COMA

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FICHA TÉCNICA EDITORA-GERAL JOANA

FERREIRA behance.net/joanamatos GARCIA, FILIPA LUZ

DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO CATARINA TEXTO

MAFALDA REMOALDO cargocollective.com/remoaldo (P.06|08); CAMILA NOGUEIRA (P.16); TÂNIA CUNHA (P.20|36); JOANA GONÇALVES (P.20|38); ALEXANDRA RAMOS (P.22|36); CLARA SILVA (P.30) behance.net/clarasilva; HELENA PINTO (P.36) REVISÃO DE TEXTO HELENA PINTO ILUSTRAÇÃO JOANA FERREIRA (P.02|03);

TÂNIA CUNHA (P.20|21); CLARA SILVA (P.24); HELENA PINTO (P.35|36); FRANCISCO SOUSA PINTO (P.42|43) behance.net/alexsoto FOTOGRAFIA TIAGO

BETTENCOURT

IMAGEM DA CAPA CLARA DESIGN GRÁFICO JOANA

SILVA FERREIRA



Sara Fanelli

Entrevista a Jo達o Pedro Trindade


Roupa suja

Horas de gelo


Sara Fanelli Sara Fanelli nasceu a 20 de Julho de 1969, durante a primeira aterragem na Lua, na cidade italiana de Florença. Na cidade natal, obteve o Diploma di Maturita no Liceu Clássico Michelangelo e posteriormente continuou os seus estudos em Londres. Estudou Design Gráfico na Camberwell College of Art e em 1995 especializou-se em Illustração no Royal College of Art. Durante o curso de Design Gráfico em Londes, estudou Arquitectura durante um ano na Universidade de Florença. Sara Fanelli é uma das mais conceituadas ilustradoras da actualidade, tendo trabalhado com The New Yorker, Penguin Books, Faber and Faber, Tate Modern, The Victoria and Albert Museum, BBC WorldWide, Ron Arad, Issey Miyake, The New York Times e Royal Mail. Fanelli destaca-se principalmente pela forma pouco convencional como ilustra os seus livros infantis, tendo já publicado onze. Apreciadora de história de Arte Italiana, Sara Fanelli é fortemente influenciada por vários movimentos artísticos como o Dadaísmo, o Futurismo, o Cubismo, a Bauhaus, o Construtivismo Russo, o Surrealismo, a arte dos anos 60, a Pop Art

e a arte rupestre. Com 42 anos e com um número considerável de publicações da sua autoria, Fanelli procura ilustrar nos seus livros o que considera que uma criança gostaria de ver imaginando uma determinada história. De entre os trabalhos que publicou, alguns são escritos e ilustrados por Fanelli (como o livro Mythological Monsters of Ancient Greece) e outros reflectem a sua interpretação relativamente a uma história já existente (como por exemplo Pinocchio e Cinderella). Noutras ocasiões, Fanelli também ilustra trabalhos que não os seus, como foi o caso do “The New Faber Book of Children’s Verse.” Nas palavras de Steven Heller1, Fanelli abrange um vasto leque de emoções, algures entre o sereno e o violento, a alegria e a melancolia, nunca parando de estimular. A sua arte não é de todo um artifício. A sua arte é uma expressão pessoal e através dela experiencia o que na vida real é impossível, abrindo novos mundos e novos pensamentos. Apesar de o seu trabalho inicial se basear quase totalmente numa abordagem pictórica (como é o caso de My Map Book de 1995), os seus trabalhos mais recentes têm-se apoderado de novas experiência


e técnicas, como, por exemplo, o uso da colagem. No processo da ilustração, Fanelli tira partido de diferentes matérias mas trabalha essencialmente com papel. A ilustradora apropria-se de papel de parede, papel de cadernos, papel milimétrico, fotografias, tecidos, fotocópias, entre outros, e fragmenta-os consoante o que quer exprimir. Posteriormente compõe os fragmentos, criando uma imagem; muitas vezes Fanelli desenha a tinta preta por cima das colagens. É esta forma de criar característica que torna as ilustrações de Fanelli atractivas, didácticas, dinâmicas e com capacidade de seduzir e intrigar o leitor.

SARA FANELLI WEBISTE WWW.SARAFANELLI.COM WOLVES, LOGIC AND HAPPY MISTAKES WWW.HELLERBOOKS.COM/PDFS/VAROOM_03.PDF SARA FANELLI, THE ONION'S GREAT ESCAPE WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=7YC9OANJWVS FROM HISHIO: SARA FANELLI VIMEO.COM/4882376

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Dan Witz, considerado um dos mais prolíficos artistas das ruas de Nova Iorque, nasceu a 19 de Outubro de 1957 em Chicago. Licenciou-se em 1981 na Cooper Union for the Advancement of Science and Art em Nova Iorque; no entanto, a sua carreira como artista já datava o final dos anos 70. Em 1977 terminou os estudos na Rhode Island School of Design (EUA) e em 1979 passou o verão na Skowhegan Summer School em Maine (EUA). Visto como um dos pioneiros da arte urbana, o seu trabalho já foi divulgado pela Juxtapoz, Time, Arts Magazine, New York Magazine, Public Art Review, The New York Times, The Daily News, Newsday, The New Yorker, Harpers e Adbusters. Witz, actualmente, expõe em várias galerias pelos Estados Unidos e pela Europa. Dan Witz vive actualmente em Brooklyn e divide o seu tempo entre as pinturas de galeria e a arte urbana. Contribuiu para o desenvolvimento da Wooster Collective, dedicado à divulgação da arte urbana, tanto define como desafia o conceito de artista urbano. A cada dia vai começando novos projectos, refinando a sua técnica e estilo, sem nunca perder

nem abandonar as suas ideologias. Witz começou a explorar o mundo da arte urbana quando se mudou para Nova Iorque no final dos anos 70. Visto por muitos como um artista provocador, o seu trabalho começou por traduzir uma mistura entre a rebelião punk, cultura Jamming e o ambiente de Nova Iorque nos anos 80. Apesar da intenção da mensagem variar, a principal motivação de Witz era sair do estúdio e divertir-se criando algo sem compromisso. Representando o ser humano em muitas das suas obras, Witz procura pôr à vista a sociedade moderna tirando partido tanto do poder da tela como do dinamismo criativo que existe nas ruas. O que existe de mais cativante nos seus trabalhos é a forma híbrida como trabalha a luz – baseando-se nos conhecimentos e técnicas dos velhos mestres e utilizando as últimas tecnologias – e como, dessa forma, transcende a realidade e cria novos mundos. “Eu olho para o mundo e vejo milhões de coisas que quero pintar todos os dias mas continuo a regressar ao tema da luz. Não sei ao certo porquê.”


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DAN WITZ WEBSITE WWW.DANWITZ.COM

DAN WITZ - WHAT THE %$#@? : SAN FRANCISCO 2011 HTTP://VIMEO.COM/19693949


WOOSTER COLLECTIVE WWW.WOOSTERCOLLECTIVE.COM 13


Diário Gráfico

Antes de mais, gostava de começar por dizer que tenho uma grande atracção em trabalhar com cadernos de desenho. É algo parecido a um vício saudável e trabalho neles com grande naturalidade, essencialmente usando-os como suporte de desenho e também como um espaço onde posso reflectir sobre o que quiser. Nele estou livre para agir sem qualquer regra ou restrição imposta por alguém. Se de facto existirem regras, são criadas por mim e também quebradas por mim. No que toca exactamente ao que faço dentro dos meus livros, é relativo. Cada um tem uma natureza diferente, mas sempre com alguma componente de experimentalismo. O erro é muitas vezes o início de algo maior e melhor. Esforço-me para desenhar o máximo que puder e tudo o que puder. Nos últimos anos tenho vindo a deixar de parte o desenho de imaginação e virado o meu interesse muito mais para o visível, o desenho de observação. Tenho uma especial inclinação para desenhar pessoas, de formas diferentes, usando diferentes

materiais e tentando interpretar o rosto e o retrato de maneiras diferentes. Desenho diagramático, de contorno, esquisso, o mais importante para mim é continuar a agir, a desenhar, a trabalhar. Não interessa se desenho a minha mão, o meu cão, um edifício, uma rolote de cachorros, uma senhora idosa sentada na paragem do autocarro ou simplesmente o ambiente que se vive em tardes solarengas no jardim da FBAUP.


No meu 2º ano, em Artes Plásticas-Multimedia, realizei um trabalho que nomeei de “Testemunhos do Tempo”, cuja proposta lançada na disciplina de Atelier 1 tinha como tema “ O Arquivo”. Como é óbvio, existem inúmeras interpretações possíveis, mas aquela que me interessou foi a de ver os meus cadernos como pequenos exemplos de arquivos. Informação visual, registada por mim, em vários livros, realizados em diferentes alturas, de diferentes maneiras, segundo diferentes critérios. O trabalho consistia num atlas, uma plataforma onde pude organizar cada livro, cada arquivo, e criando uma pequena descrição da natureza de cada diário gráfico,desde a sua data de início à de conclusão, ou se não foi acabado. Registei as tendências de cada um, como processei a informação que neles existia e desta forma criei algo semelhante a uma “Árvore Genealógica”, com o simples intuito de melhor perceber as mudanças e alterações que eu próprio tive ao realizá-los.

Isto é um forte exemplo do quão importantes estes cadernos companheiros são para mim, pois eles arquivaram a minha forma de olhar para o mundo que me rodeia e como eu o registei. Foram objecto de uma análise racional e resultaram numa peça de instalação com maior seriedade no meu trabalho artístico, sempre ligado ao desenho.

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Como ninguém nasce ensinado nem aprende tudo sozinho, tenho alguns artistas de referência que me foram acompanhando. Não tendo nenhum favorito, começo por mencionar o artista de BD Hugo Pratt, cujos desenhos e aguarelas de Corto Maltese, me cativaram desde criança. Antony Micallef é um artista plástico que tem trabalhos, na minha opinião, que se encontram numa zona entre a pintura e o desenho que me interessa bastante. A artista Chloe Piene possui também trabalhos de desenho fenomenais, usando apenas lápis, cria figuras

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humanas que se desmaterializam num espaço vazio. Finalizo com James Jean, cujos diários gráficos me surpreendem dado o alto nível de experimentalismo. Pessoalmente, considero que ter um diário gráfico é a melhor forma de nos conhecermos. É um local seguro onde podemos assentar as nossas ideias, pensar sobre elas e caso se tenha uma boa relação com o desenho podemos até “Pensar enquanto Desenhamos e Desenhar enquanto Pensamos”. É uma plataforma tão mutável que se pode transformar em qualquer coisa que nós quisermos.


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A REVISTA COMA comemora o seu primeiro lançamento, o número um que pretende ser o primeiro de muitos números e trazer até aos nossos leitores entrevistas interessantes e que cativem os mesmos. A pensar nesse objetivo trazemos então o seguinte convidado.

Descontraído, acessível, divertido e talentoso são alguns dos adjetivos que definem o ilustrador e professor universitário Júlio Dolbeth, assim como o seu trabalho de ilustração. Nascido a 28 de Julho em Angola, ilustrador e atualmente professor na Faculdade de Belas Artes Do Porto, Júlio Dolbeth fala-nos um pouco sobre os seus trabalhos, as suas motivações, o seus pensamentos sobre a arte, o design, quais as suas inspirações e, muito atenciosamente, conselhos acompanhados de muita boa disposição falando também de uma perspetiva pessoal de aluno, professor, ilustrador e acima de tudo, como um explorador no campo das artes.


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COMA-Qual é a base fundamental para o seu trabalho? Pode considerar como base um acontecimento. JD- Acho que foi algo inato, faz parte da maneira como nos relacionamos com o próprio trabalho. Houve uma série de condicionantes que me fizeram sentir mais a vontade e querer mostrar aquilo que eu fazia. Normalmente, desenvolvia trabalho para mim, o facto de começar a ter algum feedback positivo das pessoas começou na faculdade quando era aluno das belas-artes. Inicialmente sentia-me um pouco desenquadrado em Design de Comunicação, já que era uma coisa que gostava de fazer mas sempre tive um pé em Design e outro nas Artes Plásticas. Estamos a falar do início dos anos 90 em que tinha a percepção que o Design tinha de ser algo com um registo claro e limpo. Posteriormente, houveram alguns professores que tiveream a sensibilidade de perceber que o Design não era algo assim tão formatado. Passei a entender o Desenho como material de trabalho. COMA-Passou então a entender que o Design não tinha fronteiras tão assim tão delineadas? JD- Sim, não havia fronteiras, o que eu queria era comunicar da mesma maneira. Estava a trabalhar em Design de Comunicação mas utilizava os recursos que mais me interessavam na altura, haviam certas áreas que me eram mais frágeis como, por exemplo, a tipografia em comparação a outras áreas em que investia mais como a ilustração e o desenho.

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COMA- Com que projecto considera ter iniciado a carreira de designer? JD- Queres dizer antes o projecto com que deixei de ser designer (risos). Estava a brincar. Acho que não temos que tomar opções, as coisas têm que seguir-se um ciclo. Julgo que houve uma determinada altura em que me percebi que gostava mais de desenhar e fazer ilustração do que Design Gráfico. Se calhar, senti isso com a primeira exposição pública que fiz, em que realmente mostrei trabalho, e convidaram-me para fazer umas ilustrações para “O Princepezinho” de SaintExupery. Uma vez que para não era uma referência para muita gente, pelo menos, para mim não era particularmente, era um livro que passei pela minha infância. O que eu me lembrava mais desse livro eram as imagens, os desenhos do autor, como tal, tentar fazer um trabalho que não fosse demasiado similar e que ao mesmo tempo completamente fora da narrativa foi um grande desafio. Investi bastante, mesmo a nível financeiro com ilustrações com alguma dimensão e achei que funcionou bem e obtive uma resposta muito boa essa exposição, comecei a ganhar alguma auto confiança. COMA- De que forma as suas origens influenciaram o seu trabalho? JD- É um bocado complexo, eu nasci em Angola e depois vim para Portugal com 2 anos. Tenho uma mistura angolana, por parte da minha mãe, e portuguesa, por parte do meu pai. Tenho contraste muito grandes embora sempre me tenha sentido mais identificado com a parte portuguesa. Sempre vivi cá, só fui à Angola a primeira vez com 16 anos, por acaso, voltei lá para uma exposição angolana à três anos… Havia um fascínio das raízes, tentar encontrar as minhas origens de certa forma. Acho que é uma mistura engraçada de influências, embora, sinto mais o fado que o kizomba (risos). COMA- A nível estético e visual, põe de parte as influências angolanas? JD- Não, há algumas influências a nível das máscaras dos rituais, muitas coisas que embora não sejam tão visíveis no trabalho definitivamente influenciam, mas também temos isso cá, as máscara, rituais pagãos… é uma mistura engraçada. Não as dividiria. COMA- Há alguma fonte de inspiração que seja constante nos seus projectos pessoais? JD- Sim, as coisas que estão relacionadas com as minhas memórias e a minha vida quotidiana. 24

Há objectos que uso como símbolos a que eu me remeto muitas vezes, que já me salvaram, em situações de bloqueio quando não sei que fazer e uso como ponto de partida. Costumo contar a história do Dumbo, ele não conseguia voar e tinha uma pena… Quando eu estou completamente bloqueado e não consigo encontrar nada, nem a nível narrativo nem encontrar um caminho para o trabalho, vou buscar essas coisas e começam a aparecer coisas no papel. O importante é não bloquear, não ficar ali a pensar “não consigo fazer nada”, não ficar no sofá a olhar para o tecto a pensar: “Tem que se trabalhar”. Na qualidade de docente como é que classifica a experiência de conviver , ensinar e aprender com os alunos que são possíveis futuros profissionais nesta área? JD- É bastante positiva, há muitos antigos alunos meus com quem me dou muito bem, somos amigos. A nível profissional, sinto muito orgulho quando vejo que são alunos meus que conseguiram ter um trabalho com visibilidade e até reconhecimento. Acho engraçado quando os papéis se invertem. Por exemplo, tive uma experiência no “Future Places” com um site que eu estou a desenvolver e quem está a fazer o site é o Hugo Ribeiro, foi meu aluno há alguns anos. É interessante porque eu não percebo nada de programação e o Hugo está ali a ajudar, portanto, acho que é uma boa maneira de ver que não há hierarquias, embora seja inevitável que elas existam. No início, o aluno é o aluno e o professor é o professor, no entanto é fundamental ter maturidade das duas partes, quando os alunos começam a desenvolver essa maturidade, tornamse relações muito interessantes de aprendizagem para ambos os lados. Dentro da observação de alunos, dá-se conta de diferenças ou evolução a nível do estilo das tendências que se estão a fazer agora ou considera que ainda estamos num nível muito cru? JD-Surpreendem-me algumas referências que os alunos têm. De vez em quando, sinto-me um bocado “velho do restelo” quando referencio coisas que achava que aconteceram à pouco tempo e que para eles são assuntos dos anos 90, que é a altura em que nasceram, aí sintome um bocado desenquadrado. No entanto, como eu estava a dizer anteriormente é dessa reciprocidade, desta relação de que falava em que estou constatemente a aprender com os alunos.


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O que pensa sobre o espaço de trabalho e que condições considera essenciais para trabalhar? JD- Acho que tem de haver conforto e organização, embora, o meu espaço de trabalho não seja o melhor exemplo. Tenho a minha mesa um bocado caótica e vou sempre acumulando coisas á volta. Ás vezes, só tenho um espacinho para trabalhar. Quando começo um projecto novo, a primeira coisa que faço é arrumar a minha mesa, tiro tudo, vou buscar os lápis e ponho-os todos organizados, apesar de passados dez minutos as coisas estão outra vez caóticas. É importante ter os materiais a nossa volta, uma vez que é muito fácil dispersar quando estamos a trabalhar.

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COMA- Podemos relacionar isso com a criação de réplicas que era muito frequente em tempos mais remotos, como com as gravuras. De que forma é que acha que isso é válido actualmente? JD- Não estou a falar em copiar, considero que é perfeitamente normal que haja influências. Se forem a um festival de cinema é interessante perceber que se numa edição for exibido um filme muito marcante em que uma personagem era uma cabra, no ano a seguir existem provavelmente 4 ou 5 filmes em que a personagem principal é uma cabra. Isto é normal, quer dizer que estamos a receber estímulos. Cada vez que faço alguma apresentação, tento sempre mostrar muitas referências, vou sempre buscar coisas a alguns autores que me influenciaram. Isso é inevitável, essa é a razão pela qual não quero utilizar a palavra cópia. Temos sempre que tentar introduzir alguma originalidade, originalidade no sentido de termos a nossa própria gramática visual. Isto é algo que, por vezes, os alunos não se apercebem, pelo menos eu não me apercebia.


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Que sugestão daria aos jovens que gostariam de seguir no campo da ilustração? JD- Eu acho que a única coisa necessária é trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar o máximo que conseguirem. Se vocês trabalharem muito, um dia vão agarrar alguns trabalhos quando menos esperarem. Agora têm uma enorme facilidade em mostrar o vosso trabalho, o que ás vezes coisa que antes não acontecia, era muito difícil. Imprimíamos portfólios, mandávamos para vários sítios e depois não nos respondiam. Candidateime ao “Jovens Criadores” que era uma boa forma de ganhar exposição, quando fui seleccionado ganhei alguma segurança. No fundo, acho que têm mesmo é que trabalhar, vejam exemplos da Rita. Ela foi minha aluna, gosto muito do trabalho dela. Ela tem uma quantidade exorbitante de trabalho,

não faz outra coisa, de repente, aquilo começa a dar frutos. Ela faz os esboços, coloca no Facebook, as pessoas começam a ver, convidam-na e tudo acontece de forma espontânea, se o teu trabalho for sólido, essa é uma boa estratégia.. ou então cunha (risos). Comecem a mostrar mas não tudo. Eu já me arrependi disso, de pôr muita coisa. É importante escolher apenas uma peça ou outra, até conseguirem mais dar unanimidade ao corpo de trabalho em si, algo que é bastante difícil.

JULIODOLBETH.COM


Roupa Suja Ora bem, devemos começar pela apresentação. Pois seja: "Olá, chamo-me Clara Raquel Ferreira de Sousa Costa e Silva, tenho 18 anos, estou no segundo ano de Design de Comunicação na FBAUP (woohoo) e vou arriscar-me imenso nesta rubrica cada dois meses (em princípio, depois logo se vê). Este mês vou falar, assim para abrir em grande, dos R2. Gosto muito do trabalho deles? Sim, gosto imenso. Vou falar mal deles? Não, vou comentar um dos trabalhos mais recentes: a publicidade para o evento "Respect for Arquitecture". Podem ver o trabalho tipográfico do cartaz à direita. Assim ia começar o meu texto, onde eu passava a pôr em causa a legibilidade do R condensado no desdobrável do evento referido.


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Guardei o documento e pus-me a procurar a alma gémea das minhas fotos de Design da “Recolha tipográfica”. Quando pesquisei sobre o meu ‘R’, TAU!, fazia parte do tipo de letra ‘R2 Mecano’, o tipo de letra que criaram para o dito evento. “AI NUM PODE, NUM PODE!” - pensei eu. Pois, mas não só podia como realmente era. “AI NUM PODE, NUM PODE” - continuei eu a pensar durante meia hora, isto é, hiperbolizando enquanto, com uma cara de parvamente surpreendida, lia mais sobre o tipo no site dos moços (r2design.pt). A dada altura, reparei que em cima aparecia um link para mandar um mail para os designers e pensei: ‘Bambora’. E escrevi o seguinte:

"Boa noite! Bem, eu chamo-me Clara Silva e estou no segundo ano do curso de Design de Comunicação da FBAUP. Desde já queria dar-vos os parabéns por todos os vossos projectos, que tanto aprecio. Estou-vos a escrever porque há algo que me intriga num dos vossos trabalhos: a maneira como compuseram o texto para a publicidade do evento "Respect for Arquitecture", mais concretamente, as letras 'condensadas' e maiores, como na captura que vai em anexo. Claro que não posso deixar passar o tipo de letra que criaram, o qual penso que se adapta indubitavelmente ao conceito de arquitectura, edifícios e construção. Mas o que me faz confusão não é isso, é o facto de, na minha opinião, ser discutível a legibilidade no caso em anexo. O 'R' está tão esticado que não é fácil perceber à primeira o que diz, parece 'Despect" e as outras palavras também ficam estranhas. Não sei se o vosso objectivo era captar a atenção do leitor que quer saber o que lá diz, mas mesmo assim, parece-me estranho. Gostava de perceber, porque deve haver uma razão! De qualquer das maneiras, como mancha gráfica é muito interessante. Eu sei que sou só uma aluna de Design, mas não queria deixar de perceber isto e acho importante sabê-lo, já que os R2 são uma grande referência para mim e para todos nós, aspirantes a design e designers. Com os votos de uma boa noite e um bom resto de semana, Clara Silva" 32


Ao qual eles amavelmente responderam a tudo! “Olá Clara, Obrigado pelo teu email. O tipo de letra foi inspirado num desenho dum tipo de letra modular dos anos 1920 — Fregio Mecano http://luc. devroye.org/fonts-58232.html A nossa ideia foi mesmo dar destaque ao R para funcionar como ícone — nesta imagem que envias, o R torna-se mais alto para atravessar as 4 linhas . Mas que nos interessou foi o sistema e a forma como as letras “saltam” para a linha(s) de baixo quando se repetem, uma evocação à relação da arquitectura e o impacto que têm na cidade. Podes ver em video: https://vimeo.com/49333727. E já agora a exemplificação de como funciona o script para indesign que criamos em colaboração com um ex aluno nosso https://vimeo.com/45342007 Esperemos ter-te ajudado. Votos de bom trabalho e de felicidades Lizá e Artur” E assim, não só esclareci as minhas dúvidas, como aprimorei a memória descritiva do meu trabalho de Design! Agora, embora continue a achar o ‘R’ estranho, confirmei a razão de ele ser assim, o que me faz perceber o conceito, que penso que justifica a opção arriscada. Acabo com uma listita de conselhos: 1. Informem-se bem antes de mandarem bitaites; 2. Mandem bitaites porque desta forma vão ter curiosidade de os tirarem a limpo; 3. Confirmem os vossos bitaites; 4. Apoiem os bitaites cautelosos. Usei a palavra bitaites, porque é uma fabulosa mistura de batatas com iates. Batatas “é bom”. Iates “é bom”. Bitaites ‘é óptimo’. Quem sou eu para dizer que sim ou que não? A verdade é que já disse que não acho que seja muito funcional, mas o meu objectivo aqui é pôrvos (vocês leitores, eu linda a interagir com os hipotéticos leitores desta coisa fofa) a pensar neste tipo de situações e cenas (eu rebelde, da street a dar o baza). 33



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Chegou o inverno e as horas intermináveis junto da lareira, do chocolate quente ou os passeios matinais gelados povoados de neve, ou simplesmente o vento gelado vindo dos quatro quantos do mundo, todos eles unidos para nos fazer sentir o frio como nunca sentimos, tudo pra nos relembrar apenas como seria bom recuar ao caloroso mês de Julho. Durante estes pequenos momentos, (por mais frios que sejam) destas pequenas essências sensoriais, surgem lembranças ou bandas sonoras que nos acompanham e tornam o ambiente mais invernal, menos solitário e mais recordável. Todos nós nos lembramos, ou temos em mente alguma música ou filmes que nos relembra o

Inverno, quer seja por termos descoberto ou vivido aquele particular acontecimento no Inverno, ou porque ouvimos ou vimos algo que nos relembrou o quanto seria bom estar num campo cheio de neve quando se está a morrer de calor no mesmo mês de Julho (afinal de contas, anda sempre tudo ao contrário). Filmes e músicas têm a habilidade de nos porem em lugares e trazer memórias tão vivas como ainda se as tivéssemos a presenciar na mesma memória que a armazenou.

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Jo達o Pedro Trindade Destaque


Natural de Aveiro, reside actualmente no Porto, onde frequenta o curso de Artes Plásticas na FBAUP, desde 2009, no ramo de Pintura. Com o avançar do tempo fui percebendo o papel que cada discente tem, na definição do rumo que quer dar à sua formação e de que forma pode fazer uso dos recursos à disposição para a concretizar. Considero que a escolha de ramo não sofre de um vínculo a uma abordagem ao campo das artes plásticas, mas sim, a garantia de um maior período de tempo de apoio a uma vertente da mesma. Será sempre importante complementar a formação com a aprendizagem de novas tecnologias e conhecimentos, que enriqueçam e fortaleçam conteúdos a ser explorados, visto nos encontrarmos numa era de multidisciplinaridade, onde a pluralidade de meios é fonte e essência da contemporanedade. Sendo as cadeiras de Atelier e Projecto anuais e que se estendem nos últimos 3 anos, é-nos lançado o desafio da elaboração de um “projecto” artístico, onde a inclusão de conhecimentos teóricos e práticos fará naturalmente parte. Parece-me importante destacar aquilo que será uma prática de atelier, que pressupõe uma produção do mesmo por parte de todos os elementos, e a ideia de projecto, em que sendo algo individual se afasta da comum resposta a uma proposta lançada pelo docente. É nessas propostas académicas que se desenvolve o particular e o pessoal, que no meu caso estruturo com a componente teórica.

Isto é, a produção individual, que me demarca enquanto pessoa e artista, nos meios multimediais das artes plásticas, parte inicialmente de uma procura e preocupação teórica, da qual procuro resposta na produção artística, que se fortalece de uma componente teórica e de reflexão sobre essa produção, e o seu acontecer. Projecto é aqui visto enquanto o desenvolvimento de um pensamento num certo período de tempo, onde se pretende uma investigação teórica e plástica de uma temática, que sofrerá transformações, num avanço e recuo com o passar do tempo. A ideia de processo associada a formalização de um projecto, é entendido como aquilo que o encaminha e direcciona, para algo que à partida não seria expectável, sendo muitas vezes a sua concretização algo que se afasta das premissas iniciais. O trabalho que aqui apresento corresponde à fase final da cadeira de Atelier II de Pintura, surgindo como resposta ao pedido de elaboração de um projecto. O trabalho tinha como premissas 41


iniciais a criação de representações a partir de um modelo. Este modelo era também ele criado para servir esse propósito. O objecto desempenha aqui um papel importante, dando origem a uma intenção, a de transmitir uma mensagem, por meio da sua representação. O modelo é algo que foge ao conhecimento empírico, podendo até ser posta em causa a sua existência. O entendimento daquilo que é tido como um objecto e o seu espaço circundante só pode ser conseguido com o recurso á observação das suas representações, instigando o observador a construir uma realidade própria. Mantendo a capacidade de formalizar uma ideia, que se encontra por detrás do processo de criação de imagens, libertando-o de tentativas de relacionamento com referentes, simbolismos ou funciona42

lidade, normalmente associadas a um objecto. Resultado de um acto espontâneo, a atitude com que a maquete é concretizada, é semelhante à forma como é representada, acrescendo um suporte frágil e permeável: o cartão, a esta postura descomprometida de representação do objecto e do possível espaço envolvente. Resultante deste trabalho há uma série de 6 pinturas, a óleo sobre cartão, com dimensões que variam entre os 100 cm’s e os 120. Não podendo ser visto como “acabado” a meu ver, é algo que nestes moldes está para já encerrado. Penso ser este um exemplo de um trabalho em que estas premissas ficam em aberto, como que numa pergunta retórica do mesmo, em que materialização é fonte de representação multi-temporal e multiespacial, nunca fechando esses.


Deixando assim, uma possibilidade de futura evolução ou alteração, numa dicotomia entre regresso e progresso. Concluído o trabalho, a reflecção sobre o que é pensar pintura e de que forma é que esta pode ter uma abrangência que a atire para fora do plano bidimensional, são questões que continuo a explorar e que me suscitam grande interesse. Tentar perceber o papel da tinta enquanto meio capaz de materializar um pensamento, uma ideia e de que forma a cor se insere na representação, sendo definidora de algo, e não apenas uma questão pictórica capaz de suscitar interesse estético. O processo de pensar a pintura, que já não se assume como um suporte bidimensional e pensado para uma apresentação numa parede vertical - onde a parede não é entendida como algo que acolhe a pintura, mas um suporte em que progride a pintura - mas sim, ainda aplicando questões que á pintura dizem respeito, tais como, composição; fundo/forma; luz/sombra; uso da matéria; etc.

Numa escola de âmbito artístico, a apresentação ou exposição do nosso trabalho e da nossa pessoa é constante, e vital para o respirar do nosso trabalho, e o nosso avançar no percurso artístico. Pelo que a apresentação dos diversos projectos que fui desenvolvendo é crescente e evolutivo. Participei recentemente numa exposição realizada no Lugar do Desenho, no âmbito de Práticas de Desenho, e no Concurso de Jovens Criadores 2012, do qual fui seleccionado, mas ainda aguardo resposta. No futuro pretendo continuar a produzir, a fim de expor colectivamente, participar em concursos, em workshops e seminários, num intuito de manter viva a produção artística. Pretendo para já, participar em formações pontuais, a fim de soltar-me um pouco do academismo rígido, para depois no futuro envergar para uma investigação mais séria e consciente.

CARGOCOLLECTIVE.COM/JOAOPEDROTRINDADE





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