EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL I
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL I
O Oswald tem um currículo diversificado, que contempla diversas áreas do conhecimento – como Língua e Literatura, Artes Visuais, Corpo e Movimento, Música, Matemática, Ciências Naturais e Sociais, Inglês – e que se desenvolve em um espiral conceitual crescente, permitindo que se ampliem e aprofundem os conhecimentos a cada etapa. Um currículo que contempla, além dos conteúdos conceituais, os conteúdos procedimentais e atitudinais. Isto é, que promove aprendizagens e desenvolve atitudes colaborativas na construção dos conhecimentos. O currículo oswaldiano é organizado em várias modalidades, como atividades permanentes, sequências didáticas, projetos e Estudos de Meio, visando promover vivências e aprendizagens significativas a partir do engajamento dos alunos em cada uma das atividades. Como exemplo de atividades permanentes temos as rodas de conversa e as reuniões de classe, nas quais os alunos podem tratar de assuntos relativos ao aprendizado da convivência, falar de suas percepções, sentimentos, e aprender a resolver conflitos, com a mediação dos educadores da escola. Um dos fundamentos desse currículo é ver cada criança em suas peculiaridades e, ao mesmo tempo, promover a experiência do coletivo, o que implica em uma observação atenta de como cada um realiza seu aprendizado e da possibilidade de compartilhamento entre os pares, com a mediação e os saberes que os
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professores intencionalmente trazem para o ambiente escolar e que, no Oswald, trazem uma forte marca cultural. Assim também são organizados muitos dos nossos eventos, também pensados como novas oportunidades de aprendizagem, contando com a participação não só dos alunos, mas de toda a comunidade. A expectativa do colégio para estes ciclos é que os alunos tenham disponível um grande repertório de saberes e que também conquistem bastante conhecimento sobre seus modos particulares de aprender, fazendo-o a partir da valorização da diversidade de maneiras de ser e de expressar-se. Assim, ao longo de sua escolaridade, os alunos oswaldianos constroem seu projeto de vida particular, a partir de uma relação com o conhecimento que lhes permite usufruí-lo ao longo de toda sua trajetória.
O ESPAÇO ESCOLAR NO OSWALD O ambiente de aprendizagem é composto de diferentes dimensões interligadas e culturalmente estabelecidas, que desafiam a criança a agir sobre ele e avançar em seu percurso de desenvolvimento e aprendizagem. Essas dimensões são: o espaço e os materiais, o tempo e as interações. As escolhas relacionadas a essas dimensões revelam de que forma o projeto pedagógico efetiva-se na prática. O espaço, em conjunto com os materiais dispostos nele, forma um cenário no qual irá desenvolver-se a cada momento da rotina escolar a atividade de cada criança, a partir da qual cada uma irá construir conhecimento.
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Cada cenário comunica uma intenção à criança, uma ou mais ações a serem desenvolvidas por elas, a depender do sentido que cada uma atribuir a esse cenário. Ao observar a interação das crianças com o espaço e os materiais, o professor pesquisa quais dentre os elementos dispostos – e de que forma – podem estar contribuindo ou dificultando a aprendizagem, para então fortalecer ou modificar a situação nos momentos seguintes, sempre tendo como referência as expectativas de aprendizagem expressas no currículo. O Oswald garante, no cotidiano das crianças, espaços que promovam ricas experiências e que sejam abertos aos interesses e necessidades das crianças. Espaços diversificados, bonitos, seguros, flexíveis, organizados e estimulantes, que permitam toda a gama de aprendizagens que se deseja às crianças!
Alguns aspectos a serem considerados: Segurança: primordialmente, todos os ambientes devem ser seguros. Salubridade: em segundo lugar, devem ser ambientes sãos, que propiciem a saúde. Comodidade: em terceiro lugar, devem ser cômodos tanto para a criança como para o adulto que cuida dela. Conveniência: em quarto lugar, o ambiente deve organizar-se convenientemente, de modo prático para o educador, possibilitando que seja fácil acessar os materiais, reorganizar o ambiente e atender às necessidades das crianças com agilidade. Estatura da criança: os ambientes, o mobiliário, para as crianças pequenas, devem levar em conta o seu tamanho, adequando-se ergonomicamente. Flexibilidade: a flexibilidade de mudar as coisas de um lugar para outro facilmente é importante.
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Desafiar e estimular os diferentes sentidos e competências: Movimento: certamente deve estimular o movimento, recurso fundamental de aprendizagem para a criança pequena, contendo desafios estáveis e flexíveis; ou seja, a criança precisa percorrer repetidas vezes os mesmos obstáculos para avançar e diversificar formas de percorrê-lo, além de encontrar a cada dia novos desafios. Sensações - Cores, texturas, formas, aromas, sabores: podem ser despertadas tanto de materiais manufaturados pelo homem (o que inclui diferentes tipos de sucata) como de materiais naturais, que apresentam uma variedade ainda maior desses elementos. Portador de diversidade cultural: os espaços devem estar relacionados aos diferentes campos do conhecimento e de diferentes povos: histórias, brinquedos e jogos, materiais naturais e que possibilitem experiências empíricas, instrumentos de observação, fantasias, roupas e acessórios para a representação de papéis no jogo simbólico etc.
Opções e autonomia: finalmente, os ambientes devem permitir à criança diferentes opções, além de garantir e incentivar sua utilização com a autonomia possível em cada idade. Estética e identidade: o espaço deve ser belo e guardar as marcas das crianças que convivem nele. Também, deve tornar visível às crianças e suas famílias as vivências, descobertas e aprendizagens cotidianas das crianças. Cenário: favorece ou não determinado tipo e qualidade de interação: com o professor com as crianças com os materiais
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O CUIDADO DE SI, DO OUTRO E DO AMBIENTE No Oswald, compreendemos que cuidar da criança é atender suas necessidades físicas, oferecendo condições de sentir-se confortável em relação ao sono, à fome, à sede, à higiene, à dor etc. Mas não apenas isso. É importante perceber que o sujeito psíquico está em um corpo e, por meio dele, percebe-se separado do outro e do mundo físico. Com o corpo, a criança se expressa, reage, interage, comunica-se com o grupo! Esse corpo, na criança, está em processo de crescimento e desenvolvimento, e esse processo está relacionado todo o tempo com a construção do eu psíquico e das funções intelectuais dos alunos. Os cuidados que visam a promoção do crescimento e desenvolvimento orgânico não estão separados das atitudes e dos procedimentos que ajudam a criança a construir conhecimentos sobre a vida sociocultural. Portanto, para nós, cuidar das crianças e educá-las são faces da mesma moeda. No Ensino Fundamental I, à medida que crescem, as crianças vão adquirindo condição de cuidar de si com maior autonomia e é importante que sejam incentivadas a fazer para si e para o outro o que já são capazes, além de identificarem suas necessidades e refletirem sobre suas ações, ainda que contem, para tanto, com apoio do professor. O cuidado, no Oswald, é objeto de planejamento, que envolve preparar o espaço, selecionar materiais, destinar tempos e cuidar das interações. Ao interagir com as crianças, além de apoiar suas ações de cuidado, o educador oferece-se como modelo de autocuidado, por exemplo, ao lavar as próprias mãos; de cuidado do outro, sempre que cuida das crianças; e de cuidado com o ambiente, ao organizar os materiais com as crianças, jogar o lixo no local apropriado etc. As interações entre adulto e criança são pensadas para garantir os procedimentos de higiene e saúde relacionados aos diferentes espaços e momentos de cuidados físicos, a qualidade afetiva das relações, a conquista de autonomia progressiva das crianças para se conhecerem, cuidarem de si, do outro e do ambiente.
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ALFABETIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE LEITORES O trabalho com a alfabetização no Oswald, de certo modo, inicia-se quando as crianças ingressam nas séries iniciais da Educação Infantil, à medida que são convidadas a dar sentido às marcas gráficas que as rodeiam, em situações de leitura e escrita cotidianas, como quando precisam procurar o nome de um colega no cabideiro de lancheiras, quando a professora lê uma história ou escreve na lousa a rotina do dia. Com maior ênfase e de forma mais estruturada, esse trabalho acontece no 1º ano do Ensino Fundamental I com o objetivo de fazer com que as crianças aprendam sobre o sistema de escrita e, ao mesmo tempo, reflitam sobre a linguagem que usamos para escrever. Para isso, organizamos algumas atividades permanentes (como a roda de leitura diária ou a troca de livros semanal no CLIP), projetos (como uma reescrita que culmina na publicação de um livro da turma) e sequências de atividades (como a construção de uma coletânea de adivinhas) a fim de que os alunos possam aprender e assumir comportamentos de leitores e escritores.
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Para que possam avançar conceitualmente em relação à leitura e escrita, as crianças são convidadas a ler e a escrever antes de poder fazêlo convencionalmente, já que é a partir das hipóteses que têm sobre a escrita e a leitura, expressas nessas atividades, que o professor pode planejar as melhores intervenções para fazêlas avançar. Os alunos também contam com a possibilidade de produzirem textos pelas mãos dos professores e de assumirem o lugar do leitor, à medida que, durante as situações de leitura pelo professor, apreciam a estética dos textos, emocionam-se com as passagens mais sensíveis e riem das peripécias dos personagens. Desde as turmas da Educação Infantil até o Ensino Médio, os alunos desfrutam de grande variedade de textos e participam de situações de escrita cujos propósitos comunicativos estão preservados, ou seja, escrevem na escola com objetivos reais, como fazemos também fora dela.
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AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I O Oswald entende como avaliação uma dinâmica de trabalho contínua e sistemática de troca entre educadores e educandos. Por meio dela, regula-se a relação entre ensino e aprendizagem. Se, por um lado, percebemos o quanto os alunos corresponderam ao que foi proposto, cumpriram as propostas, dedicaram-se aos projetos nos quais seus grupos estão envolvidos, por outro, verificamos o quanto as abordagens e estratégias estão adequadas àquele grupo de alunos e, também, a necessidade de retomar o trabalho com o(s) conteúdo(s) avaliados. O processo avaliativo no Oswald pode ser descrito em três momentos: a avaliação inicial, diagnóstica, que busca identificar o conhecimento que os alunos trazem ao iniciar um curso/série; a avaliação contínua, formativa, durante o processo de trabalho; e a avaliação somativa, ao final da trajetória vivida pelo grupo ou aluno. Tendo como perspectiva de trabalho a conscientização dos alunos sobre seu próprio processo de aprendizagem e promovendo a autorregulação do mesmo, atividades de autoavaliação são realidade em toda a trajetória proposta pelo Colégio. Estas etapas acontecem de diversas formas ao longo da escolaridade. Na Educação Infantil, esse processo se dá em uma dinâmica que considera as principais dimensões infantis e se traduz em textos mais descritivos, com imagens e produções das crianças dentro do portfólio digital e tendo a família como principal interlocutora do processo de desenvolvimento das crianças. O Ensino Fundamental I é o nível em que uma série de elementos relacionados ao processo de escolarização dos alunos são formalizados – e a avaliação é um deles. Progressivamente, os alunos encontram, na sua experiência escolar, tais elementos.
As notas e avaliações pontuais são uma realidade a partir do 2º semestre do 2º ano. Já as Avaliações Trimestrais (que têm um peso maior, por promoverem a sistematização de conteúdos trabalhados ao longo do trimestre) são introduzidas no 4º ano e marcam o início do investimento com os procedimentos de estudo em casa, por meio das Orientações de Estudo, atribuídas a cada atividade deste tipo. Neste investimento, os procedimentos de estudo são foco de trabalho. O aluno experimentará diferentes maneiras de fazê-lo, por dois motivos fundamentais: porque existem especificidades na maneira de se estudar cada área (estudar Matemática é diferente de estudar Ciências) e porque a maior ou menor eficiência de diferentes “jeitos de estudar” é variável para cada aluno – o objetivo é que possam encontrar o jeito que melhor funciona para si mesmos.
A pessoalidade envolvida nesse processo reafirma a importância de termos, até o fim do Ensino Fundamental I, os registros e portfólios individuais como outra via de interlocução entre professor e aluno. Neles, o professor pode dar devolutivas, de maneira discursiva, daquilo que foi mais ou menos desafiador para o aluno naquela etapa do estudo. Contemplamos assim uma gama diversa de instrumentos de avaliação e suas devolutivas, promovendo o autoconhecimento dos alunos no que se refere a sua postura de estudante.
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CLIP E EI! O Centro de Leitura, Informação e Pesquisa é um espaço de aprendizagens que se concentra na realização de um plano de formação de leitores. Esse plano é pautado pela socialização das experiências leitoras como meio de construção do afeto pela leitura e do hábito de ler. Sem deixar de lado a aprendizagem de rotinas importantes para o leitor - as práticas de ler e de frequentar a biblioteca - e da postura ou atitude que esse ambiente propõe ao fazermos uso dele. São saberes fundamentais para ampliar a autonomia do aluno para buscar e selecionar informação, estudar e pesquisar, além de se desenvolver no âmbito literário e na fruição estética do texto. Na visão do Oswald, essa formação de leitores que têm disponíveis textos em diferentes plataformas e mídias, deve considerar e colocar em uso tal variedade de registros e de modos de ler. Assim, foi criado o CLIP, espaço de aprendizagem que conta com palco para apresentações, um mobiliário de fácil movimentação e reconfigurações, som ambiente, biblioteca física com acervos de literatura infantil, infanto-juvenil e livros de estudo para os educadores, estrutura para projeção de slides, notebooks e tablets conectados à internet. Essa variedade de recursos sustenta as experiências de aprendizagem que, a partir dos planejamentos e das aulas realizadas pelas professoras do grupo e pela educadora de biblioteca, formam leitores no CLIP. Semanalmente, os alunos visitam o CLIP com seu grupo e professores. Nesses encontros, ocorrem práticas de pesquisa e leitura, rodas para compartilhamentos e indicações de livros, apresentações, saraus, entre outras atividades visando a formar leitores interessados pela leitura e habituados com o mundo letrado em sua complexidade e multiplicidade de formas.
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Nas rodas de conversas entre os alunos, são discutidos, entre outros temas, os hábitos leitores e os critérios de escolha dos textos da biblioteca. Os alunos tomam consciência de que ler é um processo e uma construção que se realiza na socialização de leituras, assim como no cultivo da leitura solitária. Eles constróem um interessante repertório de possibilidades e ajustes para a sua própria prática leitora, ao ouvirem uns aos outros. Há sequências e projetos em que os alunos aprendem as diversas práticas de biblioteca, observando os combinados de empréstimo e devolução de livros, quais cuidados para a conservação das obras emprestadas, qual o sentido desse cuidado para o uso coletivo dos recursos. Esse conjunto de atividades oferece aos alunos a oportunidade de formar seus instrumentos de leitura e de se constituírem leitores autônomos, com um olhar sensível e interessado pela literatura. O Espaço de Investigação (EI!), também na Unidade Girassol, como o próprio nome diz, é um ambiente em que o foco de trabalho é o estudo por meio
da investigação. Assim como o CLIP, esse espaço é frequentado pelos alunos de todas as turmas da unidade, de G5 a 5º ano do Ensino Fundamental I, a partir de sequências didáticas e projetos com temática científica em diálogo com o currículo. O EI! está equipado com vidrarias de laboratório, espécies diversas de insetos, aracnídeos, répteis e anfíbios conservados em formol e esqueletos. Há uma estufa para atividades com fotossíntese ou microorganismos, além de dois fogões e utensílios de cozinha para atividades de culinária. Os temas científicos são os mais explorados nesse espaço, como se faz no encontro semanal da Oficina da Ciência, em que alunos do 5º ano são convidados a construir hipóteses a partir de um problema proposto, realizar testes e efetuar análises de resultados. O principal objetivo desses trabalhos é desenvolver as práticas investigativas, isto é, a forma como se encaminha um experimento com vistas à produção de modelos explicativos simples, utilizando-se da argumentação e pesquisa por diversas fontes.
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INGLÊS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL I O ensino de Inglês no Colégio Oswald inicia-se no Grupo 4, idade em que é mais fácil aprender uma língua, já que é na infância que as ligações entre os neurônios desenvolvem-se para processar novas palavras. Além disso, como ainda está em formação, o aparelho fonador da criança está mais apto a apropriar-se de fonemas e entonações que propiciam pronúncia sem sotaque. Diante dessa realidade e considerando que a função da língua é a comunicação, criamos, no dia a dia de nossos alunos, oportunidades para que usem a língua de forma autêntica e funcional. O principal recurso de que dispomos é o brincar. As crianças pequenas gostam de brincar com palavras, juntam-se com prazer às brincadeiras que têm ritmo e não se importam de ouvir a mesma história ou cantar a mesma música repetidas vezes. Desse modo, pular corda recitando uma rima, brincar em um “cantinho” de faz de conta com a professora de Inglês ou ouvir a
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contação da história The Three Little Pigs (“Os três porquinhos”) são momentos preciosos de aquisição linguística na Educação Infantil. Da mesma forma, no Ensino Fundamental l, os alunos são expostos à língua autêntica e convidados a usá-la de forma funcional por meio de jogos, conversas imaginárias, atividades colaborativas e projetos interdisciplinares. Não há a preocupação de filtrar estruturas ou partir das mais simples às mais complexas. Nesse particular, nossa abordagem assemelha-se à aquisição da língua materna. Por exemplo, no Projeto Hostel, realizado pelo 3º e 4º ano, os alunos entrevistam turistas falantes de inglês visitando São Paulo e o que orienta as questões da entrevista é o interesse pelas informações. Conhecimento limitado de gramática e de vocabulário não vão impedir a comunicação. Outro princípio de nosso trabalho é o respeito ao tempo e às necessidades de cada aluno. Reconhecemos que existe um período de silêncio (silent period) em que o aprendiz inicial está processando a língua, construindo sua competência linguística. Nessa fase, é comum não utilizá-la para falar, restringindo-se a ouvi-la. O projeto de Inglês do Oswald baseia-se, portanto, na metodologia do Total Physical Response (em uma tradução livre: resposta totalmente física), que está diretamente relacionada ao conceito do silent period. O TPR é baseado na coordenação da língua com movimentos do corpo. O educador dá instruções orais e os alunos respondem
com ações. Ao mesmo tempo que essa abordagem demonstra reconhecimento da língua (compreensão oral), ela é uma forma de aprendizado passivo. A criança apropria-se do vocabulário, de estruturas da sonoridade da língua, antes de produzi-la oralmente. No que se refere a atividades sistemáticas de escrita e leitura, optamos por introduzi-las gradativamente, conforme a alfabetização em português esteja bem elaborada, por volta da metade do 2º ano, para que não haja riscos de interferências desfavoráveis. Nossa abordagem pedagógica integra conteúdos de forma interdisciplinar e mobiliza conhecimentos prévios, ativando a memória, o raciocínio e as capacidades relacionais. A título de exemplo, podemos citar o trabalho realizado no 2º ano, quando os alunos mergulham em uma pesquisa sobre as borboletas na área de Ciências e exploram o livro The Very Hungry Caterpillar (“Uma lagarta muito comilona”), de Eric Carle. Este trabalho ilustra também a diretriz do
Oswald de usar a língua como meio, como instrumento de busca de conhecimento, e não como um fim em si. Na mesma linha, o projeto Mystery in London, do 5º ano, está integrado às áreas de Língua Portuguesa e de Artes, culminando na produção de uma fotonovela com texto em inglês. Enfim, o ensino da língua inglesa na Educação Infantil e Ensino Fundamental l do Colégio Oswald adota uma metodologia comunicativa e busca implicar os alunos em processos mentais, nos quais elaboram seu conhecimento e desenvolvem seu potencial linguístico.
CULTURA DIGITAL
No Oswald, pensamos em um currículo que trabalhe as habilidades digitais de forma ampla e cidadã. Dessa forma, buscamos compreender de que maneira as mídias digitais podem ser parte de um projeto de ensino mais amplo, que não encare as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) como atividades isoladas e ferramentas para um uso “instrumental”, mas, sim, inseridas organicamente em um contexto pedagógico carregado de sentido, que propicie a reflexão e o pensamento criativo de todos os membros da comunidade escolar. As tecnologias digitais têm um impacto direto no cotidiano escolar ao reconfigurarem o ambiente e as práticas educativas, tornando-se aspectos relevantes do repertório de educandos e educadores. Permitem o acesso a conteúdos em qualquer lugar e em qualquer tempo, promovem conexões com outros universos, independentemente de fronteiras geográficas. As relações entre tecnologias, educação e ambientes educativos no Oswald desdobram-se em vários aspectos: a utilização de diferentes mídias em formatos e suportes diversos; as novas formas de ler e escrever; e a exploração de novos cenários educacionais, por exemplo, a sala de aula invertida. Muito se diz sobre as novas gerações, que seriam “nativas digitais”, e suas supostas habilidades “naturais” com os dispositivos digitais, mas sabe-se que essas habilidades muitas vezes se referem a aspectos “mecânicos”, técnicos ou instrumentais, como apertar botões, navegar e fazer determinadas tarefas simples com agilidade. No entanto, no Oswald, entendemos a importância de se estabelecer outro olhar para este mesmo fenômeno, buscando outras possibilidades de construção e a ênfase para as mediações necessárias em relação ao uso ético e cidadão das mídias digitais, tanto para fins recreativos como para a aprendizagem.
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As habilidades digitais operacionais são fundamentais para o acesso às tecnologias digitais, na medida em que possibilitam a navegação na internet, o uso de processadores de texto, a busca de informações etc. No entanto, não são necessariamente suficientes para um uso consciente e crítico das mídias digitais. A atuação cidadã na internet é um aprendizado fundamental, que envolve a leitura crítica, a prática para boas escolhas e o autocuidado. Entendemos como fundamental a reflexão sobre como a cultura escolar e a cultura digital se relacionam, para compreender que diálogos são possíveis na formação de cidadãos capazes de exercer tal cidadania em ambientes digitais.
OS CONFLITOS E SUA MEDIAÇÃO
O conflito é inerente às relações humanas. Das diferenças na maneira de entender situações cotidianas às discordâncias mais significativas na forma de ver o mundo, todos estamos sujeitos a elas. Inclusive, em nossa jornada cognitiva, o conflito dos conhecimentos já dominados frente a novas informações apresentadas caracterizam-se como potentes contextos de aprendizagem. Por isso, no Oswald, não olhamos para este tema como algo a ser evitado ou como desvio de um processo ideal. Tratam-se, em nossa perspectiva, de situações extremamente potentes de aprendizagem. Todo processo de desenvolvimento e aprendizagem compartilhados são originadores de conflitos interpessoais, que se desdobram em conflitos intrapessoais – e, assim, permitem a passagem de um estado anterior para uma nova condição mais madura. Este tema configura-se como território em que predominam as emoções. Neste terreno,
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frequentemente nos deparamos com as frustrações, as excitações, e outras tantas emoções que podem turvar a visão que a criança tem sobre o outro e sobre o mundo. É, portanto, espaço para a “educação emocional”. No Oswald, afetividade e aprendizagem andam de mãos dadas sempre. Tal investimento não se faz por meio de livros didáticos ou enclausurando a dimensão emocional dos alunos dentro de uma disciplina semanal – pode ser muito arriscado fazê-lo de maneira descontextualizada. Não buscamos a mera construção de um discurso, mas a real e efetiva evolução dos modos de agir nos espaços coletivos, por meio do autoconhecimento. Portanto, nossa atuação frente aos conflitos cotidianos da escola é na perspectiva da mediação. Isso evidenciase nos momentos em que o educador encaminha um conflito vivido pelos alunos: mais do que um simples “pedir desculpas”, precisamos ajudá-los a entender em que momento o conflito teve seu início e quais novas maneiras de agir podem lançar mão para superar os equívocos envolvidos. Nessa maneira de atuar, temos como objetivo ajudar o aluno a desenvolver ferramentas para que possa encarar de maneira autônoma os conflitos que lhe serão propostos pelo mundo em que vive. Nas situações de mediação, colocamo-nos como modelos de resolução de conflitos e, ao mesmo tempo, ajudamos o aluno a identificar as ferramentas que já dispõe e aquelas em que precisa investir. Mas a educação emocional não acontece somente quando há conflitos – ainda que não haja uma única história pessoal que não seja permeada por eles, na concepção que carregamos. Há um importante cuidado com esta dimensão atravessando o Projeto Pedagógico oswaldiano. Desde as rodas de conversa (Educação Infantil) até as reuniões de classe (Ensino Fundamental I), encontramos terreno fértil para este trabalho: a possibilidade de cada aluno dizer de si, do
grupo e do trabalho que vivem. São estratégias que permitem ao grupo configurar-se como uma rede de relações afetivas sólidas, que permitem a escuta, a empatia e o “colocar-se no lugar do outro”. A partir dessas experiências, os alunos podem dar um novo passo no próximo nível escolar, vivido nas aulas de Orientação Educacional e ocupando espaços de maneira mais autônoma, como o Grêmio Estudantil e os cargos de representantes de turma (Ensino Fundamental II). O Oswald acredita que, ao preparar um jovem para a vida adulta no século XXI, não se pode furtar de ajudá-lo a lidar com as emoções. Lidar satisfatoriamente com a diversidade de situações e conflitos que o mundo colocará em suas mãos é uma competência que se mostra cada vez mais fundamental para o bom desenvolvimento de seu projeto de vida, seja ele qual for.
PROJETO REDE Como construir instrumentos musicais? Como o som é produzido? O que é arte urbana? Como são produzidos os filmes de animação? Como são feitas as histórias em quadrinhos? Estas são algumas das perguntas de pesquisa que surgiram no Projeto REDE do Oswald. Aprender a perguntar, investigar, argumentar sobre a relevância de um tema, projetar, confrontar saberes, compartilhar ideias, construir objetos e comunicar as descobertas: estes são alguns dos objetivos do Projeto REDE. Parte-se das perguntas das crianças sobre o que observam, o que querem conhecer, sua curiosidade sobre temas variados e, a partir desses interesses, por meio da mediação dos professores-tutores, as crianças argumentam sobre a relevância daquele estudo, pensando que ele será desenvolvido a partir de um projeto comum e que seu resultado será compartilhado. Na REDE, os alunos do Oswald vivenciam situações de aprendizagem multidisciplinares, que organizam o tempo escolar de forma diversa, proporcionando a troca de diferentes saberes entre crianças de várias idades e com experiências variadas. Nos grupos,
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também participam diversos educadores da escola, que por sua vez também planejam as atividades de forma colaborativa, sejam eles professores de classe, auxiliares, especialistas, outros educadores da escola ou, eventualmente, convidados. As atividades acontecem semanalmente, em horário determinado para cada Ciclo (Ciclo 1: G5, 1º e 2º ano, Ciclo 2: 3º, 4º e 5º ano) e são registradas pelos educadores e alunos. Posteriormente, são divulgadas em um site específico, ao qual as famílias têm acesso. São atividades semestrais e proporcionam experiências que não estão previstas no currículo. Também, são realizadas em grupos com aproximadamente 10 alunos, fazendo com que aconteça um número significativo de projetos ao mesmo tempo, assim como a sua comunicação ao final do processo. A experiência da REDE proporciona aos alunos do Oswald muitas aprendizagens significativas, o desenvolvimento de suas capacidades de trabalho em grupo, o reconhecimento de saberes diversos e o aprendizado de respeitá-los.
METODOLOGIA DE PROJETO A metodologia de projeto percorre todo o processo de escolarização no Oswald. Em cada fase desse processo, assume características específicas. Na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental I, muitos dos projetos surgem a partir da interação das crianças com as propostas que os professores organizam. Seus interesses, suas perguntas, suas brincadeiras vão sinalizando aos professores o trajeto a ser percorrido, seguindo o pensamento que as crianças revelam em suas diversas linguagens. O projeto constitui-se como uma forma de organizar as diversas experiências das crianças de modo interdisciplinar e permite que a busca do conhecimento se dê de múltiplas formas, por meio de diferentes fontes. No projeto, a criança pode buscar conhecimento a partir de uma experiência concreta, da observação empírica, em livros, filmes e imagens, e também na interação com pessoas que possuem conhecimento sobre determinado tema. Na Educação Infantil do Oswald, também privilegiamos, além do contato com os próprios professores da escola, de todos os níveis, a participação das famílias. Para isso, compartilhamos o processo de investigação do projeto desde a definição do tema ou da questão de investigação, por meio de um comunicado, informando a escolha e seu processo de definição, e convidamos a contribuírem com materiais, livros ou pessoalmente, vindo à escola contar uma experiência relacionada ao projeto ou compartilhar algo com as crianças. O projeto é uma forma proveitosa de organização das experiências das crianças porque permite que elas ocorram de forma integrada nos diferentes campos do conhecimento, despertando e mantendo a curiosidade na investigação sobre o mundo e sobre si mesmas, em torno de uma pergunta ou um tema que possibilite investigação.
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Uma das etapas previstas é a finalização, na qual há sempre um propósito comunicativo que pode ser para os próprios colegas, para as famílias ou mesmo para outros públicos. É um momento importante, no qual as crianças aprendem a expressar suas ideias utilizando-se de variadas linguagens. Para que isso ocorra, os professores do Oswald observam o grupo, escutando as falas das crianças e conhecendo suas necessidades e interesses. Atividades diversificadas e instigantes são oferecidas para que possam despertar a definição de um tema de pesquisa e uma questão de investigação. Com as crianças de G1 e G2 isso já acontece, mas com uma especificidade, pois é uma faixa etária em que muitas crianças não falam ou expressam-se pouco verbalmente. Então, a observação e tradução do professor são essenciais para definir o que as crianças estão buscando explorar com suas ações. A argumentação também é um elemento presente nos projetos desde sua definição, uma vez que a escolha de um tema parte de reflexões sobre o mundo e sobre si mesmas, propiciando a discussão e descoberta de suas impressões sobre ambos com os colegas.
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TRABALHOS DE CAMPO: UMA EXPERIÊNCIA PROFUNDA Os Estudos do Meio e Trabalhos de Campo são estratégias de investigação que surgem, inicialmente, no Ensino Superior, como um contato direto com o objeto de estudo em questão. O Colégio Oswald foi pioneiro em trazer tal dinâmica para a escolaridade básica. Desde a Educação Infantil os alunos experienciam trabalhos em campo, nesta fase restritos à duração de um único dia (inicialmente dentro do período de aulas, evoluindo gradualmente para períodos mais longos). A partir do 6º ano, os alunos envolvem-se em viagens para desenvolver tais trabalhos. Recusamos os termos passeio ou excursão, uma vez que se tratam de estratégias investigativas, portanto parte fundamental do
trabalho escolar a ser desenvolvido, o que as difere de momentos de lazer. Nossas saídas pedagógicas são cuidadosamente pensadas para que possam permitir ao aluno uma imersão no contato com aquilo que estudam: seja no Pico do Jaraguá, ao estudarem o ambiente da Mata Atlântica, seja no centro da nossa cidade, ao estudarem sua história, seja em Mariana (MG), para tratar dos impactos do maior desastre ambiental que nosso país já viveu. As experiências em campo podem se configurar como um disparador de assunto a ser desenvolvido em sala de aula, como uma etapa dentro de um estudo já iniciado ou como culminância de um projeto que foi desenvolvido na escola. É momento de levar a escola para o mundo e permitir aos envolvidos uma experiência de estudo que ativa todos os sentidos, o que favorece significativamente as aprendizagens relacionadas àqueles conteúdos. É tempo de visualizar, com maior concretude, a complexidade dos fenômenos estudados e o aspecto multifatorial que os determina. E tal experiência solicita do aluno, para além dos conteúdos factuais que servem de base para as aprendizagens que ali se darão, o desenvolvimento de conteúdos procedimentais de observação, registro e sistematização de informações obtidas de uma forma diferente daquela que se dá em sala de aula, resultando em um aluno mais preparado, em todos os sentidos, para uma postura investigativa e aprendente na sua relação com o conhecimento, com o mundo e com os outros.
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