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O jornal da comunidade luso-venezuelana
ano 06 - n.º 109 - DePóSito LegaL: 199901DF222 - PubLicação SemanaL
Recordar Franco Rizzi Antiga estrela do Marítimo da Venezuela Página 28
caracaS, 2 De JunHo De 2005 - VenezueLa: bS.: 1.000,00 / PortugaL:
Marlon Clement
Um desenhador que segue as pisadas do pai PáginaS 16 e 17
Parlamento venezuelano celebra Dia de Portugal Iniciativa partiu do Grupo de Amiza de Parlamentar e o embaixador de Portugal apoia. A sessão terá lugar a 9 de Junho, porque as comemorações oficiais realizam-se em Valenica, no dia seguinte. Página 3
Secretário do Ambiente visita a comunidade Manuel António Correia é o representante oficial do governo madeirense para as festas do Dia da Madeira Página 3
1,00
Sete grupos de folclore animam festival infantil em Caracas Página 10 Damas da Beneficiência Portuguesa: 36 anos a ajudar famílias mais necessitadas Página 10
População de Yaracuy celebrou a Virgem de Fátima Página 12
2 editorial Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez e Noélia de Abreu Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Bernardete de Quintal (Curaçau) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira, Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira
CORREIO DE CARACAS - 2 DE JUNHO DE 2005
Há que saber sair de cena... Por toda a Venezuela, briosos portugueses têm erguido centros, clubes ou outras instituições, onde a comunidade tem condições para estar com amigos e familiares, para celebrar datas evocativas ou simplesmente passar o tempo. São obras notáveis, feitas por homens e mulheres notáveis da nossa comunidade. O tributo tem-lhes sido prestado, de uma forma ou de outra, mas o reconhecimento será sempre eterno. No entanto, também esta questão tem um reverso da medalha, quando se sabe que alguns dos fundadores deixam
a semana Damas de Beneficê ncia As Damas de Beneficência estão prestes a comemorar o 36º aniversário da sua fundação. Sem interesses particulares, um grupo de senhoras preocupa-se apenas com o bem-estar dos outros. Para além de 36 anos de trabalho humanitário, a construção do lar de terceira idade deu-lhes mais visibilidade na sociedade. Às damas e aos maridos, que não só as respeitam como as ajudam activamente nestes trabalhos de solidariedade, parabéns. Não há palavras para o reconhecimento de um esforço de 36 anos.
de estar à altura da obra que ergueram. Vem isto a propó sito de casos de determinadas individualidades que, servindo-se do estatuto que souberam merecer, não têm tido receio nenhum em lançar a instituiç ão para processos judiciais ou outros, quando em causa normalmente estão questões menores. Nalguns casos, o cerne das disputas não passa de pura procura de protagonismo, matéria em que alguns dirigentes associativos parecem ter-se especializado. Há que saber sair de cena. E há que conviver com a subida de outras pessoas ao “ palco” .
Amigas da Espetada Apesar de ter sido criada brevemente, as Amigas da Espetada já teve mérito pelo seu desempenho. Basta o facto de já serem mais de cem as senhoras que compõem esta organização, também ela com fins benéficos. Ao falar de espetada, vem-nos à cabeça uma mistura de sabores tradicionais madeirenses onde não falta pão, vinho e os mais apreciadores do suco de Baco: os homens. Mas, neste caso, a organização dispensa a presença deles e conseguem organizar todos os meses, na perfeição, um jantar de comida tradicional que permite convívio e troca de impressões sobre Portugal.
Preparação Gráfica: Olga de Canha (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares
o CaRToon Da semana
Federaç ã o de Centros Portugueses
Secretariado: Glória Cadavid Distribuição: Juan Fernandez Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el Río con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela
Dia de Portugal... Dia da Madeira... Gostamos mesmo é de festas!
Não somos só nó s! Agora os deputados daqui também querem as nossas festas!
Alguns clubes não atravessam os melhores momentos. Brigas internas, desinteresse, insegurança, cansaço das pessoas e falta de espírito de continuidade são só alguns dos aspectos visíveis. De facto, são tantos os factores que começa a ser motivo de preocupação. No entanto, achamos oportuno que alguém se preocupe seriamente com este problema, ou que pelo menos mostre interesse em fazer um levantamento real da situação, passando à fase que segue a identificação de problemas: procurar ajuda. E a Federação de Centros Portugueses tem essa tarefa, ou não? E, em situações anteriores, esta organização já fez isso.
Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69
Nã o se entende...
E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Ma deira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA
ILUSTRÇÃO: PAULO ABREU
O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.
Para todos los
No seio da comunidade, surgem casos insólitos. O roubo ou assalto ao Centro Madeira Atlântico de Barquisimeto é um deles. Roubaram electrodomésticos e outros equipamentos de valor, mas o mais insólito foi terem levado uma grande parte do património desportivo do clube. Os troféus e as medalhas. Que interesse pode ter uns troféus e umas medalhas que foram conquistadas por outros? Não se entende...
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actualidades Secretá rio do Ambiente no Dia da Madeira
ACTUAL 3
Dia de Portugal no parlamento venezuelano É a primeira iniciativa oficial do Grupo de Amizade Parlamentar, depois do anúncio da visita dos deputados a Portugal
Manuel António Correia, secretário regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, será o representante oficial do governo madeirense às comemorações do Dia da Madeira, a 1 de Julho. Manuel António Correia é o governante mais novo de toda a equipa de Jardim. Tutela as questões ambientais e recursos naturais e detém uma já longa experiência de serviço público, já que antes de ser chamado para secretário regional foi presidente do Instituto de Habitação da Madeira. O governante madeirense vai estar presente nas cerimónias oficiais do Dia da Região Autónoma da Madeira em Caracas, estando também prevista a deslocação a outras cidades da Venezuela. O programa da visita ainda está a ser ultimado.
Jardim reformado da Funç ã o Pú blica O presidente do Governo Regional já está reformado da função pública. Alberto João Jardim solicitou à Caixa Geral de Aposentações (CGA) a sua reforma e o processo foi despachado, estando pois oficialmente reformado, a partir deste mês. Com mais de 36 anos de serviço prestado na função pública, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim passa a auferir uma reforma mensal de 4.124.04 euros (pouco mais de 800 contos). Após deixar o exercício da política activa, e a exemplo de outros altos titulares de cargos públicos, o valor da pensão do governante duplicará, uma vez que será abrangido pelo regime especial de reforma consagrado aos políticos. Uma benesse reservada à classe política que está, curiosamente, hoje, na ordem do dia uma vez que o primeiroministro já anunciou o fim desse e de outros privilégios como forma de equilibrar as finanças públicas. Mas Jardim terá sido mais célere que José Sócrates, ao requerer a reforma a tempo de beneficiar do regime especial ainda em vigor, tendo o Conselho de Ministros oficializado esse "corte", na reunião de segunda-feira passada.
Os deputados Lucina García e Guido de Freitas pertencem a comitiva do Grupo Amizade
Delia Meneses
A
iniciativa surgiu do seio da Assembleia Nacional Venezuelana, no que poderia considerar-se a primeira acção concreta do Grupo Amistad Parlamentar Venezuela Portugal. O deputado luso-descendente, Guido de Freitas, que pertence a esta comitiva, sugeriu que fosse retomada a tradição perdida há vários anos, quando as autoridades portuguesas e as venezuelanas levavam um ramo de flores até à Plaza Bolívar de Caracas, no â mbito das comemorações do 10 de Junho. O novo embaixador de Portugal em Caracas, José Manuel da Costa Arsénio, apoiou a ideia do parlamento. Acordouse que os eventos se realizassem a 9 de Junho, pois no dia 10 o diplomata vai viajar até à cidade de Valencia, onde este ano têm lugar as comemorações oficiais do Dia de Portugal. A agenda de actividades em Caracas
O novo embaixador de Portugal em Caracas já apoiou a iniciativa parlamentar. A sessão vai ter lugar no Parlamento no dia 9 de Junho, porque no dia seguinte as comemorações são em Valencia começa às 9h00, quando o presidente da Assembleia Nacional de Venezuela, Nicolás Maduro, juntamente com o embaixador de Portugal e de outras autoridades, depositem um ramo de flores junto da estátua equestre do Libertador Simó n Bolívar. A banda Recreativa Madeirense ou o grupo coral do Centro Português de Caracas deverão entoar os hinos nacionais dos dois países. O resto das comemorações têm lugar no pátio do Palácio Legislativo, onde vai ser inaugurada uma exposição relativa a Portugal organizada pelo Instituto Português de Cultura (IPC), que deverá permanecer uma semana no parlamento. O
presidente da Assembleia Nacional, Nicolás Maduro, e o embaixador, acompanhado da comitiva do Grupo Amistad reuniram-se num dos salões protocolares para ter um primeiro encontro desde que o diplomata assumiu o cargo. Também vai haver um espaço para o intercâ mbio cultural com a apresentação de um grupo folcló rico ou a interpretação de algum cantor luso-descendente de mú sica portuguesa que ainda não se sabe qual é. A intenção da Assembleia Nacional é que ao acto assistam não só as autoridades de ambos países e representantes das diferentes instituições portuguesas na Venezuela como também pessoas dacomunidade portuguesa e venezuelana que normalmente não têm acesso às instalações do Palácio Legislativo. Nesse dia, a entrada vai ser livre. A organização deste evento vai estar a cargo da Direcção de Participação Cidadã, Cultura e Protocolo da Assembleia Nacional, que vai facilitar toda a logística requerida.
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CPC vai premiar maestro venezuelano de mú sica Integrado nas comemorações do Dia de Portugal, esta instituição vai reconhecer o trabalho de investigação de mais de trinta anos de Jesus Inácio Pérez Perazzo. iam outorgar o prémio quando o chamaram para reunir com a direcção. "Esta decisão foi uma Centro Português surpresa para mim e para a minde Caracas vai atri- ha família, pois embora seja um buir, pela primeira "caraqueño" sem ascendentes luvez, a 10 de Junho, sos a coló nia me honra com eso primeiro prémio João Fernan- te galardão", manifestou emodes Leão Pacheco a um venezue- cionado. lano. O homenageado vai ser o maestro Jesus Inácio Pérez PeUma larga relação com Porrazzo, que é reconhecido pela tugal sua trajectó ria de mais de trinta Em 1969, Pérez Perazzo viaanos de investigação da mú sica e jou até Portugal para visitar um da histó ria portuguesa. tio que tinha sido designado emSegundo nos declara o presi- baixador de Venezuela neste padente do CPC, André Pita, este ís. Por causa dessa estadia, sereconhecimento deveu-se à "vi- guindo um conselho familiar, cobração" pela mú sica e pelas tra- meçou a investigar a histó ria e a duções de Portugal. "O facto do mú sica lusa. Mais tarde, fez um maestro ser venezuelano tem um concerto, fruto destes estudos. valor especial para nó s. E é por Desde a data até à actualidaisso que é uma honra para esta de, publicou quatro trabalhos soinstituição ter um reconheci- bre o desenvolvimento das comento do seu trabalho junto da rrentes musicais de Portugal. "A comunidade. minha escrita tenta contextualiPérez Perazzo soube que lhe zar a arte musical dentro da hisNathali Gómez
nagomos@hotmail.com
O
tó ria desse país para que tanto luso-descendentes como pessoas de outras nacionalidades possam conhecer ao aspectos cronoló gicos do acontecer histó rico de Portugal", afirmou. Pérez Perazzo, que sempre inclui nos concertos que dirige autores portugueses, foi Director Titular da Banda Marcial de Caracas desde 1978 até 1994 e da
Banda Sinfó nica Nacional de Colô mbia em 1998. Actualmente, é professor da Universidade de Monteávila, vai ser director do Conservató rio de Mú sica Simó n Bolívar e trabalha no Sistema Nacional de Orquestras Sinfó nicas Juvenis e Infantis. Apresenta-se, também, junto da orquestra sinfó nica no CPC desde 1971.
Condecorados com a ordem Joã o Ferná ndez Leã o Pacheco Daniel Morais Adelino Oliveira Fernando Ludgero Ferdinando Suares Sebastián Araujo Agostinho Macedo António dos Santos José Luís Ferreira
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Um sacerdote ligado aos media Com David Rodrigues já são 34 os luso-descendentes no paí s que pertencem ao clero eclesiástico. Jean Carlos De Abreu
com que a sua vocação crescesse. "Í amos a missa todos os domingos, mesmo que estivesse a chover torrencialmente", coavid Rodrigues Afonso, o menta. luso-descendente que no David é filho ú nico e a atenção dos passado dia 13 se ordenou seus pais sempre se centrou nele. Criousacerdote na Missão Cató - se num ambiente de amor e sob os prelica Portuguesa, está estreitamente liga- ceitos e valores da fé cató lica. Contudo, do aos meios de comunicação social, tan- no início, a sua família mostrou-se renito audiovisuais como escritos. tente com a decisão tomada. Com o pasÉ articulista em várias publicações re- sar do tempo, aceitaram o que Deus tinligiosas dentro e fora de Caracas, tem ha posto na vida deste jovem: servir e um programa de rádio dominical na ajudar os mais necessitados. emissora "Radio Caracas Radio" e é tamLogo depois de fazer o crisma, Dabém apresentador de um espaço no ca- vid teve vários convites para ser sacristão nal de corte religioso e educativo TV na capela "La Santíssima Trinidad" de Família. Caracas. Ai começou a gostar de partiEste filho de emigrantes portugue- cipar nas actividades religiosas e, em ses naturais do Arco daCalheta, Madei- 1997, decidiu seguir estudos na área de ra, desde pequeno começou a interes- Filologia, no seminário de La Guaira. sar-se pelas actividades religiosas. Os vaLogo depois da tragédia de Vargas, lores incutidos pelos seus pais fizeram em 1999, por problemas familiares, pede deabreujean@yahoo.com
D
a transferência para Caracas para continuar as suas aulas no seminário "San José de El Hatillo". Uma vez na cidade capital, termina os seus estudos de Teologia no colégio "Santa Rosa de Lima", localizado na Pastora, Caracas. Enquanto estudava no seminário, atendeu inumeráveis paró quias como a diocese de La Guaira, Macuto, El Junquito, Mariche e Plan de Manzano, entre
outras localidades onde prestou serviço pastoral como diácono. Com David Rodrigues, já são 34 os luso-descendentes no país que pertencem ao clero eclesiástico e que têm a missão de predicar a palavra de Deus. O novo padre está à espera de que o clero de Caracas lhe designe uma nova paró quia, onde vai prestar serviço juntamente com outro sacerdote, que o encaminhará.
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Dialectos não devem ser motivo de desunião tuto Português de Cultura (IPC). O evento teve lugar no Centro m vários continen- Português de Caracas no passates, vastos territó rios do sábado 28 de Maio. diferentes falam o A docente da Escola de Leportuguês. Daí, a lín- tras da Universidade Central de gua apresenta uma grande di- Venezuela fez uma introdução versidade interna, consoante as da fonética e fonologia do porregiões que a usam. Os entendi- tuguês, passando depois pelas dos na matéria pensam que, in- variantes do Brasil, de Angola evitavelmente, estas variantes e pelos dialectos de Lisboa, da vão aumentar com o tempo. Al- Madeira e dos Açores. "Apesar guns linguistas acham que, na desta diversidade, a coesão da actualidade, o português de Por- língua é extraordinária. Não detugal e o português do Brasil são ve ser uma diversidade para a línguas diferentes; outros pen- desunião, mas sim para evidensam que constituem variedades ciar a enorme riqueza linguístibastante distanciadas dentro de ca do português", explicou a esuma mesma língua. pecialista. Estas reflexões foram aborO auditó rio, constituído dadas pela professora Célia maioritariamente por alunos Mendes numa conferencia cha- que recebem aulas de portumada "Como soam os portu- guês, pô de apreciar os difegueses" promovida pelo Insti- rentes sons fonéticos do portuDélia Meneses
E
guês, dependendo da área geográfica e das peculiaridades dos seus falantes. Mendes concluiu com uma ideia do autor Fernão de Oliveira, que defende que é evidente o contraste entre o Norte de Portugal, que tem sido sempre mais conservador, e o Sul, que tem introduzido novas palavras, sendo inovador nesse sentido. Esta conferência fez parte de um ciclo de palestras que o IPC vem promovendo sobre a língua e a cultura portuguesa. No mês de Abril, o professor de português João da Costa Lopes defendeu a ideia de que Portugal e o Brasil devem apostar no desenvolvimento de políticas estatais que criem mecanismos para facilitar a divulgaç ão e a aprendizagem da língua portuguesa no estrangeiro.
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Uma ajuda para os párocos O segundo Jantar do Clero destina-se a angariar fundos para ajudar as paróquias marginalizadas com maiores necessidades. aos ministros eclesiásticos ordenados como também às irmãs vijantar dos Amigos gárias que estão nas zonas mardo Clero é uma ginalizadas e que prestam apoio iniciativa que se aos desamparados do local. realizou pela seDevido ao êxito da primeira gunda vez no Centro Portu- reunião, organizou-se um seguês de Caracas no passado gundo jantar "porque a situação 27 de Maio. A finalidade do que apresentam os eclesiásticos evento foi angariar fundos torna-se cada vez pior", exprespara ajudar os sacerdotes que sou o padre Alexandre Mense encontram em condições donça. O Monsenhor Nicolás precárias, assim como cobrir Bermú dez fundou este tipo de as necessidades básicas que ajuda para facilitar recursos a estenham nas suas respectivas tes sacerdotes e poder custear as paró quias. suas despesas primárias: alimenO padre Alexandre Men- tação, roupa e serviços médicos. donça é o director deste deparAo chamado Jantar do Clero tamento que depende do Arce- são convidadas personalidades bispado de Caracas, que se criou reconhecidas das indú strias vehá cerca de um ano. A 26 de nezuelanas e do pú blico em geMaio de 2004, realizou-se a pri- ral que desejem colaborar com meira ceia, que serviu para reu- a compra da entrada. "Esta reunir fundos para ajudar religio- nião tem tido pouca promoção sos nas suas necessidades bási- porque não é agradável saber cas. que servidores da igreja estão nuNesta ocasião, o dinheiro an- ma situação incó moda", cogariado vai destinar-se não só menta-nos o padre Alexandre. Jean Carlos De Abreu
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A participação no jantar custou 75 mil bolívares, com direito a aceder à sala nobre do clube, onde havia uma variedade de gastronomia. Para além das entradas, pessoas particulares colaboraram, assim como diferentes instituições que têm feito doações de acordo com as suas
possibilidades. O padre Mendonça diz-nos que noventa por cento das ajudas que conseguem provêm da comunidade portuguesa, mesmo que esta não faça parte das actividades da Missão Cató lica Portuguesa. No jantar, marcaram presença representantes da Igreja Ca-
tó lica, como o Monsenhor Nicolás Bermú dez, e do Governo português, nomeadamente o embaixador José Manuel Arsénio, que apoiou a causa para ajudar, de alguma forma, os párocos necessitados e aqueles que já estão em idade avançada.
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36 anos de beneficência portuguesa Estas mulheres ajudam mais de 70 famí lias e comemoram o seu aniversário no próximo dia 5 de Junho. mora-se o primeiro aniversário do Lar Padre Joaquim Ferreira, com uma missa campal ao meio-dia, seguida de espetada s Damas de Beneficência e de comidas típicas. O evento serve tamPortuguesas de Caracas sa- bém para angariar fundos para comprar bem melhor do que nin- medicação e pagar o espaço. guém que nem todos os porUma das principais dificuldades que tugueses que residem na Venezuela vi- apresenta o lar actualmente é a falta de vem de forma folgada economicamente. água. Ainda esperam que a autarquia de Actualmente, todas as terças-feiras de ca- Charallave trate da água canalizada e, enda mês, mais de setenta famílias recebem tretanto, os camiões cisterna que têm leajuda deste grupo de mulheres. vado a água foram cedidos por José Isi"Cada pessoa utiliza de forma dife- dro Monteiro e Silvino Cova. Quando rente as ajudas. Algumas usam-nas para eles não podem, têm de pagar até duzencomprar medicina, outras para comida, tos mil bolívares por um camião de água. mas o mais importante é que podem conPara a comemoração do seu 36º anitar com este dinheiro mensalmente para versário, as Damas de Beneficência vão ter uma vida melhor", notou Maria Fer- fazer um almoço a 5 de Junho, às 13h00, nanda de Moreira, presidente das Damas no restaurante Maison Doree do Centro de Beneficência. Comercial Ciudad Tamanaco. Com este Antes, mais famílias recebiam ajuda, evento, pretende-se angariar fundos para mas o nú mero reduziu graças ao Gover- continuar a ajudar os mais carenciados no de Portugal, que decidiu enviar a pen- dentro da comunidade lusa da Venezuesão às pessoas maiores de 65 anos. la. Para levar a cabo o seu trabalho de Uma ajuda para as damas uma forma eficiente, estas trinta damas realizam almoços, reuniões e eventos, conQuando se trabalha para o pró ximo e tando sempre com o apoio dos grandes e se destinam tantos esforços aos mais nemédios empresários lusos, sobretudo com cessitados, muitas vezes os assuntos dos a finalidade de angariar fundos para os que põem a sua vida ao dispor dos outros mais necessitados. ficam relegados. É isto que acontece com Um dos principais feitos desta insti- a sede das damas, em Macaracuy, que actuição que já é conhecida por toda a co- tualmente está totalmente deteriorada pemunidade lusa é a construção do Lar de la humidade e pelo tempo. Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira. A sua presidente conta que a canali"Há a alguns, parecia-nos que ter uma ca- zação da casa são muito velhas e que não sa para os velhinhos era uma coisa im- funcionam, especialmente quando chopossível. O padre Joaquim Ferreira, que ve, deixando inundada algumas zonas da foi o nosso guia espiritual, sempre nos di- casa. Por isso, elas também precisam de zia que era preciso construir um lar para ajuda. os idosos, porque eles precisam de uma Ernesto Sousa é uma das pessoas que atenção especial", comenta. tem recebido apoio das Damas de Bene"Isso vai ficar nas nossas memó rias ficência desde 1998. Quando tinha depara sempre. Por isso, quando ele faleceu, zoito anos precisava de recursos econó começámos a trabalhar mais duro para micos para tratar da epilepsia. Hoje já com recolher os fundos necessários. E hoje o 25, continua a receber mensalmente um lar é uma realidade", disse. montante que lhe permite prosseguir com No pró ximo dia 26 de Junho, come- os tratamentos anticonvulsivantes. Noelia de Abreu
noeliadeabreu@gmail.com
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Residentes do Lar acarinhados
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Comité de Damas do Centro Português de Caracas, "Aeroexpresos Ejecutivos", as "Zapatarias Lucas" e as "Netas do Lar" contribuíram com um grão de areia para fazer mais agradável a estadia dos residentes do Lar de Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira. Na terça-feira 17 de Maio, os idosos do lar partilharam com os membros do Comité de Damas do CPC uma merenda. "É a primeira vez que o comité realiza esta actividade. Os residentes desfrutaram de um momento diferente em boa companhia", comentou Maria Fernanda de Moreira, presidente das Damas de Beneficência. Na quinta-feira 19 de Maio, a empresa "Aeroexpresos Ejecutivos" fez um do-
nativo de cinco milhões de bolívares ao lar de terceira idade. Maria Helena Correia, directora da empresa, entregou o cheque, fazendo-se acompanhar de outros funcionários. Nesse dia, também houve mú sica venezuelana quando um dos funcionários da segurança da empresa tocou o "quatro". Ainda nessa tarde, a "Zapataria Lucas" doou um par de sapatos para cada velhinho, sendo estes entregues por Maurício dos Santos. Na sexta-feira, as "Netas do Lar", todas as filhas e noras das Damas de Beneficência, partilharam um petisco com as mães e avó s do lar para comemorar o Dia da Mãe. "Para além da companhia, este grupo ofereceu uma imagem de Nossa Senhora de Fátima a cada senhora", acrescentou Maria Fernanda.
Festival de Folclore Infantil chega à sua segunda edição Liliana da Silva
lilianadasilva19@hotmail.com
O Centro Português de Caracas vai receber no pró ximo dia 5 de Junho sete grupos folcló ricos infantia que vêm de diferentes clubes portugueses da Venezuela. Esta iniciativa cultural, que surgiu por Rui Urbano, chega à sua segunda edição. Grupo Danças e Cantares do CPC é o responsável pela organização do evento, depois de ter ganho na edição anterior, que se realizsou na Casa Portuguesa do Estado Aragua. Cada um dos grupos folcló ricos vai ter quinze minutos para actuar e surpreender o jú ri, que será composto por sete pessoas conhecedoras do
folclore e da mú sica portuguesa. Este Festival de Folclore vai premiar o melhor grupo, a melhor madrinha e o melhor traje típico entre os sete concorrentes. O grupo Danças e Cantares não poderá concorrer por ser o anfitrião. Contudo, também vão actuar depois das actuações dos grupos concorrentes, apresentando os três bailinhos que os levaram à final no ano passado. Os grupos que participam neste evento vêm em representação do Centro Luso de Catia La Mar, Centro Luso de Turumo, Casa Portuguesa del Estado Aragua, Centro Português del Valle del Tuy, Centro Português de la Victoria, Centro Social Madeirense de Valencia e Centro Português e Guatire.
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Centro Atlâ ntico Madeira foi vítima de delinquência ra está a preparar uma actividade desportiva para os dias 18 e 19 de Junho com a principal finalidade de angariar funsalão de jogos do Centro dos e, assim, conseguir recuperar denAtlâ ntico Madeira, locali- tro do possível grande parte dos objectos zado em Barquisimeto, Esta- roubados e as instalações vandalizadas. do Lara, foi assaltado. Os de- Contudo, os trofeus desportivos, patrilinquentes, que ainda não foram identi- mó nio da instituição, são uma perda irreficados, burlaram a vigilâ ncia do centro, parável. violentaram as janelas do salão e levaram O Centro Atlâ ntico Madeira Cluconsigo uma televisão, um equipamento be foi fundado a 26 de Agosto de 1984. de som e uma série de trofeus desportivos Tem uma área de nove hectares e cerde valor incalculável para a instituição. ca de 950 só cios. Nas suas instalações, O roubo teve lugar durante a semana, realizam-se normalmente uma série de quando as instalações são pouco fre- actividades recreativas, entre elas futebol, quentadas e está um só vigilante a selar "bolas crioulas", voleibol, dominó , tépela segurança do centro. Para além do nis de mesa, futebol de salão, jogos de que conseguiram levar, os indivíduos cartas, folclore juvenil e infantil. vandalizaram as instalações, danificando Entre os seus projectos futuros, desas mesas de "pool" e o bilhar do salão de taca-se a construção de um campo de jogos. "softbol". Mas há também planos para Uma vez que os estragos foram con- concluir a obra da piscina olímpica e o sideráveis, o Centro Atlâ ntico Madei- campo de ténis. Trinidad Macedo
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José Manuel de sousa
Portugeses no "Llano" Sandra Rodrí guez
S
endo um dos estados de maior produção nacional, considerado a porta do "llano" (planície) venezuelano e localizada a 500 quiló metros da cidade de Caracas, Barinas é outra comunidade que acolhe entre os seus habitantes uma considerável representação da comunidade lusa que, ao longo dos anos, se tem destacado na região. Desde a chegada dos portugueses, a zona desenvolveu-se consideravelmente, pois com a entrada daqueles na área comercial - em mercearias, padarias, restaurantes e venda de máquinas agrícolas - as actividades socio-econó micas cresceram muito, sobretudo no sector da agricultura e da pecuária, assim como o sector industrial e petroleiro. São aproximadamente 150 as famílias de origem portuguesa que vivem na região "llanera". Estas não se têm esquecido de destacar os costumes e as tradições que as
identificam. Desde 1995, realizam, anual e consecutivamente, as comemorações em honra de Nossa Senhora de Fátima, padroeira religiosa da comunidade. Tudo começou na igreja Alto Barinas, onde surgiu a ideia de semear nestas terras um lugar que contribuísse com a divulgação da cultura lusa. Instaurou-se, assim, o Centro Português de Barinas. Fundado em 1996 e filiado na Federação de Centros Portugueses de Venezuela (Feceporven), este centro é uma instituição social, cultural, desportiva e recreativa, sem fins lucrativos. Actualmente tem 400 só cios e projecta-se, como acredita o seu vice-presidente Manuel Gomes, como um "clube do futuro". "Temos um extenso terreno, onde costumamos desenvolver jogos de softbol, futebol e bolas crioulas. Criámos também uma capela, entre outras coisas. Desde 2000, as instalações do clube vestem-se de gala para comemorar as aparições da virgem de Fá-
tima, marcadas com os respectivos actos solenes: missa e procissão das velas, a popular "romaria" e mostras culturais, típicas da coló nia portuguesa. Este ano, as festividades realizaram-se durante três dias e contaram com a participação de Danzas Manguay, do grupo "A Madeira é um Jardim", de Caracas, e "Voz da Nossa Pátria", de Acarigua. Para além destes, marcam presença Iris Parra e os cantores portugueses Ismael e Henrique Couto, assim como o show de Sandra e Ricardo Rodrigues. A associação é, acima de tudo, um ponto de encontro de todas as comunidades residentes na zona. "Actualmente, só cerca de 40% dos só cios do Centro Português de Barinas são portugueses ou luso-descendentes, a restante percentagem dividese entre a comunidade venezuelana ou emigrantes oriundos de outros países que não Portugal", explicou-nos José Urbino, tesoureiro da Comissão Festas de Fátima.
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Portugueses de Yaracuy entre festa e tragédia Na comunidade de San Pablo comemoraram nos finais de Maio uma festa em honra de Nossa Senhora de Fátima Trinidad Macedo Na comunidade de San Pablo, um pequeno povo do Estado Yaracuy que conta com apenas 30 mil habitantes, comemorou-se nos finais de Maio uma festa em honra de Nossa Senhora de Fátima, que se converteu na mais importante da localidade, juntamente com as comemorações da Virgem de Las Mercedes, padroeira da zona. Há vários anos, algumas famílias que residem no local se organizaram para prestar homenagem a Nossa Senhora. Constantino Freire, Juan Campolargo, José Duarte Fernandes, Pablo da Silva Capela e Juan Barros encabeçam as comemorações que reú nem a pessoas do local e a portugueses dos estados vizinhos, partilhando com o povo venezuelano uma festa portuguesa. A devoção da comunidade quer cristalizar-se em obras concretas. Francisco Daza, presidente da Câ mara Municipal Arístedes Bastidas, de Yaracuy, anunciou que já existe um projecto a longo prazo para levantar um santuário de Nossa Senhora de Fátima em San Pablo. "Estamos à espera das licenças e fazendo contactos com o governador do Estado para que esta ideia se concretize, pois é o sonho frustrado da coló nia portuguesa da zona. Os lusos radicados no município Arístedes Bastidas constituem um grupo pequeno, mas estão bem colocados ao nível comercial, com padarias, supermercados, talhos, venda de verduras e outros
bens básicos. Minutos de silêncio Apesar do ambiente festivo, o luto acompanhava uma boa parte dos portugueses nessa noite. Antes de começar o espectáculo musical, fez-se um minuto de silêncio pelo assassinato de Julio Cesar Campolargo Vieira, filho de Juan Campolargo, membro organizador da associação Nossa Senhora de Fátima. O luso-descendente morreu logo depois de um assalto em que vários indivíduos o atingiram a tiro. Durante a missa solene, acompanhada por câ nticos em português, foram muitas as promessas e as ofertas à virgem de Fátima, pelas graças recebidas. Um dos agradecimentos foi por causa
da nova imagem da virgem, com um terço feito de cristais e ouro, que saiu em procissão pelas principais ruas da povoação de San Pablo. Depois, foi recebida por uma salva de fogos de artifícios, resultado da colaboração dos comerciantes do sector. Entre os convidados especiais, estava o autarca de San Pablo, Francisco Daza, que estava acompanhado por Argen de Yánez, secretária de segurança do cidadão do Estado Yaracuy. Ambos deram um apoio pleno para a comemoração. Também assistiram o cô nsul honorário de Barquisimeto, Pedro Ferreira e Albertina de Sá, presidente do Centro Atlâ ntico Madeira, assim como um bom nú mero de imigrantes que residem em Barquisimeto.
O espectáculo musical foi variado. Os presentes apreciaram o talento de jovens interpretando mú sica crioula, entre eles Mario Cillo, Manuel Meléndez, Ángel Méndez, Luis Miguel Guairó , Llamarú Meléndez e Sonia Capela, uma luso-descendente que canta mú sica venezuelana. Não faltou o grupo folcló rico de Barquisimeto "Alegria da nossa terra". Por Caracas, esteve presente o duo Ángeles. A família Fernandes, uma das organizadoras da festa, organizou a actuação de um grupo folcló rico constituído por luso-descendentes e jovens venezuelanos que dançaram e cantaram como se tivessem nascido em Portugal. Esta apresentação foi apenas a segunda aparição em pú blico deste grupo denominado "Orgulho da Nossa Terra".
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14 TRAÇOS DE PORTUGAL
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Lisboa: uma visita obrigatória Sónia Gonçalves
convidar-nos a fazer uma pequena paragem, dá-nos a certeza de que estamos numa cidade europeia. Mas há uma diquase uma obrigação, um dever. ferença: aqui conseguimos "cheirar a Para alguns, no entanto, não passa Lisboa!" de um capricho. Outros preferem Lisboa é rica em patrimó nio e uma ser indiferentes. Mas a verdade é visita à Praça do Comércio, à Torre de que qualquer português que se preze Belém, ao Mosteiro dos Jeró nimos e ao tem de conhecer a capital, Lisboa. Uma Centro Cultural de Belém - entre ouvez nela, são necessários vários dias para tros locais deveras interessantes - são inconhecer o riquíssimo patrimó nio his- dispensáveis. No arredores, é obrigató tó rico e cultural que a cidade nos re- rio visitar Sintra, o Palácio de Mafra e serva. A par disto, as ruas da capital em- o Palácio de Queluz. balam-nos com uma grande oferta em Residem na área metropolitana de Listermos de comércio e os grandes cen- boa quase três milhões de pessoas e são tros comerciais multiplicam-se. muitos os turistas, portugueses e estranLisboa é o ú ltimo porto seguro que geiros, que visitam diariamente a capiexistiu durante milhares de anos. Foi a tal. Viver em Lisboa tem as suas vantafronteira do Mundo conhecido e a pas- gens, mas também há inconvenientes sagem para um mar imenso que metia normais das grandes cidades: a procura medo aos mais heró icos navegadores. de emprego é maior, as rendas são altas, a De entre os muitos monumentos, há criminalidade começa a ser uma dor de alguns que não podem deixar de ser vi- cabeça e a ameaça de poder ser apanhasitados e a tradicional passagem pela bai- do pelo trâ nsito é aterradora. Essenxa é indispensável. Antes de chegarmos cialmente porque na capital encontraà Praça do Comércio, descer pela Rua mos mais dificuldades, é comum dizer-se do Ouro, com as lojas e os vendedores a que nela sentimo-nos como mais um sgoncalves@dnoticias.pt
É
BREVES
simples nú mero de Bilhete de Identidade... As origens Reza a lenda que Ulisses, o heró i grego que protagoniza a Odisseia de Homero, fundou a cidade de Lisboa, denominada na altura de Olisipo. Mas isto não pode ser levado muito a sério, sobretudo porque muito antes de Homero ter entoado as aventuras deste mítico guerreiro, já havia pessoas a viverem na capital portuguesa. Segundo publicações do "Viva Lisboa", foram encontrados vestígios da ocupação humana em Lisboa que datam do Acheulense, ou seja, da era de quinhentos a dez mil da nossa era. E também há achados arqueoló gicos que atestam a fixação de muitos povos ao longo dos tempos, nomeadamente dos fenícios, dos gregos e dos cartagineses. Num monte estratégico debruçado sobre o Tejo, foi erigido um castro. Foi aqui que a cidade se começou a formar muito antes dos romanos se fixarem no local.
Lisboa romana Os romanos chegaram a Lisboa em 205 a.C., ocuparam o castro e aí erigiram uma acrópole. Há inúmeros achados arqueológicos que atestam a veracidade desta tese.
Lisboa visigótica e islâ mica A cidade foi saqueada pelos Godos de Walia em 419 d.C., sendo tomada pelos suevos e depois pelos visigodos, que acabaram por ser dominados pelos muçulmanos em 714. Com os novos ocupantes, a cidade expandiu-se. A Sé visigótica foi transformada numa enorme mesquita.
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CULTURA 15
Ensino do Português com mão de ferro Amarú Araujo Villegas avillegas1@yahoo.com
P
or causa do intercambio de experiências educativas e culturais entre a Universidade Central da Venezuela e o Instituto Camões, realizou-se nas aulas da Escola de Línguas Modernas da UCV uma palestra sobre o ensino da língua portuguesa e os programas de formação bilíngue. O evento foi apresentado pela professora Ana Maria Mão-de-Ferro Martinho, que trabalha como professora na Universidade Nova de Lisboa. É consultora nacional e internacional de educação e colaboradora na Universidade de Angola, Berkeley, entre outras. Para além disso, trabalha directamente com o ensino de estudos africanos. Numa entrevista ao Correio de Caracas, Mão-de-Ferro deu a sua opinião sobre a importâ ncia da língua portuguesa no mundo inteiro: "A língua portuguesa está neste momento em grande expansão, especialmente nos jovens. Por essa razão o nú mero de falantes está a aumentar. Estrategicamente, o português é uma língua muito importante e com forte potencial em determinadas zonas como o caso do Brasil e a criação do MERCOSUL". No entanto, a professora considera que todos os países que falam o português devem assumir a responsabilidade pela divulgação duma língua que cada dia tem mais prestígio no mundo académico e intelectual. – Considera que a emigração constitui uma perca ou uma expansão da língua portuguesa? – Eu acho que existe uma expansão porque os portugueses que emigraram aprendem outra língua e elevam o seu nível cultural, social... É uma mais valia. Também podem ensinar a sua língua materna e, para Portugal, é muito importante manter uma relação forte com as suas comunidades, para assim continuar a gerar dinâ micas linguísticas. Também se devem estudar todas as vertentes do português no mundo e suas mudanças em to-
dos os â mbitos. Eu acho que o português tem de ser estudado duma maneira mais sistemática como língua segunda e língua estrangeira. É preciso estudar a realidade dos hispano-falantes para estabelecer um método de ensino e construir instrumentos mais eficazes para esses
países. – Na América Latina, existe colaboração para o ensino do português? Sei que há muitas pessoas interessadas nestes temas, mas precisamos de sistematizar melhor os nossos contactos e os nossos contributos. No Brasil e na Argentina, trabalha-se muito nesse sentido. No caso da Venezuela, acho que é uma experiência de destaque e eu gostaria, de alguma forma, de contribuir apresentando algumas ideias. Onde se deve insistir muito é na formação dos professores para introduzir recursos significativos no ensino e na análise das estratégias. – Conhece as políticas educativas venezuelanas neste momento? – Muito pouco. Tenho de admitir que conheço mal a realidade local com exceção de aquilo que tenho visto aqui na Universidade Central. Mas gostaria de conhecer a vossa realidade. E penso fazê-lo imediatamente.
BREVE
Premiado grupo de teatro do CPC O grupo de teatro do Centro Português de Caracas recebeu o primeiro prémio como melhor espectáculo eleito pelo público e ficou em segundo lugar no XIII Festival Interclubes de Teatro "Cruceiros", que se realizou de 10 a 20 de Maio, na Irmandade Galega. A peça de teatro denominada "Vestidas para fugir" do CPC, dirigida por Marcos Purroy e Reinaldo Hidalgo, recebeu o galardão de melhor iluminação (dos directores da peça), melhor actriz principal (Betty de Castro), melhor actriz secundária (Dulce Ramalio) e menção especial por dramaturgia (Marcos Purroy). Para além disso, foram nomeados por melhor encenação, vestuário, direcção, actor secundário e música. Esta obra vai ser apresentada a 17 e 19 de Junho no Centro Português de Caracas e, posteriormente, vai iniciar a sua volta pelos diferentes clubes de Portugal.
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Marlon Clement: o meu pai fala "portunhol" O desenhador Álvaro Clement e o seu filho Marlon fizeram do seu nome uma boa forma de representar a Venezuela. Com a sua empresa, tem vestido vários presidentes venezuelanos, entre eles Betancourt e Hugo Chávez Frí as Farith Useche
Carlos Orellana
corellanacorreio@hotmail.com
mansão Clement é um dos estabelecimentos mais luxuosos da cidade. Tem um bar para receber a sua clientela, um jardim dentro da tenda e um nú mero quase incalculável de armários e manequins que exibem as esplêndidas colecções fabricadas entre Portugal e Itália. O desenhador Marlon Clement, um luso-descendente de 34 anos de idade, filho de Álvaro Clement, natural do Algarve, Portugal, está entre os desenhadores mais famosos da moda venezuelana. As suas confecções distinguem-se por um corte impecável e um descaimento limpo. "Vejo um senhor na rua com uma roupa qualquer e consigo distinguir se isso é meu ou não pelo corte. É uma coisa a que nó s damos muita importâ ncia” , confessa. Marlon estudou desenho em dois institutos europeus. "Fiz dois cursos em Itália, um em Florença e outro em Milão. Trabalho aqui desde os meus 17 anos e tenho passado por todos os departamentos. Comecei na cave. No início, varria e carregava tecidos porque o meu pai me meteu na cabeça que devia aprender a ganhar as coisas com o meu pró prio esforço. Nunca me obrigaram a trabalhar com ele, somente me deu essa oportunidade e eu aceitei-a".
A
Negó CIO de FAMí lIA Quando tinha 22 anos de idade, o seu pai decidiu integrá-lo oficialmente na empresa e comunicar a toda a gente, num cocktail, a sua decisão. desde
aquele momento, o jovem começou a mostrar o seu talento de desenho mostrando novas ideias para o negó cio familiar, onde trabalha também a sua mãe e a irmã. "No início, havia um ú nico departamento de senhores com roupa muito clássica. Quando fiquei responsável, juntamente com o meu pai, inventamos uma linha desportiva e casual. Aqui não havia jeans nem blusões. Agora, temos um departamento de senhoras com marcas italianas e sempre sob a supervisão do meu pai. Actualmente, este desenhador aposta nas novas tecnologias para substituir o lápis e o papel. "Os meus desenhos para o "prêt-â -porter" entregouos à fábrica em disquetes e qualquer modificação faço-a no computador. Inclusive, posso avaliar no écran como vai ficar o vestido. e isto tudo sem gastar um metro de tecido", comenta. Hoje, a cabeça dos Clement está em Portugal, mas - conforme nos disse Marlon - "ele tem 40 anos a viver neste país". Conta-nos que o seu pai se iniciou como alfaiate num atelier de roupa feita à medida e, pouco a pouco, se estabeleceu por conta pró pria". Actualmente, Clement pai é responsável pelo controlo da qualidade, explica o seu filho. "está pendente de todas as colecções, visita Alemanha, França, Itália e Portugal para estudar os produtos do mercado internacional. depois, desenhamos e confeccionamos as nossas peças cá". – Fala português? – O meu pai fala "portunhol" e eu defendo-me a falar português, embora tenha sempre alguma vergonha de faFarith Useche
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lá-lo, com medo de errar. Mas o entendoo perfeitamente. – Há quanto tempo não visita Portugal? – Há três meses que não vou lá. O meu pai tem uma casa no estoril e parte da nossa produção é feita lá. Por isso, viajo três ou quatro vezes à fábrica. – Quais são os costumes portugueses que prevalecem na sua casa? Nunca falta o bacalhau. Adoro a comida portuguesa, que é uma das coisas que penso que os portugueses não sabem explorar bem. Conheço pessoas que foram pela primeira vez e ficaram simplesmente maravilhados. – Tem filhos? – Tenho uma filhota que, curiosamente, nasceu em lisboa. escolhemos para ela o nome de "Évora".
Farith Useche
– Como é que o Clement começa a ganhar fama? – Quando o meu pai chegou à Venezuela, introduziu o "prêt-a-porter", que é a confecção do traje já feito. Também "inaugurou" as passarelas, pois na altura não se faziam passagens de modelo. essa foi uma das coisas que nos começou a dar a conhecer. – O que os torna uma marca tão prestigiada? – A atenção personalizada com os nos-
LAZER 17
sos clientes. Sabemos quem são e como se chama cada um deles. Para além disso, os nossos cortes são impecáveis e os tecidos que usamos não são sintéticos, mas sim lã, algodão, linho, etc. – Quantas lojas têm, no total? – Três em Caracas e uma em leiria, Portugal. Mas a de lá não é Clement. É uma loja a quem nos associamos para vender a nossa marca. – Projectos para o futuro? estamos a tratar de um franchising em Valencia e estamos a pensar expandir-nos até Aruba. Também tencionamos abrir um restaurante de um estilo que não existe ainda na Venezuela. estamos a pensar num lugar com uma decoração muito especial, uma espécie de alfaiataria, com muitos eventos e passarelas no interior. – É simples vestir o presidente da Venezuela, Hugo Chávez? (Risos) ele tem 24 horas ocupadíssimas e tem um assessor... mas é mais fácil despilo que vesti-lo. – Que peça de vestuário nunca usaria? Nunca usaria um sapato clássico com uma meia branca. – Qual é a sua equipa de futebol preferida? Mesmo que o pai seja do Sporting, eu cá sou benfiquista.
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BREVES Portugueses viajaram mais em 2004
Durão Barroso admite dificuldades
As viagens turísticas realizadas pelos portugueses registaram um aumento de 22,2 por cento no ano passado face a 2003, enquanto as dormidas fora da residência habitual subiam 15,1 por cento, anunciou o INE. Segundo os dados do Instituto Nacional de estatística (INE), entre Janeiro e Dezembro de 2004 foram feitas 12,140 milhões de viagens turísticas, 58,7 por cento delas por lazer, recreio e férias.
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, admitiu domingo à noite em Bruxelas que a vitória do "não" no referendo francês à Constituição europeia coloca dificuldades, mas sublinhou que o processo de ratificação do Tratado prosseguirá. "A Europa encontra-se perante uma dificuldade", começou por dizer José Manuel Barroso na abertura de uma conferência de imprensa conjunta com o
Os portugueses preferiram o seu país para fazer as deslocações turísticas, o destino de 87,8 por cento das viagens. Para o estrangeiro foram 22,9 por cento das viagens profissionais e de negócios e 13,7 por cento das deslocações por lazer, recreio e férias. Os países da União Europeia foram os destinos mais escolhidos, com 73,6 por cento do total das viagens ao estrangeiro, com a Espanha a representar 34 por cento.
presidente em exercício da União Europeia, o primeiro- ministro luxemburguês Jean-Claude Juncker, hoje à noite na sede da Comissão, após serem conhecidos os resultados do referendo em França, onde o "não" venceu com 55,20% quando estão contados 95,93% dos votos. O presidente da Comissão Europeia manifestou-se, no entanto, convicto de que a Europa "vai conseguir superar a situação".
Rejeição francesa em destaque na imprensa portuguesa
A
rejeiç ão dos franceses ao Tratado Constitucional Europeu submetido domingo a referendo foi destaque nos diários portugueses, que definem a Europa como uma União "em crise" e com "falta de liderança". A manchete do Diário de Notícias (DN) diz que a "França trava Europa", com a maioria dos franceses a pronunciar-se domingo contra a ratificação da Constituição Europeia. O diário refere que os líderes europeus apelam a um período de reflexão apó s o referendo francês, que "lançou a UE numa crise sem precedentes, tanto mais que todas as sondagens apontam para resultado idêntico na consulta popular que a Holanda realiza quarta-feira". O DN salienta que o presidente Jacques Chirac "anunciou para os pró ximos dias um conjunto de medidas, que algumas fontes admitem poderem passar por uma remodelação governamental". Em editorial, o subdirector do DN João Morgado Fernandes afirma que "alguma coisa deve estar errada nesse projecto, para que ele tenha sido rejeitado precisamente por um dos países tradicionalmente motores da União". "O problema são as outras `franças´, a Holanda, o Reino Unido, a Dinamarca.... Para sair desta crise, Bruxelas vai ter de fazer muito mais que reafirmar a sua fé
no `projecto europeu´ plasmado numa constituição que ontem (domingo) ficou moribunda", considera. Também o Jornal de Notícias (JN) realça que os "Franceses rejeitam Constituição e fazem tremer a Europa" e os dirigentes europeus "receiam efeito de dominó na pró xima quarta-feira na Holanda, não aceitam renegociar e prometem esclarecimentos". "Para o `não´ francês não há remédio", é de opinião o director José Leite Pereira, acrescentando que "este `não´ vai ser a mãe de todos os cepticismos que a partir de agora se levantarão" e que o resultado demonstra "a enorme incapacidade de a Europa se gerir a si pró pria" e a sua "evidente falta de liderança".
"NO - Terramoto francês abre crise profunda na União Europeia", escreve o Pú blico, referindo que o presidente Jacques Chirac, cuja demissão já foi exigida, prometeu que tirará as lições do voto - a nível interno e europeu. O Pú blico realça ainda que, em Bruxelas, o presidente em exercício da União, Jean-Claude Juncker, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, "tentaram transmitir uma imagem de serenidade". No editorial, o director do jornal, José Manuel Fernandes, lembra que já anteriormente países como a Dinamarca e a Irlanda votaram contra num referendo para aprovar um tratado europeu, acabando por aprovar o mesmo tratado em nova votação.
No entanto, o jornalista considera pouco provável e "um erro muito grave" a repetição do referendo em França, um país reconhecido como tendo um papel central no processo europeu. "O que o referendo, mas sobretudo o debate francês revelaram é que existem visões muito diferentes sobre o futuro da Europa que são cada vez mais difíceis de conciliar. Grande parte dos franceses que votou "não" fê-lo contra a Europa "neoliberal"", examina, sublinhando depois que "neste momento de iniludível crise a Europa terá de continuar a trabalhar com base no medíocre Tratado de Nice". "França diz `Não´" é a manchete do Correio da Manhã, escrevendo que referendo chumba Constituição Europeia com claros 56% contra 44%. O diário refere ainda que o ministro dos Negó cios Estrangeiros português, Freitas do Amaral, desdramatiza o resultado em França sublinhando que "Portugal fará o referendo salvo circunstâ ncias extraordinárias". "O Governo garante que nada se fará sem a consulta dos portugueses ou contra a vontade dos portugueses", garante o ministro. O CM destaca ainda declarações do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, do vice-presidente do PSD, Azevedo Soares e do líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã.
Meios aéreos chegam dia 6 para combater os fogos
O
ministro da Administração Interna anunciou, ontem, que os primeiros meios aéreos para combate aos fogos florestais estarão disponíveis já a partir do pró ximo dia seis. "Os restantes irão sendo introduzidos progressivamente", disse Antó nio Costa, durante as comemorações do Dia Nacional do Bombeiro, promovido pela Liga Nacional de Bombeiros Portugueses. O ministro afirmou que anu-
lou um dos concursos e recorreu à adjudicação directa de meios, por serem "inaceitáveis" os preços apresentados pela empresa concorrente. A contratação de meios aéreos para o combate aos fogos florestais será avaliada e deverá sofrer algumas alterações, em Outubro, quando o ministro apresentar os investimentos e as medidas estruturantes que pretende introduzir na política de socorro. "Teremos de decidir se podemos continuar a ficar ao
sabor das empresas que detêm meios aéreos ou se o Estado deve ter alguma autonomia estratégica neste sector", disse Antó nio Costa. Perante uma parada de voluntários de todo o país e de representantes dos bombeiros dos países de língua oficial portuguesa, Antó nio Costa mostrou alguma abertura para introduzir um corpo permanente e profissionalizado nas associações de voluntários, conforme tem vin-
do a ser reclamado, e ontem mesmo foi recordado, pela Liga de Bombeiros. Também repetiu que o socorro é uma prioridade deste Governo, mas os investimentos a apresentar no final desta época de fogos terão de ser "criteriosos e selectivos" . "Temos uma agenda carregada, mas, agora, temos sobretudo um grande desafio", disse o titular da Administração Interna. "Temos tudo contra nó s", prosseguiu Costa, "temos o or-
denamento florestal que não foi feito e temos condições atmosféricas adversas, mas também sabemos que, apesar de termos tudo contra nó s, temos os bombeiros do nosso lado. Obrigado!", concluiu, sob um forte aplauso. A pensar no dia que ontem se comemorou, o JN relata, nesta página, três histó rias de bravura de bombeiros cuja maior recompensa é salvar vidas. Não fosse o lema "Vida por Vida"...
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PORTUGAL 19
Madeira inicia "revolução" nas estradas regionais Classificação da rede viária regional é o arranque para renovar a sinalização, calcular as novas quilometragens e elaborar planos de segurança Ricardo Duarte Freitas
Setenta e cinco troços reclassificados
(DN-Madeira)
H
á dez anos que os mapas das estradas regionais não eram actualizados. As novas infra-estruturas rodoviárias como as vias rápidas e as vias expresso encurtaram as distâ ncias e revolucionaram a vida dos madeirenses. Só que em matéria de sinalização, tudo se mantém como no tempo da "Madeira Velha". A reclassificação das estradas da rede viária regional, que deu entrada no parlamento no início da semana, através de uma proposta de Decreto Legislativo Regional, será assim o arranque para a "revolução" nas estradas da Madeira. Além das implicações directas na vida dos madeirenses (ver destaque), a aprovação do diploma possibilitará implementar planos de segurança como o Plano de Emergência para as vias e tú neis - que está em estudo entre o Serviço Regional de Protecção Civil, a PSP e as empresas que gerem a concessão das estradas. A actualização do sistema de informação geográfico da rede rodoviária sugere também a criação de um plano de prevenção da sinistralidade para a Região, de que a Madeira está "ó rfã". Refira-se que a implementação do Plano Nacional de Prevenção Rodoviária, criado pela Direcção Geral de Viação, restringe-se apenas às estradas do territó rio continental, não prevendo qualquer medida para as Regiões Autó nomas. No entanto, a primeira alteração visível, apó s a aprovação da nova classificação da rede viária regional, será a sinalização. Em declarações ao DIÁRIO, Santos Costa disse que, neste momento, a Secretaria Regional do Equipamento Social e Transportes está a ultimar o plano director de sinalética - que prevê a colocação ou substituição dos painéis de sinalização/informação desactualizados, assim como a proceder ao cálculo das novas distâ ncias (encurtadas) pela construção das vias rápidas e vias expresso. Questionado sobre o montante do investimento para renovar a sinalização e actualizar a quilometragem, Santos Costa referiu que não tem ainda uma estimativa dos custos.
Ao todo, a nova estrutura da rede viária regional estabelece dois níveis de classificação para 73 troços rodoviários previstos: a rede principal inclui as vias rápidas e vias expresso que asseguram a ligação entre os centros urbanos em ambas as ilhas; a rede complementar compreende a ligação da rede principal aos restantes aglomerados, através das estradas regionais. As estradas principais regionais (desde a ER 101 pelo litoral das ilhas da Madeira até à ER 120 do Porto Santo) incluem 10 troços que foram englobados na Rede Regional Principal. Um total de 53 percursos rodoviários secundários, que ligam as várias freguesias da Região, dos quais 3 na ilha do Porto Santo, fazem parte da Rede Regional Complementar. As vias rápidas foram divididas em duas designações. A VR1 compreende o itinerário principal de 43 quilómetros, que se estende desde a Ribeira Brava ao Caniçal, sendo a VR2, a que está em fase de construção e que fará a ligação entre Câmara de Lobos e a freguesia do Estreito. Por fim, as mais jovens infra-estruturas rodoviárias - as da vias expresso - foram 8 classificadas, sendo a VE1 a que liga Machico a Santana e que inclui também o percurso entre a cidade do Norte e São Vicente - um tracejado que, de acordo com Santos Costa não consta ainda em projecto. A VE8 é outra novidade - sendo construída entre a cota 200 e a estrada para o Curral das Freiras. As vias expresso e vias rápidas estão englobadas na classificação funcional das estradas como sendo da Rede Regional Principal.
Nova aposta na cebola regional Marcelino Rodrigues (DN-Madeira)
C
aiu o pano sobre a oitava edição da Festa da Cebola, que decorreu no Caniço sob organização dos elementos do Grupo Cultural e Musical dos Reis Magos e apoios da Direcção Regional de Agricultura, Câ mara Municipal de Santa Cruz, Junta de Freguesia do Caniço e comerciantes locais.
Presente na cerimó nia de entrega dos prémios aos melhores produtores de cebola, o director regional de Agricultura mostrou-se satisfeito pelo aumento da qualidade e da produção de cebola na Madeira. Bernardo Martins informou ainda que o processo que levará a ostentar o certificado de qualidade alimentar "já está concluído e será entregue em Bruxelas, na pró xima
terça-feira". Outro aspecto abordado pelo responsável pelo agricultura regional, foi o da presença de representantes de grandes superfícies comerciais, casos do Pingo Doce e da Sonae, na Festa da Cebola, para aquilatar da qualidade do produto. Uma facto que "abre a possibilidade da cebola madeirense ser comercializada nos hipermercados nacionais".
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PS mantém maioria absoluta líderes partidários descem
O
PS manteria a maioria absoluta se as eleições legislativas fossem hoje e a popularidade dos principais líderes partidários caiu junto dos portugueses, de acordo com o baró metro mensal divulgado segunda-feira pelo Diário de Notícias (DN). O baró metro da Marktest para o DN e rádio TSF foi realizado entre 17 e 19 de Maio, antes do anú ncio pelo primeiro-ministro das medidas de austeridade devido ao défice excessivo. De acordo com a sondagem, os socialistas subiram para 49 por cento na intenção de voto dos portugueses, contra 46 por cento no mês anterior, enquanto o PSD se ficaria pelos 30 por cento, quando no final de Abril conseguiu 31 pontos percentuais. A diferença entre os dois partidos é 19 pontos percentuais. As outras forças políticas com assento parlamentar desceram um ponto percentual cada, com o Bloco de Esquerda (BE) a cair dos oito para os sete por cento, o PCP dos sete para os seis e o CDS-PP dos cinco para os quatro, "apesar da nova liderança de José Ribeiro e Castro", salienta o jornal. Os líderes partidários baixam este mês nos níveis de popularidade junto dos portugueses, com as maiores penalizações a caberem a José Só crates e ao líder do PSD Luís Marques Mendes, ambos com uma quebra de popularidade de 14 pontos. No entanto, Só crates mantém-se com um saldo
"Açor 052" treina defesa de pontos estratégicos
A positivo de 29 pontos, enquanto Marques Mendes passa a somar mais opiniões negativas do que positivas, com um saldo negativo de cinco pontos. Jeró nimo de Sousa (PCP) e Francisco Louçã (BE) também caem, mas mantêm uma imagem positiva, enquanto o novo líder centrista Ribeiro e Castro entra pela primeira vez para o painel com um saldo negativo de nove pontos. Com imagem positiva junto dos portugueses continuam o Presidente da Repú blica, Jorge Sampaio, e o da Assembleia da Repú blica, Jaime Gama, com um balanço de 64 e de 25 por cento, respectivamente.
s ilhas açorianas do Faial e Pico são o cenário para o exercício "Açor 052", que começou no domingo passado, destinado a treinar a defesa de instalações sensíveis do arquipélago contra acções de sabotagem de forças inimigas. No exercício, que decorreu durante toda a semana, participaram 260 militares do Exército, Marinha e Força Aérea, além da corveta Afonso Cerqueira, um avião C-130, dois Aviocar da Base das Lajes e um helicó ptero Puma SA-330. Durante cinco dias, os militares dos três ramos das Forças Armadas - a maioria dos quais pro-
venientes do Continente - tiveram a seu cargo a defesa de pontos estratégicos das duas ilhas açorianas, às ordens do Comando Operacional dos Açores (COA). Além de servir para testar a capacidade de defesa de pontos sensíveis das ilhas, este exercício, realizado anualmente, serviu também para aumentar a operacionalidade entre os meios dos três ramos das Forças Armadas presentes na região e "validar os planos de contingência existentes". No "Açor 052", que tem como base o Monte Carneiro, no Faial, não foram utilizadas munições nem engenhos explosivos reais.
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22 OPINIÃO
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Saber governar é bonito... como o do Algarve. Esquece-se o professor que os políticos que aber governar é, de facto, uma ciência temos reflectem o povo que ainda somos. Só que tanto pode alegrar o povo a quem crates não prometeu quase nada. E parece estar se destina como deixar de pâ ntanos entretanto sem condições para cumprir o pouo seu optimismo no dia-a-dia. Ora, Jo- co que prometeu. E mesmo no tal "estado de sé Só crates - o actual primeiro-ministro de Por- graça" que ainda tem - o povo o que quer é que tugal - tem estado a tactear, à procura de fazer lhe resolvam os problemas... - há mais que muicoisas. Se não avançar com programas que lhe tas questões que os analistas já vão atirando ao deram a vitó ria, não se pode desculpar com a ar. Falam no desemprego que não tem solução à falta de apoio dos portugueses. É que estes deram vista, no endividamento colectivo, na (fraca) ao actual governo uma maioria confortável. E qualidade do ensino e na Saú de que não anda nem sequer estão a fazer grande pressão social. nem desanda... Falou em 150 mil empregos... mas onde estão Pelo contrário, dois meses depois de ter tomado posse, Só crates não enxerga, certamente, grandes eles? Falou na construção de hospitais, sobretudo aquele do Algarve. Mas logo que teve oporanti-corpos populares. O estado de graça continua alto. O primeiro- tunidade mandou à "fava" as "decisões" que o seu ministro dá a entender que o povo é bem capaz ministro da Saú de ia tomando. E por muito que se queira "esconder a realide estar disposto a fazer sacrifícios, e daqueles que até poderão ser duros, se permitirem, no en- dade", para não se criar desâ nimo, há dados a mais para dois meses de governação. A solução tanto, ver a luz ao fundo do tú nel. Dizia Samuel Johnson, um escritor britâ ni- para o aborto vai ficar para as calendas gregas, co, que viveu em 1700, que "estamos sempre dis- porque o tal referendo não pode andar por não postos a acreditar naqueles que não conhecemos, parecer agradar ao todo poderoso Presidente da pela simples razão de que esses ainda não tive- Repú blica. Saber governar é, de facto, uma ciência. E os ram oportunidade de nos enganar". O povo não conhecia Só crates. Por isso, in- políticos que ainda vamos tendo - do Governo à cutiu-lhe o mandato de governar. Agora é pre- Oposição - parece que têm de voltar à escola. Para aprender mais umas coisas e sentirem na ciso que a desilusão não se apodere do povo. E, no entanto, uma ou outra voz começa a pele o que o povo pensa das "velocidades" que fazer-se ouvir. Como a de Marcelo Rebelo de não temos quando se trata de governar. Dizia alSousa que chega a comparar o estilo de Só crates guém, não há muito, que na nossa Política não ao "pior do santanismo", sobretudo numa certa temos "As" nem "Bês". Temos, ao invés, meia descoordenação entre os ministros, corporizada dú zia de "Cês" e um batalhão de "Dês". O que é no desentendimento entre o ministro da Saú de, dramático. Sobretudo porque nó s povo queríaCorreia de Campos, e o pró prio primeiro-mi- mos, de facto, acreditar no partido que teve a nistro quanto à construção dos novos hospitais, maioria absoluta.
Adoecer em Portugal
Fernando Cruz Gomes
S
Filhos de portugueses Antonio de Abreu Xavier Historiador
L
emos neste mesmo jornal uma reportagem sobre os problemas de adaptação dos jovens luso-venezuelanos na Madeira. Para além dos comentários feitos nesse artigo, que podem meter medo a jovens que tenham desejos de fazer vida em Portugal, um facto chama a nossa atenção: a relação sentimental e pouco objectiva com o país onde nasceram. Mas também se destaca outro dado que resulta de investigações feitas neste lado do Atlâ ntico. Entre Outubro de 1991 e Fevereiro de 1992, Maritza Montero, professora de psicologia da Universidade Central da Venezuela, fez uma investigação sobre a "Identidade nacional dos venezuelanos filhos de imigrantes portugueses". No estudo, ela concluiu que os luso-venezuelanos mostram uma relação inversa na hora de julgar aquilo que é venezuelano e o que é português. Dito desta forma tão académica, isto parece uma frase feita, mas o que a reputada professora quis dizer é que por cada coisa boa e positiva que os jovens encontraram na Venezuela, eles encontraram uma má para Portugal, e vice-versa. Para descrever o venezuelano, empregam ad-
jectivos como sociável, alegre, cheio de bom humor, dado às brincadeiras, muito solidário, cooperador, de carácter sempre aberto, patriota, igualitário. Ao contrário, o português é triste, uma pessoa pouco divertida e pouco amigável, fechado, desconfiado, egoísta, avarento e machista. No lado positivo, o português é laborioso mesmo em trabalhos penosos e mostra grande paixão pelo trabalho mais entendido, como manter-se ocupado em actividades de responsabilidade e pontualidade. O luso tem muitos desejos de superação social, uma forte ambição que se traduz na poupança, numa vida recatada e na defesa das virtudes familiares. No estudo, o lado negativo dos venezuelanos é justamente o contrário. Mais isto é só em relação aos indivíduos. Na imagem que eles têm da Venezuela e de Portugal prevalecem as opiniões positivas. Assim, o Rectâ ngulo destaca-se pela qualidade da gente (honesta, trabalhadora, responsável, séria), pelos serviços pú blicos eficientes, pela grande segurança individual e social, pela qualidade da educação; pela organização, e também porque é um país formoso, aprazível, nacionalista, com interessantes monumentos histó ricos e culturais, com bom turismo, preocupação pelo ambiente e alto nível de respeito às leis do país. Caro amigo leitor, com certeza já se fez a pergunta. Se nesse estudo feito em Venezuela os luso-descendentes dizem todas estas maravilhas de Portugal, qual é e onde está o verdadeiro erro para eles não se sentirem à-vontade, como diz a reportagem? Qual é o problema? Alguma coisa não está clara, não acha?
Cristina Da Silva Bettencourt
Cristina-dsb2000@yahoo.com
É
inacreditável o medo que pode sentir uma pessoa quando adoece em Portugal. Uma constipação, uma dor de cabeça e doenças deste nível são curáveis pelo pró prio doente; o problema surge quando é uma doença que nó s não podemos curar sem a ajuda de um médico. As pessoas que vivem em Portugal sabem que o sistema de saú de neste país é bom, mas se falarmos sobre a preparação e eficiência dos médicos já a opinião seguramente não será a mesma. Eu tive uma experiência muito pró xima do perigo que corre um doente nas mãos de um médico em Portugal. "João" (nome fictício para uma pessoa doente) vivia na Venezuela e chegou a Portugal há quase um ano. Teve uma crise de esquizofrenia, produto de um tratamento que lhe foi aplicado por um doutor de um hospital pú blico deste país. O problema põe-se quando o médico do "João" teve de fazer una equivalência do medicamento que estava a tomar na Venezuela e não o fez. Pelo contrário, quis fazer uma experiência com um medicamento que, apesar de que já estar à venda no mercado desde 1996, não resultou como tratamento para a doença do "João". "João" sempre foi um homem independente, trabalhava e tinha uma vida "normal", mas o seu médico fez com que ele assinasse um documento onde ele aceitava a aplicação da experiência nele. O "contrato" só foi assinado pelo médico e pelo doente. Agora eu pergunto: Será que um doutor deve aceitar a assinatura de um doente mental como se fosse uma pessoa normal? Obviamente, na minha opinião, não. Uma pessoa com uma doenç a mental não pode saber claramente o bom e o mau dessa experiência. Logicamente aquele médico fez com que o "João" visse aquela experiência como a salvação do seu pro-
blema, mas o que ele não aprofundou foi a grande quantidade de contra-indicações da aplicaç ão dessa medicaç ão. Uma pessoa doente tem deveres e direitos, como qualquer pessoa normal e o facto de não pedir a assinatura de um familiar é um desrespeito pelos direitos não só do doente, mas também da sua qualidade como ser humano. Ninguém da família do "João" foi chamada a assinar. "João" teve de ser internado no hospital, ninguém na família entendia porque é que ele não melhorava e a dor de vêlo amarrado numa cadeira e numa cama crescia cada vez mais quando iam a visitá-lo. Foram falar com o médico para perguntar sobre os medicamentos que lhe estavam a dar e a sobrinha do doente, que também é médica dentista e conhece sobre medicinas, descobriu que ele estava a dar-lhe os mesmos medicamentos da experiência, embora a família já tivesse pedido a suspensão dos mesmos há um mês. Nessa mesma reunião o doutor propô s a aplicação de electrochoques, uma forma de solucionar, segundo ele, de forma mais efectiva e rápida a doenç a do "João". A família, desconcertada, respondeu que não queria que ele fosse electrocutado, mas o doutor insistia em que deviam pensar melhor na possibilidade deste tratamento. Contudo, no decorrer da conversa, o médico apercebeu-se que a sobrinha era colega dele. O médico mudou totalmente de atitude, começou a falar de forma menos defensiva e disse que no dia seguinte ia aplicar outra medicação para ver se ele melhorava nessa semana. No dia seguinte a esse diálogo, "João" era outro homem, estava muito melhor e já não estava amarrado... Agora faço uma outra pergunta: será que se uma pessoa não tiver um médico na família pode sobreviver nas mãos de um médico português? Definitivamente, com tudo isto, dá medo adoecer em Portugal!
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OPINIÃO 23
caRTas dOs leITORes Orgulhosa de Aveiro
Onde é que estão os encarnados? Sou emigrante português natural do Norte e benfiquista toda a minha vida. Durante estes ú ltimos anos fui "gozado" (no bom sentido) pelos meus amigos do Porto, do Sporting, do Marítimo, etc . Sem querer, incuti também nos meus filhos, de 15 e 17 anos, a simpatia pelo maior clube de Portugal. Também eles não foram felizes no ambiente dos amigos, já que os nossos amigos influenciaram naturalmente os seus filhos a gostarem do Sporting, do Porto, etc. Enfim... Mas o desporto é assim e valeu a pena sofrer tantos anos para ganhar desta forma um campeonato renhido até ao ú ltimo minuto. Mas escrevo esta carta para manifestar o meu espanto pelo facto de, na Venezuela, não existir um clube do Benfica, igual ao que existe do Marítimo, do Porto, etc. Será que o Marítimo ou o Porto têm mais
adeptos na Venezuela do que o Benfica? Faço um apelo a todos os benfiquistas para que se reunam e pelo menos organizem uma jantarada vermelha e branco. Julgo que a convocató ria poderia ser feita através do CORREIO. Até poderiam convidar uma velha gló ria do glorioso para presidir ao jantar e, com a recolha de fundos, talvez já desse para organizar uma pequena casa ou clube, nem que seja para começar. Da minha parte, festejo com os meus filhos em casa até às altas horas da madrugada. Assisti às comemorações em Portugal. Não gostei do que fizeram alguns adeptos do Porto, felizmente poucos, que demonstraram ser maus perdedores ao estragar a festa dos benfiquistas Que me desculpem os portistas, os sportinguistas e maritimistas, mas temos que festejar viva ao Beeeeeenficaaaaaa!.
Carta que me fez reflectir Antes de mais, queria felicitar a equipa do CORREIO pela decisão de passar a fazer o jornal semanalmente. O motivo desta carta tem a ver com uma outra carta publicada na ultima edição do vosso jornal, que me comoveu bastante, sobretudo pelo sentido reflectivo da mesma. Recordo que numa passagem da nota a senhora fala que a missa estava vazia e que logo que chegou à área da piscina esta estava abarrotada de gente em plena diversão, o que não está mal. O que está mal é o que estamos a ensinar aos nosso filhos, que valores estamos transmitindo aos mais pequenos? Depois vêm os problemas sociais onde às vezes não queremos aceitar culpas e somos os maiores culpados da má educação dos nossos filhos. Não se pensem que também eu não actuo assim, infelizmente para mim e para os meus, mas a carta que li pô s-me a pensar. Será que estamos assim tão ocupados que nem sequer podemos tirar uma hora por semana para ouvir a palavra de Deus? Ou já não temos autoridade para levar os nossos filhos e a família à missa ao domingo, antes do almoço de família, da piscina, dos jogos,
INQUéRITO
Ángel Simón Ruido, 21 anos, estudante
O meu avó casou-se pela segunda vez com uma portuguesa. Por isso, tenho um tio lusodescendente. O que mais gosto dos portugueses é que são, alguns, muito brincalhões, têm muito sentido de humor. O que me parece negativo é que alguns são um pouco desconfiados. O mais típico deles é o seu gosto pelo futebol e, fisicamente, sabemos logo que são portugueses porque têm pele clara e geralmente os mais velhos mantêm uma boa forma física
do parque, de tudo... Não podemos ser tão mal agradecidos na vida com Deus . Sou de origem familiar muito "pobre" economicamente falando mas riquíssima em valores tradicionais de vida. Éramos em casa treze irmãos e o meu pai trabalhador do campo. Imaginem só como era a nossa vida. A missa era obrigató ria aos domingos para todos em casa e, apesar das dificuldades que vivíamos, íamos sempre à missa agradecer a Deus a benção de nos ter dado saú de e paz. Agora, temos tudo e mais alguma coisa do que nunca pensávamos ter em criança e perdemos a nossa maior riqueza:os valores e o sentido de gratidão da vida para com Deus. Àsenhora que escreveu esta carta, os meus sinceros parabéns pela forma que me fez reflectir a esse respeito. No caso de ser publicada esta carta, os meus agradecimentos ao CORREIO e se me permitem uma sugestão dediquem um espaço especial para a família, os valores da família e a educação religiosa. Sem Deus não somos nada..... Maria A. Vieira Cruz
Gosto muito de ler o CORREIO e, finalmente, trouxeram alguma coisa da minha terra, Aveiro. Penso que o jornal é muito importante para a comunidade na Venezuela. Escrevo esta carta porque antes publicavam no jornal receitas de comida portuguesa e nunca mais fizeram nada disso. Julgo que é muito importante esse tipo de informação porque, seguindo a linha editorial da publicação, a gastronomia também faz parte da cultura portuguesa e é muito importante deixar essas heranças
aos nossos filhos. Da minha parte, não é que não saiba mais ou menos desenrascarme na cozinha, pois nasci em Portugal e em casa aprendi a cozinhar com a minha mãe, mas sempre é bom haver alguma orientaç ão numa ou noutra receita, sobretudo aquelas mais tradicionais. Obrigado uma vez mais pela reportagem de Aveiro. Mostrei aos meus filhos que ainda não tiveram oportunidade de conhecer a terra da sua mãe. Estou orgulhosa! Obrigada. Maria R Oliveira Martins
Jogos tradicionais Gostaria de sugerir ao vosso jornal que promovesse jogos tradicionais que muito têm a ver com a nossa identidade e cultura e que seria de grande interesse para mostrar também aos nossos filhos e netos como brincavam os seus antepassados. Acho oportuna esta sugestão sobretudo numa época em que todos vivemos preocupados em satisfazer os desejos e os caprichos orientados, sempre, num consumismo arbitrário. Jogos de Internet, brinquedos tecnoló gicos, maquinas inteligentes, filmes infantis cheios de monstros e violência, etc. Na minha época de infâ ncia, confesso que foi feliz, sinceramente tive a mais feliz infâ ncia do mundo, apesar dos escassos recursos econó micos da minha família. Brinquedos comprados somente quando algum familiar da Venezuela nos visitava em Portugal e nos levava uma prenda . Por exemplo, as bolas eram feitas de meias para brincar à "casquinha", algumas vezes organizávamos campeonatos nas estradas (os carros que por ali passavam eram poucos) e a bola era uma garrafa de ó leo que, muitas vezes, nos golpeavam duro no corpo quando a mesma levantava em zig- zag e nos atingia de bico. Lembro-me que brincávamos com vizinhos e amigos um pouco mais adultos ao jogo do anel que, por certo, só agora compreendo o significado que tinha para os " engates" e os namorados da altura. O jogo da bilhardeira, com os paus, embora se fosse hoje em dia não deixaríamos os nossos filhos brincar devido ao perigo que um pau pode ser se os atinge na cara. Mas aprendíamos reflexos, por certo parecidos aos que se aprendem no basebol . Jogávamos à"pilhagem" , aprendíamos a correr, a esquivar, quase sempre sem sapatos. Jogávamos também à barra, um jogo en-
tre vários amigos de concentração e união de grupo, e ao "lá vai a obra", um jogo de força e de resistência física, que muitas vezes ocasionava lesões devido ao excesso de peso de alguns dos jogadores. Numa excursão à volta da ilha, a brincadeira obrigató ria era o jogo do lenço. Talvez se agora ensinamos os nossos filhos a pensaram que é coisa tonta, a verdade é que nos divertíamos muito e os mais velhos aproveitavam para "engatar" alguém. Enfim, jogos baratos com muita criatividade, jogos que envolve terapia de grupos, desenvolvimentos físicos e intelectuais a preço "zero". Penso que devíamos organizar uma jornada de jogos tradicionais onde não faltassem carrinhos de madeira feitos pelos pais com os filhos, joeiras de papel com muitas cores, carrinhos de "verga", etc. Porque não organizar um dia de jogos tradicionais, para mostrar aos mais novos como brincávamos no nosso tempo e, assim, nem que fosse por um dia julgo que seríamos importantes para os nossos filhos e netos, que hoje preferem aqueles jogos de internet, power Rangers, Max Steels, etc. Parabéns pelo jornal e pela decisão de passar a semanal. Já agora, aproveito para dizer que julgo que este é o meio ideal para organizar um evento deste tipo. Porque não paralelamente ao Encontro de Gerações que organizam todos os anos e do qual sou fiel assistente? Para os mais novos, que não percebam e não saibam dos jogos que falei anteriormente, consultem os vossos pais e familiares, pois ninguém era indiferente às formas "baratas" de brincar de antes. Valter Rafael V.
Tem algum amigo português? O que é que mais gosta e o que menos gosta dos portugueses? O que os caracterizam?
Oswaldo Oropeza,
40 anos, vendedor informal Uma vez tive uma namorada portuguesa, que está agora na Rússia, também já tive amigos, mas quase todos saíram do país. O que mais gosto são as mulheres e os seus vinhos, embora ache que alguns são pouco limpos. Uma coisa que me parece característico é a forma como vestem, com pouco gosto.
Ilbert Márquez,
27 anos, padeiro Há a algum tempo, trabalhei com um amigo português num supermercado de La Campiña. O que mais gosto nos portugueses é que são muito brincalhões e alegres. O menos gosto é que quando se chateiam têm um carácter bastante forte. O mais característico dos portugueses pode ser o seu rosto europeu e a sua forma de falar.
Daniel Fermí n,
22 anos, estudante Não tenho amigos portugueses, mas conheço alguns. O que mais admiro é o seu gosto pelo trabalho e o que menos gosto neles é que alguns são muito forretas, ou seja, "pichirres", como se diz por cá. Penso a forma particular como se vestem caracterizam-nos, assim como os traços do rosto.
24 ECONOMIA
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Ansa amplia a sua rede de filiados
N
o marco da estratégia de expansão da Associação Nacional de Supermercados e Autoserviços (ANSA), a direcção da empresa deslocou-se à cidade de Maracaibo para estreitar vínculos com Azusa (Associação Zuliana de Supermercados). Javier Macedo, presidente de Ansa, dirigiu-se aos presentes destacando que este encontro fazia parte do plano de descentralização que foi marcado no início do ano, conseguindo incorporar as diferentes regiões da Venezuela. "Ansa não é só Caracas", reiterou novamente Macedo. No mandato da nova direcção, a associação já percorreu diferentes locais no exterior do país, entre eles Nova Esparta, Aragua e Zulia. A pró xima visita será ao Estado Falcó n, onde se vão encontrar com o grémio dos supermercados. O director de Azusa, Andrés Cándido, sondou a opinião da junta directiva para saber se estavam de acordo com a filiação na ANSA. A proposta foi
aprovada por unanimidade. Para Cándido é de vital importâ ncia que a associaç ão se mantenha unida e que se respeitem os acordos. Também pediu que os só cios deixem ouvir a sua voz crítica quando seja necessário. Para Macedo, que fez uma visita aos supermercados de Maracaibo, as cadeias regionais têm adquirido grande relevâ ncia. "A Venezuela deixou de ser a gata borralheira da América Latina porque es-
tá na linha da frente no que se refere a supermercados", diz. Salientou ainda que a associação vai continuar a outorgar prémios aos seus aliados em diferentes categorias como provedor, filiado do ano e líder comercial do ano. Tanto os representantes de Azusa como os de Ansa manifestaram a sua preocupação pela situação difícil que está a passar o sector de autoserviços, sobretudo por causa da concorrência desleal. "Somos
uma associação que contribui para o crescimento do país, mas contrapartida há cerca de 51% de informais que simplesmente não pagam impostos", contesta. No encontro, apresentou-se o informe da Ansa correspondente ao ano 2004, segundo o qual a cifra do consumo masivo cresceu em 18%. Os rubros que se incrementaram foram alimentos perecederos, medicamentos e tabaco, en quanto os artigos de casa e as bebidas
BREVE Fontana no IX Congresso Nacional de Avicultura Nas instalações do Hotel Caracas Hilton, teve lugar o IX Congresso Nacional de Avicultura. Empresas ligadas ao transporte da veterinária e da criação de frangos estiveram representadas neste encontro em que se deu a conhecer os mais recentes avanços tecnológicos em matéria de procedimentos de aves antes de serem distribuídas ao consumidor. A empresa Fontana, processadora e produtora de aves, assistiu ao evento para apresentar os seus produtos. António Barros, responsável pelas vendas do stand de "Fontana", comentou que a empresa quer dar-se a conhecer perante outros grupos e também estar a par das novas tecnologias em maquinaria utilizada para o transporte dos alimentos derivados do frango. Barros elegeu a iniciativa por ser a melhor forma de conhecer o melhor em produtos e maquinaria de outras empresas.
não alcohó licas diminuiram.
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O "Tinajero" renovado O estabelecimento presta homenagem a Caracas de ouro, através do seu novo ambiente e dos mais deliciosos pratos de comida venezuelana
Ao longo dos seus 22 anos de trajectó ria, têmse esforçado por manter a tradição no que se refere aos pratos que oferecem, que se baseiam em comida venezuelana e numa variedade de carnes de excelente qualidade. O que tem permitido que este restaurante continue a ser um sucesso é que tem mantido sempre a mesma linha: o mais importante é que o cliente se sinta satisfeito, com uma atenção honesta e um ambiente familiar onde podem confiar na relação qualidade-valor. A remodelação das suas instalações responde à necessidade de fazer uma mudança na estrutura física que lhes permita manter-se ao nível das tendências actuais e de uma zona tão comercial como Las Mercedes, onde constantemente surgem negó cios novos com conceitos inovadores. "Há que actualizar-se para não correr o risco de cair no esquecimento", diz o responsável pelo estabelecimento. A estrutura actual é uma lembrança das casas da época da Caracas Senhorial, a Caracas Bonita, nos seus tempos de ouro, quando os seus habitantes costumavam exibir os seus bons costumes, o
Vinho Madeira obtém 19 distinções Ricardo Miguel Oliveira (DN-Madeira)
O
O
já famoso restaurante conhecido como "El Tinajero de los Helechos" tem novas instalações, totalmente renovadas e com um nome mais curto, o "Tinajero".
que infelizmente se tem perdido um pouco nos tempos que vivemos. Este ambiente é perceptível na fachada e na decoração baseada em quadros de obras de reconhecidos artistas venezuelanos dos anos 50 e 60, com um grande valor artístico, tais como Cristó bal Rojas, Tito Sales, Cabré. O que faz com que o estabelecimento se denomine agora apenas "Tinajero" tem a ver com razões comerciais e de mercado, pois ao longo dos anos a sua clientela os recordava e os mencionava sempre assim, por comodidade. E só um nome torna o estabelecimento mais atractivo e mais agradável.
ECONOMIA 25
Vinho Madeira está em alta. Tudo porque conquistou 19 distinções no "International Wine Chalange", realizado durante a "London Wine e Spirit Trade Fair", um dos mais importantes certames internacionais de divulgação e comércio de vinhos e bebidas espirituosas do Mundo. Este sector produtivo regional conquistou seis medalhas de ouro, seis medalhas de prata, seis medalhas de bronze e um "Seal of Aprooval". Em particular destaque, esteve a Madeira Wine Company, que viu todos os onze vinhos que enviou a concurso serem premiados. A empresa obteve seis medalhas de ouro, que distinguiram o Cossart Colheita Malmsey 98, eleito o vinho Madeira de 2005 em Inglaterra, tal como o Blandy´s Terrantez 75, o Cossart Bual 69, o Cossart Colheita Bual 95, o Cossart Colheita Malmsey 94, o Cossart Colheita Verdelho 95. As duas medalhas de prata dis-
tinguiram o Blandy´s 15 Year Old Malmsey Madeira e o Blandy´s Bual 64. As três de bronze foram conquistadas pelos Blandy´s Alvada, Blandy´s Harvest 98 e Cossart Colheita Sercial 88. A empresa "Vinhos Barbeito" obteve duas medalhas de prata, através do Malvasia Casco 18 anos e do Sercial 10 Years OLd Reserve, e duas de bronze, com o Vermar Reserva e o Verdelho Old Reserve. O Malvasia 20 Years Old Reserve obteve o prémio "Seal of Approval". Em competição também estiveram as marcas do "Vinhos Justino Henriques, Filhos, Lda". que trouxeram duas medalhas de prata, por via do East India Madeira - Fine Rich - 3 Years Old e do East India Madeira - Old reserve - 10 Years Old - Fine Rich e uma de bronze, alcançada pelo Madére Cruz. Em 2004, 27 vinhos da Madeira entraram no "International Wine Challenge". Só um ganhou a medalha de ouro, o "Sercial, Old Reserve 10 anos", comercializado pela empresa "Vinhos Barbeito".
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Notí cia
TAP nã o fará aporte de capital na Varig A empresa portuguesa TAP não fará aporte de capital para assumir o controlo da brasileira Varig, noticia o jornal Gazeta Mercantil, ao citar fontes próximas da negociação. A proposta da TAP seria criar uma holding a partir da actual controladora, a Fundação Ruben Berta Participações (FRBPar), com um novo controlador para as operações da Varig. "Operacionalmente, o quadro sugerido pela TAP estipula que diferentes regiões do mundo onde actua a Varig terão tratamento diferenciado, com base nos interesses mais imediatos da empresa portuguesa", refere o jornal. A proposta da TAP inclui a transformação de Lisboa num "hub para todos os voos (da Varig) originados do Brasil com destino à Europa". A proposta da TAP inclui igualmente a transferência dos voos da Varig dentro do Brasil para a recém-criada Gol Linhas Aéreas. Para destinos nos Estados Unidos e Canadá, a Varig teria de continuar a competir com as empresas americanas, enquanto que as rotas para a América Latina passariam a ser operadas pela TAP a partir de São Paulo. Uma fonte ligada às negociações disse que a TAP ainda não atraiu nenhum grande investidor para assumir as operações da Varig. "A TAP pode ajudar a Varig, e a Varig pode ajudar a TAP. Uma coisa é certa: não vai haver caridade. A aliança garante vantagens operacionais recíprocas", disse a fonte citada pelo jornal.
Paris "quase" directo presas" "o pedido legítimo e claro" dos parceiros madeirenses da companhia, agentes de viagens, hoteleiros e da pró pria Direcção Regional de Turismo para que a TAP na sua ú ltima reunião geral de ven- TAP realize mais voos directos para a Madeira. Acdas, que reuniu na Madeira delegados da tualmente apenas existem voos directos da TAP encompanhia em todo o mundo, fez um ba- tre a Madeira e os aeroportos de Heathrow e de Gatlanço altamente positivo acerca do tráfego wick, ambos em Londres. A companhia tem procurado para a Madeira, não só aquele que chega directo, mas remediar essa situação com voos que utilizam o mesmo também aquele que é obrigado a escalar o aeroporto de avião, mas que acabam por fazer escala numa aeroporLisboa ou do Porto. to nacional, casos de Lisboa e do Porto. Estão nestes Dionísio Barum, vice-presidente executivo com o casos as ligações para (e de) Paris, Amsterdão, Madrid, pelouro das Vendas, confirmou a "Economia e Em- Barcelona e Frankfurt. "A ideia é criar massa crítica Catanho Fernandes (DN-Madeira)
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para que no futuro esses voos possam ser directos puros", disse-nos Dionísio Barum, que reconhece que as perspectivas são agora melhores, sobretudo em relação a Paris, onde tem aumentado a procura. Sobre a reunião realizada na Madeira, o responsável pela TAP disse-nos quie a impressão que os delegados levaram da Região é muito boa. Muitos deles há muitos anos que não visitavam a Região, pelo que manifestaram-se surpreendidos com o nível de desnvolvimento e com a qualidade das infra-estruturas encontradas, não só hoteleiras, mas também de apoio a quem visita o arquipélago.
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DESPORTO 27
Selecção Nacional de Voleibol Basebol conquista joga na Venezuela os portugueses Nos próximos dias 24 e 26 de Junho, na fase intercontinental da Liga Mundial de Voleibol 2005, Portugal vai disputar, em Caracas, duas jornadas contra a Venezuela. tituído cada um deles por quatro equipas. Cada selecção vai jogar contra as equipas do seu Lilianadasilva19@hotmail.com grupo na sua casa e na das outras quatro equio â mbito da Liga Mundial de pas. Voleibol 2005, a Venezuela está É por isso que a Venezuela vai a Portugal a a preparar-se para receber a Se- 11 de 12 de Maio, para disputar em Gumarãesos lecção de Voleibol de Portugal no primeiros dois jogos entre ambas as selecções. final de Junho. Portugal e Venezuela defron- Os grupos estão constituídos da seguinte fortam-se em quatro oportunidades, duas delas ma: Grupo A: Portugal, Brasil, Japão e Veneem Guimarães e as outras em Caracas. Esta Li- zuela; Grupo B: Itália, Cuba, Bulgaria e França, ga Mundial de Voleibol reú ne as doze mel- Grupo C: Serbia e Montenegro, Grécia, Arhores selecções de Voleibol do "ranking" mun- gentina e Poló nia. dial. A Fase Final vai ser disputada em Belgrada, Numa conferência de imprensa, Alejan- Serbia e Montenegro, entre a melhor equipa dro Terenzani, secretário-geral da Federação de cada grupo e Serbia e Montenegro, que se Venezuelana de Voleibol (FVF), confirmou classifica automaticamente por ser a sede da fique já está pronto o trabalho de acondiciona- nal. Estas quatro selecções vai todas jogar conmento e de logística em "El Poliedro" de Ca- tra todas durante três dias de competições, de racas, sede dos encontros. Para além de Por- 8 a 1o de Julho, resultando vencedora que ventugal, a Venezuela vai receber o Japão e o Bra- cer a maior quantidade de jogos. sil, o actual campeão do Mundo. Para os fanáticos do voleibol, publicamos a Esta fase intercontinental realiza-se de 27 data dos encontros que se realizam no Poliedro de Maio a 3 de Julho em várias cidades. As do- de Caracas: Venezuela vs Brasil (27 e 29 de ze selecções que participam neste mundial de Maio), Venezuela vs Japó n (3 ye5 de Junho) e voleibol estão distribuídas em três grupos, cons- Venezuela vs Portugal (24 26 de Junho). Liliana da Silva
N
Liliana da Silva
Lilianadasilva19@hotmail.com
O
município de Abrantes, situado no distrito do Ribatejo, vai ter o primeiro campo de basebol de Portugal, que ficará situado na cidade desportiva dessa localidade. O projecto, que já foi oficialmente aprovado, deverá arrancar ainda este ano, tornandose no primeiro em Portugal a ter as medidas oficiais e regulamentares para a prática deste desporto. O orçamento previsto ronda os 750 mil euros e o recinto será construído na área entre o campo de futebol e o complexo de piscinas da cidade desportiva de Abrantes. Tendo em conta as normas técnicas, será levantado com um muro em betão que envolve todo o recinto. O muro a construir terá, na área de lançamento, 12 metros de altura, enquanto a restante envolvência terá oito. De acordo, também, com as exigências regulamentares, o piso do campo de basebol será relvado em grande par-
Não são só os portugueses residentes na Venezuela que se têm apaixonado por este desporto. Em Portugal, começaram as obras do primeiro estádio desta disciplina desportiva. te do espaço e o restante em terra batida. Para além da prática de basebol, pretende-se que o espaço seja polivalente, ao permitir a instalação de uma "gaiola" com vista à criação do sector de lançamento do martelo e do disco, o treino do dardo, a prática de futebol infantil e outros desportos. A construção desta nova infra-estrutura surge na sequência de uma cooperação entre a Câ mara Municipal de Abrantes e a Federação Portuguesa de Basebol, cuja sede também está a ser instalada em Abrantes. Neste estádio, serão disputados todos os jogos da Seleção de Basebol Portuguesa.
28 desporto
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Um cavalheiro duro mas leal Franco Rizzi, um í talo-venezuelano de coração português, comandou a defesa do Marí timo durante oito anos. «A esta equipa devo-lhe tudo aquilo que eu fiz no futebol», confessa foram a inspiração do jovem Franco no mundo do futebol, e não é de estranhar que ambos jogassem na mesma poomo muitos jovens luso- sição em campo do que Rizzi: o alemão descendentes da época, do- Franz Beckembauer e o seu homó nimingo sim, domingo não, mo italiano Franco Baresi. lá estava eu a acompanhar De volta a Caracas, ainda com idao meu pai na sagrada visita ao estádio de jú nior, "Rafa" Santana - sempre ele de futebol, umas vezes no Paraíso, ou- - levou-o para a selecção distrital e, lotras vezes na Cidade Universitária. go de seguida, para o futebol profisNum daqueles domingos inesquecíveis, sional. Com apenas dezassete anos, deu consegui fugir da mira dos seguranças um salto gigante e debutou com a cae baixar até aos balneários para es- misola "Vinhotinto" da selecção "A", preitar os meus ídolos de perto. jogando na Copa América de 1983. Detrás da porta do balneário da Apesar da sua chegada precoce à seequipa local, a equipa campeã, a nossa lecção principal, Rizzi contabiliza pouequipa, escutavam-se gritos de incen- cas internacionalizações. tivo. De repente, ela se abriu e, lá do A causa desta situação contraditó fundo, saíam um a um os "gladiadores" ria tem a ver com o facto de Rizzi ter para a "batalha". Escutava-se um ba- sido vetado pelos máximos responsárulhinho rítmico: "trac-trac-trac". Era veis de Federação Venezuelana de Fuo som dos pitons das botas a tocar no tebol. Com isto, o seu nome foi sistechão. maticamente riscado da lista dos conÀ frente das "tropas" de cores ver- vocados de diversos seleccionadores de-rubras, consegui ver a figura do ca- nacionais que passaram pelo cargo, pitão. De braçadeira no ombro direito, mesmo que o Franco fosse um dos melcumprimentou os árbitros e alguns dos hores jogadores na posição. seus adversários, com um gesto amá¿ Qual foi a razão do veto? Rizzi devel e educado. Na minha ingenuidade fendeu um melhor tratamento para os de criança e adepto maritimista fe- profissionais que representavam o país rrenho, fiquei um pouco chocado, pois nas competições internacionais, meltratava os "inimigos" com um respeito hores salários e condições de trabalho que, julgava eu, "não mereciam". dignas. Lamentavelmente, e como diz o Minutos depois, no desenrolar do pró prio ex-jogador: "Eu fiquei com o jogo, aquele cavalheiro tornou-se num braço no ar e os meus companheiros implacável marcador, que disputava ca- abandonaram a luta". Exigiu condiçõda lance, cada bola, como se fosse a fi- es das quais hoje desfrutam os futebonal do Campeonato do Mundo, quase listas que vão para a selecção e estas são mordendo cada rival, mas sempre res- indicadas como "avanços" pela mesma peitando as leis do jogo e sempre com o gente que, na altura, castigou a Rizzi maior desportivismo e "Fair Play". As- pela sua atitude "guerrilheira". sim era o Franco Rizzi, um dos protagonistas da histó ria do C.S. Marítimo. UM CiCLo No MARí tiMo CoMEço E SAí DA PRECoCE Franco Rizzi é levado pelo seu desNA "ViNhotiNto" cobridor - "Rafa" Santana - ao DesporDe origem italiana, Rizzi herdou o tivo Português. Quando este clube caiu gosto pela bola e, desde criança, calça- na falência, logo depois da aparição do va as botas para jogar no Centro í ta- C.S. Marítimo no profissionalismo, Sanlo-venezuelano de Caracas. Aos cator- tana agarra o timão do clube maritize anos, viajou até à pátria dos pais pa- mista e leva-o com ele até Franco. ra ingressar no Varese, clube que Ao falar do Marítimo, Rizzi deixa lançou deu fama a diversas figuras da transparecer um carinho verdadeiro selecção "Azurra", como Roberto Boni- pelo clube lusitano e não pára de elosegna ou Cláudio Gentile. giar e vibrar com as imagens que vão Dois monstros do futebol mundial aparecendo na sua memó ria. Rizzi reAntónio Carlos da Silva
C
conhece que o Marítimo "foi a minha família" e afirma também que deve ao Marítimo "tudo aquilo que eu fiz no futebol". Foram anos de viagens ao estrangeiro, vitó rias, taças, campeonatos conquistados, amizades que duram até hoje. Lembra com mágoa a desaparição do clube. Para ele, o C.S. Marítimo era o protagonista do filme chamado futebol venezuelano. E nunca nos bons filmes o protagonista e assassinado no meio da fita. Rizzi recorda que, muitas vezes, era tal o nú mero de adeptos que o clube mobilizava e a admiração que despertava por todo o país que em cada estádio que o Marítimo visitava dava-se uma enchente e, com a receita da bilheteira, muitos rivais do clube lusitano podiam pô r em dia os ordenados atrasados. Ganhador de muitos títulos como profissional da bola, Rizzi lembra com carinho o mais marcante troféu que recebeu nos anos de jogador activo. Depois de uma vitó ria - mais uma sobre o rival do Desportivo itália, uma menina desceu até ao relvado e ofereceu uma imagem da Virgem de Fátima, propriedade da família, como prémio aos litros e litros de suor derramados pela causa verde-rubra. Franco conserva ainda a virgem num lugar
muito especial da sua residência. E, por isso, confessa que "o C.S. Marítimo marcou-me como futebolista e como homem". EM ESPANhA PARA APRENDER Rizzi não deixa de reconhecer o evidente avanço do futebol da selecção "Vinhotinto", mas aprecia também a diferença que existe entre a selecção principal e o nível muito pobre do campeonato local venezuelano da primeira divisão. Manda o recado novamente aos responsáveis federativos, que devem destinar parte dos recursos arrecadados à selecção "Vinhotinto", para melhorar as infra-estruturas e apoiar o futebol das camadas jovens. Franco saiu da Venezuela e está radicado na cidade espanhola de Palma de Maiorca, nas ilhas Baleares, onde trata dos seus negó cios particulares e, principalmente, tira cursos de formação de treinador de futebol para, um dia, retornar ao nosso país e trabalhar no treino de novas figuras para o futebol venezuelano. Metade da paixão, raça e sabedoria do bom jogar do treinador, era suficiente para que o futebol venezuelano pudesse contar com um "reforço" de inestimável valor para o futuro.
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CORREIO DE CARACAS - 2 DE JUNHO DE 2005
Ribeira Brava salva-se no fim
Q
uando já poucos acreditariam na manutenção, o Ribeira Brava, também bafejado pela sorte da conjugação dos outros resultados que lhe interessavam, acabou por garantir ontem a in extremis a permanência na II Divisão B, num jogo vivido muito mais com a ansiedade de saber-se os outros resultados que lhe diziam directamente respeito, do que propriamente, com a emoção que a necessária vitó ria neste derradeiro confronto, pudesse representar por si só . Esta acabou por ser uma jornada dominada pela ansie dade, vivida com os olhos em campo e os ouvidos nas informações que chegavam dos outros dois jogos, que acabou por resultar num final emotivo, assim que a “ salvação” era finalmente um dado adquirido. De resto, os dois golos que garantiram a necessária vitó ria, embora bastante festejados na ocasião, só tiveram o devido “ eco” com os resultados favoráveis nos outros campos.
II Div. B - NORTE
II Div. B - CENTRO
38ª jornada
38ª jornada
FC Porto "B" - Infesta Vilaverdense - Trofense Valdevez - Valenciano Fafe - Vizela Vilanovense - Sp. de Braga "B" União de Lamas - Freamunde Pedras Rubras - Salgueiros Dragões Sandinenses - Lousada Ribeirão - Paredes Lixa - Fiães
2-0 3-1 5-1 2-1 1-1 2-2 3-1 3-1 3-1 0-1
Classificação Cl. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Equipa VIZELA SANDINENSES INFESTA FREAMUNDE VILAVERDENSE F. C. PORTO “B” SP. BRAGA “B” LIXA FAFE RIBEIRÃO FIÃES AT. VALDEVEZ PEDRAS RUBRAS LOUSADA TROFENSE PAREDES UNIÃO DE LAMAS VALENCIANO VILANOVENSE SALGUEIROS
J 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38
V 25 21 21 19 19 20 18 17 15 17 15 15 14 14 13 13 12 10 7 1
II Div. B - SUL
E 7 10 8 11 9 6 8 6 10 3 8 8 11 9 10 5 7 5 5 2
38ª jornada
Oliveirense - Académico Viseu Torreense - Sporting de Covilhã Mafra - Oliveira do Hospital Fátima - Pampilhosa Abrantes - Pombal Benfica C. Branco - Oliv. Bairro Tourizense - Estarreja Caldas - Vilafranquense Penalva Castelo - Sanjoanense Folgou: Esmoriz
1-1 2-0 1-0 1-1 2-1 0-0 0-2 0-0 0-1
Amora - Portosantense Casa Pia - Atlético Operário - Lusitânia Oriental - Pontassolense Barreirense - União Micaelense União Madeira - Pinhalnovense Ribeira Brava - Estrela V. Novas Odivelas - Louletano Vasco da Gama - Marítimo "B" Camacha - Olivais e Moscavide
Classificação D 6 7 9 8 10 12 12 15 13 18 15 15 13 15 15 20 19 23 26 35
M-S 72-31 66-40 68-45 79-37 53-36 65-36 68-49 45-44 49-44 48-51 55-44 54-42 46-48 62-53 46-48 44-60 33-54 31-59 29-85 19126
P 82 73 71 68 66 66 62 57 55 54 53 53 53 51 49 44 43 35 26 5
NOTAS: a) Vizela promovido à Liga Honra. b) Salgueiros, Vilanovense, Valenciano e União de Lamas despromovidos à III Divisão. c) Paredes vai disputar a "poule dos 16/os classificados das três zonas para decidir a despromoção de mais uma equipa. d) O Vilanovense perdeu por falta de comparência o jogo da primeira jornada em casa com o Vizela, ao que corresponde uma derrota por 3-0
Cl. Equipa 1 SP. COVILHÃ 2 MAFRA 3 ACAD. VISEU 4 DESP. FÁTIMA 5 SANJOANENSE 6 TORREENSE 7 TOURIZENSE 8 ABRANTES 9 BENFICA C. BRANCO 10 ESMORIZ 11 PENALVA CASTELO 12 OLIVEIRA BAIRRO 13 OLIVEIRENSE 14 OL.IVEIRA HOSPITAL 15 SP. POMBAL 16 PAMPILHOSA 17 ESTARREJA 18 CALDAS 19 VILAFRANQUENSE
J 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
V 19 17 19 14 14 14 13 14 13 12 13 12 12 11 11 10 9 9 4
E 12 14 7 14 11 10 12 9 11 14 9 12 12 12 10 12 10 8 5
0-1 5-2 0-1 2-2 2-1 0-2 2-0 2-1 2-1 2-2
Classificação D 5 5 10 8 11 12 11 13 12 10 14 12 12 13 15 14 17 19 27
M-S 61-32 47-28 52-33 56-39 46-40 51-37 56-44 47-44 49-43 45-50 41-42 51-51 59-45 41-49 33-46 36-49 35-51 34-61 25-81
P 69 65 64 56 53 52 51 51 50 50 48 48 48 45 43 42 37 35 17
NOTAS: a) Sporting Covilhã promovido à Liga de Honra. b) Estarreja, Caldas e Vilafranquense despromovidos à III Divisão. c) Pampilhosa vai disputar uma "poule" com os 16/os classificados das três zonas, para decidir a despromoção de mais uma equipa. d) O Alcains desistiu de participar na prova.
Cl. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Equipa BARREIRENSE PINHALNOVENSE UNIÃO DA MADEIRA PORTOSANTENSE CASA PIA OPERÁRIO O. MOSCAVIDE ODIVELAS CAMACHA UNIÃO MICAELENSE MARÍTIMO B PONTASSOLENSE LUSITÂNIA LOULETANO ORIENTAL RIBEIRA BRAVA ATLÉTICO VENDAS NOVAS VASCO AMORA
J 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38
V 21 20 18 18 17 16 14 16 14 13 14 15 13 13 11 14 12 10 5 5
E 10 12 9 9 8 10 12 5 11 12 9 6 12 10 15 5 11 12 14 10
D 7 6 11 11 13 12 12 17 13 13 15 17 13 15 12 19 15 16 19 23
M-S 52-31 51-25 46-37 44-38 56-44 42-33 48-39 50-51 50-46 34-38 53-49 47-58 43-41 49-43 36-41 43-44 47-58 34-49 24-52 36-68
P 73 72 63 63 59 58 54 53 53 51 51 51 51 49 48 47 47 42 29 25
NOTAS: a) Barreirense promovido à Liga de Honra. b) Amora, Vasco da Gama, Vendas Novas e Atlético despromovidos à III divisão. c) Ribeira Brava vai disputar uma "poule" com os 16.os classificados das três zonas, para decidir a despromoção de mais uma equipa.
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CORREIO DE CARACAS - 2 DE JUNHO DE 2005
Madeira SAD campeão no andebol português Equipa madeirense sucede ao FC Porto na conquista do principal troféu do andebol português.É a primeira vez que o Madeira é campeão
O
Madeira SAD sagrou-se sábado passado campeão nacional de andebol, ao derrotar claramente o Águas Santas por 26-20, em encontro disputado no Pavilhão Multidesportos de Coimbra. A vitó ria da equipa da Madeira foi justa, principalmente a partir dos quinze minutos da primeira parte, altura em que se destacou no resultado, chegando ao intervalo a vencer já por cinco de diferença (13-8). A segunda parte foi avassaladora por parte dos madeirenses, cujo destaque vai para Yuriy Kostetsky que, à sua conta, marcou nove golos durante todo o jogo. O técnico Aleksander Donner, que já foi nove vezes campeão pelo ABC e também seleccionador nacional, estava feliz no final do jogo, assim como os seus jogadores. "Estou contente porque ganhámos o título. Complicámos na fase final, em que perdemos três jogos seguidos. Foi um título muito difícil, porque a equipa jogava sempre fora da Madeira, mas por ser mais difícil
foi melhor", confessou Donner, cujo futuro não passa pela ilha da Madeira, mas sim pelo Benfica, como o pró prio admitiu. Para Paulo Pereira, treinador do FC Porto, segundo classificado do campeonato a um ponto do vencedor, o título está bem entregue, pois, segundo ele, "o Madeira SAD merece ser campeão pelo que fez na primeira fase do campeonato". Envolta em polémica está a escolha da equipa a representar Portugal na Liga dos Campeões de andebol: a Liga reivindica o Madeira SAD e a Federação o Sporting. Para João Nogueira, presidente da Liga Portuguesa de Andebol, o ú nico que deve representar Portugal é o Madeira SAD. "O campeão digno e por mérito pró prio é o representante da Liga. Há uma confusão e equívoco por parte da Federação, mas não há dú vidas: o Madeira SAD tem direito a ser o representante na Liga dos Campeões e vai sê-lo", concluiu de forma categó rica.
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DESPORTO 31
Setú bal festeja conquista da Taça de Portugal M
ilhares de setubalenses invadiram domingo as ruas da cidade do Sado para festejarem a conquista da Taça de Portugal em futebol pelo Vitó ria de Setú bal, apó s o triunfo por 2-1 sobre o Benfica na final do Estádio Nacional. Num clima de grande euforia, milhares de pessoas cortaram o trâ nsito na Avenida Luísa Todi, enquanto outras se concentravam na Praça do Bocage, em frente à Câ mara Municipal de Setú bal, para aplaudirem os "heró is" que conquistaram a terceira Taça de Portugal para o clube do Bonfim. Um grande "buzinão" por toda a cidade e bandeiras do Vitó ria de Setú bal desfraldadas nas varandas e nos automó veis deram colorido à maior festa dos ú ltimos anos na capital de distrito. Fosse ou não pelo apelo do presidente do clube, Chumbita Nunes, que pediu uma festa maior do que a feita há uma semana na Avenida Luísa Todi pelos benfiquistas, quando se sagraram campeões nacionais, os setubalenses corresponderam em pleno, "ocupando" toda a baixa da cidade. "Queriam dobradinha, mas levaram dois
carapaus", gritava eufó rica uma mulher de cachecol verde e branco, repetindo uma das expressões mais ouvidas ao final da tarde de domingo na cidade de Setú bal. "O Benfica foi um digno vencido", contemporizava outro adepto do Vitó ria de Setú bal, enquanto sublinhava a justiça do triunfo da equipa verde e branca. A festa do Vitó ria de Setú bal começou imediatamente apó s o apito final do árbitro Paulo Costa, que selou o triunfo dos Vitó ria de Setú bal, mas ganhou maior intensidade apó s a chegada da equipa sadina ao Novotel, de onde seguiu, num autocarro aberto, em direcção à Câ mara Municipal de Setú bal. Com a multidão em delírio, o "capitão" Sandro subiu à varanda dos Paços do Concelho e exibiu a desejada Taça de Portugal no ponto alto da festa vitoriana, embora tudo indique que as comemorações se vão prolongar pela noite dentro. Para a histó ria fica a conquista da terceira Taça de Portugal pelo Vitó ria de Setú bal na época de 2004/05, depois de outros dois triunfos nas temporadas de 1964/65 e 1966/67.
Quem quer um banco vai ao totta CORREIO DE CARACAS - 2 DE JUNHO DE 2005
no fecho Sintra a caminho de ser concelho mais populoso O concelho de Sintra poderá tornar-se o mais populoso de Portugal até 2015, atingindo os 670 mil habitantes, o que representará uma "pressão insuportável" para as infra-estruturas do concelho.
Sheraton investe em Portugal e Espanha
Feira mostra potencial do comércio luso Os 67 postos de exposição permanecem no CPC de 3 a 6 de Junho para mostrar aos seus associados e potenciais clientes o melhor do comércio luso na Venezuela. Noelia de Abreu
noeliadeabreu@gmail.com
O Centro Português de Caracas já está aberto para a Feira de Comércio, Indú stria e Turismo. A exposição vai ter 67 stands que representam empresas luso-venezuelanas de diferentes sectores: alimentação, construção, hotelaria, turismo e bancos, entre outros. A iniciativa da Câ mara de Comércio Luso-venezuelana tenta contribuir com o afiançamento e a pujança econó mica dos seus só cios no país, através de um evento que vai congregar o melhor de Portugal na Venezuela. "Estima-se que o resultado seja bastante positivo, pois existe uma equipa de profissionais dinâ micos que está a dar o melhor de si para esta feira. Da mesma forma, esperamos uma grande assistência, pois muitas pessoas têm olhado
para esta iniciativa com bons olhos” , disse Anacleto Teixeira, vice-presidente da Câ mara. Com este evento, pretende-se criar um espaço idó neo para que os só cios e os potenciais clientes obtenham toda a informação que precisam sobre os produtos e os serviços. É também o local certo para demonstrar que a actividade econó mica da comunidade lusa na Venezuela continua a crescer, amadurecendo cada vez com o passar dos anos. Entre as empresas luso-venezuelanas mais importantes do país, das diferentes áreas comerciais que vão estar presentes neste evento estão: Banco Plaza, Pollos Fontana, Rey David Delicateses, Calzados Lucas, Country Motors, Casa Oliveira, Hotel Montaña Suites, Lácteos Camacho, Castelo Branco, Muebles Roche, Maison Doree e Diprocher.
Aceitam-se produtos portugueses A Câ mara de Comércio, Indú stria e Turismo Luso-venezuelana, com 32 anos no país, está a trabalhar para fomentar e melhorar o intercâ mbio comercial entre a Venezuela e Portugal. Anacleto Teixeira diz que já é um facto a introdução ao país de produtos portugueses que serão deleitados pela comunidade, sendo que a concretização deste projecto aguarda apenas a aprovação do Ministério de Saú de Pú blica, que tem de dar as licenças necessárias. Em dois meses, aproximadamente, portugueses e venezuelanos poderão desfrutar de uma cerveja Coral, uma Brisa Maracujá ou de Manga. Actualmente, diz Teixeira, já tem à venda no seu negó cio El Rey David o bacalhau de Portugal: . "Antes importávamos o bacalhau da Noruega, agora trazemo-lo de Portugal", notou.
A Starwood Hotels & Resorts, que gere os hotéis Sheraton em Portugal, vai investir 1.030 milhões de euros até 2008 na expansão da sua rede na Península Ibérica, ou seja, mais 1.900 quartos e 1.400 empregos.
Danone junta-se aos agricultores A Danone Portugal juntou-se a produtores agrícolas portugueses para fabricar os novos iogurtes de pedaços, com frutos nacionais com nomes protegidos a nível comunitário.
Comissã o de Menores desconfiada em Chaves A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Chaves quer saber quais "os contornos" que levaram à morte segunda-feira por afogamento de uma criança de 18 meses, alegadamente vítima de negligência e maus-tratos.
“ Dia Sem Água” em Vila do Conde As jornadas naturistas que se deviam realizar no próximo fim-de-semana na praia das Adegas (Algarve) foram canceladas devido aos efeitos mediáticos da iniciativa. A organização queixa-se da Comunicação Social.