sem raça definida, PA: pastor alemão, F: fêmea, M: macho, U: urbana, R: rural; +: positivo no bioensaio, *recuperação, T: toxina (tipo)
Figura 1 - Cães com botulismo tipo C, atendidos em Petrolina, PE, entre 2009 e 2010. Resenha dos cães e resultado da técnica de inoculação em camundongo utilizada como teste diagnóstico Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, janeiro/fevereiro, 2014
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Promoção válida até 30/04/2014 e enquanto durarem os estoques
Clínica Técnica alternativa para prevenção da neuropatia isquiática por injeção intramuscular em cães Alternative technique for preventing sciatic neuropathy by intramuscular injection in dogs Técnica alternativa para prevenir la neuropatía ciática por inyección intramuscular en perros Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, p. 54-60, 2014 Felipe Purcell de Araujo MV, mestre Neurortovet
felipepurcell@yahoo.com.br
Eduardo Alberto Tudury MV, dr., prof. assoc. IV DMV/UFRPE respeit@hotmail.com
Maíra Santos Severo
MV, mestre, profa. adjunta UFSE mairasevero@gmail.com
Cássia Regina Oliveira Santos médica veterinária DMV/UFRPE
cassiareginavet@yahoo.com.br
Resumo: As lesões no nervo isquiático podem decorrer de injeções intramusculares (IM) pelo contato com fármacos. Objetivou-se comparar a técnica convencional com uma nova alternativa de aplicação de IM com capacidade de prevenir essas lesões. Cadáveres frescos da espécie canina foram divididos em grupos: G1: < 10 kg (n = 10); G2: 10 kg < animais < 20 kg (n = 10); G3: > 20 kg (n = 10). Na região crural caudal foi aplicado diaceturato de diminazeno associado com azul de metileno. No membro pélvico direito (MPD) dos animais a agulha foi introduzida perpendicularmente entre os músculos semitendinoso e semimembranoso, no membro pélvico esquerdo (MPE), introduziu-se a agulha no ventre do músculo semitendinoso com angulação de 70°. A região foi dissecada, verificando-se em 100% dos MPE o não acometimento do nervo, enquanto no MPD houve acometimento em 81% dos cães. O método convencional de injeções IM pode provocar lesões e pode ser substituído pelo novo método proposto neste trabalho. Unitermos: nervo isquiático, diaceturato de diminazeno, lesão iatrogênica Abstract: Lesions to the ischiatic nerve can occur following intramuscular injections (IM) due to contact with various substances. Our objective was to compare the conventional technique with a new IM application technique capable of avoiding these lesions. Fresh canine cadavers were divided into groups: G1: < 10 kg (n = 10); G2: 10 kg < dogs < 20 kg (n = 10); G3: > 20 kg (n = 10). An association of diminazene diaceturate and methylene blue was injected in the caudal crural region. In the right pelvic limb of the dogs, the needle was introduced perpendicularly between the semitendinosus and semimembranosus muscles, and in the left pelvic limb, the needle was introduced in the body of the semitendinosus muscle with a 70° angulation. The area was then dissected. In 100% of the left pelvic limbs, the nerve was not affected, while in the right pelvic limb, the nerve was affected in 81% of the dogs. The conventional method of IM injection can cause injury and can be substituted by the new technique described. Keywords: ischiatic nerve, diminazene diaceturate, iatrogenic lesion Resumen: Las lesiones en el nervio isquiático pueden estar ocasionadas por inyecciones intramusculares y el contacto de fármacos con el mismo. El objetivo de este trabajo fue comparar la técnica convencional de aplicación intramuscular con una técnica alternativa capaz de prevenir esas lesiones. Se utilizaron cadáveres frescos de perros, que fueron divididos en grupos: G1: < 10 kg (n = 10); G2: 10 kg < animales < 20 kg (n = 10); G3: > 20 kg (n = 10). Fue aplicado diminazene con azul de metileno en la región de la crura caudal. En el miembro posterior derecho (MPD) de todos los animales se introdujo una aguja en forma perpendicular a los músculos semitendinoso y semimembranoso. En el miembro posterior izquierdo (MPI) se introdujo una aguja en ángulo de 70° en el vientre del músculo semitendinoso. La región fue posteriormente disecada, y pudo verificarse que no hubo ningún tipo de lesión en el 100% de los perros donde se aplicó la inyección en el MPI, en tanto que en el MPD hubo algún grado de lesión en el 81% de los animales. El método convencional de inyección intramuscular puede provocar lesiones, pudiendo ser substituído por este nuevo método propuesto en el presente trabajo. Palabras clave: nervio ciático, diaceturato de diminazene, lesión iatrogénica
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ca após a aplicação intramuscular do diaceturato de diminazeno, em que foi descrita uma mononeuropatia caracterizada por impotência funcional da musculatura inervada pelo nervo isquiático, ausência de resposta proprioceptiva consciente, arreflexia isquiática e ausência de dor profunda no dígito lateral do membro pélvico afetado 7. Objetivou-se comparar o método convencional de aplicação de IM com uma técnica alternativa que evite a neuropatia isquiática iatrogênica. Material e métodos O presente estudo foi realizado com trinta cadáveres frescos da espécie canina (quinze machos e quinze fêmeas), oriundos do Centro de Vigilância Ambiental de Pernambuco, que passaram por eutanásia por motivos independentes deste estudo. Os animais foram divididos em três grupos: G1 – animais com peso menor ou igual a 10 kg (n = 10); G2 – animais pesando entre 10 e 20 kg (n = 10); G3 – animais com mais de 20 kg (n = 10). O protocolo experimental foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ceua-DMV/UFRPE Nº0004/2011). Após a pesagem, realizou-se a tricotomia da região crural caudal de ambos os membros, e em seguida aplico-se diaceturato de diminazeno a associado com azul de metileno b nas seguintes proporções: G1 – 0,5 mL de diaceturato para 0,05 mL de azul de metileno; G2 – 1 mL de diaceturato para 0,1 mL de azul de metileno; G3 – 1,5 mL de diaceturato para 0,1 mL de azul de metileno. No membro pélvico direito de todos os animais, foi inserida uma agulha descartável c de calibre 25 x 0,7 mm, até a metade, perpendicularmente à área caudal entre os músculos semitendinoso e semimembranoso (Figura 1). Já no membro pélvico esquerdo introduziu-se a agulha, também até a metade, no ventre do músculo semitendinoso, sendo o local de aplicação padronizado pela metade da distância entre o linfonodo poplíteo e o trocânter maior, com a seringa inclinada Felipe Purcell de Araujo
Introdução Topograficamente, o nervo isquiático é definido como a continuação extrapélvica do tronco lombossacral 1. Seu trajeto é bem definido na espécie canina, onde se encontra dorsalmente à articulação coxofemoral, seguindo caudodistalmente no seu percurso e provendo ramos para os músculos bíceps femoral, semimembranoso e semitendinoso proximalmente, transitando a seguir entre esses músculos e craniolateralmente com seus ramos tibial e fibular, até a região do joelho 1,2. As lesões de nervo isquiático constituem uma síndrome bem reconhecida e de etiologia múltipla 3,4. Podem decorrer de traumas (fraturas de pelve ou fêmur), fraturas/luxação sacroilíaca e sacrocaudal, ferimentos profundos por mordedura ou arma de fogo, pela inserção de agulhas ou pinos ortopédicos no canal medular femoral, passando pela fossa trocantérica, da compressão por gessos ou talas, como complicação de uma herniorrafia perineal, na síndrome compartimental, e ainda por lesões iatrogênicas, como injeções intramusculares (IM), por ação da agulha, inflamação, edema compressivo e fármacos ou seus veículos 5-11. As lesões do nervo isquiático podem desenvolver sinais como dor, déficit proprioceptivo, monoparesia, monoplegia, hipotonia muscular, hiporreflexia ou arreflexia dos reflexos flexores, atrofia muscular neurogênica e hipoestesia ou anestesia das regiões lateral, cranial e caudal do membro pélvico distal 6,12-14. Na literatura médica humana encontram-se vários relatos de neuropatia isquiática em crianças e adultos 13,14. Um estudo retrospectivo realizado em Ancara, na Turquia, descreve 41 pacientes adultos que apresentaram neuropatia isquiática após injeção intramuscular na região glútea. Em 51% desses pacientes foram injetados anti-inflamatórios e anestésicos, em 17%, antibióticos, e 32% não sabiam informar qual fármaco foi injetado 15. Em cães, as injeções intramusculares na região caudal da coxa podem ser consideradas um risco potencial de dano ao nervo isquiático 11. Para administrar injeções intramusculares na região caudal da coxa, é indispensável um apropriado conhecimento do trajeto anatômico do nervo, para evitar lesioná-lo. O tratamento da neuropatia isquiática secundária à aplicação intramuscular depende de fatores como a gravidade da lesão neurológica e o tempo de ocorrência dos sinais clínicos. Em alguns casos, o uso de anti-inflamatórios, acupuntura e fisioterapia (com bandagem específica para esse tipo de lesão) são suficientes, porém em alguns pacientes é necessária a abordagem cirúrgica ao nervo isquiático para lavagem do fármaco injetado ou descompressão, a fim de remover o envoltório da fibrose secundária à inflamação 16-21. O diaceturato de diminazeno possui uma excelente atividade antiprotozoária, e por isso é amplamente utilizado, mas pode causar alterações clínicas. As principais complicações vistas após a aplicação IM da droga foram nistagmo, ataxia, espasmo, tremores musculares e, eventualmente, óbito. Além dessas, também se observou edema no local da injeção intramuscular 22. Existem relatos de neurotoxicidade isquiáti-
Figura 1 - Local de introdução da agulha segundo a técnica convencional de aplicação de injeção intramuscular. Observar que a agulha entra perpendicularmente à área caudal entre os músculos semitendinoso e semimembranoso
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Clínica Broncomalácia em cães – relato de dois casos Bronchomalacia in dogs – a report of two cases Broncomalacia en perros – relato de dos casos Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, p. 62-68, 2014 Paulo Eduardo Ferian MV, prof. adjunto UDESC
pauloeduferian@yahoo.com.br
Rubens Antônio Carneiro MV, prof. adjunto UFMG
carneiro@vet.ufmg.b
Resumo: A broncomalácia primária é uma enfermidade causada por debilidade estrutural dos componentes dos brônquios, cujo consequente colapso resulta em doença respiratória caracterizada por tosse crônica e, em certos casos, distrição respiratória. Embora a doença em seres humanos seja reconhecida há bastante tempo como transtorno respiratório primário, apenas recentemente a condição foi relatada como causadora de enfermidade respiratória em cães. Por esse motivo, os aspectos epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos ainda são desconhecidos. O presente trabalho teve por objetivo descrever dois casos de broncomalácia primária em cães, observando seus aspectos clínicos, o diagnóstico complementar e o acompanhamento terapêutico de um dos pacientes, sendo estes os primeiros relatos da enfermidade no Brasil. Unitermos: brônquios, tosse, dispneia Abstract: Primary bronchomalacia is a respiratory condition characterized by weakness of the structural components of the bronchi, with consequent collapse of these airways. The morphologic abnormality results in respiratory disease characterized by chronic cough and, in certain cases, respiratory distress. Although the disease was recognized long ago in human beings as a primary respiratory disorder, the condition has only recently been reported to cause respiratory disease in dogs. For this reason, epidemiological aspects, clinical and complementary diagnoses and therapeutic methods are still widely unknown. This paper aims to describe two cases of primary bronchomalacia in dogs, with clinical features, complementary diagnosis and treatment of one of these patients. This is the first report of the disease in Brazil. Keywords: bronchi, cough, dyspnea Resumen: La broncomalacia primaria es una enfermedad causada por el debilitamiento de la estructura de los bronquios, cuyo consecuente colapso da como resultado una enfermedad respiratoria caracterizada por tos crónica y, en ciertos casos, angustia respiratoria. A pesar de que la enfermedad en seres humanos es reconocida desde hace bastante tiempo como una alteración primaria, sólo recientemente ha sido relatada como una entidad que causa una enfermedad respiratoria en perros. Por este motivo, aún se desconocen sus aspectos epidemiológicos, diagnósticos y terapéuticos. Este trabajo tuvo como objetivo describir dos casos de broncomalacia primaria en perros, resaltando sus aspectos clínicos, criterios diagnósticos complementarios y el progreso terapéutico de uno de los pacientes, siendo este el primer relato de la enfermedad en Brasil. Palabras clave: bronquios, tos, disnea
Introdução A broncomalácia (BM) é uma condição patológica da morfologia bronquial, caracterizada pelo enfraquecimento das estruturas de sustentação da parede dos brônquios, com subsequente perda de sua rigidez e incompetência funcional. Em seres humanos, a enfermidade pode ser primária ou secundária a uma condição subjacente; a primeira descrição de broncomalácia primária data de 1968 1,2. Embora a BM em cães já tenha sido descrita como uma condição secundária ou associada a outras doenças, como o colapso traqueal, apenas 62
recentemente os primeiros casos dessa enfermidade como uma entidade clínica isolada foram descritos em cães 3. Dessa maneira, os aspectos etiológicos e fisiopatológicos da deterioração primária das estruturas de suporte da parede bronquial nesses casos ainda são obscuros. Ademais, devido à presença de pouquíssimos casos disponíveis na literatura, a abordagem de tratamento adequado desses pacientes é indeterminada. Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é descrever as características clínicas, o diagnóstico complementar e a conduta terapêutica de dois casos de BM em cães.
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Clínica Uso de termômetro infravermelho a laser para aferição da temperatura periférica cutânea e da mucosa oral em cães sadios Use of infrared thermometer for checking peripheral skin temperature and oral mucosa temperature in healthy dogs Uso de termómetro infrarrojo laser para la medición de temperatura cutánea periférica y de la mucosa oral em perros sanos Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, p. 70-78, 2014
Samantha Cristina Bego
aluna de graduação Bolsista IC/UEL Depto. de Clínicas Veterinárias - UEL sammybego@hotmail.com
Flávia Navas Padilha médica veterinária PPGCA/UEL
flavinavas@ymail.com
Josefa Gomes de Lima
aluna de graduação Bolsista IC/UEL Depto. de Clínicas Veterinárias - UEL josyglima@hotmail.com
Mônica Vicky Bahr Arias
MV, profa. assoc. Depto. de Clínicas Veterinárias - UEL vicky@uel.br
Resumo: A mensuração da diferença entre a temperatura central e a temperatura das extremidades é utilizada em seres humanos como auxílio na avaliação da perfusão tecidual. Os objetivos deste trabalho foram aferir a temperatura da extremidade dos membros, a temperatura gengival e a retal em 51 cães hígidos e verificar os gradientes entre elas. A temperatura periférica e da mucosa oral foram aferidas com termômetro infravermelho a laser sem contato. Constatou-se que o gradiente médio entre a temperatura retal e a média da extremidade dos membros foi de 9,28 °C, e entre a temperatura retal e a gengival, de 4,74 °C. Pela análise de regressão, observou-se que a temperatura cutânea das extremidades sofreu influência da temperatura ambiente, e que devido a esse fator e à grande variabilidade dos valores estudados, mais estudos são necessários para determinar se esses parâmetros podem ser utilizados na avaliação da perfusão tecidual. Unitermos: cuidados críticos, temperatura corporal, hemodinâmica, perfusão Abstract: The measurement of the difference between core temperature and the temperature of the extremities is used in humans as an aid in the evaluation of tissue perfusion. The aim of this study was to assess limb extremity, gingival and rectal temperatures of 51 healthy dogs and check the gradients between them. Peripheral and oral mucosa temperatures were measured with a no-contact infrared thermometer. The average gradients were 9.28 °C between limb extremities and rectal temperatures, and 4.74 °C between rectal and gingival temperatures. Results from regression analysis suggest that the skin temperature of the extremities varied according to ambient temperature. This fact, added to the large variability in the parameters studied, lead us to conclude that further studies are needed to determine whether these parameters may be used in the evaluation of tissue perfusion. Keywords: critical care, body temperature, hemodynamics, perfusion Resumen: La diferencia entre la temperatura central y la de las extremidades se utiliza en seres humanos como ayuda en la evaluación de la perfusión tisular. Los objetivos de este trabajo fueron medir la temperatura de distal de los miembros, la temperatura gingival y la rectal de 51 perros sanos, verificando el gradiente entre las mismas. La temperatura periférica y la de la mucosa oral fueron medidas con termómetro infrarrojo laser, que evita el contacto con la superficie corporal. Se pudo constatar que el gradiente medio entre la temperatura rectal y la media de las extremidades de los miembros fue de 9,28°C, y entre la temperatura rectal y la gingival, de 4,74°C. A través del análisis de regresión se pudo observar que la temperatura cutánea de las extremidades se vió influenciada por la temperatura ambiente, y que debido a este factor y a la gran variabilidad de los valores en estudio, deberán ser realizados un mayor número de trabajos que permitan determinar se esos parámetros pueden ser utilizados para la evaluación de la perfusión de los tejidos. Palabras clave: cuidados críticos, temperatura corporal, hemodinámica, perfusión
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Introdução A temperatura é um dos parâmetros mais importantes, e sua aferição é parte indispensável no exame clínico do paciente humano e veterinário 1, permitindo a detecção de alterações na condição clínica e facilitando a decisão do clínico na escolha da melhor terapia 2. Tradicionalmente, a temperatura em cães é aferida com termômetro por via retal 1,3, sendo o padrão ouro para sua aferição o termômetro de mercúrio 4-6, mas atualmente existem outros dispositivos disponíveis, como termômetros digitais e termômetros digitais auriculares, cada qual com vantagens e desvantagens 2,6. Define-se como temperatura corporal ou temperatura central a temperatura do sangue na artéria pulmonar ou no cérebro 1; entretanto, para essa aferição é necessário o uso de técnicas invasivas 2,4. Em seres humanos, as temperaturas esofágica e timpânica são consideradas equivalentes à temperatura central, ao passo que a temperatura retal às vezes excede a central 1. Em animais a temperatura retal é o método mais usado para obter essa informação 3,4, porém métodos mais rápidos, como o termômetro digital auricular para cães, são igualmente eficazes 2. Um método não invasivo, o termômetro infravermelho a laser está sendo usado em várias áreas da medicina humana e veterinária para aferição da temperatura cutânea. Esse termômetro afere a temperatura de superfícies, com vantagens como velocidade e precisão, sem entrar em contato com o paciente 4. Seu uso é descrito em estudos com animais de laboratório 4, na avaliação da temperatura cutânea de camundongos com infecções fúngicas 7, no estudo da temperatura da mama de ovelhas lactantes infectadas com herpesvírus bovino 2,8 e na anestesiologia humana e veterinária 9,10. Comparou-se a temperatura cutânea em seres humanos em repouso e exercício usando-se termômetro de contato e termômetro infravermelho a laser, e constatou-se que o
termômetro infravermelho foi eficaz em aferir a temperatura 11. Em seres humanos com diabetes e neuroartropatia de Charcot, o aumento da temperatura cutânea, aferido com termômetro a laser em vários locais do pé, indicou inflamação ativa, ao passo que a diminuição da temperatura indicou melhora do quadro, guiando a terapia e fornecendo mais informações do que o paciente, que normalmente apresenta sensibilidade diminuída nessa região do corpo 12,13. Em caprinos, a temperatura cutânea aferida com esse método foi usada para avaliar a influência da dieta na resposta fisiológica desses animais sob estresse térmico 14. Da mesma forma, a temperatura superficial do casco de equinos foi aferida com esse tipo de termômetro, entre outros parâmetros, para avaliar o efeito da sobrecarga dietética com amido 15. Em vacas holandesas malhadas de preto, avaliou-se a produção de leite em função do ambiente térmico – sol e sombra natural –, e um dos parâmetros avaliados foi a temperatura cutânea, aferida com termômetro infravermelho a laser 16. Na área de anestesiologia, sabe-se que o bloqueio simpático causa vasodilatação e aumento da temperatura cutânea 9. Em seres humanos submetidos ao bloqueio do plexo braquial, usou-se um termômetro infravermelho a laser para avaliar a eficácia da técnica, constatando que o aumento da temperatura cutânea estava diretamente relacionado à eficácia do bloqueio do plexo braquial 9. Em veterinária, cita-se o uso desse termômetro na avaliação da temperatura gengival de cães tranquilizados com acepromazina, clorpromazina ou levomepromazina, observando-se durante o experimento que a temperatura se manteve constante e que a mensuração descrita era inovadora, prática e incruenta 10,17. Em um estudo para avaliar a dispersão da bupivacaína na anestesia peridural em cães, avaliou-se entre outros parâmetros a temperatura cutânea paravertebral com termômetro a laser, constatandose o seu aumento na área anestesiada. Não houve um padrão
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Oncologia Meduloepitelioma teratoide maligno intraocular em cão – relato de caso Malignant intraocular teratoid medulloepithelioma in a dog – a case report Meduloepitelioma teratoide maligno intraocular en un perro – reporte de caso Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 108, p. 80-85, 2014
Paula Zagato Urbani
MV, residente HV - Universidade Anhembi Morumbi paulinha_zagato@hotmail.com
Eduardo Perlmann
MV, mestre PPGCC - FMVZ/USP Laboratório Histopet São Paulo perlmann@ig.com.br
Christianni Padovani De Biaggi
MV, mestre, profa. HV - Universidade Anhembi Morumbi chrisdebiaggi@hotmail.com
Tatiane Regina Intelizano
MV, mestre HV - Universidade Anhembi Morumbi
Intelizano@yahoo.com.br Sergio dos Santos Souza
MV, mestre, prof. HV - Universidade Anhembi Morumbi sergioanest@hotmail.com
Resumo: Muitos tumores intraoculares são reportados nos animais, porém o meduloepitelioma teratoide maligno é um tumor intraocular originário do epitélio medular primitivo, raro tanto nos animais quanto em seres humanos. Sua presença ocorre geralmente na infância; entretanto, alguns trabalhos têm relatado seu aparecimento em idosos. Seu crescimento é lento, e sua invasão local agressiva, porém seu caráter metastático é baixo. O presente artigo relata um caso de meduloepitelioma teratoide maligno em um cão sem raça definida, macho, de doze anos, com histórico de glaucoma buftálmico, tratado com terapia medicamentosa havia cinco anos, que retornou com a presença de uma massa intraocular. Após a enucleação, o material foi encaminhado para exame histopatológico e posterior imuno-histoquímica para confirmação do diagnóstico. Após um ano o animal encontra-se bem e sem recorrências de metástase. Unitermos: neoplasia ocular, corpo ciliar, tumor maligno, canino Abstract: Although there are several intraocular tumors reported in animals, the malignant teratoid medulloepithelioma is an intraocular tumor which originates from the primitive medullary epithelium and it is rare both in animals and humans. This tumor usually occurs during childhood; nonetheless, some reports have shown its occurrence in the elderly. This tumor development is slow and it is locally aggressive, but its metastatic character is low. This article describes the case of a malignant intraocular medulloepithelioma in a twelve-year-old male stray dog with a history of buphthalmic glaucoma, which had been treated medically five years before, and returned with an intraocular mass. After enucleation, the material was sent to histopatological examination and subsequent immunohistochemistry to confirm the diagnosis. A year after the procedure the animal is healthy and there are no metastases. Keywords: ocular neoplasia, ciliary body, malignant tumor, canine Resumen: Existe una gran cantidad de tumores intraoculares en animales. El meduloepitelioma teratoide maligno representa un tipo de tumor intraocular originado en el epitelio medular primitivo, de rara presentación tanto en animales como en seres humanos. Suele aparecer generalmente en la infancia, aunque hay algunos trabajos relatando su presentación en ancianos. Su crecimiento es lento y es agresivo localmente, aunque posee baja capacidad de metástasis. Este trabajo relata un caso de meduloepitelioma teratoide maligno en un perro mestizo, macho de doce años, con una historia de glaucoma y buftalmia, que había sido tratado con medicamentos cinco años antes. Este paciente retornó para consulta presentando una masa intra ocular. Después de realizarse la enucleación, fueron enviadas muestras para examen histopatológico e inmunohistoquímica, donde se confirmó el diagnóstico del tumor. Un año después el animal se encuentra en buenas condiciones y sin presencia de metástasis. Palabras clave: neoplasia ocular, cuerpo ciliar, tumor maligno, canino
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um caso de um cão sem raça definida de doze anos, macho, com diagnóstico de meduloepitelioma teratoide maligno confirmado após exame histopatológico e imuno-histoquímico. Relato de caso Relata-se o caso de um cão sem raça definida, macho com doze anos, pesando 16,6 kg, que deu entrada no hospital veterinário da Universidade Anhembi Morumbi no ano de 2007, com quadro de glaucoma buftálmico em olho direito, sem alterações no bulbo ocular esquerdo. O animal apresentava média de pressão intraocular de 80 mm/Hg, além de congestão, edema de córnea e midríase paralítica, sendo então submetido a terapia medicamentosa tópica com cloridrato de dorzolamida e maleato de timolol 0,5% a (uma gota no olho afetado a cada 12 horas, durante vinte a trinta dias) e latanoprost b (uma gota no olho afetado a cada 24 horas, durante vinte a trinta dias). Diante da falha terapêutica, optou-se pela ciclocrioterapia com nitrogênio líquido c (realizada com um aplicador colocado cerca de 3 mm distante do limbo corneano na porção dorsal em três ou quatro pontos de aplicação, sendo realizados dois ciclos de congelamento rápido – de um minuto em cada ponto –, e descongelamento lento), e 64 dias após a operação o animal apresentou redução significativa do volume do globo ocular e uma pressão intraocular de 17 mm/Hg, recebendo alta. Em 2012, o animal deu entrada novamente no hospital veterinário com buftalmia exuberante e deformação do globo ocular direito, hiperemia e oftalmorragia, suspeitando-se de neoplasia intraocular (Figura 1). Christianni Padovani De Biaggi
Introdução Embora as neoplasias intraoculares sejam relativamente pouco frequentes nos animais 1,2, o meduloepitelioma já foi descrito em cães 3-5, gatos 6, equinos 7-9, aves 10 e lhamas 11. O meduloepitelioma é um tumor congênito, originário do epitélio ciliar não pigmentado 12, sendo raramente encontrado no nervo óptico e na retina 13,14. Ele não possui predileção sexual ou racial 15,16, e seu aparecimento em humanos geralmente se dá na infância e de forma unilateral 15,17. Alguns estudos têm relatado seu aparecimento em animais e pessoas adultas e idosos 3,12,18-19. Apresenta crescimento lento e com baixo caráter metastático, e seu prognóstico é bom, apesar de localmente agressivo 20. As principais manifestações clínicas são a presença de uma massa intraocular, leucocoria, vermelhidão, perda da acuidade visual devido à subluxação da lente e glaucoma secundário a catarata, sendo que 60% dos pacientes podem apresentar hipertensão intraocular 7,21-22. O aparecimento dessas complicações secundárias podem retardar o seu diagnóstico 20. Após a confirmação do meduloepitelioma, o tratamento de escolha é a enucleação precoce na tentativa de evitar a disseminação extraocular 15,21. O prognóstico baseia-se na extensão extraocular da neoplasia, que pode ser observada ao exame histopatológico, além da presença de metástase à distância 23. Em sua primeira descrição histológica detalhada, o meduloepitelioma foi chamado de teratoneuroma; posteriormente foi renomeado de dictioma, pela presença de células pouco diferenciadas arranjadas em cordões; e alguns anos depois o termo meduloepitelioma foi utilizado pela primeira vez 15,24. Duas classificações para o meduloepitelioma são encontradas, como teratoide e não teratoide, podendo apresentar formas benignas e malignas. Cerca de 40% dos casos são teratoides, assim denominados por conter outros tecidos como: cérebro, músculo esquelético e cartilagem; já os não teratoides consistem em uma proliferação de células bem diferenciadas não pigmentadas do epitélio ciliar. Os critérios utilizados para estabelecer o caráter de malignidade são: áreas pouco diferenciadas de células neuroblásticas, pleomorfismo celular e atividade mitótica, áreas sarcomatosas e invasão para outros tecidos oculares 12,15,23. As neoplasias intraoculares mais frequentemente diagnosticadas são hemangioma, hemangiossarcoma, melanoma, melanocitoma e carcinoma, sendo o meduloepitelioma extremamente raro 2,25. Como poucos relatos dessa neoplasia estão presentes na literatura, o objetivo deste artigo é documentar
Figura 1 - Cão com aumento do globo ocular em decorrência de neoplasia intraocular
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EQUIPAMENTOS
Inovação tecnológica: ECG digital e aplicações web, criou um aparelho de eletrocardiograma para uso veterinário chamado VetPulse. A solução conta com um aparelho sem fio que tem como grande diferencial o tamanho reduzido (125x70x35mm) e o uso da tecnologia Bluetooth. Além disso, conta com um software para diferentes plataformas (desktop e tablet), que permite ao veterinário ou especialista o monitoramento dos sinais cardíacos em alta resolução para FX 1000 / Ferox garantir um diagnóstico preciso e O FX 1000, da Ferox, permite a dispõe de um sistema remoto de realização de eletrocardiograma elaboração de laudos. Esse sistedigital em animais de pequeno porte. ma permitirá às clínicas veterináA tecnologia do equipamento disrias ampliarem seu portfólio de pensa fonte de alimentação e descarserviços. ta papel de impressão dos resultados. Para Jonatas Pavei, diretor da “Essa solução permite a emissão FX 1000: dispositivo para realização de ECG de laudos precisos para o diagnóstico digitais em animais de pequeno porte. InPulse e doutorando em Engee a prevenção de problemas como Dispensa fonte de alimentação e papel de nharia Biomédica pela Univerarritmias, distúrbios de condução elé- impressão. Equipamento leve, portátil, robus- sidade Federal de Santa Catarina trica e distúrbios eletrolíticos”, desta- to e simples de operar. Desenvolvido para a (UFSC), a intenção é que o exame esteja cada vez mais acessível aos ca Roger Tanure, especialista em tec- emissão remota de laudos animais, a exemplo do que já nologia e um dos sócios da Ferox. acontece com os seres humanos. O FX-1000 ajudará a identificar, quantificar e prevenir Entre os diferenciais estão o tamanho do aparelho (cabe insuficiências e estenoses valvulares, cardiomiopatias dilana palma da mão), a portabilidade (o software de aquisição tada e hipertrófica, arritmias cardíacas primárias ou secuné compatível com diversas plataformas e permite comunicadárias, hipertensão arterial primária ou secundária. ção sem fio com o dispositivo), a telemedicina (posDe tecnologia nacional, o FX 1000 serve para identificar sibilita o envio de laudos à distância) e a e prevenir problemas de saúde congênitos ou adquiresolução. ridos com o avanço da idade dos animais. “O exame eletrocardiográfico permite a InPulse avaliação complementar de alterações priA InPulse desenvolve somárias ou secundárias de acometimento luções para Engenharia Biocardíaco; a avaliação de fatores de médica por meio de sisterisco cardiovasculares para procediO VetPulse mas embarcados, softwares mentos anestésicos; a quantificação tem como de interface e aplicações da resposta a várias abordagens de diferenciais web. A empresa foi criada tratamento de doenças cardiovaso tamanho e em 2011 e faz parte do culares, sejam elas medicamentoa tecnologia MIDI Tecnológico, incusas, nutricionais e/ou cirúrgicas. É bluetooth badora mantida pelo possível também a avaliação da Serviço de Apoio às Miresposta a treinos para melhora do cro e Pequenas Empresas condicionamento físico em animais de Santa Catarina de exercício”, conclui o dr. Marcos (SEBRAE/SC) e gerenciada Barrouin, responsável pelo departapela Associação Catarinense mento veterinário. de Empresas de Tecnologia (Acate). Também participa do VetPulse / InPulse programa Startup SC, do A InPulse, startup catarinense que desenSEBRAE/SC, e faz parceria com o volve soluções para Engenharia Biomédica por Instituto de Engenharia Biomédica da UFSC. meio de sistemas embarcados, softwares de interface 86
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MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL
Entomologia forense e sua aplicação na medicina legal
U
m cadáver é encontrado em avançado estado de decomposição. As características pouco ajudam a fazer uma identificação imediata. Larvas de insetos e moscas adultas abundam nos tecidos apodrecidos. O perito recolhe amostras dessas larvas e completa seu ciclo biológico no laboratório. O cálculo da idade das larvas estabelece uma estimativa precisa da data do óbito. Os investigadores do caso agora podem correlacionar o cadáver a uma data de registro de desaparecimento de possíveis vítimas de um crime. Esse exemplo hipotético ilustra o potencial da entomologia forense. A sucessão de artrópodes em material biológico em decomposição, principalmente em cadáveres, é previsível em muitos aspectos e, portanto, passível de estimativa do tempo de morte de um animal. Essa estimativa é baseada no conhecimento do ciclo biológico das espécies residentes e colonizadoras do material decomposto. A presença dessa fauna cadavérica é importante em medicina legal no auxílio à caracterização do tempo de morte de um cadáver. A determinação do intervalo entre o óbito e a localização do cadáver tem grande repercussão em investigações criminais 1-3. Aproximadamente 85% de todos os artrópodes encontrados em carcaças em decomposição são insetos. Os artrópodes encontrados são necrófagos, geralmente onívoros, incluindo representantes das ordens Hemiptera, Diptera, Coleoptera, Hymenoptera, Dermaptera, entre outras. Há uma considerável variação na fauna residente no cadáver ao longo da decomposição da carcaça. As relações tróficas entre as espécies nem sempre são previsíveis e, em geral, têm alta complexidade. Um estudo realizado na Colômbia 4 88
caracterizou 58 espécies, e no Havaí (EUA) 3, 133 espécies. No Brasil, vários estudos têm sido conduzidos, mostrando que há considerável variabilidade dessa fauna, de acordo com a região estudada 2,5-6. Além da presença de artrópodes,a colonização e a decomposição de uma carcaça também estão condicionadas às características biogeoclimáticas. Tais características incluem as variáveis ambientais, tais como: insolação, velocidade do vento, temperatura, umidade e precipitação pluviométrica, entre outras. O acesso dos artrópodes ao cadáver também influi sobremaneira no processo de colonização, bem como a natureza do solo e da vegetação presentes, ou seja, as propriedades do solo e o sombreamento proporcionado por árvores e demais plantas arbustivas propiciam uma colonização em graus diferenciados. As condições do solo em especial influenciam significativamente a velocidade das alterações cadavéricas. Os solos compactados com baixa umidade e baixas taxas de oxigênio livre exibem uma biodiversidade menor. É discutível se o pH do solo exerce alguma influência sobre a decomposição de uma carcaça. Os terrenos arenosos e secos geralmente têm uma biodiversidade menor, caracterizando uma variedade de espécies colonizadoras igualmente menor. Outro aspecto relevante das condições de solo é a sazonalidade da colonização, com um marcante predomínio de atividade durante os meses mais quentes. Todos esses aspectos biogeoclimáticos influenciam inclusive a colonização de carcaças depositadas em diferentes sítios dentro de um mesmo ecossistema. Fatores intrínsecos ao cadáver, como peso, panículo adiposo, lesões traumáticas e/ou feridas ante mortem também influenciam a colonização.
A dinâmica da sucessão de artrópodes é complexa e inter-relaciona os diversos elementos presentes no ecossistema em que repousa a carcaça. Os estágios de decomposição também colaboram para as variações na colonização e a sucessão de artrópodes. A classificação de Reed 7 estabelece quatro estágios de decomposição cadavérica: período fresco, gasoso, putrefativo e seco. Goff 3 ampliou os estágios para cinco: período fresco, gasoso, putrefação ativa, pós-putrefativo e vestigial seco. Contudo, a cronologia precisa das alterações post mortem não é consenso entre os pesquisadores. De forma genérica, as alterações post mortem evoluem a partir de alterações de coloração do cadáver para um período de fermentação e distensão gasosa, coliquação e, finalmente, esqueletização – ressaltando-se que entre esses períodos são observados diversos fenômenos transformadores e também conservativos do cadáver que conferem aspectos distintos aos restos em decomposição. É importante destacar o fato de que o desenvolvimento dos insetos e a colonização de um cadáver estão estreitamente ligados a um nicho específico. Essa especificidade torna difícil extrapolar a avaliação da fauna cadavérica de uma região para outra. Os limites desses fatores dentro dos quais as espécies podem existir determinam a sua “tolerância ecológica”. Com efeito, algumas variações sutis nas condições climáticas e ambientais promovem uma significativa variação na eclosão e no desenvolvimento de larvas e insetos adultos. Nesse último aspecto, o ciclo biológico dos artrópodes apresenta uma estreita relação com as condições ambientais e com o processo de colonização cadavérica. Os efeitos da
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Figura 1 - Cadáver de suíno utilizado como modelo experimental em pesquisas de entomologia forense
Figura 2 - Evolução da decomposição de um cadaver suíno. Fase de dissolução pútrida do cadaver
Figura 3 - Esqueletização completa de um cadaver suíno
Figura 4 - Larvas de moscas no solo próximas ao cadáver
temperatura, por exemplo, podem repercutir na abreviação ou na ampliação do ciclo, por meio de variações na fase de pupação e emergência de adultos. Essas variações devem ser observadas para evitar erros nas estimativas dos ciclos. Considerando-se os contextos regionais, os estudos de catalogação de espécies prevalecentes e acompanhamento da sucessão de artrópodes são essenciais para caracterizar a fauna nativa e as peculiaridades da colonização e da decomposição cadavéricas. As pesquisas com entomologia forense têm sido conduzidas em várias regiões do Brasil. A maioria desses estudos reproduz experimentalmente um modelo de decomposição cadavérica a fim de caracterizar a fauna residente nas condições biogeo-
climáticas do local estudado. Bibliografia sugerida:
1.
OLIVEIRA-COSTA, J. Entomologia Forense: Quando os Insetos são Vestígios 3ª ed. Campinas: Millenium Editora, 2011, 502p.
2. OLIVEIRA-COSTA, J. Insetos Peritos. A Entomologia Forense no Brasil. Campinas: Millenium Editora, 2013, 488p. 3. GOFF, M.L. Comparison of insect species associated with decomposing remains recovered inside dwellings and outdoors on the island of Oahu, Hawaii. J. Forensic Sci. 36: 748-756, 1991. 4. BARRIOS, M.; WOLFF, M. Initial study of arthropods succession and pig carrion decomposition in two freshwater ecosystems in the Colombian Andes. Forensic Science International 212: 164–172, 2011. 5. CARVALHO, L.M.; THYSSEN, P.J.; LINHARES, A.X. et al. A checklist of arthropods
associated with pig carrion and human corpses in southeastern Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 95: 135-8, 2000. 6. SOUZA, AM; LINHARES, AX. Diptera and coleoptera of potential forensic importance in southeastern Brazil: relative abundance and seasonality. Med. Vet. Entomol. 11: 812, 1997. 7. REED, H.B. Jr. A study of dog carcass communities in Tennessee, with special reference to the insects. Am. Midl. Nat. 59: 213-245, 1958.
M.V. Raimundo Alberto Tostes. Mestre. Doutor. Prof. adjunto de Patologia Animal da Universidade Federal do Paraná
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COMPORTAMENTO
Cachorródromos, dog parks, áreas para cães: é essencial que haja regras
Exercícios e brincadeiras: indispensáveis para o bemestar dos cães
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ão faz muito tempo que surgiram em nosso país espaços em áreas públicas destinados aos cães e suas famílias. Eles propiciam que os animais soltos possam fazer exercícios, brincar e participar de atividades sociais caninas indispensáveis para o seu bem-estar. Assim, oferecem a oportunidade de os cães expressarem em liberdade seus comportamentos espontâneos e aprimorarem suas habilidades sociais, interagindo com os demais animais. Muitos vivem confinados em espaços reduzidos e essa alternativa é enriquecedora. Esses espaços também são úteis para que os tutores possam se reunir, trocar experiências, estabelecer laços e observar a interação entre os cães. Por todos esses benefícios, essas iniciativas são louváveis e necessárias, e merecem o nosso apoio. No entanto, em alguns desses locais, a falta de regulamento e/ou de controle sobre o que lá ocorre é preocupante. Por isso, julgamos pertinente tratar desse tema. Fica evidente a urgência de estabelecer normas que preservem essas áreas para que não se tornem locais disseminadores de doenças, de conflitos entre cães, de acidentes com pessoas e/ou de situações traumáticas para os cães em fase de desenvolvimento social. O desejável seria que as regras sobre o funcionamento e a utilização fossem pensadas desde o planejamento do cachorródromo. Alguns exemplos dessas demandas são: a estrutura deverá permitir a separação de animais de grande porte dos de pequeno porte; a higiene da fonte de água deve ser
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preservada para que possa estar em condições de servir ao consumo. É indispensável que, uma vez estabelecida a localização do cachorródromo, seus futuros frequentadores sejam instruídos sobre comportamento canino, cuidados básicos de saúde (vacinas e controle de parasitas externos e internos), descarte adequado de dejetos e os problemas que ocorrem quando os devidos cuidados não são adotados. No entanto, muitas vezes o que se observa nesses locais é a ausência de regras ou a precariedade de qualquer controle sobre sua obediência. São comuns a permanência de dejetos no ambiente, a presença de animais não castrados e de cães de pequeno e grande porte no mesmo local, e a falta de supervisão sobre o seu estado sanitário. Essa situação favorece a ocorrência de eventos adversos para a saúde e para a segurança dos animais e das pessoas. Portanto, é preciso estabelecer critérios que contemplem uma intervenção preventiva. Nesse sentido, os veterinários podem contribuir orientando os tutores sobre as precauções básicas para um convívio saudável, e os gestores do local para evitar que uma proposta lúdica possa acarretar desfechos negativos para os frequentadores. Ainda é incipiente a contribuição veterinária na etapa de planejamento desses locais. E os conhecimentos sobre saúde
Importante item de segurança, os portões com clausura evitam que algum animal possa escapar e devem ser mantidos em perfeitas condições
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Cães expressando seus comportamentos espontâneos e aprimorando suas habilidades sociais
pública e comportamento dos grupos caninos são básicos para elaborar normas e atribuir responsabilidades, tais como: - todos os cães devem ser mantidos na guia até ingressarem na área específica; - os portões devem ser mantidos fechados e em perfeitas condições de uso; - os cães com mais de 20 kg devem ficar em área distinta da destinada aos que pesam menos de 20 kg; - os animais devem apresentar atestado de saúde e estar cadastrados em um sistema; - a idade mínima para ingresso é de seis meses e os animais devem estar castrados; - somente ingressam cães vacinados e com controle de parasitas externos e internos; - alimentos são proibidos no interior desse local; - as fezes devem ser removidas imediatamente; - os tutores devem estar sempre com a guia e supervisionar o seu cão durante todo o tempo de permanência no local; - se o cão expressar agressividade, deve ser retirado do local imediatamente. Essas regras mínimas são fundamentadas em estratégias destinadas a prevenir a ocorrência dos problemas de saúde mais frequentes em locais onde haja cães reunidos.
Espaço específico para cães criado no Parque Germânia, em Porto Alegre, RS – http://www2.portoalegre.rs.gov.br/seda/default. php?p_noticia=165320&PARQUE
É fundamental que os cães sejam supervisionados pelos tutores durante todo o tempo de permanência
Profa. dra. Ceres Berger Faraco
Instituto de Saúde e Psicologia Animal (INSPA) http://www.psicologiaanimal.com.br Médica veterinária, clínica de comportamento animal, doutora em psicologia e presidente da AMVEBBEA (Associação Médico-Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal) http://www.amvebbea.com.br
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GESTÃO, MARKETING & ESTRATÉGIA
Ano do cavalo será propício para transformações
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este ano de 2014, o calendário chinês será regido pelo cavalo e terá início no dia 31 de janeiro. Este ano será regido pelo elemento fogo e será propício às transformações, sendo momento ideal para colocar em prática todas as ideias engavetadas e promover grandes mudanças tanto na vida pessoal quanto profissional. Pode ser que você não ligue para horóscopo, seja ele ocidental ou chinês. Porém, as características do ano do cavalo são muito boas para serem compartilhadas e utilizadas para motivar toda a sua equipe. Por isso, avalie se não vale a pena pegar carona no ano do cavalo. O que você tem a perder? Compromisso incansável, com execução e determinação, estão presentes na simbologia do cavalo. Aproveite essa força!
Se você deseja muito a transformação, mas não sabe por onde começar, você precisa da ajuda de um coaching. A palavra coaching significa “treinador” em português; na prática, esse profissional ajuda e orienta você em relação a que passo precisa dar para tornar o seu empreendimentoum sucesso. Na edição anterior, nesta seção, publicamos um artigo sobre a formalizaçao do setor. Se essa é a transformação de que você necessita, aproveite e vá em frente. Porém, não esqueça que formalização e informatização andam juntas... Se ainda não está informatizado, escolha rápido a ferramenta que atende às suas necessidades e adote-a com brevidade. Hoje há sistemas no mercado que trabalham associados com ferramentas para tablets e smartphones, privilegiando a sua mobilidade
Gioso esclarece sobre o coaching no programa InVista, da TV Osasco http://youtu.be/sjKlDBFzqas Veja também o vídeo Marketing: alavancando sua empresa: http://youtu.be/SsHaG71SLVc
e gerando agilidade na geração de dados do seu empreendimento. Outra opção é você estudar e adotar o Programa 5S, uma entre as muitas ferramentas que podem ser usadas para alavancar a produtividade do seu empreendimento, proporcionando vários benefícios, como ordem, limpeza, asseio e autodisciplina. Esse método foi concebido por Kaoru Ishikawa em 1950, no Japão, inspirado na necessidade de reorganizar o país após sua derrota na Segunda Guerra Mundial: era necessário reconstruir o país e recuperar a competitividade das empresas. Tal modelo demonstrou ser tão eficaz que até hoje é considerado o principal instrumento de gestão da qualidade e da produtividade usado naquele país. Confira detalhes na Clínica Veterinária n. 97, nas páginas 104 e 105, no artigo “O programa 5S aplicado na veterinária”, escrito pelo médico veterinário Renato Brescia Miracca. Mesmo que tudo esteja dando errado, não desanime. Isso é apenas um sinal de que a transformação é necessária e urgente. Hora da energia criativa e da força do cavalo. Não lamente. Pule essa etapa e vá para a execução, transformação e satisfação. Arthur de Vasconcelos Paes Barretto editor@editoraguara.com.br
Médico veterinário, editor da revista Clínica Veterinária
http://www.revistaclinicaveterinaria.com.br
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17 de fevereiro São Paulo - SP Curso de imersão teórico-prático em emergência e terapia intensiva https://www.equalis.com.br 22 de fevereiro de 2014 a 28 de fevereiro de 2015 Campinas - SP Curso de cirurgia em pequenos animais - Echoa (19) 3365-1221 8 de março São Paulo - SP Medicina intensiva - CETAC (11) 2305-8666 16 e 17 de maio Rio de Janeiro - RJ I Simpósio Internacional de medicina veterinária intensiva http://www.ibvet.com.br/Front/Tur mas.aspx?codigo=151 19 de maio Salvador - BA Curso de imersão teórico-prático em emergência e terapia intensiva - nível II http://www.equalis.com.br
MEDICINA ALTERNATIVA
2014 - em breve! Fortaleza - CE Curso de pós graduação latu sensu em acupuntura veterinária - Instituto Jacqueline Pecker http://www.institutojp.com.br 2014 - em breve! Rio de Janeiro - RJ Curso de homeopatia e isoterapia http://www.qualittas.com.br 2014 - em breve! Brasília - DF Curso de especialização - acupuntura veterinária http://www.qualittas.com.br 11 de fevereiro Rio de Janeiro - RJ Curso de homeopatia veterinária http://www.ibvet.com.br/Front/Tur mas.aspx?codigo=153 14 a 16 de fevereiro Jaguariúna - SP Pós-graduação em medicina veterinária holística (turma 1) http://www.ibvet.com.br/Front/Tur mas.aspx?codigo=124
20 a 23 de fevereiro Canoas - RS Curso de quiropraxia veterinária info@quiropraxiaanimal.com Início: março de 2014 SP - BA - MG - RS Curso de especialização - acupuntura veterinária http://www.qualittas.com.br/ 5 e 6 de abril Belo Horizonte - MG VII Curso de especialização em acupuntura veterinária http://www.institutojp.com.br/ 11 a 13 de abril Rio de Janeiro - RJ Pós-graduação em medicina veterinária holística (turma 2) http://www.ibvet.com.br/Front/Tur mas.aspx?codigo=124 24 e 25 de maio Uberlândia - MG Curso de pós graduação latu sensu em acupuntura veterinária (19) 3208-1922 19 a 20 de julho Campinas - SP Curso de pós graduação latu
Pampulha - Belo Horizonte, MG - Brasil.
sensu em homeopatia veterinária (19) 3208-1922 2 e 3 de agosto Campinas - SP Curso de pós graduação latu sensu em acupuntura veterinária - Instituto Jacqueline Pecker (19) 3208-1922
MEDICINA FELINA
Início previsto: janeiro de 2014 DF; ES; CE PE; RJ; SP; BA; PR; GO; MS; MT; MG; RS; PI Curso de especialização - clínica médica e cirúrgica de felinos http://www.qualittas.com.br 25 e 26 de janeiro Londrina - PR Intensivo em medicina felina http://www.peteventos.com.br/ Fevereiro de 2014 Campinas - SP Clínica médica e cirúrgica de felinos (19) 3365-1221 1º de fevereiro de 2014 a 9 de novembro de 2014 São Paulo - SP Curso de medicina felina 2014 http://www.cetacvet.com.br
História de BH contada em um passeio... O Roteiro Niemeyer é um passeio turístico ao conjunto das obras do mestre da arquitetura moderna brasileira. É a oportunidade de conhecer de perto uma das últimas e uma das primeiras construções modernistas desse grande arquiteto, Oscar Niemeyer.
http://www.belohorizonte.mg.gov.br/atrativos/roteiros/niemeyer
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MEDICINA FELINA
8 de fevereiro de 2014 a 14 de fevereiro de 2015 Campinas - SP Clínica médica e cirúrgica de felinos - Echoa (19) 3365-1221
14 de fevereiro São Paulo - SP Pós-graduação em clínica médica de felinos https://www.equalis.com.br 14 a 16 de março Porto Alegre - RS Pós-graduação em medicina clínica de felinos (turma 1) http://www.ibvet.com.br/Front/Tur mas.aspx?codigo=127 11 a 13 de abril Jaguariúna - SP Pós-graduação em medicina clínica de felinos (turma 2) http://www.ibvet.com.br/Front/Tur mas.aspx?codigo=127 25 a 27 de abril Rio de Janeiro - RJ Pós-graduação em medicina clínica de felinos (turma 3) http://www.ibvet.com.br/Front/Tur mas.aspx?codigo=127
MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL
Início: 2014 Curitiba - PR Medicina veterinária legal perícia veterinária http://pos.utp.br/
Início: 15 de março São Paulo - SP Medicina veterinária legal perito veterinário http://www.inbrapec.com.br/
NEUROLOGIA
2014 São Paulo Curso de neurologia com o dr. Ronaldo Casimiro http://neuronaldo.com.br/
15 de fevereiro de 2014 a 1º de março de 2015 São Paulo - SP I Curso extensivo de neurologia http://www.vetagenda.com.br/ev ento.php?plano=3&evento=9178 4 e 5 de abril Belo Horizonte - MG Psicologia e comportamento de pequenos animais
http://www.ibvet.com.br/Front/Tur mas.aspx?codigo=143 25 e 26 de abril Jaguariúna - SP Psicologia e comportamento de pequenos animais http://www.ibvet.com.br/Front/Tur mas.aspx?codigo=143
NUTRIÇÃO
Novas turmas em 2014 Botucatu - SP Food Therapy - Dietoterapia para animais de pequenos porte http://www.bioethicus.com.br
ODONTOLOGIA
18 a 20 de janeiro Viçosa - MG Curso de odontologia em pequenos animais (31) 3899-8300
OFTALMOLOGIA
Início previsto: janeiro de 2014 São Paulo - SP Especialização em oftalmologia veterinária e microcirurgia ocular http://www.qualittas.com.br/ Início previsto: janeiro de 2014 Jaguariúna - SP 1º Encontro IBVET de oftalmologia veterinária em pequenos animais http://www.ibvet.com.br/Front/Tur mas.aspx?codigo=91
ONCOLOGIA
Início previsto: janeiro de 2014 RS; BA; RJ; SP; GO; MG; PI; CE; AL; ES; PE; MT; MS; DF; PR; SC; PA; RS Curso de especialização: oncologia veterinária http://www.qualittas.com.br 21 a 23 de março Botucatu - SP VI curso de atualização em oncologia veterinária e 1º Simpósio internacional de oncologia veterinária http://www.fmvz.unesp.br 18 de maio a 15 de junho São Paulo - SP Curso de oncologia veterinária (11) 2995-9155
ORTOPEDIA
Início previsto: janeiro de 2014 SP; GO; MT; MS; DF; RJ; PR; SC; RS; MG Curso de especialização: ortopedia em pequenos animais http://www.qualittas.com.br
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2 de fevereiro a 9 de março São Paulo - SP Curso teórico prático de ortopedia em pequenos animais http://www.junaeventos.com 20 a 22 de fevereiro São Paulo - SP Módulo avançado de ortopedia http://www.cipo.vet.br 24 a 26 de abril São Paulo - SP Módulo básico de ortopedia http://www.cipo.vet.br 25 e 26 de julho São Paulo - SP Miscelâneas cirúrgicas tóracoabdominas (tecidos moles) http://www.cipo.vet.br 16 a 18 de outubro São Paulo - SP Módulo básico de ortopedia http://www.cipo.vet.br
Módulo hastes e placas bloqueadas http://www.cipo.vet.br
PATOLOGIA
Início previsto: janeiro de 2014 SP - RJ - PR Curso de especialização: patologia clínica veterinária 0800 725 6300 14 a 16 de março Jaguariúna - SP Pós-graduação em patologia clínica veterinária - IBVET http://www.ibvet.com.br 5 de maio a 2 de julho São Paulo - SP Curso teórico e prático de interpretação e diagnóstico em patologia clinica veterinária - IVI (11) 3016-0200
SAÚDE PÚBLICA
sanitária animal - Qualittas 0800 725 6300
SEMANAS ACADÊMICAS
12 a 17 de abril São Paulo - SP XXIV SACAVET - Semana Acadêmica Veterinária (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo) http://www.sacavet.com.br
FEIRAS E CONGRESSOS
30 de abril a 2 de maio Belo Horizonte - MG 35º Congresso da ANCLIVEPA http://anclivepa2014.com.br maio de 2014 Recife - PE 38ª edição do Congresso da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB) http://www.szb.org.br
4 a 7 de fevereiro Porto Alegre - RS XXX Congresso Brasileiro de Zoologia - Mapeando a Biodiversidade - SBZ http://www.sbzoologia.org.br
21 a 23 de julho São Paulo - SP • 12º CONPAVEPA - Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais • Feira Internacional de Produtos para Pequenos Animais http://www.fippa.com.br
27 a 29 de abril Novo Hamburgo - RS Feipet - Feira de Negócios para Animais de Estimação (51) 3066-7453
27 a 30 de novembro Recife - PE PetNor - Produtos e serviços para a linha pet e veterinária http://www.fenapet.com.br
5 e 6 de dezembro São Paulo - SP
Início previsto: janeiro de 2014 MS; SP; RJ; PR; GO; DF; MT; SC Curso de especialização: defesa
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3 a 6 de abril Birmingham - UK BSAVA Congress 2014 http://www.bsava.com
Internacional FEIRAS E CONGRESSOS
18 a 22 de janeiro Orlando - Flórida - EUA North American Veterinary Conference 2014 (NAVC) http://www.navc.com
17 a 21 de fevereiro Singapura - Península Malaia Eurasia Veterinary Conference Singapore http://www.eurasia-vc.com/
3 a 5 de julho Copenhagen - Dinamarca Annual meeting of the european college of veterinary surgeons http://www.ecvs.org/
6 a 9 de novembro Munich - Alemanha 20th FECAVA Eurocongress 60th Congress of the GSAVA http://www.fecava2014.org/
11 e 12 de maio Buenos Aires - Argentina XXIII Jornadas Veterinarias www.jornadasveterinarias.com
16 a 19 de setembro Cape Town África do Sul WSAVA 2014 The 39th World Small Animal Veterinary Association Congress www.wsava2014.com
Maio de 2015 Bangkok - Tailândia 40th World Small Animal Veterinary Association Congress - WSAVA 2015 - The Always Amazing Thai Experience http://www.kenes.com/wsava2015
29 de maio a 1º de junho Nürnberg - Alemanha Interzoo 2014 - The international pet supplies industry www.interzoo.com
16 a 18 de outubro Barcelona - Espanha Southern European Veterinarian Conference - SEVC http://www.sevc.info
22 a 25 de abril Lima - Perú Conferencia Latinoamericana de Medicina Veterinaria - LAVC 2014 www.tlavc-peru.org
Lima, Peru.
O coração do centro histórico, Plaza Mayor ou Plaza de Armas, local sempre muito movimentado. Um dos locais mais procurado pelos turistas em Lima, que é a segunda maior cidade da América do Sul.
http://www.enlima.com/
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