Correio Fraterno 454

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ISSN 2176-2104

CORREIO

Entrevista

Lygia Barbiére Amaral

FRATERNO

Ela fala sobre suas obras, sua vida e suas convicções como escritora espírita. Págs. 4 e 5.

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Ano 46 • Nº 454 • Novembro-Dezembro 2013

A chama do bom ânimo A

aproximação de mais um Natal reaviva em nós a presença do meigo nazareno, que às margens do Tiberíades era rodeado pelos que de longe o buscavam, pela cura, pelo entendimento, pelo amainar das dores morais... Vez ou outra, além das pregações, Jesus transmitia recomendações particulares, como a que dirigiu ao apóstolo Bartolomeu diante de sua tristeza com relação às misérias do mundo. “Tende bom ânimo, eu venci o mundo...”, alertou carinhosamente o mestre, uma citação do Evangelho que acende em nós não somente a necessidade de cultivarmos a alegria na chegada do novo ano, mas um convite à fé e à esperança, que devem fazer parte dos nossos propósitos em todos os tempos. Páginas 8 e 9.

Despede-se Iracema Sapucaia A homenagem à escritora que fez história na educação e na literatura espírita. Fraterninho, Forcílio e o Besouro Casca-Dura são alguns de seus personagens, que se despedem da autora, que parte para o plano espiritual. Leia mais nas páginas 6 e 7.

Acervo histórico de Cairbar Schutel é aberto ao público A Casa Editoria O Clarim transforma em memorial o local onde viveu um dos principais pioneiro do espiritismo no Brasil. O projeto, reúne documentos, fotografias, móveis e objetos pessoais de Cairbar Schutel, preservados por membros da sociedade de espírita de Matão, SP. Saiba como visitar. Página 3.

No universo da música uma envolvente história de amor e renúncia.

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eDitoriAL

na devida

Uma ética para a imprensa escrita

proporção

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echávamos esta última edição do ano, quando fomos assistir a uma palestra de Eduardo Guimarães, de Niterói, no Centro Espírita União, em São Paulo. Ainda pensávamos no sentimento de gratidão a Deus por estarmos envolvidos nesse trabalho da divulgação do espiritismo, num jornalismo voltado exclusivamente ao Bem, que exige equilíbrio, humildade, discernimento e principalmente bom ânimo. Esse é o assunto da matéria de capa, tema de esperança escolhido também em função desta época do ano em que as ansiedades e preparativos do Natal nos atingem de uma forma ou de outra. Eduardo abordou o versículo 16 do Apocalipse, fazendo uma analogia entre os desafios humanos e a perfeição da anun-

ciada “Nova Jerusalém”: a cidade perfeita e proporcional, inclusive em suas medidas: comprimento, largura e altura. O palestrante lembrou que para merecermos a tal morada, também seria preciso que nos habilitássemos a ela em três dimensões: o comprimento, significando nosso esforço rumo à perfectibilidade; a largura, que seria a nossa relação exterior, com o próximo, e a altura, representando nossa comunhão com Deus, identificando-nos com suas leis. O tema consolidava exatamente a nossa imensa vontade de que a mensagem de Jesus, nesta edição, chegasse através de nosso humilde trabalho destas linhas ao coração dos nossos leitores. E ele há de chegar. Que o Evangelho ilumine as nossas consciências através da fé raciocinada, tão

em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

evidenciada como premissa maior na teoria espírita, mas que a sua prática seja o espelho dos nossos aprendizados, no convite maior e singelo que nos liga no amor universal: Fora da caridade não há salvação. Bom Natal e Feliz Ano Novo a todos! Equipe Correio Fraterno

dade da pesquisa e o resultado final alcançado pelo livro, que está levando o nome de Kardec para bem além das fronteiras do movimento espírita. Só alguém comprometido com a divulgação do bem e com respeito a todo o trabalho realizado pelos espíritos e por Allan Kardec poderia atingir esta excelência no projeto. Que venham mais! Estaremos a postos para a nossa parte na divulgação. Abraços! Equipe Correio Fraterno.

Sessões espíritas na Casa Branca Gostei muito da edição 449, sobre as sessões mediúnicas na Casa Branca. Eu nunca imaginei tal situação na Casa Branca. Aliás, nunca soube deste fato. Ouvi também sobre o jornal na reportagem na Rádio Rio de Janeiro, no programa Destaque na imprensa espírita. Muito bom! José Aragão, pelo site.

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 inscr. estadual: 635.088.381.118

Presidente: Adão Ribeiro da Cruz Vice-presidente: Tânia Teles da Mota Tesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva Secretária: Ana Maria G. Coimbra Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br

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• os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos.

CORREIO DO CORREIO Kardec - A biografia O nome de Kardec ocupa hoje a terceira posição na lista da Veja [Os livros mais vendidos] e o segundo lugar na lista de O Globo. E a campanha começou no Correio Fraterno... [edição 453, Acontece]. Obrigado por tudo: apoio, espaço, confiança. Abraços! Marcel Souto Maior, por e-mail. É uma satisfação muito grande ver a quali-

• A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

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• confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. serão um meio de esclarecimento. • se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

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Acontece

Matão inaugura memorial de Cairbar Schutel

CÁSSIO CARRARA

Por Cássio Carrara

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ealizou-se na sede da Casa Editora O Clarim, na noite do dia 13 de novembro, a inauguração do Memorial Cairbar Schutel, museu biográfico construído na antiga casa de Cairbar, que traz documentos, fotografias, móveis e objetos pessoais guardados e preservados por membros da sociedade espírita de Matão, SP, desde a década de 1930. O evento contou com mais de 100 convidados, além de autoridades municipais e representantes do movimento espírita municipal, estadual e nacional. Na solenidade, o presidente da Casa, José Luiz Alberto Marchesan, ressaltou a importância do memorial para a valorização da história de Cairbar Schutel: “É um registro para a posteridade sobre o que foi Cairbar Schutel e o que ele representa. Nós

fizemos o possível para traduzir o seu pensamento, sua cultura e seus valores”. O projeto desenvolvido para estruturação e montagem do Memorial Cairbar Schutel durou cerca de nove meses, período que envolveu as etapas de curadoria, pesquisa, higienização do acervo e concepção do espaço expográfico. O acervo contém livros, material farmacêutico (frascos de remédio e instrumentos farmacêuticos), objetos de uso pessoal, fotografias, correspondências, cadernos de anotações, cadernos de atas, documentos oficiais, o jornal O Clarim e a RIE e livros de registros. A partir deste material, o espaço foi dividido em salas temáticas, que expõem, em cada ambiente, a produção intelectual de Cairbar Schutel; o trabalho como divulgador da doutrina espírita, que compreende

Memorial Cairbar Schutel: o registro da história de importante precursor do espiritismo no Brasil

a fundação do jornal O Clarim e da Revista Internacional do Espiritismo, além dos livros por ele escritos; sua atuação social, com a Farmácia Schutel e as obras de caridade; um ambiente que apresenta a linha do tempo da sua história de vida e atuação política; o seu dormitório, mantido na localização original e mobiliado com as peças originais; e, por fim, a sala principal que apresenta a relação de Schutel com a doutrina espírita. Horários para visitação O Memorial Cairbar Schutel estará aberto à visitação pública, com agenda-

mento, às terças-feiras, das 9 às 11 horas, e às quintas-feiras, das 15 às 17 horas. Caravanas poderão agendar também para finais de semana. Para agendar: E-mail: memorial@oclarim.com.br. Tel.: (16) 3382-1066.

Arte poética revela ganhadores do concurso Da redação

NELSON DEJANNY

Nelson Costa, Elza Lemos (ganhadores) e comunicadores José Damião e Altamirando Carneiro

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Arte Poética Castro Alves anunciou na noite de 13 de novembro, no Grupo da Paz, em São Paulo, os ganhadores do Concurso de Poesias com Temática Espírita, criado e coordenado há 23 anos pelo jornalista e escritor Altamirando Carneiro. Neste ano 34 participantes concorreram com poesias que abordaram temas relacionados à encarnação, à imortalidade da alma, a Jesus e à lei divina, dentre outros. Além dos concorrentes, o evento contou também a presença da imprensa, convidados e a participação artística de Nelson Dejanny, o Cantor dos Poetas, e Marly Ferreira. A apresentação do evento ficou a cargo de José Damião, da Rádio Boa Nova, que leu também as poesias com Guizman. Recebendo livros e certificados de participação do concurso, os vencedores do concurso foram:

1º lugar: Alarme falso, Nelson Costa, de São Paulo, SP. 2º: Proteção divina, Elza Lemos Rodrigues, Rio de Janeiro, RJ. 3º: Guerra, Francisco Bandeira Lima Júnior, Caucaia, CE. 4º: Áton Soleil, Glaucio Cardoso, Rio de Janeiro, RJ. 5º: As três Revelações, Juarez de Souza Machado, São Bernardo do Campo, SP. 6º: A travessia do ser, Dária Limaverde Vilar Lôbo, Fortaleza, CE. 7º: Jesus, o ‘perseguidor’, Antônio Camargo Leme, Sorocaba, SP. 8º: Soneto de nuvens, Mauro Augusto de Amorim, São Paulo, SP. 9º: Tributo a Maria, Iara Pereira da Silva, São Paulo, SP. 10º: Nada na vida é vão, Elizabeth Caires, São Paulo, SP. Veja as poesias no nosso site www.correiofraterno.com.br www.correiofraterno.com.br


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ENTREVISTA Lygia Barbiére Amaral: os desafios da família contemporânea retratados em sua obra

Com palavras e sentimentos Por ELIANA HADDA e izabel vitusso O que há de diferente nesse livro? Lygia Barbiére Amaral: Ele está mais conciso. A narrativa ficou mais ágil. Está mais cinematográfico, com cortes maiores. Também há o recurso da novela, através do qual faço os ganchos, mas sem responder completamente às perguntas para dar tempo do leitor ir se misturando à história. A novela começa no dia seguinte exatamente de onde parou. Num romance, você não tem esse recurso. É preciso que o leitor vá preenchendo com suas respostas a pergunta que ficou no ar.

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oteirista e escritora, a carioca Lygia Barbiére Amaral consagrou-se como romancista por trazer em suas obras o retrato das famílias contemporâneas, superando a casa dos 200 mil exemplares vendidos. Ela reúne suspense e informação, contextualizando numa linguagem simples assuntos atuais na visão espírita, despertando o interesse, esclarecendo aflições e consolando os corações, ao mostrar situações do dia a dia e sua interdependência com o outro lado da vida. Mãe de quatro filhos – Sophia, Alice, Estevão e Miguel – e morando em Caxambu, MG, Lygia é formada em jornalismo, pós-graduada em teatro, com mestrado em literatura brasileira. Sua paixão pela literatura ocorreu quando ainda menina. E hoje a vida lhe reserva espaço para a criação de lindas histórias que ela tão bem sabe tecer com as palavras e com o sentimento. Nos últimos anos, a escritora lançou pela editora Correio Fraterno novas edições, revisadas e ampliadas, de consagrados romances: A luz que vem dentro, O sono dos hibiscos, O silêncio dos domingos e A ferro e flores. Agora traz o novo romance, Um tom acima, a história de uma pianista, cujo enredo nos surpreende por uma instigante coincidência que se confunde com a própria história da música. É refletindo sobre este lançamento, sua vida e suas convicções como escritora espírita, que a autora se revela nessa entrevista. Vale conferir. www.correiofraterno.com.br

Você pesquisou a vida dos compositores e ouviu suas músicas antes de escrever. Como foi conviver com isso? Nesta obra o leitor também vai entrando devagar no universo da música. Todos os capítulos têm uma trilha sonora, inclusive. Antes de começar a escrever já mergulhava nessas vibrações para que o enredo se consolidasse. São músicas clássicas que me acompanharam o tempo todo, como se elas fossem perpassando cada capítulo. Como foi a escolha da música para entrar naquele determinado espaço na história? Essa escolha misturou muito o racional com o emocional... Eu mergulhei intensamente no universo da música. Assisti à história de Mozart, de Beethoven, Bach, Strauss, Chopin, Schumann... Tantos compositores! Meu Deus, como eu chorei! Me emocionava sempre muito diante da dificuldade que eles enfrentavam, me identificando como escritora também. Com raras exceções, nenhum deles ficou famoso, rico. Foi preciso abrir mão de muitas coisas para poderem realizar um trabalho que seria tão grandioso para a Humanidade. Tudo à custa de muito suor e lágrimas e ao mesmo tempo sendo um grande prazer, algo que não podia deixar de ser feito.

Qual foi a ajuda do plano espiritual para você fazer esse livro? Isso é muito complicado mensurar. Graças a Deus, tenho tanta ajuda o tempo todo, que não sei dizer onde essa ajuda começa e onde termina. Você já havia estudado música? Estudei piano durante 13 anos. Mas algo curioso me ajudou a me inspirar. Comprei um livro sobre a história dos compositores... Estava procurando nomes para os filhos da pianista da história. Já havia encontrado um nome para ela [Millah]. Pensei que eles tinham que ter nomes de grandes compositores. Para a filha, ficava um pouco difícil, por não ter havido grandes compositoras na história da música. Ao folhear o livro, ele se abriu “magicamente” na página da Clara Schumann. E pensei: que coisa interessante... Clara é um bom nome para a filha da pianista. E lendo, fui ficando cada vez mais surpresa. Percebi que a história da Clara Schumann era impressionantemente parecida com a da personagem que eu estava querendo retratar. Este fato foi decisivo em toda a montagem da trama. Pode-se dizer que o romance foi inspirado na história de Clara Schumann? Não. A história já existia, baseada nas renúncias e desafios de uma pianista que passou por momentos muito parecidos com os de Clara Schumann. Também não é uma biografia. Como escritora e roteirista, misturei as duas realidades e acabei criando uma história ficcional, uma fantasia de Lygia Barbiére Amaral, dispondo inclusive da liberdade poética de lançar a pergunta: E se ela fosse a reencarnação da Clara Schumann? Sabe aquele filme: E se fosse verdade – era essa a pergunta que eu queria lançar dentro da cabeça do leitor.


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entreVistA E como você visualizou esse tema dentro de um romance espírita? A reencarnação nos possibilita reeditar a nossa própria história. Pensei que, de repente, se ela fosse a Clara Schumann, poderia retomar algumas tarefas, repetir algumas situações e fazer novos aprendizados. Entendo a nossa vida como um intercâmbio. Você vem para essa ‘universidade’ estudar, aprender, se aprimorar. Mas não somos daqui. Nosso projeto é muito maior do que isto. Mas do nosso aproveitamento da experiência daqui vai depender o nosso futuro como seres espirituais. É o que o livro tenta mostrar. Como você vê a sua obra literária dentro do espiritismo, onde a maioria dos romances é psicografada? É a mesma coisa. Tenho um amigo que sempre me lembra de que fui preparada para esse trabalho e que sempre vou cruzar com pessoas para me lembrar da importância dessa tarefa, para eu não desanimar. Literatura espírita não é só mediúnica. Tem gente que não acredita nas obras vindas pelo canal mediúnico, outros desacreditam na que o escritor possa criar sem a ação direta de um espírito. Mas todos fomos preparados para atuar como meios de auxílio, cada qual precisa se dedicar com muito afinco ao seu dom específico para que o instrumento funcione a contento e todos possamos alcançar o mesmo objetivo. Não se corre o risco de maior envaidecimento, pelo fato de ser sua e não dos espíritos a autoria dos livros? De forma alguma! Elas não são só minhas. Ninguém faz nada sozinho. Vamos lembrar de Kardec, que realizou uma obra imensa, mas que também não fez nada sozinho. Era possível fazer sem ele? Sim, claro. Os espíritos o avisaram que se ele não a fizesse, outro a faria. Ele sabia que era um trabalho importante e assumiu fazê-lo, como se fosse um elo numa corrente de trabalho. Ele também foi auxiliado pelos espíritos o tempo todo. Seria muita prepotência eu achar que faço tudo sozinha. Fui preparada e tenho que continuar a me preparar o tempo todo para poder me canalizar certo e desempenhar bem a tarefa. Assim como os médiuns, também preciso ter muita disciplina. É por isso que você escreve sobre temas sociais que fazem as pessoas re-

fletirem sobre a família, o coma, o alcoolismo, o câncer, a depressão, etc? Sim. Já pensei sobre esse tipo de literatura que desenvolvo e concluí que é um romance espírita informativo. Minha formação jornalística tem uma influência muito forte nas obras. Sempre há entrevistas e pesquisas sobre os temas. Os livros trazem sempre essa questão do auxílio, mas não são de autoajuda, justamente porque trabalho a informação, o que vai permitir que não se erre por ignorância. Eles trazem sempre uma linguagem simples. Podem ser lidos e compreendidos por qualquer pessoa.

A reencarnação nos possibilita reeditar a nossa própria história. Entendo a nossa vida como um intercâmbio. Você vem para essa ‘universidade’ estudar, aprender, se aprimorar. Mas não somos daqui” Há quem diga que romances são ilusão e fazem as pessoas fugirem da realidade. O que você diz sobre isso? Eu me baseio o máximo possível na realidade. Mas para se poder contar a história, muitas vezes tem-se que se proteger da realidade. Nesses casos, tenho sempre como referência um caso real e vou estudando, segundo a doutrina espírita, para poder criar uma história também factível. Eu não invento mentiras com o romance. Uma das características mais marcantes do seu trabalho é que você passa os conteúdos sempre através de uma rede de comportamentos, onde os personagens participam de relações muito intensas. Por quê? É assim que o leitor vai se identificar. Porque essa é a maneira como nós vivemos aqui na Terra. Nós somos desse jeito e a família é a principal escola, um ambiente necessário para o progresso do espírito.

Nesse último livro, você fala também sobre a síndrome de Down. Por que incluiu esse tema? Acho que num momento em que se fala tanto sobre o respeito às diferenças, é importante que as pessoas compreendam que nós não somos como nos veem... Isso é a aparência. Podemos estar num momento diferente, mas não somos assim. E o tema serve também para abrir a reflexão sobre a noção de felicidade e infelicidade. O que para uns pode parecer infelicidade, é uma grande felicidade para o espírito e para todos que o cercam. Sabe-se lá quanto tempo ele esperou por aquela oportunidade de aprendizado? Você também enfatiza em sua obra os conflitos familiares, as lutas para a superação das antipatias, as alegrias nas afinidades. Como você relaciona essas situações com o momento social em que vivemos? Dizem que as famílias estão desestruturadas e com muitos problemas. Penso que problema todo mundo tem. Acredito que o erro tenha sido quando as pessoas instituíram a ideia materialista de que família é descartável. Não há mais muito empenho em se lutar pela união, quando, na verdade, espiritualmente, para formar aquela família muitas vezes se esperou tanto tempo! Há no livro Família uma frase muito linda: “A família é abençoada escola de educação moral e espiritual, oficina santificante onde se lapidam caracteres, laboratório superior em que se caldeiam sentimentos... para a elaboração de misteres edificantes...”. Caldear é coisa de ferreiro, que derrete o ferro para fazer os amálgamas. Acontece o mesmo com os membros da família. É preciso muitas vezes reatar ligações, construir afinidades, e isso é muito difícil, porque envolve derreter as vaidades, o orgulho, o egoísmo. Da mesma forma como é difícil para a personagem Millah para manter a família harmonizada, tentando ser vencedora nessa prova... Sim. E isso não é gratuito. Ela precisava estar ali no meio deles naquele momento. Muitas vezes eu parei e pensei: é a vida de todos nós. É preciso saber mesmo fazer as escolhas e isso não é fácil. Eu me sinto abençoada por ter podido fazer este trabalho. Escrever Um tom acima me fez sentir mais feliz comigo mesma.

LIVROS & CIA. CCDPE-ECM / LIHPE Tel.: (11) 5072-2211 www.ccdpe.org.br O espiritismo na atualidade de diversos autores 136 páginas 14x21cm

Editora Paideia Tel.: (11) 5549-3053 www.editorapaideia.com.br O evangelho segundo o espiritismo ÁUDIO LIVRO de Allan Kardec tradução e notas de J. Herculano Pires 114 minutos 13,5x19 cm

Editora Correio Fraterno Tel.: (11) 4109-2939 www.correiofraterno.com.br O que é fenômeno anímico de Herminio C. Miranda 176 páginas 14x21 cm

FEEGO Tel.: (62) 3281-0200 www.feego.org.br 100 anos depois… Kardec em Goiás (coleção “Memória espírita do estado de Goiás”) 226 páginas 14x21 cm

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bAÚ De MeMÓriAs Iracema e o personagem Fraterninho

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

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m meados do mês de outubro fomos surpreendidos com a notícia da desencarnação da querida amiga e escritora iracema sapucaia. A publicação de suas obras se vincula fortemente ao correio Fraterno, tendo sido ela uma das primeiras autoras da editora. iracema foi uma das precursoras da literatura infantil com temática espírita na década de 1970. seu nome e o de seu esposo, Jorge rizzini, que desencarnou em 2008, sempre foram presenças marcantes em nossas páginas. em conversas recentes, iracema nos surpreendia com suas reflexões, embevecida nas releituras que realizava das obras de Léon Denis. extremamente agradável e delicada, ao receber nosso convite para escrever novos episódios de aventuras para um dos personagens que criara há quase quatro décadas, iracema deu-nos uma verdadeira lição, ao recusar a tarefa, concluindo: “nós mudamos com o passar do tempo. A escritora também muda. Fraterninho poderia não me reconhecer”. Poucos dias após a sua desencarnação, familiares registraram a síntese do que iracema sapucaia representou, como autora e educadora, como mulher à frente de seu tempo, que soube trabalhar a palavra, a ternura, a ação e o exemplo. os textos abaixo são de autoria de seu genro, Luiz Fuchs, e de sua filha, Angélica rizzini. (redação)

A presença de Iracema Por Luiz FucHs “Toda criança é um mundo espiritual em construção ou reconstrução, solicitando material digno a fim de consolidar-se.”

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Fraterninho, o Besouro Casca-Dura e o indiozinho Iriê são três adoráveis personagens da literatura doutrinária Infantil, que pelo papel que desempenharam junto ao público mirim das famílias espíritas consagraram Iracema Sapucaia Rizzini como uma das mais importantes escritoras da história da literatura espírita. Aos 89 anos recentemente completados, Iracema retornou à pátria espiritual em 11 de outubro passado, véspera do Dia das Crianças, exatamente a quem dedicara sua alma de educadora devotada ao espiritismo. Deolindo Amorim, jornalista, idealizador e presidente da Associação Brasileira de Jornalistas Espíritas, assim se manifestava na edição do Correio de março de 1979, festejando o caráter pedagógico dos escritos de Iracema: “De cada história, como o besouro, a aranha, a formiguinha, o coelhinho, o jacaré, o tatu, o expositor ou orienwww.correiofraterno.com.br

tador tira uma lição, que se aplica à vida. A história em si agrada à criança, mas o principal, depois da exposição, é justamente o aproveitamento prático.” Iracema aborda em suas obras temas como telepatia, vidência, desdobramento, materialização, encarnação e muitos outros com especial maestria para o público infantil. Os personagens são os animais da floresta, o que torna um atrativo a mais para criançada. Seus textos surgem como fonte de orientação e incentivo aos pequeninos da ‘nova geração’, à qual caberia, segundo anúncio de Allan Kardec em A gênese2, fundar a era do progresso moral, a se realizar no movimento do mundo de regeneração. A moral contida nos princípios espíritas, suas tendências progressistas, a amplitude de suas vistas e a generalidade das questões que abrange tornam a doutrina dos espíritos diferenciadamente apta a secundar este movimento de transformação. Aí estão os ensinamentos de Fraterninho, as diferentes abordagens dos contos de O Besouro Casca-Dura, os ideais progressistas de Iriê oferecidos a inteligências e razão geralmente precoces dos meninos e meninas que se

encantam com as ideias do bem e da construção de um mundo melhor. Ao abraço destas crianças é que a autora oferecia seus personagens... Por seu intermédio, diálogo aberto, oferecia lições de puro espiritismo. Nada tão próximo ao que afirmava seu amigo Herculano Pires, em sua magistral Pedagogia espírita: “Ensinar às crianças o princípio da reencarnação, da lei de causas e efeitos, da presença do anjo guardião em suas vidas, da comunicabilidade dos Espíritos e assim por diante, é um dever inalienável dos pais. Pensar que isso pode assustar as crianças e criar temores desnecessários é ignorar que as crianças já trazem consigo o germe desses conhecimentos e também que estão mais próximos do mundo espiritual do que os adultos.” Legado de educadora emérita, a obra literária de Iracema Sapucaia Rizzini fez escola: permite brilhar as mais importantes lições evangélicas, implantadas em circunstâncias e contextos que apresentam, com naturalidade, os mais significativos fenômenos espíritas ao lado dos mais relevantes princípios doutrinários. Felizes os pequeninos que puderem sorver desta fonte: serão, certamente,

construtores de um mundo melhor. Iracema presenteou também o Brasil espírita com outro formidável trabalho. Através de primorosa tradução nos trouxe da França o singularíssimo O fantástico Lesage (1998), de Marie-Christine Victor, que retrata a comovente história de um mineiro, no interior da França, desencarnado em 1954, que se tornou um dos mais impressionantes médiuns pintores da História. Publicada em 1998, pela Correio Fraterno, a obra foi finamente ilustrada, verdadeira joia, representante da arte mediúnica! Iracema Sapucaia foi esposa de Jorge Rizzini, médium e escritor espírita. Mãe de Ricardo, Angélica e Eliana, espíritas e trabalhadores pela causa. Meu reencontro com Eliana me fez genro de “dona Iracema”. A ventura de testemunhar a nobreza de seu espírito, a generosidade de sua alma, é inspiração para o caminhar, é energia para objetivos de vida. Também em família, nos ensinava a importância da construção de um mundo melhor. 1- Sinal Verde, André Luiz, por Francisco C. Xavier, IDE. 2- Capítulo 18, 25 a 28, FEB.


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bAÚ De MeMÓriAs

Educação de vanguarda Por AnGÉLicA rizzini

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Humanidade deveria viver como grande família. A troca de conhecimentos seria ideal porque através do amor e da compreensão é que evoluímos. A transmissão de amor é que impulsiona a evolução, corrige os erros, mostra novos caminhos com objetivos cada vez mais evoluídos”. Este pensamento, encontrado entre os manuscritos de cabeceira da autora, tradutora e escritora Iracema Sapucaia, traduz o espírito que norteou toda sua vida. O ‘ensinar’ com amor, e sempre. Na década de 1970, de forma pioneira, a partir do trabalho assistencial realizado pelo Centro Espírita Irmão Augusto [São Paulo], Iracema escreveu um programa de ensino visando colocar ao alcance das assistidas “conhecimentos que ajudassem na superação da ausência de escolaridade, vivências sociais e culturais”. Priorizou o ensino de temas como relacionamento entre pais e filhos, educação da criança, o adolescente e seus problemas, prevenção contra o câncer de mama, drogas, higiene, dentre outros. Temas que até então estavam apartados da assistência fraternal aos menos favorecidos. Paralelamente à transmissão destas noções básicas, o programa procurou despertar as mães assistidas para problemas mais significativos e também aos de ordem espiritual: a responsabilidade de bem educar os filhos, a necessidade do amor ao próximo, os processos das reencarnações, conforme ela mesma escreveu no jornal Correio Fraterno, de outubro de 1980. O programa abriu novos horizontes para a assistência fraternal espírita e também para os assistidos, que tornaram-se mais preparados na busca da qualidade de vida, tanto sob o aspecto moral como prático, e foi inclusive divulgado pela USE/SP, que o publicou e distribuiu nos centros espíritas, sob a forma de apostila que editada em 1982 trazia aulas completas. Iracema também ministrou cursos de literatura infantil aplicados à evangelização, com objetivo de introduzir a criança, através de contos infantis, no mundo espírita. Os cursos foram promovidos pela Abrajee (Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas) e aconteceram em São Paulo, Brasília e outras cidades do norte e nordeste do país. Iracema dizia que: “Moralizar é educar para o bem, porém moralizar com objetivo espírita é demonstrar para a criança o porque devemos nos moralizar”.

Mulher culta e humilde frente a todas suas possibilidades, inclusive priorizando o que ela mesma dizia: a ‘missão’ de Jorge Rizzini, também um trabalhador na divulgação da doutrina dos espíritos. Além das obras infantis e da tradução do livro O fantástico Lesage,, Iracema também traduziu artigos publicados em revistas e jornais franceses, como: “A Ciência à beira do perispírito”, “O testemunho do ator Michael Landon” e outros. Alguns artigos de sua autoria são: “Aspectos da literatura infantil espírita” (1984), “Sarah Bernhardt e o espiritismo” (1988); “Anália Franco, a grande dama da educação brasileira” (1993); “Arte e evolução espiritual” (1995), “Perfil de George Sand, pioneira do teatro espírita” (2000), além de vários contos infantis publicados em periódicos espíritas. Iracema transmitia seus ensinamentos, através de escritos ou aulas, com a doçura e suavidade tão características de seu modo de ser o qual se identificava com “a verdadeira caridade, delicada e habilidosa”. A propósito do desencarne de Iracema, o sr. Raymundo Espelho, diretor do Correio Fraterno, com sensibilidade, escreveu os seguintes versos, que bem expressam a delicadeza e generosidade que sempre habiCasal Iracema Sapucaia e Jorge Rizzini taram seu espírito.

Tributo à autora Por rAYMunDo esPeLHo iracema sapucaia, poetisa, Pedagoga, escritora e contista. Preocupada com o jovem e a criança, A quem muito transmitiu esperança. escreveu O Besouro Casca-Dura. Que há 35 anos esclarece. também o Aventuras de Fraterninho Literatura que o espiritismo enobrece. boa, dedicada e atenciosa, com talento iracema escreveu Deu vida a seus livros e fábulas Personagens que criança alguma esqueceu. Fala sobre Deus, Jesus e Kardec sobre a avenida Atlântica e o morro. os lugares por onde passava inspiravam-na a ensinar o socorro. Há histórias instrutivas como o zequinha da favela Que aprendeu com Fraterninho A não brigar mais por querelas. Dona Dalva, izildinha, Paulinho e o amigo Forcílio. todos eles fazem parte De ações que enobrecem o auxílio. iracema sapucaia competente escreveu e lecionou para muita gente. será sempre lembrada com saudades Pelos leitores de todas as idades. Fez um trabalho valioso. no correio e nos livros escreveu. Deus abençoe essa irmã Que cativou uma imensa legião de fãs.

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CORREIO FRATERNO

ESPECIAL DE NATAL

BOM ÂNIMO

A mensagem esquecida Por Gisela Alexandre

“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16:33)

Q

uando fazemos uma leitura dos Evangelhos com ‘olhos de ver’ e com foco nos dias atuais, surpreende-nos a quantidade de informações e a preocupação de Jesus com o futuro, não somente aquele que se apresentava de imediato para seus discípulos e apóstolos, mas o futuro referindo-se aos milênios que se sucederiam para a alma humana, o que ele conhecia muito bem. Na escolha dos doze, que chamaria de apóstolos, Jesus contava com os espíritos mais capazes deste orbe para a difusão da sua mensagem de amor. Sendo a realização de um projeto extraordinário e grandioso – a transformação da Humanidade terrena – convocou diversos níveis hierárquicos para serem intérpretes e divulgadores de suas ações e de seus ensinamentos, o que tornou possível que a mensagem chegasse aos nossos dias. Dentre eles, Pedro e João (o evangelista) estão mais presentes nas narrativas dos Evangelhos. Os demais eram “homens comuns, corajosos e trabalhadores, mas que ficavam a uma distância incalculável de um místico profundo como João, de um teólogo intelectualizado como Paulo, e de um administrador entusiasta como Pedro”, nas palavras de Humberto de Campos, no livro Boa Nova, psicografado por Chico Xavier. Entretanto, atendendo àquela convocação, estes homens dariam a vida pelo Mestre e levariam sua palavra a lugares distantes e inóspitos. Composto o colégio de apóstolos, mesmo com reduzido número, o grupo vive de início algumas dificuldades em se harmonizar. Humberto de Campos, na obra citada, informa que Jesus por vezes os surpreendia em discussões inúteis do tipo “qual deles seria o maior no reino de Deus” ou qual revelawww.correiofraterno.com.br

va maior sabedoria no campo do Evangelho. “Homens comuns”, que no trabalho apostólico se harmonizariam. Foram muitas as passagens que revelaram as dificuldades que Jesus viveu em relação a eles: a da “fé que move montanhas” (Mateus 17:14 a 20); “deixai vir a mim as criancinhas” (Marcos 10:13-16); “a oração no jardim” (Mateus 26:36-46); “a negação de Pedro” (Mateus 26:69-70), só para citar algumas. Esses ‘homens comuns’ tinham suas famílias, viviam os problemas de sua época e, certamente, muitos dramas íntimos quando abraçaram a missão de acompanhar o Cristo. Jesus frequentemente chamava um ou outro para transmitir recomendações particulares, ora consolando, ora orientando, além de suas pregações reservadas aos apóstolos ou públicas. Foi num desses momentos, narrado por Humberto de Campos, que o Mestre se dirige a Bartolomeu. Embora a escassez de informações sobre este apóstolo, Humberto de Campos conta que ele “foi um dos mais dedicados discípulos do Cristo, desde os primeiros tempos de suas pregações, junto ao Tiberíades”, e que “todas as suas possibilidades eram empregadas em acompanhar o Mestre, na sua tarefa divina”. Nesse relato, Jesus lhe ouve sobre por que motivos muitas vezes meditava triste e dolorosamente. Impressiona o que Bartolomeu expõe ao Mestre, que nos traz à nossa realidade: “quando esclarecestes que o vosso reino não é deste mundo, experimentei uma nova coragem para atravessar as misérias do caminho da Terra, pois, aqui, o selo do mal parece obscurecer as coisas mais puras!... Por toda parte, é a vitória do crime, o jogo das ambições, a

colheita dos desenganos!...”. Relata ainda a perda da mãe, havia pouco tempo, e as dificuldades com os comerciantes com quem negociava. Então Jesus lhe acende o ânimo, como sempre o fez a outros, apesar de em muitos momentos ter recorrido a críticas disciplinadoras; reafirma que seu reino não é deste mundo, mas também que um dia esse reino será estendido aos corações da Terra, onde o Evangelho florescerá no espírito dos povos depois de florescer na alma das criaturas; que a morte do corpo abre as portas de um mundo novo para a alma e que o melhor negócio do mundo é a iluminação definitiva da alma para Deus. Conforme este relato, Bartolomeu, ao voltar para casa transformado, mais tolerante, ouviu ofensas de seus irmãos e se lembrou de que só ele tinha alegrias a lhes dar. Do pai, ouviu igualmente impropérios. Mas ele conhecia Jesus e seu pai não. No trabalho teve palavras boas com os companheiros e com os comerciantes, e essa mudança de atitudes lhe trouxe mais harmonia, mais paz. Aprendera a converter em alegria a incompreensão, as adversidades e a tristeza. Nos contratempos que se nos apresentam, que muitas vezes nem são tão grandes assim, lembremo-nos de Jesus, de sua tarefa gigantesca, das muitas dificuldades e incompreensão que colheu entre os homens na Terra e da sua mensagem de bom ânimo, porque “todo discípulo do Evangelho tem que ser um semeador de paz e alegria”. Gisela Alexandre Levatti é geóloga, responsável pelo GEDE – Grupos de Estudo da Doutrina Espírita do Centro Espírita União, em São Paulo, SP.


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SETEMBRO - OUTUBRO 2013

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Ter não basta Por Fernanda Tudela

“Todo discípulo do Evangelho tem que ser um semeador de paz e alegria!...”

“Não acumuleis tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu.” (Mateus 6: 19-21)

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ivemos numa sociedade em que o consumo é supervalorizado, onde a expressão realização pessoal aparece sempre ligada às conquistas profissionais e onde o sucesso é mensurado pelas posses e pelos feitos terrenos. Esquecemos que a riqueza não reside tão somente no dinheiro, mas também na segurança, na saúde, no tempo para se divertir e conviver, para se sentir o cheiro da grama molhada, apreciar a beleza das coisas mais simples! Fomos seduzidos pela ideia de que ser alguém na vida é ganhar. E, de tanto produzir e acumular para se ser ‘feliz’, vemos ameaçados os recursos naturais essenciais para se viver. É o preço do hiperconsumismo. Conduzidos pela marca do consumo exagerado e do imediatismo, acarretamos doenças pós-modernas, como a neofilia (compulsão insaciável pelo novo) e o infostress (colapso mental provocado pelo excesso de informação) e muitas vezes nos enganamos de forma sutil, quando a felicidade completa nos é vendida ilusoriamente no anúncio da revista, no comercial da televisão, no jornal do supermercado. O vivenciar a doutrina espírita em nosso cotidiano permite-nos maior conscientização sobre a vida que não se esgota, e continua com as marcas dos nossos acertos e desacertos, o que vai nos concedendo sempre novos horizontes, novos conhecimentos, uma nova visão rumo à evolução. Diante da riqueza material, muitas vezes nos esquecemos de que o objetivo da fortuna não é outro senão um poderoso meio de ação para o progresso. É também uma forma de prova moral para a ação altruística, assim como a pobreza pode nos servir de instrumento para desenvolvermos a paciência, a humildade, a resignação. Os bens materiais são pericíveis e somente podem ser usufruídos neste plano de existência, enquan-

to o conhecimento, o esforço moral e as ações em prol do bem são os feitos que carregamos pela eternidade. Não se trata de renunciar ao ter, mas de privilegiar o ser, na certeza de que os bens materiais são necessários, mas transitórios. Explicam inclusive os espíritos1 “terá um compromisso de má consciência aquele que acumula sem cessar e sem beneficiar a ninguém, tendo como desculpa apenas ajuntar bens aos herdeiros”. Cuidemos para que a ganância não seja sinônimo de garantia de sucesso futuro, para que a busca pelos bens materiais não nos absorva todo o tempo e esforço, numa cultura que se instala por necessidades nem sempre tão reais. Já vivemos a era da regeneração e somos considerados os cristãos chamados na última hora, o que deve nos impulsionar ao exercício do bom senso que desvincule a posse dos bens terrenos da palavra sucesso, buscando-se a visão do espírito, que aqui está para progredir, trabalhar sua consciência e aprimorar seus sentimentos. O sucesso deve, sim, ser comemorado a todo o momento nesta jornada evolutiva, mas a cada ação voluntariosa, a cada superação de desafio moral, a cada elevação de pensamento que nos ajude a transpassar os momentos difíceis, a cada passo que dermos para praticar o amor em sua essência mais pura e reveladora. A tarefa é árdua, mas compensadora. Praticar os ideais evolutivos e entender a plenitude da palavra ‘sucesso’ é um caminho corajoso e revelador a se seguir rumo à elevação espiritual. Fernanda Tudela é estudante de designer, colaboradora na área de divulgação da editora Vivaluz, Atibaia, SP. 1

O livro dos espíritos, Allan Kardec, p.900. www.correiofraterno.com.br


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coisAs De LAurinHA

Por tAtiAnA benites

Você ajuda uma entidade? L

aurinha chega em casa e fala aos pais que precisa fazer um trabalho para a aula da evangelização. Diz que necessita fazer uma pesquisa. como sairiam para uma festa em poucos minutos, seu pai lhe sugere: – Você poderia fazer esta pesquisa depois? Laurinha pensou, pensou e disse: – então eu vou fazer a pesquisa na festa. Pegou suas anotações e um lápis, colocou no bolso e saiu. chegando lá, foi perguntando às pessoas: – Você ajuda alguma entidade? – sim, respondeu o sr. Adalberto. – sim, disse dona estela. – sim, disse João. Laurinha somente anotou. no ca-

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minho de volta para casa seu pai perguntou: – Você fez sua pesquisa, filha? – Fiz. – e o que descobriu? – Descobri que tem um monte de gente que tem religião diferente, mas que ajuda entidades. – isso é verdade, filha – responde sua mãe. – independentemente da religião, as pessoas ajudam umas às outras. – Até a dona rosa, que diz que tem medo de espíritos? – como assim? – É que a Aninha contou no centro hoje que ouviu a mãe dela dizer que sua vizinha sofreu muito, teve muito problema, só porque uma entidade precisava de ajuda.

era um espírito. A professora lá do centro disse: “É, temos que ajudar essas entidades desencarnadas que precisam de luz”. – Filha, entendi sua confusão. na casa espírita usamos a expressão entidade para nos referir a espíritos. Assim como outras palavras, entidade tem mais de um significado: pode ser usada tanto para espírito como para uma associação de pessoas com um objetivo comum. Laurinha abaixa a cabeça e resmunga: – Ah, então eu fiz tudo errado! – Você só confundiu as coisas, não fique triste – tentou consolar o pai. – Por que as pessoas têm que falar difícil? e ainda usam a mesma palavra para coisas tão diferentes...

Nos livros Tem espíritos no banheiro? e Tem espíritos embaixo da cama?, de autoria de Tatiana Benites, você encontra outras aventuras de Laurinha (Ed. Correio Fraterno).


CORREIO FRATERNO

NOVEMBRO - DEZEMBRO 2013

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ANÁLISE

O controle da temperatura emocional Por Guaraci de Lima Silveira

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bom e salutar que verifiquemos constantemente como anda a nossa temperatura interna. Jesus nos disse que somos o sal da terra. Ora, o sal é o tempero, o sal em excesso perturba o paladar e escasso não lhe dá o sabor adequado. Muitos discípulos do Mestre ainda não entenderam essas sábias palavras. E daí que perguntamos: como anda nossa temperatura interna? Lembro-me aqui da companheira Cristina de Assis que iniciou seus estudos espíritas por volta do ano de 1998, no grupo em que eu participava. De início deu mostras de total adesão à proposta espírita. Pesquisava, comentava, propunha e nos encantava pela maneira como discorria sobre os estudos em pauta. Era bela promessa de uma trabalhadora eficiente e, mais que isto, excelente expositora espírita. Um dia houve, porém, que Cristina não compareceu aos estudos. Mais duas ou três faltas seguidas e ficamos preocupados com ela. Uma de nossas amigas, que a conhecia mais de perto, foi até sua residência e, para sua surpresa, Cristina estava se arrumando para uma grande viagem de férias. Dizia-se cansada por tantas tarefas. E que os estudos ficariam para depois, para quando retornasse. – Mas e as tarefas que assumiu no centro? – Avisa lá que eu vou ter que me ausentar. Tem muita gente. Qualquer um faz o que estou fazendo! Sim, o lazer é importante. Os passeios também. Ocorre que o tempo caminha veloz. Que o aprendizado espírita requer dedicação e determinação. Se não lhe dermos a devida atenção, corremos o risco de novamente falharmos e nossas encarnações se esvaírem sem que tenhamos delas aproveitado para crescer espiritualmente. Nós espíritas precisamos ter em conta que os tempos passados nem sempre nos garantiram eficiência para este atual. A grande maioria, como diz Emmanuel, vem de pos-

tos de mando, onde a prepotência e a cupidez estiveram presentes numa dominação assustadora. O momento é de refletir muito e amealhar recursos internos e externos para que os erros passados não nos assaltem de novo, desmotivando-nos e nos tirando das lidas que, com certeza, assumimos antes de reencarnar. Cristina pertence agora a outro grupo. Diz-se livre pensadora e que estuda todas as religiões por ver em todas elas o mesmo caminho. Mas, se o caminho é o mesmo, a caminhada pode ser diferente. Quando Allan Kardec codificou a doutrina espírita, teve o cuidado de não criar uma religião e sim conceitos e propostas lógicas que nos levassem a Deus, de forma insofismável. Assim, a doutrina espírita se constitui de um formato excelente, onde a alma pode encontrar suas origens e razões do por que foi criada e vive. Daí procurar o seu Criador, aninhando-se em seu regaço paterno, justo, sábio e amoroso. É bom, ao nos aproximarmos da doutrina espírita, buscarmos tal nível de sabedoria, que nos proteja de um aumento em demasia de nossas temperaturas emocio-

nais. Quase sempre esfriarão num pequeno lapso de tempo. O bom mesmo é buscar os ensinamentos nela contidos de forma eficiente, paulatina e crescente. Quando iniciei meus estudos doutrinários, um grande amigo chamado dr. Ramiro Campos me disse: – Moço, o conhecimento e avanços na doutrina espírita devem ser em doses homeopáticas! É que eu queria saber tudo de uma só vez. Era um pássaro engaiolado que, de repente, se viu livre dos dogmas e queria chegar ao infinito num só voo. Naquele momento não o entendi. Minha mente queria algo mais, superior, conclusivo. Sim, tudo isto encontrei no espiritismo. Mas, como realizar tudo de uma só vez com a temperatura em alta potência? Bom para mim foi que respeitei seus conhecimentos e tratei logo de me adequar ao formato por ele proposto e aqui estou, décadas depois, aprendendo continuamente. Há ainda os que dizem: – Eu sei tudo! E quando se lhes apresenta uma nova ordem de ensinamentos costumam profe-

rir enfáticos e quase vociferando: – Já li isso. Tenho 50 anos de espiritismo! O problema é que não demonstram a sabedoria que dizem serem possuidores. Quase sempre não desejam estudar. Quase sempre são indolentes. Quase sempre são pesos mortos nas instituições a que pertencem, mas exigem respeito às suas presenças. E todos o fazem. Principalmente quando são dirigentes. Assim, fica para todos nós a grande mensagem de Jesus:1 “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens”. Se o sal é branco, devemos ser limpos de ideais. Claros em nossas posturas, firmes em nossas decisões de servirmos à causa cristã. Daqui a pouco e conforme os esclarecimentos de Manoel Philomeno de Miranda, espíritos muito mais adiantados que a maioria de nós estarão reencarnados e, com certeza, encontrarão na doutrina espírita o refúgio para suas ideias avançadas. Deles seremos alunos. Então façamos agora enquanto há possibilidades para os nossos préstimos. Capacitemo-nos para seguir-lhes os passos. O discípulo reconhece o seu mestre. Quando Pedro e André estavam à beira do Genesaré, Jesus se aproximou e lhes disse: “Sigam-me e eu os farei pescadores de homens”.2 Ótimo para refletirmos. Bom para realizarmos. Os mentores amigos necessitam de nós. Nós, igualmente, necessitamos deles. Sejamos parceiros e na temperatura adequada para que a mensagem possa fluir de nós na medida certa e no tempo acertado. 1- Mateus 5, Vv. 13. 2- Mateus 4, Vv. 19. Guaraci Silveira reside em Juiz de Fora, MG. É palestrante, autor de romances, como O refúgio de Laila (Correio Fraterno) e também de várias peças teatrais. www.correiofraterno.com.br


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Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br 4º Colóquio Caminhos para o Espiritismo Novas conversas com as vozes na obra de Kardec Dia 8 de dezembro, das 8 às 12 horas. Com Nilza Péla: “A pequena Cáritas - Revista Espírita 1864”, Leopoldo Daré: “1869 - primeiros meses pós-Kardec” e João Carlos Barreiro: “Agostinho na codificação e em sua encarnação no século IV-V”. Local: Oásis Tower Hotel, av. Maurílio Biagi, 2955, Ribeirão Preto. Inscrições antecipadas e gratuitas: www.caminhosparaoespiritismo.org.br. Realização: Associação Caminhos para o Espiritismo.

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Encontro dos Trabalhadores em Vitória da Conquista Será realizado dia 8 de dezembro, das 8:00 às 12:30h, o 15º Encontro Municipal dos Trabalhadores Espíritas de Vitória da Conquista, BA. Local: Centro de Convenções Divaldo Franco. Junto com o evento, acontece também a Feira anual do livro espírita: De 1 a 8 de dezembro, no estacionamento da praça Barão do Rio Branco e de 9 a 24 de dezembro, no Centro de Convenções Divaldo Franco, das 8 às 22 horas. Promoção: União Espírita de Vitória da Conquista.

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Congresso Espírita Paraense A União Espírita Paraense promoverá de 17 a 19 de janeiro de 2014, no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, o 2º Congresso Espírita, com o tema “Jesus: Guia e modelo da humanidade”, em homenagem aos 150 anos de O evangelho segundo o espiritismo. O evento contará com a presença dos conferencistas Alberto Almeida, Divaldo Franco, Marlene Nobre, Sandra Borba e Severino Celestino. Informações: Fones: (91)3223-4082, 8309-0107 http://www.paraespirita.com.br/.

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Seminário com Haroldo Dutra Dias MAR Tema: “Organização do livro e critério dos textos do evangelho pelo codificador.” Dia 15 de março de 2014. Local: Expotrade, rodovia João Leopoldo Jacomel, 10.454, Pinhais, PR. Promoção: Federação Espírita do Paraná.

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5º Congresso Brasileiro de Pedagogia Espírita A ser realizado juntamente com o 2º Congresso Internacional de Educação e Espiritualidade. De 17 a 20 de abril de 2014. Tema: Educação, espiritualidade e transformação social. Local: Centro de Convenções Rebouças, São Paulo, SP. Realização Associação Brasileira de Pedagogia Espírita. Informação: tutoria.abpe@gmail.com.

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CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO AMBIENTE CASEIRO A casa não é apenas um refúgio de madeira ou alvenaria, é o lar onde a união e o companheirismo se desenvolvem. A paisagem social da Terra se transformaria imediatamente para melhor se todos nós, quando na condição de espíritos encarnados, nos tratássemos, dentro de casa, pelos menos com a cortesia que dispensamos aos nossos amigos. Respeite a higiene, mas não transfigure a limpeza em assunto de obsessão. Enfeite o seu lar com os recursos da gentileza e do bom humor. Colabore no trabalho caseiro, tanto quanto possível. Sem organização de horário e previsão de tarefas, é impossível conservar a ordem e a tranquilidade dentro de casa. Recorde que você precisa tanto de seus parentes quanto seus parentes precisam de você. Os pequeninos sacrifícios em família formam a base da felicidade no lar. Fonte: sinal verde, Francisco C. Xavier, pelo espírito André Luiz, CEC.

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Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

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Vovôs na mediunidade psico + grafia = psicografia (mente + escrita)

Então é por isso que temos tantos vovôs e vovós que são médiuns...

Por quê? Não entendi...

ENIGMA

Quem foi o primeiro editor dos livros de Allan Kardec? qualquer hora, em qualquer lugar

Solução do Caça-palavras

Veja em: www.correiofraterno.com.br

Resposta do Enigma: Pierre-Paul Didier, livreiro e editor que se tornou espírita e foi membro fundador da sociedade espírita de Paris. Desencarnou em 2/12/1865. Leia mais no site: www.correiofraterno.com.br

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Oras, porque mediunidade é médium + idade!!!


CORREIO FRATERNO

NOVEMBRO - DEZEMBRO 2013

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QUEM PERGUNTA QUER SABER

Onde estão gravadas nossas lembranças? Por ademir xavier

Li em A gênese que o espírito forma o seu perispírito dos fluidos ambientais e que seus elementos variam conforme os mundos. Como o perispírito pode guardar os registros de suas experiências se ele se modifica? Onde ficam nossas lembranças? Stênio Rocha, Ponta Grossa, PR.

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ser humano é um ser de natureza dual, essencialmente formado por um princípio material e um princípio espiritual, unidos por uma substância ainda de natureza material: o perispírito. Essa substância forma um segundo corpo, que reveste o espírito, dando-lhe uma forma e permitindo inclusive que, ao desencarnar, ele possa continuar a interagir sem grandes mudanças com relação ao ambien-

te a que estava habituado a agir quando encarnado. É importante que se lembre que aquilo que o ser é não está ‘gravado’ no perispírito. Todas as vontades, lembranças, desejos, aspirações, medos, paixões, impressões, ressentimentos, amores e memórias encontram-se intimamente registrados no espírito ou elemento espiritual. A figura a seguir mostra o esquema

ESPÍRITO DESENCARNADO

de um Espírito desencarnado, formado por perispírito e espírito, unidos por uma região comum onde ocorrem mútuas influências. O espírito contém em si mesmo as memórias, as paixões e a personalidade integral do ser. O perispírito possui forma, geometria e cor, estando sujeito à influência externa do ambiente que lhe é próprio e que se modifica conforme suas impressões. Conforme o espírito evolui, ele opera modificações nesse ambiente de acordo com o que sente e pensa, provocando consequentemente alterações no perispírito, sem perder aquilo que aprendeu e conquistou ao longo do tempo.

A mudança do perispírito não fará com que o espírito mude. Ao contrário, é o espírito o agente de mudança no perispírito. Se assim não fosse, bastaria modificar o ambiente ao seu redor para que ele melhorasse ou piorasse, o que estaria em desacordo com o princípio do livre-arbítrio, sobrepondo-se às escolhas do Espírito. O perispírito, portanto, ‘reflete’ seu ambiente externo e é ‘modulado’ pela mente (espírito) que o corporifica. Veja mais em http://eradoespirito.blogspot.com.br Fonte: A gênese, Allan Kardec, caps. 13 e 14, FEB.

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FOI ASSIM

Meu pedido atendido Por PÉRCIO BRESLER

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dor no joelho esquerdo perdurava por mais de duas semanas. Lesão antiga, com a qual nunca tive o cuidado de procurar orientação médica, negligência que me custou dores insuportáveis pela manhã, levando-me a claudicar e pensar em procurar atendimento médico de emergência. Já estava na hora! Minha mãe, desde que percebeu minha dificuldade, insistentemente tentava me convencer a ir ao hospital, embora minha teimosia em aceitar os seus conselhos só piorava o quadro. Depois de muita conversa e ‘puxões de orelha’, aceitei o que já deveria ter feito. Antes, porém, pedi para que nós fizéssemos uma prece. Estávamos eu e meus pais. Solicitamos sinceramente que nosso Pai amantíssimo nos envolvesse com suas vibrações amorosas e que nosso mestre maior, Jesus, enviasse o concurso dos médicos e enfermeiros da espiritualidade

para nos orientar e socorrer. Eu estava sentado em uma cadeira ao centro, minha mãe em minha frente e meu pai ao lado direito. Ambos solicitavam o auxílio do alto, particularmente do dr. Júlio Sampaio, espírito que se apresentou a mim anteriormente como ortopedista em sua passagem terrena. Suas emanações fluídicas passaram a me envolver e já, naquele instante, uma sensação de paz e serenidade aumentava minha fé e

confiança em Deus, em Jesus e nos médicos e enfermeiros espirituais. Inspirando-me, disse tratar-se de uma inflamação no ligamento cruzado. Fez uma aplicação magnética e pediu-me repouso. Enfaixei o joelho e segui as orientações. Eu disse para meus pais que iria aguardar e, caso não melhorasse, iria para o atendimento dos médicos terrenos. Alguns momentos depois de nossas pre-

ces e auxílio dos mensageiros espirituais, eu já estava quase sem dor e conseguia colocar o pé no chão e no final da tarde quase que totalmente recuperado. Não quero com isso dizer que o tratamento espiritual deve preceder ou descartar a medicina convencional. Ambos se completam! Em todos os casos, a fé deve ser aliada para se alcançar a recuperação. A confiança no tratamento médico já é em si um campo propício para reestabelecer a saúde. Só tenho que agradecer ao Pai de amor e seus mensageiros e o trabalho amoroso do dr. Júlio Sampaio. Este fato aconteceu com Pércio Bresler, de Araraquara, SP. Conte também a sua história para ser publicada aqui nesta seção. (redacao@correiofraterno.com.br)

VOCÊ SABIA?

A lição de Bezerra a Quintino Bocaiúva B

Quintino Bocaiúva: jornalista e político, conhecido por sua atuação no processo da Proclamação da República

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ezerra de Menezes, já devotado à doutrina espírita, almoçava na casa do grande republicano Quintino Bocaiúva, e o assunto era o espiritismo, pelo qual o jornalista passara a se interessar. Em meio à conversa, aproxima-se um serviçal e comunica ao dono da casa: – Doutor, o rapaz do acidente está aí com um policial. Quintino, que fora surpreendido no gabinete de trabalho com um tiro de raspão, que por pouco não lhe atingiu a cabeça, estava indignado com o servidor que inadvertidamente fizera o disparo. – Mande-o entrar – ordenou o político. – Doutor – roga o moço preso em lágrimas – perdoe o meu erro! Sou pai de dois filhos... Não tinha qualquer intenção. Se o senhor me processar, que será de mim... Sua desculpa me livra-

rá... Prometo não mais brincar com armas de fogo! Mudarei de bairro, não incomodarei o senhor... O notável político, cioso da própria tranquilidade, respondeu: – De modo algum. Mesmo que o seu ato tenha sido de mera imprudência, não ficará sem punição. Percebendo que Bezerra se sentia mal, vendo-o assim encolerizado, considerou: – Bezerra, eu não perdoo, definitivamente não perdoo... Chamado nominalmente à questão, o amigo exclamou, desapontado: – Ah! Você não perdoa! Sentindo-se intimamente desaprovado, Quintino falou irritado: – Não perdoo o erro. E você acha que estou fora do meu direito? – O dr. Bezerra cruzou os braços com humildade e respondeu:

– Meu amigo, você tem plenamente o direito de não perdoar, contanto que você não erre... A observação penetrou Quintino como um raio. O grande político tomou um lenço, enxugou o suor que lhe caía em bagas, tornou à cor natural e, após refletir alguns momentos, disse ao policial: – Solte o homem. O caso está liquidado. E para o moço que mostrava profundo agradecimento: – Volte ao serviço hoje mesmo, e ajude na copa. Em seguida, lançou inteligente olhar para Bezerra, e continuou a conversação no ponto em que havia ficado.

Fonte: Perfis parlamentares – Bezerra de Menezes – Câmara dos deputados,1986.


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DIRETO AO PONTO

O que vai além do pão Por UMBERTO FABBRI

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nterpretada em diversos momentos como mero assistencialismo, a prática da caridade, na maioria das vezes, consiste no atendimento das necessidades materiais. Geralmente, ocorre mais pela insistência do pedinte ou pela necessidade de nossa consciência de estar quite com Deus e com a sociedade, do que pelo sentimento da verdadeira comoção e preocupação com as dores do próximo. A caridade demanda participação efetiva. Arregaçar as mangas, partir para a luta, trabalhar, porque exercê-la não será limitá-la a locais, causas ou horários específicos. Caridade é postura perante a vida, é estar disposto a acolher, a consolar, a orientar, a dar de si mesmo. É fácil verificar a grande comoção da sociedade diante das catástrofes. Milhares de pessoas se unem dividindo roupas, cobertores, alimentos, medicamentos para atender a uma necessidade imediata dos que se encontram em situação precária. Existem necessidades, entretanto, que não estão à mostra, que não são divulgadas aos quatro cantos do mundo: são as necessidades da alma. E, para estas, talvez não estejamos tão dispostos a nos doar. A assistência material é necessária, mas a caridade moral, aquela que atende às questões íntimas do ser, é essencial. Por que doar uma peça de roupa é mais fácil do que oferecer nossa compreensão a quem necessita?

A caridade pode ser praticada mesmo entre colegas e amigos, sendo indulgentes uns para com os outros, perdoandose mutuamente suas fraquezas, cuidando de não ferir o amorpróprio de ninguém”*

A caridade moral não é fácil. Exige desprendimento íntimo, requer certo combate ao nosso individualismo. Mesmo assim, já podemos vislumbrar grande progresso em nossa caminhada evolutiva. Mais consciente e atuante, a sociedade aos poucos percebe a necessidade do bem comum, da justiça para todos e estes sentimentos de solidariedade levam muitos

a se candidatarem a trabalhos voluntários. Creches, orfanatos, asilos, hospitais, casas religiosas recebem o auxílio de quem já se dispõe a se doar para quem mais precisa. A verdadeira caridade exige a condição de sairmos de nós mesmos e sentirmos a dor do outro e, dentro deste sentimento, oferecermos o que nos for possível para auxiliá-lo em suas necessidades, sejam elas quais

forem, emocionais ou materiais. Tem como proposta central educar o ser humano para que ele se torne digno de si mesmo. Não será apenas o ato de doar o pão, mas, sim, ensinar a ganhá-lo, através do trabalho digno, do esforço continuado, da autovalorização. É milenar o ditado chinês que diz que não se deve dar um peixe a um homem, mas sim de ensinar a pescar. Não significando que o atendimento a sua penúria deva ser menosprezado, porém, acima de tudo, dando-lhe condições básicas para que possa sobreviver por meio de seu trabalho. Talvez a educação seja a forma mais avançada da caridade. Quando tornamos possível a educação, libertamos as mentes e corações da ignorância que favorece o mal, o lado negativo do ser. Não a educação apenas do intelecto, mas a educação moral, que preza a ética, o respeito, os deveres e os direitos de cada um. Em tempos em que o Natal se aproxima, é sempre bom lembrar que a caridade não deve ser realizada apenas junto a estranhos, em ações periódicas, mas estar também em nosso dia a dia, com os mais próximos, começando, geralmente, com um olhar mais compreensivo e generoso aos nossos amigos e familiares. Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando hoje na Flórida, EUA. * O evengelho segundo o espiritismo, cap. 13, item 14

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LeiturA

Na bagagem de férias Por sÔniA KAsse

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e m espíritos embaixo da cama? é parte do projeto editorial da escritora Tatiana Benites (Correio Jovem) que traz de maneira bem-humorada, espontânea e divertida os ensinamentos da doutrina espírita. Por meio da personagem Laurinha (criança muito interessada, inteligente e questionadora) os temas em discussão vão sendo lançados e os conceitos aprendidos. A leveza e a graça da leitura estão nas confusões que a personagem faz ao escutar um novo conceito nas aulas de educação espírita no centro frequentado por seus pais. Ela é a personificação de muitas de nossas crianças que conseguem aprender justamente indagando, dando ideias, propondo soluções e demonstrando ao adulto que, se libertas forem para desenvolverem suas capacidades, conseguem interagir com novos conceitos de maneira satisfatória. Educar divertindo é o tema dessa obra recomendada a todos. Um livro que não pode faltar na bagagem das férias!

Um sonho de aventuras

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er criança é brincar, correr, pular, rir, chorar, fazer e desfazer sem medo e nem preconceito. É inquietar-se, percorrer os horizontes imaginando encontrar desafios os quais vencerá num piscar de olhos, como heróis de aventuras. É enxergar o mundo através da lente da inocência, achar que tudo pode e nada é impossível, surpreender-se a cada nova descoberta. É ter a pureza no olhar, bondade na alma, irradiar e transmitir felicidade. É viver intensamente o presente alheia às preocupações do futuro, pois sabe que nesse instante é apenas uma criança. Rogério Pietro autor de Gabriel Querubim e os guardiões dos sonhos (Correio Jovem), retrata em sua obra a beleza de ser uma delas. O autor consegue por meio de um enredo cativante e divertido garantir bons momentos de descontração e assim prender totalmente a atenção do leitor. Asas à imaginação é o eixo da narrativa, na qual Gabriel reúne-se a um grupo de querubins com a missão de manter a paz da humanidade e para isso usam e abusam dos poderes que lhes são conferidos. Amaruro, Gabriel, Samadhi e Kosuke formam a equipe

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dos querubinos comprometidos na luta contra os trevosos: verdadeiros exércitos de infelizes que vivem num mundo de sombras e muito sofrimento. O palco dos acontecimentos é o sonho e, nessa hora, Gabriel Querubim, orientado por Amaruro, descobre toda a sua potencialidade e a sua capacidade de lutar em prol dos necessitados. Com a intenção de transformar a vida das pessoas num caos total, as forças do mal recorrem a muitas artimanhas, aproveitam-se da fragilidade em que se encontram alguns indivíduos envolvidos com o consumo de drogas, bebidas, apego a bens materiais, egoísmo, orgulho e os transformam em prisioneiros de seus próprios vícios e medos. Nossos jovens heróis partem em socorro dos seres aprisionados e sofredores e, além de ajudá-los, tentam plantar em seus corações a semente de uma vida melhor. A luta é árdua e incessante, porém, motivados pelo amor ao próximo, eles nunca desistem. A cada vitória são recompensados, fortalecidos e energizados, ou seja, estão prontos para novas peripécias. Obra dedicada ao público jovem e, com certeza, o adulto que conseguir lê-la com os olhos e o coração de uma criança também desfrutará dessa emocionante aventura.


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