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O jornal da comunidade luso-venezuelana
ano 06 - n.º 133- DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL
caracas, 17 De noVembro De 2005 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL:
0,75
“ Censo” a emigrantes fica pelo caminho Comunidade Europeia chumba projecto do Clube Social das Comunidades Portuguesas, que se candidatou a um financiamento de 300 mil euros para criar também portal de emprego e jornal digital Página 3
84 anos a viver as tradições portuguesas
Casa Portuguesa de Aragua quer mais políticas de aproximação aos jovens Página 5 Especialista visitou Venezuela para abordar questões linguísticas Página 15
A 10 de Dezembro, o “ Sport Clube Português” , em Newark, New Jersey, comemora mais um aniversário. Saiba um pouco desta comunidade que chegou aos Estados Unidos há mais de 500 anos Página 8
Jovens criam grupo para ajudar lar O objectivo é prestar apoio às Damas de Benificência, dando momentos de felicidade aos velhinhos
Página 6
Portugal dá boas indicações para o Mundial de 2006 Página 31
2 EDITORIAL
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
Discutir com elevação e responsabilidade Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Noélia de Abreu, Victoria Urdaneta, Yamilem González Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Bernardete de Quintal (Curaçau) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira, Oswaldo Carmona Preparação Gráfica: João Santos (DN-Madeira)
Vem aí um período agitado com a eleição para a junta directiva do mais emblemático Centro Português na Venezuela .. Porque estas disputas se repetem muitas vezes, nunca é demais aqui lembrarmos a importâ ncia de haver renovaç ão, modernizaç ão . Também não poderemos esquecermos que os eleitos teem uma função deveras importante :trabalhar em prol da comunidade e valorar as iniciativas nos momentos fulcrais dos clubes, associações e centros. Muitas vezes a nossa memó ria é curta e ignorar ou minimizar o esforço feito no passado pelas pessoas que aceitaram cargos de direcção é renunciar á verdade e ser injusto não só com os antigos dirigentes como com toda a comunidade que participou activamente nos diferentes projectos que foram desenvolvidos ao longo de muitos anos. É preciso também não esquecer que nunca houve uma prevalência de situações fáceis para quem trabalhou de sol a sol. E se nos momentos actuais na maioria dos casos
a situação financeira dos clubes é estável. Foi com muito esforço que inicialmente se arranjaram verbas para pagar rendas e “ alimentar” os anseios de uma população saudosa das tradições da sua terra. Aos só cios, definitivamente cabe-lhes a tarefa de reconhecer e agradecer a entrega e a dedicação incondicional daqueles que trabalham em beneficio das instituições que representam. Sabemos que agradar a todos não é fácil, por isso deve existir também um alto sentido de compreensão de todos para com aquelas pessoas, ou direcções que no exercício das suas labores teem que tomar decisões que muitas vezes não são do agrado de todos. Seria desejável que , apó s tantos actos eleitorais, desta vez uns e outros evitassem entrar no clima da difamação gratuita em contra daqueles que dedicam e dedicaram grande parte do seu tempo disponível em prol da instituição e dos seus associados.. É tempo de discutir com elevação e responsabilidade.
O CARTOOn DA seMAnA
Produção: Franklin Lares Fotografia: Paco Garret Distribuição: Juan Fernandez Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela
Vem aí uma missão de observadores da União Europeia para as eleições ...
Quais?! as do Centro Portugues em Caracas?
A seMAnA MUITO BOM
Solidariedade
É excelente constatar como a solidariedade origina mais solidariedade, o Lar de Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira só se pode manter graças ao contributo desinteressado da comunidade. Mas não se trata de contribuições económicas. Desta vez, destaca-se a importante ajuda prestada por um grupo que se denomina "As netas do Lar", que tem dispensado tempo e se esforçado para acompanhar e encher de alegria os residentes daquela casa. Muitas vezes a ausência de familiares pode ser compensada com a presença deste grupo de jovens que se têm mostrado muito criativos na preparação de festas e momentos agradáveis para os velhinhos. Parabéns.
BOM
Ordem nas eleições
É digno de reconhecimento a iniciativa que partiu do próprio presidente Hugo Chávez. O presidente da Venezuela solicitou a presença de uma delegação de observadores internacionais da União Europeia para que o próximo processo eleitoral fosse fiscalizado. Esperamos que esta comissão estrangeira, que vem liderada pelo deputado luso Sérgio Marques, seja uma garantia de transparência para o eleitorado e que possa contribuir também para a diminuição da abstenção.
MAU
“Buhoneros”
Não compreendemos as contradições que se têm verificado nalguns sectores do Governo venezuelano. Enquanto as autoridades do Seniat actuam de uma maneira implacável contra muitos comércios e empresas cuja contribuição ao fisco e criação de postos de trabalho é considerável, verificamos uma estranha "boa fé" dos presidentes de Câmara dos municípios da capital, que vão caridosamente ajudar a difusão do comércio informal nas ruas. Mesmo que estes não paguem impostos e fomentem o contrabando.
Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares
MUITO MAU
Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA
Bilhardice
Já mereceu uma classificação na última edição do CORREIO. Insistimos: o factor "bilhardice" (coscuvilhice) que reina na nossa comunidade não é positivo. No caso concreto do Centro Português, em Caracas, é inadmissível e de uma hipocrisia impressionante que nas vésperas das eleições se cruzem comentários pouco abonatórios de ambas as direcções concorrentes. Mais grave ainda é que os comentários que circulam de um lado para o outro não correspondem à verdade.
O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.
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CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
VEnEzuEla 3
Comunidade Europeia chumba candidatura do Clube Social das Comunidades Pelo caminho, ficou a pretensão de um financiamento de 300 mil euros para fazer um "censo" e criar um portal de emprego e um jornal digital dade Europeia alega "escassa disponibilidade financeira tendo em conta o elevado nú mero de projectos apresentados", como Comunidade Europeia não pode ler-se na carta enviada pelo viceaceitou financiar um pro- conselheiro de Planificação do Governo jecto apresentado pelo de Canárias, que é a autoridade que gere Clube Social das Comuni- o programa. dades Portuguesas que iria permitir, O Comité de Gestão do Programa vientre outras coisas, a realização de um sitou a Madeira no passado mês de Oulevantamento do nú mero de emi- tubro e, depois de analisar a candidatura, grantes e lusodescendentes que resi- decidiu dar um parecer pouco favorável. dem na Região. A isto juntou-se uma nota negativa na No total, o Clube esperava receber um "avaliação dos Interlocutores Regionais de financiamento de 300 mil euros, que seria cada uma das três regiões participantes". concedido no â mbito da IV Convoca- Foi tida em conta, também, "as recomentó ria do Programa de Iniciativa Comu- dações da Avaliação Intermédia do Pronitária INTERREG III B Açores - Ma- grama". deira - Canárias. O projecto, denominado "Diáspora Para justificar o chumbo, a Comuni- Atlâ ntica", tinha a Secretaria Regional Sónia Gonçalves
sgoncalves@dnoticias.pt
A
dos Recursos Humanos como parceira e resultou de uma candidatura conjunta da Madeira, os Açores e as Canárias. Lamentando o chumbo por parte da Comunidade Europeia, Olavo Manica, o presidente da associação, justifica-se dizendo que houve muitas candidaturas: "mais de cem". Olavo Manica acrescenta que tanto ele como os restantes membros da direcção tentaram a todo o custo conseguir o financiamento porque o projecto "era bastante importante para as comunidades". Por isso, o Clube e os seus parceiros tencionam voltar a apresentar uma nova candidatura, mas já não ao programa comunitário INTERREG III B, que acaba em 2006, mas a outro semelhante que deverá ser criado para substituir o que vi-
gora actualmente. Para trás, ficou não só o "censo" como também um sistema de formação que ia possuir uma bolsa de emprego, uma bolsa de oportunidades de negó cios e uma plataforma de apoio ao comércio electró nico das três regiões. O Clube pretendia também criar uma página da Internet, onde iria estar disponível uma acção de formação em plataforma de e-learning e seria publicado um jornal digital em várias línguas, nomeadamente em português, espanhol, inglês e francês. A "Diáspora Atlâ ntica" pretendia, ainda, apoiar a criação de empresas, realizar encontros profissionais e culturais e promover a criação e dinamização de grupos culturais.
Embaixadas recebem queixas de invasão de terras Délia Meneses
Delia_jornalista@yahoo.com
O
s familiares de Antó nio Vieira, o madeirense natural do Faial que foi assassinado em Agosto de 2003 depois de ter sido alvo de extorsão, recorreram à Embaixada de Portugal em Caracas para dar conhecimento às autorida-
des diplomáticas portuguesas deste caso que se registou no município Veroes do Estado de Yaracuy. Fátima Vieira, a irmãdo falecido, acudiu à sede da Embaixada com toda a documentação relacionada com o caso. Em formato digital, apresentou registos de propriedades da família, documentos que certificam os direitos de propriedade e as acções
legais remetidas para tribunal. Algo semelhante fizeram 14 produtores e agricultores de ascendência espanhola, que mantiveram uma reunião com o Embaixador do Reino de Espanha na Venezuela, Raú l Morodo. O objectivo foi também apresentar queixas sobre invasões e violações de propriedade privada que têm sofrido por parte de grupos de particula-
res. O embaixador de Espanha enviou uma missão a Yaracuy para indagar sobre esta situaç ão. Também falou com os afectados e pediu-lhes que esperassem algum tempo para dialogar com as instâ ncias correspondentes no Governo nacional. Entre o material que estes 14 espanhó is entregaram ao
embaixador estão fotografias, vídeos e documentos que servem para provar quem serão os proprietários dessas terras. A ideia de realizar estas visitas às sedes diplomáticas de Portugal e Venezuela é conseguir exercer pressão para que os diplomatas possam fazer chegar um alerta à União Europeia, pois até ao momento têm sido infrutíferas as con-
4 VeNezuela
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
"Não precisamos de incitar à violência" Lusodescendente que pertence ao partido Primeiro Justiça foi levado à cadeia de Helicoide, onde permaneceu detido durante 36 horas dirigentes principais do partido observaram o seu desempenho e a sua capayamilemcorreio@hotmail.com cidade de protesto. Depois, convidaramno a fazer parte do grupo, passando a secretário juvenil da Câ - ser secretário paroquial do município mara Municipal de Baruta, de Baruta. Vieira manteve-se três anos membro do partido Primei- nesse cargo e agora foi eleito secretáro Justiça, Tony Vieira, foi rio juvenil municipal da Câ mara. detido juntamente de dois colegas quanHá poucas semanas, o lusodescendo afixava cartazes publicitários para a dente viu-se envolvido numa grande campanha eleitoral. inconveniente, pois foi detido pela poTony Vieira é um jovem lusodes- lícia juntamente com dois colegas, Artur cendente de 22 anos que está a estudar Tenior e Alejandro Justicia, também Direito na Universidade José Maria membros da autarquia de Barura e do Vargas, em Caracas. Actualmente, pa- partido Primeiro Justiça. Estes três jora além de ser secretário juvenil na au- vens foram apreendidos quando colatarquia de Baruta, pertence ao partido vam cartazes publicitários nos arredoPrimeiro Justiça, no qual ingressou na res do Centro Comercial Plaza las Améaltura da revolta por causa da greve do ricas, no Cafetal. petró leo em Dezembro de 2002. A publicidade era alusiva às eleições Segundo nos comenta o jovem, os do pró ximo dia 4 de Dezembro e atraYamilem González
O
vés da mesma incitavam a juventude venezuelana a sair à rua para exercer o seu direito de voto. Esta publicidade política baseava-se nos problemas que actualmente afectam a sociedade venezuelana na área da saú de, segurança e justiça. As falhas nestas áreas são, segundo este grupo de jovens, as que precisam urgentemente de combate e uma das formas de fazê-lo é através do sufrágio. Esta campanha apresentava-se com dupla intencionalidade porque também fazia referência às festividades de Hallowen, com a simbologia dos fantasmas. Estes três jovens foram levados ao Helicoide, onde permaneceram detidos durante 36 horas, sob a acusação de incitação de desordem. Segundo Tony Vieira, a razão que arranjaram para os acusarem em tribunal é completamente
descabida, já que eles não estavam a fazer nada de mau. Só apoiavam o início da campanha eleitoral, que começava nesse mesmo dia. Acrescentou ainda que foram violados os seus direitos, pois as autoridades policiais os prenderam sem dar-lhes qualquer explicação. Por causa desta denú ncia, o jovem tem a obrigação legal de se apresentar nos tribunais de 30 em 30 dias. Por outro lado, Tony negou redondamente o que foi dito pelo ministro Jessei Chacon, ministro do Interior e Justiça, que nas suas declarações os acusou de estarem a colar cartazes que diziam "Assassinem a Chávez". Sobre o assunto, Tony acrescenta: "Nó s não temos necessidade de incitar à violência. O papel do partido é lutar e proteger o país, e não criar conflitos".
BREVES Três cidadãs portuguesas transferidas para Caraballeda
Droga vinha em CD para o Funchal
O tribunal de Macuto aceitou o pedido da maioria dos advogados de defesa para acelerar o julgamento dos quatro portugueses e seis venezuelanos suspeitos de tráfico de droga. Maria Ester Roa, a juíza que está a acompanhar o processo, agendou três audiências para cada semana, com sessões de manhã e à tarde. A juíza anunciou que oficializará a transferência das três cidadãs portuguesas para a cadeia de Caraballeda e dos venezuelanos para a prisão de Macuto a partir da próxima terça-feira, de forma a evitar as demoras que se registam no transporte desde Los Teques. Roa pediu pontualidade a todos os advogados de defesa e frisou que emitirá esta sexta-feira as notificações para quase três dezenas de testemunhas que foram pedidas pelo Ministério Público. Os quatro portugueses são acusados de transporte ilícito de substâncias estupefacientes e os seis venezuelanos de colaboração.
Elementos da Guarda Nacional da Venezuela afectos à unidade especial antidroga apreenderam 175 gramas de cocaína dissimuladas na caixa de um CD que tinha como destino a Madeira, noticiou a versão online do jornal Notitarde. A apreensão da droga que tinha como destino a Região Autónoma da Madeira foi revelada pelo general de brigada Figueroa Rodríguez quando fazia um balanço sobre um conjunto de apreensões realizadas pela referida unidade antidroga e que totalizaram 6,75 kg de cocaína. O estupefaciente que vinha para o Funchal, referiu aquele responsável, foi apreendido numa empresa de transporte de encomendas que opera na capital da Venezuela.
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VENEZUELA 5
Casa Portuguesa pede integração dos jovens Carlos Balaguera
N
a cerimó nia de tomada de posse da nova direcção da Casa Portuguesa de Aragua para o período 2005-2006, o presidente da comissão eleitoral, Juan Teixeira, destacou na sua alocução que o escrutínio contou com a participação de 600 só cios para eleger entre duas listas a nova junta directiva para o pró ximo mandato. Dando cumprimento aos estatutos, foi realizado o acto de juramento, no qual o lusodescendente Ernesto de Sales, junto com os restantes elementos da direcção, foi reeleito pela terceira vez presidente desta casa. Sales defendeu a necessidade de serem realizadas políticas de aproximação para que
os jovens se integrem cada vez mais e "assegurar assim o futuro da nossa cultura portuguesa". Destacou igualmente o aumento do nú mero de alunos nos cursos de língua portuguesa: "Actualmente contamos com a presença de 50 alunos, nú mero nunca antes visto". Num balanço das actividades, Ernesto Sales lembrou o facto de ter conseguido cancelar uma dívida que tinha ficado de anos anteriores e que chegava aos 40 milhões de bolívares. Para terminar, pediu a todos os presentes aplausos para a comissão eleitoral, por ter realizado um trabalho transparente. A nova junta directiva é constituída pelos seguintes elementos: Ernesto De Sales, Presidente; Manuel Enrique Díaz, Vicepresidente; Juan Ma-
crino Díaz, Tesoureiro; Rui Da Graça Carrillo, Secretáriode Actas e correspondência; Crisó stomo De Sales Relações Pú blicas; Firmito De Sousa, Secretário de Cultura; Víctor
Márquez, Secretário Juvenil; José Santos, Secretário de Desporto; Clodomiro Barrios, Primeiro Vogal; Héctor Rondon, Segundo Vogal; Pedro Nunes, Terceiro Vogal.
BREVES Homem com depressão terá posto fim à vida Jean Carlos De Abreu
deabreujean@yahoo.com
Na cidade de San Casimiro, no Estado de Aragua, foi encontrado sem vida, pelo seus filhos, um homem de 60 anos de idade que se terá enforcado. O cadáver foi identificado como José de Sousa e era natural de Portugal continental. A causa do acto poderá estar relacionada com uma crise depressiva. Segundo nos comentaram vários vizinhos da vítima, o defunto tinha perdido a fala devido ao seu problema de saúde, pois um acidente tirou-lha a voz. Por causa desse inconveniente, o emigrante terá decidido pôr fim à sua vida. O corpo da vítima foi encontrado suspenso no ar. Os seus filhos ainda tentaram salvar-lhe a vida, descendo-o de onde estava pendurado. De imediato, transferiram-no ao Ambulatório de San Casimiro, onde morreu poucos minutos depois de ter sido atendido pelo pessoal médico. Vizinhos alegam que o luso vivia nessa localidade há cerca de trinta anos e que era conhecido por ser um homem trabalhador e honrado. O acto registou-se na Avenida Sucre, na casa 41 de San Casimiro, Estado de Aragua. Os agentes policiais da subdelegação de Villa de Cura está a investigar o incidente.
6 VeNezueLA
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Grupo "As Netas do Lar" formalmente oficializado três ou quatro filhas das Damas começaram a colaborar com elas no lar", diz. Com o tempo, foram integrando o om a iniciativa de criar o Lar grupo mais mulheres e actualmente o Padre Joaquim Ferreira, sur- projecto já tem um ano e meio. Contudo, giu também a intenção de fa- foi apenas no passado dia 8 de Novemzer outras coisas em prol da bro que este grupo foi formalmente oficomunidade portuguesa, o que demons- cializado, com o nome "As Netas do Lar". tra que muitos emigrantes e os seus luIntegram o grupo: Marilú De Ansodescendentes têm um sentido de ca- drade, Olga Ferreira, Belkis Pestana, ridade impressionante. Janette de Sousa, Carmencita Vieira, A constituição do grupo "As Netas do Tereza Enrique, Fernanda Pereira e Lar" adveio de uma destas ideias. As fil- Marinely Da Silva. Todas elas fazem has e noras das Damas de Beneficência parte da comunidade portuguesa na em Caracas conseguiram a pouco e pou- Venezuela e, na sua maioria, são lusoco constituir um grupo de mulheres que descendentes. apoia as damas no trabalho no lar que "As Netas do Lar" manifestaramfica localizado nos Anaucos. nos que fazem este trabalho com muiMarilú de Andrade, uma das mulhe- to carinho e sentem uma grande satisres que constituem o grupo de "As Netas fação ao ver que com um pouco de esdo Lar", comentou-nos que esta iniciati- forço podem fazer feliz os velhinhos va começou pela mão de Cremilda de que integram o lar. Andrade, representante de Relações Pú O apoio que este grupo oferece às blicas das Damas. "Ela queria que as pes- Damas de Beneficência é realizar quasoas jovens fossem integradas neste pro- tro vezes ao ano uma pequena festa jecto e que dessem alguma alegria aos aos avó s e fazer-lhes visitas semanais velhinhos. Logo depois desta proposta, dentro das suas possibilidades. As neYamilem González
yamilemcorreio@hotmail.com
C
tas comemoram com os residentes do lar datas especiais como o Dia da Mãe, o Dia do pai, o Dia do Idoso e a Festa de Natal. No passado dia 8 de Novembro, "As Netas do Lar" comemoraram juntamente com os avó s o Dia do Idoso e a festa de Hallowen. Passaram toda a tarde com eles, dançando mú sica portuguesa e vene-
zuelana e oferecendo-lhes um pouco de atenção. Preparam-lhes um lanche e, como sobremesa especial, um grupo de mú sica venezuelana actuou, contando com a participação de jovens e crianças que alegraram a tarde e tiraram sorrisos aos mais velhinhos. O grupo consegue fazer estas festas através de doações anó nimas.
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Venezuela 7
Compadres reelegem Ferreira para presidente José Luí s Ferreira não só volta a presidir a Academia do Bacalhau como foi reeleito director da Câmara Luso-venezuelana "Penso que não vai haver grandes mudanças", diz-nos o presidente reeleito. noeliadeabreu@gmail.com Mas só na festa de fim-de-ano, a 3 de Dezembro, é que se vai dar a conhecer a o passado dia 7 de Novem- sua equipa de trabalho, que o vão acombro, os compadres que per- panhar no seu mandato. tencem à Academia do Ba"No pró ximo ano, a Academia vai calhau reelegeram pela sé- continuar com as actividades que até tima vez consecutiva José Luís Ferreira agora tem desenvolvido, nomeadamente como a autoridade máxima desta asso- no que se refere a prestar ajuda social ciação que tem vindo a desenvolver, des- aos compatriotas mais necessitados. Da de Maio de 1997, um trabalho intenso mesma forma, vamos continuar a apoiar na área social dentro da comunidade o trabalho que fazem as Damas de Beportuguesa da Venezuela. neficência com o Lar de Terceira Idade O evento realizou-se no restaurante Padre Joaquim Ferreira", declara-nos o Maison Dore e contou com a participa- presidente reeleito. ção e votação de aproximadamente duA Academia do Bacalhau também se zentos compadres. tem destacado por prestar ajuda aliJosé Luís Ferreira, que vai assumir o mentar a diferentes famílias cujos incargo de presidente, vai agora nomear gressos se têm comprovado insuficienas pessoas que vão ocupar os cargos de tes. vice-presidente, tesoureiro e secretário. Na vertente comercial, a intensa acNoélia de Abreu
N
tividade dentro da comunidade de José Luís Ferreira vai continuar no pró ximo ano, pois ele foi também reeleito na semana passada para a direcção da Câ mara de Comércio Luso-venezuelana e é ainda Conselheiro Principal das Comunidades Portuguesas na Venezuela.
BREVES
Consulado de Maracaibo continua fechado Após a renúncia do cônsul honorário de Maracaibo, Jesuíno Brito, no passado mês de Julho, o consulado português decidiu encaminhar as solicitações da comunidade para o consulado de Valência, de modo a que fosse dada continuidade e resposta às mesmas. Contudo, era esperado que no mês de Outubro houvesse já uma pessoa indicada para substituir Jesuíno Brito, uma vez que foram analisados currículos de candidatos ao cargo. No entanto, o consulado de Maracaibo continua fechado e os documentos enviados pela comunidade de Zulia são remetidos para Valência. Não há para já indicações sobre a data de reabertura desta sede diplomática mas é esperado que sejam resolvidos os inconvenientes que atrasaram a sua abertura.
8 VENEzuElA
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Vivências do "Sport Clube Português" em Newark A 10 de Dezembro o centro cumpre 84 anos. Direcção é constituí da pela terceira geração de luso-americanos, que continua a dar vida às tradições lusas ção de luso-americanos que to- individualidade de cada portuma o comando, e, de certa for- guês que chegou com a ideia ma, pensa-se reactivar as ac- de melhorar o seu estilo de viewark, uma loca- tividades e tradições portugue- da, mas que, pouco a pouco, se lidade localizada sas através da interactividade esqueceu das suas tradições. dentro da cidade entre os só cios. Também é Se em linha geral os festide New Jersey, uma forma de abrir caminho vais de folclore portugueses nos Estados Unidos da Améri- para que os novos descenden- servem de pretexto para reuca, é uma área povoada por tes de lusitanos conheçam as nir os compatriotas. Luís Janoemigrantes portugueses que ali suas raízes. ta lamenta que na cidade essa chegaram por volta de 1500, As diversões inovadoras e estratégia não funciona, já que com a navegação de explora- activas como o karaoke, as fes- a seu entender muitos grupos dores de Cortereal. tas alusivas às datas importan- não são convidados a participar Com o passar do tempo e, tes da América do Norte e o nos espectáculos devido ao em particular, no século XX, desporto são algumas das acti- choque que há entre a essas uma nova vaga de emigrantes vidades que serão desenvolvi- instituicoes. portugueses chegou a diferen- das nas instalações da associaA participação dos portutes partes do Mundo, incluindo ção, segundo comentou Luís Ja- gueses nas iniciativas culturais ao norte da América. Em Ne- nota, presidente do clube. nos Estados Unidos não é maswark, um grupo de portugueNo pró ximo dia 10 de De- siva, já que é difícil reunir tanses que residiam desde há mui- zembro, o "Sport Clube Portu- tas gerações num mesmo lugar tos anos na cidade, tiveram a guês" cumpre 84 anos da sua porque eles não dispõem de ideia de fundar um clube que fundação e celebrará a data de tempo necessário. Luís Janota reunisse a comunidade lusa pa- uma forma especial junto de disse que a gastronomia é uma ra estreitar os laços de amiza- todos os seus só cios. Está pre- das poucas tradições que têm de. Assim nasceu em 1922 o vista a realização de um conví- mantido naquela localidade. "Sport Clube Português", por vio, de modo a reavivar algu- Lamenta tambem o facto que intermédio de Eduardo Bap- mas das tradições lusas que têm na comemoraç ão do "Dia de Fachada do “Sport Clube Português” na cidade de Newark, New Jersey tista, Joaquim Peixoto e outros ficado esquecidas. Portugal" apenas se realiza a lusos que estavam determinaoferenda floral nas instalações a criação de uma escola de lín- do Sport Clube Português", dos a fundar um local de en- O FANTASMA DA DIVISÃO do clube. Porém, a esta cele- gua portuguesa. Neste colégio, que nasceu a 31 de Março de contro de portugueses. Já nesse O "Sport Clube Português" bração não assistem muitas pes- os filhos dos emigrantes lusos 1991, integrado por filhos de tempo viviam 200 portugueses não é o ú nico centro portu- soas da comunidade. Além dis- aprendem o idioma dos seus emigrantes e descendentes dos na zona, dos quais a maioria guês da cidade, já que existem so, o presidente da instituição pais, assim como a histó ria e mesmos, em representação da era homens. aproximadamente 80 clubes, afirmou que a iniciativa é con- a cultura do país ibérico. Ac- região do Minho, tanto ao níLuís Janota, actual presi- onde mais de 50 mil portugue- hecida na cidade mas apenas tualmente, assistem às aulas vel musical como dos trajes e dente da Associação, é natural ses de diferentes gerações se tem significado para os portu- mais de 300 crianças, as quais costumes. O grupo tem como de Aveiro e chegou a New Jer- deslocam como forma de lazer. gueses. desde o início do ano escolar missão divulgar as tradiç ões sey em 1982. Comentou que Luís Janota manifesta-se recebem lições diárias para a minhotas por todos os estados sempre participou nas activi- preocupado com a divisão en- PROJECTOS NA FORJA aprendizagem da língua. dos EUA, assim como no Cadades do clube em de uma for- tre os portugueses que vivem Um dos projectos mais imOutra iniciativa do clube nada, através de concursos e ma mais ou menos activa. Ago- na localidade norte-americana. portantes que se levou a cabo foi a fundação do Grupo Fol- convites para festivais. ra como responsável pretende Esta separação é causada pela apó s a fundação do clube foi cló rico Infantil "Aldeia Velha Alargar o relacionamento implementar uma nova ideocom clubes portugueses exislogia para atrair o pú blico luso tentes noutros países, é a proe os jovens, de modo a que esposta desta nova junta directites se integrem nas actividades va. Nesse sentido estão a ser recreativas da instituição. feitos contactos através do acNesse contexto, Janota afirtual Cô nsul Geral de Portumou que ser presidente do clugal naquela cidade, Francisco be equivale a ter muitas resAzevedo, principal dinamizaponsabilidades "porque é um dor da ideia no sentido de inicompromisso que se tem com ciar contactos e experiencias os associados e seus familiares, com os clubes e a comunidade além de ter que encontrar forportuguesa na Venezuela. Luis mas de participação destes nas Janota destaca com humildade nossas tradições e festas espea importancia desta iniciativa: ciais". “ temos muito que aprender e A novidade desta nova di- Sede da Escola de lingua portuguesa. O clube recentealgumas coisas para mostrar” . O presidente do clube, Luis Janota com o trofé u “Gago recção é que é a terceira gera- mente adquiriu as instalações da igreja. Cotinho” pessa emblematica do museu da instituição. Jean Carlos De Abreu
deabreujean@yahoo.com
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CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
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CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
Portugueses dominam comércio em Cagua Nesta zona, cinquenta por cento dos estabelecimentos comerciais são da propriedade de lusitanos Jean Carlos De Abreu
deabreujean@yahoo.com
A
cerca de 90 quiló metros de Caracas, encontra-se a cidade de Cagua, no Estado de Aragua. Esta localidade dedica-se em especial à área industrial, já que muitas empresas venezuelanas fabricantes de produtos alimentares têm a sua sede ali. Cinquenta por cento dos comerciantes de Cagua são de origem portuguesa, enquanto a outra metade é constituída por espanhó is, árabes, italianos e chineses. Renato Correia é um lusodescendente de 33 anos que sempre viveu em Cagua. Este jovem é licenciado em Administração e actualmente é gerente de uma sucursal de telefones mó veis. O lusodescendente afirma que a sua ligação com a comunidade lusa é diária, uma vez que sempre se considerou um português latino. A razão disso deve-se ao facto de manter algumas tradições dos seus pais mas com um toque pessoal. Segundo Correia, todos os portugueses de Cagua têm como ú nica preocupação o trabalho, sem prestarem atenção a outras actividades para a sua distracção e descanso. Já os filhos destes portugueses assumem uma postura de responsabilidade perante a vida mas "com algum desfrute". "Cada vez que entramos de férias, conhecemos outros lugares e nos distraímos", comentou este empresário, referindo-se à actividade que os lusodescendentes desenvolvem na pequena localidade. Na opinião deste jovem, a vida em Cagua decorre de forma monó tona porque a comunidade realiza as mesmas actividades dentro e fora do trabalho, assim como em casa, embora os jovens quando, têm um tempo livre, se disponham a
reunir-se para ir ao cinema ou algum lugar onde possam estar com os amigos. FAMÍ LIA NO CENTRO DE TUDO Para Agostinho Gonçalves, português que chegou à Venezuela há 23 anos, proveniente de Câ mara de Lobos, os dias de descanso são para passar com a sua mulher e filhos na pequena casa onde se reú ne toda a família. As tradições portuguesas de que Gonçalves ainda se recor-
Agostinho Gonçalves
da foram ensinadas aos seus descendentes, que as praticam "com gosto porque sentem orgulho de serem filhos de portugueses". É neste contexto que a mú sica tradicional portuguesa faz parte do ambiente laboral de Agostinho Gonçalves, já que esta lhe traz recordações da terra que o viu partir. Apesar disso, o emigrante, dono de um talho, comenta que se sente mais venezuelano do que português, porque ao chegar à cidade de Cagua adoptou os costumes crioulos.
Maria Elizabeth Gonçalves
Agora, o que este lusitano deseja é que os seus filhos aprendam a falar português e possam defender-se de algum modo com este idioma. INSEGURANÇA: UM PROBLEMA DE TODOS María Elizabeth Gonçalves é uma comerciante lusodescendente que nasceu em Cagua e trabalha numa loja de roupa para crianças. Ela afirma que a insegurança tem aumentado em todos os lados por causa da pobreza. Para María Elizabeth sair à noite com os seus familiares e amigos "é quase impossível", uma vez que têm receio de que algo possa acontecer.
Segundo esta jovem, o povo de Cagua é tranquilo mas não está livre dos delinquentes. Esta lusodescendente alega que todos os habitantes da zona devem estar conscientes do que acontece ao seu redor, sobretudo os comerciantes, visto que lidam constantemente com dinheiro e podem ser potenciais vítimas. De igual modo, Elizabeth Gonçalves afirmou que não pediu a nacionalidade portuguesa porque ainda não reuniu todos os requisitos necessários, mas através de familiares e conhecidos teve conhecimento que a atenção e rapidez do consulado de Valência "é melhor que o de Caracas".
Renato Correia
VENEzUELA 11 27 anos do Centro Social Madeirense
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
O
"Danças e Cantares" comemora nove anos de existência Jean Carlos De Abreu
grupo "Danças e Cantares de Portugal", com a finalidade de reavivar as tradições musicais luGrupo Folcló rico sitanas. do Centro PortuNesse mesmo ano, o presiguês de Caracas, dente do clube dessa altura não "Danças e Canta- lhes concedeu qualquer apoio. res", cumpre nove anos de tra- Quando José Luís Ferreira gandição lusa no pró ximo dia 27 hou as eleições tudo mudou e de Novembro. O director do este português recebeu a colagrupo, Antó nio Granja, co- boração da nova Junta Directiva mentou ao CORREIO que o para o agrupamento folcló rico. aniversário será celebrado com No início, o grupo "Danças surpresas para o pú blico. e Cantares" era constituído por Uma das tradições que serão 25 pessoas, portugueses e lusoreavivadas nesse dia será a apre- descendentes associados do clusentação do "presépio de esca- be. Durante dois anos ensaiadinha", junto do qual qualquer ram sem qualquer apresentação pessoa poderá pedir um desejo, formal, até que a 23 de Novemque, segundo a tradição, será re- bro de 1996 exibiram-se pela alizado no ano que vem. primeira vez no "Centro Luso Celebrar o aniversário do Turumo", em Caracas. grupo significa, para Granja, aleA letra e a mú sica portugria, porque este "manteve uma guesas são adaptadas pelos mú das muitas tradições portugue- sicos na Venezuela e, assim, os sas dentro do clube, como é o bailarinos podem interpretá-las caso do folclore". através da dança a um ritmo moderado e adequado à capaciINÍ CIO DIFÍ CIL dade dos jovens. O agrupamenEm 1995, Antó nio Granja e to tem três trajes representatiFernando Ferreira formaram o vos, dois pertencentes à Região deabreujean@yahoo.com
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Autó noma da Madeira e um que representa Viana do castelo, no continente luso. PRESÉPIO DE "ESCADINHA" Como motivo de abertura das festas natalícias, o grupo "Danças e Cantares de Portugal" do Centro Português de Caracas realizará um presépio em "escadinha", que se forma colocando uma mesa sobre a outra até formar uma pirâ mide, onde se coloca o menino Jesus. Os arredores da mesa são decorados com frutas e sementes de milho, para que cada pessoa que chegue coloque uma oferenda e peça um desejo para o pró ximo ano. Além disso, na celebração do aniversário, o grupo assistirá às actuaç ões de outros agrupamentos convidados, como o "Hogar Canario de Venezuela" e a "Hermandad Gallega de Venezuela", para que a data seja festejada em conjunto e com a demonstração de bailes e de folclore europeu.
Centro Social Madeirense de Valencia vai comemorar, de 17 a 20 de Novembro, o seu XXVII aniversário, que se vai realizar nas instalações do clube. Para estes dias, a direcção está a preparar uma série de actividades especiais para divertir os só cios desta casa portuguesa. No dia 17 de Novembro, está previsto realizar-se o Acto de Imposição da Ordem "João Gonçalves Zarco", na sua primeira, segunda e terceira classes. Esta condecoração vai ser
outorgada a diferentes personalidades. A referida cerimó nia leva-se a cabo no Salão Madeira, às 9h00. No sábado, dia 19, vai realizar-se um espectáculo pú blico, denominado "La Galáxia del Humor", que conta com a apresentaç ão do Conde del Guácharo e do Moreno Michael e Jordí, a partir das nove da noite. No domingo, 20 de Novembro, tem lugar actividades desportivas e culturais para o encerramento deste aniversário. Isto a partir das três da tarde.
12 HISTÓRIA DE VIDA
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Histó ria de carinho António Jorge de Freitas, No oitavo ano da sua morte
A histó ria da nossa família e do nosso avô começa em 1945, quando chega à Madeira, depois de ter estado pouco tempo no Curaçau, Antó nio Jorge de Freitas. Filho de Antó nio de Freitas e de Julia Oliveira, saiu do Monte (Funchal) pensando deixar, por motivos pessoais, a sua mulher Vitoria do Espírito Santo Abreu e Violeta, a ú nica filha que tinha até essa data. Nesse mesmo ano (1945), chega à Venezuela com uma mochila cheia de esperança infinita, que colocou desde o primeiro momento no país que o tratou como "filho". Um dia, na Avenida Los Jabillos de Caracas, pelos arredores da Funerária Vallés, viu pela primeira vez Rosa Herminia, quem de imediato lhe conseguiu roubar não só o olhar como também o coração. Assim, não renunciou nunca mais ao que se propusera, agarrando com força aquilo que se tornou numa luz que multiplicaria e intensificaria os seus sentimentos. O encontro foi mágico para os dois. Três anos depois nascera a primeira filha, Maria de Los Angeles. Já nessa altura trabalhava no Sindicato de Transportes do Distrito Federal e do Estado Miranda, cobrindo a rota desde Artigas ao Parque Central. Quando ainda cantava a Maria canções de Amália Rodrigues (a sua cantora favorita), veio ao Mundo Aura, Marla, Raiza e o seu ú nico filho barão, Jorge. Deste modo, estaria completa a primeira parte da família e a sua inevitável e
orgulhosa continuidade. Todos os seus filhos nasceram cobertos de anedotas da sua vida, sobre a Madeira, a sua passagem pela guerra que o deixou doente ao ponto de se ter esquecido como ler e escrever, tendo a sua mulher, Rosa, o ensinado novamente. Contava a sua passagem pelo Curaçau e da sua habilidade para falar o "papiamento" (linguagem pró pria naquela ilha). Enfim,
as histó rias que se lembrava e partilhava com a sua família, recusando-se sempre a viver de trás para a frente. A família, entre outras coisas, jogava eternas mas divertidas jogadas de dominó aos fins-de-semana. Na verdade, era comovente vê-lo a fazer batotas descaradamente para ganhar. E, entre sorrisos, fazíamos que não víamos.
As comidas com os seus amigos portugueses Fernando e Antó nio; as plantas do seu pequeno jardim; o seu inevitável e particular costume de arranjar as coisas, o que entre os netos denominávamos de "Tecnologia Freitas"; os galinheiros; os seus currais para coelhos e outros animais, que se convertiam na nossa comida em reuniões familiares. E em Dezembro, quando
chegávamos todos felizes, vestia-se para ver-nos a partilhar em família as festas tão cheias de sentimentos. Víamos no seu rosto a forma como se deliciava a observar-nos. Era como ver os pais quando se "babam" a ver os seus bebés a darem os primeiros passos. Era como se desfalecesse no seu mais íntimo devido ao amor que tinha pela família. E assim, desfalecendo-se por dentro, a sua doença o consumia. E a 20 de Novembro, no mesmo dia em que faz anos um dos seus netos, Adalberto, deixa este Mundo com um cancro no pulmão. Se voltássemos a nascer, temos a certeza de que íamos desejar ter na mesma uns avó s como estes. Dois seres que representam a necessidade de ser humano e ter alguém que se eternize junto de ti. Amando. E esse legado, esse exemplo, devemo-lho a Rosa Herminia e a Antó nio Jorge de Freitas. Nunca o vamos esquecer.
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14 CULTURA
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Miss Portugal e Miss Venezuela chegam à China Ângela Fonseca e Susan Carrizo prontas para concorrer à coroa de Miss Mundo 2005, no dia 10 de Dezembro na cidade de Sanya Carlos Orellana
corellanacorreio@hotmail.com
E
stá já tudo preparado para que no pró ximo dia 10 de Dezembro se realize o Miss Mundo 2005 na cidade de Sanya, ilha de Hainan, China. As candidatas já estão alojadas no Hotel Sheraton de Sanya, cumprindo com as actividades preliminares que lhes impõe o concurso. A representante da Venezuela, Susan Carrizo, chegou à cidade asiática no passado dia 10 de Novembro com sete malas, onde transportava diversos trajes de desenhadores do país, entre eles Ángel Sánchez, cujas criações vão ser usadas no desfile de gala. No dia da prova de ta-
lentos, vai usar um desenho de Hugo Espina chamado "Rainha do Amazonas", com o qual espera poder impressionar através da sua dança de tambores. Berliz Susan Carrizo, Miss Venezuela, é uma morena vistosa de olhos verdes que mede 1.77. Nasceu em Lagunillas, Estado de Zulia, e é estudante de Odontologia. Adora o cinema, dançar ritmos tropicais, escutar baladas e mú sica româ ntica. Além do mais, gosta de nadar e ocupar-se de dois cães e um papagaio que tem em casa. O seu prato favorito é a pasta italiana. Acredita que com determinação e força de vontade vai conseguir concretizar os seus sonhos. Berliz considera que o melhor que o seu país tem é o calor e o bom sentido
de humor das pessoas. Se lhe concedessem a concretização de um desejo, optaria por "ganhar este concurso para crescer como pessoa, promover o nome do meu país e ajudar essas pessoas que têm necessidades", disse. A sua mensagem para as restantes candidatas é que é importante "participar no concurso dando o nosso melhor, sem invejas nem más intenções. Assim, quando terminar, cada uma delas vai saber o que fizeram bem, sem magoar ninguém". Por sua vez, Ângela Fonseca, Miss Portugal, é uma estudante de vinte anos de idade e pele morena. A jovem lusa mede 1.74 e nasceu em Cabo Verde. Actualmente vive com a sua família em Setú bal, Portugal. A sua maior ambição é tor-
Pessoa no plural e ú nico João da Costa Lopesjdcosta_99@yahoo.com
N
ão é o ú nico caso de heteronímia na literatura universal, mas é sem dú vida o de maior relevo. Mesmo ao nosso lado, temos o caso de Antó nio Machado e os seus heteró nimos - Juan de Mairena e Abel Martín, também apelidados de "apó crifos" que foram estudados, entre outros, por Rafael Belló n - mas é convicção geral, que o caso do português tem características realmente excepcionais. I - Faz por estes dias setenta anos que escreveu uma ú ltima mensagem: I know not what tomorrow will bring, enquanto estava no hospital. Supomos que quem a escreveu foi o ortó nimo, mas como ter a certeza? E por quê em inglês, ele que afirmou que a sua pátria era a língua portuguesa? Explicar que foi educado em Durban - que agora tem o monumento a recordá-lo - talvez não seja suficiente. Na verdade - descontados os nove anos moços passados na África do Sul - Fernando Pessoa foi um 'alfacinha' de ponta a ponta, ainda que Lisboa não tenha na sua obra, ao contrário do que sucede com Cesário Verde, um peso particularmente significativo. Pessoa tem saudades da histó ria porque pensa no futuro, como se pode apreciar claramente em Mensagem, o ú nico livro publicado em vida, um texto que é hoje celebrado universalmente, mas que em 1930, num concurso literário, perdeu o primeiro lugar para uma obra e um autor de quem ninguém se lembra. Mas o Pessoa de Autopsicografia é igualmente o poeta virado para den-
tro, filosó fico e surpreendente que, por vezes, se mimetiza nos seus heteró nimos. E é igualmente o das quadras ao gosto popular, esses "vasos de flores que o Povo põe à janela da sua alma". II - Mas se o leitor prefere um autor mais ligado à natureza, panteísta mesmo, então a recomendação seria Alberto Caeiro. Igualmente nascido em Lisboa e quase contemporâ neo de Pessoa (1889), o poeta de 'Guardador de Rebanhos' e de 'O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia', ficou ó rfão de pai e mãe quando ainda era um garoto alourado e de olhos azuis. Pessoa refere-se a este poeta, que viveu quase toda a vida no Ribatejo e só regressou à terra natal para morrer tuberculoso em 1915, como o seu mestre. III - Esta relação maestro/discípulo, leva-nos a falar de Ricardo Reis, que nasceu na cidade invicta um ano antes que Pessoa. Apesar de que tinha formação académica - foi educado num colégio de jesuítas e chegou a receber o capelo de médico - reconhecia igualmente Caeiro como seu mestre. Por razões políticas - era monárquico - autoexilou-se no Brasil a partir de 1919 e desde então não se sabe ao certo o que foi a sua vida. Homem de só lida cultura clássica, de raízes latinista e até semihelenista, deixou um belo conjunto de odes, plenas de harmonia e refinada sensibilidade. IV - Uma quarta opção de leitura é o futurista Álvaro de Campos, que frequentemente se escondia detrás de um monó culo cosmopolita. É quase um contrário de Ricardo Reis, ainda que se reconheça igualmente discípulo de mestre Caeiro. Nasce no extremo sul de Portugal, em Tavira, em 1890, mas estuda no estrangeiro, em Glasgow, onde se forma como engenheiro naval. De ascendência judaica, como provavelmente o pró prio Pessoa, mas mais viajado do que este, conheceu boa parte do mundo, em especial o Oriente. Se bem que aprendeu latim com um tio sacerdote de província, nunca chegou a dominar o português como o fazia Ricardo Reis. Confessando-se pagão, seguia uma estética não aristotélica e frequentemente irritava Pessoa com os seus poemas "sensacionistas", por vezes um tanto escandalosos, onde se sente a força da civilização, talvez por influência do norte-americano Walt Whitman. Ode Triunfal e Tabacaria são leituras a não perder.
nar-se famosa no mundo da moda e da actuação. Entre os seus hobbies, destaca que gosta de fazer compras, de ir ao ginásio e de praticar dança, especialmente com ritmos americanos, africanos e latinos. O seu lema pessoal é: "Nada é impossível. Há no entanto algumas coisas mais difíceis do que outras". Fonseca considera-se uma mulher simples, honesta e persistente na hora de conseguir o que se propõe. Pensa que uma das suas virtudes é a dança. Se tivesse que viajar, optava por visitar os Estados Unidos. Do seu país, o que mais gosta é a liberdade. Se lhe concedessem um desejo, pediria uma oportunidade para o Mundo ser um lugar melhor.
BREVES Lisboa plataforma de apresentação da obra de Saramago No passado dia 11 de Setembro, Lisboa foi o cenário da apresentação ao velho continente e a alguns países da América Latina, do novo livro do reconhecido Nobel da Literatura 1998, José Saramago. Esta é a primeira vez que a obra deste autor foi publicada de forma simultânea em Itália, Espanha e Portugal e em alguns países latino-americanos. Saramago escolheu o Teatro São Carlos, no centro da capital lusa, para apresentar à sociedade "As intermitências da morte", no seu título original em português, que narra os conflitos resultantes da decisão da morte em abandonar a sua actividade. Na obra, o alvoroço que gera num país a jubilação da morte converte-se logo num motivo de preocupação devido ao impacto político, económico, social e até religioso desta situação.
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CULTURA 15
Ensinar a língua e formar leitores Armanda Costa na UCV para partilhar trabalhos sobre linguí stica e psicolinguí stica Amarú Araujo Villegas avillegas1@yahoo.com
A
Escola de Línguas Modernas (EIM) da Universidade Central da Venezuela está a trabalhar na promoção e difusão da língua portuguesa nas áreas de tradução, interpretação e pesquisa. Os convénios com o Instituto Camões permitem partilhar os diferentes pontos de vista em relação aos estudos na área das letras, da educaç ão, da cultura, etc. A professora Maria Armanda Costa visitou a Venezuela para apresentar um dos seus trabalhos sobre linguística e psicolinguística na EIM: Ensino de Línguas e Formação de Leitores. Armanda Costa vem de Portugal e trabalha na Universidade de Lisboa como professora e investigadora, especificamente na Faculdade de Letras. "Eu trabalho principalmente com a metodologia do ensino de línguas estrangeiras e maternas. Como investigadora, trabalho nas áreas de linguística e psicolinguística na universidade. Alem disso, temos muitos projectos de investigação, sobretudo com o francês e o português...". E acrescenta: "O nosso trabalho tem a ver com os processos pró prios dos seres humanos
para produzir e compreender a linguagem, os processos cognitivos e o uso do cérebro...". A apresentação teve como objectivo principal estudar quais os pontos mais importantes que os novos estudantes de línguas e os novos leitores devem dominar. Para atingir esta meta os professores e estudantes intercambiaram experiências na aula e ouviram com atenção as propostas feitas pela professora Costa. Quanto à iniciativa do governo venezuelano de incluir a língua portuguesa no plano de estudos secundários, Costa opina o seguinte: "Não con-
heço muito sobre o tema, mas acho uma ideia ó ptima. Não podemos ignorar a realidade venezuelana, pois há muitos portugueses no país e vocês têm como vizinhos o Brasil". Sobre quais devem ser as condições básicas para estabelecer esta iniciativa, Costa diz que "a situação pode ser um pouco complexa porque para fazer um trabalho sério com o português como língua estrangeira na Venezuela tem que haver previamente um trabalho de investigação sobre os dois sistemas de línguas. É preciso definir o que os une e o que os separa, em termos linguísticos, para utilizar o material di-
dáctico apropriado". O contacto venezuelano para que esta linguísta pudesse fazer a apresentação na UCV foi feito pela reconhecida professora Digna Tovar, que se empenhou junto do Instituto Camões e da Direcção da EIM. A primeira apresentaç ão contou com a presenç a de Daniel Morais, agregado cultural de Portugal; a professora Célia Mendes, ex-leitora de português, o senhor Felipe de Saavedra, actual leitor de português; professores da EIM; e estudantes de português da mesma escola, entre outros convidados.
III Mostra Portuguesa em Madrid
A
terceira ediç ão da Mostra Portuguesa que se iniciou no dia 10 e vai até vai até ao dia 19 de Novembro, procurou aproximar a cultura portuguesa com a espanhola. O evento contou com um programa recheado de actividades culturais. As actividades da mostra se inauguraram no passado dia 10 de Novembro, com a presença do escritor português Antó nio Lobo Antunes na Biblioteca Nacional de Madrid.
No dia 16 de Novembro, teve lugar um recital de poesia onde se leram poemas de alguns dos mais destacados autores da poesia lusa do século XX, entre os quais se podem destacar Fernando Pessoa, Eugênio de Andrade e Antó nio Ramos Rosa. Dentro da divisão musical do Círculo de Belas Artes, levaram-se a cabo concertos de Katia Guerreiro, Os Gaiteros de Lisboa, Os Segréis de Lisboa e João Afonso.
Na área da filosofia e do pensamento, Madrid contou com a participação de filó sofos e profissionais como Câ ndido Pimentel, Ángel Gabilondo ou Pedro Calafate, que reflectiram sobre a actuação actual das relações hispano-portuguesas e os pontos de confluência e divergência entre ambas as culturas. Para além disto, a mostra contou com uma jornada de arquitectura, um ciclo de cinema e diversas exposições.
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Talento e elegância na V Semana da Moda Delia Meneses
delia_jornalista@yahoo.com
A
V Semana da Moda de Caracas teve como cenário este ano a Praça de Altamira, um dos lugares mais emblemáticos da arquitectura venezuelana. Assim, sobre o espelho de agua, que se destaca pelo obelisco, foi colocada a maior passarelle da moda nacional, na qual quase 100 dos modelos mais destacados do país, uniram-se para exibir as criações de 24 dos melhores desenhadores nacionais, durante quatro noites alucinantes.
O sucessor do mítico desenhador português Álvaro Clement - o seu filho Marlon - apresentou um desfile em que se destacou a qualidade das confecções e o estilo "avant garde" colorido, que, de resto, distingue as suas colecções. Como um dos melhores criadores do país e convertido
O lusodescendente Marlon Clement destacou-se com uma colorida variedade de confecções num icon da elegâ ncia masculina, Clement apresentou duas linhas. A primeira para ocasiões formais, com uma variedade de fatos em tons de cinzento e muitas riscas, em consonâ ncia com as tendências mundiais. A segunda linha, de estilo desportivo, inundou a passarelle de cores vivas, como o laranja e o vermelho forte, com uma colecção para o Outono/Inverno, na qual mostrou as variedades de tecido, desde o algodão ao "frescolana" e "linomezcla". As gravatas, símbolo mais sofisticado de Clement, tinham também riscas,
numa contraposição de cores ténues e fortes, como motivos muito pequenos, como mariposas. Como é habitual nestes desfiles, há sempre um desenhador que se destaca. Clement sobressaiu pelo seu fantasioso espectáculo, no qual os bonés e as gravatas foram lançados em agradecimento ao pú blico. O momento de maior impacto foi quando uma das modelos soltou, em direcção ao céu, um conjunto de balões que estavam amarrados a um traje da marca. Entre os restantes desenhadores que participaram na iniciativa destacam-se a empresa Biglidue, Mariela Guzmán, Arcadio Díaz, Raenrra, Rafael Ramiro, José María Almeida, Liliana Rivas, Camila Castillo, Carlos Benguigui, Justo Gó mez, Octavio Vásquez, Leonardo De Armas, Alejandro Fajardo, Hajsky Bueno, Ingrid Hidalgo, Nicolás Lawand, Luis Perdomo, Nidal Nouaihed, Ana María Rincó n, Luis Uzcátegui e Máyela Camacho.
Parte da colecção casual do desenhador Marlon Clement
Tony Ferreira diz ser modelo com sorte N
Lusodescendente é nova imagem da conhecida loja de roupa masculina Monte Cristo
Uns meses depois, foi campeão de futebol com o grupo do Marítimo do Centro Português, em Caracas, e também o segundo melhor marcador da equipa, conta-nos o modelo lusodescendente Tony Ferreira, que foi novamente campeão no ano 2005. Além disso será durante dois anos a nova imagem da conhecida loja de roupa masculina Monte Cristo. Tony Ferreira tem uma lon-
ga trajectó ria nas "passarelles". Os seus inícios deram-se em desfiles quando vivia em Portugal e, depois, quando se lançou em concursos internacionais, onde obteve maior projecção. Começou no concurso "International Male Model", onde representou Portugal na ilha de Aruba em 1998. Depois, foi vencedor consecutivamente dos concursos "Mister América" e "Modelo.com" (desta vez como representante da Venezuela) e concorreu na mesma ilha ao "Mister América Continent". Depois duma tentativa frustrada de passar a árdua prova da Organização Mister Venezuela no ano 1999, Ferreira conseguiu em 2000, ser o representante do Estado Portuguesa no concurso masculino mais importante do País. Nes-
Carlos Orellana
corellanacorreio@hotmail.com
asceu em Caracas e viveu no País até aos treze anos de idade. Depois, foi morar com os seus pais para o Funchal e, treze anos mais tarde, regressa à Venezuela de férias, em Outubro do ano 1997. O que Tony Ferreira nunca se imaginou foi que essas férias seriam para sempre. “ O só cio de meu pai, que era também meu tio, morreu e o meu pai decidiu encarregar-se do negó cio. Disse que se estivéssemos de acordo ficávamos por cá".
se mesmo ano também foi vencedor do "Mister Praia", onde não houve participação internacional. Assim foram os começ os deste jovem, filho de João Manuel Ferreira Rocha e Fernanda Albertina Freitas Gonçalves, um casal natural de Câ mara de Lobos, na ilha da Madeira. Com a experiência que foi obtendo nos certâ mens de beleza, começ aram a surgir projectos como modelo, conseguindo ser a imagem de diferentes anú ncios publicitários,
os quais lhe deram muitos benefícios econó micos e, por sorte, o passaporte para uma nova carreira. Ainda que, apesar de para ele ser modelo é algo importante, o trabalho como manequim fica sempre em segundo plano, pois dá mais impor-
tâ ncia ao trabalho com o seu pai, num supermercado onde trabalha desde que chegou à Venezuela. Diz-nos que o mundo da actuação também lhe agradou e assegura-nos que se tivesse que escolher um papel, gostava de vestir a pele do "mau da fita".
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18 MADEIRA
CORREIO DE CARACAS - 6 DE OUTUBRO DE 2005
Parque Temático Santana no seu melhor Já mais de dez mil pessoas visitaram este novo espaço que permite, de uma forma lúdica, aprender muito sobre a história da Madeira barco, passamos por lojas que oferecem aos interessados um sgoncalves@dnoticias.pt pouco do mais tradicional que a Madeira tem: desde o bolo de naugurado há pouco mais mel, ao vinho, passando pelas de um ano, o Parque Te- bonecas de maçaroca e os vimático da Madeira conse- mes. guiu converter-se num No pavilhão "Descoberta das ponto de visita obrigató rio não Ilhas", em pequenas embarcasó para os turistas como tam- ções de quatro pessoas, os visibém para os madeirenses. tantes podem reviver a viagem Localizado a Norte da ilha, dos descobrimentos das ilhas, em Santana, este espaço, im- realizando um percurso cheio plantado numa área ú til supe- de animação com cenografias, rior a sete hectares, permite- projecções, jogos de luz e som. nos, de uma forma inovadora, À bordo de pequenos navios ficarmos a saber um pouco mais de madeira que nos embalam da cultura e da histó ria regio- por entre o verde das plantas e nal. o seco das paisagens mais áriLogo à chegada, uma lagoa das, podemos ver muito da hisartificial convida-nos a dar um tó ria dos pescadores madeipasseio de canoa num cenário renses. À saída, para recordação, que pretende reconstituir as vi- os interessados podem comprar vências dos "pesquitos" de Câ - uma fotografia que é tirada aumara de Lobos. tomaticamente no início da "viagem". PAVILHÕ ES COM No espaç o denominado MUITA HISTÓ RIA "Um Mundo de Ilhas, As ilhas Mas antes de uma volta de do Mundo", conta-se a histó Sónia Gonçalves
I
ria das ilhas da Madeira e do Porto Santo numa grande exposição que nos oferece painéis ilustrados com fotografias e mapas de maquetas, réplicas, cenografias e vídeos. A mostra está organizada em sete nú cleos principais: a Origem da Vida, O Descobrimento, O Homem e a Natureza, o Açú car, o Vinho, o Turismo e a Madeira Hoje. Numa "Viagem Fantástica na Madeira", outro pavilhão torna-se interessante pela forma radical como consegue apresentar um pouco do que caracteriza a Madeira dos dias de hoje. Desde a adrenalina do parapente a uma descida do Monte "louca", onde os carreiros fazem das suas, este pavilhão faz-nos sentir emoções fortes, pois as subidas e as descidas íngremes são acompanhadas com um simulador. De destacar, é que a apresentação mostra um casal que vem de lua-de-mel à Região.
Chegam de portátil e pastas de trabalho e logo de seguida abandonam a intenção de permanecer em viagem executiva. Saem cheios de vontade de regressar... DO ARTESANATO AOS DESPORTOS RADICAIS Para além dos pavilhões que aqui destacamos, encontramos no Parque Temático, demonstrações de artesanato, um auditó rio natural, carros de bois e redes, uma casa de Santana, uma retrete antiga, uma pequena réplica do comboio do Monte, o maior parque infantil da Região, uma área para desportos radicais, um labirinto, um moinho e um "zoom-out e circuito de espelhos", que nos apresenta por menores de vestimenta e da gastronomia madeirense em "ponto grande" (dois metros). Enfim, um conjunto de atractivos que convidam os visitantes a passarem, só s ou acompanhados, um dia diferente. UMA HOMENAGEM À DIÁSPORA MADEIRENSE
De destacar, é a homenagem à diáspora madeirense, com um muro em pedra que apresenta o mapa do Mundo para simbolizar a presença de portugueses em todo o globo. Os visitantes podem apreciar e até experimentar os vários ateliers de artesanato, a casa e a cozinha tradicionais de Santana, onde nalguns dias é possível assistir à confecção do pão de Santana. Porque para visitar o parque pode ser necessário um dia inteiro, o local conta com três espaços de restauração. Em dias festivos, a animação de rua invade o parque com palhaços e andarilhos, a que se juntam as mascotes vestidas a rigor, Gonk e Zark. No dia em que o Parque Temático comemorou um ano (15 de Outubro), já mais de dez mil pessoas tinham visitado o parque, que é procurado por muitas empresas para realizarem momentos de convívio dos seus funcionários, assim coo pela maioria das escolas da região, grupos culturais e recreativos, instituições pú blicas, lares e centros de dia.
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PORTUGAL 19
Crise leva portugueses a trabalhar no estrangeiro A Espanha é o paí s mais procurado e os salários mais elevados são um dos principais atractivos Licí nia Girão
(JN - Portugal)
A
crise na construção civil atira todos os anos milhares de trabalhadores portugueses para o estrangeiro. Espanha, França, Holanda e Inglaterra são os principais destinos da mão-de-obra nacional, seduzida pela possibilidade de ganhar o triplo, fazendo praticamente o mesmo que fariam do lado de cá da fronteira. Os 1200 euros oferecidos, por exemplo, em Espanha como salário mínimo a um trabalhador qualificado, bem distantes dos 499 pagos em solo nacional, são só por si apetecíveis, tornando-se numa solução quase de sonho para os que estão no desemprego. E na construção civil são cada vez mais os que engrossam esta lista dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que, nos ú ltimos três anos e meio, perderam-se cerca de 72 mil postos de trabalho. E segundo o Sindicato da Construção Civil, se não forem tomadas medidas urgentes, até ao princípio do ano perder-se-ão mais seis mil. Mas ilusão "vendida" à distâ ncia da realidade dos locais de trabalho cai, muitas vezes,
por terra assim que chegam ao destino. Ou porque o salário negociado com as empresas intermediárias não corresponde ao efectivamente pago, ou porque as condições de trabalho expõem-nos a perigos contra os quais há muito se achavam salvaguardados. Segundo fontes sindicais, 60% dos portugueses que trabalham fora de país fazem-no em situações de precariedade laboral, sem contratos de trabalho, sendo empregados por firmas portuguesas que não cumprem a legislaç ão. E é a partir daqui que a ilusão de uma vida melhor começa a turvarse. Ainda semana passada, cinco portugueses perderam a vida e dois ficaram feridos em mais um acidente de trabalho, em Granada, Espanha. Diz Ricardo Sousa que nem gosta de espanhó is. "Tenho de reconhecer que o trabalho, lá, não tem nada a ver com Portugal, em termos de segurança e organização", admite o operário da construção civil que há mais de um ano optou por trabalhar em Espanha, por causa das vantagens financeiras. Aos 27 anos, vive num permanente vaivém entre Fafe, a terra de que recusa separar-se, e os quatro cantos de Espanha, ou
seja, onde houver trabalho. Actualmente, está numa obra em Lugo, na Galiza, o que lhe permite passar os fins-desemana com a mulher e o filho de três anos, mas já tem andado por outras paragens, como a Catalunha, que tornam mais fundo o fosso da ausência. As saudades e as permanentes viagens, em carrinhas de nove lugares, fazem o sabor amargo desta opção de vida, se excluirmos a comida, a que falta a sustâ ncia minhota, ou o café, "de fugir". "Já tive ocasiões em que liguei para cá e o miú do estava doente. Quando é assim, fico a pensar em parar com isto, mas depois vejo que não posso, pelo menos a médio prazo", diz, explicando "Custame muito ver o meu filho a crescer sem eu estar aqui, mas quero ter mais um ou dois e dar-lhes um futuro melhor do que eu tive". Está consciente de que não o conseguirá sem andar lá por fora. Não diz quanto ganha a mais, mas salienta que, além de tudo, há cinco dias por semana em que não gasta dinheiro com a alimentação, além de que "o custo de vida é parecido", com a diferenç a de receber mais dinheiro. Trabalhar em Portugal significaria, de imediato, abdicar de um determinado nível de vida ("trabalhase nove horas por dia, na construç ão, para ganhar cem contos").
Ricardo fala disso com alguma amargura, pois o amor a Fafe continua a impedi-lo de emigrar com a família. Porém, as notícias do que cá se passa não o animam: "Como é possível haver ministros a dizer que subir o salário mínimo para 500 euros, em quatro anos, é irrealista? Uma família, a ganhar menos não pode ter projectos na vida!". Claro que trabalhar no estrangeiro não é, obrigatoriamente, algo assim tão positivo. Em Espanha, sobretudo na Galiza, "há mesmo muitos portugueses a trabalhar" e é comum conviverem uns com os outros, partilhando histó rias, sussurrando queixas. Muitos es-
tão contratados por empresas espanholas, e esses vivem bem, até porque "os patrões espanhó is gostam da maneira de trabalhar dos portugueses". Já com os empregados de empreiteiros nacionais as coisas podem ser bem diferentes. Ricardo diz ter as melhores condições do mundo, mas explica que há trabalhadores que recebem menos do que haviam prometido, além de comerem mal e serem instalados sem dignidade. "Eu não gosto de espanhó is", insiste. Mas não se cansa de dizer que são mais organizados, que há mais segurança, mais fiscalização, o dobro da produtividade. E queria que cá fosse assim.
BREVES Imagem de Fátima chama fiéis a Lisboa
Madeirenses em congresso luso-brasileiro
Uma multidão de milhares sem conto de crentes católicos convergiu, no sábado passado, ao fim da tarde, para as principais avenidas de Lisboa, associando-se ao cortejo que fechava com a imagem que é venerada na capelinha das aparições, em Fátima. A procissão foi a grande marca pública do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, cujo principal apelo se dirige à vivência religiosa nas cidades tendo por lema "Cristo Vivo".
Dionísio Pestana, Luigi Valle e Estêvão Neves são alguns dos empresários da Madeira que participaram no III Congresso Empresarial Brasil-Portugal, que se realizou a semana passada na cidade de Salvador, Estado da Bahia. O evento, organizado pelas câmaras de comércio portuguesas no Brasil, reuniu mais de uma centena de empresários, para além de diversas autoridades dos dois países. Luigi Valle, administrador do Grupo Pestana e presidente da Djebel, sub-holding do grupo para o Brasil, é um dos oradores convidados para o Painel "Investimentos Portugueses no Turismo no Brasil - Perspectivas de Consolidação e Evolução".
França prolonga estado de emergência A Assembleia Nacional francesa votou a favor do prolongamento por três meses do estado de emergência, para responder às violências nos arredores de Paris, que começaram a 27 de Outubro. O texto foi votado por 346 votos a favor do partido UMP (União para um Movimento Popular, no poder) e do centroliberal UDF (Nova União para a Democracia Francesa), contra 148 da oposição de esquerda e quatro abstenções. O projecto de lei será examinado pelos senadores (câmara alta) quarta-feira ao início da tarde. O ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy, que apresentou o texto, afirmou que o prolongamento por três meses "ou mais" do estado de emergência em França é necessário porque, apesar de se ter verificado um regresso "progressivo à calma" nos últimos dias, "nada está definitivamente alcançado". "O Governo considera que este prolongamento é necessário face às tensões que ainda verificamos. Em nome da eficácia para restabelecer a ordem pública, é sensato e razoável contemplar a prorrogativa do estado de emergência por um período de três meses ou mais, a partir de 21 de Novembro", disse Sarkozy. O ministro sublinhou que o projecto de lei para prolongar o estado de emergência até 21 de Fevereiro de 2006, decidido segunda- feira pelo Governo, prevê a sua anulação a qualquer momento caso "não se justifiquem" as condições para a sua manutenção, ou seja, se voltar a calma. "O estado de emergência foi, é e será aplicado com discernimento e moderação pelo Governo" conservador francês, "somente nos locais em que a sua aplicação seja necessária", acentuou o titular do Interior, numa mensagem claramente dirigida à esquerda.
20 PORTUGAL
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
Seminários não são fábricas de padres Sacerdote Fernado Ribeiro explica o processo de selecção feito nas escolas Sí lvia Ornelas
sornelas@dnoticias.pt
"N
ão preferi a minha arte. Calhou-me. Ou talvez seja essa a sorte de todas as preferências: escolhe-se sempre o que nos coube, ou seja, o que se é. Mas a verdade é que, se na escolha se escolhesse, escolheria a pintura". Tal como o escritor Vergílio Ferreira, autor desta e de muitas outras frases, a descoberta da vocação resulta de um exaustivo processo de autoconhecimento de cada um enquanto indivíduo. Há quem seja bem sucedido nessa pesquisa interior e a consiga colocar em prática e há também quem nunca chegue a definir a sua verdadeira vocação. Para a Igreja cató lica, a vocação sacerdotal é traduzida num chamamento para a "vida consagrada", que na maior parte dos casos apenas é entendido como tal apó s um longo período de reflexão. É nesse contexto que o padre Fernando Ribeiro, do Colégio Missionário do Sagrado Coração de Jesus, sublinha que os seminários menores não são "fabricas de padres", como são vistos por muitas pessoas, mas sim locais onde são admitidas crianças que estão "minimamente abertas e disponíveis para um discernimento no sentido de tentarem perceber qual é a sua vocação". Muitos, a maioria, acabam por ter a certeza que não estão destinados à "vida consagrada". "E é por isso que se compreende que entrem, por exemplo, dez, quinze ou vinte e chegue um ou não chegue nenhum [a seguir o curso de teologia]", disse Fernando Ribeiro. Além disso, acrescentou, mesmo que
a criança ou jovem venha a descobrir "que a sua vocação é para o sacerdó cio, ainda lhes fica liberdade de dizer sim ou não" porque "Deus não impõe a ninguém as suas propostas". Nesse sentido, o padre Fernando Ribeiro salienta que os seminários menores funcionam como uma espécie de "escola de preparação para a vida". Ou seja, "quem anda no seminário não perde tempo", sendo este "um espaço privilegiado para a descoberta da vocação". Esta é a mensagem que Fernando Ribeiro procura transmitir nas muitas visitas que efectua às escolas da Região. As deslocações são realizadas a convite dos responsáveis por Religião e Moral" e abrangem a maioria dos estabelecimentos de ensino dos 2º e 3º ciclos, localizados fora do Funchal. Na principal cidade madeirense são apenas visitadas duas ou três escolas, referiu. Nessas aulas, as crianças são elucidadas sobre o conceito de vocação, em relação ao qual existem, segundo o sacer-
dote, muitos equívocos. Normalmente, referiu, a ideia de vocação resume-se a uma ú nica definição: "ter jeito para qualquer coisa". Contudo, segundo o padre Fernando Ribeiro, ela não é assim tão "restrita". Recorrendo à origem etimoló gica da palavra, afirma que por vocação entendese "um chamamento que tem origem em Deus e que chega a nó s não pelos ouvidos mas através da consciência". Daí, que haja necessidade de reflexão. Em cada turma são seleccionadas algumas crianças, tendo por base a observação que é feita pelos sacerdotes ao longo da aula. Essa selecção tem em vista o envio de uma carta, com o objectivo de convidá-los a passar um fim-de-semana no Colégio Missionário. Juntamente, segue uma nota aos pais a informá-los da acção efectuada na escola e das razões do convite. Segundo o sacerdote nas aulas quase todos manifestam interesse em participar no convívio promovido no colé-
gio, mas muito poucos comparecem. Fernando Ribeiro calcula que apenas dez a quinze por cento das "crianças" aceitam a proposta. Isto porque apesar do interesse manifestado nas aulas, "falta depois a outra parte". Ou seja, a parte dos pais e "essa é muito complicada", uma vez que estes não "estão virados" hoje em dia "para estas coisas" e em muitas vezes "não se apercebem que o filho têm direito a estas oportunidades". Uma atitude que revela, segundo o padre Fernando Ribeiro, uma "indiferença" dos pais. Por vezes, adiantou, parece que é mais fácil admitirem que os filhos "caiam na droga do que virem para o seminário". Por outro lado, de acordo com o sacerdote, são praticamente inexistentes as situações em que os jovens se apresentam voluntariamente, sem terem participado nas acções nas escolas, no seminário para "testarem" a sua vocação.
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
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22 OPINIÃO
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
Violência urbana ou o estalar do verniz! Luí s Barreira A onda de violência que, há cerca de duas semanas, tem percorrido a região parisiense se alargou a outras cidades francesas e ameaça estender-se a outros países europeus. Demonstra, entre muitas outras coisas, a fragilidade dos modelos sociais, das nossas actuais sociedades. Se a multi-culturalidade crescente das sociedades europeias é apresentada, teoricamente, como uma vitó ria do humanismo igualitário e da liberdade e fraternidade dos cidadãos europeus, na prática, a coesão social, que deveria corresponder ao "cimento" que nos une, é uma simples capa de "gesso", pronta a partir-se à menor pressão. Preocupadas com os fenó menos macro-sociais, as classes políticas europeias dão cada vez menos importâ ncia ao desenvolvimento das situações marginais que a pró pria sociedade engendra, porque não os resolve, no seu estado latente e só quando elas atingem a dimensão de um quase "levantamento popular", passando ao estado patente, é que reagem, gritando "aqui del rei", como se o que está a acontecer fosse um absurdo, perante o seu conceito de sociedade "arrumadinha". Estes milhares de jovens franceses, descendentes de famílias imigrantes, de há várias décadas, não se sentem excluídos agora e os comportamentos sociais marginais, que hoje denunciam com tanta
violência, são factores que sempre estiveram presentes em muitos dos seus comportamentos particulares. São consequência das várias sociedades paralelas, que se desenvolvem debaixo dos nossos olhos, alimentadas pelas culturas particulares que lhes estão na origem e da incapacidade das sociedades de acolhimento em dignificar a diversidade, preferindo a aculturação forçada, tantas vezes pela força da exclusão social. Se considerarmos que essa mesma exclusão social conduz a estados marginais de vida e que esta marginalidade assume, sempre, formas violentas de expressão, escondidas do resto da sociedade ou desafiando abertamente a pró pria sociedade, o tratamento das consequências não pode deixar de ter em conta as causas. Se isto não pode justificar a tolerâ ncia, perante a violência exibida por esses jovens, não é igualmente tratando-os publicamente de "escumalha", como fez o Ministro do Interior francês, que se pode atenuar as consequências e criar vontades, para ajudar a resolver as causas. Nestas condições, estas sociedades paralelas, que existem de facto (independentemente da cegueira política de muitos dos nossos dirigentes europeus), acabarão por se fechar sobre elas, impermeáveis a qualquer aproximação e, mesmo que os â nimos se acalmem pela força, voltarão a manifestar-se (como já o fizeram no passado recente), reforçados pela actual experiência e, quem sabe, presa fácil de todo o tipo de ideó logos da violência. A integração social das nossas sociedades europeias, para só falar daquelas onde nos situamos e que aspiram a um modelo ú nico e ideal, não é um problema
simples de resolver e nunca se pode considerar resolvido. A diversidade e a dinâ mica das sociedades são fenó menos complexos e exigentes, a obrigar-nos a uma atenção e uma acção permanente. E, mesmo que as economias floresçam, o bem-estar dos povos aumente e a satisfação material seja evidente, resta ainda um grande nú mero de problemas espirituais a resolver. Trata-se da identidade de valores, de có digos morais de conduta, de respeito por determinadas normas essenciais à vivência em sociedade. E isto, meus caros, é muito mais difícil de resolver, do que a "simples" satisfação das necessidades físicas e básicas, dos diversos extractos das populações que compõem as nossas sociedades. O que se passa em França pode passar-se em Portugal, na Bélgica ou na Alemanha. Não é uma situação típica da sociedade francesa! Não se resolve "encaixotando" populações em torres de cimento ou em barracas da periferia das grandes metró poles, tentando esconder a miséria ou circunscrevendo-a, para melhor a controlar. Há que partir do princípio de que todos são cidadãos de um mesmo país, de uma mesma região ou de um continente, onde queremos erradicar a miséria humana, sob todas as suas formas. A começar pelos bancos das escolas e terminando na igualdade de tratamento e oportunidades, há um longo e urgente trabalho a fazer. De nada vale manter a ilusão de que "tudo está bem, quando acaba bem", mesmo que esta violência urbana acabe, irremediavelmente, pelo uso da força.
Ainda vamos a tempo de "acordar"? Fernando Cruz Gomes
P
ortugal vai andando. Ou melhor... vai fazendo que anda. De eleição em eleição, finge que é democrata. De orçamento em orçamento, até diz que é verdadeiro. E mesmo que a miséria ainda campeie e que os ricos sejam mais ricos e os pobres mais pobres, continua arreigada no cérebro de alguns a ideia de que "ainda vamos a tempo..." E, no entanto, o Governo que vamos tendo em Portugal parece estar a desbaratar a onda de confiança - e de esperança, vamos lá - que os portugueses nele depositaram. Vê-se isso, a olho nu, em cada dia que passa. Não só nas sondagens, não. Vê-se, afinal, no dia-a-dia dos... dias. Foi um Governo que, através do seu líder, disse que a grande diferença entre a sua gente e a dos seus opositores... era a verdade e a coragem. Uma e outra invocadas a todo o momento. Uma e outra deitadas para o saco do lixo das coisas que não prestam, que não existem. Ainda agora, ao subir os impostos os mesmos impostos que se tinha comprometido a não aumentar - o Governo deu nota da sua verdade. A sua coragem não foi outra que "castigar" reformados, desempregados e funcionários pú blicos - aqueles que menos se podem defender
- para a luta contra o tal défice, um papão que serve (parece servir) para "explicar" todas as coisas... inexplicáveis. Verdade e coragem, não é? Ninguém entendeu ainda que todo este género de incongruências serô dias de um Governo que o não é, apenas dá a entender que a Pátria que todos temos - sobretudo lá naquilo a que se chama "coração" - já não tem identidade. Perdeu-a nas guerras do alecrim e da manjerouna que se sucederam em catadupas logo apó s aquilo a que chamaram revolução. Deram-nos liberdade. Deram-nos democracia. Uma e outra deveriam ter trazido consigo melhor qualidade de vida, mais desafogo econó mico, melhor sistema de saú de, melhor protecção social. Só que... o espelho em que nos miramos a toda a hora dá-nos uma imagem diferente e contrária. Há défice nas contas, com o Estado quase em agonia, com uma onda de desemprego galopante e um crescente endividamento dos que no futuro têm de viver. Tudo isto, mesmo com liberdade e democracia, não pode agradar ao Povo. A confiança social está a atingir o seu ponto mais crítico. De tal modo que, se hoje fosse possível haver revoluções em Portugal, já as botas cardadas dos nossos militares se estavam a ouvir nas calçadas das nossas terras.
E, depois, ainda há quem acredite que o pró ximo Presidente da Repú blica possa resolver tudo isto. Que tenha poderes mágicos para inverter toda esta situação. Que abra, de novo, uma nesga de esperança na noite invernosa e negra em que nos vamos atolando! É mais do que miragem o que se pede a quem avançar para a cadeira do Poder. Não sabemos se já se interrogaram sobre as razões que levam alguns dos nossos melhores cérebros a demandar o estrangeiro. Se se interrogaram sobre o que é que os esperaria em Portugal. Se seria curial pedir-lhes que "aguentassem o barco" e sacrificassem o melhor de si mesmos a um sonho quase fadado ao insucesso. Os Jornais dizem que os cérebros portugueses - na proporção de 1 para 5 - fugiram para o estrangeiro. Os Jornais não dizem, no entanto, porquê. E a Histó ria mais recente de um País como o nosso que tem Histó ria... é bem capaz de ter a resposta. Para já, sabe-se que um quinto dos portugueses com ensino superior não está em Portugal. E o resto... vai-se sabendo aos poucos. Nas filas de espera para um simples cuidado de saú de. Nas ruas onde desaguam as nossas raivinhas e queixas. Nos becos (alguns sem saída) das nossas crises. Será que ainda vamos a tempo de acordar?
Nú ñez Lobo:
acusado de ser português
Antonio de Abreu Xavier aindax1@yahoo.com
S
e um funcionário pú blico é popular entre os seus administrados ganha a inveja dos seus rivais, que não perdem tempo em tentar desacreditá-lo. A histó ria de Rodrigo Nú ñez Lobo comprova essa tese. O seu pai, o fidalgo português D. Francisco Nunes Beja, instalou-se em Écija, povoado do reino de Sevilha e ali nasceu Rodrigo em 1549. Devido aos negó cios familiares viajou até à ilha de Espanha que é hoje conhecida por Repú blica Dominicana. Instalou-se em Santo Domingo, onde adquiriu fama de homem rico e humanitário: foi um abastado proprietário de fazendas e de mais de cento e cinquenta escravos e éguas para cria, assim como de grandes plantações de gengibre, juca para casabe, milho e outros legumes. Além disso, construiu um hospital para os pobres. Em 1585, deslumbrado com as possibilidades da Venezuela decidiu investir 30 mil ducados, uma grande fortuna para a época, na província de Nueva Andalucía, cuja capital era Cumaná. Numa assembleia aberta ficou acordado entregar-lhe a governação provincial que compreendia também a jurisdição sobre as ilhas de Cubagua, Coche, Tortuga, Granada e Trinidad. Rodrigo chegou a Cumaná a 4 de Janeiro de 1588. Propô s-se a fomentar na província um plano de imigração e povoamento em quatro anos. Disponibilizou-se a trazer 400 homens, entre eles cerca de uma centena casados. Para dar-lhes assessoria espiritual e fomento material pensou trazer também quatro clérigos jesuítas e uma grande quantidade de distintos gados. O seu plano incluía ainda a fundação de seis povoados. Durante a sua gestão administrativa ajudou os caseiros e funcionários que se sentiam abandonados pelos seus superiores de Caracas, defendeu o povoado de San Cristó bal de Nueva Écija dos índios Cumanagotos, fundou Nuestra Señora de la Victoria e em Fevereiro de 1589 preparava uma expedição a Trinidad para explorar este local e anexá-lo à sua administração, segundo as leis espanholas. Porém foi impossibilitado. Desde a sua chegada que tinham conspirado contra ele. Um juiz e um capitão queriam destituilo, acusando-o de ser português, dadas as origens do seu pai. Mas ele tinha nascido em Sevilha. Os seus opositores faziam correr que contra Rodrigo havia uma série de noticias e petições. A maior parte foram escritas por um frade dominicano, que com receio de ser transferido apresentou queixas à governação da Venezuela e de Madrid. A atitude teve efeito. Em 1590, antes de sair para Trinidad, Rodrigo foi substituído por Francisco de Vides, que o colocou na prisão e quis matá-lo no cárcere. Rodrigo enfrentou o juízo dos seus inimigos e defensores. O tribunal comprovou o não cumprimento da sua promessa de povoamento e aplicou-lhe uma multa. A sua defesa era a falta de tempo para cumpri-la e as solicitações dos povoadores de Nuestra Señora de la Victoria e de Cumanagoto para que lhe fosse restituído o cargo. Os seus poderosos e invejosos inimigos impediram que Rodrigo completasse os seus planos. Apesar das suas referências em Santo Domingo e do respeito do povo, a sua carreira administrativa tinha chegado ao fim. Às vezes ter boas intenções e ser popular não bastam se não se está integrado nos círculos de poder. Esta foi a experiência de Rodrigo Nú ñez Lobo.
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OPINIÃO 23
caRTas dOs leITORes Parabéns desde os EUA
Sou açoriano, radicado em Massachussetts desde os nove anos de idade. Falo bem o português e o escrevo mais ou menos, graças ao esforço que sempre fizeram os meus pais para que eu conservasse a minha língua natal, a pesar de ter saído de Portugal muito novo. Costumo visitar na Internet as páginas de alguns jornais dos Açores e recentemente me recomendaram entrar na página do vosso semanário, o CORREIO. Fiquei gratamente impres-
Autoridades reajam
sionado pelas informações que ai são noticiadas. São o reflexo de uma comunidade importante e altamente dinâ mica e motivada que tem orgulho em manter os seus costumes e tradições. Quanto ao jornal, achei uma publicação muito profissional e adaptada aos novos tempos que honra os portugueses não só da Venezuela mas a todos os que não se esquecem das suas raízes. Um grande abraço e meus parabéns. José Neves
Menos trabalho e mais vida Assisti ao IV Encontro de Gerações em Caracas e fiquei maravilhado com os depoimentos que ali ouvi. De facto, um evento para que se repita sobretudo pela qualidade dos oradores. Gente profissional de segunda geração. Que surpresa sinceramente! De tantas surpresas positivas que levei daquela reunião "familiar" a melhor diria eu foi a de reconhecer-mos que os nossos pais trabalharam muito mas que agora devem trabalhar menos e ter uma melhor qualidade de
INQUéRITO
Antonela Vieira Penso que esta acção pode funcionar, pois há demasiados carros em Caracas e é preciso fazer alguma coisa urgentemente para acabar com as filas. Além do mais não se têm apresentado outras soluções para esta temática. Isto pode ser um começo. O efeito mais positivo é a diminuição do trâ nsito e a devolução da tranquilidade às ruas. O pior é que o metro e os outros meios de transportes pú blicos vão ser muito mais procurados. Mas todos podemos fazer um esforço para deixar um carro em casa uma vez por semana.
vida. Sinto-me na pele de todos quantos pensam assim . A vida é linda e bela e a família é linda e bela sempre e quando desfrutemos da mesma, só trabalho "não presta" . Os portugueses trabalham muito e os filhos dos portugueses também e as vezes não damos valor as coisas que nos rodeiam devido a intensa dedicação que damos ao trabalho. Mário Rodrigues Berenguer
É inaceitável e vergonhoso o que acontece no Estado de Yaracuy. As famílias que trabalham desde há muitos anos neste local na produção agrícola encontram-se agora impossibilitados de entrar nas suas pró prias terras. Nem sequer se trata de grandes fazendeiros, mas sim de pequenos e médios produtores que têm no seu trabalho a ú nica forma de sustento e que agora vivem sob ameaça permanente não só em relação aos danos que um grupo de criminosos pode provocar nas suas terras mas também à pró pria vida. Não sei o que esperam as autoridades para actuarem de forma enérgica relativamente a este problema. Se calhar estão à espera que se percam mais
vidas. Isto não se pode compreender em nenhuma parte do Mundo. Se as autoridades da região ou do país não respondem, é necessário apelar às autoridades estrangeiras antes que a impunidade e o vandalismo destrocem mais famílias, que já vivem num territó rio sem lei e estão à mercê de um grupo de delinquentes que actuam à vista de todo o Mundo. Penso que as embaixadas dos países europeus devem emitir um alerta, tendo em conta que os principais afectados são os cidadãos de origem espanhola, portuguesa e italiana. Todos os que se calam favorecem e fortalecem a impunidade. Não pode ser. Isabel Fernandes
Rostos de Portugal no Mundo Numa altura em que muitos dos clubes portugueses na Venezuela estão a renovar as suas direcções, permitamme que vos lembre a importâ ncia que estas associações têm na união e fortalecimento da comunidade lusa no país. Penso que o seu papel deve ser cada dia mais proactivo, as suas direcções devem propiciar uma maior abertura. Já basta de elitismo. Temos que propiciar uma convivência mais fraterna e sincera e isto deve prevalecer acima de outras atitudes que fomentam divisões e boatos. Em cada país da diáspora os diferentes clubes portugueses são de alguma forma o rosto de Portugal no mundo. Por isso, entendo que é importante
desenvolver cada dia mais um nú mero diversificado de actividades, o que não significa só a realização de festas que são importantes mas também o desenvolvimento de actividades culturais, desportivas e educativas que podem muito bem contribuir para a formação das novas gerações de lusodescedentes. É preciso semear neles a semente da portugalidade, que não é a cultura do elitismo nem o pensamento de que tudo merecem, mas sim uma atitude humilde, constante e agradecida a ter com dois países e duas culturas que fazem parte da sua vida. Francisco Teixeira
O que acha da medida que visa limitar a circulação de carros um dia a semana? Que efeitos pode ter?
Mayra Romero Acho que é uma boa opção, desde que se tenha a vigilâ ncia necessária por parte das autoridades policiais e eles se encarreguem de cumprir o seu trabalho de responsabilidade, fazendo cumprir a lei. Caso contrário, a situação só vai piorar e a congestão de carros vai ser muito maior. Se esta medida é para vigorar, tem que ser implementada de uma forma funcional, como já aconteceu na Coló mbia. Parece-me, contudo, que o venezuelano não tem a formação cidadã necessária para cumprir com uma lei destas. E também podemos verificar a um colapso nos meios de transporte pú blicos.
Derlys Melin Penso que essa acção vai piorar as coisas e o ú nico beneficiário disso vai ser o Governo Nacional, pois actualmente está a prestar excelentes condições para adquirir carros. O venezuelano, ao ver que com um só carro não vai poder andar de um lado para outro, vai querer comprar outro diferente. O mesmo aconteceu há 40 anos e, claro, quanto mais carros, mais tráfico. Se estivéssemos num país onde se respeitassem as normas, isto iria funcionar, mas a verdade é que sabemos que não é assim.
Sónia Sousa Este dia pode ser uma opção contra o tráfico se se cumprirem verdadeiramente com as leis que sejam impostas. Caso contrário, não vai resultar e a situação pode ser ainda pior. Penso que todos os presidentes de Câ maras deviam pô r-se de acordo e analisar friamente essa acção para que, se funcione, a aplique noutros municípios. O bom seria que poderíamos criar um pouco de consciência entre os venezuelanos e evitariamos muitos inconvenientes nas ruas. O negativo é que as pessoas que vivem fora da cidade iam ter grandes dificuldades porque os meios de transporte neste país não funcionam correctamente.
24 ECONOMIA
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
Vinte anos com as mãos na massa Muitos portugueses dedicam-se à venda de empanadas, um negócio que lhes tem permitido o sustento diário. Tábita Barrera Jean Carlos De Abreu
A
Venezuela caracteriza-se por ser um país de gastronomia diversa. Há alimentos para todos os gostos. Entre a grande gama de pratos crioulos encontram-se as empanadas, que não podem faltar na dieta do venezuelano comum. Contudo, este não é um produto elaborado unicamente por venezuelanos. Alguns emigrantes portugueses, que contam com largos anos no país, partilharam estas técnicas culinárias e, inclusivamente, têm
feito da venda de empanadas um negó cio que lhes dá o sustento diário. Esse é o caso do "Empanadas Chicuelo", também conhecido como "Empanadas La Florida", um estabelecimento localizado na Rua Pedroza de la Florida, em frente à estaç ão de serviç o PDV, no qual os clientes são atendidos por Hilda Mariano, nascida em Viseu e Magdalena Paiva, natural de Aveiro. Neste estabelecimento, as emigrantes lusitanas encarregam-se da venda de empanadas, que tanto venezuelanos como portugueses referem como sendo as "melhores de Caracas".
Hilda Mariano, nascida em Viseu e Magdalena Paiva, natural de Aveiro.
O local pertenceu durante algum tempo a uruguaios, que foram os que começaram a vender as empanadas, tendo sido adquirido por alguns familiares de Hilda Mariano, os quais deram continuidade à venda desse produto. "Eu cheguei à Venezuela em 1979 e já a minha cunhada tinha este negó cio. O meu marido e eu comprámo-lo e a 15 de Março de 1980 começámos a trabalhar e a atender diariamente uma boa quantidade de pessoas que nos visitam para desfrutar das nossas empanadas", comentou Hilda. Cerca de dois anos depois, Magdalena Paiva juntou-se à equipa e as duas encarregam-se de atender os clientes, assim que o negó cio abre as portas, por volta das sete da manhã, funcionando até às cinco e meia da tarde. Aos sábados, apenas trabalham meio dia. As empanadas vendidas pelas duas portuguesas assemelham-se a pastéis e possuem recheio de queijo, caç ão, frango, presunto, queijo e carne moída. Esta ú ltima é a mais comprada porque tem um sabor bem particular, incluindo entre os seus ingredientes ovo e cebola. Cada empanada tem um custo de 1.500 bolívares. O local é visitado por uma grande quantidade de pessoas de todos os estratos sociais. "Visitam-nos mais venezuelanos do que portugueses, embora na realidade venha gente de todas as raças e cores. Não mudámos a venda de empanadas porque vendêlas é algo importante e a clientela é bastante boa", assegurou Magdalena Paiva. A massa para as empanadas é produzida na fábrica "Empanadas Lá Florida, C.A., que possuem em Guatire, onde também se encarregam da distribuição dos aperitivos que vendem, apesar destes serem confeccionados no estabelecimento de que são proprietárias em Caracas. 26 ANOS COM O MESMO SABOR Afastada da capital, em Araira, Estado de Miranda, encontra-se Conceição Pestana, uma portuguesa que
Conceição Pestana
emigrou para a Venezuela quando tinha quatro anos de idade. Faz 26 anos que se dedica a realizar empanadas para vender nos colégios pró ximos da localidade, assim como para os estabelecimentos comerciais, ajudando deste modo a sua família a atravessar a crise econó mica. O sucesso do produto fez com que continuasse a confeccioná-lo ao longo dos anos para a venda às escolas e comércio vizinhos, tendo construído em sua casa um pequeno espaço, que passou a ser frequentado por clientes fixos. Conceição Pestana faz a massa com as suas pró prias mãos, bem como o recheio para as empanadas. É reconhecida pela população como a melhor "empanadera" do Estado. Clientes da vizinhança e visitantes mais distantes não podem sair da localidade sem antes provarem a famosa "carne mechada" (esfiapada). Além disso, a principal característica do estabelecimento é a simplicidade com que Conceição Pestana atente o seu pú blico. Apesar de não ter regressado a Portugal desde que chegou ao país, Pestana planeia visitar a Madeira dentro dos pró ximos dois anos para passar com a família umas merecidas férias.
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
Lisboa sede do VI Fó rum Ibero-americano Noelia de Abreu
noeliadeabreu@gmail.com
O
presidente português, Jorge Sampaio, foi o anfitrião da sexta edição do VI Fó rum Ibero-americano, que discutiu, através de sessões à porta fechada, os distintos problemas comuns das comunidades de língua portuguesa e castelhana: imigração, pobreza, globalização, terrorismo, cultura e outras. Este evento permitiu reunir diferentes elites intelectuais, jornalistas e empresários ibero-americanos, que analisaram o passado comum e dos futuros possíveis para os diferentes países que marcaram presença nesta iniciativa, realizada desde 1999. Durante a primeira jornada, realizada a 4 de Novembro, os debates centraram-se em dois blocos: o cultural e o econó mico-social, com os economistas e empresários a focarem os temas do desenvolvimento sutentável, da globalização e do investimento. O fó rum também analisou os desafios lançados pela Universidade. Por causa da intervenção do ex-presidente uruguaio Julio María Sanguinetti, os reitores das universidades de Lisboa, José Barata Moura, e de Nuenos Aires, Gullermo Jaime Etcheverry, debateram a adaptação destas instituições de encno superior à globalização.
75 personalidades de 15 paí ses reuniram-se em Lisboa para falar de polí tica, economia e cultura
O director da Real Academia espanhola, Víctor Garcia de la Concha, e a escritora brasileira Nélida Piñon, moderados por Tomas Eloy Martínez, defenderam a linguagem como encontro de raças, de resistência e de liberdade. Falou-se da origem mestiça do espanhol, do português e de algumas línguas indígenas da América, assim como da unidade do espanhol. Os historiadores Carmen Iglesias e Miguel Sousa Tavares abordaram os "entendimentos e desentendimentos" histó ricos entre os habitantes da península Ibérica e também os da Iberoamérica.
ECONOMIA 25
BREVES Cuba e Venezuela reforçam relações com acordos Cuba e Venezuela assinaram em Havana acordos de cooperação bilateral para estreitar as suas relações, como resultado da X Reunião do mecanismo de consulta entre os consulados de ambos os países. Depois de dois dias de conversações entre as delegações encabeçadas pelos vice-cônsules de Cuba, Rafael Dausá, e de Venezuela, Pável Rondón, as duas partes assinaram a "Acta Final" do documento, informou a Efe. Além disso, subscreveram o Plano de Acção 2005-2006, com vista à colocação em marcha de um acordo entre consulados para a aplicação da Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), uma iniciativa de integração regional impulsionada pelo presidente venezuelano Hugo Chávez. Foi ainda acordado o Plano de Trabalho entre o Instituto Superior de Relações Internacionais Raúl Roa García, de Cuba, e o Instituto de Altos Estudos Diplomáticos Pedro Gual, da Venezuela. O encontro tratou de aspectos das relações cubano-venezuelanas e regionais, em particular tudo o que se refere ao desenvolvimento, impulso e divulgação da cooperação que Havana e Caracas levam a cabo debaixo dos auspícios da ALBA. Foram ainda analisados os assuntos referentes à área consular, jurídica e multilateral. Segundo Dausá, a reunião foi "frutífera", tendo afirmado que foi possível aprofundar o conhecimento mútuo e ficar com a certeza de que as políticas exteriores cubana e venezuelana "têm muitos pontos em comum". Rafael Dausá destacou também que o seu principal objectivo é o de fortalecer os acordos de cooperação, sob os parâmetros da ALBA. Já o vice-ministro Rondón, salientou que Cuba "tem tido um papel de destaque ao manter-se como Estado soberano e exemplo de dignidade" e afirmou que ambos os países estão unidos pela "amizade, cordialidade e entendimento". Actualmente, a Venezuela consolida-se como o mais importante sócio comercial de Cuba, que recebe cerca de 90.000 barris diários de crude do país sul-americano em condições preferenciais e paga com o serviço de técnicos em educação, saúde e desporto, na Venezuela.
26 PUBLICIDADE Ganhe 2 a 5 mil milhas
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
G
raças à nova parceria entre o Programa Victoria da TAP e a empresa "Inexistência", os membros do Programa têm também a possibilidade de ganhar milhas construindo e/ou decorando a sua casa, designadamente, no domínio da Arquitectura e Projectos. Por cada 2500 Euros ou 5000 Euros
BREVE Tap aprovada para parceria da Varig A transportadora aérea portuguesa TAP assinou ontem, no Rio de Janeiro, no Brasil, o contrato de aquisição das subsidiárias da companhia aérea brasileira Varig para transporte de carga (Varig Log) e manutenção (VEM). O contrato estabelece a transferência de 95 por cento das acções ordinárias da Varig Log e 90 por cento das acções ordinárias da Varig Manutenção e Engenharia para a Aero LB, sociedade indirectamente participada pela TAP, pela "Geocapital", empresa sediada em Macau pertencente ao multimilionário Stanley Ho, e por investidores brasileiros. A Aero LB adquiriu o controlo das subsidiárias VarigLog e da Varig Engenharia e Manutenção (VEM) por cerca de 53 milhões de euros. O contrato foi assinado pelo administrador-delegado da TAP, Fernando Pinto, pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), Guido Mantega, e pelo juiz do Tribunal do Rio de Janeiro, Luis Roberto Ayhoub. A assinatura deste contrato ocorreu depois da assembleia de credores da Varig aprovar, na segunda-feira à noite, a proposta da companhia aérea portuguesa. O objectivo da criação da Aero LB foi contornar a restrição da legislação brasileira, que determina uma participação máxima de 20% de capital estrangeiro em empresas de aviação no Brasil. A constituição da Aero LB foi aprovada pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), o regulador brasileiro do sector aeronáutico. A Aero LB tem um terço de capital votante e dois terços de capital não votante, sendo que a TAP participa com 20 por cento do capital votante e 100 por cento do capital não votante. O outro sócio da TAP na empresa brasileira é o fundo Stratus, que tem 80 por cento do capital votante da Aero LB. A Stratus é uma empresa brasileira especializada na gestão de investimentos em activos alternativos, com actuação em projectos com alto potencial de valorização.
gastos, são oferecidas, respectivamente, 2 mil ou 5 mil Milhas Bó nus. Além do conceito inovador, designado "Chave na mão", a "Inexistência" oferece ainda a possibilidade de comprar on-line, numa loja dedicada ao design e à decoração - http://loja.inexistencia.com - na qual os membros Victoria ganham 250 ou 500 Milhas Bó nus, por cada
100 Euros ou 150 Euros de compras efectuadas. Assinalando o arranque desta parceria, os membros do Programa beneficiam ainda de vantagens adicionais, no sector da Decoração. Até ao dia 15 de Janeiro de 2006 podem acumular milhas extra na conta Victoria (+100.00 euros / 750 Milhas Bó nus e + 200.00 euros / 2000 Milhas Bó nus).
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
DESPORTO 27
Ai que SAudAdeS eStAS CoiSAS me dão...
O grande triunfo da geração de ouro António Carlos da Silva F. axedrezado@hotmail.com
V
amos voltar um tempo atrás e recuemos até o ano de 1991. Na noite do 30 de Junho de 1991, a selecção sub-20 de Portugal, perante uma impressionante moldura humana calculada em mais de 135 mil espectadores (recorde absoluto FIFA para jogos oficiais em categoria juvenil), conquistava pela segunda vez consecutiva o troféu de Campeão Mundial de sub-20, fechando assim em beleza um Verão inesquecível, no qual os campos de futebol de Portugal receberam as melhores esperanças do futebol mundial. Dois anos antes, em 1989, e também sob o comando do "professor" Carlos Queiró z, Portugal tinha-se sagrado Campeão Mundial sub-20 em Riyhad. A vitó ria empolgou os dirigentes lusos que solicitaram perante
a FIFA a sede do seguinte tor- frontos perante a Irlanda, Arneio. E foi assim que Portugal gentina e Coreia na primeira faorganizou pela primeira vez um se, e México nos quartos de fitorneio internacional de grande nal. Na semifinal. a forte e coenvergadura no seu territó rio. rajosa formação da Austrália O grupo do qual dispunha a complicou o jogo, e foi preciso selecção para participar no tor- uma jogada genial de Rui Costa, neio era considerado por mui- que com um golaço arrumou o tos especialistas como talvez a assunto e pô s a Portugal na fimelhor geração de sempre do nal. futebol português, apelidada E assim chegámos a esse 30 precisamente depois do triunfo de Junho num Estádio da Luz a final no campeonato pelos "me- rebentar pelas costuras. Ali esdia" como a "Geração de Ouro". perava-nos a fortíssima selecção Futebolistas como Figo, Rui "canarinha" do Brasil, equipa na Costa, João Vieira Pinto (ú nico qual pontificavam "craques" do jogador bi-campeão mundial nível de Roberto Carlos ou Giosub-20), Jorge Costa, Capucho, vane Elber. O partida foi dispuPeixe, entre outros, faziam acre- tadíssima e Portugal não conseditar que a vitó ria final era qua- guia o ansiado golo que lhe dera se uma obrigação. Por isso, na o título. O jogo foi a prolongavéspera do jogo inaugural pe- mento, mas nada se alterou. Narante a Irlanda, no Estádio das da a fazer, a "lotaria" dos penalAntas, Queiró z declarou aos ties, muitas vezes antes motivo jornalistas que "n o entrare - de azar para os portugueses, demos neste mundial para terminaria ser o novo campeão alvos de chacota". mundial. A caminhada da "equipa de Os corações palpitavam e não todos nó s" foi triunfal, soman- ficavam mais unhas para roer. do vitó rias em todos os con- Mas os "putos" lusitanos tinham
30-06-91. A "Geração de Ouro" conquista para Portugal o bi-campeonato mundial de sub-20 em Lisboa.
encontro marcado com a histó ria. E foi assim que Luís Figo (com um "esquisito" nú mero 3 nas costas) partiu para a bola. Se marcava, Portugal tornaria a ganhar o título mundial. Alguns fecharam os olhos e só os abriram ao escutar os gritos da multidão. Foi Golo. Portugal ganhava o segundo troféu mundial sub-20 e na sua casa. Muitos desses futebolistas progrediram e entraram para
sempre na histó ria da bola indígena como seniores. Fizeram uma carreira cheia de títulos individuais e para os clubes que representaram (sobretudo histó ricos clubes estrangeiros). Mas essas duas fornadas de campeões mundiais de 89' e 91' nos fizeram sonhar com a repetição dessas vitó rias em categoria sénior, bem como no Mundial ou no Euro. Não o conseguiram. Mais isso, isso é outra histó ria…
28 DESPORTO
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
37 mil pessoas percorreram as ruas de Nova Iorque Por um segundo, o queniano ganhou ao seu mais próximo adversário
Aleixo Vieira Victoria Urdaneta
P
ela 36ª vez, Nova Iorque desejou ser a "cidade que nunca dorme" e foi por uns dias "a cidade que nunca se detém", porque, pelo menos enquanto decorreu a maratona, correrem nas suas ruas e pontes, ao longo dos 40 quiló metros, 37 mil pessoas de diferentes raças, ideologias políticas, condições físicas e com histó rias emotivas. Toda a façanha: 37 mil pessoas provenientes dos cinco continentes e um pú blico que passava o milhar (entre telespectadores, assistentes e jornalistas) participaram e presenciaram a prova de resistência mais famosa do mundo. E como podem medir o tempo exacto da chegada de cada elemento dessa multidão? Isso fez-se mediante um chip de cor amarela e do tamanho de metade de um centavo que se aderia a um sapato de cada corredor e que era monitorizado por computadores com programas es-
III Divisão - Série A 9.ª Jornada Correlhã Esposende Valpaços Merelinense Assoc. Oliveirense Bragança Mirandela Valenciano Joane
0 1 2 1 0 1 2 0 4
4 2 0 0 1 0 1 2 2
Cerveira Monção Vinhais Brito Cabeceirense Mondinense Maria da Fonte Amares Vianense
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
Bragança Mirandela Maria da Fonte Joane Amares Merelinense Cabeceirense AD Oliveirense Valpaços Monção Esposende Cerveira Mondinense Brito Vinhais Correlhã Vianense Valenciano
23 21 18 18 16 15 13 12 11 11 10 10 10 10 6 6 5 5
9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9
7 6 5 5 5 4 4 3 3 3 2 2 3 2 1 1 1 1
2 3 3 3 1 3 1 3 2 2 4 4 1 4 3 3 2 2
0 0 1 1 3 2 4 3 4 4 3 3 5 3 5 5 6 6
CRÓNICA DE UMA MARATONA "ELECTRIZANTE" Até à primeira metade, a competição tinha como líder o irlandês Mark Carrol, que durante uma hora, quatro minutos e 57 segundos destacou-se à frente. Era seguido de perto pelo espanhol Roni Peña (1h04:58), mas apesar do avanço inicial não terminaram a prova como vencedores. Intensidade é a palavra que poderia descrever os ú ltimo três quiló metros, com final passível de enfarte, assistindose a um "duelo" protagonizado pelo queniano Paul Tergat e o sul-africano Hen-
Ermesinde Vilanovense Vila Meã Canedo Moncorvo Rebordosa Ataense Tarouquense
4 1 1 0 2 2 1 0
3 0 0 0 1 2 1 2
Tirsense Rio Tinto Lourosa Leça São Pedro da Cova Padroense Vila Real Cinfães
Gafanha Valecambrense Milheiroense Tondela São João de Ver Avanca Anadia Social Lamas Tocha
Classificação G
17-4 18-7 22-6 14-9 20-11 13-12 11-12 14-9 8-16 17-17 11-12 13-11 13-16 10-11 7-16 9-20 10-23 10-25
10.ª Jornada (20-11) Cerveira - Joane Monção - Correlhã Vinhais - Esposende Brito - Valpaços Cabeceirense - Merelinense Mondinense - Assoc. Oliveirense Maria da Fonte - Bragança Amares - Mirandela Vianense - Valenciano
Viktor Roethlin. Já a oitava posição foi ocupada pelo queniano Simon Wangai, a nona pelo canadiano Jon Brown e a décima por um outro queniano, Isaac Macharia. Segundo os registos nunca houve uma competição tão cerrada como a deste ano. PRESENÇA FEMININA FOI MEMORÁVEL A grande vencedora feminina foi a letãJelena Procopcuka, com 2h24:41. Seguiu-a a queniana Susan Chepkemei, com um respeitável tempo de 2h24:55. No terceiro lugar ficou a atíope Derartu Tulu, que pisou a linha de chegada com um tempo de 2h25:21. MARATONISTAS ESPECIAIS Os maratonistas com condições físicas "especiais" mereceram um capítulo à parte. Foi motivo de orgulho o sul-africano Ernst Van Dyk, vencedor da maratona na especialidade de cadeiras de rodas, em 1h:31:11. Mantém assim em seu poder o recorde mundial fixado em 1h18:27.
III Divisão - Série B III Divisão - Série C III Divisão - Série D III Divisão - Série E 9.ª Jornada 9.ª Jornada 9.ª Jornada 9.ª Jornada
Classificação Pts. J V E D
pecializados, sob um sistema comandado pela Direcção de Informação Tecnoló gica. Ao finalizar o evento já se conhecia o tempo exacto de cada um dos participantes.
dricl Ramaala. Tergat acabou por obter a vitó ria com segurança, elasticidade e com uma graça que poucos podem exigir. O inesgotável atleta conquistou a prova de Nova Iorque em 2h09:30, enquanto que Ramaala, campeão do ano passado, obteve um tempo de 2h09:31. Por um segundo, o queniano ganhou ao seu mais pró ximo adversário, fazendo um esforço "sobrehumano" que lhe permitiu cruzar primeiro a linha da vitó ria, seguido de um batalhado segundo lugar. A resistência e esforço dos atletas mereceu uma emocionante ovação do pú blico. Vinte e quatro segundos depois do vencedor Tergat, chegou em terceiro lugar um representante americano: Mebrahtom Keflezighi. Este norte-americano brilhava nas estatísticas da competição, já que entre os títulos que conquistou nos ú ltimos anos destaca-se o de subcampeão nas Olímpiadas de Atenas. No quarto lugar ficou outro queniano, Robert Kipkoech, e, no quinto, o segundo norte-americano, Abdihakim Abdiramam. O sexto lugar coube ao italiano Alberico Di Cecco e o sétimo ao suíço
Pts. J V E D
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º
Vila Meã 23 Moncorvo 16 Cinfães 14 Leça 13 Ermesinde 12 Tarouquense 12 S. Pedro da Cova 12 Lourosa 12 Vila Real 11 Ataense 11 Rebordosa 11 Vilanovense 10 Canedo 10 UD Valonguense 10 Rio Tinto 7 Padroense 7 Tirsense 4
9 9 9 8 8 9 8 8 8 8 9 8 9 8 8 8 8
7 5 4 3 3 4 4 3 3 3 2 3 2 3 1 2 1
2 1 2 4 3 0 0 3 2 2 5 1 4 1 4 1 1
0 3 3 1 2 5 4 2 3 3 2 4 3 4 3 5 6
1 0 2 3 1 3 0 2 3
2 0 1 1 0 0 2 1 1
A. D. Valonguense Fornos de Algodres Sátão Arrifanense Cesarense Marialvas U. Lamas Souropires Estarreja
Marinhense Sertanense Amiense Caldas Mirandense Riachense Alcobaça Peniche
Classificação G
10-1 13-9 8-7 10-6 10-10 11-16 11-9 11-5 9-8 7-12 11-10 6-12 9-9 13-18 7-7 10-12 7-12
Pts. J V E D
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
Social Lamas 23 Avanca 21 União de Lamas 20 São João de Ver 17 Anadia 16 AD Valonguense 16 Valecambrense 14 Tocha 13 Tondela 13 Souropires 12 Milheiroense 11 Sátão 10 Fornos Algodres 8 Cesarense 6 Marialvas 5 Arrifanense 5 Gafanha 5 Estarreja 4
9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9
7 6 6 5 4 4 3 3 4 3 3 3 2 1 1 1 1 0
2 3 2 2 4 4 5 4 1 3 2 1 2 3 2 2 2 4
0 0 1 2 1 1 1 2 4 3 4 5 5 5 6 6 6 5
3 0 2 1 0 1 0 1
2 0 1 0 1 3 0 2
Beneditense Caranguejeira Idanhense Sourense Monsanto A. D. Fundão Vigor Mocidade Eléctrico
Caniçal Câmara de Lobos Carregado Vialonga Atlético do Cacém U. D. de Santana Atlético Montijo Tires
Classificação G
25-12 21-7 15-7 11-7 8-6 11-7 11-9 9-8 17-12 8-9 11-10 10-9 6-16 6-11 5-15 7-18 7-16 6-15
10.ª Jornada (20-11)
10.ª Jornada (20-11)
Tirsense - Tarouquense Rio Tinto - Ermesinde Lourosa - Vilanovense Leça - Vila Meã São Pedro da Cova - Canedo Padroense - Moncorvo Vila Real - Rebordosa U. D. Valonguense - Ataense
A. D. Valonguense - Social Lamas Estarreja - Gafanha Sátão - Valecambrense Arrifanense - Milheiroense Cesarense - Tondela Marialvas - São João de Ver União de Lamas - Avanca Souropires - Anadia Fornos de Algodres - Tocha
Pts. J V E D
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º
Marinhense Caldas Eléctrico Idanhense A. D. Fundão Peniche Caranguejeira Sertanense Sourense Mirandense Riachense Beneditense Vigor Mocidade Monsanto Alcobaça Amiense Bidoeirense
18 17 15 14 14 14 13 13 13 11 10 10 9 8 7 6 3
9 8 8 9 8 9 9 9 9 8 8 9 8 9 8 8 8
5 5 4 4 4 4 3 3 4 3 3 3 2 2 1 1 0
3 2 3 2 2 2 4 4 1 2 1 1 3 2 4 3 3
1 1 1 3 2 3 2 2 4 3 4 5 3 5 3 4 5
1 0 2 2 1 2 0 0 0
Alcochetense Elvas Ouriquense Loures Sintrense 1º de Dezembro Vilafranquense Futebol Benfica A. D. de Machico
Beira-Mar(Algarve) Messinense Sesimbra Vasco da Gama Aljustrelense Lusitano de Évora Almansilense Ferreiras Est. Vendas Novas
Classificação G
22-9 15-8 10-8 13-8 9-8 11-12 11-10 10-10 12-10 8-9 13-15 10-13 6-7 4-10 7-8 7-14 5-14
10.ª Jornada (20-11) Beneditense - Peniche Caranguejeira - Marinhense Idanhense - Bidoeirense Sourense - Amiense Monsanto - Caldas A. D. Fundão - Mirandense Vigor Mocidade - Riachense Eléctrico - Alcobaça
2 1 2 0 2 0 4 1 0
III Divisão - Série F 9.ª Jornada
Loures 19 Atlético 19 Montijo 18 Carregado 15 Attlético Cacém 15 A. D. de Machico 15 1º de Dezembro 14 Câmara de Lobos 14 Ouriquense 12 Caniçal 12 Tires 11 Vilafranquense 10 Elvas 9 Sintrense 8 Vialonga 8 Alcochetense 8 Futebol Benfica 8 U. D. de Santana 7
9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9
6 6 5 4 4 4 4 4 2 4 3 3 2 2 2 2 2 1
1 1 3 3 3 3 2 2 6 0 2 1 3 2 2 2 2 4
2 2 1 2 2 2 3 3 1 5 4 5 4 5 5 5 5 4
3 0 1 0 1 1 0 1 2
Desportivo Beja Farense Juventude Évora Monte Trigo Castrense Oeiras Amora Lagoa Lusitano VRSA
Classificação
Pts. J V E D
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
0 5 0 2 3 1 1 1 1
G
18-8 27-10 9-5 20-11 18-17 15-12 14-10 12-22 13-13 10-11 9-12 12-17 11-13 9-16 11-16 11-12 6-13 7-14
10.ª Jornada (20-11) Alcochetense - Tires Elvas - Caniçal Ouriquense - Câmara de Lobos Loures - Carregado Sintrense - Vialonga 1.º de Dezembro - Atlético do Cacém Vilafranquense - U. D. de Santana Futebol Benfica - Atlético A. D. de Machico - Montijo
Pts. J V E D
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
Lusitano Évora 23 Vasco da Gama 18 Estrela V. Novas 18 Almansilense 17 Juventude Évora 16 Oeiras 16 Amora 16 Desportivo Beja 15 Lagoa 14 Lusitano V.R.S.S. 13 Aljustrelense 13 Sesimbra 11 Ferreiras 9 Messinense 6 Beira-Mar 4 Farense 3 Monte Trigo 2 Castrense 1
9 9 9 8 9 9 9 9 9 9 9 8 9 8 9 8 9 9
7 5 5 5 5 4 5 4 4 3 3 3 2 1 0 1 0 0
2 3 3 2 1 4 1 3 2 4 4 2 3 3 4 0 2 1
0 1 1 1 3 1 3 2 3 2 2 3 4 4 5 7 7 8
G
18-5 18-5 15-4 10-4 8-6 13-9 18-12 12-9 10-11 17-13 13-9 13-9 11-12 10-10 3-11 3-35 6-22 7-19
10.ª Jornada (20-11) Desportivo de Beja Farense Juventude de Évora Monte Trigo Castrense Oeiras Amora Lagoa Lusitano V. R. S. S.
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Estrela Vendas Novas Beira-Mar (Algarve) Messinense Sesimbra Vasco da Gama de Sines Aljustrelense Lusitano de Évora Almansilense Ferreiras
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
Torneio de dominó no CPC
DESPORTO 29
VAAC e Stanford organizam maratona Jean Carlos De Abreu
deabreujean@yahoo.com
N
participação de duzentos pares de jogo. A inscrição do torneio custa 35 mil bolívares por pessoa Comissão de Domi- e permite usufruir de um almonó , que é presidida ço tipo bufé, rifas, degustações, pelo director Guil- sumos, prémios, surpresas e o herme Serrão da Sil- brinde de encerramento. va, realiza no pró ximo dia 27 de Numa "ante-estreia" ao amNovembro no salão Nobre do biente natalício, vai ser apresenCentro Portugués, em Caracas, tado um grupo de "gaitas" e vão o "Primeiro Torneio Master de ser feitas rondas natalícias. SeClubes de Dominó ", taça Banco rrão comentou-nos que este camPlaza, no qual participam 25 clu- peonato é o mais organizado e bes ao nível nacional. participativo ao nível nacional Na competiç ão, espera-se a porque "assistem pessoas de diJean Carlos De Abreu
deabreujean@yahoo.com
A
Padaria El Hatillo Antonio Emilio Goncalves Caracas
ferentes clubes onde se pratica esta disciplina desportiva". O Centro Português, em Caracas, espera receber nesse dia só cios e convidados que possam participar e passar um dia diferente, segundo nos expressou o dirigente da Comissão de Dominó . As inscrições estão abertas aos interessados, que devem dirigirse à secretaria do CPC. O evento vai estar aberto ao pú blico geral que se interesse por este tipo de contenda desportiva.
o pró ximo dia 20 de Novembro, o Valle Arriba Athletic Club (VAAC) e o Satnford Group Venezuela vão fazer a terceira carreira e caminhada em benefício da Fundação das crianças com cancro, para tratar de angariar cem milhões de bolívares que vão ser investidos nos tratamentos médicos das crianças. O custo da inscrição vai ter um valor de 25 mil bolívares e podem participar pessoas de qualquer idade. "Esta ideia surge com a finalidade de conseguir ajudas para as pessoas mais necessitadas, sobretudo crianças", comentou-nos Mó nica Ardesi, representante de Satndford Group Venezuela. O percurso desta caminhada vai ser feito de duas maneiras: uma corrida de duas voltas que vai englobar dez quiló metros, saindo desde VAAC até ao Centro Co-
está a premiar a fidelidade dos seus clientes
mercial Toló n, regressando às instalações do clube. Já a caminhada de cinco quiló metros realiza-se a dar uma volta por toda a urbanização de las Mercedes e parte da auto-estrada velha Caracas-Baruta. Para além do trabalho benéfico, o evento vai também contribuir para unir as famílias num fim-de-semana cheio de actividades desportivas. As pessoas interessadas em participar na competição e que não tenham com quem deixar os seus filhos podem deixálos num espaço habilitado em VAAC para que assim possam efectuar o percurso completo. Os boletins poderão ser adquiridos em VAAC, na loja Athletic do Centro Comercial Sambil, na Sport Zone de Boleita Norte, nas lojas Bikepro das Mercedes, no Valeo Sport no Centro Comercial Toló n e no Parque del Este, de segunda a sexta entre as 6:30 e a 9:00 da manhã e aos fins-de-semana das 7h00 às 10h30.
Padaria Nueva Valera Armando Andara San Cristóbal
Desta vez, os padeiros foram os escolhidos, sobretudo por serem empreendedores que têm transformado o conceito de servir o consumidor diário, como anunciamos na edição anterior da Plumrose, empresa distribuidora de embutidos que realizou o sorteio de 18 viagens de ida e volta a Portugal. Neste sorteio, participaram todas as padarias que cumpriram o compromisso de vender fiambres comercializados pela Plumrose Latinoamericana. Esta actividade é uma das que esta empresa tem para continuar a estreitar laços comerciais com tão importante grémio comercial do país. E, desta forma, pode oferecer ao consumidor produtos de excelente qualidade. As padarias vencedoras deste terceiro sorteio do segundo grupo, que se realizaram em 2005 são as seguintes:
Padaria Imperial Plaza
Padaria Concordia Express
José Luis Goncalves Anaco
Comercial Tigalete Sr. Jose Ferreiro 3 Sorteio Grupo Nro 2 de Padarias Vencedoras
Francisco Da’Silva San Cristóbal
30 DESPORTO
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
Média de assistências Lotação dos estádios
N
a ediç ão anterior, mostramos-lhe o ranking de nú meros de só cios dos clubes portugueses da Superliga. Agora, vamos mostrar-lhes as médias das assistências aos jogos da Superliga da passada época de 04/05. O leitor vai poder constatar que nem sempre as equipas com maior massa social são acompanhadas por ela nos jogos que disputa em casa. Nas primeiras edições do campeonato, a principal receita dos clubes era o nú mero de bilhetes vendidos para os seus jogos, como visitado, e ainda hoje - e sempre - são uma importante fonte de ingresso. Sendo o futebol o desporto mais admirado e seguido pelos portugueses, não deixa de ser algo esquisito que muitos clubes do maior campeonato de futebol português tenham assistências baixíssimas aos seus jogos, nada diferentes de algumas das assistências de, por exemplo, alguns jogos do campeonato venezuelano da primeira divisão...
CLUBE
MÉDIA
1
PORTO
35 790
2
BENFICA
35 000
3
SPORTING
30 300
4
V. GUIMARAES
16 000
5
BOAVISTA
9 500
6
ACADÉMICA
9 500
7
BRAGA
9 000
8
GIL VICENTE
5 800
9
V. SETÚBAL
5 000
10
U. LEIRIA
5 000
11
MARÍ TIMO
4 000
12
BELENENSES
3 500
13
RIO AVE
3 000
14
NACIONAL
2 700
15
PENAFIEL
2 500
(*)
P. FERREIRA
(*)
NAVAL
(*)
E. AMADORA
A
capacidade do estádio é sempre uma carta de apresentação da grandiosidade e importâ ncia de um clube de futebol. Em Portugal não é diferente, pois uma equipa com prestígio vai sempre precisar de uma instalação que possa receber uma importante parte da sua massa associativa. Os maiores estádios em Portugal sempre têm sido o dos três clubes chamados "grandes", mas certamente depois da realização em solo lusitano no passado ano de 2004 do Campeonato Europeu de Nações, outras organizações médias e pequenas podem desfrutar de funcionais e
modernas instalações com capacidade para um bom nú mero de espectadores e capaz de receber qualquer jogo de carácter internacional. Uma das causas da baixa afluência de espectadores aos jogos de futebol em Portugal é que a maioria dos estádios não reú ne as condições mínimas de conforto e segurança para os adeptos, optando muitos destes por ficar em casa, no sofá, e seguir o jogo em frente do ecrãda TV. Agora com a construção e modernização dos estádios em várias cidades portuguesas para poder organizar o Euro, já se pode apreciar uma leve melhoria, e pouco e pouco as assistências aos jogos em Portugal vão melhorando.
(*) nao participou na Superliga 04/05 Fonte: Anuário de “O Jogo” 05/06
CLUBE
ESTÁDIO
Propriedade Lotação
1
BENFICA
DO S. L. BENFICA (NOVA LUZ) CLUBE
65 647
2
PORTO
DO DRAGAO
CLUBE
50 476
3
SPORTING
JOSÉ ALVALADE S. XXI
CLUBE
50 466
4
BRAGA
MUNICIPAL
MUNICIPAL
30 154
5
ACADÉMICA
CIDADE DE COIMBRA
MUNICIPAL 30 000
6
V. GUIMARAES D. AFONSO HENRIQUES
7
U. LEIRIA
DR. MAGALHAES PESSOA
MUNICIPAL 29 398
8
BOAVISTA
DO BESSA
CLUBE
28 263
9
BELENENSES DO RESTELO
CLUBE
20 000
10
V. SETÚBAL
DO BONFIM
CLUBE
18 500
11
RIO AVE
DO RIO AVE F.C. (DOS ARCOS) CLUBE
12 815
12
GIL VICENTE
MUNICIPAL
MUNICIPAL
12 504
13
E. AMADORA
JOSÉ GOMES
CLUBE
11 000
14
NAVAL
JOSÉ BENTO PESSOA
MUNICIPAL 10 000
15
MARÍ TIMO
DOS BARREIROS
MUNICIPAL
8 910
16
PENAFIEL
25 DE ABRIL
MUNICIPAL
8 000
17
P. FERREIRA
DA MATA REAL
MUNICIPAL
5 500
18
NACIONAL
ENG. RUI ALVES
CLUBE
3 000
Fonte: Anuário de “O Jogo” 05/06
CLUBE
29 865
CORREIO DE CARACAS - 17 DE NOVEMBRO DE 2005
DESPORTO 31
Portugal vence Croácia em jogo de preparação para o Mundial
A
selecção portuguesa de futebol venceu sábado passado a Croácia por 2-0, num encontro de preparação das duas formações para o Mundial da Alemanha2006, disputado no Estádio Cidade de Coimbra. A equipa orientada pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari chegou ao intervalo a vencer já por 1-0, com um tento de Petit, aos 32 minutos, tendo Pauleta, o melhor marcador de sempre da selecção, agora com 43 golos, fechado a contagem, aos 65. A equipa portuguesa volta a actuar terça-feira, desta feita deslocando-se a Belfast para defrontar a Irlanda do Norte, no segundo encontro dos três previstos por Scolari para preparar o Mundial alemão, que vai decorrer entre 09 de Junho e 09 de Julho. RONALDO E CANEIRA COM TRAUMATISMOS O extremo Cristiano Ronaldo e o defesa Caneira sofreram traumatismos no joelho esquerdo no particular de futebol com a Croácia (2-0), em Coimbra, mas
deverão estar aptos para o embate de terça-feira na Irlanda do Norte. "O Cristiano (Ronaldo) sofreu um traumatismo directo no joelho esquerdo, mas deve ser recuperável para terça-feira", afirmou, no final do embate, o médico Henrique Jones, dando a entender que não é grave a lesão sofrida pelo jogador do Manchester United. O nú mero 17 da formação lusa, que esteve na origem dos dois tentos (apontados por Petit e Pauleta), sofreu um toque no joelho esquerdo num choque com um defesa croata, tendo sido substituído, aos 77 minutos, pelo "leão" João Alves. Por seu lado, a situação de Caneira é semelhante, já que, segundo Henrique Jones, o jogador do Valência sofreu igualmente um "traumatismo no joelho esquerdo", mas também "deve estar apto para jogar" frente aos irlandeses. Apó s o encontro de sábado, os 19 eleitos do seleccionador nacional, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, foram dispensados, voltando a concentrar-se até às 16:00 de domingo - meia hora mais tarde do que estava previsto - em Lisboa.
CORREIO DE CARACAS – 17 DE NOVEMBRO DE 2005
Associações emigrantes devem conquistar jovens Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas defendeu redução do número de elementos do Conselho das Comunidades Portuguesas
O
secretário de Estado das Comunidades Portuguesas alertou no fim-de-semana passado para a necessidade das associações de emigrantes conquistarem os jovens lusodescendentes, levando-os a aumentar a sua participação na divulgação da cultura portuguesa. Antó nio Braga falava no encerramento do seminário sobre a igualdade entre homens e mulheres nas comunidades portuguesas da América do Sul, que decorreu sexta-feira e sábado em Buenos Aires, Argentina. Promovido por diversas entidades, entre as quais a Associação Mulher Mi-
grante, o encontro abriu um ciclo de outros seminários que deverão realizar-se em 2005 e 2006 em vários países onde residem e trabalham portugueses e lusodescendentes. Este é, na opinião do secretário de Estado, um dos grandes desafios das comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo. "Os jovens também participam se forem motivados. Temos um problema nas comunidades portuguesas e temos de o olhar de frente. As associações com papel relevante têm esse problema com os jovens, porquê?", questionou. Segundo Antó nio Braga, deve ser
feita uma reflexão sobre o afastamento dos jovens não só da vida associativa das comunidades portuguesas como da divulgação e preservação da cultura lusa. Antó nio Braga defendeu uma maior vitalidade nas associações de emigrantes portuguesas que considera revelarem actualmente uma estrutura envelhecida e uma excessiva permanência nas direcções. O afastamento dos jovens é uma das preocupaç ões das associaç ões de emigrantes portugueses, assim como a necessidade do aumento da participação das mulheres nas actividades associativas.
Portuguesa assassinada em El Cují Noelia de Abreu
noeliadeabreu@gmail.com
M
aria Celina Canho de Firmino, de 70 anos de idade, foi assassinada na noite de sábado passado, depois de ter sido sequestrada, juntamente com o seu marido, Luís Pedro Firmino, uma das filhas e dois netos. Eram cerca das nove e meia da noite quando um indivíduo entrou na casa desta família portuguesa, residente em El Cují, San Antonio de Los Altos. Durante doze horas, Ma-
ria Firmino e os seus familiares estiveram reféns dos sequestradores, que decidiram na manhã seguinte levar o casal até ao Centro Comercial Los Altos, na Avenida de San Antonio, onde os emigrantes tinham uma joalheria. Enquanto isso um dos bandidos permaneceu na residência familiar com a filha e os dois netos dos Firmino, à espera que se realizasse o assalto. Contudo, a situaç ão complicou-se, uma vez que chegados ao local Maria Firmino não conseguiu acertar a combinação da chave da caixa forte, de-
vido ao nervosismo em que se encontrava. O engano levou a que fosse activado de imediato o alarme, o que chamou a atenç ão dos seguranç as do centro comercial, levando-os a verificar o que se passava no interior da loja. Quando se aproximaram para questionar os portugueses, aperceberamse que algo de estranho estava a acontecer e apenas puderam falar na parte de fora com Luís Firmino, enquanto a sua esposa aguardava junto do sequestrador. Esta situação foi fatal para Maria Firmino, que foi alvejada com dois tiros e teve
morte imediata. Quando a polícia teve conhecimento que um outro sequestrador se encontrava na casa do casal, acorreram ao local, acompanhados de uma brigada do BAE, do Cicpc, os quais conseguiram controlar a situação. A notícia da morte da Maria Firmino deixou a comunidade de El Cují consternada. Os portugueses lamentam este acto terrível, que marcou de forma especial aqueles que conviviam com a vítima, que era uma conhecida colaboradora da Igreja local e pertencia
ao grupo dos primeiros portugueses que chegaram àquela região. O QUE ACONTECEU AOS SEQUESTRADORES? O indivíduo que ficou na casa do casal português foi detido pela polícia, enquanto que o autor do homicidio foi alvejado. Numa primeira análise, a polícia julgou que tinha morrido mas quando os bombeiros chegaram para transladar o corpo para a morgue verificaram que este ainda se encontrava vivo, pelo que deu entrada nas urgências hospitalares.