MUSEU: MODOS DE USAR
Como você imagina o espaço de um museu?
A definição básica nos diz que o museu é uma instituição que adquire, coleciona, pesquisa e preserva obras de arte (ou objetos de importância científica, histórica ou cultural), exibindo em seu espaço o resultado desse trabalho por meio de exposições abertas ao público. Mas e se as obras tomam sol, chuva, vento e estão distribuídas em meio à vegetação e aos animais de um parque? E se ali pessoas também caminham, tomam sol, nadam, descansam, namoram ou tiram um cochilo? Isso ainda pode ser um museu? É um parque? Um jardim botânico? Um museu tropicalizado? Ou tudo ao mesmo tempo? Como é possível que todos esses espaços e seus usos diversos convivam ao mesmo tempo? Para ajudar a responder essas perguntas, reunimos neste inventário alguns dos muitos modos de usar o museu para além do esperado, abrindo possibilidades para imaginar e reinventar o espaço do Inhotim. As ações registradas aqui não pretendem servir como uma norma de conduta, mas sim mostrar como o espaço múltiplo do museu permite uma diversidade de atividades pelos visitantes. No fim do caderno, deixamos uma folha em branco para que você possa colaborar com novos registros, ideias e propostas de uso para o museu. Não existe resposta certa para as perguntas e muito menos pressa para respondê-las: a pesquisa só está começando.
Nadar e tomar sol Quem nunca encontrou na piscina de um museu o alívio e conforto necessários para os escaldantes dias do nosso clima tropical? Essa é, sem dúvidas, a melhor pedida para o próximo verão, que se aproxima anunciando temperaturas elevadas. Mas não se esqueça do filtro solar e, na falta de toalha, deite ao ar livre para se secar, evitando o sol direto no intervalo entre 12 e 16 horas.
Marcar um encontro às cegas Museus têm se tornado destinos cada vez mais populares para encontros marcados em aplicativos de paquera. Além de servir como um filtro de interesses muito mais eficiente que qualquer descrição de perfil, você se previne de possíveis ciladas: se o encontro não vai bem, você tem assunto suficiente para se entreter e evitar aqueles intermináveis e desconfortáveis silêncios.
Tirar um cochilo Estudos indicam que dormir é a melhor forma para o cérebro processar novas informações. Segundo o Conselho Internacional de Museus, é urgente que as instituições insiram em seu programa arquitetônico básico espaços para cochilo, como cápsulas japonesas, redes, macas ou gramados sombreados.
Book de noivas Quem já foi noiva ou noivo com certeza já se viu diante do seguinte dilema: em qual locação fazer o book de casamento? Basta fazer uma rápida busca pelo Google para chegar até o Inhotim como uma das opções mais populares e entender porque o ensaio fotográfico prénupcial é um dos principais motivos para uma primeira visita ao museu.
Lanche ao ar livre A segunda metade do século vinte foi marcada por mudanças significativas na arquitetura dos museus. As coleções passaram a ser divididas entre espaços expositivos e espaços de armazenamento, além do desenvolvimento de espaços dedicados à experiência do visitante, como áreas educativas, espaços de descanso, salas multiuso, livrarias, lojas de presentes e restaurantes. Por que não deixar espaço também para a realização de lanches ao ar livre?
Esconde-esconde Algumas obras de arte não revelam a sua potência se observadas à distância — elas precisam ser adentradas e percebidas por vários sentidos. E o esconde-esconde se mostra muito promissor nesse processo de descoberta. Por meio desta brincadeira, o visitante pode explorar características espaciais que fazem essas obras se confundirem com a paisagem e se tornarem ótimas camuflagens: relevo, depressão, claridade, escuridão, opacidade, transparência, cheio, vazio, e por aí vai.
Trilha Os benefícios da caminhada são inúmeros e inegáveis. Aumento da resistência física, redução do famigerado “colesterol ruim” e sensação de bem estar são apenas alguns dos efeitos dessa atividade cada vez mais popular, que agora pode englobar também a fruição de obras de arte. Isso mesmo, fazer trilhas coletivas em museus é a nova mania entre os brasileiros.
Dar rolê Numa quarta-feira de férias, Maumau desce do ônibus com Paulete e encontra Mel e Steh, que já esperavam ansiosos na estrada próxima ao museu. Vindos de cantos opostos da cidade, os quatro tiram uma primeira selfie antes de pegarem o mapa para definir qual será o ponto de encontro com o resto dos rolezeiros. Até lá, não existe tempo a perder: qualquer espaço mais amplo entre as obras e galerias é suficiente para que eles esbocem passinhos e transformem a visita em uma festa ambulante.
Comemorar aniversário Está cansado de disputar o salão de festas do seu prédio com seus vizinhos? A sala do seu apartamento é pequena demais para receber todos os amigos em casa? Esqueça já esses problemas, as cidades não são feitas só de casas. São várias as ruas, viadutos, praças, parques e museus prontos para serem transformados em sua festa de aniversário.
Esquibunda Evidências indicam que as primeiras experiências de esquibunda no Brasil aconteceram nas praias de Florianópolis nos anos oitenta, principalmente como alternativa para os surfistas nos dias em que o mar não estava bom para o surfe. A prática logo se popularizou, e recentemente algumas pessoas aproveitaram a topografia dos jardins de alguns museus para reproduzir a prática. Mas atenção! É importante variar os pontos de descida para evitar rastros.
Encontrar seu eu interior O museu é altamente indicado para práticas de silêncio interior, auto-realização e expansão do conhecimento. Ali, podemos nos despir da casca do corpo, do ego, da identidade, e ser apenas uma subjetividade capaz de se relacionar com qualquer um, desapegando das convenções e imagens que construímos de nós mesmos. É momento para desprogramar o olhar e deixar de temer o desconhecido. A saída é para dentro.
E você? Como gostaria de usar o espaço do Inhotim? Nos ajude a catalogar mais possibilidades! (1) Escreva no quadro abaixo ideias e propostas de uso do Inhotim; (2) Fotografe seu registro, ideia ou proposta e poste no Instagram com a hashtag #InhotimModosDeUsar; (3) Destaque este papel e o entregue na urna localizada na entrada no Restaurante Oiticica entre 11:30 e 14:30 e concorra ao livro da coleção Inhotim + ecobag do museu; (4) O resultado do sorteio será divulgado a partir das 16:30 em uma lousa na entrada da loja do Inhotim. Nome: __________________________________________________________________________ Telefone: ______________________________________________________________________
Museu: modos de usar é uma iniciativa de Micrópolis para a programação cultural Ocupações Temporárias do Instituto Inhotim. Outubro, 2017
www.micropolis.com.br
www.inhotim.org.br