Revista Abranet . 46

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EDITORIAL

MÃOS À OBRA... A JORNADA RUMO AO FUTURO COMEÇA AGORA!

O ANO VAI SER MOVIMENTADO, e estamos juntos nisso. Com tantos temas em evidência, elegemos como meta em 2025 a governança 4.0. Da porta pra dentro, significa aperfeiçoar cada vez mais o papel de cada uma das nossas diretorias temáticas e dos colaboradores, além de automatizar e aprimorar o fluxo dos processos e ampliar o alcance das nossas produções técnicas, eventos e informativos.

Da porta pra fora, reformulamos o site, lançamos o Podcast PenseAI, criamos comitês para assuntos específicos, incluindo os de Educação & Inovação (Academia Abranet) e Green Tech (sustentabilidade), e estamos enfatizando a necessidade de trabalhar aspectos de comunicação e manter permanente interlocução com diferentes setores e órgãos do governo, sempre defendendo os interesses dos associados.

O ano de 2025 promete muita coisa boa e, claro, muito trabalho. Ao lado da grande revolução da inteligência artificial, podemos antecipar que vem por aí algo que ainda parece futurologia: a computação quântica, que vai mexer com muitos aspectos da tecnologia, incluindo a segurança cibernética. Aqui no Brasil, todas as empresas também terão de lidar com os desdobramentos da Reforma Tributária, que entra em vigor no ano que vem, mas já exige muito planejamento.

A reportagem de capa da primeira edição do ano da Revista Abranet colheu opiniões de especialistas de diferentes áreas, que destacam os principais desafios de 2025 e também as novas oportunidades, como a necessidade de maior conectividade: no campo, para expandir a agricultura, um dos carros-chefes do País, na

Saúde, na Educação e para ampliar a inclusão digital. Os próximos cinco anos serão transformadores e é imperativo demarcar nosso lugar nesse novo mundo que está sendo construído. Isso requer criatividade, resiliência, agilidade e flexibilidade de nossa parte. A matéria sobre o Futuro do Emprego, baseada em recente pesquisa divulgada pelo Fórum Econômico Mundial, mostra que ao lado das habilidades tecnológicas, como IA, big data, redes e segurança cibernética, as características humanas vão contar muito. E é preciso melhorar urgentemente a qualificação da força de trabalho. Temos mais assuntos críticos em discussão. Dez anos depois, o Marco Civil da Internet está em xeque. O Supremo Tribunal Federal está, neste momento, decidindo se o artigo 19 é constitucional ou não. O tema é estratégico para as empresas de internet. Também à mesa, está uma possível cobrança de taxa de rede pelo uso da infraestrutura de telecomunicações. A Abranet se posiciona: somos contra a inconstitucionalidade do artigo 19 e contra a cobrança da taxa de uso de rede. Aproveito para convidá-los a participar do 5º Congresso Brasileiro de Internet, em Brasília, no dia 22 de maio. Venha debater, entre outros assuntos: o que virá depois da inteligência artificial; os caminhos para as startups nacionais; as possibilidades da energia e de sustentabilidade no País; as mudanças em um contexto geopolítico conturbado; e o futuro do dinheiro, em um mundo cada vez mais virtual. Vai ficar de fora? Entre em contato pelo sec@abranet.org.br e participe. Esta edição da Revista foi preparada de modo muito especial. É o começo da jornada de 2025.

Boa leitura!

05 | ABRANET RESPONDE

O contrato intermitente pode ser aplicado pelas empresas ligadas a tecnologia? Especialista explica a aplicação desse modelo de contratação e orienta empregadores e empregados para evitar equívocos.

06 | CAPA

O que esperar de

2025

12 | REGULAMENTAÇÃO

Especialistas de diferentes áreas opinam sobre os desafios e oportunidades para as empresas de internet.

A neutralidade de rede está em xeque . Dez anos depois do Marco Civil da Internet, estão na mesa discussões sobre uma possível implementação de cobrança pelo uso da rede de telecomunicações no Brasil.

14 | CARREIRA

Futuro do emprego passa pela IA. Fórum Econômico Mundial aponta que haverá 78 milhões de novas oportunidades globais de emprego até 2030 e que é preciso melhorar urgentemente a qualificação das forças de trabalho.

17 | SEGURANÇA . ENTREVISTA - CJ MOSES

A segurança precisa evoluir. Há mais de 30 anos atuando em segurança da informação, CJ Moses, vice-presidente de Engenharia de Segurança na Amazon, aponta a computação quântica como a próxima grande transformação na área.

20 |

SERVIÇOS FINANCEIROS

Foco em criptomoedas. Banco Central do Brasil começa a desenhar a regulamentação da prestação de serviços de ativos virtuais.

22 | TENDÊNCIAS

Sob os holofotes do varejo. Na edição deste ano da maior feira de varejo, a inteligência artificial – e, principalmente, a IA generativa – norteou as discussões e se mostrou a principal tendência tecnológica.

24 | IX FÓRUM

Competição está acirrada entre os provedores. O que fazer?

A briga entre as empresas provedoras de banda larga fixa costuma se estabelecer no preço cobrado ao consumidor. É esse o melhor caminho?

27 | CONEXÃO

PRESIDENTE

Carol Elizabeth Conway

VICE-PRESIDENTE Jesaias Arruda

ABRANET ADMINISTRAÇÃO

Tel.: (11) 3078-3866

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PROJETO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO

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DIREÇÃO EDITORIAL / EDITORA-CHEFE Ana Paula Lobo analobo@convergenciadigital.com.br

EDIÇÃO

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REPORTAGEM / REDAÇÃO

Roberta Prescott prescottroberta@gmail.com Luis Osvaldo Grossmann ruivo@convergenciadigital.com.br

EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO Pedro Costa pedro@convergenciadigital.com.br

Abranet repudia mudança na faixa de 6 GHz. BNDES amplia crédito do Fust. Capacidade dos datacenters terá de dobrar em quatro anos. Metade dos usuários do País trocaria de operadora para não perder WhatsApp ilimitado. Brasileiros querem IA nos currículos escolares.

30 | OPINIÃO

Governança de dados: cada vez mais relevante para o sucesso. Por Paulo Watanave, Head of Data & Analytics na NAVA Technology for Business.

04 abranet.org.br

janeiro - março 2025

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O CONTRATO INTERMITENTE PODE SER APLICADO PELAS EMPRESAS LIGADAS A TECNOLOGIA?

Especialista explica a aplicação desse modelo de contratação e orienta empregadores e empregados para evitar equívocos.

EM DEZEMBRO do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a constitucionalidade do contrato de trabalho intermitente, uma modalidade introduzida pela Reforma Trabalhista de 2017 para flexibilizar as relações de trabalho no Brasil. A advogada Karolen Gualda Beber, especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho do escritório Natal & Manssur Advogados, orienta como as empresas de tecnologia podem usar a modalidade.

O contrato de trabalho intermitente é uma modalidade de contratação em que o trabalhador presta serviços de forma não contínua, alternando períodos de atividade com períodos de inatividade. Essa modalidade permite que o trabalhador seja convocado a prestar serviço de acordo com a demanda do empregador, sem jornada de trabalho fixa. O trabalho intermitente visa flexibilizar relações de trabalho para atender a variações sazonais das empresas.

“É

essencial que empregadores e empregados compreendam as especificidades dessa modalidade para evitar equívocos. O registro adequado na Carteira de Trabalho é obrigatório, assim como o pagamento de todas as verbas devidas imediatamente após a prestação do serviço.”

“Esse modelo é particularmente útil em segmentos onde há flutuação de demanda, como tecnologia, varejo, construção civil, turismo, eventos, agricultura e até mesmo em áreas administrativas. Ele promove maior adequação entre as demandas do mercado e a oferta de trabalho, garantindo direitos trabalhistas proporcionais ao período efetivamente trabalhado”, ressalta a advogada.

Karolen Beber explica que o trabalhador contratado sob esse regime tem direitos trabalhistas assegurados, incluindo férias proporcionais, 13º salário, descanso semanal remunerado e recolhimentos de FGTS e INSS proporcionais.

“É essencial que empregadores e empregados compreendam as especificidades dessa modalidade para evitar equívocos. Por exemplo, o registro adequado na Carteira de Trabalho é obrigatório, assim como o pagamento de todas as verbas devidas imediatamente após a prestação do serviço”, enfatiza. •

O que esperar de

2025

Especialistas de diferentes áreas opinam sobre os desafios e oportunidades para as empresas de internet.

OS AVANÇOS da inteligência artificial certamente vão nortear 2025. Mas ela não será a única protagonista. Neste ano, veremos os desdobramentos da Reforma Tributária e também teremos uma ideia mais clara dos impactos da IA e de sua versão generativa, principalmente, em segurança cibernética. As oportunidades para as empresas de internet são muitas, por exemplo, as ligadas à expansão da conectividade no campo, com a possibilidade de fazer parcerias para ir além da conexão e ofertar serviços de valor agregado. Para a primeira edição do ano da Revista Abranet, convidamos especialistas de diversos setores para apontar o que os líderes das empresas de internet podem esperar, quais devem ser os desafios e onde estarão as oportunidades.

REFORMA TRIBUTÁRIA

Um ano para planejar

A EMENDA CONSTITUCIONAL (EC) 132, que alterou o sistema tributário nacional, foi publicada em 21/12/2023. Já o Projeto de Lei Complementar (PLP) 68 – que instituiu o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS), criou o Comitê Gestor do IBS e alterou a legislação tributária – foi aprovado pelo Congresso Nacional em 17/12/2024. O PLP já sancionado pelo presidente Lula traz a expectativa de uma alíquota de 28,5%, abaixo dos 34% atuais, mas ainda a maior do mundo.

Os novos tributos começam a ser cobrados em 2026, de modo que 2025 é fundamental para as empresas se planejarem, o que inclui conhecer as novas regras, recalcular preços e custos, adquirir ferramentas para a administração dos tributos, contratar profissionais preparados para lidar com as mudanças e inteirar-se sobre a nova realidade.

As empresas de internet não foram incluídas em nenhum regime diferenciado de tributação, de modo que será aplicada a elas a regra geral: em princípio, o setor estará sujeito a uma alíquota de até 28,5% sobre o valor das operações.

Este ano, o Senado, estados e municípios editarão as normas com as alíquotas que incidirão sobre as operações.

DATACENTERS

Esses tributos serão destinados aos entes (estados e municípios) das localidades dos consumidores dos bens ou dos serviços.

Conhecimento pleno da legislação, planejamento e organização são os grandes desafios das empresas de internet. A carga tributária para o setor de serviços deve aumentar, o que exige um planejamento financeiro e econômico imediato. É primordial o envolvimento de proprietários e dirigentes nesse processo.

Até 2032, haverá a transição para o novo sistema tributário. Até lá, dois sistemas paralelos conviverão, o que implicará o cálculo, recolhimento e administração dos tributos novos e atuais.

A recomendação para proprietários e dirigentes é buscar informações e conhecimento, com acompanhamento próximo da regulamentação da Reforma Tributária e a contratação de profissionais competentes para auxiliar nesse processo. Quem estiver mais preparado, sairá na frente e evitará surpresas que possam afetar a saúde das empresas . •

IA para o bem e para o mal

Alexis Aguirre

Diretor-técnico e comercial da Cybergate Solutions

O GRANDE DESAFIO para este ano é defender-se de conhecidas táticas de ataque, potencializadas e popularizadas com o uso inteligência artificial, tais como:

• Entrantes no mundo do crime cibernético: o uso da IA generativa permitiu a entrada de novos players no mundo do crime cibernético, “popularizando” a criação, por exemplo, de novos malwares direcionados a alvos específicos

• Phishing/vishing mais convincentes: a IA ainda está sendo utilizada para ataques de engenharia social, já que, com os dados obtidos por meio dela, fica mais fácil enganar a vítima, fazendo os requisitos do atacante parece-

rem ainda mais legítimos

• Roubo de identidade e fraudes: IA e LLMs (large language models) também facilitam e alavancam ataques cibernéticos

• Pesquisa de vulnerabilidades: ferramentas com IA também popularizam a pesquisa de vulnerabilidade das empresas, o que leva o atacante a saber por onde, como e quando bypassar os sistemas de segurança da vítima

Os datacenters são a infraestrutura do que popularmente se conhece como nuvem (ou cloud). Consequentemente, qualquer negócio em crescimento relacionado à nuvem aumenta a demanda por datacenters. Algumas expansões neste mercado estão planejadas para este ano, como no caso da Ascenty, que tem 24 datacenters em operação e mais dez em construção. Outros exemplos são a Equinix e a Odata, além dos investimentos anunciados por Tecto (controlada pelo BTG) e Grupo FS.

O aumento deve-se a alguns motivos: o crescimento dos serviços digitais, como o e-commerce, que cresceu no Brasil quase 300% nos últimos sete anos, sendo 80% apenas em 2020 (em virtude da pandemia); os serviços financeiros das fintechs; a chegada e a recente popularização de IA generativa.

As tendências tecnológicas são a edge computing (com suas vantagens de baixa latência ao fazer o processamento perto da fonte de dados), modularidade (datacenters em containers, permitindo processar dados em qualquer local geográfico, como usinas ou indústrias) e sustentabilidade. Esta última explica o porquê do aumento específico no Brasil: o País conta com uma matriz energética renovável, o que está de acordo com as metas de ESG (environmental, social, governance) de grande parte das empresas globais e regionais.

Não apenas a integridade tem de estar no radar das empresas, mas também a disponibilidade e a confiabilidade dos dados. Há uma série de ataques conhecidos, que se intensificarão (em quantidade e qualidade) pelo uso crescente de IA para o crime cibernético. Essa atenção não está no nível que deveria, já que vivemos em uma cultura em que isso passa a ter prioridade apenas depois do ocorrido – ou seja, após a vítima sofrer um ataque. Com exceção das grandes corporações e do setor financeiro, que investem em tecnologia e treinamentos há vários anos, grande parte das empresas ainda não está

preparada para se proteger adequadamente.

TENDÊNCIAS DE SEGURANÇA

Em relação a tecnologias de combate ao crime cibernético, as tendências para 2025 são:

• Uso de IA e ML (machine learning) nas tecnologias de defesa: para identificar padrões de ataque, detectar anomalias e responder a ameaças em tempo real

• Uso de computação quântica: ao mesmo tempo que esta tecnologia multiplica a capacidade de processamento, pode ajudar a quebrar em tempo hábil criptografias consideradas invioláveis até então

• Consolidação de arquiteturas zero trust: considerar que a ameaça já pode estar dentro da organização, ou seja, adotar uma postura de confiança zero, em que cada comunicação lateral tem de ser identificada, validada e autorizada, com regras específicas de movimentação

Da mesma forma que os hackers estão utilizando estas tecnologias para checar vulnerabilidades do alvo a ser atacado, cada organização deve fazer o mesmo, checando as vulnerabilidades de sistemas de IT, OT, kubernetes e de qualquer outro utilizado na organização. Novas tecnologias já permitem a checagem contínua e a mitigação automática de vulnerabilidades.

A recomendação é adotar tecnologias como zero trust, checagem e mitigação de vulnerabilidades, de forma contínua, para todos os ambientes e aplicações expostas à internet. Além disso, a segurança cibernética não está relacionada apenas à tecnologia. Os profissionais de segurança sempre recomendam fazer uso do tripé tecnologia, processos e pessoas. Ou seja, definir e implementar as melhores práticas de segurança. Por exemplo, treinar times de resposta a incidentes, implementando ou contratando os serviços de red teams (ataque) e blue teams (defesa) para simular ataques e melhorar os processos e tecnologias utilizadas.

É fundamental o treinamento de todos, independentemente da função na empresa, para minimizar a chance de entrada de ameaças via o usuário corporativo, hoje trabalhando em modelo híbrido, ou seja, sem as defesas tecnológicas implementadas para proteger a matriz das organizações e suas filiais. O treinamento é indispensável para diminuir os riscos de phishing e outros ataques aos dispositivos do usuário remoto (ataques via SMS, e-mail, navegação insegura, vishing e tantos outros). •

CARREIRA

Aprendizagem contínua e novas competências

HÁ OPORTUNIDADES para profissionais bem preparados e flexíveis em Tecnologias da Informação e da Comunicação. A necessidade de aprendizagem contínua e o desenvolvimento de novas competências são a chave, bem como nutrir uma rede de relacionamentos.

Com base nas pesquisas de mercado realizadas pela Match IT com executivos das áreas de tecnologia, inovação e negócios de diferentes segmentos e portes, observa-se uma preocupação em relação ao recrutamento e retenção de talentos e ao desenvolvimento de pessoas no contexto de inovação e transformação. Ter os talentos certos preparados na hora certa é um dos focos dos líderes.

O mercado se regula. Em uma reportagem, César Gon, CEO da CI&T, comentou que em uma longínqua época a necessidade por telefonistas na Europa che -

CONEXÃO

Matriz de energia como diferencial

gou a ser tão grande que as projeções de então requereriam que todas as pessoas fossem formadas nessa profissão. Em tecnologia, vivenciamos um cenário similar, sobretudo durante a pandemia, que aos poucos tem modificado. Na nova era da inteligência artificial, os talentos técnicos têm seu espaço, mas o diferencial competitivo se dá na pluralidade de expertises e perfis atuando na área, que é uma das mais promissoras em crescimento de oportunidades.

Os ecossistemas de inovação no Brasil têm amadurecido e se conectado mais, entre si e com atores dos mais diversos: startups, corporações, ICTs, sociedade em geral. É uma jornada, mas o País está no caminho certo. •

Ryan Pinto Ferreira

Engenheiro na Universidade Estadual de Campinas e voluntário na ONG Expedicionários da Saúde

UM GRANDE DESAFIO para o País é o acesso da população a saúde e educação, e a conexão via internet é uma facilitadora. Em locais remotos na Amazônia, por exemplo, há pessoas que nunca passaram por consulta médica. É preciso proporcionar a tais grupos acesso melhor a recursos de conhecimento e diagnósticos corretos. A telemedicina e a IA são capazes de transformar este panorama, possibilitando, com o auxílio de profissionais da saúde (enfermeiros, técnicos e dentistas) que atendem nesses locais, o acesso a especialistas e diagnósticos de ponta.

O uso da IA tem acelerado os processos de trabalho e tido impacto significativo no desenvolvimento humano, principalmente, em pesquisa científica, incluindo a área de novos materiais para os dispositivos eletroquímicos, como as baterias. O custo energético desta tecnologia ainda é alto, mas vem sendo reduzido significativamente na última década, potencializando as suas aplicações, popularizando os carros elétricos e sistemas de armazenamento

de grande porte (BESS) e ampliando as possibilidades de seu uso na transição energética. Os sistemas a bateria são a resposta às limitações de injeção de energia pelos sistemas fotovoltaicos no sistema elétrico brasileiro.

IMPACTOS PARA A EMPRESAS DE INTERNET

O posicionamento privilegiado do País na transição energética o coloca como um ator no cenário global como local de datacenters. Com isto, a infraestrutura de internet no Brasil terá mais investimentos, impactando todo o ecossistema. A popularização da internet está transformando o modo como as pessoas usufruem dela, porém, no caso da saúde, ainda é preciso direcionar mais investimentos aos locais de difícil acesso.

Um exemplo é levar energia sustentável para as comunidades isoladas com sistemas fotovoltaicos ligados a sis-

INOVAÇÃO

temas de bateria, reduzindo a dependência de geradores a diesel e possibilitando ‘luxos’ como ter uma geladeira. Poderíamos ter todas as equipes de saúde interligadas a centros de excelência, com especialistas realizando teleconsultas e acompanhando tratamentos e equipes médicas levando equipamentos de exames para diagnósticos a distância. Isto tudo só é viável com acesso satelital à internet, uso de sistemas de energia e equipes bem treinadas.

As empresas de internet podem surfar nesta crescente demanda por IA, pois, a cada dia, são necessários mais banda, mais lugares de acesso e melhores conexões dos sistemas de celular. Um forte exemplo são cidades como São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, que não tem cobertura adequada de 4G – e em alguns lugares nem o 2G funciona. Milhares de militares que lá atuam e a população civil seriam beneficiados com melhores conexões. •

Para manter sempre no radar

PARA 2025, há dois grandes temas: segurança e novas tecnologias. Em termos de segurança, há diversos desafios. O uso cada vez mais difundido de serviços via internet vem intensificando a dependência das pessoas, o que aumenta enormemente o número e o valor de ataques e fraudes. Já os criminosos têm sofisticado suas estratégias, tornando seus ataques cada vez mais eficientes e difíceis de serem detectados e evitados.

Em relação a novas tecnologias, o principal impacto virá do 5G e da inteligência artificial. Como será o impacto do 5G na estrutura e no uso da internet? Como as novas tecnologias possibilitarão a oferta de novos serviços e o atendimento a novos clientes? Como elas poderão levar a soluções para a vida nas cidades (smart cities), para os setores agropecuário e de saúde e para desafios ambientais? Qual será a killer app, o caso de uso de sucesso? A empresa que conseguir responder a algumas dessas perguntas certamente terá uma grande vantagem competitiva.

As empresas terão de continuar investindo em infraes-

trutura e novas tecnologias. O mercado de internet é muito amplo, diverso e multifacetado; e quem não se abrir para o mundo e buscar parcerias não vai conseguir navegar nessas águas promissoras, mas conturbadas.

Esse processo deve envolver estratégias de inovação em parceria com outras empresas ou com startups, com os clientes e com agências reguladoras, em ambos os casos com transparência dos objetivos, condições de operação, limitações etc. Deve também abranger parceria com clientes para desenvolver novas aplicações e com universidades e institutos de ciência e tecnologia.

Do ponto de vista especificamente da Unicamp, há um excelente histórico de parcerias de pesquisa e desenvolvimento com fornecedores de equipamentos, como a Ericsson, Samsung e a Padtec. Existe também um excelente histórico de formação e parceria com startups, como a

Neger Telecom, o grupo Idea, o Instituto Hardware Brasil e a OneRF. Já são mais de 320 empresas de comunicação ou tecnologia da informação fundadas por pessoas com algum vínculo com a Unicamp.

Mais um excelente histórico é o de formação de talentos que assumiram e assumem cargos importantes dentro de empresas no setor. Entre eles podemos citar Cristiano Amon, CEO mundial da Qualcomm, e Rafael Guimarães, presidente da Hughes do Brasil, ambos egressos do cur-

AGRICULTURA

Conectividade rural precisa aumentar

HÁ DIVERGÊNCIA nos números divulgados, mas somente 20% a 30% das propriedades rurais estão conectadas. São cerca de 5 milhões de propriedades rurais no Brasil, e mais de 4 milhões não têm conectividade – não têm acesso ou não fazem uso. Considerando que as pequenas propriedades são a grande maioria delas, há um gargalo gigante no principal setor econômico do País, o que exige do Poder Público ações efetivas.

A FazMais tem como foco adensar a população nas áreas rurais com uso da conectividade, por meio de objetos, coisas e IoT, criando uma população de uso. Cada animal pode ter um “brinco” colocado para conexão com dezenas de sensores de solo, drones, coletores, criando uma população de chips, o que atrairia as operadoras. É um processo lento que depende do uso dos dispositivos. Há operadoras móveis virtuais (as MVNO, Mobile Virtual Network Operators) e similares que estão vendendo conectividade para grandes propriedades agrícolas, porque estas investem e conseguem visualizar onde conseguem o retorno.

Quando uma propriedade coloca investimentos e retornos em uma planilha financeira, vê claramente os benefícios da conectividade. Por isso o mercado está crescendo. Mas ainda é um número pequeno de propriedades. Grosso modo, pode-se falar em 100 mil propriedades com

so de Engenharia Elétrica da Unicamp. Essas parcerias são muito valiosas para todos os envolvidos. As empresas ganham vantagem competitiva ao ter acesso a novas tecnologias, soluções altamente modernas, e aos recursos humanos formados nas parcerias. A Unicamp ganha a oportunidade de desenvolver pesquisas aplicadas, com desafios de impacto acadêmico e prático, em atividades com alto engajamento dos pesquisadores envolvidos. Essas ações deverão ser ampliadas em 2025. •

potencial para fazer estes investimentos. Só que das 5 milhões de propriedades no Brasil, 4,9 milhões não têm essa capacidade e ficam à mercê das operadoras públicas ou de solução satelital. A conectividade é fundamental para a sustentabilidade econômica das pequenas e médias propriedades rurais.

O ano de 2025 deverá ser muito próspero e promissor. As empresas de internet locais têm muito trabalho a ser feito e mercado a ser conquistado Brasil afora. São elas as que têm maior perspectiva de crescimento na área rural, pois conhecem e estão próximas dos clientes e não vão entregar apenas o sinal, mas também os serviços agregados. Quem está mais próximo tem facilidade de instalação e de crescimento junto com o agricultor, que vai seguir uma trilha – segurança, energia, sensores, dispositivos para medição, estação meteorológica – e é esse caminho que as empresas de internet locais devem seguir para atender o cliente.

É recomendável unir esforços, porque o trabalho isolado é complicado e oneroso e fica mais difícil demonstrar a eficiência e o retorno financeiro com a aquisição dos produtos. As ações conjuntas das empresas facilitam, amplificam e garantem mais adesão dos produtores rurais. •

Caique Paes de Barros Fundador da FazMais

A NEUTRALIDADE DE REDE ESTÁ EM XEQUE

Dez anos depois do Marco Civil da Internet, estão na mesa discussões sobre uma possível implementação de cobrança pelo uso da rede de telecomunicações no Brasil.

ESTE ANO PROMETE esquentar a discussão sobre uma taxa de rede por volume de dados trafegado. Rejeitada pelo ecossistema da internet, mas muito desejada pelas operadoras de telecomunicações, essa cobrança adicional vem sendo estudada há dois anos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que estima apresentar uma proposta formal de regulamento ainda em 2025.

Para a Abranet, a ideia põe em risco o pilar do desenvolvimento da internet, a neutralidade de rede. “Sem esse ar que a gente respira, chamado neutralidade, o ciclo virtuoso do ecossistema é quebrado. As questões estão equacionadas, e em time que está ganhando não se mexe”, disse a presidente da entidade, Carol Conway, ao participar do Internet Summit – Conectividade e Inclusão para o Futuro Digital, seminário promovido em Brasília, em novembro de 2024, pela Aliança pela Internet Aberta (AIA).

O seminário reuniu diversos atores que temem o impacto de uma decisão regulatória que permita às teles aplicar uma cobrança adicional por volume de dados. As teles dizem que miram algumas das grandes empresas da internet – Meta, Alphabet, Netflix, Akamai e TikTok –, mas o segmento aponta que vários serviços fundamentais demandam tráfego de grandes volumes de dados, como educação e saúde.

Afinal, atualmente, 49% dos 10 milhões de alunos do

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janeiro - março 2025

ensino superior estudam à distância – e mesmo cursos presenciais podem ter até 40% da carga horária em modelo remoto. Além disso, como relatado pelo presidente do Conselho de Administração do Saúde Digital Brasil, Carlos Pedrotti, embora o senso comum seja de que entretenimento, como filmes, dominem o volume de tráfego, uma quantidade muito grande é de saúde. “De todos os dados produzidos no mundo, cerca de 30% são relativos a saúde. É um volume gigantesco”, disse.

Com esses exemplos, o ecossistema de internet tenta demonstrar ao regulador brasileiro que taxar grandes volumes de dados tem potencial para afetar muita gente além das big techs. Mas antes mesmo disso, é lembrado que ninguém contrata planos de banda larga para ficar assistindo corridas de bits. Ou seja, só existe esse mercado em telecom porque há conteúdo para ser acessado. “Afinal, quem contrataria internet sem ter conteúdo de sua vontade para acessar na ponta? Ninguém”, frisou a presidente da Abranet, Carol Conway.

FAIR SHARE

A ideia de uma cobrança adicional sobre grandes volumes de dados surgiu entre as teles europeias, batizado como fair share – ou a fatia justa a ser cobrada de quem usa redes – e foi encampada pelas subsidiárias brasileiras.

Luta livre

PARA SE CONTRAPOR à proposta das teles, ITS Rio e ISOC Brasil criaram a campanha “Pedágio na Internet”, que defende que a política de compartilhamento de custos pretendida é injusta e “trata-se de uma tentativa das grandes operadoras de telecomunicações que operam no Brasil para exigir mais financiamento para seus negócios”. O ITS Rio e a ISOC Brasil apontam que a implementação da cobrança mudaria toda a internet para pior.

Por aqui, as empresas contrataram um estudo e uma proposta de criação dessa cobrança foi apresentada à Anatel. O foco é cobrar um excedente por GB das empresas com mais de 5% do tráfego de dados em redes no Brasil.

As teles entendem a partilha “justa” porque consideram que há um desequilíbrio no mercado, que reduz incentivos a investimentos. Assim, o argumento é que as teles merecem ser compensadas porque houve uma transferência de valor da atividade de telecomunicações, a rede, para o conteúdo. Nessa leitura, alegam receitas prejudicadas pelo impedimento de comercialização de priorização de tráfego na rede, imposto pelo Marco Civil da Internet – leia-se a neutralidade de rede.

A partir dessa provocação das teles, a Anatel fez duas tomadas de subsídios para estudar o assunto. Ainda não existe uma posição definida pelo regulador, mas a agência já indicou que uma proposta de norma será colocada em consulta pública neste 2025 e o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, tem defendido que alguma medida precisa ser tomada.

“Não concordo com a visão de nuvens brancas, de que não existe problema nenhum. Existem evidências de que tem um problema, e a gente precisa estudar qual o tamanho, identificar as origens e se as correções para esse problema não vão criar um problema maior”, afir-

O assunto ganhou fôlego e até um projeto de lei no Congresso Nacional. O PL 469/24, que proíbe operadoras de telecomunicações de cobrarem empresas de internet com base no tráfego de dados, foi aprovado no fim do ano passado na Comissão de Comunicação da Câmara dos Deputados. Ele ainda precisa ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça antes de passar para a avaliação do Senado.

mou Baigorri.

No governo, porém, os ministérios da Fazenda e das Comunicações já se posicionaram contrariamente à taxa de rede. Na Fazenda, a avaliação é que não há qualquer sinal de que os atores do mercado de telecomunicações não sejam capazes de manter a sustentabilidade do setor. “A verdade é que vender internet no País ainda está sendo rentável”, apontou a coordenadora geral de Saúde e Comunicações do Ministério da Fazenda, Mariana Piccoli.

O próprio ministro das Comunicações, Juscelino Filho, se colocou contra a ideia. “Tenho me posicionado contrário a essa questão do fair share, de que essa receita vá para as operadoras”, tem repetido o ministro ao longo desse debate. “A nossa posição é que uma eventual receita que se construa dessas plataformas fique para fazermos a inclusão digital que ainda não temos no Brasil”, disse. Ou seja, algo mais próximo de um Fust [Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) das empresas de internet. •

CARREIRA

FUTURO DO EMPREGO PASSA PELA

Fórum Econômico Mundial aponta que haverá

78 milhões de novas oportunidades globais de emprego até 2030 e que é preciso melhorar urgentemente a qualificação das forças de trabalho.

AVANÇOS TECNOLÓGICOS, mudanças demográficas, tensões geoeconômicas e transição verde são os principais impulsionadores que vão remodelar setores e profissões no mundo todo. Essas tendências devem gerar 170 milhões de novos empregos até 2030 e acabar com 92 milhões de outros, o que dá um saldo positivo de 78 milhões de novas oportunidades globais. Alguns dos empregos que aumentariam mais rapidamente estão em tecnologia, dados e inteligência artificial, mas também se espera crescimento em funções básicas como motoristas de entrega, cuidadores, educadores e trabalhadores rurais. As constatações estão no relatório Futuro dos Empregos 2025, publicado no início de janeiro pelo Fórum Econômico Mundial.

O estudo aponta as mudanças no mercado de trabalho, tais como o fato de que as habilidades que crescerão mais rapidamente até 2030 incluirão aquelas que são tecnológicas e também as humanas, como cognitivas e de colaboração. Para o Fórum Econômico Mundial, é necessária uma ação coletiva urgente entre os setores público e privado na área de Educação para lidar com as lacunas de habilidades.

Segundo o relatório, a IA está reestruturando os modelos de negócios, sendo que

abranet.org.br

janeiro - março 2025

IA

metade dos empregadores do mundo planejam focar os negócios em novas oportunidades resultantes da tecnologia. Entre eles, 77% afirmaram que planejam aprimorar as habilidades dos trabalhadores (upskilling), sendo essa a resposta mais comum com relação à força de trabalho frente a essas mudanças.

Entretanto, 41% planejam reduzir a força de trabalho, justificando que a IA automatiza determinadas tarefas. Quase metade dos empregadores espera transferir funcionários das funções passíveis de substituição por IA para outras partes da empresa, uma oportunidade de aliviar a falta de habilidades e, ao mesmo tempo, reduzir o custo humano da transformação tecnológica.

Habilidades com maior índice de crescimento até 2030

1 IA e big data

2 Redes e cibersegurança

3 Criatividade

4 Resiliência

5 Flexibilidade e agilidade

Devido ao rápido crescimento das tecnologias emergentes, o Fórum ressalta que formuladores de políticas públicas e trabalhadores precisarão trabalhar juntos para garantir que as forças de trabalho estejam prontas e também para reduzir os riscos de desemprego entre setores e regiões.

6 Curiosidade e aprendizado ao longo da vida

7 Liderança e influência social

8 Gestão de talentos

9 Pensamento analítico

10 Gestão ambiental

A ampliação do acesso digital deve ser a tendência mais transformadora – tanto no que se refere à tecnologia quanto no geral –, com 60% dos empregadores esperando que ela mude seus negócios até 2030. Também devem ser

transformadores avanços em tecnologias, particularmente IA e processamento de informações (86%); robótica e automação (58%); e geração, armazenamento e distribuição de energia (41%).

A expectativa é que essas tendências tenham um efeito divergente nos empregos, impulsionando tanto as funções de crescimento quanto as de declínio mais rápido. Isso alimentaria a demanda por habilidades relacionadas à tecnologia, incluindo IA e big data, redes e segurança cibernética e alfabetização tecnológica.

Os dados gerados pela Coursera, plataforma norte-americana de cursos on-line, para o Future of Jobs Report 2025 revelam um crescimento significativo na demanda por treinamento em IA generativa entre alunos individuais e empresas. A exigência por habilidades em IA acelerou globalmente; a Índia e os Estados Unidos lideram em números de matrículas, mas os impulsionadores da demanda diferem. Nos Estados Unidos, ela é impulsionada principalmente por usuários individuais, enquanto na Índia o patrocínio corporativo desempenha um papel significativo no aumento da aceitação do treinamento da inteligência artificial generativa.

NOVOS EMPREGOS

Avanços em IA, robótica e sistemas de energia, principalmente, energia renovável e engenharia ambiental, devem ter uma demanda maior por especialistas. Funções como caixas e assistentes administrativos continuam entre as de queda mais rápida, e também se incluem nessa lista os designers gráficos, pois a IA generativa está re-

O sobe e desce no mercado mundial nos próximos cinco anos

EMPREGOS QUE MAIS CRESCERÃO

1 Carpinteiros, azulejistas e profissões semelhantes

2 Trabalhadores rurais, trabalhadores braçais e outros trabalhadores agrícolas

3 Motoristas de caminhonete ou de serviços de entrega

4 Desenvolvedores de software e aplicativos

5 Vendedores de loja

6 Trabalhadores de processamento de alimentos e profissões relacionadas

7 Motoristas de carro, van e motocicleta

8 Profissionais de enfermagem

9 Trabalhadores que servem comidas e bebidas

10 Gerentes gerais e de operações

11 Profissionais de assistência social e aconselhamento

12 Gestores de projetos

13 Professores de universidade e educação superior

14 Professores de segundo grau

15 Setores de cuidados pessoais

EMPREGOS QUE MAIS DIMINUIRÃO

1 Caixas e bilheteiros

2 Assistentes administrativos e secretárias executivas

3 Zeladores, faxineiras e governantas

4 Assistentes de controle de materiais e estoquistas

5 Trabalhadores de impressão e profissões relacionadas

6 Assistentes de contabilidade, escrituração e folha de pagamento

7 Contadores e auditores

8 Atendentes de transporte e condutores

9 Guardas de segurança

10 Caixas e auxiliares bancários

11 Auxiliares de entrada de dados

12 Trabalhadores de atendimento e informações ao cliente

13 Designers gráficos

14 Gerentes de serviços empresariais e administração

15 Reguladores, examinadores e investigadores de sinistros

Nota: empregos para os quais espera-se um aumento ou uma redução no mercado de trabalho em termos reais até 2030. Fonte: World Economic Forum,Future ofJobs Survey 2025

modelando rapidamente o mercado de trabalho.

De acordo com Till Leopold, diretor de trabalho, salários e criação de empregos do Fórum Econômico Mundial, mudanças tecnológicas rápidas estão revolucionando setores e mercados de trabalho, criando oportunidades sem precedentes e riscos profundos. Leopold assinalou que “chegou a hora de empresas e governos se unirem, investirem em qualificação e criarem uma força de trabalho global equitativa e resiliente”.

DEMANDA POR ESPECIALISTAS

Em suma, funções relacionadas à tecnologia contemplam os empregos que mais crescem em termos percentuais, incluindo especialistas em big data, engenheiros de fintech, especialistas em inteligência artificial e machine learning e desenvolvedores de software e aplicativos. Funções ligadas à transição verde e energética, como especialistas em veículos autônomos e elétricos, engenheiros ambientais e engenheiros de energia renovável, também aparecem entre as principais funções de crescimento mais rápido.

Na avaliação dos dados de cerca de mil empresas, o relatório constata que a lacuna de habilidades continua sendo o principal obstáculo para a transformação dos negócios hoje. Perto de 40% das habilidades exigidas no trabalho devem mudar e 63% dos empregadores já citam esse problema como a principal barreira que enfrentam para que suas operações não se tornem obsoletas.

abranet.org.br

janeiro - março 2025

A tecnologia encabeça a lista, com inteligência artificial, big data e segurança cibernética devendo ter um crescimento rápido na demanda. Mas o aspecto humano ganha força: criatividade, resiliência, flexibilidade e agilidade continuarão sendo habilidades críticas. Para o Fórum Econômico Mundial, uma combinação de ambos os tipos de habilidades será cada vez mais crucial em um mercado de trabalho que está mudando rapidamente. O relatório projeta que 59% das pessoas precisariam de requalificação (reskilling) ou aprimoramento das habilidades (upskilling) até 2030, sendo que 11 delas provavelmente não receberiam essa formação, equivalendo a mais de 120 milhões de trabalhadores em risco de redundância a médio prazo.

O Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025 é a quinta edição da série histórica, oferecendo insights abrangentes das tendências que estão estruturando o mercado de trabalho global. Com base nos dados fornecidos por mais de mil empresas de 22 setores e 55 economias, ele fornece recomendações práticas para organizações, formuladores de políticas públicas e educadores se prepararem para os empregos do futuro. •

Veja a íntegra do relatório Futuro dos Empregos 2025 do World Economic Forum: https://www.weforum.org/publications/the-future-of-jobs-report-2025/

A SEGURANÇA PRECISA EVOLUIR

Há mais de 30 anos atuando em segurança da informação, CJ Moses, vicepresidente de Engenharia de Segurança na Amazon, aponta a computação quântica como a próxima grande transformação na área. Com sua longa experiência, destaca a intensa aceleração do ritmo das mudanças em tecnologia, que exige a rápida adaptação das medidas de segurança.

EMBORA A TECNOLOGIA MUDE, as motivações humanas e a dinâmica

“adversário – defensor” permanecem constantes. A constatação é de CJ Moses, que foi Chief Information Security Officer (CISO) da AWS e agora é vicepresidente de Engenharia de Segurança na Amazon, companhia em que trabalha há 17 anos. Em entrevista exclusiva à Revista Abranet durante o AWS re:Invent 2024, conferência global da Amazon Web Services, ele apontou a evolução dos desafios de segurança corporativa com o advento da internet, da computação em nuvem e da inteligência artificial e a iminência da computação quântica como a próxima grande revolução nesse campo.

Revista Abranet - Como tem sido sua trajetória na Amazon e no mercado de segurança da informação?

CJ Moses - No fim de dezembro de 2024, completei 17 anos de atuação na Amazon. Desempenhei muitas funções, principalmente em segurança e na construção de todo o back-end do nosso negócio. Antes da Amazon, trabalhei para o FBI e, antes disso, para o Air Force Office of Special Investigations , tudo relacionado a crimes de computador, contrainteligência e contraterrorismo. Fui o CISO da AWS até cerca de 18 meses atrás e, antes disso, fui o vice-CISO da AWS, o CISO do nosso negócio de varejo. Recentemente

Roberta Prescott, de Las Vegas
“Todo o meu trabalho tem sido garantir que sejamos a nuvem mais segura. A mesma coisa se aplica à medida que avançamos em IA generativa ou para o futuro, com a computação quântica.”

contratamos Chris Betz como o atual CISO da AWS, para que ele assumisse a função focada na AWS, de modo que eu pudesse olhar de forma abrangente para toda a Amazon.

Quais foram as principais mudanças ao longo desse período, com o advento e o avanço da internet, da computação em nuvem e, mais recentemente, da inteligência artificial generativa?

O que vem a seguir é a computação quântica. O que você acabou de expor – a propósito, eu uso essa mesma lista – continua. Houve uma mudança radical na quantidade ou no envolvimento humano em fazer segurança. Criou-se a internet e as pessoas não estavam acostumadas, mas se acostumaram e a usaram. O mesmo vale para a computação em nuvem.

Em 2007, quando comecei na AWS, ela própria estava em sua infância. A ideia de que as empresas iriam colocar suas informações secretas ou bancárias na nuvem era uma loucura. Assim como com a internet, com a computação em nuvem as pessoas se acostumaram a fazer as coisas e todos nós fomos aprendendo como proteger para melhor habilitar o uso dessas tecnologias. Agora temos a IA e estamos no mesmo modelo; muitas pessoas que não a usarão porque não confiam nela. Mas isso também será superado. As pessoas se acostumarão, porque ficaremos melhores em protegê-la e a tecnologia ficará melhor em sua utilidade.

Em paralelo, tivemos a evolução de ameaças e ataques cibernéticos...

Os humanos sempre encontrarão uma maneira de atingir seus objetivos. A tecnologia em si continua mudando, e a taxa de adoção tem sido exponencial. Portanto, nossa defesa precisa aumentar também. Nosso foco é proativo, de modo que estamos à frente, e não atrás dos atores das ameaças.

Como a computação quântica mudaria o jogo, principalmente, do ponto de vista de desafios para a criptografia?

Tendo passado um bom tempo com alguns dos cientistas que estão criando a computação quântica, aprendi muito mais e entendo melhor as primeiras gerações dos computadores quânticos. Eles têm de ser construídos para serem muito focados especificamente no que devem realizar, o que nos dará tempo para entender melhor as tecnologias – e ter as melhores defesas.

Existem metodologias quânticas seguras para criptografar dados. Muitas delas nós implementamos na AWS –e disponibilizamos para nossos clientes, especificamente nos serviços de criptografia que oferecemos. É possível criptografar, hoje, dados do quantum que estarão seguros por algum período de tempo. Nunca há um para sempre.

Não se constrói um computador quântico que seja de propósito geral. Não é algo no estilo que seja possível colocar um programa nele e fazer o que quiser. Esse computador quântico é construído para fazer o progra-

“As pessoas se acostumarão [com a IA], porque ficaremos melhores em protegê-la e a tecnologia ficará melhor em sua utilidade.”
“É preciso prestar atenção para garantir que os dados de longa duração que se deseja proteger permaneçam seguros pelo longo período de armazenamento de dados ou chaves.”

ma. É muito, muito específico. Então, a segurança deve ser também muito específica. Mas a computação quântica avançará para algo mais genérico.

A computação quântica estará em todos os lugares?

Já aprendemos com a história da criação do computador, da internet, da mudança para a nuvem, da inteligência artificial generativa. Em cada uma dessas circunstâncias, ocorreu a mesma coisa em diferentes linhas do tempo. O que estamos vendo é que essas linhas do tempo estão se condensando.

As tecnologias mudam e a segurança também precisa mudar. Na computação em nuvem, as pessoas não estavam familiarizadas em como proteger uma nuvem e, na verdade, nem todas as nuvens são criadas iguais. Existem nuvens diferentes com diferentes níveis de segurança. Eu atesto pelos 17 anos que estou na AWS que todo o meu trabalho tem sido garantir que sejamos a nuvem mais segura. A mesma coisa se aplica à medida que avançamos em IA generativa ou, para o futuro, com a computação quântica.

Em qual estágio estamos no desenvolvimento da computação quântica?

Eu fiz a mesma pergunta para alguns cientistas. Então, essa não é minha resposta, é meio que a deles: na computação quântica especializada tem uma entidade com US$ 700 milhões de financiamento em P&D e ela estava olhando para algo com potencialmente alguma capacidade, talvez nem mesmo computadores de computação quântica, ou mesmo computadores de uso especial, até 2030. O cronograma depois disso se resume a quanto investimento será feito pelas diferentes nações, bem como por organizações privadas.

É preciso prestar atenção para garantir que os dados de longa duração que se deseja proteger permaneçam seguros pelo longo período de armazenamento de dados ou chaves.

Esse é o horizonte – olhando para seis anos no mínimo. Então, potencialmente, eles estão protegidos na computação quântica, mas por um tempo. Podemos olhar para a história, porque as grandes inovações transformaram a forma como lidamos com as coisas, mas a parte humana não mudou. Os bandidos tentarão alcançar suas motivações, como dinheiro, e tentarão usar as tecnologias para isso.

No AWS re:Invent 2024, comentou-se que 85% das empresas não migraram para a nuvem. Seria por preocupações com relação à segurança?

A realidade é que pode ser mais seguro na nuvem. Muito disso remonta à cultura e ao fato de as pessoas não gostaremm de mudanças. É o fator humano a razão pela qual eles não migram para a nuvem. Falamos com muitos clientes, ou futuros clientes, todos os dias, e ouvimos as mesmas coisas que ouvíamos há 17 anos.

E, agora, se você olhar para esse negócio dentro da AWS, estamos fazendo esse trabalho para garantir que haja conformidade para que a confiança possa ser construída. Isso leva tempo e muito disso implica gerenciar a mudança cultural e trazer as pessoas para estar junto.

O trabalho é convencer os clientes?

É provar a eles. Não se constrói confiança da noite para o dia. Alguns dos negócios que aproveitaram a vantagem de serem os primeiros a se mover para a nuvem estão realmente prosperando.

Qual o futuro da segurança?

É um trabalho ou emprego muito seguro, porque sempre haverá adversários e sempre haverá pessoas boas dispostas a defender para garantir que coisas ruins não aconteçam com pessoas boas. As ferramentas que usamos, as tecnologias que usamos, mudarão com o tempo, mas os objetivos finais não mudarão em nenhum dos lados. •

FOCO EM CRIPTOMOEDAS

Banco Central do Brasil começa a desenhar a regulamentação da prestação

de serviços de ativos virtuais.

APÓS A ENTRADA em vigor do Marco Legal das Criptomoedas (Lei nº 14.478/2022), que estabeleceu as diretrizes para a regulamentação da prestação de serviços de ativos virtuais (criptomoedas) e cujo decreto 11.563/23 determinou o Banco Central como regulador do segmento, a autarquia divulgou, no fim de 2024, duas consultas públicas com suas propostas. A CP 109/2024 trata da constituição e do funcionamento das sociedades destinadas à prestação dos serviços, além de definir as tarifas passíveis de serem cobradas. E a CP 110/2024 regulamenta os processos de autorizações das prestadoras de serviços de ativos virtuais.

“A complexidade da regulação é o primeiro desafio. As consultas públicas terminam no dia 28 de fevereiro e depois disso queremos ganhar tração”, salientou Nagel Paulino, chefe de divisão do departamento de regulação do sistema financeiro (Denor) do Banco Central do Brasil, ao participar de evento promovido pelo Machado Meyer Advogados para debater a regulação.

“A complexidade da regulação é o primeiro desafio. Depois das consultas públicas, queremos ganhar tração.”

Nagel Paulino

Chefe de divisão do departamento de regulação do sistema financeiro do Banco Central do Brasil

janeiro - março 2025

Além das CPs 109 e 110, no início de dezembro a consulta pública nº 111 foi aberta para receber manifestações acerca da proposta de regulamentação da inclusão de serviços de ativos virtuais no mercado de câmbio – a CP 111 também se encerra em 28 de fevereiro.

Um dos pontos mais debatidos é a proposta do BC de criar sociedades prestadoras de serviços de ativos virtuais (PSAVs, na sigla em português, e também conhecidas por VASPs, na sigla em inglês), classificando-as em três modalidades: as intermediárias, responsáveis por intermediar a negociação e a distribuição de ativos virtuais; as custodiantes, encarregadas de fazer a custódia deles, e as corretoras virtuais, que realizam as atividades de ambas simultaneamente.

“Passamos os últimos dez ou 11 anos pelo processo da entrada das instituições de pagamento (IPs), que gerou uma série de lições. Quero crer que aprendemos com elas, o que ajudará a pauta da discussão das PSAVs”, apontou Carolina Bohrer, chefe do departamento de organização do sistema financeiro (Deorf) do Banco Central do Brasil.

Os processos de autorização para atuação como

Roberta Prescott

PSAV são objeto da CP 110, que estabelece diferenciação entre aqueles que comprovadamente já prestam serviços no mercado de ativos virtuais e os que pretendem operar, de forma a acomodar quem já atua sem impactar suas atividades.

Quando se iniciou a discussão sobre o processo de autorização, deparou-se com um número grande, mas desconhecido, de instituições operando. Assim, a ideia foi criar um processo com duas fases. Na primeira, todos que estão operando devem entrar ao mesmo tempo e começar a mandar informações para o BCB. Do lado da autarquia, o objetivo é analisar o capital, balanço auditado etc.

“Estamos ainda buscando o potencial de demanda e, hoje, estamos trabalhando com o número de cem pleitos de PSAVs, que é bem relevante”, apontou. A estimativa é de cerca de cem pedidos neste ano e mais 150 pedidos de outras licenças; e o tempo pode variar de um prazo de 12 meses para uma autorização prévia para quem quiser operar e de três anos para quem já está operando. “Nosso compromisso para este ano e o próximo é priorizar VASPS e IPs”, disse Bohrer. •

“Estamos ainda buscando o potencial de demanda e, hoje, estamos trabalhando com o número de cem pleitos de PSAVs, que é bem relevante.”

Carolina Bohrer

Chefe do departamento de organização do sistema financeiro do Banco Central do Brasil

Autorregulação

PARA ALÉM da discussão das consultas públicas sobre ativos virtuais, Bernardo Srur, presidente da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), lembrou que a entidade trabalha para a autorregulação, tendo criado Códigos de Conduta e Autorregulação que contribuem para a organização e padronização das práticas de conduta e de prevenção à lavagem de dinheiro. O conjunto de regras, segundo a ABCripto, ajudará a organizar a governança do setor e a monitorar a adoção de boas práticas pelas corretoras e, principalmente, contribuirá para evitar o mau uso.

“A missão da autorregulação é ajudar de forma antecipada a regulação. Temos nove empresas certificadas, que passaram pelo processo junto à Deloitte, e estão aderentes ao selo”, disse. “Agora, partimos para o terceiro ponto, que é a discussão internacional sobre como funciona a custódia, como é feito o controle”, adiantou, completando que a ideia é ter um programa de certificação de custódia e controle.

Bernardo Srur também chamou a atenção para a importância do papel das PSAVs como provedores de liquidez, ou seja, aqueles que conseguem trazer liquidez para o mercado brasileiro e fazer do País um dos maiores movimentadores de criptomoedas do mundo.

SOB OS HOLOFOTES DO VAREJO

Na edição deste ano da maior feira de varejo, a inteligência artificial – e, principalmente, a IA generativa –norteou as discussões e se mostrou a principal tendência tecnológica. O Capgemini Research Institute apontou que sete em cada dez empresas de consumo e varejo veem a IA generativa como uma tecnologia transformadora.

REALIZADA

NO início de janeiro, a NRF 2025: Retail’s Big Show seguiu a mesma linha da edição anterior e colocou a inteligência artificial como a principal tendência. Na sessão de abertura, John Furner, presidente e CEO da Walmart US, e Azita Martin, vice-presidente e gerente-geral de varejo e CPG da Nvidia, apresentaram desde exemplos atuais de uso da IA no varejo até a importância da avaliação de riscos e do aprendizado contínuo.

A Nvidia anunciou recentemente seu AI Blueprint para assistentes de compras de varejo, um fluxo de trabalho de referência da IA generativa projetado para transformar experiências de compras online e em lojas. Ele ajuda os desenvolvedores a criar assistentes digitais com tecnologia de IA que trabalham com e dão suporte a trabalhadores humanos.

A empresa também anunciou novos modelos, incluindo o Cosmos World Foundation Models, o Omniverse Mega Factory e o Robotic Digital Twin Blueprint, que estabelecem as bases para a IA industrial. E mais: a família de grandes modelos de linguagem (LLMs) abertos, Llama Nemotron, para ajudar os desenvolvedores a criar e implantar agentes de IA em uma grande variedade de aplicações.

Traduzindo esses anúncios em exemplos, Azita Martin falou sobre a L’Oréal combinando gêmeos digitais de ativos com modelos de IA generativos para promover uma criação mais rápida – e mais envolvente – de campanhas de marketing. Também citou o trabalho com as bibliotecas de aceleração de ciência de dados para focar na previsão.

Tanto Furner quanto Martin expressaram entusiasmo pelo uso de inteligência artificial na cadeia de suprimentos. A capacidade de criar um gêmeo digital fisicamente preciso de uma loja ou centro de distribuição, por exemplo, permite a simulação de diferentes layouts e a capacidade de observar como pessoas e objetos interagem antes que o investimento de capital seja feito.

GERAÇÕES Y E Z QUEREM IA

Uma pesquisa desenhou o potencial de uso da IA no varejo. A quarta edição do relatório anual de tendências de consumo do Capgemini Research Institute, o What Matters to Today’s Consumer (em tradução livre, O que importa para o consumidor de hoje), apresentada na NRF

2025, apontou que 71% dos consumidores querem que a IA generativa seja integrada em suas experiências de compra. A preferência das gerações Z e Millennials (ou Y) pela hiperpersonalização e experiências digitais contínuas está impulsionando particularmente essa tendência.

O relatório revelou que 46% dos consumidores estão entusiasmados com o impacto da IA generativa em suas compras online e três quartos estão abertos às recomendações da inteligência artificial generativa, acima dos 63% em 2023. Mais de metade (58%) substituiu os mecanismos de pesquisa tradicionais por ferramentas de IA generativa como referência para recomendações de produtos e serviços.

Além disso, 68% dos consumidores desejam que ferramentas de IA generativa agreguem resultados em mecanismo de pesquisa online, plataformas de mídia social e sites de varejistas para fornecer uma variedade única de opções de compra.

O Capgemini Research Institute apontou também que sete em cada dez empresas de produtos de consumo e varejo veem a IA generativa como uma tecnologia transformadora, uma mudança significativa em relação ao ano passado.

INFLUENCIADORES E MÍDIAS SOCIAIS

O relatório anual de consumo do Capgemini Research Institute destacou ainda outra tendência: a dos avatares influenciadores, criados com recursos de IA, que têm crescido em popularidade. Um quarto dos consumidores afirmou confiar neles e fazer compras com base nas suas recomendações.

Os influenciadores das redes sociais também são populares, com cerca de sete em cada dez consumidores da geração Z afirmando ter conhecido novos produtos por meio deles em 2024, um aumento significativo em relação aos 45% em 2023, segundo o relatório.

Plataformas como Instagram e TikTok também estão remodelando o varejo, com mais da metade dos consumidores descobrindo novos produtos por meio das redes sociais, acima dos 32% em novembro de 2022. O relatório revelou que 40% de todos os consumidores usam ocasionalmente as redes sociais para interações de atendimento ao cliente, refletindo uma dependência crescente das redes sociais para resolver problemas e procurar apoio. •

Levi’s e Starbucks: transformação digital no foco

A CADEIA de cafeteria Starbucks e a varejista

Levi’s estão no meio de transformações digitais, conforme a vice-presidente-executiva e diretora de tecnologia da Starbucks, Deb Hall Lefevre, e o vice-presidente-sênior e diretordigital da Levi Strauss & Co., Jason Gowans, contaram na NRF 2025.

A transformação digital na ponta é melhorar a experiência do cliente, pontuou Lefevre, para quem seu cliente busca uma experiência de pedido perfeita e um produto consistente. Ele apontou que, quando se tem 40 mil sites ao redor do mundo, certificar-se de que a tecnologia simplesmente funcione é muito importante e, para tanto, é ter certeza de que quaisquer alterações ou atualizações na tecnologia sejam fáceis de usar, confiáveis, seguras e compatíveis.

Para a Levi Strauss & Co., de 170 anos, a transformação digital tem sido mais recente, à medida que a empresa evolui de um negócio de atacado de jeans para um varejista digital. Isso significou “reconectar todo o negócio”, como disse Gowans. Nos últimos dois anos, a Levi’s vem agregando e alavancando grandes quantidades de dados de clientes. Como resultado, a Levi’s viu seu negócio direto ao consumidor crescer por dez trimestres consecutivos, apontou Gowans.

(Com informações do blog da NRF)

A briga entre as empresas provedoras de banda larga fixa costuma se estabelecer no preço cobrado ao consumidor. É esse o melhor caminho?

O tema foi debatido na 18ª edição do IX Fórum, evento promovido pelo IX.br e CGI.br. Peter Wood, analista-sênior de pesquisa da TeleGeography, apresentou durante o evento o cenário da conectividade, particularmente no Brasil.

COMPETIÇÃO ESTÁ ACIRRADA ENTRE OS PROVEDORES O QUE FAZER?

O BRASIL É o principal mercado na América Latina em termos de conectividade, destacou Peter Wood, analista-sênior de pesquisa da TeleGeography, empresa de consultoria e pesquisas em telecomunicações, ao participar da 18ª edição do IX Fórum, promovido pelo Brasil Internet Exchange (IX.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), e pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). “A conectividade não é uma coisa isolada e o Brasil é um caso muito interessante”, disse.

O analista mostrou que, historicamente, as rotas de conectividade entre Brasil e os Estados Unidos são relevantes para o mercado e têm incrementado seu papel. Também destacou que o custo do trânsito IP no País é baixo e apontou São Paulo como a cidade mais conectada da América Latina e a 21ª do mundo.

Em termos de largura de banda, a região latino-americana apresentou uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) de 35% entre 2019 e 2023, percentual acima de países como EUA e Canadá – o que está dentro da normalidade, já que são países mais desenvolvidos – e em linha com os 36% no mundo no mesmo período. No Brasil, a taxa ficou em 31%, mostrando que a conectividade cresceu ligeiramente menos do que em outros mercados.

Peter Wood também destacou que o País

“Muitos cabos estão sendo criados por OTTs, e no Brasil os cabos das infovias vão aumentar a qualidade e a disponibilidade em regiões historicamente defasadas.”

Peter Wood Analista-sênior de pesquisa da TeleGeography

Novo datacenter do NIC.br

O NÚCLEO DE Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), que dispõe, atualmente, de dois datacenters na cidade de São Paulo, anunciou que um novo será construído em Santana de Parnaíba, na região metropolitana da capital paulista. O objetivo é substituir o NIC-NU, localizado na Av. das Nações Unidas (Marginal Pinheiros) em um edifício comercial. O outro datacenter é o NIC-JD, que fica próximo à ponte João Dias, a cerca de 10 km do NIC-NU.

O novo datacenter em Santana de Parnaíba dista cerca de 30 km do NIC-NU. Previsto para entrar em operação em 2026, tem como objetivos eliminar o risco intrínseco em operar em prédio comercial multiusuário, contar com melhor estrutura para cabos de fibras ópticas e ter mais espaço e energia para os equipamentos.

Com o novo datacenter, as rotas dos PIX que chegam ao NIC-NU deverão ser substituídas por rotas para o NIC-SP. Os participantes que chegam com fibra apagada ao NIC-NU deverão se preparar para migrar para o NIC-JD ou para o NIC-SP. As empresas de telecomunicações que trabalham com conectividade em fibra óptica podem se preparar para chegar ao NIC-SP para conectar PIX e outras empresas presentes no novo datacenter.

“Estamos vendo uma competição grande, com excesso até de concorrência para o usuário final, entre os backbones, trânsito IP e tudo mais.”

Eduardo Parajo Diretor da Abranet e CEO da Durand Tavola

ainda apresenta forte dependência dos Estados Unidos no que se refere a cabos submarinos. Ele lembrou que há um planejamento para expandi-los, com o Firmina, da Google, o Brazil Festoon, entre Belém e Fortaleza, e as infovias 02 e 04. Os investimentos são necessários tendo em vista que o tráfego entre Brasil e os EUA chegou a 73,7 Tbps em 2023, o que representa 30% CAGR entre 2019 e 2023. “Muitos cabos estão sendo criados por OTTs, e no Brasil os cabos das infovias vão aumentar a qualidade e a disponibilidade em regiões que historicamente estavam defasadas”, destacou.

O analista frisou o papel de provedores de conteúdo liderando investimentos em cabos submarinos, algo que não era comum há dez ou doze anos. Isso decorre do aumento da demanda por conteúdo. No entanto, na América Latina, os provedores de conteúdo dominam menos que em outras regiões. De fato, a região é mais provida por backbones de provedores de internet que de conteúdo. “A presença de OTTs aumenta o suprimento de banda de largura. Isso contribui para a erosão de preços no mercado”, afirmou.

Sobre o preço médio para 100 Gbps, Wood apontou que o valor cobrado Miami–São Paulo no terceiro trimestre de 2024 foi de US$ 12,177, uma redução de 24% na taxa de crescimento anual composta 2021-2024. Além disso, segundo ele, o múltiplo de 10 Gbps agora é três vezes abaixo das 5,6 vezes do terceiro trimestre de 2021.

COMPETIÇÃO OU COLAPSO?

A briga entre as empresas provedoras de banda larga fixa se estabelece no preço cobrado ao consumidor –uma equação que tem sido cada vez mais onerosa. O tema foi debatido em painel sobre o impacto do preço nas margens e na qualidade da internet. “A provocação do painel foi justamente para entender como está indo o mercado. Estamos vendo uma competição grande, com

25 abranet.org.br

janeiro - março 2025

excesso até de concorrência para o usuário final, entre os backbones , trânsito IP e tudo mais”, apontou Eduardo Parajo, diretor da Abranet e também CEO da Durand Tavola, que moderou o painel.

Até que ponto as questões do preço e da forte competição não vão gerar problemas de margens? “Em um prédio em São Paulo chega a ter seis, sete empresas de internet. Diferente de quando existia escassez de tecnologia e infraestrutura, hoje, a briga é do rouba-monte, um tentando pegar cliente do outro; um churn muito grande e, cada vez mais, vemos que virou uma espiral em que

“É defender a base, manter a margem que já está ganhando, porque estamos em um mercado muito concorrido –esquece a briga por preço.”
Gustavo Barros Sócio-fundador e CEO da IT Investimentos

todos estão indo para o buraco”, assinalou Parajo.

O futuro do segmento está, segundo os debatedores do painel, em conseguir manter os clientes bem atendidos. “Fazer com que eles fiquem na carteira talvez seja o negócio mais inteligente”, resumiu Parajo. Isso porque, uma vez que você derruba os preços, é difícil voltar.

Gustavo Barros, sócio-fundador e CEO da IT Investimentos, ressaltou que hoje não existem mais clientes novos. “A pandemia fez em um ano o que seria feito em três ou quatro anos e, hoje, não se tem mais crescimento orgânico expressivo. Todo mundo está crescendo de 5% a 8% ao ano e as telcos, de 1% a 2%; isso não é suficiente para cobrir custos”, apontou Barros.

De acordo com Barros, um provedor que opera bem tem 40% de lucro operacional, dinheiro com o qual deve pagar impostos, fazer investimentos para trocar tecnologias e melhorar a experiência do usuário na ponta, além de remunerar os acionistas. “Em uma dinâmica que diminui o tíquete, vai ter menos dinheiro

Metade do tráfego de internet no Brasil RODA SOBRE IPv6

OS SISTEMAS AUTÔNOMOS

(ASN) somavam, até novembro de 2024, 8.900 no Brasil – 259 deles acrescidos no ano passado –, e 99% dos micro ASNs já contavam com IPv6. No ano passado, foram 251 alocações IPv6. Quanto aos usuários finais, 89% tinham IPv6. Os números integram a apresentação do gerente de recursos de numeração de internet do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Ricardo Patara, na 18ª edição do IX Fórum. Ele mostrou que 50,4% do tráfego brasileiro de internet roda sobre IPv6, mas ainda assim há solicitações aprovadas em espera na região para o IPv4.

Julio Sirota, gerente de engenharia e infraestrutura do Brasil Internet Exchange (IX.br), apontou que o pico

janeiro - março 2025

do tráfego no ano foi de 37,5 Tb/s, um aumento de 19%, e o pico em São Paulo, de 25,6 Tb/s, 15% a mais. O IX.br contabiliza 190 pontos de presença (PIX), 432 equipamentos de rede, 136 sistemas DWDM, 93 DCIs, 278 interfaces 400 ZR no core de São Paulo, 165 servidores e 4.772 portas de participantes.

“100G É O NOVO 10G”

Sirota também comentou sobre o estágio de mudanças de tecnologia para EVPN & SRv6. Em Brasília, com equipamentos Nokia, em fevereiro de 2024, houve a migração para EVPN+MPLS; em junho, de MPLS para SRv6

para investir, para comprar coisas de melhor qualidade e isso cria uma dinâmica ruim”, frisou.

Com esse raciocínio, Barros advogou que preservar a margem é mais importante do que buscar clientes novos. “Telecom é de longo prazo. Meu conselho é que todos se preparem; façam o dever de casa para estancar a perda. Melhor não colocar cliente novo e preferir fidelizar a base, seja com produto, equipamento ou benefício. É defender a base, manter a margem que já está ganhando, porque estamos em um mercado muito concorrido – esquece a briga por preço”, aconselhou.

Na mesma linha, Ronaldo Couto, diretor-executivo da Primori, defendeu que o momento é de repensar o modo como a internet é ofertada para cliente e sair do binômio banda/preço que está estrangulando o negócio. “Para isso temos de pensar em inovação. A competição é positiva no sentido de que precisamos pensar cada vez mais em como atender bem o cliente e isso não necessariamente é entregar banda maior, mas oferecer a

ele a melhor experiência”, justificou.

Para Couto, isso se traduz não em melhorar o suporte ao cliente – que tem de funcionar mais –, mas trabalhar para que o cliente não precise reclamar. Só que isso requer investimentos em infraestrutura. “No momento em que o cliente tem problema, claro que tem de prestar bom atendimento, mas o foco não pode ser esse e, sim, ter uma rede o mais estável possível”, disse, lembrando que o preço é a quinta justificativa do cliente para trocar de provedor. “A primeira é instabilidade na rede – não adianta ter suporte bom, se a instabilidade está lá”, acrescentou. •

e, em agosto, foram habilitados Proxy-ARP e Proxy-ND.

Em Curitiba, com a Cisco, ocorreu em setembro a migração para EVPN+SRv6, sem as funcionalidades Proxy-ARP/Proxy-ND. Manaus, também com Cisco, teve a migração para EVPN+SRv6, igualmente sem as funcionalidades Proxy-ARP/Proxy-ND, ainda não disponíveis à época.

Em São Paulo, a operação ocorre em equipamentos de três fabricantes: Extreme/Brocade, Cisco e Nokia. A migração foi planejada por equipamento, e a rede, dividida em dois ambientes: VPLS e EVPN + SRv6. Os equipamentos Cisco e Nokia que operam com SRv6 conseguem encaminhar pacotes para os dois ambientes.

No segundo semestre, começou-se a substituir equipamentos antigos e a serem usados EVPN + SRv6 em alguns destes equipamentos. Foi identificada a necessidade de pequenas correções para avançar em volume, segundo Sirota.

O gerente de engenharia e infraestrutura do Brasil

“Atender bem o cliente não necessariamente é entregar banda maior, mas oferecer a ele a melhor experiência.”
Ronaldo Couto Diretor-executivo da Primori

Internet Exchange (IX.br) detalhou que hoje existem seis participantes utilizando portas de 400GE e o transceiver é o QSFP-DD 400G-LR4. Atualmente, há portas liberadas na Equinix-SP4 e em outros PIX, conforme demanda. Mas ainda não há previsão de se ter portas de 400G em outras localidades em 2025.

Com relação a transceivers de 100G, Sirota informou que, atualmente, o padrão dentro de datacenters é o 100G-LR4 (4 x 25G) e que estará disponibilizando também o 100G-LR1 (1 x 100G) em algumas localidades – o 100G-LR1 pode ser gerado a partir do break-out de interfaces de 400G e deve ter um preço melhor que o do 100G-LR4.

“O 100G é o novo 10G”, ressaltou, completando que há situações em que o participante precisa se conectar com distâncias maiores que 10 km e que serão disponibilizados de maneira pontual transceivers 100G para 20 km e 40 km. •

Abranet repudia mudança na faixa de 6 GHz

A ASSOCIAÇÃO Brasileira de Internet e outras entidades do setor emitiram uma nota conjunta repudiando a revisão da destinação da faixa de 6 GHz e advertindo para as graves consequências que isso pode ter. O manifesto veio depois da decisão do Conselho Diretor da Anatel de rever a destinação de parte da faixa de 6 GHz (5.925-7.125 MHz) e determinar seu leilão em 2026.

Por essa decisão, a faixa seria dividida para uso entre telefonia celular e Wi-Fi. Em dezembro de 2020, a Anatel havia aprovado a destinação de toda a capacidade de 1.200 megahertz na faixa de 6 GHz para uso não licenciado interno, contemplando as novas gerações do Wi-Fi.

“Essa medida representa um grave retrocesso. Ela ameaça os esforços da indústria e dos provedores regionais para implementar tecnologias avançadas de Wi-Fi e ignora o papel essencial das prestadoras de pequeno porte (PPPs) na inclusão digital. Além disso, negligencia a preferência nacional pelo Wi-Fi, uma tecnologia acessível e mais econômica, crucial para o desenvolvimento social e econômico do Brasil”, afirma o comunicado conjunto das entidades. Além da Abranet, assinam a nota a Abrint, Abramulti, Apronet, Internet Sul, Aspro, TelComp e RedeTelesul. •

BNDES amplia crédito do Fust

O BANCO Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social anunciou a expansão das linhas de apoio com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), elevando a dotação orçamentária do programa de R$ 200 milhões para R$ 350 milhões e criando modalidades destinadas a provedores de micro, pequeno e médio porte. A iniciativa tem como objetivo massificar o acesso à banda larga. O programa passa a operar com três modalidades: Crédito Conectividade, Fust Emergencial e Fust Equipamentos. A modalidade Crédito Conectividade possibilita aos provedores ampliar sua carteira de clientes, com limites ajustados proporcionalmente ao crescimento do número de usuários em comparação com o ano anterior.

Já o Fust Emergencial oferece capital de giro às empresas para enfrentar eventos climáticos extremos que possam impactar as redes de telecomunicações e o Fust Equipamentos (antigo Finame Fust) teve a remuneração reduzida de 1,45% para 1,25% ao ano, aumentando a competitividade da modalidade. •

Capacidade dos datacenters terá de dobrar em quatro anos

UM ESTUDO da Synergy Research Group indica que os datacenters hiper escaláveis que serão lançados nos próximos quatro anos terão, em média, quase o dobro da capacidade dos atuais.

Essa tendência de crescimento já vinha sendo observada ao longo do tempo, mas a demanda energética intensa da tecnologia de inteligência artificial tornará essas infraestruturas cada vez mais orientadas a GPUs. Até o final do ano passado, as hyperscalers (AWS, Google, Microsoft) já operavam 1.103 grandes datacenters ao redor do mundo, e a consultoria prevê a construção de mais 497 novas instalações. •

Metade dos usuários do País trocaria de operadora para não perder WhatsApp ilimitado

AS OPERADORAS móveis brasileiras vêm alterando nos últimos anos a sua estratégia em relação ao zero rating , nome dado à oferta de acesso ilimitado (sem desconto da franquia de dados) a determinados aplicativos, como aqueles de redes sociais e mensageria.

Entretanto, acabar com o WhatsApp ilimitado é um movimento arriscado. Nada menos do que 53% dos brasileiros com smartphone afirmam que trocariam de operadora caso a sua prestadora atual cancelasse o acesso gratuito ao aplicativo de mensageria. É o que revela pesquisa inédita

realizada pelo portal Mobile Time e Opinion Box.

Foi perguntado o que as pessoas fariam se a sua operadora não oferecesse mais acesso gratuito ao WhatsApp. Enquanto 53% disseram que trocariam de operadora; 24% responderam que priorizariam o uso do aplicativo em redes Wi-Fi; 6% reduziriam a utilização do WhatsApp; e 17% afirmaram que isso não mudaria o seu comportamento de uso do app. Surpreendentemente, os mais dispostos a trocar de operadora em caso de fim do WhatsApp ilimitado são os usuários das classes A e B (62%). Na classe

C, 56% mudariam de operadora. Entre aqueles das classes D e E, 48%. Na análise por faixa etária, os mais incomodados seriam aqueles com 50 anos ou mais (55%) e aqueles na faixa de 30 a 49 anos (55%). Entre os jovens de 16 a 29 anos, 47% disseram que mudariam de operadora. Na segmentação por gênero, as mulheres são mais sujeitas a mudar de operadora por causa disso (55%) do que os homens (51%).

A pergunta foi feita como parte da nova pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel e assistentes de IA no Brasil, cujo relatório será publicado em breve. Foram entrevistados 2.099 brasileiros que possuem smartphone e acessam a internet, entre os dias 15 e 30 de janeiro. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais. •

Brasileiros querem IA nos currículos escolares

UM ESTUDO global com a participação de entrevistados do Brasil aponta que quatro em cada cinco pessoas reconhecem a importância de se educar ativamente para entender e aplicar melhor a Inteligência Artificial, sendo que o País se destaca nesse cenário, com 92% dos entrevistados afirmando que planejam estudar IA.

O levantamento Tech Compass 2025, feito pela Bosch de maneira online em sete países – Brasil, Alemanha, França, EUA, Reino Unido, China e Índia – também revelou que o aprendizado autodidata é a maneira pela qual 54% dos participantes vão estudar o tema. Além disso, 63% dos ouvidos apoiam a introdução da IA como disciplina independente nos currículos

escolares, indicando a crescente importância da educação no tema.

O foco da pesquisa foi ‘Habilidades em Inteligência Artificial’ e 53% dos entrevistados afirmaram que usam ferramentas de IA no trabalho (ainda que raramente).

Além disso, 67% em todo o mundo acreditam que a IA é a tecnologia mais relevante do futuro, número que vem crescendo ao longo dos anos no estudo: em 2024 era 64% e em 2023, 41%.

O uso eficaz das ferramentas (59%) foi considerado a habilidade mais importante em todo o mundo, seguido pelo pensamento crítico (44%) e pela conscientização sobre a segurança cibernética (44%). •

GOVERNANÇA DE DADOS: CADA VEZ MAIS RELEVANTE PARA O SUCESSO

Muitas empresas ainda não têm sistemas estruturados para gerir e monitorar informações, o que afeta sua qualidade e eficiência. É hora de se mexer.

A

INTELIGÊNCIA DE DADOS é um processo com a função de transformar dados em ativos estratégicos. Esse conceito refere-se à capacidade de coletar, analisar e interpretar grandes volumes de informação para extrair insights que orientem decisões e gerem inovação. A utilização dessas bases de maneira inteligente oferece às empresas a possibilidade de otimizar o tempo gasto em tarefas operacionais, permitindo que foquem em processos de inovação e na tomada de decisões mais assertivas.

Com o uso de ferramentas avançadas, como inteligência artificial (IA), aprendizado de máquina e análise estatística, a inteligência de dados permite que as organizações identifiquem padrões, tendências e correlações que passariam despercebidos em uma análise convencional.

são acessados e usados, gerando problemas de catalogação e inconsistências.

Além disso, faltam definições claras de papéis e responsabilidades e atenção a questões de segurança e privacidade, especialmente para dados pessoais. Outro desafio importante é a resistência cultural, já que a adoção de uma mentalidade orientada por dados exige mudanças culturais e maior capacitação digital. Existem maneiras de contornar esse desafio de gestão. Para lidar com o grande volume de dados, práticas eficientes de coleta e armazenamento são necessárias. O ciclo de vida dos dados inclui coleta, armazenamento, processamento, análise, publicação e eliminação, e cada etapa deve seguir normas de segurança, compliance e governança.

“A inteligência de dados permite que as organizações identifiquem padrões, tendências e correlações que passariam despercebidos em uma análise convencional.”

Um dos principais obstáculos é a falta de governança de dados. Muitas empresas ainda não têm sistemas estruturados para gerir e monitorar informações, o que afeta sua qualidade e eficiência. Sem governança, há dificuldades para mapear onde os dados estão, como

abranet.org.br

janeiro

Ao se observar as tendências do mercado, a evolução dessa gestão aponta para um uso crescente de IA e IA generativa em vários setores. No entanto, um dos principais obstáculos será a governança de dados, com uma taxa de falha alta nessas iniciativas. Essa dificuldade está diretamente ligada à falta de investimentos e ao tempo e recursos insuficientes aplicados em uma governança estruturada. Com práticas estruturadas e o uso de tecnologias como IA, empresas podem superar essas barreiras e otimizar processos. Assim, ao alinhar inovação e estratégia, organizações têm a oportunidade de obter insights valiosos e impulsionar resultados. •

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