Correio da Venezuela 125

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www.correiodecaracas.net

O jornal da comunidade luso-venezuelana

ano 06 - n.º 125 - DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL

caracas, 22 De setembro De 2005 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL:

Clube abandonado há mais de 14 anos Rivalidades entre continentais e madeirenses fizeram comunidade deixar de visitar o Centro Social Português, em Puerto La Cruz .

0,75

Lar Padre Joaquim Ferreira precisa do dobro dos fundos para suportar despesas. Página 7

Página 3

A experiência de jovens lusodescendentes que optaram por estudar em Portugal. Páginas 24 e 25

Homenagem: DIÁRIO recebe Prémio Gazeta Imprensa Regional.

Nacional vence Sporting “ Alvinegros” tornaram-se segunda-feira num dos lí deres da SuperLiga. Página 31

Página 32

Clubes de Barquisimeto já não se unificam Centro Luso Larense e Centro Atlântico Madeira de costas voltadas. Página 5


2 EDITORIAL Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez, Noélia de Abreu, Victoria Urdaneta Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Gerente de Publicidade e Estudos de Mercado Oswaldo Carmona

CORREIO DE CARACAS - 22 DE SETEMBRO DE 2005

Um jornal sério exige transparência

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dever de um jornal é informar os seus leitores, transmitindo com a maior fiabilidade os factos que marcam de alguma forma o dia-adia da comunidade. É este o nosso dever e, nas ú ltimas edições, o CORREIO tem vindo a abordar assuntos considerados "incó modos" porque põem a nu a realidade, tal qual como ela é. Há na Venezuela portugueses alegadamente envolvidos em casos de sequestros, a comunidade está claramente dividida nalguns pontos do país, algumas obras importantes estão paradas por falta de verbas, alguns portugueses, felizmente muito poucos, mas que não dei-

xam de ser casos noticiosos, passaram também a integrar a listagem dos principais suspeitos por tráfico de droga... São estas algumas das notícias que temos vindo a publicar porque são estes, sem dú vida, os temas que têm marcado a actualidade da comunidade lusa que reside na Venezuela. E porque, como jornal sério, nos limitamos a ser factuais, vamos continuar a publicar as notícias que, positivas ou negativas, evidenciem a realidade da comunidade portuguesa que reside na Venezuela. Para tal, vamos continuar a reger-nos por um princípio que consideramos essencial: apresentar sempre notícias bem fundamentadas. Contamos sempre consigo!

Publicidade e Marketing: Carla Vieira Preparação Gráfica: João Santos (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Fotografia: Paco Garret, Farith Useche Distribuição: Juan Fernandez Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela

O CARTOOn DA seMAnA Tenho que marcar umas reuniões com as diferentes instituições portuguesas na Venezuela.

Na boa! Mas basta marcar uma. É que são sempre os mesmos...

Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69

A seMAnA MUITO BOM O trabalho que a Associação de Beneficência do Estado de Vargas iniciou há cerca de três meses merece um louvor. Recolher dados das famílias portuguesas que foram pela segunda vez vítimas das enxurradas na zona do litoral é uma atitude digna. Este grupo "minúsculo" de pessoas está consciente do sofrimento que atormenta as vítimas da tragédia. E a melhor forma do Governo português conseguir destacar o trabalho feito sem interesses obscuros seria respondendo afirmativamente à petição de ajuda feita através do Consulado Geral, em Caracas.

BOM A associação de jovens lusodescendentes de Maracay, desde o início de 2003, tem procurado o apoio de instituições portuguesas e, pouco a pouco, tem conseguido ganhar a confiança de diferentes entidades. Recentemente, receberam um voto de confiança do Banco Millenium, o que o que pode ser o "empurrão" necessário para pôr em prática os projectos que tencionam dar a conhecer, juntando os profissionais jovens que têm raízes lusas. É preciso reconhecer a vontade de construir e as muitas ideias inovadoras deste grupo.

MAU Os dois comerciantes portugueses que foram raptados em Ocumare del Tuy no passado 26 de Julho ainda não apareceram. Os familiares pouco ou nada querem falar sobre o assunto por medo de represálias, pois os sequestradores podem atacar agora os parentes. Apesar das compreensíveis reservas da família, os esforços devem ser identificados por parte dos funcionários policiais que devem continuar a fazer o seu trabalho, tenham o não a colaboração dos familiares da vitimas...

MUITO MAU

E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares

Continuam a ser evidentes a desintegração e as divisões entre conterrâneos portugueses. Os lugares que deviam ser pontos de encontro e de união entre os portugueses são, pelo contrário, palco de rivalidades e espaço para concorrência pouco sã que ainda existe em muitas comunidades de portugueses na Venezuela. O Centro Social Português de Puerto La Cruz é um exemplo de uma realidade que se repete, talvez em dimensões menores, noutros pontos do país. As novas gerações têm o direito e o dever de agir e contribuir para mudar esta situação, superando os vícios dos pais e dos avós.

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindose, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

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Centro Social Português em Puerto La Cruz: 14 anos ao abandono Disputas entre continentais e madeirenses fazem com que quase não haja interacção entre a comunidade portuguesa da zona Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

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Centro Social Português, em Puerto La Cruz, está votado ao abandono há mais de catorze anos, como reconhece o responsável pela associação, Juan Ismael Fernandes. O motivo principal da apatia que sentem os lusos pelo clube deve-se às diferenças entre continentais e madeirenses na cidade oriental.

"Os desentendimentos entre os pró prios portugueses fizeram com que o clube não continuasse, pois onde mandava um continental o madeirense não podia opinar, e vice-versa", comentanos Fernandes. A isto, soma-se a distâ ncia e a instabilidade da estrada que permite a ligação ao centro. Vários lusos da zona comentaramnos que este problema se agrava pela falta de comunicação que há no seio da comunidade, pois o inconveniente "territorial" que se verificava antes entre os lisboetas e os madeirenses ainda prevalece. Não é muito vulgar ver a comunidade lusa que reside em Puerto La Cruz organizar-se para levar a cabo qualquer actividade. Pelo contrário, há falta de interacção e reina a divisão. Onde podemos claramente ver plasmada a desintegração existente é na concorrência comercial, que tem sido uma das principais causas de discó rdia entre os portugueses da zona. Cada um compete ao nível comercial com o "adversário" com

Reuniõ es para uma nova direcç ã o Por sua vez, Aníbal Braga, presidente do grupo folclórico da zona tem uma percepção diferente da comunidade lusa. Comenta-nos que, em Barcelona e em Puerto La Cruz, são cada vez menores as diferenças entre os portugueses, pois agora há mais união entre os emigrantes. E isto acontece sobretudo depois de ter surgido o grupo folclórico "Danças e Cantares de Portugal", que conseguiu reunir muitos portugueses e lusodescendentes em prol de um mesmo objectivo. Rui Pereira, lusodescendente e membro do grupo folclórico, diz que já se fez uma primeira reunião para criar uma nova direcção, sendo o principal objectivo recuperar o pouco que fica do clube. Mas só compareceram seis pessoas… "A ideia principal é recuperar as instalações do nosso clube porque há mais de vinte anos foi este o sonho de muitos portugueses desta zona da Venezuela", acrescentou Pereira, com a esperança de poder um dia levantar o Centro Social Português, podendo convertê-lo num ponto de encontro da comunidade lusa e não na maça da discórdia.

o objectivo de conseguir prestar um melhor serviço ao cliente local. Actualmente, as instalações do clube estão em más condições. Apresenta fissuras pelo abandono e pela inundação que sofreu o sector há mais de um ano, quando um dos rios pró ximos cresceram e levaram uma boa parte da casa onde estava o salão de jogos e o restaurante da associação. ReIna a DeSCOnFIanÇa A 400 quiló metros de Caracas está Barcelona, capital do Estado de Anzoátegui, um lugar que alberga a população emigrante portuguesa do Oriente

do país. Aproximadamente 400 famílias portuguesas são as que residem nos arredores das diversas cidades que compõem a entidade oriental. A desconfiança é o que mais caracteriza a maioria dos cidadãos que integram a comunidade lusa do Oriente, segundo nos comentam vários habitantes portugueses de Barcelona. "Os lusos que moram por cá não são muito sociais. Não podemos dizer que sejam todos, pois há sempre um ou outro que são muito amigos e, inclusive, há alguns que sabemos que podemos contar para qualquer coisa", comenta-nos um residente. As condições do Centro Luso Português de Puerto La Cruz não são as mais idó neas para um lugar de repouso e descontracção. Há mais de catorze anos, informou-nos Ismael Fernandes, que os só cios não frequentam o clube porque não se entendiam", lamentam. O MITO A rivalidade que existe entre os portugueses que vivem no Oriente da Venezuela terá começado há mais de vinte anos. Dos 144 que estão inscritos no Centro Social Português de Barcelona, só cinco "marcam presença", pois vão até ao clube para usar o campo de futebol, que é conservado pelo responsável, um madeirense que chegou a Anzó ategui há mais de trinta anos. Desde que ele comprou a acção 134, em catorze anos este nú mero só aumentou para 144, mas depois os novos só cios não frequentaram novamente o clube. Os restantes deixaram de comparecer porque a quota de quinhentos bolívares que pagavam lhes parecia "muito cara".


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9 quilos de cocaína num voo de Caracas As barras de droga apreendidas pela Alfândega estavam acondicionadas dentro de duas malas ciais sobre o Consumo do Aeroporto da Madeira viriam a detectar que as bagagens aconuas malas que contin- dicionavam várias barras de cocaína ham perto de nove qui- 00 los de droga foram na O caso foi remetido para a Polísemana passada confis- cia Judiciária, entidade com comcadas pelos Serviços Alfandegários petência nesta matéria, sendo a drodo Aeroporto da Madeira, naquela ga apreendida à guarda do Minisque foi a maior apreensão indivi- tério Pú blico. Logo pela manhã, os dual de cocaína em estado puro al- dois indivíduos foram constituídos guma vez feita nas instalações aero- arguidos e presentes a tribunal. Na portuárias da Região. Duas pessoas análise do inquérito, o juiz não teforam referenciadas pela Polícia Ju- ve dú vidas em deliberar a medida diciária e no mesmo dia foram pre- de coacção de prisão preventiva. sentes a tribunal. Ambas aguardam Segundo o que apurámos, ambas julgamento em prisão preventiva. as "encomendas" foram transportaDe acordo com informações apu- das num voo proveniente de Cararadas pelo DIÁRIO, um homem cas. Uma teria Lisboa como desticom idade compreendida na casa no, admitindo-se que a outra viados 30 anos e uma mulher com cer- jasse para outra cidade europeia. Os ca de 50 anos, foram notificados e alegados traficantes não conseguiconduzidos pelas autoridades al- ram ludibriar os inspectores da Alfandegárias no sentido de presen- fâ ndega que impediram o embarciarem a abertura das respectivas que da droga no pró ximo voo no malas, que foram retidas por haver Aeroporto da Madeira - o primeifortes suspeitas de conterem pro- ro ponto de escala do espaço Schendutos estupefacientes. gen. Recorde-se que em todo o ano Na sequência desta diligência, de 2004, a Alfâ ndega apreendeu os inspectores da Direcção-Geral das 15,3 quilos de cocaína. Esta foi um Alfâ ndegas e dos Impostos Espe- recorde. Ricardo Duarte Freitas (DN - Madeira)

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Portugal estranha demora no caso Luí s Santos O governo português está preocupado com os atrasos na resolução judicial do caso do piloto português Luís Santos, detido na Venezuela por alegado envolvimento no transporte de drogas, declarou na semana passada o ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral. Em declarações à agência Lusa, Freitas do Amaral confirmou que manteve na semana pasasda, na sede da ONU, um encontro com seu homólogo venezuelano, Ali Rodriguez Araque, para discutir a questão. A reunião foi pedida por Freitas do Amaral, que reafirmou o respeito de Lisboa pela separação de poderes vigentes na Venezuela e pela não interferência do governo no poder judicial, situação que é idêntica em Portugal. "No entanto, estamos preocupados com as demoras, com os sucessivos adiamentos e, portanto, vamos trocar impressões sobre o que é que poderemos fazer em conjunto entre países amigos no sentido de procurar que se chegue a uma decisão o mais rapidamente possível," salientou.

Toneladas de droga Fátima Mariano e Valdemar Pinheiro (JN - Portugal)

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ortugal continua a ser uma das principais portas de entrada de estupefaciente no espaço europeu. Se dú vidas existissem, as várias apreensões de droga e detenções realizadas, na ú ltima semana, pelas diversas forças policiais em várias zonas do país e no Brasil, comprovamno. A apreensão mais importante registou-se anteontem à noite no Rio de Janeiro (Brasil), na sequência da operação "Caravelas", levada a cabo pela Polícia Federal. Num frigorífico instalado no mercado S. Sebastião, em Penha, zona Norte do Rio, foram encontradas cerca de duas tonela-

Apreendidas, no Brasil, cerca de duas toneladas de cocaí na com destino a Portugal das de cocaína em estado puro. A droga encontrava-se escondida em pedaços de carne que, uma vez congelados, seriam exportados para Portugal por navio. "Esta foi a maior apreensão de cocaína do Rio de Janeiro, certamente uma das maiores no Brasil", calculou o delegado Roberto Prel, director regional executivo da Policia Federal do Rio de Janeiro. Segundo apurou o JN, a Polícia Judiciária tem pelo menos quatro suspeitos de ligação à re-

de, sob investigação e sujeitos a escutas há cerca de dois anos, mas nenhum foi ainda constituído arguido. Um deles é um grande grossista fornecedor de carne a hipermercados da região de Lisboa. Sete pessoas foram já detidas, no Brasil, por suspeita de pertencerem à rede internacional de narcotráfico. Quatro dos suspeitos, entre os quais um português que tinha chegado esta semana ao Brasil, foram detidos na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Na localidade de Campo Grande, na mesma cidade, foi detido um advogado, considerado o mentor jurídico do esquema, e em Ipanema um empresário ligado ao sector da restauração e a sua secretária. De acordo com os detidos, o estupefaciente era primeiro trans-

portado da Colô mbia para a cidade de Londrina. Daqui, seguia para o Rio, onde era embalada e enviada para Portugal, através do irmão de um traficante brasileiro que se encontra foragido no Suriname. Perseguição em Faro Numa outra operação, desta vez no Sul de Portugal, foi detido um português, de 29 anos, por suspeita de tráfico de droga atra-

vés do Sul de Espanha. A acção, levada a cabo pela Direcção Central de Investigação do Tráfico de Estupefacientes da PJ em colaboração com as autoridades espanholas na zona do Patacão (Faro), culminou na apreensão de 75 fardos de haxixe, que pesavam cerca de 2600 quilos. A droga era transportada numa carrinha do tipo comercial, de caixa aberta e de matrícula espanhola.


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Clubes de Barquisimeto já não se unificam Délia Meneses

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á pouco mais de um mês, anunciamos nas nossas páginas que os clubes de Barquisimeto, o Centro Luso Larense e o Centro Atlâ ntico Madeira, estavam a analisar a hipó tese de se unificarem. Contudo, esta possibilidade foi posta completamente de parte. Depois de várias reuniões para analisar as vantagens e as desvantagens dessa decisão, que duraram cerca de quatro meses, ficou tudo "em águas de bacalhau" e nada vai mudar em Barquisimeto. A ideia era vista como uma vitó ria que fazia ressaltar a "força do associativismo", precisamente o lema do III Encontro de Gerações, uma iniciativa do CORREIO, do Banif e do Diário de Notícias da Madeira. Inicialmente, os primeiros resultados deram conta de que cerca de 80% dos elementos que participaram nestes encontros se mostraram receptivos à ideia de unir os dois clubes sociais de Barquisimeto: o

Centro Luso Larense e Centro Atlântico Madeira continuam de costas voltadas. Afinal, a "força do associativismo" não é assim tão grande... Centro Luso Larense e o Centro Atlâ ntico Madeira. Contudo, a ideia foi abortada e as vozes que não estavam de acordo com esta eventualidade, especialmente por parte do Centro Luso Larense, prevaleceram sobre as outras. Não se conseguiu chegar a qualquer tipo de acordo, por vários motivos. A distâ ncia geográfica que separa as duas instituições foi o principal entrave, pois se a ideia avançasse ponderava-se encerrar um dos clubes. Para além disso, os só cios e a direcção do Centro Luso Larense alegaram que o Centro Atlâ ntico Madeira tinha menos só cios, menos estruturas e menos capital que o Centro

Atlâ ntico Madeira. Um dos só cios explicou-nos que, entre outras coisas, não era viável para ele ir até ao Centro Luso Larense jogar às cartas e o filho preferisse ir à piscina do Atlâ ntico Madeira. "É complicado para as famílias e não é justo que um dos clubes tivesse que "dar o braço a torcer". Lembre-se que, como publicámos, de acordo com o que foi discutido nas primeiras reuniões que serviram para ponderar a hipó tese de unificação, se esta viesse a acontecer, os centros iam ser administrados por uma só direcção que teria o escritó rio num só clube, sendo nomeado um gerente para o outro centro. Os que estavam a favor da união defendiam que esta iniciativa outorgaria maior comodidade aos só cios. No caso específico do Centro Atlâ ntico Madeira, que recentemente criou uma comissão de obras para culminar o projecto da piscina, a ideia de fusão poderia implicar o aumento das quotas.


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Poucos alunos para os cursos de português

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Uma legislação com mais de 15 anos tem feito reduzir o número de crianças do ensino básico que aprendem a lí ngua de Camões

ReSPOSTa aOS PeDIDOS Fátima Rodrigues, uma portuguesa que chegou ainda criança à Venezuela, vinda da ilha da Madeira, é agora directora do

colégio "Luís de Camões", que se localiza em La Candelária. Diz que o ensino do português é importante para as crianças de idades compreendidas entre os seis e os treze anos. Lamentou que muitos dos lusos que vivem no país não se empenhem para que os seus filhos estudem e aprendam a língua portuguesa. No "Luís de Camões", leccionam-se cursos de português fora das horas de aulas exigidas por lei. Na parte da tarde, segundo nos informou Rodrigues, os pais nos pedem que ensinemos o português porque entendem que é necessários que as crianças "cresçam com conhecimentos da nossa cultura". Por isso, o curso é dado à noite, o que não faz com que as aulas não sejam bastante procuradas. Ao curso de português, assistem uma média de vinte alunos lusodescendentes e venezuelanos. Como nos explica Rodrigues, "as autoridades portuguesas não se têm empenhado para que nos colégios fundados por portugueses se ensine o português, embora há algum tempo se tenha comentado que o governo venezuelano

Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

a Venezuela, nos ú ltimos quinze anos, o ensino do português na primária e secundária é cada vez menos frequente, sobretudo por causa da mudança que se verificou nas leis de educação venezuelanas, conforme nos informa David Pinto, director do colégio "Nossa Senhora de Fátima", de San Bernardino. Contudo, algumas instituições educativas na cidade de Caracas ainda continuam a ensinar outras línguas diferentes do inglês, nomeadamente o Colégio "Alejandro Humbolt", que adicionou aos currículos educativos duas horas de ensino de língua estrangeira, dadas na sua maioria pelo fundador da instituição. Logo depois da mudança de nome do Ministério de Educação na Venezuela e da aplicação de novas leis, "proibiu-se que nas horas exigidas pelo Ministério se dessem aulas de qualquer língua que não fosse o castelhanos e o inglês", pois assim o exigia o conteú do programático fornecido pelo Ministério da Educação, Cultura e Desporto.

Fátima Rodrigues

iria introduzir o ensino desta língua devido à sua proximidade com o Brasil", diz. FeCHaDOS POR FalTa De InTeReSSe No Instituto "Nossa Senhora de Fátima", de Los Chorros, os cursos de português foram eliminados totalmente. Graciela Nó brega, lusodescendente e administradora do colégio, informou-nos que a falta de tempo dos pais e a inexistência de professores de português fizeram com que fossem eliminados os cursos à noite que se faziam antes. O colégio tem 350 alunos, entre estudantes da primeira e da segunda fase de educação básica e diversificada. Há seis anos, os cursos desapareceram e, por enquanto, não se tenciona reabri-los. Isto

"apesar de jovens credenciados terem vindo entregar os seus currículos para oferecer os seus serviços como professores", acrescentou Nó brega. Outros dos entraves que se verificou na altura foi a ausência de crianças interessadas nos cursos por causa das horas em que se davam as aulas. Os pais não queriam que os seus filhos alterassem o seu horário de alimentação. Mas também não havia professores, algo que se inverteu: o nú mero de professores era escasso no início do curso, mas depois alguns professores só tinham três alunos, dois lusodescendentes e um venezuelano. CuRSOS eM CuRSO David Pinho é o organizador dos cursos do colégio "Nossa Senhora de Fátima", em San Bernardino, para onde concorrem vários alunos de descendência portuguesa. Na sala de aulas há 22 crianças, entre as quais três não têm ascendência lusa e estudam a língua por gosto. "A melhor forma de aprender o português é fora do horário académico que se leva no colégio, independentemente de ser proibido fazer-se dentro do horário educativo que o MECD exige actualmente", acrescentou Pinho. Na verdade, os cursos têm sido bastante efectivos e cada ano se inscrevem mais crianças que desejam aprender outra língua que não o inglês ou o espanhol.


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Lar comemorou 1º aniversário a pedir apoios Direcção do Lar Padre Joaquim Ferreira precisa de ajuda para suportar a manutenção mensal da instituição, que é de 60 milhões Délia Meneses

memorava o seu primeiro aniversário e também se propus saura da Silva e Gabriela recolher fundos para arranjar Freitas foram as residen- os estragos que se verificaram tes do Lar Padre Joaquim há poucos dias por causa das Ferreira que mais des- intensas chuvas que caíram sofrutaram do Domingo Cam- bre a capital, entre outras nepestre que se realizou a 18 de cessidades que actualmente Setembro. Começaram por ba- tem a casa que acolhe cerca de ter palmas ao ritmo da mú sica 40 idosos, dos quais 15 são indo grupo folcló rico Danças y válidos. Cantares do Centro Português. Maurílio Santos, membro Depois, foram mais ousadas e, da direcção do lar, apresentou com um pouco de ajuda, le- aos presentes as contas do Lar vantaram-se das cadeiras para Padre Joaquim Ferreira e peintegrar o grupo que dançava diu ajuda, dizendo que a insno pátio do lar. Converteram- tituição necessitava de muitos se na atracção principal. colaboradores. E acrescentou: A tarde foi bem preenchi- "Precisamos de fazer um poço da com animação e, de seguida, porque não temos serviço de apresentaram-se o grupo fol- água canalizada". cló rico Duas Pátrias e o grupo Também o segundo andar recente " Emigrante Portu- da instituição está vazio por guês", que surgiu em Los Va- falta de verbas para começar lles del Tuy. os trabalhos. Com este evento, o Lar coSantos sublinhou que a ma-

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nutenção mensal do lar é de 60 milhões de bolívares, um valor que a instituição não tem, pois "só está a entrar 30 milhões", ou seja, há déficit de 30 milhões. "Já temos feito pedidos de ajuda ao Governo da Repú blica portuguesa e ao Governo Regional da Região Autó noma da Madeira para que nos apoiem com a manutenç ão, mas não temos recebido resposta". Cremilde de Andrade, que faz parte da associação de Damas de Beneficência Portuguesa, disse que na medida das suas possibilidades tem procurado organizar actividades para os senis residentes do lar. "Já foram duas vezes a Betania, visitaram a Casa Portuguesa de Maracay, estiveram no Centro Social Madeirense e recentemente foram recebi-

dos no Teatro Teresa Carreño. Também uma vez ao mês organizamos um bingo", pormenoriza. As pessoas que assistiram ao evento tiveram a oportunidade de comprar comidas típicas portuguesas e assistir à actua-

ção de grupos folcló ricos. Da mesma forma, para recolher fundos, organizou-se uma rifa de duas passagens de ida e volta para Portugal, através da linha aérea TAP, assim como o sorteio de um anel de ouro e diamantes.


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Nova direcção nas "Amigas da Espetada" Noelia de Abreu

noeliadebreu@gmail.com

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"Amigas da Espetada", uma associação benéfica constituída exclusivamente por mulheres, faz um ano no pró ximo mês de Novembro. Durante esse tempo de trabalho contínuo, estas mulheres, que são representadas por Carmen de Pereira, presidente, e Maria de Lourdes Oliveira, vice-presidente, encontraram uma forma de ajudar os mais neces-

Em Novembro, a associação faz um ano e, com eleições à porta, aceita interessados sitados. Esta foi, também, uma experiência que as ajudou muito pessoalmente. "Muitas das senhoras que fazem parte da associação tiveram a oportunidade de se reencontrarem com elas mesmas. Nas nossas reuniões, com o Karaoke, algumas

Resumo das actividades

B. I.

Até à data, as "Amigas da Espetada" já organizaram quatro reuniões. A primeira teve lugar no restaurante Rucio Moro, a segunda em Cristal Ranch, a terceira em Punta Grill e a quarta no Hotel Montaña Suits. Os fundos recolhidos ao longo destas reuniões destinam-se a ajudar pessoas com cancro e a entregar donativos para o Lar Padre Joaquim Ferreira, entre outras ajudas particulares. Actualmente, a associação está a analisar a possibilidade de doar equipamentos a uma instituição de crianças. Também está a organizar a sua quinta reunião, onde vão condecorar as mulheres que assistiriam aos quatro encontros anteriores. As interessadas em pertencer a esta associação podem contactar a actual presidente, Carmen de Pereira através do número 0414 -338-89-27

Data de fundação: 15 de Novembro de 2004 Actuais colaboradoras: 130 mulheres Valor das entradas de cada reunião: 40.000 Bs. Prato típico que identifica a associação: espetada Periodicidade das reuniões: bimensal

descobriram que têm uma paixão pela mú sica (canto), algo que estava "adormecido". Algumas descobriram mesmo que têm uma boa voz", explica-nos Oliveira. Sem nos importarmos onde realizamos as reuniões, todos os nossos encontros se iniciam com uma oração e depois realizam-se jogos que amenizam a noite. Depois, jantamos, na maior parte comida oferecida por várias empresas e comércios portugueses. Depois de comer, sempre se organizam diversas actividades,

desde karaoke até espectáculos de danças árabes ou flamengo. A sua vice-presidente, Maria Lourdes de Oliveira, convida todas as mulheres da comunidade a fazer parte desta associação, pois - entende - é uma grande oportunidade para ajudar o pró ximo e possibilita a partilha e a diversão com outras mulheres. "Antes, as mulheres não saíam sem os seus maridos, mas agora têm uma oportunidade para fazê-lo, podendo assim estar com as amigas por uma boa causa", comenta-nos Oliveira.


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Empresário lusodescendente lidera organização latino-americana Luí s Miguel da Gama, filho de madeirenses, é um dos presidentes da CECRAL organismo regulador para o Comércio e Indústria Tábita Barrera

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empresário lusodescendente Luís Miguel da Gama, filho de pais madeirenses, oriundos da freguesia do Caniço, foi designado para ocupar o lugar que antes fora de Sílvio Laván (actualmente director dos Supermercados Pão de Açú car, no Brasil), como um dos co-presidentes da CECRAL (Comité ECR para a América Latina), uma organização que regulamenta o mercado entre grandes fornecedores e comerciantes na América Latina. De acordo com aquele lusodescendente existe um organismo chamado "Global Comerce Iniciative" (GCI), composto por vinte presidentes (dez para o comércio e dez para a indú stria) que decidem os alinhamentos a seguir e que se apoiam em organismos semelhantes ao nível de cada país. Definem as respectivas prioridades nacionais, procurando alinhar soluções que se aproximem dos padrões mundiais estabelecidos para os consumidores e que acabem com eventuais diferenças de procedimentos que prejudiquem a livre actividade comercial ou o relacionamento com os clientes. Está neste caso, por exemplo, o estabelecimento de regras comuns para a utilização do có digo de barras, uma prática uniformizada, aliás, na Europa, onde é seguida desde há alguns anos. Os objectivos fundamentais dos trabalhos da CECRAL são a redução de custos, o melhoramento da produtividade e o incremento das vendas. Luís Miguel da Gama disse-nos que a ú nica maneira de ganhar essas vantagens será através da introdução de meios informatizados, entre os quais a criação de catálogos electró nicos através de um sistema de aceitação mundial denominado por "Global Data Sincronization Network" (GDSN). Como nos explicou os catálogos permitirão que os fornecedores se organizem através da Internet. "Eles mandam toda a informação via Internet e nó s, os comerciantes, também nos organizaremos de maneira a que ao pretendermos fazer uma encomenda de um produto se possa fazê-la também pela Internet, agilizando desta forma a operação de compra", citou como exemplo. Para empresas como "Farmatodo", CADA, COBECA (Comercial Belloso Compañía Anó nima), "Excelsior Gama", Colgate, "Johnson & Jonson", "Procter & Gamble" e "Gillette" essa opção de relacionamento já existe. Neste momento outras grandes empresas de retalho na Ve-

nezuela estão já a se aproximar do sistema e deverão aderir em breve. São os casos da Central Madeirense, UNICASA e Automercados Plaza's, as três fundadas e geridas por portugueses e lusodescendentes originários da ilha da Madeira. Aliás, a maioria do comércio de hipermercados, automercados e supermercados existentes na Venezuela está nas mãos de emigrantes portugueses. MELHORIA DE QUALIDADE Luís Miguel Gama considera que logo que estejam catalogados os produtos, quer ao nível comercial, quer industrial, numa base de dados em que se integrarão os compradores, os pedidos poderão ser feitos de forma automática e silenciosa, como é por exemplo enviar uma mensagem electró nica (e-mail). O que não quer dizer, refere, que sejam abandonadas as figuras dos vendedores e dos compradores, enquanto pessoas que se contactam pessoalmente. Sobre a adversidade de no futuro este novo sistema e tecnologia poder reduzir alguns postos de trabalho, Luís Miguel da Gama explica que os vendedores se dedicarão mais, a partir de agora, ao marketing e às promoções dos produtos, assim como a uma série de temas relevantes para o desenvolvimento do comércio. Este processo evitará que os produtos caiam na categoria de esgotados, porque será garantida a disponibilidade do sistema que por sua vez irá garantir a gestão de "stocks", com grandes vantagens para o

serviço e relacionamento entre o comerciante e o consumidor. No caso particular da rede de supermercados "Excelsior Gama", da qual é um dos administradores, reduziram-se as devoluções a zero, logrando-se níveis de inventário muito bons, com um "stock" mais pequeno, dada a constante vigilâ ncia que o sistema faz sobre as faltas de produto, repondo-os de forma automática, a não ser que o comerciante opte por descontinuar a linha. O empresário reconhece que muitas pessoas e entidades colaboraram para que este processo se agilizasse na Venezuela. Entre eles destacou Alberto Dueñas, um dos presidentes eleitos pela Venezuela, pela Indú stria, e também presidente da "Gillette" no país e José Luis Mejías, presidente de "GS1 Venezuela". Na região da América Latina, os copresidentes para a Indú stria, José Ignacio Sordo (representante da "Procter & Gamble" do México), Enrique Vitale (representante da "GS1-Argentina") e Luís Miguel da Gama (co-presidente para o Comércio nesta zona geográfica) estarão em comunicação em cada um dos países, com todos os co-presidentes para definirem objectivos até ao final do corrente mês de Setembro. Uma vez estudado o panorama dos 14 países, serão estabelecidas as prioridades da região, que serão apresentadas no congresso anual da organização que terá lugar na primeira semana de Setembro do pró ximo ano, em Caracas.

A importâ ncia dos processos de agilização para a melhoria da produtividade da empresa radica em "fomentar o conhecimento e a implementação destas técnicas e isso só se conseguirá se forem estabelecidas relações de colaboração e trabalho entre comerciantes e fornecedores com o fim de identificar os padrões internacionais de qualidade", garantiu-nos Luís Miguela da Gama. Nesse sentido destacou o papel de alguns países mais avançados nesta área, onde existe já uma implantação massiva desta técnica, como são os casos da Colô mbia, México e Argentina. Sobre a Venezuela, considerou que o trabalho está ainda a meio caminho no que se refere ao avanço da tecnologia nesta área de mercado. Entende que a situação do dia a dia é premente e trata-se de um caso atípico na região. "São muitas as responsabilidades e os detalhes que os comerciantes e industriais vivem actualmente na Venezuela ao contrário dos outros países da América Latina. Daí a necessidade de aplicar estas técnicas que já são uma realidade no mercado mundial", concluiu Luís Miguel da Gama. "RESPOSTA EFICIENTE AO CONSUMIDOR" A organização CECRAL (Comité ECR para a América Latina) é uma organização que está criada para colocar em prática técnicas empresariais que contribuam para aumentar a eficiência do sector industrial e comercial e, por sua vez, garantir as necessidades dos consumidores da América Latina. A ECR representa as siglas em inglês da frase "Efficient Consumer Response" que em português significa "Resposta Eficiente ao Consumidor". Foi a partir de 1993 que esta iniciativa surgiu para solucionar os problemas de consumidores e fornecedores. O que esta organização pretende "é ganhar economias, mediante a redução dos custos desnecessários ao longo de toda a cadeia de valor, para transferi-los directa ou indirectamente para o consumidor final", referem fontes da organização. Nas cinco regiões que constituem o universo da CECRAL (Estados Unidos, Europa, Ásia, África e América Latina), cada país deve ter um representante para o sector comercial e industrial. A região latino-americana integra 14 países, entre os quais a Venezuela. A presidência comercial da Venezuela encontra-se desde há aproximadamente três anos sob a tutela de Luís Miguel da Gama, um lusodescendente, filho de pais naturais da Madeira, que é director da cadeia de supermercados Excelsior Gama, que no passado dia 29 de Agosto foi eleito co-presidente da CECRAL para a América Latina no sector do comércio.


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VENEzUELA 11

Simón Bolívar em Arcos de Valdevez Vários arcuenses que residem na Venezuela e autoridades portuguesas e venezuelanas assistiram à deposição do busto do Libertador. O embaixador Da Costa Arsénio ressaltou a importâ ncia e significado hisLibertador da Venezuela, Co- tó rico de Arcos de Valdevez com o célô mbia, Equador, Perú e Pa- lebre "Reencontro de Valdevez". Falou namá, também fundador da das comunidades e mais propriamente da Bolívia, tem um espaço na vi- venezuelana. la de Arcos de Valdevez, bem no coração Por sua parte, Araú jo sublinhou a imdo alto Minho, ao Norte de Portugal. portâ ncia histó rica de Simó n Bolívar Integrado nas festividades do concelho na histó ria da humanidade e disse sentire no I Encontro das Comunidades Ar- se honrado com a iniciativa dos arcuenses cuenses (em Portugal), realizou-se o sim- da Venezuela em colocar um busto de bó lico acto de depositar um busto de Si- "esse grande homem". mó n Bolívar, um acto que contou com Depois Rodríguez Letaller agradeceu a presença de um importante grupo de o convite feito à embaixada e leu uma arcuenses e descendentes que residem na mensagem do embaixador Manuel QuiVenezuela. Estes aproveitaram para con- jada dirigida aos arcuenses da Venezuela, hecer o município de Arcos de Valdevez felicitando-os pela iniciativa. e outros lugares da região do Minho. Este Pela Venezuela, falou Domingos Calé o terceiro busto de Bolívar que é depo- heiros, que com muita emoção disse ver o sitado em Portugal. seu sonho realizado: colocar uma estátua Ao acto, assistiram o embaixador de do Libertador na sua terra, sendo esta Portugal na Venezuela, José Manuel da uma digna homenagem ao Libertador e à Costa Arsénio, e os ministros conselheiros Venezuela, pátria de acolhimento de conda Embaixada da Repú blica Bolivariana terrâ neos desde há mais de meio século. da Venezuela: Alida Rodríguez Letaller e O acto terminou na Casa das Artes Eduardo Spadaro, em representação do com a projecção de um vídeo sobre o conembaixador Manuel Quijada e do gover- celho de Arcos de Valdevez, o qual foi no da Venezuela. muito aplaudido. A Caixa Geral de Depó sitos, que foi Depois, todos os presentes foram de quem pagou a estátua da autoria do es- autocarro e carros particulares até ao lucultor Jú lio Cesar Briceño, fez-se repre- gar donde fica honrado para sempre o Lisentar pelo Director-Adjunto, Humber- bertador na rua Dr. Antó nio Pimenta to Casanova. Ribeiro. O evento iniciou-se no auditó rio da Depois de ser depositada a estátua, Casa das Artes do município. Na mesa, mais de 120 convidados se deslocaram até estavam representantes das comunidades ao restaurante "O Casarão" para um jantar arcuenses em Andorra, França, Long Is- acompanhado ao som de mú sica de salão land e New Work (U.S.A.), de Lisboa e e, no final, teve lugar a actuação do Randa Venezuela, e o anfitrião presidente da cho Folcló rico de São Pedro do Vale de câ mara municipal de Arcos de Valde- Arcos de Valdevez. vez, Francisco Rodrigues Araú jo. Délia Meneses

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12 HISTÓRIA DE VIDA

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Uma vida de altos e baixos meios na mercearia da sua família. Depois, abriu uma sociedade, os dezasseis mas não teve êxito. Depois, teve anos deixei o várias ofertas e possibilidades, meu povo por- mas a experiência tinha-lhe enque nessa altura sinado a ser prudente. Preferiu só havia duas opç ões na vida: jogar pelo seguro e permaneceu emigrar ou fazer o serviç o mili- três anos na Avenida Nueva Gratar". Assim se expressa José Fer- nada. Dai, teve que sair porque nando Suares Henriques, natural decidiu abrir uma tinturaria. de Câ mara de Lobos. Hoje, com Nesse momento, viu-se a enfren62 anos, recorda esse momento tar o destino: as queixas dos vicom particular tristeza. Em 1961, zinhos que pensavam que os vaquando chegou à Venezuela, a pores que saíam das caldeiras guerra colonial em África, sobre- eram tó xicos. tudo em Angola, "expulsava" milNalgumas alturas, teve que pehares de jovens do país. dir dinheiro emprestado, mas Ele mesmo pagou a sua passa- sempre conseguiu cumprir a sua gem para La Guaira, mas por ser palavra. Hoje em dia, leva 23 menor de idade o seu pai teve de anos a trabalhar no mesmo estao acompanhar. Foi uma viagem belecimento, onde é só cio com até curta: o "Federico C" demo- o seu cunhado. rou sete dias. Foi uma alegria "Com tantas desavenç as, decichegar, ver a sua irmã e o cunha- di visitar a minha terra", diz. Sodo, que já estavam estabelecidos ares fez uma viagem à Madeira no popular sector caraquenho de em 1969 e conheceu lá a mulher Los Rosales. com quem casou. Nessa altura, Apenas chegou, começ ou a pediu-a em casamento e o casatrabalhar para ganhar a vida. Foi mento realizou-se quando reuma mudanç a difícil. Na Madei- gressou à Madeira, dois anos mais ra, trabalhava no campo a ajudar tarde. Veio então para a Venea sua família nos terrenos. Quan- zuela já casado. Soares recorda do havia alguma coisa para ven- um detalhe anedó tico da sua prider, acompanhava o seu pai ao meira viagem: "o bilhete de avião Funchal, ao Mercado dos Lavra- e todas as despesas com a viagem dores. Em Caracas, teve que foram cinco mil bolívares". Naaprender rápido o movimento co- quela altura, a moeda venezuelamercial da mercearia. Foi difícil na era forte e permitia-nos ir adaptar-se ao novo ambiente, mais vezes a Portugal". aprender a língua e compreender Apesar de tudo, conseguiu a mentalidade dos crioulos. Mas sempre manter o optimismo. Sentudo resultou sendo uma aventu- te-se protegido pelos seus filhos. ra bastante proveitosa. Um deles é bastante dedicado ao Uma coisa não mudou: não tin- comércio e aos filhos, o outro viha tempo livre."O trabalho de ve em Portugal. Eles dão-lhe a raum jovem na Madeira não deixa- zão de viver e mantê m viva a va tempo para diversões. Aqui chama madeirense porque na sua també m não podia dar-me esse casa sempre se falou a língua de luxo. Tudo foi muito difícil", con- Camões. Mas às vezes tem saudata-nos. des da tranquilidade, da calma e Primeiro, foram os três anos e dos costumes da ilha. José Fernando Suares Henriques

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14 LAZER

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Reggaeton põe portugueses a dançar

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Este novo ritmo musical não é só famoso nas terras do Caribe. Europa já foi inundada pela onda de "zandungueo" e Portugal não podia ficar para trás.

Sem dú vida alguma, devem ser poucas as pessoas que ainda não se deixaram atrair por este fenó meno musical. Contudo, ao contrário do que se podia pensar, este género não só causa sensação na América Latina como também tem feito das suas em muito países da Europa, como Espanha, França, Itália e Portugal. O fenó meno do reggaeton tem invadido Portugal de Norte a Sul, através de frases como o meló dico refrão "Dame más gasolina...", o qual se ouve nas rádios, nos centros comerciais e nas discotecas. Este tema, que já é hit mundial, converteu-se numa espécie de hino luso que muitos entoam

sem saber bem qual é o significado da mú sica. Contudo, este é apenas o primeiro hit de uma inumerável quantidade de temas que começam a inundar o mercado discográfico desse país. Para peritos, o conceito do reggaeton é simples e complexo ao mesmo tempo, mas a verdade é que mistura ritmos africanos, um pouco de hip hop, vozes e melodias latinas com muita imaginação. São estes os principais ingredientes desta nova tendência. Quanto à palavra "reggaeton", nasce da junção de dois termos, "reggae" e "marató n", que são concursos de rimas típicas do rap. Todos estes ingredientes fizeram com que o reggaeton fosse um grande êxito, o que podemos comprovar com o sucesso que tem nas festas que são organizadas em muitas cidades de Portugal. A estas "rumbas" são convidados vários

Liliana da Silva

Lilianadasilva19@hotmail.com

uem não tem ouvido nos ú ltimos meses um reggaeton? Essa nova tendência musical que, para alegria de muitos e desgosto de outros, tem revolucionado as emissoras de rádio e as discotecas que não param de transmitir estas contagiantes melodias que põem a danças pequenos e grandes.

DJ's que, ao longo de toda a noite, se encarregam de misturar os temas mais badalados deste género. Geralmente, participa também um grupo de animadores que juntamente com bailarinas se encarregam de ensinar os passos mais característicos deste ritmo. Embora sempre seja motivo de gozo a capacidade dos portugueses para dançarem ritmos latinos, assim como outros europeus, a onda de reggaeton deixou bem claro que, na hora de desfrutar a mú sica, pouco importa a língua e as coreografias perfeitas, pois o que interessa é sentir a mú sica e interpretá-la como deve ser. E, de facto, os jovens lusitanos têm aprendido com muita facilidade o funcionamento do "zandungueo" e do "perreo". Devido ao êxito que esta corrente musical tem conseguido em Portugal, o CORREIO falou com alguns jo-

vens para saber o que pensam os portugueses do reggaeton. Para Tiago dos Santos, um jovem de 25 anos natural de Leiria, este não é um tipo de mú sica que se ouça sempre, mas, se estivermos num bar à noite, é uma mú sica que nos faz bater o pé e cantar. É uma musica só para o Verão, com muito sucesso em Portugal devido também ao facto de ser tocada na maioria dos bares e discotecas. Resumindo, acho que não há português que não a conheça e que não saiba no mínimo o refrão da mú sica. Também Fernando Antunes, 29 anos, de São Martinho do Porto, gosta muito da mú sica. "Acho que é um grande som, sobretudo porque consegue pô r a dançar todo o mundo. Mesmo sem saber como se faz, dançamos à nossa maneira", diz. E acrescenta: "aqui sempre vamos ouvindo alguns merengues e algumas canções

em espanhol que estão na moda. Contudo, só as ouvimos no Verão. Acho que o reggaeton vai conseguir manter-se durante todo o ano. Por sua vez, Pedro Leme (Lisboa), 26 anos, simplesmente não gosta. "Mú sica má já temos nó s cá muita, e pimbalhadas então, nem se fala. Não é preciso importarmos mú sica de má qualidade, ordinárias, pobres e com letras sem sentido. O reggaeton, na minha opinião, não vai ter muito futuro em Portugal", diz. Também Ana Mendes diz que este não o seu estilo de mú sica. Contudo, quando sai à noite, até gosta de dançar ao som deste estilo tão particular. "Podemos exteriorizar toda a nossa energia e sensualidade", expressa, revelando-nos que tem ido a muitas festas onde só põe este tipo de mú sica.

Um novo gé nero:

Fernando Antunes

Pedro Leme

Tiago Dos Santos

Ana Mendes

• O reggaeton é, para muitos, o género musical mais contagioso que se criou nos últimos anos. Como qualquer tendência musical, escuta-se há anos e vincou profundamente nalgumas discotecas caribenhas. • Entre 1994 e 1995, a polícia de Puerto Rico encerrou discotecas deste género com a desculpa de alegada pornografia, mas os tribunais preferiram salvaguardar o direito constitucional à livre expressão. De facto, na República Dominicana, houve concertos que chegaram a ser proibidos por causa do "perreo". Mas como diz o adágio, "o fruto proibido é o mais apetecido". • Os temas das suas letras variam, evidenciando temáticas que vão desde o racismo e os maus tratos até às drogas, ódio, violência e sexo. Nas suas letras, encontramos mensagens simples, mas também profundas. • Outra das polémicas que ajudou o estilo a crescer foram as coreografias criadas especificamente para este estilo. Os fortes movimentos de cintura conseguem tirar a muitos.


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LAZER 15

O orgulho de projectar outros artistas Desde criança, José Manuel Pereira trocou os brinquedos por instrumentos osé Manuel Pereira é filho musicais e ganha a vida com a música desde os seus 15 anos Carlos Orellana

corellanacorreio@hotmail.com

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de pais madeirenses naturais de Câ mara de Lobos. Desde criança, sempre se sentiu seduzido por qualquer tipo de instrumento musical. Aos sete anos de idade, iniciou-se com os instrumentos: acordeão, ó rgão, piano e contrabaixo. Conta-nos que começou a trabalhar como mú sico aos 15 anos, conseguindo ganhar dinheiro com o que, mais do que um trabalho, era um prazer que o satisfazia.

Hoje, com 42 anos, arranja temas musicais e tem uma produtora discográfica, a "JMP RECORDS", que tem produzido grande parte dos discos de muitos cantores portugueses, como Carlos Kanto, Sidó nio Silva, Reinaldo Rey, Manuel Oliveira "Oliver", a dupla las Marxis e Marilyn Silva, entre outros. "Eu nasci com o gosto pela mú sica. Deixei os meus estudos em Engenharia Electró nica por ela. Estou há 21 anos com o grupo de Canaima, uma orquestra em que ocupei o lugar de Franco De Vita. Agora faço os arranjos nos temas e também sou o pianista do grupo. Para além do mais, sinto que temos sido referência de muitas festas portuguesas", diz. O produtor musical criou já uns "45 discos desde 1992" e teve a oportunidade

de trabalhar em Portugal, onde fez "dois discos" para um cantor chamado João Costa. Na Madeira, participou em dois arranjos para Ricardo Alves e Dias, no Festival das Vozes do Atlâ ntico, do Faial. "Fiz muitas amizades com a comunidade lusa. A muitos, possibilitei-lhes a produção de discos. No ano passado, estive em Portugal e agora está a ser vendido um disco meu lá. Esta ideia surgiu há algum tempo, quando indaguei sobre a mú sica popular de Portugal - que não é precisamente folcló rica - e notei que não havia nada gravado com o acordeão nos ú ltimos 35 anos. Como tal, resgatei essas melodias e fiz alguns arranjos desde então", conta-nos, acrescentando que o disco que está à venda em Portugal denomina-se "Portugal no fô lego de um acordeão" (Vol. I e II). Este lusodescendente é uma pessoa cheia de emoção e satisfação pelo que faz. "O que mais me dá gozo é conseguir que, através das minhas produções, o artista seja projectado e tenha êxito, como teve Carlos Kanto, Sidó nio Silva, e outros, que têm viajado com os seus discos e têm tido sucesso", refere.

Venezuela elege segunda rainha de cor Carlos Orellana

corellanacorreio@hotmail.com

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a eleiç ão final da Miss Venezuela 2005, Jictzad Viña, uma vistosa e alta morena de 1.83 metros de altura e 22 anos, fez cair completamente por terra o favoritismo pelas outras candidatas, conseguindo ser a pró xima representante da Venezuela na Tailandia, onde se vai realizar o Miss Universo.

No quadro final, também foi coroada como Miss Venezuela Mundo a Miss Costa Oriental, Susan Carrizo, uma também vistosa morena de olhos verdes que foi apontada desde o início como uma das mais prováveis vencedoras do concurso. Mesmo assim, a coroa de Miss Venezuela Internacional foi para a concorrente

do Estado de Barinas, Daniela Di Giácomo. A nova Miss Venezuela é a segunda rainha de cor que é eleita durante a histó ria do certâ men. A primeira foi Carolina Indriago, que representou o país no Miss Universo 1999. Agora, as "pretas" conseguiram destacar-se num grupo de concorrentes constituído maioritariamente por ruivas. O EVENTO A pesar da ausência de candidatas lusodescendentes, os portugueses, como acontece sempre, de uma forma ou de outra marcaram presença. O jovem animador Alex Gonçalves dançou e cantou com muita alegria no "openning" de Miss Venezuela. Por sua vez, a jornalistas Laura Vieira recebeu e entrevistou diferentes personalidades do mundo artístico que

Miss Sucre impôs-se às 27 concorrentes e deu cabo dos prognósticos que deixavam à frente Carabobo, Nueva Esparta, Falcón e Canaima. compareceram no evento, que se realizou no Poliedro de Caracas. O CORREIO também esteve presente no concurso e falou com a lusodescendente Enmarys Pinto, filha de pais madeirenses e mãe venezuelana, que no ano passado representou o Estado de Lara no Miss Venezuela, recebendo recentemente na China a coroa de Miss Intercontinental 2005.


16 CULTURA

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Associação de jovens lusodescendentes ganha força Jean Carlos De Abreu

VEN), do Consulado Honorário de Maracay, da Casa Portuguesa do Estado de Aragua e do banco Millenium, como já Associação de Jovens Luso- referimos. descendentes de Maracay A fundadora do grupo, Ângela Carolicontinua a crescer e a procu- na Dias, comentou-nos que a sua principal rar mais apoios para dar con- ideia é formar pequenos bloques de adotinuidade ao projecto proposto por Ânge- lescentes e profissionais lusodescendenla Carolina Dias, presidente deste grupo, tes em cada região do país, para que cada que tenciona atrair filhos de portugueses Estado possa ter uma sede pró pria e os de todo o país. jovens possam desenvolver as ideias que A agrupação pretende permitir aos jo- tenham em mente. vens desenvolverem as suas ideias e "faActualmente, há um projecto educatizerem uma coló nia unida onde todos nos vo que está a ser estudado. "Robó tica paconheçamos e realcemos a nossa cultu- ra niños" foi o primeiro plano que se desra", destaca Dias. envolveu com êxito na cidade araguenRecentemente, o Banco Millenium, ha, onde centenas de crianças puderam presidido na Venezuela por Fernando Sil- criar os seus pró prios robots e pô r a sua va, decidiu dar à associação de lusodes- criatividade a funcionar. "Queremos concendentes um voto de confiança e apoiar tinuar a desenvolver este tipo de activio grupo. dades em todo o país, mas é preciso haA associação foi criada a 21 de Maio de ver unidade por parte dos nossos jovens 2003, com a finalidade de levar a cabo pro- lusos", reiterou Dias. jectos que envolvam jovens de descenEntre os seus projectos futuros, destacadência portuguesa. É constituída por quin- se a pretensão de Dias de organizar o prize membros que vivem no Estado de Ara- meiro encontro no país de jovens profisgua e conta com o apoio do Consulado sionais lusodescendentes. O objectivo é Geral de Valencia, da Câ mara Portu- dar a conhecer o trabalho da geração lusa. guesa Venezuelana de Aragua (CARPO- PÁGINA NA NET deabreujean@yahoo.com

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A associação de Lusodescendentes vai ter uma página de Internet que vai ser activada dentro de quinze dias, aproximadamente, com a principal finalidade de criar um chat e permitir um primeiro contacto entre estes jovens, através da rede. O objectivo é também disponibilizar ligações "directas" com outras páginas do exterior, onde há também emigração lusa. Pretende-se com isto que os jovens possam trocar ideias e pontos de vista diferentes com outros filhos de portugueses que nasceram noutras cidades. Há dois anos, ia ser feito em Maracay um censo para determinar a quantidade de lusodescendentes profissionais naquela cidade. Mas isto não foi possível porque "não tivemos apoios". E, refere Dias, acabamos por não contar com a ajuda do antigo cô nsul de Valencia". Logo que Rui Monteiro, o cô nsul geral de Valencia, chegou, as coisas mudaram substancialmente. "A vontade de fazer a associação continuar fizeram com que surgisse em Aragua esta iniciativa e, hoje, queremos que todo o país conheça nosso grupo, pois um pouco por toda a Venezuela há comunidades lusas", conclui.

BREVES Exposição de pintura infantil no CP

Pela primeira vez no Centro Português de Caracas, a direcção de Cultura, presidida por Manuel dos Santos, está a fazer uma recolha de crianças com idades compreendidas entre os oito e os quinze anos para que os mesmos participem numa exposição de pintura que se realiza a partir do próximo dia 26, no corredor dos artistas do Centro Português. As inscrições começaram a 6 de Setembro e terminam a 18 deste mesmo mês. As crianças inscritas vão contar com o apoio de Manuel dos Santos, que as vai ajudar a manobrar as técnicas de pintura a frio. Os participantes podem também plasmar toda a sua criatividade nos lenços. Até agora, já se inscreveram 25 crianças, as quais estão já a trabalhar nas suas obras, na sala de artes plásticas do clube. No dia da exposição, não há vencedores, mas todos os participantes recebem um prémio de reconhecimento por terem participado nesta iniciativa.


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18 TRAÇOS DE PORTUGAL

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Algarve a região do sol Liliana da Silva

lilianadasilva19@hotmail.com

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m paraíso! Esta expressão foi a que escreveu no seu diário o primeiro turista que chegou ao Algarve em 1801, o inglês Robert Southey. Esta frase é hoje repetida por muitos otros turistas que encontram nas praias algarvias o conforto, a beleza e o prazer necessário para passar umas boas férias no Verão o no Inverno. Saiba porque é que esta zona é um dos sítios mais turísticos de toda a Europa. No início do século XX, as praias da região do Algarve eram visitadas basicamente por algarvios, alentejanos e alguns espanhó is que saíam da sua terra. No entanto, a partir da década de 60, verificouse uma grande evoluç ão no desenvolvimento do turismo algarvio. Na altura, apenas havia alguns hotéis, mas hoje há cerca de 300.000 camas! Um vertiginoso crescimento que tem trazido muito desenvolvimento e progresso. Territorialmente, o Algarve é composto por 16 concelhos: Alcoutim, Aljezur, Albufeira, Castro Marim, Faro, Loulé , Lagos, Lagoa, Monchique, Olhão, Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo Antó nio. Este distrito do Sul tem cerca de 220 quiló metros de faixa costeira, onde existem dois tipos principais de caracterizaç ão do litoral algarvio: o litoral de erosão, de constituiç ão essencialmente rochosa, e o litoral de acumulaç ão, que apresenta formaç ões arenosas e sedimentares. Uma variedade que se reflecte nas diver-

Esta zona foi a última a ser conquistada aos Mouros, mas hoje é um destino turí stico predilecto de milhares de portugueses e de turistas. sas paisagens da zona. Os principais atractivos desta região são, sem dú vida, as excelentes condiç ões climatéricas. Temperaturas amenas, mais de três mil horas de sol por ano, pouca chuva e praias que vão desde o extenso areal até às arribas. A somar a isto, o folclore, a hospitalidade e as festas, são motivos suficientes para levar o turista à descoberta do desconhecido. E foi por todas estas razões que a Região do Algarve se transformou, nos ú ltimos quinze anos, na principal região receptora de turismo de Portugal. FARO CAPITAL DA CULTURA 2005 Faro, a capital do Algarve, foi designada este ano como a Capital Nacional da Cultura 2005 porque é uma cidade viva e com uma dinâ mica muito pró pria. Embora seja uma cidade do litoral, onde nem falta a doca de pesca, não se vê o mar, mas sim o enorme estuário da Ria Formosa. Este parque natural foi criado em 8 de Dezembro de 1987 por decreto-lei e ocupa uma área de 60 hectares nos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo Antó nio. É constituído por um sistema lagunar protegido pelo mar, por uma barreira de dunas, canais e ilhas estreitas e arenosas. Os recursos naturais da Ria

Formosa, que são explorados há já muitos sé culos, são uma grande riqueza da região, nomeadamente no que se refere à produção de sal, mariscos, moluscos e peixe. A cidade de Faro, para além de ter um importante patrimó nio natural, como já mencionamos, é também rica em testemunhos histó ricos e culturais. Andando a pé pela cidade, familiarizámo-nos com a sua arquitectura e rapidamente nos apercebemos que esta cidade atravessou a histó ria ao longo dos séculos. A zona Norte da cidade, mais recente, contrasta com a zona Sul, que está mais pró xima da Ria Formosa, onde estão os bairros histó ricos e a maior animaç ão cultural da cidade. É por isso que Faro, esta cidade cheia de histó ria e beleza, apresenta inumeráveis destinos e lugares interessantes para visitar.

Uma visita à capital: O Algarve do Carmo: é um dos mais em pequenas • Igreja importantes monumentos religiosos do património artístico algarvio. • Ruínas Romanas do Milreu. pí lulas • Igreja da Sé: A antiga Igreja de

• A província do Algarve, com uma área total de 4.954 quilómetros quadrados, tem cerca de 345.000 habitantes. É a região mais a Sul de Portugal Continental. • O clima, em toda a Região Algarvia, é mediterrâneo, oferecendo uma temperatura tão boa em Novembro como no auge do Verão. • A temperatura da água do mar oscila entre os 14,3º em Janeiro e os 21,3º em Setembro.

Santa Maria de Faro, hoje Igreja da Sé. Foi construída na segunda metade do século XIII. • Arco da Vila: este portal monumental foi inaugurado em 1812. Foi construído sobre uma das portas medievais das muralhas. No seu interior, pode-se admirar um portal em ferradura das muralhas árabes, o único que existe no Algarve. • Arco do Repouso: faz parte dos muros de defesa de Faro, construídos pelo príncipe muçulmano Ben Bekr no século IX. • Museu Arqueológico e Lapidar Infante Dom Henrique: está instalado no antigo Convento de Nossa Senhora da Assunção, que foi construído entre 1519 e 1550.


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Chineses aprendem português em Lisboa: primeiro os sons e só depois as palavras

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chinesa Heng está a aprender português e, antes de entrar na aventura das palavras que a leve mais além do "olá" que já conhece, começou a ouvir os sons para se adaptar a uma língua exó tica. Heng é um dos 15 alunos das aulas de português do Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa, que este ano organiza pela primeira vez cursos para a comunidade chinesa residente em Portugal. Os alunos começ am por estudar o alfabeto e a fonética, para depois entrarem na gramática e aprenderem o português do dia-a-dia. Zhuang (Pedro), 19 anos, está nas aulas para falar melhor com os clientes e com os portugueses. "Muito trabalho" é a ú nica frase que sabe dizer em português, apesar de já estar a morar em Lisboa há um ano. Pedro considera a língua "difícil", mas afirma que "devagar se vai ao longe e com o tempo acaba por aprender". Para este trabalhador da restauração, Portugal é "um país maravilhoso" e "o tempo é a melhor coisa que tem". "Tenho saudades da China, especialmente dos amigos, mas quero ficar em Portugal até ser velho", disse à Lusa Zhuang.

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BREVES Mulheres manifestam-se

O pedido de autorização para a manifestação de militares no passado dia 21 foi enviado ao Governo Civil de Lisboa, mas em vez das assinaturas dos dirigentes das associações militares foi a de um grupo de mulheres. São elas Marina Reis, de 39 anos, Sílvia Félix, de 45, e Maria Luísa Feire, de 70, mulheres de militares dirigentes da Associação de Praças da Armada, Associação Nacional de Sargentos e Associação de Oficiais das Forças Armadas, respectivamente. Cada uma delas tem uma história para contar, mas mantêm-se confiantes quanto à autorização do Governo Civil e mostram algum conhecimento da lei. Por sua vez, o chefe da Polícia Judiciária Militar (PJM), Fernando Maia, considerou que as associações de militares "estão a pôr em causa" valores essenciais à instituição com os protestos contra as medidas do Governo.

A favor de casamentos homossexuais

Heng e Zhuang frequentam o curso há 15 dias, mas ainda não passaram do estudo dos sons e do alfabeto. De acordo com a professora Ana Cristina Alves, um chinês demora, em média, entre um a dois anos para começar a falar português com alguma fluência. O curso prático de português, frequentado por jovens entre os 19 e os 32 anos, tem uma duração de três anos e é constituído por seis mó dulos de cinco meses cada. O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) decidiu este ano organizar o curso para se aproximar da comunidade chinesa que vive em Portugal, sendo o ensino uma das formas, uma vez que a língua é a principal barreira

para esta comunidade. Criado em 1995, o CCCM é uma instituição vocacionada para o estudo e a divulgação da histó ria, da cultura e da sociedade de Macau, e um pó lo de conhecimento e de aprofundamento das relações entre Portugal e a China. Os chineses chegaram a Portugal há quase meio século, dedicam-se aos sectores do comércio e da restauração e, normalmente, trabalham em regime familiar. Espalhados por todo o país, os chineses em Portugal são de acordo com a Liga dos Chineses em Portugal - cerca de quinze mil, nú mero diferente ao avançado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que aponta apenas cinco mil imigrantes legalizados.

Comunidades encontram-se no Palácio de Cristal ealizou-se no auditó rio da Biblioteca Almeida Garrett e no Pavilhão Rosa Mota, o "Encontro das Comunidades", uma iniciativa organizada pela Câ mara Municipal do Porto, em parceria com as associaç ões que representam as comunidades imigrantes na cidade do Porto. O encontro teve como

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principais objectivos contribuir para a melhoria e aprofundamento das relações intercomunidades, valorizar e promover a diversidade cultural na cidade do Porto e consolidar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas diversas comunidades. Do programa constava também um seminário sobre o "Porto Multicul-

tural", uma exposição de fotografia do projecto "Quem conta um conto" e do "Porto visto pelos imigrantes" e uma mostra e venda de produtos culturais e gastronó micos. Um jantar, animação cultural, e um baile com mú sica ao vivo fizeram, ainda, parte do programa, delineado pela Fundação para o Desenvolvimento Social do Porto.

A Associação Ilga, que promove os direitos de homossexuais, lançou na semana passada uma petição para promover a revisão do Código Civil, permitindo que pessoas do mesmo sexo possam casar-se civilmente. O presidente da associação, Manuel Cabral Morais, disse, à agência Lusa, que o objectivo é conseguir as quatro mil assinaturas necessárias até Novembro, altura em que serão entregues na Assembleia da República, levando assim a que a questão seja debatida no plenário. O responsável acredita que não será difícil recolher as assinaturas necessárias e manifestou esperança de que o assunto seja discutido ainda nesta legislatura. Para já, a alteração ao Código Civil, disse, "teve eco" junto da Juventude Socialista e de alguns deputados.

"Manif" em Aveiro pelo padre Rogério

No distrito de Aveiro, os paroquianos também andam pouco satisfeitos com a decisão do seu bispo. Na semana passada, dezenas de pessoas manifestaram-se nas ruas da cidade contra a transferência do padre Rogério Oliveira das freguesias de Albergaria-a-Velha, Alquerubim, S. João de Loure, Frossos e Angeja. Empunhando cartazes, chegaram mesmo a vaiar D. António Marcelino, que sublinhou a irredutibilidade da sua decisão. O padre Rogério Oliveira deverá ir, no próximo dia 25, para a paróquia de Cacia, mas a população defende que ele "tem uma relação muito boa com as crianças e os jovens" e que tem, inclusive, "atraído muita gente para a Igreja". Além disso, vêem com maus olhos a chegada de um novo pároco, a quem acusam de ser "antipático, autoritário e antiquado". A marcha dos paroquianos teve como direcção o Paço Episcopal mas, como D. António Marcelino se encontrava no Seminário de Aveiro, os manifestantes foram até ali para ouvir da boca do bispo o que nunca quiseram ouvir o padre Rogério Oliveira vai mesmo para Cacia. E não há volta a dar.


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Escola virtual a 24 de Outubro A escola virtual criada pelo Governo para o ensino do português à distâ ncia arranca a 24 de Outubro, anunciou no domingo passado o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas (SECP), durante uma visita à ilha francesa da Có rsega. Num encontro com portugueses residentes em Bastia, no norte da ilha, Antó nio Braga repetiu o desafio feito na noite anterior em Ajaccio para os filhos dos emigrantes aprenderem a língua e conhecerem a cultura do país dos pais através da Internet. "É principalmente dirigida aos jovens que tratam as novas tecnologias por tu", sublinhou, lembrando que a língua portuguesa pode ser uma vantagem no mercado de trabalho. A plataforma começará por disponibilizar os programas do 9° ao 12° anos de escolaridade, devendo os restantes anos serem introduzidos nos pró ximos meses, adiantou. Para aceder aos conteú dos, que incluem informações sobre a histó ria, gastronomia ou patrimó nio, é necessário comprar um cartão, que estará à venda nos consulados, e que terá um custo anual de 20 euros, "um preço simbó lico para obrigar as pessoas a usarem este serviço", justificou.

Secretário de Estado visitou Córsega e reuniu com o presidente da ilha francesa

Antó nio Braga realçou a vantagem de este ensino poder ser certificado pelas Universidades Aberta e Lusíada, parceiras no projecto, através de um exame presencial naqueles estabelecimentos de ensino ou nas representações diplomáticas portuguesas. O ensino do idioma e a necessidade de abrir cursos nas escolas francesas foi um dos principais temas que o governante discutiu nos encontros que manteve no passado domingo com o prefeito de Bastia, Gilberta Payet, e o deputado presidente da Assembleia Municipal, Emile Zuccarelli. Destes ouviu elogios sobre a integração e a qualidade do trabalho, mas ficou também denotado um desconhecimento da verdadeira dimensão da comunidade portuguesa, cujas estimativas calculam entre sete e 12 mil pessoas. No segundo dia da visita à Có rsega, onde inaugurou na sexta-feira um escritó rio consular, Antó nio Braga

encontrou-se ainda com a comunidade portuguesa da cidade de Bastia, a quem pediu maior intervenção cívica e política para melhor defenderem os seus direitos. O secretário de Estado deslocou-se, ainda, ao Porto Vecchio, no sul da ilha,

cidade com a segunda maior concentração de emigrantes portugueses, depois de Ajaccio. A visita terminou na segunda-feira com uma reunião com o presidente do Conselho Executivo da Có rsega, Ange Santini.


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O comunicado 2005 das Nações Unidas

Aprender com Fernando Pessoa Victoria Urdaneta Rengifo

victoriaurdaneta@yahoo.com

António de Abreu Xavier Um fantasma ameaça… a Venezuela. Há quem identifique o famoso livro que começa com esta frase. Mas estamos a referir-nos ao comunicado 2005 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento que foi enviado à imprensa. No texto original, encontramos o fantasma que assusta os venezuelanos. O comunicado vê a cooperação internacional numa encruzilhada assinada pelo destino comercial das nações e os seus compromissos para eliminar a desigualdade no Mundo. Destaca o papel das oportunidades do desenvolvimento humano, fixado como uma prioridade por direito pró prio em matéria de políticas pú blicas. Para além do mais, não nega que onde há maior desenvolvimento econó mico há sempre mais oportunidades, mas é preciso dar facilidades na educação para enfrentar os desafios sociais que ajudam a eliminar a desigualdade. No comunicado, a primazia dos países europeus é clara; as nações da cauda da tabela não nos fazem duvidar de que a população europeia desfruta de maiores vantagens. As Nações Unidas estimam que o potencial de desenvolvimento humano inerente ao comércio está reduzido por uma combinação de regras injustas e desigualdades estruturais dentro dos países e entre eles. Por respeito às suas relações histó ricas e geopolíticas, o governo de Lisboa deve ter em conta também este comunicado. O que existe entre as metró poles e as comunidades portuguesas que residem nos países que estão no fim da tabela? Todos os índices do comunicado apontam para uma melhor situação em Portugal: a diferença de saldos, o acesso à educação, a possibilidade de seguir uma carreira universitária, serviços de saú de, tudo!

A comparação com a Venezuela deixa no ar uma hipó tese clara. Entre 1975 e 2003, o crescimento do desenvolvimento na Venezuela foi de 7,5%; Portugal cresceu o dobro: 15%. Portugal está em 27º lugar, a Venezuela caiu para o 75º . A situação venezuelana está cada vez pior. As oportunidades estão, então, fora do país. A decisão de um profissional lusodescendente é ló gica: o regresso ao país dos pais. Mas o Portugal que já não olha ansioso para o mar não está minimamente interessado nos profissionais formados fora da Europa. Prefere deixar as comunidades onde e como estão. Acreditamos que deve seguir a recomendação da ONU sobre a formação e o comércio. Acreditamos que um estágio profissional em Portugal abre mais caminhos ao seu comércio. Seria uma ajuda contra a crescente desigualdade entre Lisboa e Caracas. Mas quantos luso-venezuelanos já fizeram estágios em pequenas e médias empresas portuguesas e conhecem as suas possibilidades comerciais? Quem conhece os sites de estágios nas empresas INOV-Jovem? As inscrições terminam em Novembro. Há algum candidato luso-venezuelano? Ah, desculpem que diga, mas é preciso que alguém vá. Somos fantasmas que apreciam o desabrochar do desenvolvimento em Portugal!

As comunidades e a Madeira Agostinho Silva *

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onge vão os tempos em que o regresso de emigrantes madeirenses à terra natal, mesmo que pontual, assumia foros de notícia. Não nos jornais (o que também já aconteceu), mas simplesmente porque era um facto notado na freguesia, no concelho, na cidade. Hoje a realidade mostra-nos algo de diferente. Continuamos a gostar de receber quem anda lá fora a lutar pela vida, mas já não estranhamos a presença, amiú de e não apenas no Verão ou no Natal, de caras conhecidas ou menos relevantes. São sinais dos tempos, felizmente positivos, que também mostram que o miserabilismo das décadas de emigração está completamente anulado, que ir e voltar passou a ser ro-

tina, que o mundo está cada vez com menos distâ ncias. E como nó s, madeirenses, graças a Deus temos gente da nossa raça em toda a parte do mundo, eles chegam e partem de todos os lados: Venezuela, África do Sul, Reino Unido, França, Austrália, Brasil, etc.. Há também os que nunca podem cá vir. Ou porque não querem, ou porque simplesmente não têm forma de fazê-lo. O mundo não é perfeito, de facto. A evolução do fenó meno da emigração careceu, por tudo o que ficou dito, de uma adaptação por parte de quem cá está ou de quem nunca daqui saiu. Foi necessário entender algumas tendências desmesuradas para a afirmação de sucessos, foi necessário perceber a filosofia de um madeirense que volta, orgulhoso dos seus feitos ou feliz por ajudar quem aqui ficou. Se é verdade que este processo nem sempre foi bem gerido, por uns e outros, também é verdade que, hoje, a rotina de ver chegar e partir madeirenses entrou no nosso diaa-dia. Sem nenhum tipo de complexos. * Jornalista no Diário de Notícias da Madeira

Devido aos incêndios que se verificaram em Portugal, muitas pessoas, lusodescendentes ou não, sentiram que essas chamas incontroláveis de alguma forma, mesmo que distantes, também as queimavam. Como disse o célebre Fernando Pessoa (1888 - 1935), "Tudo o que é humano me comove, porque sou homem. Tudo me comove, porque tenho. Não uma semelhança com ideias ou doutrinas. Mas a vasta fraternidade com a humanidade verdadeira. Tudo isso é no meu coração a morte e a tristeza do mundo. Tudo isso vive, porque morre, dentro do meu coração e o meu coração é um pouco maior que o universo inteiro". John Donne também escreveu sobre essa ideia e Ernst Hemingway a imortalizou na obra "Por quién doblan las campanas": "A morte de qualquer homem de diminui, porque eu faço parte da humanidade; como tal, nunca mandes ninguém perguntar por quem tocam os sinos: tocam por ti". É verdade que, perante tragédias como as que constatamos nas serras lusas, a tragédia de Vargas na Venezuela ou o recente furacão dos Estados Unidos, as autoridades têm que dar prioridade à tarefa de arranjar equipas de resgate, reparar construções e acessos à beira de um colapso, assim como fazer com que as forças armadas trabalhem muito para ajudar o povo, não só em alturas de guerra, mas também perante catástrofes naturais e outras desgraças. Mas a tarefa principal é nossa e reside na solidariedade, pois perante os incêndios em Portugal, por exemplo, não era preciso nascer nas zonas afectadas para que as chamas nos afectassem mesmo através da distâ ncia. Por isso, surgiram grupos de voluntários para ajudar. "Nenhum homem é uma ilha, algo completo em si mesmo; todo o homem é um fragmento do continente, uma parte de um conjunto", afirmou Donne, embora muitas pessoas não concordem e, segundo Pessoa, isto acontece por causa da negação do outro, tal como o confessou no fragmento II do Livro do Desassossego: "Uma das minhas preocupações constantes é perceber como é que as outras pessoas existem (…). Ninguém, suponho, admite verdadeiramente a existência real de outra pessoa. Pode acontecer que uma pessoa esteja viva, que sinta e pense como ele, mas haverá sempre um elemento anó nimo de diferença, uma desvantagem materializada (…). É que ninguém presta a devida atenção ao facto, que parece até abstruso, de que os outros também são almas". Por isso, temos uma grande meta: levar à realidade as palavras do poeta luso e aprender que a solidariedade é a ú nica chama que nunca se deve extinguir.


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OPINIÃO 23

caRTas dOs leITORes As cores do nosso tempo

Sou português a 43 anos na Venezuela. Sou da época do Eusébio do Benfica, da época que nos reuníamos ao domingo para ouvir o relato de Portugal dos jogos do campeonato. Vivi os meus primeiros anos na Venezuela em pensões juntamente com outros portugueses como eu. O nosso passatempo era o futebol e as rivalidades que existiam entre o Benfica, o Sporting e o Porto. Muitas vezes até vestíamos era de acordo com as cores do nosso clube que já sabemos era vermelho, azul ou verde. Agora choca-me ver na televisão o

Novo Sonho

Benfica por exemplo a jogar de cinzento, o Porto a jogar de cor de laranja o Sporting a jogar de preto. Por outro lado vejo os jogos de outros países e noto que as equipas teem fardamentos igual aos do Sporting de antes, aos do Benfica. Então até penso que esse sim era o nosso Sporting: as riscas verde e branco com calção preto. E não estas misturas de cores. Todos os jogos mudam de fardamentos. Devia de haver mais respeito pelas cores dos clubes José Manuel T. Correia

Ofendido Sou leitor do vosso jornal. Admiro o vosso trabalho e a coragem que têm ao tratar de certos temas que podem ferir susceptibilidades na coló nia portuguesa. No entanto, gostaria de expressar o meu desacordo pela notícia que li na primeira página do CORREIO. Era sobre os portugueses serem os principais suspeitos de droga. Julgo que não deve ser assim e, mesmo que fosse, estas são notícias

INQUéRITO

que não deviam vir a pú blico porque é claramente contra a nossa mesma comunidade e poderá, no futuro, prejudicar a imagem dos portugueses na Venezuela. Da minha parte, senti-me ofendido. Quanto ao resto, desculpem a crítica e continuem para a frente. No meu escritó rio, este semanário já é leitura obrigató ria. José Manuel Reis

Há uma realidade que não se pode esconder: é que muitos emigrantes estão a fazer o percurso inverso que fizeram há algumas décadas, quando foram para a Venezuela. Regressam à sua terra natal e consigo trazem as novas gerações, que por sua vez são os novos emigrantes. Se bem que a realidade que obrigava a muitos madeirenses procurarem um futuro melhor noutras terras era diferente da realidade que leva a este retorno às origens, a verdade é que o resultado é o mesmo. A "primeira vaga de emigrantes" conseguiu ultrapassar muitas dificuldades até deixar uma marca nas terras de Bolívar. E isso é algo que ninguém pode negar. Mas será que esta nova geração conseguirá fazer o

mesmo? Estão preparados, têm o apoio da família e o mundo hoje é uma aldeia global que permite uma melhor adaptação ao retorno, então o que falta para que esses jovens consigam definitivamente deixar também a sua marca em terras de Camões? É preciso apoio, paciência, tempo mas também muita vontade para ultrapassar o novo desafio de chegar a um pais novo, uma nova terra onde tudo é diferente. Com estas palavras quero dar o meu apoio a todos aqueles que, como eu, querem ou vão iniciar uma nova vida, não esquecendo as origens e olhando sempre em frente. De certeza que se os nossos pais conseguiram fazê-lo, nos também vamos ser bem sucedidos! Luí s Castro

Saudades do Centro Português Vivo no estado da Florida, Estados Unidos, mas sou venezuelana, filha de pais portugueses. Descobri a vossa página na Internet por recomendação de um familiar que tinha sido entrevistado pelo CORREIO. Gostei da página e agora sou leitor do CORREIO todas as quintas-feiras. Tenho muitas saudades de Caracas, da minha família dos amigos e do Centro Português em Macaracuay. De facto, só damos valor às coisas quando as perdemos. É um dito muito antigo com o qual concordo plenamente. Vivo em Miami há mais de cinco anos e trabalho como empregado de mesa, tal como o meu pai quando chegou à Venezuela. Aguardo a minha documentação legal para trabalhar e viver nos Estados Unidos, mas confesso que tenho muitas saudades. Como acontecia na Venezuela com os portugueses, aqui também vivem

muitos venezuelanos. Estes organizam muitas festas e o ambiente é muito parecido ao de Caracas. Nesse sentido, as coisas estão mais ou menos, mas o que mais estranho é o ambiente português que se vivia no clube, o folclore que no início não gostava, as mú sicas e a espetada com bolo do caco e milho preparado no "Caney" do clube. Ao CORREIO, muitos parabéns pelo jornal e pelo estilo de preservar os costumes e as tradições de Portugal e da Venezuela. Joaquim F. Caldeira

Como é a comunidade portuguesa em Puerto Ordaz? Que actividades fazem? Quais são as vantagens e desvantagens dos portugueses da zona?

Lucy Goncalves

Lusodescendente

O que define a comunidade portuguesa daqui é que não são nada unidos. Não existe união. A vantagem da comunidade é a fácil adaptação ao povo venezuelano. O que é mais urgente é a presença de um clube onde possamos levar os nossos filhos e partilhar com outras pessoas".

António dos Reis

Lusodescendente

"A comunidade portuguesa é trabalhadora e está muito atenta às questões familiares, embora os portugueses prestem demasiada atenção às suas actividades comerciais. A comunidade lusa precisa de mais contacto com a sua pró pria comunidade e com as pessoas que a rodeia, para além de um clube social onde possa distrair-se e passar bons momentos com a família. As vantagens que têm os lusos daqui estão relacionadas com o empenho que têm no trabalho e com o facto de serem geradores de emprego. A desvantagem maior é não haver entendimento entre madeirenses e continentais".

Paulo Anastácio Português

"A comunidade portuguesa daqui é uma das mais trabalhadoras. Está sempre muito atenta à família e é uma comunidade que geralmente merece muito mérito. Era importante termos por cá um consulado central para toda a zona de Anzoátegui, pois quando precisamos de alguma coisa temos que ir a Caracas ou a Margarita. Também era bom haver um clube português. O melhor dos portugueses é que, regra geral, se ajudam mutuamente. O pior nesta zona é a insegurança.

José Alexander da Silva

Lusodescendente

A comunidade lusa é empreendedora e trabalhadora. Tem feito muito pelo país e pelos seus familiares. Precisam urgentemente é de compreensão entre eles, para que se acabe com este "cerco" de desconfiança. Era bom haver um consulado mais perto. Os portugueses são conhecidos como os povoadores desta zona e destacaram-se porque criaram emprego para os habitantes. O pior é que há muitas rivalidades entre eles.


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Venezuelanos contam experiência de adaptação às universidades portuguesas É sempre um sonho e um risco ao mesmo tempo. Estudar fora do nosso paí s de origem é um desafio que requer capacidade de adaptação, iniciativa, vontade e muita emoção. Encontre aqui a testemunha de três venezuelanos que nos contam a sua experiência.

grantes têm em conta. "O clima de Lisboa é bom. Se bem que tem Inverno no verdadeiro sentido da palavra, o frio de Lisboa é um dos meuem toma a decisão de ir nos rigorosos da Europa", afirma. estudar para Portugal Um dos principais requisitos para enfrenta sempre uma estudar nas universidades portuguesérie de mudanças. Tra- sas é ter os documentos legalizados tar da documentação necessária, le- com a Apostilha da Haya. Trata-se galizar-se e levar tudo o que é preci- de um acordo internacional de aceiso são só os primeiros passos. os pre- tação de credenciais académicas que parativos. O CORREIO contactou permite unificar os estudantes de tovenezuelanos que morassem nas ci- do o Mundo. dades mais importantes de Portugal Francisco Da Silva conta que "pae procurou respostas relativas ao pro- ra entrar na universidade em estucesso de adaptação. Francisco Da Sil- dos de pó s-grado, é só necessário va, estudou em Lisboa; Juan de As- apresentar uma có pia da certidão ou censão, adaptou-se à Ilha da Madeira o título de graduação da universidade e Adrián De Gouveia, está a estudar que outorgou a licenciatura, tudo deem Coimbra. Três caras de uma mes- vidamente preenchido e com os selos ma realidade. da Apostilha da Haya", sublinha. Além do título, é preciso apresentar COM OS PAPÉIS uma carta onde o aluno expressa as À MÃO É FÁCIL razões pelas quais deseja fazer os esFrancisco Javier Da Silva formou- tudos e uma có pia das qualificaçõse na Venezuela. Actualmente tra- es também identificadas com a balha numa empresa de sistemas re- Apostilha. lacionada com a comunicação social. Segundo Francisco Da Silva é imAi presta serviços de consultaria à portante levar da Venezuela os seimprensa escrita. Chegou a Lisboa guintes documentos: có pias certifino ano 2002. "Escolhi Lisboa, porque cadas das habilitaç ões, programa a minha família estava aqui. Feliz- completo do curso de pré-graduação, mente Lisboa é muito parecida a Ca- certidão ou título de graduação. Se racas, mas mais tranquila e com to- não tiver, a Apostilha da Haya não dos os benefícios de uma cidade eu- tem valor nenhum ao nível internaropeia", diz Francisco Da Silva. cional. Ao nível de pó s-graduação ou de Conta Francisco Da Silva que o mestrado as opç ões são muitas. processo de admissão foi imediato e "Quando cheguei a Portugal decidi - rápido. "Simplesmente apresentei a explica Francisco Da Silva - realizar documentação para ser submetida à um mestrado no ISEG (Instituto Su- avaliação por parte da universidade. perior de Economia e Gestão) na área Uma vez feito isto, dão a devida do E-Business. O curso teve uma du- aprovação, realizam-se os pagamenração de dois anos", salienta. tos de propinas e de direitos de insO clima é um aspecto que os emi- crição". Alda da Silva Sousa

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O conhecimento da língua tornase fundamental para o processo de adaptação. "Acho que é fácil estudar em Portugal, sempre que tenhas o conhecimento do idioma português como a tua segunda língua. É muito importante saber escrever e ler em português, para poder tirar proveito aos estudos", afirma Francisco Da Silva. Admite que, se bem que os professores dos mestrados são muito exigentes, não são tão inflexíveis com o idioma quando há estudantes estrangeiros. "Inclusivamente alguns professores permitem que os exames sejam escritos em espanhol", diz. "Eu sempre fiz o máximo esforço para escrever em português, porque acho importante conhecer o idioma do país onde escolhi viver", salienta Francisco. ESTUDAR NUMA UNIVERSIDADE PORTUGUESA Adrián Eduardo De Gouveia De Sousa é venezuelano e actualmente estuda Contabilidade e Auditoria no Instituto Politécnico de Coimbra Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra. Saiu da Venezuela em 2003. Desde Maio desse ano até Outubro de 2004 permaneceu na Ilha da Madeira para superar lá o processo de adaptação ao novo país. "Escolhi a Madeira porque tenho alguns familiares e isso podia ajudar na adaptação", admite. Em Outubro de 2004 mudou-se para a cidade de Coimbra. "A primeira coisa que fiz ao chegar a Portugal foi assistir a aulas de matemática no ú ltimo ano do ensino médio e tive aulas particulares. Estudava duas vezes por semana a fim de me preparar para o ingresso


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UNIVERSIDADES 25 O que é preciso

ao ensino superior", afirma Adrián De Gouveia. Entre os requisitos que teve de cumprir Adrián De Gouveia ou qualquer estudante estrangeiro destaca-se a obrigatoriedade de apresentar as provas nacionais de ingresso, o boletim de vacinas actualizadas (documento que se traz da Venezuela), uma carta do Departamento de Migração português que assinala a data em que o estudante entrou em Portugal. Além disso, é neces-

sário levar a fotocó pia dos passaportes do estudante e dos seus pais, o título de bacharel venezuelano e as qualificações certificadas. Todos estes documentos devem estar validados pelos Ministérios de Educação e Relações Exteriores. "No meu caso, acho que esse ano que esperei antes de entrar na universidade serviu-me muito, porque os primeiros meses são "duros", sobretudo para quem deixa amigos e familiares para trás. Também me

ajudou a ter algum nível de português, o que só se ganha com a prática", afirma Adrián Gouveia. O processo de adaptação é, sobretudo, pessoal. Cada um o vive de uma maneira diferente e particular. "O importante é estar decidido e saber que vamos defrontar-nos com uma língua e uma cultura bem diferente. Esta é uma dificuldade que temos de ultrapassar, para além de tudo o que implica ser estudante universitário", disse.

Uma vez feitos os trâmites de legalização e registo do título universitário, o profissional pode contemplar a possibilidade de cursar estudos de pós-graduação, dentro ou fora das nossas fronteiras. O primeiro que deve fazer é uma série de trâmites administrativos e legalizar todos os documentos académicos necessários para poder fazer o pedido à universidade que seja do nosso interesse. Inicialmente, há que dirigir-se à Embaixada do país onde desejamos ir cursar estudos, por forma obtermos informações sobre quê documentos de estudo são necessários. Se a sede diplomática solicita habilitações, programas, actas de graduação ou qualquer outro documento académico, estes também devem ser legalizados pelo Ministério de Educação Superior. O MES está localizado, em Caracas, na zona do Centro: Avenida Universidade com "Esquina del Chorro", junto à saída do Metro La Hoyada. Deve-se subir ao primeiro andar e levar os seguintes papéis: para Colégios universitários, institutos universitários e universidades, tanto privadas como públicas, é preciso habilitações certificadas, programas, títulos, posto e ranking, acta de graduação, certificados, cópia do título, "pénsum", diplomas, etc. Os originais devem estar assinalados pela máxima autoridade. Deve levar-se um papel selado nacional por cada documento; selos fiscais ou "planilha" do Seniat "forma 16" por um montante de 11.760 Bs. por documento; cópia da cédula de identidade do titular. O horário de recepção de documentos no MES é de segunda à sexta-feira, das 8am à 12pm. Uma vez legalizados todos os documentos de estudo solicitados pela embaixada, estes devem ser levados ao Ministério de Relações Exteriores, para a sua verificação e validação internacional.


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"Faça férias e deixe o resto connosco"

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TAPTour é o Operador Turístico do Grupo TAP Portugal, a marca com maior reconhecimento pú blico em Portugal. Opera desde 1985 e tem feito uma forte aposta no lançamento de novos destinos na programação turística, indo de encontro ao desejo do cliente.

BREVES Telemóveis nos aviões A TAP Air Portugal e a britânica bmi vão permitir aos seus passageiros a utilização de telemóveis em voos comerciais na Europa ocidental no final deste ano, testando a introdução da tecnologia em 2007. Segundo George Cooper, director executivo da ONAir, com sede em Genebra, as duas companhias aéreas vão efectuar testes separados, ao longo de três meses cada, para a introdução de serviços de voz e texto nos aviões comerciais. O sistema da OnAir vai ser utilizado nos Airbus 321 da TAP e nos Airbus 320 da bmi, aviões que normalmente fazem ligações aéreas no interior da Europa ocidental. Os possuidores de telemóveis e de outros aparelhos portáteis sem fios com capacidade de roaming vão poder fazer e receber chamadas, recorrendo a uma estação-base instalada no próprio avião. Os passageiros que o pretenderem poderão ligar os seus telemóveis quando o avião atingir uma altitude de 3.000 metros, o limite mínimo até agora utilizado para autorizar a utilização de leitores de música e de computadores portáteis a bordo, disse Cooper. A utilização de telemóveis nos aviões é proibida por receio de que possam interferir com o sistema de navegação das aeronaves, ao tentarem estabelecer contacto com as redes terrestres. O sistema de comunicações móveis da OnAir tem uma base no avião, o que segundo a companhia permite que os telemóveis e outros aparelhos de comunicação portáteis sem fios trabalhem com frequências de transmissão mais baixas, evitando afectar o funcionamento da aeronave. Se o teste resultar, a OnAir, uma parceria da Airbus e da SITA (uma companhia com sede na Holanda), espera poder obter em 2007 as necessárias autorizações para licenciar o sistema em toda a aviação comercial.

Apresenta destinos turísticos em todo o mundo baseados em voos regulares, garantindo sempre um nível de serviço elevado. "Para nó s a satisfação plena nas suas férias é um objectivo basilar da nossa estratégia", definese no site da TAPTour. Nesse sentido, a TAP Tours é hoje um dos operadores turísticos mais conceituados no merca-

do português e aposta fortemente na diferenciação e diversificação da oferta para clientes exigentes. O lema da empresa é DDAR - Diferenciar, Dinamizar, Automatizar e Racionalizar. Voa para todos os destinos TAP Portugal e ainda para destinos que apesar de não serem servidos pela TAP Portugal apre-

sentam forte procura pelo mercado turístico português. "Apostamos forte nas novas tecnologias e estamos a trabalhar para servir um cliente cada vez mais exigente. Assim apresentamos uma programação competitiva, diferenciada, diversificada e somos o primeiro operador turístico português a lançar no mercado as nossas propostas,

conscientes que para melhor servir o nosso cliente, temos de ser os primeiros!", refere-se no site. O operador diz-se atento às necessidades dos clientes portugueses e espera evoluir ao mesmo ritmo a que crescem as expectativas de quem quer viajar e ter as melhores férias, para que a TAPTour possa ser a melhor escolha na hora de ir de férias.


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V Conferência Ibero-americana de Turismo reú ne 22 delegações Noélia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

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Venezuela e Portugal, juntamente com mais vinte delegações, estiveram representados no V Encontro Iberoamericano de Ministros de Turismo, que se realizou na cidade espanhola de Zamora para definir estratégias que permitam encarar a actividades turística como um instrumento de desenvolvimento dos seus países. Esta conferência, cujo lema foi "a cooperação turística como instrumento de desenvolvimento econó mico e social da comunidade ibero-americana", constitui uma das reuniões prévias do XV Encontro Ibero-americano de Chefes de Estado e de Governo, que se realiza em Salamanca (novamente Espanha), nos dias 14 e 15 de Outubro.

Venezuela e Portugal participaram no encontro de ministros de Turismopara definir estratégias que permitam o desenvolvimento do paí s. Entre outros assuntos, os ministros dos países de língua espanhola e portuguesa analisaram o fortalecimento do turismo, como explica uma nota do Ministério espanhol de Indú stria, Turismo e Comércio. O ministro espanhol, José Montilla, acrescentou que vão estar presentes no pró ximo encontro os seus homó logos de Costa Rica, Rodrigo Castro Fonseca, e de Uruguay, Héctor Lescano. Também participarão no evento os responsáveis ministe-

ECONOMIA 27

BREVES Irmãos Camacho e Plumrose dão prémios

riais de Andorra, Argentina, Brasil, Chile, Colô mbia, Cuba, Equador, Espanha, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal, Repú blica Dominicana e Venezuela. A Igreja da Encarnação vai ser o lugar para as reuniões de trabalho entre os ministros, que vão ficar hospedados no Albergue Nacional de Turismo, que fica a escassos metros do local do encontro político. O desenvolvimento do turismo constitui uma das melhores vias para que os países iberoamericanos possam progredir e conseguir a estabilidade econó mica desejada. Como tal, os ministros vão trabalhar neste encontro tendo em vista o fortalecimento das posiç ões da comunidade ibero-americana nos organismos e fó runs internacionais, assegura-nos a nota.

O grupo Irmãos Camacho e Plumrose uniram as suas forças para a criação de um produto denominado Italsalumi, que tem conseguido um grande posicionamento no mercado. Para animar e premiar os seus vencedores, as empresas criaram um concurso chamado "Liga os motores com Italsalumi", onde os clientes acumularam quilómetros com a quantidade de vendas que faziam. E desta forma estavam a concorrer para ganhar um "corsa" zero quilómetros de duas portas (primeiro prémio), um milhão de bolívares (segundo) e quinhentos mil bolívares (terceiro e quarto prémios). A entrega dos prémios fez-se no dia 5 de Setembro, nas oficinas dos Irmãos Camacho. Entre a assistência, marcaram presença Ruben Cabrera, gerente geral de vendas dos irmãos Camacho; Ismael Salazar, gerente geral de vendas de Plumrose; Luís Leal, gerente aliado comercial. Estes ofereceram uma palavras de agradecimento e felicitaram os vendedores pelo empenho e esforço que têm prestado à empresa. Acrescentaram que têm que continuar em frente com dedicação para poder atingir as metas que traçaram para o novo produto. Para além do concurso "Liga os Motores", foram entregues reconhecimentos à melhor gestão de vendedores e à melhor gestão dos gerentes de vendas.

Portugal: Crescimento acelerou no segundo trimestre De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, no período de Abril a Junho de 2005, a riqueza produzida em Portugal (o PIB) cresceu 0.5% face ao mesmo período do ano passado. O consenso de mercado era de uma ligeira redução da riqueza, não só devido aos efeitos da subida do preço do petró leo, como também a efeitos de comparação desfavoráveis, relacionados com os impactos do Campeonato Europeu de Futebol – Euro2004. Dos dados agora divulgados, destaque para o dinamismo do consumo privado, embora em larga medida decorrente da despesa em bens duradouros. O anú ncio do aumento da taxa normal do IVA para 21%, com efeitos a partir de 1 de Julho, levou a uma antecipação das compras de automó veis. Deste modo, esta componente foi responsável por metade do crescimento do PIB no segundo trimestre, relativamente ao primeiro trimestre deste ano. O contributo das restantes componentes do consumo privado (bens alimentares e despesa corrente em bens não alimentares e serviços) foi marginalmente positivo. No mês de Julho, houve ainda um volume significativo de vendas automó veis, com vários incentivos, entre os quais a ab-

sorção pelos retalhistas do aumento do IVA. No entanto, em Agosto houve já uma redução das vendas, situação que se deverá manter em Setembro. Deste modo, o consumo de bens duradouros poderia mesmo ter um contributo negativo para o crescimento no decurso do terceiro trimestre do ano. As exportações, líquidas de importações, tiveram igualmente um contributo positivo para o crescimento. Relativamente ao mesmo período de 2004, as exportações caíram 0.1%, devido a uma queda de 4.2% das exportações de serviços, um efeito de base decorrente do Euro2004, que mais que anulou o crescimento de 1% nas exportações de bens. As exportações terão beneficiado de um maior dinamismo da procura externa (a Espanha, o principal destino das exportações nacionais, cresceu 3.4% no segundo trimestre), bem como da depreciação do euro. De acordo com os dados do INE, as exportações extra-comunitárias terão crescido mais de 5% nesse período. Em aparente contra-senso com os demais dados, esteve o comportamento das importações, que cresceram muito lentamente (1.2% face ao mesmo período do ano passado), apesar do

dinamismo do consumo privado (com a agravante de os automó veis serem importados) e de o petró leo ter atingido preços máximos nesse período. A variação de existências teve um contributo negativo para o crescimento, mas o facto de serem calculadas de forma residual deixa espaço para uma revisão dos dados do comércio externo. Ao nível do investimento, houve uma queda homó loga de 4.5%. O sector da construção continua débil, apesar do maior volume de obras pú blicas em antecipação às eleições autárquicas de 9 de Outubro. Uma vez mais, a evolução menos favorável pode estar a ocorrer no sector de construção residencial, ainda a ajustar o forte “ boom” do final dos anos 1990. A

actividade de construção deverá permanecer fraca, atendendo aos mais recentes inquéritos de confiança do sector, os quais revelam uma nova deterioração da confiança. O investimento em máquinas e equipamentos, que é investimento relevante para o sector produtivo, teve igualmente um comportamento fraco, voltando a reduzir-se face ao mesmo período do ano passado. RISCOS PERMANECEM ELEVADOS Estes dados vieram mais fortes do que o esperado, e levariam a uma revisão em alta da previsão de 0.5% para o conjunto do ano, caso se mantivessem inalterados os pressupostos para os terceiro e quarto trimestres do ano. No entanto, outros indicadores eco-

nó micos, baseados em dados econó micos mais recentes e já referentes ao terceiro trimestre – como o indicador coincidente do Banco de Portugal, que em Julho caiu para o nível mais baixo desde Outubro de 2003 – não apontam para uma melhoria das condições de fundo da economia. Pelo contrário, os riscos eram mesmo de menor crescimento, devido aos elevados preços do petró leo e deterioração da confiança dos agentes econó micos. Por outro lado, como mencionado, a queda das vendas de automó veis deixa em risco o pró prio comportamento do consumo privado nos pró ximos trimestres, podendo mais do que compensar a evolução das restantes despesas correntes. A subida do preço do petró leo (que em Setembro atingiu um novo máximo histó rico, nos 70 dó lares por barril) é igualmente um risco elevado para o consumo privado. Em Portugal, um litro de gasolina de 95 octanas já custa mais de 1.29 euros, o que constitui um máximo histó rico. Deste modo, a visão consensual continua a ser de crescimento em torno de 0.5% para o conjunto do ano de 2005. Comentário Económico do Totta


28 ECONOMIA Ronaldo distinguido com medalha de mérito turístico CORREIO DE CARACAS - 22 DE SETEMBRO DE 2005

Ricardo Miguel Oliveira (DN - Madeira)

A

Secretaria de Estado do Turismo vai atribuir a Medalha de Mérito Turístico ao futebolista madeirense, Cristiano Ronaldo, actualmente a jogar no Manchester United. A garantia foi dada ao DIÁRIO pelo secretário de Estado que tutela este importante sector na economia portuguesa. Bernardo Trindade salienta que o futebolista seu conterrâ neo, em poucos anos, pelo facto de jogar em Inglaterra, foi determinante na defesa da imagem do turismo nacional e para a promoção do destino, não tendo dú vidas que "é um embaixador" junto do principal mercado emissor para a Madeira e influente noutras regiões de turismo. A entrega da distinção ocorrerá no Dia Mundial do Turismo, marcado para 27 de Setembro pró ximo, tendo os Açores como palco. A cerimó nia protocolar integra a Gala do Turismo, acto que se realiza no Teatro Micaelense, com Bernardo Trindade a garantir que o convite para que Cristiano Ronaldo marque presença está feito, tendo a promessa que o jogador tudo fará para se deslocar a São Miguel se a sua agenda assim o permitir e o clube que representa autorizar. Outras figuras de destaque do sector turístico nacional também serão contempladas, embora não haja mais madeirenses incluídos na lista elaborada pela secretaria de Estado.

Distinção será entregue pelo secretário de Estado do Turismo a 27 de Setembro próximo, Dia Mundial do Turismo Bernardo Trindade refere ainda que a escolha dos Açores como palco das cerimó nias, em Portugal, do dia Mundial de Turismo, tem um duplo significado. Primeiro, "expressar a solidariedade às ilhas". Segundo, "enaltecer o crescimento registado no turismo açoriano, a vários níveis". Nos primeiros sete meses deste ano, o aumentos das receitas hoteleira totais foi de 20,6%, para 29,26 milhões de euros; os proveitos de aposento subiu 22,8%, para 20,54 milhões; o aumento do nú mero de dormidas foi de 21,8%, para 630,1 mil. O Dia Mundial do Turismo em solo açoriano integra um fó rum subordinado ao tema "Turismo: Prioridade para Portugal", um encontro dos delegados do ICEP e do ITP, visitas com o objectivo de permitir um melhor conhecimento da oferta açoriana para incentivar a promoção do destino e a apresentação do sistema de incentivos da Região Autó noma dos Açores. As celebrações do Dia Mundial do Turismo serão presididas pelo Ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho.


CORREIO DE CARACAS - 22 DE SETEMBRO DE 2005

DESPORTO 29

FIFA ouviu queixa do árbitro português Ascensão teve um acidente um mês depois do seguro ter caducado e a Federação Venezuelana de Futebol não quer pagar as despesas Noelia de Abreu

cas, onde permaneceu sob cuidados médicos durante dez dias. As despesas tiveram de ser surancisco Ascensão, portadas por ele, embora ele, comadeirense, foi árbi- mo árbitro, tivesse um seguro tro internacional de através da Federação Venezuefutebol de salão e re- lana de Futebol (FVF). presentante nacional de futebol É que, algo inesperado para de 11 durante 23 anos. Contudo, Ascensão, o seguro tinha caduem Março, a sua carreira viu-se cado precisamente um mês aninterrompida por causa de um tes do acidente. Apesar das exiacidente de automó vel que so- gências que o árbitro fez à Fefreu quando ia para Puerto Or- deração Venezuelana de Futebol daz, Estado de Bolívar, arbitrar para que lhe pagasse os um jogo. Este acidente impediu- 6.100.000 bolívares que lhe cuso de continuar as suas activida- tou a recuperação, a direcção nedes normais por aproximada- gou-se a pagar alegando que não mente um ano. tinha dinheiro para cobrir as Esteve hospitalizado duran- despesas. te oito dias no Hospital del TiAscensão não cruzou os bragre e, depois, fois transferido ços e foi queixar-se à Confedepara o Centro Médico de Cara- ração Sul-americana de Futebol, noeliadeabreu@gmail.com

F

para onde enviou uma carta a explicar a sua situação, anexando có pias das facturas das despesas médicas que lhe tinham provocado o acidente. Até agora não recebeu nenhum tipo de resposta. Depois, enviou uma carta à FIFA e também não obteve feedback. Decidiu, por isso, insistir mais coma federação e há dois meses voltou a enviar uma carta a expor novamente a sua situação. Desta vez, obteve uma resposta mais animadora. Numa carta, lhe explicaram que no mês de Outubro alguns membros da direcção da FIFA vinham à Venezuela inspeccionar os estádios de futebol para a Taça América e que, na altura, iam

aproveitar a visita para se encontrarem com ele e confirmar o estado físico em que estava depois do acidente, reconhecendo assim os montantes das facturas, entre outras coisas. Francisco de Ascensão afirma-nos que vai aproveitar a oportunidade para falar com os representantes da FIFA para de-

nunciar algumas anomalias que se têm verificado na Federação Venezuela de Futebol. Para além do mais, explica, o que aconteceu vai continuar na consciência daqueles que podiam ter feito alguma coisa, mas não fizeram. Entretanto, espera o pedido de reunião por parte da FIFA.


30 DESPORTO

CORREIO DE CARACAS - 22 DE SETEMBRO DE 2005

Beira Mar "afoga" Sporting da Covilhã e chega à liderança

O

Beira-Mar, do campeão nacional Augusto Inácio, impô s ao ex-líder Sporting da Covilhã a primeira derrota na Liga de Honra portuguesa de futebol (2-0) e atingiu isolado a primeira posição da prova. Os aveirenses, que seguem invictos na Liga de Honra juntamente com Leixões, Gondomar e Santa Clara, destronaram da liderança os "leões" da Covilhã e assumiram - ainda mais - a candidatura ao regresso à Liga principal do futebol português. O Sporting da Covilhã acusou a inexperiência, sobretudo, defensiva, e ficou a um ponto dos 10 do novo líder, enquanto o Beira- Mar, despromovido na temporada passada, aproveitou para marcar o quarto golo no campeonato, mantendo as suas redes invioladas. O Estoril-Praia, que vinha de dois triunfos consecutivos cumpre quarta-feira o jogo em atraso em Chaves -, perdeu a

possibilidade de se juntar ao grupo da frente, ao ser derrotado sábado na deslocação à Pó voa de Varzim, por 1-0. O Gondomar arrancou um importante empate em Chaves (1-1), num encontro entre duas equipas repescadas para a Liga de Honra, e manteve-se na linha da frente do campeonato, com sete pontos. O Feirense, que vinha de três derrotas consecutivas, conseguiu finalmente pontuar, ao empatar 2-2 com o Santa Clara nos Açores, enquanto Maia, Moreirense e Marco continuam sem saber o que é vencer nesta edição da Liga de Honra. A Ovarense, "rainha" dos golos sofridos juntamente com o Maia, protagonizou com esta mesma equipa o resultado mais espectacular da prova (4-4) - as duas equipas somam oito golos marcados e 10 sofridos. O Leixões, que também se assume como candidato à Liga "maior" do futebol português, não foi além de um empate em Moreira de Có negos (1-1).

Camacha - União: Opiniõ es só de bola parada Orlando Drumond (DN - Madeira)

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oi necessário recorrer à marcação de pontapés de grandes penalidades para se apurar a equipa que vai seguir em frente na Taça de Portugal. Camacha e União não proporcionaram um duelo bonito, mas antes, competitivo, com todos os 9 golos resultantes de lances de bola parada - livre, cantos e finalmente, as grandes penalidades! Depois de uma igualdade a um golo no período regulamentar, o empate voltou a persistir na meia hora de prolongamento, desta feita com mais um golo para cada lado. Os camachenses, que ainda assim foram os menos maus em campo, estiveram sempre em vantagem, mas os unionistas conseguiram anular esse ascendente local com golos quase sobre a hora. Na "lotaria" dos penaltis, o guardião Bruno acabou

por ser o "heró i" desta eliminató ria, ao defender três os pontapés directos de Serginho, Xico Silva e Vítor Rodrigues, enquanto que o seu "homó logo", Nuno Carrapato, que durante os 120 minutos de jogo esteve mais em evidência, acabou por não ter o mesmo protagonismo nas penalidades, uma vez que as duas penalidades falhadas pelos "serranos" visaram o "ferro". De resto, e quanto ao jogo, o equilíbrio foi a nota dominante, também nas ocasiões repartidas. Arbitragem regular.

Leonardo Jardim (Ca macha): "Fomos uns justos vencedores, porque fomos melhores, mesmo durante o período regulamentar e o próprio prolongamento". Ernesto Paulo (União): "Foi uma lotaria. Não se pode dizer que foi uma derrota. O jogo em si foi 22, um jogo muito bom e bem disputado. Ago ra os penaltis foram bolas no poste e o guarda-redes a defender. Gostei da equipa, que se aplicou e se entregou".

Liga de Honra 4ª Jornada Beira-Mar - Covilhã Chaves - Gondomar Desp. Aves - Vizela Moreirense - Leixões Olhanense - Marco Ovarense - Maia Portimonense - Barreirense Santa Clara - Feirense Varzim - Estoril

2-0 1-1 3-2 1-1 2-1 4-4 2-0 2-2 1-0

Classificação 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Beira-Mar Covilhã Leixões Varzim Olhanense Estoril Vizela Ovarense Gondomar Santa Clara Barreirense Portimonense Desp. Aves Marco Maia Moreirense Chaves Feirense

J 4 4 4 4 4 3 4 4 2 4 3 4 3 3 4 4 2 4

V 3 3 2 2 2 2 1 1 1 0 1 1 1 0 0 0 0 0

E 1 0 2 1 1 0 2 2 1 4 1 1 0 2 2 2 1 1

D 0 1 0 1 1 1 1 1 0 0 1 2 2 1 2 2 1 3

G P 4-0 10 6-4 9 5-2 8 6-5 7 7-7 7 6-3 6 6-4 5 8-10 5 2-1 4 3-3 4 3-4 4 3-5 4 5-6 3 4-5 2 8-10 2 4-6 2 1-3 1 5-8 1

5ª Jornada (25-9) Barreirense - Chaves Covilhã - Ovarense Desp. Aves - Portimonense Estoril - Olhanense Gondomar - Moreirense Leixões - Varzim Maia - Santa Clara Marco - Beira-Mar Vizela - Feirense

Taça de Portugal Resultados da segunda eliminatória Vianense (III) - Vilaverdense (II) 2-0 Santacruzense (distrital) - Freamunde (II) 0-2 Torcatense (II) - Valenciano (III) 3-0 Joane (III) - Valdevez (II) 1-0 Monção (III) - Trofense (II) 1-2 Mirandela (III) - Câmara Lobos (III) 2-1 Vila Real (III) - Mondinense (III) 1-2 Os Sandinenses (II) - Cabeceirense (III) 2-0 Fafe (II) - Brito (III) 2-1 Ribeirão (II) - Merelinense (III) 2-2, 5-4 gp Marinhas (distrital) - Portosantense (II) 0-1 Camacha (II) - União Madeira (II) 1-1, 2-2 ap, 3-2 gp Maria Fonte (III) - Felgueiras (II), c) Famalicão (II) - Lixa (II) 0-1 Valonguense (III) - Tirsense (III) 1-1 ap, 3-4 gp Arrifanense (III) - Vila Meã (III) 1-2 Aliados Lordelo (II) - São Pedro Cova (III), 0-0, 1-0 ap Ermesinde (III) - Esmoriz (II) 0-2 Espinho (II) - Fiães (II) 0-0, 1-0 ap Leça (III) - Sanjoanense (II) 0-2 D. Sandinenses (II) - Pontassolense (II) 0-0 ap, 5-6 gp Caniçal (III) - Lusitânia Lourosa (III) 1-0 Pedras Rubras (II) - Santana (III) 1-0 Paredes (II) - Avança (III) 3-1 Lousada (II) - Ribeira Brava (II) 0-0, 1-0 ap Canedo (III) - Infesta (II) 1-0 Ataense (II) - Milheiroense (II) 1-1, 1-2 ap Abrantes (II) - União Coimbra (II) 6-2 Tocha (III) - Beneditense (III) 0-3 União Serra (distrital) - Social Lamas (III) 0-2 Eléctrico (III) - Oliveira Hospital (II) 1-1 ap, 5-4 gp Tondela (III) - Coruchense (distrital) 6-0 Oliveira Bairro (II) - Fornos Algodres (III) 3-0

Bidoeirense (III) - Nelas (II) 1-2 Rio Maior (II) - Portomosense (II) 1-1 ap, 0-2 gp Pombal (II) - Riachense (III) 0-1 Caranguejeira (III) - Mirandense (III) 0-1 Tourizense (II) - Sertanense (III) 3-0 Oliveirense (II) - Penalva Castelo (II) 3-0 Marinhense (III) - Souropires (III) 0-2 Fátima (II) - Pampilhosa (II) 3-2 Monsanto (III) - Caldas (III) 2-0 Aljustrelense (III) - Torreense (II) 1-0 Santiago (III) - Madalena (II) 0-0 ap, 3-4 gp Praiense (III) - Juventude Évora (III) 2-1 Lusitânia (III) - Sarilhense (distrital) 4-1 Oeiras (III) - Oriental (II) 2-0 Silves (II) - Mafra (II) 2-2 ap, 4-3 gp Pinhalnovense (II) - Vasco Gama AC (III) 4-0 Atlético (III) - Marítimo (Açores) (III) 3-1 Lusitano VRSA (III) - Odivelas (II) 0-2 Real (II) - Beira-Mar Monte Gordo (III) 5-2 Imortal (II) - Almancilense (III) 2-1 Angrense (III) - Casa Pia (II) 3-2 Futebol Benfica (III) - Ponterrolense (distrital) 1-2 Lagoa (III) - Loures (III) 4-3 Carregado (III) - Messinense (III) 1-1 ap, 2-4 gp Alcochetense (III) - Micaelense (II) 1-2 Boavista Sport (III) - V Novas (III) 0-0 ap, 4-2 gp Operário (II) - Olivais e Moscavide (II) 1-0 Louletano (II) - Lusitano Évora (III) 3-3, 4-3 ap NOTAS: a) O sorteio da terceira eliminatória realiza-se em 22 de Setembro, às 17:00, em Lisboa. b) A terceira eliminatória disputa-se em 5 de Outubro. c) Felgueiras deu falta de comparência Isento: Benfica Castelo Branco (II)

BREVES Ronaldo Melhor Jovem Jogador do Ano O internacional português Cristiano Ronaldo foi escolhido pelos adeptos para o prémio de Melhor Jovem Jogador do Ano da FIFPro, o sindicato mundial dos jogadores profissionais. No outro prémio destinado aos jovens, com a votação a pertencer a um comité da FIFPro, o escolhido foi Wayne Rooney, companheiro de Cristiano Ronaldo no Manchester United. A gala dos prémios, que tiveram a sua primeira edição e decorreu segunda-feira à noite em Londres, distinguiu o brasileiro Ronaldinho Gaúcho, médio do FC Barcelona, com o título de Melhor Jogador do Ano, em termos absolutos. O quarteto luso era composto pelo defesa central Ricardo Carvalho, campeão inglês pelo Chelsea, o médio Deco, colega de equipa de Ronaldinho no "Barça", Luís Figo, entretanto transferido dos espanhóis do Real Madrid para os italianos do Inter Milão, e Cristiano Ronaldo, que actua nos ingleses do Manchester United. Pelé foi eleito Lenda do Futebol ao recolher o maior número de votos dos futebolistas.


CORREIO DE CARACAS - 22 DE SETEMBRO DE 2005

Nacional líder da SuperLiga Filipe Sousa

(DN - Madeira)

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Nacional da Madeira bateu segunda-feira o Sporting por 2-1, protagonizando o feito histó rico de ser um dos líderes da SuperLiga 2005-2006. O treinador Manuel Machado arrasou com o esquema táctico idealizado para este jogo. Ninguém esperava uma estratégia tão arrojada, cheia de riscos à partida, mas que se revelou perfeita. O 4x4x2, com dois alas bem abertos, impediu as sempre apetecidas descidas de Rogério e Rodrigo Tello. Os laterais encontraram pela frente Alonso e Alexandre Goulart e, por via das dú vidas, não se aventuraram por caminhos alheios. Melhor: os dois homens fixos na frente obrigaram ao recuo de Luís Loureiro, para valer aos defesas centrais, e também um natural recuo de João Moutinho e Sá Pinto para segurar o miolo, que foi sempre superiormente preenchido por dois mouros de trabalho e classe, Chainho e Bruno. Surpreendido, o Sporting ficou dependente do virtuosismo de Liedson e companhia, mas as investidas eram facilmente anuladas por uma defesa coesa e consistente. Assim, se percorreram os pri-

meiros 45 minutos do jogo, com a ressalva de um momento mágico de Nélson, que retirou literalmente o pão da boca ao faminto André Pinto, com uma defesa monumental. Ricardo, do banco, viu o colega mostrar que está ali para durar. A segunda parte abriu com outro momento mágico, com um golo de outro mundo, apontado por Deivid. O remate de fora da área era indefensável, mesmo com Hilário entre os postes, que entretanto havia sido substituído por Belman, devido a lesão. O Sporting relaxou, o mais difícil parecia conseguido, perante uma estratégia adversária quase impossível de anular. José Peseiro resolveu refrescar a equipa, lendo mal o jogo, e prejudicando claramente a harmonia da equipa. Do ou-

tro lado, o sereno Manuel Machado fez melhor, ao lançar Nuno Viveiros para abrir o debilitado flanco esquerdo do Sporting, onde morava um chileno débil de forças. Dois minutos depois, com alguma sorte, sublinhe-se, o Nacional chegou ao empate, pela cabeça de Alexandre Goulart. Sempre tranquilos, sem grandes euforias, os jogadores nacionalistas continuaram a dar uma lição táctica aos colegas, segurando o meio-campo e partindo em rápidos contra-ataques. A defesa do Sporting já estava de rastos, Peseiro apercebeu-se e quando preparava a entrada Miguel Garcia para reforçar o sector e ganhar maior combatividade na frente, viu André Pinto, com um sentido posicional de arrepiar, matar as suas aspirações.

DESPORTO 31


Quem quer um banco vai ao totta

CORREIO DE CARACAS – 22 DE SETEMBRO DE 2005

Gerência e direcção estiveram na entrega do Prémio Gazeta Imprensa Regional 2004.

Presidente da República Portuguesa homenageou Diário de Notícias da Madeira.

DIÁRIO homenageado com Prémio Gazeta Imprensa Regional 2004 Sérgio Gouveia (DN - Madeira)

O

Diário de Notícias da Madeira foi homenageado na passada segunda-feira com o "Prémio Gazeta Imprensa Regional 2004". Na entrega do prémio, o Presidente da Repú blica foi particularmente elogioso em relação ao trabalho desenvolvido pelo DIÁRIO na Região Autó noma da Madeira. "O serviço que prestam à comunidade democrática do País é imenso", considerou Jorge Sampaio durante a cerimó nia, em Lisboa, onde foram entregues os Prémios Gazeta de Jornalismo - o nosso jornal foi distinguido com o troféu destinado à imprensa regional. Quando se trata de falar sobre a Madeira, conforme reconheceu logo o Chefe do Estado, as palavras têm de ser "muito medidas". Só esta expressão, no entanto, seria suficiente para caracterizar o contexto regional. A "família Blandy" e os "jornalistas" foram então especialmente saudados pelo serviço informativo que prestam. "Não é fácil", sublinhou Sampaio, dispensando-se de comentar as razões que sustentam tal afirmação.

Sampaio mede as palavras mas reconhece que "não é fácil" fazer este jornal na Região Autónoma da Madeira Insinuando sempre estar a par dos condicionalismos insulares no que à RAM diz respeito, o Presidente da Repú blica notou que o jornal e quem o sustenta "aguentam-se". A viabiliadade financeira do projecto foi, por isso, salientada. Sem esta condição tudo poderia ser diferente. "Não sei se seria possível fazer o Diário de Notícias da Madeira com as características que já foram referidas", duvidou Sampaio - quer o director do jornal, José Bettencourt da Câ mara, quer o director do Clube de Jornalistas, Eugénio Alves, já tinham salientado a "independência" da publicação, com o segundo a lembrar também o "difícil contexto" madeirense. Referindo-se ao DIÁRIO como um "bálsamo da Madeira", Jorge Sampaio voltou a medir as palavras. Mas deixou-

lhes algum peso: "Ganhei lá as eleições". E o que disse a seguir foi uma autêntica confissão, feita pela primeira vez, conforme frisou. É que tal vitó ria "não foi muito agradável" para o poder dominado pelo PSD - o destinatário da mensagem não foi, de novo, explicitamente mencionado. "Continuem", exortou o Presidente, dirigindo-se uma ú ltima vez ao DIÁRIO. O Grupo Blandy poderia investir "noutras coisas", observou ciente de como funciona o mundo dos negó cios. Todavia, a independência de um jornal, exemplificou, "paga" a longo prazo. Foi aqui que também acrescentou o "serviç o imenso" à democracia. "ESPÍ RITO DE UNIÃO" No momento de receber o "Prémio Gazeta Imprensa Regional 2004", o DIÁRIO "invadiu" o palco montado na sede do Clube de Jornalistas, na rua das Trinas, em Lisboa. A palavra foi mesmo a utilizada por José Bettencourt da Câ mara, director da publicação, que se fez acompanhar por Michael Blandy, presidente do conselho de gerência da EDN, e Agostinho Silva e Ricardo Miguel Oliveira, ambos subdirectores.

Tendo recebido o prémio das mãos do ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, o director do jornal distribuiu a distinção pela "equipa de 114 pessoas". O grande segredo deste ó rgão de comunicação social, como também diria um pouco mais à frente, "é o espírito de união entre todos os departamentos". A independência informativa do DIÁRIO foi igualmente relevada. Nomeadamente quando José Câ mara falou na "saú de financeira" da empresa. Circunstâ ncia que lhe permite "garantir aos seus jornalistas independência editorial". Aos presentes, entre os quais Miguel Horta e Costa, presidente da PT, o responsável máximo da direcção fez saber que o nosso jornal está prestes a fazer 129 anos - no pró ximo dia 11 de Outubro - e que também se avizinham os 200 anos da família Blandy na Madeira. "Um grupo perfeitamente regionalizado", ironizou. Consciente das "dores de cabeça" que o DIÁRIO causou aos seus proprietários, o director também verificou que pô de sempre contar com o seu apoio, inclusivamente nos momentos "menos bons".


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