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Poesia
José Sepúlveda 2
FICHA TÉCNICA Título Meu Barco Tema Poesia espiritual Autor José Sepúlveda Capa Arranjo de José Sepúlveda Revisão Amy Dine Arranjos e Formatação José Sepúlveda
Publicação em E-book maio 2020 https://issuu.com/correiasepulveda
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AUTOR José Luís Correia Sepúlveda nasceu em Delães, Vila Nova de Famalicão, hoje a morar em Vila do Conde. Começou a escrever poesia cerca dos doze anos. No decorrer da sua carreira profissional trabalhou primeiro, como funcionário público e depois, durante 35 anos, como empregado bancário. Publicou em alguns jornais e revistas ao longo da sua carreira, atividade que continua a manter. Amante da literatura, administra grupos no Facebook vocacionados para a literatura, música, artes e divulgações culturais de eventos. Apoiou e apoia projetos literários, promovendo a edição de autores em início de carreira. Organizou durante vários anos, participou e participa em eventos culturais, Saraus e Tertúlias. Durante alguns anos, com o grupo que ajudou a formar Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa, deu rosto ao programa Mar-à-Tona em poesia, na Póvoa de Varzim, que comemorava o Dia Mundial de Poesia.
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Prefaciou alguns livros e apresentou os seus autores. Participou num elevado número de coletâneas de poesia portuguesas, brasileiras e italianas. Publicou dois livros de poesia em papel e possui na sua Biblioteca de E-books mais de vinte outros livros seus (poesia, música, genealogia, história e outros). Promoveu e editou nos seus grupos de poesia um número elevado de coletâneas em E-book. Mantém uma série de publicações nos seus Blogs O Canto do Albatroz e Família Sepúlveda em Portugal. Produziu alguns trabalhos pessoais e participou noutros coletivos com colegas da Universidade Sénior do Rotary Club da Póvoa de Varzim. Divulga e apoia grupos de poesia e programas de rádio cuja temática seja a mesma. Dedica-se à pesquisa genealógica, musical, histórica e espiritual, tendo desenvolvido alguns trabalhos nessas áreas.
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Dedicamos este trabalho, com fraternal carinho, aos nossos filhos e netos
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Escuta, meu Senhor, a minha prece, Vem dar-me alento, força aos braços meus, “Eu posso tudo em quem me fortalece” E eu sei que a minha força és tu, meu Deus!
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MEU BARCO
Navego peregrino pela vida Nas ondas mais revoltas deste mar, O medo e a incerteza dão guarida Ao meu estranho e incerto navegar. E nesta senda louca, vã, perdida, Por entre a multidão, fico a remar Tentando ver ao longe uma saída Que não consigo nunca vislumbrar. Os magos e os duendes serpenteiam Por essa embarcação e lá semeiam Mentiras e promessas sem ter fim… E nesse turbilhão imenso, agreste, Agarro no meu remo e entrego ao Mestre Que me sorri e diz: - Confia em mim!
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SEGURA O LEME
O Teu sereno olhar, calmo, solene, Que ao meu viver traz força e energia Transforma a minha vida assaz perene Em mananciais de paz e de harmonia. Na minha embarcação Tu és o leme Que traça o rumo, a estrela que me guia E em ti me sinto alguém que nada teme E enfrenta o seu viver com alegria. Em cada amanhecer, ao despertar, Eu sigo os passos Teus e ouso pisar O mar revolto, bravo. E, peregrino, Refaço-me em Teus olhos. E uma a uma Enfrento cada onda entre a espuma, E nos teus passos gravo o destino!
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REMA, SENHOR!
No túnel desta minha quarentena, Ao fundo, vejo um raio de esperança, A luz pequena e frágil que me acena E faz sonhar com tempos de mudança. Aqui sentado, nesta paz serena, Somente em Ti deponho a confiança, Que, mesmo sendo a barca tão pequena, Contigo, virão tempos de bonança. Tu és e vais ser sempre o Timoneiro, Por isso, toma o remo, Companheiro, É Teu, segura-o firme, com destreza. E quando, enfim, se for a tempestade, Nos braços Teus, a minha liberdade Por fim alcançarei, tenho a certeza!
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EIS-ME AQUI! Aqui Te trago os filhos que me deste Durante a minha peregrinação E gozam junto a Ti da paz celeste Que brota desse imenso coração. São tantos os milagres que fizeste No curso deste tempo em convulsão! Contrito, Te chamei e Tu me deste A cada instante alívio e proteção. Ei-los aqui, Senhor, são Teus de novo Para fazerem parte desse povo Que vai subir contigo ao Lar de Amor! E ao mundo irei gritar: - Hoje escolhei A quem seguir, mas eu e a minha grei Havemos de servir ao meu Senhor!
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TOMA, SENHOR! Aqui Te trago, ó Deus, este menino, Gerado no meu ventre com amor Para que sejas Tu o seu destino E possas cuidar dele, por favor! Que possas ser a luz do seu caminho Durante a sua peregrinação E possa assim sentir o meu filhinho Abrindo para Ti seu coração. Se acaso tropeçar, sejas o braço Que o ajude a levantar-se e num abraço O faças ao Teu lado caminhar. E um dia lá no lar celestial Possamos todos juntos afinal Gozar o que Tu tens para nos dar.
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SOBE ESSA ESCADA
Sobe essa escada, filho, gradualmente, Em direção ao céu e tu vais ver Que Cristo vai estar ali presente, Feliz, contente, p'ra te receber. Se tropeçares, não, não faças isto, Não fiques para trás, volta a tentar E vais sentir a mão de Jesus Cristo Lançada sobre ti, p'ra te amparar. Degrau após degrau, tu vais subir E quando já no céu, usufruir Da doce companhia do Senhor Que um dia veio lá dos altos céus A fim de resgatar-te, a ti e aos teus E numa cruz morrer, por teu amor!
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MEU ANJO
Não sei porque razão, mas hoje sinto Que um Anjo atento vive a minha espera E a sós contigo no meu labirinto A vida é uma eterna primavera. No meu caminho encontro sempre um Anjo Que protege e segue o meu andar E que prepara sempre um novo arranjo Se vejo o mundo meu desmoronar. E quando me aparece um novo assombro, A sua mão repousa no meu ombro E traz um novo alento a meu viver. E pela vida fora vou sentindo O rasto dos seus passos perseguindo Em cada instante, o meu incerto ser.
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SENHOR DA MINHA VIDA
Aquele som estranho, vespertino, Lembrava S. José do Assobio... Eis senão quando, a força do destino Por mim chamou num forte calafrio. Tremendo, no meu carro, destroçado, Lutava contra a morte, intensamente, Sentia um coração inanimado Pulsar no coração de tanta gente. Chamei com insistência Ana Maria Que, algures na Farmácia, não me ouvia... ... E a Deus clamei em oração sentida. Então, ouvi a Sua voz suave Dizer: - Confia em Mim. A morte sabe Que Sou teu Deus, Senhor da tua vida!
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TESTAMENTO
No dia em que p'la morte for chamado, Não quero ouvir os sinos a tocar, Não quero ver o ar lacrimejado Nos olhos de quem nunca soube amar. Não quero ver meu corpo engalanado Com flores que perderam seu olor Nem quero ouvir ninguém "cantar-me o fado" Nem fúteis ladainhas ao Senhor... Quando eu morrer, não quero ouvir contar As lendas deste meu peregrinar E coisas que não fiz na minha vida. Respeitem meu silêncio, nada importa! Que seja? Que ao bater à minha porta Alcance, enfim, a paz na despedida!
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SHALLON SHABBAT
Shallon Shabbat! É tempo de repouso, O tempo que o Senhor guardou pra nós; No fim duma semana eu paro e ouso Ficar com o Meu Deus um dia a sós. Jornada após jornada, o Criador O sol, a lua, a terra, o mar formou; As aves e animais em grande ror, O homem e a mulher... E descansou... Na tarde e na manhã de cada dia Criava e cada coisa aparecia Tão cheia de harmonia ao seu redor! Ao sexto dia olhou a Criação, Parou e disse: - É tudo muito bom! E descansou de todo o Seu labor...
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SALMO 23
Jesus é meu Pastor, nada me falta, Por águas tranquilas Ele me guia, Em campos verdejantes canta e salta, Meu coração exulta de alegria. Prepara-me uma mesa imensa e farta E traz para junto a mim meus inimigos; Minha alma rejubila, canta grata, Ao ver-se assim rodeada por amigos. Ainda que eu andasse em vale de morte, Qual pária, abandonado à minha sorte, Perdido entre as trevas mais sombrias, Eu nada temeria porque eu sei Que meu Jesus é meu Senhor e Rei, Com ele habitarei por longos dias!
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O AMOR (I CORÍNTIOS 13)
Ainda que eu falasse os dialetos Dos homens e dos anjos, sem amor, Seria como um sino em seu torpor Tinindo, só tinindo, sem afetos. E se eu tivesse o dom da profecia E conhecesse todos seus mistérios, Se usasse a minha fé, mas sem critérios, Se não tivesse amor, nada seria. Se desse meus tesouros e riqueza Aos pobres e famintos, com certeza, Seriam gestos fúteis, sem valor. O amor é sofredor, não invejoso, Em cada mandamento há paz e gozo E o grande mandamento é o AMOR!
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O SAL DA TERRA
O alvo sal que surge em cada instante Entre a salina longa, desmedida, Se usado de uma forma temperante Preserva e dá sabor à nossa vida. Tempera, trata, cuida e o seu sabor Faz bem e dá saúde a toda a gente Mas pode fazer mal e trazer dor Se usado de uma forma inconsciente. Tu és o sal da terra e eu também, Possamos na Salina ver o além Que nos conduz ao nosso Salvador. - Vós sois o sal da terra - diz Jesus. Possamos ser o sal que olhando a cruz Tempere a nossa vida em seu melhor.
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ENSINA O MENINO Ensina o teu menino com carinho No bom trajeto no qual deve andar E em todo a sua vida, o seu caminho, Os passos do seu Mestre vai pisar. Então, com seu Senhor, vai ser um dia A Lâmpada que brilha e dá calor E com vigor as Novas de Alegria Vai transmitir aos outros com amor. Ei-lo Rebento, ainda pequenino, Ora, Tição, depois, Explorador, E logo Companheiro. De repente, Embaixador, irá com seu filhinho Aos pés do bom amado Salvador E assim viver com Ele eternamente.
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A BÍBLIA (II TIMÓTEO 3:16) A Bíblia diz que toda a escritura Divina e inspirada por Deus é. É bússola p'ra toda a criatura Que no Senhor depõe a sua fé. É boa para ensino e instrução Também para em justiça redarguir Possamos nela ter o coração Até que o meu Senhor entenda vir. Por muito que na terra tu nos dês, A Bíblia vai ser Guia a nossos pés E luz a iluminar nosso caminho. E sigo bem seguro e a sorrir, Tuas pegadas hei de então seguir E não me vou sentir jamais sozinho.
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ENSINA-NOS A ORAR Um dia, num recanto do jardim, Parámos para à sombra descansar; E alguns amigos vieram até mim Pedir: - Senhor, ensina-nos a orar! E Eu orei: - Ó Pai da Eternidade, Santificado seja o nome Teu, Venha o Teu Reino e que a Tua vontade Se faça aqui na Terra e lá no Céu. O pão de cada dia nos vem dar, Ofensas minhas possas perdoar E assim consiga perdoar também. Não deixes, Pai, que caia em tentação Mas vem limpar meu frágil coração, Te quero suplicar, meu Deus, Amém.
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A PORTA Olhava aquela tela embevecido: Jesus batendo à porta, diligente. E ei-lo à descoberta, confundido, A questionar o Mestre, de repente: - Mas..., Mestre, olhai a porta, não tem fecho, Quem vai poder entrar na casa assim? - A porta é a mensagem que aqui deixo A quem quiser ficar junto de mim. - Tentaste já abrir teu coração? Tem fecho? Tenta abri-lo com a mão! Dizia no seu cândido sorrir... - Tal qual teu coração, ninguém mais sabe Abri-nos esta porta que só abre Se quem está lá dentro ousar abrir!
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FOI DEUS
Quem fez o oceano que se estende De terra em terra, plena de alegria, Corais e peixes, vida que se entende, Se perde, se renova, se recria? Quem fez brilhar o sol que nos acende A chama de amor e da harmonia? Quem fez a lua que nos surpreende Em noites de luar, plena magia? Quem fez as fontes, rios, animais, As aves em chilreios matinais, As flores, cada qual com seu matiz? Quem fez o ser humano assim perfeito, O mar profundo, digno de respeito, Eu sei, foi Deus, por isso, sou feliz!
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A CASA NA ROCHA Um homem fez a casa sobre a areia Sem alicerces. Quando terminou, Chegou a chuva, o vento, a maré-cheia E a casa logo se desmoronou. Um outro fez da rocha o fundamento, Sob alicerce firme a construiu; E veio a tempestade, a chuva, o vento, E a sua firme casa não ruiu. Assim, vai ser a vossa caminhada, Se em Mim, a Rocha, for alicerçada Às intempéries há de resistir. E um dia, quando enfim aqui voltar, Trarei com alegria para dar O galardão e o mundo que há de vir.
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EU SOU A ROCHA - Homens de pouca fé, porque arrazoais? Não vos lembrais do peixe, o parco pão Que multipliquei e a fome dos mortais No monte saciou em profusão? Quem diz que Eu Sou a imensa multidão? - Tu és a Rocha, o Filho do Deus vivo! - Ó, bem-aventurado és tu, Simão. Que todo o que é contigo está comigo! - As Chaves do meu Reino te vou dar E aquele que ao Rebanho se ligar, Será também meu filho. Que assim seja! - Teu nome é Pedro, a pedra, o inconstante; Contigo em mim - a Rocha - doravante, Eu vou edificar a minha Igreja...
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PERDÃO Lavei Teus pés, beijei-os com ternura, Com meus cabelos longos os limpei... Com nardo puro a Tua pele escura Com lágrimas nos olhos, perfumei... Olhaste pra mim com tal candura Que quando nos Teus olhos me encontrei Eu vi nos olhos teus essa loucura Que havia em mim... E só, triste, chorei! Foi sob o olhar felino, acusador, De hipócritas, de tanto pecador, Que descobri o amor que existe em Ti... Olhaste-me com terna compaixão E então senti a paz e o perdão Que havia em teu olhar... Então, sorri!
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COROA DE JUSTIÇA Travei o bom combate, a fé guardei, Cheguei ao fim. O Galardão, a Glória, Das mãos do meu Senhor receberei Ao som de belos hinos de vitória. E não só eu, que eu sei que todo o crente Que o bom Jesus seguiu até ao fim, Com vestes brancas, vai subir, contente, Aos altos céus, ao Toque do Clarim. E quando nas Mansões Celestiais, Vão ver os nossos olhos coisas tais Que o coração jamais imaginou. Então, com meu louvor e devoção, Irei humildemente, em oração, Depor-me aos pés do Grande Deus Eu Sou.
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SHALLON
Shallon, Deus Criador, Shallon Shabbat, A terra vive em paz e harmonia, Seis dias de labuta e na manhã O teu Shabbat nos deste como guia. É tempo de descanso e adoração, De reunir teu povo em tua Igreja, Sentir a tua graça, o teu perdão, Viver em comunhão! Louvado seja! Shallon Shabbat, o grito deste povo Que aguarda a tua vinda e o mundo novo Que foste preparar-nos lá nos céus. E como agora, lá na eternidade, Tu hás de ser a nossa liberdade Na eterna comunhão com nosso Deus!
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TEU SANTO LIVRO
Tua Palavra é lâmpada que brilha E segue a iluminar o meu caminho; Se me desvio e entro numa trilha, Procuro-a e não me sinto mais sozinho. Teu Santo Livro, puro e inspirado, É bom para ensinar, p'ra redarguir, E vai levar-te aqui, em qualquer lado, A olhar com confiança o teu porvir. Instrui o teu menino com carinho E molda em sua mente o Seu caminho Com todos os ensinos que ali há E tu vais ver que em toda a sua vida Tua palavra é a fonte preferida E dela nunca mais se afastará.
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MARIA Naquela noite, em casa de Simão, Andava toda a gente alvoroçada P'ra partilhar comigo o vinho e o pão E ali ficar até de madrugada. Mas de repente, entrava uma mulher De má reputação. E aquele olhar Lançado por Simão qu'ria dizer Que ela não podia ali ficar. Baixou-se junto a mim. Lavou meus pés, Com lágrimas, com nardo e aloés E com os seus cabelos os limpou. Olhei-a e vi com terna compaixão Que suplicava, humilde, o meu perdão Que ao longo desse olhar ela encontrou!
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A MAIOR OFERTA Essa velhinha frágil que ali vinha E se prostrava aos pés do seu senhor Agradecia tudo o que não tinha E a graça de sentir seu grande amor E via tanta gente ao seu redor A abrir os seus alforges e entregar Ofertas liberais ao criador A fim de um dia o céu vir a alcançar Meteu a mão no bolso procurou E eis que lá no fundo ela encontrou Aquela parca e fútil moedinha E foi com humildade e devoção Abrir de par em par seu coração E entregar a Deus tudo o que tinha
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ELE VEM! "E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra." Apocalipse 22:12
Não sou mais que uma mão cheia de lama Moldada pelas mãos do Criador Que um dia com amor me acende a chama Fazendo em mim nascer o Seu fulgor. E agora sou a força que proclama Aos quatro ventos com zelo e fervor A volta desse Mestre que nos chama, Nos ama e nos quer dar o seu amor! Escuta a Sua voz que certo dia Nos prometeu que cedo voltaria E nos resgataria do pecado. Morreu na cruz, bem sei, com tal vileza Mas quando Ele voltar vai com certeza Ficar com cada um sempre a seu lado!
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MEU CRISTO Eu sei que vais voltar, meu Cristo amigo, Que um dia vais descer dos altos céus E as hostes celestiais com alarido Cantando, vão louvar o nosso Deus. E esta vida triste e sem sentido Que aqui teremos todos que passar Depressa vai ter fim porque contigo Iremos para nosso eterno lar. Ó, como é bom viver esta esperança, Depositar em ti a confiança Que vamos reviver, esse momento. Que um dia nosso eterno Criador Nos deu quando com seu imenso amor Do nada nos fez vida... há tanto tempo!
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QUANDO ESTOU SÓ
Quando me sinto frio no meu quarto, Contando o tempo, pela noite fora, Em mim corre um vazio e fico farto De tanta coisa. E quero-me ir embora. Não faz sentido o meu viver tão parco Que neste tempo infindo se evapora, Sigo à deriva, triste, no meu barco, Envolto neste mar que me devora. Vem ter comigo, doce companheiro, Pega no remo, sê meu timoneiro, E Leva-o contigo em segurança. Só quando sinto a tua mão na minha, Eu sei que um novo tempo se avizinha E vai voltar o tempo de bonança.
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O BOM PASTOR Andava o bom pastor feliz, contente, No monte, apascentando o gado seu. Junto ao regato, as águas da corrente Faziam refletir o azul do céu. Pela tardinha, nesse mar de bruma, As cem ovelhas ao redil levou. Mas, ao contá-las, lhe faltava uma E ele, aflito, ao monte então voltou. Iluminado pela luz da lua, Foi à procura da ovelhinha sua, Quiçá, rodeada de perigos mil. Gemendo, tão ferida, a encontrou Perdida num penhasco. A resgatou E ao colo a transportou ao seu redil.
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E O GALO CANTOU... Era já tarde e aquele mar de gente Num pátio ao redor se reunia... Falava-se da cruz onde, inocente, Naquele fim de tarde sucumbia... E entre aquela turba, de repente, Uma mulher Simão reconheceu: - Também tu lá andavas bem na frente Na companhia desse Galileu! Sentindo-se desnudo, com desmando, Três vezes Me negava, blasfemando, Três vezes canta o galo... Então, silente, Lembrou-se das palavras: - Meu amigo, Três vezes vais negar-Me... - E constrangido, Simão chorou, chorou amargamente!
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HERODES, O IDUMEU
Lá longe, entre os Carvalhos de Manré, Jacob e Esaú, em vil porfia, Disputam pela herança de Jafé Que o Patriarca Isaac a um daria. Eis Esaú, cansado, pela tarde, Após ter caminhado algumas milhas, A sua farta herança, sem alarde, Trocar por um guisado de lentilhas. Ludibriado, a luta, enfim termina Quando era Herodes rei da Palestina, E envia p'ra Pilatos seu "Herdeiro": - Ecce Homo - gritou ao ver Jesus Eu lavo as minhas mãos, levai-o à cruz, Vingue-se Edom no sangue do Cordeiro!
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DEIXA MEU POVO IR
O povo caminhava no deserto Co'a ânsia de alcançar o grande mar Aos olhos seus, distante, mas tão perto A sua liberdade a ver chegar. Ao longe, mil cavalos galopantes Com inimigos loucos a gritar, Para os levar a tempos não distantes, Aonde a escravidão ousou ficar. Ao grito de Moisés: "Abram-se as águas!" A multidão passou areias, fráguas E logo a outra margem lhes surgiu. Mas quando o inimigo lá chegou, Ao ver o mar aberto, nele entrou E o mar fechou-se... e, imerso, sucumbiu.
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AS DEZ VIRGENS
Dez virgens com as suas lamparinas Saíram ao encontro do esposo, Cinco, fiéis, as outras mais boninas, Apenas procuravam paz e gozo. O esposo demorou. E o seu azeite Depressa se acabou. As mais prudentes Reserva tinham. Para seu deleite, Puderam nessa boda estar presentes. Noite avançada, o noivo, enfim, chegou E ao ver as loucas, logo as rejeitou Que assim viram as portas a fechar. Agora e sempre, vós e a vossa grei Estejam bem atentos e aprendei A hora em que o esposo vai chegar.
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JESUS, O PÃO DA VIDA
A tarde inteira cada criatura Permaneceu ao longo da colina Bebendo avidamente a água pura Jorrada dessa Fonte cristalina. Faminta, procurava em Seus caminhos Um rumo para a sua salvação E apenas alguns pães e dois peixinhos Havia para dar à multidão. Olhando para o Alto, em oração, Doava o Pão da Vida, o seu perdão; E um coro de anjos lá do céu de anil, Desceu com alegria, irradiante, E encheu o espaço infindo. E num instante, Jesus alimentava cinco mil!
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REDENÇÃO
Senhor meu Deus, perdoa o meu pecado, Com tua Graça infinda me vem dar A mesma fé que um dia, em qualquer lado, A Saulo deste em seu peregrinar. "Eu sei que combati o bom combate, Guardei a fé. E agora, estou bem certo Que a Coroa de Justiça fará parte Da Graça de viver de Ti mais perto. E não só eu! Vou ter bem junto a mim O crente que guardar até ao fim A Tua fé e os mandamentos Teus. Por tua Graça, lá na Eternidade, O manto Teu de Glória e Majestade Irá também cobrir os ombros seus".
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PETRA Lá longe, nas montanhas de Seir, Naquele solo agreste, abandonado, O teu pulsar, Edom, se faz sentir Nas lendas que nos contam do passado. A sã progenitura que entregaste Naquela forma estranha de partilhas, Nos mostra quantos laços já quebraste A troco de um só prato de lentilhas. O velho Isaac chora tal infâmia, O logro que viveu. E na Jordânia As pedras clamam sua angústia e dor. Ó Petra eterna, aonde em cada instante O povo em frenesim acorre errante E ouve a tua história com amor.
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MEU ISRAEL Da Casa de Labão voltou contente À Terra Prometida, o lar de amor; Trazia seus rebanhos, muita gente, Lia, Raquel e os filhos do Senhor. E já co'a Palestina à sua frente, O Anjo do Senhor lhe apareceu E o desafiou. E de repente, Em luta desigual, ele o venceu! - Como te chamas, diz-me, filho meu! - Jacob, filho de Isac, um servo teu Que tem em ti o seu Senhor superno. - Para Israel teu nome vou mudar E no teu seio. um dia irás gerar Aquele que há de ser Meu povo eterno!
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JÓ As armas do inimigo dispararam Em direção a ti, com violência; E os sonhos que vivias se tornaram Tormentos, numa extrema turbulência! Os filhos e os bens, tudo roubaram Na mais cruel e indigna displicência, Amigos e irmãos te abandonaram Num teste infame à tua paciência. Paciente Jó, não fora a fé imensa Nesse teu Deus de Amor, e a tua crença Na vida que há de vir além da morte. E não verias nunca aquele instante Em que Jesus, voltando triunfante, Virá dar novo alento à nossa sorte!
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ABRAÃO Em Ur, perto de Fara, aonde outrora Noé, o Patriarca, então viveu, Ouviste a voz de Deus e foste embora P'rá terra que o Senhor te prometeu. Subiste a despedir-te de teus pais. Depois, com todo o gado e os servos teus, Partiste para a terra onde jamais Irias andar longe de teu Deus. Na terra que manava leite e mel Vivias com teu povo, eras fiel, Mas Sara estéril. Triste solidão! ⁃Ouvi a tua voz, o teu clamor, E Sara vai ser mãe. Por esse amor, Tu vais ser Pai de grande multidão.
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NOS RIOS DE BABILÓNIA
Sentados junto ao rio, com saudade, A recordar Sião, a Terra amada, E a ver, Jerusalém, nossa cidade, Lançada pelo solo, destroçada. Dobrados a Teus pés, humildemente, Pedimos, vem, estende a Tua mão, A este nobre povo e a sua gente, Restaure assim a glória de Sião. Queremos ser de novo o povo antigo, Que agora chora triste, arrependido, Em terra estranha como um povo errante. Vem dar um novo rumo aos passos seus, Guia Israel, e faz que o povo, ó Deus, Regresse à sua terra triunfante!
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ORAÇÃO Senhor meu Deus, Amigo e Salvador, Ó Criador do céu, da terra e mar, Louvado sejas sempre e ao meu redor Eu sinta o Teu amor a me sondar. Vem dar o teu alento, o teu carinho, O teu conforto e paz ao meu viver, E conduzir-me pelo teu caminho Agora e sempre, em cada alvorecer. Tu és o pão da vida e ao teu lado Me sentirei feliz e agraciado Por esse pão que faz não ter mais fome. Por isso, Te suplico, meu Amigo, Que fiques junto a mim, fica comigo E limpa o esterco vil que me consome.
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ORAÇÃO II
Senhor, não tenho forças p’ra pensar. Se penso, o meu pensar não é seguro, Se espero, essa verdade que procuro É meu sofrer, Senhor, é meu penar. Quando em Ti vivo, vivo p’ra sonhar Com sentimento são, imenso, puro. E brilha a luz no meu solar escuro, E sinto ânsia infinita de cantar. Desculpa, Deus, desculpa, Pai Celeste, Meu coração sem cor, minha alma agreste Que vive a profanar queixumes seus. A minha crença em fogo prevalece! Eu posso tudo em quem me fortalece! E eu sei que a minha força és Tu, meu Deus.
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UM VASO SOU
Se um dia, Pai, meu vaso se quebrar, Não deixes que me perca em estertor, Reúne os cacos, volta-me a moldar E faz de mim um vaso, por favor! De argila sou, do barro fui moldado E urdido pelas mãos do Criador, Sopraste em meu nariz inanimado E assim nasci p'rá vida, meu Senhor! Nas tuas mãos serei um vaso novo A saciar a sede do teu povo, A proclamar o teu amor primeiro. Então, qual frágil vaso sem valor, Um dia irei ser fonte desse Amor Moldado pelas mãos do grande Oleiro
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PRECE Estou aqui, Senhor, indiferente, Vivendo na mais pura apostasia, Fujo de ti, de mim, de toda a gente, Envolto numa triste nostalgia. Desejo caminhar e, de repente, Eu não consigo. Triste esta apatia Que nos impele a percorrer na mente Caminhos que nos mentem cada dia. Meu Deus, vem-me ajudar, quero sentir De novo essa alegria, esse prazer Que nos faz renascer, nos då vigor. Eu quero olhar p’ra Ti, ver-Te sorrir E descobrir que em cada alvorecer Renasce em mim a chama desse Amor!
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AMIGO Quisera nos Teus olhos encontrar A forรงa desse amor resiliente, Saber nos Teus caminhos caminhar, Seguir o Teu farol, constantemente. Acreditar que ao longo do caminho Envolto em tanta pedra de tropeรงo, Puder sentir o amor e o carinho Que existe em Ti e eu sei que nรฃo mereรงo. Confio em Teu olhar, no olhar sereno Que brilha no Teu rosto e num aceno Me chama com amor. Quem sabe, um dia, No Teu olhar profundo e confiante Eu vรก reencontrar-me e doravante Em Ti encontre a paz e a harmonia.
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MEU CRISTO VIVO Vi-Te pregar algures na Galileia, Nos campos da Judeia, em Samaria, P'ra grandes multidões, p’ra gente cheia De vãs tribulações, parca alegria! Vi-Te depois sentado, numa ceia, Olhar os olhos tristes de Maria Com lágrimas lavando o pó e a areia, Dos teus cansados pés, naquele dia. E só então, dilacerado, exangue, Teu corpo se esvaiu laivado em sangue Naquela cruz e frente a um mar de gente. Por fim, na tumba fria repousaste; Em glória, após três dias, Tu voltaste E em nós permaneceste para sempre!
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ROSA, SIM, EU SOU..., MAS COM ESPINHOS Entrei na tua Casa, meu Amigo, E vi em cada irmão a mesma flor Qual rosa em seu matiz tão colorido, Um bálsamo, espalhando seu olor. E , deslumbrado, vi-me num momento, A respirar o seu perfume intenso; Fique feliz e com o pensamento No meu jardim florido, alegre, imenso. Mas entre as rosas, vi também espinhos. Não resisti. Então, com mil carinhos Limpei espinho a espinho cada flor. Caí em mim. Depois, no meu cantinho, Pedi a Deus limpasse cada espinho Da flor que faz sofrer meu Salvador.
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PERDOA Perdoa, Pai, Teu coração padece Porque não sigo a Tua Santa Luz E sinto que minha alma não merece A vida que lhe deste lá na cruz. E sinto-me num corpo que fenece No seio desta vida que seduz, Ovelha tresmalhada que se esquece Da vara do Pastor que a conduz. Quando na noite, a treva densa e fria Me vem roubar a réstia de alegria, Qual tiçãozinho aceso em meu torpor, Eu venho procurar-Te em oração, Suplicar-Te, ó Deus, que em teu perdão Me aceites mesmo frágil pecador!
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ACEITA-ME, Ó DEUS! No plácido recanto Teu, meu Deus, Me encontro com fervor e devoção, Trazendo o meu viver, pecados meus, E abrindo para Ti meu coração. Almejo ser Teu filho, olhar os céus E perscrutar os mananciais sem fim Que por amor Tu deste aos filhos Teus E hoje aqui trouxeste para mim. Nas águas vou depor o meu passado Pois quero ser Teu filho dedicado No meu peregrinar por este mundo. Aceita, ó Deus, aceita com carinho O frágil coração do Teu filhinho Que quer em Ti viver o Amor profundo.
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ORAÇÃO III Dobrado, de joelhos, aos Teus pés Aqui me encontro, ó Deus, em contrição Pedindo humildemente que me dês, Embora eu não mereça, o Teu perdão. Já corri mundo, andei de lés-a-lés, E nesta minha peregrinação Só quando me dobrei junto a Teus pés, Senti Teu grande amor, Tua afeição. Perdoa, ó Deus, bem sei, não valho nada, Durante a minha incerta caminhada Vagueei sem rumo, eu sei, andei perdido. Não quero mais viver assim sozinho, Aceita-Me e ensina-Me o caminho Que me conduza a Ti, meu bom Amigo.
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PRECE II Vem ter comigo, ó Cristo, renovar Em minha vida a Tua Santa Aliança Findar meu sofrimento e restaurar Em meu viver de novo a confiança. A vida nada tem para me dar; Aqueles velhos tempos de bonança Ficaram para trás. Em seu lugar, Apenas deixou dor, desesperança. Vem ter comigo, ó Cristo, vem trazer Mais paz e esperança a meu viver, Faz-me esquecer o tanto que sofri. Vem ter comigo, finda está ilusão, Faz renascer meu frágil coração E dá-me a tua mão, confio em Ti!
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TRISTEZA Meu Deus, porque verter gotas de sangue Ao ver dilacerado o coração? Porque fenece assim meu corpo exangue Perdido no palácio da ilusão? Porque padecem corpo e mente em dor Se nos caminhos tristes desta vida Em qualquer parte, e seja aonde for Eu vivo uma esperança apodrecida? Lava o meu corpo, ó Deus, rasga os tecidos Deste esqueleto imundo, o sofrimento Dum mau viver-morrer que paira em mim E deixa-me voltar aos tempos idos E renovar em mim cada momento E nunca, nunca mais sofrer assim!
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OUVI A TUA VOZ Ouvi a voz serena do amor Falando para mim com tanto afeto Que aos céus agradeci esse favor Do teu amor tão puro, tão dileto O teu olhar sereno, esse candor Que envias num discurso mais direto É para mim fragrância dessa flor Que inalo do teu peito são, discreto Vem, da me o teu carinho, anjinho meu Faz me voar nas ondas do teu Ceu Em mananciais de amor e de magia E um dia ao despertar com o alvor Da madrugada, possa em teu candor Reencontrar a paz e a alegria
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DESEJO
Almejo reencontrar-te, Cristo amado, Entrar nesse Teu peito, em Tua mente, Contar-te as mágoas que minha alma sente, Sentir o Teu perdão desinteressado O brilho dos teus olhos, eloquente Lição de paz, de amor e de harmonia, Faz-me sentir conforto e alegria E torna a minha vida tão diferente Abre meus olhos, quero despertar Da minha letargia, reencontrar A paz que faz viver serenamente Oh, não desvies teu olhar do meu Que eu sei que ainda um dia lá no céu Nós vamos viver juntos para sempre
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NOITE Na longa noite de silêncios feita Mergulho numa imensa solidão Em busca do meu eu vereda estreita Que leva a um abismo em construção A longa vida torpe e imperfeita Espelho duma falsa imensidão Caiu estilhaçada e jaz desfeita Pisada e repisada pelo chão No meu silêncio feito de infinito Eu sinto amordaçado o meu vil grito Que em vão se eleva nesse imenso breu E nesta escuridão nesta agonia Eu peço a Deus que chegue a parusia Que vai reconciliar me com meu eu
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SOUBERA EU
Quisera nos Teus olhos encontrar A forรงa desse olhar resiliente, Saber nos Teus caminhos caminhar Seguir o Teu farol constantemente. E confiar que ao longo do caminho, Envolto em tanta pedra de tropeรงo, Encontrarei o amor e o carinho Que existe em Ti e sei que nรฃo mereรงo. Confio em Teu olhar, no olhar sereno Que brilha em Tua fronte e num aceno Eu busco com amor. Quem sabe, um dia, No Teu olhar imenso e confiante Eu vรก reencontrar-me e doravante Em Ti encontre a paz e a harmonia!
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PAZ A chuva cai, o mar em tom aflito Lança o seu grito, grande é seu furor... E nesta solidão, eu vou contrito Seguindo nas pegadas do Senhor. Silêncio infindo... Entrei na Tua Igreja E à minha volta tudo é paz e calma O turbilhão se foi. Louvado seja! E o júbilo voltou à minha alma. Ó, como é bom o Teu refúgio, ó Deus, Sentir Teu aconchego, a paz dos céus, Em cânticos suaves de louvor. ...E almejo aquele dia em que do céu Tu voltes a buscar o povo teu, Com glória e majestade, em resplendor!
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QUÃO BOM O Espírito de Paz que existe aqui Nos traz alento e fé ao coração, Sentimo-nos tão bem junto de Ti, Vivendo o teu carinho e afeição. Quão bom voltar aqui à Tua Igreja, Sentir a Tua paz, o Teu amor, Bendito sejas Tu, louvado sejas, Santificado sejas, meu Senhor! Qual bálsamo as coisas que partilhas Com todos os Teus filhos, Tuas filhas, Em grande profusão, ó Deus Eterno! Que bom voltar de novo ao Teu redil, Sentir Tua afeição, as bênçãos mil Que a todos ofereces, dom superno!
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REFRIGÉRIO Que refrigério, ó Deus, este aconchego Do Templo Teu, da Casa de Oração, As suaves melodias, o enlevo Tão pleno de harmonia e perfeição. Quando aqui venho, sempre de Ti levo Conforto, muita paz, consolação E sinto o Teu carinho, o Teu apego Acalentando um frágil coração. E mesmo sendo vil e pecador, Aqui me encontro, Ó Deus, ó meu Senhor. Sentindo o Teu amor, o teu carinho. E neste enleio, em minha devoção, Te peço, vem, estende Tua mão E leva-me, Senhor, p'lo Teu caminho.
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NATURA
Um turbilhão de cor, manta florida, Se estende pelo chão ao meu redor E toda a praça fica colorida Enchendo o ambiente de fulgor. A vida agora em folhas ressequida Nos mostra o belo em seu esplendor A natureza canta agradecida O renovar da vida ao Criador. E neste mar de cor e fantasia Rejubilado, pleno de alegria Eu canto a Deus, Senhor do Universo. E escrevo e desfiando o verbo, o amor, Eu louvo tão feliz ao meu Senhor Na força da palavra do meu verso.
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TENTADOR “E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares... “ Mateus 4:9
Porque me chamas teu se não sou teu, Me lanças teu olhar quase inocente? Tu sabes que este ser que Deus me deu Vai ser apenas Seu, agora e sempre! Não queiras envolver-me nesse véu, Com tua voz suave, displicente, Levar-me na cantiga a esse céu Apenas teu, do meu tão diferente! Não venhas com histórias, dar-me a mão, Não queiras usurpar meu coração E sonegar-me a vida, o meu amor! Não penses que sou teu, tem paciência, Tu sabes, meu viver, minha existência, É sim, propriedade do Senhor!
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PECADO ORIGINAL Do pó da terra um dia te formei E dei-te a Minha Lei p’ra seres feliz A terra e animais eu te entreguei E era muito bom tudo o que Eu fiz. Estavas só e uma mulher te dei Formada da costela, da raiz. Mas ela transgrediu a Minha lei Um dia, ao ser tentada - não Me quis. Que dia triste, Adão, que dor intensa! Disseram não àquela vida imensa Que com tão grande amor Eu vos quis dar. Para vos reaver, mudei a história... E vos mostrei o gozo da vitória Morrendo numa cruz pra te salvar.
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TENTAÇÃO - Vá, toma para ti. É tão gostosa! Não deixes que ela caia entre os abrolhos... Vais ver que vais ficar muito orgulhosa E vão abrir-se ao mundo esses teus olhos... Não temas, esta fruta generosa Que aqui nasceu na Árvore do Saber Teus olhos vai abrir, serás famosa E tudo à tua volta vai crescer... ... ... ... Que fazes, filha Minha, que loucura! A quem foste entregar tua alma pura E tua vida eterna atraiçoar? Ao mal tu te entregaste num só dia E só a Minha morte em agonia Te pode do pecado resgatar!
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AFASTA-TE! Isaías 14
Porque caíste, ó Estrela da Manhã, Deixando para trás o Lar de Amor? "Eu subirei ao Céu e quando lá Usurparei o trono do Senhor!" Lançado foste nessa terra imunda E só trouxeste dor e confusão, Na tua obra infame e tão fecunda Apenas espalhaste maldição! "Eu subirei acima do Altíssimo, No templo Seu, no Seu Lugar Santíssimo, Ireis pra me adorar com corpo e mente! " - Afasta-te, Satã! Só Meu Senhor Me vai trazer a glória, a paz e o amor, Que em Mim irei guardar agora e sempre!
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O CAVALO VERMELHO A estrela que brilhava lá no céu E então iluminava o seu caminho Perdeu-se de repente, se fez breu, Deixando aquele povo mais sozinho. Do novo mundo a besta se insurgia, Cavalo rubro, vestes de carmim, De espada em riste tudo destruía! ... E a profecia se cumpria assim. Com todo o seu poder e ousadia Blasfémias para o Alto proferia E não deixava mais de proclamar: "Eu subirei um dia aos altos céus, Usurparei o Trono de meu Deus E todos aos meus pés se vão prostrar!..."
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VENCEDOR Não digas a ninguém que teu eu sou, Não penses que és o dono de meu peito Que dessa estrada errante só ficou Desilusão... Teu mundo é imperfeito. Ó mar tempestuoso, o que restou Das ondas de vaidade e preconceito? Perderam-se na praia. E agora vou..., Vou sim... seguir o Seu caminho estreito. Não mais irei sentir-me tão sozinho, Eu hei de arquitetar o meu caminho Na trama emaranhada de meu ser. E entre qualquer luta, qualquer dor, Estou bem certo, vá por onde for, Nas mãos do meu Senhor, eu vou vencer!
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MEU IRMÃO Essa avidez de fé, ora escondida, Levou-te a um mundo então desconhecido E fez reacender a chama viva Que te mostrava o teu melhor Amigo. E n'Ele, nessa Fonte cristalina, Depositaste a tua confiança; E a tua fé cresceu e, peregrina, Seguiu com Cristo em paz e segurança. Teu coração rebelde se rendia Ao jugo desse Amigo que te ouvia E era em teu viver a maior Luz. E as agruras do teu dia a dia, Quais desafios, tu com ousadia, Venceste, de mãos dadas com Jesus!
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TESTEMUNHO Acnac Famílias
Vi-te chegar contente a este lugar Aonde toda a gente te sorri, Vi-te sonhar feliz, vi-te cantar Os versos tão singelos que escrevi. Vi-te sair alegre a caminhar Por entre os matagais e ao pé de ti Eu vi como era bom o partilhar Histórias das mais lindas que já li. E quando noite adentro a voz do mar Se ouvia nesse eterno marulhar Fazendo recordar o lar de amor, Sorrias para nós com terno olhar, Com tuas mãos erguidas para o ar Em gestos de alegria e de louvor.
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SILÊNCIO
Manhã de Maio... O mar está silente, As nuvens cobrem esse céu imenso; A rua está deserta, não há gente, E os animais se resguardaram, penso... Num estridente som, batem as horas Quebrando a quietude e a atenção; E penso p'ra comigo: - Porque choras No meio desta insana solidão? Silêncio! Tudo para à minha volta... A voz do povo: - Anda o diabo à solta... A vida é uma ilusão, uma utopia! Persigo a paz, em vão tento alcançar Aquele meu farol que ali, no mar, Não cessa de brilhar de noite e dia!
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CANTAI, HOMENS, CANTAI Cantai, homens, cantai ao Criador, O Deus do Céu, Senhor do Universo, Cantai-O com palavras, com louvor, Na força e no fulgor de cada verso. Cantai-O com saltério, com tambor, Com harpa, com trombeta, com shofar, Fazei que em vosso canto o esplendor Do rosto do Senhor possa brilhar. E quando com Seus anjos regressar, Ao som de mil trombetas lá no ar, Com todo o Seu poder e majestade, Cantai, homens, cantai com alegria, Cantai, rejubilai, que nesse dia Chegou com Ele a vossa liberdade!
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A ÚLTIMA CEIA
Contavam que Da Vinci, o grande Mestre, Quando pintava a Ceia do Senhor, Foi a um Mosteiro, a um lugar agreste, Para encontrar modelos a rigor. Então, com todo o gênio e inspiração, Pintou rosto após rosto. Mas depois, Viu um vazio. Olhou com atenção E nesse grupo lhe faltavam dois. Só quando certa orquestra ouviu tocar E o seu maestro irradiava luz, Da Vinci prontamente o foi buscar Para pintar o rosto de Jesus.
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Para findar a sua obra de arte, Faltava agora Judas, o traidor; E ao procurar por Roma, em toda a parte, O encontrou num torpe malfeitor. ⁃ Olha meus olhos, vê, não vês quem sou? Aqui me tens, um reles pecador! Da Vinci olhou seus olhos e gritou: ⁃ Não pode ser! O rosto do Senhor!
⁃ Sim, sou eu mesmo, vê quanto contraste Encontras neste meu olhar profundo No qual há pouco tempo te inspiraste Para pintar o Salvador do Mundo! E a lenda diz que à sombra desse olhar Sentiu como um punhal no coração E pela vida inteira foi pagar A pena dessa insigne criação.
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HOJE ESCOLHEI Sabei a quem servir, não percais tempo, Que o tempo, em qualquer ocasião, Se lança em correria como o vento E salta em rodopio pela mão. Não permitais que o tempo num momento Se esvaia e frustre a vossa decisão E neste frenesim e movimento Percais p’ra sempre a vossa ocasião. Sabei a quem servir com sentimento, Chegou o tempo e todo o pensamento Se vira para o Pai, o Deus de Amor. Hoje escolhei quem é o vosso Deus Mas eu, a minha casa, os filhos meus, Unidos, serviremos ao Senhor!
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CONTEÚDO Ficha Técnica ......................................................................... 3 Autor ......................................................................................... 4 Meu Barco .............................................................................. 8 Segura o Leme .................................................................... 11 Rema, Senhor! ..................................................................... 13 Eis-Me aqui! ......................................................................... 17 Toma, Senhor! ..................................................................... 19 Sobe essa Escada ............................................................... 20 Meu Anjo .............................................................................. 23 Senhor da Minha Vida ..................................................... 25 Testamento .......................................................................... 27 Shallon Shabbat ................................................................. 31 Salmo 23 ............................................................................... 33 O Amor (I Coríntios 13) ................................................... 35 O Sal da Terra ...................................................................... 37 Ensina o menino ................................................................. 39 A Bíblia (II Timóteo 3:16) ................................................. 41 Ensina-nos a Orar .............................................................. 43 A Porta ................................................................................... 45 Foi Deus ................................................................................. 47 A Casa na Rocha................................................................. 49 Eu Sou a Rocha ................................................................... 51 Perdão .................................................................................... 53 Coroa de Justiça ................................................................. 55 Shallon ................................................................................... 57
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Teu Santo Livro ................................................................... 59 Maria....................................................................................... 61 A Maior oferta ..................................................................... 63 Ele Vem!................................................................................. 65 Meu Cristo ............................................................................ 67 Quando estou só ............................................................... 69 O Bom Pastor ...................................................................... 71 E o galo cantou... ................................................................ 73 Herodes, o Idumeu............................................................ 75 Deixa Meu povo ir ............................................................. 77 As dez virgens ..................................................................... 79 Jesus, o Pão da Vida ......................................................... 81 Redenção .............................................................................. 83 Petra ........................................................................................ 85 Meu Israel ............................................................................. 87 Jó .............................................................................................. 89 Abraão.................................................................................... 91 Nos rios de Babilónia ....................................................... 93 Oração.................................................................................... 97 Oração II ................................................................................ 99 Um vaso sou ..................................................................... 101 Prece .................................................................................... 103 Amigo .................................................................................. 105 Meu Cristo Vivo ............................................................... 107 Rosa, sim, eu sou..., mas com espinhos .................. 109 Perdoa ................................................................................. 111 Aceita-me, ó Deus! ......................................................... 113 167
Oração III ............................................................................ 115 Prece II ................................................................................ 117 Tristeza ................................................................................ 119 Ouvi a tua voz .................................................................. 121 Desejo ................................................................................. 123 Noite .................................................................................... 125 Soubera eu ........................................................................ 127 Paz ........................................................................................ 131 Quão bom.......................................................................... 133 Refrigério ........................................................................... 135 Natura ................................................................................. 137 Tentador ............................................................................. 141 Pecado Original ............................................................... 143 Tentação ............................................................................. 145 Afasta-Te!........................................................................... 147 O cavalo vermelho.......................................................... 149 Vencedor ............................................................................ 151 Meu irmão ......................................................................... 155 Testemunho ...................................................................... 157 Silêncio................................................................................ 159 Cantai, homens, cantai .................................................. 161 A Última Ceia .................................................................... 162 Hoje escolhei .................................................................... 165
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