Homenagem ao professor Aécio Chagas
O filósofo Silvio Chibeni faz uma homenagem ao professor aposentado da UNICAMP que partiu ago ra em junho e que se destacou no meio espírita por seu trabalho para a conscientização sobre as ver dadeiras bases da ciência espírita.
Leia na página 7.
A
O ator Danton Mello fala sobre suas experiências e sentimentos ao interpretar o médium Arigó no filme
Predestinado: Arigó e o espírito do dr. Fritz, que estreia em setembro nos cinemas. “Tive crises de choro ao ler roteiro e fui me questionando do porquê desse roteiro ter chegado para mim.” Leia nas páginas 4 e 5.
Os intrincados caminhos da MEDIUNIDADE DE CURA
Nem sempre bem entendida pelos que buscam a solução dos problemas físicos pelos cami nhos espirituais, a mediunidade de cura traz histórias de sacrifícios, de processos, de médiuns que faliram, de vidas transformadas pela fé.
No século 19, Allan Kardec quis saber detalhes sobre este gênero de mediunidade, sobre o dom que certas pessoas possuíam de curar, muitas vezes por um sim ples toque, um simples olhar.
O que disseram os espíritos? Como atuavam os médium curadores? Quais os limites e responsabilidades envolvi dos no exercício da mediunidade?
Tudo isso você vai saber no artigo especialmente pre parado pela jornalista Eliana Haddad para esta edição.
Leia nas páginas 8 e 9.
Estadual
Conheça os principais pontos levantados pelos congressistas nas rodas de conversa sobre os temas mais impactantes para o movimento espírita hoje. Leia na página 3.
www.correiofraterno.com.br/loja Ontem: ódio, vingança! Hoje: tempos difíceis para o despertar do verdadeiro amor. Ano 54 • Nº 506 • Julho - Agosto 2022 ISSN 2176-2104 Congresso
de Espiritismo
emoção de viver Arigó CHERRI
O espiritismo
explica
Em 1868, A gênese, última obra escrita por Allan Kardec, trazia ao mundo uma crítica sobre os limites da pesqui sa científica, por não considerar a outra face da realidade, cujos fatos estavam ligados às propriedades da alma e à ação dos espíritos. Nada de sobrenatural. Apenas um campo ainda desconhecido e que justificava uma série de fenômenos, considerados apenas no âmbito da religião como milagres.
A cura, tão divulgada no evangelho de Jesus, foi explorada na Idade Média como um grande enigma, uma graça. Mas veio o espiritismo no século 19 e explicou ser ela um fato pertencente às leis naturais, efei to da ação fluídica sobre os doentes, numa combinação que envolvia vontade, fé e pla nejamento na reencarnação.
Nesta edição, trazemos um pouco sobre esse tema tão importante para a compreen são das bases espíritas. Abordamos a vida e o trabalho de Arigó, o médium que realizava cirurgias delicadas, sem assepsia, sem anes tesia e utilizando o que tivesse pela frente: uma faca de cozinha, um canivete, uma tesoura. Na Entrevista, está o ator Danton Mello, seu intérprete em Predestinado: Arigó e o espírito do dr. Fritz, filme que estreia em setembro. No Especial, nas páginas centrais, analisamos os esclarecimentos da doutrina espírita sobre esse tema tão palpitante.
Por falar em ciência, o professor Sil vio Chibeni faz uma homenagem a Aécio Chagas, que desencarnou em junho, e dei xou tantos exemplos, livros e artigos, de monstrando sua capacidade e paixão pelo
FALE COM O CORREIO
conhecimento, científico e espírita.
Há ainda os resultados das rodas de conversa do congresso estadual da USE, a resposta à dúvida de um leitor sobre se os espíritos sentem dor, o memorial inaugura do no Ceará em homenagem a Bezerra de Menezes e muito mais.
Aproveite a leitura. O Correio, como sempre, foi feito com todo carinho para você!
Equipe Correio Fraterno
Uma ética para a imprensa
Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:
• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.
• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclare cendo pontos obscuros.
• Discussão, porém não disputa. As incon veniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.
• A história da doutrina espírita, de al guma forma, é a do espírito humano.
O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, so bre fatos gerais pouco conhecidos.
• Os princípios da doutrina são os decorren tes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.
• Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidá rios e mesmo contra nós. Aliás, nos abste remos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princí pios que professamos.
O envolvimento dos jovens na casa espírita
• Gostei muito da entrevista do querido Walteno. A esperança renasceu no movi mento espírita regional com sua presença entre nós. A educação com Deus, iniciada por Rousseau, Pestalozzi e Kardec, está na sua visão educacional. Que o movimento proposto da Educação do Espírito possa ser executado com a mesma dedicação de Eurípedes Barsanulfo e atualmente com
educadores como Walter Oliveira Alves. Miltes Aparecida Carvalho Bonna, S. Bernardo do Campo, SP (Entrevista, edição 505, mai/jun. de 2022)
• Gostei muito da entrevista. Um proble ma muito atual. Meus filhos não querem mais participar do grupo de jovens e não se integraram nas demais atividades do gru po. Essa transição é complicada e depende muito da maturidade deles, do apoio da fa mília e da estrutura do centro espírita. L.P., São Paulo
• Excelente entrevista. Tenho a mesma per cepção. Precisamos tornar nossos jovens mais atuantes na casa espírita.
Vera Lúcia, por WhatsApp
As lições de Chico Xavier, por Marcel Souto Maior
Ficamos a pensar na bênção para a huma nidade que foi (e que é!) a vida de Chico Xavier! E maiores benefícios ainda tería mos se muitos Chicos iguais a ele entre nós estivessem!
Carlos Fernando de Hollanda, via site (Especial, edição 505, mai/jun. de 2022)
• Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possí vel responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento.
• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi dual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nos so erro for demonstrado.
Av.
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O que apontaram as rodas de conversa do Congresso Estadual
Por ELIANA HADDAD
Algumas das considerações dos grupos sobre os temas abordados:
Religião e seu sentido filosófico
• O espiritismo como filosofia nos ajuda a entender o nosso re lacionamento com os outros e nos faz refletir sobre qual é o nosso objetivo na vida e qual a nos sa expectativa no mundo material e espiritual.
• Allan Kardec apre senta a religião no sentido superior, integra da à filosofia e à ciência.
• A mensagem espírita é essencialmente fi losófica, mas inclui o transcendente relacio nado com o mundo espiritual. E a fé precisa estar apoiada na racionalidade.
criar novas metodologias de estudo e práti cas mediúnicas virtuais.
• Desde o início da pandemia a maior parte dos centros espíritas passaram a realizar o Evangelho com os trabalhadores dessa área, irradiações e, em alguns grupos, também, o intercâmbio com o mentor.
• Estudos de possibilidades de se implemen tar uma metodologia de educação medi única por meio virtual e de treinamento a distância. Não há experiências efetivas nesse campo, embora haja algumas especulações.
Diálogo entre gerações no movimento espírita
peitar a opinião dos outros, não alimentar o ódio e nem rancor
Lições da pandemia ao centro espírita
• Parcela significativa dos centros espíritas se adaptou às novas tecnologias de comuni cação a distância, porém outros ainda se mostram resistentes à ampliação do uso de recursos tecnológicos.
• Percebem-se mudanças nas prioridades dos centros espíritas, sem fugir de seu pa pel básico. Há atividades que deveriam ser realizadas presencialmente, apesar de haver estudos no sentido de realização a distância.
Nos dias 24 a 26 de junho, em Atibaia, SP, mais de 700 pessoas participaram o 18º Congresso Es tadual de Espiritismo, que comemorou os 75 anos da USE e que contou com palestras de Rossandro Klinjey, Alberto Almeida, Heloísa Pires, Haroldo Dutra, Emanuel Cristiano, Humberto Schubert e André Trigueiro.
Foram também realizadas oito rodas de conversa para reflexão sobre temas relevan tes para o movimento espírita. “As rodas representam um diferencial do congresso da USE, promovendo um maior diálogo com os dirigentes e colaboradores em geral, destinando-se ao público mais afeito aos es tudos do espiritismo, enquanto as palestras atendem a um público mais geral”, desta cou o coordenador Marco Milani, diretor do departamento de doutrina da USE e presidente da USE Regional de Campinas. Ele observa que um ponto em comum a se destacar nas rodas foi a ênfase à necessidade de se priorizar Kardec como fonte principal das informações doutrinárias. “A Campa nha Comece pelo Começo, lançada há 50 anos, foi lembrada em várias falas dos expo sitores”, lembrou.
Uso equivocado de teorias científicas no espiritismo
• Problemas apresentados como científicos, se jam fenômenos, teorias ou teses, para serem considerados como conhecimento espírita devem ser comprovados cientificamente, antes de serem divulgados como verdades.
• O movimento e o centro espírita devem ter muita prudência para não tomar a “opinião pessoal” de um espírito, médium ou um es critor famoso, como uma verdade espírita.
Práticas estranhas no centro espírita
• Respeito a todas as crenças, mas respeito igualmente às ideias espíritas, às quais não se deve inserir práticas estranhas. Devemos respeitar o espiritismo.
• Práticas estranhas (apometria, cristais, cro moterapia etc.) atraem muitas pessoas, mas depois, num efeito funil, somente um pe queno número busca por cursos. A base de tudo é o estudo.
Desafios da prática mediúnica na atualidade
• Necessidade de reavaliação da prática medi única presencial, face às possibilidades de se
• Constata-se uma dificuldade de diálogo en tre as gerações, com pontos a serem supe rados em todos os grupos, desde aqueles decorrentes da inexperiência dos jovens, assim como a necessidade de maior com preensão por parte dos dirigentes sobre as características culturais das novas gerações.
• O jovem deve ser mais ‘aproveitado’ não apenas para o apoio nas tarefas de serviços gerais, mas também nas atividades de es tudos e palestras. Deve-se estabelecer um processo para essa preparação e acompa nhamento.
A postura do espírita diante das mídias sociais
• Para se construir uma rede positiva deve -se passar rapidamente por conteúdos negativos nas mídias sociais para que os algoritmos não registrem esse perfil como de interesse e passe a disponibili zar conteúdos de igual perfil. As curtidas devem estar focadas no positivo, para a construção de rede social produtiva e in teressante.
• Orar e vigiar também funciona nas redes sociais. Não dispender esforços inutil mente em discussões e focar no autoco nhecimento.
• A melhor forma de se comportar nas re des sociais está descrita no item “O ho mem de Bem”, capítulo 17: Sede perfeitos, de O evangelho segundo o espiritismo. Res
• As lições aprendidas se referem às práticas para a prestação de serviços e manutenção das atividades das casas espíritas, aprimoran do essas ações, dadas as novas oportunida des tecnológicas de interação.
• As opiniões ou posições de políticos e ide ologias políticas não são recomendáveis para os centros espíritas. Deve-se ter cuida do contínuo com as notícias falsas. A análise consiste em perguntar sempre quem é a fonte e qual o seu interesse.
Fatos históricos e coerência doutrinária
• Necessidade da análise crítica e aplicação de método e critérios racionais baseados em fatos e no corpo teórico espírita para obras literárias, palestras, mensagens etc. para não se aceitar ou negar ‘a priori’ nenhum con teúdo, apenas baseado na idoneidade de encarnados ou desencarnados, que agiriam nesses casos apenas como argumento de autoridade.
• Alerta para a existência de inúmeras infor mações ditas “históricas” em obras medi únicas que não possuem validação pelos fatos registrados cientificamente, logo não podem ser tomadas como verdades doutri nárias.
• Romances mediúnicos com narrativas his tóricas expressam apenas a opinião de um autor espiritual e seus relatos não se carac terizam, isoladamente, como fatos históricos comprovados e que devam ser considera dos válidos.
3CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2022 www.correio.news
ACONTECE
A emoção de viver Arigó
Como foi interpretar Arigó durante as filmagens na cidade de Congo nhas? O que mais lhe marcou nesse trabalho?
Danton Mello: Foi uma experiência bas tante especial e que marcou muito minha vida profissional e pessoal. Tenho certeza de que quem for assistir a esse filme vai en tender do que estou falando. Foi marcante demais dar vida ao Arigó; uma pessoa ex tremamente bondosa, um ser iluminado, e isso me tocou muito durante as gravações. A história de vida dele é emocionante!
Você já conhecia essa história?
Confesso que já tinha ouvido falar, prin cipalmente por ele ser de Minas Gerais, estado em que eu também nasci. Mas não sabia de muitos detalhes. Com o convite para o filme, comecei a me aprofundar mais para compor o papel e aí entendi a importância da sua história.
Como analisa a mediunidade e os processos espirituais de cura?
Não sei como explicar, mas falando es pecificamente do Arigó, conheci pessoas que estavam desenganadas pelos médicos, pessoas que passaram por ele e que foram curadas. Baseado em todas as pesquisas que fiz, nos materiais que li, nos meus encon tros com os seus familiares e com pessoas que foram operadas e curadas pelo Zé, eu acredito na seriedade do trabalho e que ele realmente tenha curado.
Arigó e dr. Fritz são dois personagens, um encarnado e outro desencarna do. Como você lidou com essa expe riência como ator e particularmente? Foi um desafio grande e especial para se fazer. Interpretar dois personagens de uma vez só e na mesma história é um trabalho que requer muito cuidado e entrega. Mas me preparei bem com o Gustavo Fernan
Oator Danton Mello estreou em novelas em 1985, aos dez anos de idade, como o pequeno Cuca na novela global A Gata Comeu. Depois, viriam outras atuações de destaque não apenas em tevê, mas também em cinema e teatro, dublagens e projetos especiais, como a reportagem que realizou sobre ecologia, em 1998, quando sofreu um grave acidente, a queda do helicóptero da equipe que sobrevoava o monte Roraima. Agora Danton realiza mais um trabalho marcante em sua car reira, ao interpretar Arigó no filme Predestinado: Arigó e o espírito do dr. Fritz, que estará nas telas do país em setembro, trazendo a palpitante vida do médium simplório que desafiou a ciência com suas cirurgias e curas. Acompanhe a entrevista que o ator concedeu com exclusividade ao Correio.
des, que dirige o filme. Foi uma leitura intensa. Fiz também uma boa preparação corporal, por achar importante diferenciar bem os dois, que, na realidade, são duas pessoas. Toda referência que a gente teve de leitura e de pessoas que conviveram com José Arigó dizia ser ele realmente outra pes soa quando incorporava o dr. Fritz, desde o modo de falar, até os gestos. O trabalho foi intenso, e eu sou um ator que valoriza mui to a expressão corporal. O nosso corpo fala e é o instrumento do ator. Diferenciamos os dois na voz, no gestual, no comporta mento, no jeito de andar e acabou sendo um trabalho muito lindo.
Houve algum episódio que tenha lhe marcado mais durante as gravações, alguma experiência ou sensa ção diferente?
Tenho uma curiosidade que diz respeito a como cheguei nesse projeto. Depois que conversei com a Vivian Golombek – ela quem me fez o convite –, recebi o roteiro e, quando recebo, tanto roteiros de cine ma, como de teatro, gosto de me sentar no meu escritório e tirar duas horas para poder ‘embarcar’ na história. Gosto de ler de uma vez! Mas, desde quando ela me fez o convite, fiquei me questionando muito sobre o fato de eu não ser uma pessoa religiosa. E pen sando: Caramba! E esse roteiro, essa história de médium! Ao começar a ler, tive uma crise de choro. Antes da página dez, parei. Voltei a ler no dia seguinte. Li mais quinze a vin te páginas e tive outra crise de choro, e com isso não consegui ler esse roteiro de uma vez. Acabei fazendo em uma semana, tendo cri ses de choro e me questionando do ‘porquê?’ desse roteiro ter chegado para mim. Eu que não acreditava, que não tinha religião (‘não tinha’, até porque esse filme transformou bastante minha vida), eu que não convivia com ninguém que tivesse uma religião. Acabou sendo um grande processo ler
4 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2022 www.correio.news ENTREVISTA
CHERRI
esse roteiro e, quando acabei, liguei na hora para a produtora de elenco, falan do que eu estava dentro. “Eu tô dentro; quero muito contar essa história. Eu preciso ser esse mensageiro, preciso ser esse ator que vai contar a história desse homem iluminado. Esse filme não é só para mostrar a história dele, é filme que veio pra transformar. Acho que estava no momento da minha vida que eu precisa va de algo assim. Realmente fiquei muito emocionado e mexido.
O que mais o impressionou na vida de Arigó?
A empatia dele para com o próximo! O fato de ele ter se dedicado quase metade de sua vida ajudando e curando as pessoas que o procuravam. Ele abdicou até da sua vida fa
ência espiritual ou algo parecido. Como já falei em outras entrevistas, não tinha nenhuma relação ou ligação com o lado espiritual ou até mesmo religioso.
Na sua opinião, qual a maior dificul dade enfrentada por Arigó?
A cura do seu filho.
Como você analisa o papel da ciência diante das cirurgias espirituais?
É um desafio para a ciência, quando você vê relatos de pessoas que o conheceu e que foram curadas por ele. Durante as filma gens, conheci e convivi com algumas delas. São histórias lindas de se ouvir.
Sobre a atividade mediúnica, o que você apreendeu?
nas fortíssimas. E, mais uma curiosida de sobre a preparação do personagem: eu só consegui assistir o todo material a que tive acesso das cirurgias na véspera da filmagem. Era muito impressionante pra mim. Essas cenas mexeram muito comigo e tenho certeza de que o público também vai ficar impactado.
O escritor José Herculano Pires co menta em seu livro sobre Arigó que as curas e cirurgias realizadas foram um verdadeiro desafio para ciência, que ela não teria se debruçado o suficiente para estudar o fenômeno. Você também sentiu isso ao interpre tar o personagem?
Sim, a gente mostra no filme um persona gem, um médico americano que veio para o Brasil pesquisar e passou inclusive uma temporada ao lado do Arigó, acompa nhando e fazendo registros. Muitas ima gens que a gente tem hoje em dia, das ci rurgias também, foram feitas pela equipe desse médico, que, aliás, foi operado pelo Arigó. Mas o preconceito e o julgamen to sempre foram fortes, principalmente naquela época, em que era mais desafia dor a informação chegar até as massas. O médium foi perseguido e chegou a ser processado pela Sociedade de Medicina. Então, foi pesquisado o que era possível no momento e, baseado nisso, tentaram entender e explicar ‘o inexplicável’.
Arigó foi alvo de críticas por parte dos mais céticos, chegou a ser preso, principalmente por usar faca, canive te, para as intervenções, sem assep sia e sem anestesia. Como você vê isso tudo?
miliar para fazer tudo isso. E vocês vão po der conferir o que estou falando no filme.
Você contracena com Juliana Paes, que interpreta a esposa de Arigó. Como analisa o papel da família na vida do médium?
Uma família reunida de amor e de muita atenção com o próximo. E contracenar com Juliana foi ainda mais especial, mu lher de personalidade e que fez uma linda entrega. Tivemos uma grande sintonia do início ao fim.
Você já teve alguma experiência es piritual, alguma vivência que se as semelhasse ao que interpretou sobre esses personagens?
Não. Acredita? Nunca passei por experi
É muito difícil explicar, mas o Arigó real mente incorporava o dr. Fritz, ele ajudou realmente muita gente, fez todas essas ci rurgias de maneira muito simples e pre cária, com facas e quaisquer instrumentos que estavam à mão dele. Por isso, meu aprendizado foi: Arigó de alguma manei ra – que eu não sei explicar – recebia e in corporava o espírito do dr. Fritz, podendo ajudar e curar milhares de pessoas.
E sobre as cirurgias, qual foi seu impacto na realização destas cenas? Foram cenas muito fortes, sendo para isso usados efeitos especiais! Quando você pensa numa cirurgia de visão, ima gina toda uma estrutura oftalmológica.
Mas dr. Fritz curava através de Arigó com uma faca, então realmente são ce
Para as pessoas que não acreditam na me diunidade e no espiritismo, de fato assus ta um pouco, ainda mais com as técnicas rudimentares que ele usava pra fazer as ci rurgias. O fato é que nada disso justificou ele ter sido preso. Isso aconteceu por puro ceticismo das autoridades da época.
Suas considerações finais.
Fazer este trabalho representou muito para mim. Aprendi muito com esse papel. Foi uma história que me transformou, porque Arigó foi uma pessoa extremamente bon dosa e generosa, dedicando mais de vinte anos da sua vida para cuidar das pessoas. Ao fazer esse papel, tive também oportuni dade de conhecer crenças novas. Me apro fundar nisso tudo para viver um persona
não tem preço.
5CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2022 www.correio.news ENTREVISTA
gem
Arigó e o espírito do dr. Fritz de John G. Fuller 304 páginas 16x23 cm FEB Editora Telefone: 61 3550-8610 www.febeditora.com.br Concepção existencial de Deus de J. Herculano Pires 116 páginas 14x21 cm Editora Paideia Telefone: 11 5549-3053 www.editorapaideia.com.br Espiritismo e ecologia de André Trigueiro 200 páginas 16x23 cm Correio Fraterno WhatsApp: 17 99736-9800 www.correiofraterno.com.br/livros Os procuradores de Deus de Herminio C. Miranda 242 páginas 16x23 cm Editora Pensamento Telefone: 11 2066-9000 www.grupopensamento.com.br Quando acabei de ler o roteiro, disse: “Eu tô dentro; quero muito contar essa história. Eu preciso ser esse mensageiro...”
A interação da criança com o saber
Por SÔNIA KASSE
Aprender faz parte da vida do ser huma no. Desde que nas cemos estabelecemos relações recíprocas e contínuas com o meio ambiente e gra dativamente evoluí mos e nos tornamos mais independentes.
A criança, ávida por conhecimen tos, inicia a fase de muitos questio namentos e quer saber o porquê de tudo. Nada passa despercebido nessa fase da vida e para todas as perguntas quer ob ter as respostas.
Aquelas crianças cujas vozes são ouvi das extrapolam na aquisição de conceitos e aceleram a sua aprendizagem. Infeliz
mente, as que não podem questionar, ou mesmo aquelas cujas vozes não têm eco, fecham-se em si mesmas e, muitas vezes, paralisam seu processo de crescimento sendo erroneamente rotuladas de “crianças que não aprendem”.
Toda criança é capaz de aprender e para isso é preciso que lhe seja oferecido um ambiente adequado, sempre com a intervenção de um adulto educador que, numa relação interligada, ajuda-a a cons truir o seu conhecimento.
É preciso dar-lhe liberdade de expres são para que, sem medos ou receios, possa manifestar-se, expor suas dúvidas e na inte ração com o outro buscar soluções que me lhor se adequem aos seus questionamentos.
Os livros Tem espíritos no escuro?, e Tem espíritos no banheiro?, de Tatiana Benites, trazem os ensinamentos da doutrina espí rita numa versão clara, espontânea e muito divertida.
Por meio da personagem Laurinha
(criança muito interessada, inteligente e questionadora), os temas em discussão vão sendo lançados e os conceitos aprendidos.
A leveza e a graça da leitura estão nas confusões que a personagem faz ao escutar um novo conceito nas aulas de educação espírita no centro espírita em que frequen ta com seus pais.
Como toda criança pesquisadora, Lau rinha só se acomoda quando consegue solucionar suas dúvidas e assimilar o que aprendeu.
Ela é a personificação de muitas de nossas crianças que conseguem apren der justamente indagando, dando ideias, propondo soluções e demonstrando ao adulto que, se forem libertas para desen volverem suas capacidades, conseguem interagir com novos conceitos de maneira satisfatória.
Educar divertindo é o tema dessa obra recomendada a todos.
Boa leitura!
6 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2022 www.correio.news LEITURA
Aécio Chagas Paixão pelo conhecimento, científico e espírita
Por SILVIO SENO CHIBENI
“O
verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de jus tiça, de amor e de caridade na sua maior pureza.” Quando lemos a tocante página de Allan Kardec, no Evan gelho segundo o espiritismo, que se inicia com essas palavras, e notando quão difí cil é vivenciar em nós mesmos a lista de qualidades do homem de bem nela enu meradas, ficamos por vezes pensando que homens de bem virtualmente não existem ao nosso redor. Ledo engano. Em sua mi sericórdia, o Pai os coloca ao nosso lado, nos mais variados contextos, para que nos inspirem e orientem em nossa jornada. Dentre os vários que enriqueceram minha vida, está o amigo Aécio Pereira Chagas (1940-2022). Ele desencarnou em 11 de junho, depois de difíceis provações, mas culminando uma vida plena de realiza ções no campo do bem, por onde quer que tenha passado: na família, no meio espírita, na academia.
Originário da então pequena cidade de Presidente Prudente, SP, Aécio transferiu -se para São Paulo no final dos anos 1950, para prosseguir em seus estudos. Ingressan do na Universidade de São Paulo (USP), graduou-se em química e, em 1972, obteve o título de doutor. Alguns anos antes, foi convidado para integrar o corpo docen te do Instituto de Química da Unicamp, então ainda em sua fase inicial de implan tação. Nessa instituição desenvolveu sólida carreira acadêmica, até sua aposentadoria, e mesmo depois dela, na condição de pro fessor titular colaborador voluntário. En tre outras atividades de gestão acadêmica, atuou como diretor do Instituto, num mo mento histórico particularmente delicado da universidade.
Autor de numerosos artigos especia lizados, publicados em periódicos nacio nais e do Exterior, bem como de diversos livros didáticos e de divulgação científica, foi eleito membro da Academia Brasileira de Ciências, integrando outras prestigiosas instituições acadêmicas, como a Sociedade
Brasileira de Química, a Sociedade Bra sileira para o Progresso da Ciência, a So ciedade Portuguesa de Química e a Royal Society of Chemistry, de Londres.
Como espírita, Aécio também deixou indelével marca. Contribuiu de forma ininterrupta durante décadas em diversas atividades da seara espírita, especialmen te no Grupo Espírita Casa do Caminho, de Campinas, onde coordenou reuniões públicas e grupos de estudo, inspirando a todos com seu exemplo de desinteressada dedicação, modéstia e generosidade. Du rante várias gestões, dirigiu a creche Casa
da Criança Meimei, as sociada a esse Grupo, exercendo ali, como antes na aca demia, administração equilibrada e eficien te, com inestimáveis benefícios a centenas de crianças e suas famílias.
Aécio foi um apaixonado pelo cultivo e desenvolvimento do conhecimento espíri ta, tendo contribuído de forma muito subs tancial com seus originais, eruditos e instru tivos livros e artigos, publicados em alguns dos principais periódicos espíritas do país, como a revista Reformador, a Revista Inter
nacional de Espiritismo e o jornal campinei ro Alavanca. Dentre os seus livros merece especial destaque o Introdução à ciência es pírita, cuja primeira edição é de 2004. Esse livro sintetiza muitas das análises feitas por Aécio em seus artigos dedicados à ciência espírita, que, não surpreendentemente, era um de seus favoritos, já que, como acadê mico, também exemplificou a mesma de dicação e inteligência ao estudo da ciência. Como erudito cientista e historiador da ciência que foi, percebeu claramente que as bases da verdadeira ciência espírita eram justamente aquelas estabelecidas por Allan Kardec, cabendo a nós construir sobre elas. Em um ambiente em que, infelizmente, ainda vicejam enfoques equivocados sobre o que é a ciência espírita, encontrar os arti gos e livros de um pesquisador da estatura intelectual de Aécio Chagas constitui verda deiro balizamento rumo à recuperação dos
excelentes critérios e métodos de pesquisa da dimensão espiritual do homem propos tos por Kardec. Possam a vida e a obra do amigo que ora habita o mundo espiritual nos inspirar em nossos estudos e, sobretu do, em nossas ações no campo do bem.
Professor titular do departamento de Filosofia da Unicamp.
Você pode acessar artigos de Aécio Chagas em http://www.geeu.net.br/
7CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2022 www.correio.news
BAÚ DE MEMÓRIAS O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção e em nossas redes sociais. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
Aécio Chagas constituiu verdadeiro balizamento para os critérios e métodos de pesquisa da dimensão espiritual do homem
Imagem de 1996 do GEEU – Grupo de Estudos Espíritas da UNICAMP, incentivado pelo professor Aécio Chagas desde 1979 e ativo até hoje
Os intrincados caminhos da Mediunidade de cura
Por ELIANA HADDAD
Nos próximos meses, especialmente em setembro, quando estreia no Brasil o filme Predestinado: Arigó e o espírito do dr. Fritz, o tema mediunidade ganhará evidência não apenas entre os es píritas, uma vez que o fenômeno da cura continuará sempre a surpreender e a des pertar o interesse, principalmente quando alguém muito simples, sem anestesia e sem assepsia, consegue realizar cirurgias delicadas, restabelecendo a visão ou reti rando tumores, utilizando-se de instru mentos comuns, como facas, canivetes, os que estiverem por perto.
O médium José Pedro de Freitas, o Arigó (1921 – 1971), desafiou cientistas do mundo inteiro e provocou verdadeiro alvoroço em Congonhas do Campo, em Minas Gerais, entre as décadas de 1950 e 1970. Ele chegou mesmo a ser preso, acusado de charlatanismo e prática ilegal da medicina. Mas nada disso foi capaz de acorrentar a sua mediunidade ou impedir que grande fluxo de pessoas continuasse a buscar por sua ajuda para os mais diversos males, muitas delas desenganadas pelos próprios médicos.
Diante do fato de a mediunidade ser vulgarmente entendida como restrita ao espiritismo, o escritor J. Herculano Pires foi enfático, ao escrever sua obra, Arigó, vida, mediunidade e martírio (Paideia): “É preciso deixar bem claro para o lei tor, seja ele espírita, católico, protestan te, livre-pensador, materialista, ou de qualquer outra posição ideológica, que o caso Arigó não é religioso. Seu interesse fundamental é o desafio que ele lança aos meios científicos”.
merecimento etc. Afinal, na visão espírita, sabe-se que, muitas vezes, a cura de uma doença não é possível por ser ela o próprio instrumento de educação para a ‘saúde’ do espírito, a oportunidade de sanar e fortale cer a caminhada evolutiva.
O que dizem os espíritos
No início do espiritismo, no século 19, na França, Allan Kardec quis saber detalhes sobre a mediunidade de cura e em O livro dos médiuns (1861) explica, no item 175, que “este gênero de mediunidade consis te, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação”. Kardec lembra que podem até dizer que isso nada mais é do que magnetismo e concorda que o ‘fluido magnético’ (doado pelo próprio médium) desempenha aí importante pa pel, mas observa que quem examinar cui dadosamente o fenômeno verá que há mais alguma coisa: “A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regu lar e metódico; no caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maio ria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre
à prece, que é uma verdadeira evocação”.
No caso de Arigó, por exemplo, havia a intervenção do espírito dr. Fritz. Persegui do e acusado de prática de medicina ilegal, certa vez, o médium pontuou que a lei es tava certa e que só médico mesmo poderia exercer a medicina. E completou: “Quem opera aqui não sou eu, é o dr. Fritz”. Por isso não aceitava a concessão de indultos especiais quando estava na prisão, dizen do não reconhecer a razão pela qual estava sendo condenado.
Como atuam os médiuns curadores
O espiritismo explica que para que os médiuns curadores possam atuar, é neces sário possuir uma aptidão orgânica, uma força magnética, para serem utilizados pe los espíritos. “Na ação magnética propria mente dita, é o fluido pessoal (perispírito) do magnetizador que é transmitido, e sabe -se que esse fluido participa sempre, mais ou menos, das qualidades materiais do cor po, ao mesmo tempo que sofre a influência moral do espírito.”
Assim, as curas realizadas por médiuns contam com a interferência espiritual e, sem ela, nada aconteceria.
Para se entender o processo da cura é preciso que se atente para vários aspectos – o médium, o espírito comunicante, o do ente, o planejamento encarnatório, a fé, o
Kardec aprofunda essa questão em O livro dos médiuns e, depois, em A gênese, ao analisar as curas realizadas por Jesus. Ele acrescenta que esse fenômeno foi suficien temente explicado para provar que entra na ordem das leis naturais e que nada há de miraculoso. “Ele é o produto de uma apti dão especial, tão independente da vontade quanto todas as outras faculdades mediúni cas; não é um talento que se possa adquirir; ninguém pode transformar-se em médium curador, da mesma maneira que pode tornar-se médico”. A aptidão para curar é inerente ao médium, mas o exercício da faculdade só acontece com a atuação dos espíritos. Se não mais quiserem servir-se do médium, este será como um instrumento sem músico, fato que revela a impossibili dade de o médium utilizar a mediunidade como profissão, alerta Kardec.
Limites e responsabilidade
Uma das coisas que sempre se especula quando se fala em médiuns de cura é o fato de muitos deles terem vida breve, sofrerem mortes repentinas. Arigó, por exemplo, de sencarnou aos 54 anos num acidente au tomobilístico. Da mesma forma, partiu o médium pernambucano Edson Queiroz, que atuava nos mesmos moldes de Arigó, aos 41 anos, em 1991.
“A mediunidade de cura é comprome tedora e perigosa”, destaca Nena Galves, do Centro Espírita União, de São Paulo, que desfrutou por mais de 40 anos de intensa convivência com Chico Xavier, ouvindo suas orientações e ensinamentos sobre a ta refa mediúnica. “O médium de cura precisa ser muito desprendido das coisas materiais, pois acaba fazendo muito sucesso entre não espíritas, que se deslumbram com o fenô meno. Ficam agradecidas, idolatrando o médium, e muitas vezes acabam por cobri -lo de presentes, imóveis, facilidades. Pen so que, se o médium tiver merecimento, o plano espiritual se incumbe de afastá-lo, por proteção, quando estiver correndo risco de comprometer-se em função da tarefa medi única, o que também prejudicaria a própria credibilidade do espiritismo. Além disso, há o perigo das fraudes”, analisa. Ela assinala ainda que o doente que recebe a cura tam bém se compromete, pois estará recebendo uma nova oportunidade, que deverá ser
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O doente que recebe a cura se compromete, pois estará recebendo uma nova oportunidade”
bem aproveitada. Segundo Nena, é preciso lembrar o ensino de Jesus: “Vai e não peques mais, para que não te aconteça algo pior”.
Isso explicaria em parte por que nem to dos são curados. Alguma peça da delicada engrenagem do processo de cura não estará de acordo com as expectativas. E Kardec considera muito bem a questão ao lembrar que, como a faculdade de curar está funda da em leis naturais, ela tem limites traçados por essas mesmas leis. “Compreende-se que a ação fluídica possa dar a sensibilida de a um órgão existente, fazer dissolver e desaparecer um obstáculo ao movimento e à percepção, cicatrizar uma ferida, por que então o fluido se torna um verdadeiro agente terapêutico, mas é evidente que não pode remediar a ausência ou a destruição de um órgão, o que seria um verdadeiro milagre. Há, pois, doenças fundamental mente incuráveis, e seria ilusão crer que a mediunidade curadora vá livrar a humani dade de todas as suas enfermidades”.
Esclarece a doutrina dos espíritos que a mediunidade curadora não vem suplantar a medicina e os médicos. “Vem simples mente provar a estes últimos que há coisas que eles não sabem e convidá-los a estudá -las; que a Natureza tem leis e recursos que eles ignoram; que o elemento espiritual, que eles desconhecem, não é uma quimera, e quando eles o levarem em conta, abrirão novos horizontes à ciência e terão mais êxi to do que agora”.
Dúvidas de Kardec, respostas dos espíritos
• Podem considerar-se as pessoas dotadas de força mag nética como formando uma variedade de médiuns? R. “Não há que duvidar.”
• Entretanto, o médium é um intermediário entre os es píritos e o homem; ora, o magnetizador, haurindo em si mesmo a força de que se utiliza, não parece que seja intermediário de nenhuma potência estranha.
R. “É um erro; a força magnética reside no homem, mas é aumentada pela ação dos espíritos que ele chama em seu auxílio. Se magnetizas com o propósito de curar e invocas um bom espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua força e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias.”
• Há, entretanto, bons magnetizadores que não creem nos espíritos?
R. “Pensas então que os espíritos só atuam nos que creem neles? Os que magnetizam para o bem são auxiliados por bons espíritos. Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas más intenções, chama os maus.”
• Agiria com maior eficácia aquele que, tendo a força magnética, acreditasse na intervenção dos espíritos?
R. “Faria coisas que consideraríeis milagre.”
• Há pessoas que possuem o dom de curar pelo simples contato, sem o emprego dos passes magnéticos?
R. “Certamente; não tens disso múltiplos exemplos?”
• Nesse caso, há também ação magnética, ou apenas in fluência dos espíritos?
R. “Uma e outra coisa. Essas pessoas são verdadeiros mé diuns, pois que atuam sob a influência dos espíritos; isso, porém, não quer dizer que sejam quais médiuns curado res, conforme o entendes.”
• Pode transmitir-se esse poder?
R. “O poder, não; mas o conhecimento de que necessita, para exercê-lo, quem o possua. Não falta quem não sus peite sequer de que tem esse poder, se não acreditar que lhe foi transmitido.”
• Podem obter-se curas unicamente por meio da prece?
R. “Sim, desde que Deus o permita; pode dar-se, no entan to, que o bem do doente esteja em sofrer por mais tempo e então julgais que a vossa prece não foi ouvida.”
• Haverá para isso algumas fórmulas de prece mais efica zes do que outras?
R. “Somente a superstição pode emprestar virtudes quaisquer a certas palavras e somente espíritos igno rantes, ou mentirosos podem alimentar semelhantes ideias, prescrevendo fórmulas. Pode, entretanto, acon tecer que, em se tratando de pessoas pouco esclareci das, o uso de determinada fórmula contribua para lhes infundir confiança. Neste caso, porém, não é na fórmula que está a eficácia, mas na fé, que aumenta por efeito da ideia ligada ao uso da fórmula.”
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O livro dos médiuns, 2ª parte, cap. 14: “Das manifestações espíritas”.
A despedida do senhor Cardon
Da REDAÇÃO
Osenhor Cardon tinha passado uma parte de sua vida na marinha mercante, como médico em um navio de pesca de baleia e tinha adquirido nesse período ideias um pouco materialis tas. Retirado em uma pequena cidade, ele exercia a modesta profissão de médico ru ral. Sabendo-se doente, a ideia da morte o mergulhara em uma sombria melancolia, da qual nada conseguia distraí-lo. Quando se viu próximo de morrer, reuniu a família em seu redor, para dizer um último adeus. Sua mulher, sua mãe, seus três filhos e outros parentes estavam juntos ao lado de sua cama. No momento em que sua mulher tentava elevar-lhe o moral, ele se vergou, tornou-se de um azul lívido, seus olhos se fecharam e as pessoas acreditaram que ele estava morto. Sua mulher colocou -se diante dele para esconder esse espetácu lo de seus filhos.
Depois de alguns minutos, ele reabriu os
olhos, sua figura, por assim dizer, iluminada adquiriu uma expressão de radiante beati tude e ele gritou: “Oh! Meus filhos, como é bonito! Como é sublime! Oh! A morte! Que graça! Que coisa doce! Eu estava mor to e senti minha alma se elevar bem alto, bem alto, mas Deus me permitiu voltar para dizer a vocês: ‘Não duvidem, a morte é a libertação’. Não posso descrever a vocês a magnificência do que vi e as sensações que experimentei! E vocês não poderiam com preender...
Oh! meus filhos, conduzam-se sempre de maneira a merecer esta inebrian te felicidade, reservada aos homens de bem.
Vivam de acordo com a caridade. Se vocês têm alguma coisa, deem uma parte àqueles a quem falta o necessário...
Minha cara mulher, eu a deixo em uma posição que não é feliz. Há quem nos deva dinheiro, mas eu lhe suplico que não os atormente. Se estão em dificuldade, espere até que possam pagar e faça um sacrifício por aqueles que não poderão pagar. Deus a recompensará por isso.
Você, meu filho, trabalhe para sustentar sua mãe. Seja sempre um homem honesto e não faça nada que possa desonrar nossa família. Tome esta cruz, que vem de minha
mãe; não a deixe e que ela sempre o lembre de meus últimos conselhos... Meus filhos, ajudem-se e apoiem-se mutuamente. Que a boa harmonia reine entre vocês. Não sejam vaidosos nem orgulhosos; perdoem seus ini migos, se quiserem que Deus os perdoe...”
Depois, pedindo aos filhos que se apro ximassem, estendeu-lhes as mãos e acres centou: “Meus filhos, eu os abençoo.” E seus olhos se fecharam, desta vez para sem pre, mas sua figura conservou uma expres são tão imponente que, até o momento em que foi sepultado, uma numerosa multidão veio contemplá-lo com admiração.
Esta e muitas outras histórias curiosas estão no livro O céu e inferno, que está completando 157 anos de publi cação. Sabendo do acontecido, Allan Kardec entendeu que seria útil, inclusive para o próprio espírito, realizar a sua evocação na Sociedade Espírita de Paris. No ca pítulo 3 de O céu e o inferno há detalhes sobre o que contou o médico, senhor Cardon, através da evocação.
10 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2022 www.correio.news FOI ASSIM
QUEM PERGUNTA QUER SABER
Espírito sente dor?
Por ELIANA HADDAD
Ao desencarnar, o espírito se desliga do corpo físico para continuar sua jornada no mundo espiritual. Para os novos aprendizados, ele vai se utilizar de seu corpo sutil, o perispírito, formado não por matéria densa, como a do corpo de car ne. “O perispírito, ou corpo fluídico dos espíritos, é um dos produtos mais impor tantes do fluido cósmico; é uma conden sação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma”, explica Kardec em
A gênese, salientando que, embora corpo físico e corpo espiritual tenham a mesma origem, na mesma matéria primitiva, “a transformação molecular do perispírito se opera de maneira diferente, pois o fluido conserva sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas”.
Segundo as observações de Kardec, a natureza do perispírito, como envoltório fluídico, estará sempre em relação com o grau de adiantamento moral do espírito. A dor física, portanto, estará sempre liga da ao corpo físico. Ao desencarnar, essa dor estará relacionada não mais às doen ças ou limitações do corpo, mas aos sen timentos e pensamentos do espírito, que, dependendo de sua evolução, levará con sigo a lembrança mais ou menos penosa desse sofrimento experimentado quando no corpo carnal.
Dor física e dor moral
Para melhor se compreender o signifi cado verdadeiro do sofrimento e da dor é necessário, portanto, distinguir que existe a dor física, de natureza material e transi
Anderson Santos – Mauá, SP
ria, é pelo menos a imediata. A alma tem a percepção dessa dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que ela conserva pode ser muito penosa, mas não pode implicar ação física”. Isso explicaria também por que o frio e o calor (o inferno tão temido) não podem desorganizar os tecidos da alma. “Não vemos, todos os dias, a lembrança ou a preocupação de um mal físico produ zir os seus efeitos? E até mesmo ocasionar a morte? Todos sabem que as pessoas que sofreram amputações sentem dor no mem bro que não mais existe. Seguramente não é esse membro a sede, nem o ponto de par tida da dor: o cérebro conservou a impres são, eis tudo. Podemos, portanto, supor que há qualquer coisa de semelhante nos sofrimentos dos espíritos depois da morte (...)”, comenta Kardec.
tória, pertencente ao corpo, e a dor moral, que permanece no espírito, na essência do ser. “A dor física produz sensações; a dor moral produz sentimentos”, resume o filó sofo e escritor espírita Léon Denis em seu livro O problema do ser, do destino e da dor O Dicionário Aurélio afirma que a dor pode ser uma sensação desagradável, vari ável em intensidade e em extensão de lo calização, produzida pela estimulação de terminações nervosas especiais. Ora, se o espírito, ao desencarnar, não tem mais o
corpo físico, não pode ter a dor física, por exemplo, de um ferimento ou de uma en fermidade. O que pode acontecer é que a memória da dor lhe cause a impressão do sofrimento, até que ele se conscientize de sua nova condição de desencarnado, liber tando-se dessa sensação.
Percepção da dor
Em O livro dos espíritos, Allan Kardec explica, no item 257, que “o corpo é o ins trumento da dor, se não é sua causa primá
No corpo, as sensações estão localiza das nos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações se tornam generalizadas.“ Liberto do corpo, o espírito pode, portanto, sofrer, mas esse sofrimento não é o mesmo do corpo; (...) A dor que sente não é dor física propriamente dita: é um vago sentimento interior, de que o próprio espírito nem sempre tem perfeita consciência, porque a dor não está locali zada e não é produzida por agentes exte riores; é, antes, uma penosa lembrança”, destaca Kardec.
É assim, portanto, que um espírito de sencarnado pode acreditar estar sentindo dor, mantendo a percepção desta sua dor, por estar muito apegado à matéria e acredi tar que ainda possui o mesmo corpo.
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Por que muitos espíritos que desencarnam de forma trágica falam de dores, além de sofrimento?
Festival de Música Espírita de Uberaba
Estão abertas as inscrições para o 16º Festival de Música Es pírita de Uberaba Virtual. Inscrições pelo link https://forms.gle/VjodSagzJ7Ttt8zj6. A música será gravada e postada no Youtube na categoria não listado. Apresentações dia 9 de outubro, através dos canais do Facebook e Youtube do FEMEU e pela TV Nosso Lar. Reali zação: União da Mocidade Espírita de Uberaba, apoio: União Espírita Mineira. Informações: (34) 99969-7191 Luiz Carlos.
Concurso de Poesia com temática espírita
A Arte Poética Castro Alves, com apoio da Fundação Espírita André Luiz, promove o 32º Concurso de Poesia com Temáti ca Espírita. As inscrições vão até 30 de setembro e os partici pantes deverão enviar uma poesia de sua autoria, com nome completo, endereço, telefone e xerox da identidade, para o email: alta_carneiro@uol.com.br. Ou então para Caixa Postal 65077, São Paulo, CEP 01318-970. A festa para a premiação acontecerá dia 11 de dezembro, no Anfiteatro do Centro Es pírita Nosso Lar, em Santana, São Paulo.
Encontro Amigo Espírita Allan Kardec
Acontece nos dias 20 e 21 de agosto, na cidade de Juiz de Fora, MG, o 1º Encontro Amigo Espírita Allan Kardec, que contará com a pre sença de Anatasha Mekena, Andrei Moreira, Alberto Almei da, Artur Valadares, Décio Iandoli, Haroldo Dutra, Jorge Elarrat, Wagner Gomes da Paixão, André Trigueiro, dentre outros. Realização: Associação Espírita Paz e Amor e Rede Amigo Espírita TV. Local: Trade Hotel JF, av. Presidente Ita mar Franco, 3800, Cascatinha, Juiz de Fora, MG. Inscrições: https://www.sympla.com.br/evento/amigo-espirita-allan -kardec/655307/checkout/etapa-1?&lang=PT
Encontro da Liga de Historiadores do Espi ritismo
Acontece em São Paulo, nos dias 27 e 28 de agos to, o 17º Enlihpe – Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que esse ano completa 20 anos de fundação. Com o tema “Coerência doutrinária na pesquisa espírita”, o evento reunirá pesquisadores e interessados de todo o Brasil na apresentação e discussão de trabalhos de investigação científica sobre a temática espírita. Será realizado presencialmente na Rua Gabriel Piza 433, Santana. O evento poderá ser também acom panhado pela internet. Informações: 17enlihpe@lihpe.net
SUA DOAÇÃO
A DIFERENÇA
CRIPTOGRAMA DO CORREIO
Semente usada por Jesus como referência ao tamanho da fé.
Um dos filósofos precursores das ideias cristãs e do espiritismo.
Meio de interlocução com Deus.
Espírito protetor, bom gênio.
Um dos reinos da criação
Um dos estados temporários de emanci
da alma.
Um dos atributos do espírito.
Momento em que a alma se une ao corpo.
O espaço universal por sua dimensão.
Espírito mais elevado a encarnar na Terra.
A principal virtude.
A inteligência em sua forma elementar.
dos maiores obstáculos ao progresso.
Qual o mais poderoso auxílio contra o espírito obsessor?
Resposta do Enigma:
depreceparacada necessidade.
Sem olhar a quem
háum
evangelhosegundoo espiritismo,cap.
Agênese,cap.14.Em
todososcasosde obsessão,apreceéomeio maiseficazparaauxiliar
Aoração.
SOLUÇÃO DO PASSATEMPO
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Roteiro
e Ilustração: Hamilton Dertonio AGENDA
Em
(
O
27,
modelo
CULTURA & LAZER Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
ENIGMA
Região do ABC Retirada de doações para o Bazar Permanente ligue: (11) 94454-7048
FAZ
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pação
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Roupas, calçados, brinquedos, eletroeletrônicos, utensílios domésticos, móveis em bom estado, mantimentos, etc 11 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 2 2 2 2 17 17 2 2 9 9 7 7 7 7 7 7 7 7 7 2 3 3 3 3 3 3 3 8 8 8 8 8 8 8 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 16 16 16 17 4 11 11 11 11 11 11 11 12 13 13 13 14 14 14 14 14 14 14 14 14 15 6 6 5 5 5 5 10 10 10 10 10 10 12 6 6 5 13 Para número iguais, letras iguais. Na vertical, nas casas em destaque, surgirá o nome de uma das obras da codificação.
AGO 20 AGO 27
Bezerra de Menezes ganha memorial em Fortaleza
Por IZABEL VITUSSO
Foi inaugurado no dia 22 de junho o espaço para homenagear e preservar a memória do escritor, político e mé dico cearense Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti. Localizado em um dos cas telinhos da praça Luíza Távora, no bairro Aldeota, o Memorial Bezerra de Menezes – MEBEM – reúne acervo fotográfico, do cumentos e objetos pessoais que revelam parte da história do brasileiro que acabou ganhando notoriedade desde o tempo do Brasil Imperial.
Nascido em 1831, no município de Riacho do Sangue – hoje Jaguaretama –, Bezerra mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou medicina, ingressou na polí tica e se tornou um dos maiores expoentes da doutrina espírita no Brasil. No Rio, acabou recebendo o codinome de “Mé dico dos pobres”, por dispensar o paga mentos das consultas às pessoas sem con dições de arcar com as despesas, conduta que acabou tendo forte apelo popular e o
Da pesquisa ao Memorial
O projeto de preservação da memória de Bezerra de Menezes ganhou grande im pulso com a determinação do professor de história Luciano Klein, movido pelo de sejo de recuperar a história do espiritismo no estado do Ceará. Presidente atual da Federação Espírita do Estado do Ceará, o pesquisador lançou no ano passado a obra Bezerra de Menezes - O homem, seu tempo e sua missão, depois de trinta anos levan tamentos e estudos sobre o assunto, com textos, fotos inéditas, casos de socorro por ele prestados, dentre outros fatos.
“Doutor Bezerra foi e continua sendo o protótipo de um verdadeiro homem de bem. Alguém que lutou pela paz no mun do, que viveu em função do semelhante”, define Luciano.
Segundo ele, o Memorial, fundado
como uma associação civil sem fins econômicos, desenvolverá eventos com o objetivo de promover a cultura e a pesquisa espírita no aspecto histó rico, filosófico, científico e religioso, assim como inciativas identificadas com a paz e com o bem comum.
Além de Bezerra de Menezes, o MEBEM traz também materiais his tóricos do médium mineiro Chico Xavier, do orador cearense Vianna de Carvalho, do pesquisador Herminio Miranda e outras personalidades de atuação no movimento espírita. (Co laboração: Tarcísio Matos)
13CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2022 www.correio.news ATUALIDADES
levou, na vida política, a exercer quatro mandatos parlamentares.
Luciano Klein, idealizador do Memorial e o ator Itami de Moraes, representando Allan Kardec
Sala Chico Xavier: Materiais históricoa também de outros expoentes do espiritismo
A impressionante descrição de Madame Loni VOCÊ SABIA?
Da REDAÇÃO
Em 1909, pouco antes de desencar nar, o famoso psiquiatra e crimi nal-antropologista italiano César Lombroso, autor da importantes obras como Hipnotismo e espiritismo, enviou uma carta ao jornalista Demétrio de To ledo que publicava, em Paris, a Revista Internacional de Espiritualismo Científico Ao receber a carta, Demétrio de Toledo colocou-a em um envelope lacrado e, em seguida, entregou-a nas mãos da médium psicômetra francesa Madame Loni Feig nes, sem fornecer explicação alguma. De maneira impressionante, a sensitiva pas sou a descrever o emitente:
“É um homem com barbas, de esta tura não muito elevada; é calvo no alto da cabeça. Vejo-o com uma aparência de, talvez, cinquenta anos. Tem um porte que se impõe. Vejo-o sentado mais alto do que outros. Estes cercam-no... Ele discute qualquer coisa... Parece dar uma lição... Demonstra alguma coisa... O
que diz, ele o sabe, aprendeu, investigou. Entretanto, por vezes, duvida de si pró prio. É inteligentíssimo. Aborrece-se se o contradizem; é um homem muito leal e muito franco. A sua palavra é breve e
severa, mas de uma belíssima pronúncia. Quando fala, abre muito a boca: ele tem movimentos nervosos; franze as sobran celhas. O que o impede de ser ouvido é que, em certos campos, foi muito longe
com suas afirmações; às vezes até mesmo riram dele. Reside em um país distante, onde o clima é magnífico... o céu muito azul... como... a Itália. Este homem sofre do fígado ou... (a psicômetra indicou o lado esquerdo)”.
O sr. Demétrio comentou: “se Mada me Loni soubesse que se tratava do pro fessor Lombroso, os detalhes fornecidos não seriam mais exatos”.
Sobre os fenômenos naturais Allan Kardec explica que dentre os fenô menos naturais há os que dependem das leis que regem a ação do princípio espiritual. Como são, na maior parte das vezes, uma consequência dos atributos da alma, eles são chamados fenômenos psíquicos; e quando combinados com os efeitos da matéria, poderiam ser cha mados psicomateriais ou semipsíquicos.
– Revista Espírita, dezembro de 1867
Fonte: Anuário Espírita, 1978, ed. IDE.
14 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2022 www.correio.news
Verdade e libertação
Por UMBERTO FABBRI
Jesus, sem sombra de dúvida, é nosso libertador. Não como muitos pen sam, na figura do senhor das guerras, que viria para atuar em questões políticas. Na realidade, sua proposta é muito mais abrangente.
Em seus ensinamentos, reuniu com maestria a simplicidade, o poder de síntese e a verdade iluminadora. Sabia da dificul dade de entendimento de seus irmãos mais novos, nós, mas não se deteve frente à nos sa ignorância, que sabia ele ser passageira e compreensível dentro do nosso patamar evolutivo.
No “Encontrareis a verdade e ela vós li bertará” (João 8:32), encontramos um belo exemplo da simplicidade, profundidade e objetividade de seus ensinamentos.
Para encontrar algo, precisamos querer, ir de encontro, estarmos abertos e atentos, enfim, buscar…
No caso da verdade, a situação não é diferente.
Mas o que seria a verdade?
Para muitos filósofos a verdade é uma questão de ponto de vista. No dicionário, podemos encontrar as definições: estar de acordo com os fatos ou a realidade, ou ain da, ser fiel às origens ou a um padrão. Usos mais antigos incluíam o sentido de fideli dade, constância ou sinceridade em atos, palavras e caráter. Assim, “a verdade” pode significar o que é real, ou possivelmente real, dentro de um sistema de valores.
Enquanto a metafísica, a lógica e a fi losofia discutem sobre a verdade, cada um de nós, de certa maneira, também concebe a ‘sua’ verdade, na subjetividade das experiên
cias, crenças e capacidade de percebê-la. Poderemos nos enganar, se buscarmos a verdade somente nos aspectos materiais.
Ou ainda mais triste, nos julgarmos donos absolutos dela. Assim agem os que não aceitam opiniões contrárias, os que estão
fechados em suas distorcidas concepções do mundo e do outro.
Quando observamos o universo, suas criaturas e as leis harmoniosas que regem a vida de forma perfeita e justa, identifica mos o amor de Deus como base de tudo o que existe. Dentro deste aspecto, podería mos entender que se o amor está na base de tudo, ele seria a verdade. O que estaria de acordo com a afirmação de Jesus, quando diz que estaríamos libertos pela verdade.
O que poderia ser mais libertador do que o amor?
Quem ama serve e prossegue sem pren der-se, não aguardando elogios, reconheci mento ou gratidão. Faz o bem pelo simples prazer de ver a felicidade do outro.
Encontra na falta de entendimento do semelhante oportunidade bendita de tra balho e semeadura.
Semeia, mas não se prende pela colhei ta, pois entende que tudo pertence a Deus.
Dirige, mas não busca o domínio tirano e escravacionista sobre as consciências, pois permite que o outro possa crescer, mesmo que por escolhas diferentes das suas.
Quem ama verdadeiramente sabe usu fruir das riquezas materiais com justiça e bondade, pois já reuniu dentro de si mes mo a certeza de que só há uma verdade ab soluta, o AMOR…
Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Au tor de diversos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Car los), ed. Correio Fraterno.
15CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2022 www.correio.news
DIRETO AO PONTO
Poderemos nos enganar, se buscarmos a verdade somente nos aspectos materiais
MÍDIA DO BEM
Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!
Tusaiwe Yana, que mora no Malawi, uma pequena nação da África Oriental, cuida não apenas de seu filho de 6 anos, após abandono pelo companheiro, como de outras 33 crianças e adolescentes, com idades entre 5 meses e 17 anos. Ela é fun dadora da ONG You are not alone (“Você não está sozinho”), entidade que se dedica a acolher, cuidar e alimentar de dezenas de crianças abandonadas pelos pais ou em situação de vulnera bilidade. Para financiar a ONG, ela tem recebido doações de pessoas e empresas ao redor do mundo.
Fonte: Razões para acreditar
O cabeleireiro Leandro Matias, de 37 anos, de Votoran tim, SP, fez uma transformação gratuita em um casal que vive nas ruas da cidade para ajudar os dois a se apresentarem para em uma entrevista de emprego. Douglas, de 40 anos, e Daiane, de 39, são de Sorocaba, SP, e ganharam um dia de beleza completo. “São pessoas maravilhosas que só precisam de uma oportunidade de emprego. A vontade deles de mu dar de vida é grande. Foram parar na rua após um desenten dimento familiar”, explicou Leandro Matias.
Fonte: Só Notícia Boa
Um paciente com esclerose lateral amiotrófica (ELA) que perdeu a capacidade de locomoção e fala tornou-se o primeiro, nos Estados Unidos, a receber o dispositivo cerebral de interfa ce cérebro-computador. A tecnologia irá permitir que pessoas paralisadas possam navegar na internet e se comunicar por e -mail ou texto. O instrumento irá ‘traduzir’ os pensamentos em comandos enviados a um computador. O dispositivo já foi implantado em quatro pacientes na Austrália, e todos conse guiram realizar tarefas, como enviar mensagens de WhatsApp e fazer compras online, permanecendo todos eles sem nenhum efeito colateral.
Fonte: Revista Época
16 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2022 www.correio.news
Jovem de 23 anos adota 33 crianças abandonadas
Primeiro paciente dos EUA recebe implante cerebral para conexão com máquinas Cabeleireiro faz transformação para casal sem-teto ir à entrevista de emprego