Correio da Venezuela 135

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O jornal da comunidade luso-venezuelana

ano 06 - N.º 135 - DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL

Comunidade minhota presente na Venezuela

caracas, 1 De DeZembro De 2005 - VeneZueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL:

Restauração portuguesa: 365 anos de independência Página 4

Página 10 e 11

Abstenção promete ensombrar Venezuela

Entre os candidatos aos 167 lugares de deputados na Assembleia Nacional estão dois portugueses

Nacional da Venezuela “ ressuscita” com nova sede Página 28

Página 3

Instituto Português de Cultura reclama mais apoio Página 14

Porto e Nacional na liderança

Página 31

0,75

DZR’ T cativam portugueses Página 16


2 EDITORIAL Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez, Noélia de Abreu, Victoria Urdaneta, Yamilem Gonzalez Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Bernardete de Quintal (Curaçau) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira Preparação Gráfica: João Santos (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Fotografia: Paco Garret Distribuição: Juan Fernandez Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela

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Solidariedade tem de ser voluntária

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m episó dio que se verificou recentemente no Centro Português, em Caracas, vem provar que a solidariedade tem de ser um acto voluntário e não imposto. A convocató ria para uma assembleia de só cios do clube foi chumbada porque propunha a criação de uma quota obrigató ria para a manutenção do Lar de Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira. Não queremos aqui pô r em causa as boas intenções de quem fez a proposta, pois foi alguém que se apercebeu da verdadeira necessidade de ajudar as Damas de Beneficência. Contudo, a solidariedade tem de partir de cada membro da comunidade, de cada só cios do clube, de cada um de nó s, sem exigências ou imposições de certa forma absurdas por

serem anti-estatutárias. É que todos podemos colaborar periodicamente, não apenas com o montante que estava acordado exigir aos só cios, mas com quantias mais elevadas. O lar precisa da ajuda de todos e os idosos dependem da nossa boa vontade. Porque não propor na mesma uma quota por parte de todos os só cios, mas desta vez uma quota voluntária e não obrigató ria? Que alguém tome a iniciativa de ajudar as damas, mediante uma campanha de solidariedade e sensibilidade social, mas sem nenhum tipo de imposições. A ú ltima assembleia do clube passa a fazer parte da histó ria do clube e o episó dio reflecte o perfil conservador dos só cios. Se fosse aprovada, a proposta iria trazer, de certeza, alguns inconvenientes, no futuro.

o CARTooN DA SEMANA O que é que mais gostas desta época natalícia?

Do clima de paz e de amor que se vive no Centro Português, em Caracas...

A SEMANA MUITo BoM

Boas notícias de Guarenas. Mas não só por causa do Centro Sócio-cultural Virgem de Fátima de Guatires, que tem vindo a dar provas de grande dinamismo em diversas áreas. Também graças ao entusiasmo de um grupo de emigrantes. Guarenas foi o local escolhido para uma sede da equipa do Nacional. Há interesse em recuperar material do antigo Nacional da Venezuela e de criar um lugar de encontro para os fãs desta equipa. Um esforço que merece ser apoiado e continuado.

BoM Todas as iniciativas que favoreçam a organização da comunidade devem ser apoiadas. Este é o caso da Associação Civil Benéfica de Portugueses do Estado de Lara, que já foi apresentada oficialmente e que realizou o seu primeiro jantar de solidariedade. São um grupo de mulheres da cidade de Barquisimeto que se ocupam da dinamização deste projecto. Contudo, nada podem conseguir sem o apoio de toda a comunidade lusa da cidade e dos respectivos centros sociais portugueses. Longa vida e bons frutos para a ASOPORLARA.

MAU O CORREIO noticiou com algum destaque os planos de investimento de uma companhia luso-chinesa que pretendia apostar na Venezuela aplicando um montante significativo de dinheiro. Passado mais de um ano, ainda não se viu concretizar nenhuma das medidas anunciadas. A companhia retira-se da Venezuela sem ter atingido as suas metas de investimento no país. Quem são os culpados?

Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69

MUITo MAU

E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares

Há vários anos que o Centro Português, em Caracas, tem uma página de Internet. Contudo, ao longo do tempo esta página nunca esteve actualizada e poucas vezes se dignou sequer a apresentar os eventos mais emblemáticos do clube. Mas, porque estamos em período de campanha eleitoral, constatamos com algum repúdio, que agora algumas pessoas desafiam essas tendências de forma muito negativa, escondendo-se cobardemente detrás de um fórum virtual para atacar com pouco prestígio outras pessoas, acusando-as de comportamentos desonestos. Não medem as consequências do mal que podem causar. A rivalidade nestes casos deve ser leal e não cobarde. No mínimo que assumam com nome e apelido, a responsabilidade daquilo que escrevem.

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Ma deira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

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VenezuelA 3

Abstenção ensombra Venezuela Há dois madeirenses entre os candidatos aos 167 lugares de deputado da Assembleia Nacional. O problema das eleições de 4 de Dezembro é o esperado ní vel elevado da abstenção ções os candidatos apresentam-se nominalmente ou numa lista partidária. É um asilva@dnoticias.pt sistema misto que aproveita todos os votos. Os cinco principais partidos da oposição ão cerca de 15 milhões de ci- (Acció n Democrática, MAS, Primero Jusdadãos venezuelanos que es- ticia, Proyecto Venezuela e Copei) surtão inscritos para as Eleiçõ- gem nos boletins com a sigla MIN, enes Legislativas de domingo, quanto as principais forças que pululam à dia 4 de Dezembro. Em causa não está volta do chavismo surgem sob a sigla UVE a presidência de Hugo Chávez, mas (Unidad de Vencedores Electorales). sim a formação do novo parlamento Curiosamente, apesar da importâ nque poderá aprovar, por exemplo, uma cia destas eleições, a campanha decorre nova Constituição que não imponha em todo o país sem grandes sobressaltos e qualquer limitação aos mandatos pre- sobretudo com uma notada ausência de sidenciais. Hugo Chávez. A sua ausência no procesA abstenção e o desinteresse geral ame- so eleitoral de 4 de Dezembro tem sido açam fragilizar a democracia venezuelana. interpretada, também, como uma forma Uma vez mais, as críticas da oposição in- estratégica de não se responsabilizar pela cidem sobre o CNE (Consejo Nacional esperada elevada abstenção. Uma forma Electoral) e os seus métodos de contagem subtil de obrigar todos os seus candidae reconfirmação de votos, para além do tos, em cada um dos 23 estados da Venesofisticado modelo de votação electró ni- zuela, a fazer pela vida, quer para ser eleica. O CNE já decidiu que apó s o fecho to quer para atenuar o espectro da absdas urnas, apenas haverá recontagem ma- tenção e do desinteresse geral. nual dos votos electró nicos em 45% das Nestas eleições legislativas nacionais, mesas eleitorais, ou seja, apenas 12 mil me- apenas concorrem dois candidatos da cosas do total. munidade portuguesa. Curiosamente, amRecorde-se que neste processo de vo- bos concorrem pelo estado de Vargas, ontação o eleitor marca o seu voto num mo- de em 1999 tiveram lugar as trágicas ennitor computadorizado. Logo de seguida, xurradas, cujas consequências ainda estão é impresso o boletim já com o voto assi- hoje bem à vista numa visita a La Guainalado que o eleitor dobra e coloca numa ra. urna. As contagens electró nica e manual Carlos Teixeira concorre pelo partido têm obviamente de ser coincidentes. oposicionista Bandera Roja e Guido FreiO boletim de voto que aparece em ca- tas tenta a reeleição através do Movimento da monitor pode conter mais de 40 cai- Quinta Repú blica, de Chávez. O DIÁRIO xas com os logó tipos dos partidos ou no- juntou-os em La Guaira para um inédito mes dos deputados, porque para estas elei- confronto madeirense em terras de SiAgostinho Silva

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mó n Bolívar. DeMOCRACIA É uMA FICÇÃO Carlos Teixeira, madeirense, está radicado na Venezuela desde os quatro anos. Licenciou-se em Ciências Sociais e é professor. Antichavista assumido, exerceu já alguns cargos políticos em La Guaira, onde reside. "Na Venezuela, a democracia é uma ficção. Porque ganha-se no papel e perdese na máquina", dispara Carlos Teixeira, antes de fundamentar, com clareza, tão violenta acusação. As principais dú vidas recaem no actual sistema eleitoral e no Conselho Nacional Eleitoral: "O CNE está controlado maioritariamente pelos chavistas. Não é um ó rgão profissional, técnico e muito menos imparcial. Pelo contrário, tem um regulamento que nem está na Constituição. A contagem de votos tem de ser pú blica, com a abertura de todas as caixas. Mas só abrem 45% dessas caixas...", lamenta. Sobre o seu rival Guido Freitas, também filho de madeirenses, e com reeleição praticamente assegurada em Vargas, Teixeira destaca a amizade que sempre nutriu por ele. "Respeito o trabalho do seu pai, que é uma referência em Maiquetia, mas estranho o apoio de Guido ao regime autocrático e militarista que os nossos pais e avó s nunca defenderam. Causame estranheza", conclui. Momentos depois aceitou o nosso repto e foi ao encontro do seu rival político para a fotografia mais madeirense destas Eleições Legislativas da Venezuela. DAR ATenÇÃO AOS eXCluÍ DOS

Guido Freitas, 43 anos, é filho de pais madeirenses, que emigraram de Santa Cruz. Em 2000 foi eleito deputado à Assembleia Nacional em segundo lugar na lista chavista do Movimento Quinta Repú blica (MVR). Agora, promovido a candidato principal da coligação UVE (Unidad de Vencedores Electorales), Guido tem a reeleição praticamente assegurada no domingo 4 de Dezembro. Em La Guaira, fomos encontrar o candidato lusodescendente numa acção de campanha bem no interior dos bairros mais pobres e subdesenvolvidos do estado de Vargas. A oposição não faz isto. Ficase lá por baixo na avenida principal, critica. "Acredito que vamos baixar a abstenção e subir a nossa votação. Ninguém da oposição está a fazer este trabalho que nó s estamos a fazer junto das pessoas. Estamos a visitar bairros, porta-a-porta. Confrontado com as vantagens do regime chavista, que praticamente tem a vitó ria assegurada, o luso-descendente trava as euforias: Chávez é Chávez. Nó s temos que obter o nosso voto, dar a cara e explicar o projecto". Voltando a Vargas, o candidato lusodescendente conta com a oposição de um outro madeirense que conhece bem. Conhecemo-nos há muitos anos. As nossas mães são amigas de há longos anos, desde a Madeira. Carlos Teixeira está num partido que é ultra-esquerdista, diz apenas, preferindo reincidir o seu discurso político na necessidade de dar atenção real às grandes maiorias que são os excluídos.


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Comunidade minhota quer reforçar presença na Venezuela HISTÓRIa Da COMISSÃO DO MInHO A comissão do Minho foi criada nos finais do mê s de Junho deste o longo de todo o ano, a ano, com a finalidade de reuniar a comunidade portuguesa comunidade minhota residente na que reside na Venezuela Venezuela num convívio entre os nacelebra as festas tradi- turais daquela região de Portugal. Escionais das diferentes regiões de Por- ta festa é também um ponto de entugal. Este ano, somou-se uma nova: contro entre todos os portugueses "A festa do Minho", a qual é dirigida radicados na Venezuela. à comunidade minhota, ou seja, toO objectivo da celebração é reudos os emigrantes naturais dos mu- nir fundos monetários, que serão emnicípios de Viana do Castelo e Braga, pregues na realização de obras de beque se fixaram na Venezuela. neficiência a favor da comunidade. Esta celebração partiu da iniciati- A actual comissão já decidiu que os va de José de Matos, um emigrante recursos recolhidos ao longo dos empresário e comerciante que che- pró ximos anos serão destinados à gou à Venezuela há 28 anos. "Desde ajuda do Lar Padre Joaquim Ferreihá muitos anos que eu queria realizar ra. As verbas serão arrecadadas atraesta festa, mas a situação do país era vés do custo das entradas na festa, muito complicada. Contudo, a pou- que se realizará uma vez ao ano. co e pouco fui reunindo um grupo A comissão fundadora da Festa do de emigrantes para formar a comissão Minho é constituída por 11 pessoas, e o sonho tornou-se realidade", pre- naturais de diferentes regiões mincisou José de Matos. hotas. Estiveram encarregues de orYamilem González

Yamilemcorreio@hotmail.com

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ganizar a primeira festa e também a seguinte, a qual está marcada para 18 de Novembro de 2006, nas instalaç ões do Centro Português em Caracas. No dia da segunda festa será nomeada a nova comissão, que ficará responsável por organizar o 3º e o 4º convívio, já que as comissões organizadoras serão renovadas a cada dois anos. Os membros da comissão reunemse de dois em dois meses para programar a pró xima celebração e também para trabalhar na criação da revista do Minho, que será entregue no dia do pró ximo evento. PRIMeIRa FeSTa DO MInHO na Venezuela A primeira Festa do Minho realizou-se a 12 de Novembro passado no Centro Comercial "Los Campitos", em Caracas. O presidente da Comissão, José de Matos, sugeriu um brinde pelo início de uma nova festa na comunidade portuguesa na Vene-

zuela. Os presentes desfrutaram da actuaç ão do grupo folcló rico "Os Lusíadas", do grupo "V Escala" e do duo "Los Angeles". uM POuCO Da PROVÍ nCIa DO MInHO A província do Minho é constituída por dois distritos: Viana do Castelo e Braga. Esta ú ltima capital e cidade milenar, conhecida também como Cidade dos Bispos. Nesta província encontra-se igualmente a cidade de Barcelos, conhecida pelo típico galo de Barcelos, e a cidade de Guimarães, com o Monte da Pena, que é a mais antiga de Portugal e muitas vezes designada por cidade do verso. O Minho é a terra do folclore portuguê s por excelê ncia, sendo também a região dos vinhos verdes e terra de grandes romarias e grandes solares. A comida típica mais famosa é o arroz de pato à moda de Braga e caldo verde à moda minhota.

CONSULADO GERAL DE PORTUGAL CARACAS

AVISO Todos os Beneficiários dos empréstimos contraídos no âmbito do FIDEICOMISSO VENEZUELA DE CRÉDITO deverão contactar com URGENCIA o respectivo Banco, através da Senhora Isabel Maria Olim Gouveia, telefone número 0212806.61.80 / 0212-806.65.75


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"Primeiro a instituição depois as pessoas"

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osé Luís Ferreira emigrou para a Venezuela aos 31 anos e o seu percurso é inigualável por ter estado a frente de diversas organizações desportivos e sociais da comunidade portuguesa na Venezuela. A sua vocação para o associativismo nasceu em Portugal, já que desde muito jovem pertenceu a diversas organizações juvenis: legião portuguesa, grupo de escuteiros da Madeira e mocidade portuguesa, entre outros. Em terras de Simó n Bolívar, foi presidente do Marítimo de Venezuela e do Centro Português, em Caracas. Actualmente, é membro fundador do Arraial do Dia da Madeira, membro da Fundação Virgem de Fátima, do Lar de Idosos, fundador da Liga de Futebol de Salão Profissional da Venezuela, director e fundador da Associação Anidel, membro da Comissão que reactivou as actividades da Câ mara de Comércio Luso-venezuelana, a

qual esteve desactivada por mais de vinte anos, e onde actualmente desempenha o cargo de presidente, no seu terceiro ano. Foi reeleito também presidente da Academia do Bacalhau pelo sétimo ano consecutivo, membro do Conselho das Comunidades Portuguesas, membro da Confraria dos Vinhos do Porto, membro do Conselho das Comunidades Madeirenses e, ainda, conselheiro das comunidades eleito pelos portugueses na Venezuela. Tem ainda várias condecorações oficiais de Portugal e da Venezuela no seu percurso de vida: Orden Cecilio Acosta, em primeira classe; botão da cidade de Valência; e Orden João Fernandes de Leon Pacheco, outorgado pelo Centro Português em Caracas, entre outras. José Luís Ferreira mantém presença constante nas diversas iniciativas de solidariedade que se apresentam em Caracas. "Faço o que gosto e o que

leio na minha alma. Acredito profundamente nas instituições e no associativismo e a minha devoção nesse sentido já vem de Portugal", diz-nos. Segundo José Luís Ferreira, a vocação vem de dentro. No entanto, reconhece que a mesma tem um alto custo familiar e até mesmo empresarial. "Agradeço o apoio e a compreensão dos meus só cios". Consciente do desgaste que representa a participação neste tipo de iniciativas, José Luís desabafa ás vezes também se cansa e acusa algum desgaste físico. Nos seus horizontes de líder comunitário, José Luis Fereira não descansa. "Devemos abrir caminho aos mais novos, aos associados nos diversos clubes da Venezuela", refere, aconselhando que cada um assuma o seu papel para incentivar a participação dos jovens nas actividades do dia-a-dia da comunidade em g e r a l . Lança ainda um apelo: "que

se incorporem também nas diversas iniciativas durante todo o ano". Da mesma forma, pede que seja de uma forma respeitosa e valorizando sempre o trabalho dos seus antecessores, pois "nenhum momento foi fácil na vida, referindo-se à altura das construções dos clubes portugueses na Venezuela. As eleições do clube não podiam ficar indiferentes à entre-

vista já que domina o cenário do ambiente do clube. E deixa um alerta: "peço muita reflexão para estas situações, pois não devemos cair em discussões calorosas. Todos somos amigos e devemos colocar sempre primeiro a instituição e depois as pessoas". Conclui pedindo aos só cios que não fiquem em casa. Que decidam o futuro do seu clube, votando na lista preferida.


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Mais três sequestros Uma famí lia madeirense de três pessoas foi raptada em Caucagua, cidade do Estado de Miranda, nos arredores de Caracas a este tipo de situações, pois o sequestro é encarado como uma forois adultos de origem ma de poder fazer algum dinheiro. madeirense e uma crianNos ú ltimos tempos, os sequesça de nove anos foram tros têm aumentado e não raras vezes sequestrados no sábado deparamo-nos com situações semelpassado, na Venezuela, quando cir- hantes à desta família. É que alguns culavam na sua viatura. sequestradores têm optado por fazer A família sequestrada dedica-se sequestros em grupo, uma forma que ao comércio. O sequestro ocorreu na permite cativar uma família inteira, zona de Caucagua, cidade do Estado que foi o que aconteceu com este cade Miranda, capital do município de sal de madeirenses e o seu filho. Acevedo, arredores de Caracas. Os portugueses têm sido as prinOs supostos sequestradores pe- cipais vítimas dos sequestradores, que dem um resgate de milhões. Familia- se mostram impunes sempre que res dos sequestrados não participa- conseguem continuar em liberdade. ram o caso à polícia com medo de reContudo, recentemente, uns sepresálias por parte dos questradores também de madeirensequestradores. ses foram apreendidos, o que vem Eleva-se para 5 o nú mero de ca- de certa forma provar que as autosos de portugueses sequestrados na ridades têm se mostrado mais emVenezuela apenas neste mês de No- penhadas para detectar este tipo de vembro. situações. A época de Natal é mais propícia Aleixo Vieira

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"Filhos do Faial" recebe outro membro Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

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o passado dia 26 de Novembro, a associaç ão "Filhos do Faial", na Venezuela, que é presidida por Olivia da Silva, juntamente com Emanuel Abreu, presidente da Casa do Povo do Faial, na Madeira, outorgaram o "Botó n al Mérito" a Noe Freitas, novo membro do grupo lusitano na nação crioula. O acto decorreu na urbanização Cumbres de Curumo, em Caracas, e ao mesmo

assistiram personalidades da comunidade portuguesa na Venezuela e dos clubes lusos, assim como convidados da região ibérica. Antes do acto oficial de Noe Freitas, levou-se a cabo uma pequena missa dirigida pelo Monsenhor Villasmil, que abençoou o botão que seria entregue. Olivio da Silva comentou que para a confraria é um orgulho que mais pessoas integrem o grupo para continuar com as tradições que identifica uma zona da ilha.


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Oposição exige fim da perseguição política de todo o trajecto a sua desconfiança em relação às pró ximas eleições de dedeabreujean@yahoo.com putados, erguendo autocolantes que entenas de manifestantes diziam "4D no voto". congregaram-se no passaOscar Pérez, um dos organizadores do dia 26 de Novembro, da marcha, deputado da Assembleia sábado, na "Marcha pela Nacional Venezuelana e representanVerdade" para exigir que cessem as te do FNDPPP, comentou aos meios perseguiç ões políticas a pessoas que de comunicação social "que recusam a não partilham dos mesmos ideais que o mentira, a farsa, a aldrabice que se Governo, fazendo referência directa conduz no caso do fiscal morto e que o ao caso da morte do fiscal Danilo An- Fiscal Geral da Repú blica, Isaías Roderson. A marcha saiu desde o Cen- dríguez, mete e tira pessoas do caso tro Comercial Lido, situado em El Ro- segundo a sua conveniência política". sal, no município Chacao, para chegar A manifestação decorreu de forma à Fiscalização Geral da Repú blica, com pacífica e contou com a presença da um documento preparado pela Frente Polícia Metropolitana, da Polícia de Nacional para a Defesa dos Processos Chacao, da Polícia de Libertador, e da e Perseguidos Políticos (FNDPPP), no Guarda Nacional, assim como também qual defendem os visados Patrícia Po- de efectivos da Protecção Civil e dos leo e o empresário Nelson Mezhera- Bombeiros Metropolitanos. ne, assim como Salvador Romaní e o Apó s a chegada da marcha à sede general Eugenio Añez Nuñez, que es- da Fiscalizaç ão Geral, localizada no tão a ser acusados como autores mo- Parque Carabobo, os manifestantes forais da morte do fiscal Anderson. ram recebidos por fiscais da guarda, Com faixas onde se lia "liberdade, os quais garantiram que o documenliberdade, liberdade" e o "4 de De- to seria entregue ao Fiscal Geral, Isaízembro, os votos já estão forjados", os as Rodríguez. manifestantes expressaram ao longo Jean Carlos De Abreu

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8 ANIVERSÁRIO

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Eventos que marcam seis anos nas bancas Ao longo de estes seis anos o Correio de Venezuela tem levado a cabo diversas iniciativas no âmbito cultural e desportivo. Todos estes eventos contribuí ram para manter os laços de união entre os portugueses residentes na Venezuela. Liliana da Silva Lilianadasilva19@hotmail.com

O trabalho realizado pelo hoje conhecido Correio de Venezuela não se tem limitado às funções pró prias de um meio de comunicação social tradicional. Além de cumprir com os seus objetivos como ó rgão de informação, tem fomentado, ao longo destes seis anos de publicação, espaços de encontros entre emigrantes através de eventos culturais e desportivos que têm servido para a integração da comunidade, a preservação de tradições típicas deste povo e, sobretudo, para a discussão de temas inerentes à vida da comunidade lusitana na Venezuela. Neste sexto aniversário queremos destacar e recordar alguns destes eventos, que sem a participação massiva e interessada de todos os assistentes não teriam tido tanto sucesso. A todos vó s o nosso muito obrigado e o compromisso de continuar a trabalhar para manter vivas estas ações. ENCONTRO DE GERAÇÕ ES A primeira iniciativa é internacionalmente reconhecida: "Encontro de Gerações". Este evento promovido pelo Banif e pelo Diário de Notícias da Madeira, em parceira como o Correio de Venezuela, chegou este ano à sua quarta edição. Du-

rante estes quatro anos este espaço tem ressaltado muitas das qualidades e sucessos dos portugueses e dos luso-venezuelanos e tem-se convertido num canal de expressão para aqueles que têm histó rias e reflexões para partilhar. A motivação do Correio de Venezuela, conjuntamente com o Banif e o Diário de Notícias é a de dar resposta, através deste encontro, a muitas das inquietudes da comunidade portuguesa na Venezuela e unir as várias gerações de emigrantes lusitanos, em prol da preservação da identidade lusitana e das suas tradições. A 18 e 20 de Maio de 2002, na Casa Portuguesa de Maracay e no Centro Português em Caracas realizou-se o primeiro Encontro de Gerações. O lema era, precisamente, "Saber ouvir", uma clara resposta para uma comunidade que precisava desabafar e, sobretudo, assumir algumas responsabilidades perante a difícil situação do país. Deste evento, ficaram algumas ideias que logo se concretizaram, exemplos como a reactivação da Câ mara de Comércio Luso-venezuelana, a melhoria de conteú dos da RTP-Internacional, além da criação do Museu do Imigrante, projecto que foi oficialmente lançado no quarto aniversário deste jornal. "Testemunhos para o futuro". Assim foi designado o segundo Encontro de Gerações, que se levou a cabo o 31 de Maio do 2003. Nesta oportunidade, cerca de mil portugueses vindos de toda Venezuela acudiram ao chamado do Correio para participar nesta iniciativa que continuava viva e com maiores apoios. O Centro Português de Caracas foi o cenário que acolheu os jovens luso-descendentes que deixaram claro o seu amor pela cultura lusa e o seu compromisso para continuar a manter vivas as raízes "portus" nesta terra. A comunidade estava perante uma nova geração que, além de garantir a continuidade da cultura lusa, tinha presente a sua dupla origem e, como tal, a sua dupla cultura. Em Setembro do ano 2004, levou-se a cabo o terceiro Encontro de Gerações. Nesta oportunidade, a premissa era o trabalho de instituições portuguesas pelo que o tema escolhido foi a "Força do Associativismo". No Salão Nobre do CPC falaram os representantes de empresas, instituições, associações e clubes portugueses, que deixaram bem claro todo o esforço

que fazem para manter viva a cultura portuguesa na Venezuela e também a lição de que "na união está a forca" e a possibilidade de se destacar a cada dia que passa na Venezuela. No 2005, o CPC voltou a emprestar as suas instalações para reunir portugueses de distintas cidades do país que vieram participar no quarto Encontro de Gerações. "Integrados e influentes" foi o tema desta edição na qual os oradores foram portugueses e luso-venezolanos destacados nos diversos sectores, como o: empresarial, desportivo, religioso, político, social, etc. Cada um destas personagens deixou o testemunho do que tem sido o seu percurso profissional, destacando valores da cultura portuguesa, como a honestidade e o amor pelo trabalho, que marcaram parte do seu sucesso nas áreas de destaque. Estes quatro encontros têm deixado perguntas e repostas para algumas das inquietudes da comunidade que faz vida na Venezuela, por isso a sua importâ ncia é incalculável. Nesse sentio, o Banif, o Diário de Notícias e o Correio de Venezuela criaram a página Web: www.encontrodegeracoes.com. Esta página eletró nica foi proposta num destes eventos e desde há algum tempo está à disposição de quem queira


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conhecer um pouco mais a iniciativa. ESTUDAR E ESTAGIAR EM PORTUGAL Este fó rum, que se realizou no passado 23 de Setembro nas instalações do Centro Português de Caracas, contou com a participação de mais de trezentos jovens portugueses, estudantes e profissionais, que acudiram à procura de informações acerca do mundo universitário português, uma temática da qual pouco se tinha falado. O convidado de honra foi o professor de Filosofia da Universidade Clássica de Lisboa, Adelino Cardoso, que falou das diversas ofertas de estudos disponíveis em Portugal e, sobretudo, das possibilidades de estagiar na terra de Camões. Outras das oradoras deste evento foi Alda da Silva, professora da Universidade Monteávila e da UCAB. Da Silva contou aos jovens presentes a sua experiência de estágio em Portugal e deixou algumas recomendações para aqueles que se aventurem a iniciar estudos na terra dos seus pais. Além disso, foram abordados aspectos técnicos como a autentificação de documentos no Consulado de Portugal e os requisitos para fazer os exames de ingresso às universidades lusas. Este fó rum "Estudar e Estagiar em Portugal" foi precedido por uma série de artigos escritos pela professora Alda da Silva nos quais se incluiam algumas das ofertas académicas das universidades portuguesas, com o objetivo de fornecer aos

jovens luso-venezuelanos ferramentas e informações que lhe sejam ú teis ao momento de escolher o seu futuro. ENCONTRO DE JORNALISTAS O 3 de Julho do 2003 o Correio de Venezuela reuniu uma importante mostra dos jornalistas luso-descendentes que trabalham na Venezuela para celebrar o seu dia, 27 de Junho, e partilhar emoções e preocupações sobre a realidade jornalística venezuelana. Este encontro permitiu aproximar profissionais do mesmo ofício, elogiar a coragem de todos os jornalistas e sublinhar a importâ ncia das origens lusas nas suas vidas profissionais. Durante o encontro as lágrimas, os sentimentos e o orgulho pelas raízes portuguesas caracterizaram a maioria dos discursos destes jornalistas, que asseguraram, na sua maioria, que o facto de terem nascido numa família lusa os tinha abençoado com uma dedicação e amor pelo trabalho que os distinguia na área profissional. Importantes figuras como Yenni de Freitas, Laura Vieira, Jose Visconti, Yaneth de Abreu, entre outros, participaram neste encontro de jornalistas contando a suas experiências pessoais e ressaltando um ofício que é caracterizado pelo serviço à comunidade. TORNEIO DE MADEIRABOL Com o objetivo de promover um desporto practicamente desconhecido na Venezuela, o Correio de Caracas em cola-

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boração com a Câ mara Municipal do Funchal e o Diário de Noticias da Madeira, organizaram alguns torneios de Madeirabol na Venezuela. O primeiro deles realizou-se no ano 1999 no Centro Português de Caracas despertando um grande interesse entre os luso-venezuelanos que pouco ou nada conheciam desta modalidade desportiva. No entanto, esta iniciativa não se ficou por este centro recreativo. No ano 2001, foi organizado o primeiro Torneio de Madeirabol fora do CPC. O Município Sucre da capital venezuelana foi o local escolhido para efectuar este encontro desportivo, no qual que participaram 46 equipas, num total de cerca de 200 atletas, que se debateram numa difícil final, celebrada a 1 de Julho (Dia da Madeira). Neste mesmo ano realizou-se o I Torneio de Madeirabol da Região Capital, promovido pela Alcaldía Mayor, em parceira com o CORREIO, no qual saiu vencedora uma equipa dirigida e constituída, unicamente, por venezuelanos,o que deixou em evidência a adptação deste evento ao país. Neste ano, o Madeirabol regressou ao Centro Português de Caracas, num novo torneio, que, como nas anteriores oportunidades, reviveu o entusiasmo entre os praticantes desta modalidade. A partcipação massiva e o êxito deste torneio revelou a rápida assimilação do Madeirabol entre os lusitanos, e inclusivamente, entre os venezuelanos, que decidiram "importar" esta prática desportiva para as suas comunidades.


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A restauração

Fernando Teles Fazendeiro Consul Geral de Portugal na Venezuela

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m 1 de Dezembro de 1640, foi restaurada a Independência de Portugal. A população portuguesa estava cada vez mais descontente com o domínio espanhol. Um grupo de nobres, os "quarenta conjurados", decidiram corajosamente, apó s convencerem o Duque de Bragança e futuro Rei D. João IV a juntar-se-lhes, que já chegava de opressão filipina. Ao amanhecer daquele dia, dirigiram-se do Palácio Almada - hoje também conhecido como Palácio da Independência junto ao Rossio em Lisboa - à sede do Governo no Palácio da Ribeira, no Terreiro do Paço, prenderam a Duquesa de Mâ ntua, a odiada alta representante da coroa espanhola e mataram o seu homem de confiança, o traidor Miguel de Vasconcellos, atirando depois o cadáver pela varanda abaixo, proclamando "Arraial, Arraial, por El-Rei de Portugal D. João IV!!!". Basicamente, era assim que, há muitos anos, aprendíamos na Escola Primária os acontecimentos relativos à data da Restauração. Dia inesquecível, no qual a Monarquia Portuguesa fora restabelecida. E depois vinha a Luta pela Independência, na qual as sucessivas vitó rias portuguesas nas batalhas de Montijo (1644), Linhas de Elvas (1658/59), Ameixial (1663), Castelo Rodrigo (1664) e Montes Claros (1665) demonstravam a vontade inquebrantável dos portugueses em libertarem-se, para sempre, do jugo espanhol. Havia ainda referências aos titâ nicos esforços

diplomáticos para que os outros estados europeus reconhecessem a Monarquia Portuguesa, cujo ponto mais alto foi a reconstituição da Aliança Inglesa na sequência do casamento da Infanta Catarina de Bragança, filha de D. João IV, com o Rei de Inglaterra Carlos II, em 1661. A Restauração é uma data de grande importâ ncia na já muito longa Histó ria de Portugal, um dos Estados mais antigos do mundo. É Feriado Nacional e o que se celebra - quando hoje em dia ainda se sublinham estes eventos - é o aspecto heró ico, cujo enaltecimento nos era ensinado daquela forma. Como nos filmes de "capa e espada" à maneira de Hollywood, talvez, porque a época dos heró is do Portugal Restaurado, é exactamente a mesma do romance "Os Três Mosqueteiros", o século XVII. No entanto, não é preciso alguém ser historiador para saber, à partida, que um dia, por mais relevante que seja para uma Nação, explica pouco da sua evolução histó rica. Existiram condicionalismos que o justificaram. Portanto, recordem-se, de maneira breve e genérica, alguns dos factores que explicam o Dia 1 de Dezembro de 1640, passados trezentos e sessenta e cinco anos. Em 1580, Portugal e a Espanha passaram, pela primeira vez, a ter o mesmo monarca. Naquele ano, Filipe II de Espanha (então, o país mais poderoso da Europa) cinge o ceptro português como Filipe I de Portugal. Desde o tempo dos Visigodos, no século VIII (829 anos antes), que toda a Península Ibérica não tinha um só governante. Das coroas ibéricas nascidas na Idade Média a portuguesa foi a ú ltima a ser reunida por

um só monarca. Essa união não foi pacífica, mas a resistência à sua efectivação foi débil. De uma forma geral a população portuguesa aceitou o rei espanhol: a mãe era uma Infanta Portuguesa, filha do muito poderoso Rei D. Manuel I; os laços entre as Casas Reais portuguesa e espanhola tinham sido, de uma maneira sistemática, reforçadas, desde o século XV; e uma série de interesses políticos e econó micos eram, aparentemente, coincidentes. Mais, Filipe II de Espanha, ao assumir-se como Filipe I de Portugal, jura nas Cortes de Tomar respeitar as leis e costumes portugueses, incluindo a língua, nomear para cargos portugueses apenas cidadãos portugueses e no extenso Império Português governariam somente portugueses. Tratar-seía de dois Reinos com um mesmo Rei. Esta fó rmula não convenceu os mais acérrimos defensores da Independência de Portugal, nem erradicou completamente a sua resistência. Contudo, resignou aqueles, designadamente entre o clero e a nobreza, que não viam outra alternativa, num país desmoralizado pela tragédia de Alcácer-Quibir de 1578 e por um reinado curto de dois anos de um velho e gasto Cardeal-Rei, D. Henrique, sem rasgo e energia para contrariar a opção espanhola. Ao mesmo tempo, forneceu argumentos e alimentou a propaganda daqueles, que há muito, vinham favorecendo a união ibérica, a qual fora também um importante projecto dinástico português, sobretudo na segunda metade do século XV nos reinados de D. João II e D. Manuel I. Esta situação político-institucional duraria sessenta longos anos. Convergiam igualmente os interesses

dos impérios ultramarinos portugueses e espanhol. Os inimigos de Portugal e Espanha nos mares eram os mesmos, os protestantes ingleses e holandeses, que pretendiam o acesso às especiarias e às rotas do Oriente e aos metais preciosos da América. Por outro lado, a chegada sistemática a Sevilha da prata americana, a partir dos finais do século XVI, diminuiu a relevâ ncia do norte da Europa, para a Coroa Portuguesa e para muitos comerciantes portugueses, reforçando cumplicidades e laços transfronteiriços. Começara ainda a ser habitual às esquadras navais de ambos os países colaborarem na luta contra os corsários da Inglaterra e Holanda. Duas nações cató licas combatiam os heréticos, contribuindo certamente para fazer escamotear aos dois governos a insustentabilidade dos seus projectos imperiais gigantestos. Até cerca de 1620, apesar de endémicos focos de resistência, os portugueses pareceram satisfeitos ou resignados com a união política. No entanto, a decadência do poderio espanhol começou a ser uma realidade indiscutível, que o desenrolar do conflito geral europeu, que ficou conhecido como a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) tornou cada vez mais evidente. A manutenção do Império Português, na qual se sustentava grande parte da actividade econó mica dos portugueses, dependia cada vez menos da colaboração lusoespanhola; pelo contrário, o facto do Rei de Portugal e Espanha ser o mesmo acicatava os inimigos tradicionais, tornando mais difícil a defesa de feitorias e praças militares espalhadas pelas vastas margens dos Oceanos Atlâ nti-


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co e Í ndico. A juntar a estas dificuldades de carácter político-comercial-militar, as sucessivas crises financeiras espanholas, a inflação, o encarecimento da mão-de-obra ou a sua falta em determinadas regiões e actividades aumentaram o descontentamento popular. Registe-se que a nobreza e muitos do clero portugueses afastados do principal centro de decisão, a Corte Espanhola em Madrid, se sentiam subalternizados. Como em muitas zonas da Europa depauperadas por conflitos, maus anos agrícolas e o incremento sucessivo de impostos, o mau estar e revoltas de populações começaram a ser habituais em regiões portuguesas. A mais célebre é a de Évora de 1637-1638, que se espalhou a outras regiões do país e onde a contestação já não era apenas socio-econó mica, ganhou um evidente cariz político contra o domínio filipino. Assim, du-

rante os ú ltimos vinte anos da dinastia filipina em Portugal como que se inverteram as razões que justificaram o seu início. A política centralizadora do CondeDuque de Olivares, favorito do Rei Filipe IV de Espanha (Filipe III de Portugal, que subiu ao trono em 1621) acentuou o desrespeito, de maneira constante, pelas leis e costumes nacionais e regionais das diferentes áreas governadas pela coroa espanhola, agudizando as tensões sempre latentes nas periferias ibéricas e fez despoletar revoltas, das quais a mais marcante foi a da Catalunha, também em 1640 - incentivada e apoiada pela França, a principal potência inimiga da Espanha na Europa. Em Portugal, desmoralizou os ainda adeptos da união ibérica e favoreceu aqueles que a contestavam. As diferentes camadas populares, sobretudo as ur-

VenezuelA 11

banas, desejavam e pressentiram a causa da Independência e apoiaram-na. Os mercadores portugueses, na sua maior parte, favoreceram D. João IV, pois no seu conjunto eram bastante diferentes daqueles que aceitaram, em 1580, como forma de segurança, o rei espanhol - a actividade comercial, mesmo a ultramarina, estava bastante mais descentralizada e diversificada, do que sessenta anos antes. O clero estava dividido, porém, foi notó rio o apoio da poderosa Companhia de Jesus às ambições independentistas, talvez porque uma monarquia mais fraca e menos centralizadora facilitaria as suas ambições nas Américas. E a nobreza portuguesa, cansada de ser secundarizada, que não pretendia combater pela coroa espanhola nos teatros de guerra europeus, assumiu, finalmente, um papel decisivo de liderança, organizando a conspiração,

que desembocou na aclamação de um novo e legítimo Rei de Portugal, na madrugada de 1 de Dezembro de 1640. A Paz entre os dois Reinos será assinada vinte e oito anos depois de 1640, a seguir à estrondosa vitó ria portuguesa na Batalha de Montes Claros, de 1665. Todavia, não se pense que a evolução histó rica e respectivos factores, que procurei de maneira breve enumerar, não teve heró is. Existiram sem qualquer dú vida. E os principais foram quarenta perigosos conjurados espadachins de espada à cintura, chapéus largos enfeitados com penas e plumas, que atacaram ao amanhecer, surpreendendo o inimigo. Travaram-se todas aquelas grandes batalhas e muitas mais escaramuças e a vitó ria indiscutível foi dos Portugueses.


12 HISTÓRIA DE VIDA

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'As couves do 54'

António Rodrí gues Leandro Barquisimeto, Estado Lara

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meu nome é Antó nio, mas na Ribeira Brava, onde nasci, me chamavam 'o 54' e, às vezes, "venham as couves". Antes de viajar para a Venezuela, era motorista de um "carro de praça". Regressei à Madeira pela primeira vez em 1954 e foi também nessa altura que comprei um licença para carros de transporte, pois pensava ficar por lá. Com o meu carro, fazia transporte e entrega de mercadorias. Tinha uma cliente a quem lhe deixava couves e, então, me chamava de casa dizendo: "Venham as couves". Como tal, os vizinhos começaram a chamar-se assim. Casei a 15 de Agosto de 1950. Ali nasceram os meus dois filhos maiores, em Maio de 1952 e Junho de 1954. Cheguei em Outubro de 1953 e já tenho 52 anos na Venezuela. Os meus pais pagaram-me a viagem lá. Vim com uma carta de chamada de Manuel Pestana, dono da Padaria San Martín, mas a pedido de Francisco

Barbosa, que me mandou chamar. Apenas cheguei, comecei a trabalhar na Padaria La Paz, na entrada de La Veja. Primeiro, fui ajudante de padeiro e, depois, distribuidor de pão em carro. Já não havia bicicletas. Vendia pão aos restaurantes e às mercearias, assim como aos clientes por retalho. Ali trabalhavam uns 50 homens sem horário fixo. Podia começar às quatro da manhãe trabalhar até às oito da noite, com descanso só para comer. Vivia num salão grande, on-

de tinha um grande quarto de dormir, com camas dispostas lado a lado, mas sem qualquer ordem. Umas por aqui e outras por ali. Parecia uma cadeia. Ali dormia a maioria dos empregados. Às vezes, roubavam-se entre eles. Deixávamos lá as roupas bem marcadas e guardadas. A maioria das vezes era uma brincadeira, mas uma vez roubaram-me umas calças. Não pelas calças, mas pelo que tinha nos bolsos. Demorei uns dezoito anos a encontrar o bem-estar que pro-

curava quando sai da Madeira. Vim em 1953, regressei no ano seguinte. Fiquei em Caracas, mas um dia peguei na minha família e fui para Punto Fijo, para Caja de Agua, pois tive algumas divergências com o só cio e não gostei. Ponderei mesmo regressar a Portugal. Mas as coisas continuavam mal. Fomos então para o Brasil, onde tinha que trabalhar numa mina de carvão. Trinta e cinco dias depois, regressei a Caracas, onde tinha uma irmã. Depois, fui para Barquisimeto, onde comprei o Bar Venecia. Vivia mesmo em frente, num apartamento que dividia com outra família. Ao todo, vivíamos nove pessoas no mesmo apartamento. Adorei a Venezuela. Quando cheguei, agradou-me ver no porto quatro amigos que esperavam por mim. A primeira coisa que fizeram foi levar-me ao Bar Só nia, em La Guaira. Algumas vezes ia no meio-dia do domingo até ao Junquito para comer pela auto-estrada uma "carnita de marrano" e bebia

uns copos. Nunca fui de andar em clubes e discotecas porque não gosto muito de barulho, Prefiro passeios. Com a família, saia de carro. As mulheres preparavam a comida em casa e trazia toda a gente comigo, à força. Não ficava ninguém para trás. Não houve diferenças entre os meus filhos educados lá e os de cá. Tiveram sim uma educação rigorosa. As filhas não saiam só s. Uma vez, a maior quis ver o seu cantor favorito num teatro perto de casa. Primeiro, fez as normais tarefas de limpeza. Ajudou a mãe porque todos ajudavam na casa, como era costume na Madeira. Chegou à hora dela ir e não a deixei ir. Depois, segundo o irmão maior, veio pedir licença para ir à missa. E isso sim não podia negar-lhe. Era domingo. Foram para o teatro ver o cantor, desde a rua! Tenho tentado criar a minha família como se fazia em Portugal. Hoje com 78 anos, penso que fiz o melhor que pude.


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O maior árvore de Natal da Europa está em Lisboa

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Praça do Comercio, em Lisboa, foi o local escolhido para luzir, desde o passado 19 de Novembro e até 8 de Janeiro, a maior árvore de natal de Europa. Esta árvore patrocinada pela Câ mara Municipal de Lisboa, pelo Banco Milennium e pela SIC terá este ano mais dez metros de altura do que o exibido no ano 2004 em Belém. O acender desta enorme obra no centro de Lisboa conseguiu congregar a milhares de pessoas que esperaram para desfrutar deste magnífico espectáculo que foi complementado com fogos de artifício e mú sica, toda uma festa a volta da árvore mais alta da Europa. Por primeira vez, foi inaugurada à mesma hora e no mesmo dia uma réplica da árvore portuguesa na cidade de Varsó via.

Esta magnífica estrutura tem uma altura equivalente a um prédio de 23 andares, pesa cerca de 180 toneladas de peso e tem cerca de 2,2 milhões de microlâ mpadas variadas constituídas por lâ mpadas redondas, luzes de néon, focos intermitentes, enfim toda uma gama de luzes que fazem parte da assombrosa iluminação. Por isso, foram necessários 45 dias de trabalho e 350 pessoas para montar esta árvore gigante, em cuja estrutura se utilizaram cerca de 25 quiló metros de tubos de metal. No ano passado, esta árvore recebeu mais de 800 mil visitantes. No entanto, o Banco Millenium e a SIC esperam superar essa quantidade, pois estimam que cerca de 300 mil pessoas visitaram este local pela boa localização da Praça de Comercio, na qual passam diariamente milhares de pessoas.

CULTURA 13

Lisboa premiada pela MTV

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capital de Portugal foi novamente condecorada, desta vez com o prémio "Best Host City Award", outorgado pelo canal MTV com a melhor cidade anfitriã dos prémios MTV Europe Music Award. O espectáculo organizado por Lisboa bateu recordes de audiências pelo que o vice-presidente da MTV Europe viajou até Lisboa para entregar esta distinção ao presidente da Câ mara Municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues. Este importante reconhecimento só foi entregue a outras duas cidades europeias, Dublín e Edimburgo, apesar da cadeia ter sido criada há doze anos. Esta entrega de prémios MTV Europe 2005 que se realizou no Pavilhão Atlâ ntico de Lisboa surpreendeu o mundo pela sua boa organização e

pelo dinâ mico espectáculo que foi oferecido aos mais de oito milhões de espectadores que sintonizaram o programa. O recorde de audiências deu-se não só em Portugal como em todo o Mundo. E isto deveu-se à boa campanha publicitária que os organizadores fizeram desde há vários meses atrás. Esta conseguiu criar grandes expectativas entre os portugueses. Durante a entrega desse reconhecimento, o director da MTV Europa destacou o trabalho feito pelas cerca de três mil pessoas que trabalharam na organização e na segurança do evento, assim como em todas as iniciativas que se realizaram antes do evento: a série de festas realizadas em todo o territó rio português, os concertos com bandas portuguesas, entre outros que asseguraram, de alguma forma, desde o início.


14 CULTURA

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IPC aposta na cultura e reclama mais apoio As tradicionais "celebrações pessoanas" são acompanhadas de actividades comemorativas do 20º aniversário do Instituto Português de Cultura. Direcção Geral das Comunidades Portuguesas, organismo tutelado pela Ministério dos Neouve, em tempos, gó cios Estrangeiros. aventureiros desDe acordo com o presidenlumbrados pela te do IPC, Daniel Morais, veriimensidão dos ma- ficam-se certas debilidades de res, oriundos de um territó rio penetração na comunidade porpequeno, mas com um povo tuguesa. "A dificuldade fundasempre seduzido pelo trabalho mental é que a cultura não é incansável, terra não só de prioritária para muitos dos cigrandes navegantes, mas tam- dadãos a quem nó s queremos bém de homens como Pessoa, dirigir… não é fácil controlar Camões e Saramago, embriaga- uma comunidade distribuída e dos pelo mar abundante da pa- tão disseminada por tantos lulavra, pelo oceano infinito da gares", explicou. cultura. Esse Portugal fecundo e Do mesmo modo, acrescenimpetuoso como o mar que o tou Daniel Morais, conta-se rodeia é aquele do qual se sen- com um pó lo de atracção que tem orgulhosos milhões de ho- é o Centro Português mas que, mens, mulheres, idosos e crian- devido ao seu carácter associaças, que em qualquer parte do tivo, não goza naturalmente da mundo, onde quer que se en- capacidade de penetraç ão de contrem, o levam nas suas um organismo autó nomo. veias, como o fizeram os seus O presidente do IPC, que antepassados, juntamente com também trabalha há 15 anos coas cores da bandeira lusitana. mo Adido Cultural da EmbaiNa Venezuela, o Instituto xada de Portugal na Venezuela, Português de Cultura (IPC) é, considera que "talvez a melhor desde há duas décadas, um dos maneira de chegar até junto da organismos que tomou a inicia- comunidade portuguesa seja tiva de preservar, acompanhar e através do Correio da Venedivulgar o patrimó nio que re- zuela", porque, na sua opinião, presenta a cultura portuguesa. não se trata de um jornal peO substrato da instituição, cu- queno e tem conteú dos que inja criação remonta a 1985, é ins- teressam à comunidade em gepirado na obra de Fernando ral. Pessoa. Para o membro a direcção do Hoje, 70 anos passados da IPC, como ponto a favor da culmorte do ilustre poeta, as tra- tura portuguesa há o facto de dicionais "celebrações pessoa- os seus cidadãos terem, como nas" vão estar acompanhadas critério pró prio, uma facilidadas actividades previstas para o de para se adaptar e integrar 20º aniversário do IPC. noutras culturas. Esta particuAs dificuldades que os diri- laridade, destacou Morais, já fagentes do Instituto têm en- zia parte dos portugueses no frentado ao longo das duas dé- tempo das conquistas. Ao concadas de existência têm a ver trário de outros grupos colonicom a carência de um financia- zadores, foi vital para o portumento só lido, como também guês a relaç ão, o vínculo e a debilidades ao nível da difusão e mestiç agem com outros elepenetração, pois o IPC é uma mentos culturais. entidade autó noma a quem não Há cerca de três anos que o é nada fácil obter grandes con- IPC vem sendo apoiado pelo tribuições econó micas. Instituto de Camões, graças a Acerca do apoio logístico- um acordo que visa a divulgaeconó mico que o Instituto Por- ção da cultura e da língua português de Cultura beneficia ac- tuguesa e de outros objectivos tualmente, Morais sublinha de assumidos em conjunto. maneira especial os esforços da Samuel Ferreira Bermúdez samjfb@yahoo.com

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Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Fernando Pessoa (Mar Português)

Objectivos a curto prazo do IPC São vários os objectivos que o Instituto Português de Cultura se propõe levar a cabo nos próximos tempos. Primeiro, a organização da 2ª Exposição de Livros portugueses é um deles e terá como propósito marcar um arranque para a divulgação da cultura portuguesa em toda a comunidade. A seguir surge a programação e o incentivo ao ensino da língua nos graus de educação préescolar e introduzir as crianças paulatinamente, através de uma forma lúdica, no mundo da cultura portuguesa. Depois vem a organização de um curso de jornalismo cultural que terá como objectivo promover a difusão junto da imprensa de talentos, eventos e acontecimentos relacionados com a cultura portuguesa contemporânea. Mais, é também esperada a instalação do Núcleo Cultural Fernando Pessoa, que terá como missão a organização de conferências sobre a história da cultura portuguesa. Serão ainda abertos cursos de português baseados na conversação e procurar-se-á concretizar o objectivo de se conseguir a venda de livros, cassetes, vídeos e discos portugueses a preços mais acessíveis, para além de uma campanha de estímulo à leitura em português. Por fim, serão desenvolvidos esforços no sentido de se conseguir a reactivação da cátedra Fernando Pessoa ma Universidade Central de Venezuela.


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LAZER 15

Rui Mendes agora quer conquistar o Sahara Liliana da Silva

Lilianadasilva19@hotmail.com

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epois de ter escalado a montanha do Kilimanjaro, de ter conquistado o ponto mais distante de Alasca em pleno Inverno e de ter percorrido 32 países a bordo do seu rú stico, Rui Mendes começa o ano de 2006 com uma nova aventura. Este intrépido lisboeta parte rumo ao continente africano numa expedição que denominada Sahara 2006 e que promete, como já nos tem habituado este piloto, estar cheia de obstáculos, com provas que tornarão muito mais difícil e emocionante este percurso.

A primeira etapa de Sahara 2006 inicia-se no pró ximo dia 25 de Janeiro, data em que vão ser enviados por via marítima a Espanha os três veículos a bordo dos quais as sete pessoas que fazem parte da expedição também fazem a travessia. Os aventureiros, posteriormente, vão viajar a esta Nação para iniciar o largo percurso que vão fazer ao atravessar cinco países árabes, nomeadamente Marrocos, Algéria, Tunísia, Líbia e Egipto, chegando depois ao famoso deserto do Sahara. Dai, regressam finalmente à Venezuela. A duração desta expedição está calculada em 40 dias, tendo em conta a variante pró pria desta região: a constante formação de "mares" de dunas, os quais costumam variar constantemente de tamanho e nú mero, o que os irá obrigar a tomar trajectos alternativos. Quanto ao percurso, Rui Mendes comenta-nos que este foi escolhido tendo em conta os mapas cartográficos aprovados pelas embaixadas dos países envolvidos na travessia e que já têm todas as licenças necessárias que são exigidas pelas autoridades de trâ nsito de cada país. Para esta longa travessia, os carros foram adaptados às exigências da rota, destacando-se a modificação da autonomia dos veículos, que terão que percorrer trajectos de até 800 quiló metros sem poder reabastecer-se de combustível. Por isso, tiveram que acrescentar aos veículos tanques de combustível extras, ampliar o depó sito de água e melhorar a suspensão. É que não nos podemos esquecer que a geografia destes locais é irregular e praticamente inó spita, pelo que a possibilidade de encontrar centros de abastecimento (de combustível e mesmo de alimentação) é quase nula. Toda a Expedição Sahara 2006 vai ser gravada em vídeo e, depois, vão ser pro-

Grupo Expediciones Uno parte em Janeiro para o continente africano para atravessar cinco paí ses árabes para chegar ao deserto duzidos três programas que vão ser transmitidos, depois de acabada a aventura, em todo o continente americano através do canal FOX Sports. "Estes programas vão incluir cenas dignas de um rally, quando tenhamos que atravessar, em inumeráveis ocasiões, autênticos mares de dunas, ou transitar para pares desérticos durante vários dias, sem ver nenhuma população, a acompanhar em Oásis utilizados pelos Berebere, famosa tribo de nó madas do Sahara", assegurou Rui Mendes. Mesmo assim, e como já é do costume, os seguidores deste piloto lusitano e do seu grupo de expedições poderão aceder a reportagens escritas que vão ser difundidas a medida que avança a mesma. "Teremos um "banner" no Front Page do portal tucarro.com, durante quatro meses consecutivos, identificado com o símbolo da expedição, para que os mais de três milhões de pessoas que visitam este site todos os meses possam desfrutar jun-

tamente connosco das centenas de fotografias e relatos alusivos à expedição", comentou-nos Mendes. Além do mais, a partir deste portal, as reportagens vão ser difundidas em mais de trinta páginas web da Venezuela e da América Latina. Como noutras edições, Rui Mendes vai partir acompanhado de outros membros do grupo Expediciones Uno, que é cons-

tituído por pilotos profissionais que têm organizado expeições internacionais há já a mais de oito anos. Entre elas, estão Selva 98, Atacama 99, Nazca 99, Mesoamérica 2000, El Meta 2000, Bajo Sur 2001, Nazca Desert Challenge 2002, África-Kilimanjaro 2004 e Alasca 2005, as quais somam aproximadamente 180.000 quiló metros de percurso.


16 LAZER

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Fenó meno D´ zrt continua em Portugal renses parte dos seis meses de êxito que a banda vem experimentando. O espectáculo contará ainda com a onsiderado como um dos presenç a dos "Anjos", outra "Boys maiores fenó menos do Band" que, em anos anteriores, já ocupop português, os D'ZRT pou lugares principais entre os dez melestão no centro das aten- hores do "Top" nacional.

Sandra Rodrigues

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ções do mercado musical, em termos de discografia nacional, com cinco discos de platina conquistados devido aos mais de 120 mil CD's vendidos e aos milhares de fãs que cantam as suas canções e procuram, no final de cada espectáculo, um autó grafo dos seus ídolos.

A ilha da Madeira vai novamente fazer parte deste "frenesim juvenil", onde não só os mais pequenos marcam presença como também os seus pais, familiares e amigos que apreciam de igual modo a "Banda dos Morangos com Açú car". A 2 de Dezembro, no Madeira Tecnopolo, David, Zé Milho, Ruca e Tó Pê, partilham com os seus fãs madei-

DA TV AOS PALCOS A aventura musical do D'ZRT começou numa telenovela para adolescentes chamada "Morangos com açú car", onde cada um dos membros da actual banda desempenhava um papel de cantor/actor. O nome da banda (lê-se "dessert", o que inglês quer dizer sobremesa) provém simplesmente das iniciais do nome de cada um dos rapazes que forma o quarteto. Da televisão deram um salto para os palcos. Espectáculos interactivos carregados com muita energia, entusiasmo desenfreado, coreografias livres inspiradas nos mais diversos estilos como

hip-hop, reggae e rock, caracterizam cada um dos espectáculos que promovem por todo o territó rio português e que são definidos pelos pró prios como "grandes festas, grandes momentos de boa disposição". "Estamos há um ano e meio sem férias. Gravações, cinco dias por semana, concertos e entrevistas não nos permitem darmo-nos conta da realidade que ocorre lá fora com o pú blico, mas quem corre por gosto não cansa e adoramos aquilo que fazemos", disse Tó Pê ao CORREIO. Canções como "Para mim tanto me faz", "Percorre o meu sonho", "I dont want do talk about it", "Quem eu quero para mim" e "Amanhã não sei", são alguns dos êxitos da banda entre o pú blico adolescente. Confrontados com o facto de que o primeiro êxito "Para mim tanto me faz" é musicalmente igual a uma das interpretações da cantora mexicana Belinda, titulada "Boba Niña Nice", a banda es-

clareceu: "Existem canções que são compradas pelas discográficas e que podem ser utilizadas por vários artistas, ou seja, melodias que num outro país do mundo podem ser ouvidas com outra letra mas com mú sica igual. Quando isto acontece falamos de Publishing, e é permitido por lei". Com a primeira produção discográfica, os D'ZRT têm vindo a ocupar importantes posições nas tabelas de vendas nacionais, com aspirações de galgar fronteiras. "Luxemburgo, Bélgica, Alemanha, Hong Kong, Suiça, Canadá e Estados Unidos são alguns dos país onde iremos em promoção. Também adoraríamos ir à Venezuela e levar a nossa mú sica à comunidade ali residente", observou, por seu turno, David, outro dos quatro membros dos D'ZRT. A terminar, a banda lembrou que se encontra em preparação o segundo álbum que será produzido e escrito por memos.


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18 TRAÇOS DE PORTUGAL

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Sines

a cidade do Carnaval Esta cidade situada no litoral alentejano tem uma tradição carnavalesca que data de há muitos anos. Conheça os encantos destas festas. pação humana remetem-nos para o período paleolítico da histó ria humana, faz cerca de mil anos atrás. concelho de Sines fi- Este município torna-se num pó ca situado no centro lo de interesse apó s a ocupação da costa da província dos romanos, que o definiram pedo Alentejo, a 150 qui- la primeira vez como centro porló metros a sul de Lisboa e 80 qui- tuário e industrial. Durante esse ló metros a sul de Setú bal. De to- período, os romanos aproveitaram dos os municípios do Alentejo é o a baía de Sines para convertê-la que apresenta as maiores perspec- no porto da cidade e ilha do Pestivas de crescimento, motivado, segueiro para operações portuárias. em parte, devido à construção de Além disso, trouxeram o seu poum grande complexo portuário- tencial pesqueiro produzindo peiindustrial, criado com a intenção xe. de dotar Portugal de autonomia Posteriormente, com a chegaem sectores fundamentais, como da dos árabes ao sul da Península a energia e a transformação de ma- Ibérica, Sines foi abandonada, térias-primas. Junto a este pó lo atravessando um período obscuro industrial, Sines vive uma época na sua histó ria. No entanto, com de desenvolvimento com as mel- Dom Pedro I no poder, no século hores taxas em todo o Alentejo. XIV, Sines é considerada como De facto, este complexo modi- um ponto estratégico para a defeficou a "paisagem humana" do sa de Portugal. Assim, foi consconcelho. Entre as décadas de 50 truído o famoso castelo de Sines, e 60, tinha perdido mais de um no qual, segundo o historiador Ar15% da sua população, devido ao naldo Soledade, nasceu, em 1469, fenó meno da emigração caracte- Vasco da Gama, filho do presirístico daquela época. Os constan- dente da câ mara local, Estêvão. tes movimentos migrató rios fez Na idade moderna a vida desta cicom que muitos partissem para dade continua a ser marcada peoutras cidades mais desenvolvidas las suas funções marítimas e, como no país e no estrangeiro. foi mencionado anteriormente, peNo entanto, com a construção la importâ ncia do complexo pordo complexo portuário-industrial, tuá- rio-industrial. a vida deste concelho mudou significativamente. Em menos de 10 SINES NO CARNAVAL Sines é a localidade alentejana anos, de 1972 a 1981, a densidade populacional aumentou em 92%. com maior tradição carnavalesca. Hoje estas taxas de crescimento A primeira notícia sobre o Carnamantiveram-se graças à dinâ mi- val de Sines é de 1926, mas estica econó mica e social que se edi- ma-se que esta festa tem sido inficou na região depois deste im- troduzida há mais tempo. Todos os anos afluem ao Carnaval proportante projecto industrial. priamente dito e ao Carnaval de Verão, junto à praia Vasco da GaO PASSADO DE SINES Como na maioria das povoações ma, milhares de pessoas para descercadas por mar, a histó ria desta frutar de uma tradição cheia de região foi construída, de alguma histó ria. Há pouca informação fidedigforma, em torno deste. Desde a antiguidade até hoje, o mar e os na sobre o Carnaval de Sines dos seus recursos variados determina- tempos passados. A comunicação ram os aspectos importantes da vi- social da altura era escassa, e além da de Sines, como a Economia, a disso, nos princípios do século, Sicultura, o estilo de vida e, inclusi- nes não passava de uma pequena vamente, o carácter da sua popu- vila de pescadores que se animava no Verão com os turistas vinlação. Os primeiros vestígios de ocu- dos na sua maior parte do interior Liliana da Silva

Lilianadasilva19@hotmail.com

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do Alentejo e de Espanha. O certo é que o Carnaval de Sines já era reconhecido a nível nacional nas primeiras décadas do século XX. Este reconhecimento contribuía para que, cada ano, fossem mais os turistas desejosos de participar nestas coloridas festas. O facto de Sines, durante os anos 50 e 60, se ter transformado num dos pontos de maior interesse turístico do país na época balnear deu ao Carnaval de Sines uma projecção diferente. Esta nova perspectiva deu a um grupo de jovens a necessidade de formar, pela primeira vez, uma Comissão de Carnaval de Sines que tentava gerir o esforço dos voluntários que se disponibilizavam em equipas para a construção dos carros alegó ricos, elaboração do guardaroupa e a organização dos bailes de mascarados. Com os anos a Comissão de Carnaval começou finalmente a ser apoiada financeiramente pela Câ mara Municipal. Entretanto, o Carnaval cresceu, mudou, e modernizou-se. Mudou das velhas ruas do centro histó rico e transferiu-se para a larga Avenida General Humberto Delgado. Para sobreviver na competição da modernidade teve que se transformar e repensar integralmente a sua estrutura e o seu objectivo. Foi a partir de 1988 que se renovou por completo a ideia do espectáculo carnavalesco, ao mesmo tempo que se criavam as condições financeiras que permitissem gerir com melhor aproveitamento as receitas que foram incrementadas pela contratação de estrelas das principais novelas brasileiras em exibição. Todos os anos, este carnaval é adornado com a participação das protagonistas das novelas que estão na moda nessa altura. No ano de 2004, o Carnaval passou a realizar-se na Avenida Vasco da Gama, junto à praia do mesmo nome, local que consegue juntar a milhares de portugueses e turistas. Fonte de informação: www.mun-sines.pt

O que visitar em Sines: • São numerosas as Igrejas de arquitectura antiga nesta região portuguesa. Algumas delas são: Ermida de Nossa Senhora das Salas, esta igreja foi mandada reconstruir por Vasco da Gama; Igreja Matriz de São Salvador construída no século XVII; Igreja do Espírito Santo ou da Misericórdia; Ermida de São Bartolomeu; Ermida de São Sebastião e a Igreja de Nossa Senhora da Soledade. • Esta cidade conserva locais que, em uma época passada, protegeram a cidade de possíveis ataques inimigos, como o Forte do Revelim, o qual funcionava junto ao Castelo na defesa do centro de Sines, e o Forte do Pessegueiro que se encontra situado em frente à Ilha do Pessegueiro, ponto estraté-

gico do concelho para a sua defesa e proteção. • O Castelo de Sines é o principal monumento do concelho. A sua construção foi a condição imposta por Dom Pedro I para a concessão do foral. Vasco da Gama nasceu muito provavelmente aqui. • Assim mesmo, esta cidade oferece outros locais de interesse como o Museu Arqueológico, a Casa da Cultura, o Jardim da Republica, o Jardim das Descobertas, o Parque Desportivo Municipal, o Pavilhão dos Desportos, etc. • Numa visita a Sines não podemos deixar de visitar a casa de Vasco da Gama, um dos maiores navegadores da história do mundo, que deixou em Sines, terra onde nasceu, os seus mais íntimos segredos.


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PORTUGAL 19

Compras de Natal rendidas à crise Fracas expectativas económicas para 2006 limitam gastos na época natalí cia. Comércio espera quebra de 10% em relação ao ano passado

Estradas de branco Almeida Cardoso (JN - Portugal)

V pois de referência para o sector privado - não deverá ser supe(JN - Portugal) rior a 2%. Uma vez que a inflas fracas perspectivas ção prevista é de 2,3%, é a quareconó micas dos ta vez consecutiva que os traportugueses para o balhadores perdem poder de pró ximo ano estão compra. Com Bagão Félix houve a motivar um corte substancial aumentos abaixo da subida dos nas compras de Natal. Um estu- preços dos produtos e Manuela do da consultora internacional Ferreira Leite impô s dois conDeloitte aponta uma redução de gelamentos salariais. 6% nas intenções de gastos na A maior ou menor confiança época natalícia, em Portugal. As na política econó mica do Goassociações do sector comercial verno é, segundo a Deloitte, o antevêm um cenário ainda pior, critério que mais influencia a com quebras na ordem dos 10%. variação dos gastos. Neste capíO estudo sublinha que as tulo, os portugueses são os terpiores perspectivas econó micas ceiros mais descontentes, a seda Europa são as de Portugal, on- guir à Alemanha e à Itália. Sede 74% da população acredita gundo o estudo, Portugal é dos que a economia está em reces- países europeus em que há são. Segundo a consultora, os maior indefinição quanto ao emconsumidores sentem-se des- prego. apontados com a evolução econó mica do ano passado e mos- INSEGURANÇA tram-se agora pessimistas quanE, de facto, a maioria dos porto às perspectivas para 2006. tugueses (44%) sente inseguRecorde-se que, apesar de o rança quanto à manutenção do valor dos aumentos salariais da posto de trabalho. Os consumiFunção Pú blica para 2006 ainda dores portugueses apontam sonão ser conhecido, o ministro das bretudo o aumento do custo de Finanças já avisou que a subida vida, o fraco crescimento do dos vencimentos - que serve de- rendimento disponível em 2005 João Paulo Madeira

A

e as fracas expectativas de crescimento dos vencimentos no pró ximo ano para reduzir os gastos. Os inquiridos mostram-se disponíveis para reduzir os gastos em presente para familiares adultos, já que estão reticentes em fazer cortes na alimentação. As intenções de compra revelam que os livros têm o maior peso nas prendas dos portugueses (64%), seguidos de roupa (55%), CD's, cassetes, DVD ou vídeos (52%) e da cosmética e perfumes (50%). As respostas obtidas pela consultora revelam que os consumidores nacionais vão ter uma abordagem mais ponderada durante as compras do pró ximo Natal. Há mais inquiridos disponíveis para perder mais tempo a comparar preços, tentando encontrar o melhor possível, do que os que pensam perder menos tempo, este ano, a comparar as diferentes ofertas. As grandes superfícies vão ser os locais privilegiados para fazer as compras para 68% das pessoas que responderam ao inquérito.

árias estradas estiveram cortadas, noutras o trâ nsito esteve condicionado, noutras ainda ocorreram acidentes, devido à queda de neve ou à formação de geada no pavimento. A circulação na A 24, entre os nó s de Bigorne e Lamego, esteve, no sábado passado, condicionada devido à queda de neve. De acordo com fonte da Brigada de Trâ nsito (BT) da GNR de Viseu, o condicionamento verificou-se desde as 8 horas, tendo sido posto um limpa- neves a trabalhar em permanência, para assegurar a manitenção de uma faixa de rodagem livre em cada sentido. O estado do tempo motivou vários despistes no referido troço da auto-estrada entre Viseu e Vila Real, mas sem conse-

quências pessoais nem materiais. Já na EN n.º 15, um acidente, cerca das 9.30, com uma ambulâ ncia do INEM, fez com que dois bombeiros da Cruz Branca de Vila Real fossem assistidos no hospital, de onde entretanto tiveram alta. Segundo o comandante da corporação, "dirigiam-se para um acidente no IP4; a viatura ia em marcha lenta, mas fez um pião e tombou lateralmente". A neve e o gelo obrigaram, ainda, a que a circulação no IP4 (Alto de Espinho) fosse cortada, temporariamente, reabrindo ao fim da manhã de sábado passado. Houve, também, problemas com a neve em Lamego, Moimenta da Beira e Resende. A ligação rodoviária entre Cinfães e Castro Daire esteve interrompida durante várias horas. Também na Serra da Estrela houve corte de trâ nsito, designadamente no troço entre os Piornos e Sabugueiro, passando pela Torre.

Mais de 200 cursos em risco de fechar Fernando Basto (JN - Portugal)

E

ngenharias, línguas e agronomia são áreas em que muitos cursos de Ensino Superior estão em risco de fechar portas. E isto porque, este ano lectivo, 213 cursos viram ingressar menos de 10 alunos no primeiro ano. As instituições de ensino mais penalizadas são as do Interior

do país, que já começaram a despedir professores contratados. A captação de novos pú blicos é urgente. Para tal, as instituições clamam por alterações legislativas urgentes e prévias aos processos de avaliação anunciados a semana passada. E defendem, também, que o interesse nacional com que se preservam alguns cursos menos procurados venha a incluir mais formações.


20 PORTUGAL

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Jovens renunciam ao Portugal do interior O adeus repete-se terra sim, terra sim. Ganhar mil euros é um sonho que "vale a pena". Daí a desertificação

"N

ão temos nada. Não há cinema, teatro, uma biblioteca. Nada. Faz tanta falta a indú stria. E agora a construção civil está em crise". Assim é o retrato de Cinfães, Norte de um Portugal profundo e deserto, onde Maria dos Prazeres, com 24 anos, vende canecas de vinho num tasco regional, depois de ter feito o terceiro ano da universidade. Os outros, a maioria dos seus jovens conterrâ neos, fazem as malas e vão embora, para Espanha, "ganhar melhor". "O meu cunhado estava a trabalhar na mesma obra onde morreu aquele rapaz de 19 anos daqui. Sabe, a obra de Granada, onde caiu o viaduto... Foi uma sorte ele ter sido transferido uns dias antes para outra área", continua, acrescentando que Cinfães está quase sem gente nova. "Já há pessoas que casam para depois partirem. É que se forem ca-

sados têm mais benefícios". Não é o caso de sua irmã, que ficou por cá com o filho criança. "Gosto tanto do cheirinho dos livros dele. Bate uma saudade tão grande. Sabe, é que eu sempre gostei muito de estudar, mas a minha mãe ficou desempregada e tenho que a ajudar como ela me ajudou todos estes anos"... DESERTIFICAÇÃO IMINENTE Um conto parecido conta Fernando Mendes, um mecâ nico de 62 anos, que também tem um genro em Espanha, na construção civil. De facto, porta sim, porta sim, Cinfães relata uma histó ria de emigração e desertificação à vista. A filha de Fernando está cá, com as suas quatro meninas, "a mais velha com 11 anos, a mais nova com quatro". "O marido ganha mais lá, pois com certeza, por isso é que foi. E consegue juntar dinheiro, pouco, mas junta. Ago-

ra até está a pagar um carrito que comprou. Olhe, tem 27 anos, é rapaz... é a vida. Eu também estive na Rú ssia, quando era mais novo. Agora já não estou para emigrações. Trabalhei a vida toda". Quando se pergunta quanto ganha, encolhe os ombros, ri-se, mas deixa perceber que para uma vida inteira de trabalho não é lá grande coisa a recompensa. "Tenho lá um vizinho", recomeça outro, Paulo Lopes, bombeiro, 36 anos. "É irmão de um cunhado. Todas as semanas ele vai para Espanha. Devia vir aqui de domingo para segunda-feira. É só carrinhas a sairem daqui, cheias de malta nova. Vão todos para a construção civil", continua. ATÉ OS IMIGRANTES ALINHAM Vão todos dali, incluindo os imigrantes de Leste. "É verdade sim. Os de Leste chegam cá e passado pouco tempo também percebem que não vão ganhar nada que se veja... porque aqui não há nada. Assim também vão com eles. Moram cá e trabalham lá. Vêm de 15 em 15 dias como os outros", esclarece o bombeiro. De resto, a histó ria é sabida "É um concelho muito pequeno, não há in-

dú stria, não há nada. A construção civil foi o sector que mais sofreu e como os empreiteiros não têm aqui perto empreitadas vão para fora e levam os mais novos que querem trabalhar com eles". Relativamente aos portugueses que no país vizinho morreram há pouco tempo tem algo mais a dizer: "Eu conhecia o rapaz de 19 anos. O pai dele é empreiteiro, mas ele quis ir para Espanha ganhar mais. Era a ambição de pagar o carrito que tinha comprado"... CENÁRIO PROLIFERA NO PAÍ S Mais abaixo no mapa, o cenário repete-se. Rebordosa, conhecida em grande parte pela indú stria do mó vel, enfrenta uma grave crise nesse preciso sector. Loja sim, loja sim, o discurso é o de que os jovens fugiram e a terra trabalha com o imigrantes de Leste que aceitam ganhar menos do que os portugueses. "Estão lá muitos, é o caseiro do senhor Abel, é o Manel, é o Abílio. Muitos. Estão muitos em Espanha que é aqui perto e vêm a casa. À sexta-feira, pela noitinha, as carrinhas começam a chegar", diz um local, a beber o cafezinho nas bombas de gasolina do centro da cidade. Indica as ruas, as moradas dos imigrados ao pormenor e sai.


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22 OPINIÃO

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Três milhões para quê? contagem manual têm de ser rigorosamente iguais. É aqui que "a porca torce o rabo"... O CNE (Consejo Nacional Electoral), que está debaixo do controlo oficial, é quem deAgostinho Silva cide quais e quantas urnas são abertas para asilva@dnoticias.pt reconfirmação. Nestas eleições serão abertas 45% das urnas em todo o país. A oposição entro de uma semana, no do- reclama e fala, outra vez, em "trampa". mingo 4 de Dezembro, a VeDepois de já ter cá estado aquando do Renezuela vai a votos. Não, não se ferendo Revogató rio, em 2004, a União Eutrata de Chávez. Estão inscritos ropeia decidiu aceitar o repto de Chávez pa15 milhões de eleitores, mas apenas uns 4 ra fiscalizar as eleições de Dezembro. Durão milhões deverão eleger os 167 deputados que Barroso investiu três milhões de euros e 160 formarão o pró ximo Parlamento. Se os par- pessoas na maior missão de sempre para obtidos de Chávez conseguirem uma maio- servação de actos eleitorais. A aposta traduz ria, o que é muito provável, poderão intro- um interesse pouco comum. Mas há um duzir e alterar leis a seu belo prazer. grande senão: Silva Peneda, o chefe da Missão Na Venezuela vota-se através de um sis- da UE, já disse que o relató rio final só será tema electró nico. Ou seja, o eleitor regis- apresentado em Janeiro, e em Bruxelas. Nesta o seu voto directamente num computa- sa altura, por mais incisivo e profícuo que dor, a máquina imprime uma espécie de seja, a trabalho da UE não terá servido para recibo, que é depositado na urna. No final, nada. Apenas para memó ria futura. O que a contagem automática do computador e a será muito pouco para tanto dinheiro gasto.

D

Novo serviço para deficientes Cristina Da Silva Bettencourt

Q

ue pensaria você se um amigo com uma incapacidade física, um deficiente, lhe dissesse que quer participar num projecto chamado "Luxú ria para pessoas diferentes"? Seguramente você, por ser um bom amigo, apoiaria o seu camarada, mas realmente qual seria a sua opinião sobre a criação dum espaço pró prio para que estas pessoas retomem a sua vida sexual apesar das suas limitações? Em Portugal este facto pode vir a tornar-se uma realidade. No jornal diário Destak de segunda-feira, 10 de Outubro, um artigo intitulado "Deficientes poderão ter acesso a serviços sexuais" tratava esta questão. A iniciativa nasce dum cidadão com paralisia cerebral que está a tentar viabilizar este projecto num pais onde a mentalidade não é precisamente aberta e onde juridicamente a prostituição é proibida. Para que este projecto se torne numa realidade são necessárias duas coisas: primeiro, que exista um enquadramento legal possível, e

segundo, que existam 50 associados que estejam dispostos a pagar 40 euros mensais e mais 10 euros por consulta, de forma a que as colaboradoras possam receber mil euros por mês. A ideia de que exista essa vontade de reconstruir as suas vidas é muito positiva; aliás, qualquer ser humano, seja este deficiente mental ou um incapacitado, não pode escapar a este facto pró prio da natureza humana. Mas o facto de se ser possuidor de alguma deficiência física faz com que este processo de reintegração na sociedade seja mais difícil para estas pessoas. A sociedade tem-se encarregado de espalhar a ideia de que uma pessoa que sofre um acidente que a deixa incapacitada fisicamente vai ser, em consequência, uma pessoa incapacitada sexualmente. Tal crença é uma grande falácia porque geneticamente estas pessoas continuam a sentir necessidades e, em muitos dos casos, este tipo de afirmações o que faz é produzir constrangimentos nestas pessoas no momento de pensar numa reconstrução das suas vidas. Sabemos que legalmente é impossível que existam colaboradoras que contribuam para a satisfação deste tipo de necessidades, mas na realidade são elas que permitem o nascimento duma nova forma de ver e sentir a vida. Por isso, meus amigos, não desistam da reconstrução das suas vidas por mais dificil que pareça. A esperança é a ú ltima coisa que se perde.

Imigração: contributo para a nacionalidade Antonio de Abreu Xavier (Historiador) aindax1@yahoo.com

A

imigração europeia contribuiu com o povoamento de várias nações do continente americano. No entanto, poucas vezes foi realçado o reconhecimento do contributo europeu na edificação da nação. Apenas nalguns países encontramos este reconhecimento nos arquivos e museus histó ricos. Nestes casos, tais espaços servem para recordar às jovens gerações de que forma chegaram e por que pontos entraram esses pujantes forjadores de progresso que foram os imigrantes. Nos Estados Unidos, o país do continente com maior afluência de europeus, as instalações de acolhimento e identificação de imigrantes da ilha de Elli foram convertidas num museu histó rico. O edifício, hoje considerado monumento nacional, funcionou como porto de entrada de estrangeiros entre 1892 e 1954. Cerca de 12 milhões de pessoas passaram por ali. Nas alturas de grandes chegadas, faziam-se exames médicos e formalizavam-se autorizações de entrada até 5.000 pessoas por dia. No Museu do imigrante da ilha de Ellis tornou-se normal ver turistas comovidos a chorar por terem encontrado os nomes, datas e nú meros de registo dos seus antepassados entre as longas listas de passageiros expostas na parte exterior do edifício. Também há museus histó ricos por comunidades nacionais. O Museu da Herança Judaica de Nova Iorque ou o Museu da Imigração Alemã no Brasil. Este recorda a vinda para São Leopoldo dos seus primeiros imigrantes, entre 1788 e 1824, quando chegaram à Real Feitoria do Linho Câ nhamo 39 pessoas oriundas das províncias do norte da Alemanha. Outro é o Museu Histó rico da Imigração Japonesa, estabelecido em 1978 em São Paulo, no â mbito da comemoração do 70º aniversário dessa imigração. Os nipó nicos têm também um Museu Histó rico e Arquivos Nacionais Japoneses em Vancouver, Canadá, criado para coleccionar, preservar artefactos e materiais de arquivo, investigar, educar, exibir, interpretar e desenhar programas que cubram a histó ria da sociedade japonesa canadiana desde 1870 até aos nossos dias. Outro país americano com alta imigração foi a Argentina. Aqui funciona o Museu da Imigração, no Antigo Hotel d Imigrantes de Puerto Madero, um imenso depó sito que, a exemplo da ilha Ellis, foi construído e preparado para funcionar como hotel, hospital, desembarcadouro e infra-estrutura administrativa de registo e identificação. Funcionou desde 1898. Também existe o Museu van der Maele ou Museu da imigração alemã na argentina, que foi apoiado desde o início do projecto pelo Ministério Federal das Relações Externas da Alemanha com 50.000 euros. Na Venezuela também existe um reconhecimento histó rico ao imigrante. Em Mérida, na mansão Hacienda La Victoria encontrase o Museu do Imigrante, junto ao Museu do Café. Uma promessa museoló gica mais consoladora foi feita em Abril de 2001 pelo presidente da Câ mara de Chacao, Leopoldo Ló pez, que queria criar o Museu do Imigrante para "dar-lhe um valor especial ao que foi a imigração no Município e todos os benefícios que trouxe para os habitantes de Chacao". A comunidade portuguesa carece de um museu histó rico que preserve para as gerações seguintes a recordação do seu contributo para a Nação e Estado venezuelanos. Devido a esta falta, documentos, fotos, cartas e muitos outros objectos estão-se a deteriorar em só tãos e despensas das casas de muitas famílias. Objectos de podem e devem ser salvados para exibir a histó ria não escrita aos mais jovens. No cessarei esta luta pela criação do Museu do Histó rico Imigrante Português.


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OPINIÃO 23

caRTas dOs leITORes O Nacional. Quem diria?

Portugueses desunidos

Sou filho de portugueses e fiquei surpreendido com a notícia que li acerca do clube de futebol da primeira divisão, o Nacional, assim como com a presença do presidente do clube em Caracas. De pequeno sempre ouvi o meu pai falar do seu clube "preto e branco". Daí a minha simpatia pela Juventus de Itália… era o fardamento preferido do meu pai. Julgo que com o tempo ele desistiu de falar do seu clube devido à sua trajectó ria modesta nos campeonatos em Portugal, e eu pensei que era o clube da freguesia onde nasceu e que

Vivo no interior do país, na cidade de Puerto la Cruz. Fiquei a saber, através de um artigo que publicaram, que há desunião entre os portugueses desta cidade. Têm razão, sim senhor, aqui ninguém se entende e as manifestações portuguesas que existem afectam as famílias. Mas nem sempre há "guerras". Verificamos também que há muitos almoços prolongados, cartas, dominó s etc. É triste dizer que há desunião, mas é a realidade. Culpar alguém seria injusto porque o inimigo neste caso não tem rosto, somos todos. O que podemos fazer? Sei lá! Talvez o

este tinha pouca referência na ilha. Depois de ler a notícia interesseime pela classificaç ão do mesmo. E qual não foi a minha surpresa quando verifiquei que está em segundo lugar num dos campeonatos mais importante da Europa, à frente do Benfica, do Sporting e do Marítimo. Gostaria de saber mais acerca do clube e da reunião que estão a organizar para levar ao meu pai que, embora velhinho, se mantém sempre fiel às suas cores. Nem ele sabia que a sua equipa estava tão bem posicionada no campeonato. José Manuel V. Freitas

Menos trabalho e mais vida...

Sugestões para o CPC

Assisti ao encontro de Gerações em Caracas e fiquei maravilhado com os depoimentos que ouvi. De facto, um evento destes merece que se repita, sobretudo pela qualidade dos intervenientes do mesmo. Gente profissional de segunda geração. Que surpresa, sinceramente! De tantas surpresas positivas que levei daquela reunião "familiar", diria eu, a que mais me marcou foi a de reconhecermos que os nossos pais trabalharam muito e que devem trabalhar menos e ter uma melhor qualidade de vida. Sinto na pele o mesmo que todos os que pensam assim. A vida é linda e bela. A família é linda e bela. Mas sempre e quando desfrutemos da mesma. Só trabalho, não presta. Os portugueses trabalham muito

Sou leitor do Correio da Venezuela e li numa edição do mês de Novembro, na classificação, a atribuição de um "Muito Mau" aos típicos comentários das intrigas e bilhardices em torno do ambiente eleitoral que se vive nas instalações do nosso querido Centro Português em Caracas. De facto são muitas as mentiras e as ofensas que vêm de todas as partes no sentido de quererem captar o voto. Proponho através desta carta e do vosso jornal que se realize um debate entre os dois candidatos. Porque não no salão nobre do clube? Um frente a frente sem ofensas com altura, onde os mesmos proponham soluções aos problemas do clube e onde também os só cios pudessem formular perguntas e questionar também tomadas de posição.

INQUéRITO

e os filhos dos portugueses também. Às vezes não damos valor às coisas que nos rodeiam devido à intensa dedicação que damos ao trabalho! Mário Rodrigues Berenguer

vosso jornal pudesse ajudar-nos a ser pelo menos uma comunidade "normal", igual ou parecida a todas as outras que existem ao largo da Venezuela. J. Almeida Baptista

Confesso que, como só cio do clube, estou "baralhado", pois tenho amigos nos dois grupos de candidatos, mas não conheço as propostas de cada um. Ainda nesse contexto seria de muita importâ ncia a presença do CORREIO no evento para assim testemunhar as promessas feitas pelos dois candidatos e depois com o passar do tempo seria importante ir recordando o que as juntas directiva prometeram aos só cios durante a campanha eleitoral. Só para concluir, porque não também organizar um cocktail "barato" para os só cios com uns queijos à mistura para incentivar mais a presença e participação das pessoas. Aqui fica a sugestão, sem ofensas para ninguém. David Neves

Aos seus anos de existência, quais pensa que são os pontos altos e os baixos deste semanário? O que gostava de ler no CORREIO?

Octávia Serrão "Parece-me que o jornal está muito completo ao nível de informações tanto de Portugal como da Venezuela. Contudo, acho que deviam melhorar um pouco mais as secções do desporto. E é importante incluir artigos para os mais jovens, pois pareceme que o jornal está muito virado para as pessoas mais velhas. Desta forma, nó s os mais jovens poderíamos sentir-nos mais cativados. Seria interessante incluir também teatro português, que é muito bom, e o horó scopo, pois muitos portugueses gostam de lê-lo".

José Gomes "Nestes seis anos, o CORREIO tem feito um excelente trabalho. O jornal é muito bom e gosto muito de lê-lo. Gostava de poder ler mais notícias da ilha da Madeira e também daqui da Venezuela. Mas no geral parece-me que está muito bom. Está muito bem estruturado e as informações que aparecem aqui são bastante proveiotosas para os membros da comunidade portuguesa da Venezuela".

Pedro Rodrigues "Em termos de informação, o jornal tem sido muito bom para os portugueses que residem na Venezuela, pois temos podido informar-nos sobre o que se passa em Portugal e com a comunidade lusa que reside cá. Se o CORREIO não existisse, seria muito mais difícil estar informado. Têm feito um excelente trabalho e têm muita credibilidade. Uma coisa que gostava de ver no jornal era os anú ncios de vendas da ilha da Madeira".

Vanessa de Freitas A ú nica limitação que vejo no semanário é que não há informação destinada aos mais jovens. O melhor é que chega a uma grande quantidade de pessoas da comunidade e é um meio informativo credível. O jornal deve lançar mais publicidade para as ruas para dar-se a conhecer em todo o País. Gostava que, de vez em quando, sem sair dos seus parâ metros informativos, tivesse artigos relacionados com a saú de, a moda, calendários informativos com os melhores sítios a visitar, etc. Alguma coisa que incentivasse os jovens a estar mais atentos ao jornal da comunidade luso-venezuelana."


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ECONOMIA 25

UM reuniu o melhor da gastronomia actual lo Rodero e Sebastián Avial. O Instituto europeu do Pão, presidido por Laszlo Gyomray, trouxe os seus forntre os dias 17 e 20 de Novem- nos para o Salão para mostrar os segredos bro realizou-se o 4º Salão In- da padaria internacional e crioula. ternacional de Gastronomia Este ano, Maria Isabel Mijares não podia (SIG). Durante quatro dias o faltar. Na companhia de José Manuel Soumundo da cozinha encontrou na capital sa Soares apresentou uma importante proVenezuelana um cenário para celebrar a va dedicada à excelência do Vinho do Porarte culinária, na qual entusiastas e curio- to: o Vintage 2003. Bem Ami Fihman fez a sos puderam aventurar-se em conhecer as introdução de rigor para que Mijares aproparticularidades da actualidade gastro- fundasse depois as diferenças entre os calnó mica. dos do Duero e do Douro. O evento decorreu num espaço da UniPela mão da Casa Oliveira veio Cristian versidade Metropolitana e reuniu figuras Benavente, representante da videira Sane instituições destacadas do meio da culi- ta Carolina e José Luís Ripa. Do Coto de nária e da vitivinicultura, tanto local como Rioja, que distribuiu uma prova vertical internacional, sob o propó sito de aprisio- de Coto de Imaz. nar os cindo sentidos dos mais de 12 mil Pernod Ricard iluminou o seu Embaivisitantes que a organização previa rece- xador de Marca Sebastián Nazabal na prober. va "Bodegas Etchart: vinhos argentinos de Entre os convidados estiveram perso- alta gama", e Serra & Silva Gourmet Connalidades ligadas às mais diversas áreas da sulting expô s as amostras mas destacagastronomia como Thierry Breton, Patricio das da região em vinhos e azeito de oliva. Tapia, Armando Scannone, Paco RonceAs principais escolas de cozinha de Caro, Luis Troconis, Rafael Piqueras, Ary racas também não faltaram para demonsRoncaglia, José Alberto Zuccardi, Carme- trar os seus dotes. Carlos Orellana

mrprensa@yahoo.es

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Santa Bárbara Air Lines com nova rota por Portugal

N

o passado dia 2 de Novembro realizou-se o primeiro voo com destino a Madrid, num novo Boeing 767-300, desde o terminal internacional de Maiquetía. Francisco González Yánez, presidente de Santa Bárbara Airlines, explica que a substituição dos equipamentos obedece, principalmente, aos custos de manutenção e aos elevados gastos com combustível requeridos pelos aviões com que a companhia operava até à

data. Era, por isso, inviável que continuassem a cumprir o serviço, uma vez que o negó cio deixaria de ser rentável. Graças às mudanças, é agora possível oferecer quatro novos voos directos semanais para Madrid e um para Tenerife, no novo boeing. Um serviço que teve início na semana passado, estando também previsto para Abril de 2006, o começo da operacionalidade do 767-300ER. Entre os planos imediatos, está também a abertura de uma

rota para Portugal e de outras no espaço nacional, para Valera. As duas aeronaves de ú ltima geraç ão têm a vantagem de poupar 40 por cento de combustível relativamente às anteriores. Estas são amplas e com dois compartimentos de passageiros, cada um com capacidade para 269 lugares, sete casas de banho, três cabinas e um sistema de entertenimento. (Informação extraída da página de Internet: www.santabarbaraairlines.com

IBERIA pô s o seu toque de sabor Os produtos Iberia também marcaram presença no certame gastronómico com conseguiu reunir milhares de visitantes. Este ano a promoção centrou-se no conceito de "Exclusividades Culinárias de Iberia (Salsa rica, Salsa Jengibre e Salsa Condimentada), razão pela qual em cada dia se realizou uma prova diferentes para permitir ao público experimentar todos os produtos. O stand contou com a visita dos chefes Dino D'Avanzo y Héctor Soucy.


26 PUBLICIDADE Vantagens da renovação da frota CORREIO DE CARACAS - 1 DE DEZEMBRO DE 2005

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programa de renovação da frota de longo curso da Tap tem, em síntese, as seguintes vantagens: permite atender às perspectivas de crescimento de tráfego; garante uma significativa poupança de consumo de combustível; acrescenta grande flexibilidade operacional ao nível da gestão da frota e das tripulações.

Com esta renovação, cujos custos são integralmente suportados pela Tap, a companhia dá mais um passo na consolidação do seu futuro.

O acordo com a Airbus permite atingir o objectivo em três fases distintas: 1ª Fase: leasing de 3 A330, sendo um para substituição de uma unidade A310 que deverá ser devolvida ao lessor em Março de 2006 e dois para crescimento das operações de longo curso. Ainda pendente da disponibilidade dos aviões; 2ª Fase: phase-out da frota A310, com a recepção de 5 aviões A330 adquiridos à Airbus e com entregas entre Novembro de 2007 e Junho de 2008; 3ª Fase: substituição dos A330 e A340 por A350, a ocorrer entre Junho de 2013 e Dezembro de 2015.

BREVEs Tap renova frota de longo curso A TAP encomendou ao consórcio europeu Airbus dez aviões A350, com uma opção de mais cinco, para equipar a sua frota de longo curso, actualmente constituída por seis A310 e quatro A340. Tendo, nos últimos dois anos, os combustíveis sofrido um crescimento brutal, a única forma que a TAP tem para enfrentar esta escalada é a contínua melhoria da sua eficiência, através de uma melhor utilização dos seus recursos e de um persistente esforço de redução dos custos. Para continuar a aumentar a sua eficiência, a TAP tem de continuar a crescer. Contudo, a sua frota de longo curso já atingiu o limite da utilização, tendo as suas linhas taxas médias de ocupação superiores a 80 por cento, algumas atingindo mesmo os 90 por cento, como por exemplo São Paulo, Rio de Janeiro e Nova Iorque. Esse tem sido, aliás, o segredo da TAP cuja operação cresceu já mais de 40 por cento nos últimos quatro anos, praticamente com a mesma frota e ligeiramente menos trabalhadores. Por este conjunto de razões a TAP optou pelos novos modelos de aeronaves existentes no mercado os quais permitem ainda, não só maior flexibilidade na sua utilização, bem como das tripulações, como garantem ganhos de eficiência ao nível do combustível superiores a 25 por cento. A entrega dos novos aviões só deverá ocorrer entre 2013 e 2015. Porém, a forte expansão económica na China, India e Médio Oriente absorveu totalmente quaisquer aeronaves que pudessem estar disponíveis no mercado de leasing para a TAP poder corresponder ao contínuo aumento de solicitações, pelo que até lá deverão ser adquiridos sete aviões A330 para substituir os A310 - e mais um de reforço -, cuja posterior alienação tem um preço garantido pela Airbus.


CORREIO DE CARACAS - 1 DE DEZEMBRO DE 2005

DESPORTO 27

Centro Português abre-se à comunidade desportiva de Guayana

C

om a missão de servir a comunidade local, a direcção do Centro Português de Guayana apostou na recuperação das instalações desportivas, de modo a colocá-las à disposição dos atletas desta zona do país. A novidade foi dada em conferência de imprensa por Norma Vargas, tesoureira do comité desportivo, por Jesú s Xambrano, presidente do comité desportivo, e Enrique Cartegena e Calú dio Diás, coordenadores do Desporto no Centro Português. Os dirigente desta instituição falaram ainda sobre as Mini Olimpíadas Centro Português Venezuelenao de Guayana, Campeonato de Natal 2005, que foi inaugurado no passado sábado, dia 19, a partir das 4:30 da tarde, sublinhando que se trata de um evento que inclui actividades desportivas diversas, como o dominó masculino,

que já juntou cerca de 20 pares. Já o futebol, terá inicio brevemente com as categorias de sub-6, sub-8, sub-10, até sub-18. O Centro Português reservou também um espaço para o ténis em campo nas categorias: infantis-misto, por equipa, assim como para 12, 14 e 16 anos, em masculino e feminino, em livre masculino, master "A" e master "B". Já o campeonato de bolas crioulas será disputado uma semana apó s o 10 de Dezembro, data em que terminam a maior parte das restantes modalidades. Também o futebol de salão terá lugar nas categorias de sub-15, sub17, sub-20 e livre. CENÁRIOS RECUPERADOS Na conferência de imprensa, o Centro deu também a conhecer as obras de recuperação das áreas depor-

tivas. Entre outras, o campo de ténis e os campos de bolas crioulas, as quais serão testadas. A de ténis estará ao dispor de todos os atletas guayneses, em especial dos só cios do centro social e cuja escola está a cargo do treinador Antonio Montaño, enquanto que o professor Manuel Paucar dirige a escola de futebol, com cerca de 500 crianças, desde só cios a não só cios. Outro dos aspectos revelados aos jornalistas diz respeito ao campeonato que terá início dentro de pouco tempo, com a finalidade de captar talentos de futebol entre as crianças nascidas de 1980 a 1988. Enquanto isso, decorrem as outras modalidades desportivas, como o futebol de salão e basquetbol. Está também prevista a abertura para o pró ximo mês de Janeiro de uma escola para basebol, na categoria de infantis.


28 DESPORTO Emigrantes criam sede do Nacional na Venezuela CORREIO DE CARACAS - 1 DE DEZEMBRO DE 2005

U

m grupo de emigrantes seguidores do Nacional da Madeira tomou a iniciativa de criar uma sede na Venezuela. Isto depois da ú ltima visita do presidente do clube à terra de Bolívar. Agostinho Ferreira e Carlos Gomes são os principais dinamizadores do projecto. "Sempre fomos nacionalistas desde pequenos e aproveitamos que temos algum espaço disponível para tornar realidade um sonho. Movidos pelo entusiasmo e o desafio que nos foi imposto, decidimos avançar", afirma Agostinho Ferreira natural de São Martinho, Funchal. As instalações físicas situam-se no centro da "cidade" de Guatire, localidade muito povoada também por emigrantes portugueses, na sua maioria dedicados ao comércio de alimentos e bebidas. Cabe destacar ainda que a cerca de 500 metros está localizado o centro cultural de Virgem de Fátima de Guatire, clube que também estes emigrantes ajudaram a fundar há três anos. Este é o clube mais jovem da comunidade portuguesa na Venezuela. O CORREIO esteve no local e pudemos constatar que inclusivamente na parte superior da parede já existe a perfuração característica de um clube desporti-

vo, que serve para colocar a bandeira alvinegra. Na parte interior do mesmo local, estão a ser feitas já algumas obras menores de acondicionamento. Nos horizontes de Agostinho Ferreira está também o interesse em recuperar taças e material relacionado com o antigo Nacional na Venezuela. Um clube que foi fundado há muitos anos atrás e que entretanto desapareceu do ambiente desportivo. O entusiasmo é grande e o mesmo envolve não somente os adeptos tradicionais do clube como também os empregados venezuelanos que trabalham na empresa que dirige a família madeirense. No projecto de criação do clube do Nacional da Venezuela, está contemplado um pequeno restaurante no interior da sede, assim como a formação de uma equipa de jovens no clube virgem de Fátima. O objectivo é levar o nome e as cores da colectividade madeirense até mais longe. Entretanto, um grupo de emigrantes adeptos do clube na Venezuela estão a organizar uma pequena recepção em Caracas ao presidente da colectividade Madeirense. É que Rui Alves, como noticiámos, regressa brevemente à Venezuela.

Pequeno edifício onde está a ser criada a sede do clube em Guatire.

O entusiasmo dos emigrantes começou com a presença do presidente do clube.


CORREIO DE CARACAS - 1 DE DEZEMBRO DE 2005

III Divisão - Série A

III Divisão - Série B

11.ª Jornada

Cerveira Correlhã Esposende Valpaços Merelinense Assoc. Oliveirense Bragança Mirandela Joane

0 1 1 0 4 1 3 2 3

0 0 1 1 2 0 1 1 1

Monção Vinhais Brito Cabeceirense Mondinense Maria da Fonte Amares Vianense Valenciano

Tirsense Ermesinde Vilanovense Vila Meã Canedo Moncorvo Rebordosa Ataense

Classificação Bragança Mirandela Joane Maria da Fonte Amares As. Oliveirense Merelinense Cabeceirense Monção Brito Esposende Cerveira Valpaços Mondinense Correlhã Vinhais Valenciano Vianense

27 24 22 19 19 18 18 17 15 14 13 12 11 10 9 9 6 6

11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11

8 7 6 5 6 5 5 5 4 3 3 2 3 3 2 2 1 1

3 3 4 4 1 3 3 2 3 5 4 6 2 1 3 3 3 3

0 1 1 2 4 3 3 4 4 3 4 3 6 7 6 6 7 7

G

21-6 20-9 17-10 23-8 22-14 16-9 16-14 12-12 20-17 14-12 13-14 13-11 8-20 15-21 10-23 9-18 12-29 12-26

12.ª Jornada (4-12) Monção Vinhais Brito Cabeceirense Mondinense Maria da Fonte Amares Vianense Valenciano

-

2 2 2 1 2 1 4 3

1 1 1 1 1 1 0 1

Rio Tinto Lourosa Leça São Pedro da Cova Padroense Vila Real U. D. Valonguense Cinfães

A. D. Valonguense Gafanha Valecambrense Milheiroense Tondela São João de Ver Avanca Social Lamas Tocha

Joane Cerveira Correlhã Esposende Valpaços Merelinense Assoc. Oliveirense Bragança Mirandela

Vila Meã 27 Moncorvo 20 Ermesinde 15 Rebordosa 15 Lourosa 15 Ataense 15 Cinfães 14 Canedo 14 S. Pedro da Cova 14 Vilanovense 13 Vila Real 13 Leça 13 Tarouquense 12 UD Valonguense 11 Tirsense 10 Rio Tinto 10 Padroense 7

11 11 10 11 10 10 10 11 10 10 10 10 10 10 10 10 10

8 6 4 3 4 4 4 3 4 4 3 3 4 3 3 2 2

3 2 3 6 3 3 2 5 2 1 4 4 0 2 1 4 1

0 3 3 2 3 3 4 3 4 5 3 3 6 5 6 4 7

G

13-3 16-11 12-12 18-13 14-8 13-16 9-10 12-11 13-11 9-15 13-12 12-10 12-20 16-25 13-14 9-9 12-16

12.ª Jornada (4-12) Rio Tinto Lourosa Leça São Pedro da Cova Padroense Vila Real U. D. Valonguense Cinfães

-

Tarouquense Tirsense Ermesinde Vilanovense Vila Meã Canedo Moncorvo Rebordosa

2 2 3 1 1 2 2 2 1

1 1 2 0 1 1 0 0 1

Estarreja Fornos Algodres Arrifanense Cesarense Marialvas União de Lamas Souropires Anadia Sátão

Beneditense Sertanense Bidoeirense Amiense Caldas Mirandense Riachense Peniche

Social Lamas 27 Avanca 24 S. João de Ver 23 União de Lamas 23 AD Valonguense 20 Anadia 19 Tocha 17 Milheiroense 17 Valecambrense 17 Tondela 17 Sátão 14 Souropires 12 Gafanha 11 Fornos Algodres 8 Marialvas 6 Cesarense 6 Arrifanense 5 Estarreja 4

11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11

8 7 7 7 5 5 4 5 4 5 4 3 3 2 1 1 1 0

3 3 2 2 5 4 5 2 5 2 2 3 2 2 3 3 2 4

0 1 2 2 1 2 2 4 2 4 5 5 6 7 7 7 8 7

G

27-12 23-8 14-8 17-9 13-8 9-8 13-10 13-10 14-12 22-13 12-10 8-12 10-17 8-21 6-17 6-16 9-22 7-18

12.ª Jornada (4-12) Estarreja Fornos de Algodres Sátão Cesarense Marialvas União de Lamas Souropires Anadia Arrifanense

-

0 0 0 0 1 1 1 0

1 1 0 3 0 0 1 1

Caranguejeira Idanhense Sourense Monsanto A. D. Fundão Vigor Mocidade Eléctrico Alcobaça

Alcochetense 3 Caniçal 1 Câmara de Lobos 1 Carregado 3 Atlético Cacém 1 Vialonga 0 U. D. de Santana 0 Atlético 1 Tires 2

Social Lamas A. D. Valonguense Gafanha Valecambrense Milheiroense Tondela São João de Ver Avanca Tocha

Idanhense Caldas Caranguejeira Marinhense Eléctrico Peniche Mirandense Sourense Monsanto A. D. do Fundão Sertanense Riachense Alcobaça Vigor Mocidade Beneditense Amiense Bidoeirense

20 20 19 18 17 17 17 17 14 14 13 12 11 10 10 6 4

11 10 11 10 10 11 10 11 11 10 10 10 10 10 11 10 10

6 6 5 5 4 5 5 5 4 4 3 3 2 2 3 1 0

2 2 4 3 5 2 2 2 2 2 4 3 5 4 1 3 4

1 0 0 1 0 1 0 2 3

11.ª Jornada

Elvas Ouriquense Loures Sintrense Vilafranquense 1º de Dezembro Futebol Benfica A. D. de Machico Montijo

Beira-Mar Algarve Messinense Sesimbra Vasco da Gama Aljustrelense Lusitano de Évora Almansilense Est. Vendas Novas

Classificação

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º

III Divisão - Série F

11.ª Jornada

Classificação

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

III Divisão - Série E

11.ª Jornada

Classificação

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º

III Divisão - Série D

11.ª Jornada

Classificação

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

III Divisão - Série C

11.ª Jornada

DESPORTO 29

3 2 2 2 1 4 3 4 5 4 3 4 3 4 7 6 6

G

16-8 16-11 14-10 22-11 11-9 12-13 10-9 13-10 10-10 9-10 10-11 14-16 8-8 6-8 10-15 7-18 5-16

Atlético 22 A. D. de Machico 21 Montijo 21 Carregado 21 Atlético Cacém 19 Loures 19 1º de Dezembro 18 Câmara de Lobos 17 Caniçal 15 Ouriquense 15 Alcochetense 12 Tires 12 Elvas 12 Vilafranquense 11 Sintrense 9 U. D. de Santana 9 Vialonga 9 Futebol Benfica 9

11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11

7 6 6 6 5 6 5 5 5 3 3 3 3 3 2 1 2 2

1 3 3 3 4 1 3 2 0 6 3 3 3 2 3 6 3 3

0 0 1 0 0 1 0 0

Juv. Évora Monte Trigo Castrense Oeiras Amora Lagoa Lusitano V.R.S.S. Ferreiras

Classificação

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

0 3 1 1 1 2 0 4

3 2 2 2 2 4 3 4 6 2 5 5 5 6 6 4 6 6

G

30-12 19-14 13-9 24-12 22-20 18-10 18-13 13-23 11-12 14-14 15-14 12-16 13-16 13-19 11-20 8-15 12-18 6-15

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Lusitano Évora Est. V. Novas Vasco da Gama Almansilense Oeiras Juv. Évora Lusitano V. R. Aljustrelense Amora Sesimbra Desp. Beja Lagoa Messinense Ferreiras Beira-Mar Castrense Farense Monte Trigo

29 24 21 21 19 17 17 16 16 15 15 14 12 9 5 5 3 2

11 11 11 10 11 11 11 11 11 10 10 11 10 11 10 11 8 11

9 7 6 6 5 5 4 4 5 4 4 4 3 2 0 1 1 0

2 3 3 3 4 2 5 4 1 3 3 2 3 3 5 2 0 2

0 1 2 1 2 4 2 3 5 3 3 5 4 6 5 8 7 9

G

24-6 21-5 20-7 11-4 14-10 9-9 21-15 14-10 18-17 17-11 13-11 11-14 16-11 13-20 3-11 10-21 3-35 7-28

12.ª Jornada (4-12)

12.ª Jornada (4-12)

12.ª Jornada (4-12)

Arenense Idanhense Sourense Monsanto A. D. Fundão Vigor Mocidade Ponte de Sor Alcobaça Caranguejeira

Elvas Montijo Ouriquense Sintrense Vilafranquense Loures 1º de Dezembro Futebol Benfica A. D. de Machico

Farense Juv. Évora Castrense Amora Lagoa Ferreiras Monte Trigo Oeiras Lusitano V.R.S.A.

-

Beneditense Marinhense Sertanense Bidoeirense Amiense Caldas Mirandense Riachense Peniche

-

Tires Atlético Alcochetense Câmara de Lobos Vialonga Caniçal Carregado Cacém U. D. de Santana

-

Estrela de Vendas Novas Desportivo de Beja Messinenses Vasco da Gama de Sines Aljustrelense Almancilense Beira-Mar do Algarve Sesimbra Lusitano de Évora


30 DESPORTO Ginásio do Centro Português com instalações renovadas CORREIO DE CARACAS - 1 DE DEZEMBRO DE 2005

Liga de Honra Varzim Olhanense Beira Mar Ovarense Santa Clara Feirense Maia Sport. Covilhã Marco

P

ara os amantes do exercício e da boa alimentação, o Centro Português em Caracas estreou o "Gym Center". Manuela Simões, natural de Aveiro, é a responsável pelo salão de entretenimento e comentou que a nova etapa deste lugar é para que o usuário melhore a sua condição física e mental e acostumar-se ao exercício como forma de combater o stress. "Mais do que ter um corpo esbelto, procura-se a saú de integral em cada pessoa e não recair no narcisismo", realçou Simões. O processo de reestruturação do ginásio começou pelas obras na sauna, vestuário e duches, já que a construção anterior estava deteriorada. Com a nova imagem e o equipamento com máquinas, o "Gym Center" oferece serviço de máquinas, multiforça, "spinning" e aulas cardiovasculares. O ginásio conta com pessoal qualificado que, desde o primeiro dia, tem como ú nica preocupação o utente. O uso diário das instalações desportivas é unicamente para os só cios do clube, que podem utilizar todos os serviços oferecidos pelo Gym Center".

II Divisão - Série A 9.ª Jornada

12.ª Jornada 3 3 0 2 1 1 2 0 2

3 0 0 3 0 0 4 0 4

Vizela Moreirense Chaves Portimonense Aves Barreirense Gondomar Leixões Estoril

Fafe 1 0 Sandinenses Torcatense 0 0 U. Madeira Lixa 0 1 Freamunde Valdevez 0 1 Ribeirão Portosantense 0 0 Famalicão Vilaverdense 1 3 Trofense

Classificação

Classificação

Pts. J V E D

Durante o dia, aproximadamente 50 pessoas deslocam-se aos espaços do ginásio. As pessoas que querem assistir aos exercícios devem ir acompanhadas por um só cio e cancelar o custo estabelecido. A inscrição é de cerca de 50 bolívares e a mensalidade ronda este valor. Manuela Simões tenciona contratar uma equipa de especialistas em nutrição para atender casos de extremo cuidado. Por agora existem três instrutores que se ocupam das necessidades particulares de cada cliente. "O corpo é a melhor coisa que temos, a ú nica coisa que temos de fazer é comer bem e ensinar isso aos clientes que vêm ao ginásio", realçou o especialista de fitness.

ACTIVA EM FITNESS Simões é instrutora de Spinning e Pilates, certificada pela escola Rebook. Desde há vários anos que tem estado imersa no mundo desportivo, tendo viajado para diversos países para participar em certificaç ões para aumentar o seu conhecimento sobre a saú de integral e física. Há cinco anos que Simões está a cargo do ginásio do clube, onde estimula os utentes a manteremse activos. As certificações serviram à coordenadora do "Gym Center" de ferramenta para conseguir aconselhar as pessoas que querem mudar o seu estilo de vida e deixar o sedentarismo.

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Beira-Mar Sport. Covilhã Olhanense Estoril Gondomar Portimonense Leixões Aves Vizela Santa Clara Varzim Feirense Marco Maia Barreirense Moreirense Ovarense Chaves

23 22 22 21 20 20 19 17 16 16 15 14 13 12 11 10 9 8

12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

6 6 6 6 6 5 5 5 4 3 3 4 3 3 2 2 2 1

5 4 4 3 2 5 4 2 4 7 6 2 4 3 5 4 3 5

1 2 2 3 4 2 3 5 4 2 3 6 5 6 5 6 7 6

G

12-5 14-9 16-11 23-15 20-16 15-11 9-6 16-14 19-16 10-8 16-18 16-20 17-21 19-21 7-11 11-20 16-26 5-s13

13.ª Jornada (4-12) s

Varzim Moreirense Chaves Portimonense Aves Barreirense Gondomar Leixões Vizela

-

Olhanense Beira-Mar Ovarense Santa Clara Feirense Maia Sporting da Covilhã Marco Estoril

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º

Trofense 18 A. D. Camacha 13 Famalicão 13 Sandinenses 12 União Madeira 12 Portosantense 12 Fafe 11 Ribeirão 11 Freamunde 9 Sport. Braga B 8 Vilaverdense 8 Lixa 8 Valdevez 6 Torcatense 2

8 8 8 8 8 9 7 7 8 7 9 7 7 7

5 4 3 3 3 3 3 3 1 2 2 2 1 0

3 1 4 3 3 3 2 2 6 2 2 2 3 2

0 3 1 2 2 3 2 2 1 3 5 3 3 5

G

16-6 14-10 10-7 9-7 7-10 6-7 8-7 4-4 7-7 10-10 10-13 5-7 7-9 3 -12

10.ª Jornada (4-12) União da Madeira - Fafe Freamunde - Torcatense Ribeirão - Lixa Sporting Braga B - Valdevez Trofense - Portosantense A. D. da Camacha - Vilaverdense

II Divisão - Série B

II Divisão - Série C

II Divisão - Série D

Ribeira Brava 1 1 Pedras Rubras

Portomosense 1 1 Penalva do Castelo

Oriental Vitória Setúbal B Odivelas Torreense Operário Casa Pia Louletano Pinhalnovense

9.ª Jornada

Esmoriz 1 1 Sp. Espinho

Tourizense 2 0 Oliveirense

Fiães 2 2 Infesta

União Coimbra 2 1 Oliveira do Bairro

Lousada 2 0 Aliados Lordelo

Abrantes 2 3 Fátima

Paredes 2 0 FC Porto B

Rio Maior 2 2 Pombal Nelas 1 1 Oliveira Hospital

Drag. Sandinenses 2 1 Sanjoanense

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º

9.ª Jornada

Classificação

Classificação

Pts. J V E D

Pts. J V E D

Paredes 14 Fiães 13 Sp. Espinho 13 D.Sandinenses 13 Lousada 12 Sanjoanense 11 Infesta 11 Aliados Lordelo 11 Pedras Rubras 11 Marítimo B 10 Esmoriz 9 Ribeira Brava 8 Pontassolense 7 F. C. do Porto B 6

9 8 8 8 8 7 8 7 9 8 8 8 7 7

4 3 3 4 3 3 3 3 3 3 2 2 2 1

2 4 4 1 3 2 2 2 2 1 3 2 1 3

3 1 1 3 2 2 3 2 4 4 3 4 4 3

G

17-9 11-7 9-7 10-8 10-8 9-8 13-12 10-12 8-12 15-15 9-13 4-10 8-9 5-8

10.ª Jornada (4-12) Sporting Espinho - Ribeira Brava Infesta - Esmoriz Aliados Lordelo - Fiães F. C. do Porto B - Lousada Sanjoanense - Marítimo B Pontassolense - Dragões Sandinenses

1º Oliveirense 2º Abrantes 3º Tourizense 4º Pampilhosa

0 0 0 0 0 1 1 1

Real União Micaelense Silves Mafra Madalena Benfica B Imortal Olivais Moscavide

Classificação

16 7 5 1 1 11-7 13 7 4 1 2 13-6 12 7 3 3 1 8-6

12 6 3 3 0 8-2 5º Fátima 6º Penal. Castelo 12 8 3 3 2 9-8 7º Benfica C. B. 10 8 3 1 4 12-15 9 6 2 3 1 8-4 8º Pombal 8 7 1 5 1 8-8 9º Rio Maior 10º Portomosense 6 7 1 3 3 8-10 11º Oliveira Bairro 4 7 0 4 3 9-12 12º União Coimbra 4 7 1 1 5 7-13 3 7 0 3 4 3-10 13º Nelas 14º Oliveira Hospital 2 6 0 2 4 3-14

10.ª Jornada (4-12) Oliveirense - Portomosense Oliveira do Bairro - Tourizense Fátima - União de Coimbra Pombal - Benfica Cast. Branco Pampilhosa - Nelas

4 1 2 1 2 0 2 1

G

19 8 6 1 1 15-7

Oliveira do Hospital - Rio Maior

9.ª Jornada

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º

Louletano Operário Casa Pia Ol. Moscavide Imortal V. Setúbal B Madalena Benfica B Torreense Odivelas Pinhalnovense U. Micaelense Mafra Real Oriental Silves

20 19 18 16 15 15 14 14 13 13 11 11 8 8 4 2

9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9

6 6 6 4 4 5 4 4 4 4 2 3 2 2 1 0

2 1 0 4 3 0 2 2 1 1 5 2 2 2 1 2

1 2 3 1 2 4 3 3 4 4 2 4 5 5 7 7

G

20-11 11-5 18-10 10-5 18-9 10-9 8-14 9-10 12-10 12-14 7-6 10-10 7-11 12-20 6-15 7-18

10.ª Jornada (4-12) Real União Micaelense Silves Mafra Madalena Benfica B Imortal Olivais e Moscavide

-

Pinhalnovense Oriental Vitória de Setúbal B Odivelas Torreense Operário Casa Pia s Louletano


CORREIO DE CARACAS - 1 DE DEZEMBRO DE 2005

DESPORTO 31

Porto e Nacional na liderança U

m golo de Lucho Gonzalez no primeiro minuto recolocou na segunda-feira à noite o FC Porto na liderança da Liga portuguesa de futebol, apó s triunfo sobre o Gil Vicente (1-0), no encerramento da 12ª jornada e a quatro dias da recepção ao Sporting. Ainda não estavam decorridos 30 segundos de jogo no Estádio Municipal de Barcelos quando Quaresma efectuou o cruzamento para o internacional argentino, de cabeça, relançar os "dragões" no comando, em igualdade com o Nacional, que na sexta-feira saiu vencedor da recepção ao anterior líder, o Sporting de Braga (1-0). Uma semana depois da goleada sobre a Académica (5-1) - com os dois primeiros golos de Lucho no campeonato -, o FC Porto recuperou a liderança perdida à sétima jornada, apó s derrota em casa com o Benfica, e aguçou o apetite para o "clássico" que abre a pró xima ronda e ao qual os "leões" chegam no quarto lugar, a quatro pontos de distâ ncia. Para o Gil Vicente, o golo madrugador do médio portista destruiu a estratégia delineada e significou o sétimo encontro consecutivo sem ganhar, dos quais cinco derrotas, deixando os gilistas num

FC Porto fica com os mesmos pontos que o Nacional ao derrotar segunda-feira passada o Gil Vicente

12.ª Jornada

Marítimo 1 Benfica 0 Nacional 1 Vitória de Setúbal 1 Paços de Ferreira 3 Académica 1 Gil Vicente 0 Sporting 2 União de Leiria 1

1 0 0 0 1 0 1 0 1

Boavista Belenenses Sporting Braga Rio Ave Naval 1.º de Maio Estrela Amadora F. C. do Porto Vitória Guimarães Penafiel

Classificação

aflitivo 15º posto, com 11 pontos, à beira da zona de despromoção. Sporting e Vitó ria de Setú bal, que no domingo ganharam a Guimarães (2-0) e Rio Ave (1-0), respectivamente, destacaram-se pela positiva, enquanto o campeão Benfica empatou em casa com o Belenenses (1-0) e tem a "nota menos" da ronda. SONHO DURA 72 HORAS O sonho de ser líder isolado durou apenas 72 horas, mas ninguém poderá menosprezar a carreira do Nacional na Liga portuguesa. Os alvinegros estão a realizar um campeonato sem mácula, que apenas foi manchado pela derrota caseira com o FC Porto, o líder da Liga que, curiosamente, tem o mesmo nú mero de pontos que o Nacional. Em 12 jornadas, o Nacional conquistou 27 pontos, os ú ltimos três dos quais averbados diante do Sp. Braga, equipa que estava a ser

LIgA BetAnDwIn

Pts. J V E D Golos.

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

"levada ao colo" pela Imprensa nacional, que a considerava como séria candidata ao título. Na Madeira, o Sp. Braga perdeu dois jogos ambos por 1-0 - e deu a entender que não tem estofo para fazer frente aos "grandes" do futebol lusitano. Depois de ter sofrido a primeira derrota do campeonato com o Marítimo, os bracarenses caíram

aos pés de um humilde e trabalhador adversário, o Nacional, a equipa sensação do campeonato, cuja carreira está a causar sensação na Europa. Até onde poderá, então, chegar este Nacional? É difícil perspectivar, embora o modesto discurso do treinador não seja o mais animador.

F. C. do Porto 27 Nacional 27 Sporting Braga 26 Sporting 23 Vitória Setúbal 23 Benfica 19 Boavista 19 Paços Ferreira 17 Marítimo 15 Rio Ave 15 Académica 14 União de Leiria 12 Naval 11 Belenenses 11 Gil Vicente 11 E. Amadora 10 Vit. Guimarães 10 Penafiel 7

12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

8 8 8 7 7 5 4 5 3 4 4 3 3 3 3 2 3 1

3 3 2 2 2 4 7 2 6 3 2 3 2 2 2 4 1 4

1 1 2 3 3 3 1 5 3 5 6 6 7 7 7 6 8 7

19-7 15-4 13-5 17-14 10-3 19-12 18-11 14-15 14-14 15-17 11-16 12-16 13-20 13-16 9-16 8-13 7-17 9-20

13.ª Jornada (4-12) 02-12 – 21:00 F. C. do Porto 03-12 – 19:15 Belenenses 03-12 – 21:15 Marítimo 04-12 – 16:00 Rio Ave 04-12 – 16:00 Naval 04-12 – 16:00 Est. Amadora 04-12 – 18:30 Boavista 04-12 – 20:45 Sporting Braga 05-12 – 20:30 Vit. Guimarães

- Sporting - Nacional - Benfica - Paços Ferreira - Académica - Gil Vicente - Penafiel - Vitória Setúbal - União de Leiria


CORREIO DE CARACAS – 1 DE DEZEMBRO DE 2005

Juíza garante que se fará justiça no caso de co-piloto

A

juíza titular do processo que envolve quatro portugueses (entre eles o co-piloto Luís Santos), detidos há mais de um ano na Venezuela por suspeita de tráfico de droga, garantiu sexta-feira passada que se fará justiça. "Sou uma mulher honesta, não compreendo o porquê de tanta agressividade (entre alguns advogados da defesa e os procuradores do Ministério Pú blico). Quem for inocente será libertado, quem estiver culpado vai para a cadeia", disse a magistrada Maria Esther Roa. A juíza falava na ú ltima sessão do julgamento, olhando alternadamente para os procuradores-adjuntos e para o advogado Francisco Rodríguez Alemán, da portuguesa Maria Virgínia Pinto Cidade Passos, que fora já várias vezes interrompido por objecções do Ministério Pú blico, antes mesmo de concluir as perguntas que dirigia a uma testemunha da acusação. Num tom de voz sereno, a magistrada recordou que foi ratificada nas suas funções de juíza da terceira secção penal do Tribunal de Macuto pelo Supremo Tribunal de Justiça, exigindo por isso respeito de todos os intervenientes processuais. Anteriormente, durante a sessão de quinta-feira, a procuradora- adjunta Milagros Goitia insinuou que a juíza Maria Esther Roa estava a favorecer os tempos de interrogató rio dos advogados da defesa em detrimento do Ministério Pú blico. A juíza disse garantir a igualdade de direitos a todas as partes, declarou-se "ofendida" e instou a procuradora a deduzir, se fosse o caso, e na forma pró pria, um incidente de suspeição da magistrada, caso em

Polícia apreende 6,1 toneladas de cocaína em Portugal Noélia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

A

Polícia Judiciária lusa apreendeu 6,1 toneladas de cocaína no passado dia 22 de Novembro. Esta é considerada a maior quantidade de carregamento já alguma vez surpreendido em Portugal. Na operação, foram detidos sete cidadãos franceses e um colombiano. Segundo a PJ, os detidos de nacionalidade francesa faziam parte de uma rede de tráfico internacional e de branqueamento de capitais em França e Espanha, alguns deles acusados de roubo e assaltos a mão armada. que então suspenderia a audiência do julgamento e deixaria a sala, relegando a apreciação do incidente para outra instâ ncia. A situação causou momentos de apreensão nos presentes, principalmente no advogado Manuel Silva Salta, do co-piloto Luís Santos. Depois de uma curta pausa, Milagros Goitia apresentou respeitosos pedidos de desculpa à magistrada e a audiência prosseguiu. Na ú ltima sessão foram ouvidas três das oito testemunhas da acusação notificadas pelo tribunal. A juíza mandou aproximaremse os advogados e agendou a pró xima audiência para 2 de Dezembro, sexta-feira, pelas 11:30 locais (15:30 de Lisboa). Todas as testemunhas reafirmaram que foram de facto os tripulantes que pediram a intervenção

das autoridades aeroportuárias, face à detecção de uma bagagem não identificada que havia sido colocada no porão do avião e que, segundo a tripulação, não pertenceria àquele voo. O caso remonta a Outubro de 2004, quando quatro portugueses, entre eles o co-piloto Luís Santos, e seis venezuelanos foram detidos pelas autoridades e acusados de transporte ilícito de substâ ncias estupefacientes. Foi a pró pria tripulação que localizou, descarregou e denunciou às autoridades a existência de umas malas que se veio a verificar conterem quase 400 quilogramas de cocaína. O processo envolvia ainda o comandante e a hospedeira da aeronave, que foram libertados em Novembro do mesmo ano.

Segundo noticiou a EFE, José Braz, subdirector do Departamento de Tráfico de Estupefacientes (DCITE), revelou que a droga vinha de Colô mbia e terá chegado a Portugal por via marítima. Acrescentou que um dos detidos, de 58 anos, mantém fortes vínculos familiares na Colô mbia e é considerado pela polícia francesa um dos principais organizadores do transporte de cocaína por via marítima. A operação foi denominada "Courage" e a PJ só precisou que os detidos têm idades compreendidas entre os 22 e os 58 anos e que pertenciam a uma rede internacional.

Primeira vítima portuguesa no Afeganistão

U

m militar português morreu no passado dia 18 de Novembro no Afeganistão e outros três ficaram feridos numa explosão de um artefacto que atingiu uma patrulha formada por dois veículos, que circulavam nos arredores de Cabul. As tropas europeias destacadas no Afeganistão, no â mbito da Missão da OTAN, foram objecto de diversos ataques nas ú ltimas semanas. O ministro português

da Defesa, Luís Amado, informou, numa visita às tropas no Afeganistão, que existia uma grande possibilidade de reduzir o contingente luso, referindo ainda que os soldados permanecerão no país depois de 2006. A explosão ocorreu à passagem da coluna militar com oito soldados portugueses, tendo causado a morte ao primeiro sargento João Paulo Roma Pereira e ferido gravemente o primeiro cabo Horácio da Silva Mourão.


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