FICHA TÉCNICA Editora-Geral Joana Ferreira behance.net/joanamatos
Texto Victor Gonçalves (P.06) Mafalda Remoaldo cargocollective.com/remoaldo (P.12) Maria Bernardino cargocollective.com/mariadino (P.22) Alexandra Ramos (P.30) Helena Pinto (P.30) Tania Cunha (P.30) Camila Nogueira cargocollective.com/carganisso (P.37)
Revisão Helena Pinto Joana Ferreira Tania Cunha
Ilustração Joana Gonçalves cargocollective.com/jgalves (P.4) Ana Caspão (P.34) Tania Cunha (P.40) Francisco Sousa Pinto behance.net/alexsoto (P.42)
Fotografia Camila Nogueira Maria Bernardino
Departamento Administrativo Catarina Garcia Filipa Luz
Ilustração da capa Alexandra Ramos
Design Gráfico Joana Ferreira
Quando colocamos “António Soares + Fashion illustration”, num motor de busca, como o Google, temos acesso a inúmeros lugares, muitos fora do nosso espaço geográfico. Por isso, não é impedimento para o reconhecimento de um trabalho, que reflecte a base sólida em que assenta, vindo da Escola de Belas Artes do Porto, onde estudou pintura. As suas ilustrações contemporâneas, têm um glamour inusitado. As suas mulheres, independentes, movem-se num mundo activo, levando-nos a pensar, em René Gruau pelo seu lado feminino, mas também em Mats Gustafsson, onde as aguadas dão um carácter misterioso. A especialização em ilustração de moda que António Soares fez, requerem um trabalho afincado, por ser uma mundo cheio de particularidades. As ilustrações de António Soares são o reflexo de alguém com uma visão actual. A sua escrita percorre os criadores nacionais, mas também Marc Jacobs, Kenzo e Blamain. As suas ilustrações, resultam dos últimos vinte anos do Design de moda, ensinado e produzido, por alguns bons exemplos, englobando aqueles, que todos os dias trabalham na indústria cá e por alguns que se aventuraram em sair. As suas interpretações plásticas das criações dos designers de moda nacionais reúnem paradoxos absolutamente fascinantes que contrapõem a imagética de uma inocência platinada com uma fetichização do desejo. O grafismo, a publicidade, o mediatismo cultural de revistas como a Vogue, i-D, Jalouse e a Wonderland, com a sua colecção de personagens do star system e objectos estandardizados oferecidos ao consumo das massas são reinterpretados no seu trabalho. António Soares recorre à imagem de personalidades da moda ou do cinema do seu inventário pessoal e baseia as ilustrações na cultura de massas através das suas mais mediatizadas figuras, rivalizando desta forma com o imaginário do papel brilhante das revistas.
Na moda o que te move e apela aos teus sentidos?
O lado performativo dos desfiles, a paleta de cores, a silhueta, a banda sonora, são motivos suficientes para desenvolver em poucos segundos o que, mais tarde desenvolvo na parte ilustrativa. Quando estás no teu processo de trabalho, que musica ouves? A musica é um dos meus maiores vícios, é também ela o meu suporte estrutural durante o início e percurso ilustrativo. Dou por mim às vezes, a contruir imagens na minha cabeça ao som de determinadas músicas. Gosto sempre de preparar uma OST (original soundtrack) quando estou a ilustrar. Nestes últimos tempos têm surgido inúmeras referências ao teu trabalho. Qual é o sentimento que daí resulta? Penso que isso se deve ao facto de algumas pessoas estarem atentas a ele, acharem que a ilustração de moda também tem o seu lugar. Existe algum realizador em particular que gostes? Almodovar, Alejandro Amenábar, Ang Lee, David Linch, Fellini, entre outros.
O que acho da Moda Portuguesa? Que temos excelentes designers. Tens algum lugar no Porto que gostes em particular? Tenho vários, mas como são particulares, gosto de os reservar para mim. A cidade do Porto é uma cidade fantástica. O teu trabalho está próximo do retrato? Sim, está muito próximo do retrato, a minha narrativa vive de personagens, elas são uns dos elementos mais importantes do meu projecto. Neste últimos trabalhos a personagem é feminina, uma mulher que em tom de brincadeira, costumo dizer que está apaixonada por Bernini. Quais os teus ilustradores de referência? Rene Gruau, Andy Warhol, António Lopez, Julie Verhoeven, François Berthod, David Downton, Richard Gray, Artaksiniya e entre tantos emergentes. ANTONIOSOARES.TUMBLR.COM
VG
WOODY ALLEN Woody Allen, nome artístico de Allan Stewart Königsberg, nasceu a 1 de Dezembro de 1935 em Brooklyn, NY.
A cena passa-se em rockway. A época é a da minha infância. Este é o meu antigo bairro e perdoem-me se tenho a tendência para romancear o passado. Nem sempre chovia e ventava tanto, mas é desta maneira que eu me recordo dele, porque era assim que o meu bairro ficava mais bonito.
Nascido no seio de uma família judaica, passou a sua infância em brooklyn numa zona sobretudo habitada por emigrantes e artistas sem dinheiro. Se por um lado havia abundantes discussões entre os seus pais, por outro havia carência de dinheiro, o que fez com que allen crescesse num ambiente de angústia e viesse, mais tarde, a manifestar sinais de depressão. A minha mãe sempre disse que até aos cinco anos de idade eu era um rapazinho alegre, mas que qualquer coisa deve ter acontecido depois disso porque eu fiquei azedo. Sem livros em casa, refugia-se no cinema onde gastava todo o dinheiro que ia amealhando - na altura passei muito tempo a fugir da realidade e a refugiar-me no cinema, ao ponto de ser incapaz de distinguir um do outro.
O tempo que Allen não passava no cinema, passava-o a praticar truques de magia ou a tocar clarinete, dois hobbies que mantém até aos dias de hoje. Na escola, Woody Allen não passava de um aluno mediano, a roçar o medíocre, e chegou mesmo a desenvolver uma certa aversão ao liceu. Aos 15 anos, Allan Königsberg adopta o pseudónimo de Woody Allen (“Allen” porque é a pronúncia mais corrente de Allan e “Woody” por simples escolha arbitrária) e começa a enviar piadas a jornais nova-iorquinos sob esse nome. As anedotas são bem recebidas e começa a trabalhar para a publicidade em jornais, ganhando 25 dólares por semana. Em 1953, Woody Allen entra para a New York University, onde não ficaria nem dois anos. Entretanto, descobre, com a obra de Ingmar Bergman, o mundo desconhecido do cinema europeu, infinitamente mais maduro do que o cinema americano. Com 20 anos, Woody Allen planeia seguir uma carreira como humorista. Tem a sua oportunidade na televisão no estado da Califórnia como argumentista no programa The Colgate Comedy Hour, que se torna muito popular por reunir vários grandes comediantes. Porém, alguns meses depois, o programa é cancelado. Regressa a Manhattan com a sua jovem esposa, Harlen Rosen, e volta a encontrar trabalho rapidamente. Em parceria com Larry Gelbart, um
argumentista mais experiente, criam sketches para duas emissões patrocinadas pela Chevrolet e são de tal forma apreciados que ganham o prestigiado Sylvannia Award, em conjunto com uma nomeação para os Emmy Awards. Dois anos depois, em 1960, Woody Allen é contratado para o The Gary Moore Show e, apesar de receber 1700 dólares semanalmente, deixa rapidamente o programa por odiar o meio em que se encontrava. Nesta altura, Woody Allen manifesta o desejo de se iniciar na comédia stand-up e em pouco tempo tornase um respeitável comediante. Nesta altura, Woody conhece Louise Lasser, uma aspirante a comediante, por quem se apaixona e que acaba por ditar o final do seu casamento. O casal muda-se para Park Avenue, o bairro da elite nova-iorquina, e Woody passa grande parte do seu tempo em digressão, dando espectáculos por todo lado num crescente sucesso. Em 1965, Woody inicia-se no mundo do cinema quando Warren Beatty, um dos grandes nomes da indústria cinematográfica de Hollywood, o convidou para escrever o guião do filme What’s New Pussycat?. No entanto, devido a algumas desconcordâncias, é expulso do projecto. Foi com a experiência que adquiriu ao ser parte integrante de uma produção que Woody Allen se apercebeu de que apenas conseguiria trabalhar no mundo do cinema tendo total controlo na criação do filme. Em 1966, ganha um novo contrato no filme japonês What’s Up, Tiger Lily? e no mesmo ano passa a colaborar regularmente com a prestigiada revista americana The New Yorker. Apesar de ter ficado decepcionado com o resultado final de What’s Up, Tiger Lily?, o filme estreia e torna-se um grande sucesso. Em 1968, com 33 anos, Woody Allen torna-se finalmente um realizador. Após muitos anos a tentar convencer a United Artists a apostar num projecto
seu, Woody angaria os fundos necessários para produzir Take the Money and Run que cai nas boas graças da crítica e do público. No Outono do mesmo ano, conhece e apaixona-se por Diane Keaton, o que precipitou o divórcio entre Woody Allen e Louise Lausser. No entanto, Lauser continua a aparecer nos seus filmes pelo fascínio que Woody sente pela sua personalidade auto-destructiva. Em 1971, filma Bananas em Porto Rico, Cuba, que vem refinar o estilo do seu anterior filme. A sua relação com Diane Keaton termina no final das filmagens, mas no plano profissional a dupla permanece unida. Um ano depois, produz Everything You Always Wanted to Know About Sex, tornando-se num dos 10 maiores êxitos de 1972 nos Estados Unidos. Em 1973, começa a escrever Sleeper, um sucesso de bilheteira, inspirado em Fahrenheit 451 e em 2001, Odisseia no Espaço, que se revela uma comédia brilhante que explora o contraste entre Allen e Keaton. Em seguida, grava Love and Death, revelando o seu profundo conhecimento literário, sendo considerado o seu melhor filme deste período. Em 1975, começa a trabalhar ao lado de Marshall Brickman num argumento que considera ser um primeiro passo rumo à maturidade e grava o seu maior êxito: Annie Hall. Mais do que um retrato de uma mulher, Annie Hall é o retrato de um casal que se torna evidentemente autobiográfico, sendo as personagens principais o próprio Allen e a sua mulher. É esta correspondência íntima com a vida real que torna este filme tão irresistível. O sucesso foi imediato e na cerimónia dos Óscares de 1978, Keaton ganha o prémio de melhor actriz e Allen o de melhor argumentista e realizador. Pouco tempo depois, começa a trabalhar no seu próximo filme, Interiors, voltando as costas ao seu passado como humorista e aspirando a um drama ambicioso e denso.
É um filme inspirado no seu passado familiar com sua ex-mulher Louise Lasser, que se suicidou após anos de internamento psiquiátrico. No entanto, Interiors recebe uma chuva de críticas negativas e de desprezo, atingindo também o fracasso nas bilheteiras. Em 1979, Manhattan, apesar de ser considerado imediatamente um clássico, alimenta as críticas que tornam cada vez mais corrente a ideia de que Allen está perto do descalabro. Em Stardust Memories, filme essencial da sua obra, Woody Allen revela um pouco este clima de malestar que vivia na altura. Apesar de revelar uma fluidez inédita na narração, não seduz o público que continua a pedir exigentemente mais filmes cómicos. No mesmo ano, inicia um romance com Mia Farrow, uma das suas futuras musas. Em 1982, filma A Midsummer Night’s Sex Comedy e um ano depois sucede-lhe Zelig, um projecto mais ambicioso onde aborda indirectamente a questão da identidade judaica.
Em 1985 em Hannah and Her Sisters, Allen faz um retrato de grupo onde se reconhece facilmente Mia Farrow e a sua relação com a sua mãe e irmãs. Torna-se no seu primeiro sucesso comercial em 5 anos e é nomeado para 7 Óscares. Radio Days, gravado dois anos depois, é uma fuga sonhadora em direcção a um passado encantado de Brooklyn dos anos 40. Durante a gravidez da sua mulher, realiza Another Woman, uma obra profundamente inspirada no mestre do cinema sueco Ingmar Bergman, onde traça um dos seus mais belos retratos femininos da sua obra com Gena Rowlands. Os anos 80 foram, deveras, uma década de brilhantismo para Woody Allen, tendo atingido o seu apogeu em 1989 com Crimes and Misdemeanors, história que termina de forma amarga onde o crime sai impune. Um ano depois, em Alice, termina a relação com Mia Farrow e é hospitalizado devido a uma depressão aguda e por excesso de trabalho.
Depois de Alice, Allen aceita pela primeira vez ser actor no filme de outro realizador em Scenes from a Mall que, medíocre, acaba por deixar o público indiferente. Shadows and Fog, que produz posteriormente, torna-se apenas uma parenteses antes da revelação de Husbands and Wives, em que o espectador é um voyeur na vida de um casal intelectual nova-iorquino. Em 1992, Allen é envolvido num escândalo quando se descobre a sua relação amorosa com Soon-Yi, filha adoptiva de Mia Farrow de 18 anos. No mesmo ano, inicia as filmagens de Manhattan Murder Mystery que, apesar do seu optimismo quanto às relações amorosas, não tem a devida atenção do público dado o seu envolvimento com a jovem. Em 1995, depois de Mighty Aphrodite onde Allen dá alguns sinais de fadiga, produz uma comédia musical que descreve os problemas amorosos de uma família em Everyone Says I Love You. Dois anos depois, Deconstructing Harry, marca o regresso de Allen à sua vertente mais sombria, retratando um artista em crise.
Em 2000, assinou um contracto com a DreamWorks e produziu Small Time Crooks, The Curse of Jade Scorpion, Hollywood Endings e Anything Else, filmes que, segundo os críticos, nunca atingiram o brilhantismo de alguns dos seus filmes anteriores. Em 2002, Woody Allen participa pela primeira vez no Festival de Cannes e recebe uma Palma de Ouro pelo conjunto de obras que tem vindo a produzir. Ao terminar o contrato com a empresa, Woody retomou a vertente da comédia romântica e realiza Melinda and Melinda em 2004 e Match Point em 2005, este último obtendo uma crítica muito positiva, tendo inclusivamente recebido quatro nomeações para os Globos de Ouro. Com a sua mais recente musa Scarlett Johansson, que já tinha estrelado em Match Point - produz também Scroop e Vicky Christina Barcelona. Os seus filmes mais recentes - Midnight in Paris e To Rome With Love – descrevem as aventuras de várias personagens em duas das mais icónicas cidades europeias. MF
YARA KONO
Yara Kono nasceu a 1972, em São Paulo, Brasil. Licenciouse em Farmácia Bioquímica na Universidade Estadual Paulista. Apesar disso, a sua veia mais artística começou a manifestar-se. Durante o curso estagiou numa agência de publicidade, o que contribuiu bastante para decidir que também deveria enveredar por esse caminho, levando-a tirar o curso de Design de Comunicação em horário póslaboral. Foi aceite no Centro de Design Gráfico Yamanashi, ao qual concorreu quando estava prestes a dar um salto na sua carreira de farmacêutica. Em 2004 começou a trabalhar para o Planeta Tangerina, onde apostou sobretudo na área do design de identidade e editorial. Passado algum tempo, em 2008, ganhou uma Menção Honrosa no I Prémio Compostela para Álbuns Ilustrados. Já em 2010, ganhou o Prémio Nacional de Ilustração, com a obra “O Papão no Desvão”, de Ana Saldanha.
Qual diria que foi/é a base (ou as bases) fundamental para o início do seu percurso? Diria que foram duas: vir viver para Portugal e o Planeta Tangerina. É certo que sempre gostei de desenhar, mas nunca ambicionei trabalhar como ilustradora, simplesmente aconteceu… Foi em Portugal que comecei a trabalhar como designer gráfica. Em 2004 respondi a um anúncio que vi no Jornal Expresso (de uma empresa com um nome engraçado) que me chamou a atenção. Foi uma sensação de familiaridade e à vontade logo na primeira entrevista... E assim passei a trabalhar num sítio sem igual, com uma equipa sem igual.
ACHO QUE TUDO QUE ESTÁ À MINHA VOLTA ACABA POR ME INFLUENCIAR
Qual foi o contributo do curso de Farmácia Bioquímica no seu percurso enquanto designer? Foi uma bela experiência de vida e também profissional, pois trabalhei como farmacêutica durante 5 anos. Enquanto designer não houve directamente um contributo, mas as vivências que acumulei nesse período foram muito importantes para a minha formação pessoal o que sempre acaba por me afectar enquanto designer gráfica.
De que forma terão as suas origens, sociais e culturais, influenciado os seus gostos e as suas obras? Acho que tudo que está à minha volta acaba por me influenciar (de alguma forma). E sem dúvida tenho, mesmo que involuntariamente, influências do meu país de origem (Brasil) e do país de origem do meu pai e avós (Japão), dos meus amigos e família (Brasil-Japão-Portugal).
Em 2010 ganhou o seu primeiro grande prémio de ilustração. Que importância atribui a esta distinção? Ter um trabalho reconhecido é sempre muito bom, seja pelos leitores, pelos meios de comunicação… ou ainda, em forma de prémio. E um prémio não deixa de ser um impulsionador extra, o que profissionalmente é muito, muito bom.
FLICKR.COM/PHOTOS/YARAKONO
Qual foi o primeiro livro que ilustrou e qual a importância deste na sua carreira enquanto ilustradora? O primeiro livro ilustrado foi o “Ovelhinha Dá-me Lã”, de Isabel Minhós Martins editado pela Kalandraka em 2009/2010 e rendeu-nos uma menção honrosa na primeira edição do Prémio Compostela para Álbuns Ilustrados. Receber a notícia em plena Feira de Bolonha foi incrível (na minha primeira ida a Bolonha, ainda por cima). O primeiro editado de facto, foi o De Sol a Sonho, com os belos poemas do Raul Malaquias Marques, editado pela Caminho. Como é que se organiza, quando é altura de pôr mãos à obra, e começar um novo projecto? Qual é o processo criativo? Tudo depende dos prazos de entrega… se um livro tem um prazo de entrega mais alargado, tenho mais tempo para desenvolvê-lo e vice-versa. Quando recebo um texto, a primeira coisa é ver se o aprecio ou não, se as condições contractuais são viáveis ou não. Depois sigo basicamente um caminho, que pode variar dependendo do projeto, mas basicamente passa por: pesquisa, paginação, esboços, primeiras ilustrações (nesta fase apresento duas a três ilustrações ao cliente), aprovação, desenvolvimento, aprovação/alterações, arte e finalização.Quando o livro é edição PT, o processo é diferente. É mais discutido, mais acompanhado, visto e revisto… Geralmente faço o design gráfico e a paginação dos livros que ilustro. E vale a pena acrescentar que normalmente tenho mais de um projeto a decorrer ao mesmo tempo. Quais são as suas expectativas profissionais? Acho que não tenho… O presente tem sido tão intenso que quase não dá tempo para pensar ou criar expectativas. E tem sido tão bom assim. Tem mais alguma actividade para além de ilustradora? Sou designer gráfica. E gosto de fotografar, de cozinhar e tricotar (para pena minha, muito raramente nos últimos anos).MB
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HORAS DE REVOLUCAO Abril, começam as guerras provocadas pela recente, repentina mas esperada chegada da Primavera sem esquecer a mudança da hora e a infelicidade do Sol de se levantar mais cedo e deitar mais tarde. Pobre Sol, vai se tornar agora um estudante durante esta fase do ano...As folhas lutam por renascerem dos ramos mortos e nus, o sol lutam por permanecer e deixar mais da sua luz e crescente calor ao mesmo tempo que luta com a chuva predilecta e típica do mês de Abril. Sentimo-nos mais cansados, os dias tornam-se mais longos e o ciclo continua a partir de alguma mudança radical, mas continua, não pára, não espera por ninguém, a nossa única solução é seguir, à nossa maneira ou pelos nossos próprios trilhos, mas seguir, e como costumava uma comadre minha dizer, Estagnação significa morte. A nossa sorte resume-se então às “comadres” e “compadres” que nos acompanham, trazem consigo trilhas sonoras ou filmes que nos marcam, enquanto a chuva cai, independentemente de estarmos dentro das nossas casas aconchegados ou lá fora a sentir a chuva fria escorregar pelas bochechas, podiam ser lágrimas, mas é só o próprio mundo a despedir-se dos meses frios e a aceitar uma estação mais alegre pela frente. Mesmo assim a mudança não vem sem luta, desordem ou revolução, mudança é possível, mas vem com um preço chamado adaptação, nem sempre fácil ou alegre, mas necessário. Fiquem com o nosso top e aproveitem esta época de caos e revolução afinal de contas penso ser Nietzsche que refletiu, chegando à conclusão: You need chaos in your soul to give birth to a dancing star.
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DIÁRIO GRÁFICO
DIOGO
BESSA Estudante do terceiro ano de Design de Comunicação da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto
PODES IR ANOTANDO, PENSANDO E ABSORVENDO O QUE TE RODEIA
Há quanto tempo desenhas? Não sei bem. É uma coisa que quase sempre gostei de fazer e que se foi tornando cada vez mais frequente, desde a entrada na faculdade, em grande parte por causa da cadeira de desenho. Porque escolheste este curso? Na altura não fazia a mínima ideia, mas, apesar de também ter pensado em concorrer para arquitectura, cheirou-me que o design tinha mais a haver com o que eu queria e coloquei a FBAUP como primeira escolha. Não me arrependo de maneira nenhuma. Agora é “só” perceber o que é que eu quero afinal.
O que entendes por diário gráfico? Para que fim o utilizas? Diário gráfico é um suporte portátil onde podes ir anotando, pensando e absorvendo o que te rodeia, e serve para treinares todas essas capacidades da forma que preferires. Inicialmente eu estava muito agarrado ao diário como fim em si, porque me seduziam (e ainda seduzem) o virtuosismo e a agilidade do desenho propiciadas pelo próprio suporte ou os experimentalismos para os quais este nos convida. Aos poucos vou encarando-o sobretudo como um caderno de anotações e como um bom “vício”.
Ao folhear os teus diários reparei que utilizas muito a caneta e marcadores. Porque te ‘aficionaste’ mais a essas técnicas? Porque estavam mais a mão, são meios riscadores simples, fáceis de transportar, praticamente sem tempo de secagem e de utilização mais recorrente e familiar. Afeiçoei-me sobretudo por preguiça e comodismo que agora vou tentando impedir desvalorizando os desenhos lá feitos e preocupandome mais em passar para outros suportes e técnicas.
Consideras o desenho um fim em si mesmo ou uma forma de pensar outros trabalhos? Na altura encarava o desenho mais como um fim em si sem grandes preocupações. Agora, pelo menos no diário, num meio despreocupado de manter a mão ocupada.
És muito fã de ilustração, certo? Que artistas mais admiras? Sim, gosto de imensos artistas, mas nos últimos tempos há dois que claramente se destacam : o André da Loba e o Isidro Ferrer. Gostem ou não de ilustração estes autores são imperdíveis, garanto-vos.
NA ALTURA ENCARAVA O DESENHO MAIS COMO UM FIM EM SI SEM GRANDES PREOCUPAÇÕES
A tua forma de procrastinar é desenhando? É algo que fazes por pura diversão ou um ponto de partida para algum projecto mais desenvolvido? É por pura diversão, ou por ranço, ou por procrastinação... é a toda a hora e todo o momento por isso nem sei bem.
Estas a pensar fazer ERASMUS? Quanto ao Erasmus, escolhi ir para a Moholy Nagy School of Arts and Design, na Hungria porque é uma escola vocacionada para áreas como a fotografia, design de produto e animação, que (excluíndo esta última) não estão lá muito ligadas à ilustração. Acho que é uma mais valia para testar mais abordagens e quem sabe contaminar áreas e interesses. Além do mais é um país diferente, uma cultura diferente, com um ambiente no campo visual diferente do nosso.
Já fizeste alguma exposição? Não. Participei nuns fanzines com os colegas e pouco mais. Por fim, tens expectativas futuras? Nenhumas, vou andando...CN