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O jornal da comunidade luso-venezuelana
ano 06 - n.º 136- DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL
caracas, 8 De Dezembro De 2005 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL:
0,75
Venezuela ignora eleições Apenas 25% dos eleitores inscritos compareceram nas urnas. O MVR conquistou a maioria absoluta dos mandatos (114) na Assembleia Nacional, deixando os restantes (54) para os outros partidos do oficialismo. Página 3
Elogios e desafios na festa dos 6 anos Referências elogiosas, alguns desafios e a actuação do grupo Shesura marcaram os festejos do CORREIO
“ Alcaldía Mayor” e Turismo aprofundam contactos com Ilha da Madeira Página32
Escola de Português em Guatire começou a ensinar a trinta alunos Página 8
Páginas 10 e 11
André Pita reeleito “ LaVinotinto” pode em eleição inédita jogarnaMadeira Presidente reeleito com uma margem folgada. António Pita registou menos 400 votos.
Contactos entre a FVF e dirigentes portugueses tiveram lugar a semana passada em Caracas
Quim Barreiros actua em Janeiro em três cidades da Venezuela
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2 EDITORIAL
CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
Duas lições
Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez, Noélia de Abreu, Victoria Urdaneta, Yamilem Gonzalez
Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira Preparação Gráfica:
O ú ltimo domingo foi dia de eleições. Por um lado, a Venezuela escolhia o seu novo Parlamento nacional, um acto de suprema importâ ncia por tudo o que representa para o futuro do País. Por outro lado, no Centro Português, em Caracas, os só cios da instituição escolhiam a Junta Directiva para o pró ximo ano. Dois actos de importâ ncia distinta, obviamente. Porque a importâ ncia do primeiro nunca pode ser comparada à do segundo. Mesmo assim, é legítimo estabelecer alguns paralelismos e daí retirar algumas conclusões. As Eleições para a Assembleia Nacional foram praticamente ignoradas pelos eleitores inscritos e a abstenção subiu para níveis impensáveis numa verdadeira de-
mocracia; no Centro Português batia-se recordes, com a afluência de só cios-votantes como nunca se vira antes. No acto eleitoral para o Parlamento da Venezuela, a Oposição desistiu de ir a votos a quatro dias do escrutínio, permitindo que o poder legislativo passe a ser exercido sem o contributo de pontos de vista diferentes. No Centro Português, confrontaramse ideias e estratégias distintas até ao fim, com os só cios a fazerem as suas opções de forma livre e espontâ nea. Repetimos: foram duas eleições incomparáveis. Mas não faz mal nenhum reflectirmos e orgulharmo-nos da capacidade da comunidade, em Caracas, para confrontar ideias e escolher o que considera melhor.
O CARTOOn DA seMAnA
A seMAnA MUITO BOM É sempre muito agradável constatarmos o espírito de solidariedade e o sentido de responsabilidade revelados pela nossa comunidade face às dificuldades por que passa o Lar de Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira. A verdade é que depois da referência, nestas páginas, à relutância em aprovar uma quota especial para ajudar na manutenção daquela instituição, surgiram diversas reacções espontâneas que vão de encontro ao essencial da questão: o lar precisa de ajuda. Não se trata de condenar outras iniciativas, como a tal quota, mas tão simplesmente louvar a capacidade da comunidade para contornar dificuldades, de forma espontânea.
BOM O crescimento de Guatire nos últimos anos tem-se evidenciado em diferentes sectores. A comunidade portuguesa residente na zona tem acompanhado essa evolução. A iniciativa mais recente foi a criação de uma escola de português no Centro Social Cultural Virgem de Fátima de Guatire. Desde há muito tempo que esta ideia vinha a ser moldada mas a falta de professores para as diferentes disciplinas atrasou a abertura. Agora é um facto e esperamos que tenha um bom acolhimento entre os portugueses e venezuelanos residentes em Guatire e que já há muito esperavam que este projecto se tornasse realidade.
João Santos (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Fotografia Paco Garret Distribuição: Enrique Figueroa
Qual é a diferença entre o Marítimo e o Nacional?
O Nacional tem sede e não tem troféus. O Marítimo tem troféus, mas não tem sede…
Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69
MAU De facto, não há bela sem senão. Antes da lição de democracia do último domingo, a campanha relativa ao acto eleitoral no Centro Português, em Caracas, demonstrou uma faceta que definitivamente não acrescenta nada às salutares discussões e luta pelas ideias próprias. Houve atitudes abusivas, acusações gratuitas, insinuações baixas, e métodos de campanha sumamente arrogantes perfeitamente dispensáveis. Já fazem parte do passado, mas não devem ser esquecidas, unicamente para que não se repitam.. Lamentável!
MUITO MAU
E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares
Em cada quadra natalícia nota-se uma certa propensão para a displicência, quando se sabe que a proximidade das festas propicia momentos de maior insegurança, traduzidos em assaltos e em sequestros. Por isso, por forma a chamar a atenção, condena-se desde já a irresponsabilidade de um certo "deixa andar" que pode ter reflexos impensáveis. Sobretudo nesta quadra, reforce-se a atenção e os mecanismos de prevenção, tarefa redobrada que também deve preocupar as forças de segurança, de maneira que as festividades não transformem em tragédia.
Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.
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CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
Venezuela 3
Mancha vermelha no Parlamento Na Venezuela o MVR obteve a maioria absoluta (114 deputados), mas os restantes 53 mandatos também são de partidos afectos ao chavismo Agostinho Silva
asilva@dnoticias.pt
Os primeiros dados oficiais do polémico CNE-Conselho Nacional Eleitoral referem que mais de 11 milhões eleitores inscritos não foram votar, no domingo, para escolher a nova Assembleia Nacional da Venezuela. Quando ainda faltavam escrutinar 10% dos centros de votação, o CNE limitou a abstenção que assolou o chavismo a apenas 75%, contrariando as indicações de toda a Oposição que apontam para valores acima dos 80% de abstencionismo. Os votos dos 2 milhões e 900 mil venezuelanos que foram às urnas “ pintaram” de vermelho a totalidade das bancadas do Parlamento Nacional. Só o MVR-Movimento Quinta Repú blica, o partido mais chavista da Venezuela, obteve 114 mandatos e já detém a maioria absoluta. Mesmo assim, os restantes mandatos foram distribuídos pelos outros partidos da esfera do poder: Pátria para Todos, Partido Comunista, União Popular e Movimento Eleitoral do Povo. Pela primeira vez na histó ria da Venezuela não haverá Oposição na Assembleia Nacional. Tal acontece a um ano das mais importantes eleições – as Presidenciais de Dezembro de 2006 – e obriga todos os partidos oposicionistas a
uma profunda reflexão. A retirada das candidaturas da Acção Democrática, Primeiro Justiça, Projecto Venezuela e COPEI visavam escandalizar o autoritarismo de Hugo Chávez, sobretudo ao nível internacional, mas acabam por ter os efeitos mais nefastos para a democracia venezuelana. « Para mudar o governo de Chávez, primeiro é preciso mudar as direcções dos partidos da Oposição» , opinou ao CORREIO, Carlos Teixeira, ex-candidato da oposição pelo Estado de Vargas. Apesar da vitó ria expressiva e sem precedentes, o oficialismo não tem razões para embandeirar em arco. A ú nica expectativa em torno destas eleições, mesmo antes da retirada da maioria das candidaturas da Oposição, era testar a capacidade de mobilização dos partidos chavistas. E, nesse aspecto, o resultado não poderia ter sido pior: apenas cerca de três milhões, dos 14 milhões de inscritos, foram votar... COMUNIDADE ALHEADA O desfecho das eleições do ú ltimo domingo não causaram nenhum tipo de surpresa entre a expressiva comunidade portuguesa aqui radicada. Tal como se passou com as restantes comunidades estrangeiras, a maioria dos portugueses optou por ficar em casa no domingo. Precaução e muita contenção caracterizam a postura da generalidade dos portugueses. É muito difícil arrancar um comentário à situação política no país. A comunidade prefere continuar o seu trabalho no dia-a-dia, deixando a intervenção política e a especulação sobre os resultados para outros. OBSERVADORES
ATENTOS Contactados pelo CORREIO apó s o fecho das urnas, os três observadores madeirenses da União Europeia foram unâ nimes a destacar a fraca afluência dos eleitores, em simultâ neo com a ausência de quaisquer incidentes. Sérgio Marques, que esteve em Vargas, foi mais longe nos comentários ao adiantar que os deputados europeus iriam fazer dois reparos: um pelo excesso de forças militares junto a centros de voto, outro pela confusão gerada pelo adiamento do fecho das urnas. Emanuel Jardim Fernandes, que esteve em Caracas, constatou que a população viveu o acto eleitoral sem entusiasmo, relegando outros comentários para o relató rio preliminar que a missão de observação da EU iria imitir. Também é preciso reflectir quando os partidos da Oposição tomam as decisões que tomaram, disse. Mais parco em palavras foi Pedro
Teixeira, um dos voluntários a que a União Europeia recorreu. Esteve em Los Teques, onde o madeirense observou várias mesas de voto, relegando também as conclusões da observação para o relató rio preliminar de Silva Peneda, chefe da missão da UE. Também contactado na noite de domingo, Carlos Teixeira, que retirou a sua candidatura pelo Bandera Roja no distrito de Vargas, referiu que a Venezuela acaba de perder a confiança no ú nico ó rgão em que podia confiar (Assembleia Nacional). « A crise política vai agravar-se, o governo está muito arrogante e prepotente. As eleições deveriam ter sido suspensas» , defendeu o ex-candidato madeirense. « Falta legitimidade social e política a este Parlamento» , conclui Teixeira, defendendo agora a antecipação das eleições gerais, a par de uma mudança radical nas direcções dos partidos da Oposição.
Observadores europeus com críticas Relatório preliminar faz recomendações ao CNE, confessa surpresa perante a retirada da Oposição e critica a Comunicação Social venezuelana Agostinho Silva
asilva@dnoticias.pt
A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia concluiu que « amplos sectores da sociedade venezuelana não têm confiança no processo eleitoral nem na independência da autoridade eleitoral» . Ao fim de um mês na Venezuela, os observadores constatam também que a publicação de uma lista informatizada de cidadãos em que se indicam as preferências políticas expressas na recente recolha de assinaturas para o Referendo Revogató rio Presidencial (o chamado “ Programa Maisanta” ) gerou « receios
sobre a eventual violação do segredo de voto» . Como nota positiva, a Missão da UE classifica a eliminação do sistema de recolha de impressões digitais, por parte do CNE-Conselho Nacional de Eleições, como « oportuna, eficaz e construtiva» , já que esse era um dos focos das suspeitas de toda a Oposição. Estas e outras conclusões, com críticas também à desistência dos partidos oposicionistas e ao desempenho dos ó rgãos de comunicação social, foram divulgadas ontem em Caracas numa concorrida conferência de imprensa promovida por Silva Peneda, chefe da Missão da UE. « A campanha eleitoral centrou-se quase exclusivamente na desconfiança no processo eleitoral e na falta de independência do CNE. O debate em torno dos programas políticos dos partidos foi inexistente» , referiu Silva Peneda, apontando o dedo também à imprensa: « Tantos os meios de comunicação do Estado como os privados, mostraram uma ten-
dência favorável a cada um dos principais blocos políticos» . A Missão de Observação europeia, que esteve na Venezuela com cerca de 160 observadores, reservou para os partidos da Oposição a referência mais concludente: « Observámos com surpresa a forma como a maioria dos partidos da Oposição se retiraram quatro dias antes da jornada eleitoral» . Instado a aprofundar essa apreciação, Silva Peneda repetiu apenas: « Surpresa!» . Quanto à forma como decorreu o acto eleitoral, no domingo, o chefe da Missão referiu que « decorreu pacificamente e com uma baixa participação» , com a recontagem manual das votações a revelar « uma alta fiabilidade das máquinas» . Em jeito de conclusão geral, a Missão Europeia considera que « estas eleições não contribuiram para reduzir a divisão da sociedade venezuelana» . Nesse sentido, considera Silva Peneda, o acto eleitoral representou « uma oportunidade perdida» .
Em matéria de recomendações, a Missão de Observação da UE advoga que a Assembleia Nacional deve designar « uma direcção do CNE composta por profissionais de prestígio e independência de áreas distintas e que gozem da confiança de todos os sectores da sociedade venezuelana» . Igualmente, defendem os observadores europeus que deve ser proibido o financiamento dos partidos políticos com dinheiros pú blicos para fins de campanha; e que o sistema de votação electró nica deve ser auditado por uma instituição independente, para além de que o CNE deve pô r em marcha um programa de divulgação cívica para que funcionários eleitorais e eleitores possam familiarizar-se com os procedimentos do voto electró nico. Em Fevereiro de 2006, representantes da Missão de Observação da União Europeia regressam a Caracas para apresentarem o relató rio definitivo do trabalho efectuado pelos cerca de 160 observadores e que custou a mó dica
4 VenezuelA
CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
André Pita reeleito no Centro Português Reacç ã o do candidato derrotado
Lista opositora derrotada por mais de 400 votos, numa eleição sem precendentes Yamilem González
yamilemcorreio@hotmail.com
André Pita volta a ser o presidente do Centro Português, em Caracas, o mais importante clube luso em toda a Venezuela. O acto eleitoral decorreu no domingo, com uma afluência recorde de só cios. Cerca de 900 membros do CP foram votar para eleger o presidente da colectividade para o ano 2006. Com uma vantagem de cerca de 400 votos, André Pita foi reeleito para a presidência do Centro Português, tal como os restantes ó rgãos que concorreram pela "lista um". A Junta Directiva de André Pita obteve um total de 678 votos, a Mesa da Assembleia 629 e o Conselho Fiscal 620 votos. A "lista dois", encabeçada por Antó nio Pita, obteve apenas 271 votos para a Junta Directiva, a Mesa da Assembleia conseguiu 286 e o Conselho Fiscal 297. A soma total dos votos foi de
963, sem contar com 10 votos nulos. Na noite da vitó ria de André Pita, o Salão Nobre do Centro Português contou com a presença de um grande nú mero de só cios que esperavam pela contagem final e divulgação de resultados, tarefas executadas à vista de toda a gente, por forma a assegurar uma total transparência de processos. Algo que decorreu sob a maior tranquilidade. No final da contagem, André Pita dirigiu-se aos presentes para agradecer a confiança inequívoca dos só cios. Com uma humildade de assinalar, pediu desculpas também pelos "erros cometidos". Segundo o presidente reeleito, o "Centro Português voltou a ganhar e vamos fazer o melhor possível para benefício de todos". André Pita anunciou que no pró ximo ano vêm novos projectos e acções de melhoramento das condiçõ-
André Pita foi reeleito de forma clara no Centro Português, em Caracas
es do Centro Português. Aproveitou também a oportunidade para desejar um
Feliz Natal e um ano novo pró spero para todos os só cios da colectividade.
Reagindo ao resultado das eleições, António Pita assinalou que "o processo de votação esteve bem, mas a campanha não foi a mais idónea, pois foi um pouco "suja"". As suas declarações resultam da retirada da propaganda política e dos comentários emitidos pelas pessoas que apoiavam André Pita, que os apelidaram de "chavistas". "Os seguidores da lista 1 acusaram-nos de nos querermos apoderar do Centro Português", comentou Pita. Mesmo assim, criticou que no centro está a reflectir-se a situação de polarização que impera no país ao nível interno. Pita, que obteve 217 votos, expressou a sua insatisfação porque nas mesas da Assembleia foi-lhe negada a possibilidade de aceder às listas dos sócios e, da mesma forma, afirmou que o CP perdeu "por não ter encarregues de campanha que pudessem criar e não destruir". Contudo, felicitou o novo presidente e apontou que é um "bom gerente" e que, para além do mais, tem feito um "grande trabalho". Da mesma forma, sublinhou que a vitória a teve o Centro Português pelo importante número de pessoas que acudiram às urnas de votação. Contudo, disse que é preciso renovação dentro do clube e dar oportunidade às novas gerações de relevo, aos mais jovens.
Recenseamento electró nico já disponível O
recenseamento eleitoral dos emigrantes portugueses começou a ser feito electronicamente na semana passada, numa tentativa de promover a inscrição nos cadernos eleitorais desses cidadãos, anunciou o secretário de Estado das Comunidades. "Criámos um mecanismo informático que, salvo nos casos em que a pessoa diga que não se quer inscrever no recenseamento, inscreve-a através de uma pergunta que lhe é dirigida pelo funcionário", quando for tratar de qualquer assunto ao consulado, explicou Antó nio Braga. O titular da pasta da Emigração disse ainda que essa pergunta é "obrigatoriamente" feita pelo funcionário consular,
Os emigrantes portugueses são a partir de agora automaticamente recenseados uma vez que o mecanismo consular "não deixa encerrar nenhum acto consular sem se responder a essa pergunta". Antó nio Braga falava depois de ter sido divulgado um requerimento dos deputados do PSD pela Emigração, José Cesário e Carlos Gonçalves, criticando a forma como os responsáveis consulares têm promovido o recenseamento eleitoral dos emigrantes. Para os deputados social-democratas, "as intenções anunciadas pelo Governo (nesta matéria) são correctíssimas, mas é
inequívoco que não têm tido sequência por parte da generalidade dos responsáveis consulares". Por isso, pediam explicações ao Governo sobre as orientações que foram dadas nos postos consulares "no sentido de ser atribuída absoluta prioridade ao fomento do recenseamento eleitoral" e sobre as acções de promoção do recenseamento que se encontram previstas. Em declarações aos jornalistas, Antó nio Braga lamentou na semana passada que aqueles deputados, ambos ex-secretários
de Estado das Comunidades, venham agora lançar críticas ao recenseamento eleitoral. "Lamento que só agora os senhores deputados do PSD se recordem disto. Ainda recentemente estiveram no Governo e nunca fizeram nada para incrementar o recenseamento eleitoral", afirmou o titular da pasta da Emigração. De acordo com Antó nio Braga, a inscrição electró nica "vai fazer com que seja mais fácil recensear do que fazer o contrário, porque é mais complexa a operação de não recenseamento". "É o máximo que podemos fazer, uma vez que o recenseamento não é obrigató rio" no estrangeiro, acrescentou.
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6 VENEzuEla
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Embaixatriz visita lar pela primeira vez Cinco idosos passaram a fazer parte da grande famí lia do Lar de Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira Yamilem Gonzalez
Nasce "Orgulho da Nossa Terra"
N
a passada sexta-feira 25 de Novembro, a Embaixatriz de Portugal na Venezuela, Maria Alice Arsénio, visitou pela primeira vez o Lar de Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira. Fez-se acompanhar da mulher do cô nsul de Portugal em Caracas e ambas prepararam um lanche para todos os velhinhos, oferecendo-lhes companhia por algum tempo. A embaixatriz comentou-nos que estava muito impressionada com a limpeza que encontrou no lar, assim como uma excelente organização e beleza. Encontrou-o tão bem
Trinidad Macedo
E que o comparou com um hotel de cinco estrelas. Além do mais, destacou que é fácil observar que neste local se oferece muito carinho e compreensão a cada um deles, o que os faz viver com alguma felicidade. "Esta é uma obra muito bonita e cada um de nó s devíamos colaborar
com este lar. Por parte da Embaixada, vamos oferecer o apoio e a ajuda que esteja ao nosso alcance", disse Maria Alice Arsénio. Esta semana, cinco novos idosos ingressaram no Lar de Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira, sendo que agora são 45 os residentes que fazem parte da "família".
m Yaracuy, mais propriamente na comunidade de San Pablo, nasce um novo grupo folcló rico português que tem como nome "Orgulho da Nossa Terra". Surgiu a 14 de Julho de 2004, a cargo da fundação Nossa Senhora de Fátima, sob a direcção de Constantino Freire, Paulo Capela, João Campolargo, José Fernandes. Este grupo de emigrantes com o objectivo de criar um grupo reuniu uma certa quantidade de jovens lusodescendentes e venezuelanos desta região para representar as raízes e os costumes de Portugal. As festas em honra de Nossa Senhora de Fátima são muito famosas na população de San Pablo porque reú nem e confundem entre si portugueses e venezuelanos por uma mesma cau-
sa: saudar a virgem e partilhar com os amigos. Os primeiros a apoiar esta ideia foram os representantes oficiais do município Veroes. A sua primeira apresentação em pú blico foi na festa de Nossa Senhora de Fátima, realizada em Maio deste ano no Centro Atlâ ntico Madeira Club, convidados pela direcção do mesmo. O vestuário que usam os membros do grupo foi confeccionado em Barquisimeto e é uma fantasia do traje típico do Sítio de Água de Pena, freguesia do concelho de Machico, Madeira. "Orgulho da Nossa Terra" é constituído por dez mú sicos e vinte dançarinos, todos eles oscilam entre os dez e os 57 anos de idade. Apesar de criados há pouco tempo, já têm um leque de apresentações que se realizam a título privado e em festas de empresas.
Centro Portugues de Caracas PROGRAMA DO MES DE DEZEMBRO 2005 Domingo 11 Tomada de Posse dos Órgãos Sociais Lugar: Salão Nobre Hora: 17.00 Sexta-Feira 17 Das 16.00 às 22.00 Bazar de Natal Sabado 18 e Domingo 19 Das 11.00 às 22.00 Sabado 31 Festa do Fim do Ano Lugar: Salão Nobre (Noite de S. Silvestre)Hora: 22.00
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VEnEzUEla 7
União Europeia doa 55 milhões de euros a Vargas pessoas, muitas deles de origem europeia, perderam os seus imó veis e negó cios, deabreujean@yahoo.com enquanto que muitos outros morreram. À conta desta tragédia, centenas de portueurodeputado madeirense gueses não conseguiram reerguer-se e Sérgio Marques, reuniu-se na com o passar do tempo e devido à situação passada segunda-feira com o na Venezuela, tornou-se difícil que estes gerente-geral da CORPO- emigrantes voltassem a conquistar tudo VARGAS, Engenheiro Carlos Medina, aquilo que conseguiram durante anos. para conversar sobre a doação de 55 mil"Reuni-me com vários portugueses hões de euros, que serão entregues pela que vivem em La Guaira há anos. CoUnião Europeia para a reconstrução e aju- mentaram que a situação é problemátida aos emigrantes que vivem no Estado. ca porque não receberam a ajuda necesO eurodeputado comentou que o din- sária", declarou o eurodeputado. Sérgio heiro será destinado à ajuda das pessoas Marques espera que as dificuldades por que necessitem e entregue às empresas que passam estes emigrantes sejam suconstrutoras "uma vez terminada a obra". peradas em dois anos. Sérgio Marques afirmou que espera A negociação será realizada directaque o trabalho social e de recuperação, mente entre a União Europeia e as emque será realizado em Vargas com apoio presas que contribuirão na reconstrução econó mico dado pela União Europeia, do Estado. Ainda assim, sublinhou que a termine com êxito em dois anos e que CORPOCARGAS servirá de intermecada emigrante português ou de outra diária mas não manejará o dinheiro de nacionalidade possam viver dignamen- forma alguma, adiantando que à medida te. que os trabalhos sejam concluídos, os paEm 1999, o Estado de Vargas sofreu gamentos serão realizados. uma enxurrada, com a qual milhões de Jean Carlos De Abreu
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Guatire já tem escola de português Yamilem González
yamilemcorreio@hotmail.com
David Pinho, que tem sido responsável, por vários anos, pela divulgação da língua portuguesa na Venezuela, está a fazer um projecto de aula no Centro Social Virgem de Fátima de Guatire. Isto apesar de todos os impedimentos que encontrou pela frente, como o limitado espaço do centro e escassez de professores. Contudo, a procura de pessoas interessadas em frequentarem o curso superou as expectativas. Com grande dedicação, conseguiram arranjar uma professora graduada da Universidade Jacqueline Rufino, que é a responsável por leccionar as aulas de português nesta zona. A 1 de Novembro, iniciou-se o primeiro curso no Centro Social de Guatire, que é bastante dinâ mico e conta com muita participação por parte dos só cios. Actualmente, é constituído por trinta pessoas, a maioria profissionais interessados em aprender a língua, essencialmente pessoas provenientes da zona de Guarenas e Guatire. As aulas decorrem às quartas-feiras, das sete às nove da noite e, segundo Pinho, já não há capacidade para acolher mais pessoas para o primeiro ano do curso. "Se continua a procura, faremos mais
um curso em Fevereiro. As pessoas desta zona devem estar satisfeitas com o que estamos a fazer, pois para nó s é um grande esforço. Mas vamos continuar com este projecto porque tem sido realmente produtivo e satisfató rio". Este ano, a língua portuguesa atingiu o seu auge tanto em San Bernardino como no Centro Português e em Guatire. Da mesma forma, registou-se um incremento de pessoas venezuelanas no estudo da língua. No Centro Português de Caracas, vai encetar-se uma nova iniciativa que é o português virtual, onde os estudantes poderão investigar através de uma página web toda a informação referente à gramática e à cultura portuguesa. Para levar a cabo este projecto, espera-se a chegada dos computadores, que serão colocados na biblioteca. O programa tem mudado porque têm um novo sistema de livros de gramática e de exercícios a preços mais acessíveis e um formato de CD e de vídeo de Hermano Saraiva onde se mostra a cultura portuguesa em toda a sua extensão. Por outro lado, David Pinho deixou um agradecimento ao CORREIO, pelo grande contributo que tem dado no que se refere à divulgação da língua portuguesa.
Em Portugal Continental há 313 venezuelanos recenseados Apenas 313 dos mais de três mil venezuelanos residentes em Portugal Continental estão recenseados disse à Agência Lusa a cô nsul venezuelana em Lisboa, Ana Isabel Durâ n. Esse nú mero não abrange os imigrantes venezuelanos residentes na Ilha da Madeira, cujos dados são divulgados pelo Consulado da Venezuela no Funchal, sublinhou a responsável. Em Portugal Continental, o recenseamento eleitoral dos venezuelanos realiza-se apenas no consulado da Venezuela em Lisboa. Com base em experiências anteriores, Ana Isabel Durâ n afirma que a comunidade venezuelana "interessa-se muito" pela vida política do seu país e "costuma aderir à votação, apesar de não ser a totalidade dos imigrantes a fazê-lo". De acordo com dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), residem em Portugal 3.595 venezuelanos
entre titulares de autorização de residência (3.470) e titulares de autorização de permanência (125). Os imigrantes venezuelanos concentram-se maioritariamente no distrito de Aveiro (1.620) e na Ilha da Madeira (527), sendo uma das maiores comunidades estrangeiras residentes naquele arquipélago.
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CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
Festa grandiosa em Caracas Embaixador de Portugal distingue o CORREIO da Venezuela entre toda a imprensa das comunidades. Paulo Fontes (ALM) deixou mensagem de incentivo Agostinho Silva
asilva@dnoticias.pt
O embaixador de Portugal em Caracas, José Arsénio, distinguiu o « notável progresso qualitativo» do semanário CORREIO da Venezuela, considerando que a sua estruturação e planeamento o colocam num lugar de destaque entre toda a imprensa que serve as comunidades portuguesas. O diplomata falava quinta-feira passada no Centro Português, em Caracas, que se apresentou com um requinte especial para receber os cerca de mil convidados do sexto aniversário do CORREIO da Venezuela, o jornal que é dirigido pelo incansável Aleixo Vieira. Numa festa impecavelmente organizada e plena de animação, os convidados foram brindados com uma projecção multimédia de Noélia de Abreu e Jorge Fuenmayor, que mostrou como é concebido o jornal desde o seu planeamento à distribuição. A apresentação coube aos jovens luso-descendentes Marisol Rodriguez e Carlos Orellana, que garantiram um espectáculo ritmado e com muita boa disposição. A decoração de Carlos Rodrigues e os expositores dos maiores anunciantes do jornal engalanaram o principal salão do Centro Português que, uma vez mais, acolheu a festa do CORREIO. O encerramento coube ao promissor grupo musical luso-venezuelano “ Shesura” , que brindou os presentes com uma actuação espantosa.
ano o convidado de honra foi Paulo Fontes, que se deslocou a Caracas em representação da Assembleia Legislativa da Madeira. Presentes estiveram também o representante da Câ mara Municipal do Funchal, Rui Abreu, o administrador do Grupo Lusomundo, José Marquitos, bem como os presidentes da Associação de Futebol da Madeira e do Clube Desportivo Nacional, respectivamente Rui Marote e Rui Alves. No seu discurso, o vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira destacou o « trabalho excelente» do CORREIO em prol de toda a comunidade que « luta e participa no crescimento deste grande país» . Uma tarefa perfeitamente adequada a este novo século, que Paulo Fontes classificou como o da “ comunicação e da informação” . Depois elogiou a coragem e a iniciativa dos portugueses que emigraram e que hoje honram o nome de Portugal, no que são seguidos já pelas segundas gerações. « Também em Portugal, e em particular na
Madeira, fomos capazes de evoluir» , destacou Fontes, revelando depois os benefícios advindos da autonomia política e das ajudas da União Europeia que catapultaram a Madeira para « uma das Regiões mais ricas da UE» . EMBAIXADOR DISTINGUE EQUIPA DO CORREIO José Arsénio atribuiria ao projecto jornalístico aniversariante um « lugar de inquestionável destaque» entre a imprensa que serve as várias comunidades lusas no mundo. « A forma como o CORREIO faz jornalismo, que não é amadora nem displicente como se vê em muitos jornais de outras comunidades, evidencia o seu planeamento e estruturação» , disse, elogiando depois toda a equipa que semanalmente edita esta publicação. « Tenho vindo a verificar um notável progresso qualitativo» , salientou o diplomata que chegou a Caracas no mes-
PAULO FONTES CONVIDADO DE HONRA Como já vem sendo habitual em cada aniversário do CORREIO, de Portugal vieram alguns convidados especiais. Este
A equipa do CORREIO foi homenageada na noite do Aniversário.
mo mês deste ano (Maio) em que o CORREIO passou a ter uma edição regular todas as semanas. Arsénio aludiu depois à coincidência de festejos nesta quintafeira, Dia da Restauração da Independência de Portugal, associando o termo “ ardor” a ambas as efemérides. O diplomata faria também diversas referências elogiosas ao DIÁRIO de Notícias da Madeira e ao seu administrador José Bettencourt da Câ mara, que deram o impulso definitivo e consistente a este semanário da comunidade. O CORREIO da Venezuela sai todas as quintas-feiras em Caracas. Os seus 12 mil exemplares são distribuídos nas principais cidades venezuelanas, onde vivem portugueses. É distribuído também na Madeira, em cada fim-de-semana. Para além da edição em português, a mesma equipa do CORREIO edita um suplemento regular, em espanhol, no jornal El Nacional, um dos maiores da Venezuela.
CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
Venezuela 11
noite de elogios e felicitações A comemoração do sexto aniversário do CORREIO da Venezuela foi distinguida com a presença de diversas individualidades, algumas vindas de Portugal. Foi uma noite repleta de elogios. Rui Abreu, em representação da Câ mara Municipal do Funchal, justificou a ausência do presidente Miguel Albuquerque e felicitou o CORREIO, o seu director e seus jornalistas e colaboradores. « Este é um projecto só lido. Representa um elo de ligação para a comunidade portuguesa radicada na Venezuela» , disse, acrescentando que também através deste jornal se pode ver como a comunidade portuguesa se integrou aqui, como influencia este país e como continua a orgulhar Portugal.
André Pita, em nome do Centro Português, disse que agora o desafio é continuar a crescer com profissionalismo e sentido de responsabilidade. “ Essa responsabilidade vem de mão dada com a imparcialidade e objectividade» , disse, convicto que esta combinação básica « faz um meio de comunicação social sério e respeitado e traduz-se na fidelidade e confiança dos leitores e anunciantes» . André Pita revelou também não ter dú vida que a equipa do CORREIO saberá estar à altura dos compromissos com a comunidade portuguesa e luso-descendentes. José Bettencourt da Câ mara, administrador da Empresa Diário de Notícias, parceiro do CORREIO, destacou o « este ano especial» na vida do nosso jornal, com
a passagem a semanário e a mudança do nome, que agora abarca toda a Venezuela. « A responsabilidade aumentou, mas esta equipa pode perfeitamente com esse desafio» , disse, sem esquecer uma referência especial às autoridades, designadamente o Embaixador de Portugal « pelas suas críticas construtivas com que tem ajudado» a equipa dirigida por Aleixo Vieira. De regresso a Caracas, o administrador da Lusomundo, o maior grupo português de comunicação social, José Marquitos ressaltou o orgulho em participar indirectamente no CORREIO da Venezuela. « Estaremos sempre disponíveis para apoiar este projecto» , prometeu, antes de destacar a passagem a semanário e a inclusão de um suplemento regular no jornal
El Nacional. Finalmente, o historiador e colaborador do CORREIO, Antó nio de Abreu, destacou o entusiasmo que empresta, desde 2003, à criação do Museu Histó rico do Emigrante Português na Venezuela. Antó nio Abreu mostrou-se preocupado pelo facto de não haver arquivos de documentação, de fotos e de outras coisas, que deverão ser protegidas num museu que « recupere a histó ria dos nossos pais e dos nossos antepassados» . Aos jovens deixou o desafio de « gravar as histó rias e ajudar a escrever a histó ria» dos seus pais. « Esse é o desafio do CORREIO, com a minha máxima colaboração. Esse é o desafio» , concluiu Antó nio de Abreu.
leitores Odí lia de Barros
"Conheço o jornal há cerca de dois anos. Às vezes parece que tem mais publicidade do que notícias e as pessoas querem mais informação. Mas, de qualquer forma, em termos gerais está bastante bom. Seria interessante que no jornal se pudessem integrar as vivências das pessoas portuguesas, desde que chegaram até agora. O CORREIO tem conseguido comunicar com os portugueses e os madeirenses que residem no país porque sai também na Madeira. Acho que deve é melhorar os seus conteú dos e, quem sabe, ter mais páginas".
Fernando Jardim
"Parece-me que o jornal é uma alternativa de leitura para conhecer o que acontece com a comunidade lusodescendente e luso-venezuelana. É muito bom para conhecer o nosso pró prio mundo e as nossas raízes. Acho que o seu ponto fraco está na distribuição. Tem muitos temas interessantes e, por isso, o seu ponto alto é o empenho e o trabalho que tem feito para o seu pró prio crescimento e da informação que conduz. Estão a crescer. Continuem a trabalhar que estão a fazer um excelente trabalho".
FELIPE PEREIRA TRADUTOR OFICIAL l Traduções l Obtenção
"Conheço o jornal há uns seis anos. Penso que no início as debilidades se deviam à falta de distribuição, pois não chegavam ao mercado que o procurava. E ainda hoje o CORREIO não chega a muitas pessoas que gostariam de comprá-lo. O que lhe faz falta é estar em mais pontos de distribuição. Pareceme um jornal excelente. Nó s, lusodescendentes, queremos ter esta ligação com as nossas raízes. Isto é algo muito importante porque uma pessoa não fica a saber das notícias de Portugal se não for assim. Devia ter mais tiragens, pois mercado tem".
Dalila Dí az
"Conheço o jornal há uns dois anos. Acho que gostava que este ó rgão de comunicação social saísse mais a miú do. Às vezes temos problemas porque não o conseguimos encontrar nos quiosques. Tudo o resta está excelente. Gosto muito das entrevistas e de me manter em contacto com Portugal. Na verdade, estou muito contente com o trabalho que têm feito e dou-vos â nimo para que continuem a trabalhar, pois estão as fazer as coisas bem."
COSTA
PORTUGUÊS - ADVOGADO
em Geral.
de certidões de Nascimento em Portugal.
l Escritórios
em Portugal (Revisões de Sentenças de Divorcio e Heranças, etc)
l Obtenção
de Assentos de Nascimentos, Casamento, ou de Óbito, na Venezuela.
l
Joel Freitas
DE
DA
Aquisição da Nacionalidade (os seus pormenores)
l Legalizações
perante os Registos Principais, Ministérios correspondentes, Colégio de Médicos, assim como outros organismos competentes.
l Outros
assuntos, favor consultar.
Horário: 8:00 a.m. - 1:00 p.m. Segunda Avenida de Campo Alegre, Edifício Credival, (ao lado do Consulado Geral de Portugal), Piso 7, Ofic. 104, Chacao, Caracas, Venezuela.
e-mail:felipepereira@cantv.net Telefone: (212) 267-60-51
263-69-77 Telemóvel:(0414) 235-97-06
12 HISTÓRIA DE VIDA
CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
Bom serviço, mal servido pais e de um irmão na Madeira. Deixei também três irmãs. Uma mensagem deiEl Cuji, Estado Lara. xou clara: o álcool é preciso saber bebê-lo. heguei à Venezuela quando to- Trabalhei sempre em bares, mas nunca fui da a gente estava em festa, me- um bebedor. nos os portugueses. Cheguei a A minha primeira visita à Madeira foi La Guaira a 23 de Dezembro em 1965, em Janeiro de 1966 já estava cade 1957 e à minha espera estava apenas o sado. As minhas duas filhas, eduquei-as meu irmão. No Natal não havia dias para até ao sexto ano. Se quisessem continuar a descansar, nem muito menos para tirar al- estudar tinha que levá-las e trazê-las, pois gumas horas. Mas foi assim desta vez. Foi não queria deixá-las só s. Mas a verdade é uma só pessoa buscar-me. que não podia fazê-lo por causa do trabalVim no barco "Auriga", com uma carte ho. Nunca saíam sem a mãe. Ela queria que de chamada feita pelo meu irmão e entrei aprendessem a fazer qualquer coisa. Uma como temporário. A viagem, fiquei a devê- está casada, deu-me dois netos; a outra é la aos meus pais. Depois paguei-a. Como solteira, vive com eles. A mulher deve perera barata, consegui pagá-la pouco tem- manecer em casa e o homem trabalhar papo depois de estar cá. Poupava muito e, ra mantê-la. por isso, foi rápido no pagamento. Não é Medito numa espada preta, mas comida como agora, que só de pô r os pés na rua na Madeira. Fresca, comprada na praça. já se gasta um dinheirão. A daqui, que chega congelada, não sabe a Subi directamente para o porto Alta- nada. Gosto de milho, caldeirada, um bom vista, onde fiquei três meses. Também es- prato de milho com espada frita e molho. tive um mês em Sarría, a experimentar Mas quem tem fome como de tudo e se uma pequena mercearia que tencionava não há dinheiro há pelo menos sacrifícios. comprar. Estava ao fundo de uma rua sem Lembro-me que recebi uma malha porque saída, era um espaço pobre e isolado. Para colmatar, o bairro era mau. Eu era audaz não gostava de pimpinela, nem da "auyamas bastou-me a impressão de ver um "pai- ma" tenra com manteiga nem do nabo. Sinto um pouco na pele o desprezo pesano" para sair dai… Tinha levado uma los emigrantes, em especial nos problepancada na cabeça e levado quinze pontos. mas de heranças. A família, em Merida, Também não gostei o carácter do só cio. opina que se estou na Venezuela por lá Depois, fui para o Bar Lisboa, na Avenada me faz falta. O "embarcado" já não nida España de Catia. Estive ali uns vinte tem nada. Não reconhecem o facto de ter anos. Primeiro, dez meses como empregaajudado com remessas, ter feito trabalho do, depois deram-me sociedade. Na Rua de pátria erguendo uma família e um país. Bolívar, tinha comprado um "ranchito" em Se pudesse, regressava para Portugal. frente da Farmácia La Fé. Lamento tê-lo Nã o recebo ajuda do Estado português. vendido. Vi todo o desenvolvimento de Nã o me reconheceram nenhum dos meus Catia, nessa altura havia muitos portutrês anos de serviço militar na Í ndia, dois gueses naquela zona. em Diu e um em Goa. Informaram-me A preocupação pela minha família trouxe-me até Barquisimeto, onde já estou a que não tenho direito a nenhum benefí27 anos. Procurava refú gio e bem-estar cio. Em contrapartida, aos que estiveram para os meus porque não se deve abando- em África lhes estão a dar tudo. Já cheguei nar o amor pelos seus, sejam pai, irmãos a pesar 14 quilos… passava fome. De nada ou filhos. Não assisti ao funeral dos meus serviu passar pelo que eu já passei. Alfredo Gomes Bravio
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Quim Barreiros actua na Venezuela Liliana da Silva
Lilianadasilva19@hotmail.com
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grupo folcló rico "Os Lusíadas" vai trazer à Venezuela, no pró ximo mês de Janeiro, o internacional cantor de mú sica popular portuguesa, Quim Barreiros. Durante a sua estadia no país, Quim Barreiros vai apresentar as suas mú sicas com letras picantes num espectáculo onde vão também cantar a fadista Liliana Farias, Reinaldo Rey e uma surpresa musical que não quis ser revelada pelos organizadores do concerto. A comunidade portuguesa vai poder desfrutar este cantor com mais de trinta anos de carreira artística em três concertos que se realizaram nos seguintes sítios: o primeiro deles, a 27 de Janeiro no Salão Nobre do Centro
Um dos cantores de música popular mais famosos em Portugal chega em Janeiro para se apresentar em Caracas, Maracay e Los Teques Português de Caracas, a 28 de Janeiro na Casa Portuguesa de Maracay e o ú ltimo, no Centro Comercial La Casona, em Los Teques, a 29 de Janeiro. O preço das entradas é de 70 mil bolívares por pessoa e poderão ser adquiridas através dos membros do Grupo Folcló rico "Os Lusíadas" ou nas portas dos salões no dia do concerto. Os fundos que se conseguiram angariar nestes três eventos, uma vez sufragados os gastos que implica trazer um cantor deste nível à Venezuela, vão ser destinados a terminar de pagar uma das
recentes aquisições do grupo folcló rico "Os Lusíadas", uns trajes típicos da ilha da Madeira com os quais os jovens aspiram participar nos pró ximos festivais folcló ricos madeirenses, representando assim o folclore da ilha da Madeira, com os trajes originais. Quim Barreiros iniciou a sua carreira musical há mais de trinta anos, acompanhando a sua voz com a gaita, um instrumento que posteriormente mudou pelo acordeão. Os seus inícios foram em bailes em pequenos povos e em actuações com grupos folcló ricos. Durante estas pequenas apresentações, Barreiros começou a cativar com a sua mú sica e o sentido de humor que estas contêm atraiu multidões, chegando mesmo a converter-se no que é hoje: um dos máximos representantes da mú sica tradicional portuguesa no Mundo.
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"A pró pria língua tem sido a minha inspiração" Javier Carrillo é venezuelano mas está a formar-se para ser intérprete de português em 2006 Arelys Gonçalves
mentando até eu ficar apaixonado por esta maravilhosa língua. Eu sempre gostei do inglês e essa era uma das possiavier Carrillo é um jovem bilidades, mas, por acaso, numa reunião "venezuelaníssimo", como ele com uns amigos ouvi um deles falar em mesmo define sua identida- português e foi então que pensei estudáde, que não consegue escon- lo, mas eu não fazia ideia que na Unider sua grande admiração pela língua versidade Central podia aprendê-lo coportuguesa, uma paixão que o fez deixar mo carreira. Foi um deles que me deu a de lado o seu trabalho numa agência informação e assim acabei nesta escobancária e o seu interesse pela engen- la. Antes disso, eu tive alguns tropeços, haria. E fê-lo mesmo regressar às salas tentei estudar administração, engenhada universidade. ria civil e muitas coisas mais. Agora esEsse empenho tem convertido um ta é uma nova etapa e estou a adquirir sonho num objectivo muito preciso: o experiência na área da interpretação. diploma de interpretação e tradução. Carregado de um especial positivismo peO que é o que mais gosta desta la sua nova profissão, confessa não ter profissão? tido antes relação nenhuma com a culParticularmente, da língua o que tura ou com os costumes lusos. mais gosto é aquela musicalidade que Ao contrário de muitos filhos de tem, para além das oportunidades de portugueses que, levados pela proximi- trabalho que ela me oferece. No plano dade cultural e familiar, decidem apren- do trabalho interpretativo, acho que der a língua dos pais, no seu caso, "a tem muito valor porque com certeza pró pria língua tem sido a minha prin- nó s os tradutores e intérpretes somos cipal motivação", disse-nos. uma ponte ou uma via de comunicação Mas ele não é um caso particular. Na entre povos que precisam de se comuuniversidade, cada vez são mais os es- nicar. tudantes venezuelanos que elegem a combinação de português e que vêem Pelo parecido entre as duas línnela uma verdadeira possibilidade pa- guas, chega a confundir o português e ra o trabalho e para a vida em geral. o espanhol? "Na verdade, até não são muitos os filhos No início, não foi fácil. Para mim, o de portugueses os que frequentam as português e o espanhol são como duas nossas aulas", referiu. variações de uma mesma cor: ainda que Para ele, o estudo tem sido uma ex- muito parecidas, não são iguais. Têm maperiência enriquecedora que até lhe tizes, pequenas variações, características tem permitido conhecer melhor a pró - pró prias que as fazem ú nicas. Isto não pria língua e desmontar o mito que ain- acontece com o inglês, por exemplo, da existe para alguns de que o espan- que se pode comparar com o português hol e o português são quase a mesma ou com o espanhol como o branco e o coisa e que, por isso, não vale a pena de- preto, pois são muito diferentes. dicar cinco anos de uma vida para aprendê-lo. Lembra-se de algum "falso amigo" Mas a sua experiência permitiu-lhe entre as duas línguas? provar precisamente o contrario: "aqueHá muitos... Nunca mais acabava. É las pessoas que pensam assim não fazem muito engraçado. E até a palavra "ena mínima ideia do que estão a dizer. Não graçado" é um falso amigo, poisem estêm respeito nem pela língua deles nem panhol uma coisa "engrasada" (escrito pelo português. Por isso, só levamos em espanhol) quer dizer que está cheia em conta quem tem a delicadeza de de algum lubrificante. Para os portuapreciar a beleza de ambas". gueses, a palavra é simplesmente algo có mico. Como foi que decidiu estudar porAgora vem-me à cabeça a palavra tuguês? "cena", por exemplo, que em espanhol é Na verdade, escolhi o Português a comida que fazemos à noite, mas em num momento em que desisti do Ale- português quer dizer o que nos conhemão. Achei muito difícil aprender ale- cemos como "escena", de teatro ou de mão e inglês ao mesmo tempo. No que um filme. A mesma histó ria acontece respeita ás motivações, elas foram au- com palavras como aceitar, acordar, baarelyscorreio@hotmail.com
J
Javier Carrillo (em baixo), juntamanete a colegas que também brevemente vão ser intérpretes de português-espanhol.
rata, bengala, cana, doce e até borracha. Cada uma delas se escreve da mesma maneira, ou quase, mas na verdade não têm significados iguais, nem parecidos! O português tem tantos sotaques diferentes, qual é o preferido pelos estudantes? Na verdade, o estudante tem de fazer uma escolha e talvez a maioria se inclinasse pelo sotaque brasileiro porque nos ú ltimos anos da carreira a maioria dos professores é do Brasil. Mas se o aluno prefere o de Portugal e fala correctamente, não terá problemas com isso. O português é uma língua concorrencial ou está a perder o interesse? Esta é uma pergunta maliciosa. Não é? Como é que se pode pensar por um momento que o português não seja tão concorrencial como qualquer outra língua do Mundo? Perde o interesse? Acho que não. Pelo contrário, aqui na Venezuela é cada vez mais importante e todos os dias aumenta o nú mero de pessoas que a querem aprender. Para o jovem, uma ilustração do valor da língua é a importâ ncia que Portugal e o Brasil têm dado à escola. "Imagina que até o embaixador de Portugal veio conhecer o que a escola faz no ensino da língua. Também me lembro que uma vez veio um director de cinema brasileiro e falou com os alunos. Isso foi ó ptimo. Para ele, também é muito importante o papel das associações lu-
só fonas, como o Centro Português de Caracas e o Instituto Português de Cultura que realizam frequentemente eventos de promoção da língua conjuntamente com a unidade de extensão de português da UCV", disse. Antes da universidade, a vida de Javier Carrillo era uma rotina como a de muita gente, pois trabalhava num banco todo o dia. Depois de todos estes anos de esforço e muitas horas de dedicação, ele espera com anseio que aquilo que tem semeado dê frutos o mais rápido possível. No pró ximo ano, ele e os seus outros oito colegas vão receber o seu diploma das mãos do reitor da universidade. "As pró ximas promoções são em Janeiro, mas eu ainda tenho que acabar o meu estágio e fiquei para Junho de 2006", explica. Estes jovens não estão muito longe de serem os primeiros tradutores e intérpretes em língua portuguesa produzidos pela UCV. Foi só a partir de 1994 que a Escola de Idiomas Modernos deu início ao funcionamento do Departamento de Português, criado graças à assinatura de um convénio entre o Instituto Camões (Ministério dos Negó cios Estrangeiros de Portugal) e a universidade. E depois do diploma? Aqui, na Venezuela, pela proximidade com o Brasil, são muitas as oportunidades de trabalho que temos. É claro que, se eu tivesse a oportunidade de sair do país, a aproveitaria...
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CULTURA 15
Dois lusodescendentes com futuro no desenho de modas Yamilem González Ramó n Valentino Macedo e Elizabeth da Cunha, estudantes do quinto semestre de Desenho de Modas no Instituto Monseñor de Talabera, em Caracas. No passdo dia 1 de Dezembro, participaram numa exposição no Museu de Transporte, onde reflectiram através dos seus trajes o estilo Gó tico e Renascentista. Os dois jovens trabalharam três meses na elaboração dos vestidos, ou seja, desde o começo do semestre, pondo muito empenho e esforço nas criações. Ramó n Macedo baseou o seu traje na época Mariana da Áustria e Elizabeth da Cunha na época das Cruzadas. Am-
bos pertencem ao grupo de sete pessoas que integram a cátedra Histó ria da Moda e que também participaram com outras criações na referida mostra. Da mesma forma alunos de outros semestres do mesmo instituto representaram de uma forma diferente a moda, com - entre outras coisas - um desfile ao estilo cinético do artista Jesú s Soto. Macedo acrescentou que a moda sempre foi uma grande inquietude para ele e, embora não exerça a carreira, está satisfeito com o que tem feito até agora e, sobretudo, com o desempenho desta apresentação. Ele espera no futuro converter-se num grande desenhador venezuelano e representante da moda no país.
Cristó vão Colombo Português? Noélia de Abreu
noeliadeabreu@gmail.com
'O
Codex 632' (Có digo 632) é o nome desta obra literária que se baseia em documentos reais e que demonstram, através de mú ltiplos registos histó ricos, que Cristó vão Colombo, descobridor da América, não era de origem genovesa nem um humilde trabalhador. O autor luso explica que, apesar de o romance ser baseado em factos
O romance de cariz histórico do jornalista e escritor luso José Rodrigues dos Santos argumenta a tese de que Colombo era português e não genovês histó ricos, tendo a sua investigação sido fundamentada em blibliotecas, como a de Lisboa, preferiu contar a histó ria através da ficção, já que é muito menos maçador e até permite determinadas especulações. Para conseguir ilustrar da melhor forma possível o resultado da
sua descoberta junto dos leitores, José Rodrigues dos Santos explica que Colombo se casou com uma portuguesa da alta nobreza, Filipa Moniz Perestrelo. Lembra que está demonstrado que naquela época nenhum plebeu casava com alguém da nobreza, justificando
esta análise com livros como "A Língua de Cristó vão Colombo", do espanhol Ramó n Menéndez Pidal. Outro dos factos que levam a concluir estas ideias são as cartas que Colombo dirige aos seus amigos genoveses. Não escreve em toscano nem tão pouco em genovês, mas sim numa mistura de castelhano e português. José Rodrigues dos Santos assinala ainda que, quando Colombo regressou da sua pri-
meira viagem à América, em 1492, fez escala em Lisboa e se reuniu com o Rei de Portugal, antes de seguir caminho para Sevilha. Há quem diga que essa escala foi motivada por uma tempestade mas essa justificação é desmentida pelos outros marinheiros, referiu Rodrigues dos Santos. O romance tem sido um êxito editorial e o autor sublinhou com satisfação que "em apenas duas semanas houve seis edições".
"As imigrações na Venezuela": um livro de leitura obrigató ria E m 2001, a Fundação Herrera Movimento. Luque organizou um ciclo de A apresentação do livro esteve a carconferências sobre a presen- go do arquitecto William Niño. No seu ça imigrante no país. Apó s discurso prestou um mérito pú blico ao um período de reflexões sobre os temas trabalho de mais de 25 autores que coabordados, no dia 22 de Novembro foi laboraram neste estudo multidiscipliapresentado o livro "As imigrações na nário. María Margarita Terán, presiVenezuela no século XX", que faz uma dente da Fundação, e Carlos Rafael Silcompilação das palestras. O lançamento va apadrinharam o projecto. teve lugar no auditó rio do Banco MerÉ de destacar a presença de ilustres cantil e contou com uma actuação tea- figuras do corpo diplomático e acadétral, denominada "Café imigrante", a mico no lançamento de tão importante cargo da companhia Dramaturga do livro. Entre eles, o embaixador de Es-
panha, Raú l Morodo Leonvio, e a cô nsul de Itália, Mirta Gentile, representaram com a sua presença as respectivas comunidades. Os temas do livro foram apresentados por especialistas e consagrados investigadores. Sobre histó ria e democracia da imigração podem ler-se os trabalhos de Susan Berglund, Marisa Vannini e Chi Yi Chen. Román Rojas Cabot, promotor de censos para a legalização de estrangeiros, participou também na obra.
Outros textos são da autoria de Ramó n J. Velásquez, Roberto J. Lovera De Sola, María Ramírez Ribes, Patricia Yánez, Flérida Rengifo, Paulina Gamus, Mazhar Al-Shereidah, Rafael Cartay, Eddo Polesel, Eduardo Mayobre, José Gabaldó n Anzola, Carlos De Sousa, Marisol Arias, María Pilar González, Simó n Molina, Julia Sosa, Zelindo Bellen, Oscar Rodríguez Ortiz, William Niño, Susana Benko, Miguel Bolívar Chollet, Samuel Hurtado e José Antonio Gil Yepes.
16 PERFIL
CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
Uma lição de vida
Com quase 60 anos de Venezuela, Virgí lio de Andrade conseguiu construir a sua vida com êxitos numa terra estrangeira Liliana da Silva
Lilianadasilva19@hotmail.com
C
hegou a estas terras bolivarianas faz mais de 60 anos. No entanto, como assinalou o protagonista desta histó ria, Virgílio Andrade, recorda esse dia como se fosse ontem. Depois de ter chegado à Venezuela nunca pensou em regressar à Madeira, sua terra natal. Pelo contrário, decidiu construir neste país o seu futuro. Trabalhou em todas as áreas, sendo pioneiro em alguns comércios, e encontrou, depois de alguns anos, o amor junto de uma panamense com quem já tem 50 anos de casado. Esta é a histó ria de um português oriundo da Ribeira Brava, que partilhou com o Correio da Venezuela as aventuras da sua vida. "Eu não vinha para a Venezuela. Fui para o Brasil, especificamente para o Rio de Janeiro. Contudo, para alguém que vinha de uma ilha, essa cidade era muito grande. Sentia-me como um estrangeiro e o estilo de vida intimidou-me. Por exemplo, estava acostumado a cortejar as mulheres e não a que elas me mandassem 'piropos'. Por isso, quando um conhecido me convidou para vir para a Venezuela não coloquei em dú vida", co-
mentou Andrade. Depois de viajar de barco durante um mês até as costas brasileiras, Virgílio Andrade empreendeu a sua viagem para estas terras, que durou três dias numa avioneta, pois voavam de dia e aterravam à tarde para dormir. Assim, no dia 22 de Outubro de 1946 converteu-se num dos primeiros portugueses a chegar por ar à Venezuela. "Quando cheguei a Caracas estavam a terminar de construir as torres do Silêncio. Perto dali, estavam a procurar um empregado para uma farmácia. Na Madeira tinha trabalhado desde os nove anos junto de um médico e de uma farmácia. Durante os 10 anos que ali trabalhei aprendi a fazer misturas para pílulas e medicamentos, por isso contrataram-me", disse Andrade. No entanto, poucos foram os meses que permaneceu ali, pois o que recebia não dava para pagar a casa onde vivia. "Adquiri um espaço e montei uma frutaria, onde vendia também café e jogos. Ali comecei a criar a minha clientela e como gostava de fazer misturas, comecei a fazer experiências com fruta". Poucos meses depois, Virgílio de Andrade vendeu esta fru-
taria a um galego e começou a trabalhar noutros ramos. "Trabalhei em muitos negó cios e converti-me no primeiro português a montar uma 'arepera" em La Guaira. Decidi montá-la ali porque nessa região residiam muitos portugueses que haviam chegado à Venezuela", apontou este madeirense. Posteriormente, foi proprietário da Cantera Nacional, de Concessionários de Automó veis, até dedicar-se finalmente à construção. Uma vida de trabalho e sacrifício, a exemplo daquelas primeiras gerações que chegaram a esta nação bolivariana. "O MEU MELHOR NEGÓ CIO FOI CASAR-ME" Muitas pessoas acreditam no destino, essa força invisível que une as pessoas de uma forma incrível. Na histó ria de amor entre Virgílio de Andrade e Maria de Andrade as casualidades contribuíram para uma união que
resultou já em 50 anos de casamento. Um incidente có mico levou a que este português e esta panamense se conhecessem, assim nos conta Maria de Andrade: "Ia para junto dos meus tios, que eram os proprietários do restaurante Las Quince Letras em La Guaira, junto ao porto. Nesse dia, partia para Barcelona e vi quando acidentalmente o meu tio molhou um cavalheiro. Nesse momento, comentei que tinha atirado água para um senhor que era seguramente português, pois eles viajavam sempre bem vestidos. O meu tio parou o carro mais à frente para desculpar-se e descobriram que afinal se conheciam". No entanto, ambos partiram. Ela para Barcelona e ele para a Madeira. Passaram alguns meses até que se voltaram a encontrar. Antes de viajar para a Madeira, Virgílio de Andrade já tinha estado na sua terra natal em 1950 para visitar a namorada que
ali havia deixado. "As minhas intenções eram casar-me mas mal cheguei deparei-me que os noivados eram por papéis e à janela. Na Venezuela eram um pouco mais liberais e pareceume que aquilo era muito absurdo. Por isso mesmo, regressei só ", comentou. Na segunda viagem partiu com a mesma esperança mas o resultado foi o mesmo. Assim que regressou à Venezuela, e através de uma conversa com o tio da sua esposa, começou a cortejar aquela jovem panamense que conheceu naquele encontro antes de embarcar no Santa Maria. Assim surgiu o romance que apó s oito meses acabou no altar. Depois de 50 anos juntos, este casal confessa que o diálogo e o respeito têm sido as armas para se manter unido. Apesar de pertencerem a culturas diferentes, ambos integraram-se aprendendo os costumes e tradições um do outro. "Vejo sempre as telenovelas portuguesas e às vezes é ele que não percebe o que dizem. Temos viajado muito e conhecemos uma infinidade de ilhas mas nenhuma mais bonita que a Madeira", afirmou Maria de Andrade. Por seu lado, Virgílio de Andrade sustenta que o melhor investimento que fez ao longo da sua vida foi a sua esposa, uma mulher que tem sabido apoiá-lo e dar-lhe alento para o trabalho. Desta união nasceram três filhos, que já regalaram com sete netos este casal.
18 TRAÇOS DE PORTUGAL
Bragança
CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
tradições e artesanato
Liliana da Silva
Lilianadasilva19@hotmail.com
B
ragança é uma cidade de grandes tradições não só ao nível cultural como também no que se refere a gastronomia. A sua histó ria, da mesma forma que a de outras cidades e vilas portuguesas, remete a inú meras lendas que recriam acontecimentos importantes e inclusive feitos fantásticos que perduraram na memó ria dos seus habitantes ao longo dos anos. Assim, a tradição de Bragança atribui a sua fundação a um lendário rei chamado Brigos, em 1906 a.C. Deste mandatário, terá derivado o primeiro nome desta milenária cidade, que se denominava Bragancia. Contudo, depois da chegada dos romanos que a reedificaram, passou a chamar-se Juliobriga. Esta seria a ú ltima denominação para estas terras nortenhas, antes que passara a
Esta proví ncia do Norte de Portugal oferece paisagens, pratos, artesanato e monumentos que valem a pena chamar-se Bragança, pois uma vez destituída pelos Mouros e reconstruída em 1130, graças a Don Fernando Mendes, cunhado de Don Afonso Henriques, este concedeu-lhe este nome. Apesar de ter sido atacada em várias situações, depois dos Mouros, a cidade foi arruinada pelos árabes. Bragança conserva, por isso, monumentos de grande importâ ncia que lhe concederam mais relevâ ncia e destaque, em relação a outros concelhos. CIDADE DE TRADIÇÕES Quando visitar Bragança, vai
aperceber-se do espírito festeiro dos seus habitantes. Ao longo do ano, Bragança surpreende os que visitam as festas populares que datam de muitas gerações atrás e que conseguem encantar os seus participantes. Assim, por exemplo, no Natal, no Carnaval e na Páscoa, o turista poderá desfrutar de celebrações muito animadas que incluem concursos como o muito conhecido e pró ximo a iniciar-se concurso de presépios, no qual todas as freguesias deste distrito participam a recriar o nascimento do menino Jesus. Mesmo assim, existem outras tradições, como as Festas dos Rapazes, em que os solteiros com mais de 16 anos compram uma cabra que as raparigas cozinham na noite de 5 de Janeiro. Na madrugada do dia seguinte, eles vão pela aldeia, com velhas cantigas, a alegrar as ruas. Feito o pequeno-almoço numa casa que geralmente lhes emprestam, vestem-se de "caretos" e vão assustar tudo quanto é povo, indo depois,
O que visitar em Braganç a: O concelho de Bragança oferece aos turistas grandes monumentos religiosos, históricos, naturais e militares para conhecer. Estas são alguns dos locais de visita obrigatória: Parque Natural de Montesinho: mistura o serviços de alojamentos com paisagens de uma beleza incrível. Castelo: é provável que, em povoado tão próximo da fronteira, se tenha construído para criar uma linha defensiva. Foi sobre este castelo, ou a partir dele, que a cidade se desenvolveu. Torre de Menagem: construída, como é habitual, no ponto mais defensável do distrito e qualificada por muitos como a mais larga do Sul, é a mais elegante e bela do país. Domus Municipalis: monumento singular e ainda enigmático da arquitectura românica civil; é um exemplar arquitectónico eloquente do período medieval, a juntar à Torre de Menagem. A sua edificação data, muito provavelmente, do primeiro terço de quatrocentos (como se comprova por um doc. de 1501), podendo ter coincidido com a do castelo. Museu Militar: este museu deve ter sido criado entre 1932 e 1933, muito provavelmente após alguns anos de recolha de peças entre oficiais, sargentos, praças e familiares de militares que participaram nas várias campanhas militares levadas a efeito pelas unidades militares sediadas em Bragança.
de casa em casa, exigir o tributo dos reis. Mas só recebem de quem quiser entrar na brincadeira. Depois, quando as moças chegam, vem o bailarico. Há Festa dos "Caretos" ou de Máscaras, na qual os seus habitantes mostram as suas mais extravagantes e originais máscaras trasmontanas e os seus rituais. Um espectáculo ú nico que tem conseguido que se funde, brevemente a Academia da Máscara e o Museu da Máscara e do traje. O artesanato de Bragança é, também, um ponto de grande interesse na cultura popular deste distrito do Norte. A sua preservação tem sido um dos grandes medos dos seus povoadores, que têm divulgado as suas técnicas e segredos entre os mais jovens para que não se perca a tradição. Desta forma, o visitante poderá desfrutar de um trabalho variado e de uma beleza inigualável: trabalhos de cobre, burel, couro e madeira, assim como trabalhos de tecelagem, ces-
taria e olaria, sem esquecer as famosas máscaras que são fabricadas noutros materiais como a lata e a cortiça. Se já apreciou o rico artesanato, visitou alguns dos mú ltiplos monumentos arquitectó nicos e desfrutou da paisagem pró pria desta área montanhosa, deve agora tirar algum tempo para experimentar as delícias gastronó micas deste distrito. À semelhança da restante região transmontana, a sua comida se caracteriza pela qualidade dos seus produtos e pela fácil elaboração. Destacam-se os enchidos (a alheira e o salpicão), o presunto, o "butelo" com cascas, o cozido à transmontana, o folar de Bragança, o cabrito de Montesinho, a posta à Mirandesa, as trutas e a caça. Para acompanhar estes saborosíssimos pratos, aconselham-se os bons vinhos da região. Para sobremesa, poderá contar com as sú plicas, os ovos doces, o pudim de castanhas e os doces de ovos com amêndoa.
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PORTUGAL 19
Idosos morrem de solidão e são vítimas de vários abusos Manuel Vitorino (JN - Portugal)
E
m 104 pessoas idosas de Braga, 73.1 por cento foi, pelo menos uma vez, objecto de abuso físico, emocional, negligência e financeiro. E cerca de 43.3 por cento vive só . Os nú meros fazem parte de um estudo sobre os maus-tratos em Portugal com incidência na cidade dos arcebispos. "É a ponta do iceberg", resume o investigador José Ferreira Alves, docente da Universidade do Minho. Solidão. A grande doenç a do séc. XXI alastra de forma inquietante nas sociedades modernas e em Braga o fenó nemo não foge à regra. Num universo de 104 entrevistas efectuadas a pessoas com mais de 65 anos e em três centros de dia, outros nú meros podem sacudir as consciências 22,1 por cento já foi vítima de maus-tratos, 14,4 por cento sente-se ameaçada, 5. 8 por cento foi forçada a comer e 27, 9% têm um tratamento silenciso, isto é, os familiares cortaram os laços afectivos
Estudo revela que 43,3% vivem sós e 22,1% já foram ví timas de maus tratos com mais velhos. Como a maioria dos idosos recebe pensões abaixo do salário mínimo nacional (cerca de 375 euros) a falta de dinheiro atrofia a qualidade de vida dos idosos 37,5 por cento não tem dinheiro para a compra de ó culos e aparelhos auditivos, 21, 2 por cento são deixados sozinhos por longos períodos e 12, 5 por cento já foi vítima de roubo. "As mulheres idosas são mais abusadas do que os homens. As idosas com menos escolaridade são as mais frágeis e objecto de abusos físicos e emocionais", adiantou José Ferreira Alves. O "retrato-robot" da mulher abusada (física e emocionalmente) com frequência já foi estudado tem mais de 80 anos de idade, viú va, vive com os filhos, possui saú de débil e não tem escolaridade obrigató ria.
Escolas inseguras Rui Bondoso
(JN - Portugal)
A
maior parte dos equipamentos desportivos (balizas e tabelas de basquete) instalados nas escolas do distrito de Viseu chumbou nos testes de segurança que estão a ser feitos por empresas especializadas contratadas pelo Ministério da Educação. Por causa disso, há professores de Educação Física que recusam utilizar aquele material desportivo nas aulas da disciplina. É o caso dos docentes da Escola Básica (EB) 2,3 Azeredo Perdigão, em Abraveses, Viseu, onde sete dos dez equipamentos inspeccionados (seis tabelas de basquete e uma baliza) não passaram nos testes de segurança. "Se não cumprem as normas, não vamos arriscar a que alguém se alei-
Inspecções realizadas por empresas especializadas reprovam utilização de balizas e tabelas de basquetebol je", afirma Manuela Antunes, uma das docentes da escola de Abraveses que aderiu ao boicote, e que subscreverá a carta que o grupo de professores de Desporto tem pronta para enviar à ministra da Educação. "Vamos pedir-lhe explicaç ões sobre o que
pretende fazer entretanto. O mais correcto seria mandar já substituir todo aquele material desportivo que não cumpre as normas de segurança, para que o programa das aulas de Educação Física possa ser cumprido na íntegra e sem sobressaltos", enfatiza Manuela Antunes, que pede o alargamento das inspecç ões à globalidade dos equipamentos desportivos das escolas. O JN tentou mas não conseguiu contactar o director regional de Educação do Centro.
20 PORTUGAL
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Começar de novo Raquel Gonçalves (DN - Madeira)
O
s pais deixaram a Madeira em busca de uma vida melhor. O destino de muitos foi uma Venezuela que representava o "sonho americano" para quem saiu da terra com pouco mais do que a roupa que levava presa ao corpo, habituado às agruras de uma ilha sem horizontes. Hoje, os filhos fazem o percurso inverso, e voltam à terra que um dia os pais deixaram. O percurso é inverso, mas os sonhos são os mesmos: uma vida melhor, que não conseguem encontrar na Venezuela que os viu nascer. Um país envolto em instabilidade política, desemprego, e insegurança. A terra, que também reclamam como sua, e da qual ouviram falar desde o berço, promete um futuro mais risonho. Mas entre as histó rias que se contam, o desenvolvimento que se publicita, e a realidade que encontram vai uma grande distâ ncia, e um caminho feito de dificuldades várias. Reclamam falta de apoio, e lembram que os pais foram melhor recebidos na Venezuela. Uns acabam por encontrar aqui um futuro, outros regressam à Venezuela, e esperam dias melhores. Todos estes dramas e histó rias felizes têm por detrás nomes e rostos que são bem conhecidos dos responsáveis pelo Clube das Comunidades Madeirenses. É ali que encontram pessoas com
um destino comum, que matam saudades da Venezuela, que aprendem português. É ali que, muitas vezes, vão à procura de emprego, à procura de quem os ajude, à procura da esperança. Olavo Manica, presidente do Clube, reconhece que, nos ú ltimos anos, têm regressado muitos emigrantes e muitos mais lusodescendentes. Um regresso que tem sido faseado e que teve início 1989, quando começaram os saques na Venezuela, a quando se deu a primeira tentativa de Golpe de Estado. Como recorda Olavo Manica, nessa altura muitos perderam tudo o que tinham. Houve negó cios que foram pilhados e outros incendiados, transformando em cinza o esforço de uma vida. Em 1991, nova leva chegou à Madeira dado o agravamento da instabilidade política. Nos anos que se seguiram os regressos continuaram, e conheceram novo impulso em 1999, aquando da tragédia de Vargas. Nos ú ltimos anos, a tensão política não abrandou, arrastando com ela a falta de emprego e a consequente falta de confiança no país, nomeadamente por parte da juventude. Os regressos mais recentes à Madeira são de filhos de madeirenses, nascidos na Venezuela, mas que acabam por não ver futuro no país de origem. Procuram assim novos horizontes em países como os Estados Unidos, Espanha, e um pouco por toda a Europa. Portugal também é destino de eleição, especialmente a Madeira, terra-mãe dos pais de
muitos jovens lusodescendentes. Embalados pelos relatos de uma ilha que se desenvolveu, vêm, sobretudo, à procura de trabalho. A maioria tem habilitações acima da média, mas as dificuldades para conseguirem equivalência fazem com que acabem por aceitar empregos menores. E ficam à espera que Portugal altere, por via legislativa, aquilo que agora é muito difícil de conseguir: uma equivalência. Olavo Manica diz que, paralelamente a esta dificuldade, as entidades pú blicas parecem também estar pouco preparadas para encaminhar estes jovens. O mais comum é andarem de serviço para serviço, e sempre sem resposta às questões e dificuldades que apresentam. Uns acabam por regressar à Venezuela, e outros ficam sempre com a mágoa de não terem sido bem acolhidos."Muitos dizem: "quando meu pai chegou à Venezuela se o tivessem recebido como me receberam aqui, se o tivessem baralhado como uma bola de "ping-pong", penso que meu pai teria ido para outro país e não teria ficado na Venezuela", refere Manica. Para este responsável, como filhos de emigrantes, todos estes jovens sentem que têm sangue português, e, por isso, sofrem tanto com a falta de apoio que encontram. Olavo Manica diz que a maioria não tem falta de preparaç ão académica. Muitos deles até possuem curso superior. Mas a equivalência é difícil de conseguir.
Explicando a boa formação escolar dos lusodescendentes, o nosso interlocutor refere que esse aspecto é um ponto de honra comum a muitos dos emigrantes que deixaram a Madeira. Uma vez noutros países, perceberam, desde logo, que a formação académica seria uma forma dos filhos não passarem pelas dificuldades que tiveram. Contudo, a vida, não raras vezes, troca-nos as voltas. E, hoje, apesar de terem formação, os jovens lusodescendentes viram-se obrigados a deixar o país de origem. Regressaram a uma Madeira, à qual sentem que pertencem de coração, mas que não deixa de ser um país estrangeiro e longínquo, cheio de dificuldades a ultrapassar. A maioria acaba por aceitar empregos que ficam muito aquém da formação académica que possuem. Olavo Manica refere mesmo o exemplo de uma médica, filha de madeirenses, que se encontra a trabalhar na caixa de um supermercado. O processo de equivalência pode estar à beira de ser concluído, mas entretanto é preciso ganhar a vida. E mesmo o trabalho de supermercado foi difícil de conseguir. Na primeira porta a que bateu, não a aceitaram quando souberam que na Venezuela era médica. À segunda vez, resolveu dizer que em terras de Simon Bolívar trabalhava na mercearia do pai. O presidente do Clube das Comunidades Madeirenses diz não ter dú vidas que o espanhol é já a segunda língua mais falada na Madeira.
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22 OPINIÃO
CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
Eu, aprender português?
Cristina Da Silva Bettencourt cristina_dsb@hotmail.com
G
rande parte dos luso-descendentes rejeita aprender a Língua de Camões, muitos porque sentem vergonha e outros porque simplesmente não têm interesse em aprender. Mas o facto de conhecer a língua dos nossos pais e avó s é algo importantíssimo quando estamos num mundo cada vez mais globalizado e
quando procuramos progredir nas escadas da vida. Num país cujo futuro é "incerto" muitos procuram abrir-se a novos horizontes e a Universidade Central da Venezuela e o Centro Português de Caracas são só alguns dos instituidores do conhecimento da língua portuguesa que contribuem para que crianças, jovens e adultos possuam as ferramentas necessárias para empreender a busca dum futuro melhor. Não é mentira aquilo que os professores na Venezuela dizem: aquilo que aprendemos naquele curso são só as bases do que resta por construir. Sem dú vida o "calão" e o "sotaque" são coisas que vamos construindo e melhorando ao longo do tempo, mas o importante é saber falar para ser
bem sucedido em Portugal. Convido todos aqueles jovens lusodescendentes, e não só , para que se orgulhem de aprender a Língua de Camões. Nó s ouvimos e cantamos mú sicas em inglês e não damos à língua portuguesa a importâ ncia que merece. Lembremo-nos de que estamos num mundo cada vez mais exigente e globalizado e que o conhecimento de línguas, além do espanhol, contribui para o nosso crescimento profissional. Finalmente, quero agradecer e reconhecer o esforço de todas aquelas pessoas que dedicam uma parte da sua vida a ensinar o português e que fazem com que esta língua seja parte importante do nosso dia-a-dia.
As "velhas" sociedades, face à sociedade dos "velhos"!! Luis Barreira
H
á um milhar de anos atrás, as sociedades humanas que nos antecederam privilegiavam os "velhos". Os "velhos" (pese embora o facto de que nesse tempo se morresse por volta dos quarenta, ou mesmo antes) eram considerados a consciência experiente das sociedades, os conselheiros para os mais jovens e a histó ria viva das suas respectivas comunidades, perpetuando as suas tradições e modos de vida. Entretanto, a civilização deu um "salto qualitativo"! A economia e a capacidade de produção, individual e colectiva, tomou conta da nossa vida quotidiana, tornando-nos reféns de uma escala de valores que assenta, sobretudo, na quantidade de bens de consumo vendáveis, que cada um pode produzir. Em consequência da evolução social e científica, que se foi operando, a preservação da vida humana tornou-se um valor inquestionável das sociedades modernas, prolongando o nosso tempo de vida e alargando a existência dos seres humanos, embora, no contexto do actual universo de valores econó micos, que hoje nos são impostos, "os velhos" sejam considerados uma camada de inaptos, não produtivos, sugadores das economias produzidas por outros e tantas vezes um "es-
torvo" da modernidade. Estas mesmas sociedades modernas, percursoras das antigas civilizações que tinham a obrigação moral e social de cuidarem dos "velhos", de forma voluntária e prestigiante, criaram esquemas de protecção à velhice, dando a ilusão de que, se pagares os teus impostos durante toda a vida produtiva, terás direito à dignidade de uma velhice compensató ria e autosuficiente, ou seja, consegues garantir protecção a ti pró prio. Acontece no entanto que, este modelo social (considerado protector da velhice), alimentado por dezenas de anos de descontos feitos pelos pró prios e sob uma perspectiva de solidariedade social, começa a entrar em descalabro financeiro e ameaça deixar de ser cumprido. Ouvindo as vozes que, em consequência dos actuais problemas da segurança social, argumentam a necessidade de aumentarmos a idade de reforma, porque tudo isto se deve ao facto de, hoje em dia, vivermos mais anos, fico a pensar que as estratégias das nossas sociedades culpabilizam os avanços da medicina, pela falência da gestão das instituições de solidariedade social. A avaliar pela imensa quantidade de jovens que procuram o primeiro emprego e não o conseguem porque os mais velhos não abandonam os seus empregos e não se criam as vagas necessárias à sua admissão, interrogo-me se não estão a acusar "os velhos" de lhes estarem a roubar os empregos. Tendo em consideração os discursos sobre a competitividade das empresas e, segundo os seus promotores,
que tal só pode acontecer com uma maior qualificação dos trabalhadores, a sua conversão profissional e as dificuldades com a desadequada preparação profissional dos trabalhadores mais velhos, face às novas tecnologias, não posso deixar de pensar que estão a acusar "os velhos" de emperrar a máquina econó mica do progresso. Tudo isto começa a ser incomodativo e, curiosamente, são os "velhos" que mais sofrem! Se a população não se reproduz suficientemente para compensar o peso dos idosos nas taxas demográficas, a culpa não é deles! E, mesmo que os jovens fossem mais numerosos, com a actual taxa de desemprego, os problemas seriam ainda maiores e a culpa não poderia ser imputada nos "velhos"! Se a medicina fez progressos e os cuidados de saú de têm permitido uma maior longevidade às pessoas, não me digam que temos de recuar na preservação da vida humana?! E o que é curioso, no meio disto tudo, é que, na sua esmagadora maioria, "os velhos" já estão cansados, cheios de maleitas da idade e das duras condições que o trabalho lhes exigiu, muitas vezes fartos das vicissitudes de uma vida profissional que não desejaram, mas que tiveram que abraçar e só aspiram uma coisa: uma velhice tranquila, descansada e digna. Deixem os "velhotes" em paz!... Eles alimentaram durante toda as suas vidas o sistema. Agora, alguém vai ter de pagar!
Torna-Viagem António Xavier (Historiador) aindax1@yahoo.com
A
obra de Miguel Acosta Saignes, 'Histó ria dos Portuguesa na Venezuela', é mais conhecida pela edição do Instituto Português da Cultura. Isso é admirável. Mas há um problema: os conterrâ neos ávidos de Histó ria não sabem onde procurar outros livros académicos e pesquisas histó ricas. Além disso, às vezes a leitura é tão pesada que acaba por ser abandonada. Se calhar, para os leitores interessados em iniciar a sua formação em Histó ria da nossa comunidade, é recomendável abordar primeiro a literatura, em especial a novela histó rica. Nesse sentido, "Torna-Viagem", de Horácio Bento de Gouveia, é um bom começo (a primeira edição foi em Maio de 1979, através da Coimbra Editora, Lda). Este romance toca o coração dos portugueses na Venezuela, de todos os níveis só cio-econó micos e regiões de Portugal. O seu estilo narrativo está cheio de passagens que nos enchem de saudade e imaginação. Os diálogos, alguns escritos em linguagem coloquial, evocam imagens espaciais e mentais, que se tornam comuns para muitos. Os personagens ao contarem a sua vida, o fazem tal como quem 'emigrara dos arredores de Viana do Castelo e das proximidades do Barroso'; ou se estivesse no Porto, em Boaventura, Campanário ou Caniço (estes três ú ltimos na Madeira), de onde são oriundos alguns personagens. Entre outros personagens, destacam-se Inês e Francisco Freitas que assumem o papel do 'patrício' acomodado: com pretensões de vestir a sua família com um vestido de noiva da Casa Dior, celebrar a boda na igreja de Nossa Senhora das Mercedes e o banquete no salão da moda: o Hotel Tamanaco. O romance expõe também outras histó rias, como a tristeza de Rosa e Jorge Batasana pelo matrimó nio sem filhos. Ela, uma vez feito o trabalho para o qual foi educada, esperava o regresso do marido; desocupada e com saudades, Rosa ponderava várias vezes a sua sorte longe do torrão. O livro fala também de Artur, que abandonou a sua mulher e filhos porque "o Brasil e a Venezuela encandearam-lhe os sentidos". A obsessão de regressar rico foi a sua desgraça, agravada pelo envolvimento com uma baiana e, depois em Caracas, com uma espanhola. Há mais personagens. Elas contam o desejo de emigrar, enquanto deambulam pelo Funchal, em direcção ao Bazar do Povo ou à Confeitaria Felisberta. Já emigrados, conversam sobre a sua sorte numa loja da Av. Victoria; sonham com o futuro, enquanto dormem num armazém de uma padaria, num canto de algum depó sito ou sobre um banco de alguma praça de Caracas. Regressados, falam sobre a sua vida na Av. Duque de Loulé em frente à estátua do Marquês de Pombal, em Lisboa. É fundamental adquirir alguns conhecimentos sobre a Histó ria da nossa comunidade com os temas que a literatura nos oferece para imortalizar a experiência emigrante na memó ria colectiva. Para os interessados, a leitura do romance histó rico "Torna-Viagem" aumenta, pelo seu conteú do testamental, o desejo de continuar os estudos histó ricos académicos que tratam sobre estes mesmos temas.
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OPINIÃO 23
caRTas dOs leITORes Uma maçã podre Queríamos começar esta carta agradecendo as autoridades consulares de Portugal em Caracas pela iniciativa de enviarem ao clube de Guatire funcionários para que nos orientem em matéria de tramitação de documentos. Ao mesmo tempo, acho que deve ser nosso dever e responsabilidade "denunciar" atitudes "grosseiras" que em nada beneficiam a imagem do nosso querido país, Portugal. Sabemos e estamos conscientes de que estas situações fogem ao controlo do cô nsul, assim como do embaixador, afinal quem tem culpa de que alguns funcionários consulares não tenham formação nem vocação pelo atendimento ao pú blico? O incidente ocorreu no dia 23-102005 nas instalações do clube. É que fomos tratados muito mal, com desprezo e arrogâ ncia pelo funcionário de serviço. Quase nos "batia"! Repetia várias vezes: "só vim aqui para inscrever as pessoas, não me perguntem nada que não vim aqui para isso". Mas dizia isto de uma forma "malcriada" e mal disposta. Éramos muitos e todos decidimos subscrever esta nota. Da minha parte, até gosto de ter a documentação em dia, aliás seguindo a linha dos vossos apelos no CORREIO,
Viva Guarenas e viva o Nacional tenho as coisas em dia. Vejam só , fui e fomos todos tratados "abaixo de cão/cães". Também sabemos que este senhor não representa o resto dos outros funcionários, mas prejudica a imagem dos colegas e do consulado! Aqui fica a observação, até para que o Sr. cô nsul fique a par do assunto e faça qualquer coisa quanto a este funcionário. Também compreendemos que trabalhar ao sábado para um funcionário publico é uma "maçada", ainda que recebam um salário chorudo, que tenham todos os privilégios do mundo, que trabalhem da 7.30 da manha até às 13h00, com uns quantos cafés pelo meio… Concluímos da mesma maneira que começamos agradecendo e reconhecendo a atitude e boa vontade das autoridades consulares de Caracas que optou por enviar funcionários para que nos facilitassem a vida e nos ajudassem em relação à tramitação de documentos. O que não está bem é que apareçam funcionários como estes a manchar a imagem do Consulado e dos colegas. Um grupo de emigrantes de Guatire. Andres Pereira, Agostinho F. e Manuel da Cruz.
Mais que uma imagem Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras, será verdade? Será que alguém consegue igualar em imagens todas aquelas palavras escritas no "nosso" CORREIO e o que elas representaram e representam para a nossa comunidade? É de louvar o trabalho de todos os que dão letras à nossa voz, aqueles que conseguiram unir o que durante muitos anos esteve separado. Hoje podemos dizer que temos algo em comum. Estamos longe da nossa terra, mas sentimos que temos um cantinho só nosso
aqui e que não nos deixam esquecer quem somos e de onde viemos. Essa tem sido a grande obra desta publicação. Realmente o CORREIO já não é só de Caracas, o CORREIO é de todos aqueles que, desde a mais pequena aldeia até a grande cidade, levam no coração "A Portuguesa", embora para muitos exista também espaço para fazer uma "Gloria al Bravo Pueblo". Obrigado por fazer de mim um leitor habitual de algo que vale mais do que mil imagens. Pedro Pereira
INQUéRITO
Orlando de Gouveia "Ando à procura de emprego e, para o Natal, o meu maior desejo é que me dêem o cargo de teleoperador na empresa Atento, para onde enviei o currículo há uns dias. Também gostava de poder receber um carro e, assim, deixava de usar o do meu pai."
Li com surpresa e com emoção nas páginas do CORREIO que o clube que sempre apoiei desde pequeno, e que foi também o clube do meu pai, vai ter uma sede na Venezuela. São estas iniciativas que nos entusiasmam porque não deixam morrer Portugal na Venezuela. Vejo com satisfação que a ideia tenha surgido dum emigrante radicado em Guarenas onde a comunidade portuguesa é tão importante e dinâ mica. Além disso, consegue-se descentralizar um pouco, porque não é justo que tudo fique concentrado em
Caracas. Não espero grandes coisas desta casa, só que se mantenha no tempo esta iniciativa e que se converta num espaço de convívio harmonioso entre conterrâ neos com afinidades por esta grande equipa. Tenho de reconhecer especialmente a visita que o presidente da equipa, Rui Alves, fez à Venezuela, porque foi a sua presença que promoveu e animou esse grupo de portugueses e adeptos do Nacional a criar esta sede. Bem haja Andrés Gouveia
Abstenções... Não vou falar de eleições, de Chávez nem dos deputados! Vou antes focar as vezes que apetece abster-se de comentários e ficar a rir no nosso mais íntimo quando vemos algumas pessoas a tentar justificar os seus erros das maneiras mais estranhas possíveis. São assim os nossos políticos e temo que sejam assim para sempre. Na Venezuela, em Portugal, em todo o lado!
Isto a propó sito do mega projecto de choque tecnoló gico que o primeiro-ministro português apresentou... É um levantamento do que há e pouco se inova.... Pelo menos eu fiquei com esta percepção! Haja paciência! Helena Rodrigues
Que prenda gostava de receber neste Natal?
Maria Marta Gomes Viera "Para o Natal, gostava de receber muito amor, paz e tranquilidade, assim como muita prosperidade e saú de, pois temos estado em momentos de grande pressão e mudança. Para mim, essas coisas são as mais importantes na vida e não há melhor prenda que essa."
Teresa da Silva "O essencial é poder ter muita saú de. Mas se houver uma prendinha por ai, nunca é demais. Uma viagem à Madeira seria excelente para poder visitar os meus pais, que não vejo há seis anos. Definitivamente, a melhor prenda que me poderiam dar era um passeio por Portugal."
Lí dia Figueira "A ú nica coisa que peço a Deus para este Natal é muita saú de e forças para continuar a trabalhar na padaria. Tenho seis anos a trabalhar todos os dias e a melhor prenda que podia ter era continuar a fazer o que gosto. Se me sinto bem, é muito mais fácil fazer o meu trabalho e conseguir atingir todas as pretensões que tenho".
24 REPORTAGEM
CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
Profissõesem extinção que, "noutros tempos, rendia dinheiro que dava para viver". uma zona O seu bisavô , avô e definida pe- pai "faziam disto uma lo Plano Di- profissão", mas ele já não rector Mu- teve a mesma sorte. A nicipal como de expan- procura é cada vez mesão, junto de escolas, nor e o negó cio é pouco centro de saú de, bom- rentável. "Se fumasse, beiros e piscinas, salta à por mês não tirava que vista uma casinha em pe- desse para comprar tabadra que o site da Câ - co", confessa-nos. mara Municipal de MaA oficina tem mais de chico destaca como sen- duzentos anos e, no seu do patrimó nio. A interior, destaca-se um "oficina do ferreiro" não "brocador" para furar femereceu apenas uma rro que o pai de Ricardo classificação honrosa co- fez à mão. mo obrigou a alterar o Ele também trabalha percurso inicialmente à mão. Serve-se da calpretendido para uma no- deira para fazer "um trava estrada. balhinho ou outro que Ricardo Sousa, o fe- aparece". Sabe "manuserreiro, mora mesmo ao ar" o ferro. Faz foices, falado. Contactado pela cas, navalhões, pés de canossa equipa de reporta- bra, martelos, enxadas, gem, teve a bondade de machados e enchó is. nos abrir a porta para Mas já não há procunos apresentar a "casa" ra. "Toda a gente prefere Sónia Gonçalves
N
comprar estes utensílios nas grandes lojas", lamenta. Há cada vez menos pessoas a utilizarem os instrumentos que "fabrica" e vende. Por isso, Ricardo sente-se "desiludido". Diz que não faz mais nada pela oficina e conta-nos que está actualmente desempregado. Promessas de apoios já teve muitas, mas ajudas concretas ainda não viu nenhuma. Sente, contudo, muita pena por ver que uma tradição de família está a cair por terra. Mas o que pode fazer? Tem dois filhos e já há algum tempo que os aconselhou a arranjar outra profissão. "Vão ser ferreiros para quê? Para morrerem à fome?", questiona-se. O seu pai sustentava a família com o dinheiro que fazia na oficina. Por
isso, Ricardo quis seguir o mesmo caminho. Aprendeu a profissão do pai, à qual se dedicou de "corpo e alma". Hoje chega a estar arrependido... Como os filhos não sabem trabalhar com o ferro, quando falecer, com ele desaparece uma profissão que está em vias de extinção. O seu desalento é grande e mostra-se mesmo disposto a vender a oficina. "Se houvesse alguém que estivesse interessado...". Mas o que gostava mesmo era de conseguir apoios para poder manter a "oficina do ferreiro" aberta. Mas sabe que o País está a atravessar uma crise e já não se deixa iludir com promessas. "Vamos ver o que acontece", diz, resignado. A profissão de ferreiro não é a ú nica que está
CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
em decadência. Pela ilha fora, encontrámos outras que ameaçam desaparecer por estarem de certa forma ultrapassadas. MUITO SUOR Saímos de Machico e seguimos em frente. Continuámos à procura de profissões em extinção. Mesmo na descida para o Caniçal, encontrámos um negó cio de família que não tem concorrentes na Região. Parece que recuámos no tempo. Divididos em "secções", vemos três irmãos, um sobrinho e dois ajudantes na "fábrica" de construção de fornos. Esta família constró i fornos à mão. A empresa, "Bento & Spínola - Fabrico de Fornos em Cantaria, Lda.", está implementada no Sítio da Banda do Silva e os trabalhadores trabalham ao ar livre. Num canto, um contentor serve de escritó rio. Como nos conta Bento Spínola, os blocos de pedra, de cantaria mole, chegam ao Caniçal completamente deformados e ficam junto a um muro. Antes, as pedras eram extraídas manualmente, mas a actividade foi regulamentada e tiveram que optar pela compra dos blocos, que chegam já aos "cubos". Uma a uma, as pedras são levadas para a zona do "roço". Consoante o objecto que pretendem "talhar" - que pode ser forno, fornalha, grelhador ou lareira - delimitam-se áreas nos pedregulhos e fazem-se "alviões", que são pequenas entradinhas na pedra. De seguida, o trabalhador, recorrendo a um malho, coloca cunhas nos alviões e enterra-as. À volta da pedra, as cunhas até dão um aspecto engraçado ao "cubo" deformado. O malho continua, então, a bater nas cunhas, mas agora com mais força. Entre um gemido e com muito suor, o homem corpulento eleva o malho e leva-o até à cunha, expressando toda a sua forç a. O seu corpo até balança. É preciso fazer este esforço três ou quatro vezes. Depois, as cunhas delimitam a área e a pe-
dra parte-se. Nesse momento, ficamos com a sensação de que, afinal, não é assim tão difícil. Mais cunhas à volta, mais força, mais suor. O objectivo é "fatiar" a pedra, a fim de se conseguirem peças de pedra que servem para construir os fornos. Na zona do "roço", o trabalho com esta pedra já está pronto. Não há mais nada a fazer aqui. Os homens levam as "fatias" de pedra para a denominada "zona de afinação". "Este é o lugar mais limpinho", comenta-nos Bento Spínola, apontando para um jovem (o sobrinho), que talha as "fatias" de pedra. Servindose de um molde em ferro, delimita as áreas dos fornos e corta os excessos. Depois, é feito ainda um tratamento especial de afinação, para o qual, na maior parte das vezes, estes trabalhadores recorrem a uma rebarbadora. É assim o dia-a-dia destes homens, que se dobram sobre as pedras e estão ao sabor do tempo, pois têm que trabalhar, faça chuva ou faça sol. A empresa surgiu há cinquenta anos, com o pai de Bento Spínola, que já faleceu. Ele e dois irmãos ficaram com a heranç a, que pertencia também a mais onze irmãos. O negó cio já teve dias menos bons, mas também já foi melhor. O que vale, é que "ainda há muita procura". Para fazer um forno, se a equipa trabalhar toda apenas nisso, demoram dois ou três dias, se o forno for pequeno, ou seja, tiver 80 centímetros (1,20 x 1,20). Mas também fazem fornos maiores (de um e 1,15 metros). Os preços variam entre os 500 e os 800 euros. "Se trabalhar, o negó cio dá para viver. Se não trabalhar não dá", explica-nos Bento Spínola, de 33 anos, que gosta do que faz. Quem promete seguir os passos dos seus antecessores e não deixar morrer, pelo menos por enquanto, a tradição fami-
liar é Nuno Spínola Ornelas, o sobrinho de Bento Spínola. Tem 23 anos e desde cedo começou a trabalhar, primeiro com o avô , agora com os tios. "Pouca gente faz isto. Se não vier pessoal novo isto acaba", comenta-nos o jovem, explicando o porquê de ter optado por trabalhar na empresa gerida pelos tios. E conclui: "Se puder, vou trabalhar sempre nisto". TRABALHAR NO PARQUE TEMÁTICO À procura de mais profissões que ameaçam desaparecer, seguimos para Santana. Gracinda Caetano, tecedeira, já não trabalha na Extensão Rural, no sítio do Pico. Aceitou ser transferida para o Parque Temático de Santana, para onde levou o seu material e onde trabalha "como se estivesse do outro lado". A ú nica diferença é que, agora, os muitos visitantes podem apreciar o seu trabalho. Conta-nos que as pessoas ficam deslumbradas, vendo-a embrulhar e enfiar os liços. Gracinda tirou um curso de tecelagem e faz trajes de folclore para toda a ilha da Madeira e para o Porto Santo. Manualmente, com muita paciência, esta tecedeira faz também tapetes e carpetes. Como ela, no Parque Temático podemos encontrar outras ocupações que hoje estão em extinç ão, nomeadamente o trabalho com vimes; a profissão de Conceiç ão Ornelas, que faz bonecas com a casca da maçaroca; e a do mestre Nó brega, que trabalhava com embutidos de madeira. Este mestre era o ú nico na Madeira e ia todos os dias do Funchal a Santana para trabalhar no Parque. Contudo, faleceu e, agora, o seu lugar está vago. Os novos acessos, o desenvolvimento global, as novas tecnologias e mais ambição afastam os jovens de trabalhos considerados duros ou enfadonhos, como a agricultura e o bordado.
REPORTAGEM 25
26 PUBLICIDADE TAP oferece voos extra em toda a rede CORREIO DE CARACAS - 8 DE DEZEMBRO DE 2005
A
TAP efectua mais de 370 voos extraordinários, com uma reforço da capacidade superior a 57.050 lugares, entre os dias 16 de Dezembro deste ano e 10 de Janeiro de 2006. Correspondendo ao aumento da procura previsto na época do Natal e Ano Novo, a Com-
BREVES TAP consolida crescimento na Europa
A TAP vai acrescentar, no Verão de 2006, Zagreb, Bolonha e Dublin à sua rede europeia, reforçando ao mesmo tempo alguns dos destinos já operados. Estas cidades aumentam a importância do mercado europeu no conjunto da operação global da empresa. Tratando-se de destinos colocados à disposição do mercado português, a TAP intensifica igualmente a aposta da Companhia em países geradores de tráfego para o nosso País, reforçando assim o seu contributo para o crescimento da actividade do turismo em Portugal. Nos primeiros dez meses de 2005, a TAP transportou mais 5,9% de passageiros do que em igual período de 2004. Deste total, a Companhia transportou cerca de 3,1 milhões de passageiros na sua rede europeia, o que constituiu um acréscimo de 8,2% face a igual período do ano anterior. Assim, a Europa vê consolidada a sua posição como o principal mercado da TAP, subindo o seu peso de 55,4% em 2004 para 56,6% em 2005. A adesão à Star Alliance contribuiu naturalmente para este reforço da presença da TAP no mercado europeu. A prova maior está nas rotas da Alemanha, onde a Companhia, nos primeiros dez meses do ano, cresceu 19,8% em Frankfurt e 24,5% em Munique. Assim, está previsto o reforço das ligações a Munique, passando de 12 para 14 frequências semanais, ou seja dois voos diários. Como forma de incrementar a sua operação para o importante mercado de França, a TAP vai regressar ao aeroporto de Charles de Gaulle com dois voos diários, um de manhã e outro à tarde. Este aumento é independente da operação já existente em Orly, que se manterá, no Verão, todos os dias com quatro voos para Lisboa e três para o Porto. Este significativo crescente da oferta da TAP em 2006 é possível graças ao aumento da frota de médio curso que, em breve, será acrescida de duas aeronaves A320. A frota da TAP de médio curso passará então a contar com um total de 33 aeronaves - 17 A319, três A321, e 13 A320 - ou seja, mais sete do que em 2001, altura em se iniciou a actual fase de crescimento da Empresa.
panhia lançou um conjunto de serviços extra que abrange os principais sectores da Rede, nomeadamente, o doméstico, França, Luxemburgo e Suíça na Europa, e Newark e Luanda, no sector intercontinental. Na Europa, Paris é o destino com o maior nú mero de voos de reforço – 62 no total – opera-
dos entre Paris e as cidades de Lisboa e Porto, traduzindo-se numa oferta global de mais de 9.190 lugares. Também no mesmo período, serão 12 as frequências adicionais ligando o Porto e Lisboa ao Luxemburgo e dez as disponibilizadas entre essas cidades e Genebra, na Suíça. Os dois destinos contabilizam, conjuntamente, um
aumento de capacidade de mais de 3.330 lugares. No Atlâ ntico Norte, a oferta atinge os 20 voos extra entre Lisboa e Newark, com uma oferta suplementar de 3.760 lugares. Em África, por seu turno, o destaque vai para Luanda, com 18 voos adicionais e um total de mais de 4.820 lugares extra oferecidos.
Além destes sectores da Rede, a TAP programou igualmente o reforço da sua operação doméstica, com 203 voos extra entre Lisboa, Porto e o Funchal, que se traduzirão num aumento global pró ximo dos 29.500 lugares, e ainda entre Lisboa e os destinos açorianos da Terceira – com mais 28 voos – e Horta – com mais 18 frequências.
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DESPORTO 27
Lisboa sede do famoso Rali Dakar Liliana da Silva
Lilianadasilva19@hotmail.com
N
o final de Dezembro, Lisboa receberá, uma vez mais, a atenção dos meios de comunicação internacionais ao converterse em ponto de partida da mais importante prova de todo o terreno mundial, o Rallie Dakar. Pela primeira vez, nos 27 anos de histó ria deste evento desportivo, o Rallie sairá de um outro país que não a Franç a ou a Espanha. Deste ú ltimo país, saíram quatro edições. Com o reconhecimento internacional desta prova, Lisboa afirma-se como uma cidade para a organização de grandes eventos. Recorde-se que há pouco tempo a capital portuguesa recebeu os Prémios MTV Europa. O Lisboa Dakar 2006 arrancará no pró ximo
dia 26 de Dezembro e finaliza a 15 de Janeiro, na cidade de Dakar, depois de uma extensa travessia que inclui Espanha, Marrocos, Mauritâ nia, Malí, Guiné e Senegal, terminando, como habitualmente, na tradicional final de Lago Rosa, apó s terem sido percorridos 9.043 quiló metros. Esta "aventura humana", como tem sido denominada esta prova com um elevado grau de dificuldade, terá um custo entre os quatro e os cinco milhões de euros, os quais asseguram os entendidos no assunto poderão ser compensados com o turismo e a publicidade que o Rallie Dakar acarreta. Nesta 28ª edição, participam 240 motos, 188 carros e 80 camiões, os quais serão assistidos por 240 veículos da organização. A apresentação e as verificações para a prova acontecem a 28 de Dezembro em Lisboa. Este ano, e
apó s a morte de dois pilotos na edição de 2005, foi imposto um limite de velocidade, tanto para os camiões como para as motos. Os primeiros não poderão circular a mais de 110 quiló metros por hora, enquanto que as motorizadas não podem exceder os 150 quiló metros. Esta nova medida garante uma competição mais justa e, sobretudo, mais segura para os pilotos. Portugal contará pela primeira vez com a participaç ão de 27 equipas, nú mero recorde de pilotos para este país, desde que começou a integrar o Rallie Dakar. A edição deste ano regista outros recordes, a começar pelo nú mero de mulheres inscritas: 23 no total. Além disso, a grande corrida às inscrições fez com que estas fossem encerradas em Junho, seis meses antes do início da prova. UMA PROVA COM
VARIANTES No passado dia 22 de Novembro, foi divulgado o Lisboa Dakar 2006. A prova será nesta 28ª edição distinguida pela importâ ncia da navegação no deserto e etapas muito extensas. Os organizadores, explicaram que cada uma das 15 etapas que constituem a competição terá diferentes trajectos em pista, arena e outras, de modo a testar a capacidade e destreza dos pilotos. Os participantes deverão mostrar os seus dotes de navegação para encontrar as numerosas indicações do percurso nas diferentes etapas. Por isso, para ressaltar a importâ ncia da navegação, os pilotos apenas poderão consultar como fontes de informaç ão os "waypoints" e o livro de rota. Os famosos GPS não poderão ser usados como nos anos anteriores, uma vez que foram "elimina-
dos" algumas das suas funções para que os pilotos consultem outros recursos menos "tecnoló gicos". De igual modo, foi estabelecida como velocidade máxima de 50 quiló metros nas travessias pelas povoações, com vista
a garantir a segurança da população. Lisboa será o ponto de partida até 2008, depois de ter obtido a concessão numa disputa que incluiu cidades como Barcelona e Roma.
28 DESPORTO
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Federação venezuelana de futebol estuda jogos com madeirenses Rui Marote (AFM) e Rui Alves (CDN) foram recebidos na Federação Venezuelana de Futebol, em Caracas Agostinho Silva
Rui Marote e Rui Alves foram recebidos na Federação Venezuelana de Futebol.
bém fazer 4 jogos com selecções europeias e Portugal poderá ser uma delas. Igualmente falada foi a eventual organização de um torneio, em Caracas, com a participação do C. D. Nacional e outras equipas da Venezuela ou Brasil. Os primeiros contactos foram estabelecidos e os pró ximos tempos ditarão o resto. Na reunião mantida na sede da FVF, Rui Marote e Rui Alves tro-
Presidente Rui Alves visitou a terceira sucursal fora da Madeira, em Guatire Aleixo Vieira
asilva@dnoticias.pt
Os presidentes da Associação de Futebol da Madeira e do Clube Desportivo Nacional foram recebidos a semana passada na Federação Venezuelana de Futebol. Rui Marote e Rui Alves conversaram longamente com Serafim Boutureira e com Ignacio Sanglade, sobre a realidade do futebol da Venezuela que, na recente fase de apuramento para o Mundial da Alemanha, chegou a causar sensação através de resultados e exibições espectaculares que, contudo, acabaram por se revelar insuficientes. A possibilidade de realização de jogos entre selecções da Madeira (ou mesmo Portugal) e da Venezuela, foi encarada com grande desejo e optimismo. Foi aventada a hipó tese de, em Maio do pró ximo ano, deslocar uma selecção da Madeira dos escalões jovens. A selecção principal venezuelana pretende tam-
Casa alvi-negra em Guatire
caram impressões sobre os modelos competitivos, tendo os dirigentes venezuelanos mostrado bastante interesse em conhecer as práticas no nosso país. Particular curiosidade mereceu o facto de Rui Alves estar na Venezuela na condição de presidente de uma das equipas que lidera a I Liga portuguesa, circunstâ ncia que mereceu rasgados elogios.
O presidente do Clube Desportivo Nacional visitou sexta-feira passada o edifício onde está instalada a terceira sucursal da colectividade fora da Madeira. Acompanhado pelo presidente da Associação de Futebol da Madeira, Rui Alves deslocou-se a Guatire, uma zona onde residem muitos membros da comunidade luso-venezuelana. Rui Alves esteve no edifício da empresa “ Flash Color” , cujos só cios disponibilizaram uma área de 120 metros quadrados para a sede provisó ria dos alvi-negros na Venezuela. O facto do C. D. Nacional encontrar-se actualmente na liderança da I Liga portuguesa, em parceria com o FC Porto, tem sido bastante destacado entre a comunidade.
O empresário Agostinho Ferreira, natural da freguesia de São Martinho, é o grande entusiasta e impulsionador da casa do Nacional na Venezuela. Para já, os seus objectivos visam fomentar uma equipa de futebol no escalão etário entre os 15 e aos 17 anos. A base será o Centro Cultural Virgem de Fátima, em Guatire. Nesta visita, Rui Alves trouxe as prometidas camisolas do clube e uma vistosa bandeira que já está a esvoaçar no exterior do edifício onde ficará sediada a terceira sucursal alvi-negra. Nos contactos com Agostinho Ferreira, o presidente do CD Nacional comprometeu-se a dar apoio ao nível da elaboração do desenho final das instalações, bem como do projecto para o campo de futebol do Centro Cultural Virgem de Fátima.
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DESPORTO 29
Benfica vive noite de glória na Liga dos Campeões O Benfica qualificou-se ontem para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões de futebol, como segundo classificado do Grupo D, apó s derrotar o Manchester United, em Lisboa, por 2-1, na sexta e ú ltima jornada. O Grupo D foi ganho pelo Villarreal, que venceu o Lille em Espanha, por 10, enquanto os franceses terminaram no terceiro lugar, sendo relegados para a Taça UEFA, e os ingleses terminaram de forma surpreendente no ú ltimo posto, eliminados das competições europeias. O Villarreal totalizou 10 pontos, contra oito do Benfica, seis do Lille e seis do Manchester United, que perdeu no desempate com os franceses devido à derrota sofrida em Paris e ao empate registado em Inglaterra. No Estádio da Luz, em Lisboa, o Manchester United colocou-se em vantagem logo aos seis minutos, com um golo de Paul Scholes, mas o Benfica deu a volta ao resultado ainda antes do intervalo, pelos brasileiros Geovanni e Beto, que marcaram aos 16 e 34.
Porto eliminado Entretanto, na terça-feira O FC Porto despediu-se sem gló ria da Europa do futebol, ao empatar sofridamente 0-0 com o Artmedia, em Bratislava, na sexta e ú ltima jornada do Grupo H da Liga dos Campeões. A precisar de vencer para continuar na Liga “ milionária” ou na Taça UEFA, a equipa “ azul-e-branca” não foi além de um empate - apesar do ascendente evidente dos eslovacos, sobretudo no segundo tempo -, podendo, no entanto, queixar-se do impró prio estado do terreno, demasiado lamacento para um jogo da “ Champions” . Depois de ter perdido em casa com o Artmedia por 3-2 e saído derrotado das deslocações aos terrenos do Glasgow Rangers (3-2) e do Inter de Milão (2-1), o FC Porto ficou justamente pelo caminho, de nada valendo o triunfo com os italianos (2-0) e empate com os escoceses (1-1), em casa. Com o empate em Bratislava e a igualdade entre o Rangers e Inter de Milão (1-1), na Escó cia, a equipa eslovaca,
debutante na Liga dos Campeões, foi relegada para a Taça UEFA, enquanto a formação de Glasgow tornou-se a primeira equipa escocesa a ultrapassar a fase de grupos da prova dos “ milhões” . Depois de na época passada ter conseguido o “ milagre” de chegar aos “ oitavos” , apó s vencer o Chelsea em casa (2-0) e ver o CSKA triunfar em Pa-
ris sobre o PSG, o FC Porto ficou desta vez pelo caminho, repetindo os desaires de 1997/98 e 99/2000. Campeões europeus em 1986/87 e 2003/04, os portistas acabam, no entanto, por ser penalizados pelos resultados conseguidos na Escó cia e em casa com o Artmedia, partidas em que, apesar da superioridade, foram derrotados por 3-2.
30 DESPORTO Ginásio do Centro Português com instalações renovadas CORREIO DE CARACAS - 1 DE DEZEMBRO DE 2005
Liga de Honra Varzim Olhanense Beira Mar Ovarense Santa Clara Feirense Maia Sport. Covilhã Marco
P
ara os amantes do exercício e da boa alimentação, o Centro Português em Caracas estreou o "Gym Center". Manuela Simões, natural de Aveiro, é a responsável pelo salão de entretenimento e comentou que a nova etapa deste lugar é para que o usuário melhore a sua condição física e mental e acostumar-se ao exercício como forma de combater o stress. "Mais do que ter um corpo esbelto, procura-se a saú de integral em cada pessoa e não recair no narcisismo", realçou Simões. O processo de reestruturação do ginásio começou pelas obras na sauna, vestuário e duches, já que a construção anterior estava deteriorada. Com a nova imagem e o equipamento com máquinas, o "Gym Center" oferece serviço de máquinas, multiforça, "spinning" e aulas cardiovasculares. O ginásio conta com pessoal qualificado que, desde o primeiro dia, tem como ú nica preocupação o utente. O uso diário das instalações desportivas é unicamente para os só cios do clube, que podem utilizar todos os serviços oferecidos pelo Gym Center".
II Divisão - Série A 9.ª Jornada
12.ª Jornada 3 3 0 2 1 1 2 0 2
3 0 0 3 0 0 4 0 4
Vizela Moreirense Chaves Portimonense Aves Barreirense Gondomar Leixões Estoril
Fafe 1 0 Sandinenses Torcatense 0 0 U. Madeira Lixa 0 1 Freamunde Valdevez 0 1 Ribeirão Portosantense 0 0 Famalicão Vilaverdense 1 3 Trofense
Classificação
Classificação
Pts. J V E D
Durante o dia, aproximadamente 50 pessoas deslocam-se aos espaços do ginásio. As pessoas que querem assistir aos exercícios devem ir acompanhadas por um só cio e cancelar o custo estabelecido. A inscrição é de cerca de 50 bolívares e a mensalidade ronda este valor. Manuela Simões tenciona contratar uma equipa de especialistas em nutrição para atender casos de extremo cuidado. Por agora existem três instrutores que se ocupam das necessidades particulares de cada cliente. "O corpo é a melhor coisa que temos, a ú nica coisa que temos de fazer é comer bem e ensinar isso aos clientes que vêm ao ginásio", realçou o especialista de fitness.
ACTIVA EM FITNESS Simões é instrutora de Spinning e Pilates, certificada pela escola Rebook. Desde há vários anos que tem estado imersa no mundo desportivo, tendo viajado para diversos países para participar em certificaç ões para aumentar o seu conhecimento sobre a saú de integral e física. Há cinco anos que Simões está a cargo do ginásio do clube, onde estimula os utentes a manteremse activos. As certificações serviram à coordenadora do "Gym Center" de ferramenta para conseguir aconselhar as pessoas que querem mudar o seu estilo de vida e deixar o sedentarismo.
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
Beira-Mar Sport. Covilhã Olhanense Estoril Gondomar Portimonense Leixões Aves Vizela Santa Clara Varzim Feirense Marco Maia Barreirense Moreirense Ovarense Chaves
23 22 22 21 20 20 19 17 16 16 15 14 13 12 11 10 9 8
12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
6 6 6 6 6 5 5 5 4 3 3 4 3 3 2 2 2 1
5 4 4 3 2 5 4 2 4 7 6 2 4 3 5 4 3 5
1 2 2 3 4 2 3 5 4 2 3 6 5 6 5 6 7 6
G
12-5 14-9 16-11 23-15 20-16 15-11 9-6 16-14 19-16 10-8 16-18 16-20 17-21 19-21 7-11 11-20 16-26 5-s13
13.ª Jornada (4-12) s
Varzim Moreirense Chaves Portimonense Aves Barreirense Gondomar Leixões Vizela
-
Olhanense Beira-Mar Ovarense Santa Clara Feirense Maia Sporting da Covilhã Marco Estoril
Pts. J V E D
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º
Trofense 18 A. D. Camacha 13 Famalicão 13 Sandinenses 12 União Madeira 12 Portosantense 12 Fafe 11 Ribeirão 11 Freamunde 9 Sport. Braga B 8 Vilaverdense 8 Lixa 8 Valdevez 6 Torcatense 2
8 8 8 8 8 9 7 7 8 7 9 7 7 7
5 4 3 3 3 3 3 3 1 2 2 2 1 0
3 1 4 3 3 3 2 2 6 2 2 2 3 2
0 3 1 2 2 3 2 2 1 3 5 3 3 5
G
16-6 14-10 10-7 9-7 7-10 6-7 8-7 4-4 7-7 10-10 10-13 5-7 7-9 3 -12
10.ª Jornada (4-12) União da Madeira - Fafe Freamunde - Torcatense Ribeirão - Lixa Sporting Braga B - Valdevez Trofense - Portosantense A. D. da Camacha - Vilaverdense
II Divisão - Série B
II Divisão - Série C
II Divisão - Série D
Ribeira Brava 1 1 Pedras Rubras
Portomosense 1 1 Penalva do Castelo
Oriental Vitória Setúbal B Odivelas Torreense Operário Casa Pia Louletano Pinhalnovense
9.ª Jornada
Esmoriz 1 1 Sp. Espinho
Tourizense 2 0 Oliveirense
Fiães 2 2 Infesta
União Coimbra 2 1 Oliveira do Bairro
Lousada 2 0 Aliados Lordelo
Abrantes 2 3 Fátima
Paredes 2 0 FC Porto B
Rio Maior 2 2 Pombal Nelas 1 1 Oliveira Hospital
Drag. Sandinenses 2 1 Sanjoanense
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º
9.ª Jornada
Classificação
Classificação
Pts. J V E D
Pts. J V E D
Paredes 14 Fiães 13 Sp. Espinho 13 D.Sandinenses 13 Lousada 12 Sanjoanense 11 Infesta 11 Aliados Lordelo 11 Pedras Rubras 11 Marítimo B 10 Esmoriz 9 Ribeira Brava 8 Pontassolense 7 F. C. do Porto B 6
9 8 8 8 8 7 8 7 9 8 8 8 7 7
4 3 3 4 3 3 3 3 3 3 2 2 2 1
2 4 4 1 3 2 2 2 2 1 3 2 1 3
3 1 1 3 2 2 3 2 4 4 3 4 4 3
G
17-9 11-7 9-7 10-8 10-8 9-8 13-12 10-12 8-12 15-15 9-13 4-10 8-9 5-8
10.ª Jornada (4-12) Sporting Espinho - Ribeira Brava Infesta - Esmoriz Aliados Lordelo - Fiães F. C. do Porto B - Lousada Sanjoanense - Marítimo B Pontassolense - Dragões Sandinenses
1º Oliveirense 2º Abrantes 3º Tourizense 4º Pampilhosa
0 0 0 0 0 1 1 1
Real União Micaelense Silves Mafra Madalena Benfica B Imortal Olivais Moscavide
Classificação
16 7 5 1 1 11-7 13 7 4 1 2 13-6 12 7 3 3 1 8-6
12 6 3 3 0 8-2 5º Fátima 6º Penal. Castelo 12 8 3 3 2 9-8 7º Benfica C. B. 10 8 3 1 4 12-15 9 6 2 3 1 8-4 8º Pombal 8 7 1 5 1 8-8 9º Rio Maior 10º Portomosense 6 7 1 3 3 8-10 11º Oliveira Bairro 4 7 0 4 3 9-12 12º União Coimbra 4 7 1 1 5 7-13 3 7 0 3 4 3-10 13º Nelas 14º Oliveira Hospital 2 6 0 2 4 3-14
10.ª Jornada (4-12) Oliveirense - Portomosense Oliveira do Bairro - Tourizense Fátima - União de Coimbra Pombal - Benfica Cast. Branco Pampilhosa - Nelas
4 1 2 1 2 0 2 1
G
19 8 6 1 1 15-7
Oliveira do Hospital - Rio Maior
9.ª Jornada
Pts. J V E D
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º
Louletano Operário Casa Pia Ol. Moscavide Imortal V. Setúbal B Madalena Benfica B Torreense Odivelas Pinhalnovense U. Micaelense Mafra Real Oriental Silves
20 19 18 16 15 15 14 14 13 13 11 11 8 8 4 2
9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9
6 6 6 4 4 5 4 4 4 4 2 3 2 2 1 0
2 1 0 4 3 0 2 2 1 1 5 2 2 2 1 2
1 2 3 1 2 4 3 3 4 4 2 4 5 5 7 7
G
20-11 11-5 18-10 10-5 18-9 10-9 8-14 9-10 12-10 12-14 7-6 10-10 7-11 12-20 6-15 7-18
10.ª Jornada (4-12) Real União Micaelense Silves Mafra Madalena Benfica B Imortal Olivais e Moscavide
-
Pinhalnovense Oriental Vitória de Setúbal B Odivelas Torreense Operário Casa Pia s Louletano
CORREIO DE CARACAS - 1 DE DEZEMBRO DE 2005
DESPORTO 31
Porto e Nacional na liderança U
m golo de Lucho Gonzalez no primeiro minuto recolocou na segunda-feira à noite o FC Porto na liderança da Liga portuguesa de futebol, apó s triunfo sobre o Gil Vicente (1-0), no encerramento da 12ª jornada e a quatro dias da recepção ao Sporting. Ainda não estavam decorridos 30 segundos de jogo no Estádio Municipal de Barcelos quando Quaresma efectuou o cruzamento para o internacional argentino, de cabeça, relançar os "dragões" no comando, em igualdade com o Nacional, que na sexta-feira saiu vencedor da recepção ao anterior líder, o Sporting de Braga (1-0). Uma semana depois da goleada sobre a Académica (5-1) - com os dois primeiros golos de Lucho no campeonato -, o FC Porto recuperou a liderança perdida à sétima jornada, apó s derrota em casa com o Benfica, e aguçou o apetite para o "clássico" que abre a pró xima ronda e ao qual os "leões" chegam no quarto lugar, a quatro pontos de distâ ncia. Para o Gil Vicente, o golo madrugador do médio portista destruiu a estratégia delineada e significou o sétimo encontro consecutivo sem ganhar, dos quais cinco derrotas, deixando os gilistas num
FC Porto fica com os mesmos pontos que o Nacional ao derrotar segunda-feira passada o Gil Vicente
12.ª Jornada
Marítimo 1 Benfica 0 Nacional 1 Vitória de Setúbal 1 Paços de Ferreira 3 Académica 1 Gil Vicente 0 Sporting 2 União de Leiria 1
1 0 0 0 1 0 1 0 1
Boavista Belenenses Sporting Braga Rio Ave Naval 1.º de Maio Estrela Amadora F. C. do Porto Vitória Guimarães Penafiel
Classificação
aflitivo 15º posto, com 11 pontos, à beira da zona de despromoção. Sporting e Vitó ria de Setú bal, que no domingo ganharam a Guimarães (2-0) e Rio Ave (1-0), respectivamente, destacaram-se pela positiva, enquanto o campeão Benfica empatou em casa com o Belenenses (1-0) e tem a "nota menos" da ronda. SONHO DURA 72 HORAS O sonho de ser líder isolado durou apenas 72 horas, mas ninguém poderá menosprezar a carreira do Nacional na Liga portuguesa. Os alvinegros estão a realizar um campeonato sem mácula, que apenas foi manchado pela derrota caseira com o FC Porto, o líder da Liga que, curiosamente, tem o mesmo nú mero de pontos que o Nacional. Em 12 jornadas, o Nacional conquistou 27 pontos, os ú ltimos três dos quais averbados diante do Sp. Braga, equipa que estava a ser
LIgA BetAnDwIn
Pts. J V E D Golos.
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
"levada ao colo" pela Imprensa nacional, que a considerava como séria candidata ao título. Na Madeira, o Sp. Braga perdeu dois jogos ambos por 1-0 - e deu a entender que não tem estofo para fazer frente aos "grandes" do futebol lusitano. Depois de ter sofrido a primeira derrota do campeonato com o Marítimo, os bracarenses caíram
aos pés de um humilde e trabalhador adversário, o Nacional, a equipa sensação do campeonato, cuja carreira está a causar sensação na Europa. Até onde poderá, então, chegar este Nacional? É difícil perspectivar, embora o modesto discurso do treinador não seja o mais animador.
F. C. do Porto 27 Nacional 27 Sporting Braga 26 Sporting 23 Vitória Setúbal 23 Benfica 19 Boavista 19 Paços Ferreira 17 Marítimo 15 Rio Ave 15 Académica 14 União de Leiria 12 Naval 11 Belenenses 11 Gil Vicente 11 E. Amadora 10 Vit. Guimarães 10 Penafiel 7
12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
8 8 8 7 7 5 4 5 3 4 4 3 3 3 3 2 3 1
3 3 2 2 2 4 7 2 6 3 2 3 2 2 2 4 1 4
1 1 2 3 3 3 1 5 3 5 6 6 7 7 7 6 8 7
19-7 15-4 13-5 17-14 10-3 19-12 18-11 14-15 14-14 15-17 11-16 12-16 13-20 13-16 9-16 8-13 7-17 9-20
13.ª Jornada (4-12) 02-12 – 21:00 F. C. do Porto 03-12 – 19:15 Belenenses 03-12 – 21:15 Marítimo 04-12 – 16:00 Rio Ave 04-12 – 16:00 Naval 04-12 – 16:00 Est. Amadora 04-12 – 18:30 Boavista 04-12 – 20:45 Sporting Braga 05-12 – 20:30 Vit. Guimarães
- Sporting - Nacional - Benfica - Paços Ferreira - Académica - Gil Vicente - Penafiel - Vitória Setúbal - União de Leiria
CORREIO DE CARACAS – 1 DE DEZEMBRO DE 2005
Juíza garante que se fará justiça no caso de co-piloto
A
juíza titular do processo que envolve quatro portugueses (entre eles o co-piloto Luís Santos), detidos há mais de um ano na Venezuela por suspeita de tráfico de droga, garantiu sexta-feira passada que se fará justiça. "Sou uma mulher honesta, não compreendo o porquê de tanta agressividade (entre alguns advogados da defesa e os procuradores do Ministério Pú blico). Quem for inocente será libertado, quem estiver culpado vai para a cadeia", disse a magistrada Maria Esther Roa. A juíza falava na ú ltima sessão do julgamento, olhando alternadamente para os procuradores-adjuntos e para o advogado Francisco Rodríguez Alemán, da portuguesa Maria Virgínia Pinto Cidade Passos, que fora já várias vezes interrompido por objecções do Ministério Pú blico, antes mesmo de concluir as perguntas que dirigia a uma testemunha da acusação. Num tom de voz sereno, a magistrada recordou que foi ratificada nas suas funções de juíza da terceira secção penal do Tribunal de Macuto pelo Supremo Tribunal de Justiça, exigindo por isso respeito de todos os intervenientes processuais. Anteriormente, durante a sessão de quinta-feira, a procuradora- adjunta Milagros Goitia insinuou que a juíza Maria Esther Roa estava a favorecer os tempos de interrogató rio dos advogados da defesa em detrimento do Ministério Pú blico. A juíza disse garantir a igualdade de direitos a todas as partes, declarou-se "ofendida" e instou a procuradora a deduzir, se fosse o caso, e na forma pró pria, um incidente de suspeição da magistrada, caso em
Polícia apreende 6,1 toneladas de cocaína em Portugal Noélia de Abreu
noeliadeabreu@gmail.com
A
Polícia Judiciária lusa apreendeu 6,1 toneladas de cocaína no passado dia 22 de Novembro. Esta é considerada a maior quantidade de carregamento já alguma vez surpreendido em Portugal. Na operação, foram detidos sete cidadãos franceses e um colombiano. Segundo a PJ, os detidos de nacionalidade francesa faziam parte de uma rede de tráfico internacional e de branqueamento de capitais em França e Espanha, alguns deles acusados de roubo e assaltos a mão armada. que então suspenderia a audiência do julgamento e deixaria a sala, relegando a apreciação do incidente para outra instâ ncia. A situação causou momentos de apreensão nos presentes, principalmente no advogado Manuel Silva Salta, do co-piloto Luís Santos. Depois de uma curta pausa, Milagros Goitia apresentou respeitosos pedidos de desculpa à magistrada e a audiência prosseguiu. Na ú ltima sessão foram ouvidas três das oito testemunhas da acusação notificadas pelo tribunal. A juíza mandou aproximaremse os advogados e agendou a pró xima audiência para 2 de Dezembro, sexta-feira, pelas 11:30 locais (15:30 de Lisboa). Todas as testemunhas reafirmaram que foram de facto os tripulantes que pediram a intervenção
das autoridades aeroportuárias, face à detecção de uma bagagem não identificada que havia sido colocada no porão do avião e que, segundo a tripulação, não pertenceria àquele voo. O caso remonta a Outubro de 2004, quando quatro portugueses, entre eles o co-piloto Luís Santos, e seis venezuelanos foram detidos pelas autoridades e acusados de transporte ilícito de substâ ncias estupefacientes. Foi a pró pria tripulação que localizou, descarregou e denunciou às autoridades a existência de umas malas que se veio a verificar conterem quase 400 quilogramas de cocaína. O processo envolvia ainda o comandante e a hospedeira da aeronave, que foram libertados em Novembro do mesmo ano.
Segundo noticiou a EFE, José Braz, subdirector do Departamento de Tráfico de Estupefacientes (DCITE), revelou que a droga vinha de Colô mbia e terá chegado a Portugal por via marítima. Acrescentou que um dos detidos, de 58 anos, mantém fortes vínculos familiares na Colô mbia e é considerado pela polícia francesa um dos principais organizadores do transporte de cocaína por via marítima. A operação foi denominada "Courage" e a PJ só precisou que os detidos têm idades compreendidas entre os 22 e os 58 anos e que pertenciam a uma rede internacional.
Primeira vítima portuguesa no Afeganistão
U
m militar português morreu no passado dia 18 de Novembro no Afeganistão e outros três ficaram feridos numa explosão de um artefacto que atingiu uma patrulha formada por dois veículos, que circulavam nos arredores de Cabul. As tropas europeias destacadas no Afeganistão, no â mbito da Missão da OTAN, foram objecto de diversos ataques nas ú ltimas semanas. O ministro português
da Defesa, Luís Amado, informou, numa visita às tropas no Afeganistão, que existia uma grande possibilidade de reduzir o contingente luso, referindo ainda que os soldados permanecerão no país depois de 2006. A explosão ocorreu à passagem da coluna militar com oito soldados portugueses, tendo causado a morte ao primeiro sargento João Paulo Roma Pereira e ferido gravemente o primeiro cabo Horácio da Silva Mourão.