Correio Fraterno 508

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Desconfiado de que haveria algum segredo para que o enfermeiro do Convento

Santo Antônio conseguisse

tantas curas, dr. Fortes passa a inspecionar cada ato de Fabiano de Cristo. O segredo talvez estivesse na porção de água que ele tanto oferecia aos pacientes. Leia na página 10.

Projeto Sembradores

de Luz

Educação espírita para o mundo

A educadora Claudia Werdine conta como foi criado o projeto Sembradores de Luz, que já agrega pessoas de 15 países e trabalha para que a educação espírita chegue a crianças e jovens de todo o mundo. Leia nas páginas 4 e 5.

PAZ caminho para a felicidade

Muitas desavenças poderiam ser evitadas se nossas ações se baseassem na boa vontade para o diálogo e no pressuposto do respeito à vida humana. A necessidade do aprendizado do amor, do perdão, é inseparável do cultivo da tão almejada paz interior e na sociedade.

O caminho da paz exige atenção, trabalho constante. Paz nem sempre significa silêncio ou tranquilidade de águas paradas. Ela é movimento, esforço e presença na vida.

Jesus ensinou com seus exemplos a prática da verdadeira paz, não aquela que o mundo concebe e conhece, mas a que transforma e que tem suas raízes no dever de amar ao próximo como a si mesmo, tendo sempre como bússola a perfeição das leis divinas.

É o que a filósofa Miriam Zillo traz em sua reflexão, para fecharmos a nossa última edição do ano. Páginas 8 e 9.

O escritor Léon Denis se refere à meditação alinhando-a ao conceito oriental, relacionada à técnica de relaxamento e concentração. Kardec já a utiliza como sinônimo de análise, de reflexão. O fato é que trata-se de mais um de tantos recursos para se encontrar o estado de harmonia e melhor cuidado com a sintonia espiritual em busca do Bem. Leia na página 13.

Perdoar ou levar até as últimas consequências o seu desejo de vingança? Ano 55 • Nº 508 • Novembro - Dezembro 2022 ISSN 2176-2104 Meditação Estado de harmonia e sintonia espiritual O segredo das curas de Fabiano de Cristo
www.correiofraterno.com.br/loja

Paz e muito trabalho

espiritismo vem realizar as promessas do Cristo. Entretanto, não o pode fazer sem destruir os abusos. Como Jesus, ele topa com o orgulho, o egoísmo, a ambição, a cupidez, o fanatismo cego, os quais, levados às suas últimas trincheiras, tentam barrar-lhe o caminho e lhe suscitam entraves e perseguições.”

A afirmação está no item 7 de O evangelho segundo o espiritismo, no capítulo “Estranha moral”, que evidencia que essas perseguições são ‘todas’ de ordem moral e que durarão apenas alguns anos, porque a luz, em vez de partir de um único foco, irrompe de todos os pontos do globo e abrirá mais de pronto os olhos aos cegos.

Por mais que enfrentemos dificuldades, violências e provocações, a paz é o caminho. E esse é o tema principal desta edição. Que tenhamos coragem para enfrentar as turbulências e que os exemplos deixados por Jesus possam ser a bússola para seguirmos em frente.

As crises são sempre bem-vindas para quem tem compromisso com o trabalho no Bem. Isso pode ser constatado na entrevista que realizamos com a educadora Claudia Werdine sobre o projeto internacional Sembradores de Luz.

No Baú de memórias, homenageamos Apparecido Belvedere, que desencarnou em 24 de setembro, com uma linda história de compromisso com a obra de Cairbar Schutel. No Foi assim, Roque Jacin-

FALE COM O CORREIO

importante artigo de estudos.

Sônia Vespa, via site.

tho nos conta sobre as curas de Fabiano de Cristo. Léon Denis está no Você sabia, relatando o que ocorreu após a sua desencarnação. Há ainda dois artigos muito interessantes sobre os conflitos e a lei do progresso, e sobre o papel da meditação como mais uma ferramenta para o autoconhecimento e a boa sintonia espiritual. Umberto Fabbri, em Direto ao ponto, nos leva à reflexão sobre nossa identidade como cristãos.

A edição chega até você com toda a nossa gratidão, por mais um ano de trabalho e trocas de experiências, com votos de um Feliz Natal e um 2023 repleto de paz, trabalho e harmonia.

Equipe Correio Fraterno

os ensinamentos de Allan Kardec. Osmar Trigilio, São Bernardo do Campo, SP

Uma ética para a imprensa

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos.

Manifestação dos leitores sobre a Edição 507, set/out. de 2022

Como intensificar a integração do jovem na casa espírita?

Excelente projeto, que deve servir de modelo para outros centros espíritas do país. Vera Lúcia, via Whatsapp.

Manuscritos: os bastidores do trabalho de Kardec

Muito enriquecedor! Gratidão, por tão

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ISSN 2176-2104

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São Bernardo do Campo – SP

A expressão espírito de sistema Felicitações à qualidade editorial deste jornal. Tenho recebido os artigos e suas luzes dissipadoras de nuvens, fluidezes de imbricamentos, exclamações às interrogações. Luciano Miranda, via e-mail.

Parabéns ao escritor e articulista Marcelo Henrique, parabéns ao Correio Fraterno, pela excelente matéria abordando

Continuemos na busca do conhecimento e de poder contribuir da melhor maneira nesse período de transição, com tantos desafios. Muito bons os esclarecimentos do escritor e pesquisador Marcelo Henrique.

Sonyclea, via Whatsapp.

Therezinha de Oliveira: clareza no entendimento e na expressão Meu primeiro livro de estudo da doutrina foi dela. Clareza nas palavras, fácil entendimento, sem perder o conteúdo.

Gustavo, via Instagram

Os textos poderão ser publicados também no nosso site correio.news

JORNAL CORREIO FRATERNO

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Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos

Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br

Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.

2 CORREIO FRATERNO OUTUBRO - NOVEMBRO 2022 www.correio.news EDITORIAL
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Projeto Centro Espírita

Troca de experiências e desenvolvimento do trabalhador espírita

Com encontros virtuais que acontecem todos os sábados, às 7 horas, o Projeto Centro Espírita vem reunindo com grande sucesso dirigentes e trabalhadores de casas espíritas da região do Grande ABC, da cidade de São Paulo, e despertando cada vez mais o interesse para participação de tarefeiros de outras cidades do estado, pelo sistema online.

A iniciativa, coordenada pela USE Intermunicipal de São Bernardo do Campo, SP, já vai para o terceiro ano e ganhou pulso pela necessidade de muitas casas trocarem experiências, intensificada pela pandemia da Covid-19.

Os encontros se tornaram um programa de fortalecimento do trabalhador, uma fonte de estudos reflexivos da doutrina, de propostas que incluem o autoconhecimento àqueles que estão sempre a se doar, esquecendo-se de que também precisam se autoaprimorar para cumprirem com excelência a tarefa que cabe ao espiritismo, que vai além do acolhimento e do socorro: a de despertar as pessoas para as realidades do espírito, para entenderem que é necessário o esforço para se tornarem melhores.

As reuniões do Projeto Centro Espírita, com a participação de mais de 60 pessoas, são abertas a comentários e trocas de experiências de todos, sobre temas atuais, que ampliam a compreensão para que a casa possa melhor atuar, com base nos esclarecimentos trazidos pelo espiritismo para os diversos problemas humanos.

Para participar: https://rebrand.ly/ProjetoCE_2022

Apoio, reflexões e crescimento em equipe

projeto foi muito importante para mim. Me senti auxiliada, quando retomei as palestras, com mais segurança e mais compreensão doutrinária.

O auxílio emocional que a gente recebe pelos laços de amizade é muito grande”, avalia Iracema Maria de Sousa, do Grupo Espírita Fraternidade, de Mauá, SP, participante desde o início do projeto.

Aspectos positivos

“Tivemos três descobertas que para mim foram muito significativas”, diz Walteno Silva, um dos idealizadores do projeto:

“A primeira foi a abertura de um espaço novo para se falar do centro espírita, com trabalhadores de casas diversas que compartilham sua visão e suas experiências nas atividades. Seria como um repensar a casa espírita.

A segunda foi a maneira de conduzir as reuniões. Elas não são do tipo expositivas, onde alguém faz uma palestra sobre um tema. Há sim um ou mais facilitadores

que conduzem as reuniões, promovendo reflexões no grupo. Mas os participantes são convidados a interagir e expressar suas opiniões, e isso que é o mais rico do trabalho. Ouvir as experiências dos companheiros sobre a realidade deles na sua casa espírita é extremamente rico. E, por fim, a terceira e não menos expressiva, foi a descoberta de como engajar trabalhadores espiritas. Os coordenadores do projeto são escolhidos dentro do próprio grupo de participantes, dentre os que acabam sendo mais frequentes, que dão contribuições mais profundas e reflexivas. Já tivemos mais de 20 facilitadores- coordenadores. A equipe atual gira em torno de 15 pessoas, e isso faz com que uma boa parte dos 60 esteja engajada, uma vez que se sente responsável pelo projeto”, reflete Walteno.

Os assuntos abordados neste ano foram divididos em três blocos: O espírita e o cristianismo redivivo; O centro espírita - desafios e soluções e Sexualidade e relacionamentos afetivos à luz da doutrina espírita.

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ACONTECE

Projeto internacional Sembradores de Luz

O que é e como surgiu o Sembradores de Luz?

Claudia Werdine: O Sembradores de Luz é uma associação espírita virtual em quatro idiomas (espanhol, francês, inglês e português) que opera como um grupo de apoio aos educadores para a infância e juventude, assim como oferece às famílias recursos que possibilitem uma melhor qualidade na relação familiar. Nossa associação surgiu há dois anos por conta da união de oito educadoras espíritas radicadas em diferentes países, no desejo de suprir as necessidades dos educadores espíritas e das famílias, em âmbito internacional, já que existe uma enorme carência de material e de formação de educadores que abarque com eficácia as diversas culturas, linguagens e realidades. Decidimos, então, criar um grupo virtual para minimizar essas carências e promover um avanço na divulgação e implantação da educação espírita infantojuvenil nas instituições espíritas no mundo, além da criação de estudos com os pais no mesmo horário.

Quais os maiores desafios enfrentados para a divulgação mundial do espiritismo por meio da educação?

Creio que sejam principalmente o grande desconhecimento por parte dos próprios espíritas sobre o valor da educação espírita e a importância de se educar as novas gerações para a era da regeneração.

Vivenciei com tristeza, durante esses quase 16 anos dedicados à educação espírita no exterior, a recusa dos dirigentes espíritas em acolher crianças e jovens em sua instituição. Grande parte dessa situação se dá por falta de conhecimento a respeito do que é a educação espírita (a chamada evangelização, no Brasil) e de sua importância na vida das crianças e dos jovens.

Outro ponto de igual relevância e que constitui um grande desafio é a falta de material nos diferentes idiomas. E não podemos criar um modelo padrão e querer implantá-lo no exterior, já que cada país

Com o propósito de convergir esforços, recursos e ações conjuntas na promoção do estudo, prática e divulgação da doutrina espírita junto aos educadores, às crianças, jovens e famílias, um grupo de educadores espíritas de diversos pontos no mundo está à frente do projeto Sembradores de Luz, que reúne virtualmente participantes de 15 países. A educadora Claudia Werdine, uma das idealizadoras do projeto, com sua vasta experiência internacional em instituições espíritas, chama a atenção quanto à importância da participação de educadores e dos pais para viabilizar esse projeto, a fim de que diferentes nações possam receber, em caráter de urgência, recursos que proporcionem a compreensão adequada dos conhecimentos espíritas e se intensifique o aprimoramento moral que conduzirá à transformação social por meio do trabalho no bem.

possui sua cultura, seus valores, sua história, sua linguagem, enfim, suas peculiaridades. A proposta básica do Sembradores de Luz consiste em oferecer materiais adaptados para atender a essa diversidade.

Em sua experiência, como analisa o espiritismo no mundo?

Tenho refletido muito a respeito disso, buscando compreender o momento atual que o espiritismo atravessa e, principalmente,

procurando descobrir como posso contribuir de maneira mais efetiva. Não falo somente do ponto de vista das dificuldades na divulgação do espiritismo no mundo, seja por falta de material nos diferentes idiomas ou a ausência dos nativos nas instituições espíritas. Precisamos refletir de maneira abrangente sobre o movimento espírita e, consequentemente, sobre a doutrina. Creio que o espiritismo atravessa uma etapa em que necessitamos nos recolher intima-

mente, avaliar criteriosamente a nossa postura diante da vida, das responsabilidades que nos cabem como espíritos imortais e do compromisso necessário com a vivência dos ensinamentos do mestre Jesus à luz da doutrina espírita. Antes de estarmos preocupados em divulgar o espiritismo para os outros, devemos inseri-lo em nosso interior. Precisamos sair da teoria e passar à ação, divulgar o espiritismo pelo nosso exemplo. Por que a preocupação com crianças e jovens nesse processo?

A essência do espiritismo é a educação do ser imortal e encontramos na codificação espírita diversas informações oferecidas pelos espíritos superiores quanto à importância da fase infantil para o desenvolvimento do senso moral, antídoto fundamental contra o egoísmo, a falta de empatia, a violência que, com muita tristeza e preocupação, ainda observamos nos lares e, consequentemente, na sociedade.

O ritmo da renovação social será de acordo com nossos esforços, como educadores e pais, na formação do homem de bem, iniciando o labor ainda no ventre materno.

Quais materiais e recursos são necessários e o que está sendo disponibilizado?

É muito importante gerar ações que possibilitem que todos acessem os livros da codificação espírita. Alguns poderão pensar agora: mas os livros estão disponíveis na internet! Acontece que nem todos possuem acesso à internet. Durante quase 15 anos, fiz parte do Conselho Espírita Internacional, trabalhando na área da educação espírita infantojuvenil e família e tive a oportunidade de visitar inúmeros países, a fim de realizar seminários, conferências e treinamento de educadores. Em algumas dessas viagens, encontrei realidades jamais imaginadas. Numa viagem ao interior de um país da América do Sul encontrei um centro espírita extremamente pobre (mas

4 CORREIO FRATERNO OUTUBRO - NOVEMBRO 2022 www.correio.news ENTREVISTA

rico de trabalhadores espíritas), onde existia somente um exemplar de O livro dos espíritos, que permanecia um mês em cada casa para que pudessem ler. Lá não existia internet para acessarem o livro eletrônico. Quando perguntei à educadora como trabalhava com as 15 crianças que ali existiam, disse que se sentavam no chão, embaixo da árvore, e então ela falava de Jesus e de seus ensinamentos.

Há algum método de maior eficiência que o educador espírita possa utilizar em diversos países?

Devido à diversidade sociocultural, linguística, não há um método único que atenda às necessidades dos países. O mais importante nesse caso não é o método em si, mas a formação básica e continuada do educador. Um educador preparado adequadamente, comprometido com o estudo doutrinário, que busca constantemente seu aperfeiçoa-

Como é possível participar e ajudar nesse projeto?

Todos são muito bem-vindos ao Sembradores de Luz! Atualmente, contamos com 46 voluntários de 15 países, divididos em seis departamentos: educadores, infância, juventude, família, idiomas e plataformas digitais. Cada um desses departamentos apresenta funções específicas, desde trabalhar na produção de materiais, na organização dos eventos, na tradução dos materiais, na publicação no nosso website e na divulgação nas redes sociais. O trabalho é árduo, além de desafiador, por ser oferecido em quatro idiomas. Assim, toda participação é válida, podendo contribuir dentro de suas habilidades, disponibilidades de tempo etc.

Em sua opinião, o espiritismo está sendo buscado em outros países que não o Brasil? Por quê?

O espiritismo no mundo apresenta um gran-

preparo ou amadurecimento anterior.

E para os jovens, qual a saída? O que pode oferecer a eles o projeto Sembradores de Luz?

Desde o início do projeto, os jovens ocupam um lugar muito especial, pois já há algum tempo estamos acompanhando com preocupação sua evasão da casa espírita. Estamos trabalhando arduamente para lhes oferecer um espaço de estudos, orientação, suporte e esclarecimento, assim como um canal de divulgação de atividades e projetos realizados pelos jovens espíritas em todo o mundo. A fim de oportunizar a criação de uma comunidade internacional composta por jovens espíritas, já realizamos dois encontros internacionais com tradução simultânea e agora em outubro o miniencontro com jovens de língua portuguesa e espanhola. Nosso objetivo é promover esses miniencontros durante o ano, sempre em dois idiomas, e realizar um encontro internacional anual nos quatro idiomas.

Como vê o futuro do espiritismo no mundo e qual será o papel do educador espírita?

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Coerência doutrinária na pesquisa espírita organizado por Alexandre Fontes da Fonseca 192 páginas 16x23 cm

mento na tarefa, saberá escolher o método mais eficaz para seu público infantojuvenil.

Como funciona a ajuda do Sembradores nos diversos países do mundo?

Os materiais e recursos são diversificados, pois cada país – às vezes cada centro espírita de um mesmo país – , apresenta necessidades distintas. Temos buscado oferecer materiais para a formação básica do educador, como também sugestões de roteiros de atividades, já com algumas adaptações e recursos pedagógicos, tanto para uso virtual como presencial. Também disponibilizamos materiais específicos para os pais, a fim de auxiliá-los quanto aos desafios familiares. E, por fim, promovemos encontros virtuais para a juventude, com estudos e reflexões direcionados a essa faixa etária. Estamos trabalhando na realização do 1º Fórum Internacional de Educadores e buscaremos, junto aos educadores, por meio do intercâmbio de ideias e experiências, a melhor maneira de tornar nossa ajuda mais efetiva.

de número de adeptos, mas ainda estamos longe do que necessitamos alcançar, além de encontrarmos distintas facetas. Nos países latino-americanos e outros de língua espanhola, por exemplo, o movimento espírita é composto por nativos. Por outro lado, na Europa, o espiritismo ainda é buscado principalmente por brasileiros e tem sido um grande desafio despertar o interesse dos nativos. Precisamos avaliar a situação, refletir e traçar novos rumos, a fim de avançarmos com mais efetividade. Com compromisso, humildade e vivência dos ideais espíritas, não tenho dúvidas de que pouco a pouco avançaremos.

Acredita que estejamos passando por uma nova fase em termos de divulgação espírita?

Sem dúvida, e é extremamente necessário sabermos identificar o joio e o trigo. Em relação à divulgação virtual, encontramos bons materiais e outros, infelizmente, nem tão bons ou adequados, como em todo processo em que não houve um

Vivendo atualmente num país do Golfo Pérsico, estou tendo a oportunidade de estudar o islamismo e é fascinante como temos pontos em comum. Em razão disso, tenho refletido bastante não somente sobre o futuro do espiritismo, mas também sobre o futuro de todas as religiões. Creio que por meio da educação nos transformaremos e no futuro haverá somente uma religião, aquela que unirá a nós todos pelo amor, pelo respeito e pelo bem comum, independentemente do rótulo. Marcaram-me profundamente as palavras de Dalai Lama, em uma narrativa de Leonard Boff, quando perguntou qual seria a melhor religião, esperando que ele respondesse o budismo tibetano ou outras religiões orientais: “A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor. A que te faz mais compassivo; que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável”, disse ele.

E qual será o papel do educador? Trabalhar incessantemente na sua autoeducação, a fim de ser, em qualquer lugar e a qualquer hora, um elemento de influências positivas, um polo de transformação do ambiente em que esteja, pois todos somos educadores, onde quer que estejamos, pelo nosso exemplo.

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O Sembradores de Luz é uma associação espírita virtual que opera como um grupo de apoio aos educadores para a infância e juventude e oferece às famílias recursos que possibilitem uma melhor qualidade na relação familiar”

Jonathan, o pastor: O último livro da série “Às margens do Eufrates”

Da REDAÇÃO

Aproximidade do Natal nos inspira a falar sobre a obra em que o autor espiritual, Josepho, revive a sua própria história, ao narrar a saga de Jonathan, o pastor de Belém de Judá, determinado a encontrar o Messias, anunciado por Yokanaan – João, na tradução evangélica.

Jonathan, o pastor é o último livro da série “Às margens do Eufrates”, na qual o autor espiritual descreve de forma romanceada sua trajetória evolutiva, a própria história da Humanidade. Ao longo de milênios, ele luta pela conquista de sua felicidade, desde quando ainda infante aprendia a dar os primeiros passos pelas civilizações.

A obra nos traz a figura de João Batista. De perto. Até mesmo a cor de seus olhos! Ele convivera com o menino Jesus. Mas o destino os separou, e Jo-

nathan vive de um sonho: reencontrá-lo.

Foi em 1981 que a Correio Fraterno iniciou a publicação da série “Às margens do Eufrates”, com a obra O alvorecer da espiritualidade Depois vieram os livros Guardiães da verdade, Veladores da luz e O voo do pássaro azul, que em 2017 viraram um só volume, ganhando o nome de Mesopotâmia, luz na noite do tempo.

Rara mediunidade

Dolores Bacelar partiu para o plano espiritual em outubro de 2006, aos 91 anos, pouco tempo antes de ver impressa a sua última obra. Através da médium Dolores, por meio da escrita mecânica, os espíritos puderam nos brindar com romances, contos, poesias, obras de rara beleza, cultura e conhecimento.

Sua mediunidade sempre verteu com grande espontaneidade, a ponto de ser difícil para Dolores, no início, distinguir os espíritos encarnados dos desencarnados, que perambulavam pelas vias públicas do Rio de

Janeiro. Foi quando recebeu o convite para iniciar nas atividades espíritas, ao lado de expoentes como Ismael Gomes Braga e Wantuil de Freitas.

A beleza da obra

“Faltavam apenas sete páginas para o término do livro e eu me sentia ainda como que palmilhando um labirinto: o dos conhecimentos fartos e reflexões de Josepho. Só não sabia que ele preparara uma surpresa. Deixou-a para o fim. Estava sobre o Tabor, um dos mais altos montes da cordilheira da Galileia. Ali, ele encontrou o Caminho, a Verdade e a Vida. E esse encontro nos emociona”, analisa a jornalista e crítica literária Maria Menner, concluindo que, ao narrar o destino final do pastor Jonathan, como o seu próprio, Josepho mostra a sua grandeza de autor: “conta-nos tudo de imprevisto, em menos de uma página, provando que tinha o controle completo da narrativa; como nos outros livros da série.

6 CORREIO FRATERNO OUTUBRO - NOVEMBRO 2022 www.correio.news LEITURA

Apparecido Belvedere e o compromisso com a obra de Cairbar Schutel

Adivulgação da doutrina espírita e, em especial a Casa Editora O Clarim, de Matão, SP, devem muito ao trabalho de Apparecido Onofre Belvedere, desencarnado no último dia 24 de setembro, aos 95 anos. Ele abraçou essa tarefa como se tivesse recebido um convite direto, feito por Cairbar Schutel, fundador da editora em 1905, a quem não conheceu pessoalmente.

Nascido em 1927, em Bariri, SP, Apparecido Belvedere se identificou com Schutel desde que conheceu o espiritismo, na década de 1960, quando um amigo o presenteou com um exemplar do livro Voltei, escrito por Irmão Jacob, pela psicografia de Chico Xavier.

Morando em São Paulo, foi no Centro Espírita Cairbar Schutel, no Itaim Bibi, que iniciou os estudos das obras básicas da doutrina, e onde conheceu o jornal O Clarim e a Revista Internacional de Espiritismo (RIE), periódicos fundados por Schutel até hoje em circulação.

Ainda na década de 1960, Apparecido viajava a trabalho pela região de Matão visitando usinas de açúcar, o que o possibilitou conhecer de perto O Clarim, sintonizando-se de imediato com o trabalho ali desenvolvido, chegando a afirmar que um dia se mudaria para a cidade para dar in loco a sua colaboração, o que realmente aconteceu em 1975.

Sempre apoiado por sua esposa, Laudicéa Lucca Belvedere, Apparecido começou no controle de assinaturas e rapidamente passou a integrar o conselho de redação, assumindo anos depois o cargo de editor-chefe, que ao lado de Carlos Vital Olson, conduziam as publicações da RIE e de O Clarim, além de avaliar os livros para publicação.

Em busca de recursos

Em entrevista ao jornalista Cássio Carrara1, Apparecido fala sobre os desafios da editora no início da década de 1960, quando foi preciso levantar fundos para a aqui-

sição de novas máquinas gráficas.

Foi então que se realizou em São Paulo uma sessão de autógrafos com Chico Xavier na sede da Casa Transitória, pertencente à Federação Espírita do Estado de São Paulo, para o lançamento de dois livros psicografados pelo médium: Segue-me!... e Escrínio de luz. O evento estendeu-se até a madrugada e num único dia foram vendidos cerca de 5 mil exemplares. A partir daquele dia, Apparecido passaria a ser a ponte para a realização de eventos na capital paulista que levantassem fundos para a ampliação do parque gráfico.

Consolo para a luta Apparecido conta que certo dia estava em uma casa espírita onde havia um médium muito bom e de muitos recursos.

“Esse médium não sabia que eu estava presente, mas ao final do encontro, chamou por meu nome.” Havia para Apparecido uma mensagem assinada por Cairbar Schutel, na qual o espírito lhe pedia paciência e perseverança no trabalho, considerando que os pequenos percalços faziam parte da luta e que com fé em Deus seriam todos contornados.

Lembranças do amigo

O jornalista David Liesenberg, que por muito tempo foi parceiro profissional de Apparecido na editora, lembra de quando O Clarim publicou O livro dos espíritos no idioma sueco. “O livro foi lançado em 2003, durante uma reunião do Conselho Espírita Internacional, organizada em Estocolmo pelo grupo do qual eu fazia parte.

Belvedere era tão meticuloso e dedicado às obras produzidas pelo O Clarim que fazia questão de conferir, palavra por palavra, dos textos impressos na gráfica. Pois mesmo sem entender uma palavra em sueco ele realizou essa conferência no livro, que recebeu o nome de Andarnas bok”, explica Liesenberg.

O jornalista Liesenberg comenta que principalmente congressos e eventos médico- espíritas eram os preferidos de Apparecido. Instituições, USEs, Federações ficavam honradas por receberem uma das editoras espíritas mais antigas do mundo. Nas feiras de livros espíritas, Belvedere fazia questão de levar centenas de obras, dentre elas os clássicos de Cairbar, livros de estudos, e também lançamentos. Nunca poderia faltar uma mesa com banner e centenas de fichas para assinaturas ou renovações de assinaturas dos periódicos. Mesmo quando completou 90 anos, o incansável diretor manteve sua rotina diária na editora, mas diminuiu sua participação nos eventos, conta o amigo jornalista.

Dentre tantos fatos que unem a história da Casa Editora O Clarim e o nome de Apparecido, está a grande transição da editora, quando Antoninha Perche, responsável pela instituição desde a desencarnação de Cairbar Schutel, desligou-se da presidência, em meados dos anos 1960. A editora estava em situação precária. Recomendados por Chico Xavier, os espíritas Wallace Leal Rodrigues e Joaquim Alves foram convocados para irem para Matão trabalhar na editora. Foi quando ocorreu uma grande transformação no O Clarim, com a produção de novas obras, incluindo títulos cedidos pelo próprio médium Chico Xavier.

Fontes:

1RIE, edição de setembro de 2017. 2Blog do Ismael, julho de 2018.

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BAÚ DE MEMÓRIAS
MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção e em nossas redes sociais. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
O BAÚ DE
Jornalista, colaboradora do Grupo Espírita Batuíra e do jornal Valor Econômico. IZABEL VITUSSO Belvedere: dedicação e compromisso com a divulgação

Aafirmação de Jesus sobre a paz é citada na Revista Espírita de fevereiro de 1863, na dissertação “Paz aos homens de boa vontade”, assinada pelo espírito de um antigo magistrado, que discorre sobre o papel da vontade para que a paz realmente se realize. “Paz, disse Cristo, aos homens de boa vontade! Não tivestes a paz porque não tivestes a boa vontade”, refere-se o espírito, identificado pelas iniciais F.D.

Não há dúvida de que muitas desavenças poderiam ser evitadas se nossas ações se baseassem na boa vontade para o diálogo e no pressuposto do respeito à vida humana. E isso representa a própria necessidade do aprendizado do amor, do perdão.

Vale citar como ilustração sobre a necessidade do estado interno de paz, a recomendação detalhada por Pedro em sua primeira epístola aos cristãos romanos. O apóstolo os orientava para que continuassem firmes diante dos sofrimentos e perseguições. “Está muito próximo o fim de todas as coisas; portanto, tende bom senso e vigiai em oração. Antes de tudo, exercei profundo amor fraternal uns para com os outros, porquanto o amor cobre uma multidão de pecados. Sede hospitaleiros uns para com os outros, sem vos queixar....”

Relações e conflitos

Tendo raiz etimológica latina, a paz (pax) é definida como um estado de calma ou tranquilidade, ausência de perturbações, agitação, violência ou guerra. Não basta, porém, o conceito de paz, mas como ela se instala e deve ser preservada em nós. Humanos, temos competências para fazer escolhas racionais e organizar as nossas relações de forma pacífica, exprimindo ternura ou carinho nos contatos interpessoais ou institucionais. As relações humanas, porém, nem sempre estão fundadas no bom senso, no equilíbrio, na harmonia, como advertira Pedro aos primeiros cristãos. In-

seridos na ambiência da nossa própria condição espiritual poucas são as relações desenvolvidas com base no que é justo, muito mais atreladas à promoção particular de bem-estar egoísta e passageiro, deixando seus rastros de vingança, ganância, poder, dominação e desigualdade.

Ainda muitas vezes tomamos a justiça como um processo de vingança para o enfrentamento de uma mágoa, o que permite que o conflito se instaure como caminho para solucionar desavenças, que nada mais são do que consequências de ações irrefletidas e que fornecem uma visão distorcida do caminho para a paz. Por isso, a paz do mundo não é duradoura como a do Cristo.

A paz exige trabalho constante, um exercício de superação. Não seria, portanto, um fim a ser atingido, mas o processo, o caminho para a felicidade. É com boa vontade que esse caminho desarmônico (em pequena ou grande escala) pode ser mudado por decisão consciente, considerando-se já como ponto de partida que o outro deve ser tratado em condições de igualdade na sua desigualdade. A máxima de que se deve amar ao próximo como a si mesmo deve ser aplicada também quando se analisa o respeito.

Três máximas filosóficas

No século 18, o filósofo Immanuel Kant elabora o ideal ético em três ordens fundamentais, sendo a primeira: “age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como princípio universal de conduta”; a segunda: “age de tal forma que uses a humanidade tanto na tua pessoa

como na pessoa de qualquer outro, sempre e ao mesmo tempo, como fim e nunca como meio”; e a terceira: “age de tal maneira que a tua vontade possa encarar a si mesma, ao mesmo tempo como um legislador universal”.

Essas três máximas parecem iguais, mas há nelas uma pequena diferença na interpretação: esses comandos a serem adotados, que Kant chama de imperativos categóricos, se referem a um dever moral, uma ordem interna que atinge a todos e não deve ser desobedecida. São decisões morais, baseadas na razão (universal) e que não estão vinculadas a nenhum tipo de interesse ou inclinação.

Uma ação só será moralmente correta se ela for exercida por uma reflexão que a livre de qualquer influência perniciosa, propiciando um resultado justo, harmonioso e pacífico, fundamentado na vivência e respeito com igualdade, fraternidade e liberdade para todos como lei universal.

Outro ponto interessante da filosofia kantiana e que se aplica a essa reflexão sobre a paz é que ela será conseguida quando o homem alcançar a sua “maioridade”, que é a coragem de fazer uso de seu próprio entendimento, porque poderá pensar por si mesmo, sem influências externas de má-fé, refletindo profundamente sobre suas ações e sendo responsável por elas. O oposto, a “menoridade”, é produzido pelo homem ao se deixar ser conduzido pelo outro, uma “condição medíocre”, segundo Kant, que o impede de tomar coragem para servir-se de si mesmo sem necessitar da ajuda de alheios. A menoridade afetaria todos os

campos da vida: na política, na sociedade, no trabalho.

As causas que impedem o homem de agir na maioridade são representadas, conforme Kant, pelo comodismo, preguiça e covardia.

Isso também se aplica à visão do bom combate, da porta estreita, pois que não está acostumado a esse esforço constante, que ajuda o autoconhecimento para a solução de problemas e alívio das dores, corre o risco de estar sempre em conflito interno, como pode-se observar na carta de Paulo a Timóteo: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda.”

Um olhar para a alteridade

A paz precisa ser construída para ser conquistada. Como bem destacou Gandhi, “não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho!”. A paz como cuidado, fraternidade, é resultado do respeito à alteridade, como defende Emmanuel Lévinas (1906-1995), considerado um dos mais influentes pensadores éticos do século 20.

Lévinas chama a atenção para o fato de que o outro é aceito apenas se convertido e reduzido ao “eu“. Como se devesse se encaixar na ‘minha’ cultura, religião, ideologia, filosofia ou visão de mundo. Ou seja, aceito o outro se ele fala a mesma língua ou se pensa como eu. Se assim não for, o outro estará distante de mim, mesmo se for o meu vizinho ou familiar, visto como nin-

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Deixo-vos a paz. A minha paz vos dou, não como o mundo a dá.
(João, 14:27)

caminho para a felicidade

guém ou inexistente, e por isso pode sofrer violência ou ser eliminado sem prejuízo à consciência.

A proposta de Lévinas se insere em uma nova relação entre o ‘eu’ e os iguais com a alteridade para que não haja exclusão e nem destruição, mas respeito e aceitação mútua, objetivando a vivência da ética com a finalidade de obter a Paz da humanidade.

Acolhimento às fraquezas Na ética de Lévinas, a alteridade é o acolhimento ao outro em sua fraqueza e necessidade. Assim como para Lévinas, a ética é uma experiência com o sagrado (não necessariamente religiosa) que resulta em harmonia, equilíbrio, aceitação e paz na alma, também o espiritismo revela que as relações estão baseadas em causas espirituais, devendo-se respeitar os mais diferentes níveis evolutivos, onde a paz um dia há de reinar naturalmente como aprendizado de amor.

Quando a reflexão se abre mais profundamente sobre a paz como necessidade humana e a caridade se expressa nas diversas etapas desse exercício, percebe-se que paz nem sempre é marasmo como se pensa, mas algo que move as potencialidades do nosso ser como estímulo para dias melhores, que não surgirão como num passe de mágica, mas como resultado do empenho de cada um nós. Por isso, referiu-se Jesus a ela, dizendo: “Não vim trazer a paz, mas a espada”. É que toda ideia nova tem seus oponentes e contraditores. Assim como os ensinamentos que Jesus trouxe, que vieram solapar, retirar o homem de seu conforto,

da preguiça, dos abusos para com os outros e, por isso, seus opositores lutaram ferrenhamente para destruí-lo.

A trilogia da serenidade

Muitas vezes, é preciso chacoalhar o vasilhame sujo, aparentemente limpo, para que as impurezas depositadas no fundo se façam visíveis para serem eliminadas. Há momentos de tranquilidade e agitação. A paz nem sempre é silenciosa, mas sempre dependerá dos homens de boa vontade, ou daqueles que se predisponham a buscá-la e estejam atentos a ela.

O filósofo e escritor Herculano Pires em sua tese de mestrado sobre o ser e a serenidade, ao buscar uma nova perspectiva, a interexistencial, para explicar as vivências humanas, defende que há mais serenidade no homem que defende com entusiasmo e calor os seus princípios do que no indivíduo falacioso que procura serenamente as suas evasivas. “É mais sereno o murro de uma verdade na mesa, do que o palavreado untuoso da mentira na boca de um santo de artifício”, afirma Herculano.

Em seus estudos sobre a serenidade ele chega à conclusão de que o segredo da serenidade está na sua própria espontaneidade. Para isso, Herculano faz um convite para que o homem na Terra consiga asserenar-se e viver melhor, evitando depressões e vários problemas físicos. Bastariam, segundo ele, três regras para conseguirmos maior tranquilidade:

• Nunca te deixes abater

• Procura a perfeição

• Supera as circunstâncias

“Venha a nós o vosso reino”

No último capítulo de O evangelho segundo o espiritismo, Allan Kardec publicou uma coletânea de preces espíritas, uma seleção feita entre as que foram ditadas pelos espíritos em diferentes circunstâncias. Por conselho e com a assistência dos bons espíritos, foi acrescentado a cada frase do Pai Nosso um comentário que desenvolve seu sentido e mostra suas aplicações.

Sobre a frase “Venha a nós o vosso reino”, explica-se o que seria o tão apregoado reino de paz Terra. Vale conferir:

“Senhor, destes aos homens leis cheias de sabedoria e que fariam a sua felicidade, se as observassem. Com essas leis eles fariam reinar entre si, a paz e a justiça; ajudar-se-iam mutuamente, em vez de se prejudicarem, como fazem; o forte ampararia o fraco, em vez de esmagá-lo; evitariam os males que engendram os abusos e excessos de todos os gêneros. Todas as misérias daqui de baixo vêm da violação de vossas leis, porque não há uma só infração que não tenha suas consequências fatais.

Destes ao animal o instinto que lhe traça o limite do necessário, e ele a isso se conforma maquinalmente, mas ao homem, além desse instinto, destes a inteligência e a razão; também lhe destes a liberdade de observar ou infringir aquelas de vossas leis que lhe concernem pessoalmente, isto é, de escolher entre o bem e o mal, a fim de que ele tenha o mérito e a responsabilidade de suas ações.

Ninguém pode pretextar ignorância de vossas leis, porque, na vossa previdência paternal, quisestes que elas fossem gravadas na consciência de cada um, sem distinção de culto nem de nações. Aqueles que as violam é porque vos desconhecem.

Um dia virá em que, conforme a vossa promessa, todos as praticarão. Então a incredulidade terá desaparecido, e todos vos reconhecerão como Soberano Senhor de todas as coisas, e o reino de vossas leis será o vosso reino na Terra. Dignai-vos, Senhor, apressar a sua vinda, dando aos homens a luz necessária para conduzi-los no caminho da verdade”.

Graduada em comunicação e filosofia.

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Expositora de filosofia espírita do Núcleo Espírita de Filosofia, em São Paulo.

O segredo das curas

Odoutor Fortes era um médico generoso. Interessava-se pelos doentes, fosse qual fosse a sua condição social. Porém, a técnica precária da medicina na época, quase sempre o colocava em desvantagem diante das enfermidades.

Clinicando, também, na enfermaria do Convento de Santo Antônio, passou a observar o enfermeiro Fabiano de Cristo, que vencia onde ele se sentia derrotado.

Daquelas mãos dedicadas vira doentes sem esperanças saírem recuperados e retornarem à vida comum, sem sinais das doenças que deveriam tê-los vitimado.

Deveria haver ali algum segredo – conjecturava muitas vezes. E certo de que esse segredo existia, passou a inspecionar cada um dos atos de Fabiano.

Talvez tudo estivesse na água! Sim! É que a cada doente em estado grave, Fabiano ministrava uma porção de água. E até para aqueles portadores de feridas graves, ele aplicava gotas d’água na região enferma, obtendo cicatrizações espantosas.

Fortes queria dominar aquele conhecimento.

– Há dias te observo trabalhando na enfermaria, irmão Fabiano! – diz o médico, após Fabiano de Cristo haver distribuído porções d’água a diversos internados. – Por mais que queiras negar, colocas nessa água algum recurso medicamentoso que desconheço.

– Nada faço que qualquer um outro não possa fazer, doutor! – disse o interpelado.

– Desculpe-me, porém não creio! Afinal, eu te trouxe doentes irrecuperáveis e, três dias após, ei-los refeitos e a te ajudar! E vi que nada lhes deste além de água.

O médico insistia:

– Se guardas avaramente teu segredo, lembra-te de teu dever de humanidade! Muitas outras pessoas poderiam retornar à normalidade, se me revelasse o teu conhecimento.

– Mas, doutor, eu só apiedo-me diante de cada um que sofre. Eles chegam aqui e nada sei de enfermagem! Como socorrê-los? Apanho, então, as canecas com água e faço as minhas orações, para cada doente em particular.

E, diante do médico admirado, complementou:

– Sabendo que a vida vem de Deus,

rogo ao Pai de misericórdia que abençoe a água que Ele próprio criou e que nela dê o seu sopro de vida, como dá à vida inicial ao homem.

Houve uma pausa longa, quebrada pelo reticente médico:

– E...?!

– E sabendo que o Pai atende a todas as súplicas desinteressadamente, sei que a água se transforma num santo remédio. O que Deus coloca nela, nunca perguntei! Só sei que, com muito amor e muita fé, vou ministrá-la aos doentes, em nome de Jesus Cristo!

E continuou:

– Se o senhor fizer isso, doutor, Deus por certo te atenderá, pois Ele me ouve a mim, que sou ignorante e pecador, e mais te ouvirá pelas tuas virtudes.

Sabe-se que algumas vezes, o doutor Fortes foi visto dando pequenas porções d’água a escravos enfermos!

Baseado no livro Fabiano de Cristo, o peregrino da caridade, de Roque Jacintho, Ed.Luz no Lar.

Duração: 3 anos

Online (App Zoom)

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Presencial

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ARTIGO

Conflitos e progresso

Como avaliar e entender toda a sorte de conflitos que acometem os seres humanos, em diversas ambiências e convivências, assim como as opiniões contraditórias entre nós e os outros? Como participar de determinados grupos ou segmentos sem praticar atos violentos para com os semelhantes?

A vida em sociedade pressupõe a interrelação entre os semelhantes, aprendendo a convivência. Ao lado das regras escritas (legais), há observações derivadas da conduta, costumes e acordos interpessoais. A máxima “o meu direito termina onde começa o do outro” se posiciona como o primeiro elemento de aferição da extensão das liberdades humanas.

Diferentes estágios

Sendo o progresso o intento maior dos encarnados, individual e socialmente, necessária é a busca pela harmonização das condutas, no respeito aos semelhantes. O entendimento entre indivíduos e coletividades está diretamente associado ao padrão evolutivo, que não ocorre nem ao mesmo tempo nem da mesma maneira. Então, o dever e a responsabilidade dos mais adiantados está na compreensão das inferioridades das condutas de outrem e no auxílio, pela orientação e pela condução, dos que ainda não sabem ‘como’ progredir.

Perturbações temporárias

No item 272 de O livro dos espíritos tem-se a encarnação, na Terra, de espíritos egressos de mundos inferiores, para cá promovidos, mas que ainda conservam os resquícios da predominância da animalidade, dos instintos, bem como inexiste a paridade entre os componentes moral e intelectual, nos espíritos, pois o primeiro nem sempre acompanha o segundo (item 780).

Diante dos conflitos, Kardec destaca as “perturbações temporárias” entre pessoas e grupos sociais: “há lutas inevitáveis entre as ideias”, uma “alternativa de sucesso e de revés”. Todavia, “como as ideias novas são as do progresso [...] elas não podem deixar de superar as ideias retrógradas”, estando nas leis da Natureza. Das perturbações irão resultar “graves acontecimentos”, não de natureza material (cataclismos ou catástrofes), nas “entranhas na Terra”, mas derivados da agitação das entranhas da Humanidade (“Os tempos são chegados”, Revue

Spirite, outubro de 1866).

Os conflitos estão sediados em dois quadrantes da marcha progressiva (moral e intelectual), pois há seres que se destacam intelectualmente, tornando-se líderes de sociedades, mas não as conduzem com a elevação dos sentimentos. Então quando dados grupos são vencedores em dadas disputas, seu objetivo é o da aniquilação (física ou pela restrição de liberdades ou a expressão de pensamento) dos que se lhes opõem. E isto fica evidente, por exemplo, em disputas de natureza eleitoral

ou em competições esportivas. Desejável seria que o despontar das inteligências conduzisse os coletivos à proteção dos direitos dos mais fracos (vide item 685-a, da obra primeira), amparando-os e respeitando-os, embora antagônicos, evitando conflitos, que podem se tornar permanentes, pois o grupo derrotado irá tentar se desforrar do vencedor, sucessivamente.

O próprio espiritismo, enquanto filosofia (ou religião, para muitos), se opõe a outras escolas de pensamento humano, provocando uma série de conflitos, muitos sequer desejados pelos espíritas. Em dezembro de 1863, Erasto destaca na Revue, que “o espiritismo está na ordem do dia”, alcançando todos os cérebros e consciências, um “privilégio exclusivo das grandes coisas”, já “que ele leva em si o princípio de uma renovação, que uns apoiam com os seus votos e outros temem”. O conflito entre espíritas e não espíritas é inevitável “porque o homem é manchado de muito orgulho e egoísmo para aceitar sem oposição uma verdade nova qualquer”, mas tal atrito, necessário, “desfaz as ideias falsas e faz ressaltar a força das que resistem”.

Tudo a seu tempo

Os espíritas, longe de se considerarem ‘superiores’ (nem em moralidade, nem em intelectualidade), pelo privilégio de conhecer as questões espirituais e a aplicabilidade das leis divinas, devem atuar sem proselitismo ou conversão dos demais. Nosso intuito deve ser o de atuar no auxílio, consolo e esclarecimento daqueles que assim o desejarem, contribuindo para que cada um, no seu tempo, compreenda e viva as verdades espirituais.

Marcelo Henrique é escritor e articulista, coordenador do ECK – Espiritismo com Kardec: www.comkardec.net.br

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O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira; é então que os mais adiantados ajudam os outros a progredir, pelo contato social”
Allan Kardec, O livro dos espíritos

AGENDA

Congresso Espírita de Uberlândia Acontece de 20 a 22 de janeiro o 6º Congresso Espírita de Uberlândia, MG, numa realização da Web rádio Fraternidade. O encontro terá como tema: “O consolador prometido por Jesus”. Presenças de: Ana Teresa Camasmie, Denise Lino, José Carlos de Lucca, Jorge Elarrat, Rossandro Klinjey, Haroldo Dutra, Victor Hugo, Simão Pedro de Lima, dentre outros. Participação artística de: Tim e Vanessa, Moacyr Camargo, Cacá Rezende e Andrea Bien. Local: Palácio de Cristal, av. Lidormira Borges do Nascimento, 2005, Shopping Park, Uberlândia, MG. Informações: https//congressoespirita.com.br

Curso de Expositores Espíritas em São

Bernardo

Terá início no dia 6 de janeiro de 2023 o Curso de Expositores promovido pela USE Intermunicipal de São Bernardo do Campo. Local: Grupo Fraternidade Espírita João Ramalho, rua Carlos Miele, 154, Centro, S. Bernardo do Campo. Às segundas-feiras, das 20:00 às 22:00 h. Término: 05/06/2023.

Informações e inscrições: a partir de 05/01/2023, pelo Whatsapp (11) 94025-9256.

CCDPE - Centro de Cultura Eduardo Carvalho Monteiro

Inscrições abertas para:

• Estudo sistematizado da doutrina espírita: às quartas-feiras, das 20 às 22h. A partir de março de 2023, online.

• Mediunidade: Estudo e prática: Início: 8 de março.

• Estudos avançados da doutrina espírita: às quintas-feiras, das 20 às 22h. A partir de março, online.

• Ciclo de Estudos Eduardo Carvalho Monteiro. Tema: A refutação dos equívocos doutrinários. Como combater as ideias e não as pessoas: Período: De fevereiro a março.

Apoio: USE Distrital Jabaquara.

Informações: 11 94262-5620 (Whatsapp). ccdpe.org.br/cursos/

Mednesp 2023

Será realizado em Vitória, ES, de 8 a 10 de junho de 2023, o congresso bianual sobre saúde e espiritualidade, promovido pela Associação Médico-Espírita do Brasil. Tema: A evolução da ciência e a ética do espírito. Local: Centro de Convenções de Vitória, ES. Participação de: José Roberto Pereira, Gilson Luís

Roberto, Roberto Lúcio Vieira, Alexander Moreira, Sérgio Luis Lopes, Fábio Nasri, Décio Iandoli, Alberto Almeida, Rossandro Klinjey, dentre outros.

Serão abordados termas como: Vida intrauterina e psiquismo fetal; A criança e os transtornos mentais; Alzheimer e os processos degenerativos; Obsessão midiática na família; O modelo personalista espírita na graduação em saúde; DIU: é abortivo ou não? Doação de órgãos/morte encefálica: aspectos médicos e espirituais; Dependência química: internação compulsória?

Inscrição: www.mednesp2023.com.br

CULTURA & LAZER

CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO

Canção do Natal

Mestre amado agradecemos, em teu Natal de alegria, a paz que nos anuncia a vida superior...

Por nossa esperança em festa, pelo pão, pelo agasalho, pelo suor do trabalho, louvado seja, Senhor!...

Envoltos na luz da prece, louvamos-te os dons supremos, nas flores que te trazemos, cantando de gratidão!...

Felizes e reverentes, rogamos-te, doce amigo, a bênção de estar contigo no templo do coração

Fonte: Casimiro Cunha, Antologia mediúnica do Natal, por Chico Xavier, espíritos diversos, FEB.

B R W U Y T A S P B L K M

A P S L M B T E O E Ã O P

Q U E Ç Ã O N B P N N D O

T I N O P E R Ã O Ç G R A

F E H S A F F L S Ã R S E

N H O O N H R E T O P U M

B E R R Z E S I L F T O A

T I D G R L I S N Z T R L

N C O R Ç O Ç Ã A R A E F

T A P O L M E S T R E A E

V C I O E R A S A U M O S

O M A F C R T I L M P N T

E R V T O Ç Ã O A T I G A

A R E S L O F M I M G A O

P O M U I R C E T O I U N

E A N M O P E R A S C G T

O U Z A P O M R T Ã O P O

O K M N C O R A Ç Ã O R G

D A Z E S L O P L R E S R

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O E N C N A Ç Ã O B E N T

M I G S T E R B O P I M I

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Q U F E L I Z E S B E R Ã

S B E R O M I U B T E O O

L M E A R B O D A V U O L

I P O M E O A S E T B I O

P M B E S P E R A N Ç A E

R A R O M I N E A R O N E

C O R A B E N P O I Ç Ã O

Resposta do Enigma:

Já os fenômenos inteligentes são acessíveis apenas às pessoas com capacidade mediúnica mais acurada, ou seja, pelos médiuns.

Os fenômenos de efeitos físicos podem ser vistos ou ouvidos por qualquer pessoa que esteja no ambiente em que ele se dá.

SOLUÇÃO DO PASSATEMPO

12 CORREIO FRATERNO OUTUBRO - NOVEMBRO 2022 www.correio.news Espíritas na Copa
Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
ENIGMA O
que diferencia um fenômeno de efeito físico do chamado fenômeno inteligente?
JAN 20 JAN 6 JUN 8

Meditação

A importância da escuta interior

Apalavra meditação aparece nas obras de Allan Kardec referindo-se à análise e reflexão, diferentemente do seu conceito oriental relacionado à técnica de relaxamento e concentração em si mesmo, com especial atenção à respiração, em busca de uma sensação de quietude e harmonia interior.

Analisada pela visão espiritual, a atitude meditativa pode muito auxiliar, por exemplo, no recolhimento de uma prece, na busca da inspiração e na percepção de sentimentos e emoções que facilitam o autoconhecimento.

O espiritismo nos mostra uma visão diferente sobre os benefícios da vida contemplativa. Na questão 657 de O livro dos espíritos, Kardec pergunta se os homens que se consagram à vida contemplativa, não fazendo nenhum mal e só pensando em Deus, têm algum mérito. Os espíritos respondem: “Não, porquanto se é certo que não fazem o mal, também não fazem o bem e são inúteis. Quem passa todo o tempo na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive uma vida todo pessoal e inútil à humanidade, e Deus lhe pedirá contas do bem que não houver feito.”

O fato aqui se refere a alguém que passasse a vida meditando, o que difere do uso da meditação para nos auxiliar a encontrar um pouco mais de serenidade e equilíbrio para seguirmos no esforço da transformação moral, grande finalidade do espírito perfectível.

Pode-se ilustrar, por exemplo, também, com as recomendações de Santo Agostinho, na questão 919, quando ensina o processo de autoconhecimento, que seria em muito auxiliado pela conscientização de quem somos, como agimos, um mergulho todas as noites na interioridade das nossas atitudes.

Meditação para Léon Denis

O filósofo e escritor espírita Léon Denis, refere-se à meditação tal como concebida atualmente. Diz ele em sua obra em O grande enigma: “Deus nos fala através

de todas as vozes do infinito. Ele nos fala não numa bíblia escrita há séculos, porém numa bíblia que se escreve todos os dias com esses caracteres majestosos que se chamam oceano, mares, montanhas e astros do céu, através de todas as harmonias su-

aves e graves que sobem do seio da terra ou descem dos espaços etéreos. Ele nos fala ainda no santuário do nosso ser, nas horas de silêncio e de meditação”.

Com sua explicação poética, Denis esclarece que, quando os ruídos discordantes

Como meditar:

• Escolha um horário que você possa estar 100% presente na prática.

• Desligue o celular, o computador e evite o máximo de distrações. Fique em um ambiente tranquilo, para que nada te incomode.

• Sente-se de maneira confortável com a coluna ereta e feche os seus olhos.

• Comece a prestar atenção na sua respiração, no batimento do seu coração e em todas as sensações do seu corpo. Se algum pensamento surgir, não se prenda a ele, deixe que vá embora. Tente manter a atenção no momento presente.

da vida material se calam, então, a voz interior desperta e se faz ouvir. “Essa voz sai das profundezas da consciência e nos fala de dever, de progresso, de ascensão. Há em nós um refúgio íntimo, como uma fonte profunda de onde podem jorrar ondas de vida, de amor, de virtude, de luz”. Em outra obra, O problema do ser, do destino e da dor, defende que a meditação metódica auxilia no desenvolvimento dos sentidos psíquicos. “Consiste em insular-se uma pessoa em certas horas do dia ou da noite, suspender a atividade dos sentidos externos, afastar de si as imagens e ruídos da vida externa, o que é possível fazer mesmo nas condições sociais mais humildes, no meio das ocupações mais vulgares. É necessário para isso concentrar-se e, na calma e no recolhimento do pensamento, fazer um esforço mental para ver e ler no grande livro misterioso o que há em nós. E ainda recomenda nesses momentos: “apartai de vosso espírito tudo o que é passageiro, terrestre, variável. (...) A meditação, a contemplação e o esforço constante para o bem e o belo formam correntes ascensionais, que estabelecem a relação com os planos superiores e facilitam a penetração em nós dos eflúvios divinos. Com esse exercício repetido e prolongado, o ser interno acha-se pouco a pouco iluminado, fecundado, regenerado”.

Sintonia em busca do Bem A meditação seria mais um caminho, mais uma ferramenta a se juntar a tantas outras para se adquirir um estado de harmonia e melhor cuidado com a sintonia espiritual em busca do Bem. Um momento, como recurso, e não como uma vida toda de contemplação. Espiritualmente, sabe-se que todo estado de recolhimento interior provoca experiências diversificadas que retratam a atividade do espírito, com seu desdobramento, liberdade e vontade.

Referência: Meditação e espiritismo, de Cesar Braga Said e Sylvia Vianna Said, Ed. Infinda.

13 CORREIO FRATERNO OUTUBRO - NOVEMBRO 2022 www.correio.news ANÁLISE

O despertar de Léon Denis na espiritualidade

Da REDAÇÃO

Três meses depois de sua desencarnação, em 12 de abril de 1927, o escritor Léon Denis se comunica através da psicofonia e conta sobre suas impressões, ao se desvencilhar do corpo físico. Segue parte da mensagem:

“Minha prezada senhora Renée: A impressão que tivestes, entre 8 horas e 9:15h, na noite de 12 de abril, é naturalmente em decorrência do êxtase, do desdobramento, da alegria, do deslumbramento e da luminosa vertigem que eu mesmo senti, trocando de mundo.

Da vida terrestre, com seu movimento orgânico, à vida do espaço, com sua sensação radiosa, há forçosamente, na mudança das situações, um ponto morto que fica em suspensão, em maior ou menor tempo, conforme a evolução, estado da alma e a observação do indivíduo.

Após o momento em que pararam os órgãos que animavam meu pensamento humano, no minuto em que despertei para a luz do Além, tive uma espécie de sonolência, de sono hipnótico.

Sentia-me como que entorpecido por condensações de vapor, que formavam em torno de mim algo como um casulo fluídico.

Meus queridos e bons guias trabalhavam; depois, minha respiração deixou meu envoltório carnal e, como um débil fio, desligou-se sem choque.

Senti, então, todo o meu ser dilatado, vaporoso, atraído como por mãos invisíveis, que não eram senão os pensamentos de meus guias.

Esses pensamentos se concretizavam e tocavam meu espírito sob a forma de emanações luminosas, refletidas pelo perispírito de meus entes queridos desencarnados.

Eu flutuava em derredor deles como o pássaro que sai do ovo, mas que é frágil e dá seus primeiros passos em vossa Terra.

Havia deixado minha casa carnal e ensaiava as primeiras evoluções no mundo da luz, domínio maravilhoso criado por Deus.

Mais do que nunca, meus amigos, sei agora que todo ser humano rompe sua carcaça física com maior ou menor

SUA DOAÇÃO FAZ A DIFERENÇA

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dificuldade, de acordo com a sua evolução e conforme o grau de fé e de confiança que tenha na bondade e na justiça de Deus.”

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Léon Denis Mensagem recebida na cidade de Tour, França, em 8 de julho de 1927. Revista Espírita
VOCÊ SABIA?
Casa onde Léon Denis nasceu, em Foug, na França, a 1º de Janeiro de 1846

Cristãos sem Cristo

Encontrei no Livro da esperança, de Emmanuel (CEC), psicografado por Chico Xavier, uma mensagem que me levou a reflexões profundas e peço licença para compartilhar com vocês.

O texto encontra-se na lição número 14: “Cristãos sem Cristo”. O título por si só revela o equívoco dos que se designam seguidores de Jesus sem realmente segui-lo, dos que talvez nem compreendam de fato o que significa tomar para si esta denominação. Podemos estar caminhando pela vida com o título e sem Jesus, e desta forma, não o seguimos verdadeiramente, pois nos falta esforço, determinação, foco e vigilância.

Se levarmos em conta seus ensinamentos, veremos que todos se baseiam na pura caridade, no servir, no amor desinteressado e fraterno, primeiramente para com Deus, para conosco e para com nossos semelhantes. Esta é a base, este é o norte para edificarmos o reino tão sonhado, onde compreenderemos nossas dores, não nos sentiremos solitários, e teremos força e coragem para levar adiante nossa existência, apesar dos problemas, pois agiremos com retidão e bondade, trazendo paz para nossas consciências.

Sem compreender a necessidade da educação espiritual, que se desdobra beneficamente em todos os outros setores da nossa vida, saímos por aí, existência afora, a fazer valer nossa vontade viciada, doente e egoísta, acreditando que o título por si só basta, que só ele nos exime das responsabilidades de nossos atos, que vale ir contra o

que o Mestre prega em essência, desde que carreguemos seu nome.

E foi assim que as grandes guerras se fizeram e ainda se fazem, ceifando vidas, famílias, sonhos...

Em nome de Deus e de Jesus, os homens se agridem e se matam, pois ainda vivem em adoração a si mesmos e seus desejos egoístas, separatistas e materialistas, pela

sede de poder, de fazer valer seus desejos. Quando o Mestre nos pede vigilância, sabiamente nos chama à observação focada e profunda a nossas atitudes, pensamentos, para seu controle por meio da oração que nos remete ao Criador, num processo simples que nos livra de grandes problemas a serem resolvidos a posteriori.

Levar a insígnia de cristãos é coisa mui-

to séria, mas adotá-la sem realmente fazer jus a ela é mais sério ainda, uma vez que podemos atrasar a missão do bem e do amor na Terra.

Nas grandes batalhas da vida é quando mais precisamos seguir os exemplos pacíficos e fraternos do Cristo.

No texto da referida lição, Emmanuel cita os conquistadores, os piratas, os guerreiros e latifundiários que pediam e imploravam sucesso em seus feitos. Rogavam auxílio para o furto, à escravidão, à opressão, demonstrando claramente a falta de compreensão quanto aos ensinamentos de justiça, fraternidade e amor pregadas pelo Nazareno, pois, na verdade, seguiam os seus próprios valores e anseios egoístas.

Não é fácil pensar que talvez ainda continuemos a fazer algo bem parecido, sermos cristãos sem Cristo, todavia é sempre tempo de refletir, de mudar e progredir. Façamos a nossa parte bem-feita, criando exemplos positivos, levando Jesus aos corações da forma mais efetiva e perfeita, por meio de nosso exemplo e somente assim seremos coerentes e corretos com a escolha que fizemos, sendo verdadeiramente cristãos, com o Cristo sempre presente em nossas vidas.

Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de diversos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.

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DIRETO AO PONTO
Nas grandes batalhas da vida é quando mais precisamos seguir os exemplos pacíficos e fraternos do Cristo”

Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Implante faz paciente voltar a falar 16 anos depois

Internautas ‘salvam’ pedreiro que colou pedido de emprego em ônibus

Cientista de 14 anos ganha prêmio por fones que tratam infecções de ouvido

Um homem de 36 anos voltou a se comunicar 16 anos depois de sofrer um derrame que o fez perder os movimentos do corpo e a capacidade de fala. Embora ele não consiga usar a boca, o norte-americano pode agora “conversar” usando um implante de tecnologia moderna que capta os sinais elétricos emitidos pelo cérebro em direção às cordas vocais e os traduz em palavras.

O eletrodo foi implantado no cérebro em 2019 e os cientistas o treinaram para traduzir diferentes ondas cerebrais em letras específicas.

Fonte: Metrópoles

O telefone do pedreiro Pedro Lopes, de 61 anos, não para de tocar depois que ele teve a ideia de colar um papel, com pedido de emprego, no vidro interno de um ônibus no interior de São Paulo. A letra simples, com o número do celular e as palavras com erros de grafia sensibilizaram uma passageira que pegou ônibus em Sorocaba. Lauren Mesquita, de 23 anos, fotografou, postou nas redes sociais e a imagem viralizou.

“Resolvi compartilhar no Facebook. Uma amiga sugeriu que eu abrisse para o público e hoje tem mais de 2,5 mil compartilhamentos”.

“Foi tanta proposta que eu já encaminhei trabalho para pelo menos três amigos”, conta Pedro, que estava numa situação financeira complicada.

Fonte: Sonoticiaboa

A cientista Leanne Fan desenvolveu fones que tratam problemas de ouvido e previnem surdez. A norte-americana tem apenas 14 anos e acaba de ser premiada por sua invenção, que consegue não apenas tratar como diagnosticar pacientes com problemas auditivos.

Sua criação foi reconhecida como única e transformadora pela 3M Young Scientist Challenge, considerada a principal competição de ciências do ensino médio do país.

A menina teve a ideia dos fones há três anos, enquanto aprendia sobre Niels Finsen, que ganhou o Prêmio Nobel em 1903 depois de inventar a terapia de luz para tuberculose de pele.

Fonte: The Week

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