Secretaria Municipal de Educação
Democratização da Literatura Acervos literários do kit escolar 201 2
Belo Horizonte 201 2
Marcio Araujo de Lacerda Prefeito de Belo Horizonte
Macaé Maria Evaristo
Secretária Municipal de Educação de Belo Horizonte
Afonso Celso Renan Barbosa
Secretário Municipal Adjunto de Educação
Gerência de Coordenação Pedagógica e Formação Programa de Bibliotecas Escolares Organização e redação: Carolina Teixeira de Paula / Leila Cristina Barros Revisão: Leila Cristina Barros e Elizete Munhoz Ribeiro Fotos: Arquivo SMED / Publicação autorizada Projeto gráfico e diagramação: Gustavo Rocha de Souza Impressão: Rona Gráfica e Editora Edição e distribuição:
Secretaria Municipal de Educação
Rua Carangola, 288 – 7º andar – Bairro Santo Antônio (31 ) 3277-8606 - smed@pbh.gov.br
D383 Democratizaçao da Literatura: acervos literários do kit escolar 201 2 / Carolina Teixeira de Paula; Leila Cristina Barros (Org.) - Belo Horizonte: SMED, 201 2. 48 p. 1 . Catálogo kit escolar 201 2 – Livros Literários. I. Paula, Carolina Teixeira de. II. Barros, Leila Cristina. III. Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Educação. IV. Título. CDD 01 7 É permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. As resenhas foram produzidas por avaliadores externos participantes da comissão de seleção dos livros. Embora a comissão não possa ser nomeada, por motivo de sigilo, registramos aos professores os nossos agradecimentos.
Sumário Apresentação
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Relação dos livros selecionados para o Kit Escolar 201 2
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Resenhas do acervo de 201 2
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1 2
3
1
Apresentação
Dagmá Brandão Silva
Gerente da Coordenação Pedagógica e Formação – GCPF/SMED
Carolina Teixeira de Paula Leila Cristina Barros
Coordenadoras do Programa de Bibliotecas Escolares – GCPF/SMED “... reconhecendo que a leitura, particularmente a leitura literária, além de dever ser democratizada, é também democratizante, nós, os educadores comprometidos com a formação de leitores, devemos assumir essa formação não apenas como desenvolvimento de habilidades leitoras e de atitudes positivas em relação à leitura, mas também, talvez sobretudo, como possibilidade de democratização do ser humano, conscientes de que, em grande parte, somos o que lemos, e que não apenas lemos os livros, mas também somos lidos por eles.” (Magda Soares)
Em 2011, foi produzido e enviado para as escolas, UMEIs e Regionais o primeiro catálogo do kit – De livros e vivências tecidas: acervos literários dos kits escolares – que se propôs a registrar um pouco da história dessa política de leitura de Belo Horizonte. A produção ofereceu um breve histórico, dados e informações sobre os kits, que são distribuídos desde 2004 para todos os estudantes da Rede Municipal de Educação – RMEBH e creches da Rede Conveniada. Com muita alegria, e dando sequência à publicação, enviamos agora o segundo catálogo, com resenhas dos livros distribuídos em 2012 (o primeiro catálogo contém resenhas dos livros de 2010 e 2011). Uma grande novidade é que, a partir deste ano, a Secretaria Municipal de Educação – SMED enviará um exemplar de cada título comprado para os estudantes (101 no total) também para as UMEIs e bibliotecas escolares. Esta medida atende a uma demanda dos profissionais das escolas, que terão um acesso mais direto aos livros que comporão a pasta dos estudantes. Sabemos que, embora os livros sejam um presente para os estudantes e familiares, vários profissionais se propõem a trabalhar com esse material em sala de aula, potencializando e incentivando sua leitura, e também orientando os estudantes a dispensarem um cuidado especial com os livros recebidos. Há diversas ações que promovem a valorização desses acervos, como troca dos livros entre os alunos, rodas de leitura, contação de histórias, encontro com escritores, produção de peças teatrais e curtasmetragens, leitura livre na escola e/ou na família, dentre outras. Também no âmbito da SMED, por meio do Programa de Bibliotecas da Gerência de Coordenação Pedagógica e Formação – GCPF, são promovidas duas ações de incentivo à divulgação, dinamização e leitura dos livros literários do kit escolar: o “Encontro com escritores” e o “Projeto de intervenção teatral nos diversos espaços da cidade”. Criado em 2010, o “Encontro com escritores” tem como objetivo principal incentivar os estudantes à leitura literária, especialmente dos livros dos kits, aproximá-los da biblioteca e colocá-los em contato direto com a produção artística, por meio de seus criadores (seja em forma de texto verbal, imagens ou quadrinhos). Esses encontros proporcionam momentos de reflexão sobre a criação literária, a experiência da literatura, a importância da leitura (em seus diversos suportes), o contato com os livros e, de maneira especial, o contato com o próprio escritor, dessacralizando, de certa forma, essa figura geralmente distante do mundo dos estudantes.
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Vários escritores e ilustradores de renome nacional e internacional, que tiveram livros selecionados para compor os escolares, já visitaram escolas da RMEBH, para bate-papos com estudantes e profissionais: Ana Terra, Mário Vale, Leo Cunha, Silvana de Menezes, Júlio Emílio Braz, Cidinha da Silva, Jean-Yves Loude, Sônia Rosa, Marco Túlio Costa, dentre outros. Com isso, outro objetivo das visitas às escolas é a divulgação dos livros, potencializando seu uso e sua leitura. Nesses contatos, os alunos conversam sobre temas abordados nas obras dos autores convidados, sobre cultura, literatura e assuntos de seu cotidiano. kits
Em 2011, o “Encontro com escritores” aconteceu como parte da programação da “I Jornada Literária”, uma das ações previstas no “Projeto 3º ciclo – sujeitos e práticas”, da Gerência de Educação Básica – GEBAS/GCPF, criado para viabilizar alternativas práticas que contribuíssem para efetivar qualitativamente o processo de formação escolar, com o público adolescente, fundamentadas no protagonismo juvenil, na dimensão prática da construção do conhecimento e na orientação para o trabalho. O Programa de Bibliotecas participou conjuntamente da “I Jornada Literária”, cujo resultado final foi a confecção de um livro literário de autoria de alunos de cada escola envolvida no processo. Outra ação do Programa de Bibliotecas é o “Projeto de intervenção teatral nos diversos espaços da cidade”, criado em 2009, sob a coordenação da professora Emilia Nicolai Curto. A proposta é criar grupos teatrais de rua e palco (constituídos por estudantes de várias faixas etárias do Ensino Fundamental, da Floração, do Ensino Médio e da EJA, além de profissionais atuantes nas bibliotecas), que produzem espetáculos a partir de livros literários dos escolares. As apresentações resultantes desse processo de criação teatral acontecem em diversos espaços da cidade, inclusive nas escolas municipais, de forma a efetivar uma política de promoção da leitura e valorização das diversas práticas de expressão cultural. kits
O projeto possibilita vivências múltiplas na construção de uma identidade que favoreça a convivência com pessoas e espaços da cidade, incentivando as muitas leituras possíveis, reflexões acerca da importância da leitura como atividade rica e necessária à ampliação do repertório cultural dos alunos. A forma como uma biblioteca desenvolve suas atividades, a constituição do seu acervo, as ações que podem ser desenvolvidas no seu interior e exterior, tudo isso deve se inserir numa ampla política de incentivo à leitura. Com essas práticas, pretende-se divulgar e promover a leitura, em suas mais diversas possibilidades, criando oportunidades de expressão cultural e literária dos educandos na cidade. O projeto pretende ser um instrumento a mais para a valorização do ato de ler, no contexto de uma cidade em busca a democratização de seus espaços e origina-se nas diversas possibilidades de leitura e “viagens” pelos livros. Além da leitura dos livros, o projeto possibilita aos jovens o acesso a diversos espaços públicos de Belo Horizonte, buscando construir uma relação recíproca de pertencimento à cidade. Diante da e na cidade, o jovem constrói-se: coteja seus valores familiares aos da cidade e insere-se nas relações sociais, não como coadjuvante ou expectador, mas como sujeito de sua história. Nessa diversidade de experiências, estabelece sentido para a vida e articula o vivenciado ao conhecimento teórico adquirido. O extraescolar insere-se, assim, no contexto das vivências múltiplas que ampliam o horizonte da cidadania.
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Também a cidade, por meio de seus diversos segmentos que circulam nos espaços comuns, recebem os jovens artistas – alunos e auxiliares de biblioteca da Rede – que, de certo modo, oferecem à cidade o seu trabalho, fruto daquilo que da cidade recebem. Neste trajeto interativo, todos têm a possibilidade de desenvolver maior responsabilidade, liberdade, autonomia e consciência de serem sujeitos de direitos (civis, políticos, sociais e culturais), numa sociedade de arraigadas desigualdades sociais e econômicas e de acesso à cultura. O “Projeto de intervenção teatral nos diversos espaços da cidade” é desenvolvido em parceria com o Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais (CCUFMG), onde acontecem os ensaios e a estreia dos espetáculos. Em 2009, foi produzido o espetáculo Raimundo: cidadão do mundo, inspirado na obra homônima (escolhida para compor o kit 2009) do escritor Fábio Yabu, que esteve presente na estreia. Também em 2009, estudantes da EJA/BH estrearam o espetáculo Causos e memórias, em que relataram experiências pessoais. Em 2010, foram produzidas as esquetes teatrais Sete histórias para contar (kit 2010) e Anacleto (kit 2010), baseadas, respectivamente, nas obras de Adriana Falcão (texto) e Ana Terra (ilustrações) e Bartolomeu Campos de Queirós. Em 2011, o espetáculo O Vaqueiro, o Bicho Frôxo, o Bumba-meu-boi e a Marionete inspirou-se em várias obras: O Vaqueiro e o Bicho Frôxo , de Doroty Marques, Beto Andreetta e Beto Lima; o Bumba-meu-boi, de domínio público; Marionete (kit 2010), de Mario Vale. Além desse espetáculo, foi produzida a montagem teatral Balaio de Gatos, apresentada no projeto “Música & Poesia”, do Centro Cultural UFMG, em 29/06/11, e no Seminário do Colegiado Escolar (Programa Família Escola/SMED), em 17/09/11. Retomando o texto de Magda Soares, usado na epígrafe, reiteramos a crença na nossa responsabilidade, apontada pela estudiosa, como educadores comprometidos com a formação de leitores: a de assumir essa tarefa como possibilidade de democratização do ser humano. Juntamente com tal responsabilidade, Soares também alerta para o fato de que “a distribuição equitativa deste bem simbólico que é a leitura é condição para uma plena democracia cultural”, 1 o que nos obriga a, como cidadãos, lutarmos contra a distribuição desigual dos bens simbólicos. Finalizamos com esse alerta e a afirmação dessa responsabilidade, na certeza de que todos nós, educadores e educadoras da Rede Municipal de Educaçao de Belo Horizonte, temos nossa cota de participação na democratização da leitura, em prol de uma educação mais igualitária e democratizante para estudantes.
1 SOARES, Magda. Leitura e democracia cultural. In: PAIVA, Aparecida et al (Org.). Democratizando a leitura: pesquisas e práticas. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. (Coleção Literatura e Educação). p. 1 8-32.
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Estreia do espet谩culo O Vaqueiro, o Bicho Fr么xo, o Bumba Meu Boi e a Marionete, no Centro Cultural UFMG (2011)
Estreia do espet谩culo O Vaqueiro, o Bicho Fr么xo, o Bumba Meu Boi e a Marionete, no Centro Cultural UFMG (2011)
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Exibição do espetáculo Raimundo: cidadão do mundo , no Parque das Mangabeiras (23º Fantástico Mundo da Criança)
Estreia do espetáculo Causos e memórias, no Centro Cultural UFMG (2009)
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Relação dos livros selecionados para o Kit escolar 2012 Educação Infantil - 0 a 2 anos e 11 meses
11
Educação Infantil - 3 a 5 anos e 8 meses
11
Kit: 1 º Ciclo
13
Kit: 2º Ciclo
14
Kit: 3º Ciclo Kit: EJA
10
16 17
Relação dos livros selecionados para o Kit Escolar 201 2
Educação Infantil - 0 a 2 anos e 11 meses Autor(a)
Editora
Página
Ilan Brenman e Fernando Vilela
Difusão Cultural do Livro
20
Bia Villela
Escala Educacional
20
Andy Cutbill
Salamandra
20
Guto Lins
Globo
20
Como reconhecer um monstro
Gustavo Roldán
Frase & Efeito
21
Coração de ganso
Regina Rennó
Mercuryo Jovem
21
Sou a maior coisa que há no mar
Kevin Sherry
Rocco Pequenos Leitores
21
Todd Parr
Panda Books
21
Título A festa de aniversário A galinha da vizinha quer um par pra ser rainha A vaca que botou um ovo Cadê?
Tudo bem ser diferente
Educação Infantil - 3 a 5 anos e 8 meses Autor(a)
Editora
Página
Sérgio Capparelli
Projeto Editora
22
Controle Remoto
Tino Freitas
Manati
22
De olho no olho
Sandra Lopes
Prumo
22
De vários jeitos
Flávia Reis
Callis
22
Zoé Rios
RHJ
23
Título A lua dentro do coco
Diz que tem
11
Relação dos livros selecionados para o Kit Escolar 201 2
Educação Infantil - 3 a 5 anos e 8 meses Título Festa no céu
Autor(a)
Editora
Braguinha (João de Barro) Rocco Pequenos Leitores
Página 23
Rosinha
Larousse Júnior
23
O homem da chuva
Gianni Rodar Nicoletta Costa
Biruta
24
O pintinho da avelãzeira
Gabriel Pacheco
Callis
24
Liniers
Girafinha
24
O vento veio brincar no trapézio!
Elaine Frere
Trilha das Letras
24
Pomba Colomba
Sylvia Orthof
Ática
25
Qual bicho é mais fofo?
Anna Göbel
Compor
25
Mônica Versiani Machado
Edições Dubolsinho
25
Baldina Franco José Carlos Lollo
Companhia das Letrinhas
25
María Paula Bolaños
Record
26
Ana Terra
Larousse Júnior
26
Eva Furnari
Global
26
Felipe Ugalde
Kalandraka
26
Maria que ria
O que existe antes que exista tudo
Qual é? Quem soltou o pum? Rã Rosita Maria Antônia Martins da Silva Traquinagens e estripulias Um grande sonho
12
Relação dos livros selecionados para o Kit Escolar 201 2
Kit: 1º Ciclo Autor(a)
Editora
Página
A casa das dez furunfunfelhas
Lenice Gomes
Mundo Mirim
27
A grande fábrica de palavras
Agnes de Lestrade Valéria Docampo
Aletria
27
Léo Cunha
Record
27
Marcelo Duarte
Panda Books
27
Katja Reider
Brinque-Book
28
Rachel Isadora
Farol
28
Ursula Jones
Caramelo
28
Batu 1
Tute
Zarabatana Books
28
Bichos
Ronaldo Simões Coelho
Aletria
29
Fonchito e a lua
Mário Vargas Llosa
Objetiva
29
João esperto leva o presente certo
Candace Fleming
Farol
29
André Neves
Abacatte
29
Peter Schössow
Cosac Naify
30
Vivina de Assis Viana
Scipione
30
Elena Ferrándiz
Frase & Efeito
30
Título
A menina da varanda A mulher que falava pára-choquês A pena A princesa e a ervilha A princesa que não tinha reino
Margarida Mas por quê??! A história de Elvis O barulho do tempo O casaco de Pupa
13
Relação dos livros selecionados para o Kit Escolar 201 2
Kit: 1º Ciclo Autor(a)
Editora
Página
Eva Furnari
Ática
30
Comotto
Autêntica
31
O imperdível menino que perdia tudo
Marcelo Pires
Galerinha Record
31
Quatro porquinhos e um livro
Jonas Ribeiro
Salesiana
31
Sete milhões de escaravelhos
Comotto
Lemos
31
Beatrice Masini
DeLeitura
32
Autor(a)
Editora
Página
José Jorge Letria
Paulinas
32
Elisa Lucinda
Galerinha Record
32
Márcio Vassallo
Abacatte
32
René Goscinny Jean-Jacques Sempé
Rocco jovens leitores
33
Jorge Fernando dos Santos
Paulus
33
José Jorge Letria André Letria
Peirópolis
33
Banzo e Benito
MZK
Zarabatana Books
33
Carol
Laerte
Noovha America
34
Título O circo da lua O comedor de livros
Uma princesa assim pequeninha, mas...
Título A casa mágica dos versos A menina transparente A professora encantadora As brincadeiras do Pequeno Nicolau As cores no mundo de Lúcia Avô, conta outra vez
Kit: 2º Ciclo
14
Relação dos livros selecionados para o Kit Escolar 201 2
Kit: 2º Ciclo Autor(a)
Editora
Página
Cartão-postal
Luiz Raul Machado
Difusão Cultural do Livro
34
Gente, bicho, planta: o mundo me encanta
Ana Maria Machado
Gaudí Editorial
34
Grão de milho
Olalla González Marc Taeger
Kalandraka
34
João Teimoso
Luiz Raul Machado
Nova Fronteira
35
David Almond
Martins Fontes
35
Édimo de Almeida Pereira
Mazza Edições
35
Nelson Cruz
Comboio de Corda
35
Bartolomeu Campos de Queirós
Global
36
Pedro e lua
Odilon Moraes
Cosac Naify
36
Pippi Meialonga
Astrid Lindgren
Companhia das Letrinhas
36
Sylvia Orthof
FTD
36
Título
Meu pai é um homem-pássaro Nikkê Os herdeiros do lobo Pedro
Ponto de tecer poesia
15
Relação dos livros selecionados para o Kit Escolar 201 2
Kit: 3º Ciclo Autor(a)
Editora
Página
Lygia Bojunga
Casa Lygia Bojunga
37
Caio Riter
Artes e Ofícios
37
Washington Irving
Iluminuras
37
A máscara
Juliete Binet
Escala Educacional
37
Alice no país das maravilhas
Lewis Carroll
FTD
38
Luiz Vilela
Edelbra
38
Nilma Lacerda
Galera Record
38
Luiz Antônio Aguiar
Biruta
38
Marion Mousse
Salamandra
39
Maria Valéria Rezende
Autêntica
39
Marcelo Carneiro da Cunha
Projeto
39
Nunca serei um super-herói
Antônio Santa Ana
Dimensão
39
O colecionador de manhãs
Walther Moreira-Santos
Formato
40
Erico Verissimo
Companhia das letras
40
Ondjaki
Língua Geral
40
Título A casa da madrinha A cor das coisas findas A lenda do cavaleiro sem cabeça e Rip Van Winkle
Amor e outros contos Bárbara debaixo da chuva Bruxas, beijos & outros encantos Frankenstein; em quadrinhos Histórias daqui e d'ácola Nem pensar
Olhai os lírios do campo Os da minha rua
16
Relação dos livros selecionados para o Kit Escolar 201 2
Kit: 3º Ciclo Autor(a)
Editora
Página
Cristiane Lisbôa
Memória Visual
40
Bill Watterson
Conrad
41
Warley Matias de Souza
Lê
41
Conrad
Berlendis & Vertecchia
41
Alberto Yáñez
RHJ
41
Índigo
Girafinha
42
Autor(a)
Editora
Página
Lygia Bojunga
Casa Lygia Bojunga
42
A roupa nova do Imperador em cordel
João Bosco Bezerra Bonfim
Prumo
42
As falas da aranha
Edimilson de Almeida Pereira
Nandyala
42
As margens da alegria
João Guimarães Rosa
Nova Fronteira
43
As mil e uma noites; contos árabes
Tradução de Ferreira Gullar
Revan
43
Dez contos do além-mar
Adolfo Coelho Teófilo Braga
Peirópolis
43
Ivana Arruda Leite
Brinque-book
43
Lenice Gomes Fabiano Moraes
Cortez
44
Título Papel manteiga para embrulhar segredos: cartas culinárias Tem alguma coisa babando embaixo da cama Tô ligado! Tristão e Isolda Trocando gato por lebre ou menino por vaca Um pinguim tupiniquim
Título A cama
Diomira e o coronel Carrerão: a Sherazade do sertão Histórias de quem conta histórias
Kit: EJA
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Relação dos livros selecionados para o Kit Escolar 201 2
Kit: EJA
Autor(a)
Editora
Página
Flávia Lins e Silva
Manati
44
Jorge Amado
Companhia das Letras
44
O trem que traz a noite
Flora Figueiredo
Novo Século
44
Os estatutos do homem
Tiago de Mello
V&R
45
Título Mururu no Amazonas O menino grapiúna
18
Kit escolar 201 2 por ciclo e modalidade de ensino
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Kit: Educação Infantil – 0 a 2 anos e 11 meses
A festa de aniversário
O livro narra um episódio aparentemente banal na vida de uma menina sapeca e curiosa, que foi convidada para a festa de aniversário de seu amiguinho André e, ansiosa, acorda os pais bem cedo para perguntar sobre a comemoração. A protagonista não é nomeada: atende por “filha”, para os pais, e “menina”, para o narrador. Trata-se de uma narrativa de entretenimento devidamente encadeada, que apresenta vários diálogos entre a filha e os pais. Uma característica do texto que merece ser ressaltada é o uso de analogias bemhumoradas, relacionando o comportamento humano ao dos bichos. As ilustrações são grandes, multicoloridas e bem distribuídas nas páginas, de acordo com o gosto das crianças nesta faixa etária, que apreciam ilustrações chamativas e bastante expressivas. Título: A festa de aniversário | Autor: Ilan Brenman | Ilustrador: Fernando Vilela | Editora: Universo | Ano de publicação: 2010
A galinha da vizinha quer um par pra ser rainha
A narrativa de Bia Villela, como o título sugere, gira em torno da busca de uma galinha por um companheiro para ser seu par e rei do galinheiro e, após a apresentação de diversos animais candidatos, ela finalmente escolhe um. Apesar do texto simples, com poucos aspectos relativos à literariedade, a obra apresenta divertidas ilustrações, que dialogam com o texto verbal, além de várias onomatopeias que lhe conferem ritmo. A distribuição do texto verbal nas páginas favorece a leitura, e foi feita de maneira dinâmica e atraente ao olhar do neoleitor, que fica convidado a interagir de maneira lúdica com a obra, ampliando suas possibilidades significativas. Título: A galinha da vizinha quer um par pra ser rainha | Autor: Bia Villela | Ilustradora: Bia Villela | Editora: Escala Educacional | Ano de publicação: 2010
A vaca que botou um ovo
Vacas que andam de bicicleta, plantam bananeiras e leem jornais, vacas doidas para causar sensação e um pintinho que muge: parece que, nesta história, apenas o ovo que a vaca botou não é absurdo, pois surge numa das poucas situações com explicação lógica. Com esses ingredientes, a obra propõe uma história que, recorrendo ao nonsense, satiriza a contemporaneidade, quando todos querem seus 15 minutos de fama, numa sociedade que insufla os indivíduos a não aceitarem o que são, desejando qualquer tipo de destaque, a todo custo. A leitura, autônoma ou mediada, proporcionará divertido entretenimento e reflexão, pois as crianças não deixam passar em branco as quebras de uma lógica preestabelecida. A participação criativa dos pequenos leitores é incentivada pela história e pela composição visual, fazendo com que a leitura deste livro resulte em significativa contribuição para formar nas crianças, desde pequeninas, o gosto por ler mais e melhores obras. Título: A vaca que botou um ovo | Autor: Andy Cutbill | Ilustrador: Russell Ayto | Tradutora: Lenice Bueno | Editora: Salamandra | Ano de publicação: 2010
Cadê?
A partir da conhecida brincadeira “cadê o ratinho que estava aqui?”, a obra Cadê?, do escritor e ilustrador Guto Lins, apresenta um encadeamento de perguntas, típicas do universo infantil, em que uma situação leva a outra que leva a outra que leva a outra: “Cadê o ratinho que estava aqui?/O gato comeu./E cadê o gato?/O cachorro mordeu./E cadê o cachorro?/O dono prendeu”. Com esse recurso textual e ilustrações bem humoradas, o livro desperta a curiosidade do jovem leitor, divertindo-o e suscitando sua imaginação. O ratinho do início reaparece no final, fechando o círculo... ou sugerindo uma saída possível para o animalzinho, já que ele teria ido “por aqui, por aqui, por aqui...” Título: A vaca que botou um ovo | Autor: Andy Cutbill | Ilustrador: Russell Ayto | Tradutora: Lenice Bueno | Editora: Salamandra | Ano de publicação: 2010
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Kit: Educação Infantil – 0 a 2 anos e 11 meses
Como reconhecer um monstro
Típico da literatura infantil, o livro explora um personagem caro ao imaginário das crianças: o monstro, representante do perigo e, por isso, causador do sentimento de medo. A narrativa é composta por frases curtas, que explicam como se reconhece um verdadeiro monstro. O tema por si só atrai os leitores, contudo, o autor torna o livro ainda mais interessante, porque suas ilustrações são feitas com o traço cômico da caricatura. O resultado é bastante bem-sucedido, carregando a história de leveza e, sobretudo, humor. O projeto gráfico é adequado ao público-alvo, a relação textoimagem é bem-cuidada, assegurando a legibilidade da obra. Trata-se de um projeto gráfico-editorial de qualidade e que chama especialmente a atenção pela criatividade. Título: Como reconhecer um monstro | Autor: Gustavo Roldán | Ilustrador: Gustavo Roldán | Tradução: Daniela Padilha | Editora: Frase & Efeito | Ano de publicação: 2011
Coração de ganso
O livro narra a história de um ganso que se relaciona com uma galinha e seus pintinhos, gerando ciúme nos seus amigos da mesma espécie. Os recursos expressivos utilizados para a composição estética da obra são próprios dos livros de narrativas por imagens, dentre os quais se destacam: a variedade das cores, a firmeza dos traços e a riqueza das expressões dos personagens que compõem as cenas. O trabalho oferece um grau de abertura interpretativa que convida o leitor a participar do texto como criador. As ilustrações são figurativas, contribuindo para a construção da narrativa e compondo algumas cenas vividas pelas personagens, de modo a promover a produção de sentido a cada página e na sua interlocução com a página seguinte. É uma bela história que chama a atenção do leitor para descobrir o “diferente”, ou seja, os outros que nos rodeiam. Título: Coração de ganso | Autora: Regina Rennó | Editora: Mercuryo jovem | Ano de publicação: 2007
Sou a maior coisa que há no mar O tema abordado, animais aquáticos, desperta grande interesse nas crianças, já que o mar é um ambiente de magia, que instiga a imaginação e desperta a curiosidade de grande parte dos leitores iniciantes. A história de Sou a maior coisa que há no mar leva o leitor a refletir sobre o egocentrismo e a enxergar, de igual para igual, os outros que estão ao seu redor. A obra combina bem texto escrito e imagem, possibilitando que o leitor interaja com ela. A forma como o texto está escrito, bem como a fonte e o espaçamento são propícios às crianças que estão em fase de apropriação da escrita. As imagens constituem rica fonte de leituras, possibilitando às crianças descobrirem e explorarem a história e permitindo também a interação do leitor com a narrativa, de forma autônoma e/ou mediada. Título: Sou a maior coisa que há no mar | Autor: Kevin Sherry | Ilustrador: Kevin Sherry | Tradutora: Elvira Vigna | Editora: Rocco Pequenos Leitores | Ano de publicação: 2010
Tudo bem ser diferente A obra tem como foco narrativo a discussão sobre a temática da diversidade, em especial sobre uma visão de diferença constituída, predominantemente, por aquilo que se tem em detrimento daquilo que se é. O autor explora a temática por meio da comparação das características de crianças e animais, utilizando-se do refrão que dá nome à obra. Os valores, necessidades, anseios, consumismo, insatisfações, ambições e outras características e sentimentos dos seres humanos são apontados e levados à reflexão. O texto apresenta uma posição explícita que incita o leitor a considerar que as diferentes características de cada um são normais e devem ser assumidas sem que, com isso, a autoestima seja abalada. Apesar de a obra conduzir o leitor a reflexões importantes, a maneira como a temática da “diferença” é conduzida faz com que a obra apresente certo tom formativo. Título: Tudo bem ser diferente | Autor: Todd Parr | Ilustrador: Todd Parr | Tradutor: Marcelo Bueno | Editora: Panda Books | Ano de publicação: 2010
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Kit: Educação Infantil – 3 a 5 anos e 8 meses
A lua dentro do coco
é um poema narrativo que apresenta um macaquinho como protagonista. A história tem início de modo trágico: a mãe do macaquinho morre com um tiro dado por algum homem malvado, mas o tempo, que tudo cura, vai se encarregar de curar a dor do personagem. Ele encontra amigos na floresta, com os quais divide as experiências cotidianas: contam lorotas, dão pulos e cambalhotas. Surge, então, o desejo de pegar a lua e trazê-la para a terra e Macaquinho chama os companheiros para, juntos, planejarem a captura da lua. As ilustrações, em sua maioria, assemelham-se a sombras, dialogando com o texto verbal de maneira harmônica e criativa. Elas complementam a obra e fazem parte do jogo de sentidos e das representações, característicos de um texto literário de qualidade, primando pela estética e pelas múltiplas possibilidades de leitura. A lua dentro do coco
Título: A lua dentro do coco | Autor: Sérgio Capparelli | Ilustrador: Eloar Guazzelli Filho | Editora: Projeto | Ano de publicação: 2010
Controle Remoto
Com um texto inteligente, engraçado e irônico, a obra Controle Remoto leva o leitor a refletir sobre a relação entre pais e filhos. Analisa a relação dos pais com a criança desde o nascimento, ao imaginar a possibilidade de ela vir acompanhada de um controle remoto, como acontece com os aparelhos eletrônicos, permitindo aos pais controlá-las de acordo com sua vontade. No decorrer da história, o autor mostra que os filhos precisam muito mais do que comando para se tornarem pessoas felizes: precisam de atenção, carinho, amor. A forma como estão distribuídos o texto escrito e as ilustrações possibilita que, primeiro, as cenas sejam observadas, para depois o texto ser lido. O fato de as imagens serem apresentadas antes do texto verbal permite que a criança primeiramente "leia" o desenho, estimulando a imaginação, para, em seguida, ler o que o texto escrito diz, testando suas hipóteses. Título: Controle Remoto | Autor: Tino Freitas | Ilustradora: Mariana Massarani | Editora: Manati | Ano de publicação: 2009
De olho no olho A obra apresenta uma narrativa escrita em versos e rimas, tratando da preocupação dos animais em descobrir por onde anda o olho, conhecido no folclore brasileiro como o “olho grande” ou o “olho gordo”. Ao final, entende-se que esse olho não está nos animais, mas dentro dos homens, quando nasce a cobiça, a inveja. O livro tem um projeto gráfico-editorial adequado ao leitor infantil, pois a linguagem é simples e as ilustrações são criativas e coloridas, traduzindo para o imaginário da criança parte do que é anunciado pelos textos. Na maior parte, as ilustrações dos animais ocupam duas páginas, com o texto verbal inserido no centro de uma delas, atraindo a atenção e a imaginação dos pequenos leitores. As páginas são ilustradas com cores fortes e suaves ao mesmo tempo; em todas elas, as cores de fundo produzem harmonia e dão destaque às ilustrações, o que, no conjunto, torna o livro atraente. Título: De olho no olho | Autora: Sandra Lopes | Ilustradores: Sami e Bill | Editora: Prumo | Ano de publicação: 2010
De vários jeitos O livro narra o encontro de uma menina com um espelho. Ao ver sua imagem refletida, ela solta a imaginação e se enxerga de vários jeitos diferentes: vê sua imagem invertida, seu rosto grandão, sua boca de coração, o nariz de porcão e assim por diante. A narrativa é divertida e, ao mesmo tempo, leva o leitor a refletir sobre como ele também se percebe. As cores vivas e atraentes estimulam o contato e a curiosidade pela obra. A brincadeira com o corpo enriquece a obra e contribui para a interação com o texto, possibilitando à criança imitar os movimentos, as formas e imaginar novas possibilidades e ações para o corpo. Isso pode ser concretizado pela presença de um papel espelhado na antepenúltima página do livro, onde o leitor também poderá ver o seu reflexo. Título: De vários jeitos | Autora: Flávia Reis | Ilustrador: Alexandre Rampazo | Editora: Callis | Ano de publicação: 2010
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Kit: Educação Infantil – 3 a 5 anos e 8 meses
Diz que tem A obra Diz que tem , de autoria de Zoé Rios, é uma paródia da cantiga infantil “A barata diz que tem”. A partir da letra, o narrador desconstrói as aparências de pessoas próximas, apresentando, com bom humor, o que seria a realidade. Embora as ilustrações pouco acrescentem à significação do texto verbal, a obra aproxima-se de crianças leitoras muito pequenas, em processo de alfabetização ou iniciando a leitura. Página sim, página não, registram-se dois versos, o que se mostra apropriado a leitores muito novos. As páginas coloridas, sempre ao lado das páginas com texto verbal e imagético, trazem um colorido harmonioso, com motivos ao fundo (rádios, meias, violão, livros, flores), que se repetem e decoram o livro. Título: Diz que tem | Autora: Zoé Rios | Ilustrador: Luis Sartori do Vale | Editora: RHJ | Ano de publicação: 2011
Festa no céu A obra apresenta letras de canções e poemas de Braguinha, escritas para adaptação musicada do conto de tradição oral “Festa no céu”. Tanto as ilustrações como o texto – com seus refrões engraçados, as referências a elementos do folclore brasileiro, a seleção de animais tropicais para povoarem a festa reservada aos animais que voam – são de boa qualidade e proporcionam experiência estética, aliada ao conhecimento da própria cultura e bem-dosada para o leitor da faixa etária a que se destina o livro. A trama, muito conhecida, faz parte do repertório de histórias orais ouvidas por crianças brasileiras. Na adaptação, a festa acontecerá na noite de São João e os animais convidados fazem desfilar a fauna brasileira, do colibri à araponga. O trabalho com a linguagem é de boa qualidade, mesclando léxico coloquial com palavras de registro literário. Título: Festa no céu | Recontado por: Braguinha (João de Barro) | Ilustradora: Tatiana Paiva | Editora: Rocco Pequenos Leitores Ano de publicação: 2010
Maria que ria A obra apresenta a história da personagem Maria, que ria de tudo: “sorrir da vida, rir de si mesmo. Dos erros, dos esquecimentos, das gafes, das quedas, das obrigações, das dificuldades, das desilusões. Sorrir dos encontros, das conquistas, das brincadeiras, do novo dia, das oportunidades, do inusitado, do que está por vir”. Maria que ria trata do tema “alegria”, enfatizando a naturalidade das crianças com os acontecimentos cotidianos. A qualidade da obra propicia contato do leitor com os usos literários da língua, significando um convite à participação criativa e interativa na leitura, por meio do lúdico e da linguagem poética. Ressalta-se que a linguagem utilizada – bem como as ilustrações – é adequada ao público-alvo, permitindo a leitura autônoma por parte das crianças. Título: Maria que ria |Autora: Rosinha | Ilustradora: Rosinha | Editora: Larousse Júnior | Ano de publicação: 2011
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Kit: Educação Infantil – 3 a 5 anos e 8 meses
O homem da chuva
Trata-se de breve narrativa em prosa, que aborda o fenômeno da chuva, a partir da alegoria. Embora sintética, a história mostra-se autônoma, sugerindo uma explicação possível para o fenômeno da chuva: um homem liga e desliga torneiras localizadas nas nuvens. Não há qualquer propósito pedagogizante ou moral pois, longe de uma explicação simplificada, a alegoria sugere a humanização e o acaso: o excesso e a falta de chuva ocorrem em razão da negligência da personagem principal, que dorme demais e se descuida da tarefa de regular o tempo da chuva. A explicação para a chuva também não tem o propósito de mostrar o poder do homem sobre a natureza: o que sobressai é a fragilidade com que o próprio homem conduz o processo. A linguagem simples, direta e as frases curtas tornam o texto ágil, sobretudo por aproximar-se da linguagem oral. Título: O homem da chuva | Autor: Gianni Rodari | Ilustradora: Nicoletta Costa | Tradutor: Francisco Degani | Editora: Biruta | Ano de publicação: 2009
O pintinho da Avelãzeira: conto popular
apresenta uma narrativa instigante para a criança, que pode se identificar facilmente com as características, preocupações, angústias e aventuras da personagem central – o pintinho que se engasga e coloca sua mãe em busca de ajuda para salvá-lo. Com linguagem e projeto editorial de excelente qualidade, a obra tem tudo para agradar ao público leitor, conduzindo-o numa viagem pelas peripécias enfrentadas pela mãe do pintinho e seus incontáveis esforços para salvá-lo, o que nos remete aos contos da tradição oral. Por meio de cuidadoso projeto gráfico-editorial e estéticoliterário, a obra amplia as referências estéticas, culturais e éticas do leitor, contribuindo para a reflexão sobre a realidade, sobre si mesmo e sobre o outro, propiciando uma experiência significativa de leitura autônoma ou mediada.
O pintinho da Avelãzeira
Título: O pintinho da Avelãzeira: conto popular | Autor: Antônio Rubio | Ilustrador: Gabriel Pacheco | Tradutora: Simone Kubric Lederman | Editora: Callis | Ano de publicação: 2008
O que existe antes que exista tudo O cartunista argentino Ricardo Liniers Siri, autor de O que existe antes que exista tudo, colabora, com seus desenhos, para vários jornais prestigiosos de seu país. Nesta obra, texto e imagem assumem função complementar e harmônica. O enredo focaliza os medos infantis materializados, sobretudo no horror ao escuro. Metaforicamente, podemos associar o medo do escuro ao medo do vazio. Quando vai para a cama, a criança protagonista da história depara-se com a presença de vários seres no quarto, mas o que mais a aterroriza é a escuridão, sob a forma de uma massa compacta que preenche todos os espaços. Com sensibilidade, lirismo e delicadeza, o texto explora os pavores infantis, vistos como produtos imaginários gerados pela insegurança e pela solidão. Título: O que existe antes que exista tudo | Autor: Liniers | Ilustrador: Liniers | Tradutor: Rafael Mantovani | Editora: Girafinha | Ano de publicação: 2009
O vento veio brincar no trapézio! A obra tem potencial para despertar nas crianças o interesse pelo universo maravilhoso do circo, um cenário que instiga o imaginário infantil. O vento, protagonista da história, faz a lona do circo voar como um passarinho e leva o leitor a reconhecer o espaço circense como algo instável, que está em constante movimento. Bem caracterizada, a obra combina texto escrito e imagem, possibilitando que o leitor dela se aproprie, mesmo sem saber ler. A autora e a ilustradora brincam com as palavras e as imagens, aguçando a criatividade da criança e favorecendo a percepção estética na literatura. As ilustrações, bastante coloridas, estimulam a atenção visual e desenvolvem a capacidade de percepção e sensibilização, permitindo ao leitor fazer inferências sobre o texto e se configurando como um suporte para a leitura e uma fonte enriquecedora da obra. Título: O vento veio brincar no trapézio! | Autora: Elaine Frere | Ilustradora: Ellen Pestili | Editora: Trilha das letras | Ano de publicação: 2009
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Pomba Colomba De maneira divertida e brincalhona, Pomba Colomba, de Sylvia Orthof, narra as peripécias de uma pomba que se vê em apuros para entregar uma carta “falante e inteligente” – postada na soleira de sua porta – e cujo destinatário é um enigmático “Meu amor”. O texto lança mão de uma série de recursos gráficos, potencializando, de forma lúdica, o jogo significado-significante das palavras. O próprio nome da protagonista – Colomba – remete ao sentido da palavra pomba em latim. Dessa forma, enredo e ilustração conjugam-se harmonicamente, proporcionando ao leitor uma experiência estimulante e prazerosa de leitura. O suspense em torno da identidade do destinatário da carta é outro componente capaz de gerar interesse, transformando-se em estratégia bem-sucedida para prender a atenção do leitor. Título: Pomba Colomba | Autora: Sylvia Orthof | Ilustradora: Sônia Maria de Souza | Editora: Ática | Ano de publicação: 2008
Qual bicho é mais fofo? Qual bicho é mais fofo? é um livro de imagens que retrata o universo imaginativo de um garoto e uma garota a partir do momento em que ficam sem televisão. Com uma chama de vela, eles criam situações e passeiam por bosques, divertindo-se com vários bichos e escolhendo, ao final, animais mais conhecidos do público-alvo da obra: um gato e um cachorro. O livro apresenta uma sucessão de cenas nas quais o leitor de pouca idade pode identificar relações de tempo e espaço próximas às suas vivências cotidianas. O universo de referência da obra pode ser facilmente identificado por crianças menores, incluindo aquelas que ainda não leem, mas que são capazes de estabelecer, pelas imagens, um fio de narratividade que a montagem do livro sustenta. A solução comunicacional e os sentidos que deflagra são atraentes ao público e a obra revela a força criativa da imagem. Título: Qual bicho é mais fofo? | Autora: Anna Göbel | Ilustradora: Anna Göbel | Editora: Compor | Ano de publicação: 2008
Qual é? O livro Qual é? apresenta uma pequena história em versos rimados e com ilustrações grandes e expressivas. A narrativa é contada em primeira pessoa e, durante toda a história, a personagem principal pergunta para seus avós e sua prima qual seria seu bicho de estimação. À medida que pergunta, são apresentados vários animais (passarinho, tubarão, perereca, tatu, tamanduá, dentre outros) e o menino vai negando que algum deles seja seu bicho de estimação. Ao final, o leitor é surpreendido pela revelação de que o menino tem um “bicho de pé”. O tema está de acordo com a faixa etária dos leitores, que geralmente gostam de animais e têm ou querem ter um. Os animais apresentados, em sua grande maioria, são conhecidos do leitor; já os menos conhecidos podem ser usados como motivação para ampliar o universo vocabular da criança e o seu conhecimento do mundo animal. Título: Qual é? | Autora: Mônica Versiani Machado | Ilustradora: Mariângela Haddad | Editora: Edições Dubolsinho | Ano de publicação: 2009
Quem soltou o Pum? Quem soltou o pum? é uma história bem-humorada que narra as diversas travessuras de um cachorro chamado Pum. A partir de um jogo de palavras e o duplo sentido das frases, a autora torna a história divertida e irreverente, o que, certamente, agradará às crianças. Com linguagem e temática adequadas ao público infantil, a obra propicia uma experiência significativa de leitura autônoma ou mediada, oferecendo um grau de abertura que convida à participação criativa do leitor e à interação lúdica. As ilustrações compõem um conjunto harmônico e adequado, apresentando um estilo extremamente bem-trabalhado e criativo; também são expressivas e oferecem uma caracterização das personagens que dialoga com os aspectos apontados no texto. Certamente, a atenção conferida a pequenos detalhes poderá ampliar as possibilidades significativas do texto. Título: Quem soltou o Pum? | Autora: Blandina Franco | Ilustrador: José Carlos Lollo | Editora: Companhia das Letrinhas | Ano de publicação: 2010
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Kit: Educação Infantil – 3 a 5 anos e 8 meses
Rã
A obra Rã conta duas histórias paralelamente, página a página: o texto conta uma história e as ilustrações, outra. Na primeira, a mãe sai com o filho para um passeio no shopping; na segunda, uma rã é capturada e posta à venda num pet shop. Ali, texto e imagem encontram-se pela primeira vez, quando a criança pede à mãe para lhe comprar uma rã. Com a negativa da mãe, o menino fica triste e pede “por favor”, mas a rã foge da loja. Texto e imagem encontram-se pela segunda vez, entre os saltos do animal e o insistente “por favor” da criança. O texto leva mãe e filho para casa: banho, tarefa, dever de casa, quarto... hora de dormir. Enquanto isso, a rã enfrenta suas agruras. O terceiro encontro entre as histórias revela uma grata surpresa para o garoto. Com projeto gráfico bem-cuidado, explorando tons de verde como forma de comunicar sentidos, a obra instiga a imaginação e diverte o leitor. Título: Rã | Autora: María Paula Bolaños | Ilustradora: María Paula Bolaños | Tradutor: Leo Cunha | Editora: Record | Ano de publicação: 2007
Rosita Maria Antonia Martins da Silva
A autora e ilustradora Ana Terra desenvolveu um trabalho criativo e lúdico com o nome e o sobrenome de uma personagem fictícia chamada Rosita Maria Antonia Martins da Silva, que dá título ao livro. Em princípio, a personagem demonstra não gostar do próprio nome, por ele ser tão grande. Porém, analisando-o cuidadosamente, leva os leitores a observarem que cada um dos seus sobrenomes tem uma razão de existir. A autora explora as características e as histórias de vários deles, despertando a curiosidade dos leitores e seus conhecimentos prévios. As belas ilustrações dialogam com o próprio desenho infantil, ainda em processo de construção, e com a imaginação da criança. De maneira sensível e bem-humorada, Ana Terra desperta o leitor para as várias possibilidades que um nome carrega, instigando cada um a gostar do próprio nome.
Título: Rosita Maria Antonia Martins da Silva | Autora: Ana Terra | Ilustradora: Ana Terra | Editora: Larousse Júnior | Ano de publicação: 2009
Traquinagens e estripulias é um livro de divertidas histórias em quadrinhos, nas quais três garotos são protagonistas. O livro apresenta cinco histórias: em “Volto já”, um menino vai patinar e atropela as pessoas; em “Olha só quem apareceu”, os amigos tentam pegar um coelho muito esperto; em “Hoje tem teatro”, os meninos encenam uma peça; em “Oi, vamos brincar?”, os garotos simulam um teatro de sombras; em “Fazemos qualquer pintura”, um garoto pinta uma parede e os amigos resolvem ajudar. Nessa narrativa visual, a qualidade das imagens, a riqueza dos detalhes, a forma cuidadosa e coerente de tratar cada quadrinho proporcionam ao leitor uma experiência única, na qual o prazer de ler, de estabelecer relações entre cada ilustração, construindo cada uma das histórias, despertam a imaginação, convidam à participação e estimulam a produção de inferências, por parte do leitor. Traquinagens e Estripulias
Título: Traquinagens e estripulias | Autora: Eva Furnari | Ilustradora: Eva Furnari | Editora: Global | Ano de publicação: 2002
Um grande sonho A obra Um grande sonho narra a história de um crocodilo que deseja ser grande – em todos os sentidos. Ele aspira transcender no tempo e no espaço, para além da sua própria existência no mundo. A sua figura é a metáfora da espécie humana e dos seus indivíduos, na ânsia de crescerem e deixarem a marca da sua passagem pela vida. Como o crocodilo, têm a convicção de estarem destinados a algo importante, mesmo sem saber o quê nem como consegui-lo. Nesse percurso, devoram tudo ao seu redor. O trabalho de Felipe Ugalde é criativo e equilibrado, pela complementaridade entre texto e imagem, pelo valor metafórico das ilustrações e pelo tratamento do conceito de tempo. Um livro que não tem idade, porque permite distintas leituras quer os leitores sejam crianças ou adultos. Título: Um grande sonho | Autor: Felipe Ugalde | Tradutora: Ana M. Noronha | Ilustrador: Felipe Ugalde | Editora: Kalandraka | Ano de publicação: 2010
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Kit: 1 º ciclo
A casa das dez furunfunfelhas
A obra é uma prosa rimada, na qual a história é entrelaçada com outros gêneros textuais, como trava-línguas e adivinhas. A intertextualidade recebe um tratamento de linguagem que corresponde aos jogos e brincadeiras verbais que as crianças pequenas apreciam exercitar. As imagens, além de muito criativas, possuem um humor adequado à intenção expressiva da obra, dialogando com o texto e ampliando suas possibilidades significativas. Trata-se da história de dez moças, as Furunfunfelhas, que moram em uma casa cheia de fitas e reúnem-se numa grande roda para um desafio de trava-línguas criativos e bem-humorados. A cada recital de trava-línguas, as irmãs adormecem uma a uma. A história prossegue propondo o envolvimento do leitor em um instigante desafio: acertar as adivinhas para que as Furunfunfelhas despertem. Título: A casa das dez Furunfunfelhas | Autora: Lenice Gomes | Ilustrador: Romont Willy | Editora: Mundo Mirim | Ano de publicação: 2010
A grande fábrica de palavras
A narrativa apresenta um país imaginário onde as palavras devem ser engolidas para serem pronunciadas. Como as palavras devem ser compradas, nem todos podem expressar verbalmente tudo o que desejam. O enredo é simples e consistente, capaz de envolver o leitor em uma narrativa que, além de tratar da temática da criatividade proporcionada pela língua, também retrata as diferenças entre membros de estratos sociais distintos. Na história, um garoto rico consegue comprar e pronunciar diversas palavras para uma garota, mas com apenas três palavrinhas encontradas no ar, um menino pobre consegue expressar todo o seu sentimento e conquistar a atenção da menina. O conto mostra que não é necessariamente a quantidade ou o uso de palavras rebuscadas que garante a comunicabilidade, mas a expressividade com que se utiliza o vocabulário. Título: A grande fábrica de palavras | Autora: Agnès de Lestrade | Ilustradora: Valéria Docampoa | Tradutores: Carlos Aurélio e Isabelle Gamin | Editora: Aletria | Ano de publicação: 2010
A menina da varanda A menina da varanda é uma história delicada, com vários ângulos e poucas certezas. Uma metáfora sensível sobre o tempo que passa, o tempo que falta e o tempo que nos resta. Com linguagem extremamente lírica, o autor expõe a solidão da velhice e como alguns idosos são esquecidos pelos filhos. Para despistar a solidão, Cecília, uma velha pianista, passa o tempo contando histórias para uma estátua de anjo que compõe a decoração do apartamento em frente ao seu. Até que um dia, mudam-se para ali novos vizinhos e, desta vez, uma garotinha de verdade faz amizade com a pianista, trazendo motivação para sua vida. A edição valoriza o equilíbrio entre o texto e as ilustrações, compondo um conjunto agradável e adequado à intenção expressiva da obra. As ilustrações são repletas de significados e ampliam as possibilidades de interpretação de cada parte do conto. Título: A menina da varanda | Autor: Leo Cunha | Ilustrador: Nelson Cruz | Editora: Record | Ano de publicação: 2005
A mulher que falava pára-choquês Esta obra de Marcelo Duarte apresenta uma narrativa caracterizada por linguagem simples e um projeto gráfico bem-sucedido, além do humor e da ironia que se apresentam na personagem Dirce. O leitor é levado a dar muitas risadas com os diálogos da protagonista, que utiliza, nas vivências banais e nas situações do cotidiano, a sabedoria contida nas engraçadas frases colhidas nos para-choques de caminhão. As falas de Dirce que se referem às anotações das frases aparecem escritas em balões de fala, em formato de para-choques de caminhão, enfatizando a função complementar assumida, no livro, entre imagem e texto. Dessa forma, as ilustrações ampliam as possibilidades significativas do texto, enriquecendo e ampliando a leitura. Título: A mulher que falava para-choquês | Autor: Marcelo Duarte | Ilustrador: Fábio Sgroi | Editora: Panda Books | Ano de publicação: 2008
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Kit: 1 º ciclo
A pena
conta a história de amizade entre dois animais muito diferentes: uma toupeira e uma galinha, que formam “um par como pão e manteiga, como cravo e canela, como goiabada e queijo”. Até que, um dia, a galinha decide ir embora à procura de lugares diferentes, onde pudesse saborear outros grãos de trigo, deixando para trás uma de suas penas como lembrança para a sua amiga. Em princípio, a toupeira fica zangada porque a galinha havia partido, mas com o passar do tempo, teve a esperança de que um dia ela voltasse para casa. De uma forma delicada e criativa, a autora discute o relacionamento da toupeira e da galinha e mostra que vale a “pena” esperarmos pela volta daqueles que amamos. A ilustração revela grande expressividade, na exploração da forma e da cor, deixando prevalecer as funções estética e lúdica, fundamentais para os leitores iniciantes.
A pena
Título: A pena | Autora: Katja Reider | Tradutora: Yara Arnaud Heidemann | Ilustradora: Gabriele Hafermaas | Editora: Brinque-Book | Ano de publicação: 2002
A princesa e a ervilha
Adaptação do conto de Hans Christian Andersen, A princesa e a ervilha aclimata a clássica história europeia ao contexto africano. As ilustrações são vibrantes e expressivas, com forte citação das culturas africanas, fato ressaltado graças ao aproveitamento das cores presentes no vestuário, na fauna e na flora, bem como na indicação de certos usos e costumes expressos no desenho dos cabelos e das joias, por exemplo. Dessa forma, a representação imagética e o texto verbal se complementam e se harmonizam em um todo coerente. Mesmo ambientada no Continente africano, a adaptação permanece fiel aos elementos estruturais do texto de Andersen, já que o foco do enredo organiza-se em torno do príncipe e de sua busca pela amada. As demais personagens – as outras pretensas princesas, o rei e a rainha, a princesa viajante – mantêm a organização narrativa da história original. Título: A princesa e a ervilha | Autora: Rachel Isadora | Ilustradora: Rachel Isadora | Tradutora: Thaisa Burani | Editora: Farol | Ano de publicação: 2010
A princesa que não tinha reino é apresentada em uma edição primorosa, com projeto editorial rico e bem-sucedido no que se refere à intenção estética-literária e à consequente valorização do leitor. Há uma conjugação texto-imagem extremamente agradável ao olhar da criança, além de qualidade textual, no exercício de reescrita de uma história clássica da literatura universal. Nessa invenção criativa, a princesa surge em uma história atualizada, bastante adequada ao público infantil, num texto que explora com competência os recursos expressivos da enunciação literária. A edição mantém a qualidade literária de textos clássicos e propicia significativa experiência de leitura, mobilizando adequadamente a criança e ampliando suas referências estéticas, culturais e éticas, em uma contribuição inteligente e sagaz para a reflexão sobre a realidade, sobre si mesmo e o outro. A princesa que não tinha reino
Título: A princesa que não tinha reino | Autora: Ursula Jones | Ilustradora: Sarah Gibb | Tradutora: Lia Wyler | Editora: Caramelho | Ano de publicação: 2009
Batu 1 Batu 1 , do argentino Tute (Juan Matías Loiseau), é um volume de história em quadrinhos com texto inteligente e perspicaz, que convida o leitor a refletir sobre assuntos e situações da realidade. O personagem que dá nome à obra é um garoto cheio de imaginação, que tece comentários inspirados e divertidos sobre a vida e sobre as situações que vivencia, acompanhado de seu cãozinho Tútum e seu amigo nerd, Boris. O trabalho do autor com a linguagem verbal e com a ilustração promove um diálogo profícuo, de maneira que a ilustração enriquece o verbal, reforçando-o no seu aspecto ficcional. Tute publica a tira “Batu” no Jornal La Nación, além de outros cartuns em diversos jornais de sete outros países latino-americanos, Estados Unidos e França. Além dos livros de cartum, o autor também escreve tangos, poesia e realizou dois curtasmetragens premiados. Título: Batu 1 | Autor: Tute (Juan Matías Loiseau) | Ilustrador: Tute (Juan Matías Loiseau) | Tradutor: Claudio Roberto Martini | Editora: Zarabatana | Ano de publicação: 2010
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Kit: 1 º ciclo
Bichos Bichos aposta na releitura de tema recorrente nos livros para crianças: a curiosidade pelos animais. A diferença, aqui, está nos animais apresentados: várias espécies de insetos e outros pequenos animais do campo. Confirmando a tradição, os bichos são apresentados por meio de textos poéticos que imitam, no ritmo e nas imagens, o olhar ingênuo e, ao mesmo tempo, sagaz da criança, ao observá-los. Os poemas são acompanhados de delicadas ilustrações de Angela-Lago, em um projeto gráfico primoroso. As ilustrações ora parecem ampliações de insetos, como no caso do besouro; ora buscam dialogar com o sentido do poema, como nas imagens das borboletas, que traduzem a paisagem evocada no texto verbal, com sutileza. Porém, qualquer que seja a função junto ao texto verbal, elas constituem um texto visual que pode ser lido independentemente do escrito, tão belas e expressivas que são. Título: Bichos | Autor: Ronaldo Simões Coelho | Ilustradora: Angela-Lago | Editora: Aletria | Ano de publicação: 2009
Fonchito e a lua Fonchito e a Lua,
primeira obra infantil publicada pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa, conta a história do menino que morria de vontade de dar um beijinho no rosto de Nereida, a garota mais bonita da escola. Como a condição imposta pela menina é lhe trazer a lua, Fonchito encontra uma maneira de conseguir o que deseja. A obra tematiza as emoções provocadas pelos primeiros impulsos amorosos na infância, evidenciando grande sensibilidade. Além disso, explicita alguns elementos próprios para ampliar as referências socioculturais dos leitores, como as alusões a Lima, capital do Peru e ambiente onde se desenvolve a história, assim como aos hábitos dos pais de Nereida, que remetem a aspectos da vida contemporânea. O texto verbal se articula muito adequadamente com o visual, conduzindo à concretização de um projeto editorial bemsucedido, criativo e adequado ao público-alvo.
Título: Fonchito e a Lua | Autor: Mario Vargas Llosa | Ilustradora: Marta Chicote Juiz | Tradutores: Paulina Wacht e Ari Roitman | Editora: Objetiva | Ano de publicação: 2011
João esperto leva o presente certo A obra dialoga com a tradição dos contos de fadas, dos quais muitos elementos estão presentes na história do garotinho pobre, convidado para o aniversário da princesa e que não tem um presente digno da aniversariante. Imprecisão temporal, reis, rainhas, princesas, um enorme e distante castelo, criaturas temíveis (ogros e monstros), uma floresta proibida, um longo caminho a ser atravessado, perigos iminentes ao longo da aventura são alguns dos recursos usados pelo autor (e pelo ilustrador) para abordar temas como coragem, persistência, bondade, amizade e inocência. A estruturação da narrativa, semelhante à dos contos de fadas (protagonista que precisa superar uma série de obstáculos para chegar ao seu destino), permite que o leitor identifique a história e a vincule a uma tradição literária, compreendendo o diálogo entre as histórias que compõem o universo da literatura. Título: João esperto leva o presente certo | Autora: Candace Fleming | Ilustrador: G. Brian Karas | Tradutor: Peter O’Sagae | Editora: Farol Literário | Ano de publicação: 2010
Margarida Margarida, obra escrita e ilustrada por André Neves, conta a história de uma jovem vaca
sonhadora, infeliz com a vida que levava. Ela se recusava a aceitar o destino que lhe era imposto: casar com um marido arranjado (único touro da fazenda), ter muitos filhos e, com o passar dos anos, ser levada para um asilo ou para trabalhar numa grande fábrica de bolsas e calçados: “para as outras vacas não existia nada mais importante, além daqueles pastos. Mas para Margarida havia um mundo, e nele, com certeza, alguém diferente e especial”. Ela começou a pensar numa forma de escapar desse destino até que, um dia, vendo-se próxima ao rio que atravessava a fazenda, deparou-se com um “peixe-boi”; e foi amor à primeira vista. A convite do amado, ela pulou no rio e foi-se embora com ele: “hoje eles nadam o mundo pelos sete mares. Alfredo, o elegante peixeboi, e Margarida, sua mimosa vaca-sereia”.
Título: Margarida | Autor: André Neves | Ilustrador: André Neves | Tradutor: Claudio Roberto Martini | Editora: Abacatte | Ano de publicação: 2010
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Kit: 1 º ciclo
Mas por quê??! A história de Elvis Mas por quê??! conta a história de uma menina que grita aos quatro cantos sua história
de perda e de revolta, com uma delicadeza emocionante. Livro no qual predominam as imagens, estas dialogam entre si e com o texto verbal, formando uma sequência e compondo uma narrativa sensível e, ao mesmo tempo, bem-humorada. Um parque de Hamburgo é o cenário onde se desenvolve a história, mas também é personagem, com seus muitos seres vivos. O texto comove pelo traço e pelas construções visuais de Peter Schössow, chegando a atingir o poético, a partir da beleza plástica da imagem. É imediato o impacto no leitor, que mergulha no delicado universo que se mostra aos seus olhos e na temática sempre difícil da morte e da saudade, vivenciadas e sentidas de maneira intensa por uma garotinha.
Título do livro: Mas por quê??! A história de Elvis | Autor: Peter Schössow | Ilustrador: Peter Schössow | Tradutora: Irene Fehrmann | Editora: Cosac Naify | Ano de publicação: 2008
O barulho do tempo
As indagações e reflexões filosóficas acerca do tempo sempre foram uma constante para o ser humano. Neste livro, um menino narra sua percepção sobre o assunto: enquanto segura um relógio, para marcar os cinco minutos em que deve manter o termômetro embaixo do braço, ele formula questões e respostas sobre a passagem do tempo. As ilustrações sem formas retilíneas ou lineares dão a sensação de se movimentarem ou escorrerem durante a leitura. Num dos momentos em que Fabiano está intrigado, a imagem parece se esvair – no tempo ou no espaço – indo para outro lugar, além da página do livro, lugar que poderia ser o pensamento ou o sonho. A colcha que cobre o menino se alarga e voam passarinhos de aquarela e lápis de cor. Abordando um tema não convencional, por meio de linguagem adequada à criança, a obra deleita não só o leitor infantil como o público adulto. Título: O barulho do tempo | Autora: Vivina de Assis Viana | Ilustradora: Miss Móes | Editora: Scipione | Ano de publicação: 2010
O casaco de Pupa A obra aborda os medos e dilemas existenciais flagrantes no universo infantil (medo da solidão, da rejeição, do futuro, da mudança), por meio de uma metáfora. O medo seria um casaco que a protagonista veste todos os dias, representando proteção, mas também um peso para sua vida: à medida que o tempo passa, o casaco cresce com ela, torna-se mais pesado e a imobiliza. A obra compõe-se de frases que são os medos enfrentados por Pupa, apostando na tensão entre sentimentos que parecem, em princípio, opostos ou paradoxais; vai além e afirma a complexidade do humano, justamente por fazer visível a oscilação entre temores que, em leitura linear, seriam excludentes. As sofisticadas ilustrações, verdadeiros poemas visuais, dialogam com o texto verbal, enriquecendo suas possibilidades de leitura e compreensão e complexificando os sentidos sobre algo tão pouco “palpável” como o medo. Título: O casaco de Pupa | Autora: Elena Ferrándiz | Ilustradora: Elena Ferrándiz | Tradutora: Maria Krusero | Editora: Frase & Efeito | Ano de publicação: 2011
O circo da lua O circo é um ambiente de magia, que instiga a imaginação e desperta o interesse de grande parte das crianças. Além disso, a história parte de uma situação frequente: histórias contadas de avós para netos. A obra combina texto escrito e imagem propícios ao universo das crianças, possibilitando que o leitor se aproprie dela, independentemente de ter domínio da escrita, e ingresse no mundo da imaginação. Para isso, as imagens constituem fonte rica, possibilitando às crianças descobrir e explorar a história. A autora/ilustradora brinca com as imagens, ao possibilitar que algumas se transformem em outras, aguçando o imaginário das crianças e favorecendo a percepção da literatura como algo que pode sempre ser transformado. Título: O circo da lua | Autora: Eva Furnari | Ilustradora: Eva Furnari | Editora: Ática | Ano de publicação: 2010
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Kit: 1 º ciclo
O comedor de livros
A obra narra, em terceira pessoa, a fantástica história do Senhor B., um compulsivo comedor de livros que devora todos ao seu alcance, não se importando com autores ou temáticas. Isso vira um problema quando ele vê suas camisas manchadas de letras. No momento em que o Senhor B. pendura sua camisa no varal, “as letras voam desordenadas, inundando o ar, e caem lentamente, perdendo-se nos bosques e nas cidades. Muitas delas, as que conhecem seu ofício, preferem cair entre os edifícios mais antigos. Como a velha livraria do bairro antigo” (p. 18-23). A obra apresenta um final aberto, próprio dos textos literários contemporâneos, que provocam o leitor e reservam espaços para que ele construa seus próprios sentidos, tratando de forma criativa e metalinguística a questão dos livros e da leitura, com suas várias possibilidades interpretativas. Título: O comedor de livros | Autor: Agustín Comotto | Ilustrador: Agustín Comotto | Tradudora: Cristina Antunes | Editora: Autêntica | Ano de publicação: 2010
O imperdível menino que perdia tudo
A obra conta a história de um menino que perdia tudo: perdia objetos como tesouras e borrachas e perdia também a hora, o ônibus da escola, o apetite, o sono, as piadas do pai e da mãe, a chave de casa, o gol na partida de futebol com os amigos. Por conta de tantas perdas, acaba ganhando apelidos do irmão mais velho, como “Elo Perdido”, “Lost”, “Achados e Perdidos”; mas ele não era um caso perdido, porque uma coisa ele nunca perdia: tempo para os amigos. Com um texto inteligente e divertido, Marcelo Pires faz o leitor pensar sobre comportamentos, medos, padrões. Com belas e criativas ilustrações de Nik Neves, O imperdível menino que perdia tudo é indicado para leitores iniciantes, já que a fonte, o espaçamento e a distribuição do texto favorecem a leitura, e os textos verbal e visual complementam e enriquecem um ao outro, permitindo a interação lúdica da criança na leitura. Título: O imperdível menino que perdia tudo | Autor: Marcelo Pires | Ilustrador: Nik Neves | Ilustrador: Nik Neves | Editora: Galerinha Record | Ano de publicação: 2011
Quatro porquinhos e um livro
A partir do conto popular “Os três porquinhos”, Jonas Ribeiro desenvolve uma narrativa divertida, que trabalha a questão dos medos e as possíveis maneiras de enfrentá-los. Aqui, um personagem é acrescido ao conto popular, o porquinho leitor, que lê o livro escrito pelos seus irmãos porquinhos, onde recontam a própria história. Segundo a releitura, os porquinhos não enfrentam apenas o medo de serem comidos pelo lobo, mas também o medo de borboletas, de ervilhas saltitantes e de escuro. No entanto, eles se armam de várias estratégias para encararem seus medos e superá-los. As escolhas gráficas revelam um trabalho editorial cuidadoso, pensando no leitor infantil, a diagramação cria novos espaços e as ilustrações diferentes sugerem significações mais amplas. Enfim, é um livro atraente que pode levar as crianças a uma leitura prazerosa e, ao mesmo tempo, construtiva. Título: Quatro porquinhos e um livro | Autor: Jonas Ribeiro | Ilustrador: Ivan Zigg | Editora: Salesiana | Ano de publicação: 2010
Sete milhões de escaravelhos
Sete milhões de escaravelhos, do escritor e desenhista argentino Comotto, é um livro voltado para a criança que começa a ler sozinha. As letras são enormes, as frases são curtas, o vocabulário é bastante simples e, para completar, as ilustrações em nanquim são muito expressivas e criativas. Tudo isso, além de uma excelente harmonia entre ilustração e texto, torna o projeto gráfico bem-sucedido, favorecendo plenamente a leitura por parte do público-alvo e sua interação criativa com a obra. A narrativa conta a história de uma família de sete milhões de escaravelhos que resolveu fazer uma longa viagem para ir ao aniversário de um primo que morava em outro país. Durante esta divertida aventura, o leitor terá a oportunidade de apreender a noção de determinação e união desta família. Título: Sete milhões de escaravelhos | Autor: Comotto | Ilustrador: Comotto | Tradutora: Andreia Moroni | Editora: Lemos Editorial | Ano de publicação: 2010
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Kit: 1 º ciclo
Uma princesa assim pequeninha, mas...
A narrativa de Uma princesa assim pequeninha, mas. . . apresenta a história de uma princesa muito pequena, que sai pelo mundo provando sua força e inteligência. As ilustrações complementam o texto, ambientando o leitor no universo da fantasia e da Idade Medieval, o que certamente cativará o leitor infantil, acostumado aos contos de fadas. De modo geral, a obra retoma o mote desse gênero textual, ao colocar uma princesa de tamanho anormal, muito pequena, como protagonista em busca de sua identidade, característica que remete a outros contos de fadas da tradição ocidental. As aventuras das quais participa permitem que a pequena princesa teste suas habilidades e virtudes, sempre buscando ajudar aos outros. A obra abre-se à criatividade e à interatividade com o público em foco, pela temática e pelo tratamento dado aos textos verbal e imagético. Título: Uma princesa assim pequeninha, mas... | Autora: Beatrice Masini | Ilustradora: Octavia Monaco | Tradutora: Alice Mesquita | Editora: DeLeitura | Ano de publicação: 2010
Kit: 2º ciclo
A casa mágica dos versos
A obra propicia a ampliação e o amadurecimento do olhar do leitor para seu entorno e a percepção do outro, despertando para as coisas simples da vida. Aguça os sentidos e sensibiliza-os a perceber a natureza, o vizinho, os animais e as pessoas, de maneira mais amorosa e compreensiva. O texto explora recursos expressivos de natureza poética, favorecendo a diversidade e as possibilidades simbólicas de representações do universo infantil. Ao tempo, são atribuídos valores e interesses diversos, além de caráter estético: ter tempo para apreciar o belo, perceber o outro, a si próprio e o mundo em volta, apurando o olhar para os detalhes, a simplicidade, o entorno social. Atitudes dificultadas na fase adulta, quando, pela necessidade de sobrevivência, deixamos de viver e perceber o belo a nossa volta. Daí a necessidade de se desenvolver a sensibilidade, a percepção estética desde a infância. Título: A casa mágica dos versos | Autor: José Jorge Letria | Ilustrador: Lelis | Editora: Paulinas | Ano de publicação: 2010
A menina transparente Narrada em primeira pessoa, a obra A menina transparente propõe ao leitor descobrir quem é a personagem que se esconde nos versos, como numa divertida brincadeira de adivinhação. Com bastante lirismo, criatividade e uma linguagem melódica, a autora Elisa Lucinda descreve o que é a poesia, aqui chamada por ela de “menina invisível”, tecendo imagens e situações que poderiam caracterizá-la. Usando técnicas de pintura e colagem, a ilustradora Graça Lima compõe ilustrações coloridas, criativas, suaves e sugestivas, que conferem ao livro, simultaneamente, movimento e leveza e dialogam criativamente com o texto verbal. A leitura da obra propicia ao leitor uma experiência significativa pela riqueza de sua produção poética e imagética, permitindo também um contato expressivo, lúdico e sensível com a linguagem. Título: A menina transparente | Autora: Elisa Lucinda | Ilustradora: Graça Lima | Editora: Galerinha Record | Ano de publicação: 2010
A professora encantadora A professora encantadora,
de Márcio Vassallo, apresenta a personagem Maísa, professora que influenciou o narrador a tornar-se escritor. A subjetividade, por meio de prosa poética, percorre toda a obra, dialogando intensamente com ilustrações cativantes, especialmente para o leitor iniciante. O projeto gráfico, as capas e miolo têm nas ilustrações um aspecto extremamente relevante. A descrição da professora, por meio dos traços da imagem, bem como do ambiente e de outras personagens, agregam ricos e diversificados sentidos ao texto verbal. As expressões faciais, que podem ser observadas em vários momentos, enriquecem as personagens, aproximando o texto da imaginação do leitor infantil. Repleta de coloquialismo, a linguagem também se aproxima do leitor iniciante. Título: A professora encantadora | Autor: Márcio Vassallo | Ilustradora: Ana Terra | Editora: Abacatte | Ano de publicação: 2010
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Kit: 2º ciclo
As brincadeiras do Pequeno Nicolau
A obra narra divertidas histórias que agradam a crianças e adultos, pois todos podem se identificar com várias situações presentes nas aventuras e travessuras de Nicolau, personagem clássico da dupla francesa Goscinny e Sempé. Rebeldia, humanidade, ternura, ingenuidade, espírito aventureiro são alguns dos elementos que revelam uma imagem da infância em que os mais novos se reconhecerão e os mais velhos revisitarão, certamente com saudade. As deliciosas ilustrações em preto e branco interagem com o texto verbal e ampliam suas possibilidades significativas, pela criatividade e autonomia. Os textos verbais apresentam, via de regra, dois níveis de leitura: num, aparece a fala e a visão ingênuas do protagonista-narrador; noutro, lemos a ironia e as intenções ocultas dos adultos, não perceptíveis pela criança mas que aparecem sutilmente nas entrelinhas, para um leitor mais maduro. Título: As brincadeiras do pequeno Nicolau | Autor: René Goscinny | Ilustrador: Jean-Jacques Sempé | Tradução: Pedro Karp Vasquez | Editora: Rocco Jovens Leitores | Ano de publicação: 2010
As cores no mundo de Lúcia
A obra de Jorge Fernando dos Santos narra o aprendizado de Lúcia, uma menina negra e cega, que descobre o mundo das coisas e dos seres por meio da percepção das cores. A narração prioriza a associação sinestésica, feita pela protagonista, entre as coisas e as cores. Assim é que, nas cores como o verde, o azul, o branco, o amarelo, o vermelho e o negro, bem como de sua associação com objetos presentes no seu cotidiano, a menina passa a interagir com um mundo que, de outra maneira, lhe seria interdito. Escrito em linguagem bastante lírica, o texto constitui uma forma delicada de valorizar as subjetividades individuais e de afirmar a superação de obstáculos e dificuldades. Título do livro: As cores do mundo de Lúcia | Autor: Jorge Fernando dos Santos | Ilustradora: Denise Nascimento | Editora: Paulus | Ano de publicação: 2010
Avô, conta outra vez A obra Avô, conta outra vez compõe-se de uma série de breves poemas, nos quais a voz poética apresenta-se sob a forma de um avô que se dirige ao neto. Nesta pretensa conversa, o avô expõe sua faceta de contador de histórias e invoca diversos objetos e situações próprias do universo infantil, tais como: carrinhos, barcos, animais de estimação, o surgimento do primeiro dente, a primeira palavra pronunciada. Histórias de fadas, lobisomens e duendes também fazem parte do mundo de cumplicidade, afeto e lirismo que se estabelece entre o velho contador de histórias e a criança. A rede de palavras, que vai se tecendo na fala do velho, exprime metaforicamente os laços que possibilitam a proximidade de gerações possuidoras do gosto comum de contar e ouvir histórias. Título: Avô, conta outra vez | Autor: José Jorge Letria | Ilustrador: André Letria | Editora: Peirópolis | Ano de publicação: 2010
Banzo e Benito A obra é composta por uma coletânea de 59 tirinhas, sobre os mais variados temas e situações vividas pelos personagens do título: o jacaré Benito e o tigre Banzo. São textos curtos, com características gráficas que permitem aos leitores o reconhecimento das especificidades do gênero textual em questão: as onomatopeias, os tipos de balões, o humor, as características dos personagens. Apesar da estrutura breve de cada tira, elas demandam atenção, já que a linguagem de muitas delas é ambígua e exige que o leitor aceite a provocação feita pelo texto. Os textos são coerentes com o gênero em questão, revelando que o autor possui domínio da linguagem de HQ: suas tiras não são meras “histórias quadrinizadas”, mas apresentam situações que só ganham sentido na linguagem visual conjugada à linguagem verbal, usada de forma econômica e eficiente. Título: Banzo e Benito | Autor: MZK | Editora: Zarabatana | Ano de publicação: 2010
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Kit: 2º ciclo
Carol A obra é uma coletânea de histórias em quadrinhos que apresentam as aventuras inéditas da personagem Carol, uma menina irreverente, criativa, de personalidade forte e, ao mesmo tempo, encantadora. Capaz de cativar leitores de todas as idades, a história é desenvolvida por quadrinhos em cores vivas, ilustrados com os traços simples e limpos, comuns nos desenhos do escritor e ilustrador Laerte. Os personagens são carismáticos e os quadrinhos dão boa dinamização à história, dispostos página a página, em tamanhos e quantidades variadas. A aventura narrada sustenta-se como diversão, seja pela linguagem bem-humorada dos diálogos, seja pela visualidade dinâmica e bem-cuidada, alternando criativamente maiores e menores quantidades de texto nos balões, quadros panorâmicos e planos mais próximos. Título: Carol | Autor: Laerte | Ilustrador: Laerte | Editora: Noovha América | Ano de publicação: 2010
Cartão-postal Ao longo de suas 46 páginas, a obra Cartão-postal procura resgatar o valor das canetas, das cartas e dos bilhetes, além de colocar em evidência os sentimentos que esses objetos guardam consigo, no contexto atual de variados avanços tecnológicos. Essa pretensão, porém, não deixa a obra com característica mais didática que literária, mesmo porque o autor explora diversos recursos estilísticos e ficcionais, inclusive a intertextualidade e a metalinguagem. A obra de Luiz Raul Machado também pode contribuir para ampliar as referências estéticas, culturais e éticas do leitor, ao citar obras clássicas do repertório literário ocidental tais como Pinóquio, de Carlo Collodi, e poemas de autores brasileiros, como Eudoro Augusto. Título: Cartão-postal | Autor: Luiz Raul Machado | Ilustrador: André Neves | Editora: Difusão Cultural do Livro | Ano de publicação: 2010
Gente, bicho, planta: o mundo me encanta A obra é composta de três contos que tematizam o equilíbrio ecológico entre gente, bicho e planta. Possui diagramação primorosa, com ilustrações expressivas e criativas, como na página 11, em que uma paisagem bucólica é delicadamente retratada, com animais e plantas à beira da água, que os reflete, duplicando o tema tratado no livro. Como o texto enfatiza questões ambientais, os elementos narrativos organizam-se em função da necessidade de conscientização da preservação do planeta, o que constitui, em última instância, a proposta do livro. Escrito em linguagem acessível, a narração estabelece com as imagens uma interação significativa, como nas páginas 34 e 35, em que a devastação da natureza e da qualidade de vida do homem é representada por uma ilustração escura, com uma lâmpada/caveira, acompanhando as palavras “senão acaba tudo virando um lixo”. Título: Gente, bicho, planta: o mundo me encanta | Autora: Ana Maria Machado | Ilustrador: Mauricio Negro | Editora: Gaudí Editorial | Ano de publicação: 2011
Grão de milho Adaptação de um conto popular, esta obra escrita por Olalla González conta a história de uma família cujo filho era muito pequeno e, por isso, recebeu o nome de “Grão de Milho”. Mesmo sendo tão pequenino, o Grão de Milho tinha iniciativa e sabia enfrentar e resolver as situações que faziam parte do seu cotidiano. Destinada aos leitores iniciantes, a obra explora, com consistência, recursos visuais que interagem com o texto e o complementam; a narrativa apresenta uma estrutura encadeada e um ritmo marcado pela repetição. O projeto gráfico-editorial possui estrutura bastante atraente para crianças menores, pois as ilustrações imitam desenhos infantis e são bastante coloridas, encontrando acolhida também entre aqueles que ainda não sabem ler. É uma pequena história que desenvolve uma narrativa verbo-visual agradável e divertida. Título: Grão de milho | Adaptação: Olalla González | Tradutora: Ana M. Noronha | Ilustrador: Marc Taeger | Editora: Kalandraka | Ano de publicação: 2010
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Kit: 2º ciclo João Teimoso
A obra tem um projeto gráfico-editorial que expressa, com qualidade, sua intenção estético-literária. O conto explora realidade e fantasia em torno da relação de um menino com seu boneco, João Teimoso: há um diálogo constante entre os dois, da mesma forma que o autor explora o silêncio que fala. Há uma valorização equilibrada e harmoniosa do texto e das ilustrações, o que amplia significativamente a leitura. As imagens são coloridas e formam um contraste adequado com as cores do papel, que predominam em tons laranja e amarelo; as ilustrações ampliam a história de forma tão coerente que se tem a impressão de que ambos – texto e imagens – têm uma única autoria. Tratado em profundidade, o tema pode agradar também a leitores adultos, sendo adequado aos leitores infantis, que certamente serão muito estimulados a participar desse mundo literário. Título: João Teimoso | Autor: Luiz Raul Machado | Ilustradora: Graça Lima | Editora: Nova Fronteira | Ano de publicação: 2007
Meu pai é um homem-pássaro
Na esteira dos romances inspirados na fantasia e no nonsense, Meu pai é um homempássaro, de David Almond (ganhador do prêmio Hans Christian Andersen de 2010), explora este filão em uma narrativa engraçada e sensível, em que pai e filha são cúmplices e parceiros em grandes “viagens” pelo imaginário e pelo faz de conta. Com uma visão bastante peculiar sobre o conflito, desde o início a voz narrativa coloca-se do lado dos sonhadores (pai e filha), caracterizando-os de maneira delicada e amorosa. Diante do leitmotiv – asas para voar – desenvolve-se toda a narrativa, que aborda certo sentido de inadequação, de (in)tolerância com o diferente e das relações nem sempre pacíficas entre visões de mundo diversas. Título: Meu pai é um homem-pássaro | Autor: David Almond | Ilustradora: Polly Dunbar | Tradutora: Mariluce Pessoa | Editora: Martins Fontes | Ano de publicação: 2010
Nikkê
A menina Nikkê é uma personagem que vive viajando e se envolvendo com outras personagens de contos populares e, assim como os sábios das histórias fantásticas, sempre ajuda alguém a solucionar seus dilemas. No primeiro conto, Nikkê ajuda duas moças a decidirem se cortariam ou não os cabelos; a decisão pode alterar o equilíbrio da natureza, pois eles tinham o poder de controlar a forma dos dias e das noites, sendo mais longos ou mais curtos. No segundo conto, Nikkê auxilia um grão de milho a realizar o sonho de aplacar a fome do mundo; ela encontra um meio de levar alimento até os lugares onde as pessoas vivem na miséria, estimulando todos a fazerem o mesmo. A obra se destaca tanto no conteúdo como no projeto editorial: as ilustrações são bonitas e significativas e convidam o leitor a imaginar o cenário onde acontece a narrativa e a viajar com a menina pelo mundo das histórias. Título: Nikkê | Autor: Édimo de Almeida Pereira | Ilustrador: Angelo Abu | Editora: Mazza Edições | Ano de publicação: 2011
Os herdeiros do lobo
Os herdeiros do lobo é uma original recriação do clássico “Os três porquinhos”, pelo
ponto de vista do lobo. Com um tom misto de conto, fábula, narrativa histórica e realismo fantástico, a história é repleta de referências sutis – articuladas como enredo ou na construção de personagens e de cenário – e outras explícitas a vários contos de fadas, como “A Bela e a Fera”, Pinóquio e “Cinderela”. Faz referências, ainda, à formação do Brasil e ao universo das artes plásticas, abarcando temas em diversas áreas do conhecimento. Inicialmente, o narrador retoma suas origens – evocando elementos da escravidão, da colonização brasileira e da imigração italiana – para centrar a narrativa no avô materno, que será o protagonista da aventura. Em clima de suspense, o avô conta sobre o assunto preferido: sua viagem ao Brasil atrás do amigo fotógrafo que se embrenhou nas matas tropicais e desapareceu.
Título: Os herdeiros do lobo | Autor: Nelson Cruz | Ilustrador: Nelson Cruz | Editora: Comboio de corda | Ano de publicação: 2009
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Kit: 2º ciclo
Pedro
Com uma folha em branco do tamanho de sua intenção, um garoto pinta o retrato de uma borboleta. Este é o ponto de partida do enredo poético de Pedro, o menino que tinha o coração cheio de domingo, do escritor Bartolomeu Campos de Queirós, com ilustrações de Sara Ávila de Oliveira. Com o poder do voo de uma borboleta, o menino Pedro, ou Pierre, ou Pietro, ou Peter, ou Pether, ou Petrus pode transformar qualquer dia em domingo. Os nomes do protagonista vagueiam pelas páginas, aparecendo aqui e desaparecendo acolá. É neste jogo lúdico de sensações que o jovem leitor aproxima-se da história de Pedro, que poderia ter qualquer outro nome. O trabalho gráfico – poucas páginas, texto compacto, letras bem-definidas, ilustrações em preto e branco, possibilitando ao leitor colori-las – também favorece a identificação e o envolvimento mais profundo do jovem leitor com a obra. Título: Pedro | Autor: Bartolomeu Campos de Queirós | Ilustradora: Sara Ávila de Oliveira | Editora: Gaia | Ano de publicação: 2011
Pedro e lua
Quem já teve ou pretende ter um animal de estimação certamente compartilhará um pouco dos seus sentimentos com Pedro, o protagonista desta obra de Odilon Moraes. Com pitadas de poesia e boa dose de sensibilidade, a narrativa conta a história de um menino encantado pela lua, que vivia juntando pedras que acreditava terem caído dela. Certo dia, uma pedra diferente cruza seu caminho: tratava-se de uma tartaruga, que se tornou seu bichinho de estimação. Nesta bela narrativa, imagens e texto são perfeitamente harmoniosos; além disso, o cuidado com a editoração, traduzido nas letras de tamanho adequado para as crianças e nas frases curtas repletas de significados, tem-se uma obra perfeitamente adequada ao público infantil. A simplicidade do traço, assemelhando-se a um esboço, aliada à poesia das palavras, compõem o relato de uma amizade entre dois seres. Título: Pedro e Lua | Autor: Odilon Moraes | Ilustrador: Odilon Moraes | Editora: Cosac Naify | Ano de publicação: 2004
Píppi Meialonga Píppi Meialonga, em sueco Pippi Langstrump, é a personagem que dá título a uma série de livros infantojuvenis da escritora sueca Astrid Lindgren. A protagonista dessa divertida e autêntica obra é uma menina muito esperta, que foge aos padrões convencionais geralmente ligados à infância: não é uma criança dependente, singela, incapaz de ter responsabilidades, inocente, como são vistas as crianças sob o olhar dos saudosistas. Píppi é inventiva, sabe se virar sozinha, tem consciência do seu poder de criação e desmitifica o jeito de ser menina; longe de laços cor-de-rosa e vestidos engomados, cria o seu próprio estilo e seu jeito de viver. Quanto à linguagem, o texto explora com inventividade a criação literária, pois, além de fugir a estereótipos, apresenta uma visão inovadora da infância, por meio da ficção. Título: Píppi Meialonga | Autora: Astrid Lindgren | Ilustrador: Michael Chesworth | Tradutora: Maria de Macedo | Editora: Companhia das Letrinhas | Ano de publicação: 2001
Ponto de tecer poesia
Com o jogo de rimas, presentes na obra em versos Ponto de tecer poesia, o eu-póetico trabalha a temática da costura e do bordado como uma metáfora do escrever. São utilizadas nomenclaturas próprias do tecer (renda, malha, tecido, agulha, lã, etc), juntamente com ilustrações bordadas em ponto cruz. Os poemas apresentam elementos importantes, como a polissemia, os trocadilhos, a intertextualidade, procurando caracterizar a poesia a partir dos elementos da costura. As ilustrações são cuidadosas e bem-acabadas e a base das páginas lembra o pano usado para bordar o ponto cruz. As imagens dialogam com o texto verbal, ampliando suas possibilidades significativas: além de entrar em contato com diversas técnicas de costura, o leitor pode imaginar além do que já foi exposto, pode criar a sua própria costura/leitura. Título: Ponto de tecer poesia | Autora: Sylvia Orthof | Ilustradora: Tatiana Paiva | Editora: FTD | Ano de publicação: 2010
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Kit: 30 ciclo
A casa da madrinha
A obra narra a história de Alexandre, um menino determinado e impulsivo que, incentivado pelo irmão mais velho, utiliza o imaginário como estratégia para fugir da pobreza cotidiana. Entre as criações do irmão, está a madrinha imaginária, que poderia suprir todas as suas necessidades, como comida e roupas bonitas. Quando perde a companhia do irmão – que arranja um emprego e vai morar em outra cidade – Alexandre não se acomoda à realidade e decide viajar em busca da casa da madrinha. Com tom entre melancólico, sonhador e crítico, a narração descortina a complexidade da adolescência, levando o leitor à reflexão sobre a realidade, o íntimo de cada um e a relação com o outro, sem estereótipos ou maniqueísmos. Entre os diferentes recursos expressivos presentes na obra, ressalta-se a predominância de situações fantásticas, inusitadas, imprevisíveis. Título: A casa da madrinha | Autora: Lygia Bojunga | Ilustradora: Regina Yolanda | Editora: Casa Lygia Bojunga | Ano de publicação: 2010
A cor das coisas findas
A cor das coisas findas é uma pequena novela,
dividida em dez capítulos, nomeados em ordem decrescente, de nove a zero, como a sugerir o clima de envolvente suspense e enigma que estrutura a narração. A ação narrativa focaliza uma biblioteca que está ameaçada de ser fechada por obscuros interesses e tramoias do chefe do Poder Executivo de uma cidade nunca nomeada. Um grupo de jovens se empenha em salvar o patrimônio cultural que é a biblioteca e, para alcançar seus objetivos, enfrenta os poderes e interesses estabelecidos, corporificados na figura do prefeito e do seu séquito de bajuladores. A aventura, a ação, o suspense e o mistério são ingredientes bem explorados na trama, que certamente contribuirão para despertar o interesse do jovem leitor. Título: A cor das coisas findas | Autor: Caio Riter | Editora: Artes e ofícios | Ano de publicação: 2010
A lenda do cavaleiro sem cabeça e Rip Van Winkle A obra possibilita acesso ao inegável prazer do texto bem-escrito e bem-traduzido, com doses certas de tensão e mistério, constituindo-se boa iniciação literária, tanto pelas narrativas em si, quanto pela lição sobre a história das formas literárias na modernidade. Propicia um rápido mergulho na tradição romanesca das histórias sobrenaturais, cuja herança ainda se faz tão presente na moda gótica e congêneres da contemporaneidade, seja nos romances ou filmes de sucesso, na música ou nas artes visuais. As narrativas partem da tradição mítica indígena, no caso de Rip Van Winkle, ou do folclore da nação americana, como se depreende de A lenda do Cavaleiro sem Cabeça, inserindo motivos e figuras do século XIX, a fim de dialogarem com o leitor urbano. O romantismo se apropria do legado oral para retrabalhá-lo na nova ficção citadina da short storie, que seduz leitores de jornais, revistas, almanaques e tantos outros suportes da palavra escrita na era industrial. Título: A lenda do Cavaleiro sem Cabeça e Rip Van Winkle | Autor: Washington Irving | Ilustrador: Arthur Rackham | Tradutor: Celso Mauro Paciornik | Tradutora: Maria de Macedo | Editora: Iluminuras | Ano de publicação: 2008
A máscara é um livro de imagens em que há uma ação narrativa e cujos protagonistas são um ratinho e sete crianças que brincam com uma bola. De seu posto de observação, detrás de um muro de pedras, o ratinho assiste à brincadeira das crianças, da qual parece ardentemente querer participar. Consegue uma máscara e se integra ao jogo, mas, em certo momento, ela cai e o personagem é literalmente “desmascarado”. Pouco a pouco, porém, e para surpresa de todos, as crianças também deixam cair suas máscaras, uma a uma, revelando-se a identidade verdadeira de cada uma delas: ratos, cavalos, pássaros, lobos, enfim, uma verdadeira fauna. Em síntese, a obra constitui uma reflexão sobre a identidade e sobre os papéis que, de uma forma ou de outra, todos são obrigados a representar, no grande palco que é a vida.
A máscara
Título: A máscara | Autora: Juliette Binet | Ilustradora: Juliette Binet | Editora: Escala Educacional | Ano de publicação: 2009
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Kit: 30 ciclo
Alice no país das maravilhas
Tradução do clássico da literatura infantil, Alice’s Adventures in Wonderland, do inglês Lewis Carrol, a narrativa explora o nonsense e o humor na jornada da menina Alice por um universo fantástico e onírico. É uma obra pioneira, por desvincular a literatura infantil do caráter didático que a ela sempre se tentou impingir. Logo no primeiro parágrafo, a proposta inovadora e metalinguística da obra é sugerida por uma observação da protagonista: “Alice estava começando a se sentir cansada de ficar sentada ao lado de sua irmã e não ter nada para fazer: vez ou outra ela dava uma olhadinha no livro que a irmã lia, mas não havia figuras ou diálogos nele e ‘para que serve um livro’, pensou Alice, ‘sem figuras ou diálogos’? (p. 11). Apesar do caráter onírico e surreal, o universo construído pela narrativa é consistente e os estranhos acontecimentos e personagens adquirem uma lógica própria. Título: Alice no País das Maravilhas | Autor: Lewis Carroll | Ilustradora: Marilia Pirillo | Tradutora: Ligia Cademartori | Editora: FTD | Ano de publicação: 2010
Amor e outros contos
A obra focaliza cenas do cotidiano urbano, abordando temas como os desencontros amorosos, a perplexidade diante da morte, a incomunicabilidade humana e a solidão. Apresenta personagens embrutecidos e desencantados, frutos de uma sociedade que evidencia a falta de solidariedade e a precariedade de valores éticos e morais. Para amenizar a densidade dos temas, o autor prioriza os diálogos e o desfecho em aberto, como no conto “Amor”, em que a quase ausência do narrador instiga o leitor a fazer inferências e a preencher vazios para dialogar com o texto. Abordando temas dessa amplitude, a obra possibilita a discussão e o posicionamento crítico do leitor perante a sociedade, instigando-o à participação efetiva na leitura, ampliando suas referências estéticas e contribuindo para a reflexão de questões culturais e éticas da sociedade contemporânea. Título: Amor e outros contos | Autor: Luiz Vilela | Ilustrador: Weberson Santiago | Editora: Edelbra | Ano de publicação: 2009
Bárbara debaixo da chuva narra a história de uma menina que vive no meio rural, com suas tarefas e diversões, como brincar na chuva, mas que, de repente, depara-se com a complicada tarefa de aprender a ler e a escrever. De maneira sensível, o livro aborda a subjetividade do aprendizado escolar, bem como do seu sentido para uma criança de nove anos que, até então, não vislumbrava a possibilidade de frequentar uma escola. Dividida em capítulos nomeados de acordo com a mudança das estações do ano, a obra sugere a lenta passagem do tempo e relata as sensações cotidianas da protagonista, possibilitando a empatia entre o leitor e o texto, gerada gradativamente no decorrer da leitura. Bárbara debaixo da chuva
Título: Bárbara debaixo da chuva | Autora: Nilma Lacerda | Ilustrador: Mauricio Veneza | Editora: Galera Record | Ano de publicação: 2010
Bruxas, beijos & outros encantos é um livro que reúne “contos rapidinhos”, como o próprio autor afirma. São histórias que versam sobre situações e objetos cotidianos – como um relógio, uma carta (que já foi usual), um barquinho de papel, o acontecimento de um beijo –, abordando o ínfimo de modo literário e com emprego de metalinguagem. As pequenas narrativas que constituem o livro possuem autonomia, de modo que o leitor pode ler partes da obra, e o conjunto dos textos pode dialogar com alguns interesses do público-alvo. O ponto de vista das histórias é assumido por um barco de papel, por uma carta, dentre outros, contribuindo para a originalidade da proposta. De modo geral, o texto tem potencial para mobilizar o leitor, instigando-o a estabelecer relações com outros textos, ao trazer gêneros textuais diversos ao conjunto da obra, como carta, canção e receita. Bruxas, beijos e outros encantos
Título: Bruxas, beijos & outros encantos | Autor: Luiz Antonio Aguiar | Ilustradora: Marta Ignerska | Editora: Biruta | Ano de publicação: 2011
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Kit: 30 ciclo Frankenstein; em quadrinhos O livro adapta, para quadrinhos, de forma bastante fiel, a clássica narrativa criada pela escritora britânica Mary Shelley, em 1817. Escrita em pleno auge da Revolução Industrial, a obra é um dos marcos da ficção científica e do terror gótico. Nela, narra-se a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que constrói, em seu laboratório, uma criatura monstruosa, a partir de partes fragmentadas de diversos corpos humanos. A história do monstro criado por Frankenstein obteve grande sucesso e continua, até os dias de hoje, exercendo grande influência na cultura ocidental. Um dos temas centrais desenvolvidos nessa narrativa é o poder exercido pelos homens sobre a natureza, por meio da ciência e da tecnologia. Título: Frankenstein ou O Prometeu Moderno | Autora: Mary Shelley | Adaptadora: Marie Galopin | Roteiro e desenhos: Marion Mousse | Tradutor: Luciano Vieira Machado | Editora: Salamandra | Ano de publicação: 2009
Histórias daqui e d'ácola Histórias daqui e d’acolá é uma coletânea de contos, com forte presença de diálogos, que abrem a possibilidade de associações e conclusões reflexivas. A obra apresenta histórias fortemente brasileiras: nas temáticas variadas; na ambientação em diferentes lugares do país; nos acontecimentos e situações típicos do nosso cotidiano; em personagens com as quais o leitor se identifica ou identifica sua família, seus amigos, seu estilo de vida. O volume possui rigor estético-literário, os enredos apresentados são inovadores e resgatam, na ficção, histórias de vida de tantos “Tatuzinhos”, “Zefinhas, “Maurílios”, “Chicos”, “Gaguinhos”, “Oneides”, “Marias” desses Brasis, tão belamente relembrados pela autora, e tão excluídos do mundo da economia, da política, da educação e, muitas vezes, também na/da arte literária. Título: Histórias daqui e d’acolá | Autora: Maria Valéria Rezende | Ilustrador: Diogo Droschi | Editora: Autêntica | Ano de publicação: 2010
Nem pensar A obra parte de situações vividas por crianças e jovens e ancora-se na realidade, em cenários comuns do cotidiano, permitindo que o leitor se reconheça na história e faça associações, ampliando significados e representações sobre o tema narrado. A vida de Lito ia bem, até que os pais anunciam a separação; em meio aos planos do garoto para mantê-los juntos, o leitor acompanha um cenário de famílias em mutação, típico da contemporaneidade. O texto pode representar uma possibilidade de construção de respostas existenciais, necessárias aos projetos pessoais e coletivos, ao mostrar o enfrentamento de questões fundamentais da existência humana. Apresenta qualidade estético-literária, explora recursos expressivos relacionados à narrativa, atraindo o leitor para o desenrolar da trama, que transita criativamente entre a realidade e a fantasia. Título: Nem pensar | Autor: Marcelo Carneiro da Cunha | Editora: Projeto | Ano de publicação: 2010
Nunca serei um super-herói A obra Nunca serei um super-herói, escrita pelo argentino Antonio Santa Ana, é uma narrativa organizada em 33 breves capítulos, que contam a história do narradorpersonagem, Juliano, que vive os dilemas da adolescência, elemento que pode favorecer a empatia com o leitor jovem. O texto relata o entusiasmo do narrador por Júlia, sua colega, e a superação desse amor platônico. No decorrer da narrativa, outras temáticas são inseridas como, por exemplo, a violência familiar. A opção pela narração em primeira pessoa confere maior verossimilhança à obra. O narrador-adolescente utiliza uma linguagem bem-humorada e irônica, capaz de divertir o leitor. Título: Nunca serei um super-herói | Autor: Antonio Santa Ana | Ilustrador: Flávio Fargas | Tradutoras: Graciela Inés Ravetti de Gómez e Eliete do Carmo Alves Pinto | Editora: Dimensão | Ano de publicação: 2009
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Kit: 30 ciclo
O colecionador de manhãs
Usando uma linguagem poética repleta de sentimentos e significados, Walther MoreiraSantos apresenta, nesta obra, duas narrativas carregadas de lirismo e imaginação, que abordam a relação entre pai e filho e avô e neto. Apesar de receberem nomes diferentes (“Você já viu um pastor de nuvens?” e “O colecionador de manhãs”), os dois contos se interagem criativamente por meio das ilustrações e dos acontecimentos que envolvem o núcleo familiar. Uma das características marcantes da obra são as ilustrações, que dialogam com o texto verbal de maneira instigante e não linear: são ricas em detalhes que ajudam a complementar o sentido da história, ampliando as possibilidades de leitura. Título: O colecionador de manhãs | Autor: Walther Moreira-Santos | Ilustrador: André Neves | Editora: Formato | Ano de publicação: 2009
Olhai os lírios do campo
A construção da narrativa de Olhai os lírios do campo, em dois planos, propicia ao leitor conhecer um enredo não linear e, consequentemente, ter uma experiência significativa de leitura literária. Com o auxílio de recursos gráficos, o leitor percebe que, em um primeiro momento e simultaneamente, são narradas a fase adulta e a juventude de Eugênio. A percepção desses dois planos possibilita ao leitor fazer projeções sobre os acontecimentos futuros da história e reconhecer, no texto literário, um recurso muito explorado atualmente nas mídias televisiva e cinematográfica. Ao lado da qualidade narrativa, a linguagem acessível dos prefácios de Flávio Loureiro Chaves e Erico Verissimo favorece o exercício da leitura de crítica literária e melhor compreensão do contexto, da gênese da obra e o conhecimento das críticas de Érico Veríssimo ao seu próprio romance.
Título: Olhai os lírios do campo | Autor: Erico Verissimo | Ilustrador: Paulo von Poser | Editora: Companhia das Letras | Ano de publicação: 2005
Os da minha rua Em Os da minha rua, o escritor Ondjaki apresenta músicas, lugares, cheiros e lembranças de sua infância, vivida em Luanda nas décadas de 1980 e 1990. A obra é uma mistura de dois gêneros: biografia e ficção, que podem ser observados no tom intimista mesclado continuamente a uma perspectiva histórica. Com um discurso afeito à oralidade, e sempre em primeira pessoa, o narrador dos contos faz desfilarem personagens com lastro na vida real, os amigos ou paixões de antigamente, buscando recordar os velhos tempos em família ou em casa de amigos ou, ainda, as festas na casa dos tios. Contribuem para estimular e enriquecer a leitura, além de atrair o leitor brasileiro, os vários paratextos, como as Informações sobre esse importante autor angolano e sobre a temática da obra. Título: Os da minha rua | Autor: Ondjaki | Editora: Língua Geral | Ano de publicação: 2007
Papel manteiga para embrulhar segredos: cartas culinárias
Papel manteiga para embrulhar segredos é uma narrativa construída à moda do romance epistolar, como sugere o subtítulo. A ação organiza-se em torno da correspondência entre uma aprendiza de chef de cozinha e sua pretensa bisavó, carinhosamente chamada por Bisa Ana, ou simplesmente Bisa. Com consistência e criatividade, explora-se a linguagem coloquial, reveladora da relação de cumplicidade e afeto entre as duas mulheres. No contexto da trama narrativa, cujo cenário principal é um sofisticado restaurante, são apresentadas 65 receitas de iguarias doces e salgadas, assinadas por Tatiana Damberg, em uma espécie de complementaridade metafórica entre os textos – o das cartas e o das receitas. Ressalte-se que a protagonista vivencia um triplo aprendizado: o da gastronomia, o dos afetos e o da escrita. Titulo: Papel manteiga para embrulhar segredos; cartas culinárias | Autora: Cristiane Lisbôa | Editora: Memória Visual | Ano de publicação: 2006
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Kit
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ci cl o
Tem al g u m a coi s a baban d o em bai xo d a cam a
é uma coletânea de tirinhas dos famosos personagens criados por Bill Watterson, em 1985: Calvin, um garoto de seis anos de idade, e seu melhor amigo, Haroldo, um tigre de pelúcia que ganha vida quando não há adultos por perto. Paralelamente às brincadeiras da dupla, são abordadas questões referentes à política e à sociedade, à cultura e aos relacionamentos. Esta edição é apresentada num projeto gráfico-editorial de boa qualidade, graficamente bemdesenvolvida, que propicia a interação com o leitor, já que é nítida sua abertura para um tipo de participação que valoriza a criatividade. Os leitores que se preparem para uma aventura não só surpreendente como bastante divertida, crítica e reflexiva! Tem alguma coisa babando embaixo da cama
Título: Tem alguma coisa babando embaixo da cama | Autor: Bill Watterson | Tradutor: André Conti | Editora: Conrad | Ano de publicação: 2010
Tô ligado!
O romance juvenil Tô ligado narra a história de um adolescente de 15 anos que foge de casa em função de um relacionamento difícil com a mãe. A história de Gabriel é um tema adequado às expectativas do jovem leitor, especialmente aquele com problemas de relacionamento familiar. A estrutura do enredo parece ter inspiração no gênero “narrativas de viagem”, já que as principais ações acontecem dentro do ônibus no qual o protagonista viaja, deslocando-se de Belo Horizonte para São Paulo. Cada novo personagem a ocupar o assento ao lado de Gabriel traz à tona uma questão ligada à diversidade e à diferença, o que se revela a principal temática da obra, conforme as conclusões alcançadas pelo protagonista, que acaba vivenciando uma espécie de mudança interior, no final de seu trajeto. Título: Tô ligado | Autor: Warley Matias de Souza | Ilustradora: Ana Raquel | Editora: Lê | Ano de publicação: 2010
Tri s tão e I s ol d a
A obra Tristão e Isolda é um título que se destaca já pelo nome, pois remete a uma das mais antigas histórias de amor de que se tem notícia no mundo ocidental. Trata-se de uma narrativa de autoria desconhecida, com origens na tradição oral europeia, que obteve sua primeira versão, escrita em versos, no século XII. Narra a história de um amor impossível e dos infortúnios de um casal submetido às convenções sociais. O final trágico, com a morte dos protagonistas, antecipa o enredo de outro clássico posterior: Romeu e Julieta, de William Shakespeare. O drama dos jovens inaugura uma das tradições mais caras à literatura medieval, o amor cortês, pondo em cena aspectos da sociedade feudal, em que o dever para com o senhor superava os demais valores e podia, como no caso de Tristão, levar a desfechos trágicos dentro da ética então vigente. Título: Tristão e Isolda | Adaptadora: Helena Gomes | Ilustrador: Renato Alarcão | Editora: Berlendis & Vertecchia | Ano de publicação: 2009 Trocan d o g ato por l ebre ou m en i n o por vaca
Esta edição bilíngue (espanhol e português), com tradução de Bartolomeu Campos de Queirós, conta a história de um garoto cubano que usa a literatura para dar asas à imaginação e procura descobrir se existem iglus, anacondas, cítaras, maçãs e tufões fora dos contos e dicionários. Impulsionado pelo desejo do desconhecido, ele decide ser... uma vaca suíça! Leve e encantador, o texto se desenvolve em uma mágica e emocionante viagem onde o destino é o autoconhecimento. A viagem do menino, em busca dos sonhos e fantasias, é narrada em flashback e, enquanto a trama é tecida, uma galeria de lugares é introduzida, marcando a progressão da narrativa e conduzindo nossa imaginação. Com temas polêmicos, representados por figuras e símbolos que permeiam o mundo, o autor oferece uma leitura agradável e reflexiva a uma extensa faixa de leitores, não se restringindo apenas a um público. Titulo: Papel manteiga para embrulhar segredos; cartas culinárias | Autora: Cristiane Lisbôa | Editora: Memória Visual | Ano de publicação: 2006
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Kit: 30 ciclo
Um pinguim tupiniquim
A obra narra a história de um pinguim adolescente que deixa sua família e seus amigos no Polo Norte e, após navegar por águas desconhecidas, chega ao Brasil, onde vive várias aventuras entre humanos e animais nativos. As peripécias de Orozimbo, personagem principal de Um pinguim tupiniquim, são narradas de forma lúdica e criativa, instigando o imaginário do leitor e nele suscitando a reflexão sobre a possibilidade de ser diferente e a capacidade de tornarmos possível aquilo que parece impossível. No caso da linguagem, o registro coloquial, adotado nas falas dos personagens e do narrador, é responsável pelo tom pessoal de descoberta do mundo percebido na obra. Título: Um pinguim tupiniquim | Autora: Índigo (Ana Cristina Araujo Ayer de Oliveira) | Ilustrador: Suppa | Editora: Girafinha Ano de publicação: 2009
Kit: EJA
A cama A cama,
da premiada escritora Lygia Bojunga, narra a história de uma disputa por uma cama – único bem material que restou a uma família antes abastada. Compõe o romance uma galeria de personagens, cujas vidas se entrelaçam, desencadeando conflitos ora cômicos ora dramáticos, conferindo ao objeto de disputa o status de “personagem principal”. Trata-se de uma obra literária que trabalha temas complexos com profundidade e lirismo, inserindo-se na tradição dos melhores romances de formação. Além disso, sua linguagem acessível, com incontestável qualidade literária, torna a leitura agradável e dinâmica, proporcionando uma experiência estética importante para o leitor jovem, em especial. Título: A cama | Autora: Lygia Bojunga | Editora: Casa Lygia Bojunga | Ano de publicação: 2008
A roupa nova do Imperador em cordel O livro é uma releitura, em formato de cordel, do clássico conto de fadas A roupa nova de Hans Christian Andersen. Abordando um tema presente no imaginário popular, conta a história de um bandido que se faz passar por alfaiate para usufruir das riquezas de um rei vaidoso. As ilustrações mantêm o formato das imagens em xilogravura; os desenhos são feitos em azul, preto e branco; e o traçado das imagens preserva o estilo de folheto de cordel tradicional. A obra explora com sucesso os recursos estilísticos típicos do gênero cordel: os poemas são estruturados em sextilhas, com as rimas no 2º, 4º e 6º verso; o enredo constrói-se com humor e leveza, e sempre bem acompanhado de ilustrações irreverentes. Por se tratar de história ligada às narrativas de tradição oral, amplia as referências culturais dos leitores, contribuindo para a preservação da memória popular. do Imperador,
Título: A roupa nova do Imperador em cordel | Recontado por: João Bosco Bezerra Bonfim | Adaptação do conto de Hans Christian Andersen | Ilustrador: Laerte Silvino | Editora: Prumo | Ano de publicação: 2011
As falas da aranha A obra As falas da Aranha, do escritor Edimilson de Almeida Pereira, combina versos primorosos com um projeto gráfico-editorial sóbrio e eficiente. As temáticas abordadas nos poemas, por mais simples que pareçam num primeiro olhar, invariavelmente desembocam em ricas e variadas reflexões sobre os mais profundos e universais sentimentos humanos. O desenrolar dos poemas é envolvente e a construção textual é acessível e criativa, o que, em conjunto, constitui uma ótima oportunidade de experiência literária. O autor mineiro teve sua estreia na poesia em 1985 e, desde então, já publicou quase duas dezenas de livros. Título: As falas da aranha | Autor: Edimilson de Almeida Pereira | Ilustrador: Rubem Filho | Editora: Nandyala | Ano de publicação: 2009
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Kit: EJA
As margens da alegria
Publicado inicialmente em Primeiras Estórias, este conto ganha edição elaborada para o público jovem, a fim de iniciá-lo na linguagem poética de Rosa, destacando-se as ilustrações de Nelson Cruz, que ampliam as possibilidades significativas da narrativa. Um garoto empreende uma viagem quase mágica a uma “grande cidade” em construção; a arquitetura inacabada desse espaço urbano coincide, metaforicamente, com a abertura para as primeiras descobertas de um universo subjetivo intenso e criativo. O menino partilha com o leitor o deslumbramento diante da descoberta das diversas experiências possíveis em um “montão demais” que é o mundo. Parte do deslumbramento ocorre pela interseção entre o espaço selvagem (a mata) e o quintal da casa, onde surge a visão enigmática e mágica de um peru, morto para ser servido no jantar. A dimensão estética no conto faz coincidir a experiência do novo e a visão do efêmero no confronto com a morte.
Título: As margens da alegria | Autor: João Guimarães Rosa | Ilustrador: Nelson Cruz | Editora: Nova Fronteira | Ano de publicação: 2010
As mil e uma noites; contos árabes
é uma coletânea de fascinantes histórias da tradição oral dos povos da Pérsia e da Índia que, célebres no mundo inteiro, ganharam uma tradução cuidadosa de Ferreira Gullar. São dezenove narrativas, dentre as quais as famosas viagens do marujo Simbad, as aventuras de Aladim e a lâmpada maravilhosa e a mirabolante história de Ali Babá e os quarenta ladrões, todas contadas por Sherazade, uma jovem corajosa que se sacrifica para salvar seu povo da ira do sultão Shariar. Extremamente habilidosa na arte de contar histórias, a protagonista consegue, ao final de mil e uma noites, salvar o seu reino e transformar o pensamento de seu esposo. Gullar selecionou contos que encantam pela riqueza dos personagens, pelo enredo envolvente e pelos acontecimentos surpreendentes, conferindo ao livro um toque especial, numa linguagem clara e agradável.
As mil e uma noites
Título: As mil e uma noites: contos árabes | Seleção e tradução: Ferreira Gullar | Ilustradores: autores diversos (incluídos na edição original francesa) | Editora: Revan | Ano de publicação: 2010
Dez contos do além-mar João Grilo, Linda Branca, Pedro Malasartes, João Pequenino e a comadre Morte são alguns dos personagens presentes nas narrativas de Dez contos de além-mar, que cruzam o oceano e os séculos, para que o leitor descubra um pouco mais sobre si mesmo e sobre sua cultura. Ambientações e situações inusitadas compõem essas histórias de moralidade exemplares da mistura cultural formadora da nossa civilização, que continuam presentes no imaginário de sua gente e de outros povos; muitas delas, perdendo as referências locais, já se tornaram populares também entre nós. Outro importante aspecto a ser destacado é a brevidade dos enredos, com descrições e diálogos enxutos, que resultam de cuidadosa depuração procedida pelos autores, experientes contadores de histórias, para realçarem o que importa: os tipos humanos, suas atitudes exemplares e seus jeitos de viver e ver o mundo. Título: Dez contos do além-mar | Autores: Adolfo Coelho e Teófilo Braga | Ilustradora: Taisa Borges | Organizadora: Ana Carolina Carvalho | Editora: Peirópolis | Ano de publicação: 2010
Diomira e o coronel Carrerão: a Sherazade do sertão A obra conta a história de Diomira e sua artimanha usada para conquistar o Coronel Carrerão: contar histórias. Coronel Nonato Carrerão é um homem ríspido, que vive na Fazenda Bela Vista e se distrai da solidão maltratando os empregados. Mesmo sabendo da má fama do Coronel e do trabalho que a espera na fazenda, Diomira se candidata à vaga de cozinheira. Na intenção de arrumar um tempinho longe do fogão, ela resolve usar a tática da Sherazade (protagonista dos contos das “Mil e uma noites”) e começa a contar histórias para amansar o humor e o apetite do patrão. Em comum, os contos apresentam lições de moral, defendendo valores como a honestidade, o amor, a sinceridade e o jeito simples da vida no interior. São abordados sentimentos que vão desde a alegria e o desejo, até o medo e a solidão, o que contribui para a reflexão do jovem sobre si mesmo e sobre o outro. Título: Diomira e o Coronel Carrerão: a Sherazade do sertão | Autor: Ivana Arruda Leite | Ilustrador: Fê | Editora: BrinqueBook | Ano de publicação: 2009
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Kit: EJA
Histórias de quem conta histórias
A obra Histórias de quem conta histórias é uma coletânea de contos da tradição oral reescritos por especialistas em contação de histórias orais. A obra é dividida em partes intituladas “Lendas de perto e de longe”, “Contos de assombrar e de arrepiar”, “Histórias de fadas e outros encantos” e “Contos de esperteza e de sabedoria”, que funcionam como uma organização das narrativas por categorias. Cada parte apresenta uma média de quatro contos, produzidos por autores diferentes. Trata-se de uma obra gráfica e literariamente bem-realizada, sendo ajustada aos leitores iniciantes, mas também podendo agradar a todos os tipos de leitores, e com potencial para suscitar uma experiência de leitura agradável e rica, inclusive explicitando relações com a literatura oral e com a cultura brasileira. Título: Histórias de quem conta histórias | Organizadores: Lenice Gomes e Fabiano Moraes | Ilustradora: Ciça Fittipaldi | Editora: Cortez | Ano de publicação: 2010
Mururu no Amazonas A obra é uma ficção ambientada na selva amazônica, estruturada em 28 capítulos. Com perspectiva em primeira pessoa e em tom lírico, a narração focaliza as experiências de uma jovem que habita uma casa flutuante no lago de Janauacá. Atenta, a protagonista Andorinha observa o vasto universo amazônico que a circunda: conhece os mais variados tipos de peixes e tartarugas, se alimenta das frutas e sementes da floresta. Como o próprio nome sinaliza, Andorinha é a metáfora da liberdade que o ser humano pode experimentar, caso deixe de lado os padrões convencionais da chamada “civilização”. O clímax da ação narrativa ocorre quando Andorinha parte em viagem no Mururu, o seu barco-peixe, e encontra-se com Piú, um jovem com quem vivencia a primeira experiência amorosa. Trata-se, sem pieguices, de um hino à vida, ao amor e à liberdade. Título: Mururu no Amazonas | Autora: Flávia Lins e Silva | Ilustradoras: Maria Inês Martins e Silvia Negreiros | Editora: Manati | Ano de publicação: 2010
O menino grapiúna
O menino grapiúna é o próprio autor, contando histórias de sua infância em Itabuna, no sul da Bahia, que explicam suas influências e revelam os homens e mulheres por trás de seus personagens. Jorge Amado menino é o personagem principal, além de D. Lalu, sua mãe; o coronel João Amado, seu pai; seu tio Álvaro; o caboclo Argemiro e o Padre Cabral, que o conduziu ao mundo dos livros, no Colégio Antônio Vieira, já em Salvador. As várias histórias presentes nesta obra são narradas de maneira cativante, explorando recursos ligados à enunciação literária, e ampliando as referências estéticas, culturais e éticas do leitor. Em vários trechos, podemos perceber o estilo próprio do autor no texto que é construído. Esta edição traz ainda um posfácio assinado por Moacyr Scliar, uma cronologia do autor e fotos da sua infância, junto com a família. Título: O menino grapiúna | Autor: Jorge Amado | Editora: Companhia das Letras | Ano de publicação: 2010
O trem que traz a noite
A obra de Flora Figueiredo é uma coletânea com 47 poemas, perpassados pelo tema da viagem, aspecto sugerido desde o título do livro O trem que traz a noite. Trem que a poetisa acalenta, descreve e no qual o leitor é convidado a entrar, para passear junto com ela e perceber as estações do ano, as pessoas e o movimento da vida. A autora utiliza recursos literários para apresentar cenas do cotidiano e desvendar mistérios da alma humana e do convívio entre homens e mulheres. São explorados aspectos melódicos e/ou imagéticos nos textos, o que se percebe logo no segundo poema, no qual encontramos um caleidoscópio de onde o leitor pode espionar toda a sensibilidade dos versos. Título: O trem que traz a noite | Autora: Flora Figueiredo | Editora: Novo Século | Ano de publicação: 2010
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Kit: EJA
Os estatutos do homem Em edição bilíngue (com tradução para o espanhol de Pablo Neruda), a obra Os estatutos do homem é composta por versos sintéticos que convidam o leitor ao prazer da leitura de um poema de qualidade. Tratando de valores que completam a tessitura poética, como liberdade, paz, igualdade, dentre outros, os poemas dialogam com ilustrações feitas por pinturas suaves e expressivas. Thiago de Mello usa uma linguagem simples e, ao mesmo tempo, altamente lírica, para dialogar com leitores de diferentes idades, reservando a todos uma vivência literária repleta de sensibilidade e beleza. Utilizando recursos literários com maestria, o poeta oferece um grau de abertura que convida o leitor à participação criativa na leitura e à interação lúdica com a linguagem poética. Título: Os estatutos do homem | Autor: Thiago de Mello | Ilustradora: Dafni Amecke Tzitzivakos | Editora: V& R | Ano de publicação: 2001
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