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MUSEU

Escola-Museu Salgueiro Maia abre aos domingos e une gerações

A Escola-Museu Salgueiro Maia, sita na antiga Escola Primária de São Torcato, está aberta para visita nos últimos domingos de cada mês. A 24 de abril passado, o espaço deu lugar à atividade intergeracional “No meu tempo era assim…”, incluída na programação das comemorações do 25 de Abril. Como era a escola no tempo do Estado Novo? A cartilha? A matéria? A palmatória? Da austeridade do passado à escola do presente, duas gerações revisitaram a sala de aula e o recreio para momentos únicos de partilha de memórias e experiências que testemunham épocas tão próximas e tão distantes, marcadas pela evolução do ensino em Portugal, no antes e no depois da Revolução dos Cravos. Destinada a seniores e crianças em idade escolar, a atividade intergeracional “No meu tempo era assim…” promoveu um espaço comum de partilha pelo qual os mais velhos transmitiram as vivências da escola do Estado Novo, dando relevo às conquistas de Abril e construindo uma memória coletiva que se individualiza na expressão livre da identidade de cada um.

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Espaço de aprendizagem e reflexão

De portas abertas no último domingo de cada mês, a Escola-Museu Salgueiro Maia retrata, sob o signo da recriação de uma sala de aula do Estado Novo, a memória de tempos idos de escola e proporciona um espaço de aprendizagem e reflexão sobre a educação no País, estabelecendo um contraponto entre o antes e o depois de Abril de 1974. O edifício, inaugurado em 1960, albergou o Posto Misto de São Torcato até ao ano de 1993, tendo sido posteriormente intervencionado. Aberta ao público desde outubro de 2009, a Escola-Museu surge da recolha de documentação e espólio das escolas primárias desativadas do Concelho e do facto de Fernando Salgueiro Maia, figura incontornável da Revolução de Abril, ter vivido alguns anos da sua infância em São Torcato. Da recolha e incorporação deste património resultou uma vasta coleção de material escolar que integrou o acervo do Museu Municipal e tem vindo a ser acrescida por sucessivas doações de particulares.

Fernando Salgueiro Maia, figura incontornável da Revolução de Abril, viveu alguns anos da sua infância em São Torcato.

A exposição, que se assume como um espaço de memória, mas também como local de aprendizagem, problematização e reflexão, estrutura-se em quatro momentos: apresentação de três frisos cronológicos com acontecimentos no Mundo, em Portugal e na Educação, desde o final da monarquia até à atualidade; percurso biográfico de Salgueiro Maia; história do ensino em São Torcato e representação de uma sala de aula do Estado Novo. Visite os nossos Museus e desfrute de vivências inesquecíveis em comemoração da vida singular e coletiva de Coruche.

Visita guiada no dia dos centros históricos e do 509.º aniversário do foral manuelino

No dia 28 de março de 2022 o Município comemorou duas datas de dimensão histórica: o Dia Nacional dos Centros Históricos e, muito particularmente, os 509 anos do foral manuelino de Coruche (28 de março de 1513), que reformou o foral dado a Coruche por D. Afonso Henriques em 1182, mantendo o essencial do texto e os princípios originalmente estabelecidos, mas pondo termo a muitos particularismos locais num processo de uniformização do reino, levado a cabo por D. Manuel I. A este propósito, e porque o Município integra a Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico (APMCH), a Câmara, o Museu Municipal de Coruche e a APMCH promoveram uma visita guiada à Vila com ponto de encontro no Largo de Santo António. Foi há 840 anos, a 26 de maio de 1182, que D. Afonso Henriques outorgou aos habitantes de Coruche aquele que viria a ser o documento escrito mais importante da Vila durante os séculos seguintes: a primeira carta de foral de Coruche - documento que visou a reconstrução de Coruche a partir do modelo do foral de Évora, mais adequado a um território de fronteira, uma vez que assegurava a sobrevivência de um grupo social vocacionado para a defesa já antes de 1182, sendo que Coruche tinha uma posição-chave entre as cidades de Évora e Santarém. O foral afonsino foi efetivamente um documento jurídico de especial relevância para a Vila, estabelecendo as principais normas de relacionamento entre os habitantes e entre estes e o rei, mas, em 1513, D. Manuel I mandou reformar os forais do reino, atribuindo um novo foral à vila de Coruche. O monarca delineou, então, uma estratégia de recolha de todos os forais, escrituras e tombos dos povoados, seguida de averiguações e inquirições. Foram ouvidos senhores e foreiros, esclarecidas dúvidas e emanados pareceres no sentido de estabelecer um vasto programa de reformas que visava modernizar o reino e, simultaneamente, reforçar e centralizar o poder régio.

Assim, no reinado de D. Manuel I tiveram lugar importantes alterações, sentidas a nível local. Os novos forais, que entraram em vigor em inícios do século XVI, atualizavam os encargos tributários, expressos em moeda vigente, e anulavam muitos dos aspetos de que se revestia a autonomia e a especificidade dos concelhos. O reino uniformizou-se e os municípios perderam força política. Não obstante, a leitura do foral dá-nos uma ideia do quotidiano que então se vivia em Coruche. Além das referências a produtos alimentares, variados e muitos deles provenientes de outros lugares, nomeiam-se os instrumentos usados para as mais variadas funções, alguns dos quais ainda fazem parte do quotidiano coruchense. De acordo com texto do Professor Fernando Branco Correia, publicado na obra “O Homem e o Trabalho - a magia da mão” (CMC/Museu Municipal de Coruche – 2003), não faltam referências no foral manuelino a matérias-primas usadas na manutenção das embarcações, a roupas, artigos de calçado e materiais de construção. Até a escravatura faz registo despudorado, uma vez que se tratava de uma atividade considerada banal. Apesar da escassa densidade populacional de Coruche, constata-se que a agricultura e a criação de gado eram fundamentais, produzindo acumulação de riqueza, alimentando a população e fornecendo matéria-prima. Através do foral obtemos ainda informação riquíssima acerca da gestão dos campos de Coruche, somando-se menções a matos e a terrenos, mas também animais. Hoje permanecem gestos, crenças, tradições e modos de vida, mantendo-se a estreita ligação às águas do Sorraia. A leitura do foral manuelino permite-nos viajar ao quotidiano de Coruche nos séculos XV e XVI. O que Coruche é hoje como comunidade explica-se em parte no seu conteúdo. Foi também essa a viagem que se propôs na visita guiada pelo centro histórico de Coruche. Conhecer aspetos destes textos fundacionais, em especial se transmitidos in loco, leva-nos a perceber como aqui chegámos e porquê, ajudando-nos a compreender o presente e a preparar o futuro. A 18 de abril passado, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, o Museu Municipal de Coruche sugeriu um passeio com registo fotográfico até à Ponte da Coroa, assim chamada por ter sido mantida pelas receitas da coroa. A ponte tem no seu padrão, sob a coroa e o escudo, uma inscrição em latim com data de 1828, tratando-se de uma obra de utilidade pública que corresponde a uma (re)construção do tempo de D. Miguel. Inteiramente construída em tijolo rebocado, possui três arcos, sendo o central sobreelevado e acompanhado pelo tabuleiro. Apresenta talhamares de ambos os lados, agudos a jusante e arredondados a montante. É sobre o arco central, do lado montante, que se encontra o padrão. Classificada como Imóvel de Interesse Municipal (IM), é testemunho da passagem de um antigo caminho que servia a travessia do vale do Sorraia e do qual ainda subsiste uma outra ponte, para quem segue na direção da Vila. Cerca de 600 metros para sudeste, mantém-se o enigmático e lendário Pego das Armas. Aquando da construção da ponte metálica, que lhe fica a montante e lhe é paralela, foram-lhe retirados a coroa, o respetivo escudo real e a inscrição comemorativa, elementos que foram colocados no pilar da ponte nova. Aqui permaneceram entre 1930 e o final da década de 90, altura em que a Ponte da Coroa foi alvo de uma obra de requalificação e os mesmos lhe foram devolvidos.

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios assinalado em Coruche

Roteiro da RMLT disponível nos núcleos

O Museu Municipal de Coruche tem disponível para oferta no Núcleo Tauromáquico, na Rua Júlio Maria de Sousa, e no Núcleo Rural, na Rua dos Bombeiros Municipais, o Roteiro da Rede de Museus da Lezíria do Tejo (RMLT), um guia onde se pode encontrar o valor patrimonial existente na região, contendo informação sobre todas as coleções visitáveis nos museus e nos núcleos museológicos da Lezíria do Tejo. Ambos os núcleos coruchenses se encontram abertos em horário de verão, das 10h30 às 13 horas e das 14h30 às 18 horas.

Sigamos à descoberta do nosso património.

Coruche na Semana da Cultura Tauromáquica em Vila Franca de Xira

A Câmara Municipal de Coruche esteve presente, de 2 a 10 de abril, na 31.ª edição da Semana da Cultura Tauromáquica, que decorreu na arena da Praça de Touros Palha Blanco, em Vila Franca de Xira. O evento, que tem como propósito dar a conhecer a arte tauromáquica, aprofundar as suas raízes e debater ideias, destacou-se por um programa de colóquios, exposições, cinema, novilhada, animação musical, visitas guiadas e feira numa organização conjunta da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e do Clube Taurino Vilafranquense, em parceria e com o apoio de entidades da defesa da cultura tauromáquica. O evento marcou ainda o arranque dos 90 dias para o Colete Encarnado.

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