Plan de Juegos

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ÍNDICE Tema Objetivo Justificativa / Motivação Atividades desenvolvidas Resultados 1. Introdução 2. História urbana de Barcelona 2.1 Cidade Educadora 3. O Plan de Juegos 3.1 Participação 3.1.1 Os parques pilotos 3.1.2 A metodologia de co-criação 4. Repensar e reaplicar Conclusões Apêndice Bibliografia


TEMA Instrumentalização da metodologia do grupo de extensão “Co-Criança” por meio do estudo do ‘Plan de Juegos’ de Barcelona. OBJETIVO O objetivo da presente pesquisa é analisar e refletir sobre as experiências do “Plan de Juegos” visando instrumentalizar a metodologia desenvolvida pelo grupo de extensão “Co-Criança” no sentido de atingir escalabilidade e disseminação da nossa tecnologia social. O grupo de extensão Co-Criança, do qual faço parte, identificou e reconheceu em território periurbano condições sociais muito dramáticas da população de crianças e jovens. Entretanto, também identificou células de excelência social e cultural no sentido da reversão desses processos que atingem o público infantil, como no caso do Jardim Elisa Maria, na Brasilândia. O grupo consolidou-se nesse bairro por meio da construção de novos espaços de lazer e estar, constituindo nas crianças consciência socioambiental, autonomia, noção de cidadania, direito à cidade e pertencimento; sempre por meio da co-criação com as crianças. Inclusive, vem buscando expandirse para outros locais, mas ainda é um projeto muito focalizado e feito em função do empirismo do grupo. Dessa forma, é preciso avançar no desafio de alcançar uma nova escala para a ação, respeitando as condições necessárias para a reaplicação do processo sociotécnico e o empoderamento dos próprios usuários. Isto é, busca-se, com essa pesquisa, uma mudança de escala das nossas experiências locais inovadoras. Nossa metodologia foi desenvolvidas empírica e localmente, mas quer-se chegar em uma tecnologia com maior impacto, aspirando a abrangência municipal. Nesse sentido, o “Plan de Juegos” se apresenta enquanto grande possibilidade de estudo por abordar na escala da cidade o mesmo tema trabalhado pelo grupo. Também foi essencial para a escolha de estudar essa política catalã o fato dela contar com dois projetos pilotos que buscam a transformação do espaço a partir da co-criação com as crianças, uma vez que o grupo de extensão também busca o impacto social por meio da ressignificação dos espaços públicos em diálogo com a comunidade infantil local. O "Plan de Juegos", apresentado em fevereiro deste ano, é desenvolvido pelo "Institut Infància i Adolescència", um instrumento público dentro do Instituto de Estudos Regionais Metropolitanos de Barcelona com autonomia de gestão e com a prefeitura da cidade como entidade promotora. Visa acompanhar a administração local em seu papel de garantia dos direitos das crianças. Assim, também tenho como objetivo o contato com o instituto justamente para acessar essa visão mais técnica e vivencial da implantação do plano, para além do teórico. O caso de Barcelona é singular, dada sua condição referência enquanto Cidade Educadora desde 1990, ao mesmo tempo em que está na vanguarda das políticas urbanas atuais para a infância. É preciso avançar no sentido de abarcar o que vem sendo feito em outros locais, incorporando essas experiências para expandir o território de instrumentos da nossa ação. Dessa forma, por meio dessa pesquisa, pretendo estudar o “Plan de Juegos” para entender


seus meios de aplicabilidade na cidade. Assim, pensar instrumentos que garantam a maior consolidação da tecnologia social desenvolvida pelo Co-Criança enquanto metodologia replicável desenvolvida na interação com a comunidade, representando solução para transformação social.


JUSTIFICATIVA / MOTIVAÇÃO Sou aluna do quinto ano de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de São Paulo, mas também sou graduada em Pedagogia no Instituto Singularidades. Assim, a cidade é um campo que me envolve, da mesma forma que são as crianças. Olhar para as possibilidades de relação das crianças com a cidade e pensar novas formas possíveis dessa relação foi algo que veio me envolvendo ao longo das duas graduações. Realizei atividades que motivaram e direcionaram meu interesse por pensar a relação da cidade com as crianças e como ela possibilita a valorização desses espaços urbanos. Entendo a cidade como uma das maiores materializações da nossa sociedade. Apesar disso, não a percebo como um espaço que abrigue as crianças de modo que elas possam ter uma experiência completa que permita uma vivência urbana cidadã. No Brasil, as crianças que vivem na cidade passam 90% do seu tempo em lugares fechados (SKENAZY, 2009). Isto é, a cidade não me parece refletir uma sociedade preocupada com a infância. Enxergo a criança como um grupo social (QVORTRUP, 2015, 2014, 2011) e, portanto, acredito que elas devam ser vistas, entendidas e respeitadas enquanto cidadãs1. Porém, não é assim que são entendidas e nosso espaço urbano é a concretização disso. Elas, de modo geral, entram para dentro de casa e vão perdendo seus espaços nas ruas, que deixam de ser locais nos quais elas possam frequentar. Em 1973, brincavam na rua 75% das crianças, em 2006 esse número já havia caído para 15% (SKENAZY, 2009). A criança vai, cada vez mais, perdendo sua autonomia de movimento e, por consequência, seu direito à cidade. Ao sentir que faz parte da cidade, a criança também sente que faz parte da comunidade. Mas, para que isso aconteça, a cidade deve garantir oportunidades para isso, por meio, por exemplo, da mobilidade, de espaços de brincar, de ruas convidativas e instrutivas. Conforme Cardoso (2015, s/p), diretora do Laboratório de Educação das Cidades Educadoras, o que aprendemos na infância diz muito sobre o cidadão que seremos. Se a criança tem direitos, ela irá respeitar os direitos. O futuro é a síntese das experiências que a criança pode ter. Temos que lembrar o tempo inteiro que, conectando a criança com o bairro, familiarizando-a com o espaço público, ela vai querer mudar o mundo do qual faz parte.

A primeira experiência que me despertou enorme inquietação de intersecção entre minhas duas áreas de estudo foi a participação no projeto de Cultura e Extensão da FAU-USP, intitulado “Co-Criança: antropologia urbana, o olhar da infância para a periferia e a reconstrução de seus espaços”, que busca recuperar a ocupação dos territórios livres e o lugar da infância nas cidades, projetando, por meio de metodologia exploratória experimental desenvolvida pelo grupo, espaços de brincar através da escuta da voz da criança. Já desenvolvemos o projeto de uma praça para o distrito da Brasilândia, que foi aprovada e reformada (segundo nosso projeto) pela subprefeitura da Freguesia do Ó e outra para a Vila Anglo Brasileira, também executada pela subprefeitura. “O que faz um sujeito cidadão é o fato de ele ser capaz de criar ou modificar, em cooperação com outros, a ordem social na qual quer viver, cujas leis vai cumprir e proteger para dignidade de todos” (TORO, 2005, p. 52). 1


Assim, em conjunto e em consonância com o projeto, parto de uma enorme vontade de entender a cidade como um grande projeto educativo que influencia na formação da criança enquanto cidadã. A cidade é concebida pela ação coletiva e, portanto, todos os cidadãos têm direito à voz e à vez na construção do espaço urbano. Apesar disso, para muitos permanece a ideia de que as crianças são sujeitos incapazes de opinar e participar da cidade como qualquer outro cidadão. Com a vivência na Brasilândia, fui percebendo que a discussão sobre planejamento urbano exclui a participação infantil bem como as instituições de educação excluem a cidade e, por isso, seria grande a necessidade de se abrir um canal de diálogo entre o arquiteto, urbanista, paisagista, o educador e a criança, de modo a construir coletivamente uma cidade mais acolhedora e amistosa. Além disso, enquanto aluna da pedagogia, realizei meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), também em diálogo com o estudo aqui proposto. Busquei pensar a cidade enquanto um projeto educativo e, assim, objetivava olhar as crianças que vivem na periferia de São Paulo para, partindo da noção de Cidade Educadora, pensar a questão do direito à cidade e sua inserção na noção de cidadania, olhando para como essas questões são entendidas pelas crianças e como a cidade pode auxiliar para construí-las. Assim, motivada por essas experiências e querendo ir além, considerando a potência da cidade e sabendo de como ela ainda é pouco utilizada e qualificada para a infância, busquei compreender como essas dinâmicas estão sendo abordadas em outros contextos acadêmicos e urbanos, sobretudo de cidades consideradas de excelência acerca do tema, como é o caso de Barcelona, para poder trazer novas, aplicáveis e inovadoras propostas para nossa realidade.


ATIVIDADES DESENVOLVIDAS •

Levantamento e revisão bibliográfica Com auxílio do orientador e tendo contato com o Institut Infància i Adolescència e o suporte da Universidad Politecnica da Catalunya, foi realizado um levantamento bibliográfico acerca de: o o que Barcelona vem produzindo para a implementação do projeto bem como para o seu entendimento enquanto cidade amiga das crianças. o o que é o Plan de Juegos o como se deu seu processo participativo o localização e entorno dos parques onde ouve processo de co-criação o história urbana de barcelona e seus documentos legislativos

Trabalho de campo Buscando entender a aplicação do plano em âmbito municipal, foram realizados os seguintes trabalhos de campo: o 2 visitas ao Parque de la Pegaso, um dos projetos pilotos do Plan

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levantamento dos processos, decisões, dificuldades e necessidades para a implantação da nova visão, da política do Plan de Juegos e dos projetos pilotos

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observação sensível dos usos do espaço

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observação da relação das pessoas com o entorno

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entendimento do entorno do parque

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registro fotográfico

1 visita ao Parque Central de Nou Barris, um dos projetos pilotos do plan o

levantamento dos processos, decisões, dificuldades e necessidades para a implantação da nova visão, da política do Plan de Juegos e dos projetos pilotos

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observação sensível dos usos do espaço

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observação da relação das pessoas com o entorno

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entendimento do entorno do parque

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registro fotográfico

visitas a outros espaços da cidade que estão se transformando a partir da ação do Plan de Juegos, como por exemplo a Praça do Sol, na Vila de Gracia.


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Reuniões com institutos e agências envolvidas na elaboração e execução do Plan o

Emma Cortés - diretora do Institut Infància i Adolescència

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Joan Gener – da cooperativa Raons Publique, a qual realizou o processo de participação com as crianças

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Ariadna Miquel – chefe do Departamento de Prospectiva de Model Urbà da prefeitura de Barcelona, o qual participou da elaboração e vem exercendo a execução do Plano.

Análise e registro das informações coletadas Foco na reflexão projetual e implementação da tecnologia enquanto política pública

Dia mundial das cidades educadoras Percorri a Via Layetana, uma das principais vias da cidade, que estava fechada para carros, observando as diversas atividades para crianças das mais diversas idades que estavam propostas na rua. Foquei da relação dessas crianças com o espaço, e de suas famílias com o espaço. Realizei registro fotográfico e de referências.

Publicação Revisei e organizei o material para inscrição de artigo, junto a mais 3 participantes do coletivo Co-Criança, no UIA 2020 (World Congress Of Architects).

Elaboração do relatório conforme modelo fornecido pela Agência de Inovação

Reuniões com orientadores o

reuniões presenciais com Carles Llop

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reuniões por vídeo transferência com Catharina Pinheiro.


RESULTADOS 1. Introdução Considerando o recorte de 0 a 11 anos, verifica-se que 81% das crianças brasileiras vivem em áreas urbanas (IBGE, 2010). Ao mesmo tempo, 19,3 milhões (44,1%) (entre 0 e 14 anos) vivem em situação de pobreza2 e outros 7,4 milhões (17%) vivem na extrema pobreza3, totalizando 61,1% das crianças do Brasil (IBGE, 2014). Além disso, as crianças que vivem em cidades passam 90% do tempo em lugares fechados (SKENAZY, 2009), o que é explicitado no decréscimo da quantidade de crianças que brincam na rua: em 1973 eram 75%, em 2006, esse número caiu para 15% (SKENAZY, 2009). Na Catalunha, por sua vez, os indicadores de pobreza e exclusão social também são piores para a população infantil e adolescente do que para outras faixas etárias (PINEDA; MACIEDA, 2017). Os ambientes urbanos, em especial as regiões metropolitanas, vêm se tornando cada vez mais inóspitos e pouco sensíveis às necessidades da infância. A rua, outrora lugar de socialização e lazer, tornou-se via de circulação e lugar de perigo, sobretudo para as crianças (TONUCCI, 2015). No Brasil, as praças públicas e os parques também sofrem com o abandono do poder público, diminuindo as possibilidades do brincar. Porém, durante a infância, o brincar não é uma questão menor, sendo reconhecido4 como direito humano com mesma relevância que habitação, saúde e educação. Esses dados levam a buscar possibilidades de transformação para essa realidade urbana infantil. O projeto de Cultura e Extensão da FAUUSP, intitulado “Co-Criança”, do qual participo, se enquadra nessas inquietações. O "Co-Criança" busca fortalecer o território da criança por meio da co-criação e ressignificação dos espaços livres. Projetamos espaços públicos de brincar conjuntamente com as crianças em contextos de alta vulnerabilidade social e baixa oferta de espaços de lazer. Nesse sentido, é possível apreender o projeto apresentado enquanto possibilidade de tecnologia social potente, uma vez que possibilita a construção de valores coletivos como a cidadania, autonomia e pertencimento. Isso fez surgir uma grande vontade de instrumentalizar a ação para que ela pudesse afetar mais pessoas e territórios enquanto uma metodologia replicável para transformação. Dessa forma, busquei, com a presente pesquisa, levantar subsídios que permitissem avançar no debate metodológico e de aplicação do nosso projeto de extensão por meio do estudo do "Plan de Juegos", desenvolvido em Barcelona, de forma que toda a análise e estudo aqui apresentados aumentassem o escopo da nossa ação. A Prefeitura de Barcelona vem promovendo uma nova visão da brincadeira infantil que abarca o espaço público, projetando maiores e melhores locais para o brincar diverso e inclusivo ao ar livre, o que também qualifica o entorno no qual está inserido. Esta nova visão concretizou-se em 2019 no "Plan de Juegos 2020-2030", a partir de um processo participativo e transversal que envolveu mais de 400 pessoas, inclusive crianças. Esse plano consolida as mudanças rumo a uma política que reconhece os benefícios coletivos do brincar. Seus objetivos são: expandir e diversificar 2

Pessoas que vivem com renda domiciliar per capita mensal inferior ou igual a meio salário mínimo. Pessoas que vivem com renda domiciliar per capita mensal inferior ou igual a um quarto de salário mínimo. 4 No artigo 31 da Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU. 3


o brincar por meio de espaços lúdicos; desenvolver critérios, ferramentas e indicadores para planejar e acompanhar o aumento e melhoria das oportunidades de jogo; promover a participação e corresponsabilidade dos cidadãos e atores sociais, principalmente das crianças (BARCELONA, 2019). Foi desenvolvido em Barcelona, entre fevereiro e junho de 2018, um projeto piloto de transformação urbana do Parque do Pegaso de Sant Andreu e do Parque Central do Nou Barris com a participação, criação e desenho dos alunos das escolas do entorno. É bastante notável e significativo o fato do plano contar com um modelo de co-criação de espaços lúdicos públicos com crianças, o que é muito próximo da metodologia desenvolvida pelo meu grupo de extensão. Permite, portanto, entender esse plano como experiência-referência para a escalabilidade do CoCriança, através da reapropriação dos seus instrumentos. Também é importante ressaltar o contexto enquanto periferia geográfica no qual se inserem os dois parques, pois se assemelha ao trabalho do grupo. Da mesma forma que em São Paulo, ressalvadas as diferenças históricas, sociais e culturais entre as duas cidades - os contextos periféricos contam com maior população infantil e com menos espaços de brincar que as demais áreas da cidade. O bairro de Navas, por exemplo, localizado em Sant Andreu (onde está um dos parques), conta com a menor metragem de espaços de brincar por criança (BARCELONA, 2019; SÃO PAULO, 2018). Assim, o Plano trata-se de uma intervenção urbana, mas também social. Concebe-se o brincar na rua como possibilidade de melhora da qualidade de vida por meio de uma política que desenvolve critérios, ferramentas e indicadores para planejar ações no âmbito municipal, visando a potência da cidade na construção social da criança. Dessa forma, essa pesquisa buscou a mudança de escala e instrumentalização das metodologias da tecnologia social proposta pelo grupo de extensão por meio do estudo da experiência do "Plan de Juegos". Será possível pensar, a partir da experiência de Barcelona, formas de disseminação da nossa tecnologia social proposta. Para sistematizá-la, organizei o presente relatório de forma a apresentar, em um primeiro momento, a história urbana de Barcelona, visando entender como a prefeitura atual chegou no apresentado Plano a partir do entendimento de todas as ações urbanas que vieram sendo elaboradas em Barcelona. A partir dessa contextualização, que nos leva até o ideal de Cidades Educadoras, passo a apresentar o Plan de Juegos, desde sua elaboração até seus principais objetivos e ferramentas. Uma das propostas do Plano é a participação infantil, a qual é essencial também para nosso projeto de extensão. Assim, apresento como esse processo foi desenvolvido em Barcelona traçando alguns paralelos com as ações que desenvolvemos aqui. Por fim, busco trazer uma reflexão acerca daquilo que pude aprender com meu estudo visando reaplicá-lo em nosso contexto de forma a garantir o maior alcance de nossa tecnologia social.


2. História urbana de Barcelona Considerando a cidade enquanto um espaço que passa por processos de constantes transformações, cuja origem se confunde com a própria sociedade que ali se estabelece, podemos afirmar que o ambiente citadino se torna, pois, a um só tempo, gerado e gerador de novas relações, visões e construções sociais. O urbano pode ser tido como obra histórica, que se produz continuamente a partir das tradições e contradições inerentes à sociedade. Da mesma forma, os planos urbanos e ordenações do território se traduzem na forma urbana da cidade e se materializam em condições específicas para a população, a organização social e política e a reinterpretação do espaço geográfico. Assim, buscar entender o Plan de Juegos de Barcelona, que não deixa de ser um plano urbano, implica compreender também seu contexto, mergulhar no universo das particularidades da cidade e estudar sua situação urbana. E, para isso, se faz essencial analisar a formação urbana da cidade, entendendo assim suas singularidades, os caminhos que vieram sendo traçados e as lógicas projetuais que levaram Barcelona a pensar em um Plano que olhasse para os espaços de brincar. Conhecer o processo de construção urbana da cidade de Barcelona se faz importante para entendermos as especificidades que diferenciam o seu processo de formação histórico/social e contextualizar diferenças históricas, econômicas e sociais em relação aos locais de atuação em São Paulo. Segundo Busquets (2018, p. 21, 22) as mudanças experimentadas em Barcelona nos últimos 25 anos não se explicam apenas com os desenhos feitos por um ou vários indivíduos, nem com a vontade singular e pessoal, senão com uma tendência ou exigência coletiva mais ampla que implica a iniciativa pública municipal (...) e também de arquitetos, grupos de vizinhos, operadores privados, etc, que definiram claramente uma consciência de mudança com respeito às condições precedentes e que foram a base de sua própria concepção.

A cidade conta com uma larga tradição urbana, mas carrega ao largo de sua história as características de densidade e compacidade de sua forma urbana e a sua evolução por extensão, e não por reforma. É uma cidade que solidifica diversos tempos, cristalizando antigas configurações territoriais. Há indícios de que barcino, o embrião da cidade atual, data do século I a.C, parte ainda do Império Romano. São mais de 2000 anos de história urbana, sobre a qual não seria capaz de tratar com profundidade. Assim, partirei, nesse estudo, de 1860, ano do Plano Cerdà, uma vez que entendo que esse plano foi essencial para definir a configuração e organização urbanas atuais de Barcelona. “Se trata, sem dúvida, de um trabalho seminal para a formalização da Barcelona Contemporânea5” (BUSQUETS, 2018, p. 121, tradução nossa). Meados do século XIX, Barcelona experimentava um acelerado crescimento econômico graças à atividade portuária e à indústria têxtil, ao mesmo tempo em que as epidemias, a

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Es tracta, sens dubte, d’un treball seminal per a la formalització de la Barcelona contemporània.


insalubridade e a superlotação a fazia colapsar. Em 1854, vem a decisão oficial de derrubada das muralhas e, assim, abre-se caminho para mudanças urbanas na cidade. A urgência de transformar a cidade resultou em um plano urbano criado pelo engenheiro e urbanista Ildefonso Cerdà, que visava organizar a cidade por meio de sistemas de traçados sobrepostos, oferecendo diferentes níveis de leitura e permitindo expandir a cidade para além das muralhas, que até então concentrava grande densidade urbana. O principal objetivo do plano era aumentar a área total da cidade e fornecer uma alternativa mais ordenada de ruas e quarteirões em comparação à dispersa, densa e irregular malha urbana do centro histórico de Barcelona. A sua proposta de espaço público era algo inigualável. Cerdá fez parte de uma geração de engenheiros e arquitetos que começaram a compreender que não deveria tratar-se apenas da repetição dos modelos clássicos da Academia, mas que a arquitetura e o nascente urbanismo deveriam refletir o componente social. O engenheiro planeja, nesse sentido, uma verdadeira refundação de Barcelona, essencialmente devido à dimensão e à escala que expressam seu projeto por meio de uma quadrícula dez vezes a superfície que, até então, tinha Barcelona. Mas, mesmo se enquadrando em um ideal moderno de organização de cidade, Cerdà acredita essencial uma estreita relação com a realidade da cidade, trabalhando a partir de um enfoque analítico muito mais que de um determinista ou unívoco. Partindo dessas premissas, desenvolve sua teoria segundo três ideias básicas. Primeiro, a higienista, baseada na crítica à situação urbana existente e condições sociais drásticas. Depois na circulação, isto é, se propõe a pensar em como a cidade deveria se preparar para o novo elemento de circulação que vinha sendo instalado: os trens. Além disso, preocupa-se com os fluxos dos vizinhos e, por isso, propõe que o espaço dedicado para a circulação dos pedestres e dos carros na seção de uma via seja o mesmo. Por fim, traz uma nova ideia de cidade, na qual compartilham espaço o construído e o expectante, isto é, os vazios também fazem parte de seu plano (propõe, por exemplo, que apenas 50% de uma quadra seja edificável), e é aqui que se enquadra essencialmente a ideia de refundação de Barcelona. Segundo Cerdà, a cidade higiênica e funcional permitiria condição de igualdade entre todos seus usuários e, por isso, visava cobrir todos o território 6. Nessa expansão territorial, o Plano Cerdà possibilitou a conexão da cidade antiga com as pequenas vilas e organizações urbanas que se davam nas aforas da cidade. Assim, a formação da Barcelona contemporânea baseia-se em dois grandes eixos que se justapõe à cidade antiga: a Eixample (advinda do traçado de Cerdà) e o Núcleos Suburbanos que já preexistiam ao plano. Sant Andreu, por exemplo, nesse momento, é um desses núcleos e mantém perfil agrícola. Desenvolveuse (bem como La Sagrera) de acordo com um modelo que acabou por repetir-se em diversos núcleos suburbanos, o qual se baseava em estradas e caminhos rurais; ruas de servidrumbre; ruas de casas; tecidos de ruas; plano geométrico de ruas com praça.

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Entretanto, vale destacar que a aplicação e consolidação do Plano Cerdà são bastantes distintos das ideias iniciais propostas pelo engenheiro. Inclusive, destaca Busquets (2018, p. 302) que "Se podría incluso polémicamente señalar que en la Barcelona central subsisten dos entidades: el proyecto Cerdà - con sus criterios innovadores - y el Eixample una realidad fruto de las contradicciones sociales y económicas de su desarollo".


Aos poucos, a Eixample vai consolidando-se. E soma-se a ela a Exposição Universal de 1888, com a qual a cidade vive seu grande primeiro esforço de melhoria do mobiliário urbano e dos espaços públicos, que deixam de ser apenas representativo para serem confortáveis e funcionais. As exposições buscam sempre revelar o que há de mais inovador. Com esse intuito, muitos monumentos (como o arco do triunfo e o de Colon) e edifícios se consolidaram a partir do esforço dos arquitetos modernistas catalães, os quais eram bastante contrários ao plano Cerdà. A atuação desses arquitetos cria um novo movimento na Eixample e compõe junto a ela, trazendo questões dos movimentos mundiais, mas também marcando traços específicos catalães. Além disso, o motivo da exposição impulsiona a dotação de serviços urbanos e obras de urbanização pela cidade. “É preciso destacar um novo perfil do investimento em infraestruturas que toma como tema fundamental os serviços urbanos7” (BUSQUETS, 2018, p. 182, tradução nossa). Buscava-se, com isso, dar resposta a demanda latente de uma melhor qualidade urbana que as condições de higiene ou as necessidades de transporte exigiam de uma cidade de tamanho crescente. Nesse sentido de mudança de estratégia no âmbito da escala dos projetos urbanísticos da cidade, cria-se, no início do século XX, o Gross Barcelona, “a grande Barcelona”, que buscava aplicar os modelos das grandes cidades europeias à capital catalã. O plano investe em melhorar as infraestruturas de produção e assegurar as mínimas condições urbanas aos residentes e à população imigrante que começa a ser expressiva. Se abre um período em que o incremento da população urbana em Barcelona será uma variável definitiva para entender a cidade atual, uma vez que deriva em novas necessidades urbanas. Esse não foi o único dos planos que sucederam ao de Cerdà. A incorporação dos municípios do planalto, cujo crescimento respondia a formações suburbanas e entre os quais existia uma grande quantidade de solo livre, provocou a necessidade de estudar as conexões e os enlaces entre os diferentes setores do novo término municipal (BUSQUETS, 2018, p. 193, tradução nossa).

Foi proposto, então, um concurso para conexão da Eixample com os povos anexados entre si e com o restante do término municipal. Buscava-se uma conexão da cidade com as áreas suburbanas. Aqui, faço um parêntese de análise minha, apenas por motivos de comparação com a região de estudo paulista. Nossas periferias sempre nascem irregulares e expandem-se sem a atenção do poder público, afastando-se do centro, das ofertas de trabalho, serviços e infraestruturas. A relação com Barcelona, especialmente com um dos bairros estudados, Sant Andreu, é distinta. Ainda que sim, surgirão bairros posteriores um pouco mais marginalizados, está na história urbana da cidade a busca por uma conexão com as regiões suburbanas, que eram, inclusive, anteriores à área mais consolidada, o que se mostra bastante distinto ao que veio ocorrendo na cidade de São Paulo. De toda forma, com esse intuito de conexão, vence o concurso o Plano Jausseley, primeiro plano regulador do novo âmbito administrativo durante a primeira metade do século. Propunha a zonificação de atividades, a sistematização dos verdes e o desenho de ruas e passeios, critérios que

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Hay que destacar un nuevo perfil de la inversión en infraestructuras que toma como tema fundamental los servicios urbanos.


se aplicavam sobre um território nunca antes planejado em conjunto e, portanto, necessitado de um aporte teórico que fizesse viável sua continuidade urbana. Faz compatíveis dois princípios: enriquecer o sistema de Cerdà, já consolidado, e travar um novo diálogo a respeito do anel de núcleos suburbanos. O projeto entrou em grandes discussões até que, em 1917 foi aprovado o Plano Romeu i Porcel, no qual foi proposto um sistema de parques, que avança no que diz respeito ao sistema de espaços livres da cidade. O projeto de Jausseley consolida uma nova realidade urbana que é a de diferença entre partes, seja pelo uso designado ou zonificado, seja pelas condições de infraestrutura mais próxima. Estabelece também um excelente repertório de sistemas de espaços verdes. Por fim, também traz um excelente catálogo de seções e cruzamentos que visam fazer viável a estrutura hierárquica dos espaços e vias propostos no plano. É significativo o fato de, já em 1905, o Plan de Enlaces ter sido capaz de definir os espaços públicos como tema prioritário na cidade (BUSQUETS, 2018), fato que possui seus reflexos ainda no urbanismo atual e que dialoga diretamente com o Plan de Juegos aqui estudado. Houve sempre na história urbana da cidade uma preocupação para a melhoria dos espaços públicos, repensando-os e refazendo-os de acordo com as demandas populacionais, discussões teóricas atuais e ressignificações de estigmas sociais. Entre a proposição do Plano Jausseley (1905) e sua execução (1917), é posto em prática o Plan Baixeras, que visava a reconversão do tecido urbano existente na Cidade Velha. Em 1907 são feitas as primeiras operações de renovação urbana, entre elas a abertura da via Laietana, que conectava a Eixample ao porto. Ela foi fundamental para o desenvolvimento urbano de Barcelona, uma vez que conectava os dois focos dinâmicos da cidade: o porto industrial e o espaço de novo crescimento residencial; e, além disso, favorecia conectividade ao centro histórico, o que possibilitava que ele se mantivesse enquanto espaço importante na cidade. O investimento dominante em infraestrutura se mantém na melhoria dos serviços urbanos e se soma a uma vontade de investimento em infraestrutura de suporte ao crescimento e expansão urbana, por meio dos trens suburbanos. No principal projeto da prefeitura, os serviços e as infraestruturas urbanas eram uma prioridade e a eles se dirigiam os esforços de seus conselheiros e comissões específicas. Temas como o transporte, a cultura ou o ensino passaram a ser um eixo central de discussão. Em 1918, se cria a direção de parques públicos da prefeitura e, com esse departamento, se potencializa tanto a conceitualização do tema como a construção de novos parques. “A sistematização do espaço livre e do espaço verde se aceitará agora como necessária tanto para aliviar os males da cidade industrial como para aumentar seu embelezamento8” (BUSQUETS, 2018, p. 217, tradução nossa). Para as intervenções, estabelece-se na prefeitura uma categoria de espaços livres equipados, definindo dois tipos: os parques jardim urbanos - que incluem os “squares”, os jardins de bairro e os parques infantis -; e os grandes espaços - entre os quais se destacam os parques urbanos e as reservas naturais. A prefeitura começa a comprar solo para fazer parques. Em 1910 eram 72ha de solo para espaço livre e, em 1924 esse número já se torna 6 vezes maior.

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La sistematización del espacio libre o espacio verde se aceptará ahora como necessária tanto para aliviar los males de la ciudad industrial como para aumentar su embellecimiento


Mais uma vez é interessante destacar a preocupação da cidade com os espaços públicos e, dessa vez, de forma ainda mais específica, aparecem classificados os parques infantis, que já se dão enquanto um tema de cuidado por parte da prefeitura de Barcelona. Ainda em 1905 Puig i Cadafalch, importante modernista catalão, já havia expressado em um artigo sua vontade pela Exposição Universal de 1929 como forma de colocar em prática grande parte do Plan de Enlaces de Jausseley. Em 1913, é definido o local da exposição: o Montjuic, conformando a primeira vez que uma exposição desse porte se dará em uma montanha com o perfil do Montjuic. Outra dimensão interessante na exposição de 1929 foi a inclusão da atividade esportiva e recreativa. Uma das primeiras ideias propostas por Puig i Cadafalch é a consolidação da praça Espanha e sua conexão ao Montjuic. Mas, em 1921, após acontecimentos importantes, como a não entrada espanhola na contenda mundial e o desastre de Marrocos, se impõe uma ditadura bastante conservadora, chefiada por Primo de Rivera, que introduz grandes mudanças na administração municipal e catalã e bloqueia as obras da Exposição Universal até 1925, data em que a burguesia consegue um acordo com o ditador e retomar as obras para a Exposição. Nos anos 30, logo após a Exposição e, portanto, a cidade já dotada de novos eixos, monumentos e edifícios, ela começa a passar por transformações importante uma vez que chega a um marco significativo: Barcelona alcança 1 milhão de habitantes e realiza que possui os problemas das grandes cidades europeias, como falta de espaço residencial, de equipamentos, uma crescente demanda por transporte, entre outros. Nesse período se amplia definitivamente a participação das massas na vida política catalã e, em especial, em Barcelona. As mudanças políticas vão criar espaço para a discussão de novos modelos de organização da cidade e do território. Surgem muitos modelos alternativos impulsionados por grupos de artistas e técnicos, a exemplo do GATCPAC - grupo de artistas y tecnicos catalanes para el programa de arquitectura contemporanea. A grande dinâmica de crescimento urbano e industrial levava necessariamente implícita uma reflexão em escala maior que a escala de cidade. O fenômeno da suburbanização se estendia para além dos limites de Barcelona. Até mesmo do ponto de vista industrial se fazia necessária uma mudança na estrutura do território, uma vez que poder-se-ia faze-lo muito mais racional e produtivo. Assim, as ideias de organização estrutural do território catalão tomam cara nos anos 30. Os planos trazem uma ideia de zonificação e ordenação do território, visando reequilibrar o território. A principal ideia que se destaca é a combinação entre industrialização e agricultura, afastando-se da industrialização furiosa que poderia fazer perder grande parte das belezas naturais do país. Ainda no primeiro terço do século XX a migração para a cidade condal cresce, essencialmente às regiões industriais. Começa a crescer paralelamente uma demanda por habitação que, não sendo resolvida, dá origem a ocupações suburbanas. Nesse sentido, o GATPAC, em 1934, elabora o Plan Macià, que previa uma nova Barcelona, baseada na cidade funcional da Carta de Atenas. O plano era uma tentativa de aplicação dos princípios modernos à cidade. Sua grande base era a simplicidade e a economia, fazendo uso, para isso, da produção massiva a seriada, pouco se fixando na estética. Também separa a cidade por zonas: torna a zona industrial ainda mais produtiva e aposta nas zonas portuárias como espaços de


grandes recursos. Trabalha a Eixample e a cidade velha de formas diferentes, visando densificar a primeira e higienizar a segunda. Se estabelece uma estratégia urbanística alternativa e crítica a respeito dos modelos que haviam conformado o grande crescimento de Barcelona no começo do século. Entre 1934 e 1936 a direita assume, se suspende o estatuto da Catalunha e estoura a guerra civil. É um momento de fechamento da democracia e de corte nas inovações urbanísticas. Após a guerra civil se inicia um período de carência econômica e repressão política e uma grande migração do campo para a cidade. Nessas condições, as atuações oficiais tendem fundamentalmente a exaltação urbanística de valores representativos da ideologia dominante. Passa-se a incluir no plano geral das atuações a construção de habitações com ajuda estatal. O barraquismo se torna frequente, chegando a uma cifra de 20.000 barracas no território municipal de Barcelona. “A compreensão dos desequilíbrios de população deve ser entendida relacionado à concentração de investimento em infraestrutura dentro da área de Barcelona 9” (BUSQUETS, 2018, p. 281, tradução nossa). No contexto de consolidação das áreas suburbanas de Barcelona, são 3 as principais formas da periferia barcelonesa: bairros de expansão suburbana; bairros de urbanização marginal ou de autoconstrução; polígonos de habitação massiva10. As tramas periféricas de Barcelona somavam 2500 hectares, mais que o dobro da superfície da Eixample. De acordo com Busquets (2018), pode-se dizer que os subúrbios de Barcelona englobam uma forma de fazer a cidade construindo-a fragmentariamente, mas não espontaneamente. As ocupações do solo obedecem a projeto ou planos prévios, ainda que de iniciativa e âmbitos reduzidos. Em 1953, com o Plan Comarcal, buscou-se dar resposta à nova realidade supramunicipal que a Barcelona metropolitana demandava. Passa-se a estabelecer uma zonificação estrita de funções e núcleos de bairros. E, em 1964, começa-se uma espécie de revisão desse plano e surge, então, pela primeira vez, a ideia de área metropolitana de Barcelona. Inicia-se um processo para seu planejamento, que dura até 1970. Duas ideias básicas permeiam a discussão: a descongestão de Barcelona e a localização do setor terciário, como forma de equilibrar o território. Caminhando para a consolidação da ideia metropolitana, em 1974 se dá a criação da Corporação Metropolitana de Barcelona como entidade de administração local, com o qual decorre um avanço administrativo notável. Se faz uma primeira versão do Plano Geral Metropolitano (o de São Paulo está sendo elaborado apenas agora). O suporte de análise do plano era muito potente e realiza uma proposta muito precisa de reserva dos espaços intersticiais vazios ou obsoletos de atividade para equipamento e espaço público que vão permitir, no futuro, uma melhora da qualidade urbana da cidade (BUSQUETS, 2018).

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la comprensió dels desequilibris poblacionals s’ha d’entendre lligada a la concentració d’inversions en infraestructura en l’àrea de Barcelona. 10 Ver BUSQUETS, Joan. Barcelona: la construcción urbanística de una ciudad compacta. Barcelona: Laboratori d’Urbanism de Barcelona, outubro 2018, p. 287.


Após muitas revisões, o PGM foi aprovado em 1976. “Efetivamente, o PGM passa a organizar o território a partir de dois conceitos: os sistemas ou espaços de clara vocação pública ou coletiva e as zonas decidas a utilização privada11” (BUSQUETS, 2018, p. 340, tradução nossa). Com a entrada do novo governo democrático que, buscava melhorias urbanas em uma cidade pouco cuidada nas últimas décadas, a Barcelona dos anos 80 vai viver um urbanismo voltado aos projetos, programas e estratégias no qual, além do empenho político dos prefeitos, mostra-se uma capacidade técnica e teórica capaz de orientar um processo de grande complexidade. O processo arranca com uma ‘ideia-força’ inovadora de recuperação da cidade que passa de uma primeira fase de ação direta expressada na melhora urbana realizada por um grande número de pequenas atuações em praças e parques, a um programa de desenvolvimento urbano muito mais complexo 12 (BUSQUETS, 2018, p. 345, tradução nossa).

Assim, de ações pontuais de melhoria, se passa a ações de médio prazo em diferentes bairros da cidade que depois ainda serão sucedidas por estratégias globais sobre setores críticos da cidade. Atua-se para a reestruturação do sistema industrial da área metropolitana, que significava entrada massiva de capital estrangeiro, correspondendo à evolução mais geral da economia espanhola e uma mudança no papel do centro capital, com o desenvolvimento de um grande setor de serviços, proporcionando um processo de melhora comercial e de serviços ao conjunto metropolitano e seus subcentros. Buscava-se, também a recuperação da cidade por meio de ações urbanísticas voltadas a parte mais administrativa da cidade como, por exemplo, reorganização administrativa para maior eficiência; novos limites administrativos; 10 novos distritos municipais; descentralização política; mudança de escala dos distritos, que teriam uma escala parecida com as outras cidades da área metropolitana; e dissolução da Corporação Metropolitana de Barcelona. Passam a surgir novas ideias e escalas para a transformação urbana a partir de um interesse conceitual e teórico: toma-se consistência da ideia de projeto urbano como a superação da dissociação entre plano urbanístico e projeto arquitetónico, encontrando a escala intermediária como ponte de comprovação entre as decisões programáticas e as estruturais. Tem início uma reivindicação do plano como instrumento necessário para a organização social. Assim, nesse período, são chaves para a experiência urbana de Barcelona o trabalho em diversas escalas e a integração urbana. Uma corrente de “anti planejamento” (BUSQUETS, 2018) que, partindo da crítica à rigidez do planejamento tradicional, busca a abertura a um liberalismo econômico do século passado, permitindo o olhar para a especificidade de cada local. Barcelona responde a esse perfil como uma implantação muito compacta ao redor de seu centro velho e da Eixample que partiu da mudança de escala: da pequena atuação a grande intervenção; do projeto monográfico (uma praça, um parque) ao projeto complexo (um conjunto de ruas, zona verde); do projeto público às cooperativas. “A requalificação urbana, portanto, passa 11

En efecto, el PGM pasa a organizar el territorio a partir de dos conceptos: los sistemas o espacios de clara vocación pública o colectiva y las zonas dedicadas a la utilización privada. 12 El proceso arranca con una ‘idea-fuerza’ innovadora de ‘recuperación’ de la ciudad, que pasa de una primera fase de acción directa expresada en la mejora urbana realizada por un gran número de pequeñas actuaciones de plazas y parques, a un programa de desarrollo urbano mucho más complejo.


a repensar a cidade desde si mesma, com seus atributos e dificuldades 13” (BUSQUETS, 2018, p. 354, tradução nossa). Busca-se também uma estrutura de verde que possa ser maximizada à totalidade do tecido urbano. A ação se concentra em velhas indústrias já em desuso ou em graves crises, buscando que em cada leva de projetos cada e todo distrito esteja representado. O processo urbanístico de Barcelona admite uma leitura de identificação de seus bairros, isto é, de entender as diferenças urbanísticas para encontrar formas de atuação coerentes. E essas grandes atuações baseiam-se em 3 grandes eixos: •

Recuperação da cidade velha, que contava com problemas de moradia e altíssima densidade. A cidade velha foi subdividida em 3 diferentes regiões para as quais também estavam previstas atuações diferentes. Plano dos bairros tradicionais dos setores definidos como suburbanos, os quais precisam verificar a estrutura de ordenação que o PGM propôs e exige um reconhecimento preciso de cada situação. Olhar para os espaços interiores ao bairro com potência de ser requalificado, enfocando nas antigas indústrias que podem converter-se em parques e novas centralidades de bairro; e propor a peatonalização de algumas ruas. A Eixample, que merece uma consideração especial por sua representação quantitativa e simbólica na cidade. Para essa situação urbana, o problema é definir uma regulamentação mais precisa para melhorar os edifícios, além de facilitar a sua reabilitação e garantir uma boa inserção das novas casas. Outro objetivo básico da ordenança é bloquear a construção nos pátios das ilhas, ideia já incluída no esboço inicial do Cerdà, mas nunca desenvolvido. A ordenança aprovada obriga a deixar o coração da ilha sem edifícios e paisagismo em caso de substituição ou grandes alterações nos edifícios existentes. Abre, portanto, um caminho incremental lento, mas positivo, a favor do espaço verde interior da quadra.

Para além desses três eixos principais, a reestruturação urbana organiza-se entorno de pautas importante. A primeira delas é a reorganização do sistema viário. Uma vez sanadas as necessidades prioritárias de equipamento e espaço livre urbano, se fazia necessário afrontar a urbanização dos elementos viários por sua capacidade reequilibradora e por sua força enquanto configuradora da imagem de uma cidade compacta. A aposta nos anos 60 em uma hierarquia que priorizava o carro fez com que todos os grandes fluxos passassem pelo centro da cidade, alargando o trajeto de quem vinha de longe e colocando a Eixample como grande polo automobilístico. A cidade enfrentava dois extremos viários: uma sobrecarga no centro e um déficit na periferia. Se propõe 4 níveis de rede. A rede primária, que seriam grandes cinturões que rodeariam a cidade; os distribuidores, rede secundária de grandes ruas, que visavam aumentar a distribuição para as vias locais e o transporte público; uma rede interna de tecido urbano; e os espaços urbanos peatonais. Também é um momento onde buscam-se novas centralidades. Há, por exemplo, o deslocamento do Porto do Mar, símbolo da cidade comercial, para a praça Sant Jaume, coração da

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La recalificación urbana, por tanto, pasa por repensar la ciudad desde sí misma, con sus atributos y dificuldades.


Cidade Velha, que se abre até a praça Catalunha, definindo esse eixo Cidade Velha-Eixample. As novas centralidades deveriam produzir-se nos interstícios entre os bairros e, para isso, se definiram 12 áreas de novas centralidades (sendo 4 delas desenvolvidas para as Olimpíadas). O objetivo era diminuir a dependência do centro de Barcelona, oferecer melhores serviços aos bairros e reduzir a pressão na Eixample. Veio somar a esse grande projeto urbano o programa Olímpico para 1992 que articulava as diferentes ideias e propostas para a cidade em seus mais diversos âmbitos: esportivo, segurança, mobilidade, etc. O evento foi utilizado para mudar a cidade para sempre, começando em 1982. O programa 92 se planeja como grande projeto de reconversão urbana da cidade: dentro do continuum urbano, buscando a articulação de áreas intersticiais vazias, ou bem provocando elemento de ruptura, como o próprio triângulo da Vila Olímpica - que desencadeiam um processo de maior alcance14 (BUSQUETS, 2018, p. 395, tradução nossa).

O programa 92 nasce primeiro como meta, passa a ser Plano urbanístico e depois convertese em uma série de projetos separados, que são importantes por sua função organizativa. O programa desenvolve 4 grandes setores: Anel Olímpico, Vila Olímpica, Valle Hebrón, Área Diagonal conectados pela nova Ronda. Os anos 80 e 90 foram as décadas nas quais se consolidaram novas áreas de transformação na cidade existente. No marco dessa experiência, parece vislumbrar-se uma nova reflexão sobre a articulação urbanística a partir de projetos especiais. Os Planos das cidades deveriam existir e devem realizar-se desde um conhecimento profundo da realidade e desde o compromisso com a intervenção resolutiva dos temas urbanos próprios de cada cidade e de cada contexto histórico. Entretanto, as ações importantes parecem canalizar-se desde projetos especiais capazes de integrar os conteúdos de infraestrutura de cada peça urbana com uma visão urbanística geral15. (BUSQUETS, 2018, p. 407).

A cidade tem êxito na execução das Olimpíadas e em seu projeto urbano e ganha reconhecimento internacional notável, desenvolvendo também hotéis, comércios e serviços. As atuações de reordenação urbanística acabaram por permitir também um desenvolvimento do setor de serviços. Começa, assim, uma nova fase produtiva. A velha cidade industrial se abre aos mercados e fluxos internacionais. Esse novo sistema aumenta o número de viagens nos distritos, sobretudo com meios de transporte privado, que vêm ganhando espaço no contexto metropolitano. Dessa forma,

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El programa 92 se plantea como gran proyecto de reconversión urbana de la ciudad: dentro del continuum urbano, buscando la articulación de áreas intersticiales vacías, o bien provocando elementos de ruptura - como el propio triàngulo de la Vila Olímpica - que desencadenan un proceso de mayor alcance. 15 En el marco de esta experiencia, parece vislumbrarse una nueva reflexión sobre la articulación urbanística a partir de proyectos especiales. Los Planes de las ciudades deberán existir y deben realizarse desde un conocimiento profundo de la realidad y desde el compromiso en la intervención resolutiva de los temas urbanos propios de cada ciudad y de cada contexto histórico. Sin embargo las acciones importantes parecen canalizarse desde proyectos especiales capaces de integrar los contenidos de infraestructura de cada pieza urbana con una visión urbanística general.


na última década do século se constata um aumento da dispersão do sistema metropolitano em direção às bordas da metrópole. A região metropolitana se consolida enquanto realidade de relações. Passa a estabelecer-se uma situação de grande consumo do solo, mas sem crescimento populacional e com a aparição de novos modelos de distribuição espacial que vão além da lógica municipal. As principais atuações urbanas do período pós-olímpico tem raízes em projetos anteriores e são marcadas pela iniciativa privada. Em qualquer caso, o desenvolvimento da melhora do espaço urbano a nível dos distritos se mantém e se estabelece como uma prática comum da gestão urbanística de Barcelona. (...) Se produz assim uma mudança qualitativa do espaço público e se reformulam alguns valores da cidade mediterrânea enquanto apreciação e respeito do lugar coletivo16 (BUSQUETS, 2018, p. 417).

Pode-se dizer, de maneira resumida, que as 3 maiores mudanças do período foram 1. a redefinição do viário (Rondas como grande projeto urbanístico diminuindo os volumes de tráfego no centro da cidade; grandes eixos viários como Gran Via diminuem sua seção e capacidade, reduzindo o tráfego e recuperando espaço para bicicleta, pedestre, verde) 2. a culminação de alguma áreas de centralidade (Illa, Port Vell, calle Tarragona, la Maquinista) 3. os novos grandes eixos urbanos. Nos finais dos anos 90 voltam as iniciativas de grandes projetos, agora bastante relacionados à atualização de infraestruturas principais, como o Aeroporto, o Plano de Transporte Público e o AVE e que assumem caráter plurimunicipal, uma vez que Barcelona passa a ser o centro de uma metrópole, na qual se passa muita coisa (o próprio aeroporto está em outro município). E, em 1988 elabora-se, com grande participação corporativa e institucional, o Plano Estratégico de Barcelona, que define os pontos débeis da cidade e estuda os meios para reduzir seu impacto. 2.1 Cidade Educadora Em 1990 tem início na cidade outra iniciativa importantíssima para entender o Plan de Juegos proposto hoje. O I Congresso Internacional das Cidades Educadoras ocorreu em 1990 na cidade, devido ao grande redimensionamento na compreensão do papel e da importância da cidade como agente educador. Inicialmente pensado em Barcelona, hoje já está presente em diversos países do mundo e parte da ideia de que as cidades se entendem – ou deveriam entender - como educadoras, sendo a educação e formação de seus habitantes uma de suas funções. Isso se traduziria em cidades mais justas, participativas e inclusivas, com destaque para a cidadania das crianças. O Congresso foi um encontro no qual um grupo de cidades concordaram princípios que se pautavam no desenvolvimento de seus habitantes e deveriam orientar suas políticas públicas. Essas

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En cualquier caso, el desarrollo de la mejora del espacio urbano a nivel de los distritos se mantiene y se establece como una práctica común de la gestión urbanística de Barcelona. (...) Se produce así un cambio cualitativo del espacio público y se reformulan algunos valores de la ciudad mediterrànea en cuanto apreciación y respeto del lugar colectivo.


cidades se propuseram a sistematizar em uma Carta as ideias básicas que acreditavam formar a cidade em seu perfil educativo. Assim, a Carta das Cidades Educadoras trata dos princípios os quais as cidades que se associam ao compromisso educador de cidade devem cumprir, partindo da ideia de que o desenvolvimento dos cidadãos está relacionado à cidade e ele não pode ser deixado de lado. Ela já foi revista em outros congressos (1994 em Bolonha e 2004 em Gênova) para acomodar-se às mudanças sociais e aos novos desafios impostos. Foi baseada na Declaração Universal dos Direitos do Homem17 (1948), no Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais18 (1966), na Declaração Mundial da Educação para Todos 19 (1990), na Convenção nascida da Cimeira Mundial para a Infância (1990) e na Declaração Universal sobre Diversidade Cultural 20 (2001). Em seu preâmbulo, a Carta defende a ideia de que as crianças e os jovens já não devem mais ser passivos na vida social e na cidade, devendo tornar-se sujeitos e protagonistas. Em 1989, com a Convenção das Nações Unidas21, já foi outorgado às crianças direitos civis e políticos, tornando-as cidadãos de pleno direito. Portanto, as crianças e os jovens deveriam deixar de ser passivos na vida social e, por conseguinte, na cidade. Dessa forma, pensar esses grupos sociais na cidade não se limita à sua proteção, mas deve ampliar sua condição enquanto cidadão e garantir a coexistência, igualdade e respeito entre as gerações. A Carta diz que “a cidade, grande ou pequena, dispõe de inúmeras possibilidades educadoras mas pode ser igualmente sujeita a forças e inércias deseducadoras” (BARCELONA, 1990, p. 1) e que possui a potencialidade, a partir de elementos intrínsecos a si, de uma formação integral, sendo um “sistema complexo e ao mesmo tempo um agente educativo permanente, plural e poliédrico, capaz de contrariar os fatores deseducativos” (BARCELONA, 1990, p. 1). Dessa forma, define que a cidade deve possuir uma identidade local bem como manter-se aberta às vizinhas e sempre objetivar o aprendizado, a troca de experiências e o enriquecimento da vida dos habitantes. A cidade que se diz educadora deverá, então, priorizar o investimento cultural e a formação permanente da população. Deve exercer sua função educativa em paralelo com todas as outras, ocupando-se prioritariamente com as crianças e os jovens.

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ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assembleia Geral das Nações Unidas. (217 [III] A). Paris, 1948. 18 _______. Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais. 1966. 19 _______. Declaração Mundial de Educação para Todos. Conferência de Jomtien, Tailândia. UNICEF, 1990. 20 _______. Declaração Universal sobre Diversidade Cultural. Conferência de Estocolmo, Suécia. UNESCO, 2001. 21 A Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Convenção sobre os Direitos da Criança – Carta Magna para as crianças de todo o mundo – em 20 de novembro de 1989, e, no ano seguinte, o documento foi oficializado como lei internacional. No preâmbulo da Convenção se recorda a Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948, que proclama que toda a pessoa humana tem todos os direitos e liberdades enunciados e, assim mesmo, que a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. A Convenção se orienta precisamente a especificar estas atenções, as quais tem um significado duplo: por uma parte, reflete o interesse pela infância que se traduz principalmente em proteção; por outro, significa a segregação dos seres humanos pequenos em espaços particulares, no que se refere principalmente a sua participação social e sua autonomia pessoal (REVILLA, 2008, p.27). A Convenção sobre os Direitos da Criança é o instrumento de direitos humanos mais aceito na história universal, tendo sido ratificado por 196 países.


A cidade será educadora quando reconheça, exerça e desenvolva, para além das suas funções tradicionais (económica, social, política e de prestação de serviços), uma função educadora, isto é, quando assuma uma intencionalidade e responsabilidade, cujo objetivo seja a formação, promoção e desenvolvimento de todos os seus habitantes, a começar pelas crianças e pelos jovens. [...] Uma cidade será educadora se oferecer todo o seu potencial de forma generosa, deixando-se envolver por todos os seus habitantes e ensinando-os a envolverem-se nela (BARCELONA, 1990, p. 1).

Assim, no mesmo sentido, apresentam-se os grandes desafios das cidades educadoras. Primeiro, conseguir investir em cada um ao mesmo tempo em que investe em todos, para que possam desenvolver seu próprio potencial humano. Depois, promover a igualdade e o diálogo, garantindo que todos se respeitem, sejam e sintam-se respeitados. Terceiro, associar os fatores necessários para construir uma sociedade do conhecimento e sem exclusões, na qual todos tenham acesso às tecnologias. Por fim, considerando a diversidade das cidades atuais e prevendo seu aumento, a cidade educadora precisa promover equilíbrio e harmonia entre identidade e diversidade, garantindo o reconhecimento de todos. Portanto, quer-se que todos possam ter o direito a uma cidade educadora, o qual nada mais é do que a extensão do direito à educação e do direito à cidade. A educação formal não deve estar tão distante da vida adulta, que segue em formação inclusive pela cidade e seus potenciais. “O direito a uma cidade educadora deve ser uma garantia relevante dos princípios de igualdade entre todas as pessoas, de justiça social e de equilíbrio territorial” (BARCELONA, 1990, p. 4). A partir dessa concepção, foram elaborados vinte princípios norteadores das Cidades Educadoras, divididos em três grandes grupos: direito a uma cidade educadora (1); compromisso da cidade (2); e serviço integral das pessoas (3) (BARCELONA, 1990, p. 4-8). O primeiro deles diz respeito ao direito a uma Cidade Educadora, isto é, engloba seis princípios que colocam como direito de todo cidadão usufruir de maneira democrática, com liberdade e igualdade, da cidade, onde o potencial educativo seja garantido por políticas municipais que promovam a educação formal, não-formal, informal e a diversidade cultural. O segundo aborda o compromisso da cidade: são seis princípios que visam o oferecimento de equipamentos e serviços públicos para garantir o desenvolvimento dos seus habitantes, com atenção especial às crianças e aos jovens, atendendo as necessidades de acessibilidade, encontros e lazer, de modo a promover o conhecimento, a aprendizagem e a valorização cultural. A cidade também deve estimular a participação cidadã e a co-responsabilidade no projeto coletivo e educador através do oferecimento de informações e orientações aos seus habitantes. E o terceiro, ao pensar a respeito do serviço integral das pessoas, traz oito princípios que englobam a responsabilidade da cidade em oferecer e favorecer atividades de formação cidadã visando a participação, a co-responsabilidade e o desenvolvimento dos habitantes no contato com o meio urbano. A cidade também deve conhecer as formas de exclusão e desigualdades a fim de combatê-las. Ainda hoje, a Carta é o referencial mais importante da Associação Internacional de Cidades Educadoras, a qual reúne mais de 482 cidades em 36 países do planeta, distribuídos nos cinco continentes. No Brasil são 16 municípios associados: Belo Horizonte, Caxias do Sul, Guarulhos,


Horizonte, Mauá, Nova Petrópolis, Porto Alegre, Santiago, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Carlos, São Paulo, Sorocaba e Vitória. Entretanto, no caso brasileiro observamos uma predominância de projetos concentradas em cidades de grande e médio portes, com limitações a ações efetivadas em territórios locais, que não promovem transformações mais profundas nas relações que estabelecem. Além disso, elas costumam partir da sociedade civil e pouco das governanças da cidade. A partir da Carta fundante, entende-se, então, uma Cidade Educadora como aquela que reconhece, promove e exerce um papel permanentemente educador na vida de seus cidadãos para além de seus deveres tradicionais, “formando-os com consciência crítica para a participação ativa na construção do espaço da democracia” (MAYUMI, 2009, p. 7). As políticas, os espaços, os tempos e os atores são todos entendidos como agentes pedagógicos capazes de influírem - espera-se que de maneira positiva - no desenvolvimento dos habitantes. Rompendo com a lógica das políticas fragmentadas, as experiências em diálogo com a Cidade Educadora evocam a necessidade de articulação entre os diferentes setores do governo e da sociedade em um pacto pelo desenvolvimento humano e social, sempre buscando contemplar as diferentes vozes. O movimento das Cidades Educadoras impulsionou e possibilitou mais notoriedade ao conceito, compromissado com a construção de cidades mais inclusivas, justas e participativas. Elas buscam o desenvolvimento econômico em consonância com o desenvolvimento sustentável e a justiça social, enfrentando os problemas urbanos de forma sistêmica, transparente e horizontal, sempre respeitando o meio ambiente. São cidades que ativam seu potencial educativo, entendido como inerente a todas, e o buscam especialmente pelo exercício da cidadania por parte das crianças e dos jovens. Nessa perspectiva, a cidade forjada em projetos de exclusão e segmentação dá lugar a uma cidade com espaços públicos acessíveis, desenhados para melhorar a qualidade de vida, a saúde e o bem-estar das pessoas. Essa cidade deve criar condições para plena igualdade, de forma que todos se sintam respeitados e respeitem o próximo, em constante diálogo. Na Cidade Educadora, a inclusão é uma dimensão que atravessa todo o planejamento urbano. A concepção de Cidade Educadora remete ao entendimento da cidade como território educativo. É um projeto com grande dimensão participativa:

Sem a co-responsabilidade cidadã, sem o envolvimento da comunidade, dos diversos agentes educativos, sociais e culturais que atuam no território, sem a participação de entidades, associações, sindicatos, empresários, universidades, etc., é impossível dar forma ao projeto e muito menos colocá-lo em prática (GRANELL; VILA, 2003, p. 33).

Dessa forma, deve ser um projeto coletivo de toda a cidade e, portanto, exige a mobilização de todos. Busca-se a integração dos conhecimentos de cada indivíduo, favorecendo que as pessoas aprendam, partilhem, troquem e, consequentemente, enriqueçam suas vidas. A Cidade Educadora compromete-se a valorizar a pluralidade cultural dos territórios, abrindo caminho para as diferentes identidades, expressões e saberes comunitários.


Portanto, a educação, nessa visão, deve ser compreendida como um elemento norteador das políticas da cidade bem como o processo educativo como um processo permanente e integrador. Este deve ser garantido a todos em condições de igualdade e deve ser potencializado pela valorização da diversidade intrínseca à vida na cidade e pela intencionalidade educativa dos diferentes aspectos da sua organização: do planejamento urbano, da participação, do processo decisório, da ocupação dos espaços e equipamentos públicos, do meio ambiente, das ofertas culturais, recreativas e tecnológicas. Para tornar a realidade urbana mais permeável às necessidades da infância, é preciso tomar as crianças como parâmetros chave de planejamento e gestão urbana. A educação extrapola a escolarização e o ensino de conteúdos conceituais básicos. Trata-se de um processo permanente em nossas vidas, que nos possibilita conhecer, refletir e reconstruir os valores e códigos de nossa sociedade. Neste sentido, a cidade também é um agente de nossa educação. Enquanto educadora, a Cidade é também educanda. Muito de sua tarefa educativa implica a nossa posição política e, obviamente, a maneira como exerçamos o poder na cidade e o sonho ou a utopia de que embebamos a política, a serviço de que e de quem a fazemos (FREIRE, 2017a, p. 23).

A Cidade Educadora reconhece e assume este papel político e social, desenvolvendo um planejamento que se volta integralmente para o bem-estar de seus habitantes e de seus múltiplos territórios. Ao entender a cidade como um espaço educativo, como apresentado acima, deve-se considerar tanto sua concepção quanto a necessidade de articulação entre os diferentes agentes educativos, buscando a promoção da coletividade e convivência, princípios baseados na igualdade e na solidariedade. É o que se buscava – e ainda se busca – com o projeto educativo da cidade de Barcelona, na Espanha, primeira a se declarar Cidade Educadora. Foi a partir da mudança de olhar sobre o território e o redimensionamento para uma noção da cidade enquanto agente educador que a capital catalã passou a repensar-se. O objetivo, ao mudar o olhar e passar a pensar um projeto educativo, era “converter a educação em um dos eixos estratégicos do desenvolvimento da cidade” (GRANELL; VILA, 2003, p. 44). Para tal, a cidade passou a pensar seu projeto a partir de dois eixos principais. O primeiro deles dizia respeito ao processo, que deveria ser inovador, com muita reflexão e análise, buscando sempre perceber os desafios que se impunham a cidade. Esses desafios estavam também relacionados à percepção da nova sociedade da informação e do conhecimento, uma vez que exigia entender o papel da educação dentro desse contexto. Devia-se buscar passar de uma ‘pedagogia da cidade’22 para a ideia de ‘cidade como pedagogia’, na qual cada agente – empresas, museus, meios de comunicação, famílias, associações, urbanistas e planejadores – assuma sua responsabilidade educativa e seja capaz de fazer seu currículo educativo (GRANELL; VILA, 2003, p. 45). 22

A “pedagogia da cidade” entende a cidade como um recurso educativo para a escola. Isto é, podem ocorrer saídas pedagógicas, visitas a museus, entre outros. Mas, a cidade ainda se encontra muito atrelada à função da escola, apenas correspondendo a demandas da educação formal.


Era importante que se articulasse em um projeto único e bem definido todas as propostas já existentes em um campo de ação comum. O projeto educativo nasceu buscando ser um plano estratégico para a cidade. O segundo eixo buscava fazer do Plano Educativo de Cidades um projeto coletivo, por meio da participação cidadã. Buscou-se, então, uma descentralização, criando conselhos e plataformas nas diferentes instâncias, seja na cidade ou nos distritos23, onde é possível uma maior aproximação das necessidades. Assim, acreditava-se possível criar uma capacidade social de reflexão. Seguindo essas duas linhas, desenrolaram-se dois anos de trabalho que contaram com muitos debates cidadãos e instrumentos de participação (como questionários, reuniões, entrevistas) e com a colaboração de diversos profissionais de áreas também diversas na elaboração de documentos24. O processo era pensado a partir de três eixos: reflexão, consenso e comunicação, por meio dos quais, sempre através da coletividade, foi possível chegar a um consenso de projeto educativo de cidade. Para que a proposta caminhasse concomitantemente a um compromisso com a educação por parte dos agentes educativos formais, foram criados conselhos representativos dessas instituições, que discutiam e preparavam documentos que deveriam ser aprovados pelo conselho diretivo e, em seguida, por outros organismos de participação cidadã. Esse processo culminou em um diagnóstico da situação da educação na cidade de Barcelona e em um plano de intenções, composto por sete linhas estratégicas e 79 propostas de atuação. Cito aqui as sete propostas (BARCELONA, 1999, s/p): ● Aprofundar a dimensão social e comunitária da educação promovendo um compromisso estável dos agentes sociais em distritos e bairros; ● Desenvolver as ações adequadas para melhorar a igualdade de oportunidades diante das mudanças tecnológicas, econômicas, sociais, culturais e institucionais; ● Adequar as diversas formas de formação profissional às necessidades do ambiente produtivo da região metropolitana de Barcelona; ● Promover uma cidadania ativa, crítica, responsável e aberta à diversidade; ● Formar a cidadania no uso sustentável dos recursos e promover um ecossistema urbano integrado que melhores a qualidade de vida das pessoas; ● Capacitar as pessoas para a inovação e para a gestão dos conhecimentos em todos os campos das ciências, da cultura e das tecnologias; ● Aproveitar as oportunidades oferecidas pela Carta Municipal 25 para melhorar a gestão, o planejamento e a qualificação do sistema educativo.

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Em Barcelona, os distritos podem coincidir com os bairros ou não. Eles tratam dos serviços mais próximos e diretos da prefeitura para com a sociedade, havendo um vereador representante de cada distrito. 24 Esses documentos estão disponíveis em dois volumes já editados (AA. VV. 1999 a e b). Eles exploram a ideia de que a educação é essencial e constitutiva de uma sociedade do conhecimento e da cultura mais igualitária e coesa. 25 “A Carta Municipal é uma lei especial para Barcelona que prevê, entre outras coisas, colocar em funcionamento um mecanismo de decisão e de gestão do sistema educativo entre o governo estadual da Cataluña – que tem hoje as competências em matéria educativa – e a Prefeitura de Barcelona” (GRANELL; VILA, 2003, p. 48).


Assim, com a aposta em espaços públicos e na articulação de diferentes setores para garantir a educação integral de suas crianças e adolescentes, Barcelona pode desenvolver sua proposta pioneira e tornar-se, hoje, a maior referência acerca do conceito, que se espalhou pela Espanha, país com mais cidades associadas à Associação Internacional das Cidades Educadoras. A cidade conseguiu garantir a noção de que todos são responsáveis pela educação. O projeto educativo da cidade de Barcelona não é uma obra de ninguém, mas uma obra de muitas pessoas. Não é um projeto da prefeitura, mas o projeto de toda a cidade, um pacto para transformar a educação na chave do conhecimento e da convivência (GRANELL; VILA, 2003, p. 55).

Graças a este projeto, foram criados, por exemplo, numerosos conselhos infantis nos municípios, no qual foram realizados e pensados planos de espaços urbanos com a participação de crianças, o que fez com que a segurança em determinadas zonas das cidades aumentasse, permitindo maior autonomia para as crianças que passaram a poder ir sozinhas às escolas. O movimento das Cidades Educadoras é mais um momento, agora com bastante força, que a cidade de Barcelona olhou e se preocupou com a relação criança e cidade, buscando melhorias nesse sentido. É bastante interessante olhar para esses processos vividos pela cidade, uma vez que eles nos permitem entender a carga histórica urbana que permitiu a implementação do Plan de Juegos.


3. O Plan de Juegos Além da cidade estar preocupada com seus espaços urbanos já há anos, como pudemos ver em sua história urbana, e da cidade preocupar-se com o lugar urbano que ocupam as crianças já desde 1990, há uma outra situação bastante atual que se soma para chegar ao Plan de Juegos contemporâneo que estamos estudando. Um tema bastante investigado e relevante no momento para o campo do urbanismo barcelonês é a perspectiva de gênero que, na visão de Emma Cortès, diretora do Institut da Infància i Adolescència, diz de uma mudança de enfoque. A cidade está deixando de pensar o urbanismo por seu viés produtivo para pensar um urbanismo para as pessoas. Ela acredita que a visão de gênero diz muito dessa inversão pois inclui o olhar das curas, da cidade dos cuidados, o que se expande até cidades que priorizam espaços para sentar os idosos, calçadas largas para poder passar bem. Então, desde essa perspectiva de cidade para as pessoas, a cidade deve ser uma cidade pensada mais para as crianças e, então, é nessa intersecção que os conceitos confluem. O plano também está muito relacionado com um tema que vem tomando conta do planejamento da cidade: o programa das superillas, que é bastante anterior ao Plan de Juegos, mas que já conduz no sentido de melhorar a concepção dos espaços de jogo. Essa linha estratégica de uma cidade mais jogável se conecta ao novo modelo de cidade promovido pelo Governo Municipal, cuja figura mais representativa é a superilla. Desde o início do mandato, ganhou-se espaço público para jogos e lazer, esporte, estadia ou fruição de vizinhos e pedestres nas superillas de Les Corts e Poblenou, além de das outras superillas que estão em implantação. Além disso, já haviam quase 70 playgrounds escolares abertos para o bairro ou os caminhos escolares mais jogáveis (desde setembro de 2015, 43 escolas aderiram ao programa e mais 18 escolas serão adicionadas até o final do curso de 2018-19). É possível entender todas essas ações como um reflexo desse novo modelo urbano, que trabalha todas as políticas de maneira bastante integrada. O Plan de Juegos da cidade de Barcelona foi desenvolvido essencialmente pelo Institut Infància i Adolescência, que é um instrumento público dedicado ao conhecimento para acompanhar a administração local em seu papel de garantia de direitos de crianças e adolescentes na transformação da cidade. Segundo Emma Cortès, ele se enquadra, no momento, enquanto um instituto de estudos da Universidad Autònoma de Barcelona inscrito na área metropolitana da cidade, impulsionado pela prefeitura. Inicialmente, foi um consórcio público, no qual participava a prefeitura, a deputação (um organismo supramunicipal, formado por todas as prefeituras da província de Barcelona), Universidad Universidad Autónoma de Barcelona, Universidad Politécnica de Catalunya y Universidad de Barcelona. Era muito pequeno e com muitas limitações e, por isso, o Institut Infància i Adolescencia se integrou a esse instituto de estudos da Universidade Autònoma, financiado pela prefeitura de Barcelona. Enquanto instituição pública, a missão é acompanhar a administração pública e, sobretudo, a prefeitura, que é no que veem centrando-se nos últimos 5 anos para poder tomar decisões de políticas públicas vinculadas a melhora de vida das crianças. Se encarregam de mobilizar o conhecimento para poder acompanhar junto à realidade que tem a administração pública para


gerar mudanças e para que se desenhem planos que invertam costumes em prol da infância. É um instrumento público que busca a transformação da cidade para que ela seja mais adequada para a infância. Há um grupo de trabalho transversal com cerca de 25 pessoas, entre elas técnicos de saúde, técnicos de obra pública, técnicos de educação, técnicos de parques e jardins. Objetiva-se impulsionar os direitos da infância e da adolescência gerando e compartindo conhecimento para melhorar as políticas locais. O instituto desenvolveu um plano estratégico 2016 - 2020 para as suas ações, visando orientar os próximos anos do consórcio como instrumento público a serviço das administrações locais. A missão do instituto é contribuir para uma Barcelona (cidade, área metropolitana e província) onde as crianças e adolescentes vivam com dignidade e cresçam com igualdade de oportunidades em espaços sociais e em entornos familiares afetivos, enriquecedores, saudáveis e protetores, fazendo efetivo todos os seus direitos e seu máximo desenvolvimento. Trabalham para garantir que a infância ocupe lugar prioritário na agenda pública; para que se faça visível o papel das crianças e adolescentes como cidadãos com capacidades crescentes e como agentes de mudanças na cidade; e para que se considere a idade dos 0 aos 17 anos como uma etapa estratégica do ciclo de vida para conseguir melhorias estratégicas coletivas presente e futuras. Os marcos do instituto são cidadania e participação comunitária, igualdade de oportunidades e equidade, gênero e investimento como bem coletivo. E partindo desses princípios, o Institut pôs a lupa naquilo que, de acordo com Cortès, já era uma demanda da sociedade. Assim, dentre os 900 parques e jardins que a cidade possui, havia um desejo para que fossem mais inclusivos, para crianças com dificuldade de movimento, com cadeira de rodas, que fossem propostas mais diversas. Nesse sentido intervém o instituto, visando pensar no brincar 26 no espaço público, sempre considerando o jogo como um direito. Assim, para chegar-se ao Plan de Juegos, a cidade começou com uma medida de governo, que faz parte da elaboração do plano, conhecida como Dona Molt de Joc, ou “De Muito Jogo”, que buscava uma nova visão do jogo no espaço público. De acordo com o site da prefeitura, “Esta medida do governo quer favorecer uma mudança no reconhecimento da importância social do jogo e do espaço público como política urbana (BARCELONA, 2019, s/p, tradução nossa)”. O brincar deve ser reconhecido em sua importância social e o governo deve promovê-lo e estimulá-lo. Essa medida de governo coloca os desafios quando se trata de promover o jogo no espaço público e no cotidiano, coleta as ações já desenvolvidas ou em andamento durante os primeiros anos de mandato e identifica as ações planejadas para os anos 2018 e 2019 Para definir o primeiro plano de promoção do jogo no espaço público 2020-2030. A medida começa, então, com a necessidade de repensar os espaços e oportunidades que a cidade oferece de jogos diversos e inclusivos ao ar livre para crianças e adolescentes e pensar, então, na melhoria da vida comunitária para os cidadãos como um todo. A medida decorre da prestação 26

Ao longo desse relatório, usarei diversas vezes as palavras brincar e jogar como espécies de sinônimos. Apesar das duas palavras não significarem a mesma coisa, nem semânticamente nem dentro das áreas de estudo da pedagogia e da psicologia, suas noções estão bastantes relacionadas, sempre enquanto atividades muito potentes da infância. Além disso, em espanhol utiliza-se o “juego” como brincar, assim, muitas vezes na tradução acabei utilizando jogo ou brincar.


de contas das ações já realizadas nessa direção e, ao mesmo tempo, a partir do comprometimento de novas ações planejadas para serem desenvolvidas até o final do mandato, com o objetivo de fazer de Barcelona uma cidade que promova e planeje oportunidades de jogo no ambiente urbano. Tem como objetivo favorecer uma mudança no reconhecimento da importância social do brincar/jogar no espaço público com uma política urbana que se enquadra em estratégias de cidade saudável, inclusiva e sustentável. Iniciar atuações para ampliar e diversificar as oportunidades do brincar livre e inclusivo ao ar livre com uma concepção global do entorno urbano e das necessidades quotidianas da cidadania. Desenvolver critérios, ferramentas e indicadores para planificar atuações globais e territorializadas com ações de médio e longo prazo, prevendo sua avaliação. E, por fim, promover o debate, a participação, e a corresponsabilidade da cidadania e dos atores sociais na nova visão e impulsão do jogo no espaço público. A prefeitura acredita que o avanço rumo a uma política do brincar é essencial. Primeiro porque as crianças têm o direito ao brincar ao ar livre, previsto no Artigo 31 da convenção de direitos da infância da ONU El descans, el joc i el temps lliure són tan importants per al desenvolupament de l’infant com la nutrició, l’habitatge, la salut i l’educació Quan hi ha inversió en lleure sol destinar-se a activitats organitzades, però tan important com això és crear espais i temps perquè els infants es dediquin a exercir el seu dret al joc, al temps lliure i creativitat espontanis

Nesse sentido de respeitar, proteger e cumprir com o direito ao jogo, é obrigação do governo planejar entornos, instalações e espaços de brincar e lazer que promovam o bem estar das crianças; contar com a participação das crianças e adolescentes em projetos e planejamentos; assegurar uma atenção especial às crianças em situação de pobreza, com descapacidades ou minorias; estabelecer mecanismos de acompanhamento em bases de dados, avaliações e pesquisas para compreender o escopo, avanços e impactos nas crianças. É obrigação do governo promover o direito ao jogo das crianças e adolescentes e, portanto, planificar uma cidade amiga da infância, tal como as crianças estão pedindo. Além disso, avançar nesse sentido é essencial também pela urgência de melhorar a saúde integral da cidade com mais atividades físicas lúdicas, começando pela infância, porque o jogo e a atividade física melhoram a saúde e o bem-estar físico e mental. A obesidade infantil, o sedentarismo e o vício nas telas cresce entre as crianças e jovens, gerando dificuldade de autorregulação emocional, afrontamento, resiliência. Ao mesmo tempo que também vivemos cada vez mais uma perda de autonomia entre as crianças e superproteção por parte dos adultos, o que diminui a capacidade de tomar decisões, resolução de conflitos, gestão de riscos. Espaços de brincar que promovam essas capacidades são muito importantes para o desenvolvimento da criança. Também é essencial porque os entornos jogáveis e inclusivos enriquecem a vida comunitária, uma vez que criam espaços inclusivos para todas as idades, gêneros, origens e capacidades funcionais. É uma proposta urbana para melhorar a acessibilidade universal e o enfoque de gênero, criar mais trocas e espaços coletivos, enriquecer a vida comunitária.


Por fim, é essencial porque os espaços de jogo de qualidade naturalizam e pacificam o entorno urbano, que atualmente vive uma situação de déficit de verde, pouco contato com a natureza, acessos não seguros aos espaços de jogo devido ao trânsito, contaminações acústicas e do ar que pioram a saúde. Partindo desses princípios e fazendo uma radiografia da realidade das áreas de jogo da cidade, Barcelona pode entender que há uma distribuição muito desigual das áreas de jogo pela cidade e que mais de 50% dessas áreas são entendidas como pequenas ou muito pequenas. Também perceberam que quase não há áreas de jogo para adolescentes nem para uso compartido de crianças e adultos. Por outro lado, concluíram que praticamente todas as crianças tem uma área de jogo a menos de 10 minutos a pé de onde mora. Com essa radiografia, destacaram como as principais deficiências atuais das áreas de jogo a estandardização e escassa qualidade em termos de jogabilidade, diversidade e acessibilidade apenas à espaços pré determinadas; desenhos e projetos que priorizam a segurança, a manutenção e a tranquilidade dos adultos; muito pouca conexão com a natureza e de possibilidades de exploração da natureza; e que não são projetadas pensando em todas as idades e as suas diferentes necessidades de jogo. Portanto, o Plan é elaborado para consolidar as mudanças em andamento em direção a uma política que reconheça os benefícios coletivos do jogo e que contribua para uma cidade mais inclusiva, sustentável, saudável e amiga da infância. Foi desenvolvido por meio de um processo participativo e transversal que envolveu mais de 400 pessoas, inclusive crianças. Eram profissionais das mais distintas áreas, como da educação, dos serviços oficiais, do urbanismo, etc. Foram feitas oito reuniões de trabalho para refletir sobre o lugar da infância e da adolescência no espaço público. Disso sai um documento com os principais desafios de Barcelona acerca do tema, de onde partiu o trabalho de mudança de visão. Em algumas sessões participativas, colaborativas e transversais de trabalho entre março e dezembro de 2018, foram elaborados 7 critérios preliminares que deveriam ser levados em conta ao desenhar as áreas de jogo de Barcelona: 1. múltiplas propostas de jogos criativos e com desafios para o desenvolvimento saudável das crianças. 2. espaços físicos diversos, estimulantes, conectados e acessíveis. 3. espaços de jogos inclusivos para distintas idades, gêneros, culturas e descapacidades. 4. contato com a natureza, o verde e a exploração dos elementos naturais. 5. jogo compartido e cooperativo. 6. lugar de encontro e convivência comunitária. 7. ecossistemas lúdicos e entornos seguros e jogáveis/brincáveis. Também foram levantadas 12 atividades lúdicas que deveriam ser consideradas prioritárias ao elaborar os projetos dos espaços de brincar: 1. deslizar (escorregadores de diferentes medidas e formas 2. balançar (balanços individuais e coletivos, de diferentes medidas e formas)


3. 4. 5. 6. 7.

escalar (árvores, escaladas, plataformas elevadas, pirâmides de cordas, esculturas jogáveis) equilibrar (barras de equilíbrio, circuitos de pedestais ou troncos, rodas giratórias) saltar (camas elásticas, estruturas flexíveis de rede, borracha) sentir vertigem (rodas giratórias, balanços pequenos, grandes e de grupo, tirolesa, pontes) correr e rodas (espaços suficientemente grandes para circular correndo, de bicicleta, skate, patinete, rodas, jogos esportivos) 8. esconder-se (casinhas, arbustos, estruturas para se colocar debaixo, tubos, túneis 9. experimentar (superfícies ou mesas de areia, vegetação, elementos naturais, córregos, canais de água, estruturas sonoras) 10. interpretar (casinha, cozinha, trens, carros, estruturas com formas simbólicas) 11. expressar (giz, potes e areia, espaços e pisos cênicos, espelhos, conexão elétrica e wifi para música, paredes para arte urbana) 12. deitar e relaxar (espaços de deitar com bancos dispostos para conversar em grupo, mesas de picnic, superfícies confortáveis para sentar Assim, pautada nessas discussões, desejos e apontamentos, Barcelona chega ainda em 2019 já tendo realizado 5 ações que julga fundamentais para a formalização do Plan: 1. Elaboração de seu primeiro Plan de Juegos para o espaço público 2020-2030 a partir de um processo participativo e transversal que se enquadra no modelo urbano da cidade; 2. Renovação de 39 áreas de jogo a partir dos novos critérios de desenho e criação de 20 novos espaços lúdicos a partir da nova visão do brincar, sendo dois deles co-criados e 5 deles com grandes elementos de jogo exclusivos; 3. Estabelecimento de um modelo de co-criação de espaços lúdicos com crianças a partir das experiências dos parques Pegaso e Central de Nou Barris (fevereiro - junho 2018), o qual fosse incorporado ao processo de transformação urbanística; 4. Prototipagem de elementos urbanos de alta jogabilidade (experiência piloto de Verneda); 5. Estabelecer uma rede de cidades que trabalhem para impulsionar o jogo no espaço público e compartam conhecimento (Encontro de cidades pelo brincar - novembro 2018); Com base no trabalho realizado ao longo do processo de reflexão e nas experiências pilotos, em 2019, concretiza-se essa nova visão por meio da apresentação do Plano de Promoção do Jogo no espaço público 2020-2030 de Barcelona, o qual consolida as mudanças rumo a uma política que reconheça os benefícios coletivos do brincar. É o primeiro plano urbano da cidade que situa a atividade física ao ar livre entre as políticas chave para fazer uma cidade mais habitável e melhorar o bem-estar, a saúde e a vida comunitária. O Plano visa melhorar e diversificar as oportunidades de brincadeira e atividade física no espaço público, devido aos seus amplos benefícios, tanto para o desenvolvimento e bem-estar de crianças e adolescentes, quanto para a saúde e a vida comunitária e a convivência de todos os cidadãos. Se inspira em planos pioneiros como os de Dublin e de Londres ao mesmo tempo em que responde às recomendações da ONU para fazer avançar o direito ao jogo, direito humano específico de crianças e adolescentes.


Este plano capturará objetivos e ações de curto, médio e longo prazo da cidade e territórios que geram condições ideais para diversificar e maximizar as oportunidades de jogo, além de promover o debate público e o reconhecimento social da importância do jogo e do tempo livre, pelo crescimento saudável da infância e adolescência e pelo conjunto da cidadania. Quase como um mantra aparece a ideia de mais e melhores oportunidades para o jogo no espaço público, ou seja, que o jogo forme parte das atividades que se podem fazer nos espaços públicos, desde o 0 aos 99 anos, e que essa seja uma atividade que se contemple e forme parte da vida da cidade. É uma nova forma de enxergar o brincar que abarca o espaço público. Um plano pioneiro e ambicioso que coloca a atividade física ao ar livre e o jogar entre as principais políticas para tornar a cidade mais habitável e melhorar a vida de vizinhos, começando com crianças e adolescentes. Visando esse ideal buscará expandir e diversificar o brincar por meio de espaços lúdicos; desenvolver critérios, ferramentas e indicadores para planejar e acompanhar o aumento e melhoria das oportunidades de jogo; promover a participação e corresponsabilidade dos cidadãos e atores sociais, principalmente das crianças (BARCELONA, 2019). O Plano levará em consideração as diversas necessidades e interesses nos usos do espaço público, entre outros, em relação à segurança, gestão equilibrada de riscos e autonomia, principalmente crianças e adolescentes. Além de ações para enfrentar os diferentes desafios e obstáculos já identificados no ponto de partida e que serão enriquecidos e contrastados após o trabalho planejado. É a sistematização da busca por desenhar as áreas, espaços lúdicos e entornos urbanos para melhorar e diversificar as oportunidades de brincar, projetar a infraestrutura lúdica da cidade com base em análises, estimular a atividade lúdica ao ar livre e sua importância social e enriquecer a vida comunitária, a convivência, e a corresponsabilidade pelo brincar O processo de melhoria e criação de novos espaços lúdicos será baseado no trabalho conjunto de famílias e crianças, liderado por técnicos de Educação Ambiental na construção de uma proposta de espaços, materiais e tipos de jogos muito ricos, enraizados ao meio ambiente e aos objetivos do espaço e com critérios de inclusão. Há uma busca por ampliar o olhar e não se centrar unicamente nas áreas estritamente de jogo, mas abrir-se também ao entornos e acessos das áreas designadas pelo jogo, concebidas como espaços lúdicos multifuncionais, assim como ao entorno urbano da cidade.


Figura 1: esquema ilustrativo da atuação do Plan. Fonte: prefeitura de Barcelona

A imagem acima é bastante representativa dessa ideia, que busca expandir o brincar, não o limitando apenas a um espaço delimitado. Assim, poderíamos entender as áreas de jogo como espaços designados especialmente para jogar que incorporem elementos de jogo desenhados expressamente e que requerem certificação. Já os espaços lúdicos e entorno seriam espaços que incluem uma área de jogo e que também oferecem possibilidades lúdicas no entorno e nos acessos, seja em parques e jardins, praças ou ruas peatonais. E, por fim, chega-se a totalidade da Ciudad Jugable (cidade jogável/brincável), isto é, um conjunto de espaços urbanos não vinculados a áreas de jogo nem ao seu entorno e acessos onde se joga e realiza atividade físico-esportiva de maneira mais ou menos espontânea e casual que permite maximizar as oportunidades de jogo por meio de táticas diversas. A visão de parque como um espaço lúdico desborda os limites das atuais áreas designadas ao brincar ao criar novos espaços em que, tanto a seleção das estruturas como a disposição dos elementos e o desenho de todo o espaço sejam estimulantes e jogáveis e tenham em conta os múltiplos usos lúdicos e de convivência comunitária. Planeja-se, então, desenvolver novas áreas de lazer, áreas que superem os limites atuais de elementos de jogo para criar novos espaços nos quais a seleção de estruturas e o layout dos elementos e o design de todo o espaço tornem-se estimulantes e jogáveis e levem em consideração os muitos usos recreativos e a vida comunitária. Supõe uma mudança de paradigma na visão sobre o jogo/ o brincar. Com esse plano, Barcelona pretende passar de uma cidade com áreas de jogo infantil para uma cidade para brincar no espaço público, uma cidade jogável. Uma cidade com zonas específicas de jogo mais diversas, criativas, acessíveis e inclusivas que as atuais. Algumas delas incluem jogos únicos devido a suas vivacidade e multiplicidade de usos. É principalmente sobre quebrar barreiras e que o jogo transborde os entornos das áreas e possa ir muito além, colocando o planejamento urbano por toda a cidade à disposição do jogo.


Com essa visão, o plano concreta 63 ações que respondem a uma ótica integrada e transversal que combina ações de urbanismo (desde micro intervenções e urbanismo tático a grandes transformações urbanas) e ações sociais (desde dinamizações itinerantes a novos conceitos em serviço público). Uma maneira de exemplificar a mudança na política de jogos da cidade é incorporar elementos de jogos singulares e atraentes que oferecem diferentes possibilidades de brincadeira e exploração para as crianças. A seleção dos locais onde esses elementos singulares serão localizados responde a critérios territoriais, mas também ao desejo de estender o jogo a diferentes tipos de espaço público. Em 2018, um jogo singular foi instalado na Plaça del Sol, em Gràcia. Em 2019, haverá quatro novos jogos singulares: nos Jardins de la Indústria (Eixample), no Parque Central (Nou Barris), no Parque la Pegasu (Sant Andreu) e na Avenida Meridiana (Sant Martí). O Plan de Juegos está estruturado em torno de três eixos estratégicos: ▪ Mais e melhores espaços para brincar no ambiente urbano: infraestrutura lúdica em uma cidade jogável ▪ A estimulação do lazer e da atividade física ao ar livre: usos lúdicos em uma cidade jogada ▪ O impulso de uma mudança de paradigma: o jogo ganha espaço na cidade Além disso, organiza-se em torno de 10 metas: 1. garantir o jogo diverso e criativo nas áreas de jogo, dobrando aqueles que propõe diversidade de jogo, isso é, que oferecem ao menos 6 das principais atividades lúdicas • 2018: 23% das áreas de jogo ofereciam diversidade de atividades lúdicas • 2030: 50% das áreas de jogo vão oferecer diversidade de atividades lúdicas 2. Assegurar padrões mínimos de superfície e jogabilidade nas áreas de jogo, reduzindo os com menos de 50m2 e renovando os que não tem propostas lúdicas suficientes. • 2018: 4% das áreas de jogo tem menos de 50m2 e 16% das áreas de jogo oferecem atividades lúdicas insuficientes • 2030: 0% das áreas de jogo tem menos de 50m2 e 0% das áreas de jogo oferecem atividades lúdicas insuficientes 3. Reverter o déficit de jogos com elementos naturais de água e areia em espaços lúdicos e áreas de jogo, AUMENTANDO os espaços para o jogo esguichar-se e refrescar-se, bem como as possibilidades de jogo com areia nas áreas de lazer. • 2018: 2 espaços para o jogo de esguichar-se e refrescar-se. 70% das áreas de lazer oferecem possibilidades de brincar com areia. • 2030: 10 espaços para o jogo de esguichar-se e refrescar-se. 80% das áreas de lazer oferecem possibilidades de brincar com areia. 4. Dobrar as possibilidades de jogo com desafios e gestão de risco pensadas especialmente para adolescentes e jovens em parques esportivos urbanos com elementos de jogo com desafios de altura


2018: 4 parques esportivos urbanos, 9 tirolesas, 8 tobogãs gigantes, 10 elementos de jogo com desafios de altura • 2030: 10 parques esportivos urbanos, 20 tirolesas, 15 tobogãs gigantes, 20 elementos de jogo com desafios de altura 5. Promover o jogo coletivo e colaborativo e atividades físicas em grupo ao ar livre, chegando a metade dos elementos de jogos certificados aptos para jogar em grupo e por diferentes idades; e aumentar os elementos esportivos. • 2018: 11% dos elementos de jogo favorecem o jogo coletivo, 191 mesas de ping pong, 84 cestas de basquete • 2030: 50% dos elementos de jogo favorecem o jogo coletivo, 250 mesas de ping pong, 150 cestas de basquete. 6. Aumentar as oportunidades de jogo das pessoas com diversidades funcionais, dobrando o jogo inclusivo e a acessibilidade das áreas de jogo, chegando a metade das áreas acessíveis e com elementos de jogo certificados como inclusivos • 2018: 25% das áreas de jogo são acessíveis ou com elementos certificados como inclusivos • 2030: 100% das áreas de jogo novas ou renovadas são acessíveis e com elementos certificados como inclusivos. 7. Melhorar a habitabilidade dos espaços verdes como lugares de encontro social e espaços lúdicos • 2018: 18% das áreas de jogo tem fontes próximas. 78% dos espaços verdes tem fonte de água para beber. 8,5% dos espaços verdes tem banheiros. 9% dos parques e jardins tem mesas de picnic. • 2030: 40% das áreas de jogo tem fontes próximas. 90% dos espaços verdes tem fonte de água para beber. 20% dos espaços públicos tem banheiros de acesso público. 75% dos parques e jardins tem mesas para picnic ou similares. 8. Melhorar os pátios escolares para que eles favoreçam a diversificação do jogo e a coeducação em entornos mais naturais e sustentáveis, dobrando os centros educativos públicos Primários e Secundários que contam com pátios adequados e usos comunitários. • 2018: Se estima que 30% dos centros educativos públicos têm pátios adequados ou estão em processo de transformação para uso comunitário • 2030: 60% dos centros educativos públicos têm pátios adequados e com usos comunitários (um mínimo de 120 pátios) 9. Melhorar os entornos dos centros educativos pouco adequados ambientalmente e para a socialização, aumentando progressivamente as micro intervenções urbanas nas entradas escolares para adequá-las como praças e espaços de estar que favoreçam o jogo espontâneo. • 2018: 4 entornos escolares melhorados • 2030: 100 entornos escolares melhorados. 10. Reverter o sedentarismo e o déficit de jogos e atividades ao ar livre na infância e juventude da cidade, reduzindo significativamente as taxas de inatividade física e a falta de brincadeiras na rua, bem como a disparidade de gênero.


2018: 29% das meninas não brincam nenhum dia no parque ou na rua. 23% das crianças não brincam nenhum dia no parque ou na rua. 17% das meninas e jovens com inatividade física. 8% dos meninos e jovens com inatividade física. 2030: 18% das meninas não brincam nenhum dia no parque ou na rua. 15% das crianças não brincam nenhum dia no parque ou na rua. 10% das meninas e jovens com inatividade física. 5% dos meninos e jovens com inatividade física

Ainda, foram definidos 10 projetos tratores que incentivam a mudança de visão ao redor do jogo. Eram projetos que deveriam ser emblemáticos, viáveis e que tivessem a capacidade de encabeçar a mudança. 1 - Remova as placas da cidade que proíbem o jogo de bola. Substitua as placas de proibido jogar bola que contribuem para gerar uma imaginação coletiva de proibição do jogo no espaço público, por uma sinalização que incentiva as crianças a brincar com uma atitude respeitosa, a boa convivência com outros usos do espaço 2 - Domingos na rua para brincadeiras e lazer: suspensão do tráfego de uma rua principal de cada distrito todos os domingos de manhã. Fechar temporariamente o tráfego de uma rua principal em cada distrito durante as manhãs de domingo para ganhar, periodicamente, um novo espaço público para brincadeiras ao ar livre e atividade física a partir da promoção de hábitos saudáveis que melhoram o bem-estar e a qualidade do lazer compartilhado dos vizinhos. Medida complementar à permanência de pedestres nas superilles. 3 - Jogamos nas praças: propostas recreativas itinerantes para favorecer o hábito de estar nas praças. Promover ações regulares e itinerantes para diferentes locais, como já está sendo realizado em Gràcia ou Sants, oferecendo propostas de atividades com vários quiosques de jogos (tradicionais, circo, mesa etc.), jogos de rua de grande formato, atmosferas e intervenções efêmeras para o jogo criativo gratuito, descoberta e experimentação, kit de jogos aquáticos para a temporada de verão, campeonatos de bolas de espuma, etc. 4 - Pátios e espaços infantis: "áreas prioritárias para brincar" em determinados locais e ruas aos sábados. Facilitar o uso recreativo de praças e ruas próximas às creches e espaços infantis e torná-las áreas prioritárias para brincadeiras em determinados intervalos de tempo com a co-responsabilidade de associações educacionais, acordos-modelo anteriores e acordos para uso com distritos. 5 - Transformações de pátios escolares com diversificação de propostas de jogos, coeducação e naturalização, e seus usos na comunidade. O trabalho - como já foi realizado nos 20 centros educacionais recém-criados desde 2018 - aprimora progressivamente os quase 200 pátios nos centros educacionais, tanto nas escolas


primárias quanto nas secundárias, a partir da atualização do inventário dos pátios, sistematizando critérios e oferecendo espaços de troca e recursos (guia, acompanhamento, fundo econômico ...). 6 - Micro Intervenções urbanas em ambientes escolares para tornarem-se lugares e espaços de encontro e vida comunitária com jogos inesperados e casuais. Promover a interação social de crianças e adultos na entrada dos centros educacionais, das comunidades escolar e distrital, promovendo progressivamente em todo o conjunto da cidade intervenções micro-urbanas, como ampliar calçadas, móveis urbanos confortáveis para interação e possibilidades de jogo espontâneas. Com base nas experiências dos distritos do Eixample, Preencher de vida os entornos escolares; e da Ciutat Vella, no âmbito do Plan de Barris. 7 - Aumento do jogo com a água como recurso essencial na infraestrutura lúdica da cidade. Implementar três linhas de ação: instalação de fontes de água potável fáceis de usar para crianças em áreas recreativas e ambientes de jogos com uso duplo: hidratação e brincadeira; adaptação de espaços para o jogo esguichar-se e refrescar-se durante a temporada de verão; e incorporação de um kit de jogos aquáticos para o verão no Play nas praças. 8 - Cocriação com jovens de novos parques esportivos urbanos Incentivar a criação com participação de jovens de novos parques esportivos urbanos para a prática de esportes com rodas pequenas, como skate, scooter, patins, etc ... como tem sido feito na Marinha, porque todos os distritos possuem essas infraestruturas de playgrounds ao ar livre e acesso gratuito. 9 - Abertura de quiosques-bar em áreas de lazer para oferecer banheiros e empréstimos para jogar. Aumentar o número de quiosques-bar nos parques e jardins com um objetivo triplo: garantir que haja acesso livre e gratuito aos banheiros; oferecer um serviço de empréstimo de material para brincar com um kit básico de jogos (espuma de bola, corda, balde e pá, giz, badminton, jogos de tabuleiro ...); e melhorar o bem-estar de todos e prolongar o tempo de permanência e a qualidade do jogo. 10 - Serviço de Apoio ao jogo para crianças com diversidade funcional. Criação do Serviço de Apoio ao Jogo para promover brincadeiras inclusivas no espaço público para todas as crianças sem discriminação e para facilitar o jogo auto-relacional e relacional com outras crianças sem deficiência, inspirado no sucesso do novo serviço de suporte ao banho na praia no verão. Para a implementação, uma das ações desenvolvidas pelo Instituto foi recolher e organizar as iniciativas que já estavam ocorrendo na cidade e que dialogavam com as propostas do plano. Fazia muito mais sentido olhar para aquilo que já estava ocorrendo do que sentar-se em um escritório para desenhar propostas que, muitas vezes, fogem da realidade. O fato de já se


desenvolverem coisas nesse sentido ou que estivessem previstas em outros planos fazia com que o tema encaminhasse quase que por inércia. Então, organizaram essas diversas iniciativas e as divulgavam para todos os bairros, de modo que elas pudessem escalar, alcançar novas escalas. Isto é, a partir de realidades, tentar mostrar a possibilidade de realizá-la também em outros territórios, gerando espaços de conexão e troca. É basicamente uma ideia de replicar as boas iniciativas que já se dão. E, depois, há um acompanhamento de aproximadamente dois anos para que o previsto de fato se execute. Isso foi muito importante pois aproximou o plano à realidade, tornando-o possível e aproximando-o também das pessoas, que enxergavam suas possibilidades, muito mais do que se o Instituto se limitasse a estudos, investigações e diagnósticos. Esse aspecto permeou toda a elaboração do plano, o que permitiu focalizar muito a conceitualização a partir da realidade. É uma iniciativa por incentivar para que sempre que haja necessidade de mudança, que a façam já com o olhar para o jogo, o brincar. E que isso seja feito junto com outras necessidades da cidade, mais uma vez na chave da conectividade com a realidade da cidade. Além disso, há uma preocupação com continuar reforçando as vantagens que há com as ideias por detrás do plano, dando o suporte, apoio e material necessário aos distritos para que possam colocar as ações em prática. Há, por exemplo, uma lei na cidade que diz que é obrigatório a renovação das áreas de jogo a cada 10 anos. Assim, agora, o Instituto trabalha no sentido de que, quando vá ocorrer essa renovação, ela seja feita de acordo com os princípios propostos. Outra questão que acreditam ser importante, de acordo com Emma Cortès, é que não necessitem do Instituto para a implementação. Assim, buscam sempre gerar materiais e ferramentas para que o arquiteto municipal, ou quem seja que vá atuar sobre aquele espaço, atue em consonância. É um novo marco conceitual, mas não apenas teórico, senão que aplicado à realidade a qual se quer transformar, trazendo-a ao foco das políticas públicas. Dessa forma, pode-se dizer que o Plan de Juegos, para além de ser um planificador da cidade, propõe uma mudança de visão. Uma cidade jogável/brincável não se resume a colocar brinquedos, envolve toda um processo maior sobre pensar em como aprender sensações e emoções, é uma outra maneira de entender a cidade. Não apenas é uma mudança no urbanismo da cidade, é um momento de mudança desde onde se concebe o urbanismo da cidade. Assim, é essencial entender que conceber a cidade desde a perspectiva da infância não apenas é boa para as crianças senão que para todos os cidadãos. Isto é, para fazer um espaço jovem melhor, é necessário que haja espaços para que os adultos estejam bem; que os arredores dos espaços de jogo gerem vida comunitária, criem uma comunidade mais coesa. E, além disso, é uma visão que contribui também a todas as questões de cidade, como por exemplo a sustentabilidade, o verde, que são efeitos quase que diretos, uma vez que melhorar os entornos das áreas de jogo para que as crianças possam jogar de forma mais segura implica pacificar e, por tanto, reduzir o tráfego, o que cria um espaço público mais convidativo, o que diminui índices de sedentarismo, etc. Para além de dizer que as crianças têm direito ao brincar, é contribuir para garantir as melhores condições para isso e fazer com que haja uma consciência coletiva da ideia de que é melhor para todos e cruza com os planos da cidade, além de contribuir na luta contra questões mais


globais, que muitas vezes acabam por tocar questões da saúde. É passar de uma cidade com áreas de lazer para uma cidade brincável. Assim, é entender “o jogo como uma estratégia de modelo de cidade que cuida de crianças e com benefícios coletivos para todos os cidadãos, porque uma cidade projetada para crescer e viver a infância é uma cidade melhor para todos” (BARCELONA, 2018, p. 50, tradução nossa 27). O plano, de certa maneira, impacta o urbanismo da cidade, a forma de pensar e planejar a cidade. A cidade se constitui historicamente, e, por meio do encontro, se tornou um local de reprodução social. Mudar a forma como se produz a cidade é também mudar o entendimento das pessoas sobre determinado assunto. Assim, trata-se de uma intervenção urbana, mas também social. Concebe-se o brincar na rua como possibilidade de melhora da qualidade de vida por meio de uma política que desenvolve critérios, ferramentas e indicadores para planejar ações no âmbito municipal, visando a potência da cidade na construção social da criança. 3.1 Co-criação Ainda antes do Plan de Juegos, uma das recomendações da ONU era que as crianças participassem das decisões acerca dos espaços de brincar. Assim, ao elaborar o Plano, para além de defender essa ideia, era preciso realizá-la. Se havia uma vontade por mudar o paradigma do jogo, era preciso colocar em prova o como fazê-lo, de forma que houvesse um exemplo para as mudanças. A ação, então, tinha uma dimensão dupla: dar exemplo do que se tinha que fazer, mas, ainda, propor um como fazer, gerando enquanto ferramenta uma metodologia para a participação infantil. A transformação de Barcelona em uma cidade jogável, então, deveria levar em conta as crianças e os adolescentes, convidando-os a participar na elaboração de políticas e estratégias relacionadas ao brincar e ao lazer e na criação de parques e desenhos de entornos adequados à infância. Assim, nesse sentido, uma das principais ações do Plan de Juegos foi a de desenhar e dinamizar dois processos de co-criação com crianças a fim de transformar dois parques, o Parque Central de Nou Barris e o Parque de la Pegaso, em espaços lúdicos. O principal objetivo era criar um modelo de processo participativo para co-criação de espaços de brincar com crianças que se tornasse uma ferramenta e pudesse ser utilizado sistematicamente em transformações urbanas. Para além disso, reunir as necessidades, opiniões e propostas das crianças em um processo de co-criação para transformar as áreas de jogo atuais do Parque do Pegaso e do Central Park de Nou Barris em um novo conceito de espaço lúdico, para que seus interesses fossem levados em consideração nos novos desenhos. E, por fim, mostrar que uma nova visão do jogo no espaço público é viável e é essencial que essa mudança conte com a experiência de crianças. Para a elaboração de todo o processo participativo foram levados em consideração 4 aspectos chave:

27

El joc com una estratègia de model de ciutat que cuida els nens i nenes i amb beneficis col·lectius per a tota la ciutadania perquè una ciutat pensada per créixer i viure la infància és una ciutat millor per a tothom.


1) Crianças como informantes essenciais: as crianças fazem parte de uma equipe de desenho fornecendo conhecimento especializado sobre o jogo para construir um bom parque. Constituem uma equipe criativa onde outras pessoas especializadas também fornecem soluções técnicas, regulatórias e orçamentárias. 2) Reflexão, observação e análise: trabalhamos com materiais oferecidos às crianças como elementos de inspiração, reflexão, observação e análise para avaliar o espaço atual. Não se espera que eles façam uma seleção de elementos específicos do jogo ou projeção de detalhes específicos do espaço. 3) Contribuições bem pensadas: se trata de gerar um breve processo para que as crianças expressem suas opiniões e desejos sobre o que gostariam de fazer e quais atividades lúdicas lhes deve oferecer o espaço, para que suas contribuições sejam informadas e fundamentadas. 4) Pensando em toda a comunidade: O processo não se limita a reunir apenas seus interesses, eles são convidados a pensar nas pessoas de toda a comunidade: meninos e meninas, pessoas com diversidade funcional, adultos etc. Os parques devem ser locais de encontro e convivência O processo contou com a participação de diversos agentes e cada um pode aportar o seu saber em relação a transformação do parque, visando sempre dar vez e voz às crianças, para que elas pudessem expressar as suas ideias para transformar todo o parque em um espaço lúdico. A principal questão ao desenvolver a metodologia, de acordo com Joan Gener, da cooperativa de urbanismo e participação Raons Pùbliques, a qual foi a responsável pelo processo participativo e de co-criação, era pensar na participação a partir dos 7 de uma cidade jogável. A partir disso, buscava-se chegar em um protótipo do processo. Isto é, o resultado dos processos é importante, mas é de igual importância a possibilidade de aplicação do mesmo em qualquer outra realidade, bairro ou praça ou parque, ou coletivo. É nesse sentido que, em Sant Andreu, o trabalho se centrou em uma escola e, em Nou Barris, além de uma escola trabalhou-se também com um casal infantil, que é um espaço de fim de semana para crianças. O trabalho foi realizado com jovens do quinto e sexto ano (de 10 a 12 anos) e com algumas crianças mais velha, de cerca de 15, 16 anos, sempre adaptando as propostas a partir do olhar para as diferentes idades. Assim, buscava-se a participação não apenas da escola enquanto espaço educativo, mas de outros coletivos, espaços, projetos, serviços que trabalhassem com a infância e que, de alguma forma, o brincar estivesse presente. Buscou-se marcar uma lógica de prototipado que pudesse ser flexível em conteúdo, ferramentas, tipos de espaço, participantes, destinatários. Portanto, de forma resumida, a ideia era que as áreas de jogo do Parque de la Pegaso (Sant Andreu) e do Parque Central de Nou Barris, que atualmente tem um desenho estandardizado, como a maioria das áreas na cidade, se transformassem para tornarem-se espaço lúdicos multifuncionais, referência do novo modelo de jogo de Barcelona. Esses processos de transformação foram co-


criados com um grupo de crianças do bairro como agentes chave e imprescindíveis para o desenho; e com a colaboração de uma escola e de um espaço próximos aos parques. Seus pensamentos e opiniões foram levados em consideração, bem como seu olhar para as crianças mais velhas e mais novas, buscando que se construíssem espaços de encontro e convivência. O processo de trabalho se sistematiza visando criar um modelo e compartilhá-lo como uma ferramenta para impulsionar a participação das crianças e adolescentes em outras ações futuras no espaço público (BARCELONA, 2018). 3.1.1 Os parques pilotos Houve uma opção por esses dois parques pois já havia uma previsão de processo de transformação para esses espaços. Isto é, já estava prevista uma renovação do parque. Além disso, eram parques grandes, que centralizavam muitas atividades dos bairros nos quais estavam localizados, com espaços diversos e distintos. Assim, aproveitaram-se de uma mudança já prevista para poder aplicar a metodologia e as ideias desenvolvidas. Assim, busco agora apresentar cada um dos parques e seu entorno de forma a entender o contexto no qual se realizou a ação e, de certa forma, poder compará-la com os espaços no qual se atua em São Paulo. a. La Pegaso O parque La Pegaso encontra-se no distrito de Sant Andreu, no bairro de La Sagrera, no limite com Sant Andreu de Palomar. Estatisticamente, o distrito conta com 9,1% da população da cidade (148.560 habitante) e possui uma área de 656,5 ha. Assim, sua densidade é de 226 hab/ha. É destinado ao uso residencial 28,9% do território e 7,8% a equipamentos. São 14,6 ha de parques urbanos no distrito. O que resulta em 4,2m2 de verde urbano por habitante. Tem 93m2 de áreas de jogo infantil. 81,7% dos alunos de 3 a 16 anos estão escolarizados nos próprios distritos onde vivem. Por sua vez, La Sagrera conta com 28.710 habitantes, uma área de 97,20 ha, tendo uma densidade de 299 hab/ha, maior do que a média do distrito. Em La Sagrera, 38,6% do espaço é de uso residencial (mais alto que do distrito) e 9,7% por equipamentos (que também é mais alto que o distrito). Por outro lado, é bastante menos comercial. A estrutura etária do distrito é semelhante à média de Barcelona, com um peso relativamente maior da população infantil e uma expectativa de vida mais alta, sobretudo no caso dos homens. A população de crianças no distrito, apesar de ter aumentado, diminuiu em porcentagem em relação ao total. Eram, em 2016, 19.750 crianças entre 0 e 14 anos, sendo 13,5% da população do distrito (4,5% de 0-4; 4,7% de 5-9; 4,2% de 10-14). Em La Sagrera são 3.389 crianças, sendo 11,8% da população do bairro (4,3% de 0-4; 4% de 5-9; 3,5% de 10-14). É um distrito com nível de renda médio-baixo e nível de estudos universitários e motorização abaixo da média (que já são níveis altos, se fizer uma comparação com os níveis da Brasilândia, por exemplo, a qual é melhor explicada no ítem c).


Apenas 3,4% da população maior de 16 anos do distrito não é escolarizada e grande parte, 26,1% possui bacharelado superior. Os indicadores de La Sagrera são muito semelhantes aos do distrito. O distrito de Sant Andreu, de origem agrícola, evolução industrial e muita tradição comercial, veio transformando-se em grande velocidade e foi um dos antigos bairro que foram integrados à cidade com o Plan de Enlaces, sendo pensada, já há um certo tempo, sua integração com a área central da cidade, ainda que seja um bairro mais periférico. Desde finais do século X até princípios do século XI Sant Andreu era uma paróquia dotada de jurisdição. Em 1310 se definiram os limites da cidade de Barcelona, os quais não incluíam Sant Andreu. Em 1854 começam-se a derrubada de muralhas de Barcelona e crescem as primeiras Ensanches da cidade e Sant Andreu é anexado. A chegada do trem de alta velocidade (AVE) a Sant Andreu significa um antes e um depois para o distrito. As mudanças urbanísticas previstas vinculadas a esse projeto já começaram a marcar sua realidade territorial. As transformações afetaram a parte baixa dos bairros de La Sagrera e de Sant Andreu. La Sagrera é um bairro singular, marcado por um passado rural e industrial e pelos cambios urbanos do final do século, relacionados ao trem, que previram novos equipamentos e espaços livres. Sua origem data da época romana, formando uma comunidade rural que estabeleceria seu núcleo durante o primeiro milênio. A igreja de Sant Martí Vell e o espaço sagrado (sagrer, em catalão) ao seu redor - uma área de 30 passos criada para salvaguardar a comunidade rural, uma vez que nesta não se podia cometer nenhum delito - foram o ponto de orientação do bairro e, inclusive, lhe deram nome. Com o impacto industrial do século XIX, rapidamente chegou a urbanização e a fisionomia do bairro foi alterada. O bairro se tornou, então, um referente do setor metalúrgico e têxtil. Se instalaram grandes fábricas, como a Hispano-Suiza e a La Pegaso. Segundo uma moradora, Elena Moras, é um bairro que conta com muita gente jovem, mas com pouca oferta de lazer para a juventude. Por outro lado, conta com numerosas escolas infantis públicas. O grande símbolo dessa transformação industrial foi a chegada da estação de La Sagrera, que estabelecu-se enquanto centro de conexões de transporte, na qual estava previsto o metro, trens regionais, de curta distância e de alta velocidade, ônibus e taxis. Buscava-se também com a estação permitir a chegada de novos equipamentos a La Sagrera e eliminar a barreira física entre ele e os bairros vizinhos, coezionando a cidade. A grande zona verde de La Sagrera é o parque de La Pegaso, um terreno antes dedicada ao uso fabril e reconvertido, graça a ação vezinal, em jardins de vegetação exuberante. Com zonas arborizadas, áreas de jogo e um canal que serpentea ao longo dele, o parque é, hoje em dia, uma ilha de paz e desconexão dentro da cidade. A história do parque dialoga com a história fabril do bairro, uma vez que está diretamente vinculada a antiga fábrica automobilística Hispano-Suiza, convertida posteriormente em ENASA. A fábrica seguiu produzindo veículos com a marca Pegaso até 1970. Uma vez de portas fechadas, decorrendo de muitas greves trabalhadoras contra os abusos do regime franquista, os vizinhos passaram a reclamar por seu terreno para o bairro e conseguiram sua conversão a um parque.


b. Central de Nou Barris Esse parque localiza-se em Nou Barris, um distrito situado no extremo norte da cidade, entre a serra da Collserola e o distrito de Sant Andreu. Tem mais de 800 hectares e está habitado por 168.327 pessoas de procedências muito diversas, com densidade, então, de 210 hab/ha. A população representa 10,3% de Barcelona e em números de domicílios o número é semelhante. Na estrutura etária, os idosos têm um peso relativo mais alto e a expectativa de vida é muito semelhante à média, embora, no caso das mulheres, seja a mais alta em toda a cidade. É o distrito com o menor nível de renda da cidade, com todos os bairros com níveis muito inferiores à média. O nível de ensino superior também é muito menor que o valor da cidade. Tanto a demanda por serviços sociais quanto a proporção de usuários do SAD excedem o peso da população do distrito. Os que fazen uso da teleassistência também excedem o peso da população de 75 anos ou mais em relação à cidade. Possui uma história recente bastante peculiar devido a sua condição de ponte de acolhida para parte importante da imigração obrera que chegou a Barcelona durante as décadas de 50 e 60 do século XX. Foi protagonista de um projeto de realocação dos obreros que viviam nas conhecidas popularmente como casas baratas no Montjuic. Assim, a história do bairro é a hstória das pessoas que trabalharam e viveram nele, mas também dos agentes sociais que materializaram suas iniciativas e projetos. Antes, o território de Nou Barris formava parte da antiga paróquia e município independente de Sant Andreu de Palomar. Até o primeiro terço do século XIX, a paisagem do bairro era basicamente rural. Isso começou a mudar em meados do século XIX como consequência da Revolução Industrial. O aumento poopulacional, a revolução dos transportes e as novas exigências incidiram timidamente no bairro, impondo uma transição de paisagem lenta, mas imparável. Começaram-se a instalar ali pequenas indústrias bem como a construção de algumas casas. Este primeiro impulso de urbanização continuou com a construção, em 1885, da linha férrea de Barcelona a Zaragosa, e com a istalação, em 1880, das Oficinas ferroviárias do Norte. No final do século XIX, a popoulação de Nou Barris era cerca de 1700 habitates, majoritariamente campesinos, mas com uma incidência progressiva dos trabalhadores das fábricas. O novo século se inicia no bairro com uma proposta de cidade jardim somada a criação da Companhia de Urbanização, seguindo correntes urbanistas e higienistas de grande prestígio internacional. Porém, o projeto não prosperou. A partir de 1917, se produziu na cidade um novo fenômeno urbano consistente: novas periferias urbanas integradas por uma população basicamente obreira e com alta proporção de imigrantes. Nestas circunstâncias, e até 1936, Nou Barris se converteu no subúrbio que experimentou o crescimento mais dinâmico de Barcelona, uma vez que em seu território foi levantado 10% de toda a nova edificação que se fez na periferia da cidade. Como consequência, o aumento populacional, fazendo cm que Barcelona alcançasse, em 1930, um milhão de habitantes, e Nou barris 17.000, sendo uma popoulação jovem, com notável presença de imigrantes e crianças. A incidência de analfabetismo era grande e resultava mais


presente entre as mulheres. A presença de comerciantes, proprietários e profissionais liberais era escassa. O fim da Guerra Civil com a vitória das tropas franquistas dão passo a uma ditadura militar baseada na repressão da população e na ausência das liberdades políticas, sindicais e nacionais. As duras condições econômicas derivadas unidas a necessidade imperiosa de habitação e ao férreo controle político exercido sobre a população deram lugar à favelas e à autocontrução, uma forma de crescimento urbano até então desconhecida no bairro. Assim, o que foi um projeto ambicioso de cidade jardim se transformou em uma parcelação exaustiva do território, de onde se levantaram vivendas muito precárias, carentes muitas vezes de serviços elementares como a água, a luz e saneamento. O início da industrialização espanhola, produzida nos anos 50, provocou um processo imparável de imigração de todas as regioes da Espanha para as grandes cidades industriais, o que supunha um agravamento das condições já dificeis de habitação. O transporte público no bairro era quase inexistente na época, o que obrigava a grandes deslocamentos para chegar ao trabalho ou para utilizar serviços públicos, também escassos. Em um contexto de rápidp crescimento econômico e forte imigração que gerava um déficit permanente de habitaações na cidade, a aprovação, em 1953, do Plano Comarcal de Barcelona foi decisiva para o crescimento de Barcelona e de Nou Barris nas duas décadas seguintes. O Plano Comarcal, que desenhou as grandes vias de circulação da cidade, incorporava também um instrumento urbanístco de primeira ordem – o Plano Parcial – que em casa território concreto decidia os usos do solo, o alinhamento das ruas e praças, a localização dos espaços livres, dos serviços públicos e dos edifícios, assim coo o volume, a destinação e as condições sanitárias e estétcas das construções. Esse instrumento foi amplamente utilizado em Nou Barris e, nos anos 60, no marco do desenvolvimentismo e da chegada de muitos imigrantes em Barcelona, os Planos Parcais se transformaram em verdadeiros instrumentos para a especulação, já que permaneciam em mãos de grandes companhias imobiliárias que faziam negócio multimilionarios no bairro. A consequência lógica desse urbanismo especulativo franquista era o déficit de equipamentos e de serviços públicos, que se fazia patente em toda a cidade, mas com mais intensidade nos bairros periféricos de construção mais recente. Nos anos 60 e 70 a falta de escolas, ambulatórios, zonas esportivas, entre outros era proverbial em Nou Barris. A volta da democracia em 1977 e as primeitas eleições municipais de 1979 significaram uma grande mudança para os cidadãos e para a paisagem do bairro, uma vez que grande parte das reivindicações dos vizzinhos foram conseguidas pelas novas prefeituras e instituições democráticas assim como se criaram novos mecanismos de intervenção e participação social. Assim, dessa perspectiva, o novo urbanismo desenvolvido pela Prefeitura nos anos 80 se deu como um urbanismo de sutura, isto é, um urbanismo capaz de coser o que havia estado separado e capaz de intervir na regeneração e dignificação dos espaços marginalizados pela especulação franquista. Esse urbanismo que não se entende sem a participação cidadã deu boas amostras de seu saber fazer em Nou Barris. Assim, as intervenções urbanas que melhor podem definir as novas formas de fazer cidade em Nou Barris são as que conseguiram vincular a execução de um novo equipamento social, cultural


ou esportivo com a melhora da qualidade urbana e seu entorno. Atualmente, o bairro oferece grande quantidade de espaços ao ar livre para passear e desfrutar da natureza e da paisagem. O Parque Centrak de Nou Barris, um dos mais grandes da cidade, se localiza no bairro de La Guineta, o qual pode ser considerado o principal pulmão do distrito de Nou Barris. É ao redor desse parque – e do La Guineta – que se encontram os edifícios e as vias comerciais principais da região. Precisamente o Parque Centrak de Nou Barris é o epicentro do bairro, já que engloba a biblioteca, o arquivo municipal a sede do Distrito. Era a zona onde antes estava o histórico Hospital Mental de la Santa Creu, inaugurado em 1915.

c. Comparação com espaços de atuação em São Paulo Sempre houve um cuidado, desde a elaboração do projeto da presente pesquisa, de ressalvar as diferenças histórias, culturais, sociais e econômicas entre Sâo Paulo e Barcelona para evitar comparações superficiais e que dificultariam sua posterior aplicação. Assim, após estudo sobre a história de formação dos distritos e bairros onde se localizam os parques estudados em Barcelona e uma análise de seus indicadores socioeconômicos, me pareceu importante traçar um paralelo entre os bairros paulistas e catalães, menos com a intenção de comparação e transpasso de realidade, mais com com a vontade de entender e destacar as diferenças, fazendo com que seja possível repensar a aplicabilidade das ações do Plan de Juegos consciente das singularidades de cada espaço e não criando falsas realidades. O primeiro paralelo que se apresenta, em um primeiro momento, é que Nou Barris teria vivido um processo mais semelhante e, portanto, hoje, se assemelharia mais à Brasilândia, bairro que também se constituiu um pouco mais tardiamente na história da cidade, a base da autoconstrução, formado essencialmente por pessoas que vinham buscar trabalho em São Paulo. Entretanto, já em 1977, o distrito de Nou Barris garante muitas conquistas para sua população e já passa a trabalhar visando a participação. Assim, hoje, o distrito encontra condições muito melhores do que já encontrou em outro momento. Até hoje a Brasilândia não é olhada pelo poder público e passa por problemas gravíssimos de habitação, oferta de serviços, equipamentos, transporte, etc. Ao mesmo tempo, Sant Andreu apresenta características que nos lembram mais a Vila Anglo, um bairro um pouco mais integrado à cidade, com questões que necessitam a atenção o poder público, mas muito menos que a Brasilândia, em São Paulo, ou Nou Barris, em Barcelona. Outro fato que chama a atenção ao fazer essa comparação é a presença de parques. No distrito de Sant Andreu, por exemplo, são 14,6 há de parques urbanos, o que resulta em 4,2 m2 de verde urbano por habitante. Nou Barris possui 78 parques e jardins. Em contrapartida, a Brasilândia, cuja população é mais que o dobro dos dois distritos de Barcelona (407.215) – ainda que sua densidade seja bastante menor – não possui nenhum parque público em seu território. Além disso, há uma certa distinção na escolarização e nas condições socioeconômicas se compararmos os bairros por cidade, sendo os níveis de Barcelona sempre mais elevados. Porém, se analisarmos cada bairro em relação a sua cidade, faz sentido traçarmos esse paralelo entre eles uma


vez que, mesmo que com divergências, eles apresentam-se enquanto os bairros mais marginalizados, periféricos e esquecidos pelo poder público em suas respectivas cidades.

3.1.2 A metodologia de co-criação

A metodologia desenvolvida para trabalhar a participação nesses dois parques contou com a participação de 173 crianças de 5a e 6a série de algumas escolas e crianças de 11 a 14 anos de um espaço infantil. Foram 89 crianças em Sant Andreu e 84 no Nou Barris. Ela foi composta por 3 sessões que totalizavam seis atividades, 3 de reflexão, 2 de análise e 1 de proposta; além de uma sessão final de retorno, na qual a prefeitura de Barcelona conjuntamente com o Institut Infància i Adolescència explicou às crianças o resultado do processo de trabalho e apresentou um estudo prévio da equipe de arquitetos com as possíveis intervenções. Devido à realidade concreta dos projetos, o processo se reduziu a 3 sessões, que, a princípio, de acordo com Joan Gener, da cooperativa que elaborou e desenvolveu esse processo participativo, são poucas, mas que foi importante para o processo por tê-los obrigado a pensar pequeno e ser muito precisos naquilo que realmente tinha valor. A ideia era que as três sessões pudessem ser independentes entre si ao mesmo tempo em que poderiam ser aumentadas. Para pensar essas sessões, a cooperativa partiu dos 7 critérios de desenho de uma cidade jogável, o que foi muito interessante, pois eles possibilitam inúmeras possibilidades de dinâmicas, ferramentas e processos. Gener destaca que essa é uma das partes potentes que ele enxerga dentro do projeto de cidade jogável. Era preciso, então, criar, a partir das 3 sessões, um elo que desse sentido ao processo e fosse significativo para as crianças ao mesmo tempo que trouxesse resultados para os arquitetos que fossem desenhar as transformações do parque. Um ponto chave para isso foi entender que, assim como há especialistas em desenhar a cidade, ou seja, arquitetos, urbanistas, os de mobilidade, etc., também há os espacialistas em brincar, que são as crianças. Assim, eles são fundamentais para que a transformação do espaço de brincar tenha mais sentido. Assim, o processo de co-criação consta de quatro sessões e foi realizada através de uma metodologia participativa com a qual se acompanhou às crianças para que pudessem expressar suas necessidade e intenções em relação ao jogo e ao estar no parque. O processo foi colocado como um desafio educacional no qual as crianças se tornam a equipe criativa de desenho do parque. A dinamização abriu um marco de conteúdos e ofertou ferramentas de reflexão, observação e análise para estimular e ampliar o olhar em relação às possibilidades que pode oferecer um parque como espaço lúdico. Possibilitou que as crianças fizessem propostas criativas e oferecessem informações valiosas para orientar a transformação dos parques. As primeiras atividades de reflexão e análise tinham como finalidade acompanhar as crianças e dotar-lhes de ferramentas para o processo criativo, mas também permitiam recolher informações relevantes sobre as preferências dos jogos infantis e sobre a sua valoração de cada um dos parques. Permitiram documentar informação relevante sobre o brincar das crianças, expressada por eles mesmo, recolhendo a informação das mãos dos principais protagonistas. Do


que gostam de brincar? O que valorizam em um espaço de jogo? Lhes foi perguntado do que gostam de brincar mas também a que gostam de brincar os mais velhos e os mais novos. Também lhes foi demandado que escolhessem imagens de parque e argumentassem a sua escolha, para entender quais são os indicadores de qualidade dos espaços para eles. A recolhida desses dados ajudou a interpretar de forma qualitativa as suas propostas. Segundo Gener haviam algumas conplicações, uma vez que, por mais que se conheça o espaço público, quando se faz um concurso público para fazer a transformação desse espaço, normalmente é a prefeitura que diz como será realizado. São postas medidas e ideias, porém, que de fato concretiza é o arquiteto. Assim, era essencial que chegassem a um resultado que já refletissem as ideias básicas do que os arquitetos deveriam fazer para aquele espaço, com ideias concretas daquilo que disseram as crianças. Sessão 1: REFLEXÃO: refletir e identificar ao que lhes agrada jogar. Se inspirar em imagens de parques ao redor do mundo. Atividade 1: em roda, as crianças diziam seu nome e uma palavra que associam com jogar/brincar. Ao final, se iniciava um debate para ampliar e aprofundar a visão sobre o brincar na cidade. Durante o debate, foi feita uma categorização das palavras listadas. A ideia do debate era situar o brincar como uma atividade muito diversa, que perpassa toda a vida e falar dos parques públicos como importantes espaços do brincar. O debate termina perguntando se conhecem o parque que será transformado, se o utilizam e como o fazem. Atividade 2: foi proposto às crianças que selecionassem quais são os jogos que mais gostam de brincar, bem como o que mais gostam os mais velhos e os mais novos. Foi solicitado que as crianças escolhessem 3 tipos de atividades que mais gostam de fazer no parque. Tinham a disposição 62 cromos ilustrados de diferentes atividades lúdicas, classificadas por cor em categorias: movimento; tranquilidade e descanso; relação com a natureza; ou de exploração e investigação. Depois, repetiram o exercício pegando duas cartas que acreditam que gostam de fazer as crianças mais velhas e as mais novas. Tem como principal objetivo – com a organização dos cards - ajudar a refletir sobre a diversidade de atividades que podem ser feitas no parque bem como gerar uma reflexão sobre essa diversidade de possibilidades e de gostos. É uma ampliação do imaginário. Atividade 3: buscava-se ampliar o olhar das crianças e oferecê-las mais informações sobre diversas tipologias de parques ao redor do mundo. Foram oferecidas 35 fotografias com diferentes propostas de espaços de jogo. Essa proposta permitiram também estimular a sua criatividade para gerar ideias para a transformação dos parques. Elas deveriam selecionar as 3 fotografias que mais gostam e escrever 3 palavras do porque a selecionaram. Tratava-se de trazer à tona os aspectos positivos que elas valorizam, incentivando que a escolha seja refletida. Além disso, quando as várias opções e palavras expressas estão relacionadas, pode-se entender as razões pelas quais elas valorizam os parques. Entenderam que os parques com maiores estruturas de subir e baixar, com formas relacionadas ao bosque foi o que mais chamou atenção das crianças.


Sessão 2: OBSERVAÇÃO E ANÁLISE: saída ao parque para valorá-lo como espaço de brincar. Os objetivos eram observar o parque e conhecer a realidade, bem como identificar espaços que podem oferecer oportunidades de jogo; e avaliar o estado atual do parque, recolhendo de forma consciente quais são os aspectos que precisam ser melhorados a partir de critérios de desenho das áreas de jogo de barcelona. Atividade 1: As crianças trabalharam em grupos de 3 ou 4 e buscava-se uma primeira visão geral de observação do parque a partir de suas formas e elementos físicos. Elas deveriam identificar os lugares onde brincavam no parque, independentemente de estarem desenhados para isso ou não. Depois, respondem algumas perguntas sobre esses locais que selecionaram. Atividade 2: Valoração individual do parque, afim de detectar aspectos a manter e potencializar e aspectos para melhorar, através de 15 indicadores organizados em 7 âmbitos que coincidem com os 7 critérios para desenhos de espaços de brincar. Essa valoração é feita por meio de uma escala de cores: verde, amarelo e vermelho. Sessão 3: PROPOSTAS: apresentação das conclusões das sessões 1 e 2, elaboração de um grande mural com as diferentes propostas e desenvolvimento de colagem criativa livre, sem ser realizada sobre o mapa do parque. Atividade 1: Começam desenhando o ponto de início em uma das extremidades do mural, e depois o centro do parque no outro extremo. Esses dois pontos são conectados por uma linha, que é o caminho que se faz de um ao outro. A partir disso, as crianças tem que ir localizando os lugares por onde passam durante esse caminho e o que gostariam que existisse nesses espaços. Eles tem a disposição todo o material das sessões anteriores. Sessão de retorno: apresentação às crianças do anteprojeto e compromisso de responsabilidade A partir dessa estrutura de 3 sessões, 7 critérios e a ideia que que as crianças são os especialistas no brincar a ideia foi, de maneira geral, combinar momentos nos qquais eram dadas informações dentro de uma lógica de transmissão educativa, para abrir a mente, situar; e outro momentos de coletar as informações que as crianças tem a oferecer. Pero sí que hubo alguno momento en que la idea era plasmar concretamente ideas concretas. Com esse conjunto, buscavase dar um pouco de forma para todas as ideias. O processo foi estagnado devido as novas eleições municipais justo no moment em que se fazia mais interessante. A ideia era pensar como o processo poderia ser reaplicado em outros contextos, com mais ou menos sessões, durante as aulas ou em período extraescolar. A ideia era reunir proficcionais de áreas distintas, explicar e metodologia e pensar em como eles mesmos poderiam facilitar esse processo em suas ações.


CONCLUSÃO - Repensar e reaplicar Após todo o desenvolvimento do estudo, análise e reflexão das experiências do Plan de Juegos de Barcelona, busco olhar para tudo que esse projeto pode me trazer de bagagem e de novas possibilidades para a instrumentalização do grupo de extensão Co-Criança no sentido de atingir escalabilidade e disseminação da nossa tecnologia social. Em um primeiro momento, é importante dizer que é essencial para o grande alcance da proposta do Plano de Barcelona o seu caráter público e o grande envolvimento do governo. É um governo que, já há muito tempo, desde o início do movimento das Cidades Educadoras, olha e acredita no potencial da relação da criança com a cidade e, especialmente, da cidade com a criança. Assim, há uma intenção do movimento de toda a cidade no sentido do brincar. É uma ação que, apesar de não ser impositiva e trabalhar muito com a participação e a co-criação, é pensada de cima para baixo. Ao mesmo tempo, a cidade de Barcelona, com sua larga tradição urbanística, concebe todo seu desenvolvimento a partir de planos urbanos, o que não acontece em São Paulo. Temos o grande Plano Diretor Urbanístico (PDE), que é o grande mote legislador, porém, as ações são sempre pontuais, sem planejamento a longo prazo, sem conexão entre elas, sem um pensamento sistêmico e integrado. Não sabemos para onde nossa cidade quer caminhar e enxergo, aí, um grande entrave, que faz com que nossas ações públicas urbanas sejam sempre ações de governo e não de estado. É uma fragilidade de São Paulo e uma grande diferença para Barcelona, que, com os planos, orienta seu crescimento e possibilita ações, como a dos espaços de brincar, em grande escala. Mas, é também, uma possibilidade de atuação para nosso coletivo. É certo que não podemos, sozinhas, propor um plano para a cidade. Entretanto, na união de forças com outros atores que pensam o mesmo tempo e com o apoio da Universidade, talvez pudéssemos criar algo orientador e organizado, de fácil acesso que pudesse ser divulgado pelos meios de comunicação. O plano não apenas diz o que fazer, mas sim também o porque. E o porque toca a todos, uma vez que visa uma cidade melhor para todos. Assim, talvez, com a informação mais divulgada, mais portas e espaços se abrissem para que pudéssemos avançar com nosso projeto e metodologia. Ademais de ser uma forma de disseminação da intenção e de seus benefícios, ter um material também de nossa metodologia produzido, que garanta que as pessoas possam fazê-la e replicá-la, sem necessariamente depender de nós é importantíssimo para o maior alcance do impacto. Pensar em possibilidades de acessoria, e não necessariamente acompanhamento de todo o processo, que demanda muito, garantiria que mais crianças, espaços e bairros fossem afetadas por nossa metodologia. Além disso, fiquei pensando no exemplo do Institut Infància i Adolescència, que é um consórcio público em parceria com Universidades que funciona quase como uma apoio teórico à prefeitura. Me parece uma iniciativa plausível que seria importante tanto para nós enquanto coletvio, uma vez que com certeza nos garantiria maior escalabilidade, e para a Universidade de São Paulo, que poderia, de forma bastante consistente, levar os conhecimentos construídos por um grupo de Cultura e Extensão para além de seus muros, garantir a aproximação da Universidade com o poder público e gerar um impacto social positivo para toda a cidade.


No sentido de ser uma melhoria para toda a cidade, outra intenção importante que pude trazer para reaplicação aqui foi a ideia de sempre relacionar as ações com outras necessidades da cidade, o que está bastante relacionado com a visão holística que possui Barcelona. Não faz sentido sanar problemas separadamente, uma vez que, em uma cidade, todas as funções estão integradas e funcionam uma em relação a outra. Assim, ao atrelar nossa ação a outras questões importantes, não apenas trabalhamos de forma mais englobadora como também abrimos possibilidades de atuação. Também é essencial que nossa atuação pense em 3 escalas. Não basta resolver ou trabalhar uma praça. É preciso que seja possível chegar a essa praça, que seu entorno também seja pacificado e amigável. É preciso pensar na área de brincar, trabalhar o espaço lúdico do entorno para, só assim, chegar ao nível de disseminação de uma cidade jogável. Pensando em alcançar uma cidade jogável, podemos pensar em atuar não tanto em como transformar o espaço – que demanda muito dinheiro, o que dificulta sua execução – mas em como se utiliza o espaço. Isto é, gerar ações, projetos, parcerias com entidades locais que permitam o estar, o fazer, o usar, o ocupar. Sem deixar de pensar na necessidade de transformação do espaço, considerar também outras opções que inclusive podem ser ambiciosas, que tragam a questão de gênero, o direito à cidade e a inclusão. Quanto à metodologia que já desenvolvemos, pude perceber que ela é bastante completa e abrange muitas das atividades realizadas pela cooperativa ao longo do processo de participação nos dois parques. Foi possível ter algumas novas referências de atividades, mas de maneira geral a metodologia está bastante de acordo com a feita em Barcelona e tomamos o cuidado essencial de sempre considerar as singularidades do local e das pessoas, o que é essencial para que se faça de fato uma tecnologia social de impacto positivo. Porém, acredito que há algumas ressalvas a fazer quanto aos nossos produtos finais. A primeira delas, que é o eixo central de Barcelona, é expandir nossa conceitualização de brincar para, assim, conseguir sair dos modelos standarizados de brinquedos. As duas praças nas quais já realizamos a reforma foram finalizadas com os mesmo brinquedos que há em todas as outras praças. Dessa forma, não conseguimos nem garantir o brincar mais proveitoso das crianças, que se limitam sempre as mesmos movimentos e não precisam de nenhum grau de ressignificação; nem garantir que de certa forma aquela praça se destaque e se diferencie das outras. O processo quase perde seu sentido no resultado final. Ampliando o brincar e, assim, os brinquedos e os espaços de jogos, fazemos valer todo o processo das crianças, garantir um brincar mais significativo e explicitar a importância de todo o nosso trabalho. Por fim, é importante que nessas reformas consideremos também questões de acessibilidade e inclusão, muitas vezes esquecidas. Se queremos uma cidade para todos, então os espaços de brincar também devem ser inclusivos. Portanto, apesar da ressalva feita inicialmente de que a ação de Barcelona parte do começo, o estudo do Plan de Juegos trouxe inúmeras novas possibilidades que podem ser repensadas e reaplicadas em nosso projeto de forma que possamos conseguir um maior alcance e um maior impacto.


APÊNDICE 1. Entrevistas 20 de septiembre de 2019 Reunión Emma Cortés - duración 50 minutos Emma Cortès é diretora do Institut Infància i Adolescència, um instrumento público, que busca a transformação da cidade para que ela seja mais adequada para a infância e está coordenando e desenvolvendo o “Plan de Juegos” de Barcelona. Ele faz parte do consórcio que forma o Instituto Regional Metropolitano de Barcelona, o qual tem por objetivo a promoção de estudos, atividades de investigação e formação em temas urbanos e metropolitanos que configuram as diversas realidades das cidades da área e região metropolitana de Barcelona E: - Si quieres te situo un poco quien somos y cómo nace el proyecto, como empezamos el proyecto y luego puede investigar más en la web, por tanto la trago como titular. El Institut Infància i Adolescència es un..., o sea, ahora mismo, para no liarte, pero ahora mismo es una unidad de la Autónoma, entonces un instituto de estudios de la Universidad, que esta inscrito en la Universidad Autónoma de Barcelona y a la área metropolitana de Barcelona, que como Institut d'Infància nos integramos a ese instituto de estudios en área justa de enero de 2019, impulsado por el ayuntamiento de Barcelona. Pero porque la origen era que el Institut Infància era un consorcio público, que participaba el ayuntamiento de Barcelona a un 90% más deputación de Barcelona que és una organismo supramunicipal, es decir, es un organismo que esta formado por todos los ayuntamientos de la província de Barcelona, vale? Una pequeñísima parcela de la deputación, luego Universidad Autónoma de Barcelona y Universidad de Barcelona. Entonces creamos un consórcio muy pequeño que tenía limitaciones en la hora de funcionar pues que estábamos inscritos en el ayuntamiento de Barcelona. Nos integramos a el instituto ese de estudios pero Universidad Autónoma y si que el ayuntamiento de Barcelona financiando programas para ter nosotros. Un poco para que te explico la situación. Que quiere decir? Que nosotros como institución pública nuestra misión en acompañar a la administración pública y sobretodo ayuntamiento de Barcelona, que es en lo que tenemos centrado en los últimos 5 años para poder tomar decisiones de política pública vinculadas a la mejora de la vida de los niños y niñas. Entonces que somos un instituto de estudios y nosotros lo que hicimos es que nos encargamos como de movilizar el conocimiento para poder acompañar ese, no? ese conocimiento junto con la realidad que tiene la administración pública para generar cambios, para que se deseñen planos y si inverta los costumbres. Es un poco para, la diferencia e un de los puntos muy clave que tiene el proyecto del plan de juego es que nosotros no solo nos dedicábamos a hacer un estudio, una investigación una diagnosis, no? A generar conocimiento y decir mira, aquí tiene ese estudio, en Barcelona pasa eso, si no lo que hicimos fue trabajar de forma muy conjunta con la propia institución. Eso nos permitía, o sea, através de la construcción conjunta de los conceptos que ellos fueran ya incorporando cambios, nos quita de leer un documento, ha sido construyendo de forma conjunta y nos permitía también focalizar mucho la conceptualización a partir de la realidad. Es decir, de cuál era la realidad de donde se tenía que implementar las cosas, es decir si tu desde un despacho te imaginas, pongo como un ejemplo muy caricatura no, pero es así, si tu te imaginas teniendo parques como los de Londres aquí en Barcelona es muy difícil porque no tenemos el clima de Londres, no? Entonces era un poco también la realidad, conocer la realidad organizativa del ayuntamiento. Eso nos permitió que generamos el conocimiento para allá de imaginar cómo implementar ese, como marco conceptual, era muy acordado a la realidad que tenía la ciudad y al momento que vivía a la ciudad. Entonces eso es un


poco nuestra misión no? O bien generamos el conocimiento porque hacemos estudios o bien gestionamos el conocimiento porque no? porque a partir de informes publicados, a partir de…., entonces lo que ayudamos es a crear el marco conceptual, no? y para que el ayuntamiento tome las… Y ese marco conceptual no es teórico sino es un marco conceptual aplicado a la realidad a que queremos transformar. Y por ejemplo una de nuestras aportaciones es que poner el tema sobre la mesa, o sea que alguien viera el juego era un tema de política pública. Porque, hm…. que crear escuelas es un tema de política pública, aquí al menos ya está como claro, que el juego en la calle es un tema de política pública no, en Barcelona no estaba. Que sí, hay que haber parques como hay de haber un banco no? Entonces qué pasa que origen de todo es que nosotros como organización que promovemos debates y temas, y hablar de temas y de reflexión de temas, creamos un grupo de espacio público, infância y adolescencia, un grupo transversal en el que participan técnicos del ayuntamiento desde diferentes áreas C: - Sí, pero es un grupo de aquí? O del ayuntamiento….? E: - Del ayuntamiento de Barcelona. Y nosotros, es como, nosotros somos una institución que tenemos el aval, el ayuntamiento nos reconoce como institución que les ayuda. Es un punto, es decir, como, hmm, que ese reconocimiento te puede hablar, porque ya tiene el punto de partida o porque también tienes la credibilidad por tu trabajo. En ese sentido entonces nosotros tenemos un poco, tenemos el aval porque el ayuntamiento no quiero para eso y luego con el trabajo lo ve como riguroso y que les es necesario. Entonces lo que hace el…. nosotros creamos el grupo y quien participa de ese grupo de trabajo de una 25 personas son técnicos de salud, técnicos de obra pública, técnicos de educación, técnicos de parques y jardines…. Pues le llamamos como transversal, no? Entonces generamos ocho reuniones de trabajo reflexionando sobre el lugar de la infãncia y adolescencia en el espacio público. Entonces aquí, claro, ya se empieza, hacemos una cosa que no ha pasado antes que es poner gente de diferentes miradas, desde la educación, desde la infância, desde los servicios oficiales, desde urbanismo a hablar sobre la infância en el espacio público. De ahí sale un documento de los principales retos de Barcelona en ese tema y uno de ellos era que los espacios de juego son muy pobres, de hecho son muy estandarizados, muy aburridos, no? Eso hace generar, que se verbaliza esa situación y que el propio ayuntamiento desde la área de mantenimiento de los parques infantiles diga hemos de mejorar los parques. Entonces cuál es nuestro rollo aquí? Es un poco, yo siempre digo que pusimos la lupa, no solo porque es macro y eso del ayuntamiento, sino porque de una demanda que el ayuntamiento nos dijo, no? mejorar, Barcelona tiene 900 parques y jardines, y nos decía diversificar las áreas de juego de la ciudad porque una demanda inicial es que quería que fueran inclusivos. Otra demanda que tenían una presión social es que no tenía materiales para niños con dificultad de movimiento, con silla de ruedas, parálisis cerebrales y la presión en ese tema y por la síndica de… el defensor del pueblo….Entonces decía queremos que nos acompañéis, que tengamos una propuesta de parque más diversa. Entonces aquí nosotros ponemos la lupa y decimos mirar el juego en el espacio público, que juego es un derecho para nosotros, y la bases es de la observación número 17 de las naciones unidas sobre el derecho al juego, nos es que lo decimos yo y Maria que en ese momento estábamos en proyecto, sino que hay un organismo internacional que nos explica todos los límites que hay para garantizar el derecho al juego y de los que Barcelona reúne vários. Entonces un poco estaríamos nos en Barcelona y avalados por eso decimos el tema del juego en el espacio público no se trata solo de ahora cambiamos los parques sino es que mirar el juego en la ciudad desde otra manera. Entonces lo que hacemos es, hmm, reconvertimos una demanda o sea sí que hay un punto de partida, es un poco que colocamos el tema encima la mesa para que se vea necesario, o sea, sí, tenemos los parques poco adecuados, pero luego, a través de esa necesidad que es explicitada que


es hemos que mejorar los parques, reconvertimos la demanda. O sea, lo que hacemos es decir no solo vale parques, sino lo que vale es el concepto de lugar que tiene juego en la ciudad, no? y entender que si un niño juega siempre que quiere donde quiere cuando puede la ciudad sale incorporar esa capa de juego. Es cierto que aquí en Barcelona se cruza con otra situación que es que en temas de urbanismo desde perspectiva de gênero se está también trabajando esa mirada. Así que es como que la ciudad está dejando de estar enfocada para el urbanismo pensado para la parte productiva, no? de comercios, de empresas a un urbanismo pensado para las personas y una de las cosas que se pone es todo el urbanismo de perspectiva de género que incluye mucho la mirada de las curas, de la ciudad de los cuidados, que se priorice espacios con banco para sentarse la gente mayor, aceras anchas para poder pasar bien, entonces claro desde esa perspectiva de ciudad para las personas, una ciudad para nosotros es una ciudad pensada más para los niños y niñas y entonces es como que confluyen los conceptos, entonces una cosa que acompañamos mucho es como a poner palabras a las cosas, como conceptualizar y hacer la infraestructura lúdica de la ciudad, que imagino sea mirando los materiales, lo de las tres capas. Porque cuando tu ayudas a poner nombre y a clasificar de alguna manera las cosas tu vas a explicar lo que entiende pero entonces de golpe puedes hacer un mapa mental, no? que la gente cuando hable de juego no piense solo en la área de juego cerrada. entonces lo que hacemos es reconvertir y conceptualizar el…. pero confluyen ahí una parte muy importante de que no solo si está cambiando el urbanismo de la ciudad, hay un momento de cambio desde donde se concibe el urbanismo de la ciudad. Entonces una cosa muy importante para poder hacer lo que hacemos yo creo que dos cosas. Una que bajo la teoría que cambiar los espacios de juego o concebir la ciudad desde esa perspectiva no solo es buena para los niños sino que es buena para toda la ciudadanía, es decir, porque para hacer un espacio joven mejor es necesario que haya espacios para que los adultos estén bien - se busca esa relación - alrededor de los espacios de juegos se genera vida comunitaria, genera más vida comunitaria que hace una comunidad más cohesionada, no? Entonces es un beneficio para todo mundo añadir esa mirada no solo es buena para los niños, más allá ayuda, contribuye a retos de ciudad, es decir, que vá más allá en el tema, por ejemplo, de la sostenibilidad, del verde, porque es un efecto colateral que tiene mejorar la área de juego y naturalizar la más implica más verde; mejorar los entornos de las áreas de juego para que los niños puedan jugar de forma más segura implica pacificar y por lo tanto reducir tráfico, es decir, a retos a nivel mundial de obesidad, del sedentarismo que hacer un espacio público más estimulante, que invite más a jugar en la calle contribuye en ese reto. O sea, un poco lo que hicimos es no solo validar que los niños tienen derecho a jugar, sino que vá de contribuir a luchar contra retos más globales y también tocar mucho la perspectiva de salut, que era algo, es decir, para desarrollo integral de los niños y niñas y no sé si en Brasil, pero aquí se ha utilizado mucho el binomio juego-educación, sabes? Pero era muy reducido, un tema que llevaba muchos años como es bueno para todos; y una cosa que utilizamos fue la metodología lúdica para aprendizaje, para el aprendizaje integral del niño, el desarrollo saludable. Entonces para un padre conecta mucha más, o sea, el resultado educativo que tiene el juego es mucho menos evidente que en salut. Una fue eso, si? Que era buena no solo para los niños sino para todo el mundo y que ayudaba en otros retos de ciudad, que contribuya y que a parte cruzaba con planes de ciudad. Entonces lo que hicimos fue trabajar, fue un poco como esa lupa, trabajarla mucho con la gente del ayuntamiento entonces que se la hiciera mucho suya y muy necesaria. C: - Y el plan, como lo hacen para ponerlo en práctica? E: - Mira, ahora, una de las cosas que hicimos fue que para elaborar las propuestas una de las cosas que se hizo fue recoger las cosas que estaban ya pasando en la ciudad y que estuvieran en línea con lo que era el plan de juego. Como era un nuevo concepto y era un tema muy transversal a la ciudad


ya pasaban cosas que hiban en la línea, entonces no podíamos diseñar algo en un despacho sin tener en cuenta las cosas que pasaban. El hecho que ya pasasen cosas o que estuvieran previstas en otros planes hacia que ya había una inercia de ese tema. Te explico, por ejemplo, muchas actuaciones vienen, por ejemplo, aquí en Gracia que hay muchas plazas, hacen de los juegos….jugamos en las plazas, no? Y es un dispositivo itinerante tener jugamos de préstamos que durante el verano si instala 3 horas en cada plaza. Que decimos en el plan? Eso de pasar en la ciudad, no porque alguien se lo ocurra, en un distrito que pueda pasar, sino porque es una cosa que es buena que pase en toda la ciudad. Entonces cuál es ahora la fase de implementación? Es decir, todos hablamos de escalar, es decir, cómo generamos que esa iniciativa se conozca en todos los distritos de la ciudad y que se implemente en todos los distritos de la ciudad? Entonces un punto de partida es decir como hemos partidos de realidades, de cosas que ya pasan, lo que queremos es ponerlas en valor y lo que queremos es que se transmitan a otros espacios para que vean que es posible hacerlo en sus territorios. O sea, nosotros ahora, que acompañaremos se calcula durante dos años para que se pasen las cosas que hemos dicho que queremos que pase, lo que hemos de generar son esos espacios de conección y continuar facilitando conocimiento para que vayan pasando en otros territorios de la ciudad, es decir, porque una de las cosas que pasa en Barcelona y imagino que sea cosa de grandes ciudades, en Barcelona hay doble organización, hay las áreas, que son los que llevan temas como transversales de ciudad: urbanismo, educación, cultura y luego hay la organización de distritos, la territorial: eixample, les corts, ciutat vella. Que pasa es que hay muchas decisiones sobre el territorio de servicios de obra y agentes del distrito, es decir, decisiones de ciudad que pasan por el área. Hay una área y el área se encarga, pues eso que parece tan lógico no suele pasar, entonces hay cosas que pasan en el distrito de Gracia que en Sants no saben que pasan ni tienen mecanismos para hablarse y pasar conocimiento. Entonces una de las cosas que hacemos es: hay iniciativas de ciudad buenas y lo que hay que hacer es que se repliquen, que la gente las conozca, que puedan replicarse en otros distritos. En ese caso es que un distrito se ha decidido en invertir un dinero en e-kids, lo decida en generar espacios de juegos, en dinamizar las plazas. Cuál será el trabajo de implementación? Una primera poner en contacto esas experiencias y la otra si es necesario continuar reforzando desde la institución como la nuestra, que la ventaja que tenemos es como que estamos dentro pero no y que estamos fuera pero no, es decir, nos avala como en un interés superior del niño, nos avala y la rigurosidad de aportar la informaciones en eses sentidos. Entonces si que tiene sentido nuestra continuidad pues si un distrito se necesita acabar de convencer, podemos acompañarlo para que vea cual es la mejor manera, etc. para hacerlo será eso una a partir de iniciativas que ya están, escalarlas o ayudará a que iniciativas mejoren para que acaben teniendo esa mirada, es decir, en las áreas de juego en la ciudad hay una planificación que dice que hay que renovarlas cada 10 años, se estropean, pues, hasta ahora, si había un tobogã, un columpio si sustituya por las mismas cosas, vale? Entonces, ahora, que trabajamos es que haya un material, orientaciones para los arquitectos, para que tomen las decisiones para que cuando la renoven ya utilizen nuevos criterios. Participamos ahora de esos materiales, y que es muy importante para la implementación es que no los necesiten a nosotros para hacerlo, sino que generen los materiales y las herramientas para que el arquitecto municipal ya pilla que haya diversidad de juego. Para un lado es eso, por otro aprovechar iniciativas, cosas que ya pasan en la ciudad pero con esa nueva mirada y para darles esa mirada, mirar qué herramientas necesitan para hacerlas. Entonces, de início, o sea, a nivel de…., que decidam investir. Hay una parte que es coger fuerza cuando ya ha previsiones de inversiones de otras cosas que por otros motivos se van hacer y nosotros le añadimos como la capa de juego. Me explico: hay una subvención europea para mejorar el verde de las escuelas, que haya más vegetación e los patios y nosotros que decimos, se se han de transformar, cuando se transformen esos espacios, que el motivo es que haya más verde, que se haga la mirada de juego. A nivel es decir, aprovecha que hay inversiones previstas en la ciudad que a lo mejor,


poniendo esa mirada, permiten ir avanzando en la área. Es verdad que es más difícil actuaciones específicas que se hayan hecho del plan pasan por que habia interes en el ayuntamiento, desde alcaldía, y realmente era un tema muy necesario. Entonces Barcelona tiene esa, el pulpo ese del parque de pegaso y necesitaba poder diversificar un poco la oferta de parques que eran… Entonces era realmente como muy evidente que había que hacerlo y por supuesto se hecho la política. No solo hay que decirlo como hay que hacerlo evidente, porque el cambio será largo, entonces necesitamos que vayan ya viendo como pasos muy visibles. C: - Ah, fue también una necesidad del gobierno… Y como hacen para que, por ejemplo, Sants pueda entrar en contacto con iniciativas de Gracias? Cómo hacen ese intercambio de iniciativas? E: - Para poder conocer el… Claro, nosotros, lo que hicimos fue, hmm…, o sea, es un poco que nosotros, o sea, como éramos una institución reconocida dentro del ayuntamiento, o sea, que teníamos un lugar en el ayuntamiento y que tendríamos el aval de un área dentro del ayuntamiento para montar un grupo de, hmm, igual que hicimos un grupo ese de trabajo, hicimos otro para elaborar el ´plan de juego. Entonces que pasaba era que, lo que miramos era que hubiera muchos actores distintos, preguntamos a los distritos directamente que tenían vinculada a el plan de juego. Hicimos eso y hicimos búsqueda por, hm, hay muchas cosas que recopilamos, porque buscamos que existía y luego aquello que no sean muy relevantes,para poner directamente en contacto con la persona que hacia esa iniciativa. El conocimiento venía por así, como através… porque hicimos como un llamamiento, una petición a todo mundo que les sonará cosas que estaban haciendo que tenían a ver con el juego desde la perspectiva que estábamos haciendo, nos informará. C: - Hay como dos parques pilotos en el plan, del Pegaso y el otro de Nou Barris….. E: - Sí, eso fue porque muy al inicio, antes del plan de juego incluso, una de las recomendaciones de las naciones unidas es que los niños y niñas han de poder participar en la decisión de los espacios de juego. Entonces nosotros decíamos, no solo hay que decirlo, hay que hacerlo, entonces decimos: si queremos ir cambiando el paradigma de juego, hemos que probar como, no? De poder construir parque, poder hacer participar los niños en la transformación de un parque que además pueda ser ejemplo de ese nuevo cambio. Ahí fue un acordo de pilotar ese cambio y también fuímos como muy de acuerdo con el ayuntamiento y eso nos permitió, o sea, una clave muy importante, al haber trabajado con arquitectos con la área que lleva proyectos urbanísticos por ejemplo ellos participaran directamente en algunas sesiones, nosotros hemos tenido contacto directo con ellos, cuando les pasamos el informe de que habían dicho los niños. Era como una relación muy directa y eso ha sido muy clave para poder dar respuesta a qué pedían los niños. Eso fue decir hay que poner en ejemplo. Entonces a parte tenía doble dimensión: poner en ejemplo de no solo lo que hay que hacer pero como hay que hacerlo y eso nos ayudaba, se generaba un herramienta, o sea, probar una metodología para hacer participar a los niños. Lo problema es que había como los dos extremos. O acciones muy puntuales de dibujame tu parque ideal, que tampoco son significativas o procesos de 3 meses o cuatro meses con la transformación de patios que son muy largos y no encajan con los tiempos de cualquier proyecto urbanístico. Entonces también la intención era un poco esa: todo mundo dice que los niños tienen que participar, tenemos todo un departamento de democracia activa dentro del ayuntamiento pero no sabemos cómo hacerlo. Entonces servia un poco para los dos cosas. C: - Y por qué esos dos parques?


E: - Porque primero se buscarán, nosotros le llamabamos, cuando distinguimos la infraestructura lúdica, decimos que la área de juego que es lo que certifica y en general es lo que esta vallado, donde están los elementos de juego, una cosa es la área de juego y otra lo llamamos los espacios lúdicos. Los espacios lúdicos debían tener una área joven, o sea, una plaza, que es un espacio lúdico, que se puede jugar porque esta peatonalizado, los niños pueden pintar en el suelo; y otra cosa es que hay en los parques espacios lúdicos más allá de las áreas de juego, es decir, un problema que tenía barcelona era que segrega mucho, dividía mucho, dexia: aquí hay que jugar, eso es el espacio para jugar cuando hay todo el parque. Entonces buscábamos cómo era ese cambio un poco de paradigma de que el juego estuviera más integrado y no segregado, se buscará una ubicación en que se pudiera pensar un poco a lo grande en ese sentido y luego se buscaron espacios que les quedase poco para tener una renovación, sabes? O sea que no fueran uno nuevo, que no estuviesen…. que en breve tendría que tener alguna renovación. Y luego las ubicaciones que fueran de espacios diversos, de espacios diferentes de la ciudad C: - Yo he leído un poco acerca de las ciudades educadoras y eso, y te parece que Barcelona ser una ciudad educadora hace mucho tiempo es más fácil eso cambio de mirada y todo? Porque no sé, para mi, en São Paulo, es casi imposible que a el gobierno le parezca bueno haced espacios jugables…. E: - Yo creo, es un poco lo que te explicaba antes. No ha sido desde la perspectiva de la ciudad educadora que ha entrado el tema. O sea, porque el concepto de ciudad educadora en Barcelona, y es un reto que tiene el concepto en si, habla mas de como equipamientos de la ciudad han de ser educadores, han de ofrecer actividades educativas, también aquí en Barcelona ha estado en revisión ese año ese concepto, pero la clave realmente fue que a nivel urbanístico, a nivel físico, Barcelona tenía un déficit en los espacios de juego. Y entonces no estaba a nivel de, hm, o sea, solo evidentemente, pienses más en el desarrollo de los niños, pienses menos… Era una vivencia muy clara que Barcelona no tenía áreas de juego atractivas. Sabes? Entonces la gente al frente de este tema le era una necesidad cambiar esa realidad. Hay como una perspectiva de todo el proceso este y es que en cualquier momento crescen áreas de juego pero que no tienen ningún sentido, es decir, un distrito decide o una asociación de vecinos dije: quiero una área de juego y alomejor queda un espacio como este: lo cierran, le ponen arena y ya dicen que han hecho una área de juego. Eso que implica, que la gente que mantiene un espacio que sé que no tiene valor de juego, que no tiene sentido. pero hay que pagar un certificado, cambiar la arena, mantener la baya y entonces, es decir, no estamos invirtiendo bien el dinero. Tiene un coste muy elevado para, realmente, la repercusión que tiene y se necesita reordenar esto. Hay las dos necesidades. Nos explicaba la persona de parques y jardines, la persona que creyera en el proyecto, que es la que nos ha ayudado a gobernar todo. Es una cosa que nos va a nuestro trabajo, es decir, era una cosa como que muy vital. A que me refiero? Si es por ley que has de ofrecer la educación pública y tener que construir una escuela… si o si lo ha de hacer. Complementar el desarrollo integral del niño, con una identificación, es un valor añadido y entonces, antes preferir una cosa que la otra. En cambio, para parques y jardines que su objetivo era cómo mantener de forma eficiente, como tener mejor espacio de juegos, ser más bonitos, para ellos era prioritario. Entonces, en el corazón había esta necesidad que era muy evidente, porque nunca se había planificado las áreas de juego de la ciudad. siempre había sido algo como muy secundario, terciario… sabes? Entonces yo creo que es más desde el concepto ciudad de las personas, urbanismo desde perspectiva de género, que no desde ciudad educadora C: - Y el plan es legislativo?


E: - A ver, el plan de juegos cuando se publica y esta probado, lo que te dá es cierto que tiene como asociado una cosa importante que eran 10 proyectos tractores que eran unos proyectos que podrían ser emblemáticos, que podrían ser viables, y que tenían capacidad de arrastrar el cambio. Entonces esos proyectos una cosa que se hizo fue poner presupuesto para que se reservara en los presupuestos municipales esas partidas económicas. Más allá de eso, hay que ver cómo, pues, puede ser que alguna área del ayuntamiento no haga eso y no vá a ser de obligado cumprimiento. Lo que pasa es que si es cierto que unas reservara dinero y para nosotros era muy importante generar presión social, o sea, la demanda de la sociedad y evidenciar que era una demanda que estaba allí, que no se habían articulado o organizado, pero que no era solo que…. Luego no seríamos el instituto que le diría a parques y jardines “hey, que no está poniendo los parques inclusivos”, sino que todo un colectivo que está reclamando que eso sea. Entonces hemos trabajado para evidenciar que era una necesidad no solo teórica sino también que de la ciudad. C: - Cuáles son las mayores dificultades para la aplicación del plan? E: - Una que el plan se aprobó en el final de legislatura, entonces ha habido unos meses que con la formación de gobierno y entrada de cargos, estamos como con un parón. Esa es una dificultad. Dos de las dificultades más grandes del plan es que es un plan que afecta muchas áreas, y que no está claro, o sea, no está decidido a 100% quién, o qué área del ayuntamiento velará para que se desarrolle el plan. Es decir, se lo haga suyo, que las diferentes áreas tengan acciones que desarrollar y en su planificación la vaya haciendo, y quien rendirá cuentas? Está gobernanza como es transversal y afecta muchas áreas, cuando es un plan transversal no hay un departamento, no hay un departamento de juegos en Barcelona. Entonces ese liderazgo del plan para que se desarrolle y tomar las decisiones se ha imaginado un grupo motor de cuatro áreas para hacerlo. Entonces esa es la dificultad más grande: que nos está claro es mi departamento que debe desarrollar el plan, sino que es un plan de ciudad. C: - Y todo el dinero es del ayuntamiento? O de los distritos? E: - De hecho, una de las cosas que investigamos era la realidad de otras ciudades. Un punto que era difícil aquí y en nivel general en catalunya, hay muy poca cultura y se vive muy mal la intervención del dinero privado para intervenciones públicas. O sea, las fundaciones hacen un trabajo pero no se contempla. Entonces eso también es un punto, pues a nivel de financiación todo ha salida a nivel municipal. C: - Es que me parece un poco difícil porque, bueno, voy haciendo la relación con mi ciudad, y lo que pasa es que no es que nuestros espacios de juegos no sean buenos, sino que ellos no existen. Casi no tenemos plazas, casi no tenemos espacios caminables. Cómo hacer esa pasaje para una otra realidad me parece más difícil. E: - Yo creo que una clave es juntarlo con otras necesidades de la ciudad, pues que no es solo una necesidad de niños y niñas sino que una necesidad de todos los ciudadanos. C: - Una cosa que pasa mucho es la question de la basura, pues muchas plazas en la periferia se convierten en grande papeleras. No hay una colecta. E: - Claro, es que son realidades muy distantes. Yo que pienso es conectar mucho el concepto con la realidad de la ciudad. Los niños necesitan espacios para jugar y la gente adulta espacios para


encontrarse. Entonces a partir de aquí…. Yo en ese sentido hay a nivel de América Latina, conocí cuando ya habíamos hecho todo el plan de juego un equipe de México que era “Laboratório para la ciudad” que tienen toda una documentación que es de ciudad jugable también, que aluciné porque han llegado a las mismas conclusiones estando a millones de kilómetros y no habiendo conectado. Era una propuesta de innovación en termo de urbanismo de la ciudad de méxico. Hay también un colectivo que hace intervenciones en los espacios públicos y que tampoco están tan lejos de nosotros. Hay claro, sus particularidades y temas que interesan a la ciudad. C: - Parece que el plan de certa forma, de certa manera, impacta el urbanismo de la ciudad, la forma de pensar, de planear la ciudad E: - sí, era super curioso porque había dos cosas: primero porque era una demanda que nadie sabía que existía, pero por otro, es muy clave que considera el tema ese de la ciudad para las personas, como el programa de las superillas, que apareció muy antes del plan de juegos, pero que conecta que hemos que mejorar como si concibe los espacios de juegos. Y también que hacer una ciudad jugable no quiere decir solo poner toboganes y columpios, sino que el hecho que haya bancos que pueda subir y bajar, que no haya tráfico, que pueda estar y bajar a jugar en la calle. Ciudad jugable no es solo parques. Y también aprovechar los espacios, como los patios abiertos, es decir, que incorporamos como parte de infraestructura lúdica los patios de colegios que se abren en horario que no esta abierto el colegio y que de golpe la ciudad recupera como espacio para jugar. C: - De forma resumida, cuales son los objetivos del plan de juego? E: - El objetivo sería más y mejores oportunidades para el juego en el espacio público. O sea es como el mantra, es decir, que el juego forme parte de las actividades que se pueden hacer en los espacios públicos, de los 0 a 99 años. Y que está sea una actividad que se contemple y forma parte vida de la ciudad.

30 de septiembre de 2019 Reunión Joan Gener - duración 49 minutos Participou do processo de co-criação dos parques com as crianças enquanto representante da Raons Publiquès, uma cooperativa de urbanismo especializada em participação para a construção da cidade. Desenvolvem projetos caracterizados pela implicação das pessoas na concepção, transformação e gestão do seu entorno. A cooperativa foi quem tocou a parte de implementação da co-criação nos dois projetos pilotos. C: - Yo vivo en São Paulo y hago parte de un colectivo y lo que hacemos es trabajar con niños en la periferia de la ciudad, proyectando espacios, principalmente plazas, con los niños, junto com los niños para que puedan tener un espacio para jugar y bueno, así, cuando he leído acerca del plan de juegos en Barcelona y todo el proceso participativo con los niños en dos parques, sí? Me pareció muy interesante estudiarlo porque nos gustaría mucho hacerlo en una mayor escala en São Paulo, pero es difícil, no lo sabemos mucho como, y en mi Universidad había becas para hacer como una investigación en el exterior y yo he ganado la beca e por eso estoy aquí, para estudiar un poco más sobre todo eso. Pensar un poco como podríamos hacer lo que hacen aquí en São Paulo. J: - Te empiezo a contar así a saco? O como hacemos? Tiene preguntas o….?


C: - Bueno, yo tengo algunas preguntas pero si quieres contarme un poco más cómo fue el proceso y todo… J: - Vale, a ver. Claro, hay una parte que no la conozco y por eso te he pasado el contacto de Emma C: - Sí, yo he hablado com Emma. J: - Porque ella es la que lleva dentro del Institut Infància i Adolescència todo tema esa de ciudad jugable, que era un tema que ellas desde el instituto hace tiempo que van trabajando y con el nuevo gobierno de hace 4 años pues le dan como un impulso que empieza con lo que és la mesura de gobierno y esa mesura de gobierno tiene como un plan hasta 2030, si no me equivoco, y dentro de ese plan hay varias acciones. Una de las acciones, una de las líneas de trabajo es precisamente cómo poder, a partir de los 7 critérios de una ciudad jugable, como poder hacer procesos de participación o de co creación para que cuando se vaya reformar o transformar un parque, un espacio público, donde el juego es importante o potencialmente puede ser importante, pues se puede hacer algo de participación con los niños, vale? Pues entonces es donde entramos nosotros como Raons Públiques, que somos una cooperativa de urbanismo y participación y somos como la empresa que nos contratan para desarrollar esa metodología para hacer los procesos de participación o co creación con los niños, o sea, nosotros entramos por ahí. Sí que es verdad que anteriormente yo tanto a nivel personal como a nivel de Raons el tema ese de espacio público es central y por lo tanto cuando se habla de infancia y juego pues también tenemos algunos proyectos de ese tema, no? Entonces básicamente lo que nos piden en realidad sería como un prototipo del proceso pero no desde pensarlo en un despacho, pero haciéndolo. Entonces ahí es cuando nos plantea el trabajo en el Parque Central de Nou Barris y en el Parque de La Pegaso en Sant Andreu que son dos parques los dos grandes y que justo en principio va a haber cambios y transformaciones en esos parques. A partir de ahí no piden que desarrollemos esa metodología para incluir el proceso de participación. Desde el instituto ya nos marcan como un poco los contenidos incluso algo del proceso también ya estaba definido y nosotros vamos a dar forma a ese proceso y desarrollar digamos tanto lo que sería las 3 sesiones cuanto las herramientas para trabajarlo. Siempre en una clave de prototipado, es decir, que la idea aquí es que es importante el resultado de los dos procesos pero también es igual importante ese desarrollo para cualquier otra realidad, barrio o plaza o parque incluso el tipo de colectivo. Entonces ahí es donde por un lado en Sant Andreu sí que nos centramos en una escuela, vale? y en Nou Barris trabajamos con una escuela y con un casal infantil de fines de semana para niños. Porque una de las ideias de eso es que se busque la participación no solo de la escuela como espacio educativo sino de otros colectivos, espacios, proyectos, servicios, que trabajen con infancia y que, digamos de una forma, que el juego esté presente, vale? Y ahora estoy a marcar un algo, es decir, lo fácil entre comillas es ir a la escuela, lo más difícil es adaptar de los horarios y también a los perfiles aún que en las escuelas hay de todo. Así que marca una lógica un poco de que vamos a generar un prototipado que pueda ser flexible en contenidos y herramientas pero también en tipos de espacios, participantes y destinatarios, vale? Eso es una de las primeras ideas claves que sacamos. Otra idea clave así que como para empezar es que en principio eso por la realidad de los dos proyectos concretos si penso a ocupar a 3 sesiones. O sea, el proceso se reduce, y yo lo digo así, a 3 sesiones, vale? Y eso genera un poco de digamos, sumando que son solo 3 sesiones, mas que es la primera vez que se hace y que no hay, aún que el instituto pués Emma hice un trabajo muy bueno ya te digo como de conceptualizar los contenidos y algo del proceso a hacer, pues sí que es verdad que ahí pues marca algunos límites, pues no que estén malos, porque la realidad es la que es, y por un lado oímos e tals de las escuelas, de los espacios educativos y la otra es que el recurso que hay


para hacer procesos es ese. Entonces, de entrada 3 sesiones son pocas, pero también estuvo bién ya que nos obligó a pensar en pequeño y a la vez algo que tenga valor, no? Luego eso en realidad, las 3 sesiones, se podrían hacer incluso a nivel independiente cada una, y luego si en vez de 3 tiene 6, pues se podría ir alargando el tema. Claro, nosotros lo pensamos un poco así pero luego tuvimos que hacerlo en concreto, así que nos centramos en ese proceso de las 3 sesiones con cada colectivo. Eso sería un poco el tema general. De donde partimos nosotros para pensar eso, parte de dos cosas, por un lado de los 7 criterios de diseño de la ciudad jugable, vale? Que eso es como, incluso ahora ya hace un año e medio casi o algo más, que hicimos. Eso de conceptualizar 7 criterios que están como en el abstracto, que no están como físicamente los lugares tienen que ser tal, sino que son como ideas casi, son como ideas de diseño en realidad, no? Son 7 criterios de diseño pues que esa es la materia prima que nosotros utilizamos para convertir en sesiones lo contenido. Entonces yo creo que eso es como el punto interesante, porque en realidad esos 7 objetivos te permiten mucho juego. En otro proyecto que hemos hecho año pasado desde verano lo acabamos utilizando también, para hacer también una valoración de 3 espacios distintos entre ellos con niños también. La idea de los 7 criterios es muy interesante, muy exportable porque con esos criterias te puede inventar muchas dinámicas, muchas herramientas, muchos procesos, vale? Entonces yo creo que eso es una de las partes potentes que tiene todo el tema ese de ciudad jugable. Luego, a partir de esas 3 sesiones temos que buscar un hilo que le de sentido al proceso, claro, si trabajamos con 3 sesiones como decimos tampoco vamos hacer milagros, pero que para los niños sea significativo y a su vez, lo resultado tenga valor para los arquitectos que tienen que diseñar las transformaciones del parque. Entonces voy a sacar un momento aquí porque… Una primera clave que decidimos nosotros pero eso ya estábamos en el medio del proceso casi, fue entender que así como hay especialistas en el diseño de la ciudad, o sea, arquitectos, urbanistas, los de medio ambiente, los de movilidad, también hay unos especialistas en juego. Esos especialistas en juegos son los niños y las niñas. El roll, o la simulación para jugar, entendemos que ellos son los especialistas en juegos y que los equipos que van a diseñar en el parque o en los espacios públicos necesitan de los expertos en juego para que la transformación de ese lugar tenga más sentido, vale? Para mí esa idea es super fundamental. Sí que es verdad que cuando se habla de infancia, en general, si tiene un poco esa visión, pero en la participación muchas vezes que la gente me de la información y está. No se lo pone ese valor que realmente tendría un rol muy importante en el proceso de participación. Para mí esa idea es muy clave. Luego hacerlo en 3 sesiones es más complejo, no? Pero esa es la idea primera de que vosotros sois los especialistas en juego y nos tenéis que ayudar a llegar a unas propuestas concretas para que el equipo técnico, que son los especialistas en diseñar, luego lo tengan presente, como para mí que esa idea es fundamental y básica en todo que es ese proceso. Y, en general, creo que es la forma de entender lo que es una ciudad jugable, que los que saben de juegos son sobretodo los niños. Eso también quiere decir que en realidad todos han sido niños o niñas y por lo tanto hemos jugado, más o menos, en la calle, y por lo tanto, todos, si hacemos un poco de memoria, podemos ser como especialistas. Pero los que lo entienden, lo juego y luego lo saben comunicarlo, son los niños y las niñas. C: - Cuántos años tenían los niños? J: - A ver, creo que si no recuerdo mal, todos eran, creo que era quinto y sexto, que son 10 a 12. Y el casal este que te he comentado sí que eran más grandes. Algunos tenían 15, 16. Que ahí también tuvimos un poco que adaptar lo que eran las dinámicas para darle forma a la cosa, vale? C: - Y sabes porque fueron estos 2 parques?


J: - Sí, creo que, casi estoy seguro, es porque había previsión de procesos de transformación de esos espacios. Entonces era como, para no hacer un proceso que luego nos quedamos unas ideas y no sé cuándo las van a utilizar, sí que el proceso era hecho en 3 sesiones más una y esa una era que les presentamos los resultados. Eso no presentamos nosotros sino que lo presentaban los arquitectos del ayuntamiento. Claro, eso tiene una complicación que por mucho que se conozca el espacio público, cuando se hace un concurso público para hacer una transformación del espacio público, normalmente el ayuntamiento no dice cómo va a hacer. Ponen unas medidas o unas ideas, pero luego es el arquitecto que lo plasma, no? Entonces al reto era llegaramos a un resultado que fueran ideia muy básicas y amplias para que el equipo que va a hacer un futuro, pues ideias concretas que han dicho los chicos y las chicas de eso barrio. A partir un poco de esa estructura, lo que hicimos, o sea, esa estructura de 3 sesiones, esa idea de los 7 criterios, y esa idea de que vosotros sois los especialistas en juego, la idea era vamos a combinar que haya momentos en los cuales nosotros como equipo los damos información como una lógica de transmisión educativa, para abrir la mente, para situarlos, también para un poco hacer emerger lo que ellos hacen y normalmente no lo explican. Luego hay otros momentos que sí que sacamos, y lo digo así, porque no hay tiempo en 3 sesiones de sacarla y trabajarla. Pero sí que hubo alguno momento en que la idea era plasmar concretamente ideas concretas. A partir de esas 3 ideas de os damos información, hacemos algo de transmisión, sacamos información y también lo vamos a ver si lo podemos dar un poco de forma, pues a partir de ahí, se monta todo el show. Claro, yo creo que no hace falta que te explique las três sesiones y todo eso…. si lo quieres? C: - Podría ser bueno porque lo que llegamos en nuestro colectivo fueran 8 sesiones, pero son muchas y sí que muchas veces no hay tiempo para eso y estamos justo ahora pensando en cómo hacerlo en menos, porque hay un tiempo por lo de la prefeitura…. J: - Vale. Claro, hay dos cosas interesantes. Una que te lo explique un poco casi de memoria, voy a intentar a hacerlo, pero en principio tendría que estar colgado el informe que hicimos que tenía como… es un informe como muy largo, vale? QUe explicamos toda la metodología Por eso te digo que no sé si hace falta que te explique mucho, o que realmente pueda leer tranquilamente el documento, lo pueda mirar y a partir de ahí plantear dudas. La estructura es un poco rara porque tenía eso de por un lado explicar los objetivos y por otro lado explicar como lo habíamos desarrollado y luego explicar cada herramienta como por separado. O sea, explicar la secuencia de sesiones pero que cada herramienta lo puede utilizar como independiente. Y te pongo ejemplo, vale? Luego me apunto de hablar con Emma y creo que no habrá problemas en compartirte eso. Pero, por ejemplo, una de las dinámicas que hicimos era a partir de unos cromo como de juegos, de cromos como los tipos de juego de los niños y las niñas, cada cromo había como una acción de juego dibujado, vale? Entonces los poníamos todos juntos y cada niño escogía dos. La primera pregunta era a qué juegas tú? Escogían dos y luego nosotros los recogíamos en una fecha. Luego la pregunta era a qué jugaba alguién que es un poco más grande que tú? Sus hermanos o los niños más grandes del colegio. Y los más pequeños? Tus hermanos, o los más pequeños del cole y tal. De esa forma, sacamos las informaciones de que actividades ellos lo hacen, qué actividades observan de los otros, pero a su vez empieza a generar un poco de reflexión sobre que hay distintos juegos, que ni todo mundo les gusta los mismos, que en función de edad jugamos unas cosas o las otras. entonces esa idea misma, incluso si entiende que los cromos te abren una aba como muy grande de tipos de juegos, también estás ampliando el imaginário no? Porque “a lo juego futbol”. Solo futbol? No, también juego a subir y a bajar. Entonces esa herramienta tiene esas 3 lecturas, no? Recoger información, que ellos empiecen un poco a pensar que no sólo juegan ellos a los suyos sino que hay más gente jugando en función de las edades, y también abre un poco ese imaginário. Luego también


había otra parte que era un poco más de qué cómo llegar información era abrir a la mente, no? Porque la realidad es que aquí en Barcelona, en general en Catalunya, sí que es verdad que yo diría que de 4 años para aquí se ha cambiado un poco, pero en general los tipo de parques que hay son más bien cosas típicas, el tobogán… Se te vás más por Europa eso empeza a cambiar. Se te vás a Berlim es la hostia! Entonces lo que hicimos fue una…. o sea, buscamos por el mundo, sobretodo en el sector de la parte norte del mapa, y sobretodo en Europa, vale? Ahí buscamos distintos parques que habían por el mundo. Entonces por ejemplo que hicimos ahí pues a partir de proyectar algunos de esos parques, generamos un poco de debate: que os imagináis? Qué os gustaría en ese sitio? Porque había cosas muy típicas, pero formas muy raras y distintas, no? Entonces a partir de ahí, ya te digo, era un poco abrir la mirada y como hay otras posibilidades, no solo lo que vosotros conocéis, no? También entramos en la lógica de empezar a detectar qué cosas les puede interesar o gustar más independiente de lo que hacen. Entonces esas primeras proyecciones de 3 o 4 parques logo se convertían en, creo que eran unas 20 fotos de 20 parques y también lo cogian la que más les gustaba y en una ficha recogemos información. Porque teníamos que recoger información. Y lo que les pedíamos ahí era que pusiera lo que les llamaba atención de ese lugar, de ese parque. Que era una cosa muy intuitiva no? El color, la forma, la activitat, vale? Aquí cada uno, sí que había en esa primera parte un poco de dinamización por parte nuestra. Pero también ahí donde entraba todo el campo de proceso, cuando trabaja con infancia es que si te dedicas a la participación hay el riesgo de acabar generando dinámicas que son adultocéntricas, o sea, que estas haciendo preguntas que ya sabes lo que te van a responder. Y eso luego fue la cosa que vimos que igual con una lógica más vivencial, con una lógica un poco más…. hm… eso, no tanta dinamización y si más material, vale? Porque ellos ya lo saben. Pero, claro, teníamos ese punto de presión de tener que sacar información. Pero salieron cosas interesantes evidentemente, pues las cosas que tenían estructuras más grandes, de subir y bajar, que tenían alguna forma que le recuerda al bosque , pues eso fue lo que llamaba más la atención. Y nosotros igualmente de esa selección también hacíamos un poco de lectura. No solo lo que nos dicen si no lo que suponemos que les interesa, no? Por ejemplo, alguien coge uno y dice que le gusta porque le recuerda al bosque. Pero no es solo el bosque, es una estructura que tiene 4 pisos, que tiene toboganes. Pues también hacíamos un poco de lectura en ese sentido, y eso también lo defendemos hasta lo limite, es decir, as vezes por lo tiempo de la participación o por la realidad en que te encuentras, que se lo pasen bien y que te lo den información para que tú lo haga como especialista ya empiezas a interpretar un poco, no? (o que fala tonucci) Eso es una idea que as vezes, es como, que echamos para atrás, pero que hay veces que es necesario porque si no lo que intentas es que ellos le digan todo, y cuando intentas que ellos le digan todo, es cuando te pierdes en la mirada más adulta, no? Es esa idea un poco de la percepción, captar un poco la percepción de los niños y de las niñas. Esos eran como los dos puntos importantes de la primera sesión. La segunda sesión era una observación del parque directa. No íbamos en grupos en el parque y tenían también una ficha de observación y analizaron un poco el reconocimiento físico del espacio y al final acabamos en función de esos 7 criterios como un semáforo verde, rojo, amarillo en función de cada criterio un poco trabajado ellos valoraban el parque, vale? Eso que nos daba? la valoración era interesante pero tenía mucha letra, era un momento que lo teníamos que hacer muy rápido, o sea, de esas dos acciones la importante era la de valoración. Pero también como la hicimos no nos acabó de… no sacamos todo lo provecho que tenía. Y la primera para mi esa parte era totalmente prescindible. Esta ficha era muy prescindible. Porque? Porque de alguna forma 1. no todos pero muchos juegan en el espacio del parque 2. igual es más interesante que se pongan a jugar y luego valoren que no pase que tu pongas cuántos espacios hay de juego? Como son esos espacios? Como esta el tema de la movilidad? Porque son temas que, eso es un adulto, o un profesional del tema ya puede sacarlos. Si es alguien con sensibilidad, con trayectoria también ya puede sacarlo. Pero


cuando ellos se ponen a jugar, que jueguen en el sitio y luego lo valoren eso sí que es otra cosa, es otra relación. Entonces esa herramienta que era como el semáforo, nos dimos cuenta, pero ya estábamos casi al final, que seguramente esa tenía que ser la segunda sesión intera. Se vayan a jugar y luego destinar un tiempo a poder explicar un poco cada criterio, porque eso tampoco teníamos tiempo de hacerlo, o que creo que es muy potente. Y la tercera sesión era un collage. También por grupos hacíamos como un poco de retorno de todo lo que había salido nas anteriores sesiones, que juegos habían dicho, por niños y por niñas, por edad, que tipos de parques habían situado y porque motivos los habían situado y luego los dabamos un papel grande en blanco, o sea, no tenía la forma del parque (eso pues decidimos después de mucha discusión que si tuviéramos más tiempo si que haríamos el trabajo con el mapa del parque, pero solo con el tiempo que teníamos tener un mapa ya era un tempo y luego era también un punto de no querer condicionar un poco ese punto de creatividad y imaginación, incluso locura, que tienen los niños de te gustaría que hubiera aquí? Ahí les damos las informaciones de las sesiones anteriores, les dábamos esa hoja en blanco, y sí que teníamos toda una serie de materiales, los cromos, las fotos de los parques y otros materiales y algunas instrucciones para que la cosa tuviera un poco de forma, vale? Eso también lo digo que la primera a la última sesión, la última sesión lo hicimos al loco, hacer lo que queráis. También porque era una escola que ya trabaja también con unas metodologías muy activas y nos damos cuenta que eran chavales de quinto, sexto año que su forma de trabajar no requería muchas lógicas de plan. Entonces que teníamos al final? Teníamos como una selección de qué actividades les gusta a ellos hacer y qué ven qué hacen otros; teníamos una valoración superficial sí que eres, pero una valoración de lo que es el parque; y unas propuestas de collage de ideas concreta o más abstractas. Y con eso, con Emma, hicimos que en un parque creo que eran doce ideas y que en el otro catorce o algo así, cogendo los siete criterios y desarrollandolos. eso acabó en un documento con esas ideias. Casi como un manifiesto de que los niños y las niñas han dicho que les gusta. Algo muy sencillo, pero que en realidad yo creo que es una materia prima interesante porque se los equipos se lo creen, tienen que pensar cómo materializarla. Eso fue un poco el recogido que hicimos nosotros. Luego, como te digo, la idea fue estuvimos bastante horas analizando cómo cada una de las herramientas, cada una de las sesiones, y justo el proceso si paró por temas del ayuntamiento: eran las elecciones municipales. Se paró justo al momento que era interesante: eso cómo lo hacemos replicable en otros contextos, con más sesiones o con menos y no en horas de clase sino en el mediodía. O sea, ahí que era justo como meterle caña como eso se puede utilizar en otros contextos y con todas las variables. Y aquí la idea era muy buena, era reunir profesionales de áreas distintas, explicarles la metodología, y pensar como facilitar uno de esos procesos. Y esa idea que era interesante se ha parado un poco por temas del ayuntamiento. Digamos que esa parte del proceso es como un anexo y primero lo que si tiene que hacer es primero mover toda la estructura municipal del ayuntamiento que es muy grande, tiene muchos departamentos, que además tiene departamentos que son para toda la ciudad y otros que son como del territorio, o sea en concreto es que en el parque creo que de Nou Barris, mientras hacíamos eso, había un equipo de arquitectos planeando tal y hay otros equipos de servicios del ayuntamiento sin hablarse, estaban pensando que árboles y tales ponían. Claro, eso que en un ayuntamiento pequenito, bueno, aquí en Barcelona eso se queda como raro. Lo que hacen es en el momento en que hay una previsión de transformación del espacio, no solo se pone un servicio a trabajar sino se ponen varios y es ahí donde hay la posibilidad de introducir ese proceso de participación o de cocreación. Porque distingo participación y co creación? Cocreación es que los chavales estuvieran desde el principio hasta el final y realmente siendo ellos el equipo de expertos. Te digo de participación porque nosotros sí que generamos ese proceso de participación, pero cocreación no creo yo que lo pasa. Si que el objetivo es la co creación, pero por todo el proceso no es posible hacer una cocreación. Por experiencias previas, la co-creación es posible cuando realmente la estructura


municipal lo permite o cuando hay movimiento alternativos y tal que consiguen forçar para que eso pase, no? C: - Lo que pasa con nosotros es que estamos en las favelas en São Paulo, entonces los niños tiene como muchos sueños y lo más difícil es como hacer el proceso, co-criar, pero sin que ellos se queden frustrados. Porque muchas veces sueñan con cosas muy, muy grandes y ya es muy difícil tener dinero para hacer cosas en la periferia, aún más cosas más grandes. Y los espacios libres en las favelas son casi nada, muy muy pequeños. Y ellos nos han dicho cosas como “nuestra casa no tiene espacio, en las calles pasan coches, las plazas sucias y con basura…. Donde vamos a jugar?” Nos dicen…. Un espacio ya es algo, pero me pareció muy interesante mostrarles cosas que ya existen, para que no sea sólo imaginación, para que puedan basarse en algo más concreto. J: - Claro, yo creo que por suerte o por desgracia, o sea, por un lado puedes hacer una busqueda de parques que son la hostia, y eso también genera expectativa, pero por otro lado hay muchas experiencias que son autogestionadas y yo creo que ahi hay un poco de la lógica de buscar el equilibro. Yo creo que lo interesante, claro, no conozco el contexto, pero en todo caso igual yo lo que pienso, en otros trabajos que he hecho he tenido experiencias sobre juego en el espacio público y precisamente estuve en uno que nunca había la posibilidad de transformar el espacio físicamente hablando. Entonces como eso no estaba, teníamos que pensar otra cosa, lo que intentamos generar eran acciones, proyectos no tanto de como transformar ese espacio, sino de cómo lo utilizan. Y ahí es donde encuentras algunos proyectos que también son referentes en eso y que te permiten pues llegar y hacer, que no es fijo, tu llegas y lo sacas y hay juegos dentro. O igual trabajando con entidades del territorio pues utilizar a lo que se dedican las entidades. Si hay una que hace fotografía, pues que llevarla allí y hacer un taller de fotografía. Creo que es un poco la combinación de las dos cosas: sin dejar de pensar en la necesidad de la transformación del espacio, cuando por lo que seas muy difícil también hay opciones. Y esas opciones no tienen que ser solo “ah, vamos a construir cuatro juegos y ya esta”, no, no. Si puede tener una visión como muy ambiciosa de que pienso también en los siete criterios, pienso en temas inclusivos, en temas de género. Y la otra cosa es con el tema de la limpieza que es un clásico, no? C: - Y cómo esas ideas que llegaron se concretarán en un proyecto? J: - Eso no sé si en los informes esta, voy hacer una búsqueda. Creo que fue a posteriori, pero en la última sección les presentaron. Les explicaron un poco las transformaciones que…. un momento (hace la búsqueda). Una cosa que les pedíamos era que nos marcaron donde jugaban, así era como un mapa de calor, ahí donde esta más fuerte es donde jugaban más. Pero es curioso también identificar que hay en esos sitios. Eso esta un poco más integrado y eso un poco más pa pa pa. Es interesante pues es un parque que sube. Y este es la valoración que lo hicieron. En verde cuando lo valoran bien, en naranja cuando hay que mejorar. Eso para un técnico entendemos que es una información de valor. En el collage si que les pedíamos que situaron sitios de juego y por tipos de juegos de acuerdo con los cromos. Nosotros no hicimo ese traslado de materializar en el parque, trabajamos las ideas finales. C: - Y qué te parece que fue lo más difícil? J: - hmm…. Para mi creo que lo más difícil era combinar esos tres dimensiones del proceso que te decía. Sacar información, porque yo era de los tres que estaba en el proyecto que decía “eso no es lo que más me gusta, pero es el objetivo y es lo que nos da tiempo hacer, no puedes empezar a


elaborar propuestas sin que antes hayas visibilizado lo que tu piensas, que el otro piensa. Entonces era como mantener esa lógica de sacar información pero que a su vez sirva para que ellos reflexionen acerca del juego y la otra gran cosa intentar de no sacar información como un idiota. Para mi esas fueran las dos cosas como más difíciles. Creo que con más secciones igual que puedes trabajar todo mejor. Y fue un reto constante eso de trabajar a partir de los siete criterios, que están pensados de forma que las niñas y los niños lo puedan entender.

18 de noviembre de 2019 Reunión Ariadna Miquel Ariadna Miquel é chefe do departamento de prospectiva de Model Urbà del Ayuntamiento de Barcelona e participou da concepção do Plan de Juego de Barcelona. Departamento de Prospectiva de la Dirección de Modelo Urbano del área de Ecología, Urbanismo y Movilidad del Ayuntamiento de Barcelona. la relación del Plan con los proyectos holísticos del Departamento de Ecología, Urbanisme i Mobilitat del Ayuntamiento y toda la concepción del plan. Plan tem dois eixos diferentes: de infraestrutura e pedagógico. Emma me falou mais do pedagógico, Ariadna dessa parte mais infraestrutural, de "pedra", como ela chamou. O departamento de Model Urbá se encontra abaixo, dentro, subordinado, à área de ecologia, urbanismo e mobilidade da prefeitura, mas ainda antes de acontecerem as subdivisões nos 3 temas distintos. Assim, trabalha muito com a proposta de transversalidade. Também se divide em dois, o de projeto urbano, que trabalho com o desenho, o projeto em si. E o de prospectiva, que é o da Ariadna, que olha mais para esse macro, para o projeto de cidade, para planos, políticas públicas.

El Área de Ecología, Urbanismo y Movilidad asume la prestación de los servicios municipales vinculados con el espacio público y los servicios urbanos que facilitan la vida de los ciudadanos que viven y trabajan en la ciudad. La ecología se convierte en el eje transversal que impregna todas las políticas de evolución y transformación: el urbanismo de proximidad, la movilidad sostenible y la gestión y mantenimiento de los servicios urbanos vinculados con la materia (agua, verde, residuos, energía) y la vía pública. Acredita que é muito importante essa ideia do plano de trabalhar em 3 escalas, não apenas na área de jogo especificamente. O lúdico pode ir muito além e, além disso, a cidade precisa favorecer com que esse espaço seja acessível, seja possível, seja gostoso em todo seu entorno. Se os pais não tiverem onde sentar, onde ficar, não levarão seus filhos, por exemplo. Se levarmos o plano ao extremo, o ideal seria que toda a cidade fosse jugable, que toda a cidade permitisse o brincar para as crianças. Por isso essa ideia das 3 escalas é importante também, para conseguir chegar o máximo possível perto dessa ideia ideal de uma cidade inteiramente jugable. 12 atividades básicas de juego. fazer elas serem inclusivas e com riscos, que pedagogicamente é muito interessante


os elementos singulares foram feitos para mostrar possibilidades, mas não são o grande objetivo do Plan. Ariadna acredita que muitas vezes é melhor até ter menos espaços e com mais qualidade, mais diversos. Até porque a diversidade dos brinquedos não deve se esgotar em um único local. Que seja diverso também na cidade, que em cada espaço a criança encontre um desafio diferente. inicialmente foi uma mesura de governo, um indicativo de que o governo tinha a intenção de pensar a cidade dessa forma. Departamento fez um manual de boas práticas para auxiliar na implementação. muito relacionado ao projeto das superilles, que é o grande mote de todo o novo desenho urbano da cidade. Ariadna mencionou muito o projeto e ele se relaciona bastante com todas as ideias do plan. De fato parece um projeto de cidade sistêmico, holístico, no qual as coisas estão conectadas. É um grande projeto para toda a cidade, não é apenas um projeto de governo. É um projeto que vem sendo implementado já há muito anos. Quando se implementou o novo sistema das linhas de ônibus, ele já foi feito pensando onde estariam as superilles, é um projeto a longo prazo. Ela sempre fala das coisas e dos projetos muito relacionados, quase não faz sentido pensar separado. E sim, ela acha que o plan de juegos tem bastante a ver com esse novo modelo de pensar a cidade. Ao pensar nesse novo modelo, Ariadna não acha que houve uma mudança tão grande na forma de entender o urbanismo e a cidade. Acha que a principal mudança é que antes se buscava uma cidade para todos. Agora, através de cada uma das singularidades se busca uma cidade para todos. Isso é, incluindo cada um que se pode ser inclusivo verdadeiramente. Isto é, tem-se um olhar para as crianças, um olhar para os idosos, para as mulheres. E isso não significa que sejam espaços especializados, mas que cuidem dessas singularidades, pois só assim é possível uma cidade para todos. modelo urbano: pessoas (social, gênero), saúde e meio ambiente. Acredita que a saúde engloba todos os outros. parte mais difícil está agora na implementação do plano. Como gerir para que ele se aplique na cidade e ocorra de fato como está previsto. apesar da grande e intrínseca relação com o modelo urbano proposto, acredita que sim, poderia e faria sentido implementa-lo em outros contextos urbanos. Acredita que o jogo na rua é uma ferramenta muito potente e, de uma forma ou de outra já ocorre. A grande questão é escutar as pessoas dos distintos locais para entender suas necessidades. Colocou esse como um problema da superille do Poblenou, que não escutou o que a população necessitava de fato. Então, por meio dessa escuta e do reconhecimento das necessidades locais, acredita ser bastante possível a aplicação da ideia do Plan, sempre o adaptando ao local.


REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE CIDADES EDUCADORAS (AICE). Carta das Cidades Educadoras. [Gênova, 2004]. Disponível em: <http://www.edcities.org/wp-content/uploads/2013/10/CartaPortugues.pdf>. Acesso em: 30 mai. 2018. AYUNTAMIENTO DE BARCELONA. Ayuntamiento de Barcelona. El parque de la Pegaso: antigua Fábrica Pegaso / Hispano-Suiza. In: Puntos de interés de la ciudad. Barcelona, 2019. Disponível em: https://www.barcelona.cat/es/conocebcn/pics/atractivos/el-parque-de-la-pegaso-antigua-fabricapegaso-hispano-suiza_92086017159.html. Acesso em: 16 out. 2019. _______. Ayuntamiento de Barcelona. Index. In: Estadística i Difusió de Dades: Cifras de la ciudad. Barcelona, 2016. Disponível em: https://www.bcn.cat/estadistica/castella/dades/index.htm. Acesso em: 16 out. 2019. _______. Observatório de bairros: La Sagrera. Barcelona, julho 2019. Disponível em: https://www.bcn.cat/estadistica/castella/documents/barris/61_SA_Sagrera_2019.pdf. Acesso em: 16 out. 2019. _______. Observatório de distritos: Sant Andreu. Barcelona, julho 2019. Disponível em: https://www.bcn.cat/estadistica/castella/documents/districtes/09_SantAndreu_2019.pdf. Acesso em: 16 out. 2019. _______. Observatório de distritos: Nou Barris. Barcelona, julho 2019. Disponível em: https://www.bcn.cat/estadistica/castella/documents/districtes/08_NouBarris_2019.pdf. Acesso em: 23 out. 2019. _______. Observatório de bairros: Can Peguera. Barcelona, julho 2019. Disponível em: https://www.bcn.cat/estadistica/castella/documents/barris/47_NB_Can_peguera_2019.pdf. Acesso em: 23 out. 2019. _______. Observatório de bairros: La Guineueta. Barcelona, julho 2019. Disponível em: bcn.cat/estadistica/castella/documents/barris/48_NB_Guineueta_2019.pdf. Acesso em: 23 out. 2019. _______. 2019, Barcelona. Barcelona presenta el primer Pla de Joc a l’espai públic. Nota de premsa. Barcelona: [s. n.], 6 fev. 2019. Disponível em: https://ajuntament.barcelona.cat/premsa/wpcontent/uploads/2019/02/pladeljoc.pdf. _______. 2018. Barcelona: dona molt de joc. Mesura de govern. Barcelona: 19 abr. 2018. Disponível em: <https://institutinfancia.cat/wpcontent/uploads/2018/04/20180417_md_bcn_dona_molt_joc.pdf> _______. 2018. Estratégia: cap una política de joc a l’espai públic. Mesura de govern. Barcelona: 23 fev. 2018. Disponível em:


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PESQUISA DE APROVEITAMENTO 1) Qual foi seu grau de aproveitamento do estágio? (Responda numa escala de 0 a 10, sendo 0 péssimo aproveitamento e 10 excelente aproveitamento) 10 2) Qual foi seu grau de satisfação em relação às suas expectativas para a realização do estágio? (Responda numa escala de 0 a 10, sendo 0 péssimo aproveitamento e 10 excelente aproveitamento) 8 3) Qual foi seu grau de complementação educacional atingido no estágio? (Responda numa escala de 0 a 10, sendo 0 péssimo aproveitamento e 10 excelente aproveitamento) 10 4) Realizaria o Intercâmbio novamente? (Sim ou não) Sim 5) Qual(is) foi(ram) a(s) maior(es) dificuldade(s) durante a realização do estágio? Em ordem decrescente de dificuldade, caso haja mais de uma. a. Leitura em língua extrangeira (Catalão) 6) Na sua opinião, o que considera ter adquirido (conhecimentos/experiência) no intercâmbio que não pudesse ter aprendido dentro da Universidade de São Paulo? Barcelona é referência no que diz respeito à relação das cidades com as crianças. Assim, foi extremamente importante estar inserida diretamente no espaço onde vem sido desenvolvido o “Plan de Juegos” por me possibilitar inúmeras vivências que me garantiram um enorme repertório de exemplos e possibilidades. Dentro da Universidade de São Paulo não teria sido possível experienciar o que de fato é o Plano e nem voltar com uma gama referencial tão embasada e potente. Além disso, pude entrar em contato com uma distinta possibilidade de organização governamental, que pensa e atua diretamente na questão da infância na cidade e, principalmente, uma outra organização urbana de cidade. Organização essa mais sustentável e integrada, que trabalha com todos os seus planos de maneira interdisciplinar e conectadas. É uma cidade com também larga tradição urbanística e, assim, seu planejamento de cidade é bastante consistente, o que me possibilitou entender o Plano dentro de seu contexto, trazendo ainda mais sentido à suas ideias e objetivos. Estar em Barcelona também foi essencial para que eu pudesse entrar em contato com diferentes pessoas que estavam a frente do processo de implementação e desenvolvimento do Plano, o que me trouxe ainda mais informações do que apenas aquelas contidas nos documentos oficiais divulgados, uma vez que foi possível compreender todo o processo e não apenas seu produto.


Por fim, também foi essencial ter um orientador estrangeiro. Carles Llop é uma pessoa com bastante influencia e muito envolvimento no planejamento da cidade. Assim, além de me colocar em contato com distintas pessoas, também me auxiliou a entender e integrar a ideia do Plano ao planejamento urbano da cidade. 7) Qual o retorno que acredita ter trazido ou que trará, no âmbito de inovação e empreendedorismo para a USP e sua comunidade em geral? A primeira contribuição que acredito poder ser bastante importante é uma distinta – e potente – expansão da Universidade para a sociedade. O Institut Infància i Adolescència é um instrumento de um consórcio formado por distintas Universidades de Barcelona, o qual tem por objetivo a promoção de estudos, atividades de investigação e formação em temas urbanos e metropolitanos que configuram as diversas realidades das cidades da área e região metropolitana de Barcelona, quase como uma parceria e/ou auxílio ao governo. Me parece uma relação muito potente e possível, criando um espaço de troca e aplicação dos conhecimentos desenvolvidos na Universidade. Além disso, acredito que trago para a USP uma nova forma de entender e lidar com as questões urbanas. Inicialmente a ideia defendida por Barcelona e, principalmente por meu coordenador, de que problemas e déficits resultam em oportunidades e organização. E, a partir disso, uma visão mais sistêmica de todo o planejamento urbano, que trabalha com as questões integradas, que não resolve problemas pontuais, mas sim que faz planos que dialogam e seguem uma mesma política e visão de cidade. A ideia de pensar a cidade enquanto um ecossistema: um sistema onde interagem organismos vivos. Por fim, volto com uma gama de referências, indicadores e diretrizes para poder realizar projetos urbanos lúdicos com maior qualidade, embasada por uma ampla pesquisa da prefeitura de Barcelona, que visa divulgar seus parâmetros. É um rico manual que pode ser utilizado pelo grupo de extensão Co-Criança na realização de suas ações.


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