Oozaru2

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AUTOR

CRIADOR REPRODUTOR LEITOR DIFUSOR COMUM

Sobre a noção de autoria Dentre diversos comentários feitos após a distribuição da primeira edição de Oozaru!, um dos mais comuns diz respeito à ausência de assinatura nos textos publicados, que foram escritos pelos muitos alunos envolvidos no trabalho. Por conta disso, cabe usar esse espaço para expor a posição do coletivo perante tal questão. No entanto, antes disso, é interessante levantar a seguinte ideia: o que seria um autor? É possível dizer que autor é aquele que cria algo e, talvez pela nossa mentalidade cada vez mais mercantilizante, este também seria dono de sua criação. Porém, essa noção, poucas vezes questionada pelo senso comum e até pelos acadêmicos, pode ser vista com outros olhos. Ao dizer que alguém criou algo (esse texto, por exemplo), apagase, por meio de uma simples assinatura, todos os outros discursos que influenciaram essa produção, dando a ideia de que o indivíduo teria, isoladamente, total capacidade de construir tal objeto. Entretanto, como pode uma única pessoa assumir pensamentos que vêm sendo passados e transformados há muito tempo? Como alguém pode se apropriar de diferentes visões e centralizá-las em si só? Além disso, há, principalmente nos tempos atuais, a questão da propriedade intelectual, isto é, o direito autoral sobre produções de caráter intelectual, como textos

acadêmicos e produções culturais. Quando uma pessoa resolve cobrar direitos autorais sobre esse tipo de propriedade, ela restringe seu uso, que deveria ser livre, partindo do pressuposto de que todos objetos desse tipo constroem-se a partir de outros semelhantes. Nesse sentido, o desenvolvimento de produções culturais e acadêmicas (muitas vezes de extrema importância para a sociedade, como ocorre com pesquisas ligadas à saúde) é atravancado pela apropriação privada desses conhecimentos. Há de se lembrar, ainda, que os mais beneficiados pelos direitos autorais e pela propriedade intelectual são grandes empresas do ramo fonográfico, por exemplo, que detém os direitos de diferentes produções. Apesar dessa realidade, existem diferentes posicionamentos alternativos com relação às questões de direito autoral, como a criação de licenças livres (creative commons, copyleft, por exemplo) e a quebra de patentes de remédios. O surgimento de partidos piratas ao longo do globo também é uma demonstração da relevância cada vez maior dessa temática. Ao mesmo tempo, as legislações tendem a se adaptar cada vez mais a esses movimentos contrários à propriedade intelectual, proporcionando um conflito de interesses que, em um futuro próximo, pode envolver considerável parte da população (ou vai me dizer que você nunca ouviu uma música no Youtube, publicada sem o consentimento da gravadora?). Há algo acontecendo que não estamos sabendo direito. Afinal de contas queremos uma cultura livre e inclusiva ou não? Privilegiar o direito de autor que pertence a uma empresa ou garantir a livre circulação da informação? Pense nisso...

E-mail para contato: correiosayajin@gmail.com Essa publicação é de autoria do grupo Mídia Sayajin formado pelos alunos da disciplina de Projetos Intervenção e teve como base oficinas de edição de imagens e edição de textos nos softwares Gimp, Photoshop e Indesign. Todo o processo de seleção das notícias, pesquisa, redação dos textos e desing do jornal é de autoria dos alunos sob a revisão do orientador. Realizadores (em ordem alfabética) Brás Moreau Antunes Clara Leff Gabriel Vighy Carvalho Heitor Nemitz Iara Catunda João Pedro Machado Oliveira Julia Mendonça Gallo Kaique Zarate Lara Guimarães Léo Motta Lucca França Pinto Saad Maria Luíza Nat Spachi Rodrigo Autuori Rodrigo Del Nero Thomas Rondet Tomás Carrera Massabki Victória Lascala Orientação & Revisão Amadeu Zoe Apoio Youssef Hamed Lúcia Lima Tarso Loureiro


SESSÃO WIKIPEDIA TAMBÉM É CULTURA! MAIS UMA PUBLICAÇÃO EM CÓDIGO ABERTO! NÃO CRITIQUE! CONTRIBUA...

Você Sabia?

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não nasce com a Internet, nem com a web. De acordo com Burke (2004) e Chartier (2002) as primeiras

manifestações hipertextuais ocorrem nos séculos XVI e XVII através de manuscritos e marginalia. Os primeiros sofriam alterações quando eram transcritos pelos copistas e assim caracterizavam uma espécie de escrita coletiva. Os segundos eram anotações realizadas pelos leitores nas margens das páginas dos livros antigos, permitindo assim uma leitura nãolinear do texto. Essas marginalia eram posteriormente transferidas para cadernos de lugares-comuns para que pudessem ser consultadas por outros leitores. Provavelmente, a primeira descrição formal da ideia apareceu em 1945, quando Vannevar Bush publicou na The Atlantic Monthly, “As We May Think”, um ensaio no qual descrevia o dispositivo “Memex”. Neste artigo, a principal crítica de Bush era aos sistemas de armazenamento de informações da época, que funcionavam através de ordenações lineares, hierárquicas, fazendo com que o indivíduo que quisesse recuperar uma informações tivesse que percorrer catálogos ordenados alfabetica ou numericamente ou então através de classes e sub-classes. De acordo com Bush, o pensamento humano não funciona de maneira linear, mas sim através de associações e era assim que ele propunha o funcionamento do Memex. O dispositivo nunca chegou a ser construído, mas hoje é tido como um dos precursores da atual web. A tecnologia usada seria uma combinação de controles eletromecânicos e câmeras e leitores de microfilme, todos integrados em uma grande mesa. A maior parte da biblioteca de microfilme estaria contida na própria mesa com a opção de adicionar ou remover rolos de microfilme à vontade. A mesa poderia também ser usada sem a criação de referências, apenas para gerar informação em microfilme, filmando documentos em papel ou com o uso de uma tela translúcida sensível ao toque. De certa forma, o Memex era mais do que uma máquina hipertexto. Era precursor do moderno computador pessoal embora baseado em microfilme. O artigo de Novembro de 1945 da revista Life que mostrava as primeiras ilustrações de como a mesa1 do Memex podia ser, mostrava também ilustrações de uma câmera montada na cabeça, que o cientista podia usar enquanto fazia experiências, e de uma máquina de escrever capaz de reconhecimento de voz e de leitura de texto por síntese de voz. Juntas, essas máquinas formariam o Memex, provavelmente, a descrição prática mais antiga do que é chamado hoje o Escritório do Futuro.

Intertextualidade

Velocidade

Precisão

Dinamismo Interatividade Estrutura em rede

Acessibilidade

Transitoriedade

multilinear Não se pode deixar de citar outro personagem de grande importância histórica que é Douglas Engelbart diretor do Augmentation Research Center (ARC) do Stanford Research Institute, centro de pesquisa onde foram testados pela primeira vez a tela com múltiplas janelas de trabalho; a possibilidade de manipular, com a ajuda de um mouse, complexos informacionais representados na tela por um símbolo gráfico; as conexões associativas (hipertextuais) em bancos de dados ou entre documentos escritos por autores diferentes; os grafos dinâmicos para representar estruturas conceituais (o “processamento de idéias” os sistemas de ajuda ao usuário integrados ao programa).2 O trabalho de Ted Nelson e muitos outros sistemas pioneiros de hipetexto com o “NLS”, de Douglas Engelbart, e o HyperCard, incluído no Apple Macintosh, foram rapidamente suplantados em popularidade pela World Wide Web de Tim Berners-Lee, embora faltasse a esta muitas das características desses sistemas mais antigos como links tipados, transclusão e controle de versão.

HIPERTEXTO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2014. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hipertexto&oldid=40232191>. Acesso em: 21 out. 2014.


DEMOCRACIA DISTORCIDA Com o fim da Ditadura Militar, em 1985, foi estabelecida a democracia como conhecemos hoje. A partir dos 16 anos, todos os cidadãos brasileiros podem votar. Mulheres, homens, negros, índios, brancos, pardos, ricos, pobres, sem exceção. O voto é obrigatório dos 18 aos 70 anos, e analfabetos têm o direito de escolher se querem ou não votar. Além disso, a Constituição Brasileira afirma que podem se candidatar qualquer pessoa de nacionalidade brasileira, em pleno exercício dos direitos políticos, que esteja afiliada a algum partido. Existem hoje, 32 partidos políticos no Brasil, e mais de 20 em processo de coleta de assinaturas para validação. A imprensa e o direito de expressão são livres. Então vivemos num sistema justo e igual, certo? Bem vamos analisar esta questão: Nosso sistema na verdade trabalha na manutenção do status quo. Os mesmos partidos estão no poder há anos. Não há uma verdadeira

rotatividade de poder. As eleições se passam, e os políticos mudam, mas a quantidade de cadeiras para cada partido, no Congresso e no Senado, praticamente não mudam. PT, PMDB, PSDB e DEM ocupam a maioria das vagas. Coincidentemente, são estes partidos que recebem mais verbas privadas nas campanhas. Estas “doações”, são feitas por empreiteiras e bancos, principalmente. O dinheiro, deve ser usado exclusivamente para a campanha dos candidatos, e como temos visto, a aplicação vale à pena, já que os que mais recebem capital, são eleitos. Tais empresas não doam dinheiro pois acreditam nas propostas do partido. A JBS Friboi, por exemplo, doou 5 milhões para cada uma das campanhas de Aécio Neves (PSBD) e Dilma Rousseff (PT), rivais na corrida presidencial. As doações tem o caráter de um investimento, onde haverá, de qualquer modo, um retorno com a eleição do

candidato. Quando os candidatos se elegem, naturalmente, o “favor” é retribuído. Para conquistarem o maior número de cadeiras no Congresso, os partidos apostam em candidatos “isca”; famosos sem trajetória na política, mas populares entre o público. Este sistema serve para engordar o chamado “quociente eleitoral” e também o número de candidatos em suas bancadas federais e estaduais. O “quociente” é um cálculo que permite que um partido com um candidato muitíssimo votado traga com ele outros menos votados. O “quociente eleitoral” é calculado a partir da soma de todos os votos válidos, ou seja, excluindo brancos e nulos, dividido pelo número de cadeiras disponíveis, seja na Câmara dos Deputados, seja na Assembléia Legislativa. Portanto, se houverem cem mil votos válidos, e dez vagas disputadas; a cada dez mil votos que o partido ou a coligação tiver então, elegerá um deputado. Vale ressaltar que quanto mais votos nulos, menor o o “coeficiente eleitoral”, e menor a necessidade de votos. Neste mesmo exemplo, se um único candidato consegue 50 mil votos, ele consegue, sozinho, trazer

PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTO NO 1° TURNO - ALUNOS DO COLÉGIO OSWALD (fundamental II e médio)


com ele, mais quatro candidatos, mesmo que não tenham chegado nem a dez mil. O tempo de propaganda eleitoral também não é, de fato, um exemplo de igualdade democrática. No rádio e na TV, em dois períodos, os partidos e coligações tem ao todo, trinta minutos disponíveis no meio da programação. Dez minutos são divididos igualmente entre o número de candidatos. Se por exemplo, existem dez candidaturas, cada uma tem um minuto desse “fundo”. Vinte minutos, são proporcionais a quantidade de cadeiras de cada partido por deputados e senadores. Se por exemplo, um partido ocupa 30% destas vagas, ele terá a mesma porcentagem dos vinte minutos, que seriam seis minutos. Dessa forma, as coligações com mais partidos, que já preenche várias vagas dentro do governo, recebe mais tempo de propaganda gratuita, aumentando as chances de continuar no poder. Com este inevitável crescimento de chances, os investimentos

aparecem rapidamente, bancando campanhas milionárias. É criado então um ciclo. E quem se beneficia disso são os financiadores e quem está no poder. O que faz então alguém ser eleito, não é a qualidade de sua proposta de governo, ou a inovação na sua doutrina, ou a crítica à oposição ou situação. Para ser eleito é necessária uma campanha com bom espaço e bastante dinheiro. Mantendo assim os mesmos interesses defendidos, no executivo e legislativo. Por causa disso, a ideia de que “político é tudo corrupto” e “é tudo igual” cresce, e acaba dando a impressão de que existem poucas opções. Os protestos de junho do último ano escancararam a falta de confiança no sistema atual. Partidos pequenos, que não recebem doações milionárias, acabam ficando sempre fora dos planos dos eleitores, tudo porque todo investimento nas ricas campanhas é feito para que o eleitorado conheça o candidato. Apenas 30% dos candidatos sem muitos recursos se elegeram nas

últimas eleições. Seria preciso encontrar alternativas a esse sistema político, como ocorre na proposta de reforma política, que reúne diferentes medidas a serem tomadas no sentido de amenizar as falhas inerentes ao sistema atual. Os pontos a serem alterados seriam, basicamente, o financiamento das campanhas, o número de suplentes para senador, o fim do voto secreto no Congresso, e a eventual proibição de coligações partidárias. No entanto, tais mudanças, mesmo podendo ser benéficas, ainda seriam pouco para aprofundar os laços democráticos ainda crescentes no Brasil. Há propostas que buscam democratizar também os espaços da política tanto partidárias quanto diária do país, por meio da participação popular. É o caso da Plataforma pela Reforma do Sistema Político, união de diversos coletivos, movimentos e organizações que julgam necessárias tais mudanças, no sentido de estender a democracia para as relações entre os cidadãos, algo que é de fato democrático.

COPYLEFT BY VICTOR TEIXEIRA > https://www.facebook.com/vitortegom


Depois de três anos, um dos Intervenção - a qual pertence es projeto de ocupação de espaços pú pouco utilizadas para eventos cul the Square” realizou um sarau, n de circo e grafite, na Praça Corn pela forte presença de apresentaç tradicionais variações de rock, t roda de samba. Mesmo com pouca presença do bem-visto pelos expositores da p movimentação causada por este usado como forma de pequenos ar se apresentarem para um público na página da intervenção no Fa produções.

Mais informações sobre o grupo a http://projetobackinthesquare.tum


grupos da disciplina Projetos de sse coletivo - retomou um antigo úblicos, mais precisamente de praças lturais. “No Olho da Rua - Back in no último dia 12, além de oficinas nélia, localizada na Lapa, marcado ções de rap, sem deixar de lado as terminando com uma convidativa

os moradores locais, o evento foi praça, que acreditam ser benéfica a tipo de evento. O sarau ainda foi rtistas divulgarem seus materiais, ao o inédito e, em seguida, publicarem acebook links para acessarem suas

acesse: mblr.com/nossogrupo


Futebol

lugar de quem? A distinção entre meninos e meninas é apresentada para a criança logo que a infância começa e a consciência das diferenças entre os gêneros se dá, principalmente, na introdução das brincadeiras infantis. Às meninas são dadas bonecas, casinhas, panelinhas de cozinha, bichinhos de pelúcia, entre outros artefatos de caráter mais “delicado”. Já para meninos, os brinquedos adquirem formas mais “agressivas”: carrinhos, espadas, tanques de guerra, arminhas e as famosas bolas de futebol. Desta forma, os estereótipos são criados e reafirmados desde muito cedo na vida da criança. O futebol também faz parte disso, sendo imediatamente classificado como “coisa de homem”, um esporte exclusivamente masculino onde as meninas não devem se intrometer. A “brincadeira de macho” logo toma proporções gigantescas em enormes estádios de futebol. O “espaço de homem” é consolidado a cada partida, através de diversos gritos, xingamentos e urros, normalmente vindos de torcidas organizadas que, dessa forma, reforçam a ideia de que o estádio é

um lugar de caráter masculino, em que coisas delicadas, relacionadas tradicionalmente ao sexo feminino – coisas de “mulherzinha” – não cabem. É interessante observar como os recorrentes gritos da torcida agridem às mulheres e não aos homens. Ou, ainda, a qualquer um que não se encaixe no perfil “100% macho” – os alvos são, na maioria das vezes, aqueles que estariam “traindo” a masculinidade: os chamados “veados, bichas, bonecas, boiolas”. São esses os xingamentos mais utilizados para humilhar um jogador em campo quando este não cumpre o que lhe é esperado. O uso do termo “bicha” como xingamento e a caracterização do homosexual como um “infiel” ao sexo masculino esta diretamente relacionado ao papel historicamente inferiorizado que a mulher ocupa na sociedade. Afinal, para os 100% machos, o homem homossexual estaria muito mais próximo da mulher do que do homem, e ser mulher seria a pior ofensa de todas. Características femininas seriam vistas como

motivo de vergonha e, novamente, não caberiam no “espaço de macho” que é o estádio de futebol. Da mesma maneira que homens considerados “afeminados” são julgados e rebaixados a condições inferiores, as poucas mulheres que ainda cultivam a adoração ao esporte também sofrem com os rótulos de “masculinização”. Dessa maneira, pode-se dizer que o futebol nunca seria o lugar para moças delicadas, e sua participação, portanto, não seria bem-vinda, uma vez que este não é o seu papel esperado pela sociedade. “Enquanto se espera que os homens sejam fisicamente fortes, espera-se que as mulheres sejam mais frágeis do que os homens com quem interagem. Quando homens e mulheres fogem a essa regra há uma tendência em categorizálos como desviantes. Um homem com fragilidade física é tido como ‘feminilizado’ enquanto que uma mulher com força física é rotulada como ‘masculinizada’. Para participar de esportes meninos têm que ser tradicionalmente masculinos, ou seja, fortes, impetuosos e agressivos. A possibilidade da mulher fazer parte desse mundo esportivo é menor, afinal, esporte nunca teve como finalidade tornar a mulher mais feminina.” (KOLNES, Liv-Jorunn, “Heterosexuality as an Organizing Principle in Women’s Sport”, 1995). Dessa forma, a construção cultural dos gêneros faz com que a questão do esporte sirva apenas como mais uma maneira de perpetuar uma cultura machista profundamente arraigada no mundo ocidental. Uma visão que não acompanha as mudanças que vem ocorrendo no papel que a mulher ocupa dentro da sociedade e que, portanto, deve ser discutida, questionada e combatida.


MAS..., E O RACISMO?

Ainda cabe lembrar que não são só as mulheres e os homossexuais os excluídos do esporte. A marginalização também acontece com os negros, que sofreram a violência da escravidão em um passado não tão distante cujos ecos ainda são escutados nas arenas esportivas. O racismo faz parte do cotidiano brasileiro, embora apareça de forma muitas vezes velada, principalmente pelo mito da “democracia racial” e de que o Brasil é um país de miscigenação, como se isso acabasse com os preconceitos raciais da noite para o dia. Como ocorre com a questão de gênero e orientação sexual, o futebol, como esporte de massa, é um espaço no qual diversas ofensas

desse tipo são facilmente toleradas. Não por acaso ouvimos declarações como a do ex-presidente do Grêmio, Luiz Carlos Silveira Martins, que afirmou ser parte do folclore do futebol o termo macaco. Vale lembrar que isso foi dito após o polêmico caso envolvendo o goleiro do Santos, Aranha, e parte da torcida do clube gaúcho, que o hostilizou com imitações de primatas e xingamentos durante partida da Copa do Brasil. O ocorrido não é um caso isolado de racismo no futebol brasileiro, como os casos recentes de ofensas a Arouca, jogador do Santos e ao árbitro Márcio Chagas da Silva bem mostram. Em tal episódio envolvendo o juiz e torcedores do clube Esportivo, do Rio Grande

do Sul, a equipe acabou perdendo nove pontos e foi rebaixada de divisão do Campeonato Gaúcho. No caso de Aranha a punição do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) também teve caráter de certo modo impactante; após relatadas as ofensas, o Grêmio foi eliminado da competição, além de racistas vindas de suas torcidas. ser obrigado a pagar uma multa de Além disso, os próprios torcedores, com receio de uma possível pena, 54 mil reais. evitam as manifestações de cunho preconceituoso. Entretanto, a punição como forma de coerção não é e não deve ser suficiente para cessar os casos de ofensas raciais. A cultura de preconceito, isto é, o próprio pensamento racista é que deve ser Deste modo, procura-se combater desarraigado da sociedade. tais atos e, principalmente, Portanto, o combate aos casos de pensamentos racistas observados racismo num esporte de massa dentro dos estádios brasileiros por como é o futebol deve ser pensado meio, por exemplo, de punições e refletido para que futuramente exercidas pelo STJD aos clubes, seja possível o alcance de uma que, querendo ou não, fazem sociedade e de uma cultura mais com que as equipes reflitam e se justa e que respeite quaisquer preocupem mais com as ações pessoas e raças.



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