Autoridades"apertam" Muitos dos locais fiscalizados têm infracções Página 3
« Camões desconhecido»
Daniel Morais lamenta desinteresse Página 4
www.correiodecaracas.net
O jornal da comunidade luso-venezuelana
ano 06 - n.º 110- DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL
caracas, 9 De junho De 2005 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL:
Maracaibo denuncia esquecimento Jesuino Brito, cônsul honorário, aponta o dedo às autoridades portugueses , a quem acusa de ignorar a comunidade em Maracaibo. Página 11
Feira do comércio ultrapassa as expectativas. Páginas 24-25
Portugal em vias de conseguir apuramento para o Mundial de 2006. Página 31
Hospitalidade em Rio Chico
Mais de dez famí lias portuguesas misturam-se entre as diversas famí lias europeias. Página10
Erika Nornny coroada em Caracas Centro Português de Caracas já escolheu a sua Miss. Página 16
1,00
2 EDITORIAL Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez e Noélia de Abreu Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Bernardete de Quintal (Curaçau) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira
CORREIO DE CARACAS - 9 DE MAIO DE 2005
Centros e clubes: – que futuro?
D
esde há muito que o dinamismo da nossa Comunidade se equipara ao espírito empreendedor dos centros e clubes. No entanto, há por aí uns sinais de claro desgaste que poderão implicar, num futuro não muito longíquo, o encerramento ou total abandono de algumas colectividades que muito já fizeram pelos portugueses na Venezuela. Os alertas de desmobilização vêm de zonas distintas como Puerto la Cruz, La Victoria, Maracaibo, Punto Fijo ou Turumo, em Caracas, embora esta ultima não seja por falta de empenho de seus directivos. São instituições que, de uma forma ou de outra,
ostentam um futuro incerto. Tudo porque não houve o cuidado de adoptar esquemas credíveis de continuidade. Há incentivos que desapareceram, há pessoas que baixaram os braços, deixando-se vencer pela inércia. Neste oportunidade, têm mais responsabilidades os conselheiros daa Comunidade, os cô nsules honorários, Federação de Centros e autoridades portuguesas. É inadmissível que assistam, calmos e serenos, a este “ ruir do castelo” , como se de uma fatalidade se tratasse. Não! Pensamos que em nenhum dos casos, a inércia deve vencer. Mãos à obra!
Preparação Gráfica: Olga de Canha (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Secretariado: Glória Cadavid Distribuição: Juan Fernandez Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela
o CaRToon Da semana Parece que os conselheiros da Comunidade começaram a trabalhar...
Já não era sem tempo! Apó s cinco anos a posar para as fotografias...
Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69
a semana Festival Infantil de Folclore O Festival Infantil de Folclore que decorreu no último fim-desemana no Centro Português de Caracas é uma iniciativa de louvar. Foram centenas de jovens luso-descendentes e não só. Sabemos que não é uma tarefa fácil organizar actualmente um evento como este, sobretudo porque é preciso disponibilizar tempo, vestir e ensaiar crianças para bailar folclore. Todos estão de parabéns, desde a organização do festival, aos jovens e aos clubes a que pertencem estes grupos infantis.
Feira do Comé rcio A Câmara de Comércio Luso-venezuelana, pela iniciativa de organizar por primeira vez nos últimos vinte anos uma feira comercial, está de parabéns. A adesão superou as expectativas dos organizadores. As empresas ali presentes representam a presença empresarial lusitana na Venezuela. Setenta empresas se fizeram representar durante quatro dias, confraternizando e intercambiando conhecimentos. Um êxito garantido. O Centro Português que, pela primeira vez acolheu este tipo de evento comercial, provou que tem instalações apropriadas para tal.
Falta planeamento Uma vez mais ficou demonstrado que as organizações – de todo o tipo – andam às avessas na comunidade. Em oportunidades anteriores, destacamos sempre a disponibilidade e a boa-vontade das juntas directivas do Centro Português de Caracas. No entanto, não entendemos este tipo de descoordenação entre associações, entre clubes, e entre organizações da comunidade Portuguesa. Por exemplo, no Centro Português de Caracas, realizaram-se uma série de eventos, na sexta feira, no sábado e no domingo. Tudo excelentes iniciativas que aplaudimos, mas o que não percebemos é a falta de agenda do clube, pois por falta de planeamento foram muitos os sócios que não puderam aceder ao clube por falta de espaço.
ICEP transferido para o Mé xico
E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares
Várias vezes já nos referimos ao ICEP (Instituto Comercial Exterior de Portugal) na Venezuela e sempre de forma negativa. Já marcaram presença neste país, mas sem nenhuma utilidade para além de passarem férias à custa do Estado.Também criticamos a decisão do Estado, que transferiu a organização para o México, julgamos que também para férias! Um assunto que também se debate constantemente é que esta feira comercial organizada pela câmara de comércio e presenciada pelo novo embaixador de Portugal, poderá sensibilizar as autoridades para que se volte a abrir uma representação do ICEP, mas com gente capaz e interessada.
Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Ma deira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.
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CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005
VenezuelA 3
96% das empresas inspeccionadas são infractoras No fim-de-semana passado, o Seniat multou 42 estabelecimentos nocturnos na zona Este de Caracas. A medida resulta no encerramento dos espaços comerciais durante três dias e o pagamento de uma multa.
ou três dias de obrigatoriedade de encerramento e uma multa quando os funciodelia_jornalista@yahoo.com nários descobrem irregularidades nos livros de compra e venda dos negó cios. Seniat, organismo tributáA média de empresas que incumpre as rio e fiscalizador, continua normas tributárias é alarmante. Segundo a “ apertar” todos os dias. dados fornecidos pelo Seniat, em média, No fim-de-semana passa- entre cada cem empresas inspeccionadas, do, um total de 42 locais nocturnos, lo- 96 % fecham por irregularidades. calizados no Este de Caracas, foram Através do nú mero 800 - Seniat, são apanhados numa operação conjunta muitas as denú ncias que fazem os consufeita pela inspecção e pelos Bombeiros midores, especificando locais comerciais Metropolitanos. que não emitem facturas. "AproximadaO encerramento dos restaurantes, dis- mente, 90% dos negó cios (restaurantes, cotecas, bingos e bares deveu-se a irregu- padarias, centros nocturnos) não entregam laridades apresentadas em matéria de pa- facturas ou emitem recibos falsos", precisa gamentos de impostos, obrigações com os Caraballo. trabalhadores e o respeito das normas de "Nas diferentes visitas aos comércios, segurança. descobrimos que a subfacturação é uma O chefe da Divisão de Fiscalização de prática nacional. As máquinas não regisSeniat, José Caraballo, explicou ao CO- tam o verdadeiro valor da compra do clienRREIO que as sanções oscilam entre um te, mas apenas 0,1% a 10%. Se a compra é Delia Meneses
O
por um montante de 12 mil bolívares a factura registada é de apenas 120 bolívares ou 1,2". Escassa cultura tributária Conforme informa o Seniat, um sector importante das padarias não entrega factura ao cliente, quando na verdade ficar com o ticket é um direito do cliente. Caraballo fez um apelo ao sector da panificação, que é constituído essencialmente por portugueses, para que não se deixem manipular por contadores sem escrú pulos que muitas vezes optam por fugir dos impostos. "A maioria dos padeiros não tem conhecimentos sobre a obrigatoriedade de pagar impostos. Por isso, eles pagam a empresas de contabilistas para que os apoiem. Mas são estas mesmas que muitas vezes os enganam. Apesar dos donos das empresas não terem a intenção de actuar mal frente ao fisco, há contadores irresponsáveis e
pouco qualificados que os estafam", denuncia. Para o organismo fiscalizador, o problema continua a ser que a sociedade venezuelana tem uma escassa cultura tributária e está acostumada a que o fisco não actue. "Mas agora os empresários têm de se habituar à actuação permanente do Seniat. Não existe uma disposição que nos obrigue a anunciar previamente o que vamos fazer", diz. Contudo, Caraballo esclarece que a ideia do Seniat não é arruinar os comerciantes. "Nunca vamos fiscalizar com a intenção de fechar porque nos convém que elas tenham sucesso e paguem impostos, mas também devemos multar as irregularidades". O chefe da Divisão de Fiscalização de Seniat declarou que estão dispostos a oferecer conversas de indução para orientar os comerciantes, pois definitivamente "somos potenciais só cios", diz.
Manuel Antó nio Correia com programa preenchido Agostinho Silva
asilva@dnoticias.pt
O secretário regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, da Madeira, chega a Caracas na quarta-feira, dia 29 de Junho, permanecendo em terras de Simon Bolívar até 6 de Julho. Manuel Antó nio Correia, que se faz acompanhar da sua mulher, Angela Correia, será recebido pelo presidente da Comissão da Pró Celebração do Dia da Madeira, Agostinho Gomes Lucas. O governante janta com a comissão no
dia da chegada a Caracas. Na quinta-feira, ú ltimo dia de Junho, Manuel Antó nio Correia terá encontroas oficiais com o Embaixador de Portugal, José Manuel Costa Arsénio, e com o Cô nsul de Portugal, Fernando Teles Fazendeiro. Curiosamente, este ú ltimo encontro será uma reedição da reunião que ambos tiveram há uns anos em New Bedford, nos Estados Unidos, quando Teles Fazendeiro era cô nsul ali e o governante madeirense visitava a comunidade local em representação do Governo Regional
da Madeira. O segundo dia da visita será marcado ainda com uma visita ao Lar da Terceira Idade "Pe. Joaquim Ferreira", em Los Anaucos, onde o secretário regional almoça com o presidente da instituição Maurílio dos Santos. Ànoite, o governante é obsequiado com um jantar promovido pela Fundação Central Madeirense, presidida por Agostinho Macedo. No Dia da Região Autó noma da Madeira, 1 de Julho, a Comissão Pró -Celebração do Dia da Madeira almoça com Manuel Antó nio Correia no "Lee Hamilton",
antes das cerimó nias no Centro Português, em Macaracuay. Ali há uma homenagem ao "libertador" Simó n Bolívar e ao poeta português Luís de Camões, com hinos interpretados pelo Grupo Coral do CP, e uma missa na Capela de Nossa Senhora de Fátima, presidida pelo padre Alexandre Mendonça. À noite, há o jantar no Salão Nobre do Centro Português, onde se aguarda a intervenção do governante madeirense e do embaixador português. Um repasto animado pelo agrupamento "Banda
d'Além". No sábado é tempo de Manuel Antó nio Correia conhecer outras paragens. Na deslocação para Valencia, o governante passa na Casa Portuguesa do Estado de Arágua e visita o "Geriátrico" de Maracay. Ànoite o jantar é com a comunidade no Centro Social Madeirense de Valencia. Nos restantes dias, o representante do Governo Regional aproveitará para conhecer outros lados da comunidade, com visitas informais a localidades de Caracas e não só .
4 Venezuela
CORREIO DE CARACAS - 9 DE MAIO DE 2005
todos falam de camões, mas quase ninguém sabe quemé Daniel Morais, director do Instituto Português da Cultura, faz um balanço sobre a evolução das comemorações do Dia de Portugal e da importância da visa e obra do poeta luso por excelência, Luí s de Camões. significado real da data", expressa. O caso do Centro Português de Caracas (CPC), para morais, é muito importante porque se fundou um 10 de Junho de 1958, dia que coincide com o aniversário da morte de Luís de Camões, autor de "Os Lusíadas" que é considerado o maior poeta da língua portuguesa.
Nathali Gómez
O
10 de Junho é uma data importante para qualquer português que esteja dentro ou fora do país. Neste dia, comemora-se o Dia de Portugal, o do poeta Camões e o das comunidades portuguesas. Contudo, nem sempre foi assim, pois as comemorações tiveram outro significado consoante a etapa histó rica que atravessou a Nação lusa. antes do 25 de abril de 1974, data em que caiu a ditadura de antó nio de Oliveira Salazar, o 10 de Junho era chamado de "Dia da raça". Este comemorou-se pela primeira vez em 1944, durante o período conhecido como o Estado Novo, na cerimó nia de inauguração do Estádio nacional, sendo o principal objectivo exaltar o orgulho de um povo com uma suposta ascendência comum. a partir de 1960, tempo marcado pelo colonialismo e pela crise, tentou-se juntar a comemoração com as condecorações feitas aos mortos e feridos das guerras de Ultramar. finalmente, a partir de 1974, a conotação que tem actualmente é a de uma homenagem a todos os emigrantes portugueses que tiveram que sair do seu país, tanto por razões econó micas como por motivos políticos ou de guerra. Como nos explica Daniel morais, director do instituto Português de Cultura (iPC), a partir da revolução de 25 de abril, os governantes manipularam a data para que fosse a ocasião perfeita para pensar e procurar a integração daquela parte de cidadãos que estavam fora de Portugal e que actualmente são 40% da população total. "O conceito que conduzem os governantes da comemoração do 10 de Junho é correctíssimo porque tentamos essencialmente que os portugueses que estão espalhados pelo mundo se identifiquem com o seu país de origem", opina morais. Da mesma forma, segundo o director do iPC, na data se presta tributo às personalidades destacas dentro e fora do país através de imposição de condecorações. a pesar dos reconhecimentos, na Venezuela "não há sensibilização suficiente para um acto que deve reunir todos os portugueses. Contudo, alguns meios associativos estão conscientes do
Uma figUra Não se pode falar do aniversário do iPC sem esquecer uma referência a Daniel morais, que tem sido ao longo destes 14 anos o seu principal pilar. Talvez em 1948, quando chegou a Caracas pela primeira vez na companhia de sua esposa, não imaginava que seria responsável neste país pela cultura portuguesa. No começo da sua estadia, Daniel morais dedicou-se primeiro ao ramo mobiliário. Depois à publicidade, ramo em que montou a empresa "Ecos de Portugal", cuja finalidade era divulgar a cultura e o associativismo dentro da comunidade lusitana. Paralelamente realizava programas de rádio e escrevia artigos numa publicação que tinha o nome da sua organização. Dez anos depois da sua chegada, em 1958, fundou com um grupo de amigos o Centro português de Caracas, a cuja primeira sede esteve situada em El Paraíso, para depois instalar-se em Sebucan. anos mais tarde constituiu uma comissão pró - -sede do Centro português tendo como objectivo a construção de instalações pró prias. Em 1960 pertenceu à "asociació n Pro-Venezuela" e participou em campanhas a favor das colô nias estrangeiras no país. Em 1975, colaborou na constituição da Câ mara de Comércio, indú stria e Turismo Luso-Venezuelana, da qual foi fundador e vice-presidente durante um ano. Em 1985 integrou a comissão que organizou na Venezuela os actos comemorativos da morte do poeta português fernando Pessoa. Em 1990 fundou o instituto Português de Cultura, ó rgão para o desenvolvimento e difusão da cultura lusitana, que se instalou no Centro Português de Caracas. Pelo seu largo trabalho em prol da cultura e do associativismo português, Daniel morais recebeu diversas distinções do Estado Português e Venezuelano.
Poeta conhecido e desconhecido "Todos falamos de Camões, mas quase ninguém o conhece, nem sequer sabemos de pormenores da sua visa", afirma morais. apesar do autor ter exaltado na sua obra o valor universal da virtude, o seu legado literário não tem estado ao alcance de muitas pessoas ou pela impossibilidade de aquisição de certo nível de estudos, ou por desinteresse ou devido a simples desconhecimento. a saída de muitos emigrantes portugueses por razões econó micas ou políticas fez com que estes não tivessem conhecimento suficiente da sua pró pria cultura. "Não por culpa deles, mas porque não lhes deram acesso", refere. Não obstante, actualmente tentamos aproveitar este potencial cultural dentro das comunidades e tentar captar o interesse de toda a camada jovem que a constitui. Para morais, Camões faz parte de um patrimó nio e uma riqueza que nalgumas ocasiões não é o suficientemente apreciada. Perante esta realidade, o iPC tem abordado o tema repetidas vezes e tem procurado forma de fazer nas comemorações do dia da pátria se faça mais divulgação da obra do poeta, tornando-a assim mais acessível a todos. "Os Lusíadas", a obra mais conhecida de Camões, é um poema épico (de leitura e compreensão não muito fácil) que tenta contar de uma forma poética e mitoló gica a histó ria do povo português. Dai a dificuldade de tornar a obra acessível a todos. Como parte das comemorações do 10 de Junho deste ano, o iPC tinha previsto trazer antó nio Victorino de almeida. Contudo, por diferentes razões, não foi possível. Por isso, a instituição vai se juntar às comemorações feitas no CPC, que vai fazer um pequeno recital dirigido pelo maestro venezuelano Jesú s ignacio Pérez Perazzo.
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Luso-descendente assassinada depois de sequestrada Jean Carlos De Abreu
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epois de ter sido refém de três sequestradores, a luso-descendente Lourdes Katerine Fernandes Bustamante foi encontrada morta em Maracay pelo Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais. A jovem, que vivia em Charallave, Estado Miranda, frequentava o nono ano e foi raptada a 19 de Maio, a trezentos metros afastados da sua casa, quando ia para o colégio. Na tarde desse dia, os delinquentes comunicaram com os familiares para avisá-los do sequestro da menor e pediram um resgate de 200 mil euros. Dez dias de tensão passaramse na família Fernández, natural de Santa Cruz, que não sabia em que condições estava Lourdes Katerine. Um dos sequestradores li-
gou para Luís Fernández, pai da vítima, para ameaçá-los, alertando que se não pagassem o montante exigido ou se avisassem a polícia matavam a estudante de 15 anos. A ú ltima chamada feita pelos criminosos foi na segunda-feira 30 de Maio, para avisá-los que iam baixar o montante de cem milhões de bolívares. Disseram que voltavam a ligar na terça-feira de manhã para verificar o lugar onde o intercâ mbio iria ser feito. Paralelamente, a Divisão Antiextorsão e Sequestro do CICPC trabalhou com as pistas obtidas para localizar os sequestradores e deram com o seu paradeiro. Mas a operação de resgate de Lourdes Fernández não teve um final feliz. Durante a perseguição, a polícia foi até a zona sul de Maracay. Ai, um dos delinquentes, ao sentir-se encurralado pelos funcionários, matou a jovem e, logo de seguida, suicidou-se, O indivíduo
já tinha antecedentes por roubo e furto. Os outros dois sequestradores que estavam com ela puseram-se em fuga e agora são procurados pela CICPC de Maracay nas aldeias vizinhas. A família Fernández transferiu-se para Maracay para identificar o corpo que repousava na morgue do Estado Aragua. O tio da vítima, Luís Fernández, é um emigrante português de Santa Cruz, Madeira, que se dedica à distribuição de jornais da zona de Los Valles del Tuy e Charallave. Segundo Fernández, o seu irmão não é um homem com dinheiro, pelo que não se explica as razões que motivaram este sequestro. Acrescentou, ainda, que a situação econó mica desta família é precária, ao ponto de nem sequer terem dinheiro para pagar as despesas com o funeral.
Joel Rengifo coordina a Divisão Anti-extorsão e Sequestro do CICPC
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VEnEzuEla 7
Portugal: um sonho inalcansável para alguns Jean Carlos De Abreu
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ara alguns emigrantes que vivem na Venezuela, ir a Portugal é algo normal que já faz parte da rotina, pois visitam este país regularmente, pois tê possibilidades econó micas para tal. Outros, no entanto, desde que chegaram ao país há mais de trinta ou quarenta anos, não conseguiram regressar à sua pátria por falta de recursos. Cecília de Barros é uma portuguesa natural de Câ mara de Lobos que emigrou há 31 anos para a Venezuela juntamente com o seu marido, já falecido, para melhorar a sua qualidade de vida e sair da miséria que tinha no país ibérico na altura. Uma vez na Venezuela, fixaram-se em El Hallito, onde constituem uma família formada por três filhos. Entre penú rias e alegrias, está a fazer agora quinze anos que Cecília conseguiu viajar até Portugal graças ao esforço do seu esposo que quis visitar a sua família, que não via desde que emigrou. Da sua infâ ncia, esta nativa de Câ mara de Lobos recorda que os caminhos que rodeavam a ilha eram em pedra e muito íngremes, não tinha uma via rápida moderna e tudo era diferente. Já há quinze anos se surpreendeu ao ver as mudanças, mas agora a surpresa seria maior. Os fil-
hos desta emigrante também não voltaram a visitar Portugal porque não têm possibilidades econó micas. As transformações que se têm registado na ilha têm sido significativas. A modernização e a construção de vias alternativas melhoraram a circulação e o relacionamento entre as pessoas e as localidades. Cecília soube através dos amigos e por imagens que a ilha tem-se desenvolvido muito tanto ao nível turístico como arquitectó nico e tem imensa vontade de visitar o seu país, sobretudo à Madeira, para ver as mudanças com os seus pró prios olhos e visitar a sua família e assistir à missa de "Nossa Senhora da Graças". A situação econó mica do país actualmente e o facto de estar viú va impedemna de viajar, mas confessa que se pudesse fazê-lo ficava em Portugal com a sua família.
Cecília de Barros
Maria Figueira
EntrE PrEciPí cios E PEdras Maria Figueira é outra portuguesa de Câ mara de Lobos que saiu da Madeira, a sua terra natal, há 35 anos, com o seu pai. Na altura, vigorava o regime de Salazar e teve que deixar oito filhos para procurar um futuro melhor para eles em terras mais quentes. Maria chegou ao porto de La Guaira no barco "Santa Maria", onde a esperava o seu pai com outros familiares. O tempo
passou, caiu a ditadura e assim pô de mandar buscar os seus descendentes, que ainda estavam em Portugal. Lembra que a ilha tinha praticamente todas as estradas pequenas e em pedra, as casas estavam espalhadas por diferentes lugares. Para chegar ao outro lado, tinha que fazer um longo percurso entre curvas e contra-curvas, no meio da serra ou junto à costa. Agora, a evolução que a Madeira tem tido é radical, pois as vias perigosas por onde passa-
vam os caroos desapareceram para dar lugar aos percursos vertiginosos. Por causa da morte do seu esposo, os seus ingressos nunca foram suficientes para regressar a Portugal, que não visita há 14 anos. Não obstante, as tradições gastronó micas portuguesas mantêm-se intactas na sua casa. Apesar dos seus quase 80 anos, Maria continua sempre no activo: cozinha para a família toda e trabalha em casa para manter tudo em ordem.
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"isto é um hotel de cinco estrelas" No próximo dia 26 de Junho, o Lar de Idosos Padre Joaquim Ferreira chega oficialmente ao seu primeiro ano de funcionamento. A sua nova directora Fernanda da Costa fala-nos sobre a filosofia desta casa Liliana da Silva
lilianadasilva19@hotmail.com
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á mais de trinta anos, a comunidade portuguesa que reside na Venezuela teve um grande sonho, cujo principal propulsionador foi o padre Joaquim Ferreira. Esta ideia consistia na criação de um lar que servisse de casa para todas as pessoas da terceira idade que tinham falta de uma família. Este sonho tornou-se uma realidade a 16 de Fevereiro de 2004, quando o lar de idosos "Padre Joaquim Ferreira" foi inaugurado. Hoje, um ano depois da sua entrada em funcionamento, esta casa-lar dá os seus primeiros frutos. Uma nova visão de gerência Há um mês e meio, o Lar Padre Joaquim Ferreira tem uma nova directora. Fernanda da Costa começou uma gestão focada numa gerência empresarial do que ela denomina de "hotel cinco estrelas". Esta filosofia de trabalho surge da necessidade de administrar cada um dos recursos que lhe são concedidos na resposta ao trabalho de angariação de fundos do gru-
po de trinta damas de beneficência, que trabalham diariamente para oferecer mais comodidade e benefícios a estes 34 idosos. "O lar é uma mistura entre hotel e clínica. É com este sentido que dirijo e administro o lar, pois o nosso principal objectivo é poder oferecer a estas pessoas o amor e o carinho que lhes faz falta". Da Costa tem como aval a experiência de ter trabalhado mais de dez anos no Hospital Vargas, pelo que conhece profundamente o funcionamento deste tipo de instituições. Estes conhecimentos a fizeram fomentar algumas mudanças que tentam optimizar a qualidade no tratamento que se lhes oferece aos "hó spedes" da instituição. Neste mês e meio, a administração contratou um engenheiro de sistema para que desenhasse uns programas informáticos para facilitar o controlo individual de cada um dos velhinhos. Estes programas especificaria a medicação e a alimentação que cada um tem de ter, pois temos três grupos básicos de pessoas idosas: os hipertensos, os diabéticos e os normais. Cada um deles requer uma atenção personalizada", explica-nos Fernanda Costa. Actualmente, o lar conta com um total
de sete enfermeiros, quatro cozinheiras, uma ama de chaves, um chofer, um jardineiro, um assistente administrativo, um encarregue pela limpeza do condomínio. "Isto é um hotel de cinco estrelas e o pessoal trabalha para comprazer os nossos hó spedes. Eu sempre digo aos velhinhos que eles são os nossos patrões. Graças a eles temos trabalho e isto dá-lhes o direito de nos exigir tudo o que precisarem", diz. As freiras que se iniciaram neste projecto hoje já não estão no lar. Fernanda da Costa, juntamente com as Damas Portuguesas de Beneficência, estão à procura de alguma ordem que domine o português ou tenha alguma idiossincrasia parecida com a lusa. "A maioria dos 34 idosos só fala português, pelo que é necessário que as freiras que trabalham com eles falem a língua, principalmente porque elas prestam-lhe ajuda religiosa e espiritual a cada um deles, explicou-nos Da Costa. "Uma grande casa" Embora a filosofia administrativa tenha mudado, a missão fundamental desta casa-lar mantém-se intacta: acolher e dar condições aos portugueses necessitados.
"As pessoas pensam que só temos velhinhos, mas não é verdade. Temos pessoa de todas as idade. Obviamente, os idosos abandonados são em maior nú mero, mas agora temos hó spedes jovens, um de 45 e outro de 77. O pessoal do Lar Joaquín Ferreira está preparado para fazer sentir na sua casa os nossos avó s, que são atendidos pelos seus filhos, mas tratando-os como adultos e não como bebés". Fernanda da Costa destaca que o lar não é um hospital. "Muitas pessoas pensam que isto é uma clínica onde se internam doentes, mas não é assim. Nó s temos os mesmos recursos de um hospital, mas não funcionamos como tal", afirma a directora. A 26 de Junho, vai haver uma festa para comemorar o primeiro ano de funcionamento desta instituição. O evento vai contar com a participação de diferentes grupos folcló ricos. O êxito deste projecto reflecte-se na qualidade de vida destes portugueses. Contudo, ainda há muito para fazer, tal como reconhece Fernanda da Costa. "Isto é um trabalho para pessoas fortes", conclui.
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Avelino Ferreira
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Joao Fernandez
portugueses iniciaram a actividade comercial em rio chico Nesta zona costeira, habitam mais de dez famí lias lusitanas que decidiram viver numa área tranquila e cheia de harmonia. do Estado Miranda. A actividade econó Os momentos de distracção, passa-os mica mais importante do sector é o cultivo na companhia dos amigos ou familiares, do cacau como fruto primordial para a re- mas a maior parte do tempo fica no seu ío Chico, povo costeiro do Es- alização do chocolate venezuelano. estabelecimento a atender o pú blico e os tado Miranda que está localizafornecedores. do a 130 quiló metros de Cara- Trabalhar e Trabalhar Chegou a esta zona, povoada maioritacas, destaca-se pela mistura de Juan Fernández é um português que riamente por árabes e zambros, para ter raças e pela hospitalidade da sua população. chegou à zona há 25 anos. É natural da Ri- uma vida mais tranquila e sem tanto freA influência europeia marcou a impor- beira Brava, Madeira, e chegou à Vene- nesim. Gosta do lugar porque as pessoas tâ ncia econó mica da região para o ano zuela há 31 anos. Diz que a vida do emi- são amistosas e conhecem-se todas umas às de 1800, pois na zona se concentraram os grante luso é trabalhar de sol a sol, sem outras. grandes comerciantes de origem espanho- horário estabelecido. A relação entre o português e o venela. Depois da chegada dos italianos, franceses, alemães, árabes e marroquinos espanhó is, Rio Chico converteu-se num centro comercial e econó mico muito importante. Mas o descuido dos grandes empresários depois de várias décadas de trabalho deveu-se ao esquecimento da região na histó ria. A descoberta do petró leo e a nacionalização do mesmo também contribuiu para que o local e as actividades agropecuárias que ali se realizavam perdessem força. Para a década de 80, sente-se mais uma vez a emigração neste sector do país. E é nesta altura que os emigrantes portugueses, a procura de tranquilidade e de uma melhoria da sua estabilidade econó mica, se implantam e forma os seus "impérios" comerciais neste povo. Em grande parte graças ao desenvolvimento demográfico da coló nia portuguesa, abriram-se oportunidades de emprego para os nativos da zona, pois não havia no local o intercâ mbio comercial industrializado. A vida em Río Chico é agradável e, muitas vezes, monó tona, conforme nos comentam alguns habitantes locais. Para além de desfrutar da praia, que fica a vinte minutos do povo, há pouca oferta de actividades recreativas. Em Río Chico, há quase 90 mil pessoas, que constituem todo o Município Páez A actividade económica mais importante do sector é o cultivo do cacau Jean Carlos De Abreu
deabreujean@yahoo.com
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zuelano é de amizade, lealdade e gratidão, pois os lusitanos têm dado emprego nos seus negó cios a centenas de habitantes da zona. As festas e as tradições portuguesas mantêm-se na família, mas não no povo. A ú nica expressão festiva que comemoram com os nativos é a da Nossa Senhora de Fátima. "A comunidade portuguesa é unida, mas cada um está nas suas actividades e quando nos vemos falamos e mantemos a amizade que nos une como nação e como amigos", destacou Juan. Há trinta anos que não viaja a Portugal porque a rotina do trabalho o tem impedido. Mas aceita que se decidisse ir para Portugal não regressaria por questões econó micas ou até políticas". "Não hásí Tios para espairecer Nem um clube" Avelino Ferreira é um português natural de Câ mara de Lobos, Madeira, que chegou a Río Chico há 38 anos. Concorda com Juan quando defende que a vida quotidiana na zona consiste em trabalhar e dedicar-se aos seus negó cios. Os portugueses que residem no povo já tentaram abrir um Centro Português numa casa, mas o plano falhou porque nem todos estavam entusiasmados com a ideia. Chegaram a reunir-se no local durante alguns meses, "mas estes encontros desapareceram logo de seguida". A comunidade mostra sinais de união, mas ao mesmo tempo cada um está na sua, pois têm que tratar dos seus negó cios. "Quando nos encontramos na rua ao domingo nos reunimos em família para jogar cartas ou falar", comenta-nos Avelino. A maioria dos negó cios que há em Río Chico é padarias, vendas e lojas de álcool que são normalmente geridas por portugueses. Também há comércios de roupa de árabes e de outros emigrantes.
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VEnEzuEla 11
"Estamos abandonados"
É preciso destacar ainda que, nesta localidade, existe um clube social português denominado "Casa de Portugal", que foi a cidade de Maracaibo, vivem fundado há mais de trinta anos, mas que cerca de dez mil portugueses. atravessa agora um momento menos bom Jesuino Brito, cô nsul hono- no que respeita à dinamização interna. rário, fala-nos da comunidade Jesuino Brito, cô nsul honorário natue queixa-se do esquecimento constante ral do Algarve, região de onde emigrou das autoridades Portuguesas. com apenas nove anos de idade, é um proCom uma superfície territorial de fundo conhecedor das actividades dos por63.100 Km2 o Estado Zulia estende-se ao tugueses naquela localidade. largo do lago de Maracaibo, entre a corBUROCRACIA PORTUGUESA dilheira de Perijá e a de Mérida. Parte considerável do territó rio está ocupado pelo O Dia de Portugal é celebrado relilago (13.280 km2) e o clima ao longo do giosamente todos os anos com a tradicioano é de 30º , em média. nal oferenda floral à estátua de Luís de Não obstante as excelentes qualidades Camões na principal praça da cidade. do solo de alto potencial agrícola, que perEste tipo de iniciativa tem partido semmite o cultivo da cana-de-açú car, do ca- pre de maneira individual da comunidade cau, do milho, das "caraotas", da banana ali presente, que se queixa da falta de ine do plátano. Este Estado venezuelano é teresse das autoridades portuguesas. "Esconstituído por grandes zonas produtivas tamos abandonados", vinca Jesuino Brito. de gado, embora a sua principal actividaA burocracia portuguesa, no que diz de econó mica dependa da exploração pe- respeito à legalização de documentos, retroleira, que é o mais importante motor validações de títulos, etc, é outro dos aleconó mico da zona. vos de críticas que Jesuino Brito, que faz Segundo o ú ltimo censo, feito em questão de dizer em nome dos portugueses 1995, a povoação do Estado oscila entre os daquela localidade que "muitos decidem três milhões de habitantes. Maracaibo ge- estabelecer-se definitivamente em Portuograficamente está situado a 830 km da gal, mas ficam fartos de tanto esperar docidade de Caracas. cumentos, revalidação de títulos, etc. MesA comunidade portuguesa não é ex- mo estando em Portugal, depois optam cepção e também naquela localidade da por regressar à Venezuela e reiniciar a sua Venezuela, comparativamente a outras ci- vida". No entanto, destaca, o trabalho feidades do país, está estabelecida há mais to pelo consulado geral, de onde depende 50 anos. dem os seus serviços em Valencia. No consulado (honorário) local, estão A insegurança pessoal também não é devidamente inscritos cerca de cinco mil um problema alheio à comunidade desta portugueses. No entanto, segundo o res- zona. Ultimamente, verificam-se alguns ponsável consular Jesuino Brito, emigrante casos de sequestros, onde Jesuino Brito há mais de 45 anos na Venezuela, a pre- como cô nsul honorário de Portugal tem sença lusitana naquela localidade supera os exercido um papel de destaque na interoito mil lusitanos. venção com a polícia local. A dedicação profissional dos mesmos Maracaibo parece ser excepção no que também não e muito diferente à dos lu- se refere a casos de pobreza extrema. sos que estão noutras localidades do País. Acrescenta que "felizmente aqui a necesPadarias, restaurantes, lojas de ferragens, sidade extrema é pouca e não temos vesupermercados e construção são as áreas rificado esse tipo de casos, como em Camais frequentes, para além de outras com racas, por exemplo". menos significado. Aleixo Vieira
aleixo5151@cantv.net
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12 Venezuela
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Vargas ganha II Festival de Folclore Infantil O grupo folclórico do Centro Português de Catia La Mar ganhou a segunda edição do Festival Infantil. A distinção para o melhor traje tí pico foi para o grupo "A nossa Mocidade", de La Victoria. diam actuar por mais de quinze minutos. Os bailes reflectiram basicamente a cultura de cada um dos um evento que se caracterizou pela do- sete clubes que vieram de diferentes cidades do çura e picardia dos dançarinos, sete país para mostrar a sua arte. grupos infantis apresentaram a 5 de Durante o espectáculo, foi apresentado um gruJunho o melhor do folclore e da mú - po de danças venezuelanas do Estado Aragua que sica portuguesa. Cada uma das crianças mostrou surpreendeu o pú blico pela ingenuidade e inextalento e doçura, enquanto se passeavam pelas periência de uns meninos que, apesar de pequetradições da terra que viu os seus pais crescerem. ninos, conseguiu dançar "joropo" e mú sica "llaMas teve apenas um vencedor e foi o grupo fol- nera". Uma vez concluída a participação dos grupos cló rico do Centro Português de Catia La Mar. concorrentes, o grupo anfitrião, Danças e Cantares, O salão nobre do Centro Português de Cara- apresentou os três bailes que lhes permitiu ganhar cas foi o cenário que recebeu os grupos que par- no ano passado, na Casa Portuguesa de Maracay. ticiparam no II Festival de Folclore Infantil. O No fim das actuações, o jú ri, constituído por grupo Danças e Cantares, que pertencem ao CPC, sete pessoas conhecedoras do folclore luso, elefoi o vencedor da primeira edição deste festival. geu o Grupo Folcló rico do Centro Português de Por isso organizou a segunda. Catia La Mar como vencedor deste II Festival InCada um dos grupos dançou três peças musi- fantil. A distinção para o melhor traje típico foi cais que foram escolhidos livremente e não po- para o grupo "Nossa Mocidade", de La Victoria. Liliana da Silva
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Monaca abre concurso Alemanha 2006
EVENTOS 13
Unicasa de La Casona com nova cara
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olinos Nacionales (Monaca) deu início ao concurso Monaca-Gruma, com a Copa Mundial Alemanha 2006. A iniciativa destina-se a reconhecer a lealdade e o esforço dos seus clientes da área industrial e conta com a participação das prestigiadas marcas Robin Hood e Polar. O concurso vai vigorar de 1 de Junho deste ano a 31 de Janeiro de 2006. Consiste em coleccionar cromos que cada cliente recebe consoante as compras a partir de determinados montantes. A primeira etapa do concurso acaba a 31 de Agosto pró ximo e quem consiga completar as colecções vai estar automaticamente a participar no sorteio de dois pacotes com todas as despesas pagas para viajar ao Brasil e assistir ao jogo da selecç ão nacional deste país com a Vinotinto da Venezuela, um jogo integrado nas eliminató rias de Alemanha 2006, que se realiza a 11 de Outubro.A ú ltima etapa do concurso vai acabar a 31 de Janeiro de 2006 e os clientes que até à altura tenham completado as colecções vão optar por dez pacotes com todos os gastos pagos para uma viagem à Alemanha, podendo assistir a vários jogos da Copa Mundial de Futebol, assim como conhecer de perto os melhores jogadores e apreciar atractivos turísticos do país germâ nico. Como prémios complementares, vão ser sorteadas, também, câ maras digitais, vídeo-câ maras e malas de viagem.
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o passado dia 28 de Maio, Supermercados Unicasa reinaugurou a sucursal que está localizada no Centro Comercial La Casona. O objectivo é oferecer a todos os residentes da Urbanização La Rosadela, em San Antó nio de los Altos e arredores, um novo conceito, com melhores serviços, maior variedade e ofertas. O Unicasa do Centro Comercial La Casona foi totalmen-
te remodelado e automatizado. Tem já dezassete caixas e amplas áreas de charcutaria, pescaria, frutas e verduras. Tem sistemas de refrigeração e congelado que cuidam do ambiente e amplos corredores, assim como uma barra que permite aos utilizadores solicitar o corte das carnes à sua escolha. Está, também, à disposição dos clientes a nova secção de comidas preparadas Unicasa Express,
com pratos caseiros para levar ou comer no momento. Unicasa La Casona é outra mostra do viável plano de crescimento e consolidação que os supermercados Unicasa têm concretizado nos ú ltimos meses. Nesse sentido, dentro de breve a cadeia vai fazer outra reinauguração em Montalban III e vai, também, inaugurar uma nova sucursal na zona de Caricuao (Caracas).
14 PERFIL
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Vivências que se transformam em poesia A saudade foi o principal motivo que levou Manuelita Ferreira a escrever poemas e pensamentos que hoje estão compilados em seis publicações da sua vida ao aconselhamento a mulheres jovens, falando-lhes sobre como devem tratar os seus filhos e dar-lhes amor. primeira guerra mundial, as necessidaApesar de ter pensado várias vezes queimar as des e as carências pó s-guerra e as belas suas memó rias, sobretudo por serem relatos trispaisagens de um Portugal rural marca- tes que abordam a sua infâ ncia vivida em Portugal ram a vida de uma mulher que continua e a sua fase adulta já na Venezuela, decidiu publicáa preservar, através dos tempos, não só as lem- las para "demonstrar a muitas pessoas que têm probranças mais subtis como também a sua primeira blemas que as quedas que damos na vida servem ida à praia, quando tinha apenas dois anos, e as re- para aprendermos a nos levantar. E eu sou exemplo cordações mais crus da guerra. "Lembro-me perfei- disso", afirma com convicção. tamente de como os soldados faziam as trincheiras com arame farpado e se escondiam em buracos que "A sAbEdoRIA Está cavavam", conta-nos. Em cAdA um dE nó s" Hoje, com 66 anos, as obras da poetiza de traços Esta mulher, mãe, poetiza, escritora em portudelgados e olhar doce são provas da sua maguês e em espanhol, nasceu em Maturidade literária. As pegadas inapagáxieira, Fátima, e chegou à Veneveis que deixou do seu passado conzuela a 14 de Janeiro de 1955, verteram-na num ser insensível e com dezasseis anos e muitas apaixonado que procurou enilusões. Contudo, as restricontrar na prosa e no verso um ções do seu pai não lhe perdesabafo. E é precisamente em mitiram prosseguir os es"Mis Hojas de Plata" (as suas tudos e, por isso, nunca memó rias) que plasma todas passou da segunda classe. as suas vivências, as boas e as "Estive separada dos meus más, conseguindo mostrar o pais quando me mandaque a fez ser uma mulher mais ram ir morar com a minoptimista que dedicou vinte anos ha madrinha em Leiria. Noelia de Abreu
noeliadeabreu@gmail.com
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Ela prometeu ao meu pai que me punha na escola, mas nunca o fez. Às vezes custa-me acreditar como é que uma campó nia qualquer - que é o que eu era - conseguiu chegar até onde eu já cheguei. A ú nica explicação que tenho é que a sabedoria está dentro de cada um". Quando o pai de Manuelita, que tinha emigrado em 1946, a mandou buscar, a escritora viu neste país do Caribe a oportunidade de retomar os seus escassos estudos. "O meu pai dizia que a mulher tinha que saber lavar, cozinhar e ser uma boa ama de casa. Por isso, nunca me deixou estudar. Contudo, o meu pai, na sua ignorâ ncia, foi um professor para mim, pois graças a ele lutei para ser o que sou hoje", recorda. PouPAndo PARA PAgAR um sonho Muitas vezes não comprou medicamentos, sapatos ou roupa só para poder suportar as despesas que se tem ao publicar um livro. As suas cinco primeiras obras - "Cosechas", em 1984; "Poemas y pensamientos", em 1986; "Otra mujer", em 1989, "Siete Colores en un Zafiro", em 1990; e "Burbujas oníricas", em 2004 - foram publicadas com os seus pró prios meios, excepto o seu livro "Abanico de frases", que foi publicado em Janeiro deste ano com o patrocínio de UNICASA. Manuelita Ferreira explica-nos que publicar o livro não é suficiente. A publicidade é um elemento essencial para um escritor ou poeta. "Ser escritor não é tão fácil como ser pintor. Uma pintura vê-se a olho nu e as pessoas decidem logo se a compram ou não. Com um livro é diferente", diz. Os seus dois ú ltimos livros foram "Lo blanco en el vuelo" e "Mis hojas de Plata". "Procuro o apoio de alguma empresa que esteja interessada porque hoje em dia é muito caro publicar um livro", destaca. Quem deseje contactar Manuelita pode fazê-lo através do telefone 0212-870.91.92 ou o e-mail ventas@manuelita.com.ve.
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CultuRA 15
O professor do interior da Venezuela Uma biblioteca já tem o seu nome, "Jorge Amorim", uma forma de lhe prestar homenagem em vida pela sua dedicação. Este emigrante durante mais de quinze anos deu aulas de português em diferentes regiões do paí s. Noelia de Abreu
noeliadeabreu@gmail.com
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hama-se Manuel Alves de Oliveira, mas é mais conhecido por todos como Jorge Amorim. O seu trajecto como professor de línguas é amplo, pois percorreu várias regiões do interior da Venezuela. Chegou ao país há 39 anos e dedicou quinze deste ao ensino de português, francês e outras línguas em regiões com Barquisimeto, Villa Cura, Puerto Cabello, Acarigua e La Victoria. Actualmente, dá aulas de português na Igreja San Antó nio del Trébol, em Valência, paró quia da comunidade portuguesa e italiana; na Câ mara Portuguesa Venezuelana (CAPORVEN); no Centro Social Madeirense de Valência; em Tinaquillo, Estado Cojedes, em Punto Fijo, Estado Falcó n; e na Casa Portuguesa de Aragua, onde ensina também francês, ambos há dez anos. Para honrá-lo em vida, a biblioteca da Câ mara Portuguesa Venezuelana foi baptizada como Jorge de Amorim iniciativa foi de Carlos Balaguera, director da mencionada organização, que quis reconhecer o trabalho deste professor que durante mais de três anos leccionou cursos de português na sede de CAPORVEN, em Valência, e por ser um destacado erudito de dezasseis línguas. As viagens aos diferentes Estados da Venezuela são pagos por diferentes instituições e clubes onde dá aulas. "Se contabilizarmos as despesas, os acidentes pelo
caminho e inclusive os roubos seria fácil desanimar-se, mas isso eu evito fazer, pois não gosto de me focar nos pontos negativos. O que eu gosto mesmo, a minha paixão é dar aulas", confessa. Sobre os cursos de português, comenta que há muita gente interessada em aprender português, embora não há tanta gente como devia haver. "Contudo, nas minhas aulas tenho muitos engenheiros, médicos, arquitectos e pessoas que ainda não profissionais", diz. Também faz referência ao facto de que 50% dos que assistem aos seus cursos serem portugueses ou luso-descendentes. Os outros 50% são venezuelanos, na sua grande maioria. Mas também tem alunos colombianos ou das Ilhas das Antilhas, mas são poucos. POesiA dA lí nguA gAnhA-se COm estudO A sua preocupação pela falta de docentes da língua portuguesa no interior do país é crescente, pois ainda que haja pessoas interessadas em aprender não há docentes na sua comunidade para cobrir essa procura. Conforme nos garante, ele é "o ú nico professor licenciado que há fora de Caracas e na fronteira da Colô mbia". Porto foi a terra que o viu nascer em 1928 e foi precisamente no seu país natal que tirou o ensino básico, o secundário e a sua carreira como professor de português. Mas os seus desejos de ampliar os seus conhecimentos levaram-no a fazer um Curso Superior de Teologia e Filosofia em Espanha e um Curso de Línguas
Modernas, na Inglaterra e na Irlanda. Ainda insatisfeito, pousou o seu olhar na Venezuela. "Queria conhecer o Novo Mundo. A Europa já era territó rio conhecido para mim. Também fugi de Portugal por causa dos problemas políticos que me assediavam", conta-nos. A Venezuela foi o país que lhe abriu as portas e onde fez estudos especializados em Castelhano e em Literatura. "A gramática podemos encontrá-la num computador, mas a capacidade poética que têm as palavras é uma coisa que tem de
ser estudado. Por isso, sempre digo aos meus alunos que uma língua vai muito mais além de todos os tecnicismos", declara. Até à data, Manuel Alves oliveira já publicou dez livros, um deles em espanhol e o resto em português. A sua obra intitulada "Tierra de Nadie" foi seleccionada pela biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, no Canadá, para ser traduzido. Actualmente, tem mais cinco obras prontas a serrem publicadas. Em 2004, publicou "Os Oráculos".
Aproximar Camões à comunidade A 18 de Julho realiza-se a sétima tertúlia organizada pelo Instituto Português de Cultura no Centro Português de Caracas. Agostinho Silva
asilva@dnoticias.pt
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Instituto Português de Cultura (IPC) tem vindo a realizar nos ú ltimos dois anos uma série de tertú lias que têm como principal objectivo aproximar a comunidade lusa às actividades culturais. Esta iniciativa procura conseguir mais envolvimento dos portugueses que não costumam assistir às conferências ou fó runs, mas que podem ver nas tertú lias um espaço onde se juntam ideias, mú sica, poemas e alegria.
A pró xima tertú lia realiza-se no Centro Português de Caracas, no restaurante O Navegante, a partir das 21h00. O evento vai ser em honra de Luís de Camões e serve para comemorar o Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas. É, ainda, uma oportunidade para festejar o quadragésimo sétimo aniversário do CPC. No encontro, vão-se refrescar os dados mais significativos da biografia do escritor e poeta português, ler alguns dos seus poemas e ouvir alguma mú sica. Estes encontros culturais começa-
ram a realizar-se a 16 de Maio de 2003 e converteram-se numa alternativa para divulgar o melhor da cultura lusa. Betty Rodrigues, directora do IPC, diz que a assistência da comunidade tem sido bastante positiva e, destaca, cada vez mais pessoas frequentam estas reuniões culturais. "À ú ltima tertú lia, assistiram 150 pessoas. Para esta que se vai realizar agora esperamos mais ou menos o mesmo nú mero de assistentes". Isto só é possível porque a Direcção do CPC permitiu a entrada livre, mesmo de pessoas que não sejam só cias do clube.
16 LAZER
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Vinte anos a reunir o folclore A Casa Portuguesa Venezuelana de Valencia é palco do XX Festival Folclórico Português, que vai juntar 22 grupos de toda a Venezuela. Noelia de Abreu
noeliadeabreu@gmail.com
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o pró ximo dia 3 de Junho, tem lugar o XX Festival Folcló rico na cidade de Valência, estado Carabobo. Danças da Madeira, o grupo vencedor do festival feito em Guayana em 2004, organiza todas as actividades que se vão realizar na Casa Portuguesa Venezuelana de Valencia. José Humberto Rodrigues do Nascimento, director-geral do grupo, informou-nos que este festival se vai realizar em honra da Região de Miranda, uma região do Norte de Portugal. E isto porque, graças aos bailes "pauliteros" de Miranda, conseguiram obter o primeiro lugar no festival anterior, levando também o prémio de melhor traje típico. Este ano, os organizadores querem dar um ar de novo a este evento cultural e, para isso, vão introduzir uma mascote do festival. Rodrigues diz que "esta novidade tenta oferecer uma alternativa diferente aos que assistem ao evento. Para além disso, a comunidade lusa e venezuelana que vá até à Casa Portuguesa Venezuelana de Valencia vai poder partilhar com os seus familiares e amigos comida típica e vinho português. Rodrigues convidou toda a comunidade a assistir, a partir das duas da tarde, ao espectáculo que vai contar com a participação de 22 grupos folcló ricos, entre os quais se podem enumerar o Grupo Folcló rico do Centro Social Madeirense de Valencia, o de Os Lusíadas de Caracas, o do Centro Português de Puerto Ordaz, o grupo A Madeira é um Jardim de Los Teques, o Centro Luso Venezuelano de Turumo e o grupo do Centro Português de La Victoria. Outro dos pontos na agenda do festival é a típica eleição da madrinha, um acto que premeia a beleza e que permite o reconhecimento de outros atractivos dos grupos folcló ricos, não só pela melhor dança, mas também pelo melhor traje típico.
Erika Nornny é a nova rainha do CPC rainha e as suas finalistas, Jessica de Freitas, em primeiro lugar, e Daniela Marques, em segundo. Centro Português de CaraO show começou com um opening cas já tem quem o repre- baseado na série de BATMAN, quando sente este ano em termos um grupo de jovens disfarçadas de "gade beleza. Embora inicial- tubela" desceu do tecto do salão nobre mente havia pouco interesse por parte do CPC. das jovens só cias do clube, finalmenO ritmo da noite ficou a cargo de te houve quem manifestasse interesse Juan Carlos Luces, um jovem que está a em participar no evento. A três de Jun- iniciar-se no canto. Também brilhou ho Carmen Irene de Lisa (rainha des- com luz pró pria "Imagen Latina", um tronada) entregou a coroa a Erika grupo de jovens que dançou e animou a Nornny, uma jovem de signo Sagitário noite com o melhor estilo da "salsa brade 17 anos, de descendencia italiana, va". facto que causou algumas criticas enO reinado deste ano contou com a tre o auditorio. participação de oito jovens com idades Fátima de Gonçalves, Presidenta do compreendidas entre os 16 e os 20 anos. Comité Feminino do CPC, aclarou ao As concorrentes foram: Daniela MárCORREIO que "nao existe nenhuma ques (Miss Fotogenia e segunda finacláusula que proíba a participaçao de lista); Karina Teixeira (Miss Amizade); jovens de outras nacionalidades, sem- Graciela Márquez, Erika Nornny (Miss pre que sejam só cias activas do clube” . Centro Portugués 2005), Jessica De FreiA animação do evento esteve a cargo tas (Miss Elegâ ncia e primeira finalisde Daniel Somaró e Sandra de Abreu, ta), Andreína Farías, María Eugenia da que deram a conhecer aos presentes a Costa e Vanesa Farías. Carlos Orellana
corellanacorreio@hotmail.com
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LAZER 17
"La Nueva Calle" pela mão de um luso-descendente Norberto Nunes representa o grupo juvenil venezuelano, cujas músicas actualmente estão entre as dez mais ouvidas no "record report". versou com eles e soube que não tinham uma representação. Desde esse dia, surgiu a ideia de se ajudarem muom 32 anos, Norberto Nu- tuamente e começaram, assim, a dar-se nes sente nas costas o peso as negociações. Já têm sete meses a trada responsabilidade. Tra- balhar arduamente e actualmente "La balha no negó cio de pro- Nueva Calle" está entre os dez grupos dução e de publicidade, é só cio de "A mais ouvidos no "record report". Comunidade" e, mais recentemente, Desde criança, este luso-descentornou-se no representante artístico dente se tem dedicado a trabalhar no "La Nueva Calle", o grupo juvenil ve- sector da construção. Logo de seguida nezuelano que se passeia pelos ritmos se vinculou à política, onde ficou até do "hip hop" e o "regueton". ter pegado nos negó cios da família, Filho de Mário Nunes, natural do onde ainda está. A sua vida passa-se Porto, e de Maria Jú lia Aguiar, nasci- entre ir e vir de um Estado a outro da da em Aveiro, este luso-descendente Venezuela, pois os projectos com o conta-nos que a sua vida esteve sempre grupo estão focalizados este ano para ligada à comunidade portuguesa. "For- dar vários concertos em diferentes zomei-me em colégios portugueses e es- nas do país. tudei Artes Gráficas e Produções EsNunes comentou que estão a negocritas em Portugal", disse-nos. ciar com a produtora internacional Sobre o seu trabalho com o quar- SONY MUSIC para lançar o grupo teto musical, comentou-nos que os para o exterior. Entre as viagens que conheceu num dos seus eventos. Con- vão ser feitas, adiantou-nos que vai a Carlos Orellana
corellanacorreio@hotmail.com
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Espanha no pró ximo mês de Agosto. E Nunes não descartou a possibilidade de visitar Portugal, onde espera ter as portas abertas para receber os jovens talentos. Actualmente "La Nueva Calle" cumpre uma agenda bastante apertada que inclui, para além de várias tournées em diferentes cidades da Venezuela, inú meros convites para participar em diversos programas da televisão venezuelana. Para Nunes, a dinâ mica de trabalho com o grupo é forte, mas - disse - "a dedicação, constâ ncia e esforço é vital para conseguir qualquer coisa". Para conhecer mais sobre este grupo musical galardoado como "Gruppo Impacto 2005" nos Prémios Mar de Prata, os interessados podem fazê-lo através do site www.lanuevacalle.com. Para contratações, ligar 0412.260.09.95 / 0414.325.0492.
18 PUBLIREPORTAGEM
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De mãos dadas com a Distribuidora Giorgio A empresa que representa as marcas exclusivas de máquinas de café Rancilio e Faema reconhece o trabalho dos seus principais distribuidores que pertencem à comunidade portuguesa
MAX RODRIGUEZ, aliado estratégico do sector alimentício Max Rodrigues nasce como empresa há trinta anos e foi precisamente a partir de 1981 que assumem as rendas da empresa os cunhados madeirenses Juan Alberto dos Santos, José Rodrigues Figueira e Evangelio Teles, primeiros só cios da empresa. A empresa oferece aos seus clientes uma grande variedade de equipamentos para o sector alimentício, tais como fontes de soda, areperas, restaurantes, frigoríficos, supermercados e padarias, entre outros, complementando com serviço técnico, assessoria e projectos de remodelação. Os seus produtos vão desde cozinhas, frigoríficos, lavagens industriais, moinhos de carne e queijo, máquinas de café e até qualquer utensílio de cozinha que o cliente deseje, assim como a elaboração de moldes para os doces confeccionados em aço inoxidável para a confeitaria. Aproximadamente uns 70% dos seus clientes pertencem à coló nia portuguesa. "Temos levado a cabo a montagem das maiores areperas de Caracas: El Granjero del Este, Los Pilones del Este, Budare del Este, La Casa del Llano e la Ahumada de Catia". Actualmente, estão equipadas duas areperas que devem abrir em breve, funcionando 24 horas por dia, uma em Altamira e outra na Avenida Rio de Janeiro, em Las Mercedes. Em 1985, percebeu-se que havia uma necessidade latente nos seus clientes e criou-se uma fábrica com o nome de "FAMACERO", que se dedica à elaboração de equipamentos em aço inoxidável. A relação que os une à Distribuidora
Giorgio está marcada pela venda de máquinas de café Rancillo e Faema. "O senhor Stefano chegou aqui um dia e colocou uma máquina de café à consignação para que a exibíssemos. Disse que só a pagaríamos quando a vendêssemos". Foi assim que começaram a trabalhar juntos, como nos lembra José Figueira. Assinalam que a relação com Giorgio é muito boa, graças aos seus produtos serem de marcas reconhecidas. "Rancillo é hoje a marca mais vendida na Veenzuela", nota Alberto dos Santos. Mas Rodrigues elogia o Departamento de Serviço e Suporte Técnico ao Cliente de Giorgio. "Têm tudo o que é preciso ter em stock, mas com um serviço rápido e efectivo. Se alguma coisa não estiver disponível, em 24 horas se encarregam de consegui-lo. Outras empresas não conseguem fazer isto". Conforme estima Alberto dos Santos, as máquinas de café Rancilio duram uma média de dez anos, fazendo-se a respectiva manutenção. "Há máquinas que trabalham 24 horas seguidas sem parar, com um rendimento ó ptimo". "DURECA" DE REFRIGERAÇÃO, constituindo a melhor equipa" "Dureca" é uma empresa familiar venezuelana que foi fundada em 1982 por Nicolás Fernández (1946-1994), natural da Madeira, que se iniciou a trabalhar num talho e numa empresa de distribuição de leite. Mas logo se iniciou na distribuição de equipamentos de refrigeração como vendedor, até criar a "Distribuidores Unidos de Refrigeració n C.A.". Em 1994, a direcção da empresa ficou a
cargo de José Freitas, que fazia parte dela desde 1985. Inicialmente, se dedicavam à distribuição de equipamentos de refrigeração industrial e comercial, mas com o passar do tempo identificaram a necessidade de cobrir o mercado de remodelação e instalação de padarias, supermercados, cafés e afins. Actualmente, comercializam projectos de remodelação e instalação de locais comerciais, com uma linha de decoração integral. "Não há razões para limitar o cliente. Por isso tentamos fazer com que os equipamentos se adaptem ao local e não ao contrário. Esta é a nossa principal vantagem competitiva porque nos permite estar na vanguarda da decoração de padarias", comentou Carolina Fernández. A sua carteira de clientes está constituída por padarias e pastelarias e 70% destas pertencem à coló nia portuguesa. Desenvolvem o conceito "Chave na Mão". "Procuramos poupar tempo e esforços aos nossos clientes, oferecendo a comodidade de receber a chave do seu estabelecimento, que está já em condições de começar a prestar serviços imediatamente", aponta Fernandes. Nesta tarefa de oferecer um conceito de equipamento integral, surgem alianças como a existente na Distribuidora Giorgio e as suas marcas Rancilio e Faema, em matéria de máquinas de café, moinhos e outras. Recém iniciada, a empresa começou a trabalhar com a Distribuidora Giorgio. E esta relação se manteve até hoje. Assinalam que o seu principal valor é o serviço pó s-venda. "Rancilio é uma marca reconhecida ao nível internacional que tem qualidade, confiança e conta com um ser-
viço técnico, distribuição e suporte de efectivos em qualquer situação, tanto de solicitação de repostos como de assessoria". COMERCIAL FRIO MADEIRENSE Nasce da associação entre Luís Márquez, José Marquez e José Carvalho. "Frio Madeirense" dedica-se à venda de equipamentos de refrigeração comercial e equipamentos de supermercados, frigoríficos, e padarias. Também oferece um serviço integral de equipamento e de assessoria aos seus clientes. Cobrem as zonas representadas pelos Estados Aragua, Carabobo e Portuguesa, para além de Guárico e Cojedes. A maior parte das suas operações comerciais são feitas com a comunidade luso-venezuelana. A sua relação comercial com a Distribuidora Giorgio começa em 1993 e mantém-se até hoje. Como parte das actividades empreendidas pela Distribuidora Giorgio, estão os cursos de treino técnico gratuitos, dados nalguns casos por representantes de Rancilio que vêm exclusivamente para este fim. Giorgio reconhece a importâ ncia da comunidade portuguesa na actividade comercial que desempenha, essencialmente porque esta lidera o comércio do nosso país, como comenta Alessandra Tauchini, gerente de Mercado. "Esta é uma relação que com os anos fomos cultivando com diversas empresas através da realização de diferentes actividades e experiências. Isto permitiu-nos estreitar ainda mais os laços com esta comunidade, assim como conhecê-la mais", conclui.
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PORTUGAL 19
Indústrias perigosas na Madeira Indústria transformadora e agro-indústrias são os maiores inimigos do ambiente Sónia Gonçalves/Sí lvia Ornelas (DN-Madeira)
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o Dia Mundial do Ambiente (4 de Junho), o director regional que tem esta pasta na Região Autó noma da Madeira mostrou-se preocupado com a insistência de alguns investidores, que não querem adaptarse à nova realidade e teimam em não mudar a mentalidade retró grada que vê o ambiente como "um capricho e um aborrecimento". Domingos Abreu lamenta que haja uma geração de investidores que, em termos de conhecimento dos problemas e da importâ ncia da salvaguarda do ambiente, demonstre falta de sensibilidade, essencialmente por ausência de formação ambiental. O responsável aponta os sectores da indú stria transformadora e da agro-indú stria como os mais insensíveis nesta matéria e aponta a necessidade de haver uma mudança de mentalidade, "sobretudo porque vêem o ambiente como os empatadores", refere. O problema reside no facto de estes investidores ainda não terem percebido que não basta ter em conta os aspectos sociais e econó micos para ser bem sucedido. A área ambiental revela-se, também, fundamental para o desenvolvimento, assegura Domingos Abreu.
Mas se estes sectores ainda se mostram "estagnados", outros há que já se aperceberam da importâ ncia do ambiente. E o responsável da tutela do Ambiente na Madeira exemplifica com o caso do sector hoteleiro. Conforme nos explica, este era também um sector onde não havia respeito pelo ambiente. Contudo, actualmente, as coisas inverteram-se de tal forma que os pró prios hoteleiros zelam pelas questões ambientais e procuram reconhecimento junto de empresas de qualidade do ambiente. No passado, as oportunidades de investimento quase sem limites favoreceram o crescimento no sector da hotelaria, e houve uma fase em que havia também um desrespeito quase total pelas questões ambientais, estando os factores econó micos e sociais acima dos ambientais. Esta fase crítica foi, no entanto, ultrapassada e, hoje, urge que os sectores da indú stria transformadora e da agro-indú stria sigam o exemplo da hotelaria. Até porque, determina o responsável, "ou interiorizam as questões ambientais e passam a ser competitivas ou este tipo de investimentos deixa de ser viável de todo, pois os clientes não os querem e o mercado vai penalizá-las. E deixam de ser sustentáveis", avisa.
Hormona de crescimento para 15 a 20 crianças Tratamentos custam ao erário público cerca de 20 mil euros anuais, por cada criança Ana Luí sa Correia (DN-Madeira)
N
o Hospital Central do Funchal (Madeira), entre 15 e 20 crianças estão actualmente a fazer tratamento com hormonas de crescimento. Silvestre Abreu, director do Serviço de Endocrinologia, afirmou, ao DIÁRIO, que este é um nú mero que tem vindo a manter-se ao longo dos anos e que está dentro da média mundial. Esta aponta para que a prevalência de casos de défice de hormona de crescimento, ao nível da população infantil em geral, seja de 1 para 4 mil crianças e 1 para cada 10 mil crianças. O especialista sublinhou ainda que, "de um modo geral, algumas crianças têm realmente uma estatura inferior ao normal". Porém, acrescentou, "isso nem sempre significa um défice de hormona de crescimento", principalmente porque esses casos
correspondem apenas a 1 ou 2% dos casos dos atrasos de crescimento. O endocrinologista alertou para que, quando os pais ou educadores suspeitarem de um qualquer atraso do crescimento da criança (principalmente quando notarem estaturas mais baixas em comparação com outras crianças da mesma idade), devem se dirigir ao pediatra, por forma a diagnosticar o porquê desse atraso. Quando é detectado um défice das hormonas de crescimento, ou então défices genéticos ou situações de insuficiência renal (um caso existente na Região), as crianças são encaminhadas para o Hospital Central do Funchal, por forma a iniciarem o tratamento hormonal. Segundo Silvestre Abreu, esta "é uma situação extremamente complexa, de difícil diagnó stico, que exige, além dos critérios de verificação do crescimento, a efectivação de testes farmacoló gicos".
Há que ter, porém, em atenção que estes tratamentos com hormonas de crescimento são "muito caros". O director do serviço de Endocrinologia sublinhou que, para cada criança, o tratamento anual "custa ao erário pú blico cerca de 20 mil euros". Este valor inclui as ampolas de hormonas (cerca de 50 euros cada), que são administradas diariamente, consultas e acompanhamento hospitalar. Além disso, estes tratamentos têm uma duração muito variável, podendo-se prolongar até por uma década. Silvestre Abreu afirma que, idealmente, a administração das hormonas de crescimento deve começar bem cedo. "Às vezes começamos a tratar uma criança com 2, 3 anos de idade", salienta. Acrescentando que, normalmente, o critério para paragem do tratamento é o da paragem do crescimento, algo que se dá um a dois anos apó s a puberdade.
Sobre os resultados desta terapêutica, o especialista refere que "quando há défice de hormona de crescimento, a criança pode crescer entre 14 e 14 centímetros no primeiro ano e uma média anual de seis centímetros nos anos seguintes. Quando o crescimento é inferior a isso, significa que o tratamento não está a resultar". Portugal não aprovou aplicação nos adultos A utilização da hormona de crescimento na idade adulta ainda não está aprovada em Portugal, embora o mesmo não se possa dizer de outros países do Mundo. Silvestre Abreu referiu que, ao nível internacional, já surgiram alguns trabalhos que defendem a continuidade do tratamento com hormona de crescimento na idade adulta, com a aplicação de duas ou três doses semanais. Porém, em Portugal, ainda não foi aprovado tal tratamento nos adultos.
20 PoRTuGAl
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005
estagiários sem turmas deixam de ser pagos Fernando Basto (JN Portugal)
O
s professores-estagiários dos cursos do ramo educacional das universidades portuguesas vão deixar de ter turmas atribuídas, perdendo, assim, também, o direito a qualquer retribuição. A medida, decidida no ú ltimo Conselho de Ministros (CM), foi contestada pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que a classifica como um retrocesso na alegada aposta na melhoria da qualidade de ensino. Aquela resolução enquadra-se no â mbito da terceira alteração ao Estatuto da Carreira Docente (ECD) dos Educadores de Infâ ncia e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário. O decreto-lei que estabelece as alterações foi aprovado na generalidade pelo Governo. Regresso das regências Trata-se - de acordo com o comunicado do CM - de medidas "de carácter excepcional e temporário, destinadas a enquadrar alguns aspectos estatutários ligados ao exercício da função docente". A passagem dos estágios pedagó gicos do ramo educacional e das licen-
Alunos dos ramos educacionais perdem prática lectiva. Professores inaptos para a docência por doença vão ser reconvertidos ciaturas em ensino à modalidade de "prática pedagó gica supervisionada" foi criticada pela FENPROF. Anabela Delgado, dirigente daquela organização sindical, disse ao JN que o Governo transferiu para aqueles estágios o mesmo modelo já existente nas Escolas Superiores de Educação. "Esta medida vai, sem dú vida, diminuir a qualidade dos estágios. Passam a ser regências, em que os estagiários assistem às aulas do professor orientador e, de vez em quando, ministram as suas pró prias aulas", esclareceu. No seu entender, trata-se de "uma diferença abismal em relação aos estágios que existiam até aqui, com os estagiários colocados muito mais à margem da escola", salientou. Outra das medidas aprovadas pelo Governo diz respeito ao reenquadramento funcional do docente dispensado da componente lectiva por motivo
de doença. A medida já estava prevista no ECD, embora ainda não estivesse regulada. De acordo com o legislado, apó s 18 meses (e não 24 como até agora) na situação de dispensa da componente lectiva, o docente deverá ser sujeito a uma junta médica. Caso fique provado que o professor está inapto para as funções docentes, será submetido a um processo de reclassificação ou reconversão profissional. Caso estes não possam ser concretizados por causas imputáveis ao docente, este passa à situação de licença sem vencimento de longa duração. Outra das medidas aprovadas diz respeito à redução da componente lectiva pelo exercício de actividades de coordenação ao nível da escola. O legislado estabelece que os professores que já beneficiem de redução lectiva por força da antiguidade ou idade fiquem condicionados a outra redução para efeitos de actividades de coordenação. As alterações foram contestadas pelo secretário-geral da Federação Nacional de Educação, João Dias da Silva, que, em declarações à Lusa, classificou as medidas como "mais um ataque à dignidade dos docentes", admitindo manifestações e greves para demonstrar o descontentamento que diz existir na classe.
estado poupa 90 milhões com medicamentos mais baratos Lucí lia Tiago (JN Portugal)
O preço dos medicamentos comparticipados vai baixar 6% para ajudar a combater o défice das contas pú blicas, mas ainda não se sabe quando. Esta e outras medidas na área da Saú de serão alvo de iniciativas legislativas, algumas "de impacto imediato" - "dois, três, quatro meses" - , outras atiradas para 2006. As novidades quanto a medicamentos são, sem dú vida, as de maior relevâ ncia, por implicar directamente com o bolso dos utentes. E do Estado. Como fez questão de dizer o ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, "entre o primeiro trimestre de 2004 e o primeiro trimestre deste ano as despesas com medicamentos cresceram 20%". Reduçõ es nos lucRos De acordo com o secretário de Estado da Saú de, Francisco Ramos, a redução de 6% nos pre-
ços de fármacos comparticipados vai permitir uma poupança de 90 milhões de euros anuais aos cofres do Estado (através da diminuição do valor comparticipado) e de 60 a 70 milhões para os doentes. Uma poupança que será suportada em partes iguais pela indú stria farmacêutica (3%) e nas margens dos distribuidores (os grossistas dispõem de 7,62% de margem e as farmácias 19%). Recorde-se que o preço dos medicamentos comparticipados é fixado em função do preço de referência de produção ou importação em três países europeus (França, Itália e Espanha), com margens de actualização fixadas anualmente por portaria. A falta de pormenores com que estas medidas foram "comunicadas" - e não "negociadas", como frisam todos os parceiros convocados ao Ministério da Saú de - gera uma reacção de expectativa entre a maioria dos intervenientes na Saú de. As to-
madas de posição ficam marcadas para depois de "clarificado" aquilo que, para já, é visto como "uma declaração de intenções". O bastonário dos farmacêuticos, Aranda da Silva, diz mesmo ter "percepção de que há pouca sustentabilidade em termos de estudos nestas medidas". Outra reforma de "impacto imediato" é a eliminação da majoração de 10% na comparticipação de genéricos (medida que visava estimular o recurso a medicamentos sem marca, mais baratos), justificada pelo facto de o mercado já estar "suficientemente lançado". Francisco Ramos acrescentou ainda a este pacote mais premente a revisão da tabela de preços das convenções, reduzindo em áreas onde a evolução tecnoló gica tornou os custos mais baixos do que na altura da negociação dos protocolos. Mais poupança é esperada da já anunciada cativação de 5% das verbas orçamentadas para os hospitais.
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PUBLICIDADE 21
22 OPINIÃO
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005
Perfil de um presidente para um centro português Cândido Andrade
A
época actual, com os seus modernismos, circunstâ ncias e dinâ mica, exige que o presidente e os restantes membros da direcção de um Centro Português reú nam um mínimo de condições básicas, essenciais para que a instituição acompanhe o passo acelerado da vida quotidiana, sem se distanciar do que é idealizado pelos seus fundadores. Essencialmente o presidente deveria, entre outras coisas, reunir as seguintes características: - Amor e dedicação às pessoas e em especial ao português. - Orgulho pela sua terra natal - Tempo disponível para se dedicar à instituição - Capacidade de gestão - Capacidade associativa O presidente de uma instituição portuguesa deve começar a ter o cuidado de formar futuros directores, que serão os jovens luso-descendentes. Deve proporcionar-lhes oportunidades para participar e cativá-los com as suas actividades de lazer dentro da instituição, sobretudo nas iniciativas que contribuam para o enriquecimento da língua e da cultura geral portuguesa (usos e costumes, folclore, gastronomia, etc.). Assim aproveita a sua pre-
paração intelectual, sem dú vida superior à nossa, contando com o mais jovem para representar e gerir o centro português de amanhã. Deve também o presidente, com os seus actos e procedimentos, cultivar a união entre todos os seus associados, criando espaços para todos, sem se esquecer, inclusive, dos que por uma razão ou por outra não frequentam assiduamente a instituição. Estas situações devem merecer uma especial análise por parte da direcção. Deve velar para que todos os associados se sintam bem dentro da instituição e plenamente integrados, independentemente do seu lugar de nascimento ou da sua condição social ou intelectual. Deve manter vivas e divulgar ao máximo as tradições, os usos e os costumes portugueses. Deve tentar fazer com que os associados participem na vida activa da associação, motivando-os a participar nas grandes decisões, assembleias, etc. Deve estabelecer um sistema de informação mensal com tudo o que tenha a ver com actividades e gerência. Deve evitar a formação de associações dentro da associação. Finalmente, deve ter a humildade de reconhecer o trabalho desenvolvido pelas direcções anteriores, que também ofereceram o melhor que puderam e souberam.
Olá Zé Paulo! António de Abreu Xavier Historiador
É
interessante ver como os Estados e as Nações podem ser representadas pela caricatura. Se a pessoa que lê é um leitor atento dá-se conta logo de que há uma diferença: uma coisa é uma caricatura de Estado e outra de Nação. Entre as primeiras contam-se as imagens de John Bull e do tio Sam. O primeiro representa a diplomacia comercial britâ nica, o segundo os Estados Unidos. Nas segundas, temos as figuras do Zé-povinho e do Juan Bimba. O John era o estereó tipo clássico do povo inglês. Pode-se dizer que, desde o livro de John Arbuthnot em 1712, passou a ser a imagem da política imperialista britâ nica. Ele é um homem de negó cios, muito simples e franco. Quando de trata de negó cios, responde sempre com grande sentido que "bussines is bussines". Sabe muito bem o que quer e faz o que tem de ser feito, sem importar mais nada. Ele é um gordo corpulento, usa chapéu tipo cartola, casaca azul ou preto sob um colete que mostra as cores e a forma de bandeira britâ nica. Sempre vai de botas e bordão, acompanhado do seu bulldog. O tio Sam é a figura política dos Estados Unidos e é muito parecido com o John. Quem sabe se até por efeitos histó ricos é filho deste, da altura em
que os ingleses tinham coló nias lá no Norte. Só que este velhote intrigante é magro, mas veste como o John: com as cores e as fitas da sua bandeira. Visita todos os anos o povo entre o primeiro de Fevereiro e o 15 de Abril para cobrar os impostos. Muitos dizem que o credor é Samuel Wilson, um homem de negó cios de Nova Iorque encarregado de abastecer o exército dos Estados Unidos com carne salgada nos tempos da guerra de 1812. Zé Povinho é uma criação de Rafael Bordalo Pinheiro, que começou a fazer caricatura e brincadeira teve êxito desde 1870. As características do Zé são a inocência, a mansidão e a credulidade numa vida pacata. Vemo-lo com a barba por fazer, de calças remendadas, sapatos rotos e trocados. A Maria da Paciência, uma velha alfacinha alcoviteira, é sua amiga inseparável. O Juan Bimba é o compadre venezuelano do Zé. No ano 1860, Juan Vicente González descreve-o como um humilde homem do povo. Na revista Fantoches, o poeta Andrés Eloy Blanco imortaliza a imagem do magro tontalhão vestido com calças encolhidas, chapéu de palha e chinelos. Muito… Ao contrário do John Bull e do Tío Sam, o Zé e o Juan ficaram ultrapassados pelo tempo. Gostemos ou não, o Zé e o Juan são figuras onde todos ainda nos reconhecemos mais como referências histó ricas. As sociedades portuguesas e as venezuelanas têm evoluído muito. O contacto permanente entre culturas diferentes tem-lhes modificado muito a idiossincrasia e fixado um matiz cosmopolita no carácter. Só quem não nos conhece não sabe que mesmo na vida profissional e no contacto entre pessoas iguais é que se nota a diferença.
Dia de Portugal, de Camões e das novas gerações
Arelys Goncalves
arelyscorreio@hotmail.com
S
em duvida o 10 de junho é dia de festa nacional para os portugueses, é a ocasião ideal para fazer inú meras comemorações, atividades solenes e protocolares dentro e fora de Portugal. Em cada recanto do mundo as comunidades lusas e em especial às de mais destaque na vida econô mica e social participam nas homenagens feitas a suas pró prias origens para lembrar o orgulho de pertencer à terra de Camões, o mais importante ídolo da identidade nacional. No entanto, por vezes, tais celebrações ficam no ar e têm uma vida muito corta na memó ria dos espectadores, dolorosamente voltam-se experiências de fotografia que não têm uma transcendência só lida nas novas gerações e que se repetem de ano em ano. A pesar do valor patrió tico e até poético que tem a data não só como "Dia de Portugal" senão como dia "de Camões e das comunidades portuguesas", as promessas de unificação e de proximidade entre Portugal e suas comunidades ficam no olvido. Os discursos presidenciais perdemse nas expressões de desilusão de quem já ouviu aqueles projetos inalcançáveis e alimentam as esperanças dos incautos. No entanto, não tudo está perdido, além das celebrações oficiais de costume, o 10 de junho poderia ser também uma oportunidade para enriquecer o amor e o orgulho de se sentir português, a través de ações mais ilustrativas, mais concretas e mais possíveis. Sem animo de restar importâ ncia ao protocolo e à diplomacia, nestas celebrações o futuro de Portugal e das comunidades, é dizer, os jovens, ficam excluídos do que acontece. Além da exclusão feita desde Portugal com insuficientes programas para o ensino da língua e com o ineficiente orçamento para as comunidades no estrangeiro, nos países de acolhimento também existem algumas formas de exclusão. Muitos agradeceriam conhecer mais de perto o verdadeiro valor do nacionalismo, saber, por exemplo, o facto de que o dia nacional de seus pais também é o seu e que
tem uma conotação ú nica e especial que o distingue de outras festas nacionais marcadas por batalhas e acontecimentos similares. Deixando as precisões para os historiadores, uma das referencias mais importantes desta data é a comemoração da morte do dramaturgo mais transcendental da historia portuguesa, Luis Vaz de Camões, poeta boêmio e aventureiro, que projetou a língua portuguesa além do mar. Outro valor que agradeceriam conhecer os luso-descendentes é que o dia de Portugal é atribuído também à importante comunidade de emigrantes portugueses repartidos pelo mundo. É o dia de todas as gerações, é assim uma homenagem aos que ficaram para construir o país e aos que partiram pelo mundo e com sua contribuição têm acrescentado o tamanho de Portugal não em kiló metros, mas sem em historia, em cultura e por que não, em força econô mica. Para os que nasceram fora das fronteiras de Portugal é satisfató rio descobrir que longe do nacionalismo exacerbado, existe pelo menos a idéia de integridade com o reconhecimento aos criadores da moderna expansão portuguesa e às suas gerações. É uma ocasião também para conhecer a responsabilidade que o conceito de identidade outorga aos luso descendentes. Tudo isso define o 10 de junho e a essência da dignidade e da identidade de todos os portugueses, sem distinção. Como bem diz o hino "A portuguesa", os portugueses são "heró is do mar, nobre Povo, Nação valente, imortal...". Na geografia, Portugal aparece como um país pequeno mas na realidade sua grandeza está no capital humano espalhado pelos cinco continentes. Por isso, não pode viver às costas da comunidade que constitui a povoação lusitana; a exclusão não tem razão de ser. É inevitável, os anos passam e o relevo é iminente, dentro e fora do país os jovens constituem o produto do passado que encoraja o futuro e se não estão preparadas as novas gerações para enfrentar os desafios para quem será imperativo o clamor do hino: "...levantai
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OPINIÃO 23
caRTas dOs leITORes Gosto pela cultura nasce em cada um
Praia de areia na Madeira ? Sou filha de Portugueses naturais da ilha da Madeira e escrevo esta carta porque sou leitora do jornal EL NACIONAL e, para meu espanto, agora acompanho às sextas feiras as publicações do vosso suplemento. Foi um espanto e confesso que não sabia da existência da ilha do Porto Santo e muito menos de uma praia de areia daquelas dimensões. Por acaso falei em casa com os meus pais depois de ter feito uma enorme publicidade de Portugal entre os meus colegas de trabalho, no Banco Mercantil, em Caracas. Falando novamente em casa, a minha confusão foi grande porque os meus pais também não sabiam da existência de uma praia de areia no Porto Santo. Reflecti um pouco depois da tremenda baralhada que fiz ao consultar em casa sobre este pormenor geográfico. Os meus pais chegaram aqui (ambos) nos anos 60 e até hoje nunca regressaram à sua terra, nem sequer de passeio. Da mesma forma, o contacto com os portugueses tem sido pouco e a família realmente também é pouca na Venezuela. Para mim, o mais importante de tudo isto é tentar transmitir a importâ ncia
de mostrar um pouco de Portugal aos filhos de emigrantes e a todos os venezuelanos porque somos muitos que não sabemos nada de Portugal . Espero que continuem a mostrar Portugal e também espero um dia ler alguma coisa sobre a freguesia da minha mãe: o Campanário, na ilha da Madeira.
Yolimar M. Pereira
Podoa, foice e enxada como brinquedos Fartei-me de rir com a carta que li sobre os brinquedos da infâ ncia do passado. Sou também natural da Madeira e, ao contrário da infâ ncia do Sr. Valter, que apesar de pobre pareceu-me que foi feliz, da minha parte a minha infâ ncia também foi muito pobre mas nada feliz devido às dificuldades financeiras que passámos em casa. A alimentação era o que dava a fazenda, os brinquedos eram a foice, a podoa e a enxada. O dia mais feliz era quando o nosso pai não tomava uma bebedeira e deixava de fazer estragos em casa. Foi triste e seria motivo de debate, hoje em dia, tentar saber ao certo até que ponto viveram as crianças do nosso tempo a sua infâ ncia na Madeira, sobretudo nas zonas do campo.
INQUéRITO
Àminha memó ria vêm-me aqueles dias de chuva em que íamos para a escola com uma "mulheilha" de saca às costas, tipo "capuchinho vermelho". E esta também ajudava no frio. Foram dias realmente tristes e, portanto, a infâ ncia no meu caso e dos meus irmãos não foi realmente nada feliz. No entanto, aqui estamos com saú de, o que já é muito bom. Sobre os jogos tradicionais, só me vem à memó ria a foice e a podoa, que era o que usávamos para trabalhar na fazenda. A nossa alegria nesse sentido era quando o meu avô e o meu pai nos compravam uma podoa nova para poder seguir trabalhando na fazenda.
Sidónio Gonçalves
Emigrante há 51 anos na Venezuela.
Sou luso-descendente e costumo ler o vosso semanário. Tenho notado que, de uma forma reiterada, referem-se à necessidade de se apoiar o ensino da língua portuguesa. Para mim, como luso-descendente, é estritamente necessário aprender muito bem a língua portuguesa. Para além de na minha casa, desde pequenos, nos terem ensinado a falar português, na Casa Portuguesa do estado Aragua, clube ao qual hoje estou associada, temos o privilégio de nos oferecerem a oportunidade de aprender esta línguas em três níveis, com um professor que está disposto a ensinar-nos tanto a língua como os cotumes, a mú sica, a histó ria e cultura geral: o professor Manuel de Oliveira, mais conhecido como o poeta Jorge de Amorim.
Senhores, o problema da pouca afluência de gente aos cursos é abismador. Não basta dizer que precisamos de publicidade, o problema está nas pessoas, pela minha experiência pró pria. Neste curso, quando comecei, as cadeiras da sala não chegavam tantas pessoas queriam aprender português. No entanto, agora, quando já estamos a acabar o terceiro nível, só restam cinco pessoas. O interesse em aprender português debe residir em cada um, fazer simplesmente publicidade dos cursos não chega. O gosto pela cultura e pelas tradições portuguesas nasce com cada um!!!!
Jeniffer Ferreira Pontes
Escola de formação para dirigentes Acompanho as publicações do vosso jornal e acho-o de uma extrema importâ ncia para a comunidade portuguesa, não só na Venezuela como no Mundo. De facto, as comunidades lusas deveriam ser motivo de análise dos políticos de Portugal. Coitados, pouco sabem que existem mais de seis milhões de portugueses a viverem fora de Portugal. Alguns até nem sabem o que é a Venezuela, onde fica e muito menos se vivem cá portugueses. Enfim... Antes de haja alguma confusão, quero dizer que sou portuguesa de nascimento e vivo em Portugal, embora viaje contentemente à Venezuela e tenha familiares e grandes amigos neste belo País. Também conheço alguns clubes portugueses na Venezuela. Escrevo esta carta para comentar o vosso editorial da ultima edição, que se refere à forma de dirigir os clubes sociais portugueses. Da minha parte, honestamente confesso que admiro tudo o que fizeram e o que fazem para manter essa chama viva de Portugal em todos os lugares da Ve-
nezuela. No entanto, penso que muitas vezes as diligências têm que ser devidamente tomadas para se assumir uma função de membro directivo importante de um clube. De facto, deveria existir uma escola de formação para presidentes. E talvez a Embaixada de Portugal poderia ajudar nesse sentido. Da mesma forma, penso que é muito importante preparar estes membros directivos para quando deixem de exercer funções de liderança na comunidade, pois o maior problema é que se acostumam ao protagonismo que têm e depois não conseguem viver sem ele. Quanto às muitas criticas e pedidos que geralmente se fazem em relação às autoridades portuguesas, não criem falsas ilusões. Os políticos portugueses nem sabem que vocês existem, da mesma forma que os diplomatas designados por Portugal no Mundo só estão onde estão as comunidades porque são praticamente obrigados e são bem pagos, para estarem nos países a representar o Estado português.
Leitor devidamente identificado
Acha que os portugueses que residem em Rio Chico têm contribuí do para o crescimento comercial da zona? Organizam iniciativas culturais própias do seu Paí s?
Urimar Palasos "Aqui, a maioria dos negócios são de portugueses e eles têm nos ajudado, arranjando emprego para o nosso povo. As expressões culturais dos lusitanos não são muitas. Só comemoram a Festa de Fátima. Entre os dois povos, há muito companheirismo e nunca os vi serem inconvenientes entre eles".
Raiza Pérez "Os portugueses que vivem em Rio Chico têm ajudado muito os venezuelanos porque graças aos seus negócios existe intercâmbio comercial e há uma fonte de trabalho para a população local. São fiéis crentes da sua virgem e todos os anos fazem festas padroeiras das suas terras. Existe integração porque muitos deles se casaram com pessoas nativas de Rio Chico e esta é a melhor forma de mostrar que estão integrados".
Geyser Betancourt "Há uma elevada percentagem de comerciantes que são de origem europeia e que têm criado fontes de trabalho para os habitantes daqui. Os portugueses de Rio Chico são fiéis às suas tradições, mas ao nível de comemorações folclóricas não são muito fraquinhos. Só veneram a virgem de Fátima. De resto, não fazem mais nada. Entre portugueses e venezuelanos, há uma fiel relação de amizade e familiaridade pois ficaram amigos desde o primeiro momento em que chegaram emigrantes à zona".
Omaira Contreras "Os portugueses que estão aqui são os que têm aberto as portas laborais aos habitantes de Rio Chico que vivem na zona. Contribuem com a comercialização e são fontes de trabalho para o povo. Não têm muitas festas, só fazem uma anualmente, que é a de Fátima. De resto, não comemoram mais nada. O português e o venezuelano são amigos desde sempre. Aqui todos são conhecidos e amigos da casa".
24 ECONOMIA
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005
II Feira de Comércio luso-venezuelano acaba em grande O evento reuniu o melhor do que produzem as empresas lusas na Venezuela Liliana da Silva
O
estacionamento do Centro Português de Caracas converteu-se numa verdadeira vitrine comercial para axibir, nos dias 4, 5 e 6 de Junho, os produtos e os serviç os das empresas portuguesas que fazem parte da economia veenzuelana. A iniciativa promovida e organizada pela Câ mara de Comércio Lusovenezuelana conseguiu reunir quase setenta comercios, que promoveram, nesta feira, o melhor dos seus artigos entre o pú blico assistente. O evento, a segunda iniciativa deste tipo promovida pela Câ mara de Comércio, contou com a presenç a de importante empresários por-
tugueses e de potenciais clientes que encontraram nesta feira uma boa oferta paraos seus negó cios. De bancos a hotéis, produtos alimentares e transformados, de mó veis a sapatos, foi uma pequena mostra de que as centenas de pessoas que deslocaram a Macaracuay gostaram, o que é exemplo da diversidade de actividades econó micas em que os portugueses participam Foi visível a satisfaç ão dos organizadores e promotores, que prometem mais iniciativas do género, sobretudo porque constitui uma boa alternativa de promoç ão para os comércios que estão há pouco tempo no mercado.
Centro Portugues de Caracas PROGRAMA DO MES DE JUnHO-JUlHiO 2005 Sábado 25 Festa de Fim de Curso, alunos de Português. Lugar: Salão Nobre Hora: 20:00 Domingo 26 Crismas Lugar: Salão Nobre Hora: 13.00 Sexta-Feira 01 Día da Madeira Lugar: Salão Nobre Hora: 20:00
Missa: Comemoracão do Día da Madeira Lugar: Capela do Centro Portugues Hora: 18:00 Domingo 03 Arraial Día da Madeira Lugar: Fuente de Soda Hora: 12:00 Orquesta Sinfonica da Venezuela Lugar: Salão Nobre Hora: 18:00
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005
ECONOMIA 25 BREVEs Acordo cancelado com a Portugália
A TAP enviou ontem uma carta à PGA Portugália Airlines, informando-a da sua decisão unilateral de terminar com todos os voos em código compartilhado (vulgarmente designados por "code-share") entre as duas companhias. Apenas se manterão os voos de ligação para o Porto e Faro. De fora estão já os voos da linha da Madeira, para onde a PGA já tinha negociado a troca do "code-share" para a Air Luxor. A PGA nunca teve voos regulares para a Madeira. Quando a companhia foi criada, há 14 anos, chegou a ter, durante vários meses, voos charters entre Lisboa e a Madeira, sem que esses voos passassem a regulares.
"Cintra" conquista mercado do Brasil
A cervejeira portuguesa Cintra lançou uma cerveja escura no mercado brasileiro, com o objectivo de conquistar 10 por cento do mercado daquele tipo de bebida na região sudeste do Brasil. O lançamento da Cintra Escura faz parte da estratégia da cervejeira portuguesa de alargar a lista de produtos oferecidos ao mercado brasileiro, que já inclui cervejas e refrigerantes. No ano passado, a Cintra iniciou a sua actuação no mercado de águas minerais no Brasil, com a marca "Claris", com garrafas de 510 ml e 1,5 litros.
26 PUBLICIDADE
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005
BREVES Novas refeições na Classe Executiva
Os passageiros da Classe Top Executive da TAP têm agora ao seu dispor, entre outras iguarias preparadas pelo Chefe Vítor Sobral, "perdiz de escabeche com alecrim", "bacalhau com verdes em crosta de pão alentejano" e "lombinho de porco caramelizado com mel", que reflectem os sabores da cozinha tradicional portuguesa, conferindo-lhes assim uma identidade única e distintiva das demais. No domínio das sobremesas, as novidades são: "sericá de maçã e canela", "mousse de chocolate com figos macerados em Vinho do Porto" ou"creme queimado com açúcar de cana".
A "Melhor Companhia Aérea" Os leitores do "Publituris", um dos principais jornais do trade em Portugal, votaram a TAP como a "melhor companhia aérea", no âmbito dos prémios atribuídos anualmente pela publicação, os quais foram ontem divulgados e distribuídos em sessão realizada no Hotel Pestana Palace, em Lisboa, que contou com a presença de algumas centenas de profissionais ligados ao turismo.
Promoções na Suí ca e em Espanha No quadro da sua estratégia de promoção do destino Portugal, a TAP continua a desenvolver iniciativas com o objectivo de fomentar o
TAP sobe na Madeira
A
Intertours Travel Consulting, seguida da Bravatour e da TOP Atlâ ntico, foram as agências de viagens da Madeira vencedoras dos TOP TAP. Na Carga, o primeiro lugar foi para a Abreu, seguida da Intermadeira. Os prémios foram entregues em cerimó nia efectuada, ontem à noite, no Funchal, com a presença dos Directores de Vendas para Portugal, Carlos Paneiro, e de Carga, Américo Costa, além de Dina Cravo, representante da
TAP na Região Autó noma da Madeira. As vendas da TAP na Madeira atingiram 36 milhões de Euros em 2004, que traduzem uma variação positiva de 15% face ao ano anterior e apresentam um crescimento médio superior ao verificado a nível nacional. Em termos de quota de mercado, a TAP atingiu os 81%, com um aumento de 10 pontos percentuais, que correspondem ao melhor resultado alcançado desde que deixou de ser a ú nica companhia a operar neste mercado.
Como salientou Carlos Paneiro, "este ano, completamos 45 anos de serviços para a Madeira. Sentimos, com orgulho, que somos a companhia aérea que melhor serve a Madeira e os madeirenses. Somos amigos e parceiros desde há muito tempo. Temos a noção de que a Madeira e os madeirenses continuam a exigir cada vez mais de nó s, mas também a convicção de que acreditam e reconhecem cada vez mais a sua TAP". A Companhia aproveitou também a
ocasião para anunciar os esforços que tem efectuado no sentido de melhorar os níveis de pontualidade da sua operação na Madeira, com tradução, nos primeiros cinco primeiros meses do ano, numa melhoria de sete pontos percentuais, registando uma pontualidade da ordem dos 75 por cento. Se forem ainda considerados os voos com atraso até meia hora, a pontualidade global ascende a 88 por cento, o que constitui, nos voos de e para a Madeira, um bom nível de desempenho.
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005
Noite mágica em Santa Cruz consagra desporto madeirense beira-mar, em pleno cais de Santa Cruz, recheada de brilho e magia. s melhores desporOs galardoados foram subintistas de 2005 foram do ao palco para a justa consaontem justamente gração, com natural regozijo e homenageados nu- satisfação, entre os muitos aplauma grandiosa festa cheia de cor e sos dos presentes, principalmenbrilho te de familiares e amigos que não A festa dos "Prémios Des- quiseram deixar de estar preporto-2005", iniciativa do DIÁ- sentes na consagração de 46 desRIO e da RTP-Madeira, foi um portistas madeirenses. Havia moêxito assinalável. Os melhores tivos para estarem orgulhosos, desportistas madeirenses, aqueles pois o árduo trabalho desenvolque tão brilhantemente têm sa- vido ao longo de anos tinha sibido defender, acima de tudo, a do (novamente) reconhecido. bandeira da Madeira, foram onPela primeira vez na histó tem homenageados numa festa à ria do desporto madeirense foi Filipe Sousa
(DN-Madeira)
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reunido nú mero tão significativo de modalidades, contudo, isso não mereceu a presença de entidades do sector. O secretário regional da Educação, Francisco Fernandes, e o presidente do IDRAM, Catanho José, apesar de convidados, optaram por informar atempadamente que não estariam presentes. O que se lamenta! Refira-se que a festa prolongou-se noite dentro, com animação musical, preparada pela Gap, empresa promotora de espectáculos, com a actuação de vários dj's para gáudio dos mais novos.
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38 anos depois o recorde continua a ser "português" Este ano, o recorde imbatí vel do futebol profissional venezuelano "tremeu" mas não "caiu". António Carlos da Silva
gente por muito tempo mais.
axedrezado@hotmail.com
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ano de 2005 ficará na histó ria como o ano da primeira "estrela" (ícone com que se designa na Venezuela a conquista de um campeonato) da formaç ão "marabina" do Unió n Atlético Maracaibo. Este nobre clube tem o apoio de importantes forças políticas e econó micas da região zuliana e, num curto espaço de tempo, tem conseguido um estatuto de força temível no futebol local, conquistando agora o campeonato nacional de forma autoritária, pois ganhou tanto o torneio da "Abertura" como o da "Clausura" (ambas fases em que se divide o campeonato venezuelano). As primeiras prestações da equipa no campeonato já finalizado foram tão ferozes que o conjunto "azulgrana" caiu rapidamente na zona da despromoção e tanto o corpo técnico, como o treinador principal e os adjuntos, assim como vários elementos da gerência, foram empurrados para a rua, caindo o clube numa crise desportiva assustadora. Para tentar arrumar a casa, foi contratado um jovem treinador venezuelano: Carlos Maldonado. Com ele no comando, a equipa não só deixou de estar na cauda da tabela como conquistou o "Torneio Abertura". E o clube manteve-se invicto por 27 jogos consecutivos, até cair derrotado no estádio "Comanche Bottini" da cidade de Maturín aos pés da equipa local, o Monagas S.C. Embora impressionante, ao cair derrotado em Maturín, o actual campeão venezuelano de futebol foi incapaz de fazer cair o recorde de imbatível do futebol profissional venezuelano, que continua nas mãos do desaparecido e saudoso Deportivo Portugués, que em 1967 conseguiu estar 28 jogos sem perder e que, pelos vistos, continuará vi-
Um clube com muita histó ria O Deportivo Portugués foi o primeiro clube que representou a coló nia lusitana no futebol profissional venezuelano e conseguiu muitos feitos histó ricos no seu transitar pelos campos da bola no nosso país. Grandes jogadores venezuelanos e estrangeiros vestiram a sua camisola, de entre os quais podemos lembrar o "Rafa" Santana, um dos maiores treinadores da histó ria do futebol crioulo, e o guarda-redes brasileiro Pompeia, chamado no Brasil "Constellation", pela forma como "voava" para defender a baliza. Foi o primeiro clube a conseguir o troféu do famoso "Torneio Ibérico", competição histó rica do futebol amador crioulo, ao ganhar o tri-campeonato nos anos 55, 56 e 57, feito inédito até então. Este começ o avassalador impulsionou-o a passar ao futebol profissional, debutando na primeira divisão (então chamada "Liga Mayor"), num domingo 17 de Agosto de 1958 frente ao também desaparecido Danubio. Consagrou-se campeão venezuelano pela primeira vez justamente no ano da sua estreia no máximo escalão - uma autêntica façanha - num torneio que lhe permitiu levar o nome de "Copa Junta de Gobierno", símbolo da situação política que vivia o país naquela altura. O "Portugués", como era conhecida a equipa, voltou a conquistar a taça de Campeão da Venezuela em 1960 e em 1963, mas é da época de 1967 que os adeptos do clube não se esquecem, pois ergueu com orgulho e altivez as cores verde e vermelha da bandeira lusitana. Dirigidos por um "mágico" do futebol local, José "Pepito" Hernández e numa equipa onde pontificavam vários jogadores brasileiros de muita craveira,
Formação campeã da Venezuela invicta de 1967.
conseguiram permanecer invictos durante 28 jogos consecutivos, deixando esta marca recorde que nenhuma outra equipa venezuelana conseguiu sequer igualar até hoje. Essa equipa que conquistou o campeonato com sete pontos de avanço sobre o seu velho rival do Deportivo Galicia era integrada por grandes futebolistas como Valencia, Pedrito, Fagundes, Ratto, Eddy e o goleador João Ramos, que apontou 28
tiros certeiros nas balizas adversárias e conquistou também o título de melhor marcador do ano. O domínio do Deportivo Portugués na competição de 1967 foi, como se vê, absoluto, embora este seria o ú ltimo campeonato ganho pela formação lusa até ao seu triste desaparecimento, em 1984, afogado por dívidas e longe dos primeiros postos da classificação. Todo o patrimó nio de tan-
tas façanhas desportivas, todos os troféus, taças e lembranças do clube desapareceram totalmente. Não existe um testemunho físico que faça lembrar as novas gerações de luso-descendentes e os amantes do futebol em geral. Apesar de todas as conquistas do clube lusitano, a memó ria do DEPORTIVO PORTUGUÉS parece estar condenada ao desaparecimento pouco a pouco. Uma verdadeira tristeza...
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Terceiro projecto do Benfica dependente dos só cios Presidente Luí s Filipe Vieira insiste na fasquia dos 300 mil sócios
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Benfica planeia um terceiro grande projecto, que poderá seguir-se ao novo Estádio da Luz e ao Centro de Estádio no Seixal, mas o presidente "encarnado", Luís Filipe Vieira, prefere esperar pela actual campanha de angariação de só cios. O presidente do Benfica já fez depender a sua continuidade no cargo do sucesso da actual campanha, que poderá ter sofrido um impulso decisivo com a conquista do título nacional de futebol, apó s 11 anos de "jejum", mas colocou a fasquia alta: chegar aos 300.000 só cios até Outubro. O nú mero não assusta Luís Filipe Vieira, que acredita inclusivamente que o Benfica poderá contar com meio milhão de associados se forem para a frente os projectos que a Direcção da Luz está a delinear. "Façam lá os 300.000 só cios que eu depois dou-lhes uma grande surpresa", voltou a prometer Luís Filipe Vieira, que garante que os novos associados ainda vão "lucrar" com o investimento.
No â mbito da visita guiada ao Centro de Estágio no Seixal, que estará concluído em definitivo no final do ano, o presidente do Benfica não quis revelar pormenores sobre esse terceiro grande projecto, que só avançará se a primeira fase da campanha chegar aos nú meros desejados. "Do que prometemos, já tudo foi cumprido. Os adeptos têm agora uma oportunidade histó rica para dizer presente. Há quatro anos era impensável isto suceder. Se atingirmos os 300.000 só cios, podemos passar a meio milhão com outros projectos que temos em mente", explicou Luís Filipe Vieira. O presidente do Benfica tem, porém, consciência de que o objectivo da campanha "é difícil" e voltou a deixar uma mensagem aos adeptos do clube da Luz: "Se não querem, logicamente temos de parar". Para além do título nacional de futebol, Luís Filipe Vieira tem para mostrar o novo Estádio da Luz, orçado em 165 milhões de euros, e o prometido Centro de Estágio, que está a meio ca-
minho da conclusão e custará mais de 15 milhões. Apesar de as obras no Seixal só estarem definitivamente concluídas no final do ano, a equipa principal de futebol já poderá utilizar parte das novas instalações em finais de Agosto, altura em que estará pronto o campo nú mero 1, o ú nico dotado com bancadas (1.600 lugares cobertos) e com quatro balneários.
DESPORTO 29 BREVE Copa dos 47 anos do CP Caracas No âmbito das comemorações do aniversário do Centro Português de Caracas, foi inaugurada, a 5 de Junho, a Copa Desportiva do 47º Aniversário. Num percurso pelas instalações deste clube português, este evento juntou os atletas das diferentes modalidades desportivas que vão desde o futebol de salão, o voleibol, o kickinball, o karaté, o ténis, o basquetebol e, ainda, as bolas crioulas. Os desportistas mais destacados de cada uma das modalidades participantes nesta copa tiveram a honra de levar a tocha, ao estilo das olimpíadas, para O Presidente do Centro Português de Caracas, André Pita, dirigiu umas palavras aos presentes, destacando a importância do desporto nas actividades deste centro e, sobretudo, as alegrias e os trunfos que os atletas têm obtido em campeonatos externos. "O desporto é uma parte fundamental de nosso Centro", enfatizou André Pita. Durante todo este mês de Junho realizam-se torneios internos em todas as modalidades desportivas que se praticam no CPC, fazendo parte, assim, da agenda de eventos que se realizaram neste novo aniversário deste clube português.
Liliana da Silva
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Voleibolista venezuelano com sucesso em Portugal O melhor avançado do Campeonato Português de Voleibol é um venezuelano. Andrés Manzanillo conseguiu destacar-se não só na sua equipa "Antiguos Alumnos dos Açores" como também na Liga 2004-2005 Liliana da Silva
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uando cheguei a Portugal, apercebi-me de que a ú nica palavra que sabia dizer era "obrigado". Esta frase faz-nos perceber como foi a adaptação de Andrés Manzanillo, voleibolista profissional que faz parte da Selecção Venezuelana de Voleibol, que foi para Portugal. Embora esta terra não lhe fosse estranha, este venezuelano teve de aprender a partilhar uma cultura diferente que hoje, confessa, admira e respeita. Com uma carreira amplamente desenvolvida em campeonatos como o colombiano, o argentino e o dominicano, Manzanillo decidiu tentar a sua sorte num mercado diferente e importante, o europeu. Esta seria uma nova etapa da sua carreira como desportista. O ponto de partida para esta nova aventura foi Portugal. Uma vitrina de exibição simples, mas que permitiu conseguir projectar o talento de Andrés Manzanillo noutras nações europeias que começam a interessar-se no potencial deste desportista. "Portugal permitiu-me entrar no mercado europeu. Já recebi inú meras propostas para jogar em países como a Ucrâ nia. E há outras equipas lusas interessadas em mim. Com apenas um ano de participação na Liga Portuguesa, Manzanillo conseguiu ser o melhor avançado da sua equipa e de todo o campeonato português, que conta com a participação de quase cem brasileiros, conhecidos pela sua ampla destreza neste desporto. "A concorrência em Portugal é grande. Há muita qualidade técnica, sobretudo porque jogam muitos estrangeiros, desde brasileiros, canadianos, estadounidenses e, claro, portugueses. A língua portuguesa não era desconhecida para este desportista, pois já tinha jogado no Brasil e em Portugal muitas vezes. Contudo, o dialecto pró prio dos açorianos foi uma prova dura de superar. "No início, não percebia nada, mas teve que aprender. O treinador era português e a maioria dos meus colegas também. Este é um processo normal para nó s, desportistas, pois temos que nos adaptar ao país para onde vamos". Contudo, a língua não foi o ú nico que teve de aprender. Depois de muitos
anos a jogar como central, Manzanillo jogou dentro da sua equipa como avançado. Uma nova posição, à qual lhe custou muito adaptar-se, permitiu-lhe descobrir uma nova faceta do seu jogo. Hoje, já na Venezuela e a se preparar para a Liga Mundial de Voleibol, onde vai enfrentar Portugal, tem mantido esta posição. "O facto de agora ser avançado permitiu-me destacar no campeonato português. Descobri uma nova capacidade que tenciono continuar a experimentar", diz. Um encontro de comPatriotas Juntamente com a sua equipa, Andrés Manzanillo teve a oportunidade de viajar por muitas cidades de Portugal, onde encontrou muitos venezuelanos que, como ele, tentavam encontrar nestas terras lusas melhores perspectivas de futuro. "Em Espinho, reencontrei uma família que já tinha conhecido em 1994, durante uns treinos da Selecção Nacional da Venezuela em Portugal. Eles têm lá um programa de rádio que se chama "Domingo Venezuelano". Foram ver-me jogar em Espinho. Foi uma sensação ú nica ver bandeiras da Venezuela nas bancadas", conta-nos. Este desportista ainda não sabe se vai regressar a Portugal ou se vai aceitar alguma das propostas noutros países de Europa. Contudo, vau ter que enfrentar aos lusos quatro vezes, mas desta vez com a camisola da Venezuela, nos encontros previstos para a Liga Mundial de Voleibol 2005. "Portugal é uma selecção que tem avançado muito, mas nos ú ltimos anos não tem conseguido vencer. Obviamente, não subestimamos nenhuma equipa e, com o novo treinador cubano que tem Portugal, estamos certos de que não será muito fácil vencê-los. Contudo, a qualidade vê-se no campo", concluiu Andrés Manzanillo.
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Portugal e Cristiano Ronaldo quase na Alemanha 2006 A selecção portuguesa de futebol deu sábado passado o "passo" determinante rumo ao Mundial da Alemanha2006, ao vencer na Luz a Eslováquia por 2-0, resultado que vale, para já, a liderança isolada do grupo 3 Europeu.
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um ambiente de grande festa, a lembrar o Euro2004, Portugal, muito desfalcado na defesa, começou periclitante e intranquilo, mas decidiu, praticamente, o jogo ainda na primeira parte, com golos de bola parada de Fernando Meira (21 minutos) e Cristiano Ronaldo (42). A exibição colectiva esteve longe de ser "brilhante", mas é cada vez mais inquestionável que vale a pena pagar bilhete para ver jogar o "miú do" do Manchester United, que somou o sexto tento e a sexta assistência para golo na qualificação e que voltou a deslumbrar. Num embate ainda marcado pelo regresso de Figo (lidera isolado o "ranking" dos internacionais lusos, com 111 jogos, contra 110 de Fernando Couto), Portugal ficou com o Mundial à distâ ncia de vitó rias na Estó nia e na recepção a Letó nia, Luxemburgo e Liechtenstein, às quais até se pode juntar uma derrota por cinco golos na Rú ssia.
Além de "sua alteza" Ronaldo, destaque na formação lusa para os laterais Alex, em estreia absoluta, e Caneira, adaptado à esquerda, e também para o estratega Deco, sem esquecer a forma superior como o colectivo soube gerir o resultado na segunda metade. A selecção portuguesa entrou com cinco novidades em relação ao "onze" habitual na fase de qualificação: o estreante Alex, Fernando Meira, Caneira, Petit e o regressado Figo, face às ausências de Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha e Simão. Desta forma, Portugal começou com Alex, Fernando Meira, Jorge Andrade e Caneira, à frente de Ricardo, um meio-campo com Petit e Maniche, mais recuados, e Deco e dois extremos (Figo e Cristiano Ronaldo) no apoio ao ponta-de-lança Pauleta. Por seu lado, a Eslováquia entrou em "4-3-3", com Contofalsky na baliza, uma defesa com Zabavnik, Petras, Varga e Had, três jogadores sobre o meio-campo (Kar-
han, Hanek e Hlinka) e um ataque com Nemeth e Mintal nas "costas" de Jakubko. Portugal entrou muito lento, sem ideias e a falhar sucessivos passes, o que fez com que fosse, inesperadamente, a Eslováquia a assumir o comando e a jogar mais no meio-campo contrário, embora sem criar perigo no primeiro quartos-de-hora. A defesa lusa demonstrava, porém, grande intranquilidade e, aos 17 minutos, o "onze" de Dusan Galis esteve muito perto de marcar: Meira aliviou mal, Jakubko rematou forte de fora da área, Ricardo defendeu para a frente e Mintal, com a baliza aberta, atirou ao lado. Este lance ainda "assustou" mais a selecção nacional, só que, aos 21 minutos, contra a "corrente", Fernando Meira inaugurou o marcador, ao encostar de pé direito ao segundo poste, depois de um canto de Deco, na esquerda, e um desvio de cabeça de Ronaldo. Os eslovacos pareceram não acusar o golo e continuaram por "cima", só que, a partir dos 30 minutos, Portugal melhorou, passou a controlar e a rematar muito, por Figo (31 e 34 minutos), Maniche (32), Jorge Andrade (34), Petit (34) e Cristiano Ronaldo (38). Parecia, agora, iminente o segundo golo de Portugal, que surgiu em mais um lance de bola parada: aos 42 minutos, e apó s uma falta sobre Deco, Ronaldo marcou superiormente um livre directo, sobre a esquerda, colocando a bola junto ao poste direito. Depois de terem terminado em "grande" a primeira parte, os comandados de Luiz Felipe Scolari reentraram muito bem, com Cristiano Ronaldo a fantasiar, entusiasmar e oferecer golos, que Pauleta não teve arte para concretizar, aos 52 e 58 minutos. O técnico eslovaco esgotou cedo as substituições (64 minutos), enquanto Scolari, com a equipa portuguesa em controlo absoluto do encontro, apenas mexeu aos 77 minutos, altura em que Ronaldo saiu, para os aplausos (de pé), dando lugar a Ricardo Quaresma. Na parte final, para a qual "Felipão" ainda chamou Hélder Postiga (79 minutos) e Tiago (88), a Eslováquia ainda tentou reagir, mas, apesar das "baldas" lusas, nunca mostrou arte para o conseguir, acabando derrotada e alcançada na tabela pela Rú ssia (2-0 à Letó nia). O ú ltimo apito da brilhante carreira internacional do italiano Pierluigi Collina suou pouco depois, Portugal ganhou e está perto, muito perto, de chegar ao Alemanha2006. Esta quarta-feira, a selecção nacional jogou em Tallin, na Estó nia, um jogo que, devido aos compromissos de fecho desta edição do CORREIO, só poderemos dar conta na pró xima edição.
BREVES Torneio Super-Veteranos (CPC) Resultados da 4ª jornada: (06 de Junho) Gama Club 1-1 Marítimo A. D. Camacha 8-2 Beira Mar Nacional - 3.º Tiempo (suspenso) Classificação Cl. 1.º 2.º 3.º 4.º 5.º 6.º
Equipa GAMA CLUB A.D.CAMACHA MARITIMO 3.º TIEMPO NACIONAL BEIRA MAR
J 4 4 4 3 3 4
V 3 3 2 1 1 -
E 1 1 -
D 1 1 2 2 4
GF 17 18 9 10 5 3
GC 2 13 7 15 8 17
P 10 9 7 3 3 0
5ª e última jornada (13 de Junho): 08.15 p.m – NACIONAL - MARITIMO 09.15 p.m – 3.º TIEMPO - BEIRA MAR 10.15 p.m – A.D.CAMACHA -- GAMA CLUB
Sub-20 avançam em Toulon A selecção portuguesa de futebol de sub-20 confirmou segunda-feira o primeiro lugar no grupo B do Torneio de Toulon (França), derrotando a Tunísia por 2-0, em encontro da terceira e última jornada do Grupo B.
Alemanha 2006 com problemas Alguns atritos com a FIFA quanto a poderes de decisão emperram a máquina organizativa da Alemanha, que tem os aspectos infraestruturais controlados para daqui a um ano ser palco do Campeonato do Mundo de futebol. Dez dos 12 estádios construídos (ou remodelados) para o evento já estão prontos - num investimento global de 1.500 milhões de euros - , pelo que a única "guerra" vigente se prende quanto à decisão em diversos aspectos fundamentais da organização.
Flávio Cruz histórico O madeirense Flávio Cruz fez parte do grupo que entrou para a história do voleibol português, após a vitória de domingo (3-0), sobre o Brasil, o campeão olímpico e mundial. No dia seguinte a este êxito, o voleibolista ainda quase não caíra em si. "Ainda estou a viver a vitória" confessou desde o Porto. "Jogámos sempre cabeça fria" explica. "Sabíamos que se ganhássemos um ou dois "sets" podíamos perder o jogo na mesma, mas depois de fazermos o 2-0 ficámos mais tranquilos porque tínhamos três oportunidades para ganhar. No terceiro "set", apesar de ser o mais complicado porque eles jogaram com a equipa titular e a arriscar tudo, nós estávamos já sem tanta pressão. E isso foi uma ajuda".
Quem quer um banco vai ao totta CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005
Julgamento de portugueses adiado até Agosto Liliana da Silva caso dos quatro portugueses detidos por tráfico de drogas no passado 24 de Outubro parece não ter fim. O julgamento previsto para a passada quinta-feira 2 de Junho foi novamente adiado. Desta vez por não estarem presentes todos os acusados. Faltaram à sessão os dois polícias venezuelanos que continuam detidos porque não chegou à cadeia o boletim de transferência. A juíza Maria Roa, que conduz o caso, assinalou que o julgamento não se vai realizar tão cedo. Provavelmente será só dentro de dois meses, quando já estejam resolvidos outros casos que ainda estão pendentes e que ocupam completamente a sua agenda. Por isso, o julgamento deverá prosseguir só em Agosto. O julgamento destes portugueses já foi adiado várias vezes, o que causou o desespero daqueles que continuam detidos há mais de sete meses. Em declarações à agência lusa, Antó nio Martinho, o advogado de defesa das três mulheres portuguesas que no momento da detenção eram passageiras do voo da Air Luxor, acusou o governo português de se ter esquecido e abandonado as suas compatriotas. "A falta de representação consular portuguesa no Tribunal de Macuto (Estado Vargas) prova o abandono por parte das autoridades portuguesas relativamente a quatro cidadãos portugueses", disse. O porta-voz do Ministério dos Negó cios Estrangeiros, Carneiro Jacinto, declarou à Agencia Lusa de Notícias que estava completamente em des-
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Foram apanhados em Outubro de 2004 e o seu destino ainda é incerto. O processo só poderia recomeçar em dois meses acordo com a opinião emitida pelo advogado Antó nio Marinho. "Refutamos completamente as acusações porque tem sido dado a todos aos portugueses detidos na Venezuela a mesma protecção consular que aos outros. É precisamente esta a obrigação do Estado português", disse. Antó nio Marinho aproveitou para solicitar ao Estado português a ajuda necessária para estas mulheres que sofrem doenças de alto risco e que não têm dinheiro para medicação e tratamentos necessários. Este processo judicial data dos finais do mês de Outubro, quando seis portugueses e seis venezuelanos foram detidos por tráfico de 400 quilos de cocaína num avião privado. O piloto e a hospedeira da Air Luxor foram libertados nos primeiros dias de Novembro, ficando detidos o co-piloto do avião e as três passageiras, que continuam à espera de julgamento. O copiloto Luís Santos está em prisão domiciliária desde Dezembro e, recentemente, apelou ao Governo português para que o ajude a provar a sua inocência, manifestando-se desesperado pelos atrasos recorrentes do processo. A 31 de Janeiro, realizou-se a primeira sessão do julgamento contra o co-piloto e as três portuguesas, mas o adiamento sucessivo das seguintes sessões, sempre por diferentes motivos, como a falta de juíz, ainda não permitiu ir para além da leitura da acusação…
A imAgem dA semAnA
O padre Alexandre Mendonça não se faz rogado na adaptação aos novos tempos! Parece, mas nao é ! Quem imaginaria uma benção a uma garrafa de uisque? Com maiores ou menores problemas, o que interessa é que a Comunidade continue com razões para festejar e celebrar, como a que documenta esta foto, um raro momento que fica registado para a posteridade!