Correio da Venezuela 127

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www.correiodecaracas.net

O jornal da comunidade luso-venezuelana

Sabores “ inéditos” registam geladaria de portugueses no livro do Guinness.

ano 06 - n.º 127 - DePóSito LegaL: 199901DF222 - PubLicação SemanaL

caracaS, 6 De outubro De 2005 - VenezueLa: bS.: 1.000,00 / PortugaL:

0,75

Parlamento venezuelano “ Compadres” de quatro celebra Dia em de Caracas Portugal continentes

Página11

Venezuela recebe este fim-de-semana o Congresso Anual da Academia do Bacalhau. Delegações de Valencia e Maracay foram finalmente oficializadas. Página 3

Portugal representado na Feira de Arte Têxtil Página 7

Oito meses depois da tragédia: comunidade de Araira lamenta falta de apoio luso. Página 10

“ Censo” a emigrantes e lusodescendentes Clube das Comunidades, na Madeira, espera receber 300 mil euros para desenvolver diversas actividades Página 4

Benfica derrota Guimarães

Clube na oitava posição, a quatro pontos do Porto Página 31

Fundação de Maracaibo

Investigação prova que lusos estiveram nas origens. PáginaS 8


2 EDITORIAL

CORREIO DE CARACAS - 6 DE OUTUBRO DE 2005

Um debate sério Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez, Noélia de Abreu, Victoria Urdaneta, Yamilem González Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira, Oswaldo Carmona Preparação Gráfica: João Santos (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Fotografia: Paco Garret, Farith Useche Distribuição: Juan Fernandez Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela

O

secretário de Estado das Comunidades Portuguesas vem à Venezuela para participar no IV Encontro de Gerações, que se realiza no pró ximo dia 15. Com a visita, já anunciou trabalho, pois leva consigo representantes de diversas associações empresariais. Por cá, espera-se que as diferentes entidades que representam a comunidade lusa preparem também questões pertinentes que possam ser debatidas com Antó nio Braga. Esperamos que conselheiros, cô nsules honorários e outros líderes que representam de diversas formas a comunidade portuguesa sejam eficazes e consigam debater

com franqueza e sinceridade os verdadeiros problemas que afectam os portugueses e os luso-venezuelanos que moram na terra de Bolívar. E que, assim, os encontros com o governante português que tem a pasta da emigração não passem de meros actos protocolares que servem para marcar agenda e não conseguem, muitas vezes, permitir debates concretos que contribuam efectivamente para o interesse colectivo. Identificar problemas, apresentar propostas e avaliar possíveis soluções. É o mínimo que se espera dos diversos encontros que se deverão realizar entre Antó nio Braga e os representantes da comunidade na Venezuela. E que não se limitem a prestar "vassalagem"...

O CARTOOn DA seMAnA Chávez resolveu em dois minutos o problema que andamos há mais de vinte anos a tentar resolver...

Determinou o ensino de português não só para lusodescendentes, mas para todos os jovens da Venezuela!!!

A seMAnA MUITO BOM

A resposta de solidariedade dos emigrantes que assistiram à oficialização das Academias do Bacalhau em Maracay e Valencia. Ambas as cerimónias conseguiram reunir mais de mil pessoas, que aceitaram colaborar sabendo que se tratava de iniciativas com um fim benéfico. O dinheiro recolhido reverte para a ajuda de idosos e pessoas da comunidade lusa com carências sociais que residem naquelas duas cidades.

BOM

Jogos Feceporven

Merece um voto de louvor também a X edição dos jogos Feceporven, que se realizam de dois em dois anos. Mais do que um evento desportivo, a iniciativa consegue reunir no mesmo espaço sócios e elementos de catorze clubes portugueses. Constitui, por isso, uma oportunidade para fomentar a integração e o intercâmbio de ideias, sendo digno de destaque o esforço de juntar 3.000 atletas, entre lusodescendentes e venezuelanos, em 28 equipas distintas.

MAU

Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares

Academias

Desistência

O facto de dois clubes de Barquisimeto terem desistido da ideia de se unificarem revela novamente um atropelo às directivas dos clubes portugueses que temos vindo a destacar. Muitas vezes, o egoísmo e os interesses particulares sobrepõem-se aos benefícios do colectivo. Isto tendo em conta que soubemos que os principais entraves para a unificação dos dois centros foram colocados pelos membros das próprias direcções e não pelos sócios dos clubes, uma vez que muitos até estavam de acordo com a ideia.

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA

MUITO MAU

O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jor nalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias.

Caso do co-piloto

É inadmissível e algo único no Mundo. O processo que envolve o co-piloto português Luís Santos, duas portuguesas e vários venezuelanos, por suspeita de tráfico de drogas, rompe todos os paradigmas de um caso deste tipo. Uma vez mais, a juíza renunciou ao procedimento judicial deixando novamente o julgamento sem data marcada. É justo e necessário permitir que estas pessoas tenham a possibilidade de defesa em julgamento.

El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

Para todos los

gustos

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VenezueLA 3

Caracas recebe "compadres" de quatro continentes A Venezuela vai ser pela primeira vez sede do Congresso Anual da Academia do Bacalhau. América, Europa, África e Oceânia estão representadas fazer um balanço anual dos trabalhos levados a cabo pelas academias em todo o Mundo. Para além do mais, o evento serAcademia do Bacalhau de ve também para trocar ideias, partilhar Caracas vai ser a respon- com os compadres de outras zonas e resável pela organização, a forçar os aspectos positivos conseguidos partir de hoje e até ao dia até à data. 8 de Outubro, do Congresso Anual A Academia do Bacalhau foi fundada da Academia do Bacalhau, onde se na Venezuela em 1996, mas começou a vão encontrar membros (compadres) desenvolver actividades em Maio de 1997. das diferentes academias dos quatro Actualmente, conta com cerca de 500 continentes. Ao evento, vão assistir compadres inscritos que têm sido fiéis representantes de Portugal (Lisboa), ao principal propó sito que os uniu: ajuBrasil, Canadá, Estados Unidos e uma dar os compatriotas da comunidade ludelegação do continente africano. sa, através de tertú lias de amigos. É a primeira vez que este congresso se realiza na Venezuela e espera-se uma as- APOIAR OS MAIS neCeSSITADOS sistência de 1.100 pessoas na gala que se Durante estes encontros, conseguem realiza no salão Nobre do Centro Portu- obter fundos para obras sociais que se guês, em Caracas. destinam a ajudar os mais necessitados. O principal objectivo do encontro, Até à data, a associação se tem esforque vai contar com a presença do presi- çado a ajudar os mais velhinhos e as fadente honorário da Academia Mãe, ou mílias de baixos recursos humanos que seja, a de Joanesburgo (África do Sul), é não têm meios suficientes para suportar as Jean Carlos de Abreu Noelia de Abreu

A

despesas de medicinas, comida e intervenções cirú rgicas. José Luís Ferreira, actual presidente da Academia do Bacalhau de Caracas, explica-nos que os recursos que tem actualmente são administrados e distribuídos segundo as necessidades ou carências mais visíveis na comunidade portuguesa da capital. Da mesma forma, cada academia, um pouco por todo o Mundo, distribui os recursos em função dos problemas mais graves que tem a comunidade. "A Academia de Moçambique encarrega-se de prestar assistência às crianças ó rfãs e

abandonadas. Em Lisboa, os recursos destinam-se, na sua maioria, aos afectados pelos problemas da droga", explicou-nos Ferreira. O trabalho mais importante que desenvolveu a Academia do Bacalhau em Caracas, através da sua constante colaboração, foi a construção do lar Padre Joaquim Ferreira, em 2004, uma casa que actualmente alberga mais de trinta idosos. As ajudas que presta a academia servem para reduzir as despesas de medicinas e salários que tem a instituição. Doou também um autocarro e suportou as despesas com os trabalhos de carpintaria.

Valencia e Maracay finalmente oficializadas Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

N

elson Coelho, em Maracay, e Braz dos Santos, em Valencia, são os responsáveis pelas Academias do Bacalhau naquelas duas cidades. Estas associações foram criadas com o objectivo de ajudar os emigrantes portugueses que residem no centro da Venezuela e que passam por dificuldades. Em Maracay, a associação foi fundada a cerca de três anos, assumindo como um dos seus projectos a agilização das obras de construção do Lar para a comunidade portuguesa. Nesta cidade, a academia conta com 300 compadres inscritos. Já a de Valencia começou com quatro membros e tem actualmente 28 associados. Entre as iniciativas que realiza, está também a ajuda a casos específicos de pessoas que se encontram em situações difíceis no Estado de Carabobo.

Com estes dois novos espaços são já 45 as delegações espalhadas pelo Mundo Apesar do trabalho que ambas as academias têm realizado no terreno, só o fim-de-semana passado foram oficializadas, contando para isso com a presença do actual presidente da Academia Mãe em Joanesburgo, Giorgio Pagan, e de uma comitiva de representantes das delegações de todo o Mundo. Durante a cerimó nia oficial de inauguração, foi destacada a importâ ncia deste tipo de associações, que surgem, de certa maneira, para fazer o trabalho que deveria estar a cargo das autoridades governamentais, visto que estas "não proporcionam aos cidadãos portugueses a garantia de uma velhice tranquila", con-

forme salientou o presidente da associação de Valencia, que afirmou ainda que a "finalidade" desta academia é "elaborar um plano social para os portugueses residentes naquela zona". O passo seguinte será, segundo Braz dos Santos, conseguir uma sede pró pria, onde possam reunir e realizar as actividades a que se propõem, de modo a que seja também efectuada a recolha de fundos para a ajuda aos mais desfavorecidos. Com estas duas novas sedes, somam-se 45 delegações da Academia do Bacalhau, não só na Venezuela como em muitos outros países. A inauguração contou com a presença do fundador da primeira academia, Durval Marques, que integrou a direcção quando foi constituída a sociedade de beneficência da cidade de Joanesburgo, na África do Sul. "Há 35 anos que prestamos ajuda a emigrantes menos favo-

recidos, graças à motivação de vários portugueses no continente africano, que ao irem combater para a guerra de Angola e Moçambique perderam os poucos bens que tinham. Depois da guerra nos páises africanos, muitos portugueses não regreassaram ao seu país natal, pelo que ficaram pela àfrica do Sul e ali se estabeleceram", disse Giorgio Pagan, explicando assim os motivos que levaram ao aparecimento da primeira academia. Segundo o presidente da "Casa Mãe", "é incalculável a quantidade de pessoas que temos auxiliado ao longo dos anos, tanto em Joanesburgo como nos restantes países". Apesar de não ter nú meros exactos sobre a actividade da Academia do Bacalhau ao nível mundial, Giorgio Pagan afirma que durante este ano e sob a sua gestão a associação na capital sul africana apoiou mais de 120 ido-

sos. O SALTO ATÉ CARACAS O fundador nú mero um da primeira Academia do Bacalhau em Caracas, faz quase 10 anos, foi Ivo Martins, que durante muitos anos se empenhou na ajuda aos portugueses mais necessitados na capital venezuelana. A primeira sede abriu no Centro Social de Caracas, onde catorze compadres juntaram-se e decidiram ajudar os compatriotas que se encontravam em situação precária. A primeira Academia do Bacalhau na Venezuela foi oficializada em 1996. Desde o início, Ivo Martins comprometeu-se a criar um lar para idosos. O projecto acabou por ser concretizado alguns anos depois, com a ajuda de outros compadres e hoje em dia o Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira é uma realidade.


4 Venezuela

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"Censo" a emigrantes e lusodescendentes Clube das Comunidades espera receber 300 mil euros para criar também portal de emprego e jornal digital ra Atlâ ntica", um programa que deverá permitir ao Clube Social das Comunidades PorClube Social das tuguesas, em parceria com a Comunidades Por- Secretaria Regional dos Recurtuguesas deverá sos Humanos, realizar uma séreceber cerca de rie de iniciativas no â mbito 300 mil euros da Comunidade empresarial, cultural e social Europeia. que pretendem promover a Assim, nos pró ximos dois igualdade de oportunidades não anos, a associação vai desen- só para os emigrantes, mas volver uma série de projectos, também para os lusodescendos quais se destaca a elabora- dentes que optam por viver na ção de um "censo" para apurar terra natal dos pais. o nú mero de emigrantes e luComo nos explica Olavo sodescendentes que residem na Manica, o projecto está a ser Região. neste momento avaliado e esEsta é uma das medidas a pera-se que até ao final do ano concretizar no â mbito do seja anunciado o resultado da projecto denominado "Diáspo- candidatura conjunta da MaSónia Gonçalves

sgoncalves@dnoticias.pt

O

deira, Açores e Canárias ao financiamento concedido pelo INTERREG III B. A equipa de avaliadores deverá visitar o clube até ao fim do mês de Outubro e o presidente mostra-se confiante e conta conseguir os apoios comunitários que vão permitir à associação desenvolver uma série de projectos que se revelam interessantes. Vai ser criado um sistema de formação que possua uma bolsa de emprego, uma bolsa de oportunidades de negó cios e uma plataforma de apoio ao comércio electró nico das três regiões. Numa página da Internet,

vai estar disponível uma acção de formação em plataforma de e-learning e vai ser publicado um jornal digital em várias línguas: português, espanhol, inglês e francês. A Diáspora Atlâ ntica pretende, ainda, apoiar a criação de empresas, realizar encontros

profissionais e culturais e promover a criação e dinamização de grupos culturais. Olavo Manica pretende, ainda, "rentabilizar o dinheiro" de forma a que, depois de 2008, mesmo sem a ajuda financeira da CE, os projectos continuem.


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Português não é prioridade nos institutos de língua a pouca procura que existia. Penso que isso tem a ver com o facto dos filhos de portugueCentro Cultural de ses terem facilidades para Lenguas Ruge é aprender a língua em casa, com um instituto cuja os seus pais. E o segundo mofilosofia tem por tivo tem a ver com a escassa base o ensino e a aprendiza- bibliografia da língua, algo que gem de cinco línguas: espan- se junta à falta de pessoal". hol, inglês, francês, italiano e Entre outras das razões menalemão. Estas são ensinadas de cionadas por Viena, está a posuma forma interactiva e sobre sibilidade das pessoas associaa base de um conhecimento te- das ao clube poderem tirar curó rico só lido da língua. sos de português lá. Isto para Embora hoje o português além da alternativa que oferenão esteja entre as opções que ce a Universidade Central da oferece o instituto, durante Venezuela, que tem cursos dois anos, entre 1999 e 2001, mais completos e profissionais, esta escola dava cursos de por- possibilitando seguir o curso tuguês. de Línguas na universidade. Mitza Correa Viana, res"Eu estava presente quando ponsável pela sede do Centro inauguraram o departamento Comercial San Ignacio, expli- de português na Escola de Líncou porque foi que se deixa- guas da Universidade Central. ram de oferecer cursos da lín- Fui aluna dessa escola. A cagua de Camões: "a primeira foi rreira permite-te estudar proNoelia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

O

fundamente as línguas, nomeadamente o português", explica-nos Viena, que considera que o sector da população que quer estudar a língua lusa procura, primeiro, as instituições atrás mencionadas. Apesar disso, a responsável reconhece que neste ú ltimo ano tem recebido chamadas telefó nicas e correios electró nicos de pessoas que manifestam algum interesse em estudar português. "Se a procura continuar a aumentar, não descarto a possibilidade do Centro Cultural Ruge voltar a ter aulas de português, mas para isso necessitávamos mais apoio bibliográfico e pessoal competente, pois para nó s é imprescindível poder contar com pessoal com qualidade", diz. RUGE: O QUE OFERECE? A sua metodologia está ba-

seada na combinação da tecnologia moderna com a pedagogia tradicional, oferecem trabalhos específicos e preparação para exames especiais como Toefel, Delf e Dalf. O Centro Cultural de Línguas Ruge tem quatro instalaç ões em Caracas: no Centro Comercial San Ignacio, em Los Naranjos (centro comercial Galerias), no Centro Ciudad Comercial Tamanaco e na Lagu-

nita Country Club, no Centro Empresarial. Trabalham de segunda a sextas-feiras, das oito da manhã às 20h30 e aos sábados das 9h00 às 16h00. Geralmente, formam-se grupos de duas a seis pessoas que são seleccionadas em função das idades e dos níveis. Há mais informações sobre os cursos no site www.idiomasruge.com.


6 VenezuelA

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Mais um português assassinado na Venezuela

Alegados homicidas de comerciante já foram detidos

D

Residencia do comerciante assassinado em El Junquito

U

m comerciante português natural da Madeira foi assassinado no interior da sua casa, uma quinta localizada em El Junquito. Presume-se que o motivo do crime tenha sido roubo. O corpo do comerciante Manuel Faria Gonçalves (59 anos), proprietário do Bar Restaurante "Popular El Junquito", foi encontrado já sem vida logo pela manhã de quinta-feira por

uma empregada de serviço. A vítima tinha um tiro na nuca. Pelo estado de rigidez que apresentava o cadáver, os investigadores presumem que foi assassinado na noite de quarta-feira, 28 de Setembro. No estacionamento da residência, as autoridades policiais encontraram um microondas e outros electrodomésticos, assim como outros objectos que provavelmente os delinquentes não conseguiram levar.

Algumas pessoas pró ximas do comerciante, que era divorciado e vivia sozinho, vão ser chamados a prestar declarações. As investigações da Polícia Científica ainda não conseguiram determinar se a vítima foi interceptada no quiló metro 13 da via do Junquito, onde foi encontrado o seu carro e de onde provavelmente o português foi interceptado antes de levar os criminosos até à sua casa.

ois dias depois do assassinato de Manuel Farías Gonçalves, a Polícia Metropolitana capturou três dos alegados assassinos do português que foi encontrado sem vida no quiló metro 14 de El Junquito. O subdirector da Polícia Metropolitana, o comissário Rafael Escorcha, informou que os sujeitos foram detidos logo depois de uma perseguiç ão, pois tornaram-se suspeitos depois de terem sido vistos a viajar a bordo de um carro Lada de cor azul com a matrícula XSU-051. Ao se aperceberem da presença policial, os delinquentes desceram do carro e fugiram a toda a velocidade. Iniciouse assim a perseguição. Os indivíduos esconde-

ram-se numa residência também do quiló metro 14 e ai foram capturados. Os suspeitos foram identificados como Dolcemarcolo Carlos Eduardo (17 anos), Jhoni Pérez Contreras (23), e Carlos Docter (22). Ao apanhálos, a polícia alguns recuperou alguns dos possíveis objectos roubados na casa do comerciante, nomeadamente dezassete garrafas de anis, uma aparelhagem de som, uma espingarda, três câ maras fotográficas e outros objectos. Escorcha declarou que a casa onde estavam os alegados criminosos funcionava como centro de armazenamento de objectos roubados. O caso foi entregue ao Ministério Pú blico e as investigações continuam, nas mãos do Cicpc.


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Portugal representado na Feira Internacional de Arte Têxtil Noélia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

L

aura Ascensão e Helena Camacho, duas portuguesas naturais de Castelo Branco, Beira Baixa, dedicam-se a muitos anos à arte de bordar. Os seus trabalhos são conhecidos como o bordado típico de Castelo Branco. Laura Ascensão conta-nos que aprendeu a bordar quando era pequena, pois quando estava na escola a professora ensinava as raparigas a bordarem. E desde então, há trinta anos, aperfeiçoa a sua arte. Estas duas portuguesas já tinham participado em eventos deste tipo no Brasil, França e Espanha, onde já participaram em conferências e exposições para representar Portugal. Depois de ter esta experiência na Venezuela,

Duas bordadeiras portuguesas representaram Portugal na feira que se realizou no Hotel Caracas Hilton, de 27 de Setembro a 3 de Outubro afirmam que este tipo de iniciativas não devem perder-se com o tempo, pois representam um bom intercâ mbio cultural. O que acha deste evento? Acho que é uma excelente oportunidade para dar a conhecer os nossos trabalhos e a experiência geralmente é boa. Acho que dentro desta exposição há muitos trabalhos de grande nível, mas também há peças que não de-

viam estar expostas, pois não têm a perfeição que deviam ter. Quantas peças trouxeram para expor na feira? Quanto custa a vossa peça mais cara? Trouxemos dez tipos de peç as, mas várias de cada uma. Quanto aos preços, varia. Posso dizer que a obra mais cara, que é uma colcha de casamento, é de 16.700.000 bolívares. A peça mais barata, que é uma pequena toalha, custa 139 mil. Na verdade, o venezuelano não tem poder de compra para as minhas obras. Por isso não vendi ainda nenhuma. É a primeira vez que visitam a Venezuela? Sim, é a primeira vez e, na verdade, trataram-nos muito bem. Os venezuelanos são muito abertos e expressivos.


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Portugueses fundaram Maracaibo Perfil do autor Oscar Martínez Allegretti nasceu em Maracaibo e é Mestre em Economia. Tem também estudos na área de Relações Internacionais. Tem tido uma activa participação na área do alumínio e foi gerente e presidente de várias empresas do sector. É considerado pioneiro no desenvolvimento comercial da Biotecnologia Agrícola da Venezuela. Na área académica, fez investigações de carácter histórico em diversos arquivos do velho continente e da América do Sul. "Dos familias en el Maracaibo del siglo XVII" é o seu primeiro livro.

Investigações na Venezuela, em Espanha e em Portugal dão origem a um livro que conta as origens da cidade "marabina", em 1954 Délia Meneses

delia_jornalista@yahoo.com

H

á consenso quando se diz que entre 1946 e 1960 se deu o maior fluxo de imigração para a Venezuela. E isto acontece principalmente por duas razões: quando acabou a guerra, acabaram-se os bloqueios na Europa e, na altura, o país atravessava um "boom" econó mico por causa da exploração petroleira. Em 1950, na Venezuela, segundo dados oficiais, viviam 10.954 portugueses, que representavam mais de oito por cento do total da população estrangeira. Esta comunidade dedicou-se inicialmente à agricultura. Contudo, há referências histó ricas que revelam que muito antes houve portugueses a participarem nas guerras da independência da Venezuela, ao lado de Simó n Bolívar. Ó scar Martínez Alegretti, depois de uma minuciosa investigação, descobriu que a presença portuguesa no país re-

montava a uma época ainda mais antiga: 1572, ano em que chegou a Maracaibo Simó n Fernandes Carrasqueiro, que depois ficou conhecido como "El Viejo". Com este emigrante luso e dois sobrinhos que chegaram depois à Venezuela, começou a constituir-se uma poderosa dinastia que foi determinante na histó ria da cidade "marabina". Quando a investigação de Martínez começou, este não se tinha proposto escrever um livro. Só tinha curiosidade em conhecer a origem da sua família. "Quando era criança, ouvia a minha avó a contar histó rias da família e da cidade que me impressionavam muito. Depois, ela morreu, mas sempre fiquei com curiosidade de saber mais", diz. Movido por este desejo, viajou até à Europa e começou as investigações sobre a sua árvore genealó gica. "À medida que ia descobrindo coisas me foi apercebendo de que não se deve restringir uma investigação à família. Foi quando decidi recolher toda a informação que tinha encontrado e fazer um livro que tivesse interesse não só para a minha fa-

mília, mas para todos", conta-nos Martínez. Tratou-se de um projecto ambicioso. "Onde mais conseguimos dados, paradoxalmente, foi no Arquivo Geral de Indias, em Sevilha. Os espanhó is registavam tudo e mais alguma coisa. Há registos escritos a mão de tudo. Encontrámos ai fontes excelentes de informação que nos permitiram reconstruir a histó ria dos Fernandes Carrasqueiro", conta-nos. Martínez fala no plural porque em Espanha reuniu uma equipa constituída por dez investigadores. Na Venezuela, este grupo viu-se reduzido a cinco. "A Portugal fomos duas pessoas e estivemos no Arquivo Municipal de Silves e da Lagoa", diz. O processo de redacção do livro durou cinco anos. "Dos familias en el Maracaibo del siglo XVII" é o nome da obra que está escrita numa linguagem simples, com muitas anedotas e detalhes que recriam uma época e os seus principais personagens: portugueses, espanhó is e índios. "O peso da influência portuguesa em Maracaibo foi uma surpresa para mim", expressa. O primeiro Fernandes Carrasqueiro chegou à Venezuela em 1572 e participou, juntamente com Pedro Mal-

donado, na refundação da cidade. Esta família portuguesa - conta-nos Martínez - chegou a ter uma das maiores fazendas de toda a Venezuela. Tinham um nú mero desproporcionado de índios e de cabeças de gado. "Na altura, os índios adoptavam o sobrenome dos seus amos, por isso o nome se misturou e passou para gerações futuras". Para além da família Carrasqueiro, no livro é mencionada uma quantidade impressionante de personagens de origem lusa, entre eles um médico cirurgião que chegou do Hospital Militar de Lisboa. "Ai conto toda a odisseia que atravessou este homem quando se apaixonou de uma nativa e teve de pedir licença a Portugal para poder casar-se com ela". "Dos familias en el Maracaibo del siglo XVII" vai ser apresentado no pró ximo dia 18 de Outubro, em Caracas, no teatro Trasnocho de Las Mercedes. Em Maracaibo, cidade que motivou a obra, a apresentação tem lugar no dia 20. "Pela natureza do livro, quero que este seja lido por todas as pessoas que têm origem portuguesa. Assim, vão sentir-se orgulhosos da sua presença e influência nas terras venezuelanas. Mas também as pessoas naturais de Maracaibo vão sentir curiosidade em conhecer a sua verdadeira histó ria", diz.

Tribunal Supremo designa comissão para nomear novo juiz O Supremo Tribunal de Justiç a da Venezuela designou uma comissão para nomear um novo juiz do processo dos quatro portugueses detidos há quase um ano na Venezuela por suspeitas de tráfico de droga. Na semana passada, a juíza responsável pelo processo que envolve os quatros portugueses, o co-piloto Luís Santos e as três passageiras de um avião a jacto particular, renunciou às suas funç ões, mas - segundo

fonte judicial - vai continuar no cargo até que o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela nomeia o seu substituo. O julgamento, que já foi adiado cerca de 20 vezes, está marcado para quinta-feira. Se até à audiência não for nomeado um novo juiz e se não existirem impedimentos, a juíza que se demitiu poderá abrir a sessão do julgamento de quinta-feira. O caso remonta a finais de

Outubro de 2004 quando quatro portugueses - o co-piloto Luís Santos e as três passageiras de um avião a jacto particular -, e seis venezuelanos foram acusados pelo Ministério Pú blico venezuelano de tráfico de droga. Foi a pró pria tripulação do avião que encontrou no aparelho e denunciou às autoridades um carregamento de quase 400 quilos de cocaína que seriam enviados para Portugal.


10 VENEzUELA

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Portugueses retomam normalidade em Araira Oito meses após a tragédia, portugueses de Araira agradecem ajuda do Governo venezuelano e lamentam falta de apoio das autoridades lusas Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

A

comunidade portuguesa de Araira, no Estado de Miranda, está a retomar a normalidade, oito meses apó s a catástrofe provocada pelo transbordo do rio. Na inundação de Fevereiro passado, pelo menos dez famílias portuguesas ficaram com as casas danificadas, tendo também vários estabelecimentos comerciais sido afectados. Com o apoio do Governo do Estado de Miranda e em conjunto com a Câ mara local foram iniciados os trabalhos de recolha de escombros e de limpeza das ruas. Graças a esta ajuda, ao esforço da comunidade portuguesa e à colaboração dos vizinhos e do Governo Regional de Miranda, a populaç ão de Araira conseguiu reerguer os negó cios e retomar as suas vidas. A mesma solidariedade não partiu das autoridades portuguesas, as quais são acusadas pela comunidade lusa de nada terem feito para ajudar os emigrantes, muitos deles a residir em Araira há mais de 30 anos. Segundo Victor da Graça, um dos lesados, a luta dos portugueses para reerguer os seus negó cios foi árdua, tendo afirmado que apenas contaram com a ajuda dos vizinhos e de uma cooperativa para os trabalhos de limpeza.

AUSÊNCIA DE AJUDA LUSA Maria Salomé Gananç a é uma lusodescendente que vive há catorze anos em Araira, juntamente com o marido e os filhos. Durante a inundação perdeu mercadorias e os equipamentos que tinha dentro da padaria, pelo que teve de começar da estaca zero. Foram os seus fornecedores que a ajudaram na limpeza do negó cio e das máquinas para a confecção do pão, por forma a

conseguir abrir o estabelecimento. Além disso, o Governo Regional de Miranda concedeulhe um empréstimo, que será cancelado no prazo de um ano, para recuperar algumas das coisas que perdeu e poder reiniciar a actividade. Também esta emigrante

Rui Vieira

queixa-se das entidades portuguesas: "Nunca os vimos. Eu, pelo menos, nunca os vi". Segundo Maria Ganança, os portugueses residentes em Araira apoiaramse mutuamente mas sentiramse abandonados pelos governantes lusos, visto que estes nem tiveram a preocupação de se deslocar ao local para saber

como estava a comunidade. A lusodescendente afirmou ainda que tanto o embaixador como o cô nsul, o conselheiro e as instituições apenas se preocupam com aqueles que estão em seu redor. "Nó s estamos distantes da capital e fora do contacto dos políticos". INSEGURANÇA

Maria Salomé Ganança

E ABANDONO Rui Vieira é natural de Santo Antó nio, Madeira, tendo chegado a Araira há 15 anos. Este português dedica-se ao ramo comercial. Na sua opinião, o maior problema sentido actualmente é o da insegurança, já que nos ú ltimos tempos se têm intensificado os roubos e os assassinatos. "Vivemos num estado de alerta permanente porque não queremos que nos aconteç a nenhuma desgraça", afirmou, acrescentando que há pouca vigilâ ncia policial. O comerciante sublinhou ainda que as autoridades consulares e demais personalidades e instituições que representam Portugal na Venezuela não fizeram nada quando várias famílias portuguesas perderam milhões com a inundação dos seus negó cios e casas. "Apesar de sermos portugueses não nos sentimos parte da comunidade lusa", disse. Depois da ajuda prestada pelo governo venezuelano, os emigrantes sentem-se mais tranquilos, podendo reconstruir tudo aquilo que tinham perdido e pagar o empréstimo concedido.


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VENEzUELA 11

“ Tiram-me mais fotos do que a Chávez” Nathali Gómez

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arece que os gelados o perseguem. Todas as noites, antes de adormecer, Manuel Oliveira pensa em como criar um novo sabor que ninguém tenha provado ou imaginado. Há mesmo uma ideia que ultimamente não lhe sai da cabeça: criar um gelado que terá por nome "Última Ceia" e que será confeccionado à base de ostras e vinho. Este seria o gelado de Jesus Cristo, expressou o emigrante português, dono da famosa Geladaria Coromoto, na cidade de Mérida. A curiosidade dos visitantes faz com que o negó cio esteja sempre cheio. Os nomes e os ingredientes das criações de Manuel Oliveira são absolutamente incríveis para quem nunca sai da rotina de pedir o sabor a morango ou a chocolate. Não é por isso de estranhar as caretas feitas pelos clientes quando lêem o nome do gelado nas pequenas tabuletas. Salmão, caranguejo, chipi-chipi, atum, sardinha, arroz e whisky encontram-se na lista, que inclui também outro sabores que resultam assombrosos para os paladares mais conservadores. Em 1952, Manuel Oliveira chegou a Caracas proveniente de Santa Maria da Feira, em Portugal. "Nessa altura fiz de tudo. Menos roubar. Fui pedreiro, empregado de café e cozinheiro". Dezasseis anos depois, em 1968, conheceu Mérida e achou-a tão parecida com a sua terra Natal que decidiu mudar-se para ali. Como tinha alguns conhecimentos de culinária, o emigrante pensou abrir uma geladaria. Comprou uma máquina e começou a preparar os sabores tradicionais, feitos com químicos. Um dia viu um programa na televisão sobre gelados de abacate e assim surgiu-lhe a ideia de experimentar novas frutas e vegetais. "Comprei 45 quilos de gelado para obter o sabor de abacate. Tinha que o fazer e depois de tanto experimentar consegui", recordou. Quando a Coromoto exibiu o gelado

Na geladaria Coromoto, que já se converteu num local de culto de Mérida, existem sabores "inéditos": pétala de rosa, cebola ou alho... de abacate toda a gente o chamou de maluco, o que não impediu que tivesse vendido tudo. E assim começou o vício de inventar novos sabores, alguns com base em ingredientes como o peixe, as carnes, cereais, e até pratos, como o bacalhau. DUAS VEzES NO GUINNESS Em 1991 e 1996, a geladaria Coromoto foi incluída no livro do Guinness pelos seus 600 sabores distintos. Actualmente possui 822, embora à data deste artigo já devam ser mais, visto que a cada dia ocorre alguma novidade a Manuel Oliveira. Deste modo, continua a ver o seu nome no Guinness: "Quando tiver um rival avisem-me", afirma entre risos. A geladaria encontra-se em frente da Plaza del Llano de Mérida e surge nos principias guias turísticos do estado andino. A fascinação que o local desperta é tanta que os visitantes perseguem o proprietário para com ele tiraram fotografias. "Tiram-me mais fotos do que a Chávez", sublinha em tom de brincadeira, afiançando que num só dia tiraramlhe 168. No negó cio existe uma espécie de museu, onde se encontram os objectos que são deixados pelos turistas. Uma das paredes está coberta por bilhetes e moedas de vários países do Mundo, alguns tão perto como a Colô mbia, outros tão distantes como a Grécia. Segundo Manuel Oliveira, "tudo começou, há 23 anos, quando um casal inglês ofereceu-me o primeiro bilhete, que coloquei de imediato na parede". Do outro lado, centenas de rostos anó nimos observam os visitantes. A euforia é tal que toda a gente pede a Ma-

nuel Oliveira que afixe a sua fotografia na parede. Isto além das dedicató rias, dos cartões, do bonés, dos peluches e de outros artigos que evidenciam a passagem dos visitantes pelo estabelecimento. Numa outra parede, encontram-se as fotocó pias e os artigos envelhecidos de alguns artigos que foram publicados sobre Manuel Oliveira, além dos diplomas de reconhecimento, como os da Ordem de Antó nio Febres Cordero e da Câ mara de Mérida. DE MÉRIDA PARA PORTUGAL Para muitos, baptizar um gelado não é complicado. Basta colocar-lhe o nome dos seus principais ingredientes. Apesar disso, Manuel Oliveira procura outras inspirações: "Se gosto de um filme dou o seu nome a um gelado. Uma vez fiz um todo verde e dei-lhe o nome de "Tartarugas Ninja". Também costumo pô r nas minhas criações nomes de programas de televisão, pessoas famosas e de meios de

comunicação que já tenham feito trabalhos sobre o local". Manuel Oliveira admite que se colocasse todos os nomes que lhe sugerem acabaria por ficar maluco. Enquanto prepara os gelados, a rotina de Manuel Oliveira faz recordar a de um cientista de um qualquer filme de ficção. Diariamente passa horas fechado a criar os seus sabores, cujas receitas permanecem no mais absoluto segredo. Ainda assim, o seu filho, actualmente em Portugal, já inaugurou uma sucursal, onde os visitantes podem deleitar-se com mais de cem variedades de gelado. No que diz respeito à comunidade portuguesa residente em Mérida, o emigrante afirma que, além de ser muito pequena, está muito dispersa, pelo que não há muita união. Prefere, contudo, ocupar os seus pensamentos a imaginar qual será o seu pró ximo sabor. Talvez de repente uma ideia lhe saia da almofada e vá esconder-se na sua cozinha para depois ser exibida no frigorífico da geladaria.


12 HISTÓRIAS DE VIDA

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Duas pátrias, duas mães e uma histó ria para contar Oswaldo Ponte

Funchal, Madeira

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enho que começar a minha histó ria contando-lhes que tenho um pai e duas mães. O meu pai chamava-se Franciso de Jesú s Sarina Ponte e as minhas mães Maria Concepció n de Ornelas Ponte e Venezuela. Gosto das duas da mesma forma porque a primeira me deu a vida e a segunda encheu-a de felicidade e oportunidades maravilhosas. Nasci em 1948 no Funchal, ilha da Madeira, e foi baptizado na Capela de São Martinho. Em 1952, juntamente com a minha mãe e o meu irmão, viajei de barco até esta terra para nos reunirmos com o meu pai, que já estava aqui há dois anos. Fomos viver para a Hacienda de Sartenejas, onde hoje está a Universidade Simó n Bolívar e ali trabalhávamos na agricultura. Depois abrimos uns negó cios no Estado de Aragua e, mais tarde, em Caracas. Desde criança, trabalhei com a minha família a vender alimentos, embora eu sempre sonhei ser militar e, por isso, o meu ídolo de criança não era um artista ou um basebolista qualquer, mas Wolfang Larrazabal. Por diversas razões desempenhei funções de perito electró nico e entrei como estagiário no canal "Venevisió n", onde rapidamente cheguei a ser director de transmissões, ganhando o apoio da família Cisneiros e do grande Enrique Cuscó . E é curioso que me lembro que uma vez, era eu

ainda muito pequeno, o meu pai chegou um dia com a grande notícia de que na casa dos donos da fazenda havia um aparelho onde as pessoas falavam… Fui constatar o "milagre" e na caixa mágica um boneco a cantar. Era o famoso coelho da sorte. Fiquei fascinado com o mundo do espectáculo e, depois de muitas voltas na vida, cheguei a ser responsável por vários projectos relacionados coma televisão. Cresci no meio artístico e os ensinos dos meus pais foram fundamentais, pois seguindo os seus exemplos trabalhei sem parar para ser alguém na vida e ter progresso. Hoje, tenho muitos lusodescendentes na minha equipa de trabalho, uma carreira no mundo do espectáculo e amigos incondicionais como Gilberto Santa Rosa, José Alberto El Canário ou a tão lembrada Célia Cruz, entre outros. Sou há mais de vinte anos manager do artista mais apreciado e mais importante no seu género, Ó scar D'Leon, e conduzo ofertas de 144 países ao longo de cinco continentes. Enche-me de orgulho que seja eu, português de Madeira, um dos impulsionadores do género de salsa na Venezuela e do Mundo inteiro. Outro legado de ser imigrante prende-se com o facto de não acreditar nas fronteiras, pois como eu entendi que entre Portugal e Venezuela há uma ponte muito grande construída com o carinho das pessoas, no negó cio do espectáculo as distâ ncias e as diferenças cul-

turais não contam quando há boa mú sica e bons artistas. Por isso, tenho levado Ó scar a vários sítios, desde o Japão até Marrocos, de Inglaterra ao Equador. Agora, estamos a estudar as ofertas em Portugal e analisamos a possibilidade de enveredar em géneros como o fado, assim como já fizemos com o "mariachi" e o bolero. Vivo em Miami e amo a Venezuela, mas nem por um segundo tenho deixado de amar a Madeira, pois nunca devemos perder as nossas raízes. Costumo viajar até Portugal constantemente e me encontro ai com a minha mãe, as minhas tias e os meus primos. Tenho boas lembranças de lá e de cá e quando estou nas ruas de Nova Iorque ou de Paris vêm-me muitas recordações à mente e se confundem as suas pátrias. Por isso, sinto-me feliz por ser imigrante e por ter dois lugares para amar e viver. Quando vou para a Madeira, chamamse venezuelano. Quando estou cá, chamam-se português. A Venezuela ofereceu-me uma carreira e muitos amigos, uma mulher maravilhosa que nasceu no Estado de Carabobo e raízes de Fálcon. Foi ela quem me deu três filhos de só lidos valores e netos alegres. E, se há dú vida: o meu pai foi sepultado cá e só enterramos os seres queridos nos lugares que amamos. A minha mãe regressou a Portugal e, embora tenha deixado de ser criança há muito tempo, ela me deixou a cargo da minha outra mãe: a Venezuela, que tenho tido sempre ao meu lado.

Celia Cruz, Owaldo Ponte e Tito Puente

0swaldo Ponte, Willy Chirino e Arturo Sandoval

Oscar D'León, Celia Cruz e Oswaldo Ponte


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14 CULTURA

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Cidade "portuguesa" na América do Sul A antiga cidade de Colónia do Sacramento, no Uruguai, era a mais a Sul do império português. Noélia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

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ocalizada na margem nordeste do "Rio de la Plata", na Repú blica Oriental do Uruguai, a cidade Coló nia do Sacramento foi a ú nica que Portugal conseguiu fundar ao pé do rio, na esperança de concretizar o sonho de dominar a região até à Patagó nia. Devido ao valioso patrimó -

nio histó rico e arquitectó nico, a 6 de Dezembro de 1995, a parte antiga da cidade, conhecida como Bairro Histó rico, recebeu o título de Patrimó nio Mundial da UNESCO. Construída de acordo com as linhas da época da conquista, a cidade respeita a forma típica de um plano ortogonal adaptado fielmente ao terreno, seguindo a tradição de quase todas as cidades fundadas pelos portugueses e pelos espanhó is

na América. Coló nia combina com elegâ ncia as tradicionais linhas da arquitectura lusitana com o inconfundível estilo colonial espanhol. Ao percorrê-la qualquer um se apercebe das casas em pedra, das fachadas com os clássicos azulejos e das típicas ruas empedradas. HISTÓ RIA Com a finalidade de afirmar a presença portuguesa e ex-

pandir as suas fronteiras, o império lusitano enviou para a costa uruguaia Manuel Lobo, governador do Rio de Janeiro, que depois de explorar a zona ordenou a construção de um forte na foz do "Rio de la Plata". Nascia, assim, em 1680, a cidade de Coló nia do Sacramento. Rapidamente, o governo de Buenos Aires reagiu com luta às intenções expansionistas de Portugal. A guerra durou al-

guns anos, com avanços e recuos de ambas as partes, ficando a Coló nia umas vezes na posse de Portugal e noutras parte integrante de Espanha. Apesar disso, no princípio do século XIX sopraram ventos de liberdade e autodeterminação. Em 1815, os patriotas, filhos da nova terra, lutaram incansavelmente sob a ordens de José Gervásio Artigas, tendo conseguido, apó s várias batalhas, tomar Montevideo.

IX Festival Latinoamericano de Vídeo Universitário VIART 2005 Noélia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

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esde 1 de Setembro até 25 de Outubro estão abertas as inscrições do concurso de vídeo universitário VIART 2005, que este ano vai premiar o melhor vídeo com 2000 usd$. O concurso está aberto a estudantes de institutos de educação superior que tenham feito alguma curta-metragem entre Novembro de 2001

A nona edição de VIART vai entregar prémios aos melhores (a ú ltima vez que se realizou o concurso) e a data actual, desde que no momento da realização tenham entre 18 e 25 anos. Os concorrentes podem entregar o material em qualquer formato, mas estes devem ser entregues em DVD. As

categorias são: ficção, documentário, video-clip, video-arte/experimental, animação e publicidade. O material vencedor vai ser projectado em Miami, Buenos Aires, Madrid, México, Chile, Califó rnia, Barcelona e também em salas de cinema do CELARG, em Caracas. As inscriç ões podem ser enviadas por e-mail, devendo para tal os interessados visitarem a página de Internet do Viart (www.viart.com).


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LAZER 15

Lusodescendente nas passerelas de Itália Deive Garcés está a residir temporariamente em Itália, onde trabalha como modelo da agência Marjor's Models. apenas estão dois venezuelanos, que me têm ajudado. Por agora estou triste porcorellanacorreio@hotmail.com que amo a Venezuela e é difícil para eive Garcés é filho de mim estar longe de tudo o que deixei um emigrante madei- lá. Emigrar não é fácil. Agora percebo rense e de uma vene- porque o meu pai chorou tanto quando zuelana. Os seus primei- nos despedimos. Ele sabe como é duro ros passos em direcção ao mundo emigrar e não queria que eu passasse da Moda foram dados através do por isso. Carlos Orellana

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concurso Mister Venezuela 1999, no qual representava o Estado de Carabobo e integrou os finalistas.

A partir daí, teve início a sua carreira de modelo, sendo hoje em dia um dos manequins mais cobiçados do país e figura de referência para os muitos jovens que pretendem seguir a profissão. Conta, por isso, com o seu pró prio clube de admiradoras tanto na Venezuela como em Porto Rico. A imagem deste lusodescendente pode ser vista em faixas publicitárias em países como o México, Guatemala ou Panamá. Foi mesmo o primeiro rosto masculino da Pond's para a América Latina. Recentemente, a revista Vogue reconheceu-o como o modelo que mais facturou nesta parte do Mundo. Agora volta a ser notícia por tornar-se no terceiro modelo venezuelano a trabalhar em Milão, para onde viajou a 14 de Setembro. Desde então, assegura, tem feito alguns trabalhos. Como tem sido a experiência em Itália? Estou numa cidade criada para a moda e para o corpo, onde as coisas banais são mais importantes que os sentimentos. As pessoas são muito frias. Aqui

Pensa ficar por Milão ou existem planos para viajar para outros países? Esta é uma profissão complicada. Andamos sempre em viagens. Penso ficar por aqui até Dezembro. Depois vou à Venezuela. Sou muito apegado à minha família e aqui sou apenas uma máquina de trabalho. Qual a agência que o representa actualmente? Mudei de agência (antes trabalhava com a Solo Model). Fui enviado para Itália pela agência Booking's e agora estou a trabalhar com a Marjor's Models. O que diz ao seu pai quando falam? Não temos falado. Se o fizer, julgo que regresso. Como é a rotina diária em Itália? Vou para os castings de metro, autocarro e às vezes a pé. Estou a pensar comprar uma bicicleta. Aqui existem milhões de modelos a fazer casting. Todos são muito competentes e vivem apenas disto. É por isso preciso lutar. Não é fácil.

Como está a ser a habituação ao idioma italiano? Falo ainda pouco. Até agora qual foi o melhor desta nova expriência? Esta nova etapa é mais difícil. Contudo, o melhor é que quando estás longe de casa valorizas muito mais aquilo que tens. Isso dá-me força mas também choro muito e isso limpa-me a alma e dá-me maturidade. Penso que estou a começar a ver a vida de doutra forma e a ganhar com isso.

Há alguma mensagem que queira passar a través desta entrevista Sim . A de que se voltasse a nascer queria a mesma família. Em especial os meus pais. Há quanto tempo não visita a Madeira? Há já cinco anos. Estive lá uns dias de férias e gostei muito mas como nem tudo é alegria tive que voltar ao trabalho. A ilha da Madeira está muito bonita e com muitos venezuelanos. O calor “ criollo” é o melhor.

BREVES Festa Venezuelana no Pop Art Bar A organização Venezuela.com.pt voltou a levar os ritmos da América Latina à Madeira, num evento que teve lugar no dia 1, sábado, no espaço Pop Art Bar, na Cancela. "Trata-se de outra grande "Noche Venezolana", a ser realizada na casa que viu nascer as noites mais "quentes" do arquipélago", pode-se ler na nota enviada à comunicação social por Venezuela.com.pt. Além de continuar a receber as iniciativas desta organi-

zação, os responsáveis pelo Pop Art Bar estão a preparar, a partir deste mês, o lançamento de noites de sábado latinas. O DJ Kike, membro da Venezuela.com.pt, foi o responsável pela cabina de som e pelas sonoridades neste espaço de diversão na Cancela. Houve muito merengue, salsa e reggaeton, ritmos característicos da América Latina. Todos os sábados, a partir das 23h00, para além das outras múltiplas actividades que a gerência deste espaço está a desenvolver, como por exemplo, as noites brasileiras aos domingos, com muita música "forrô", e às sextas, com as mú-

Millenium BCP promove jovens artistas portugueses

sicas que têm passado pelas pistas de dança nas últimas quatro décadas. Há dois anos, foi também no Pop Art Bar que a Venezuela.com.pt abriu as suas portas ao Mundo. "Hoje, este que

é um dos locais preferidos pela comunidade luso-venezuelana, conta com uma nova gerência, uma atenção ao cliente e umas instalações remodeladas à espera da sua visita", terminam os responsáveis.

O Banco Millenium BCP assinou um protocolo para promover a obra de jovens artistas portugueses a través de 'Anticiparte 2005', um evento que terá lugar entre os dias 17 e 27 de novembro. O promotor desta iniciativa, Lourenço Lucena, informou em conferencia de imprensa que 'Anticiparte 2005' é uma oportunidade para conhecer o panorama mais recente da expressão artística em português. 'Anticiparte 2005' mostrará as obras inéditas de 11 jovens artistas lusos licenciados em Belas Artes, estes trabalhos vão ser exibidos na 'Estufa Fría', um cêntrico jardim botânico de Lisboa que conta com um restaurante e uma sala de exposições.


16 LAZER

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A arte além fronteiras Félix de Sousa é um jovem que encontrou no desenho e na pintura muito mais do que um "hobby" das mais reconhecidas", afirmou Silva. Contudo, depois dessa experiência, Félix quis regressar à Venezuela. "Na os vinte anos, Félix de Sou- exposição, um pintor reconhecido me sa já tem um pequeno per- disse que as minhas obras eram muito curso a destacar na arte que boas, mas que devia dar-me de conta mais lhe chama a atenção: de que agora um quadro é um luxo e o desenho. O trabalho deste lusodes- que ninguém está para ter luxos. Isso cendente já foi exposto em Portugal abriu-me um pouco os olhos", expresquando, em Julho de 2004, decidiu via- sou. jar a Espinho e começar ali uma nova vida. NEM TUDO FOI BOM Na cidade natal do seu pai, viveu exEm Portugal, nem tudo saiu como periências tanto ao nível laboral como ele esperava. No primeiro trabalho que pessoal que o converteram numa pessoa conseguiu como desenhador, foi aldradiferente. Mas, sem dú vida alguma, a bado. "Tratei de toda a imagem de uma que mais o marcou foi fazer uma ex- empresa que tinha contratado os meus posição juntamente com onze jovens serviços em Espinho. Depois de ter traem Espinho e comprovar que o seu tra- balhado bastante a desenhar o logo, os balho teve aceitação entre o pú blico cartões de apresentação e as folhas timportuguês. bradas, etc, os clientes viram o que lhes "Lembro-me com muito orgulho que entreguei e me disseram que não tinas minhas criações foram umas das mais ham gostado e que não iam pagar-me comentadas, pois na exposição deixá- os serviços. Isso fez-me sentir muito mos um caderno na entrada para que mal. No entanto, dias depois, quando as pessoas deixassem os seus comentá- passei pela empresa, tinham o logo que rios. As minhas pinturas foram umas eu lhes tinha feito, as folhas… Tudo, exNoélia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

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plicou-nos Silva. Regressou à Venezuela em Março deste ano e agora trabalha num negó cio do pai e está a ter aulas com Patrícia Rizzo, na sede do Museu Tessari Rizzo, em Chacao, Caracas. Sobre a possibilidade de montar uma exposição na Venezuela, pensa que aqui é mais difícil. "No nosso país não há o hábito de ir aos museus, pois as pessoas não acham esta opção cultural muito atractiva. Contudo, a minha professora está a organizar e é possível saia com uma exposição com os trabalhos dos seus alunos. OS SEUS PRIMEIROS PASSOS Depois de receber o título de bacharel, Silva ingressou no Instituto de Desenho de Caracas, no qual fez os dois primeiros semestres da carreira, mas teve que abandonar as aulas por dificuldades em conseguir arranjar material

Félix de Sousa

de desenho, que são na sua maioria importados. Feliz conta-nos que, na altura, era muito difícil conseguir arranjar as coisas por causa da aprovação do câ mbio de moeda por parte do presidente Hugo Chávez. Durante o tempo que esteve no Instituto de Desenho de Caracas, teve a oportunidade de participar numa actividade que foi promovida pelo Centro Comercial San Ignacio, onde os estudantes do instituto desenharam e pintaram largos corredores e vitrinas das lojas. Feliz da Silva, apesar de estar no primeiro semestre e esta ser uma actividade para os alunos do segundo semestre, inscreveu-se como colaborador e fez dois desenhos: uma de cozinha e um dos protagonistas do filme "Pearl Harbor", este ú ltimo com a técnica de mosaico. Depois, apresentou-o na exposição de Espinho.


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18 TRAÇOS DE PORTUGAL

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Évora a história viva Liliana da Silva

lilianadasilva19@hotmail.com

É

vora é uma cidade em que o peso da Histó ria e da tradição se sentem em cada esquina; desde os nomes das ruas, sugerindo profissões e afazeres antigos, até à sua pró pria configuração física, passando pelos inú meros monumentos que a cidade oferece à vista, tudo concorre para fazer lembrar a riquíssima histó ria da cidade e da sua região. "Liberalitas Julia" foi o título com que César distinguiu a cidade de Évora, edificada pelos Romanos sobre civilizações anteriores. Local de encontro e de encruzilhada de diferentes Povos, desde Celtas, Godos, Lusitanos, Romanos, Árabes, Judeus e Cristãos - todos eles contribuíram para a construção da complexa idiossincrasia dos Eborenses. Esta região turística situa-se no Sul de Portugal, no coração do Alentejo Central. Com uma área aproximada de 7.400 km2, tem uma densidade média de pouco mais de vinte habitantes por km2. Em termos ambientais, pode considerar-se uma das regiões melhor preservadas da Europa. Paisagem, fauna, flora, patrimó nio histó rico e identidade cultural fazem do Alentejo uma região com uma forte personalidade geográfica, valor que constitui um importante recurso. A cidade de Évora é o principal pó lo urbano da região do Alentejo, tanto em termos populacionais como funcio-

Foi uma das mais importantes cidades portuguesas da Idade Média, onde viveram vários membros da corte da Monarquia da I e II Dinastias. nais. A dinâ mica social e até econó mica da urbe tem conseguido contrariar a tendência regional, mantendo um crescimento idêntico ao das outras cidades médias portuguesas. A cidade, bem arranjada, cuidadosamente tratada, tem, destaque-se, uma excelente gastronomia, o que, aliado à afabilidade e hospitalidade dos seus habitantes, a torna num ponto de conhecimento obrigató rio do Alentejo interior. UM EXEMPLO Uma das principais riquezas da Évora moderna encontra-se sobretudo associada ao seu centro histó rico, um conjunto arquitectó nico e patrimonial de beleza ímpar. Assim, a monumentalidade de Évora, aliada ao seu cunho pitoresco, à vivência humana e cultural, originou a classificação pela UNESCO, em 25 de Novembro de 1986, do seu Centro Histó rico como Patrimó nio da Humanidade, convertendo-se na primeira cidade do continente a ter esta distinção. Com a valência de Patrimó nio da Humanidade, iniciou-se uma nova etapa da histó ria da cidade, das suas ins-

tituições e dos seus habitantes, caracterizada pela responsabilização, ao nível do patrimó nio, da defesa e da preservação de um legado milenar continuamente revivificado, tentando no dia-adia a sua melhoria e o seu desenvolvimento harmoniosos. Janelas, pó rticos e colunas carregados de ecos de outros tempos bailam em frente dos nossos olhos a cada momento. Não só nas belas casas senhoriais como também naquelas que outrora eram da população e constituem parte substancial desse emaranhado de artérias, descongestionado de quando em quando pelo aparecimento de uma praça, um largo ou um pátio, onde normalmente se encontram fontes ou chafarizes, numa demonstração clara de que a água sempre foi um problema crucial para as populações da região. Hoje, a cidade ultrapassou as muralhas e espraia-se por cerca de 40 bairros circundantes. Merece particular destaque o da Malagueira, concebido por Siza Vieira e premiado internacionalmente. Não esquecendo, também, outras intervenç ões recentes, como o Centro Comercial Eborim, as lojas e as habitações de Santa Catarina e a inteligente renovação do Teatro Garcia de Resende. Em Évora, definitivamente a histó ria está viva. É uma autêntica aventura e surpresa redescobrir esta cidade sempre que por ela passamos, pelas suas ruas, praças, largos, recantos, fontes, pátios, passeios, jardins. Enfim, um nunca mais acabar de sítios com ambiên-

cias peculiares que nos sussurram ao ouvido interior e nos convidam a uma peregrinação e a uma descoberta. Dois pontos de visita praticamente obrigató rios são a Capela dos Ossos e o Templo de Diana. O primeiro, oferece-nos umas boas-vindas originais: "Nó s ossos que cá estamos pelos vossos esperamos". E, ultrapassado este cartaz de visita da capela, estamos completamente rodeados de esqueletos… São caveiras dos nossos antepassados que "enfeitam," de uma forma muito particular as paredes e o teto dum espaço religioso que recebe milhares de visitas por ano. Por ú ltimo, o templo de Diana remonta à invasão dos romanos e faz-nos meditar e imaginar o uso que este templo, hoje completamente em ruínas, teria na antiguidade…

Pequenas pí lulas da Évora… • O clima é temperado, com características mediterrânicas e continentais: os Verões são quentes e secos, os Invernos húmidos e frios, registando-se, na Primavera e no Outono, temperaturas amenas e amplitudes térmicas moderadas. • Durante toda a Idade Média, Évora foi uma das mais importantes cidades do reino. No início do século XVI, ainda tinha praticamente o mesmo número de habitantes que o Porto. • A paisagem eborense é aberta: largos horizontes de campos de cereais em regime extensivo, pastagens e manchas notáveis de floresta de sobreiro e azinheira, muitas vezes com cereais e pastagens sob coberto. Olival, vinha, culturas regadas, como o arroz, completam a diversidade e a unidade desta região. • Sob o aspecto artístico e cultural é que Évora se tem conseguido distinguir ao longo dos tempos. Com efeito, a existência de uma universidade marcou profundamente a actividade cultural de Évora. Inaugurada em 1559, graças à acção do cardeal D. Henrique, a universidade seria extinta no tempo do Marquês de Pombal, aquando a expulsão dos Jesuítas, em 1759, o que iria contribuir para uma certa decadência da cidade. • A Região ocupa cerca de 1/3 do território nacional, com apenas cerca de 5% da população.


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PORTUGAL 19

Secretaria de Estado lança folheto informativo on-line I

niciativas da secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e regulamentação aprovada são algumas das informações que constam de um folheto em suporte electró nico dirigido aos emigrantes e que é lançado segunda-feira. Disponibilizado pela secretaria de Estado das Comunidades, o folheto informativo (www.dgaccp.pt/ /newsletter) tem como objectivo fazer com que os portugueses residentes no estrangeiro obtenham informações sobre as iniciativas

relacionadas com eles e fazer circular informação junto do movimento associativo. "Trata-se de uma `newsletter´ com informaç ões ú teis para os cidadãos portugueses no estrangeiro que contém iniciativas da secretaria de Estado, regulamentação aprovada e informações técnicas consideradas ú teis", explicou à agência Lusa o secretário de Estado das Comunidades, Antó nio Braga. Com uma periodicidade quinzenal, o folheto informativo destina-se ao movimento

associativo, ó rgãos de comunicação social e emigrantes. O folheto dedicará também um espaço a notícias publicadas nos ó rgãos de comunicação social da diáspora. Na segunda-feira, todas as associações registadas na base de dados da secretaria de Estado das Comunidades vão receber a "newsletter". Antó nio Braga adiantou ainda que o folheto é uma iniciativa "que se enquadra no conceito do recurso às novas tecnologias que o Governo está a imprimir às suas políticas".

Novo tratado para dar voz activa a Portugal E

specialistas e representantes das Nações Unidas reuniram-se na sexta-feira passada em Cascais para debater um novo tratado que dê "voz activa aos milhões de pessoas para quem os mais básicos direitos humanos não passam de uma miragem". A reunião, a primeira deste género presidida por Portugal, começou na sexta-feira e prolongou-se até domingo em Cascais, arredores de Lisboa. Contou com a presença de representantes de todos os Estados-membros da ONU, de agências especializadas daquela organização e Organizações Não- Governamentais (ONG). O futuro tratado consistirá numa adenda de um Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre os Direitos Econó micos, Sociais e Culturais, em vigor desde 1976, permitindo que aqueles que se consideram vítimas de violação tenham acesso a cuidados de saú de, habitação, trabalho ou educação. A presidente da comissão de redacção do novo tratado da ONU, Catarina Albuquerque, explicou que o encontro de Cascais promoveu a inclusão de pontos de vista e perspectivas diferenciadas no projecto de tratado internacional, de modo a que o documento aprovado reunisse

BREVES Fenómeno invulgar em Portugal

Na passada segunda-feira, foi possível observar em todo o território português, com maior incidência no Noroeste , um eclipse anular. O próximo, com as mesmas características, só poderá ser observado em Portugal em Janeiro de 2028. Portugal Continental foi assim palco de um fenómeno natural que não se observava desde 1912. Cientistas rumaram para o Noroeste da Península onde a visibilidade foi de 97%.

Nova via expresso na zona Norte

um consenso, chegando mais facilmente a um acordo. Deste modo - sublinhou - foi possível antecipar e resolver problemas que poderiam surgir no â mbito das negociações em torno deste tema, quando as conclusões da reunião de Portugal forem submetidas, ainda este ano, à apreciação de todos os Estadosmembros da ONU e discutidas publicamente em Fevereiro de 2006. Para Catarina Albuquerque, o envolvimento de Portugal neste tipo de projectos, na área de direitos humanos, "é altamente proveitoso para o país, melhorando a nossa imagem junto da ONU e da opinião pú blica em geral".

Acrescenta que a participação portuguesa mostra "o empenho inequívoco de Portugal na defesa dos direitos humanos ao nível mundial". "Este prestígio, na ONU e no Mundo, não tem preço e tem repercussões profundas que geram frutos a médio e longo prazo", referiu a representante portuguesa. A reunião conta com o apoio do Instituto de Turismo de Portugal (ITP), do Ministério da Justiça, da Fundação para a Ciência e Tecnologia, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Oriente, da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

Foi apresentada na semana passada, no Salão Nobre da Câmara Municipal da Ponta do Sol, a "Variante da Madalena do Mar", que vai para o terreno já no próximo ano. O secretário regional do Equipamento Social, Santos Costa, apresentou este projecto, salientando que a obra tem "características de via expresso e vai permitir libertar a marginal da Madalena do Mar, que será depois requalificada". Numa extensão total de 3,4 km, esta variante liga a actual rotunda da Madalena do Mar, junto ao Passo, à rotunda do Arco da Calheta. Engloba dois túneis, um com a extensão de 1,8 km e outro com 1,1 km. Esta obra tem também dois viadutos à superfície, um com 200 metros, que passa sobre a ribeira da Madalena, e outro de 17 metros, também entre um túnel e outro, numa falésia já na Calheta. A obra terá um custo na ordem dos 3,8 milhões de euros, cerca de 7,5 milhões de contos

Mais de 30 bebés em 48 horas

Nos últimos dias 28 e 29 de Setembro, mais de trinta crianças nasceram no Hospital Central do Funchal, Madeira. Miguel Ferreira, médico ginecologista e obstetra, referiu que "houve um pico, registando-se vinte partos na quarta-feira e cerca de catorze na quinta". Acrescente-se que a grande maioria destes nascimentos ocorreram por parto vaginal (natural), sendo que no dia 28 realizaram-se quatro cesarianas. Afirmando que, habitualmente, o Hospital Central do Funchal tem um volume diário de cerca de 9, 10 partos, este valor não implica porém que, de vez em quando, se possam registar mais nascimentos. O especialista não quis discorrer sobre a razão deste número anormal de partos afirmando que tal acontece quando "a natureza o dita".

Mil licenças de caça por ano

São emitidas, anualmente, na Região Autónoma da Madeira, cerca de mil licenças para a caça. Uma média que se manteve em 2004 e que não deverá sofrer grandes alterações este ano. Uma convicção manifestada pelo director regional das Florestas, Rocha da Silva, tendo por base as licenças emitidas até à data, uma vez que "só se consegue fazer o balanço no fim da época". Até lá, os caçadores podem renovar as suas licenças.


20 PORTUGAL

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6,5 milhões para apoiar idosos O

Governo vai desbloquear, nos pró ximos dias, 6.5 milhões de euros destinados ao financiamento de equipamentos para a terceira idade, actualmente parados por falta verbas, anunciou na semana passada o ministro do Trabalho e Solidariedade Social. De acordo com Vieira da Silva, o montante permitirá a entrada em funcionamento de "um conjunto alargado de equipamentos sociais que, por motivos de cortes nos investimentos do Estado sofridos nos ú ltimos anos, tiveram problemas de financiamento". Os contemplados são cerca de 50 lares de idosos, centros de dia e de apoio domiciliário localizados em todo o país, que por falta de verbas têm inactivos equipamentos destinados ao apoio a pessoas idosas e a pessoas com deficiência. Segundo o ministro Vieira da Silva, "algumas destas instituições tiveram mesmo obras paradas e outras tiveram de recorrer a situações de endividamento com a banca, por exemplo". "A operação será desbloqueada nos pró ximos dias ou semanas e é algo que permitirá estabilizar a vida destas cinquenta instituições", disse o governante, salientando que esta medida permite "que milhares de pessoas tenham equipamentos de melhor qualidade". Vieira da Silva não divulgou, no entanto, a lista dos contemplados "para não

Governo vai desbloquear verbas para investir em equipamentos para a terceira idade ser acusado de eleitoralismo", devido à proximidade das eleições autárquicas. Refira-se que o governante fez estas declarações no Dia Internacional do Idoso, numa cerimó nia comemorativa organizada pela Rede de Universidades da Terceira Idade, em Lisboa, dedicada ao tema "Promover a qualidade de vida em todas as idades". As Universidades de Terceira Idade procuram "melhorar a qualidade de vida e consequentemente a saú de" de quem tem mais de 50 anos, ministrando cursos informais no â mbito da "formação ao longo da vida" em áreas como o Desporto, Humanidades e Artes. Em Portugal existem mais de 75 Universidades da Terceira Idade, com mais de 12 mil alunos e 1200 professores, na sua maioria voluntários. Recorde-se que, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2050 cerca de um terço da população portuguesa será idosa, sendo que desse total perto de um milhão terá mesmo mais de 80 anos de idade. Actualmente, 17% da população portuguesa tem mais de 65 anos.

Jovens mais conhecedores mas pouco comunicativos O

s jovens portugueses estão mais informados sobre as diferentes temáticas da sexualidade, mas continuam apenas a comunicar com jovens do mesmo género e idade. Estes são os resultados de um inquérito, elaborado no â mbito do programa de educação afectivo-sexual "Saber e sentir", desenvolvido desde 2000 pela área de Saú de Pú blica da Unidade Local de Saú de de Matosinhos. Matosinhos é, de acordo com as estatísticas, o concelho onde há, anualmente, mais grávidas adolescentes, mas esse não foi um factor preponderante para a realização do estudo. "O que esses nú meros revelam é que esse fenó meno está mais controlado no concelho, temos uma consulta especializada, tal como existe noutros pontos do país, mas aqui, como se con-

Estudo revela que a utilização do preservativo como meio preventivo e contraceptivo foi referido por 47% dos inquiridos centra numa área geográfica, permite saber mais o que se passa", referiu Rui Ramos, responsável científico pelo inquérito. Talvez por isso, "os resultados não surpreenderam, tendo em conta, também, outros trabalhos que se têm vindo a realizar no país", afirmou Rui Ramos. No entanto, referiu ter ficado admirado "com a elevada percentagem de jovens - 47% - que referiram o preservativo

como um meio anticoncepcional e preventivo, o que é muito bom. O trabalho que tem sido feito tem tido impacto", disse. O questionário, feito a 1792 alunos de escolas de Matosinhos, entre os 14 e os 17 anos, permitiu verificar que dos jovens que têm uma vida sexual activa, 75% responderam que utilizam sempre meios anticoncepcionais. Na sua maioria, 47%, usam o preservativo, enquanto 16,9% afirmam usar o preservativo mais a pílula. Outro resultado que demonstra o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido junto dos jovens na área da sexualidade "é a percepção que têm de contrair uma doenç a sexualmente transmissível. Já começam a estimar mais riscos para si pró prios, deixando de lado a ideia que só acontece aos outros", disse o responsá-

vel pelo inquérito. Neste contexto, os rapazes estimam um maior risco de contrair doenças que as raparigas. "No caso da sida, verificámos que a informação tem passado para os jovens, rapazes e raparigas de igual modo ", disse. Um outro aspecto que foi possível avaliar através do inquérito é a atitude dos jovens

face à sexualidade. "Ambos os sexos são favoráveis e são absolutamente româ nticos, isto é, enquadram o sexo num esquema de amor. Há, no entanto, uma certa tendência dos rapazes para o sexo sem compromisso. Defendem a monogamia serial, isto é, podem ter vários parceiros, mas um de cada vez".


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22 OPINIÃO

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Ser emigrante é uma mais valia Presidenciais Constantino Kavafis. Querem saber o que digo a um amigo que deixa a Venezuela e regressa a Portugal?: "Itaca já te ofereceu uma viagem formidável. Sem ela não terias empreendido o caminho. Mas não te pode dar mais nada. Por mais pobre que a encontres, Itaca não te enganará. Rico em conhecimento e em vida como regressaste, já Victoria Urdaneta Rengifo victoriaurdaneta@yahoo.com compreendes o que significam as Itacas". Porque o mais importante não é a vitó ria final mas o caminho e o cresm todos estes orbes, diferente/ cimento experimentado. Isso pode ler-se em "Os LusíaCurso ver s, nuns grave e noutros das", com "Os moradores de Luzente", como disse Jú piter leve/ Ora fogem do Centro longa - no discurso do Canto I da estró fe 24: Aqueles que saem mente/ Ora da Terra est o caminho de Portugal à conquista aprendem tanto de navegação cobreve/ Bem como quis o Padre omnipotente/ Que mo da vida. Além disso, refere-se a eles como "povo eso fogo fez e o ar, o vento e neve/ Os quais colhido"ver para s viajar incansavelmente, procurar novos hoque jazem mais a dentro/ E tem co Mar a rizontes Terrae agradecer esse dom divino, divulgando a sua por seu centro". cultura e jamais permitindo que esqueçam as suas raízes, Assim escreveu Luís de Camões na estrofe 90 do Can- pois quando se esquece a nossa terra ela deixa de existir. to X, em " Os Lusíadas", precisamente na sua época de Na "Caverna", de José Saramago, os Argol emigraram emigrante. E ainda hoje, é uma advertência realista. Está para a cidade mas ao recusarem a mudança dos patrões, carregada de optimismo porque quer dizer que a força iniciaram a returirada, tendo aprendido a valorizar a sua dos aventureiros é superior às adversidades. cultura e si mesmos, tanto que ao regressarem são seres De facto, muitos emigrantes encontraram a felicidade mais humanos. Não é por acaso que segue o mito de Plana Venezuela e até a cansativa viagem que os trouxe dei- tão (Livro VII da Repú blica), no qual sombras humanas xou neles uma grande esperança: "Se vais fazer a viagem habitam uma obscura caverna, até que chega um "ilumiaté Itaca, pede que o teu caminho seja largo, rico em ex- nado" que marca o caminho para uma nova vida, simboperiência, em conhecimento. A Lestrigones e a Cíclopes lismo observado também em "Todos os Nomes" e no "Enou ao furioso Poseidó n nunca temas, não encontrarás saio sobre a Cegueira". Esses "iluminados eleitos" são os tais seres na tua rota se elevado for o teu pensamento e emigrantes portugueses porque saíram da obscuridade, límpida a emoção do teu esprírito e corpo", recitou um superaram as adversidades e ganharam em integrar-se emigrante, retirando da memó ria extractos da obra de no nosso país sem perder a alma portuguesa.

"E

Oportunidades na "Alta de Lisboa" Cristina da Silva Bettencourt

N

a cidade de Lisboa, nomeadamente no Bairro Ameixoeira, a Piscina Municipal, os novos parques e os prédios foram construídos para realojar aquelas pessoas que viviam nas barracas. Aquela vida no meio do lixo e em casas a cair foi substituída por prédios de seis andares na "Alta de Lisboa", onde o desenvolvimento se vê desde a janela. O governo ofereceu-lhes uma oportunidade para ter uma melhor qualidade de vida, mas a cultura destas pessoas faz deste bairro uma das zonas mais problemáticas da cidade de Lisboa. Essas pessoas que foram realojadas foram os ciganos, uma cultura que não é bem aceite na comunidade portuguesa. No tempo que tenho estado ao pé deste bairro tenhome apercebido do grande desenvolvimento das zonas que não são o centro de Lisboa, zonas que pareciam estar negligenciadas pelo tempo e o governo, mas que hoje se levantam para ganhar vida. O problema reside no facto das pessoas preferirem morar ao pé do centro da cidade. Por isso o governo, muito inteligentemente, tem desenvolvido planos para que jovens casais ocupem o Bairro Ameixoeira. Um desses planos executados pelo Governo foi a criação dum concurso para que os jovens tivessem casa pró pria a custos baixos e controlados pelo estado. Mas o grande problema do Bairro Ameixoeira é que este está habitado maioritariamente por ciganos. Muitos desses jovens, pela esperança do visível desenvolvimento do bairro e pela grande oportunidade que têm frente aos olhos, decidiram concorrer, embora os comentá-

rios referentes aos ciganos sejam maus e apesar de nesta zona faltar muita coisa por fazer. Assim, depois das listas serem publicadas, aqueles que ganharam o apartamento dividiramse em dois grupos: os que querem morar ali sem se importar se há ciganos ou não e os que ainda não estão convencidos de aceitar esta oferta. Penso que esta é uma das razões pelas quais a entrega dos apartamentos e a assinatura das escrituras têm sido adiadas já várias vezes: as pessoas concorrem, ganham e arrependem-se. E isto sem mencionar as dificuldades que existem para obter um empréstimo quando a pessoa não tem a condição de efectividade no trabalho. As oportunidades existem, o problema é onde se encontram…

Miguel Rodrigues

A

o que tudo indica, os principais candidatos à presidência da Repú blica vão ser Cavaco Silva (66 anos) e Mário Soares (81 anos). De todos os nossos ex-primeiro-ministros com mais de 65 anos, o ú nico que ainda não manifestou desejo de se candidatar foi, acho, o Marquês de Pombal (fez 306 em Maio). Mas se eu fosse jornalista, não arredava pé do fax à espera do comunicado de candidatura de Sebastião José. Quanto a candidaturas de gente mais nova não há noticia. Não haverá por ai um jovem, na força dos seus, vamos lá, 60 anos, que queira ser Presidente da Republica??? Atenção: não quero, de modo algum, fazer da idade uma questão central nesta campanha que se avizinha. Não quero mas vai ter de ser. Primeiro, porque não há nada mais para discutir. Segundo porque a velhice sempre me fascinou. E fico surpreendido, sobretudo, com o seguinte: os velhotes sabem que, a partir de certa altura, têm de se comportar como velhotes. Estou convencido de que há um organismo governamental qualquer que convoca os cidadãos, no dia em que completam 65 anos, para lhes dizer: "Sr. Antunes, a partir de hoje, o Sr. é oficialmente um velhote. Terá de passar a dizer " lápes" e "ténes" em vez de "lápis" e "ténis", e não se esqueça que vai ter de se enganar sistematicamente no nome dos filmes. Estamos entendidos?" Apesar da idade dos candidatos, tenho de confessar que estas podem ser as eleições presidenciais mais estimulantes de sempre, na medida em que se misturam dois temas fascinantes: a política e a arqueologia. Proponho que os debates sejam moderados pelo professor Galopim de Carvalho, que é, entre nó s, quem sabe mais de dinossauros. Imaginem: ao mesmo tempo que pergunta a Cavaco Silva qual deve ser a posição de Portugal face a ameaça islâ mica, o professor Galopim faz o teste do carbono 14 a Mário Soares. É um grande momento de televisão e ficamos todos mais ricos, tanto política como paleontologicamente. É preciso admitir que a velhice é, de facto, a melhor altura da vida para um político fazer carreira. Se, como é hábito, deixarem promessas por cumprir, tanto Soares como Cavaco podem avançar com a desculpa de falta de memó ria, algo que ataca normalmente os anciãos. Julgo mesmo que o povo não levará a mal que o futuro presidente faça a sua habitual comunicação ao país, no dia 10 de Junho, nos seguintes termos: "Portugueses, estamos hoje aqui reunidos para celebrar o ai… a minha cabeça. Então ainda agora sabia… Onde tenho isso apontado? Que dia é hoje? Eu já tomei os comprimidos? Bom, seja como for, tenho aqui várias ideias para o país que gostava de vos propor. O melhor é apontarem vocês, porque eu vou esquecer-me de alguma. Vão buscar papel e "lápes"…".


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OPINIÃO 23

caRTas dOs leITORes

A forma de apresentar as noticias

Não nos querem por lá!

Sou uma lusodescendente com vinte anos e tive o prazer de voltar a visitar a Madeira durante dois meses este Verão. Sinceramente, adorei. Sempre gostei de ir a esta ilha tão linda. Há cinco anos que não ia e notei uma grande diferença: está muito desenvolvida, limpa como sempre, com grande ordem, boas sinalizações de trâ nsito, enfim, realmente "a melhor". O que sempre há é uma certa discriminação dos nativos para com os emigrantes, sobretudo, venezuelanos. Nota-se um tratamento, às vezes, não muito agradável. Mas isto não quer dizer que não sejam pessoas educadas, mas sim um pouco "frias". Vim com desejos de lá voltar para ficar, coisa que sempre quis. Mas há uma coisa que me produz uma grande tristeza, que é o facto das pessoas de lá, até a família, não nos quererem lá definitivamente. Dizem que aquilo está muito mau. Eu, pelo contrário, penso que eles vivem tão bem. Qualquer pessoa tem um carro, uma boa casa, e se não tem, pode pedir um empréstimo ao banco, com muitas facilidades. Enfim têm, muitas vantagens que nó s, sobretudo os

jovens, não temos na Venezuela. E, pelo que vejo, vai ser difícil encontrar. É triste que os teus familiares, não te dêem um apoio, e te digam: "vem tentar, pois aqui encontras uma qualidade de vida, melhor à que tens na Venezuela". Eu estou quase a acabar o meu curso, e penso procurar outros horizontes, porque vejo que isto aqui está muito difícil. Se me "convidassem", talvez eu fosse para a Madeira durante um ano, para experimentar, mas nenhuma boca se abriu, coisa que é muito triste porque nestas alturas uma pessoa precisa de um apoio, de uma mão amiga. Se está à procura de um lugar onde possa encontrar melhores condições para começar a sua vida e, se puder, ficar para o resto da sua vida, porque não junto da família? É com grande mágoa que digo que nó s, lusodescendentes e emigrantes, estamos "tramados" nesta vida, porque nem aqui nem lá podemos encontrar apoio ou ajuda para continuar com as nossas vidas e conseguir uma boa qualidade de vida, com segurança, que é o que mais precisamos e desejamos. D.P.S.G

INQUéRITO

É esta a primeira oportunidade que a Câ mara de Comercio, Industria y Turismo Luso Venezuelana tem o privilegio de enviar uma missiva ao muito querido e prestigiado CORREIO. A razão que origina esta comunicação é o facto de numa edição anterior o CORREIO ter publicado na primeira página “ Portugueses entre os principais suspeitosos de tráfico de droga” . Como era de esperar esta afirmação despertou as mais diversas opiniões entre os diferentes grupos e pessoas da nossa comunidade, que foram desde a incredulidade até a mais profunda indignação. De facto em maior ou menos grau fomos todos atingidos, desde os nossos filhos até as nossas empresas. Na realidade até fomos alvejados pelo o tão famoso “ humor criollo” dos nossos amigos, com piadas bem desagradáveis. O facto é que a vossa noticia foi percebida pelo colectivo nacional como referindo-se a Comunidade Portuguesa da Venezuela em geral, sem qualquer espécie de diferenciação. Sabemos perfeitamente que uma coisa é o

conteú do e outra muito diferente é a forma com que se apresenta uma noticia, sobretudo quando o meio de divulgação é publico e tem o prestigio do CORREIO. De facto pode-se interpretar que o conteú do da informação até pode ser positivo, pois é um chamado de atenção e ao mesmo tempo uma alerta que faz o jornal a alguns portugueses, que na sua maioria até nem pertencem a comunidade lusa venezuelana, para que não se involucrem no tão repudiável trafico de drogas. Essas pessoas tem sido vitimas da sua ingenuidade ou desespero econó mico e servirem de “ mulas” para transportarem a mercadoria “ maldita” No entanto, repetimos, a forma como foi apresentada a noticia teve efeitos negativos, dando origem as reacções já mencionadas. Finalmente é nossa intenção reconhecer o apoio que o CORREIO tem dado a nossa comunidade ao longo de estes anos e pedir ao mesmo tempo mais cuidado com a forma em que são publicadas as noticias. Despeço-me com muita amizade José Luis Ferreira

Curvas e mais curvas Sou filho de portugueses, lusodescendente venezuelano de origem portuguesa. Conheço o vosso jornal e queria dar-vos os parabéns pelas notícias e o espírito crítico que mantêm. Escrevo simplesmente para transmitir a filhos de portugueses, como eu, que têm filhos ou netos que antes quando se aproximava o Verão era um tormento pensar que tínhamos que ir para Portugal para a Madeira passar as nossas férias. Ou seja, o que em casa os nossos pais nos diziam com alegria, para nó s era pura e simplesmente o maior castigo desses ano. Falar da Madeira era falar de voltas e mais voltas na ilha, até vomitar. Espetada atrás de espetada, com bolo do caco, laranjada que com o tempo confesso que aprendi a gostar e outras coisas típicas.

Brincar só mesmo com os tios, tias, primas e primos. Todos maiores de 60 anos! E não havia - no meu ponto de vista - nada de interessante para se ver e se fazer. Felizmente, fui este ano à Madeira e vi que está diferente. Como criança não pude desfrutar dos avanços da Região, mas, como pai, estou feliz porque os meus filhos gostaram das férias na Madeira e pedem para regressar o quanto antes. Confesso que na minha altura as férias na Madeira eram um castigo. Parabéns ao Governo da ilha por ter pensando finalmente nas crianças e, para finalizar, deixo uma mensagem que me levou a escrever esta carta. Vão conhecer a Madeira e levem os vossos filhos, pois esta ilha não é a mesma de antes. José Maria S. Teixeira

O que mais gosta e o que não gosta de Mé rida? O que acha da comunidade portuguesa de cá?

Eusébio Vieira Pita

"Churrería Magnolia"

Gosto da tranquilidade e do clima porque estes me fazem recordar a minha terra. Parece-me que aqui tudo é muito agradável. Não há nada em especial que me desagrade.

José Manuel Pestana Rodrí guez "Churrería Magnolia"

O clima meridenho é bastante agradável e o tratamento com as pessoas é do melhor. O que menos gosto é a insegurança que se vive. É que antes esta era uma cidade bastante tranquila, mas agora as coisas têm mudado. No que se refer à minha relação com a comunidade, parece-me que não somos nem muito unidos nem muito opostos. Cada qual vive a sua vida e faz as suas actividades.

Diego Freitas Advogado

Parecem-me que as "rumbas" são muito boas, assim como as pessoas e o clima. O que menos gosto é da insegurança, pois isto está hoje em dia um pouco perigoso. Da mesma forma, acho que devemos melhorar a viabilidade. Embora a comunidade portuguesa seja muito desunida, os lusodescendentes têm tentado organizar-se, inclusive tivemos um jantar com o cô nsul de Portugal em Valencia, mas ainda temos que criar uma verdadeira organização, onde todos possam participar.

João Teixeira

Panadaria "La Camacheira"

Gosto muito de Mérida. Quanto à comunidade lusa, parece-me que é desunida. Não há clubes, convocamse reuniões, mas ninguém comparece… Uma pessoa convive com as pessoas da ilha, mas não com todos, pois geralmente os mais chegados são os compadres. Sinto que os continentais estão um pouco afastados do resto.


24 ECONOMIA

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Nova Hilux produzida na Venezuela A empresa Toyota está a desenvolver um projecto de cariz mundial que abarca o território venezuelano e inclui a produção nacional dos seus produtos. Tabita Barrera

tababor@cantv.net

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Toyota lançou no passado dia 27 de Setembro o modelo Hilux 2006, que se encontra adaptado às necessidades dos consumidores venezuelanos e exibe variantes no design, no motor e equipamentos. Com uma trajectó ria no mercado de mais de 40 anos, e apó s um estudo nacional, a produção da Hilux na Venezuela foi realizada com a cooperação de engenheiros e contou com fornecedores do Mundo inteiro. Foi criado um modelo para cada necessidade, os quais apresentam diversas inovações no interior e exterior, assim como no motor, fabricado com base na tecnologia Toyota VVT-I (Válvula Inteligente de tempo variável). O design exterior da nova pick-up é aerodinâ mico, com uma superfície plana, e conta com uma grelha frontal mais resistente e com faró is que facilitam a visibilidade em ambientes mais escuros.

Segundo o director-geral da empresa na Venezuela, Enrique Pinochet, as inovações resultam "da nova imagem da Hilux, com o design imponente que transmite força, sofisticação e resistência", aliadas a "linha modernas". Quanto ao interior, goza de um maior espaço e apresenta alguns ajustes no tabuleiro que lhe dão caracterís-

ticas modernas e ao mesmo tempo desportivas. A carrinha tem ainda um sistema de suspensão que lhe dá uma maior estabilidade. De acordo com Enrique Pinochet, "a nova Hilux 2006 oferece uma total confiança, com a mesma durabilidade". Agora que é produzida na Venezuela é

possível garantir mais eficazmente o compromisso com os consumidores, oferecendo-lhes o melhor produto, afirmou. A carrinha, produzida na fábrica da Toyota no Estão de Sucre, tem por objectivo superar as vendas dos modelos anteriores e promover a produção nacional.


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Banif inaugura representação em Londres

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Banif - Banco Internacional do Funchal e o Banif - Banco de Investimento assinalaram, no passado dia 14 de Setembro, a abertura do seu Escritó rio de Representação em Londres, com um concerto de mú sica portuguesa e um jantar no Merchant Taylor's Hall. No evento, participaram cerca de 250 convidados. Entre estes, destacam-se as presenças do Prof. Aníbal Cavaco Silva, ex-primeiro-monistro de Portugal, de Sir John Major, antigo Primeiro-ministro Britâ nico e, também, de Sir David Howard, antigo Lord Mayor de Londres, na ausência do actual Lord Mayor na Argentina. A encerrar o evento, o Prof. Aníbal Cavaco Silva proferiu uma conferência sobre o tema "A União Europeia e o Desafio da Competitividade".

ECONOMIA 25

BREVES Edição de Selo Casal Garcia no Japão A imagem do vinho Casal Garcia, marca do vinho verde português mais vendido no Mundo, foi utilizada pelos serviços postais japoneses para a edição de um selo, reflectindo "o reconhecimento e a notoriedade que a marca detém", refere em comunicado a empresa. O rótulo do produto presta homenagem ao património cultural da região do Minho, mais concretamente aos tradicionais lenços bordados. Produzido pela Quinta da Aveleda, o Casal Garcia é considerado, em termos de marketing, um caso de estúdio porque alcançam a marca de 12 milhões de garrafas por ano metade das quais exportadas para 50 países. Em sua composição estão as uvas Trajadura, Loureiro, Pedernã e Azal. O resultado é um vinho suave e fresco, de aroma levemente furtado, jovem e equilibrado. A Quinta da Aveleda é uma empresa familiar que há mais de 3 séculos se dedica à cultura do vinho. Situada na região dos vinhos verdes, seu nome refere-se às uvas Aveleda, que provêm do local. Líder no mercado de vinhos verdes e uma das 3 maiores empresas vitivinícolas do país, também produz a famosa aguardente Adega Velha e um vinho do Douro chamado Charamba.

Portugueses adquirem carros mais baratos em Espanha No passado mês de Maio, o Governo luso aumentou o Imposto ao Valor Acrescentado (IVA) até 21 por cento, o que acrescentou ainda mais a diferença de custos entre os automóveis de Portugal e dos restantes países europeus, entre eles Espanha, conforme noticiou a agência EFE. Os concessionários espanhóis fronteiriços têm notado um aumento da procura, pois depois da subida do IVA os preços dos veículos em Portugal estão bem acima dos registados em zonas como Galícia, atingindo nalguns desses casos uma diferença de até 30%. Esta situação está a atrair inúmeros compradores lusos aos concessionários espanhóis. O presidente da Associação de Empresas de Comércio e de Reparação de Automóveis (ANECRA), António Nunes, acha que a situação advém do facto de se verificar em Portugal uma elevada carga fiscal no sector. E acrescentou: "nada impede um cidadão português de ter uma carta de condução tirada em Espanha, o que lhe permite circular em Portugal com uma matrícula espanhola".


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TAP e Avis assinalam Dia Mundial do Turismo

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TAP Portugal e a Avis Rent-a-car assinalaram o Dia Mundial do Turismo - celebrado a 27 de Setembro - através de uma acção promocional conjunta realizada no Lounge da Companhia, no Aeroporto de Lisboa, que decorreu entre os dias 26 e 29 de Setembro. A iniciativa consistiu na distri-

BREVES TAP emprega 1.900 pessoas na manutenção e engenharia A Manutenção e Engenharia da TAP, nas suas instalações no Aeroporto de Lisboa e em várias estações em Portugal e no estrangeiro, emprega cerca de 1900 pessoas, adequadamente treinadas e qualificadas para prestar serviços de manutenção e engenharia para aviões, motores e componentes, com uma qualidade internacionalmente reconhecida, num mercado extremamente exigente onde a segurança é factor primordial. A associação, durante mais de meio século, com um operador aéreo internacional, tornounos conscientes da importância de acções de manutenção eficazes, da disponibilização do avião no horário e da satisfação dos passageiros. A actividade para terceiros tornou-nos sensíveis aos custos e orientados para o mercado. Enriquecidos pela hibridização destas experiências, estão aptos para prestar aos clientes uma completa gama de serviços com a mais alta qualidade, a preços competitivos e com prazos muito convenientes. A actividade é orientada por um conjunto de valores dos quais se destaca a manutenção dos altos padrões de segurança inerentes à indústria aeronáutica, a protecção do ambiente e a segurança de pessoas e bens. A Manutenção e Engenharia da TAP é uma Organização de Manutenção Aprovada JAR 145 e uma Repair Station certificada FAR 145. Detém, também, uma aprovação ao abrigo da ISO 9002 e certificações por Autoridades Aeronáuticas de diversos países.

buição de flyers aos passageiros da TAP que utilizam o Lounge da transportadora em Lisboa, possibilitando-lhes assim que, mediante a sua apresentação em simultâ neo com o respectivo cartão de Passageiro Frequente - Victoria Silver e Victoria Gold, beneficiassem da promoção. Aplicável no aluguer de automó veis da marca Opel Tigra

Twin-Top, a promoção é válida em qualquer estação Avis em Portugal Continental, durante os meses de Outubro e Novembro deste ano, e traduz-se na concessão de tarifa especial a todos os Membros do Programa de Passageiro Frequente Victoria e ainda na oferta, sempre que efectuem o aluguer de viatura por dois dias, do terceiro dia de utilização gratuita.


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DESPORTO 27

“ Mundialito” Jhonathan Gonçalves vai para das Comunidades os "Mellizos de Minnesota" disputado em Maracay Victoria Urdaneta Rengifo

Tabita Barrera

tababor@cantv.net

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ara celebrar o "Día de la Raza", festa que celebra o encontro de culturas, a Casa Portuguesa do Estado de Aragua inicia este domingo, 9 de Outubro, o XXIV do campeonato mundial infantil (“ Mundialito” ) das comunidades. O torneio "relâ mpago" de futebol contará com representantes da comunidades espanhola, italiana, portuguesa e venezuelana. Pela Espanha, jogará a equipa do Centro Hispano. A Casa Itália do Estado de Aragua representará o seu país, enquanto a comunidade lusa apresenta-se com a Casa Portuguesa. Pela Venezuela jogará o Desportivo Central Madeirense. Às 10:00 horas do dia 9 de Outubro, está marcado o jogo entre a Casa de Itália e a Casa Portuguesa, a contar para a primeira semifinal das duas que serão disputadas. Já o Centro Hispano e o Desportivo Central Madeirense

A edição XXIV do torneio "Dia de la Raza", realiza-se na Casa Portuguesa de Aragua e conta com representantes de Espanha, Itália e Portugal. tentarão passar à final no jogo a realizar às 12:00. As equipas derrotadas nas semi-finais irão confrontar-se às 14:30 numa disputa pelo terceiro lugar. Às 16:30 está prevista a realização da ronda final. Uma vez terminados todos os jogos, terá lugar a atribuição dos prémios aos campeões, sub-campeões, terceiro lugar, melhor jogador, melhor goleador e melhor guarda-redes. A Casa Portuguesa de Aragua convida todos os só cios do clube, amigos e familiares para que participem, gratuitamente, no evento. O pú blico em geral pode receber surpresas e participar no sorteio de camisolas originais das selecções de Itália, Portugal, Espanha e Venezuela.

victoriaurdanetarengifo@yahoo.com

J

honathan Gonçalves, basebolista luso-venezuelano, é a nova aquisição dos "Mellizos de Minnesota", que lhe vão dar uma vaga na sucursal da organização na equipa da Repú blica Dominicana. Ai promete "descoser a liga" e iniciar um prometedor caminho de basebolista profissional. Gonçalves, que continuou a tradição dos campos curtos venezuelanos, escolheu o nº . 13 para a sua camisola e teve uma destacada actuação na novena valenciana "Traviesos", gerida por Germán Roteri. Por isso, logo depois da avaliação dos "caça-talentos", chegou o dia esperado pelo jovem e a 10 de Julho deste ano o scout dos "Twins", José Leó n disse-lhe que nos finais de Outubro iria ingressar nas filas da organização dos "Twins", na sucursal dominicana. UM LUSO-VENEZUELA-

NO COM GARRA O jovem "shortstop" tem raízes portuguesas e italianas, mas foi o legado luso que mais jeito lhe deu na vida. A sua mãe, Vita Cervelli, é italo-venezuelana e o seu pai, Humberto Gonçalves, é um português natural da ilha da Madeira. Como nos confessou Jonathan, ele tem sido o seu guia principal, o seu manager e o seu mais agudo "caça-talentos", para além de ser um agente e conselheiro. "Aprendi muitas coisas do meu pai. Da maneira de ser dos portugueses, posso dizer que, segundo o exemplo que ele me deu, são honestos, trabalhadores e de bom coração", disse-nos, referindo que visitou Portugal várias vezes para conhecer a terra dos seus ancestrais e dos seus familiares madeirenses. A futura estrela da bola não só tem valores da cultura lusa como também está bastante a par do que acontece no basebol em Portugal, onde, convém sublinhar, os luso-venezuela-

nos desempenham um papel importante. "Acho que estão a fazer um excelente trabalho, especialmente porque se trata de um país que tem uma grande tradição futebolística. Por isso, admiro-os e acho que seria uma boa oportunidade para os basebolistas portugueses e estrangeiros encontrarem ali uma alternativa para jogar e trabalhar", comenta-nos o jogador do quadro cujos exemplos a seguir são Omar Vizquel dos Leões de Caracas, a quem deseja emular na defesa do campo curto, Melvin Mora dos Navegantes do Magalhães e Miguel Cabrera dos Tigres de Aragua, a sua divisão favorita.


28 DESPORTO Centro Social Madeirense prepara-se para jogos FECEPORVEN CORREIO DE CARACAS - 6 DE OUTUBRO DE 2005

Tabita Barrera

tababor@cantv.net

H

á dez anos, a primeira Junta Directiva da Federação de Centros Portugueses da Venezuela (FECEPORVEN) começou a realizar uns jogos interclubes que tinham como principal objectivo ajudar na integração da comunidade portuguesa da Venezuela. É assim que, de 14 a 16 de Outubro, o Centro Social Madeirense vai receber 14 clubes portugueses da Venezuela e três mil atletas. Este encontro, apoiado pelos centros portugueses venezuelanos, "é considerado uma forma de manter vivas as tradições lusas e, da mesma forma, é uma forma de integração entre os portugueses e os venezuelanos", afirmou Marcelino de Canha, cô nsul honorário de Maracay. Das 28 modalidades que vão ser praticadas nos jogos, entre as quais se destacam futebol, natação, softbol, pool português, bolas crioulas, ténis de mesa e karate, entre outras, prevê-se que duas delas tenham lugar na Casa Portuguesa do estado de Carabobo, por questões de espaço.

Federação de Centros Portugueses da Venezuela espera superar número de visitantes nesta X edição, que reúne três mil atletas Apesar do evento começar na sexta-feira dia 14, os jogos realizam-se no sábado 15, quando tem lugar o desfile inaugural dos centros portugueses com os seus atletas e a tocha seja acesa. Realiza-se também uma série de actividades folcló ricas e recreativas que foram planeadas pelos organizadores, como a eleição da rainha. Marcelino de Canha assegurounos que a importâ ncia desta iniciativa justifica-se com "convivência entre os clube, mais do que com competência, pois a comunidade portuguesa, ao largo da Venezuela, pode reunir-se e partilhar. É algo bastante completo e catálogo estes jogos, quase um ponto de encontro para a comunidade portuguesa do país. Há pessoas que anseiam pela chegada do

evento porque esta é a ú nica forma de se reunirem com os seus familiares, amigos e conhecidos que têm noutras cidades do territó rio venezuelano". Cerca de dois mil atletas são de nacionalidade portuguesa ou lusodescendentes e outros mil são venezuelanos, o que faz com que esta seja uma oportunidade propícia para o intercâ mbio de ideias. A Federaç ão de Centros Portugueses de Venezuela é responsável pelas medalhas e trofeus que servem para a atribuiç ão dos prémios do evento. A lista de convidados inclui as autoridades portuguesas representadas pela Embaixada e o Consulado de Portugal no Estado de Carabobo e, pela Venezuela, foram convidados os membros do Governo e da Câ mara Municipal de Valencia. No ano passado, cerca de oito mil pessoas visitaram todos os dias as instalações do clube para se deleitarem com esta iniciativa integradora. Mas este ano espera-se que esta cifra aumente e que dez mil pessoa, por dia, visitem o local, o que permitirá somar cerca de trinta mil assistentes nos três dias de actividades.

Nú mero de só cios Antigamente, as quotas pagas pelos sócios dos clubes de futebol eram a principal fonte de receitas. As equipas mais populares, logicamente, eram aquelas que podiam arrecadar os maiores montantes para estruturar as suas equipas com os melhores jogadores portugueses e podiam contratar os melhores reforços estrangeiros do campeonato. Hoje, os direitos da transmissão televisiva dos jogos, a publicidade e muitas outras estratégias de marketing relevaram a importância do social, que era tido em conta no passado. Hoje, os orçamentos para o campeonato continuam a marcar ponto, mas o número de sócios continua a ser uma maneira de medir a popularidade e a importância social dos clubes portugueses. Certamente, esta cifra e susceptível de mudar radicalmente ano após ano, pois uma época OS DOS CLUBES m e n o s NÚMERO DE SÓCI OCA 05/06 conseguida DA SUPERLIGA ÉP desportivamente pode desenc a n t a r aqueles adeptos menos fiéis. Mesmo assim o número de sócios nos deixa ver quem festeja ou sofre mais com os resul tados dos jo gos... Fonte: Anuario

/06 de O JOGO 05


CORREIO DE CARACAS - 6 DE OUTUBRO DE 2005

DESPORTO 29

III Divisão - Série A 3ª Jornada

III Divisão - Série B III Divisão - Série C III Divisão - Série D III Divisão - Série E 3ª Jornada 3ª Jornada 3ª Jornada 3ª Jornada

III Divisão - Série F 3ª Jornada

Merelinense - Valpaços Oliveirense - Esposende Bragança - Correlhã Mirandela - Cerveira Valenciano - Monção Vianense - Vinhais Amares - Brito Maria Fonte - Cabeceirense Joane - Mondinense

Canedo - Vila Meã Torre Moncorvo - Vilanovense Rebordosa - Ermesinde Ataense - Tirsense Cinfães - Lusitânia Lourosa Valonguense - Leça Vila Real - S. Pedro Cova Tarouquense - Padroense Rio Tinto

Vasco Gama - Sesimbra Aljustrelense - Messinense Lusitano Évora - Beira-Mar Almansilense - Desportivo Beja Ferreiras - Farense Lusitano VRSA - Juventude Lagoa - Monte Trigo Amora - Castrense Estrela Vendas Novas - Oeiras

1-0 0-1 2-1 2-1 2-1 2-2 2-2 1-0 2-0

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Mirandela 3 2 1 Maria da Fonte 3 2 1 Amares 3 2 1 Bragança 3 2 1 Joane 3 2 1 Brito 3 1 2 Correlhã 3 1 1 Vianense 3 1 1 Esposende 3 1 1 Merelinense 3 1 1 Cerveira 3 1 0 Valpaços 3 1 0 Valenciano 3 1 0 Cabeceirense 3 1 0 Oliveirense 3 1 0 Monção 3 1 0 Vinhais 3 0 1 Mondinense 3 0 0

D G

P

0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 3

7 7 7 7 7 5 4 4 4 4 3 3 3 3 3 3 1 0

8- 3 6- 1 6- 3 6- 3 5- 2 5- 4 5- 4 3- 3 3- 6 3- 6 5- 4 1- 3 3- 7 2- 3 4- 2 3- 5 3- 8 3- 7

4ª Jornada (8-10) Valpaços - Joane Esposende - Merelinense Correlhã - Oliveirense Cerveira - Bragança Monção - Mirandela Vinhais - Valenciano Brito - Vianense Cabeceirense - Amares Mondinense - Maria Fonte

Milheiroense - Valecambrense Tondela - Tocha São João de Ver - Gafanha Avanca - Valonguense Anadia - Estarreja Souropires - Fornos Algodres União Lamas - Sátão Os Marialvas - Arrifanense Social Lamas - Cesarense

Classificação

Classificação J V E

0-1 5-1 3-0 2-1 0-0 2-2 0-1 1-0 Folgou

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º

Rebordosa Vila Meã Tarouquense Ataense Torre Moncorvo S. Pedro Cova Cinfães Lus. Lourosa Vila Real Valonguense Canedo Padroense Ermesinde Leça Rio Tinto Tirsense Vilanovense

J V E

D G

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 3 2 2 3

0 0 1 1 1 1 0 1 1 1 2 2 1 1 1 2 3

2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0

1 1 0 0 0 0 2 1 1 1 0 0 0 2 1 0 0

Vila Meã - Tarouquense Vilanovense - Canedo Ermesinde - Torre Moncorvo Tirsense - Rebordosa Rio Tinto - Ataense Leça - Cinfães S. Pedro Cova - Valonguense Padroense - Vila Real Folga: Lusitânia Lourosa

Amiense - Bidoeirense Caldas - Sertanense Mirandense - Marinhense Riachense - Beneditense Alcobaça - Caranguejeira O Vigor Mocidade - Idanhense Fundão - Sourense Peniche - Monsanto Eléctrico

Classificação P

7-1 7 4- 1 7 4- 5 6 8- 4 6 8- 4 6 6- 4 6 3- 1 5 4- 2 4 2- 2 4 4- 6 4 4- 4 3 4- 4 3 2- 3 3 3- 6 2 1- 2 1 1- 40 2-140

4ª Jornada (8-10)

3-0 0-3 1-0 2-2 2-2 1-0 1-0 1-0 1-1

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Social Lamas Valecambrense Tocha Avanca Anadia Souropires União Lamas Milhoeirense S. João Ver Cesarense Fornos Algodres Sátão Os Marialvas Estarreja Arrifanense Valonguense Gafanha Tondela

D G

P

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

0 1 0 0 0 0 0 1 1 1 1 2 2 0 2 1 2 2

7 6 5 5 5 5 5 4 4 4 4 3 3 3 3 2 1 1

1 0 2 2 2 2 2 1 1 1 1 0 0 3 0 2 1 1

7- 4 4- 4 4- 1 4- 3 3- 2 3- 2 2- 1 5- 3 3- 3 2- 2 2- 2 2- 2 1- 3 3- 3 3- 5 3- 4 1- 3 1- 6

4ª Jornada (8-10) Valecambrense - Social Lamas Tocha - Milheiroense Gafanha - Tondela Valonguense - São João de Ver Estarreja - Avanca Fornos Algodres - Anadia Satão - Souropires Arrifanense - União Lamas Cesarense - Os Marialvas

Atlético - Alcochetense Cacém - Câmara de Lobos Futebol Benfica - Loures Machico - Ouriquense Montijo - O Elvas Santana - Caniçal Tires - 1º Dezembro Vialonga - Carregado Vilafranquense - Sintrense

Classificação

J V E 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 0 0 0

0-0 3-0 0-3 3-1 0-0 1-0 0-3 1-0 Folgou

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º

Caldas Peniche Sourense Vig. Mocidade Mirandense Marinhense Eléctrico Riachense Monsanto Beneditense Sertanense Idanhense Alcobaça Caranguejeira Amiense Bidoeirense Fundão

Classificação

J V E

D G

P

3 3 3 2 3 3 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2

0 0 1 0 1 0 0 1 2 2 2 2 1 1 1 2 2

9 7 6 6 6 5 4 4 3 3 3 3 2 2 2 1 0

3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0

0 1 0 0 0 2 1 1 0 0 0 0 2 2 2 1 0

9- 1 4- 2 6- 2 3- 0 3- 3 4- 1 3- 2 6- 6 1- 3 2- 4 4- 7 2- 3 0- 1 2- 4 1- 5 1- 3 1- 5

4ª Jornada (8-10) Bidoeirense - Peniche Sertanense - Amiense Marinhense - Caldas Beneditense - Mirandense Caranguejeira - Riachense Idanhense - Eléctrico Sourense - O Vigor da Mocidade Monsanto - Fundão Folga: Alcobaça

2-1 3-1 1-0 3-0 2-0 1-0 0-3 1-3 3-2

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Atlético Carregado Machico Loures Tires Santana Montijo Vilafranquense Ouriquense Fut. Benfica Cacém Caniçal Sintrense 1º Dezembro O Elvas Alcochetense Vialonga Câmara Lobos

Classificação

J V E

D G

P

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

0 0 0 1 1 0 1 1 1 1 1 2 2 2 1 2 2 2

9 7 7 6 6 5 4 4 4 4 4 3 3 3 2 1 1 1

3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0

0 1 1 0 0 2 1 1 1 1 1 0 0 0 2 1 1 1

12-2 9-3 7-3 6-3 5-5 4-3 3-3 5-6 4-5 2-3 5-7 3-3 4-5 4-5 2-4 3-5 4-7 3-13

4ª Jornada (8-10) 1º de Dezembro - Vilafranquense Alcochetense - Santana Câmara de Lobos - Vialonga Caniçal - Cacém Carregado - Tires Loures - A. D. Machico O Elvas - Atlético Ouriquense - Montijo Sintrense - Futebol Benfica

4-2 2-0 1-0 0-0 (a) 1-1 1-0 3-2 1-1

J V E 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Juventude Lusitano Évora Amora Lagoa Vasco da Gama Estrela V. Novas Oeiras Aljustrelense Ferreiras Lusitano Évora Almansilense Desportivo Beja Beira-Mar Sesimbra Castrense Messinense Monte Trigo Farense

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0

1 1 0 0 2 2 2 2 2 2 2 3 2 2 1 0 0 0

D G

P

0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 2 3 3 3

7 7 6 6 5 5 5 5 5 5 5 3 2 2 1 0 0 0

5- 3 3- 1 7- 4 5- 2 6- 4 3- 1 4- 1 4- 2 5- 2 5- 2 1- 0 3- 3 0- 1 2- 4 2- 5 1- 5 0- 7 0- 9

(a) O Farense conta com três derrotas, por 3-0, devido àsfaltas de comparência nos jogos das três primeiras jornadas.

4ª Jornada (8-10) Sesimbra - Estrela de Vendas Novas Messinense - Vasco da Gama Beira-Mar - Aljustrelense Desportivo de Beja - Lusitano de Évora Farense - Almansilense Juventude de Évora - Ferreiras Monte Trigo - Lusitano Vila Real St. António Castrense - Lagoa Oeiras - Amora


30 DESPORTO Liga de Honra 6ª Jornada Beira-Mar - Estoril Chaves - Desp. Aves Feirense - Maia Moreirense - Barreirense Olhanense - Leixões Ovarense - Marco Portimonense - Vizela Santa Clara - Covilhã Varzim - Gondomar

II Divisão - Série A 4ª Jornada 3-1 0-1 0-2 1-0 1-0 1-3 2-0 0-0 0-3

Classificação J V E 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Beira-Mar Covilhã Olhanense Gondomar Leixões Desport. Aves Estoril Maia Marco Portimonense Varzim Moreirense Vizela Santa Clara Barreirense Chaves Ovarense Feirense

D G

P

6 4 1 1 7-2 13 6 4 1 1 8-4 13 6 4 1 1 9-7 13 6 3 2 1 7-4 11 6 3 2 1 6-3 11 6 3 1 2 8-6 10 6 3 0 3 10-8 9 6 2 2 2 12-11 8 6 2 2 2 9-8 8 6 2 2 2 5-5 8 6 2 1 3 6-9 7 6 1 3 2 6-7 6 6 1 2 3 6-8 5 6 0 5 1 4-5 5 6 1 2 3 4-7 5 6 1 2 3 5-9 5 6 1 2 3 9-15 5 6 1 1 4 7-10 4

7ª Jornada (16-10) Barreirense - Varzim Covilhã - Feirense Desp. Aves - Moreirense Estoril - Ovarense Gondomar - Olhanense Leixões - Beira-Mar Marco - Santa Clara Portimonense - Chaves Vizela - Maia

CORREIO DE CARACAS - 6 DE OUTUBRO DE 2005

Torcatense - Atlético Valdevez Fafe - Felgueiras Os Sandinenses - Portosantense União da Madeira - Vilaverdense Freamunde - Camacha Ribeirão - Trofense Sporting Braga B - Famalicão Lixa

1-3 (a) 2-0 2-2 0-0 0-1 1-2 Folgou

(a) O Felgueiras, que ainda não oficializou junto da FPF a sua desistência do campeonato, perdeu por falta de comparência os jogos da segunda, terceira e quarta jornadas, com o Lixa, o Torcatense e o Fafe, aos quais correspondem derrotas por 3-0. O seu encontro da primeira jornada, com o Atlético Valdevez, ainda não foi disputado devido ao recurso que o Felgueiras tinha interposto contra a sua despromoção da Liga de Honra à II Divisão, por incumprimento dos critérios financeiros, entretanto indeferido.

Classificação J V E 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º

Trofense 4 Portossantense 4 Famalicão 4 Vilaverdense 4 Os Sandinense 4 Fafe 4 Lixa 3 União Madeira 4 Ribeirão 3 Camacha 4 Valdevez 2 Freamundo 4 Torcatense 4 Sport. Braga B 3 Felgueiras 3

3 3 2 2 2 2 2 1 1 1 1 0 1 0 0

1 0 2 1 1 0 0 1 1 1 0 3 0 1 0

II Divisão - Série B 4ª Jornada Esmoriz - Lousada

1-1

Ribeira Brava - Paredes

0-0

II Divisão - Série C 4ª Jornada

II Divisão - Série D 4ª Jornada

Tourizense - Abrantes

Odivelas - Pinhalnovense

2-0

Portomosense - Benfica Castelo Branco 4-1 Penalva Castelo - Rio Maior

1-1

Sporting Espinho - Dragões Sandinenses 2-0

Oliveirense - Nelas

3-1

Infesta - Pontassolense

3-2

Oliveira Bairro - Pampilhosa

0-1

Aliados Lordelo - Sanjoanense

2-2

Fátima - Oliveira Hospital

3-0

Pedras Rubras - Marítimo B

Fiães e FC Porto B

3-1

Folgaram

Classificação J V E 1º Espinho

3

2º Fiães

D G

União Coimbra e Sport. Pombal Folgaram

J V E 4

D G

1º Oliveirense

3 0 1 8-3 9

2º Penalva Castelo 4 2 2 0 3-1 8

3

2 1 0 5-2 7 2 0 2 6-5 6

3º Tourizense

4 2 1 1 6-2 7

4º Pontassolense 4

2 0 2 5-4 6

4º Pampilhosa

4

2 1 1 4-3 7 2 0 1 3-3 6

P

5º Lousada

3

1 2 0 5-3 5

5º Abrantes

3

0 1 0 1 1 2 1 2 1 2 1 1 3 2 3

10 9 8 7 7 6 6 4 4 4 3 3 3 1 0

6º Sanjoanense

4

1 2 1 5-5 5

6º Rio Maior

4

1 3 0 5-4 6

7º Paredes

4

1 1 2 4-4 4

7º Benfica C.Branco 4

2 0 2 6-7 6

8º FC Porto B

2

1 1 0 2-1 4

8º Portomosense 4

1 2 1 7-5 5

9º Ribeira Brava 4

1 1 2 2-5 4

9º Sport. Pombal 3

1 2 0 3-2 5

5ª Jornada (16-10) Lixa - Torcatense Atlético Valdevez - Fafe Felgueiras - Os Sandinenses Portosantense - União da Madeira Vilaverdense - Freamunde Camacha - Ribeirão Trofense - Sporting Braga B Folga: Famalicão

10º Infesta

3

1 1 1 4-4 4

10º Fátima

2

1 1 0 3-0 4

11º Esmoriz

4

1 1 2 6-10 4

11º Oliveira Bairro 3

0 2 1 4-5 2

12º Pedras. Rubras 4

1 0 3 3-5 3

12º Nelas

4 0 1 3 2-8 1

13º Marítimo B

1 0 3 5-8 3

13º Ol. Hospital

4 0 1 3 2-9 1

14º Aliados Lordelo 2 0 2 0 3-3 2

14º União Coimbra 3

5ª Jornada (16-10)

5ª Jornada (16-10)

Fiães - Esmoriz Lousada - Ribeira Brava

0-0

Real Massamá - Casa Pia

2-4

Micaelense - Louletano

0-1

Silves - Olivais Moscavide

0-1

Mafra - Imortal

0-2

Madalena - Benfica B

1-0

P

3 0 0 5-1 9

3º Dragões Sand. 4

4

0-1

Oriental - Operário

Classificação

D G 6-2 6-3 5-3 8-5 5-3 8-7 4-3 3-5 1-1 5-5 3-2 4-5 5-8 2-4 0-9

Vitória Setúbal B - Torreense

Classificação P

0 0 3 2-6 0

União Coimbra - Tourizense Abrantes - Portomosense

Paredes - Pedras Rubras

Benfica Castelo Branco - Penalva Castelo

Marítimo B - Sporting Espinho

Rio Maior - Oliveirense

Dragões Sandinenses - Infesta

Nelas - Oliveira Bairro

Pontassolense - Aliados Lordelo

Pampilhosa - Fátima

Sanjoanense - FC Porto B

Folgam: Sport. Pombal e Oliveira Hospital

1-1

J V E 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º

Casa Pia Operário Louletano Imortal Ol. Moscavide Madalena Benfica B Pinhalnovense Torreense Mafra V.Setúbal B Un. Micaelense Real Massamá Silves Odivelas Oriental

4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4

4 3 3 2 2 2 2 1 2 1 1 0 0 0 0 0

0 1 0 2 2 1 1 3 0 1 0 2 2 1 1 1

D G 0 0 1 0 0 1 1 0 2 2 3 2 2 3 3 3

14- 5 5- 0 10- 6 9- 4 5- 3 3- 6 5- 3 4- 2 6- 5 6- 5 6- 8 3- 5 6-11 4- 9 3-10 1- 8

P 12 10 9 8 8 7 7 6 6 4 3 2 2 1 1 1

5ª Jornada (16-10) Odivelas - Vitória Setúbal B Torreense - Oriental Operário - Real Massamá Casa Pia - Micaelense Louletano - Silves Olivais Moscavide - Mafra Imortal - Madalena Pinhalnovense - Benfica B

BREVES Madeirabol exibe-se na Venezuela

Um árbitro e duas equipas portuguesas mostram os seus dotes numa modalidade impar . A iniciativa partiu do Banif, o CORREIO, Diário de Noticias da Madeira e a Câmara Municipal do Funchal. O evento está marcado para as 8.30 da noite de sexta feira 14 de Outubro no campo principal de futebol de sala do Centro Português em Macaracauy. Este acontecimento marca o inicio da programação desportiva do clube inserido nas comemorações da tradicional "Festa anual do desporto" marcada para esse fim de semana. O publico terá a oportunidade de assistir por primeira vez na Venezuela a um jogo protagonizado por atletas internacionais especialistas nesta modalidade. Para sábado evento semelhante terá lugar no Centro Social Madeirense de Valência em horas da manha, inserido também na programação dos jogos organizados pela Federação de Clubes Portugueses, Feceporven.


CORREIO DE CARACAS - 6 DE OUTUBRO DE 2005

DESPORTO 31

Triunfo caído do céu quando empate era mais justo O Benfica prosseguiu no domingo a recuperação na Liga portuguesa de futebol, graças a uma vitó ria "arrancada a ferros" na recepção ao Vitó ria de Guimarães, por 2-1, consumada com um golo afortunado do decisivo Simão. O "capitão" benfiquista beneficiou de um ressalto para bater pela segunda vez o guarda-redes minhoto, aos 68 minutos, estabelecendo o resultado do jogo da sexta jornada da prova, que o Benfica pouco fez para ganhar, em especial durante a primeira parte. Na primeira parte, aos 19 minutos, o avançado italiano Miccoli inaugurou o marcador para os locais, mas os vimaranenses responderam aos 33, com um golo de Targino, depois de terem desperdiçado oportunidades suficientes para resolver o jogo ao inter-

Os encarnados continuam a galgar posições na tabela depois de terem somado a terceira vitória consecutiva

valo. O embate do Estádio da Luz confirmou o processo de recuperação do Benfica, que somou o terceiro triunfo consecutivo, o que permitiu ao clube lisboeta ascender à oitava posição, a quatro pontos do duo de líderes, composto por FC Porto e Nacional. O Vitó ria de Guimarães, pelo contrário, foi incapaz de se manter na senda das vitó rias, depois de ter acabado na ú ltima ronda com uma série negra de quatro derrotas consecutivas, mantendo-se num preocupante 15º lugar.

Liga Betandwin 6ª Jornada Académica - Gil Vicente Belenenses - E. Amadora Benfica - V. Guimarães Braga - Naval 1º Maio Marítimo - F. C. Porto Nacional - Penafiel Paços Ferreira - Sporting Rio Ave - Boavista Vitória Setúbal - União de Leiria

2-0 0-2 2-1 1-0 2-2 2-0 3-0 1-1 2-0

Classificação J V E 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

F. C. Porto Braga Nacional Sporting Boavista Benfica Vitória Setúbal Rio Ave Belenenses Gil Vicente Paços Ferreira Est. Amadora Naval 1º Maio Académica Vit. Guimarães Marítimo União Leiria Penafiel

D G

6 4 2 0 6 4 2 0 6 4 2 0 6 4 0 2 6 2 4 0 6 3 1 2 6 3 1 2 6 3 1 2 6 3 0 3 6 3 0 3 6 3 0 3 6 2 2 2 6 2 1 3 6 1 2 3 6 1 0 5 6 0 3 3 6 0 2 4 6 0 1 5

P

11-4 14 5-0 14 8-3 14 8-8 12 10-610 10-610 4-2 10 8-7 10 10-8 9 5-4 9 7-8 9 6-5 8 8-8 7 6-7 5 4-12 3 5-8 3 1-10 2 3-13 1

6ª Jornada (16-10) Boavista - Gil Vicente E. Amadora - Marítimo FC Porto - Benfica Naval 1º Maio - Belenenses Penafiel - V. Setúbal Rio Ave - Braga Sporting - Académica U. de Leiria - P. Ferreira V. Guimarães - Nacional


Quem quer um banco vai ao totta

CORREIO DE CARACAS – 6 DE OUTUBRO DE 2005

Chávez e Sampaio reú nem-se em Salamanca Presidentes de Portugal e da Venezuela vão falar do caso do piloto luso Luí s Santos, que está detido na Venezuela há um ano. Liliana da Silva

lilianadasilva19@hotmail.com

O

s mú ltiplos adiamentos que tem sofrido o julgamento de Luis Santos, acusado na Venezuela de tráfico de drogas, faz com que este seja o principal tema de uma reunião que se vai realizar entre Jorge Sampaio e Hugo Chávez Frias. O encontro realiza-se em Salamanca (Espanha) porque o líder máximo do Governo venezuelano não vai a Portugal. Como informou o Ministro de Negó cios Estrangeiros, Diogo Freitas de Amaral, os dois mandatários nacionais vão aproveitar a participação na Cimeira Ibero-americana de Salamanca, que se realiza a 14 e 15 de Outubro, para tratar desta problemática que tem levantado tantas queixas em terra lusitana. Segundo a agência Lusa, o

ministro Freitas de Amaral indicou que o presidente Chávez "manifestou interesse em visitar Portugal" aproveitando a sua deslocação a Espanha para participar na XV Cimeira IberoAmericana, "mas as datas que tinha disponíveis coincidiam, uma, com a cimeira luso-brasileira (13 de Outubro), outra, com uma visita de Estado de Jorge Sampaio à Bélgica (18 a 20 de Outubro)". Por isso, os dois presidentes acordaram um encontro ou no dia 14 ou no dia 15 de Outubro. A juíza que estava encarregada do processo contra o copiloto da avioneta da Air Luxor renunciou ao procedimento judicial na semana passada, deixando novamente o julgamento sem data marcada para a sua resolução. Reagindo a este novo adiamento, o piloto Luis Santo pediu a Jorge Sampaio para que intercedesse por ele junto de Hugo Chávez com a

finalidade de conseguir alguma solução para a terrível situação de incerteza que vive há já um ano. Segundo declarações de Freitas de Amaral, toda esta situaç ão preocupa as autoridades portuguesas, pelo que ele pró prio tenciona reunir-se novamente com Ali Rodriguez Araque, à margem da Cimeira de Salamanca, para falar sobre o mesmo tema e dizer-lhes, como comentou, que "devem também fazer o seu trabalho". O Ministro dos Negó cios Estrangeiros repetiu, também, que o Ministério que administra fez já "mais de cem diligências diplomáticas" relacionadas com o caso de Luis Santos, para além das realizadas por outras entidades, como a Presidência da Repú blica, a Procuradoriageral e o Ministério da Justiça. Tenciona "publicá-las e comunicá-las à comissão assim que o processo esteja concluído", diz.

Chávez quer português como lí ngua obrigatória O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, expressou, domingo, que seria importante que as escolas venezuelanas ensinassem a língua portuguesa. O objectivo é fortalecer os vínculos com o país vizinho de língua lusa, o Brasil, que é considerada a maior potência da América do Sul. "Saber inglês é importante, mas para nós venezuelanos acho que também seria imprescindível saber português. Por isso, temos que ponderar a possibilidade de se ensinar a língua de Camões nas escolas", disse Chávez no seu programa de domingo que é transmitido na rádio e na televisão, o "Aló Presidente". Chávez pediu ao ministro da Educação, Aristóbulo Istúriz, e ao ministro de Educação Superior, Samuel Moncada, que encarregassem de avaliar a mudança curricular para que seja incluído brevemente o ensino de português como disciplina obrigatória para as crianças e os jovens venezuelanos.

Migração debatida na XV Cimeira Ibero-americana

N

a XV Cimeira Ibero-americana de Salamanca, os chefes de Estado e do Governo têm previsto debater a situação da comunidade e analisar três assuntos importantes: a migração ibero-americana, a projecção internacional

da comunidade ibero-americana das Nações e a realidade socio-econó mica e os seus rectos. A Cimeira de Salamanca, que se realiza nos dias 14 e 15 de Outubro, vai ser o ponto de partida da Secretaria Geral Ibero-americana, um novo organis-

mo que vai servir, entre outras coisas, para dar continuidade aos programas acordados nas cimeiras. Refira-se que esta nova Secretaria Geral Iberoamericana vai ter a sua sede em Madrid. O titular deste organismo vai ser o uruguaio En-

rique iglesias, proposto unanimemente pelos 22 países que se reú nem em Salamanca o pró ximo fim de semana. A Comunidade Iberoamericana de Nações tem como principal ambição falar com uma voz adequada no Mundo e fazê-

lo a favor da ilegalidade internacional, do multirealismo, do papel das Nações Unidas e da defesa do diálogo e da negociação como melhores formas de resolver conflitos. Neste encontro, vão participar três países europeus - Espanha, Portugal

e Andorra – e dezanove latino-americanos, entre eles a Venezuela. A organização aspira criar um modelo de espaço comum em prol da democracia, da coesão social e territorial, do desenvolvimento sustentável e dos direitos humanos.


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