ANO XXIII | Nº 122 | JULHO A SETEMBRO DE 2016
CAMINHOS POSSÍVEIS PARA A EDUCAÇÃO Doação de tempo
Porto Alegre mais verde
Bullying: como identificar
Projeto de voluntariado envolve turmas do 5º ano
Ação “Sementes do Bem” deixa legado sustentável para a cidade
Especialista dá dicas de como orientar os filhos
EXPEDIENTE
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EDITORIAL
Nº 122 – Edição de Julho a Setembro de 2016 da Revista Farroupilha Presidente da Associação Beneficente e Educacional de 1858 – ABE 1858 Fernando Carlos Becker Diretora Pedagógica Marícia Ferri Diretor de Administração e Finanças Milton Fattore Jornalista Responsável Manoela Andrade Scroferneker (MTB 13648)
EDUCAÇÃO COM INTERAÇÃO E CURIOSIDADE Muito mais do que educar para formar cidadãos competentes, o Colégio Farroupilha está sempre na busca por inovação na maneira de ensinar e, consequentemente,
Textos Cristiane dos Santos Parnaíba Manoela Andrade Scroferneker
de aprender. A educação no século XXI está em constan-
Assessor de Criação e Design Marcelo Diehl
lacionamento, busca pela excelência, disciplina, organiza-
Comunicação e Marketing comunicacao@colegiofarroupilha. com.br
sustentabilidade.
Diagramação e Projeto Gráfico Design de Maria www.designdemaria.com.br
de competências socioemocionais, o estímulo do protago-
Revisão Textual Laboratório de Português
sa”. A interação e a curiosidade devem andar lado a lado
Capa Estudantes João Mariano da Rocha Zamel e Theodoro Junqueira D’Azevedo, do Nível 5B da Educação Infantil. Ouvidoria Farroupilha ouvidoria@colegiofarroupilha.com.br (51) 3455-1889 Tiragem 1.000 exemplares
te transformação, e é preciso acompanhar as mudanças, nunca deixando de lado os nossos valores como: bom reção, eficiência, empreendedorismo e compromisso com a
Entre os desafios da educação está o desenvolvimento nismo estudantil, a ampliação do uso das tecnologias no aprendizado e o incentivo à aprendizagem “mão na masna sala de aula. Nas páginas a seguir, será possível conhecer algumas iniciativas pioneiras do Colégio Farroupilha na busca por novos caminhos de ensinar, como o programa O Líder em Mim, em que nossos alunos aprendem importantes conceitos de liderança e empreendedorismo, e o projeto Todo dia é dia de leitura, iniciativa docentes do Ensino Fundamental – Anos Iniciais que transformou o hábito de leitura de centenas de estudantes. No Movimento #daescola-
Versão Online www.colegiofarroupilha.com.br
pravida, os estudantes do 3º ano colocaram em prática o
COMO INSTALAR O LEITOR DE QR CODE NO SEU CELULAR Inventado no Japão em 1994, o QR Code foi criado para facilitar o acesso à informação por parte de usuários de celulares, podendo ler qualquer coisa de qualquer lugar. Para ler um QR Code ou Quick Response Code é preciso instalar um software em seu celular. Ele será responsável por decodificar a imagem capturada. Na internet, há muitos softwares gratuitos disponíveis. É preciso que se baixe um de acordo com o modelo do celular. Em português, o http://reader.kaywa.com é um dos melhores sites para baixar leitores de QR Code. Para aqueles que quiserem criar seus próprios QR Codes, em http://qrcoder.kaywa.com, é possível gerá-los facilmente.
Alegre uma ideia para tornar a nossa cidade mais verde.
projeto Sementes do Bem, levando à população de Porto
Parafraseando o filósofo, escritor e professor Mário Sérgio Cortella, convidado do Inteligência Coletiva especial 130 anos, “o conhecimento serve para encantar as pessoas”. Devemos fazer com que nossos estudantes tornem-se os protagonistas do processo de ensino-aprendizagem e que eles sejam, também, produtores de conhecimento, junto com o professor. Boa leitura!
Fernando Carlos Becker Presidente da Associação Beneficente e Educacional de 1858
SUMÁRIO 3
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14
32
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41
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NESTA EDIÇÃO | #122 10
Educação tem que ser tradicional
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Farroupilha na história das Olímpiadas
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Técnica de animação na produção de filmes
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Todo dia é dia de leitura
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Empatia na aprendizagem
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Pequenos “fiscais” de um trânsito mais seguro
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OPINIÃO
A CRIANÇA COMO PROTAGONISTA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Por Gabriela Ferreira Kapla Benvegnú, professora do 1º ano dos Anos Iniciais do Colégio Farroupilha A interação do sujeito com o meio possibilita a construção do conhecimento de maneira significativa. Para fazer a diferença, é necessário agir diferente, sendo assim, nossa metodologia de trabalho deve acompanhar as necessidades dos nossos estudantes. Conhecer as demandas da faixa etária é a primeira etapa para que a prática docente seja eficiente. O professor deve se aproximar dos estudantes, conhecendo as características e especificidades que permeiam o universo infantil, para que assim possa buscar as melhores estratégias para alcançar com excelência os objetivos previstos. Uma sala de aula com propostas lúdicas e interativas não deve apenas ser uma possiblidade, mas sim, deve ser a principal estratégia dos professores. O uso de tecnologias, jogos e construções coletivas com as crianças, torna a aprendizagem viva, criando um ambiente favorável para a internalização dos conceitos trabalhados, assim como para o desenvolvimento de competências e habilidades. As sequências didáticas dos Anos Iniciais do Colégio Farroupilha buscam a participação efetiva dos estudantes, tornando-os protagonistas da construção dos saberes. Uma sala de aula cooperativa favorece a autorregulação e o desenvolvimento da autonomia, estimulando os estudantes a participar, corresponsabilizando-os pelo processo de aprendizagem.
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O QUE VOCÊ TEM FEITO COM SEU TEMPO?
Estudantes programaram diferentes oficinas para crianças e idosos
Projeto realizado com as turmas do 5º ano propõe atividades de voluntariado e integração Doar alimentos e roupas para institui-
professores e das famílias. “Os estu-
ção para a cooperação e solidarie-
ções carentes já é uma prática adota-
dantes, além de doarem o seu tempo
dade. “Eles foram os protagonistas,
da por algumas pessoas. Os estudan-
e conhecerem uma realidade distinta,
responsabilizando-se pelas oficinas
tes do 5º ano do Ensino Fundamental
ganharam muito com as vivências que
e pelos materiais necessários, sendo
– Anos Iniciais das unidades Correia
exigiram organização, proatividade e
que os professores e a equipe tive-
Lima e Três Figueiras foram além, e do-
planejamento”, comentou.
ram o papel somente de ajudá-los a
aram o seu tempo para os Abrigos Sabiá 7 e 8, o Centro São João Calábria, o Asilo Padre Cacique, a Sociedade Porto Alegrense de Auxílio aos Necessitados (SPAAN) e a Fundação Pão dos Pobres. As turmas planejaram diversas atividades lúdicas e interativas, colocando o convívio e a troca de experiências em primeiro lugar. A psicóloga educacional dos Anos Iniciais, Luciana Motta, explica que o projeto teve um grande envolvimento dos estudantes, dos
A proposta faz parte das ações de
se organizarem”, contou.
implementação da Matriz Socioemo-
Os professores perceberam como a
cional do Colégio Farroupilha, que
experiência impactou em pequenas
prevê o desenvolvimento de cida-
mudanças na vida dos alunos. “Per-
dãos autônomos e éticos, através
ceber o brilho nos olhos dos meus
de três grandes eixos: identidade,
estudantes foi muito gratificante. A
convivência e cidadania. O projeto,
proposta fez com que eles se depa-
de acordo com Luciana, possibilitou
rassem com questões que vão além
a vivência de organização em grupo,
dos muros da escola e que pensas-
de planejamento das oficinas, de
sem sobre o seu papel na sociedade
tomada de decisões, exercícios de
em que vivemos”, destacou a profes-
autonomia e de empatia e disposi-
sora do 5º ano B e D, Gabriela Staud.
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CUIDAR É BÁSICO
ASILO PADRE CACIQUE Atualmente, cerca de 150 idosos são atendidos pelo Asilo. A visita aos moradores foi feita pelas turmas do 5º ano E e F. Os estudantes conheceram as instalações e a rotina dos idosos. As atividades realizadas – maquiagem, manicure, bingo e dominó – foram escolhidas em sala de aula com o propósito de oferecer uma tarde significativa. As turmas participaram de um “bailinho”, e dançaram com os “vovôs e vovós”. Durante a visita, o professor de História, Eduardo
ABRIGOS SABIÁ 7 E 8
Soares, encontrou um ex-aluno do Velho Casarão: Jethro
As casas de acolhimento mantidas pela Fundação de As-
cique. Dos tempos de Farroupilha, ele lembrou das aulas
sistência Social e Cidadania (Fasc), os Abrigos Sabiá 7 e
de Educação Física e de natação, na Sogipa. “Tive bons
8 foram os locais visitados pelo 5º ano A. Os estudantes
professores. Era um ótimo aluno, especialmente em mate-
recolheram roupas, calçados e brinquedos para doarem às
mática”, recordou. No final da visita, os estudantes entre-
crianças e aos adolescentes assistidos pelo abrigo. No dia
garam a cada idoso uma lembrança e um cartão. “O que
da visita, a turma foi acompanhada por um grupo de estu-
mais gostei foi de ver um idoso aprendendo a ler, escrever
dantes do Grupo de Voluntariado do Ensino Médio. Os alu-
e fazer contas. Ele estava muito feliz”, afirmou Eduarda
nos realizaram diferentes oficinas, como futebol, maquia-
Géa, do 5º ano F.
Santa Helena, 87 anos, 19 deles vividos no Asilo Padre Ca-
gem, jogos de tabuleiro, atividades artísticas e diversas brincadeiras. “Doei o meu tempo para divertir as crianças e foi muito bom”, contou a aluna Isabela de Bellis. Cinara Vianna Dutra Braga, mãe da aluna Sabrina, conta que, atualmente, o município de Porto Alegre possui 102 casas de acolhimento institucional e que a iniciativa serviu para que os alunos do Farroupilha tivessem acesso a uma realidade distinta, e para que as crianças dos abrigos também pudessem trocar experiências. “O projeto é fundamental na formação dos estudantes, para despertar o sentimento de solidariedade e de valorização da família”.
CENTRO SÃO JOÃO CALÁBRIA Localizado no bairro Vila Nova, a instituição recebeu os estudantes do 5º ano B para uma manhã diferenciada. As crianças atendidas pelos projetos sociais SASE e Cidade Escola puderam se divertir com as atividades programadas: futebol, salão de beleza, jogo de tênis, pintura, corrida do saco e da colher, e brincadeiras com corda. “Eles nos acolheram com muito carinho”, confidenciou Pedro Mühlbach. No final da visita, todos escreveram bilhetes para os seus novos amigos. A turma recebeu uma caixinha de recados e, durante o retorno do ônibus para o colégio, cada aluno pôde ler e compartilhar as mensagens recebidas.
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FUNDAÇÃO PÃO DOS POBRES Os estudantes do 5º ano C conheceram a rotina das crianças e dos jovens em situação de vulnerabilidade social que vivem na Fundação Pão dos Pobres. Os estudantes levaram bolos, sanduíches e outros lanches preparados pelas famílias. “Para mim, um sorriso no rosto fez eu me sentir bem”, afirmou Pedro Henrique Blanco. Todas as brincadeiras foram realizadas no ginásio de esportes da instituição.
“Na volta, pensamos o quanto foi legal e o quanto fizemos bem para eles, pois tiveram a nossa companhia e diversão”, relembrou Felipe de Almeida, do 5º ano E da Unidade Três Figueiras.
SOCIEDADE PORTO ALEGRENSE DE AUXÍLIO AOS NECESSITADOS (SPAAN) As duas turmas do 5º ano da Unidade Correia Lima doaram alimentos e roupas e planejaram diversas atividades lúdicas e recreativas, como jogos e apresentações teatrais. “Eu gostei de alegrar o dia deles, pois não é todos os dias que recebem visitas e fazem atividades diferenciadas. O mais importante foi doar o meu tempo para diverti-los”, destacou Arthur Risso, do 5º ano A. Já os estudantes do 5º ano D da Unidade Três Figueiras, além de planejarem oficinas de jogos de carta, bingo e salão de beleza, levaram registros e fotos antigas de dis tintas épocas da história do Colégio Farroupilha. A turma levou muitas doações e, no final, cada idoso ganhou um kit contendo produtos de higiene e perfumaria. “A saída foi muito legal, emocionante e interessante”, falou a estudante Clarissa Felix.
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CUIDAR É BÁSICO
BULLYING: COMO IDENTIFICAR E COMO ORIENTAR Família e escola devem estar juntas para orientar e dizer o que é certo e o que é errado Desde fevereiro deste ano, entrou em vigor a Lei 13.185, que obriga as escolas a criarem medidas para combater o bullying. Para esclarecer dúvidas sobre mitos e fatos, a psicóloga Carolina Lisboa foi a convidada da palestra do programa Cuidar é Básico especial XXXI Feira do Livro, no mês de julho. Coordenadora de algumas pesquisas sobre o assunto, ela afirma que o bullying não pode ser classificado como um divertimento. “Quando temos alguém em sofrimento, já não é mais uma brincadeira”. O bullying, segundo Carolina, vem da formação da identidade e da cognição social. Ela explica que no processo de formação, a criança deve saber quem ela é e, também, quem não é. Já a cognição social consiste nos pensamentos orientados para interagir socialmente. “O problema é atribuir julgamentos de valores. Isso, muitas vezes, é determinado pela cultura, pela religião e pela formação dos pais. Por isso, cabe à família e à escola orientar e dizer o que é certo e o que é errado”, destaca. Além disso, a especialista alerta para que os pais não passem “duplas mensagens” para os filhos, ou seja, falar que é feio mentir ou colocar apelidos nos outros, mas praticar tais atitudes. “Temos que cuidar. Às vezes menosprezamos o quanto impactamos na formação de identidade dos nossos filhos”.
Especialista abordou situações que configuram o bullying no ambiente escolar
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O BULLYING NA ESCOLA Carolina ressalta que o agressor, aquele quem pratica o bullying, também sofre. “Muitas vezes ele é deixado de lado por estar em uma posição favorável já que detém o ‘poder’ na relação. Mas, ao longo do tempo, isso gera ansiedade”, comenta. Geralmente, em uma sala de aula, as vítimas de bullying representam de 8% a 46% e os agressores, de 5% a 30%. Os tipos de bullying mais frequentes são: o verbal (deboches, ironias e apelidos), o físico (chutes, empurrões e agressões), o relacional (ameaças, acusações injustas, roubos de dinheiro e de pertences) e o cyberbullying (violência que ocorre online, na maioria das vezes de forma anônima). “A legitimização do bullying me preocupa. Temos várias formas de diversão; não precisamos colocar apelidos ou criticar as roupas de alguém para ser divertido”, pondera. O bullying, de acordo com Carolina, faz mal para toda a turma. Por isso, é preciso que as famílias e a escola incentivem a coletividade para dificultar que isso se instaure. “Não devemos subestimar os nossos filhos o quanto dói sofrer bullying. Dizer não ao bullying é dizer não ao preconceito”.
ORIENTAÇÕES PARA OS PAIS ••
Manter sempre o canal de comunicação aberta e não autoritária ou permissiva com os filhos;
••
Observar atentamente o comportamento dos filhos (atenção ao ambiente virtual e à “vida online”);
••
Ir até a escola – o ideal é não identificar os “culpados”, mas empoderar os jovens e os profissionais do colégio à resolução não agressiva de conflitos;
••
Conflitos fazem parte da condição humana. Não é saudável não discordar, mas deve-se respeitar as distintas opiniões e resolver os problemas de maneira não agressiva.
COMO IDENTIFICAR SE O SEU FILHO ESTÁ SOFRENDO BULLYING: ••
A criança e/ou o adolescente apresenta lesões;
••
A criança e/ou o adolescente tem mudanças bruscas de humor, irritabilidade;
••
A criança e/ou o adolescente está mais isolado;
••
A criança e/ou o adolescente apresenta atitudes hostis;
••
A criança e/ou o adolescente começa a mentir;
••
A criança e/ou o adolescente não quer ir mais à escola;
••
A criança e/ou o adolescente volta para casa com as roupas amarrotadas ou rasgadas.
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INQUIETOS
EDUCAÇÃO TEM QUE SER TRADICIONAL Filósofo, escritor e professor, Mario Sergio Cortella, fala sobre a escola atual e os seus principais desafios no século XXI A frase, “a tradição não perde a vitalidade”, dita no encerramento da palestra principal da 5ª edição do evento Inteligência Coletiva por Mario Sergio Cortella, mostra a maneira como o filósofo, escritor e professor percebe os desafios para a educação no século XXI. Para ele, o mundo atual é composto por novas fontes de conhecimento e novos mecanismos de informação e cabe à escola saber distinguir o que é arcaico e o que é tradicional. “A autoridade docente é antiga, mas o autoritarismo é ultrapassado. A participação do aluno nas atividades é contemporânea; a não participação é arcaica. A ideia de ter uma escola voltada só para conteúdos é algo ultrapassado, mas a atenção aos conteúdos com formação de valores, não”, afirma. A escola, para Cortella, é plural e múltipla, e uma das virtudes para a educação no século XXI é a humildade em sala de aula, ou seja, o professor ter em mente que ele não sabe tudo e que ele não é o detentor do conhecimento. “Às vezes não temos respostas para aquilo que parece óbvio. O conhecimento não é memória, ele é seletivo. A gestão deste conhecimento exige humildade e paciência”, destaca. No que se refere ao relacionamento entre a escola e as famílias, Cortella acredita que ela deve auxiliar na formação de pais, mães e de responsáveis, organizando atividades e eventos que estimulem a participação deles. “Conheço
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várias escolas pelo Brasil que criaram ‘Escolas de Pais’. Elas são organizadas pelos pais, e eles mesmos se estruturam para fazer a sua formação, sempre em sintonia com a escola”.
TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO A geração de crianças e adolescentes já nasce conectada e é preciso que a escola saiba utilizar as “tecnologias do momento” de forma educativa. Cortella considera a tecnologia decisiva no processo de aprendizagem, mas alerta para uma parte dos novos aparatos que podem distrair e desconectar a pessoa daquilo que ela vai fazer. “Não posso ter um aluno com o celular em sala de aula, não porque ele pode fazer uma ligação, mas porque aquilo é distrativo para a atividade que será feita. Mas haverá momentos que aquele mobile que ele carrega é, sim, uma ferramenta poderosa para abrigar conhecimentos, informações, conexão e interatividade”. Além disso, o filósofo pondera que nem sempre os estudantes querem atividades que utilizem a tecnologia. Em muitos casos, o que eles preferem são situações que os encantem. “A tecnologia ajuda, mas ela não é exclusiva”.
“Humildade pedagógica para saber que tem coisas que a gente não sabe”, destacou Mario
Sergio Cortella no primeiro dia do evento Inteligência Coletiva.
Mais de 500 pessoas assistiram à palestra de Cortella, que teve como tema “Gestão do Conhecimento: um desafio necessário”
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#DAESCOLAPRAVIDA
PORTO ALEGRE MAIS VERDE E SUSTENTÁVEL Estudantes do 3º ano distribuíram papéis-semente em pontos estratégicos da cidade
Um debate em sala de aula sobre os efeitos e os motivos da desarborização após o temporal que aconteceu em Porto Alegre no mês de janeiro deu origem ao projeto Sementes do Bem, desenvolvido com as turmas do 3º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. Os estudantes aprenderam conceitos relacionados às disciplinas de Artes Visuais, Biologia e Física, aos hábitos do programa O Líder em Mim e, também, a um dos valores do Colégio Farroupilha: a sustentabilidade. “Uma das grandes importâncias do projeto foi a conexão entre algo que aconteceu na natureza e próximo a eles, e que foi trabalhado na escola. A percepção sobre os conceitos é de um ganho pedagógico e cognitivo para as crianças”, avaliou o professor do Labo-
ratório de Física, Gentil Bruscato. Inicialmente, os estudantes desenharam uma árvore e, logo após, em visita às Figueiras Centenárias, eles puderam observar texturas, formatos e cores distintas encontradas na natureza para refinar o olhar e instigar a produção de desenhos mais elaborados. Além disso, durante o projeto, as turmas tiveram contato com referências visuais, obras de diferentes artistas e períodos históricos. A tecnologia também se fez presente a partir de uma atividade com o programa Paint, em que os alunos criaram árvores que se distanciavam das conhecidas. “As propostas de aula, embora fossem realizadas nos períodos de Artes Visuais, contaram com o estreitamento entre diferentes áreas
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“O projeto perpassou o espaço físico da escola e a rede de seus frequentadores para envolver a população em uma causa de bem comum”, afirmou a professora Alice Wapler.
do conhecimento e a diversificação
periência vai ser importante para as
nos ambientes em que foram realiza-
nossas vidas. É sempre bom fazer o
dos os encontros: na sala de aula e
bem para o planeta”, destacou a alu-
de Artes, no Laboratório de Física e
na Giovanna Altenhofen, do 3º ano G.
de Biologia, no Pátio e nas Figueiras”,
A iniciativa contou, ainda, com a par-
observou a professora Alice Wapler,
ceria do coletivo Shoot the Shit e da
idealizadora do projeto.
empresa ISLA Sementes, que realizou
Já no Laboratório de Física, as turmas assistiram a um vídeo do exato momento da tempestade, esclareceram Grupo de estudantes foi às ruas para falar da iniciativa à população
dúvidas e fizeram uma experiência utilizando garrafas PET e água, para compreender as diferentes graduações do vento e os motivos que levaram as
Pau Cigarra. “A cidade está muito poluída e, junto com os meus colegas, tentamos ajudar um pouco. Fizemos a nossa parte para ajudar a natureza”, contou Gabriela Del Rio Ramos, do 3º ano B da Unidade Correia Lima.
árvores de grande porte a cair e outras
Para Alice, o sucesso da proposta
de menor porte a se manterem em pé
deve-se ao fato de possibilitar ao es-
mesmo com a forte pressão do vento. A
tudante o papel de protagonista, co-
última etapa do projeto foi a de colocar
locando em prática a premissa de que
a mão na massa e produzir papel se-
o aluno é produtor e não receptor do
mente no Laboratório de Biologia. “Eles
conhecimento. “A compreensão de que
acharam muito legal fazer papel com
o é realizado em aula refletirá fora da
uma semente e que esse papel não iria
escola e contribuirá para a formação
para o lixo, teria um destino. Eles enten-
deles enquanto indivíduos críticos e,
deram o objetivo principal, que é a sus-
consequentemente, em um ambiente
tentabilidade”, contou o professor do
melhor para se viver, vai de encontro
Laboratório de Biologia, Christian Sperb.
com o papel da escola na contempora-
Os papéis-semente criados pelos estudantes foram parar em cinco pon-
neidade e, em especial, ao do Farroupilha, na missão de formar líderes”.
tos da cidade no mês de junho, como
Acesse o QR Code abaixo para assis-
o Parque Germânia, a Praça da Encol
tir ao vídeo da ação.
e algumas ruas dos bairros Mon’t Serrat, Bom Fim e Três Figueiras. Um grupo de alunos foi o responsável pela instalação dos pontos de coleta e pela explicação do projeto para a Papéis-semente foram criados no Laboratório de Biologia
a doação de Canafístula, Urucum e
população. “Eu sei que isso fez a diferença para Porto Alegre e essa ex-
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CONECTADOS
TÉCNICA DE ANIMAÇÃO CINEMATOGRÁFICA NA PRODUÇÃO DE FILMES Com o uso da ferramenta Stop Motion, estudantes dos Anos Iniciais aprendem de forma diferente Um tablet, massinhas de modelar ou
ca de Stop Motion foi apresentada
ca de animação cinematográfica e
peças de Lego, foram os materiais
aos docentes da Educação Infantil
tiveram o desafio de produzir algo
utilizados pelos estudantes dos 3º,
em 2014. Gradativamente, os pro-
relacionado à sustentabilidade. “Ao
4º e 5º anos do Ensino Fundamental
fessores e os estudantes dos Anos
inserir esse tipo de tecnologia no
– Anos Iniciais na produção de filmes
Iniciais começaram a se apropriar
processo de ensino e aprendizagem,
em Stop Motion. A técnica, que pode
da ferramenta durante as aulas de
os professores e os estudantes pu-
ser traduzida para o português como
TE. “Os professores foram os facili-
deram desenvolver competências de
“movimento parado”, é realizada atra-
tadores/mediadores e inspiraram os
colaboração e de comunicação. Além
vés da disposição sequencial de foto-
estudantes a aprenderem com cria-
de muita criatividade e engajamen-
grafias de um mesmo objeto que, ao
tividade”, explica.
to, como mostra os trabalhos finais”,
longo do processo, vai sofrendo uma leve mudança de posição, dando a
Na II Semana Farroupilha Digital, os
avalia Débora.
alunos puderam se inscrever na Ofi-
As turmas desenvolveram filmes so-
cina de Stop Motion e, em grupos,
bre o lixo e o seu impacto no meio
A coordenadora do Setor de Tecno-
criar um filme criativo com Lego. Já
ambiente, Pau-Brasil, pontos turísti-
logia Educacional (TE) do Colégio,
na V Feira Verde, as turmas do 5º
cos de Porto Alegre, histórias em cai-
Débora Valletta, explica que a técni-
ano aprenderam a utilizar a técni-
xa e filmes criativos de temas livres.
ideia de movimento no final.
Oficinas da ferramenta são oferecidas em alguns eventos, como na V Feira Verde
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Criatividade é estimulada durante a atividade
Alunos montam em sala de aula os cenários das produções
CIDADE REDESENHADA COM MASSINHA DE MODELAR Diferentes pontos turísticos da cidade, como o Laçador, a Ponte de Pedra, o Mercado Público, o Museu Iberê Camargo, a Usina do Gasômetro e a Casa de Cultura Mario Quintana foram produzidos com massinha de modelar pelas turmas do 3º ano para um filme sobre Porto Alegre. Individualmente, em duplas, em trios ou em grupos, os estudantes representaram um ou vários pontos turísticos da Capital. “Foi bem legal, porque tivemos que tirar várias fotos e, quando elas ficam juntas, dão a ideia de que há um movimento de verdade”, contou o estudante Tiago Caetano, do 3º ano B. Os resultados foram pequenas maquetes que depois formaram a cidade. “Torna-se mais motivador e desafiador o uso da tecnologia a favor do ensino. O estudante adota uma postura mais atuante e participativa”, afirmou a professora do 3º ano, Rosane Barth.
STOP MOTION NA CONSTRUÇÃO DE UM ROTEIRO Depois de construírem um roteiro para uma produção textual, as turmas do 4º ano utilizaram a técnica de Stop Motion para a criação de filmes criativos. Balas de goma, shopkins (miniprodutos de supermercado) e borrachas foram alguns dos materiais usados. Em grupos, eles organizaram as ideias das histórias, fazendo um esquema sequencial de como elas serias apresentadas. Depois dos filmes prontos, houve uma votação para eleger os melhores trabalhos de cada turma. “Os estudantes ficaram entusiasmados em aprender de uma forma diferente. Trabalharam em equipe e na resolução de problemas no decorrer do projeto”, ressalta Débora.
“Depois que tive contato com o Stop Motion, comecei a produzir vídeos em casa. Eu aprendo me divertindo”, contou o estudante Matheus Fleig, do 3º ano F.
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CONECTADOS
TECNOLOGIA PARA APRENDER PROVÉRBIOS POPULARES Com a ajuda de emoticons, estudantes do 4º ano reconstruíram expressões conhecidas Tornar a tecnologia uma aliada da aprendizagem é um dos desafios para as escolas no século XXI. Muito mais do que apenas inseri-la no currículo escolar, é preciso planejamento e entendimento das ferramentas que podem deixar o ensino mais dinâmico e divertido. Para complementar os estudos sobre ditos e provérbios populares, a professora do 4º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, Débora Mallmann, com o auxílio do Setor de Tecnologia Educacional (TE), recorreu aos tablets e smartphones. Os estudantes foram desafiados a fazer uma relação dos provérbios e, posteriormente, traduzir para a linguagem dos emoticons, forma de comunicação paralinguística muito utilizada em aplicativos de troca de mensagens. Os ditos populares “Mais vale um pássaro na mão que dois voando”, “A curiosidade matou o gato”, “Panela velha é que faz comida boa”, entre outros, ganharam novas versões, com emoticons de animais, de expressões faciais e outros ícones. Débora ressalta que os estudantes já haviam desenvolvido outros trabalhos com o apoio da tecnologia, e que a experiência sempre teve o envolvimento de todos. “A geração de hoje exige buscar cada vez mais recursos que atraem e despertem muito o entusiasmo com a aprendizagem”, afirma.
Lauren Chizzini aprovou a atividade e observou o envolvimento da filha, Valentina
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Os colegas Bernardo Dornelles Manzoni e Matheus Nunes Konzen, do 4º ano F, aprovaram a atividade. Para eles, a utilização da tecnologia motiva a turma. “Estudar se torna mais divertido, porque não estamos aprendendo somente com textos em uma folha. Geralmente usamos os tablets para jogar, mas aqui estamos estudando. Dá mais vontade de aprender”, disse Bernardo. “É muito bom termos atividades em que usamos a tecnologia, pois todos gostam. A gente está em uma época mais moderna, então é legal podermos usar tablets na sala de aula”, complementa Matheus. O resultado da atividade com emoticons pôde ser conferido pelas famílias na Ciranda de Ideias, no mês de julho. Lauren Chizzini, mãe da estudante Valentina, do 4º ano A, observou a dedicação da filha durante a elaboração do trabalho. “É bastante importante perceber que a tecnologia pode ser usada para despertar a curiosidade e a criatividade. Ela se dedicou muito, sempre buscava mais informações”, observa. Para a aluna, foi muito divertido aprender Famílias conheceram o conteúdo trabalhado em aula durante a Ciranda de Ideias
utilizando recursos aos quais eles estão familiarizados. “Todos puderam criar coisas diferentes, achei muito legal”.
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ENTREVISTA
EMPATIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Na entrevista abaixo, André Gravatá, membro do coletivo Educ-Ação e coautor do livro “Volta ao mundo em 13 escolas”, destaca a importância de um ensino baseado na escuta e no encantamento.
Como você vê a relação professor X aluno no século XXI? É uma relação que pode potencializar infinitamente a aprendizagem caso seja mais horizontal, proporcionando o cultivo da autonomia do aluno. E horizontalidade das relações não significa vale-tudo e perda de cuidado com o processo, como alguns concluem quando ouvem esse termo. Horizontalidade tem a ver com respeito à singularidade de quem está na sua frente, com resgate da lucidez de que não dá para forçar a aprendizagem, obrigá-la com autoridade, pois horizonte não se abre com faca (como diria o poeta Manoel de Barros), não há sentido em impregnar a relação de aprendizagem com violência.
O que é preciso para que exista empatia na sala de aula? Mais atenção aos processos, pois no geral há uma obsessão excessiva pelos resultados. Mais atenção à singularidade das histórias pessoais dos alunos, pois no geral há uma obsessão excessiva por transmissão de conteúdos. Mais práticas que permitam a expressão da singularidade de alunos e educadores, como projetos a partir de interesses pessoais e talentos. Mais escuta, mais escuta, mais escuta, mais escuta, mais escuta, mais escuta, mais escuta, mais escuta, mais escuta...
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Em workshop para docentes, Gravatá falou sobre escuta, empatia e protagonismo
Como tornar a aprendizagem mais efetiva? Colocando em xeque a fragmentação e a burocratização que esmigalham nosso encantamento. Aprender é descobrir o mundo interno e externo - e pouco a pouco perdemos o encantamento que mora na alma dessa ação. Perdemos porque um infinito de coisas recebe o verniz da chatice. O mundo é apresentado pra gente todo fatiado, sem interconexão, sem dança entre as partes, sem vitalidade. Para resgatar a vitalidade do mundo e tornar a aprendizagem mais viva é essencial encontrarmos maneiras de nos aproximarmos do mundo com menos facas que fatiam e fragmentam cenas em matérias e burocracias, que rasgam pontos de vista. Urgente é andarmos com mais curiosidade e espaço para pensamentos e sensações inesperadas.
Você participa de muitos cursos e palestras. Quais são as inquietações dos professores que mais escuta? Dificuldades de promover uma aprendizagem significativa. Essa ação é realmente complicada dentro das estruturas que inventamos até hoje. Muitas vezes nos perdemos nas burocracias. Fico feliz em frequentemente encontrar educadores e instituições que ousam ondas de criatividades em oceanos de burocracias.
Na sua opinião, quais são os novos caminhos para a educação? Não chamaria de novos caminhos, pois não são necessariamente novos. Os caminhos mais relevantes que vejo em movimento têm a ver com a percepção de que a educação é um processo que se dá a vida inteira, que não pode acontecer na violência, que ocorre na sua potência maior quando os sujeitos encontram pares dispostos a escutar, imaginar, criar... Dispostos a se encantar. Torço, por fim, que essas minhas palavras não sejam lidas como mais falação, mais ruído. Torço que essas palavras descubram ouvidos atentos não pra segui-las, mas pra desconstruí-las, para olhar por baixo delas, para encontrar significados que nem eu conheço.
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ESPECIAL
CAMINHOS POSSÍVEIS PARA A EDUCAÇÃO
Especialistas da área sugerem que docentes devem dialogar com os estudantes e desenvolver habilidades e competências em sala de aula O Colégio Farroupilha, ao longo dos seus 130 anos, sempre foi reconhecido pela sua inovação. O desenvolvimento da Escola Mista, em uma época em que meninos e meninas estudavam separados, e a criação do primeiro Jardim de Infância do Rio Grande do Sul, foram algumas dessas iniciativas. Com as crescentes mudanças no processo de ensino e aprendizagem, a instituição aposta em diferentes estratégias para tornar o espaço mais acolhedor para a comunidade escolar. A diretora pedagógica, Marícia Ferri, lembra que tais transformações vão muito além da infraestrutura. “O Colégio Farroupilha investe na formação docente, pois as mudanças na educação neste século não permitem que estagnemos”. Diante de crianças e adolescentes cada vez mais conectados e ávidos por conhecimento, o professor precisa ser muito mais que um “portador de conteúdos”, afirma o doutor em Ciências da Educação, mestre em Educação e professor de Geografia, Júlio Furtado. “Ele precisa centrar a sua ação no desenvolvimento de
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Docentes discutiram sobre o tema durante a 5ª edição do Inteligência Coletiva
habilidades e competências do aluno, e isso vai muito além do que apenas ensinar a matéria. O professor deve entender mais do processo de aprendizagem do que do próprio conteúdo que ele ensina”. Júlio explica que habilidade é tudo o que pode ser treinado, como falar bem e saber dar uma aula, por exemplo. Já competência é a possibilidade de resolver situações desafiantes usando atitudes, conhecimentos, habilidades e expectativas. “O professor carrega muito aquela forma, que ele aprendeu, de ensinar e de aprender enquanto aluno, de que só aprende alguma coisa se estiver quieto e de que a repetição é fundamental. Hoje, é necessário entender a nova dinâmica de aprendizagem”, avalia. Para que o professor consiga desenvolver competências em sala de aula, conforme Júlio, deve mapear o que é relevante, mediar conflitos de interesse, tecer relações de forma contínua, contar histórias e exercer autoridade tolerante. Mestre em Educação, tendo atuado como professora e coordenadora pedagógica por 15 anos nos ensinos Fundamental e Médio de escolas públicas e particulares de Porto Alegre, a professora Jussara Hoffmann aponta a mediação e a interação como os pilares da inovação educacional. “A escola tem o papel de mediadora do conhecimento, mas uma mediação com diálogo de pensamento e de vida, com uma reflexão sobre o sujeito, tendo em vista o modo como ele vive, o que ele pensa, que projeto de vida ele passa a ter”. O estudante, de acordo com Jussara, precisa ter uma liberdade de escolha, que seja solidificada por valores morais. “A escola é, sim, responsável pela formação moral, junto com a família, por dar autonomia com responsabilidade. As escolhas têm que estar alicerçadas no bem e na minha vida, considerando o que pretendo para ela, desde que eu não prejudique a vida dos outros nem a do planeta”. Você já pensou em ensinar para a Mafalda, a Mônica, a Cinderela e tantos outros personagens da literatura? Com estes exemplos, o doutor em Educação e professor da UFRGS Gabriel Junqueira salienta que as escolas são formadas por alunos de diferentes perfis e que ela precisa estar preparada para atendê-los. “A escola tem que dar conta de suportar a particularidade e a singularidade desses sujeitos”, complementa o também doutor em Educação e professor da PUCRS Marcos Villela Pereira. Além disso, os especialistas acreditam que o diálogo e a transparência devem estar presentes na sala de aula. “Escola é equipe, é conversar e fazer escolhas em conjunto”, diz Gabriel. “A escola deve dar espaço para que emerjam todas as vozes que existem. O aluno tem que ser mais uma voz que compõe a escola, assim como o professor”, completa Marcos.
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ESPECIAL
ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA O cotidiano da comunidade escolar do Farroupilha é norteado por várias abordagens apresentadas nas palestras do Inteligência Coletiva, edição comemorativa de 130 anos do colégio. No evento, a consolidação dos discursos se deu em 11 workshops de práticas educativas direcionados aos níveis de ensino e ministradas por professores e colaboradores do colégio e por convidados. Área de atuação
Workshops
Ministrante(s)
Educação Infantil (0 a 3 anos)
A vivência dos Campos de Experiência na Educação Infantil
Danielle Wertonge, Luciana Totti Jantsch, Wendy Seelig Woltmann
Educação Infantil (4 a 5 anos)
Assembleias escolares: mediação para a Anelize Mallmann e a Ana resolução de conflitos Christina Duarte
Anos Iniciais (1º, 2º e 3º anos)
Uma experiência com a leitura e a escrita utilizando a obra Planeta Caiqueria de Hermes Bernardi Jr
Fernanda Severo, Michele Braz e Fabiani Ortiz Portella (convidada)
Anos Iniciais (4º e 5º anos)
Por mares nunca dantes navegados: a incrível viagem de Cristóvão Colombo em uma perspectiva interdisciplinar
Eduardo Soares e Carla Soares (convidada)
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ensino de temáticas e práticas de ensino sobre o continente Africano na Educação Básica
Victor Nedel, Maria Aparecida Almeida e Pierre Bedin (convidado)
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Visão - Circuito de experimentos
Alessandra Rosa, Gentil César Bruscato, Licia Klassmann, Sarah Luchese e Marcelo Peres
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Aproximando best-sellers e obras clássicas: possibilidades para a prática da leitura
Lizbeth Völker e Surian Seidl
Matemática e suas Tecnologias
Soltando Pipa: proposta de ensino de geometria
Clarissa Ballejo e Elisabete Rambo Braga
Línguas Estrangeiras
O trabalho com os aspectos culturais como estratégia para construção da autonomia em sala de aula
Cristina Fontanella, Margarita Balsemao e Monique Araújo (convidada)
Gestão, Orientação Educacional e Psicologia Escolar
Afeto e transferência em sala de aula
Profissionais do Serviço de Orientação Educacional (SOE)
Linguagens Artísticas: Expressões e Sensibilidades
Expressão e sensibilidade: o que isso significa para a arte-educação?
Alice Wapler, Giane Ramos e Lúcia Panitz
CONTEÚDOS PARA A VIDA É ainda na Educação Infantil que as crianças do Farroupilha têm contato com assuntos que serão importantes para o seu dia a dia, como higiene, alimentação saudável e saúde. Ao serem questionadas sobre os cuidados para a prevenção da gripe, as crianças do Nível 5D sabiam que levar as mãos à boca deveria ser evitado, em função dos microrganismos existentes. Durante todo o primeiro semestre do ano letivo, a turma envolveu-se no projeto “Descobrindo os bichinhos invisíveis” para aprender como os germes podem ser identificados, já que ninguém consegue vê-los.
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Crianças trabalham em sala de aula conceitos sobre alimentação saudável e corpo humano Em sala de aula, as crianças fizeram diferentes experiências, entre elas a análise de um pão vencido: durante alguns dias, três fatias foram deixadas ao sol, dentro de um armário e na geladeira. A pequena Alícia Biazzetto de Assis deixou, em casa, uma caixa de leite aberta e em pouco tempo constatou a presença de fungos dentro da embalagem. No Laboratório de Biologia, as crianças mostraram as principais descobertas sobre os microrganismos e puderam observar no microscópio a quantidade de bactérias presentes nas unhas. “Os microrganismos são invisíveis, a gente não pode vê-los, mas eles estão em toda a parte”, analisou o pequeno Pedro Henrique Cunha. A alimentação saudável também é estimulada com os menores, como no projeto “Por que os ossos crescem?”, do Nível 3B. Para experimentar novas frutas, a professora da turma, Cristine Peixoto, e a nutricionista do colégio, Joseane Mancio, desenvolveram uma atividade de criação de carinhas divertidas com frutas. Gomos de bergamota, kiwis, laranjas e bananas foram transformados em uma árvore e em uma aranha.
CONTADORES DE SUAS PRÓPRIAS HISTÓRIAS Desde 2001, o projeto “Também somos autores”, desenvolvido pelas turmas da Educação Infantil, integra a programação da Feira do Livro. As crianças, do Berçário ao Nível 5, criam livros de histórias que são autografadas por elas e apresentadas às famílias. Os temas são variados – vão desde dinossauros até contos com princesas e super-heróis. No Berçário e Níveis 1 e 2 é desenvolvida uma publicação por turma, e cada criança desenha uma página do livro. No Nível 3 todos os colegas compõem a mesma história, mas cada um produz os desenhos do seu livro. Já no Nível 4 a história é pensada por grupos de crianças que sentam na mesma mesa na sala de aula. Para fechar o ciclo da Educação Infantil, no Nível 5 cada criança faz o seu livro e determina o gênero, os personagens e os desenhos que irão compô-lo.
Projeto “Também somos autores” estimula a criatividade desde o Berçário
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ESPECIAL
INVERSÃO DE PAPÉIS NA AULA DE GEOGRAFIA Para estudar aspectos relacionados ao estado do Rio Grande do Sul na disciplina de Geografia, as turmas do 4º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais foram apresentadas ao conceito de sala de aula invertida. A metodologia permite que os estudantes sejam os responsáveis pela pesquisa, produção e apresentação do conhecimento, tornando o professor um mediador. Através de cartazes, vídeos, jogos e relatos, eles realizaram uma aula-seminário sobre o seu assunto – relevo, clima, vegetação, aspectos culturais e políticos e áreas de preservação ambiental – para os colegas. “A gente não só se divertiu fazendo os trabalhos, nós também aprendemos coisas fazendo isso”, contou Nicolas Kronbauer, do 4º ano C. De acordo com a professora Marlaine Brandi Corrêa, foi muito positivo notar o grande envolvimento dos estudantes na proposta. “Eles estavam muito engajados, trabalharam em equipe e foi visível o amadurecimento em relação à responsabilidade com o estudo e a produção do conhecimento. Os alunos ficaram muito mais motivados em aprender desta forma em que eles tornarem-se protagonistas em cena”, afirmou.
“O professor precisa entender que é preciso alterar a dinâmica de ensinar e aprender”, analisa o professor Júlio Furtado.
Estudantes do 4º ano aprovaram a metodologia
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“O aluno tem que ser mais uma voz que compõe a escola, assim como o professor”, afirma doutor em Educação Marcos Villela Pereira.
PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE Em diferentes níveis de ensino, os alunos do colégio aprendem que o lixo seco pode ganhar novas utilidades. Com diferentes sucatas, as professoras do Nível 1 do turno da manhã, Eneida Marques e Fabíola Horst, montaram um supermercado reciclável para que os pequenos pudessem brincar e aprender. Por outro lado, os estudantes do 4º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais transformaram as caixinhas de leite e de suco em marcadores de página. A atividade foi desenvolvida na V Feira Verde. No mesmo evento, as turmas do 2º ano da Unidade Correia Lima aprenderam que é possível criar um Balangandã com barbante, jornal e papel crepom.
Atividades possibilitam que alunos aprendam sobre sustentabilidade
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DESTAQUES
“A escola tem o papel de ser mediadora do conhecimento”, considera a mestre em Educação Jussara Hoffmann
APOSTA EM ATIVIDADES INTERDISCIPLINARES Unir diferentes componentes curriculares tem se mostrado uma experiência positiva em sala de aula. Durante uma atividade sobre determinação de densidade, no Laboratório de Química, os estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental – Anos Finais foram surpreendidos pela visita do físico e matemático “Arquimedes”, interpretado pelo professor do Laboratório de Física, Gentil Bruscato. Os alunos puderam aprender a história do físico, que precisava descobrir se uma coroa do Rei Hierão II fora feita de ouro, ou se outra prata havia sido usada. Feliz por ter encontrado uma fórmula eficaz para resolver a questão, o físico saiu às ruas gritando “Eureka!”, tornando a expressão famosa. A partir da explicação do professor Bruscato, ficou mais fácil para os alunos realizarem experiências de medição de volume de alguns metais, como pregos e moedas. “A inovação e a ‘recriação’ de antigos métodos de ensino-aprendizagem criam novos caminhos no processo de formação dos estudantes, onde conseguimos fazer com que o aluno deixe de ser um sujeito passivo e através de aulas experimentais, lúdicas e fora do espaço convencional da sala de aula, seja motivado a pesquisar e construir novos conhecimentos”, avalia a professora de Química Alessandra Faedrich Martins Rosa, responsável pela atividade.
Conceitos podem ser melhores trabalhados com o envolvimento de diferentes disciplinas
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Os mesmos docentes, acompanhados pela professora de Ciências, Licia Klassmann, realizaram diferentes experimentos científicos com as turmas do 6º ano. No “campão”, os estudantes puderam diferenciar um fenômeno físico, com o lançamento de
Proposta possibilitou que estudantes do Ensino Médio escolhessem a forma de se expressar
foguetes de garrafa PET, de uma reação química, que ocorre a partir do contato do açúcar presente em uma bala com o gás carbônico do refrigerante. Quando os dois são colocados em uma garrafa PET, cria-se uma espécie de chafariz.
A MESMA HISTÓRIA CONTADA DE DIFERENTES MANEIRAS A partir da leitura do livro “Marcovaldo ou as Estações da Cidade”, do autor Ítalo Calvino, a professora de Língua Portuguesa do Ensino Médio, Gabriela Donadel, propôs às turmas da 2ª série que, em grupos, eles registrassem em textos de diferentes gêneros, como teatro, resenhas, mostra fotográfica, poesias ou “memes” a essência da personagem. “O livro mostra em 20 episódios a relação de Marcovaldo com a cidade, que é de estranhamento uma vez que a personagem busca no concreto urbano interagir com a natureza. O livro prende a atenção por duas razões: as histórias são engraçadas e revelam o lado mais humano de um cidadão que estranha a selva de pedra ao agir de forma genuína. No fundo, somos todos “Marcovaldos”, buscando nossa essência em meio à cidade que muitas vezes não deciframos”, comenta Gabriela. Acesse o QR Code ao lado para conhecer as produções dos estudantes.
“Todo o ensino que seja aplicado ao cotidiano do educando é uma forma de inovar em educação”, salienta a professora de Química do Colégio Farroupilha Alessandra Faedrich Martins Rosa.
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OLHOS PARA O MUNDO
CERTIFICAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA ALEMÃ Farroupilha passa a oferecer o Deutsches Sprachdiplom, exame que auxilia no ingresso às universidade alemãs Referência na aplicação dos exames de Cambridge, o Colégio Farroupilha é uma das instituição habilitadas a oferecer, também, o Deutsches Sprachdiplom (DSD I), que corresponde ao nível B1 do Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas. O DSD comprova os conhecimentos de Língua Alemã necessários para ingressar no Studienkolleg, o ano de preparação para o ingresso nas universidades alemãs. Além disso, os estudantes que realizam o exame podem se candidatar a um curso universitário na Alemanha. A prova foi realizada em agosto de 2015. Nesta primeira etapa, 11 estudantes do Ensino Médio participaram. Para a obtenção da certificação, os professores foram qualificados em nível C1, segundo o Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas, a infraestrutura foi adequada aos padrões estabelecidos e a escola participou de atividades propostas pelo ZfA (Deutsche Auslandsschularbeit International). Além disso, duas professoras fizeram um curso de aperfeiçoamento de quatro meses no Instituto Goethe para auxiliar na preparação dos estudantes. “Foi uma capacitação muito densa e qualitativa. Estudei, trabalhei e aprendi muito”, contou a professora de Língua Alemã Tanara Emanoêlle Brückner Torres. “Com esta certificação, o colégio passou a integrar a rede mundial de escolas alemãs, em cooperação com o Ministério da Educação alemão, o programa PASCH. Esta parceria permite que o colégio participe, também, de seleções a bolsas de estudos na Alemanha, tanto para estudantes, quanto para professores”, explica a gerente do Centro Aberto de Cambridge, Luciane Calcara.
Primeiro grupo a realizar a prova já recebeu os certificados
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UMA EXPERIÊNCIA FORA DO PAÍS Estudantes optam por fazer intercâmbio durante um semestre ou um ano durante o período escolar Fazer um intercâmbio é uma opção para muitos jovens que querem desenvolver seus conhecimentos ou aperfeiçoar um idioma. Além do projeto “Olhos para o Mundo”, que permite que estudantes dos Anos Finais e do Ensino Médio do colégio passem algumas semanas em países como Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, é cada vez maior o número de alunos que, durante um semestre ou um ano, resolvem estudar fora durante o Ensino Médio. Foi o caso da aluna Giulia Locatelli, da 3ª série D, que passou seis meses estudando na Post Falls High School, na cidade de Post Falls, nos Estados Unidos. “Meu pai sempre me incentivou bastante a estudar fora, e sempre tive vontade de conhecer novos lugares, ter novas experiências e de falar inglês”, contou. Quando chegou, ela estava ainda de férias, e na casa de família em que ficou hospedada os pais trabalhavam o dia inteiro. Isso, para ela, foi o mais difícil. “Quando começaram as aulas, foi tudo mais tranquilo, pois fiz parte do time de voleibol da escola e isso facilitou muito para fazer amizades e para passar o tempo”, relembra. Sobre a experiência, ela avalia como positiva e diz que tornou-se mais independente. “Além de melhorar o meu inglês, tive que correr atrás do que eu quero. Acabei aprendendo a lidar melhor com os meus sentimentos, muito em função da saudade. Pretendo um dia voltar lá para visitar os amigos e as famílias e, quem sabe, para estudar também”, contou.
Giulia com o time de voleibol da escola americana
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MOVIMENTO
YOGA COMO ALIADO DO APRENDIZADO Prática contribui para controlar o estresse e aumentar a concentração e confiança Um estudo realizado em 2009 pela Health Science and Management observou 31 crianças entre sete e 12 anos de Taiwan que praticaram yoga por sete semanas. Os resultados mostraram melhora na flexibilidade, na força muscular e na capacidade cardiorrespiratória. A prática da yoga por crianças e os seus benefícios já estão sendo percebidos por professores no cenário escolar. Há dois anos, os estudantes do Colégio Farroupilha podem realizar a prática no Full Day, para as crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, e também como atividade extracurricular. “A prática de yoga tem demonstrado um impacto positivo na escola, pois acalma e equilibra os níveis de energia, elevando a capacidade de concentração e de relaxamento dos estudantes. As técnicas de respiração e meditação proporcionam calma, atenção e sentimento de paz”, explica a responsável pela atividade no Farroupilha, Juliana Rosa.
Aulas são conduzidas com histórias e brincadeiras
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A prática é inserida de forma lúdica e divertida. O trabalho inclui coletividade, noção de espaço, imaginação e criatividade por meio de histórias, danças, mandalas e brincadeiras. Primeiramente, os estudantes fazem um momento de concentração com o famoso “OM”, também conhecido como o “som da natureza”. Logo após, eles aquecem o corpo com movimentos de rotação dos tornozelos, dos punhos e do pescoço e massagem nas próprias pernas. As posturas adho mukha shvanasana, virabhadrasana e bhujangasana são chamadas, nas aulas, de postura do “cachorro”, do “guerreiro” e da “cobra”. “Levo as crianças para florestas encantadas, planetas distantes, e as posturas vão sendo praticadas ao natural”, conta Juliana. Para os estudantes do Ensino Médio, as aulas seguem o mesmo formato, mas a linguagem é diferente. “Para finalizar a aula, o foco vai para a respiração: de olhos fechados e concentrados no ar que entra e sai dos pulmões, eles meditam e relaxam”. Para as famílias, a inserção do yoga do cotidiano das crianças é importante. “Ela leva tudo que aprende para a casa, mostra as posturas aprendidas. Tudo que sabemos hoje foi ela quem nos ensinou”, conta Márcia Kuck, mãe da aluna Manuela Kuck Mayer, do 2º ano F, que pratica yoga semanalmente no Full Day. “Gosto muito de fazer yoga. Depois que pratico, sinto-me melhor”, disse a estudante.
“O yoga acalma e equilibra os níveis de energia, elevando a capacidade de concentração e relaxamento dos estudantes”, explica Juliana Rosa.
Prática oferece inúmeros benefícios para crianças e adolescentes
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MOVIMENTO
FARROUPILHA NA HISTÓRIA DAS OLIMPÍADAS Colégio recebeu tocha olímpica e desenvolveu atividades com foco no evento esportivo
Desde 2015, os professores de Edu-
pico. “Os Jogos Olímpicos são mais
cação Física do Colégio Farroupilha
do que esporte: são a busca pela
introduziram os estudos sobre olim-
excelência, o respeito e a amizade”,
pismo e jogos olímpicos com os estu-
destacou Nelson Todt, presidente do
dantes de todos os níveis de ensino.
Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin
Para marcar a realização do maior
e um dos 77 condutores oficiais da
evento esportivo no Brasil, neste ano
tocha olímpica em Porto Alegre.
foi lançado o Projeto Jogos Olímpicos – Rio 2016. Uma tocha olímpica simbólica passou por todas as turmas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. Em sala de aula, os estudantes do Ensino Fundamental – Anos Finais e do Ensino Médio realizaram pesquisas sobre a origem dos Jogos Olímpicos, a retoTocha simbólica esteve nas turmas da Educação Infantil e dos Anos Iniciais
mada da atividade na área moderna e o significado de cada símbolo olím-
Além disso, durante a Ciranda de Ideias, mostra de trabalhos dos Anos Iniciais, os estudantes desenvolveram o trabalho “Meu Líder no Esporte”, baseado nos sete hábitos do programa O Líder em Mim, em que escolheram um ícone do esporte. No dia 07 de julho, 14 alunos-atletas do Colégio acompanharam a passagem da tocha olímpica pela cidade no Parque da Redenção.
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Ex-aluno e esgrimista Guilherme Toldo conduziu a tocha oficial em evento na escola
MOMENTO HISTÓRICO Após passar pelas principais ruas de Porto Alegre, a tocha olímpica foi recebida pela comunidade escolar do Farroupilha no início do mês de julho. Cedida por Nelson Todt, a tocha percorreu os 300 metros da Pista Atlética da escola. Durante o percurso, ela foi conduzida pelo coordenador do Ensino Médio, Rubem Corso, que representou todos os colaboradores da instituição, o ex-aluno do Velho Casarão, Jethro Santa Helena, o presidente da Associação Beneficente e Educacional de 1858 (ABE), Fernando Carlos Becker, e pelo ex-aluno e esgrimista olímpico, Guilherme Toldo. A chama olímpica foi acendida pelo ex-aluno, que também recebeu bilhetes e desenhos como forma de homenagem dos estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. “Tenho boas recordações da escola, sinto-me muito feliz em ter este reconhecimento do Farroupilha”, falou Guilherme. O evento serviu para que ele lembrasse de sua época de estudante e de como fazia para conciliar as aulas com os treinos de esgrima. “Tive que me organizar bem, mas vejo que amadureci mais cedo. O esporte me deu disciplina, motivação e noções de convivência. Sempre procurei me divertir em tudo que eu faço e ser sincero nas decisões que tomo”.
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LIDERANÇA
LIDERANÇA QUE COMEÇA NA ESCOLA Programa “O Líder em Mim” envolve estudantes, professores e colaboradores em ações de empreendedorismo O Colégio Farroupilha é a primeira escola de Porto Alegre que oferece, desde 2015, o programa O Líder em Mim, projeto inovador desenvolvido pela Franklin Covey Co., empresa americana especializada em treinamento de liderança. Em sala de aula ou em saídas de estudos, os estudantes aprendem conceitos importantes sobre liderança, valores e competências fundamentais para o sucesso na escola e na vida. “A participação dos alunos é basal neste processo, pois são eles os grandes protagonistas, tanto que ser líder já faz parte deles, da sua vida e também da vida dos pais”, avalia a professora do 3º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, Évelin Albert. A docente percebe que, em sala de aula, eles já começam a aplicar os sete hábitos do programa. “Eles elogiam os colegas, fazem o correto mesmo sem ninguém estar olhando. Eles aprenderam que sendo líderes teremos uma escola e um mundo melhor, pois todos dão o melhor de si”, considera. Para trabalhar o Hábito 2 do programa, “Comece com o objetivo em mente”, por exemplo, Évelin propôs à turma do 3º ano G a confecção de móbiles com características de liderança presentes na personalidade de cada estudante. “A cultura empreendedora e de liderança nos Anos Iniciais surge como uma edu-
Crianças construíram móbiles para trabalhar o Hábito 2 do programa
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Atividades do programa são desenvolvidas em eventos do Farroupilha e em saída de estudos cação diferenciada, porque a proposta final é o desenvolvimento da autonomia, da iniciativa, da criatividade e do fortalecimento da personalidade na busca por um bem comum. Pensar na coletividade é a base de tudo, pois faz com que as ações feitas vençam em prol de todos”, justifica. Além disso, os hábitos de O Líder em Mim são trabalhados em diferentes atividades pedagógicas nos Anos Iniciais, como na Ciranda de Ideias, em que as famílias conheceram, no “Tapete das Missões”, a missão de compromisso que a turma assume para o ano letivo. Já o “Círculo de Controle” é uma das ferramentas que auxilia os estudantes no foco de trabalho, quando conseguem discernir o que podem e não controlar e modificar. A Equipe Farol, formada por colaboradores dos Anos Iniciais, criou a Conta Bancária Emocional. Cada colaborador recebeu um envelope e enfeitou-o da maneira que quisesse. A ideia é que estudantes e outros profissionais façam depósitos de carinho, de confiança e de agradecimentos. “Esta atividade busca valorizar o outro e enriquecer as relações. Quem mais utiliza são as crianças que, de forma espontânea, depositam mensagens de carinho e gratidão”, conta a psicopedagoga Alice Freitas. Nos Anos Finais, os hábitos do programa estão inseridos nos projetos interdisciplinares e de pesquisa. As turmas do 6º ano, antes da saída de estudos para o Rincão Gaia, em Pantano Grande, assistiram ao filme “A corrente do bem” e refletiram sobre a relação da trama com os hábitos de O Líder em Mim. No Rincão Gaia, espaço desenvolvido pelo ambientalista gaúcho José Lutzenberger, os estudantes realizaram trilhas ecológicas e participaram de oficinas de alimentação saudável e arvorismo.
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DESTAQUE
TODO DIA É DIA DE LEITURA Projeto com as turmas do 2º ano estimulou o interesse e a mudança de hábitos dos estudantes Ler todos os dias durante três semanas por dez minutos, no início de cada aula. Esta foi a primeira etapa do projeto Todo dia é dia da leitura, desenvolvido com as turmas do 2º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais e criado pelas professoras Fernanda Severo e Michelle Braz. Na primeira semana, as crianças trouxeram, de casa, livros do interesse delas; na segunda semana, os pais sugeriram histórias que eles gostavam de contar para os filhos ou leituras de infância; e, na última semana, leituras de fábulas foram realizadas. “As crianças, nessa idade, não são leitores ainda, mas sim bons ouvintes de histórias. Já está mais do que comprovado que o hábito de ler é desenvolvido”, afirmou Michelle. Além disso, as famílias receberam uma ficha com perguntas sobre frequência de leitura, quantas páginas por média eram lidas pelas crianças, qual o tema de maior interesse e se os pais gostariam que o projeto continuasse. Depois da primeira etapa do projeto, os estudantes foram apresentados ao livro “Planeta Caiqueria”, do autor Hermes Bernardi Jr., que conta a história da Criatura, personagem que, por não ter memória, tranca as suas histórias em caixas. Uma parceria com a professora de Educação Física, Carla Schwingel, permitiu que as turmas fizessem uma caça ao tesouro por diferentes espaços do colégio para, no final, encontrarem a Criatura. “Agora, construiremos as nossas próprias
Famílias têm dado retorno positivo sobre mudanças no hábito de ler dos filhos
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histórias em casa na companhia da
“Nesse projeto, melhorei a minha produção textual e hoje consigo ler livros maiores, com mais de cem páginas”,
Criatura”, explicou Michelle. “A Criatura guardava as histórias para não esquecer. Quando ela viu que as pessoas estavam se divertindo com as histórias, ela resolve libertá-las. Trabalhamos o tempo todo com imaginação, leitura e escrita”, complementou Fernanda.
observou Catharina Bonotto de Araújo Lopes, do 2º ano E.
Desde maio, quando o projeto iniciou com todas as turmas, as professoras já sentiram mudanças na leitura e
projeto. “Até o 1º ano, ela não se inte-
na produção textual dos estudantes.
ressava. Agora, estou lendo com ela,
“Muitos tinham que ler em voz alta
o que fez com que criássemos um
para compreender e essa foi uma
laço maior. Além da leitura, ela escre-
das principais mudanças que eu no-
veu uma redação muito criativa, e as
tei. Eles já conseguem fazer a leitura
ideias partiram dela”. Francisco Reis
em silêncio”, observou Michelle. Fer-
de Barcelos, do 2º ano F, sempre gos-
nanda acredita que os dez minutos
tou de ler. Ele considera que o diferen-
diários de leitura contribuíram para
cial do projeto foi poder trazer livros
que muitos adquirissem o gosto de
para os dez minutos de leitura. “Antes,
ler. “A maioria compra livros. Tu vês a
não conseguia inventar boas histórias,
paixão deles, que estão tornando-se
e agora tenho mais facilidade em es-
autores, com histórias cada vez mais
crever e leio mais rápido”.
elaboradas. Eles querem escrever, mostrar para os colegas”, comentou.
Estudantes leem mais e podem trocar os livros com os colegas
Para Michelle, é visível a empolgação dos estudantes quando se fala em es-
Lisiane Pereira da Rosa Salaverry, mãe
crever e contar histórias. “À medida que
da aluna Fernanda, do 2º ano E, e do
formos trabalhando cada vez mais com
aluno João Victor, do 4º ano E, notou
eles, teremos bons leitores e escrito-
que a filha mudou os hábitos após o
res. Hoje, o legal é ler, não é mais mico”.
Em caça ao tesouro, turmas encontraram a personagem “Criatura”, do livro “Planeta Caiqueria”
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DESTAQUE
IMERSÃO NO
MUNDO DOS LIVROS Escritor, jornalista e professor universitário, Sérgio Capparelli, foi o patrono da XXXI Feira do Livro do Colégio Farroupilha Palestras, contações de histórias e oficinas foram algumas das muitas atividades que levaram os alunos do Farroupilha a uma imersão no mundo da literatura durante a XXXI edição da Feira do Livro, que aconteceu no colégio em julho. Esta edição teve como patrono o escritor de literatura infanto-juvenil, jornalista e professor universitário, Sérgio Capparelli, que participou da abertura do evento e de bate-papos com os estudantes sobre a obra “111 poemas para crianças”. O escritor e ilustrador Dilan Camargo conversou com os alunos sobre o livro “BrinCriar”. Questionado sobre o que o levou a escrever o livro, o autor lembrou da diversão que é brincar com as palavras e poder descobrir várias novas palavras em uma só. “Por que não podemos aprender com o livro? Isso também é brincadeira”, destacou. A Feira abriu espaço ainda para o lançamento de livros de ex-alunos do Colégio Farroupilha: Gabriela Hammes Varela lançou sua primeira publicação “Mundo Numérico”, e Carlos Augusto Pessoa de Brum, o Cadu, lançou “Alfabeto do Cadu”, além de participar de oficinas e bate-papos com os estudantes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. Além de ouvir histórias, os alunos foram estimulados a escrever suas próprias obras. Através do projeto “Também somos autores”, realizado com as turmas da Educação Infantil, no encerramento da Feira, os estudantes lançaram e autografaram suas histórias. Na programação também estavam os autores Rosane Castro, Cacá Melo, Pedro Guerra e a mestranda Jessica Costa que participou de um bate-papo sobre as leituras obrigatórias do vestibular da UFRGS.
Patrono conversou com estudantes e autografou o livro “111 poemas para crianças"
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UM LIVRO QUE NASCEU NO FARROUPILHA Ex-aluna Gabriela Hammes Varela lançou obra que teve início durante as aulas de Literatura Com oito anos, a ex-aluna Gabriela Hammes Varela escreveu um caderno com pequenos contos. Nele, é possível ler algumas palavras e histórias desenhadas e inventadas. Doze anos depois, Gabriela, hoje estudante de Ciências Biológicas, publicou e lançou o seu primeiro livro, chamado “Mundo Numérico”. “Este é o primeiro livro que eu publico, mas não o primeiro que escrevi. O primeiro foi aos 14 anos. Fora o que eu publiquei, tenho mais três livros prontos, vários contos e outros livros inacabados”, contou. Gabriela estudou no Farroupilha de 2001 a 2011. A ideia de escrever a obra “Mundo Numérico” surgiu na escola, durante as aulas de Literatura na 2ª série do Ensino Médio. “Tenho ele todo à mão”, recorda. Para os alunos que têm interesse pela escrita e querem, futuramente, tornarem-se escritores, ela sugere que escrevam muito. “Espere alguns dias e depois releia o que escreveu e reescreva de uma forma mais clara. Foi assim que eu aprendi, sozinha corrigindo os meus próprios erros”.
SAIBA MAIS SOBRE O LIVRO “MUNDO NUMÉRICO” A obra narra a história de Sophie, uma jovem sem passado, futuro e presente. Presa em um universo paralelo, no qual as existências colidem entre si e as realidades são ilusórias, a heroína precisa descobrir a essência da razão pela qual ela mesma existe. Batizada pelo número Quatro, Sophie precisa compreender o funcionamento desse novo mundo, do por que ela não possuir memórias da vida anterior, e qual o verdadeiro propósito dela ter renascido nesse universo. (Fonte: Livros em Série)
Autora lançou a sua obra na XXXI Feira do Livro do colégio
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DESTAQUE
AÇÕES VOLTADAS PARA A SAÚDE Atividades com foco na prevenção e conscientização foram desenvolvidas na Unidade Correia Lima Os estudantes do Ensino Fundamental – Anos Finais da Unidade Correia Lima tiveram uma série de atividades voltadas para a promoção da saúde. O Projeto Samuzinho, do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) visitou as turmas do 6º ano para uma aula sobre primeiros socorros e orientações de como utilizar o serviço de forma correta, evitando o número elevado de trotes, que costuma chegar a 30% das ligações recebidas. O funcionamento e as atribuições do SAMU, seu correto acionamento pelo número 192 e como reconhecer uma situação de urgência foram alguns dos tópicos abordados pelo projeto. Alguns alunos puderam, na prática, aprender os primeiros socorros em situações de urgência, como um engasgamento e uma parada cardíaca e as condutas iniciais até a chegada da ambulância. Também em parceria com o Ambulatório Escolar, profissionais da Liga de Pediatria da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) realizaram uma palestra sobre sexualidade para a turma do 7º ano. Os estudantes esclareceram dúvidas e receberam dicas de prevenção. “Os alunos devem ter a oportunidade de conhecer e controlar os fatores determinantes da sua saúde. Por isso, é necessário o desenvolvimento de habilidades e atitudes pessoais durante as etapas da vida, principalmente por meio da educação em saúde”, comentou a enfermeira do Colégio Farroupilha, Renata Endres.
Projeto Samuzinho mostrou aos alunos o que fazer em situações de emergência
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PEQUENOS “FISCAIS” DE UM TRÂNSITO MAIS SEGURO Atividades realizadas com as turmas da Educação Infantil têm foco na conscientização e no aprendizado
Conhecer as cores do semáforo e identificar a presença de faixa de pedestres e de placas de sinalização nas ruas. Desde os primeiros níveis da Educação Infantil, as crianças participam de atividades relacionadas à conscientização no trânsito, muitas delas relacionadas ao entorno da escola. No Berçário, por exemplo, a turma BB montou um “carrão” com caixas e materiais reciclados. No Nível 1, noções de respeito no trânsito são introduzidas nas rodas de conversa e nos momentos de brinquedo. Preocupados com o novo espaço da Educação Infantil, a turma do Nível 2D visitou o novo estacionamento e confeccionou algumas placas coloridas para chamar a atenção das famílias sobre alguns cuidados no local. Eles instalaram avisos sobre a presença de faixa de segurança e placas indicativas de “permitido estacionar” e de “atenção”. Já as turmas do Nível 4, em uma caminhada no quarteirão do Farroupilha, puderam observar os sinais de trânsito existentes, junto com a equipe de Recreação. As crianças participam também de atividades práticas para que o aprendizado torne-se ainda mais significativo. Os pequenos do Nível 2A, para vivenciarem a experiência de “estar no trânsito”, utilizaram as motocas na Pista Atlética. As turma têm contato, ainda, com programações externas, como a peça “Bibi, que legal! Um carrinho de pedal”, desenvolvida pela EPTC. Na apresentação, as crianças dos Níveis 4 e 5 aprendem os conceitos de faixa de pedestres, cores do semáforo e placas indicativas e de advertência. “É muito importante trabalharmos com ações preventivas em relação ao trânsito desde a Educação Infantil, pois assim estaremos conscientizando nossos pequenos através de vivências, brincadeiras, observações de diferentes espaços, auxiliando no desenvolvimento de valores e orientando sobre os direitos e deveres de cada um”, avalia a coordenadora da Educação Infantil, Cleusa Beckel.
Turma do Nível 2 instalou placas no estacionamento das crianças
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DESTAQUE
FEIRA DE REUSO É APROVADA PELAS FAMÍLIAS Iniciativa idealizada por três pais do Farroupilha consiste no reaproveitamento de uniformes escolares
Os uniformes do Colégio Farroupilha não mais utilizados pelos estudantes ganharam um novo destino desde 2015. Os pais Cintia Carpes da Rocha, Guilherme Guedes de Nonohay e Lise Mari Nitsche Ortiz colocaram em prática a Feira de ReUso de Uniformes, iniciativa que, segundo os idealizadores, já acontecia em outras escolas de Porto Alegre. Na I Feira, realizada em outubro do ano passado, o grupo surpreendeu-se positivamente com o retorno das famílias. Uma pesquisa foi enviada por e-mail e o grau de satisfação corroborou para que a segunda edição da atividade fosse desenvolvida, em maio de 2016: mais de 50% dos pais atribuíram nota máxima para a ação como um todo. Na Área Coberta, pais voluntários organizam estandes com tamanho e tipos de uniformes – camiseta manga longa, calça de abrigo, casacos, etc. – e cada família pôde escolher, gratuitamente, até três peças por estudante. Antes da Feira de ReUso, o grupo organiza uma campanha de arrecadação dos uniformes. Uma parte é destinada aos alunos da Unidade Correia Lima e a outra é reaproveitada. Na primeira edição, foram distribuídas 756 peças, beneficiando 257 estudantes; já na segunda Feira, 822 itens foram escolhidos para 317 alunos. “Buscamos com essa ação a prática da sustentabilidade, o incentivo à solida-
Pais podem escolher, gratuitamente, até três peças por aluno
riedade na comunidade escolar, que doa os uniformes usados para que ganhem novas utilidades, e a cultura de um consumo mais consciente”, explicou Cintia.
FARROUPILHA
Corrida comemorativa aos 130 anos do Colégio Farroupilha
23 DE OUTUBRO DE 2016 PORTO ALEGRE
4km Em frente à SOGIPA 11km Em frente ao Plaza São Rafael (Rua Alberto Bins)
+ Corrida Kids, na Pista Atlética do Colégio, para as crianças.
Saiba mais em www.colegiofarroupilha.com.br
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