Correio da Venezuela 126

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Ponta de São Lourenço

Acompanhe-nos numa caminhada fascinante.

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Na rota do vinho

Idosos “ salvam” tradição das vindimas. Páginas 10 e 11

www.correiodecaracas.net

O jornal da comunidade luso-venezuelana

ano 06 - n.º 126 - DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL

caracas, 29 De setembro De 2005 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL:

0,75

Muitos obstáculos para entrar no mercado de trabalho Secretário de Estado traz associações empresariais à Venezuela. Página 6 Lusodescendentes e emigrantes que decidem viver em Portugal encontram duas grandes barreiras: a lí ngua e as equivalências académicas. Na Madeira, há médicos a trabalharem em caixas de supermercados... Página 3

Capitão lusodescendente promovido a comandante Empenho e dedicação fazem Rui Sousa ser promovido a comandante do Grupo de Artilharia dos Fuzileiros Navais . Página 4

Porto derrota Belenenses e consegue ser primeiro líder isolado. Página 30

Fó rum “ Estudar e Estagiar em Portugal” reú ne cerca de 300 jovens. Página 8


2 EDITORIAL Portugueses por igual CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez e Noélia de Abreu, Victoria Urdaneta, Yamilem Gonzáles Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Gerente de Publicidade Oswaldo Carmona Publicidade e Marketing: Carla Vieira Preparação Gráfica: João Santos (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Fotografia: Paco Garret, Farith Useche Distribuição: Juan Fernandez Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela

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unca conseguimos perceber o porque de, nos dias que correm, ainda se registarem tanto em Portugal como na Venezuela rivalidades incompreensíveis entre continentais e madeirenses. Apesar de serem ambas portuguesas, parece que estas duas comunidades se defrontam diariamente, de unhas afiadas, à espera de conseguir mostrar quem é melhor... Mas não são todos portugueses ou descendentes de portugueses naturais de Portugal continental ou da Madeira??? Porque então se delimitam fronteiras que realmente nunca deviam ter existido? Não é um português da ilha da Madeira igual a um português dos Açores ou de Lisboa? Então porque é que estão de costas voltadas?

Uma atitude destas não se encaixa muito bem na filosofia que marca esta comunidade lusa, que é exaltada por ser progressista e trabalhadora. Parece-nos que pretextos de desigualdades como estes só têm lugar em cenários reconstruídos onde os actores têm sede de protagonismo e ambição desenfreada por conseguir objectivos talvez obscuros. É preciso pô r um ponto final neste drama que atormenta muitas famílias e amigos. E que sirva de exemplo alguns casos em que a amizade entre portugueses do continente e portugueses da Madeira nunca encontrou barreiras. Somos portugueses e temos que nos orgulhar disso, independentemente da região onde nascemos.

O CARTOOn DA seMAnA Houve quem não gostasse de saber que os portugueses estão entre os principais suspeitos de transporte de droga...

Eles não sabem que só depois da notícia já foram interceptados em Portugal pelo menos uns 4 suspeitos que vinham de voos de Caracas?!!

Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares

A seMAnA MUITO BOM Já várias vezes destacámos neste espaço o papel que tem desempenhado a Academia do Bacalhau. Desta vez, os louros recaem sobre a delegação desta organização em Maracay, que é presidida por um conhecido líder que tem conseguido, à semelhança do seu "homólogo" em Caracas, trabalhar incansavelmente em prol do bem estar da comunidade. Basta dizer que já estão inscritos mais de quinhentos compadres para assistirem à cerimónia de oficialização da associação, que se realiza no próximo mês.

BOM A iniciativa de um jovem casal de lusodescendentes da área cultural e das letras merece reconhecimento, sobretudo pelo esforço desinteressado em destacar a comunidade portuguesa num evento que se realizou numa das universidades mais importantes da Venezuela. O evento serviu para apresentar a versão portuguesa do livro "Fundamentos da Metatécnica", do filósofo Ernesto Mayz Vallenilla. Valendo-se dos poucos recursos que tiveram e com muita força de vontade, conseguiram que a comunidade lusa estivesse presente num tipo de evento que normalmente não atrai portugueses.

MAU Perante um auditório cheio de jovens lusodescendentes que por diferentes razões estão a pensar estudar nalguma universidade portuguesa, um professor da Universidade Clássica de Lisboa lamentou a existência de um protocolo de colaboração na vertente académica que pudesse beneficiar as comunidades portuguesas na Venezuela. Nem mais! Está na altura das autoridades portuguesas e venezuelanas, assim como as universidades de ambos os países, tomarem consciência da importância de criar acordos que facilitem o caminho aos jovens que desejem aceder ao ensino universitário em Portugal.

MUITO MAU No lar de terceira idade Padre Joaquim Ferreira surgem por vezes coisas insólitas que em nada abonam a tradicional imagem que têm os portugueses na Venezuela. Alguns " familiares" e amigos de idosos decidem pedir apoio às damas e a ajuda é normalmente concedida. Depois dos "velhinhos" estarem institucionalizados, é uma alegria... As damas que se lixem! É que muitos idosos são praticamente abandonados, assim, sem mais nem menos. Consta que o caso mais insólito foi o de um ancião que, enquanto esteve vivo, não teve nem uma visita. No entanto, depois de falecer, apareceu no lar uma família inteira, com primos, sobrinhos e afilhados... é que o "velhinho" tinha uma pequena herança para dividir! É fácil descartar-se das responsabilidades, não?

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

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gustos

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CORREIO DE CARACAS - 22 DE SETEMBRO DE 2005

Venezuela 3

Venezuelanos com dificuldades em arranjar emprego na Madeira Equivalências académicas e lí ngua são as principais barreiras que os emigrantes e os lusodescendentes encontram Liliana da Silva

lilianadasilva19@hotmail.com

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crise econó mica, política e social que atravessa a Venezuela há alguns anos tem levado muitos portugueses a emigrar novamente para a sua terra de origem. Com eles viajam os filhos, lusodescendentes que procuram um futuro melhor sobretudo na Ilha da Madeira. Saem da Venezuela motivados pela segurança e benefícios que caracterizam Portugal. No entanto, a realidade que encontram é diferente.

A adaptação não tem sido nada fácil para os venezuelanos na Madeira e os empregos são escassos perante uma comunidade que, em muitos casos, não domina a língua. Para conhecer mais de perto a situação laboral dos emigrantes venezuelanos na Madeira, o CORREIO falou com Raquel Camacho, a encarregada do clube de emprego no Centro das Comunidades Madeirenses que nos revelou a verdade que se esconde por detrás da emigração. Como Raquel Camacho indicou, não existe um censo actualizado que permita conhecer quantos venezuelanos e lusodescendentes estão a viver na ilha, nem qual é a sua situação laboral actual. No entanto, referiu, cerca de 65% dos inscritos neste Clube de Emprego vêm da Venezuela. Do total de matriculados, 11.5% são venezuelanos sem ascendência portuguesa, 40% lusodescendentes e 16% ex-emigrantes que retornaram à ilha. Estas pessoas, normalmente, se dirigem a este clube de emprego para obter trabalho e também para receber informações sobre os processos de nacionalização e obtenção de equivalência escolar, entre outros assuntos. TRaBalHaDOReS SuBaPROVeITaDOS A inserção no mercado laboral não tem sido muito simples, sobretudo porque poucos destes desempregados sabem falar correctamente o português. "Um dos maiores problemas que encontram na fase inicial de inclusão no mercado de trabalho é a língua. Acaba por vezes por ser uma barreira na obtenção do emprego pretendido. Contudo, apó s um período de adaptação, acabam por ficar colocados em diferentes ofertas de emprego. Posso dizer com toda a certeza que muitas das pessoas que são aqui atendidas acabam por encontrar emprego, sobretudo como caixeiros, em lojas de pronto-a-vestir, como operadores de caixa e arruma-

dores nos supermercados", indicou Camacho. Contudo, alguns destes trabalhos na área de serviços e atendimento ao pú blico, são exercidos por lusodescendentes e venezuelanos com formação universitária. "Existem vários casos destes. Já tomamos também conhecimento de imigrantes de Leste com cursos superiores a trabalhar na construção civil, em limpeza, etc. Também se registam casos semelhantes quanto às pessoas que vêm da Venezuela. Aqui neste Clube de Emprego existe uma pessoa com formação em Medicina e experiência profissional na área que agora na Madeira está a trabalhar como operadora de caixa num supermercado. Felizmente, esta pessoa já deu início ao seu processo de equivalência numa Universidade em Lisboa há quase um ano. É de louvar que, enquanto aguarda pelo desenrolar do processo, não se deixou ficar parada. Pelo contrário, lutou para arranjar um emprego, mesmo que não fosse na área dela", conta. "E, como este caso, existem outros. Algumas pessoas formadas noutras áreas, como Administração de Empresas ou Informática, trabalham como caixeiras em lojas ou em supermercados", declarou Raquel Camacho, que enfatizou, ainda, que isto se deve muitas vezes às dificuldades que existem na obtenção de equivalências directas aos cursos frequentados na Venezuela.

Segundo Camacho, este é um processo algo moroso, pois há a necessidade de encontrar em Portugal uma universidade que ministre o curso que foi frequentado, enviar para essa instituição de ensino um processo de pedido de equivalência com o programa das cadeiras frequentadas, o diploma devidamente autenticado e aguardar que seja apreciado o processo, de modo a conferir se os conteú dos são semelhantes aos ministrados em Portugal e assim atribuir ou não a equivalência. Além de ser lento, este processo de equivalência é também caro. Os casos que Camacho tem experimentado têm sido um pouco diferentes porque "muitos cursos têm equivalência a algumas cadeiras e, por vezes, não têm equivalência em nenhuma cadeira de cursos semelhantes em Portugal. O Gabinete Coordenador do Ensino Superior e a Universidade da Madeira são os principais organismos que ajudam nestes processos". uMa RealIDaDe DIFeRenTe E, por estas razões, algumas pessoas que se dirigem ao clube de emprego do Clube Social das Comunidades Madeirenses mostram certa frustração e decepção. É que muitos deles só conheciam a ilha da Madeira de férias e não a realidade, sobretudo em matéria laboral. É por isso que existem alguns casos de regresso. Neste clube de emprego já foi registado o regresso de algumas pessoas

que retornaram para a Venezuela, ou que acabaram por emigrar a outros países como Espanha ou Inglaterra. "Essas pessoas não se adaptaram a viver na Madeira. Nalguns casos porque não podiam exercer a sua profissão em Portugal, por não terem as equivalências, ou por terem ainda muita família na Venezuela e terem casa lá e, por vezes, negó cios pró prios. Chegam cá e têm de se sujeitar a ficar em casa de familiares e a trabalhar por conta de outro", comentou Raquel Camacho. Por outro lado, também há muitas pessoas que mostram o seu interesse em ficar definitivamente na Madeira, uma vez que não conseguem suportar a tensão da instabilidade político-social que se vive no dia-a-dia venezuelano. Tentam, por isso, começar do zero na Madeira, tal como os seus pais fizeram quando emigraram. Pelo segundo ano consecutivo, o Clube Social das Comunidades Madeirenses, com o apoio da Secretaria Regional da Educação, vai promover aulas gratuitas de português e inglês entre estes imigrantes. Por um lado podem melhorar e aprender o português falado e escrito e, por outro, aprendem o inglês, uma língua imprescindível ao nível profissional numa terra tão turística como a Madeira. Como referiu Camacho, "a língua é, sem dú vida, o maior problema com que se deparam. Uma das primeiras recomendações que são feitas aos que cá vêm é que tentem aprender melhor o português, pois isto não só facilita a sua adaptação social como também a sua integração no mercado de trabalho". É em resposta a esta problemática que o clube de emprego promove estas aulas.

Uma primeira experiê ncia No ano de 2004, o Clube Social das Comunidades Madeirenses promoveu o curso de inglês e português entre venezuelanos e lusodescendentes. Esta primeira experiência inicialmente contou com a participação de 89 pessoas, mas não acabou com o mesmo número de alunos.Alguns alunos não tinham o mínimo conhecimento do português, mas com esforço conseguiram principalmente aperfeiçoar os seus conhecimentos linguísticos e, com isso, uma melhor integração social. Como consequência, tiveram mais facilidade em arranjar emprego.Quanto à assiduidade e desistências, verificou-se que as obrigações profissionais dos estudantes levaram muitos a desistir do curso. Para além do mais, alguns deles acabaram por regressar ao seu país de origem ou emigraram para outros.


4 VENEzUELA

CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

Lusodescendente promovido a comandante da Armada Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

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ui Miguel de Sousa Pedro, capitão da Armada Naval Venezuelana, foi promovido a Comandante do Grupo de Artilharia dos Fuzileiros Navais "Va, Lino de Clemente". A promoção deveuse ao seu empenho e dedicação neste corpo marítimo venezuelano. Filho de pais madeirenses naturais de São Vicente que chegaram à Venezuela na década de 60, este lusodescendente tem uma nova tarefa: a sua prioridade agora é continuar com o entretimento do seu grupo e continuar a ajudar diferentes missões sociais promovidas pelo governo do presidente Hugo Chávez para apoiar os mais necessitados em toda a região do Estado de Vargas. Rui de Sousa nasceu em Caracas e desde que se lembra sempre gostou da marinha. "Apesar de ter sido criado na capital, sempre senti uma grande atracção pelo mar, pela costa e pelos barcos que hoje em dia são a minha verdadeira

paixão", expressou-nos. O capitão da Armada Naval entrou na academia militar náutica aos 18 anos, como qualquer jovem que aspirava iniciar-se numa carreira militar. Dessas centenas de rapazes que partilharam com ele os anos de escola, seis eram lusodescendentes e estudaram com ele, sendo que actualmente têm cargos semelhantes dentro das forças navais e militares venezuelanas. A especialidade deste lusodescendente nos seus 17 anos de carreira foi Artilharia de Armamento de Campanha como apoio às forças marítimas do país. Embora tenha cumprido outras funções na fronteira venezuelana, na selva amazó nica e no Batalhão de Infantaria Marinha, também cumpriu o rol da Guarda de Honra da presidência e do Ministério da Secretaria de 1999 a 2001. SANGUE PORTUGUÊS Rui de Sousa não teve muito contacto com o seu pai por desígnios da vida. Mas comenta-nos que a sua mãe sempre o apoiou em tudo. "Para ela, foi um or-

gulho ver-me vestido de militar e mostrar aos seus familiares e amigos tudo o que consegui", acrescenta o comandante. A presença lusa para este filho de portugueses tem sido importante para o crescimento do país, "pois muitos lusos com o seu esforço originaram e continuaram a gerar emprego para a comunidade venezuelana". Contudo, expressou, a maioria dos portugueses dão mais valor ao dinheiro do que a questões culturais e tradicionais. "A essência do português com o passar dos anos se tem perdido porque já não se vêem aquelas reuniões que se faziam em El Junquito ou nas praias do litoral central há alguns anos atrás, quando

muitos passavam os domingos com a família", reiterou Sousa. O ensino da língua portuguesa é fundamental para cada descendente de portugueses, pois, segundo nos expressa Sousa, esse é o legado que deixam aos seus herdeiros. A sua filha de onze anos aprendeu a língua no Brasil, enquanto ele estava a tirar um curso. Com o que mais se identifica este descendente de lusos é com a comida portuguesa, assim como o vinho. Sousa já visitou a Madeira seis vezes e quer que o país dos pais continue a crescer e a avançar como tem conseguido até agora.


CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

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6 VEnEzuElA

CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

Associações empresariais visitam Venezuela Sérgio Gouveia (DN - Madeira)

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secretário de Estado das Comunidades Portuguesas é o convidado do 4.º Encontro de Gerações que terá lugar, no pró ximo dia 15 de Outubro, no Centro Português de Caracas. Antó nio Braga aproveitará a deslocação à Venezuela, a primeira que faz a este país desde que assumiu as actuais funções governativas, para levar consigo uma comitiva empresarial. O convite formal ao membro do Governo com a pasta relativa à emigração foi feito, na semana passada, no Palácio das Necessidades, pelo director do DIÁRIO, José Bettencourt da Câ mara - o Correio de Caracas e o Banif são as outras duas entidades envolvidas na organização da iniciativa. A participação de Antó nio Braga está então confirmada. Segundo o seu gabinete, o evento enquadra-se nas preocupações da Secretaria de Estado das Comunidades relativamente aos mais jovens. Na frente empresarial, o governante conta levar consigo representantes de associações portuguesas, incluindo a ACIF, que será convidada para tal. Lisboa aguarda agora informações da embaixada na Venezuela por forma a integrar na comi-

António Braga aproveita Encontro de Gerações para fomentar intercâmbio comercial e económico tiva as associações com maior potencial de intercâ mbio comercial e econó mico. Reforçar os laços entre os empresários dos dois países é pois o objectivo. Antó nio Braga aproveitará ainda a visita para contactar a comunidade radicada na Venezuela, assim como alguns membros do Governo de Chávez. Sempre com a problemática da emigração na agenda. O governante conta ficar meia dú zia de dias em terras venezuelanas. Com o arranque do ensino do português à distâ ncia - ou o também chamado "e-learning" que tem por base as novas tecnologias - marcado para o pró ximo dia 24 de Outubro, o secretário de Estado das Comunidades tem também no programa uma demonstração de como tudo funcionará. Nas edições anteriores do Encontro de Gerações as individualidades convidadas foram Santos Costa, secretário regional do Equipamento Social, Cunha e Silva, vice-presidente do Governo, e Miguel Albuquerque, presidente da Câ mara do Funchal.

Mais sequestros na zona de El Tuy Carlos Orellana

corellanacorreio@hotmail.com

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orge Duarte Silva (69 anos), cidadão luso, foi sequestrado no passado dia 25 de Setembro por dois delinquentes que conduziam uma carrinha "pick up" vermelha. O comerciante, dono de uma padaria chamada "Flor de Guatopo", que se localiza na saída de Santa Teresa del Tuy, foi abordado quando estava na porta do seu negó cio e se preparava para ir para casa, que ficava a três quarteirões dai. O incidente registou-se por volta das 6h30 da manhã de domingo, quando o comerciante sentiu o gatilho da arma que um anti-social lhe aponta-

Português agredido, assaltado e abandonado depois de um sequestro "express" ra, ameaçando-o de morte se ele gritasse. Depois, o sequestrador levou para dentro da carrinha, onde estava o segundo bandido ao volante. Deram umas voltas com ele e, depois, atiraram-no de uma ribanceira da zona de Vizcaíno. Mas, antes de o abandonarem, roubaram-lhe as chaves de casa, para onde foram, conseguindo roubar três mil dó lares, a mesma quantidade em euros e 1.300.000 bolívares.


CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

Venezuela tenta acelerar julgamento do co-piloto O ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano comprometeu-se perante Freitas do Amaral

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ministro dos Negó cios Estrangeiros venezuelano comprometeu-se na semana passada, perante o chefe da diplomacia portuguesa, a encetar esforços no sentido de tentar acelerar o julgamento do co-piloto português detido na Venezuela, disse o governante português. "Ali Rodriguez Araque comprometeu-se a falar imediatamente com o fiscal judicial venezuelano [equivalente ao Procurador-geral da Repú blica] e com o seu homó logo da Justiça para combinarem que medidas se podem tomar para que o julgamento se realize o mais rápido possível", disse Freitas do Amaral. O ministro dos Negó cios Estrangeiros falou com o seu homó logo venezuelano à

margem da Assembleia-Geral da ONU, a decorrer em Nova Iorque. No final do encontro, que decorreu a pedido de Portugal, Freitas do Amaral afirmou estar "com alguma esperança de que a situação se possa desbloquear dentro de um prazo razoável". "Expliquei ao ministro venezuelano que a opinião pú blica portuguesa está muito preocupada e desagradada com os sucessivos adiamentos do julgamento." O chefe da diplomacia portuguesa disse ainda a Araque que "não gostava que isto se tornasse num incidente diplomático com um país amigo, que tem uma comunidade portuguesa tão grande". "Como o poder político não pode interferir no judicial, o

ministro comprometeu-se a fazer diligências, não para pressionar os juízes na decisão, mas para que o processo seja acelerado e rapidamente julgado", acrescentou. Freitas do Amaral ressalvou ainda a importâ ncia de o Sindicato dos pilotos, a Comunicação Social e a família do co-piloto "não agravarem ainda mais a questão (com declarações) ao ponto de os venezuelanos se sentirem ofendidos", o que poderia atrasar ainda mais o processo.

Venezuela 7

Co-piloto satisfeito

O co-piloto português Luís Santos, detido na Venezuela por suspeita de tráfico de droga, mostrou "alguma satisfação" pelo encontro do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Freitas do Amaral, com o homólogo venezuelano, Alí Rodriguez Araque. "A quase um ano de estar preso só pode ser com alguma satisfação que recebo uma notícia destas", disse Luís Santos à Agência Lusa. "Como é evidente, para quem está privado da sua liberdade desde Outubro de 2004, sujeito a um cúmulo de injustiças, indiferenças e acções dilatórias, só posso estar algo esperançado no futuro", acrescentou. Luís Santos faz parte de um grupo de quatro portugueses (entre eles as três passageiras de uma aeronave), e seis venezuelanos, detidos desde 23 de Outubro de 2004 por suspeita de tráfico de droga. "É a segunda vez que ambos os ministros (português e venezuelano) falam deste assunto. Na primeira oportunidade o resultado, na prática, foi zero, porque continuo aqui privado da liberdade. Estou expectante, mas muito desacreditado com todo este processo, com qualquer coisa legal que se possa passar por aqui", frisou. O co-piloto, que se encontra em prisão domiciliária desde Dezembro, reafirmou a sua inocência, mas admite ser condenado, "para que as autoridades venezuelanas fiquem com o avião". "Ouvi o próprio Rodriguez Araque afirmar que se por ventura houvesse alguma sentença, poderia ser indultado presidencialmente, e isso é, para mim, um sinal de que apesar de ser inocente, pode haver interesse em condenar-me, para permitir ao Estado venezuelano arrestar definitivamente o avião", disse. O encontro de Freitas do Amaral com o homologo venezuelano, a pedido de Portugal, decorreu na semana passada em Nova Iorque à margem da Assembleia-geral da ONU.


8 Venezuela

CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

"Temos que trabalhar muito Sem rasto dos portugueses para ganhar o nosso espaço" sequestrados

Forum "Estudar e Estagiar em Portugal" serve para deixar recomendações a jovens estudantes e profissionais que pretendam prosseguir estudos em Portugal Délia Meneses "Ninguém pode ir estudar para Portugal se não conhece minimamente a língua portuguesa. E não é suficiente estudar um ano. São necessários três ou quatro". Esta foi uma das conclusões do forum "Estudar e Estagiar em Portugal", que se realizou no passado dia 23 de Setembro, no Centro Português, em Caracas. Esta iniciativa do CORREIO conseguiu reunir um considerável nú mero de jovens lusodescendentes, cerca de 300, sendo que alguns eram estudantes e outros eram profissionais que tencionam aproximar-se do mundo universitário português. Não se ofereceram receitas mágicas, mas foram deixadas algumas "dicas" básicas para compreender as dificuldades que podem envolver o processo de estudar no país de Camões. O convidado de honra foi o professor de Filosofia da Universidade Clássica de Lisboa, Adelino Cardoso, que manifestou a sua surpresa pelo facto de não haver nenhum protocolo de colaboração que beneficie a comunidade portuguesas da Venezuela no â mbito universitário" "As universidades portuguesas

cresceram exponencialmente", disse, acrescentando que a via mais fácil para quem já tem um diploma é a pó s-graduação. No entanto, esta não atribui qualquer grau académico, nota. "Há muitas ofertas de pó s-graduações e o processo de entrada nestas é muito mais acessível que outros cursos que atribuam um determinado grau académico", assegura. Cardoso falou também da possibilidade de estagiar em Portugal, evidenciando que na maioria dos casos não é difícil encontrar um estágio, mas no início estes não são remunerados ou então são muito mal pagos. "Contudo, vale a pena fazer o sacrifício porque depois de se fazer um estágio é mais fácil encontrar emprego". Outra das oradoras do encontro foi Alda da Silva, professora da Universidade Monteávila e da Universidade Cató lica Andrés Bello. Esta lusodescendente contou a sua experiência de estágio em Portugal e fez algumas recomendações ao pú blico jovem presente no salão: "devemos ir para lá dispostos a passar por um período de adaptação menos fácil. Isto pode implicar sacrificar uns meses ou até um ano. Temos que reconhecer as nossas limitações. Se uma pessoa desespera, ou quer ganhar

dinheiro apenas chegue, querendo logo ser reconhecido, pode vir a sentir-se frustrado. Como lusodescendentes, temos que trabalhar muito para conseguirmos ganhar o nosso espaço como profissionais. Só depois é que os caminhos se começam a abrir". Jorge Machado, professor da Universidade Simó n Bolívar, por sua vez, falou ao microfone sobre os aspectos técnicos do processo de autenticação de documentos no Consulado de Portugal. Destacou também o que é preciso para fazer o exame de ingresso nas universidades portuguesas, que deve satisfazer as mesmas condições dos que não são emigrantes. "O estudante tem de saber o que quer mesmo tirar", recomenda. Finalmente, o professor de português do centro e director da Colégio Virgem de Fátima, David Pinho, lamentou a escassa informação sobre as oportunidades de estudo em Portugal que têm os lusodescendentes na Venezuela. Anunciou que recentemente vai viajar a Portugal para falar com algumas autoridades portuguesas sobre a possibilidade de estabelecer mais acordos na área académica. "Temos que exigir isto porque os jovens merecem ainda muito mais", sublinhou.

Carlos Orellana

corellanacorreio@hotmail.com

N

o dia 7 de Agosto, o CORREIO deu conta do desaparecimento de dois comerciantes portugueses que foram sequestrados em Ocumare del Tuy. Hoje, passados dois meses do rapto, não se conhece ainda o paradeiro dos emigrantes. Efrén Marín, chefe da Divisão Anti-Extorsão e Sequestro do Corpo de Investigações Científicas e Criminais (CICPC), declarou a este semanário que se desconhece o lugar onde possam estar os madeirenses Afonso Alberto da Silva, de 62 anos, e o seu só cio, José Manuel Figueira, de 40 anos. "Não se sabe de nada relacionado com este caso e tão pouco temos tido qualquer tipo de comunicaç ão com os sequestradores", disse Marín. Ainda assim, comentou que continuam a ser realizados as

devidas operaç ões com vista a resgatar as vítimas e identificar o grupo de raptores. Os comerciantes, proprietários de um frigorífico que dá pelo nome "Lan Tuy", foram sequestrados em frente a um terminal de passageiros em Ocumare del Tuy, quando estavam acompanhados por um dos seus empregados, identificado como José Eulogio Azuje, de 44 anos de idade. Segundo os dados recolhidos pela Polícia Científica, no dia seguinte aos sequestros, os raptores entraram em contacto com o terceiro só cio do negó cio. De imediato, este comunicou o facto aos familiares, que se deslocaram ao CICPC de Valles del Tuy para apresentar queixa. De qualquer forma, a família - como é costume nestes casos - tem mantido a discrição para não colocar em risco a integridade física das vítimas.


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CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

Festa das Vindimas: uma tradição de Portugal na Venezuela ao lagar. Provavam o sumo de uvas enquanto o grupo folcló rico os embalava e sentiam-se assim completamente seduapanha de uva e os trabal- zidos pelo eminente poder de Baco, o hos da pisa e da repisa no la- Deus do Vinho. gar foram recriados no fim O grupo animou a noite e o cenário de semana passado nas ins- tornou-se cada vez mais real, pois as mú talações do Centro Português, em Cara- sicas tocavam os corações dos emigrantes cas, onde os emigrantes tiveram a opor- e dos lusodescendentes que viam nesta tunidade de reviver a tradição da vindi- actuação um pouco do que acontece nesma. ta altura em Portugal, a sua terra natal O ponto alto do programa foi a vin- ou a terra dos seus pais. dima ao vivo destinada sobretudo aos Este ano, os filhos dos só cios tivelusodescendentes que nunca viram este ram o privilégio de poder entrar, pela processo. A pisa das uvas foi acompan- primeira vez, no lagar. Pisaram uvas enhada pela animação do grupo folcló ri- quanto os pais e outros participantes exco infantil "Danças e Cantares do Centro plicavam como se fazia a repisa. Português". "Esta ideia de fazer vinho no clube e As vindimas fecham o ciclo das festas comemorar a Festa das Vindimas tem de verão na ilha da Madeira e, em Cara- como principal objectivo reavivar as tracas, esta representação já se converteu dições portuguesas, para que as mesmas numa das datas mais importantes e tra- não caiam no esquecimento e possam ser dicionais do ano. mostradas aos lusodescendentes que, Como já é habitual, José Manica, um muitas vezes, pouco conhecem da culemigrante que chegou à Venezuela em tura dos pais e avó s", destacou Manica. 1977, foi o responsável pela recriação da Na Venezuela, alguns madeirenses repisa das uvas, que contou também com mantêm a tradição de fazer mais de cina colaboração do presidente do Centro quenta litros de vinho tinto por ano, não Português, André Pita. só para consumo pró prio, mas também Enquanto decorria o processo, os as- para oferecer aos familiares e convidasistentes mostraram-se emocionados e dos, que têm o privilégio de beber um começaram a aproximar-se cada vez mais "tintinho" feito à moda portuguesa Yamilem González

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Jovens não querem saber da viticultura N

algumas aldeias do Douro, a tradição ainda é o que era e os rituais mantêm-se. Em Vilarinho dos Freires, na vindima de Pinto Hespanhol, os seniores são habituais nesta faina. Este empresário agrícola aprecia "a arte e o carinho com que as mãos calejadas das vindimadoras seniores tratam as uvas". "É sempre com muito gosto que recebo os mais idosos na vindima. Fazem o trabalho bem feito e também eles emprestam a sua sabedoria aos mais novos", acrescentou. Também em Porto de Rei, freguesia de Barqueiros, concelho de Mesão Frio, Custó dio Sá, um pequeno lavrador, com 72 anos, ainda faz o vinho à moda antiga. Ouçamos o que nos diz: "Sou eu que faço tudo. Além de colher as uvas, piso-as e depois, claro, também bebo o vinho",

sublinha. Pinga esta que, garante-nos, "não leva químico nenhum. É tal e qual como a Natureza o dá". Nesta vindima, "o vinho chegou aos catorze graus". O seu velho lagar, em granito, cheira a mosto. Custó dio Sá olha para ele com orgulho. "É antigo, mas produz uma pinga de categoria". Daqui a poucos dias, as pipas bojudas que possui na sua adega vão "receber o vinho". Este exemplo de Custó dio Sá é um dos muitos que ainda perduram na região duriense. Gerações que viveram e vivem à volta do vinho e da vinha. Numa outra vindima, em Ermida, no concelho de Vila Real, e em plena zona considerada Patrimó nio Mundial da Humanidade, encontrámos uma velhinha cheia de vivacidade e de sabedoria. Maria Nazaré, com 70

anos, nasceu em Povoação, teve quatro filhos, e uma vida dedicada à lavoura. Apesar da idade gosta de "andar na vindima". Mas os tempos já são outros. "Antes era melhor, andávamos com mais fome, mas a colheita era mais alegre". Outras eras. "A tesoura era usada primeiro, mas também a faca e, algumas vezes, até à mão se vindimava". uMa aleGRIa, uMa FeSTa "Era uma festa a vindima, não faltavam bombos e concertinas e cantava-se a bom cantar. As mulheres e as raparigas dançavam, ao fim do dia. Agora, a mocidade já não é assim, as coisas mudaram muito". Andou sempre nas vindimas dos vales de Ermida e de Povoação, com o Corgo ao fundo. Muitas e muitas vezes se aleijou a

cortar as uvas, como foi o caso de agora. "Ainda ando aqui com uma naifada que nem me endireito. Mas lá ando. É uma alegria a vindima". "Isto faz bem à saú de e ao bolso também, que sempre se ganha mais algum", realçou. "Primeiro, vossemecê sabe, quando a canícula apertava, lá ia um pouco de água-pé! Hoje, já não é assim!" A importâ ncia da mão-deobra sénior das vindimas é reconhecida por alguns autarcas da região duriense. Nos principais concelhos vinhateiros, são o

grande recurso para a efectivação da vindima. No Pinhão, "berço do vinho do Porto", os seniores também participam nas vindimas. "São eles os legítimos representantes de uma tradição , que hoje está a desaparecer", considerou o presidente da Junta de Freguesia. E disse, sobre a hipó tese de renovar o pessoal: "Com a aposta de alguns empreiteiros em trazer gente de fora da região que não se identifica com ela, corre-se o risco de perdermos a alegria das vindimas".


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Venezuela 11

na rota do vinho Patrí cia Gaspar (DN - Madeira)

"O

que trabalha um homem para beber uma pinguinha de vinho!". O desabafo é de Agostinho Silva. Outros tempos. Antigamente, quando as vindimas eram uma festa, o dito era outro. "Um copo por dia dá saú de e alegria". Enquanto espera que mais uma caixa se encha de negra mole, fruto de uma latada com mais de 12 mil metros quadrados, a expressão é meramente figurativa, já que neste terreno - um dos que contribui para enverdecer a paisagem do Estreito de Câ mara de Lobos (Madeira) - todas as bagas são aproveitadas para serem vendidas. "Oxalá o grau assim o deixe. O ano foi bom, estamos em crer que sim", enfatiza o agricultor. O provérbio ganha maior pertinência aos olhos de Antó nio Pestana. Do lado de fora do lagar, o vitivinicultor segue o movimento dos braços do genro João Paulo Serrão. Gira e aperta-se o fuso, ao ritmo dos primeiros jorros do vinho que, em São Vicente, há-de ser provado pelos amigos, no dia de São Martinho. Aqui, cultiva-se a casta jaqué. "A qualidade não interessa aos compradores", mas o paladar serve bem para o consumo familiar. Almejam-se seis mil litros. Todavia, a conjuntura não está para "mandar vir gente de fora" e a colheita será trabalhada, apenas, pela família. Com cinco anos, Guilherme Serrão dá as primeiras mostras de talento, ainda que por poucos minutos. A coceira atormenta-lhe as pernas e, cedo, abandona a pisa da uva. Foi, também, assim com o pai. Mas, é graças a ele que a tradição se mantém passados trinta e dois anos da primeira vindima: tinha, então, seis primaveras. "Estou debaixo da latada/ nem à sombra, nem ao sol/ Estou ao pé do meu amor/ Ai, Não há regalo maior". Maria Gouveia recolhe-se no recato das videiras. Não se lembra de cantigas, nem desta ou de outra parecida. Limita-se a es-

perar pelo marido, Antó nio Pestana, e a vigiar atentamente o pequeno Guilherme. À mesma hora, no Estreito, as caixas vão se compondo com cachos de negra mole. São espessos e bonitos e isso de pouco lhes valerá, diz Agostinho Silva, se não exibirem, no mínimo, nove graus pagos a cerca de 90 cêntimos. O trabalhar do podão só tem concorrência num breve latir de cão. A latada é grande e os trabalhadores estão dispersos. Longe vão os tempos em que "as gentes vinham de fora" para ajudar e a vindima cansava menos, ao ritmo dos gracejos, das cantorias e dos disfarçados namoricos. "Hoje, nem o almoço fornecemos. A uva é mal paga, ninguém quer trabalhar. Um dia, isto acaba", sublinha Julieta da Silva. BeBIDa De TaSCa, nÉCTaR DOS DeuSeS Julho dita o início da época de vindimas. Finda a Festa do Monte e cumprida a homenagem à padroeira da Madeira, é tempo de deitar mãos à obra e assegurar a produção do vinho para regalo de quem é apreciador. No caso da Sercial, o "timing" é mais tardio. Embora o processo da apanha em nada defira das outras castas. Concluída a vindima, as uvas são co-

locadas na berma das estradas, transportadas em carrinhas de caixa aberta e enviadas para os lagares mecâ nicos ou tradicionais. Menos comum, a pisa dos bagos à moda antiga continua a ser tradição nalguns lares, sobretudo quando o mosto produzido não se destina aos grandes produtores. Há4000 anOS Embora não existam certezas, alguns historiadores acreditam que a vinha poderá ter sido cultivada pela primeira vez na Península Ibérica cerca de 2000 anos a.C., pelos Tartessos, povos que preconizavam já trocas comerciais. Posteriormente, no século VII a.C. foi a vez dos Gregos se instalarem na Península Ibérica e desenvolveram a viti-

cultura, dando uma particular atenção à arte de fazer vinho que, antes do consumo, era misturado com água. 194 a.C. marca os primeiros contactos com os Lusitanos. Dois séculos depois os Romanos conquistam a Península Ibérica. Em meados do século XVI, Lisboa era considerada um dos maiores centros de consumo e distribuição de vinho. Em 1907/1908, iniciou-se o processo de regulamentação oficial de várias outras denominações de origem portuguesas. Para além da região produtora de Vinho do Porto e dos vinhos de mesa Douro, demarcaram-se outras regiões de produção de vinhos, como os da Madeira, Moscatel de Setú bal, Carcavelos, Dão, Colares e Vinho Verde.


12 HISTÓRIAS DA VIDA

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Pero dos Passos Antonio de Abreu Xavier

P

ero nasceu numa aldeia do interior da Madeira. Natural de uma família humilde, sem terrenos e sem bens pró prios, os pais eram agricultores que trabalhavam por conta de outrem em troca de uma diária ou ajudavam nos trabalhos do dia-a-dia em troca de comida. O seu verdadeiro nome é Pedro, mas porque o seu pai não se sabia expressar bem, o pai de Pero não se entendeu com a menina do registo, que o registou como Pero e não Pedro! Pedro ou Pero foi um dos poucos irmãos que foi registado, pois no seu povo ninguém registava as crianças. Os seus pais eram bons patriotas e cristãos: deram doze filhos à Nação e à Igreja. Mas à medida que nasciam o dinheiro não chegava para registar os mais pequenos. Por isso, ficavam a conta de Deus. Só foi duas vezes ao Fun-

chal. Uma vez em 1924 e outra em 1931. Ouviu falar da morte de Sacadura Cabral e de Brito Pais. O primeiro foi companheiro de Gago Coutinho na travessia do Atlâ ntico. O segundo chegou a Macau. Mas dizia-se que se um português chegasse ali então não era assim tão longe. Na segunda vez que foi à capital madeirense, os oficiais militares estavam em agitação. Pero perguntou se não era melhor fazer apenas duas coisas ao mesmo tempo: defender e trabalhar a terra. Coisas de pessoas do campo. Desde pequeno, aceitava muito mal as piadas de mau gosto dos outros. "Olha, Pero, tas nos pêros?", "Pero gosta de mexer nos pêros"… A sua sorte é que na aldeia havia também maçãs, não muitas, mas havias. Pero gostava de ajudar o sacristão com os arranjos para o serviço. Aos domingos, chegava mais cedo do que habitualmente. É que o sacristão lhe prometeu que se ele o ajudasse mais o deixava tocar os sinos na missa. Mas nunca cumpriu

As casas de colmo da Madeira, 1960

a sua promessa e Pero acabou por nunca tocar os sinos. Um dia, Pero estava a apanhando ameixas e passou o sacristão a perguntar se alguém tinha visto um pêro pendurado numa ameixeira. Disse isto e continuou a andar. Pero não gostou e vingou-se. Ao fim da tarde, amarrou uma corda entre os dois lados do caminho. Escondido, puxou-o quando passou o sacristão. Era só uma pequena partida, mas Pero teve azar… O sacristão desequilibrou-se e caiu da parede do caminho em baixo, indo bater a um poço de água. Pero espreitou e, quando o viu a gritar entre o lodo e os sapos, saiu a correr. No domingo seguinte, Pero não chegou como sempre cedo para ajudar na igreja. O sacristão foi amável e não brincou com o seu nome. Quando saíam para começar a missa, o sacristão disse-lhe: "hoje tocas os sinos". No fim do serviço, já na sacristia, Pero viu a sua corda pendurada. Tinha-a esquecido porque saiu a correr.

Curral das Freiras 1960

Fotos Cortesia de www.nesos.net Quem ajudou o sacristão encontrou a corda, mas nunca ninguém soube de quem tinha sido a "brincadeira". Ficouse pela suspeita e pelo dever de cumprir a sua palavra. É

Bordadeiras de São Gonçalo, 1916

que Pero já não aguentava mais a situação. Nota: Pero dos Passos é avô do autor do texto. Cego e com 92 anos, gostava de contar-lhe histó rias.


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veneZUeLA 13

Abertas inscrições para cursos de línguas na UCv Noelia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

O

s cursos estão abertos a todos os interessados maiores de 16 anos. Cada língua tem nove níveis: Básico I, Básico II, Conversação básica, Intermédio I, Intermédio II, Conversação Intermédia, Avançado I, Avançado II, Conversação avançada, sendo que cada um tem uma duração de 50 horas académicas, ou seja, cerca de nove semanas. As turmas têm de ter pelo menos quinze elementos. As pessoas que queiram fazer um teste de nível que permita demonstrar os seus conhecimentos só poderão fazê-lo uma vez, pelo que não terão oportunidade de repetir provas até atingir um nível melhor. A inscrição fora do prazo tem um custo de trinta mil bolívares. Todos os alunos devem, primeiro, de adquirir a ficha de inscrição, que custa dez mil bolívares e está à venda nos secretariados dos cursos, no quarto andar de FACES. Depois, faz um depó sito em dinheiro de 140 mil bolívares no nú mero de conta que lhe será indicado e, finalmente, formaliza a sua inscrição no se-

Cursos permitem aprender português, inglês, francês, alemão, chinês, japonês, italiano e árabe. cretariado durante os dias estabelecidos pela coordenação do curso. Porque os cursos são limitados, não há prorrogações e, como tal, os responsáveis pelos cursos recomendam os interessados a não depositar o dinheiro sem ter antes a ficha de inscrição. Para os alunos novos, as fichas de inscrição foram entregues de segunda a quarta-feira, mas os alunos regulares, por sua vez, podem levantar as suas fichas de inscrição de hoje, 29, ao dia 1 de Outubro. O exame de nível realiza-se hoje, 29 de Setembro, às seis da tarde, no 6º andar, edifício FACES. O curso realiza-se às segundas, às quartas e às sextas-feiras, iniciando-se a 10 de Outubro. Mas há também cursos às terças e às quintas. Estes iniciam-se a 11 de Outubro, sendo que os cursos sabáticos se realizam a partir de 8 de Outubro.


14 PERFIL

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O médico mais jovem de Barquisimeto Com apenas 24 anos, lusodescendente foi eleito o melhor estudante de Medicina da Universidade Central Lisandro Alvarado Trinidad Macedo

O

s seus amigos e familiares conhecem-no como um jovem de carácter sereno, simpático, humilde, alegre e familiar. Mas de Alejandro José de Faria Capelinha pode-se dizer muito mais. Com apeans 24 anos de idade, este lusodescendente já é médico cirurgião. Foi eleito o melhor estudante de Medicina da Universidade Central Lisandro Alvarado (UCLA) e a 28 de Maio de 2002 foi reconhecido pela Ordem Jacinto Lara, com a menção de terceira classe, entregue directamente pelo governador actual do Estado de Lara, Luís Reyes. A 20 de Setembro do mesmo ano, recebeu das mãos do presidente do distrito Iribarren, Heny Falcó n, a chave da cidade de Barquisimeto. No passado dia 13 de Maio de 2005, foi homenageado com o "botó n honor al mérito" pelo seu estágio rural em Biscucuy, município de Sucre do Estado Portuguesa, galardão esse entregue pelo presidente da localidade, Jó vito Villegas. Durante os anos de estudo, Alejandro foi um exemplo para os seus companheiros de aula. Os seus cadernos foram mais copiados do que os pró prios livros da biblioteca para investigações durante a carreira. Os méritos deste jovem foram também reconhecidos pelos seus colegas, que lhe prestaram uma homenagem pelo seu elevado índice académico e pela sua colaboração. Faria Capelinha graduou-se no primeiro dia de Julho de 2005, na 51ª promoção de médicos cirurgiões que teve por nome Dr. José Gregó rio Hernández e terminou a universidade com o título de "Magna com Laú de". Actualmente,

cumpre o seu serviç o como médico numa povoação designada por Palmar, no município de Peña do Estado Yaracuy. CONCRETIZOU SONHO DO PAI Venezuelano, é o primeiro de dois irmãos e tem pais madeirenses: Manuel Luz de Faria Gomez e Maria Capelinha de Faria, ambos do Sítio da

Terça, Ribeira Brava, que estão estabelecidos na cidade crepuscular do Estado Lara desde que chegaram à Venezuela. Desde os tempos de secundária que Alejandro sentia a necessidade de conhecer a ciência que estuda o corpo humano. Antes de iniciar a carreira de Medicina, estudou os conceitos básicos de Anatomia num curso de primeiros socorros e praticava com os corpos

que davam entrada na morgue do Hospital Central Antonio Maria Pineda. "O que mais me impressionou durante esse tempo foi a quantidade de pessoas queimadas, sobretudo as crianças devido a brincadeiras com material pirotécnico. Isso ocorreu em Dezembro de 1997". Este lusodescendente conta que o seu pai está muito satisfeito por ver o seu sonho

pessoal realizado, já que em jovem também queria ser médico. O mesmo orgulho sente o seu tio José Faria, que espera vê-lo um dia como director do Hospital Central da cidade. Em Agosto de 2001, Alejandro conheceu a Ilha da Madeira, mas não ficou surpreendido com o que viu. Era tudo como imaginava porque mantinha uma comunicação constante com a avó paterna e ela descrevia-lhe como era a ilha. Ainda assim, ficou impressionado com a limpeza e ordem que existe no Funchal, com as suas ruas empedradas e por ver como os agricultores mantinham os seus cultivos. A sua avó dizia-lhe que ele haveria de ser um bom médico, embora soubesse que não ia viver para assistir à sua graduação. Como bom estudioso domina perfeitamente quatro idiomas: espanhol, inglês, italiano e português. Nos seus tempos livres gosta de fazer doces, tortas e broas. Da comida portuguesa, gosta especialmente do milho e do bife de atum. É um amante da leitura e entre os seus livros encontram-se alguns textos do famoso autor brasileiro Paulo Coelho. Apesar de não praticar nenhum desporto, aos fins-de-semana podemos vê-lo com a camisola da equipa de futebol do Porto ou dos Cardenales de Lara, na temporada de basebol. Alejandro ainda não tem namorada mas admite que um dos seus sonhos é formar um lar como o dos seus pais. Como profissional, tenciona especializar-se em cardiologia ou medicina genética. Gostaria de estudar cardiologia no Brasil e confessa que um dos seus maiores sonhos seria partilhar os seus conhecimentos de medicina nas aulas de alguma Universidade como professor.


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CULTURA 15

"Fundamentos da Metatécnica" em português Délia Meneses

delia_jornalista@yahoo.com

N

uma iniciativa do Departamento de Filosofia da Universidade Simó n Bolívar, realizou-se no passado dia 22 de Setembro, uma homenagem para comemorar o 80º aniversário do reitor fundador desta casa de estudos Ernesto Mayz Vallenilla, o mais importante filó sofo venezuelano e autor de significativas obras do pensamento latino-americano. Neste evento, José Antó nio Pires, um dos directores do Instituto Português de Cultura (IPC) e o director do CORREIO, Aleixo Vieira, participaram no "baptizado" da obra Fundamentos da Metatécnica, que foi traduzida na língua lusitana e publicada pela Editorial Colibri, na cidade de Lisboa. "A proposta filosó fica de Ernesto Mayz Vallenilla é a tentativa latino-americana mais significativa e original de transformação das categorias modernas, com a instauração de um "logos meta-técnico", através do qual se podem reconstruir todas as bases da cultura ocidental. A sua

empresa tem tido um profundo acolhimento por parte de pensadores de todo o Mundo", afirma o professor de filosofia Jorge Machado, numa rubrica do livro. A homenagem, que se fez na Reitoria da Universidade Simó n Bolívar, contou com a presença de convidados internacionais como o professor Ernst Tugendhat, da Universidade Libre de Berlín, Alemanha, e o professor Adelino Cardoso, doutor em filosofia da Universidade Clássica de Lisboa e importante investigador do pensamento da modernidade, que deu uma conferencia intitulada "Psicologia e Moral em Descartes". Os conferencistas nacionais e internacionais falaram sobre a abrangência da obra do pensador nascido na cidade de Maracaibo, do seu empenho e das suas vitó rias como pioneiro no renascimento dos estudos de filosofia na Venezuela, as suas interpretações de obras de Husserl, Heidegger e Kant, assim como os seus livros sobre o poder e a técnica, o seu trabalho como maestro e instigador de vocações, dentro e fora do ensino universitário, que hoje em dia nos permitem levar em diante a vida fi-

Mayz Vallenilla: "Vou continuar a escrever filosofia e a amar a filosofia que escrevo"

losó fica do país. Como fundador da Universidade Simó n Bolívar, como crítico e inovador das formas educativas, Mayz Vallenilla tem contribuído muito com a educação venezuelana. Já no final do acto, o homenageado subiu ao palco e admitiu que estava realmente sur-

Recuperados dois filmes lusos pela Filmoteca Espanhola bary", de Ernst Lubitsch; "La peste en Florencia", de Otto Rippert; e "Hilde Warren y la muerte", de eis largo-metragens e Joe May. dois documentários de Os dois critérios para selecciocinema mudo europeu nar os filmes foram: que as obras restaurados este ano tenham sido restauradas em 2005, protagonizaram a II Mostra de Re- que fossem inéditas e que a mostra cuperação de Filmes em Sombras consiga recuperar o patrimó nio Recobradas 2005, que se celebrou cinematográfico clássico. de 20 a 25 de Setembro na FilmoO director de cinema José Briz teca Espanhola e no cinema estú - e o professor de Histó ria do Cidio do Círculo Belas Artes. nema da Universidade CompluOs filmes que vão ser apresen- tense, Antó nio Castro, destacatados nesta mostra são obras res- ram o interesse desta mostra portauradas de directores europeus que recupera "as pérolas" dos que pertencem ao primeiro terço directores lusos. "O cinema portudo século XX, tais como "Os Lo- guês é muito antigo e está cheio bos", de "Rino Lupo" e "Maria do de figuras mundiais como Lupo, Mar", de Leitão de Barros. Estes pa- que é quase um desconhecido em ra além dos filmes alemães "Spio- Espanha, e Barros, também um ne" de Fritz Lang; "Madame Du- pioneiro", assinalaram. Noelia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

S

preendido pela honra que lhe faziam. Recorda assim a sua chegada, nos finais da década de 60, à zona onde hoje está a universidade: "Na altura, isto era um vale semeado por agricultores portugueses". Hoje, nos mesmos terrenos, está uma universidade que "é símbolo e modelo para as

universidades latino-americanas, estadunidenses e europeias, que oferece o melhor da ciência do nosso tempo". Assim se refere Mayz Vallenilla à casa de estudos fundada por ele e por um grupo de quinze professores de Engenharia da Universidade Central da Venezuela.

Rino Lupo

Leitão de Barros

Nasceu em Roma a 15 de Fevereiro de 1888. Chegou a Portugal em 1921. Autor de duas obras de referência na cinematografia portuguesa durante o "Ciclo do Porto", "Mulheres da Beira" (1921) e "Os Lobos" (1922), Rino Lupo realizou cerca de oito filmes em Portugal. Foi aclamado pela crítica pelos seus dois primeiros trabalhos Em 1922, funda a Escola de Arte Cinematográfica em Lisboa, na Rua da Palma, escola que será transferida depois para o Porto. Em 1923, funda a Ibéria Film, para a qual realizará a película que lhe granjeará melhores críticas cinematográficas, "Os Lobos", e cuja fotografia é da responsabilidade de "Artur Costa de Macedo". Grande parte do elenco é constituída pelos alunos da sua escola de cinema.

José Júlio Leitão de Barros nasceu no Porto a 22 de Outubro de 1896. Em 1918, realizou os seus primeiros filmes "Malmequer", "Mal de Espanha" - mas não persistiu nessa direcção. Eclético e disperso, voltou-se para a pintura para o teatro, para o qual escreveu várias peças. Mas em 1929, "Nazaré, Praia de Pescadores" revelou o seu talento de cineasta, que aprofundou, depois, em viagens pelos estúdios europeus, absorvendo lições das escolas francesa, alemã e soviética. As novas influências, sobretudo a soviética, estão patentes no soberbo "Maria do Mar" (1930) ou em "Lisboa, Crónica Anedótica" (1930), um dos raros milagres do nosso cinema.


16 LAZER

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Norma Mendes: um rosto luso na TV Liliana Da Silva

lilianadasilva19@hotmail.com

N

as ruas, as pessoas chamam-na de "boloñoza", "boloñuda" ou "la boloña", numa alusão à sua nova faceta no programa de concursos "La Gran Boloña". Esta jovem lusitana afirma ficar muito orgulhosa quando reconhecem o seu trabalho e a identificam junto de uma figura de grande destaque como é o animador Guillermo "Fantástico" González. "Trabalhei muito para estar onde estou", afirma Norma Mendes.

Filha de madeirenses, e com 28 anos, Norma Mendes Gomes começou uma trajectó ria artística cheia de acertos ao longo de mais de uma década de trabalho no meio publicitário. Foi a sua mãe que a incentivou, quando ainda era adolescente, para

Começou a sua carreira como modelo aos 16 anos. Desde então, não parou. Agora é co-animadora do programa "La Gran Boloña"

que se inscrevesse num concurso de beleza que existia, naquele tempo chamado "Belleza Venezuela". Esta primeira experiência despertou na lusodescendente o interesse pelas passarelas, levando-a depois a concorrer ao "Chica 2001". Este evento foi o que lhe abriu definitivamente as portas da televisão. "As finalistas de "Chica 2001" receberam um contrato para trabalhar em "Cuanto vale el Show", um dos programas com maior êxito na TV, nessa altura". Enquanto trabalhava como modelo no programa, gravava uma infinidade de propagandas publicitárias e era a imagem de

diversas marcas, ao mesmo tempo que terminava os estudos em Publicidade e Mercados. "Sempre quis assegurar o meu futuro com uma profissão. O mundo artístico é muito efémero", comentou Norma Mendes. Tanto assim foi que esta amante do bacalhau decidiu fazer uma pausa na sua carreira artística para dedicar-se à sua profissão. Começou a trabalhar como executiva de contas na Revista "Ronda". "Um dia, entrevistei Bárbara Palácios. Enquanto falávamos disse-me: "que fazes a trabalhar aqui? És muito linda, devias dedicar-te à carreira de modelo. Assim, pouco a pouco retomei". A carreira de modelo é mal vista por algumas pessoas. O que pensam os seus pais? Eles apoiaram-me muito. De facto, foi a minha mãe que me incentivou a meter-me nisto. No princípio, tinha um certo medo pelo que pensaria o meu pai mas

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TRABAJAMOS

PARA BRINDARLE MAS

ele aceitou muito bem. Eles estão muito orgulhosos por tudo o que consegui. Com tantos anos na moda, nunca pensou em concorrer a Miss Venezuela? Sim, sobretudo porque era um sonho para a minha mãe ver-me ali mas, apesar de estar seleccionada, apercebi-me que não estava no meu tipo de ambiente e decidi sair. A minha mãe chorou durante uma semana. De qualquer forma, demonstrei que para ter êxito não era preciso sair das fileiras de um concurso de misses. O que é que mais gosta da cultura portuguesa? O fado. Eu ouço qualquer tipo de mú sica portuguesa mas o fado é algo que me emociona muito. Cada vez que ouço, caem-me lágrimas porque vejo o rosto dos meus pais. Fazemme sempre reflectir.

Numa das suas visitas a Portugal Norma Mendes trabalhou como modelo no programa "A Praça da Alegria".

Então não excluiria a possibilidade de viver em Portugal… Já pensei nisso. Cada vez que vou à Madeira venho entusiasmada com a ideia de ir viver para lá. De facto, cada vez que penso em constituir família faço-o em função das alternativas que Portugal oferece. Gosto da Venezuela mas a insegurança é um grande mal.


CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

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Aquário

22 de Janeiro a 21 de Fevereiro Preferirás estar só . Momentos de reflexão. Esta não será uma semana apropriada para reuniões. Economia: Deves gerir o dinheiro com cuidado. Não te excedas nos gastos. Cuidado com compras e vendas em excesso. Amor: Esta semana vai estar sensível, sentimental. Não tentes controlar a relação porque serás afectado com isso. Saú de: Má circulação. Cuidado com a tensão. Atenção a tudo o que tenha a ver com vasos sanguíneos Nú meros da sorte: 518 - 851 -158

Peixes

21 de Fevereiro a 21 de Março Serás muito solicitado esta semana. A tua alegria vai estar manifesta em tudo. Economia: Não faças gastos desnecessários porque poderás vir a precisar do dinheiro. Investe em coisas necessárias. Crescimento lento, mas seguro. Amor: A tua espiritualidade estará à flor da pele. Está atento para saberes como tratar a tua cara metade. Saú de: Recuperarás de recaídas que estão relacionadas com problemas nas costas. Activação de energias. Nú meros da sorte: 221- 122- 212

mana estupenda para negociar. Amor: Decepções amorosas e mudanças drásticas de carácter. Saú de: Cuidado com possíveis quedas. Nú meros da sorte: 813- 138 - 831

Caranguejo

22 de Junho a 22 de Julho Cuidado com pessoas falsas e mentirosas. Semana de risco para estabelecer relações de amizade. Economia: Esta semana não é positiva para iniciar sociedades ou começar novos negó cios. Amor: Tenta equilibrar-te emocionalmente, pratica terapia de respiração. Saú de: Estável. Pratica yoga e tudo o que tenha a ver com exercícios de relaxamento. Nú meros da sorte: 413 - 933 -141

Leão

23 de Julho a 21 de Agosto Começ a a semana com energia. Aproveita para desenvolver a espiritualidade. Economia: Semana boa para melhorares a tua situação financeira e concretizares o que desejas. Amor: Separações legais, fim de compromissos, abertura para novas relações. Saú de: Centra a tua atenção na saú de, fazendo exercícios ou alguma actividade. Acabaram-se as férias. Nú meros da sorte: 935 - 539 - 395

Virgem

21 de Março a 20 de Abril Esta semana desenvolve o teu autocontrolo. Encontros vão activar o teu espírito de aventura. Economia: Equilibra-se a tua situação econó mica, não percas as esperanças de seguir em frente. Amor: Chegada de alguém especial na tua vida. Saú de: Cuidado com eventuais dores nos rins e nas ancas. Nú meros da sorte: 121- 112 - 211

22 de Agosto a 21 de Setembro. Aproveita a força mental para coisas proveitosas. Com fé consegue-se muitas coisas, sobretudo se tiveres fé em ti mesmo. Economia: Período bom para investimentos. Cuidado com um só cio. Tenta evitar as dívidas. Amor: Melancolia e tristeza em relação a pessoas do passado. Possíveis situações embaraçosas, semana positiva e de fecundidade. Saú de: Boa saú de física, pratica meditação. Nú meros da sorte: 351 - 153 - 531

Touro

Balança

Gémeos

Escorpião

Carneiro

21 de Abril a 21 de Maio A tua actividade para esta semana vai desenrolar-se com paciência. Cuidado com alguém que possa trair-te. Economia: Celebrações devido ao iní cio de novas oportunidades de trabalho. Amor: Põe-te no lugar do teu companheiro antes de tomares uma. Saú de: Mal estar devido a stress ou nervosismo Nú meros da sorte: 819 - 918 - 189 21 de Maio a 21 de Junho Permite a entrada de coisas novas na tua vida, não te feches às mudanças. Esta semana te fará renascer. Economia: Melhoria econó mica. Se-

LAZER 17

21 de Setembro a 22 de Outubro. Existem muitas amizades mas cuida e protege as verdadeiras. Economia: Saídas positivas, pagamento de dívidas, activação de créditos e investimentos em casas. Amor: A nossa cara metade é o nosso complemento. Não tentes mudar essa pessoa que já sabias como era. Saú de: Cuida das vias respirató rias. Deixa a malandrice e controla o apetite. Nú meros da sorte: 112 - 121 - 211 21 de Outubro a 21 de Novembro Reencontro com amizades do passado. Alegrias em encontros ou celebrações. Economia: Dias muito inconstantes,

bons, regulares e maus. Não arrisques. Amor: Reconciliação, entendimento. Perdoa de coração para que possas ver o que há de bom no teu companheiro(a). Saú de: Visitas de oftalmologia, irritação nos olhos. Nú meros da sorte: 143 - 341- 413

Sagitário

22 de Novembro a 20 de Dezembro Novas amizades. Mudanças de grupos. Renovações agradáveis. Economia: Recuperação de dinheiro. Aumentos. Aceitação de créditos. Acordos com estabilidade. Amor: Põe sabor na relação. O fogo que há em ti deve arder sempre. Não te deixes levar pela rotina. Saú de: Mal-estar físico, trata de au-

mentar as tuas defesas. Gripe. Nú meros da sorte: 764 - 467 - 674

Capricórnio

21 de Dezembro a 21 de Janeiro Encontros activos, celebrações, alegrias, intercâ mbio de opiniões. Economia: Estabilidade econó mica. Vais ver alguns projectos serem activados. Dinheiro que chega sem ser esperado. Amor: Estás no teu melhor momento. O teu campo de atracção estará favorecido esta semana. Saú de: Mal-estar passageiro. Cuida da alimentação. Faz caminhadas ao ar livre. Nú meros da sorte: 729 - 927 - 297


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Ponta de S. Lourenço O mar no meio de uma paisagem seca Sónia Gonçalves

sgoncalves@dnoticias.pt

E

m pouco mais de três horas, consegue-se fazer o percurso na totalidade. O trajecto não tem subidas nem descidas íngremes e o tempo voa enquanto admiramos a magnífica paisagem que nos oferece a Ponta de São Lourenço. A paisagem seca e estéril que avistamos logo no início quase que nos desmotiva e chegamos a pensar que o passeio a pé não vai ser dos mais favoráveis. No entanto, logo depois de uns metros de caminhada, começamos a ver o mar. E esta consolação acompanha-nos em todo o percurso. A Ponta de São Lourenço é considerada a península mais oriental da ilha da Madeira com cerca de nove quiló metros de comprimento e uma largura máxima de dois quiló metros, englobando os dois ilhéus que se encontram no seu seguimento – o ilhéu da Cevada da Metade ou do Desembarcadouro e o ilhéu da Ponta de São Lourenço, o do Farol. Este pedaço de terra que aponta a existência da Madeira no oceano Atlâ ntico tem uma sucessão de cabeços, atingindo um destes, por detrás da baía D’ Abra, uma altitude de 180 m. E foi precisamente a este cume que nos propusemos chegar. Depois de uma hora e meia de caminhada, subimos a montanha e sentimos o coração palpitar cada vez mais forte. Não era a altura que nos assustava, mas a instabilidade do solo que pisávamos. Por baixo dos nossos pés, pedrinhas e areia grossa ameaçavam-nos com uma queda e a sensação de perigo era iminente.

Um passeio até ao monte mais elevado da Ponta de São Lourenço Contudo, a descida, que era o que mais temíamos, foi mais confortável que a subida… Talvez porque já conhecíamos o terreno. É que a costa é, de um modo geral, constituída por uma arriba rochosa que cai a pique sobre o mar, sendo muito elevada e inacessível, principalmente a Norte, com várias enseadas de calhau e grutas. Como é explicado no site do Parque Natural da Madeira, as areias de São Lourenço são acumulações eó licas formadas por dois tipos de detritos arenosos: inorgâ nicos e detritos de origem orgâ nica, ou bioclastos. A percentagem relativa destes tipos de materiais (areias basálticas e areias calcárias), determina tonalidades de claro-escuro diferentes segundo zonas de deposição, observáveis no interior do corpo arenoso, relacionadas em geral com acções de selecção gravítica durante o transporte eó lico. Estas areias

são, via de regra, finas e muito bem calibradas com evidentes traços de abrasão marinha e eó lica. Por todo o percurso, não parávamos de encontrar turistas. Como nó s, seguiram as indicações assinaladas no início do trajecto e afastaram-se quatro quiló metros do local onde deixaram estacionadas as viaturas. No topo mais alto da Ponta de São Lourenço, viemos encontrar muitos turistas que não escondiam a satisfação que sentiam ao ver uma paisagem tão bela. Apesar de estar um pouco nublado, a perspectiva que temos da ilha deste lado é maravilhosa: vemos os dois lados da Madeira e sentimo-nos num autêntico paraíso. Mas antes de chegar ao auge do passeio, altura em que não temos outra alternativa se não regressar, podemos descer à beira mar e mergulhar em águas límpidas.

Depois de dez a quinze minutos de caminhada, encontramos a Praia de Baia d’ Abra. O acesso é difícil, mas depois vale a pena contemplar o mar e penetrar nos reinos de Mercú rio. O sossego e a ausência de pessoas no pequeno “ areal” de pedra e areia fina dão-nos a sensação de que naufragámos neste pequeno espaço reservado aos deuses do Olimpo. Retomando o trilho “ normal” do percurso, descontamos os vinte minutos da subida e da descida à praia e continuamos a percorrer a vereda que se desfaz entre pedras e mato. Bem mais à frente, encontrámos a casa das sardinhas e, ao lado, o Cais das Sardinhas convida-nos a outro mergulho. As águas são igualmente limpas e o acesso ao mar pode ser feito pelo calhau ou através de umas escadas de cimento. Depois do mergulho, estamos prontos para regressar!


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Voos de Caracas entre os que mais droga trazem para Portugal

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cocaína é a droga que mais aterra no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia (Porto). No primeiro semestre deste ano, as autoridades interceptaram na unidade de Pedras Rubras cerca de 50 quilos do estupefaciente, na sequência das 25 intervenções de maior envergadura. Acções que

culminaram, na maior parte das vezes, na detenção de "correios" provenientes de voos estrangeiros, em particular de Caracas (Venezuela). As conclusões podem ser retiradas do ú ltimo relató rio da Direcção Central de Investigação do Tráfico de Estupefacientes da PJ, que faz o balanço da actividade desenvolvida por to-

dos os ó rgãos de polícia criminal e forças de segurança. Os nú meros reforçam o papel do aeroporto como "ponto de trâ nsito" da droga oriunda do estrangeiro e que muitas vezes tem como destino final, além de Portugal, países como Espanha, Holanda ou França. De acordo com o mesmo documento, a maior parte da cocaína

interceptada é oriunda da Venezuela, Colô mbia, Cabo Verde, Guiné Bissau e Brasil. NO ESTÔ MAGO De notar ainda que as autoridades têm-se deparado com métodos originais - e arrojados - para a introdução do estupefaciente no nosso territó rio. Os traficantes chegam a ingerir a cocaína, tentando escapar dessa forma ao controlo alfandegário. Alguns deles são mesmo apanhados com quantidades superiores a um quilo... no

Os nú meros 72,2 quilos de cocaína foram apreendidos no distrito do Porto, no primeiro semestre do ano. As autoridades policiais apreenderam ainda um total de 6,5 quilos de heroína 252,2 quilos de haxixe apreendidos no distrito do Porto, no mesmo período de tempo. Relatório refere ainda a apreensão de um total de 1298 pastilhas de ecstasy. 6,2 quilos de cocaína foram apreendidos recentemente, no Aeroporto Sá Carneiro, a um passageiro croata proveniente de Caracas (Venezuela), que tentou esconder a droga numa garrafa de mergulho.

estô mago. Segundo o JN apurou, o estratagema tem sido de tal forma frequente em determinados voos, que a vigilâ ncia foi intensificada. No "reino" da heroína, e continuando a ter em conta a realidade da Área Metropolitana do Porto, as maiores apreensões registaram-se, de acordo com o relató rio, em Campanhã. ou seja, a freguesia dos problemáticos bairros de S. João de Deus - que não se livra da fama (e proveito) de ser o maior supermercado de droga da cidade - do Cerco e do Lagarteiro, entre outros. As operações realizadas pela PSP têm sido frequentes, não só nos pró prios aglomerados habitacionais, como nos concelhos limítrofes, designadamente Gondomar, onde têm sido interceptados suspeitos cujo circuito passa primordialmente pelo S. João de Deus. Nesse sentido, não é por acaso que Baguim do Monte e Rio Tinto também surjam no "mapa" das apreensões mais significativas, tanto daquele estupefaciente como de haxixe. Ao nível global, as autoridades acreditam que as quantidades mais elevadas de heroína têm sido originárias de países como a Holanda e a Turquia.

Venezuelano em prisão preventiva por posse de droga Ricardo Duarte Freitas (DN - Madeira)

O

serviço da Alfâ ndega do Aeroporto da Madeira interceptou mais uma importante quantidade de droga que se encontrava dissimulada no interior de uma mala. Cerca de 2,6 quilos de cocaína foram apreendidos à guarda do Ministério Pú blico, tendo o suspeito, um homem de 35 anos, natural da Venezuela, ficado em prisão preventiva. De acordo com uma nota informativa emitida pela Direcção-geral das Alfâ ndegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo, o cidadão residente em

Cidadão de 35 anos natural da Venezuela foi surpreendido no aeroporto com 2,6 quilos de droga na mala Caracas viajava num voo procedente da capital venezuelana que chegou à Região na manhã de sábado dia 25. A intervenção da equipa cinotécnica da GNR em serviço na aerogare do aeroporto indiciou uma mala como sendo suspeita de conter um produto estupefaciente. De acordo com os trâ mites legais, o cidadão portador da mala foi conduzido pelos inspectores alfandegários a

fim de ser vistoriado e confiscada a sua bagagem. Pouco depois confirmaram-se as suspeitas iniciais: a mala de viagem transportava 2.586 gramas de cocaína que estava acondicionada num "fundo falso". Esta quantidade de droga seria suficiente para produzir 26 mil doses individuais e gerar receitas de dezenas de milhar de euros à rede de traficantes. A droga foi apreendida à guarda do Ministério Pú blico que incumbiu a Polícia Judiciária de assumir a fase de inquérito do processo de crime de tráfico de estupefacientes. O homem de 35 anos foi constituído arguido e presente no Tribunal Judicial da Comarca de Santa Cruz,

para primeiro interrogató rio, tendo o juiz deliberado a medida de coacção de prisão preventiva. Refira-se que além desta operação de combate ao narcotráfico, a Direcção-geral das Alfâ ndegas do Aeroporto da Madeira havia apreendido no passado dia 10 deste mês, tam-

bém num voo proveniente de Caracas, uma quantidade de cocaína em estado puro (8.445), a maior alguma vez efectuada naquela "porta de entrada" para a Região, tendo "enviado" para prisão preventiva, um homem e uma mulher, de 28 e 52 anos, respectivamente.


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Português ensinado na África do Sul Lí ngua entra no currí culo escolar em Janeiro, garante o Secretário de Estado Sérgio Gouveia (DN - Madeira)

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entrada da língua portuguesa no ensino oficial da África do Sul está na iminência de acontecer. O secretário de Estado das Comunidades já havia anunciado a medida, mas, na semana passada, na Assembleia da Repú blica, precisou que tal opção poderá ser feita a partir do pró ximo mês de Janeiro. Conseguida a consagração legal, Antó nio Braga pede agora aos emigrantes portugueses que, através das associações de pais, por exemplo, "reivindiquem" junto das escolas as aulas em questão. O responsável do Governo, falando numa audição na Comissão Parlamentar de Negó cios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, abordou o "dossier" sul-africano ao ser interpelado por Gonçalo Nuno Santos. O deputado madeirense, eleito pela emigração, tinha solicitado ao secretário de Estado uma atenção especial aos dois países que acolhem um grande nú mero de conterrâ neos: Venezuela e África do Sul, que, ainda por cima, vão dando mostras de alguma instabilidade. Antó nio Braga aproveitaria então para relembrar não ter sido por acaso que a sua primeira deslocação oficial foi justamente a terras sul-africanas. De lá, recordou ainda, trouxe dois acordos. O respeitante ao ensino da língua de Camões e o que deu "tradução prática" à cooperação em termos de segurança. Relativamente a este ú ltimo, o governante sublinhou o facto de uma delegação da polícia sul-

Sónia Gonçalves

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omaram conta dos filhos e até dos netos. Noutros tempos, mais difíceis, por certo, dedicaram mais de metade das suas vidas aos seus descendentes. No entanto, envelheceram e, hoje, já ninguém quer saber deles. Entram nos diferentes hospitais por via do Serviço de Urgências ou de consulta externa e são simplesmente "abandonados", "como se fossem potes", descreve-nos o director do Serviço de Urgências, que falou com o DIÁRIO na passada quinta-feira. E, precisamente a 22 de Setembro, 268 pessoas, sobretudo idosas, depois de já terem alta clínica, continuavam a residir no Hospital Cruz de Carvalho, no Hospital dos Marmeleiros e no Hospital Dr. João de Almada. Segundo dados cedidos ao DIÁRIO, é cada vez maior o nú mero de utentes tratados para além da alta clínica. Em

BREVES Português e inglês para emigrantes O Centro Social das Comunidades Madeirense promove, pelo segundo ano consecutivo, cursos de português e de inglês. Tais acções de formação destinam-se vocacionalmente a emigrantes, mas não só. Qualquer pessoa que necessite de tais conhecimentos pode frequentar o curso, desde que haja vaga. As inscrições já estão abertas, na sede da Associação, em São Martinho, e assim permanecerão enquanto houver vagas. À semelhança do ano passado, os cursos são possíveis graças ao destacamento de uma professora, por parte da Secretaria Regional da Educação. Ao Centro cabe assumir as restantes despesas. Os cursos são essencialmente procurados por lusodescendentes que normalmente acompanham familiares de regresso à Madeira. Os cursos de português ajudam na integração social. Os de inglês ajudam no alcançar de um trabalho. Como nos recordou Olavo Manica, presidente daquela associação, aquela língua não tem muita atenção na Venezuela, por exemplo.

Quatro milhares de idosos em passeio

africana ter estado recentemente em Portugal. Uma forma de conhecer o país de origem dos emigrantes portugueses, além da cooperação policial propriamente dita. Experiência que, revelou, vai continuar. Desta vez com os nossos polícias a viajarem até à África do Sul. Está igualmente em cima da mesa das negociações um acordo entre os dois países na área da segurança social - "com garantias de reciprocidade". No entanto, conforme alerta Antó nio Braga, trata-se de um processo negocial muito longo. A que se junta ainda algumas dificuldades. Entre elas, a circunstâ ncia de o sistema sul-africano ser "muito incipiente".

268 pessoas "abandonadas" no Hospital sgoncalves@dnoticias.pt

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Na Madeira, as altas problemáticas têm aumentado nos últimos anos. Em 2001 registaram-se 501 no ano passado 706 2001, no conjunto dos três hospitais atrás referidos, havia 501 pessoas "abandonadas". Este nú mero tem aumentado gradualmente e, no ano passado, 706 utentes com alta médica ainda residiam no Hospital porque não tinham para onde ir e não havia ninguém que se responsabilizasse por eles. Este ano, até 30 de Junho, registaram-se 69 "abandonos" no Hospital Cruz de Carvalho, 107 no Hospital dos Marmeleiros e 99 no Hospital Dr. João de Almada. PODER POLÍ TICO TEM DE AGIR João Tranquada mostra-se revoltado com o "desprezo" que alguns familiares têm pelos seus parentes e sublinha

que não entende porque é que isto ainda acontece, pois a Rede Regional de Cuidados Integrados permite que pessoas idosas recebam gratuitamente ajuda domiciliária. Um apoio que é acumulável com a atribuição de pensões e reformas. E a revolta do director do Serviço de Urgências faz algum sentido se pensarmos que, contraditoriamente, muitos dos familiares que "abandonaram" no hospital os seus parentes continuam a receber em casa a pensão ou a reforma de idoso. Para João Tranquada, esta é uma situação incompreensível que merecia ser analisada com outros olhos. "O poder político tem de tomar medidas para solucionar estes assuntos", diz. Sem querer avançar sugestões sobre as possíveis medidas a implementar - pois são questões que têm de ser definidas pelo poder político e não por ele -, o médico fala apenas na necessidade de aplicar sanções às famílias que irresponsavelmente deixam parentes nos hospitais.

Cumprindo uma tradição com alguns anos, o pelouro da Acção Social da Câmara Municipal de Valongo promoveu, na passada quinta-feira, o "Passeio da Terceira Idade a Fátima". Trata-se de uma iniciativa que pretende contrariar a situação de isolamento que caracteriza esta faixa etária, promover o convívio, o relacionamento e a ocupação dos tempos livres dos mais velhos e, ainda, possibilitar a esta população geralmente mais carenciada um passeio especial a um dos destinos mais procurados pelos idosos o Santuário de Fátima. Conforme tem sido habitual, a comitiva valonguense foi extensa, tendo-se registado a presença de cerca de quatro mil e quinhentos idosos residentes no concelho. Do programa elaborado para a edição deste ano do passeio constou, entre outras actividades, o desfile até à Capelinha das Aparições, a missa rezada pelo pároco António Pereira, natural do concelho de Valongo e residente em Fátima, e, mais tarde, a exibição do filme "Fátima Experiência de Fé".

5 a 6 mil novas cartas por ano Na Madeira, a Direcção Regional dos Transportes Terrestres emite anualmente entre cinco a seis mil novas cartas de condução por ano. Esta média, conforme nos declara o director regional dos Transportes Terrestres, Cruz Neves, "tem-se mantido nos últimos anos". Dados de 2003 cedidos pelo organismo tutelado pela Secretaria Regional do Equipamento Social e Transportes permitem-nos constatar que, nessa altura, havia mais de 109 mil madeirense que eram portadores de cartas de condução (109.078). No que se refere a trocas de cartas estrangeiras por permissões portuguesas, os números são: 933 em 2000 e 977 três anos depois.

Comemorar 100 anos a fazer rali Maria Elisa Nóbrega Lagos não esperaria a celebração do seu 103º aniversário com adrenalina. Reservado pelos seus três netos, a prensa foi sentar-se no lugar de co-pioloto do "Citroen Saxo" de Élvio Caíres (Rali). Mas como a sua vida não se fez a correr, a D. Elisa diz que é mais adepta das voltinhas por casa, a "descascar semilhas e a bordar", mas sempre atenta ao futuro de todos nós, à política. Neste campo, não tem dúvidas de que "o Alberto João há-de morrer no poder". "Eu ainda leio sem óculos as letras que passam na televisão e ainda estou aqui à conta de Deus". Maria Elisa desmantela qualquer dúvida sobre o seu estado de absoluta lucidez. Nasceu no Palheiro Ferreiro (Caniço), aprendeu a ler e chegou a dar exames para a terceira classe, na Camacha. Tal como referiu, "contas e letras não se esquecem", pelo que estão no Mundo à sua conta, 5 filhos, 12 netos e 13 bisnetos.


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22 OPINIÃO

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Abaixo o pessimismo! Luí s Barreira

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ortugal ultrapassado pela Eslovénia encontra-se agora em 16° lugar, no ranking dos índices de desenvolvimento humano dos países da União Europeia! Portugal, um dos dez países mais endividados do Mundo! O clima econó mico português está ao nível mais baixo depois da recessão! Assim está Portugal: desemprego a aumentar; índices elevados de corrupção na administração pú blica e privada; grande baixa do poder de compra das populações; perca de confiança de consumidores e investidores; seca prolongada destró i culturas e gado; incêndios consomem centenas de milhares de hectares de floresta; fábricas a fecharem, comércios na falência; greves e manifestações anunciadas, tanto dos funcionários pú blicos como dos privados, dos magistrados, dos militares, dos polícias, dos guardas-republicanos, etc., etc., etc! Irra?!...Quem conhece o País só pelas notícias dos jornais, fica a pensar que só resta uma coisa aos portugueses que lá vivem: "fechar a porta e despejarem-se no Atlâ ntico!". Será que só há coisas más no País? Será que cerca de dez milhões de pessoas não produzem actualidades positivas dignas de registo? Será que, apesar das dificuldades econó micas actuais, os portugueses não são capazes de encontrar soluções para os reais problemas que os afligem? Parece-me que estamos todos a deixar-nos arrastar por um pessimismo, cuja origem está muito menos no velho sebastianismo endémico, que dizem ser-nos cró nico, mas muito mais em muitos dos aspectos do modelo de sociedade, que recentemente criámos. Parece-me evidente que, no actual estado de coisas, cada português não poderá ter acesso a um carro de alta cilin-

drada, habitação pró pria, férias no estrangeiro, roupas de marca e carteira recheada de cartões de crédito. E isso fere algumas expectativas! Parece-me, igualmente, que se torna necessária uma moralização da sociedade portuguesa, face ao descalabro a que se deixou chegar a impunidade e o relaxo pú blico. E isso joga com interesses instalados! Julgo que ninguém duvida que Portugal está, há muito (mesmo há muito tempo...) debilitado na sua estrutura produtiva, face ao mercado onde se integrou, onde há regras a cumprir para lá estar. E que esse mesmo mercado passa por momentos difíceis (esperemos que transitó rios...), afectando mais uns países do que outros, ou seja, os efeitos estão relacionados com a estrutura econó mica de cada país. E isso obriga a transformações do tecido produtivo, com inevitáveis custos sociais! Parece-me claro que a classe política portuguesa enferma de vícios de análise e procedimento, cujas consequências estão bem à vista: na forma como exibem as suas posições; na falta de quadros, com outro tipo de temperamento e sensibilidade; no entendimento necessário, em torno de grandes linhas estratégicas para o País e na falta de criatividade das suas propostas. O País apercebe-se disso e o amor "clubista" joga cada vez menos em favor destes políticos profissionais, cujos interesses partidários se confundem, cada vez menos, com os interesses nacionais! Creio que poderíamos prolongar esta lista até à exaustão e ainda haveria muito a dizer. Mas é preciso acreditar que somos capazes de mudar! Já o fomos no passado e tenho a certeza de que o faremos novamente, sem que o País "bata no fundo", como prenunciam alguns arautos da desgraça. E se começássemos por nó s pró prios? Um bom exercício é criticar o que está errado, propondo soluções ou vias de resolução. "Mas isso é trabalho dos políticos. É para isso que nó s lhes pagamos...", dirão alguns! É verdade, mas também é verdade que somos nó s que, em ú ltima análise, sofremos as consequências do seu mau trabalho!

E agora quem nos pode defender? Liliana da Silva

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polícia manda-o parar e, depois de procurar, analisar e inspeccionar a ú ltima data dos seus documentos, arranja sempre uma desculpa inacreditável que tem como finalidade tirar algum dinheirinho daquele que depois de muito poupar ainda resta na carteira. Parece-lhe familiar o que acabei de escrever? Não pense que é uma das cenas do tão polémico filme venezuelano "Sequestro Express". Trata-se de um episó dio que se repete quase diariamente nas ruas venezuelanas. Nenhum cidadão está isento de ser vítima de um encontro com os corpos policiais, onde nunca se consegue tirar a melhor. Uma entre tantas histó rias, transcrevo um episó dio de um português que preferiu manter-se no anonimato: Num sábado, às quatro da manhã, o meu amigo chegou a Plaza Venezuela para deixar na linha de táxis uns amigos que pretendiam ir para casa. Enquanto se despediam, chegaram ao pé deles uns quatro agentes da polícia, de mota. Pediram os documentos de identificação a todos e, até ai,

nada era especialmente estranho, pois o acto não era mais do que um simples procedimento de rotina. Depois de revistar a viatura e cada um dos presentes, não encontraram nenhuma situação irregular e, como tal, inventaram problemas falsos e ameaçaram levá-los a um posto de polícia. Depois de os ameaçar durante algum tempo, acabaram por deixar que os amigos do meu amigo tomassem o táxi em direcção a casa. Entretanto, seguiram o meu amigo pelas redondezas de Plaza Venezuela, até que este acabou por lhes deixar o dinheiro que tinha com ele: 20 mil bolívares. O polícia ficou aborrecido, pois considerou que isto nem dava para tomar o pequeno-almoço. Ao mesmo tempo que isto acontecia, duas das motos de polícias seguiram, por sua vez, o táxi onde foram os amigos do meu amigo. Mais à frente, pararam-nos e roubaram todos os objectos de valor dos passageiros. Este relato serve para exemplificar uma das muitas histó rias de insegurança que dia-a-dia se registam em Caracas. Agora, os cidadãos não só têm que estar atentos para não serem vítimas da delinquência, contribuindo para as estatísticas que dão conta de um nú mero mais elevado de sequestros e mortes, como também têm que estar em alerta com a polícia, supostamente uma entidade criada para nos proteger, mas que passaram a fazer parte da nossa listagem de inimigos. Só nos resta perguntar: E agora, quem nos pode defender?

Navios António Xavier (Historiador)

aindax1@yahoo.com

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a mente de muitos portugueses perdura o nome da nau "Santa Maria" como o notável navio da companhia Colonial de Navegação. Têm razão: neste barco vieram muitos imigrantes. Poucos sabem nomes de outros navios que fizeram a travessia atlâ ntica antes; ou das rotas que não partiam desde Lisboa, Porto, São Miguel ou Funchal. Quase ninguém se recorda de fazer viagens ao continente, Nova Iorque ou Rio nos paquetes "Funchal", "Infante D. Henrique", "Império", "Pátria" ou "Angra do Heroísmo". O nacionalismo parece surgir na hora de recordar nomes de vapores. Parece que todos viajaram, pelo menos uma vez, na nau "Santa Maria", que esteve ao serviço entre 1953 e 1973. Outros mencionaram o barco gémeo, o "Veracruz", que começou a navegar um ano antes; ou o "Serpa Pinto", um navio para 705 passageiros que terá sido retirado em 1955 e que, apesar disso, em 1960 veio à Venezuela. No caso da Madeira, passavam muitos barcos provenientes de Sicília e Nápoles, em Itália; de Bordéus, Niza ou Marselha, em França. Também partiam de Barcelona, Cádiz, Vigo ou Galiza, em Espanha. Vinham carregados de passageiros e tinha escassos camarotes em terceira classe. Muitas vezes partilhados por um nú mero de pessoas maior do que o permitido. Em Portugal, havia agentes para diferentes companhias de navegação, com bandeiras de diversos países. Entre os representantes navais destacavam-se João de Freitas Martins, que chegou mesmo a ser cô nsul da Venezuela, e ainda: Manuel dos Passos Freitas e Irmãos Blandy. Outras companhias cm menor tráfego eram a Agência Marítima Transatlâ ntica, J. Vasconcelos Lda., Sociedade Comercial Cotandre, Sociedade Marítima Argonauta, Wise e Cia e a linha de cargueiros Internacional de Petró leo da Shell, que levaram muitos madeirenses ao Curaçau. Uma pesquisa aos arquivos aduaneiros de La Guaira, indica-nos que muitos, mas mesmo muitos, portugueses chegaram em barcos de outras nacionalidades. Fica aqui uma mostra de 40 nomes para ajudar a recordar: Americo Vespucci, Amyntas, Ana Herder, Andrea Gritti, Antoniotto Usodimare, Appingedam, Argentina, Auriga, Castel Bianco, Castel Felice, Centauro, Cesare d'Aneico, Conte Biancamano, Da Capo, Draco, Erwin Schroeder, Federico C, Franca C, Francesco Morosini, Irpinia, Jagiello, Koroal, Lázaro Morenigo, Leon Dens, Lorenzo Marcello, Luciano Manara, Misr, Nero, Oranjestad, Orizia, Paolo d'Aneico, Phidias, Rabello, Result, Sportivo, Thaletas, Urania II, Venezuela, Vettor Pisan e Yssel. Quem terá sido passageiro nestes barcos? Que agradável seria partilhar um café ao meio da tarde e escutar as suas interessantes histó rias!


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OPINIÃO 23

caRTas dOs leITORes Histó ria da vida do meu "pai"

Tinha razão?

Sou filha de mãe portuguesa da ilha da Madeira. O meu "pai" também era da Madeira, embora não o trate como tal porque acho que não se merece esse qualificativo. Como publicam muitas histó rias interessantes, leio relatos de vida de gente muito humilde que se orgulha por ter conseguido levantar uma família. A histó ria do meu "pai" é totalmente ao contrário. Chegou à Venezuela com a minha mãe no ano de 1967, teve dois filhos e uma filha seguidos. Abandonou a minha mãe quando o meu irmão mais velho tinha apenas 4 anos de idade. O pior é que também nos abandonou ao ponto de que hoje em dia só o conheço por fotografia, embora segundo familiares do meu "pai" este senhor vive supostamente na Venezuela, na zona oriental do País. Sabemos também que fez o mesmo com duas senhoras depois da minha mãe e abandonou-as também com dois filhos cada uma. Agora, segundo soubemos, e não é que andemos a averiguar a vida dele, vive com outra senhora mais nova do que ele e tem

Sou português do Norte de Portugal. Há dois anos escrevi uma carta onde dizia que o País não ia para um comunismo e que os portugueses deviam dedicarse a trabalhar, que é o que sabem fazer e não meter-se em política que é o que não sabem fazer. Já viram, passaram dois anos, o país está em paz e harmonia, embora com defeitos convivemos uns com os outros. Para quem tem negó cio, a situação melhorou. Continuam a trabalhar e julgo que melhor do que antes, pelo menos com mais clientes e mais gente pobre comprando. Para quem não tem negocio e trabalha como empregado, como eu, cada

actualmente três filhos. Pensamos que não deve cuidar dos descendentes, tal como fez comigo e com os meus irmãos. Ao todo, uma histó ria "engraçada": dez filhos (oficializados), quatro mulheres (fora as outras) e o abandono total de várias famílias. Uma histó ria triste na vida de uma pessoa, uma histó ria que deve ser exemplo para não repetir-se. Uma historia que deve ser denunciada como o exemplo mais triste na histó ria de vida de uma pessoa. Ainda hoje passamos traumas em casa por causa da herança que o pai dos meus irmãos nos deixou. Esta carta é à memó ria da nossa queria mãe, que sempre esteve do nosso lado, que trabalhou como ninguém para levantar a nossa família, que se sacrificou e que sempre nos ajudou a ser alguém na vida. Uma "santa" que nunca sequer recebeu um telefonema do outro lado para saber como estavam os seus filhos. Leitora devidamente identificada

Obrigada Martha Escrevo desde Miami, onde resido há um ano e meio, pois sou filha de emigrantes portugueses que vivem na Venezuela. Sou leitora do CORREIO todas as semanas via Internet. Parabéns pelo site e pelo trabalho que desempenham! Li uma carta numa das edições do correio que me sensibilizou muito. Chorei como uma Madalena me porque fez reflectir sobre um tema que até há bem pouco tempo era insignificante para mim: a emigração! A carta estava escrita por uma jovem venezuelana que vivia na Madeira. Nela expressava tantas saudades da Venezuela, era sincera e honesta, falava de uma festa venezuelana que o vosso jornal organizou, falava da saudade e até escrevia um poema que tinha feito sobre a sua querida terra natal. Enquanto vivi na Venezuela, sempre fui insensível a este tipo de saudosismo e lembro-me que, algumas vezes, até gozava

com o meu pai em casa quando falava da sua terra e chorava pela sua família. É que falava da sua mú sica, cozinhava comidas portuguesas, enfim. Dizem que a língua é o castigo do corpo. Ao ler a carta escrita na Madeira e assinada por Martha Abreu, identifiquei-me totalmente com ela. Quem diria que iria "engolir" as palavras? Estou pagando porque também eu estou longe do meu querido país, a Venezuela. Embora por opção de vida, sinto saudades das pessoas, das arepas, das festas e também do Centro Português de Caracas. Agora compreendo o meu pai a minha mãe que também adoram a terra que os viu nascer e onde viveram os anos mais bonitos das suas vidas e da sua infâ ncia. Tal como a Martha Abreu, também eu jurei que o meu espírito venezuelano nunca se vai desfalecer, no fundo aquilo que os nossos pais fizeram embora sem juramentos. Obrigada Martha. A.P.

INQUéRITO

Jaqueline Rufino 24 anos

Em primeiro lugar por curiosidade. E depois porque penso que é uma oportunidade para todos os jovens estudantes que desejam o sucesso profissional. Não obstante, como professora de português, gostaria de servir de porta-voz desta iniciativa e divulgá-la aos meus alunos.

vez tenho mais trabalho, ganhamos mais e temos mais vantagens do que antes. Por exemplo, no meu caso, até já comprei uma casa entre eu e a minha filha casada com a ajuda do governo. Na minha família sou catalogado como "chavista da família". Não me queixo e até já a ajudei o meu irmão mais novo a comprar um táxi por Fontur. Leio sempre o CORREIO, que chega ao local onde trabalho. Agora é semanal e ainda bem, pois assim pratico o português e fico a saber coisas da nossa terra. José Gonçalo Freitas T.

Semear para colher frutos Sou leitora do CORREIO e gosto muito de ler as cartas que escrevem os Portugueses, assim como alguns artigos relacionados com a comunidade na Venezuela. Também gosto ler as histó rias de cidades de Portugal e as fotos que publicam. Faz-nos recordar um pouco a nossa terra. Li um artigo sobre um senhor que morreu na miséria e que não havia dinheiro sequer para o levar para o cemitério. Entre tantas coisas, isso foi o que me ficou daquilo que li. Em casa dialogava com as minhas filhas acerca da notícia e elas ficaram escandalizadas com o que viam. No entanto, penso que o CORREIO deve explicar àqueles senhores que vieram para a Venezuela para "curtir a vida" a importâ ncia de poupar. Muitos deles abandonaram mulheres e filhos, tinham mulheres em todas as partes, nos bares, nos cabarés, tinham filhos "espalhados" e nunca olharam por eles, queriam eram amigos, copos e mulheres da "má vida" e ainda gozavam e brigavam da pobre mulher que tinham em casa, normalmente séria, honesta e que cuidava dos seus filhos. Esses senhores, alguns deles e nem sequer estou pensando que era o caso desse

senhor, nunca se preocuparam em assegurar o seu futuro, nem sequer que fosse cuidando da sua família. Os anos não perdoam e muitas vezes o pagamento é feito com a mesma moeda. Desculpem a crueldade da minha carta mas acho que antes de escrever sobre as pessoas pobres e na miséria têm que saber do seu passado, porque há desgraças e há pessoas com má cabeça. E, porque são duas coisas completamente diferentes, era bom não confundir as coisas. Sou emigrante há 52 anos na Venezuela e vivo rodeada com o carinho das minhas filhas, filhos e netos, o mesmo não acontece com o pai das minhas filhas, já que o mesmo abandonou a nossa família há 32 anos. Queria uma rapariga nova e toda pintada… Tive que continuar a lutar, só , com a exclusiva ajuda não palpável de Deus, dei a educação aos meus filhos e estive sempre com eles. Não é de estranhar que um dia destes venha algum "senhor" bater à minha porta dizer que é o pai das minhas filhas e que precisa de ajuda depois de 25 anos. Já viram. Quem não conhece o nosso caso, dirá: "Coitado! Foi abandonado pela família". Leitora devidamente identificada

O que a motivou a assistir ao evento "Estudar e estagiar em Portugal"?

Doris Henriques 38 anos

A possibilidade de estudar e fazer estágios em Portugal foi o que me atraiu a este evento. Por agora não tenho planos de viajar a Portugal mas tenho muita vontade porque tenho lá a minha família e apaixona-me a cultura. De qualquer forma, não será muito difícil estudar lá. Tenho a meu favor o facto de dominar o português.

Liz Sánchez 33 anos

Vim porque sou venezuelano, mas no pró ximo ano vou casar-me e viver em Portugal. Agora, estudo administração, na área de mercados, e interessame ver de que forma posso continuar a minha carreira lá. Penso que vai custar-me um pouco o idioma. De qualquer maneira, já estou a estudar o português para me preparar.

Karina Agrela 23 anos

Assisti ao evento porque os meus pais pensam voltar para Portugal, mesmo não gostando da ideia, queria saber as oportunidades que temos os jovens para estudar e trabalhar lá. Pelo que vi é complicado conseguir a equivalência para aqueles que ainda não acabaram o seu curso. Acho que primeiro vou acabar o meu curso na Venezuela e depois vou pensar em fazer a minha vida em Portugal.


24 REPORTAGEM

CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

Uma procissão pelo mar Sónia Gonçalves

sgoncalves@dnoticias.pt

E

m mais uma Festa da Nossa Senhora da Piedade, oito embarcaç ões consideradas "grandes" e muitos barcos pequenos saíram na tarde do sábado, dia 18, do Caniçal e seguiram em procissão até à Quinta do Lorde. O objectivo foi buscar a imagem de Nossa Senhora da Piedade, que passou a noite na igreja matriz do Caniçal. No domingo, a imagem foi devolvida à capela e cumpriu-se mais uma tradição que conta com a participação de centenas de pessoas que fazem questão de fazer as viagens de barco. Muitos reconhecem que são movidos pela fé, mas uma grande parte admite que o convívio com os amigos que lhes proporcionam as viagens são o principal motivo que as leva a participar nesta procissão cató lica que sai da capela e vai até à igreja matriz. Celestino Moniz é natural do Caniçal, mas saiu da terra natal para trabalhar em Braga. Conforme nos conta, veio à Madeira de propó sito para participar na procissão e, claro, conviver

A Festa de Nossa Senhora da Piedade, na Madeira, continua a ser bastante participada com os amigos. "É uma tradição espectacular. Se não venho à festa, sinto uma certa nostalgia... Mesmo que estivesse mais longe vinha na mesma", assegura-nos o jovem que embarcou com muitas expectativas de que, a bordo, se encontra, como noutros anos, mú sica e cerveja. E animação, de facto, não faltava nos barcos, tanto nos "grandes" como nos pequenos. Celina Melim também é do Caniçal e não falta a uma Festa da Nossa Senhora da Piedade porque esta é, para ela, "a procissão mais bonita da Madeira". A fé move-a, mas sabe que "muita gente só participa na procissão à procura de loucura". Por sua vez, Maria Rosário Silva e Etelvina Luz dizem-nos que gostam muito desta procissão, da qual participam todos os anos. "Sou cató lica e gos-

to muito do mar", refere Etelvina, resumindo com estas palavras as razões que a levam a vir todos os anos do Paul do Mar. PESCADORES SÃO FESTEIROS A festa é essencialmente organizada pelos pescadores, que reú nem dinheiro não só para o arraial que se estabelece em terra como para comprar comes e bebes que são oferecidos nos diferentes barcos que participam na procissão. José Luís Santos é pescador e proprietário da embarcação "Pesca Atum". Este ano deu mil euros para colaborar com a organização da festa. "Às vezes dou mais, às vezes dou menos", refere, dependendo a sua oferta do resultado das pescas. "Se é um bom ano de pesca a festa é mais rija", assegura-nos. O mestre de embarcação explicanos que muitos pescadores cumprem promessas neste dia, no qual participa há mais de 20 anos. Também Carlos Aveiro é pescador e não falta a uma procissão da Piedade.

tida e já a maior parte dos barcos estava cheia. São centenas de pessoas. Locais e "forasteiros" vão ao porto do Caniçal para andar de barco e participar na procissão de terra e mar mais famosa da ilha. Famílias inteiras, grupos de amigos, marinheiros e políticos fazem questão de marcar presença. No sábado, os primeiros barcos saíram cheios. À medida que se aproximava a ú ltima embarcação, os barcos enchiam mais e mais. Os ú ltimos abarrotavam de gente, sobrelotando a olhos vistos os barcos. Ninguém tinha colete de salvação e suspirámos de alívio quando vimos que não acontecera nenhuma tragédia. A entrada atribulada nalguns barcos fez com que as pessoas tropeçassem umas nas outras e as acrobacias necessárias para saltar a bordo, muitas vezes, tiveram consequências indesejáveis. "Pensas que tenho agora 15 anos?", perguntava uma idosa ao marido quando se aleijou num pé. Mas de imediato a "velhinha" ergueu a cabeça e a festa continuou.

ALGUNS RISCOS... Ainda faltava uma hora para a par-

A LENDA Reza a lenda que esta procissão se


CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

realiza há muitos anos. As suas origens devem-se à crença de um milagre que permitia que a imagem de Nossa Senhora da Piedade fosse levada da igreja matriz para a capela de uma forma sobrenatural. É que havia muita rivalidade entre os povos vizinhos e terá havido mesmo uma disputa para ver quem ficava com a santa. Como foi decidido que a santa ficaria no Caniçal, esta foi levada para a sede da paró quia. Contudo, depois de levada para a igreja matriz, a imagem "aparecia" depois na capela... Por isso, a santa ficou permanentemente na capela e "visita" a outra igreja uma vez por mês. Diz também a tradição que esta capela foi edificada por marinheiros que, ao verem o seu navio prestes a embater nas rochas, prometeram edificar no cume do monte uma pequena ermida dedicada à Santíssima Virgem. Por isso, todos os anos se realiza a Festa de Nossa Senhora da Piedade, um arraial e uma cerimó nia religiosa pagos pelos pescadores. Esta é, diz-se, uma forma de agradecer à santa a protecção que esta lhes dá em alto mar. A capela de Nossa Senhora da Piedade está na freguesia do Caniçal, no alto de uma rocha escarpada sobranceira ao mar. Recentemente, desenvolveu-se alguma polémica em torno desta capela. É que a capela é um espaço religioso aberto a todos e, com o investimento turístico que está a ser feito na Quinta do Lorde, os populares temem que um dia seja vedado o acesso da população àquela que é a capela mais histó rica do município do Caniçal.

REPORTAGEM 25


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CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

TAP tem museu

A

TAP tem um museu. A criação do nú cleo museoló gico da TAP foi da iniciativa do Conselho de Gerência e remonta a 1978, mas a sua inauguração oficial ocorreria somente a 14 de Março de 1985, integrada nas comemorações do 40º aniversário da empresa.

Com a proximidade da Expo'98, e apó s um período de cerca de dez anos

Avião faz escala de "charme"

A Aerocondor, empresa aérea regional portuguesa que opera os voos da TAP entre a Madeira e o Porto Santo, trouxe na semana passada à ilha da Madeira um avião ATR 42-320, que comprou à companhia aérea regional brasileira "Total - Linhas Aéreas", baseada no Aeroporto de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. A intenção, confessou-nos o coronel Victor Brito, presidente da Aerocondor, foi mostrar aos madeirense que este poderá ser o tipo de avião a utilizar no Porto Santo, se o movimento de passageiros aumentar. Uma perspectiva que não se vislumbra a breve prazo, já que as condições não mudarão muito no futuro, dado o preço do bilhete aéreo e a queda no número de passageiros nos voos inter-ilhas. Victor Brito é da opinião, aliás, que enquanto não se criarem essas condições o "Shorts" é o tipo de avião ideal, em termos operacionais e económicos, para a exploração da linha, cujos riscos comerciais são assumidos totalmente pela TAP, embora tenham um código partilhado entre as duas transportadoras. O avião que pousou na Madeira, já com matrícula portuguesa e pintado com as cores da Aerocondor, fez o seu primeiro voo em Outubro de 1988. O aparelho irá operar a linha de Agen (no departamento de Lot e Garone) para Paris, que é feita três vezes por dia, ao abrigo de um contrato internacional que a companhia portuguesa ganhou, e que é subsidiado pelo governo nacional francês e pelas autoridades locais. Desde Janeiro deste ano a Aerocondor está a operar essa linha com um avião do mesmo tipo, de matrícula lituana, sub-alugado a uma empresa dinamarquesa. O investimento feito neste avião comprado no Brasil está estimado entre 3,5 a 4 milhões de euros.

de indefinição, em Novembro de 1997 foi-lhe atribuída uma equipa de trabalho permanente cuja principal tarefa de retaguarda tem sido classificar, inventariar e conservar o seu espó lio, com vista à preservação e divulgação da histó ria da TAP. Para além de participar em eventos no exterior, o nú cleo museoló gico da TAP possui dois pó los de exposição nas instalações da empresa.


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DESPORTO 27

Lobos do Curral vencem em Espinho Como funciona o basebol madeirense

Yamilem González

yamilemcorreio@hotmail.com

A

equipa "Lobos do Curral" saiu vencedora do jogo realizado em Espinho contra as equipas "Villas Vikings" e "Caciques de Espinho". Esta foi a primeira saída da equipa da ilha da Madeira. No continente, conquistaram o título de campeões com um contundente 12-05 no primeiro jogo contra o "Villas Vikings". O segundo jogo foi disputado com o "Caciques de Espinho" (o anfitrião do campeonato), que foi vencido pelos Lobos por 11-05. A equipa deslocou-se a Espinho com o patrocínio do IDRAM (Instituto do Desporto da Região Autó noma da Madeira), que assegurou os custos dos 14 bilhetes de avião. Os restantes gastos da viagem foram pagos com o dinheiro arrecadado na venda de rifas. O esforço valeu a pena, pois os participantes chegaram vitoriosos à Madeira, com uma taça na mão. O basebol em Portugal surgiu através de um grupo de fãs imigrantes lusodescendentes que residia no país. Pouco a pouco, decidiram constituir uma associação dedicada a este desporto na Ilha da Madeira, onde começaram a crescer consideravelmente. Segundo Carlos Santos, dirigente da as-

sociação, a iniciativa teve início com um grupo muito reduzido de pessoas e há cerca de um ano e meio começaram a organizar diferentes equipas: Lobos do Curral, Campanário, Cacique de Espinho, Funchal Baseball Club e Villas Vikings. "Estando longe da Venezuela, sentimos a vontade de jogar basebol na Madeira", comenta-nos Santos. A esta iniciativa juntaram-se também muitos portugueses interessados na mo-

dalidade, podendo ingressar nas equipas pessoas de idades compreendidas entre os 18 e os 45 anos. A Câ mara da Ribeira Brava cedeu um campo à associação, onde as equipas podem treinar. Além disso, existe um outro campo com relvado artificial, no Campanário. "Apesar de não termos as melhores condições, as pessoas aderem e sentem-se atraídas pelas particularidades desta modalidade", assegurou Carlos Santos.

Uma vez por ano são realizados os torneios principias, como na Venezuela, nos quais todos, uns contra os outros, disputam a vitória. Durante o ano também são realizados pequenos campeonatos para não perder o sentido do jogo e treinar para o ano seguinte. Ao nível do patrocínio, as equipas contam com o apoio de empresas e negócios de imigrantes lusodescendentes, residentes em Portugal e no IDRAM. Os restantes gastos ficam por conta dos próprios jogadores. Para o torneio do próximo ano, a Associação de Basebol da Madeira espera a integração de novas equipas, já que esta modalidade tem sido bem recebida pela sociedade portuguesa.


28 DESPORTO

CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

III Divisão - Série A 2ª Jornada

III Divisão - Série B III Divisão - Série C III Divisão - Série D III Divisão - Série E 2ª Jornada 2ª Jornada 2ª Jornada 2ª Jornada

III Divisão - Série F 2ª Jornada

Merelinense - Joane Valpaços - Oliveirense Esposende - Bragança Correlhã - Mirandela Cerveira - Valenciano Monção - Vianense Vinhais - Amares Brito - Maria Fonte Cabeceirense - Mondinense

Canedo - Tarouquense Vila Meã - Torre Moncorvo Vilanovense - Rebordosa Ermesinde - Ataense, Rio Tinto - Cinfães Lusitânia Lourosa - Valonguense Leça - Vila Real S. Pedro Cova - Padroense Tirsense

Vasco Gama - Estrela V. Novas Sesimbra - Aljustrelense Messinense - Lusitano Évora Beira-Mar - Almansilense Desportivo Beja - Ferreiras Farense - Lusitano VRSA Juventude - Lagoa Monte Trigo - Amora Castrense - Oeiras

2-2 1-0 2-2 2-2 4-1 1-0 0-1 0-0 2-1

J V E Amares Mirandela Maria Fonte Correlha Brito Bragança Joane Monção Valpaços Vianense Cabeceirense Oliveirense Cerveira Esposende Merelinense Mondinense Valenciano Vinhais

2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0

0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0

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0 4-1 0 6-2 0 5-1 0 4-2 0 3-2 0 4-2 0 3-2 1 2-3 1 1-2 1 1-1 1 2-2 1 4-1 1 4-2 1 2-6 1 2-6 2 3-5 2 1-6 2 1-6

6 4 4 4 4 4 4 3 3 3 3 3 3 1 1 0 0 0

3ª Jornada (2-10) Merelinense - Valpaços Oliveirense - Esposende Bragança - Correlhã Mirandela - Cerveira Valenciano - Monção Vianense - Vinhais Amares - Brito Maria Fonte - Cabeceirense Joane - Mondinense

Milheiroense - Social Lamas Valecambrense - Tondela Tocha - S. João Ver Gafanha - Avança Valonguense - Anadia Estarreja - Souropires Fornos Algodres - União Lamas Satão - Os Marialvas Arrifanense - Cesarense

Classificação

Classificação 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

3-0 2-0 0-3 2-0 1-1 4-1 1-1 3-1 Folgou

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Rebordosa Vila Meã Cinfães Vila Real Lusit. Lourosa Ermesinde Torres Monc. S. Pedro Cova Canedo Tarouquense Ataense Padroense Valonguense Rio Tinto Leça Tirsense Vilanovense

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4 4 4 4 3 3 3 3 3 3 3 3 3 1 1 0 0

1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0

4-1 3-1 3-1 2-1 4-2 2-0 3-3 5-4 4-3 3-5 6-3 4-3 2-4 1-2 1-4 0-2 1-9

J V E 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

3ª Jornada (2-10) Canedo - Vila Meã Torre Moncorvo - Vilanovense Rebordosa - Ermesinde Ataense - Tirsense Cinfães - Lusitânia Lourosa Valonguense - Leça Vila Real - S. Pedro Cova Tarouquense - Padroense Folga: Rio Tinto

Amiense - Peniche Bidoeirense - Caldas Sertanense - Mirandense Marinhense - Riachense Beneditense - Alcobaça Caranguejeira - Eléctrico Idanhense - Fundão Sourense - Monsanto O Vigor Mocidade

Classificação

2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0

1-2 2-0 1-1 1-2 0-1 1-1 1-1 2-0 1-0

Social Lamas 2 Valecambrense 2 Avanca 2 F. Algodres 2 Anadia 2 Arrifanense 2 Cesarense 2 Satão 2 Estarreja 2 Souropires 2 União Lamas 2 Tocha 2 Milhoeirense 2 Tondela 2 S. João Ver 2 Gafanha 2 Valonguense 2 Os Marialvas 2

2 2 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 1 1 1 0 0 0 2 2 2 2 1 1 1 1 1 0

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6 6 4 4 4 3 3 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 0

6-3 4-1 2-1 2-1 1-0 3-4 1-1 2-1 1-1 2-2 1-1 1-1 2-3 1-3 2-3 1-2 1-2 0-3

Milheiroense - Valecambrense Tondela - Tocha S. João Ver - Gafanha Avanca - Valonguense Anadia - Estarreja Souropires - Fornos Algodres União Lamas - Satão Os Marialvas - Arrifanense Social Lamas - Cesarense

Centro Portugues de Caracas PROGRAMA DO MES DE SETEMBRO-OUTUBRO 2005

Festa do Regresso às aulas Lugar: Parque infantil, Organizada pelo Comité de Damas Sexta-feira 30 Festa do Regresso às aulas Lugar: Salão Nobre Organizada pelo Comité Juvenil A destacar, no mês de Outubro: Domingo 02 Grande Quermesse Hora:Organizada pelo Comité de Damas Lugar: Esplanada / Area da piscina

Alcochetense - Montijo C. Lobos - Santana Caniçal - Atlético Carregado - Cacém Loures - Vilafranquense O Elvas - Machico Ouriquense - Fut. Benfica Sintrense - 1º Dezembro Vialonga - Tires

Classificação

3ª Jornada (2-10)

Sexta-feira 30

1-1 1-2 0-2 1-1 1-0 2-2 2-1 2-0 Folgou

J V E 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º

Caldas 2 Mirandense 2 Eléctrico 2 Peniche 2 Sourense 2 Monsanto 2 Vigor Mocidade 1 Sertanense 2 Beneditense 2 Idanhense 2 Marinhense 2 Alcobaça 2 Riachense 2 Caranguejeira 2 Amiense 2 Fundão 1 Bidoeirense 2

2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0

0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 2 1 1 1 1 0 0

Classificação

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0 0 0 0 1 1 0 1 1 1 0 1 1 1 1 1 2

6 6 4 4 3 3 3 3 3 3 2 1 1 1 1 0 0

6-1 3-0 3-2 3-2 3-2 1-2 2-0 4-4 1-1 2-2 1-1 0-1 3-5 2-4 1-5 1-2 1-3

3ª Jornada (2-10) Amiense - Bidoeirense Caldas - Sertanense Mirandense - Marinhense Riachense - Beneditense Alcobaça - Caranguejeira O Vigor Mocidade - Idanhense Fundão - Sourense Peniche - Monsanto Folga: Eléctrico

1-1 2-2 1-2 5-1 3-1 2-2 3-1 2-0 2-3

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Atlético Loures Tires Carregado Ouriquense Machico Caniçal Sintrense Santana O Elvas Vialonga Alcochetense Vilafranquense Fut. Benfica Montijo Cacém Câmara Lobos 1º Dezembro

Classificação

J V E

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2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1 2

6 6 6 4 4 4 3 3 2 2 1 1 1 1 1 1 1 0

2 2 2 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 1 1 1 0 0 2 2 1 1 1 1 1 1 1 0

10-1 6-2 5-2 6-2 4-2 4-3 3-2 2-2 3-3 2-2 3-4 2-3 2-4 1-3 1-3 2-6 2-10 1-5

3ª Jornada (2-10) Atlético - Alcochetense Cacém - C. Lobos Fut. Benfica - Loures Machico - Ouriquense Montijo - O Elvas Santana - Caniçal Tires - 1º Dezembro Vialonga - Carregado Vilafranquense - Sintrense

0-0 0-0 1-2 0-0 2-2 0-3 2-1 0-3 0-0

J V E 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Juventude 2 Lusitano VRSA 2 Oeiras 2 Estrela V.Novas 2 Lusitano. Évora 2 Almansilense 2 Amora 2 Lagoa 2 Aljustrelense 2 Ferreiras 2 Desportivo Beja 2 Vasco da Gama 2 Beira-Mar 2 Sesimbra 2 Castrense 2 Messinense 2 Farense 2 Monte Gordo 2

2 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 1 1 1 1 1 0 0 2 2 2 2 2 2 1 0 0 0

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6 4 4 4 4 4 3 3 2 2 2 2 2 2 1 0 0 0

4-2 4-1 3- 0 2-0 2-1 1-0 4-2 4-2 2-2 2-2 3-3 2-2 0-0 0-0 0-2 1-3 0-6 0-6

NOTA: O Farense conta com uma derrota, por 3-0, devido à falta de comparência no jogo da primeira jornada com o Lagoa.

3ª Jornada (2-10) Vasco Gama - Sesimbra Aljustrelense - Messinense Lusitano Évora - Beira-Mar Almansilense - Desportivo Beja Ferreiras - Farense Lusitano VRSA - Juventude Lagoa - Monte Trigo Amora - Castrense Estrela Vendas Novas - Oeiras


CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

Cá se fazem, cá se pagam Miguel Justino (DN - Madeira)

N

o mesmo campo onde uma semana antes a Camacha eliminou o União na Taça de Portugal, a equipa de Ernesto Paulo voltou ao local do "crime" e com um tiro matou dois coelhos: vingou a eliminação e recuperou a confiança que estava arredada. Num dérbi insosso e onde a monotonia foi quebrada pelo golo solitário de Rocha, o União fez jus à vitó ria, podendo, inclusive, a mesma ter "sorrido" com outra dimensão, caso os seus avançados não usassem e abusassem de excessivo individualismo e egoísmo. Depois de uma primeira parte de relativo equilíbrio, ter mais tempo de bola e rematar mais vezes não foi suficiente para a Camacha chegar ao golo.

O 2º tempo começou praticamente com o golo do União. Na sequência de um "corner", a defesa da Camacha não foi lesta no alívio do esférico, tendo ficado à mercê de Rocha que, com Bruno pela frente, não teve dificuldades em rematar vitoriosamente. Os camachenses sentiram o golo sofrido e, simultaneamente, o União ganhou força anímica para, através de rápidos contra-ataques, quase sempre pelo flanco direito e com Edu e José Paulo a fazerem de "papel principal", (no bom e no mau sentido, respectivamente) assediar a baliza de Bruno. Com a expulsão de dois influentes jogadores adversários, chegou a pensar-se que a equipa anfitriãpoderia eventualmente chegar à igualdade, mas, à falta de inspiração, o União foi cerrando fileira e "segurando" uma vitó ria inteiramente justa.

II Divisão - Série A 3ª Jornada

II Divisão - Série B 3ª Jornada

DESPORTO 29

II Divisão - Série C 3ª Jornada

II Divisão - Série D 3ª Jornada

At. Valdevez - Lixa

0-1

Dragões Sand. - P. Rubras

1-0

Abrantes-União Coimbra

1-0

Torreense-Odivelas

5-1

Camacha - União

0-1

Lousada - Fiães

2-2

Benfica Castelo Branco-Tourizense

1-0

Operário-Vitória Setúbal B

2-0

Famalicão - Ribeirão

0-0

Marítimo B - Ribeira Brava

4-0

Rio Maior-Portomosense

1-1

Casa Pia-Oriental

4-0

Portosantense - Fafe

1-0

Paredes - Esmoriz

4-1

ONelas-Penalva Castelo

0-1

Louletano-Real Massamá

4-1

Trofense - Freamunde

2-1

Pontassolense - Espinho

0-1

Pampilhosa-Oliveirense

1-2

Vilaverdense - Sandinenses

1-0

Sanjoanense - Infesta

1-1

Oliveira Hospital-Oliveira Bairro

2-2

Benfica B-Mafra

2-0

Sporting Pombal-Fátima

0-0

Pinhalnovense-Madalena

0-0

Folgou: FC Porto B e Aliados Lordelo

Folgou: Torcatense e Braga B

Classificação J V E

D G

Classificação P

J V E

D G

J V E

D G

Classificação

1º Fiães

3

2 1 0 5-2 7

1º Pen. Castelo

3

2 1 0 2-0 7

2º Trofense

3

2 1 0 5-2 7

2º Dragões Sand. 3

2 0 1 6-3 6

2º Abrantes

2

2 0 0 3-1 6

3º Vilaverdense

3

2 0 1 6-3 6

3º Pontassolense 3

2 0 1 3-1 6

3º Oliveirense

3

2 0 1 5-2 6

4º Famalicão

3

1 2 0 3-2 5

4º Espinho

2

2 0 0 3-1 6

4º Benf. C. Branco 3

2 0 1 5-3 6 1 2 0 4-3 5

5º Ribeirão

2

1 1 0 1-0 4

5º Lousada

2

1 1 0 4-2 4

6º Sandinenses

3

1 1 1 3-3 4

6º FC Porto B

2

1 1 0 2-1 4

7º Camacha

3

1 0 2 5-5 3

7º Sanjoanense

3

1 1 1 3-3 4

8º Fafe

3

1 0 2 5-7 3

8º Paredes

3

1 0 2 4-4 3

9º União

3

1 0 2 1-3 3

9º Marítimo B

3

1 0 2 4-5 3 1 0 2 2-5 3

5º Rio Maior

3

6º Sp. Pombal

3

1 2 0 3-2 5

7º Tourizense

3

1 1 1 4-2 4

8º Pampilhosa

3

1 1 1 3-3 4

9º Ol. Bairro

2 0 2 0 4-4 2

10º Lixa

2

1 0 1 1-3 3

10º Rib. Brava

3

11º Freamunde

3

0 2 1 4-5 2

11º Esmoriz

3

1 0 2 5-9 3

10º Portomosense 3

0 2 1 3-4 2

12º Braga B

2 0 1 1 1-2 1

12º Ali. Lordelo

1

0 1 0 1-1 1

11º Fátima

0 1 0 0-0 1

13º "A Designar"

0 0 0 0 0-0 0

13º Infesta

2 0 1 1 1-2 1

12º Ol. Hospital

3

0 1 2 2-6 1

14º At. Valdevez

1

14º "A Designar III" 0 0 0 0 0-0 0

13º Nelas

3

0 1 2 1-5 1

15º Torcatense

2 0 0 2 1-5 0

15º P. Rubras

14º Un. Coimbra

3

0 0 3 2-6 0

4ª Jornada (2-10)

0 0 3 0-4 0

4ª Jornada (2-10)

4-1

P

3 0 0 6-1 9

3

1-1

Imortal-Silves

Classificação P

1º Portosantense 3

0 0 1 0-1 0

Olivais Moscavide-Micaelense

1

4ª Jornada (2-10)

Braga B - Famalicão

Aliados Lordelo - Sanjoanense

Freamunde - Camacha

Esmoriz - Lousada

Ribeirão - Trofense

Espinho - Dragões Sandinenses

Penalva Castelo - Rio Maior

Sandinenses - Portosantense

Infesta - Pontassolense

Oliveirense - Nelas

Torcatense - At. Valdevez

Pedras Rubras - Marítimo B

Oliveira Bairro - Pampilhosa

União - Vilaverdense

Ribeira Brava - Paredes

Fátima - Oliveira Hospital

Folga: Fafe e Lixa

Folga: FC Porto B e Fiães

Folgam: União Coimbra e Sporting Pombal

Tourizense - Abrantes Portomosense - Benfica Castelo Branco

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º

Casa Pia Operário Benfica B Louletano Imortal Pinhalnovense Ol.Moscavide Mafra Madalena Torreense SetúbalL B Micaelense Real Silves Odivelas Oriental

J V E

D G

P

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

0 0 0 1 0 0 0 1 1 2 2 1 1 2 3 3

9 9 7 6 5 5 5 4 4 3 3 2 2 1 0 0

3 3 2 2 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0

0 0 1 0 2 2 2 1 1 0 0 2 2 1 0 0

10-3 5-0 5-2 9-6 7-4 3-1 4-3 6-3 2-6 5-5 6-7 3-4 4-7 4-8 2-9 1-8

4ª Jornada (2-10) Odivelas - Pinhalnovense Vitória Setúbal B - Torreense Oriental - Operário Real Massamá - Casa Pia Micaelense - Louletano Silves - Olivais Moscavide Mafra - Imortal Madalena - Benfica B


30 DESPORTO

CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

Porto consegue ser primeiro líder isolado O

FC Porto tornou-se, no domingo, o primeiro líder isolado da Liga portuguesa de futebol, ao beneficiar dos "nulos" de Braga e Nacional, depois de sábado ter batido em casa o Belenenses (2-0), em encontro da quinta ronda. O sul-africano McCarthy (18 minutos) e o brasileiro Jorginho (56), este ú ltimo depois de partir de posição irregular, apontaram os tentos da formação "azul e branca", que regressou aos triunfos, apó s o empate a zero registado no Municipal de Braga. Para ao Sporting de Braga, com mais ambições, acaba por não ser um grande resultado, mas, face ao que se passou na Reboleira, Jesualado Ferreira nem se pode queixar, uma vez que a formação da Reboleira esteve mais perto de chegar ao triunfo.

Quanto ao Estrela da Amadora, foi mais um ponto somado, a juntar aos quatro que já tinha (todos conquistados em casa), enquanto para a União de Leiria a situação é bem mais negativa, já que a equipa continua sem ganhar (dois empates e três desaires). Nos outros encontros de domingo, destaque para o segundo triunfo da Naval, que bateu em casa o Rio Ave, graças a um golo de Nelson Veiga (35 minutos), e o regresso às vitó rias do Gil Vicente, vencedor na recepção ao Paços de Ferreira por 2-0. O defesa francês Gregory, aos 10 minutos, e o médio brasileiro Williams, aos 36, selaram o terceiro sucesso na prova do "onze" comandado por Ulisses Morais, autor da maior surpresa do campeonato, quando, à segunda ronda, venceu por 2-0 no Estádio da Luz. Em mais uma ronda com pou-

cos golos (10, quando só faltam disputar dois encontros), destaque ainda para o primeiro sucesso do Vitó ria de Guimarães, que recebeu e bateu sábado o Marítimo por 1-0, graças um golo do polaco Saganowski (16 minutos). Por seu lado, o campeão Benfica mostrou no jogo de abertura da ronda, na sexta-feira, que está a caminho da recuperação, ao somar em Penafiel - onde havia perdido a época passada por 1-0 a primeira vitó ria fora (3-1) da temporada. O avançado Nuno Gomes voltou a ser a "estrela" da formação comandada pelo holandês Ronald Koeman, ao abrir e fechar com um tento monumental o resultado, juntando, assim, um "bis" ao "hat-trick" da semana transacta (4-0 à União de Leiria).

Orçamento dos clubes da Superliga Época 05/06

O

Verão já lá vai. Acabou-se o tempo das provas e ajustes. O campeonato da Superliga já alcanç ou a sua terceira jornada, mais ainda os adeptos mantêm a esperança de que o seu clube consiga atinguir os objectivos traçados. Mas... até onde pode ser feita essa exigência? Pode o "nosso" clube ganhar o campeonato?. O potencial real das equipas de futebol, pelo menos na teoria, está expressado pelo orçamento projec-

tado para a época. Deslocações, material desportivo, manutenção das instalações e fundamentalmente, os salários dos atletas são as principais despesas que os clubes de futebol têm que fazer para competir. Nesta edição do Correio, apresentamos os orç amentos dos clubes da Superliga para a época futebolística de 05/06. O leitor pode constatar o desequilíbrio gritante no universo futebolístico de Portugal.

Liga Betandwin 5ª Jornada Boavista - Académica E. Amadora - Braga FC Porto - Belenenses Gil Vicente - P. Ferreira Naval 1º Maio - Rio Ave Penafiel - Benfica Sporting - V. Setúbal U. de Leiria - Nacional V. Guimarães - Marítimo

2-1 0-0 2-0 2-0 1-0 1-3 1-0 0-0 1-0

Classificação 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

FC Porto Sporting Braga Nacional Belenenses Boavista Gil Vicente Rio Ave Benfica Naval 1º Maio V. Setúbal P. Ferreira E. Amadora V. Guimarães Académica Marítimo U. de Leiria Penafiel

J V E

D G

5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5

0 1 0 0 2 0 2 2 2 2 2 3 2 4 3 3 3 4

4 4 3 3 3 2 3 3 2 2 2 2 1 1 0 0 0 0

1 0 2 2 0 3 0 0 1 1 1 0 2 0 2 2 2 1

6ª Jornada (2-10)

fonte: www.terceiroanel.weblog.com.pt

Académica - Gil Vicente Belenenses - E. Amadora Benfica - V. Guimarães Braga - Naval 1º Maio Marítimo - FC Porto Nacional - Penafiel P. Ferreira - Sporting Rio Ave - Boavista V. Setúbal - U. de Leiria

P

9-2 13 8-5 12 4-0 11 6-3 11 10-6 9 9-5 9 5-2 9 7-6 9 8-5 7 8-7 7 2-2 7 4-8 6 4-5 5 3-10 3 4-7 2 3-6 2 1-8 2 3-11 1


CORREIO DE CARACAS - 29 DE SETEMBRO DE 2005

Primeiro conquistar pontos depois vêm as exibições Para já, o adversário dá pelo nome de (DN - Madeira) FC Porto. O líder da Liga portuguesa não amedronta o treinador maritimista. "É a terça-feira, depois do pri- um jogo importante que em caso de vimeiro treino que orientou tó ria nossa poderá ter um significado como responsável técnico do de viragem", acredita até porque, lemplantel do Marítimo, Paulo bra, "os jogos perante os nossos adeptos Bonamigo falou à comunicação social. terão de assumir um papel importante". Um discurso só brio, fluído e, sobre- "Mesmo sabendo que o FC Porto é uma tudo, realista. O técnico de 45 anos, ex- grande equipa, nó s ainda não vencemos periente por passagens nalguns dos mel- e temos de fazer tudo para o conseguir hores clubes brasileiros, revelou, acima no pró ximo jogo", antevê. de tudo, estar com os pés bem assentes na Num plano mais concreto, admite que terra. a equipa "verde-rubra" que actuou sába"Pegando" numa equipa que apenas do passado em Guimarães "é a base" sobre soma dois pontos em cinco jogos dispu- a qual assentará o onze para defrontar os tados, o brasileiro reconhece, desde lo- portistas, conquanto adiante alterar "talgo, que o importante "é somar pontos". vez duas unidades". "Mas isso vai depenRecusando a "hipocrisia" de, no momen- der do trabalho da semana, o Rincó n esto presente, "falar em títulos ou conquis- tá lesionado... Vamos analisar o grupo tas", o treinador pensa, fundamental- até porque, como sabemos, quando chemente, "em melhorar o rendimento" o ga um treinador novo a motivação é que significará "estar mais pró ximo dos maior", refere. resultados". De qualquer modo, revela-se prag"O que se consegue com trabalho", mático: "O plantel do Marítimo sofreu alerta consciente do momento que a equi- uma reformulação pelo que se torna nepa atravessa mas apressando-se a confes- cessário algum tempo até ganhar um pasar estar "muito motivado" para esta mis- drão. É preciso, sobretudo, resultados! Ensão. Reforçando que há que pensar "jogo tão talvez estruture uma equipa prática, a jogo", Bonamigo não esconde que co- objectiva; para convencer, em termos de munga do "mesmo objectivo" da direc- actuação, buscaremos mais para a frenção que é lutar por uma posição europeia. te...". Duarte Azevedo

N

DESPORTO 31

Bonamigo é novo treinador do Marítimo

P

a u l o Afonso Bonamigo, o treinador escolhido por Carlos Pereira para substituir Juca, chegou domingo passado à Madeira com ideias bem definidas para a equipa. O técnico, apesar de estar no desemprego (foi despedido do Palmeiras a 17 de Julho), tem créditos firmados no Brasil e descreve-se a si pró prio como um defensor da "disciplina, do trabalho, da organização e da conduta profissional". Depois de uma primeira abordagem falhada, segundo ele pró prio explicou, porque na altura em que o Marítimo lhe fez o primeiro convite ele estava ainda a trabalhar no Palmeiras, vem agora para a Madeira com a missão de recolocar a equipa no desejado caminho das vitó rias. Resta saber se ainda a tempo de chegar aos "títulos" assumidos como meta para esta temporada pelo presidente Carlos Pereira. Nem a má prestação da equipa nesta fase inicial da temporada o preocupa. "A época está no começo, apenas se jogaram cinco jogos", salienta. Acrescentando logo depois que "estamos perfeitamente a tempo de reverter o quadro".

Liga de Honra 5ª Jornada Barreirense - Chaves Covilhã - Ovarense Desp. Aves - Portimonense Estoril - Olhanense Gondomar - Moreirense Leixões - Varzim Maia - Santa Clara Marco - Beira-Mar Vizela - Feirense

1-1 2-0 0-0 0-1 1-1 1-0 2-1 1-0 0-2

Classificação 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Covilhã Leixões Beira-Mar Olhanense Estoril Gondomar Desp. Aves Varzim Vizela Maia Marco Barreirense Portimonense Chaves Ovarense Feirense Santa Clara Moreirense

J V E

D G

5 4 0 5 3 2 5 3 1 5 3 1 5 3 0 5 2 2 5 2 1 5 2 1 5 1 2 5 1 2 5 1 2 5 1 2 5 1 2 5 1 2 5 1 2 5 1 1 5 0 4 5 0 3

1 0 1 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 1 2

6ª Jornada (2-10) Beira-Mar - Estoril Chaves - Desp. Aves Feirense - Maia Moreirense - Barreirense Olhanense - Leixões Ovarense - Marco Portimonense - Vizela Santa Clara - Covilhã Varzim - Gondomar

P

8-4 12 6-2 11 4-1 10 8-7 10 9-5 9 4-4 8 7-6 7 6-6 7 6-6 5 10-11 5 6-7 5 4-6 5 3-5 5 5-8 5 8-12 5 7-8 4 4-5 4 5-7 3


CORREIO DE CARACAS – 29 DE SETEMBRO DE 2005

Viagem sem programa O percurso do presidente Hugo Chávez na sua ronda pela Europa é uma incógnita tanto para os deputados da oposição como para os do oficialismo acrescenta: "a oposição vê sempre estas viagens como se elas fossem algo negativo. Não se apercebem que não é só a políviagem do presi- tica interna do país que tem imdente Hugo Chávez portâ ncia. Este tipo de conà Europa realiza-se tactos é sempre de louvar, sode 11 a 25 de Outu- bretudo quando se fazem para bro, mas ainda não tem um pro- conseguir uma maior abertura grama específico. A informação nas negociações que podem vir a é incerta, não se conhecem de- trazer benefícios para a Venetalhes sobre as personalidades zuela". que se vão reunir com o presiPara Garcia Olivo, sempre dente e desconhecem-se que que se trate de um viagem de contactos vai fazer Chávez ou negó cios e de cooperação enque temas irá debater. tre vários países, a deslocação Tanto os deputados da opo- permite sempre "colher frutos". sição como os do oficialismo só "Abrir-se aos mercados europodem indagar sobre o tema, peus e mudar o hábito que tinpois não sabem ao certo o que ha o país - que estava aberto a vai fazer o presidente à Europa. negociações com os Estados UniContudo, os do Governo de- dos - é muito importante", diz. fendem que é muito importante o presidente venezuelano fa- A ARBITRARIEDADE zer uma ronda pela Europa. Pe- COMO NORMA lo contrário, os adversários do Por sua vez, o deputado da Governo contestam os grandes oposição, Felipe Mú jica, do parcustos desta viagem e os seus tido político Movimento ao Soprováveis escassos resultados. cialismo (MAS), assegura-nos Lucía Garcia Olivo, deputada que esta viagem à Europa é seque pertence ao "Grupo de melhante a outras anteriores, Amizade Parlamentar Vene- em que os resultados nunca se zuela - Portugal" e que apoia a chegaram a concretizar. "Oxagestão do presidente Chávez dis- lá que desta vez o presidente se que nunca é demais o pri- conseguisse trazer respostas pomeiro mandatário estabelecer sitivas no que se refere a relabons contactos e melhorar as re- ções de amizade e de comércio lações internacionais, pois isto com Portugal", nota. só trás benefícios para a polítiSobre a ausência de prograca exterior do país. ma no momento de ser aprova"Contudo, concretamente da a viagem na Assembleia Nanão sei bem qual é a finalidade cional, Mujica declarou que "na da viagem nem o que a motiva. Venezuela estamos num regiNão tive acesso a essa informa- me que faz da arbitrariedade ção", admite a parlamentar, que uma norma. Por isso, o presiDélia Meneses e Yamilem González

A

dente decide onde vai, sem nem sequer se dar ao trabalho de apresentar perante os representantes do povo uma agenda". De acordo com Asdrú bal Salazar, deputado pelo “ Bloque do Cambio” (partido oficialista), a visita do presidente à Europa obedece ao marco pluripolar da geopolítica, onde o governo venezuelano deixa de ver o Norte como a ú nica oportunidade comercial, política e social. Passa, pelo contrário, a abrir-se a outros mercados. "Não só se pretende uma aproximação com Portugal como também com o Japão, a China, a França e a Espanha. Só assim vamos conseguir ter uma maior integração com os povos irmãos da Europa, a América do Sul e a América Central", refere. Salazar também desconhece o programa da agenda de Chávez. Pior, não dá muita importâ ncia a este ponto porque "quando o presidente chega de viagem, ele é o primeiro a dizer se a sua visita valeu ou não a pena. Particularmente, penso que a parte comercial vai estar num nível claramente prioritário nos encontros que se mantenham". VIAGEM MILIONÁRIA Segundo o deputado do partido político "Projecto Venezuela", Carlos Eduardo Berrizbeitia, a oposição apoiaria a viagem a Europa sempre e quando se lhes tivesse apresentado uma ideia do que o presidente ia fazer lá, pois "a estimativa de custos dessa viagem supera um mi-

Asdrúbal Salazar

Felipe Mujica

Carlos Berrizbetia

Dario Vivas

llardo de bolívares". "Sendo uma despesa tão elevada, temos que saber quais são os benefícios que esta pode trazer para o país. Para além do mais, em cada visita que o presidente faz, deixa sempre muito mal o nome da Venezuela". O que a oposição deseja - declarou Berrizbeitia - é que esta ronda não seja mais uma "viagem de prazer, unicamente". Pelo contrário, espera que a mesma "possa trazer benefícios tanto para Portugal como para a Venezuela". O Movimento Quinta Repú blica, por sua vez, só vê benefícios nesta viagem. O deputado Dário Vivas (MVR) disse que a presença do presidente em Portugal e em Espanha tem a ver com a ideia de concreti-

zar as mesas de negociação e encontros com empresários "para solidificar essa nova visão que temos das relações econó micas com os países do Mundo num marco de solidariedade". Para Vivas, os aspectos sociais vão ter muita importâ ncia nestas visitas. "Interessa ao Governo venezuelano ampliar a base social, empresarial e comercial com Portugal e conhecer a realidade política e a sua organização municipal. No caso específico da Madeira, Alberto João Jardim tem sido muito solidário com a Venezuela. Acho que, para Chávez, vai ser muito valioso falar com ele sobre a sua experiência, pois tem muitos anos a governar a ilha e continua a ter uma liderança bastante forte".


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