ANO XXIV | Nº 124 | JANEIRO A MARÇO DE 2017
HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA SALA DE AULA Graduação com esporte no exterior
Projeto de realidade aumentada na Educação Infantil
As melhorias na infraestrutura para o ano letivo
EXPEDIENTE
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EDITORIAL
Nº 124 – Edição de Janeiro a Março de 2017 da Revista Farroupilha Presidente da Associação Beneficente e Educacional de 1858 – ABE 1858 Fernando Carlos Becker Diretora Pedagógica Marícia Ferri Diretor de Administração e Finanças Milton Fattore Jornalista Responsável Manoela Andrade Scroferneker (MTB 13648)
EDUCAÇÃO COM FOCO NA FORMAÇÃO INTEGRAL DO ESTUDANTE Uma educação focada na formação integral do estudante passa pelo entendimento da importância da inserção das habilidades e competências socioemocionais no currícu-
Textos Cristiane dos Santos Parnaíba Manoela Andrade Scroferneker
lo escolar. O conteúdo é importante, sim, mas é preci-
Assessor de Criação e Design Marcelo Diehl
empatia, cooperação e responsabilidade são habilidades
Comunicação e Marketing comunicacao@colegiofarroupilha.com. br
cola este estudante saiba viver em sociedade e em di-
Diagramação e Projeto Gráfico Design de Maria www.designdemaria.com.br
Tendo como norte a visão de ser referência na educação,
Revisão Textual Laboratório de Português
tonomia para organizar os modos de existência e res-
Capa Professora do Ensino Fundamental – Anos Iniciais Marlaine Brandi Corrêa e os estudantes Lucca Durante Robattini e Valentina Rubin Refosco, do 4º ano D.
começou a pensar, ainda em 2013, na implantação de um
Ouvidoria Farroupilha ouvidoria@colegiofarroupilha.com.br (51) 3455-1889
do Colégio Farroupilha.
Tiragem 1.000 exemplares
so que os nossos alunos sejam preparados para a vida. Estabilidade emocional, capacidade de resolver conflitos, que devem ser ensinadas para que quando saia da esferentes meios.
priorizando uma formação que prepare os estudantes para construir o seu modo de vida livremente, com auponsabilidade pelas suas ações, o Colégio Farroupilha currículo por habilidades e competências. Depois de um projeto-piloto com as turmas do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, lançamos, em 2016, a Matriz Socioemocional
Na primeira edição do ano da Revista Farroupilha, mostraremos algumas atividades que estão sendo realizadas a partir da Matriz Socioemocional e explicaremos como
Versão Online www.colegiofarroupilha.com.br
ocorreu a implantação deste currículo. A publicação traz,
COMO INSTALAR O LEITOR DE QR CODE NO SEU CELULAR Inventado no Japão em 1994, o QR Code foi criado para facilitar o acesso à informação por parte de usuários de celulares, podendo ler qualquer coisa de qualquer lugar. Para ler um QR Code ou Quick Response Code é preciso instalar um software em seu celular. Ele será responsável por decodificar a imagem capturada. Na internet, há muitos softwares gratuitos disponíveis. É preciso que se baixe um de acordo com o modelo do celular. Em português, o http://reader.kaywa.com é um dos melhores sites para baixar leitores de QR Code. Para aqueles que quiserem criar seus próprios QR Codes, em http://qrcoder.kaywa.com, é possível gerá-los facilmente.
uma bolsa esporte para estudar e treinar nos Estados
também, a história de três ex-alunos que conseguiram Unidos, e o resultado da ação “Horta Viva”, que integrou o movimento #daescolapravida e envolveu estudantes do Ensino Médio do Farroupilha e da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Judith Macedo de Araújo. Boa leitura!
Fernando Carlos Becker Presidente da Associação Beneficente e Educacional de 1858
SUMÁRIO 3
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38
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NESTA EDIÇÃO | #124 14
Do Farroupilha para a Índia
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O resgate de valores importantes
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Legado do Farroupilha para o Morro da Cruz
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Vamos cuidar da natureza?
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Ensino socioemocional: estímulo ao protagonismo
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Preparação para mais um ano letivo
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OPINIÃO
APRENDIZAGEM ALÉM DA SALA DE AULA Por Bernardo Eilert Trevisan, estudante da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Farroupilha Este ano estarei cursando o último ano do Ensino Médio, ou em outras palavras, o último ano do colégio. Fazendo uma análise geral de todos os momentos pelo os quais eu passei no Farroupilha, posso dizer com convicção que, desde o meu primeiro ano aqui até agora, mudei muito. Mudei para melhor, eu diria: estabeleci novas formas de ver o mundo, cultivei amizades, estudei diferentes línguas e desenvolvi outras habilidades que eu nem imaginava possuir. O colégio, para mim, foi uma fonte de aprendizado imensurável. Creio que o processo de aprendizagem vai muito além da sala de aula e, este ponto, o Farroupilha tem coberto com sucesso. O conhecimento adquirido através dos meus professores apenas em sala de aula é enorme, mas sinto muito que eles têm, também, se preocupado em apresentar-nos o conteúdo de uma forma diferente, mais dinâmica. O que eu quero dizer com isto é que eu tive a oportunidade de aprender olhando o conteúdo de biologia com meus próprios olhos em uma ida a Torres, tive a chance de reviver
“O conhecimento adquirido através dos meus professores apenas em sala de aula é enorme, mas sinto muito que eles têm, também, se preocupado em apresentar-nos o conteúdo de uma forma diferente, mais dinâmica”. Ano passado, especialmente, tive uma experiência de aprendizado totalmente diferente das quais eu já tinha visto. Fazer parte do GEF. Durante toda a gerência, eu e o outros integrantes do Grêmio tivemos que aprender a lidar com problemas, ser criativos na construção de projetos, entender como lidar melhor com o dinheiro e com o cumprimento de datas. Esta foi uma das oportunidades que o colégio me ofereceu e das quais eu mais admiro e tenho paixão.
parte de nossa história em uma visita
Todavia, parece que tudo acaba che-
ao centro de nossa cidade, consegui
gando ao final em algum momento.
aprender um pouco mais sobre tec-
Por um lado me sinto triste de estar,
nologia e programação em aulas dinâ-
daqui alguns meses, deixando este lo-
micas na PUCRS e, até mesmo, pude
cal que me trouxe tanto aprendizado;
colocar em prática meu conhecimento
por outro, abro um sorriso no rosto ao
de matemática em um evento de ciên-
pensar na pessoa na qual me tornei
cias na Índia.
com o auxílio do Colégio Farroupilha.
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A RELAÇÃO INERENTE ENTRE AS ARTES E AS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS Por Alice Wapler, professora de Artes Visuais do Ensino Fundamental – Anos Iniciais do Colégio Farroupilha Elas afetam nossa forma de ver, ser e
fazendo um desenho, ensaiando uma
ções que nos são despertadas, visto
estar no mundo. Interferem no nosso
peça, tocando um instrumento ou
que nossos sentimentos são influen-
modo de lidar com os sentimentos, os
dançando. Estamos, naturalmente,
ciados pelas nossas relações e vice
nossos e os dos outros. Influenciam
nos constituindo como indivíduos.
e versa. Desta forma, o estudante
na maneira como aprendemos, como
As formas de expressão, o contato
que expressa e entende melhor suas
nos comunicamos e interagimos. Elas
com as Artes e em especial, a prática
emoções, a medida que possui maior
nos (trans)formam e por isso não se-
delas, conecta o ser humano com ele
sensibilidade pra perceber as alheias,
ria utópico afirmar que detém o poder
mesmo. São linguagens que possibi-
tem maior habilidade para interagir
de mudar a sociedade. Elas referem-
litam de forma única e privilegiada a
de forma responsável e positiva.
-se tanto às Artes quanto às compe-
formação e o desenvolvimento equili-
tências socioemocionais.
brado do ser.
Sabe-se que o desenvolvimento so-
A escola é palco da interação social,
cioemocional. Elas garantem o vín-
cioemocional é intrínseco ao pro-
sendo assim terreno para o aprendi-
culo entre o desenvolvimento cogni-
cesso de ensino e aprendizagem em
zado, o desenvolvimento e a prática
tivo e sentimental, uma vez que sem
Artes. Ao analisar uma imagem, fazer
de habilidades socioemocionais e
nos envolvermos emocionalmente,
um desenho, ensaiar uma peça, tocar
artísticas. Em convívio reagimos tam-
nossas (re)ações correriam o perigo-
um instrumento ou dançar, não esta-
bém emocionalmente exercendo nos-
so risco de tornarem-se puramente
mos apenas analisando uma imagem,
sos conhecimentos sobre as emo-
racionais.
Portanto, a aprendizagem em Artes não se dissipa da aprendizagem so-
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OPINIÃO
RAÍZES E VOOS Por Maria Eduarda Gomes Lins Pastl, estudante da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Farroupilha Há uns dez anos, eu gostava de passar meus recreios à sombra das figueiras. Umas cinco meninas iam para lá, ora para brincar do clássico “mamãe e filhinha”, ora para brincar de fada. Durante esse tempo, esquecíamo-nos do colégio e das pessoas por perto: éramos criaturas aladas e imersas na brincadeira. De lá para cá, as coisas mudaram. Um processo de crescimento: tanto em altura física quanto em “capacidades abstratas”. Os recreios se tornaram diferentes, sem que eu criasse asas que ninguém mais podia enxergar. Novas matérias foram adicionadas à rotina, outras retiradas dela. Houve então quem dissesse que, somente a partir de certo ponto, passamos a aprender de fato. O tipo de aprendizado que uma escola deve proporcionar. E o que seria isso? Aprender? Essa é uma questão muito debatida. Hoje em dia, há mais pesquisas sobre eficiência de ensino do que havia na geração anterior, por exemplo. As escolas se preocupam mais com a qualidade, incorporando novos métodos de aprendizado em seus sistemas. A busca pela excelência se acentuou, revelando que, teoricamente, os colégios hoje têm mais capacidade de preparar seus alunos para a vida. Ainda assim, é complicada essa ideia de preparação... No que consiste um curso que prepare alguém para viver? Instituições educacionais se preocupam em aumentar carga horária ou “cobrir” a maior quantidade de conteúdo em determinados prazos. Não sem certa ironia, no entanto, vejo que o processo de aprendizado vai além disso. Deve ir além disso. Não raro os maiores ensinamentos de vida são vivenciados nos corredores e nos pátios das escolas, em vez da própria sala de aula. Porém, isso é difícil de perceber. Uma escola, muito antes de ser um lugar que ensina fórmulas ou citações, é onde se estabelecem as primeiras relações sociais. Onde laços são criados, onde há vitórias e derrotas, onde pessoas se transformam pelo acúmulo de novas experiências. Um lugar em que se aprende por meios não tão óbvios, como quando se brinca inocentemente em torno de certas figueiras. Aí sim, torna-se válida essa tal preparação para a vida. E, se pararmos para pensar, aquela antiga ideia de estar criando asas sobre raízes centenárias não parece mais tão absurda assim...
MOVIMENTO
ESPORTE E OS ENSINAMENTOS PARA A VIDA Participar das equipes esportivas do Farroupilha vai muito além do desenvolvimento motor Ao longo de sua história, o Colégio Farroupilha ficou reconhecido pelo incentivo à prática esportiva. O esporte marcou a trajetória de muitos ex-estudantes e vem marcando a vida escolar de cerca de 350 que participam, atualmente, das equipes esportivas de futsal, futebol de campo, basquete, handebol e voleibol do colégio. “O esporte é um fenômeno que contribui na formação e nos processos cognitivos de jovens e crianças. Ele não envolve apenas o desenvolvimento motor do estudante, mas aborda valores socioemocionais, como disciplina, respeito às regras, companheirismo, saber lidar com as frustrações, competitividade, fair play, entre outros, contribuindo de forma significativa na construção do caráter”, explica o coordenador de esportes do Farroupilha, professor Antônio Cimirro. Anualmente, as equipes esportivas participam de mais de 50 competições, muitas delas em outras cidades. A experiência impacta consideravelmente no aprendizado dos estudantes, destaca Cimirro. “Podemos observar que eles integram nossas equipes esportivas, participando de treinamentos regulares e competições, apresentam mudanças comportamentais significantes, como atitudes de respeito, comprometimento com os estudos e responsabilidade. Isso é evidenciado pelos treinadores e famílias de nossos estudantes todos os dias”, afirma.
Estudantes têm a oportunidade de disputar campeonatos em outras escolas e cidades
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MOVIMENTO
GRADUAÇÃO COM ESPORTE NO EXTERIOR Ex-alunos contam como é a experiência de estudar e treinar nos Estados Unidos Muitos alunos passam boa parte da vida escolar conciliando os estudos com a participação em equipes esportivas. Quando chegam ao final do Ensino Médio, alguns têm a oportunidade de seguir jogando e de estudar no exterior com uma bolsa esporte. Geralmente, o estudante tem o auxílio de alguma empresa especializada em levar brasileiros para o exterior, e é necessário que os atletas gravem um vídeo com imagens de jogos e campeonatos para que as universiMillene jogando pela Martin Methodist College
dades avaliem e demonstrem interesse. Foi o que aconteceu com o ex-aluno Leonardo Pires Seib Corso, formado em 2015 no Farroupilha. A ideia em estudar fora sempre esteve presente nos planos dele, assim como jogar futebol. Com o apoio da Fundação Lemann e da empresa Daquiprafora, ele fez um vídeo de seus jogos, preparou-se para as provas de SAT e TOEFL e procurou ter boas médias nas disciplinas do colégio. “Na bolsa esportiva é preciso esperar que as universidades demonstrem interesse pelo atleta, e todas essas condições são importantes para receber convites de boas universidades”, explica. Com os convites da Purdue
Ex-aluna Millene Cabral foi descoberta enquanto jogava pela escolinha do Grêmio
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e do Indiana Institute of Technology, ele optou pela última, localizada em Fort Wayne. Lá, ele faz dois cursos: Engenharia Mecânica, no que os americanos chamam de Major, e Gestão de Negócios (Business Administration), considerado de Minor, e mora com outros três colegas: um americano, um equatoriano e um carioca. “Eu estou adorando as aulas, as salas muito modernas e bonitas, pessoas de todos os países dividindo experiências e matérias muito interessantes”, conta. Os treinos de futebol são diários e o time fez, em 2016, a melhor temporada da história da faculdade. “Batemos quase todos os recordes e fechamos o ano no TOP 25 times dos EUA na liga NAIA. A universidade é muito bonita e o povo
americana, o que só vem acrescen-
americano é muito educado e respei-
tar no meu currículo futuramente”,
toso sempre”, avalia.
destaca.
Maria Luiza Mafi, formada em 2014,
Por saber que as condições do futebol
fez parte das equipes de Futsal e
feminino são melhores nos Estados
Futebol do colégio. Desde pequena
Unidos, Millene Cabral também conse-
ela tinha o sonho em se tornar uma
guiu uma bolsa esporte para estudar
jogadora de futebol e viu que nos Es-
Business na Martin Methodist Col-
tados Unidos teria a oportunidade de
lege (MMC). Em 2014, ano em que se
estudar e dar continuidade à carrei-
formou no Farroupilha, além de fazer
ra esportiva. Para estudar Business
parte da equipe de Futebol do colégio,
Administration na Laramie County
ela jogava pela escolinha do Grêmio.
Community College, era preciso que
“Um olheiro assistiu a um jogo meu
ela atingisse uma determinada pon-
pelo Grêmio e fez contato comigo e
tuação no TOEFL. “Com a ajuda de
com a minha família. Fiz dois vídeos
uma ex-aluna do Farroupilha que já
jogando, os quais ele começou a di-
tinha passado por essa experiência
vulgar para os coaches que ele tinha
de jogar no exterior e tinha um gran-
contato por aqui, até que apareceram
de conhecimento da Língua Inglesa,
propostas de bolsa para mim”, lem-
consegui obter a pontuação neces-
bra. “Estou aprendendo sobre novas
sária para então representar a facul-
culturas, não somente a americana,
dade”. O contato com outra cultura e
mas de vários países. E quanto ao fu-
outro idioma são os grandes diferen-
tebol, está sendo incrível cada treino
ciais da experiência de Maria Luiza.
e cada jogo. O futebol feminino aqui
“O mais bacana de tudo isso é que
é muito valorizado e o crescimento,
ainda posso praticar o esporte que
disciplinar e atlético, proporcionado é
amo e estudar em uma faculdade
gigante”.
Leonardo concilia os treinos de futebol com as aulas no Indiana Institute of Technology
Maria Luiza sempre sonhou em ser jogadora de futebol
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PLANO DE VOO
Irmãos Lippert embarcam no mês de agosto para os Estados Unidos
FARROUPS NA UNIVERSIDADE Formandos do Ensino Médio em 2016 saíram do Farroupilha rumo a universidades públicas e privadas do Brasil e do exterior para reforçar as mais variadas áreas do conhecimento. Entre o Berçário e a 3ª série do Ensino Médio são 17 anos. É a integralidade da vida dos estudantes do Colégio Farroupilha, que chegaram na escola ainda bebês, e grande, ou a maior parte, da vida daqueles que chegaram maiores. Ao concluir o Ensino Médio, a aprendizagem continua, mas dessa vez fora do colégio. E o time de formandos de 2016 saiu do Farroupilha rumo a universidades públicas e privadas do Brasil e do exterior para reforçar as mais variadas áreas do conhecimento. Conheça, nas próximas páginas, as histórias de alguns dos estudantes aprovados nos vestibulares de verão em 2017.
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DA ESCOLA PARA OS EUA Os gêmeos Lucas e Rafael Lippert decidiram, ainda na 1ª série do Ensino Médio, que fariam faculdade fora do Brasil. E, após um longo processo seletivo, comemoram a aprovação. Lucas estudará na University of Pennsylvania, na Filadélfia, capital da Pensilvânia, e Rafael vai estudar na Brown University, localizada na cidade de Providence, capital de Rhode Island. Ambas universidades integram a tradicional Ivy League, composta por oito tradicionais universidades norte-americanas. Para serem admitidos, os estudantes fizeram exame de proficiência em língua inglesa e o SAT (vestibular norte-americano), redigiram vários textos, foram entrevistados via Skype e precisaram reunir uma série de documentos, como histórico escolar e cartas de recomendação. O apoio do Farroupilha nessa etapa foi além dos conteúdos: “Desde março do ano passado, quando voltamos do intercâmbio, trabalhamos junto com o colégio para ajustar toda a documentação exigida”, conta Rafael. “Saber que o colégio se abria e incentivava isso foi bom, deu precedente pra gente ir lá e buscar”, afirma Lucas ao lembrar-se de uma palestra vista na escola com um ex-aluno de Harvard. As expectativas dos estudantes são positivas, tanto para a mudança de país, quanto para o ingresso na universidade. “Aqui no Farroupilha a gente cria raízes, mas a gente sai para formar galhos, para expandir”, resume Rafael, ao falar sobre o sentimento de sair da escola onde estudam desde o Berçário, e sobre as expectativas para a vida universitária.
Farroupilha oferece diferentes atividades que auxiliam na escolha da carreira, como a Jornada das Profissões e a Mostra das Universidades
PLANO DE VOO
Camila Cunha - Ascom/PUCRS
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MÉRITO EM ECONOMIA Já Guilherme Luft Mendes resolveu ficar no Brasil, em Porto Alegre, e prestar Economia na PUCRS e na UFRGS. O resultado? Bolsa Mérito pela primeira colocação do curso na PUCRS e aprovação na UFRGS. “Foi bem gratificante! A gente acaba percebendo como o esforço vale a pena. Depois de quase um ano inteiro estudando por um determinado objetivo, ver que conseguiu atingi-lo é bem legal”, comemora Guilherme, que, para alcançar esses resultados, contou com o apoio de um cursinho pré-vestibular, além das aulas no Farroupilha. Entre a PUCRS e a UFRGS, o Guilherme ficará com as duas. “Por ser Bolsa Mérito, não posso mudar de curso na PUCRS. Mas, na UFRGS, posso depois tentar transferência interna. Então, vou iniciar o mesmo curso nas duas e, depois do primeiro semestre, com mais noção do lado de dentro da faculdade, posso pensar em mudar meu curso na UFRGS para algum complementar à Economia e continuar fazendo as duas”, afirma. O ex-aluno foi aprovado, ainda, em Gastronomia e Medicina na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) via Sisu.
DEDICAÇÃO + CONCENTRAÇÃO = QUÍMICA² Nas palavras da estudante Joana Mocelin, concluinte do Ensino Médio em 2016, ela “sabia que gostava de Química e que gostaria de trabalhar com algo relacionado a essa área para o resto da vida” quando saísse do colégio, mas estava em dúvida sobre qual área seguir. Após pesquisar bastante sobre as diferenças entre licenciatura, bacharelado, Engenharia Química e Química Industrial, decidiu pela última. Com o objetivo de preparar-se para o vestibular, Joana frequentou as aulas de revisão oferecidas pelo Farroupilha aos sábados. “Isso me ajudou a lembrar as matérias do primeiro ano e, quando cheguei no cursinho, foi mais fácil pra pegar as coisas de novo”, avalia a estudante, que além do colégio, fez cursinho pré-vestibular desde maio de 2016. Outro fator, considerado importante por ela, foi o controle da ansiedade: “Eu estudei muito durante o ano, na penúltima semana reforcei e, na última, não estudei nada, fiquei descansando. No dia das provas, acordei cedo e fiquei quietinha na minha, me concentrando”. Para Joana, essa receita deu certo e ela foi aprovada em Química Industrial na PUCRS e em primeiro lugar do curso na UFRGS.
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‘BIXO’ EM QUATRO UNIVERSIDADES Aprovado em Direito na FMP, PUCRS e UFRGS e em Ciências da Comunicação na Unisinos, o estudante Rafael Marques Rache acredita que essas quatro aprovações são resultado de bastante disciplina. “Eu cumpri tudo o que precisava fazer. Acredito que ter feito todas as matérias do cursinho junto com o colégio funciona. É preciso dedicação e foco, mas é possível”, afirma. Os eventos voltados à escolha profissional promovidos pelo Farroupilha, como a Jornada das Profissões e a Mostra das Universidades também foram lembradas pelo estudante. “O que me ajudou bastante, principalmente a escolher o curso, foram as palestras que aconteceram no Farroupilha. Aquelas sobre Direito e, também, sobre outros cursos, feitas por estudantes da UFRGS, me deram uma motivação maior pra cada vez tentar ir mais longe. Depois que eu vi o que era possível e que o Farroupilha poderia me ajudar nisso, eu fui atrás e consegui”, comemora. E com quatro universidades para escolher, Rafael optou por fazer Direito na federal. E o curso de Ciências da Computação? “Depois posso prestar novamente para estudar de manhã, enquanto faço Direito à noite na UFRGS”, responde.
FUTUROS MÉDICOS Entre os estudantes que concluíram o Ensino Médio em 2016, seis foram aprovados no curso de Medicina nos vestibulares de verão 2017, até a data de fechamento desta edição da Revista Farroupilha: Bárbara Zanesco Moehlecke, Eduardo Beck Paglioli Neto e Rafael Vianna Behr foram aprovados na PUCRS; Fernanda Wagner Fragomeni e Laura Born Vinholes na ULBRA; e Guilherme Luft Mendes na UFCSPA. “Os professores sempre foram bem esforçados em motivar, ajudar, esclarecer as dúvidas e acho que o colégio foi fundamental, porque prestando atenção nas aulas e fazendo as tarefas direito deu pra ter uma base bem forte para passar no vestibular”, avalia Eduardo. Rafael, que deixou de praticar natação para se dedicar aos estudos, já observou também os reflexos da educação recebida no colégio durante a faculdade: “Já na primeira semana de faculdade notei que minha educação foi diferenciada, pois os alunos do Farroupilha eram um dos poucos que já tinham manuseado microscópios na turma”, comenta. Outro destaque foi a aprovação, em 1º lugar no curso de Medicina na UFRGS, do jovem Frederico Bredemeier, que estudou no Farroupilha do Jardim de Infância ao Ensino Médio, concluído em 2014. Filho de médicos, Frederico classificou-se, ainda, em 2º lugar do mesmo curso na PUCRS. “Achamos que a participação do Colégio Farroupilha nesta conquista foi muito grande. Não achamos que o colégio deva se preocupar apenas em preparar o aluno para o Enem e vestibulares. O Frederico teve uma vivencia muito rica no Colégio. Ele passou por experiências que deram a base não apenas para os concursos, mas também para se tornar o belo ser humano que ele é”, afirma o pai do jovem, Friedrich Bredemeier. Acesse no QR code ao lado as listas com todos os estudantes aprovados nos vestibulares de verão 2017.
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OLHOS PARA O MUNDO
DO FARROUPILHA PARA A ÍNDIA Grupo de estudantes do Ensino Médio representou o colégio e o RS na 22ª Olimpíada Internacional de Ciências, Matemática, Habilidade Mental e Eletrônica Um grupo formado pelos estudantes do Ensino Médio Bernardo Trevisan, David Wechsler, Diego Frantz, Emanuelle Canielas, Guilherme Doering, Júlia Abegg, Otávio Lessa, e pela professora do Laboratório de Matemática, Alessandra Dornelles, encarou cerca de 20 horas de viagem para representar o colégio e o RS na 22ª Olimpíada Internacional de Ciências, Matemática, Habilidade Mental e Eletrônica (QUANTA 2016), que aconteceu em novembro do ano passado, na cidade de Lucknow, na Índia. Essa foi a primeira vez que o Farroupilha participou de uma competição estudantil internacional. Além do Farroupilha, alunos de 18 países do mundo estiveram presentes na competição, que reuniu cerca de 80 escolas. Os estudantes participaram de seis categorias: Quiz de Matemática, Debate, Quiz de Ciências, Desafio Aquático, Corrida de Obstáculo de Robôs e Desafio de Habilidade Mental. O Time Farroupilha conseguiu classificação para a segunda fase nas provas de matemática e de robótica, mas não ficou entre os medalhistas. “A Olimpíada Internacional de Matemática foi extremamente significativa e oportunizou grandes aprendizagens para todos os envolvidos. Na atualidade, nossos estudantes precisam estar preparados para a resolução de problemas complexos nas diferentes áreas do conhecimento. A formação acadê-
Alunos representaram pela primeira vez o Farroupilha em evento internacional
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mica vivenciada no Colégio Farroupilha oportuniza aprendizado, compartilhamento e intervenção global”, ressaltou a diretora pedagógica Marícia Ferri. O grupo de estudantes definiu a participação como uma experiência única, inesquecível, acadêmica e cultural. “Levamos a bandeira do Colégio Farroupilha para Ásia pela primeira vez. Durante a competição conhecemos pessoas de diferentes partes do Brasil e, também, de países como Rússia, Finlândia, Malásia, Alemanha, Líbano, Jordânia, entre outros. Vimos que a QUANTA é uma competição completamente diferente de tudo que já vimos e queremos passar isso aos próximos participantes”, comentou Emanuelle. “O mais legal foi conhecer pessoas de diferentes culturas e interagir com elas. O maior aprendizado é que quando a coisa aperta, todos têm que tentar ajudar uns os outros sempre”, completou Otávio. As experiências vividas durante a QUANTA motivaram a professora Alessandra a pensar em novos projetos para os estudantes do Farroupilha. “Voltei para o Brasil com muitas inspirações, como por exemplo, criar um quiz matemático para os nossos alunos e trabalhar melhor a questão do tempo para resolução de questões.”, contou. O passaporte para a QUANTA foi conquistado após participação na Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras, em que os alunos destacaram-se, recebendo medalhas de prata por acertarem entre 75% e 90% da prova. Durante a viagem, o grupo também visitou alguns dos principais pontos turísticos do país, como o Taj Mahal e o Red Fort.
QUANTA A Olimpíada Internacional de Ciências, Matemática, Habilidade Mental e Eletrônica (QUANTA) acontece desde 1995 na City Montessori School (CMS), que, com 50 mil alunos, é considerada a maior escola do mundo. Anualmente, a Rede do Programa de Olimpíadas de Conhecimento (Rede POC) seleciona estudantes brasileiros para participar deste e de outros eventos de conhecimento em diversos países. Na edição de 2016, diariamente, mais de mil pessoas envolveram-se com o evento, assistindo e participando das competições. A Olimpíada é, também, transmitida por uma TV indiana e pela internet, atingindo mundialmente um grande público.
Na Índia, estudantes tiveram contato com jovens de diferentes países
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OLHOS PARA O MUNDO
Estudantes conhecem rotina de outras escolas
CONEXÃO COM ALUNOS DO OUTRO LADO DO MUNDO Turmas participam de videoconferências para treinar o idioma e conhecer a cultura de outros países O aprendizado de idiomas acontece,
Fundamental – Anos Finais participou
as férias de verão lá acontecem em
no Colégio Farroupilha, ainda na Edu-
de uma videoconferência com estu-
maio, e o ano letivo inicia em agosto.
cação Infantil. As crianças dos Níveis
dantes do 3º ano da Columbian Ele-
Além disso, eles têm duas semanas de
4 e 5 participam do Projeto Bilíngue
mentary School, da cidade de Omaha,
férias entre o Natal e o Ano Novo. As
em que, diariamente, através de
do estado de Nebraska, nos Estados
aulas acontecem de segunda a sexta-
propostas lúdicas, têm contato com
Unidos. A atividade faz parte do pro-
-feira, das 8h55 às 16h05. A escola pos-
a Língua Inglesa. A disciplina segue
jeto Friendly School, que tem como
sui 46 anos de história e atualmente
nos Anos Iniciais e, no 4º ano os estu-
objetivo proporcionar aos alunos a
tem cerca de 350 alunos. “Vivemos
dantes realizam o primeiro exame de
oportunidade de compartilhar infor-
na era do conhecimento e oportuni-
Cambridge. A partir do 5º ano, a Lín-
mações, histórias e dados do Farrou-
zar aos nossos estudantes situações
gua Alemã integra o currículo escolar.
pilha e trocar experiências culturais e
na escola de troca do conhecimento,
No Ensino Médio os alunos também
aperfeiçoar o aprendizado do idioma.
informações, culturas e tradições de
têm aulas de Língua Espanhola.
Antes da videoconferência, os alunos
Em sala de aula, alguns professores
pesquisaram sobre vários aspectos da
utilizam propostas diferenciadas para
escola e enviaram apresentações para
que os estudantes treinem o idioma
a escola Columbian. O mesmo acon-
e conheçam a cultura de outros paí-
teceu com os estudantes americanos.
ses. Uma turma do 6º ano do Ensino
Com a atividade, eles descobriram que
diferentes nações através de uma língua estrangeira é prepará-los para o mundo que os espera e precisa deles lá fora”, afirmou a gerente do Centro Aberto de Cambridge do Farroupilha, Luciane Calcara.
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CRIANÇAS DO MUNDO No segundo semestre de 2016 a turma do Nível 5C estudou sobre as crianças de outros países e suas culturas no projeto “Crianças do Mundo”. Uma das atividades foi viabilizada pelo colega Mathias de Castro Bertoluci, cujo primo, Martin, mora em Regensburg, na região da Bavária, na Alemanha, desde que nasceu. Juntamente com os seus pais, o ex-aluno do Colégio Farroupilha, Marcos Kisslinger, sua esposa, Virgínia, e o seu irmão mais novo, Martin contou um pouco da sua rotina: ele também está no Jardim de Infância e tem cinco anos. As crianças perguntaram o nome da escola dele, como ele fazia para ir à escola quando nevava, o nome dos seus melhores amigos, o que ele come e como é morar na Alemanha. Além disso, Martin disse para a turma que conhece Porto Alegre, que já foi ao Colégio Farroupilha e que o seu passatempo preferido, quando está nevando, é andar de trenó. “Além de compartilhar experiências diretamente de outro lugar do mundo, as crianças puderam realizar comparações entre o seu cotidiano e de outra criança da mesma idade. Uma aprendizagem para além dos espaços da escola, conectada ao mundo lá fora e à nossa vida”, destacou a professora Cátia Mata.
Projeto possibilitou que crianças conhecessem a realidade de um estudante na Alemanha
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CONECTADOS
ENTRE O REAL E O VIRTUAL Crianças da Educação Infantil têm contato com projeto de realidade aumentada Já pensou em misturar os mundos real e virtual? As crianças da Educação Infantil tiveram essa experiência no segundo semestre de 2016 em um projeto de realidade aumentada desenvolvido pelo Setor de Tecnologia Educacional (TE). A equipe selecionou aplicativos para que as turmas explorassem o ambiente virtual após atividades de customização artística. As crianças escolheram personagens e pintaram os desenhos. Com a ajuda do aplicativo Quiver Educacional, os personagens “ganharam vida”, dando a sensação de manipulá-los em movimento. Para este ano, a coordenadora do Setor de TE, Débora Valletta, contou que atividades educativas serão realizadas com a ajuda da realidade aumentada na disciplina de Física para auxiliar na compreensão de alguns conceitos. “O uso de tecnologias que propiciam a realidade aumentada constitui em uma forma diferente de aprender, pois a aula torna-se mais dinâmica e atrativa para as crianças e os jovens desta geração. Além disso, desperta a curiosidade e fomenta discussões em diferentes áreas do conhecimento”, afirmou Débora.
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INTERAÇÃO DIGITAL ENTRE PROFESSOR E ESTUDANTE Plataforma criada pelo Setor de TE permite o uso de aplicativos na sala de aula Será na III Semana de Tecnologia Educacional, que acontece entre os dias 03 a 07 de abril, o lançamento da plataforma digital EducaBee, criada pelo Setor de TE do Colégio Farroupilha. Uma pesquisa realizada na escola e publicada no Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, em 2014, mostrou que existem diferentes possibilidades e potencialidades no uso de aplicativos como ferramenta pedagógica para aprimorar o processo de ensino e aprendizagem. Após uma seleção, categorização e avaliação de possíveis aplicativos para serem utilizados em sala de aula, foi definido um modelo de dados (framework) para a criação de uma ferramenta que permitisse ao professor cadastrar apps seguindo uma lista de requisitos, entre
Alunos poderão avaliar os apps disponíveis na ferramenta
elas as habilidades e competências. O projeto encontra-se na fase Beta, na qual os professores cadastram os aplicativos na plataforma e podem receber a avaliação dos estudantes sobre a utilização do app ao final das aulas ou dos projetos educativos. “A inovação sempre acompanhou a história da escola. Logo, a plataforma digital EducaBee é uma ferramenta que possibilita, também, a interação entre o professor e o estudante, através do uso e da avaliação de recursos didáticos tecnológicos apoiados em tecnologias móveis”, destacou a coordenadora do Setor de TE, Débora Valletta.
GUIA DE APLICATIVOS Para auxiliar famílias, professores e estudantes, além de servir de inspiração para outras instituições de ensino, o Setor de TE já havia desenvolvido, em 2014, o Guia de Aplicativos Educativos com sugestões de apps organizadas por faixa etária. Com o material, é possível identificar de que forma a tecnologia pode ser inserida na educação de maneira sadia, contribuindo para um aprendizado mais lúdico, criativo, autônomo e produtivo. Acesse o documento no QR Code abaixo.
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#DAESCOLAPRAVIDA
Inauguração do espaço envolveu estudantes e comunidade
LEGADO DO FARROUPILHA PARA O MORRO DA CRUZ Iniciativa desenvolvida por turma da 2ª série do Ensino Médio consistiu na criação de um horta colaborativa Durante as aulas de Geografia, no
A proposta vencedora foi a dos estu-
primeiro semestre de 2016, as turmas
dantes da 2ª série A, que tinha como
da 2ª série do Ensino Médio estuda-
objetivo chamar a atenção da popu-
ram questões relacionadas à urba-
lação sobre locais que transmitem a
nização. Os estudantes analisaram
Zyka e outras doenças. A turma pro-
as principais problemáticas de Porto
pôs que um terreno baldio fosse utili-
Alegre e elaboraram uma proposta de
zado para a construção de uma horta
intervenção urbana. Dentro do Movi-
comunitária. O projeto Horta Viva nas-
mento #daescolapravida, as ideias dos estudantes foram divulgadas na página do Colégio Farroupilha no Facebook e as três mais curtidas foram finalistas. Uma comissão formada por colaboradores da escola e membros do coletivo Shoot the Shit escolheu a vencedora.
“Essa é uma experiência única que o colégio está nos proporcionando de conhecer e trabalhar junto com pessoas da mesma idade que a nossa, construindo juntos a horta, aprendendo juntos”, afirmou a estudante Gabriela Souza.
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ceu com o nome de Dezykando a Horta. Através do auxílio da Prefeitura de Porto Alegre, o colégio transformou um espaço abandonado da Escola Municipal de Ensino Fundamental Judith de Macedo de Araújo, localizada no Morro da Cruz. Todas as atividades envolveram os estudantes das duas escolas. A primeira delas foi uma oficina de confecção de móveis com pallets, para que o ambiente da horta passasse a ser, também, um espaço de convívio. Depois, foi a vez de cuidar do plantio das mudas da horta, afixar as placas de sinalização e fazer um grafite em um dos muros da escola. “Se todo mundo construir algo junto, não importa a realidade de que tu venhas, dá para unir estas realidades e construir algo bom em cima disso. E isso vai durar se trabalharmos juntos”, destacou a aluna Gabriela Souza. A Horta Viva foi entregue à comunidade da escola no mês de novembro, em uma cerimônia que contou com a presença da coordenadora de educação ambiental da Secretaria Municipal de Educação, Andréia Ketzer, do coordenador do Ensino Médio do Farroupilha, Rubem Corso, da diretora, Marta Vidal, da professora de Ciências, Fabíola Oliveira, ambas da EMEF Judith de Macedo de Araújo, e de alunos das duas instituições. “Vocês não têm ideia da dimensão que este projeto tomou. Foram anos projetando um novo uso a este espaço e, agora, vemos o engajamento dos alunos”, afirmou Fabíola. O projeto foi viabilizado com a parceria da Gringa – hortas e sustentabilidade, da Viação Ouro e Prata, da Faísca Design Júnior, da Leroy Merlin e da PaxArt. Acesse o QR Code ao lado para assistir ao videocase da ação.
Alunos das duas escolas participaram de todas as etapas da ação
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ESPECIAL
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS PARA TRANSFORMAR Autonomia, empatia, resiliência, liderança e autoconhecimento são algumas das habilidades que estão sendo trabalhadas em sala de aula
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Da escola para a vida. A frase, utilizada desde 2012 em diferentes situações e ações do Colégio Farroupilha, traduz um dos movimentos que vêm acontecendo na educação básica: a adoção do ensino socioemocional. Márcia Carneiro Costa, psicóloga clínica e pós-graduada em Dificuldades de Aprendizagem, explica que as habilidades e as competências socioemocionais dividem-se em grupos: consciência de um aluno (compreender a necessidade do aprendizado, sendo organizado, responsável e comprometido), abertura de experiência (curiosidade e vontade de aprender coisas novas), resiliência e tolerância à frustração (capacidade de resolver conflitos reais individuais e de grupo), amabilidade com o outro (empatia, generosidade e solidariedade), estabilidade emocional (controle das emoções e calma para resolver situações) e extroversão (ser positivo e olhar para o outro). “Já se sabe por pesquisas onde este ensino foi implementado que as competências socioemocionais aumentam a resposta do ensino cognitivo. É uma escola que consegue aliar os aspectos cognitivos e o socioemocional, criando uma educação mais completa e ampla. Se as habilidades passam pelo caminho da responsabilidade, da empatia, do comprometimento, da independência, do olhar para frente, é óbvio que onde eu não entendi um conteúdo, eu terei consciência para buscá-lo”, destaca Márcia.
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ESPECIAL
Aline Jaeger, professora do curso de Letras e coordenadora dos Programas de Aprendizagem 1 e 2 do curso de Bacharelado em Administração – Gestão para Inovação e Liderança da Unisinos, destaca que repensar o processo de ensino-aprendizagem, a partir do ensino socioemocional, é ajudar o estudante a desejar aprender. “A escola precisa voltar a fazer sentido para as crianças e, até mesmo, para os próprios professores. Muitos dizem que essa geração não quer aprender, mas isso não é verdade. Eles são sedentos por conhecimento, eles só não querem aprender aquilo que não faz sentido. É nosso papel ajudá-los nesse caminho, mostrando aquilo que eles não conseguem ver, pois escola não deve ser o único lugar onde as crianças aprendem, deve sim ser o lugar onde elas conseguem fazer sentido dessa aprendizagem. Precisamos ensiná-los aprender a aprender, a se conhecer e a reconhecer e valorizar as diferenças”, avalia Aline.
UM CURRÍCULO VOLTADO PARA HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Em 2013, o Farroupilha sentiu a necessidade de elaborar Matrizes Curriculares em substituição ao Plano de Estudos e iniciou um projeto de reestruturação curricular. A equipe do Serviço de Orientação e Psicologia Educacional percebeu que era preciso um alinhamento entre os níveis de ensino – da Educação Infantil ao Ensino Médio – em relação ao desenvolvimento integral do estudante nas dimensões cognitiva, emocional, social e moral, considerando as competências socioemocionais. O desafio era, então, pensar e organizar uma Matriz Socioemocional que contemplasse a Matriz Curricular Pedagógica e atingisse todos os alunos. Em 2014, as turmas do Ensino Fundamental – Anos Iniciais participaram de um projeto-piloto de implantação desta mudança curricular. “Do final do ano letivo de 2013 até os dias atuais, são perceptíveis as mudanças ocorridas nas práticas curriculares dos Anos Iniciais, a partir dos novos desafios exigidos pelo currículo com foco em competências e habilidades”, comentou a coordenadora dos Anos Iniciais, Letícia Nunes. Entre as principais mudanças, está o planejamento trimestral por competências e habilidades, em que é possível monitorar cada componente curricular e as interfaces não só do conhecimento como tam-
Currículo foi pensado para desenvolver integralmente o estudante
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bém das áreas. Além disso, nas capas das provas, são expostas as habilidades avaliadas e, na devolutiva da prova, o estudante observa a marcação das habilidades desenvolvidas, em desenvolvimento e/ou em que ele apresenta dificuldades. No final de cada trimestre, as famílias e os alunos recebem um fichão avaliativo que contempla a descrição das competências e das habilidades por área de conhecimento e componentes curriculares. Em 2015, para ampliar a iniciativa do ano anterior aos demais níveis de ensino, a equipe do SOE iniciou uma série de encontros de formação com a psicóloga Denise Maia que trabalhou aspectos conceituais pertinentes à construção de um currículo socioafetivo e assessorou os psicólogos e orientadores educacionais na elaboração e desenvolvimento dos três eixos que compõem a Matriz Socioemocional do Colégio
“Precisamos ensiná-los aprender a aprender, a se conhecer e a reconhecer e valorizar as diferenças”,
Farroupilha: identidade (autoconhecimento, autoconceito e autoestima), convivên-
afirma a professora
cia (habilidades sociais e cooperação) e cidadania (liderança e sustentabilidade). Foi
da Unisinos, Aline
em 2016, durante a Semana de Formação Docente, que a Matriz foi apresentada
Jaeger.
aos professores e aos colaboradores. Na ocasião, representantes de cada nível de ensino analisaram e apropriaram-se do documento, planejando ações, atividades e dinâmicas que colocassem em prática as habilidades. “Dedicar tempo, energia e investimento para pensar a questão socioemocional significa que a escola supera uma visão de que o seu trabalho envolve apenas o aspecto cognitivo dos alunos. A escola reconhece que os estudantes têm múltiplas dimensões”, afirma Denise. Em fevereiro deste ano, o trabalho “Tessitura Curricular Farroupilha: ressignificando as práticas pedagógicas” foi apresentado no XXIV Colóquio da AFIRSE Portugal (Associação de Estudos e Investigação em Educação), realizado na universidade de Lisboa. O colégio foi representado pela diretora pedagógica, Marícia Ferri, pela coordenadora do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, Letícia Nunes, e pela professora dos Anos Iniciais Alexandra Dalpiaz.
PARCERIA ESCOLA, PROFESSOR, ALUNO E FAMÍLIA Para Márcia, a grande alavanca para o ensino socioemocional dar certo é o professor. “A relação professor, escola, aluno e família precisa ser ampla e profunda para que todos possam ser vistos como indivíduos e com habilidades mais integradas”, comenta. Tanto Márcia quanto Aline afirmam que os pais devem buscar uma escola que trabalhe na formação das pessoas e que é preciso que haja confiança na instituição de ensino. “Precisamos conhecer a escola, entender o que a move e confiar em que eles saibam o que estão fazendo. Na contrapartida, a escola tem de conhecer essas famílias, pois assim se entende melhor as crianças e os jovens que estão aos seus cuidados. A relação professor e aluno é mais uma conexão dessa rede. O professor tem de se perguntar o porquê dele estar fazendo o que faz e que marca deixará com o seu aluno depois de partir”, completa Aline. A professora avalia, ainda, que o ensino socioemocional facilita o trabalho do professor em ajudar o aluno a perceber que ele é o responsável pela sua própria aprendizagem. “Quando o aluno perceber que existem outras competências e habilidades que são valorizadas na escola (e no mundo) e que essas são desenvolvidas na escola, a relação aluno x professor x escola será ressignificada”.
Comunidade escolar deve ser envolvida no processo
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ESPECIAL
A EXPERIÊNCIA DAS ASSEMBLEIAS ESCOLARES As crianças dos Níveis 4 e 5 da Educação Infantil e estudantes do Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Anos Finais participam de Assembleias Escolares em sala de aula com o objetivo de tornar a convivência tranquila, participativa e democrática entre os colegas. “O trabalho pretende estimular que os estudantes contribuam para a vida em sociedade de uma forma justa, solidária, crítica e autônoma, priorizando a convivência e as decisões coletivas entre os alunos, os professores e os demais membros da comunidade escolar”, explica Camila Arruda, orientadora educacional dos Anos Iniciais. Sentados em uma grande roda, os estudantes podem falar sobre qualquer questão que envolve a convivência do grupo e apontar soluções, acordos ou regras como forma de resolução de conflitos. Nos Anos Finais, as assembleias são realizadas trimestralmente juntamente com o professor conselheiro, e também são sugeridas sempre que a turma passa por momentos de conflito que precisam ser trabalhados coletivamente. A Educação Infantil realiza, também, ações semanais que englobam as habilidades indicadas para cada ano dentro dos três eixos da Matriz Socioemocional. “Desde a adaptação, algumas ações fazem parte da rotina, como a montagem de grupos para a interação das crianças em sala, que é feita através de dinâmicas que possibilitem que as crianças aprendam a conviver com diferentes colegas. São ações cotidianas em que elas refletem e aprendem valores fundamentais para a convivência com seus pares”, explica a orientadora educacional Luciane Jordan. Entre as atividades, estão a construção da Linha do Tempo sobre a história de cada criança, a contação de histórias sobre temas, como sentimentos, amizade e respeito, campanhas de doação de brinquedos, Correio da Amizade, na Educação Infantil, e assembleias escolares são algumas das ações desenvolvidas
Correio da Amizade, teatro envolvendo o tema amizade e respeito e o Jogo das Emoções, em que as crianças aprendem a reconhecer sentimentos e a refletir sobre suas manifestações.
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“Não adianta o aluno ser um gênio e tirar nota máxima em todas as competências cognitivas se ele não consegue resolver conflitos”, aponta a psicóloga clínica, Márcia Carneiro Costa.
MOVIMENTO #DAESCOLAPRAVIDA Desde 2015, as ações do Movimento estão inseridas no currículo escolar. As ideias saem da sala de aula e buscam resgatar valores fundamentais para a vida, como o respeito ao outro e ao bem público e a formação para a cidadania. Confira, abaixo, as iniciativas realizadas pelos professores e estudantes do colégio: •
Jogo da Vida Financeira: alunos dos 7os e 8os anos ajudaram a grafitar um tapume da cidade com um jogo da vida financeira, com dicas e informações sobre o planejamento da renda mensal.
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O lixo por trás do lanche: as turmas do 1º ano coletaram o lixo seco produzido na hora do lanche durante 15 dias, e o resultado foi exposto no colégio. A ação foi colocada em prática, também, com os lojistas do Viva Open Mall. Com o lixo seco arrecadado, os alunos participaram de uma oficina de reciclagem, transformando papelão em quadros sobre animais da fauna brasileira e garrafas PET em flores.
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Você tem algum tipo de preconceito?: Na disciplina de Sociologia, alunos da 3ª série realizaram uma pesquisa sobre o assunto. O resultado foi apresentado no TEDxLaçador em maio de 2015.
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Troca Saudável: estudantes da 2ª série do Ensino Médio fotografaram os seus lanches, nas aulas de Biologia, para serem avaliados pelos colegas. O resultado mostrou que alimentos que parecem saudáveis, como sanduíches, sucos e barrinhas de cereais escondem algumas informações importantes. Banners e fundos de bandeja com as principais descobertas foram produzidos e distribuídos nas unidades Saúde no Copo - Colégio Farroupilha e Bom Fim, na Academia Meister, na Academia Três Figueiras e na Oficina do Açaí, localizada dentro da Academia Body Tech.
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London Eye: nas aulas de Língua Inglesa, as turmas do 6º ano do Ensino Fundamental - Anos Finais criaram uma roleta de perguntas e respostas sobre a cultura e algumas curiosidades de Londres.
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Projeto Poesia Cartonera: estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental - Anos Finais criaram livros sustentáveis feitos de papelão. A iniciativa ganhou às ruas e foi parar na 61ª Feira do Livro de Porto Alegre.
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Sementes do Bem: em projeto desenvolvido na disciplina de Artes Visuais, alunos do 3º ano produziram papel semente que foi distribuído em sete pontos de Porto Alegre.
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Horta Viva: revitalização de um espaço abandonado e criação de uma horta colaborativa em uma escola municipal no Morro da Cruz (leia mais nas páginas 20 e 21).
Ações do Movimento foram incluídas no currículo escolar
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ESPECIAL
HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA AULA DE ARTES VISUAIS Nas unidades Correia Lima e Três Figueiras, os estudantes dos Anos Iniciais realizam diferentes práticas relacionadas à Matriz Socioemocional nas aulas de Artes Visuais. Em 2016, os estudantes do 2º ano A e B do Correia Lima e 2º ano F do Três Figueiras leram o livro “Tudo bem ser diferente”, do autor Todd Parr. Os estudantes criaram autorretratos de variadas formas e escreveram o seu nome transformando o alfabeto e personalizando as letras de cada um com suas características internas e externas. “Estes momentos permitiram que os estudantes reconhecessem suas semelhanças e diferenças, se conhecessem melhor, tivessem contato com variadas formas de representação visual e, claro, exercitassem o respeito às caracEstudantes aprendem a respeitar as diferenças e a valorizar os colegas
terísticas distintas entre eles”, explicou a professora Alice Wapler. Já as crianças do 1º ano do Correia Lima, com base na obra de Beatriz Milhazes, foram desafiadas a se representar por meio da colagem de embalagens bidimensionais de papel, plástico e papelão. Após, os alunos desenharam-se e pintaram o trabalho com materiais diversos junto a pessoas que gostam muito. Posteriormente, o áudio da peça teatral “A Família Sujo”, do grupo Cuidado que Mancha, foi apresentado aos estudantes, e eles desenharam em lixas o que a família de cada um gostava de fazer junto, assim como as características de cada família.
ATIVIDADES COM FOCO NA COOPERAÇÃO E NA LIDERANÇA Diferentes atividades esportivas realizadas pelo Colégio Farroupilha procuram estimular nos estudantes a integração e o espírito de equipe. Anualmente, as crianças dos Níveis 3, 4 e 5 participam da Gincana das Cores, na Sede Campestre. Cada turma é identificada com uma cor, e as brincadeiras incluem cabo de guerra e corridas lúdicas. Ao final, todos recebem medalha pela participação e comportamento guiado pelo companheirismo. O mesmo acontece com as turmas dos Anos Iniciais durante os Jogos Farroupilha. As equipes são formadas por alunos de todas as turmas e das duas unidades – Correia Lima e Três Figueiras. A ideia de misturar os estudantes faz com que eles conheçam outros colegas e unam-se para conseguir concluir as atividades propostas. Além disso, desde 2015, a escola oferece o programa “O Líder em Mim” para todos os alunos do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. As ações desenvolvidas em sala de aula procuram ensinar liderança, valores e competências fundamentais para o sucesso na escola e na vida. Outra ação realizada nos Anos Inicias é o Convescote, atividade de integração entre famílias e estudantes que ocorre desde 2001 na Sede Campestre da escola. O programa “O Líder em Mim” vem contribuindo nestes últimos dois anos para o evento com várias atividades voltadas à liderança e cooperação. Os estudantes dos 8º e 9º anos, por exemplo, participam da Batalha dos Farroups, realizada na Sede Campestre da escola. O grupo de professores propõe aos estudantes a realização de inúmeras tarefas, abrangendo conhecimentos teóriNíveis de ensino organizam eventos esportivos para trabalhar as habilidades e competências
cos, práticos e esportivos relacionados à Matriz Curricular de forma interdisciplinar. Além disso, busca-se desenvolver habilidades socioemocionais, tais como cooperação, liderança e a integração dos estudantes com os colegas e professores.
ENTREVISTA 29
ENSINO SOCIOEMOCIONAL: ESTÍMULO AO PROTAGONISMO O diretor presidente da Fundação Telefônica Vivo, Américo Mattar, destaca a importância da criança e do jovem tornarem-se adultos líderes de suas vidas. Na entrevista abaixo, ele avalia esse novo modelo de ensino e fala do papel dos professores e da família no desenvolvimento das competências socioemocionais. Quais são as principais competências socioemocionais? A principal característica que resume algumas competências socioemocionais é o pensamento protagonista. Acho que o principal é desenvolver características de protagonismo, nas quais a criança e o jovem tornem-se adultos efetivamente líderes das suas vidas, tenham planos de vida e que saibam buscar os seus sonhos. Quando você fala de competências relacionais, você fala de habilidades interpessoais, de questões de cidadania, tudo isso para mim corrobora para um adulto protagonista no futuro. O mais importante é desenvolver esse espírito protagonista através dessas competências socioemocionais. O ensino da matemática e do português são fundamentais, mas hoje estamos em um mundo que precisamos desenvolver outras habilidades, fora dessas habilidades cognitivas tradicionais.
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ENTREVISTA
Pensando nessa relação que, depois que o jovem sai da escola, ele irá se preparar para o mercado de trabalho. Como o senhor acredita que o ensino socioemocional pode mudar a escola? Vejo que a matriz socioemocional criada pelo Colégio Farroupilha, que contempla os três eixos – identidade, convivência e cidadania – prepara um jovem mais equilibrado. Esse trabalho de olhar o indivíduo no seu círculo de atuação, na escola, na sociedade, na família e no mercado de trabalho está diretamente relacionado. Você cria um jovem que tem uma inteligência emocional mais fortalecida, ou seja, ele não é agressivo do ponto de vista das emoções, ele tem mais equilíbrio para lidar com adversidades, ele desenvolve empatia, e estamos em um momento que a nossa sociedade precisa mais de empatia. Quando se começa a inserir o jovem em como ele impacta o outro e as outras pessoas através do seu comportamento, você fortalece o conceito da empatia. Como consequência ele vai relacionar-se melhor com as pessoas e com o meio que ele atua, e a escola tem um papel fundamental de preparar e criar um alicerce para que ele chegue ao mercado como um profissional com um maior equilíbrio emocional. Os profissionais, e isso são dados de pesquisas de Recursos Humanos, muitas vezes perdem os seus trabalhos em função da ausência de competências socioemocionais, não por competências técnicas. Para mim é fundamental que a escola comece a olhar essas dimensões e comece a trabalhá-las. Se começarmos a trabalhar as competências socioemocionais desde a tenra idade, seguramente teremos adultos mais equilibrados ao final do dia.
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O que falta para as escolas adotarem esse modelo de ensino? Vivemos em um momento de grande atraso em outras competências. Dos nossos jovens, de acordo com o último Censo Escolar, só 20% conseguem sair com o mínimo de leitura e somente 10% saem da escola com o mínimo de matemática. Então se olharmos esse básico, de uma maneira geral, começamos a relegar a segundo plano esse pilar tão importante da formação do indivíduo. O que eu vejo aqui é uma formação mais abrangente, não só uma formação do ponto de vista acadêmico. Além disso, o jovem acaba sendo preparado para o mercado profissional, qual a profissão ele vai escolher, as competências que ele precisa ter para ingressar nesse mercado, e acabam se esquecendo da formação do indivíduo. E a escola tem um papel de formar o ser humano, como parte de uma sociedade mais complexa, na qual os conhecimentos fundamentais já não bastam mais para formar o cidadão. Precisa-se ter um olhar para além das disciplinas.
O que muda na relação aluno x professor e família x escola com o ensino socioemocional? O papel do professor é cada vez mais importante. O Google fornece uma quantidade de informações absurdas, tudo que você pesquisar ele vai trazer alguma referência, mas a qualidade do que vem que é o problema. O professor, então, assume um papel de curador de conteúdos, de selecionar, de direcionador da visão desse jovem. Na verdade ele tem que estimular o senso crítico do aluno. Ele é fundamental para o desenvolvimento do cidadão. Os exemplos de escolas bem-sucedidas mostram que as famílias, os professores e os estudantes atuam em conjunto. Os pais têm que estar intimamente ligados ao que seus filhos estão aprendendo. Não dá para delegar para a escola a responsabilidade de criar bons cidadãos. O professor fica com o aluno cinco, seis horas por dia, o restante ele está com os pais, com a família. Então, como pai, eu tenho que transmitir para os meus filhos não só aspectos que eu considero importantes em termos de educação, mas valores, que é onde entram as competências socioemocionais. A família é fundamental para dar essa sustentação para o jovem se desenvolver. Quanto mais o professor estimular o protagonismo, ser mediador de conhecimento e quanto mais próximo a família estiver da escola, estimulando novas metodologias, provocando os seus professores e atuando em conjunto com os alunos, mais rápido alcançamos o sucesso. A inovação educativa passa pela junção desses três atores: os professores, os alunos e a sociedade na figura da família.
“O ensino da matemática e do português são fundamentais, mas hoje estamos em um mundo que precisamos desenvolver outras habilidades, fora dessas habilidades cognitivas tradicionais”, destacou.
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LIDENRANÇA
Estudantes trabalham os hábitos do programa na aula de Artes Visuais
O RESGATE DE VALORES IMPORTANTES Atividades com foco no programa “O Líder em Mim” ensinam muito mais do que noções de liderança e empreendedorismo Os estudantes do Ensino Fundamental – Anos Iniciais aprendem, em sala de aula, alguns valores importantes para conviver melhor em sociedade. Com o programa “O Líder em Mim”, as turmas têm contato com noções de liderança e de empreendedorismo, mas também de respeito, amizade e valorização do trabalho em equipe. Nas aulas de Artes Visuais, por exemplo, a turma do 1º ano da Unidade Correia Lima realizou uma atividade de desenho, pintura, recorte e colagem sobre um dos sete hábitos. Os estudantes conversaram com a professora, Alice Wapler, sobre situações vividas no cotidiano e depois iniciaram a confecção de óculos de papel. As lentes foram criadas com papel celofane colorido. Em um passeio por diferentes ambientes da escola, eles puderam trocar os óculos com os colegas e perceberam o entorno de outra forma e com novas cores. Além disso, os alunos criaram, em duplas, quebra-cabeças com desenhos de situações em que colocamos em prática os hábitos adotados.
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Já os estudantes do 4º ano criaram um jogo de memória. Cada um deles escreveu uma frase relacionada a um dos sete hábitos e, depois, ilustrou a frase escrita por outro aluno. “Com as atividades, os alunos trabalharam a qualidade representativa da ilustração, ao desenharem situações vinculadas aos sete hábitos do programa. Eles também combinaram as habilidades de Artes Visuais e os princípios de liderança de forma lúdica”, explicou Alice.
FOCO NOS HÁBITOS DE ESTUDOS Em parceria com a psicóloga educacional dos Anos Iniciais, Diana Leonhardt dos Santos, os estudantes do 2º ano E participaram de uma atividade especial já com foco no ano letivo de 2017. Partindo do Círculo da Influência e com o auxílio de um jogo de dados que abordava situações do cotidiano dos alunos, eles identificaram se estavam dentro ou foram do seu círculo. A atividade foi importante para que a turma planejasse as metas para o 3º ano e as ações que teriam que ter para alcançá-las.
TODOS SÃO IMPORTANTES Com o objetivo de qualificar a escuta e o respeito pela opinião dos colegas, os estudantes do 3º ano G confeccionaram, em 2016, o Bastão da Fala. A metodologia, utilizada pelos nativos americanos, reconhece o valor de cada orador, ou seja, o indivíduo que estiver com o bastão deve falar, e os demais escutar com atenção as palavras que são ditas. “Essa tarefa foi fundamental para que os estudantes aprendessem a escutar e a esperar a sua vez para falar. Aprendem, também, a respeitar a opinião dos colegas. Isso não quer dizer que não podem divergir das opiniões dadas, mas acabam reconhecendo, por seu renome subjetivo, a permissão de que cada um expresse seu ponto de vista”, afirmou a professora da turma, Évelin Albert. Para os estudantes, a atividade permitiu uma melhor organização entre os colegas. “Eu achei bem legal fazer os bastões, porque com ele a turma começou a organizar a sua fala e pensar antes de falar qualquer coisa”, contou Ana Laura Ortiz Portella.
Bastões coloridos foram criados pelos estudantes do 3º ano
Atividade foi pensada para auxiliar a turma em 2017
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LIDERANÇA
EMPREENDEDORES DO FARROUPILHA Programa Miniempresa possibilita o desenvolvimento de habilidades que serão utilizadas fora da escola
Há mais de 15 anos, o Colégio Farroupilha desenvolve, em parceria com a Junior Achievement, o Programa Miniempresa. Estudantes do Ensino Médio – principalmente das 2ª e 3ª séries – têm a oportunidade de ter uma experiência prática em economia e negócios, na organização e operação de uma empresa. Nas dependências da escola, o grupo se reúne uma vez por semana, à noite, e monta uma “linha de produção”, onde cada aluno desempenha uma função nas áreas de Marketing, Finanças, Recursos Humanos e Produção. Antes de criar um produto, os estudantes realizam um brainstorming de ideias e uma pesquisa de mercado, para avaliar se o produto será bem aceito pelas pessoas. Nos últimos anos, as miniempresas do Farroupilha foram premiadas em diferentes eventos, o que demonstra criatividade e empenho no desenvolvimento de produtos inovadores. Em 2016, a Hangr SA/E, miniempresa do primeiro semestre, foi premiada nas categorias “Melhor Miniempresa” e “Destaque Gestão de Marketing” do Programa Miniempresa da Junior Achievement Rio Grande do Sul (JARS). Com lucro de mais de 1000%, o produto desenvolvido pelos 32 estudantes foi um suporte para recarregar o celular. “As amizades feitas durante o Programa e a experiência de gerir uma empresa foram muitos legais”, afirmou Victor Franzen Neumann, presidente da Hangr SA/E. Já no segundo semestre, a miniempresa Horizon SA/E inovou ao criar um óculos de realidade virtual. Com ele, o usuário podia conhecer a Torre Eiffel, em Paris,
Hangr SA/E foi premiada em duas categorias no Prêmio Miniempresa
e os parques temáticos da Disney, em Orlando, sem sair de Porto Alegre. Para utilizar o óculos, era necessário possuir um smartphone com alguns dos aplica-
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tivos compatíveis com o produto. Os alunos desenvolveram o óculos após um colega trazer um modelo dos Estados Unidos. O grupo aprendeu como fazer e
Miniempresa Horizon SA E desenvolveu um óculos de realidade virtual
pensou em um modelo que garantisse conforto ao usuário. No óculos, há uma borracha próxima ao nariz, um elástico que fica atrás da cabeça e um recorte na caixa para as pessoas que usam óculos de grau. As lentes eram importadas da China, pois não existem no Brasil, e a adesivagem das caixas foram feitas em uma gráfica. Em outubro, a Horizon participou do Torneio Miniempresa MESE, organizado pelo Nexa RS e a Junior Achievement do Rio Grande do Sul, e conquistou o 1º lugar no evento. No final do ano, todo o excedente da produção dos estudantes – 5kg de material reciclável – foi doado para a Recicladora Novo Chocolatão.
EXPERIÊNCIA PARA ALÉM DA ESCOLA Muitos ex-alunos garantem que participar do Programa Miniempresa tem ajudado na vida após a saída do colégio. Eduarda Mello, formada em 2015, esteve na Miniempresa Sabumbaê SA/E no primeiro semestre de 2014. Embora tenha sido responsável pela área de Recursos Humanos, ela tentou compreender todas as outras áreas que envolviam a produção de um sabonete de massinha de modelar. “O projeto da miniempresa vai muito além do ‘eu’, a partir da primeira jornada o ‘nós’ já dita tudo; uma ideia não funciona por si só e o trabalho em conjunto que vai transformar um protótipo em um produto”, destaca. Ela conta que cuidava de todo o processo de compra dos materiais necessários para a produção do sabonete. Era preciso ligar para diversos lugares em busca de matéria-prima a fim de conseguir um bom preço. “É nesses detalhes que a miniempresa se torna uma
“Aprendemos muito sobre trabalhar em grupo e ouvir as pessoas”,
pontuou a estudante Bruna Menezes Fassina.
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LIDERANÇA
“A curiosidade é peça chave para potencializar o desenvolvimento dos participantes através de uma metodologia de aprender-fazendo que fomenta oportunidades, crescimento e empoderamento”, destaca o ex-aluno Lucca Padoin Custódio.
experiência tão boa, tu aprendes como
A experiência foi tão transformadora
Quando estava na Sabumbaê S.A/E,
é o mundo real, e te apega às partes
para Lucca Padoin Custódio, formando
ele foi reconhecido como melhor
boas dela e anotando para fazer delas
de 2015, que, após concluir o Ensino
achiever. Participar do Programa Mi-
uma parte constante da tua vida no
Médio no Farroupilha, ele seguiu em
niempresa contribuiu para que Lucca
futuro”, aconselha.
contato com a Junior Achievement. Ele
optasse por cursar Engenharia de
entrou para o núcleo de ex-achievers,
Produção na UFRGS. “Me motivou a
chamado de Nexa, foi adviser três ve-
buscar uma formação que me capaci-
zes e atualmente está cocriando um
tasse para trabalhar com cargos ge-
evento que fará parte do Programa
renciais, e hoje digo que acredito ter
Miniempresa a partir deste ano. “O
acertado. No entanto, uma das lições
principal desenvolvimento que observo
que o programa me trouxe foi que
em mim e nos colegas que participa-
se você não estiver preparado para
ram comigo é no nível de maturidade.
errar, nunca fará algo original. Por
O programa faz com que os jovens –
isso, não vivo em constante questio-
muitos, pela primeira vez – se tornem
namento das minhas decisões, mas
responsáveis por algo cujos resultados
aprendo a lidar com elas e me trans-
dependem única e exclusivamente da
formar para mudar realidades quando
dedicação que eles aplicam durante as
percebo que estas podem melhorar
15 intensas semanas”, conclui.
de alguma forma”, ensina.
Já Roberta Dias da Silva, formada em 2014 no Farroupilha, teve duas experiências no Programa Miniempresa. A primeira como aluna-participante (achiever) na Bamboom, em 2013, e depois como adviser na Sabumbaê. Como adviser, ela orientava o trabalho dos estudantes para que eles conseguissem administrar o trabalho da miniempresa. “Para fazer é só querer e ir atrás, e não depender tantos dos outros. Foi um processo incrível para o meu amadurecimento como pessoa no mundo”, afirma.
Eduarda, Roberta e Lucca garantem que experiência foi importante após saírem do Farroupilha
DESTAQUE
VAMOS CUIDAR DA NATUREZA? Horta na Educação Infantil possibilita que crianças tenham contato com temperos, plantas e flores As crianças da Educação Infantil aprendem a importância de cuidar do meio ambiente desde cedo. Inaugurada em 2014 durante a III Feira Verde, a Horta localizada no prédio dos Níveis 4 e 5 serve de espaço para atividades dos projetos das turmas e de outras ações ligadas à alimentação saudável. Quem passa por ali seguido encontra uma turma observando as plantas e sentindo os diferentes aromas. A horta possui temperos, vegetais e frutas. Muito do que está plantado foi trazido pelas próprias crianças de casa. Em algumas ocasiões, as crianças visitam o local para colher cenouras, folhas de manjericão, hortelã ou rúcula e utilizar em oficinas de culinária na sala de aula. “O contato com a terra, os animais, as cores e os sons da natureza é importante para as crianças, pois elas apuram os cinco sentidos e descobrem novas percepções, vivenciando a importância da preservação e dos cuidados com o meio em que vivemos”, afirmou a professora Carolina Farias. Além da horta da Educação Infantil, as crianças também visitam, com frequência, a horta localizada perto da Pista Atlética. O local foi revitalizado durante a V Feira Verde pelas turmas do Full Day da Educação Infantil e dos Anos Iniciais. Com o suporte da equipe de jardinagem do Colégio, as turmas plantaram alface, couve e repolho. A iniciativa trabalhou a sustentabilidade e conscientizou as crianças sobre a importância de cultivar plantas e verduras sem a adição de agrotóxicos.
Cada turma tem um canteiro e é responsável por ele
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PREPARAÇÃO PARA MAIS UM ANO LETIVO Semana de Formação Docente contou com palestras e atividades pedagógicas para todos os professores e colaboradores Antes da volta às aulas, os professores do Colégio Farroupilha tiveram cinco dias de imersão em atividades pedagógicas para preparar o ano letivo de 2017. Além de palestras que envolveram os professores de todos os níveis de ensino, a Semana de Formação Docente contou com uma atividade especial envolvendo, também, os colaboradores e atividades pedagógicas de preparação. “A Semana de Formação é fundamental para que possamos garantir um espaço para estudo e aprofundamento de conhecimentos relacionados à prática docente”, explicou a diretora pedagógica, Marícia Ferri. Os docentes aproveitaram a semana para realizar oficinas por área do conhecimento sobre metodologias no processo de ensino e aprendizagem, reflexões sobre a relação família e escola e formações, como a de transferência e contratransferência na perspectiva da Matriz Socioemocional e a do programa “O Líder em Mim”.
Professores participaram de palestras e reuniões de alinhamento
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ALINHAMENTO TEÓRICO METODOLÓGICO DO COLÉGIO FARROUPILHA A coordenadora do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, Letícia Nunes, falou sobre o alinhamento teórico metodológico do Colégio Farroupilha. Letícia conversou com os professores sobre a geração que está na sala de aula de hoje, abordando as diferenças entre os baby boomers, gerações X, Y e Z (atual), e sobre como a proposta curricular do Farroupilha se encaixa neste contexto. “Se temos estudantes que tem eu seu DNA pensar fora da caixa, devemos considerar isso em nossas práticas”, convidou, abordando características do currículo do Farroupilha, tais como a complexidade, a interatividade e o embasamento em competências e habilidades. Ao falar sobre o perfil do aluno, a coordenadora definiu: “Nosso estudante aprende a partir das relações que ele faz com os conhecimentos e com os seus pares, professores e colegas”.
EDUCAÇÃO QUE DÁ CERTO Esse foi o tema da palestra de abertura da Semana de Formação Docente com o life coaching Gabriel Carneiro Costa. Com a pergunta ‘Quem você é diante do que te ocorre?’, o especialista afirmou que a educação precisa de mudanças e que ela é um processo e não um episódio. “Precisamos enxergá-lo e curti-lo, ter disposição para deixar de ser. Muitos querem chegar, mas poucos querem caminhar”, destacou, chamando a atenção de que para um processo de mudança realmente acontecer as pessoas precisam de pessoas. “Temos que pedir ajuda no sentido de compartilhar”, frisou. Em sua apresentação, Gabriel mostrou que existem alguns modelos de aprendizado, como o que é escutado, o que é visto e o que é sentido. “Este último é o mais importante. A educação socioemocional é a transparência da emoção. Quais são os sentimentos que a gente passa na sala de aula?”, perguntou aos docentes. Além disso, ele apontou que, hoje, o professor não é mais aquele que detém todo o conteúdo. “O professor que ainda achar que ele merece respeito porque ele detém o conhecimento não vai dar certo”. Os docentes também devem evitar comparar as suas histórias com as dos alunos, já que a época era outra e a educação está em constante mudança. “Estamos muito preocupados com o que os outros vão achar. Devemos passar menos tempo pensando que somos bons professores e mais tempo sendo”, aconselhou.
METODOLOGIAS ATIVAS E TECNOLOGIAS DIGITAIS As novas formas de ensinar foram exploradas por José Moran, professor aposentado de Novas Tecnologias da Universidade de São Paulo (USP). O docente explicou que metodologias ativas são movimentos de aprendizagem amplos e que a escola deve instrumentalizar os alunos para que desde pequenos eles possam construir e desenvolver as suas habilidades. “Quando a escola trabalha com a cultura maker, o aluno se dá conta de que ele pode experimentar diferentes possibilidades”, afirma. Com as metodologias ativas, os estudantes envolvem-se, perguntam e trocam ideias, ou seja, não recebem a informação pronta do professor. O especialista trouxe alguns conceitos importantes para uma aprendizagem significativa, como misturar (ensino híbrido), inverter, experimentar (mão na massa, criação, metodologias ativas), personalizar (autonomia cada vez maior) e compartilhar. “É a união da escola com a vida”, definiu.
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CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA Professores da Educação Infantil e dos Anos Iniciais tiveram uma palestra com a fonoaudióloga Rosangela Marostega sobre a importância do desenvolvimento da consciência fonológica para o posterior desenvolvimento da leitura e escrita. A especialista trouxe a conceituação de consciência fonológica (CF), metalinguagem, metacognição e princípio alfabético, abordando ainda os diferentes níveis e as tarefas para desenvolvimento da CF, a possibilidade de estimulação preventiva na escola e o uso de recursos tecnológicos para o desenvolvimento dessa consciência. “Brincar com o som das palavras é importante, porque quando a criança for aprender a ler e a escrever, ela já está familiarizada com a palavra, tornando essa aprendizagem mais fácil”, afirmou.
COMO SE ENSINA X COMO SE APRENDE A psicopedagoga e educadora especial Andreia Gonçalves trouxe para a Semana de Formação Docente apontamentos sobre os diferentes estilos de aprendizagem – auditivo, visual e cinestésico e a diferença que a neurociência faz entre aluno e estudante. O primeiro é aquele que assiste à aula e assimila a informação, enquanto que o segundo é alguém que sabe estudar e tem o processo de aprendizagem mais ativo. “Temos que ter mais estudantes em sala de aula e ajudá-los a encontrar uma técnica de estudar. O professor precisa ser mediador deste processo”, salienta. Andreia elencou, ainda, características dos três estilos de aprendizagem e falou em estratégias para que os docentes utilizem em sala de aula para auxiliar os alunos a encontrarem maneiras efetivas de aprender.
DESENVOLVIMENTO MORAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA O amor é fundamental para a vida moral. Foi assim que a psicóloga e professora da UFRGS Lia Beatriz de Lucca Freitas iniciou a sua palestra com a psicóloga e doutoranda da UFRGS Fernanda Palhares. Lia destacou que existem três formas de moral. A primeira delas é a anomia, ou seja, quando não há regras e a criança não diferencia entre o que se faz e aquilo que se deve fazer. Já a heteronomia diz que para que uma regra seja sentida como obrigatória é preciso que exista um sentimento de respeito entre os indivíduos. E é nesse momento que surge o respeito unilateral, que é a relação que a criança e o jovem estabelecem com adultos significativos, como os pais e os professores. “Dali surge o primeiro sentimento de obrigatoriedade: a obediência”, explica. Quando chega à autonomia, o indivíduo já se autorregula, submetendo-se a normas válidas para qualquer ser humano. Na escola, a criança e o jovem começam a interagir com os seus pares, fazendo surgir o respeito mútuo. Já Fernanda falou da importância da escala pessoal de valores para compreender regras e normas vigentes na cultura e realizar escolhas sobre quais valores pautarão os objetos de vida, como não roubar, não mentir ou não agredir o outro verbalmente. Ela frisou que, atualmente, muitas crianças e jovens ainda estão em anomia, ou seja, sem
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regras. “Pais e professores são modelos para eles. Todos são responsáveis por educar moralmente essas crianças e esses jovens de uma forma melhor”, ponderou. A cooperação da família e da escola é fundamental no desenvolvimento moral. “Na escola, os estudantes têm a possibilidade de entrar em contato com outras regras que ampliem sua escala de valores”.
CONVENÇÃO DE EDUCADORES Os educadores de todos os setores do Farroupilha foram reunidos no Ginásio para uma convenção, que contou com o lançamento da #TodosSomosEducadores, uma campanha de valorização do papel de cada um dos profissionais que atuam no colégio na educação dos estudantes. “Educação acontece em todos os espaços, o tempo inteiro. Nós somos educadores desde as pequenas coisas, como no sorriso que acompanha um bom dia aos pais e estudantes no estacionamento e recepções”, ressaltou a diretora pedagógica Marícia Ferri aos mais de 300 educadores presentes. O trabalho de cada um também foi ressaltado pelo presidente da Associação Beneficente Educacional de 1858, Fernando Carlos Becker. “Todos nós, cada um com sua parte, estamos contribuindo com a formação de jovens que serão grandes líderes”, afirmou. “Obrigado por todo seu apoio em 2016 e que em 2017 a gente continue fazendo a nossa parte. Somos todos um time, que só ganha se todo mundo agir adequadamente”, concluiu. Após esse momento de conscientização, os profissionais foram convidados a fazer o plantio de uma mudinha de tempero ou chá em uma horta criada no estacionamento, que será cuidada e desfrutada coletivamente. O objetivo dessa ação foi representar a importância do cuidado que cada um tem no seu dia a dia no colégio para a educação dos estudantes do Farroupilha. Acesse o QR Code ao lado para assistir ao vídeo.
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MELHORIAS NO ESPAÇO ESCOLAR Estacionamento ganhou 95 novas vagas e prédio com 3.400m² será entregue em 2019
Nova passarela liga a Recepção Administrativa e a Educação Infantil até a rua Carlos Huber
Nos últimos quatro anos, a cada início de ano letivo, a comunidade escolar encontra melhorias na infraestrutura do Colégio Farroupilha. Todas as salas de aula já possuem aparelhos de ar condicionado, os banheiros foram reformados e ganharam adesivos de super-heróis e de personagens marcantes do cinema e de desenhos animados, os espaços da Educação Infantil foram modernizados, entre outros avanços. Para o ano letivo de 2017, o estacionamento foi ampliado em 95 vagas, representando um aumento de cerca de 40% da capacidade atual, e ganhou uma nova saída para a Rua Alfa. O investimento busca melhorar as condições de circulação e da parada de carros no entorno do colégio. Além disso, outras obras foram realizadas durante as férias escolares de verão: reforma no telhado do Ginásio, climatização das salas de Artes e de Judô; pintura e remodelação das fachadas e a ampliação das passarelas cobertas. A passarela da Educação Infantil foi expandida até a Rua Carlos Huber, interligada à passarela já existente, e a passarela que leva às quadras inferiores foi aumentada até a quadra coberta. Já a Unidade Correia Lima recebeu um novo portão, o piso foi reformado e um novo espaço para depósito foi criado.
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NOVO PRÉDIO COM SALAS DE AULA A previsão é de que em janeiro de 2019 seja entregue mais um prédio do Colégio Farroupilha com área de 3.400 m². Localizado próximo à recepção da Rua Mathias José Bins, ele contará com quatro andares e abrigará salas de aula, salas multidisciplinares, além de pátio no térreo e espaço coberto para atividades esportivas. Todos os andares terão acesso via escada e elevador, destinado a pessoas com dificuldade de locomoção, além de banheiros feminino, masculino e para pessoas com deficiência. O prédio contará com telhado verde, brises nas fachadas e um sistema de reaproveitamento de água da chuva.
OUTRAS MELHORIAS JÁ REALIZADAS DESDE 2013: ••
Modificação no sistema de catracas;
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Instalação de elevador para acesso ao Auditório e Ginásio;
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Novos playgrounds para os Anos Iniciais;
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Salas multidisciplinares;
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Novo mobiliário na Biblioteca Kids;
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Áreas de convivência em todos os andares;
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Reforma do Memorial;
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Criação da Central de Relacionamento com as Famílias;
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Novas modalidades de serviços: Saúde no Copo, Livraria Casa do Estudante, Cafeteria La Brunita e Grife Farroupilha;
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Substituição dos laboratórios de informática por laboratórios móveis;
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Ampliação da subestação de energia e implantação de gerador;
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Reforma na Pista Atlética;
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Mudança no piso das quadras superiores do Ginásio;
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Remodelação do Auditório.
Novo prédio ficará pronto em janeiro de 2019
Estacionamento ganhou 95 vagas novas e prédio principal recebeu desenhos na fachada
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CUIDADO E PROMOÇÃO DA SAÚDE Ambulatório presta o primeiro atendimento e acolhimento da comunidade escolar
Localizado entre as entradas do prédio principal do Colégio e da recepção da Educação Infantil – Berçário, Níveis 1, 2 e 3, o Ambulatório Escolar é o responsável por prestar o primeiro atendimento e acolhimento aos estudantes, pais, colaboradores, professores e terceirizados e, quando houver necessidade, encaminhar para um serviço médico especializado. A equipe é formada por uma enfermeira, Renata Endres, e por três técnicas de enfermagem, que gerenciam também a administração da medicação de alunos quando os tratamentos coincidem com o horário das aulas. Quando isso acontece, as famílias devem apresentar a receita médica com data e duração do período de uso do medicamento, conforme recomenda a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em casos de urgência ou de emergência, o Colégio Farroupilha conta com o SOS Unimed, serviço de atendimento especializado. Quando um estudante vai ao Ambulatório, ele leva a agenda escolar para que seja registrado o atendimento. “Além disso, registramos também no sistema, e o familiar tem acesso através do aplicativo ou Portal dos Pais. Entramos em contato telefônico somente se julgarmos necessário”, explica Renata. A enfermeira salienta a importância de as famílias manterem a ficha de saúde do aluno sempre atualizada na Secretaria. Além de pequenos atendimentos, o Ambulatório desenvolve ações educativas com a comunidade escolar, como palestras e atividades, e treinamentos de primeiros socorros com colaboradores do Colégio. O Ambulatório funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 19h30 e eventualmente aos finais de semana, conforme a programação da escola.
Parabenizamos o time de futuros profissionais formados no Farroupilha, que ingressaram em diversas universidades para reforรงar as mais variadas รกreas do saber!
DE 200 DIAS DE AULA COM OS AMIGOS DE 1.000 HORAS DE DESCOBERTAS DE 4.000 MINUTOS DE RISADAS NOS RECREIOS DE 15 COMPETIÇOES ESPORTIVAS COM A CAMISA DO COLÉGIO DE 10 GRUPOS E CLUBES DE APRENDIZAGEM