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g a e l n o
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Ana Rita Silva, Ana Silveira, Cláudia Castro, Diverbrinca, Duarte Navais, Elisabete Pereira Rodrigues, Filipe Marinho, Gustavo Assunção, João Ribeiro, Joana Borda de Água, Júlio Eduardo Sá, Salado Bar, Sara Quintas, Starwear, Luís Almeida Mendes, Luís Macedo, Marta Mariano, Pedro Banza, Pedro Cunha. STAFF
Ana Ennes - anaennes04@hotmail.com Eduarda Almeida - duda_almeida21@hotmail.com Falcão Filipe - fdffilipefalcao@hotmail.com João Costa - joaofilipecosta91@gmail.com Karen Mia - karen.mia.design@gmail.com Ricardo Pereira - ricardopereira.mof@gmail.com Rita Caferra - ritacaferra@hotmail.com Tiago Carvalho - ti21tascar@gmail.com
COLAGENS BOÉMIAS
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PERIOCIDADE
Quando bem me apetecer! Fica atento.
Às vezes dás por ti a fazer alguma coisa, e de repente sentes-te estranho… não sabes bem o que se passa, que sensação é aquela, nem muito menos porque a estás a sentir… até que do nada o teu cérebro pára durante frações de segundos, e o teu olhar fica fixo em algum ponto, não o consegues mexer… aliás já nem te lembras que estás naquele espaço, com aquelas pessoas. É aí que o teu cérebro começa a vaguear em simultâneo, por resmas de caminhos paralelos. Em algumas ocasiões percorre as situações mais rotineiras, deparando-se com questões que vão desde “O que vou fazer hoje para o jantar?”; “A lista mental das coisas que tenho de fazer no dia seguinte” ou “Será que amanhã irá chover?”. Noutras alturas somos invadidos por teorias da conspiração, pensamentos sobre o universo, sobre a nossa cultura, sobre a nossa origem. Ficamos perdidos e parados no tempo. Parece que tudo o que estava a acontecer ao nosso redor parou. As pessoas ficaram gélidas e imóveis a meio das suas conversas, o fumo do cigarro permanece estático e suspenso no ar… não há vida… tudo à nossa volta está congelado. A única vida existente é aquela que flutua na nossa cabeça. Esboços atrás de esboços colidem uns contra os outros dando origem a ideias. Ideias estas, que lutam fervorosamente para captarem um mísero instante da nossa atenção, e daí conseguirem penetrar no nosso mais íntimo pensamento, obrigando-nos a debatermo-nos com as infinitas possibilidades que elas nos conseguiram implantar.
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Colagens Boémias
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Bué(mios) Colados
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Folhado de Salsicha
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Sopa de Cavalo Cansado
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Camarão no pão
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COLA-TE NISTO!
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Moelas com cerveja
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Lapadas
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Ginginha
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ROTEIRO BOÉMIO
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Algodão Doce
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SÓ PARA OS FORTES
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Queijo com Marmelada
colagensboĂŠmias@gmail.com
COLAGENS BOÉMIAS
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COLAGENS BOÉMIAS
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COLAGENS BOÉMIAS
Ora muito bem, mais uma vez chegamos atrasados, sendo que desta vez atrasamo-nos para as festividades do 25 de Abril. A dúvida que impera é: “E se chegássemos atrasados à revolução? Se perdêssemos aquele momento da luta portuguesa?” A verdade é que chegamos e não chegamos… não estávamos lá há 40 anos atrás e, mesmo agora nas comemorações do seu aniversário também não chegamos a tempo… Ups… mas não faz mal, porque o espírito, a essência dos sonhos e desejos portugueses daquela época continuam a ser exatamente os mesmos, a ânsia de conquistar a nossa liberdade. A liberdade continua a ser a nossa palavra de ordem. Para uns esta prende-se pela liberdade de não ter de contar os tostões ao fim do mês, para outros é poder escolher o destino de férias. Para nós, e para os nossos semelhantes, o brilhantismo da liberdade prende-se pela possibilidade de fazermos aquilo que mais gostamos. De entrarmos às 8.30h e sairmos às 17h do batente (SEM ATRASOS), e a partir desse ínfimo momento somos donos exclusivos do nosso tempo, onde podemos finalmente fazer o que nos der na real gana. Ir beber uma mini com os amigos a uma esplanada, ter conversas da treta de onde às vezes surgem ideias fantabulasticas, dar um “giro” de carro, ou pura e simplesmente vegetar sentados no sofá enquanto vemos o Cosmos.
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COLAGENS BOÉMIAS
Afinal de contas não é assim de todo tão grave chegarmos um nadinha fora de horas. Podemos ter perdido o ranger das ignições, o borbulhar das primeiras emoções, mas chegamos no momento exato de colher as flores, de as resgatarmos de todo aquele frenesim, e de juntamente com elas florescermos pela nossa liberdade. Na realidade das realidades não chegamos assim tão fora do tempo. Se formos a ver bem todos os dias deveriam de ser relembrados e celebrados, como se houvesse um cravo a entrar pela nossa vida a dentro. Deveríamos brindar entusiasticamente ao dia em que cada um dos Portugueses agregou ao seu dicionário uma nova palavra, uma nova sinfonia, um novo significado que ganhou uma cor especial para cada um. Nós por cá ficamos muito felizes por podermos expressar aquilo que sentimos, mesmo que não seja a abordagem perfeita para todos, é a nossa verdade, a nossa visão das coisas, sem máscaras, sem reticências… a verdade pura e nua. Resta-nos louvar e agradecer não só aos Capitães de Abril mas, também a todos aqueles, que ao longo da nossa curta humanidade cultivaram e cultivam os princípios da liberdade.
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BUÉ(mios) COLADOS
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BUÉ(mios) COLADOS
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BUÉ(mios) COLADOS
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BUÉ(mios) COLADOS
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FOLHADO DE SALSICHA
POR RICARDO PEREIRA Nasceu no dia 5 de fevereiro de 1992, no Porto. Foi morar para Oliveira de Azeméis, e estudou até ao 12º ano em São João da Madeira. Sempre ligada às artes, decidiu aos 18 anos ingressar no curso de Arquitectura na Faculdade da Covilhã. Não chegou a concluir o primeiro ano, percebendo que a arquitectura não era o que gostaria de fazer futuramente. Passou os anos seguintes sempre a desenhar, cultivandose sozinha, cada vez mais interessada pela pintura. Um dia, tropeçou numa cópia de um quadro de Cruzeiro Seixas em sua casa, em Macinhata da Seixa. Nunca havia reparado nele, até que decidiu pesquisar a obra deste artista. Actualmente, é a sua grande influência. Como autodidacta, mostrou algumas das suas obras -, maioritariamente desenhos, na Olga Galeria – Praça da República, Porto; e tem uma das suas obras publicadas no livro “Nassalete 100 Sentidos”, obra essa escolhida para ilustrar um dos textos da autora. Hoje, Ana Rita Silva estuda Belas Artes, na Faculdade de Belas Artes do Porto. 24
O que sentes quando pintas / desenhas?
FOLHADO DE SALSICHA
“Quase da mesma forma que existem vários “eus” consoante o dia, ou a hora, ou a lua, há vários tipos de desenhos e formas de os sentir. No entanto, se o desenho é objectivo, racional, se é estudo técnico, de observação, ou se, pelo contrário, é essencialmente fantasioso, fruto de uma busca retratista de um sentimento/paradigma interior, em algo eles convergem sempre: procuro criatividade e equilíbrio compositivo. Desenhar é ver; ver é interpretar.; interpretar é criticar; criticar é pensar e pensar é evoluir. Todos os desenhos onde não encontre algo inédito, em mim, elaborado com criatividade original, onde não repare algum tipo de discernimento sobre o objecto de estudo, ou seja, algum tipo de pensamento, são automaticamente descartados pelo meu crítico interior e isto pode ser bastante frustrante, levando a períodos de “seca” produtiva...Mas o que sinto ENQUANTO estou realmente a desenhar, a produzir, totalmente imersa no que estou a fazer, não tenho dúvidas: é felicidade.”
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Os sentimentos / emoções que sentes são os mesmos antes / durante e depois de concretizados os teus trabalhos?
FOLHADO DE SALSICHA
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“Quando há uma entrega real ao trabalho, há imediatamente um sadomasoquismo subentendido, que é o que me faz temer, por vezes, essa entrega, apesar de saber que no final a recompensa é um sentimento de realização pessoal paradisíaco...Essa dor de que falo é a mesma que existe quando se sofre um istemoacidente e se é levado para as urgências, limpando, desinfectando e cosendo a ferida, etc...é purificador, mas dói, até que deixa de doer e se esquece tudo. Não compreendo bem, ainda, tudo isto, mas sinto que há todo um sistema feito para evitar que existam pessoas como eu, ou pessoas de todo. Que eis, que vivamos. É difícil criar sob esta pressão que não sei se é apenas imaginação minha. O preconceito social que degenera a imagem do “artista”, aquele que, para viver, cria o que muitos rotulam de “inutilidades”, deixa em mim uma aura de culpa (quase) cada vez que pego num lápis, ao invés de pegar em livros de medicina, ou numa enxada para cavar batatas, ou algo efectivamente útil e, de preferência, “prestigioso”. Contudo, quando consigo livrar-me destes medos que não são meus, mas sim familiares, sociais e históricos, o sentimento é de pura felicidade, como já referi...Todo o processo manual fascina-me, o lado artesanal, desde a escolha dos materiais ao uso dos mesmos e é interessante perceber como é que estes se podem ou não misturar, quais são os materiais mais adequados para transmitir o que se quer, etc. Quando não estou a ser analítica comigo própria, o que transparece é a sensação que estou a fazer um trabalho importante, interior mas não só. Ao viver, ao expressar-me, estou a limpar-me e a formar-me e, simultaneamente, a ser um exemplo daquilo que gostaria de ver no mundo, uma atitude que quero transmitir aos meus futuros filhos que tanto desejo, que é a atitude de viver para as próprias causas/ideais. Não ser ovelha de ninguém, excepto de si próprio. Ver, no final, o trabalho composto, que raramente tenho visto aliás, é um alivio, é missão cumprida. Depois pode surgir insatisfação com os resultados, posteriormente, mas o momento em que pressinto a completude, é...muito bom.”
FOLHADO DE SALSICHA
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A Academia tem influenciado nos teus sentimentos? Positivamente?
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“Ora, eu já frequentei a UBI (Arquitectura) antes da FBAUP (Artes Plásticas), durante ano e meio. Quando desisti, por motivos de insatisfação com a instituição e o seu plano curricular, fiquei um ano e meio “parada”. De qualquer das formas, o que sempre quisera fazer nunca fora arquitectura, embora tenha adorado descobrir a área. Houve tempo para não fazer nada, como há tanto tempo me apetecera (não) fazer, houve tempo para pensar em assuntos mal resolvidos e para investigar coisas que nada têm que ver, à partida, com o meu trabalho. Quando me fartei de “não fazer nada”, comecei a realmente trabalhar, para mim. Sem ordens, sem guias, autodidacta, e, pouco a pouco, trabalhava cada vez mais e melhor. Apalpando o terreno, experimentando técnicas, investigando referências e outros temas de interesse. Estava a encontrar o meu método de trabalho. Cheguei até a expor numa galeria no Porto. Depois, repeti o exame nacional de Desenho e entrei na universidade de novo. Mais stress, desordem e achincalhos à minha rotina, que me quebraram o ritmo. Ainda estou em processo de adaptação... Sinto uma maior pressão em relação ao desenho, que tento reciclar, devagar. Entrar numa instituição “artística” levantou em mim muitas dúvidas, como
por exemplo, se vale realmente a pena o investimento, se preciso dela, até que ponto não é uma perda de tempo, que não me é, inclusivamente, prejudicial, no sentido de cultivar em mim novos medos que nem uma doença qualquer bacteriana... Tem sido bom ver-me deparada com coisas que por iniciativa própria não dedicaria muito tempo a pensar sobre elas. O defeito de todo o sistema está na seriedade/peso/importância com que se encara o processo de avaliações, levando a ansiedades sérias em muita gente, levando à perda de qualidade criativa. Parece quase um incentivo ao “fazer por fazer” e um contributivo à morte da arte que muitos anunciam. Creio que num curso como este, deveria ser dada a liberdade e a responsabilidade ao próprio estudante sobre a escolha das disciplinas que quer frequentar, pois ele é o único que sabe (ou que deveria saber) o que quer de todo este “marinar” académico, para além de que é ele que está a pagar e a universidade é um negócio que depende dos alunos. Mas no que toca ao meu trabalho concretamente, desde que retomei os estudos (setembro de 2013) ainda não fiz um trabalho criativo, por minha conta. O que me tem assombrado um pouco...Talvez acabe por se tornar numa boa catapulta para uma série de futuros trabalhos.”
FOLHADO DE SALSICHA
O que é que pensas que os teus desenhos costumam provocar nos outros? “Penso que consigo captar a atenção das pessoas e isso para mim, para já é suficiente. É-me uma boa motivação para continuar a trabalhar. É uma sensação viciante.” 29
Interessa-te a reacção dos outros ou sentes-te mais concretizada com o teu próprio olhar final para um trabalho?
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“Interessa-me bastante a reacção dos outros. O trabalho só está realmente terminado quando exposto às pessoas, porque não trabalho só para mim (não posso, nem quero, agora, pelo menos). A partilha é uma fatia gigante do bolo da felicidade que a arte me traz. Gosto imenso de partilhar principalmente com colegas e amigos que se interessam pela disciplina científica que é o desenho/pintura, para que possam ajudar-me a perceber melhor o que há que trabalhar, ou, por outro lado, ajudarme a perceber os pontos fortes do que faço. Para me preparar melhor para um público mais abrangente, não necessariamente dentro do mundo académico das artes. No entanto, o meu próprio olhar sobre os meus trabalhos é-me importante, obviamente. Há trabalhos que só passado anos consigo ver sem sentir algum tipo de indiferença.
Começo a perceber que é preciso tempo para conseguir o afastamento necessário para um correcto julgamento sobre as coisas, para “meditar” e perceber onde ou porque é que está a faltar harmonia, ou para percepcioná-la, já existente. A arte, tal como a vida, trata de conexão e comunicação, de nós com os outros, e de nós para nós. Do impacto da vida nos vivos. Aliás, uma das minhas ambições é trabalhar em parceria com pessoas fora do meu meio. Fazer trabalhos comunitários, voluntariados, angariações de fundos, trabalhar com os hospitais para melhorar a ambiência dos espaços, fazer cenários para peças de teatro, projectos musicais e de escrita, enfim, criar impactos positivos aqui e ali, na “rua”, não me limitando à galeria de arte onde eu não acredito que aconteça o verdadeiro trabalho cultural.”
FOLHADO DE SALSICHA
SOPA DE CAVALO CANSADO
POR TIAGO CARVALHO Uma jovem adulta que navega constantemente até à Terra do Nunca, numa procura desmedida por recuperar a inocência, a pureza e a genuinidade da sua infância, transportando-as para as suas ilustrações. A ilustradora boémia que trazemos desta vez à baila, é nada mais, nada menos do que Ana Silveira, uma jovem portuense, que assim logo à primeira vista transparece ser direta, corajosa, criativa e detentora de fortes convicções, mas sempre com uma grande humildade. É num ambiente informal e descontraído, que partilha connosco o seu percurso académico e profissional, a sua paixão por ler e viajar, e a magia envolta na ilustração, um dos bens maiores da sua ainda curta vida. Ana é licenciada em design pela ESAD, mas confessa que teve algumas dificuldades em adaptar-se no primeiro ano da faculdade. Daí que tenha equacionado desistir do curso e rumar a Guimarães atrás do seu grande sonho, daquilo que a motivava e motiva, a ilustração. Contudo ao medir os prós e os contras optou por não viajar até à terra de D.Afonso Henriques, uma vez que ao apostar no design gráfico/comunicação podia desenvolver outras competências e assim tornar-se o mais versátil possível. 34
Sempre em constante movimentação foi fazer Erasmus, regressou a Portugal para terminar a licenciatura e começou imediatamente a trabalhar com um grupo teatral “Mascára Solta” elaborando ilustrações e flyers. À procura de novos voos aventurou-se num estágio em Hamburgo, onde se defrontou com um ambiente feroz. Apesar da gigantesca pressão psicológica e da sobrecarga horária, Ana explica que aprendeu imenso com este trabalho, não só ao nível das ferramentas de design, mas também a nível mais pessoal preparando-a para um futuro mais competitivo que a aguardava, como a própria salienta: “Fez-me ganhar “calo”.
Destes tempos guarda ainda com carinho as longas e intermináveis noites a trabalhar, sempre acompanhada de bebida e pizza, como só um verdadeiro boémio faz. Ainda em Hamburgo trabalhou com outra agência de publicidade, que lhe possibilitou acompanhar todo o processo de comunicação publicitária, e em paralelo aproveitou para fazer uma das coisas que mais lhe dá prazer, viajar, viajar e continuar a viajar. 35
SOPA DE CAVALO CANSADO
Agora regressada a terras lusas aproveita para fazer um bocado de freelance, trabalhando com o vocalista do projeto “Quinteto Explosivo”, fazendo também em paralelo ilustrações, postais, merchandising, entre outros. Sobre a ilustração propriamente dita, Ana Silveira confidencia-nos que sente que nos últimos anos lhe tem andado um pouco a fugir. Apesar disso procura combinar os elementos do design de comunicação, nomeadamente a sua estrutura, cor e simplicidade com as suas próprias características, tentando manter a sua expressividade, traço e universo. Isto acaba por se refletir no seu trabalho, onde observou uma certa maturação de um lado mais infantil explicando que “Para chegar ao agora, tinha de chegar ao antes”. E é esta expressão da nossa entrevistada que nos leva a um lado mais curioso e fantasioso da sua vida e consequentemente das suas ilustrações, a junção do seu lado
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mais nerd e mágico, com os cânones da atualidade, resultando num produto apelativo para um público muito mais abrangente. Mas calma, colados, que já lá vamos, o melhor fica sempre para o fim. Quando questionada de onde vai buscar a sua inspiração para ilustrar, a artista diz que já não se pode dar ao luxo de esperar, que ela apareça para começar a desenhar. Bem na realidade ela já existe, está sempre em contante atualização na sua cabeça, as ideias das imagens vão surgindo conforme consome livros e filmes, “O meu mundo está sempre lá” confessa. Esta biblioteca de imagens e de histórias permanece a levitar na sua mente até estar com o estado de espírito ideal, para começar a desenhar, a vetorizar e a ilustrar, e enquanto isso sofre sempre ansiosamente para ver o resultado final.
SOPA DE CAVALO CANSADO
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SOPA DE CAVALO CANSADO
Do seu percurso até aqui relembra duas fases distintas, uma mais ingênua e pura referente à infância, e outra muito mais revoltada e “negra” passada nos tempos da adolescência. Sobre esta última, as memórias não são tão bonitas, não tem tanta cor, pura e simplesmente já não se revê tanto nela. Agora a da infância já é outra coisa. Aliás, atualmente, vai buscar muita coisa a essa época, onde as coisas eram inocentes, genuínas e verdadeiras, onde era invadida pelas lições e ensinamentos dos clássicos Disney, onde se sentia no seu próprio mundo encantado e de fantasia. Como a própria o diz “sentia-me feliz e confortável (…) Quando és criança nasces super sábio”, e é essa sabedoria que a Ana procura recuperar e transmitir nas suas ilustrações. Sente que esta tal magia que a moldava em criança é agora retirada e escondida das novas gerações superprotegidas. Enquanto que na sua altura os filmes animados tinham uma história e mensagem muito fortes, em que as crianças tinham consciência tanto do lado mau como do lado bom, mas os ensinamentos por eles transmitidos faziam com que estes fossem mais fiéis e verdadeiros com aquilo que os rodeava. Lutando contra um mundo que vive para as massas e para a massa propriamente dita (o dinheiro), Ana é uma ilustradora que cria com o coração, com uma visão não corrompida, com a constante presença da magia e da fantasia, e com a ânsia de novos gênios que façam a arte e a ilustração renascer para a luz. 38
SOPA DE CAVALO CANSADO
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CAMARÃO NO PÃO
POR EDUARDA ALMEIDA Uma marca de acessórios masculinos, que primam não só pela qualidade dos seus materiais, pelas suas cores efusivas e divertidas, mas também pela vontade de arriscar e de proporcionar uma nova forma de ver e experienciar a moda masculina. 42
CAMARÃO NO PÃO
Estava uma bela manhã de céu azul, banhada pelos incandescentes raios solares, quando finalmente cheguei à porta da empresa Filipe Marinho Têxteis Unipessoal Lda., em Guimarães. Ao subir os degraus das escadas fui surpreendida por um espaço cheio de luz natural e extremamente acolhedor, estava portanto montado o palco ideal para a entrevista à PortLands. Diante do responsável e da designer de moda da marca, Filipe Marinho e Cláudia Castro respetivamente, vi as minhas questões serem francamente elucidadas. Filipe Marinho explicoume que a PortLands surgiu um pouco por acaso, na realidade foi através de uma conversação com um comercial de origem nórdica, que viram uma crescente necessidade e oportunidade na falta de oferta de acessórios em pele para o público masculino. A partir desse momento começaram a apostar na criação desta nova marca, procurando reunir todas as condições necessárias para o seu desenvolvimento e posterior lançamento. Toda a envolvente deste processo durou cerca de seis a nove meses. A designer Cláudia Castro é a mulher do leme da linha criativa e do conceito de inspiração de todas as peças da coleção. Com um sorriso estampo no rosto começa por falar da origem do nome da marca – PortLands – ressalvando que a ideia original era a junção de Portugal com Holanda. Contudo apostaram na expressão “The Land of the Port” onde pretendem retratar a importância que Portugal têm (ou tinha) como principal porto da Europa. 43
CAMARÃO NO PÃO
O conceito da marca baseia-se na necessidade de atingir um público masculino cada vez mais metrossexual, mais ligado à Moda, em que as peças deixaram de ter a única função de vestir e passaram a ser uma forma de autoexpressão, e de imposição da sua própria personalidade e estilo. Neste seguimento surgem peças em pele confecionadas à mão, que pretendem comunicar uma ideia mais revivalista, em que o que é antigo é bom e tem muita qualidade. Outro fator de diferenciação nestes acessórios é a tentativa e necessidade de fugir às cores masculinas mais clássicas e enfadonhas, como por exemplo os bejes e pretos, apostando em cores mais vibrantes e alegres, que podem conferir a um look pequenos apontamentos diferenciadores e marcar a diferença no dia-a-dia de um homem. Apesar da faixa etária do consumidor masculino abranger um vasto leque de idades, Filipe Marinho comenta que o limiar de idades vai desde os 18 aos 25 anos, sendo depois ligeiramente interrompido e voltando em força dos 40 aos 50 anos. A explicação para esta quebra prende-se primeiro por o público jovem sentir uma grande necessidade de se diferenciar dos seus semelhantes, e estar propicio a “arriscar” nos acessórios, e em segundo dá-se com o auge de maturidade e da segurança profissional masculina, em que o homem já não necessita de ser tão convencional e adquire um novo à vontade para construir a sua apresentação visual. Numa fase em que se encontram a estabilizar e a consolidar a PortLands, não fazem para já intenções de lançar uma nova marca, mas sim explorar e repensar novas formas de oportunidade para avançar com esta primeira coleção. Coleção esta que foi primeiramente distribuída em alguns pontos da Europa, como é exemplo Moscovo, Itália, Alemanha, Áustria e Holanda. Para além desta abordagem facultam toda a informação referente à marca, aos produtos e à comercialização dos mesmos numa loja online. O meio onde alcançam mais venda são nas lojas físicas (Tropas e Diversae em Guimarães), uma vez que é importante para o consumidor ter um contacto mais direto com os produtos, percebendo a textura e qualidade das peles. 44
CAMARÃO NO PÃO
Esta equipa continua a apostar na forma de comunicar e de chegar ao seu cliente final e, assim aumentar a sua notoriedade impondo-se no mercado dos acessórios. Filipe Marinho termina a conversa com uma sábia observação, “O futuro é de quem o construir (…) está dependente da nossa vontade e do mercado”, e nós desejamos muito sinceramente poder acompanhar o brilhante crescimento e futuro da PortLands. 45
COLA-TE NISTO!
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COLA-TE NISTO!
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COLA-TE NISTO!
POR RITA CAFERRA
400 ml de natas 200g de aรงucar 3 claras de ovo 3 limas 400g de morangos 3 rodelas de ananรกs natural
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COLA-TE NISTO!
Não se esqueçam de lavar bem a fruta!
Com ajuda da varinha mágica transforma-se a fruta em puré.
Adiciona-se o açúcar e umas gotas de limão de maneira a não oxidar e reserva-se no frigorífico. Batem-se as natas até ficarem firmes e cremosas, junta-se o preparado anterior, et voilá!
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COLA-TE NISTO!
Para o gelado de lima, em vez do puré ralamos a casca de uma lima inteira e espreme-se o sumo das três (sem adicionar o açucar). A quantidade de natas reduz-se a metade e batem-se as três claras em castelo juntamente com o açúcar para estas ficarem bem robustas. Junta-se o sumo e as raspas de lima às natas que por sua vez unem-se às claras. O resultado será um leve sorvet perfeito para os dias de calor!
Levar em recipientes fechados ao congelador e no dia seguinte estará prontinho para se deliciar!
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COLA-TE NISTO!
COLA-TE NISTO!
POR JOÃO COSTA Numa melódica união de Blues e Soul, Sara VC e Pedo Banza trazem-nos uma experiência aconchegante e acolhedora. Na guitarra, Pedro Banza embala-nos num ritmo emotivo e ornamentado, fazendo-se acompanhar pela percussão e voz de Sara VC, que em conjunto criam um laço que nos envolve numa vibração tranquila. Alguns nomes de referência dão-lhes inspiração para o seu trabalho, como por exemplo John Butler Trio, Gogol Bordello, Emir Kusturica, Nina Simone, Cesária Évora e Noiserv.
https://www.facebook.com/vcbanza https://soundcloud.com/sara-banza 54
COLA-TE NISTO!
Estes dois músicos foram colegas de escola, provenientes de cursos diferentes, um de Artes e outro de Ciências, tendo o seu primeiro contacto através duma situação peculiar: uma Oficina de Holística, onde passavam a maioria do tempo a meditar, tornando o contacto social muito reduzido. No entanto terá sido este o elo que permitiu que a amizade florescesse. “No seguimento de toda essa meditação, organizou-se um retiro espiritual, o qual incentivou a que nós levássemos as guitarras atrás, para cortar tanto desse silêncio. Sabíamos lá nós o que para aí viria.”
Na continuação das suas vidas académicas e com a oportunidade de estudar fora do país, seguiram no programa Erasmus, o que os levou até à Croácia. Fora do país e com a oportunidade de um concerto, levaram avante o que já teria sido pensado, mas nunca concretizado, tendo sido este o palco de estreia para esta dupla. “(..)Ao dar um concerto na Croácia em 2012, pleno território desconhecido, foi um grande passo para nos testarmos enquanto grupo e, sem dúvida nos ajudou a ter mais confiança a exibir mais e melhor trabalho, para outros públicos”, revelam-nos os artistas.
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COLA-TE NISTO!
Numa miscelânia de notas em frequências baixas, que nos remete a campos emotivos de baixa itensidade, surgem picos de improviso que encaixam nos acordes, que compõe o ritmo, o que nos faz acompanhar todo o progresso de entrega, que a dupla proporciona no ambiente em que se exprime. Esta, procura o entretenimento do público pela entrega e emoção com que se exprimem na música e, como tal constroem a simbiose entre artista e público, procurando que este último se entregue tanto ao momento, como Sara VC & P. Banza se dão. Já contam com algumas performances ao vivo, nomeadamente entre bares e espaços culturais na região de Setúbal e já se estrearam no CineClub de Telheiras, em Lisboa. Os reportórios apresentados são geralmente compostos por originais da banda, no entanto, num álbum que está para próximo, poderá contar-se com um ou dois covers.
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Para além de toda a experiência adquirida e vivida, Sara VC e Pedro Banza não deixam de ser dois jovens boémios, cuja vida pessoal não é deixada de parte, mas sim constantemente cultivada. Quando se juntam não é apenas com propósitos profissionais, não dispensam o tal café, momento em que trocam impressões e notícias um do outro. Em jeito de confidência explicam que, “Já somos amigos há alguns anos e criámos uma relação de irmãos. Como irmãos que somos temos amigos em comum e a paixão pela esplanada de um bom café.” Fiquem atentos pois em breve virá o tão aclamado albúm.
COLA-TE NISTO!
Uma pessoa de História que vive para as histórias. POR ANA ENNES
“O cinema nasceu em França com os irmãos Lumiére, isso toda a gente sabe, o que nem todos sabem é que existia uma amizade entre os irmãos e Aurélio Paz dos Reis, pai do cinema em Portugal” e que estes se juntaram, para uma rodagem na cidade invicta com o título de “A Saída do Pessoal Operário da Fábrica da Confiança” no ano de 1896. Esta por sua vez idêntica à que em 1895 teve lugar em França “A Saída da Fábrica Lumière em Lyon”. “Se o primeiro país a fazer cinema foi França, o segundo foi Portugal”, diz Pedro Cunha com um olhar que reflete o orgulho, que possui neste nosso querido país. 58
Pedro nasceu no ano de 1977, em Santo Tirso, e é aí que reside nos dias de hoje. O interesse pela arte cinematográfica surgiu por volta dos seus 13/14 anos. Nessa altura tentava escrever o guião para os filmes que assistia, revela-nos que “queria perceber o que estava para lá do que nós vemos quando assistimos a um filme... o que era estar atrás da câmara”. Nos anos 90, enquanto frequentava o ensino secundário, a internet invadiu pela primeira vez a sua escola, e aí percebeu que os guiões que havia escrito não estavam muito distantes, daqueles que agora podia pesquisar no Google.
COLA-TE NISTO!
Ainda durante esse período apanhou-se com uma câmara de vídeo Hi8 analógica, e junto com o seu grupo de amigos realizou a sua primeira curtametragem intitulada de “Barbo”, guardando-a até hoje, sem qualquer edição de vídeo. Estes mesmos amigos vieram mais tarde a participar em muitas outras curtas nomeadas, tanto em festivais nacionais, como internacionais. A produção das mesmas, juntamente com os amigos foram experiências muito positivas, por um lado ajudavam-no na construção dos story boards, por outro devido à forte ligação que os unia o desempenho era muito maior, e a rodagem das cenas decorria com um ritmo fluído. A relação com a família, também é um fator muito importante para o artista, o seu pai, por exemplo, chegou a participar enquanto ator em alguns títulos cinematográficos, nomeadamente em Jirinoveskye (2007), que caracteriza como “aquele que teve melhor carreira”. Aquando da participação no festival BIFF em Berlim, Alemanha, um dos principais festivais de cinema independente da Europa de Norte, o artista foi nomeado dois anos consecutivos, 2008 e 2009, com as curtas Jirinovskye e Isccizo (realizada em 2008). Ainda em 2008, Jirinoveskye é escolhida para a sessão de abertura dos Caminhos do Cinema Português, em Coimbra, sendo esta a participação a nível nacional, que mais relevo teve para si. Em Fevereiro deste ano, decidiu tirar a curta Isccizo da gaveta para apresenta-la na primeira edição do CineTirsoFest. Uma narrativa que outrora foi alvo de críticas, por retratar a crise e a falta de empregabilidade no país, é agora considerada representativa de um tema atual, e assim, após a deliberação do júri e do público venceu o prémio de melhor curta de ficção. Ao longo do seu caminho como amante das curtas-metragens já realizou mais de setenta títulos cinematográficos, participou em 10 festivais diferentes, recebeu 11 nomeações e um galardão. 59
COLA-TE NISTO!
Não só as curtas fazem parte do reportório do cineasta, “A História do Futebol Clube do Tirsense – O Filme”, data o ano 2010 e foi o primeiro documentário que realizou. Hoje fala deste com carinho, um ano e meio de trabalho, que lhe deu a oportunidade de conhecer mais a fundo a história e o clube da sua terra natal, aceitando um compromisso de procura pela verdade. “Quando o Tirsense se estreia na 1ª Divisão, o Benfica vem a Santo Tirso, em 1967/68 e o Eusébio, que tinha marcado quarenta e dois golos nesse ano, não marcou nenhum sendo decisivo para o resultado 0-0”, contanos com entusiasmo. No mesmo ano teve a oportuniade de frequentar o curso de realização de cinema/televisão na London Film School em Londres, Inglaterra. 60
Em televisão conta com cerca de duzentos créditos, entre eles realização e jornalismo. Durante este período realizou um documentário para o Vila Real canal - “Alberto e Irmão”, que teve o seu maior share no final de 2011/ inicio de 2012. Nestes dois anos que lá trabalhou produziu diversos vídeo clips, essencialmente em formato Live Music. Mas, a história que Pedro recorda com maior entusiasmo é a primeira. Acompanhando há vários anos a banda Symphonix, que surgira em Famalicão, recebeu em 2005 – aquando o segundo ano do curso de Cine-Vídeo na ESAP – um convite para realizar e editar o primeiro vídeo clip associado a um álbum da banda, sendo este aceite entusiasticamente por parte de Pedro.
COLA-TE NISTO!
No ano passado lançou um livro “Memórias de Amor”, que embora possa parecer, “não é um Romance porque eu estou formatado para escrever guião”, esclarece o autor. Recebeu diversas críticas positivas ao seu primeiro livro, mas não se conteve e já tem o seu segundo concluído e à procura de editora. Esta é uma revelação que o autor ainda não fez a muitos. O livro, cujo título fica em segredo, conta uma história ficcionada de uma personagem que vive no filme de Luc Besson, “Léon: The Professional” de 1994. Como um homem de história, Pedro sente “aquele risoma muito específico de apelar ao sentido de casa” e isso nota-se, quando nesta última curta realizada e produzida com João Mendes, intitulada Diário do Meu Assassinato, 80% da equipa possui ligações com Santo Tirso. Também no livro Memórias do Amor, mostra esta ligação com as origens – provenientes da família materna - através do importante papel que atribui à aldeia Covelo, em Mondim de Basto, para o romance entre as personagens de João e Mirea. Atualmente encontra-se a escrever o guião para uma produção americana independente com working title Ysidro, projeto que pensa ainda vir a ter três meses de processo de rodagem em San Diego, São Francisco, Estados Unidos da América. Num futuro não tão longínquo, gostaria de abordar o tema da imigração na Europa Central, mas neste momento encontrase numa batalha realidade vs ficção. Caso os apoios necessários para a rodagem de um documentário lhe faltem, a possibilidade de dar asas à imaginação através de um livro não é uma hipótese que tenha retirado da equação. Uma coisa é garantida, deste produtor, realizador, jornalista, escritor podemos esperar muito mais!
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COLA-TE NISTO!
POR JÚLIO EDUARDO SÁ FOTO CHARLIE BROPHY
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COLA-TE NISTO!
olhos verdes e um sorriso marcado pelo batom vermelho - Era esta a imagem que tinha ficado na cabeça e eu começava a ficar viciado nela. Nela, na imagem, não nela na rapariga - que quando falava não dizia nada de jeito, era uma parvinha. O conceito marcou-me de tal maneira, que sempre que via uma ponta de cigarro marcada com batom, o meu cérebro entrava em curto-circuito e lá ia eu por aquele mar de memórias.
O outro podia chamar-lhe de platónico mas também havia quem lhe chamasse obsessão. De qualquer maneira, dia após dia as memórias tornavamse cada vez mais reais e quando eu achava que estava a ficar tolinho cheguei à conclusão que me apaixonava pela minha mente. Achei engraçado porque no fundo a minha mente apaixonava-se por ela mesma, pelas imagens e cenários hipotéticos que os meus sonhos criavam. E os olhos verdes colocados num pedestal- mas não eram só os olhos, pois se de facto tivessem num pedestal seria um cenário arrepiante, digno de filmes do Hannibal Lecter. Era a forma como, por trás das pestanas e encaixados nas maças do rosto salientes, que tornava o objecto - os olhos - num sentimento que me partia todo - o olhar. Acendia um cigarro e o Sol, como se iluminasse um monumento, fazia com que ela semicerrasse os olhos. E ela ficava ali, uns 5 minutos a contemplar e perdida no mundo dela. Eu pensava que o Sol devia ter um pingo de bom gosto. Mas como sou um homem da ciência sabia que o bom gosto do sol ia de Mercúrio a Júpiter, sem abrir excepções. Então eram as nuvens, que de facto tornavam aquele momento num monumento.
Que bela era ela.Iluminada.
Até que o vento- esse inimigo das temperaturas amenas e sujeito de um temperamento complicado - trouxe as nuvens e lá se foi o sol. Mas nos meus olhos ela continuava iluminada. Que estranho - A Natureza confundiu-me agora. Por que razão a nossa mãe não quer a melhor versão dela mesma num pedestal? Foi nesta pergunta que quem se iluminou fui eu- Uma luz, no meio das outras luzes não serve de nada, pois se deixa de brilhar a luz irá continuar, é na escuridão que a pequena luz irá fazer a diferença. E compreendi que através dos meus olhos, a Natureza comtemplavase a ela mesma. 63
COLA-TE NISTO!
POR TIAGO CARVALHO Num festival de Verão por entre risos, brincadeiras, e momentos inesquecíveis, houve também um feliz acaso. Os meninos das Colagens tiveram o privilégio de serem presenteados com uma nova maneira de pensar, viver e fazer. Foi então que travamos conhecimento com o projeto Varas Verdes e a sua boa gente. De sorriso na cara e paletes na mão mostraram como faziam as suas belas peças de mobília, mas não se enganem pois esta não é uma mobília qualquer. Respira uma nova vida conseguida com o espírito da reutilização, que só é possível através do engenho da sua imaginação.
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COLA-TE NISTO!
E como surgiram Varas Verdes, perguntam vocês? “Bem, a conselho da equipa por de trás do projeto fomos tirar as teimas com o mentor do grupo, Jacó. Jacó é um porquinho que passeia pelas belas paisagens alentejanas e que serve de símbolo para a personificação e identidade desta marca e do seu estilo de vida. Observa-se assim um projeto de consciência sustentável e ecológica, que aposta por isso numa melhor gestão dos recursos naturais e cujo lema é “Pallet your planet”. Esta aventura começa então com um grupo de amigos, colegas e companheiros vindos das mais variadas áreas, como a Marcenaria e Design, Marketing e Publicidade, Arquitetura e Interiores, Contabilidade e Informática, que se juntaram sob uma causa única, uma missão e um grupo de valores: “Uma visão sobre os recursos do nosso planeta e respeito por todas as formas de vida” “Desenhar produtos e oferecer serviços assentes na sustentabilidade de produção com uma mensagem de responsabilidade social, multiplicar a nossa ação mediante a criação de uma comunidade de parceiros e amantes da natureza e, espírito eco-living, pensando em ecologia, em educar e mobilizar, e assim diminuir a nossa pegada” “Reconhecimento da criatividade e inovação de produtos feitos em Portugal.”
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COLA-TE NISTO!
Não se limitam a criar e a desenvolver produtos de qualidade, defendem também a inserção de um carácter mais emotivo presente no objeto? “Na Varas acreditamos que os produtos que criamos são a nossa cara, como deverá ser o reflexo da nossa identidade, transparente e propenso à mudança. É por isso que a Mercado Collection vive e respira uma nova filosofia de marca. Cada produto acaba por contar a história das nossas vidas, interesses e ambições, e por intermédio de Jacó, expõe a nossa atividade e ambição para o planeta.” Relembram algum dos muitos projetos em que já participaram? “O projeto Elements Camp da TMN para o Sudoeste. A Varas ficou responsável pela criatividade do pórtico de entrada do parque de campismo e área VIP, sobre o conceito: os elementos da natureza. Conseguimos apresentar uma proposta criativa, com a recuperação e reutilização de material em final de vida de várias empresas parceiras. No final do evento, o material foi novamente reutilizado pela Varas para a criação da Mercado Collection. O projeto para o hotel mais sustentável de Portugal - O Inspira Santa Marta Hotel. A Varas foi responsável pela criação de uma peça, para dar suporte e evidenciar o Yochi no hall de entrada do hotel, um pequeno Bonzai com 40 anos que permanece ao cuidado atento de todos os colaboradores e hóspedes.”
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COLA-TE NISTO!
Continuam a desenvolver novos produtos e a abrir horizontes? “Como bons inovadores e experimentadores, já têm uma nova linha de mobiliário assim como uma nova curiosidade, o POT – Plant On Top. O conceito e design é da Varas Verdes, e será em conjunto com uma empresa que pertence à indústria transformadora de cortiça, a Sofalca. É mais um novo alerta da Varas com vista às melhores práticas de produção sob o mote zero desperdícios, e foco na preservação da flora e de todas as espécies verdes do nosso planeta. No seu trabalho está também patente um forte carinho pela cultura portuguesa, pela sua inocência e modéstia, pela sua raça e engenho, no que é seu e para os seus. Exibem também referências visuais minimalistas de essência prática e sustentável. Desta forma assistimos ao passado e futuro unidos para criar peças cheias de alegria e positivismo, ansiosas por serem integradas nas vidas e momentos de todos nós.”
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MOELAS COM CERVEJA
POR FALCÃO FILIPE De seu nome Luís Manuel da Silva Mendes de Almeida, nascido em Guimarães às 6 horas da manhã do dia 26 de Agosto de 1969, é um artista polivalente com trabalhos nas mais diversas áreas, nomeadamente fotografia, teatro, sonoplastia, música, produção cultural e vídeo, entre outros. Começamos a conversa com o Luís tentando perceber o que o levara a criar para si uma vida com tanta dimensão no ramo das artes. “É uma paixão fervorosa pelas artes, tendo em conta que a arte está intrinsecamente ligada à rotura e sendo a palavra rotura uma palavra que nos pode levar para o aperfeiçoamento ou à melhoria do estado da condição humana. Como artista, existe sempre um jogo que é uma luta pessoal, e com a sociedade. É uma inquietação permanente”
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Quando questionado sobre o que destacaria do seu trabalho, fala-nos da sua polivalência artística.
MOELAS COM CERVEJA
“Durante o meu dia vivo essa polivalência de forma muito activa. Daqui a pouco, vou seguir para um lar de idosos onde vou estar a fazer uma animação para cerca de sessenta idosos. Às três da tarde, parto para Ílhavo para fazer uma animação de espaço público. Portanto, transformei a minha vida nesta correria desenfreada, e gosto disso! A sonoplastia na minha vida começou por volta de 1987, na Rádio Fundação, na qual trabalhei durante doze anos. Fiz praticamente de tudo e foi exatamente aí que começou a paixão pelo som. A manipulação do som, pegar e extrair sons, aplicar esses sons na música de um outro projecto que tenho, “Os Quatro Cantos Redondos”, onde crio uma espécie de música misturada
com ambiente sonoro. Já tive o prazer de trabalhar com bons mestres do teatro desde Moncho Rodrigues, passando pelo Santos Simões, Hélder Costa, um dos grandes monstros do teatro português, monstros no bom sentido (diz nos entre risos) que me convidou aquando da Capital Europeia da Cultura para fazer a sonoplastia da peça “Aqui Nasceu Afonso Henriques”. Esta foi uma grande oportunidade.Sentime a começar por cima dado a minha peça ter encerrado a Capital Europeia da Cultura, no auditório nobre da Universidade do Minho, completamente cheio. Foi um trabalho longo mas foi altamente recompensador, quer a nível profissional quer a nível humano”. 71
MOELAS COM CERVEJA
Quando questionado sobre as novas gerações de artistas portugueses, Luís confidencia-nos:
Durante o seu percurso, através da polivalência e viagens contínuas que fez pelo território nacional, já foi confrontado com aquilo que é verdadeiramente a cultura e arte de cada localidade. Perguntámos-lhe então sobre o que é efectivamente a identidade artística portuguesa. “Com a globalização verifica-se uma fusão de culturas e identidades a nível das elites. O que se faz em Lisboa parece-se um bocado com o que se vai fazendo em Paris e as correntes têm-se tornado muito similares.”
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Luís partilha da opinião que quem quer dar “o pulo” e fazer algo maior em Portugal, infelizmente terá que se deslocar para a capital. “Foi quando passei pelo Barreiro e por Cascais que me apercebi de que no mundo das artes em Portugal o centralismo é evidente. Quem quiser fazer alguma coisa com significado no mundo das artes em Portugal tem que ir para a capital. No Porto já se começa a ver algo mais significativo. Isto por aqui vai dando, mas tem uns certos limites”.
“Acredito muito nas novas correntes artísticas portuguesas. Notase algo muito importante e que no meu tempo não havia: formação. No meu tempo não existiam cursos superiores de teatro, cursos superiores de música, de belas artes que permitem agora criar uma fusão com algo muito importante que é a parte filosófica da coisa. Como cidadão, isto deixa-me descansado no sentido em que Portugal fica cada vez mais bem representado pelas novas gerações. Simultaneamente, acho que sempre fomos um país muito invejoso e um pouco maledicente, e no mundo das artes isso fazia-se sentir ainda mais. O facto de se ser artista confere-nos uma grande responsabilidade social, e para isso uma certa postura. Tem de ser uma atitude inteligente e isso vê-se nas camadas mais jovens. Há uma coisa que é importante salientar, que é o papel da arte ao longo da história e se tem a mesma importância nos dias que correm. Sente-se muito que já quase se fez de tudo, é a exploração do pós-moderno que nos leva a perguntar “Qual o papel do artista no meio de isto tudo?” e depois há a outra parte que é o papel do artista como agente económico do sistema, e aí já temos outro tipo de discurso.”
MOELAS COM CERVEJA
Falámos também da crise económica e de como se torna difícil subsistir fazendo arte em Portugal e no mundo.“Hoje, os artistas já são artistas só por o serem, e têm também uma profissão como tinha por exemplo o Carlos Paredes, que era arquivador de radiografias, e era também executante de guitarra portuguesa. Hoje em dia são muito poucos os que comem a sua sopa a partir do facto de fazerem arte. Eu pergunto-me o que é que esta gente quer fazer da sua vida? Temos dez milhões de músicos, dez milhões de fotógrafos. Ora, não é economicamente viável, não há lugar para toda gente no plano económico”. Confrontamos Luís com a realidade de que alguns artistas se dedicam á excessiva exploração conceptual em detrimento da técnica. “Existe um conjunto de palavras que estão na moda: conceito, curador e sinopse. (Dá umas gargalhadas) É comum irmos ver um espectáculo e ouvirmos dizer “ adorei o conceito”. Ao mesmo tempo fico descansado porque a sociedade vai fazendo um pouco a triagem destes artistas.” E para finalizar a pergunta da praxe: O Luís de Almeida é boémio? “Depende muito da definição de boémia, se a boémia for o abuso, abuso de horário, abuso de bebida, abuso de drogas, aí não sou boémio. Já fui. Ia muito para os copos com os amigos, ficava a trabalhar nas minhas coisas até altas horas da madrugada. Nesses sentido já não o sou. Hoje sou moderado, aplicando o boémio ao gostar da vida, a viver da forma que vivo, a correr de um lado para o outro a explorar culturas e trejeitos de personalidade cultural diferentes, então sou boémio. Não ganho como as pessoas ditas “normais” mas sou feliz. Mesmo muito feliz. Se ser boémio é ser mais feliz, é ser mais livre então eu sou boémio.” 73
LAPADAS
Segundo Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Vetor é um substantivo masculino e singular ; é um símbolo físicomatemático utilizado para representar o módulo, a direção e o sentido de uma grandeza física vetorial. É representado por duas letras maiúsculas com uma seta desenhada por cima, indicando o ponto de inicial (A) e um ponto final (B). Esta designação é utilizada para descrever forças e movimentos, surgindo assim como ponto conceptual da coleção que apresentamos. Tendo presente o conceito de “vetor” podemos extrapolá-lo para um contexto sociocultural que pretende mais do que ser um movimento, ser uma força de mudança, onde se inicia num ponto, para chegar a outro influenciado por esse movimento/força. Esta coleção é então representativa desse movimento de força que as Colagens Boémias pretendem ser: uma força que modifica um meio social e intelectual para chegar a um novo ponto, a um novo lugar a uma nova ideologia.
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POR RITA CAFERRA Nesta edição as Colagens prepararam um styling a pensar nas tuas férias! E o que há de melhor para fazer? Correr os festivais de verão! Entre os estilos hippie, country e até mesmo desportivo, mantém o teu look descontraído, brincando com as formas, texturas e estampados. O mais importante das tuas peças é que sejam confortáveis, para puderes saltares nos concertos!
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20 21 25 1. Petunia Tunic, NG* 112€; 2. Denim black shorts, Romwe 22€; 3.Khaki coat, Romwe 32€; 4.Vintage Crop top, NG* 31€; 5.Floral print elastic pants, Romwe PSC; 6.Dual tone lace skirt, Romwe 25€; 7.Bandit top, NG* 72€; 8.Vintage trip jacket, NG* 124€; 9.Kiara maxi dress, NG* 25€; 10. Quay Fleur shades, NG* 33€; 11. Band the rules ring, NG* 18€; 12. Cutout boot, Steve Madden 59€; 13. Brixton messer hat, NG* 42€; 14. Bucket bag, NG* 35€; 15.Phoenix concho belt, NG* 62€; 16. Lizeth short, NG* 65€; 17. Bandhnu print block dress, Romwe 17€; 18. Aztec Bandeau, Romwe 23€; 19. Aztec Shorts, Romwe 18€; 20. Madison
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Sandals, NG* 35€; 21. Pineapple earing, NG* 50€; 22. Pineapple print vest, Romwe 15€; 23. Up in arms skirt; NG* 38€; 24. Good Seed ankle socks, NG* 6€; 25. Menorca platform, Jeffrey Campbell, 103€; 26. Straight chillin’ tee 102€; 27. Boyfriend Jeans, NG 50€; 28. Transparent mesh black coat, Romwe 17€; 29. Mochila preta, Tricirculo 17€; 30. Elastic Black shorts, Romwe 26€; 31. Instax mini 8 Camera; Fujifilm 74€; 32. 78 Print black dress, Romwe 30€; 33. Pucker up necklace 18€; 34. Stuck apricot coat 46€; 35. kawaii stripe crew sock, 6€; 36. Marion Platform, NG* 33€. * Nasty Gal.
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GINGINHA
Este ano os biquinis estão de volta! As formas de cintura ligeiramente subida e caviada remetem-nos aos anos 90. A grande tendência deste verão, em beachwear, são os recortes. Os atilhos e tiras revelam subtilmente a pele delineando todas as curvas! Com tanta pele à mostra, este ano não há desculpa para não conseguir um belo bronze!
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10 1. Vênus bikini, Tricirculo 39€; 2.Minimale Animal Mecedes-Benz Fashion Week Swim 2015; 3. 6 Shore Road by Pooja mercedes-Benz Fashion Week Swim 2015; 4. Minimale Animal Mecedes-Benz Fashion Week Swim 2015; 5. Sauvage/Aguaclara Swimwear/Aquarella Swimwear /Mia Marcelle/Toxic Sadie Swimwear - Mercedes-Benz Fashion Week Swim 2015; 6. X Bikini, Tricirculo 40€; 7.Indah - Runway - Mercedes-Benz Fashion Week Swim 2015; 8. The lilac ‘Ursula’ bikin; Nenis bikinis PSC; 9. Conjunto Bikini, Oysho,25€; 10. Conjunto Bikini, Calzedonia PSC.
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POR FALCÃO FILIPE
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1. Camisa estampada slim-fit, 29,95€, ZARA; 2. 3. 4. Hoodies estampados com bolsos de fecho, 26€ na BOOHOO; 5. T-shirt de manga cortada com padrão all-over, 49,89€, na ASOS; 6. Camisa straight-cut, 39,95 € na ZARA; 7. T-shirt com estampa all-over e carcela, 19,95€ na Zara; 8. Camisa Easy-fit, 29.95€ na Zara 90
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Flores em camisas, padrões florais nas t-shirts... Enfim, a tendência é óbvia: para este Verão, padrões florais em all-over em todo o tipo de peças , desde camisas e t-shirts a hoodies.
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POR KAREN MIA O Roteiro Boémio dedica-se a dar a conhecer espaços alternativos, onde se promove o convívio boémio. No entanto, no seguimento da edição anterior, nada nos impede de refletir sobre áreas exteriores, onde o contacto com a natureza nos purifica o espírito. Neste contexto, apresentamos Elisabete Pereira Rodrigues – uma verdadeira sonhadora com quem tivemos o prazer de conversar, não só sobre o seu trabalho, mas também sobre a sua filosofia de vida, que nos inspirou e deu esperança sobre um futuro livre de monotonias. 94
ROTEIRO BOÉMIO
Desde pequenina que Elisabete apresenta uma essência pouco submissa, com contradições que balançam entre um carácter forte e uma fragilidade própria de artista que sente tudo de uma forma mais intensa. Esta característica manifesta uma vontade quase própria de se expressar, fazendose acompanhar sempre com um bloco de notas e de uma câmara fotográfica. O seu gosto pela fotografia sempre esteve presente, quer de um lado ou do outro da lente, e com 20 anos compra a sua primeira câmara com o primeiro vencimento. Assim, torna-se possível dedicar-se a aquilo que realmente a completa: observar, registar e analisar. O quê? Nuvens, principalmente! E quem nunca?
Altas, médias ou baixas, verticais ou horizontais, todas me seduzem e me metamorfoseiam ao seu alucinante ritmo! Acompanho os contornos que vão adquirindo nas coordenadas do meu olhar…encantam-me e desencantamme, rio e choro… Monstros mitológicos, figuras patéticas e desengonçadas, silhuetas perfeitas e simbólicas, animais, vegetais, bolas de algodão doce…desígnios do meu imaginário!! Subitamente, avisto crateras vulcânicas, pesos sombrios e ameaçadores, castelos fantasmagóricos onde habita o sinistro e misterioso “Conde Drácula”. Refugio-me, então, no ténue raio de luz que teima em romper a escuridão esmagadora de qualquer “massa cinzenta”!! Espreita! Esconde-se! Indefeso e frágil mas persistente, ei-lo que surge de novo debruando a ouro os fardos do seu caminho! Embeleza-os, demarcando-se dos tenebrosos monstrengos… Embarco, de novo, nas sucessivas “artimanhas” destes génios criadores… 95
ROTEIRO BOÉMIO
Esta paixão persegue-a desde os tempos de criança, e ainda hoje se sente maravilhada pelo poder das formas e efeitos de luz que adornam o céu. Elisabete confessa que até já teve alguns momentos caricatos, com a polícia inclusive, devido à necessidade que sente de percorrer e acompanhar a evolução natural das nuvens graças aos diferentes terrenos e influências. Gosta de andar a pé, com a máquina na mão, sempre a olhar para cima revivendo sentimentos de criança com muita facilidade. Escreve tudo aquilo que observa e que sente, porém mais tarde rasga estes pensamentos, talvez porque já não se identifique, talvez porque não se queira identificar. A sua formação académica e sede de conhecimento formam um currículo invejável. Atualmente trabalha como Geógrafa na Câmara Municipal de Guimarães, e manifesta compreensão pela vertente científica destas massas de algodão doce, no entanto este saber não limita de modo algum a sua imaginação.
DRAGÃO - Estrato (S)
CAMINHOS - Altostratos (As)
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ROTEIRO BOÉMIO
Estratos (S) - Camada nebulosa, geralmente cinzenta, de base bastante uniforme. Quando se vê o Sol através da camada, o contorno é nítido. Às vezes os St apresentamse em forma de bancos esfarrapados. A precipitação, quando existe, é sob a forma de chuvisco.
Altostratos (As) : Lençol
ou camada de nuvens acinzentadas ou azuladas de aspecto esfriado, fibroso ou uniforme, que cobre total ou parcialmente o céu, e tem porções suficientemente ténues para que se veja o Sol, pelo menos vagamente, corno através de vidro despolido. O altostrato não produz fenómenos de halo.
CRATERA - Altostratos (As)
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ROTEIRO BOÉMIO
Cirrostratos (Cs) - Véu
nebuloso transparente e esbranquiçado, de aspecto fibroso ou liso, que cobre total ou parcialmente o céu. Pode produzir fenómenos de halo.
Pinceladas IICoordenadas G 26’ 5
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PATO VOADOR - Cirrostrato (Cs)
Pinceladas IICoordenadas G 26’ 5
Cúmulos (Cu) - Nuvens
isoladas, geralmente densas e de contornos nítidos. Desenvolvem-se verticalmente em forma de montículos, cúpulas, torres, etc.; cuja região superior parece muitas vezes uma couve-flor. As posições iluminadas pelo Sol são quase sempre de um branco brilhante, enquanto a base é realmente sombria, e sensivelmente horizontal. Estas nuvens são, às vezes, esfarrapadas.
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26.
DUELO - Cúmulos (Cu)
ROTEIRO BOÉMIO
Elisabete acredita na infinidade das possibilidades de comportamento, desfrutando dos pequenos momentos sem se importar com o julgamento dos outros. Considera-se uma cidadã do mundo, sem desvalorizar a essência dos regionalismos. Sobre Portugal, partilhamos da mesma opinião, temos tudo para vencer, mas gostamos de ser vitimas do comodismo e da ignorância daquilo que foi (ainda é?) a nossa própria excelência.
- Cirrostrato (Cs) Geográficas – 41º 53.28’’ N 8º 17’ .21’’ W
PINCELADAS- Cirrostrato (Cs)
Nós fomos conquistados pela nova perspectiva que nos ofereceu sobre o maravilhoso mundo do algodão, e temos a certeza que da próxima vez que olhares para o céu, verás as nuvens com outros olhos. Diverte-te! http://olhares.sapo.pt/ montanhaagreste/
- Cirrostrato (Cs) Geográficas – 41º 53.28’’ N 8º 17’ .21’’ W
PÉGASO - Cúmulos (Cu)
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ALGODÃO DOCE
POR EDUARDA ALMEIDA e MOF MOF
Dia 1 de Junho, dia da criança, 13 horas, começam-se a ultimar os preparativos finais para a ação dos BUÉ(mios) Colados. Fazem-se os stencils com as frases do dia: “Mais te valia ter ficado a dormir”; “Aposto que acordas-te com os pés fora da cama”; “Barriguinha contente, sorriso permanente”; “Ri-te rezingão, ri-te até mais não”. Frases estas que pretenderam criar uma relação identitária com aqueles que a visualizaram, sendo que as duas primeiras remetem para uma interpretação negativa, de um dia que não está assim a correr tão bem, e as duas últimas têm uma conotação positiva, alegre e bem-disposta, transmitindo que se calhar apesar de tudo este dia até valeu a pena. Foi com este espírito, que nós Colagens Boémias decidimos sair à rua com a ação “Espalha a Felicidade” e fazer isso mesmo, partilhar sorrisos e magia com miúdos e graúdos. O relógio marcava já 16.20h, e nós de cartazes empoleirados no pescoço com caixas de brindes da Diverbrinca e rebuçados aventuramo-nos pelas ruas de Guimarães, para com a população festejar o dia da criança. Mas perguntam-se vocês, o que é afinal a Diverbrinca? E as Colagens respondem-vos que esta é uma empresa familiar no ramo da atividade de diversão infantil. De conceito inovador em Portugal, a Diverbrinca conta com grandes parcerias, nomeadamente com a NOS e com a exclusividade das máquinas Gacha e brindes variados para a coleção. De Norte a Sul do país todas as crianças poderão contar com as coleções bonecos da Disney dos quais esta empresa constitui a única representante em Portugal.Devidamente esclarecidos? Então bora continuar o nosso itinerário. 102
ALGODÃO DOCE
A primeira paragem foi a Plataforma das Artes, que se encontrava repleta por diversas sonoridades e povoada por umas encantadoras barraquinhas artesanais. Não é preciso dizer que os nossos principais pequenos indivíduos, as crianças, faziam por lá a sua própria festa. Quando nos aproximávamos algumas ficavam cheias de vergonha resguardando-se na proteção paternal, outras olhavam curiosas para verem o que eram aquelas bolinhas coloridas dentro das caixas e, outras tentavam decifrar as mensagens dos cartazes. Era bom e gratificante quando íamos ao encontro das pessoas e tínhamos uma recetividade positiva, mas ainda era melhor quando eram as pessoas a caminharem na nossa direção e se mostravam interessadas e curiosas com a nossa presença. “Mas isto é para o quê?”, “É preciso pagar?”, “Olha o Camões também está por aqui?”, eram apenas algumas das frases mais ouvidas pelos mais crescidos, e lá explicávamos nós o trabalho desenvolvido pelas Colagens Boémias e, que estávamos ali para oferecer um miminho não só às crianças, mas a todos aqueles que ainda tem esse espírito dentro de si.
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ALGODÃO DOCE
Chegada a hora avançamos rumo à Praça da Oliveira e à de São Tiago, na procura por distribuir a nossa felicidade a mais umas quantas pessoas. Ao atravessarmos o Largo do Toural deparamo-nos com uns senhores muito simpáticos, os típicos portugueses, que ficaram uns bons minutos à conversa connosco, sempre em tom de brincadeira falando-nos da sua vida, dos seus netos, e quase que os convencíamos a tirarem um brinde da Disney. Oupa que já se faz tarde e ainda à muita criançada para presentear. Por entre as ruelas circundantes à Oliveira encontramos primeiramente uma doce comerciante local, que festejava o seu aniversário justamente naquele dia, e os seus anos de grande sabedoria tiveram em nós um impacto nostálgico e ternurento. Uns míseros metros mais à frente encontramos um numeroso grupo, e também o mais entusiástico e audível da tarde. Avistandonos ainda ao longe, os “Outra Voz” começaramse a manifestar e a gargalhar com as mensagens dos cartazes. “Ri-te rezingão, ri-te até mais não”, diziam para um dos elementos do grupo. Todos eles nos receberam de braços abertos e foram muito recetivos à nossa iniciativa, ao nosso projeto, aos nossos ideais. Distribuímos cartões por todos eles, e a receção à imagem de Camões foi imediata transparecendo um sentimento de orgulho patriótico. Despedindo-nos dos “Outra Voz” fomos fazer uma visitinha a um já conhecido amigo e colaborador das Colagens Boémias, Luís Macedo o proprietário do Salado Bar. O quê? Não conhecem o Salado? Não sabem o que perdem, ora vejam só. Mal chegamos fomos recebidos com um largo sorriso e prontamente o Luís perguntou-nos o que precisávamos, se queríamos beber alguma coisita, que estava à nossa disposição. Aproveitando a sua boa vontade pedimos para fazer algumas filmagens dentro do bar, com o intuito de promovermos a ação “Espalha a felicidade”, e já agora uns finitos para matar a cede e o calor que se fazia naquele dia. “Aposto que agora vocês estão todos a correr para lá”.
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ALGODÃO DOCE
Após sairmos do Salado Bar iniciamos o trajeto inverso, indo de encontro a mais uns habitantes da cidade que viu nascer Portugal. Era gratificante ver algumas das crianças com quem já nos tínhamos cruzado, a brincarem na rua com os seus novos presentes. Continuávamos a caminhar ao mesmo tempo que íamos interagindo, com aqueles que se cruzavam connosco nas ruas, até que voltamos por fim ao ponto de partida. Ao chegarmos reconhecemos de imediato o grupo que por lá estava a animar malta, os “Outra Voz”, e aproveitando aquele ambiente musical e de festividade deambulamos por entre as pessoas a fim de distribuirmos os últimos brindes e rebuçados sobreviventes, estabelecendo ainda mais alguns futuros contactos para a revista. Terminado o dia estávamos todos exaustos, porém felizes, leves e com um sentimento de dever comprido. Não tanto o dever de divulgar a revista (apesar de ser também muito importante), mas acima de tudo a satisfação de ver aqueles rostos ingênuos iluminarem-se à medida que abriam as bolinhas coloridas, de ver que as pessoas gostaram de interagir connosco, que os graúdos mais vividos nos acolhiam com carinho, e que conseguimos despertar gargalhadas em quem estava à nossa volta. Juntem-se à nossa festa, porque mais está em breve para vir. 105
SÓ PARA OS FORTES
Podia começar esta história com uma introdução toda catita e emocionante que te fosse seduzindo por vários momentos até chegar a um final, no mínimo, impressionante. Mas para quê? Tanto quanto sei, até podes estar com pressa e não querer minimamente perder tempo com mais esta. Por isso, vou ser rápida.
POR KAREN MIA
Consegui despertar-te a atenção? Então vamos lá apresentar o manequim. Joyce era seu nome, Ó equilíbrio, seu ponto fraco, Que tanto a consome! Nunca a deixa em paz, E eis que quando desce o Baco: “sai daqui, ó Satanás!” Lá vai ela subindo, Degrau a degrau, Até que.. Ó pá! Que lindo! No meio da escuridão, Ouve-se um ruído, Com tamanha brutidão... Que será que pode ter acontecido?
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Acende-se uma luz! Lá está ela, no canto... O balde continua intacto, Que se passou portanto? A Joyce molhou o rabo! E nós só nos rimos, ó diabo! Que final mais engraçado!
SÓ PARA OS FORTES
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QUEIJO COM MARMELADA
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