O cavaquinho e as artes

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Amy Dine e José Sepúlveda

Aula de Música UNIVERSIDADE SÉNIOR DO ROTARY CLUB DA PÓVOA DE VARZIM



Agradecimentos

Os Autores agradecem: Ao Mutes Pela empenho na execução artística da imagem da capa. À Associação Museu Cavaquinho na pessoa do seu Diretor, Júlio Pereira Pela autorização para uso das imagens inseridas neste trabalho Ao Carlos Coelho Pela cedência das músicas

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Ficha Técnica

Título

Edição

O Cavaquinho e as Artes

E-Book

Autores José Sepúlveda Amy Dine

Formatação José Sepúlveda

Capa

Apoio Pedagógico

Mutes

José Abel Carriço

NOTA Trabalho elaborado no âmbito da Aula de Música da USRCPV - Universidade Sénior do Rotary Clube da Póvoa de Varzim, tendo em vista a sua inclusão nas Manifestações Paralelas do 38º Festival de Internacional de Música da Póvoa de Varzim

Pintado por

Cristina Troufa (Museu Cavaquinho)

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Índice

Preâmbulo

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Ao som do cavaquinho (poema)

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O Cavaquinho e as Artes

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O Cavaquinho no Mundo

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Museu Cavaquinho

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Setenta Violinos

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- Exposição Itinerante - Júlio Resende (Biografia) - Mutes (Biografia)

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Caraterísticas do Cavaquinho

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Afinações do Cavaquinho

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Alguns exemplares de músicas

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Construtores de Cavaquinho

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Fontes

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“…e quando o povo canta ao desafio, o cavaquinho toca-se com brio!...” Sepúlveda

Grupo de Cavaquinhos da Universidade Sénior do Rotary Club da Póvoa de Varzim (Inscrito no Museu Cavaquinho)

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Preâmbulo Júlio Pereira, um nome incontornável como músico, compositor, multi-instrumentista e produtor português dedicou ao cavaquinho uma especial atenção, tendo em 1981 gravado o LP Cavaquinho que obteve um merecido êxito junto da crítica e desencadeou um profícuo debate, tendo levado muita gente a interessarse pela pequena violinha e a integrá-la na redescoberta e reinvenção da música popular portuguesa. Em 2012 grava Cavaquinho .PT com textos do historiador João Luís Oliva e da musicóloga egípcia Salwa Castelo Branco. Apesar da crise, foram vendidos cerca de 4000 exemplares .

Mas Júlio Pereira não se fica por aqui e envida esforços para dar a conhecer melhor ao povo português e ao mundo este tetracórdio de origem nortenha, diz-se, de Braga. Forma assim a Associação Museu Cavaquinho, sem fins lucrativos , a fim de apoiar e divulgar toda e qualquer iniciativa que tenha a ver com o dito instrumento. O interesse no seu uso tem vindo a aumentar gradualmente e as atenções tem-se virado cada vez mais para o instrumento de conceção aparentemente rudimentar.

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Estima-se que em Portugal ele seja tocado por cerca de 2500 pessoas e existem construtores do mesmo desde o Minho ao Algarve, passando pela ilha da Madeira. (textos extraídos na sua maior parte do Jornal O Público de 2 de Maio de 2016). Um dia Júlio Pereira viu uma imagem no computador que lhe sugeriu uma ideia: Porque não fazer uma colagem num cavaquinho? Se assim pensou melhor o fez e achou interessante o resultado. As imagens eram de Pedro Cabrita Reis a quem enviou a montagem com um email pedindo-lhe a opinião e perguntando se queria apadrinhar a Associação. Este achou a ideia muito interessante e respondeu: “Boa, força, muito giro”.

Continuou a fazer mais algumas colagens através do computador e desta vez abordou os artistas plásticos Julião Sarmento e Júlio Pomar pois tinha sido de obras de ambos que havia feito idênticas montagens. Estes também acharam a ideia interessante e foi assim que estes três principais artistas apoiaram a Associação. Depois Júlio Pereira foi contactando mais artistas uns mais conhecidos, outros menos, mas não era ainda verdadeiramente isto que ele tinha em mente.

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Resolve então fazer um convite a diversos artistas .Responderam ”sim “ muitos artistas plásticos e com a doação de 70 cavaquinhos feita por diversos construtores dos mesmos consegue uma magnifica coleção de 70 cavaquinhos pintados na integra. A esta obra dá o nome de “70 cavaquinhos, 70 artistas”.

Com ela, faz então uma exposição no Museu Cavaquinho. Esta exposição tornou-se itinerante e visa contribuir para a divulgação deste singelo cordofone. Com esta exposição a palavra cavaquinho passa a estar na cabeça das pessoas. Amy Dine

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Ao som do cavaquinho ...

Era o cantar do povo que eu ouvia Ao som desse instrumento singular, A alma que das cinzas renascia No seu trinado simples, popular... Os versos e os sons em sintonia Aos ventos espalhava pelo ar E o músico, tocando, se exibia Abrindo a alma ao povo em seu tocar! Uma após outra as notas esgrimia E ao seu redor o sonho, a fantasia, Em todos se sentia com prazer...

E embalado ao som do cavaquinho, Desafiava a vida e com carinho, Vibrava em si a força de viver! José Sepúlveda

Pintado por Mutes (Museu Cavaquinho)

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O Cavaquinho e as Artes Quando viajamos ao longo da nossa terra e mergulhamos nas aldeias vilas e cidades desse Portugal profundo, ouvem-se ao longe os trinados cheios de harmonia desse pequenino instrumento, qual pequena violinha achatada, num so-li-dó vivo e constante que nos enche a alma de vigor e de alegria. É o cavaquinho, no âmago da tradição popular. Não sei se importa muito saber qual a sua verdadeira origem - melhor deixar isso para os historiadores e especialistas - o que sei é que a magia desses sons se encontra enraizada no coração dos portugueses e quer seja em grupos de folclore, de cantares populares, tunas ou simples ajuntamento de amigos, a sua presença faz se sentir a cada instante, arrastando cada um no cantarolar dessas melodias simples, populares e folclóricas, tão enraizadas na alma do povo que as canta com alegria e espirito de poeta. Vamos hoje abordar um nadinha sobre a história e percurso desse pequeno instrumento cordofone que nos inspira e delícia.

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Ana Pereira (Museu Cavaquinho)

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O CAVAQUINHO é, na sua essência, um cordofone de pequenas dimensões, na forma de pequena violinha achatada, de estilo popular, com quatro cordas presas por cravelhas. Existem atualmente em Portugal dois tipos principais de cavaquinho, correspondendo a áreas onde o seu uso é mais frequente:

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Renata Pascoal DR (Museu Cavaquinho)

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O Cavaquinho Minhoto, ainda é construído por uma indústria violeira ainda com características muito artesanais sobretudo na região alargada de Braga, abrangendo Guimarães, Felgueiras e estende-se ao Porto e arredores. Em Guimarães, já no século XVII, era mencionado no Regimento para o Início de Violeiro, de Guimarães, de 1719, que menciona entre as suas espécies maciços de quatro e cinco cordas. Algumas características: As madeiras usadas no seu fabrico são diversas e variam conforme a qualidade que se quer dar ao instrumento; os melhores tampos são em pinho de Flandres, mas fazem se também em tília, choupo, nogueira ou cerejeira; no geral, os ramos são de uma folha única de uma dessas espécies, mas há cavaquinhos em que o pau-preto é usado na metade superior do tampo e as ilhargas e o fundo; o braço, a cabeça ou cravelhas são comumente em madeira de amieiro, sendo a cabeça ou cravelhas muito recortadas em moldes variados e característicos.

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Cristina Teixeira (Museu Cavaquinho)

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os rebordos e a boca são enriquecidos com frisos decorativos; os cavaletes são por norma em preto. Geralmente, o cavaquinho minhoto tem a escala rasa com o tampo de doze trastos. É um dos mais populares instrumentos nas rusgas minhotas e tens características essencialmente festivas, ao gosto popular que usa e abusa da sua utilização em tudo o que sejam festejos tradicionais profanos e vemo-lo muitas vezes nessas aldeias do interior a acompanhar até o Compasso Pascal ou outras manifestações profano-religiosas. Não vai há muito tempo onde em qualquer casa rural de Guimarães não existisse um cavaquinho para alegrar o pessoal em momentos de lazer, festivos oou no exercício das suas atividades agrícolas. Ora a solo, ora inserido em grupos, ei-lo a vibrar na mão dos tocadores para alegria das gentes que à sua volta se reúnem com o propósito de usufruir da magia do som e dos cantares populares a ele associados.

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Gabriel Garcia (Museu Cavaquinho)

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Quando acompanhado por viola ou violão, harmónica ou acordeão, tambores ou ferrinhos, a sua presença torna-se indispensável nesses momentos festivos e o seu pendor é aumentar mais a sua presença nos tempos de hoje, sobretudo através da ação dos grupos de cantares, particularmente nas nas universidades seniores onde os grupos vão proliferando por todo o país. Este instrumento, usando afinações diversas, os seus tocadores vão alimentando o gosto de cada executante ou ouvinte com os sons por si produzidos. Transmitindo a alegria que em cada um pulsa. Na sua forma comum, as dimensões aproximando-se de 52 c, dos quais doze para a cabeça, 17 para o braço e 23 para a caixa, sendo a largura do bojo maior de 15 cm e a do menor 11 cm. O corpo vibrante das cordas, da pestana ao cavalete, mede 33 cm. A altura da caixa é menos constante regulando, na generalidade, os 5 cm, mas não é invulgar encontrarem-se cavaquinhos muito baixos que produzem um som mais estridente, nas Terras de Basto, apelidados de maciços. É, sobretudo, na região nortenha que o seu uso é mais frequente. Este género musical aparece como espécie popular ligadas ao folclore e à música mais tipicamente enraizada no tradicional do nosso cancioneiro.

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Catarina Garcia (Museu Cavaquinho)

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O Cavaquinho de Lisboa, é semelhante ao minhoto pelo seu aspeto geral, dimensões e tipo de encordoamento. Difere essencialmente do Cavaquinho do Minho pela escala que é elevada em relação ao tampo, e pelos seus dezassete trastos. O cavalete difere do dos cavaquinhos minhotos, tratando-se de uma espessa régua linear com um rasgo horizontal escavado a meio onde a corda prende por um nó corredio. Carateriza-se como um instrumento de Tuna com carácter urbano e sobretudo burguês que, em meados do século XIX, os mestres de dança da cidade terão certamente utilizado nas suas lições, sendo ocasionalmente tocado por intérpretes femininos. A sua execução é de forma ponteada, com plectro, tal como os instrumentos desse género do tipo dos bandolins, produzindo-se tremolo sobre cada corda. Enfim, em certos casos é um instrumento que se assemelha ao bandolim, pelo seu formato e dimensões - um número superior de cordas e um braço mais largo - leva também o nome de cavaquinho, embora não partilhe com ele a mesma estirpe e natureza

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João Barros (Museu Cavaquinho)

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O Cavaquinho da Madeira (a Braginha) foi levado por bracarenses que o espalharam por diversas regiões, sendo-lhe muitas vezes dado outras designações. Neste caso, a Braguinha é o nome que os madeirenses dão ao pequeno instrumento, ora porque era tocado por pessoas que usavam bragas, ora porque era tido como originário de Braga.

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Manuela Gandra (Museu Cavaquinho)

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Cavaquinho no Mundo Numa viagem através do mundo, se bem que, como já foi dito, o cavaquinho tenha a sua alma em Braga, cavaquinho tenha a sua alma em Braga, este logo se espalhou pelo Porto, Coimbra e outras cidades, tendo alcançado muito rapidamente o coração de tantos portugueses. A partir daqui, foram alguns emigrantes que o levaram para a Madeira, para Cabo Verde, Brasil, Hawai e outros lugares, muito embora, com as variantes então nascidas nesses lugares fosse espalhado diretamente para os mesmos lugares onde aos poucos os estilos se foram sofrendo alterações, acabando por ocasionar o aparecimento de outros instrumentos cuja génese está no Cavaquinho de Braga. Nas ilhas do Hawai transformou-se num instrumento em tudo semelhante ao cavaquinho, designado por ukelelé - a pulga saltadora. Pensa-se que levado por portugueses emigrantes que aportaram aquelas paragens. O ukelelé é um instrumento de quatro cordas . Este instrumentomuitas vezes com o braço em ressalto e com dezassete trastos, tal qual os cavaquinhos de Lisboa, Madeira e Brasil. Este instrumento também aparece com fabrico inglês, do tipo do cavaquinho minhoto, com braço raso, com tampo e apenas com doze trastos.

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Luísa Passos (Museu Cavaquinho)

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A sua introdução no Hawai é atribuída a João Fernandes, madeirense nascido em 1854 e que foi da sua terra para Honolulu num contingente de emigrantes com destino às plantações de açúcar, numa viagem pela rota do cabo Horn que demorou mais de quatro meses, que ao desembarcar carregava debaixo de um dos braços a sua inseparável braguinha. Entre esse grupo iam cinco excelentes executantes e três construtores, os quais vão ficar para sempre ligados à história do cavaquinho nesse país. Manuel Nunes, um dos construtores, abriu uma pequena indústria de mobiliário e assim começou a fabricar exemplares da braguinha. Com o tempo, os havaianos aperceberam-se que o instrumento não era difícil de tocar e começaram a comprar alguns exemplares, divulgando a característica música que se foi espalhando gradualmente até se tornar uma referência musical no país. Foi um dos netos de Manuel Nunes, Leslie Nunes, o grande impulsionador e cultor do ukelelé, a quem se deve a informação do que hoje se sabe sobre o aparecimento e a difusão do popular instrumento nessa zona geográfica.

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Tiago Taron (Museu Cavaquinho)

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Tendo por base esta resenha histórica, é possível aquilatar que a partir do Minho, mais propriamente de Braga, através de alguns emigrantes, o cavaquinho terá viajado para alem de todo o pais, pela Madeira, Brasil e outros países sulamericanos através de algum ou alguns emigrantes minhotos e, da mesma cidade, através dos afluxos migratórios, para o Brasil e outros países sul-americanos, espalhando-se como uma bola de neve por diversos continentes, onde hoje, sob as mais diversas formas, por adoção ou pela criatividade dos residentes, se transformou numa referência no panorama da música popular.

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André Letria (Museu Cavaquinho)

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Museu Cavaquinho “A Associação Cultural e Museu Cavaquinho foi criada e adquiriu natureza jurídica em Julho de 2013 com o propósito de cobrir as necessidades e falhas encontradas durante um estudo preliminar sobre a prática do cavaquinho em Portugal, levado a cabo por Júlio Pereira (sócio fundador e atual presidente). Durante esse estudo, foi evidente uma realidade diferente da conhecida no início dos anos 80, aquando da edição do disco “Cavaquinho” de Júlio Pereira que mostraria ao país este instrumento - a prática do cavaquinho não parou, antes pelo contrário, manteve-se ativa. No entanto, não existe documentação sobre esta prática, nem tão pouco um método de Ensino ou um plano de preservação quer da prática quer da construção e divulgação deste instrumento. Esta Associação nasceu da urgência de juntar no mesmo plano os intervenientes da prática do cavaquinho: por um lado tocadores, músicos e construtores como agentes reais e por outro, os investigadores, universidades e outras entidades acreditadas que são o suporte científico para uma construção rigorosa daquilo que é a viagem e prática do cavaquinho””. (Wikipédia)

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Mutes (Museu Cavaquinho)

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Fotos cedidas pelo Museu Cavaquinho

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Decorações

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Ornamentos

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Cravelhas

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Pintura dum cavaquinho em construção (Museu Cavaquinho)

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Exposição Itinerante dos Setenta Cavaquinhos

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Graça Bordalo Pinheiro (Museu Cavaquinho)

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Exposição itinerante 70 Cavaquinhos 70 Artistas

Esta exposição encontra-se a percorrer dez Municípios, na maioria, transversais à prática do Cavaquinho – Lisboa, Coimbra, Braga, Guimarães, Porto, Viana do Castelo, Funchal, Horta, S. Roque do Pico e Vila Franca do Campo.

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Setenta Cavaquinhos, Exposição

Artistas convidados: Alberto D’Assumpção, Alberto Lopes, Alex Davico, Amélia Muge, Ana Cristina Dias, Ana Pereira, Ana Romero, Ana Silva, André Letria, António Bártolo, Benedita Serrano, Carla Cabral, Carla Regina, Carlos Mensil, Carlos Zíngaro, Catarina Garcia, Constança Araújo Amador, Cristina Troufa, Daniela Reis, Débora, Domingos Silva, Francisco Martins, Gabriel Garcia, Gil Maia, Graça Bordalo Pinheiro, Helena Berenguer, Helena Trindade, Irene Gomes, JAS, Joana Astolfi, Joana Miguel, Joana Rego, João Barros Mouro, Júlio Dolbeth, Juma, Lara Parreira, Luís Calheiros, Luís Lázaro, Luísa Passos, Luiz Morgadinho, Luz Henriques, Manuela Gandra, Manuela Pimentel, Margarida Cardoso, MariaRafael, Mariana Dias Coutinho, Mário Fresco, Marta Madureira, Minela Reis, Mutes, Oliveira Tavares, Paula Rosa, Paulo Sanches, Pedro Sousa Pereira, Renatta Pascoal, Rita Melo, Rita Ventura, Rui Lacas, Rui Tavares, Rui Vitorino Santos, Sameiro Sequeira, Sara Morais, Sofia Ribeiro, Susana Bravo, Susana Chasse, Teresa Gil, Teresa Melo, Tiago Taron e Vítor Zapa.

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Setenta Cavaquinhos, Exposição

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Biografias “Júlio Fernando de Jesus Pereira nasceu em Lisboa, a 22 de Dezembro de 1953. Músico, compositor, multi-instrumentista e produtor. A sua música caracteriza-se pela utilização de instrumentos tradicionais portugueses, como o cavaquinho e a viola braguesa. Apesar de ter iniciado a sua carreira como músico rock, nos grupos Petrus Castrus e Xarhanga mais tarde, começou a dedicar-se à música tradicional portuguesa. Destaque-se a sua colaboração com outros músicos como The Chieftains, Pete Seeger, José Afonso, Kepa Junkera, Carlos do Carmo, Chico Buarque ou Sara Tavares.[2] Júlio Pereira tem 20 discos de autor e participou em dezenas de discos de outros artistas. A 9 de Junho de 2015, foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Músico: Compositor, Multi-instrumentista e Produtor. Júlio Pereira tem norteado a sua preocupação artística por parâmetros que tomam como referência a universalidade das manifestações culturais. O que, de forma nenhuma, contraria a importância do seu trabalho no âmbito da música tradicional portuguesa e da consideração étnica dos sons e das suas raízes. É que esse trabalho sempre teve como horizonte a incorporação da tradição portuguesa nas correntes estéticas que marcam as sucessivas “contemporaneidades". João Luís Oliva Com sete anos de idade aprende a tocar bandolim com o seu pai. Durante a adolescência faz parte de várias bandas de rock entre as quais Xarhanga e Petrus Castrus com quem grava quatro discos. A partir dos seus vinte anos (ano da revolução de Abril de 74) e até aos trinta colabora – em concertos e inúmeros discos - com os compositores mais importantes de Portugal destacando-se a sua colaboração com José Afonso - a partir de 79 - com o qual colabora regularmente tocando em vários sítios do Mundo e co-produzindo os seus últimos discos.

Ainda nesta década trabalha como músico em alguns grupos de Teatro com encenadores como: Augusto Boal, Águeda Sena e João Perry .Grava os seus primeiros Álbuns de autor: Bota-Fora, Fernandinho vai ó vinho, Lisboémia e Mãos de Fada. Em 1981 lança o álbum Cavaquinho, um trabalho que veio abrir novas portas à música portuguesa, totalmente instrumental, resultado de uma longa investigação – ganhando todos os prémios de música do País – iniciando assim o seu percurso como instrumentista.”

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. A partir de 1983 e até 2003 grava regularmente os seguintes discos, alguns premiados: Braguesa 1983, Nortada 1983,Cadoi 1984, Os sete instrumentos 1986, Miradouro 1987 Janelas Verdes 1990, O meu Bandolim 1991, Acústico 1994,Lau Eskutara 1995 (gravado no País Basco com Kepa Junkera), Rituais 2000 (que serviu de base à coreografia com o mesmo nome de Rui Lopes Graça e os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado), e Faz-de-conta 2003 (o primeiro CD Multimédia para crianças). Faz vários concertos no Mundo, produz, orquestra e participa como Multi-Instrumentista em vários discos de outros autores e colabora paralelamente com vários nomes da música entre os quais: Kepa Junkera, Pete Seeger, Mestisay e The Chieftains - com os quais grava o CD Santiago que ganha o Grammy Award, 1995. Em 2006 Colabora no Filme Fados de Carlos Saura com Chico Buarque e Carlos do Carmo produzindo o tema "Fado Tropical". Ainda com o Bandolim, em 2008 grava o CD Geografias e cria um concerto com o mesmo nome. Actua em Portugal e vários sítios do Mundo. Em 2010 - lança Graffiti um álbum de canções que conta com a participação de cantoras de vários países entre as quais: Dulce Pontes, Maria João, Sara Tavares, Olga Cerpa (Espanha), Nancy Vieira (Cabo-verde) e Luanda Cozetti (Brasil). Dos concertos dados ao longo deste tempo destaca-se aquele que dirige no Théâtre de la Ville em Paris (2012) de homenagem a José Afonso com artistas da actualidade como António Zambujo, Mayra Andrade, João Afonso, etc. Em 2013 retoma, o Cavaquinho e grava o CD Cavaquinho.pt. como ponto de partida para uma nova etapa dedicada a este instrumento. Actualmente é Presidente da Associação Museu Cavaquinho que visa documentar, preservar e promover a história e a prática deste instrumento. Júlio Pereira conta com 20 discos de Autor e participa como Instrumentista, Orquestrador ou Produtor em cerca de 80 discos de outros Artistas. Em 2015 recebeu a medalha de honra da SPA - Sociedade Portuguesa de Autores e foi condecorado pelo Estado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique

Pintado por

Ana Romero (Museu Cavaquinho)

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Mutes, autor da capa Mutes (César de Barros Amorim) nasce em França, Margny Les Compiegne em 1976, regressa a Portugal em 1986, reside atualmente em Arcos de Valdevez. È pintor autodidata, expõe com regularidade desde 2004. Está representado em diversas coleções nacionais e estrangeiras em vários Continentes, é amante do Cubismo. Já ultrapassou mais de uma centena de exposições, entre as quais Suíça, Espanha, Milão, Londres, Lisboa, e agora Paris, já vão fazendo parte da sua caminhada. de se afirmar. Através da sua arte somos transportados para um mundo de histórias contadas através da tela, onde é possível ver uma certa crítica social, religiosa e política em alguns dos trabalhos. São figuras mutantes com predominância de fortes e atrativos campos pictóricos, que nos fazem viajar num mundo imaginário. ´Mutes busca a desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra através de figuras mutantes imaginárias, regista os elementos em planos sucessivos numa visão total da figura, contornando-a nas suas dimensões, sob estranhas e variadas formas com o predomínio de linhas curvas e retas, numa estruturação das figuras e dos objetos desajustados. São danças de uma mão que desenha de forma despreocupada, usando o (DES) Cubismo como forma

Mutes Pintor

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O cavaquinho

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Técnicas afinação do cavaquinho O cavaquinho geralmente toca-se rasgado com os quatro dedos menores da mão direita, ou apenas com o polegar e o indicador como instrumento harmónico. No entanto, um bom instrumentista executa a parte cantante destacada do rasgado com os dedos menores da mão esquerda sobre as cordas agudas, ao mesmo tempo que as cordas graves fazem o acompanhamento em acordes. Trata-se de um instrumento com um grande número de afinações que, tal como no caso da viola, variam conforme as terras, as formas tradicionais e até os tocadores. Porém, geralmente e para tocar em conjunto, o cavaquinho afina pela viola com a corda mais aguda colocada na máxima altura aguda possível. A sua afinação natural parece ser ré-sol-si-ré (do grave para o agudo), mas usa-se também sol-sol-si-ré (ou lá-lá-dó #-mi, do grave para o agudo). Certos tocadores de Braga usam ainda outras afinações além destas, próprias de certas formas em que a corda mais aguda (ré) é ora a primeira, ora a terceira: a afinação para o varejamento (com a primeira mais aguda) que corresponde a sol-sol-si-ré, atrás indicada; a afinação para malhão e vira na «moda velha» mais antiga (sol-rémi-lá, também com a primeira mais aguda). Em Barcelos, é preferida a de sol-dó-mi-lá (afinação da «Maia») existindo ainda outras afinações de malhão e vira, para além de outras com a terceira mais aguda, etc. Atualmente o cavaquinho é usado - tal como outros instrumentos típicos das rusgas - também para o fado, seguindo aí uma afinação correspondente com a primeira mais aguda.

Pintado por

Joana Miguel (Museu Cavaquinho)

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Afinações do Cavaquinho

Pintado por

Manuela Pimentel (Museu Cavaquinho)

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Pintado por

Carla Regina (Museu Cavaquinho)

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Afinação de Lá-Lá-Dó-Mi

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Afinação de Lá-Lá-Dó-Mi

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Afinação de Sol-Sol-Si-Ré

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Acordes

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Alguns exemplares de mĂşsicas

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Músicas para Cavaquinho

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Músicas para Cavaquinho

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Músicas para Cavaquinho

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Músicas para Cavaquinho

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Músicas para Cavaquinho

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Músicas para Cavaquinho

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Músicas para Cavaquinho

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Notas do Cavaquinho

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Notas do Cavaquinho

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Notas do Cavaquinho

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Construtores de Cavaquinho

Pintado por

Minela Reis (Museu Cavaquinho)

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Construtores de Cavaquinho

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Construtores de Cavaquinho

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Construtores de Cavaquinho

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Construtores de Cavaquinho

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Fontes

Museu Cavaquinho Júlio Pereira (blog) Mutes (Página Pessoal) Wikipédia Maio 2016 Escola de Música Tradicional Imagens do Google Maio 2016

Pintado por

Cristina Troufa (Museu Cavaquinho)

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Mutes Pintor

(Museu do Cavaquinho)

Aula de Música UNIVERSIDADE SÉNIOR DO ROTARY CLUB DA PÓVOA DE VARZIM


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