Contemporaneu - arquitetura contemporânea #01

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editoria

A arquitetura contemporânea é um campo de incertezas e complexidade. Facilita dividir o termo em dois: arquitetura vem da fusão de arché e tékton, palavras gregas que significam “primeiro, principal” e “construção”, respectivamente. Contemporânea vem do latim contemporaneu, que é “do mesmo tempo, da mesma época em que vivemos”. Em suma, é isso o que você vai encontrar nas próximas páginas, nas próximas edições, por muito tempo: arquitetura da época em que vivemos dentro de um projeto editorial elaborado para a informação, o entendimento, a interpretação, o enriquecimento de repertório, o questionamento e a apreciação, tudo em visualização digital. Cabe ressaltar o valor aqui atribuído ao fotógrafo de arquitetura – proporcional à sua importância, segundo o nosso entendimento. Merecedor de uma seção especial, este profissional é imprescindível na divulgação da produção arquitetônica e na fertilização do imaginário que pretendemos promover. E por falar nisso, além de agenda, dicas de livros, depoimento, trabalhos de estudantes e projeto para concurso, apresentamos a seguir, obras de arquitetura de todo o mundo. Isto é, a magnitude dinamarquesa, a permeabilidade grega, as ondas canadenses, a reciprocidade japonesa, a interceptação gelada gaúcha, o requinte paulista, o genius loci australiano, a abertura norte-americana, a expressividade da pegada alemã, a lição islandesa, o tapete croata e a ginga eslovena. Talvez você veja de outra forma. “Incertezas e complexidade”, é só virar a página.

Seja bem-vindo! 8 | contemporaneu #01

Equipe Contemporaneu


Para dúvidas, sugestões, críticas, entre em contato com a Contemporaneu - arquitetura contemporânea pelo email: opiniao@contemporaneu.com Ano 01 Edição #01 Capa: The Holy Road Arquiteto: BIG - Bjarke Ingels Group Editor Chefe: Gabriel Vespucci Diretora de Arte: Francis Graeff Fotógrafos desta edição: Art Gray, Carsten Kring, David Franck, Domagoj Blazevic, Eduardo Aigner, Gwenael Nicolas , Mats Wibe Lund, Paulo Risi, Peter Soerensen, Sigurgeir Sigurjónsson, Tomaz Gregoric, Ulrik Jantzen, Vegar Moen, Willem Rethmeier. Agradecimento: Affonso Risi, Alberto S. Portugal, Allard Terwel, Andrej Gregoric, Anna Tetas, Art Gray, Beate Bernhoft, Breno Viana de Mendonça, Carsten Kring, Cathy Cunliffe, Daria Pahhota, David Franck, Domagoj Blazevic, Eduardo Aigner, Gabriel Giambastiani, Giorgos Mitroulias, Gwenael Nicolas, Iva Baljkas, Jae Rodriguez, Julian Weyer, Márcio Mettig Rocha, Mark Cashman, Mats Wibe Lund, Paulo Risi, Peter Soerensen, Reiko Miyamoto, Richard Mosley, Roberto Bottura, Sigurgeir Sigurjónsson, Steve Christer, Tomaz Gregoric, Ulrik Jantzen, Vegar Moen, Wilko Hoffmann, Willem Rethmeier. contemporaneu #01 | 9


estante

Entrevistas com Arquitetos Hanno Rauterberg Viana & Mosley

O que na realidade fazem, o que esperam conseguir e como isso é convincente? Hanno Rauterberg conversa com os mais célebres arquitetos da atualidade sobre suas aspirações, as influências em sua arquitetura e se seus projetos podem mudar o mundo. Informativo, acessível e ricamente ilustrado, essa fascinante coleção de entrevistas oferece uma oportunidade para comparar, contrastar e conhecer os brilhantes arquitetos que estão moldando o mundo em que vivemos. Com mais de 50 fotos e entrevistas, o livro apresenta os maiores nomes da arquitetura contemporânea, entre eles: Peter Zumthor, Rem Koolhaas, Norman Foster.

O Processo de Pr e a Sustentabili na produçã Arquit

Marcio Edito

Fruto do mestrado esta publicação traz abrangente de arqu de cases que relata sistemas construtiv não recicláveis ou c ambiental. O livro a seguintes tópicos: O que é construção s Disponíveis, Como quitetura brasileira Interiores Corporat resposta internacio

Nos últimos anos para desenvolver cidades européia senta uma oportu Expo 2010 Shang Transforming exa Shangai Transforming aspectos, incluind Iker Gil público. Gráficos Actar fonte para entend 10 | contemporaneu #01


rojeto idade ão da tetura

Mobiliario urbano – Nuevos conceptos

Jacobo Krauel LINKS BOOKS

o Porto ora C4

do arquiteto Marcio Porto, az uma conceituação atual e uitetura sustentável, através am a importância de substituir vos e materiais de acabamento causadores de grande impacto aborda o tema através dos O que é sustentabilidade?, O sustentável?, Técnicas e Materiais se certifica um edifício, A arcomo referência para o mundo, tivos, Planejamento Urbano, A onal e estudos de casos.

Neste novo volume da série “Mobiliario urbano – Nuevos conceptos” são apresentados mais de cem exemplos de bancos, iluminação pública, balizas, lixeiras, fontes e abrigos, entre outros elementos do mobiliário urbano contemporâneo. Eles são acompanhados por descrições detalhadas de seus componentes, materiais e dimensões, bem como desenhos e diagramas que mostram desde a concepção inicial do produto até seu acabamento.

s, arquitetos do mundo todo estão descobrindo a China como o local perfeito r as suas arquitetura. Em contraste com as restrições e limitações de das as e americanas, Xangai, com a suas aparentes possibilidades ilimitadas, repreunidade nova e ousada para a arquitetura e urbanismo. A cidade, que abriga a ghai neste ano, está imersa em uma profunda transformação física. Shanghai amina essa transformação, concentrando-se em uma grande diversidade de do história, recursos naturais e artificiais, economia, sociedade e percepção do e dados, juntamente com fotografias, e mapas, fornecem ao leitor uma rica der e apreciar este processo complexo. contemporaneu #01 | 11


agenda Brasil Architectour - Seminário Internacional de Arquitetura para a Cultura e o Turismo 15, 16 e 17/09/2010 Gramado – Rio Grande do Sul

Mundo 12a Bienal de Arquitetura de Veneza 29/08/2010 a 21/11/2010 Veneza – Itália

4a Trienal de Arquitetura de Oslo 22/09/2010 a 01/10/2010 Oslo – Noruega

Congresso Internacional de Arquitetura Latinoamericana 06, 07 e 08/10/2010 Rosário – Argentina

Bienal Iberoamericana de Arquitectura y Urbanismo 11 a 17/10/2010 Medellín - Colômbia

Trienal de Arquitectura de Lisboa 14/10/2010 a 16/01/2011 Lisboa – Portugal

Interieur 2010 15 a 24/10/2010 Kortrijk - Bélgica

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Estudantes World Architecture Festival - Student Competition Inscrições até 31/07/2010

Archiprix International 2011 Inscrições até 01/08/2010 Prêmio “SOLUÇÕES PARA CIDADES” Inscrições até 13/08/2010

Arquitetos Concurso Latinoamericano de Ideas para la Biblioteca Central del Bicentenario de la Municipalidad de Rosario Inscrições até 08/07/2010

Concurso Habitação para Todos Inscrições até 16/07/2010

Making Space 2010 Inscrições até 08/08/2010

Arquitetos e Estudantes Solar Park South - Online Competition Inscrições até 10/07/2010 FORMCities Inscrições até 15/08/2010 Divulgue um evento ou concurso: envie e-mail para mail@contemporaneu.com

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The Mountain Projeto: BIG + JDS. Fachada do estacionamento em alumínio perfurado para ventilação natural. A imagem do Monte Everest foi criada pela diferença de diâmetros dos furos.

BIG - Bjarke Ingels Group


Jens Lindhe


BIG - Bjarke Ingels Group

The Mountain O partido adotado ­permite que a maior parte dos 80 apartamentos tenham t­erraço e vis­­ta para o sul.

Bjarke Ingels é hoje um dos grandes expoentes da arquitetura contemporânea mundial. Nascido em 1974, em Copenhague, estudou arquitetura na Dinamarca e em Barcelona e trabalhou no OMA — Office for Metropolitan Architecture, em Roterdã (Holanda). Em 2001 retornou à Dinamarca para fundar, ao lado de Julien De Smedt, o PLOT. Cinco anos depois funda o BIG — Bjarke Ingels Group, cuja equipe conta atualmente com 90 pessoas, na maioria arquitetos, designers, pensadores e construtores. O dinamarquês define o trabalho do


BIG - Bjarke Ingels Group

BIG como “alquimia programática”, pela freqüência com que o grupo intercala ingredientes convencionais nos campos da arquitetura e do urbanismo, como habitação, trabalho, lazer, comércio, ócio, estacionamentos, para propor e viabilizar soluções ao mesmo tempo pragmáticas e utópicas. Fã de Philip Johnson, Nietzsche, Björk e do roteirista Charlie Kaufman (do filme Adaptação), Bjarke Ingels, apenas 35 anos, exibe seu perfil multifacetado: além de comandar um dos escritórios mais influentes da atualidade, exibe talento como palestrante, aparece como personagem que descreve os projetos (seja em vídeo, seja em forma de quadrinhos) e é professor-visitante nas universidades norte-americanas Rice, Harvard e Columbia.

BIG - Bjarke Ingels Group

BIG - Bjarke Ingels Group

Acima: vista dos terraços. No meio: os terraços são separados por portas vai-e-vem e possuem sistema de irrigação para a vegetação do jardim. Abaixo: Estacionamento e elevador diagonal que dá acesso aos 11 pavimentos do edifício.

Ulrik Jantzen

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Com garagem e bici­ cletário, o pavimento térreo conta ainda com 3 apartamentos, 4 lojas comerciais e 9 circulações verticais, todas com acesso pelo exterior do edifício.

Planta Baixa PrimeiroPavimento

Planta Baixa 4o Pavimento

O partido adotado permite que, em alguns pavimentos, os moradores possam estacionar em frente­ ­­ às suas casas. Em algumas partes do estacionamento a altura do pé-direito chega a 16 metros, ­garantindo boa venti­ lação e iluminação.

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BIG - Bjarke Ingels Group

Fachada Sudoeste

Corte Longitudinal

Corte Transversal contemporaneu #01 | 19


“Uma arquitetura mais inclusiva do que exclusiva. Uma arquitetura livre da monogamia conceitual do compromisso com um único interesse ou idéia. Uma arquitetura em que você não tenha que escolher entre público ou privado, amplo ou compacto, urbano ou suburbano, ateu ou muçulmano, apartamentos modestos ou campos de futebol” [...] “Uma arquitetura que permita que você diga sim a todos os aspectos da vida humana, não importa quão contraditórios são! Uma forma arquitetônica de bigamia, na qual você não precisa escolher um sobre o outro: que você comece a ter os dois” (em YES IS MORE)

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BIG - Bjarke Ingels Group

O arquiteto afirma que queria ser autor de histórias em quadrinhos, um sonho que de certa forma é realizado na apresentação das obras do escritório. Em todas elas há um archicomic, fartamente ilustrado com esquemas, fotos e modelos, que explica e conceitua os edifícios de forma simples, didática e bem humorada. O principal archicomic do grupo, entretanto, é o livro chamado “YES IS MORE — an archicomic on architectural evolution”, um catálogo-manifesto-pop que expressa o processo criativo do BIG em 35 de suas obras, percorridas desde a prancheta até a construção concluída.

Holy Road Projeto: BIG O terreno, na área ­central de Atenas, ­possui três frentes e uma praça localizada nos fundos, o que gerou o partido da circulação interna formando a malha residencial. contemporaneu #01 | 21


O edifício remete a um imenso bloco de mármore com racha­ duras que formam os espaços públicos. Para criar sombras e chegar na área mínima exigida, a parte superior dos blocos foi extendida, fazendo com que os caminhos ficassem com 4 metros de largura na base e 1 metro no topo.

Essa abordagem anti-clássica e informal, carregada de liberdade, de expressão e de criação é pronunciada também em sua arquitetura. Segundo Ingels, o campo da arquitetura dinamarquesa -e mundial- foi dominado por duas visões opostas: de

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um lado uma postura vanguar­ dista utópica e ingênua; do outro, a monotonia das “caixas pragmaticamente previsíveis” repetidas à exaustão pelos grupos corporativos estabelecidos. Sua proposta é a de se encontrar a sobreposição entre as duas visões. De fato, é perceptível na obra do BIG pouca ou nenhuma ênfase para soluções universais e (ou) debate ideológico e muito espaço para intervenções específicas em formas arrojadas. Sua produção, de grande aceitação popular, obriga a crítica a falar sobre forma, até hoje subjugada pela “teoria”, pela “verdade” por trás. Aqui, o edifício é a teoria e a verdade nada mais é que a “evolução”, fruto da experiência, do desafio e da incompletude.


BIG - Bjarke Ingels Group


Astana National Library Local: Cazaquistão Projeto: BIG A forma é inspirada na Fita de Möbius, um espaço topológico caracterizado pela torção da superfície, que passa a ter um só lado. As fachadas se movimentam de dentro para fora e vice-versa, significando a mescla entre local e universal, tradição e futuro.

Archicomic e a informalidade: a explicação bem humorada do contexto do projeto é feita pelo próprio Ingels, que aparece ao lado do repórter cazaque ­Borat, personagem de um sucesso do cinema.

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BIG - Bjarke Ingels Group

A concepção dos projetos e linhas adotadas é sempre bem justificada, tanto devido à criatividade do partido embrionário quanto pelo resultado formal e funcional. Pode-se dizer que o BIG e a sua obra miram em dois alvos, nem sempre conflitantes, nem sempre juntos: a aprovação popular e da crítica. E com frequência os a ­certa, conseguindo fascinar o público dito leigo e se sustentando em uma análise objetiva, como conferir identidade ao contexto, permitir o conforto ambiental, proporcionar espaços qualificados de múltiplas vivências, questionar certos padrões

Estrutura Interna

de uso, experimentar novas formas etc. Mas quando erra os alvos, se erra, quem aparece são as maquetes eletrônicas repletas de identidade, os archicomics, as fotografias primorosas, o discurso sustentável, a tecnologia de ponta, os diagramas criativos e os, já consagrados, vídeos com animações — como é o caso do que apresenta o projeto 8 House. Separar o edifício construído do processo de antes, durante e depois é, aqui, um erro. A questão não é só “o que se mostra”, mas também “como se mostra”.

Estrutura Externa

Forma Final

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i

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O parque ao redor do edifício representa a diversidade da paisagem nacional e é disposto no terreno através de um padrão radial, obtido pela rotação da paisagem linear que cruza as cidades de Almaty e Astana, respectivamente, a antiga e a nova capital cazaque.


BIG - Bjarke Ingels Group

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Dragør Luftfoto

Ellsinore Psychiatric Clinic Projeto: BIG + JDS Com dois pavimentos, a clínica psiquiátrica possui partes enterradas, permitindo que haja maior contato com a área ­verde do seu entorno e a vista do edifício principal do hospital seja preservada.



Peter Soerensen Vegar Moen Vegar Moen

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Se a apresentação, a divulgação midiática e os processos criativos diagramáticos, tão bem explorados pelo BIG, aparentam valor semelhante ao do edifício, isso é resultado da sua formação. O uso de tais ferramentas, por assim dizer, é herança da própria escola contemporânea de arquitetura, da qual, por razões óbvias e também geográficas, podemos pinçar o MVRDV e, primeiramente, Rem Koolhaas. Responsáveis pela substituição do antigo binômio forma-função por conceito-programa, impulsionando esta nova concepção de contemporaneidade arquitetônica. E é a partir dessa superação, ou em meio a ela, que entra o BIG, com seus espaços multifuncionais, buscando testar soluções espaciais e formais, mais e mais impressionantes, prezando pela individualidade e pelo conforto, pelo apuro técnico sem concessões e com entusiasmo. Sem ser paradigmático, sem a pretensão de domesticar o usuário ou o espectador e rejeitando eventuais discursos pré-concebidos. Entre o caráter autoral e empresarial, o BIG escolheu os dois. Sua pretensão mais parece ser a materialização e a apreciação da criatividade à luz do seu lema “sim é mais”. Texto: GV Imagens: cortesia de Bjarke Ingels Group

Trechos destacados: YES IS MORE, Taschen, 2009


BIG - Bjarke Ingels Group

“Mies van der Rohe - Less is more. Robert Venturi - Less is a bore. Philip Johnson - I’m a whore. Rem Koolhaas - More and more, more is more. Barack Obama - Yes, we can. BIG - Yes is more.”

Pavimento Térreo contemporaneu #01 | 31


Um


m olhar sobre o modernismo brasileiro Texto e fotos por Julian Weyer


O inconfundível skyline de Brasília, especialmente o do Congresso Nacional, é provavelmente uma das primeiras imagens modernistas que eu, quando criança, teria associado com o termo “arquitetura” muito antes de me tornar um arquiteto.

Julian Weyer é um arquiteto e fotógrafo alemão, formado em 1994 pela Faculdade de Arquitetura de Århus, em Århus, Dinamarca. Em 1995 começou a trabalhar no escritório dinamarquês C. F. Møller Architects, do qual é sócio desde 2007. Veja as fotos de sua viagem pelo Brasil. 34 | contemporaneu #01


Um olhar sobre o modernismo brasileiro

O inconfundível skyline de Brasília, especialmente o do Congresso Nacional, é provavelmente uma das primeiras imagens modernistas que eu, quando criança, teria associado com o termo “arquitetura” - muito antes de me tornar um arquiteto. Mais tarde, na escola de arquitetura, o trabalho de Oscar Niemeyer tornou-se objeto de uma curiosidade mais profissional - uma curiosidade alimentada pelo fato de que sua obra era considerada quase ‘politicamente

incorreta’, em grande parte não ­apenas por se afirmar modernista, mas pela franca monumentalidade. Acrescente a isso o fato de eu me defrontar, em uma loja de livros antigos, com uma publicação elegante e de otimismo reluzente, datada de 1950 e com o título “Brazil Builds”. Isso obviamente provocou-me um desejo intenso de ir ao Brasil e à Brasília para ver estes edifícios em seu habitat natural. E o que eu esperava encontrar?

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Página anterior: Congresso Nacional (Oscar Niemeyer). Esquerda: Escada helicoidal no interior do Palácio Itamaraty (Milton Ramos e Joaquim Cardoso). Direita: Catedral de Brasília (Oscar Niemeyer).

Página seguinte: Esquerda: jardim superior do Palácio Itamaraty (Oscar Niemeyer). Direita: Casa das Canoas (Oscar Niemeyer).

Aparentemente, a essência de cada edifício pode ser capturada por um de seus desenhos de linhas belas e singelas - um pequeno rabisco. 36 | contemporaneu #01


Um olhar sobre o modernismo brasileiro

A partir do meu conhecimento prévio, seria a experiência consequencial do desenho, avassalador e arrojado - a frieza chocante da mesma fachada por centenas de metros: empilhando as mesmas curvas em camadas incontáveis ou simplesmente virandoas de cabeça para baixo até completar a composição. Mas seria mesmo isso? A sutileza de Niemeyer em comunicar conceitos só contribui para essa ideia. Aparentemente, a essência de cada edifício pode ser capturada por um de seus desenhos de linhas be-

las e singelas - um pequeno rabisco. Porque é assim que a maioria dos arquitetos reconhecerão a arquitetura de Niemeyer. É natural perceber esta como a principal qualidade de sua obra: o desdobramento sublime de formas simples, quase infantis, e gestos enquanto símbolos maiores do que a própria vida, ou, em o ­ utras palavras: mais escultura do que ­construção. Felizmente, foi surpreendente e gratificante visitar os próprios edifícios, pois só assim se percebe o que lá acontece. As diferenças entre


Ainda hoje sinto um prazer culpável por ter adentrado por este ­cinematográfico universo paralelo

eles se tornam claras, a despeito da semelhança tipológica, por exemplo, dos vários ministérios de Brasília. Os interiores seguem surpreendendo, com seus diferentes espaços, texturas, efeitos de iluminação, obras de arte e espaços verdes, contrastando vigorosamente com o rígido exterior. É difícil não notar o brilho destes ­edifícios. Mas o poder iconográfico da obra, já visto inúmeras vezes nas imagens “clássicas”, simplesmente ocultou sua verdadeira diversidade espacial e a inusitada integração artística através das recorrentes colaborações de artistas como ­Marianne Peretti e Athos Bulcão. É evidente que a arquitetura brasileira é muito mais do que o trabalho de Niemeyer, e mais do que alguns outros exemplos também incluídos ­ 38 | contemporaneu #01

aqui, como obras valorosas de Vilanova Artigas, Mendes da Rocha e Reidy, que mantêm as mesmas qualidades. E ao redor de tudo, até o ponto em que se aparenta quase onipresente nas cidades brasileiras, está a paisagem de Burle Marx, ­figurando-se totalmente integrada com todas as peças de arquitetura nas quais toca. O melhor de tudo é que a magia prometida por aquelas tão sedutoras imagens não evaporou com a experiência real. Ainda hoje sinto um prazer culpável por ter adentrado por este cinematográfico universo paralelo, onde escadas, rampas, varandas e terraços flutuam e fluem de forma dramática, livres de qualquer inibição no que diz respeito à gravidade, à saúde e à segurança. Ou à sujeição ao bom-senso!



exterior

Suburban Peekaboo Area Office

Halandri, GrĂŠcia Fotos: Cathy Cunlife


Suburban Peekaboo

O acesso ao edifício de uso misto na municipalidade de Halandri, a 12 Km de Atenas, era feita por um portão no muro que separava a área pública da privada. Com 9 degraus que vencem o desnível de 1,5 metros entre a calçada e o piso do pavimento t­érreo, a entrada para os escritórios localizados no térreo e os apartamentos a partir do primeiro pavimento era utilizada por moradores, pessoas que trabalham nos escritórios e seus clientes. Para redefinir as áreas do edifício e ­criar acessos distintos aos apartamentos e aos escritórios, a proposta fora criar uma passarela sobre o jardim que leva diretamente da calçada ao bloco de circulação vertical da área de apartamentos, localizada no primeiro pavimento. Para os escritórios, o acesso é feito pela antiga circulação única, que agora é exclusiva para o pavimento térreo.

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exterior

A separação dos usos do edifício e também do seu exterior é feita por um muro em formato de L com tábuas de Iroko dispostas em diferentes ângulos, permitindo a separação de forma permeável, mas sem perder a privacidade.

Acima Esquerda: vista do muro pela calçada. Direita: separação do acesso aos apartamento dos escritórios. Ao lado: planta baixa da intervenção no terreno e localização dos acessos.

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Suburban Peekaboo

Vista da Rua

Vista do acesso aos apartamentos

Vista do acesso aos escrit贸rios contemporaneu #01 | 43


Divulgação Waterfront Toronto


Simcoe WaveDeck West 8 e DTAH

Toronto, Canadรก


urbano

Divulgação Waterfront Toronto

Passeio da Queens Quay Boulevard antes da construção do Simcoe Wavedeck.

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Inaugurado em meados de 2009, o Simcoe Wavedeck, virou um ponto turístico pela sua forma artisticamente inusitada e pela diversidade de usos nos seus espaços, entre os quais o relaxamento, a contemplação, a brincadeira e o passeio. Pode-se dizer que este deck ondulado está intimamente ligado com a candidatura de Toronto aos Jogos Olímpicos de 2008. A possibilidade de sediar o maior evento esportivo mundial atraiu volumosos investimentos e a mobilizou diversos setores da sociedade. Como de praxe, a cidade fazia planos audaciosos de revitalização urbana. Era 2001 e Pequim acabou levando os Jogos, deixando Toronto em segundo lugar. Mas os objetivos iniciais não ficaram em segundo plano. Toda aquela energia e os recursos obtidos impulsionaram esforços conjuntos de diferentes instâncias do poder público canadense [governo federal, Província de Ontário e Prefeitura de Toronto] que criaram, no mesmo ano, a Waterfront Toronto, uma corporação destinada à transformação de mais de 8.000 km2 de terrenos abandonados em áreas de lazer, cultura, comércio e residências. Em 2006, a corporação lançou concurso para revitalizar 3,5 quilômetros de bordas d’água da área central: cinco equipes foram convidadas com a finalidade


Divulgação West 8

Simcoe WaveDeck

Com a forma de onda, a diferença entre o ponto mais alto e o mais baixo é de 1,4 m.

Divulgação West 8

de reconectar o centro comercial à antiga área portuária da cidade, separados por via férrea e de carros. Composta por diversos aterros que envolviam funções portuárias, a área, a exemplo do que ocorre em muitas outras grandes cidades do mundo, ­ ­ficou subutilizada com o declínio do transporte aquaviário de cargas e pelo conseqüente ­desinteresse industrial. O projeto foi direcionado a partir de duas necessidades principais: o ­alargamento


urbano

Divulgação West 8

Projeto vencedor do West 8 e DTAH para a revitalização de 3,5 km de bordas d’água

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Simcoe WaveDeck

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urbano

Divulgação Waterfront Toronto

da calçada da Queens Quay Boulevard - principalmente nos trechos em que o lago Ontário ficava muito próximo à rua - e a conexão entre os aterros existentes utilizando materiais e formas que dessem noção de conjunto ao projeto e que levasse em consideração as intervenções anteriormente promovidas pela Waterfront Toronto. O projeto vencedor, do escritório holandês West8 em parceria com o canadense DTAH, propôs transformar a árida Queens Quay Boulevard em um arborizado passeio público de 18 metros de largura. Para isso, reduziria de 4 para 2 faixas de tráfego automotivo,

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substituiria o canteiro central de concreto por um gramado -mantendo as linhas de VLT que passam por ali- e ligaria os aterros através de decks e ­ pontes sobre o lago. Obviamente inspirado pelas ondas, o Simcoe Wavedeck é parte integrante do projeto. Tem 650 m2 de área e, ao lado dos três decks já finalizados, é o mais destacado. Localizado próximo à famosa CN Tower, foi construído em apenas oito meses com 3.670 tábuas de ipê para o piso e lâminas coladas de cedro amarelo para dar a forma curva aos degraus. (O processo de montagem pode ser acompanhado aqui).


Divulgação Waterfront Toronto

Simcoe WaveDeck

Divulgação Waterfront Toronto

Texto: GV Imagens: cortesia de West 8 e Waterfront Toronto



projetos


73 m2

C-2 Curiosity

Yamanashi, Japão Fotos: Gwenael Nicolas

Comandado pelo designer francês Gwenael Nicolas, o versátil estúdio japonês Curiosity segue a tradição oriental de buscar uma associação estreita com o meio natural e revela muita sensibilidade no projeto C-2 [Curiosity Two], construído em 2006. Por fora e por dentro percebe-se que uma questão relevante é recriar a paisagem diminuindo o limite físico entre a construção e seus arredores. Pousada sobre um terreno em declive em uma área florestal, a C-2 é uma relíquia contemporânea escondida nas florestas da província de Yamanashi, oeste de Tóquio. 54 | contemporaneu #01



73 m2

O contexto de comunhão entre homem e meio-ambiente é notado desde o caminho de seixos brancos que leva à construção. O caminho é cruzado por um deck, que logo vira passarela. Uma parede se solta do corpo da edificação e origina o espaço onde a passarela se posiciona e conduz ao interior. Não sem antes revelar, ao fundo do corredor, a varanda e sua respectiva paisagem. Não se empreende negação ou controle sobre a natureza: o terreno tem poucos vestígios de nivelamento e a veemente angulação do telhado é ditada pelo poder das fortes nevascas que atingem a região. É alheio, porém,

a mimetismo. Os materiais e as formas empregados nas fachadas deste monobloco evidenciam a intenção de modificar o espaço, conferir nova identidade. Soma-se a este propósito o uso do preto-e-branco. A pequena casa, por dentro, é ampla. No pavimento de entrada, a inclinação do teto e paredes é aparente. Além da varanda, faz-se presente a sala, que incorpora uma cozinha rebaixada em três degraus. E é dali que parte a escada descendente pela qual é feito o acesso aos quartos e banheiro. O pé direito da sala é alto, são 6 metros entre o piso e o cume ­luminoso.


C-2 Com 6 metros de pé direito, o encontro entre teto e parede é feito com vidro, permitindo a entrada de iluminação natural.

Página anterior: entrada da residência feita por caminho em seixos brancos e deck de madeira. Abaixo: corredor de acesso à residência e à varanda.

A vista da floresta pode ser observada dos quartos, banheiro e área social.


73 m2

O jogo entre luz natural e artificial se destaca de forma bastante interessante, não se vê luminárias. Enquanto a luz de fora entra e se modifica gradualmente conforme o dia, a luz interna omite suas fontes. A vista da floresta também penetra facilmente o interior da casa, potencializada pelas portas e janelas piso-teto. Os elementos naturais, luz e paisagem,

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são sutilmente arrebatados e incorporados como elementos físicos que concedem vitalidade à obra. A C-2 resguarda o homem da natureza -e suas intempéries- mas também a conduz para seu interior. Instala-se sobre o seu solo, mas preserva seu relevo acidentado. Enfim, uma intermediação recíproca.


C-2

Planta Baixa Segundo Pavimento

Término da construção: 2006 Área: 73 m2 Área do terreno: 469 m2 Orçamento: U$ 200.000,00

Planta Baixa Primeiro Pavimento

Projeto arquitetônico: Gwenael Nicolas, Niitsugumi Estrutura: Niitsugumi Design de Interiores: Gwenael Nicolas contemporaneu #01 | 59


Refúgio São Chico Studio Paralelo

São Francisco de Paula,Brasil Fotos: Eduardo Aigner



82 m2

Construído para ser um refúgio de finais de semana, o Refúgio São Chico repousa sobre um terreno de 1610 m² em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul. O município, com altitude de 945 m do nível do mar, possui temperatura média anual de 14,4oC e ocorrência anual de neve. Faz-se essencial o isolamento térmico. Outro detalhe importante que norteou a concepção do projeto é a umidade decorrente do bioma local, a mata atlântica. Elevada do solo por blocos de concreto estrutural, a construção fica modulada protegida da umidade do solo e não há necessidade de movimentação de terra. Os perfis metálicos para a estrutura da residência aliados com um sanduíche de placas de gesso acartonado, lã de rocha, painéis de OSB e membrana permeável fazem o isolamento térmico, acústico e da umidade. A casa tem dois blocos interceptados. O bloco principal, revestido com telha ondulada metálica, abriga as duas suítes em lados opostos e se distingue da área social, contida no bloco, que se destaca do perímetro do principal -revestido com madeirae revela o interior das salas de estar, jantar e cozinha através da grande janela em fita. 62 | contemporaneu #01



82 m2

Planta Baixa

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Refúgio São Chico

Outro aspecto interessante do refúgio é o deck de madeira que quase encosta nas árvores e tem as funções de acesso aos blocos, hall de distribuição para os cômodos e varanda para contemplação da peculiar paisagem gélida do sul do Brasil.

Projeto: 2006 Construção: 2007 Área: 82 m2 Arquitetos: Studio Paralelo – Arq. Luciano Andrades Cálculo fundações e laje: Multiprojetos – Eng. Norberto e Eng. Camila Bedin Cálculo Steel Frame: Formac Brasil – Arq. Mônica Montané Instalações sanitárias: JC Hidro - Eng. Julio Cesar Troleis Instalações elétricas: Eficientysul - Eng. Marcelo Alves Execução fundações e laje: PP Construções e Reformas Execução: Sull Frame Engenharia – Eng. Luciano Zardo

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82 m2

Fachada Leste

Fachada Norte

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RefĂşgio SĂŁo Chico

Corte Transversal

Corte Longitudinal

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Casa em São Paulo

Casa em São Paulo Affonso Risi

São Paulo, Brasil Fotos: Paulo Risi

Sem traços de exibicionismo formal e pautada pela diligência, clareza e precisão, características conhecidas da obra do arquiteto Affonso Risi, esta casa representa uma arquitetura que não privilegia uma só variável, sendo consequência do ­exercício da articulação justa dos mais diversos componentes geradores. Fazendo parecer, tamanha singeleza, espontânea. Localizada na cidade de São Paulo, fica em um terreno em aclive, ex-

tenso longitudinalmente [50 m de extensão] e com pouca largura [9,5 metros, em média]. A opção de encostar a implantação em uma das laterais libera a passagem para o acesso ao amplo jardim nos fundos do lote. É uma composição clara: dois blocos, de cores distintas, separados e interligados por uma escada em meio a um vão central. O bloco frontal, branco, é constituído de: abrigo de carros e dependências de sercontemporaneu #01 | 69


281 m2

viços no térreo e espaços de uso comum [estar com lareira, jantar, cozinha, varanda] no andar superior. O bloco vermelho tem um estúdio no térreo e toda a parte íntima no piso acima, como suíte, demais quartos, sala íntima e escritório. Entre os dois, o vão com a escada aberta, sem revestimento e em balanço. É o elemento central do projeto, se estende até o solário na cobertura e é refletida pelo espelho d’água com carpas no térreo.

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Já no piso superior, a escada chega a uma galeria por onde são acessadas as funções íntimas e a sala, em lados opostos. Há a evidente intenção de se promover espaços internos contínuos, a exemplo da integração entre cozinha-sala e escritóriosala íntima. O fato de não haver ­aberturas na cozinha, devido à sua posição no limite lateral do lote, é compensado de forma engenhosa, tanto pela fluidez dos ambientes [grandes janelas na sala de jantar



281 m2


Casa em São Paulo

e estar, inclusive para o vão da circulação vertical] quanto por aberturas zenitais. A área de serviços, na mesma face da edificação, também recebe tratamento especial: abre-se para uma espécie de pátio interno, descoberto, e com parede curva de tijolos de vidro fronteiriça da área íntima, que se beneficia com mais luz e sensação de amplitude. O zelo com o projeto, examinado a fundo, avigora o resultado. Isso é percebido em toda a complexidade do desenho: na cobertura do solário, na paginação dos forros, no paisagismo, na lareira e na esbeltez da escada. Somente as carpas parecem escapar ao rigor do processo projetual, com vasto detalhamento.

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281 m2

Planta Baixa Primeiro Pavimento

Implantação

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Casa em S達o Paulo

Planta Baixa Segundo Pavimento

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281 m2

Corte CC

Corte DD

Corte FF

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Corte GG

Corte HH


Casa em São Paulo

Fachada Nordeste

Construção: 2005 - 2008 Área: 281 m2 Arquiteto: Affonso Risi Arquitetos Colaboradores: Willian T. S. Miyagui e Frederico E.Sabella Estagiário: Lucas Bittar FAUMack Estrutura: HGA - Eng. José Luiz Botta de Assis Luminotecnia: Espaço Luz - Arq. Rosane Haron Paisagismo: Julia Risi e Marina Toscano Obra: Eng. Lineu Botta de Assis Mestre de Obras: José Antônio da Silva

Fachada Sudoeste contemporaneu #01 | 77


300 m2

House for Art Collectors MCK Architects

Subúrbio de Sydney, Austrália Fotos: Willem Rethmeier

A “House for Art Collectors”, do escritório australiano MCK — Marsh Cashman Koolloos Architects, é uma residência para um casal apaixonado por arte e livros. As exigências para esta residência na área urbana de Sydney eram simples: um lugar para morar e traba-lhar, para expor sua coleção de arte, para armazenar sua biblioteca, um espaço vazio central e uma linguagem moderna. O partido arquitetônico partiu da consideração às dimensões do terreno, à inclinação e ao fato das duas faces menores do lote encontrarem o espaço público. As dimensões impuseram um projeto linear. O terreno 78 | contemporaneu #01

desce 3,5 metros de uma extremidade à outra do terreno, o que possibilitou a entrada de carros de um lado e a de pedestres no outro, em patamares distintos. A casa é disposta em três níveis. O andar inferior é destinado à garagem e a um grande depósito. No pavimento intermediário estão áreas comuns, a entrada, o estar, os dois estúdios e o pátio interno com piscina. Acima estão a suíte e o quarto de hóspedes. Os estúdios ficam nas extremidades opostas: um é externo à casa principal e o outro, próximo à entrada, abrigado pela parede de livros.



300 m2

A impossibilidade, devido ao sítio, de orientar para o norte os espaços de maior utilização, é compensada com algumas estratégias ambientais: iluminação zenital sobre o centro da edificação principal, iluminando os dois níveis; grandes aberturas nas fachadas leste e oeste, que permitem ventilação cruzada e, por fim, persianas motorizadas que controlam a entrada direta de sol de manhã e à tarde. A casa tem piso aquecido para as áreas de estar e banheiro principal. Não há ar condicionado. A arquitetura é resultado da análise e articulação do programa com o sítio tendo como referência a reinterpretação de uma “terraced house*”, devido aos dispositivos legais e às características de ocupação da quadra em que se encontra, nos quais é permitido –e quase um imperativo- não haver recuos laterais. Reinterpretar a tipologia “terraced house”, na conjuntura em questão, significa deixá-la mais aberta, ­fluida e dinâmica espacialmente. Incluindo-se a isso o uso de cores neutras e diversidade de materiais, tratando o interior como um percurso sensorial, para os moradores e visitantes. 80 | contemporaneu #01



300 m2

Projeto: 1998 Construção: 2001 Área: 300 m2 Arquitetos: Rowena Marsh; Mark Cashman; Steve Koolloos; Kent Elliott; Francis Falzon Construtor: Berg Bros P/L Estrutura: Birzulis & Associates Engenheiro Hidráulico: John Amey & ­Associates Paisagismo: Barbara Schaffer Design e Liz Callaghan Design Página Anterior: o bloco que se destaca interna e externamente abriga o banheiro da suíte e o closet.

Fachada Frontal do Terreno

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Fachada Posterior do Bloco

Fachada Posterior do Terreno


House for Art Collectors

Corte Longitudinal Cada pavimento da residência tem uma função: o primeiro abriga a garagem e depósito, o segundo a área social e os estúdios de trabalho e o terceiro, área íntima.

O desnível de 3,5 m permitiu que a garagem ficasse no nível da rua dos fundos, criando entradas independentes para automóveis e pedestres na residência.

Planta Baixa Segundo Pavimento

Planta Baixa Terceiro Pavimento contemporaneu #01 | 83



House for Art Collectors

É bastante curioso saber que a “House for Art Collectors” está sobre uma área que já abrigou, no passado, uma galeria de arte. É como se o genius loci tivesse preestabelecido um programa e atraído os atuais moradores para materializar novamente suas vontades. E o MCK surgisse apenas para reafirmar essa vocação artística essencial.

*Terraced house: tipologia em fita de residências contíguas, alinhadas e idênticas, introduzida como vilas operárias e com grande expressão no período vitoriano. Procurada hoje em dia em várias partes do mundo, inclusive nas cidades grandes da Austrália, por estar perto das áreas centrais e a preços mais acessíveis]

A ausência de janelas por não haver recuos laterais fez com que os arquitetos criassem grandes aberturas no teto para entrada de iluminação natural.

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418 m2

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Openhouse

Openhouse XTEN Architecture

Los Angeles, EUA Fotos: Art Gray Photography

A residência fica em uma propriedade de acentuada inclinação de Los Angeles, EUA. O terreno desafiador, na região de Hollywood Hills, levou os arquitetos do Xten à busca de uma solução com linguagem atual, de integração à paisagem, adequação climática e que potencializasse a vista panorâmica da cidade. Os grandes e deslizantes painéis de vidro serviram bem a estes propósitos. contemporaneu #01 | 87


418 m2

Há dois pavimentos principais nos quais são distribuídos os ambientes. Quase não há compartimentação interna: estar, jantar, cozinha, lareira, escada e terraço habitam um mesmo espaço contínuo, no pavimento inferior. Exceções, só mesmo o lavabo e uma suíte. No andar de cima, há outra suíte, maior e com closet, terraço e jardim diretamente ligados ao banheiro da suíte, aproveitando-se do desnível do terreno, graças a um muro de contenção externo. A lareira de peças de granito empilhadas é um elemento visual central que estrutura verticalmente a edificação, a partir do piso da sala até o andar superior.


Openhouse

contemporaneu #01 | 89


418 m2

A fachada que segue os contornos da encosta -sudoeste- é regida por uma só tira, representada pela espessa laje entre pavimentos e pela de cobertura. Dobra-se verticalmente na lateral da edificação e oculta-se transversalmente de forma pontiaguda, no momento em que separa a suíte do grande terraço superior. Mas, a despeito dessa característica, quem protagoniza não só na fachada, mas no conjunto geral, são os painéis de vidro. Ao todo são 44 painéis de esquadrias pretas que deslizam sobre trilhos e abrem ou fecham a casa para o exterior. São o invólucro elementar da casa e, a depender de onde estão dispostos, ocultam-se completamente de diversas maneiras: em cantos, entre paredes duplas, em cômodos ocultos ou simplesmente deslizam para além do perímetro do edifício. Acompanhados por beirais que os protegem da entrada direta dos raios solares principalmente no verão, os painéis -fechados ou abertos- revigoram a já vigorosa vista cinematográfica, com os edifícios mais altos concentrados no skyline. Cabe aqui citar que a casa é palco do filme Spread, de 2009, estrelado pelos atores Ashton Kutcher, Anne Heche e Margarita ­Levieva.


Openhouse

A continuidade do piso de cascalhos de quartzo, que se espalha de dentro para fora, e a ligação direta com jardins denotam uma sensível preocupação na integração com o contexto. Tanto quanto a fluidez dos espaços internos e as inúmeras possibilidades de aberturas em lados opostos, que de forma eficiente, capturam os ventos predominantes para ventilar e resfriar a casa através de ventilação cruzada. Um vestíbulo no ponto mais baixo da casa pode ser aberto em conjunto

com painéis de vidro no segundo andar para criar ventilação vertical, como uma chaminé térmica para distribuir ar fresco e expulsar o ar quente. O paisagismo do entorno é composto de espécies nativas com uso de xeriscaping [ou xerogardening], uma tecnologia utilizada usualmente por paisagistas no oeste dos Estados Unidos para reduzir a quantidade de água e facilitar a manutenção. Há também o uso de grama artificial no piso do jardim que abriga uma sala de refeições ao ar livre.


418 m2 Planta Baixa Primeiro Pavimento

Corte Longitudinal

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Openhouse Planta Baixa Segundo Pavimento

Construção: 2007 Área: 418 m2

Corte Transversal

Arquitetos: Monika Haefelfinger & Austin Kelly, AIA, LEED AP Construtor: Peddicord Construction Prêmios: 2007 AIA/LA Design Award, 2007 Miami+Beach, Bienal Architecture Award, 2009 Chicago Atheneaum/ European, Centre for Art & Architecture Award

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dupli.casa J. Mayer H. Architects

Marbach, Alemanha Fotos: David Franck



dupli.casa

A geometria da construção é baseada na pegada deixada no terreno pela antiga construção, uma casa de 1984 que sofreu inúmeras ampliações e modificações. A dupli.casa, do premiado J. Mayer H. Architects, é concebida pela duplicação e rotação do contorno da edificação ­anterior, ecoando o que seria um registro arqueológico. Fica em ­Marbach [próxima a Stuttgart], ao sul da Alemanha e tem uma bela vista para o centro antigo da cidade. É como se uma massa flexível -como um chiclete mastigado- fosse, simultaneamente, puxada para cima e torcida, na tentativa de se dividir em duas, mas não o fazendo por completo. A ação produz um pavimento intermediário, cujas paredes oblíquas seriam como fibras que mantem as partes unidas. Este mesmo pavimento apresenta, portanto, maior proporção de vazios [incrementada ainda por um átrio central com iluminação zenital] em relação a cheios do que os outros pavimentos, mais encorpados. As aberturas ali estão mais para varanda e menos para janelas. O desejo de forma se traduz na configuração espacial sofisticada da casa, livre de arestas e detalhes, lisa, promovendo um aprimorado escorrimento da epiderme da fachada contemporaneu #01 | 97


569 m2

pelo chão externo, que ladeia a construção. E neste mesmo piso transbordado rumo ao gramado ­ vê-se uma continuidade das aberturas do térreo [espelhada também nas janelas do último pavimento], como um capacho pintado ou, ainda, uma curiosa sombra desses vazios, também esparramadas. Algumas características conferem à obra um design peculiar e exclusivo: ausência de quinas, formato irregular dos cômodos, forte comunicação emotiva, minuciosa atenção à distri-

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buição e configuração dos ambientes e desníveis, diferentes vistas de cada abertura e liberdade de expressão individual que conduz à unidade plástica contorcida, surpreendente, de valor escultórico. Tem um aspecto futurístico, mas não é futurista; está mais para uma espécie de expressionismo -a ser considerado mais como um estado de espírito que um movimento- ­ contemporâneo, aproximando-se de certas obras de Hans Scharoun, Eric Mendelsohn, Eero Saarinen, Gaudí.


dupli.casa

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A casa de silhueta sinuosa apresenta diversas conexões antitéticas. É novidade sobre um “sítio arqueológico oitentista”; é o novo que avista a cidade velha; é a casa com duas ­piscinas na pequena cidade de menos de 15 mil habitantes; é o preto e o branco, que por si só formam uma antítese; é o monocromatismo em contraste com o verde ao lado e o azul acima. Dos tempos atuais -nos quais imperam indefinição, maior complexidade, constante movimentação e desprendimento formal sem precedentes- é síntese, ao passo que cumpre a tríade ­vitruviana de boa arquitetura: solidez técnica [firmitas], utilidade social proveitosa [utilitas] e beleza estética [­venustas].

Projeto: 2005 - 2007 Construção: 2008 Área: 569 m2 Arquitetos: Juergen Mayer H., Georg Schmidthals, Thorsten Blatter, Simon Takasaki, Andre Santer, Sebastian Finckh Estrutura: Dieter Kubasch, Ditzingen und IB Rainer Klein, Sachsenheim Engenharia de Serviço: IB Hans Wagner, Filderstadt Conforto Ambiental: IB Dr. Schaecke und Bayer, Waiblingen-Hegnach

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569 m2

Planta Baixa Primeiro Pavimento

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dupli.casa

Planta Baixa Segundo Pavimento contemporaneu #01 | 103


569 m2

Planta Baixa Terceiro Pavimento

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dupli.casa

Implantação

Corte Longitudinal contemporaneu #01 | 105


960 m2

Ampliação

O diálogo entre antigo e novo é o tema da ampliação da Laugalaekjarskóli, uma escola pública de ensino secundário em Reykjavík, capital da Islândia. O projeto é do Studio Granda, fruto da parceira de 23 anos entre a islandesa Margrét Hardadóttir e o britânico Steve Christer, cuja obra habitualmente utiliza-se dos princípios e elementos de um regionalismo crítico escandinavo, com materiais tradicionais e respeito à identidade local.

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O objetivo programático é ligar os dois blocos idênticos, de três andares, construídos na década de 1960 [e reformados entre 2002 e 2004], através de uma estrutura que possa abrigar novas funções escolares. Para diminuir o impacto visual da nova edificação, a ligação entre os blocos antigos é feita pelo térreo e a área livre, antes da ocupação, é ­transferida para a cobertura, mais baixa do que os prédios existentes, onde há circulação aberta e telhado verde.


Ampliação da Escola Secundária Laugalaekjar

o da Escola Secundária Laugalaekjar Studio Granda

Mats Wibe Lund

Reykjavík, Islândia Fotos: Sigurgeir Sigurjónsson e Mats Wibe Lund

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Sigurgeir Sigurj贸nsson



960 m2

1 2 3 4 5

1

5

3 4 2

5

Planta Baixa Primeiro Pavimento

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-

Auditório Biblioteca Corredor Administração Bloco Existente


Ampliação da Escola Secundária Laugalaekjar

1 - Auditório 2 - Acesso aos Blocos Existentes 3 - Bloco Existente

1

3

2

Projeto: 2001 - 2003 Construção: 2003 - 2004 Área: 960 m2

3

Cliente: Cidade de Reykjavík Arquiteto: Studio Granda Estrutura: VSO Engenharia de Serviço: VGK Engenheiro Eletricista: VJÍ Contratante: Framkvaemd Consultor de acústica: Ólafur Hjalmarsson

Planta Baixa Segundo Pavimento contemporaneu #01 | 111


112 | contemporaneu #01 Sigurgeir Sigurj贸nsson

Sigurgeir Sigurj贸nsson

960 m2


Sigurgeir Sigurjónsson

Sigurgeir Sigurjónsson

Ampliação da Escola Secundária Laugalaekjar

Uma série de clarabóias e aberturas iluminam e expandem as áreas internas e propiciam o reconhecimento das atividades nas circulações superiores e do exterior. Com alguns recortes no volume, o zinco predominando nas fachadas e a preservação das entradas originais, o novo bloco é sensível ao espírito do entorno e promove uma integração discreta, atual e bem sucedida com a paisagem construída.


Jardim de Infância Medo Brundo njiric + arhitekti d.o.o. Zagreb, Croåcia Fotos: Domagoj Blazevic



2300 m2


Jardim de Infância Medo Brundo

Este jardim de infância no subúrbio da capital croata foi inicialmente concebido como um edifício-esteira [Ou mat building, conceito introduzido nos anos 70 por Alison Smithson, que propõe uma trama horizontal de elementos interligados dentro de uma ordem geométrica legível. É usado também o termo edifício-tapete] situado em um terreno com pequena área edificável e intensamente sombreado por um edifício vizinho de nove andares, ao

sul. A esteira, marcada por um jogo de cheios e vazios, é empurrada e dobrada em direção ao sol, transformando os jardins em terraços e o corredor em escada. As fachadas são contínuas e fechadas, exceto no lado oeste, quando há recortes e transparências, promovendo interação do interior com a rua, um importante local de passagem da vizinhança. É uma homenagem dos arquitetos ao artista norteamericano Dan Graham, da obra

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2300 m2

“An Alteration of the Suburban House“, de 1978, na qual reflete sobre a casa suburbana enquanto palco da representação pública da vida doméstica convencional, o sonho da classe média americana. Descrito como um projeto compacto, introvertido, autodinamizador e com os limites claramente definidos, ­ oferece uma variedade de espaços ao ar livre - pátios cobertos para o inverno, terraços e um jardim no terraço superior. Os vazios são parte inerente do projeto. Há também um grande parque na parte de trás do prédio. O interior é caracterizado pela transparência intensiva e pela completa interligação entre os locais das crianças e dos funcionários, justificando-se pelo caráter didático. A criança vê uma mulher escrevendo em um computador, um funcionário contando o dinheiro, outros costurando roupas ou ­ cozinhando. Ela também convive com a entrada de novos produtos, o controle do aquecimento e a reparação do mobiliário. Essa interação com o trabalho dos profissionais ao seu redor simula uma situação cotidiana na cidade: a criança tem ali uma introdução à vida real. 120 | contemporaneu #01


Jardim de Inf창ncia Medo Brundo


2300 m2

Projeto: 2005 Construção: 2006 - 2008 Área: 2300 m2 Cliente: Cidade de Zagreb Arquitetos: Hrvoje Njiric, Davor Busnja Estrutura: G&F - Eugen Gajsak Engenharia de Serviço: SM Inzenjering, HIT Projekt, ELAG Contratante: Jelacic d.o.o.

122 | contemporaneu #01


Jardim de Inf창ncia Medo Brundo

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Terraรงo

Terceiro Pavimento

Segundo Pavimento

Primeiro Pavimento


Jardim de Inf창ncia Medo Brundo

Cortes Transversais

Corte Longitudinal contemporaneu #01 | 125



Ampliação do Estádio Ljudski Vrt OFIS arhitekti e Multiplan arhitekti

Maribor, Eslovênia Fotos: Tomaz Gregoric


3400 m2

Escolhida como Capital Europeia da Cultura para o ano de 2012 [ao lado da portuguesa Guimarães], Maribor é a segunda maior cidade eslovena e conta com um considerável leque de opções turísticas: conhecer a mais antiga videira do mundo, passear de jangada pelo rio Drava e visitar seu rico patrimônio histórico e arquitetônico, no qual figuram um castelo do século 15 e uma catedral “românico-gótica”. Mas o que ainda não consta dos guias turísticos é a produção arquitetônica recente da cidade, a exemplo do Stadion ­Ljudski Vrt, que mesmo não se tratando de uma moradia, é a casa da equipe de maior êxito do futebol esloveno, o NK Maribor. Localizado no centro da cidade, de aproximadamente 150 mil habitantes, o estádio era até o ano de 2006 apenas um campo poliesportivo com apenas uma arquibancada ­ lateral protegida por uma imponente abóboda de concreto dos anos 60. Em 1998 foi realizado um concurso para sua ampliação, do qual saíram vitoriosos os escritórios OFIS Arhitekti e Multiplan Arhitekti. O programa instituía a transformação do campo em um estádio de futebol para 12.500 espectadores, com novas arquibancadas cobertas, camarotes, 128 | contemporaneu #01


Ampliação do Estádio Ljudski Vrt

instalações para a imprensa e áreas de uso público. O início das obras começou apenas oito anos depois do resultado do concurso e, em 2008, o estádio foi concluído sob a supervisão do OFIS. O projeto é orientado pela criação de um grande platô, acima do nível da rua, que abraça o campo pelas laterais desprovidas inicialmente de arquibancada. Este platô abriga vestiários, salas de ginástica, piscina,

contemporaneu #01 | 129


3400 m2

funções administrativas, escritórios e lojas, além de embasar visualmente a nova arquibancada -incluindo sanitários e serviços de alimentação- e organizar o fluxo de entrada e saída dos torcedores. O novo anel de arquibancadas, integralmente coberto por acrílico fosco sobre estrutura metálica, é ondulado, sendo que seus pontos mais altos e mais baixos foram definidos pelos arquitetos de acordo com a adequada visualização do campo pelo usuário. Essa preocupação tam-

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bém é expressa pelo fato das “ondas” serem mais altas quanto mais próximas do centro do campo, onde são ofertadas as melhores vistas para o gramado. Prioriza-se, assim, a maioria do público. O corredor na extremidade externa do anel de arquibancadas [atrás dos assentos] é em parte dividido por uma pele de vidro, separando camarotes e setor de imprensa da torcida. Se futebol e arquitetura se relacionam muito bem com arte, a cidade enfim dispõe de um estádio à altura


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Ampliação do Estádio Ljudski Vrt

de uma capital cultural. A extensão do Ljudski Vrt é colocada de forma oportuna e harmônica ao pré-existente, mesmo distinguindo-se ­ na proporção, nos materiais, no padrão das cores dos assentos e até mesmo na opção em não se fundirem fisicamente num só corpo. O resultado é uma bem organizada reunião de funções sendo receptivo ao público e uma linguagem bastante própria dos tempos atuais. Isso tudo em uma forma inusitada que enriquece esse tipo de edificação, cujo programa é tradicionalmente complexo e r­igoroso, em razão da especificidade primordial de ser palco de um jogo de futebol, com todas as suas implicações.

Concurso: 1998 Construção: 2006 - 2008 Área: 3400 m2 Arquitetos Competição: Rok Oman, Spela Videcnik, Ales Znidarsic, Katja Zlajpah, Bernard Podboj. Arquitetos Fase Preliminar: Rok Oman, Spela Videcnik, Ales ­Znidarsic, Neza Oman. Arquitetos Construção: Rok Oman, Spela Videcnik, Andrej Gregoric, Nicole Khor, Martina Lipicer, Aitor Casero, Javi Carrera.

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3400 m2

Implantação

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Ampliação do Estádio Ljudski Vrt

Planta Baixa Primeiro Pavimento contemporaneu #01 | 135


3400 m2

Planta Baixa Segundo Pavimento

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Ampliação do Estádio Ljudski Vrt

Planta Baixa Terceiro Pavimento contemporaneu #01 | 137


3400 m2

Fachada Norte

Fachada Oeste

Corte Longitudinal

Corte Transversal

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Ampliação do Estádio Ljudski Vrt

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de


projetos e estudantes


projetos de estudantes

Pavilhão Copa 2014

Disciplina: Ateliê de Projeto I, Representação Digital I e Representação Gráfica Período: 2o (1o ano) Instituição de ensino: Universidade Positivo Nome: Alberto S. Portugal email: beto@betoportugal.com Site: www.betoportugal.com Cidade: Curitiba - PR

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Alberto S. Portugal

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projetos de estudantes

Vista Frontal

WC Masc

WC Fem

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WC PNE


Alberto S. Portugal

Vista Posterior

Informaçþes

Acesso contemporaneu #01 | 145


projetos de estudantes

Agência de Publicidade

Disciplina: Projeto de arquitetura e interiores Período: 6o (3o ano) Instituição de ensino: Unicentro Belas Artes de São Paulo

Nome: Breno Viana de Mendonça email: brenu2004@msn.com Site: Portfólio Cidade: São Paulo - SP

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Breno Viana de Mendonรงa

Vista Av. 9 de Julho

Vista R. Estados Unidos

Corte BB

Corte AA contemporaneu #01 | 147


Rua Estados Unidos

projetos de estudantes

Av. 9 de Julho

Planta Baixa Primeiro Pavimento

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Rua Estados Unidos

Breno Viana de Mendonรงa

Av. 9 de Julho

Planta Baixa Segundo Pavimento

contemporaneu #01 | 149


d


projeto de concurso


concurso

Biblioteca Nacional da República Tcheca ADEPT Architects

Praga, República Tcheca

O concurso internacional para a o novo prédio da Biblioteca Nacional da República Tcheca tinha como ­objetivo escolher o projeto que apresentasse a melhor proposta no que diz respeito a aspectos urbanos, ­arquitetônicos, técnicos e operacionais da biblioteca. A proposta do escritório dinamarquês ADEPT Architects foi a de criar um edifício que ocupasse as bordas 152 | contemporaneu #01

do terreno. Para não perder a ligação ­existente entre a estação de metrô e o parque, as paredes localizadas a noroeste e a sudeste seriam levantadas para permitir a circulação e ­conectar a rua com o átrio central. As partes mais altas da biblioteca ­seriam espaços públicos para observação panorâmica da cidade, enquanto o restante seria destinado a estudo, acervo, exibições e eventos.



concurso

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Biblioteca Nacional da RepĂşblica Tcheca

contemporaneu #01 | 155


156 | contemporaneu #01

eduardo@eduardoaigner.com.br Porto Alegre - Brasil

Eduardo Aigner willem@willemrethmeier.com Austrรกlia

Willem Rethmeier


mats@mats.is Islândia

Mats Wibe Lund

fotógrafos

contemporaneu #01 | 157

cathycunlife@cathy.com.br Grécia

Cathy Cunlife


mail@ulrikjantzen.com Dinamarca

Ulrik Jantzen

fot贸grafos

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peter@dasburo.dk Dinamarca

Peter Soerensen


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