Correio da Venezuela 115

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www.correiodecaracas.net

O jornal da comunidade luso-venezuelana

ano 06 - n.º 115- DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL

caracas, 14 De juLho De 2005 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL:

0,75

IV Encontro de Gerações realiza-se a 24 de Setembro Iniciativa do CORREIO, do BANIF e do DIÁRIO volta a afirmar-se como o principal fórum de discussão das questões que interessam a todas as gerações de luso-venezuelanos. O próximo encontro é já daqui a pouco mais de dois meses. Página 3

Centro português de Guayana enfrenta processo judicial A empresa do anterior presidente quer cobrar contas antigas à actual junta directiva. Ví ctor Vieira, actual presidente, alega que nas contas de 2001 e 2002 não havia nada por cobrar. Rivas Morgado tem outra versão. Página 3

Festa venezuelana na Madeira com El Conde e pratos típicos O CORREIO apresenta-se à comunidade luso-venezuelana na Estalagem Encumeada a 5 de Agosto. Animação e comida tradicional fazem parte da ementa Página 32

Cró nica sobre um regresso à Ilha da Madeira. Página 18

Portugueses dão contributo académico Página 13

Luso-descendente suspeito de homicídio Página 12


2 EDITORIAL

CORREIO DE CARACAS - 14 DE JULHO DE 2005

Histórias de vida Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez e Noélia de Abreu Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Bernardete de Quintal (Curaçau) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira Preparação Gráfica: Olga de Canha (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Distribuição: Juan Fernandez Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares

A

partir da pró xima edição, vamos apresentar-lhe uma nova secção, denominada “ Histó rias de vida” . A rubrica, patrocinada pelo Banco Millenium, permite aos envolvidos directamente no projecto concorrer a uma viagem a Portugal. Para participarem, os concorrentes só têm que nos enviar – por escrito ou através de fotografias – uma histó ria de um ou vários emigrantes na Venezuela. Os documentos enviados têm que estar devidamente identificados, sendo que os mesmos são depois seleccionados consoante o seu conteú do. Com esta secção, pretendemos não só dar um forte contri-

buto para a histó ria da emigração portuguesa no Mundo, como também mostrar aos mais novos um pouco daquilo que foram os primeiros passos da emigração portuguesa na Venezuela, onde tudo era muito diferente. Com esta iniciativa, pretende-se recordar a primeira fase de vida dos emigrantes que hoje já estão bem integrados no país, mas que outrora passaram dias difíceis, pois famílias inteiras aventuraram-se numa viagem à Améria à procura de uma vida melhor. São muitas destas histó rias que esperamos receber dos leitores, podendo ser contadas na primeira ou na segunda pessoa. Temos a certeza que nos vão encher de orgulho!

O CARTOOn DA seMAnA O Seniat encerrou 45 negó cios em Los Roques!!!

- Pudera! Há seis anos que não punham lá os pés!

A seMAnA MUITO BOM

Danças e Cantares

Sabemos que não é fácil manter tradições, sobretudo se se tratar de tradições que se perdem com o tempo. Em Caracas, o grupo de Danças e Cantares do Centro Português tem conseguido fazê-lo ao realizar o Arraial Madeirense. Tanto os mais velhos como as crianças aderiram em massa à iniciativa e mostraram-se curiosas por saber, por exemplo, porque é que se tosquiava uma ovelha... O grupo folclórico é constituído por portugueses de todas as localidades de Portugal e tem muita gente nova, sendo que alguns são da terceira geração. Apesar de várias vezes recorrerem ao passado para mostrarem as tradições e os costumes portugueses, é um grupo que se mantém sempre na moda.

BOM

Centro Português

Por permitir uma vez mais a realização do arraial do Dia da Madeira no clube e, sobretudo, por abrir uma excepção nas suas regras internas, permitindo a entrada de portugueses não sócios ao centro para assistirem à iniciativa.Foi agradável ver ali grupos de famílias inteiras desde a primeira até à quarta geração. Alguns deles visitaram o clube pela primeira vez. Gente humilde e trabalhadora que geralmente não frequenta iniciativas relacionadas com o seu país de origem puderam assistir a um evento para a comunidade inteira e não só para os que podem pagar quotas. Um autêntico arraial.

MAU

Tertúlia de Cultura

A última tertúlia de cultura anunciada pelo IPC foi suspensa. Ao que sabemos por razões de forcas maiores e até compreensíveis. No entanto, convém que decisões como estas também sejam anunciadas pelos organizadores, pois deixa muita gente literalmente “pendurada”. O CORREIO anunciou este evento e à nossa redacção chegaram muitas manifestações de descontentamento pela falta de informação. No fundo, isto vem provar que as pessoas gostam deste tipo de eventos, que dia-a-dia ganha mais participação e aderência.

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Ma deira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA

MUITO MAU

O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias.

Terrorismo

Ao nível internacional, é de lamentar os recentes atentados terroristas em Londres, que fizeram muitos mortos e relembraram uma série de atentados que o Mundo tem assistido, sobretudo depois do famigerado 11 de Setembro. Embora longe, lamentamos a tragédia, como se fosse aqui, connosco!

El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

Para todos los

gustos

El mejor Bodegón de Caracas con la mayor variedad en vinos Nacionales e Importados C.C.C.T. P.B. (cerca al Banco Provincial) Telfs.: (0212) 959.73.77, 959.67.28 - Caracas - venezuela


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Centro português de Guayana enfrenta processo judicial Nathali Gómez Delia Meneses

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o Centro Português Venezolano de Guayana está a acontecer o mesmo que em tantos outros centros sociais de origem lusa. Sempre que uma Direcção cessa funções de uma forma involuntária desenrola-se um processo judicial contra o centro. Um exemplo desta situação que se tem vindo a repetir noutros clubes é a queixa que existe actualmente contra o centro português de Puerto Ordaz. As razões são um pouco contraditó rias. Enquanto Víctor Vieira, presidente da actual junta directiva, diz ao CORREIO que não percebe os motivos que levaram José Manuel Rivas Morgado, antigo presidente do centro, a encetar um processo contra o centro, o visado desvincula-se da confusão que, segundo ele, foi iniciada pela empresa Simpca, para onde Morgado deixou de trabalhar há cerca de seis anos. Segundo Víctor Vieira, Rivas Morgado iniciou o processo pela cobrança de facturas atrasadas que datam da sua gestão e que estão relacionadas com um desconto de 50% por parte da empresa Simpca, onde trabalhava o ex-presidente do centro. O desconto foi feito na compra de cimento para a cons-

truç ão do clube. "Desde que perdeu o campo, Rivas Morgado, começou a mostrar-se incomodado. Inclusive, não assistiu à tomada de posse da nova direcção", acusa Morgado. Víctor Vieira explica-nos que estas facturas, que supostamente não foram pagas, tinham de aparecer como valores por cobrar no exercício fiscal do ano 2001 e 2002. E assim não havia qualquer tipo de dú vidas. Mas, "como não há nada disso, a queixa não deve dar em nada", acredita. "É impressionante e inacreditável que, por perder as eleições, Rivas Morgado nos tenha processado. O centro não é propriedade dos membros da direcção, mas de todos os só cios. Os membros da direcção estão aqui apenas para gerir", opina Vieira. O presidente do centro português de Puerto Ordaz também lamenta que este impasse tenha lugar num clube luso, onde já há cada vez menos portugueses a se tornarem membros. "Nesta altura devíamos era estar mais unidos", afirma. Finalmente, diz-nos que Rivas Morgado não tem visitado o centro e que não conversa com a actual direcção há mais de um ano. "NUNCA desTrUiriA UM fiLho" A versão de Morgado é outra: "Pertenci à direcção do clube

por mais de dez anos e fui um dos fundadores do centro. Por isso, nunca destruiria um filho". O ex-dirigente nega a versão de Víctor Vieira e assegura, ao CORREIO, que ele não processou o centro. "O processo judicial foi iniciado no ano passado pela empresa Simpca, à qual eu deixei de pertencer há cerca de seis anos", diz. Explica-nos, também, que se tem afastado do clube porque a actual direcção desconsiderou o trabalho feito pela anterior direcção e foi "ingrata". Por isso, "não me sinto bem a visitar o local", acrescenta. Alega que a actual direcção não lhe concedeu uma reunião onde ele tencionava informar formalmente aos novos membros sobre os documetnos, as sugestões e os casos pendentes entre o clube e a empresa Simpca. "A nova direcção nunca se dignou a receber-me", lamenta. Segundo Morgado, há uma dívida com a Simpca que ronda os 40 milhões de bolívares e que esta tem de ser paga. Diz que tem a sua consciência tranquila porque na sua direcção a empresa a que pertencia ofereceu cerca de 20% do material e das máquinas utilizadas para a construção do clube. Morgado sublinha que não está de acordo com a forma como trabalha a actual direcção do clube, pois constantemente há mudanç as que prejudicam a continuidade dos projectos.

MP acusa dois portugueses pelas mortes na discoteca O Ministério Pú blico da Venezuela acusou segunda-feira dois cidadãos portugueses de "homicídio voluntário" de mais de 50 pessoas, que morreram no incêndio da discoteca "La Goajira" de Caracas, em Dezembro de 2002. O quinto delegado do ministério pú blico da área metropolitana de Caracas, Victor Hugo Barreto, acusou José Má-

rio da Silva Rodrigues e Antó nio José Sousa Setim, proprietários do estabelecimento de diversão nocturna onde deflagrou o incêndio. O Ministério Pú blico venezuelano indicou que, segundo as investigações da polícia, 47 pessoas perderam a vida dentro da discoteca, embora se calcule que posteriormente tenham morrido mais nove pessoas, devido às queimaduras sofridas.

A investigaç ão conjunta realizada pela polícia e pelos bombeiros determinou que o local, situado no centro de Caracas, tinha as portas e os acessos de emergência fechados. Também ficou provado que o incêndio deflagrou sem que existisse participação de elementos externos. O incêndio de "La Goajira" é até agora a maior tragédia deste ti-

CLUbe ProGressisTA O Centro Portugué Venezolano de Guayana foi fundado há onze anos. Desde essa altura até hoje, o clube tem crescido consoante as suas possibilidades. O nú mero actual de só cios é de 940, sendo cerca de 300 portugueses ou luso-descendentes. Segundo o seu presidente, Victor Vieira, um madeirense natural de Santo Antó nio que chegou há 27 anos à Venezuela, a maioria dos que frequentam as instalações são trabalhadores e executivos de empresas do Estado de Guayana. Actualmente, este centro está a levar a cabo um projecto muito ambicioso que inclui a conclusão de um hotel numa área de 8.500 m2 e que terá de 70 a 100 quartos. A iniciativa,

po na Venezuela já que o nú mero de vítimas superou as 25 registadas em Outubro de 1978 na discoteca "Claro de Luna", situada na mesma rua da capital venezuelana. Nessa ocasião, o incêndio foi provocado por um polícia militar que despejou gasolina no local antes de o incendiar. Como no caso de "La Goajira", as saídas de emergência encontravam-se fechadas.

que está avaliada em dez milhões de dó lares, vai preencher o vazio deste tipo de instalações que existem no Estado. Ao mesmo tempo, vai receber uma boa parte dos turistas que vão assistir, em 2007, à Copa Americana de Futebol e à Copa Feceporven - Federação de Centros Portugueses da Venezuela. Outra das estruturas que foi concluída neste ano foi a igreja que tem capacidade para acolher 150 pessoas sentadas. O clube tem uma equipa de futebol que tenciona viajar à Madeira no pró ximo ano. Durante a semana, 330 crianças, com idades compreendidas entre os 6 e os 14 anos, praticam diferentes actividades musicais, folcló ricas e desportivas, nomeadamente futebol, natação, ténis, etc..


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Arraial da Madeira encheu Centro Português Jean Carlos De Abreu

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ara quem não visita a sua terra há muitos anos, poder ir a um arraial madeirense, como acontecia junto à sua porta na ilha da Madeira, é um privilégio e uma oportunidade a não perder. Talvez por isso mesmo, o Arraial da Madeira, organizado no Centro Português, em Caracas, e aberto a não-só cios, reuniu mais de duas mil pessoas que conseguiram passar um bom momento, entre espetadas, bolo do caco, sangria, doces típicos e aguardente. Em cada esquina sentíamos que estávamos realmente num arraial madeirense. Os espetos nas brasas espalhavam o cheiro da carne assada e convidavam a acompanhar este prato típico da ilha da Madeira com um bom vinho. Mas se a gastronomia madeirense fez lembrar os bons tempos e cativou não

só os naturais da ilha como outros que se deliciaram com a carne e o bolo do caco, os mais velhos tiveram a oportunidade de reviver a antiga tradição da tosquia. José Antó nio Manica Martins, com um traje pró prio de pastor - calças grossas, umas botas e um barrete -, pegou na tesoura que veio directamente da Madeira e tirou a lã de três ovelhas. A tosquia foi acompanhada pela mú sica do Grupo Folcló rico Danças e Cantares do Centro Português, um grupo que organiza este arraial há três anos, sendo que em cada um procura apresentar uma tradição ou um costume madeirense diferente. Para o pró ximo ano, vai ser representada a figura do pescador. Na Madeira havia muitas vilas piscató rias. Agora, com o desenvolvimento e a procura de outras profissões, a pesca faz-se essencialmente no Caniçal, em Machico, em Câ mara de Lobos, no Porto Moniz e na Ponta do Pargo. A Banda Recreativa Madeirense ani-

mou a tarde, interpretando algumas melodias típicas que cativaram o pú blico. O grupo folcló rico infantil do clube e o grupo "Os Lusíadas" também tiveram a

oportunidade de dançar e cantar no palco, tendo como assistência um auditó rio cheio de portugueses e luso-descendentes integrados na Venezuela.


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"Qualquer um de nó s podia ter sido executado" Carlos Orellana

corellanacorreio@hotmail.com

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om o assassinato a sangre frio de Erick Montenegro, Edgar Quintero e Leonardo Hernández, estudantes da Universidad Santa María, no bairro Kennedy, por parte de funcionários policiais, soou o alarme que provocou as mais diversas reacções pú blicas. As execuções por parte dos corpos policiais existem há muito tempo. Contudo, entre 2000 e 2005, calcula-se que foram executadas cerca de 2.500 pessoas. Jesse Chacó n, ministro do Interior e Justiça, reconheceu que os funcionários do Cicpc agiram de uma forma incorrecta. Declarou que todas as pessoas tinham impactos de balas pelas costas, enquanto que um dos falecidos recebeu um tiro de frente, o que permite presumir que foi executado. Assegurou

Estudantes luso-desocendentes da Universidad Santa Marí a falam-nos do massacre que atingiu três dos seus colegas de escola ao país, contudo, que não vai ser ocultado nada e que todos os que actuaram de uma forma pouco correcta vão ter que responder. Para além do delito de homicídio, está presente o de encobrimento, pois efectivos policiais tentaram fazer uma montagem no cenário dos acontecimentos para que os jovens passassem como delinquentes. Para Natalie de Nó brega, estudante de Comunicação Social, "isto é uma violação dos direitos humanos. O poder dos corpos policiais é um descontrolo total e, lamentavelmente, qualquer pessoa pode ser vítima de ataques semelhantes", lamenta.

Rodeados de impunidade Por sua vez, Gabriela Pereira, estudante de Odontologia, opinou que a situação é lamentável, apesar da "suposta confusão" das autoridades. "Uma tragédia como esta deixa todos os estudantes cheios de insegurança, pois podia ter acontecido com qualquer um de nó s. Os corpos policiais estão a falhar, actuam mais com a violência do que com a razão. Agora, temos que ter cuidado não só com os ladrões e os assaltantes como também com os efectivos policiais, que em vez de nos garantir segurança tiram vidas a pessoas inocentes". "Este acontecimento é uma

atrocidade, está na altura de agir e acabar com este tipo de injustiças que nos afecta a todos. Se não se constitui uma polícia integral, estamos cada vez mais pró ximos da impunidade", comentou-nos Francis Silva, também estudante de Comunicação Social. Provea, um organismo que se dedica a velar pelos direitos humanos, também se manifes-

tou contra o massacre. Marino Alvarado, responsável pela Área da Defesa, comentou-nos que execuções deste tipo têm sido feitas por todo o país há mais de dez anos. "Isto acontece todos os dias, só que neste caso as vítimas são estudantes universitários de classe média. Por isso deu-se mais importâ ncia. Nos bairros, isto acontece todos os dias…".


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Quase sem relações comerciais

Portugal e Venezuela são países amigos com negó cios à parte Ivo Caldeira

portugueses. A verdade é que as relações comerciais estão praticamente ortugueses e vene- no "ponto zero" como repetizuelanos conhe- ram diversos participantes no cem-se mutua- encontro que decorreu durante mente como pou- a manhãde ontem no gigantescos povos no mundo. A imensa co Centro Social Luso-Venecoló nia lusa na Venezuela, cal- zuelano, concelho de Santa Maculada em mais de meio milhão ria da Feira. de pessoas na sua maioria maLuís Reis, do Instituto de Codeirenses, proporciona os con- mércio Externo, ICEP, mostrou tactos aprofundados que fazem os nú meros e comentou que com que qualquer problema as exportações nacionais se renum dos lados seja sentido no sumem ao "azeite e algumas gaoutro como um problema da rrafas de vinho que não chegam sua família. a uma por cada venezuelano", Sucede que os dois povos, devido às dificuldades colocaapesar de pró ximos, estão mui- das pelo governo de Caracas à to distantes um do outro em importação. termos comerciais e de invesAnacleto Teixeira, um dos timentos. A situação motivou o madeirenses que participaram "Primeiro encontro empresa- no encontro, fez um apelo, na rial Venezuela-Portugal", ini- qualidade de vice-presidente da ciativa destinada a estimular as câ mara luso-venezuelana de trocas comerciais e os investi- comércio, para que os portumentos, organizada pela em- gueses olhem para o país sulbaixada venezuelana em Lis- americano como uma oportuboa a pedido de empresários nidade "espectacular" de inves(DN - Madeira)

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timento. As dificuldades de colocação de produtos portugueses deve-se à "falta de um ló bi", agravado pela saída do ICEP de Caracas. Mercedes Briceño, directora do conselho para a captação de investimentos, explicou que o objectivo do governo de Hugo Chavez é atrair capitais para sectores como a alimentação, turismo, tecnologias de informação e comunicação, químico e metalú rgico. Interrogada sobre a hipó teses de uma sessão idêntica à de ontem ter lugar na Madeira, disse que depende da vontade dos empresários regionais. E deu a garantia de que existem "instrumentos destinados a isolar os investidores de qualquer problema político". A embaixadora Luísa Romero, acreditada junto da União Europeia, anunciou para o final do ano a visita à Venezuela de um grupo de empresários portugueses para melhor se in-

teirarem das oportunidades de negó cios O encontro de Santa Maria da Feira, quase todo falado em língua castelhana, foi pontua-

do com mú sicas e danças tradicionais da Venezuela que serviram para muitos dos participantes matarem saudades da terra bolivariana.


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Casa Bolivariana na Madeira

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s filhos de portugueses que nasceram na Venezuela continuam ligados à sua terra natal. De uma forma ou de outra, assinalam a passagem de datas importantes, como o 5 de Julho. Na Madeira, uma associação, com o nome de Casa Bolivariana da Venezuela, realiza ao longo do ano diferentes actividades e consegue reunir luso-descendentes, madeirenses e turistas por uma causa, como aconteceu em Fevereiro quando a associação organizou a iniciativa "Um euro por Ásia", um megaespectáculo de beneficiência que se realizou no Jardim Municipal, tendo como principal objectivo a angariação de fundos para ajudar as vítimas do maremoto que atingiu diversos países asiáticos e resultou na perda de milhares de vidas humanas. COMO TUDO COMEÇOU No ano de 2001, um grupo de venezuelanos residentes na Madeira propô s ao Consulado-Geral da Repú blica Bolivariana da Venezuela no Funchal a criação de um espaço que permitisse reunir para partilhar e conservar raízes lusodescendentes, com o propó sito de fortalecer a presença cultural da Venezuela e da Madeira. Meses depois, precisamente no dia

Instituição cultural visa fortalecer laços e projectar uma imagem muito própria 12 de Outubro, assinou-se então a constituição da associação, inscrita no Consulado-Geral do Funchal, denominada por Casa Bolivariana Venezuelana da Cultura na Madeira. Segundo esta associação, "o objectivo é projectar uma imagem e uma cul-

tura pró prias, conservar raízes luso-venezuelanas, promover os ideais políticos, histó ricos e culturais que constituem o pensamento de Simó n Bolívar, assim como a promoção do ensino da educação (língua espanhola) e da cultura e, paralelamente, organizar festivais de cinema, teatro, mú sica, dança e poesia, gastronomia, exposições, conferências, seminários, encontros", entre outros. Todos aqueles que quiserem aderir a este projecto poderão dirigir-se à sede, na Rua do Aljube, n.º 7º , no 3º andar, entre as 9h00 e as 13h00, ou então entrar em contacto através do 291232716 ou do email bolivarianadelacultura@yahoo.es.

BREVE Seniat fecha 45 negócios em Los Roques Com o apoio de efectivos do Resguardo Nacional, cerca de 50 funcionários do Serviço Nacional Integrado viajaram até ao arquipélago de Los Roques, numa operação de verificação que fez com que 45 estabelecimentos comerciais fossem encerrados, nomeadamente pousadas e licorarias. A operação contou com a presença do Superintendente Nacional Aduaneiro e Tributário, José Gregório Vielma Mora; a gerente de Fiscalização, Selma Rendón; e a gerente de Tributos Internos da região capital, Lucila Ascanio. De um total de 59 estabelecimentos que estavam previstos ser fiscalizados, 45 foram autuados com a determinação de fecho durante 48 horas. Paralelamente a esta acção que se desenvolveu em Los Roques, foram visitadas 19 agências de viagens, localizadas em Caracas mas associadas com os contribuintes que foram visitados em Los Roques. Destas, 16 também foram encerradas e três não apresentaram qualquer irregularidade. O Seniat não visitava a ilha turística de Los Roques desde 1999. Por isso, inicialmente a administração estava bastante expectante, sobretudo porque houve muitas denúncias por parte dos contribuintes.


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Luso-venezuelanos na Assembleia Nacional tendê-lo e gostaria que a sua filha aprendesse a falá-lo, pois assim conseguiria passar para mais uma geração os laços que o unem com o país que viu o seu pai crescer.

Nathali Gómez

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presença de luso-descendentes em diferentes instituições e organismos venezuelanos é marcante. A Assembleia Nacional também não escapa desta realidade. Na entrada do parlamento, o guarda nacional que costuma receber os visitantes mostra-nos no seu uniforme verde aceitona um apelido português. A sua mãe é natural de Espinho. Na direcção da Comissão de Protocolo da Assembleia, está uma filha de madeirenses que comanda todos os membros desta comissão. Um deles é Andrés de Sousa. Há quase um ano, este luso-descendente, filho de um emigrante natural do Caniço (Madeira), é assistente administrativo da Direcção de Protocolo na Assembleia Nacional. Este cargo obriga a uma série de medidas que provocam stress e exigem muita preparação perante os contingentes. Deve estar preparado para enfrentar qualquer eventualidade e, inclusive, misturar trabalhos de executivo de protocolo com as de mensageiro. O ritmo de trabalho que Sousa tem que seguir varia e depende das delegações e das personalidades que estão no país. Uma semana considerada cheia implica a realização de muitos eventos e fó runs dentro da Assembleia, atenções protocolares, recepção, guia turística e viagens com as delegações. Isto entre outras actividades relacionadas com a atenção personalizada dos convidados. "A Assembleia ajuda-te a ter boas relações pú blicas e permite-te viajar para outros países", afirma Sousa, que ainda não teve, até à altura, a oportunidade de sair da Venezuela, o que deverá no entanto acontecer brevemente. No que se refere às figuras pú blicas que tem conhecido, diz que já estabele-

Andrés de Sousa

ceu conversas com o embaixador do Irão e com o presidente da Assembleia Popular de Cuba, além de Carlos Amundaraín e Ivan Rincó n. FieL às trAdições Sousa sente-se muito orgulhoso das suas raízes lusas e, embora nunca tenha ido à terra do seu pai, tenta manter laços com a cultura portuguesa, tanto pelas tradições que se conservam na sua família como através do contacto que mantém com os que vivem na ilha. "Apesar de não ter nascido lá, sinto como se essa

fosse a minha segunda pátria", comenta. Na sua casa, tenta conservar tanto os costumes religiosos como os culturais. Para além do mais, admite que os seus melhores amigos são espanhó is e portugueses. Também estabelece diferenças entre as tradições lusas e as venezuelanas. "Para um português, ser o padrinho de alguém implica uma responsabilidade, que nasce no seio da família", exemplifica. Quanto à língua, expressa-nos que embora não fale português consegue en-

Ana da Silva

UmA mistUrA perFeitA Ana da Silva Soares é uma internacionalista luso-descendente que soube misturar no seu paladar e nos seus costumes o sabor do feijão-frade e de um pabelló n criollo. Esta jovem, filha de um emigrante do Porto e de uma mãe lisboeta, trabalha na Direcção de Relações Internacionais do Parlamento da Assembleia Nacional desde Agosto de 2003. A luso-descendente é coordenadora da Oficina de Investigação e Assessoria daquela direcção que tem um departamento de assuntos multilaterais e outro de assuntos inter-parlamentares. Entre as suas funções, destaca-se a direcção dos grupos de amizade de Venezuela com outros países, eventos das distintas embaixadas, semanas culturais e visitas de delegações. Actualmente, para além das suas funções laborais, Silva está a fazer uma Especialização em Direito e Política Internacional na UCV. No que se refere à família, comenta que os seus pais - com mais de 40 anos no país - têm sabido misturar os costumes portugueses e os venezuelanos. "Os meus pais conservam a sua língua, embora às vezes falemos portunhol", expressa, entre sorrisos. Confessanos que entende a língua e que fala um pouco, embora não saiba escrevê-la. Mas, independentemente disso, o seu afecto por Portugal não muda, assegura-nos. Porque viveu em Maracay, durante algum tempo foi só cia da Casa Portuguesa dessa cidade. Contudo, devido às suas ocupações na capital, afastou-se um pouco desse centro. Sobre os seus amigos, conta-nos que um dos seus maiores


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Os supermercados não têm sabido defender-se Délia Meneses

delia_jornalista@yahoo.com

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té agora, na área metropolitana de Caracas, já foram autuados cerca de 19 estabelecimentos comerciais - sobretudo entrepostos frigoríficos, supermercados e pequenos supermercados - por vender carne de vaca e de frango a preços mais elevados. Depois destes fechos, a Associaç ão Nacional de Supermercados e Autoserviços (ANSA) explicou que os custos reais impedem os comerciantes de venderem a carne aos preços estabelecidos pela regulamentação porque implicaria percas até 30%. O presidente do Indecu, Samuel Ruh Rios, reconhece que os distribuidores por maior têm pressionado muito os comerciantes e especialmente as cadeias de supermercados "entregando-lhes produtos com uma margem muito baixa ou nula

O presidente do Indecu pede aos comerciantes que se unam para não receber as carnes dos distribuidores por maior de lucro, o que obriga os comerciantes a aumentar os preços e não vender os produtos consoante os valores regulamentados. A carne de vaca desapareceu das arcas das principais cadeias de supermercados do país porque os supermercados têmse recusado a receber a carne que vem dos matadouros. Venderam tudo o que tinham em stock e, para esta semana, espera-se um esgotamento do produto nos supermercados. deBiLidAde Segundo Ruh Rios, o Governo nacional tem vindo a ter conversas com as distintas ca-

deias produtivas para poder ordenar a situação e permitir que haja harmonia e sincronização entre produtores e comerciantes. Contudo, Indecu põe a bola no terreno dos comerciantes. "Acho que os supermercados têm sido muito fracos na sua defesa. Eles dominam 60% da distribuição de alimentos na Venezuela e devem manter-se unidos para não receber as carnes que são distribuídas pelos vendedores por maior a preços impraticáveis. É preciso fazer um esforço grande e não receber o produto. Assim, Indecu vai também fazer inspecções nos matadouros e nos entrepostos frigoríficos". Os representantes da cadeia de carne propõem que se liberem os preços de algumas variedades de carne de primeira, como o lombo, a picanha e a maminha. O preço dos outros cortes de primeira ficariam assim regulados, como os cortes de segunda e de terceira.

VeNezUeLA 11

Quem é o culpado? A regulamentação dos preços é uma das medidas que mais tem ocupado a Indecu nos últimos tempos. Esta disposição tem mais de dois anos e engloba mais de 126 categorias de produtos da alimentação básica que estão sujeitas a um preço fixo. Os supermercados tinham estado a vender carne de primeira a 10.000 e a 10.500 bolívares, quando o preço regulamentado é de 8.200 bolívares. Por isso foram fechados pelo Indecu. O representante de ANSA declarou recentemente que os supermercados estão a comprar a carne limpa (animal que vem do matadouro sem pele e sem entranhas) a 5.600 bolívares, o que os impede de vender o preço final imposto (já com IVA). Por sua vez, os entrepostos frigoríficos assinalam que não podem vender aos supermercados a preços mais baixos porque eles também estão a comprar a preços mais elevados por parte dos produtores.

Nã o há perseguiç ã o De acordo com o presidente do Indecu, os comerciantes não devem temer nenhum tipo de perseguição. Mercal não compete com os supermercados porque são dos segmentos diferentes. "Mercal leva alimentação a uma população de muitos baixos recursos económicos que, geralmente, não compra nos supermercados. Não se pode, por isso, pensar que esteja a competir com os supermercados porque são dois segmentos diferentes. Os supermercados têm as suas finalidades, a sua clientela estabelecida que não vai deixar de comprar-lhes para vir para o Mercal". Acrescenta que o Indecu está disposto a reunir-se com ANSA, como sempre têm feito, frisa Ruh Ríos.


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Português principal suspeito do homicídio do repó rter de imagem Gustavo Acevedo, de 46 anos, fotógrafo do jornal El Globo, foi depositado na morgue de Bello Monte. O repórter de imagem estava desaparecido há onze dias. Cicpc a viatura que lhe pertencia, um Ford Fiesta bege, com a matrícula ADN-57P. Foi desta viatura que o suspeito saiu de Santa Mó nica com o repó rter de imagem. Humberto dos Santos declarou à polícia que trabalhava numa escola de dança e teatro que se localizava no edifício Carabobo de El Valle, mas tal instituição não existe. "A polícia científica conseguiu apurar também que o indivíduo suspeito não deixou o fotó grafo num restaurante de frangos da Avenida Nueva Granada. Pelo contrário, estiveram numa tasca ali perto, e esta estava fechada", informou a comunicação social. Perante estes novos indícios, ganhou força a suposta vinculação do sujeito português com a morte do repó rter de imagem. Por isso, as buscas têm sido intensificadas. Acevedo trabalhava há catorze anos no Globo e recentemente tinham-lhe oferecido a coordenação do Departa-

mento de Fotografia. Era casado e tinha três filhos. exigem inVestigação exaustiVa A Federação Internacional de Jornalistas, o Instituto Internacional para a Segurança da Imprensa e o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP) se pronunciaram sobre o caso, exigindo a mais exaustiva investigação para esclarecer as circunstâ ncias em que foi assassinado o repó rter fotográfico, para que assim se possam apurar responsabilidades. "Estamos profundamente consternados com a morte do nosso colega e pedimos às autoridades venezuelanas uma investigação diligente e profunda para que o acto não fique impune", expressam Robert Shaw, Adrien Collin e Gregó rio Salazar, em nome das citadas organizações.

Foto: Nicolás Pineda / Diario TalCual

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e acordo com os primeiros resultados da autó psia, Acevedo falecera por uma hemorragia cerebral, resultado de um traumatismo severo. O indivíduo que acompanhava o repó rter no ú ltimo dia em que foi visto pela sua família deu informações falsas à polícia científica sobre o seu local de trabalho e sobre onde tinha deixado, na madrugada de domingo, o fotó grafo. Isto segundo as investigações que este organismo fez. Devido às falsas declarações prestadas, Humberto Jesus dos Santos, de 37 anos, tornou-se o principal suspeito. O indivíduo está actualmente desaparecido e prestou uma declaração à Divisão de Pessoas Extraviadas do Cicpc antes do corpo ter ido parar à morgue de Bello Monte. Mas, logo de seguida, perderam-lhe o rasto. E isto apesar de lhe terem enviado novas citações. A família de Dos Santos entregou à


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veneZUeLA 13

Luso-descendentes com ocupações pouco comuns O registo de teses da Universidade Central da Venezuela mostra que sobrenomes luso-venezuelanos têm dado importantes contributos ao mundo académico e cientí fico do paí s Antonio de Abreu

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s razões que levaram os portugueses a se fixarem definitivamente na Venezuela têm a ver também com a descendência. Se a procura de um melhor e maior bem-estar foi inicialmente o motivo para emigrarem, agora o bem-estar dos filhos faz com que muitos portugueses nem ponderem sair da Venezuela. Muitos luso-venezuelanos pensam apenas num futuro no país, como profissionais em diferentes ramos. Muitos tiraram cursos universitários e retomaram os negó cios familiares. Outros se têm aventurado, com êxito, noutras ocupações que os seus pais nunca sequer imaginaram possíveis para os seus descendentes. Uma olhadela rápida pela lista de teses da Universidade Central de Venezuela nos dá uma excelente mostra da quanti-

dade de sobrenomes portugueses que estão envolvidos no mundo académico e científico do país. Estão em todas as disciplinas e em todos os níveis do sistema educativo, desde teses de licenciatura a trabalhos de progressão e teses para obtenção do grau de doutor. No mundo da engenharia, há contributos de solução de problemas de higiene urbana, como o "Plano de operação, aplicação e manutenção de equipas de compactação e incineração de desperdícios", de Justo da Costa Gó mez e um colega de curso, em 1983. Na tecnologia de computação, com data recente, encontramos o estudo de "Desenvolvimento do software de diagnó stico do Sadat microbuffer", feito por Andrés Abreu da Costa. Também na engenharia civil, temos sobrenomes que nos soam bastante familiares, como o de Carlos da Silva Pereira, que fez um "Desenho, implementação e documentação de um mó dulo para o desenho

de colunas rectangulares de concreto armado". Outros luso-venezuelanos destacamse na especialidade de química, como as teses de Victor José de Gouveia e a sua "Revisão das teorias de colisão da reactividade química" e de Ana Maria Gonçalves de Freitas, com a sua "Hidroxilação de compostos aromáticos num plasma A.V.". Nos estudos de medicina e biologia a favor de crianças, temos outros sobrenomes de origem lusa: Crisanta Marisol de Macedo Vieira que formulou uma "Relação entre infecção com ascaris lumbricoides, estado nutricional e resposta imune em pré-escolares de áreas urbanas". Outro estudo relacionado com a infâ ncia e a população escolar é a tese de mestrado de Gabriel de Sousa Filipe sobre "Necessidades endodó nticas de uma população escolar de Caracas". Na agricultura e na protecção do am-

biente também sobressai a origem lusa dos investigadores. Assim o comprova a "Avaliação da associação de cultivos em hortaliças de clima frio", feita por José Mário da Costa Jardim, onde se combinam sementes de alho francês com alface, beterraba, cenoura e salsa. Também se destaca o "Controlo de contaminação só nica mediante barreiras acú sticas", feito por Fátima de Nó brega e Braz Pereira. Tudo isto é só uma mostra rápida do conteú do no arquivo de teses da UCV. Onde estão estes jovens profissionais? Têm coroado com êxito profissional os seu estudos que contaram certamente com a ajuda dos pais? Estão estes licenciados e doutorados a fazer algum intercâ mbio com os seus colegas portugueses?


14 TRAÇOS DE PORTUGAL

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Peso da Régua onde nasceu o vinho do Porto Liliana Da Silva

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histó ria e o vinho legaram a Peso da Régua a sua condição natural de Capital da Região Demarcada do Douro. Os pergaminhos deste povo são os dos cultivadores, que há séculos desbravaram e fecundaram as terras, que ainda hoje cultivam, honrando a memó ria dos primeiros povoadores. A toponímia desta região ficou marcada pela importâ ncia vitícola que o mundialmente afamado Vinho do Porto lhe concedeu, cujas virtudes são realçadas pela gló ria e por um punhado de lendas. A cidade do Vinho do Porto tem cerca de 22 mil habitantes. Todas as freguesias desta localidade se destacam pelas suas belas paisagens e pelos cenários de ruralidade que o esforço humano transformou em verdadeiros monumentos naturais. Régua pertence ao distrito de Vila Real e está situado na margem direita do rio Douro. Tem uma extensão de 94,72 Km2. Dista 25 Km da sede do distrito e está a 110 Km da foz do rio Douro, no Porto. Esta localidade moderna apenas conheceu a sua condição de concelho apó s a época pombalina, no ano de 1836. Toda a importâ ncia reconhecida se inicia por culpa e graça da criação, na Régua, da Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro, pelo Marquês de Pombal, em 1756. Tendo mandado delimitar as vinhas do Vale do Douro com marcos de granito Marcos de Feitoria - determinando assim as áreas de produção dos melhores vinhos, Portugal criava no Douro a primeira Região Demarcada do Mundo. A partir daí, e por via do comércio e da sua centraliza-

Esta pequena cidade, que não tem mais de dois séculos de existência, já foi reconhecida, em 1988, pelo Office International de la Vigne et du Vin, como a Cidade Internacional da Vinha e do Vinho. ção local, a Régua passou a ser o centro do Douro, o local onde todos chegavam e de onde tudo partia. Hoje, a ligação com a cidade do Porto faz-se pela rodoviária, pela ferroviária ou pela via fluvial. O MELHOR VINHO DO PORTO A Casa do Douro, criada em 18 de Novembro de 1932 como designação da Federação Sindical dos Viticultores da Região do Douro, surgiu como organismo sindical dos viticultores do Douro, de inscrição obrigató ria. Foram-lhe atribuídas nessa altura funções de natureza pú blica, no domínio da disciplina da produção de vinho e de mostos, na fixação de preços mínimos e na intervenção para o escoamento dos vinhos. Para além da Casa do Douro, nesta localidade estão a delegação no Douro o Instituto do Vinho do Porto, a Rota do Vinho do Porto, a Comissão Interprofissional da Região Demarcada do Douro e o Instituto de Navegabilidade do Douro. A qualidade do Vinho do Porto foi reconhecida em 1988 outorgando-lhe à cidade da Régua o

titulo de Office International de la Vigne et du Vin, Cidade Internacional da Vinha e do Vinho. Os vinhedos que dão origem ao Vinho do Porto situam-se nas encostas abruptas e grandiosas do rio Douro e dos seus afluentes. O terraceamento, indispensável à instalação da cultura da vinha, originou uma paisagem deslumbrante, de características ímpares, construídas e cultivadas graças à perseverança de homens que, durante gerações, cavaram a rocha mãe. Aos sufocantes verões da região quentes e secos - seguem-se Invernos agrestes. O carácter nobre e delicado do Vinho do Porto tem origem nos solos pobres e no clima adverso de tipo mediterrâ nico. É curioso que numa zona tão hostil nasça um dos vinhos mais apreciados do mundo inteiro. Este é o principal mistério do Vinho do Porto. UMA CIDADE RELIGIOSA O ritmo da Régua é marcado pela religiosidade das suas tradições. Por isso, se a visita à Régua se fizer no mês de Agosto, sugere-se a participação na alegria colectiva que marca a celebração da festa em honra de Nossa Senhora do Socorro, nos dias 14, 15 e 16. As raízes desta devoção mergulham no rio Douro quando neste navegavam os barcos rabelos, que eram baptizados com nomes de frases religiosas, em busca de protecção divina contra os vários perigos com que se confrontavam.

Quando a noite descia, os marinheiros, ancorados nas margens, rezavam o terço e suplicavam em cô ro: "Senhora do Socorro... vieste para a Régua para pores teus pés sobre as águas do Douro; Tua mão, agarrada à espadela, guiando o nosso rabelo". Este é um exemplo da fé do povo duriense.

Não se pode vir da Régua sem • Comer alguns dos pratos da gastronomia do concelho, como o arroz no forno com cabrito assado, o leite-creme e um doce regional à escolha. A acompanhar, obviamente, um Vinho do Porto produzido na região. • Provar os rebuçados da Régua. "Olha o rebuçado da Régua, levem rebuçados da Régua!". Quem chega à Régua de comboio é saudado desta forma pelos vendedores de rua, que de bata e lenço brancos vão vendendo rebuçados no largo e na estação. • Comprar um barco em miniatura. A reprodução em miniaturas de barcos rabelos e pipos é uma das ofertas de artesanato. O barco rabelo simboliza a força e o sacrifício dos homens do Douro. • Ver os velhos tonéis de madeira que são o berço onde repousa o Vinho do Porto e onde o seu gosto tão peculiar ganha consistência e personalidade.


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CULTURA 15

"Comunidade portuguesa sem interesse pela arte" A pintora Maria da Silva Pequeno, com 16 anos de carreira artí stica, admite que a sua arte é mais apreciada e valorizada por luso-descendentes do que pelos seus conterrâneos. Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

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aria da Silva de Pequeno é natural da cidade de Aveiro, mais propriamente da zona de Estarreja. Chegou à Venezuela com cinco anos e, juntamente com a sua família, tornou-se residente em Valencia, Estado Carabobo. A paixão desta portuguesa pelas artes plásticas começou desde cedo e, com o passar dos anos, Silva decidiu estudar Artes Visuais na Universidade José Antó nio Páez de Carabobo. Depois, ingressou na Escola de Belas Artes, para aprender técnicas de pintura. Especializou-se em pintura sobre porcelana, tela e madeira, onde recriava paisagens e outras formas de expressão. Depois, começ ou a ver as artes como uma forma de descobrir o ser humano e plasmar a autonomia do homem, sobretudo o rosto. porque é o reflexo do espelho interior de cada pessoa", assegurou-nos a pintura lusa. Esta artista de 53 anos utiliza o surrealismo como forma de expressão artística baseada no abstracto das figuras. Noutros quadros, continua com o

paisagismo e pinta com técnicas mistas que tem usado ao longo dos seus dezasseis anos de carreira. Durante todo este tempo, já fez mais de vinte exposiç ões em Valência para apoiar diferentes causas e dar a conhecer o seu trabalho, sobretudo porque "a arte na Venezuela é muito mal paga e pouco reconhecida pela população", comenta. A comunidade lusa, acrescenta, a tem apoiado muito no seu trabalho, quando as suas obras foram expostas em galerias. "Mas, na sua maioria, não podem apreciar uma obra de arte por falta de conhecimento das distintas tendências que há na pintura. E muitos não se interessam minima-

BREVES Centro Português exibiu modelos de escala A 9 e 10 de Julho, no Salão Nobre do Centro Português, em Caracas, realizou-se o quinto concurso de Modelos a Escalas, que consistiu numa exposição de figuras de aviões, helicópteros, veículos militares sobre "lagarta" e sobre rodas, assim como carros civis e de raicing. As figuras e os bustos também fizeram parte desta exposição, organizada pelo Club de Modelismo Estático, em representação do seu presidente, Rafael Valera, e Luigi Cavallera, director do evento. As criações exibidas foram elaboradas a base de plástico, madeira, metal branco, pinturas acrílicas, óleos, giz e tudo o que ajudasse cada expositor a criar o seu modelo, lutando pelo primeiro lugar.

mente pela árte ou preferem submergir no trabalho". Em contrapartida, os lusodescendentes que visitam a sala para apreciar as obras a têm felicitado pela dedicação e pela mensagem que cada uma das suas obras consegue passar. "Os jovens têm outra cultura porque se formaram, e isso graças ao mérito dos pais, que lhe impuseram os estudos como a principal meta a atingir", disse-nos. Maria da Silva ainda não teve a oportunidade de montar uma exposiç ão em Portugal, pois ainda não conseguiu arranjar os contactos necessários, mas não perde a esperança de poder fazê-lo, pois tem tirado cursos no país luso, na cidade do Algarve, com o Jú lio Pires. O apoio da sua família tem sido o pilar de êxito desta mulher que se tem entregue de corpo e alma às artes, até chegar ao ponto de ter conseguido fazer com que duas das suas quatro filhas tenham hoje em dia a mesma paixão que ela. "O pintor tem que nascer como pintor para poder expressar o que sente e, com o passar do tempo, deve melhorar para ser compreendido pela sociedade através do seu trabalho", culmina a pintora, referindo-se à arte.


16 PERFIL

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"No palco sou o reflexo de Portugal" Nas suas veias corre sangue venezuelano, mas há vários anos se deixou seduzir pela música e pela dança tí pica portuguesa. Marcos Ramí rez é um jovem coreógrafo que se dedica à cultura que o adoptou. tempo, na sua principal paixão. Durante os seus nove anos como bailarino, Marcos Ramírez interessou-se por folclore lusitano tem con- aprender não só as danças típicas que seguido conquistar muitos lhe ensinavam no grupo, como outras adeptos que nasceram ao coisas. "Desde a minha entrada no grusom da "Alma Llanera". A po, senti necessidade de explorar tudo importante presença portuguesa em ca- o que caracterizava os portugueses, pois da canto da Venezuela tem contribuído quando subimos ao palco para dançar para preservar as raízes de um povo imi- reflectimos essa cultura". Depois da sua grante, mas acima de tudo tem conse- fase de bailarino, começou a de cantor. guido captar os venezuelanos que, cati- "Cantar permitiu-me melhorar a língua vados por estes ritmos europeus, têm e fez-me acabar completamente apaixofeito eco dessa cultura. nado pelo folclore português", comenCom 23 anos de idade, Marcos Ramí- tou-nos. rez é o coreó grafo do Grupo Folcló riHá um ano que este jovem estudante co Infantil de Los Valles del Tuy. Este de Engenharia em Sistemas assumiu um descendente de venezuelanos assegura- novo desafio: ser coreó grafo de um grunos que tem "alma portuguesa". po folcló rico de crianças com idades É que, desde muito pequeno, Marcos compreendidas entre os 4 e os 12 anos Ramírez encontrou um vínculo com a de idade. Esta nova experiência trouxecomunidade lusa, que lhe permitiu ace- lhe maiores responsabilidades e metas. der e conhecer esta cultura. "Toda a minha família é venezuelana, mas tenho O que é mais difícil quando se traum tipo político que é português. Quan- balha com crianças? do as minhas primas nasceram e comeRealmente foi uma experiência maçaram a participar nos eventos culturais ravilhosa. Sem dú vida alguma é um trado Centro Português me levaram obri- balho árduo porque na sua maioria são gado até lá para que as cuidasse, pois eu crianças muito pequenas e, por isso, teera maior que elas. E eu não gostava na- mos que começar da estaca zero. Mas é da". sempre gratificante vê-las a dançar e a Assim começou, há mais de 13 anos, a se apresentarem perante muitas pessoas carreira deste ex-bailarino e ex-cantor com a graça que as caracteriza. do Grupo Folcló rico Primavera. O que inicialmente começou por incomodá-lo Em que consiste o teu trabalho codepois converteu-se, com o passar do mo coreó grafo? Liliana da Silva

lilianadasilva19@hotmail.com

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Para além de ensiná-los a dançar, o fundamental é semear nestas crianças o amor pelo que fazem. Gosto de lhes explicar as diferenças entre danças, os passos, os povos, enfim, todos os elementos que influem na dança. Isto é muito importante porque não basta bailar por bailar, é preciso haver sempre mais qualquer coisa. Sentes-te suficientemente português para difundir a cultura lusa? Totalmente. Perante os portugueses tenho uma desvantagem que, acho, no fim acaba por ser uma vantagem. Eles herdaram a cultura através dos seus pais, têm-na no sangue. Eu tive a obrigação de estudá-la. Li muitos livros, vi filmes e

estou constantemente a actualizar-me e a aumentar as minhas informações sobre os portugueses porque não quero cair no erro de apresentar coreografias erradas. Nalgum momento sentiste descriminação por parte da comunidade lusa? São mais os que me têm apoiado do que os me têm criticado. Por isso acho que isso é normal dentro de qualquer comunidade. Os inconvenientes que tenho tido são sempre porque tento ajudar outro grupo. Mas eu acho que todos os grupos devem ter a maior qualidade possível. Afinal, todos representamos e somos Portugal.


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Modelos luso-descendentes invadem TV suspense que é moderado com o humor pícaro do seu animador. Cinco pessoas vão poder vir de ela mão do animador qualquer parte do país e estas serão Guillermo González, eleitas mediante o ticket adquirido surge o projecto tele- na Lotaria Mega Fantástico. Vão ganvisivo "La Gran Bolo- har cinco milhões de bolívares, um ña", um programa de variedade on- montante que lhes será entregue no de participam vinte modelos, na programa televisivo. Um deles posua maioria vindas de concursos de derá levar-se até cem milhões de bobeleza. Entre as modelos, destacam-se pela sua elegâ ncia e espontaneidade um grupo de luso-venezuelanas que decidiram participar neste novo programa que é transmitido pela Venevisió n todas as segundas-feiras às oito da noite. Jennifer Pereira, Mirla De Faria, Liliana da Silva (que foi Teen Model Venezuela 2001), Jessica Jardim (Miss Aragua 2004) e Daniela Plá Henriques (Miss Vargas 2004) são as jovens luso-descendentes que se apresentarão no grande ecrã. O "Fantástico" Guillermo González regressa à televisão depois de um período de descanso, com um concurso de televisão com toques de Carlos Orellana

corellanacorreio@hotmail.com

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lívares, um prémio que vai estar escondido por uma das vinte belas modelos representantes de todas as regiões da Venezuela. O concurso conta, também, com a participação de convidados especiais, humoristas e reconhecidas personalidades nacionais e internacionais que interactuam com o animador e os participantes.

LAZER 17

Shakira canta em português A cantora colombiana Shakira gravou a versão do seu mais recente tema, La Tortura, em português. E isto devido ao grande êxito que tem conseguido com este tema que interpreta juntamente com o espanhol Alejandro Sanz. Shakira demorou cerca de oito horas a gravar esta canção porque a cantora se esforçou para conseguir uma boa pronúncia do português. O produtor que gravou este tema juntamente com Shakira, Armando Ávila, comentou que a canção fica mais sensual do que na versão espanhola, pois "o português tem uma pronúncia muito atractiva e sexy". Para Ávila, a experiência de trabalhar com uma colombiana foi fascinante. "É uma cantora muito profissional e perdeu imenso tempo porque quis expressar-se em português com uma pronúncia correcta", assinalou.

Tiffany da Silva animadora Com apenas nove anos de idade, Tiffany da Silva - filha de José da Silva, de pais madeirenses, e de Tibaidy Veliz, venezuelana é a nova animadora do programa infantil "Club La Tele". A jovem deixa-se ver todas as tardes num programa que passa entre as 15h00 e as 17h30. Para além de ter participado em vários concursos de beleza, a luso-descendente é imitadora, bailarina e, agora, animadora de televisão. Não perde tempo.


18 PORTUGAL

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Madeira: o novo do velho Noélia de Abreu, em Portugal noeliadeabreu@gmail.com

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A ilha da Madeira vista por uma jornalista do CORREIO que revisitou a terra natal dos pais doze anos depois.

ão é sem mais nem menos que a Madeira recebeu o nome de Pérola do Atlâ ntico. Esta ilha tem, em 57 quiló metros de comprimento e com tanto amor e carinho. 22 de largura, com uma área total de 741 Enquanto percorria cada uma das km2, uma grande quantidade de atrac- ruas e os lugares que me eram familiares ções turísticas, tanto naturais como arti- pelo nome, evocavam-se na minha caficiais, que consegue atrair residentes e turistas de todos os gostos. Como filha de madeirenses, sinto-me orgulhosa ao ver o fabuloso desenvolvimento que, através dos anos, a Madeira conseguiu ter. É impressionante ver como o desenvolvimento tecnoló gico conseguiu fundir-se perfeitamente com a exuberante natureza desta ilha de origem vulcâ nica. Antigamente, a Madeira era conhecida na Venezuela como uma ilha com características rurais, de uma escassa actividade econó mica e de uma reduzida população que emigrava para diferentes partes do Mundo à procura de melhores condições de vida e novas oportunidades de emprego. Hoje em dia, mais de cinquenta anos depois dessa onda de emigração, a Madeira é um lugar privilegiado para viver. Tem vias rápidas modernas que conseguem conectar os povos de mais longe com o centro do Funchal; as escarpadas montanhas permitem passar agradáveis momentos juntamente com amigos e a agitada vida nocturna que tem graças às discotecas e centros nocturnos fazem da Madeira um lugar idó neo para jovens e adultos que gostam de bailar. Embora possa parecer pequena, a Madeira oferece inú meras actividades aos seus visitantes e residentes. Tudo está à mão e o trâ nsito ligeiro permite deslocar-se facilmente até qualquer lugar. Por isso, quatro dias podem ser suficientes para conhecer as atracções turísticas mais importantes. Em poucos minutos, podemos ir da montanha a uma piscina ou praia e, logo de seguida, passear no Madeira Shopping ou no novo centro comercial, o Forum Madeira, também ele bastante amplo. Tudo isto e muito mais. Para quem gosta de desportos radicais, a Madeira oferece-lhe uma vasta oferta para activar a adrenalina. Um viagem em parapente, uma subida em rapel, canoagem, escalada e pistas de karting são só algumas das actividades que se podem fazer. UMA EXPERIÊ NCIA ÚNICA Nunca é igual termos uma imagem do que nos descrevem e do que vemos com os nossos pró prios olhos. Não há nada melhor do que estarmos num determinado local que já ouvimos falar várias vezes, através dos nossos pais, mas que nunca tínhamos podido visitar. E percebemos o porque de tanto eles como outros familiares falam desde espaço

beça os relatos da minha família, que já não visita a Madeira há tanto tempo. No entanto, ainda não perderam as mais velhas tradições e, por isso, devemos conservar o que eles nos têm transmitido com tanto carinho. Se não for assim, a novidade vai acabar com o que é típico e merece conservação. Embora as coisas mudem, a essência das tradições tem que permanecer sem impedir o desenvolvimento e a evolução.

Coisas que se mantêm • Nem tudo mudou nesta belíssima ilha. A tranquilidade e a calma continuam a ser um dos maiores atractivos para quem deseje afastar-se do stress e das confusões das grandes cidades. • Embora as paisagens tenham sido modificadas pelas construções de casas, centros comerciais, lojas, etc, as flores, os ribeiros e as levadas mantêm-se neste cenário paradisíaco. • O Funchal conserva uma grande parte do seu passado colonial. Numerosas casas senhoriais e jardins se misturam com alguns edifícios religiosos, o que permite evocar o seu passado histórico e aceder ao mais tradicional, demonstrando o amor dos madeirenses por aquilo que é seu.

Mudanças • Algo impensável no passado, encontramos pessoas bem vestidas, com roupas e acessórios modernos. Tudo isto produto da globalização e das tendências mundiais da moda. Antes, não era assim e, inclusivamente, na Venezuela os madeirenses destacavam-se das restantes pessoas pela sua forma de vestir. • O número da população aumentou significativamente e mais da metade da população optou por viver no Funchal. Mas também não existem pequenas aldeias isoladas e completamente desconectadas com a capital madeirense. • Por ser um dos destinos turísticos mais lindos do Mundo, a Madeira tem uma grande rede de cadeias hoteleiras que oferecem pacotes interessantes para conhecer a ilha.


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PORTUGAL 19

Nova lei regulariza centenas de filhos de imigrantes Só na Madeira há "várias centenas de filhos de imigrantes" que vão ganhar a nacionalidade portuguesa, graças à alteração legal Miguel Fernandes Luí s (DN - Madeira)

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lgumas centenas de filhos de imigrantes residentes na Madeira vão beneficiar da proposta de lei do Governo da Repú blica que facilita a aquisição da nacionalidade. O objectivo do diploma aprovado sexta-feira, no ú ltimo Conselho de Ministros, é "garantir o pleno acesso à cidadania e favorecer a integração social das pessoas que nasceram em territó rio português e que mantêm uma forte ligação à comunidade nacional". Na estimativa de João Matias, presidente da Associação Cultural e Recreativa Africana da Madeira, ao abrigo desta alteração legal será requerida a nacionalidade portuguesa para "várias centenas de filhos de imigrantes" que se encontram actualmente em situação inde-

finida. Um total de 3.035 alunos estrangeiros, de 55 nacionalidades, frequentou as escolas da Região no ú ltimo ano lectivo. Embora muitos destes tenham pouco a ganhar com a aquisição da nacionalidade portuguesa como, por exemplo, os nacionais de estados-membros da UE -, provavelmente será requerido o processo para uma margem significativa. Nesta ú ltima situação poderão enquadrar-se 238 alunos de nacionalidade brasileira ou de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). A proposta de lei abre novas possibilidades para a aquisição da nacionalidade e da naturalidade, sob determinadas condições. Assim, será atribuída a nacionalidade originária aos indivíduos nascidos em territó rio português, filhos de estrangeiros, quando pelo menos um dos progenitores também aqui nasceu e aqui reside. A aquisição da

nacionalidade é reconhecida também às pessoas nascidas em territó rio português desde que no momento do nascimento um dos progenitores aqui resida legalmente há pelo menos 6 anos. Quanto à naturalização, é permitida a concessão da nacionalidade portuguesa aos menores nascidos em territó rio português quando os progenitores façam prova de que aqui residem legalmente por forma duradoura. A naturalização será ainda permitida às pessoas nascidas em Portugal e que aqui atinjam a maioridade, tendo permanecido em territó rio português pelo menos nos 10 anos anteriores ao pedido. A nível institucional, esta proposta transfere para a esfera de competências do Ministério da Justiça as decisões referentes a pedidos de naturalização (até aqui eram decididas pelo Ministério da Administração Interna), por se tratar de matéria de reconheci-

mento de direitos. VeNezUeLA cOM Lei MAis "jUsTA" Os emigrantes madeirenses na Venezuela não encontram tantas dificuldades na aquisição da nacionalidade do país que os acolheu. Por isso, estranham que Portugal, sendo um país com emigrantes espalhados por todo o Mundo, imponha tantas condições para a aquisição da nacionalidade. Conforme descreve o advogado Inácio Pereira, de origem madeirense, há duas formas de um estrangeiro adquirir a nacionalidade daquele país: por ter nascido na Venezuela (ius solis) ou por ser descendente de um cidadão venezuelano (ius sanguinis). "Estes são os dois ú nicos critérios que se utilizam na Venezuela para a aquisição da nacionalidade, para o cidadão

originário de qualquer país. Acho que Portugal devia adoptar este modelo, com uma lei mais permissiva e justa", afirma Inácio Pereira. O causídico coloca algumas questões pertinentes: "Se uma pessoa vive num país e tem um filho, esse filho não vai ser desse país porquê? Vai ficar apátrida? Pensemos nos portugueses que foram para o Brasil. Se o Brasil aplicasse essa lei mais de metade da população daquele país não era brasileira mas portuguesa". O advogado, a exercer a sua profissão em Caracas, cita até um caso peculiar de aquisição da nacionalidade: "Houve uma cidadã portuguesa que vinha grávida quando entrou na Venezuela. Foi detida, e o filho, por ter nascido numa cadeia em solo nacional, passa a ser venezuelano".

44 prédios abandonados na zona velha do Funchal Angélica Martins (DN - Madeira)

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zona velha do Funchal, classificada pelo Governo Regional como patrimó nio de valor regional, tem 44 prédios devolutos e 48 em más condições de conservação. Com a entrada em vigor, no pró ximo ano, da nova lei de arrendamento, os proprietários destas casas irão sofrer penalizaç ões por estarem desocupadas. Por seu lado, os senhorios só poderão aumentar as rendas se fizerem obras. A zona velha do Funchal, um dos espaç os mais nobres da cidade, está a ser alvo de uma intervenção por parte da

Câ mara Municipal, desde 1986, no sentido de requalificar os imó veis ali existentes que estavam votados ao abandono. A autarquia adquiriu várias moradias para as poder recuperar. Mesmo assim, dos 296 prédios existentes naquela zona da cidade, 48 estão em más condições de conservação. Os proprietários de edifícios que precisem de obras de recuperação podem recorrer a programas governamentais como o Regime de Comparticipaç ão na Recuperação de Imó veis Arrendados (Recria). Nestas condições estão, na zona velha, 27 imó veis. Ao todo, no Funchal estão aprovadas 50 candidaturas ao Recria.

Estes projectos estão a ser encaminhados pelo Gabinete Técnico da Zona Velha, criado para dar apoio às intervenções ao nível urbanístico. Os Governos dos ú ltimos anos têm vindo sucessivamente a propor alteraç ões ao regime de arrendamento urbano, com vista a aumentar as rendas antigas de baixo valor. A ideia do Governo é qualificar o parque urbano, obrigando os senhorios a fazerem obras nos seus imó veis, sob pena de não poderem aumentar as rendas caso não cumpram este requisito. Os proprietários que não dêem qualquer uso social aos seus imó veis estão sujeitos a uma penalização pecuniária.

Estão aprovadas 27 candidaturas ao projecto de recuperação de imóveis arrendados.

Rendas baixas com fim à vista O Novo Regime de Arrendamento Urbano prevê a actualização faseada das rendas baixas, fruto de contratos de arrendamento anteriores a 1990. O prazo para a actualização faseada das rendas será de cinco anos. Mas, se os arrendatários provarem que auferem de um rendimento anual bruto corrigido inferior a cinco ordenados mínimos, o faseamento será feito ao longo de dez anos. Os inquilinos com mais de 65 anos de idade também beneficiam de um prazo alargado. Outra excepção prevista na lei aplica-se aos agregados que recebam um rendimento anual bruto corrigido inferior a três ordenados mínimos anuais.


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estrangeiros controlam 20% do Douro JN - Portugal

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egundo o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), os estrangeiros controlam, neste momento, 20% da produção pró pria da Região Demarcada do Douro. Trata-se de um movimento que tem vindo a crescer ao longo dos ú ltimos 10-15 anos, com destaque para os espanhó is, que já representam 5% da produção (7500 pipas/ano), com tendência para aumentar, devido ao investimento que estão a fazer, sobretudo na reestruturação da vinha para vinhos de mesa. Na actualidade, a produção no Douro é dominada por três grupos Sogrape (capital português), Symington (inglês e português) e Gran Cruz (franceses), não havendo entre os estrangeiros o predomínio de nenhuma nacionalidade. Uma das provas mais fortes do interesse dos vizinhos espanhó is pelo Douro ficou patente quando, ainda há sema-

5% da produção (7500 pipas/ano) já são dos espanhóis, que não param de investir no sector nas, a Burmester e a Gilbert's foram compradas pelos espanhó is da Caixa Nova ao grupo Amorim. Essas empresas juntam-se, assim, à Calém e à Quinta de Ventozelo como exemplos da mudança de titularidade a favor de "nuestros hermanos". As quintas de S. Cibrão e Arnozelo, no Douro Superior, também foram adquiridas por empresas espanholas, e sabese que a Caixa Nova continua a sondar novos investimentos. Jorge Monteiro, presidente do IVDP, desdramatiza dizendo que "O Douro sempre foi uma região internacionalizada devido ao vinho do Porto". Recorda que, historicamente, quando os ingleses chegaram ao Porto, eram compradores e vendedores de vinho, e só mais tarde começaram a investir em quintas e propriedades. Vê o interesse dos espanhó is como a continuação de uma tradição: "O

que está a mudar é a nacionalidade dos investidores. Agora são os espanhó is". O presidente do IVDP defende que se os estrangeiros investem na região é porque "acreditam nas suas várias valências". E questiona qual o Douro que tem futuro o da micropropriedade, dos pequenos e médios lavradores, ou o Douro das grandes quintas e dos grandes investidores, que não só apostam no vinho como no turismo? Jorge Monteiro reconhece que "pode haver alguma perda de identidade", embora entenda que possa ser compensada com um ganho assente numa grande capacidade empreendedora dos estrangeiros. Face ao investimento espanhol crescente, há agentes no Douro que procuram organizar-se por si, mantendo a produção pró pria e as suas vinhas. É o caso de certos produtores-engarrafadores.

Alertas Nem todos encaram com serenidade a "invasão" espanhola, que até é vista com acentuada preocupação, nomeadamente, pelo presidente da Associação dos Viticultores Engarrafadores dos Vinhos do Porto e Douro (Avepod), Luís Roseira. "Vejo com muito receio esta situação. Lamento que o IVDP não tivesse dito rigorosamente nada sobre a matéria que está a transformar o nosso Douro num autêntico Duero. Estamos em risco de a marca Douro passar para os espanhóis", adverte O decano dos dirigentes durienses considera que "é tanto mais grave quando se sabe que a criação de uma empresa comercial espanhola, depois de ter comprado a Calém e a Burmester, constitui a maior asfixia da região do Douro", pois "o sector está a ser dominado por este grupo". Luís Roseira faz comparações históricas e defende "Esta invasão espanhola é a segunda depois dos Filipes, e com exército, que tem por objectivo dominar uma região tão importante como a nossa".


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22 OPINIÃO

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Mudanças em vão Arelys Gonçalves arelyscorreio@hotmail.com

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uando o Consulado Geral de Portugal em Caracas já se apresentava mais protector e respeitoso para com a comunidade, que começava a reconhecer importantes mudanças no trabalho e na coordenação dos empregados desta representação diplomática, parece que as dores de cabeça do passado estão a repetir-se. Isso se depreende das inú meras queixas que o CORREIO tem recebido de muitos utentes que não compreendem como é que as dificuldades superadas, mesmo depois da predisposição e da colaboração de todos os membros do Consulado, puderam surgir novamente. É que, mais uma vez, visitar o Consulado é um tormento. Atrasos nos documentos, informações erradas emitidas pelos funcionários, mudanças na atenção ao pú blico e, especialmente, um tratamento inumano inadmissível são algumas das queixas de testemunhos recolhidos. Como uma pequena ilustração des-

tas mudanças, as famílias que vinham do interior do país já não podem ser aceites no Consulado de Caracas, a não ser que venham de Oriente. Esta medida surpreendeu a comunidade. Tendo em consideração as comunidades vizinhas, a representação consular tinha tentado encontrar saídas mais efectivas aos problemas, nos ú ltimos meses, tal como noticiou oportunamente este jornal. Foi assim também com dezenas de pessoas que não conseguiam resolver os seus problemas no Consulado da Valencia, por exemplo. Começaram os seus processos em Caracas e tiveram que encontrar solução a tramites iniciados há vários anos. No entanto, parece que as considerações duraram pouco... Essas pessoas que tiveram que fazer uma marcação com vários meses de antecipação, que viajaram de madrugada desde qualquer cidade fora da capital venezuelana, que acreditaram cumprir todas as regras, que levaram os documentos bem preparados e traduzidos e, como se fosse pouco, tiveram na mão o ticket para apresentar no balcão, tal e qual como foi avisado pelo funcionário. Mas, apesar de tudo isso, estas pessoas não foram muito bem recebidas na data combinada e, pelo contrário, foram informadas, mas tardiamente, de que a partir de agora não poderão ser atendidas em Caracas. Isto apesar de terem tudo pronto e do processo ter dado entrada nessa sede.

Para maior surpresa dos utentes, a razão que explicaram os pró prios empregados para justificar estas alterações é a presença de um novo cô nsul geral, que decidiu fazer algumas mudanças no funcionamento. Para além das razões atrás evidenciamos, há outras dificuldades que a comunidade tem que ultrapassar. O Consulado tem que enviar todos os documentos aos consulados no interior do país para dar continuidade a muitos processos e, entretanto, os utentes vêm-se obrigados a aceitar as regras e a começar desde o início, ou seja, voltar a fazer uma marcação no respectivo consulado. E isto apesar de terem papéis emitidos desde Portugal, cancelados em euros e com datas de vencimento muito pró ximas. E, como já é habitual, nas outras sedes têm excesso de utentes e, por isso, só se consegue marcação para dentro de vários meses… Mas o drama pode não acabar aqui. Segundo a experiência de alguns, como os documentos foram processados desde Caracas, os tradutores não aparecem na lista dos outros consulados e, por isso, os papéis não podem ser recebidos. Nesse caso, como em muitos outros, as pessoas devem voltar a casa e, depois de deitar no lixo a certidão de nascimento que já pagou, tem que recuperar a paciência, pegar no telefone e tentar encontrar novamente um tradutor...

Uma geração de "choque"! Luí s Barreira

C

om um ligeiro sentimento de que estamos um pouco perdidos, no meio de acontecimentos que nos escapam, mas dos quais sofremos as consequências, a minha geração continua na esperança do direito a uma velhice descansada. Fomos educados num regime de grandes restrições. Não podíamos falar mal do governo, do patrão... nem mesmo do vizinho. Crescemos a pensar que havia uns que podiam ter tudo e outros que teriam de se conformar com a miséria ou, na melhor das hipó teses, serem "remediados". Os três grandes efes: Fado, Família e Futebol eram os valores da época. O Fado para cantar a tristeza, a família para elevar o sentido de responsabilidade e o futebol para acalmar os nervos. Atirados, em plena juventude, para milhares de quiló metros de distâ ncia. De armas na mão, obrigaram-nos a fazer uma guerra contra seres que desconhecíamos e por razões que ignorávamos. Longe dos problemas no Médio Oriente, sofremos no entanto as suas consequências com os "choques petrolíferos". No início dos anos 70 e nos anos 80 (e mais recentemente o do "barril a

60 dó lares", por causas diferentes). Tudo isto com o inevitável agravamento do nível de vida, com menos "cobres" na algibeira… Mas a vida é feita de luta e já estávamos habituados. Não havia salário mínimo, cartões de crédito, juros bonificados, carros a preços acessíveis, roupas de marca ao alcance de todos os bolsos e... viagens, só a Badajoz, para comprar caramelos. Da Europa e do resto do mundo, só os ritmos dos Beatles e dos Rolling Stones, para balançar as calças à boca-de-sino e as camisas às florzinhas (compradas nos "Porfírios"), uns livritos e uns jornais atrasados, lidos à sucapa e enterrados em sacos de plástico e uns cigarros de contrabando, para fumar em ocasiões especiais. Com o 25 de Abril de 1974, a minha geração, deu largas à imaginação e berrou o incontido no estô mago, no coração e na cabeça. Era preciso repensar os princípios, a moral, a família, a sociedade, o Estado, os sexos, a economia, o País e....até o Mundo! Esta geração de "dadores" queria dar tudo o que não tinha tido, sem perceber que não podia dar o que não tinha! Hoje, face às dificuldades de um presente não imaginado, mas nem por isso mais difícil do que um passado experimentado, a minha geração sentimentalista recorda, com um sorriso reflectido, que alguns dos princípios devem permanecer imutáveis, porque actuais; que algumas condutas morais estão acima dos tempos, por que são essenciais; que uma

sociedade justa é aquela que resulta do equilíbrio de oportunidades; que a seriedade do Estado, enquanto emanação de uma consciência cívica livremente superior, não se compadece com o laxismo; que uma igualdade de tratamento entre sexos, raças ou etnias, não é uma utopia; que uma economia que conduza ao bemestar efectivo dos seus cidadãos, não se compadece com o consumo das aparências e que um país solidário e um mundo mais humano, só é possível com o nosso contínuo envolvimento. Afinal, quando contemplamos hoje Portugal e o mundo e comparamos a realidade, com muita da nossa ficção geracional, parece-nos que muita coisa recuou e outras coisas evoluíram, para além do que se poderia ter pensado. Só uma coisa, cada vez mais evidente na expressão da minha geração, parece não ter mudado e, curiosamente, é o que de mais antigo foi refinado pela prática da vida. Trata-se do espírito e tenacidade para encarar as adversidades e a vontade de lutar por dias melhores. Mas será que educámos os nossos descendentes com estas mesmas convicções? Se calhar não os preparámos para tal, na esperança de que já não fosse necessário e, agora, com o Mundo a girar em sentidos tão diversos e a vida a exigir sacrifícios maiores, corremos o risco de nos sentir culpados e, mais uma vez, chamados a participar na resolução dos problemas que nos afectam. E nó s a pensarmos numa pacífica reforma!...

Diário Português António de Abreu Xavier (Historiador)

aindax1@yahoo.com

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emos relido a obra que tem por nome Mircea Eliade e redescobrimos temas e ideias novas em parágrafos já lidos. O Diário Português é a memó ria deste autor que descreve o cumprimento da sua missão diplomática em Portugal durante os anos 1941 e 1945. Esta foi uma época dura não só para ele, que viveu momentos dramáticos ao tentar travar a entrada do seu país natal, Rumania, na segunda Guerra Mundial. Foram também momentos de intenso dramatismo para toda a comunidade portuguesa, conforme se depreende dos sentimentos que estão descritos nas palavras de Eliade. Este livro não é só mais um diário pessoal. Juntamente com as confissões mais íntimas que nos faz o autor, neste livro fica exposta a degradação política do mundinho diplomático que tem assento em Lisboa. Está retratado o servilismo dos agentes, a mediocridade da elite salazarista, a mendicidade nas ruas, a penú ria e a crítica situação alimentar, causada pelo flagelo da guerra. Eliade tentou compreender a sociedade portuguesa através da leitura de grandes autores, como Eça de Queiró s e a sua obra Os Maias, tentou interpretar e de facto fez uma exposição sobre Camões no Museu de Arte Moderna. A sua aproximação ao conhecimento científico do país fez com que ele fosse escolhido membro do Instituto Arqueoló gico Português. Sempre se mostrou interessado no papel da imprensa e frequentemente fala do Diário de Notícias e do Diário Popular. Ler este livro é viajar através de Portugal em comboios lentos, mas qualificados como "especiais". É ver através da janela o decorrer do tempo lento que caracterizava a paisagem rural lusa. É cruzar Lisboa para chegar ao Estoril juntamente com um autor de análises profundas. Já o tinha dito ao referir-se às personagens da pintura portuguesa. Devido ao interesse realista do pintor, este elegia os seus temas do Mundo que o rodeada: "homens pacientes a lutar contra o mar, contra a doença e contra o cansaço: os homens dos descobrimentos marítimos (…) eram homens feios, extenuados pelo trabalho, mas cheios de satisfações e ambições que o mar lhe dava". Ao reler este diário de memó rias, lamentamos profundamente não poder ler outro relato sobre as impressões que os nossos emigrantes deixam noutros países. A nossa experiência está tão cheia de sentimentos e emoções de tanto valor como a deste filó sofo, novelista e poeta. As nossas lembranças mais íntimas têm um fim educativo: servem para ilustrar a futuras gerações o quanto custava viver uma vida com intensidade, com rigor e contra o cansaço. Vamos todos encher-nos de satisfação e leguemos para o futuro um diário venezuelano. Vamos escrever as nossas memó rias.


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OPINIÃO 23

caRTas dOs leITORes Comprimentos e desejos Na união está a força de continuidade de êxito Vivo na cidade de Valencia e deixo um Escrevo-lhes desde Maracaibo, onde tenho tido a oportunidade de partilhar gratos momentos com alguns membros da coló nia portuguesa, entre os quais posso citar a ex-directora do Grupo Folcló rico da Casa de Portugal, Maria Odete de Meneses, e o senhor Virgílio Teixeira, representante das comunidades madeirenses na Venezuela, com quem tenho laços fraternos de amizade que deixaram grandes ensinos e uma profunda ligação entre os seus familiares e amigos. Por eles e por todos aqueles que contam com esta grande ferramenta de comunicação que é o Correio de Venezuela, lhes envio as minhas felicitações e que tirem desta oportunidade o melhor proveito de integração, para o que não seria má ideia programar uma entrega semanal de lições da língua portuguesa nas suas fases quotidianas mais usuais. Um abraço e que Deus guie os vossos passos. Marco António Machado Comunicador Social. CNP 7948 Cel: 0414 3638501 marcoeventos@yahoo.com

apelo ao vosso jornal para que oriente a nossa comunidade nesta cidade. Não sou muito de frequentar os clubes, embora os visite de vez em quando. Tenho-me apercebido realmente que nos ú ltimos tempos as coisas não andam lá muito bem entre "grupos" de amigos. Penso que deveriam fazer alguma coisa, talvez o cô nsul fosse a pessoa mais idó nea para tal, no sentido de evitarmos estar "brigados" uns com os outros, divididos e cansados mais pelas confusões do que pelo trabalho que se realizam nos clubes. Li uma carta no Correio que me fez reflectir um pouco sobre os clubes portugueses. Os começos realmente não foram fáceis, como muita gente pensa. Mas não podemos deitar a perder obras e iniciativas realizadas pelos nossos antecessores, que na sua maioria nem sabiam ler e escrever. E agora as divisões estão naqueles que foram à escola para aprenderem não só a ler e a escrever como a estar em sociedade. Vamos ser unidos e crescer juntos, pois na união está a força. Maria Celeste F Diaz Valencia

Depois de tantos anos, quem diria!... Sou filha de portugueses da ilha da Madeira e o meu contacto com a comunidade portuguesa e com os clubes tem sido muito pouco. Só conheço alguns clubes lusitanos porque pertenço a uma equipa de "bolas criollas" da empresa onde trabalho há mais de 25 anos. No entanto, devo confessar que no ú ltimo ano não posso deixar de comprar o vosso jornal, que agora passou a semanário. É bom haver na Venezuela um jornal na língua de Camões. Assim, ficamos a saber muito de Portugal. E coisas que eu nunca imaginava. Dizem que nunca é tarde para aprender. Lamentavelmente, os nossos pais pouco souberam ensinar-nos do seu país de origem.

INQUéRITO

Eram outros tempos e existiam outras dificuldades. Chamou-me a atenção uma notícia que li no Correio. Em Portugal jogam basebol. Imagino que por influência dos venezuelanos que regressaram... Também gostaria de saber se jogam "bolas criollas". Quem sabe um dia organizamos um grupo e visitamos a terra que nunca conheci, apesar de me ser, a mim e aos meus colegas de jogo, tão familiar. Maria Helena Teixeira

Melhor discurso Para quem assistiu ao jantar do dia da Madeira no Centro Português de Caracas, penso que não devem existir dú vidas sobre o discurso proferido pelo convidado especial, no sentido de ter sido simplesmente um dos melhores discursos que eu jamais ouvi de um político de Portugal. Melhor porque foi talvez o mais simples, mas o que mais interpretou verdadeiramente o sentimento do emigrante e o relacionamento com a sua terra natal. Da mesma maneira, destacou com palavras simples a importâ ncia que nó s os emigrantes tivemos e continuamos a ter para com a nossa querida Madeira. Igualmente também o nosso querido embaixador de Portugal na Venezuela, digo querido porque poucas vezes um diplomata em tão pouco tempo consegue reunir tantas simpatias da nossa parte. Pessoa pousada de discurso pensado e pousado. Também

ele falou da importâ ncia da Madeira para Portugal. Sinceramente, passamos um Dia da Madeira como poucos na Venezuela. Também para o grupo musical convidado, os meus sinceros parabéns pela escolha. São simplesmente excelentes. Quanto ao meu esposo, e se me permitem, na mesa onde estávamos "até o whisky era de categoria". Para não falar da decoração da sala, sobretudo das televisões que colocaram nos lados da mesma. Enfim, a organização está de parabéns e é com actos como esses que conseguimos cativar os nossos filhos para que nos acompanhem e para que continuem no tempo esse tipo de eventos relacionados com a nossa terra. Parabéns a todos. Maria Alicia de Sousa

Orgulhoso de que estejam aqui Sou venezuelano de terceira geração e não tenho ligações familiares com a comunidade portuguesa. No entanto, permitam-me em nome de um grupo de profissionais da docência venezuelana endereçar as nossas mais sinceras felicitações pela excelente publicação no EL NACIONAL. Acompanho com muito interesse a integração das coló nias europeias no nosso país e digo-vos desde já que a portuguesa, apesar da barreira da língua, em comparação por exemplo com a coló nia espanhola, foi aquela que mais e melhor se adaptou e integrou na sociedade de acolhimento e viceversa. Basta olhar para as vossas publicações quinzenais para certificar o que aqui escrevo. Parabéns pelo excelente contributo que dão à sociedade, mostrando a faceta desse sector da sociedade venezuelana, que é constituído pelos portugueses e descendentes. À memó ria, vêm-me agora os meus tempos de estudante, as "bromas" (brincadeiras) que fazíamos com os nossos colegas quando sabíamos que eram filhos de portugueses… Nunca se zangavam e até brincavam connosco. Quanto os admiro! Ainda sobre o EL NACIONAL, parabéns

também por mostrar-nos esse pedacinho da Europa que é Portugal. Também sigo atentamente as vossas publicações semanais do jornal em português (na net). Embora não perceba algumas coisas, acho que está muito bem. Como venezuelano, sinto muito orgulho por fazerem parte da nossa sociedade. José Santiago Perez Professor universitário

O que acha dos recentes encerramentos de estabelecimentos comerciais por parte do Seniat e do Indecu? Considera que as sanções foram justas ou exageradas?

Marí a Elena Rodrigues "Estou de acordo com sanções sempre que os donos dos estabelecimentos comerciais não paguem impostos. É uma medida justa, pois os comerciantes devem ter as suas contas em dia. Só assim se consegue melhorar o funcionamento do país. Se as pessoas pagam o que devem, não deviam ter medo de apresentar as suas contas. Como eu tenho um quiosque, não passam por aqui, mas podiam passar porque eu tenho tudo em dia e as minhas facturas estão organizadas. Cada vez que vou às compras dão-me um comprovativo de pagamento, sem ter que pedi-lo".

Manuel Martinho de Sousa "Não estou de acordo porque parece-me um atropelo por parte das autoridades, pois muitos negó cios têm os seus papéis em dia e, na mesma, encerram-nos. Ainda não passaram pelo meu negó cio, mas já temos tudo à mão para que, se quiserem, confirmem se temos tudo certo. As sanções têm sido exageradas. Encerraram vários estabelecimentos comerciais conhecidos por coisas que estão já a ser tratadas. Os comerciantes estão agora a tentar ser mais rigorosos e cada vez que compro dão-me factura e pedem os meus dados para me registar.

José da Silva "Não estou de acordo, mas é preciso de qualquer forma estar preparado porque tentam sempre arranjar qualquer coisa para implicar e obrigar a encerrar o negó cio ou multar. Pelo meu negó cio o Seniat não passou, mas pode passar em qualquer momento. Por isso, temos a documentação em dia e os impostos estão pagos. Há sanções exageradas e outras que são injustas. Mas a verdade é que se é preciso encerrar o local, então que se encerre. Mas é precio que isto aconteça não só porque as autoridades assim o entendem, mas porque há necessidade para tal.

Encarnación de Sousa “ Acho que os negó cios que estão a infringir a lei têm que pô r as papeladas em dia. O encerramento de comércio causa grandes percas e é difícil depois recuperar economicamente. Já passaram pelo meu negó cio e nunca mo fecharam. Contudo, é preciso estar pendente porque arranjam sempre uma desculpa qualquer para encerrá-lo.


24 ECONOMIA

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BANIF reúne empresários Aproveitando a presença na Madeira de um nú mero significativo de empresários oriundos da Venezuela, o BANIF promoveu num restaurante do Funchal um almoço de amigos. Prova que, para além dos negó cios, há tempo e disponibilidade para a confraternização.


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LFP abre nova loja no aeroporto de Santa Maria nos Açores

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LFP, Lojas Francas de Portugal S.A., inaugurou na zona pú blica da renovada aerogare do Aeroporto de Santa Maria, uma nova loja com 55 m2. A presença da LFP S.A. em mais este aeroporto Português vem reforçar a parceria operacional com a ANA - Aeroportos de Portugal S.A.

A LFP S.A. abre uma nova loja na zona pú blica da renovada aerogare do Aeroporto de Santa Maria, na região autó noma dos Açores, partilhando com a ANA S.A. o esforço na modernização e revitalização desta infraestrutura. À semelhança da loja no Aeroporto da Horta, estes 55 m2 destinam-se não só a servir os passageiros mas também a população local. Os produtos a comercializar incluirão, para além de uma selecção de artigos artesanais, os mais modernos sortidos internacionais de bebidas, tabacos, perfumes, cosmética e 'gifts'. A LFP Lojas Francas de Portugal S.A. é uma joint venture entre a TAPGER, S.A., Empresa totalmente detida pela TAP Portugal, com 'The Nuance Group'. A Empresa explora 18 lojas em 3 Aeroportos no Continente e noutros 3 na Região Autó noma dos Açores. A Empresa também gere as vendas a bordo dos aviões da TAP, da SATA Internacional e da WHITE. Em 2004 a LFP S.A. realizou um volume de negó cios superior a 90.0 milhões de Euros e um resultado antes de impostos de 2,5 milhões de Euros. A TAP oferece mais de 50 destinos em 25 países na Europa, África e América. 'The Nuance Group' é o maior retalhista de Aeroportos e opera mais de 350 lojas em 56 Aeroportos em 17 países.

BREVE TAP com voo diário entre a Madeira e Londres De 5 de Junho a 12 de Setembro, a TAP Portugal está a operar diariamente entre a Madeira e Londres, com cinco voos semanais para Gatwick e dois para Heathtrow, correspondendo ao aumento da procura que se verifica no Reino Unido pela Madeira. A partir da data atrás referida, a TAP regressa aos seis voos já operados, reduzindo uma das frequências, de Gatwick, até final de Outubro. Porém, pode desde já anunciar-se que no horário de Inverno volta a realizar-se a sétima frequência, consolidando-se a realização de voos diários.


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DESPORTO 27

Começou o Madeirabol Jean Carlos de Abreu

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as instalaç ões do clube Centro Português, em Caracas, começ ou na sexta-feira 8 de Julho o Torneio de Madeirabol, que contou com a participação de 45 crianças que desfilaram pelos campos desportivos do local. O campeonato iniciou-se com a categoria infantil da classificató ria do grupo A. As equipas ficaram empatadas e conseguiram três pontos em cada um dos jogos que se disputaram na inauguraç ão. Na primeira jornada, Saturno venceu 2x1 os Galácticos, Lusitanos 2x1 os Pingarellos e Vinotinto 2x0 o Madeirense. Na segunda jornada, os papéis inverteram-se e ficou Pingarellos, Galácticos e Madeirense 2x1 contra os seus adversários. O jogo consta de dois sets a seis pontos cada um. Se houver um empate, joga-se um terceiro para determinar a equipa vencedora. As equipas são formadas por jovens de 11 e 14 anos e estão divididas em quatro categorias. A aceitação do pú blico foi "excelente", pois - como nos explica Andrés Vitoria, organizador do evento, "os pais dos jogadores, nos inter-

valos, davam conselhos aos seus filhos de como deviam jogar e fazer pontos. As equipas voltam a defrontar-se nas sextas-feiras, no Centro Português. A medida que avanç a o torneio, vão se fixando os dias para os jogos, até chegar às eliminató rias.

Jogo inventado na Madeira O Madeirabol é um jogo inventado na Madeira, na viragem da primeira metade deste século, sendo no entanto nos anos sessenta que ele atinge maior expansão, consequência da necessidade de uma actividade recreativa aliciante na zona balnear, em especial no "Velho Lido". Começou por ser um jogo individual mas rapidamente passou a ser jogado por pares, modelo que ainda hoje se mantém. É jogado por duas equipas de dois jogadores, num terreno dividido a meio por uma rede. A bola pode ser jogada por qualquer parte do corpo, à excepção do braço, antebraço e mão.

BREVE X Torneio Internacional de Bolas Criollas Aruba, Curaça e Bonaire vão estar presentes no X Torneio de Bolas Criollas Internacional y del Caribe, Copa Polar que se vai realizar nos campos do Centro Português, em Caracas, de 21 a 24 de Julho. A representar a Venezuela, vão estar as equipas mais competitivas dos clubes e organizações profissionais ao nível nacional. Este evento, que se realiza de dois em dois anos, vai reunir 700 atletas e tem marcada a sua inauguração para o dia 27 de Julho, a partir das 19h00. De referir, é que se vai realizar um

espectáculo de fogo de artifício e que, nos restantes dias, vai haver actuações de diferentes grupos musicais e serão servidas comidas tradicionais. Conta-se que assistam a este evento desportivo cerca de 2.500 pessoas, entre competidores e atletas participantes. O torneio é considerado, pelos entendidos na matéria, um dos eventos mais bem organizados ao nível nacional. O Comité de Bolas Criollas do Clube Português convida todos os amantes desta disciplina a marcarem presença na iniciativa.


28 DESPORTO

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Florentino Perez "paga" saída de Figo

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egundo o jornal desportivo da Catalunha, Florentino Perez admite compensar Luís Figo com a verba anual que o português teria de abdicar para assinar pelo clube milanês, que apresentou ao português um contrato por dois anos, num valor que se aproxima dos 3,5 milhões de euros por temporada. No entanto, Luís Figo tem mais um ano de contrato com o Real Madrid, mas Perez não está disposto a gastar seis milhões de euros pela ú ltima temporada, até porque é bastante provável que o internacional português continue a ser preterido pelo treinador brasileiro Vanderley Luxemburgo. Numa "solução desesperada" para o Sport, e para facilitar as negociações com o Inter de Milão, Perez está disponível para compensar Figo com a diferença de valores entre os dois contratos, na sequência de uma política que o jornal catalão considera "indiscutivelmente ruinosa". Ainda segundo o diário desportivo espanhol, esta operação seria "camuflada" com a venda de Walter Samuel por 18 milhões de euros, com Figo a entrar no "pacote" do acordo entre Real Madrid e

Inter de Milão pela transferência do defesa central argentino. Samuel, que na época passada foi contratado ao AS Roma por 25 milhões de euros, seria agora transferido por uma verba ligeiramente inferior e num pagamento faseado em três anos, com o Inter a desembolsar na assinatura de contrato cinco milhões. Como Figo custou ao Real Madrid 62 milhões de euros em 2000, numa das mais "bombásticas" transferências dos ú ltimos anos, o Sport destaca que o clube madrileno vai vender agora o português e o argentino, que no total custaram 87 milhões de euros, por apenas 18 milhões.

BREVES Mourinho contente com o que tem

Três clubes impedidos de inscrever jogadores

O técnico do Chelsea, o português José Mourinho, desvalorizou o facto de iniciar a defesa do título inglês de futebol sem o médio ganês Michael Essien, garantindo estar contente com a equipa que tem. Essien, dado como provável reforço do Chelsea desde o final da Primeira Liga inglesa, em Maio, referiu já em entrevista ao “Equipe” que "sonha" jogar no clube londrino, mas a transferência ainda está por concretizar. "Estou contente com o que tenho. Não preciso de mais. Tenho um plantel bem equilibrado e todas as posições estão cobertas". O internacional argentino Hernan Crespo (ex-Ac Milão) deverá juntar-se a Carlton Cole (ex-Charlton e Aston Villa) no plantel do Chelsea para a próxima temporada, depois dos dois avançados terem sido emprestados na época passada. Mourinho explicou que estas duas "aquisições" significam que pode utilizar jogadores em posições mais profundas no terreno em relação aos espaços onde Essien alinha. Eidur Gudjohnsen e Joe Cole podem também ajudar a preencher o meio-campo. "Se até ao final do mês conseguirmos um jogador extra, ficarei contente, mas, se não tivermos, não temos", sublinhou.

O Rio Ave e os recém promovidos Naval 1§ Maio e Estrela Amadora estão impedidos de inscrever novos jogadores na Superliga, por se encontrarem em situação de incumpridores perante o Fisco e a Segurança Social. De acordo com um comunicado da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), além destes três emblemas, outros nove clubes da Liga de Honra estão também "inibidos de proceder ao registo de novos contratos ou renovações, bem como de utilizar aqueles cujos pedidos de registo e inscrição tenham sido apresentados posteriormente ao dia 06 de Julho". A Liga acrescenta que tal impedimento manter-se-á até que tal omissão venha a ser suprida, adiantando ainda que todos os 36 clubes das ligas profissionais foram admitidos a participar na edição de 2005/06, embora os três clubes oriundos da II divisão B tenham de aguardar ainda o desfecho da análise de candidatura por parte da Comissão Executiva da Liga. Além dos três conjuntos da Superliga, os clubes impedidos de registar contratos na Liga de Honra são Marco, Leixões, Maia, Varzim, Felgueiras, Ovarense, Alverca, Santa Clara e Estoril.


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A tentação do prato... Adega da Quinta é a nossa sugestão para quem procura uma refeição ao sabor de um ambiente inesquecí vel, onde o esmero, envolto nos campestres ares da quinta em que se insere, tornam esta numa paragem para se repetir vezes e vezes sem conta...

U

m restaurante típico madeirense, aliado a um toque de rusticidade nitidamente acolhedor... É isto que faz da Adega da Quinta local de eleição de muitos e muitos visitantes que prezam a gastronomia da terra, associada ao bem-servir de uma equipa pronta a satisfazer todos quantos por lá passam. No extremo da Quinta do Estreito, a Adega da Quinta reserva, pois, ao seu convidado, uma vista soberba sobre a zona oeste do Funchal. A Adega, com as suas pipas de Vinho Madeira, ginja e aguardente, é uma casa de pedra restaurada, pertença desta antiga e famosa quinta produtora de vinho. Ao seu dispor estão duas salas envidraçadas, umas das quais está agradavelmente situada em frente à adega e à zona da co-

zinha aberta, junto ao churrasco e ao forno de pão. Com capacidade para 150/200 pessoas, este restaurante reserva-lhe, ainda, noites realmente aprazíveis, num espaço nobre, com direito a aquecedor de esplanada com emissão de calor num raio de 30m. Quanto ao menu, verdadeiras iguarias dos deuses aguardam pela sua visita. Aqui, a cozinha concebe verdadeiras obras de arte! O sabor da Madeira cabe, então, à famosa espetada com carne tenra e suculenta, à espada, ao saboroso Bacalhau à Lagareiro, entre muitos e muitos outros pratos. De provar e pedir por mais!... Da garrafeira, ressaltam à vista, como não poderia deixar de ser, excelentes escolhas, fruto das melhores castas. Nota, ainda, para a capirinha e para a tradicional poncha.

A Adega da Quinta disponibiliza-se, ainda, para organizar a sua festa de casamento, com grandes facilidades e pacotes oferta! Aberta ao pú blico em geral, a visita está, desde já, recomendada. UmA qUEstão DE EmoçõEs... CHARMING EMOTIONS é já uma marca registada do grupo Charming Hotels, que faz questão em despertar sensações, impermeáveis ao tempo, na memó ria dos seus convidados. Quinta do Estreito, Quinta das Vistas, Quinta do Monte e Quinta Perestrello são as quatro unidades hoteleiras que têm protagonizado esse mesmo esforço (www.charminghotelsmadeira.com). A Adega da Quinta tem tido papel inte-

grante nesse esforço. O sabor, a classe, o entretenimento: tudo dentro de um mesmo conceito de charme e requinte. Aos

domingos e terças-feiras, por exemplo, a casa brinda-o com uma nota cultural de actuação folcló rica ou musical.


30 DESPORTO

CORREIO DE CARACAS - 14 DE JULHO DE 2005

Rui Alves mantém o sonho de voltar à Europa

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ara além das naturais expectativas, em redor da apresentação do plantel para a pró xima época, todos os presentes, tiveram a oportunidade de assistir à tomada de posse da direcção, recentemente eleita, para o pró ximo triénio. Na oportunidade, Nélio Mendonça, presidente da Assembleia Geral, fez questão de enaltecer a gestão de Rui Alves, ao longo dos ú ltimos onze anos: "Através de uma gestão actualizada, moderna e virada para o futuro, fez com todos nó s continuamos a sentir esta garra e mística do clube. Também capaz levar este clube a atingir um nível, que poucos de nó s, não esperávamos que tal pudesse a acontecer. Foi com ele que fomos capazes de chegar à Europa". A finalizar o presidente do ó rgão máximo do clube alertou para a importâ ncia do apoio de todos os só cios e simpatizantes. Por seu lado, Rui Alves começou por agradecer a confiança demonstrada pelos só cios à direcção que lidera:"Agradeço a confiança, que os só cios depositaram nesta direcção, nesta li-

O presidente referiu ainda que os jogadores terão uma melhor identificação acerca da realidade do clube derança e neste ó rgãos socais. O futebol é realmente a mola impulsionador de toda a vida do clube. Contudo, modalidades como Natação, Ginástica e Rally não estão esquecidas. Aliás, o nosso Rally trava uma luta para ingressar a nível nacional". Em jeito, de balanço dos ú ltimos três anos, Rui Alves apontou os feitos mais relevantes:"No ú ltimo mandato , pela primeira vez na histó ria do clube, conseguimos manter a equipa profissional na SuperLiga e levar o Nacional a competir numa prova europeia. Naturalmente, que este triénio que agora se inicia, que se repita essa circunstâ ncia, nos pró ximos três anos". Depois da apresentação individual de todos os elementos que compõem o grupo de trabalho para a pró xima época, Rui Alves dirigiu-se, uma vez mais aos só -

cios, dando conta, daquilo que são os desejos e objectivos do clube: "Teremos atletas com maior identificação com o nosso projecto e maior identificação da nossa grandeza. Vamos também procurar criar as infra-estruturas necessárias para a realização de um bom trabalho a todos os níveis". Em termos, desportivos, Rui Alves não escondeu o sonho europeu: " O presidente da direcção tem mais objectivos do que sonhos. Para além da permanência o sonho do Nacional é voltar a competir a nível internacional". Dirigindo-se a Manuel Machado, Rui Alves desejou muita sorte e que o novo técnico dos "alvinegros", permaneça na Madeira por muito anos. Manuel Machado também falou aos só cios "alvinegros". Agradeceu ao presidente a oportunidade e a confiança demonstradas, desejando a todos sorte, prometendo trabalho e pedindo aos só cios paciência. De objectivos para a temporada ora iniciada apenas referiu, em conversa com os jornalistas, ser "demasiado cedo para definir metas. Creio que no final desta primeira fase, depois de termos

um conhecimento mais exacto do valor do plantel, poderemos então traçar alguns cenários". No entanto, mediante a insistência, afirmou que "pretendemos andar sempre no primeiro terço da tabela, ombreando com equipas que tradicionalmente se colocam na linha de partida para os acessos aos lugares que permitem a disputa de uma competição internacional. No momento, de forma concreta, apenas podemos de falar em trabalho e ambição. Só desta forma teremos possibilidade de atingir aquilo a que nos propusermos". Colocado perante a questão de, tradicionalmente, as suas equipas oscilarem imenso entre as duas metades do campeonato Manuel Machado referiu que "o importante é a forma como as coisas terminam não como se ini-

ciam. Só à trigésima quarta jornada é que as coisas se definem. O "fardo" é, creio eu, menos pesado que o da temporada anterior. Como tal a perspectiva é positiva e a esperança numa época coroada de êxitos é enorme". O professor abordou também as condições de trabalho proporcionadas pelo Nacional. "São idênticas àquelas que encontrei no Moreirense à uns anos. No entanto, não foi por essa circunstâ ncia que o trabalho foi menos produtivo. Recordo que o clube, nesse ano, subiu à SuperLiga. Teremos algumas condicionantes, é certo, mas o tudo faremos para minimizar esses efeitos". Terminou reafirmando os desejos de uma época recheada de sucessos e prestigiante para o clube.


CORREIO DE CARACAS - 14 DE JULHO DE 2005

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Filipe Oliveira cheio de ambição na apresentação do Marítimo

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ilipe Oliveira acabou por ser uma das atracões da festa maritimista no dia da apresentação do plantel para a temporada 2005/06. O jovem futebolista português, acertados os pontos da transferência do Chelsea para o Marítimo, voou para a Madeira a meio da tarde, ainda a tempo de chegar aos Barreiros e ser apresentado aos só cios "verde-rubros". Sempre a correr desde o Aeroporto, já no estádio equipou-se e entrou no campo decorria já a ansiada pelada para só cio ver. Fortemente aplaudido pelo pú blico presente, foi apresentado ao treinador, fez o aquecimento e entrou na pelada, ainda com tempo para fazer a assistência para Bibishkov apontar o ú nico registado. Já no final, predispô s-se a falar para a comunicação social, começando por explicar que foi a vontade de jogar mais vezes que constituiu uma das razões para ter ingressado no Marítimo. "Claro que não posso afirmar que vou

O ex-jogador do Chelsea chegou atrasado mas a tempo de ser apresentado aos sócios ser titular. Tenho que trabalhar e merecer a confiança do treinador e é isso o que vou fazer todos os dias", diz com humildade. Sobre a experiência na Inglaterra, refere ter aprendido muito, pois "trabalhei ao lado de grandes jogadores, estrelas mundiais", salientando o facto de, apesar de não ter jogado com regularidade, ter saído engrandecido. "Vou agora tentar demonstrar o meu valor no Marítimo", diz de forma decidida, Trabalhar com José Mourinho foi, para o novo recruta maritimista, uma "excelente experiência". E adianta: "É um treinador excelente, que torna os jogadores cada vez mais ambiciosos, até no treino". Relativamente à transferência para o Marítimo, Filipe Oli-

veira volta a salientar que a mesma nasceu do desejo que manifestou em poder jogar de uma forma mais assídua. "Os responsáveis pelo Chelsea não se opuseram à minha vontade e acordamos que o melhor era eu vir para o Marítimo. E assim foi...". Quanto à transferência, a mesma, nas palavras do jovem jogador português, está praticamente consumada. "Faltam apenas pequenos pormenores que facilmente se resolvem", asse vera. Curiosamente, Filipe Oliveira nunca jogou na SuperLiga portuguesa. Muito jovem emigrou para o futebol inglês e agora vai ter essa oportunidade. "Deus queira que a minha estreia no futebol português corra da melhor maneira", exalta. No resto, confessa que "as minhas ambições confundem-se com as do Marítimo", não negando o desejo de "jogar na Europa ao serviço do meu novo clube". Trabalho de campo apenas

amanhã Os treinos propriamente ditos só arrancam amanhãà tarde, pois o dia de hoje será todo preenchido com os habituais testes médicos, já iniciados ontem, na AVARA. Testes que se prolongam na manhã de quarta-feira, sendo que Juca efectuará o primeiro treino da pré-temporada ao fim da tarde de amanhã. Treino agendado para Santo Antó nio, pelas 18 horas. Para a restante semana, os treinos serão bi-diários na quinta

e na sexta-feira (10 e 18 horas), para no sábado ter lugar uma ú nica sessão (10 horas) que encerrará a primeira semana de trabalho do plantel do Marítimo para a presente temporada, acontecendo a primeira folga no domingo. Os treinos estão todos marcados para o relvado do complexo desportivo do Marítimo, em Santo Antó nio, indo Juca trabalhar, nesta fase, com 31 jogadores, nú mero que forçosamente será reduzido mais tarde.


Quem quer um banco vai ao totta CORREIO DE CARACAS - 14 DE JULHO DE 2005

IV Encontro de Gerações a 24 de Setembro Sónia Gonçalves (DN - Madeira)

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IV Encontro de Gerações realiza-se a 24 de Setembro e discutirá questões que interessem a todas as gerações luso-venezuelanas. Na iniciativa, organizada pelo CORREIO, o BANIF e o DIÁRIO, pretende-se evidenciar o contributo que os portugueses e os luso-descendentes têm dado ao desenvolvimento da Venezuela. Na verdade, há portugueses e luso-descendentes que ocu-

pam lugares de destaque nos diversos sectores da actividade venezuelana. Uns são políticos, outros autarcas, alguns destacados médicos, advogados, juízes, artistas, empresários, jornalistas, engenheiros, economistas, etc... Estas pessoas cumprem não só com o recomendável princípio de integração na sociedade que os acolheu, como são também influentes decisores, quadros de referência e exemplos vivos de participação plena na vida pú blica e privada da Venezuela. Como tal, podem ser aliados de peso da comunidade e parte fundamental no chama-

do lobby luso. Assim, no IV Encontro de Gerações, vários portugueses destacados vão testemunhar o seu percurso e dar pistas para uma intervenção mais activa e aberta por parte dos restantes membros da comunidade. Vão revelar-nos a sua experiência de vida em termos de conquista de um espaço na sociedade, darnos a sua visão da comunidade portuguesa na Venezuela e dizer-nos se ainda conservam as raízes lusas. Lembre-se que o III Encontro de Gerações, que se realizou em Junho de 2004, serviu para

CORREIO promove festa venezuelana na Madeira Comida crioula e a actuação do Conde del Guácharo vão permitir “ matar as saudades” da Venezuela Sónia Gonçalves (DN - Madeira)

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CORREIO promove a 5 de Agosto, na Madeira, uma festa venezuelana que conta com a actuação do conhecido humorista El Conde del Guácharo. A iniciativa realiza-se às 20h00 e os interessados podem jantar no Restaurante Estalagem da Encumeada, onde vão ser servidos pratos típicos da Venezuela. A "Grande Festa da Venezuela", como é denominada a iniciativa do CORREIO, vai contar, também, com a actuação do Grupo Folcló rico do Centro Português de Caracas,

e oferece uma ementa típica que permite escolher entre o tradicional "pabelló n criollo" e o "prato navideño". O "pabelló n criollo" ou "pabelló n venezolano", como também é conhecido, é um dos pratos mais representativos da cozinha venezuelana. Cheio de cores e sabores variados, este prato é composto por arroz branco, carne de vaca, feijão preto e fatias de plátano frito. Já o "prato navideño", também muito apreciado pelos venezuelanos e recordado pelos madeirenses e luso-venezuelanos que vivem na Região, oferece a tradicional "hallaca", que é feita com farinha de trigo recheada com carne de vaca,

frango e porco. El Conde del Guácharro, ou Benjamín Rausseo (o seu verdadeiro nome), é um humorista venezuelano bastante famoso que teve muito sucesso com os seus mais recentes temas, "Hubo um vacio de poder?" e "Miami". Actualmente, é proprietário de um parque temático em Margarita, chamado "Mú sipán", que com muita sátira nos apresenta a Disney World e o Jurassic Park. Os interessados em participar nesta festa venezuelana podem adquirir as entradas por trinta euros na Loja do DIÁRIO, no Clube Social das Comunidades Madeirenses, na estalagem da Encumeada e no restaurante O Quartel, na Ribeira Brava.

EXCELSIOR GAMA

BREVES Gonçalo Santos volta à Venezuela debater o tema "A força do associativismo", promovendo a unidade em função de interesses e problemas comuns e para manter irrigadas as raízes lusas, sem esquecer a importâ ncia de enaltecer o dinamismo de uma comunidade que não se acomoda e que resiste a um sem nú mero de contrariedades. A iniciativa serviu para auscultar anseios e preocupações da comunidade portuguesa radicada na Venezuela, bem como para apresentar alguns dos projectos decorrentes das ideias surgidas nos encontros dos anos anteriores.

Os deputados social-democratas na Assembleia da República, Gonçalo Santos e José Cesário, chegaram hoje, dia 14, à Venezuela, depois de uma passagem por Aruba, sendo que a viagem incluiu também uma ida ao Curaçau. Após contactos com diversas entidades em Aruba, os parlamentares concentram atenções na capital venezuelana, onde, na sexta-feira, tudo farão para "sensibilizar" as autoridades para que se faça justiça em relação ao cidadão português, o copiloto da Air Luxor detido há alguns meses. Os parlamentares consideram o "sistema judicial venezuelano respeitável", mas vão pedir celeridade na reunião com o presidente da Assembleia Nacional. Depois, darão uma palavra de conforto e de confiança ao co-piloto da Air Luxor.

Investigação recebe prémio da CEV Na Aula Magna da Universidade Católica Andrés Bello, a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) outorgou o prémio Monseñor Pellín à "Segunda Promoción de Comunicação Social", área de Audivisual da Universidad Santa Maria. O prémio merecido deveu-se ao trabalho de investigação intitulado "As crianças de Vargas: à procura da verdade". Entre esses 56 estudantes que hoje já são jornalistas, está um jornalista desta redacção, Jean Carlos de Abreu, um dos membros e investigadores deste caso.


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