Correio da Venezuela 134

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www.correiodecaracas.net

O jornal da comunidade luso-venezuelana

Novo leitor do Instituto Camões satisfeito com primeiro mês em Caracas Página 15

ano 06 - N.º 134 - DePóSito LegaL: 199901DF222 - PubLicação SemanaL

caracaS, 24 De noVembro De 2005 - VenezueLa: bS.: 1.000,00 / PortugaL:

Parlamento Caracas comvenezuelano duas listas celebra Dia de Português Portugal para o Centro Há muito tempo que não se verificava uma disputa tão intensa pela liderança do Centro Português, em Caracas. André Pita recandidata-se contra António Pita, também ele antigo director. PáginaS 10 e 11

Lusodescendente Shannon de Lima faz sucesso na passarelle. Página 16 Instituto Português de Cultura traz Clara Ferreira Alves ao seu aniversário Página 14

0,75

UE recusa interferir nas eleições Missão de Observação liderada por Silva Peneda. Página 4

Missão Cató lica supera todas as expectativas 50 anos em Venezuela. Página 3

Braga bate Benfica (3-2) e reforça liderança

Sensação na I Liga. Página 31


2 EDITORIAL

CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

50 anos frutíferos Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Noélia de Abreu, Victoria Urdaneta, Yamilem González Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Bernardete de Quintal (Curaçau) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira, Oswaldo Carmona

M

eio século de apostolado e de presença no país da Missão Cató lica Portuguesa evidencia claramente a importâ ncia que os valores cristãos têm para a maioria da comunidade luso-venezuelana. A ermita localizada em San Bernardino tem conseguido transcender o seu trabalho religioso e o seu papel como guia espiritual e não se tem esquecido do seu compromisso social. A Missão Cató lica Portuguesa, liderada pelo Padre Alexandre Mendonça, desempenha um papel fundamental em momentos de grande dificuldade para a comunidade portuguesa. O seu apoio aos afectados durante a tragédia de Vargas em 1999 foi fundamental para que muitas famílias que perderam todos os seus bens encontrassem algum conforto. Mais recentemente, perante

feitos violentos que se registaram na Venezuela a 11 de Abril de 2002, onde os portugueses foram uma das comunidades estrangeiras mais afectadas, a Missão Cató lica Portuguesa e as Damas de Beneficência, através de eventos especiais, recolheram fundos para ajudar os afectados a reiniciar as suas actividades depois dos saques que se fizeram em incontáveis estabelecimentos comerciais. Na área vocacional, muitos jovens sacerdotes lusodescendentes têm encontrado na Missão Cató lica Portuguesa e no padre Alexandre Mendonça um apoio incondicional aos seus serviços pastorais, ao promover a sua participação nas actividades religiosas desta igreja e ao propiciar a sua integração e uma maior ligação às suas origens e raízes lusas. 50 anos frutíferos.

O CARTOOn DA seMAnA

A seMAnA MUITO BOM Felicitamos o trabalho de promoção e difusão da língua e da cultura portuguesa que vem realizando a Escola de Línguas Modernas da Universidade Central da Venezuela, conjuntamente com o Instituto Camões. Graças aos acordos estabelecidos entre estas duas instituições, se tem conseguido trazer um número importante de professores de diferentes universidades portuguesas que têm podido partilhar com os estudantes venezuelanos e lusodescendentes os seus conhecimentos em diferentes áreas. Esperamos que estes encontros universitários sejam uma constante e que estas visitas continuem, pois só beneficiam o intercâmbio cultural entre os dois países.

BOM É bom presenciar o surgimento de iniciativas como a criação duma comissão que se encarregou de organizar a Primeira Festa do Minho na Venezuela. O esforço de um grupo de emigrantes provenientes desta zona de Portugal tornou possível a realização de um convívio que muito agradou aos naturais do Minho, e não só, por causa da comida e bebida típica dessa região e muita animação musical. Esperamos que se realizem muitas outras iniciativas organizadas por esta comissão.

Preparação Gráfica: João Santos (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Fotografia: Paco Garret Distribuição: Juan Fernandez

Gastavas três milhões de euros só para observar as Eleições Legislativas na Venezuela, como a União Europeia fez?

Não, nem pensar nisso. Até porque eu já vi esse filme...

Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69

MAU Aproximadamente 15 famílias portuguesas que habitam no Estado de Vargas que se viram fortemente afectadas pelas chuvas continuam à espera da prometida ajuda que seria enviada pelas autoridades portuguesas de Lisboa. O pedido de ajuda foi feito pela Junta de Beneficência do Estado de Vargas. Muitas destas famílias ficaram sem nada e só lhes resta a esperança que tem como base uma promessa de uma ajuda que nunca chega.

MUITO MAU

E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares

Nos últimos tempos, é rara a semana que as autoridades venezuelanas e as portuguesas não detectam algum carregamento de droga que tenta sair da Venezuela ou entrar em Portugal. Não podemos deixar de noticiar estes casos porque fazem parte da actualidade da comunidade e é nossa obrigação informar os leitores, pois é esta a principal função de um meio de comunicação social, mesmo que a situação se revista de muita gravidade e manchem o nome da comunidade. É uma lamentável realidade que precisa de ser combatida todos os dias de uma forma firme.

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

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VENEzUELA 3

Missão Cató lica Portuguesa cumpre meio século Os seus iní cios não foram simples, mas actualmente o trabalho desta organização transcendeu o papel de guia espiritual fundaç ão da ermita em Caracas. Da mesma forma, se referiu aos padres lusodescendentes que têm sido de grande Missão Cató lica Portu- ajuda no trabalho pastoral da Missão.

Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

A

guesa cumpre meio século de existência. Foi em 1955, quando a Constituição Apostó lica "Exodus Familae", presidida pelo Papa Pio XII, estabeleceu câ nones eclesiásticos para o surgimento de uma igreja pastoral dirigida a emigrantes.

Monsenhor Nicolás Bermú dez vai presidir no pró ximo dia 8 de Dezembro, às sete da noite, uma missa solene em honra da Imaculada Conceição, como parte das comemorações dos 50 anos de apostolado. O padre Alexandre Mendonça, que preside a Missão Cató lica Portuguesa, sublinhou que administrar os sacramentos à comunidade luso-venezuelana lhe tem permitido "partilhar experiências extraordinárias com pessoas de uma fé profunda, marcada pela devoção a Fátima". Mendonça agradeceu a todas as famílias venezuelanas e portuguesas pela colaboração que têm prestado desde a

INÍ CIO DIFÍ CIL Uma vez cumpridas as pautas exigidas pela igreja cató lica no País, em 1955, a comunidade portuguesa na Venezuela procurou um padre de origem portuguesa que dominasse bem a língua e pudesse prestar apoio à comunidade lusa nas suas necessidades espirituais. O Nuncio Apostó lico de Lisboa, que estava em Caracas na altura, pediu a Monsenhor Avelino Gonç alves que arranjasse um pároco na Diocese de Nossa Senhora de Fátima em Leiria, Portugal, para que fosse transferida para a Venezuela e cumprisse com o trabalho pastoral que lhe seria encomendado. Naquela altura, o padre Joaquim Ferreira foi o seleccionado para cumprir com a ordem sacerdotal. Chegou a Caracas a 3 de Dezembro de 1955 para prestar assessoria religiosa a todos os assíduos portugueses na Igreja Santa Rosa de Lima - primeira sede da "Capella-

nía Portuguesa" na Venezuela. Em 1967, o padre Ferreira foi nomeado oficialmente pároco da Missão Cató lica Portuguesa em Caracas. Antes da actual sede da MCP em San Bernardino, esta esteve localizada em Santa Rosa de Lima, onde se manteve durante seis anos. Depois, passou para a Candelaria (1961), onde repousou por 14 anos. Depois, regressou a Santa Rosa (1975). A 15 de Setembro de 1990, é nomeado o padre Alexandre Mendonça como párroco da Missão Cató lica Portuguesa e a sede foi transferida provisoriamente à igreja "El Buen Pastor", em Bello Campo, municipio de Chacao, até 4 de Agosto de 1996. À PROCURA DE UMA SEDE O sacerdote José Manuel Ribeiro foi quem prestou serviços antes que chegasse o padre Alexandre. Ribeiro reconheceu que não podia lutar contra a precariedade que invadia a MCP, que não tinha sede pró pria. O Monsenhor Teodoro de Faria, bispo do Funchal e presidente da Comissão Episcopal Portuguesa para as Migrações no ano de 1990, reuniu-se com o Cardeal de Caracas, José Alí Lebrú n Moratinos, com quem se comprometeu nomear o pároco Alexandre Mendonça para substituir os cargos que levava o

seu homó logo, José Manuel Ribeiro Fernandes. Entre os acordos feitos por ambos eclesiásticos, estabeleceu-se o compromisso de edificar em Caracas o santuário em honra de Nossa Senhora de Fátima, para a peregrinação e difusão da mensagem da padroeira portuguesa. A edificação da santa Sede para Fátima em Caracas seria o trabalho principal, para além de atender à necessidades religiosas da comunidade portuguesa. A igreja teria características semelhantes à que está localizada em Cova de Iria, em Fátima, Portugal. Ambas serviriam de centro de peregrinação, um lugar de oração e descanso espiritual, diocese da Missão Cató lica Portuguesa. Passaram três meses e se conseguiu concretizar o projecto. A igreja Nossa Senhora de Coromoto e Fátima, onde está a funcionar actualmente a Missão Cató lica Portuguesa, é uma das ermitas mais concorridas pelos emigrantes e habitantes da capital. A MCP se tem caracterizado por evangelizar e levar a palavra de Deus a toda a comunidade portuguesa na Venezuela, para além de ajudar nos trabalhos sociais, estando sempre pronta a estender uma mão àqueles lusitanos que não têm recursos suficientes para sobreviver.

Sexto aniversário a 1 de Dezenbro O CORREIO vai festejar o seu sexto aniversário num evento especialmente preparado para o efeito, a ter lugar no Centro Português, em Caracas, na pró xima quinta-feira 1 de Dezembro, dia memorável que assinala a Restauração da Repú blica em Portugal. A festa do CORREIO é essencialmente dirigida aos leitores e anunciantes residentes na Venezuela. Para além disso, deslocam-se de Lisboa e do Funchal várias personalidades para participar na festa do nosso jornal. A comitiva portuguesa é chefiada por Paulo Fontes, vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira. Integram também o grupo os adminis-

tradores da Empresa Diário de Notícias da Madeira e da Lusomundo, respectivamente José Câ mara e José Marquitos. Rui Abreu, chefe de Gabinete da Presidência da Câ mara do Funchal, e os ex-vereadores Rui Marote e Duarte Gomes, bem como Rui Alves, presidente do C. D. Nacional, e ainda o director hoteleiro Urbino Rebelo, completam a delegação portuguesa. No evento que assinala mais um aniversário do nosso jornal, prosseguiremos a campanha para a recolha de material que dará corpo ao futuro Museu da Emigração Portuguesa na Venezuela. Presentes estarão o Embaixador de Portugal e os cô nsules de Caracas e Valência.


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Observaçã o Eleitoral europeia recusa interferir na Venezuela Sérgio Marques e Emanuel Jardim Fernandes chegam a Caracas a 1 de Dezembro para integrarem Missão de Observação liderada por Silva Peneda soalmente, lhe fizeram o presidente da Comissão Europeia e a comissária euasilva@dnoticias.pt ropeia das Relações Exteriores. A Missão de Observação Eleitoral União Europeia não vai emi- (MOE) da UE já tem no terreno cerca tir nenhum juízo de valor de 40 observadores. Nos pró ximos dias sobre as Eleições Legislati- chegarão a Caracas outros 100, para vas que se realizam na Ve- além de uma delegação de sete deputanezuela a 4 de Dezembro. Silva Peneda, dos do Parlamento Europeu que, sechefe da Missão de Observação Eleitoral gundo o DIÁRIO apurou, inclui os mada UE, tornou pú blico na semana pas- deirenses Sérgio Marques e Emanuel sada, em Caracas, que a sua vasta equi- Jardim Fernandes. pa vai apenas "observar" e "não interfeO corpo directivo da MOE é cherir", relegando todos os comentários e fiado por Silva Peneda e integra 10 esapreciações para o relató rio definitivo pecialistas eleitorais, incluindo profisque entregará a Durão Barroso no mês sionais em votações electró nicas e um de Janeiro. assessor de segurança. "A União Euro"Esta observação é muito delicada e peia vai gastar cerca de três milhões de seria imprudente a União Europeia estar euros com esta missão", revelou Silva a comentar as posições de cada um dos Peneda. Um custo integralmente assuintervenientes no processo eleitoral", mido pela UE, como forma de garantir justificou Silva Peneda, na primeira a independência e fiabilidade da obconferência apó s a sua chegada a Ca- servação. racas, na passada terça-feira. O portu"Estaremos em 20 dos 24 estados da guês, que chefia "uma das mais caras Venezuela, cobrindo a votação de cerca missões da UE", como acabaria por re- de 95 por cento da população venezueconhecer, evitou assim qualquer refe- lana", disse ainda o chefe da MOE, rência à polémica da votação electró - acrescentando que já reuniu com os nica que, depois do Referendo Revoga- principais partidos e observadores intó rio, volta a merecer muitas suspeitas ternos envoltos nas Eleições Legislatide fraude informática, da parte da Opo- vas do primeiro domingo de Dezemsição e de alguns meios de comunica- bro, que deverá manter a hegemonia ção social. política do chavismo em Venezuela. O eurodeputado Silva Peneda subsO resultado da sofisticada missão de tituiu Sérgio Marques na chefia desta observação europeia será transposto pamissão de observação, depois do madei- ra um relató rio preliminar que Silva rense ter alegado compromissos políti- Peneda apresentará em Caracas, um ou cos para recusar o convite que lhe fora dois dias depois das eleições. O relató feito. À margem da conferência de im- rio definitivo e minucioso, já com coprensa, Peneda secundarizou ao DIÁ- mentários e juízos de valor, será elaboRIO a alteração registada, enfatizando rado em Dezembro e apresentado à Coaquilo que já tinha dito no encontro missão Europeia durante o mês de com os jornalistas venezuelanos: que Janeiro. Não terá nenhum tipo de refleestava orgulhoso do convite que, pes- xo, com efeitos práticos ou não, no desAgostinho Silva

A

fecho do acto eleitoral venezuelano, assegurou ao DIÁRIO o chefe da MOE. "Faremos um relató rio fundamentado, gostem ou não gostem as partes representadas", prometeu Silva Peneda. CHEGADA TARDIA NEGADA Confrontado com as críticas que têm ecoado na imprensa venezuelana, sobre uma eventual chegada tardia dos especialistas da UE à Venezuela, que assim não terão tempo de despistar eventuais condicionamentos informáticos, Silva Peneda apenas disse que "três semanas é tempo suficiente", até porque o processo eleitoral na Venezuela não é igual ao de alguns países de África. "Temos recursos que garantem uma observação rigorosa", disse também, deixando claro que, face a eventuais violações do segredo do voto, a missão da EU "não é auditora, mas apenas observadora". Ainda em relação a esta delicadíssima matéria, Peneda ressalvou que conhece "as pretensões dos diversos intervenientes no processo eleitoral", mas que mesmo assim não iria produzir qualquer comentário. "Esta observação é muito delicada", repetiu, frisando que todas as entidades contactadas estão a fornecer todos os dados solicitados pelos especialistas da MOE. As Eleições Legislativas realizam-se no domingo, dia 4 de Dezembro, em toda a Venezuela, sendo esperada nova e retumbante vitó ria dos partidários do presidente Hugo Chávez. Estas eleições são também uma antecâ mara do virá a passar-se no pró ximo ano com as Eleições Presidenciais, onde Chávez tem praticamente garantida a sua recondução na Presidência da Repú blica Bolivariana de Venezuela.

Pedro Teixeira observador na Venezuela O madeirense Pedro Teixeira é um dos 150 observadores da União Europeia, que vão acompanhar o acto eleitoral na Venezuela, que se realiza a 4 de Dezembro. Esta será a sexta vez que está presente em eleições como observador. Anteriormente já esteve no Paquistão, no Camboja, na Guatemala, em Moçambique e na Guiné. O "site" do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) refere que o acordo para a participação dos observadores europeus foi já assinado, tendo o presidente daquele organismo reiterado a importância de num país democrático se verificar a presença de observadores internacionais, pois estes são o garante da imparcialidade e transparência, capaz de legitimar não só os resultados, como também o processo eleitoral em geral. O grupo de observadores, no qual Pedro Teixeira vai participar

integra a Missão de Observação da Comissão Europeia, que esteve para ser chefiada pelo eurodeputado madeirense Sérgio Marques. O parlamentar, contudo, declinou o convite por motivos pessoais, sendo substituído pelo deputado social democrata Silva Penedo. Como o DIÁRIO já referiu, além da Missão de Observação Eleitoral de longo prazo da Comissão Europeia, haverá outra deslocação à Venezuela, mas por um período mais reduzido, de uma delegação do Parlamento Europeu, que contará com a participação de Sérgio Marques. Refira-se que o acto eleitoral na Venezuela será realizado com um sofisticado sistema eleitoral electrónico, que cobre todas as fases do processo, desde o recenseamento dos eleitores à contagem dos votos efectuados. O sistema eleitoral é, de resto, o principal objecto de preocupação das duas missões da União Europeia.

Sé rgio Marques nã o vai chefiar missã o Sérgio Marques não está a chefiar a Missão de Observação da Comissão Europeia nas eleições legislativas na Venezuela de 4 de Dezembro. O eurodeputado madeirense declinou o convite por motivos pessoais, já que a deslocação exigia a presença em Caracas por mais de um mês e comprometia os compromissos que detém em Bruxelas. A missão passou assim a liderança para o eurodeputado social-democrata e antigo ministro, Silva Peneda. Além da Missão de Observação Eleitoral de longo prazo da Comissão Europeia, haverá outra deslocação à Venezuela, mas por um período mais reduzido, de uma delegação do Parlamento Europeu. Esta sim, será integrada por Sérgio Marques, assim como também por outros quatro deputados, entre os quais Emanuel Jardim Fernandes, também eurodeputado madeirense. A delegação do Parlamento Europeu estará na Venezuela entre os dias 2 e 6 de Dezembro. Durante o domingo dedicado ao escrutínio, Sérgio Marques irá deslocarse a várias mesas de voto, inteirando-se deste modo do sofisticado sistema eleitoral electrónico utilizado na Venezuela, que cobre todas as fases do processo, desde o recenseamento dos eleitores à contagem dos votos efectuados. O sistema eleitoral é, de resto, o principal objecto de preocupação das duas missões da União Europeia.


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Uma homenagem às zonas piscató rias da Madeira Yamilem Gonzalez

yamilemcorreio@hotmail.com

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á é uma tradição. Há já a algum tempo que o Centro Português de Caracas, graças à iniciativa de José Manica, se tem encarregado de reviver algumas tradições antigas dos portugueses, especialmente dos madeirenses. No passado dia 11 de Novembro, teve lugar uma homenagem às zonas piscató rias da Madeira, especialmente Câ mara de Lobos. O objectivo foi representar o trabalho duro que os homens e as mulheres faziam para ajudar os seus familiares. Manica é um emigrante que chegou à Venezuela em 1977, toca braguinha no grupo de Danças e Cantares e esta vez optou por apresentar-se como um pescador. Os lusodescendentes conheceram a utilidade da "seira", que era utilizada para transportar o peixe que era vendido nas partes mais altas da ilha. Manica explicou que os homens levavam a seira na cabeça, caminhando muitos quiló metros a pé e descalços. Nalgumas ocasiões, trocavam peixe por

frutas, verduras ou carne de porco. O pescador, para não se aleijar na cabeça, colocava um pano embrulhado, o que era conhecido por "soga", e que também foi apresentado nesta festa. Além disso, a maioria dos pescadores utilizava uma boina, pois no mar e com o vento esta não caia da cabeça e protegia do sereno da noite. Depois de todo este processo, o peixe era vendido por unidades, normalmente dependia de como tinha corrido a pesca na noite anterior. Se o mar estava calmo havia abundâ ncia, se estava picado havia menos peixe e subia o preço, 2 escudos dava 15, 18, etc. Manica comentou ainda que nessa época não existia balança nem bolsas para meter o peixe. Estes eram enfiados em um vime, uma folha de espadana ou uma folha de bananeira. Toda esta tradició n fue representada na festa de San Martinho, onde os presentes aproveitaram a oportunidade para comer sardinhas assadas, castañas e vinho. Além do mais, puderam desfrutar da apresentação do Grupo Folcló rico Danças e Cantares.

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Barquisimeto organizou primeiro jantar de solidariedade Direcç ã o da ASOPORLARA:

Associação Civil Benéfica de Portugueses do Estado de Lara foi formalmente constituí da

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a cidade de Barquisimeto, Estado de Lara, realizou-se o primeiro jantar de solidariedade, oferecido pelo grupo de damas de ASOPORLARA (Associação Civil Benéfica de Portugueses do Estado de Lara). O motivo deste encontro foi apresentar oficialmente esta associação legalmente constituída, angariar fundos e agradecer publicamente a todas as pessoas que de alguma forma colaborara, com este grupo de mulheres. Mas a ideia de fundar a ASOPORLARA

não é recente. Já a 27 de Setembro de 2003 se reuniu um grupo de damas, convocadas por Cidália Aguiar, com a intenção de ajudar os mais necessitados. A este apelo, responderam Fernanda Abreu, Ligia de Quintal, Alexandrina de Martins, Fernanda Pequenesa, Elsa de Faria e Trinidad de Macedo. Todas decidiram aceitar o compromisso, assessoradas por Maria Gois, presidente da associação benéfica So-Bem. Durante estes três anos, se têm esforçado por realizar algumas actividades para angariar fundos, fazendo rifas e bingos, ajudando assim as muitas pessoas que já recebem aju-

da mensal em alimentos, atenção médica e medicinas nas zonas de Lara e de Yaracuy. Entre os presentes neste primeiro jantar, estavam o cô nsul honorário de Portugal em Barquisimeto, Pedro Ferreira, que dirigiu umas palavras de apoio à associação e também o cô nsul geral de Portugal em valencia, Dr. Rui Monteiro, através de uma carta que foi lida aos presentes. As damas que integram esta associação agradeceram a colaboração do Centro Luso Larense, dos artistas que ofereceram o seu show e da pintora Elsa de Faria, que doou um dos seus quadros para ser sorteado entre os assistentes.

Cidalia de Aguiar presidente Fernanda de Abreu 1.ª vice-presidente Rosinda de Andrade 2.ª vice-presidente Trinidad de Macedo secretária Belkis de Alves sub-secretaria Sidalina de Camacho tesoureira Graça de Rodrigues sub-tesoureira Celia de Abreu vogal Celia Dos Ramos vogal Rosa de Sousa vogal Alexandrina de Martins vogal


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Comunidade de Carayaca: entre os negocios e o cultivo Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

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arayaca, Estado de Vargas, é uma zona localizada na costa venezuelana. Propícia para o cultivo de frutas e hortaliças, devido aos seus solos férteis, conta com um clima fresco de montanha. Esta povoação está situada a 50 quiló metros da Grande Caracas, na zona oeste do litoral central. Nesta localidade habitam emigrantes de origem portuguesa, espanhola, italiana e árabe, que se dedicam principalmente ao ramos comercial. São mais de 150 as famílias portuguesas que vivem nesta zona costeira. Muitos repartem a actividade comercial com a agricultura. As padarias, lojas de ferragens e quioscos são alguns dos negó cios, que desenvolvem a economia local. Com a chegada dos portugueses à Venezuela, muitos estabeleceram-se, há mais de 40 anos, nesta zona. Este homens e mulheres dedicaram o seu tempo a produzir e trabalhar a terra com a finalidade

Alda Dos Santos

Jose Miguel de Carvalho

Laudett Fernandes

de comercializar os seus produtos. Com o tempo, alguns portugueses converteram-se em distribuidores de produtos alimentares aos grandes mercados da capital. A insegurança tem sido uma das dores de cabeça para a comunidade de Carayaca, em consequeência das tragédias no Estado de Vargas nos anos de 1999 e 2005. No entanto, ao contrário de alguns

comentários, os residentes portugueses desta zona negaram ser vítimas de intimidações, com vista ao pagamento de uma quota para a protecção das suas famílias e propriedades. Laudett Fernandes é uma lusodescendente que chegou à cidade há 20 anos. É filha de pais madeirenses, provenientes da Fajãda Ovelha. A sua mudança para a localidade deveu-se ao facto de o marido, juntamente com alguns só cios, ser responsável por uma linha de transportes pú blicos que ligam Carayaca a La Guaira. Desde essa altura, integrou-se na comunidade local. Fernandes é dona de uma perfumaria e comenta que a zona era tranquila até às enxurradas de Vargas, em 1999, e as que ocorreram já no presente ano. A partir dessa altura, "a delinquência aumentou e a tranquilidade desapareceu", assegurou. Contudo, Laudett afirma que a comunidade lusa colabora entre si mas não é unida, já que o contacto não vai mais além do que as relações comerciais. "Todos nos conhecemos mas não há uma relação que nos identifique como conterrâ neos. Nota-se pelas características físicas e pela pronuncia mas não porque sejamos unidos como irmãos", refere a comerciante.

movido o contacto com outras pessoas e haja o intercâ mbio de opiniões, assim como a socialização dentro da comunidade. Segundo Dos santos, a ú nica celebração que se realiza na localidade "é quando se aproxima da festa de Nossa Senhora de Fátima. Todos os portugueses e não só se reú nem na igreja de São José de Carayaca para assistir à missa e logo acção de solidariedade que se realiza na praça".

Sem Centro reCreativo Alda Dos Santos chegou a Carayaca em 1978 com os seus pais, vindos de Aveiro. Uma vez estabelecidos na localidade, começaram a trabalhar numa quinta agrícola. Dos Santos trabalha numa padaria da zona. É casada com um espanhol, com quem partilha todas as tradições lusas, embora acabem por misturar os costumes dos dois países de origem para que as duas filhas se adaptem às raízes dos seus pais e avó s. Na zona não existe nenhum lugar para o convívio e lazer. A criação de um clube é assim vista como primordial para esta portuguesa, de modo a que seja pro-

terra FRUTÍ FERA A agricultura destaca na zona de Carayaca por ter solos frutíferos para o cultivo de diferentes produtos, segundo salientou José Miguel Carvalho, português que emigrou no ano de 1968, natural de São Jorge, Madeira. Desde jovem que se dedica ao comércio e as "rumbas" como ele mesmo disse, porque era adolescente quando pisou solo venezuelano. Na sua juventude especializou-se como Dj numa miniteca de que era proprietário, mas à medida que passou o tempo decidiu dedicar-se a agricultura e plantar os seus pró prios alimentos. Carvalho é dono de uma padaria, onde trabalha com a esposa Yaritza, venezuelana, que se adaptou às tradições lusas sem problemas. Este casal tem uma pequena parcela de terra onde José Miguel cultiva abacate, plátanos, pimentão, salsa, louro e outros para consumo pessoal. Carvalho comentou ao CORREIO que se conecta à Internet diariamente para estar informado e para saber um pouco mais sobre Portugal, país que não visita há mais de 30 anos, quando chegou a terras crioulas. "Carayaca tem sido uma zona que tem atraído os emigrantes em geral e estes têm trabalhado estas terras para levar a comida aos seus familiares", explicou Carvalho, quando realça que muitos portugueses dedicam-se ao comércio dos seus produtos com os mercados locais.


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o perfil dos candidatos do Centro Português Liliana da Silva Noelia de Abreu

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o pró ximo 4 de Dezembro realizam-se as eleições para escolher o novo presidente do Centro Português em Caracas para o ano 2006. O CORREIO entrevistou os aspirantes ao cargo para lhe dar a conhecer os seus projectos, propostas e equipa de trabalho.

andrÉ PiTa: Trabalho honesTo O actual presidente do Centro Português, André Pita, vai participar juntamente com a sua equipa de trabalho nas eleições presidenciais do centro, optando pela reeleição para continuar com o trabalho iniciado por ter vencido nos ú ltimos escrutínios. Este português de 51 anos nasceu nos Canhas, Madeira, e tem ocupado diversos cargos em gestões anteriores, nomeadamente como vice-presidente, membro do conselho fiscal e tesoureiro, um largo trajecto para o só cio nº . 1150. Este madeirense partilha as suas funções como presidente com o seu trabalho comercial, pois é proprietário de um hotel e de alguns restaurantes. Como quase todos os emigrantes portugueses, chegou muito cedo à Venezuela e tem dedicado a sua vida ao trabalho e à família, "criando uma família baseada nos valores morais que me foram incutidos", assinalou Pita. O principal objectivo de André Pita é continuar com o trabalho iniciado no ano de 2005 e conseguir consolidar os projectos que se propus fazer com a ajuda da sua equipa de trabalho. "Num ano não conseguimos fazer tudo o que nos propusemos. Já se notam muitas mudanças, mas queremos continuar a melhorar as condições do clube", comentou-nos o actual presidente. Quais são as suas propostas nesta nova candidatura? Mais do que propostas e planos, é importante pensar na continuidade de um projecto e de uma filosofia de gestão. A nossa administração tem feito mudanças importantes a muitos níveis. Destacam-se os investimentos nos recursos humanos, as obras físicas realizadas, os níveis ó ptimos de

manutenção das áreas do clube conseguidos, a adaptaç ão dos sistemas computarizados aos estritos controlos administrativos e a centralização de pagamentos implementados. Embora já estejamos a obter bons resultados destes investimentos, é crucial que exista uma continuidade para que consigamos maximizar os benefícios a médio e longo prazo. A minha equipa de trabalho está a tentar a reeleição porque o nosso trabalho no clube ainda agora começou. Sabemos que podemos fazer mais e, com o apoio e a confiança que os só cios nos têm oferecido, queremos continuar a nossa obra. Queremos, com transparência e honestidade, fazer desta casa a melhor casa para todos os só cios. Que aspectos acha que vai conseguir melhorar? Fizemos muito neste ano de gestão, mas sei que ainda se pode conseguir mais. As instalações físicas do clube melhoraram bastante e a qualidade de serviço também tem sofrido melhorias consideráveis, sobretudo ao nível de pessoal de vigilâ ncia e segurança, assim como no que se refere à qualidade dos resultados ao nível administrativo. Por vezes, é difícil agradar a todos, mas a ideia é escutar todas as partes, todas as opç ões, estar aberto a críticas construtivas e aprender. Toda a mudança, por mais pequena que seja, sempre que tenha como objectivo o bem-estar dos só cios, merece a nossa consideraç ão. Todas as actividades, independentemente das áreas em que se implementem ou desenvolvam, com vista a conseguir entretenimento e estimular a sã convivência entre os só cios. E as suas famílias são muito bem-vindas e merecem o nosso total apoio. Que mensagem deixa aos só cios? A mensagem é basicamente de confiança. Podem ter a certeza de que continuaremos a trabalhar no duro, tendo sempre em conta o benefício desta instituição. Não somos movidos por interesses particulares ou individuais, nem somos motivados por â nsias de protagonismo ou fama pessoal. A prioridade e nossa bandeira é o trabalho honesto para o benefício comum de todos os só cios. Já sentimos várias vezes que podemos contar com o apoio dos só cios e estamos con-

vencidos de que uma vez mais saberão reconhecer o nosso trabalho, confiando-nos a tarefa de continuar à frente do clube. O nosso compromisso é que vamos receber novamente esse voto de confiança com humildade. Vamos assumir um novo ano de gestão com a honestidade e a seriedade que sempre nos caracterizou. Como classifica a sua gestão durante este ano? Foi um ano cheio de rectos e desafios. Assumimos a responsabilidade de materializar uma obra com sérios problemas na altura de conceptualização. Falamos de problemas estruturais e pressupostos. Conseguimos, sempre com o apoio dos só cios, superar as dificuldades e o resultado foi uma obra culminada e umas instalações impecáveis. O mais satisfató rio de toda esta experiência é poder ver os resultados, a materializaç ão de projectos e sentir na pró pria pele o respeito pelo só cio.

Equipa de trabalho Mesa da asseMbleia Geral

Victor José Gonçalves (Presidente) Nelly Da Silva (Vice-presidente) João Alberto F. Santos (Primeiro Secretário) Manuel Marques (Segundo Secretário)

Conselho FisCal

Luís Figueira (Comissário) Manolo Pinto (Comissário suplente) João Rodrigues (Secretário)

direCção

André Pita (Presidente) João Da Silva Gonçalves (Vice-presidente) José Fernando Campos (Primeiro Secretário) Carmen Abreu (Segundo Secretário) Renato Oliveira (Primeiro Tesoureiro) António Gouveia (Segundo Tesoureiro) Manuel Dos Santos (Dir. De Rel. Publicas) Manuel Dos Santos Oliveira (Dir. Cultura) Ulisses Pereira (Dir. Deportes)


CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

anTÓ nio PiTa: ProFissionalisMo Este madeirense natural de São Martinho, Funchal, já é bem conhecido no Centro Português em Caracas pelo seu desempenho como director de Desporto desde 2003. Hoje, como só cio nú mero 1251, decidiu candidatar-se às eleições presidenciais do Centro Português com a ideia de atrair essa geração de relevo que está um pouco dispersa e que, como ele mesmo diz, "é preciso dar continuidade a essa cultura que leva no sangue". Com 44 anos, possui uma ampla experiência ao nível comercial, na área onde trabalha desde que chegou à Venezuela, em 1977. Sempre se esforçou para ter os seus pró prios negó cios, entre os quais se destacam uma agência de festas e uma empresa gráfica. Além disso, a sua experiência na área desportiva fizeram dele credor do título "Agente de jogadores FIFA", cargo que assume desde o passado mês de Setembro. Antó nio Pita tem como principal objectivo atrair a segunda e terceira geração de só cios para que encontrem no Centro Português o lugar idó neo de convivência sã e interacção em espaços criados para este fim. "Queremos acabar com aquele medo da juventude, a equipa de trabalho que me acompanha é constituída por adultos contemporâ neos e queremos imprimir-lhe dinamismo e energia ao Centro Português", sublinha. Que propostas apresenta com a sua candidatura? Consideramos fundamental manter os só cios informados sobre todas as actividades sociais, culturais, desportivas e administrativas é um aspecto muito importante. Por isso, uma das nossas propostas é criar uma comissão que se encarregue desta área. Além do mais, tencionamos oferecer ao só cio um tratamento digno no acesso das instalações. Esta é outra das metas que traçámos. A ideia de colocar a Internet sem fios nas instalações do clube como resposta ao grande avanço tecnoló gico que estamos a ter é uma ideia que queremos levar a cabo. É preciso destacar que as nossas propostas se baseiam numa organização, dando continuidade ao bom que até agora se tem feito, procurando melhorias substanciais que sejam um reflexo das pretensões de todos os só cios. A curto prazo, temos planos que incluem a atenção e o apoio a várias organizações: G. F. Juvenil, G.F. Danças e Cantares, a Coral Infantil, o Grupo de Teatro e o "Grupo de Flauta Dulce del Centro Portugués". Mas para além destes grupos que já estão constituídos e têm uma trajectó ria, queremos continuar a criar e satisfazer gostos e desejos. Por isso, para os amantes do fado, temos pensado criar uma escola de fados. Que aspectos do clube acha que podem ser melhorados? Acho que a experiência que vivi como director desportivo me permitiu recolher resultados positivos para o centro.

Venezuela 11

E se esses benefícios pudessem ir mais além da área desportiva, os resultados seriam maiores. Penso que é possível reduzir os custos nalguns serviços. Recorde-se que através das actividades que se realizam no Centro Português pode-se obter ingresso que podem reduzir o impacto nos diferentes projectos que impliquem um investimento adicional. É preciso recordar que graças ao trabalho conjunto que levámos a cabo a direcção de desporto e as diversas comissões do CPC foi possível remodelar todas as áreas desportivas sem nenhum investimento adicional. É preciso recordar que graças ao trabalho em conjunto que levamos a cabo a direcção de deporto e as diversas comissões do CPC foi possível remodelar todas as áreas desportivas sem nenhum custo adicional para os só cios. Existem muitas coisas que podem ser melhoradas e é precisamente isto que não vamos esquecer. Temos que adaptarmo-nos aos novos tempos e aproveitar o bom do passado para dar-lhe a devida continuidade. Que mensagem deixa aos só cios? Temos que ter confiança nas novas gerações que têm sido educadas segundo os nossos princípios. Temos tentado incutido valores lusos e os costumes da nossa terra natal. Porque não dar-lhes espaço e oportunidade? Todos necessitamos de uma oportunidade para demonstrar as nossas capacidades e são principalmente os jovens os que têm esse desejo. Temos que deixar de temer esse dinamismo tão característico da mocidade. É preciso não esquecer que a nossa missão é salvaguardar pela são convivencia e facilitar a interacção dos só cios de todas as idades, pois apesar dos jovens serem um dos alvos queremos garantir que não vai ficar em segundo plano aquela geração que tornou possível este sonho de convivência.

FELIPE PEREIRA TRADUTOR OFICIAL

Equipa de trabalho

l Traduções l Obtenção

Conselho FisCal

Oswaldo L. Freitas (Comissário) Victor Da Silva (Comissário Suplente) Marisol Carabalho (Secretário)

COSTA

PORTUGUÊS - ADVOGADO

em Geral.

de certidões de Nascimento em Portugal.

l Escritórios

em Portugal (Revisões de Sentenças de Divorcio e Heranças, etc)

Mesa da asseMbleia Geral

Inácio Pereira (Presidente) Mário Nunes Pinto (Vice-presidente) Ysabel Ferreira de Rodríguez (Primeiro Secretário)Martin A. Gonçalves (Segundo Secretário)

DE

DA

l Obtenção

de A ssentos de Nascimentos, Casam ento, ou de Óbito, na Venezuela.

l

Aquisição da Nacionalidade (os seus por menores)

l Legalizações

perante os Registos Principais, Ministérios correspondentes, Colégio de Médicos, assim como outr os organismos competentes.

l Outros

assuntos, favor consultar.

direCção

António Vieira Pita (Presidente) Anaclet Teixeira de Freitas (Vice-presidente) Orlando J. Camacho Figueira (Primeiro Secretário) Manuel Gilberto Gonçalves (Segundo Secretário) António J. Gonçalves (Primeiro Tesoureiro) João Gilberto Gonçalves (Segundo Tesoureiro) Gil E. Andrade (Director de Desporto) José A. Manica (Director de Cultura) Lúcia Alves de Pita (Director de Relacões Públicas)

Horário: 8:00 a.m. - 1:00 p.m. Segunda Avenida de Campo Alegre, Edifício Credival, (ao lado do Consulado Geral de Portugal), Piso 7, Ofic. 104, Chacao, Caracas, Venezuela.

e-mail:felipepereira@cantv.net Telefone: (212) 267-60-51

263-69-77 Telemóvel:(0414) 235-97-06


12 HISTÓRIA DE VIDA

CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

“ Conceição e a luz de Jesus”

ó lico, desempregado e com cancro, presenteava toda a Cabudare, Estado de Lara gente com as suas bebedeiras; a eus tem muitas mãe, também doente, apenas formas de ensinar. pedia para não morrer antes de Quando José dos ver a filha casada. Morreu no Santos foi de visita mês do casamento da filha. à Madeira, depois de ter estado Conceição tanto se dedicou sete anos solteiro na Venezue- a eles que também ficou dola, já tinha aprendido desde ente. Foi levada de emergênnovo o valor do trabalho. Ele cia para o hospital com uma emigrou com 14 anos e regres- anemia grave. sava com 21 sem pensar que Conchita é oriunda de São casaria. Pedro e tem 66 anos, 39 deles Ela trabalhava no Funchal passados na Venezuela. Dupara um alfaiate: gostava de fa- rante dois anos e meio viveu zer roupas para homem. Con- na casa de um cunhado em chita, como todos a chamavam, Antímano. Esteve sete anos em cuidava dos seus pais: ele alco- Chivacoa, onde o seu marido Conceição de Jesús Gomes de Freitas

D

ficou responsável pelo negó cio do cunhado. Daí foi para Barquisimeto e Cabudare. O seu matrimó nio foi uma prova de coragem. A pouco tempo de ter ficado grávida do segundo filho, começou a perder a vista e a ter problemas de coluna. Esteve internada e foi operada várias vezes. Por um tempo foi obrigada a usar uma pró tese. O seu marido e os seus filhos sempre estiveram com ela. Valorizava muito a sua vida passada: Enquanto tinha boa vista fazia a sua roupa e às vezes cosia para algumas amigas. Nesse sentido, era independente, porque a sua dedicação era cuidar do seu marido, dos seus filhos e da sua casa. Tem dois filhos homens licenciados em contabilidade. Educou-os de acordo com as circunstâ ncias. Tratou-os da mesma forma como foi educada mas tendo em conta o meio

em que se encontravam. A educação na Venezuela dá mais liberdade, os filhos não baixam a cabeça como ela fazia com os seus pais. Aos seus 20 anos, se a mãe a proibisse de se sentar na janela não o fazia. A relação tutelar durou até que se casou, a partir daí já era uma relação de casal e as decisões eram tomadas entre os esposos. Conchita sempre praticou a caridade cristã e incutiu esta prática aos seus filhos. Deixa-a satisfeita o facto de saber que os filhos praticam os preceitos cristãos do amor desinteressado pelo pró ximo. Ensinou-os também a serem pessoas íntegras. Eles aprenderam e demonstram isso nas suas profissões. O seu amor a Deus é expresso todas as quintas-feiras em sua casa, onde há 28 anos se reú ne o grupo de oraç ão 'Renovação carismática'. Con-

chita vive só , cega da vista mas com claridade na alma. Recebe o amor e a companhia dos seus irmãos de oraç ão. Quando adoece, trazem-lhe sopa e preocupam-se em visitála. O trabalho dos filhos noutra cidade limita-lhes as visitas. Nunca regressou à Madeira. O negó cio do marido exigia a sua presença constante e quando este lhe propô s que fosse só com os filhos ela pensou: "estou a ficar cega, o meu marido está a trabalhar e eu vou passear. Isso não pode ser". A vida ensinou-lhe a ser humilde, social e a ter contacto com os que lhe eram pró ximos e com os estranhos; o contacto no Funchal com turistas ensinou-a a compreender e conviver com os outros e a tolerar aqueles que são diferentes, porque esses também são o nosso pró ximo.


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veneZUeLA 13

"O importante é votar" Tábita Barrera

tababor@cantv.net

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epois da tragédia de 1999, muitos sectores do Estado de Vargas continuam desaparecidos debaixo dos escombros. Carlos Teixeira Viera, candidato a deputado pelo Movimento de Integridade Nacional (MIN), assegurou que é indispensável que a população de Vargas participe activamente nas pró ximas eleições para a Assembleia Nacional, a realizaremse a 4 de Dezembro, e apoie as suas propostas, que incluem a formulação de leis especiais para a recuperação das infra-estruturas do Estado e a reactivação econó mica da região. Carlos Teixeira Viera é secretário-geral do partido Bandera Roja no Estado de Vargas e já ocupou o cargo de director de Educação desse Estado entre 1999 e 2000, assim como o de director de Gestão Econó mica do município de Vargas entre 2000 e 2004.

O lusodescendente manifestou que a sua decisão de integrar o parlamento se deve à sua vocação de serviço e aos seus desejos de melhorar a qualidade de vida da colectividade, pois considera que "a ú nica forma de servir e melhorar é participando nos actos políticos". Teixeira, é natural da Madeira e conta com 40 anos na Venezuela. Afirma que as suas propostas legislativas estão orientadas para a avaliação dos problemas do país e para a fomentação de uma função controladora do Estado, de maneira a que os recursos destinados a obras de recuperação sejam utilizados para esse fim. Assim, pretende "exigir contas dos milhões de recursos econó micos que foram enviados por vários países, como forma de ajuda a Vargas, logo apó s a tragédia". Por outro lado, o facto de ser o primeiro deputado que concorre pelo MIN deixa-o satisfeito, ao ponto de considerar que "é o maior reconhecimento que algum luso-venezuelano rece-

Carlos Teixeira, candidato a deputado na Assembleia Nacional, pretende exigir contas dos milhões enviados por vários paí ses para ajudar Vargas. beu em matéria política". A sua protecção encontra-se no apoio brindado por todos os partidos da oposição venezuelana e em especial pelo povo, com o qual disse ter um contacto directo, de modo a procurar vencer a abstenção. É pelo povo que deixa a garantia de, se sair vitorioso, demonstrar essa fama que sempre tiveram os portugueses de trabalhar sem descanso e lutar para melhorar. Carlos Teixeira referiu ainda que o principal objectivo é "erradicar a corrupção e acabar com a inacção que tem imperado na Venezuela nos ú ltimos sete anos". Apesar disso, deixou claro que respeita todas as opções, pois "o importante é votar".

Teixeira convida os eleitores a exercerem o seu directo de voto, para que a abstenção diminua.


14 CULTURA

CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

"Renascer Lusitano" comemora Directora da Casa Pessoa primeiro ano de vida artística Fernando visita Caracas

O grupo fez uma festa para recolher fundos para comprar instrumentos e novos trajes to activas e alegres, que têm uma fluidez na pista impressionante e que representam a parte alegre das regiões, nomeadamente da Grupo Folcló rico "Renascer Madeira e do Continente. Lusitano" de El Paraíso come"Renascer Lusitano" emerge de um "cú morou o seu primeiro aniver- mulo de sentimentos" de 40 pessoas que sário de vida artística no pas- integram o grupo e que gostariam de resado dia 19 de Novembro, na Tasca "El Me- viver as tradições ibéricas numa zona de só n del Navegante", na urbanização el Caracas, assim como partilhar e integrar Pinar. À festa assistiram outros grupos fol- outras pessoas aos costumes portugueses. cló ricos lusos da cidade, para acompanharem o grupo nos festejos do primeiro ano. ADVERSIDADES SUPERADAS Alírio do Nascimento, dançarino do gruO grupo teve de enfrentar muitas adpo, disse que para ele "é importante real- versidades antes de conseguir ser hoje um çar e partilhar as nossas tradições com ou- "grupo só lido e unido". Isto mesmo nos tras confrarias lusas do folclore, pois signi- comenta Alirio do Nascimento. Inicialfica expansão cultural". Segundo este mente, não tinham um espaço físico para membro do grupo, conhecer mais sobre as ensaiar, mas conseguiram, com muito essuas raízes o estimula a continuar a partici- forço, arranjar um espaço onde semanalpar em todas as actividades lusas que se re- mente ensaiam. alizam no país. Recentemente, apresentaram-se com A finalidade desta festa foi recolher din- mú sica ao vivo, mas antes só se apresenheiro para ser utilizado em benefício do tavam com pistas gravadas de CD's. Os tragrupo e poder, com ele, comprar instru- jes dos bailarinos também foram outra luta. mentos novos e trajes para o grupo. Entre Foram feitos na Venezuela porque trazêcomida e bebida típica portuguesa, "Re- los de Portugal traduzia-se numa despesa nascer Lusitano" interpretou danças tradi- muito elevada. cionais da cidade de Barcelos, cidade no A participação dos jovens dentro do gruContinente luso, assim como da Região Au- po eleva o dinamismo e a criatividade. O tó noma da Madeira. grupo, muitas vezes, nos seus tempos livres, cria novos passos de dança e "trabal"RENASCER" DO PASSADO ham arduamente nos ensaios para conseO Grupo Folcló rico "Renascer Lusita- guir fazer as coreografias da forma mais no" foi fundado a 4 de Novembro de 2004 perfeita possível". e resultou de uma iniciativa de vários porEste ano, "Renascer Lusitano" particitugueses, lusodescendentes e venezuela- pou no "XX Festival de Folclore Portunos. Pela mão de Clementina de Sousa, co- guês", que se realizou na Casa Portuguesa reó grafa do grupo, começaram a ensaiar as de Valencia, no Estado de Carabobo. Os danças tradicionais da região continental seus membros expuseram o melhor das de Barcelos, conhecida pela famosa lenda suas danças do arquipélago da Madeira. O do "Galo de Barcelos". grupo obteve reconhecimentos no recente De Sousa comentou-nos que a dança encontro de folclore organizado no clube que interpretam os jovens são danças mui- Paracotos, no passado mês de Outubro. Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

O

PROGRAMA ESPECIAL Comemorações Pessoanas Segunda-feira 28 de Novembro de 2005: Evento na Universidade Central da Venezuela, com dissertação da Dra. Clara Ferreira Alves, Directora da Casa Fernando Pessoa, de Lisboa. Terça-feira 29 de Novembro, às 19 horas: Encontro Pessoano, com a participação da Dra. Clara Ferreira Alves e de Poetas venezuelanos, no Centro Latino-americano de Estudos Rómulo Gallegos (Celarg, em Altamira). Acto público. Quarta-feira 30 de Novembro, às 20:30 horas: Sessão Solene das Comemorações no Salão Nobre do Centro Português, com intervenções da ilustre visitante e outros oradores. Projecção de documentários da Casa Fernando Pessoa, seguido de um momento musical e finalizando com um Vinho de Honra

No enquadramento dos actos comemorativos do 70º . aniversário da morte de Fernando Pessoa e dos 15 anos da fundação do Instituto Português de Cultura, Venezuela recebe a visita de Dona Clara Ferreira Alves, Directora da Casa Fernando Pessoa um espaço cultural criado pela Câ mara Municipal da capital portuguesa para manter viva a memoria de um dos poetas mais importantes da poesia universal do século passado. Localizada no centro de Lisboa, num prédio que fora habitado pelo autor da Mensagem nos anos 20, a Casa Fernando Pessoa além de lembrar a figura e a obra do poeta dos heteró nimos, funciona como a primeira Casa da Poesia em Portugal. É um Centro de promoção de poesia e de poetas portugueses e estrangeiros. Os trabalhos de restauração e remodelação desta casa foram feitos por alguns dos melhores arquitectos portugueses como Tomás Silveira, por exemplo. Do edifício original conservaram-se apenas a fachada e o quarto de Fernando Pessoa com o objectivo de tornar o lugar num espaço cultural mú ltiplo que funciona como biblioteca, sala de exposições, de conferências e especificamente como casa de poesia. Aberta ao pú blico em 1963, a Casa Fernando Pessoa, tem mais de quarenta anos dedicada à divulgacao da obra pessoana, e é testemunha da íntima relação que o poeta manteve com a cidade onde nascera em 1888. No final do seu ciclo vital de pouco mais de 47 anos, quase todos vividos em Lisboa, Fernando Pessoa não teve nem uma parte da dimensão universal que actualmente tem. Mas tinha sim, uma clara consciência do seu lugar na poesia portuguesa e não hesitava à hora de assim afirmá-lo. Durante a sua permanência em Caracas, a directora da Casa Fernando Pessoa, quem é advogada e romancista (Mala de Senhora e Outras Histó rias e A Pluma Caprichosa 1), tem vários compromisos e reuniões. Nomeadamente contacto com os meios de comunicação, uma reunião com estudantes da Escola de línguas e da Escola de Letras da Universidade Central da Venezuela, uma palestra no Centro Português de Caracas e um encontro com intelectuais venezuelanos, alguns deles especialistas na obra pessoana, no CELARG. O Instituto Português de Cultura convida os admiradores da poesia portuguesa a estes eventos e convida-os aliás, a conhecerem melhor a Casa Fernando Pessoa a través do site www.casafernandopessoa.pt, onde podem obter maior informação sobre este espaço cultural que bem merece uma visita física, a qual vos permitirá sentir não só a poesia mas também expressões artísticas como a pintura, a fotografia, o teatro e a mú sica.


CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

CULTURA 15

A essência da portugalidade é a migração Samuel Ferreira Bermúdez (samjfb@yahoo.com)

O Instituto Camões, ó rgão do Estado português criado para difundir a cultura e a língua portuguesas no Mundo, tem um novo docente na Venezuela. Trata-se de Felipe Delfín de Saavedra y Santos, natural de Lisboa, que em Outubro chegou ao país para assumir a tarefa de ser o "embaixador" da cultura lusitana em terras venezuelanas. O lisboeta realiza já um importante trabalho à frente da Cátedra Fernando Pessoa de Culturas e Literaturas Lusó fonas da Universidad Central de Venezuela e na direcção do Centro de Língua Portuguesa do IC, localizado no 11º piso da Biblioteca dessa Universidade (no Instituto de Filología Andrés Bello). O novo leitor, que nos ú ltimos dez anos em Portugal dedicou-se ao ensino da cultura portuguesa, mostra-se entusiasmado e optimista com apenas um mês de funções na Venezuela. Saavedra, que possui um Doutouramento em Histó ria e leccionou num Mestrado de Histó ria Colonial e Pó s-Colonial, conta também ampla experiência no campo da instrução e difusão cultural para estudantes oriundos de várias nações da Lusofonia. A sua paixão pela cultura é evidente quando fala da riqueza da histó ria portuguesa. Afirma que está muito feliz por estar na Venezuela, onde chegou com essa mesma paixão que o levou a correr o Mundo, os livros e as salas de aula. "Há uma cultura comum peninsular e também uma iberofonia, o que nos leva a pensar que as línguas ibéricas, juntas, vir ão a converter-se na futura superpotência linguística mundial", assinalou Saavedra, que recordou a importâ ncia que tem o idioma português na Venezuela, "dada a proximidade com o Brasil e a quantidade de portugueses que residem nas cidades venezuelanas". Como vê a situação da difusão cultural portuguesa aqui na Venezuela? Há uma grande curiosidade e interesse pela cultura portu-

Para o novo leitor do Instituto Camões, a comunidade lusa na Venezuela preservou as suas raí zes, tradições e ligação sentimental a Portugal

guesa e brasileira, e um pouco menos pela luso-africana, mas estamos a trabalhar nisso. Há sempre gente que vem falar comigo depois das conferências, depois das aulas, gente que quer ter acesso a mais informação e a saber mais sobre o mundo que fala Português. Em sentido contrário também há muito trabalho a fazer, e refiro-me à divulgação dos autores venezuelanos em Portugal. Muitos são os escritores de uma grande riqueza que lá não são conhecidos, como Ró mulo Gallegos por exemplo, e tantos magníficos poetas que a Venezuela tem. Qual será a melhor forma de garantir uma identificação cultural efectiva do português que vive na Venezuela com a sua cultura de origem? Há que conhecer um pouco mais para além do desporto e do que nos chega pela televisão por cabo. É necessário conhecer a tradição, a literatura, dominar melhor a língua, conhecer também a arte contemporâ nea e os autores mais jovens que ire-

mos divulgar. O mesmo é dizer que traremos temas e escritores diferentes daqueles que até agora tem sido habitual apresentar aqui. Conhecer bem a literatura é o melhor meio para nos aproximarmos de um domínio correcto da língua. Depois do conhecimento, surgirá o gosto pelas coisas, tanto pelas que dizem respeito à tradição, como pelas da actualidade da cultura portuguesa, brasileira e africana, e há que fazer chegar até cá toda essa imensa variedade cultural. A nossa missão é tornar familiar aos venezuelanos o quadro cultural das pessoas que falam Português, uma tradição literária de mais de oito séculos, e que é importante do ponto de vista da cultura escrita universal. A ênfase na literatura dentro do â mbito da divulgação cultural lusó fona pode levar-nos a pensar numa cultura elitista. Que comentário lhe merece esta hipó tese? A literatura tem uma riqueza muito ampla, que emana de todos os estratos sociais.

Não há motivos para pensar numa cultura elitista. Assim como a agricultura é o trabalho do campo, a cultura é o trabalho do espírito que se vai fazendo ao enriquecermo-nos através da leitura. Leitura essa que por sua vez nos aproxima de mais vidas e de mais experiências de diferentes épocas, e que nos leva a pensar e a reflectir sobre elas. Não é somente uma elite que está preparada para o fazer, toda a gente pode aprofundar a sua cultura. Há pessoas, por exemplo, que preferem ouvir mú sica e, entre a mú sica, alguns gostam mais dos compositores clássicos do barroco português, outros sentemse mais atraídos pelo rap que se faz agora em Portugal. Temos muito bons "rappistas" que podem ser divulgados internacionalmente, e este é apenas um exemplo do que se pode fazer para ampliar o conhecimento e as fontes de informação sobre Portugal através da mú sica.

Há aproximadamente cinco milhões de portugueses a viver fora de Portugal. Isso constitui um obstáculo para levar a cabo as políticas culturais? Podemos afirmar que não há nenhum país do Mundo em que não haja um português, porque a essência da "portugalidade" é a migração, essa aventura que se faz de forma natural. Mas há sociedades em que a população portuguesa tem conservado mais as suas raízes e noutras menos. Por exemplo, para o Brasil houve uma intensa emigra ção nos anos vinte, de que nos fala entre outros José Maria Ferreira de Castro, e que foi depois completamente absorvida pela sociedade brasileira. Não há traços da sobrevivência dessa coló nia lusa, hoje são brasileiros, em parte porque o idioma é igual. Noutros, em que se perde o domínio do Português, como é o caso da Venezuela, conservaram-se mais as raízes, as tradições e a filiação sentimental a Portugal. Contudo, alguns aspectos também foram descurados, sobretudo a culinária que é o cultivo dos sabores, já que aqui não se divulga a cozinha portuguesa que é t ão apreciada por vários povos que visitam Portugal. Quais as possibilidades de bolsas e que oportunidades de estudo oferece Portugal para venezuelanos e lusodescendentes? Por agora são as mesmas que são oferecidas para todos os países, ou seja, há bolsas anuais, trimestrais e para cursos de Verão que são divulgadas pelo Instituto Camões no nosso site (http://www.instituto-camoes.pt/bolsas.htm). O que queremos fazer é um plano de bolsas para venezuelanos e lusodescendentes que seja dirigido particularmente para a Venezuela, porque creio que é cá na América do Sul que há um maior interesse pelas culturas e literaturas lusó fonas. Deveria ser feito um investimento aqui, um plano de bolsas para que muita gente, não só de Caracas mas de toda a Venezuela, pudesse ter acesso aos nossos cursos de forma ção e especialização em Portugal.


16 LAZER

CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

Shannon de Lima é uma modelo com sucesso Carlos Orellana

corellanacorreio@hotmail.com

C

om apenas 17 anos de idade, Shannon Stephanie De Lima Hedges é uma jovem que está a viver o seu sonho como manequim de diferentes empresas reconhecidas. A sua beleza tem-lhe servido para desfilar para um grupo dos melhores desenhadores de moda do país, entre os quais estão Luís Perdomo, Biglidue, Durant & Diego, Hugo Espina e Giovanni Scutaro, entre outros. Também tem feito diferentes editoriais de moda para as revistas Sambil e Ocean Drive.

Mariza em digressões

Mariza, que voltou este ano a ser nomeada para o Prémio da BBC Rádio 3 como a Melhor Artista da Europa em World Music - prémio que venceu há dois anos - tem realizado diversas digressões a Espanha sempre com lotações esgotadas, a mais recentemente em Outubro, antes de partir para o Reino Unido, onde está actualmente. Depois da digressão por terras britânicas, a fadista, nomeada embaixadora de Boa-Vontade da UNESCO, depois de uma curta passagem por Portugal, partirá para uma "ronda" musical à França.

Filósofo português editado na Espanha

O livro "Portugal Hoje - O Medo de Existir", do filósofo português José Gil, vai ser editado em Espanha. A obra, que se transformou num dos best-sellers mais inesperados deste ano em Portugal, será publicada pela Editora Regional de Estremadura, no âmbito de um projecto de abertura a autores portugueses, que já viu também a tradução de "Morreste-me", de José Luís Peixoto. José Gil, Professor Doutor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/UNL foi considerado um dos 25 pensadores mais importantes do mundo, numa lista elaborada recentemente pela revista francesa Nouvel Observateur.

De Lima é filha de pais venezuelanos, mas do lado paterno é neta de avó s madeirenses. Tem, do lado materno, avó s espanhó is. Começou por acaso no meio da moda, quando um "caça-talentos" a descobriu caminhando pela rua e ofereceu-se para a converter em manequim. Este ano concorreu no prestigioso concurso Sambil Model, do qual saiu como Primeira Finalista. Além disso desfilou recentemente na Semana da Moda onde se reuniram os melhores manequins do país. A rapariga de 1.76cm. de estatura espera poder concorrer no pró ximo Miss Venezuela, embora nos comente que está "a pensar bem se o vai fazer ou não", pois considera-se ainda muito jovem. De Lima é estudante do quinto ano do bacharelato e, na sua opinião, a comida portuguesa é ó ptima, sobretudo "um bom prato de bacalhau". Acha que de portuguesa tem as pernas.

Tomado do Fax Informativo de Artes e Letras do IPC

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Traslado de Encomiendas y Carga

Telfs.: (0241) 871.57.67 / 55.58 /51.19

BARQUISIMETO

Telfs.: (0251) 254.68.09 / 82.45 / 79.07

MARACAIBO

Telfs.: (0261) 783.06.20 / 07.32

Telfs.: (0212) 266.23.64 / 266.23.21 Exts.: 103 / 107 / 114 Fax: (0212) 266.90.11 Cel.: (0416) 625.94.03

PTO. LA CRUZ

Telfs.: (0281) 267.88.55 / 75.01

MATURIN

Telfs.: (0291) 651.36395 / 94.11

TRABAJAMOS

PARA BRINDARLE MAS


CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

BREVES

"Circuito Alianza FM" abarca mais cidades Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

O Olga Tañon no Centro Português de Guayana No passado dia 11 de Novembro, a artista porto-riquenha Olga Tañón, juntamente com o grupo Caribean Sound e Eddie Herrera, ofereceram um espectáculo de alegria, dança e talento à comunidade luso-venezuelana de Guayana, Puerto Ordaz. O Centro Português de Guayana é uma plataforma de grande importância para a comunidade portuguesa e venezuelana que reside nesta cidade do sul da Venezuela, já que entre outras coisas teve a honra de receber nas suas instalações Olga Tañón, num espectáculo sem igual e que cativou os corações de quem nunca tinha tido a oportunidade de presenciar um concerto desta artista merengue. Anteriormente, este clube serviu também de cenário para a actuação do cantor colombiano de cariz internacional Juanes. Já o grupo Caribeamn Sound abriu o espectáculo, mantendo o público animado até à ansiada chegada ao palco de Eddie Herrera.

"Doritos Parrandero" no Natal Nesta época natalícia, os "rumberos" vão ter a oportunidade de desfrutar do novo "Doritos Parrandero", uma versão especial com sabor a barbecue. Para Sancks América Latina, este produto identifica-se perfeitamente com o jovem venezuelano, sempre à procura da emoção que liberta o stress. Irreverente, divertido, liberal, relaxado e muito "cool". São estes alguns dos adjectivos que, segundo a empresa, descrevem esta tortinha de milho que, em forma de árvore de Natal, deseja estar presente nas mesas durante as festas dezembrinas. Este produto está no mercado venezuelano desde os primeiros dias de Novembro, mostrando a sua embalagem colorido e contrastante (cor verde com letras amarelas), para não passar despercebido. Esta versão de Doritos vem em dois tamanhos: 50 gramas (600 Bs.) e 150 gramas (1.700 Bs.).

LAZER 17

Grupo Alianza do Centro realizou um projecto para o pró ximo ano de 2006, através do qual passarão as suas transmissões radiofó nicas ao nível nacional. O Circuito Alianza FM cresceu e na actualidade conta com dezasseis emissoras que transmitirão para todo o país o seu sinal para ser "Totalmente Global".

Os Estados de Aragua, Carabobo, Guárico, Barinas, Lara, Zulia, Miranda, Gran Caracas, entre outros serão abrangidos por este novo sinal da emissora. A programação será variada em informação, entretenimento, entrevistas, programas recreativos e mú sica. Uma nova secç ão desportiva adaptar-se-á a todo o pú blico. A nova grelha de programação é dirigida a todo o tipo de ouvintes, os quais poderão desfrutar de divertidos programas e mú sica seleccionada. Já no ano de 2006, o desporto será uma rubrica obrigató ria para os adeptos, que poderão acompanhar entrevistas com as grandes estrelas do jogo, notas informativas, previsões, estatísticas, comentários, assim como o pró ximo Mundial de Futebol Alemanha 2006 e a Fó rmula 1. José Visconti será uma das vozes masculinas na parte desportiva no circuito d pró ximo ano. Além disso, será dada continuidade ao noticiário nas três emissoras do grupo, apresentado pela equipa jornalística do Circuito Alianza FM. O Circuito Alianza FM, que pertence a empresários portugueses, trará artistas internacionais que o pú blico deseja ouvir, através de eventos musicais nas ruas como um novo conceito de entretenimentos que oferecerão ao pú blico em geral. Com esta nova aliança entre "Metro FM 101.5", "Platino 102.0", "Calle 98 FM" e "Jet 88.9 FM" serão consolidadas as transmissões informáticas das diferentes cadeiras de rádio, de modo a serem ouvidas em todas as partes do país.


18 TRAÇOS DE PORTUGAL

Santarém CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

à direita do Ribatejo Liliana da Silva

Lilianadasilva19@hotmail.com

A

s origens desta cidade portuguesa remontam à época greco-latina e são raízes míticas para uma região cheia de costumes e tradições. As primeiras pegadas de ocupação humana remontam ao século VII a. C., mas só no ano 138 a. C., quando os colonos romanos chegaram a esta terra para chamá-la Scaballis. Durante esta ocupação, a hoje denominada Santarém, converteu-se no principal porto comercial do Tejo e num dos centros de poder mais importantes da então província lusitana. Depois, esta cidade foi ocupada pelos árabes, que conseguiram atribuir-lhe uma importâ ncia militar e cultural durante todos os séculos que permaneceram na Região. O ambiente palaciano que se viveu em Santarém durante os séculos XIV e XV a destacou de entre outras cidades portuguesas que na altura ainda não tinham o glamour que guardava nas suas ruas. Nelas, passeavam inclusive os mais importantes trovadores e jograis da época, alguns naturais desta região. Contudo, o esplendor de Santarém viu-se destruído, em parte, pelo terramoto de 1755. Este movimento sísmico acabou com parte do patrimó nio mais notável desta Vila, em particular com as igrejas e conventos, que são muitas. Mesmo assim, durante as invasões Francesas e da Guerra Peninsular, mais uma vez, Santarém assumiu um papel estratégico-mi-

A capital do Ribatejo está cheia de danças, sabores e aromas próprios de uma região com tradição e história litar fundamental como em anos anteriores, mas viu perder o seu patrimó nio mais importante em mãos dos ocupantes. Passaram os anos e esta cidade ressurgiu como noutras vezes para converter-se no que é hoje: um concelho com grande prosperidade, a Rainha do Tejo. CHEGANDO A SANTARÉM A capital do Ribatejo situa-se na margem direita do Rio Tejo. O município de Santarém contempla um territó rio de quase 600 Km2, dividido em três zonas naturais distintas, divididas pelas diferenças geográficas e topográficas que lhes atribui o Tejo, o que confere características pró prias aos habitantes de cada uma destas. Por um lado, temos Lezíria, com vastos campos férteis periodicamente inundados pelo rio Tejo; do outro, está a região do Bairro, oposta ao rio, abarcando o planalto da cidade e a charneca que faz a transição entre o planalto e a serra no Norte do Concelho. Esta magnífica localização atribui-lhe condições naturais que facilitam actividades comerciais de diversa índole como a agricultura, vinhedos, artesanato, pesca, etc. Como noutras cidades portuguesas amuralhadas, o Centro Histó rico de San-

tarém é constituído por pequenas ruelas estreitas e cheias de ziguezagues que se conectam entre si, oferecendo ao turista um pouco da histó ria da época passada através dos detalhes arquitectó nicos que as caracterizam: arcos, escadas, cores apelativos, becos, etc. As casas conservam nas suas janelas, portas e desenhos influências româ nicas, gó ticas e manuelinas, entre outras das correntes que passaram por esta cidade. Por isso, Santarém é um destino privilegiado tanto para os amantes da arte e da histó ria como para aqueles que procuram um destino natural. Possui uma diversidade e representatividade de ambientes que dão a conhecer a fauna e a flora, que estão representadas em cada uma das suas três divisões: Leziria, Bairro e Charneca, que guardam surpresas para os que decidem descobri-las. À medida que se percorre o concelho de Santarém vai-se passando de uma paisagem intensamente humanizada, cheia de urbanizações e centros de comércio, com diversos aglomerados populacionais de dimensão variável, para paisagens onde imperam as plantações de olival e trigo que convivem com as vinhas. Mais à frente, encontramos, de Norte para Sul, uma mancha florestal enorme que é constituída por pinheiros e eucaliptos que abrangem colinas até chegarmos a uma zona de vegetação geralmente baixa e de reduzida densidade populacional. Durante esta travesia, temos, também, a presença do Rio Tejo, um dos grandes protagonistas do ambiente, e duma fauna muito variada.

Toca a Danç ar O concelho de Santarém está cheio de danças típicas que enchem de cor e vida a cidade. De facto, as danças ribatejanas são, normalmente, alegres e com muito ritmo, sendo acompanhadas por variados instrumentos, como o acordeão, a gaita, a viola e o bandolim, entre outros. Durante os anos de tradição e influências "foraneas" em Santarém desenvolveram-se diversas danças típicas como o fandango, a dança mais conhecida, que normalmente é dançada por dois homens que se colocam frente a frente para pôr a prova as suas capacidades, disputando-se assim a atenção da mulher. O bailarico, outra das danças ribatejanas, é dançado a pares, com bastante ritmo e movimento, apresentando variações de acordo com o local onde se dança. Desta forma, deparamonos com uma dança muito popular, que é normalmente sapateada, o que a torna de fácil execução. Este ritmo conhecido como o fadinho é dançado pelos habitantes da zona da Lezíria. Já a Moda de Dois Passos não e tão fácil de praticar, pois é uma dança bastante agitada, caracterizada por ter bancos que os executantes marcam batendo com o tacão no chão. Estes movimentos requerem muita agilidade e experiência. Finalmente, temos também o verde gaio, uma dança generalizada no território português que no Ribatejo assume outras particularidades derivadas de lãs características dos sus habitantes, que a decoraram com mais ritmo e júbilo.

Não se esqueça de visitar alguns dos monumentos de Santarém:

• Torre das Cabaças: este monumento foi recuperado há pouco tempo através de um projecto da União Europeia. Esta torre é conhecida, actualmente, como a Torre do Relógio. • Igreja da Graça ou de Santo Agostinho. Esta estrutura de estilo arquitectónico Gótico contém o Túmulo de Pedro Álvares Cabral. • Igreja e Claustro do Convento de São Francisco. • Museu Municipal que alberga o Núcleo Museológico de Arte e Arqueologia Medievais. O Estilo desta obra é uma mistura entre a arte gótica e Romana. • Núcleo Museológico do Santíssimo Milagre • Santuário do Santíssimo Milagre • Igreja de Santa Maria de Alcáçova • O Templo Romano de Scallabis. Fonte: www.cm-santarem.pt


CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

PORTUGAL 19

"Abandono agrícola poderá aumentar" Teresa Costa

(JN - Portugal)

P

ara que a agricultura nacional tenha futuro, Portugal deverá ter 73% da Superfície Agrícola Utilizada preenchida com agriculturas ambientalmente sustentáveis, de conservação e com serviços rurais, contra os actuais 2%, num cenário idealizado por Francisco Avillez, professor catedrático do Instituto Superior de Agronomia, sob pena de se agravar o abandono agrícola. O cenário foi apresentado em Lisboa, esta semana, durante um seminário promovido pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) com o objectivo de fundamentar e identificar as grandes linhas pelas quais se deverá orientar o Programa de Desenvolvimento Rural para Portugal, a vigorar no período 2007-2013. Na actualidade, 65% da Superfície

Professor catedrático do Instituto Superior de Agronomia defende inversão da polí tica agrí cola Agrícola Utilizada nacional é ocupada com agriculturas de produção apoiadas por subsídios e 33% com agriculturas economicamente competitivas. AMEAÇAS Mas o processo de reforma da Política Agrícola Comum e as negociações em curso na Organização Mundial do Comércio "conjugam-se para fazer acelerar o processo de desmantelamento das medidas de suporte de preços de mercado, alargar à totalidade dos produtos agrícolas o processo de desligamento das ajudas à produção, e diversificar e refor-

çar as medidas de â mbito agro-ambiental e agro-rural", alerta o professor. Por outro lado, e tendo em conta o cada vez menor peso da agricultura na economia e sociedade portuguesas e o "decréscimo significativo" do nú mero de explorações e do volume de produção agrícolas, Francisco Avillez é peremptó rio em antecipar que, "num cenário de continuidade, haverá abandono agrícola, na ordem dos 36%". Para evitar o declínio da actividade, é apologista de uma mudança na política agrícola, no sentido de "uma clara ruptura" em relação ao passado. "Considero que não é preciso tanto dinheiro para apoiar a competitividade. Vai ser preciso é utilizar bem esse dinheiro, de uma forma selectiva e bem direccionada, ao contrário do que se tem feito. O que é importante é ter dinheiro para pagar serviços que a agricultura portuguesa possa vir a desempenhar na perspectiva da conservação da natureza

Câ mara do Funchal recolhe por dia 3 a 4 carros abandonados Ana Teresa Gouveia (DN - Madeira)

O

abandono de automó veis na via pú blica começa a ganhar contornos preocupantes na Região Autó noma da Madeira. Apesar dos benefícios fiscais concedidos a quem abate um carro em fim de vida ou da gratuitidade na entrega das viaturas no parque de sucatas do Vasco Gil, os madeirenses parecem optar pela via mais fácil, o "esquecimento" nas ruas. Segundo o vereador do Ambiente na Câ mara Municipal do Funchal (CMF), Henrique Costa Neves, só na capital madeirense, a autarquia recolhe, por dia, cerca de 3 a 4 carros. No final do ano, são quase 1.500 automó veis que a Câ mara Municipal reencaminha, a expensas pró prias, para o parque de sucatas em Santo Antó nio. "Se não o fizéssemos, o Funchal estaria já afogado em viaturas abandonadas", referiu o autarca, acrescentando que, só no ú ltimo mês, foram recolhidos mais de 60 automó veis. Por isso, os serviços do Ambiente da edilidade têm uma equipa e uma viatura pró pria para esta recolha, transportando os automó veis abandonados há mais de uma semana na via pú blica para o depó sito de sucata do Vasco Gil. Como realçou Henrique Costa Neves, a empresa Madaço tem, neste momento, a concessão da Associação de Municípios da Madeira para a exploração de sucatas autárquicas. Segundo explicou, depois de recolhi-

Apesar das multas elevadas para prevaricadores, legislação impede autarquia de localizar e identificar os proprietários dos automóveis da a viatura, a Câ mara Municipal publica regularmente um edital com a série do carro, a marca, a matrícula e outros pormenores que permitam aos proprietários reclamar o seu veículo. "Se não o fizerem, estes são perdidos a favor da Câ mara. Normalmente é o que acontece", assegurou. Entretanto, e passado o período que a lei determina apó s a publicação do edital, as viaturas são desmanteladas e devidamente triadas. Ou seja, todas as peças são separadas. "Depois de separados os ó leos, as borrachas, os vidros, os plásticos, para reciclagem, a parte metálica é prensada e exportada para o continente, para a Siderurgia Nacional", disse. Entretanto, Henrique Costa Neves culpa a legislação que não permite localizar e identificar os proprietários, para aplicação das respectivas coimas. Todavia, acrescentou o vereador, há pessoas que reclamam os automó veis. Nestes casos, para além de terem de pagar a coima - que se for voluntária, é de 250 euros -, terão de pagar também 15 euros pelo reboque e outro tantos euros pelo aluguer do parqueamento. "Em média, as multas por abandono das viaturas podem ir então até aos 350 euros. Mas estes casos são raros. Posso afirmar que 90% das viaturas são abatidas", sublinhou Henrique Costa Neves.

e da biodiversidade e do ordenamento do territó rio, e da diversificação da economia rural", defendeu. O professor acredita que o Programa de Desenvolvimento Rural em perspectiva pode vir a "criar condições para que haja um melhor aproveitamento possível das novas oportunidades de reconversão que são abertas". Francisco Avillez participou no seminário da CAP na qualidade de coordenador de um grupo de reflexão constituído na Confederação, com o objectivo de desencadear um conjunto de contactos futuros com a Administração Pú blica, no â mbito da definição da estratégia nacional do desenvolvimento rural, para depois se avançar para a elaboração do programa. O trabalho pretende "dar um pontapé de saída, no sentido de os vários actores cooperarem e definirem as grandes orientações de futuro", explicou ao JN.


20 PORTUGAL

CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

Desenvolvimento econó mico é prioridade

Mário Soares

O

desenvolvimento econó mico de Portugal é preocupaç ão central nos manifestos dos candidatos presidenciais, que variam nos caminhos defendidos, desde o pacto social sugerido por Manuel Alegre à avaliação do papel do Estado que pretende Cavaco Silva. As eleiç ões para eleger o Presidente da Repú blica realizam-se em Janeiro e as ruas de Portugal de Norte a Sul e das ilhas já estão marcadas com a pré-campanha, com cartazes dos diferentes candidatos por todo o lado. O ex-primeiro-ministro e candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP pretende aproximar Portugal dos índices de desenvolvimento de Espanha e da União Europeia e defende no seu manifesto o aumento da produtividade e qualidade nos sectores tradicionais da economia. O antigo líder do PSD quer que se discuta o papel do Estado "sem que isso signifique confiná-lo às funções de regulador": o caminho para a economia portuguesa passa também pela resolução da crise das finanças pú blicas, que atribuiu, "em boa parte, à má relação custo-eficácia dos serviços pú blicos". Mário Soares, ex-Presidente e fundador do PS, partilha com o seu adversário social-democrata a prioridade de levar Portugal para os padrões "ibéricos, europeus e mundiais", mas concentra-se no Estado Social, que tem que dar "resposta a novas situações", ligadas à sustentabilidade dos sistemas, sem trair o seu "espírito essencial".

União Europeia (UE). Cavaco Silva defende que a União é a prioridade na política externa, já que o "sucesso do projecto europeu é um valor estratégico para Portugal". Tal como o seu adversário, Mário Soares compromete-se a dotar as Forças Armadas dos "meios adequados" para cumprir as suas missões nos "compromissos internacionais de Portugal em favor da paz", salientando a importâ ncia de explicar a militares e ao povo em geral "os sacrifícios" exigidos. Manuel Alegre defende uma "diplomacia de paz" como matriz para a política externa nacional e, no que se refere à Europa, um novo tratado constitucional europeu ou a revisão do projecto existente, para que possa ser simplificado e referendado. Jeró nimo de Sousa afirma que a participação das Forças Armadas em operaç ões da NATO, com o seu novo conceito estratégico, viola "a letra da Constituiç ão". Para o candidato, exige-se uma "ruptura" com o "neoliberalismo, militarismo e federalismo" que dominam a Europa. Francisco Louçãdefende que

o pró ximo Presidente deve afirmar a "indisponibilidade de Portugal" para participar na "escalada de violência" e quer uma "refundação" da União que assegure os direitos sociais e o emprego. No que toca à educação, Mário Soares e Cavaco Silva estão mais pró ximos, colocando a tó nica na qualificação e na aproximação entre universidades, empresas e investigação científica, enquanto os outros três candidatos privilegiam a defesa da educação pú blica. O manifesto de Cavaco elege a "qualificação" como "ambição determinante", chamando a atenção para as regiões mais desfavorecidas, afectadas pelo abandono escolar, especialmente ao nível do secundário. Mário Soares também exige a "qualificação permanente dos portugueses, de todas as idades", a diminuição do abandono escolar e o aumento da investigação científica, apostando nas ligações entre universidades e empresas. Para Manuel Alegre, revalorizar a escola pú blica é a prioridade, sem a qual "não há modernização do sistema de ensino". O candidato ressalva que

essa opção não invalida a existência de escolas particulares e envolve também a "valorização social e profissional" dos professores no esforço pela melhoria do sistema. Jeró nimo de Sousa partilha a prioridade de Alegre no sector pú blico, criticando a "privatização e mercantilização de direitos sociais" (educação e saú de), como "um dos aspectos mais negros da política que sucessivos governos vêm seguindo". "Deve ser garantido o acesso à escola pú blica", afirma Francisco Louçã, que privilegia a formação no local de trabalho como uma forma de aproximar Portugal da média europeia. Na Justiç a, Cavaco Silva exige maior credibilidade e compromete-se a dar "atenção particular" à segurança de pessoas e haveres, assegurando que as forças da ordem têm os meios adequados. Mário Soares promete "tudo fazer para que os cidadãos confiem nas instituições que aplicam a Justiça", objectivo que passa por "reformas que melhorem a qualidade e a eficácia". Ao Presidente compete "velar para que a justiça seja independente perante o poder político" nas suas decisões e ao mesmo tempo impedir que seja "impune e irresponsável", defende Alegre. Sem propor medidas, Jeró nimo de Sousa nota que os "processos de privatização e de filtragem econó mica" também limitam os que mais necessitam do acesso ao direito e aos tribunais. A reforma do sector da justiça, "o menos democratizado desde o 25 de Abril", é uma "prioridade nacional" de Francisco Louçã. A garantia de um defensor pú blico para os que necessitem e o fim do agravamento das custas judiciais são

Manuel Alegre

Jerónimo de Sousa

Francisco Louçã

Cavaco Silva

Um pacto econó mico e social durante dois ou três anos é a proposta concreta de Manuel Alegre, dirigente histó rico do PS, cuja prioridade é a melhor distribuição da riqueza, com o envolvimento do Governo, patrões, sindicatos e municípios, para inverter o cenário que fez de Portugal "o país da Europa em que mais se agravaram as dificuldades". Recusando "apelos abstractos" à "auto-estima" nacional, o secretário-geral do PCP e candidato presidencial Jeró nimo de Sousa aposta na "mobilização dos trabalhadores" para um modelo de desenvolvimento diferente do seguido pelo Governo do PS, no aumento do investimento pú blico, na produção nacional e no emprego. Tal como Jeró nimo de Sousa, Francisco Louçã, coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda (BE) e candidato apoiado pelo partido, recusa a privatização dos sectores estratégicos do Estado, como a energia e a água, por terem como consequência mais custos para os consumidores. E é o ú nico a propor medidas concretas para reformular o sistema de segurança social, assegurando a sua sobrevivência nas pró ximas décadas. A convergência das pensões mínimas com o salário nacional é a primeira medida que defende para a remodelação do sistema de protecção social. Na política externa e de defesa nacional, quanto mais à esquerda maior é a resistência a intervenções militares portuguesas no estrangeiro e mais exigente é a mudança de rumo na política seguida no seio da


22 OPINIÃO

CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

Também tenho medo Sónia Gonçalves

sgoncalves@dnoticias.pt

N

otícias diárias comprovam o aumento de furtos e roubos na Região Autó noma da Madeira. O sossego e a paz que ainda caracterizam esta ilha paradisíaca estão a ser ameaçados e perspectiva-se um cenário bem mais preocupante. O aumento da toxicodependência traduziu-se em mais insegurança e o problema parece atingir proporções cada vez maiores. Assusta-me a forma como os estupefacientes estão disponíveis e o facto de as autoridades regionais (nacionais e mundiais) não conseguirem travar a proliferação de traficantes. Um pouco por toda a ilha, toda a gente sabe disso, há sempre um "passador", que distribui o "produto" a troco de lucros fáceis.

Tudo começa na brincadeira. Do charro às drogas consideradas "pesadas" é muitas vezes um passo. As primeiras doses são oferecidas e cria-se facilmente dependência. Depois, é preciso ter dinheiro para alimentar o vício. Mas porque o vício se torna economicamente insustentável, o recurso ao crime acaba por ser a forma mais "fácil" de conseguir dinheiro. Qualquer casa opulenta alicia, qualquer porta entreaberta é um íman, qualquer telemó vel esquecido dentro do carro é um convite, qualquer idoso frágil é um alvo. É uma bola de neve. Os toxicodependentes, de uma forma doentia, só pensam na pró xima dose, leia-se na pró xima vivenda a assaltar, no pró ximo prédio a entrar, na pró xima vítima... Perante isto, o que podemos fazer? São muitas as apreensões e o esforço das polícias é notável. Contudo, é urgente fazer mais qualquer coisa para travar esta realidade que nos deixa, a todos, com medo. Tenho medo porque não quero ser alvo de assaltos, medo porque as teias da droga têm as "portas" sempre abertas, medo porque algumas pessoas conseguem passar a ideia de que nem todos os estupefacientes criam dependência (física ou psicoló gica).

A "escumalha" revolta-se Fernando Cruz Gomes

M

al avisado anda quem não entende, cabalmente, o que se está a passar em Paris. É que chega a parecer que temos por ali - e por arrastamento em quase todas as cidades de França e de outros países vizinhos - o cerne vivo de uma derrocada de uns certos valores ocidentais. Mal avisado anda, pois, quem não estuda cabalmente toda a dimensão do problema. E é preciso aprender a lição, se ainda for a tempo. As pró prias autoridades francesas - Jacques Chirac, inclusive - não souberam lidar com o problema. O ministro do Interior, um senhor chamado Sarkozy, foi à guerra levando nas suas mãos achas e petró leo. Chamou "escumalha" aos que, com paus, pedras e algumas bombas artesanais que toda a gente aprende a fazer até pela Internet, lutavam nas ruas. Lutavam, talvez, até sem saber porquê. Será que estamos às portas dos confrontos sociais do futuro? É que os efeitos do contágio atiraram com faú lhas um pouco por todo o lado. E desta pequena guerra civil vão resultar, certamente, réplicas, muitas réplicas, um pouco por toda a Europa e talvez até por outros países ditos mais seguros. Já há mechas em demanda do barril de pó lvora... É um Maio francês - recordam-se? - que parece ter saltado do Quartier Latin para o subú rbio. E os estudantes de ontem são, hoje, jovens desempregados. Em Maio de 68... havia outros ingredientes que não eram no fundo - para quem souber ver - muito diferentes dos de Novembro de 2005. É só uma questão de olhar à volta, mesmo à nossa volta. É que está envolvida uma segunda geração de emigrantes (com i) que não têm o mesmo espírito submisso dos pais e dos avó s. E, neste "andar da carruagem", temos de ver que as cidades - Paris ou Lisboa, para não falarmos muito em Toronto - começam a estar cercadas, no melhor ou pior dos termos, por subú rbios cada vez mais intranquilos. Lemos, algures, que a promessa do Eldorado,

que foi passando de pais para filhos, já não paga dividendos, quando a Escola falha, a sociedade também... E há cada vez menos emprego e menos "razões de luta adequada" para uma geração que já é diferente. E contra isto a Polícia pode actuar, o Exército também... mas há "sementes" que ficam e vão germinar noutras épocas e noutras latitudes. Como aconteceu em Maio de 68. Nó s, os mais velhos, somos às vezes apelidados de pessimistas. Mas as verdades, que ainda doem quando são ditas tão cruamente, estão mesmo à nossa frente. O "Novembro francês" pode, de facto, ser contagioso. Os jovens desenraizados, que todos nó s conhecemos, estão, por agora, sem um verdadeiro "plano de acção", exigindo apenas a demissão do ministro Sarkozy. E partem para uma cruzada que tanto os leva a incendiar casas como escolas, autocarros e simples automó veis. Que tanto os faz irem à luta com a Polícia como fugir dela. O pior será se (e quando) forem enquadrados por um ou outro "ismo" que todos nó s conhecemos também. A morte de dois jovens, de nomes Bouna e Zyed, incendiou tudo. Sarkozy poderá até ser demitido. Mas os problemas de fundo vão continuar. Um pouco por toda a parte, entenda-se. E às portas de várias cidades. Cada vez é mais necessário um grande plano de ordenamento. Que tenha a ver com tudo e não apenas com o mundo do cimento armado. A integração social não se faz por decreto, mas sim através da escola, pelo emprego, por uma certa hospitalidade que se apregoa, mas nem sempre é real. A França não deve ter aprendido muito com o Maio de 68. E mesmo que tivesse aprendido... no caso em apreço a histó ria é, afinal, feita não por franceses, como então acontecia, mas por franceses filhos de emigrantes. E mesmo entendendo que a França já não é o que era e deixou de ter o peso que teve - com o desemprego entre os jovens a rondar os 35% - ninguém pode deixar que o país pare efectivamente na Histó ria. O gesto arrogante de um ministro - que quer ser, para mais, candidato a Presidente da Repú blica - a chamar "escumalha" aos jovens que têm pouca razão de viver é por demais gritante. E importa que alguém trave a pedra que começou a rolar pela montanha abaixo...

SACAP: livros perdidos? Antonio de Abreu Xavier aindax1@yahoo.com

S

ão incontáveis os esforços que têm sido feitos para manter a comunidade lusa unida na Venezuela. Muitas foram as iniciativas para divulgar e preservar os valores culturais. São mú ltiplas as tentativas realizadas através de fundações e associações. Mas houve algo que faltou: continuidade e relevo geracional. Há dias estive a ler sobre o trabalho realizado pela Sociedade de Amigos da Cultura e das Artes Portuguesas (SACAP). Foi legalizada a 18 de Maio de 1972, segundo consta do registo do Departamento Libertador do Distrito Federal. A sua finalidade era promover e fomentar o intercâ mbio cultural entre Portugal e a Venezuela. Uma das suas preocupações era integrar a juventude no processo histó rico de Portugal através da promoção do seu patrimó nio cultural e artístico. O lançamento do seu primeiro programa anual de actividades coincidiu com a comemoração do ano quatricentenário da publicação 'Os Lusíadas'. Os actos em Caracas foram apadrinhados por Nicolás Perazzo, ex-embaixador da Venezuela em Portugal. Ele foi o responsável a primeira conferência promovida pela SACAP. É interessante sublinhar que a nossa ideia de criar um Centro de Informação e Documentação sobre a comunidade portuguesa e lusodescendente na Venezuela não é original. Descobrimos que no início dos anos 70 um projecto similar já havia sido proposto por Vasco de Freitas Patrício, que aspirava fundar uma 'Casa de Portugal' e finalmente colaborou na criação da SACAP. A acta da fundação foi assinada por Adriano Augusto Sousa, Armando Noboa Neves, Egidio de Ornelas Teles, Ferdinando Soares, Humberto Nó brega, João Marçal Lino Pereira, José Luís Pereira das Neves, Manuel da Encarnação Nó brega de Gama, Quintino Gizero Victorino, Sidó nio Evangelista de Sousa, Silvestre Gomes de Freitas e Virgílio Rodríguez, a 20 de Março de 1972. Um dado incauto, embora nada a que já não estivesse habituado porque repete-se com outras instituições culturais, é que a SACAP contava com o apoio de 'toda a comunidade', com 'a colaboração da Coló nia Portuguesa, de todas as instituições afins, oficiais e particulares, venezuelanas, portuguesas e estrangeiras' mas não tinha sede pró pria e apenas contava um escasso orçamento porque nasceu 'pequena, humilde e simples'. Estudar os feitos da SACAP significa comprovar a falta de um arquivo histó rico da comunidade que permita conhecermo-nos melhor como grupo bi-nacional. Digo isto porque só pudemos constatar um ú nico grande legado: dois mil volumes de livros doados pela Fundação Gulbenkian, que ficaram sob a custó dia do padre Joaquim Ferreira. Fica-nos a pergunta: se a SACAP não tinha sede pró pria onde estão esses livros? Haverá alguém que possa narrar a completa da SACAP e assinalar a localização desses livros? Existe algum arquivo ou registo da SACAP? Espero que para estas questões surja uma resposta.


OPINIÃO 23

CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

caRTas dOs leITORes Desde o Canadá Vivo no Canadá há 23 anos mas tenho muitos familiares a viver na cidade de Valência, Venezuela. Conheço o CORREIO através de uma familiar que em tempos saiu numa grande reportagem feita pelo vosso jornal. Sou leitor assiduo do mesmo através da Internet. Acho excelente o que fazem os portugueses na Venezuela, julgo que deve ser um exemplo para o Mundo e inclusivamente para Portugal. Destaco, segundo o que leio, as

obras e iniciativas de solidariedade para com os mais desfavorecidos, as actividades desportivas e ainda os lugares de destaque que têm os filhos dos portugueses no comércio, na indú stria , no desporto e na política. Sobre a vossa página na net, como recomendação deveriam melhorar a qualidade das fotos ali exibidas. Parabéns ao jornal e à comunidade. Rubens Teixeira

Eleicões todos os dias Sou só cio do Centro Português e embora com pouco tempo como associado, frequentava periodicamente o mesmo. O motivo desta minha carta tem a ver com a atenção que nó s os só cios do clube, pelo menos no meu caso, experimentámos nestes ú ltimos dias devido à proximidade das eleições. Nunca como só cio recebi tantas atenções dos membros das juntas directivas, tanto da anterior como da actual. Sinto-me importante, explicam-me, dizem coisas que nunca antes me disseram, tratam de convencer-me pelos dois lados enfim, resumindo e falando "crioulo" directamente, "ralam-me bolas" como nunca. Curioso que pessoas que pertenceram a juntas directivas anteriores e actuais, que nunca me passaram "cartão" antes, pelo contrário sentiam-se donos do clube porque pertenciam à junta directiva , nunca me cumprimentavam e agora nem lhes conto.... Daí a importâ ncia de existirem duas listas candidatas a "governação"

INQUéRITO

Maria Elisa Martins "Estou a par das eleições, mas não estou inscrita no Conselho Eleitoral Nacional e não me apetece fazer filas para que o país continue sempre na mesma. Penso que a presença de uma comissão da União Europeia é uma forma de garantir transparência nas eleições."

do clube para o pró ximo ano. Julgo ser importante que quem quer que ganhe as eleições não perca a humildade que tem actualmente que continue com a simpatia destes ú ltimos dias . Apenas um conselho para todos os integrantes das juntas directivas espalhados por esses clubes na Venezuela. Da minha parte como só cio do clube estou agradecido a todos aqueles que trabalham em prol dos só cios, sei e consta-me, que desinteressadamente, embora às vezes pequem por ser arrogantes depois que assumirem os cargos. Parabéns à junta directiva actual do clube pelo trabalho desenvolvido e parabéns também pela nova junta concorrente pelo valor que tiveram em se candidatar. Parabéns a todos e que ganhe o melhor para o clube. Isso sim. Não esqueçam de ser humildes.... Álvaro Dias Sócio do Clube

Encontro de surpresas Sou filho de pais portugueses e fiquei gratamente surpreendido pelo evento do Encontro de Gerações, o qual tive o prazer de assistir por convite de um amigo conterrâ neo do meu pai. Sou profissional bancário e pela primeira vez, confesso, tive o privilégio de conhecer o Centro Português de Caracas. Que grande obra. Parabéns pela organização e pelo clube que ergueram os nossos antecessores.

Da minha parte tive muita pena não ter tido a oportunidade de ter levado a conhecer o clube os meus pais, que faleceram há sete anos. O meus sinceros agradecimentos e parabéns pela publicação em Espanhol no El Nacional. Sinto orgulho e não sabia que os portugueses faziam tantas coisas na Venezuela. Fernando S. Silva Teixeira

Histó rias fascinantes Sou venezuelana, filha de mãe portuguesa e pai venezuelano . De Portugal de facto pouco ou quase nada sei a não ser apenas pequenas recordações de criança, das roupas, de algumas bonecas e roupas que vestia oriundas de Portugal. A minha mãe chegou a esta terra com apenas três anos de idade e os meus avó s integraram-se completamente no quotidiano diário da cidade de Caracas. E como tal os nossos vínculos com Portugal praticamente não existiram. Conheci o Correio da Venezuela através de umas amigas. Fiquei gra-

tamente surpreendida pelos conteú dos, pela importâ ncia que dão aos mais jovens e pelas histó rias de vida que publicam. São fascinantes e servem-nos de conhecimentos para o futuro. Estou entusiasmada e gostava de escrever a histó ria dos meus avó s e depois da minha mãe. Espero ter espaço também no vosso jornal porque são dignos de saber já o que poderíamos chamar contexto geral dos portugueses que chegaram a Venezuela. Carinhos e parabéns. Maria Susana Bettencourt

Sabia que no próximo dia 4 de Dezembro há eleições? Acha que a presença de uma comissão da EU para fiscalizar as eleições vão contribuir para que o processo seja mais transparente?

Mário Pereira "Estou naturalmente a par das eleições, pois vi na imprensa venezuelana que se iam realizar. Vou exercer o meu direito de voto porque é um direito e um dever de todos os cidadãos. Votei nas ú ltimas eleições em Agosto do ano passado e me pareceu perfeito que os observadores venham e exerçam a sua função fiscalizadora para que não haja situações ilegais. A opinião deles é válida perante o Mundo."

Emanuel da Silva "Sei que vai haver eleições num dia destes, mas não estou registado no CNE embora gostasse de exercer o meu direito de voto. Concordo que haja observadores internacionais para que haja legalidade no processo e não se cometam delitos."

João Fernandes "Soube pela imprensa, mas não estou registado. Se me inscrevesse ia exercer o direito de eleger os parlamentares que representam o povo em geral. Estou de acordo que representantes da EU estejam presentes no processo e vejam como se desenrolam as eleições» .


24 ECONOMIA

CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

Banco Central Europeu aponta para subida das taxas A s mais recentes declarações dos vários responsáveis do Banco Central Europeu têm apontado para um mais rápido início do ciclo de subida das taxas de referência. Com efeito, na ú ltima conferência de imprensa, realizada a 3 de Novembro, o Governador Trichet disse que não havia nenhum compromisso do BCE relativamente à necessidade de pré-anunciar uma subida das taxas de referência e que a autoridade monetária estava preparada para agir a qualquer momento, se e quando necessário. Neste contexto, os mercados financeiros leram uma maior disponibilidade do BCE para que o ciclo de subida das taxas de referência se iniciasse ainda em 2005, estando atribuída uma probabilidade quase 80% a uma subida de 0.25%, para 2.25%, na reunião a ter lugar no dia 1 de Dezembro. Mas os mercados antecipam igualmente que o ciclo prossiga em 2006, com mais duas subidas antecipadas até ao final de Dezembro desse ano, quando a taxa de cedência de fundos do BCE poderia fechar em 2.75%, face ao

actual mínimo histó rico de 2.0%. Uma dessas subidas poderia ocorrer logo no início do ano, no primeiro trimestre, enquanto a segunda subida teria lugar só no segundo semestre, possivelmente no final do verão. As razões para a subida foram explicitadas pelo Governador Trichet. Os vários indicadores econó micos e financeiros que servem de base à análise do BCE têm vindo a evoluir de forma mais favorável, em termos de crescimento econó mico, e no sentido de maior risco de aceleração da inflação. Ao nível do crescimento econó mico, além dos dados de confiança dos empresários, e também dos consumidores, de que já demos conta em "Comentário" anterior, surgem os primeiros dados efectivos de actividade, igualmente a surpreender em alta. Destaque, para o PIB da França, relativo ao terceiro trimestre de 2005, que registou um crescimento de 0.7%, face ao trimestre anterior (quando tinha crescido apenas 0.1%). Os detalhes ainda não foram divulgados, mas outros indicadores parcelares de actividade já conhecidos apontam para uma mais signi-

ficativa recuperação do consumo das famílias, em parte devido a uma correcção dos preços dos combustíveis e, mais importante, a uma descida do desemprego. Ao nível dos riscos para a estabilidade dos preços, o BCE vê com preocupação a estabilização da inflação em torno de 2.5%, embora uma parte significativa da recente aceleração decorra dos elevados preços do petró leo. Excluindo esta componente, a inflação tem permanecido controlada, no mínimo de 1.4%. O risco, segundo o BCE, é de que o petró leo permaneça pró ximo dos actuais níveis em 2006 (é o cenário implícito nos mercados de futuros sobre o crude), o que teria implicações sobretudo ao nível da confiança dos agentes econó micos. No caso dos consumidores, as expectativas de inflação têm vindo a aumentar, o que gerar exigências de aumentos salariais mais elevados, no preciso momento em que na Alemanha tem início um novo processo de negociações. O maior sindicato da Alemanha está a pedir uma actualização dos salários de 4.0%. Outros indicadores de riscos infla-

cionistas prendem-se com o crescimento do crédito, que cresce 8%, em termos anuais, o ritmo mais forte em cinco anos. Parte dessa aceleração deriva do forte dinamismo do mercado imobiliário, em alguns países onde o crédito hipotecário é realizado com base em taxas de juro variáveis, mas há igualmente uma aceleração do crédito pessoal e do crédito a empresas. Tratam-se de duas variáveis mais cíclicas e que melhor reflectem a confiança dos consumidores e dos empresários quanto à evolução da actividade econó mica. Embora a probabilidade associada pelos mercados a uma actuação, em termos de subida das taxas de juro já em Dezembro seja elevada, existem opiniões de que é ainda relativamente cedo e de que o BCE deveria aguardar por dados adicionais sobre o crescimento econó mico no segundo semestre de 2005. Uma parte destes indicadores, sobretudo relativos já ao quarto trimestre do ano, serão conhecidos em Dezembro e início de Janeiro de 2006. Comentário Econó mico do Banco Totta

Export Home 2006: 18 anos a promover o mobiliário português

D

e 8 a 12 de Março do pró ximo ano, a Feira Internacional do Porto abre as portas à 18ª edição da Export Home - Mobiliário, Iluminação e Artigos de Casa para Exportação. Esta feira, dirigida ao mercado profissional e de exportação, apresenta em cada edição o melhor que se produz em Portugal no mobiliário, iluminação e artigos para a casa, sendo um meio privilegiado para a internacionalização do sector. Já está confirmada a presença das maiores e mais representativas empresas do sector que consideram esta feira a melhor oportunidade para divulgar as suas novidades ao mercado profissional. Esta feira tem sido considerada uma

grande oportunidade para apresentar produtos de qualidade e para promover a marca Portugal no sector dos potenciais importadores. A inovação, a qualidade e o desenho apresentam-se como factores essenciais para aumentar a competitividade e constituem, uma vez mais, os vectores fundamentais de Export Home. As exportações de mobiliário português atingiram os 768 milhões de euros em 2004, o que se traduz num aumento de 15,7%, em relação ao ano anterior, de acordo com os dados do instituto nacional de Estatísticas (INE). Esta evolução surge juntamente com a tendência de crescimento registada pelas exportações de mobiliário português nos ú ltimos anos.


CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

ECONOMIA 25

Millenium garante presença nos Estados Unidos zona têm em certificados de aforro. Além disso, Maia realçou que o City deabreujean@yahoo.com Bank, pode ser uma opção viável para banco Millenium BCP con- a comunidade lusa na Venezuela, uma ta actualmente com 18 su- vez que pode prestar o serviço de reticursais financeiras nos Es- rada e depó sito de dinheiro, já que tados Unidos e Canadá. existe um convénio entre as duas instiCom a finalidade de garantir o crédito tuições para a realização de transacções aos portugueses, aos seus descendentes monetárias fora da área onde o Millee outros clientes de contas e transacçõ- nium está presente e onde a outra enes, o banco criou campanhas promo- tidade bancária se encontre. cionais para captar novos clientes nas New York, New Jersey e Massadiferentes cidades norte-americanas. chussets são as zonas dos Estados Unidos A instituição financeira está presen- onde o Millenium tem sucursais bante em sete países, onde está radicada a cárias estabelecidas, tendo em conta a comunidade portuguesa emigrante: presença importante de emigrantes luFrança, Luxemburgo, Canadá, Estados sos nestas cidades. Unidos, Moçambique, China e VeneEm 2005, o banco consolidou-se na zuela. Com a abertura de uma filial em América do Norte como uma das instiCaracas, o BCP pretende posicionar-se tuições bancárias mais só lidas do país, no país e na América Latina, como uma ao aumentar as taxas de interesse reladas mais seguras da banca para os por- tivamente ao investimento feito pelos tugueses e investidores. clientes, e assim expandir-se para ouO representante do Millenium BCP tras localidades do país. em New Jersey, João Pedro Maia, inNo Canadá, o BCP estabeleceu-se formou ao CORREIO, que a finalida- com oito sucursais, desde a fundação de de investir nesta entidade bancária é em 2003 da primeira filial nos arredores a de preservar o investimento em dó - da cidade de Ontário. lares, que os clientes que vivem nesta O banco continuará a ampliar os Jean Carlos De Abreu

O

Portugueses estão mais pessimistas A confianç a dos portugueses na situação econó mica pessoal e do país para 2006 está no nível mais baixo dos ú ltimos dois anos, segundo o Baró metro de Outubro da Marktest para o DN e TSF. Invertendo a tendência de subida registada em Setembro, o estudo de opinião relativo a Outubro mostra que 56,8 por cento dos inquiridos acha

que a situação econó mica do país vai estar pior no pró ximo ano, contra 14,6 por cento que considera que ela vai melhorar. Para 23,7 por cento a economia do país vai ficar na mesma no período que se prolonga até ao pró ximo ano. Em termos de finanças pessoais e familiares, o pessimismo ainda é maior, com 58,2 por cento a considerar que a situação vai

estar pior durante o pró ximo ano. Pelo contrário, 10,3 por cento dos inquiridos acha que vai estar melhor em 2007, enquanto para 23,7 por cento não vai haver alteração. O Baró metro de Outubro da Marktest para o DN e TSF foi realizado entre 18 e 21 de Outubro, com 805 entrevistas, sendo de 3,45 por cento a margem de erro.

seus horizontes no Canadá, tendo em vista o reforço do serviço de investimento monetário dos seus clientes antigos e a atracção de novos investidores na entidade bancária.

BREVE Linhas de ferro de alta velocidade entre Portugal e Espanha

O ministro português das Obras Públicas, Mário Lino, afirmou que o seu governo dará prioridade às linhas de ferro de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, assim como entre a capital lusa e o Porto, uma vez que considera que estas serão capazes de se autofinanciarem. O governante foi chamado às comissões parlamentares de Economia e Finanças e de Obras Públicas para explicar aos deputados da Assembleia da República os capítulos do Orçamento de Estado para 2006 que afectam o seu departamento. Sublinhou que foi decidido "dar prioridade às linhas que se mantêm por si mesmas na sua exploração". Entre os projectos que foram discutidos com o país vizinho incluem-se uma linha de alta velocidade entre o Porto e Vigo, na vizinha Galiza; outra entre Aveiro e Salamanca, que facilitará a conexão do Porto a Madrid, e uma terceira entre Faro e Huelva, que deverá propiciar as viagens de Lisboa a Sevilha em alta velocidade. Mário Lino garantiu que as cinco linhas de alta velocidade previstas com antecedência serão construídas, pelo que o que foi decidido foi somente a revisão do calendário de execução. "Em termos de tráfego não tem lógica de uma óptica nacional dar preferência à linha Porto-Vigo em detrimento da de Lisboa-Porto", disse o ministro perante os deputados.


26 PUBLICIDADE Tap recebe prémio da Airbus

CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

A

TAP Portugal foi mais uma vez distinguida pela Airbus com o "A310 Operational Excellence Award" pela melhor utilização mundial da frota Airbus A310 no período compreendido entre 2003 e 2005. O prémio foi entregue pela Airbus no decurso do "A300/A310 Family Techni-

BREVES Tap anfitriã da Assembleia de Presidentes da AEA A TAP foi a companhia anfitriã da Assembleia de Presidentes da AEA, a Associação de Companhias Aéreas Europeias cuja presidência, no ano de 2005, tem sido exercida por Fernando Pinto, AdministradorDelegado da Empresa. A TAP assumiu este ano a organização deste evento, que decorreu nos dias 17 a 19 de Novembro, na Quinta da Penha Longa, e trouxe a Portugal mais de oitenta participantes, entre presidentes e responsáveis das áreas de Relações Internacionais e Alianças das principais companhias aéreas da Europa, contando com a participação, como observadores, de representantes da Comissão Europeia. A realização desta reunião em Portugal inseriu-se também no esforço que a TAP tem vindo a desenvolver com vista a captar eventos que contribuam para a promoção do País. A Assembleia abrange ainda, e além das sessões de trabalho, um programa social, que constituirá uma excelente oportunidade de divulgação do património e das potencialidades de Portugal. A AEA tem sede em Bruxelas e integra actualmente 30 transportadoras aéreas. A Associação celebrou, em 2004, 50 anos de existência enquanto organismo permanente ao serviço da aviação europeia.

cal Symposium 2005", que juntou em Lisboa, entre 14 e 18 de Novembro, representantes de várias companhias aéreas. Este prémio reconhece o operador aéreo que conseguiu o melhor desempenho operacional, resultante do binó mio fiabilidade operacional/utilização da frota e é calculado com base no nú mero e duração dos atrasos

técnicos e outras irregularidades operacionais, tomando em consideração o nú mero de aviões em operação, a sua utilização média diária e a duração média do voo. A distinção agora recebida junta-se a outras três já atribuídas pela Airbus à TAP, em 1996, em 2000 e em 2003, relativas ao melhor desempenho operacional a nível mundial, respectivamente das frotas Airbus A340, A319 e

A310, e traduz o reconhecimento do excepcional nível atingido pela Empresa na optimização da utilização da frota e na manutenção da sua fiabilidade operacional. Presentemente a TAP opera uma frota exclusivamente constituída por aviões de fabrico Airbus, entre os quais se contam seis aeronaves A310, quatro A340, 16 A319, 12 A320 e três A321.


CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

DESPORTO 27

Central Madeirense e Deportivo Unió n na final do 56º Torneio Ibérico

guiu tirar emoções do pú blico presente, pois tanto unionistas como universitários contaram com o forte apoio do pú entral Madeirense e Deporti- blico. vo Unió n ganharam os seus Os golos de Unió n deram-se através respectivos compromissos na de José Gregó rio "Goyito" González, em ronda semifinal do 56º Tor- primeiro lugar, igualando as acções Salneio Ibérico de Futebol desenvolvida no vador Nunciata da USM. E a vitó ria do Campo Fray Luís de Leó n, e passaram à Unió n produziu-se nos minutos finais, final deste importante evento que, como marcado por Salomó n Alcalde, um dos se sabe, é a competição mais antiga do jogadores mais experientes do Torneio Mundo, entre as que se jogem com uma Ibérico, goleador por excelência. periodicidade anual. CENTRAL MADEIRENSE DEPORTIVO UNIÓ N VENCE DERROTA DEPORTIVO PARAÍ SO UNIVERSIDAD SANTA MARIA O segundo jogo das semifinais dispuO jogo entre o Deportivo Unió n e a tado entre Madeirense e Paraíso teve uma Universidad Santa Maria realizou-se na abertura de marcador antecipada, quando primeira hora, num encontro que conse- Francisco Parada se lançou com balão doZaidi Goussot

C

minado até à baliza paradisíaca e o guarda-redes fez uma boa paragem, mas o seu colega Carlos Vargas tentou completar o arranque e mandou a bola para o fundo da rede, num lamentável auto-golo. Isaac Ramos aumentou a vantagem nesse mesmo primeiro tempo, quando numa jogada só chutou para a baliza, vencendo uma vez mais. O ú ltimo golo foi produto de um penalti, numa falta muito discutida que pareceu não estar dentro da área e que também cobrou Isaac Ramos. A final é domingo dia 27, às onze da manhã, segundo determina o presidente do Conselho Consultivo do Torneio Ibérico Ángelo Gallo. O jogo deverá definir o campeão deste importante evento do futebol venezuelano

BREVES Tiago Monteiro na próxima temporada da F1 Esta vai ser a segunda participação de Tiago Monteiro na Fórmula 1, mas desta vez vai ser a bordo de um Midland. O piloto português, que já assinou contrato com os novos escuteiros, vai participar na próxima temporada, com a intenção de superar o nível conseguido com Jordan. Nesta oportunidade, o objectivo do luso vai ser mais ambicioso: "temos mais potencial com o novo carro, pelo que acredito que seria bom conseguir mais pontos que na campanha anterior e fazê-lo de forma mais regular". No último certâmen, obteve pontos duas vezes, uma delas foi no polémico Gran Premio de Estados Unidos.


28 DESPORTO III Divisão - Série A 10.ª Jornada Cerveira Monção Vinhais Brito Cabeceirense Mondinense Maria da Fonte Amares Vianense

0 3 2 3 0 0 1 1 1

0 0 1 0 0 1 1 0 1

III Divisão - Série B 10.ª Jornada

Joane Correlhã Esposende Valpaços Merelinense Assoc. Oliveirense Bragança Mirandela Valenciano

Tirsense Rio Tinto Lourosa Leça São Pedro da Cova Padroense Vila Real U. D. Valonguense

Classificação Bragança Mirandela Maria da Fonte Amares Joane As. Oliveirense Merelinense Monção Cabeceirense Brito Esposende Cerveira Valpaços Mondinense Vinhais Correlhã Vianense Valenciano

24 21 19 19 19 15 15 14 14 13 12 11 11 10 9 6 6 6

10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10

7 6 5 6 5 4 4 4 4 3 3 2 3 3 2 1 1 1

3 3 4 1 4 3 3 2 2 4 3 5 2 1 3 3 3 3

0 1 1 3 1 3 3 4 4 3 4 3 5 6 5 6 6 6

G

18-5 18-8 23-7 21-11 14-9 15-9 12-12 20-17 11-12 13-11 12-13 13-11 8-19 13-17 9-17 9-23 11-24 11-26

11.ª Jornada (27-11)

6 Aniversario

Cerveira - Monção Correlhã - Vinhais Esposende - Brito Valpaços - Cabeceirense Merelinense - Mondinense A. D. Oliveirense - Maria da Fonte Bragança - Amares Mirandela - Vianense Joane - Valenciano

to

4 1 2 1 1 1 3 3

1 0 1 2 1 2 3 3

III Divisão - Série C 10.ª Jornada

Tarouquense Ermesinde Vilanovense Vila Meã Canedo Moncorvo Rebordosa Ataense

AD Valonguense Estarreja Sátão Arrifanense Cesarense Marialvas União de Lamas Souropires Fornos Algodres

Classificação

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

Vila Meã 26 Moncorvo 19 Lourosa 15 Cinfães 14 Leça 13 S. Pedro da Cova 13 Ermesinde 12 Rebordosa 12 Tarouquense 12 Vila Real 12 Ataense 12 Canedo 11 UD Valonguense 11 Vilanovense 10 Rio Tinto 10 Tirsense 7 Padroense 7

10 10 9 9 9 9 9 10 10 9 9 10 9 9 9 9 9

8 6 4 4 3 4 3 2 4 3 3 2 3 3 2 2 2

2 1 3 2 4 1 3 6 0 3 3 5 2 1 4 1 1

0 1 0 1 4 1 0 1 3

Social Lamas Gafanha Valecambrense Milheiroense Tondela São João de Ver Avanca Anadia Tocha

Beneditense Caranguejeira Idanhense Sourense Monsanto AD Fundão Vigor Mocidade Eléctrico

Classificação

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º

0 0 1 0 0 0 1 0 1

III Divisão - Série D 10.ª Jornada

0 3 2 3 2 4 3 2 6 3 3 3 4 5 3 6 6

G

12-2 15-10 13-6 8-7 11-8 12-10 10-11 14-13 12-20 12-11 10-15 10-10 16-21 7-14 8-7 11-13 11-14

Social Lamas 24 União de Lamas 23 Avanca 21 S. João de Ver 20 Anadia 19 AD Valonguense 17 Tocha 16 Tondela 16 Milheiroense 14 Valecambrense 14 Sátão 13 Souropires 12 Gafanha 8 Fornos Algodres 8 Cesarense 6 Marialvas 5 Arrifanense 5 Estarreja 4

10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10

7 7 6 6 5 4 4 5 4 3 4 3 2 2 1 1 1 0

3 2 3 2 4 5 4 1 2 5 1 3 2 2 3 2 2 4

1 0 0 0 0 1 0 0

Peniche Marinhense Bidoeirense Amiense Caldas Mirandense Riachense Alcobaça

Alcochetense Elvas Ouriquense Loures Sintrense 1º de Dezembro Vilafranquense Futebol Benfica A. D. Machico

Classificação

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

0 2 2 1 3 0 0 0

III Divisão - Série E 10.ª Jornada

0 1 1 2 1 1 2 4 4 2 5 4 6 6 6 7 7 6

G

25-12 16-7 21-8 12-7 9-6 11-7 12-9 21-12 12-10 11-10 11-9 8-10 8-16 7-19 6-15 5-16 7-19 6-16

11.ª Jornada (27-11)

11.ª Jornada (27-11)

Tirsense - Rio Tinto Ermesinde - Lourosa Vilanovense - Leça Vila Meã - S. Pedro Cova Canedo - Padroense Moncorvo - Vila Real Rebordosa - U. D. Valonguense Ataense - Cinfães

A. D. Valonguense - Estarreja Gafanha - Fornos de Algodres Tocha - Sátão Valecambrense - Arrifanense Milheiroense - Cesarense Tondela - Marialvas São João de Ver - União de Lamas Social Lamas - Anadia Avanca - Souropires

Marinhense Idanhense Caldas Peniche Eléctrico Caranguejeira Sourense Mirandense A. D. Fundão Sertanense Riachense Monsanto Vigor Mocidade Beneditense Alcobaça Amiense Bidoeirense

18 17 17 17 16 16 16 14 14 13 11 11 10 10 8 6 3

10 10 9 10 9 10 10 9 9 9 9 10 9 10 9 9 9

5 5 5 5 4 4 5 4 4 3 3 3 2 3 1 1 0

3 2 2 2 4 4 1 2 2 4 2 2 4 1 5 3 3

1 0 0 1 1 3 1 2 1

Tires Caniçal Câmara de Lobos Carregado Vialonga Atlético do Cacém U. D. de Santana Atlético Montijo

Desp. Beja Juv. Évora Monte Trigo Castrense Oeiras Amora Lagoa Lusitano VRSS

Classificação

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º

1 1 1 0 1 3 1 0 2

III Divisão - Série F 10.ª Jornada

2 3 2 3 1 2 4 3 3 2 4 5 3 6 3 5 6

G

22-11 15-8 15-11 12-12 10-8 13-10 13-10 9-9 9-9 10-10 13-15 7-10 6-7 10-14 7-8 7-15 5-16

11.ª Jornada (27-11) Amiense - Monsanto Caldas - A. D. Fundão Mirandense - Vigor Mocidade Riachense - Ponte Sor Peniche - Alcobaça Marinhense - Arenense Sertanense - Idanhense Bidoeirense - Sourense Beneditense - Caranguejeira

Atlético Loures Machico Montijo Carregado At. Cacém 1º Dezembro Ouriquense Câmara Lobos Elvas Caniçal Tires Vilafranquense Vialonga Sintrense Alcochetense Santana Fut. Benfica

22 19 18 18 18 16 15 15 14 12 12 12 11 9 9 9 8 8

10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10

7 6 5 5 5 4 4 3 4 3 4 3 3 2 2 2 1 2

1 1 3 3 3 4 3 6 2 3 0 3 2 3 3 3 5 2

2 3 3 1 0 4 1 2

Estrela Vendas Novas Messinense Sesimbra Vasco da Gama Aljustrelense Lusitano Évora Almansilense Ferreiras

Classificação

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

1 1 1 2 1 0 0 4

2 3 2 2 2 2 3 1 4 4 6 4 5 5 5 5 4 6

G

29-10 18-9 17-13 10-7 21-11 21-20 17-13 14-13 12-23 12-13 10-12 10-13 13-*18 12-17 10-17 12-13 8-15 6-15

11.ª Jornada (27-11) Alcochetense - Elvas Tires - Montijo Vialonga - 1.º de Dezembro Cacém - Vilafranquense U. D. de Santana - Futebol Benfica Atlético - A. D. de Machico Caniçal - Ouriquense Câmara de Lobos - Loures Carregado - Sintrense

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Lusitano Évora 26 Estrela V. Novas 21 Almansilense 20 Oeiras 19 Vasco da Gama 18 Juventude Évora 16 Amora 16 Lusitano VRSS 16 Desportivo Beja 15 Sesimbra 14 Lagoa 14 Aljustrelense 13 Messinense 9 Ferreiras 9 Beira-Mar 4 Castrense 4 Farense 3 Monte Trigo 2

10 10 9 10 10 10 10 10 10 9 10 10 9 10 9 10 8 10

8 6 6 5 5 5 5 4 4 4 4 3 2 2 0 1 1 0

2 3 2 4 3 1 1 4 3 2 2 4 3 3 4 1 0 2

0 1 1 1 2 4 4 2 3 3 4 3 4 5 5 8 7 8

G

22-5 17-5 11-4 14-9 19-7 9-9 18-16 21-15 13-11 16-10 10-12 13-10 13-11 13-16 3-11 9-20 3-35 7-25

11.ª Jornada (27-11) Vasco da Gama de Sines Lusitano de Évora Estrela de Vendas Novas Desportivo de Beja Beira-Mar do Algarve Messinenses Sesimbra Aljustrelense Almancilense

-

Oeiras Lagoa Ferreiras Farense Juventude de Évora Monte Trigo Castrense Amora Lusitano V.R.S.A.

web: www.correiodevenezuela.net e-mail: correio@cantv.net

O Correio está de aniversário e quer agradecer o apoio que tem recebido durante estes seis anos dos seus leitores, colaboradores e anunciantes, que tem presenciado a nossa evolução e nos tem acompanhado neste difícil e gratificante caminho. Para todos muchas gracias


CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

Angolano chegou primeiro a Valle Arriba Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

O

angolano Joao Ntyamba chegou em primeiro lugar à III Corrida e Caminada em benefício da Fundação Amigos das Crianças com Cancro, que se realizou no passado dia 20 de Novembro. Conseguiu fazer o percurso em 30 minutos e 52 segundos e o atleta venezuelano Emidgio Delgado seguiu-o com 32 minutos. A maratona reuniu mais de 700 participantes, que com o pagamento da inscrição colaboraram com esta associação. Joao Ntyamba, que foi campeão mundial de maratonas nas Olimpíadas em Seú l, em 1998, doou o seu prémio de um milhão de bolívares à instituição. A vaga para a proxima maratona de Nova Iorque, que também foi ganha pelo angolano, foi cedido a Emidgio Delgado, por ser o primeiro venezuelano a cruzar a meta.

O vencedor João Ntyamba doou o seu prémio às crianças na maratona organizada por Valle Arriba Athletic Clube e pelo Grupo Stanford Da parte feminina, Damieta Farrera foi a primeira mulher que chegou à meta com tempo de 40 minutos e recebeu a oportunidade de viajar a Nova Iorque e participar na competição no pró ximo ano. A corrida começou na avenida del Valle Arriba Athletic Clube, onde se marcou a chegada e transitou dez quiló metros pelo municipio de Baruta, dentro das urbanizações de Las Mercedes e Chuao. Paralelamente à maratona, também se realizou uma caminada onde participou parte da equipa do CORREIO para apoiar a causa.

DESPORTO 29


30 DESPORTO Sporting ultrapassa Benfica, Nacional mantém CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

O

Sporting ultrapassou sextafeira o rival Benfica e manteve-se firme na luta pelo título português de futebol, ao impor-se por 1-0 em Penafiel, enquanto o Nacional manteve a pressão sobre o Sporting de Braga, líder isolado da Liga. Um golo de Liedson aos 59 minutos, o sexto do brasileiro no campeonato (quarto melhor marcador da prova), permitiu à equipa lisboeta quebrar a resistência do "lanterna vermelha" e regressar aos triunfos fora de casa, onde não vencia desde a segunda ronda (2-1, ao Marítimo). O Sporting ascendeu à quarta posição, em igualdade com o Vitó ria de Setú bal, que prosseguiu a notável campanha com um triunfo robusto (3-0, com um "bis" de Fábio) sobre a "aflita" Naval, e com quatro pontos de atraso para o duo composto por FC Porto e Nacional. Os madeirenses averbaram a terceira vitó ria consecutiva na competição no terreno do Rio Ave, resolvendo o encontro na segunda parte, graças aos golos de André Pinto (sexto tento na Liga, tantos quantos Liedson) e Miguelito, aos 65 e 89 minutos, respectivamente. O Nacional não vacilou, depois dos êxitos da véspera do FC Porto e Sporting de Braga: os portuenses golearam a Académica em casa por 5-1, enquanto os

bracarenses bateram o Benfica por 3-2 e deixaram o campeão nacional numa situação delicada, com oito pontos de atraso. Os "encarnados" consentiram o "encosto" do Boavista, que no domingo regressou às vitó rias, apó s uma derrota e dois empates, ao derrotar a União de Leiria (2-0) no seu terreno, mantendo a invencibilidade em casa. Campeã dos empates (seis), a equipa de Carlos Brito, em superioridade numérica desde o minuto 39, devido à expulsão de Ferreira, garantiu o triunfo com golos do capitão João Pinto (51) e William Souza (72).

Liga de Honra 11.ª Jornada Moreirense Chaves Portimonense Aves Barreirense Gondomar Leixões Estoril Vizela

2 0 1 1 1 3 1 1 4

2 0 1 1 0 2 0 1 1

Varzim Olhanense Beira Mar Ovarense Santa Clara Feirense Maia Sporting Covilhã Marco

Sandinenses 2 1 Torcatense

Pts. J V E D

Beira-Mar Sp. Covilhã Olhanense Estoril Leixões Aves Gondomar Portimonense Vizela Varzim Santa Clara Marco Maia Barreirense Feirense Moreirense Ovarense Chaves

22 21 19 18 18 17 17 17 15 14 13 13 12 11 11 10 9 7

11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11

6 6 5 5 5 5 5 4 4 3 2 3 3 2 3 2 2 1

4 3 4 3 3 2 2 5 3 5 7 4 3 5 2 4 3 4

1 2 2 3 3 4 4 2 4 3 2 4 5 4 6 5 6 6

Sanjoanense 2 1 Pontassolense

Classificação

Classificação Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º

Trofense 15 A. D. Camacha 13 Famalicão 12 Sandinenses 12 União Madeira 11 Portosantense 11 Ribeirão 8 Fafe 8 Sport. Braga B 8 Lixa 8 Vilaverdense 8 Valdevez 6 Freamunde 6 Torcatense 1

7 8 7 7 7 8 6 6 7 6 8 6 7 6

4 4 3 3 3 3 2 2 2 2 2 1 0 0

3 1 3 3 2 2 2 2 2 2 2 3 6 1

0 3 1 1 2 3 2 2 3 2 4 2 1 5

G

13-5 14-10 10-7 9-6 7-10 6-7 3-4 7-7 10-10 5-6 9-10 7-8 6-7 3-12

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º

Fafe - Sandinenses

Fátima 2 0 Benf. C. Branco Pombal 0 0 Nelas Oliv. Hospital 1 1 Pampilhosa

Classificação

Dragões Sandinenses - Sanjoanense

Taça de Portugal

5.ª Elim. – 11 - Janeiro - 2006

Pinhalnovense V. Setúbal B Odivelas Torreense Operário Casa Pia Louletano Ol. Moscavide

Classificação G

19 8 6 1 1 15-7 16 7 5 1 1 11-7 13 7 4 1 2 13-6 12 7 3 3 1 8-6

5º Fátima 6º Pen.Castelo

12 6 3 3 0 8-2

7º Benfica C.B. 8º Pombal

10 8 3 1 4 12-15

12 8 3 3 2 9-8 9 6 2 3 1 8-4

8 7 1 5 1 8-8 9º Rio Maior Portomosense 6 7 1 3 3 8-10 10º 11º Oliveira Bairro 4 7 0 4 3 9-12 12º União Coimbra 4 7 1 1 5 7-13 3 7 0 3 4 3-10 13º Nelas 14º Oliveira Hospital 2 6 0 2 4 3-14

9.ª Jornada (27-11) Portomosense - Penalva do Castelo Tourizense - Oliveirense União de Coimbra - Oliveira do Bairro Abrantes - Fátima Rio Maior - Pombal Nelas - Oliveira do Hospital

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º

Casa Pia Louletano Operário Ol. Moscavide Imortal Madalena Vit. Setúbal B Benfica B U. Micaelense Pinhalnovense Torreense Odivelas Mafra Real Massamá Silves Oriental

18 17 16 15 15 14 12 11 11 10 10 10 8 8 2 1

8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8

6 5 5 4 4 4 4 3 3 2 3 3 2 2 0 0

G

9-s5 8-6 10-10 8-6 15-9 8-7 7-11 11-10 15-15 8-8 8-12 8-9 3-9 5-6

Paredes - F. C. Porto B

II Divisão - Série D 8.ª Jornada

Oliv. Bairro 1 2 Abrantes

1 1 1 1 3 3 4 3 4 2 3 4 4 2

Lousada - Aliados de Lordelo

Vilaverdense - Trofense

Oliveirense 2 1 U. Coimbra

3 3 2 2 2 1 1 1 1 3 2 1 1 3

Fiães - Infesta

Valdevez - Ribeirão

2 1 2 1 0 1 1 3

3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2 1

Esmoriz - Sporting de Espinho

Portosantense - Famalicão

0 0 3 1 1 2 1 0

7 7 6 6 8 7 8 7 8 7 7 7 7 6

Ribeira Brava - Pedras Rubras

Lixa - Freamunde

Oriental Real Massamá U. Micaelense Silves Mafra Madalena Benfica B Imortal

Fiães 12 Sp. Espinho 12 Aliados Lordelo 11 Sanjoanense 11 Paredes 11 D. Sandinenses 10 Pedras Rubras 10 Infesta 10 Marítimo B 10 Lousada 9 Esmoriz 8 Pontassolense 7 Ribeira Brava 7 FC Porto B 6

9.ª Jornada (27-11)

9.ª Jornada (27-11) Torcatense - União da Madeira

Penalva Castelo 2 0 Tourizense

3º Tourizense 4º Pampilhosa

F. C. do Porto B 1 2 Marítimo B

Trofense 3 0 A. D. da Camacha

- Vizela - Moreirense - Chaves - Portimonense - Aves - Barreirense - Gondomar - Leixões - Estoril

Pts. J V E D

Aliados de Lordelo 3 2 Paredes

Famalicão 2 0 Vilaverdense

II Divisão - Série C 8.ª Jornada

1º Oliveirense 2º Abrantes

Infesta 4 0 Lousada

Sporting Braga B 3 0 Portosantense

12.ª Jornada (27-11) Varzim Olhanense Beira-sMar Ovarense Santa Clara Feirense Maia Sporting Covilhã Marco

Sporting de Espinho 0 2 Fiães

Freamunde 2 2 Valdevez

G

12-5 14-9 13-11 19-13 9-6 16-13 16-14 12-9 16-13 13-15 9-8 15-17 17-17 7-10 15-20 11-17 14-23 5-13

Pedras Rubras 1 0 Esmoriz

União da Madeira 2 1 Lixa

Classificação

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

II Divisão - Série B 8.ª Jornada

II Divisão - Série A 8.ª Jornada

0 2 1 3 3 2 0 2 2 4 1 1 2 2 2 1

2 1 2 1 1 2 4 3 3 2 4 4 4 4 6 7

G

18-9 18-10 9-5 9-4 17-7 8-12 9-9 8-10 10-9 6-5 11-10 10-14 7-10 12-16 7-16 2-15

9.ª Jornada (27-11) Oriental - Real Massamá Vitória de Setúbal B - União Micaelense Odivelas - Silves Torreense - Mafra Operário - Madalena Casa Pia - Benfica B Louletano - Imortal Pinhalnovense - Olivais e Moscavide

Louletano - Académica Souropires - Estrela da Amadora Nacional - Fátima Aves - Sporting de Braga Pinhalnovense - Vitória de Setúbal Aljustrelense - Oliveirense Boavista - Abrantes Tourizense - Benfica Sporting - Vizela Naval - F. C. do Porto Paredes - Lagoa Vitória de Guimarães - Estoril Sporting da Covilhã - Vila Meã Portomosense - Marítimo Lixa - Ribeirão

Liga Betandwin

MELHOR MARCADOR 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º

Jogador Nuno Gomes Meyong Marcel Liedson André Pinto Fábio Hempel Manduca César Peixoto João Pinto Bruno Fogaça Alexandre Goulart Fary Deivid Hugo Almeida Lisandro Lopez William Souza

Clube Benfica Belenenses Académica Sporting Nacional V. Setúbal Marítimo F.C. Porto Boavista Naval Nacional Boavista Sporting F.C. Porto F.C. Porto Boavista

Gl. 10 8 7 6 6 5 5 4 4 4 4 4 3 3 3 3


CORREIO DE CARACAS - 24 DE NOVEMBRO DE 2005

DESPORTO 31

Sporting de Braga bate Benfica e continua a liderar

O

Sporting de Braga bateu sábado passado o Benfica por 3- 2, num encontro com uma fase final frenética, colocando os campeões nacionais numa situação muito delicada, numa altura em que também joga o futuro na Liga dos Campeões. Jesualdo Ferreira conseguiu finalmente bater o Benfica, numa vitó ria justa mas assegurada com um terceiro golo irregular, apontado no quinto minuto de compensações pelo argentino Bevacqua, em fora de jogo. No entanto, a equipa da casa também pode queixar-se do lance que originou o segundo tento do Benfica, apenas um minuto antes, que nasceu de uma grande penalidade inexistente, pois o árbitro João Ferreira, entendeu, e mal, que Nem desviou um cruzamento com a mão, quando a bola bateu no peito do defesa brasileiro. Por sua vez, o FC Porto goleou também no sábado a Académica por 5-1, mantendo distâ ncia para o Sporting de Braga, líder da Liga portuguesa de futebol. O clube portuense beneficiou da inspiração dos argentinos Lucho Gonzalez e Lisandro Lopez, autores de quatro dos cinco tentos dos anfitriões, e permanece com apenas dois pontos de atraso para os bracarenses, que deixaram

o Benfica numa situação complicada, a oito pontos do comandando. Lucho Gonzalez estreou-se a marcar no campeonato e fê-lo em grande estilo, com um "bis", aos 11 e 94 minutos, repetindo o feito do compatriota Lisandro Lopez (20 e 67), com César Peixoto a inscrever também o nome na lista dos marcadores (71), permanecendo como o melhor "artilheiro" do FC Porto, com quatro tentos. O golo de Marcel, aos 95 minutos, limitouse a atenuar o peso da derrota, mas serviu para impedir que os portuenses alcançassem o resultado mais desnivelado da prova, igualando os quatro golos de diferença pelos quais o Benfica bateu a União de Leiria (4-0). Depois da ú ltima jornada ter ficado marcada por muita polémica, sobretudo por um golo ignorado … União de Leiria em Alvalade (vitó ria do Sporting por 2-1), o grande jogo da 11¦ ronda manteve-se na onda da polémica, com razões de queixa para os dois lados. Anderson, pouco depois dos primeiros 20 minutos, inaugurou o marcador a favor do Benfica, que "arrumou" a ambição no segundo tempo e pagou caro o recuo no terreno, abrindo caminho para a reviravolta dos bracarenses, materializada com os golos de Cesinha (68) e Bevacqua (87).

Nos seis minutos de compensações concedidos por João Ferreira, que acabaram dilatados em mais dois, houve tempo ainda para mais dois golos, os tais que ficaram marcados pela polémica, mas que não retiraram justiça ao resultado final. O Benfica, que perdeu sete pontos nos ú ltimos três jogos, ainda mantém provisoriamente o quarto lugar na tabela, mas arrisca-se a afundar-se depois das contas de domingo, com atenção especial sobre Sporting e Vitó ria de Setú bal, ambos a apenas um ponto dos "encarnados".

Liga Betandwin 11.ª Jornada Belenenses 0 Sport. Braga 3 Rio Ave 0 Naval 0 Est. Amadora 0 F. C. do Porto 5 Vit. Guimarães 2 Penafiel 0 Boavista 2

1 Marítimo 2 Benfica 2 Nacional 3 Vitória Setúbal 0 Paços Ferreira 1 Académica 0 Gil Vicente 1 Sporting 0 União de Leiria

Classificação Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Sporting Braga 26 F. C. Porto 24 Nacional 24 Sporting 20 Vitória Setúbal 20 Benfica 18 Boavista 18 Rio Ave 15 Marítimo 14 Paços Ferreira 14 União de Leiria 11 Naval 11 Académica 11 Gil Vicente 11 Belenenses 10 Est. Amadora 10 Vit. Guimarães 10 Penafiel 6

11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11

8 7 7 6 6 5 4 4 3 4 3 3 3 3 3 2 3 1

2 3 3 2 2 3 6 3 5 2 2 2 2 2 1 4 1 3

1 1 1 3 3 3 1 4 3 5 6 6 6 6 7 5 7 7

G

13-4 18-7 14-4 15-14 9-3 19-12 17-10 15-16 13-13 11-14 11-15 12-17 10-16 9-15 13-16 8-12 7-15 8-19

12.ª Jornada (27-11) 26-11–19:30 Marítimo 27-11–21:15 Benfica 25-11–21:30 Nacional Vitória de Setúbal Paços de Ferreira Académica Gil Vicente 27-11–19:15 Sporting União de Leiria

-

Boavista Belenenses Sp. Braga Rio Ave Naval Estrela Amadora F. C. Porto Vitória Guimarães Penafiel


CORREIO DE CARACAS – 24 DE NOVEMBRO DE 2005

Centro Social Madeirense entregou Ordem "João Gonçalves Zarco" Esta condecoração fez parte das comemorações do 27º aniversário do clube comunidade venezuelana em geral. O reconhecimento constava de uma placa, uma medalha omo parte das co- e a Cruz da Madeira. memorações do 27º As pessoas distinguidas na aniversário do Cen- primeira classe foram: Avelino tro Social Madeiren- de Sousa, ex-presidente do Cense, realizou-se a entrega da Or- tro Social Madeirense, já falecidem "João Gonçalves Zarco" na do; Ana María Gois, represenprimeira, segunda e terceira clas- tante da Beneficência Portuse. As condecorações foram en- guesa de Valencia; José Ángel tregues pela Comissão organiza- Ferreira, decano da Faculdade dora do clube, tomando conta de Ciências Econó micas e Sode uma série de requisitos, nos ciais da Universidade de Caraquais se incluem o trabalho e o bobo e Diego Vicencio Escoraesforço dos condecorados em no, presidente da Câ mara Muprol da comunidade portugue- nicipal de San Diego. sa residente na Venezuela e a Na segunda classe, ocupanYamilem González

yamilemcorreio@hotmail.com

C

do as categorias de empresas, foi reconhecido o trabalho de Banco Plaza, Central Madeirense e Automercados San Diego. Na segunda e terceira classe, foram condecorados alguns só cios representativos do Centro Social Madeirense. O clube continuou a comemoração do seu aniversário nos dias seguintes a este acto protocolar, com um evento humorístico que contou com a presença do Conde del Guácharo. As "gaitas", tambores, danças portuguesas e mú sicas venezuelanas marcaram esta comemoração.

Comunidades com Cavaco Os emigrantes têm direito a votar para a eleição do Presidente da República

O

candidato presidencial Cavaco Silva vai ter uma comissão de honra para as comunidades portuguesas, com mais de cem elementos, entre os quais o deputado do PSD pela emigraç ão Carlos Gonç alves e o ex-futebolista moçambicano Mário Coluna. A lista, divulgada pela can-

didatura do ex-primeiro-ministro, integra 103 nomes de personalidades de países como Brasil, Espanha, França, Bélgica, Canadá, Venezuela, Estados Unidos, África do Sul, Alemanha, Moçambique, Angola, Suíça, Argentina, Reino Unido, Uruguai, Namíbia, Equador, Panamá e Austrália e do territó rio chinês de Macau. Com muitos empresários, a

comissão de honra integra ainda personalidades de outros campos como o escritor macaense Henrique Senna Fernandes, o presidente da Câ mara de Comércio PortugalArgentina, Jorge Amaral, bem como vários autarcas, dirigentes associativos, advogados, médicos, estudantes e até um sacerdote, Lú cio Couto, radicado no Canadá. Cavaco Silva iniciou a esta semana uma visita ao Brasil, onde iria contactar com as comunidades portuguesas de São Paulo, Santos e Rio de Janeiro.


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