Correio Fraterno 501

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CORREIO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

Ciência e Espiritualidade ISSN 2176-2104

FRATERNO

ENTREVISTA

Ano 54 • Nº 501 • Setembro - Outubro 2021

O professor de psiquiatria Alexander Moreira-Almeida fala sobre as pesquisas científicas no campo da espiritualidade e saúde e sobre o interesse de grandes pesquisadores internacionais sobre o tema. Leia nas páginas 4 e 5.

O futuro das atividades presenciais no movimento espírita

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os poucos, a mobilização para o retorno presencial das atividades das casas espíritas vai ocupando espaço no discurso entre todos. Voltar ou não voltar? Com que intensidade? Quais as melhores medidas para se ter assegurada a saúde? Foi buscando respostas para indagações como essas que procuramos algumas representações do movimento espírita para saber sobre suas iniciativas e também expectativas para o momento. Uma percepção é fato: Com a internet, também a divulgação espírita nunca mais será a mesma. Leia nas páginas 8 e 9.

Documentário e série sobre Chico Xavier estreiam em 2022 As filmagens que estão sendo realizadas, desde o mês de junho, por São Paulo, Rio de Janeiro, Minas e Brasília, já começam a dar forma para o que será o longa-metragem e a série idealizados pelo cineasta Wagner Assis, para falar sobre um dos mais importantes nomes da história do espiritismo. Leia na página 3.

Trojan em grupos espíritas Citando a invasão perniciosa de vírus que infecta os computadores disfarçado de inofensivo, o articulista Marco Milani chama a atenção para o perigo de a casa espírita abrigar o ‘vírus’ da discórdia por motivos políticos e ideológicos. Leia na página 13.

Somente a renúncia é capaz de transformar uma louca paixão numa linda história de amor.

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EDITORIAL

Atenção, reflexão e Q

uando fechávamos esta edição, três redes sociais (WhatsApp, Facebook e Instagram) apresentavam uma pane global. Com essa instabilidade, mais uma reflexão tomou conta de todos nós. Muita gente chegou a comentar em reportagens a “situação desesperadora” por que passava, com dificuldades e quedas no número das vendas de até 80% de seus produtos oferecidos digitalmente. Poucos hoje vivem sem um computador, tablet ou celular. Estamos conectados o tempo todo, neste “novo” normal. Estamos todos dependentes da internet para uma comunicação mais rápida, seja para pesquisa, estudo, bate-papo, traba-

trabalho

lho, alimentação, locomoção, ajuda. E com os centros espíritas? Quando e como voltarão a abrir suas atividades presenciais? O que mudou com esse acesso ainda mais frequente agora via internet? É o que separamos para o Especial desta edição, que traz outros temas tão importantes e atuais quanto este, sobre as expectativas das casas espíritas. Saúde e espiritualidade são assuntos tratados na entrevista com o psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, diretor do NUPES – Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde, da Universidade de Juiz de Fora, MG. No Acontece, abordamos as filmagens que Wagner de Assis tem realizado para um longa e uma série

uma “neófita implume”, como diria papai! Ana-Maria Miranda, Rio de Janeiro, RJ.

“Uma sessão com Herculano Pires” Nutro profunda simpatia por Herculano Pires e por Jorge Rizzini, um médium de alta fidelidade, notadamente no campo da poesia, cuja dificuldade de recepção é das maiores. Eis uma simples, curta e bela história. [Edição 500] Abel Sidney

Entrevista histórica Gratidão ao Herminio Miranda, que se dedicou a pesquisar e, conhecendo mais, incentivou os adeptos da doutrina a também evoluir. Alcançar depende da dedicação de cada aprendiz. [Vida e obra de Herminio Miranda, edição 500] Vanderlei Abreu da Silva

“Zilda Gama: a médium dos primeiros clássicos brasileiros” Dentre tantas obras ímpares, fica a homenagem à primorosa obra Do calvário ao infinito, de Victor Hugo, por Zilda Gama. Leitura indispensável. [Edição 498, mar./ abr. 2021] Osmar Daniel Trigilio

FALE COM O CORREIO Edição 500 do Correio Sinto-me privilegiada por acompanhar a evolução deste jornal nestas 500 edições. Obrigada por nos proporcionar conhecimentos e “companhia” neste período pandêmico. Maria Izabel Alves Soares, Recife, PE. Parabenizo o Correio Fraterno pela 500ª edição, pelos esforços de toda a equipe, e a qualidade dos assuntos que abordam, todos tão instrutivos para uma pessoa como eu,

sobre Chico Xavier. Marco Milani alerta para o perigo de a casa espírita abrigar o ‘vírus’ da discórdia por motivos políticos e ideológicos. E tem muito mais! A edição chega até você levando nosso carinho e a certeza de que o momento exige atenção, reflexão e muito trabalho. Como bem assinalou o filósofo José Herculano Pires: “se os espíritas soubessem o que é o centro espírita, quais são realmente a sua função e sua significação, o espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural da Terra.” Com ou sem internet, virtual ou presencial, a caminhada continua. Até a próxima, Equipe Correio Fraterno

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Uma ética para a imprensa Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


ACONTECE

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Vêm aí documentário e série sobre

Chico Xavier Por ELIANA HADDAD

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no que vem, 30 de junho, quando serão lembrados os 20 anos da morte de Chico Xavier, estreia em todo o país o longa Chico para sempre, documentário do cineasta Wagner de Assis. O filme estava nos projetos de Wagner há algum tempo, quando em conversa com o biógrafo Marcel Souto Maior comentou que o médium merecia um documentário. Vieram outros filmes, como A menina índigo e Kardec, até que recentemente a Cinética Filmes, de Wagner de Assis, conseguiu liberação de recursos através da Lei de Audiovisual para a concretização do projeto, que inclui, além do documentário de duas horas de duração, uma série documental de sete episódios de uma hora cada, por streaming. “Tudo que sabemos de Chico ainda é pouco. Há muito a se revelar. Há muito mais Chico do que as pessoas imaginam”, revela o diretor e roteirista. Isso porque sempre houve muita gente ao redor do médium e, hoje, com muitas histórias para contar. ‘Também se passaram 20 anos desde sua desencarnação e surgiram novos livros, histórias, parentes e amigos que nunca haviam falado sobre ele”, explica Wagner, que cita, por exemplo, artigos de jornais e um diário da viagem de Chico e Waldo aos Estados Unidos, em 1966. O longa, baseado no livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior, exigiu quatro meses de filmagens em Uberaba, Belo Horizonte, Pedro Leopoldo, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, reunindo depoimentos importantes, além de mais de 100 entrevistas, que serão reunidas no seriado. “Em duas horas apenas é impossível reunir tanta gente para falar de Chico”, informa Wagner de Assis. E não apenas no Brasil; mas também estão sendo recolhidos depoimentos de pessoas no Exterior, principalmente em Londres, Nova York e Miami. Serão, segundo o cineasta, histórias sobre mediunidade, bastidores e celebridades que foram tocadas de alguma forma pelo trabalho de Chico Xavier. Estão sendo cogitados depoimentos dos cantores Fábio Jr., Roberto Carlos e da apresentadora Xuxa, que estão sendo consultados sobre a possibilidade de contarem sobre suas experiências com o médium. Perguntado sobre a possibilidade de se denegrir a imagem de Chico com alguma “novidade” ou “histórias reveladas”, Wagner responde rápido: “Ao contrário, tudo isso só vai engrandecer, e muito mais pessoas poderão constatar quão grande ele é, ouvir testemunhas e não ilações”, esclarece. Wagner destaca que a intenção não é a de levantar polêmicas, mas retomar Chico, sem fechar alguns temas palpitantes, como o de suas pretéritas reencarnações, por exemplo. “Há várias versões que serão apresentadas. Cada um que tire sua conclusão”, observa.

Wagner Assis ao lado da escultura de Chico: gravações para documentário e série.

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ENTREVISTA

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O debate sobre ciência e espiritualidade no mundo Por ELIANA HADDAD O que muda na ciência com as descobertas sobre a relação saúde e espiritualidade? Alexander Moreira-Almeida: Muda muita coisa. O primeiro ponto é sobre duas ideias que existiam com certa frequência no ambiente científico: que a espiritualidade e a religiosidade não seriam importantes no mundo moderno, e que teriam um impacto negativo sobre a saúde. Entretanto, os achados atuais dizem exatamente o inverso: a imensa maioria da humanidade possui uma religião, 84%, e mesmo dos 16% restantes, a grande maioria possui alguma forma de espiritualidade. Hoje, há milhares de estudos evidenciando que maiores níveis de envolvimento religioso e espiritual estão geralmente associados a melhor saúde. Então, o que muda? A ciência reconhece que esse é um tema relevante na atualidade, e, do ponto de vista da prática clínica, nós, profissionais de saúde, médicos, psicólogos, enfermeiros, precisamos levar em consideração a espiritualidade do paciente, já que ela impacta no modo como o paciente lida com a doença e até mesmo na evolução do seu quadro clínico. Há muitas pesquisas sobre a existência da consciência fora do corpo. Em que etapa estamos para a mudança do paradigma materialista? Desde meados do século 19, há pesquisas, do ponto de vista científico, sobre a possibilidade da consciência, da mente, existir fora do corpo. Ou seja, ela não seria apenas um fruto da atividade do cérebro, onde, morrendo o cérebro, morreria a consciência. Na realidade, há uma ampla gama de pesquisas sendo desenvolvidas. Por exemplo, pesquisas de experiência de quase-morte. Em situações de parada cardíaca, em que o cérebro não está mais funcionando por não ter mais oxigenação e circulação sanguínea, e que, apesar disso, o paciente está lúcido, conseguindo descrever depois situações que aconteceram durante o momento da parada cardíaca. Também há experiências mediúnicas em que as pessoas produzem informações compatíveis com uma pessoa falecida,

Os estudantes de medicina de um modo geral recebem de forma muito positiva esses estudos, embora a maior parte dos estudantes da área da saúde não receba nenhum tipo de treinamento nesse campo, o que seria muito importante. Hoje, há diretrizes, por exemplo, da Associação Mundial de Psiquiatria, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, recomendando o estudo e até a inclusão de treinamento dos profissionais de saúde sobre aspectos da espiritualidade. Isso porque faz parte de uma compreensão mais ampla do indivíduo, e, é claro, quando eu levo em consideração a espiritualidade, não estou negando os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. O que nós defendemos é uma abordagem biopsicossocioespiritual, ou seja, que contemple todas as dimensões do ser humano.

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m simpósio reunindo os maiores líderes em pesquisa sobre espiritualidade e saúde mobilizou, agora em setembro, quase 700 pessoas de diversos pontos do mundo, interessadas na discussão dos estudos científicos sobre o tema, especialmente as implicações para a saúde, para a compreensão da consciência e da natureza humana. O evento foi realizado virtualmente pelo Nupes – Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora – e coordenado por seu diretor, o professor de psiquiatria Alexander Moreira-Almeida. Convidado a falar sobre esse momento significativo, envolvendo ciência e espiritualidade, Alexander nos concedeu esta esclarecedora entrevista.

informações e habilidades, como poesia, por exemplo, a que o médium não teria acesso. Crianças pequenas que alegam possuir lembranças de vidas passadas e, muitas vezes, lembranças bastante precisas, para as quais também não se identifica um modo pelo qual elas poderiam ter tido acesso a essas informações. São algumas das pesquisas mais estudadas atualmente e que nós também estamos investigando aqui no Nupes.

O que o meio acadêmico pode fazer é analisar vários modos como as pessoas lidaram e como tentaram explicar os fenômenos espirituais. Assim, academicamente, pode-se estudar Kardec e o próprio espiritismo, como uma tentativa – como Kardec se propunha – de explorar, baseado em evidências, a espiritualidade. Qualquer outra pessoa que tenha proposto modos de se abordar o tema pode e deve ser investigada.

É possível citar Kardec como teoria para explicar ao meio acadêmico os fenômenos anímicos ou mediúnicos?

Qual o impacto do estudo sobre espiritualidade nos estudantes de medicina?

O Nupes realiza várias pesquisas sobre espiritualidade. O espírito, afinal, é da alçada de qual ciência? Depende de qual é a ideia em termos de espírito ser da alçada da ciência. Se eu entender como espírito a noção da mente, aquilo que nós sentimos, ou somos interiormente, ele pode ser investigado cientificamente, especialmente quando tiver implicações empiricamente verificáveis, ou seja, há consequências que podem ser investigadas. Por exemplo, uma experiência fora do corpo, dentro de uma experiência de quase-morte. Não vai ser possível medir e ver se realmente tem uma consciência ou um espírito fora do corpo. Mas pode haver consequências empiricamente verificáveis. Ou seja, a pessoa volta da parada cardíaca, descreve o que aconteceu e você pode estudar o impacto dessa vivência sobre o indivíduo e até o grau de precisão das informações que o indivíduo traz. Do mesmo modo, uma criança que refere a vidas passadas. Você não tem como acompanhar um espírito de uma vida pra outra, mas você pode ver o que essa criança relata, como ela poderia ter acesso às informações, se elas são verídicas ou não. Neste aspecto, sim, o espírito seria indiretamente passível de avaliação pela ciência. Mas, lembrando,


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a ciência é um dos aspectos, a filosofia e a própria religião são outros modos de explorar as experiências espirituais. O conhecimento do espiritismo contribui para as pesquisas em psiquiatria na atualidade? O espiritismo tem uma relação muito importante com a psiquiatria desde o começo. Primeiro, chamando a atenção para a importância da dimensão espiritual para a saúde do indivíduo, e hoje em dia esse é um assunto bem aceito. Também o espiritismo foi um grande responsável pela criação de hospitais psiquiátricos em nosso país, para prestar assistência a pessoas portadoras de transtornos mentais graves. Inclusive, essa é uma das características do desenvolvimento da psiquiatria no Brasil. Que eu tenha notícia, em nenhum outro país do mundo fundaram-se hospitais psiquiátricos espíritas, e no Brasil existiram dezenas deles, muitos ainda em atividade. Um outro ponto também importante da contribuição do espiritismo foi chamar a atenção para a realidade dos fenômenos espirituais, como a própria mediunidade, para que os cientistas pudessem compreender melhor a mente humana. O conceito científico que nós temos de uma mente inconsciente surgiu em grande parte em estudos na Europa sobre médiuns em situações de transe, por exemplo. Que papel o Brasil vem desempenhando no campo da ciência com as pesquisas e descobertas acadêmicas sobre a espiritualidade? O Brasil atualmente é um protagonista importante no mundo na área de pesquisas em espiritualidade e saúde. Na ciência como um todo, o Brasil ocupa o 13º lugar em número de artigos científicos publicados em bases internacionais. Enquanto que no campo da espiritualidade e saúde, está entre o 5º e o 6º lugar, ou seja, é um dos países que mais produz academicamente sobre o assunto. São pesquisas na área da medicina, na psiquiatria especialmente, também no campo da enfermagem e psicologia. Assim, temos colaborado, investigando, mostrando que os achados de pesquisas em populações europeias e americanas, por exemplo, se aplicam no Brasil, e sobre as especificidades e as experiências religiosas que existem em nosso país. O Nupes também coordena o Projeto Allan Kardec na UFJF. Isso

ENTREVISTA pode sugerir que o meio acadêmico esteja se abrindo mais ao espiritismo como ciência? O projeto Allan Kardec na UFJF tem grande importância porque Allan Kardec é provavelmente o pensador francês de maior influência no Brasil, o autor com mais livros vendidos aqui, são dezenas de milhões de exemplares, influenciando milhões de pessoas. Infelizmente, no meio acadêmico, há muito pouco estudo sobre Allan Kardec em si. E uma das grandes lacunas era justamente a falta de fontes primárias, ou seja, de documentos, manuscritos de Kardec. Felizmente, a partir de parcerias com diversas instituições, o Projeto Allan Kardec da UFJF tem disponibilizado dezenas de manuscritos e outros documentos pessoais dele, em português e em francês, para que, tanto o público em geral quanto o público acadêmico possam estudar e investigar com mais detalhes a sua vida, a sua obra, como ele elaborou o espiritismo e o seu consequente impacto. O Simpósio Ciência da Espiritualidade, realizado em setembro, contou com a participação dos sete maiores pesquisadores sobre o tema no mundo. Como você avalia o interesse pelo espírito fora do Brasil? Sim, nós ficamos muito felizes. O Simpósio Ciência da Espiritualidade, que celebrou os 15 anos do Nupes, do nosso grupo de pesquisa na UFJF, contou com quase 700 participantes de 18 países, mostrando um grande interesse internacional sobre o tema, tanto no meio acadêmico, quanto no público em geral, para a temática das pesquisas em espiritualidade. Mas eu ainda acho que, no Brasil, temos uma abertura ainda maior, um potencial de avançar e de colaborar cada vez mais nesse sentido. Ainda falando sobre o interesse internacional sobre o assunto, as maiores universidades do mundo têm centros de pesquisa em espiritualidade e ciência, como, por exemplo, Harvard, Cambridge e Oxford. Quais os entraves enfrentados para levar para o debate acadêmico um tema que para nós já é tão evidente? Para dizer a verdade, acho que existem menos barreiras do que eu imaginava. Nessa área, o rigor científico exigido é ainda maior. Um dos problemas frequentes está no interior do campo. Muitas vezes, as pesquisas não são tão boas na questão da

qualidade, sendo desenvolvidas mais pelo entusiasmo ou pela fé do que pelo rigor científico. Isso é um grande problema nessa área, porque a meta das pesquisas não deve ser uma questão de proselitismo, de provar a qualquer custo uma ideia, mas de estudar cuidadosamente a realidade, buscar a verdade, seja ela qual for, com o máximo de rigor e prudência. Também há problemas externos, um deles é o que nós chamamos de cientificismo materialista. É a ideia equivocada de que o estudo científico da matéria seria capaz de explicar tudo o que existe, e que tudo o que existe estaria restrito à matéria, a forças ou partículas físicas. Essa crença, que muitas vezes se transforma num dogma, faz com que as pessoas excluam a priori, qualquer possibilidade de existência, por exemplo, da consciência extrafísica, considerando isso necessariamente uma superstição ou algum erro científico ou metodológico. Para combater esse equívoco é preciso mostrar — como já é muito bem reconhecido na área da filosofia e entre os pesquisadores de qualidade — que o fisicalismo (pensar que tudo o que existe é matéria), é uma crença, é uma metafisica, não é um fato científico e que não é necessário assumi-lo para realizar a ciência. Na realidade, a maioria dos fundadores da ciência moderna e muitos dos principais líderes da ciência atual não aceitam o fisicalismo. Vários estudos já demonstram que pessoas envolvidas com religiões e espiritualidade tendem a viver mais, a apresentar menores índices de depressão, a lidar melhor com as adversidades. Qual o próximo passo? O que esperar do futuro? Não há mais dúvidas sobre o impacto da espiritualidade sobre a saúde. Um dos desafios práticos agora é ensinar aos profissionais de saúde como abordar este tema de modo ético e baseado em evidências, jamais impondo visões, crenças, mas levando em consideração o que o paciente vivencia. Outro grande desafio é a abordagem efetiva das experiências espirituais. São elas que geram as crenças espirituais. Devemos estudar com mais detalhes essas experiências, as suas características e até mesmo a sua origem, até quanto elas podem indicar efetivamente esse lado extramaterial do ser humano. Saiba mais sobre o tema: TV NUPES (www.youtube. com/nupesufjf), e site do NUPES (www.nupes.ufjf.br).

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LIVROS & CIA. LL Editora WhatsApp: 71 99967-4373 lucia.loureiro2@hotmail.com Memórias históricas do movimento espírita no estado da Bahia de Lúcia Loureiro 832 páginas 16x23 cm

FEB Editora Telefone: 61 3550-8610 www.febeditora.com.br Nas voragens do pecado de Charles psicografado por Yvonne A. Pereira 336 páginas 16x23 cm

Correio Fraterno WhatsApp: 17 99736-9800 www.correiofraterno.com.br/livros O pensamento de Richard Simonetti de Raymundo Rodrigues Espelho 112 páginas 14x21 cm

Editora EME WhatsApp: 19 99983-2575 www.editoraeme.com.br Além do aborto de Carlos Henrique psicografado por Ângelo Dias 288 páginas 14x21 cm


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LEITURA

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Espiritismo bem-humorado para a sua criança Da REDAÇÃO

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utubro, o mês consagrado ao dia das Crianças, nos remete aos livros da série Tem espíritos no banheiro?, da escritora Tatiana Benites. Isso porque a personagem Laurinha tem o poder de resgatar em nós a alegria que existe no universo infantil. Eles trazem mais do que os conceitos da doutrina espírita. Trazem leveza e divertimento. Laurinha é criança curiosa, inteligente, não poupa esforços nem palavras para entender o que lhe é ensinado. Ela quer aprender de verdade, mas faz uma grande confusão, até absorver tudo de forma que lhe satisfaça. A espontaneidade caricata da criança inteligente traz o toque de humor nas his-

tórias da série, o que não significa que os assuntos tratados tenham pouca importância ou menos profundidade. Ao contrário, demonstra que podemos estudar Allan Kardec e os fundamentos do espiritismo com a alegria e o bom humor. Muitos de nós já deixamos para trás há tempos a faixa etária infantil. Mas nem por isso devemos deixar esquecida a nossa criança interior. Para alimentá-la, vale rir, mergulhar nesse universo que nos torna mais leves, libertos, prontos para absorver o que a vida tem a nos oferecer de melhor. Aqui vai um convite. E é Laurinha quem está à sua espera! Aproveite!


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BAÚ DE MEMÓRIAS

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O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção e em nossas redes sociais. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

Ferreira Lima:

o defensor das casas espíritas Por RITA CIRNE

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Espírito ávido por conhecimento, dedicou-se profundamente aos estudos de legislação fazendária, fundou a revista Gazeta Fiscal e tornou-se uma das maiores autoridades do assunto no Norte e no Nordeste do Brasil.

oje somos muitos espíritas no Brasil. Temos a liberdade de nos reunir, confraternizar e viver a doutrina em que acreditamos. Mas nem sempre foi assim. Já vivemos tempos de perseguição religiosa em nosso país, quando a própria Federação Espírita Brasileira chegou a ser fechada por três dias. Isso aconteceu em 1937, mas a perseguição foi mais ostensiva em alguns estados, como o de Pernambuco, e dentre os muitos espíritas que fizeram a diferença na defesa do espiritismo no Nordeste um nome se destaca, o de Antônio José Ferreira Lima. Com sua palavra forte, convincente, que transmitia sentimento, ele atuou intensamente na divulgação da doutrina. Presidiu a Cruzada Espírita Pernambucana, a Liga Espírita Pernambucana e a Federação Espírita do Estado. Mas onde ele fez mesmo a diferença foi na luta contra a perseguição à doutrina, principalmente para consolidar os núcleos espíritas mais modestos junto às autoridades. Unir para fortalecer Segundo o livro História da Liga Espírita de Pernambuco e cronologia dos acontecimentos da história do espiritismo em Pernambuco, de Paulo Francisco de Souza, durante o Estado Novo os dirigentes de centros espíritas tinham que se submeter a exames psicológicos ou psiquiátricos. Isso porque havia a teoria de que os espíritas eram doentes mentais. Mas essa fiscalização foi mais tolerante em relação aos centros localizados no centro de Recife, que continuaram funcionando e cujos dirigentes eram pessoas conceituadas no meio social, alguns exercendo cargos de projeção no governo. No livro, Francisco de Souza conta que os dirigentes de centros menores, localizados na periferia, se reuniram e fundaram a Liga Espírita de Pernambuco, uma entidade para representá-los e defendê-los junto

às autoridades, na tentativa de normalizar o funcionamento das instituições. Como presidente da Liga, Ferreira Lima conseguiu remover uma a uma as exigências legais, inclusive o pagamento de taxa de licença de funcionamento instituída – a mesma cobrada das casas de diversão –, sensibilizando o secretário de segurança pública sobre a importância, a finalidade e os trabalhos realizados nas casas espíritas. A busca pelo conhecimento Filho de pais humílimos e sem instru-

ção, Ferreira Lima foi um homem do povo. Nascido na cidade de Barreiros, em 1886, aos 13 anos já era o sustento da família. Começou a trabalhar como atendente em farmácia e depois como aprendiz de sapateiro. Trabalhava de dia e à noite dedicava-se aos estudos. Aos 20 anos, já versado em humanidades e estudioso da língua francesa, fundou um colégio, onde também lecionava, além de trabalhar nas docas do porto de Fortaleza e posteriormente iniciar carreira em órgãos de fiscalização em órgão público.

Encontro com o espiritismo Ao se tornar espírita, em 1918, aos 32 anos, passou a dedicar-se à divulgação, dando palestras em instituições mais conceituadas aos mais humildes centros, também no Alagoas e Ceará. Chegou a organizar um Congresso Espírita em Pernambuco, ao qual compareceram representantes do espiritismo do Brasil e de vários outros países. Em sua fala, mesmo no trabalho nas penitenciárias, junto aos detentos, lembrava sempre do princípio cristão de que qualquer desventura que atingisse o indivíduo era um episódio passageiro. Conhecido por sua capacidade de citar trechos inteiros depois de uma simples leitura, Ferreira Lima acabou criando uma extensa biblioteca, que ainda existe, reconhecida pela quantidade e qualidade de suas obras. Como autodidata, defendia a educação e dizia que todo educador devia integrar-se à missão de dirigir almas para o bem. Todo o conhecimento técnico, dizia ele, ou científico, deve ser um fator de aproximação dos homens entre si, dos homens com Deus. Espírito alegre e brincalhão, sempre pronto para desanuviar o sofrimento alheio, Ferreira Lima escreveu trabalhos de crítica literária, dentre eles um pequeno ensaio sobre o poeta Cruz e Souza, prefaciou o livro de Leopoldo Machado sobre espiritismo, encerrando a sua jornada nessa encarnação no Recife, PE, no dia 8 de março de 1947. Jornalista, colaboradora do Grupo Espírita Batuíra e do jornal Valor Econômico.


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ESPECIAL

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As atividades presenciais no movimento espírita POR ELIANA HADDAD E IZABEL VITUSSO

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assado cerca de um ano e meio da paralisação das atividades das casas espíritas por conta da pandemia, as instituições começam aos poucos a se organizar para o retorno presencial. Embora cada uma tenha as suas peculiaridades e, por isso mesmo, suas diferentes escolhas sobre como melhor proceder, uma coisa é certa: ninguém sabe ao certo como serão as atividades presenciais nos próximos meses, como os trabalhadores, os assistidos, frequentadores, e o tão comentado “novo público internauta” se acomodarão, depois das grandes interferências nas rotinas há tanto tempo estabelecidas do movimento espírita. Buscamos alguns depoimentos de representações de casas espíritas sobre o assunto e todos nos responderam sobre suas iniciativas e expectativas, salientando os devidos cuidados sanitários que vêm tomando, como distanciamento social, uso de máscara, álcool gel etc. Sabemos ser esta uma pequena amostra, mas o Correio não poderia deixar

de abordar esse assunto tão presente atualmente em todo o movimento espírita.

FEESP – Federação Espírita do Estado de São Paulo

Na Federação Espírita do Estado de São Paulo o atendimento fraterno já foi iniciado em agosto e aos poucos estamos retornamos com outras atividades. Primeiro, serão os passes. A partir de novembro o retorno das palestras públicas e, no início de 2022, a evangelização infantil, a reunião mediúnica e os estudos presenciais. “Não acreditamos que haverá mudança no entendimento dos frequentadores sobre o papel da casa espírita em suas vidas, mas temos a expectativa de que as atividades deverão passar por reformulações. Acreditamos que será também gradativo o retorno, pois muitos ainda estarão preocupados em não se expor ao contágio do Covid-19.

As tarefas online: estudos, vibrações e assistência espiritual a distância na Feesp deverão prosseguir, mesmo após o retorno presencial, pelo fato de que o público atendido hoje extrapola a região geográfica em que estamos.” Roberto Watanabe, presidente

USE – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo

A posição da USE continua a mesma desde o início da pandemia. Os centros e órgãos devem avaliar a situação do seu município. Alguns centros já estão realizando palestras com a capacidade de lotação reduzida em 50% , com o passe aplicado no próprio salão. As palestras também são transmitidas online, para aqueles que ainda não podem voltar. O atendimento fraterno está sendo realizado por telefone, embora haja casas já retornando com o atendimento presencial.


ESPECIAL Com aumento de necessitados, o trabalho assistencial não parou. As distribuições passaram a ser entregues semanalmente, para evitar aglomeração. Algumas casas estão retornando experimentalmente e as reuniões mediúnicas, porém com grupos menores, e a eduçação espírita da infância, planejam para o início do próximo ano. Com as adaptações necessárias na pandemia, os hábitos mudaram, e acredito que a realidade não será mais a mesma. Por muitas razões. Uma delas é que percebemos que muitas atividades podem ser feitas a distância. Além disso, temos visto a participação de pessoas até de outros países, algo que já tinha condição de ser feito e com a pandemia virou uma realidade. Muitos centros se adaptaram de tal maneira, em relação aos estudos e cursos online que acreditamos que continuarão a ser realizados eletronicamente, ou no máximo de forma híbrida. Na própria USE, quando houver o retorno presencial, incluiremos os meios eletrônicos para realização de reuniões, pois já prevemos e alteramos o estatuto para isso acontecer legalmente. Rosana Gaspar, presidente

Aliança Evangélica Espírita, São Paulo

Os centros espíritas ligados à Aliança estão em municípios, estados e países muito diversos entre si. Até 2022, todas as casas espíritas terão retornado às atividades presenciais, porém nem todas as atividades retornarão ao nível que tinham no início de 2020, porque há algumas equipes de trabalho que, pela idade e condição de saúde, ficaram abaixo da quantidade mínima de voluntários para operarem normalmente. As principais adaptações serão para manter o público que passou a participar por meios virtuais de comunicação durante a fase de isolamento. Isso implicará atividades realizadas de modo híbrido. Entendemos que teremos que aprender a atender três tipos de público: • As pessoas que já eram frequentadoras e sentem necessidade do retorno e da continuidade de apoio e orientação espiritual. • As pessoas que tomaram conhecimento da mensagem espírita devido aos contatos e atividades pela comunicação digital durante a pandemia. • As pessoas que nunca cogitaram de buscar uma vivência religiosa e, devido a perdas e crises, se sentirão movidas a buscar um caminho espiritual. Quanto à perspectiva dos tarefeiros da casa, podemos considerar: • Voluntários com restrições de saúde, que sofreram perdas físicas e emocionais, ou que terão maior oposição de seus familiares, deixarão de participar das atividades. • As novas mídias e a busca por caminhos de crescimento espiritual trarão outras pessoas que, se devidamente acolhidas e encaminhadas para cursos e escolas, poderão se tornar novos membros do voluntariado. Eduardo Miashyro, diretor

Centro Espírita União, São Paulo

Não é momento de nos precipitarmos. Não podemos cor-

rer riscos, porque estamos lidando com vidas. Sei que todos estamos exaustos dessas restrições, mas é preciso continuar a trabalhar a paciência. Estamos pensando em abrir presencialmente as atividades dos Grupos de Estudos da Doutrina Espírita (GEDEs), com vários grupos pequenos. Alguns trabalhos, que exigem maior aproximação, não podem ser realizados ainda presencialmente, como passe e tratamentos. Vamos aguardar os resultados da tentativa de abertura dos grupos de estudo para tomarmos outras providências. As palestras presenciais continuam suspensas, mas continuamos com as palestras virtuais às segundas, o “Plantão de respostas”, às quartas-feiras e as reprises do programa “Vida além da vida”, às sextas. Todos às 20 h, pelo nosso canal do Youtube e redes sociais. Nena Galves, diretora

NEF - Núcleo Espírita de Filosofia

Retomaremos as aulas presenciais em 2022, com o curso regular de Filosofia Espírita e Expositor. Todavia, continuaremos nossas atividades online, alcançando também ouvintes e alunos de outras cidades e estados. Em nossa experiência de quase dois anos de isolamento social, concluímos que os estudos online não podem ser interrompidos. Vieram pra ficar. Novas estruturas de estudo e assistência ao público surgiram e são benéficas, porque atendem a um maior público, aqueles que estão longe, e que gostariam de um bom curso para ampliarem seus conhecimentos sobre a doutrina filosófica espírita. A grande maioria dos trabalhadores é idosa e muitos têm receio de voltar a trabalhar presencialmente por diferentes motivos: dificuldade de transporte, aglomeração tanto em trânsito como no local. Muitos acostumaram com a facilidade de trabalhar de casa, dando palestras online, estando muitos trabalhando até mais, com cursos, palestras e aulas. Miriam Zillo, presidente

Instituto Espírita Gabriel Delanne, Recife, PE

Em outubro deveremos voltar com reuniões mediúnicas, que serão realizadas em um salão mais amplo. Como tudo na vida, algumas mudanças serão sentidas, tornando-se uma forma de adaptação aos novos hábitos e necessidades. O movimento espírita precisa de novos trabalhadores nas diversas atividades, de métodos que venham atrair pessoas que buscam conhecer, estudar e principalmente executar os ensinamentos do Cristo. Inicialmente, creio que o público deva ser menor, até porque uma parcela das pessoas ainda está com incertezas sobre a nova realidade e por haver pessoas que ainda não finalizaram esquema vacinal ou não se imunizaram. O voluntariado na pandemia aumentou no primeiro ano, mas hoje notamos que os trabalhadores e donativos diminuem dia a dia. Faz um ano que realizamos lives doutrinárias pelas redes sociais, na mesma hora em que fazíamos anteriormente, e estudos mediúnicos quinzenais via sala virtual. Creio que essa modalidade vai se manter no novo cenário, já que é uma forma de interação com novas pessoas que não eram atingidas no raio físico da instituição. Eduardo Guaraná, presidente

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Centro Espírita Joana D’Arc, Uberlândia, MG

Nas reuniões públicas, aos domingos, já está sendo ministrado o passe na forma tradicional, em ambiente aberto e com distanciamento entre as pessoas e passistas. Às quartas, foi adotado o passe coletivo e as palestras públicas já foram iniciadas, obedecendo todos os cuidados estabelecidos. Durante toda a pandemia, a tarefa de evangelização infantil vem sendo realizada regularmente através da internet, com planos para em breve retomar as atividades em sistema presencial. Na casa, alguns grupos de estudos retornaram presencialmente, outros continuam no formato online, respeitando-se a opinião dos coordenadores e integrantes. O trabalho de atendimento fraterno vem sendo realizado, durante a pandemia, pela presidência do centro, todos os dias, das 17 às 18 horas. O trabalho regular de assistência a famílias carentes, com o fornecimento de cestas básicas, não foi interrompido; pelo contrário: aumentou, graças à generosidade dos nossos doadores. Metade dos grupos mediúnicos voltou a funcionar desde janeiro de 2021, mas com frequência reduzida, com cadeiras em círculo, com distanciamento e todos os cuidados necessários. No geral, a volta das atividades presenciais tem sido caracterizada por um fluxo menor de pessoas, mas acreditamos que, à medida que a pandemia for sendo controlada, haverá uma confiança maior e o comparecimento deve voltar ao que era antes. Quanto aos tarefeiros da casa, no início, haverá redução, mas a tendência, é voltar à normalidade, com o mesmo número de antes. Com a experiência de palestras online, durante a pandemia, há planos de se realizar uma experiência híbrida, em que as palestras presenciais sejam também disponibilizadas via online. José Roberto dos Reis, presidente

Grupo Espírita Casa do Caminho, Campinas, SP

O passe passou a ser coletivo, aplicado no salão de palestras, com redução de duração. Já a evangelização infantil não retornou e os estudos passaram a ser online. Presenciais, estão sendo realizadas as tarefas de atendimento fraterno e reunião mediúnica, com poucos médiuns e dialogadores. Serão realizadas adaptações no tempo de palestra, que será reduzido em no máximo 30 minutos. Acreditamos que não haverá mudança no entendimento dos frequentadores sobre o papel da casa espírita em suas vidas, pois a maioria dos frequentadores vai à casa espírita em busca de alívio para as suas dores, solução para os seus problemas... Raros vão em busca de alimento espiritual para a sua iluminação. Acho que as atividades continuarão com o público igual e que, aos poucos, voltaremos ao “antigo normal”, com a manutenção do número de trabalhadores. Também já está decidido que passes, vibrações e estudos serão realizados a distância, mesmo com o retorno do modo presencial. Clóvis Lima, diretor


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FOI ASSIM

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O colar de brilhantes Por JORGE RIZZINI

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sra. Olga, muito conhecida do público feminino paulistano pelo fato de haver sido proprietária da tradicional Loja Elite, situada na Galeria 24 de Maio, tornara-se viúva. O sr. Roberto morrera devido a um câncer. Ela estava inconsolável quando a conheci. Ajudei-a a tornar-se espírita, mas a ideia de que poderia ter provas de que o esposo continuava vivo deixava-a cheia de ansiedade. – Só quero uma prova. Será que Deus não permite? E seus olhos se enchiam de lágrimas. Certa noite, após a psicografia com os poetas, fui dormir. E lembrei-me da sra. Olga. De súbito, Manuel de Abreu surgiu, acompanhado do sr. Roberto, o qual me fez logo o pedido: – Diga para a Olga falar do colar de brilhantes dado por mim.

E nenhum detalhe o espírito acrescentou. Encontrei a sra. Olga na quinta-feira seguinte na Sociedade Espírita Manuel de Abreu (que funcionava em uma casa assobradada na rua Frei Caneca) e transmiti-lhe o recado do marido. Seu rosto, muito branco, tornou-se rosado e os olhos se arregalaram. – É ele! – exclamou. E a sra. Olga contou, então, o que acontecera: – Na véspera de meu aniversário o Roberto perguntou-me qual presente que eu gostaria de ganhar. Respondi: um colar de brilhantes! Ele retrucou que eu já tinha muitas joias, mas insisti e ganhei um colar lindíssimo. Passei a usá-lo. Numa tarde, porém, encontrei um amigo relojoeiro e mostrei-lhe o colar, elogiando-o. E fiquei perplexa; o joalheiro

garantiu-me que era falso. E era mesmo! Procurei o Roberto e ele, sorrindo, disse: “Continue usando esse colar, minha querida, pois, junto com as joias verdadeiras,

ninguém desconfiará que é falso... Do acervo do jornal Correio Fraterno, edição de outubro de 1980


ANÁLISE

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Nem precisa esperar o mundo de regeneração

para viver o bem Por ALESSANDRA SIMÕES

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capítulo três de O evangelho segundo o espiritismo nos explica a grandeza do universo e os mundos que o compõe, fazendo morada aos espíritos que neles encarnam, conforme a evolução ou inferioridade moral de cada um. A Terra, ainda sob influência da matéria e do domínio do mal, é considerada um mundo de expiação e provas, e nós vivemos aqui, na busca incansável pelo mundo de regeneração. A doutrina espírita nos consola informando que não estamos presos a este mundo de forma definitiva e que o progresso está ao alcance de todos aqueles que assim não só o desejam, mas também o fazem por merecer. Mas como alcançar tal adiantamento moral e progredir? Nós mesmos podemos observar a tamanha diversidade evolutiva que há na Terra. Muitos que nela vivem não se identificam com o bem, vivem longe do progresso moral, embora às vezes sejam vistos como pessoas bem-sucedidas aos olhos da matéria. Mas existem aqueles já despertos para o bem, para o valor do outro, para as lições essenciais trazidas por Jesus, e que já têm um olhar diferente para tudo o que os rodeiam e, conscientes ou não, se esforçam nas ações e escolhas que os ajudam a conquistar sua elevação espiritual. Não é de hoje que sabemos das tris-

tes condições em que muitos vivem pelo mundo, hoje ainda mais evidenciadas pelas ocorrências da pandemia do coronavírus e pelos conflitos armados mundiais. Mas o número de desamparados por fome, por frio, muitas vezes, passa desapercebido, invisível aos olhos da sociedade. Além da matéria, a falta de atenção e de uma palavra de consolo, de uma escuta, também os desgraçam nesta vida de encarnados. Sabe-se lá o que os levou a essas condições: mau uso do livre-arbítrio e oportunidade de aprendizagem? Mas nós também não somos responsáveis pelas situações físicas e espirituais em que nos encontramos hoje, pelas escolhas que fizemos antes e fazemos a todo momento? Nós também contribuímos para a desarmonia do mun-

do. Por isso, não nos cabe julgar e sim auxiliar, conforme nosso mestre Jesus nos deixou como ensinamento. Estamos todos juntos É neste retorno à Terra que nos é concedida a oportunidade para o desenvolvimento de uma consciência mais elevada, tanto nossa quanto de todos os que estão à nossa volta. Sendo assim, é nossa também a responsabilidade dessa ajuda, na verdade, mútua, entre todos nós. Não estamos sozinhos nessa jornada evolutiva! Cabe a cada um exercer as tarefas que lhe são incumbidas, de socorrer e de aceitar o socorro, ajudando-nos uns aos outros, dentro das nossas possibilidades, caminhando na direção do progresso.

Há espíritos encarnados e desencarnados altamente comprometidos com as leis divinas nos auxiliando neste grande processo de burilamento. O chamamento é para todos. Estamos todos em busca da mesma elevação, mas muitos continuam vivendo alienados dessa oportunidade de crescimento moral. Ainda não despertaram para os enganos a que nos levam a extrema vaidade, o orgulho, a ambição descabida, o egoísmo doentio. Não precisamos esperar o mundo de regeneração para viver o bem em sua plenitude; ele está dentro de nós, em nossos pensamentos, no reflexo de nossas ações, toda vez que a dor do outro doer em nós e nos mover para boas atitudes. Aí está o caminho da nossa evolução. Como nos lembra esse trecho do jornalista e escritor André Trigueiro: “A evolução é entendida no espiritismo como uma lei do universo, que alcança indistintamente a tudo e a todos. E nenhum de nós evolui sem esforço, sem trabalho, sem superar adversidades e enfrentar as próprias imperfeições”. Bibliografia O evangelho segundo o espiritismo, Allan Kardec, cap. 3 e 15. FEB. Viver é a melhor opção: a prevenção do suicídio no Brasil e no mundo, André Trigueiro, Correio Fraterno. Mestra em Comunicação Social, especialista em Segurança da Informação e professora na área de Tecnologia.


Resolva os enigmas abaixo lembrando que para letras iguais, símbolos iguais. Ao final, descobrirá a palavra em destaque na vertical.

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6

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OUT

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Encontro Estadual de Coordenadores de OUT Juventudes Espíritas A Federação Espírita do Paraná realizará dia 30 de outubro, das 9:00 às 12 horas, o 13º Encontro Estadual de Coordenadores de Juventudes Espíritas, sob a coordenação de Sandra Borba Pereira e Cezar Braga Said. O evento acontece no formato virtual e as inscrições deverão ser feitas antecipadamente. Contato: 41 3223-6174.

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SUA DOAÇÃO FAZ A DIFERENÇA

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qualquer hora, em qualquer lugar

I S

8 9 10

M O

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1. O verdadeiro espírita vê as coisas deste mundo de um ponto de vista bem ... 2. O espiritismo não tem nacionalidade e não faz parte de nenhum culto ... 3. Só os espíritos que atingiram certo grau de depuração estão libertos de toda influência ... 4. Espíritos superiores não vão a reunião que não sejam ... 5. O espiritismo, se bem compreendido, é um preservativo contra a ... 6. As ciências vulgares repousam sobre as propriedades da ... 7. O ceticismo tem quase sempre sua fonte no conhecimento incompleto dos ... 8. A verdadeira doutrina está no ensinamento dado pelos ... 9. Espíritos inferiores tomam emprestado frequentemente nomes de pessoas ... 10. O espiritismo é inteiramente baseado na existência da ... 11. Sejamos mais laboriosos e perseverantes em nossos ...

Resposta do Enigma:

Médiuns motores

Almoço Beneficente à Francesa A Federação Espírita do Estado de São Paulo realizará no dia 17 de outubro o almoço beneficente à francesa, comemorando o aniversário do codificador. O evento terá entrega em esquema de drive-thru. As reservas deverão ser feitas de 10 a 13 de outubro pelo WhatsApp 11 97598-8276. Retiradas na sede: Rua Maria Paula, 140, Bela Vista, São Paulo. Informações: feesp.com.br/comemorando-kardec-almoco-beneficente.

S

No livro Instruções

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práticas sobre as

OUT

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Como são chamados os médiuns que provocam o movimento eo deslocamento dos objetos?

manifestações espíritas

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ENIGMA

(1858), livro que precedeu

Seminário Valorização da Vida O Grêmio de Propaganda Espírita Luz e Amor, do Rio de Janeiro, realiza dia 17 de outubro, das 15:30h às 17:30h, o Seminário Valorização da Vida, sob o tema “Quando viver dói”. Com a participação de Arismar Léon (homeopata), Márcia Léon (pediatra), Alejandro Vera (psiquiatra) e Marta Antunes (vice-presidente da FEB). Fone: 21 3421-3479. Transmissão pelo canal youtube.com/gpela

Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

O livro dos médiuns

Pedidos de vibrações à distância Federação Espírita do Estado de São Paulo. Acesso pelo WhatsApp: (11) 95950-9542 e e-mail: vibracoes@feesp.org.br (enviar nome e endereço). Para assistência espiritual virtual: acessar www.feesp.or.br

CRIPTOGRAMA DO CORREIO

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(1861), Allan Kardec

AGENDA

CULTURA & LAZER

descreveu alguns dos

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vários tipos de médiuns.

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Silêncio

Região do ABC Retirada de doações para o Bazar Permanente ligue: (11) 94454-7048 ou (11) 4109-8938 Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio


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ARTIGO

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Trojan em grupos espíritas Por MARCO MILANI

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rojan Horse, ou simplesmente trojan, é um tipo de programa eletrônico malicioso que pode entrar em um computador disfarçado como um programa comum e legítimo. Ele serve para possibilitar a abertura de uma porta de forma que usuários mal-intencionados possam invadir o computador e roubar ou destruir dados, além de outros danos. O termo é derivado da história narrada por Homero no poema Odisseia, no século VIII a.C., sobre o estratagema grego de simular uma retirada do cerco de guerra que promoviam à cidade de Troia e deixar um grande e ornado cavalo de madeira com soldados escondidos em seu interior. Os troianos, ao se depararem com o inusitado objeto, decidiram levá-lo para dentro da cidade fortificada. Durante a noite, os soldados gregos saíram do cavalo, mataram os sentinelas e permitiram a entrada de seu exército, dominando toda a cidade. Assim como trojans, uma modalidade de invasão perniciosa está se fazendo perceber não em computadores ou em cidades, mas em grupos espíritas. Disfarçadas de propostas modernas e doutrinariamente legítimas, pautas político-ideológicas, típicas de programas partidários, tentam se infiltrar na tribuna e em outras atividades de organizações espíritas por meio de militantes que se passam por adeptos preocupados e conscientes dos problemas sociais. Procurando camuflar a real intenção, a invasão segue a cartilha gramsciana para a conquista de posição, formação de consenso e de pensamento hegemônico.

O alerta Allan Kardec, em mensagem dirigida aos espíritas lioneses em 1862, já alertava sobre a armadilha preparada por adversários encarnados e desencarnados do espiritismo, a qual buscava levar à casa espírita a discussão política. “Devo ainda assinalar-vos outra tática dos nossos adversários, a de procurar comprometer os espíritas, induzindo-os a se afastarem do verdadeiro objetivo da doutrina, que é o da moral, para abordarem questões que não são de sua alçada e que, a justo título, poderiam

ral, lançareis os verdadeiros e mais sólidos fundamentos de todas as melhoras, e deixareis a Deus o cuidado de fazer com que cheguem no devido tempo. No próprio interesse do espiritismo, que é ainda jovem, mas que amadurece depressa, oponde uma firmeza inquebrantável aos que quiserem vos arrastar por uma via perigosa.” (Allan Kardec, Revista Espírita, fev.1862)

uma modalidade de invasão perniciosa está se fazendo perceber não em computadores ou em cidades, mas em grupos espíritas” despertar suscetibilidades e desconfianças. Não vos deixeis cair nessa armadilha; afastai cuidadosamente de vossas reuniões tudo quando se refere à política e a questões irritantes; a tal respeito, as discussões apenas suscitarão embaraços, enquanto ninguém terá nada a objetar à moral, quanto esta for boa.” (Allan Kardec, Revista Espírita, fev.1862) A transformação social, para Kardec,

não ocorrerá de maneira impositiva e totalitária ao indivíduo, mas de maneira oposta, decorrente da melhoria do indivíduo respeitando-se a liberdade de consciência de cada um. “Procurai no Espiritismo aquilo que vos pode melhorar: eis o essencial. Quando os homens forem melhores, as reformas sociais realmente úteis serão uma consequência natural; trabalhando pelo progresso mo-

Maturidade e sensatez Não é de hoje que militantes reformistas sociais, que acreditam estar em luta contra determinados segmentos da sociedade, alardeiam que os espíritas, em geral, são alienados, pois deveriam içar com veemência bandeiras político-ideológicas, necessariamente as mesmas que tais reformistas seguram, pois se forem de cores diferentes, aí o discurso muda e serão considerados párias a serem banidos da vida em comunidade e não poderiam ser considerados espíritas. O que faz com que adeptos, com as mais diferentes convicções partidárias, compartilhem e desenvolvam atividades na casa espírita em ambiente respeitoso é, justamente, a inexistência de discussões dos chamados “assuntos irritantes” que Kardec ressaltou. Certamente, em um mundo de expiações e provas não se pode esperar plena harmonia nas relações sociais, inclusive dentro do centro espírita, mas abrigar o vírus da discórdia e da divisão por motivos político-ideológicos é a receita para que os sentinelas da razão sejam abatidos e prevaleçam as paixões partidárias, culminando com o afastamento de colaboradores ou a dissolução da própria instituição. Na condição de cidadão, esse mesmo espírita tem liberdade de se expressar e abraçar a corrente ideológica que achar a mais adequada e o fato de não levar suas preferências políticas para serem discutidas no centro espírita não o caracteriza como alienado, ao contrário, demonstra maturidade, sensatez e respeito pela organização que colabora e por seus companheiros de trabalho. Diretor do departamento de doutrina da USE- SP.


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VOCÊ SABIA?

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Kardec inventor? Por ADRIANO CALSONE

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o segundo semestre de 1853, o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec), já com seus 49 anos de idade, dirigiu-se à secretaria da prefeitura do departamento do Sena, em Paris, para requerer patente de algo que havia criado: um curioso vaso-sifão móvel para escoamento de água de resíduos, tanto para casas como para as ruas das cidades francesas. Parte da explicação do que seria exatamente sua invenção consta na minuta manuscrita da requisição que ele redigiu com sua habitual concisão de professor: “uma aplicação móvel com tubos de vidro para o escoamento das águas residuais domésticas [...]”. De vidro? Isso mesmo! Tal patente foi registrada tendo validade oficial de 15 anos, a partir de 24 de outubro de 1853, prazo que expiraria cinco meses antes de sua desencarnação, em 31 de março de 1869. O registro traz a descrição com pormenores: as dimensões das peças, o seu funcionamento, e revela o quanto Rivail possuía de conhecimentos técnicos, de engenharia civil, além da prática de montagem, testes e manutenção de dispositivos industriais bastante complexos para a época. É possível que ele tenha se interessado pelo assunto pela oportunidade criada pela publicação de um decreto-lei que se

abria no campo comercial a partir do aprimoramento maciço dos sistemas urbanos do saneamento parisiense que já existiam, mas que historicamente funcionavam bem mal. O decreto (nº 3914, de 26 de março de 1852 ) estabelecia, por exemplo, que “toda construção nova em uma rua com rede de esgoto deveria estar disposta de maneira a transportar água da chuva e água da casa [...]” Rivail tenta convencer os examinadores da patente sobre a confiabilidade do dispositivo, que funcionaria com muito mais eficiência e praticidade que os já existentes no velho mercado parisiense: “basta levantar meu dispositivo, que chamarei de vaso-sifão móvel, para despejar seu conteúdo instantaneamente”, argumenta. É possível crer que um dia a sua esposa, senhora Rivail (naquela época com 57 anos de idade), na condição de dona de casa, possa ter passado por problemas domésticos, pela deficiência no sistema externo de vazão de esgotos, cabendo ao marido, Rivail, a incumbência de solicitar ajuda dos órgãos competentes para a vistoria e substituição de pesadas peças hidráulicas do sistema residencial. Os registros mostram que a inovação de invenção de Rivail estava na mobilidade, na proteção residencial, na facilidade de limpeza, acima de tudo, focada na acei-

tação e no sucesso do novo material sugerido: o vidro espesso para tubulações que evitaria recorrentes vazamentos em vias públicas, muito comuns pela oxidação das tubulações de ferro fundido. Os desenhos técnicos das peças e dos conjuntos montados foram encontrados por duas pesquisadoras espíritas brasileiras no Instituto Nacional de Propriedade Industrial da França, em 2017. Tal acha-

do significou uma contribuição para os acervos da história do espiritismo e seus pioneiros, revelando potenciais outros do professor Rivail, além dos já tão reconhecidos pelo público espírita na atualidade: suas habilidades técnicas, argumentativas e, porque não dizer, a de um desenhista técnico talentoso. Pesquisador e escritor espírita.


DIRETO AO PONTO

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O que esperar do amanhã? Por UMBERTO FABBRI

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uem já não teve dúvidas sobre o futuro, ansiedade e medo com relação ao que nos aguarda nos dias do porvir? Com certeza todos já passamos e passaremos por esta situação, todavia é importante refletir como lidamos com a ideia que fazemos do amanhã, de como chegar lá, especialmente no que se refere a realização de nossos sonhos, desejos e anseios. Quando observamos o caminhar do princípio inteligente e o processo criado por Deus para que este princípio evolua e atinja todas as conquistas em vários níveis, veremos que isto não ocorre sem a força do trabalho, do esforço. Desde as primícias de suas experiências nos diversos reinos há movimento, mesmo que molecular, demonstrando que sem movimentarmos nossa energia não há crescimento. Quando este princípio adentra ao reino hominal, aos poucos aprende que o grande movimento a ser desenvolvido em benefício da sua evolução se dará em dominar e canalizar sua vontade, por meio do conhecimento e disciplina, utilizando-a a seu favor, uma vez que a vontade é a alavanca que move o mundo. Não há como evoluir sem trabalho e empenho, tanto nas conquistas materiais quanto espirituais. As mesmas Leis que regem o macro,

Não há como evoluir sem trabalho e empenho, tanto nas conquistas materiais quanto espirituais” regem o micro e não podemos deixar de observar que a grande maioria de nós ainda não consegue entender isto, uma vez que ainda se acredita que uma força poderosa e divina resolverá o nosso amanhã, fará o serviço duro por nós, aquele que nos compete, pois ainda mistificamos o papel de Deus em nossas vidas. Ele é o Criador, O Pai Amoroso, não nosso mordomo. É bem certo que a ajuda nunca nos

faltará, todavia sem a luta diária e esforço constante não se constrói o amanhã, não fazemos por merecer. Um sonho se constrói tijolo a tijolo, não cai pronto do Céu por sermos maravilhosos. É assim com o trabalho profissional e voluntário, com os relacionamentos, com as finanças e nossa saúde. Tudo vem no grau da nossa dedicação. Se desejamos saber o que esperar do amanhã, precisamos observar o que reali-

zamos hoje. Nosso amanhã terá o resultado na medida exata de nosso trabalho, na qualidade da energia que movimentamos ao nosso redor. Um exemplo bem atual é a situação da pandemia. Uma boa parcela da sociedade ainda não compreende que suas ações e cuidados podem agravar ou diminuir o cenário pandêmico. Não usamos máscaras, álcool gel, não respeitamos o distanciamento e aguardamos que Deus e os benfeitores deem um jeito de conter o vírus, nos esquecendo que é necessário o movimento adequado, o trabalho de cada um para que se reflita no coletivo. O amanhã nos trará o resultado do nosso esforço, ninguém fará a caminhada por nós, embora estejamos sempre amparados pelo amor de Deus que por muito nos amar nos oferece a oportunidade de crescimento constante e com recursos extremamente eficientes nesta jornada, tais como: nossa inteligência, nossa força de vontade, nossa fé e a capacidade de amar e recomeçar sempre. Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de diversos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.


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MÍDIA DO BEM

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Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Terapia por meio da leitura a idosos com câncer

Mozart acalma o cérebro de pessoas com epilepsia

Caçadores de medula estimulam doação

Organizado por psicólogos e estudantes de psicologia, o Instituto Observatório do Livro, em Ribeirão Preto, SP, criou o projeto para dar suporte emocional através da leitura a idosos que estejam em tratamento contra o câncer. O presidente do Instituto, Galeno Amorim, explica que o trabalho é personalizado e inclui encontros com o biblioterapeuta, mediados por psicólogos e estudantes do último ano do curso, para discutirem a leitura do livro indicado especialmente para cada necessidade emocional.

Estudo publicado na revista Scientific Reports revela a possibilidade de uma intervenção não medicamentosa para o tratamento de pacientes com epilepsia: a Sonata para dois pianos em ré maior, de Mozart. A explicação pode estar na estrutura da música. Os pesquisadores apresentaram aos participantes do estudo músicas de suas preferências para saber se a afeição pela melodia poderia ter trazido o benefício cerebral, mas isso não gerou nenhum efeito. Agora, os cientistas pretendem trabalhar na composição de músicas que espelham a estrutura da sonata de Mozart, para criar novos “antiepiléticos”.

André Torres, morador de Maranguape, CE, viu sua vida tomar um novo rumo ao ser diagnosticado com leucemia. A dificuldade de encontrar doadores de medula compatível para o transplante fez André pensar em uma campanha juntamente com sua esposa. Em um dos dias de internação, ele recebeu uma foto do seu filho caracterizado como ‘Caçador de Medula’. “Foi uma virada! Me deu um fôlego muito forte pra continuar o meu tratamento sem murmurar”, ele conta. Já transplantado e com sucesso, André explica que criaram um perfil nas redes sociais, o Caçadores de Medula, hoje com mais de 15 mil seguidores, para captar novos doadores e ajuda a difundir informações sobre o assunto.

Fonte: Globoplay

Fonte: Superinteressante

Fonte: Diário do Nordeste

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