ISSN 2176-2104
CORREIO
Entrevista
FRATERNO
Raymundo Espelho
fala sobre a história do Correio e a importância de se preservar a memória do espiritismo. Págs. 4 e 5.
SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Ano 45 • Nº 447 • Setembro - Outubro 2012
A história em forma de textos
P
ara comemorar os seus 45 anos de fundação, no mês em que também Kardec é homenageado, o Correio Fraterno resgata alguns dos milhares de textos publicados em suas páginas de quase quinhentas edições, que traduzem os ideais de um tempo, seus ajustes e também emoções, como esta retratada na narrativa de Canuto Abreu, que em 1922 vai à França visitar o ilustre escritor Léon Denis. Um encontro que ficou gravado para sempre em sua memória: “Eu esperava um homem forte, alto, altivo, de bigode à Clemanceau e pince-nez. Assim minha imaginação o fazia, pelo retrato em busto que ele me enviara em 1915. Ali estava, porém, um homem de estatura meã, delicado de corpo, de longas barbas brancas em flâmula de duas pontas, cabeça meio pendida para frente e para o coração. Estendeu-me a destra com um sorriso acolhedor. Avancei comovido ao seu encontro.” Esta e tantas outras histórias você encontra nesta edição especial de aniversário. Página 7
Eles disseram...
Uma coletânea dos principais pensamentos publicados no Correio, que expressam as tendências, as preocupações e a necessidade de se firmar no movimento espírita a essência do que é o espiritismo. Páginas 8 e 9
Assine já o Clube Correio Fraterno e garanta sua boa leitura em livros, jornal e em nosso site.
A viagem Artistas procuram o professor Herculano Pires e escrevem juntos a novela espírita que bateu um recorde nunca visto na época. Página 3 www.correiofraterno.com.br/clube
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EDITORIAL
Muita história para
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inguém imaginava o que seria mergulhar no acervo do Correio Fraterno para preparar a edição comemorativa dos 45 anos. O tempo estimado para a tarefa foi rapidamente esgotado, enquanto a vontade de aprofundar a pesquisa se intensificava a cada um dos volumes manuseados. Em quase quinhentas edições, estão registrados os principais fatos do movimento espírita e tantos outros acontecimentos que deixaram marcas em nossa história, comentados à luz da doutrina. Com eles, textos dos principais expoentes do espiritismo das últimas quatro décadas, como que planificando o terreno da divulgação, descortinam a lógica no pensamento de Herculano Pires, a postura imbatível de Jorge Rizzini ante as agressões que o espiritismo
contar
sofria, a inteligência de Deolindo Amorim, com sua visão estratégica de divulgador da doutrina, a alma doce de Herminio Miranda, que ao abordar aspectos tristes do comportamento humano, descreve a poesia do seu antigo derredor, e centenas de outros nomes que ajudaram a cunhar o registro da história do movimento espírita nestes quase cinquenta anos. Uma história real, com direito também aos revezes e às impetuosidades humanas. A vontade de toda a equipe foi transportar de alguma forma para esta edição comemorativa toda a essência encontrada no Correio nos dias de pesquisa. Este é o objetivo então de cada um dos textos carinhosamente aqui selecionados. Alguns, não menos importantes, já se encontram
CORREIO DO CORREIO Durante os 45 anos de circulação do Correio Fraterno, inúmeras correspondências de leitores (antes por cartas e agora por meio eletrônico) chegaram à redação. Muitas que foram destaque nesta coluna constituem importantes testemunhos de como o trabalho da divulgação espírita pode fazer a diferença para muitas pessoas que, diante de uma nova possibilidade de enxergar a vida, decidem dar novos rumos a ela. Enquadra-se neste caso uma carta enviada há cerca de vin-
te anos ao Correio de assíduo leitor, como segue abaixo: Ex-presidiário escreve: Senhor editor! Venho mui respeitosamente solicitar a assinatura deste tão conceituado jornal que recebi, por um longo tempo, gratuitamente, dentro de um presídio. Informações que nele encontrei foram grandes motivos para mudança em
na seção Acervo do site. Outros ainda estão sendo preparados para a versão digital, num trabalho minucioso que certamente exigirá tempo e “olhos de ver” no manuseio de tantas edições. Junto a esta edição, segue o nosso convite para uma viagem ao passado nem tão distante, mas que coloca em evidência a dinâmica de nossa caminhada como seres em constante aprendizado, permuta e evolução. A alegria da conquista é imensa, mas o bom senso exige reconhecer que ainda há muito a fazer e que o Correio Fraterno é apenas um tijolo na grande seara da divulgação das ideias espíritas. Um abraço afetuoso e agradecido a todos! Izabel Vitusso
minha vida. Hoje, em liberdade, já me encontro em condições de assiná-lo. Peço-lhe ainda que me informe onde encontrarei aqui na cidade em que resido um centro espírita para que possa frequentá-lo. No presídio tive a oportunidade de ler e conhecer melhor os princípios de espiritismo e agora buscarei aprender mais sobre essa doutrina, a fim de que, sustentado em seus fundamentos, meus passos sejam de fato em direção à nova meta. Após ler tudo isso, como não dizer: vale a pena a nossa luta nessa senda de amor e luz! (Identidade preservada, na época, pelo editor) edição 241, fevereiro de 1991.
Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br
CORREIO
FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118
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JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Pinheiro Comunicação e marketing: Tatiana Benites Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Apoio de expedição: Osmar Tringílio Impressão: Lance Gráfica
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Uma ética para a imprensa escrita Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.
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ACONTECE
FUNDAÇÃO MARIA VIRGÍNIA E J. HERCULANO PIRES
Ivani Ribeiro, Herculano Pires e o ator Altair Lima, em sessão de autógrafos da obra A viagem, edição da novela publicada em livro, em 1976.
O início dos romances espíritas na TV e no cinema Da REDAÇÃO
A
s páginas do Correio Fraterno sempre estiveram abertas para a arte, publicando notícias, artigos, entrevistas sobre festivais, peças teatrais e novelas, que abordavam temas específicos da doutrina espírita, como reencarnação, mediunidade, vida após morte e comunicação entre os espíritos. Em 1990, por exemplo, o Correio publica um texto do articulista Jamil Salomão, que demonstra o sonho de mais de vinte anos [na época] dos idealistas espíritas levarem para os cinemas a temática espírita. “Recordo-me da dificuldade do ator e diretor de teatro, a figura notável de Dio-
nísio de Azevedo, para conseguir a autorização e os direitos para adaptar para o cinema a obra E a vida continua, de André Luiz e psicografada por Chico Xavier. Foram tantos os obstáculos que Dionísio de Azevedo acabou desistindo”, contava revelando detalhes interessantes. “Na época, fazia parte do grupo que articulava esse empreendimento e acompanhei de perto todo o esforço no sentido de realizar o filme, que certamente ficaria gravado em nossas lembranças. Na mesma época, conforme publicara, a escritora e novelista Ivani Ribeiro juntamente com o ator e diretor Carlos Zara batalharam junto à Federação
Espírita Brasileira para obter os direitos autorais dos livros E a vida continua e Nosso Lar, a fim de adaptá-los à televisão como novela para a TV Tupi. Para não desistir da ideia, Carlos Zara e Ivani Ribeiro procuraram o professor Herculano [Pires] e juntos escreveram a novela espírita que recebeu o nome de A viagem, com um recorde de audiência nunca visto [na época]”. Hoje, 37 anos depois, E a vida continua está nas telas dos cinemas e provavelmente, em pouco tempo, na televisão. Chico Xavier, que psicografou o romance em 1968, já teve sua vida retratada nos cinemas – Chico Xavier e As mães de Chico Xavier – e
foi vencedor do concurso “O maior brasileiro de todos os tempos”, realizado pelo SBT – Sistema Brasileiro de Televisão. Também a história de Nosso Lar ganhou com sucesso as telas do cinema e TV e certamente outros romances espíritas seguirão o mesmo rumo, tendo em vista o público que arregimenta para os índices do Ibope e a lotação dos cinemas. Afinal, a temática espírita já não é mais novidade, nem em revistas, em filmes, novelas ou seriados na TV. O público já percebeu que a espiritualidade não tem nada de sobrenatural, desperta o interesse, e parte de todos nós. www.correiofraterno.com.br
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ENTREVISTA Raymundo Espelho: idealismo no bem e na divulgação
Nos bastidores da história Por ELIANA HADDAD
Natural de Catanduva, SP, com uma passagem marcante por São Bernardo do Campo, Raymundo Rodrigues Espelho tem muitas histórias para contar. Sua paixão pela divulgação da mensagem cristã certamente não vem somente da sua vivência de agora. Sua descendência é espanhola, mas tem notícias de uma avó que vivera na França. Desde menino, sempre teve contato com o Evangelho e com o dever da caridade. Seus pais eram médiuns e faziam reuniões em casa, às quais assistia com seus sete irmãos, juntamente com os colonos – moravam na zona rural –, sitiantes e outros familiares, ocasiões em que muito se lia a obra de Kardec e também os livros de André Luiz. Ele lembra que muitas vezes saía também junto com os pais para atender pessoas necessitadas. Isso tudo ajudou a formar a base para suas atividades doutrinárias, exercidas mais tarde. Idealista no Bem, em São Bernardo do Campo, Raymundo foi um dos fundadores da União Municipal Espírita, do Conselho Regional Espírita e também do Grupo da Fraternidade João Ramalho. Em 1960, participou da fundação do Lar da Criança Emmanuel, seguido do jornal e da Editora Correio Fraterno. Comprometido com a divulgação dos conteúdos espíritas, Raymundo ficou à frente da editora por mais de 35 anos. Desde 2005, sua filha, a jornalista Izabel Vitusso, vem dando sequência às suas atividades na editora e no Lar. Leitor assíduo, Raymundo é um pesquisador assumido, daqueles que sabem sempre onde tal afirmação se encontra ou em qual livro certo autor analisou um assunto específico. Os textos evangélicos são os seus prediletos. Demonstra, enfim, que o seu faro de comunicador continua, ainda que esteja hoje mais distante da coordenação de todo o projeto Correio Fraterno, residindo com a esposa, Maria Elena Stuginski, em Campinas, SP. Esta entrevista revela apenas uma parte, um recorte da sua vida, que muitas vezes se confunde com os desafios desses 45 anos do Correio, que iniciou com sua família fazendo cola de farinha para endereçar as edições, em tempos de lotar o carro de jornal para distribuir, uma história que acompanhou os bastidores do movimento espírita no Brasil. www.correiofraterno.com.br
Hoje o jornal Correio Fraterno, com quase 450 edições, já faz parte da história do espiritismo. Conte-nos como tudo começou. Raymundo Espelho: Por estímulo de amigos, em setembro de 1959, aos 22 anos, saí de Catanduva, cidade onde nasci, para São Bernardo, uma cidade já bastante promissora em termos profissionais. Desde jovem eu pensava em fundar um jornal. Tanto que quando me mudei, em pouco tempo chegamos a publicar, junto a outros companheiros, um boletim mimeografado, o Voz Juvenil. Passei a frequentar o Centro Espírita Emmanuel, onde se pretendia instituir um lar para crianças órfãs. Acabei fazendo parte da comissão. Um ano depois, em 30 de março de 1960, era fundado o Lar da Criança Emmanuel, de cujas atividades participei com muito carinho. O jornal Correio Fraterno também acabou sendo um dos projetos do pessoal do Lar e de um grupo de jovens da então UME – União Municipal Espírita da cidade de São Bernardo, da qual eu fazia parte. A primeira edição do jornal é de outubro de 1967. Como era fazer um jornal espírita naquela época? Raymundo Espelho: Na época, era tudo feito de forma artesanal. Após preparadas as matérias – muitas necessitavam ser datilografadas – levávamos ao Diário do Grande ABC, em Santo André, onde os textos eram compostos nas oficinas em linotipo. Fazíamos, eu e mais dois companheiros, a revisão que depois retornava para as emendas, tudo feito no chumbo, para depois ser impresso na gráfica em Utinga (Distrito de Santo André), dois ou três dias depois. O jornal era bimestral, tinha apenas quatro
páginas, formato ofício e uma tiragem de mil exemplares. Aos poucos foi crescendo em formato, quantidade de páginas, alcançando a casa dos 12 mil exemplares e passando a uma circulação mensal também maior, chegando a diversos países. As dificuldades financeiras eram frequentes e as contas sempre justas. Embora a distribuição fosse grande, a luta para a conscientização dos confrades sobre a necessidade de se fazer assinatura dos periódicos espíritas, apoiando estas iniciativas, sempre foi grande. Como o senhor analisa a história do Correio Fraterno? Raymundo Espelho: Penso que o movimento espírita, por conta das imperfeições humanas, teve altos e baixos. Agora nos encontramos em uma fase muito boa, graças a Deus. Realmente temos no Correio uma síntese de importantes acontecimentos ocorridos nestes 45 anos. São muitas histórias, reportagens e tantos articulistas que passaram por suas páginas, falando sobre os mais diversos assuntos. É engraçado que desde o início, sempre houve a preocupação editorial do Correio de se contextualizar os temas doutrinários. Em alguns momentos houve desacertos. Fruto da impulsividade de muitos que compunham a equipe na época. Mas isso também faz parte da comunicação, que é atuante e busca a inovação. Quais os personagens do movimento espírita que figuravam nas primeiras décadas do jornal? Raymundo Espelho: Tivemos uma grande alegria, quando em nossa segunda edição, passou a colaborar conosco o reconhecido orador, escritor e jornalista Paulo
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ENTREVISTA Alves Godoy, permanecendo conosco por muitos anos. Ele fora também presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Contamos sempre também com Carlos Jordão da Silva, que muito nos orientou administrativamente, tendo sido também presidente da FEESP. Aureliano Alves Netto, de Caruaru, PE, Antonio Fernandes Rodrigues, de São Paulo, Domério de Oliveira, de Catanduva. Sem falar dos expoentes Deolindo Amorim, Alberto de Souza Rocha, Herminio Miranda, Sérgio Lourenço, Francisco Klörs Wernek, Abstal Loureiro e tantos outros. Como era o movimento e a imprensa espírita quando o Correio Fraterno começou a circular? Raymundo Espelho: A divulgação da doutrina era muito diferente do que é hoje. O mercado editorial era pequeno, mas muito movimentado e eficiente. Tínhamos umas dez ou doze editoras de porte. Os jornais também eram poucos, mas muito bem dirigidos e elaborados. O movimento espírita também mudou muito. Quando cheguei em São Bernardo, os poucos espíritas que tinham na região eram os que se uniam para abrir as frentes de trabalho espírita. Imagino que foram estas frentes por todo o Brasil que ajudaram a formar a base para o movimento espírita atual. O movimento espírita e a imprensa sofreram, como acontece em outras áreas do conhecimento, os reflexos de cada período, influenciado pelas próprias pessoas que compunham o movimento da época. Houve tempo inclusive em que preferi me afastar da divulgação, por não concordar com a linha editorial adotada. Agora nos encontramos em uma fase muito boa, graças a Deus. Podemos dizer que nas páginas do Correio está uma síntese de importantes acontecimentos no movimento espírita. O senhor se lembra de alguns deles? Raymundo Espelho: Não há dúvidas sobre a importância do Correio Fraterno na preservação da memória do espiritismo e no trabalho da divulgação da doutrina, nesses 45 anos de circulação. Além da alegria de ver o trabalho desses anos todos da editora, o importante papel social que o
Lar da Criança Emmanuel realiza há mais de 50 anos na região em que se encontra completa-nos a ideia de que a doutrina é maravilhosa e o que nos ajuda a falar sobre ela é o bem que podemos realizar em prol dos que necessitam. Há fatos notáveis que foram publicados, que mereceram inclusive o apoio e incentivo do jornal, como os congressos de jornalistas espíritas, os festivais de música de espírita e concursos literários e poesias, debates e muito mais.
que venham sempre mais leitores e interessados pela doutrina maravilhosa dos espíritos. A mensagem é clara e consoladora” Raymundo Espelho
E as edições dos livros, como surgiram? Raymundo Espelho: No início da década de 1970, chegamos como de hábito nos Correios para expedir os jornais e fomos avisados de que pagaríamos a tarifa comum. Só os jornais publicados por editoras teriam direito, a partir de então, a tarifas especiais. Então elaboramos o estatuto da editora, ‘a toque de caixa’, e
realizamos a assembleia geral no Lar Emmanuel, instituindo a Editora Espírita Correio Fraterno. Quando algum tempo depois começamos a editar livros, a editora já existia. O primeiro livro publicado, em 1978, foi de autoria de Iracema Sapucaia, O Besouro Casca-Dura, que se tornou um clássico entre as crianças espíritas. Conheci o casal Jorge Rizzini e Iracema Sapucaia na década de 1970, convivemos mais estreitamente, por ocasião do lançamento do livro Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da caridade, de autoria de Rizzini, que obteve grande aceitação do público. Rizzini sempre foi muito exigente, e se tornava imbatível quando via o espiritismo sofrendo agressões. Diversos casos de repercussão nacional contaram com a defesa decisiva do médium. Um deles foi a perseguição ao médium José de Arigó, mundialmente conhecido por suas curas. Em 1981, tivemos a grande alegria de publicar a obra que também se tornou um clássico no meio espírita, A mansão Renoir, fruto do trabalho da extraordinária médium Dolores Bacelar, em parceria com o espírito Alfredo. Os desafios continuam, mas olho para trás satisfeito e vejo que uma boa caminhada já foi realizada. Como o senhor avalia o Correio Fraterno hoje? Raymundo Espelho: O Correio está cumprindo com galhardia sua missão. Um jornal vibrante, com espaços muito bem aproveitados, belo visual, matérias e ilustrações bem distribuídas e com muita profundidade e profissionalismo. Com grande aceitação dos leitores. Precisamos divulgar a doutrina que a cada dia poderá orientar um maior número de irmãos que procuram algo novo e não sabem o que é. Em sua opinião, haverá espaço para os jornais espíritas no futuro? Raymundo Espelho: Os jornais espíritas progridem sempre. Acredito que aqueles que pensavam que a internet prejudicaria os jornais impressos equivocaram-se, pois ela veio somar, ampliando acesso à informação a um maior número de leitores. E que venham sempre mais leitores e interessados pela doutrina maravilhosa dos espíritos. A mensagem é clara e consoladora.
LIVROS & CIA. FEB Editora Tel.: (21) 2187-8282 www.feblivraria.com.br DO NA DÉCADA DE LANÇA
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E a vida continua... de André Luiz (espírito) Psicografia de Chico Xavier 248 páginas 14x21 cm
Editora Paideia Tel.: (11) 5549-3053 www.editorapaideia.com.br DO NA DÉCADA DE LANÇA
1970
Madalena (trilogia “A conversão do mundo”) de J. Herculano Pires 496 páginas 14x21 cm
Editora Correio Fraterno Tel.: (11) 4109-2939 www.correiofraterno.com.br DO NA DÉCADA DE LANÇA
1980
O Exilado (coleção “Histórias que os espíritos contaram”) de Herminio C. Miranda 304 páginas 14x21 cm
CCDPE-ECM / Editora EME Tel.: (19) 3491-7000 www.editoraeme.com.br
DO NA DÉCADA DE LANÇA
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Allan Kardeco druida reencarnado de Eduardo Carvalho Monteiro 252 páginas 14x21 cm
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SETEMBRO - OUTUBRO 2012 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
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BAÚ DE MEMÓRIAS – São assuntos palpitantes, que os brasileiros estimarão muitíssimo.
A admirável operosidade de Léon Denis
Canuto Abreu visita Léon Denis e descreve sua emoção Correio Fraterno, edição 129, setembro de 1981
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m artigo bastante curioso, publicado somente em A Centelha, em 1945, revista espírita há muito extinta, traz as apreciações do pesquisador Canuto Abreu sobre seu encontro em janeiro de 1922 com Léon Denis na cidade de Tour, França. Veja a seguir: O que ficou mais gravado na minha memória foi nosso primeiro encontro. Fui a Tours no dia 6 de janeiro de 1922. A velha cidade francesa estava sombria e as luzes das ruas acesas, apesar de pleno dia. O frio era intenso. Quando o auto destacou barulhento à porta de casa, na Place des Arts, 19, estava uma senhora a entrar. Parou a ver quem chegava e foi minha gentil introdutora. Conquanto informado por uma carta de Jean Meyer duma próxima visita minha, Léon Denis não me aguardava naquele dia. De propósito cheguei a Tours sem outro aviso para não dar ao venerando mestre o incomodo de me esperar em dia certo. A casa estava com algumas visitas. Falava-se alto lá dentro, como em controvérsia. A senhora, que me fez entrar a seu lado, deixou-
-me à entrada com mademoiselle Georgette, dedicada caseira de Denis. E, enquanto esta me ajudava a despir o sobretudo, ela varou a sala vizinha para me anunciar. A conversa animada cessou de súbito. Um moço alto e magro espiou à porta. Logo outro senhor apareceu, vindo a meu encontro. Quando acompanhado por ele entrei na sala da palestra, surgiu diante de mim um velho de longas barbas, tendo ao lado a mesma senhora que me fizera entrar na casa. Eu esperava um homem forte, alto, altivo, de bigode à Clemanceau e pince-nez. Assim minha imaginação o fazia, pelo retrato em busto que ele me enviara em 1915. Ali estava, porém, um homem de estatura meã, delicado de corpo, de longas barbas brancas em flâmula de duas pontas, cabeça meio pendida para frente e para o coração. Estendeu-me a destra com um sorriso acolhedor. Avancei comovido ao seu encontro. Foi estreito e afetuoso o amplexo que me deu. Lembro-me que meu coração batia fortemente e sua barba roçava meu rosto quando ele disse distintamente: – Mon cher
ami! Antes e depois desse encontro ouvi de muitos lábios a mesma expressão de amizade tão comum na França. Nenhuma, entretanto, ficou gravada tão indelevelmente na minha lembrança. Sentado a seu lado depois das apresentações aos presentes, conversamos longamente. Era ele o mais indagador. Inquiria, perguntava, interpelava. Levou o assunto para a doutrina espírita no Brasil. Sua divulgação, seu caráter cristão, suas curas notáveis. Citou nomes amigos: Leopoldo Cirne, João Lourenço de Souza, Antonio Alves da Fonseca... Perguntou se Guillon Ribeiro descendia de franceses. Quando lhe disse que Depois da morte, traduzido por Lourenço Souza já estava no quinto milheiro, ele prontamente me retificou. Sabia bem quanto andava a edição de seus livros no Brasil, porque recebia exemplares toda vez que uma aparecia. Acrescentou que na França a 55ª edição já havia sido lançada e no prelo se encontrava a décima de O grande enigma. – Estou agora fazendo a revisão das últimas páginas de O problema do ser [do destino e da dor]. Eu o arrumei, extraordinariamente, com um estudo retrospectivo de tudo quanto apareceu de Allan Kardec para cá. Espero ter sido quase completo. – E tem em vista publicar alguma obra nova? – Sim, se Deus me der vida. Trabalho em diversos assuntos. Terminei o Espiritismo e a arte, que será publicado seguidamente pela Revue Espirite. Estou agora escrevendo sobre o Espiritismo e o socialismo.
Léon Denis trabalhou incessantemente até o fim. O inverno de 1927 foi muito rigoroso e Léon Denis quase não saía de casa. Quando o fazia, era para ir à tipografia. Trabalhava pela manhã na coordenação e redação de seu novo livro: O gênio céltico e o mundo invisível, ansioso por terminá-lo. Ao entrar a primavera, começou a receber as primeiras provas, que sua secretária mademoiselle Baumard lia em voz alta e corrigia de acordo com ele. Com o pressentimento de estar próxima a sua passagem, exigia da secretária trabalho mais intenso e rápido. “Tenho pressa”, explicava. No dia 5 de abril, a secretária sentiu a mão do mestre febril e comunicou discretamente a Georgette sua preocupação. No dia 6 pela manhã o encontrou aparentemente bem disposto. Porém, qualquer coisa o incomodava na garganta. Após os exames o médico recomendou-lhe permanecesse no leito e se medicasse. Apesar de deitado, Denis continuou a ouvir a leitura das provas e a corrigi-las. Na sexta-feira, 8, quando Mlle Baumard chegou, lá o encontrou de pé, preparado para o trabalho. No sábado, Denis não conseguiu erguer-se do leito. O médico verificou tratar-se duma pneumonia. Respirava com dificuldade. Todavia procurava reanimar os que o rodeavam. No dia10, sua preocupação máxima era, contudo, o livro cujas provas ainda não estavam todas corrigidas. Por fim, a secretária declarou terminada a tarefa! Foi um alívio imenso para o doente. Chamou Gaston Luce e lhe recomendou: “Que esse livro saia à sua honra, sim Luce?”. “Mas ainda não está finda a biografia de Allan Kardec!”. Respondeu Luce: “Sim, já está”. Era uma informação incerta, dada para tranquilizá-lo. Mas Denis sorriu, incrédulo: “Vamos! Escreva logo. Em que ponto estávamos! Ah! Recordo-me. Vamos continuar agora!” Dois dias depois, na manhã de 12 de abril de 1927, Léon Denis começa a se desprender do corpo físico. Mademoiselle Baumard tem nas suas as mãos do agonizante, que não cessa de lhe dar recomendações... pelo futuro da doutrina espírita. Leia o texto na íntegra: www. correiofraterno.com.br www.correiofraterno.com.br
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ESPECIAL
Um mergulho na memória A essência do pensamento que caracterizou uma época, resgatada nos diversos artigos do Correio Fraterno Chico Xavier “Nosso amigo André Luiz considera que excetuando-se determinados casos, por mortes em acidentes e outros excepcionais, em que a criatura necessita daquela provação, o momento da morte, de um modo geral, não traz dor alguma, porque a demasiada concentração do dióxido de carbono no organismo determina a anestesia do sistema nervoso central. O doador de órgãos naturalmente não tem absolutamente sofrimento algum.” Entrevista com Chico Xavier, dezembro de 1968. Deolindo Amorim “A verdade é luz interior. Quanto mais o homem se ilumina espiritualmente, maiores são as possibilidades de descobrir centelhas da Verdade. É preciso, pois, alargar as perspecti-
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vas do espírito a fim de que se possa ver qualquer manifestação da verdade, onde ela desponte, seja onde for.” Centelhas da verdade, setembro de 1975. Dora Incontri “A doutrina não aniquila em nós a possibilidade de rir, para vestir-nos de luto, mas veste-nos de responsabilidade para rirmos sem perigo.” Carnaval: a tradição da folia, março de 1984. Yvonne Pereira “A mediunidade tem que vir naturalmente, sem a pessoa forçar. Porque é justamente essa insistência em querer desenvolver uma mediunidade que às vezes nem existe que tem dado essa deficiência nos médiuns. Preparar a mediunidade com prática do Bem, da caridade, o estudo e deixar que ela venha naturalmente.” Entrevista inédita de Yvonne Pereira, abril de 1984. Herminio Miranda “O mais importante aspecto da missão do
espiritismo. A sua mais extraordinária façanha intelectual está em haver conciliado a razão e a fé, ou seja, em propor uma teoria do conhecimento religioso não apenas apoiada em fatos observados e observáveis, mas perfeitamente racional.” Religião – em busca de um conceito satisfatório, março de 1985. Pinheiro Guedes “Não faz sentido imaginar que a doutrina se omite dos acontecimentos sociais e políticos só porque tem seus interesses maiores voltados para o espírito. Se há espíritas passivos, místicos adoradores, alheios à realidade é porque não conhecem o espiritismo em toda a sua extensão. Já é tempo de acabar com essa onda de que o espiritismo contribui para o aparecimento de pessoas alienadas.” O espiritismo não é alienante, fevereiro de 1989. Amílcar Del Chiaro “Se temos grandes instituições espíritas de assistência social que nos enchem de orgu-
lho, é hora de termos milhares de pequenos grupos que estudem e ensinem o espiritismo, para provar que numa sociedade governada pelas leis do Cristo, ninguém deverá morrer de fome.” Da curiosidade às aplicações sociais, março de 1996. Divaldo Franco “Mediunidade não é privilégio e sim uma conquista do homem, que a desenvolve em cada encarnação pelos seus atos. Mediunidade é faculdade orgânica, existente em todas as pessoas e pode ser educada como a memória, a inteligência e a aptidão artística.” Não é um dom, nem carisma, como as doutrinas religiosas afirmavam, maio de 1989. Ismael Sgrignolli “Vencer ideias arraigadas, elaborar dentro de si novas formas de perfeição é processo realmente demorado. Isto porque a verdadeira reforma não pode ser imposta, deve brotar espontânea como fruto de próprio convencimento.” A lei do progresso, fevereiro de 1973. Maria Therezinha C. Oliveira “Cada um de nós, tanto na ação individual como na ação coletiva podemos ser vo-
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luntários sociais. É preciso boa vontade e espontaneidade. Não podemos nos sentir realizados com tantos problemas à frente. Eles exigem mobilização objetiva. Ajudar o outro a crescer requer envolvimento e participação.” Menor abandonado, como solucionar?, julho de 1989. Richard Simonetti “A intenção do suicídio dispara alarmes no plano espiritual, mobilizando familiares, amigos e orientadores espirituais que, com recursos ao seu alcance tentam demover seus tutelados do gesto desesperado.” A visita, março de 1984. Wilson Garcia “A imprensa espírita não é apenas responsabilidade de quem a faz. É responsabilidade de todos. De jornalistas, dirigentes e leitores. O jornalista espírita não se preocupa em doutrinar. Ele apresenta as informações para que o leitor possa escolher e selecionar.” A imprensa espírita dá sinais de revitalização, setembro de 1989. Alkíndar de Oliveira “Se você é um bom católico, continue a sê-lo. Se você processa uma das diversas religiões protestantes, continue na sua convicção. Mas se você é dos que dizem que “o espiritismo é coisa do demônio”, procure, sem abandonar sua religião – e pelo menos estudar alguns livros espíritas. Dê a si mesmo o direito de conhecer melhor seu objeto de crítica. Estude.” Espiritismo, coisa do demônio?, fevereiro de 1997. Sergio Lourenço “É preciso muito estudo e muito cuidado para lidar com os espíritos desencarnados.
Lá, como aqui, tem de tudo. O descuido com esse detalhe não é apenas um obstáculo. É perigoso. E também profundamente prejudicial à divulgação da verdade espírita.” Os médiuns sérios, dezembro de 1989. Domério de Oliveira “A psicologia da morte é uma disciplina como outra qualquer do nosso currículo escolar. Devemos estudá-la com afinco, lembrando-nos sempre de que o devido preparo para a morte é o nosso alvará de libertação das mazelas e quinquilharias da matéria.” Psicologia da morte, abril de 1996. Earle de Oliveira “A doutrina espírita acabou com o milagre, demonstrando que não há derrogação da lei divina. Sejamos realmente espíritas e acabemos com tanta fantasia que leva a doutrina ao ridículo e põe tanta confusão na cabeça dos que dão os primeiros passos.” Livros mediúnicos, agosto de 1989. Paulo Alves Godoy “Carece de fundamento e jamais poderá ser aceita a teoria de que Jesus, durante a vida terrena, tivesse um corpo fluídico, não passando de uma aparição tangível, um agênere. Se tudo fosse apenas aparente, todos os acontecimentos de sua vida teria sido um vão simulacro.” As aparições de Jesus após a morte, abril de 1996. Marcus Alberto De Mario “O diálogo espírita pressupõe a exemplificação da palavra através dos atos. E os atos reclamam reforma moral. Para manter o diálogo com proveito é necessário o estudo incessante. O diálogo é a forma filosófica do saber.” Diálogos, abril de 1984.
Lorival Augusto de Santana “O mais importante na divulgação espírita não é esperar aplausos, não é fazer média, sendo conivente com práticas estranhas à doutrina.” A unidade da prática espírita – de Kardec aos nossos dias, março de 1997.
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Heloisa Pires
Heloisa Pires “Problemas emocionais, facilidades ou dificuldades intelectuais são resultado do nosso agir no passado próximo ou no passado distante. Somos estimulados mais ou menos pelo ambiente, mas como explica o espiritismo ‘estamos sempre no local certo, com a pessoa certa, no melhor momento para o nosso progresso”. Construtivismo divino, junho de 1997.
Alberto S. Rocha e Deolindo Amorim
Tania Spina dos Santos “Procuremos ouvir a voz do coração, cultivando a humildade à semelhança do meigo nazareno, imitando-o em seu exemplo de renúncia e desprendimento, lembrando que ele conta com a nossa fagulha de cooperação para que a paz se implante no seio da humanidade.” Humildade, julho de 1975. Carlos Roberto Fernandes “A disseminação dos ensinamentos espíritas se deve ao rigor metodológico de Allan Kardec, que não se furtou ao bom senso e a pesquisas incansáveis de fenômenos naturais, apoiado em métodos científicos inquestionáveis. A filosofia e a religião espíritas se desenvolveram consequentemente ao trabalho científico do codificador.” Livros espíritas, julho de 1989.
Herculano, Waldo Vieira e Chico Jorge Rizzini
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HOMENAGEM
A herança de Yvonne A. Pereira Após a desencarnação de Yvonne do Amaral Pereira, em 1984, o Correio Fraterno publicou um Suplemento Literário especial. Retratando sua vida e obra, um artigo da jornalista e escritora Dora Incontri prestava homenagem à médium, destacando sua discrição e incontestável contribuição na literatura espírita Por DORA INCONTRI
“D
ia 9 de março último, exatamente cinco anos após a morte de J. Herculano Pires, desencarnou no Rio uma grande médium brasileira, Yvonne A. Pereira. Numa casa do Meyer, onde morava com a irmã, partiu Yvonne, discreta e sem alarde. Como discreta e sem alarde foi sua laboriosíssima existência, inteiramente dedicada à causa espírita. Tivemos o privilégio de visitá-la pessoalmente mais de uma vez e de mantermos correspondência com ela, até quando sua saúde lhe permitiu escrever. Depois, falávamos por telefone em ligações interurbanas. Criatura carinhosa e simples, jamais procurou a sua autopromoção. Cumpriu com humildade sua missão mediúnica e deixou uma valiosa contribuição para a literatura espírita. Na verdade, os livros de Yvonne A. Pereira apresentam um altíssimo nível, tanto do ponto de vista literário quanto do doutrinário. Nível, aliás, raramente alcançado pela maior parte da nossa vastíssima literatura mediúnica. Yvonne, muito bem assistida pelos Espíritos Charles (seu guia), Bezerra de Menezes, Léon Tolstói, Léon Denis, Camilo Castelo Branco e outros, publicou 12 obras que, sem sombra de dúvida podemos colocá-las todas no rol dos clássicos do espiritismo. Acontece que a característica principal de Yvonne sempre foi a prudência. Pawww.correiofraterno.com.br
cientemente, ela aguardava que seus livros amadurecessem, às vezes durante décadas, dentro das gavetas. São verdadeiros artesanatos mediúnicos. Os espíritos trabalhavam com ela e não somente através dela. As cuidadas notas de rodapé da própria Yvonne demonstram isso. Nesse sentido, também merece especial destaque os interessantes Recordações da mediunidade e Devassando o invisível, nos quais a médium relata de próprio punho as suas experiências bastante instrutivas, tendo, entretanto, sido orientada por Bezerra e por Charles na escolha e na condução dos temas. Exemplo ilustrativo do senso crítico de Yvonne é a introdução de Memórias de um suicida, onde ela conta que esse livro lhe foi ditado por Camilo Cândido Botelho (pseudônimo que a própria médium deu a Camilo Castelo Branco, em respeito às dolorosas confissões feitas por esse espírito na citada obra). Entretanto, os relatos eram vagos e sem muito cunho doutrinário. Foram, assim, arquivados por Yvonne, que ficou à espera por mais de oito anos, quando então o livro recebeu o acabamento do grande Léon Denis. Essa foi a versão que veio a público e que representa um marco na literatura mediúnica, pois jamais as condições espirituais do suicida foram descritas com tanta cor e minúcia. Composição idêntica têm os livros O ca-
valeiro de Numiers e Drama da Bretanha, originalmente esboçados por Roberto de Canalejas e concluídos por Charles, 40 anos depois. Outro aspecto importante da herança mediúnica de Yvonne são os contos – gênero literário menos encontrável no meio espírita que o romance, por exemplo. E o principal autor dos seus contos mediúnicos não é nem mais nem menos que o inigualável Tólstoi. Ressurreição e vida retoma plenamente o acento evangélico que o mestre russo adotava, sobretudo nos últimos tempos de sua vida terrena, quando passou a canalizar sua verve literária para os ideais cristãos. E note-se que antes de recebê-lo, Yvonne não tivera praticamente nenhum contato com a obra tolstoiana. Em Sublimação, aparecem outros contos do mesmo autor espiritual. Interessante observar também uma peça de outro gênero literário, ainda mais raro que o conto, na obra de Yvonne: a novela. E quem a ditou foi o maior autor do gênero em língua portuguesa, Camilo Castelo Branco. Intitulada de O tesouro do castelo, a novela mediúnica faz parte da pitoresca obra Nas telas do infinito e narra um emocionante caso de castelo assombrado. Bezerra de Menezes, o ilustre médico do Além, foi quem trabalhou muitíssimo com Yvonne. Durante vários anos, ditou receitas homeopáticas por seu intermédio. Cartas e pedidos chegavam de todo o Brasil e a ab-
negada médium psicografava receituário e orientação espiritual. Como legado de Dr. Bezerra pela mediunidade de Yvonne ficou-nos dois excelentes livros: A tragédia de Santa Maria, uma trama de amor através dos tempos e Dramas da obsessão, dois casos extremamente ilustrativos que decerram todas as nuances do problema obsessivo. A Yvonne de outras eras É bastante comum médiuns de maior sensibilidade saberem intuitiva ou claramente do seu passado espiritual. Para Yvonne, quando criança, a lembrança viva de sua existência anterior sobrepunha-se à realidade da atual, causando-lhe sérios desajustes. Depois, ao passar a adolescência, com o desenvolvimento de sua mediunidade e a dedicação ao estudo espírita, essa invasão do presente foi contida e ela pôde assumir mais tranquilamente os compromissos da sua vida atual. Mais tarde, porém, psicografou as histórias de várias de suas encarnações. A trilogia de romances Nas voragens do pecado, O cavaleiro de Numiers e Drama de Bretanha são passagens sucessivas da personalidade de Yvonne como Ruth de La Chapelle, Berthe de Sourmeville e Andrea de Guzman d’ Albret respectivamente..” Texto publicado na edição 160, de abril de 1984 Leia o texto completo no www.correiofraterno.com.br
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LEITURA
Literatura infantil além da moral cristã Há mais de 30 anos, Correio Fraterno inaugurava espaço literário para crianças Por IZABEL VITUSSO
É
bem difícil abordar a história do Correio Fraterno sem fazer referência ao Lar da Criança Emmanuel. Ambos sempre caminharam juntos, na mesma localidade. Nosso trabalho até hoje é regado pelo zum-zum-zum das crianças brincando na quadra ou correndo pelos espaços verdes da instituição. Por essas e possivelmente outras questões que fogem do nosso ‘radar’, o universo infantil desde cedo atraiu as iniciativas do Correio Fraterno, aproximando talentos como os da escritora Iracema Sapucaia, criadora nos anos 70 de personagens que se imortalizaram na literatura espírita; do cartunista Paulo José, com o talentoso formigueiro em torno do personagem Bingo e escritores da nova geração, como Tatiana Benites e Rogério Pietro... O objetivo sempre foi apenas um: entreter e instruir, crianças e jovens espíritas com literatura de qualidade. Anunciado como um presente de Ano Novo para os leitores, o Correio Fraterno inaugura em janeiro de 1978 a coluna “Fraterninho”, na autoria da escritora Iracema Sapucaia, a pedagoga com especial tino para as letras, que possivelmente inspirada pela ousadia literária de Lobato, inicia narrativas em forma de fábulas, segundo o qual “precisam correr a galope, sem nenhum enfeite literário”. A paisagem literária no Brasil “A literatura infantil em nosso país só tomou corpo e assumiu seu verdadeiro sentido recreativo e didático após o aparecimento do grande livro de Monteiro Lobato, em 1921, o Narizinho arrebitado. O caminho estava desbravado. Vieram na esteira de Lobato outros autores, porém sem o compromisso de levar algo mais alto, como por exemplo noções fundamentais de uma religião racional e desvinculada de dogmatismo. O espiritismo sentiu a problemática. Do mundo maior veio o exemplo: a partir
de 1946, os espíritos de Veneranda, Meimei, Neio Lúcio e Casimiro Cunha ditaram a Chico Xavier vários livros destinados às crianças. Dos escritores espíritas encarnados, apenas dois vinham explorando o difícil ramo da literatura infantil: Roque Jacintho e Mário Tamassia. A literatura infantil espírita é assaz deficiente, no aspecto numérico e seus poucos autores encarnados e desencarnados, e não transmite ensinamentos doutrinários, a cultura espírita, mas apenas a moral cristã.” Em abril de 1979, assim escrevia o articulista do Correio, Aureliano Alves Netto. Iracema enriquece a literatura espírita infantil Em pouco tempo as histórias de O Fraterninho ganharam o formato de livro, sob o nome O Besouro Casca-Dura e outros contos, e se torna a primeira publicação em livros do Correio, em dezembro de 1978. O espaço no jornal destinado ao Fraterninho se transformou no Suplemento Literário, um projeto inovador na imprensa espírita na época. Deolindo Amorim comenta Deolindo Amorim, jornalista, idealizador e presidente da Associação Brasileira de Jornalistas Espíritas, também se manifesta, na edição de março de 1979: “De cada história, como o besouro, a aranha, a formiguinha, o coelhinho, o jacaré, o tatu, o expositor ou orientador tira uma lição, que se aplica à vida. A história em si agrada à criança, mas o principal, depois da exposição, é justamente o aproveitamento prático. Contudo, não faz mal observar que, em determinados passos de algumas das histórias, o orientador da classe infantil naturalmente terá o cuidado de esclarecer o que significam as referências à mediunidade, quando trata de bichos, a
fim de que a criança não fique na suposição de que o jacaré, o jabuti e outras figuras do enredo recebam comunicações de espíritos. Tudo é figurado, mas a curiosidade infantil, como sabem, tem reações imprevisíveis.”
os grandes fabulistas. O autor ao escrever não está fazendo uma farsa, está procurando deleitar o espírito infantil. Agora, o importante é transmitir a verdade à criança: a reencarnação, a mediunidade etc.”
Os animais e a temática espírita Usar ou não os recursos das fábulas (dando voz aos animais) para passar o conhecimento espírita para crianças? A questão ganhou espaço por inúmeras edições do Correio, e foi levada inclusive à mesa redonda, realizada na época pelo jornal, com representantes do movimento espírita. Algumas colocações estampadas na edição de dezembro de 79 trazem afirmativas como: “negar este material junto à criança é negar a realidade infantil. A criança passa pela fase anímica, ela fala com os animais e os animais falam com ela. Negar isso é negar o talento de Walt Disney, de Monteiro Lobato, negar
Fraterninho em quadrinhos Ainda pelas mãos de Iracema Sapucaia nasce em dezembro de 1978 o personagem Fraterninho, primeiramente no Suplemento Literário, depois em forma de livro – As aventuras do Fraterninho. Mas foi em projeto recente que as aventuras deste personagem junto ao seu amigo Forcílio se transformaram em uma série em histórias em quadrinhos, encartada nas edições do Correio Fraterno entre 2008 e 2009. O sucesso foi tanto que por pouco a autora, já octogenária, não acata o nosso convite para dar vida a novas travessuras do personagem trinta anos depois. Receosa, ela se precaveu: Fraterninho poderia não reconhecê-la. www.correiofraterno.com.br
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Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br III Congresso Espírita do Estado do Rio de Janeiro De 12 a 14 de outubro, sob o tema: O que é a vida para você? Local: Clube Monte Líbano, Av. Borges Medeiros, 701, Lagoa - Rio de Janeiro, RJ. Com a participação de André Trigueiro, Haroldo Dutra, Alberto Almeida, Gerson Simões Monteiro, Antonio César Perri, Dalva Silva e muitos outros. Realização: Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro. Informações: http://congressoespiritarj.com.br
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Seminário Finalidade e eficácia da pena criminal Dia 20 de outubro às 15:30h. Local: Sede da USE-SP: Rua Gabriel Piza, 433, Santana, São Paulo. Promoção: Associação Jurídico-Espírita de São Paulo. Informações e inscrições: www.ajesaopaulo.com.br
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Semana Espírita de Maceió A Federação Espírita do Estado de Alagoas (FEEA) promoverá a I Semana Espírita de Maceió nos dias 20 e 21 de outubro. Tema a ser discutido por Geraldo Campetti, vice-presidente da Federação Espírita de Brasileira: Imortalidade e regeneração. Informações: e-mail mjoseline@ig.com.br
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4º Feirão do Livro Espírita em Araras, SP Livros espíritas, espiritualistas e autoajuda De 10 e 11 de novembro, das 9 às 17 h. Local: IDE Gráfica: Av. Otto Barreto, 1067 Distrito Industrial II. Informações: 19 3543-2400, www.feiraodolivroespiririta.com.br. Realização: Instituto de Difusão Espírita.
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Jornada AME-SP 2012 NOV Saúde e Espiritualidade: Ensino, pesquisa e assistência. Dias 24 e 25 de novembro. Local: auditório da FEESP Federação Espírita do Estado de São Paulo. Rua Maria Paula, 140, Centro, São Paulo, SP. Com participação de Fabio Nasri, Luis Gustavo Mariotti, Clineu de Melo Almada, Marlene Nobre, Irvenia Prada e muito mais. Inscrições: www.amesaopaulo.com
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CRIPTOGRAMA DO CORREIO Lendo a edição especial 45 anos, você encontrará as respostas do passatempo e descobrirá o nome de um dos clássicos personagens do Correio Fraterno. 1- Narrativa figurada, onde os personagens 3 geralmente são animais com características humanas. 2- Sobrenome da médium que recebeu 4 a obra Nas telas do infinito. 3- Atriz inglesa que vivenciou um caso de desdobramento. 4 - Conde _ _ _ _ _ _ _ _ _: conhecido autor espiritual que ditava romances à médium russa. 5- Uma das seções mais antigas do Correio Fraterno. 6- Autora do livro O Besouro Casca- Dura: _ _ _ _ _ _ _ Sapucaia. 7- Considerado o continuador da obra de Kardec. 8- Nome da primeira novela com temática espírita, levada ao ar pela TV Tupi em 1975. 9- Pesquisador espírita brasileiro que visitou o escritor Léon Denis, na França: _ _ _ _ _ _ Abreu 10- Auxiliou a médium Yvonne Pereira em sua tarefa da psicografia. 11- Tema abordado por Herminio Miranda em seu artigo publicado nesta edição.
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da frase: “Mais vale repelir dez verdades do que admitir
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uma mentira”? 6
qualquer hora, em qualquer lugar
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Solução do Criptograma
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Veja em: www.correiofraterno.com.br
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Tirinha publicada em março de 1989, criação e ilutração de Paulo José
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Chá e Bazar Beneficentes NOV Dia 11 de novembro de 2012, às 14:30h
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ENIGMA
Qual é o autor
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2º Grande Encontro da USE Regional São Paulo Dia 20 de outubro, das 9 às 17 h. Local: Escola Estadual Professor Antônio Raposo Tavares – CENEART. Praça 21 de Dezembro, s/n, Centro, Osasco, SP. Objetivo: promover a confraternização, instrução e troca de experiências entre os dirigentes e trabalhadores espíritas. Com seminários e apresentações dos casos de sucesso, em trabalhos realizados em instituições da região. Informações: http://www.usesp.org.br
Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
Local: Associação dos Funcionários Públicos. Rua 28 de Outubro, 61 – Centro – S. Bernardo do Campo, SP. Contato: (11) 4109-8938 (Lar). O evento mais aguardado no ano! (Enxovais bordados, artesanatos finos, pinturas)
Resposta do Enigma: Erasto, em O livro dos médiuns, capítulo 20, em sua dissertação sobre a influência moral dos médiuns.
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QUEM PERGUNTA QUER SABER
É necessário sofrer? Por HELOISA PIRES
A
Gênese de Allan Kardec diz que “se o homem agisse sempre de acordo com as leis de Deus evitaria para si os males mais amargos e seria feliz sobre a terra”. No capítulo sobre encarnação diz que quando o espírito reencarna é para evoluir, que as várias encarnações devem fazer o ser crescer. Portanto a ideia de que provas terríveis e dores insuportáveis são indispensáveis para o indivíduo, não é espírita. Mesmo o repórter André Luiz reconhece em alguns de seus livros formas melhores de evoluir; dizendo sempre que o ser constrói seu destino, admite que o homem é quem complica sua encarnação. Pode haver evolução sem grandes e terríveis dores? Pode e deve. A evolução deve ser um ato de amor. Se nós, seres inferiores, procuramos educar nossos filhos
entoando hicom amor, quão Dúvida que ainda causa enmaior será o esnos de glória a ganos na interpretação da forço do plano seu poder. Que doutrina espírita, o sofrimento Deus absurdo, espiritual superior para nos herança do patem sido muitas vezes motivo ganismo, do conduzir com de identificação do espiritismo misericórdia, judaísmo, do como uma doutrina que faz compreendendo cristianismo que apologia à dor. deturpamos! O a nossa fragilidaEm agosto de 1983, edição 152 do Correio de. Onde o espíCriador sabia de Fraterno, Heloisa Ferraz Pires analisou e nossas inferiorita desenvolveu esclareceu o assunto. seu sadismo e ridades, como masoquismo, exigiria mais do que podíamos dar? As leis disciplinares pedindo sofrimento? Em várias obras espíritas os heróis pedem a dor e seus olhos existem em toda a natureza, porém são leis de compreensão. O Deus vingativo é brilham intensamente quando são atendidos. Por quê? É criação nossa a imagem criação nossa. Os resíduos de um passado escuro, a ignorância que nos envolve é de um Deus cruel que nos arrasta a provas horríveis esperando que nos despedacemos a responsável por permanecermos amar-
rados às encarnações difíceis. No século 20 o homem deveria estar apto para evoluir com mais tranquilidade. Mas sua visão antropomórfica do universo o impede; somos nós que exigimos para nós o cálice amargo. Somos os juízes que não perdoam. E o que é pior: em reencarnando trazemos dentro de nós um tremendo complexo de culpa que faz com que nos flagelemos e iniciemos difíceis processos obsessivos. O espiritismo, como elemento libertador, deve fazer o ser romper com as amarras dos séculos aprendendo a caminhar com alegria. Lutemos contra o sofrimento. Vamos usar nossa inteligência para atenuarmos nossas provas. Leia o artigo completo no site www.correiofraterno. com.br
COISAS DE LAURINHA
Por TATIANA BENITES
Tem espíritos no banheiro? Correio Fraterno, edição 417, setembro, outubro de 2007
A
aula havia acabado e todos os alunos saíam da sala. Quando a professora estava se retirando da sala, viu que Laurinha continuava pensativa, sentada na cadeira. – Vamos, Laurinha! A aula já terminou. Você não vai se levantar? Laurinha, meio sem jeito, disse: – Eu sei que o sinal já bateu, mas vou continuar pensando um pouco. – Mas o que aconteceu para você ficar pensando? – Eu estou aprendendo muita coisa ao mesmo tempo e acho que tenho que organizar as minhas ideias, porque as coisas estão começando a ficar confusas. A professora olhou para Laurinha num tom preocupado e pensou: “O que será que está acontecendo de tão grave para uma menina de sete anos ficar tão pensativa?”.
– Eu posso te ajudar em alguma coisa? O que te aflige? – Muitas coisas, muitas coisas... – respondeu colocando a cabeça entre as mãos. – Mas minha garotinha, você é muito nova para ficar assim tão preocupada! Laurinha levantou a cabeça, olhou para professora e perguntou: – Os espíritos estão por toda parte? – Estão sim, por quê? – Eles estão aqui na escola e em casa vendo o que fazemos? – Sim. – Ai, ai, ai. – O que aconteceu, Laurinha? – Estive pensando... Então eles me veem tomando banho!!!??? – Ah! É essa sua preocupação? – Claro! Eu tenho vergonha! E ontem minha mãe disse para eu não esquecer de lavar minhas orelhas. Mas eu nem tomei banho direito... Porque achei os brinquedos para
brincar na água, que minha mãe já tinha escondido, e fiquei brincando de novo no banheiro. Quer dizer que, além de algum espírito me ver tomando banho, ainda pode contar tudo para minha mãe? A professora segurou o riso, achando graça das conclusões da menina e disse: – Não se preocupe, Laurinha. Os espíritos que podem entrar em nossa casa não estão preocupados em nos ver despidos! E sabe o que mais? Ainda é tempo. Vamos lavar as orelhas agora mesmo... Quem sabe algum espírito também vai ver você fazer a coisa certa. – É mesmo, não tinha pensado nisso! Laurinha deu um sorriso e saiu correndo enquanto a professora gritava: – E nada de brincadeiras no banho! Agora tem que lavar tudo direitinho! Este texto compõe o primeiro livro da autora Tatiana Benites pela Correio Jovem, Tem espíritos no banheiro? www.correiofraterno.com.br
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FOI ASSIM
Elizabeth Taylor: um caso de desdobramento Por FLORIANO MOINHO PÉRES
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famosa estrela de cinema, Elizabeth Taylor ia interpretar o papel de Cleópatra, no filme mais caro até então, de toda a história do cinema. Ela havia chegado a Londres, em triunfo, milhões de dólares já haviam sido gastos e fabulosos cenários construídos e Londres, representando o Egito e a Roma antiga. Verdadeiras fortunas já tinham sido empatadas em roupagens, perucas e joias. Mas, inesperadamente, adoeceu e, agravando-se-lhe o estado de saúde, sofreu uma traqueostomia e os médicos já não garantiam a sua cura! Os médicos balançavam a cabeça, pois as esperanças de salvar a famosa estrela estavam perdidas e seu quarto estava coberto de flores. De súbito, um raro momento de lucidez fez com que ela pedisse para ver o imenso jardim apertado entre as paredes brancas. Prontamente atendida, Elizabeth Taylor olhou fixamente a primavera engalanada, como quem quisesse partir para o Além com a bela visão floral nas retinas enregeladas pela morte, que se avizinhava. Relembremos as palavras proferidas pela famosa estrela de cinema, logo após esse lance de intensa dramaticidade: “ – Fui assaltada por uma curiosa sensação de separação de meu corpo. Uma sensação de irrealidade. Eu sentia que o fim estava próximo, porém ignorava que os médicos não tinham mais esperanças. A sensação que
eu sentia era mais nítida e perfeita. Eu não estava na cama e nem tampouco presa em meu corpo. – Senti que estava em outro lugar, flutuando e observando os acontecimentos. Depois fui tocada pela realidade. Havia dois ‘eus’: a pessoa na cama que estava morrendo, e a outra pessoa que se sentia um pouco estranha, porém muito bem. Esta segunda pessoa era muito mais eu mesma”! O retorno dessa experiência de abandono do próprio corpo (desdobramento), coincidiu com a melhora do seu estado. Depois, entrou em convalescência. “– Jamais me esquecerei dessa experiência. Será que por um momento eu morri? Será que é assim, quando morremos? Um dia saberei, com certeza”. À luz do espiritismo, esse é um fenômeno perfeitamente explicável, ou seja, o desdobramento produzido por doença grave, uma vez que a estrela se achava sob extrema debilidade orgânica, permitindo a exteriorização do seu espírito e perispírito, afastados do corpo somático, mas ligado a ele pelo cordão fluídico, animado do corpo vital indispensável à continuidade da vida orgânica. Elizabeth Taylor desencarnou no ano passado, em Los Angeles, aos 79 anos de idade, vítima de insuficiência cardíaca, que ela enfrentava desde 2004. Publicado no Correio Fraterno, em novembro de 1982
VOCÊ SABIA?
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coluna Você Sabia? acompanha o Correio Fraterno desde as primeiras edições. Até hoje mais de 1.500 textos foram publicados na seção, com instigantes curiosidades. Médico sonâmbulo Hugh Cayce, aos seis anos de idade, teve o rosto atingido por uma explosão de magnésio. Os médicos concluíram ser necessário retirar um dos seus globos oculares e que o outro, embora permanecesse, também estava perdido. Ao saber disso o menino disse: “Meu pai pode me salvar. Dormindo, ele é o melhor médico
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do mundo”. Edgard Cayce, o pai, entrou logo em transe profundo e receitou o ácido tânico e manutenção dos demais remédios. Embora a relutância médica, a receita foi obedecida e os olhos de Hugh foram salvos. Revista Planeta, n.11. (Você Sabia?, Correio Fraterno em abril de 1982). Estranha tristeza Victor Hugo, no dia 8 de setembro de 1843, fez publicar na folha Pyrénées a nota: “Na noite de minha chegada a Oléron, encontrava-me vencido pela tristeza... Tinha a morte na alma. Parecia-me que esta ilha era um caixão mor-
tuário deitado sobre o mar, e que a lua era ali uma vela”. No seguinte, quando regressava da Espanha, num café na aldeia de Soubise leu num jornal a notícia da morte de sua filha, Leopoldina. Fonte: As mesas girantes e o espiritismo, Zêus Wantuil. (Você Sabia?, Correio Fraterno em agosto de 1982). Reminiscências A menina até os 3 anos de idade se conservou muda. As únicas duas palavras que pronunciava era papá e mamã. De repente, pôs-se a falar com extraordinária facilidade, mas em língua desconhe-
cida, que nada tinha a ver com o inglês. Aliás, ela recusava, terminantemente, a expressar-se em inglês, a única língua em que se lhe falava, e obrigava os que conviviam com ela, seu irmão, por exemplo, a aprender a sua, que continha algumas palavras em francês, o que também nunca antes pronunciadas diante dela. “Como explicar o fato, a não ser pela recordação de uma língua que essa criança teria falado em existência anterior? Fonte: A reencarnação, Gabriel Dellane. (Você Sabia?, Correio Fraterno em agosto de 1985). Veja mais no www.correiofraterno.com.br
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MUNDO SUSTENTÁVEL
Espiritismo e ecologia Por HERMINIO C. MIRANDA
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á temas modernos sobre os quais encontramos sumárias formulações no contexto da doutrina ou no seu bojo são encaixados para uma visão mais abrangente do que significam para a comunidade humana. Tome-se, para exemplo, o tema atualíssimo da ecologia. Aparentemente, nada teria o espiritismo a ver com o problema, que não está especificamente referido na codificação, a não ser em referências indiretas, como na questão 733, na qual os espíritos ensinam que “o horror à destruição cresce com o desenvolvimento intelectual e moral”. Ou em passagens, nas quais é discutida a lei da conservação. No entanto, a doutrina tem sempre uma visão dualística da vida, pois o ser humano é um espírito vivendo transitoriamente na matéria. Na realidade, o movimento ecológico mundial nos convida à meditação, pelas suas implicações doutrinárias e pela contribuição que o espiritismo poderá trazer à melhor iluminação do tema. O que propõem os ecologistas é a preservação do meio ambiente, para que se mantenham adequadas condições de vida na Terra. O que se pretende, portanto, e em última análise, é a preservação das oportunidades de reencarnação de que a vida precisa para cumprir a sua tarefa evolucionista. Uma civilização que agrida suas próprias condições de continuidade ou, no mínimo, as põe em perigo, cria um mecanismo suicida. Temos vivido nas últimas
décadas um clima de ‘que-me-importismo’ ação contra a degradação das condições de ecológico. Nada disso é construtivo. vida no planeta. Afinal de contas, são eles Desencadeia-se um acelerado processo os espíritos que nos deixaram um munde demolição sistemática de todo o dispodo razoavelmente saudável e tranquilo há sitivo material de apoio à vida do espírito um século ou dois para reencontrarem-no na Terra. Na minha infância há apenas agora inquieto, agitado, temeroso, demeio século – um mero segundo em terpredado e doente. Que fizeram com este mos geológicos – multidões de pássaros comundo as gerações intermediárias? Que loriam e musicalizavam os campos e até a está fazendo a atual? vizinhança das ciEmbora poucos dades. Do quintal sejam os que trazem a de minha casa em convicção consciente Volta Redonda, à do mecanismo das vibeira da Central das sucessivas, são mui Uma civiliza- tos os que têm a intuido Brasil, onde ção viva do processo e nasci e me criei ção que agrida suas próaté que se iniciassabem que a civilização se a segunda décaprias condições de conti- continuará a necessitar da de vida, podia de ambiente adequanuidade ou, no mínimo, ver bandos travesdo para desenvolver as sos de bugios, na as põe em perigo, cria um suas tarefas evolutivas maior algazarra, ao longo do tempo. mecanismo suicida” pulando de galho A literatura espírita em galho. A água é rica em ensinamenHerminio C. Miranda dos riachos e até tos específicos sobre a de rios mais voluinexorabilidade das leis mosos era limpa e potável, deixando ver os divinas de ação e reação. cardumes de peixes a navegarem tranquilaA Terra é a habitação de que necessimente daqui para ali em busca de alimento. tamos, de tempo em tempo, para viver Era um mundo quase idílico comparadurante algumas décadas, a fim de que se do ao de hoje e ficou há apenas cinquenta cumpram as tarefas exigidas pelo processo anos no tempo, ali mesmo... educativo da evolução individual e coletiva. É aqui que cometemos os nossos equíÉ bom, pois, que a consciência univervocos; é aqui, portanto, que temos de resal esteja sendo alertada para esses aspectificá-los e demonstrar que já aprendemos tos pelos jovens, que têm sido a voz e a
a lição e estamos aprovados no vestibular cósmico. Mesmo que não precisássemos voltar, contudo, não estaríamos autorizados a demolir a casa que nos tem servido e que certamente há de servir a incontáveis gerações. Se vamos ainda precisar dela – e isto é certo –, cuidemos de não deixá-la reduzida à condição de tapera infecta e inabitável, porque será assim ou em pior estado que a encontraremos quando de nosso retorno à carne, em nova existência futura. Como dizíamos, a doutrina espírita não fala especificamente em ecologia, mas tem importantes reflexos a oferecer para melhor entendimento do problema que começa a afligir a consciência universal. Sem falar, é claro, pelo espiritismo em geral, aos jovens que lutam pela recuperação do meio ambiente o meu aplauso e o meu estímulo, por mínimo que isso possa significar. Também estou entre os que ainda precisarão do nosso modesto planeta para futuras romagens na carne. Um dia estará aqui implantado o Reino de Deus anunciado pelo Cristo. Não nos esqueçamos, porém, de que será a mera projeção do que se construir na intimidade de cada um de nós. O Reino – disse ele – não está aqui nem ali, no tempo e no espaço; ele já existe dentro de nós. Só nos cabe realizá-lo. O que nos falta? O que estamos esperando? Publicado no Correio Fraterno, edição 164, de agosto de 1984
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LAR EMMANUEL
Uma história que se renova a cada dia
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edição 431 do Correio Fraterno comemorou os 50 anos de fundação do Lar da Criança Emmanuel, instituição filantrópica a que o jornal está vinculado, e que igualmente vem escrevendo sua história de superação e de sucesso, ajustando-se às transformações da própria sociedade – de orfanato à creche, hoje o Lar inclui o apoio à família, focalizando o convívio sadio e a educação integral. Fundada em 1960, em São Bernardo do Campo, SP, o Lar da Criança Emmanuel surgiu do ideal de um grupo de espíritas, motivados a fazer o bem. Decidiram, na época, bater à porta do casal Leonor e Felipe de Freitas Audi, que doou parte de suas terras para erguer um lar para crianças órfãs. Em 1980, a instituição passou a trabalhar em regime de creche, visando a um maior contato e participação da família na formação das crianças. Muitos deles, entretanto, sem família, continuaram na casa, recebendo a mesma atenção. Alguns saíram para casar, formaram-
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-se, constituíram família e voltaram ao Lar como profissionais dedicados. Para atender atualmente a cerca de 300 crianças, com idade de 0 a 5 anos, e oferecer apoio familiar, o Lar conta com 45 profissionais, instalações próprias e completas, que incluem parque, brinquedoteca, ateliê de artes, biblioteca, quadra esportiva, horta e uma área de lazer totalmente arborizada. Para desenvolver os diversos projetos na área da educação, o Lar da Criança Emmanuel busca constantemente parcerias. São elas que ajudam a consolidar, nas crianças, nos jovens e na comunidade potenciais renovadores para transformar as condições sociais em que vivem, valorizando a cidadania e a inclusão produtiva. Doações e a dedicação de afinada equipe de voluntários garantem também a manutenção das atividades do Lar. Por isso, toda colaboração é sempre muito bem-vinda. Para saber mais: (11) 4109-8938 e www.laremmanuel. org.br