Revista Educação Física

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22 ANOS DE PROFISSÃO: UMA HISTÓRIA DE LUTAS E CONQUISTAS

ISSN 2238-8656

Ano XVII | n° 76 | 2020

outubro/dezembro

Órgão Oficial do CONFEF


CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA MOÇÃO DE APLAUSOS

O Conselho Federal de Educação Física - CONFEF aprova em sua reunião Plenária do dia 4 de dezembro de 2020, na cidade do Rio de Janeiro, Moção de Aplauso em reconhecimento às autoridades políticas deste país que, no uso de suas atribuições legais, declararam como essenciais os serviços prestados por Profissionais de Educação Física em suas respectivas áreas de intervenção.

JUSTIFICATIVA Desde o dia 28 de agosto de 2020, o cadastro na Ação Estratégica “O Brasil conta comigo – Profissionais da Saúde” foi envidado esforços para realização de cadastro e subsequente curso considerados importantes instrumentos para o enfrentamento à COVID-19 para que estes profissionais mantivessem atualizados sobre as melhores práticas para a assistência à saúde. O CONFEF em atitude propositiva publicou em seu site várias recomendações amparadas em documentos científicos e experiências exitosas chamando a atenção de que “A atividade física, praticada de forma sistemática, regular e orientada por profissionais de Educação Física, é entendida mundialmente como determinante e condicionante da saúde. ” Felizmente, em várias partes deste país, muitas autoridades políticas passaram do discurso à ação, no sentido de dar amparo legal ao que sobejamente já se sabe, a essencialidade das atividades físicas para a saúde, desde que implementadas por profissionais de Educação Física por sua competência profissional. A estas autoridades políticas os nossos aplausos.


PALAVRA DO

PRESIDENTE

Em 15 de dezembro de 2020, foi promovida a eleição para definir a composição do plenário do CONFEF. Com a maioridade do Sistema – completamos 22 anos –, uma nova etapa dessa edificação se iniciará, com impactos ainda não muito bem entendidos, em razão da Covid-19. Mesmo assim, não nos faltará esperança e confiança no respeito e legitimação da profissão, além da garantia do direito da sociedade ter os serviços em atividades físicas e esportivas prestados por Profissionais de Educação Física. Ao longo desse vinte e dois anos, integrei chapa em seis eleições, sendo eleito presidente. Fui um maestro regente de instrumentistas competentes, e foi esse conjunto que possibilitou o crescimento e desenvolvimento do Sistema CONFEF/CREFs. Nem tudo foi perfeito nessa caminhada até o presente, mas é uma extraordinária construção da entidade e da valorização e reconhecimento da profissão e do Profissional de Educação Física. Muitos desafios superados, batalhas permanentes junto aos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, quebrando paradigmas e avançando na compreensão da essencialidade do Profissional de Educação Física. Enfrentamos os desafios e as ameaças com competência, eficiência e amor à causa, sempre calcados na legalidade e nos princípios éticos universais. Sonhamos com uma profissão reconhecida; acreditamos nesse sonho e hoje podemos comemorar essa vitoriosa realidade; sonhamos com o desenvolvimento do Sistema e com a independência de cada CREF; acreditamos nesse

sonho, que hoje é um fato consumado; acreditamos nessa competência dos Profissionais de Educação Física, e hoje as intervenções dessa categoria são reconhecidas; fomos sempre inovadores e ousados; promovemos a integração, consolidando o desenvolvimento; nos orgulhamos de fazer parte dessa história; sonhamos, acreditamos e concretizamos nossos sonhos. O mais importante sempre será a profissão e a Instituição, mas não podemos deixar de registrar números, pois iniciamos com zero profissionais registrados e zero recursos financeiros. Em 2020, são mais de 500 mil profissionais registrados e aproximadamente R$ 54.000.000,00 (cinquenta e quatro milhões) de saldo. Agradeço a Deus pela saúde e proteção, à minha família pela compreensão e apoio durante todo esse tempo de muita ausência, mas por uma boa causa, e a todos os Profissionais de Educação Física, que estiveram nessa jornada de forma direta e até mesmo indireta. Tudo foi feito com muito amor, muito respeito, muita ética e compromisso coletivo e social. VALORIZANDO A PROFISSÃO, DEFENDENDO A SOCIEDADE. Desejo a todos um próspero 2021!

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22 ANOS DE DESAFIOS E CONQUISTAS

Jorge Steinhilber CREF 000002-G/RJ

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EDUCAÇÃO FÍSICA Presidente — Jorge Steinhilber 1º Vice-Presidente — João Batista Andreotti Gomes Tojal 2º Vice-Presidente — Iguatemy Maria de Lucena Martins 1º Secretário — Almir Adolfo Gruhn 2º Secretário — Sebastião Gobbi 1º Tesoureiro — Sérgio Kudsi Sartori 2º Tesoureiro — Marcelo Ferreira Miranda Conselheiros Alexandre Janotta Drigo Angelo Luis de Souza Vargas Antônio Ricardo Catunda de Oliveira Carlos Alberto Cimino Carlos Alberto Camilo Nacimento Eduardo Silveira Netto Elisabete Laurindo de Souza Emerson Silami Garcia (Licenciado) Flávio Delmanto Francisco José Gondim Pitanga Luisa Parente Ribeiro R. de Carvalho (Licenciado) Márcia Regina Aversani Lourenço Marino Tessari Nestor Soares Públio Rubens dos Santos Silva Teófilo Jacir de Faria Tharcisio Anchieta da Silva Valéria Sales dos Santos e Silva Wagner Domingos Fernandes Gomes Walfrido José Amaral (Licenciado)

SUMÁRIO

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Relatos que inspiram

CONFEF Av. República do Chile, 230 – 19º andar CEP: 20031-170 - Rio de Janeiro – RJ Tels.: (21) 22423670 / 2215-6100 / 3852-6355 / 3852-6803 comunicacao@confef.org.br www.confef.org.br Periodicidade: trimestral Distribuição gratuita Tiragem: 329.000 Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus respectivos autores, não expressando necessariamente a opinião da revista e do CONFEF. Todas as matérias dessa edição estão disponíveis para leitura no portal eletrônico do CONFEF.

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Conselho Editorial

Antônio Ricardo Catunda de Oliveira João Batista Andreotti Gomes Tojal Laércio Elias Pereira

Lamartine Pereira DaCosta Sérgio Kudsi Sartori

Jornalista responsável — Enila Bruno - DRT/RJ 35889 Redação — Juliana Reche

Projeto gráfico e editoração — Jorge Ney

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Uma história de lutas e conquistas


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De provisionado a doutor: Educação abre horizontes

8 Resolução CONFEF 391: IES adaptam projetos

pedagógicos para reforçar área da Saúde

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26 Licenciatura x Bacharelado

28 Como fica o mercado fitness no pós pandemia?

Websérie do CONFEF retrata desafios da pandemia

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Hospitalização por Covid-19 é

“O esporte é a principal ferramenta de

inclusão da pessoa com deficiência”

17 Parceria do CREF6/MG

com Nescon completa 10 anos

de

s

18 Exercícios físicos auxiliam na reabilitação de

recuperados da Covid-19

34% menor em pessoas fisicamente ativas

35 CONFEF publica livro digital com edições do Boletim Eletrônico

36 MOVIMENTO NA REDE ESPAÇO DO LEITOR ........... 37 PANORAMAS ......................... 38 AGENDA ................................. 40


RE: Relatos que inspiram

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EM SP, PROFESSOR SUPERA DESAFIO DUPLO E ENXERGA OPORTUNIDADES NA CRISE

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Muitos professores de Educação Física enfrentaram o desafio de ministrar a disciplina a distância. Para Paulo Bispo [CREF 084428-G/SP], o desafio veio em dobro. O ano da pandemia coincidiu com a sua estreia na Educação Infantil. “Foi a minha primeira vez com essas turmas iniciais e com o formato online. A Educação Física escolar infantil nunca teve tamanha oportunidade de interação, seja com família, direção, administração, corpo docente ou mesmo entre nós”. Paulo atua na Escola Municipal Oswaldo Justo, em Praia Grande (SP), e aproximadamente 300 alunos. Ele conta que recebeu com entusiasmo a notícia de que as aulas passariam a ser a distância. “Porém, como não havia um padrão a ser seguido, criou-se muita incerteza sobre como seria nosso trabalho, a interação com o aluno e a participação da família”. Mesmo preocupado, o professor viu ali uma oportunidade. “A tecnologia faz parte do cotidiano de muitas instituições hoje em dia. Mas a escola pública estava atrasada em aproveitar mais essa ferramenta: Tivemos que mergulhar de cabeça”. Foi o que ele fez. Além do material de leitura fornecido aos alunos, Paulo decidiu ir além: produziu vídeos, com gravação de tela, voz e imagem dele próprio, ministrando as aulas como se fossem presenciais, certo de que nada substitui o professor. “Como não tinha padrão, cada


“Essa foi uma ótima oportunidade de mostrar que Educação Física escolar vai muito além da prática do esporte. Por meio do lúdico, podemos transpor para além da sala de aula”

ENVIE A SUA EXPERIÊNCIA Nós queremos conhecer a sua experiência, seja ela na escola, academia, hospital, clube ou qualquer outro segmento. Envie o seu relato para o e-mail revistaef@confef.org. br e teremos o maior prazer em compartilhá-lo.

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escola traçou a melhor estratégia de ensino. Minha tarefa era repassar o conteúdo no formato PDF da Secretaria para as famílias, auxiliar e receber as fotos ou vídeos das atividades. Porém, achei de extrema importância falar com os alunos, mostrar meu rosto e passar o conteúdo com mais carinho e afeto”. O motivo foi muito mais do que ‘apenas’ facilitar a aprendizagem. “Ao meu ver, isso colaborava para o apoio socioemocional vivido por todos nesse momento de pandemia e isolamento. Apresentei a proposta aos meus superiores, que aprovaram e me motivaram a continuar desenvolvendo essa interação”. Não foram só eles que aprovaram. Paulo conta que o retorno dos pais e familiares também foi positivo. “Foi muito legal para o aluno e para a família. Foram poucos os que não aderiram ou se queixaram da sobrecarga”. A estratégia foi interessante ainda para agregar qualidade à Educação Física Infantil, como comenta o professor. “A Educação Física Infantil não tinha material impresso base e nesse novo formato online, passou a ter”. Este, para ele, foi um ponto extremamente positivo. “A Prefeitura de Praia Grande deu um verdadeiro show de eficiência e criatividade na elaboração do material”. A partir dessa base, cada escola/professor desenvolveu sua estratégia para repassar o conteúdo. Essa foi uma ótima oportunidade de mostrar que Educação Física escolar vai muito além da prática do esporte. Por meio do lúdico, podemos transpor para além da sala de aula. Hoje vemos nosso trabalho sendo reconhecido pelos nossos colegas, e as famílias tiveram a oportunidade de compreender a relevância da Educação Física na vida de seus filhos”. Essa oportunidade de interação com os pais era escassa até “Geralmente, só tínhamos contato com a família na hora de assinar as ocorrências que eventualmente aconteciam no nosso cotidiano. Também por isso, eu achei super legal esse formato online. Penso que poderia ser incorporado ao modelo educacional mesmo pós-pandemia, como uma ferramenta a mais, pois a tecnologia veio para ficar”. Mesmo com o sucesso das aulas a distância, o professor admite que sente saudade de estar presencialmente com os alunos. Ele conta que um dos pontos que mais fazem falta nas aulas online é a falta de um padrão definido. “A partir do padrão mínimo base, podemos fazer as adaptações e melhorias, avançar e recuar para atingir o objetivo final. Lógico que todos estamos de parabéns. Enfrentamos uma pandemia e um mar de incertezas, vencemos barreiras e juntos galgamos sempre um horizonte do aumento do cabedal cultural do aluno”. E assim, semanalmente, os alunos recebiam um desafio relacionado ao conteúdo programático trabalhado e precisavam comprovar a superação do mesmo, enviando vídeo ou fotos. “Toda semana eu e o outro professor da unidade preparamos um desafio seguindo o tema das atividades. Alguns exemplos: cobra-cega (5 sentidos), cabo de guerra (jogo de oposição), natação em casa (esporte de marca), bocha, boliche, basquete (esporte de precisão), etc”. Quem também superou um desafio duplo foi o professor Paulo. Ele, que em seu primeiro ano assumindo turmas da educação infantil enfrentou também uma pandemia e mudanças tão importantes no modelo pedagógico, tirou da experiência muitos aprendizados. Seus cerca de 300 alunos não ficaram sem Educação Física de qualidade.

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De provisionado a doutor: Educação abre horizontes

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PROVISIONADO EM CAPOEIRA, ALAN MORAES FOI ATRÁS DA GRADUAÇÃO, SE ESPECIALIZOU E, HOJE, CONTRIBUI PARA A FORMAÇÃO DE MUITOS OUTROS PROFISSIONAIS

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No ano de 1999, na cidade de Caçador, meio oeste de Santa Catarina, chegavam informações de que entrara em vigor a necessidade de habilitação para atuar na profissão de Educação Física. A forte campanha pela regulamentação da profissão, vitoriosa no ano anterior, buscava agora conscientizar sobre a importância de se registrar no sistema. E foi assim que o Professor Alan Moraes [CREF 004685-G/SC], que a época dava aulas de Capoeira, tomou conhecimento da Lei 9696/98. Como sua fonte de renda dependia exclusivamente da modalidade, o profissional logo buscou regularizar-se para atuar de forma legal. Isso porque a legislação brasileira assegura o exercício da profissão aos que já a exerciam antes da nova lei. Estes têm direito adquirido, de acordo com a legislação anterior, nos moldes do que já faziam, desde que se inscrevam no respectivo Conselho Profissional. Para assegurar que a intervenção destes profissionais não colocasse em risco a saúde da população, o Sistema CONFEF/CREFs desenvolveu o Programa de Instrução para Provisionados (PIP), que incluía conhecimentos pedagógicos, ético-profissionais e científicos, objetivando a responsabilidade no exercício profissional e a segurança dos beneficiários. Em Santa Catarina, a formação foi oferecida nas dependências da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc), e os docentes, em sua maioria,


“A atualização é essencial para todos os profissionais. Eu já tinha o meu registro profissional, o qual me autorizava atuar na minha área. No entanto, a decisão de fazer a graduação e me especializar me abriu muitos horizontes. Foram cinco especializações, mestrado e doutorado, os quais me levaram a conhecer outros países, trabalhar em diversas universidades, atuar em ambiente hospitalar e clínicas”

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faziam parte do quadro técnico da instituição. Essa foi a primeira vez que o Alan esteve na Udesc, mas não seria a última. Ainda durante o processo de regularização, Alan realizou outros cursos de capacitação, tendo contato com vários profissionais de Educação Física. Seus projetos então se expandiram. “Percebi que precisava de mais conhecimentos para ter um melhor desempenho nas minhas aulas de capoeira e que com a graduação em Educação Física um universo maior estaria se abrindo para mim”, explica. Já em posse do registro de provisionado em Capoeira, Alan tomou conhecimento da abertura da primeira turma de Educação Física da Universidade do Contestado (UnC) e não pensou duas vezes antes de se inscrever no vestibular. Aprovado, recebeu o apoio de amigos para pagar as primeiras mensalidades e dar início a sua formação acadêmica. Por questões financeiras, também foi necessário cursar menos disciplinas por período. Com isso, apesar de ter entrado na graduação no ano de 2000, somente em 2006 Alan conseguiu se formar. Mas a luta não foi em vão. “A formação me abriu muitos horizontes. Fui bolsista de pesquisa durante quatro anos da graduação, o que me fez tomar gosto pelo conhecimento e pela pesquisa. A partir da graduação, novos horizontes foram se abrindo. Recebi muito apoio e fui conquistando espaço”, conta. Após formado, Alan iniciou a especialização em Psicomotricidade e foi convidado a dar aulas no curso de Educação Física da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP, antiga UnC). A partir dessa oportunidade, outras portas foram se abrindo e no mesmo ano ele iniciou outras duas especializações (Fisiologia do Exercício e Prescrição de Exercício para Grupos Especiais). Em seu segundo ano como docente, Alan percebeu que precisava ampliar ainda mais os horizontes. Literalmente. Então mudou-se com a sua família para Florianópolis almejando o Mestrado e o Doutorado em Educação Física na UDESC. Sim, a mesma instituição em que ele havia realizado o curso para o registro de provisionado. Com uma especialização na área de grupos especiais, Alan passou a se aprofundar em cardiologia e oncologia, em que atua até hoje. Daí em diante sua atuação foi dedicada quase que integralmente ao estudo do treinamento físico em indivíduos com doenças oncológicas e cardíacas. Em 2014, Alan defendeu sua dissertação de mestrado na UDESC e logo em seguida ingressou no doutorado na mesma instituição. Em 2019, iniciou o pós-doutoramento também na área de Ciências do Movimento Humano. Em 2020, o agora Dr. Alan Moraes fundou a Octogon Academy, uma plataforma digital de cursos de capacitação na área da saúde, voltados para profissionais de Educação Física com ênfase no treinamento físico na doença (exercício clínico). O projeto nasceu, de acordo com Alan, da necessidade de contribuir de maneira mais efetiva para a formação profissional. E a busca por conhecimento, ao que indica, não tem fim. “A atualização é essencial para todos os profissionais. Eu já tinha o meu registro profissional, o qual me autorizava atuar na minha área. No entanto, a decisão de fazer a graduação e me especializar me abriu muitos horizontes. Foram cinco especializações, mestrado e doutorado, os quais me levaram a conhecer outros países, trabalhar em diversas universidades, atuar em ambientes hospitalares e clínicas”. Atualmente, Alan Moraes é Professor Titular na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), onde ministra diversas disciplinas, entre elas a capoeira.

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Resolução CONFEF 391: IES se adaptam para reforçar projeto pedagógico

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ESTUDANTES E INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR BUSCAM ATUALIZAÇÕES. PROFISSIONAIS QUE JÁ ATUAM NA ÁREA CONTAM SUAS EXPERIÊNCIAS

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Formulada para reconhecer e definir a atuação e as competências do Profissional de Educação Física em contextos hospitalares, a Resolução do CONFEF, que reconhece e define a atuação do Profissional de Educação Física no contexto hospitalar, é considerada um marco pelos profissionais da área. Isto porque a atuação, apesar de recente se comparada a ramos mais tradicionais da Educação Física, já existia, na prática. Com uma nova área de atuação reconhecida, as Instituições de Ensino Superior (IES) precisarão formar profissionais capacitados para ela, atualizando seus currículos acadêmicos para incluir os hospitais no conteúdo de sala de aula, de acordo com a Resolução do CNE 6/2018 (saiba mais em: confef. com/452). É o que já vem acontecendo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), como explica Daniel Godoy Martinez [CREF 028501-G/MG], vice-diretor da Faculdade de Educação Física e Desportos da instituição. Ele explica que a matriz curricular na graduação já está passando por readequações. “O conteúdo da Resolução 391 será amplamente debatido nos fóruns da Faculdade, para que possamos oferecer aos nossos alunos o melhor currículo possível”. O currículo da Faculdade, tradicionalmente, já é desenvolvido a partir do mercado de trabalho e as peculiaridades locais, respeitando as Diretrizes Curriculares Nacionais do CNE. “Por exemplo, em Juiz de Fora há grande número de praticantes de corrida de rua, aumento crescente dos praticantes de ciclismo e lutas, assim essas temáticas são abordadas em nosso curso”, explica o vice-diretor.


Diálogo entre equipe multidisciplinar é fundamental para atuação na Saúde

Mais do que todo o conhecimento acadêmico e a experiência oferecidos pela UFJF, o aluno de Educação Física que deseja atuar dentro do ambiente hospitalar deve desenvolver algumas habilidades. “Conhecer a estrutura organizacional de um hospital, ter espírito de equipe, saber trabalhar em equipe entendendo a ação multidisciplinar, transdisciplinar e interdisciplinar; ser proativos, em alguns casos, saber exercer o papel de líder e, não menos importante, saber se posicionar perante a equipe clínica, sempre respaldados no respeito mútuo e nas informações científicas”.

Luciene Azevedo é profissional de Educação Física do Instituto do Coração (InCor)

“Trabalhamos de forma integrada com as demais áreas do hospital, em especial com a área médica. Na pósgraduação oferecemos disciplinas como: Efeito do Treinamento Físico na Fisiopatologia Cardiovascular, Práticas de Laboratório de Pesquisa nas quais são abordados assuntos de cunho hospitalar”

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De olho no mercado, o professor pensa que o momento não poderia ser melhor para discutir e se adequar à Resolução 391. Em seu currículo, a Faculdade de Educação e Desportos da UFJF apresenta disciplinas como: Educação Física e Saúde, Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Exercício Físicoalém de Estágio Curricular na Área de Saúde e Qualidade de Vida. Como reforço, a universidade conta ainda com Fellipe Rodrigues [CREF 011424-G/ MG], profissional de Educação Física da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) que atua dentro do Hospital Universitário da UFJF. “Pudemos propiciar aos graduandos estágio dentro do ambiente hospitalar sob supervisão desse profissional, acompanhando-os em suas atividades”. Nesse estágio, o aluno aprende não apenas as atividades específicas do Profissional de Educação Física, mas também a relação com os outros profissionais da Saúde, propiciando o diálogo entre toda a equipe multidisciplinar. “Trabalhamos de forma integrada com as demais áreas do hospital, em especial com a área médica. Na pós-graduação oferecemos disciplinas como: Efeito do Treinamento Físico na Fisiopatologia Cardiovascular e Práticas de Laboratório de Pesquisa nas quais são abordados assuntos de cunho hospitalar”, explica Daniel Martinez. A residência também é uma possibilidade para os bacharéis em Educação Física, como explica o pesquisador em Investigação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício e também professor da UFJF Mateus Laterza [CREF 028500-G/MG]. “Após concluírem a graduação os alunos têm a possibilidade, via concurso público, de ingressar no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto da UFJF, que oferece duas vagas para profissionais de Educação Física. Os residentes cumprem parte da sua carga horária nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e dentro do ambiente hospitalar, passando por diversos ambulatórios. Acompanham ainda de perto o Ambulatório de Exercício Físico e Saúde, realizando avaliação antropométrica, de força muscular, flexibilidade, prescrevendo e supervisionando exercício físico aos pacientes atendidos, entre outras atividades”.

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PROFISSIONAIS DA ÁREA CONTAM SUAS EXPERIÊNCIAS

Vinculado à Universidade de São Paulo (USP), o Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina), recebe estudantes da universidade para que eles possam desenvolver, na prática, habilidades previstas no currículo do curso. Com a área cada vez mais forte dentro dos hospitais, a tendência é que as Instituições de Ensino Superior, observando o mercado, incluam mais disciplinas voltadas para a área em seus currículos. O que não acontecia quando a Prof. Dra. Luciene Azevedo [CREF 009740-G/SP] se formou, em 1993. Hoje ela é profissional de Educação Física do InCor, mas sua graduação foi pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1993. Luciene também é coautora do livro Recomendações sobre condutas e procedimentos dos Profissionais de Educação Física na atenção básica à saúde, publicado pelo CONFEF. “Havia somente uma disciplina para atuação na área de reabilitação, médica ou hospitalar, ‘Educação Física Adaptada’, para pessoas portadoras de deficiências físicas e motoras”. Para compensar a única disciplina voltada para o ambiente hospitalar, Luciene correu atrás de muito conhecimento científico. Com cursos de especialização, mestrado, doutorado e cursando o segundo pós-doutorado, Luciene conta que sempre quis seguir a carreira científica. Já para quem deseja atuar colocando em prática – e não gerando – conhecimento científico, a professora entende que um bom curso de especialização, além da graduação, é claro, preparam suficientemente um profissional. “O meu curso de especialização, por exemplo, foi no próprio InCor. Um curso excelente, de alta qualidade profissional, que existe até hoje na Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do Instituto e forma profissionais de Educação Física para atuarem na prevenção e reabilitação cardiovascular. A partir daí, acredito que o Profissional de Educação Física estará apto para atuar em clínicas de saúde, hospitais, individualmente ou no Sistema Único de Saúde ou outra instituição que trabalhe com reabilitação cardiovascular ou reabilitação da saúde”.

“A aquisição do conhecimento técnico é fundamental e imprescindível para a atuação do profissional de Educação Física na área de promoção e EDUCAÇÃO FÍSICA | 76/2020

reabilitação da saúde”

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Para quem pretende atuar dentro do ambiente hospitalar, Luciene sugere que a busca deva iniciar ainda antes da graduação: “O ideal é escolher uma faculdade que ofereça disciplinas nestas áreas. Procurar, ainda dentro da graduação, participar de estágios na área e, após a formatura, buscar cursos de especialização, aprimoramentos de qualidade e, dentro do possível, com reconhecimento do MEC”. Apesar do avanço, Luciene acredita que as universidades ainda têm muito a se atualizar. “Ainda acho tímida a iniciativa da existência destas disciplinas na grade curricular. Nem todas oferecem, mas existe uma mudança que já está acontecendo neste sentido”. Por isso mesmo, buscar a formação continuada é fundamental. “A aquisição do conhecimento técnico é fundamental e imprescindível para a atuação do profissional de Educação Física na área de promoção e reabilitação da saúde”. Assim como Luciene, Camila Jordão [CREF 034193-G/SP] é professora na área de reabilitação cardiovascular. Formada pela Universidade São Judas


“A atividade física é fator primordial para o combate de diversas doenças e esse reconhecimento é de extrema importância” Para Marega, a Resolução 391/2020 poderá contribuir para um número ainda maior de profissionais na Saúde. “Eu sou suspeito para falar, mas fico muito feliz com a publicação da resolução. É bom não só para quem já atua em hospitais, mas para todos os profissionais de Educação Física, pois abre uma janela gigante de oportunidades. A atividade física é fator primordial para o combate de diversas doenças e esse reconhecimento é de extrema importância”, celebra.

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Tadeu, em São Paulo, Camila também não contou com muitas disciplinas voltadas para a área hospitalar, durante a graduação: “Eram poucas, e as existentes não eram muito abrangentes”. Por isso, ela precisou buscar conhecimento por conta própria, assim como Luciene. Apesar de considerar todo o estudo extremamente importante, Camila acredita que a experiência é que traz a segurança. “A prática é que realmente te deixa seguro para trabalhar com a população cardiopata ou outro paciente”, defende. Para quem quer seguir a área, Camila orienta: “Prefiram os cursos conceituados e que ofereçam parte prática”. Marcio Marega, que é responsável pelos programas de bem-estar do hospital Albert Einstein e coordenador do Centro Einstein de Esportes e Bem-Estar, um espaço dedicado à saúde física e mental dos estudantes de Enfermagem e Medicina da Faculdade Israelita das Ciências da Saúde Albert Einstein, concorda. Para ele, os profissionais deverão procurar cursos de atualização para atuar no segmento com maior qualidade. Do mesmo modo, as IES precisarão se atualizar para adequar suas matrizes curriculares. Formado em Educação Física e Fisioterapia, Marega entrou para o quadro de funcionários da instituição ainda em 1999 como Fisioterapeuta, cargo que ocupou durante dois anos. Com a mudança de gestão, a importância da atividade física para promoção da saúde passou a receber maior atenção. Assim, em 2009, Marega recebeu a incumbência de desenhar os primeiros cargos para Profissionais de Educação Física na instituição. Desde então, as competências para o Profissional de Educação Física dentro do hospital cresceram e, hoje, há 14 profissionais atuando em diferentes áreas. A relevância da área é tanta que antes de ser contratado para atuar no hospital, o funcionário passa pela avaliação de um Profissional de Educação Física, que irá definir se ele deverá ou não ser admitido na instituição. Os profissionais Marcio Marega é responsável pelos programas de bem-estar do estão presentes, ainda, no NASF, no chek-up, na saúde do Hospital Albert Einstein trabalhador, na reabilitação, na atenção primária, atuam com transplantados e recuperados de câncer de mama, entre outros.

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Websérie do CONFEF

retrata desafios da pandemia

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CHAMADA DE ‘COM VIDA’, PRODUÇÃO MOSTRA DIFICULDADES SUPERADAS POR PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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“Durante a pandemia e a quarentena era visível a todos o esforço que os Profissionais de Educação Física fizeram para se manterem firmes e focados na missão de levar saúde, alegria e energia para vida das pessoas. Presenciamos isso de diversas formas. Essas histórias não poderiam passar em branco”

Hipertensa desde os 13 anos de idade, Veruska Cabral acabou afastada afastada da atividade física logo que foi determinado o isolamento social. Tendo que dar conta dos filhos, da casa e do trabalho ao mesmo tempo, ela se viu sobrecarregada. Logo, os efeitos emocionais se manifestaram no corpo físico: “Em maio, eu tive um pico de pressão bem alta, não conseguia ficar em pé, comecei a sentir muito calor e dor de cabeça”. Foi quando Fabiane Marinho [CREF 019354-G/RJ] entrou em cena. Não só na vida real, mas também na websérie Com Vida, produção do CONFEF por meio da agência de publicidade Brick, lançada em novembro como continuidade da campanha do Dia do Profissional de Educação Física. Com duração de cerca de cinco minutos cada, a produção tem seis episódios no formato de minidocumentário, cada um com um praticante de atividades físicas e um profissional de Educação Física contando como superaram juntos os desafios. Como conta o CEO da Agência Brick, Phelipe Pógere, a ideia surgiu a partir da observação da forma como os Profissionais de Educação Física lidaram com a pandemia e o isolamento social.


Os profissionais de Educação Física falam do desafio de se reinventar para poder continuar promovendo saúde, seja no ambiente online, em locais abertos isolados, ou nas residências. Os praticantes relatam a importância de seus treinadores para sua prática, para atingir seus resultados e evitar complicações futuras. Os episódios mostram ainda um pouco da trajetória de vida desses profissionais, os motivos que os levaram a essa graduação e como enxergam seu papel na sociedade. O clímax, ou seja, o ponto de virada na série, é a chegada do grande desafio - a pandemia e a quarentena. A partir daí os personagens contam como enfrentaram todos os desafios e relatam como foi importante ter procurado orientação profissional para a prática de atividades físicas, fechando assim o conceito temático: a atividade física orientada contribuiu fortemente para atravessar a pandemia e a quarentena com saúde, usufruindo de bem-estar e prevenindo (ou até controlando) doenças. Acesse a produção em youtube.com/confef, ou buscando por @confef no Instagram e Facebook, e se inspire com as histórias reais desses colegas de profissão que, assim como você, tiveram que se reinventar durante a pandemia e provaram, mais uma vez, sua importância para a saúde coletiva e individual.

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“Durante a pandemia e a quarentena, era visível a todos o esforço que os Profissionais de Educação Física fizeram para se manter firmes e focados na missão de levar saúde, alegria e energia para vida das pessoas. Presenciamos isso de diversas formas. Essas histórias não poderiam passar em branco”, conta. “Por isso, decidimos criar uma websérie que contasse, de forma inspiradora, histórias reais de alunos e profissionais. Por meio dela, registramos esse momento de superação na vida das pessoas, fortalecemos a importância do Profissional de Educação Física para a saúde da sociedade e, ao mesmo tempo, levamos aos profissionais a mensagem de como a missão deles é relevante - que não importam as barreiras que existam, o Profissional de Educação Física estará lá sempre cumprindo com sua missão de levar saúde para a sociedade”. Além do viés publicitário, a websérie aproveita o espaço para reforçar, mais uma vez, a real necessidade de manter a saúde por meio da atividade física orientada. A cada episódio um profissional e um praticante contam como foi enfrentar o período de isolamento social, as dificuldades de uma situação inédita e como a atividade física e a parceria entre eles foi importante não só para o corpo, mas também para o bem-estar mental.

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“O esporte é a principal ferramenta de inclusão

da pessoa com deficiência”

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DIRETOR TÉCNICO DO CPB FALA SOBRE CARREIRA, DEFENDE FORMAÇÃO DE ATLETAS E CONTA COMO A ENTIDADE VEM ENFRENTANDO A PANDEMIA

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O professor Alberto Martins da Costa [CREF 008038-G/MG] ocupa hoje o cargo de diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Com doutorado em Educação Física e Adaptação, ele também é doutor em ajudar outras pessoas a superarem seus desafios pessoais. Sua ferramenta? Ele não tem dúvidas: “O esporte é a principal ferramenta de inclusão da pessoa com deficiência consigo e com a sociedade, pois é por meio dele que se reconhece, desenvolve e demonstra toda sua potencialidade”. Mas chegar a esse nível foi fruto de muito trabalho e, principalmente, estudo – que é o que ele orienta aos seus atletas: “Acreditamos que mais importante que as medalhas e a performance esportiva, são o legado do conhecimento e a capacitação dos nossos atletas, para que continuem exercendo sua plena cidadania após sua carreira no esporte”. Na entrevista a seguir, o Professor Alberto conta um pouco da sua trajetória, explica detalhes do CPB e fala como o órgão vem enfrentando a pandemia.


Revista Educação Física - Por que o senhor escolheu a Educação Física como carreira? Alguma experiência influenciou sua decisão? Alberto Martins da Costa - A Educação Física e o esporte estão presentes na minha vida desde cedo. Fui atleta de natação desde os 10 anos. Aos 14, auxiliava o meu técnico nas escolinhas de natação do Uberlândia Tenis Clube (UTC), onde adquiri o gosto e o prazer em ensinar, o que, consequentemente, me levou ao curso de Educação Física. Revista Educação Física - Como foi sua trajetória na profissão? Alberto Martins da Costa - Desde adolescente, a Educação Física e o Esporte fazem parte da minha vida, como eu acabei de contar. Já na Faculdade de Educação Física, atuava como estagiário e residente em Educação Física escolar, o que posteriormente me levou a ser contratado como professor no curso de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e até a cursar o mestrado na Universidade de Frankfurt, na Alemanha. De volta ao Brasil, fui assumindo vários cargos na UFU. Entre eles, o de coordenador de curso, diretor do Centro de Ciências Biomédicas, pró-reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis, entre outros. Dentro do MEC, colaborei com a discussão e inclusão da disciplina Educação Física e Esportes Adaptados no currículo do curso. Paralelamente, contribuía com o Esporte Paralímpico na gestão de instituições como a Federação Internacional de Esportes para Cegos e a Sociedade Brasileira de Educação Física Adaptada, entre outras.

“Acreditamos que mais importante que as medalhas e a performance esportiva, são o legado do conhecimento e a capacitação dos nossos atletas, para que continuem exercendo sua plena cidadania após sua carreira no esporte. Muitas vezes, as medalhas e os resultados são esquecidos

Revista Educação Física - O seu currículo acadêmico é bastante extenso. Qual é a importância dos estudos para uma carreira de sucesso? Alberto Martins da Costa - Extremamente importante. Os estudos nos dão base para desenvolver nosso trabalho com segurança e credibilidade, principalmente na nossa área que exige uma interação próxima com outras. Precisamos estar atualizados para discutir de forma competente com todos esses profissionais, acompanhando a atualização da área em todas as suas vertentes. Revista Educação Física - No CPB há incentivos para que os paratletas deem continuidade aos estudos após a aposentadoria? Há algum programa que possa ser citado? Alberto Martins da Costa - Sim. Esta é uma área que nos motiva muito. Acreditamos que mais importante que as medalhas e a performance esportiva, são o legado do conhecimento e a capacitação dos nossos atletas, para que continuem exercendo sua plena cidadania após sua carreira no esporte. Muitas vezes, as medalhas e os resultados são esquecidos e apagados pelo tempo, mas o conhecimento e a experiência adquirida são legados eternos. É por isso que implantamos o programa Atleta Cidadão (www.cpb.org.br/ atletacidadao), que busca capacitá-los desde seu ingresso no CPB, preparando-o, desde cedo, para sua vida pós carreira esportiva.

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e apagados pelo tempo, mas o conhecimento e a experiência adquirida são legados eternos”

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Revista Educação Física – E como a pandemia afetou as atividades do CPB? Alberto Martins da Costa - No início da pandemia, tivemos que tomar decisões difíceis, pois estamos no ano dos Jogos Paralímpicos, com expectativas de uma forte participação brasileira. Infelizmente, tivemos que fechar o nosso Centro de Treinamento para preservar a vida dos nossos atletas, como bem maior e mais importante. Ao mesmo tempo, elaboramos, com a nossa equipe técnica interdisciplinar, um programa de acompanhamento aos atletas em suas residências, para orientá-los em suas atividades técnicas, físicas, de saúde, nutricionais e psicológicas, de forma que tivéssemos o menor impacto possível nesta paralização, retornando com o máximo de segurança possível. Hoje, com um protocolo extremamente rígido e cuidadoso, estamos retornando aos trabalhos no Centro de Treinamento e nos preparando para os Jogos em 2021.

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“A melhor dica que posso dar é o estudo e a atualização permanente, tendo sempre em mente que os resultados são consequência da sua dedicação. Para nós, que trabalhamos com o esporte para as pessoas com deficiência, é importante ter claro que o nosso grande desafio é sempre maximizar a potencialidade respeitando as limitações, é detectar e desenvolver potencialidade e capacidade”

Revista Educação Física - A mudança na data dos Jogos Paralímpicos causou muitos impactos? Alberto Martins da Costa - As nossas expectativas continuam sendo muito boas, principalmente por conhecermos a capacidade dos nossos atletas e técnicos em superar os desafios e obstáculos. Tenho certeza que faremos uma grande participação nos Jogos Paralímpicos no próximo ano. É claro que o impacto é inevitável, pois a insegurança ainda persiste. Revista Educação Física - Que dica o senhor daria aos profissionais de Educação Física que desejam atuar no alto rendimento? Alberto Martins da Costa - A melhor dica que posso dar é o estudo e a atualização permanente, tendo sempre em mente que os resultados são consequência da sua dedicação. Para nós, que trabalhamos com o esporte para as pessoas com deficiência, é importante ter claro que o nosso grande desafio é sempre maximizar a potencialidade respeitando as limitações, é detectar e desenvolver potencialidade e capacidade. Vale lembrar que o esporte é a principal ferramenta de inclusão da pessoa com deficiência consigo e com a sociedade, pois é através dele que se reconhece, desenvolve e demonstra toda sua potencialidade. Revista Educação Física - Gostaria de acrescentar algo mais? Alberto Martins da Costa - Tenho um enorme orgulho de ser profissional de Educação Física, de trabalhar com o Esporte para Pessoa com Deficiência e o Esporte Paralímpico, pois foi por meio da minha profissão que adquiri tudo que tenho hoje: conhecimento, experiência, amizades, reconhecimento profissional e pessoal. É por meio da Educação Física que eu sou Professor Alberto.


Parceria do CREF6/MG

com Nescon completa 10 anos

O Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) é um órgão complementar da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e tem por finalidade contribuir para o processo de consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) no país. Assim, do interesse em comum de promover educação permanente aos profissionais de saúde, nasceu a parceria entre o CREF6/MG e o Nescon ainda em 2010. Ao longo desses 10 anos de parceria, cresceram as oportunidades: o relacionar institucional, a elaboração de conteúdos educacionais, a oferta de cursos de atualização, de aperfeiçoamento e de especialização, o desenvolvimento na estratégia de educação a distância, do design educacional e da tecnologia de informação, a divulgação e a disseminação dos conteúdos como direitos educacionais abertos e livres, a criação de novos instrumentos educacionais, como o banco de itens de avaliação formativa, e, especialmente, a interação das pessoas envolvidas como educadores e educandos. Ao todo, 578 profissionais de Educação Física participaram dos cursos de Especialização, Aperfeiçoamento e Atualização na área de Saúde da Família. Desses, 126 profissionais de Educação Física foram qualificados como Especialistas em Saúde da Família. Para o Dr. Edison José Correa, vice-diretor do Nescon, o benefício imediato da parceria é para o profissional de Educação Física e, consequentemente, pelo seu trabalho

e inserção social, para as pessoas de todas as idades. “Sua presença é fundamental tanto na ação preventiva, de criação de estilos de vida saudáveis, mas também como parte responsável na atenção à saúde em várias situações (cardiopatias, hipertensão, diabetes, doenças pulmonares crônicas, entre várias situações, como na superação de fatores de risco (sobrepeso, obesidade, comportamento sedentário, por exemplo)”, explica. Com o novo coronavírus, as atividades do Nescon se adaptaram às novas demandas. A ferramenta Webcovid19, desenvolvida por pesquisadores do Nescon, em parceria com o Departamento de Engenharia de Produção da UFMG, foi adotada pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems/SP). A ferramenta permite aos gestores de saúde melhor informar e prever a situação do SUS nos municípios do estado quanto à pandemia de Covid-19. Durante o período, também foi promovido o curso “Manejo Clínico da Covid-19 na Atenção Especializada”, e a tutoria e orientação de profissionais dos cursos de especialização em Saúde da Família. Ao ser questionado se a pandemia reforçou a importância dos profissionais da saúde para a sociedade, o Prof. Edison José Correa defendeu que o combate à pandemia é de todos. “Creio que para os profissionais de saúde reforça um papel fundamental: além de agente da atenção à saúde, o de educador, ambos na vertente da ciência e das relações sociais”.

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CENTENAS DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DESFRUTARAM DA PARCERIA, TENDO PARTICIPADO DE CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO, DE APERFEIÇOAMENTO E DE ATUALIZAÇÃO

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Exercícios físicos auxiliam na reabilitação de recuperados da Covid-19 COM AUMENTO NO NÚMERO DE RECUPERADOS E MAIOR CONHECIMENTO A RESPEITO DAS SEQUELAS DA DOENÇA, CRESCE TAMBÉM A BUSCA POR REABILITAÇÃO

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Ayslan Araujo atua no programa de treinamento físico para indivíduos acometidos pela Covid-19 do Hospital Universitário da UFS

A profissional Luciana de Franco é técnica em Reabilitação Física

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No mês de dezembro, o Brasil registrou mais de 6 milhões de pessoas curadas do novo coronavírus. No mundo, estima-se que pelo menos 29 milhões de pessoas diagnosticadas com a doença já se recuperaram. Embora o momento de alta seja tão aguardado, as sequelas da doença ainda são investigadas. De acordo com Alerta Epidemiológico da OMS, as principais complicações documentadas, além das relacionadas ao sistema respiratório, são neurológicas, incluindo delírio ou encefalopatia, acidente vascular cerebral, meningoencefalite, alteração do sentido do olfato e do paladar, ansiedade, depressão e distúrbios do sono. Luciana de Franco Ferreira [CREF 048362-G/SP], que é Técnica em Reabilitação Física do Instituto de Medicina Física e Reabilitação HC FMUSP, em São Paulo, conta a sua experiência no tratamento de recuperados. “Toda a equipe multiprofissional se reinventou neste momento e nós, como profissionais da Educação Física, desenvolvemos um protocolo de internação para atendimento de pacientes pós-Covid, algo inédito na nossa profissão. Desta maneira, pudemos contribuir o mais cedo possível na reabilitação do paciente, oferecendo o início de um treinamento físico, logo após a recuperação da doença”.


Equipe do Instituto de Medicina Física e Reabilitação HC FMUSP

Muitas dessas pessoas, senão a maioria, chegam ao Instituto utilizando cadeira de rodas para locomoção. Luciana de Franco conta que cada necessidade é avaliada e trabalhada de acordo com a condição física de cada pessoa. O tratamento dura em média de 3 a 4 semanas, podendo variar de acordo com os objetivos traçados pela equipe multiprofissional, para cada paciente. “O exercício físico é importante para a melhora da independência, resistência cardiorrespiratória, força muscular, equilíbrio,

coordenação motora, controle das comorbidades, correção postural, manutenção do peso ideal, entre outros. Nosso objetivo principal é incentivar a continuidade da prática de atividade física após o período de reabilitação, para manutenção e aprimoramento dos ganhos obtidos e assim alcançar uma melhora da qualidade de vida”. Em Sergipe, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), filial da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), também conta com um Programa de Treinamento Físico para indivíduos acometidos pela Covid-19. Iniciado no mês de novembro, o programa atende pessoas que possuem vínculo com o HU-UFS e que já tiveram diagnóstico confirmado da doença. Um dos idealizadores do programa, Ayslan Araujo [CREF 000906-G/SE], que atua na Unidade de Reabilitação e, dentre outros, coordena a Residência em Epidemiologia Hospitalar, explica a iniciativa. “Desenvolvi um projeto de enfretamento ao estresse, por meio de sessões de exercício físico, que contou com a colaboração de vários profissionais de Educação Física da rede Ebserh. Atualmente, estamos realizando atendimento ambulatorial, com a promoção de exercícios físicos para pessoas acometidas pela Covid-19”. A equipe é composta por um profissional de Educação da Ebserh, um residente do programa de saúde da família e dois estagiários de Educação Física. “No momento, acompanhamos três pessoas por dia. Na próxima semana, expandiremos para cinco pessoas e a expectativa é fechar o mês com 10 pessoas atendidas por dia. Essa limitação é definida em respeito aos protocolos sanitários e a especificidade de cada indivíduo”. O tratamento dura 12 semanas e não exige encaminhamento médico. “De maneira geral, realizamos a recuperação do sistema cardiovascular a partir do treinamento aeróbico contínuo ou intervalado de intensidade moderada. Quando o indivíduo se queixa de dores que limitam o movimento e diminui a dinâmica respiratória, utilizamos de alongamentos e exercícios direcionados à melhoria da postura e do padrão motor. Além disso, quando necessário, utilizamos de técnicas de relaxamento muscular”. Ayslan Araujo, assim como Luciana de Franco, é enfático quanto a essencialidade do exercício físico para a reabilitação. “O exercício físico é importante em vários aspectos: físico, mental e social. Quando o indivíduo é acometido por alguma doença que o debilita, acaba gerando um déficit de atenção, baixa produtividade, além de dificuldades na realização de atividades do dia a dia. Por meio do exercício físico é possível estimular a liberação de hormônios do bem-estar e promover melhora da mobilidade”, defende.

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E a busca por programas de reabilitação parece ter crescido, como explica Luciana. “Muitas vezes o alívio da cura acaba colocando em segundo plano sintomas que a maioria das pessoas pensam ser transitórios, mas que se tornam incapacitantes a longo prazo se não houver tratamento. O ideal é que ainda na internação de fase aguda da Covid-19 o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar capacitada para identificar sintomas como persistência de falta de ar, descondicionamento cardíaco, respostas fisiológicas de pressão arterial e frequência cardíaca alteradas, sarcopenia, alterações sensoriais e dores neuropáticas de extremidades, alterações da continência esfincteriana, assim como comprometimento na esfera cognitiva (atenção, memória recente, ansiedade, irritabilidade e depressão)”. Todos os exercícios e testes compostos no programa de treinamento fazem parte do Protocolo de Reabilitação Pós-Covid criado pela Equipe de Condicionamento Físico. Até agora, mais de 40 pacientes já se beneficiaram do programa criado pelo Instituto de Reabilitação Lucy Montoro. “Atuamos juntamente a uma equipe multidisciplinar, avaliamos cada paciente e traçamos os objetivos específicos para cada um. Nosso trabalho inclui o treinamento aeróbio, o treinamento resistido, orientações sobre esporte adaptado, orientações sobre saúde e continuidade da prática de exercícios após a alta”.

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Uma história de lutas e conquistas

COM MUDANÇA NA GESTÃO, É TEMPO DE RELEMBRAR CONQUISTAS E SAUDAR DESBRAVADORES DA PROFISSÃO

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O Movimento Nacional pela Regulamentação do profissional de Educação Física (Regulamentação Já!) mobilizou órgãos, instituições, profissionais e estudantes

“Quando os objetivos são maiores que a nossa própria pessoa, é possível influir no destino das coisas de modo a criar não só modelo de conduta, mas realizações de utilidade” Antônio Lopes de Sá

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A Lei nº 9696, de 1º de setembro de 1998, foi um marco para a Educação Física e para os profissionais da área, tornando-se o instrumento jurídico regulador que possibilitou a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Educação Física – Sistema CONFEF/CREFs. Já no ano de 1999 foram eleitos os primeiros 18 Conselheiros Federais, vindos dos mais diversos lugares do país. Com culturas, experiências e vivências profissionais diferentes, eles assumiram o compromisso e o desafio de criar caminhos, transpor obstáculos e tornar o CONFEF uma instituição a serviço do fortalecimento da Educação Física brasileira. O CONFEF foi implantado sem subvenção governamental, com despesas referentes à manutenção da sede, deslocamentos, hospedagens e alimentação inicialmente custeadas pelos próprios Conselheiros. Hoje, com 21 Conselhos Regionais e mais de 500 mil registrados, o Sistema CONFEF/ CREFs está em permanente evolução e prima pela consolidação dos campos de intervenção profissional, além de incentivar a evolução técnica e científica da área.


Ao ser instituído, uma das principais providências foi construir o Estatuto do CONFEF, ou seja, a carta magna que rege o funcionamento, a dinâmica, a filosofia e a política do Sistema CONFEF/CREFs. Foi definido o Lócus central e estratégico: defender a sociedade e garantir o exercício ao profissional de Educação Física. Em seguida, o desafio foi mobilizar os profissionais para criação dos Conselhos Regionais. Paralelamente, a definição de princípios e regras para o funcionamento dos Conselhos e para regular o exercício profissional revelaram-se prioridades em todo o território nacional. Também foi imperioso e de grande responsabilidade para todos difundir a importância do profissional, valorizando-o e ressaltando seu valor social. Foi fundamental implementar estratégias que consolidaram, no âmbito do Sistema CONFEF/CREFs, conceitos como universalidade, equidade e integralidade, além de otimizar recursos e capilarizar as ações do CONFEF. Na sua trajetória histórica, o CONFEF esteve calcado na defesa do atendimento e respeito ao profissional de Educação Física; na qualidade e segurança na intervenção profissional para proteção aos beneficiários e no reconhecimento da essencialidade da profissão e dos profissionais de Educação Física para o desenvolvimento humano.

“Foi fundamental implementar estratégias que consolidaram, no âmbito do Sistema CONFEF/CREFs, conceitos como universalidade, equidade e integralidade, além de otimizar recursos e capilarizar as ações do CONFEF”

1) Criação de CREFs a partir da comprovação de 2.000 profissionais registrados. Posteriormente, esse parâmetro incorporou condições de sustentabilidade econômica e política, independentemente do número de registrados. 2) Observância do Plenário enquanto instância máxima do CONFEF e dos CREFs, sendo o conjunto de Conselheiros eleitos, responsável pela eleição e destituição, quando for o caso, do Presidente e da Diretoria do CONFEF. Essa descentralização permite uma atuação mais democrática e efetiva. 3) Exigência de experiência como Conselheiro Regional para ser Conselheiro Federal. 4) Participação dos registrados de cada unidade do Sistema na eleição dos Conselheiros Regionais, o que, em tese, amplia a participação e legitima a representatividade da eleição dos Conselheiros Federais, haja vista que são os Conselheiros Regionais que os elegem. 5) Definição de que a cada 2 mil registrados, o CREF poderá designar um “delegado eleitor” para votar na eleição do CONFEF. Uma decisão que preserva o equilíbrio entre o número de estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, no total de 20, com os das regiões Sul e Sudeste que mesmo reunindo apenas sete estados, congregam um maior número de profissionais registrados. 6) Do voto obrigatório, inicialmente instituído e ainda em vigor nas eleições do CONFEF, foi adotado o voto responsável para as eleição nos CREFs, onde não há obrigatoriedade do voto.

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APÓS 22 ANOS DE EXISTÊNCIA, CABE REGISTRAR ALGUNS DOS PONTOS QUE PODEM SER INDICADORES DA SUA SOLIDEZ INSTITUCIONAL:

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7) Além dos Conselheiros Federais, com direito a voz e voto, foi acatada a inserção dos Presidentes de CREFs no plenário do CONFEF, os quais representam os profissionais de Educação Física das suas respectivas regiões no plenário do CONFEF e socializam realidades e necessidades locais. No âmbito da comunicação com os profissionais e a sociedade em geral, foi criado o Portal do CONFEF para divulgar com transparência o trabalho da entidade e onde são disponibilizadas normativas e outros documentos de interesse dos profissionais de Educação Física. Além da criação da Ouvidoria, as mídias sociais Facebook, Instagram, Twitter e Youtube foram incorporadas como ferramentas virtuais essenciais para o processo de comunicação com a categoria. O Boletim do CONFEF, distribuído eletronicamente a cada quinze dias, chega a mais de 400 mil pessoas, divulgando os avanços da profissão e os serviços prestados por profissionais de Educação Física.

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Entre os documentos considerados estruturantes da profissão, o CONFEF se empenhou nos últimos 22 anos para produzir o Código de Ética, que define responsabilidades éticas e orienta o exercício profissional. O Código Processual de Ética, criado para normatizar os processos éticos e estabelecer os parâmetros de julgamento de condutas profissionais. Nessa linha, o Guia de Princípios de Conduta Ética do Estudantes de Educação Física também foi importante na formação da cultura profissional da categoria. A Cédula de Identidade profissional, com validade em todo território nacional, se constitui o documento síntese de identificação social do profissional de Educação Física. Ações realizadas pelo Sistema CONFEF/CREFs em parceria com as Instituições de Ensino Superior também foram constantes na história do CONFEF, sempre com o objetivo de qualificar a formação e o exercício profissional. Nesse aspecto, vale ressaltar, as seguintes publicações do CONFEF: Documento de Intervenção Profissional; Carta Brasileira de Educação Física; Atlas do Esporte no Brasil; Carta Brasileira de Prevenção Integrada na Área da Saúde; Recomendação Sobre Condutas e Procedimentos do Profissional de Educação Física na Atenção Básica à Saúde. Todos são referências para uma Educação Física de qualidade. A formação em Licenciatura e Bacharelado sempre foi defendida pelo CONFEF como forma de ampliar o espectro da intervenção do profissional e ampliar as oportunidades de inserção no mercado de trabalho. A tradição do magistério é real na Educação Física brasileira, mas não se pode negar o avanço da área na Saúde. Assim, a demarcação do exercício profissional nes-


ses dois campos reflete não só os avanços da área, mas também a distinção legal e acadêmica estabelecida pelas normas da educação superior nacional e ratificada pelo Superior Tribunal de Justiça. Outro ponto de grande significado na qualidade do exercício profissional foi a definição pelo CONFEF das Especialidades Profissionais, considerada uma ação determinante na valorização da formação continuada. O engajamento do CONFEF, assim como a sua articulação e mobilização junto aos CREFs nas Conferências Nacionais de Esporte, foi responsável por demover iniciativas do Ministério do Esporte de instituir nacionalmente a figura de Agente de Esporte ou Monitor de Esporte. Outra iniciativa importante foi a criação no Congresso Nacional, da Frente Parlamentar da Atividade Física para o Desenvolvimento Humano, espaço onde foram travados embates consistentes sobre artes marciais, dança, capoeira, ioga e pilates, demonstrando a necessidade dessas práticas, entendidas como exercícios físicos e esportivos, serem dinamizados por profissionais de Educação Física. A inserção do profissional de Educação Física na Área da Educação e na Área da Saúde é parte importante da história do CONFEF. Nesse particular, a resolução nº 287/98, do Conselho Nacional de Saúde, foi determinante para resguardar o espaço profissional da Educação Física no conjunto das demais profissões da saúde. Já nos anos de 2009 e 2010 foi instituído o biênio da Educação Física Escolar, o que proporcionou o debate sobre a importância desse componente curricular e esclarecer à sociedade que o profissional de Educação Física é o único apto a ministrar aulas de Educação Física.

“A inserção do profissional de Educação Física na Área da Educação e na Área da Saúde é parte importante da história do CONFEF. Nesse particular, a resolução nº 287/98, do Conselho Nacional de Saúde, foi determinante para resguardar o espaço demais profissões da saúde” A Lei 10.238/2001, que estabeleceu a obrigatoriedade de disciplina Educação Física na educação básica, também resultou de uma ação ampla, que contou com a efetiva participação do CONFEF. Os Fóruns de Educação Física Escolar consolidaram esse entendimento e os CREFs articularam projetos de Lei nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais para garantir essas conquistas. A nova Base Nacional Comum Curricular também recebeu manifestação consistente do CONFEF, com a participação de conselheiros nas audiências públicas sobre o tema e documentos encaminhados ao Conselho Nacional de Educação, ratificando a necessidade de preservar a Educação Física no ensino médio. Na área da Saúde, a realização de Seminários de Atividades Física na Atenção à Saúde, além de inúmeras ações junto ao Ministério da Saúde e ao

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profissional da Educação Física no conjunto das

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Poder Público no sentido de assegurar legalmente a inclusão do Profissional de Educação Física nas Políticas Públicas de Saúde merecem destaque. Nesse contexto, foi determinante a criação de um código específico para o profissional de Educação Física na Saúde, definido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e inserido na Classificação Brasileira de Ocupações sob o código CBO 2241-40. A articulação e interação em prol da Educação Física e da profissão foram cruciais junto ao Ministério da Educação, da Saúde, do Esporte, genericamente dos poderes executivos, judiciários e legislativos. Acompanhamos ameaças no Supremo Tribunal Federal, inclusive relativos à ADI 3428/2005 (saiba mais na obra disponível em www.confef.com/434). Também interviemos no Congresso Nacional em inúmeros projetos de lei de interesse da profissão, sendo competentes em impedir que os PLs contrários aos profissionais de Educação Física prosperassem. Um dos pontos cruciais para o CONFEF foi o de transmitir à sociedade o conhecimento da profissão regulamentada e a exigência da Cédula de Identidade Profissional como indicadores de qualidade e segurança. Importante contribuição foi dada pela inserção da atividade Física na Lei 8080/90. Na jornada aqui descrita, muitos ícones do esporte e da profissão voluntariamente emprestaram suas imagens para as campanhas do CONFEF, criando uma extraordinária estratégia de divulgação da profissão. Tudo isso, associado às mídias espontâneas, aos eventos realizados pelo Sistema CONFEF/ CREFs, e as homenagens pelo Dia Profissional de Educação Física, instituído pela Lei nº 11.342 de 18 de agosto de 2006, passaram a compor a história da Educação Física brasileira. Fiscalizar o exercício dos profissionais de Educação Física, com vistas ao bem-estar da sociedade é o objetivo dos Conselhos das Profissões regulamentadas. Estabelecemos como foco, ao longo desses anos de construção do Sistema CONFEF/CREFs, defender que os serviços em atividades físicas e esportivas sejam obrigatoriamente prestados pelos Profissionais de Educação Física.

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Foi uma tarefa hercúlea a construção, evolução e desenvolvimento do Sistema CONFEF/CREFs. Aprendemos a ser Conselho, aprendemos a ser Conselheiro, a lidar com uma profissão com instrumento jurídico regulador, a defender nossa profissão, a valorizar, reconhecer e legitimar a mesma. Não é um trabalho, tarefa ou missão finita. É um trabalho permanente, que se ajusta à conjuntura e avança ano após ano.

“Um dos pontos cruciais para o CONFEF foi o de transmitir à sociedade o conhecimento da profissão regulamentada e a exigência da Cédula de Identidade Profissional como indicadores de qualidade e segurança”

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Os olhares para o Sistema CONFEF/CREFs, hoje, são diferentes dos olhares de 1998, 2008 e 2018. O caminho foi preparado para outras ações, outros procedimentos e avanços necessários. Iniciar com zero de profissionais registrados e estarmos hoje com mais de 500 mil é fantástico. Iniciamos com zero recursos financeiros, quando a primeira diretoria foi instituída, e hoje temos aproximadamente R$ 54 milhões em caixa, tendo apoiado inúmeros CREFs com aquisição de sedes próprias com mais de R$ 9 milhões, e apoiado o desenvolvimento e fomento dos CREFs com cerca de R$ 10 milhões. Decidir, identificar e solucionar problemas em uma organização são tarefas complexas que requerem compromisso e dedicação dos seus integrantes. Por isso, nem tudo foi perfeito, mas o CONFEF, em particular, e o Sistema CONFEF/CREFs, de uma forma mais ampla, são exemplos extraordinários de construção coletiva.

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Licenciatura x Bacharelado

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CURSOS HABILITAM PROFISSIONAIS PARA DIFERENTES ÁREAS DE ATUAÇÃO

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“Com Licenciatura, onde posso atuar”? “Qual graduação devo cursar para trabalhar em hospitais”? “Afinal, qual a diferença entre a Licenciatura e o Bacharelado?” Essas são algumas das principais dúvidas dos futuros profissionais de Educação Física na hora de ingressar no Ensino Superior. Para esclarecê-las, conversamos com a Conselheira Federal Profa. Dra. Iguatemy Lucena [CREF 000001-G/PB] sobre os dois cursos. Revista Educação Física - Por que a graduação em Educação Física tem duas formações distintas? Iguatemy Maria de Lucena - Ao longo dos últimos 10 anos, o Conselho Nacional de Educação (CNE) tem proposto alterações para os cursos em nível superior de licenciatura, destinados à Formação Inicial de Professores para a Educação Básica, sendo essas alterações destinadas a todas as licenciaturas, inclusive Educação Física. Em geral, todas as propostas do CNE tiveram como objetivo maior, a valorização da profissão docente, da escola e do conhecimento, enquanto patrimônios sociais insubstituíveis. Paralelamente, a Educação Física brasileira também se debruçou sobre propostas diferenciadas para a graduação na área, de modo a qualificar a formação de professores e garantir a presença de profissionais de Educação Física na Educação Básica, mas também para possibilitar uma formação que desse suporte acadêmico, técnico e científico para intervir em outros espaços profissionais já consolidados, ou a serem criados.

Particularmente, em 1997, a Educação Física brasileira, que já tinha uma presença relevante na Educação Básica, também foi oficialmente inserida no conjunto das profissões da Saúde, por meio de decisão colegiada do Conselho Nacional de Saúde. Nesse mesmo ano, o país criava o primeiro curso de pós-graduação stricto-sensu de Educação Física, investindo na qualificação de profissionais para o ensino superior, para a ciência e tecnologia e para o setor empresarial da área. No ano seguinte, a profissão de Educação Física seria regulamentada por meio da Lei 9696/98. Embora desde 1987 o antigo Conselho Federal de Educação já entendesse legal a oferta de curso de bacharelado em Educação Física, a adesão a este tipo de formação avançou pouco no país e, diferentemente de outras profissões que ofereciam licenciatura e bacharelado, os cursos de graduação em Educação Física, na sua grande maioria, optaram por continuar apenas com a licenciatura, seguindo com uma formação acadêmica ampla que, pela própria abrangência de conhecimentos a serem contemplados, muitas vezes resultava em uma preparação profissional com frágil densidade técnico-científica. Com o advento da Resolução CNE/CES nº 7/2004, a graduação em Educação Física reafirmou a possibilidade de oferta de licenciatura e bacharelado e consolidou essa tendência na formação inicial da área. Pode-se afir-


universitários da área e de áreas correlatas. Outro ponto fundamental foi a inserção da Educação Física na Saúde e a necessidade dos estudantes e profissionais se apropriarem deste universo de conhecimento com mais profundidade científica. Tem-se, ainda, a profissionalização da Educação Física, advinda da sua regulamentação, o que exigiu, entre outros pontos, o estudo do código de ética da profissão. Por fim, diria que foi a incorporação definitiva da cultura da formação continuada, tanto pelos recém graduados, quanto pelos profissionais já atuantes na área. Revista Educação Física - O que significa o termo licenciatura plena? Iguatemy Maria de Lucena - Antigamente, os cursos de licenciatura eram subdivididos em Lcenciatura Plena e Licenciatura Curta. A primeira consistia na realização do curso superior completo, enquanto a licenciatura curta, surgida no contexto da Lei n. 5.692/71, correspondia a um curso de 180 horas, que permitia a docência na educação infantil. Com a Lei 9.394/96, os cursos de licenciatura curta foram extintos e, progressivamente, transformados em cursos de licenciatura plena. Falar hoje em licenciatura plena nos parece redundante, já que todas as licenciaturas têm esse formato. Observe que aqui não está se tratando de programas especiais de formação pedagógica, que podem apresentar desenhos formativos distintos. Revista Educação Física - O Censo da Educação Superior 2019 revelou que a Educação Física é a segunda licenciatura a distância com maior número de matriculados. A senhora acredita que esse dado revela alguma tendência? Iguatemy Maria de Lucena - A Educação Física brasileira tem a sua história ligada à formação de professores e ao ensino deste componente curricular na educação básica. Sendo uma tradição da área, é natural que a licenciatura apresente um número elevado de matriculados. Entretanto, não se pode negar que no país se constata a generalização da formação de professores por meio da Educação a Distância (EaD). No caso da Educação Física, tal situação impulsionou a oferta em grande escala de cursos de licenciatura a distância e um aumento exagerado da oferta de vagas. Porém, entende-se que a graduação para o magistério em Educação Física, ou qualquer outra licenciatura, seja presencial ou EaD, deve resultar de uma política de Estado que assegure a qualidade do curso e a valorização desses professores. Só isso irá garantir o direito das crianças, jovens, adolescentes e adultos usufruírem dos benefícios da prática da Educação Física, de forma regular e sistemática em todas as escolas brasileiras, e orientada por profissionais egressos da licenciatura na área.

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mar que as determinações do CNE, aliadas ao momento de desenvolvimento científico e profissional vividos pela Educação Física brasileira, foram definitivos para o atual delineamento de cursos de licenciatura e de bacharelado, com terminalidades próprias e diplomações específicas, como acontece em outras profissões. Sendo assim, a existência de campos de intervenção diferentes não deve ser entendida como “separação” da Educação Física, mas como um processo que decorre do avanço educacional, científico e tecnológico da área; de uma visão mais alargada da saúde e do domínio dos conhecimentos específicos de cada profissão. Revista Educação Física - A formação em licenciatura prepara o profissional de Educação Física para que segmento? Iguatemy Maria de Lucena - O egresso da licenciatura em Educação Física está apto a exercer a sua profissão no magistério da Educação Básica, nos níveis infantil, fundamental e médio. Nesse sentido, o profissional licenciado em Educação Física aplica os conhecimentos próprios da Educação Física, fundamentado nos saberes e práticas da docência e do processo ensino-aprendizagem, em conformidade com os níveis e condições de desenvolvimento físico/corporal dos praticantes, e orientado pelos princípios da inclusão e do respeito à diversidade. Além disso, o licenciado também elabora e analisa materiais didáticos, realiza pesquisa, coordena e supervisiona equipes de trabalho, presta consultoria, entre outras ações relacionadas ao universo da sua área de formação específica. Revista Educação Física - A formação em bacharelado prepara o profissional de Educação Física para atuar em que áreas? Iguatemy Maria de Lucena - O egresso de curso de bacharelado em Educação Física está apto a exercer a sua profissão nos campos da prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e reeducação motora, do rendimento físico-esportivo e do lazer, em conformidade com os níveis e condições de desenvolvimento físico/corporal dos praticantes e orientado pelos princípios da inclusão e do respeito à diversidade. Além disso, ele também atua na gestão de empreendimentos relacionados as atividades físicas, esportivas e de lazer, e em outros campos onde aconteçam atividades físicas/exercícios físicos, práticas esportivas e de lazer, exceto na educação básica. Revista Educação Física - Quais foram as atualizações mais significativas que os cursos sofreram ao longo dos anos? Iguatemy Maria de Lucena - Creio que foram várias. Iniciaria destacando o aporte científico trazido à formação acadêmica por meio da qualificação dos docentes

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Como fica o mercado fitness no pós pandemia?

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ESPECIALISTAS EXPLICAM MUDANÇAS DE CONSUMO E TENDÊNCIAS PARA O SETOR

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A pandemia do coronavírus obrigou praticamente todos os setores da economia a se adaptarem. Universidades passaram a oferecer mais aulas online, redes de mercado tiveram que começar a entregar os produtos a domicílio e restaurantes precisaram garantir o distanciamento social de seus clientes. Mas e o setor fitness e wellness? Como a forma de consumi-lo mudou? Quais as tendências para o setor pós-pandemia e como os profissionais de Educação Física, gestores e empresários do ramo podem se preparar para elas? Quem responde essas e outras perguntas são os especialistas Eduardo Netto [CREF 002025-G/RJ], diretor técnico da Bodytech e Conselheiro Federal, e Claudio Peixoto [CREF 000225-G/RJ], que é sócio proprietário da Well Fit Estúdio Ltda e oferece consultoria na implementação de estúdios de condicionamento físico. Após a autorização para reabertura das academias, esses estabelecimentos tiveram que seguir protocolos de segurança. Para Eduardo Netto, esse foi um dos maiores desafios. “Fomos sujeitos a seguir à risca os decretos de cada cidade em que operamos, o que variava bastante”.


Além de seguir à risca os protocolos determinados, é preciso mostrar isso para o público. Os estabelecimentos voltados para a prática do exercício físico precisam deixar as pessoas seguras para frequentar esses ambientes. “Temos o dever e obrigação de mostrar à sociedade que estamos seguindo as legislações. Além disso, devemos pensar em estratégias de marketing a fim de comunicar que somos um ambiente extremamente seguro”. Mais do que isso: “No passado, os clientes escolhiam as academias por motivos tais como equipamentos, qualidade do atendimento, atividades e instalações. Agora, as vertentes higienização e segurança são itens importantíssimos”. E mesmo com a possível chegada da vacina, Eduardo Netto acredita que essa nova cultura não será revertida. “Já existia uma tendência do fitness ofertado de forma digital. Aqui no Brasil, a adesão a essa forma de consumo era extremamente baixa. Na pandemia, virou uma febre”. Mas nem por isso, o presencial cairá em desuso. “Penso que não deixaremos de ter uma forte adoção do fitness presencial, mas o consumidor já adotou - e deve continuar a utilizar – a orientação online, tornando nosso serviço híbrido”, comenta o especialista. Essa é a melhor estratégia para não apenas sobreviver, mas prosperar durante e após a pandemia. “Minha aposta para este momento são os estabelecimentos que se adequaram e passaram a adotar esse sistema híbrido, multichannel, em que o consumidor é o rei, ou seja, ele decide quando, onde e como deseja treinar”. Essa estratégia já fazia parte das salas de reunião da Bodytech mesmo antes do coronavírus estampar as páginas de todos os jornais. “Nós já havíamos iniciado há cerca de 5 anos uma jornada de transformação digital, portanto, já oferecíamos este serviço, que durante a pandemia alcançou números extraordinários. O consumidor foi obrigado a migrar para o digital. Além do aplicativo, passamos a oferecer aulas pelo Instagram, YouTube e Facebook. E, por último, lançamos um novo produto: o atendimento individual e por aulas coletivas por meio da plataforma Zoom”.

Eduardo Netto, diretor técnico da Bodytech

“Minha aposta para este momento são os estabelecimentos que se adequaram e passaram a adotar esse sistema híbrido, multichannel, em que o consumidor é o rei, ou seja, ele

Chamado de BTFIT, o programa oferece, em Português e Inglês, atividades que podem ser praticadas em qualquer horário e local, voltado para quem deseja adquirir saúde, emagrecer e ganhar massa magra sem sair de casa e sem a necessidade de equipamentos específicos. Personal trainer, aulas coletivas e programas de treinamento para necessidades específicas e com diferentes níveis de dificuldade são as três modalidades de treino disponíveis no aplicativo. Ativo desde 2015, em razão da pandemia, o aplicativo foi disponibilizado gratuitamente por um período, chegando perto da marca de 4 milhões de downloads e um número de usuários diários 11 vezes maior. “Quando o criamos, a proposta era atender uma nova geração, que tem mais familiaridade com a tecnologia. Além de resolver os problemas de falta de tempo, restrição financeira ou até mesmo timidez, que impediam as pessoas de praticar atividades físicas. Agora, neste momento, foi propício para que as pessoas não interrompessem seus treinos”.

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decide quando, onde e como deseja treinar”

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Claudio Peixoto, sócio proprietário da WellFit

“A prática do exercício físico e a adoção de um estilo de vida mais ativo foram amplamente divulgadas como agentes promotores da saúde, concorrendo diretamente para a prevenção das doenças”

Mais do que um novo produto, a ferramenta não reproduz o mundo offline no online, como conta o especialista. “É realmente uma solução feita para ser usada a qualquer momento, por qualquer pessoa. Eu acredito que, quando tudo isso passar, vamos entender que os treinos presenciais na academia e os feitos pelo aplicativo podem conviver em harmonia e uma nova tendência pode ser criada””, explica Eduardo Netto. Quem concorda com ele é o professor Claudio Peixoto. Para ele, apesar de seu aspecto negativo, a pandemia acabou contribuindo para a conscientização sobre a necessidade de um estilo de vida saudável. “A prática do exercício físico e a adoção de um estilo de vida mais ativo foram amplamente divulgadas como agentes promotores da saúde, concorrendo diretamente para a prevenção das doenças”. Por isso, Claudio Peixoto acredita que o consumo do fitness e wellness continuará em alta, apesar do aumento da busca pela saúde integral, tendo a estética como consequência. “Aqui, o sentido de saúde extrapola o aspecto físico e engloba também o psicológico e social, ou seja, os praticantes tendem a serem menos ansiosos e a apresentarem melhores ajustes sociais, mesmo em um quadro de distanciamento e isolamento”. Seja qual for o objetivo, para o professor, o que importa é a conscientização sobre a prática da atividade física. “Isso é bom, já que as pessoas passam a ampliar a sua compreensão para a importância do exercício físico”.

Por ser apresentada cada vez mais como fundamental, a orientação de atividade física via internet, que sofria uma certa resistência, veio para ficar. “Isso é muito bom, porque o mercado tende a ser ampliado com a regularidade das aulas/treinos remotos. Dessa forma, e de maneira progressiva, o que já existia tenderá a continuar. Apesar da mudança comportamental levar tempo para se consolidar, a aceitação das aulas remotas já é uma realidade”, indica. ATUAÇÃO AUTÔNOMA GANHA FORÇA E EXIGE DISCIPLINA

Muito motivado por isso, a ideia do profissional celetista está dia a dia tendendo a cair em desuso, como explica Claudio. “A pandemia reforça essa tese, pois vários profissionais foram obrigados a buscar novas oportunidades, e passaram a atuar autonomamente. Mesmo com a reabertura das empresas, muitos optaram por continuar como autônomos”.

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Mas só se beneficiará quem estiver pronto para ela. “A relação com o trabalho, remuneração e tempo livre sofrem alterações nesse momento. Na prática, é preciso aprender a se ajustar ao capital recebido e ao aumento do tempo ocioso. Há também que se preocupar com a formação continuada. Há uma necessidade cada vez maior de se manter atualizado, mas com conteúdos que vão além dos ofertados na universidade. Quanto maior a gama de conhecimento adquirido, maiores serão as relações transdisciplinares e, como consequência, maiores a possibilidade de inserções no mercado de trabalho na sua atuação profissional”. Por último, o professor orienta: “Reveja se, no seu plano de vida, você está ajustado com aquilo que te dá satisfação profissional, pois não existem fórmulas prontas para o sucesso, este é fruto de muita dedicação. E isso só é conseguido quando se tem total envolvimento e prazer naquilo que se faz”.

“Há uma necessidade cada vez maior de se manter atualizado, mas com conteúdos que vão além dos ofertados na universidade. Quanto maior a gama de conhecimento adquirido, maiores serão as relações transdisciplinares e, como consequência, maiores a possibilidade de inserções no mercado de trabalho na sua atuação profissional”

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Se você é um deles, Claudio orienta: “Para que você possa atuar de maneira independente, o primeiro ponto é atentar para a disciplina, ou seja, você deve estar comprometido com você a cumprir tudo o que foi “autocontratado”. Como segundo ponto entra o planejamento – lembre-se que a sua entrega ao cliente só será validada a partir da percepção do mesmo. Então, não tente atuar de maneira “desinformada” em várias frentes – crianças, adultos e idosos; individuais e coletivas; e com diferentes componentes da aptidão física”. Os cuidados com as finanças também devem estar presentes. “Estabeleça um fundo de reserva com no mínimo três meses de despesas ordinárias. Isso dará a você maior tranquilidade em caso de alguma intercorrência”. Além da reserva, Claudio explica que é fundamental estar atento às demandas do mercado. “Isso permite que o profissional faça ajustes, muitas vezes pontuais, em suas estratégias profissionais. Nem sempre há necessidade de mudanças bruscas. Houve um aumento do consumo de bens por via remota, o mesmo tende a acontecer com o consumo de serviços, e a Educação Física deverá ser amplamente beneficiada por essa mudança de comportamento”.

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Hospitalização por Covid-19 é

34% menor em pessoas fisicamente ativas

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ESTUDO RECENTE É MAIS UM REFORÇO DE QUE MANTER-SE FISICAMENTE ATIVO PODE MELHORAR RESPOSTA DO ORGANISMO EM CASOS DE DOENÇAS, INCLUINDO MELHORES CHANCES DE ENFRENTAMENTO DA Covid-19

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“O risco de infecções entre pessoas ativas é menor do que entre sedentárias. Ou seja, ao reduzir a incidência de comorbidades, a atividade física pode ajudar a prevenir o agravamento do quadro da Covid-19”

Um estudo brasileiro apontou que a prática de atividades físicas pode reduzir em 34,3% a prevalência de hospitalizações por Covid-19, desde que essas atividades sejam feitas em intensidade suficiente. Para chegar a esse número, foi realizada uma pesquisa online entre os meses de junho e agosto com pacientes curados do coronavírus. O questionário incluía questões sobre cofatores, como idade, sexo, presença de comorbidades e peso e altura para cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Foram coletadas informações de 938 indivíduos de ambos os sexos, diferentes idades e estados do país, dos quais 91 (9,7%) foram internados. Para os indivíduos que praticavam exercícios físicos de maneira suficiente, foi observada uma redução de 34,3% da prevalência de hospitalização pela Covid-19. Por outro lado, para aqueles indivíduos acima de 65 anos ou com doenças preexistentes, incluindo sobrepeso ou obesidade, foi observado maior prevalência de hospitalizações. Além disso, homens também foram mais internados, segundo o estudo. Entre eles, esse percentual foi de 66%, e no caso dos idosos, esses indivíduos acabavam internados até sete vezes mais. Para entendermos melhor os resultados do estudo conduzido por um grupo de profissionais de Educação Física de diferentes estados do Brasil, conversamos com um dos autores, o Prof. Dr. Francis Ribeiro de Souza [CREF 079764-G/SP].


Revista Educação Física - Quais foram as motivações para realização do estudo? Francis Ribeiro de Souza - Como profissionais de Educação Física e pesquisadores científicos, sabemos da importância da prática de atividades físicas na população e o impacto dela na saúde. Por isso, sentimos a necessidade de colaborar de alguma maneira com o nosso conhecimento frente à atual pandemia. Sabe-se que o exercício físico promove melhor resposta do nosso sistema imunológico e as defesas do organismo frente à invasão de algum vírus. Por isso, nós tínhamos criado a hipótese que pessoas fisicamente ativas poderiam ter maior proteção também contra o novo coronavírus, e, portanto, menores efeitos da Covid-19. Revista Educação Física - Como questionário foi realizado? Francis Ribeiro de Souza - O questionário foi respondido por indivíduos de ambos os sexos e diversas idades que tiveram a infecção pelo SARS-CoV-2 e que já estavam curados. Os participantes responderam a um questionário on-line que incluía perguntas sobre cofatores, como idade, sexo, presença de comorbidades, peso e altura, para cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), nível sócio econômico e nível de escolaridade. Além disso, reunia questões sobre o quadro da doença, como sintomas causados pelo vírus, se houve internação e por quanto tempo; e a prática de atividades físicas antes da

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Francis Ribeiro de Souza: Pesquisador colaborador no Laboratório de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício, e Comissão Científica do Instituto do Coração (InCor, HCFMUSP). Doutor em Ciências pelo programa de Cardiologia da Faculdade de Medicina da USP e Especialista em Reabilitação Cardiovascular pelo Instituto do Coração. Graduado em Educação Física - Licenciatura pela Faculdade de Ensino Superior de Bragança Paulista (FESB) e Bacharelado pelo Centro Universitário Amparense (UNIFIA).

infecção pelo SARS-CoV-2. O preenchimento do questionário demorava entre 8 a 10 minutos. Revista Educação Física - Qual foi o critério estabelecido para definir uma pessoa suficientemente ativa? Francis Ribeiro de Souza - Para definir o critério de uma pessoa “suficientemente ativa”, foi utilizado como referência as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para adultos entre 18 e 64 anos – que, por sua vez, estão baseadas nas diretrizes das principais entidades de saúde do mundo. De acordo com a OMS, uma pessoa suficientemente ativa é aquela que pratica pelo menos 150 minutos semanais de exercícios físicos de intensidade moderada e/ou 75 minutos semanais de exercícios físicos mais intensos, como caminhada, corrida, andar de bicicleta, academia em geral, praticar alguma modalidade esportiva, dentre outras atividades. Revista Educação Física - Tendo em vista o resultado do estudo, que recomendação o senhor daria às pessoas inativas? Francis Ribeiro de Souza - É bem documentado na literatura que o sedentarismo está associado com o desenvolvimento das doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, obesidade, diabetes, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, depressão, doenças articulares. Além disso, pessoas sedentárias apresentam maior taxa de mortalidade. Outro ponto importante, é que com avançar da idade, os idosos começam a perder força e massa muscular, o que está associado à maior risco de quedas. Muitos idosos estão mais restritos em casa para se protegerem durante a pandemia. Contudo, isso não exclui a necessidade de manterem-se ativos. Algumas estratégias como sentar e levantar da cadeira algumas vezes por dia, caminhar pela casa, fazer faxina, utilizar escadas, jardinagem, são algumas opções que podem ajudar no fortalecimento muscular, além de evitar permanecer por muito tempo sentado. O exercício físico consegue prevenir e combater mais de 30 doenças crônicas, incluindo câncer, síndromes metabólicas e problemas do coração, fatores esses, associados com maior agravamento da Covid-19. Além disso, pessoas fisicamente ativas têm mais linfócitos e leucócitos, que são células de defesa do organismo. O risco de infecções entre pessoas ativas é menor do que entre sedentárias. Ou seja, ao reduzir a incidência de comorbidades, a atividade física pode ajudar a prevenir o agravamento do quadro da Covid-19. Revista Educação Física - Trata-se de estudo observacional. É preciso ter cautela com os resultados? Francis Ribeiro de Souza - Embora nosso estudo tenha encontrado uma resposta positiva, é preciso ter cautela com a interpretação dos nossos resultados. Trata-se de um estudo observacional e de associação e, dessa

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O exercício físico consegue prevenir e combater mais de 30 doenças crônicas, incluindo câncer, síndromes metabólicas e problemas do coração, fatores esses, associados com maior agravamento da Covid-19. Além disso, pessoas fisicamente ativas têm mais linfócitos e leucócitos, que são células de defesa do organismo. O risco de infecções entre pessoas ativas é menor

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do que entre sedentárias.

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maneira, não foram avaliados os mecanismos que podem explicar a relação entre atividades físicas e hospitalizações pela Covid-19. Além disso, nossa pesquisa não avaliou o risco de ser ou não infectado pela Covid-19. E para aqueles indivíduos que foram hospitalizados, não encontramos uma eventual proteção dos exercícios físicos para tempo de internação, sintomas da doença e necessidade de suporte respiratório. Revista Educação Física - O senhor espera que a repercussão do estudo possa contribuir para a redução da inatividade física? Francis Ribeiro de Souza - Acreditamos que sim. O sedentarismo está associado a diversos malefícios para a Saúde. E nosso estudo é mais um reforço para a recomendação de que manter-se fisicamente ativo pode melhorar a resposta do organismo em casos de doenças, incluindo melhores chances de enfrentamento da Covid-19. Revista Educação Física - Quem são os outros pesquisadores que participaram do estudo? Francis Ribeiro de Souza - São eles: Prof. Dr. Marcelo Rodrigues dos Santos [CREF 093236-G/SP] e Prof. Dr. Carlos Eduardo Negrão [CREF 019277-G/ SP], do Instituto do Coração do HCFMUSP, Dra. Daisy Motta-Santos (EEFFTO-UFMG), Profa. Me. Juliana Beust de Lima [CREF 018857-G/RS] e Prof. Me. Douglas dos Santos Soares [CREF 019474-G/RS], da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, além do Prof. Me. Gustavo Gonçalves Cardozo [CREF 020150-G/RJ], da UERJ. O estudo também contou com a colaboração do estatístico Me. Luciano Santos Pinto Guimarães. Gostaríamos de agradecer ao Instituto do Coração (InCor, HCFMUSP), instituição-sede, e as agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica por fornecerem as bolsas de estudos aos pesquisadores envolvidos: FAPESP, CAPES, CNPq e PNPD. Além disso, gostaríamos de agradecer todas as pessoas que nos ajudaram na divulgação do estudo Revista Educação Física - Gostaria de acrescentar algo? Francis Ribeiro de Souza - Importante destacar que ainda estamos em pandemia e todas as pessoas têm o risco de ser infectadas pela Covid-19. Embora algumas pessoas possam ser assintomáticas ou apresentar apenas sintomas leves, não podemos esquecer que nem todos terão a mesma sorte. Estamos vivendo uma situação delicada, muitas pessoas estão perdendo familiares e amigos por causa dessa doença. Por isso é muito importante continuar seguindo todas as recomendações das entidades de saúde. Utilizar máscaras, higienizar as mãos frequentemente e manter o distanciamento, independente se é jovem ou idoso, homem ou mulher, ativo ou sedentário. Todos precisam ser conscientes! Além disso, mantenham-se ativos e controlem a alimentação! O estudo completo está disponível no site: www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.10.14.20212704v1.full.pdf Também é possível acessar o estudo apontando a câmera do celular para a imagem abaixo.


CONFEF publica livro digital com edições do Boletim Eletrônico COM DOIS VOLUMES, OBRA REÚNE TODAS AS PUBLICAÇÕES DESDE 2008

“Com mais de uma década de publicações, o Boletim Eletrônico acaba contando muito da história desses anos de crescimento da profissão. Por isso, todas as suas edições foram condensadas numa publicação única: um livro, com dois volumes, que está disponível no site do CONFEF”

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Criado em 2000, dois anos após a regulamentação da profissão, o Boletim Informativo do CONFEF foi o primeiro veículo de comunicação oficial do Conselho. Oito anos depois, em 2008, com a evolução da tecnologia, foi editado o Boletim Eletrônico. Com disparos quinzenais e algumas edições extras, a publicação traz, desde então, notícias de interesse da profissão, conquistas legais e atualizações sobre o Sistema CONFEF/CREFs, contemplando todos os estados do país. Todas essas publicações, desde 2008, juntas, contam detalhes importantes da história da profissão. Nela estão noticiadas conquistas dos CREFs e do Sistema. É por isso que todas as edições do boletim se transformaram num livro digital, disponível para leitura e download no site do CONFEF. Antes da sua versão digital, numa época em que a Internet não era tão acessível como é hoje, o Boletim do CONFEF garantia uma comunicação direta com o Profissional de Educação Física, baseado na transparência administrativa. A publicação logo evoluiu para o Jornal do CONFEF e, em 2001, para a Revista Educação Física, veiculada até hoje. A revista trimestral não supria a necessidade de comunicação mais imediata - ou como se fala em Jornalismo, mais quente, factual -, trazendo conteúdos mais aprofundados, com menos urgência de veiculação. Por isso, o CONFEF sentiu a necessidade de manter as duas publicações. Foi quando surgiu o Boletim Eletrônico, em 2008. Com mais de uma década de publicações, o Boletim Eletrônico acaba contando muito da história desses anos de crescimento da profissão. Por isso, todas as suas edições foram condensadas numa publicação digital única: um livro, com dois volumes, que está disponível no site do CONFEF. Acesse as obras em: www.confef.org.br/confef/comunicacao/publicacoes

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MOVIMENTO NA REDE A coluna, assinada pelo Doutor em Educação Física pela Unicamp e criador do Centro Esportivo Virtual (CEV), Laércio Elias Pereira, tem como objetivo apresentar os principais portais de conteúdo para o Profissional de Educação Física. Tudo que há de mais atualizado na área você encontra aqui.

MANIFESTO CELAFISCS CELAFISCS.ORG.BR/MANIFESTO-DA-ATIVIDADE-FISICA

“Manifesto da Atividade Física no Pós Covid: uma chamada para a ação” é o tema do trabalho realizado por especialistas de vários países sob o comando do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul. Como definido pela própria instituição, trata-se de um “documento histórico e importantíssimo produzido pelas maiores autoridades do mundo”. Ajude a disseminar!

MAPEAMENTO DANÇA RS HTTPS://SITES.GOOGLE.COM/VIEW/MAPEAMENTODANCARS

Bom exemplo a ser seguido, o Mapeamento da Dança é uma pesquisa que visa realizar um levantamento de dados para análise da cadeia produtiva da dança. O material servirá para traçar um perfil do setor e orientar ações e políticas públicas para a área no Rio Grande do Sul. O Grupo de Trabalho, constituído em abril de 2020, reúne 19 entidades representativas do setor da dança do estado.

REBESCOLAR HISTORIANDO

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WWW.CONFEF.COM/450

Com depoimentos de importantes professores de Educação Física em vídeo, a Rebescolar presta um grande serviço à Educação Física brasileira. Tendo como público os próprios professores da disciplina e profissionais envolvidos em sua formação, o canal no YouTube divulga histórias, conhecimentos e pensamentos de docentes da área de Educação Física.

MINUTO IBGE AGENCIADENOTICIAS.IBGE.GOV.BR/MINUTO-IBGE

O Minuto IBGE é um programa de rádio semanal disponibilizado gratuitamente por meio da Rede Nacional de Rádio. Com dados e curiosidades, o programa mostra como as informações produzidas pelo IBGE estão presentes no dia-a-dia dos brasileiros. Toda segunda-feira é lançada uma nova edição.

CEVBATEBOLA CEV.ORG.BR/TAGS/CEVBATEBOLA

O Podcast oferece 12 episódios com os principais especialistas do Centro Esportivo Virtual (CEV) nos temas: Educação Física Escolar, Futebol, Neurociências, Podcast e Educação Física, Pós-Graduação em EF, Direito Esportivo, Lazer, Mídia e 24 anos de Centro Esportivo Virtual. Não deixe de ouvir!

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ESPAÇO DO LEITOR RESOLUÇÃO DO CONFEF DEFINE ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM HOSPITAIS

Parabéns, @confef! Estamos juntos. @professoracristianegomes A melhor notícia! Esperei muito por esse dia! @kleversonsousa12 Parabéns! Quero divulgar e estimular a realização de concursos para Profissionais de Educação Física na

Prefeitura de Nova Friburgo (RJ). @irene.blanck.5 -------------------------

QUE ASSUNTO VOCÊ QUER VER NA REVISTA EDUCAÇÃO FÍSICA?

Esforço dos professores para o ensino on-line nos níveis infantil, fundamental e médio. @prof.elieslei Que vocês mostrem o trabalho dos Profissionais de Educação Física na Saúde pública. @adrianomcunha O mundo do personal trainer, orientações para trabalhar e ter sucesso! @coachmarchioli

Mudar hábitos de forma definitiva exige paciência. Pular etapas não te fará chegar mais rápido ao seu objetivo, mas resultará em frustração. Para se tornar uma pessoa mais saudável e sair do sedentarismo, é importante organizar toda sua rotina. Por isso, é fundamental contar com o apoio de profissionais que estudaram anos para isso. Eles definirão uma estratégia individual para que você alcance, com eficiência e segurança, seus objetivos pessoais.

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HUMOR

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PANORAMA CREF8 PROMOVE REUNIÃO COM PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE MANACAPURU (AM ) O CREF8/AM-AC-RO-RR promoveu, em outubro, uma reunião com professores que atuam na rede municipal de ensino de Manacapuru, distante 100 km de Manaus. O objetivo do encontro foi destacar o papel do Conselho e suas atribuições no interior do Amazonas. A reunião foi coordenada pelo Profissional Delegado do município, Alex Brunno Vasconcelos Alexandre [CREF 002584-G/AM], e contou com participação de 30 professores, além do secretário e subsecretário municipais de educação. “A partir de 2021, todos os Profissionais de Educação Física ativos deverão ter a Cédula de Identidade Profissional em dia para poder atuar, conforme dispõe a Lei. Por isso, fizemos essa reunião e explicamos os benefícios de ser regularizado e como funciona a atuação do Conselho”, destaca Alexandre. A partir dessa mobilização, o CREF8 realizará na cidade, em janeiro do próximo ano, uma edição do CREF Itinerante, projeto que leva a estrutura e serviços do Conselho para municípios do interior do Estado, com o objetivo de regularizar a situação dos profissionais. EXERCÍCIOS FÍSICOS SÃO RECONHECIDOS COMO ESSENCIAIS NO RIO DE JANEIRO ( RJ ) Foi aprovada a Lei 6803/20, de 25 de dezembro de 2020, que reconhece a prática da atividade física e exercício físico como essenciais para a população no município do Rio de Janeiro. A lei, sancionada pelo Prefeito Marcelo Crivella, reconhece a prática do exercício físico e da atividade física como essenciais para a população carioca em tempos de crises ocasionadas por moléstias contagiosas ou catástrofes naturais.

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PANORAMA LEGAL

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JUSTIÇA SUSPENDE MANDADOS DE SEGURANÇA CONTRA CREF4/SP No mês de outubro, o CREF4/SP obteve duas importantes vitórias judiciais. Em setembro, um indivíduo que atuava como instrutor técnico de tênis de campo e beach tennis, sem registro profissional, impetrou um mandado de segurança com o objetivo de impedir que o CREF4/SP fiscalizasse a sua atuação profissional. No entanto, a sentença da 1ª Vara Cível Federal de São Paulo, disponibilizada em outubro, indicou que em relação às atividades de Educação Física, a legislação de referência que se aplica é a Lei nº 9.696/1998, que regulamentou e criou os respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física. A Lei é clara ao dispor que para exercer as atividades de Educação Física e ser designado como “profissional de Educação Física”, é preciso que haja o registro no respectivo CREF. Diante de toda a argumentação, foi denegada a segurança e julgado improcedente o pedido formulado, julgando extinto o processo. Na mesma ocasião, o Juízo da 1ª Vara Cível Federal de São Paulo também julgou improcedente um mandado de segurança impetrado por treinador de tênis, sem registro profissional, que pretendia impedir que o CREF4/SP praticasse qualquer ato que tivesse como objeto fiscalizar, autuar ou impedir o autor de exercer livremente a profissão. Em ambos os casos, destacou-se que as atividades de treinadores, técnicos ou instrutores, não se reduzem apenas ao ensino de táticas do esporte em si, como se pretendem fazer crer. E que, pelo contrário, é possível constatar que se trata de uma atividade física intensa e como em qualquer esporte de impacto, o tênis e o beach tennis exigem grande esforço e preparo físico adequado. PREFEITURA DE JAGUARIBE ALTERA EDITAL POR SOLICITAÇÃO DO CREF5/CE O CREF5/CE conquistou uma importante mudança no edital para concurso público, nº 001/2020, da Prefeitura de Jaguaribe, no interior do Ceará. Em agosto, o prefeito da cidade, José Abner Nogueira Diogenes Pinheiro, assinou o documento que autoriza a publicação do aditivo para alteração do artigo 4º, o qual não exigia que a atuação do profissional de Educação Física fosse de um bacharel e com registro no CREF. De acordo com o Departamento Jurídico do CREF, o edital não estava em conformidade com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, quando as atribuições do cargo aparentavam ser cabíveis em qualquer área. E, pelo fato da atuação do profissional não estar atrelada ao âmbito escolar, teria que


haver a exigência do bacharelado em Educação Física. Isso porque o Ministério da Educação (MEC), por meio da Nota Técnica (03/2010), discrimina que o licenciado em Educação Física está habilitado a atuar na docência em nível de Educação Básica e o bacharel a atuar no ambiente não-escolar. Após a alteração, para ingresso no cargo, o profissional precisará apresentar diploma de conclusão de curso superior de bacharel em Educação Física, devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação, além de registro no Conselho Regional de Educação Física. CREF3/SC E MPT ESTABELECEM TRÂMITES PARA FISCALIZAÇÃO DE ESTAGIÁRIOS Em reunião online, realizada em novembro, o chefe do Departamento de Orientação e Fiscalização do CREF3/SC, Jorge Bandeira Filho [CREF 013028-G/SC], a advogada do Conselho, Luíza Helena Vieira Virgílio, e o Procurador-Chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT/SC), Dr. Marcelo Goss Neves, estabeleceram os trâmites administrativos a serem adotados entre os dois órgãos para a fiscalização do estágio regulamentado. O procedimento considera o Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a Procuradoria Geral do Trabalho e os alguns Conselhos Federais, dentre eles, o CONFEF, que possui a finalidade de otimizar os atos de fiscalização profissional, especialmente no que se refere a eventuais irregularidades em estágios em profissões regulamentadas. Na reunião, estabeleceu-se que o DOF deve remeter ao MPT/SC cópia das autuações mais relevantes que constatem irregularidades no vínculo dos estagiários com o estabelecimento a fim de aprimorar os atos de fiscalização e obter maior eficiência e tempestividade na adoção das providências necessárias para responsabilizar o infrator. As regras determinadas pela Lei nº 11.788/2008 e por outros regulamentos pertinentes devem ser obedecidos por todos os estabelecimentos, para que não seja caracterizado o desvio da finalidade do estágio ou a precarização da mão de obra. Em alguns casos, inclusive, pode haver enquadramento no art. 47 da Lei de Contravenções Penais, em razão do exercício ilegal da profissão.

CREF20/SE REALIZA AÇÃO DE FISCALIZAÇÃO NA PRAIA DE ATALAIA, EM ARACAJU (SE ) Uma ação do CREF20/SE, realizada em novembro, na praia de Atalaia, em Aracaju, resultou na fiscalização de pessoas que davam aulas ou orientavam alguma atividade física no local. Todas as 16 pessoas fiscalizadas estavam regulares. De acordo com o supervisor do setor de Orientação e Fiscalização (DEOFIS), Diego Vidal, com a retomada das atividades após a pandemia, as fiscalizações, que estavam sendo feitas online, também foram retomadas e irão se intensificar devido à aproximação do verão e ao aumento da procura por profissionais de Educação Física e grupos de corridas. “Essa ação tem como finalidade garantir a segurança e legalidade dos grupos de corrida, assim como de personais que realizam atividades na praia. Um dado muito importante é que todos as 16 pessoas consultadas hoje estão registradas e legais, mostrando que os profissionais estão tendo consciência da importância do registro para valorização da profissão”, ressaltou Diego. Ainda segundo Diego, as ações irão continuar tanto na capital como no interior, em todos os espaços que são utilizados para prática de atividades físicas. Também serão mantidas as fiscalizações online. PARCERIA ENTRE PMPE E CREF12/PE PROMOVE OPERAÇÃO DE FISCALIZAÇÃO EM 22 CIDADES DO AGRESTE Em parceria com a Polícia Militar de Pernambuco, o CREF12/PE promoveu, em novembro, uma série de diligências em academias de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. A ação fez parte de uma operação que percorreu 22 cidades da região Agreste do estado desde o dia 23/11. O presidente do CREF12/PE, Lúcio Beltrão [CREF 003574-G/PE], destaca a importância de manter a academia de acordo com as normas exigidas pelo Conselho. “Os estabelecimentos precisam estar com o Certificado de Registro de Pessoa Jurídica atualizado e colocado em local bem visível para que todos possam olhar e conferir. É obrigatório ainda a presença do Profissional de Educação Física regular junto ao CREF em qualquer horário que a academia ou similar esteja aberta. Sem isso, a academia será interditada, pois o risco à saúde e à vida da população é gigante. Defendemos a sociedade, e por isso, estimulamos a prática regular de exercícios físicos com orientação profissional para evitar lesões e até mesmo a morte”, alertou.

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FISCALIZAÇÃO

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AGENDA

10º ENAF Manaus Datas: 27 e 28 de março Local: Manaus (AM) Informações: www.portalenaf.com.br/agenda 11º Congresso Brasileiro de Gestão do Esporte Datas: 10 a 13 de março Local: Juiz de Fora (MG)

CREF1/RJ-ES – Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo Rua Adolfo Mota, 104 – Tijuca – Rio de Janeiro – RJ CEP 20540-100 – Tel.: (21) 2569-6629 / 2569-7375 / 2569-7611 Telefax: (21) 2569-2398 cref1@cref1.org.br – www.cref1.org.br CREF2/RS – Estado do Rio Grande do Sul Rua Coronel Genuíno, 421, conj. 401 – Centro – Porto Alegre – RS CEP 90010-350 – Tel.: (51) 3288-0200 - Telefax: (51) 3288-0222 crefrs@crefrs.org.br – www.crefrs.org.br CREF3/SC – Estado de Santa Catarina Rua Afonso Pena, 625 – Estreito – Florianópolis – SC CEP 88070-650 – Telefax.: (48) 3348-7007 crefsc@crefsc.org.br – www.crefsc.org.br CREF4/SP – Estado de São Paulo Rua Líbero Badaró, 377 – 3º andar – Centro – São Paulo – SP CEP 01009-000 – Telefax: (11) 3292-1700 crefsp@crefsp.gov.br – www.crefsp.gov.br

Informações: cbge.org.br

CREF5/CE – Estado do Ceará Rua Tibúrcio Frota, 1363 - São João do Tauape - Fortaleza - CE 60130-301 Tels: (85) 3262-2945 / (85) 3231-6793 Telefax: (85) 3262-2945 – cref5@cref5.org.br – www.cref5.org.br

VIII Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e

CREF6/MG – Estado de Minas Gerais Rua Bernardo Guimarães, 2766 – Santo Agostinho – Belo Horizonte – MG – CEP 30140-085 – Telefax: (31) 3291-9912 cref6@cref6.org.br – www.cref6.org.br

Exercício Datas: 19 a 22 de maio Local: Londrina (PR) Informações: www.conbramene.com.br 34º JOPEF Brasil Datas: 3 a 5 de junho Local: Curitiba (PR) Informações: www.korppus.com.br 25º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em Diabetes Datas: 29 de julho a 1º de agosto Local: São Paulo (SP) Informações: www.anad.org.br/agenda XXII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e IX Conice Datas: 12 a 17 de setembro Local: Belo Horizonte (MG) Informações: www.conbrace.org.br EDUCAÇÃO FÍSICA | 76/2020

CONSELHOS REGIONAIS - CREFs

CREF7/DF – Distrito Federal QS 01, Rua 212, Lotes 19, 21 e 23, Edifício Connect Towers, salas 730 a 738, Pistão Sul, Taguatinga - Brasília - DF - CEP 71950-550 - Tel: (61) 3771-4061 cref7@cref7.org.br – www.cref7.org.br CREF8/AM-AC-RO-RR – Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima Rua Ferreira Pena, 1118 / 202 – Centro – Manaus – AM CEP 69025-010 – Tel.: 0800-280-8234 / (92) 3234-8234 cref8@cref8.org.br – www.cref8.org.br CREF9/PR – Estado do Paraná Rua Dr. Faivre, 880, Centro - Curitiba - PR CEP 80060-140 - Tels.: 0800 643 2667 / (41) 3363-8388 crefpr@crefpr.org.br - www.crefpr.org.br CREF10/PB – Estado da Paraíba Rua Arquiteto Hermenegildo Di Lascio, 36 Tambauzinho - João Pessoa - PB - CEP 58042-140 cref10@cref10.org.br – www.cref10.org.br CREF11/MS –Estado de Mato Grosso do Sul Rua Joaquim Murtinho, 158 – Centro Campo Grande – MS – CEP 79002-100 – Telefax: (67) 3321-1221 cref11@cref11.org.br – www.cref11.org.br CREF12/PE – Estado de Pernambuco Rua Carlos de Oliveira Filho, 54 – Prado – Recife – PE CEP 50720-230 – Tel.: (81) 3226-0996 Telefax: (81) 3226-2088 cref12@cref12.org.br – www.cref12.org.br CREF13/BA – Estado da Bahia Rua Arthur de Azevedo Machado, 289, Ed. Marlim Azul, Térreo – Costa Azul – Salvador - BA CEP 41760-000 - Tels.: (71) 3351-7120 / 3351-8769 cref13@cref13.org.br - www.cref13.org.br CREF14/GO-TO – Estados de Goiás e Tocantins Av. T-3, 1855 - Clube Oásis – Setor Bueno – Goiânia – GO CEP 74215-110 – Tel.: (62) 3229-2202 Telefax: (62) 3609-2201 cref14@cref14.org.br - www.cref14.org.br CREF15/PI – Estados do Piauí Rua 1º de maio, 2024 - Primavera Teresina - PI CEP 64002-510 – Tel.: (86) 3085-2182 cref15@cref15.org.br – www.cref15.org.br CREF16/RN – Estado do Rio Grande do Norte Rua Desembargador Antônio Soares, 1274 - Tirol – Natal - RN CEP 59022-170 – Tel.: (84) 3201-2254 atendimento@cref16.org.br – www.cref16.org.br CREF17/MT – Estado do Mato Grosso Rua das Mangueiras, 253, Jardim Shangri-lá - Cuiabá - MT CEP 78070140 – Tels: (65) 40011452 / 99900-1634 / 99928-8952 cref17@cref17.org.br – www.cref17.org.br CREF18/PA-AP – Estados do Pará e Amapá Av. Generalíssimo Deodoro, 877 – Galeria João & Maria – Sala 11 e 12 Nazaré – Belém - PA – CEP 66040-140 – Tel.: (91) 3212-6405 cref18@cref18.org.br – www.cref18.org.br CREF19/AL – Estado de Alagoas Rua Dr. José Castro Azevedo, 370 – Pitanguinha – Maceió – AL CEP 57052-240 – Telefax: (82) 3025-5944 / 3025-4739 cref19.org.br/site CREF20/SE – Estado de Sergipe Rua Dom José Thomas, 708 – Lojas 2 e 3 - Edifício Galeria – São José Aracaju - SE - CEP 49015-090 – Telefax: (79) 3214-6184 www.cref20.org.br CREF21/MA - Estado do Maranhão Ed. São Luis Multiempresarial - Avenida Colares Moreira, salas 1008 e 1009, Lote 10 Quadra 23, Jardim Renascença II, São Luís – MA, CEP 65075-441 – Tel.: (98) 3227-8271 E-mail: cref21@cref21.org.br

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FIEP 2021

36º Congresso Internacional da FIEP

18° Congresso Científico Virtual Latino-Americano da FIEP e 18º Congresso Científico Virtual Brasileiro da FIEP Tema: O Profissional de Educação Física na América Latina 12 a 17 de janeiro de 2021

Transmissão online via Zoom

Saiba mais:

www.fiep.net/congressocientifico

SISTEMA CONFEF/CREFs


FELIZ ANO NOVO

SÃO OS VOTOS DO SISTEMA CONFEF/CREFs


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