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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INTERNET
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ano VIII . edição 32 . set/out/nov 2020
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EDITORIAL Eduardo Neger
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Presidente da Abranet
NADA DO QUE FOI SERÁ QUANDO LULU SANTOS e Nelson Motta eternizaram essa frase em uma das canções mais ouvidas no Brasil nas últimas quase quatro décadas – o álbum foi lançado em 1983 –, ninguém poderia prever que uma pandemia seria um agente de tantas mudanças em 2020. Ao fazer o mundo desacelerar, a Covid-19 evidenciou ainda mais a relevância da internet para o ser humano e se tornou um marco para as empresas prestadoras de serviços de internet no Brasil. Foram meses de muito trabalho, muita força, muita resiliência para manter a rede ativa e funcionando. E os resultados se mostraram mais que positivos. Instigadas a reinventar seus negócios, as empresas de internet o fizeram com galhardia. Enfrentar a crise sanitária no ano em que a internet comercial completa 25 anos de atividade no Brasil sinalizou para todos o que muitos de nós já sabíamos: a internet é recurso indispensável na economia e na vida e não será mais a mesma no pós-pandemia. A adaptação ao novo, ao desconhecido nos dá uma certeza: a rede mundial dos computadores caminha para se tornar ubíqua, e o nosso papel será ainda mais estratégico nos próximos anos. Todas essas transformações foram debatidas na mesa-redonda virtual produzida pela Revista Abranet. Nossos convidados discorreram com talento e experiência sobre o que é e o que foi a internet no último quarto de século e o que poderá ser nos próximos 25 anos. Leitura obrigatória para todos nós! A Revista Abranet 32 traz ainda uma reportagem sobre a chegada do PIX, sistema instantâneo de pagamentos sob a coordenação
do Banco Central. O PIX é, certamente, um passo novo em direção ao que será possível a internet proporcionar a favor do consumidor. Como entidade que representa as empresas de meios de pagamentos, as fintechs, mostramos o impacto do PIX e as mudanças já provocadas pelo novo modelo, que traz muita competição e estará disponível a partir do dia 16 de novembro. O ano de 2020 tem sido intenso no Brasil e no mundo. Aqui, setembro marcou a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), depois de dois anos de espera. O governo também indicou os nomes do primeiro Conselho Diretor da Autoridade Nacional de Dados (ANPD), estratégica para garantir os melhores rumos para a proteção de dados no País. A LGPD já está valendo e é tema de reportagem nesta edição. Entenda a relevância do compliance para evitar as punições, que entram em vigor pela LGPD apenas em agosto de 2021, mas cujas falhas e omissões já mobilizam órgãos de defesa do consumidor e requerem atenção máxima. Se passado, presente e futuro se unem nos 25 anos da web comercial no Brasil, falar de avanço da tecnologia é crucial para quem faz negócio com a internet. A próxima geração do Wi-Fi, o Wi-Fi 6 e o Wi-Fi 6E, serão fundamentais para que as empresas de internet possam avançar e oferecer novos serviços aos seus clientes. Se os 25 anos passados foram agitados, os próximos prometem ainda mais revoluções. Estejamos preparados para o que está por vir! Boa leitura! abranet.org.br setembro / outubro / novembro 2020
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ÍNDICE 05 | ABRANET RESPONDE
CONSELHO EDITORIAL Eduardo Neger
Como garantir segurança e saúde à equipe. O que fazer para proteger os profissionais da minha empresa ao trabalharem próximo a redes elétricas ou em locais em altura?
neger@abranet.org.br
Eduardo Parajo
parajo@abranet.org.br
GERÊNCIA EXECUTIVA Roseli Ruiz Vazquez
06 | TENDÊNCIAS Uma revolução chamada PIX. Empresas de internet e fintechs vislumbram que o novo sistema trará oportunidades e melhorias na dinâmica de pagamentos.
gerente@abranet.org.br
12 | CAPA
AOS 25 ANOS, A INTERNET MOSTRA FORÇA E RESILIÊNCIA
PROJETO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO
Editora Convergência Digital
Os 25 anos da internet comercial no Brasil foram celebrados pela Revista Abranet com uma mesa-redonda virtual. Entre as conclusões, a de que a pandemia que fez o mundo desacelerar evidenciou ainda mais a relevância da internet para o ser humano. E uma certeza: a rede mundial dos computadores caminha para se tornar ubíqua.
editora@convergenciadigital.com.br Tel: 011-3045-3481
DIREÇÃO EDITORIAL / EDITORA-CHEFE
Ana Paula Lobo
analobo@convergenciadigital.com.br
18 | REGULAMENTAÇÃO
EDIÇÃO
Abranet defende white spaces e numeração para SCM em consultas públicas da Anatel. A Associação Brasileira de Internet tem feito importantes contribuições à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em consultas públicas, levando ao órgão regulador a voz de seus associados.
Bia Alvim
bia.alvim@pebcomunicacao.com REPORTAGEM / REDAÇÃO
Roberta Prescott
20 | GESTÃO
prescottroberta@gmail.com
A LGPD está valendo. A vigência da lei começou em 18 de setembro e, em outubro, o governo definiu os nomes que irão compor o primeiro conselho diretor da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Mas ainda falta dar condições para a ANPD funcionar.
Luis Osvaldo Grossmann
22 | TECNOLOGIA
pedro@convergenciadigital.com.br
ruivo@convergenciadigital.com.br EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO
Pedro Costa
Wi-Fi 6 é necessário para offload e expande casos de usos. A próxima geração do Wi-Fi, que chega em breve, é fundamental para que as empresas de internet que fornecem conexão sem fio possam evoluir e oferecer novos serviços ao consumidor.
IMPRESSÃO
Gráfica Pigma
26 | CONEXÃO Governo altera cronograma do eSocial e adia obrigações do Simples. Abranet adere à iniciativa multissetorial #FiqueEsperto. Ceptro.br lança projeto para orientar sobre o bom uso da internet. Concessionária Bahia Norte investe em fibra óptica. Pandemia triplica pagamentos por aproximação no Brasil. Facebook: investimentos em infraestrutura na AL. 5G pode gerar US$ 22,5 bilhões em negócios B2B até 2024. Carlos Baigorri é o novo conselheiro da Anatel. Governos devem gastar US$ 15 bilhões em equipamentos IoT em 2020. Incidentes de segurança cibernética aumentam na pandemia.
Rua MMDC, 450 cj 304 - Butantã - São Paulo / SP CEP: 05510-020 Fone: ( 11 ) 4564-7227 www.abranet.org.br
30 | OPINIÃO . Por Sandro Tonholo - Country manager da Infoblox Brasil Na LGPD, o DNS mantém o seu DNA Na era dos negócios digitais, poucos elementos da rede são mais críticos do que o Domain Name System (DNS).
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COMO GARANTIR SEGURANÇA E SAÚDE À EQUIPE O que fazer para proteger os profissionais da minha empresa ao trabalharem próximo a redes elétricas ou em locais em altura? NAS ATIVIDADES PRÓXIMAS à rede elétrica e trabalho em altura, acidentes podem ser evitados quando se cumprem os procedimentos de segurança. Há normas técnicas que devem seguidas na manutenção de infraestruturas de telecomunicações, conforme especialistas explicaram no 11º Webinar RTI. “Há implementações factíveis de serem adotadas, como treinamento da mão de obra, fiscalização, cumprimento às normas e compartilhamento das redes”, disse o engenheiro Marcius Vitale, CEO da Vitale Consultoria & Inteligência de Negócios. Para Aguinaldo Bizzo de Almeida, engenheiro eletricista e de segurança do trabalho, “entre os princípios básicos de segurança, está a competência de pessoas e medidas de controle.”
NORMAS REGULAMENTADORAS Seguir as normas regulamentadoras (NR) é fundamental. Quem trabalha nos postes e com a rede elétrica deve conhecer pelo menos as principais, tais como a NR 10, relativa a instalações e serviços com eletricidade e a NR 35, que diz respeito ao trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução. A avaliação de riscos elétricos nas atividades de infraestrutura de telecom deve ser feita para entender a gradação dos riscos e como eles devem ser endereçados.
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Buscar um padrão de segurança contribui para minimizar os riscos. “Acidentes de trabalho não são eventos inesperados; são previsíveis, na quase totalidade das vezes. Mas não são programados, não sabemos o dia em que eles ocorrerão”, apontou Gianfranco Pampalon, engenheiro civil e de segurança do trabalho, auditor fiscal do trabalho de 1985 até 2020, membro da Comissão que elaborou a NR 35 e professor em curso de pós-graduação. Especificamente sobre o setor de telecom, Pampalon disse haver uma notificação coletiva que foi motivada em decorrência de vários fatores, tais como saturação da ocupação dos espaços pela demanda de interconexão; precarização das condições de trabalho; histórico de acidentes; falta de supervisão de terceirizadas; e programas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) omissos, superficiais, parciais ou mesmo mal elaborados. “As empresas têm de ter plano de emergência, medidas de salvamento”, ressaltou. Segundo Pampalon, há uma movimentação para que a fiscalização mude o paradigma. “Segurança não é ausência de acidentes, mas a presença de controles. Este tem de ser o novo paradigma”, disse. As dificuldades, porém, são muitas. Aguinaldo Bizzo de Almeida apontou o desafio de fazer gradação de risco em condições nas quais não se é o dono ou não se tem domínio do local. “Se eu não admito o risco, como me proteger?”, questionou. Para Pampalon, o risco não é baixo nessas atividades; ele pode ser alto ou altíssimo. “A maioria das empresas que fiscalizamos faz a gestão no papel, algumas com certa qualidade, mas isso não se reflete nos serviços. A solução não está apenas no Ministério do Trabalho fiscalizar ou nas empresas, mas também em órgãos públicos para que rede seja mais bem trabalhada. O importante é começar, sabemos que algo tem de ser feito”, sublinhou. abranet.org.br setembro / outubro / novembro 2020
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TENDÊNCIAS
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Roberta Prescott
Uma revolução chamada Empresas de internet e fintechs vislumbram que o novo sistema trará oportunidades e melhorias na dinâmica de pagamentos.
PIX
DESDE O DIA CINCO de outubro, clientes interessados em usar o PIX, sistema de pagamentos instantâneos, estão fazendo o cadastro, e o ritmo de adesão surpreendeu o mercado financeiro. Em pouco mais de 15 dias, mais de 35 milhões de cadastros foram contabilizados pelo Banco Central. O PIX, que começará a funcionar para toda a população a partir de 16 de novembro, permitirá
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pagamentos e transferências de dinheiro durante 24 horas por dia, sete dias por semana, em até dez segundos. Na esteira do novo sistema de pagamento, as oportunidades e as vantagens que surgem para diferentes players são muitas e vão desde a perspectiva de aumentar a bancarização no Brasil à facilidade de efetuar e receber pagamentos – uma boa notícia para os microempresários. O
“O PIX vai competir com dinheiro de papel. O Brasil tem muito pagamento em papel e o PIX vem trazer mais gente para o digital.” CAROL ELIZABETH CONWAY Diretora do Grupo UOL PagSeguro e da Abranet
uso de códigos de respostas rápidas, os QR Codes, deve aumentar exponencialmente no País, e o de dinheiro, cair. “O PIX vai competir com dinheiro de papel. O Brasil tem muito pagamento em papel e o PIX vem trazer mais gente para o digital”, afirmou Carol Elizabeth Conway, diretora de Assuntos Regulatórios e Institucionais do Grupo UOL - PagSeguro e diretora da Abranet.
“Hoje, existem métodos caros e ineficientes para transferir dinheiro; tem de esperar compensar DOC, tarifa alta para TED.” JOEL RENNÓ JR. CFO da OLX
Outro aspecto importante é o forte impacto nas transações eletrônicas. O PIX chega sem cobrança de taxas, com poucas exceções, o que pode fazê-lo desbancar transferências por DOC e TED, para as quais os bancos cobram tarifas altas. “Há muita discussão acerca do fluxo entrante e do custo da interconexão. Hoje, os grandes bancos recebem por TED, e isso é um gargalo
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financeiro para a oferta de serviços digitais gratuitos. O que o Banco Central está fazendo com o PIX é lançar uma oportunidade de não dever para o banco incumbente quando lança TED”, sublinhou a diretora da Abranet. Para Joel Rennó Jr., CFO da OLX, o PIX é uma efetiva revolução. “O Banco Central, inovador e atuante na vanguarda, fez esta jogada de mestre de introduzir pagamentos instantâneos”, disse, acrescentando que para a OLX o impacto será positivo. “Hoje existem métodos caros e ineficientes para transferir dinheiro; tem de esperar compensar DOC, tarifa alta para TED. O PIX chega para discernir este sistema arcaico dos bancos tradicionais, trazendo mais uma possibilidade de pagamento e transferência de dinheiro, de forma instantânea, rápida e sem custo para pessoa física”, assinalou. No universo da OLX, que tem 7 milhões de usuários diários ativos no Brasil e cerca de 50 milhões usuários mensais, oferecer a facilidade de comprar e vender por meio do PIX será vantajoso para todos os atores. A OLX já lançou sua carteira digital, a OLX Pay, com foco nas pessoas que não possuem contas bancárias, oferecendo a elas a possibilidade de realizar diversas atividades financeiras – como instituição de pagamento, a OLX pode ofertar quaisquer serviços financeiros, exceto empréstimos. “Você pode transferir dinheiro para a carteira digital de diversas formas
“O fenômeno da instantaneidade muda radicalmente a vida de todos que fazem pagamentos e transferências; e, em transação de compra, muda mais ainda.” GILBERTO MARTINS Diretor de Assuntos Regulatórios e Jurídicos do EBANX
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“Vemos [o PIX] como uma resposta positiva do Banco Central às mudanças que vêm acontecendo no mundo.” GUILHERME ROVAI Head of Product Design da Neon
e, com a chegada do PIX, você transforma este processo para ser algo mais simples”, ressaltou Rennó Jr. IMPACTOS NOS MEIOS DE PAGAMENTOS Há bastante expectativa, principalmente por parte das empresas de comércio eletrônico, de que o PIX ganhe preferência dos compradores em detrimento dos boletos. “O fenômeno da instantaneidade muda radicalmente a vida de todos que fazem pagamentos e transferências; e, em transação de compra, muda mais ainda, porque o recebedor dos valores vai ter custo mais barato de MDR (merchant discount rate, a taxa para transações com cartões de débito e crédito). Vai receber dinheiro mais rapidamente e isto vai impactar as adquirentes do mercado, porque hoje ninguém faz liquidação em 40 segundos”, enfatizou Gilberto Martins, diretor de Assuntos Regulatórios e Jurídicos do EBANX. Para quem está comprando, a maior conveniência está no fato de a transação ser validada mais rapidamente, tornando mais ágil a entrega dos produtos. Para Martins, o uso de dinheiro em papel e de boletos deve cair substancialmente com a entrada do PIX, mas o mercado de cartão de crédito não deve ser impactado em um primeiro momento. “O PIX vai substituir a forma como o cliente manda dinheiro, como compra e como paga uma conta. Vemos como um movimento positivo e como uma resposta positiva do Banco Central às mudanças que vêm acontecendo no mundo”, disse Guilherme Rovai, head of Product Design da Neon, explicando que, para as pessoas físicas que fazem pagamento de contas e transferências de dinheiro, o
PIX passa a ser uma opção mais rápida. Cauteloso, Rovai enfatizou que somente a entrada efetiva do PIX permitirá dimensionar os impactos, mas adiantou que modelos de negócios podem mudar com ele. Por exemplo, substituir o pagamento via boleto por PIX reduz o tempo de compensação de dois dias para poucos segundos. “Isto muda a forma como algumas empresas oferecem serviços e produtos”, assinalou. Para ele, como possibilita diversas opções de transações, o PIX deve aquecer a movimentação de dinheiro. “As pessoas evitavam transferir dinheiro quando a quantia era pouca devido às taxas”, pontuou, ressaltando que o PIX fomentará transações de baixos valores em dinheiro. Na mesma linha, a SumUp enxerga o PIX como uma alternativa positiva para micros e pequenos negócios brasileiros, segmento no qual a empresa atua, pois o novo sistema do Banco Central torna as transações muito mais baratas e ágeis. “O PIX é mais uma oportunidade para a SumUp desenvolver seu portfólio. Em um ano atípico por causa da pandemia, desenvolvemos e entregamos produtos como o link de pagamentos, vale-compras e uma lojinha virtual para nossos clientes. O novo sistema do Banco Central deve nos desafiar a encontrar novidades que colaborem para facilitar a vida de micro e pequenos empresários”, ressaltou Carlos Grieco, diretor de Marketing e Expansão da SumUp.
“O novo sistema do Banco Central deve nos desafiar a encontrar novidades que colaborem para facilitar a vida de micro e pequenos empresários.” CARLOS GRIECO Diretor de Marketing e Expansão da SumUp
CHAVE PIX Para os usuários, o ícone do PIX estará dentro do aplicativo bancário e no internet banking, assim como outras funcionalidades, como DOC e TED. A chave PIX vincula as informações básicas do usuário aos dados completos que identificam sua conta transacional (identificação da instituição financeira ou de pagamento, número da agência, número e tipo de conta). Há quatro tipos de chaves que poderão ser usadas e cadastradas: número de CPF/CNPJ; endereço de e-mail; número do telefone celular; e EVP (endereço virtual de pagamento) – uma sequência alfanumérica de 32 dígitos que permite receber pagamentos sem informar nenhum dado pessoal. Contudo, não é obrigatório cadastrar uma chave para fazer ou receber um PIX. Nesse caso, se usuário quiser o sistema de pagamento instantâneo, sem a chave PIX, será preciso digitar todos os dados bancários do destinatário para realizar uma transação. Além das chaves de endereçamento, o PIX também trará a experiência do QR Code, que terá dois formatos. O estático poderá ser utilizado para transferências ou no comércio, quando as informações para pagamentos não mudam, incluindo o valor (por exemplo, um sorveteiro, em que o preço do picolé é sempre o mesmo). Já o dinâmico deverá ser utilizado no comércio quando as informações para pagamentos mudam a cada momento (por exemplo, em um supermercado, quando o valor de cada compra é diferente).
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Qual o papel das
EMPRESAS DE
INTERNET? O SISTEMA DE Pagamentos Instantâneos (PIX) vai gerar mais competição, aportar eficiência aos meios de pagamentos e ser a porta de entrada para uma inclusão financeira mais ampla no Brasil. Esta foi a tônica da primeira edição do Café com PIX, evento promovido pela Abranet e pelo Mercado Pago, em setembro, que contou com a participação de Carlos Eduardo Brandt, chefe-adjunto do Departamento de Operações Bancárias e de Pagamentos do Banco Central; Eduardo Neger, presidente da Abranet; e Tulio Oliveira, vice-presidente e country manager do Mercado Pago Brasil. Quando as empresas de internet chegaram às aplicações de meios de pagamentos, o mercado financeiro se movimentou e houve aumento de competitividade. Até então,
“O PIX traz a oportunidade para o surgimento de empresas de nicho que possam ofertar crédito de forma instantânea, colocando interfaces novas.” EDUARDO NEGER Presidente da Abranet
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contudo, iniciativas como introdução de novas maneiras de efetuar pagamentos, por exemplo, por meio de QR Code, eram isoladas e individuais por parte das empresas. “O PIX entra para estender essas novas operações entre as entidades; chega para ser a internet dos meios de pagamentos, integrando dentro de uma plataforma aberta as transações de maneira instantânea”, explicou Neger. “Para o usuário isto fica muito fácil, tanto do lado do vendedor como do comprador, e todos ganham com maior competição e com a queda do custo de operação de pagamento.” Segundo ele, as empresas que trabalham com tecnologias aplicadas ao mercado financeiro enxergam como positiva a introdução do PIX. Neger apontou que as fintechs associadas à Abranet somam 20 milhões de
“Ele [o PIX] entra quando a população está mais digital. Apesar do momento econômico difícil, muita gente foi inserida digitalmente.” TULIO OLIVEIRA Vice-presidente e country manager do Mercado Pago Brasil
“Temos a definição de padrões mínimos para toda a indústria oferecer um produto simples de ser utilizado.” CARLOS EDUARDO BRANDT Chefe-adjunto do Departamento de Operações Bancárias e de Pagamentos do Banco Central
contas digitais, sendo 85% de pessoas físicas ou jurídicas (MEI) de baixa renda. Em médias, as contas transacionam R$ 60 por dia. Como plataforma aberta, o PIX insere todos os atores e expande o número de opções de crédito, especialmente para os pequenos empreendedores, que têm dificuldade de acesso ao sistema bancário tradicional. “O PIX permite transações com custo baixo e de forma instantânea; e traz a oportunidade para o surgimento de empresas de nicho que possam ofertar crédito de forma instantânea, colocando interfaces novas”, assinalou Neger. Um dos impactos esperados pelo PIX diz respeito aos pequenos comerciantes e ao e-commerce. As empresas de comércio eletrônico ainda usam muito boleto como forma de pagamento, o que onera a operação logística. “O item comprado é separado do estoque e espera-se o pagamento. Se o cliente não paga, o item volta para o estoque e, nesse tempo, alguma venda pode ter sido perdida. Boleto gera bastante ineficiência operacional”, explicou Túlio Oliveira, do Mercado Pago Brasil. De acordo com Oliveira, o PIX irá afetar a retomada do crescimento econômico no pós-pandemia, devendo ser um vetor de propulsão. “Ele entra quando a população está mais digital. Apesar do momento econômico difícil, muita gente foi inserida digitalmente”, finalizou. O PIX carrega uma dinâmica inovadora, facilidade no uso e baixo custo. Para Carlos Eduardo Brandt, do Banco Central, as transações com papel moeda são muito custosas para o País. Segundo ele, a migração para meios eletrônicos gera impacto de redução de 0,7% do Produto Interno Bruto, uma economia expressiva. O PIX, acrescentou, servirá ainda para a inclusão de desbancarizados no sistema financeiro. Para tanto, a experiência do usuário é requisito fundamental. “Temos a definição de padrões mínimos para toda a indústria oferecer um produto simples de ser utilizado”, afirmou. “Quando se fala em democratização da indústria financeira, significa trazer agentes de fora do sistema para dentro e também fazer diversos agentes estarem interligados, interconectados. O PIX também vem com esta abordagem de pegar os prestadores de serviços de pagamento e conectar todos entre si”, acrescentou.
PERSPECTIVA DOS GRANDES BANCOS Do lado dos grandes bancos, Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), considera que o PIX é uma inovação que trará mais segurança e conveniência ao consumidor em suas transações financeiras, como já ocorreu com outras ferramentas, como uso de tokens, mobile banking e internet banking. Sidney destacou que o PIX irá aumentar a inclusão financeira no País, estimular a competitividade e aprimorar a eficiência no mercado de pagamentos. O acesso a serviços financeiros constitui um passo crucial para a inclusão social e para o combate à desigualdade no Brasil. A Febraban apontou que os bancos brasileiros, para aderir ao PIX, estão investindo recursos adicionais em infraestrutura, tecnologia e segurança visando padronizar e organizar um sistema dentro um ambiente de comodidade e confiabilidade para o cliente. Segundo Isaac Sidney, as medidas são condizentes com os investimentos que o setor bancário vem fazendo em modernização tecnológica, da ordem de R$ 24,6 bilhões anuais.
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CAPA
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Roberta Prescott e Ana Paula Lobo
Aos 25 anos, a internet mostra força e resiliência Os 25 anos da internet comercial no Brasil foram celebrados pela Revista Abranet com uma mesa-redonda virtual. Entre as conclusões, a de que a pandemia que fez o mundo desacelerar evidenciou ainda mais a relevância da internet para o ser humano. E uma certeza: a rede mundial dos computadores caminha para se tornar ubíqua. Para as empresas prestadoras de serviços de internet, a Covid-19 será um marco. Nunca foi tão necessário reinventar os negócios e adaptar-se a um tempo novo, desconhecido, mas objetivo: a internet não será mais a mesma no pós-pandemia. Desregulamentar e tirar as amarras tributárias e legislativas são medidas urgentes a serem tomadas. O que virá pela frente? Só os próximos 25 anos poderão dizer.
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Participaram da mesa-redonda virtual:
MILTON KAORU KASHIWAKURA
ALAIR FRAGOSO
ANDRE COSTA
Diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do NIC.br
Diretor da Life Telecom
CEO da Use Telecom
EDUARDO NEGER
EDUARDO PARAJO
Presidente da Abranet
Vice-presidente da Abranet
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VINTE E CINCO ANOS se passaram desde que a internet saiu do âmbito acadêmico e passou a ser comercializada no País. O início do provimento da internet no Brasil, em 1995, coube a pequenas empresas, muitas delas antigos fornecedores de serviços de BBS (bulletin board system) que vislumbraram ali uma oportunidade de negócio. Ao longo dessas duas décadas e meia, foram essas empresas que levaram o acesso à rede mundial de computadores aos lugares mais remotos. O protagonismo se consolidou: são os prestadores de serviços de internet os grandes impulsionadores da expansão da infraestrutura de fibra óptica no Brasil. “Convencer os provedores a tirar o sistema autônomo (AS, na sigla em inglês) foi possível graças a associações como a Abranet. Hoje, somos considerados o País número 1 do mundo em AS, mas é um trabalho de longa data”, lembrou Milton Kaoru Kashiwakura, diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR) , durante encontro virtual promovido pela Abranet para debater os 25 anos da internet comercial. “Outra questão foi como trazer conteúdo para a internet brasileira. Quando, em 2008, o Google toma a decisão de vir para o Brasil foi uma surpresa muito interessante. Ele acabou se conectando a pontos de troca de tráfego e esses tipos de situações acabaram de certa maneira contribuindo para termos a internet que temos hoje”, acrescentou. Do lado das empresas de internet, alguns dos desafios se perpetuaram ao longo dos anos, como a dificuldade em conseguir linhas de crédito junto aos bancos para a construção das redes. “Sempre foi difícil obter financiamento porque não há bens para deixar de garantia”, lamentou Alair Fragoso, diretor da Life Telecom, citando ainda questões de legislação e de definição de impostos, em especial, a cobrança do ICMS, com distintas leituras nos diferentes estados. “Vejo a internet como uma estrada. Tem 25 anos e é muito nova, ainda tem muito a crescer e a se desenvolver. E a Abranet tem colaborado, cooperado para isto. Mas é certo que não temos apoio dos bancos. Eles não aceitam a fibra óptica no poste como garantia”, observou Andre Costa, CEO da Use Telecom. Outro desafio, segundo Fragoso, está relacionado ao desenvolvimento das tecnologias e como as empresas de internet acompanham essa evolução. “Começamos na internet discada, depois aprendemos como o rádio funcionava, em seguida a trabalhar para saber como colocar fibra óptica no
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“Os serviços, a rede estarão presentes em todos os lugares com as pessoas nem se dando conta de que a internet está lá. Será como hoje abrimos a torneira e a água está lá, apertamos o interruptor e a luz acende. Quando nos hospedamos em hotel, não perguntamos se tem luz ou água.” EDUARDO NEGER . Presidente da Abranet poste, a fazer contratos, a brigar para discutir preço nos postes, além de equipamentos EPON (Ethernet Passive Optical Network) e GPON (Gigabit Passive Optical Network)”, disse. “Esse aprendizado com as tecnologias foi, realmente, um grande desafio, porque não existia uma receita, não tinha manual de instruções. O papel da Abranet foi muito importante no desenvolvimento, na ajuda, na troca de ideias para enfrentar todos os grandes desafios que tivemos”, acrescentou o executivo, cujo negócio atua no interior de São Paulo. RESILIÊNCIA Para quem acompanha a rede desde o início, ressaltou Eduardo Neger, presidente da Abranet, a internet se transformou em um serviço praticamente invisível. “A internet é ubíqua e será, cada vez mais, default, como energia elétrica e água”, pontuou. Do auxílio emergencial, criado às pressas para atender à demanda de parte da população brasileira para sobreviver à execução das tarefas escolares e do home office, a pandemia da Covid-19 apontou para a direção de uma conectividade onipresente. Nesse sentido, Neger destacou o papel das Prestadoras de Pequeno Porte (PPPs) de levar a conexão ao interior do País. “O impacto da internet é muito grande. Em todos os aspectos, todas as aplicações em que você coloca a lente da internet, há mudanças disruptivas, mas para tudo funcionar tem de ter infraestrutura, tem de ter redes funcionando. E daí voltamos ao fato de que tudo foi construído pelo empreendedorismo; muitas empresas contando apenas com financiamento próprio, porque é difícil obter linhas de cré-
dito. Foi pela vontade do empresário”, lembrou Neger. “Ninguém acreditava [nos provedores] e este foi o maior desafio que tivemos. Talvez o fato de não acreditarem nos motivou ainda mais a fazer; assim como o fato de terem decretado nosso fim várias vezes nos fez mais resilientes”, acrescentou Eduardo Parajo, vice-presidente da Abranet. Para ele, hoje, os prestadores de serviços de internet enfrentam o maior desafio desses 25 anos, que é a pandemia. “Em questão de dias, vimos a internet se transformar em algo que não sabemos mais o que é residencial e comercial”, sublinhou. Neger e Parajo concordam que, além da dificuldade do crédito, as questões legislativas e regulatórias são gargalos a serem superados. “Em vez de se discutir avanços tecnológicos, discutem-se alíquotas, questões tributárias. Uma regra clara desde o princípio incentivaria o crescimento”, explicou Neger. “A lei é clara, mas as interpretações que são dadas, como as do fisco, acabam atrapalhando. É preciso desregulamentar, tirar as amarras para que o mercado possa evoluir”, enfatizou Parajo. FENÔMENO COVID-19 Desde março de 2020, com a chegada oficial da pandemia da Covid-19 ao Brasil, as empresas prestadoras de serviços de conexão de banda larga se depararam não apenas com o aumento do tráfego de dados, mas também com a mudança no perfil de consumo e enfrentaram, assim como empresas de diversos setores, receios sobre a
“Vejo a internet como uma estrada. Tem 25 anos e é muito nova, ainda tem muito a crescer e a se desenvolver. E a Abranet tem colaborado, cooperado para isto. Mas é certo que não temos apoio dos bancos. Eles não aceitam a fibra óptica no poste como garantia.” ANDRE COSTA . CEO da Use Telecom
“Temos alertado os associados que a guerra de preço não é saudável nem para as empresas nem para o consumidor porque cai a qualidade dos serviços. A cada ativação de cliente na fibra óptica, o primeiro ano é para pagar os investimentos feitos para ativar aquele cliente. Assim, a guerra de preço leva à falta de recursos.” EDUARDO PARAJO . Vice-presidente da Abranet manutenção do negócio em um nível saudável, uma vez que, logo que eclodiu a crise, o aumento da inadimplência era uma preocupação latente. A internet brasileira, que já vinha apresentando um ritmo mensal de crescimento no tráfego na casa dos 60%, registrou picos de 10 Tbps em março, um recorde que foi rapidamente batido com 11 Tbps. Em julho, o ponto de troca de tráfego (PPT ou IX, na sigla em inglês para internet exchange) de São Paulo atingiu o maior pico histórico em nível mundial e, em agosto, superou a marca de 10 Tbps. Esse crescendo também se deu na parte de infraestrutura do NIC.br, que ultrapassou todos os recordes de registros de domínios, chegando a 4,45 milhões. Nesse ínterim, esgotaram-se também os endereços IPv4. O tráfego, disse Milton Kaoru Kashiwakura, do NIC.br, não está estabilizado e segue aumentando. “A demanda está bastante forte, tanto por parte do pessoal de conteúdo quanto de provedores. Hoje as demandas por portas de 100 gigas ultrapassaram em quantidade as de portas de 1 giga”, acrescentou. A explosão de shows transmitidos ao vivo pela internet – as lives que ficaram famosas durante a quarentena – também exigiu preparo dos provedores. “Um fato que nos marcou foi a primeira live da [cantora] Marília Mendonça. O tráfego explodiu, quase dobrou no horário da transmissão; sorte que havíamos feito upgrade”, lembrou Alair Fragoso, diretor da Life Telecom. As redes mais antigas não aguentaram a demanda. Sobressaíram-se, assim, os provedores que estavam preparados tecnologicamente, principalmente, os que investiram em fiabranet.org.br setembro / outubro / novembro 2020
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bra óptica. “Quem tinha fibra óptica na última milha ganhou market share e ganhou dos operadores maiores que não tinham redes mais modernas”, assinalou Eduardo Neger. A inadimplência, uma das principais preocupações das empresas de internet, não se deu da maneira prevista quando a crise foi deflagrada. “Nossa preocupação inicial, que era a inadimplência, para a nossa surpresa, não ocorreu. O pessoal ficou com medo de ficar sem internet. Na pandemia, a inadimplência diminuiu e a demanda por serviços aumentou”, apontou Fragoso. O faturamento da Life Telecom cresceu a ponto de a empresa alcançar, em julho, a meta de faturamento para janeiro de 2021. “Já crescemos uns 20% de faturamento neste ano”, disse. Do lado dos usuários, eles entenderam que necessitavam de uma internet residencial de alta qualidade e estável. Mais que isso: compreenderam a importância de ter uma rede interna adequada e ajustada ao uso, que deixara de ser recreativo. Foi uma oportunidade de negócio para os provedores expandirem a atuação para ofertar serviços de manutenção das redes residenciais, adequando os equipamentos Wi-Fi para comportar o aumento do tráfego. Com atuação na Bahia, a Use Telecom tomou a iniciativa, conforme relatou Andre Costa, de ampliar a banda para os clientes residenciais e para empresas de internet para atender à maior necessidade por links dedicados. “Tínhamos acabado de receber novos equipamentos, tínhamos sobra para isso. Foi um fato marcante”, contou Costa. A empresa também começou a trabalhar em novos produtos na pandemia, como a oferta para o usuário navegar 1 giga pagando R$ 100. “Foi disruptivo o que fizemos
“A nossa preocupação inicial, que era com a inadimplência, para a nossa surpresa, não ocorreu. O pessoal ficou com medo de ficar sem internet. Na pandemia, a inadimplência diminuiu e a demanda por serviços aumentou.” ALAIR FRAGOSO . Diretor da Life Telecom
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“A demanda está bastante forte, tanto por parte do pessoal de conteúdo quanto de provedores. O tráfego está crescendo; não estabilizou. Hoje as demandas por portas de 100 gigas ultrapassaram em quantidade as de portas de 1 giga.” MILTON KAORU KASHIWAKURA . Diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do NIC.br de liberar upload e download, criamos um produto para que o usuário tivesse uma experiência diferente. A grande navegação está dentro do PPT a que estamos conectados, ou CDNs (Content Delivery Networks)”, explicou. OS PRÓXIMOS 25 ANOS A internet segue avançando e novas tecnologias vão contribuir para deixá-la cada vez mais onipresente. Milton Kaoru Kashiwakura, do NIC.br, destaca 5G e satélite de baixa órbita como as principais tendências. “Essas duas tecnologias trazem redução da latência, que impacta os aplicativos, e para isso precisamos pensar na computação de borda, porque eles têm de ser perto do usuário final”, explicou o especialista. A consequência é a necessidade de maior número de datacenters e que eles sejam menores e mais distribuídos pelo Brasil para proporcionar computação de borda um pouco mais bem-estruturada. “O pessoal pensa muito em infraestrutura, em fibra óptica, mas a parte de aplicativos, que é o que virá com as novas possibilidades, é o que vai fazer a diferença e, para fazer diferença com a baixa latência, precisa-se ter o processamento mais perto do usuário final”, detalhou. “O 5G vai ser disruptivo; e os provedores têm de prestar atenção. Não tem mais espaço nos postes, o que vai fazer para entregar? Precisa de algo que venha via onda, frequências”, cobrou Andre Costa, para quem o Wi-Fi 6 vai mudar o jogo no que diz respeito à melhoria da qualidade, à percepção do usuário e à experiência dele. Para além das tecnologias, Eduardo Neger avalia que
a palavra que definirá a internet para próximos 25 anos é ubiquidade. “A rede, os serviços estarão presentes em todos os lugares, com as pessoas nem se dando conta de que a internet está lá. Será como hoje abrimos a torneira e a água está lá, apertamos o interruptor e a luz acende. Quando nos hospedamos em hotel, não perguntamos se tem luz ou água”, afirmou o presidente da Abranet. O futuro da internet é não ser mais percebida. Mas, nos bastidores, o trabalho seguirá árduo. “O desafio é fazer com que toda a infraestrutura funcione com a tendência de a conectividade ficar invisível, ser commodity, ficando o protagonismo nas aplicações”, disse Neger. Com o alcance mundial da internet, os desenvolvedores de aplicações também passam a pensar globalmente, uma vez que caem os limites geográficos. A facilidade do acesso à internet, chegando a várias localidades, impulsiona o mercado e oferece opções ao consumidor. Houve também um aumento considerável no número de empresas ofertando serviços de conectividade, um cenário que leva a maior competição e aos movimentos de fusão e aquisição. “Temos alertado os associados que a guerra de preço não é saudável nem para as empresas nem para o consumidor porque cai a qualidade dos serviços. Estamos orientando a manter o tíquete em um patamar saudável, porque os investimentos são grandes”, comentou Parajo. “A cada ativação de cliente na fibra óptica, o primeiro ano é para pagar os investimentos feitos para ativar aquele cliente. Assim, a guerra de preço leva à falta de recursos”, advertiu. O vice-presidente da Abranet chamou atenção para a conscientização dos prestadores de serviços de internet acerca da necessidade de compartilharem suas infraestruturas, inclusive de fibra óptica, uma vez que as redes, por exemplo, de postes, estão saturadas em muitas cidades. O desenvolvimento de mais produtos e ofertas que rodem em cima da rede de fibra óptica já implantada é também um ponto de atenção para os provedores rentabilizarem a infraestrutura. “Ganhamos licitação da prefeitura e implantamos sistema de monitoramento de câmeras em diversos pontos da cidade, como postos de saúde, escolas e secretarias”, contou Alair Fragoso, da Life Telecom. “Instalamos e levamos as imagens e a informação até a base operacional que prefeitura montou para fazer o monitoramento”, completou, mostrando que inovar na oferta e entregar novos serviços é possível.
MUDAR O SIMPLES É DESINCENTIVO AO CRESCIMENTO A reforma tributária proposta pelo governo – e que está no Congresso Nacional – tem pontos preocupantes para o setor de serviços, como, por exemplo, a criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que na prática substituirá o PIS e a Cofins, mas com uma alíquota de 12%, enquanto PIS e Cofins somados chegam a 9,25%, o que significa aumento efetivo de imposto. Para as empresas de internet, um desejo expresso pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, adicionou mais preocupação: uma reformulação no Simples Nacional, modelo tributário adotado pela maioria dos associados da Abranet. “As mudanças preocupam demais porque ter equilíbrio financeiro é muito sensível para as empresas de internet, e qualquer mudança afetará o negócio. Mexer no Simples será um desincentivo ao crescimento”, afirmou o presidente da Abranet, Eduardo Neger. O vice-presidente da entidade, Eduardo Parajo, por sua vez, sustentou que o Brasil precisa, na verdade, de uma simplificação tributária. “Temos um manicômio em vigor. A reforma que está sendo proposta é com aumento de impostos e será um tiro no pé; vai enterrar muitas empresas”, lamentou. Com relação ao Simples, Parajo observou que os agentes econômicos do governo precisam pensar no médio prazo para permitir que uma empresa possa mudar de regime tributário – no caso, deixar o Simples, que vai até um faturamento de R$ 4, 6 milhões – sem correr o risco de ‘morte súbita’ por conta do excesso de tributação e de normas. “Não se está pensando em uma reforma para incentivar o setor produtivo, mas para equilibrar a receita do governo. Também é verdade que não se apresentam alternativas”, acrescentou Parajo. Dados divulgados pelo Sebrae mostram que as micro e pequenas empresas representam 99% do universo empresarial brasileiro e respondem por quase 30% do PIB e 55% dos empregos formais.
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REGULAMENTAÇÃO
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Roberta Prescott
ABRANET DEFENDE WHITE SPACES E NUMERAÇÃO PARA SCM EM CONSULTAS PÚBLICAS DA ANATEL A Associação Brasileira de Internet tem feito importantes contribuições à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em consultas públicas, levando ao órgão regulador a voz de seus associados. Como ressaltou Edmundo A. Matarazzo, consultor e membro do Conselho Consultivo da Abranet, as consultas públicas destinam-se a formar opinião. Por isso, a entidade está sempre analisando o quanto seus temas afetam a vida dos associados, que compõem um universo diversificado de empresas, incluindo prestadores de serviços de telecomunicações, provedores de internet, provedores de conteúdo e fabricantes de equipamentos de menor porte, entre outras atividades. Recentemente, a entidade teve participação ativa em duas consultas: a de número 56, Proposta de Agenda Regulatória para o biênio 2021-2022 e a 48, cujo objetivo é a elaboração de regulamentação que possibilite implementar a tecnologia conhecida como TV White Spaces.
WHITE SPACES A POSSIBILIDADE DE ACESSO a espectro ocioso – ou white spaces – sem a necessidade de disputar leilões é de extrema importância para as pequenas prestadoras de serviços de telecomunicações, defendeu a Abranet em contribuição à Consulta Pública nº 48 da Anatel sobre o aproveitamento do espectro ocioso da faixa em que o serviço de radiodifusão de sons e imagens opera em caráter primário. Tais frequências, que não são usadas pelos radiodifusores, são adequadas para a promoção da banda larga, sobretudo, nas áreas rurais. A Abranet advoga que haja regulamentação para a utilização e estabelecimento de condições de uso do espectro ocioso de forma dinâmica nas faixas de VHF e UHF (de 54 MHz a 72 MHz; 174 MHz a 216 MHz; 470 MHz a 608 MHz e 614 a 698 MHz) com o objetivo de aumentar a segurança jurídica e as possibilidades de que empresas de menor porte econômico atuem em áreas de baixa competitividade. Entende-se por espectro ocioso a faixa de radiofrequências que não é efetivamente utilizada em uma dada localidade por um período de seis meses e não possui previsão de uso para até dois anos pelo serviço
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Para a Abranet, a utilização e o estabelecimento de condições de uso do espectro ocioso de forma dinâmica nas faixas de VHF e UHF devem ser regulamentados. ao qual ela está destinada em uma determinada data. O uso secundário pelas empresas de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) pode ser para provimento de internet, voz e/ou streaming. Na contribuição, a Abranet argumentou que o acesso a essa frequência não licenciada é de extrema importância para as empresas de SCM, uma vez que muitas delas têm dificuldades em participar de leilões para arrematar frequências licenciadas. Com relação à insegurança gerada pela falta de previsibilidade de uso do espectro por aquele que detém o caráter primário, a orientação é para que seja designada pela Anatel uma ou mais entidades, públicas ou privadas, para administrar a base de dados de geolocalização. Tal entidade concentraria as informações de espectro disponível e ofereceria um sistema que permitisse datar as solicitações e aplicar o conceito de “primeira solicitação - primeira designação”.
AGENDA REGULATÓRIA DA ANATEL ANTECIPAR A NUMERAÇÃO para empresas de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), postergar o leilão de frequências para uso do 5G e regulamentar a faixa de 450 MHz foram pontos sobre os quais a Abranet se manifestou em contribuição à Consulta Pública nº 56 da Anatel quanto à proposta de Agenda Regulatória para o biênio 2021-2022. A Abranet destacou a regência na revisão da regulamentação relacionada à numeração de redes e serviços de telecomunicações visando a atualizar e adequar as regras às atuais necessidades e à evolução do setor, especialmente no que diz respeito à administração e utilização dos recursos de redes de numeração. “Não há duvida de que a comunicação de dados substituirá integralmente a comunicação por redes comutadas por circuito. O SCM já possui, em sua definição, as mesmas características do Serviço Móvel Pessoal (SMP) e depende do recurso de um Plano de Numeração para passar a oferecer soluções de voz a seus usuários, valendo notar que a quantidade de acessos SCM já é maior do que a quantidade de acessos STFC (Serviço Telefônico Fixo Comutado). Além disso, já foram regulamentadas as ofertas de interconexão de voz utilizando técnicas e tecnologia de comunicação de dados, portanto, a única barreira atual é a falta de um plano de numeração que já está previsto pelas regulamentações em tratamento pela Agência”, justificou a entidade. Acerca do leilão de 5G, a Abranet entende que ele deveria ocorrer entre o segundo semestre de 2021 e o primeiro semestre de 2022, tendo em vista que há necessidade de se organizar diversos tópicos do atual cenário, tais como avaliação técnica dos aspectos de competição e do uso como ferramenta para implementação de políticas públicas dos regimes público e privado; avaliação da necessidade de planos de outorga e de autorizações por modalidade de serviço; e adaptação dos instrumentos de autorização e outorga, em
A Abranet defende que o leilão do 5G ocorra entre o segundo semestre de 2021 e o primeiro semestre de 2022 especial, das regras de transição para encerramento dos contratos de concessão do STFC. Com relação à reavaliação da regulamentação sobre o compartilhamento de postes entre distribuidoras de energia elétrica e prestadoras de serviços de telecomunicações, a Abranet reforçou que as discussões sobre preço devem ser substituídas por discussões que possibilitem a ampliação de capacidade, como, por exemplo, a utilização exclusivamente por cabos de fibras ópticas de no mínimo 72 pares de fibras, admissão de consórcio entre prestadoras para implantação deste tipo de cabo e processos de aprovação e controle de uso mais efetivos. Já sobre a regulamentação das faixas de 48004990 MHz, a associação defendeu a revisão do regulamento com o intuito de possibilitar o uso pelo SMP e pelo SCM considerando aplicações urbanas e rurais em áreas com pouca densidade demográfica. Para a revisão da regulamentação de uso de radiofrequências associadas à prestação do STFC, SCM e SMP, a entidade apontou a necessidade da inclusão da revisão da destinação da denominada faixa de 450 MHz nesta iniciativa. O argumento é que a faixa de 450 MHz é uma das mais adequadas para uso pelo SCM em áreas de baixa densidade demográfica e para atendimento de pontos isolados no território nacional. “Não nos parece uma faixa de interesse para serviço móvel pessoal, até porque a experiência e uso dessa faixa em serviços móveis no mundo utilizou e utiliza tecnologia CDMA. Mais uma vez, esta faixa se apresenta como uma oportunidade para estimular a indústria nacional e o desenvolvimento da banda larga no curto prazo”, registrou a associação. Na consulta pública, a Abranet, respeitando a diversidade de seus associados, trabalhou no sentido de dar prioridade ao fortalecimento do SCM, de modo a equiparar o serviço de voz no SCM ao que se tem no móvel, no SMP. abranet.org.br setembro / outubro / novembro 2020
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GESTÃO
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Roberta Prescott
LGPD ESTÁ VALENDO!
A vigência da lei começou em 18 de setembro e, em outubro, o governo definiu os nomes que irão compor o primeiro conselho diretor da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Mas ainda falta dar condições para a ANPD funcionar. A LEI GERAL de Proteção de Dados Pessoais (nº 13.709/18) entrou em vigor em 18 de setembro e, em outubro, o governo Bolsonaro definiu os nomes que irão compor o primeiro conselho diretor da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). São eles Waldemar Gonçalves, presidente da Telebras, indicado para presidir a ANPD; Artur Sabbat, ex-Gabinete da Segurança Institucional (GSI); Miriam Wimmer, do Ministério das Comunicações; Joacil Rael, da Telebras; e a advogada Nairana Leitão. O desafio é dar estrutura à ANPD que, nesse momento, fica sob o guardachuva da Presidência da República. Na prática, a ANPD terá 36 cargos, sendo 16 em comissão (remanejados) e 20 funções comissionadas do Poder Executivo. De acordo com o presidente indicado para o órgão, Waldemar Gonçalves, as indicações passarão pelo crivo da Casa Civil. Caberá à nova agência, fiscalizar o cumprimento da lei, elaborar as diretrizes do Plano Nacional de Proteção de Dados e aplicar as sanções administrativas às empresas que não cumprirem a LGPD. Do lado empresarial, uma certeza: todas precisam estar em conformidade com a lei, adverte Beatriz Paccini, sócia da Brasil Salomão e Matthes Advocacia. “É importante esclarecer que a LGPD prevê dois tipos de punição. A primeira decorre da responsabilidade civil e está prevista no seu artigo 42, que determina que, em caso de violação
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ao disposto na LGPD, o agente de tratamento poderá ser responsabilizado pela reparação do dano, seja ele patrimonial, moral, individual ou coletivo. Esse artigo entrou em vigor em 18 de setembro último”, explica. “Já as sanções administrativas, previstas no artigo 52, que vão desde advertências até multas que podem alcançar o patamar de 2% do faturamento do grupo econômico, limitadas a R$ 50 milhões, entram em vigor a partir de agosto de 2021 e as sanções não poderão ser aplicadas retroativamente”, acrescenta. “Contudo, a empresa que descumprir a lei já está sujeita a responder civilmente pelos danos que eventualmente causar”, completa. O coordenador da área de Compliance e Contencioso Estratégico de São Paulo na GVM Advogados, Diego Martinez, enfatiza, porém, que “existem outros órgãos, como por exemplo Ministério Público e Procon, que estão atentos às determinações e às diretrizes da LGPD e que podem atuar defendendo os interesses dos titulares e consumidores.” ADEQUAÇÃO A adequação à LGPD exige a adoção de diversas medidas. As empresas precisam criar um programa contínuo, que deverá fazer parte de seu dia a dia. “No entanto, é preciso ter calma, já que se trata de uma lei nova, que traz bastante insegurança acerca de sua interpretação e aplicação,
AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS A LGPD, em princípio, trata as empresas de forma igual, independentemente do seu porte. Contudo, a ANPD poderá editar normas, orientações e procedimentos simplificados e diferenciados para que microempresas, empresas de pequeno porte e startups possam se adequar à LGPD. “De qualquer forma, entendo que a primeira coisa a ser feita é analisar se a empresa tem como uma de suas atividades o tratamento de dados pessoais e se ela pode realizar melhorias para evitar que haja eventuais vazamentos de tais dados”, orienta Beatriz Paccini, sócia da Brasil Salomão e Matthes Advocacia. Entre os desafios para as empresas, está a criação de uma cultura de proteção de dados pessoais. Beatriz Paccini indica alguns passos a serem seguidos pelas empresas, considerando o disposto na lei:
1. Indicar o encarregado da comunicação com os titulares e com a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (atualmente todas as empresas precisam indicar um encarregado) 2. Desenvolver protocolo de atendimento aos direitos dos titulares (a lei prevê uma série de direitos aos titulares, que poderão ser exercidos mediante requisição) 3. Disponibilizar em seu site Aviso de Privacidade/Política de Proteção de Dados Pessoais/Política de Cookies e as informações de contato do encarregado 4. Realizar treinamentos internos e iniciar o desenvolvimento de uma cultura de proteção de dados em sua organização 5. Mapear o tratamento de dados pessoais realizado por sua organização, com a identificação dos dados pessoais tratados, como são coletados, como são tratados, onde estão armazenados e quando e como são eliminados (a lei exige que a empresa mantenha registro das operações de tratamento de dados pessoais que realizar) 6. Averiguar se sua organização e os operadores envolvidos no tratamento adotam medidas de segurança, técnicas e administrativas, aptas a proteger os dados pessoais (a lei exige a adoção de medidas de segurança) 7. Revisar e ajustar contratos que versem sobre tratamento de dados pessoais e criar regulamentação interna acerca da proteção de dados pessoais, a ser observada pelos colaboradores da empresa 8. Desenvolver protocolo de resposta a incidentes de segurança
especialmente considerando que o órgão responsável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento da lei ainda não está totalmente em operação”, aponta Beatriz Paccini. Ela ressalta que a lei não proíbe o tratamento de dados pessoais, mas cria regras para que ele aconteça. Para as prestadoras de serviços de internet, o foco de atenção consiste na obtenção precisa das informações, especialmente da gestão de avaliação de riscos. “Ou seja, se estão estritamente de acordo com as diretrizes da LGPD, para que não ocorra vazamento de dados. E, mais do que isso, se a empresa prestar bens e serviços em território europeu, mesmo estando sediada aqui, ela tem de se adequar, além da LGPD, à General Data Protection Regulation – GDPR”, sublinha Diego Martinez. A adequação, acrescenta Martinez, deve começar pelo assessment, isto é, a identificação, mapeamento, avaliação, diagnóstico e o plano de ação e mitigação dos riscos do tratamento dos dados pessoais. Depois, adiciona, devese entender e avaliar todo o trâmite dos dados pessoais, desde a entrada na empresa, o caminho percorrido e o ciclo de vida até o descarte ou eliminação. Segundo ele, deve-se verificar se todas as informações recolhidas são necessárias, se todos os dados têm finalidade clara e verificar onde estão sendo armazenados e se estão protegidos por um sistema de segurança da informação. “É indispensável fazer um levantamento de como os dados são obtidos, se tem consentimento explícito e se as pessoas compreendem o que estão consentindo, por quem os dados são acessados, se a confidencialidade está garantida e se os dados estão em uso, bem como verificar se as políticas de privacidade estão de acordo com a LGPD.” Na segunda etapa, entram a implementação, a execução do plano de ação de mitigação dos riscos, o acompanhamento, a melhoria contínua e os resultados auferidos. E, a terceira etapa, de acordo com o especialista, é a gestão, quando se deve contratar um “guardião dos dados” (DPO, ou Data Protection Officer), que ficará responsável pela comunicação entre a empresa, a ANPD e o titular dos dados; pela criação e gestão do canal de comunicação - hotline; pela gestão do tratamento dos dados pelo controlador e operador; pelo treinamento de conscientização sobre a importância dos dados pessoais e o programa de privacidade; pelo monitoramento e melhoria contínua da adequação da LGPD à empresa; e pela elaboração periódica de relatórios de impacto. abranet.org.br setembro / outubro / novembro 2020
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TECNOLOGIA
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Roberta Prescott
A próxima geração do Wi-Fi, que chega em breve, é fundamental para que as empresas de internet que fornecem conexão sem fio possam evoluir e oferecer novos serviços ao consumidor.
Wi-Fi 6 É NECESSÁRIO PARA
OFFLOAD E EXPANDE CASOS DE USOS A SEXTA GERAÇÃO do Wi-Fi será de grande utilidade para as empresas que fornecem conexão sem fio. Baseados no padrão IEEE 802.11ax, o Wi-Fi 6 e o Wi-Fi 6E oferecem menor latência e maior capacidade de tráfego de dados. Contudo, no Brasil, o principal debate do momento é com relação à faixa de espectro que o Wi-Fi 6 deve ocupar. “Ter acesso a mais espectro não licenciado é essencial para sustentar o crescimento do tráfego de dados, bem como possibilitar o surgimento de novos serviços e modelos de negócios com base na internet”, sustentou Eduardo Neger, presidente da Abranet, ao participar do e-Fórum Wi-Fi 6, webinar promovido pelo Convergência Digital e pela Network Eventos. Neger ressaltou que a disponibilização de frequências não licenciadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está congelada há anos.
“Ter acesso a mais espectro não licenciado é essencial para sustentar o crescimento do tráfego de dados, bem como possibilitar o surgimento de novos serviços e modelos de negócios com base na internet.” EDUARDO NEGER . Presidente da Abranet
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O Wi-Fi 6 vem para resolver problemas enfrentados com o aumento da densidade, ou seja, muitos dispositivos pendurados em um mesmo ponto de acesso, o que a versão 5 não consegue atender com qualidade em todas as conexões. Para o presidente da Abranet, o espectro não licenciado é fundamental para a competição no setor. “As empresas de SCM só surgiram porque existia o espectro não licenciado e, assim, construíram suas redes usando a faixa de 2,4 GHz, disponível à época. Começaram com rádio e migraram para fibra óptica. Hoje têm penetração importante no interior do País e introduziram competição nos grandes centros”, ressaltou Neger. O Wi-Fi 6 vem para resolver problemas enfrentados com o aumento da densidade, ou seja, muitos dispositivos pendurados em um mesmo ponto de acesso, o que a versão 5 não consegue atender com qualidade em todas as conexões. Com o aumento de conexões máquina a máquina, esta realidade tende a ficar ainda mais complexa. Outro ponto importante é o mercado corporativo, que não pode ter queda no Wi-Fi; a versão 6 consegue mitigar a interferência e melhorar a capacidade. “Expandir a banda e agregar a faixa de 6 GHz significa conseguirmos, depois de muitos anos, contar com novas faixas não licenciadas e passar para os provedores a possibilidade de criar novos serviços e prestar todos os serviços com maior qualidade. A Abranet entende que o uso de faixas não licenciadas – incluindo também o white space das TVs – aumenta a competição e coloca
no mercado mais inovação, deixando o consumidor com mais opções para os serviços”, defendeu Neger. ESTÁGIO ATUAL A possibilidade de os equipamentos Wi-Fi 6 e Wi-Fi 6E usarem as faixas de frequência de 5,925 GHz a 7,125 GHz está em análise pela Anatel e pode ter uma definição ainda neste ano. A decisão é aguardada porque mais à frente será possível oferecer 5G não licenciado, tecnologia em discussão na União Internacional de Telecomunicações (UIT) e prevista para se tornar uma realidade em 2023. Para o superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Vinicius Caram, o Wi-Fi tem forte relevância atualmente, principalmente, para escoar tráfego de dados móveis. Segundo ele, com a demanda por consumo de dados móveis crescendo, o offload, que já representa 50%, pode chegar a 70%. A Anatel decidirá se toda a faixa de 6 GHz – ou 1.200 MHz – será destinada para radiação restrita, ou seja, uso não licenciado, ou se parte, algo como 500 MHz, será reservada para uso licenciado, um pleito das operadoras. “Fizemos um benchmarking intenso. A área técnica já enviou a proposta para o Conselho Diretor para a faixa ser não licenciada. Mas a decisão é dos conselheiros”, disse Caram. Segundo ele, o Wi-Fi 6 já pode ser usado nas faixas de 2,4 GHz e 5 GHz, como as teles estão usando o DSS para fazer 5G em 4G, mas o uso da faixa de
“A demanda por consumo de dados móveis está crescendo, o offload, que já representa 50%, pode chegar a 70%. Precisamos de mais espectro.” VINICIUS CARAM Superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel abranet.org.br setembro / outubro / novembro 2020
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6 GHz, que dará um outro dimensionamento para o Wi-Fi 6 e abre para o Wi-Fi 6E, está condicionado à palavra final da Anatel. Caso a faixa de frequência de 5,925 GHz a 7,125 GHz fique sendo de radiação restrita, ou seja, não licenciada, a Anatel atuaria apenas quando – e se – houvesse interferência. “Estamos restringindo ao uso indoor e conexão de curta distância sem interferir em outros serviços na faixa — serviços fixos, fixos por satélite e
SARC (Serviços Auxiliares de Radiodifusão e Correlatos) em 6,4 GHz, 6,5 GHz e 6,7 GHz”, adiantou Caram. Atualmente, as frequências usadas para a propagação do sinal de internet sem fio (Wi-Fi) são na faixa de 2,4 GHz e de 5 GHz. Em defesa do não licenciado, Neger foi taxativo: “Sabemos que as empresas e o mercado são habilidosos para entregar soluções e aplicações usando estas faixas. Entendemos a demanda do consumidor, mas precisamos também ter espectro para fazer acontecer.”
DE OLHO NA 6ª GERAÇÃO
é nem 3G. Até dezembro do ano passado, a varejista tinha o projeto em 26 cidades do Amazonas e Roraima. “Wi-Fi 6 e 6E são de extrema importância para este negócio, porque têm soluções que poderão ser usadas e compartilhadas pelos pequenos provedores e empresas privadas”, destacou Arruda. “Com o Wi-Fi 6, teremos ganho de banda e latência menor, o que vai gerar um novo ecossistema de negócios para provedores”, salientou. Também atenta ao Wi-Fi 6 está a Linktel, cujo presidente, Jonas Trunk, adiantou que a empresa já tem programado um piloto para a tecnologia Wi-Fi 6E tão logo consiga, no aeroporto de Salvador. A Linktel tem instalações em São Paulo e Rio de Janeiro com equipamento e rede Wi-Fi 6 nas faixas disponíveis – 2,4 GHz e 5 GHz. “A Linktel faz parte da WBA e estamos com testes e execução de ensaios coordenados”, contou Trunk, mostrando um mapa que aponta que os trials estão sendo conduzidos principalmente no hemisfério Norte.
NO NORTE DO BRASIL, a varejista Bemol colocou redes de conexão à internet sem fio para seus clientes, em um projeto que se expande ano a ano e tem levado acesso a regiões remotas no Amazonas, como na cidade de Autazes. O projeto Wi-Fi começou quando a Bemol entendeu que a principal barreira para as vendas pelo comércio eletrônico nas cidades do interior do estado do Amazonas era a falta de conexão à internet. Diante disso, instalou, ela mesma, redes e Wi-Fi. Jesaias Arruda, gerente de Infraestrutura de TI da Superintendência de TI da Bemol, ressaltou que o WiFi chega a lugares onde a rede de telefonia móvel não
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“Wi-Fi 6 e 6E são de extrema importância para este negócio, porque têm soluções que poderão ser usadas e compartilhadas pelos pequenos provedores e empresas privadas.”
“Estamos com testes e execução de ensaios coordenados.”
JESAIAS ARRUDA Gerente de Infraestrutura de TI da Superintendência de TI da Bemol
JONAS TRUNK Presidente da Linktel
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O processo quanto à faixa de 6 GHz está, desde meados do ano, no Conselho Diretor da Anatel, e o prazo para avaliação e possível deliberação leva em média de 90 a 120 dias. Depois, ao voltar para a área técnica, vai para consulta pública por 60 dias. Com isso, voltam as considerações para a publicação do ato para Wi-Fi 6E. “A expectativa é ter tudo aprovado até o fim do ano; disponibilizar Wi-Fi 6E para o Natal ou começo do ano que vem”, detalhou o superintendente.
Com relação à possibilidade de parte da faixa de 6 GHz – destinada pela área técnica da Anatel para não licenciado – vir a ter uma reserva de 500 MHz para possível oferta de serviços licenciados, ou seja, prestados pelas operadoras móveis, Jonas Trunk avaliou que terá pouco impacto no Sudeste do Brasil, mas vai limitar, e muito, o crescimento de empresas no Norte e Nordeste, onde há uma forte desigualdade digital e social. Para Ana Luiza Valadares, head de Políticas Públicas de Conectividade e Acesso do Facebook Brasil, as redes de Wi-Fi 6 serão fundamentais para a arquitetura de 5G, principalmente, para offload do tráfego. “É importante ter em mente que Wi-Fi e telefonia móvel são complementos naturais. O Wi-Fi hoje desempenha um papel importante na conectividade, no offload de 4G, e no 5G isto será ainda mais importante”, apontou a executiva. Ana Luiza lembrou que o Wi-Fi 6 estará disponível em 2021 e defendeu o uso da faixa de 6 GHz.
“O Wi-Fi hoje desempenha um papel importante na conectividade, no offload de 4G, e no 5G isto será ainda mais importante.” ANA LUIZA VALADARES Head de Políticas Públicas de Conectividade e Acesso do Facebook Brasil
VERSÃO 4.0 NÃO ATENDE MAIS ÀS NECESSIDADES Cobertura e estabilidade são os principais problemas reclamados pelos consumidores com relação ao Wi-Fi na América Latina, conforme mostrou um estudo feito pela Qualcomm. O levantamento revelou que 46% dos usuários afirmam que a conexão cai com frequência, 44% têm baixa velocidade e baixa qualidade de rede e 37% ressaltam que o problema é o alcance. O estudo aponta ainda que quase metade dos consumidores – 44% – troca do Wi-Fi para a conexão de rede móvel celular dentro de casa, devido à experiência ruim. O relatório da Qualcomm apontou ainda que 89% dos latino-americanos usam Wi-Fi público, em locais como shoppings (50%), restaurantes (48%) e cafés/hotéis (46%). Contudo, 91% dos consumidores têm problemas nessas conexões. Ao todo, o estudo ouviu 2,3 mil usuários de Android no Brasil, Colômbia, México e Peru, entre abril e junho. A fornecedora sustenta que o Wi-Fi 4.0 não atende mais às necessidades do consumidor e espera que, no Brasil, a Anatel defina o quanto antes a faixa de 6 GHz para o Wi-Fi 6 e Wi-Fi 6E. Para Hamilton Mattias, diretor de Gerenciamento de Produto da Qualcomm no Brasil, a decisão é necessária. Ele lembra que os EUA definiram a faixa em abril e, em maio, a Qualcomm já tinha produtos no mercado. “Se a Anatel decidir, teremos produtos no mercado ainda em 2020 para o Natal”, pontuou o especialista.
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CONEXÃO
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Governo altera cronograma do eSocial e adia obrigações do Simples A partir de agora, o CPF será usado como identificação única. O GOVERNO PUBLICOU duas novas portarias conjuntas RFB/SEPRT (Receita Federal do Brasil/Secretaria Especial da Previdência e Trabalho), de números 76 e 77, que alteraram o eSocial. Entre as mudanças mais relevantes está o adiamento para maio de 2021 das obrigações do grupo 3, que inclui empresas do Simples, empregadores pessoa física, produtor rural e entidades sem fins lucrativos. No caso dos órgãos públicos, os dados só começam a ser enviados em julho do próximo ano. “Publicamos duas coisas importantes. Primeiro o novo cronograma, que veio atender a demanda das empresas, colocando a implantação da terceira fase, com as informações de folha de pagamento para empresas do terceiro grupo (que são as pequenas), para a partir de maio do ano que vem”, explicou o coordenador do comitê gestor do programa, José Maia. “E publicamos o novo leiaute, o eSocial Simplificado, que é o ponto de partida para que as empresas de software possam desenvolver os sistemas para colocar em produção e que a partir de maio do ano que vem estará funcionando”, acrescentou. CALENDÁRIO DE OBRIGAÇÕES
05/2021 . Eventos de folha de pagamento do grupo 3 (optantes pelo Simples Nacional, empregador pessoa física (exceto doméstico), produtor rural PF e entidades sem fins lucrativos) 06/2021 . Eventos de Saúde e Segurança do Trabalhador do grupo 1 (grandes empresas) 07/2021 . Início do envio de informações pelos órgãos públicos
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Segundo o comitê gestor do eSocial, a criação do novo sistema contou com a participação de empresas e entidades representativas de diversas categorias profissionais envolvidas no trabalho de simplificação da plataforma. “Demos espaço para todas as outras coisas, como a parte da segurança de saúde, que começa a ser implantada nas empresas maiores a partir de junho, depois em setembro para as médias e em janeiro de 2022 para as menores. Aí completamos a implantação do eSocial em todas as empresas privadas”, completou Maia. No caso dos órgãos públicos, os dados só começam a ser enviados em julho do próximo ano. Tratado como eSocial Simplificado, o novo leiaute traz redução do número de eventos e de campos de preenchimento, especialmente por conta da exclusão de informações cadastrais que constam em outras bases de dados. Também houve flexibilização das regras de impedimento para o recebimento de informações. Nesse caso, por exemplo, houve alteração das regras de fechamento da folha de pagamento de forma que pendências passam a gerar alertas e não erros. O “novo” eSocial também passa a utilizar o CPF como identificação única do trabalhador, o que implica na exclusão dos campos onde era exigido o NIS (Número de Identificação Social). Também promete facilitação na prestação de informações destinadas ao cumprimento de obrigações fiscais, previdenciárias e depósitos de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), além de simplificação na forma de declaração de remunerações e pagamentos. Segundo o governo, o eSocial Simplificado substituirá diversas obrigações acessórias hoje existentes e a integração com outros sistemas permitirá ampliar o ritmo dessas substituições.
Abranet adere à iniciativa multissetorial #FiqueEsperto A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA de Internet (Abranet) uniu-se a várias entidades em prol do uso seguro da rede. Lançada em 14/10, a campanha #FiqueEsperto tem o apoio dos setores de telecomunicações, financeiro, de internet, comércio e varejo com o objetivo de ampliar a conscientização sobre o uso seguro da internet. A iniciativa traz dicas e informações para a população sobre a importância de se adotar cuidados com a segurança dos dados pessoais e procura alertar os usuários de internet para tentativas de fraude que possam ocorrer no ambiente digital e informar sobre os cuidados que devem ser adotados para evitar golpes e problemas resultantes dessas fraudes. Além da Abranet, a campanha #FiqueEsperto conta com a participação da Conexis Brasil Digital, entidade que representa o setor de telecomunicações, e conta com parcerias da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), da Federação Nacional de Bancos (Febraban), da Internet
Society Capítulo Brasil (ISOC Brasil), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC. br), da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) e da Associação NEO. Representantes dessas entidades participaram do lançamento, em reunião virtual, na qual foram apresentadas as ações que envolvem a campanha. Entre elas, a página na internet fe.seg.br, que concentra as informações sobre o tema, com dicas de segurança. Os usuários também receberão mensagens das operadoras pelo celular, alertando sobre as práticas de fraudes mais comuns e sugestões para evitá-las. O mesmo alerta será feito por e-mail para clientes dos segmentos atendidos por entidades apoiadoras e em postagens nas redes sociais. As mensagens, que se estenderão pelos próximos quatro meses, vão orientar os usuários quanto às medidas para proteger suas contas e senhas, dicas para proteger seus dados pessoais e cuidados a serem tomados em mensagens com links e com aplicativos que se fazem passar por outros para enganar os usuários.
Ceptro.br lança projeto para orientar sobre o bom uso da internet O CENTRO DE ESTUDOS e Pesquisas em Tecnologia de Redes e Operações (Ceptro.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) lançou o projeto Cidadão na Rede, que tem o objetivo de difundir e incentivar boas práticas relacionadas à cidadania digital e ao bom uso da internet, alcançando
o maior número possível de usuários. A iniciativa conta com animações curtas que explicam de maneira simples como usar a rede de forma correta e responsável, abrangendo questões técnicas e comportamentais, para que dicas importantes sejam transmitidas e compartilhadas pela rede. abranet.org.br setembro / outubro / novembro 2020
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Concessionária Bahia Norte investe em fibra óptica A CONCESSIONÁRIA BAHIA NORTE está finalizando a implantação de uma rede com 132 km de fibra nas sete rodovias do Sistema BA-093, que interligam diversos municípios da região metropolitana de Salvador. Segundo informações da própria concessionária, o projeto tem investimento na casa dos R$ 10 milhões e contempla quatro dutos envelopados que passam por debaixo da terra. Um é voltado exclusivamente para atender toda a infraestrutura tecnológica montada pela concessionária para as suas operações nas rodovias que administra. Os
Pandemia triplica pagamentos por aproximação no Brasil O USO DO PAGAMENTO por aproximação triplicou no Brasil como reflexo da pandemia da Covid-19, apontou estudo realizado pela Visa, embora ainda represente uma pequena parcela do total de transações no País. Em junho último, essa modalidade de pagamentos, que inclui celulares, pulseiras e outros dispositivos móveis, correspondia a aproximadamente 3% dos pagamentos intermediados pela bandeira de cartões, três vezes mais do que um ano antes. Entre janeiro e junho, a participação desse canal praticamente dobrou. No primeiro semestre, os segmentos que mais receberam pagamentos por aproximação, segundo a Visa, foram mercados e lojas ligadas à alimentação, como hortifruti, conveniências, cafeterias, não incluindo restaurantes e fast food; postos de gasolina; farmácias; e padarias.
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outros três serão comercializados para empresas interessadas em prover serviços de telecomunicações na região. Além de empresas de telecomunicação e provedores de internet, empreendimentos comerciais e industriais localizados no entorno das rodovias, como fábricas, shoppings etc., também podem adquirir uma das portas de fibras disponíveis. De acordo com o gerente de Comunicação e Sustentabilidade da Bahia Norte, Cledson Castro, os interessados podem comprar um duto exclusivo ou pares de fibras, a depender da necessidade.
Facebook: investimentos em infraestrutura na AL O DIRETOR DE Políticas Públicas, Planejamento e Conectividade do Facebook, Robert Pepper, ao participar do Facebook Connectivity, citou um levantamento da consultoria global Nera para afirmar que o investimento da empresa em infraestrutura de telecomunicações na América Latina pode acrescentar US$ 27 bilhões anuais nos próximos cinco anos ou mais, além de gerar 178 mil novos empregos. Pepper assegurou que os investimentos em largura de banda na região permitirão reduzir o custo de conectividade para parceiros, como operadoras e provedores de internet, em US$ 400 milhões. “No Brasil, nossos investimentos podem ajudar na cobertura a 8,5 milhões de pessoas.” A diretora de Investimentos em Redes para Mercados Emergentes do Facebook, Alex Aimé, destacou que os investimentos em infraestrutura da empresa têm foco em cabos submarinos e pontos de troca de tráfego (PTT). “Muitos dos cabos que foram colocados no Brasil vão chegar ao final da vida útil em 2025, e isso cria uma grande oportunidade para nós.”
5G pode gerar US$ 22,5 bilhões em negócios B2B até 2024 A IMPLANTAÇÃO DO sistema de conectividade móvel de quinta geração (5G) no Brasil deve gerar cerca de US$ 22,5 bilhões em negócios entre empresas (segmento B2B) até 2024. Os dados constam de um estudo encomendado à consultoria IDC pelo Movimento Brasil Digital, união de empresas que buscam construir propostas que tragam tecnologia e inovação para o País. O documento prevê que, no Brasil, o 5G deve expandir o mercado de novas tecnologias, tais como internet das coisas (IoT), serviços públicos na nuvem e análise de segurança, especialmente a partir de 2022. Para o período 2020-2024, a taxa de crescimento anual composta (CAGR) está estimada em 179% no período. Já a expectativa de investimento das fornecedoras de serviços para a implementação da infraestrutura para o 5G deverá ser de US$ 2,5 bilhões, no mesmo período, e US$ 3,9 bilhões até 2025, segundo o estudo. O montante está diretamente relacionado ao leilão de frequências para a rede 5G.
Governos devem gastar US$ 15 bilhões em equipamentos IoT em 2020 OS INVESTIMENTOS em equipamentos eletrônicos e de comunicações para Internet das Coisas continuarão sendo prioridade para os governos e permanecerão entre os maiores gastos em TI, apontou o Gartner. Segundo a consultoria, os gastos mundiais de governos com equipamentos eletrônicos e de comunicações para dispositivos de IoT serão de US$ 14,7 bilhões em 2020, o que representa um crescimento de 6% em relação ao ano anterior.
Carlos Baigorri é o novo conselheiro da Anatel O ENTÃO superintendente de Competição na Anatel, Carlos Baigorri, substitui Aníbal Diniz e seu mandato vai até 4 de novembro de 2024. Ao ser sabatinado no Senado, Baigorri destacou que é preciso levar infraestrutura de conexão a distritos onde ela não existe. “São quase 2 mil distritos sem conectividade. E para muitos municípios grandes é preciso levar mais qualidade”, defendeu.
Incidentes de segurança cibernética aumentam na pandemia A SUPOSIÇÃO DE QUE os incidentes de segurança cresceram devido ao aumento do trabalho no escritório doméstico foi confirmada em um estudo global conduzido pelo OTRS Group para determinar o estado atual de segurança no home office. Realizada de forma online pela Pollfish, durante o mês de setembro, com 500 executivos que ocupam cargos de liderança em TI, na Alemanha, EUA, Brasil, Cingapura e México, a pesquisa apontou que para 55% dos entrevistados os incidentes críticos de segurança em sua empresa aumentaram em até 25% como resultado da troca para o escritório em casa. No Brasil, 48% dos entrevistados tiveram aumento de 25% de incidentes e 12% dos respondentes tiveram mais de 50% de aumento de incidentes. abranet.org.br setembro / outubro / novembro 2020
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OPINIÃO Sandro Tonholo
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Country manager da Infoblox Brasil
NA LGPD, O DNS MANTÉM O SEU DNA Na era dos negócios digitais, poucos elementos da rede são mais críticos do que o Domain Name System (DNS). A LEI GERAL de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) exige uma transformação profunda na área de infraestrutura de TI. Por causa da LGPD, o gestor de infraestrutura está, nesse exato momento, reavaliando o legacy do seu ambiente. Novos indicadores chave de performance (KPIs) relacionados à segurança dos serviços essenciais de rede são, agora, tão importantes quanto valores tradicionais como facilidade de gerenciamento e performance. Na era dos negócios digitais, poucos elementos da rede são mais críticos do que o Domain Name System (DNS). Onde há uma empresa com presença digital, seja por meio de seu web site, e-mails, mobile apps ou outros tipos de acesso, existe um servidor DNS. Segundo pesquisa do Centro Regional de Estudos para a Sociedade da Informação (Cetic), realizada em abril deste ano com 300 empresas, 78% do universo analisado tem presença nas redes sociais e 70% vendem seus produtos e serviços por meio de páginas web. Sem o auxílio de servidores DNS seguros, essas empresas podem ficar vulneráveis a ataques, vazamento de dados de clientes e, finalmente, sofrerem as penalidades da LGPD. O DNS traduz o nome dos domínios da internet (endereços na web) em endereços IP (Internet Protocol). Por essa razão, o DNS é conhecido como o livro de endereços da internet. Os negócios digitais dependem do DNS para acontecer. A PLATAFORMA DDI Para melhor atender aos desafios da empresa moderna, o DNS integrou-se, agora, a uma plataforma mais ampla, o DDI. O DDI é essencial para fazer a rede funcionar, especialmente em tempos da pandemia da Covid-19. Para
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isso, o DDI inclui o DNS, o DHCP e, também, a capacidade de gerenciar endereços IPv4/IPv6. O trabalho remoto ampliou a rede para além dos ambientes on-premises – hoje, ambientes híbridos e multinuvem suportam a conexão de devices onde quer que estejam localizados. O DNS do DDI atua como a primeira fronteira de proteção do negócio digital – 90% do malware que entra ou sai da organização passa necessariamente pelo DNS. Desde o começo da pandemia, a infraestrutura digital das empresas brasileiras tornou-se mais crítica do que nunca. Em 2020 e 2021, é essencial que os gestores de infraestrutura revejam o papel do DNS e do DDI em seus ambientes. Isso elevará a maturidade digital do nosso mercado. O DNA do DNS não mudou. Sua principal missão segue sendo abrir canais de comunicação na internet entre empresas e pessoas de todo o mundo. Projetado para ser uma “porta aberta”, o DNS teve de evoluir para se adequar ao novo quadro de ataques digitais. Isso significa usar IA, machine learning e analytics para, com o máximo desempenho e precisão, identificar o que é um acesso legítimo, o que é um ataque. Em nosso País, todo esse contexto está levando o gestor de infraestrutura a ganhar novos skills. O estágio atual dos negócios prevê equipes enxutas e multitarefa. O gestor de infraestrutura que adicionar segurança ao DNS antecipa o Brasil reinventado pela LGPD e protege os negócios da empresa em que trabalha.
Projetado para ser uma “porta aberta”, o DNS teve de evoluir para se adequar ao novo quadro de ataques digitais.
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