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Conflito socioambiental em Paracatu
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O município de Paracatu, no noroeste de Minas Gerais, possui a maior mina de ouro do Brasil, em volume e em área de extração. Nos anos 1980, a empresa canadense Rio Paracatu Mineração, depois rebatizada de Kinross, conseguiu a concessão da mina Morro do Ouro, onde pequenos garimpeiros tiravam ouro em bateias. A mineradora cercou a área, colocou homens armados para vigiar a mina e começou a comprar lotes e sítios de antigos moradores, a maioria quilombolas e descendentes de negros que viviam na região desde o Império.
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Existem várias denúncias de violações de direitos humanos em Paracatu causadas pelas atividades da mineração. Entre elas, expropriação e destruição de territórios quilombolas, criminalização dos garimpeiros artesanais, comprometimento das atividades produtivas tradicionais, impactos das explosões e ruídos sobre as condições das moradias, uso indiscriminado de água e riscos à saúde da população. Moradores do município preocupam-se ainda com a suspeita de que a mineradora canadense, Kinross Gold Corporation, esteja contaminando afluentes do local com arsênio, um semimetal altamente tóxico e cancerígeno.
Em Paracatu, existem duas barragens de rejeitos, a Santo Antônio tem 399 milhões de metros cúbicos e não recebe rejeitos desde 2015. Já a barragem Eustáquio, construída em 2010, ainda faz o armazenamento dos resíduos da mineração e tem hoje 148 milhões de metros cúbicos de rejeito. Com o rompimento das barragens em Mariana e em Brumadinho, as comunidades que vivem abaixo das barragens em Paracatu estão em pânico, uma vez que as duas são vizinhas de bairros residenciais.
CÁRITAS MINAS GERAIS NO CUIDADO DA CASA COMUM
Barragem da mineradora Kinross, em Paracatu.
Enfrentamento ao modelo de mineração e defesa dos direitos socioambientais 19