Revista Abranet . Edição 45 . out-dez 2024

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INTERNET abranet.org.br ano XII . edição 45 . outubro-dezembro 2024

EDITORIAL

UM BRASIL COM IA E CONECTIVIDADE SIGNIFICATIVA

O QUE QUEREMOS PARA O BRASIL é uma infraestrutura capaz de dar suporte às tecnologias emergentes que surgem dinamicamente, entre elas, claro, a inteligência artificial, que permeia desde debates no meio empresarial e conta com projetos concretos até conversas cotidianas entre as pessoas, despertando curiosidade.

Também precisamos mais do que o mero acesso à internet; precisamos da conectividade significativa. Ou seja, os cidadãos têm de ser capazes de aproveitar plenamente os recursos digitais à sua disposição. Portanto, é importante identificar as lacunas de formação da população e as dificuldades de acesso e de uso, para elaborar políticas públicas consistentes.

São ambos temas que hoje fazem parte do dia a dia da nossa associação e que tratamos nesta edição da Revista Abranet.

Combater a falta de letramento digital de boa parte da população é crucial para avançarmos cada vez mais na inclusão digital, com o objetivo de termos um Brasil moderno e eficiente de Norte a Sul e em todas as camadas sociais.

Desde que a internet comercial desembarcou por aqui, a Abranet tem o propósito de ser uma indutora de mudanças que venham a aumentar a produtividade e a eficiência e trazer inovações. E é assim também que olhamos a inteligência artificial. A Abranet defende que a regulação, em debate no Congresso Nacional, não pode ser um fator limitador, mas, ao contrário, impulsionar a pesquisa, a capacitação e a evolução da tecnologia.

Estamos à frente da consulta pública O que queremos da IA, em parceria com o ITS. Até o fechamento desta edição, quase 200 sugestões estavam postas no debate. O Conselho de Inteligência Artificial e Sociedade (CIAS), que conta com 20 membros oriundos do poder público, privado, academia e terceiro setor, mobilizou mais de 1.200 inscritos. É um caminho que abrimos para a sociedade civil ter espaço para se manifestar sobre um assunto estratégico.

Falar do futuro também é entender as mudanças que estão reescrevendo os serviços financeiros. De acordo com o Banco Central, Pix, open finance e Drex são os novos pilares e vão transformar o modo como pessoas físicas e empresas lidam com suas finanças, com foco na segurança, agilidade e conveniência. E ainda com um olhar no presente, mas atenta ao amanhã, a Revista Abranet 45 traz uma reportagem sobre o estado da arte na infraestrutura de telecomunicações. Desfrutem. Boa leitura!

05 | ABRANET RESPONDE

O que é preciso fazer diante das mudanças fiscais da Reforma Tributária?

06 | CAPA . CONECTIVIDADE SIGNIFICATIVA

É ESSENCIAL BUSCAR A CONECTIVIDADE SIGNIFICATIVA. Em um momento de transformação digital, quando muitas atividades e diversos serviços, inclusive do governo, são disponibilizados exclusiva ou preferencialmente no ambiente online, não ter habilidades digitais significa estar excluído de inúmeras oportunidades.

Para o Brasil avançar, É PRECISO IR ALÉM

DO ACESSO À INTERNET

13 | CARREIRA

Um novo olhar para a tecnologia. O Master Business Exponential, programa de pós-graduação da Unicamp apoiado pela Abranet, forma a primeira turma fomentando e desenvolvendo diversas áreas do conhecimento e unindo tecnologia, empreendedorismo, ética e felicidade.

16 | SERVIÇOS FINANCEIROS

Open finance amadurece e abre caminho para Pix por aproximação. Pix, open finance e Drex são os pilares do sistema financeiro do futuro, segundo o Banco Central do Brasil (BCB).

22 | LEGISLAÇÃO

Regulação da IA tem de ser indutora à inovação e à modernidade. A Abranet está à frente da consulta pública O que queremos da IA e participa ativamente do Conselho de Inteligência Artificial e Sociedade (CIAS), que conta com 20 membros oriundos do poder público, privado, academia e terceiro setor.

24 | TECNOLOGIA

Fibra óptica à prova do futuro. A transformação digital está amadurecendo e o 5G ainda tem de provar o seu valor. E preparem-se: o 5G RedCap está chegando.

27 | CONEXÃO

Norma 4: internet nunca será telecomunicações. Reforma Tributária: Abranet pede mudança. Criptoeconomia na CVM. Startups: BNDES quer foco em IA. Anatel e NIC juntos na medição da banda larga fixa. WiFi 7 no aeroporto de São José do Rio Preto. Brasileiros não leem política de privacidade.

30 | OPINIÃO . THIAGO N. FELIPPE

Em qualquer cenário de ataque, o tempo de resposta é essencial . A luta contra roubo de identidade é contínua, azucrina os CISOs e uma possível resposta é o conceito ITDR.

04 abranet.org.br outubro-dezembro 2024

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O QUE É PRECISO FAZER DIANTE DAS MUDANÇAS FISCAIS DA REFORMA TRIBUTÁRIA?

ADAPTAR-SE ÀS mudanças fiscais que ocorrerão com a chegada da Reforma Tributária é missão de toda e qualquer empresa, diz Sérgio Approbato, diretor Estratégico da IOB, que une inteligência em legislação e tecnologia avançada para resolver os desafios de contadores e de empresas de todos os portes.

Frente ao novo regime tributário, ele recomenda que as empresas façam uma completa reavaliação de contratos, fluxo financeiro, critérios de compra e venda e demais processos nas gestões comercial, financeira, fiscal e contábil para identificar áreas que serão impactadas pelas novas regras.

Por onde as empresas devem começar?

1. AVALIAÇÃO INTERNA: as empresas devem iniciar uma avaliação detalhada de seus atuais processos contábeis e fiscais para identificar áreas que serão impactadas pelas novas regras. A análise deve incluir uma revisão dos sistemas de gestão financeira, bem como a identificação de possíveis mudanças nas obrigações de compliance.

2. TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO:

é essencial investir em treinamento e capacitação das equipes responsáveis pela gestão tributária. Compreender as novas legislações e saber como aplicá-las corretamente será fundamental para uma transição suave.

3. ATUALIZAÇÃO DE SISTEMAS: as empresas devem atualizar seus sistemas de gestão financeira e contábil para garantir que estão em conformidade com os novos Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de competência compartilhada entre estados e municípios, e Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal, entre outras mudanças previstas pela Reforma. Isso inclui contar com um fornecedor de software de confiança para ter a segurança que a implementação das novas regras atenda às exigências legais.

4.

PLANEJAMENTO FINANCEIRO:

revisar o planejamento financeiro é fundamental para entender o impacto da reforma nos fluxos de caixa e na estratégia fiscal. As empresas devem ajustar seus orçamentos e previsões financeiras para refletir as novas alíquotas e obrigações tributárias.

Para empreendedores, os principais pontos de atenção da Reforma são:

> SPLIT PAYMENT - TRIBUTAÇÃO ANTECIPADA

A Reforma Tributária deve trazer alterações no sistema de compra e venda, tributando transações antecipadamente. No chamado split payment (pagamento parcelado, em tradução livre), quando o pagamento por um produto ou serviço é realizado, de forma automática o valor recebido é dividido entre vendedor e o Fisco. Assim, o recolhimento do imposto será realizado no ato da venda, não mais no fechamento mensal dos resultados financeiros das empresas. Essa mudança pode impactar o fluxo de caixa das empresas, visto que eventuais créditos tributários da operação comercial realizada só serão ressarcidos de 30 a 180 dias após a data da transação.

> AMPLIAÇÃO DA BASE DE TRIBUTAÇÃO

A regulamentação da Reforma também prevê uma ampliação da base de tributação, isto é, operações que hoje não pagam impostos indiretos sobre consumo passarão a ter em sua base o cálculo do IBS e CBS, definidas em Lei Complementar como operações onerosas ou não onerosas, por exemplo, contratos de locação e contratos de troca ou permuta. Essa é uma mudança que deve impactar, sobretudo, o setor de serviços. Outra novidade prevista é a tributação sobre contratos de locação e permutas, que antes não integravam a lista de itens tributados sobre o consumo.

É ESSENCIAL BUSCAR A CONECTIVIDADE SIGNIFICATIVA.

Em um momento de transformação digital, quando muitas atividades e diversos serviços, inclusive do governo, são disponibilizados exclusiva ou preferencialmente no ambiente online, não ter habilidades digitais significa estar excluído de inúmeras oportunidades.

Para o Brasil avançar,

É PRECISO IR ALÉM DO ACESSO À INTERNET

UMA ANÁLISE sobre o quão conectado à internet está o povo brasileiro pode trazer conclusões precipitadas. Em 15 anos, entre 2008 e 2023, a proporção de usuários de internet no Brasil passou de 34% para 84% considerando a população de dez anos ou mais. Contudo, apenas um em cada cinco brasileiros online tem condições satisfatórias de conectividade à internet (leia Diferença nas habilidades digitais refletem desigualdades na página 11), e o letramento digital também deixa a desejar. Em um momento de transformação digital, quando muitas atividades e diversos serviços, inclusive do governo, são disponibilizados exclusiva ou preferencialmente no ambiente online, não ter habilidades digitais significa estar excluído de inúmeras oportunidades.

Entender qual é a capacidade que os cidadãos no Brasil têm de aproveitar plenamente os recursos digitais, identificar as lacunas de formação da população e as dificuldades de acesso e de uso das tecnologias deve ser a base de políticas públicas de alfabetização digital. O objetivo está em migrar a população de apenas consumidora de conteúdo ou usuária de aplicativos de redes sociais e mensageria para liderar uma evolução tecnológica no País, com aumento da produtividade e redução de desigualdades sociais.

QUESTÃO DE INCLUSÃO

O tipo de conectividade a que as pessoas têm acesso e para qual funcionalidade elas usam a rede levam a uma compreensão de que ainda falta avançar muito para que a sociedade brasileira possa se beneficiar de maneira efetiva das possibilidades oferecidas pela internet e pelas tecnologias digitais. Para o aproveitamento efetivo da in-

ternet, é necessário a garantia das condições adequadas de acesso, além da alfabetização digital.

“Não há inclusão social se não houver inclusão digital. A conectividade hoje é pré-requisito essencial para provocar a transformação na sociedade brasileira, possibilitando avanços na economia e no desenvolvimento social dos municípios, principalmente daqueles que registram os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs)”, afirma o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.

Sem internet, o cidadão não consegue ter acesso a serviços básicos, como se cadastrar em programas do governo, ter consulta com médicos especialistas por telemedicina em alguma unidade de saúde, registrar um boletim de ocorrência eletrônico, fazer uma denúncia online em qualquer órgão ou instituição. “A economia digital é fundamental para melhorar a vida dos brasileiros e só conseguimos isso com uma internet robusta, constante, veloz e de qualidade”, acrescenta o ministro.

Na mesma linha, ao responder sobre como lidar com a dicotomia de ter de um lado os serviços digitalizados e, de outro, um abismo no conhecimento das pessoas sobre esse universo, Cristiana Camarate, conselheira-substituta da Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel), é clara: “quem não for incluído será excluído”. “Temos de trabalhar para a inclusão digital. O mundo digital se abre e permite que todos tenham uma cidadania digital, mas é um grande desafio. E estamos onde? Temos uma boa caminhada pela frente”, destaca a conselheira.

No Brasil, ainda permanecem muitas diferenças na conectividade em áreas rurais, quando comparadas às áreas urbanas e, em especial, para os mais vulneráveis e os residentes em localidades remotas. “Nossos programas

“A conectividade hoje é prérequisito essencial para provocar a transformação na sociedade brasileira, possibilitando avanços na economia e no desenvolvimento social dos municípios.”
Juscelino Filho Ministro das Comunicações

têm o objetivo de ‘fechar’ essas brechas digitais”, diz o ministro das Comunicações.

“O Brasil está comprometido em prover conectividade para todos os seus cidadãos. Nos próximos seis anos, essa universalização será completada com a implantação dos compromissos de cobertura assumidos pelas prestadoras de serviços de telecomunicações na licitação de radiofrequências 5G, somados aos investimentos nos programas Norte Conectado e Nordeste Conectado, os projetos apoiados com financiamento via recursos do Fust [Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações] e o Programa Internet Brasil”, acrescenta o ministro.

Graziela Castello, coordenadora de Estudos Setoriais e Métodos Qualitativos no Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), destaca o crescimento vertiginoso do acesso da população à internet e o aumento da frequência de uso. “Hoje, todos que acessam, acessam todos os dias; houve um aumento da presença da internet na vida das pessoas. Temos quase a universalidade do acesso, mas será que todos acessam da mesma maneira?”

É aí que entra a conectividade significativa, um conceito que vem de um debate internacional apontando que não é possível pensar como usuário somente quem tem acesso à rede. A pessoa precisa contar com um mínimo de condições necessárias. “Mapeamos nove indicadores dentro de quatro grandes dimensões, que incluem acesso às tecnologias a um custo acessível; acesso a diferentes dispositivos – o celular democratizou a internet, mas seu uso é limitado; utilização da internet onde e quando quiser; e a qualidade do uso, como velocidade suficiente e resiliência da rede”, detalha a coordenadora.

Somente 20% dos brasileiros têm sete dos nove indicadores, um percentual distante dos 84% que têm acesso e que reflete a desigualdade, porque aqueles com grau mais baixo de escolaridade fazem muito menos atividades online e têm menos habilidades para gerenciar os riscos que a rede traz. “A internet é algo recente na sociedade, mas estamos multiplicando as desigualdades. Vimos que o País tem melhorado, com crescimento da população conectada significativamente. Está avançando, sim, mas a qual velocidade? A curva tem de acelerar”, aponta Graziela Castello.

A especialista lembra que o Brasil conta com boa infraestrutura de internet, mas ainda assim há 16% de cidadãos residentes no Brasil não conectados, o que representa um contingente de cerca de 29 milhões de habitantes. Por isso, o País não pode abrir mão de políticas de universalização, ao mesmo tempo em que precisa de políticas de letramento e habilidades digitais para usufruto das tecnologias, além de fomento à qualidade de conexão. “O jovem tem pacote de dados que acaba no meio do mês. Temos de ter políticas de formação, mas não podemos prescindir do acesso e priorizar as localidades com maior dificuldade. Isso é desafio para os gestores públicos”, analisa Castello.

Ou seja, para poder aproveitar todas as oportunidades que a rede traz, é fundamental contar com acesso de qualidade nas quatro dimensões estudadas pelo Cetic.br. “Uma das dimensões mais críticas é a acessibilidade financeira. A infraestrutura pode ser boa, mas quem consegue pagar por ela? É pensar planos e políticas para favorecer que mais pessoas tenham acesso. Também é muito importante entender que o celular democratiza o acesso, mas deve-se promover políticas para as pessoas usarem outros dispositivos”, explica a coordenadora do Cetic.br.

“Vimos

que o País tem melhorado, com crescimento da população conectada significativamente. Está avançando, sim, mas a qual velocidade? A curva tem de acelerar.”

Coordenadora de Estudos Setoriais e Métodos Qualitativos no Cetic.br

HABILIDADES DIGITAIS

Divididas em três categorias – básicas, intermediárias e avançadas (veja o quadro na página 10) –, as habilidades digitais podem dar um norte do quanto é preciso avançar. “Dados da pesquisa TIC Domicílios mostram que, das pessoas que têm acesso à internet, 20% dizem que não a utilizam e quando perguntados por que afirmam que não sabem para que serve, não veem utilidade e o terceiro é o custo”, ressalta Cristiana Camarate, da Anatel, para quem esses dados apontam para a necessidade de olhar para as habilidades digitais (letramento ou alfabetização digital).

da agência, mas também de parceiros.

Ela ressalta que a Anatel tem se colocado como promotora das habilidades digitais e facilitadora do ponto de vista de conectar os atores e fazer acordos para uma promoção efetiva. O indicador estratégico acompanhado pela Anatel de habilidades intermediárias registrou, em 2023, o porcentual de 17,9%, resultado 0,5 ponto porcentual (p.p.) maior que em 2022. A meta é alcançar 30% da população com habilidades intermediárias até 2027, o que seria o equivalente a um aumento de 3 p.p. ao ano.

Em números absolutos, isso representa incluir nesse rol aproximadamente 23 milhões de pessoas nesse período – ou cerca de 5,6 milhões de pessoas por ano. “Um modo eficiente é focar nos jovens das áreas periféricas e nos municípios”, reflete Cristiana Camarate. Ela lembra que a Anatel tem uma página no website com uma série de campanhas de habilidades digitais e cursos não apenas

A Anatel firmou acordos com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para cooperação técnica em conectividade significativa e inteligência artificial.

Em relação à conectividade significativa, o objetivo imediato dos acordos é atuar sobre grupos vulneráveis, que têm dificuldades na realização de atividades na internet por falta de habilidades digitais. Espera-se que as iniciativas a serem adotadas nesse campo resultem no aumento da capacidade e confiança de idosos e jovens para realizar atividades online.

“Nosso objetivo é chegar entre as 20 potências mundiais em habilidades digitais. Não é um trabalho apenas da Anatel, mas estamos nos colocando exatamente pela questão de que o mundo passa por transformação digital”,

“O mundo digital se abre e permite que todos tenham uma cidadania digital, mas é um grande desafio. E estamos onde? Temos uma boa caminhada pela frente.”
Cristiana Camarate
Conselheira-substituta da Anatel

diz Cristiana Camarate.

PROJETOS EM ANDAMENTO

O ministro Juscelino Filho cita que 90% de todos os domicílios têm conexão à internet, o que coloca o Brasil caminhando para a conectividade universal, por meio de políticas públicas e projetos, com investimentos vultosos na ampliação da infraestrutura de telecomunicações. Como exemplo, ele destaca o programa Norte Conectado, que está lançando 12 mil quilômetros de fibras óticas nos leitos dos rios da Amazônia e levando tráfego de alta velocidade e inclusão digital a milhões de cidadãos na região; a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, que vai conectar, até 2026, 140 mil escolas públicas do País, e o Internet Brasil, que leva inclusão digital a milhares de estudantes brasileiros. Até o fim do ano, a estimativa é beneficiar 100 mil adolescentes que estudam no Ensino Médio e são cadastrados no CadÚnico, programa de acesso a benefícios sociais.

“O ministério das Comunicações também está liderando uma discussão para que as big techs contribuam na formação do nosso futuro digital, por meio de uma taxação que vai financiar políticas de inclusão digital em nosso País, principalmente para os lugares mais remotos e levando uma internet significativa para a população mais carente”, acrescenta Juscelino Filho. Ele explica que os recursos seriam administrados pelo próprio governo federal, que reverteria os valores para levar conexão de qualidade a locais remotos do Brasil, aonde a iniciativa privada não chega por falta de interesse econômico.

As habilidades digitais são fundamentais para a competitividade brasileira. O ministro cita como exemplos de fomento o programa Computadores para Inclusão, que doa equipamentos para laboratórios de informática, escolas públicas, entidades e associações. “Por meio dos nossos Centros de Recondicionamento de Computadores (CRCs), máquinas doadas ao ministério são reformadas e transformadas para uso. É uma excelente oportunidade que as pessoas têm para aprender a mexer em diversos programas”, defende Filho.

O Computadores para Inclusão já doou 40,4 mil equipamentos a 2,8 mil pontos de inclusão digital em 831 municípios em todo o Brasil – e mais de 160 cursos foram oferecidos, capacitando mais de 39,1 mil alunos para a era digital, de acordo com o ministério. •

Habilidades Básicas

Permitem às pessoas participarem minimamente da sociedade da informação, sendo fundamentais para a execução de tarefas básicas. Exemplos:

• Copiar ou mover um arquivo ou uma pasta, por exemplo, em um computador ou na nuvem

• Usar ferramenta de copiar e colar para duplicar ou mover conteúdo, por exemplo, em um documento ou uma mensagem

• Anexar documento, imagem ou vídeo a mensagens instantâneas, e-mails ou SMS

• Transferir arquivos ou aplicativos entre dispositivos, inclusive pela nuvem

Habilidades Intermediárias

Permitem o uso das tecnologias digitais de modos ainda mais significativos e benéficos do que as habilidades básicas, sendo efetivamente voltadas ao mercado de trabalho, abarcando habilidades necessárias para executar atividades relacionadas ao trabalho. Exemplos:

• Usar fórmula em uma planilha de cálculo

• Conectar ou instalar novos equipamentos com ou sem fio, como modem, impressora, câmera ou microfone

• Criar uma apresentação de slides

• Instalar programas de computador ou aplicativos de celular

Habilidades Avançadas

Necessárias para especialistas em profissões ligadas às TIC, tais como programação e gerenciamento de redes. Exemplo:

• Criar programa de computador ou aplicativo de celular usando linguagem de programação

Habilidades de Proteção e Segurança

• Adotar medidas de segurança, como senhas fortes ou verificação em duas etapas, para proteger dispositivos e contas online

• Mudar configurações de privacidade no seu dispositivo, conta ou aplicativo para limitar o compartilhamento de dados pessoais, como seu nome, contato ou foto

• Verificar se uma informação que encontrou na internet é verdadeira

Fonte: Anatel

Diferenças nas HABILIDADES DIGITAIS

refletem DESIGUALDADES

O ESTUDO Conectividade Significativa: propostas para medição e o retrato da população no Brasil do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) adota uma escala de zero a nove, a partir de nove variáveis: custo da conexão domiciliar, plano de celular, dispositivos per capita, computador no domicílio, uso diversificado de dispositivos, tipo de conexão domiciliar, velocidade da conexão domiciliar, frequência de uso da internet e locais de uso diversificado. Também analisa uma seleção de 14 atividades diferentes, agrupadas em três grandes tipos: comunicação e entretenimento; busca de informações; e atividades transacionais.

De acordo com o estudo, 33% da população concentra-se no escore de até dois pontos, enquanto outros 24% ficam na faixa de três a quatro pontos. Ou seja, para 57% dos brasileiros, a conectividade significativa é baixa. E,

enquanto 20% ficaram na faixa de cinco a seis pontos, apenas 22% alcançaram sete a nove e podem ser considerados com conectividade satisfatória.

As regiões Norte e Nordeste têm as piores condições de conectividade significativa, com apenas 11% e 10% da população, respectivamente, na faixa entre 7 e 9 pontos, e 44% e 48% (na mesma ordem), ocupando o outro extremo da escala (até 2 pontos) – a média nacional é de 33%.

Em contrapartida, Sul (27%) e Sudeste (31%) registraram os melhores índices, sendo as únicas regiões no País em que a quantidade de habitantes na maior faixa é superior do que aquela na menor faixa.

Quanto maior a cidade, melhor o desempenho. Naquelas com até 50 mil habitantes, 44% da população encontra-se na pior faixa da escala. Nas com mais de 500 mil habitantes, por sua vez, a proporção negativa cai quase pela metade (24%). Em relação à área, enquanto 30% dos habitantes das localidades urbanas estão no grupo de pior faixa (até dois pontos), 54% da população em zonas rurais encontra-se nessa condição.

No recorte de faixa etária, o levantamento confirma a maior vulnerabilidade à exclusão digital no grupo dos idosos: 61% dos brasileiros com 60 anos ou mais apresentam escores mais baixos (até dois pontos) de conectividade significativa, proporção muito acima da verificada no País de maneira geral (33%).

E, diferentemente do que sugere o senso comum, os dados desmentem a ideia de que os mais jovens apresentariam melhores indicadores no mesmo quesito. O estudo também revela que somente 16% e 24% daqueles com idades entre 10 e 15 anos e 16 e 24 anos, respectivamente, estão na faixa mais alta (entre 7 e 9 pontos). Os níveis mais elevados ocorrem justamente entre os grupos etários de maior incidência no mercado de trabalho (entre 25 e 44 anos).

A proporção de pessoas com melhor conectividade sig-

nificativa também é consideravelmente maior entre os entrevistados do sexo masculino (28%), na comparação com os do sexo feminino (17%) – 11 p.p. de diferença. Essa distância tem relação direta com questões preexistentes de inclusão produtiva, equiparação em renda, incidência pública e participação na vida social, política e econômica do País.

A desigualdade também fica evidente na análise dos dados com base na autodeclaração de cor ou raça dos respondentes. Entre os brancos, 32% estão na faixa mais alta (escores entre 7 e 9). Já entre pretos e pardos, a porcentagem cai para 18%.

A pesquisa identificou ainda que, quanto maior o grau de escolaridade, menor a proporção de brasileiros com escores entre 0 e 2 e maior a proporção daqueles na faixa entre 7 e 9. Entre os que possuem até o Ensino Fundamental 1, a maioria (68%) está na pior faixa de pontuação, e apenas 3%, na melhor. O quadro se inverte entre os que têm Ensino Superior: apenas 7% obtiveram a pior pontuação, enquanto 59% ficaram com os maiores escores. Com todo esse quadro, não surpreende que, na classe

A, a maioria (83%) está na melhor faixa de pontuação e apenas 1%, na pior. Entre as pessoas nas classes DE, a realidade é totalmente distinta: apenas 1% delas estão na melhor faixa e a maioria (64%), na pior.

O estudo corrobora que há avanços, mas eles se dão lentamente. A análise retrospectiva dos níveis de conectividade significativa identificou uma redução na disparidade entre os grupos que ocupam os extremos da escala. Em 2017, 48% da população tinha escore entre 0 e 2 e apenas 10% estavam na faixa de 7 a 9 pontos – uma distância de 38 pontos percentuais. Em 2019, a diferença entre eles recuou para 29 p.p.; em 2021, para 22 p.p.; e, em 2023, para 11 p.p.

O estudo conclui que o cenário atual reflete diretamente as desigualdades que marcam a estrutura social do Brasil, com as piores condições para conectividade significativa concentradas nos grupos populacionais historicamente excluídos.

Enquanto as diferenças entre os grupos com piores e melhores condições de conectividade significativa variam entre 16 e 39 pontos percentuais para as atividades de comunicação e entretenimento, as diferenças observadas variam entre 41 e 56 pontos percentuais na busca de informações. Entre as atividades transacionais, a diferença mínima entre os grupos é de 48 pontos percentuais, chegando a 64 pontos porcentuais no caso de compras de produtos e/ou serviços pela internet

Quando analisadas, portanto, as atividades online realizadas pelos usuários de internet a partir dos diferentes níveis de conectividade significativa, fica explícita a relação entre melhores condições de conectividade e maior incidência de realização das atividades no ambiente virtual – essa relação é evidenciada nas 14 atividades, contudo, em gradações diferentes.

A perspectiva é animadora. Em 2023, entre os brasileiros de dez anos ou mais, apenas 22% estavam na faixa dos escores mais altos (entre 7 e 9 pontos), ou seja, com conectividade significativa. O maior grupo observado tinha o pior desempenho (até 2 pontos) e representava um terço (33%) da população no Brasil. Apesar disso, a análise retrospectiva dos indicadores selecionados revela um cenário de progressiva melhora. Em 2017, 48% da população estava no grupo dos com piores níveis de conectividade significativa e apenas 10% estavam na faixa de melhor desempenho. • (Colaboração de Luís Osvaldo Grossmann)

UM NOVO OLHAR PARA A TECNOLOGIA

O Master Business Exponential, programa de pós-graduação da Unicamp apoiado pela Abranet, forma a primeira turma fomentando e desenvolvendo diversas áreas do conhecimento e unindo tecnologia, empreendedorismo, ética e felicidade.

PASSADOS DOIS ANOS de sua criação, e com a primeira turma formada, é positivo o balanço do Master Business Exponential (MBE), uma iniciativa da Unicamp para desenvolver competências comportamentais e habilidades diversas com foco em projetos alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). O programa de pós-graduação tem o apoio da Abranet desde seu início, em 2022, e une tecnologia, empreendedorismo, ética e felicidade. A pós-graduação lato sensu da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp propõe-se a preparar especialistas para estarem aptos a criar e gerir negócios exponenciais em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo. “Os cursos das engenharias, em geral, são técnicos, bem fechados, e eu percebi, ao longo dos anos, que faltava levar a parte das humanidades

“Os cursos das engenharias, em geral, são técnicos, bem fechados, e eu percebi, ao longo dos anos, que faltava levar a parte das humanidades para dentro deles.”

Leandro Tiago Manêra

Coordenador do curso MBE e professor na FEEC

para dentro deles. Junto com o colega Marco Linhares planejamos o curso de dois anos”, contou o coordenador do curso e professor na FEEC, Leandro Tiago Manêra.

Aberto a graduados em qualquer faculdade, o curso começou em agosto de 2022, presencialmente, e terminou em julho último. A turma iniciou com 95 alunos, e praticamente a metade era bolsista, já que o curso era pago. Ao final, foram 60 formandos, uma média considerada por Manêra dentro dos padrões.

“Começamos com um módulo de formação mais humana, depois falamos sobre as tecnologias exponenciais para, primeiramente, a pessoa se conhecer e depois saber as ferramentas que pode usar para criar soluções. Nós nos baseamos nos ODS da ONU, com os trabalhos finais dos alunos atendendo algum ODS, como, por exemplo, ajudar a combater a fome no mundo”, detalhou o coordenador. Para ele, a formação humana teve como ponto chave a visita à comunidade de Canudos, na Bahia. “Sempre mostramos para os alunos a importância de vivenciar, de

saber as dificuldades para, ao desenvolver a solução, ter a noção para quem é este produto”, explicou.

A última etapa do curso abordou o empreendedorismo de impacto – isto é, como empreender não somente visando o lucro, mas também trazendo benefícios à sociedade – e depois a formação humana, fornecendo ferramentas tecnológicas aos alunos. E, por fim, a gestão do futuro, provendo subsídios para os alunos criarem modelos de administração dos negócios, com integração plena e automatização.

O coordenador Leandro Tiago Manêra disse que, no começo, ficou preocupado com a resistência que as pessoas poderiam ter à grade do curso, mas avalia que, hoje, o contexto e seus impactos positivos já foram percebidos. “A ideia é que a próxima turma seja 100% gratuita”, adiantou Manêra, completando que isso deve ocorrer em meados de 2025.

BENEFÍCIOS PARA QUEM PARTICIPA

Aluno do Master Business Exponential Unicamp, Caique Calegari, coordenador de Engenharia da Neger

“Havia profissionais de várias áreas, o que nos permitiu ter uma visão mais holística do negócio e pensar fora da caixa.”

Caique Calegari

Aluno do MBE

Aeroespaço e Inteligência Espectral, disse que o resultado do curso foi positivo. “Nessa primeira turma, havia profissionais de várias áreas, o que nos permitiu ter uma visão mais holística do negócio e pensar fora da caixa. Para quem é de Exatas, por exemplo, ter aula sobre felicidade é algo fora do normal”, contou.

Ao integrar tecnologia com a ética e o bem-estar humano, a formação vai além da técnica e prepara as pessoas de um modo mais abrangente. Questionado sobre o que essa nova formação pode trazer para quem atua em empresas da cadeia de valor da internet no

Formação holística

O curso Master Business Exponential da Unicamp desenvolve competências comportamentais e habilidades diversas:

FELICIDADE | 75 HORAS DE CONTEÚDO

Aprendizagem socioemocional contemplando reflexões filosóficas e autoconhecimento para atuar no desenvolvimento das relações humanas.

ÉTICA, MORAL E JUSTIÇA | 30 HORAS DE CONTEÚDO

Em uma sociedade em que hábitos e costumes mudam rapidamente, é preciso entender a nossa essência para construir o mundo em que queremos viver.

DIVERSIDADE | 15 HORAS DE CONTEÚDO

É essencial entender que vivemos em uma pluralidade cultural e étnica e que a diversidade é a chave para a construção de algo perene em um mundo exponencial.

“Precisamos saber como alinhar a tecnologia, pensar no futuro, sem esquecer o presente e pensando em diversidade, inclusão.”

Roberto Colombo

Aluno do MBE

Brasil, Caique Calegari foi enfático: “ter profissionais mais holísticos”.

“Grande parte do curso acabava, em algum momento, tendendo à discussão sobre as tecnologias emergentes e como a utilização correta poderia impactar – e a incorreta também, já que há uso para o bem e mal”, continuou Calegari. Para ele, esse novo olhar com relação à tecnologia foi o diferencial. “A diversidade foi uma das coisas mais importantes.”

Colega de Calegari, Roberto Colombo, que trabalha na Neger Telecom, tem formação em Exatas e gostou jus-

tamente da formação complementar proporcionada pelo curso. “Percebi que querem preparar gestores para o que está por vir. IA, impressora 3D, realidade virtual vão ser muito normais para as pessoas e precisamos saber como alinhar a tecnologia, pensar no futuro, sem esquecer o presente e pensando em diversidade, inclusão”, destacou. “Vamos precisar de pessoas muito bem capacitadas e sem perder os valores humanos; usando a tecnologia com ética e moral e alinhando as tecnologias com os 17 ODS”, completou Colombo.

O futuro demanda gestores com capacidade de entender o potencial da tecnologia, mas sem deixar de lado outras questões também fundamentais. A inteligência artificial é o exemplo atual, mas não o único. “Seis meses de disciplina sobre felicidade parece que não tem tanta coisa a ser falada, mas teve e foi bem interessante, mostrando estudos de como empresas podem ajustar as políticas internas tendo em vista a felicidade dos funcionários. Felicidade é a causa do sucesso. O curso foi um avanço, uma inovação muito grande”, completou . •

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AMADURECE E ABRE CAMINHO PARA PIX POR APROXIMAÇÃO OPEN FINANCE

Pix, open finance e Drex são os pilares do sistema financeiro do futuro, segundo o Banco Central do Brasil (BCB).

O BANCO CENTRAL do Brasil anunciou novas regras de open finance que abrem caminho para o Pix por aproximação em 2025 e a ampliação do escopo de instituições que participam desse ecossistema, além de uma estrutura completa de governança. O BCB e o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiram simplificar a iniciação da jornada de pagamentos com Pix via open finance, conforme havia antecipado o diretor de Regulação da instituição, Otávio Damaso, no 4º Congresso Brasileiro de Internet, realizado em Brasília pela Abranet, no mês de junho.

As novas regras do open finance irão diminuir etapas nos pagamentos online, possibilitando a oferta de Pix nas carteiras digitais, as chamadas wallets, e, portanto, a realização de pagamentos por aproximação com o Pix sem a necessidade de o usuário acessar o aplicativo de sua instituição financeira para fazer a transação.

Open finance , Pix e a moeda digital Drex são os pilares do sistema financeiro do futuro, que visa a

transformar o modo como os consumidores e empresas lidam com suas finanças, com foco na segurança, agilidade e conveniência, explicou Mardilson Queiroz, consultor do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central.

“Além do Pix por aproximação, a interação dos projetos open finance e Pix já gerou outras funcionalidades em benefício dos consumidores, a exemplo das transferências inteligentes. Outras oportunidades surgirão nos próximos anos com o Pix e entendemos que com o Drex também, assim que estiver operacional”, diz (leia a íntegra da entrevista na página 20).

“Até 2023, o open finance foi visto muito mais para atender às questões regulatórias. Agora temos recebido aqui demandas de clientes para executar projetos visando a casos de uso.”
Leandro Vilain
Sócio da Oliver Wyman Brasil

Para Leandro Vilain, sócio da Oliver Wyman Brasil na prática de Serviços Financeiros, há muitos movimentos ocorrendo na indústria financeira, com três grandes fatores impulsionando as transformações. O primeiro deles é a mudança comportamental do cliente, que está mais digital e não apenas para o sistema financeiro. O segundo fator é a redução no custo da tecnologia e o terceiro é que, desde 2016, o BCB partiu de um diagnóstico de que a taxa de juros era alta em função da pouca competição e vem abrindo o mercado. “Com isso, vimos a proliferação de novos entrantes e a viabilização de novos players no mercado. Mas houve um aumento de participantes no mercado financeiro e isso não significou

Foto: Pedro França / Agência Senado

Menos fraudes no Pix

FOI O QUE O PRESIDENTE do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, afirmou ao rebater críticas sobre falta de segurança e vazamentos no Pix ao participar do evento BlockchainRIO. Segundo Campos Neto, o Pix tem sete fraudes por 100 mil operações, enquanto no caso dos cartões de crédito o número chega a 30 por 100 mil. “Às vezes eu vejo uma narrativa nesse tema de segurança que é muito fora da realidade. Eu vejo os artigos escrevendo que o número de fraudes aumentou muito. Não, o número de fraudes aumentou muito porque muitas coisas passaram a ser feitas com o Pix. A conta que você tem que fazer não é em números absolutos”, afirmou. No caso de vazamentos, o presidente do BC afirmou que as informações expostas, como nome, CPF e telefone, são as mesmas que estavam disponíveis em transações que ocorriam antigamente, como no caso dos cheques. “Nós temos que nos preocupar muito em proteger informações de saldos, históricos de compras e outras transações bancárias. O Pix é muito seguro”, detalhou.

(Ana Paula Lobo)

uma queda na taxa de juros”, diz Vilain.

O caminho para o digital impactou, primeiramente, a área de meios de pagamentos. “O Pix, sem dúvida nenhuma, veio a reboque do processo. Foi um projeto muito bem-sucedido, altamente reconhecido pela indústria no Brasil e lá fora. Quando o BC elaborou o Pix, tinha a expectativa de redução de custo na transação, mas a consequência foi um dos maiores programas de inclusão de pessoas que ficavam à margem do

sistema financeiro”, assinala Vilain.

O Pix também causou uma mudança significativa no status quo da indústria financeira. “Percebemos algum impacto nas transações em débito, principalmente, no ecommerce, uma queda no débito presencial e uma queda significativa nas transações em dinheiro, que diminuiu o número de pessoas nas agências bancárias, em média 30%. Hoje, você tem um parque físico de agências bancárias que necessariamente terão de ser remodeladas”,

Foto: Raphael Ribeiro / BCB

avalia o sócio da Oliver Wyman Brasil.

Com relação ao open finance , Vilain apontou que a mudança está mais no processo de fazer uma transação e, agora, há provedores usando open finance para resolver problemas do cliente e buscando casos de uso reais. “Até 2023, o open finance foi visto muito mais para atender às questões regulatórias. Agora temos recebido aqui demandas de clientes para executar projetos visando a casos de uso”, acrescentou.

Assim, o open finance passa a ser o meio para se resolver problemas das instituições financeiras – e não o objetivo ou o fim. “Em um primeiro momento, vimos o que era mais óbvio e foi muito direcionado a crédito, a entender o perfil e dar crédito. Agora, os problemas têm sido específicos de cada instituição financeira e variam muito conforme a estratégia.”

AVANÇOS NA ESTRUTURA DO OPEN FINANCE

A governança do open finance passou a ter personalidade jurídica e estrutura organizacional próprias. De acordo com o diretor de Regulação do BCB, Otávio Damaso, trata-se de uma estrutura completa da governança, com regulamentação e CNPJ, substituindo a estrutura provisória que vigorou até agora. “Vai contribuir muito para o desenvolvimento deste ecossistema”, ressaltou Damaso, na entrevista coletiva de lançamento.

Para Janaína Pimenta Attie, chefe de subunidade do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, as novas regras significam “um passo importante na profissionalização da estrutura, que, hoje, é responsável por toda a operacionalização do open finance”.

Com relação a voto e custeio, o BCB esclareceu que são interdependentes e que houve melhorias na representatividade, sem que associação alguma ficasse com o poder absoluto nas decisões. Atualmente, são sete assentos, sendo seis de associações e um deles reservado a um conselheiro independente. Esses assentos continuam e foram acrescentados mais dois: a Zeta e a Init. Também participa a Febraban, que tem dois votos. No grupo que tem um voto, estão: ABBC; OCB; Abecs; grupo composto pela Abipag; Abranet e Câmara-e.net; ABCD

“[A estrutura de governança] vai contribuir muito para o desenvolvimento deste ecossistema.”

BCB

e ABFintechs, somando 11 votos e dez assentos.

O BCB também ampliou o escopo de instituições que participam do ecossistema do open finance , que passou a abranger instituições financeiras relevantes em segmentos como investimentos e operações de câmbio. Os ajustes nas regras de participação em compartilhamento de dados e no início da transação de pagamentos aumentarão a base de clientes do Sistema Financeiro Nacional (SFN) que podem compartilhar dados no open finance

A expectativa é que haja um salto de 75% para 95%, uma vez que, antes, os participantes obrigatórios eram somente as instituições enquadradas em conglomerados S1 e S2. Passam a ser incluídas também instituições individuais ou conglomerados com mais de 5 milhões de clientes. E, na iniciação de transação de pagamentos, será feita a equiparação com regras de participação do Pix, tornando, assim, facultativa a participação das instituições pequenas – antes, todas as instituições detentoras de conta eram participantes obrigatórias.

DESAFIO DO DREX

Para além do open finance e do Pix, o Banco Central avança ainda com a moeda digital brasileira, o Drex. O projeto piloto foi criado, inicialmente, para validar o uso de uma solução de tecnologia de registro distribuído (DLT, na sigla em inglês), avaliando sua programabilidade e capacidade de aderência aos requisitos legais e regulatórios, principalmente em relação

à privacidade das informações de indivíduos e demais envolvidos nas transações na plataforma Drex, bem como sua viabilidade tecnológica.

Ao participar de painel durante o Febraban Tech 2024, Clarissa Souza, coordenadora de Tecnologia do Banco Central do Brasil, salientou que o Drex precisa superar o desafio da privacidade em um ambiente programável. Ela explicou que, como se trata de uma plataforma regulada, é necessário resolver a questão da privacidade.

A abordagem do dilema privacidade e programabilidade foi colocada à mesa para debate na primeira fase, mas a tecnologia precisa de tempo para amadurecer. “Vimos, ao longo do piloto, soluções diferentes de privacidade e as colocamos na rede. Este processo vai casar bem com a segunda fase, que terá novos casos de uso e vamos colocá-los dentro dessas soluções”, detalhou Clarissa Souza, frisando que não existe dificuldade em fazer uma transação com privacidade, mas, sim, de compor ‘as coisas’ com a programabilidade.

Atualmente, o BCB está concluindo a fase 1 do piloto, cuja meta foi avaliar a programabilidade em conformidade com os requisitos de privacidade, e iniciando a fase 2. “Nesta nova fase, o objetivo é permitir que os participantes criem e gerenciem seus próprios serviços e novos modelos de negócios, não se limitando mais aos serviços criados pelo BCB”, assinalou Haroldo Jayme Cruz, chefe do Departamento de Tecnologia da Informação (Deinf) do Banco Central.

No BlockchainRIO, o coordenador da moeda digital no BCB, Fabio Araújo, afirmou que o Banco Central não vai correr. Segundo Araújo, o BCB programa fazer um chamamento para que novos participantes entrem no piloto do Drex e possam oferecer seus casos de uso já a partir de 2025.

Segundo ele, há um trilema no Drex: privacidade, interoperabilidade e descentralização. Em todos, assegura, há questões a serem resolvidas. “Nós temos que pensar em interoperabilidade capaz de permitir que pequenas e médias empresas e startups possam estar no Drex”, disse. Na parte de privacidade, o Banco Central está testando quatro ferramentas: Zether (da Consensys), Starlight (da Ernst & Young), Parchain (da Parfin) e Nova (da Microsoft) . •

Pix Automático ficou para junho de 2025

O PIX AUTOMÁTICO promete facilitar cobranças recorrentes, podendo ser utilizado como forma de recebimento por grande variedade de empresas, de diversos tamanhos e setores de atuação. Entre elas, estão concessionárias de serviços públicos, escolas, faculdades, academias, condomínios, clubes sociais, planos de saúde, serviços de streaming, portais de notícias, clubes por assinatura e empresas do setor financeiro.

Para o usuário pagador, o Pix Automático será uma alternativa de pagamento recorrente sem fricções. Mediante autorização prévia, dada no ambiente seguro da conta pelo próprio dispositivo de acesso (celular ou computador), o usuário permitirá os débitos periódicos de forma automática, sem a necessidade de autenticação a cada transação. Já para o usuário recebedor, o Pix Automático tem o potencial de aumentar a eficiência, diminuir os custos dos procedimentos de cobrança e reduzir a inadimplência.

A redução de custos é esperada pois a operação independe de convênios bilaterais, como ocorre atualmente no débito em conta, e utiliza a infraestrutura já criada para o funcionamento do Pix. Além disso, os procedimentos operacionais serão padronizados pela autoridade monetária, o que facilita a implantação e aumenta a competição.

A expectativa do Banco Central é lançar o Pix Automático em 16 de junho de 2025. Já a funcionalidade de recorrência do Pix Agendado permanece com data obrigatória de disponibilização por todos os participantes em 28 de outubro de 2024.

POR MAIS CONCORRÊNCIA E EFICIÊNCIA

O CONSULTOR do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central Mardilson Queiroz, detalha o avanço em open finance e fala da integração com o Pix e o Drex.

Abranet > Open finance, Pix e Drex parecem que vão convergir em um ponto mais à frente. Como isso se dará, o que as pessoas podem esperar de resultados/ benefícios e quando deve ocorrer? Mardilson Queiroz > Em comum, os três projetos visam a aumentar a concorrência e a eficiência dos sistemas financeiros e de pagamentos. Além disso, são motores de inovação, promovendo a cidadania financeira. Entendemos que esses projetos são os pilares de um sistema financeiro do futuro, transformando o modo como os consumidores e empresas lidam com as suas finanças, com foco na segurança, agilidade e conveniência. Dessa forma, temos buscado sinergia nas agendas evolutivas dos projetos. Além do Pix por aproximação, a interação do projeto open finance e do Pix já gerou outras funcionalidades em benefício dos consumidores, a exemplo das transferências inteligentes. Outras oportunidades surgirão nos próximos anos com o Pix e entendemos que com o Drex também, assim que estiver operacional.

Qual o objetivo de ampliar o escopo de instituições que participam do ecossistema do open finance?

Antes da nova regra, apenas instituições dos conglomerados S1 e S2 eram obrigadas a compartilhar dados no open finance. Inicialmente, isso cobria as principais instituições de serviços bancários tradicionais, relativos a crédito e pagamentos. No entanto, para o compartilhamento de outros dados que passaram a integrar o escopo de dados do open finance, como, por exemplo, dados de inves-

timentos e câmbio, notamos que instituições relevantes para o compartilhamento desses dados não pertenciam a esses conglomerados e ainda não tinham se tornado participantes voluntários do ecossistema. O objetivo da nova regra foi aumentar a quantidade de dados compartilháveis, a critério dos consumidores titulares dos dados, e em benefício desses.

Quais são os objetivos e perspectivas com a estrutura definitiva de governança?

A evolução para uma nova estrutura de governança já estava prevista para ocorrer desde o início da implementação do open finance. A estrutura inicial, atualmente em vigor, cumpriu com os objetivos e as expectativas iniciais do projeto, hoje, o maior modelo de open finance do mundo em termos de escopo e de quantidade de consentimentos, com base na experiência de mais de três anos de seu funcionamento.

As diretrizes continuam sendo garantir a representatividade e a pluralidade de instituições e segmentos participantes, o acesso não discriminatório das instituições participantes e a mitigação de conflitos de interesse no

âmbito do open finance. Contudo, agora o foco passa a ser o de assegurar condições para maior profissionalização da estrutura, de forma a garantir a sustentabilidade do open finance. A nova estrutura contará com profissionais especialistas dedicados ao desempenho de suas atividades, assegurando, assim, maior maturidade e perenidade nas discussões, e maior tempestividade na elaboração das propostas técnicas. Além disso, poder decisório e custeio passam a ser interdependentes, corrigindo distorções verificadas no modelo atual. Não se trata de uma estrutura definitiva, mas de uma estrutura que seguirá evoluindo e se transformando conforme o maior amadurecimento do open finance.

Como o BC define esta nova fase do open finance?

O que ela traz de oportunidades?

O open finance é um ecossistema em plena consolidação, já trazendo benefícios concretos para clientes e instituições. Para citar alguns exemplos, temos dados de uma fintech que relatou ter mais de 9 milhões de clientes utilizando ferramentas de gerenciamento financeiro, enquanto outra relatou ter 4 milhões de clientes engaja-

dos na gestão financeira consolidada, com 47 milhões de acessos em apenas uma instituição.

O processo de análise de crédito também se tornou mais eficiente: agora, basta compartilhar dados com a nova instituição para que os contratos sejam analisados. Uma instituição atraiu cerca de R$ 1 bilhão em portabilidade de crédito usando informações do open finance. Outro banco nos relatou ter oferecido cartão de crédito para 1,3 milhão de clientes que não tinham acesso ao produto. Em outra instituição, houve aumento de R$ 4 bilhões do limite de crédito de seus clientes. Ainda nesse tema, uma fintech divulgou ter tido R$ 8 milhões de economia em juros de cheque especial. Todos esses números favorecem a inclusão financeira com qualidade.

Outra área de melhoria foi a performance em investimentos. Um banco tradicional indicou ter rentabilizado R$ 1,5 bilhão em investimentos a mais para seus clientes. Indiretamente, o open finance ajuda a educar financeiramente os clientes das instituições. Por exemplo, em uma fintech, 2,6 milhões de clientes foram notificados que recursos parados em outra instituição poderiam estar rendendo juros em sua instituição.

Não só em relação à oferta de produtos e serviços melhores e mais eficientes o open finance gera benefícios, mas também na melhoria dos processos internos das instituições quanto à aderência a requerimentos de prevenção a lavagem de dinheiro e início de novos relacionamentos. O open finance permite às instituições desenvolverem mecanismos e ferramentas mais assertivas e baratas garantindo uma aderência às normas com maior agilidade e segurança a um custo menor, conforme relatos das instituições.

Por fim, o open finance está também impulsionando novas soluções de pagamento e transferências. Além das melhorias na jornada de iniciação de pagamentos, que vão possibilitar o Pix por aproximação, as funcionalidades de transferências inteligentes e agendamentos recorrentes já foram lançadas, e estamos acompanhando o desenvolvimento pelo mercado.

Milhões de clientes já usufruem os benefícios do open finance; e esperamos que esse número continue crescendo. O Banco Central está focado em 2024 no aprimoramento do desempenho das instituições participantes e na implementação da Nova Estrutura de Governança para o ecossistema •

REGULAÇÃO DA IA TEM DE SER INDUTORA À INOVAÇÃO E À MODERNIDADE

A Abranet está à frente da consulta pública O que queremos da IA e participa ativamente do Conselho de Inteligência Artificial e Sociedade (CIAS), que conta com 20 membros oriundos do poder público, privado, academia e terceiro setor.

A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL pode ser parceira do crescimento do Brasil. “A gente não pode regulamentar a tecnologia em si. Então, o ideal é que ela seja principiológica ou indutora. Acho que a grande pergunta é: o que a gente quer? A gente quer induzir como? Incentivos e novas capacitações. Temos que analisar o todo e ver como construir

um projeto de lei que não fique velho, que não fique obsoleto”, ressaltou a presidente da Abranet, Carol Conway, ao apresentar a consulta pública sobre IA, realizada pela entidade em parceria com o Instituto Tecnologia e Sociedade (ITS), na edição 2024 do Rio Innovation Week.

A reflexão O que queremos da IA é a essência da consulta pública, que desde junho deste ano já recebeu 5,5 mil consultas, tem 914 participantes inscritos e soma 158 contribuições. Também foi criado o Conselho de Inteligência Artificial e Sociedade (CIAS), que conta com 20 membros oriundos do poder público, privado, academia e terceiro setor. André Queiroz, diretor de IA da Abranet, explicou que a motivação para a construção do CIAS foi entender como o estado brasileiro e a sociedade civil organizada também podem contribuir com a visão de inteligência artificial.

“Esse é o propósito do grupo: entender como o Brasil quer se posicionar ante esta tecnologia. Fizemos questão de trazer representantes de diferentes demandas da sociedade em relação à IA – gente da área da saúde, gente que está olhando se é oportunidade ou ameaça para transações financeiras, gente olhando para representatividade, para viés, entre outros”, detalhou Queiroz.

Carol Conway, ao palestrar no Rio Innovation Week, destacou a importância de as pessoas refletirem sobre o tema. “A consulta está aberta, não tem prazo para ser encerrada. Então, é interessante que as pessoas naveguem e reflitam, coloquem-se neste lugar de quem está regu-

VOTAÇÃO NO CONGRESSO ESTÁ ARRASTADA

EM JULHO, a Comissão Temporária sobre Inteligência Artificial adiou novamente a votação do relatório sobre o projeto que regulamenta o tema no Brasil (PL 2.338/2023). Até o fechamento desta edição da Revista Abranet. ainda não havia sido prevista nova data. Em entrevista ao CDTV, em meados de agosto, o relator do projeto de lei, senador Eduardo Gomes (PL-TO), reforçou que o texto do PL da Inteligência Artificial estava pronto para ser votado, mas que ainda havia espaço de convencimento.

E foi além: Gomes ressaltou que a segurança jurídica da regulação proposta tem mais chances de trazer novos investimentos nessa área no Brasil do que deixar o tema sem cobertura legal.

“Assim que for definido se vai votar no esforço concentrado ou

se será até o fim do ano, vamos concluir a votação. E, aos poucos, todos começam a compreender que não regular não tem nenhum efeito positivo na inteligência artificial no Brasil. Não há um centavo investido a mais em inteligência artificial no Brasil porque nós não temos a regulação. Então, está caindo essa ideia de que, se regular, some o investimento”, afirmou o senador.

Para ele, “a estrada é regulação, política pública, investimento e liberdade para existir. Porque ou chega todo mundo ou não chega ninguém. Ou chega o empreendedor, o regulador, a sociedade e o governo, ou cada um vai para um lado e a gente não chega a lugar nenhum”.

O relator do PL 2338/23 argumentou que o desenho proposto,

“A grande pergunta é: o que a gente quer? A gente quer induzir como? Incentivos e novas capacitações. Temos que analisar o todo e ver como construir um projeto de lei que não fique velho, que não fique obsoleto.”

“A palavra mais importante é diversidade; é ter diversidade no debate, porque existe uma leitura de que é um debate técnico e jurídico. Precisa, sim, deste rigor técnico, mas ele tem de abarcar outras dimensões.”

lando. Nós estamos ansiosos para ter as contribuições da comunidade brasileira”, afirmou.

A pesquisa está sendo realizada por eixos, tais como “Emprego e Trabalho” e “Controle de Riscos”, para simplificar o recolhimento de contribuições e a chegada à conclusão do que a sociedade deseja para a nova regulação, que é mais complexa que o Marco Civil da Internet.

Atualmente, o mundo passa por um momento de corrida pela soberania da inteligência artificial. Todos os países estão investindo em pesquisas e estudos acerca da IA e a regulação está no centro do debate mundial. Segundo pesquisa do Boston Consulting Group (BCG), o Brasil está acima da média mundial quando se trata de conhecimento e uso de

de um sistema coordenado pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados, mas que garante espaço para que cada agência reguladora cuide do tema em sua seara, é a melhor proposta. “Vamos chegar num ponto de inflexão que nos deixa cada vez mais seguros de que, primeiro, o fortalecimento do marco regulatório tem a ver diretamente com as agências reguladoras”, disse Gomes.

O Banco Central do Brasil já avisou que quem tem de dar a palavra final na regulação do uso de inteligência artificial pelos bancos é o regulador do sistema. O presidente da Federação Nacional dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, defendeu que a regulamentação de IA no Brasil deve ser a menos invasiva possível para não bloquear a inovação e os novos serviços que virão a partir do uso da tecnologia.

As empresas estaduais de processamento de dados reunidas na Associação Brasileira de Entidades Estaduais e Públicas

IA, e a Abranet acredita que a regulação não pode ser um fator limitador, que ela deve agir como impulsionadora da pesquisa, da capacitação e da evolução da tecnologia no País. Para André Queiroz, quanto mais lideranças de negócios, causas sociais, influenciadores e políticos, entre outros, sensibilizarem-se com a necessidade de ampliar a discussão e incluir pensadores, melhor. É preciso ainda traduzir o debate jurídico para quem está investindo milhões em IA. “A palavra mais importante é diversidade; é ter diversidade no debate, porque existe uma leitura de que é um debate técnico e jurídico. Precisa, sim, deste rigor técnico, mas ele tem de abarcar outras dimensões”, assinalou Queiroz.

(Com informações de Lucas Inácio Leal da Costa)

de Tecnologia da Informação e Comunicação (Abep-TIC) decidiram transformar em comissão permanente o grupo criado para discutir inteligência artificial, atentas ao projeto de lei para regular a tecnologia que tramita no Congresso Nacional. Para as “prods”, sem mudanças importantes no texto, não há como o poder público se envolver no desenvolvimento da IA.

“A criação dessa comissão de inteligência artificial como órgão permanente surgiu da necessidade da maior associação de “prods” públicas que operacionalizam e desenvolvem tecnologia de IA se manifestar, ocupar seu espaço. Levamos ao senador Eduardo Gomes, relator do projeto, propostas com foco nos três pilares que mais impactam: governança, contratação flexível e fomento”, afirmou o diretor Jurídico de Governança e Inovação da Prodesp, André Sucupira.

(ColaboraramAna Paula Lobo e Luís Osvaldo Grossmann)

FIBRA ÓPTICA À PROVA DO FUTURO

A transformação digital está amadurecendo e o 5G ainda tem de provar o seu valor. E preparem-se: o 5G RedCap está chegando.

AS REDES 5G ainda não provaram integralmente o seu valor, mas sua evolução – o 5G RedCap – promete conectar mais dispositivos simultaneamente, ampliando as aplicações de Internet das Coisas (IoT) em larga escala, sendo o intermediário para o desembarque do 6G em 2030, segundo especialistas. Na parte fixa, uma protagonista que veio para ficar: operadoras e fornecedores são taxativos ao dizer que a fibra óptica é à prova do futuro e vai reinar por muitos e muitos anos. Essas são algumas tendências observadas no mercado de telecomunicações, que foram debatidas no evento Telco Transformation Latam 2024, realizado nos dias 21 e 22 de agosto, no Rio de Janeiro.

learning são prioridades para a Internet das Coisas empresarial”, disse, completando que 2024 é o ano em que as estratégias de uso corporativo da IoT vão evoluir.

Outra mudança significativa para a IoT será o uso de embedded SIM (eSIM) e de integrated SIM (iSIM), que vai ajudar a aumentar as conexões Low-Power Wide Area Network (LPWAN) ao permitir maior cobertura de rede ao mesmo tempo em que possibilita a entrada de novos dispositivos. “Existe hoje uma dificuldade de ter roaming, o que causa um impacto grande em logística. O eSIM sendo integrado facilita a mobilidade dos chips, permitindo que as empresas carreguem perfis de diferentes operadoras”, explicou Lopes.

Para as empresas compradoras de tecnologia, uma das grandes vantagens é poder contratar o melhor serviço para cada uso, mas, para as operadoras, representa um desafio, porque elas deixam de ter o monopólio, já que o cliente vai ter liberdade de escolher outros provedores.

“Como

Já houve um hype maior no mercado com relação à IoT e, hoje, as expectativas estão mais assentadas com o ecossistema se transformando de maneira a alcançar o amadurecimento das soluções. A convergência da inteligência artificial e da IoT; o 5G RedCap abrindo caminho para o crescimento da conectividade; o eSIM para IoT ajudando a prover maior flexibilidade e segurança; e o uso de satélite integrado à rede celular dando resiliência à IoT foram apontados por Ari Lopes, líder da prática Provedores de Serviços para os mercados das Américas na Omdia, como destaques do setor.

Segundo Lopes, a transformação digital vem amadurecendo, e temas como 5G e inteligência artificial não são mais tratados como algo do futuro, mas do presente e já com implementações. “IA e machine

o 5G RedCap vem sendo adotado de maneira forte na China, isso ajuda a escalar. O ano de 2024 preparará o cenário para uma adoção mais ampla do 5G RedCap.”

Ari Lopes

Líder da prática Provedores de Serviços para os mercados das Américas na Omdia

Roberta Prescott

“É uma oportunidade para criar modelos de automação, modelos que melhoram a experiência de uso e criam serviços diferenciados dentro da banda larga fixa.”

Mauro Fukuda

Diretor de Tecnologia, Estratégia e Arquitetura de Rede na V.tal

A expectativa é aumentar a competitividade do mercado. Com relação ao 5G RedCap, seu crescimento na China tende a impulsionar a tecnologia nos mercados ocidentais nos próximos anos. “Como o 5G RedCap vem sendo adotado de maneira forte na China, isso ajuda a escalar e ajuda também em custo. O ano de 2024 preparará o cenário para uma adoção mais ampla do 5G RedCap”, apontou Ari Lopes, complementando que se trata de uma maneira de monetizar o 5G, uma vez que endereça necessidades de casos de uso de grande largura de banda e baixa latência e de baixa largura de banda e baixo consumo de energia.

FUTURO DAS REDES

Com relação à infraestrutura fixa, fornecedores e prestadoras de serviços de telecomunicações trabalham para evoluir a operação de redes. “A preparação da rede está sendo feita ao longo dos anos”, afirmou

“Adotamos algumas premissas: zero legado, redes próprias e usufruir o máximo da tecnologia. Mas nós vivemos de escala; temos de ser ágeis e trabalhar com custo baixo.”

Atila Branco

CTIO da Fibrasil

Mauro Fukuda, diretor de Tecnologia, Estratégia e Arquitetura de Rede na V.tal. Na banda larga fixa, o futuro da rede está na incorporação de funcionalidades, dando suporte a aplicações de baixa latência, o que exige edge computing . “É uma oportunidade para criar modelos de automação, modelos que melhoram a experiência de uso e criam serviços diferenciados dentro da banda larga fixa”, acrescentou Fukuda, para quem a fibra ótica é uma tecnologia à prova do futuro devido à alta velocidade e baixa latência.

“É antieconômico colocar fibra ótica onde já existem bons backbones. Não temos fetiche por ter rede, você tem de mudar o mindset.”

As redes neutras podem revolucionar o mercado à medida que otimizam a malha de fibra ótica. Mas o avanço delas, principalmente entre provedores de internet, depende de fatores como modelos de negócios, transformação cultural, processos adequados e a constante inovação tecnológica. “É antieconômico colocar fibra ótica onde já existem bons backbones. A Mega não tem fetiche por ter rede, você tem de mudar o mindset”, ressaltou Carlos Eduardo Sedeh, CEO da Megatelecom, ao integrar o painel de discussão sobre redes neutras e casos de usos no Telco Transformation Latam 2024.

Do lado de quem provê o serviço, Atila Branco, CTIO da Fibrasil, que opera em 151 cidades, assinalou que a empresa precisou se adaptar ao modelo dos provedores de internet e hoje os próprios ISPs são parceiros de manutenção de rede. “Adotamos algumas premissas: zero legado, redes próprias e usufruir o máximo da tecnologia. Mas nós vivemos de escala. Além da Vivo, temos mais 50 clientes; temos de ser ágeis e trabalhar com custo baixo”, enumerou.

André Ituassu, CTIO da I-Systems, ressaltou que

o fato de a companhia ter uma operadora por trás (TIM) é relevante para começar com escala grande, o que ajuda a ter uma base sólida de clientes, mas isso não pode ser impedimento para atender os ISPs da forma que eles precisam. “A rede neutra foi criada para tirar os grandes investimentos das operadoras –e estamos evoluindo para infraestrutura digital e de serviços e para transformar a rede neutra em ‘tudo como serviço’”, explicou Ituassu.

Quanto à tecnologia, Branco, da Fibrasil, disse que a companhia conta com rede de fibra ótica e site adequado para colocar datacenter. Atualmente, o mercado de fibra até a casa do cliente (FTTH, na sigla em in -

7G no horizonte

DO LADO DAS REDES 5G, que estão em operação há pouco mais de dois anos no Brasil, vale ressaltar que elas ainda enfrentam problemas de monetização, com uma relação de Capex [despesas com a aquisição de bens] e faturamento das operadoras mais alta em 5G. “É muita despesa para pouca receita”, resumiu Henry Douglas Rodrigues, gerente-executivo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Inatel, keynote de encerramento do Telco Transformation Latam 2024. Rodrigues pontuou que o 5G, lançado no ano de 2020, possibilitou realidades aumentada e virtual e atendeu ao segmento de negócios. Contudo, ficará para 2030, com o 6G, o incremento da tecnologia com sensoriamento e imersão com foco maior no consumidor, quando será possível, por exemplo, trabalhar com hologramas, comunicação imersiva, massiva e hiperconfiável de baixa latência.

“Vemos que a maturidade vem a cada duas gerações. O 3G se propôs a transmitir dados, mas era lento e o 4G resolveu. O 5G prometeu 1 milissegundo, mas, na prática, não cumpriu e temos a expectativa de o 6G se tornar o 5G maduro. E, como a cada dez anos, emerge

“A rede neutra foi criada para tirar

os grandes investimentos das operadoras – estamos

evoluindo para

infraestrutura

digital e de

serviços

e para transformar a rede neutra em `tudo como serviço´.”

I-Systems

glês) é o de massa e o que exige mais. “Acredito que agora vamos começar a usufruir os novos serviços. Temos uma infraestrutura de TI totalmente baseada na nuvem e algoritmos de IA para prever falhas e mandar a manutenção preventiva antes delas acontecerem”, apontou o CTIO •

uma nova tecnologia, pode-se esperar o 7G para mais adiante, assinalou o especialista, para quem o 6G não será implantado enquanto o 5G não der retorno.

O desafio das operadoras tem sido conseguir novas fontes de renda por meio de aplicações e casos de uso. E é aí que entram os novos releases do 3GPP [3rd Generation PartnershipProject], que prometem expandir as capacidades da rede com os releases 18, 19 e 20 – o 5G Advanced –, disponíveis a partir de 2024, e o 6G, a partir do release 21, cujos sistemas comerciais devem começar em 2030. Com o 5G Advanced, espera-se uma melhoria no uplink e na segurança.

O 5G Advanced promete 5G multicast, IoT de baixo custo, edge e slicing e integração com redes não terrestres (NTN).

O ambiente de Internet das Coisas ganhará com dispositivos de baixíssimo custo e que operam sem bateria, atendendo a aplicações de tag e sensoriamento. “Tag sem bateria e sem fio já existe com RFID [identificação por radiofrequência, na sigla em inglês), mas em RFID o dispositivo tem de passar por um portal para fazer a leitura. Esse tag tem a leitura feita de qualquer lugar com cobertura da área móvel. Um exemplo de aplicação é colocar o tag no rótulo de um produto como um frasco de vacina para você acompanhar todo o ciclo de vida, fazendo leituras da temperatura etc”, disse Rodrigues.

Norma 4: internet nunca será telecomunicações

A ABRANET é contra o posicionamento defendido pelo presidente da Anatel, Carlos Baigorri, quanto ao fim da Norma 4, que em 1995 classificou a internet como Serviço de Valor Adicionado. Segundo o presidente do Conselho Consultivo da Abranet, Eduardo Parajo, a Reforma Tributária não justifica modificar o conceito.

“Não é porque a regra tributária vai mudar que a natureza dos serviços vai mudar. A internet não é telecom e não vai virar telecom. Mas, se tudo virar a mesma coisa, tem contribuições setoriais que hoje são exclusivas de telecom que incidiram, então, sobre o serviço de internet”, Para a Abranet, é um erro a posição defendida pela Anatel –o fim da Norma 4, que colocou internet como serviço de valor adicionado. “A internet não é telecom”, diz o presidente do Conselho Consultivo da associação, Eduardo Parajo.

aponta Parajo. Quem também saiu em defesa da Norma 4 foi Marcelo Siena, presidente da Rede Telesul, entidade que representa provedores de acesso à internet na Região Sul.

“O temor que há ao se falar do fim da Norma 4 é trazer tudo para o mesmo arcabouço regulatório. Nossa preocupação é deixar tudo sujeito à regulação da Anatel. Existe o desejo na agência de aumentar seus tentáculos regulatórios para o universo das OTTs”, comentou o executivo, em reportagem publicada pelo portal Tele.Síntese.

A seu ver, a Norma 4 é fundamental por deixar clara a separação entre o que são

Criptoeconomia na CVM

A ASSOCIAÇÃO Brasileira de Criptoeconomia (Abcripto) passou a integrar o Comitê Consultivo de Educação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O comitê congrega a CVM e outras instituições privadas que representam o mercado de capitais com o objetivo de apoiar iniciativas que melhorem a educação financeira do brasileiro.

O diretor-presidente da Abcripto, Bernardo Srur, diz

telecomunicações e o que é internet. Sem ela, abre-se uma lacuna regulatória. Ele lembra que, por lei, a Anatel regula apenas telecomunicações. Mas, caso deixe de existir o normativo, desaparece a linha que evidencia esta diferenciação. “Hoje, com as redes neutras e avanço das MVNOs, a necessidade de separação do que são as telecomunicações do que é acesso à internet se tornou mais importante do que nunca”, acrescentou.

Quem também se manifestou contra o fim da Norma 4 foi o Comitê Gestor da Internet no Brasil. O colegiado emitiu posição em 2022 sobre o tema, a qual permanece válida e atual, informou sua assessoria. O entendimento é que o fim da regra não resulta em uma simplificação regulatória positiva. “O modelo de SVA vigente pela Norma 004/1995 é basilar para o surgimento de novos modelos de negócios e à inovação tecnológica, potencializando efeitos positivos para todo o ecossistema baseado em conectividade”, destaca o CGI.br •

que estar na CVM é um marco para o avanço do setor de criptoativos. “Reitera a representatividade da associação para a criptoeconomia no Brasil e é mais um passo para termos um setor cada vez mais moderno, robusto e organizado, especialmente porque estaremos em discussões relevantes ao lado de grandes entidades que representam setores essenciais da nossa economia”, afirmou.

Uma ação relevante é a recente autorregulação. O objetivo foi estabelecer padrões claros e robustos para a emissão e negociação de tokens, proporcionando maior transparência, segurança e confiança para todo o mercado. A intenção é tornar a autorregulação vigente nos próximos três meses. •

Reforma Tributária: Abranet pede mudança Startups: BNDES quer foco em IA

A ABRANET, junto com empresas do setor de Tecnologia da Informação, foi, mais uma vez, em peso ao Congresso Nacional para clamar por mudanças na Reforma Tributária. Na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, Abes, Abranet, Assespro, Brasscom e Fenainfo advertiram que a proposta avança mantendo aumento de carga tributária, o que aponta para aumento de preços ao consumidor.

%O setor de TI alega que, ao ficar na alíquota padrão, haverá perda de competitividade da economia em geral. O pleito é incluir diversas nomenclaturas de TI – licenciamento, consultoria etc – no rol de setores com alíquota reduzida em 60%.

“Queremos uma revisão na alíquota plena da reforma. Isso vai trazer desequilíbrio muito grande para as empresas e acabar encarecendo o serviço na ponta final, com reflexos em todos os setores. Para o consumidor, o aumento será entre 18% e 20%, com claros prejuízos para a digitalização”, resumiu o presidente do Conselho Consultivo da Abranet, Eduardo Parajo.

O setor também defendeu emendas que fazem ajustes no creditamento e utilização de crédito presumido para contratação de pessoal e tratamento tributário diferenciado para as atividades de TI, incluindo-as na alíquota reduzida em 60%. Atualmente, nos termos da proposta que tramita no Senado, o setor deverá recolher um IVA na alíquota geral, por enquanto estimada em 28%. •

(Luis Osvaldo Grossmann)

O BANCO Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou o primeiro dos quatro ciclos da 3ª edição do BNDES Garagem, programa gratuito de apoio a empreendedores e startups . No fim da aceleração, em abril de 2025, dez startups que se destacarem participarão do Demoday.

De acordo com a colocação, as cinco vencedoras na categoria de Tração vão receber prêmios de R$ 60 mil a R$ 150 mil, enquanto na de Criação outras cinco ganharão de R$ 30 mil a 80 mil. Economia verde e descarbonização, segurança pública, educação, saúde e economia da periferia são setores priorizados. Em todos os casos, soluções que contemplem inteligência artificial terão destaque . •

Anatel e NIC juntos na medição da banda larga fixa

A AGÊNCIA Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) assinaram acordo de cooperação para desenvolvimento e operação de uma ferramenta que possibilitará a medição da velocidade de banda larga fixa entregue para o consumidor comparada com a definida em seu contrato individual. Segundo o presidente

da Anatel, Carlos Baigorri, “a disponibilização desta ferramenta é uma das medidas empregadas pela Agência que visam maior empoderamento dos consumidores, já que de forma simples será possível realizar medições e verificar a qualidade da conexão da banda larga fixa, garantindo o direito de quebra de fidelidade, caso se comprove o descumprimento contratual” •

WiFi 7 no aeroporto de São José do Rio Preto

O AEROPORTO de São José do Rio Preto, no interior do estado de São Paulo, implementou o WiFi 7, em uma iniciativa que faz parte de um projeto piloto de adotar a nova geração de WiFi em um ambiente real, com alta demanda de conectividade. Trata-se de uma ação conjunta das empresas Wztech, Sinal BRASIL (associada à Abranet) e R3SS, que forneceu a estrutura e conectividade dos primeiros equipamentos já certificados pela Anatel no Brasil.

“A ativação da tecnologia WiFi 7 no aeroporto de São José do Rio Preto inaugura uma alternativa tecnológica inédita no Brasil e demonstra que o alinhamento entre fabricantes, provedores locais, administradores aeroportuários e gestores públicos, sob um ambiente regulatório equilibrado, é capaz de acelerar o desenvolvimento da conectividade no País. A Abranet apoia e incentiva iniciativas dessa natureza com o uso livre da faixa completa de 6 GHz em toda a cadeia de valor da internet brasileira”, ressalta Eduardo Neger, diretor da Abranet.

Essa implementação é essencial para avaliar a viabilidade do WiFi 7 em um ambiente de alta demanda e para aprimorar os serviços de conectividade oferecidos ao público. Além de melhorar a experiência dos passageiros, o sucesso desse projeto pode pavimentar o caminho para a expansão dessa tecnologia em outros aeroportos e espaços públicos no Brasil . •

Brasileiros não leem política de privacidade

A 2ª EDIÇÃO da pesquisa Privacidade e proteção de dados pessoais: perspectivas de indivíduos, empresas e organizações públicas no Brasil, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet, apontou que os brasileiros se preocupam com o fornecimento de seus dados biométricos em maior proporção do que com outros tipos de dados pessoais sensíveis, tais como orientação sexual e cor ou raça.

O relatório revelou ainda que 32% dos usuários de internet com 16 anos ou mais no País relataram ficar “muito preocupados” e outros 28% “preocupados” em fornecer dados biométricos – o que soma 60%.

Entre os usuários que mencionaram essa preocupação, a percepção de risco está associada com maior frequência à impressão digital e ao reconhecimento facial, cuja soma de indivíduos “preocupados” e “muito preocupados” alcançou 86% e 82%, respectivamente.

O estudo também mostrou que as organizações para as quais os usuários mais ficam apreensivos em fornecer dados biométricos são: instituições financeiras (37% “muito preocupados” e 36% “preocupados”), órgãos de governo (35% e 38%) e transporte público (34% e 37%).

Além disso, em 2023, 58% dos usuários de internet com 16 anos ou mais sempre (26%) ou quase sempre (32%) concordam com as políticas de privacidade sem ler o que elas dizem. E um quarto dos usuários de internet (24%) procuraram algum canal de atendimento para fazer solicitações, reclamações ou denúncias relacionadas aos seus dados pessoais – a proporção foi maior entre os homens (27%) na comparação com as mulheres (22%) e entre os com Ensino Superior (29%) em relação aos com menor escolaridade (23% até Ensino Fundamental, 22% até Ensino Médio) •

EM QUALQUER CENÁRIO DE ATAQUE, O TEMPO DE RESPOSTA É ESSENCIAL

A luta contra roubo de identidade é contínua, azucrina os CISOs e uma possível resposta é o conceito ITDR.

UMA PESQUISA patrocinada pela Identity Defined Security Alliance (IDSA) revela que 99% dos entrevistados acreditavam que os vazamentos relacionados a identidades poderiam ter sido evitados se a empresa contasse com outra postura de segurança em relação a esse ativo.

Uma possível resposta a esse dilema é o conceito ITDR (Identity Threat Detection and Response, ou detecção e resposta a ameaças contra identidades). ITDR é uma estrutura de segurança cibernética projetada para detectar, investigar e responder a ameaças direcionadas às identidades de usuários dentro de uma organização. As soluções de ITDR são focadas na identificação de atividades suspeitas, tentativas de acesso não autorizado e possíveis violações de identidade, monitorando continuamente eventos e comportamentos relacionados a identidades.

Em qualquer cenário de ataque, o tempo é essencial. Tirando proveito de análises avançadas, machine learning e análise comportamental, a inteligência ITDR pode alertar proativamente o Chief Information Security Officer (CISO) acerca de ameaças baseadas em identidades. Reduzindo o tempo médio de detecção (MTTD, na sigla em inglês), é possível diminuir o tempo médio de resposta e evitar violações de dados e outros tipos de ataques capazes de interromper os negócios.

A DIFERENÇA ENTRE ITDR, EDR E MDR

É importante estabelecer a diferença entre este e outros modelos. É o caso, por exemplo, da diferença entre ITDR e EDR (Endpoint Detection and Response). Embora eles

se complementem, diferem em suas abordagens.

O EDR tem foco nos endpoints, laptops, desktops e servidores, capturando dados específicos de endpoints para identificar e responder a ameaças focadas no dispositivo. Caso um agente de ameaça tente obter acesso a uma rede por meio de um dispositivo endpoint, é função de uma solução EDR detectar essa atividade e remediá-la e/ou alertar uma equipe de segurança.

Pode haver dúvidas, também, sobre a diferença entre ITDR e MDR. Tanto a Detecção e Resposta Gerenciada (MDR, na sigla em inglês) quanto a Detecção e Resposta a Ameaças de Identidade (ITDR, na sigla em inglês) focam a identificação e mitigação de ameaças cibernéticas, mas diferem em abrangência e abordagem. O MDR é um serviço gerenciado que monitora múltiplos endpoints, redes e ambientes de nuvem.

Há recursos essenciais para a eficácia da ITDR:

• Fortes controles preventivos e capacidades robustas de descoberta de identidades. A meta é identificar e catalogar todas as identidades, humanas e não humanas.

• Priorização de riscos que permita ao sistema avaliar e classificar vulnerabilidades e ameaças potenciais com base no seu impacto.

• Operação em tempo real, para detectar e prevenir tentativas de acesso malicioso antes que se tornem ameaças reais.

• Capacidades de remediação automatizadas, que permitam ao sistema tomar medidas imediatas para mitigar riscos sem necessitar de intervenção manual.

Quanto mais rapidamente o time de segurança souber das ações que poderiam colocar em risco as identidades da sua organização, mais fácil será bloquear possíveis eventos de risco. A inteligência trazida pela disciplina ITDR permite que o CISO frustre seus adversários antes que a violação aconteça. •

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