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M533 Memórias compartilhadas: uma viagem pelas origens da ABE de 1858 / [organizador] Colégio Farroupilha. – Porto Alegre: CF, 2019. 164 p.; il. 1.Educação - História. 2.Rio Grande do Sul – História. I. Colégio Farroupilha. II. Título CDU 37
Catalogação na publicação: Maricélia Cezar – CRB10/2152
ÍNDICE
7
APRESENTAÇÃO
11
FUNDADORES, PRESIDENTES E DIRETORES
17
LINHA DO TEMPO
23
MEMÓRIAS
127
EXPOSIÇÃO
153
PRÓXIMOS CAPÍTULOS
6
APRESENTAÇÃO
7
MEMÓRIAS, EMPREENDEDORISMO E CONQUISTAS
8
“Memórias Compartilhadas: Uma viagem pelas origens da ABE 1858” aborda a trajetória da Associação Beneficente e Educacional de 1858, mantenedora do Colégio Farroupilha, desde o início da imigração alemã no Sul do país, em 1824, até o 160º aniversário da instituição, em 2018. Fundada em 1858, com o nome de Deutscher Hilfsverein (Associação Beneficente Alemã), a ABE 1858 foi constituída para auxiliar os imigrantes alemães que desembarcavam no Rio Grande do Sul em suas mais variadas necessidades, como inserção no mercado de trabalho, orientações sobre legislação e busca por moradia. Mais tarde, ao fundar uma escola, voltou-se totalmente à área da educação. O livro foi lançado a partir do material de uma exposição comemorativa dos 160 anos da ABE 1858, que percorreu diferentes pontos da capital gaúcha em 2018. Produzido a partir de pesquisa no acervo textual e fotográfico mantido no Memorial da instituição, Memórias Compartilhadas percorre importantes momentos da Associação, como a fundação do Colégio Farroupilha, em 1886, e vários movimentos pioneiros que se seguiram desde então: a criação da Escola de Meninas, em 1904; a abertura do Jardim de Infância, em 1911; a união da Escola de Meninos com a Escola de Meninas, em 1929. Entre os aspectos da história recente, a obra destaca o convênio com o Exército Brasileiro, em 2000, para a criação da Escola de Instrução Militar, a parceria com a Universidade de Cambridge, em 2010, e a criação da GrowCube, incubadora de negócios do Colégio Farroupilha, em 2017, bem como as diferentes transformações estruturais realizadas para dar suporte às práticas pedagógicas correspondentes a cada período. Enquanto reconta a história da ABE 1858, o livro traz aspectos do desenvolvimento da capital gaúcha nas áreas de educação, saúde, esporte e cultura, entre outras, ao mostrar como os imigrantes empreenderam diversas estruturas que combinavam seus costumes à realidade no novo país. Outras sólidas instituições gaúchas, como a Sociedade de Ginástica de Porto Alegre, o Grêmio Náutico União, o Plaza São Rafael Hotel e o Hospital Moinhos de Vento, foram fundadas a partir das necessidades percebidas pelos teuto-brasileiros que integravam os grupos que formavam o quadro de sócios da ABE 1858. São essas as memórias compartilhadas no livro: as iniciativas de pessoas, cada uma com suas próprias características, que contribuem para a formação de instituições, da cidade e de pessoas capazes de empreender um mundo melhor. 9
10
FUNDADORES, PRESIDENTES E DIRETORES
11
FUNDADORES DA SOCIEDADE ALEMÃ
12
Wilhelm Ahrens
Peter Drügg
Valentim Geyer
Johann Ernst Wollmann
Johann J. Haag
Eduard Gieseler
Emil Fraeb
Wilhelm Doepfner
Carl Friedrich Hoefer
Wilhelm J. Hasche
Georg Steuernagel
Heinrich Richard Emil Wiedemann
Carl Schultze
F. Tancke
“Doctor” R. Heinzelmann
Philipp Kuntz
Friedrich Carl Leiendecker
Johann Jaeger
Ernst Ruperti
Carl Brenner
Georg Heinrich Pfeiffer
Theodor O. Marquardsen
Peter Licht
Peter J. Weber
Jacob Engelsdorff
Johann Raupp
Carl Weber
Heinrich Leiendecker
Quilian (ou Kilian) Raupp
Albin Brodt
Frederico Heydtmann Senior
Philipp Becker
Eduard Hoenes
Charles Napoleon Fraeb
Johann Adam Klein
Johann Backes
Wilhelm Vielitz
Henrich Goebel
R. Dittrich
Victor rist
Friedrich L. Nielsen
Johann Heinrich Raupp
Wilhelm Ter Brüggen
Guilherme Bormann
Wilhelm Heinrich Oito Stieher
Karl Wilhelm Ferdinand Huch
J.H. Carl Holtzweissig
Georg Gieseler
Jacob Backes
Wilhelm Koop
Lorenz Dexheimer
August Walmrath
Jakob Rech
Heinrich Stock
“Doctor” Friedrich Meister
Peter Müller
H. Schmidt
Heinrich Wilhelm Bier
Friedrich Kleinpaul
Mathias José Bins
Ferdinand Foelzer
Johann Friedrich Eichler
Adam Abel
Michael Nikolaus Heinssen
Christian Ruperti
Lothar de La Rue
Johann Heinrich Maas
Friedrich Haensel
Hans Adolf Zacharias Schiött
Friedrich Bier
Heinrich Ludwig Streccius
Jakob Luchsinger
Luiz Bier
Jorge Brodt
Karl Friedrich Wilde
DIRETORES DO COLÉGIO FARROUPILHA
Nikolaus Hasslocher August G. Lanzac Chaunac S. Griessbach A. Nütschke Johann Gottlien August Scholtz Johann Konrad Vetter J. F. J. Geyer August Wilhelm Klenze C. Guilherme Hemmer Major Ferdinand A. M. Kersting Richard Georg Octavio H. Huch
Peter Gerlach 1886 - 1889
Rodolfo Jacob Schneider 1962 - 1968
Luiz Grünewald em substituição 1889
Vera Elisabeth Reimer Matte Diretora do Curso Primário 1967 - 1988
Christian Kleikamp 1889 - 1895
Lucien Jean Felicien Thys 1969 - 1983
Emil Gans 1896
Hans Joaquim Sille 1984 - 2000
Christian Kleikamp 1897 - 1907
Maria Clotilde Azzarini Diretora do Curso Primário 1989 - 2000
Carl Grovermann Pastor Johann Peter C. aesbert
Otto Meyer 1908 - 1924
Carlos Augusto Kupplich Carl G. Haebler D. Wilhelm Bourry Bernhard Vallentin John T. Gayen Carl Leopold Steinhardt Louis Gebert Johann Kremer Alexander Nielsen Cristoph Lenz Carl Jacob A. Christian Jansen
Robert Mangelsdorf 1925 - 1928 Hans Kramer 1929 - 1939
Roberto Py Gomes da Silveira 2000 - 2010 Milton Fattore Diretor Administrativo 2008 - atual
Álvaro Difini 1939 - 1949
Magda von Galem Diretora Pedagógica 2010 - 2012
Wilma Gerlach Funcke Diretora do Curso Primário 1948 - 1966
Marícia da Silva Ferri Diretora Pedagógica 2012 - atual
Roberto Medaglia Marroni 1950 -1961 13
PRESIDENTES DA ABE 1858
14
Ernst Ruperti 1858
Ferdinand Foelzer 1859
Richard Huch 1860, 1862, 1877
José Gertum 1863 - 1864
Michael Heinssen 1865 - 1871
Alfred Schütt 1878 - 1882, 1888 - 1896
Carlos De La Grange 1883 - 1884, 1886 - 1887
Balduin Röhrig 1885
João Bastian 1889
Gustav Schmidt 1890 - 1891
Rudolf Deppermann 1919
Otto Heylmann 1920 - 1925
Carl Wilhelm A. Mücke 1926 - 1934
Robert Machemer 1935 - 1938
Rudolf Ahrons 1939 - 1946
Wilhelm J. Hasche 1866
Friedrich Arnold Engel 1875
Georg Pfeiffer 1872
Johann Ernst Wollmann 1869
Wilhelm Ter Brüggen 1868, 1870, 1873, 1876
Emil Fraeb 1867 - 1874
Carlos Huber 1892 - 1895
João Paetzel 1897, 1902, 1904
Heinrich Daniel Meyer 1903
Felippe Becker 1905 - 1906
João Fernando Krahe 1907 - 1912
Jorge Bercht 1913 - 1918
Dr. Frederico Ritter 1946 - 1947
Carlos Tannhauser 1948 - 1955
Egon Renner 1956 - 1965
Octávio Fauth 1966 - 1983
Jorge Guilherme Bertschinger 1984 - 2010
Fernando Carlos Becker 2010 - atual
15
16
LINHA DO TEMPO
17
LINHA DO TEMPO
1858
1886
É criada a Sociedade Beneficente Alemã
1824
1867
Imigrantes alemães chegam ao Brasil
A Sogipa na história da ABE 1858
1936
1929
Criação do Ginásio Teuto-Brasileiro Farroupilha
Criação das turmas mistas
1928
Compra da Chácara Três Figueiras
18
Fundação da Escola de Meninos
1934
Criação do uniforme escolar
1940
Criação do Jornal “O Clarim”, troca de nome para ABE 1858 e novos uniformes
1904
1911
Fundação da Escola de Meninas
1895
É criado o 1º Jardim de Infância de Porto Alegre
1906
Inauguração do Velho Casarão
“Guris” fundam o Grêmio Náutico União
1950
Funcionamento do Curso Colegial e mundança de nome para Colégio Farroupilha
Fundação do Hospital Alemão, atual Hospital Moinhos de Vento
1972
Fundação da Escola Técnica de Comércio
1949
1914
Volta do Jardim de Infância
1962
Construção do Colégio no bairro Três Figueiras
19
LINHA DO TEMPO
1993
Construção do Berçário e do Maternal
1974
Construção do Prédio Administrativo e compra da Sede Campestre
1992
1994
Começam os intercâmbios estudantis
Construção do Centro Cultural e Esportivo
2013
2015
Implantação de melhorias na estrutura física
2012
Lançamento do Movimento #daescolapravida e construção da Matriz Curricular 20
Início do projeto bilíngue da Educação Infantil
2014
Elaboração da Matriz Socioemocional, início da Escola de Professores Inquietos e do evento Inteligência Coletiva
2001
Colégio firma parceria com o Exército
2002
Inauguração do Memorial “Do Deutscher Hilfsverein ao Colégio Farroupilha”
2005
Fundação da unidade Correia Lima
2010
Inauguração da sede própria para a ABE 1858 e parceria com a Universidade de Cambridge
2017
Pioneirismo no Curso CELTA e recebimento da placa Pasch-Schule
2016
Fortalecimento da relação com as universidades dos EUA
2017
Criação da GrowCube e adesão ao Google for Education
2018
Reformas, construção de novos espaços para aprendizagem e o Movimento Da Escola para o Mundo 21
22
MEMÓRIAS
23
18 24
Imigrantes Alem찾es chegam ao Brasil
Viagem dos imigrantes alem찾es para o Brasil. Fonte: Acervo Museu Hist처rico de S찾o Leopoldo.
24
Alemanha no início do século XIX. Fonte: http://www. rodrigotrespach.com
25
18 24
Imigrantes AlemĂŁes chegam ao Brasil
26
CHEGADA DOS ALEMÃES AO RIO GRANDE DO SUL Inicialmente, os imigrantes alemães estabeleceram-se em uma feitoria, localizada no vale do Rio dos Sinos, fundando, assim, a colônia de São Leopoldo, considerada o princípio da imigração alemã no país. Entre as motivações da imigração alemã para o Brasil estavam a superpopulação rural, a cobrança de impostos altíssimos, o rigor do clima europeu, o fracionamento demasiado das terras, a industrialização e, finalmente, a eficácia da propaganda dos agentes do governo brasileiro e das companhias de colonização promovidas pela iniciativa governamental e, mais tarde, pela iniciativa privada.
O cotidiano dos imigrantes alemães. Fonte: Acervo Museu Histórico de São Leopoldo.
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18 58
A Sociedade Beneficente Alemã
Os Brummers, primeiros sócios da Sociedade Beneficente Alemã. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
OS BRUMMERS Os alemães criaram instituições, elaboraram uma cultura original e construíram interpretações sobre ela e sobre sua integração à sociedade brasileira. Nesse contexto, havia indivíduos cuja função era olhar para a comunidade étnica e pensar a seu respeito, atuando, em geral, em espaços específicos – alguns na política partidária, na vida religiosa das comunidades imigrantes, e outros em associações de beneficência. Entre esses indivíduos estavam os Brummers, contratados pelo Império Brasileiro em 1851, responsáveis pelo surgimento de um Vereinswesen (mentalidade associativa) na colônia alemã. Foram eles os primeiros a trabalhar pela propagação e pelo fomento das diversas formas associativas que surgiram entre os imigrantes germânicos. 28
Sociedade Germânia. Antiga sede de reuniões do Deutscher Hilfsverein. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
SURGIMENTO DA SOCIEDADE BENEFICENTE ALEMÃ É a partir dessa mentalidade associativa que, no dia 21 de março de 1858, foi fundada a Deutscher Hilfsverein Sociedade Beneficente Alemã, que mais tarde passou a ser Associação Beneficente e Educacional de 1858 (ABE 1858), entidade filantrópica e de utilidade pública, organizada por comerciantes alemães e um jornalista porto-alegrense. Seu objetivo era dar amparo, assistência social, indicação de empregos e orientação profissional aos imigrantes alemães e seus descendentes. Grande parte dos Brummers compôs o quadro dos fundadores da Deutscher Hilfsverein, que organizaria o Colégio Farroupilha em 1886. A Associação era integrada por representantes de todas as profissões. Como não possuía sede própria, as reuniões da entidade eram realizadas na Sociedade Germânia. 29
18 67
A Sogipa na história da ABE 1858
“Tenho 74 anos e estudei no Colégio Farroupilha de 1949 a 1957. Confesso que a saudade bate forte quando me recordo dessa época tão especial da minha vida. Naquela época, antes de entrarmos na sala de aula, fazíamos fila no pátio sempre com a mão direita estendida sobre o ombro do colega à frente. As aulas de Educação Física eram ministradas na antiga sede do clube Sogipa (Sociedade Ginástica de Porto Alegre), que ficava na mesma rua do colégio, na Alberto Bins, aonde íamos caminhando.” RENATA HAMANN FERREIRA, 2016
“Alguns alunos discordavam dos exercícios das aulas de ginástica do então professor. Do Früsteckel (acho que assim se escreve) era substituto. O contratado tinha mais rigor como atributo. Essas aulas eram lá na Sogipa. Após (as aulas), doía o corpo....” NELSON FERNANDO ARNT, 2016
30
FUNDAÇÃO DA TURNERBUND SOCIEDADE GINÁSTICA PORTO ALEGRE (SOGIPA) A Sogipa, Sociedade Ginástica Porto Alegre, também foi fundada por imigrantes alemães, em 1867, com o nome de Deutscher Turnverein (Sociedade Alemã de Ginástica). Anos mais tarde, exerceu um papel importante na história da ABE 1858 ao ceder espaço para as aulas de Ginástica dos estudantes do Colégio Farroupilha – então Escola de Meninos.
Justaposição das bandeiras: união entre as sociedades Deutscher Turnverein e Turnklub, formando a Turnerbund (1892). Fonte: http://www.sogipa.com. br/150anos/home
31
18 86
As origens do Colégio Farroupilha
FUNDAÇÃO DA KNABENSCHULE (ESCOLA DE MENINOS) Desde 1875, os membros da ABE 1858 tinham interesse em organizar uma escola no Brasil, pois não havia instituições públicas de ensino para seus filhos frequentarem e as crianças ainda eram alfabetizadas em alemão. Na assembleia da ABE 1858 de 29 de abril de 1884, foi debatido o projeto de uma escola, apresentado pela Comissão Escolar. Esse documento estabeleceu os critérios que deveriam pautar a sua criação e uma definição prévia do currículo. A partir disso, em 1886, foi fundada a Knabenschule Des Deutsches Hilfsvereins (Escola de Meninos da Sociedade Alemã). No início, as atividades escolares eram voltadas apenas para meninos. O Farroupilha começou pequeno: eram apenas 70 estudantes, um diretor e dois professores, em salas alugadas nas dependências da Comunidade Evangélica. A partir disso, em 1886, foi fundada a Knabenschule Des Deutsches Hilfsvereins (Escola de Meninos da Sociedade Alemã). Desde então, a Associação voltou-se totalmente para a área da educação.
32
Turma da Escola de Meninos Knabenschule (1920). Fonte: Acervo do Memorial do ColĂŠgio Farroupilha.
33
18 86
Repercussão sobre a abertura da escola
Igreja da Comunidade Evangélica. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
34
Notícia do Jornal KOSERITZ’ DETSCHE ZEITUNG, de 03 de março de 1886, sobre o início das atividades da escola:
A escola do Hilfsverein foi aberta segunda-feira. Às nove horas da manhã, muitos pais com os filhos se reuniram no edifício da escola a fim de entregá-los ao recém fundado educandário. O senhor Balduin Röhrig, na sua qualidade de Presidente do Hilfsverein e do Conselho Escolar usou da palavra, pronunciando uma longa alocução em que acentuou, principalmente, que com o início dessa escola uma lacuna, existente há muito tempo, era preenchida; agradeceu a todos que se interessaram por ela, notadamente ao Cônsul Hellwig, que também se encontrava presente, pelos esforços desenvolvidos para alcançar o objetivo. Em seguida, o Sr. Diretor Gerlach também pronunciou uma longa oração dirigida aos pais presentes e às crianças, em número de quase 70. O Sr. Diretor Gerlach apresentou de maneira clara e compreensível seus pontos de vista e objetivos, e expressou a esperança de haver uma harmonia constante entre ele e seus colegas a fim de alcançar o destino almejado; também solicitou aos pais de andarem de mãos dadas com os professores e de cuidarem para que no recesso dos lares reinasse uma ordem e costumes severos. Depois de visitadas as espaçosas instalações do estabelecimento, a reunião se dissolveu.”
Escola da Comunidade Evangélica - Salas alugadas.
TRANSCRIÇÃO DO JORNAL KOSERITZ’ DETSCHE ZEITUNG,
Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
DE 03/03/1886
35
18 95
A conquista da sede própria
O Velho Casarão, final do século XIX. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
36
A INAUGURAÇÃO DO VELHO CASARÃO Em 1895, a ABE 1858 conquistou sua primeira sede própria, conhecida como Velho Casarão. Localizada na Rua São Raphael, atual Avenida Alberto Bins (local em que atualmente se situa o Hotel Plaza São Rafael), a Escola de Meninos permaneceu por lá durante 67 anos. Anos mais tarde, com a criação de turmas mistas, as meninas também vivenciaram o espaço.
“A sala era na parte “nova” do prédio. Bem lá no fundão, atrás do pátio grande, o da paineira. Aquela que tinha grandes raízes aparentes onde os guris maiores jogavam com bolas de gude. A sala era verde-mar, ensolarada, com grandes letras A, E, I, O, U enfeitadas. Não havia o mínimo sentimento de tédio. Nosso lazer era sobre a sala, grande terraço, sacadão” NELSON FERNANDO ARNT, 2016
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18 95
Memórias do Velho Casarão
A porta do Velho Casarão com o leão. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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“O Velho Casarão tinha lá seus encantos e seus mistérios. Os degraus que davam acesso à entrada, o grande relógio que servia para o ponto de encontro, para esperas punitivas e até mesmo para marcar as horas, o sino que tocava para assinalar as rotinas inescapáveis: início das aulas, recreio e hora de voltar para casa. Do lado de fora, o silencioso e eficiente controle do trânsito, a cargo do Senhor Olavo, que garantia cruzamentos seguros na rua.” SUSANA SONDERMANN ESPÍNDOLA, 2016 39
18 95
Memórias do Velho Casarão
“Todas as manhãs eu, menina, era levada pela mão rugosa, mas firme, do meu avô até a porta do Ginásio Farroupilha, Av. Alberto Bins, em frente à Igreja São José. Depois, obedecendo a sineta, adentrávamos o prédio, subindo os velhos degraus, sob a vigilância do Seu Bode, para formar fila no pátio. Ah, o pátio! A razão do que agora escrevo. Principalmente, o pátio dos fundos. Nele havia duas paineiras, que se revestiam certa época do ano de flores, todas cor-de-rosa. Essas se espargiam pelo chão, apesar de seus galhos continuarem cobertos de flores, que todas as manhãs me extasiavam, pois eu nunca tinha visto uma árvore toda cor-de-rosa. Meu maior prazer era encontrá-las e ver o chão, em certa época, ficar todo da mesma cor. E retornando à minha casa comentava sempre com minha mãe esse fato. Ela se enternecia, sorria e dizia que, se dependesse dela, eu teria sempre uma vida ornada por flores, como aquelas todas cor-de-rosa.” VERA MARIA HEMB BECKER, 2016 40
O Velho Casarão na década de 1950. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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19 04
Fundação da Escola de Meninas
FUNDAÇÃO DA MÄDCHENSCHULE (ESCOLA DE MENINAS) Por reconhecer que as meninas também necessitavam de uma formação escolar, a ABE 1858 fundou a Mädchenschule (Escola de Meninas), que funcionava em salas alugadas da Comunidade Evangélica. A escola iniciou com cinco séries e contava com 159 estudantes, sob a direção do pastor Kleikamp. O corpo docente inicial foi composto pelas professoras Sra. E. Reeckmann; Srtas. Thea Alrutz, E. Kaufmann, E. Bothe, Maria Kuntz, D. Abrilina Granja; e pelo professor Friedrich Köhling.
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Escola de Meninas Mädchenschule (1906). Fonte: Acervo do Memorial do ColÊgio Farroupilha.
43
19 04
Fundação da Escola de Meninas
“Fiz parte da primeira geração a passar pela Escola. Lembro que fui aluna da Escola de Meninas na Rua Senhor dos Passos, na Comunidade Evangélica. Durante meus estudos na Mädenschule, a caneta de pena, o tinteiro e o mata-borrão eram meus materiais escolares usados na sala de aula. O quadro de giz era pequeno e preto, e as classes formavam uma fileira grande, coladas uma ao lado da outra.” ÉRIKA RUSCHEL
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Escola de Meninas Mädchenschule (1920). Fonte: Acervo do Memorial do ColÊgio Farroupilha.
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19 06
Os “guris” fundam o Grêmio Náutico União
A piscina de 50 metros, inaugurada na década de 1940. Fonte: http://gnu.com.br/sede-moinhos-de-vento/
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FUNDAÇÃO DO GRÊMIO NÁUTICO UNIÃO Seis “guris”, muito amigos e estudantes da Knabenschule, Carlos S. Arnt, Arnaldo e Emílio Bercht, Arno e Hugo Deppermann e Hugo Berta, gostavam muito de esportes. Porém, devido à faixa etária dos meninos, nenhum clube existente na época aceitava-os como sócios. Então, Carlos Arnt sugeriu que fundassem um clube de regatas de “guris”. Em 1º de abril de 1906, reunidos no jardim da casa dos pais de Arnt, na Voluntários da Pátria, fundaram o Ruder Verein Freundschaft (Sociedade de Regatas Amizade), nome que persistiu no Grêmio Náutico União até 1927.
1ª sede do Grêmio Náutico União, na rua Voluntários da Pátria. Fonte: http://www. correiodopovo.com.br/ jornal/ A114/N63/html/Seculo.htm
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19 11
1o Jardim de Infância de Porto Alegre
Kindergarten. Fonte: Acervo do Memorial do ColĂŠgio Farroupilha.
48
CRIAÇÃO DO KINDERGARTEN (JARDIM DE INFÂNCIA) Em 1911, a ABE 1858 foi pioneira ao fundar o Kindergarten, considerado o primeiro Jardim de Infância de Porto Alegre. Em 1929, o Kindergarten passou a ser administrado pela Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas. Somente em 1972, o Jardim de Infância foi novamente instituído no Colégio Farroupilha, já na Chácara Três Figueiras.
“Naquele tempo tudo era na brincadeira, era tirar o guri de casa para acomodar um pouco, para depois levá-lo para casa de novo, quer dizer, enquanto o pai trabalhava e a mãe trabalhava. E assim foi se criando…” JORGE GUILHERME BERTSCHINGER
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19 14
Hospital Alemão Moinhos de Vento
Hospital Alemão (1927). Fonte: http://www. hospitalmoinhos.org.br/ historia/
Lançamento da Pedra Fundamental (1924). Fonte: http://www. hospitalmoinhos.org.br/historia/
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FUNDAÇÃO DO HOSPITAL ALEMÃO – HOSPITAL MOINHOS DE VENTO Desde 1912, duas entidades alemãs, a Verband Deutscher Vereine (Federação das Entidades Alemãs) de Porto Alegre e a Frauenhilfe Furs Ausland (Ordem Auxiliadora de Senhoras para o estrangeiro), uniram-se para formar um hospital destinado aos imigrantes alemães que moravam em Porto Alegre. Em 1914, é realizada a colocação da pedra fundamental do Hospital Alemão, que marcou o início das obras de sua construção. Porém, com a derrota da Alemanha durante a 1ª Guerra Mundial, a colônia germânica de Porto Alegre sofreu um grande abalo, ocasionando a paralisação das obras de construção do hospital. Em 1921, as obras foram reiniciadas e, em 02 de outubro de 1927, foi inaugurado o Hospital Alemão, entre as ruas Dr. Vale e Ramiro Barcelos. A eclosão da 2ª Guerra Mundial, em 1939, estremeceu a relação entre Brasil e Alemanha, o que levou o hospital a ser chamado, a partir de 1942, de Hospital Moinhos de Vento. No crescimento do hospital, tiveram atuações marcantes o Pastor Karl Gotschall, que mantinha um vínculo forte com o Colégio Farroupilha, ministrando as aulas de ensino religioso evangélico, e o médico Frederico Falk (1º Diretor do Ginásio Teuto-Brasileiro Farroupilha 1937-1938).
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19 28
Compra da Chácara Três Figueiras
Crianças do colégio posam sob as figueiras. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
As figueiras da chácara como lugar de encontro. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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AQUISIÇÃO DA CHÁCARA TRÊS FIGUEIRAS No ano de 1928, a ABE 1858 comprou uma chácara na região do Caminho do Meio (atual Avenida Protásio Alves). A chácara, então chamada de Vila Quinota, pertencia à Família Müller. Foram os membros da Sociedade que a batizaram de Três Figueiras, que hoje também dá nome ao bairro. A partir dos anos 1930, o local foi utilizado como Sede Campestre da escola. As famílias passavam os fins de semana fazendo piqueniques e atividades de lazer ao redor de figueiras centenárias. Em 1962, a chácara deixou de ser apenas um espaço de lazer, tornando-se sede do Colégio Farroupilha.
Chácara Três Figueiras (1928). Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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19 29
Meninos e meninas unidos Turmas mistas no pátio do Velho Casarão. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
Turmas mistas (1929). Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
A CRIAÇÃO DAS TURMAS MISTAS Por sugestão do Diretor Kramer, a ABE 1858 decidiu unir rapazes e moças no Velho Casarão, formando turmas mistas a partir da união das escolas de Meninos e de Meninas, que até então funcionavam no edifício da Rua São Raphael e na Comunidade Evangélica. A escola passa a ser identificada pelo nome de Deutschen Hilfsvereinsschule (Escola da Sociedade Alemã). A experiência com turmas mistas já tinha êxito em muitas escolas alemãs de outros países, mas, para a Porto Alegre do ano de 1929, era uma decisão bastante avançada, que ia além da realidade local. 54
Turmas mistas (1929). Fonte: Acervo do Memorial do ColĂŠgio Farroupilha.
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19 34
Fortalecendo a identidade escolar
A CRIAÇÃO DO UNIFORME ESCOLAR Até o ano de 1929, a escola não possuía um uniforme. Foi então que, para fortalecer a identidade escolar, o Diretor Kramer sugeriu a introdução do uniforme. O uso começou pelos meninos, que deveriam vestir gorros ou bonés, na cor azul escuro, com aba de celuloide, contendo fitas estreitas nas cores das séries. Cada série tinha uma cor: 1ª série: branco/azul; 2ª série: branco/vermelho; 3ª série: branco/verde; 4ª série: prata/azul; 5ª série: prata/vermelho; 6ª série: prata/verde; 7ª série: ouro/azul; 8ª série: ouro/vermelho; 9ª série: ouro/verde. Em 1934, as meninas começaram a usar uniforme. Em uma iniciativa inovadora, as peças foram escolhidas pelas próprias estudantes, por votação: blusa branca, saia e casaco azul-marinho.
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Uniforme: saia e calça azul-marinho e camiseta branca com o logotipo do colégio. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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19 34
Fortalecendo a identidade escolar
UNIFORMES PARA DATAS ESPECIAIS Semana da Pátria: camiseta olímpica com o emblema do Colégio, cinto preto, calça azul-marinho do uniforme de gala e tênis. Para as meninas, a camiseta olímpica, com emblema, saia do uniforme diário (que ia até quase os pés, deixando pouco das pernas à mostra) e tênis. Uniforme de Gala: traje azul-marinho, gravata, camisa branca, sapato preto e calça comprida para o ginásio. Para o primário, a camisa era esporte, sendo facultativo o uso de calças compridas ou curtas. Sapatos pretos para ambos os gêneros e cursos. As alunas utilizavam o uniforme de desfile com casaco da vestimenta padrão diária.
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Uniforme para o Desfile da Semana da PĂĄtria (1939). Fonte: Acervo do Memorial do ColĂŠgio Farroupilha.
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19 34
Fortalecendo a identidade escolar
“O fardamento de cor cáqui para uso dos meninos e a vestimenta feminina, composta de blusa branca e saia plissada, de cor azul-marinho, exteriorizavam uma igualdade societária, independente das raízes financeiras. Todos limpos, asseados, uniformizados igualitariamente, projetavam um grupo homogêneo, detentores da indefectível caderneta vermelha, que registrava as alterações diárias, liame entre a administração e os pais.” JOSÉ CARLOS GENTILI
“Lembro da saia plissada azul-marinho, presa à blusa por botões brancos na altura da cintura, e também do logotipo bordado no bolso da blusa. Eu me achava o máximo. No colégio, encontrei amigas para toda vida, e seguimos juntas até hoje, ou seja, desde os tempos dos laços de fita nos cabelos ou das tranças. Somos avós hoje em dia, avós que ainda lembram, com um sorriso nos lábios (e saudade no coração), dos tempos de escola.” ILANE HOFMANN GEHRS
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Uniforme para o Desfile da Semana da PĂĄtria (1939). Fonte: Acervo do Memorial do ColĂŠgio Farroupilha.
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19 36
Ginásio TeutoBrasileiro Farroupilha
Sala de aula do Ginásio Teuto-Brasileiro Farroupilha. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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CRIAÇÃO DO GINÁSIO TEUTO-BRASILEIRO FARROUPILHA E O ESTADO NOVO Com a evolução da escola e as necessidades da comunidade, o Diretor Kramer cogitou a instituição de um ginásio, que se denominaria Ginásio Teuto-Brasileiro Farroupilha, em homenagem ao Centenário da Revolução Farroupilha. A criação do ginásio também mostrava a preocupação da escola em se manter, adequando-se à nova ordem política advinda da velha pátria, às mudanças de currículo e à adoção da orientação dos ginásios brasileiros. No ano de 1937, o golpe de Estado e a instituição do Estado Novo pelo presidente da República, Getúlio Vargas, atingiram o currículo escolar, com a proibição do idioma alemão nas aulas, a alteração do número de aulas diárias e a regulamentação dos feriados e das férias. A escola adaptou-se à nova realidade e continuou a receber apoio para o funcionamento. No ano de 1942, com a campanha de nacionalização, o Ginásio Teuto-Brasileiro Farroupilha teve a sua denominação simplificada para Ginásio Farroupilha.
Turma do Ginásio Teuto-Brasileiro Farroupilha. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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19 36
GinĂĄsio TeutoBrasileiro Farroupilha
Turma Ginasial em sala de aula. Fonte: Acervo do Memorial do ColĂŠgio Farroupilha.
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“Adolescência, a meninada começa a ficar exibida. Festinhas, reuniões dançantes, aqui e ali. Aos sábados de tarde, sem abuso. Estudar, fazer as lições, tirar muitas boas notas, sem miséria. Possibilidade de passar de série sem exame, por média. Professores memoráveis, alguns temidos. Alunos bastante exigidos. Começam os estudos de outras línguas: Nagel, na Música, trabalhos manuais e no Latim, Nicklas, no Francês, ênfase no Inglês. Facina, vestimenta impecável, no Francês Kremer, vermelhão, o conhecido “moranguinho”, no Português, juntamente com Dea, Edite e Godofredo. Thys, na Matemática, Natal Paiva, em Ciências, com seu inseparável cigarro “Columbia”, Mostardeiro e Asstrogildo na História, Schmit e Berlitz (o Lapiseira) na Geografia. Aulas à tarde, almoçar mais cedo. E assim, passava a vida escolástica. Deslocamentos de bonde, a pé por qualquer via.” NELSON FERNANDO ARNT, 2016
Minhas experiências e vivências se iniciaram em 1942, quando ingressei no 1º ano do primário. Desse tempo de aluna, destacarei algumas lembranças muito especiais: festas semanais, com ênfase ao civismo e às boas maneiras no pátio central do Velho Casarão, a caminhada pelas ruas da Alberto Bins até a antiga sede da Sogipa, a fim de fazer ginástica, as aulas de Trabalhos Manuais para aprender a pregar botão e os principais pontos de bordado, os aniversários do Diretor Difini, quando toda a escola se reunia, o passeio anual de barca, atravessando o Guaíba, e as confraternizações na praia da Alegria, reunindo professores, alunos e Diretor. VERA ELISABETH REIMER MATTE, 2016 65
19 40
A década das mudanças
MUDANÇA DO NOME DA SOCIEDADE BENEFICENTE ALEMÃ PARA ABE 1858 Ainda em decorrência do Estado Novo, em 04 de outubro de 1940, a Sociedade realizou uma assembleia geral para a aprovação dos Estatutos, a adequação para o novo idioma e a mudança de denominação. Após 82 anos como Deutscher Hilfsverein, a Sociedade Beneficente Alemã passou a se chamar Associação Beneficente e Educacional de 1858.
NOVOS UNIFORMES Foi também nesse período que os uniformes foram renovados. O uniforme das meninas era composto por blusa branca com botões madrepérola, saia azul-marinho, pregueada 3 cm, casaco verdemusgo, cinto, tênis branco, sapato preto Renner e meias brancas. Já o dos meninos era todo cor cáqui, composto por blusão com o emblema do Colégio bordado que indicava se o estudante cursava o primário ou o ginásio, calça comprida ou curta, sapatos pretos e casquete (espécie de boné sem aba).
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PROJETOS EXTRAS Para a formação integral dos estudantes, a instituição sempre apoiou projetos extraclasse, como a criação do Jornal O Clarim, que foi editado entre 1945 e 1965. Na década de 1960, a publicação do jornal tornou-se responsabilidade do Grêmio Estudantil Farroupilha - grupo instituído em 1940. Em 2015, após 50 anos fora de circulação, O Clarim foi reformulado e é editado anualmente pelos estudantes que integram o Grêmio Estudantil Farroupilha.
Edição de 1952.
Edição de 1954.
Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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19 49
Curso Colegial e o Colégio Farroupilha
Turma do Curso Científico (1951). Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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FUNCIONAMENTO DO CURSO COLEGIAL E A MUDANÇA DE NOME DA INSTITUIÇÃO PARA COLÉGIO FARROUPILHA Em 1949, o Diretor Álvaro Difini encaminhou ao Ministério da Educação e Saúde a solicitação para concessão do funcionamento do curso colegial, o que daria ao Farroupilha o status de Colégio. A Portaria n. 423, do Ministério da Educação, dizia o seguinte: O Diretor de Ensino Secundário resolve: Art. 1º - Conceder autorização para funcionamento condicional do curso colegial do Colégio Farroupilha, com sede em Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, nos termos do Art. 13 da Portaria 375, de 16 de agosto de 1949. Art. 2º - A denominação do estabelecimento de ensino secundário de que trata o Artigo passará a ser COLÉGIO FARROUPILHA. Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 1949 Haroldo Lisboa da Cunha – Diretor (Portaria n. 423).
Cerimônia Cívica do Curso Científico (1951). Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
O sonho realizou-se: o Ginásio tornou-se Colégio Farroupilha, com três ciclos. Além disso, com a implantação do Curso Colegial, os estudantes podiam optar pelo modelo Clássico, com ênfase nas Ciências Humanas e na área de Letras, ou o modelo Científico, que destacava as Ciências Exatas e Naturais. Ambos duravam 3 anos e permitiam o ingresso no Ensino Superior. Os estudantes não necessitavam mais ir para outros estabelecimentos de ensino, pois teriam instrução completa na instituição. A velha escola, que começou modestamente nas salas da Comunidade Evangélica, adquiria cada vez mais importância.
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19 50
Fundação da Escola Técnica de Comércio
INÍCIO DO CURSO COMERCIAL DE CONTABILIDADE Em 1949, a diretoria da ABE 1858 aprovou a abertura de um Curso Comercial de Contabilidade, ministrado na Escola Técnica de Comércio (ETC) Farroupilha. O certificado da ETC era reconhecido não somente dentro do estado do Rio Grande do Sul, mas em todo o território nacional.
Gostaria que fosse incluído um agradecimento referente ao período da Escola Técnica de Contabilidade, também de responsabilidade do colégio, fundada em 1950, sob a direção do empresário Sr. Sven Schulze (in memoriam) e depois pelo Sr. Walter Striebel (in memoriam), contabilista e economista, posteriormente pelo Sr. Hans Sille (in memoriam), engenheiro, e em seus primórdios do Colégio Farroupilha, com os professores Jonathan Joseph Poisl e seu cunhado vindos de Viena, para serem os primeiros professores da Knabenschule.” WALTER EGON POISL, 2016
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Turma da Escola Técnica de Comércio Farroupilha. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
Formatura da Escola Técnica de Comércio Farroupilha (1958). Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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19 62
O Colégio no bairro Três Figueiras
Construção do prédio principal do Colégio (1960). Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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O COLÉGIO FARROUPILHA NO BAIRRO TRÊS FIGUEIRAS Em 1953, a Chácara Três Figueiras já estava abastecida com rede elétrica, o que possibilitou ao presidente da ABE 1858, Egon Renner, concretizar, no ano de 1956, uma velha aspiração: construir o novo prédio da escola.
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19 62
O Colégio no bairro Três Figueiras
Vista aérea do Colégio Farroupilha na década de 1960. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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Apesar de distante do centro da cidade (para a época), a iniciativa teve como objetivo construir uma escola totalmente planejada. O projeto previa a construção de três pavilhões destinados ao Curso Primário, Ginasial, Colegial e aos serviços de administração escolar. Também contava com dois salões de ginástica, separados para meninas e meninos, um auditório proporcional, Jardim de Infância e amplos pátios, tanto ao ar livre como cobertos. A construção do novo prédio foi iniciada em 1959, e a inauguração da sede do Colégio Farroupilha no bairro Três Figueiras aconteceu em 1962. Desse modo, a instalação do Farroupilha na Chácara Três Figueiras alavancou o desenvolvimento do bairro (que leva o nome da antiga chácara) e, nesse novo contexto, várias famílias de estudantes passaram a povoar a região.
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19 62
O Colégio no bairro Três Figueiras
Pista Atlética do novo Colégio Farroupilha. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
Adeus ao Velho Casarão do corpo discente e docente. Vamos para o prédio novo no bairro Três Figueiras. Transporte sem bonde: ônibus azul da Ayub. Uns vão em excursões colegiais, outros a bailes à noite, poucos a algum “pub”. Atividades paralelas no grêmio estudantil, participar na elaboração da revista “O Clarim”. Mais responsabilidades é o que o corpo pede. Formatura e vestibular logo virão, cada um seguindo seu caminho: opções mil. Da vida, encerramento de uma fase.” NELSON FERNANDO ARNT, 2016 76
Vista aérea do Colégio Farroupilha na década de 1970. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
A transferência para o novo prédio da rua Carlos Huber me franqueou um “grande” sucesso literário, a professora elogiou muito a minha redação sobre esse tema. Percebi naquele momento que escrever poderia ser uma experiência transformadora, e que observar normas de estilo, gramática, concordâncias e harmonia nas letras significa beleza e eficiência em comunicação.” SUSANA SONDERMANN ESPÍNDOLA, 2016
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19 72
As crianças ganham um novo espaço
Prédios do Jardim de Infância. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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A VOLTA DO JARDIM DE INFÂNCIA Após 10 anos na nova sede, a ABE 1858 teve forças para construir um novo espaço para o Jardim de Infância, que foi fundado pela instituição em 1911. Com isso, mais um ciclo de ensino foi incluído no Colégio Farroupilha, e a escola passou a atender crianças com idade pré-escolar.
Salas do Jardim de Infância. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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19 74
O crescimento continua
PrĂŠdio Administrativo (1975). Fonte: Acervo do Memorial do ColĂŠgio Farroupilha.
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CONSTRUÇÃO DO PRÉDIO ADMINISTRATIVO E DA SEDE CAMPESTRE Em 1974, foi efetuada a compra de um terreno na cidade de Viamão, onde posteriormente foi construída a Sede Campestre da instituição, utilizada para fins pedagógicos e de lazer por toda a comunidade escolar. Um ano depois, com um quadro de estudantes e educadores cada vez maior, a ABE 1858 construiu um prédio, na unidade Três Figueiras, para acolher as equipes administrativas da escola.
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19 74
O crescimento continua
Sede Campestre. Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha..
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19 92
Olhos para o mundo
COMEÇAM OS INTERCÂMBIOS ESTUDANTIS Entendendo que vivenciar diferentes culturas qualifica o desenvolvimento do estudante, a instituição passou a proporcionar intercâmbios estudantis. Atualmente, os estudantes do Colégio Farroupilha têm a possibilidade de viajar para locais como Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha.
Turma de intercâmbio no Canadá (1995). Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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19 93
Espaço para os bebês
Berçário e Maternal Farroupilha (1993). Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
CONSTRUÇÃO DO BERÇÁRIO E MATERNAL Na década de 90, com a maior representatividade feminina no ambiente corporativo, as famílias precisavam de locais adequados para deixar seus filhos enquanto trabalhavam. Nesse contexto, em 1993 a ABE 1858 construiu um prédio direcionado ao Berçário e ao Maternal, e o Farroupilha passou a atender crianças a partir dos 4 meses de idade.
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19 94
Valorização dos Esportes
Quadras externas. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
Campo de futebol e Pista Atlética. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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Centro Cultural e Esportivo Farroupilha. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
CONSTRUÇÃO DO CENTRO CULTURAL E ESPORTIVO FARROUPILHA Para valorizar ainda mais a prática de esportes na escola, em 1994, a ABE 1858 construiu o Centro Cultural e Esportivo Farroupilha, na unidade Três Figueiras. O espaço conta com três quadras cobertas, vestiários masculino e feminino, salas de material esportivo, salas para os educadores e arquibancadas. Somam-se ao Centro Esportivo duas quadras externas, um Campo de futebol e uma Pista Atlética.
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20 01
Parceria com o Exército
Formação para aula inaugural da EsIM. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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Turma de alunos da EsiM CPOR/PA. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
FUNDAÇÃO DA ESCOLA DE INSTRUÇÃO MILITAR (ESIM) Com o objetivo de proporcionar a prestação do Serviço Militar aos estudantes da 3ª série do Ensino Médio, próximos da idade de alistamento, o Colégio Farroupilha firmou uma parceria com a 3ª Região Militar do Exército Brasileiro, criando a Escola de Instrução Militar (EsIM). Essa parceria possibilitou ao estudante prestar o serviço militar durante o primeiro semestre letivo, deixando o segundo para dedicação exclusiva aos estudos para o vestibular. As atividades da EsIM acontecem nas dependências do Colégio e do Centro de Preparação dos Oficiais da Reserva de Porto Alegre (CPOR/PA) e trabalham com a difusão de valores, como civismo, cidadania e patriotismo no meio estudantil. 89
20 02
Preservação e difusão da Memória
INAUGURAÇÃO DO MEMORIAL “DO DEUTSCHER HILFSVEREIN AO COLÉGIO FARROUPILHA” Ao longo de sua centenária história, a ABE 1858 sempre se preocupou em manter suas memórias. Em 2002, a instituição inaugura o Memorial “Do Deutscher Hilfsverein ao Colégio Farroupilha”, local que mantém, em seu acervo, objetos que fazem parte da história da escola, de sua mantenedora e da educação no Estado. O espaço recebe, aproximadamente, dois mil visitantes a cada ano letivo, sendo também utilizado em aulas que complementam o currículo escolar e por pesquisadores universitários que estudam a história da educação no Rio Grande do Sul.
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20 05
Educação para todos
Fachada da Unidade Correia Lima (2006). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
Quadra poliesportiva Unidade Correia Lima (2018). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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Estudantes da Unidade Correia Lima (2018). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
A FUNDAÇÃO DA UNIDADE CORREIA LIMA Em 2004, uma escola estadual que ficava nas dependências do CPOR/PA foi desativada. No ano seguinte, em 10 de junho, a ABE 1858 assina um convênio com o Exército Brasileiro para revitalizar a escola, implantando uma nova unidade do Colégio Farroupilha, direcionada totalmente a estudantes bolsistas. A unidade Tenente Coronel Correia Lima, que começou a funcionar em 2006, é uma escola direcionada a famílias de baixa renda, na qual os estudantes têm acesso à tradição educativa do Colégio Farroupilha com bolsas integrais para todo o Ensino Fundamental.
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20 10
Sede própria para a ABE 1858
Fachada da Sede da ABE 1858 (2018). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
Hall da Sede da ABE 1858 (2018). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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A INAUGURAÇÃO DA SEDE DA ABE 1858 Em 2010, a equipe administrativa da Associação Beneficente e Educacional 1858 mudou-se para um prédio próximo ao Colégio Farroupilha, na rua Balduíno Roehrig. A mudança possibilitou a construção de novos espaços pedagógicos no Colégio e ambientes mais adequados às necessidades profissionais dos educadores do setor administrativo.
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20 10
Universidade de Cambridge
Turma de estudantes recebendo a certificação de Cambridge (2018). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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A IMPLANTAÇÃO DA METODOLOGIA E O PRIMEIRO CAMBRIDGE OPEN CENTRE DO RS Em 2010, o Colégio Farroupilha firmou uma parceria com a Universidade de Cambridge e passou a ser o primeiro no Estado e o terceiro no Brasil a funcionar como Centro Aberto de Cambridge, tornando-se autorizado a aplicar os exames da instituição britânica a pessoas interessadas em obter a renomada certificação. A metodologia de Cambridge e os exames também foram incorporados ao currículo escolar, possibilitando um aprendizado avançado e dinâmico do idioma, além de certificações válidas mundialmente e por toda a vida. Com o 21st Communication Course, os estudantes têm a oportunidade de praticar habilidades para a comunicação em língua inglesa, nos moldes de TED-Talks. O curso é oferecido pelo Centro de Cambridge.
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20 12
A construção da Matriz Curricular
Ação “Se essa rua fosse minha” (2014). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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ALINHANDO CONCEITOS, HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Em 2012, foi construída a Matriz Curricular do Colégio Farroupilha, um documento que alinha conceitos, habilidades e competências que são desenvolvidos em cada etapa da educação básica. O documento tem como base os quatro pilares definidos pela Unesco para a Educação do Século XXI: saber ser, saber conhecer, saber fazer e saber conviver e contempla a formação integral do indivíduo, indo ao encontro da missão do Colégio Farroupilha: formar cidadãos competentes.
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20 12
Movimento #daescolapravida
Ação “Corretor automático” (2015). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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O QUE SE APRENDE NA ESCOLA, LEVA-SE PARA A VIDA O Movimento #daescolapravida foi lançado em 2012 para trabalhar com os estudantes questões centrais da educação para a cidadania. A partir de atividades práticas, as crianças e os adolescentes do Colégio Farroupilha puderam desenvolver sensibilidade à percepção de problemas de seu entorno, bem como atuar em soluções. Foi assim que grupos de estudantes saíram às ruas de Porto Alegre para incentivar sorrisos e gentilezas, fixar placas identificando ruas, colocar curativos em locais que precisavam de reparos, entre várias outras ações. O #daescolapravida permaneceu em atuação até 2017, evoluindo para a ação “Da Escola para o Mundo” em 2018.
Ação “Sementes do bem” (2016). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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20 13
Melhorias na estrutura física INOVAÇÕES QUE QUALIFICAM O APRENDIZADO Por entender que educação está em constante evolução e que os processos de ensino e aprendizagem podem ser melhorados a partir de espaços adequados, a ABE 1858 sempre investiu em uma série de renovações da estrutura física do Colégio Farroupilha. As melhorias contaram com a participação da comunidade escolar, que, ao responder uma pesquisa, deixou clara a necessidade de renovações para que a escola pudesse seguir inovando.
Espaços de convivência nos corredores dos Níveis de Ensino. Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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Central de Relacionamento. Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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20 14
Valorização da Inteligência Coletiva
Escola de Professores Inquietos. Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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ESCOLA DE PROFESSORES INQUIETOS A partir de uma pesquisa realizada no Inteligência Coletiva, a ABE 1858 inovou mais uma vez ao lançar a Escola de Professores Inquietos. Alicerçada pelos pilares da troca, da experiência e dos múltiplos olhares, a proposta promove cursos e eventos para educadores do Farroupilha e de outras instituições, buscando contribuir para uma educação de excelência para o século XXI. 105
20 12
Movimento #daescolapravida
Evento Inteligência Coletiva: palestra Mário Sérgio Cortella (2016). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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INTELIGÊNCIA COLETIVA Em 2014, o Farroupilha promoveu a primeira edição do evento Inteligência Coletiva, que teve como proposta pensar em novos formatos para a educação do século XXI, oferecendo palestras e workshops práticos.
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20 14
O saber socioemocional
A ELABORAÇÃO DA MATRIZ SOCIOEMOCIONAL Entendendo que o desenvolvimento do estudante vai além da aprendizagem de conteúdos, em 2014, o Colégio Farroupilha elaborou a Matriz Socioemocional, documento complementar à Matriz Curricular. O objetivo principal foi promover situações de aprendizagem que envolvam habilidades e competências socioemocionais fundamentais para o desenvolvimento de um cidadão competente e feliz.Amatriz é baseada em três eixos: identidade (autoconhecimento, autoconceito e autoestima), convivência (habilidades sociais e cooperação) e cidadania (liderança e sustentabilidade) e contempla aspectos específicos para cada fase da vida escolar.
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Matriz Socioemocional. Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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20 15
Crianças bilíngues
Turma de alfabetização bilíngue. Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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O PROJETO BILÍNGUE DA EDUCAÇÃO INFANTIL Para proporcionar uma aprendizagem da língua inglesa de maneira lúdica e natural, foi implementado o Projeto Bilíngue na Educação Infantil. A partir dele, as crianças dos Níveis 4 e 5 passaram a ter vivências diárias com o idioma, proporcionando o desenvolvimento da linguagem com propostas que estimulam a criatividade, a capacidade sensorial e motora e as habilidades naturais de cada criança.
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20 16
Universidades norte-americanas
A APLICAÇÃO DE SIMULADOS DO SAT Muitos estudantes brasileiros têm como objetivo cursar universidades no exterior. No Farroupilha, o número de formandos aprovados em instituições dos EUA tem crescido anualmente. Com o objetivo de apoiar esses estudantes de forma mais sistemática, a instituição passou a aplicar simulados do Scholastic Aptitude Test (SAT), considerado o ENEM norte-americano, para discentes do Ensino Médio que buscam admissão nas universidades dos Estados Unidos.
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Simulado SAT (2017). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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20 17
Reconhecimentos internacionais
O PIONEIRISMO COM O CURSO CELTA Em 2017, por meio de parceria com a Seven Idiomas, o Colégio Farroupilha trouxe pela primeira vez ao Rio Grande do Sul o curso para a qualificação CELTA (Certificate in Teaching English to Speakers of Other Languages), que é oferecido pela Universidade de Cambridge, certificando professores a darem aulas de inglês no mundo inteiro. 114
O RECEBIMENTO DA PLACA PASCH-SCHULE Foi também em 2017 que o Colégio Farroupilha recebeu a placa Pasch-Schule, que simboliza a parceria entre a instituição e o Ministério da Cultura Alemão. Essa distinção reflete o sucesso obtido pela instituição que, desde 2015, é membro do grupo “Escolas Parceiras do Futuro”, que, além de terem a Língua Alemã em seu currículo, são autorizadas a aplicar exames de proficiência no idioma.
Recebimento da placa Pasch-Schule. Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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20 17
Inovação e possibilidades
GROWCUBE, A ESCOLA DE NEGÓCIOS Alinhada com a tendência ao empreendedorismo e à busca por perceber e solucionar problemas, a instituição inaugurou, em 2017, a GrowCube, uma escola de negócios para estudantes a partir do Ensino Fundamental – Anos Finais. A iniciativa adota o modelo de uma incubadora de negócios, oferecendo aos estudantes preparação em Marketing, Finanças, Operações, Direito e Negócios Digitais, conduzindo-os em uma jornada que vai desde o desenvolvimento das ideias até a transformação dessas em startups. Um dos principais diferenciais da GrowCube é o desenvolvimento do potencial empreendedor ainda na educação básica.
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Apresentação de projetos GrowCube (2017). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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20 17
Reconhecimentos internacionais
Apresentação da parceria Google for Education (2017). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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A ADESÃO AO GOOGLE FOR EDUCATION Os estudantes do século XXI são conectados, interativos, participativos e protagonistas. Para eles, as aulas precisam proporcionar questionamentos, instigar descobertas. Atento a isso, o Colégio Farroupilha aderiu, em 2017, ao Google for Education, um conjunto de soluções tecnológicas desenvolvidas para qualificar a aprendizagem, proporcionando aulas mais interativas, dinâmicas e personalizadas, que se adaptam ao perfil do estudante contemporâneo.
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20 18
Novos espaços para aprendizagem
Aula no Espaço Maker (2018). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO MAKER Uma das características do estudante contemporâneo é o “aprender-fazendo”. A cultura maker já estava presente nas aulas do Farroupilha, mas foi em 2018 que ela ganhou um local adequado, o Espaço Maker. Nele, os estudantes são incentivados a colocar as mãos na massa e a tirar as ideias do papel. O ambiente é equipado com diversas ferramentas e maquinário digital, incluindo uma impressora 3D.
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20 18
Novos espaços para aprendizagem
Minicidade (2018). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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APRENDIZAGEM LÚDICA E SIGNIFICATIVA Para trabalhar com as crianças da Educação Infantil a aplicação de conceitos relacionados à educação para a cidadania e para o trânsito, a instituição construiu uma Minicidade. O espaço conta com casa, circuito de trânsito, fonte de águas e estabelecimentos comerciais, todos em escala adaptada à faixa etária das crianças. Ali, as turmas exercitam diferentes habilidades que vão acompanhá-las por toda a vida.
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20 18
Da Escola para o Mundo
O IMPACTO DAS ESCOLHAS INDIVIDUAIS NO COLETIVO Em 2018, o Colégio Farroupilha lançou o Movimento Da Escola para o Mundo que, a partir de ações com a comunidade escolar, trabalha a valorização das características individuais e a conscientização de que todos, ao colocarem em prática seus projetos de vida, estão reconstruindo o mundo. Esse pensamento, apesar de não estruturado dessa forma, estava nas origens da ABE 1858, 160 anos atrás, e acompanha a instituição por todos esses anos: Construir e manter uma escola é, também, construir mundos. É, portanto, a partir da educação oferecida aos estudantes do Colégio Farroupilha que a ABE 1858 contribui para a transformação do mundo em um lugar melhor. 124
Ação “5 minutos no futuro” (2018). Fonte: Divulgação do Colégio Farroupilha.
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EXPOSIÇÃO
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Memรณrias Compartilhadas
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Inaugurada no Colégio Farroupilha, em 21 de março de 2018, dia do 160º aniversário da Associação Beneficente e Educacional de 1858, a exposição itinerante Memórias Compartilhadas percorreu, até o mês de novembro, outros cinco espaços de Porto Alegre que se relacionam à história da instituição. A mostra reconstruiu a trajetória da ABE 1858 por meio de 40 painéis com fotografias e textos, além de uma linha do tempo ilustrada pelo ex-aluno, escritor e ilustrador Carlos Augusto Pessoa de Brum. Para oportunizar uma viagem pelas origens da instituição, a exposição apresentou documentos históricos, cadernos, livros e outros materiais, como um globo terrestre e uma maquete da primeira sede própria do Colégio Farroupilha. Uma coleção de uniformes escolares utilizados em diferentes épocas, a reconstrução de uma sala de aula da década de 1950 e a possibilidade de tirar a clássica foto na mesa da professora também fizeram parte da experiência oferecida ao visitante. Instalada em uma base flexível, a exposição pôde ser montada respeitando as características de cada espaço que a recebeu. Após sair do Colégio Farroupilha, passou pelo Grêmio Náutico União, Hospital Moinhos de Vento, Shopping Iguatemi, Sociedade de Ginástica de Porto Alegre e Plaza São Rafael Hotel. Cada um desses locais compartilha memórias com a ABE 1858, contadas nas páginas a seguir.
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Primeira parada: Colégio Farroupilha
A inauguração da exposição aconteceu em uma cerimônia no Colégio Farroupilha em 21 de março de 2018, dia em que a ABE 1858 completou 160 anos. Instalada no Auditório até o dia 30 de março, recebeu a visita de estudantes, educadores, familiares e ex-alunos, dando início a uma série de ações comemorativas do aniversário da instituição.
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Primeira parada: ColĂŠgio Farroupilha
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O GNU
na história da ABE 1858
Foi um grupo de seis estudantes do Farroupilha, com idades entre 10 e 15 anos e muito apaixonado por remo, que fundou o Grêmio Náutico União, em 1906. A proposta surgiu para cobrir uma lacuna existente na época: nenhum clube aceitava como sócios meninos com a faixa etária dos estudantes.
Os meninos fundadores (1906). Fotos: Acervo Grêmio Náutico União.
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Arnaldo Bercht
Arno Deppermann
Carlos Arnt
Emílio Bercht
Hugo Berta
Hugo Deppermann
1ª sede do Grêmio Náutico União (1917). 135
Memórias compartilhadas no GNU
A exposição esteve de 04 a 20 de abril na Sede Alto Petrópolis do Grêmio Náutico União. A passagem pelo clube foi aberta em cerimônia que contou com a presença do Presidente do Conselho Superior do GNU, Sergio Alexandre Chedas Bechelli, do VicePresidente cívico do Grêmio Náutico União, Alexandre Makariewicz e do Presidente da Associação Beneficente e Educacional de 1858, Fernando Carlos Becker, além de membros das diretorias das duas instituições e de outros convidados.
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O HMV
Assim como a ABE 1858, o Hospital Moinhos de Vento foi fundado por imigrantes alemães e passou por adaptações a partir da eclosão da 2ª Guerra Mundial e da política do nacionalismo. Alguns personagens também permeiam a história das duas instituições, como o pastor Karl Gotschall e o médico Frederico Falk.
na história da ABE 1858
Lançamento da Pedra Fundamental (1914). Fonte: Acervo Hospital Moinhos de Vento.
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Hospital Alemão (1927).
Inauguração do Hospital Alemão (1927).
Fonte: Acervo Hospital Moinhos de Vento.
Fonte: Acervo Hospital Moinhos de Vento.
Arco que representa a mudança de nome do Hospital Alemão para Hospital Moinhos de Vento (1942). Fonte: Acervo Hospital Moinhos de Vento.
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Memรณrias compartilhadas no HMV
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A exposição esteve no Hospital Moinhos de Vento entre os dias 15 e 29 de maio.
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Memรณrias compartilhadas no Iguatemi
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Para ampliar a abertura ao público, a exposição Memórias Compartilhadas pôde ser visitada no Shopping Iguatemi entre os dias 16 e 26 de julho. Localizado próximo ao Colégio Farroupilha, o shopping recebe diariamente pessoas que se relacionam com ambas as instituições e os moradores dos arredores do bairro Três Figueiras, que se desenvolveu a partir da instalação do Colégio.
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A Sogipa na história da ABE 1858
Antiga Sede Sogipana na Alberto Bins. As obras da sede própria foram concluídas em 1896. Fonte: Acervo Memorial Sogipa.
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Também fundada por imigrantes alemães, a Sogipa exerceu um papel importante na história da ABE 1858 ao ceder espaço para as aulas de ginástica dos estudantes do Colégio Farroupilha. Com o passar dos anos, as duas instituições consolidaram-se no cenário estadual, tornando-se referências em suas áreas de atuação.
Antiga Sede do Turnerbund na Rua São Raphael (1892). Fonte: Acervo Memorial Sogipa.
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Memรณrias compartilhadas na Sogipa
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A Sociedade de Ginástica de Porto Alegre recebeu a exposição entre os dias 15 e 24 de agosto. Na noite de 14 de agosto, um coquetel reuniu as diretorias das duas instituições para a inauguração da mostra.
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O Plaza
na história da ABE 1858
O Velho Casarão, final do século XIX. Fonte: Acervo do Memorial do Colégio Farroupilha.
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A primeira sede própria do Colégio Farroupilha, adquirida em 1895, ficava onde hoje está construído o hotel. Conhecido como “Velho Casarão”, o prédio abrigou as aulas de meninos e, mais tarde, de meninas do Farroupilha, por 67 anos, marcando a história da instituição e dos que nela estudaram. Após esse período, a escola mudou-se para o bairro Três Figueiras.
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MemĂłrias compartilhadas no Plaza SĂŁo Rafael
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O Plaza São Rafael foi o local escolhido para encerrar a exposição. Lá, a mostra ficou entre os dias 07 e 21 de novembro. Participaram da inauguração, no Plaza, o presidente da ABE 1858, Fernando Carlos Becker e sua esposa, Vera Maria Hemb Becker, o diretor da Rede Plaza, Carlos Henrique Coutinho Schmidt, que é, também, ex-aluno do Colégio Farroupilha e a gerente geral do hotel, Márcia Achutti.
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PRÓXIMOS CAPÍTULOS
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Próximos capítulos
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Enquanto reunia 160 anos de memórias para compartilhar, a ABE 1858 também projetava os próximos capítulos de sua história. O ano de 2018 foi de revisão do Planejamento Estratégico da instituição, o que resultou na renovação da visão, “Ser referência nacional em educação”, e da missão “Formar cidadãos competentes, éticos e globais”, bem como confirmou a continuidade na reestruturação física do Colégio Farroupilha. Com o objetivo de qualificar as estruturas físicas e tecnológicas, de modo a oferecer espaços qualificados para o desenvolvimento de práticas pedagógicas de excelência, bem como de atender ao número ampliado de estudantes diante da conclusão da implantação do ciclo da educação básica (que passou a contar com 11 anos), o Colégio Farroupilha inaugurou, para o início do ano letivo de 2019, um novo prédio. A edificação tem mais de 3 mil m² e quatro pavimentos, comportando salas de aula, pátio, áreas de convivência, salas para as atividades extracurriculares e espaço multiatividades, que possibilita diferentes configurações. Uma das fachadas do prédio recebeu a primeira intervenção do artista Eduardo Kobra em Porto Alegre, o mural “Eu passarinho”, de 196 m², em homenagem ao poeta gaúcho Mário Quintana. A obra foi implementada a partir de fotografia realizada e cedida por Adolfo Gerchmann, bem como autorizada para uso pela família do poeta, representada por Elena Quintana (sobrinha-neta). Além do novo prédio, a escola inaugurou um novo espaço para o Grêmio Estudantil Farroupilha, ampliou e modernizou a sua área de alimentação e criou novos espaços de convivência e recreação, entre várias outras melhorias que atendem às necessidades pedagógicas da instituição. O objetivo, a cada nova transformação, assemelha-se bastante àqueles que impulsionaram inicialmente a formação da ABE 1858: propiciar condições para que os estudantes saiam do Farroupilha com as competências e a formação ética necessárias para empreender seus projetos de vida no mundo.
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Próximos capítulos
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Próximos capítulos
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Próximos capítulos
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Referências bibliográficas
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BASTOS, Maria Helena Camara; JACQUES, Alice Rigoni; ALMEIDA, Dóris Bittencourt (Org.). Do Deutscher Hilfsverein ao Colégio Farroupilha/RS: Memórias e histórias (1858 – 2008). Porto Alegre: EDIPUCRS, vol.1, 2013, 384 p. BASTOS, Maria Helena Camara; JACQUES, Alice Rigoni; ALMEIDA, Dóris Bittencourt (Org.). Do Deutscher Hilfsverein ao Colégio Farroupilha/RS: Memórias e histórias (1858 – 2008). Porto Alegre: EDIPUCRS, Vol. 2, 2015, 367 p. FERRI, Marícia; JACQUES Alice Rigoni; STEFFENS, Maria do Carmo Hornos (Org.). Histórias que marcam 130 anos Colégio Farroupilha. Porto Alegre: Data Certa Rditora Ltda, 2016. HOFMEISTER FILHO, Carlos. Colégio Farroupilha: 100 anos de pioneirismo. Porto Alegre: Paloti, 1986, p. 154. SILVA, Haike Roselane Kleber da. Entre o amor ao Brasil e ao modo de ser alemão. A história de uma liderança étnica (1868-1950). São Leopoldo, 2008, 332 p. SILVA, H. Germanismo entre amigos: cartas trocadas entre Friedrichs e Meyer. In: GOMES, Ângela de Castro; SCMIDT, Benito Bisso (Orgs.). Memórias e narrativas (auto) biográficas. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2009, p. 79-92. TELLES, Leandro. Do Deutscher Hilfsverein ao Colégio Farroupilha 1858/1974. Porto Alegre: ABE, 1974, 229 p. TELLES, Leandro e MENEZES, Naida. O passar dos tempos e a educação: a excelência na história do Colégio Farroupilha. Porto Alegre, 2012, 187 p.
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EXPEDIENTE Colégio Farroupilha Educação Infantil ao Ensino Médio: 2 unidades de ensino 1 sede administrativa 1 sede campestre 3.052 estudantes 462 educadores Presidência da ABE 1858 Fernando Carlos Becker Direção Pedagógica Marícia Ferri Direção Administrativa Milton Fattore Pesquisa e textos Alice Rigoni Jacques Edição de textos Alice Rigoni Jacques Cristiane Parnaiba Manoela Andrade Scroferneker Sabrina Onzi Gomes Design Editorial do Livro Carolina Filmann | Design de Maria Milene Martins Monica Dawud Revisão Textual Luiza Chapper Maria do Carmo Hornos Steffens Paulo Pureza
Realização
Ilustrações Carlos Augusto Pessoa de Brum Apoio
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