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Registos das emoções lusas

Fotógrafo Paco Garret atrás da lente há trinta anos. PÁGINA 13

Luta contra a corrupção

Associação nas mãos de

Mercedes de Freitas.

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www.correiodecaracas.net

O jornal da comunidade luso-venezuelana

ANO 06 - N.º 118 - DEPÓSITO LEGAL: 199901DF222 - PUBLICAÇÃO SEMANAL

CARACAS, 4 DE AGOSTO DE 2005 - VENEZUELA: BS.: 1.000,00 / PORTUGAL:

0,75

Secretário das Comunidades no IV Encontro de Gerações Albuquerque traz empresários à Venezuela e quer ajudar lar. PÁGINA 18, 19 E 20

António Braga confirma presença no encontro, que é adiado para o dia 15 de Outubro, de modo a permitir a presença do representante do Governo da República. PÁGINA 32

Clubes de Barquisimeto ponderam unificação Membros das direcções do Centro Luso Larense e do Centro Atlântico Madeira têm-se reunido para analisar hipótese de unir clubes. PÁGINA 11

Vítima de sequestro libertada sem resgate. Relato na primeira pessoa. PÁGINA 4

Histórias de vida: Manuel Vieira foi gerente aos 19 anos PÁGINA 12


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2 EDITORIAL

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Insegurança Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez e Noélia de Abreu Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Bernardete de Quintal (Curaçau) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira Preparação Gráfica: Olga de Canha (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Fotografia: Paco Garret, Farith Useche Distribuição: Enrique Figueroa Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela

A

insegurança parece reinar ao ganhar a luta com as forças policiais do Estado. Os índices de criminalidade aumentam vertiginosamente e temos mesmo a sensação de que não há muito interesse em atacar a problemática de uma forma eficiente. Sequestros, roubos durante o dia e em plena praça pública e assaltos às vivendas, entre outros, são alguns dos problemas que atormentam a Venezuela. Mas pior do que a veracidade dos factos, é olharmos para eles e ficarmos com a percepção de que tudo isto só acontece porque há cumplicidade das entidades competentes. Oxalá não fosse assim, mas parece!

É de lamentar que, num país cheio de pessoas e paisagens maravilhosas que permitem comparações justas com destinos paradisíacos, a insegurança constitua uma ameaça constante para todos, sobretudo para os que querem contribuir para a prosperidade da Nação, ou seja, os investidores nacionais e estrangeiros. Afinal, a insegurança é um mal que ataca todos aqueles que saem à rua, sem distinção de classe, sexo ou religião. É um fenómeno que tem e deve ser atacado com a firmeza e a colaboração de todos. Continuamos à espera de dias melhores, cheios de paz, tranquilidade e alegria. Será uma ilusão pensar que um dia vai ser assim?

O CARTOON DA SEMANA A nova ponte de Turumo veio melhorar os acessos para o Centro Luso de Caracas

Vamos ver se todos sócios vão à festa e contribuem para a reconstrução das instalações do clube!

Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares

A SEMANA MUITO BOM

Arealização do torneio de "Bolas Criollas" no Centro Português, em Caracas, merece um louvor. É com iniciativas como estas que se atraem mais pessoas ao clube. O torneio terminou em grande e conseguiu reunir, sem rivalidades, equipas de vários países, nomeadamente de Aruba, Curaçau, Bonaire e Venezuela.

BOM

Obras são sempre obras

Em edições anteriores criticámos a demora na realização de algumas obras anunciadas, nomeadamente no Centro Português, em Caracas. E isto aconteceu não porque sejamos caprichosos senão porque apenas somos transmissores de inquietudes e preocupações de alguns dos sócios do clube. Nesta oportunidade, achamos justo enaltecer a realização e a culminação da mesma . Obras são obras e merecem sempre um destaque especial!

MAU

Clube do Porto

Chegou-nos a informação e não queríamos acreditar que uma iniciativa importante e transcendente como a que nos habituaram os simpatizantes do Porto na Venezuela dependa apenas de um simples resultado desportivo ou de uma posição na classificação do campeonato. "O arraial não se fez porque o Porto não foi campeão", foi declarado. E então aquelas famílias que aguardam anos por momentos de festa, de convívio, de amizade e de reencontros na sede da Missão Católica Portuguesa? Não compreendemos, sobretudo porque conhecemos o espírito trabalhador dessa organização desportiva na Venezuela.

MUITO MAU

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA

Torneio

Consulados

Quem percebe? Em Maracay abrem um novo consulado honorário a quinze quilómetros do de Valencia e em Puerto Ordaz fecham o consulado honorário, quando o mais o próximo está a 600 ou 700 quilómetros...

O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

Para todos los

gustos

El mejor Bodegón de Caracas con la mayor variedad en vinos Nacionales e Importados C.C.C.T. P.B. (cerca al Banco Provincial) Telfs.: (0212) 959.73.77, 959.67.28 - Caracas - venezuela


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Comerciante português foi libertado Depois de dois meses de cativeiro, foi deixado na via Petare - Guarenas sem ter de pagar nenhum resgate Carlos Orellana

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o passado dia 30 de Maio, por volta das nove da noite, Manuel Teodoro Andrade (53) foi sequestrado por um grupo de indivíduos armados. O incidente teve lugar quando saía de um dos seus estabelecimentos comerciais, na avenida principal de Altavista, em Catia. Os delinquentes solicitaram inicialmente quatro mil milhões de bolívares (em dólares ou euros), mas graças à pressão policial acabaram por libertar o português sem terem em troca nenhum resgate. Nas comunicações da família do refém com os criminosos, deixou-se claro que esta não possuía o dinheiro exigido. Contudo, terão reunido 500 milhões de bolívares e fizeram várias tentativas

para entregar o dinheiro, mas isto não chegou a acontecer por causa da intervenção policial. No entanto, o comissário Joel Rengifo, chefe da Divisão Anti-extorsão e Sequestro do Cicpc, assegurou-nos que não se fez nenhuma negociação para resgatar a vítima. Dois meses depois de ter sido sequestrado, a 30 de Julho, o comerciante, dono de uma cadeia de talhos e frigoríficos em Catia, ao Oeste da cidade, foi deixado na estrada nacional Petare - Guarenas, por volta das duas da manhã. A última tentativa que a família fez para pagar o resgate foi nas instalações do centro comercial El Marqués, perto do bairro Campo Rico de Petare. A pessoa encarregue de fazer o negócio apresentou-se no lugar, mas ficou à espera em vão porque os criminosos não compareceram. Sabemos que numa das nego-

"Isto estava combinado há muito tempo. Eles disseram-me que me seguiam desde Dezembro", declarou ao CORREIO Manuel Teodoro De Andrade, natural do Conselho de São Vicente, Boa Aventura, Madeira. ciações os raptores fizeram a família pensar que o lusitano tinha sido enviado para a Colômbia e planearam um segundo encontro nesse país. Contudo, soubemos que a informação era falsa e que o comerciante nunca chegou a sair da Venezuela. As autoridades suspeitam que neste caso pode estar envolvido um grupo de funcionários policiais activos ou reformados, pois viram motas e outros elementos que reúnem as pistas para identificar um organismo de segurança.

A história na primeira pessoa Em entrevista exclusiva ao CORREIO, o comerciante português partilhounos a sua experiência angustiante. Dono de uma cadeia de talhos e frigoríficos em Alta Vista (Cátia), foi interceptado por dez indivíduos vestidos de preto e com capuchos. "Estava a conduzir - ia para casa - quando apareceram estes indivíduos em três motos e dois carros. Pediramme os documentos do carro e pensei que fossem polícias. Quando me baixei para buscar os documentos, empurraram-me e vendaram-me os olhos. Diziam que me iam levar para a Colômbia", contou-nos. Durante quinze dias, o emigrante, que é diabético, não tomou a medicação e, por isso, teve de ser hospitalizado quando foi libertado. Apresentava complicações num rim e problemas nos níveis de açúcar no sangue. Em que condições estava sequestrado? Quando me raptaram, vendaram-me os olhos e estive amarrado durante os primeiros cinco dias. Deixaram-me fechado numa “carpa”, só saía para fazer as minhas necessidades fisiológicas. À volta de onde eu estava só havia mato e, quando chovia, a água entrava e molhava-me todo, pois eu dormia no chão. Isto estava combinado há muito tempo. Eles disseram-me que me seguiam desde Dezembro. Como foi tratado? Maltrataram-no fisicamente? Nunca me bateram. Um deles tratava-me sempre por "tio" ou "camarada". Quando cheguei, tinham no quartinho roupa interior e outros objectos de primeira necessidade. No Dia do Pai, deram-me umas calças e uma camisa. No entanto, tinham sempre uma arma apontada e diziam que se a minha família não pagasse pelo resgate iam ter de me matar. Pensava sempre na minha família e não imaginava que ia viver para contar o que me passou. Alimentavam-no? A comida não era boa. Comia arroz, batata, plátano, iúca e aveia. Só me davam comida uma vez ao dia, e às vezes duas. O que pensa fazer agora? Quer ir para Portugal? Penso continuar a trabalhar. Aminha vida está toda aqui.


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"Mistura de cimento, suor e carinho" Obras do Centro Português, em Caracas, resultam de um investimento de 1,9 milhões de bolívares Noélia de Abreu

åçÉäá~ÇÉ~ÄêÉì]Öã~áäKÅçã

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o passado sábado 30 de Julho, foram inaugurados os balneários e o ginásio do Centro Português, em Caracas. O projecto de remodelação, que começou no ano passado, sofreu algumas modificações que atrasaram a inauguração das obras. No entanto, a partir de agora, os sócios contam com modernas instalações de excelente qualidade. Orientados para fazer uma "gestão exemplar", a nova direcção do Centro Português de Caracas trabalhou para que o contributo dado pelos sócios fosse feito da melhor forma neste investimento de 1,9 milhões de bolívares. O acto de inauguração iniciou-se com as palavras do padre Alexandre Mendon-

Vantagens da obra

• Agora os sócios podem aceder, desde o interior das casas de banho, à zona dos campos de futebolito, etc. • Antigamente havia dois andares, um para os balneários da piscina e outro para o ginásio. Agora há três: um para os balneários da piscina, o ginásio e as casas de banho do ginásio. • Os balneários da piscina já tinham cerca de trinta anos e estavam deteriorados. Agora apresenta-se com condições excelentes, com casas de banho, duches e sauna.

ça, que benzeu as instalações na companhia de todos os sócios que participaram no acto inaugural. Depois de percorrer os balneários dos homens e o das senhoras, e subir ao ginásio e às casas de banho que os desportistas podem usar sem ter de descer, o presidente do clube, André Pita, dirigiu algumas palavras a todos os membros do CP, que com o seu contributo tornaram possível esta "mistura de cimento, suor e carinho". Dentro de aproximadamente duas semanas, estima-se que vão chegar dos Estados Unidos as diversas máquinas para o ginásio. E dentro de pouco tempo vão começar as obras de remodelação do Bowling. Mas, como nos expressou Pita, "para começarmos com o Bowling, estamos à espera de que os sócios acabem de pagar as quotas que ainda estão em dívida".

Centro Portugues de Caracas PROGRAMA DO MES DE AGOSTO 2005 DOMINGO 07 VERBENA CENTRO LUSO DE TURUMO TURUMO. HORA: 11:00 AM LUGAR : FTE DE SOODA DOMINGO 14 PRESENTACIÓN DE TEATRO INFANTIL DE " LA CUCARACHITA MARTÍNEZ". LA HERMANDAD GALLEGA HORA: 5:00 PM LUGAR : SALON NOBRE DOMINGO 28 VERBENA PADRE PIO. HORA: 11:00 AM LUGAR : FTE DE SOODA


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Morreu António Figueira, o "patudo" Tábita Barrera

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o passado dia 28 de Julho, faleceu o senhor António Figueira dos Santos, conhecido como o "patudo". Já fez parte da junta directiva do Centro Português e, como tal, o presidente do clube, André Pita, informounos que o ex-membro da direcção "ao acelerar o carro bateu contra uma parede do estacionamento local". O "patudo" foi uma pessoa bastante reconhecida e querida dentro da comunidade lusa, no Centro Português, em Caracas, por ser um dos precursores da difusão cultural portuguesa. Os seus restos mortais foram velados e sepultados no Cemitério do Este, em Caracas, no dia 29 de Julho. Nascido na freguesia da Tábua, há 68 anos, António Figueira, desde muito cedo, ajudou o seu pai, que era comerciante de gado, e depois foi trabalhar para o Funchal, numa mercearia. Quando estava

na altura de cumprir o serviço militar, conseguiu, através de um coronel casado com a sua tia, adiar o prazo por um ano. Como, depois deste tempo de espera, atingiu a maioridade, fugiu para o Brasil, onde foi trabalhar com um tio numa padaria. Mas, como eram muitas horas de trabalho, decidiu comprar uma pequena distribuição de leite, um atrelado puxado por um cavalo. Depois de dois anos no Brasil, decidiu emigrar para a Venezuela, onde estava há 55 anos. Na terra de Bolívar, começou a trabalhar numa pequena mercearia e seis meses depois foi para a estrada velha que liga Caracas a La Guaira para comprar o Restaurante Buenos Aires e o restaurante "El Pauji". Voltou depois a Caracas e, juntamente com o seu irmão Júlio, na esquina principal de Santa Capilla, comprou o restaurante "Don Júlio". Daqui, já em 1961, viajou para a Encruzilhada de Maracay, para comprar o hotel e o restaurante "Bello Horizonte", tendo-se estabelecido ai até con-

António Figueira, o "patudo"

siderar que era tempo de sair. Actualmente, passava o tempo a jogar dominó com os amigos e a falar de matanças, pois o "patudo" era sempre chamado quando era preciso matar um carneiro, uma ovelha, um cabrito, etc. Há muito tempo, na casa do amigo Bernardo, matou quatro cabritos, ganhando a

alcunha de "mata-chivos". Os seus amigos costumavam dizer que aos 78 anos já tinha uma facilidade impressionante para matar e esfolar este animal. Os seus amigos apreciavam-no porque nunca estava triste. Estava sempre com boa disposição para uma "partidinha" de dominó e para beber um copinho.

BREVE Millennium ajuda a decorar lar O Banco Millennium doou três pinturas ao lar de idosos Padre Joaquim Ferreira, que está localizado na urbanização Los Anaucos Norte. Esta foi uma forma de colaborar com a decoração do recinto que alberga mais de trinta idosos. Ao acto, nas instalações do lar, assistiram o presidente e a vice-presidente da Junta Directiva, Maurílio dos Santos e Inocência da Silva, juntamente com a assistente comercial da administração, Sónia Simões, em representação da instituição bancária. Entre os planos que tem programado o Banco Millennium BCP, está continuar a fazer este tipo de doações a outras instituições e impulsionar uma campanha de ajuda aos lusodescendentes mais carenciados do país.


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Boicote da Organização Ibero-americana de pilotos Liliana da Silva

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Organização Ibero-americana de Pilotos assumiu grandes responsabilidades ao boicotar, no passado dia 27 de Julho, algumas linhas aéreas como medida de protesto contra os incidentes que atrasam, cada vez mais, o julgamento que envolve o co-piloto português Luís Santos. Esta medida insere-se numa série de acções que vêm sendo realizadas por esta organização para exigir maior intervenção e participação das autoridades portuguesas neste caso. O julgamento que deveria realizar-se a 26 de Julho foi novamente adiado para o dia 23 de Agosto, desta vez devido à ausência da advogada das três senhoras lusas envolvidas no caso, que são acusadas de tráfico de drogas, juntamente com o co-piloto e seis venezuelanos que continuam detidos em Caracas. Perante esta nova suspensão, a OIP, segundo noticiou a Agência Lusa, "está a fazer mais, não aceitando de ânimo leve que esta situação se perpetue"",

O caso do co-piloto português detido na Venezuela faz associação pressionar autoridades venezuelanas e portuguesas disse o capitão José Manuel Correia, membro desta organização. Se este protesto não servir de nada, a Organização Ibero-americana de Pilotos, que representa mais de vinte mil aviadores, vai tomar outras medidas, como continuar a boicotar determinadas linhas aéreas e países, voar sob protesto e alertar os passageiros sobre os riscos que estão a correr. MAIS PROTESTOS O Sindicatos de Pilotos da Aviação Civil (SPAC) também se fez ouvir nesta polémica que envolve o julgamento do co-piloto português, Luís Santos. De facto, a organização manifestou, várias vezes, o seu desacordo perante o tratamento que está a receber o seu colega, assim como pelos contínuos protestos

que violam, evidentemente, o direito a um julgamento justo e célere. O SPAC, juntamente com a associação dos pilotos portugueses da linha aérea, tem aproveitado a existência da revista Sirius (magazine de aviação e espaço) nos voos comerciais para colocar dentro dela uma folha em que denunciam algumas das injustiças que têm sido feitas contra Luís Santos e que afectam profundamente os seus fami-

liares. "Estes factos têm influído decisivamente no aproveitamento escolar e na sociabilidade do filho do piloto de 13 anos, que se encontra em Portugal, e por essa via, longe dos pais, corre sérios riscos de perder o ano lectivo devido a todas estas incidências e vicissitudes deste processo. Também por causa da preocupação, legitima e expectável, com a situação do pai", assinala este folheto.

Identificado suposto homicida do repórter fotográfico Carlos Orellana

ÅçêÉää~å~ÅçêêÉáç]Üçíã~áäKÅçã

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egundo dados fornecidos pelo Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais, o feito ocorreu no meio de uma briga que teve lugar no bloco 3 de Coche. Da discussão violenta resultou o assassinato do repórter fotográfico do diário El Globo, Gustavo Acevedo. Fui esta a conclusão que se chegou depois das declarações prestadas pelo cidadão português que o acompanhava no dia fatal. Depois de Humberto Jesus Dos Santos ter sido identificado como principal suspeito, escondendo-se durante vinte dias, o cidadão português compareceu na semana passada na sede da Cicpc para oferecer novas declarações sobre o acontecimento. Disse que estava com Acevedo quando ocorreu o incidente e que ele mesmo o terá levado ao hospital no seu carro.

Pedro Briceño, conhecido por "El Chino", foi identificado como o autor do ataque Depois se escondeu porque tinha medo de ter problemas judiciais com a morte do seu amigo. Um mês depois do crime, pudemos saber junto da polícia que o assassino do fotógrafo é um indivíduo chamado Pedro Briceño, conhecido como "El Chino", que logo depois de bater fortemente na vítima a terá empurrado por umas escadas a baixo. Dos Santos disse à polícia que efectivamente o fotógrafo esteve com ele na noite desse sábado, quando lhe pedira que o acompanhasse a buscar uma coisa. Quando chegaram ao bloco 3 de El Valle, pediu-lhe que esperasse no carro.

Diz que deixara, inclusive, a chave no carro e que, como Humberto estava a demorar muito, o fotógrafo Acevedo tentou ligar o carro. Várias pessoas das redondezas caíram em cima do fotógrafo pensando que ele estava a roubar o carro. Diz que quando chegou ao local encontrou o fotógrafo ferido e jogado no chão. Ao ver o seu estado, decidiu levá-lo ao hospital, mas ao saber que estava quase morto ficou com medo e decidiu deixá-lo ali e esconder-se, pois previa que iria ser culpado de homicídio. Apesar de Dos Santos ter mentido nas declarações inicialmente prestadas à polícia, não foi detido porque o Ministério Público não encontrou provas que o pudessem incriminar. Contudo, deve esperar o julgamento. Por enquanto, os corpos policiais estão a tomar as devidas diligências para apanhar Pedro Briceño.


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Lusodescendente luta contra a corrupção Mercedes de Freitas é directora da associação civil "Transparência Venezuela", uma organização que tenta prevenir e diminuir a corrupção no país. María Carolina Rosa

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participação em organizações de acção social e voluntariado sempre foram actividades que lhe disseram muito. "São parte fundamental da minha responsabilidade como cidadã", assegura, em entrevista ao CORREIO, Mercedes de Freitas, de 44 anos. Filha de pai português e mãe espanhola, sempre gostou de história e do desenvolvimento dos aspectos sócio-culturais dentro da comunidade. Estudou História na Universidade Central da Venezuela, o que lhe permitiu ocupar cargos de gerência em áreas de execução de projectos e planificação em empresas privadas, assim como em organizações civis nacionais e internacionais de carácter privado que promovem a democracia na Venezuela. Interveio como observadora internacional em vários processos eleitorais na América-latina; em 1995, participou na criação da "Fundação Venezuela 2020"; assumiu o cargo de consultora do "Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento" (PNUD); foi membro da junta directiva da "Associação Civil Queremos Eleger" e da fundação "Momento das Pessoas". Actualmente, faz parte da direcção de "Civitas Venezuela" e é directora executiva de "Transparência Venezuela", associação civil que pretende prevenir e diminuir a corrupção no país. A dirigente executiva de "Transparência Venezuela" considera que o alto índice de corrupção que há gera desconfiança nas instituições do Estado, aumentando os custos nos sistemas políticos, pois é necessário mais pessoal para supervisionar o trabalho dos organismos e empregados públicos. Por isso, entende que "é necessário contar com um sistema de justiça justo, com o qual os venezuelanos se possam sentir representados, um sistema que sancione e castigue todas aquelas pessoas que não cumprem a lei". Sente-se orgulhosa de ser lusodescendente, porque isto permitiu-lhe adquirir uma visão mais ampla e desenvolver vivências, através do conhecimento da história da Venezuela e da aproximação com a de Portugal e Espanha. Para além do mais, o facto dos seus pais serem emigrantes significa que são pessoas "fortes, muito empenhadas e responsáveis, porque tiveram uma acto de coragem ao deixar tudo o que conheciam pa-

ra ir para um lugar do qual só conheciam lendas, contos e fantasia", comentou-nos De Freitas. O que herdou da cultura portuguesa? A dedicação, essa mais-valia portuguesa de lutar pelas coisas e pelo trabalho. Penso que a herdei do meu pai e vi-a durante toda a minha vida. Já pensou alguma vez trabalhar em prol da comunidade portuguesa que vive na Venezuela? Claro, eu sou completamente venezuelana. Tenho pena deste país porque esta é a minha pátria e a minha casa. Mas também me sinto portuguesa e espanhola, são países muito próximos. Há um entendimento da língua, apesar de serem países diferentes. Os costumes são semelhantes, assim como essa coisa que não se pode explicar que é a cultura. Que aspecto sócio-cultural aportaria da Venezuela para Portugal e de Portugal para a Venezuela? Este país é, em grande parte, produto das emigrações portuguesas e espanholas, do que elas já fizeram em prol do Estado, pois elas têm trabalhado para o crescimento da Venezuela. Mas acho que assim como gosto da dedicação, do trabalho e da inteligência portuguesa, também adoro a alegria e a frescura dos venezuelanos. E estas características fariam bem aos portugueses. Já trabalhou várias vezes em diversas organizações que promovem a democracia na Venezuela. Porque é que se preocupa tanto em promover a cultura da democracia? É uma meta de vida. Para mim é importante porque estou convencida de que a felicidade dos seres humanos é construída por nós mesmos. Acho que cada um de nós tem a liberdade de eleição, de ser responsável pelos seus actos, mas há sistemas políticos que nos ajudam a ter melhores oportunidade que te permitam tomar melhores decisões. E é no sistema democrático onde as pessoas têm maior igualdade de oportunidades e a liberdade necessária para exercer as nossas acções. Que importância tem, para você, a participação cidadã na Venezuela? É vital. Acho que sem ela não há vi-

da. Penso que se não se quer que o sistema democrático morra, é preciso haver participação cidadã, pois as pessoas têm que se interessar pelo que acontece no sector público. Quais são as metas que ainda pretende atingir? Regressar a Portugal é uma das minhas metas. Fui quando era pequena e gostava de regressar. No âmbito laboral, gostava que "Transparência Venezuela" se convertesse numa grande organização, que tenha muitas pessoas associadas que se empenhem a fazer grandes estudos para que conseguimos construir métodos, sistemas que controlem e melhorem a corrupção e o sistema político. O país tem enfrentado problemas políticos, económicos e sociais fortes. Que percepção tem sobre o futuro do país como observadora internacional? Lamentavelmente, vêm ai momentos difíceis, que vão exigir a toma de decisões importantes, analisar e procurar formas alternativas às que já conhecemos para solucionar os problemas que tenhamos que enfrentar, ter melhores ferramentas para negociar e chegar a um acordo entre todas as partes onde o país seja o único beneficiário. A Venezuela teve uma pontuação

de 2,3 sobre 10 no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2004. Qual é a sua opinião perante este facto? Fatal. Estes índices são uma prova para que melhoremos. Espero que nalgum momento os políticos que têm nas suas mãos as decisões importantes comecem a tomá-las. Por enquanto, nós, como associação civil, continuamos a tomar decisões com provas concretas, medindo a corrupção nos municípios, nos diferentes pilares da luta contra a corrupção e dando a conhecer informação mais concreta sobre onde estão as debilidades do sistema para lutar contra ela. Quanto às recentes acusações e processos por parte do governo contra associações civis e alguns dos seus membros, qual é sua opinião? O Governo devia incentivar a participação dos cidadãos e eliminar os limites à participação que parecia estar a incentivar. Um sistema democrático e um bom sistema revolucionário requer de cidadãos e de associações civis alguma crítica do que fazem todos os governos. Para além disso, nós cidadãos temos que ser críticos. Essa é a nossa tarefa e o governo deve aceitá-la. Não se pode dar ao luxo de estar a impedir as organizações e a sociedade civil, acusando-as de assumir o seu papel de serem críticos.


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Centros Sociais de Barquisimeto ponderam unificação Trinidad Macedo

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"força do associativismo" foi o lema que marcou o III Encontro de Gerações. E na comunidade portuguesa e nas suas instituições, temos visto algumas provas de que a unificação funciona. Em Barquisimeto, Estado de Lara, está latente a ideia de unificar os dois clubes sociais portugueses existentes na região: o Centro Luso Larense e o Centro Atlântico Madeira. Até agora, têm-se realizado encontros para sondar as opiniões. Para a primeira reunião, foram convocados dez sócios e, para a segunda, trinta. A ideia de constituir estes pequenos grupos é analisar o tema com um grupo reduzido de pessoas e discutir os prós e os contras de uma futura união. A terceira reunião está marcada para os inícios de Agosto e pretende-se convidar cinquenta sócios de ambos os clubes. Os primeiros resultados dão conta de que cerca de 80% dos elementos que participaram nestes encontros se mostraram re-

Centro Atlântico Madeira

Fundação: 26 de Agosto de 1984 Presidente: Albertina de Sá Extensão Territorial: 9 hectares Sócios actuais: 400, aproximadamente Actividades recreativas: futebol, "bolas criollas", voleibol, dominó, ténis de mesa, futebol de salão, jogos de cartas, folclore juvenil e infantil Projectos futuros: concluir a obra da piscina olímpica

A união faz a força. É esta a ideia das direcções do Centro Luso Larense e do Centro Atlântico Madeira. ceptivos à ideia de unir os dois clubes sociais de Barquisimeto. Contudo, também têm surgido vozes que não estão de acordo com esta eventualidade, especialmente por parte do Centro Luso Larense. Os que estão contra alegam que os dois centros ficam bastante distantes um do outro e argumentam que o Centro Atlântico Madeira tem menos sócios e menos estruturas que o Luso Larense. De acordo com o que foi discutido nas reuniões, se a unificação vier a acontecer, os centros vão ser administrados por uma só direcção que teria o escritório num só clube, sendo nomeado um gerente para o outro centro. Os que estão a favor da união pensam que esta iniciativa outorgaria maior comodidade a todos os sócios. No caso específico do Centro Atlântico Madeira, que recentemente criou uma comissão de obras para culminar o projecto da piscina, a ideia de fusão poderá eventualmente

Centro Luso Larense

Fundação: 17 de Outubro de 1977 Presidente: Adelino Rodrigues Extensão territorial: 42 mil m2 Sócios actuais: 715 Actividades recreativas: campeonatos de natação internos e interclubes, futebol e "bolas criollas". Estudantina, aulas de musica, dominó e bingo. Projectos futuros: campo de ténis, ginásio, sauna e um cyber café

implicar o aumento das quotas. FALTA DE DINAMISMO Os portugueses que vivem em Barquisimeto, perfazem um total de cinco mil habitantes. No Estado Lara, este montante eleva-se aos dez mil. A importância numérica dos lusos nesta zona explica a existência de dois clubes portugueses. Em ambos, o dinamismo já não é o mesmo de épocas anteriores, declarou recentemente ao CORREIO o cônsul honorário de Barquisimeto, Pedro Ferreira. O funcionário fala com conhecimento do tema, pois actualmente pertence aos dois clubes e visita-os todas as semanas. "Os cidadãos portugueses que vivem em Barquisimeto deviam participar mais activamente nas actividades feitas pelas nossas instituições. Um clube sem sócios não é um clube", assinalava Ferreira. O cônsul pensa que a presença de conterrâneos está a diminuir nos centros, sobretudo pelo excesso de trabalho, pela insegurança e pela situação económica actual. "Durante a semana, os que vão ao clube são principalmente os venezuelanos", disse.

BREVE 17 anos em festa "Portugal em Festa" é o nome do programa dirigido à comunidade portuguesa e a todos os ouvintes da música e apreciadores dos costumes lusos que residem em Barquisimeto e nos arredores. O produtor deste programa é o conhecido empresário João Silva, natural da Madeira, que desde 30 de Julho de 1988 está à frente da programação deste espaço que está agora a comemorar o seu 17º aniversário. Inicialmente, ouvíamo-lo pelo sinal da Rádio Barquisimeto, mas actualmente é transmitido por Cima 94 FM, de onde chega a toda a comunidade portuguesa com a sua vertente musical, mantendo vivo o sentimento e a nostalgia da sua terra. Também inclui na sua programação o acontecer desportivo, especialmente de futebol nacional e português. Silva, desde jovem, sempre gostou muito de música. Nos seus primeiros passos nos meios de comunicação, fez parte da revista Saudade e do semanário Voz de Portugal. Foi promotor de jovens com talento musical da região. "Portugal em Festa" é transmitido todos os domingos das seis às nove da noite.


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12 HISTÓRIAS DA VIDA

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Gerente aos 19 anos Manuel F. Vieira dos Santos `~ê~Å~ë

F

oi em 1961 que cheguei ao porto de La Guaira, dando graças a Deus por poder tocar em terra firma, pois já não tinha mais nada no estômago para vomitar. Antes de vir, era um menino mimado de Oliveirinha da Moita, em Aveiro, o maior de quatro irmãos. Não queria continuar a estudar, mas também não queria deixar os meus amigos e a minha família para viajar até à Venezuela. Mesmo assim, um grande amigo da família, Manuel do Paço, convenceu-me a emigrar. À procura de alguma coisa diferente, apresentei-me à minha mãe e disse-lhe: "vou para a Venezuela". Comecei a tratar da papelada e, desde esse momento, senti umas cócegas no estômago pelo receio de deixar a minha família, os amigos e tudo o que conhecia. Recém-chegado e com apenas doze anos, vivia num quarto em Monte Cristo com o meu pai, mas ficava muito tempo só. Por isso, comecei a acompanhar um vizinho que distribuía peixe nas redondezas.

Rapidamente converti-me num vendedor e distribuidor de um supermercado em Boleíta. Naquela altura, já sentia saudades da melancolia do meu país. Não conseguia comer e cada vez estava mais magro e, por isso, cada vez que entregava peixe as senhoras das casas tinham pena de mim: sentavam-me à mesa e davam-me um prato de comida. Num supermercado de Los Palos Grandes, um familiar do dono abriu um negócio em La Guaira e trabalhei com ele a fazer de tudo um pouco. Acordava às seis da manhã e trabalhava até às dez da noite. O horário era muito pesado e, uma vez mais, apareceu-me à frente Manuel do Paço, que me levou à Central Madeirense. Nesse mesmo dia já estava a trabalhar com eles. Comecei na sucursal da zona do "23 de Enero", Nos cafés. Depois, passei para chefe de compras e, aos 17 anos, já era sub-gerente da sucursal de Simón Rodríguez. Depois cheguei a gerente, e era o mais jovem da cadeia, pois só tinha 19 anos. Lembro-me que, nessa altura, como eu, havia muitos portugueses recém-chegados que ao começarem a trabalhar na

A última foto que o emigrante tirou com a mãe e irmãos antes de embarcar para Venezuela

Primeira vez que Manuel Vieira e outros portugueses da Central Madeirense usaram uma roupa formal, para irem a uma festa

Central Madeirense encontrámos mais do que uns colegas de trabalho, éramos como uma grande família. Sentia-me muito bem, pois davam-me lugar para ficar e comida. Assim podia mandar tudo o que ganhava para a minha mãe e para as minhas irmãs, em Portugal. Nas minhas horas livres, gostava muito de ir ao cinema e ver filmes mexicanos, ir à praia, à pesca com os meus amigos e ver jogos de futebol no Estádio Olímpico. Depois da jornada

Vieira dos Santos no seu trabalho actual como gerente da sucursal de Unicasa, em Guatire

desportiva, regressava a pé para casa, em Los Flores de Cátia. Íamos de bar em bar tomar uns copos. Eram outros tempos. Encontrei o amor no meu local de trabalho. Era a nova secretária da sucursal da Av. Victoria, onde eu era gerente. Tivemos que manter o nosso namoro em segredo, pois ela era uma colega de trabalho e, segundo as políticas da empresa, não era permitido. Depois de três anos de namoro, casamos, tivemos dois filhos, uma menina que hoje é comunicadora social e um menino que está quase a terminar o curso e a ser colega da irmã. Depois de 25 anos de trabalho com a cadeia Central Madeirense, recebi uma condecoração do Ministério do Trabalho e surgiu a oportunidade de ter o meu próprio negócio. Desta forma, juntamente com o meu irmão, abrimos o supermercado Los Dos Cerritos, em La Guaira. Estivemos com ele durante treze anos, mas decidi-

mos vendê-lo por causa da insegurança da zona. Fiz-me sócio de outra cadeia de supermercados, a Unicasa, e actualmente sou gerente da sucursal de Guatire. Dou graças a Deus todos os dias por causa dos encantos desta terra que me acolheu. Embora no início foi duro, acho que valeu a pena.

Participe! Esta secção, denominada "histórias de vida" é uma rubrica patrocinada pelo banco Millennium, que oferece como prémio final uma viagem a Portugal. Para participarem, os concorrentes só têm que nos enviar - por escrito ou através de fotografias - uma história de um ou vários emigrantes na Venezuela. Os documentos enviados têm que estar devidamente identificados, sendo que os mesmos são depois seleccionados consoante o seu conteúdo. Os documento têm que estar devidamente identificados e devem ser enviados para correio@cantv.net, aindax1@yahoo.com e correiodecaracas@yahoo.com.


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CORREIO DE CARACAS - 4 DE AGOSTO DE 2005

Irmandade galega junta folclore de emigrantes Jean Carlos De Abreu

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N

o próximo dia 22 de Outubro, a sede da Irmandade Galega de Caracas vai ser palco do encontro para as comemorações do XXVI Festival de Danças Folclóricas Internacionais.

Neste evento musical, vão ser apresentados vinte grupos de diferentes nacionalidades e etnias folclóricas. O festival visa mostrar o melhor das danças e das tradições que os emigrantes trouxeram à Venezuela. Em 1980, o Lar Lusitano, agora conhecido como a Casa Portuguesa de Valencia, foi o clube anfitrião do primeiro Festival de Danças Folclóricas Internacionais no país, que tem como principal objectivo ressaltar os costumes, as tradições e as danças

típicas de cada Nação. À medida que passou o tempo, "foram participando no evento outros grupos regionais, europeus e latinoamericanos". Assim, conseguem mostrar em palco diferentes danças que enaltecem tradições das comunidades emigrantes. Natale La Rocca é o subdirector e fundador do grupo "Arlecchino" do Centro Ítalo-venezuelano de Caracas. Explicou, ao CORREIO, que há 26 anos, por iniciativa dos portugueses, realizou-se esta "reunião de culturas para se enriquecerem umas às outras e não esquecer as raízes de cada país". Mesmo assim, La Rocca informou que o grupo vencedor vai organizar o próximo festival, mas não pode concorrer no concurso do baile tradicional, mas sim na selecção do traje típico e da

CULTURA 13 Agenda dos clubes sociais CASA PORTUGUESA (Valencia) . 5 de Agosto: Realiza-se um "Atardecer Llanero" CENTRO LUSO LARENSE (Barquisimeto) . Foi inaugurado o tobogán da piscina . Dentro de dois meses será inaugurado o projecto do salão de jogos e de damas. . No dia 1 de Setembro inauguram-se os três campos de ténis e balneários com sauna para senhores e senhoras. CENTRO ATLÂNTICO MADEIRA CLUB (Barquisimeto)

melhor madrinha. Dentro dos grupos folclóricos, podemos constatar a participação de pessoas da comunidade venezuelana e peruana por terem algum "feeling" com os grupos que os acolhem para a dança. "Isto acontece por causa da integração, pois alguns são euro-venezuelanos", rectifica La Rocca. O Grupo Folclórico Inter-

nacional Centro Luso de Caracas, o Grupo Folclórico Centro Social Madeirense e o Grupo Folclórico do Centro Português, em Caracas, são as três confrarias lusas que participarão neste festival, representando diferentes áreas como os Açores, a Madeira e o continente português. Neste momento, os grupos estão na etapa final dos ensaios.

. 21 de Agosto: Festa da Virgem do Monte. A partir das dez da noite . 3 de Setembro: Festa do aniversário do clube CENTRO PORTUGUÊS PUERTO ORDÁZ . 25 de Julho: Início do Plano de Férias Desportivo e Recreativo para crianças até aos doze anos. Actividades: ténis, "futbolito", passeios em lancha. Horário - De terças a sábados das oito da manhã às duas da tarde 45 mil Bs. semanal, com direito a um refrigerante.


14 TRAÇOS DE PORTUGAL

CORREIO DE CARACAS - 4 DE AGOSTO DE 2005

Machico

Um pouco de história

está em festa Sónia Gonçalves

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É

impossível descrever as cidades da Madeira sem falar em mudança, evolução e transformação. É que, nos últimos anos, a Região evoluiu no seu todo e, particularmente, as grandes cidades ganharam novas infra-estruturas, apresentando-se como novos centros de atracção turística. O mesmo aconteceu com Machico, uma cidade que oferece hoje aos seus habitantes uma série de novidades que deixariam qualquer emigrante que não visita a Madeira há alguns anos de "boca aberta". A cidade, localizada na costa Leste da ilha da Madeira, a cerca de 22,1 Km do Funchal, detém um porto de pesca e é também uma atraente estância turística. Machico sempre foi uma terra primeira. Foi o berço da redescoberta, no século XV, onde aportaram Zarco e Tris-

A histórica cidade recebe durante esta semana milhares de visitantes que não perdem por nada a XX Semana Gastronómica tão Vaz (ver destaque). Aqui iniciou-se a colonização madeirense e constituiu-se a primeira capitania da Madeira. A história da Madeira começa em Machico, que é considerado "padrão memorável da expansão lusíada e marco indelével da afirmação do arquipélago". O concelho de Machico tem cinco freguesias: Machico, Caniçal, Porto da Cruz, Santo da Serra e Água de Pena; tem cerca de 22 mil habitantes (Census 2001) e realiza anualmente uma série de festas que levam à cidade e às diferentes freguesias milhares de pessoas. Nesta semana, está a decorrer uma das festas mais importantes do concelho, a

Semana Gastronómica de Machico, que já vai na vigésima edição. A festa foi apresentada pela Câmara Municipal como a mais diferente de todas as que já se realizaram. E as razões são muitas: os acessos à cidade foram melhorados, a autarquia adquiriu barracas mais modernas e o local da festa já não é o Largo da Praça, mas a nova frente-mar, junto ao recém inaugurado Forum Machico. Depois, fezse um investimento maior na contratação de artistas, que nesta vigésima edição são internacionais. No fim-de-semana passado, actuaram os Xutos & Pontapés e, no próximo, o destaque vai para a actuação de Daniela Mercury, a 6 de Agosto. Mas, para além desta festa, há outras que também conseguem atrair muitas pessoas a Machico: a Festa da Uva, a da Sidra e a de São Martinho, entre outras. A frente-mar da cidade de Machico é hoje uma das mais belas que a Madeira possui.

Património a destacar: - Igreja matriz. Numa agradável e histórica praça em frente ao edifício da Câmara Municipal de Machico, ergue-se a Igreja Matriz de Machico mandada construir pela família dos Capitães - Donatários. De finais do Século XV e princípios do século seguinte, ainda mantém as suas características arquitectónicas primitivas, do gótico final/manuelino.

- Capela de S. Roque No extremo oeste de Machico vislumbra-se a Capela de São Roque que foi reconstruída no século XVIII em substituição da primitiva capela que se encontrava em ruínas. A primeira capela foi construída em finais do século XV para cumprir um voto feito pelo segundo Capitão- Donatário de Machico, por atribuir a S. Roque o milagre de pôr fim à peste que grassava em Machico

- Capela de Nosso Senhor dos Milagres. Situa-se no Sítio da Banda D' Além na proximidade das majestosas Figueiras da Índia. A tradição historiográfica refere que foi uma das primeiras ermidas a ser edificada na Madeira, sob o túmulo dos lendários Machim e Ana d'Arfet. O templo foi várias vezes assolado por devastadoras aluviões, tendo a mais gravosa a de 9 de Outubro de 1803, destruindo quase por completo toda a capela.

- Forte de S. João Baptista estrategicamente situado no alto de uma falésia, encontramos o Forte de S. João Baptista. Foi construído por ordem do Governador da Madeira, Capitão General Duarte Sodré Pereira, no ano de 1708 (segundo a inscrição que encima o pórtico de entrada). Chama-se, também Forte do Desembarcadouro, porque ali perto desembarcaram os descobridores da ilha. O interior contém uma capela neogótica dedicada ao santo que dá o nome à fortaleza.

Junto ao mar, foi construído o Forum Machico e, em toda uma extensa praça, as palmeiras e as amplas áreas pedonais convidam os residentes e os visitantes a percorrer essa área e deixar-se levar, pela promenade, até à marina, que oferece uma série de cafés que atraem diariamente centenas de pessoas que gostam de apreciar o mar, conviver e ouvir música. O património cultural apresenta-se como um recurso inigualável no contexto dos valores culturais do concelho de Machico. O percurso das veredas e dos caminhos, muitos de pedra calcetada, permite o contacto com as coisas de significado histórico, religioso, económico e social. Todas essas coisas, que na contemporaneidade se chamou de património, revelam os traços culturais de uma colectividade. São os monumentos, as casas simples, as pontes, as calçadas, as levadas, as chaminés, as veredas, os telhados, etc. Todos eles indicadores dos valores da nossa memória.

Em Julho de 1419 João Gonçalves Zarco e Tristão "das ilhas" desembarcaram na formosa praia de Machico. Dava-se, assim, início à gloriosa epopeia dos descobrimentos portugueses. Muitas hipóteses se têm levantado acerca da origem do nome de Machico. A mais conhecida, e não menos polémica, reside na lenda romântica dos malogrados amantes ingleses Robert Machim e Ana d´Arfet, que terão sido os primeiros habitantes da ilha. Verdade ou não, parece que o nome desta localidade advém da corruptela da palavra Machim. A 8 de Maio de 1440 o infante D. Henrique doa a Tristão Vaz e seus descendentes a Capitania de Machico. Esta localidade torna-se, assim, a primeira sede de capitania do arquipélago da Madeira. Ainda no século XV, aparecem os primeiros engenhos que transformam a cana em "pães de açúcar" que são exportados para toda a Europa.


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LAZER 15

A lente da máquina fotográfica de Paco Garret tem fotografado durante trinta anos diferentes gerações de portugueses, desde o baptizado ao casamento.

"Tecnologia ameaça a fotografia" Carlos Orellana

que comprar as fotos que eu vendo. Isto faz com que já não se vendam tantas fotos como antes.

rancisco Manuel de Almeida Garret Ferreira, mais conhecido por "Paco Garret", nasceu em Caracas e cresceu em Portugal. Chegou à Venezuela aos 23 anos e leva 25 como fotógrafo Professional neste país. Em 1987, teve a oportunidade de receber os prémios "Ordem Mérito ao Trabalho" e "Ordem Diego de Losada", entre outros mais que destacam trinta anos de trabalho como repórter fotográfico que cobriu diversos eventos que incluem gerações de portugueses desde que são baptizados até que se casam. Através da sua lente, teve oportunidade de fotografar personalidades como Daniel Ortega, Daniel Morais, a rainha da Inglaterra, o Papa João Paulo II e os presidentes George Bush, Mário Soares, Jaime Lusinchi, Carlos Andrés Pérez e Fidel Castro, entre outros. Garret estudou Arquitectura e licenciou-se logo de seguida em Comunicação Social, na especialidade de Audiovisuais. Mas a tentação pelo mundo da fotografia e os conselhos do seu irmão, que também percebe desta arte, fizeram com que soubesse que não basta um simples flash para fazer fotografia. Como tal, fez estudos de fotografia em New Jersey e Filadélfia, através da associação "Profition Fotografic of American", para além de uma série de cursos que abordam diversos pontos da fotografia. De pai lisboeta e mãe madeirense, este lusodescendente que tem sotaque português comentou-nos que tem sido membro de diferentes associações dentro da comunidade portuguesa e se considera um "defensor dos direitos sociais" da mesma.

Já pensou deixar o seu trabalho como fotógrafo? Não. Enquanto tenha vista vou continuar a desfrutar disto. Adoro a fotografia e, para além do mais, ela me tem trazido muitos prazeres.

ÅçêÉää~å~ÅçêêÉáç]Üçíã~áäKÅçã

F

O que mais gosta do mundo da fotografia? A felicidade das pessoas quando gosta do meu trabalho. Para mim, não é importante quantas fotos me compram, mas que o cliente esteja satisfeito com a qualidade das fotos. Acha que ser fotógrafo na Venezuela é uma profissão bem remunerada? O problema actual é a tecnologia. Embora seja um pouco contraditório, a tecnologia ameaça a fotografia. As pessoas compram uma foto, fazem um scanner desta no computador e disponibilizam-na na Internet a um grupo de pessoas que já não têm

Paco Garret já recebeu os prémios “Ordem Mérito ao Trabalho” e “Ordem Diego de Losada”, que destacam trinta anos como repórter fotográfico

Qual foi a sua pior experiência neste campo? No primeiro golpe de Estado que deram na Venezuela estive a fazer fotografias desde um terreno perto do hospital de Coche e um soldado das Forças Armadas me deteve com uma arma grande apontada à cabeça. Atirou-me ao chão e tirou o rolo da minha máquina. Mas graças a Deus fiquei bem porque tinha a minha documentação jornalística em dia. De qualquer forma, o susto não o vou esquecer, pois faz parte da minha vida de repórter fotográfico de guerra. Com as suas viagens, já teve a oportunidade de conhecer diferentes comunidades portuguesas ao nível mundial. O que tem a dizer particularmente da comunidade portuguesa que reside na Venezuela? Como a comunidade lusa que está neste país não conheço nenhuma. Já tive a oportunidade de apreciar que normalmente as pessoas da comunidade, embora sejam muito dedicadas ao trabalho, tiram algum tempo livre para descansar. E a prova disso é a quantidade de actividades culturais que se realizam no país. Qual foi a foto que mais o marcou? Marcou-me muito a que fiz a Daniel Morais, quando lhe fizeram um busto no Centro Português. Foi uma foto que me impressionou porque não é fácil na vida de um fotógrafo retratar o reconhecimento ao trabalho de um homem que recebe em vida tal mérito. E fui quem teve a responsabilidade de captar esta imagem. Fotógrafo compulsivo Paco Garret tem sempre nas mãos uma máquina fotográfica para tirar fotos instantâneas, tanto com a família como com os diferentes eventos da comunidade. Brevemente vai viajar a Portugal para adquirir novos equipamentos tecnológicos para o seu trabalho.


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Emigrantes de volta Agosto continua a ser o mês privilegiado por quem procurou noutros países um futuro melhor. Novas gerações já não pensam exclusivamente em mandar dinheiro Eduardo Pinto Egk=J=mçêíìÖ~äF

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sto é só despachar o último trabalho para nos pormos a andar para Portugal". As palavras de Fernando Fernandes, 34 anos, empresário no ramo da construção civil, soavam determinadas "Isto é muito bonito, fazemos cá a nossa vida, mas chega a Agosto e a gente tem que ir para a nossa terra". Fernando vive com a mulher e duas filhas em Pavillon sous Bois, na zona de Paris. Tal como eles, este mês, dezenas de milhares de emigrantes em França juntam-se, em Portugal, à família que há anos deixaram para

construir melhor futuro em paragens menos madrastas. Fernando ainda utiliza o método tradicional: a viagem de carro ao longo de 1.400 quilómetros. Mas há muitos que já utilizam o avião, por ser mais rápido e cómodo. Norberto Nogueira chegou na semana passada a Sanfins de Castanheira, em Chaves, de carro. "Se tivesse sabido antes do avião para Bragança já vinha nele", disse. Manuel Mina, 42 anos, natural de Carção, Vimioso, diz que muitos emigrantes fogem do fim-de-semana "por causa da confusão". Só lá para 10 de Agosto é que virá ver os seus, mas, a esta hora, Fernando já deve ter abraçado a família e os

amigos em Santulhão, aldeia do mesmo concelho. As festas das respectivas localidades não se podem perder, mas uns dias na praia também fazem parte do projecto de férias deste ano. Na passada semana, em fase de arrumações para as férias, houve ainda tempo para um convívio de amigos. Um dos muitos que os emigrantes costumam fazer em casa uns dos outros, sobretudo quando são vizinhos. Antes do jantar, presunto, salpicão "do bom, do caseirinho", avisava Fernando, regado com cerveja e uísque. Uísque? "Sim, aqui bebe-se muito antes do jantar, é quando cai melhor", asseverava. Entre dois copos comentam-

se as diferenças de ser emigrante hoje e antigamente. Essa de só pensar em trabalhar para mandar o dinheiro para Portugal já foi chão que deu uvas. A geração mais recente não é propriamente do tipo "esbanjadora", mas já gosta de gastar algum dinheiro em diversão, roupa e outras comodidades. Nos últimos anos tem-se mesmo assistido ao investimento em casas próprias em França, com mais condições de conforto, ao invés da construção na terra natal. MAIS FORÇA DE VONTADE Sem falsas modéstias, estes emigrantes assumem que entre todos os que se radicaram em

Paris, o português "é o que tem mais força de vontade para trabalhar e para ganhar umas coroas", destaca Manuel Mina. Daí que na construção civil o português tenha ganho, nos últimos anos, um estatuto diferente e muitos deles "ou são patrões ou encarregados". Esta liderança alargou-se ao sector da restauração e bebidas. No entanto, sabendo-se como o português gosta de frequentar os bares e cafés e como esse hábito é praticamente diário, não custa imaginar que ou se ganha bem ou não dá para tanto. É este modo de vida do emigrante actual que ajuda a explicar a quebra nas remessas de dinheiro enviado para Portugal.

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Universidade valoriza produtos tradicionais Escola Superior de Biotecnologia do Porto desenvolve segurança. Melhorar requeijão e queijo da serra são trabalhos em curso Virgínia Alves

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A

segurança alimentar, os possíveis riscos de contaminação de alimentos, são preocupações de consumidores e industriais do ramo. Mas, como se garante essa segurança? Através de prolongadas e aturadas investigações laboratoriais, como as que são realizadas no Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, laboratório associado de Estado, desde Dezembro de 2004. Com projectos em diferentes áreas, o Centro desenvolve há vários anos investigações dos lacticínios tradicionais e dos novos, como os produtos funcionais, por exemplo os iogurtes probióticos, "que têm um efeito positivo na nu-

trição e também são utilizados na prevenção de saúde e até no tratamento de doenças crónicas", referiu Xavier Malcata, director da Escola. Esse tipo de alimentos, têm um "carácter apelativo para a indústria e para o consumidor. Todos gostariam de os colocar no mercado, mas têm que ter uma alegação de saúde, o que a maioria desses produtos não tem. O desafio é provar os seus benefícios", salientou. Isto implica uma bateria de testes laboratoriais a que se segue a avaliação do efeito que a ingestão do produto tem no ser humano."É um trabalho moroso e caro, mas é a única forma de garantir a segurança alimentar, especialmente com produtos enriquecidos", referiu o responsável. Estão a tentar desenvolver o requeijão probiótico" e a equipa de investigadores está também a estudar uma forma de o preservar por mais tempo.

A Escola de Biotecnologia tem também feito diversos trabalhos sobre a caracterização do queijo da serra, a nível químico, microbiológico e textural. É necessário perceber a sua composição, "que tipo de microorganismos é que existem e os que ocorrem por contaminação durante o processo de fabricação. É importante perceber que microrganismos tem e os que são importantes purificar", referiu o responsável. Xavier Malcata salienta que "não basta que os produtos sejam tradicionais também têm que ser seguros" e "é isso que estamos a desenvolver em relação a diversos produtos, a melhorar o nível de segurança microbiológica"."São uma oportunidade de mercado, interno e externo, e temos a responsabilidade moral de tentar que sejam preservados e melhorados, mas nada pode ser feito sem segurança".

BREVES Manuela Torjal faleceu

Manuela Tojal, a famosa estilista portuguesa, padecia há cerca de três anos de cancro. Depois de várias intervenções e de tratamentos através de quimioterapia, acabou por falecer no sábado passado, no Instituto Português de Oncologia, no Porto. Ainda há menos de um mês tinha desenhado o vestido da noiva mais mediática de Portugal, Catarina Furtado.

Menos 38,3% de remessas em três anos

As remessas dos emigrantes acumularam perdas de 38,3% entre 2002 e 2004 e a tendência mantém-se nos primeiros cinco meses deste ano, face ao período homólogo de 2004. De acordo com o Banco de Portugal, o ano da maior queda foi 2002, quando o valor total das remessas baixou de 3,736 mil milhões para 2,844 mil milhões de euros (menos 23,89%). Em 2003 os emigrantes enviaram 2,496 mil milhões de euros para bancos em território nacional, uma queda de 12,21% face a 2002. O ano de 2004 ficou marcado por um abrandamento da diminuição das remessas, que baixaram para os 2,496 mil milhões de euros (menos 2,16%).


18 REPORTAGEM

CORREIO DE CARACAS - 4 DE AGOSTO DE 2005

Empresários visitam Venezuela para ver potencial do país Albuquerque, presidente da Câmara do Funchal, traz comitiva com a finalidade de mostrar possibilidades de investimento Sónia Gonçalves

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U

ma comitiva de empresários madeirenses vai visitar a Venezuela para ver o potencial do país. O presidente da Câmara Municipal do Funchal, que já visitou várias vezes a Venezuela, vai trazer os potenciais investidores para que estes constatem que, sobretudo na área do turismo, há muito por fazer. Miguel Albuquerque considera que a Venezuela é um país "lindíssimo" e entende que este nunca foi seriamente encarado em termos de exploração económica. Para tal, leva um grupo de po-

tenciais investidores ao país, mas considera que só isso não basta. "É preciso fazer parcerias económicas entre a Venezuela e Portugal" porque a terra de Bolívar "tem um bom potencial para a expansão de empresas portuguesas", assegura. O autarca ressalva que, por parte das entidades da Venezuela, tem de haver "garantias de estabilidade e segurança", pois a insegurança do país afasta muitas vezes os olhos dos potenciais investidores. Também para atrair o investimento, Albuquerque considera fundamental a melhoria de acessibilidades, o que passa pelo aumento de voos regulares, "como já se faz para o Brasil". Da mesma forma, o edil do

Funchal destaca que está receptivo para investimentos de empresários emigrantes e lusodescendentes que queriam apostar no mercado madeirense. E é este também um dos objectivos de uma parceria económica luso-venezuelana, sendo que a Madeira oferece várias possibilidades de investimento, nomeadamente na área da restauração e mobiliário. "Há alguns exemplos de empresas que se têm expandido para os Estados Unidos da América e para a Espanha continental. A Madeira e Portugal são também possibilidades, lembra o autarca, que se disponibiliza para prestar apoio aos interessados.

Obstáculos dos emigrantes e lusodescendentes Sónia Gonçalves

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pesar dos números do desemprego na Madeira serem mais animadores do que no continente, a verdade é que a taxa de desemprego é cada vez mais alta. Assim, muitos lusodescendentes que decidem fixar-se na terra dos pais enfrentam este problema, que atinge dimensões maiores se tivermos em conta que o perfeito domínio da língua é, muitas vezes, outro obstáculo. O presidente da Câmara Municipal do Funchal refere que a equivalência de cursos superiores é também outro dos problemas dos emigrantes e lusodescendentes. "É um inferno conseguir equivalência porque o actual sistema de ensino português é um sistema de lobbies ", critica Miguel Albuquerque, que entende que burocratas portugueses julgam que os cursos portugueses são os melhores do Mundo. "Mas são é os mais demorados...", ironiza. "Também uma das barreiras é

Desemprego, dificuldades de equivalência e um espaço limitado são algumas das barreiras a ultrapassar que as segundas e terceiras gerações, quando chegam à Madeira, têm problemas de escala", pois os filhos de portugueses emigrantes estão habituados a estar num espaço continental ilimitado e passam a fazer vida num território "fechado", destaca. GABINETE DE APOIO NA CÂMARA Os emigrantes e os luso-descendentes que chegam à Madeira podem contar com diferentes apoios, nomeadamente com um gabinete que recebe os cidadãos e os informa sobre as mais variadas questões burocráticas que surgem. O Gabinete de Atendimento e

Informação da Câmara do Funchal é genérico e recebe muitos emigrantes e lusodescendentes que procuram apoio para legalizar situações, como obras e recuperações. Mas o gabinete não se fica por aqui. Procura orientar as pes-

soas para eventuais problemas, sendo que reencaminha muitos emigrantes e filhos de portugueses para o instituto público "Investimentos Habitacionais da Madeira" e para o Centro Regional de Emprego.

"Não há discriminação" Ao contrário do que pode acontecer noutros países e regiões de Portugal, na Madeira os emigrantes que regressam e os seus descendentes não são discriminados. O presidente da Câmara Municipal do Funchal explica-nos que isto acontece porque "toda a gente tem um familiar que tenha emigrado", um facto que aumenta a compreensão dos madeirenses. Outra das vantagens dos emigrantes e lusodescendentes é que têm na Região associações e organizações que os ajudam na integração. Para além do Centro Social Madeirense, a associação Abril, a Casa Bolivariana de la Cutura Venezolana e a organização "Venezuela.com. pt" são locais e associações que permitem aos lusos uma melhor adaptação.


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REPORTAGEM 19

Câmara do Funchal disposta a ajudar Lar de Maracay As obras do Lar de Maracay estão paralisadas por falta de verbas. A ajuda de Miguel Albuquerque vai ser, com certeza, bem-vinda Sónia Gonçalves

ëÖçåÅ~äîÉë]ÇåçíáÅá~ëKéí

A

s dificuldades económicas que enfrentam os emigrantes que estão a construir o Lar de Maracay comoveram o presidente da Câmara Municipal do Funchal. Miguel Albuquerque diz-se disposto a ajudar a comunidade e espera brevemente poder visitar a Venezuela. Em entrevista ao CORREIO, o edil referiu que a autarquia funchalense apoiou a construção do Lar Padre Joaquim Ferreira e está disposta a ajudar este grupo de emigrantes que, de uma forma voluntária, está a construir este novo lar. De referir, é que a Câmara Municipal do Funchal contribuiu com cerca de 35 mil euros para a construção do lar de idosos em Caracas. Miguel Albuquerque adverte, contudo, que a Câmara também não dispõe de muitas verbas, mas credita que o próprio Governo Regional não se importaria ajudar a concretizar uma obra tão importante como esta. Lembre-se que, como foi publicado recentemente, as obras do Lar de

Maracay estão neste momento paradas devido à falta de verbas. O emigrante que assumiu a liderança da obra, Nélson Coelho, diz que já foram investidos cerca de 1.200 milhões de bolívares na estrutura, mas faltam ainda mais 800 milhões. Com o dinheiro que conseguiu angariar, a comissão de obras fez a estrutura de cimento, mas faltam ainda os acabamentos e o recheio deste lar. Esta obra está desenhada para possibilitar o alojamento de uns 63 idosos, que vão ficar hospedados em quartos duplos com casa de banho privativa. As instalações vão ter três consultórios médicos e um odontológico, três salas de estar, sala de jantar com capacidade para acolher cem pessoas, cozinha, lavandaria, uma zona de engomar e escritórios para a administração. O prédio tem três andares e um elevador, que se revela fundamental para possibilitar uma estadia mais cómoda para os idosos. Tudo isto num terreno de cerca de 1.900 metros quadrados que foi cedido pela Casa Portuguesa de Maracay durante cinquenta anos.

O papel da comunidade

"É fundamental que a comunidade esteja representada nos diferentes cargos políticos do país". É este o conselho que o presidente da Câmara Municipal do Funchal deixa à comunidade lusa que reside na Venezuela. Miguel Albuquerque sublinha que só assim os emigrantes e os lusodescendentes estão

representados nas diferentes áreas, conseguindo lutar pelos seus direitos. O autarca fala-nos do peso que a comunidade tem na Venezuela e destaca que esta tem conseguido, nos últimos anos, fazer-se notar mais. Exemplo disso, evidencia, é a realização do Encontro de Gerações, que é organizado pelo

CORREIO, e o facto de haver já um jornal da comunidade. Sobre o CORREIO, Miguel Albuquerque disse que o jornal "tem um papel de ligação importante entre Portugal e a nossa comunidade". E acrescentou: "permite manter vínculos culturais, afectivos e económicos entre os dois países".


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Mar e serra em poucos passos Miguel Albuquerque convida emigrantes e lusodescendentes a investirem no Funchal, que se apresenta hoje totalmente renovado Sónia Gonçalves

ëÖçåÅ~äîÉë]ÇåçíáÅá~ëKéí

N

um curto espaço, o Funchal oferece paisagens belíssimas junto ao mar e excelentes áreas na serra que convidam a passeios e à realização de piqueniques. "O Funchal oferece óptimas condições, não só para quem vem de férias como também para os que decidem ficar por cá", assegura-nos, em entrevista ao CORREIO, o presidente da Câmara Municipal do Funchal Miguel Albuquerque. Conforme nos explica o autarca, "a cidade está dotada de complexos balneares de grande qualidade e, futuramente, vai contar com mais um projecto importante, o Complexo do Toco". Assim, para além do Lido, da Barreirinha, da Ponta Gorda, da Doca do Cavacas e da Praia Formosa, não longe do centro, os interessados vão poder frequentar também um novo complexo que vai ter uma praia de areia amarela artificial, marina para duzentos barcos, habitações e hotéis. O investimento que está a ser feito pela autarquia pretende despertar o interesse a privados, que podem apostar nas potencialidades desta nova zona, que vai custar cerca de 350 milhões de euros.

Também na Praia Formosa, a Câmara prevê transformar completamente a actual praia de calhau, que vai passar a ser de areia amarela. A zona será totalmente renovada, transformando-se, também, numa área de grande potencial de investimento. Há poucos quilómetros das praias, o Funchal destaca-se pelas excelentes áreas de campo que tem. No Parque Ecológico do Funchal, há cerca de mil hectares com zonas próprias para piqueniques e, recentemente, começou-se a fazer no local passeios de burro, um novo atractivo que tem cativado turistas e residentes. O centro da capital da Madeira está também totalmente mudado. Quem não vai ao Funchal há vinte ou trinta anos, ao chegar a Sé ou ao Mercado Municipal, encontra os traços da cidade, mas depara-se com uma série de melhoramentos que são bem visíveis. No âmbito de um programa financiado pela Comunidade Europeia, a Câmara Municipal do Funchal está a apoiar a recuperação das fachadas da cidade. Na Rua Fernão de Ornelas, os velhos prédios parecem agora novos, pois foram pintados e arranjados. Também na denominada Zona Velha da cidade, os prédios estão a ser renovados e as casas que aparentavam estar a cair de velhas, mostram-se agora no-

vinhas, atraindo os turistas e os locais como nunca. Outra das ofertas da Madeira a destacar são as tradicionais festas que se realizam na ilha. A Festa de Nossa Senhora do Monte tem lugar a 15 de Agosto e é a maior festa do concelho do Funchal. Este evento consegue atrair milhares de pessoas ao cimo do Funchal e permite passar momentos de fé e de diversão bastante interessantes. No Monte, é importante destacar a construção de um teleférico que serve para transportar pessoas de e para o Funchal. Na subida, consegue-se ter uma das melhores vistas da cidade. Mas, para ver bem o Funchal, turistas e residentes podem subir num balão panorâmico que foi construído recentemen-

te na cidade. A juntar a todos estes aspectos, é de destacar o facto de, nos últimos anos, o Funchal ter ganho várias zonas verdes e algumas zonas comerciais que se revelaram um verdadeiro sucesso, nomeadamente o Madeira Shopping e o Forum Madeira, que ficam, ambos, na freguesia de São Martinho. Mesmo no centro da cidade, está também a ser construído um outro centro comercial de grande dimensão, o Funchal Centrum. Como defende o edil do Funchal, com todas estas atracções turísticas, o Funchal apresenta-se, hoje, como um pólo de investimento, que tenciona despertar o interesse aos investidores, nomeadamente os emigrantes que tencionem regressar à sua terra natal.


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Portugal em guerra

Reformas e outros emolumentos Hélio Bernardo Lopes

António de Abreu Xavier (Historiador) ~áåÇ~ñN]ó~ÜççKÅçã

O

s jornalistas da Primeira República mostram a dramática situação de Portugal durante a I Guerra Mundial. Com certeza, muitos desconhecem as limitações e as acções que esta crise bélica impôs ao país, sobretudo nos inícios de 1916. Portugal mantinha naquela altura uma estreita aliança com a Inglaterra. A indústria portuguesa fabricava munições para os aliados, a sua agricultura víveres e os seus portos permitiam as manobras dos barcos que operavam no Mediterrâneo. Mas era a situação social e fiscal o que mais preocupava o Governo de Lisboa. Os diplomáticos estrangeiros previam um aumento na emigração portuguesa. E com razão! A crise económica afectava seriamente ao proletariado pela enorme carência dos principais produtos alimentares. Faltava trigo e carne, que se importavam em grandes quantidades sempre que era possível. O cenário das ruas era lastimoso: uma grande massa de população tinha começado a manifestar-se por causa da sua insatisfação quanto à miséria. E isto perturbava a ordem pública. Nos início de 1916, houve grandes saques, pilhagens e roubos de todos os tipos, enaltecidos por políticos "sindicalistas", "socialistas" e "trabalhadoras". A solução oficial foi reduzir a influência comercial dos

importadores e distribuidores privados com controlos de preços, limitação de stocks nos armazéns e uma distribuição directa mediante a criação de armazéns municipais para a expansão de artigos de primeira necessidade isentos de impostos. Os serviços públicos foram restringidos: a iluminação por gás e a electricidade diminuiu 50%. Diversos sectores urbanos ficaram iluminados a meio gás e, desde o início da noite, ficavam às escuras. Também, o transporte público era escasso devido à racionalização do combustível. A penúria do fisco impossibilitava maiores acções: o dinheiro público usurpado por alguns funcionários não foi recuperado. O Governo tentava empregar os muitos braços paralisados pelo fecho de numerosas fábricas. Devido às enormes despesas da administração pública, considerou-se mesmo contrair um grande empréstimo. E esta seria a única forma de enfrentar a crise. Este era o único meio para poder responder aos pesados compromissos sociais e particularmente às grandes despesas militares originadas pela guerra. Perante uma ameaça de greve geral, Portugal apoderou-se dos 56 barcos mercadores alemães que se tinham refugiado nos portos e que, até àquele momento, tinham sido considerados neutrais. O amparo legal foi a chamada "Lei de Subsistência", aprovada pelo Congresso em Fevereiro de 1916. O seu artigo 10 autorizava o Governo a requisitar os materiais e os meios de transporte indispensáveis para a defesa da economia nacional. Em nome da causa social, a acção oficial estendeu-se a outras actividades não consagradas na lei. Mas eram medidas de emergência, justificadas pela grave situação da população. Foi um momento de sacrifício em que a população portuguesa unida partilhou a miséria: era a guerra!

Jorge de Amorim: entre a esperança e a angústia mística em palavras mas com intenção universalista na mensagem, cuja essência parece oscilar entre a esperança e a angústia, como podemos apreciar em "Bienaventurados" ("Tierra de Nadie/Bem-aventurados" (1966), primeira obra editada na Venezuela): "¡Reinemos, reinemos, / los pobres extremos! / ¿Quién es el dueño, / si nada tenemos?". Ou em "Duro Caminante", quando nos adverte que: "Viaja la piedra. / El peso se queda". João da Costa Lopes Ou ainda em "Os Oráculos" (2005), a publicação mais recente onde verte angústias passadas: "Aperta os lábios. / Aflige-nos / Diz-me quem te antologia e eu dir-te-ei quem és. A fonética de Deus". Nos inícios dos anos 60, quando Jorge de Sena publica uma segunda edição de Líricas PortuIII - "Todo o poeta, no fundo, dedica sempre os seus poeguesas, é já uma figura respeitada da literatura ma ao que melhor os saiba amar", escreveu no seu primeiro portuguesa, se bem que ainda não tinha adquirido a hierar- livro e, desta forma, parece que nos quis dizer que os seus quia que conseguiu depois de deixar Portugal como auto- textos, longe de serem um monólogo interior, são uma proexilado político (1959) ou quando vai para os Estados Uni- posta generosa de diálogo com o leitor, ao qual o único que se dos (1964), fugindo da ditadura brasileira. Nessas Líricas… exige é a capacidade de amar uma "poesia pura" que, como nos revela a Jorge de Amorim, ao lado de outros poetas in- tal, 'é imanente e transcendente a todas as coisas". discutivelmente grandes. E fá-lo, entre outras razões, porque a poesia de Amorim "é de um misticismo intenso, onde IV - "Nuestra Poesia Portuguesa" foi concebida inicialo pensamento poético se condensa numa extensa valorização mente com uma secção dedicada aos poetas portugueses que das palavras isoladas e da frase entrecortada". Passaram pou- residem na Venezuela. Por razões de espaço, acabou por ser cos anos de Anjos Tristes (1956) e de outros títulos, mas des- retirada desse apêndice e, desde então, sempre nos temos de o primeiro momento que nos revela as coordenadas fun- sentido em dívida moral com Jorge Amorim, um pseudónidamentais de uma obra que cresceu em tamanho, estética e mo literário que teima em esconder-se por detrás do seu noética. É que os dois valores estão conjugados no corpus des- me verdadeiro, enquanto vive das aulas de português nas tete autor, que vive entre noz há 40 anos. rras de Carabobo, pois mudou um sacerdócio por outro. Estamos a tentar pôr-nos em dia, sabendo contudo que não II - Jorge Amorim nasceu em Gandra, perto do Porto, em vamos acrescentar à sua dimensão de poeta-maestro injus1928. Estudou Humanidades em Portugal e, logo de seguida, foi tamente esquecida - descontando uma ou outra homenaviver para Espanha, onde tirou o curso de Filosofia e Teologia, gem, como a que lhe fez o Instituto Português de Cultura circunstância que o fez facilmente entrar na poesia, minimalista nada de especialmente interessante.

I-

H

á hoje duas grandes conclusões que podem tirar-se deste infindável novelo, que é o das reformas e outros emolumentos, recebidos pelos portugueses, com especial visibilidade para os elementos dos órgãos de soberania: em primeiro lugar, os enormíssimos benefícios que os políticos hoje têm, em face da população, quando a situação é comparada com o tempo anterior a Abril de 1974; e, em segundo lugar, o que realmente terá levado à perigosa situação em que hoje se encontra a generalidade dos sistemas de segurança na aposentação. Este tema agora trazido à discussão pelo meritório Governo de José Sócrates, tem que ser visto à luz desta regra absolutamente essencial: a reforma é uma conquista do Estado Social na Europa, destinada a permitir que quem se reforme, após anos de trabalho, já numa situação que, de um modo geral, se deverá caracterizar por alguma debilidade física, possa viver o resto da sua vida com dignidade. Este é que tem de ser o verdadeiro sentido de uma reforma. Ora, o que agora todos nós pudemos perceber é que é possível atingir-se a reforma, passar a receber a correspondente pensão, mas continuar a trabalhar, acumulando o vencimento resultante deste novo trabalho com a pensão já conquistada. Bom, com uma situação destas, não há sistema de reforma que resista! Devo dizer aos que me lêem que, consultando alguma documentação simples e pouco precisa que tenho na minha casa, encontrei a seguinte estimativa: se se seguir o princípio da unicidade optativa, ou seja, com a reforma não há novas acumulações de ordenados, ou vice-versa, poder-se-ão poupar no montante das reformas cerca de trinta por cento do mesmo. Para não falar já, como é evidente, na diminuição do desemprego, dado ser pouco provável que se queira continuar a trabalhar sem ganhar. Quando agora um semanário trouxe para ribalta o caso do Presidente Jorge Sampaio, a verdade é esta: nada na situação do nosso Presidente da República fere, no mínimo, a legalidade geral. Como já acontecia com os restantes casos, desde o primeiro deles. Mas a realidade é esta: todos, logo a começar pelo Presidente da República, este ou outro, devem ser abrangidos pelo princípio geral que o Governo de Sócrates quer implementar. Até porque duvido da constitucionalidade de uma tal diferenciação. Quando cessar a última função remunerada, haverá então lugar a um novo cálculo da pensão de reforma, tendo em conta a globalidade dos descontos praticados ao longo da vida. E terá de ser assim porque se um dia falir o sistema de pensões - deliberadamente, claro teremos que trabalhar até ao fim das possibilidades físicas. A regra é simples: a reforma destina-se aos reformados, ou seja, aos que deixaram de trabalhar! Pois não é verdade que Jorge Sampaio, António Guterres e Cavaco Silva, como tantos outros, continuam a trabalhar, cá e por esse Mundo fora! E ainda bem: estão em condições e têm experiência em termos de conhecimentos.


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OPINIÃO 23

CARTAS DOS LEITORES Criar falsas expectativas na comunidade

Consulado

Acompanho sempre as edições do jornal o CORREIO e agora também o EL NACIONAL. Sou filho de pais portugueses e a minha relação fora de casa com alguma coisa que tenha a ver com Portugal foi através sempre das idas ao estádio de futebol ver os jogos do Marítimo da Venezuela, quando jogava no campeonato nacional. Foi aí, por mais estranho que pareça, que aprendi alguma coisa da terra dos meus pais, aprendi também a gostar da música portuguesa, dos tremoços, do bolo-do-caco, da espetada. Tudo envolvido num ambiente de festa e harmonia desportiva. Causou-me surpresa - e daí o motivo desta carta - o facto de estarem agora a organizar um clube do Benfica na Venezuela. Li também atentamente toda a última edição do vosso jornal e concordo com as observações que fazem acerca de "criar falsas expectativas na comunidade". De facto, como se compreende que sejam ex-membros directivos do Marítimo da Venezuela os que estão a criar o novo clube do Benfica? Não tenho nada contra o Benfica, antes pelo contrário, gostaria de ser sócio deste

Quero escrever estas letras para fazer um comentário acerca de uma situação vivida pela minha mãe no consulado. A minha mãe chama-se Maria Conceição Fernandes, ela já é idosa, tem 77 anos. Somos naturais de Estreito de Câmara de Lobos e fui ao consulado pedir ajuda, para ver se ela tinha a sua pensão. Uma rapariga de nome Susana, de muito má cara disse-me que era necessário um número para ser atendida. Eu insisti porque ela era uma senhora doente e idosa. Ela disse que isto não era problema dela e que eram ordens do consulado. Ainda por cima, vim saber, através do meu irmão, que esta senhora era espanhola e não fala português. clube de Portugal, mas o que não compreendo é que sejam os ex-sócios do Marítimo a organizarem este clube quando deixaram morrer o outro clube português. Deixo um alerta para todos: oxalá não suceda o mesmo que sucedeu com o Marítimo De resto, parabéns e oxalá o clube nunca morra, como deixaram morrer o Marítimo da Venezuela. Luis Nobrega Fernandes C.

Desequilíbrio Cansado de ler "jornalecos", "boletins", "revistas" e panfletos portugueses na Venezuela, finalmente parece ter aparecido um jornal com cabeça, tronco e membros. Confesso que acompanho pormenorizadamente as vossas edições e não pensei que fosse para durar, como todos os jornais que apareceram e desaparecem na Comunidade Luso-venezuelana. No entanto, penso que podem melhorar consideravelmente, sobretudo se atacam o que está mal em todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo. E isto tem a ver com os governantes que temos em Portugal. De facto, ao longo de todos estes anos - uns piores do que os outros ignoram o peso e a importância dos

portugueses emigrados. Nem imaginam que existimos, o que considero um erro grave. Alguma vez perceberam os problemas da comunidade? Alguma vez se interessaram por ela? Erros atrás de erros ao longo de todos estes anos. Enfim.... Penso que aí o vosso jornal tem que ser mais agressivo no sentido de fazêlos perceber que somos mais de seis milhões espalhados pelo Mundo. A propósito dos seis milhões pergunto: 175 parlamentares representam nove milhões de portugueses em Portugal e apenas 3 deputados representam os seis milhões espalhados pelo Mundo. Tem lógica, este desequilíbrio? Manuel Federico G. Teixeira.

INQUÉRITO

Raquel Da Silva

iìëçÇÉëÅÉåÇÉåíÉ

"Tinha uns nove anos quando visitei Portugal. Fui à Madeira e a Lisboa. O que mais gostei foram os castelos. Os meus pais são da Madeira e chegaram à Venezuela há 35 anos. Visitaram a sua terra natal umas duas vezes. As mudanças que viram, teríamos que perguntar-lhes a eles, mas pelo menos há dois ou três anos destacaram algumas mudanças na Madeira, nomeadamente no novo aeroporto e nas vias rápidas. Toda a minha família é portuguesa e indiscutivelmente passaramme os seus costumes, tanto na gastronomia como na língua".

Imaginem a minha mãe, que já está a ficar surda, compreender uma pessoas dessas a falar espanhol. Estou muito agradecida porque o dr. das comunidades, que é conhecido do meu irmão, conseguiu resolver-me o assunto. Ele trouxe-me a folhinha e eu preenchi os dados, sem ter de ir ao consulado e só me cobrou uma quantia simbólica para as despesas. Escrevo estas linhas para agradecer a esta pessoa que ajuda os humildes e não como outros que só dão ordens e se escondem. Maria F Fernandes G

Nem todos os portugueses são honestos Leio sempre o CORREIO. Gosto muito, mas também às vezes irrita-me um pouco o que escrevem dos portugueses. Dizem que são honestos, correctos, pessoas de família e isso não é muito bem assim. Cheguei à Venezuela com 14 anos de idade (já tenho 60), trabalhei seis anos para pagar a passagem, comidinha e roupa lavada. Às vezes nem para um gelado… Dia de descanso, só depois da dez da noite, incluindo domingos. Continuei a trabalhar sempre com o mesmo dono que é alguém da minha família (às vezes são os piores…). Trabalhei com ele durante 27 anos, nunca aprendi a fazer nada diferente que não fosse arrumar verdura, limpar a frutaria, ajudar no talho da carne, na charcutaria. Arrumava mercadorias a toda a hora e muitas vezes à noite. Tudo isto em simultâneo com o trabalho permanente de "polícia", para vigiar aqueles "ratos de cinco unhas" que apareciam no supermercado. Também fui pintor, carregava lixo, transportava mercadorias em bicicleta, etc. Os anos passaram até que um dia comecei a ganhar um salário, depois de

muitos anos de trabalho sem dias de descanso. Bem que já tinha pago o meu bilhete de barco para a Venezuela, a comida, a casa e a roupa lavada. Agora sou um velho e continuo a trabalhar numa frutaria, felizmente de outro supermercado, o pouco que aprendi na vida, para além de ser um empregado que não faltava ao emprego, não bebia. O mais curioso é que quando decidi deixar o meu anterior patrão que entretanto abriu outro negócio (agora um restaurante), ainda ficou chateado comigo e agora nem me fala. Pior do que isso, diz a toda a gente que sou um mal agradecido, que ele é que me ensinou a trabalhar, que me deu comida, roupa lavada e que pagou a minha passagem para a Venezuela no Barco Santa Maria, etc, etc, etc. O pior é que muitas vezes cheguei a pensar que tinha sido ingrato com aquele senhor. E até cheguei a pensar em pedir desculpa ao meu primeiro patrão por ter decidido mudar de supermercado. Este senhor foi honesto comigo? João B Barradas Fernandes.

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Há quanto tempo não visita Portugal? Do que é que tem mais saudades?

Maria da Conceição Rodrigues mçêíìÖìÉë~

"Sou do Funchal. O que mais me lembro de Portugal é a espada preta. Há trinta anos que cheguei à Venezuela e não regressei a Portugal desde então, pois não tenho possibilidades económicas. Falo com os meus filhos sobre as festas e as tradições portuguesas, como a comida, a espada, as frutas… Falo-lhes de tudo. A primeira coisa que fazia se regressasse a Portugal seria dar a volta à ilha. Tenho visto as mudanças e reestruturações que tem tido a ilha da Madeira por televisão".

José Figueira mçêíìÖìðë

"Visitei Portugal há uns três meses, e mais especificamente o Porto Santo, depois de algum tempo. Do que mais tinha saudades era da minha família. Falo sempre da cultura portuguesa e recordo as tradições".

Maria Alexandra Ferreira Pereira mçêíìÖìÉë~

"Sou do Funchal e estou na Venezuela há trinta anos. Não tenho visitado Portugal desde que cheguei por várias razões. Tenho duas filhas e falo-lhes de todos os nossos costumes. Elas nunca visitaram Portugal".


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A desenhadora dos tamanhos difíceis A lusodescendente Linette Maria da Silva desenha fatos-de-banho para meninas cheiinhas que usam tamanhos diferentes para a parte de cima e a de baixo Noélia de Abreu

åçÉäá~ÇÉ~ÄêÉì]Öã~áäKÅçã

S

ão muito variadas as ofertas que têm as lojas quando se trata de oferecer fatos de banho para mulheres. Mas não acontece o mesmo quando as mães procuram uma opção de praia para as meninas e os meninos. Neste caso, as ofertas são reduzidas não só no tamanho como também nos desenhos e cores. A pensar nisto, como mãe e desenhadora, Linette Maria da Silva propôs-se aproveitar as suas habilidades e dedicar-se à confecção de fatos de banho para meninas com tamanhos difíceis de encontrar. E isto acontece com as mais cheiinhas. Também faz fatos de banho para adolescentes que usem tamanhos diferentes, como um "S" para a parte de baixo e um "M" para o peito. Agora, está a começar a desenhar fatos-de-banho para adultos, como um plano de futuro. Embora a sua prioridade continue a ser os mais pequeninos. Iniciou-se neste negócio em Dezembro do ano passado e com ela trabalham quase todos os membros da sua família: o seu

marido, a sua cunhada e a sua mãe. No início começou só para ver no que dava. "Quis experimentar primeiro com as minhas filhas para ver como lhes ficava, depois as pessoas que lhes via o fato-de-banho começaram a pedir-me que fizesse também para os filhos delas. Passou de boca em boca e pelo menos as mães das amigas de colégio das minhas filhas são clientes fixas", conta-nos Linette da Silva, que espera que, com o tempo, venha a ser reconhecida pelo seu trabalho tanto na Venezuela como no exterior. Para isso, já registou a marca das suas criações com o nome "Areias". Apesar de "Areias" estar constituída há só sete meses, o negócio tem corrido bem. Linette já fez um primeiro desfile dos seus fatos de banho, no Centro Português, onde puderam ser apreciadas suas diversas criações, que englobam tanto fatos-de-banho com adornos como simples, pareos, tshirts de surf, saias de praia, ponches, entre outros. A ideia de Linette é incorporar a pouco e pouco mais artigos para ampliar a gama de praia, como chinelos ou bolsos, mas - como ela mesma explica - "todos os negócios vão andando sós", é uma

questão de esperar para ver como corre. PRIMEIROS CORTES Linette é filha de madeirenses naturais de Câmara de Lobos. Estudou desenho de moda em Bóston, Estados Unidos, aproveitando que as suas duas irmãs estavam a tirar lá Desenho Gráfico e Desenho de Arquitectura de Interior. Uma das vantagens de ter estudado em Bóston, durante quatro anos, foi ter aprendido a trabalhar muito bem a parte de confecção de um vestido ou de uma peça, o seu acabamento e a qualidade. Para além do desenho e da criação de uma peça, a confecção é o ponto forte da desenhadora lusodescendente. Quando chegou à Venezuela, depois de culminar os seus estudos, abriu uma Atelier de Alta Costura em Las Mercedes, no qual esteve quase quatro anos, mas decidiu fechá-lo para dedicar-se a outra faceta da sua vida, a maternidade. Depois de doze anos de dedicação absoluta à sua família e à sua casa, decidiu regressar ao mundo do corte e costura, mas desta vez com fatos-debanho.

Gostava de ter uma loja de fatos-de-banho? Por enquanto penso que não porque uma loja implica despesas que aumentariam o valor das minhas confecções. Para além do mais acho que é preciso que as pessoas conheçam primeiro o meu trabalho, tenho que ganhar alguma "fama". E penso que a melhor referência é de boca em boca. Quantas horas trabalha por dia? Como trabalho na minha casa e o negócio é familiar, estamos todo o dia a criar, cortar, coser. Por isso não tenho um horário de trabalho. Não paro. Estou todo o dia a fazer qualquer coisa.


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26 PUBLICIDADE TAP com 5 voos semanais para Caracas no Inverno CORREIO DE CARACAS - 4 DE AGOSTO DE 2005

Catanho Fernandes Eak=J=j~ÇÉáê~F

A

TAP vai aumentar, a partir deste mês de Agosto, de cinco para seis, o número de voos semanais entre Portugal e a Venezuela e manterá no Inverno, pela primeira vez, cinco voos entre os dois países, anunciou na semana passada, em Caracas, o novo delegado da companhia Pedro Pinto. "A TAP está a apostar fortemente no mercado da Venezuela. A partir de 16 de Agosto vamos ter seis frequências semanais. Durante o Inverno, no ano passado tínhamos três voos e este ano, pela primeira vez, vamos ter cinco", disse Pedro Pinto. O novo delegado substitui no lugar Júlio Ribeiro, que acaba de ser colocado na República de Cabo Verde como director da companhia aérea portuguesa. Segundo o novo responsável da TAP na Venezuela, lugar que abrange também competências para os mercados de Curaçau e ilhas das Caraíbas, as duas ligações adicionais no Inverno representam "um desafio muito grande, porque o tráfego de emigrantes portugueses movimenta-se sobretudo na altura do Verão". "A nossa base de mercado é o português e vamos continuar a dar-lhe máxima prioridade, mas vamos ter que recorrer a outros mercados porque encher os voos só com portugueses é impensável", frisou. Neste sentido, a transportadora portuguesa pretende cativar o mercado europeu para a Venezuela. "Vamos criar uma base de apoio às representações da Europa de forma a incentivar as viagens para a Venezuela, América Central e Caraíbas, zonas que têm muito para oferecer em termos turísticos", disse. Quanto à realização de voos para outras cidades venezuelanas, como Valência e Maracaibo, sugeridos por diversas vezes pela comunidade portuguesa nessas localidades, Pedro Pinto disse que a "questão está a ser analisada". "A efectuarem-se serão voos pontuais, tal como temos para o Curaçau durante o Verão, porque não há mercado nas cidades do interior para poder ter uma frequência durante todo o ano", considerou o novo delegado da companhia aérea portuguesa. TAP RECONQUISTOU MERCADO DA EMIGRAÇÃO A TAP voa actualmente para

Caracas às segundas, quartas e sextas-feiras, desde Lisboa, aos sábados a partir da Madeira e aos domingos do Porto. A TAP é a única companhia nesta rota entre Portugal e a Venezuela, tendo nos últimos dois anos conseguido reconquistar os clientes portugueses que se tinham "transferido" para outras companhias, que ofereciam ta-

rifas melhores, embora com escalas noutras capitais europeias e um serviço de mais atenção ao passageiro. Desde há dois anos que a transportadora portuguesa conseguiu melhorar grandemente o seu serviço a bordo, dar maior atenção ao cliente e disponibilizar mais lugares, além de alguma elasticidade nas tarifas, que a colocou a par das com-

panhias concorrentes. As escalas na Madeira também potenciaram a clientela, trazendo até à Região mais madeirenses e familiares residentes na Venezuela, ao mesmo tempo que facilitou a ida de familiares residentes nesta ilha de visita àquele país da América Latina. O próximo passo da TAP, referiu o novo delegado, é cativar

turistas europeus. A Venezuela é, na realidade, um país com grandes atractivos naturais, com cenários de esplendorosa beleza e muitas praias. Por outro lado, o custo de vida é menor do que na Europa, o que facilita a promoção do destino. Aliás, muitos milhares de madeirenses, conhecem as potencialidades turísticas da Venezuela.


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Indecu já fechou 135 talhos em todo o país Carlos Orellana

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perações de fiscalização em talhos e matadouros vão continuar a ser feitos esta semana por funcionários do Instituto para a Defesa e Educação do Consumidor e do Utilizador (Indecu) para verificar se se estão a cumprir ou não com os preços estabelecidos para as carnes. É que, enquanto não se proceda à realização de uma política oficial por parte do Ministério de Indústrias Ligeiras e Comércio (Milco), a instituição faz cumprir o que está regulamentado, exigindo que se cumpram os preços definidos para a venda de carnes. E isto independentemente das conversas que o sector privado mantém com o Governo, assegura-nos o presidente deste organismo, Samuel Ruh. Até agora o Indecu já fechou 135 talhos em todo o país. Mesmo assim, referiu-nos, o Milco mantém mantido negociações com os produtores, com

os matadouros e com a rede de supermercados através da Associação Nacional de Supermercados e Afins (Ansa), com o principal objectivo de encontrar uma solução para o problema do preço da carne, tendo em vista que alguns estabelecimentos alegam que não podem cumprir os preços estipulados porque, se o fizerem, não têm margens de lucro. Também assinalou que há uma proposta que impulsionou

o sector privado mediante um despacho que define a exoneração do 8% do Imposto ao Valor Agregado (IVA) à carne. Da mesma forma, fala-se da liberação dos preços oficiais e de alguns nas carnes de primeira, como o pato e lombo. Estas propostas estão em estudo por parte do Governo Nacional e cabe à titular do Ministério de Indústrias Ligeiras e Comércio, Edmee Betancourt, anunciá-las.

ECONOMIA 27

BREVES Oster oferece novo sistema de empacotamento ao vazio Oster de Venezuela, marca de electrodomésticos para o lar, apresentou ao mercado o seu sistema de empacotamento ao vazio, Ester FoodSaver, um aparelho que permite empacotar e selar hermeticamente os alimentos para manter a sua frescura e sabor por muito mais tempo. O electrodoméstico extrai o ar dos sacos, recipientes e garrafas, com o objectivo de fechá-las hermeticamente com um selador, impedindo assim a passagem do ar e da humidade, o que origina a decomposição dos alimentos. O sistema de empacotamento ao vazio Oster FoodSaver tem muitas vantagens. Os seus sacos para empacotamento são de um material plástico especial de cinco folhas e são cobertos de nylon, que permite a frescura dos alimentos, evitando que o ar entre, assim como a humidade. Elimina também as queimaduras causadas pelo frio do congelador. Os sacos são

laváveis e resistentes às altas temperaturas do microondas e às baixas de um congelador.

Nova linha de lençóis e toalhas A linha REGAL apresentou a sua renovada variedade de produtos de lenços e de toalhas. Tentando oferecer soluções comerciais acessíveis a todos, agora as lojas REGAL possuem lençóis, forras de cama e toalhas de alta qualidade em cores cítricos e em tamanhos diferentes para diferentes gostos. Miguel Trunfio, director de Negócios de Indústrias REGAL, afirma que "continuaremos a crescer até que consigamos ter nas nossas lojas REGAL ao nível nacional todos os acessórios que requerem os clientes para merecer um sonho reparador, um descanso óptimo e um acordar cheio de energia para começar o dia". Na sua oferta de colchões, REGAL oferece a tecnologia Superlatex, uma goma anatómica de alta densidade com qualidade ergonómica.


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Escola Virgem de Fátima: sementeira de futebolistas Valentina Urdaneta

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inda faltam varios anos para que o Centro Sócio-cultural Virgem de Fátima de Guatire conclua o seu projecto, mas nos terrenos deste clube já se realizam todos os dias diversas actividades desportivas. A mais importante é a "Escola de Futebol Virgem de Fátima", que oferece um programa de formação para desenvolver atletas de alto rendimento futebolístico. Os seus organizadores pensam que estão a preencher um vazio importante, pois a Venezuela é um país carente de gerações de relevo nesta modalidade, pois as suas escolas têm estado orientadas mais para o entretimento do que para fins profissionais. "O próprio futebol pede-o a gritos", argumentou o Director de Desportos Rui Gonçalves, que acrescentou: "Estamos a trabalhar pelo melhor, somos federados, temos projectadas grandes instalações que incluem uma zona de aquecimento, enfermaria e um campo construído de acordo com a regulamentação da FIFA para o futebol de onze, embora por enquanto nos dediquemos apenas ao futebol de sete". A instituição conta actualmente com uma matrícula de quase duzentos alunos, já ganhou várias competições locais e foi convidada a dois torneios nacionais. Os seus membros directivos apontam que foi criada com a finalidade de conseguir a excelência, "começando por casa", pois a planta da instituição desportiva é de "alta voltagem" e "o "pen-

sum" desenhado é de grande qualidade". A escola tem um departamento de psicologia desportiva e um de nutrição e teoria e prática futebolística. A "batalha" no campo de jogos conta com um staff de importantes figuras, entre as quais está Richard "chichi" Machado, que é o coordenador de desportos e destacado treinador titulado pela FIFA, com experiência na categoria A. É também assessor no Colégio de Treinadores de Venezuela e promotor de desporto local na sua gestão, como director de desportos do município Zamora, assim como seleccionador do Estado Miranda por doze anos. Para além dele, há também um preparador físico, Raomir Hernández, treinadores e assistentes, como Vicente Abreu (categoria C e treinador da Escola do Marítimo Futebol Club), Ronald Gutiérrez (categoria C e já foi jogador do Italmaracaibo, Italchacao e Marítimo), James Pacheco (categoria C), Samy Ramírez e Angel Delgado (categoria D). "A nossa prioridade - destacou o piloto desportivo da escola - é conseguir um nível competitivo. Queremos ser uma vitrina de talentos infantis e juvenis, que os clubes nacionais e europeus se apercebam do talento e da educação futebolística dos nossos alunos", diz Rui Gonçalves. Na verdade, já estão a conseguir isto, pois receberam um convite especial da prestigiada equipa do Milão, cujos "embaixadores" vão avaliar os pequenos pupilos de Miranda. "O objectivo é ser uma escola de profissionais, que cheguem a ser o orgulho do futebol europeu e venezuelano", afirmou Gonçalves.

O que é o futebol de 7?

O futebol de 7 é uma modalidade que tem este nome porque é jogada com sete jogadores, que constituem a equipa. Esta disciplina desportiva é mais dinâmica e participativa do que o futebol de 11. Conta, também, com um crescente apoio de atletas, fanáticos e patrocinadores.

Qual é a diferença entre o futebol de 7 e o futebol de 11?

• No futebol de 7, cada equipa tem 7 jogadores, contando com o guarda-redes. Não se aceita inscrição de mais de vinte jogadores por equipa. Não é válido uma jogada entre menos de seis jogadores por equipa. • As dimensões máximas do terreno de jogo são de 90 x 60m e mínimas de 50 x 40m. Os guarda-redes devem medir 2 x 6 metros.~ • O ponto penalti deve fazer-se a nove metros da linha da meta. • A área de penalti é a que está a nove metros de cada poste da baliza, traçando uma linha perpendicular entre a linha de meta e a linha de treze metros. Como limites tem uma linha paralela à baliza e parte da linha de banda. • Quando se realizem os directos, os jogadores da equipa contrária devem manter uma distância mínima de seis metros. • A linha de pontapé de baliza deve estar situada a quatro metros da linha de fundo.


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Futebol para meninos e meninas CATEGORIAS / HORÁRIO Infantil A Terças e Quintas das 18h45 às 20h30 Infantil B Segundas e Quartas das 18h45 às 20h30 Pre-A /Pre-B Terças e Quintas das 16h30 às 18h30 Pre-B ("Compotica" Segundas e Quartas das 17h00 às 18h00

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pesar de se poder pensar que a Escola de Futebol Virgem de Fátima é essencialmente para meninos, a verdade é que hoje em dia, e cada vez mais, este desporto é praticado também por meninas. Estão inscritos na escola crianças com mais de quatro anos de idade e jovens. Aceitam-se candidaturas de pessoas de qualquer nacionalidade e não é preciso ser

sócio do Centro Sócio-cultural Virgem de Fátima para fazer parte das turmas, nem ser residente de Guarenas ou Guatire. A escola de futebol convida as meninas a fazerem parte da equipa feminina. As portas estão abertas ao público em geral. As insígnias já estão prontas e o staff está pronto para receber as que se queiram inscrever. O requisito principal é ter uma verda-

deira vocação futebolística. Para informação mais detalhada, as instalações podem ser visitadas. O endereço é: Calle K y B Urb. Castillejo, Sector La Casona Guatire, Edo. Miranda. Está aberto entre as 8h00 e as 12h30 e das 14h30 às 18h30. Também podem comunicar-se através do número (0212) 3476990 ou enviar um fax (0212) 347660 ou um e-mail (centroscvfac@telcel.net).

Infantil C (Grupo 2) Terças e Quintas das 14h00 às 18h00 Infantil C (Grupo 1) Segundas e Quartas de 14h00 às 18h00


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Apoteótico: Marítimo goleia selecção de Jersey Martinho Fernandes, em Jersey Eak=J=j~ÇÉáê~F

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o golear a frágil selecção de Jersey por 6-0, o Marítimo fez exultar de alegria cerca de cinco mil emigrantes madeirenses presentes no estádio. Quando o árbitro irlandês apitou para o final do encontro, alguns milhares de gargantas entoaram bem alto "Marítimo. Marítimo, Marítimo, Marítimo". Viveram-se momentos de grande emoção. Os espectadores, na sua maioria, madeirenses radicados na ilha britânica, invadiram pacificamente o recinto de jogo na procura dos autógrafos e aproveitaram para confraternizar com os atletas. Contudo, o momento alto aconteceu quando o "capitão "Mitchell ergueu o troféu em disputa. Foi o delírio total entre os emigrantes presentes. Em termos de jogo jogado pouco ou nada a dizer. A vertente social, essa sim, ficou bem vincada, com as diversas manifestações acontecidas ao logo de duas horas. Contudo, registe-se o facto de o Marítimo, essencialmente, na primeira parte, ter sentido imensas dificuldades para penetrar na defensiva contrária. Excesso de individualismo, falta de criatividade e uma nula capacidade atacante. Valeu apenas um golo obtido de cabeça por Fahel.

Na segunda parte, com as alterações efectuadas por Juca, o Marítimo ganhou dinâmica e encontrou naturalmente o caminho do golo. Foram seis, como poderiam ser outros tantos. Em suma, em tempo de experiências, salvaram-se os bons pormenores da etapa complementar, em que Kanu acabou por bisar. "PITANGA" ASSISTIU AO JOGO João Gonçalves, "Pitanga", antiga glória do Marítimo dos tempos de Chino, Checa e Raúl esteve a assistir à partida. Radicado em Jersey fez questão de recordar os seus tempos de jogador. Aliás, "Pitanga", Chino, Raúl Sousa, Abróteas, Pinto Ferreira, Julinha, Eduardo (União), Sério (Belenenses), Moreira (Guimarães) e Paulinho (Belenenses) fizeram parte do Benfica de Jersey, que durante dois anos não perdeu qualquer jogo. DO HOSPITAL PARA O ESTÁDIO Outra presença foi a de Pinto Ferreira, também ele, uma velha glória do Marítimo, que assistiu ao jogo numa cadeira de rodas, devido a uma recente intervenção cirúrgica. Internado no serviço de ortopedia do hospital de Jersey, teve uma autorização especial do médico para se deslocar ao estádio.

"Já tenho ideias claras"

Juca: "Este jogo foi importante, mais pela ligação aos emigrantes que cá se encontram e pela participação na festa madeirense. É também importante para o Marítimo continuar a prospecção além fronteiras. Em relação à competição, foi um jogo em que a atitude dos jogadores foi interessante durante alguns períodos. Apesar da fragilidade adversária conseguimos tirar algumas ilações para o futuro. Já temos ideias bem claras do que queremos. A partir de agora vamos insistir em algumas experiências, mas cada vez menos essa situação irá acontecer. A equipa não esteve bem colectivamente. Os jogadores recrearam-se um pouco e foram pouco eficazes. Contudo, houve uma situação que me agradou bastante, que foi o facto de os jogadores festejarem todos os golos com grande ênfase".

BREVE Futebol: uma linguagem universal De 3 a 24 de Julho, realizou-se a exposição "Magnum fotos: planeta fútbol" no Centro de Arte A Estância, localizado na Avenida Francisco Fajardo, La Floresta. A mostra expôs 50 fotografias dos reconhecidos fotógrafos da agência fotográfica francesa Magnum, que é considerada uma das mais prestigiadas do Mundo. Esta foi fundada em 1947 por quatro pilares da fotografia documental contemporânea, como o são Robert Capa, Henri Cartier-Bresson, George Rodger e David "Chim" Seymour. Este evento foi organizado por Goethe-Institut Caracas, a Embaixada da República Federal da alemanha e o Centro de Arte a Estância e contou com o patrocínio da Adidas e Maltín Polar. A exposição realizou-se no âmbito da campanha mundial "Um golo para a Alemanha", que é a contribuição d o Goethe-Institut Caracas para o programa cultural oficial do Mundial de Futebol FIFA 2006. Dentro da mostra em que figuravam diferentes países também estava Portugal, país rico na sua tradição futebolística.


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Travaglia ganha Rali Vinho Madeira Carlos Moniz/Sónia Gonçalves Eak=J=j~ÇÉáê~F

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m final próprio de um filme de ficção foi o que teve o Rali Vinho Madeira, dominado pelos italianos Giandomenico Basso/Mitia Dotta (FIAT Punto S1600), a partir da 5.ª prova de classificação, na sua primeira participação na prova do Clube Sports da Madeira. Quando o enredo se encaminhava para um final feliz, eis que a tradição se cumpriu e, mais uma vez, um estreante, apesar de liderar, não ganha o rali. A última "especial" acabou com as expectativas dos jovens da Procar, que pararam no Caminho dos Pretos, com problemas eléctricos, e só com muito sacrifício conseguiram levar o carro até ao final, acabando no 25.º lugar. Com esta situação, Renato Travaglia/Flavio Zanella (Renault Clio S1600), que procuravam a vitória nesta sua quarta presença, atingiram esse objectivo. E se foi devido a azares alheios que ganharam e alargaram a diferença para os outros candidatos ao título europeu, também é certo que, enquanto Basso/Dotta estiveram em prova, nunca baixaram os braços, tentando o tudo por tudo para

anularem a diferença que, à entrada para a segunda etapa era de 10,5 segundos. Os problemas de Giandomenico Basso/Mitia Dotta, para além de entregarem a vitória "de bandeja" a Travaglia/Zanella, permitiram também a entrada para o último lugar do pódio dos portugueses Miguel Campos/Carlos Magalhães, da equipa Peugeot Total, atrás dos franceses Cedric Robert/Gerald Bedon (Renault Clio S1600). Azarado também, mas no início da segunda etapa, os franceses Simon JeanJoseph/Jacques Boyère (Renault Clio S1600) começaram a hipotecar as hipóteses de revalidação do título, ainda que faltem quatro provas para o fim, na República Checa, Turquia, Grécia e França. O Rali Vinho Madeira é um campeonato europeu que se realiza todos os anos na Madeira. É considerada uma das provas mais difíceis do panorama regional e mesmo nacional, porque as equipas passam por algumas dificuldades únicas. Desde o dia 27 de Julho, com o "shakedown", os madeirenses seguiram atentamente o rali que culminou a 30 de Julho. Onde estavam as provas, estavam sempre grupos de amigos e famílias que não perdiam por nada os movimentos das máquinas de sonho.


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Quem quer um banco vai ao totta CORREIO DE CARACAS - 4 DE AGOSTO DE 2005

Secretário de Estado das Comunidades no IV Encontro de Gerações Sónia Gonçalves

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secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga, vai estar presente no IV Encontro de Gerações, que teve de ser adiado para o dia 15 de Outubro, consoante a disponibilidade da agenda do representante do Governo da República. É a primeira vez que o secretário de Estado visita oficialmente a Venezuela e o seu contributo no encontro deverá ser determinante para evidenciar a importância dos portugueses e dos lusodescendentes no desenvolvimento da Venezuela. O IV Encontro de Gerações, que inicialmente estava previsto para o dia 24

É a primeira vez que António Braga visita oficialmente a Venezuela de Setembro, é uma iniciativa organizada pelo CORREIO, pelo BANIF e pelo DIÁRIO e pretende discutir questões que interessem a todas as gerações luso-venezuelanas. O objectivo principal deste encontro é ilustrar o papel dos emigrantes e dos seus descendentes no desenvolvimento do país. É que há portugueses e lusodescendentes que ocupam lugares de destaque nos diversos sectores da actividade venezuelana. Uns são políti-

cos, outros autarcas, alguns destacados médicos, advogados, juízes, artistas, empresários, jornalistas, engenheiros e economistas, entre outros. Estas pessoas cumprem não só com o recomendável princípio de integração na sociedade que os acolheu, como são também influentes decisores, quadros de referência e exemplos vivos de participação plena na vida pública e privada da Venezuela. Como tal, podem ser aliados de peso da comunidade e parte fundamental no chamado lobby luso. Assim, no IV Encontro de Gerações, vários portugueses destacados vão testemunhar o seu percurso e dar pistas para uma intervenção mais activa e aberta por parte dos restantes membros da comunidade. Vão revelar-nos a sua experiência de vida em termos de con-

Ponte de Turumo aproxima comunidade do seu clube Noélia de Abreu

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inauguração da Ponte de Turumo a 5 de Agosto foi uma data muito esperada por toda a comunidade e, em especial, pelos portugueses e lusodescendentes que frequentam o Centro Luso de Caracas, localizado em Turumo. Esta permite-lhes aceder às instalações do clube, evitando os perigos e os inconvenientes das vias alternativas. O colapso da ponte de Turumo em Junho de 2003 originado pelas fortes chuvas e o desabamento de um rio foram problemas que a comunidade

que habita as zonas de Caucaguita, San Isidro e La Dolorita, entre outras teve que enfrentar. Os sócios do Centro Luso de Caracas também sofreram as consequências de não poder aceder a tão importante troço. Alfredo Amaral, vice-presidente do Centro Luso de Caracas, afirmanos que a inauguração da nova ponte é uma grande solução para os inconvenientes que o clube enfrentava. "Muitos sócios não podiam assistir aos eventos por causa do estado da única via que fazia a ligação ao clube", apontou Amaral. Para além disto, acrescentou que utilizando as vias alternativas os membros têm que passar pelos bairros das zonas, o que é perigoso, sobretudo à noite.

A GOTA QUE PROVOCOU O DERRAME As chuvas que desde Novembro de 2004 afectam grande parte do território nacional e que se intensificaram em Fevereiro deste ano evidenciaram o perigo a que se expõem os que moram ou passam pelas estradas nacionais do município de Sucre, no Estado Miranda. Os deslizamentos de terra são uma constante. "As chuvas torrenciais têm deteriorado ainda mais a única via que tínhamos depois da ponte ter caído. A estrada nacional de San Isidro e tudo isto tem representado um grande problema para os sócios", refere-nos o porta-voz do clube.

quista de um espaço na sociedade, darnos a sua visão da comunidade portuguesa na Venezuela e dizer-nos se ainda conservam as raízes lusas. Lembre-se que o III Encontro de Gerações, que se realizou em Junho de 2004, serviu para debater o tema "A força do associativismo", promovendo a unidade em função de interesses e problemas comuns e para manter irrigadas as raízes lusas, sem esquecer a importância de enaltecer o dinamismo de uma comunidade que não se acomoda e que resiste a um sem número de contrariedades. A iniciativa serviu para auscultar anseios e preocupações da comunidade portuguesa radicada na Venezuela, bem como para apresentar alguns dos projectos decorrentes das ideias surgidas nos encontros dos anos anteriores.


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