Vida Universitária #231 - abril/maio

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231 abril, maio 2015

TUDO POR UM LIKE: reais ou não, todos estão livres para interpretar seus personagens VEJA + PG 20

Vida Universitária mostra as mudanças na sociedade moderna após o ingresso efetivo das redes sociais em nosso cotidiano.


Maquiagem e direção não combinam.



EDITORIAL Novos tempos e a reafirmação de nossa identidade

Mais um ano se inicia em nossa Pontifícia Universidade Católica do

Paraná e com ele novos desafios e a reafirmação de compromissos como a formação integral de cidadãos e o respeito à educação pautada pelos Valores Maristas.

Para celebrarmos o novo ano, apresentamos a vocês uma nova Vida

Universitária com ainda mais conteúdo e buscando uma maior sinergia com nossas plataformas de comunicação online: nossas editorias agora conversam com o canal da PUCPR no Youtube (www.youtube.com/canalpucpr).

Além disso, a cada edição você poderá ver conteúdos extras no site da

Vida Universitária (vidauniversitaria.pucpr.br). Esses esforços buscam mostrar de forma integrada o que acontece em nossa Universidade, extrapolando nossos muros físicos e levando ao conhecimento da sociedade nossa produção em diferentes frentes: científica, cultural, no setor de solidariedade e na fé.

Nessa edição abordaremos assuntos que vão desde nosso compromisso

com a solidariedade até questionamentos muito atuais em tempos de comunicação instantânea e acessível a um número cada vez maior de pessoas. Em nossa matéria de capa, o tema é a superexposição. Será saudável querer registrar todos os passos de nossas vidas minuto a minuto? Será que estamos deixando de viver uma vida física para nos dedicarmos a personagens virtuais?

Também falaremos sobre o empreendedorismo social. Cada vez há mais

pessoas interessadas em unir o espírito empreendedor a uma causa nobre. Na PUCPR temos uma especialização no tema, que vem sendo premiada e reconhecida por grandes instituições do ramo. Cremos que nosso compromisso com uma sociedade melhor passa pelo engajamento acadêmico de um tema de tamanha

GRÃO-CHANCELER Dom José Antônio Peruzzo Vida Universitária é uma publicação bimestral da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, registrada sob o nº 01, do livro B, de Pessoas Jurídicas, do 4º Ofício de Registro de Títulos, em 30/12/1985 – Curitiba, Paraná. CONSELHO EDITORIAL – PUCPR Reitor Waldemiro Gremski Vice-Reitor Paulo Otávio Mussi Augusto Pró-Reitor de Graduação Vidal Martins Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Paula Cristina Trevilatto Pró-Reitor Comunitário José Luiz Casela Pró-Reitor Administrativo e de Desenvolvimento Paulo de Paula Baptista Diretora de Relacionamento Silvana Hastreiter COORDENAÇÃO Diretoria de Marketing e Comunicação do Grupo Marista Eduardo Correa Vivian Lemos CONTEÚDO

relevância.

Na editoria “Filhos da PUC” trazemos a emocionante história de André

Mendes, egresso do curso de Engenharia de Controle e Automação, que conseguiu superar grandes adversidades e que hoje se destaca internacionalmente com a publicação de artigos e pesquisas. É por causa de histórias como esta que temos cada vez mais orgulho de partilhar da Missão Marista e educar jovens para uma vida comprometida com a melhoria não somente de suas vidas, mas de toda a sociedade.

Boa leitura a todos! Waldemiro Gremski Reitor

Coordenação Iraisi Gehring Edição Andrea Ferraz MTB 94394/025/RS Projeto Gráfico Brainbox Diagramação Roberta Perozza Revisão Marcella Rasera ANUNCIE Tailor Media Content & Media Projects (41) 3153-1919 www.tailormedia.com.br Impressão Serzegraf 15 mil exemplares Contato Rua Imaculada Conceição, 1155 – 2º andar Prado Velho – Curitiba – Paraná CEP: 83215-901 Fone: (41) 3271-1515 www.pucpr.br/vidauniversitaria conteudo@grupomarista.org.br


/NootzOficial


NESTA EDIÇÃO 20 Capa _

De que forma as redes sociais colaboram para incentivar o fenômeno crescente da superexposição?

08

Filhos da PUC _

12

Mercado de Trabalho _

14

Nanoatitudes _

Egresso conquista espaço em

Meio artístico possui amplo

O que é Empreendedorismo

pesquisas internacionais.

campo de possibilidades para

Social e qual seu impacto

quem quer trabalhar na área

positivo na sociedade?


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32

34

Estudante de Gastronomia mostra

Os principais pontos da palestra do

Casal fala sobre as peculiaridades de

seu cotidiano na equipe de um

teólogo Leonardo Boff na PUCPR

adotar a prática do anywhere worker

38

44

48

Conheça os produtos

Pesquisa ousada desenvolvida

A história de quase quatro

criativos desenvolvidos na

na PUCPR testa uso das

décadas do primeiro Bloco

incubadora Hot Milk

células-tronco na recuperação

Acadêmico da PUCPR

Diário de Bordo _

Ao Infinito e Além _

Mundo Afora _

restaurante em Curitiba

Vírgula _

Search Lab _ de movimentos

Raízes _


FILHOS DA PUC

08

POR DANIELA LICHT

Sem fronteiras

Egresso da PUCPR supera adversidades e participa de pesquisas internacionais

André Mendes da Silva acaba de receber o

ProUni e a posterior escolha pela PUCPR.

diploma de Engenharia de Controle e Au-

Na sua decisão, pesaram o curso e a tradi-

tomação. Durante o curso, fez estágio em

ção da Universidade, além da possibilidade

uma multinacional japonesa, foi bolsista na

de seguir conciliando estudos com trabalho.

Universidade da Califórnia (EUA), onde tra-

Conheça um pouco mais sobre o aluno na

balhou numa empresa de mísseis e, por úl-

entrevista a seguir:

timo, retornou do Canadá, onde participou de uma pesquisa que combina inteligência

Fazendo uma retrospectiva, quais os

artificial e análise de imagens.

principais fatos que vêm à sua memória? Lembro que em 2009 mudei para Curitiba

Isso já seria história o bastante no currícu-

sozinho, sem emprego nem casa fixa e ape-

lo de um jovem de 24 anos. Mas, no caso de

nas R$ 1 mil. Morei com um amigo, depois

André, o que torna sua trajetória ainda mais

na Casa do Estudante Luterano Universi-

incrível é a sua força de vontade. Nascido no

tário (CELU). Meu gasto diário era de R$ 3,

interior do Paraná, em uma família de pou-

usados para comprar dois miojos e um pa-

cos recursos, a vida nem sempre foi fácil.

cote de bolacha. Apesar das adversidades, o curso sempre foi minha prioridade. Minhas

A jornada diária envolvia o trabalho como

notas ficavam entre as melhores da turma,

aprendiz e os incessantes estudos. Seu

mesmo que isso significasse dormir apenas

empenho foi recompensado. Com a nota

três horas por dia.

obtida no Enem, André fez a inscrição no

SAIBA

+

Sobre o programa: www.mitacs.ca/en/ programs/globalink


09

Š LA PHOTO

Participar do programa ampliou os horizontes na vida profissional de AndrĂŠ.


Fale um pouco sobre o começo das suas experiências internacionais. Sabia que o conteúdo dentro de sala precisaria ser complementado. Por isso, sempre procurei atividades ex-

10

tras. Completei duas pesquisas pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), fiz estágio em uma multinacional japonesa e aí vi que precisava de uma experiência fora do país. Com uma bolsa do programa Ciência sem Fronteiras, estudei na Universidade da Califórnia (EUA), onde passei quase um ano em uma

como foi? Retornei ao Brasil para finalizar o quarto ano, mas sempre em busca de novas oportunidades. Foi assim que encontrei o programa canadense Mitacs Globalink, que concede bolsas de estu© ARQUIVO PESSOAL

do a alunos do último ano que desejam fazer pesquisa no Canadá. Participei de um projeto que combina inteligência artificial e análise de imagens. Criamos um método para analisar imagens subaquáticas tiradas em expedições pela costa canadense, para detectar e identificar animais. Esses dados ajudam biólogos a fazer relatórios sobre a fauna da região. Como você avalia a bagagem adquirida com essas vivências? Aprendi muito sobre a cultura canadense e americana. Profissionalmente, foi uma confirmação de que os estudantes brasileiros são tão bons quanto os de outros países. Essas oportuAcima, troca de informações e conhecimento foram marcantes no período no Canadá. Abaixo, André e colegas de projeto.

nidades já me abriram muitas portas e serão um grande diferencial na minha vida.

“Os estudantes brasileiros são tão bons quanto os de outros países.”

E a participação no projeto no Canadá,

André Mendes da Silva

empresa de mísseis.


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MERCADO 12 DE TRABALHO POR DANIELA LICHT

Polivalência: a receita para viver da arte Mundo artístico oferece opções de trabalho para todos os perfis de profissionais Diferente do que muitos acreditam, o

Disciplina também garante bastante trabalho

sucesso no meio artístico não está atrelado

nos diversos nichos que se abrem na carrei-

exclusivamente a papéis de destaque em

ra”, recomenda Silvia, que optou profissional-

alguma novela ou minissérie. Ao contrário,

mente pelo Teatro em meados dos anos 1980.

a arte abre um campo de trabalho com inúmeras possibilidades, basta capacidade

No Paraná, onde a produção audiovisual

de realização e empenho profissional.

não é o carro-chefe, buscar alternativas de trabalho é a melhor pedida. Fazer parte de

É o que pensa a coordenadora do curso de

uma companhia teatral ou criar uma em-

Teatro da PUCPR, Sílvia Monteiro. “Envolvi-

presa de teatro estão entre as opções. “O

mento e proximidade com a classe artística

setor corporativo é um nicho de mercado

são essenciais para ter sucesso na profissão.

em alta para grupos e companhias. Nele, os

“O setor corporativo é um nicho de mercado em alta para grupos e companhias.” Sílvia Monteiro


© DIVULGAÇÃO

13

Para Sílvia, viver da arte é impossível sem dois ingredientes: coragem e amor.

espetáculos acontecem em eventos de confraternização ou as peças integram ações de treinamento profissional”, explica Sílvia. A área acadêmica também pode ser um bom alvo, uma vez que o Brasil possui um grande número de cursos de Graduação e Pós-Graduação em Artes Cênicas. Independente da área, boa formação é fundamental. “O aluno de Bacharelado em Teatro desenvolve competências e aprende técnicas usadas na criação, direção, montagem e interpretação de espetáculos”, diz Silvia. Dessa forma, está preparado para atuar, escrever, dublar, dirigir peças, trabalhar com cenografia, figurino e produção. “Duas coisas são essenciais: coragem e amor. Essa é uma profissão que não se exerce sem esses dois ingredientes”, finaliza.

Cruz coloca conhecimento em prática no Teatro Barracão EnCena.

NOVAS LEITURAS DA PROFISSÃO Aos seis anos de idade, João Mauro Cruz já tinha certeza que seu futuro seria no palco. Assim, a escolha do curso de Teatro como graduação soou perfeitamente natural. “A Universidade me ofereceu uma gama de possibilidades, estruturas e novas leituras da profissão”, diz o estudante do último período de Teatro da PUCPR, que leciona no Teatro Barracão EnCena. “A abrangência desse mercado de trabalho mostra que ele não vive só de excessos e exibicionismo, mas demanda artistas polivalentes, que consigam trabalhar em diversas funções”, conclui.


NANO ATITUDES

14

POR DANIELA LICHT

Multiplicadores do bem O poder transformador dos empreendedores sociais

Coletividade acima de tudo. O pensamento além dos interesses individuais é uma das características dos empreendedores sociais. São pessoas preocupadas com o bem-estar do outro e da sociedade, sempre dispostas a colaborar. Agem com pragmatismo, visão de futuro, compromisso e mostram que basta o primeiro passo para realizar transformações

“Estas ações mostram a real preocupação com a humanidade e com a manutenção da vida no planeta.”

Mari Regina Anastacio

© DIVULGAÇÃO

sociais profundas.


15 Mari Regina Anastacio: “Empreendedor social tem forte compromisso com o grupo e sensibilidade solidĂĄriaâ€?.


O termo criado por Bill Drayton, fundador

Institucional da PUCPR, professora Mari

e CEO da Ashoka (organização mundial pio-

Regina Anastacio.

16

neira no campo da inovação social, presente em mais de 60 países), fala de atividades so-

Essas iniciativas empreendedoras repre-

cioambientais inovadoras que podem ocor-

sentam uma enorme fonte de esperança no

rer tanto no setor privado, quanto no tercei-

futuro. “Com o planeta ameaçado por desa-

ro setor ou em organizações híbridas.

fios sociais, políticos, econômicos, culturais e ambientais, essas ações são uma luz de espe-

“O empreendedor social é um indivíduo com

rança para a sobrevivência futura da humani-

forte compromisso coletivo e sensibilidade

dade”, completa Mari, que também é coorde-

solidária, que busca soluções criativas para

nadora do projeto de extensão em Empreen-

problemas sociais e ambientais”, explica a

dedorismo Social da Universidade.

SAIBA

+

Conheça o projeto de Empreendedorismo Social da PUCPR no site www.pucpr.br/ projetocomunitario/ empreendedorismosocial.php

coordenadora da Diretoria de Identidade

O que é o projeto de

Empreendedorismo Social? O projeto Empreendedorismo Social da PUCPR incentiva a percepção dos participantes quanto ao seu papel como protagonistas do desenvolvimento, por meio de projetos que impactem positivamente no mundo. Vencedor do Prêmio Ozires Silva na categoria Empreendedorismo Social, o projeto busca a certificação internacional em Educação para o Empreendedorismo Social junto à Ashoka University. “Com a certificação, fortaleceremos nosso compromisso institucional e trataremos o tema de forma transversal em nossas propostas educativas”, comenta Mari. Destinado a alunos e ex-alunos de Graduação e Pós-Gradua2015 a 2016), carga horária de 340 horas e será ministrado presencialmente no Campus Curitiba da PUCPR. Informações: (41) 3271-2059 e (41) 3271-1430 .

© SHUTTERSTOCK

ção da PUCPR, o projeto tem duração de um ano (de março de


Trilhas Incubadora Social

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Você sabe o que é um Empreendimento Econômico Solidário? Os Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) estão organizados sob forma de grupos informais, associações, cooperativas, empresas autogestionárias ou clubes de trocas, e estão presentes nos setores primário, secundário e terciário da economia (agricultura, indústria e serviço). A diferença entre um EES e uma empresa tradicional, como conhecemos, é a prática da autogestão, o exercício da democracia e o trabalho coletivo, colaborativo e solidário. Seguindo essa proposta, a Rede Marista de Solidariedade lançou em maio de 2014 a Trilhas Incubadora Marista, projeto focado no desenvolvimento e acompanhamento de grupos de Economia Solidária. O lançamento aconteceu durante a Feira de Economia Solidária, realizada no Câmpus da PUCPR, em Curitiba. Conheça os detalhes do trabalho da Trilhas Incubadora Social em pucpr.br/vidauniversitaria.

Alunos e comunidade de Almirante Tamandaré verificam painel construído após visita.

© DIVULGAÇÃO

Oficina de fuxico feita com mulheres de comunidades carentes.


Para a OpusMúltipla, o ano será de grandes desafios e oportunidades. Ganha quem investir em propaganda para reforçar a imagem de marca e nas ações promocionais que geram receita a curto prazo.

2015 NA VISÃO DOS ESPECIALISTAS

Já para a Brainbox, 2015 será uma caixinha de supresas. Boas, se essa caixinha for uma embalagem em sintonia com o branding estratégico, acompanhado de uma bela experiência no ponto de venda.

Com empresas independentes, mas que trabalham de forma integrada, o Grupo OM consegue aliar as diversas disciplinas da comunicação com o pensamento estratégico único. Tudo para garantir sinergia e unidade em todas as ações. Conte sempre com a gente.



SUPEREXPOSIÇÃO POR DANIELA LICHT

Personagens de si mesmos

Parafernália tecnológica garante a exposição das pessoas na rede e as selfies viram fato corriqueiro e um artifício para a vida Estamos imersos na cultura do excesso e do

Mais de 200 anos depois, as câmeras digitais, os

consumo e a exposição sem limites de nós

celulares com suas câmeras frontais e o poder

mesmos reflete esse modo de vida. No século

multiplicador das redes sociais detonaram essa

XIX, as primeiras fotografias de pessoas e

ideia. Deram lugar às selfies, registros de vida,

lugares eram guardadas como documentos

na maioria das vezes fugazes e banais.

para toda a eternidade. O cardápio é variado: selfies na academia, no hospital, no velório, no trabalho, no show, no cinema, no carro, com rosto feliz, com rosto triste, com celebridades, viajando, no espelho, com roupa, sem roupa, no banheiro, em pé,

E: IA QU

sentado e até mesmo as belfies. Belfies? Isso

VO

B o CÊ SA , feita com

mesmo. Assim são nominadas as selfies tiradas

o, elfie spelh eira s e m i m r eu Ap imer t e 914 e d 1 e uso d tada princesa da , é da a a laevn oria d o t k u i a ia N de II astas n A olau c a i i s N s r a Rú do cz filha

?

do traseiro. Para dar uma ajudinha, surgiu até o pau de selfie, objeto de desejo do verão. O fenômeno revela uma mudança comportamental, alicerçada na rapidez da internet e na frivolidade de suas relações. Para entender um pouco mais sobre o assunto, a Vida Universitária ouviu especialistas e seus diferentes pontos de vista a respeito do tema.

20


21

© SHUTTERSTOCK

Nem sempre o que vemos é a realidade. Estas pessoas são mesmo felizes ou é essa a imagem que querem transmitir nas redes sociais?


Ao expor na rede sua vida, família, parceiros e

BUSCA PELO PRAZER

locais que frequenta, o indivíduo não calcula

A exposição não é para si mesmo, mas

os riscos. O que ocorre é a transferência

para os outros. Em resumo, é assim que

do reconhecimento desejado na vida “real”

o coordenador do curso de Psicologia da

para o “virtual”. Mas afinal, os seus amigos

PUCPR, Naim Akel Filho, vê esse contexto.

são amigos mesmo ou apenas curtidores?

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“Ao mesmo tempo, acontece o fenômeno da habituação e, a seguir, da compulsão.

“Os outros nos enxergam baseados nas

Estamos falando de um comportamento

informações disponibilizadas na rede”,

repetido e gerador de satisfação ou prazer”,

fala Akel. Nesse ambiente, qualquer um

explica. E o ato de se expor nas redes sociais

pode ser o que quiser, sem problemas ou

pode se tornar um vício.

defeitos. As fantasias são liberadas.

“Na rede, todos podem esconder seus defeitos e viver os personagens que quiserem.”

Naim Akel Filho

A fuga de uma realidade dolorosa pode levar ao refúgio em um universo onde os “avatares” são belos. Esses personagens são nossa imagem e semelhança, mas muitas vezes não refletem a realidade. “Quando esses mecanismos de fuga se tornam prevalentes e descontrolados,

E: A QU

BI Ê SA

da osta p e C VO imeira selfi ra uma te A pr irada erne t t n o i c na fo line m e n s foto um fórum o em

?

podem caracterizar um quadro patológico. Perda de identidade, do controle sobre os impulsos e da motivação tornam essas pessoas mais vulneráveis à influência do outro. Ou seja, o que se justificava como ‘busca de prazer’ se efetiva como fator de angústia ou depressão”, conclui Akel.

SAIBA

+

Que tal dar uma espiada nas selfies que marcaram as redes sociais? Veja a galeria em www.pucpr.br/ vidauniversitaria


23 PROTAGONISMO DO INTERNAUTA É fato que a tecnologia e a comunicação influenciam

o

comportamento

social.

Estudiosos têm investigado os impactos da internet na vida dos cidadãos e percebem que a revolução virtual trouxe mudanças no ambiente de trabalho e nas ações diárias, ao votar, dirigir, pegar ônibus, estudar e protestar. “O internauta passou a ser responsável pela informação, o que constitui uma das mais evidentes modificações nos processos de comunicação”, diz o professor de Licenciatura em Ciências Sociais, Cauê Krüger. Estudos mostram que as redes sociais podem apagar fronteiras entre o público e o privado, já que imagens e vídeos pessoais que “caem” na rede são viralizados rapidamente. “Em um mundo cheio de celebridades, blogs, fotoblogs e reality shows, a produção e a circulação tanto de imagens quanto dos demais ‘efeitos de si’ não são desimportantes e os fenômenos olhos”, comenta Krüger.

Superexposição na internet: limite tênue entre o público e o privado.

© SHUTTERSTOCK

percebidos nas redes sociais saltam aos


© SHUTTERSTOCK

24

incentivar o isolamento social ou a diminuição

SUPEREXPOSIÇÃO X DIREITO À PRIVACIDADE

da leitura em fontes “clássicas” de informação,

Para postar nas redes sociais bastam alguns

como os jornais ou livros. No entanto, há uma

segundos. Não há nem tempo de pensar se

contrapartida positiva da rede. “A ampliação

essa ação terá consequências. Na visão do

da produção de informação implica em maior

professor de Mestrado e Doutorado em Di-

diversidade, o que gera critérios de seleção

reito da PUCPR, Francisco Carlos Duarte,

mais libertários e plurais”, explica o professor.

poucos entendem as diferenças do compor-

E também favorece a interação, a formação

tamento dentro e fora do ambiente virtual.

Atualmente, critica-se o mundo virtual por

Celular em punho e mãos para o alto: está montado o cenário perfeito para mais uma selfie.

de redes e a realização de ações comuns.

“Estamos mais egocêntricos e narcisistas e encontramos nas redes sociais o canal perfeito para exercitar essas características.” Pollyanna Mantovanello


25

EM BUSCA DO EQUILÍBRIO “Todo mundo quer amar e ser amado”. Assim Pollyanna Mantovanello, professora de Marketing, Publicidade e Propaganda, define a necessidade humana de se expor. E nas

“Realizamos nas redes sociais uma construção do eu na vida virtual.”

Cauê Krüger

redes sociais é possível exibir versões melhoradas de nós mesmos. “Editamos nosso Para ele, é necessário controlar de que

conteúdo, postamos nossos melhores mo-

forma as informações compartilhadas serão

mentos, as fotos mais bonitas, os sorrisos

usadas por terceiros. É aí que entram os

mais felizes e as viagens mais interessantes”,

aspectos legais. “Quem se sente ofendido

completa.

deve guardar as evidências para comprovar o crime, lembrando que na internet as

Tudo se torna um post em potencial. Da

provas podem desaparecer de uma hora

xícara do café da manhã à corrida no final

para a outra”, diz Duarte. O conteúdo pode

da tarde. Da cama em virtude de uma gri-

ser retirado após uma decisão judicial,

pe à balada do final de semana. “As pessoas

amparada por um processo legal.

perdem a medida do que é digno de ser exposto ou celebrado e daquilo que não pas-

O professor aponta que o limite tênue entre

sa de acontecimento corriqueiro do dia a

público e privado é ainda mais imperceptível

dia”, diz Pollyanna. E uma narrativa sem fim

nas redes sociais. “Sabemos que no mundo

é construída, alimentada por um círculo vi-

virtual há alguém observando os atos, mas

cioso: quanto mais se posta, mais atenção

não quem são exatamente esses indivíduos.

se recebe. Quanto mais se recebe, mais se

Por isso, frequentemente perdemos a noção

deseja.

da real dimensão e alcance que pode ter algo que compartilhamos online”, fala. A vida privada é matéria do artigo 21 do Código Civil e do artigo 5º da Constituição Federal. Nesses textos há a manifestação da importância do indivíduo e o respeito em manter os limites.

VOCÊ SA

BIA QU Em 20 E: 13, a p alavra foi inc selfie luída n o dicio nário Oxford c o m o “pala a vra do

?

ano”


As redes sociais tornaram mais evidente

Um fator positivo exaltado por Pollyanna é a

uma característica bastante controversa: a

ampliação da liberdade de expressão. Assim

vaidade. “Estamos mais egocêntricos e nar-

como o potencial de cooperação entre as

cisistas e encontramos nas redes sociais o

pessoas, que sem a ajuda das redes sociais,

canal perfeito para exercitar essas carac-

talvez nunca viessem a se encontrar. “Se a

terísticas”, diz a professora. As consequên-

internet encurtou as distâncias, as redes

cias já são claras na sociedade. Como, por

sociais viabilizaram a criação de rodas de

exemplo, bebês que têm sua primeira apa-

amigos sem fronteiras de espaço e tempo,

rição na internet menos de uma hora de-

em que todos podem trocar ideias e até

pois de nascer e jovens vítimas de “revenge

mesmo viabilizar projetos juntos. Cabe a

porn”, com fotos e vídeos íntimos expostos,

nós, usuários, encontrarmos o equilíbrio

visualizados e compartilhados por milhões.

saudável da utilização das redes, esse sim,

26

muito pessoal e particular”, finaliza.

VOCÊ SA

BIA Q

UE: ervalo d e j unho a outu bro de 2 014, 58 m

No int

ilh de selfiões es foram

?

postad as nas redes s ociais

© SHUTTERSTOCK

Redes sociais encurtaram distâncias e aumentaram o entrosamento entre seus usuários.



DIÁRIO DE BORDO

28

© LEANDRO TAQUES

POR ADRIANA MUGNAINI

Prato cheio

As aventuras (e desventuras) de uma estudante de Gastronomia

A paixão pela gastronomia começou quando

Da rotina dura, que inicia às 5h50, Emily de-

Emily Perinazzo era ainda uma garota. Atrás

gusta cada momento e aproveita para apren-

do balcão da lanchonete dos avós, em Santo

der ainda mais. Pontualmente às 7h, ela se

Ângelo (RS), ela ajudava a preparar sanduí-

junta à equipe do restaurante para tomar

ches e mexer panelas de carreteiro.

o café da manhã. Depois, não pára mais. O preparo dos alimentos requer técnica mui-

E o interesse pelo universo da comida conti-

to apurada, planejamento e estratégia. Por

nua a mobilizar a vida de Emily. Aos 20 anos,

sorte, namora o chefe de cozinha do Pasteur.

a garota divide seu tempo entre os estudos,

Pois não sobra quase tempo fora dali.

no curso Técnico de Gastronomia da PUCPR, e o trabalho no restaurante Pasteur Grill, de

Conheça um pouco dos bastidores da cozi-

Curitiba.

nha desse restaurante e descubra porque a gastronomia não se resume apenas a um estonteante desfile de pratos extraordinários.


29

CEASA

Emily verifica qual será o cardápio do dia e começa o prépreparo até a chegada do caminhão do “seu Waldemar”, com os hortifrútis da Ceasa. Waldemar acorda todos os dias às 2h da madrugada para selecionar os produtos encomendados pelo restaurante. São cerca de dez caixas com legumes e verduras colhidos no próprio dia, como brócolis, berinjela, repolho e diversas folhas. Os funcionários do restaurante recebem as caixas e iniciam a higienização e o preparo dos ingredientes.

HIGIENIZAÇÃO As regras de higiene são estritas e devem ser cumpridas rigorosamente. Cada funcionário é obrigado a usar uniforme branco, específico para o trato com alimentos, complementado por bota de segurança, avental e touca. Os produtos são refrigerados separadamente e as tábuas e facas lavadas imediatamente após o corte dos alimentos. Os legumes são mergulhados em um banho de água com hipoclorito. “Lavamos e depois deixamos cerca de cinco minutos nessa água especial, para então levarmos à cocção”, diz Emily.

PRÉ-PREPARO Uma equipe de seis pessoas é responsável pelas 12 saladas servidas diariamente no restaurante. Emily coordena o trabalho, mas também coloca a mão na massa. Nessa etapa, todos cortam, picam, cozinham e deixam os legumes e verduras prontos para a montagem dos pratos. Por cerca de duas horas, a movimentação de todos é alucinante sobre as bancadas. “Além de cozinhar, tem que limpar o chão, banheiros, lavar a louça e atender os clientes. É uma lição de humildade”, fala Emily sobre a vivência da profissão.


MONTAGEM

30

Algumas saladas mais elaboradas pedem antecedência no preparo. Nessa fase, Emily começa a montar os pratos e finalizar a higienização de alguns itens, como as folhas verdes, que são lavadas por último. “É muito importante ter cuidado com a aparência dos pratos, pois as pessoas comem com os olhos”, afirma Emily. Além das atribuições na cozinha, ela também é encarregada de ensinar e treinar os funcionários recém-chegados. “A rotatividade é muito alta na nossa área”, diz.

FOTOS LEANDRO TAQUES

PRATO PRONTO Saladas montadas e pratos refrigerados, aguardando o momento de ir para o salão. Nessa hora, um último olhar atento checa se está tudo organizado. A equipe se reúne novamente, agora para almoçar. São 10h e, em seguida, começam a atuar no salão. Passam pelo restaurante cerca de 500 pessoas por dia, de segunda a sábado.

O SALÃO Finalizadas as atividades na cozinha, Emily e equipe trocam o uniforme branco pelo marrom, que caracteriza os funcionários que atuam no salão com os clientes. Ali ela assume diferentes funções: pesa os pratos na balança, serve bebidas e limpa as mesas. Com o término do almoço, Emily ajuda na limpeza do local e às 16h está liberada, após nove horas quase ininterruptas de trabalho. Ela e o namorado partem então para o último turno, as aulas.


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AO INFINITO E ALÉM

32

POR DANIELA LICHT

Outras fomes, além do pão Expoente da Teologia da Libertação, Leonardo Boff fala sobre a precariedade de valores na nossa cultura materialista

Quais os caminhos para atingir a espirituali-

Leonardo Boff falou a professores da PUCPR

dade em um mundo cada vez mais intransi-

sobre Educação, Diálogo e Espiritualidade

gente e egoísta?

no PUC Identidade, evento realizado no final

O grave de nossa cultura reside em termos

de fevereiro no TUCA. Confira abaixo breves

perdido a capacidade de sentir o outro, de

pinceladas de Boff sobre o tema abordado

nos comover diante de seu sofrimento e, fi-

em sua passagem pela Universidade:

nalmente, não sabermos mais chorar. Sabe-

Boff: uma vida dedicada à defesa da causa dos Direitos Humanos.

© DIVULGAÇÃO

A convite do Instituto Ciência e Fé, o teólogo


33

mos que somos fundamentalmente seres de

ra, estamos removendo essas cinzas e nos

afeto, paixão e coração. Nossa cultura infla-

tornamos mais espirituais. Hoje, importa

cionou a razão intelectual e analítica e repri-

liberar esse “ponto Deus” para que salvemos

miu a inteligência emocional e cordial. Com

nossa vida e o futuro de nosso planeta, ame-

isso, sofremos uma espécie de lobotomia e

açado pela excessiva devastação praticada

ficamos incapazes de sentir em profundida-

pelo nosso modo de habitar a Terra.

de. Estamos cansados de racionalizações, consumo de bens materiais e processos de

Qual a relação primordial entre diálogo,

secularização. O ser humano não tem fome

educação e espiritualidade?

só de pão. Tem outras fomes como a de amar

Não há diálogo sem uma abertura cordial de

e ser amado, de captar um sentido radical

uns com os outros. Quem não se comunica,

da vida. Viver valores como a gratuidade,

se empobrece e se faz surdo aos chamados

a solidariedade, o amor incondicional e a

de sua natureza, que o leva à captação da-

compaixão mostram o nosso lado espiritual,

quilo que o outro nos tem a dizer. Para isso,

nosso capital, não material, mas humano e

não basta apenas a informação, mas espe-

espiritual. Por aí se deixa entender a espi-

cialmente a formação de nosso ser, que se

ritualidade, tão urgente hoje para conferir

dá conta de que nunca vive simplesmente,

um rosto humano à convivência no meio de

mas que sempre convive e coexiste junto

tantas diferenças. Chamo de “ponto Deus”

com outros. Precisamos de informação, ali-

nossa capacidade de captar a presença ine-

mentar a consciência de nossa realidade e

“Nossa cultura inflacionou a razão intelectual e analítica e reprimiu nossa inteligência emocional e cordial.” Leonardo Boff

SAIBA

+

Reinvenção da educação, papel do diálogo e Teologia da Libertação. Saiba o que pensa Boff em www.pucpr. br/vidauniversitaria e youtube.com/canalpucpr

fável de Deus, manifestada pelo amor, soli-

de nossa responsabilidade face ao futuro

dariedade, compaixão e perdão, valores que

da vida e de nossa civilização. Construímos

mostram o melhor de nós mesmos. Ocorre

uma máquina de morte que pode destruir a

que nossa cultura materialista e consumista

todos. Como nunca antes, devemos ser res-

cobriu este “ponto Deus” com pesadas cin-

ponsáveis pelo nosso destino neste planeta

zas. Então, sempre que mostramos amor, so-

e também pela nossa própria sobrevivência

lidariedade, reverência, cuidado com a Ter-

como espécie.


MUNDO AFORA

34

POR ADRIANA MUGNAINI

A rotina de viver sem rotina Conceito anywhere worker mostra um novo formato de trabalho mais flexível, mas que exige organização

Mais de 1,19 bilhão de pessoas no mundo

O casal Adriano Dias e Glau Gasparetto , no

inteiro trabalham remotamente. Esse dado foi

entanto, extrapolou esse conceito e pratica

divulgado pelo site Customer Contact Strate-

uma rotina de anywhere worker, ou seja, tra-

gies, em junho de 2014. Um número cada vez

balham onde estiverem. Muitas vezes, em

maior de empresas estimula o trabalho fora

diferentes países. No ano passado Adriano

de seu ambiente corporativo e em horários

e Glau passaram mais de cinco meses fora do

flexíveis. E um número igualmente crescente

Brasil, visitando e trabalhando em dez países.

de mulheres e homens prefere abrir mão da rotina engessada para se estabelecer em um

A mudança na rotina iniciou após deixarem

home office e administrar o seu próprio dia

seus empregos formais, ela como jornalista,

a dia de trabalho.

ele como consultor de tecnologia. O ama-

“A vida wireless significa que o trabalho é prioridade.” Glau Gasparetto

Glau e Adriano e a selfie na Capadócia.


35 Tecnologia em ação em Pasabag, na Capadócia (Turquia).

durecimento da ideia resultou na criação da infoMedia digital, empresa especializada em produtos e conteúdos digitais, e na saída para explorar o mundo. A realidade do casal é mais “pé no chão” do que muitos imaginam e exige muita organização e disciplina. “Apesar de conciliarmos lazer com trabalho é prioridade”, diz Glau, destacando que, em 50% do tempo, estão desenvolvendo projetos para os clientes.

© DIVULGAÇÃO

a profissão, a vida wireless significa que o

Glau atualiza demandas direto de um restaurante no Vietnã.

Trabalho nas alturas: Glau em um voo para Addis Ababa (Etiópia).


Essa rotina nada convencional assustou um

Quem curte esse estilo de vida pode encontrar

pouco no começo. “Achava que as pessoas

no site Remote Year (www.remoteyear.com)

iam ver as minhas fotos e pensar que eu não

o pontapé inicial. Lá, serão recrutadas 100

estava trabalhando”, lembra. “Mas o aparato

pessoas para trabalhar em 18 locais durante

tecnológico que nos cerca permite a interação

um ano. A proposta é incentivar o trabalho

em qualquer lugar e a qualquer hora”, destaca.

remoto, com a formação do primeiro grupo

36

até junho deste ano.

Entre dois países A publicitária Marilda Précoma divide seu mês em dois. Dois tempos, dois países, dois endereços, duas rotinas. Ela construiu uma ponte entre Orlando, na Flórida, e Curitiba, onde funciona a sua agência de propaganda. São 18 dias por mês nos Estados Unidos e dez no Brasil. Marilda mudou a rotina profissional motivada a acompanhar o marido, contratado para trabalhar naquele país.

Segundo ela, o mais difícil foi se acostumar ao novo dia a dia. “Nunca havia trabalhado home office e isso exige uma disciplina enorme. Interagir somente por telefone e online foi difícil também, mas hoje estou adaptada”, diz. As mudanças foram imensas: administrar duas casas, passar um tempo em cada país, adaptação a uma nova cultura e modificar a percepção sobre o próprio negócio.

“Minha equipe assumiu mais responsabilidades, trabalha agora de forma independente e eu aprendi a delegar mais”, conta Marilda, que aproveitou a experiência para aprender novas lições e repassar ao time que ficou no Brasil. “Tenho muitos anos de profissão e bateu um medo de envelhecer e começar a repetir as coisas. Minha profissão exige aprender mais, então aceitei o desafio”, diz.

“Nunca havia trabalhado home office e isso exige uma disciplina enorme.” Marilda Précoma

SAIBA

+

Acompanhe a rotina do casal nos sites Vida Wireless (vidawireless.com.br), Escritório do Dia (escritoriododia.com.br), Travel Sweet Travel (travelsweettravel.com.br) e, especialmente, no Instagram (@adrianodias e @glaugasparetto).



VÍRGULA

38

POR ANA MARIA FERRARINI

Mentes que brilham

Estudantes criam aplicativos e produtos de olho no mercado da tecnologia

Ciente desse panorama, a PUCPR incentiva

aumenta expressivamente e abre espaço a

os alunos a elaborar soluções criativas den-

novas ferramentas eletrônicas funcionais. A

tro do próprio ambiente acadêmico, para

ideia é facilitar a vida em áreas como finan-

abrir futuramente seu próprio negócio e atu-

ças, localização, educação, saúde, entrete-

ar como player no mercado. É nesse cenário

nimento e gastronomia. Os aplicativos são

de startups que figura a Hot Milk, incubadora

decisivos para usuários e empresas, pois

que tem entre seus projetos os aplicativos

oferecem soluções robustas e capazes de

Acesso Fácil, Crowdsourcing, Eternal, Hotel

gerenciar milhares de dados.

Já Negócios Digital e Care On.

© FOTOS SHUTTERSTOCK

O uso de aplicativos em dispositivos móveis

Uso dos dispositivos móveis aumenta demanda por ferramentas eletrônicas funcionais.


Aplicativos para todos os gostos ACESSO FÁCIL CROWDSOURCING Esse aplicativo é uma ferramenta web e mo-

res acessíveis. Foi desenvolvido pelos estu-

bile que qualifica a acessibilidade de estabe-

dantes Gustavo Henrique Mendes Matias e

lecimentos por comunidades de portadores

Amanda Sampaio Rodrigues. A colaboração

de necessidades especiais, segundo suas

online gerou um produto útil e muito impor-

demandas. Tem sido considerada uma das

tante para quem precisa de acessibilidade.

melhores ferramentas para encontrar luga-

ETERNAL A Eternal é uma startup focada no mercado de casamentos. No aplicativo, desenvolvido pelo estudante Rafael Pasquini, os participantes da festa podem interagir, tirar e compartilhar fotos. Além disso, disponibiliza informações como o local da cerimônia, traje adequado, lista de presentes e data do © DIVULGAÇÃO

39

casamento.


HOTEL JÁ O Hotel Já Negócios Digital, criado pelo estudante Tiago Oliveira, utiliza o conceito marketplace online de last minute reservation

40

de hotéis. Ele encontra as melhores margens de preço de acordo com a disponibilidade da

FOTOS DIVULGAÇÃO

rede hoteleira do local pesquisado.

© SHUTTERSTOCK

Simplificadores: com funções variadas, aplicativos e produtos facilitam o cotidiano de seus usuários.


41

+ tem mais!

Tecnologias de vestir O ambiente inovador da Hot Milk concentra as startups CareOn e Vitallis, que integram a categoria wearable technology, ou seja, tecnologias de vestir

VITALLIS

CareOn

A Vitallis é um wearable

O par de dispositivos criado pela CareOn

veterinário para conectar

para ser usado por pais e filhos informa

remotamente animais de grande

localização, condições físicas e outros

porte e pets com veterinários

dados em tempo real, conectando famílias

e donos. Identifica pressão

sem a necessidade de smartphones.

arterial, condições cardíacas e

A função é evitar esquecimentos em

temperatura corporal, emitindo

carros, perdas momentâneas em locais

alertas e permitindo diagnósticos

públicos e até mesmo sequestros. O

de animais em tempo real. A

projeto da CareOn é assinado pelos

tecnologia foi desenvolvida

estudantes Matheus Tomio, Giovanni

por Rolando Jacyr Kurscheidt

Souza Malinoski, Lucas Bonafé, Tuanny

Netto, Pedro Vicente Michelotto

Bonafé e Christian Isenberg.

Junior, Fernanda Cristina Mendes, Fernanda Zettel

© DIVULGAÇÃO

Bastos Barussi e Tiago Paluch.


42 Agilidade e conforto: premissas básicas dos apps.

IDEIAS EM EBULIÇÃO A Hot Milk é uma comunidade formada por

“Nossa estrutura acelera e reduz o custo de

mais de 150 empreendedores espalhados

desenvolvimento de startups de base tec-

pelo Paraná e Santa Catarina. Apesar de ter

nológica e certifica a qualidade dos produ-

menos de um ano de existência, a Hot Milk

tos. Nossa rede de investidores e parcerias

é a maior aceleradora do Sul do país, com

internacionais valida o que criamos aqui e

mais de 50 startups nos programas de pré-

fomenta a internacionalização de negócios”,

-aceleração e aceleração e mais de 50 novos

diz o coordenador da Hot Milk, professor

produtos corporativos em desenvolvimento.

José Pugas.

“A PUCPR sedia a maior aceleradora de startups do Sul do país.” José Pugas


Ajude a preservar nosso planeta. Faça uma doação: maternatura.org.br


SEARCH LAB

44

POR ANA MARIA FERRARINI

Horizonte próspero

Pesquisa apresenta resultados promissores da terapia com células-tronco

O uso de células-tronco é considerado uma revolução na Medicina e a grande esperança para a cura de muitas doenças. No Paraná, pesquisas na área de biologia celular apontam resultados satisfatórios e otimistas. É o caso dos estudos desenvolvidos desde 2011 pelo Núcleo de Terapia Celular da PUCPR, conduzidos por pesquisadores dos cursos de Pós-Graduação em Ciência da Saúde e

“O caminho trilhado deverá permitir que os sonhos de tratamento se tornem realidade.” José Ademar Villanova Junior

© LA PHOTO

em Ciências Veterinárias.


45

Graças às células-tronco, cobaias como a da foto recuperaram motricidade das patas e o controle da micção.


O professor José Ademar Villanova Junior,

RESTABELECER CONEXÕES

doutor em Ciências Veterinárias, coorde-

A expectativa é que os resultados sejam

nou os experimentos em 63 ratos com le-

melhores em cães com casos agudos, que

sões medulares agudas. Dos animais sub-

receberão o transplante celular em até sete

metidos ao transplante de células-tronco,

dias após a lesão medular. Esse estudo será

60% recuperaram o controle da micção e

iniciado em abril deste ano. Ainda no pri-

em torno de 20%, parcialmente, a motrici-

meiro semestre de 2015, a equipe analisará

dade nas patas traseiras. Otimista com os

a influência das células-tronco sobre discos

resultados, a equipe de Villanova passou

intervertebrais degenerados experimental-

então a estudar os efeitos do transplante de

mente em coelhos. E, depois de julho, a in-

células-tronco em cães paraplégicos e com

fluência das células-tronco na lesão da car-

incontinência urinária. “Estamos muito ani-

tilagem articular do joelho.

46

mados com os resultados. Tivemos melhoras parciais na sensibilidade, motricidade e controle da micção”, destaca.

LUZ NO FIM DO TÚNEL

O uso de célula

possibilidades

s-tronco abre

no tratamento de lesões até entã o consideradas intratáveis e in curáveis.

© LA PHOTO

Ideia é que, no futuro, terapia ajude a restabelecer conexões e a função de membros e órgãos.

É possível cu rar lesões medu lares?


47 “A terapia com células-tronco poderá restabelecer conexões e promover o uso funcional de membros e órgãos.” José Ademar Villanova Junior

“Medicamentos como anti-inflamatórios e anti-hemorrágicos contribuem para a contenção de danos secundários, mas a terapia com células-tronco poderá restabelecer conexões e promover o uso funcional de membros e órgãos”, garante Villanova.

CÉLULAS PODEROSAS E ESPECIAIS O termo células-tronco, do inglês stemcells, refere-se a células do corpo consideradas precurso-

OTIMISMO

ras por sua capacidade de diferenciação, ou seja,

Os resultados da terapia com células-

de se transformar em células de diferentes teci-

tronco são animadores. 60% das

dos. Essas células são autorrenováveis e podem se multiplicar para substituir células doentes ou

cobaias recuperaram o controle da micção. Cerca de 20% retomaram

mortas do próprio tecido onde estão presentes.

a motricidade das patas traseiras.

Nas células-tronco, a capacidade de diferenciação e de autorrenovação é ilimitada, com um po-

CAMINHO PROMISSOR

tencial inestimável para o uso em terapias para

O ano será de muito trabalho. Em abril,

reparar ou formar novos tecidos.

começarão os estudos em cães paraplégicos e com incontinência urinária.

“Apesar das terapias com células-tronco ainda

Os coelhos também entram na pesquisa,

não serem frequentes, o caminho trilhado permi-

com a avaliação de lesões nos discos entre

tirá que os sonhos de tratamento se tornem re-

as vértebras e na cartilagem do joelho.

alidade nos próximos anos”, destaca Villanova.


RAÍZES

48 © ACERVO DO CENTRO DE MEMÓRIA DA PUCPR

POR DANIELA LICHT

Tudo pronto para dar início à construção do Centro de Teologia e Ciências Humanas.

Um pioneiro na PUCPR Bloco Amarelo completa 39 anos em 2015

As paredes sólidas do Bloco Amarelo da PUCPR

Para ocupar as dependências do novo bloco,

guardam memórias de quase quatro décadas. A

foi preciso esperar mais um ano. Até lá, Alboni

história do primeiro Bloco Universitário erguido

lecionou no prédio onde hoje está localizada

no atual Câmpus Curitiba começou a ser dese-

a Pastoral da PUCPR. “Na época, o estacio-

nhada em 1968, com a reforma universitária do

namento ainda não tinha pavimentação e o

Ministério da Educação e Cultura (MEC). Entre

tempo de Curitiba realmente não colaborava”,

as novas regras, exigiu a departamentalização

lembra. Muitas vezes, por causa da lama, era

dos locais dos cursos, que deveriam ser leciona-

preciso levar um par extra de sapatos para se-

dos em Centros.

rem trocados antes de iniciar a aula.

Até então, aulas como a do curso de Pedago-

Apesar das dificuldades, Alboni recorda des-

gia aconteciam no prédio na Rua XV de No-

te tempo com carinho. “A Universidade não

vembro, em frente ao Teatro Guaíra. “Fomos

tinha as dimensões atuais. Todos se conhe-

transferidos para o atual Câmpus em 1975,

ciam e não mediam esforços para crescer

após o início das obras do bloco”, lembra a

juntos”, diz a professora, “prata da casa”, há

professora de Pedagogia da PUCPR, Alboni

44 anos na instituição.

Marisa Pianovski Vieira.

SAIBA

+

Quer ver mais fotos da construção do Bloco Amarelo? Confira a galeria no site www.pucpr.br/ vidauniversitaria


49 O Ministro Ney Braga descerra a placa inaugural do Bloco, em março de 1976.

Muito trabalho para erguer o primeiro Bloco Acadêmico da Universidade.

Abaixo, a obra atendeu demanda do MEC quanto à departamentalização dos locais dos cursos.

História acadêmica A construção do primeiro Bloco Acadêmico da Universidade começou em 1973, mesma época em que a Arquidiocese de Curitiba transferiu a administração da Universidade aos Irmãos Maristas. Com a presença do reitor Osvaldo Arns e do ministro da Educação e Cultura Ney Braga, o Bloco Amarelo abriu as portas oficialmente em 1976. Em 2000 o prédio foi ampliado, com a construção do piso superior. Hoje, o local abriga a Escola de Educação e Humanidades. Lá, convivem diariamente alunos e professores de Ciências Sociais, Filosofia, Física, História, Letras, Matemática, Pedagogia, Química, Serviço Social e Teologia.


ON DEMAND

50

O Canal PUCPR inaugura um novo conceito de conteúdo/web/TV/arte para todos os públicos e aproxima a Vida Universitária das demandas do internauta

A medicina regenerativa fez com que optássemos por desenvolver pesquisa utilizando células-tronco.” Dr. Paulo Brofman, professor, para o programa SEARCH LAB.

Alguém falou: ‘olha o caveirão’. Eu vi que o olhar das crianças era de alegria, passou a tristeza. Lá fora tem armas de fogo e eu aqui tenho uma arma (livro) que pode reverter toda essa situação”. Otávio Júnior, mediador de leitura, para o programa CAFEÍNA.

Quando você faz algo com amor,

a pessoa sente diferente.” Levi Mynssen, músico, para o programa PLURAL.

Acesse o Canal PUCPR no YouTube e inscreva-se. www.youtube.com/ canalpucpr



inha cidade. eu shopping.

www.shoppingmueller.com.br


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