- CEAPPE Centro de Estudos e Acompanhamento Psicanalítico e Psicopedagógico Tema da Aula: Teoria da Personalidade Aplicada e Psicanálise Professor: Marcelo Castro Psicólogo, Filósofo, Psicoterapeuta, Professor de Psicologia, Diretor do Núcleo de Psicologia Carl Gustav Jung (2014 a 2018), Especialista em Psicologia Humanista na Abordagem Centrada na Pessoa, Pós Graduado em Docência do Ensino Superior, Formação em Psicossomática, Hipnose Clínica e Regressão de Memória, Organizador e Facilitador do Curso de Introdução a Abordagem Centrada na Pessoa e de Grupos Terapêuticos, Palestrante em Cursos de Psicologia, Filosofia e Desenvolvimento Pessoal. Contatos: Tel.: 9 8736-6769 Email.: mcbpsi@yahoo.com.br
Teoria da Personalidade Aplicada e Psicanálise • 1 - Personalidade: estrutura e dinâmica; • 2 – Concepções Freudianas; • 3 – Teorias psicanalíticas gerais; • 4 – A Psicanálise de Sigmund Freud; • 5 – A Abordagem de traços e fatores de Gordon Alport e Eusenck; • 6 – A Psicologia Humanista de Carl Rogers; • 7 – A Psicologia Cognitiva de George Kelly.
Teoria da Personalidade Aplicada e Psicanálise • Que é o sujeito ou Pessoa? • Por que as pessoas agem como agem? • Elas têm alguma escolha ao moldarem personalidade? • O que justifica as diferenças e semelhanças entre as pessoas? • O que as faz agirem de maneira imprevisível? • Em que a relação na psicoterapia difere de outras relações? • Forças ocultas inconscientes controlam o comportamento das pessoas? • O que causa os transtornos mentais? • O comportamento humano é moldado mais pela hereditariedade ou pelo ambiente?
O desenvolvimento histórico das Teorias da Personalidade Final do século 19 – O Ser Psíquico com a Psicanálise; Início do século 20 – O Ser Biológico com o Comportamentalismo; Primeira metade do século 20 – O Ser Bio-Psico-Social e possivelmente espiritual com a Psicologia Humanista; Segunda metade do século 20 – O Ser Bio-Psico-Sócio-Espiritual com a Psicologia Transpessoal.
Personalidade: estrutura e dinâmica Os humanos não estão sozinhos em sua singularidade e variabilidade entre os indivíduos das espécies. Os indivíduos que pertencem a cada espécie viva exibem diferenças e variabilidade; Os psicólogos diferem entre si quanto ao significado da personalidade; Em sua origem, porém, o termo personalidade vem do latim e do grego “persona”, que se refere a uma máscara teatral usada pelos atores romanos e gregos do passado; Em linhas gerais, porém, “personalidade” pode ser definida como uma padrão de traços relativamente permanentes e características únicas que dão consistência e individualidade ao comportamento de uma pessoa.
Teorias da personalidade, p. 4, 2015
A Psicanálise de Sigmund Freud
• Até tempos relativamente recentes, os grandes pensadores fizeram pouco progresso em obter respostas satisfatórias para tais questões. Mais de cem anos atrás, Sigmund Freud começou a combinar especulações filosóficas com um método científico primitivo. • Como neurologista treinado em ciências, Freud passou a ouvir os pacientes para descobrir que conflitos se encontravam por trás dos variados sintomas deles. • Ouvir, para Freud, se tornou mais do que uma arte; transformou-se em um método, um caminho privilegiado para o conhecimento que seus pacientes mapeavam para ele. • Freud, de fato, foi o primeiro a desenvolver uma teoria verdadeiramente moderna da personalidade, com base, principalmente, em suas observações clínicas.
A Psicanálise de Sigmund Freud
• Freud não é apenas o pai da psicanálise, mas o fundador de uma forma muito particular e inédita de produzir ciência e conhecimento. Ele reinventou o que se sabia sobre a alma humana (a psique), instaurando uma ruptura com toda a tradição do pensamento ocidental, a partir de uma obra em que o pensamento racional, consciente e cartesiano perde seu lugar exclusivo e egrégio. • Seus estudos sobre a vida inconsciente, realizados ao longo de toda a sua vasta obra, são hoje referência obrigatória para a ciência e para a filosofia contemporâneas. • A sua influência no pensamento ocidental é não só inconteste como não cessa de ampliar o seu alcance, dialogando com e influenciando as mais variadas áreas do saber, como a filosofia, as artes, a literatura, a teoria política e as neurociências. Sigmund Freud, A interpretação dos sonhos, introdução, 2017
Freud e a constituição do sujeito
“A verdadeira descoberta de um método de trabalho capaz de expor o inconsciente, reconhecendo suas determinações e interferindo em seus efeitos, deu-se com o surgimento da clínica psicanalítica”.
Sigmund Freud, A interpretação dos sonhos, introdução, 2017
Freud e a constituição do sujeito
• Desde a descoberta do inconsciente por Freud, a Psicanálise mostra ser um caminho de escuta para a cura dos sintomas causadores de sofrimento; • Nietzsche, Schopenhauer, Franz Bretano, entre outros, já mencionavam a existência de uma instância mental interna no sujeito. • Que coube a Freud, então, diante disso? • Criou e sistematizou uma metodologia de investigação e aprofundamento do inconsciente.
Família contemporânea e as funções parentais: há nela um ato amor?, 2011.
Freud e a constituição do sujeito
• As maiores contribuições de Freud para a teoria da personalidade são: • 1 – A exploração do inconsciente; • 2 – A insistência de que as pessoas são motivadas, primariamente, por impulsos dos quais elas tem pouca ou nenhuma consciência. • Para Freud, a vida mental está dividida em dois níveis: • 1 – Inconsciente; • 2 – Consciente; O inconsciente está dividido em: • Inconsciente (propriamente dito) e pré-consciente
Freud e a constituição do sujeito
• Inconsciente: • Contêm todos os impulsos, desejos e instintos que estão além da consciência, mas que, no entanto, motivam a maioria dos nossos sentimentos, ações e palavras. • Ainda que possamos estar conscientes dos nossos comportamentos explícitos, muitas vezes, não estamos conscientes dos processos mentais que estão por trás deles. Ex.: Um homem pode saber que está atraído por uma mulher, mas pode não compreender inteiramente todas as razões para a atração, algumas das quais podem ser, até mesmo, irracionais. Teorias da personalidade, p. 17, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• Inconsciente: • Já que o inconsciente não está disponível para a mente consciente, como sabemos se ele de fato existe? • Freud defendia que a existência do inconsciente podia ser comprovada apenas indiretamente, [...] através dos sonhos, lapsos de linguagem e esquecimentos, representando que os conteúdos chamados por Freud de: • Conteúdos reprimidos ou repressão. Ex.: Sonhos.
Teorias da personalidade, p. 17, 2015
Freud e a constituição do sujeito
“Em conjunto com todos os outros autores, afirmamos que a terceira peculiaridade do conteúdo onírico consiste no fato de no sonho poderem surgir impressões da primeira infância das quais a memória não parece dispor na vigília. [...] Naturalmente, não é possível descobrir sem análise os motivos que levaram o sonhador a reproduzir justo essa impressão de sua infância”. Sigmund Freud
Sigmund Freud, A interpretação dos sonhos, p. 210, 2017
Freud e a constituição do sujeito
• Inconsciente: • Mas, por que os conteúdos sofrem repressões para o nosso inconsciente? • Segundo Freud, para a psicanálise, na maioria dos casos, tais imagens possuem fortes temas sexuais ou agressivos, porque os comportamentos sexuais e agressivos infantis costumam ser punidos ou suprimidos. A punição e a supressão frequentemente criam sentimentos de ansiedade, a qual, por sua vez, estimula a repressão, [...] como uma defesa do sofrimento proveniente dessa ansiedade.
Teorias da personalidade, p. 18, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• O inconsciente está inativo? • O inconsciente, é claro, não significa inativo ou adormecido. As forças no inconsciente lutam constantemente para se tornar consciente, e muitas delas tem sucesso, embora possam não aparecer mais em sua forma original. • Ex.: A hostilidade de um filho em relação a seu pai pode se mascarar na forma de afeição ostensiva. [...] Sua mente inconsciente, portanto, motiva-o a expressar hostilidade indiretamente, por meio da demonstração exagerada de amor e adulação.
Teorias da personalidade, p. 18, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• O pré-consciente: • O nível pré-consciente da mente contém todos aqueles elementos que não são conscientes, mas podem se tronar conscientes prontamente ou com alguma dificuldade. • O que uma pessoa percebe é consciente apenas por um período transitório; isso rapidamente passa para o pré-consciente quando o foco da atenção muda para outra ideia. • Essas ideias que se alternam facilmente entre ser consciente e préconsciente estão, em grande parte, livres de ansiedade [...]. • Mas, Freud também acreditava que as ideias do inconsciente podiam invadir o pré-consciente, porém, sempre disfarçadas através dos sonhos, lapsos de linguagem e complexos de defesa. Teorias da personalidade, p. 18, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• Consciente: • O nível consciente, que desempenha um papel relativamente menor na teoria psicanalítica, pode ser definido como aqueles elementos mentais na consciência em determinado ponto no tempo. Ele é o único nível da vida mental que está diretamente disponível para nós. • As ideias podem chegar à consciência por duas direções diferentes: • 1 - Consciente perceptivo: Está voltado para o mundo exterior e age como um meio para a percepção dos estímulos externos. Em outras palavras, o que percebemos por meio dos nossos órgãos dos sentidos, se não for ameaçador, entra no consciente. • 2 – Estrutura mental: Inclui ideias não ameaçadoras do préconsciente, além de imagens ameaçadoras, porém , bem disfarçadas, do inconsciente.
Teorias da personalidade, p. 18 e 19, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• Instâncias da mente: • Id, Ego e Superego. • Id: Na essência da personalidade e totalmente inconsciente, encontra-se a região psíquica chamada de Id, um termo derivado do pronome impessoal “isso”; • É um componente ainda não conhecido da personalidade; • Não tem contato com a realidade; • Se esforça constantemente para reduzir a tensão, satisfazendo desejos básicos; • Sua única função é procurar o prazer e por isso é conhecido como: • Princípio do prazer. Ex.: Os bebês, “o mamilo” eterno e a passagem do tempo.
Freud e a constituição do sujeito
• Instâncias da mente (revisando o Id): • O Id é primitivo, caótico, inacessível à consciência segundo a mera vontade da pessoa, irrealista, ilógico, desorganizado, amoral, e cheio de energia recebida dos impulsos básicos que busca realização a qualquer custo no princípio do prazer; • O Id funciona a partir de um processo primário por estar vinculado aos impulsos mais básicos. Ex.: A mala sem alça e a amoralidade. • “Uma mente brilhante”.
Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• Instâncias da mente (revisando o Id): O Princípio do Prazer (Geraldo Azevedo) Juntos vamos esquecer, Tudo que doeu em nós Nada vale tanto pra rever O tempo que ficamos sós Faz a tua luz brilhar Pra iluminar a nossa paz O meu coração me diz Fundamental é ser feliz Juntos vamos acordar o amor Carícias, canções, deixa entrar o sol da manhã A cor do som, eu com você sou muito mais O princípio do prazer Sonho que o tempo não desfaz O meu coração me diz Fundamental é ser feliz
Freud e a constituição do sujeito
• Por outro lado, para sobreviver em um mundo com regras, ele precisa de um segundo processo ou melhor, processo secundário, a saber: • O Ego.
Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• Instâncias da mente (O Ego): • O Ego, ou eu, é a única região da mente em contato com a realidade; • Se desenvolve a partir do Id durante a infância. Por isso é um processo secundário; • Enquanto o Id é direcionado pelo Princípio do prazer, o Ego é governado por qual princípio? • Princípio da Realidade; • É o ramo executivo da personalidade e portanto, quem toma as decisões no mundo de relação; Apresenta, porém, uma peculiaridade tridiática: •
É parte pré-consciente
• Ego
É parte consciente
•
É parte inconsciente
Freud e a constituição do sujeito
• Além desses dois “tiranos”, o Ego deve servir a um terceiro mestre: o mundo externo. Assim, o Ego tenta constantemente reconciliar as reinvindicações cegas e irracionais do Id e do Superego com as demandas realistas do mundo externo. • Encontrando-se rodeado por três lados por forças hostis e divergentes, o Ego reage de maneira previsível: • Torna-se ansioso! Que faz, então, para se livrar da ansiedade? • Usa a repressão ou outros mecanismos de defesa para se defender de tal ansiedade.
Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• O Ego se diferencia do Id quando os bebês aprendem a se distinguirem do mundo exterior. Enquanto o Id permanece inalterado, o Ego continua a desenvolver estratégias para lidar com as demandas irrealistas e implacáveis do Id por prazer. Ex.: O cavaleiro e o cavalo.
Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• Superego (Super Eu): • Qual a origem do Superego? • Quando as crianças atingem a idade de 5 ou 6 anos, elas passam a se identificar com os seus pais e começam a aprender o que devem e não devem fazer. Essa é a origem do Superego.
Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• Superego (Super Eu): • Na psicologia freudiana o Superego, Super Eu ou Acima do Eu, tem a seguinte representação: • Aspectos morais; • Ideias de personalidades estereotipadas; • Princípios éticos. • Diante disso, então, qual o Princípio guia do Superego? • O Princípio moralista ou Idealista. Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• Superego (Super Eu): • Se desenvolve a partir do Ego; • É mantido por dois subsistemas, a saber: • A consciência (experiência com punições por comportamento impróprio e diz o que nós “não devemos fazer”). Ex.: Tira a mão daí menino!; Mocinha não se senta assim!; Masturbação cria pelos na mão viu?; • Ideal do ego (surge a partir das recompensas em experiências de comportamento adequado a partir do que nós “devemos fazer”); • Desta forma qual a função primordial do Superego? • Controlar os impulsos sexuais e agressivos pelo processo de repressão, a partir do Ego, controlando-o, vigiando-o e desenvolvendo a culpa.
Freud e a constituição do sujeito
• Superego (Super Eu): • O Superego, a partir da sua busca por moralidade, é, então, o caminho para a construção da felicidade? • O Superego não está preocupado com a felicidade do ego. O seu foco, na verdade, é a busca cega e irrestrita por perfeição, mas, assim como o Id, estando completamente ignorante e despreocupado com as suas exigências, simplesmente quer imperar.
Teorias da personalidade, p. 21 e 22, 2015
Freud e a constituição do sujeito
• Do ponto de vista psicanalítico, que conceito freudiano fundamental definirá a estrutura das personalidades nas relações familiares? • R. O complexo de Édipo. • Por quê? • R. Porque é o vigoramento do Complexo de Édipo nas relações familiares que deixará instituído a fala subjetiva “Esta mulher (a mãe) é minha! (do pai).” • Que isso significa? • R. Significa que quem se relacionará sexualmente com essa mulher (a mãe) será o pai. • O que se origina daí? • R. A lei das relações dentro da família, ou seja, como essa família irá funcionar hierarquicamente. • Quem subjetivamente normatiza esse funcionamento? • R. O pai. • O que, então, o pai simboliza dentro da família? • R. A lei (as regras, as normas, a disciplina, as frustrações filiais).
Freud e a constituição do sujeito
• Na realidade, apenas a nomeação simbólica garante a cada homem que é, de fato, genitor (pai) de sua prole. Este pai simbólico não é, portanto, um pai procriador, senão na medida em que é um pai pela fala. O verbo tem, portanto, como consequência reunir e cindir as duas funções da paternidade, a da nomeação e a da transmissão do sangue. • Qual é a fala coloquial para esse raciocínio? • R. Pai é quem cria! • Se o biológico designa o genitor, o verbo permite ao pai em seu ideal de dominação afastar sua progenitura da natureza e introduzi-la na cultura. Em outras palavras, o pai, com sua palavra, trás para a criança a passagem da natureza para a cultura; esse pai simbólico promove a metaforização do desejo da mãe. Mas, o que significa isso? • Significa que Eu (a mãe) tenho desejo sexual! Ou seja, a desintronização da mãe. • Ex.: A porta do quarto dos meus pais que sempre ficava aberta, naquela noite, estranhamente se encontrava fechada. Meu Deus, minha mãe faz sexo!!!! • Mas, a quem a mãe deseja, ou seja, com quem ela faz sexo? (Pergunta inconsciente do filho) • R. Com o meu pai! Resposta inconsciente do filho. • Embora os direitos do pai tenham sido cerceados pelas leis da cidade, este processo se intensifica no final do século XIX, quando as interferências do Estado na família começam a limitar e tutelar o poder do pai. É nesse momento que Freud introduz o conceito do Complexo de Édipo.
A Abordagem de traços de Gordon Allport • Mais do que qualquer outro teórico da personalidade, Allport enfatizou a singularidade do indivíduo. Ele acreditava que as tentativas de descrever as pessoas em termos de traços gerais roubam delas sua individualidade única. A sua teoria da personalidade, portanto, é chamada de teoria das disposições pessoais ou teoria dos traços; • Apresentava uma ênfase na singularidade de cada pessoa e por isso, sempre insinuava a necessidade de se estudar a fundo um único indivíduo. A isso deu o nome de ciência morfogênica; • Morfogênica X Nomotética; • Allport defendia uma abordagem eclética da personalidade levando em consideração as propostas de outros teóricos como Freud, Maslow, Rogers, Skinner e outros; • Nenhuma teoria é completamente abrangente, e os psicólogos devem sempre perceber que muito da natureza humana não está incluído em uma única teoria.
A Abordagem de traços de Gordon Alport
• A abordagem da teoria da personalidade de Allport apresenta três questões primordiais:
1- O que é personalidade; 2 - O que move o ser humano; 3 – Quais as características da pessoa sadia;
Teorias da personalidade, p. 236, 2015
A Abordagem de traços de Gordon Alport • A abordagem da teoria da personalidade de Allport apresenta três questões primordiais:
1- O que é personalidade? R. “A organização dinâmica dentro do indivíduo daqueles sistemas psicofísicos que determinam seu comportamento e pensamento característico”. Teorias da personalidade, p. 237, 2015
A Abordagem de traços de Gordon Alport • A abordagem da teoria da personalidade de Allport apresenta três questões primordiais: 2 – Qual o papel da motivação consciente no ser humano? R. “... A psicologia profunda, por todos os seus méritos, pode mergulhar muito fundo e os psicólogos fariam muito bem em dar total reconhecimento aos motivos manifestos antes de sondarem o inconsciente”. Teorias da personalidade, p. 237, 2015
A Abordagem de traços de Gordon Alport • A abordagem da teoria da personalidade de Allport apresenta três questões primordiais:
3 – Quais as características da pessoa sadia? R. Proatividade (ação criativa e empreendedora sobre o ambiente); Ação consciente (estruturadas, pensadas e bem elaboradas X ações inconscientes); Maturidade precoce; Segurança emocional; Insight e bom humor; Sentido existencial.
A Abordagem de traços de Gordon Alport • Para Allport, as estruturas da personalidade mais importantes são aquelas que permitem a descrição da pessoas em termos de características individuais e que ele chamou de disposições pessoais. Allport as dividiu em duas: traços comuns e dos traços individuais: • Traços comuns – são características gerais que muitas pessoas têm em comum. Ex.: Aquilo que é compartilhado por várias pessoas numa cultura. • Traços individuais – são de importância ainda maior, porque permitem aos pesquisadores estudar um único indivíduo. Ex.: Aquilo que é peculiar ao indivíduo.
Teorias da personalidade, p. 238 e 239, 2015
A Psicologia Humanista de Carl Rogers: Abordagem Centrada na Pessoa
ď ˝ Muito embora centralizarmos nesta aula a Psicologia Humanista proposta por Carl Rogers, a terceira força em psicologia ĂŠ muito mais complexa e ampla, a saber:
Psicologia Humanista ROGERS: Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) MASLOW: Psicologia da Autorrealização PERLS: Gestalt-Terapia FRANKL: Logoterapia MORENO: Psicodrama
A Psicologia Humanista de Carl Rogers : Abordagem Centrada na Pessoa
Carl Rogers, figura exponencial do século XX? Em 1982, Rogers foi reconhecido, em avaliação de psicoterapeutas americanos, a figura de maior influência em terapia no século XX, ultrapassando, na opinião deles, o próprio Freud.
Justo, ACP: Consensos e dissensos 2002, p. 9
A Psicologia Humanista de Carl Rogers : Abordagem Centrada na Pessoa
• “3ª” força; • Ênfase na experiência consciente; • Crença na integralidade da natureza e da conduta do ser humano; • Concentração na liberdade, na espontaneidade e no poder de criação do indivíduo; • Estudo de tudo que tenha relevância para a condição humana.
A Psicologia Humanista de Carl Rogers : Abordagem Centrada na Pessoa
Segundo Cantarelli e Bertoli (2006 apud PEREIRA; GOBBI, 2011, p. 22), a Psicologia Humanista, caracterizada como a terceira força em psicologia, inaugura uma maneira particular de ver o ser humano como um indivíduo único e que vive num mundo de experiência no qual é o centro.
Para Friedman e Shustack (2004, p. 305) “O humanismo é um movimento filosófico que enfatiza o valor ou o mérito do indivíduo e a centralidade dos valores humanos. A abordagem humanista, [...], da mesma maneira, encarrega-se de assuntos sobre ética e valor pessoal”.
A Psicologia Humanista de Carl Rogers: Abordagem Centrada na Pessoa
Abordagem Centrada na Pessoa é o termo designativo da corrente de pensamento psicológico criado por Carl Rogers. Esta expressão é fruto de toda uma evolução de suas ideias e de suas formulações tendo sido usada pela primeira vez em 1976 (BOZARTH, 1989) e formalizada em 1977, com a publicação de Sobre o Poder Pessoal e representa, antes de tudo, uma modificação na aplicação das teorias de Rogers aos mais diversos campos. (GOBBI; MISSEL, 2002, p. 15)
A Psicologia Humanista de Carl Rogers: Abordagem Centrada na Pessoa • Segundo Gobbi e Missel (2002, ps. 147, 148, 149), “Rogers define alguns elementos característicos da Terapia Centrada no Cliente”. Numa sequência, podem ser considerados como ‘capacidade do cliente’ e o ‘relacionamento entre terapeuta e cliente’.
Conforme Rogers, (1946:417 apud GOBBI; MISSEL, 2002, p. 147, 148), “o segundo elemento característico da terapia centrada no cliente é a descoberta da capacidade do cliente, [...] de que no interior do cliente residem forças construtivas cujo poder e uniformidade não tem sido reconhecidos inteiramente, como também têm sido bastante subestimados”.
A Psicologia Humanista de Carl Rogers: Abordagem Centrada na Pessoa Para Gobbi e Missel (2002, p. 17), “a expressão ‘não diretividade’ surge das proposições de Rogers que valorizam os aspectos individuais e que determinam que a condução do processo, fica a cargo do próprio cliente”.
Segundo Santos, Rogers, e Bowen (2004, p. 61), “o cliente é o senhor absoluto do seu caminho”. Para Boainain (1998, p. 80), “Rogers enfatizou que o maior potencial de mudança residia na surpreendente capacidade do cliente (denominação que passou a advogar em oposição à conotação da passiva incapacidade implícita na designação paciente), para reorganizar sua própria experiência”.
A Psicologia Humanista de Carl Rogers: Abordagem Centrada na Pessoa • Segundo Gobbi e Missel (2002, ps. 147, 148, 149), “Rogers define alguns elementos característicos da Terapia Centrada no Cliente”. Numa sequência, podem ser considerados como ‘capacidade do cliente’ e o ‘relacionamento entre terapeuta e cliente’.
Conforme Rogers, (1946:417 apud GOBBI; MISSEL, 2002, p. 147, 148), “o segundo elemento característico da terapia centrada no cliente é a descoberta da capacidade do cliente, [...] de que no interior do cliente residem forças construtivas cujo poder e uniformidade não tem sido reconhecidos inteiramente, como também têm sido bastante subestimados”.
A Psicologia Humanista de Carl Rogers: Abordagem Centrada na Pessoa Tendência atualizante
Tendência formativa
Funcionamento ótimo da personalidade / Abertura à experiência
Crença na potencialidade interna do humano
Não-diretividade
A Psicologia Humanista de Carl Rogers: Abordagem Centrada na Pessoa Ênfase na qualidade da expressão, ao invés do conteúdo Liberdade e responsabilidade Participação na experiência imediata do cliente Presença Escuta sensível Atitudes facilitadoras: consideração positiva incondicional, compreensão empática e congruência
Condições necessárias e suficientes para a mudança terapêutica da personalidade formulada por Rogers (1957) 1) Que duas pessoas, terapeuta e cliente, estejam em contato psicológico
2) Que o cliente esteja experenciando um estado de incongruência, desacordo interno ou de angústia 3) Que o terapeuta deve se encontrar num estado de congruência e integrado na relação 4) Que o terapeuta experencie uma consideração positiva e incondicional pelo cliente
5) Que o terapeuta experencie uma compreensão empática a partir do referencial do cliente e se esforce por comunicá-lo esta experiência
6) Que a comunicação ao cliente da compreensão empática do terapeuta e da consideração positiva incondicional seja efetivada, pelo menos num grau mínimo
A Psicologia Humanista de Carl Rogers: Abordagem Centrada na Pessoa
“Os indivíduos possuem dentro de si vastos recursos para a autocompreensão e para modificação dos seus autoconceitos, de suas atitudes e de seu comportamento autônomo. Esses recursos podem ser ativados se houver um clima, passível de definição, de atitudes psicológicas facilitadoras.”
Carl Rogers
Atitudes facilitadoras
Aceitação/consideração positiva incondicional
Empatia / Compreensão empática
Congruência / Autenticidade
Atitudes facilitadoras
• Aceitação/consideração positiva incondicional: aceitação, interesse, atitude calorosa, positiva, receptiva e consideração ao que o cliente é naquele momento, e que ele possa expressar seus sentimentos, qualquer que ele seja – amor, raiva, coragem, orgulho ou medo. O terapeuta tem uma consideração integral e não condicional pelo paciente.
Atitudes facilitadoras Empatia/Compreensão empática: Apreender a experiência do paciente tal como ele vê e sente, sem que a sua própria identidade se dissolva nesse processo, sem análise e sem julgamento. Sentir o mundo privado do cliente como se ele fosse o seu, mas sem perder a qualidade “como se”.
“O terapeuta pode entrar tão profundamente no mundo interno do cliente, captar com precisão seus sentimentos e significados pessoais, que se torna capaz de esclarecer não só o significado daquilo que o cliente está consciente como também do que se encontra abaixo do nível de consciência. Esse modo especial de ouvir é uma das forças motrizes mais poderosas que conheço”. (Rogers, 1983)
Atitudes facilitadoras
•
Congruência/Autenticidade:Sentimentos experenciados pelo terapeuta disponíveis à sua consciência, e que ele é capaz de vivê-los, de ser esses sentimentos e essas atitudes, e capaz de comunicá-los ao surgir oportunidade. “Quanto mais o terapeuta for ele mesmo na relação com o cliente, quanto mais puder remover as barreiras profissionais ou pessoais, maior a probabilidade que o cliente mude e cresça de um modo construtivo. O terapeuta se faz transparente, e o que é vivido na relação pode ser comunicado se for conveniente”. (Rogers, 1983)
Atitudes facilitadoras
“A recíproca das atitudes do terapeuta permitem que a pessoa seja uma propiciadora mais eficiente de seu próprio crescimento. Sinta-se mais livre para ser uma pessoa verdadeira e integral ”.
(Rogers, 1962)
A Teoria dos fatores de Hans Eysenck • A teoria dos fatores tem em Eysenck o desenvolvimento de toda uma taxonomia da personalidade de base biológica; • A presenta um viés biológico para o entendimento das diferenças de personalidade a partir das heranças genéticas e hereditárias; • Para Eysenck, o histórico gestacional, a partir da presença de fatores estressores na gravidez, influenciariam na estrutura da personalidade do bebê em função do alto número de hormônios do estresse presentes na corrente sanguínea; • São também utilizados estudos profundos sobre a variação genética em partes do próprio genoma e examinam como essa variação interage com diferentes tipos de ambientes para produzir comportamentos distintos; • Imagens cerebrais de EEG (atividade elétrica do cérebro) e de RM (atividade cerebral específica) também são utilizadas para identificar diferenças comportamentais em cada pessoa.
A Teoria dos fatores de Hans Eysenck
• Eysenck apresenta a personalidade a partir de três fatores:
1 – Extroversão e introversão; 2 – Neoroticismo e estabilidade; 3 – Psicoticismo.
Teorias da personalidade, p.274, 2015
A Teoria dos fatores de Hans Eysenck
• Eysenck apresenta a personalidade a partir de três fatores:
1 – Extroversão ou introversão – o que determinará uma ou outra será o nível de excitação cortical, portanto, essa é uma característica biologicamente.
Teorias da personalidade, p.276, 2015
A Teoria dos fatores de Hans Eysenck
• Eysenck apresenta a personalidade a partir de três fatores:
2 – Neoroticismo e estabilidade – possui um forte componente hereditário. Eysenck apresentou vários estudos que encontraram evidências de uma base genética para traços neuróticos como ansiedade, histeria e transtornos obsessivos compulsivos.
Teorias da personalidade, p.277, 2015
A Teoria dos fatores de Hans Eysenck
• Eysenck apresenta a personalidade a partir de três fatores:
3 – Psicoticismo – aqueles que apresentam a tendência ao egocentrismo, são frios, impulsivos, hostis, agressivos, psicopáticos e antissociais. Para Eysenck, trata-se de um traço com origem na genética do indivíduo com baixa resistência a fatores estressores. Teorias da personalidade, p.277, 2015
A Teoria Cognitiva da personalidade de Kelly
A teoria Cognitiva de George Kelly é também conhecida como teoria dos construtos pessoais; Kelly aponta que em sua teoria o termo “construto” se refere a “significado” ou “interpretação” Na Teoria Cognitiva, o comportamento das pessoas é moldado por sua interpretação gradual e expandida do mundo; A teoria dos construtos pessoais é expressa em um postulado fundamental, a saber: “os processos de uma pessoa são psicologicamente canalizados pelas formas como essa pessoa prevê os eventos”; Uma teoria psicológica de Causa e Efeito. Teorias da personalidade, p. 378, 2015
A Teoria Cognitiva da personalidade de Kelly
A personalidade de uma pessoa está para além de processos inconsciente, hereditários ou instintivos, afinal, a própria vida explica o movimento de uma pessoa; Kelly escolheu o termo canalizado para sugerir que as pessoas se movem no mundo em uma direção, mediante uma rede de caminhos ou canais; A rede de caminhos ou canais, porém, é flexível, facilitando e restringindo o âmbito de ação das pessoas em direção a um propósito ou objetivo; A partir da tendência pessoal de prever o resultado das suas ações, as pessoas vão orientando o seu comportamento no mundo. Teorias da personalidade, p. 378 e 379, 2015
A Teoria Cognitiva da personalidade de Kelly
Segundo Kelly, nem o passado nem o futuro moldam as nossas ações, ao contrário a nossa visão do presente é que gerencia a nossa escolha e o nosso comportamento;
Para Kelly, existe sofrimento psicológico sempre que as pessoas tiverem dificuldade três pontos básicos: 1 - avaliar seus construtos pessoais; 2 – antecipar eventos futuros; 3 – controlar o seu ambiente presente. Teorias da personalidade, p. 378 , 379 e 385, 2015
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