Revista Huawei # Futuro Sustentável . Junho 2024

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Gao Kexin

CEO Huawei Brasil

Public Affairs and Communications Department

Atilio Rulli

Vice-Presidente de Relações Públicas da Huawei América Latina e Caribe

Zhuli

Vice-Presidente de Relações Públicas da Huawei Brasil

Cintia Lima

Diretora de Relações Públicas da Huawei Brasil

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Carta ao leitor

TICs significam inclusão, sustentabilidade, inovação e são a base de um futuro sustentável - Por Gao Kexin, CEO da Huawei Brasil

Por um mundo mais verde, mais justo e muito melhor

A tecnologia exerce um papel fundamental para as companhias conseguirem endereçar os desafios relacionados à gestão de riscos e à promoção de oportunidades sociais, ambientais e de governança. Mais que tudo, a agenda ESG é uma impulsionadora da inovação.

12 transformação digital é um imPerativo Para o País

Entrevista - Chico Saboya, presidente da Embrapii, alerta para que o Brasil aposte tudo na inteligência artificial.

Projeto, Produção e Edição

Editora Convergência Digital editora@convergenciadigital.com.br

Direção Editorial Ana Paula Lobo

Edição Bia Alvim

Reportagem / Redação

Carmen Lúcia Nery

Fábio Barros

Luís Osvaldo Grossmann

Roberta Prescott

Solange Calvo

Suzana Liskauskas

Edição de Arte e Diagramação

Pedro Costa

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temPestade Perfeita Passa Pelas tiCs

Casamento de práticas de sustentabilidade com o setor de tecnologia é a principal estratégia para o Brasil encontrar o caminho para o desenvolvimento. O ponto, agora, é coordenar as ações entre governo e sociedade.

teCh4all: ia Para mudar vidas

Huawei usa inteligência artificial para monitorar impactos das mudanças climáticas e biodiversidade em manguezais no Pará. Projeto vai impactar 1.298 famílias que vivem da pesca do caranguejo-uçá. Projeto Brasil de Escolas

Abertas ganha adesão do Ministério da Educação.

24 uma duPla de suCesso: eduCação e teCnologia

Huawei Brasil leva conectividade e capacitação tecnológica a escolas. Empresa oferece internet em salas de aula nas escolas públicas de Ensino Médio de quatro estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Norte.

28 Quando a CaPaCitação faz a diferença

Morador de uma das cidades consideradas entre as mais violentas do País, na Bahia, o professor Givanildo Santos diz que a qualificação está mudando a realidade local

30 sonho x realidade: inClusão digital, soCial e eConômiCa no amazonas

Veloso Net leva serviços como PIX à população local, mas admite: os desafios ainda são imensos

32 até onde vão as mulheres? até onde elas Quiserem!

O programa Huawei de formação de lideranças femininas em tecnologia vai beneficiar mulheres de todo o Brasil com um novo diferencial: inclusão social

35 estamos Prontos Para um futuro sustentável?

Mais que uma opção, a construção de uma sociedade melhor é necessidade para o Brasil e para o mundo. Especialistas pontuam: a tecnologia é o catalisador de um futuro no qual a humanidade e o planeta prosperam juntos.

38 energia solar é a segunda força motriz do Brasil

Em três anos de atuação no Brasil, a unidade Huawei Digital Power ajudou a gerar 3,9 bilhões de kWh e reduziu em 1,8 milhão de toneladas as emissões de carbono do País, o equivalente a 2,5 milhões de árvores plantadas

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índice

carta ao leitor

O COMPROMISSO DA HuAWEI NO PAíS é APOIAR a transformação digital e energética da economia brasileira

em abril deste ano, passei a ocupar a liderança da Huawei Brasil, vindo de uma longa experiência internacional na companhia, onde ingressei em 2001. Chego ao País para dar continuidade a um trabalho que, nos últimos anos, conseguiu levar nossas soluções de infraestrutura de redes e de conectividade a 95% da população brasileira.

O compromisso da Huawei no Brasil é apoiar a realização de seu pleno desenvolvimento econômico e social por meio da transformação digital e energética de sua economia. Nossa companhia está no País para continuar a colaborar na construção de uma sociedade cada vez mais conectada, inclusiva, inteligente e sustentável.

Estamos prontos para pensar o futuro e isso inclui uma grande revolução na matriz energética em todo o mundo. Em seis anos de atuação no Brasil, a Huawei Digital Power, nossa unidade de Energia Solar e Fotovoltáica, e suas tecnologias digitais ajudaram a gerar 3,9 bilhões de kWh (quilowatt hora) e reduziram em 1,8 milhão de toneladas as emissões de carbono do País, o equivalente a 2,5 milhões de árvores plantadas.

As Tecnologias da Informação e da Comunicação são sinônimo de inovação e de um mundo digital e mais verde. O futuro sustentável – tema desta revista – requer estratégias e compromissos de empresas e entidades públicas e privadas. A Huawei participa desse esforço conjunto.

As Tecnologias da Informação e da Comunicação são sinônimo de inovação e de um mundo digital e mais verde. O futuro sustentável – tema desta revista – requer estratégias e compromissos de empresas e entidades públicas e privadas. A Huawei participa desse esforço conjunto.

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Em seis anos de atuação no Brasil, a Huawei Digital Power e suas tecnologias digitais ajudaram a gerar 3,9 bilhões de kWh (quilowatt hora) e reduziram em 1,8 milhão de toneladas as emissões de carbono do País, o equivalente a 2,5 milhões de árvores plantadas.

Para o acadêmico e presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Chico Saboya, é imperativo para o Brasil fazer a transformação digital. A Huawei sabe que muito já foi e está sendo feito, mas ainda há muito por fazer.

Há 26 anos atuando no Brasil, entendemos que é preciso ter ações efetivas para inclusão digital e, por extensão, social e econômica. Por isso, a Huawei ICT Academy é uma das iniciativas presentes também no Brasil. É com satisfação que partilhamos com vocês como a educação em Tecnologia da Informação e Comunicação está mudando a vida real de jovens carentes ou com deficiência no País e como estamos levando capacitação e conectividade a salas de aulas em escolas públicas. E não vamos parar por aí.

A preocupação com o meio ambiente está expressa no programa Tech4ALL, desenvolvido globalmente pela Huawei desde 2019 com mais de 40 parceiros. Um de nossos primeiros projetos é o monitoramento, via inteligência artificial, de mudanças climáticas e da biodiversidade na Ilha de Marajó, no Pará.

Também temos feito esforços para levar conectividade banda larga aos lugares mais remotos do País, como a Região Norte. Somos parceiros de todas as operadoras nacionais e regionais e queremos garantir que essa bem-sucedida política continue.

O futuro sustentável existe. Cabe a nós todos construí-lo!

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POR uM MuNDO mais verde, mais justo e muito melhor

A tecnologia exerce um papel fundamental para as companhias conseguirem endereçar os desafios relacionados à gestão de riscos e à promoção de oportunidades sociais, ambientais e de governança. Mais que tudo, a agenda ESG é uma impulsionadora da inovação.

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o apelo para que os países se unam para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e prosperidade, tem sido uma pauta importante da Organização das Nações Unidas (ONU). Com esse intuito, a entidade estabeleceu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que estão interconectados e têm como meta ser um plano acordado por todos os líderes mundiais para criar um mundo mais verde, mais justo e melhor até 2030.

A tecnologia, sustentam os especialistas, tem um papel fundamental nessa força-tarefa para atender às novas demandas de sustentabilidade. No Brasil, a agenda relacionada à gestão de riscos e à promoção de oportunidades sociais, ambientais e de governança está no horizonte das companhias, principalmente, aquelas listadas em bolsas de valores ou integrantes do sistema financeiro.

O Banco Central, por exemplo, exige a divulgação do Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas (GRSAC) das instituições que autoriza a funcionar. Já a B3 mantém um conjunto de índices de sustentabilidade que, além de servirem como instrumentos atrativos para os investidores comprometidos com esta temática, ajudam a estimular companhias a incorporarem questões ESG em suas estratégias de negócio.

Com as iniciativas ESG (sigla para Environmental, Social and Governance) em ascensão, qual é o papel das Tecnologias da Informação e da Comunicação para guiar as empresas nessas áreas? Tal qual um mantra entre líderes de negócios, ESG está levando empresas de diferentes portes a estabelecer processos e estratégias para endereçar as demandas. Afinal, a nova ordem corporativa coloca ESG no centro das decisões estratégicas, e os temas ambientais, sociais e de governança passam a ter impacto da mesma forma que a lucratividade.

“As TICs são fundamentais; percebendo ou não, elas estarão lá”, resume Affonso Nina, presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), que conta com cerca de 80 empresas associadas com sede no Brasil e em vários países, com diferentes modelos de negócios. “De sensores que atuam no controle de emissão de poluentes e de resíduos a conectar empresas da economia circular é a tecnologia que faz a engrenagem funcionar, seja na previsão do tempo, coleta e tratamento de dados, seja na Veja a página da ONu com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

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simulação de impactos sociais e ambientais e na mitigação de riscos para ESG”, diz.

além da inovação

A tecnologia está inserida nos meios de produção e presente em todas as atividades econômicas que, em maior ou menor grau, dependem dela ou são mais eficientes a partir de seu uso. “Não há tema, na sociedade atual, que não esteja ligado com a tecnologia; e ESG não é diferente”, assinala

Edson Barbero, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), que também ressalta que é necessário entender o que é ESG para não ter

uma visão reducionista do assunto.

“Não é só medição de desempenho ou indicadores. Os fatores ESG vieram do mercado financeiro, mas entendo que ESG vai ao encontro de transformações mais profundas, de impacto na redução de emissões, de diversidade, de enxergar para além do que tipicamente vemos”, enumera.

“Estabelecer projetos de qualidade, ter mecanismos de mensuração de resultado e adotar novas tecnologias é essencial”, aponta Hugo Tadeu, professor e diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral. “Este é um tema de pesquisa de ponta;

é a tecnologia que faz a engrenagem funcionar, seja na previsão do tempo, coleta e tratamento de dados, seja na simulação de impactos sociais e ambientais e na mitigação de riscos para ESG.

affonso nina Presidente da Brasscom

b4 aposta no aquecimento do mercado de crédito de carbono

“a maioria das empresas acha que ESG é plantar árvores, mas não é; é um trabalho a longo prazo e envolve mudanças de consciência. Não é trocar o copo de plástico somente; é dar condição para as empresas que vendem copos de plástico mudarem com ajuda da fatura de quem está pagando. Precisa de um plano de inclusão do fornecedor”, explica Odair Rodrigues, CEO da B4, criada para atuar como uma facilitadora no mercado de crédito de carbono e que se intitula como a primeira bolsa de ação climática do Brasil.

Rodrigues reforça que as empresas que desejam implementar ações sustentáveis com impacto positivo real no meio ambiente precisam entender o que estão fazendo, para que assim criem seus projetos e iniciem suas ações. “Não é comprar crédito de carbono e alocar em carteira de investimentos para mostrar que a empresa tem prática ESG”, diz o CEO, acrescentando que deve ser um compromisso real das empresas, com as lideranças assumindo responsabilidades para reduzir a pegada de carbono.

Lançada em agosto de 2023, na cidade de São Paulo, a B4 soma cerca de 15,8 milhões de toneladas de créditos de carbono que estão em análise para serem listadas em sua plataforma.

Trata-se de um mercado extremamente valioso e que está crescendo com muita força, não só no Brasil, mas em todo o mundo. A expectativa da B4 é movimentar até R$ 12 bilhões em créditos de carbono no primeiro ano de atuação. Para tanto, espera-se pela regulação nacional do mercado de carbono, um sistema de troca de títulos de emissão já utilizado em diversos países e que visa à redução das emissões totais de gases de efeito estufa.

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algo restrito a um grupo pequeno de grandes empresas, com disponibilidade para aquisição de talentos e recursos em redes”, destaca Tadeu.

Para Bruna Dias, gerente na Strategy& (parte da rede PwC) e especialista em sustentabilidade, a tecnologia está relacionada ao monitoramento das iniciativas ou viabilização de ações. “É impossível imaginar um cenário em que a tecnologia da informação não esteja inserida na agenda ESG. Além de apoiar na gestão dos indicadores, a tecnologia de dados pode ser utilizada para tornar os processos e o uso de energia mais eficientes”, pontua. A executiva

ESG vai ao encontro de transformações mais profundas, de impacto na redução de emissões, de diversidade, de enxergar para além do que tipicamente vemos.

edson barbero

Professor da Fundação Instituto de Administração (FIA)

destaca que a rastreabilidade é um elemento relevante para garantir a sustentabilidade na cadeia de valor e, para endereçá-la, o desenvolvimento tecnológico é vital. “O blockchain é um exemplo de tecnologia aplicada.”

“A tecnologia fornece ferramentas para coletar, analisar e relatar dados relacionados ao meio ambiente, questões sociais e governança corporativa. Isso permite que as empresas monitorem e melhorem seu desempenho em áreas como redução de emissões de carbono, diversidade e inclusão no local de trabalho e transparência na governança”, assinala Márcio Kanamaru, sócio-líder

pilar crucial

Estabelecer projetos de qualidade, ter mecanismos de mensuração de resultado e adotar novas tecnologias é essencial.

hugo tadeu

Professor e diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral

a tecnologia da Informação (TI) é um pilar crucial para as empresas abordarem suas agendas ESG: coleta e análise de dados: a TI permite que as empresas coletem dados relevantes em várias áreas ESG, como emissões de carbono, consumo de água, diversidade e inclusão, entre outros. A análise desses dados identifica padrões, tendências e oportunidades de melhoria. relatórios e transparência: facilita a criação e divulgação de relatórios de sustentabilidade e governança, permitindo que as empresas comuniquem de forma transparente suas práticas e desempenho em relação às metas ESG. eficiência operacional: aumenta a eficiência operacional das empresas, reduzindo o consumo de recursos, otimizando processos e minimizando o desperdício. engajamento das partes interessadas: plataformas de TI, como sites, aplicativos e redes sociais, envolvem e educam as partes interessadas sobre questões ESG, permitindo uma comunicação mais transparente e interativa. inovação e desenvolvimento de produtos: impulsionar a inovação e o desenvolvimento de produtos mais sustentáveis, possibilitando a criação de soluções tecnológicas que abordam desafios ambientais e sociais.

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de tecnologia, mídia e telecomunicações da KPMG no Brasil e na América do Sul.

Além disso, pode ser usada para aumentar a eficiência operacional e reduzir o impacto ambiental, por exemplo, por meio de automação de processos, otimização de uso de recursos e implementação de práticas de produção mais sustentáveis. Outro aspecto importante é o uso de tecnologia para envolver e capacitar as partes interessadas, permitindo uma comunicação mais transparente e colaborativa sobre questões ESG. “Isso inclui o uso de plataformas digitais para compartilhar

informações com investidores, funcionários, clientes e comunidades locais”, diz o sócio da KPMG.

Uso consciente

A adoção de tecnologia também tem de ser consciente. Se, de um lado, o aumento da capacidade de processamento e a diminuição do custo significam maior acesso às ferramentas, de outro, impõem um consumo maior de datacenter, o que, por sua vez, demanda muita energia. Para a Brasscom, aí reside mais uma pauta que o Brasil pode abraçar. “O País pode ser polo de datacenters com energia

é impossível imaginar um cenário em que a TI não esteja

inserida na agenda ESG. Além de apoiar na gestão dos indicadores, a tecnologia de dados pode ser utilizada para tornar os processos e o uso de energia mais eficientes.

bruna dias Gerente na Strategy& e especialista em sustentabilidade

engajamento ALéM

DO DISCuRSO BONITO

estudos sobre o futuro do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC) indicam a necessidade de mais inovação na pauta ESG, engajando a sustentabilidade. Ou seja, torna-se vital ter bons projetos de inovação tecnológica para gerar ganhos para o meio ambiente, por exemplo.

No campo das empresas, é preciso uma agenda forte para o reskilling e upskilling”, aponta Hugo Tadeu, da Fundação Dom Cabral. O treinamento das equipes é fundamental para uma mudança de postura no que diz respeito a ESG, indo além de um discurso bonito. “Temos uma possibilidade de maior engajamento para o ESG, até pela existência de muitos recursos atualmente para esses projetos”, completa.

Os estudos da FDC com o WEF indicam que os países

mais avançados em ESG são aqueles em desenvolvimento, justamente por serem os mais impactados pelas mudanças climáticas. Para Hugo Tadeu, isto reforça que o Brasil deve ir em busca da liderança nessa agenda, envolvendo pesquisa de ponta, nas respostas aos desafios climáticos, hídricos e sociais. Segundo ele, os países ricos têm demonstrado um comportamento cético quanto ao tema.

Globalmente, as empresas têm procurado melhorar seu desempenho em sustentabilidade devido a pressões dos consumidores, investidores e reguladores, assinala a gerente da Strategy& (PwC) e especialista em sustentabilidade, Bruna Dias. “No Brasil, não é diferente, e assistimos a mais empresas adotando e aumentando seus compromissos públicos. O primeiro passo da jornada de empresas que buscam

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renovável”, diz Affonso Nina, presidente da associação. Ter a preocupação em buscar processamentos que estejam baseados em energias renováveis deve estar na agenda dos líderes de TI, segundo Nina, que aposta no protagonismo do Brasil no processo de descarbonização, uma vez que o País conta com matriz energética limpa.

Ao mesmo tempo que a TI significa abertura de possibilidades e um instrumento que permite às empresas avançarem em várias iniciativas, também pode levar a pioras e a malefícios. Barbero, da FIA, defende que temas como o

custo ambiental proveniente do maior consumo dos datacenters ou os impactos da inteligência artificial na sociedade sejam colocados em debate. Edson Barbero se diz pessimista no curto prazo e otimista no longo prazo e explica que sempre há uma demorada evolução na humanidade. “Examine as empresas da Revolução Industrial: poluição desregulada, trabalho infantil, nenhum tipo de controle trabalhista. Nós melhoramos muito. Acho que o futuro se desenvolve lentamente no sentido de termos empresas que serão melhores que as que temos hoje”, analisa.

A tecnologia fornece ferramentas para coletar, analisar e relatar dados relacionados ao meio ambiente, questões sociais e governança corporativa. Isso permite que as empresas monitorem e melhorem seu desempenho em várias áreas. márcio Kanamaru Sócio-líder

da KPMG no Brasil e na América do Sul

incorporar a sustentabilidade em suas estratégias corporativas é entender quais são os temas materiais para que possam ser criados planos de ação que terão impacto nos processos”, diz. Atualmente, grandes corporações têm focado na sustentabilidade de suas cadeias de valor, fazendo com que empresas de menor porte que atendem a grandes grupos já observem a necessidade de fazer gestão da sustentabilidade. “A tendência é que, no longo prazo, todos precisem assumir responsabilidade por sua cadeia, e que a rastreabilidade passe a ser um dos pilares dos processos produtivos em vários setores”, reflete Bruna Dias.

Para Barbero, da FIA, as empresas no Brasil podem ser divididas em três estágios quanto à adoção de práticas ESG. As menos maduras são aquelas que ainda estão negando a agenda e cujos executivos consideram – ainda – que se trata de uma bobagem. O lado positivo é que, se há dez anos estavam em maior número, agora, há cada vez menos empresas neste quadrante.

No segundo estágio – onde se encontra a maioria –estão empresas no processo de transformação ESG, mas,

frequentemente, com pauta reducionista, diz Barbero. Ou seja, tratam o tema de maneira superficial e não mudam a cultura corporativa ou a essência do negócio, mas apenas a aparência, algo “para não sair mal na fita”. Por fim, há o terceiro estágio, no qual estão as companhias mais avançadas e que são honestas e legítimas no processo de transformação. Estão passando por uma mudança pesada, mas são uma minoria.

Márcio Kanamaru, da KPMG, acrescenta que, no Brasil, as empresas têm criado programas robustos de ESG, buscando otimizar não apenas os investimentos nessas áreas para uma melhoria de maturidade, mas focando essencialmente em resultados concretos.

Para endereçar qualquer tema de ESG, a inovação tecnológica é obrigatória. “Os desafios climáticos atuais são gigantescos, demandando modelos baseados em técnicas de machinelearning para previsão do tempo, capacidade de produção no agronegócio e tantos outros assuntos complexos. A capacidade para reinvenção dos modelos de negócio deve estar na pauta, combinando inovação tecnológica e sustentabilidade”, ressalta Hugo Tadeu, da FDC.

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entrevista

Francisco s aboya a lb U q U erq U e n eto

Presidente da EmbrapiiEmpresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial

transformação digital é uM IMPERATIVO PARA O PAíS

o pernambUcano Francisco Saboya Albuquerque Neto, hoje à frente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e conhecido no meio acadêmico como Chico Saboya, faz um alerta para que o Brasil aposte tudo na inteligência artificial, com recursos substantivos para encharcar todo o tecido produtivo nacional na nova onda tecnológica.

É um chamado de quem atua há três décadas com inovação, como gestor, professor e empreendedor, e viu o País perder todas as chances de um salto socioeconômico em direção ao desenvolvimento. Economista e mestre em Engenharia de Produção, Chico Saboya foi secretário municipal e diretor de empresas, presidente da Divisão América Latina da International Association of Science Parks and Areas of Innovation (IASP) e liderou por 11 anos o Porto Digital, quando foi eleito um dos 100 brasileiros mais influentes do País. Professor universitário, com passagens pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Finep Inovação e Pesquisa, desde junho de 2023 ele preside a Embrapii, onde, em generosa e afável conversa, regada a bolo de rolo e muito conhecimento de causa, ressaltou a importância de os brasileiros não perderem mais esse bonde histórico. À revista Huawei Futuro Sustentável, Chico Saboya foi taxativo: “Temos que nos impregnar de inteligência artificial, ou teremos um problema social enorme.”

Por sua trajetória ligada à inovação, como professor, empreendedor e gestor, e agora à frente da Embrapii, você acredita que o Brasil está pronto para dar um salto?

A pergunta imediata é quando o Brasil vai se entender com o futuro. As estratégias presentes têm que refletir muito mais o futuro do que o passado, mas o Brasil é nostálgico. O Brasil gosta do passado. A gente gosta tanto do passado que tem uma economia do passado que predomina. Se você olha a quantidade, o fluxo de riqueza que circula em cima de coisas velhas, de coisas antiquadas, é maior do que o montante de

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recursos aplicado em coisas novas.

Concursos públicos são voltados, na sua maioria, para funções de controle, de auditoria, de fiscalização, do passado. E a gente não tem igual intensidade de contratação de cientistas, de pesquisadores, de físicos, de matemáticos, de químicos. E a própria cultura do setor produtivo também é muito voltada para a nostalgia, de um tempo em que o Brasil foi a economia que mais cresceu no século passado, em um contexto de industrialização acelerada com base no modelo de substituição de importações. O Brasil seguiu isso e se deu bem, mas temos déficit de futuro. Prolongamos demais um certo modelo que, não enxergando as transformações pelas quais o mundo passava, retardou o nosso encontro com o futuro. Resultado, o Brasil despenca de 2,8% na participação da manufatura global para 1,4%. Somos hoje metade do que éramos há 40 anos.

Não é uma contradição um país que precisa ter esse olhar para o futuro não ter

TICs como principal política industrial?

O setor produtivo é cada vez mais indissociável do setor de serviços tecnológicos avançados, que são direcionados pelas TICs [Tecnologias da Informação e da Comunicação]. E as TICs simbolizam a inovação, o mundo digital e verde. Esses são os dois carros-chefes do que deveriam ser as estratégias nacionais. E, obviamente, adicionado o componente da inclusão. O País precisa assentar todas as suas estratégias privadas e políticas públicas nesse tripé de inclusão, sustentabilidade e inovação. Para usar uma linguagem mais mercadológica, a gente pode dizer que o mundo é digital, é verde e deveria ser inclusivo. Com isso, a gente enfatiza o papel das TICs como o driver da inovação. E a inovação ocorre em várias áreas. Tem TICs, software, hardware, super processadores, e agora a inteligência artificial. E tem também a componente habilitadora das TICs. Não são apenas uma indústria em si e têm um mercado em si, com uma cadeia de valor gigantesca

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contida nela mesma. Mas são também habilitadoras de várias outras. TICs viabilizam o agro, TICs viabilizam a indústria 4.0. Então, falar de quando o Brasil vai se entender com o futuro, quando o Brasil vai levar a sério esse tipo de coisa, é porque a gente vê a evolução das TICs acontecendo, elas em si, como uma cadeia contida nela mesma e habilitadora de várias outras, da indústria tradicional, da indústria mais avançada, da atividade da agropecuária, dos serviços públicos, de tudo. Então, não tem saída nenhuma para o progresso de uma nação que não seja investimento massivo em tecnologias de informação e comunicação e outras áreas de fronteira.

Estamos mais acostumados a enxergar as TICs como atividades diretamente relacionadas ao empreendedorismo. O Estado entra nessa equação?

O Estado é uma fonte fundamental para transformações. O problema é o Estado se entender nesse papel, ter uma visão de futuro e saber que ele tem que usar muito mais sua

energia, seu poder de compra, por exemplo, para endereçar mais a coisa de futuro do que de passado. Nessa questão das TICs não dá mais para a gente imaginar, por exemplo, uma Embrapa das TICs, porque o contexto é outro. São centenas de milhares de negócios suportados em TICs, players nacionais e globais numa troca intensa de conhecimentos, de competências. A própria Embrapii, que surgiu 40 anos depois da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], é outro modelo. A Embrapa tem 7.500 empregados. A Embrapii é uma organização social que tem 100 empregados, mas articula uma rede de 94 instituições científicas e tecnológicas, com 10.500 pessoas trabalhando para o desenvolvimento de pesquisa para a indústria. Mas cabe ter estratégias nacionais para desenvolvimento em áreas selecionadas para as quais o País ainda possa ter um papel relevante, para que o Brasil possa ser upload e não download

“O

Brasil perdeu todas as ondas tecnológicas dos últimos 50 anos. Todas. Perdemos a do hardware, dos processadores, do software, perdemos a da internet, do smartphone, das redes sociais, perdemos a da IoT, do nanodispositivo.

Temos que ser muito mais seletivos, mirando o futuro, porque essas ondas não voltam mais.”

O Brasil perdeu todas as ondas tecnológicas dos últimos 50 anos. Todas. Perdemos a do hardware, dos processadores, do software, perdemos a da internet, do smartphone, das redes sociais, perdemos a da IoT, do nanodispositivo. Temos que ser muito mais seletivos, mirando o futuro, porque essas ondas não voltam mais. Por exemplo, a importância dos semicondutores é inquestionável. Eles estão na base de tudo. E além da importância fundamental na cadeia produtiva de artefatos digitais, ganharam uma importância geopolítica. E em um contexto de desarranjo que o mundo vem experimentando, desde a Covid-19, mas que também desembocou em guerras, na Europa, em Israel, e que, além das centenas de guerras anônimas pelo mundo, tem a questão do Iêmen que disturba um corredor onde passa 12% do comércio mundial. Isso gera uma oportunidade para o Brasil, se o Brasil entender qual é o seu lugar na cadeia de valor da indústria de microchips dentro desse novo contexto. O mundo está se relocalizando,

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indústrias estão migrando, os países estão despejando bilhões, trilhões. É complicado imaginar que vamos ser um player relevante na produção de microchips. Mas como o mundo está se reposicionando, o Brasil tem alguns atributos. O Brasil é near shoring de grandes mercados. É, mais do que isso, friend shoring. Temos algum capital humano qualificado, alguma infraestrutura de pesquisa e de inovação. Se o Brasil misturar isso tudo e desenhar uma estratégia que considere não a vontade passada de um dia ter sido um produtor de microchips, mas ser um player que faça uma parte da cadeia, sim.

Mas como? Porque há anos sabemos que precisamos, por exemplo, incentivar ensino nas chamadas disciplinas STEM [Science, Technology, Engineering, Math], mas ainda não colocamos em prática.

Primeiro, precisa velocidade para se entender do futuro. É o quando. E o segundo é o componente da coordenação. Porque formular políticas, estratégias, a gente até faz. A gente não consegue implementar. Porque aí, entre outras coisas, porque as estratégias em si estão mais impregnadas de passado e porque a gente não tem coordenação. Não tem

coordenação ao nível das políticas públicas com as estratégias privadas. E nem tem coordenação ao nível das próprias políticas públicas. Temos pelo menos treze iniciativas que eu conheço de inteligência artificial patrocinadas com recursos públicos. Mas há baixa interação entre elas, redundância na maioria das vezes. O desafio é do quando, e o quando é agora, ou seja, é já se entender com o futuro e converter isso em ações práticas e coordenar. Porque, se não há coordenação, esse pouco dinheiro que a gente tem, pulverizado em dezenas de atividades que não dialogam, não gera nada substancial. Os caras estão botando aí trilhões. Mas o Brasil anunciou uma política industrial de R$ 300 bilhões. Não é pouco dinheiro.

Isso significa adotar uma coordenação centralizada?

A coordenação tem que haver e ela tem que funcionar. Mas não de forma centralizada. No modelo analógico, centralizar era quase uma condição para ter coordenação. Porque eu não sabia o que estava se passando. Como coordenar algo que eu não sei? Hoje eu sei, em tempo real. É o governo apostar no desenvolvimento de uma plataforma para a

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coordenação das ações de política pública. Um chassis, algo que habilita múltiplos atores, com múltiplos serviços, interagirem em rede. Se não fizermos isso de maneira coordenada, as iniciativas vão ser pulverizadas e os recursos serão dissipados inutilmente. Organicamente, temos dificuldade de organização nesse sentido. Temos um problema de tempo, de calendário. Nossa visão de longo prazo é curta, de quatro ou mesmo dois anos, de maneira que os arranjos políticos e eleitorais naturalmente impulsionam entregas muito curtas. E essa é uma área difícil, porque tem um pedaço da população que teria dificuldade em se arranjar numa economia digital. E tem a questão da empregabilidade. O mundo vive desde sempre, mas em especial do século passado para cá, o dilema do desemprego tecnológico versus o emprego compensatório. As ondas tecnológicas, quanto mais intensas, mais desalojam. E, portanto, a tecnologia é vista por alguns mais reacionários, no curto prazo, como inimiga do trabalhador. Ao mesmo tempo, essas ondas tecnológicas geram oportunidades de emprego em novas cadeias de valor. Para o desavisado, estimulado pelos demagogos, é ruim. A conversa da inteligência artificial é basicamente ditada em quantos empregos eles

vão tomar. Ao mesmo tempo, a inteligência artificial faz melhor do que nós 50% do que fazemos hoje. E esse também é o desafio. Temos que botar todas as fichas na qualificação das pessoas usuárias de inteligência artificial, todas as fichas na qualificação da infraestrutura tecnológica e do capital humano em inteligência artificial, em biologia molecular, em edição genética, por exemplo. Saber usar a inteligência artificial, é a única chance de estarmos aqui no ano que vem.

Existe uma conta de que faltam milhares de profissionais habilitados em áreas ligadas à tecnologia só para atender as demandas atuais. Temos como qualificar milhões de pessoas para usar inteligência artificial? Temos dois desafios. O desafio de natureza social é disseminar o uso na produção, no comércio, no prestador de serviço, nas pessoas comuns que podem contar com essa ferramenta como auxiliar. E também no desenvolvimento de capacidade científicotecnológica para a gente aproveitar. Se fizer isso de maneira ágil e coordenada, com recursos que não sejam migalhas de 20 ou 30 milhões de reais, mas de algumas dezenas de bilhões, aí a gente talvez seja algo. Talvez a

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gente gere algum padrão, alguma tecnologia relevante, porque senão a gente vai ficar fazendo download. Inteligência artificial tem que ser matéria de política pública, voltada para a adoção rápida, imediata, por todo o tecido produtivo nacional, por toda a máquina pública, por todo o profissional autônomo, universidades, em todo lugar. Temos que impregnar o uso da inteligência artificial. Se a gente não fizer isso, vai haver um problema social imenso. Eu vou estar desempregado em julho, você vai estar desempregado em dezembro e o outro em dezembro do ano que vem. Temos que ser bons usuários das tecnologias de ponta que entregam produtividade. O Brasil desenvolveu a Embraer. O Brasil fez uma Petrobras. Então, existe uma oportunidade.

Qual o papel da transformação digital para o Brasil construir o seu futuro?

É por ser digital, conectada, móvel e em rede, com suas regras, leis, fundamentos diferentes, essa economia digital, que você tem que fazer a transformação digital. A transformação digital é um imperativo, porque de outra maneira você tem estratégias analógicas. Mas pensar que informatizar processos analógicos vai fazer a transformação digital é o maior equívoco. O digital é a parte mais fácil. O mais difícil é a transformação. Porque passa por pessoas, por cultura. E, claro, por tecnologia. Mas se tem uma coisa que eu compro, é a tecnologia. Mas eu não compro transformação. Eu vou ali na Magalu, Amazon, qualquer coisa e compro um pool de máquinas, software, o diabo a quatro, contrato uma consultoria. Mas não fiz a transformação.

A transformação digital implica um conjunto de transformações que envolve qualificação de pessoas, cultura organizacional, modelo de negócios. Por que é que o varejo mundial está acabando? Porque o varejo digital cresce a uma velocidade cinco vezes maior. Não precisa ser estatístico para

Temos que botar todas as fichas na qualificação das pessoas usuárias de inteligência artificial, todas as fichas na qualificação da infraestrutura tecnológica e do capital humano em inteligência artificial, em biologia molecular, em edição genética, por exemplo. Saber usar a inteligência artificial, é a única chance de estarmos aqui no ano que vem.

projetar onde é que isso vai dar. É a boca do jacaré. Qual o desafio, então? Tem que se enfiar nesse mundo do comércio brasileiro, do varejista pequeno, tem que fazer a transformação digital deles. O SEBRAE tem uma ação interessante, mas precisa avançar. É preciso fazer a transformação digital em larga escala de todo mundo. Quando a gente fala de inteligência artificial, é um componente dessa transformação digital. Se a gente quiser fazer a transformação digital, tem que ir além do que já fazemos. É ter uma estratégia de negócios assentada em dados, que são gerados, cada vez mais, por ferramentas poderosas, e os dados são mais robustos, complexos, antes eram invisíveis ou granulares, mas agora se consegue achar essa riqueza, gerar dados valiosíssimos. Partindo do mercado, conhecendo o mercado, a partir do uso intensivo dessas tecnologias e do uso correto dos dados que elas geram, aí sim se redesenham estratégias. Essa é a essência a transformação digital.

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TEMPESTADE PERFEITA passa pelas tics

Casamento de práticas de sustentabilidade com o setor de tecnologia é a principal estratégia para o Brasil encontrar o caminho para o desenvolvimento. O ponto, agora, é coordenar as ações entre governo e sociedade.

enqUanto os seres humanos ainda flertam seriamente com danos irreparáveis ao único planeta habitável conhecido, há uma onda que ganha tração por combinar sustentabilidade e negócios: os princípios ambientais, sociais e de governança. Esses conceitos, encapsulados na sigla ESG, rodeiam o mundo corporativo há décadas. Mas a aplicação prática de políticas sustentáveis no dia a dia das empresas é muito mais recente. E mais ainda a noção de que essas ideias, combinadas com a aposta no desenvolvimento tecnológico, têm tudo para se tornar uma estratégia de país para o Brasil.

“Estamos construindo uma estratégia calcada no desenvolvimento de tecnologias de alto impacto. São questões que vão do hidrogênio verde à inteligência artificial e que, pelo capital e importância estratégica, exigem parceria entre governo e sociedade. Há muitas dúvidas se essa nova revolução do capitalismo vai deixar espaço para quem chegar 40 ou 50 anos atrasado. Mas temos uma janela de oportunidade. E, no que é quase uma utopia, temos uma elite, no sentido mais rico da palavra, engajada pela mudança em um país que precisa de transformação, inovação e inclusão”, diz o secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, Paulo Pereira. O CDESS, ou Conselhão, como é mais conhecido, é uma instância de diálogo entre governo e sociedade civil, recriada em 2023 e que atualmente reúne 245 representantes dos mais diversos setores econômicos e culturais

Estamos construindo uma estratégia calcada no desenvolvimento de tecnologias de alto impacto. São questões que vão do hidrogênio verde à inteligência artificial e que, pelo capital e importância estratégica, exigem parceria entre governo e sociedade. paulo pereira

Secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável

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A comissão de TICs (...) é um ambiente muito importante, que trabalha com quatro pilares: infraestrutura, educação, ambiente de negócios e inovação, que são fundações da construção de políticas públicas, investimentos e pensamentos para a transformação do Brasil em um país mais digital e inclusivo.

rulli Vice-presidente de Relações Públicas da Huawei América Latina e Caribe

do país. E como a confirmar aquela combinação com potencial estratégico, a nova versão do CDESS trouxe duas novidades – incluiu o S de “sustentável” e estabeleceu uma comissão de Tecnologia, Inovação e Transformação Digital, grupo que conta com 46 dos integrantes do Conselhão com foco nas TICs.

“A comissão de TICs, podemos chamar assim, surgiu de uma demanda dos próprios conselheiros, que entenderam não ser possível pensar o desenvolvimento brasileiro sem um foco específico em tecnologia, inovação, digitalização. É um ambiente muito importante, porque dá uma visão de 360 graus. E que trabalha com quatro pilares: infraestrutura, educação, ambiente de negócios e inovação, que são fundações da construção de políticas públicas, investimentos e pensamentos para a transformação do Brasil em um país mais digital e inclusivo”, ressalta o vice-presidente de Relações Públicas da Huawei América Latina e Caribe, Atilio Rulli, que é um dos coordenadores do grupo.

O setor privado entendeu mais rapidamente os incentivos da agenda ESG. Um relatório de 2022 da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), sobre 67 empresas do setor, identificou 527 ações ambientais, com destaque para redução da emissão de carbono e eficiência energética, reciclagem e gestão do uso da água. No campo social, 422 ações envolvem diversidade, equidade e inclusão, educação, empreendedorismo e inovação. E nada menos que 672 iniciativas de governança, especialmente em privacidade e segurança dos dados, remuneração

e ambiente de trabalho adequados com o mercado, soluções de tecnologia para governança e compromisso com padrões éticos.

setor público

O setor público também está despertando para o tema. Exemplos vão desde a norma ABNT PR 2030, com orientações e um modelo de avaliação e direcionamento para a incorporação de práticas ESG, até a recente Resolução 193 da Comissão de Valores Mobiliários, que passará a exigir, a partir de 2026, relatórios de ações de sustentabilidade de todas as empresas listadas na Bolsa. Sem falar nos incentivos financeiros promovidos pelo BNDES, que passam pela compra de créditos de carbono, projetos de financiamento de pequenos e médios negócios e capacitação para empreendedores de baixa renda. E uma linha de crédito de R$ 2 bilhões com taxas diferenciadas para empresas que adotam políticas socioambientais e de governança.

“Não há espaço para políticas públicas que não priorizem a sustentabilidade, pois hoje em dia ela é imprescindível para promover desenvolvimento econômico e social”, destaca o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Ele aponta para diferentes projetos liderados pela pasta que contemplam diretamente ações de sustentabilidade, como o recondicionamento de computadores – responsável pelo descarte correto de 3 mil toneladas de resíduos eletrônicos, associado à capacitação de jovens e à distribuição dos equipamentos para escolas e associações em todo o País como política de inclusão digital.

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Não há espaço para políticas públicas que não priorizem a sustentabilidade, pois hoje em dia ela é imprescindível para promover desenvolvimento

econômico e social.

juscelino filho

Ministro das Comunicações

“Também estamos realizando o maior programa de instalação de cabos de fibra ótica submersos em rios amazônicos, para levar internet aos lugares mais remotos do Brasil. São oito infovias, ou ‘estradas digitais’, que vão somar 12 mil km de conectividade para 10 milhões de pessoas no Norte do país, com investimento de R$ 1,3 bilhão. Estamos falando de 59 cidades no Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. A nossa estimativa é que, ao escolher essa forma de instalação de menor impacto ao meio ambiente, estamos preservando 68 milhões de árvores”, afirma o ministro.

A força da combinação de sustentabilidade com as tecnologias de informação e comunicação começa por ser um casamento natural, lógico até. Se a primeira revolução industrial evoca chaminés despejando fumaça, ambientes insalubres e condições de trabalho nocivas, a quarta é calcada cada vez mais no uso eficiente de energia, na redução de emissões, na gestão de resíduos, na ética profissional, na diversidade e na inclusão, social e digital. Empresas de TICs têm papel de liderança pela própria inovação que associa produtividade com eficiência, apontando para práticas sustentáveis não apenas como uma questão de responsabilidade social, mas como uma estratégia de negócios inteligente.

“A Huawei é um exemplo de produtos e soluções cada vez mais voltadas para a sustentabilidade. Nossos produtos de 5G consomem muito menos

energia que os de 4G. E isso não é só para melhorar o Opex [despesa operacional, na sigla em inglês) das operadoras. Mas está muito alinhado com aquecimento, emissões”, avalia Atilio Rulli. “Sem falar da nossa área de Digital Power, de energia solar, que é sustentabilidade ‘na veia’, projetos de energia limpa.”

O impacto ambiental das TICs passa pela energia necessária para operar datacenters e telecomunicações até a produção e a gestão de resíduos eletrônicos. No aspecto social, as TICs têm o potencial de promover a inclusão digital, reduzindo a desigualdade ao fornecer acesso à informação e a oportunidades. Programas de educação e treinamento em habilidades digitais são essenciais para garantir que as novas gerações estejam preparadas para o futuro do trabalho. Governança passa por diversidade e inclusão em suas próprias equipes, transparência, ética nos negócios e accountability

A disseminação de iniciativas públicas e privadas que combinam sustentabilidade e TICs é obviamente positiva. Com elas vêm experiência e, consequentemente, massa crítica sobre melhores práticas, resultados efetivos. Mas há uma percepção comum ao conjunto de atores envolvidos nas empresas, no terceiro setor, na academia e no governo de que é preciso incluir nessa equação um elemento capaz de ajudar o Brasil a ter resultados exponenciais, de forma a se valer dessa onda para pavimentar uma estratégia de país rumo ao desenvolvimento. Em resumo, falta coordenação. E é aqui que ganha importância ainda maior o plano apresentado pela comissão de TICs do Conselhão.

“Essa comissão se propôs a ajudar a organizar um plano para a digitalização do Brasil. Um plano que integrasse esforços de governo, sociedade civil, ambiente de negócios, educação, para transformar o Brasil”, explica o secretárioexecutivo Paulo Pereira, do Conselhão.

Segundo Pereira, esse plano, e especialmente a definição de uma instância que coordene as políticas de TICs no País, é uma das prioridades do CDESS para 2024, de forma que a expectativa é que uma definição aconteça na reunião geral prevista para o fim do primeiro semestre.

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tech4all: INTELIGêNCIA ARTIFICIAL PARA MuDAR VIDAS

Huawei usa IA para monitorar impactos das mudanças climáticas e biodiversidade em manguezais no Pará.

Projeto vai impactar 1.298 famílias que vivem da pesca do caranguejouçá. Projeto Brasil de Escolas Abertas ganha adesão do Ministério da Educação.

a inteliGência artificial será uma aliada das comunidades que vivem em torno da Reserva Extrativista Marinha de Soure (Resex Marinha de Soure), no município de Soure, na Ilha de Marajó (PA), para monitorar o impacto das mudanças climáticas e a biodiversidade da região. Por meio de um termo, a reserva foi a área escolhida para integrar o programa Tech4ALL, desenvolvido globalmente pela Huawei desde 2019 com mais de 40 parceiros.

O projeto da Resex Marinha de Soure está inserido na iniciativa Tech4Nature, promovida globalmente pela Huawei. “Nossa principal preocupação no Brasil é voltar o projeto para o monitoramento do impacto das mudanças climáticas e da biodiversidade na região amazônica”, diz Elise Machado, responsável pelo desenvolvimento e implementação de programas e projetos socioambientais na Huawei Brasil.

O monitoramento das mudanças climáticas e da biodiversidade na Ilha de Marajó foi selecionado para a segunda fase do Tech4Nature, que conta com a cooperação global da

União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). A aplicação da tecnologia na reserva, que tem cerca de 30 mil hectares, vai impactar o dia a dia de 1.298 famílias. Cerca de 50% dessa população depende da pesca artesanal do caranguejo-uçá.

Elise Machado diz que a Huawei desenvolverá um algoritmo de inteligência artificial na plataforma de nuvem para tornar mais preciso e facilitar o monitoramento da população dos caranguejos-uçá na região. “A ilha de Marajó é reconhecida como a maior ilha fluvial marinha do mundo e um hotspot global de biodiversidade. Localizada na maior faixa contínua de manguezais do planeta, a região cumpre um papel fundamental no combate às mudanças climáticas, visto que possui uma taxa de sequestro de carbono mais eficiente que a própria floresta amazônica”, conta.

Sob a cooperação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), gestor da reserva, o projeto tem outros parceiros como a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Rare Brasil, organização da sociedade civil que atua na promoção da pesca sustentável. Beatriz Aydos, oficial de Programa da IUCN no Brasil, diz que o fato de a Resex Marinha de Soure estar em processo para conseguir a certificação Lista Verde foi indispensável para sua admissão no processo licitatório. Criada pela IUCN, a Lista Verde é uma certificação

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conferida a reservas que mantenham boas práticas de gestão. No Brasil, nenhuma reserva obteve essa certificação, mas algumas já aplicaram para oprocesso de certificação, que é demorado, diz Beatriz Aydos.

“No Brasil, os biomas da Amazônia estão mais avançados nesse processo. Fizemos uma seleção considerando as prioridades da IUCN e da Huawei, como o componente social. Embora seja um projeto ambiental,

traz muitos avanços na área social. Não podemos dissociar oambiental do social”, acrescenta.

aUtonomia da comUnidade

Ainda em fase inicial, o projeto inicia em junho as atividades de campo. O ICMBio já havia avançado em conversas com a UFPA, onde está sendo desenvolvida uma tecnologia que não existe no Brasil para análises climáticas com baixo custo.

Aydos explica que os sistemas disponíveis no mundo para esse tipo de monitoramento ainda têm custos elevados.

A tecnologia em desenvolvimento na UFPA vai coletar dados da água e analisar indicativos de salinidade e temperatura. Beatriz Aydos, que é bióloga, observa que as alterações na temperatura da água nos manguezais afetam muito o ecossistema, representando um grande risco. Com o financiamento da

Nossa principal preocupação no Brasil é voltar oprojeto para o monitoramento do impacto das mudanças climáticas e o monitoramento da biodiversidade na região amazônica.

elise machado

Responsável pelo desenvolvimento e implementação de programas e projetos socioambientais na Huawei Brasil

BRASIL DE escolas abertas

Huawei será responsável pelo provimento de tecnologias de conectividade, como WiFi 6, com instalação de equipamentos para viabilizar a educação digital.

em outra área, a da educação, o Tech4ALL apresenta a segunda fase do projeto que usa tecnologias avançadas para proporcionar a inclusão digital em sala de aula. Conhecido como Technology-enabled Open Schools for All, o projeto é chamado aqui no Brasil de Escolas Abertas e já inicia com a adesão do Ministério da Educação (MEC).

O braço educacional do Tech4ALL foi estabelecido com a Organização das Nações unidas para Educação, Ciência e Cultura (unesco, na sigla em inglês) para promover a transformação digital por meio de projetos no setor. Tratase de uma parceria global da Huawei com a unesco, que

já concluiu a primeira fase em atividades desenvolvidas no Egito, em Gana e na Etiópia. Na segunda fase, além do Brasil, estão participando Tailândia e Egito.

Rebeca Otero, coordenadora do setor de Educação da unesco no Brasil, destaca como diferencial do projeto nacional a adesão do MEC. Apesar de estar na fase de definições do escopo, as ações desenvolvidas aqui tenderão a priorizar a capacitação dos professores do ensino básico para utilização pedagógica da tecnologia em sala de aula.

“Ainda estamos definindo o escopo do piloto a ser desenvolvido no Brasil, mas o MEC já sinalizou que

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Huawei, a tecnologia poderá sair do laboratório e ser aplicada na reserva.

“A ideia é que a própria comunidade possa manusear os equipamentos e tenha acesso aos dados. Partindo dessas análises, poderá tomar decisões para garantir a proteção do ecossistema”, diz Aydos.

O outro componente das análises é o caranguejo-uçá, espécie bandeira do projeto. Elemento primordial para a subsistência das comunidades

Fizemos

da reserva, o caranguejo passará a ser monitorado por algoritmo de inteligência artificial (IA), que roda na plataforma Huawei Cloud.

“Vamos criar um algoritmo de inteligência artificial dentro da nossa plataforma Huawei Cloud que automatize justamente esse processo de contagem do caranguejo. Uma solução inovadora específica para esse projeto”, afirma Elise Machado.

Hoje, os dados são coletados manualmente pela equipe do

uma seleção considerando as prioridades da IuCN e da Huawei, como o componente social. Embora seja um projeto ambiental, traz muitos avanços na área social. Não podemos dissociar o ambiental do social.

beatriz aydos Oficial de Programa da IuCN no Brasil

gostaria de focar na formação dos professores. Esse engajamento do Ministério é muito importante, porque ele está inserindo o projeto no desenho da política pública de formação docente na área”, diz Otero, mestre em ciências da saúde pela universidade de Brasília (unB) e especialista em saúde pública pela universidade de Campinas (unicamp), com aperfeiçoamento em avaliação e planejamento educacional pelo Instituto Internacional de Planejamento Educacional (IIPE/unesco) em Paris.

A Huawei também contribuirá provendo tecnologias de conectividade, como WiFi 6, com instalação de equipamentos para viabilizar a infraestrutura de conectividade. “Vamos contribuir também com o fornecimento de dispositivos inteligentes, enquanto a unesco focará no treinamento e na capacitação dos professores, com foco no ensino mais imersivo e mais interessante para os estudantes”, diz Elise Machado.

A parceria com o Ministério da Educação será

ICMBio. O novo sistema vai analisar as fotos das tocas dos caranguejos para mapear o desenvolvimento dessa população. O sistema também vai fornecer dados sobre os impactos das mudanças climáticas nessa espécie.

Em junho, haverá a primeira reunião com os países participantes da primeira fase do Tech4ALL e os selecionados na segunda fase. Além do Brasil, participam da segunda etapa China, México, Quênia e Turquia.

imprescindível para garantir a incorporação da tecnologia no processo de ensino e aprendizado a nível nacional e facilitar a articulação com os estados e municípios, em convergência com a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, prioridade para o País.

O Technology-enabledOpenSchoolsforAll tem uma espinha dorsal comum a todos os países participantes. Rebeca Otero observa que os projetos têm basicamente quatro etapas. Na primeira, o foco é a questão da conectividade, da qualidade da aprendizagem, promovendo uma plataforma nacional. No segundo momento, são implementados conteúdos digitais de aprendizagem baseados em recursos educacionais abertos.

A terceira etapa é o empoderamento dos professores com relação à tecnologia, para que eles possam criar seus próprios conteúdos e dominar essas habilidades. A quarta é levar esse conhecimento para uma política pública no País.

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uMA DuPLA DE SuCESSO: educação e tecnologia

Huawei Brasil leva conectividade e capacitação tecnológica a escolas.

Empresa oferece internet em salas de aula nas escolas públicas de Ensino Médio de quatro estados:

Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Norte.

a conectividade é indispensável no mundo atual e é particularmente importante na área da Educação. A Huawei oferece conectividade e capacitação em escolas públicas estaduais em quatro estados brasileiros. A conectividade WiFi em salas de aula amplia o alcance das escolas já conectadas por meio físico, abrindo novas possibilidades de ensino para alunos e professores, que não precisam mais contar apenas com os laboratórios compartilhados. Entre os projetos já em implementação, destacam-se os mantidos com os governos dos estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais.

Douglas Piller, diretor regional de governo da Huawei para o Nordeste e o Sudeste, ressalta o pioneirismo da Bahia, que iniciou o projeto em 2021. Em janeiro de 2022, a Secretaria de Educação do estado adquiriu, por meio de uma licitação, mais de 7 mil pontos

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No caso da Bahia, a Huawei vai fornecer treinamento e certificação

para professores e alunos da rede estadual de ensino, além de institutos federais e universidades estaduais e federais localizados no estado.

douglas piller

Diretor regional de governo da Huawei para o Nordeste e o Sudeste

de conectividade WiFi 6, na época a tecnologia de ponta, para instalação em mil escolas estaduais na primeira fase. Atualmente, mais de 80% das escolas já estão conectadas via WiFi. Em março de 2024, a secretaria assinou um aditivo ao contrato ampliando para mais mil pontos, devido ao aumento do consumo por alunos e professores. A meta é que, até junho, a primeira fase esteja concluída, e espera-se a expansão do projeto para uma segunda fase, com o objetivo de contemplar 100% das escolas do estado. Vale lembrar que a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, anunciada pelo governo federal, e a Lei 14.172, que dispõe sobre a garantia de acesso à internet com fins educacionais, preveem a universalização do acesso à internet nas escolas públicas brasileiras até 2026.

A Huawei participa dos processos licitatórios por meio dos parceiros que fazem parte de seu ecossistema de canais. A empresa fornece a tecnologia, e o parceiro faz a integração e a instalação. Após a licitação, a Huawei pode fazer

acordos para transferência de tecnologia. Na Bahia, o convênio abrange a Secretaria Estadual de Educação e a Secretaria Estadual de Tecnologia e Inovação, responsável pela interface junto a universidades e institutos federais.

“No caso da Bahia, fizemos um acordo de cooperação com o governo do estado, pelo qual a Huawei vai fornecer treinamento e certificação para professores e alunos da rede estadual de ensino, além de institutos federais e universidades estaduais e federais localizados no estado”, afirma Douglas Piller, diretor regional de governo da Huawei para o Nordeste e o Sudeste. Esse acordo engloba a vertente educacional e institucional da Huawei. “A proposta é ser mais do que um provedor de tecnologia; é oferecer materiais educacionais e conhecimento para que professores e alunos tenham um programa de aprendizagem com treinamento e certificação”, ressalta Piller.

Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro, secretária de Educação da Bahia, que deixou o cargo em abril para se candidatar

à prefeitura de Ilhéus, comentou que a secretaria e a empresa escolheram, em comum acordo, o melhor desenho do projeto. “Durante a missão internacional à China, o governador Jerônimo Rodrigues foi à sede da Huawei e pôde conhecer como a empresa e as escolas chinesas apropriaram-se da tecnologia em sala de aula em benefício dos processos de aprendizagem. Isso transformou a nossa parceria e qualificou a proposta”, disse a secretária. “Como já havia um investimento em conectividade WiFi, a parceria foi desenhada com equipamentos para trazer para a sala de aula um ambiente de conectividade ampla”, complementou.

Inicialmente, está sendo equipada uma escola-modelo, o Centro Estadual de Educação Profissional em Tecnologia, Informação e Comunicação (CEEP-TIC), no município de Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador. A escola, voltada à educação profissional, tem aproximadamente 1,1 mil estudantes em tempo integral. Os cursos técnicos são focados em Tecnologias da Informação e

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Comunicação (TIC).

“Será realizada uma licitação para aquisição desses equipamentos para toda a rede de 1,7 mil unidades nos 417 municípios da Bahia onde há pelo menos uma escola”, disse Adélia Pinheiro. “Já existe conectividade em 95% das escolas. O uso da tecnologia com finalidade pedagógica é capaz de estimular a criatividade dos jovens e de refazer os vínculos com as escolas”, acrescentou a então secretária de Educação. Ela contou que em quatro anos já foram investidos R$ 6 bilhões nas estruturas físicas das escolas. Há cerca de 70 novas

unidades com salas amplas, climatizadas e bem iluminadas com conectividade, laboratórios, quadras poliesportivas, piscinas e campos de futebol, pista de atletismo, restaurante e bibliotecas. “Até o final do ano, serão entregues mais 150 unidades. Das 712 mil matrículas, 120 mil são de tempo integral e 143 mil de educação profissional e tecnológica”, elencou a então secretária de Educação.

estratéGia Global

A estratégia da Huawei está inserida no programa global ICT Academy, que trabalha junto com governo, universidades e

empresas para oferta de cursos, passando pela capacitação de instrutores, configuração do ambiente de laboratório e certificação de talentos. A empresa tem uma plataforma educacional para cada estado com conteúdos e para que os alunos se familiarizem com temas como computação em nuvem e inteligência artificial, entre outras tecnologias, e entrem mais preparados no mercado de trabalho. “Escolas, universidades e alunos podem participar de torneios globais ICT Competition da Huawei”, diz o diretor regional.

Para Charles Zhang, gerente regional da Huawei para a Bahia, a conectividade é a infraestrutura de TICs mais importante para a educação digital. Ele ressalta que somente com redes de qualidade será possível promover campi digitais, salas de aula inteligentes e educação a distância, eliminar desequilíbrios nos recursos educativos e levar materiais educativos de alta qualidade a todas as regiões, especialmente às mais remotas. “O governo da Bahia tem visão e dá grande importância ao investimento na educação e na infraestrutura escolar. Espera-se que mais de 2.000 escolas sejam beneficiadas”, acrescenta o gerente.

Zhang conta que todo o plano será feito em três fases. Na fase 1, já concluída, mais de mil escolas com boas condições de infraestrutura foram as primeiras a construir

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Instalações do Centro Estadual de Educação Profissional em Tecnologia, Informação e Comunicação (CEEP-TIC), localizado no município de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador (BA) Foto: Joá Souza / GOVBA Foto: Feijão Almeida / SECBA Foto: Danilo Magalhães

redes básicas. Na segunda etapa, serão contempladas as escolas restantes. Na fase 3, o campus inteligente, a sala de aula inteligente e as aplicações de ensino a distância serão implementados com base na rede de infraestrutura.

Ele observa que, em muitos países latino-americanos, a conectividade e a digitalização na Educação apenas começaram. “Com a melhoria da infraestrutura de TICs, as aplicações digitais na Educação explodirão. Portanto, acreditamos que esse é um mercado com grande potencial”, afirma.

minas Gerais e espírito santo

Em Minas Gerais, a licitação ocorreu em junho de 2023, e foi firmado um acordo de cooperação com a Secretaria de Estadual de Educação para capacitação e certificação de alunos e professores. Inicialmente, a Huawei está provendo conectividade WiFi para 2,8 mil escolas, o equivalente a aproximadamente 78% da rede pública de ensino, com 11 mil pontos de WiFi.

A instalação começou em

Como já havia um investimento em conectividade WiFi, a parceria [com a Huawei] foi desenhada com equipamentos para trazer para a sala de aula um ambiente de conectividade ampla.

adélia maria carvalho de melo pinheiro

Secretária da Educação da Bahia até abril deste ano

setembro de 2023 e já atingiu mais de 25% das escolas. A expectativa é concluir em novembro deste ano, e já está prevista uma segunda fase.

“O acordo de cooperação foi assinado na China, em setembro, com o governador Romeu Zema, e prevê que a Huawei vai prover capacitação para professores e alunos. Esse é o maior acordo global da Huawei para certificação, contemplando 70 mil professores e 1,4 milhão de estudantes. Vamos criar uma plataforma com conteúdo específico para o estado, que tem 864 municípios, com quatro escolas em média em cada um, totalizando 3,6 mil escolas”, diz Douglas Piller, diretor regional de governo da Huawei para o Nordeste e Sudeste. ”É um projeto bastante desafiador para o integrador, que ficará responsável, inclusive, pelas obras civis, e mais audacioso ainda por parte do governo do estado, que tem a intenção de expandi-lo”, completa Piller. Ele ressalta que são inúmeras as oportunidades no País. Em Minas Gerais e na Bahia, os contratos foram feitos por atas de registro de preços,

que podem ser utilizadas por outros governos estaduais, que já têm feito consultas. “Existe uma demanda alta, que em 2024 deve ser acelerada. Os notebooks estavam parados, pois não havia internet nas salas de aula, e agora os alunos têm conseguido consumir conteúdo. A interatividade entre os alunos, o acesso à informação e a pesquisa mais prática têm gerado novas experiências aos alunos”, destaca o diretor.

Flávio Melgaço, gerente regional de governo da Huawei para Minas Gerais e Espírito Santo, diz que, no estado capixaba, já foram conectadas 407 escolas estaduais, onde já havia conexão de fibra da rede do governo. A Huawei oferece comunicação LAN WiFi 6 em sala de aula, com uma plataforma de gerência completa. Também foi implementada uma solução SD-WAN para integrar diversos provedores de banda larga a fim de harmonizar a conexão às escolas.

A Huawei também tem colaborado no fornecimento de conectividade nas escolas do Rio Grande do Norte, com projeto ainda em andamento.

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QuANDO A capacitação faz a diferença

Morador de uma das cidades consideradas entre as mais violentas do País, na Bahia, o professor Givanildo Santos diz que a qualificação está mudando a realidade local. Em uma cidade bem mais ao Sul, um exemplo de como uma determinação individual, aliada à educação, permitiu uma guinada na vida: Patrick Engelmann, que tem apenas 3% de visão em um dos olhos, é, hoje, um profissional de TI no Paraná.

o seGredo do programa Huawei ICT Academy mora na colaboração e pode ser comparado ao que sugere o provérbio africano Se quer ir rápido, vá sozinho, se quer ir longe, vá em grupo. A união de esforços da empresa com instituições de ensino traz como resultado mais talentos e sensibilidade, essenciais para levar qualificação a jovens de baixa renda de todo o País, incluindo regiões fora dos grandes centros.

Um exemplo é o de Givanildo J. Santos, professor do Instituto Federal da Bahia - Campus Jequié e administrador da Huawei ICT Academy. Ele conquistou, em abril de 2024, o prêmio “Instrutor mais Valioso da América Latina”, promovido pela companhia. “Ingressamos no programa no ano passado com o objetivo de levarmos cursos de alta qualidade aos nossos alunos, aprimorar seu conhecimento e habilidades”, relata o professor, para quem o prêmio

Por meio

da capacitação,

abre-se um leque de oportunidades para ascensão social com a ampliação de colocações no mercado de trabalho e muda-se o rumo de vidas.
givanildo j. santos

Professor do Instituto Federal da Bahia - Campus Jequié

representa o reconhecimento da sua dedicação e a dos alunos. Segundo ele, o grande diferencial do projeto é seu expressivo impacto social, porque propõe levar qualificação profissional a jovens de baixa renda, em especial mulheres negras. “Por meio da capacitação, abre-se um leque de oportunidades para ascensão social com a ampliação de colocações no mercado de trabalho e muda-se o rumo de vidas”, destaca.

A preocupação do professor é pertinente, considerando que dados do Anuário Brasileiro

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Não basta facilitar o acesso. A colaboração [com o aluno] é uma via de mão dupla. Não é uma interação de ‘caridade’ e sim uma relação de troca.

augusto luengo pereira nunes

Professor no Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina

de Segurança Pública de 2023 indicam que Jequié é a cidade baiana que ocupa a 1ª posição no ranking dos municípios acima dos 100 mil habitantes mais violentos do Brasil.

“No ano passado, o programa foi muito além da capacitação. Deu a muitos jovens a opção de mudar de vida. Está nos ajudando a transformar a realidade da nossa cidade.”

O professor diz que seu principal sonho é que a educação pública gratuita e de qualidade esteja disponível para qualquer pessoa no Brasil, de maneira universal, cada vez mais inclusiva e inteligente. “Nessa jornada, minha meta é ser campeão global, junto com meus alunos, título inédito aqui no País. E realizar um intercambio técnico-

cultural na China para me capacitar ainda mais”, revela.

sensibilidade

vence desaFios

A arte de ensinar é movida a paixão na maior parte dos casos. Requer, acima de tudo, sensibilidade, valiosa soft skill E quando essa tarefa se destina a jovens com necessidades especiais, torna-se um desafio complexo e personalizado.

Cada caso exige um tratamento diferenciado. É como descreve Augusto Luengo Pereira Nunes, professor no Instituto Federal do Paraná –Campus Londrina e coordenador da Huawei ICT Academy, após a experiência de conduzir a educação de Patrick Vieira da Silva Engelmann, estudante egresso do curso Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas no IFPR e da Huawei ICT Academy.

Patrick ingressou no IFPR em 2020 com o objetivo de conquistar uma oportunidade no mercado de trabalho na área de tecnologia. Portador de limitação de acuidade visual, tendo apenas 3% de visão em um dos olhos, surpreendeu pela sua determinação e mudou completamente a estratégia de

ensino de Nunes.

A função do professor Nunes, segundo ele próprio, transcende a mera transmissão do conhecimento. É preciso desempenhar o papel de facilitador do processo de aprendizagem.

“No caso do Patrick, tive dificuldades porque usava tradicionalmente recursos visuais em aulas regulares, com bons resultados, mas para ele não fazia sentido. Eu me empenhei em buscar melhores formas de comunicação. Trabalhei com leitores de tela para transmissão do conteúdo e ainda recursos de Inteligência Artificial, associando soluções adequadas às suas necessidades.

Sempre construímos ações conjuntas”, relata.

Ao ingressar no IFPR, Patrick também iniciou cursos da Huawei. Estimulado, revela o professor, o aluno criou uma solução para se deslocar com facilidade no prédio da companhia. “Todo esse empenho dele também é resultado da criação de um ambiente acolhedor e adequado. Não basta facilitar o acesso. A colaboração é uma via de mão dupla. Não é uma interação de ‘caridade’ e sim uma relação de troca”, diz Nunes.

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Patrick Vieira da Silva Engelmann, que tem apenas 3% de acuidade visual em um dos olhos, fez formação regular no IFPR e cursos no Huawei ICT Academy. Hoje é profissional de TI em uma multinacional da área.

SONHO x REALIDADE: inclusão digital, social e econômica no amazonas

Veloso Net leva serviços como PIX à população local, mas admite: os

desafios ainda são imensos.

o amazonas tem a maior floresta e a maior biodiversidade do planeta em 1,5 milhão de quilômetros quadrados de área, com uma população de 4 milhões de brasileiros e mais de 8 mil quilômetros de rios. Mesmo assim, o estado é um celeiro ainda pouco explorado para a economia sustentável, o turismo e novos negócios.

Até bem pouco tempo, os moradores das comunidades do Alto Solimões não tinham o direito básico de serviços de voz e internet. As ofertas disponíveis eram limitadas, como a comunicação via satélite, com alta latência (600 a 1000 milissegundos). James David da Costa Marques, microempresário de Tabatinga, a 1,2 mil quilômetros de Manaus, no Amazonas, lembra que a cidade e comunidades próximas mal tinham o 4G funcionando.

Dono de uma loja de artigos para festas e variedades, o microempresário também padeceu com quedas constantes de sinal, interrompendo o pagamento por cartões e PIX. Marques lembra que, hoje, a maioria dos bancos é digital, e a cidade, embora distante dos grandes centros

urbanos, tem todos os órgãos federativos e recebe muitos visitantes já habituados a compras com cartão de crédito ou por PIX. “Muitas vezes, eu perdia vendas porque não conseguia finalizar a transação devido a falhas na internet. O microempresário não tem capital suficiente para montar uma rede de banda larga e perde venda por não ter essa opção para oferecer ao cliente”, ressalta. Ele diz que o cenário mudou com a chegada da rede do provedor Veloso Net, não apenas para lojistas e empreendedores, mas também para toda a comunidade.

A infraestrutura chegou à cidade em fevereiro de 2023. “As vendas cresceram 90%, porque agora podem ser pagas via cartão e PIX. Além disso, professores, enfermeiros, médicos e estudantes melhoraram suas atividades com uma internet de qualidade. Graças à disponibilidade da rede, a vida de todos melhorou”, comemora Marques.

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A parceria prevê levar internet a uma extensão de 1,1 mil quilômetros, partindo de Tabatinga, cidade próxima à fronteira com a Colômbia

além do tradicional

A inclusão digital, econômica e social de microempresários como James Marques só aconteceu porque um provedor, a Veloso Net, acreditou que levar conectividade para localidades ainda não atendidas seria um bom negócio. Em fevereiro de 2018, a provedora, tendo a Huawei como parceira, nasceu com o objetivo de levar internet 4G para lugares aonde nenhum outro provedor imaginou chegar.

“Eram só orelhões e, hoje, já temos um backbone com mais de 3 mil quilômetros atendendo todo o estado, de Manaus a Tabatinga, ou de Manaus a Parintins”, conta Júnior Veloso, CEO e fundador da Veloso Net. Em fevereiro de 2023, o projeto evoluiu para a tecnologia 5G, aproveitando espectro secundário das frequências de 2,6 GHz e 700 MHz para ter o 5G standalone, a tecnologia mais avançada adotada pelo Brasil. A parceria entre a Veloso Net e a Huawei prevê levar internet a uma extensão de 1700 quilômetros, partindo de

Tabatinga, cidade próxima à fronteira com a Colômbia, até Manaus, capital do Amazonas.

Até o momento, são 21 comunidades atendidas com rede 4G, melhorando a conectividade em áreas anteriormente limitadas a comunicações via satélite. A rede 5G está em fase de expansão, com o objetivo de chegar a mais 72 localidades ainda em 2024, o que representaria um aumento significativo na cobertura de internet de alta velocidade. O serviço tem 100% da infraestrutura da Huawei com dois cores de rede, essenciais para gerenciar o tráfego de dados e oferecer serviços de telecomunicações confiáveis. Atualmente, a Veloso Net cobre exclusivamente o estado do Amazonas, incluindo cidades e comunidades remotas, mas há planos para avançar em outros estados da região, começando por Boa Vista, capital de Roraima, indicando uma visão de crescimento para se tornar uma operadora regional no Norte do Brasil.

Os desafios seguem gigantes,

A colaboração [com a Huawei] promete potencializar nossa capacidade de oferecer cobertura 5G ampla, não apenas para comunidades locais, mas também como uma operadora relevante na região Norte. Esta iniciativa melhora significativamente a qualidade de vida nas localidades atendidas. júnior veloso CEO e fundador da Veloso Net

como lembra Júnior Veloso. Os principais incluem a complexa logística e a infraestrutura necessárias para implementar a rede em localidades remotas, muitas vezes com desafios logísticos superiores aos de grandes distâncias urbanas. Há também o efeito das mudanças climáticas, com seca de rios, como a registrada no ano passado, ou chuvas intensas, características desse pedaço do Brasil. Para crescer, novas alianças comerciais estão sendo negociadas, entre elas, com a Ligga Telecom.

“Esta colaboração promete redirecionar a estratégia da Veloso Net, potencializando sua capacidade de oferecer cobertura 5G ampla, não apenas para comunidades locais, mas também como uma operadora relevante na região Norte. Esta iniciativa melhora significativamente a qualidade de vida nas localidades atendidas e também posiciona a Veloso Net para um futuro de expansão e inovação nas telecomunicações da região”, completa Júnior Veloso.

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ATé ONDE VãO AS MuLHERES? até onde elas quiserem!

O programa Huawei de formação de lideranças femininas em tecnologia vai beneficiar mulheres de todo o Brasil com um novo diferencial: inclusão social.

as mUlheres representam apenas 20% dos profissionais que atuam na área de TI no Brasil, conforme aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE. Criado em 2022, o Women in Tech Brasil, braço da iniciativa global da Huawei para impulsionar a formação de lideranças de mulheres no setor, quer fazer a diferença e mudar esse cenário. A iniciativa ganha, agora, novos diferenciais, que visam levar capacitação e ainda inclusão social para além de suas fronteiras corporativas. Para fortalecer a diversidade, a inovação e a visão diferenciada de mercado, a Huawei nomeou Victor Montenegro, head de Educação & Valor Social da Huawei Brasil, como líder do projeto Women in Tech Brasil O executivo, que assumiu essa responsabilidade em janeiro deste ano, com disposição para vencer desafios, atrair cada vez mais mulheres e tornar o Brasil exemplo bem-sucedido de inclusão feminina tecnológica e social, projeta a expansão do programa para maio.

“Liderar um programa feminino sendo homem é um grande desafio e aumenta meu nível de comprometimento, considerando termos aqui mulheres de alta representatividade. Quero enriquecer essa iniciativa com sensibilidade e a experiência adquirida nos universos social e educacional. Vamos somar esforços”, relata Montenegro.

O Brasil, de dimensões continentais, é desafiante por abrigar regiões com diferentes situações econômicas, com grande parte da população de baixa renda e escolaridade e realidades distintas, ao serem comparadas, por exemplo, Norte e Nordeste com Sul e Sudeste do País.

“É de vital importância promover mais oportunidades até em outros setores da economia em que a tecnologia certamente está presente. Esse olhar é importante no contexto social da mulher brasileira, em que apenas 2% delas estão no topo da pirâmide e mais de 85% em sua base”, defende.

Montenegro acrescenta

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que, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), órgão de importância internacional para assuntos que vão além da economia, incluindo educação e meio ambiente, a expansão do acesso à educação na primeira infância facilitaria a participação das mulheres no mercado de trabalho e reduziria as desigualdades de gênero.

União de Forças

Para expandir os horizontes do Women in Tech Brasil, parcerias estão sendo estabelecidas visando escalar a iniciativa de maneira colaborativa por todo o País, despertando, formando e empoderando mulheres.

Os primeiros estados a serem brindados serão Paraíba, Pernambuco e São Paulo, com a união de esforços entre Huawei, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Unesco, Ministério da Educação (MEC), governos estaduais e vozes do movimento feminino brasileiro. Além de parceria com Fabi Saad, empreendedora e fundadora do projeto Mulheres Positivas, para oferecer cursos gratuitos de capacitação em diversas áreas de tecnologia como AI, Cloud e 5G.

é de vital importância promover mais oportunidades até em outros setores da economia em que a tecnologia certamente está presente. Esse olhar é importante no contexto social da mulher brasileira, em que apenas 2% delas estão no topo da pirâmide e mais de 85% em sua base.

victor montenegro

Líder do projeto Women in Tech Brasil

a população, em instituições parceiras públicas ou privadas, e também iniciativas que promovem a disseminação do entendimento do verdadeiro papel da mulher no setor de tecnologia e na sociedade.”

O Women in Tech Brasil, entre inúmeras ações, patrocina eventos por meio de parcerias e participação em workshops, com o objetivo de posicionar em cargos de gestão mulheres que atuam na Huawei, e assim inspirar e servir de exemplo para as novas gerações na empresa.

outras tecnologias emergentes que permeiam a Huawei podem auxiliar na formação de novos empreendedores, em diferentes áreas de atuação”, afirma Montenegro.

Segundo ele, esta é a grande virada de chave que vai acontecer em 2024, rompendo as barreiras corporativas e se estendendo para a sociedade. “Estamos desenvolvendo um website, disponível 24h, sete dias da semana, para que as mulheres se inscrevam e se certifiquem gratuitamente.”

Sem dúvida, ressalta Montenegro, o principal motor desse projeto é a educação. “Temos programa de responsabilidade social e de educação oferecido a toda

Considerando que o Brasil é um país prioritariamente baseado em uma economia de serviços, um dos objetivos da iniciativa é mostrar como a tecnologia traz, direta ou indiretamente, uma nova perspectiva para o empreendedorismo. “Queremos mostrar como IA, 5G, cloud e

Outra iniciativa – ainda na pauta de conversas com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome – é a expansão do programa a mulheres integrantes do Programa Bolsa Família, visando a capacitação. A ideia inicial é que as participantes tenham um certificado de qualificação conjunto do Ministério e da Huawei.

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sem PEDIR LICENçA

Mary Roberta Meira Marinho ultrapassou as fronteiras e ganhou protagonismo numa área tradicionalmente masculina: a mecânica. E se tornou reitora do Instituto Federal da Paraíba (IFPB).

nesse terreno ainda difícil, nada como um exemplo de superação feminina para mostrar que é possível vencer obstáculos e seguir em frente. Mulher, nordestina e egressa da camada de baixa renda, Mary Roberta Meira Marinho aspirava a – e conquistou – oportunidades em uma área de participação tradicionalmente masculina: mecânica.

Nascida na pequena cidade de Patos, no interior da Paraíba, desde cedo conheceu as limitações impostas pela condição social e de gênero, em uma região castigada pela seca. Filha de pais separados, teve como exemplo de luta e determinação a mãe, professora de geografia, que, sozinha, a criou e a mais dois irmãos, sempre valorizando o conhecimento como alavanca para a ascensão social e profissional.

ávida por conhecimento, buscando ampliar suas perspectivas, Mary foi morar aos 14 anos na capital do estado, João Pessoa, para fazer curso técnico em mecânica pela Escola Técnica Federal da Paraíba (ETFPB), em 1984. Sabia ser um caminho árduo, mas seguiu sua trilha: “Nunca pedi licença a ninguém para ocupar o meu lugar”, relata.

dama da mecânica

Mary diz que não enfrentou preconceito na trilha de estudante por ser mulher – ou não se deu conta disso. Não teve de frear seu avanço. “Porque eu era muito determinada e dura, sem me abalar. Sem pedir permissão. Esse perfil acabou me rendendo o apelido de ‘Margaret Thatcher’, não pelos seus ideais e sim por deter o título de ‘dama de ferro’, relacionado, no meu caso, com mecânica”, revela sorrindo.

A paixão pela área foi inspirada pelo avô, que era mecânico. “Sempre tive afinidade com equipamentos e ele se tornou minha referência. Ao longo do curso, tive muita dificuldade em me manter financeiramente em João Pessoa, e até pensei em voltar para Patos, mas

A reitora Mary Roberta e a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos

sabia que lá seria cada vez pior e prossegui”, conta.

Ao se lançar no mercado de trabalho para disputar uma vaga, sentiu pela primeira vez na pele o preconceito por ser jovem e mulher em uma área de poder masculino: “Nunca me chamavam”.

Graduada como Técnica em Mecânica na ETFPB e em Engenharia Mecânica pela universidade Federal da Paraíba (uFPB), mestre em Engenharia de Produção e Especialista em Agente de Inovação Tecnológica também pela uFPB e doutora em Engenharia de Processos pela universidade Federal de Campina Grande (uFCG), é, hoje, reitora do Instituto Federal da Paraíba (IFPB). Mary reúne cerca de três décadas de experiência em gestão acadêmica e administrativa e já ocupou diversas funções públicas. é a primeira mulher dirigente máxima do IFPB, eleita com mais de 90% dos votos válidos, a maior votação da história da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica.

Mãe de três filhos homens, Mary diz que os educa pelo exemplo, mostrando a importância de valorizar as mulheres e respeitá-las. “é preciso educá-los e integrálos ao nosso ecossistema, em que todos se ajudam, colaboram e unem competências e habilidades, independentemente de gênero. Cada um tem o seu lugar. E aqui reconheço a parceria de excelência do meu esposo”, finaliza Mary, que não pede licença, puxa a cadeira e ocupa seu merecido lugar, sem cerimônia.

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Laboratório de Mecânica - Campus João Pessoa

ESTAMOS PRONTOS PARA uM futuro sustentável?

Mais que uma opção, a construção de um mundo melhor é necessidade para o Brasil e para o mundo. Especialistas pontuam: a tecnologia é o catalisador de um futuro no qual a humanidade e o planeta prosperam juntos.

a sUstentabilidade é um tema que vem sendo debatido há algum tempo, principalmente o conceito e as consequências que podem surgir caso ele não seja devidamente adotado. Mas sua amplitude deixa dúvidas sobre os papéis de cada um, ações práticas e como a tecnologia pode contribuir para a construção de um futuro mais sustentável.

Para falar sobre o assunto com foco no que o Brasil precisa para construir um futuro sustentável, a revista Huawei Futuro

Sustentável reuniu dois especialistas: o diretorpresidente da Marangon Consultoria, José Wanderley Marangon Lima, e o professor da

Unicamp Hudson Zanin. Marangon é graduado em Engenharia Elétrica pelo Instituto Militar de Engenharia, com doutorado em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e em Engenharia Elétrica pela mesma instituição. Ele também é conselheiro da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) e do Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel).

Zanin é graduado em Física pela Universidade de São Carlos, mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Unicamp. É coordenador de Pesquisa na Divisão de Armazenamento Avançado de Energia do Centro de Inovação em Novas Energias e do Centro de Manufatura, Validação e Certificação de Baterias, dirigindo seu trabalho para o desenvolvimento de materiais funcionais, nanomateriais e sua aplicação em dispositivos de armazenamento e conversão de energia.

A experiência de ambos permite um olhar mais profundo sobre o que de fato tem sido feito em relação à sustentabilidade no Brasil. Marangon lembra, por exemplo, que as discussões existentes hoje sobre ações práticas a serem feitas ainda são muito incipientes. “A falta de uma informação mais técnica levada de forma didática à população e principalmente ao consumidor de energia, por exemplo, acaba retardando o processo de convívio sustentável do homem com os recursos naturais de que ele necessita”, afirma.

Zanin concorda e lembra que o futuro será

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construído a partir de decisões tomadas agora e que estas requerem um olhar atento sobre o modo como a sociedade interage com os recursos naturais. Além da informação, ele defende uma série de ações para que se reduzam os efeitos das mudanças climáticas. Um exemplo é a transição para energias renováveis, como a solar e eólica. Na mesma linha, a eficiência energética em edifícios e meios de transporte representa um vasto campo de ação, assim como o uso de biocombustíveis, um grande trunfo do Brasil. O professor da Unicamp aponta também a agricultura sustentável como peça-chave neste quebra-cabeça, já que práticas que protegem o solo, a água e a biodiversidade podem garantir não só a segurança alimentar para as gerações futuras, mas também respeitar a complexa teia da vida da qual fazemos parte.

Destaque ainda para a ampliação de

No

práticas como a gestão de resíduos, com ênfase na reciclagem e na economia circular, e a conservação da água, através de tecnologias e práticas que reduzam seu consumo e melhorem seu tratamento e reúso.

o papel da tecnoloGia

Em relação ao papel da tecnologia na construção de um futuro sustentável, as visões dos especialistas convergem: ela é essencial. No entanto, Marangon ressalta que ela é um meio, não a solução para os problemas. “No processo de transformação da sociedade, a tecnologia tem um papel fundamental para dar oportunidades a todos. Veja o que aconteceu com o acesso ao celular no mundo todo, inclusive para as classes menos favorecidas”, compara.

Para Zanin, a tecnologia é o catalisador de um futuro no qual a humanidade e o planeta

processo de transformação da sociedade, a tecnologia tem um papel fundamental para dar oportunidades a todos.

josé Wanderley marangon lima

Diretor-presidente da Marangon Consultoria

os desafios do brasil

NO CAMPO DA SuSTENTABILIDADE

um ambiente fértil com investimentos robustos em pesquisa e desenvolvimento, educação de qualidade em ciências e tecnologia, e uma infraestrutura digital que alcance todas as camadas da população são pontos vitais para o País.

quando se fala em tecnologia e sustentabilidade, o Brasil surge bem posicionado, mas com uma série de desafios a serem enfrentados. De um lado, o País é rico em recursos naturais, com destaque para seu potencial no campo da energia renovável, já que, segundo Zanin, conta com 93% de sua matriz elétrica e 50% de sua matriz energética renováveis. “A capacidade hidrelétrica, complementada pelo crescente aproveitamento do potencial eólico e solar, coloca o Brasil como um líder emergente no uso de fontes limpas e sustentáveis de energia elétrica”, afirma.

Também é fato que o País enfrenta desafios em outras áreas, como a falta de um ambiente fértil que inclua

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A

interseção da tecnologia com a sustentabilidade e inclusão desenha um futuro em que cada indivíduo tem a oportunidade de crescer, aprender e prosperar. hudson zanin Professor da unicamp

prosperam juntos. Citando a eletrificação como uma oportunidade de fazer mais, emitindo menos gases de efeito estufa, ele destaca a necessidade de se produzir energia elétrica limpa e o crescimento de fontes como a energia solar, eólica e os biocombustíveis.

Em outra frente, ambos apontam a tecnologia como fator essencial para iniciativas de inclusão, seja social, digital ou econômica. “O celular e a internet representam uma forma ímpar de inclusão, dando voz a quem nunca teve acesso”, defende Marangon. Já Zanin aponta a tecnologia como uma ponte poderosa para inclusão, com potencial de alcançar as camadas mais profundas da sociedade. Ele lembra que a inclusão começa com o acesso, passa pela educação e chega às soluções financeiras digitais, que hoje reconfiguram o cenário econômico e levam serviços básicos a pessoas

antes excluídas. “A tecnologia como ferramenta de construção sustentável amplia ainda mais seu impacto na inclusão. A interseção da tecnologia com a sustentabilidade e inclusão desenha um futuro em que cada indivíduo tem a oportunidade de crescer, aprender e prosperar”, acredita Zanin.

No campo da energia, a fonte solar junto com armazenamento tem conseguido levar para comunidades distantes na região amazônica a possibilidade de ter energia elétrica e acesso a todos os benefícios que a acompanham, elevando opadrão de vida destas populações. Isso significa que regiões antes abastecidas com geração a diesel agora conseguem ter uma disponibilidade maior da energia e sem agredir o meio ambiente. Globalmente, a criação de parques de energia solar e eólica são outros bons exemplos, assim como iniciativas de smart cities.

investimentos robustos em pesquisa e desenvolvimento, educação de qualidade em ciências e tecnologia, e uma infraestrutura digital que alcance todas as camadas da população. “O Brasil está em um ponto de inflexão, com o potencial de liderar o cenário global de tecnologias sustentáveis.”

Marangon concorda, lembrando que o Brasil nunca foi uma potência tecnológica, mas tem dado passos importantes na área da sustentabilidade. Ele também cita o exemplo da matriz elétrica, considerada a mais sustentável do mundo, mas reforça que a matriz energética ainda precisa de ajustes, principalmente no transporte. Mas há luzes no final do túnel. “No agronegócio, que representa 25% do PIB brasileiro e 50% das exportações, está em curso uma substituição do uso do diesel por energia elétrica sustentável e na indústria pesada, onde é mais difícil o processo de descarbonização, já começam a aparecer projetos com o intuito de substituir o carvão”, aponta.

O uso da energia renovável, aliás, tem se tornado um dos principais pontos de interseção com a tecnologia, apresentando resultados animadores. Para Marangon, essa união faz sentido, já que a energia renovável, além de diminuir a emissão de gases de efeito estufa, tem trazido maior integração com os usuários do setor elétrico por meio da geração solar distribuída. Para Zanin, este é um dos campos mais promissores, já que representa uma ponte entre a preservação ambiental e o avanço tecnológico. Ele afirma que a energia renovável, por si só, é uma resposta à necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e minimizar o impacto ambiental da geração de energia. Quando combinada com as últimas inovações tecnológicas, torna-se a melhor escolha em termos de custo, eficiência e sustentabilidade.

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energia solar é A SEGuNDA FORçA MOTRIZ DO BRASIL

Em três anos de atuação no Brasil, a unidade Huawei

Digital Power ajudou a gerar

3,9 bilhões de kWh e reduziu em 1,8 milhão de toneladas as emissões de carbono do País, oequivalente a 2,5 milhões de árvores plantadas.

a transição energética entrou de vez na agenda dos países, que – em maior ou menor grau – estão agindo para fazer mudanças em suas matrizes de energia. Garantir o acesso de todos a fontes confiáveis, sustentáveis e modernas é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, que visam a aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz energética global e a dobrar a taxa global de melhoria da eficiência energética até 2030. No Brasil, discussões acerca de políticas de diversificação do mix energético ganharam força, em 2001, quando o País precisou ter um programa de racionamento e ficou clara a dependência da energia hidrelétrica.

Atualmente, a energia solar já é a segunda maior na matriz elétrica nacional, com 38,4 GW (gigawatts) em operação, responsável por mais de R$ 133,1 bilhões em investimentos, mais de 831,1 mil empregos e 36,5 milhões de toneladas de CO² evitadas, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). Segundo a entidade, a geração solar

Veja o infográfico com os dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica

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própria ultrapassou, em abril deste ano, a marca de 28 GW de potência instalada operacional em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos no Brasil. Com isso, mais de 3,5 milhões de unidades consumidoras são atendidas por essa tecnologia e oPaís tem cerca de 2,4 milhões de sistemas fotovoltaicos instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos.

Humberto Cravo Neto, vice-presidente da Huawei Digital Power no Brasil, diz que o boom do mercado de energia renovável começou com a energia eólica e depois passou para a solar. Neste segmento, a Huawei Digital Power é líder global no desenvolvimento de dispositivos eletrônicos inteligentes para a geração e oarmazenamento de energia renovável e está presente nos debates sobre as tendências tecnológicas.

Em três anos de atuação no Brasil, a Huawei Digital Power e suas tecnologias digitais ajudaram a gerar 3,9 bilhões de kWh (quilowatt hora) e reduziram em 1,8 milhão de toneladas as emissões de carbono do País, o equivalente a 2,5 milhões de árvores plantadas. O portfólio da Huawei Digital Power inclui soluções como inversores, baterias e armazenamento. “Nosso carro-chefe, em 2023, foram as grandes utilities de plantas solares, mas começou a surgir o mercado de baterias”, aponta Neto,

para quem os segmentos de sistemas de armazenamento inteligentes e de carregadores inteligentes são promissores e ainda viverão explosão.

enerGias alternativas

“Temos a discussão do leilão de incluir as baterias. Se isso acontecer, vai ser um boom”, aponta Humberto Neto. As baterias podem ser utilizadas como um mecanismo de segurança e confiabilidade, impulsão da transição energética, otimização do uso das redes e da geração de energia e aumento da flexibilidade do sistema.

A Europa vivenciou –devido à busca por energias alternativas, tendo em vista os impactos da guerra na Ucrânia –um aumento da venda de painéis e inversores solares. Sem o gás fornecido pela Rússia, a subsidiária da Huawei Digital Power ficou maior que a de telecom em alguns países do continente. No Brasil, as receitas de Digital Power foram quadruplicadas em dois

Nosso carro-chefe, em 2023, foram as grandes utilities de plantas solares, mas começou a surgir o mercado de baterias. humberto cravo neto Vice-presidente da Huawei Digital Power no Brasil

anos. “Estamos apostando que, nos próximos três anos, Digital Power vai ser uma nova Huawei no Brasil em termos de volume de negócios, devido ao potencial que enxergamos”, analisa o executivo.

Com o avanço das tecnologias, o custo nivelado da eletricidade dos sistemas fotovoltaicos diminui. Hoje, a energia solar é tida como barata, viável e rápida, com o custo médio de geração menor que o da eólica, além de ser fácil de implementar. Neto assinala que o potencial de mercado é enorme no Brasil e trata-se de um segmento “gigante e greenfield”, ainda pouco explorado. Indo além, o VP aposta que, com o aumento da penetração do carro elétrico, haverá mais mercado para baterias. Supercarregadores, sistemas de armazenamento e a geração de energia solar estão desenhando o futuro das sociedades e empresas, principalmente com o advento de regulamentações para descarbonização e obrigações para a redução de emissão de CO².

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