Correio da Venezuela 139

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Segurança Social àvista

Dupla nacionalidade dá direito a apoios oficiais Página 6

Eleições Presidenciais

Portugal escolhe um novo Presidente dia 22. Página 32

www.correiodecaracas.net

O jornal da comunidade luso-venezuelana

ano 07 – N.º 139 - DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL

caracas, 12 De janeiro De 2006 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL:

1,50

Outra vez Vargas O encerramento do “ viaduto 1” , que liga Caracas a La Guaira, afecta directamente a comunidade portuguesa: a que necessita entrar ou sair pelo aeroporto, e a expressiva comunidade que vive em Vargas Página 3

Portugueses celebram

Danny: “ Voltei a ser feliz”

Da Madeira ao Norte do País O jogador luso-venezuelano está de pedra e cal na Rússia. Página28 festejou-se 2006 Página 10


2 EDITORIAL

CORREIO DE CARACAS - 12 DE JANEIRO DE 2006

Dura realidade Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez, Noélia de Abreu, Yamilem González e Victoria Urdaneta Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Bernardete de Quintal (Curaçau) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira Preparação Gráfica: João Santos (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Secretariado: Glória Cadavid Distribuição: Enrique Figueroa Impressão: Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares

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amentavelmente, os ú ltimos anos têm trazido dramas e mais dramas para o estado de Vargas, onde labuta uma expressiva comunidade luso-venezuelana. Depois da terrível tragédia de 1999, onde pereceram famílias inteiras e outras ficaram sem quaisquer bens materiais, os invernos seguintes acabaram sempre por traduzir-se no agravamento das precárias condições em que vivem. Este ano não poderia registarse pior começo para as gentes de La Guaira ou do resto do estado de Vargas, com a inoperacionalidade da ponte e do "viaduto um". Um acesso primordial e fundamental para toda a actividade econó mica, dada a falta de alternativas razoáveis.

Longe vão os tempos em que a referência a La Guaira era sinó nimo de alegria, praia e bons tempos com a família e amigos. Hoje essa referência esbateu-se e parece que alguma maldição se sobrepõe aos encantos de outrora. Para a comunidade portuguesa ali radicada, todos estes contratempos representam um duro golpe, dadas as características das actividades desenvolvidas. Para todos os envolvidos, na maior parte dos casos sem qualquer tipo de protecção ou alternativas, resta esperar por melhores dias. Com muita fé esperança que estes tempos terríveis hão-de passar e dar lugar, de novo, à prosperidade e ao gosto de viver em La Guaira.

O CARTOOn DA seMAnA Li no diário que os Portugueses vão ter 150 dias de lazer por ano!

E ainda falta contabilizar as "baixas" médicas!!

A seMAnA MUITO BOM Ao contrário de anos anteriores, desta vez a RTP-Internacional optou pela transmissão em directo da tradicional noite de fim-de-ano na Madeira. Também na Venezuela, os emigrantes estiveram atentos e assim tiveram direito a duas celebrações com uma diferença de cinco horas. Foi um excelente momento de promoção para Portugal em geral e para a Madeira em particular. Desta vez não foi preciso esperar dois dias para "ver o fogo" na televisão de Portugal.

BOM O novo ano augura coisas positivas, relativamente ao trabalho desenvolvido pelos nossos representantes no Conselho das Comunidades Portuguesas. A evolução conseguida em relação à obtenção do direito a pensão, que agora abrange todos os cidadãos portugueses e abandona a discriminação que imperava há uns anos. Igualmente se elogia a resolução do impasse em que se encontrava o acordo entre a Venezuela e Portugal, no respeitante à Segurança Social.

MAU Há alguns costumes de duvidosa utilidade que continuam a imperar, aqui e ali, sob o argumento da tradição e das festividades. Competir entre vizinhos para ver quem queima mais fogo artificial, ou para saber quem lançou o foguete mais potente, acaba por soar a ridículo. São hábitos que vão perdendo lugar, mas o envolvimento de menores, para além de perigoso revela também um mau gosto atroz!

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA

MUITO MAU

O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias.

A comunidade de Vargas não consegue libertar-se da névoa azarenta, com a autêntica perseguição pela "mãe Natureza!". De facto, ano após ano, parece que o destino não quer nada com aquele estado. Ainda não recuperados dos efeitos da tragédia de 1999, todos os anos têm que enfrentar novos contratempos, sempre relacionados com intempéries. Desta vez até ficam sem o principal acesso.

El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

Para todos los

gustos

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CORREIO DE CARACAS - 12 DE JANEIRO DE 2006

ACTUAL 3

Via alternativa pronta em fevereiro Enquanto a obra da nova via de ligação Caracas La Guaira não está concluí da, a circulação faz-se pela estrada velha. Mas nem tudo é mau, que o digam os comerciantes de certas localidades. Jean Carlos De Abreu

deabreujean@yahoo.com

O Ministerio de Infraestructura constró i uma via alternativa que passa pelo litoral e atravessa o Ávila, na zona do bairro Blandín, para chegar ao estado de Vargas através das montanhas desde a cidade de Caracas. Esta via de dois quiló metros de comprimento vai ser construída até ao final de Fevereiro deste ano O director do corpo de engenheiros do daquele Ministério, Kerman Sánchez, disse que 40 por cento do estudo da autoestrada alternativa para La Guaira está concluído. Por outro lado, os directores da empresa de construção civil "RGRSolmeca", Elena Asenjo e Roque Garcia, adiantaram que os detalhes para a obra da nova via estão já a ser ultimados. Entretanto, o trâ nsito na estrada velha de La Guaira, com os passar dos dias, foi-se tornando mais leve. A presença do corpo policial e de "Tránsito Terrestre" tem sido constante, pois em vários pontos da via se podem ver barreiras policiais para chamar a atenção e disciplinar os automobilistas e outros utentes. Uma viagem de automó vel entre Caracas e La Guaira, que antes durava cerca de meia hora, actualmente pode levar entre duas a quatro horas. Como era de esperar, os vendedores ambulantes ocuparam vários pontos ao longo da estrada com o objectivo de tentar vender os seus produtos às pessoas que por lá passam a pé ou aos automobilistas que esperam nos engarrafamentos que ocasionalmente se formam. Habitantes e comerciantes de Plan de Manzano, em Caracas, comentaram que as vendas aumentaram devido ao encerramento do viaduto, já que agora a estrada é uma das vias mais rápidas para chegar ao litoral. João de Freitas Gonçalves é um madeirense oriundo da freguesia da Ponta

Delgada que chegou a Plan Manzano aos 15 anos de idade. Vive desde então radicado nesta localidade. Disse ao Correio que neste sector está a ser muito procurado por automó veis e pessoas e que por isso às vezes se torna quase impossível circular na zona, pois o congestionamento que se forma é muito "forte". O luso adiantou depois que as vendas no seu comércio, uma lojas de bebidas e de venda de outros produtos alimentícios, também aumentou, graças à afluência de veículos que agora por ali passam e param à espera que a fila de ca-

rros se mova para a frente. Acrescentou ainda que lamenta por causa da situação da ponte, que considera preocupante, já que influencia a distribuição de alimentos. Teme que se venha a verificar casos de escassez nos negó cios existentes no estado ou que seja difícil substituir os stocks por causa do tempo, agora mais longo, que as mercadorias levam para chegar ao seu destino. João Gonçalves lamentou ainda que durante a noite pode-se ouvir um ruído constante e quase ensurdecedor origina-

do pela passagem dos camiões de "carga pesada" No estado de Vargas o quotidiano permanece sob relativa normalidade. Populares e trabalhadores mantém as grades abertas e os habitantes em geral levam a vida segundo as ordem habitual. Outras vias alternativas são a de Carayaca que liga o litoral central, com a povoação da Coló nia de Tovar um percurso um tanto mais largo mas que não deixa de ser também parte da solução ao problema.

Quinta Crespo: entre a chuvas e os assaltos Yamilem González Os efeitos prejudiciais da queda de chuva em excesso voltaram a ser sentidos na cidade capital, mais concretamente no Mercado Quinta Crespo. Parte desta infra-estrutura, situado no centro de Caracas, foi afectada devido às águas que transbordaram do Rio Guaire, e que também foram responsáveis pela inundação de uma das avenidas pró ximas, pelo encerramento do estacionamento do mercado, o que gerou a instalação de um certo caos na área. Cerca de 80 por cento dos negó cios no mercado pertencem a portugueses, facto que não alheio à circunstâ ncia de a localidade ser maioritaria-

mente habitada por pessoas dessa nacionalidade. Carlos da Ponte, presidente do Mercado Quinta Crespo, assegurou ao Correio que no ano passado chamou a atenção da autarquia de Libertador, que é presidida por Freddy Bernal, dano conta da possibilidade de uma ocorrência como a que efectivamente, para tristeza de todos, veio a acontecer, pois o aviso não teve qualquer resposta. A autarquia passou, imediatamente apó s o sucedido, o caso para o Ministério do Ambiente, entidade que detém a responsabilidade para resolver a situação e tentar prevenir que o problema seja de resolvido de uma vez por todas. Luís Barreiro, comerciante português, comentou ao Correio que a as águas não afectaram directamente o mercado. Contudo, entende que aquela situação representa um perigo para toda a zona se a raiz do problema não for "cortada" a tempo, pois o rio é capaz de começar a comer pouco a pouco a terra até chegar aos negó cios. "Acho que a solução é fazer obras nas margens e no leito do rio para que não se corra mais riscos com as chuvas e assim podermos começar a recuperar dos danos sofridos", sugeriu. Acontece que não são apenas as chuvas que estão a afectar os comerciantes e a população em geral da zona. A insegurança instalou-se na área e constitui outro "inimigo ambulante" nas redondezas do mercado Quinta Crespo. Os roubos tem-se sucedido de madrugada, mas é às seis da manhãa hora mais perigosa, segundo nos comentaram alguns comerciantes, aproveitando a ocasião para denunciar os vários assaltos que têm ocorrido.


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“ Sou venezuelana por casualidade” Apaixonada pelas suas origens lusitanas, Sónia da Silva reconhece que a vida de emigrante dos pais determinou a sua nacionalidade. Mas agora quer resgatar a sua história sem esquecer que também é venezuelana, confessa a luso-descendente. Arelys Gonçalves

arelyscorreio@hotmail.com

S

ó nia da Silva é venezuelana por nascimento, mas acredita que isso foi uma casualidade da vida. Isso não quer dizer que não sente orgulho pela terra natal. É um país que adora e que não quer deixar por nada no mundo. Mas não pode esquecer que chegou à Venezuela por uma circunstâ ncia que só dependeu da sorte dos pais. “ Eles emigraram para este país, mas podiam ter ido para o Brasil ou Estados Unidos. Nascer aqui foi uma casualidade” , observa. Por essa razão, ela não quer viver isolada da histó ria e das origens. “ Não nos podemos conformar com saber só que somos venezuelanos, também é bom reconhecer que temos sangue português e que crescemos num ambiente português” , defende. Para a interlocutora do Correio, é indispensável saber de se onde vem, daí que seja estranho o “ facto a minha irmãestar a fazer uma árvore genealó gica para chegar até as gerações

mais distantes” , disse, acrescentando que ela “ tem o sonho de contar aos filhos a histó ria dos nossos antepassados” . Só nia da Silva aprecia ver o pai lembrar-se das histó rias já quase esquecidas da família e ouvir velhas anedotas dos seus avó s. No plano profissional, Só nia, de 26

anos, é uma luso-descendente que se destaca no mundo da Internet e da informática. Desde 2002 trabalha para a Federação Internacional de Fé e Alegria, uma instituição que surgiu na Venezuela durante a década de 1950 e que agora conta com a participação de 17 países. Graduada na área de sistemas na Uni-

versidade Cató lica Andrés Bello, a entrevistada do Correio é a Administradora de conteú dos do portal da Federação, uma responsabilidade tão grande como o mesmo nome. Tem a tarefa de manter vivo o fluxo informativo e difundir o mais importante do dia a dia da organização internacionalmente. O trabalho, dirigido a ajudar aos grupos mais empobrecidos dos países, especialmente na área educativa, tem-lhe dado satisfações que se sobrepõe ao plano profissional e acrescentam espírito no pessoal. Exemplo do sucesso, nos três anos da sua experiência laboral, a pagina “ www.feyalegria.org” tem merecido consecutivamente o premio anual “ o melhor de ponto com” , um reconhecimento feito só na Venezuela pelos utilizadores da Internet nos portais de destaque. “ Para nó s esse prémio é muito meritó rio e ajuda-nos a continuar trabalhando” . Cresceu no seio de uma família emigrantes madeirenses onde o trabalho sempre tem um espaço privilegiado. Os pais, naturais da freguesia dos Canhas,


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concelho da Ponta do Sol, chegaram à Venezuela na década de 1970. “ O meu pai veio primeiro, depois de ter voltado da tropa em Angola e minha mãe veio depois com a minha irmã mais velha” , contou ao Correio. Orgulhosa das suas raízes, garante que a principal motivação para estudar informática surgiu no pró prio lar. “ Sempre ouvi os meus pais falar de que faltava o dinheiro e então eu queria estudar alguma coisa para ganhar muito e ajudá-los” , lembra. Apesar de reconhecer que a instituição não pode dar todas as recompensas salariais que ela esperava, diz-se plenamente satisfeita. “ Tem sido enriquecedor. Tenho apreendido coisas que possivelmente não teria podido conhecer em empresas. Nó s funcionamos para ajudar aos excluídos” , acresc e n t a . Além de trabalhar directamente na página, Só nia da Silva tem que treinar pessoas de outros países a desenvolver programas informáticos nos centros educativos. “ Queremos que todos tenham acesso à Internet, à educação e aos computadores” , explicou. Por causa deste desígnio, tem viajado para cinco países latino-americanos, onde também conheceu de muito perto as diferentes faces da miséria e da pobreza. “ Ver essas realidades demonstram-me que a nossa pobreza não é tão grande como em outros lados, ainda somos milionários” , afirma, sorrindo. A motivação que manifesta está alimentada pelo desejo de dar uma contribuiç ão à sociedade.

“ Quando começas em Fé e alegria já não paras” , disse. uma hiStó ria comum A histó ria dos pais de Só nia da Silva está escrita nos relatos de tantos emigrantes que chegaram à Venezuela. O

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pai, o mais jovem de nove irmãos, veio nos anos setenta com a ajuda de um tio. Começou a trabalhar num restaurante em Caracas como empregado de mesa e depois foi para San Juan de los Morros, no estado Guárico. Com as voltas

da vida, regressou à capital, onde acabou por ter o seu pró prio negó cio. A mulher ficou um tempo em Portugal, onde era bordadeira. Só veio dois anos depois com a filha que já tinha nascido. Depois de idas e vindas, agora têm um pequeno negó cio no Mercado de Quinta Crespo, onde curiosamente as especialidades são as “ empanadas” e os “ batidos de frutas naturais” , comidas nada portuguesas. A vida não lhes tem trazido grande fortuna, mas com isso vivem modestamente. “ Eu sempre me pergunto por que nó s não tivemos a sorte de outros” , questionou. Depois de tanto trabalhar, acredita que já era tempo para que os pais estivessem a descansar. “ Eles já nos deram educação, agora nó s temos que nos sacrificar por eles” , defende. A sua esperança e a dos seus dois irmãos é que o pai possa viajar a Portugal “ Ele tem 24 anos que não vai a sua terra. Já é o momento” , sugere. Da Silva também gostaria ir de férias a Portugal. No meio das possibilidades que lhe oferece sua condição de lusodescendente ela não quer deixar a Venezuela. “ Eu poderia ir a Portugal, por exemplo, porque essa é a terra dos meus pais, mas que é que eu posso fazer lá se eles vivem aqui. Em Portugal não tenho a ninguém” , lembra. A principal razão para ficar é os pais. “ Aqui tenho minha família, sinto-me bem e então para quê ir embora” . Está convencida de que vale a pena esperar. “ Deixar Venezuela, eu o pensaria duas vezes” .


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Portugueses com dupla nacionalidade também vão ter Segurança Social Acordo foi obtido na reunião do Conselho das Comunidades Portuguesas que se realizou em Lisboa antes do Natal tário do CCP, eleito em representação da Venezuela. Segundo este represendeabreujean@yaho.com tante, arrancaram assim as negociações tendo em vista futuros acordos bilateConselho das Comunidades rais entre a Venezuela e Portugal, tenPortuguesas (CCP) realizou, do ficado o governo venezuelano de esem Lisboa, a sua reunião tudar a possibilidade de somar os anos anual. O encontro de 19 de de trabalho em solo português aos reDezembro contou com a presença de re- gistados em terras de Simó n Bolívar, papresentantes da Assembleia da Repú - ra que os cidadãos lusos tenham acesso blica e visava discutir a Coordenação In- aos apoios sociais a conceder por Lisboa. ternacional de Segurança Social para Recorde-se que Portugal assinou váemigrantes de dentro e de fora da Eu- rios acordos com outros países que acolropa. hem emigrantes portugueses, tal como A principal conclusão do encontro foi aconteceu com os países de língua ofio acordo obtido com o Governo portu- cial portuguesa, para aplicar as convenguês tendo em vista ajudar os cidadãos ções assinadas no â mbito da Segurança com mais de 65 anos de idade, através Social e no direito do emigrante em ter do alargamento dos apoios oficiais a pes- acesso a assistência econó mica portusoas com dupla nacionalidade, já que, até guesa, a partir dos 65 anos de idade. agora, essa ajuda limitava-se apenas a ci« Apesar dos acordos assinados por dadãos com nacionalidade portuguesa. alguns países, o governo português não Esta alteração foi confirmada ao DIÁ- cumpriu o acordado. Por isso, continuaRIO por Inácio Pereira, primeiro-secre- mos todos os anos, perante o parlamento Jean Carlos De Abreu

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português, a lutar para que os cidadãos lusos com direito a receber pensões possam efectivamente recebê-las» , declara Inácio Pereira. Segundo o nosso interlocutor, no passado mês de Setembro realizou-se a V Conferência Ibero-Americana de Segurança Social, com os ministros e principais responsáveis de cada país. Nessa ocasião foi abordado o caso da Venezuela e o acordo bilateral assinado em 1993 e que ainda não entrou em vigor. « Esse acordo permite que aqueles que descontaram em Portugal e na Venezuela, mesmo que em nenhum dos dois países tenham cumprido o tempo estabelecido para receber pensão, possam somar os dois períodos e obter a segurança social no país onde se fixou, sem perda de direitos a esta ajuda» , recorda o dirigente da CCP. Venezuela não é o ú nico país que apresenta este tipo de dificuldades em relação à Segurança Social. África do Sul também tem retardado a aceitação e implementação deste acordo bilateral, já que segundo as estatísticas não apresenta uma comunidade portuguesa com tantas dificuldades como a que vive no Brasil e na Venezuela. SeRVIÇO MIlITaR eM CauSa Relativamente aos ex-combatentes e antigos militares, Inácio Pereira recordou que foi aprovada em tempos uma lei que estipulava que os cidadãos que cumpriram o serviço militar em Portugal receberiam assistência social por altura da reforma, mas por decisão do governo português essa lei não chegou a ser aplicada. Actualmente, o CCP e outras instituições internacionais solicitaram que esse estatuto entrasse em vigor para salvaguardar direitos dos cidadãos que queiram contabilizar o tempo de contribuição em Portugal para assim terem acesso à segurança social.

O montante anual estipulado para quem prestou serviço militar é de 150 euros, que seria acumulado ao valor que obteria pelo trabalho executado no país. Se não tiver as contribuições sociais em dia, o cidadão não terá acesso à pensão. aJuDa aOS MaIS CaRenCIaDOS Brasil e Venezuela ocupam os primeiros lugares nas listas dos portugueses com maiores carências no mundo. Por isso, em todas as reuniões realizadas em Portugal, o Conselho das Comunidades Portuguesas tem pressionado para que a ASIC (Assistência Social a Idosos Carenciados) não abranja apenas os residentes em solo português, mas também os emigrantes que adoptaram outras nacionalidades e que precisam de ajuda extrema. Segundo os dados facultados por Inácio Pereira, dos 1.963 casos registados na Venezuela envolvendo portugueses, 1.493 foram ajudados durante o ano em curso, embora 107 processos estejam pendentes e 212 casos estejam a ser verificados no respeitante ao grau de necessidades. Inácio Pereira referiu ainda que, este ano, o CCP assegurou ajuda a muitos necessitados de origem portuguesa, embora acrescente que « devemos continuar a trabalhar para que se concretizem as leis em vigor a favor dos emigrantes que estão fora da sua terra» , ajudando, dessa forma, os portugueses que « não têm de comer» . Apesar de tudo, Inácio Pereira comprometeu-se a falar com as diferentes associações portuguesas na Venezuela para que se constituam como parceiros nos processos de ajuda aos mais necessitados, que vivem nas diferentes cidades, tendo em vista a facilitar a aplicação dos acordos bilaterais Portugal-Venezuela que visam a ajuda aos mais carentes.


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Alfâ ndega do aeroporto inicia 2006 com apreensão de droga Passageira de um voo proveniente de Caracas foi interceptada na posse de 35 mil doses de cocaí na Helder Dantas (DN - Madeira)

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uncionários da Direcção-Geral das Alfâ ndegas e Impostos Esciais sobre o consumo (DGAIEC) do Aeroporto Internacional da Madeira saudaram a entrada no novo ano com uma "machadada" no narcotráfico. Desta feita, este serviço interceptou uma passageira na posse de dezenas de milhares de doses de cocaína. Segundo informações apuradas pelo DIÁRIO, esta passageira terá desembarcado no aeroporto, num voo proveniente de Caracas, capital da Venezuela, na madrugada de ontem. Os serviços alfandegários interceptaram-na e, apó s terem revistado a sua bagagem, descobriram várias embalagens suspeitas.

Apó s uma análise à substâ ncia contida nestes recipientes, foi determinado que se tratava de cocaína, com o peso bruto de 3,5 quilogramas. Uma vez "cortado", este produto estupefaciente daria para, no mínimo, 35 mil doses individuais. A passageira foi então detida, com a droga a ser encaminhada para o Ministério Pú blico e o processo entregue, nos termos da Lei aos cuidados do Departamento de Investigação Criminal do Fucnhal da Polícia Judiciária. Tudo indica que esta cidadã, de nacionalidade ainda desconhecida, se encontrava de passagem pela Região e tinha como destino final um outro país comunitário. Apesar dos festejos gerais em torno da efeméride, os serviços alfandegários reforçaram os meios para fazer frente a eventuais actividades ilícitas.


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A insegurança aumenta e alastra No último semestre de 2005, a delinquência aumentou consideravelmente na “ Esquina de Maderero a Bucare” , localizada na Avenida Baralt de Caracas. Diariamente os locais e estabelecimentos da zona são assaltados. baram das pessoas que estavam no estabelecimento. “ Eu não sabia o que estava qualquer momento passando, pois estava fora do nedo dia pode aconte- gó cio quando o assalto acontecer um assalto. A ho- ceu. Foi ao chegar que o meu irra não é um impedi- mão me gritou para que eu agamento para que os ladrões “ tra- rrasse os ladrões e saímos os dois balhem” na Avenida Baralt. correndo atrás deles. Quando os Quer seja noite ou dia, peque- alcançámos entraram num aunos grupos de vâ ndalos apo- tocarro de onde dispararam soderam-se das ruas e atacam os bre o meu irmão, matando-o” , proprietários dos negó cios e os contou o irmão da vítima, sutranseuntes despojando-os dos blinhando que “ aqui não há seseus pertences. gurança. Vivemos sobre a ameNo final do ano passado, qua- aça” . tro indivíduos assaltaram a loja Os roubos repetem-se com de Ferragens Valente que per- uma constâ ncia quase alucitencia a dois irmãos luso-descen- nante e a polícia parece não dar dentes filhos de pais madeiren- resposta a esta alarmante situases, José Ángel e Antó nio Go- ção. A “ Esquina Maderero a Bumes Pestana. Este ú ltimo foi care” converteu-se numa espévítima de dois disparos quando cie de zona vermelha onde o metentava deter os meliantes logo do é rei. As pessoas que circulam apó s o assalto. Os assaltantes fu- na área fazem-no com rapidez e giram com os ganhos do dia e sem granes objectos de valor pamais dinheiro e valores que rou- ra evitar que sejam roubados. Tábita Barrera

tababor@cantv.net

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« As AutoridAdes não olhAm pArA nó s» Estefanía Oropeza, funcionária da loja de frutas “ El Barrio” , explicou ao Correio que a presença policial na zona é praticamente nula e que quando aparecem polícias é para pedir uma « colaboração» aos proprietários dos estabelecimentos, isto é, quando vêm exigir dinheiro. « Falar com a polícia é inú til. Eles não nos fazem caso» , disse, desabafando que o « terror diários que as pessoas sentem quando estão a trabalhar» . Segundo disse, « há bandos de meliantes com mais de quatro elementos que se encarregam de causar estragos na avenida e arrasar com tudo. O pior é que pagamos muito dinheiro à autarquia e no final as autoridades nem olham por nó s” , observou Oropeza. Do mesmo modo, John Herrera, que trabalha no estabelecimento de bebidas “ La Pro-

vinciana” , situado ao lado da loja de ferragens “ Valente” , manifestou o seu descontentamento pelo que acontece na localidade. « Não se vê os polícias em nenhum lado. Quando se denuncia um roubo médio aparecem, mas passados dias deixam de aparecer. Somos nó s que temos de estar precavidos para qualquer eventualidade e às vezes até temos de trabalhar com as grades fechadas para evitar

que os malandros nos assaltem» , contou Herrera. Cada dia que passa são mais as pessoas que são afectadas pela delinquência que impera na Avenida Baralt, situação que, todos concordam, resulta do facto de as autoridades não estarem a cumprir com o seu trabalho. É por isso que deixam aqui um apelo aos polícias para que marquem presença nas ruas de modo a resolver os conflitos que as afligem na actualidade.


CORREIO DE CARACAS - 12 DE JANEIRO DE 2006

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CORREIO DE CARACAS - 5 DE JANEIRO DE 2006

Portugal festejou em grande F

estas de Fim de Ano para todos os gostos e carteiras foram preparadas para acontecer um pouco por todo o Grande Porto, com destaque para os tradicionais espectáculos de fogo-de-artifício e as animações em discotecas e hotéis. No Porto, o já característico fogo-deartifício foi lançado em torno da Câ mara Municipal, a partir da Praça General Humberto Delgado, tendo como tema a lenda de Prometeu, patrono das artes e da leitura dos sinais do céu. O espectáculo piro-musical "O Canto de Prometheus", desenhado por David Costa, arrancou à meia-noite em ponto, duas horas depois da animação programada pela Culturporto ter começado com a actuação na Praça D. João I da banda brasileira Água na Boca, radicada em Portugal. As comemorações do novo ano continuaram depois do fogo-de-artifício com um concerto do cantor Quim Barreiros. Para os amantes de ritmos "mais frenéticos", no Edifício da Alfâ ndega do Porto, a DouroMeets Circus promoveu a maior festa de passagem de ano no Norte do país, onde dançaram cerca de 6.000 pessoas. Artistas, trapezistas e malabaristas ins-

pirados pelo "Novo Circo" animaram o emblemático edifício da cidade. Antes da meia-noite os bilhetes custavam 25 euros. Depois subiram para 35 euros. No Teatro Sá da Bandeira, a passagem de ano 2005/06 fez-se ao som do grupo britâ nico pop-rock Happy Mondays e na antiga central eléctrica de Campanhã a "New Fashion Year" encantou com muita mú sica e animação. Os principais hotéis de cinco estrelas do Porto estiveram "praticamente lotados", e os agentes do sector a esperavam um aumento das visitas à região este ano. As unidades hoteleiras propuseram ceias de 'réveillon' a rondar os 150/200 euros por pessoa, com animações temáticas que iam desde os ritmos cubanos (Le Meridien Parc Atlantic Porto), aos "Contos de Fadas" (Sheraton Porto Hotel & Spa), passando pelas homenagens a Baco no Hotel Porto Palácio. Os portugueses Da Weasel, Expensive Soul e DJ Vibe foram os grandes convidados que passaram pelo Palácio de Congressos de Matosinhos. Na Trofa, a Igreja Paroquial de Guidões assinalou o adeus a 2005 com o "Concerto à Minha Avó ", cantado pelas crianças da paró quia, com temas clássicos dedicados às mães, avó s e à época

natalícia.. Na capela do Senhor da Pedra, em Arcozelo, Gaia, foi reeditado o tradicional "Primeiro Banho de Mar do Ano". Estava garantida a presença de cerca de 200 "corajosos" banhistas. No Casino da Pó voa, a lotação "esgotou" para assistir ao espectáculo da consagrada cantora brasileira Fafá de Belém, que foi a figura principal de uma festa que contou ainda com as animações musicais dos portugueses Meninos da Sacristia e dos brasileiros Contratempo e Kaipirinha. O preç o por pessoa do 'réveillon' neste casino foi de 200 euros. Em Ofir, a discoteca Pacha prometeu e cumpriu com um "Super Fim D'Ano", iniciado às 22:00 horas de sábado e só terminado às 18:30 horas de domingo. Os preços variaram entre 15 e 75 euros. Nelly Deep, Finzo, La Movida Beach, Chiquinho, Patinhas, Motinha, Henri Josh, Pedro Tabuada, Carlos Manaça, Pete tha Zouk, Frank Maurel, Mc Joe, Murphy_Br, Jesus del campo, Morrice, Italiano, Overule, Madflava, Mc Virgul (Da Weasel) e Gaiolin Roots são alguns dos mú sicos que actuaram naquela discoteca, que também com um ofereceu um espectáculo pirotécnico. Em Ovar, na praia do Furadouro os

Djs Miss Sheila, Nuno Clam, Sérgio Oliveira, Nelson Cruz, João Sanhudo, Nuno Pitarma e o MC Johny Def também deram o seu contributo para animar a festa. Em Vila Nova de Cerveira, na Indú stria Agrícola, o bilhete de 20 euros deu direito a assistir ao concerto dos escoceses Silicone Soul, que garantiram um início de 2006 "arrasador". Em Matosinhos, o projecto acú stico Carlos Araú jo & Friends animou a noite no B Flat Jazz Club. Em Espinho, no casino, os Bjorn Again (banda que integra o ex-Abba, Bjorn) e as Vozes da Rádio integraram o "Programa de Réveillon", que custava entre 200 e 250 euros e no Hotel Solverde a animação foi "garantida para todas as idades", com preços a rondarem igualmente os 200 euros. Música e fogo de artifí cio nas cinco cidades açorianas Espectáculos de mú sica e fogo-deartifício marcaram a passagem de ano nas cinco cidades dos Açores, em festas promovidas pelas autarquias de Ponta Delgada, Ribeira Grande, Angra do Heroísmo, Praia da Vitó ria e Horta.


CORREIO DE CARACAS - 5 DE JANEIRO DE 2006

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a passagem para 2006 Na ilha de São Miguel, o município de Ponta Delgada voltou a concentrar a animação na avenida marginal, junto ao monumento das Portas da Cidade, apresentando, pela noite dentro, mú sica do conjunto "Legendary Daltons" e de vários 'disk jockeys'. Para assinalar a entrada em 2006, a autarquia encomendou quinze minutos de fogo de artifício para a meia-noite, fogo que foi disparado a partir de três pontos de lançamento situados entre a baia do porto de Ponta Delgada e o cais 12 da Polnato. Na cidade da Ribeira Grande, na costa norte de São Miguel, o palco da festa foi montado no jardim junto à praça do município e o fogo de artifício, com duração de doze minutos, arrancou assim que soarem as ultimas doze badaladas do ano. Em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, a festa no Serrado do Bailão foi animada por ritmos brasileiros da banda "Rapunzel" e pela distribuição gratuita de espumante, quando o reló gio assinalou 24 horas e o céu se encheu de uma "explosão multicolor". Também na cidade da Praia da Vitó ria houve mú sica numa tenda montada junto à Marina, espumante e caldo

verde para assinalar a passagem. A Câ mara da Horta também preparou o tradicional espectáculo de fogode-artifício para a ilha do Faial e um concerto de mú sica ao ar livre. the gift e d'Zrt foraM as estrelas da festa na Praça do coMércio As bandas portuguesas The Gift e D'ZRT foram as estrelas da tradicional festa de passagem de ano organizada pela Câ mara de Lisboa na Praça do Comércio, um espectáculo que atraiu perto de 60 mil pessoas. Com um palco de 18 metros, 240.000 watts de luz e 100.000 de som, 100 metros quadrados de áreas de projecção, repartidos por quatro locais, e 50.000 disparos de fogo-de-artifício, a produção da iniciativa, orçada em 600 mil euros, envolveu 70 técnicos. A festa, de "vídeo, som e luz", começou às 22:30 de sábado com o concerto dos The Gift, vencedores em 2005 do prémio MTV para a melhor banda portuguesa. As boas vindas a 2006 foram dadas pelos D'ZRT, banda que lançou, no ano que findou, o seu primeiro álbum e com o qual conquistou seis discos de platina e

23 semanas em primeiro lugar do top de vendas. cinco quiló Metros de fogo-de-artifí cio aniMaraM 50 Mil turistas Um fogo-de-artifício com cinco quiló metros de extensão ao longo da baía do Funchal marcou à meia-noite a chegada de 2006 na Madeira, onde se encontravam 50 mil turistas, entre hó spedes em hotéis e os passageiros de passagem nos onze navios de cruzeiro que fizeram escala na ilha, entre os quais grandes paquetes como o "Queen Elizabeth 2" ou o "Costa Marina". A hotelaria registou uma ocupação média global de 96 por cento, nú mero que representa um aumento de 1,4 por cento face ao ano passado, de acordo com uma sondagem da Direcção Regional de Turismo. Para Carlos Macedo, responsável do consó rcio luso-espanhol "Macedo/Ricasa", que pela segunda vez organizou o espectáculo da noite de fim-de-ano, o fogo-de-artifício do Funchal é "ú nico no Mundo", beneficiando do efeito de baía e anfiteatro da cidade do Funchal. O espectáculo deste ano teve como tema "As Doze Badaladas ou os Doze

Trabalhos de Hércules", inspiração que deram sequência aos doze actos de fogo que irromperam ao longo de oito minutos, lançados a partir de 40 postos (seis no mar, 12 na Avenida das Comunidades Madeirenses e 22 distribuídos pelo anfiteatro da cidade do Funchal). Noventa mil disparos, 35 mil peças pirotécnicas e 300 pessoas envolvidas, entre técnicos, segurança e prevenção são alguns nú meros de uma iniciativa que representou um investimento de 938 mil euros da Secretaria Regional de Turismo e Cultura. O evento integrava o programa de animação interna do destino turístico Madeira na época de Natal e fim de ano, para o qual o orçamento regional fixou uma verba de 6,6 milhões de euros. O espectáculo foi antecedido por um amplo programa festivo, com milhares de visitantes a passear pelas ruas do Funchal, onde assistiram a exibições de grupos de folclore e de bandas municipais e participam nas mostras de usos e costumes da Madeira, provando a famosa sopa de trigo ou sopa da pedra. Festas em casas particulares, bares, discotecas, hotéis ou em espaços pú blicos prolongaram-se pela madrugada, numa saudação ao novo ano.


12 HISTÓRIA DE VIDA

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Um êxito concertado que continua relatos que espelham a vida de seres humanos anó nimos (que a Histó Historiador-Coordinador del concurso ria como disciplina colocou no cenconcurso “ Histó rias tro da sua atenção há mais cera de de vida” fechou no 50 anos) heró is esquecidos. ano de 2004 com um Trata-se de histó rias de portusucesso inesperado. Foi gueses que chegaram a várias partes interessante observar que na ú lti- da Venezuela. São casos exemplares ma etapa do concurso algumas pes- que mostram o esforço e o trabalho soas se entusiasmaram com a ideia característicos de quem possui oride testemunhar a vivência e a trans- gens lusas e que nos diferencia ante cendência histó ricas do emigrante a sociedade venezuelana. português na Venezuela. Este inteNem todos tiveram a sorte de poresse é um triunfo comum para to- der alcançar a totalidade dos sonhos dos. desejados, mas o espírito de luta e a Os apoios do Banco Millenium, fé nas suas pró prias capacidades do DIÁRIO de Notícias, do CO- mantiveram-nos agarrados a um ideRREIO, e na ú ltima fase da TAP Air al de vida. Por seu turno, os autores das hisPortugal permitiu uma parte desse êxito. O concurso encerrou com 25 tó rias mostraram uma clara consAntónio de Abreu Xavier

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ciência da importâ ncia do legado histó rio que relataram. Eles escreveram a partir de um estilo de fácil leitura, contaram experiências que tocaram a grane parte da nossa comunidade. As fotografias enviadas ajudaram a incentivar os mais jovens porque retractam momentos e estilos de vida que as ú ltimas gerações lusovenezuelanas não conheciam. As fotos, nesse sentido, transformaram-se em memó ria da comunidade. Por isso, o triunfo do concurso também se deve aos autores das histó rias. Devido à boa aceitação verificada entre os leitores, o concurso “ Histó rias de vida” continua em 2006. As condições de participação serão as mesmas: um testemunho que contenha aspectos biográficos do emi-

grante e acontecimentos que marcaram a sua experiência migrató ria. Deve ser acompanhado de três fotografias antigas e uma recente. Pode ser escrito em espanhol ou português. O texto da histó ria e as imagens devem ser enviadas para os escritó rios do Correio. A pedido do interessado, a equipa deste semanário pode visita-lo para o ajudar tanto na elaboração do relato como na reprodução das fotografias. A terminar, aproveito esta ocasião para desejar a todos muita sorte na edição do concurso deste anos de 2006 e agradecer a contribuição dada a este objectivo social que nos propusemos concretizar: fazer a Histó ria da nossa comunidade.


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Uma engenheira “ Cum laudem” Carmen Herrera é uma jovem luso-descendente lilianadasilva19@hotmail.com que conseguiu destacar-se ilha de pai madeirense na Universidade José e de mãe canariana, Carmen Luisa da Franca Antonio de Sucre como a Herrera, nascida em La melhor estudante do seu Victoria, estado de Aragua, veio curso. Um reconhecimento estudar engenharia para Caracas que poucos gabar-se numa na Universidade Jose Antonio de carreira tão exigente. Liliana da Silva

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Sucre. A sua vida é como a de uma artista famosa ou como a herdeira de um império. Mas pode-se gabar de ser uma que conseguiu o êxito no campo profissional ao acabar a licenciatura em Engenharia de sistema com a mais que honrosa menção “ Cum laudem” . Com apenas 22 anos, a jovem luso-descendente terminou em quatro anos um percurso que, estatisticamente, dura entre sei a oito anos devido à complexidade que o caracteriza, convertendo-se na primeira da seu curso e da sua universidade a obter uma média final de 8,15 numa escala cujo valor máximo é 9! Actualmente, esta engenheira trabalha na secção de automatização de uma empresa filial de PDVSA. Desde criança que Cármen da Franca se sente atraída por tudo o que envolve nú meros, como a física e a química, daí que tenha

optado muito cedo pelo que queria estudar. “ Especializei-me em sistemas porque esta área consegue resumir um pouco de tudo e como eu gosto das telecomunicações, a automatização e a informática, não podia escolher outra coisa” , observou. O seu interesse pelas coisas facilitou-lhe a “ caminhada” que fez pela universidade, embora, como reconhece, sempre encarando os estudos como o mais importante. “ As coisas não foram difíceis porque, como luso-descendente que sou, sempre trabalhei com o mesmo afinco, seguindo o exemplo do meu pai que, quando chegou a este pais, chegou a dormir num colchão e tudo o que hoje tem deve-se ao esforço que despendeu diariamente no trabalho” . O pai de Carmen da Franca

não viveu o suficiente para ver o sucesso da filha mais nova, vindo a falecer quando ela dava os primeiros passos na carreira. “ Agora só tenho a minha mãe, irmãs, tias e primos, mas sei que o meu pai está muito orgulhoso de mim onde se encontra” , assegura. - Que recordações guardas da tua visita a Portugal? As recordações que guardo de Portugal são a tranquilidade, a paz, a familiaridade do lugar. As comidas, a atenção da família, o poderes conhecer familiares que nem tinhas ideia que existiam apesar deles te conhecerem através das fotografias que o meu pai enviava na correspondência. Da Madeira recordo que era uma terra muito limpa, com lindas paisagens, bom clima. Gostei de tudo, na realidade.

a estudar um idioma que apenas entendia oralmente. - Tens algum desejo por cumprir? Muitos. Gostava de conhecer as outras ilhas de Portugal, pois tenho pensado em ir estudar para lá. Não investiguei muito sobre pó s-graduações que ali se podem tirar, mas estou considerando essa possibilidade. Mas para isso tenho de apreender a falar e a escrever melhor o português de forma a conseguir adaptar-me facilmente. Também gostava de ir à África do Sul, onde tenho familiares. Ao nível profissional, quero trabalhar numa multinacional, viajar, e mais tarde possuir o meu pró prio negó cio, e que seja de uma área diferente da minha carreira.

- Qual é que achas que foi o maior ensinamento que os teus - Por que é que decidiste es- pais te deixaram? tudar português? A educação que recebi em casa O meu pai sempre insistiu em influenciou a minha formação me ensinar as palavras básicas do pessoal e profissional. O meu pai português. Foi por ele que quis sempre nos ensinou a trabalhar e estudar a língua. Actualmente, fre- a encarar o trabalho como o meio quento aulas de português no Co- para alcançarmos tudo o que semlegio de Nuestra Señora de Fátima pre desejámos mas com honestide San Bernadino. A minha irmã dade e empenho. O meu pai nunmais velha fala português na per- ca estudou mas era muito bom feição e isso também me motivou nas contas. Creio que herdamos

esse dom dele, que tantas vezes o vimos a pô r em prática na frutaria que tinha antes de falecer. Trabalhar e conseguir tudo o que deseje foi o conselho que me deu o meu pai, mais o de ter fé em Deus e na virgem de Fátima, de quem sou devota, e ser constante e ter apoio da família. - O teu brilhante desempenho converte-te num exemplo para outros jovens. Algum conselho? O ú nico que gostaria deixar é um concelho que apesar de parecer já conhecido e repetitivo é chave para o êxito em qualquer área: estudem, preparem-se, lutem pelos vossos sonhos e dediquem-se a cumprir metas.


14 CULTURA

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Berardo descontente com gestão e qualidade da Casa das Mudas

Famosa colecção de arte ficará no Centro Cultural de Belém; «Madeira não tinha um museu para a receber» Rosário Martins

Berardo diz que não é « político» e que « o GR tem as suas prioridades» , mas assume que « teria sido melhor construir ultimato feito por Joe Berar- no Funchal do que na Calheta» . do ao governo português Decorrido algum tempo, e já quase a surtiu efeito. Apó s várias expirar o ultimato dado a Só crates, eis hipó teses goradas, que pas- que o Executivo consegue "segurar" a saram também pela Madeira, eis que a colecção em Lisboa. Esta solução não sigcolecção de arte contemporâ nea do em- nifica que a Madeira « tivesse ficado papresário madeirense ficará em Portugal, ra trás» no moroso processo negocial. mais precisamente no Centro Cultural Berardo explica-o: « Significa que a Made Belém. Ao DIÁRIO, o também co- deira não tinha um museu para receber a mendador mostrou-se satisfeito com o colecção» . Aliás, dadas as respostas semacordo, ainda verbal, firmado com o Exe- pre equívocas e adiadas dos sucessivos cutivo de Só crates, mas teceu algumas governos nacionais, a mesma colecção críticas à gestão e programação do Centro esteve em risco de ir para França. das Artes da Calheta (Casa das Mudas), Outra questão distinta, mas imporonde também tem expostas algumas pe- tante para a Região, é a exposição que o ças da sua valiosa colecção de arte. empresário tem na Casa das Mudas, que Já na Madeira para passar a quadra continuará, segundo o pró prio, a ser exinatalícia, Joe Berardo admitiu que gos- bida ao pú blico. Ainda assim, Joe Betaria que a sua colecção ficasse na terra rardo mostra-se « descontente» e até natal. Aliás, recorda, foi com esse objec- mesmo crítico em relação à gestão e tipo tivo que afirma ter trazido à Madeira o de programação do também designado conceituado arquitecto Frank Gehry pa- Centro das Artes da Calheta. Na sua ó pra estudar a hipó tese de implementar, tica, « tem de haver uma redefinição, no na área do Porto do Funchal (onde estão futuro, sobre a forma de dirigir este esos silos), aquele que poderia ser o futuro paço, bem como a sua programação» . museu de arte moderna, a exemplo do Recorda que, quando iniciou a exposique fez em Bilbao, com o Guggenheim ção de algumas das suas peças de arte na Museum. Sonhos que se desfizeram por Calheta, fruto de um protocolo rubricaqualquer razão, já que a opção do Gover- do entre o pró prio e o GR, com contrano Regional foi dirigida para a Calheta, partidas mú tuas, « o objectivo era fazer onde nasceu o Centro das Artes da Cal- exposições de nível internacional» . Poheta (Casa das Mudas). Sobre isto, Joe rém, comenta, « apó s a primeira expo(DN - Madeira)

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sição que se fez, as coisas tomaram um rumo diferente do acordado, havendo uma exposição de nível internacional e, depois, outros trabalhos... Não concordo com a forma como o museu está a ser gerido. É preciso pô r alguém que saiba o que está a gerir» . PRECISA-SE DE CURADOR Sendo ainda mais explícito, Berardo preconiza para a Casa das Mudas o que aconteceu com a Fundação Serralves, no Porto, isto é, « a existência de um curador à frente da instituição, ou seja, um profundo conhecedor da arte exposta, necessariamente de categoria internacional» . O empresário tem agendada com o director da Casa das Mudas, escultor Ricardo Velosa, uma reunião de trabalho, onde adianta que vai discutir estas questões que lhe têm vindo a causar « desagrado há já algum tempo» . Ainda assim, nada de concreto foi dito no sentido de haver a vontade explícita de romper com o protocolo firmado. Diz Berardo: « Há um acordo que pretendemos cumprir, mas é preciso manter um certo nível de qualidade» . Outro ponto de insatisfação do empresário são os condicionamentos viários existentes na Calheta em termos de acesso à Casa das Mudas. Aliás, o pró prio comenta com alguma ironia que, « para chegar ao museu é quase preciso dar a volta à Calheta, o que não é nada atractivo aos turistas e até mesmo aos madeirenses» . Das palavras de Joe Berardo, infere-se um desapontamento também face à pro-

cura do museu, que se situa aquém das expectativas iniciais. A este nível, o comendador insiste na importâ ncia de se apostar na captação de turistas e também da população escolar. DIRECTOR DIZ-SE SURPREENDIDO O director do Centro das Artes da Calheta mostra-se « admirado» com a insatisfação de Joe Berardo. « Nunca tive esse "feed-back" por parte do sr. comendador. Estou surpreendido, por isso, com a situação» , comenta. O escultor admite que tem existido « um problema num troço de estrada que liga o centro da Calheta à Casa das Mudas e que tem desviado algumas pessoas do espaço cultural» . Ainda assim, o director tem a percepção de que « as coisas têm funcionado bem e toda a gente elogia o trabalho desenvolvido» . Confrontado com as críticas de gestão e de programação, Ricardo Velosa observa que « o sr. comendador tem direito à sua opinião» e não está para « entrar em polémicas» . Na sua ó ptica, « é preciso dar tempo por forma a que este espaço tenha a projecção nacional desejada. No entanto, em um ano de existência, aquilo que já se fez é um trabalho de excelente qualidade» . Por outro lado, Velosa deixa claro que os termos do protocolo têm sido rigorosamente cumpridos entre ambas as partes e tem sido feita uma gestão criteriosa» . Por fim, « como português» , mostra-se « orgulhoso pelo facto de a colecção de Berardo ter ficado em Portugal, quando esteve em risco de ir para França» .


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Gabriel Fernandes regressa à televisão O actor luso-descendente vai interpretar um vilão na telenovela “ Amantes” , uma produção que transmite o canal RCTV. Gabriel Fernandes apresenta em Fevereiro o novo disco “ Los Chamos” Carlos Orellana

corellanacorreio@hotmail.com

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pó s dois anos de ausência da televisão, Gabriel Fernández regressou à Rádio Caracas Televisió n para interpretar o personagem “ Federico Talavera” , através do qual vai tornar a vida impossível a muitas outras personagens na telenovela "Amantes” . A minha personagem é a de um ‘ mosquito muerto’ . No princípio mostra-se muito arrependido e pacífico, mas depois revela-se como a pedra no sapato de todos os que entram na histó ria, contou o actor filho de madeirenses. “ Frederico Talavera” estava dado como morto (supostamente tinha sido devorado por piranhas), daí que quando aparece terá de se es-

forçar por convencer Leonor (a actriz Dag Dáger), sua mulher, a retomar a vida que tinham em comum. “ Para o conseguir, fará uso de todo um arsenal de enganos: lágrimas, angú stia e uma falsa sinceridade” , explicou depois o actor. Fernández vai interpretar a sua personagem nesta produção dramática até ao fim da histó ria. Mas, adiantou, a partir de Fevereiro vai dedicar-se também a um reencontro com o grupo "Los Chamos” , conjunto juvenil que o deu a conhecer nos anos 80, e com o qual espera lançar um novo álbum. Durante a sua ausência do pequeno ecrã, o actor dedicou-se a este projecto musical. “ O álbum foi gravado entre Miami e Barcelona e nele constarão os temas mais populares e actualizados do

grupo. Temos reggaetó n, mas ao estilo de Ricky Martin e Sahkira, Arabic beat, e uma canç ão inédita do cantor

Franco de Vita: Y todavia, que será o primeiro tema a ser lançado na promoção” , disse.

Funeral de Ilse Losa no sábado para o cemitério Prado do Repouso O funeral da escritora Ilse Losa, falecida no passado dia 6, com 92 anos, realiza-se sábado, às 10:30, para o cemitério do Prado do Repouso, no Porto, informou a editora Asa, que publicou alguns dos seus livros. A escritora, nascida em Março de 1913 na Alemanha, foi perseguida pela Gestapo, a polícia nazi, devido à sua ascendência judaica, tendo-se refugiado no Porto, onde casou com o arquitecto Arménio Losa e adquiriu a nacionalidade portuguesa. Autora de romances, contos, cró nicas, trabalhos pedagó gicos e livros para crianças, Ilse Losa recebeu o Grande Prémio Gulbenkian em 1984 pelo conjunto da sua obra para o pú blico infantil. "Histó rias Quase Esquecidas" (1950), "Aqui Havia Uma Casa" e "A Flor Azul" (ambos de 1955), "Sob Céus Estranhos" (1962), "Na Quinta das Cerejeiras", (1984), "Rio sem Ponte" (1988) e "O Príncipe Nabo" (2000) são alguns dos títulos da sua autoria.

Ilse Losa, que foi também colaboradora de jornais e revistas, alemães e portugueses, recebeu o Grande Prémio da Cró nica Associação Portuguesa de Escritores em 1998, pelo livro "à Flor do Tempo". "O Mundo em que Vivi", a sua obra mais conhecida, foi editada na Alemanha em 1990, está actualmente em 26ª edição em Portugal e a sua leitura integral é aconselhada pelo Ministério da Educação. Ao tomar conhecimento da morte da escritora, o presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, qualificou Ilse Losa como "uma das personalidades mais relevantes" da literatura infanto-juvenil portuguesa. Por seu lado, o escritor Hélder Pacheco disse à Lusa tratar-se de uma "grande perda para a cultura do Porto e para a literatura portuguesa", enquanto o poeta Manuel Antó nio Pina afirmou que foi com Ilse Losa que a literatura infanto-juvenil "atingiu a sua maioridade".

CULTURA 15 BREVES Fado e música clássica em Janeiro na Casa da Música O fadista Carlos do Carmo apresenta-se sábado na Sala 1 da Casa da Música, no Porto, mas o programa mensal da instituição integra também vários espectáculos dedicados à música clássica, foi hoje anunciado. O concerto de Carlos do Carmo substitui o espectáculo agendado para o passado dia 04 de Dezembro, que foi cancelado devido a uma súbita afonia do cantor. Os bilhetes adquiridos para o espectáculo anterior permanecem válidos para a nova data. Com 41 anos de carreira, Carlos do Carmo é um dos mais conhecidos fadistas do panorama musical português, com êxitos como "Lisboa Menina e Moça", "Por morrer uma andorinha", "Os Putos", "Estrela da Tarde", "Teu Nome Lisboa", "Gaivota" e "Canoas do Tejo". A sua carreira discográfica iniciou-se em 1964, sendo os seus trabalhos mais recentes "Nove Fados e Uma Canção de Amor", que conquistou em 2002 o prémio José Afonso atribuído no âmbito do XVI Festival de Música Popular Portuguesa, e "Carlos do Carmo - Ao Vivo no Coliseu dos Recreios", editado em 2004, em resultado de um concerto comemorativo dos 40 anos de carreira. Além da guitarra portuguesa, Carlos do Carmo vai partilhar o palco com a Sinfonieta de Lisboa. A programação do mês de Janeiro integra também vários espectáculos dedicados à música clássica, destacando-se recitais de piano de Artur Pizarro e Sequeira Costa e concertos pelas Orquestras Gulbenkian e Orquestra Nacional do Porto. O pianista português mais premiado em concursos internacionais, Artur Pizarro, regressa dia 14 à Casa da Música, após os seus recitais a solo e com orquestra na passada temporada. Neste concerto, o pianista estará acompanhado pelos solistas Raphael Oleg, no violino, e por Josephine Knight, no violoncelo. A 15 de Janeiro, a Orquestra Gulbenkian apresenta na sala 1 um programa para os amantes da música coral sinfónica em geral e de Wagner em particular, dirigido pelo compositor e maestro alemão Peter Ruzicka. Os concertos para bebés, interpretados por Paulo Lameiro e Saxofonia, regressam dia 22, com o violino como instrumento convidado. O Barítono Matthias Goerne sobe ao palco da sala 1 a 22 de Janeiro, acompanhado ao piano por Eric Schneider, para interpretar Beethoven e Schumann. O pianista Sequeira Costa apresenta o seu primeiro recital na Casa da Música a 26 de Janeiro, com um programa que inclui desde peças do repertório português setecentista até às obras mais virtuosas escritas para piano.


16 LAZER

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Comunidade de Guarenas foi homenageada tou várias peças musicais em honra do luso-venezuelano e de outras 40 figuras victoriaurdaneta@yahoo.com do desporto, entre atletas, treinadores e dirigentes desportivo. Mais tarde, foram ntó nio de Freitas foi ho- entregues as condecorações pelas autorimenageado no passado dia dades municipais e estatais. 06 de Janeiro por ocasião Em representação do Alcalde de Guado Dia do Desporto, num renas, William Páez, a “ primeira dama” acto realizado na cidade de Guarenas do Município assegurou que “ este reque visava reconhecer o seu apoio da- conhecimento só era atribuído a quem do ao “ Consejo consultivo del Ins- havia estado profundamente comprotituto Autó nomo Municipal de De- metido com esta terra, pessoas que são portes y Recreació n Plaza” , segundo muito valiosas pelo trabalho que desemas palavras de circunstâ ncia profe- penham em prol do desporto e, e geral, ridas pela presidente da Câ mara de por outras áreas da nossa sociedade, cujos Plaza. sucesso não são apenas importantes para a A homenagem foi iniciada com uma sua pessoa senão também para a dignifitradicional “ missa do desporto” que foi cação de toda a comunidade” . Por isso, a celebrada na “ Catedral Nuestra Señora comunidade luso-venezuelana, através de Copacabana” , onde se agradeceram de Antó nio de Freitas, foi uma vez mais “ os êxitos alcançados por treinadores e reconhecida como “ membro honorário atletas” , sem esquecer o “ apoio recebi- da população de Guarenas” . do pelas autoridades municipais, popuO luso-venezuelano teve ainda outro lação em geral, comerciantes da cidade” . motivo para se orgulhar-se porque a conFreitas foi um dos agraciados, devido decoração possui um carácter histó rico. à colaboração prestada desde a “ Cámara Nunca a Câ mara Municipal havia prode Comerciantes” , informou um res- movido uma sessão tão especial como a ponsável do evento, Belkys Leó n, acres- que acima descrevemos, de assembleia centando bons desejos para o luso-vene- aberta, para enaltecer a carreira de atletas zuelano e para o seu trabalho no Centro e honrosos personagens da comunidade. Sociocultural Virgen De Tátima, Guatire. Daí que o Director da Zona Educativa Apó s a liturgia, o “ Quinteto de Me- do Estado Miranda, Aníbal Istú riz, tenha tales Francisco de Miranda” interpre- referido ser aquela ocasião um momenVictoria Urdaneta Rengifo

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to inesquecível, tanto para os desportistas que recebem as medalhas como para as três ilustres personalidades que recebem uma placa alusiva ao momento. “ Estou muito contente por ser eu quem procede à entrega destas condecorações em nome da Autarquia e de todos os habitantes, pois estou convencido que

ajudar, promover e lutar pelo desporto é uma bonita maneira de contribuir para a educação da Venezuela e estão-no a conseguir” , disse a máxima autoridade do “ sector educativo del estado Miranda” e colaborador do Ministro Aristó bulo Isturiz, apontando para os atletas e Antó nio Freitas.


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18 TRAÇOS DE PORTUGAL

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São Miguel a ilha verde Liliana da Silva

Lilianadasilva19@hotmail.com

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Histó ria da Ilha Verde começa em 1444, apó s um acto do Infante D. Henrique, que introduziu a pastorícia nas então nove ilhas novas do arquipélago recém-descoberto. A capitania de São Miguel foi entregue a um cavalheiro e frade pertencente à Ordem de Cristo chamado Gonçalo Velho. Foi pela mão deste que chegaram à ilha os primeiros habitantes, na sua maioria provenientes de regiões como Estremadura, Alto Alentejo e Algarve. Seguiram-se posteriormente madeirenses, judeus, mouros e franceses. Estes ú ltimos deixaram uma marca da sua influência na pequena ilha que graças à sua posição geográfica e fertilidade dos seus solos conseguiu alcançar um breve desenvolvimento econó mico, motivado pelo cultivo do trigo, cana-deaçú car, vinhos e produtos lácteos que acabaram por ser exportados para África. Mais tarde juntaram-se a batata-doce, o milho, o linho e a laranja. O desenvolvimento de São Miguel trouxe a cobiça de terceiros pelo que foi alvo de vários ataques, encabeçados pelos corsários franceses, ingleses e argelinos entre os séculos XVI e XVII. Mais tarde, foi ocupada pelos espanhó is, durante o domínio dos “ Filipes” , que também governaram sobre o resto de Portugal. A laranja manteve-se como o principal produto de exportação durante séculos até que em 1860 uma doença exterminou os laranjais. Esta crise permitiu desenvolver outros cultivos como sejam o tabaco, chá, chicó ria e ananás. Paralelamente, verificou-se um incremento noutras indú strias, designadamente na pesca e da pecuária. Hoje, São Miguel é um dos centros de decisão política e administrativa da Região Autó noma e uma ilha com uma economia diversificada e em franca expansão. LAGOAS MÍ TICAS As erupções vulcâ nicas que ocorreram em São Miguel há mais de cinco mil-

Continuamos a descobrir o arquipélago dos Açores e nesta edição fomos à maior das nove ilhas açorianas: São Miguel. Conheça o que faz deste lugar um destino de milhares de turistas ano após ano. hões de anos deixaram monumentos naturais que fascinam quem os vê devido à sua irregularidade e, ao fim e ao cabo, pela sua perfeição. A arquitectura natural conjuga águas transparentes com colinas, vales verdes e vulcâ nicos que transmitem uma sensação de tranquilidade e paz aos turistas que os contemplam. O ar puro e a fauna que caracteriza o meio são os elementos que acabam por embelezar e suavizar um vista bela. Uma das lagoas mais conhecidas é a Lagoa das sete Cidades, a qual encerra muitas lendas. Uma delas conta que “ numa época passada existiu um reino pró spero no qual vivia uma princesa muito jovem, bela e bondosa. A princesa adorava a vida do campestre e gostava frequentemente de fazer passeios pelos campos. Um dia, a princesa de lindos olhos azuis, durante um passeio, foi dar a um prado onde pastava um rebanho. À sombra de uma árvore estava um pastor que tinha olhos verdes. Falaram dos animais e de outras coisas simples, mas belas, e ficaram logo apaixonados pelo outro. Nos dias e semanas seguintes voltaram a encontrarse sempre no mesmo local e a paixão foi crescendo de tal forma que trocaram juras de amor eterno. Porém, o boato dos encontros entre a princesa e o pastor chegou ao conhecimento do rei, que desejava ver a filha casada com um dos príncipes dos reinos vizinhos e logo a proibiu de voltar a ver o pastor. A princesa acatou a decisão, mas pediu que lhe permitisse mais um encontro com o pastor do vale. O rei aceitou o pedido. Encontraram-se

pela ú ltima vez e falaram longamente do seu amor e da sua separação. Choraram tanto que as lágrimas dos olhos azuis da princesa foram caindo no chão e formaram uma lagoa azul e as lágrimas caídas dos olhos do pastor eram tantas e tão sentidas que formaram uma mansa lagoa de águas verdes, tão verdes como os seus olhos. Separaram-se, mas as duas lagoas formadas por lágrimas, ficaram para sempre unidas e são chamadas de Lagoas das Sete Cidades. Uma é a Lagoa Azul, a outra é a Lagoa Verde e em dias de sol as suas cores são mais intensas e reflectem o olhar brilhante da princesa e do pastor enamorados” . Trata-se de uma lenda bonita mas as lagoas não são mais que uma cratera vulcâ nica inundada com água da chuva. E outra lagoa que impressiona é a Lagoa do fogo. É comovente, sobretudo, constatar a solidão e o silêncio que envolvem esta paisagem, onde só se pode ouvir o cantar dos pássaros nas árvores ou das gaivotas que sobrevoam o lugar. Tal como a lagoa das Sete Cidades, as águas de tons esverdeados e azuis adicionam-lhe ainda mais beleza ao espectáculo que é formado pelas colinas em seu redor. Para chegar até às lagoas é preciso caminhar um pouco. Mas o sacrifício vale a pena. Pelo caminho pode contemplar vegetação que foi conservada no seu estado original. Para além das lagoas – refira-se que existem cerca de três dezenas de lagoas grandes e pequenas – as conhecidas furnas são outras das atracções turísticas. Os turistas não se cansam de tirar fotografias as estes jactos de água fervendo que emergem das margens das ribeiras e inclusivamente das tampas dos colectores de esgotos da cidade. Os povoadores de São Miguel souberam tirar proveito das furnas que vai mais além daquele que advém do turismo. Para preparar o cozido, é cavado um buraco no solo quente e hú mido de forma a poder acolher uma panela com os ingredientes do tradicional Cozido Açoriano, que precisa de cinco horas para coser, sendo depois desenterrado para seguir para a mesa dos restaurantes.

Guia de Sã o Miguel • São Miguel possui uma superfície de 746,82 km2, mede 90 km de comprimento e conta com uma população de aproximadamente 140.000 habitantes, o que a converte na mais grande e povoada das nove ilhas. Ponta Delgada, a capital de São Miguel, é também a capital do Arquipélago dos Açores. • As actividades económicas mais importantes são a agricultura e ganadaria. Os solos férteis produzem alimentos como o chá, fruta, cereais e o vinho. • A Ilha é a sede de da festa mais importante do arquipélago, a que é feita em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que se realiza no quinto Domingo após da Páscoa. • O Arquipélago dos Açores foi descoberto no ano de 1427 por Diogo de Silves, quem encontrou as a nove ilhas localizadas a 1300 quilómetros da costa portuguesa. O nome dado ao arquipélago fica-se a dever ao facto de os descobridores terem sido recebidos por umas aves que elos confundiram com açores mas que realmente eram águias. • Devido à sua localização, em pleno Oceano Atlântico, o clima é marítimo pelo que não apresenta grandes oscilações de temperatura ao longo do ano. • A ilha de São Miguel oferece uma ampla gama de alojamentos, desde confortáveis hotéis e até cómodas residências. A gastronomia local pode ser saboreada em restaurantes e a vida social conhecida em bares e boates, alem dos pontos de partidas (portos) para conhecer outras ilhas. • A flora e a fauna presente em São Miguel são inesquecíveis. Aves marinhas e diversos pássaros constituem os elementos mais atractivos da fauna terrestre, mas é no mar que se pode encontrar a riqueza animal de São Miguel e dos Açores com uma abundância de centenas de espécies de moluscos e peixes, de grandes mamíferos como o cachalote e o golfinho que podem ser vistos a traves das actividades de mergulho que se oferecem. Fonte:www.acores.sapo.pt


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Comunidades - Recenseamento, escola virtual e escritó rio consular

A

abertura de um escritó rio consular na Có rsega, a informatização do recenseamento eleitoral, a criação de uma escola virtual e o fim do destacamento de professores no estrangeiro foram algumas medidas que marcaram as comunidades portuguesas em 2005. Em Setembro, Portugal tornou-se o primeiro país com representação diplomática oficial na ilha francesa da Có rsega, respondendo a uma reivindicação antiga dos cerca de sete mil portugueses residentes naquela região. Até então, os portugueses residentes na Có rsega tinham de gastar cerca de 500 euros para se deslocarem ao consulado de Marselha. Numa tentativa de resolver também a questão do recenseamento eleitoral dos emigrantes portugueses, que se arrastava há vários anos, a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas disponibilizou no início de Dezembro o recenseamento electró nico nos consulados. Na prática, os consulados dispõem de um mecanismo informático que, salvo indicação em contrário, inscreve automaticamente os portugueses nos cadernos eleitorais. Num universo de quatro milhões e meio de emigrantes portugueses e luso-descendentes, apenas cerca de 190 mil estão inscritos nos cadernos eleitorais.

A Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas lançou também um folheto informativo on-line (www.dgaccp.pt/newsletter), com informações ú teis de iniciativas da tutela, regulamentação aprovada e informações técnicas. Foi ainda criado um blog para os portugueses residentes no estrangeiro (www.secomunidades.pt/blog) e lançada a nova página de Internet da Secretaria de Estado (www.secomunidades.pt). O secretário de Estado das Comunidades, Antó nio Braga, apresentou em Outubro a Escola Virtual (www.escolavirtual.pt), através da qual os emigrantes podem aprender português e aceder a informação diversa sobre Portugal e os países de acolhimento. Em matéria de Educação, foi anunciado o fim do destacamento de professores de português no estrangeiro a partir do pró ximo ano lectivo e a sua substituição por docentes contratados localmente. A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) mostrou- se preocupada com aquela medida, alertando que "se a transacção entre professores destacados e contratados não for planeada e feita com tempo, corre-se o risco de acabar com o ensino do português no estrangeiro".

A Secretaria de Estado das Comunidades estabeleceu ainda acordos com o Governo da África do Sul para a integração do Português no ensino oficial sul-africano, já a partir de Janeiro, e iniciou conversações com Venezuela e França para o mesmo efeito. Portugal e África do Sul assinaram ainda protocolos de cooperação na área da segurança, devido à elevada criminalidade que afecta a comunidade portuguesa residente naquele país, e na área da Segurança Social. Em matéria de viagens, o titular da pasta das Comunidades visitou cinco comunidades desde que tomou posse, em Março passado: África do Sul, Irlanda do Norte - por ocasião das celebrações do Dia de Portugal -, ilha de Có rsega, Argentina e França. Em Junho de 2005, Lisboa recebeu a reunião plenária do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), que terminou com críticas ao Governo pela "ausência de uma política" que contemple os cerca de quatro milhões e meio de portugueses espalhados pelo mundo. Entretanto, o secretário de Estado das Comunidades anunciou que a lei que rege aquele ó rgão de consulta do Governo em matéria de emigração vai sofrer algumas alterações, entre elas, a redução para quase metade dos membros do CCP

Metade dos grandes incêndios de 2005 foram fogo posto C

erca de metade da área ardida em grandes incêndios florestais em 2005 deveu-se a fogos postos, de acordo com os nú meros actualizados da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, citados segunda-feira pelo jornal Pú blico. Os nú meros da DirecçãoGeral dos Recursos Florestais (DGRF) dizem respeito às causas dos incêndios do ano passado, nos quais arderam quase 300 mil hectares de matos e florestas. De acordo com os dados da DGRF, 2005 foi também um ano em que se registou um aumento no nú mero de detenções de suspeitos incendiários: 147 no total, quase o dobro de 2004 (80). O Pú blico escreve que o pa-

ís entrou na época dos fogos teoricamente mais bem preparado para enfrentá-los e entre as várias medidas iniciadas depois do catastró fico ano de 2003 onde a área consumida pelas chamas chegou aos 425 mil hectares - está o Sistema Nacional de Prevenção e Protecção da Floresta contra incêndios. No sistema - publicado em Junho de 2004 - constam medidas como o condicionamento de acesso a zonas críticas de incêndio com participação das Forças Armadas em acções de vigilâ ncia. No entanto, o ano de 2005 ficou marcado por uma elevada factura devido aos fogos causados intencionalmente por mão humana. Houve quase oito mil incên-

dios com área ardida superior a um hectare, somando 293.911 hectares de matos e florestas devastados. No entanto, quase três quartos da área ardida (213.517 hectares) resultaram dos 102 maiores incêndios, com mais de 500 hectares, escreve o Pú blico. Segundo os dados da DGRF, pouco mais de 99 mil hectares de área ardida nos grandes fogos tiveram como causa o "incendiarismo". Nesta categoria estão incluídos incêndios intencionais inimputáveis - como os causados por crianças - e todos os tipos de fogo posto passíveis de processos-crime. A maioria foi atribuída a vandalismo, que na definição das autoridades florestais significa "uti-

lização do fogo por puro prazer de destruição". O vandalismo esteve na origem de 81 mil hectares de áreas verdes ardidas e foi ainda a causa do maior incêndio do ano passado, iniciado no dia 19 de Julho no concelho de Seia, na Serra da Estrela, onde arderam 17 mil hectares. De acordo com o jornal, haverá ainda mais fogos de origem intencional entre os grandes incêndios que ou não foram investigados, ou sobre os quais não foi possível apurar uma causa concreta. Estes representam cerca de um terço do nú mero de fogos (32 por cento) e um quarto da área ardida (25 por cento). Há ainda 17 mil hectares de área ardida em nove fogos que apare-

cem nas estatísticas como estando em "investigação". O "uso do fogo" - que envolve actividades proibidas no Verão como as queimadas agrícolas ou renovação de pastagens - respondeu por 17.141 mil hectares de área ardida. Houve também cerca de três mil hectares perdidos em três grandes incêndios devido ao lançamento de foguetes, proibidos em todos os espaços rurais entre 01 de Julho e 30 de Setembro. Fumar ou fazer lume nas áreas florestais também é proibido nessa altura, mas, ainda assim, houve pelo menos um grande incêndio em Caminha, a 12 de Agosto, provocado por fumadores, com 950 hectares de área ardida.


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Autarquias com dívida de 165 milhões

A

s 19 câ maras municipais açorianas apresentavam, no final de 2003, um endividamento global de 164,73 milhões de euros, 135,6 milhões dos quais relativos a dívidas à banca, detectou uma auditoria do Tribunal de Contas divulgada recentemente. Segundo o documento do TC, em 2003, o endividamento bancário dos municípios dos Açores aumentou 5,94 por cento em relação ao ano anterior, enquanto que as despesas com amortizações e juros dos empréstimos atingiram os 11,73 milhões de euros. A capacidade média de endividamento das autarquias foi de 56 por cento, com o município das Lajes das Flores a registar o limite mínimo de 7,5 por cento e o das Velas o máximo de 97,1 por cento nesta área. A auditoria do TC apurou, ainda, que as dívidas a terceiros ascendiam, no final do ano, a 29,11 milhões de euros e representavam 17,7 por cento do endividamento total das câ maras municipais do arquipélago. De acordo com o Tribunal de Contas, as autarquias estavam, em 2003, confrontadas com um "crescente endividamento bancário e por significativos compromissos com fornecedores não regularizados dentro dos prazos" contra-

tados. Essa situação obrigou ao recurso a outras fontes de endividamento, caso do "factoring" e "leasing", que permitiram "contornar a rigidez do modelo de financiamento tradicional". O TC alertou, porém, que estes mecanismos, apesar de não afectarem os limites legais de endividamento das autarquias, podem gerar "défices orçamentais encobertos e implicar o pagamento de encargos financeiros mais onerosos". Segundo a auditoria, a Câ mara Municipal da Ribeira Grande possuía a dívida mais elevada (20,4 milhões de euros), seguindo-se a de Ponta Delgada (20,8), Vila Franca do Campo (19,2), Angra do Heroísmo (18), Lagoa (13,9) e Horta (11 milhões). No seu conjunto, estas seis autarquias representavam 62,4 por cento das dívidas dos dezanove municípios dos Açores, refere o TC. Entre 1999 e 2002, a contratação de empréstimos foi sempre crescente, detectou o Tribunal de Contas, que apurou acréscimos "substanciais" em 2001 e 2002 de 127,5 por cento e de 51,7 por cento, respectivamente. Já em 2003, face aos condicionalismos da Lei de Enquadramento Orçamental e ao Orçamento de Estado, os financiamentos contratados atingiram,

apenas, 10,9 milhões de euros, menos 78,2 por cento do que no ano anterior. O documento refere, também, que as contas de gerência da maioria dos municípios evidenciavam, em 2003, os "constrangimentos de natureza financeira decorrentes das orientações rígidas da política orçamental determinadas pelo Governo e Assembleia da Repú blica". O Tribunal adianta ainda que, entre 1999 e 2003, as receitas municipais passarem de 117,58 milhões de euros para 179,47 milhões de euros, chegando

mesmo a atingir um máximo de 231,42 milhões em 2002. Perante os nú meros apurados na auditoria, o TC recomendou às câ maras municipais a adopção de medidas de equilíbrio financeiro de modo a evitar o recurso a alternativas onerosas de financiamento, em caso de falta de capacidade de endividamento. Além disso, deverão ser definidos indicadores de performance que disponibilizem informação credível, de modo a manter a dinâ mica de despesa devidamente controlada e, ao mesmo tempo, assegurar rigor e eficiência no re-

Gripe das aves: Portugal está preparado, diz o ministro

O

ministro da Saú de, Antó nio Correia de Campos, garantiu segun-feira que Portugal é um dos países da Europa mais bem preparados em termos de prevenç ão e combate à gripe das aves. "Nó s devemos ser algum dos países da Europa que está mais bem preparado antecipadamente para prevenir e combater a gripe das aves", referiu Correia de Campos, que falava no Hospital de Santo Antó nio, no Porto, na inauguração do Auditó rio Professor Doutor Alexandre Moreira.

O ministro lamentou o aparecimento de cinco novos casos de gripe das aves na Turquia e garantiu que o dispositivo português "está bem montado", com informações e alertas de emergência, que "varrem" a informação em todo o mundo. A Comissão Europeia anunciou no mesmo dia que vai interditar a importação de plumas não tratadas de seis países fronteiriços com a zona leste da Turquia, onde já se verificaram nove vítimas mortais devido à gripe das aves.


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22 OPINIÃO

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Coragem, muita coragem de novos horizontes fora do país com a ideia de ajudar os seus desde longe e voltar quando existam mais oportunidades. É mais que obvio que continua a “ fuga de cérebro” . Entretanto, os que Arelys Gonçalves ficam aguentam, continuam a “ sobrearelyscorreio@hotmail.com viver” , nunca perdem a esperança de sair para diante e também têm razão de regresso à terra natal é sem- insistir. Para uns e para outros, tanta copre uma surpresa, uma emo- ragem os faz admiráveis. ção que bem podem descreNo meio daquele esforço contagiover aqueles que deixam o so, e esperançoso, está a matéria com a país por algum tempo. O sentimento é que os jornais “ alimentam” as suas páde nostalgia, de alegria e até de uma an- ginas. Delitos e mais delitos são sempre siedade pró pria daqueles momentos em as notícias de destaque. Sequestros, asque se desespera por reencontrar a fa- sassinatos, roubos e demais crimes que mília com os braços abertos no aero- vão desde os mais comuns até os mais porto. Na nossa Venezuela, a desta épo- infames. Nem sequer faz falta mencioca, a experiência de sair e voltar é mui- nar algum. Isso não quer dizer que os jorto mais que isso e já é dizer bastante. nalistas estejam a mentir. Pior ainda, é Além do calor da recepção dos fami- simplesmente a violência que faz parte liares, que apenas um olhar ao panorama do nosso quotidiano. da surpresa acrescenta, saltam à cabeça A zona central de Caracas, “ o casco alguns pensamentos pouco convencio- histó rico da cidade” é uma das mais nais: querer ir embora com a família to- concorridas durante as compras de Nada ou ficar para estarmos juntos nos tal. Está irreconhecível. Ela submergiu bons e mais momentos. Qualquer das num conglomerado de vendedores amhipó teses é sempre difícil de cumprir. bulantes que oferecem os mais diversos Em todo caso, não há que exagerar! Des- serviços. Famílias inteiras estão a trabalde a janela do carro vê-se um país que har e a “ conviver” num ambiente áscaminha, que se mexe, mas não se tem pero e com ar agressivo que, às vezes, a certeza para onde. até dá medo. Que triste quando a inseNa verdade, é que apesar do opti- gurança se pode respirar. mismo do Instituto Nacional de EstadísNo “ bulevar de Sabana Grande” , tica, a depreciação do nível de vida na outro antigo símbolo da capital, a expeVenezuela não é tão invisível. O desem- riência é semelhante. As vitrinas das loprego no plano profissional deprime um jas ficaram tapadas com os bazares fapouco, daí que alguns partam à procura bricados pelos “ buhoneros” , que os fi-

O

zeram a partir de estruturas de ferro, plástico e madeira. Parece um “ panal de abelhas humano” . No essencial, aquela velha esplanada mudou para um verdadeiro labirinto de “ preços solidários” , muito atractivos para quem procura a economia, mas também para quem exerce o vandalismo como ofício. Entretanto, quem pode, foge aos centros comerciais onde poupar não é a objectivo, mas sim a tranquilidade de se sentir em segurança. É uma sorte que o sol e o clima sempre agradável da Venezuela não têm mudado e o optimismo da gente continua a ser o suporte para dar sabor às “ hallacas” e para acender as luzes do presépio. Como sempre, o tempo está a correr, as férias de natal já acabaram e a hora da partida está perto para quem tem que voltar para o “ exílio laboral” . A nostalgia regressa. Fazer as malas não é tra-

balho fácil. Uma olhar à casa dos pais é suficiente para que reapareçam aquelas ideias confusas da chegada e a pergunta que nunca falta: valerá a pena? Os conselhos dos amigos confundem ainda mais a resposta: “ Nem penses em voltar ainda! Sim, sim, podes voltar, isto vai melhorar pronto! Quem tem razão? Não se sabe “ por agora…” . O começo de um novo ano também se abrem novas esperanças. O ano de 2006 já se perspectiva como interessante, para não complicar a definição. Com uma assembleia uniforme e unicolor os políticos não terão muito em que pensar. No entanto, quem fica na Venezuela e quem deve partir têm de esperar até um pró ximo reencontro para o balanço. Entretanto, os dias passam e há que continuar, encher a alma de coisas positivas, fechar os olhos ante o mau e ter coragem, muita coragem!

Para passar o ano Wenceslau de Sousa de Moraes esteve ainda mais longe. Foi cô nsul em Osaka, de donde escreveu Cartas do Japão. Da Africa continental temos as novelas de António de Abreu Xavier Lídia Jorge, que esteve na Venezuela. Historiador Em Cabo Verde escreveu Baltasar Loaindax1@yahoo.com pes da Silva a sua obra Chiquinho. Da vida na Europa fala o madeirense Heroje esta coluna traz bons berto Helder de Oliveira com mais de desejos para todos em 2006. 15 obras. Do também madeirense HoráE para passar o ano deixo cio Bento de Gouveia fizemos já uma uma recomendação de no- resenha da sua breve obra Torna-viavelas de emigrantes. São romances para gem. Desde os Açores falam: Manuel tomar maior consciência que o emi- Greaves das Aventuras de Baleeiros em grante pertence a dois mundos e, ao portos e navíos, Nunes da Rosa dos Pasmesmo tempo, constró i o seu pró prio torais do Mosteiro e da Gente das Ilhas. com o que toma dos dois. Da Horta o jornalista Florêncio Terra Há obras exó ticas pelos destinos dos fala da Vingança da Noviça e de O Enautores. Em Macau viveu Camilo Pessa - geitado. nha, filó sofo, juiz e poeta, que deixou a Dos ‘ Brasileiros’ temos: Emigransua experiência escrita em folhas soltas. tes e A Selva, obras já conhecidas de FeNo ano 1920 foi publicado Clepsidra, rreira de Castro; Ultima Dádiva, de Trinuma compilação feita por um amigo. dade Coelho, o qual trata da vida do Jo-

H

sé Cosme, sua misera casinhola de alpendre com o seu horto de trabalho, pranto e cruel separação porque ele fica e o filho emigra; Diario dum emigrante é de Joaquim B.C. Paço d’ Arcos quem com este romance ganhou o Prémio Eça de Queiró s. De Aquilino Ribeiro, quem viveu no exílio, temos Mina de Diamantes. Miguel Torga compartiu a sua experiência brasileira com O Señor Aventura e A Criação do Mundo. Mais perto de nó s, temos a compilação da obra poética de Joaquim Marta Sosa começada em 1964. Manuel Gomes tem publicado Un fantasma portugués. Ruy de Carvalho deixou umas reflexões poéticas de nome Anonimato. Também temos os poemas de Sérgio Alves Moreira. De Manuelita Ferreira, algumas memó rias. Uma coisa fascinante fica: estes autores deixaram para a posteridade a sua pró pria vivência. Nestas obras teste-

munhais também encontramos a experiência da diáspora portuguesa pelo mundo. Por isto, para quem não lê livros académicos – não podemos gostar todos deles! - a solução é esta. Estas são novelas para abrir as mentes das pessoas que pensam que acerca do sucesso e do insucesso do emigrante português ninguém escreve. São obras duma linguagem simples e intencionada: o escritor conta a sua vida e procura tocar a sensibilidade do leitor. É intencionada porque destina-se a puxar as lágrimas de muitas pessoas. Elas falam-nos duma experiência comum a quase cinco milhões de portugueses. Além disso, o tema é comum a todos os países. Tem universalidade. Toda mente cosmopolita conhece e tem consciência deste facto. Não é demais lembrar que somos os heró is destas novelas e que cada um de nó s tem uma histó ria para contar! E escrever!


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OPINIÃO 23

caRTas dOs leITORes 150 dias de descanso ao ano

O que éramos e o que somos

Sou natural da Madeira e vivo na Venezuela há 37 anos. ou leitor do Correio de Venezuela e também do Diário de Noticias da Madeira, o qual sou fiel leitor a partir da Internet. Escrevo para comentar uma notícia que li há dias (05 de Dezembro de 2005) acerca dos dias de descanso que os Madeirenses têm direito a gozar para o ano 2006. De facto não consigo tirar da minha cabeça com é que uma Região pode progredir com tantos dias de descanso. Imaginem só de 365 dias ao ano vão gozar 150 dias de lazer tal e qual noticiava o título da reportagem. O mais triste é que, de certeza,

Talvez para os mais novos esta carta nada tenha a ver com a realidade das coisas. Para os mais velhos como eu (45 anos e de segunda geração) vão perceber o sentido da mesma. Li a vossa edição do aniversário, onde entrevistaram a várias “ personalidades” da vida política, desportiva e artística venezuelanas e reparei o quanto falam bem dos portugueses e quanto respeito têm pelo nosso comportamento neste tão lindo País. Quem imaginaria que tantos anos depois seríamos admirados e queridos, como julgo que merecemos. Foi agradável ler todas aquelas pessoas a falar bem de nó s, com o devido respeito e admiração que merecemos sempre. Mas é bom que os mais novos saibam que nem sempre foi assim. Que no início foi difícil e que muitos da minha idade foram

desses 150 dias, se formos a ver quantos trabalham as 8 horas diárias completas… e saber quantas “ baixas” médicas se metem… e isto sem falar do tempo passado entre os cafés da manhã e da tarde, dos jogos de futebol importantes e do campeonato mundial de futebol que vem por aí! Sinceramente deviam rever essa situação já que assim nenhum País do mundo progride, mesmo que tenha 5 milhões de emigrantes espalhados pelo mundo e mesmo também com muitos subsídios da União Europeia. Aqui fica a reflexão para todos. João Gabriel C. Fernandes

Cantar em Inglês? Para quem vive no estrangeiro e é oriundo da Ilha da Madeira é de primordial importâ ncia que a nossa ilha esteja bem representada nos momentos mais importantes e de maior protagonismo das nossas vidas como é por exemplo a noite de fim de ano. Para mim foi um orgulho, um verdadeiro prazer, poder presenciar o espectáculo de fim de ano. Estava rodeado de gente venezuelana, italiana e espanhola e foi com muito orgulho que presenciei como todos ficaram de “ boca aberta” com aquelas imagens. No entanto, também acho que aqui devo deixar uma crítica, construtiva, sobre aquele programa, que eu tanto gosto, mas sobre o qual não posso deixar de perguntar: Porquê os convidados só cantarem em inglês? Até parecia uma regra imposta ao programa.

INQUéRITO

“ gozados” na escola ou colégio e até mesmo na Universidade, na vizinhança, entre os amigos e até mesmo no trabalho. E quem nunca negou as suas origens aos seus companheiros de liceu de escola de trabalho? Confesso com vergonha que muitas vezes escondi a nacionalidade dos meus pais, ao ponto de agora alguns dos meus amigos ficarem admirados quando sabem que sou de origem portuguesa. Enfim, para todos aqueles da primeira geração os meus respeitos porque souberam dar, com trabalho, dedicação e honestidade, uma imagem que anos depois é do conhecimento e admiração de todos. Quanto orgulho nessas pessoas, como o meu pai que descanse em paz. Roberto Martins F Passos

Que Deus nos livre...

Como se explica que um programa tão bem apresentado, que mostra tantos pormenores da tradição madeirense possa ter esse lapso tremendo? Quanto ao resto a RTP está de parabéns, porque este ano conseguiu transmitir a tempo e horas a nossa tradicional noite de fim de ano. José Nuno F. Martins

Depois de alguns dias de descanso passados a reflectir um pouco acerca da comunidade portuguesa, da nossa e da minha, apesar de ter nascido na Venezuela, achei que era oportuno escrever esta carta devido aos dias de agitação que passaram quase todos os Portugueses na Venezuela. De facto foram dias de “ stress” os passados entre compras, reuniões de família, festas da empresa com trocas de presentes, “ hallacas” … enfim. Aposto que muito poucos se lembraram de ir à missa agradecer a Deus a riqueza de estarem vivos, de terem um trabalho, de poderem gozar do carinho de familiares e amigos. Pois é, somos distraídos e só nos

lembramos de São Pedro quando chove. Termino a perguntar porque não pedir como desejo oficial da comunidade residente na Venezuela, sobretudo em Caracas onde vivo, que Deus nos dê mais humildade e nos livre da tanta “ bilhardice” que existe uns com os outros. Basta ver o que sucedeu nas ú ltimas eleições no Centro Português: uma autêntica vergonha para todos, que eu como filho de só cio sinto “ pena” alheia. Bom ano e paz na terra aos homens de boa vontade. José Manuel B Ferreira

Qual era a solução que apresentaria para resolver o problema do viaduto Caracas La Guaira? Que medidas preventivas tomava para se chegar ao principal porto do paí s?

Rosita da Silva “ A solução é fazer uma ponte nova, porque reconstruir sobre o está estragado é continuar com o problema e não acabar com ele pela raiz. Uma das medidas de prevenção era assegurar o trâ nsito contínuo noutra via de ligação ao estado de Vargas. Nesta via deviam circular aqueles para quem é vital ir até lá, pois há que limitar o trâ nsito automó vel. Recomendaria também cuidados extra para a segurança, já que algumas das estradas que podem servir de alternativa se encontram em muito mau estado” .

Maria Goretti Pereira “ É construir a via de novo e não continuar com os ‘ paninhos de água quente’ que há algum andam a pô r para tentar desenrascar a falha que se apresenta à entrada de Caracas. Uma das medidas seria colocar elementos dos vários corpos policiais a supervisionar os diferentes acessos que servem para se chegar ao porto. Mais, não é só o viaduto Caracas La Guaira que está em mau estado. Há outros nessas condições e penso que se devia resolver esses problemas antes que o país sofra um colapso total e por causa de não ser possível circular nas principais artérias viárias que unem as cidades. Mas por agora é preciso evitar descer até Vargas. Só quando seja mesmo necessário. É a medida que se devia tomar e mandar esquecer as praias, por agora” .

Carlos Leonardo Dí az “ Agora era preciso destinar as vias alternativas para quem quer descer até Vargas, enquanto se constró i uma nova ponte e se reconstró i a actual. Para resolver o problema é necessário construir uma nova ponte. E isso é possível porque contamos com profissionais qualificados que podem realizar esse trabalho. Entretanto, podia-se mandar colocar uma ponte militar provisó ria para que as pessoas que trabalham nesse estado ou em Caracas possam movimentar-se livremente. Uma das medidas não deixar descer e evitar a passagem de mercadorias pesadas na hora de ponta e, sobretudo, que houvesse vigilâ ncia durante as 24 horas nas principais vias de acesso entre Caracas e Vargas” .

Karen Rossana Hernández “ Construiria uma nova ponte e arranjaria a outras para que no futuro não aconteçam problemas semelhantes ao que agora nos aflige. Fala-se em reconstruir o viaduto, mas penso que não estão preparados para realizar um trabalho tão grande e complexo devido à cedência do terreno. Deve ser construído um novo, com bases novas e com uma nova estrutura armada. Considero que se devia trabalhar rápido porque La Guaira é a entrada de Caracas e por isso deve ser reactivada o mais rápido possível sob pena de o pais poder entrar em dificuldades” .


24 ECONOMIA Apó s o forte crescimento econó mico registado em 2005 (embora ligeiramente abaixo do de 2004), o consenso para o ano de 2006 aponta para continuação de expansão vigorosa da actividade econó mica. Neste contexto, a economia mundial poderá, pelo terceiro ano consecutivo, crescer acima da tendência de longo prazo, o que se reflectirá numa redução da folga acumulada no início da década, apó s o rebentamento da “ bolha” tecnoló gica. O crescimento econó mico deve ser mais uniforme entre regiões, embora a economia americana possa desacelerar ligeiramente, apó s o mais forte crescimento de 2004 e 2005. Esta tendência seria compensada

CORREIO DE CARACAS - 12 DE JANEIRO DE 2006

Primeira Visão para 2006 por uma aceleração da actividade na Europa, com destaque para a zona euro, bem como no Japão. Os restantes países asiáticos poderão manter o ritmo de crescimento econó mico evidenciado nos ú ltimos anos, com destaque para a China. Também na América Latina, o crescimento deverá continuar suportado, beneficiando de condições internas favoráveis, mas também de continuação de preços elevados das matérias-primas. EUA: Fim do Ciclo de Subida das Taxas de Juro As previsões de consenso

para a economia norte-americana apontam para um crescimento ligeiramente abaixo de 3.5%, o que implicaria uma desaceleração marginal face aos 3.6% antecipados para o ano de 2005. Contudo, o padrão de crescimento ao longo do ano não deve ser uniforme, com um crescimento mais forte no primeiro semestre, ainda influenciado pelos esforços de reconstrução das áreas afectadas pelos furacões do final do Verão. No segundo semestre, os riscos são de que o crescimento possa desacelerar mais sig-

nificativamente, possivelmente abaixo da tendência de longo prazo (estimada entre 3.0% e 3.5%). Esses riscos estão associados ao mercado imobiliário americano, por via da dissipação dos efeitos positivos decorrentes da forte valorização que teve nos ú ltimos anos. Alguns analistas consideram que pode mesmo haver uma queda dos preços, mas esse efeito pode ser mais mitigado, na medida em as taxas de juro de longo prazo (tradicionalmente a referência para o crédito hipotecário) tiveram uma subida muito moderada durante o

actual ciclo de subida das taxas de referência. Neste contexto, a Reserva Federal apó s ter subido as taxas de referência em 3.25 pontos percentuais, para 4.25%, e ter já deixado de considerar que as taxas de juro têm um efeito de estímulo ao crescimento, dá indicações de que o ciclo iniciado em Junho de 2004 estará prestes a terminar. As expectativas de mercado são de que, em 2006, se assistirão a mais duas subidas, de 0.25% cada uma, a primeira em 31 de Janeiro e a segunda em 28 de Março. Os riscos de uma subida adicional são elevados, até porque a Reserva Federal menciona como risco potencial de pressões inflacionistas o mais forte crescimento registado ao longo dos ú ltimos meses. Pode ocorrer, caso o crescimento não desacelere como esperado, que a taxa de referência vá além de 4.75%, mas num horizonte de actuação mais alargado. A estabilidade da inflação, excluindo os preços da alimentação e energia, e as expectativas de que assim continue em 2006 contribuem para esta visão conservadora. Zona euro: confirmação da sustentabilidade da retoma O crescimento previsto para a zona euro em 2006 poderá já situar-se em linha com a tendência de longo prazo, com as mais recentes previsões de crescimento a colocarem o crescimento em 2.1%. Em 2006, poder-se-á assistir a um crescimento mais sustentado, com um maior dinamismo do consumo e investimento privados. Esta visão é suportada pela evolução mais favorável que o desemprego teve em 2005, com uma redução da taxa de desemprego para 8.3% (uma queda de 0.6 pontos percentuais). Ainda que em parte relacionada com medidas pú blicas de promoção do emprego, os sinais recentes de aceleração do investimento privado poderão dar um impulso adicional para o crescimento. No entanto, os aumentos salariais devem perma-

necer moderados. Os riscos permanecem elevados, atendendo à dependência ainda existente relativamente a factores exó genos, como a procura externa (e também da taxa de câ mbio do euro-dó lar), bem como o preço do petró leo. Por outro lado, a inflação deve permanecer acima do limite de 2.0% durante os dois pró ximos anos. O recente dinamismo dos agregados monetários (que agregam desde a moeda em circulação a títulos com maturidade até dois anos), associado a uma aceleração do crédito ao sector privado, reforça as preocupações do BCE quanto aos riscos de inflação. Neste contexto, ao longo de 2006 o Banco Central Europeu deve continuar a subir as taxas de referência, de forma gradual, possivelmente com mais duas a três subidas, de 0.25% cada, no final do primeiro e segundo trimestres, e com a possibilidade de uma terceira subida para 3.0% já no final do ano. Taxas de câ mbio: depreciação ligeira do dó lar O consenso para as taxas de câ mbio para 2006 é de uma nova fase de apreciação do euro face ao dó lar, embora já sem a dimensão, por exemplo, que era estimada, no final de 2004, para o ano de 2005. O valor de consenso para o final do ano é de 1.25 dó lares por euro, com as previsões, contudo, a variarem no intervalo de 1.08 a 1.36, o que implicaria uma apreciação do dó lar em 9% (se for até 1.08) ou uma depreciação de 15%, caso fosse até 1.36 dó lares por euro. As razões apontadas para esta tendência de depreciação do dó lar prendem-se, por um lado, com as expectativas de desaceleração do crescimento nos EUA. Associado a esta tendência, o anunciado fim do ciclo de subida das taxas de juro nos EUA e o seu início na Europa poderia igualmente ter um efeito de apreciação do euro. Por ú ltimo, permanecem os riscos associados ao elevado défice comercial dos EUA, que, em 2006, poderá atingir um novo máximo, acima dos 600 biliões de dó lares. (Artigo cedido pelo Banco Santander Totta)


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ECONOMIA 25

50 mil euros repartidos por cinco instituições Ricardo Miguel Oliveira (DN - Madeira)

C

inco instituições de solidariedade social da Madeira vão passar este Natal mais aliviadas financeiramente. Tudo graças à « responsabilidade social» posta em prática pelo Banif, que se assume como « um banco solidário» , refere o presidente do Conselho de Administração do banco madeirense, Horácio Roque. Este ano, ao contributo do Banif, no valor de 5 mil euros por instituição, juntou-se a Fundação Horácio Roque, com valor idêntico, permitindo atribuir 10 mil euros a cada contemplado. « Este ano, multiplicamos por dois o donativo. O Menino Jesus veio adobrar, o que penso ser merecido. Quando somos chamados a contribuir estamos presentes» , garante Horácio Roque, enaltecendo o esforço de quem gere as associações, assumindo que essa « tarefa tão nobre» é bem mais difícil do que dar bens materiais. O presidente do Banif agradeceu ainda « o estímulo» dado por Alberto João Jardim, que fez questão de marcar presença na cerimó nia de entrega dos cheques à Associação Abraço, à Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral, à Associação Protectora dos Pobres, ao Centro de Acolhimento de São Tiago e à Casa da Sagrada

Banif e Fundação Horácio Roque colocam em prática a responsabilidade social Família/Refú gio São Vivente Paulo, acto ocorrido ontem, na sede do Banif. O líder madeirense retribuiu a consideração, reconhecendo o empenho do Banif e da Fundação Horácio Roque no apoio aos mais necessitados. Para Jardim, a ajuda permanente é reflexo de uma postura em-

presarial assente em princípios humanitários, ou seja, « exprime a alma das pessoas, um carácter, uma formação em que a criação de riqueza não se destina apenas à à legítima distibribuição dos lucros e ao reinvestimento, mas também a promover a solidariedade social e a ajudar aqueles que necessitam» . O « valor» do Banif também foi eleogiado. Por ser « o banco líder de mercado numa Região em expansão com crescimento de 5 pontos percentuais ao ano, o

Exportações crescem 2,2% até Outubro A s exportações portuguesas aumentaram 2,2 por cento nos 10 primeiros meses de 2005, em ligeiro abrandamento face aos três primeiros trimestres, indicou segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). As importações tiveram um aumento de 5,7 por cento nos 10 primeiros meses, inalterado face ao acumulado até Setembro, e o défice da balança comercial agravou-se 12,4 por cento. A taxa de cobertura das importações pelas exportações baixou de 64,9 por cento nos 10 primeiros meses de 2004 para 62,7 por cento em igual período do ano passado. Nos 10 primeiros meses de 2005, Portugal exportou 25.458,9 milhões de euros e importou 40.588,9 milhões de euros, daqui resultando um saldo negativo da balança comercial de 15.130,0 milhões de euros. Nos 10 primeiros meses de 2005, as importações portuguesas de combustíveis e lubrificantes aumentaram 44,4 por cento e as de máquinas e outros bens de capital cresceram 5,0 por cento, enquanto as importações de bens de consumo caíram 0,1 por cento, as de produtos alimentares e be-

bidas recuaram 0,4 por cento e as de material de transporte e acessó rios baixaram 5,1 por cento Quanto às exportações, as de combustíveis e lubrificantes aumentaram 68,2 por cento nos 10 primeiros meses, as de produtos alimentares e bebidas subiram 4,7 por cento e as de máquinas e outros bens de capital cresceram 2,9 por cento, mas as vendas ao exterior de material de transporte e acessó rios diminuíram 6,4 por cento e as de bens de consumo reduziramse 3,9 por cento. As exportações portuguesas para a União Europeia abrandaram para um acréscimo de 1,6 por cento nos 10 primeiros meses de 2005, e as importações aceleraram para um aumento acumulado de 3,0 por cento, o que se traduziu num agravamento de 5,7 por cento do défice comercial. No mês de Outubro, as exportações para a UE caíram 1,2 por cento e as importações dos 24 parceiros comunitários cresceram 3,0 por cento. A taxa de cobertura das importações pelas exportações com a UE recuou de 67,1 por cento nos 10 primeiros meses de 2005 para 66,3 por cento em idêntico período de 2005.

que significa o papel que vem desnvolvendo» e pelo papel que sempre assumuiu « na ajuda aos ó rgãos de governo pró prio e às instituições de solidareidade social» , sublinhou Jardim. A gratidão marca o Natal. É também esse o objectivo da campanha Banif solidário, ainda em vigor, e que consiste na contribuição de 5 euros por cada conta aberta durante este ano para os projectos da Fundação do Gil, Assocoação Acreditar e SIC Esperança.

BREVES Farmácias: Autoridade da Concorrência propõe liberalização da propriedade A Autoridade da Concorrência vai propor ao Governo a liberalização do regime de instalação das farmácias e a existência de descontos no preço dos medicamentos, o que poderá reduzir até cinco por cento o seu custo para o consumidor. As propostas da Autoridade da Concorrência (AdC) foram divulgadas na segunda-feira por esta entidade e vão ficar em discussão pública até 05 de Fevereiro, data após a qual as contribuições dadas serão recolhidas numa proposta final a apresentar ao Governo. Num encontro com os jornalistas, o presidente da AdC, Abel Mateus, justificou as propostas relativas ao sector farmacêutico com o facto de este ser regulado por legislação de 1960, "inspirada no Estado Novo e na existência de corporações".

Empresas gastam mais com aumentos da electricidade O aumento do preço da electricidade poderá representar um

acréscimo de custos para as empresas de distribuição entre cinco e seis milhões de euros, disse na terça-feira o presidente da associação do sector. Luís Vieira e Silva, que falava em conferência de imprensa, explicou que a maior parte das empresas do sector de distribuição são utilizadores de média e baixa tensão, áreas onde a subida do preço vai ser este ano de 4,2 e 8,6 por cento, respectivamente. No ano passado, as empresas da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) gastaram cerca de 100 milhões de euros em energia. O presidente da APED explicou que os custos com a energia crescem um milhão de euros por cada ponto percentual de aumento e, se a subida "se situar numa média de 4,1 por cento, tal implica um gasto anual de 104,1 milhões de euros, que pode ser suportado, em última análise, pelo consumidor final". Luís Vieira e Silva especificou que a maior parte dos associados da APED é cliente de baixa tensão, enquanto que os clientes de média tensão abrangem essencialmente média e grandes superfícies.


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TAP aposta nos congressos

A

TAP, como companhia aérea de bandeira, tem como um dos seus objectivos contribuir para que a realização de eventos no nosso país seja um sucesso. Pretende-se alcançar não só o reconhecimento da capacidade organizacional da entidade responsável pelo evento, como também promover Portugal e os serviços

BREVES Victoria oferece prémios a crianças O Programa Victoria preparase para oferecer prémios aos mais novos, a partir de 9 de Janeiro 2006, no âmbito de uma iniciativa organizada em parceria com o Jardim Zoológico de Lisboa. As crianças que participarem neste concurso ficam habilitadas a ganhar uma entrada gratuita no Jardim Zoológico de Lisboa e uma visita guiada ao interior de um avião da TAP, instalado num dos hangares de Manutenção na sede da Companhia, junto ao Aeroporto de Lisboa. O Programa de Passageiro Frequente lançou ainda um concurso de Escrita destinado a crianças criativas, com idades entre os 7 e 12 anos. Os participantes apenas têm de escrever uma frase que contenha as palavras "TAP Victoria", "Jardim Zoológico" e "Carnaval" e enviá-la para info.victoria@tap.pt até ao dia 15 de Fevereiro de 2006. Serão premiadas as 25 melhores frases e os nomes dos vencedores serão publicados a 6 de Março de 2006, no site Victoria www.tapvictoria.com, bem como no site do Jardim Zoológico de Lisboa www.zoo.pt. Para além desta iniciativa, o Jardim Zoológico de Lisboa vai organizar no dia 28, às 15 horas, um concurso de máscaras e um desfile de Carnaval, destinado a todos os visitantes do Zoo. Para obterem mais informações, os participantes devem consultar o site www.tapvictoria.com.

da

nossa companhia. Com o intuito de facilitar a deslocação de congressistas para os eventos, a TAP tem vindo a estabelecer diversas parcerias com entidades organizadoras de congressos que têm as seguintes características gerais: As reservas terão que ser exclusivamente efectuadas através do nosso website www.flytap.com. Serão atribuídos descontos aos

participantes que variam entre os 10% e os 20%. Os pagamentos serão efectuados via site por cartão de crédito e a moeda utilizada será sempre o Euro. O desconto é aplicável para viagens de ida e volta de qualquer destino TAP para Portugal e é válido apenas em voos operados pela TAP. Voos Code Share operados por

outras companhias não são permitidos. À Conferência será atribuído um có digo específico que deverá ser mencionado aquando da reserva online para poder beneficiar do desconto. De modo a permitir a atribuição correcta dos descontos e confirmar a veracidade da reserva, a entidade organizadora enviará para a TAP uma listagem actualizada

dos participantes registados. A entidade organizadora considerará a TAP como Transportadora Oficial do evento e incluirá essa informação na documentação e Website do evento, bem como noutros meios considerados importantes. Para mais informações contacte através do email congressos@tap.pt ou clique aqui para preencher o formulário.


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desPorto 27

Magallanes e La Guaira agradecem aos adeptos portugueses Victoria Urdaneta Rengifo

victoriaurdaneta@yahoo.com

U

ma série de entrevistas a luso-venezuelanos adeptos do basebol permitiu conhecer que a maioria destes seguem atentamente os percursos de duas equipas legendárias: “ Navegantes del Magallanes y de Tiburones de La Guaira” . O Correio entrevistou duas figuras emblemáticas destes conjuntos, tendo ambos proveitado a ocasião para agradecer o apoio dos luso-venezuelanos, tanto oriundas de outros países, como aqueles que residem neta terra Portugal, nos seguem e nos como os que vivem em Portugal. apoiam. Por isso quando eu falo de Para os PortuGueses ‘ nosso’ basebol, refiro-me à do “ MaGaLLanes!” bola que apreciamos por igual veAlfredo Pedrique, treinador nezuelanos e portugueses. A eles do “ Navegantes del Magalla- digo que ‘ nosso’ Magallanes nes” , declarou estar “ muito sa- está navegando rumo ao êxito” . tisfeito com o apoio dos portuPedrique afirmou ainda que gueses à equipa que estou diri- “ não deve ser raro que muitas gindo neste momento” . É muito pessoas desta coló nia sejam faemocionante saber que pessoas náticos desta equipa” já que "as-

sim como há portugueses em todo os estados da Venezuela, há ‘ magallaneros’ em todos os cantos do país” , disse o dirigente da “ nave” , que nesta temporada (2005-2006) colido grandes êxitos e actualmente está lutando na semifinal do campeonato venezuelano, no qual, se continuar jogando como até agora, tem muitas probabilidades de ganhar. Para os PortuGueses de “ La Guaira!” Oswaldo Guillén, jogador lendário do “ Tiburones de La Quaira” e actual treinador campeão da “ Serie Mundial” com os “ Medias Blancas” de Chicago, foi convidado pelo Correio para falar sobre o apoio de muitos luso-venezuelanos ao emblema costeiro que, convém assinalar, no dia em que esta reportagem foi escrita, estava a poucas horas de enfrentar o rival “ Magallanes” e assim lutar na ú ltima batalha para obter um bilhete para a semifinal do campeonato 2005-2006.

“ La Guaira é uma equipa que faz parte da tradição da Venezuela. Pelo menos no que toca ao basebol, esse nome é um símbolo, é parte da nossa cultura. Com os portugueses acontece o mesmo. São parte do que é este país, da nossa histó ria. Enfim, está claro que muitos deles tinham de se ¡ de La Guaira!” , disse Guillén, com muito â nimo e orgulho estampado no rosto. Guillén, que é um dos melhores “ shortstops” da Venezuela e o dirigente mais triunfante do ano de 2005 nas “ Grandes Ligas” , e que ajuda actualmente o treinador do “ La Guaira” , Joey Cora (un dos seus “ coachs” nos Medias Blancas” ), elegeu a disposição dos “ guairistas” luso-venezuelanos para manter vivo o apoio à equipa fora das fronteiras da Venezuela. “ Disseram-me que seguem este campeonato onde quer que se encontrem, tal como o fazem os nossos bons adeptos” , observou o dirigente.

A certa altura da entrevista começou a tocar nos altifalantes do estádio a melodia típica dos “ Tiburones” (tubarões em português), com a qual todos os adeptos celebram as boas jogadas. Aproveitando a oportunidade, Oswaldo Guillén despediuse no “ dogout” dizendo: “ e asseguro-te que os portugueses bailam tanto como nó s o ‘ samba’ de La Guaira!” .


28 DESPORTO III Divisão - Série A 15.ª Jornada

Vinhais Monção Cerveira Correlhã Esposende Valpaços Merelinense Assoc. Oliveirense Joane

1 0 1 1 0 0 1 2 0

0 2 1 3 1 0 0 2 0

Brito Cabeceirense Mondinense Maria da Fonte Amares Vianense Valenciano Mirandela Bragança

III Divisão - Série B III Divisão - Série C 15.ª Jornada

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Bragança Mirandela Maria da Fonte Cabeceirense Amares Joane Merelinense As. Oliveirense Monção Brito Mondinense Cerveira Vinhais Esposende Vianense Valpaços Correlhã Valenciano

32 31 31 29 28 27 24 21 21 20 20 19 13 13 12 12 9 7

15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15

9 9 9 9 9 7 7 5 6 5 6 4 3 3 2 3 2 1

5 4 4 2 1 6 3 6 3 5 2 7 4 4 6 3 3 4

1 2 2 4 5 2 5 4 6 5 7 4 8 8 7 9 10 10

15.ª Jornada

Vilanovense 0 1 U. D. Valonguense Ermesinde Tarouquense Moncorvo Vila Meã Tirsense

0 1 0 1 1

3 1 0 0 1

Social Lamas 2 Milheiroense 2 Valecambrense 1 Tocha 1 Gafanha 2 A. D. Valonguense 2 Estarreja 3 Tondela 0 Fornos de Algodres 2

Vila Real Rebordosa Ataense Cinfães Padroense

Rio Tinto 2 2 São Pedro Cova

Classificação Pts. J V E D

CORREIO DE CARACAS - 12 DE JANEIRO DE 2006

Classificação G

27-9 26-13 36-11 27-12 27-16 20-13 18-17 20-14 23-21 21-20 25-24 20-19 12-23 15-27 14-27 10-30 13-34 13-37

16.ª Jornada (15-1-06) Joane - Brito Cabeceirense - Vinhais Mondinense - Monção Maria da Fonte - Cerveira Amares - Correlhã Vianense - Esposende Valenciano - Valpaços Mirandela - Merelinense Bragança - Assoc. Oliveirense

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º

Vila Meã Lourosa Moncorvo Canedo Ataense Vila Real Ermesinde São Pedro Cova Cinfães Rebordosa Vilanovense Rio Tinto Leça Tirsense UD Valonguense Tarouquense Padroense

34 25 25 24 23 22 21 19 19 18 16 15 15 15 14 13 9

15 14 14 14 14 14 14 14 14 14 15 14 14 14 14 14 14

10 7 7 7 6 6 6 5 5 3 5 3 3 4 4 4 2

4 4 4 3 5 4 3 4 4 9 1 6 6 3 2 1 3

1 3 3 4 3 4 5 5 5 2 9 5 5 7 8 9 9

16-4 22-12 19-11 17-13 22-19 20-15 18-19 19-16 12-13 21-16 12-27 15-14 20-20 20-21 17-31 15-27 13-20

Lourosa Leça Rio Tinto Tirsense Ermesinde Vilanovense Canedo Moncorvo

III Divisão - Série D III Divisão - Série E 15.ª Jornada

Caranguejeira Beneditense Marinhense Sertanense Bidoeirense Amiense Caldas Peniche

1 1 2 1 2 1 2 1

2 0 1 0 1 1 0 1

15.ª Jornada

Sourense Monsanto A. D. do Fundão Vigor Mocidade Eléctrico Alcobaça Riachense Mirandense

Ouriquense Elvas Alcochetense Caniçal Câmara de Lobos Carregado Vialonga Atlético do Cacém Tires

Classificação Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º

Idanhense Sourense Peniche Eléctrico Caldas A. D. do Fundão Marinhense Mirandense Monsanto Caranguejeira Alcobaça Sertanense Riachense Beneditense Vigor Mocidade Amiense Bidoeirense

27 25 24 23 23 23 22 22 20 20 19 19 15 14 13 10 10

14 15 14 14 14 14 14 14 15 14 14 14 14 14 14 14 14

8 7 7 6 7 7 6 6 6 5 4 5 4 4 3 2 2

3 4 3 5 2 2 4 4 2 5 7 4 3 2 4 4 4

3 4 4 3 5 5 4 4 7 4 3 5 7 8 7 8 8

5 2 2 1 1 0 0 1 0

Loures Sintrense 1º de Dezembro Vilafranquense Futebol Benfica A. D. de Machico Montijo Atlético U. D. de Santana

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

21-9 20-14 17-14 15-13 20-18 16-14 28-19 12-11 19-18 16-15 13-10 15-17 16-22 13-19 11-15 1- 25 9-21

Idanhense Caranguejeira Beneditense Marinhense Sertanense Bidoeirense Amiense Caldas

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

A. D. de Machico 30 Carregado 28 Loures 28 1º de Dezembro 28 Atlético 26 Montijo 26 Cacém 25 Câmara de Lobos 24 Caniçal 22 Ouriquense 21 Alcochetense 18 Elvas 16 Vialonga 16 Tires 13 U. D. de Santana 13 Futebol Benfica 13 Sintrense 12 Vilafranquense 11

15 15 15 15 15 15 15 14 15 15 15 15 15 15 15 15 14 15

9 8 9 8 8 7 7 7 7 5 5 4 4 3 2 3 3 3

3 4 1 4 2 5 4 3 1 6 3 4 4 4 7 4 3 2

3 3 5 3 5 3 4 4 7 4 7 7 7 8 6 8 8 10

Social Lamas 37 Avanca 31 União Lamas 29 AD Valonguense 26 São João de Ver 26 Valecambrense 24 Anadia 22 Tocha 21 Tondela 21 Souropires 21 Milheiroense 20 Fornos Algodres 18 Sátão 17 Gafanha 16 Cesarense 11 Estarreja 10 Arrifanense 9 Marialvas 7

15 15 14 15 15 15 14 14 15 15 14 15 15 15 15 15 15 15

11 9 9 7 8 6 6 5 6 6 6 5 5 4 2 2 2 1

4 4 2 5 2 6 4 6 3 3 2 3 2 4 5 4 3 4

0 2 3 3 5 3 4 3 6 6 6 7 8 7 8 9 10 10

« Voltei a ser feliz Danny dá conta de um ano passado no frio moscovita um percurso feito de algum desencanto inicial até à felicidade final

G

33-13 28 10 23-12 17-13 17-16 21-17 10-12 15-12 25-17 19-16 16-16 13-22 15-16 18-24 9-20 11-21 13-28 9-27

16.ª Jornada (15-1-06) Social Lamas - Sátão Arrifanense - Fornos de Algodres Cesarense - Estarreja Marialvas - A. D. Valonguense União de Lamas - Gafanha Anadia - Valecambrense Avanca - Milheiroense São João de Ver- Tondela Souropires - Tocha

III Divisão - Série F 15.ª Jornada

Juventude Évora 3 0 Monte Trigo Desportivo de Beja 0 1 Oeiras Beira-Mar 0 2 Amora Messinense 1 1 Lagoa Sesimbra 0 2 Lusitano V.R.S.A. Vasco da Gama 1 4 Ferreiras Aljustrelense 2 1 Almansilense Est. Vendas Novas 2 1 Lusitano Évora

Classificação G

16.ª Jornada (15-1-06) Peniche Monsanto AD Fundão Vigor Mocidade Eléctrico Alcobaça Riachense Mirandense -

1 1 1 3 2 1 0 2 0

São João de Ver Anadia Souropires U. Lamas Marialvas Cesarense Arrifanense Avanca Sátão

Classificação G

16.ª Jornada (15-1-06) S. Pedro da Cova Tarouquense Padroense Vila Real U. D. Valonguense Cinfães Ataense Rebordosa -

0 1 4 0 2 0 0 0 0

Classificação G

25-17 29-14 31-16 25-17 34-15 17-12 27-26 21-28 21-20 22-23 21-20 19-23 16-20 12-23 11-19 9-20 14-26 16-31

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Lusitano Évora 34 Est. Vendas Novas 31 Oeiras 28 Aljustrelense 25 Amora 24 Lusitano V.R.S.A. 24 Almansilense 23 Vasco da Gama 22 Desportivo Beja 21 Messinense 20 Juv. Évora 20 Lagoa 19 Ferreiras 18 Sesimbra 16 Beira-Mar 11 Castrense 8 Farense 3 18 Monte Trigo 2

15 14 15 15 15 15 14 15 14 14 14 15 15 14 14 14 8 14

10 9 8 7 7 6 6 6 6 5 6 5 5 4 2 2 1 0

4 4 4 4 3 6 5 4 3 5 2 4 3 4 5 2 0 2

1 1 3 4 5 3 3 5 5 4 6 6 7 6 7 10 7 12

G

28-9 25-7 25-12 20-14 24-20 26-18 14-9 23-16 16-13 22-14 13-12 16-19 22-25 18-20 7-18 11-24 3-35 7-35

16.ª Jornada (15-1-06)

16.ª Jornada (15-1-06)

Tires - Loures Sintrense - Ouriquense 1º de Dezembro - Elvas Vilafranquense - Alcochetense Futebol Benfica - Caniçal A. D. de Machico - Câmara de Lobos Montijo - Carregado Atlético - Vialonga U. D. de Santan - Atlético do Cacém

Est. Vendas Novas - Monte Trigo Castrense - Juventude Évora Amora - Desportivo Beja Lagoa - Beira-Mar Lusitano V. R. - Messinense Ferreiras - Sesimbra Almansilense - Vasco da Gama Lusitano Évora - Aljustrelense

Duarte Azevedo (DN - Madeira)

C

om as serras da Ribeira Brava nas costas e o Atlâ ntico no horizonte, Danny deu conta, ao DIÁRIO, do seu ano de vida na Rú ssia. Numa moradia de construção recente - porventura já adquirida com rublos... -, decorada com bom gosto, de três andares, a que se juntam uma piscina e a "churrascaria" da praxe, o jovem luso--venezuelano vive momentos familiares de que tanto gosta. Junto da simpática Petra e dos sorridentes gémeos Bernardo e Francisco, irrequietos como se deseja de crianças com 21 meses de vida. Apesar do tempo chuvoso e cinzento, de "frio madeirense", a T-shirt envergada por Danny era bem demonstrativa de quão longe ficam as paragens gélidas da Rú ssia... – Que balanço de (quase) um ano como jogador do Dínamo de Moscovo? – Foi um ano altamente positivo. Voltei a ser feliz pois agora jogo futebol que é aquilo que mais gosto de fazer. As coisas não me estavam a correr bem no Sporting, há um ano tive convites para regressar ao Marítimo e outro para ingressar no Beira-Mar que na altura era treinado por Manuel Cajuda, mas achei que a melhor solução era sair de Portugal. Procurei então mudar de país e ingressar num clube que estava a formar uma equipa forte. – Essa equipa, Dínamo de Moscovo, no entanto, não de revelou tão forte assim... – É verdade. Foram contratados grandes jogadores mas as coisas não nos correram muito bem - ficámos em oitavo apesar de ainda podermos, através da Taça da Rú ssia, atingir o objectivo proposto que é irmos à Taça UEFA. – Para além de tudo isso, o factor financeiro também pesou... – Sim. Pensei duas vezes pois iria para um país diferente, de clima e cultura diferentes, mas quando tomei conhecimento de que iriam outros jogadores portugueses tal ajudou bastante. – Quais os principais problemas sentidos? – De início o frio. Depois, quando a

família foi e não se adaptou, tendo de regressar à Madeira. Nessa altura os colegas portugueses que estavam lá apoiaram-me bastante e o facto de a minha família, mesmo na Madeira, me ter dado muita força, também se revelou fundamental para eu continuar. – Houve algum momento em que pensou regessar a Portugal? – Sim, a meio do campeonato queria vir embora mas depois a minha família voltou à Rú ssia e então, já com um clima melhor, ficou adaptada. Mudei o meu pensamento e... adorei! Para isso também contribuiu o apoio dos adeptos que nunca se cansam de nos apoiar, mesmo que a equipa esteja a perder por 4-1, como já aconteceu... – Falando de futebol, qual o motivo de o campeonato não ter decorrido bem para o Dínamo? – Sobretudo porque éramos uma equipa nova. De princípio os jogadores russos também não nos receberam muito bem pois sabiam que íamos ocupar o espaço deles... Mas depois tudo melhorou e mostrámos que eles também poderiam singrar fora da Rú ssia pois possuem qualidade para isso. Demos, igualmente, um maior cunho de profissionalismo ao pró prio clube. – Tiveram, também, vários té cnicos... – Sim. Iniciámos com um, depois o "adjunto" passou a principal, entretanto foi contratado o brasileiro Ivo Wortman que também não chegou ao fim da época. Curiosamente foi com ele que cuidámos mais da parte física. Agora vamos ter o antigo seleccionador russo, Yuri Semin, e, segundo ouvi falar, o prof. Mariano Barreto será o treinador-adjunto. – Em termos financeiros nunca houve problemas? – Não. O presidente é espectacular e se for preciso contratar o Zidane tem dinheiro para isso... Mas não é só o dinheiro que faz uma equipa. Tem que ser profissional de cima abaixo! – Para já, que investimentos tem feito? – Comprei esta casa na Ribeira Brava,


CORREIO DE CARACAS - 12 DE JANEIRO DE 2006

DESPORTO 29

na Rú ssia mas estive para vir embora» ESCOLHER O EQUIPAMENTO DE UM "MONTE" DE ROUPA...

«Em Portugal estamos habituados a chegar ao treino e termos as botas limpas e o equipamento devidamente preparado. No Dínamo, de início, colocavam todos os equipamentos num "monte" em cima de uma mesa e cada um de nós servia-se... Penso que nem no futebol amador! Os portugueses ajudaram a melhorar esse aspecto mas ainda falta muita coisa».

RECUPERAÇÃO APENAS COM GELO E CORRIDA

tenho um apartamento em Lisboa... Mas também só agora comecei a ganhar... RENOVAÇÃO PELO DÍ NAMO DEPOIS DE CONVITE DO CSKA Danny caiu no goto dos adeptos russos. Pelo menos é isso que transparece dos relatos da comunicação social. O jogador reconhece. E, a modos de justificação, explica que tem um modo de actuar « muito mexido, de que as pessoas gostam» . A juntar, temos os nú meros: « O Derlei, por exemplo, fez 13 golos, dez dos quais com 9 assistências minhas» . Quanto ao Danny goleador, é uma pecha que continua. « Mesmo assim ainda fiz 4 golos para o campeonato e outros quatro para a Taça» . Mas a confissão vem de imediato: « Falhei golos de modo imperdoável, de "baliza aberta"...» . O antigo maritimista aceita que precisa melhorar esse aspecto. « Continuo a falhar muitos golos, há que trabalhar cada vez mais esse aspecto. Sim, se falho é porque apareço na zona de marcar mas se calhar para falhar tanto era melhor nem aparecer...» . Fica, no entanto, a promessa « de treinar para melhorar» aquele que foi "o nú mero 10" do Dínamo de Moscovo no campeonato russo. « Actuei principalmente nessa posição, embora tivesse feito outras na frente de ataque, por necessidade da equipa. Fiz três ou quatro jogos a extremo» . Danny não comunga da ideia de Maniche que, publicamente, manifestou a intenção de sair do Dínamo - a caminho do Atlético de Madrid? - por considerar o campeonato russo de menor qualidade. O madeirense reconhece que também pensou em sair - vide entrevista noutra página - « mas nunca por esses motivos» . « Aconteceu apenas por querer ficar perto da minha família mas ultrapassado esse problema – os meus filhos e a minha esposa passaram a ficar mais tempo lá – estou a gostar de jogar na Rú ssia» . Com contrato por mais dois anos, Danny esteve, no entanto, para abandonar o Dínamo mas continuar no futebol russo. « Sim, confirmo que tive convite do CSKA mas o presidente do Dínamo não me quis vender» . Ao ponto, aliás, do português estar, até, prestes a renovar contrato. « Há essa possibilidade de melhorar

as condições actuais e prolongar o contrato por uma ou duas temporadas» , anuncia, na perspectiva de que em Janeiro « tudo estará resolvido» . « Quanto ganho? Isso o jogador não gosta de dizer... Ganho o suficiente para dar boas condições à minha família...» , contrapõe, soltando uma gargalhada, um "estranhamente" defensivo Danny... Alexi Fedorychev, proprietário do Dínamo, não tem, porém, regateado esforços para satisfazer o jovem que um dia deixou a Venezuela para brilhar no futebol madeirense e... seguir para a Rú ssia. PISCINA, CARRO E VIAGENS O Dínamo de Moscovo procura que os seus atletas se sintam bem. Conquanto algumas questões que respeitam à necessidade de um maior profissionalismo – como o pró prio Danny confessa nesta página – , a verdade é que em certos aspectos os atletas têm... tudo. Desde logo começando pela residência que o clube lhes coloca à disposição. De uma ampla residência, Danny apresta-se para mudar para outra que não sabe o tamanho. « Apenas sei, neste momento, que terá piscina interior» . Nada mau. Mas a razão da transferência tem a ver com a localização. « Assim ficarei mais perto da Academia onde treinamos. Antes levava aí uns 40 minutos a chegar de casa ao treino, num trâ nsito caó tico» . Trajecto que era feito ao volante de Mitsubishi disponibilizado pelo clube. Outra alínea do contrato determina que Danny tem viagens pagas para a Madeira, e volta, desde que queira. « Quando tenho dois dias de folga e a minha família não está comigo, aproveito para vir cá "matar saudades"» . Para isso, Danny faz o percurso de avião Moscovo-Frankfurt-LisboaMadeira, nos dois sentidos, claro. « Normalmente gasto sete horas até chegar cá» , refere, num desgaste que é naturalmente minimizado pela alegria de estar junto aos seus. Não apenas da esposa Petra mas também dos gémeos Bernardo e Francisco. Irriquietos e sorridentes que constituem uma verdadeira alegria do lar. « São loucos por bola» , avisa a mãe Petra, porventura antevendo um futuro risonho como o do... pai.

«Outro aspecto que revela alguma falta de condições tem a ver com a recuperação de lesões. Tínhamos médico e massagista mas fisioterapeuta não. Por isso, para recuperarmos de alguma lesão - felizmente que não tive nenhuma - era só gelo ou corrida... Agora parece que foi contratado o António Gaspar que já esteve no Benfica».

VIZINHO DE BYSHOVETS ADEPTO PARTICULAR «Byshovets, que me treinou no Marítimo, vive perto do local onde treinamos e costumo falar com ele. Incentiva-me e por vezes vai ver os

nossos jogos, até porque também já foi treinador do Dínamo».

SETE INTÉRPRETES PARA OS PORTUGUESES «O Dínamo disponibiliza sete intérpretes para ajudar os portugueses. Dois estão no campo, durante os treinos, e os outros cinco encontramse sempre disponíveis no clube. Além disso temos aulas de russo. Já entendo alguma coisa, mas pouca, nem dá para conversar. O Costinha e o Nuno sim, já falam russo».

«FUI DESCONVOCADO MAS VI O JOGO AO LADO DO PRESIDENTE» «Vivi uma situação, tal como o Costinha, que teve alguma especulação em Portugal. No meu caso, tudo se resumiu ao facto de não ter sido escolhido para jogar uma importante partida. Fiquei naturalmente aborrecido e acabei por nem ir para o "banco". Mas não houve problema de maior, fui para a bancada e vi o jogo ao lado do presidente. Multa? Não... Na jornada seguinte fui titular e marquei o golo da vitória».


30 DESPORTO Liga de Honra

II Divisão - Série A 13.ª Jornada

17.ª Jornada

Beira-Mar 2 Olhanense 2 Varzim 1 Moreirense 0 Chaves 0 Portimonense Aves 2 Barreirense 0 Gondomar 2

0 Ovarense 0 Santa Clara 0 Feirense 1 Maia 0 Sporting Covilhã - Marco 1 Estoril 2 Leixões 4 Vizela

União da Madeira 1 0 Freamunde

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

Beira-Mar Olhanense Leixões Aves Sp. Covilhã Portimonense Estoril Gondomar Varzim Vizela Maia Santa Clara Marco Feirense Moreirense Chaves Barreirense Ovarense

34 33 32 30 28 27 25 24 23 21 20 20 19 18 15 15 13 10

17 17 17 17 17 16 17 17 17 17 17 17 16 17 17 17 17 17

9 9 9 9 7 7 7 7 5 5 5 4 5 5 3 3 2 2

7 6 5 3 7 6 4 3 8 6 5 8 4 3 6 6 7 4

II Divisão - Série B 13.ª Jornada

Sp. Espinho 0 0 Infesta

Sandinenses 0 0 Ribeirão

Ribeira Brava 4 1 FC Porto B

Torcatense 2 1 Famalicão

1 19-8 2 22-11 3 20-6 5 24-17 3 20-15 3 22-15 6 28-25 7 26-25 4 22-22 6 26-23 7 24-26 5 16-18 7 22-30 9 21-29 8 17-27 8 14-20 8 13-21 11 19-37

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º

Trofense 25 União Madeira 21 Ribeirão 19 A. D. Camacha 16 Freamunde 16 Portosantense 15 Fafe 15 Famalicão 14 Sandinenses 14 Sp. Braga B 13 Lixa 12 Vilaverdense 11 Valdevez 11 Torcatense 6

11 11 11 11 12 12 11 11 11 11 11 11 11 11

7 6 5 5 3 4 4 3 3 3 3 3 2 1

4 3 4 1 7 3 3 5 5 4 3 2 5 3

0 2 2 5 2 5 4 3 3 4 5 6 4 7

Abrantes 3 2 Pampilhosa

Paredes 2 2 Drag. Sandinenses

Classificação

Classificação G

G

20-6 12-11 8-5 16-12 11-8 8-10 10-12 13-12 9-8 12-11 8-12 12-16 9-13 5-17

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º

Paredes 18 Sport. Espinho 18 D. Sandinenses 18 Infesta 18 Fiães 17 Marítimo B 17 Lousada 16 Esmoriz 16 Aliados Lordelo 16 Ribeira Brava 13 F.C. dp Porto B 13 Sanjoanense 12 Pedras Rubras 11 Pontassolense 10

12 11 11 12 11 11 11 11 11 12 11 11 12 11

5 4 5 5 4 5 4 4 4 3 3 3 3 3

3 6 3 3 5 2 4 4 4 4 4 3 2 1

Penalva Castelo 1 2 Fátima

União de Coimbra 2 1 Oliveira Hospital

Lousada 3 0 Pontassolense

Valdevez 1 0 A. D. da Camacha

13.ª Jornada

Tourizense 2 0 Pombal

Fiães 2 1 Sanjoanense

Lixa 0 0 Trofense

II Divisão - Série C Oliveirense 3 0 Oliv. Bairro

Pedras Rubras 1 3 Aliados Lordelo

Fafe 1 0 Sporting Braga B

Classificação Pts. J V E D

CORREIO DE CARACAS - 12 DE JANEIRO DE 2006

4 1 3 4 2 4 3 3 3 5 4 5 7 7

Benf. Cast. Branco 0 0 Nelas

21-15 10-7 15-11 16-14 14-10 20-18 13-9 13-15 16-17 10-14 10-14 12-14 10-18 12-16

Pts. J V E D

1º Oliveirense 2º Tourizense 3º Abrantes 4º Fátima 5º Pampilhosa

23 11 7 2 2 20-8 23 11 7 2 2 19-14 22 11 6 4 1 17-8 16 11 4 4 3 15-14

6º Penalva Castelo 16 12 4 4 4 13-16 15 11 3 6 2 12-9 7º Pombal 13 11 2 7 2 14-14 8º Rio Maior 9º Benf. C. Branco 12 12 3 3 6 14-20 10º União Coimbra 11 11 3 2 6 11-17 11º Oliveira Bairro 11 12 2 5 5 16-18 8 11 1 5 5 5-12 12º Nelas 13º Portomosense 8 11 1 5 5 12-16 14º Oliv. Hospital

7 11 1 4 6 9-s20

14.ª Jornada (15-1-06)

14.ª Jornada (15-1-06)

Ribeirão - União da Madeira

Aliados Lordelo - Sporting de Espinho

Fátima - Oliveirense

F. C. do Porto B - Pedras Rubras

Pombal - Portomosense

Trofense - Torcatense A. D. da Camacha - Lixa Vilaverdense - Valdevez

Pontassolense - Fiães D. Sandinenses - Lousada Marítimo B - Paredes

1 0 1 B 1 1 1 1

G

25 12 8 1 3 22-13

Barreirense - Gondomar Aves - Leixões Portimonense - Estoril Chaves - Marco Moreirense - Sporting da Covilhã Varzim - Maia Olhanense - Feirense Beira-Mar - Santa Clara Ovarense - Vizela

Sanjoanense - Esmoriz

Real Oriental Torreense Vitória de Setúbal União Micaelense Odivelas Operário Pinhalnovense

2 0 3 0 0 0 1 0

Mafra Madalena Olivais Moscavide 1 Benfica B Silves Imortal Louletano Casa Pia

Classificação

14.ª Jornada (15-1-06)

Famalicão - Fafe

13.ª Jornada

Classificação G

18.ª Jornada (15-1-06)

Sporting Braga B - Sandinenses

II Divisão - Série D

Oliveira Hospital - Tourizense Pampilhosa - U. Coimbra Nelas - Abrantes Rio Maior - Benfica C. Branco

Pts. J V E D

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º

Louletano Operário Ol. Moscavide Benfica B Casa Pia Madalena Micaelense Pinhalnovense Mafra Imortal V. Setúbal B Odivelas Torreense Real Silves Oriental

26 25 24 23 22 21 20 18 18 17 16 16 14 11 7 6

13 13 13 13 13 12 13 13 13 13 13 12 13 13 13 13

7 7 6 7 7 6 6 4 5 4 5 5 4 3 1 1

5 4 6 2 1 3 2 6 3 5 1 1 2 2 4 3

G

1 26-13 2 16-8 1 18-10 4 17-15 5 22-17 3 13-16 5 16-13 3 9-8 5 16-16 4 18-12 7 15-19 6 14-20 7 16-19 8 16-26 8 14-23 9 10-21

14.ª Jornada (15-1-06) Pinhalnovense Mafra Madalena Benfica B Imortal Ol. Moscavide Louletano Casa Pia

- Silves - União Micaelense - Real - Oriental - Vitória de Setúbal B - Odivelas - Torreense - Operário

BREVES Estádio da Madeira arranca dia 15

A cerimónia de lançamento da primeira pedra das obras de ampliação do complexo desportivo do Nacional já tem data marcada. Aproveitando o facto de a equipa profissional de futebol jogar em "casa" nesse dia - recebe o Paços de Ferreira - os responsáveis alvi-negros agendaram a cerimónia para as 12.00 horas do próximo domingo, dia 15, altura em que será então dado início oficial à obra que vai transfigurar por completo aquela zona. Os trabalhos no terreno deverão arrancar logo no dia seguinte. A tudo isto há ainda a juntar a construção da nova bancada, que irá juntar cerca de 2500 lugares aos 2500 já existentes, permitindo assim ao clube preencher o requisito mínimo de 5000 lugares exigido pela Liga de Clubes. O prazo de execução da obra é de um ano, pelo que tudo deverá ficar concluído em Janeiro de 2007. Até lá, o estádio do Nacional deverá mudar de nome. É essa, pelo menos, a intenção de Rui Alves, que em breve irá propor aos associados do clube que em vez de "Engenheiro Rui Alves", a infra-estrutura passe a chamar-se "Estádio da Madeira". Saturnino Sousa

Etapa trágica O português Hélder Rodrigues, aos comandos de uma moto Yamaha, terminou ontem na terceira posição a trágica nona etapa do rali todo-o-terreno LisboaDakar, marcada pela morte do "motard" australiano Andy Caldecott (KTM). O francês Stephane Peterhansel (Mitsubishi), vencedor das duas ú ltimas edições, impô s-se na categoria dos automó veis e consolidou a liderança da prova, enquanto o compatriota Cyril Despres

(KTM) foi o mais rápido nas motos, terminando com sete minutos de vantagem sobre Hélder Rodrigues. Caldecott morreu aos 41 anos, na sequência de uma queda sofrida a meio tirada entre Nouakchott a Kiffa (Mauritâ nia), ao longo de 599 acidentados quiló metros, que provocaram a 23ª vítima mortal em plena prova desde a edição inaugural, em 1979, entre concorrentes ou membros da caravana.


CORREIO DE CARACAS - 12 DE JANEIRO DE 2006

DESPORTO 31

FC Porto Campeão de Inverno

O

FC Porto consolidou domingo o comando da Liga portuguesa de futebol, ao impor-se por 1-0 na recepção ao Boavista, em jogo da 17ª jornada, que permitiu ao campeão Benfica ascender à segunda posição. O clube lisboeta venceu por 20 na recepção ao Paços de Ferreira e capitalizou o empate do Nacional (com o qual reparte a vice-liderança, mas tem vantagem no confronto directo) na recepção ao Vitó ria de Setú bal (2-2) e a derrota do Sporting em Braga, por 3-2. No Estádio do Dragão, um golo solitário do "inevitável" Ricardo Quaresma, aos 23 minutos, foi suficiente para os "azuis e brancos" imporem a segunda derrota consecutiva aos "axadrezados", que não vencem há quatro jogos, mas mantêm-se no sétimo lugar provisó rio. O clube portuense aumentou para seis pontos a vantagem no topo da tabela, sendo agora perseguido pelo duo composto por Nacional e Benfica, o qual hoje não teve dificuldade para bater os pacenses, com golos de Nelson (09 minutos) e do brasileiro Geovanni (67), que se estrearam a marcar no campeonato. O FC Porto não perde desde a

sétima jornada (derrota em casa, ante o Benfica, por 2-0) e averbou o quarto triunfo consecutivo na Liga, apesar das ameaças feitas na segunda parte pelo Boavista, que terminou reduzido a 10 jogadores, por expulsão de João Pinto, aos 92 minutos. Os "encarnados" averbaram o quinto triunfo seguido, mas o primeiro por mais do que por 1-0, numa partida em que foram utilizados três reforços de Inverno: o guarda-redes brasileiro Moretto (titular), o avançado brasileiro Manduca e o extremo francês Robert (suplentes utilizados). O jogo do Estádio da Luz estabeleceu novo recorde de assistência da competição na ú ltima jornada da primeira volta, ao registar uma enchente de 53.145 espectadores, que poderão ter assistido ao ú ltimo jogo da "estrela" Simão com a camisola do Benfica. No outro jogo hoje realizado, o Estrela da Amadora fugiu aos lugares de despromoção e manteve o decepcionante Vitó ria de Guimarães mergulhado no penú ltimo posto, ao impor-se por 2-0, com dois golos marcados em sete minutos, por intermédio de Manú (68) e Semedo (75). Sábado, o Sporting de Braga tinha imposto a primeira derrota

Liga Betandwin 17.ª Jornada

Nacional Benfica Marítimo Belenenses Sporting de Braga Rio Ave Naval Estrela Amadora F. C. do Porto

2 2 2 0 3 1 4 2 1

2 0 2 2 2 2 1 0 0

Vitória de Setúbal Paços de Ferreira Académica Gil Vicente Sporting União de Leiria Penafiel Vitória Guimarães Boavista

Classificação Pts. J V E D

fora ao Sporting desde que Paulo Bento assumiu o comando técnico "leonino", graças ao acerto do avançado brasileiro Wender, autor de dois dos três tentos dos minhotos. Wender estreou-se a marcar no campeonato, ao abrir e fechar a contagem a favor dos bracarenses, clube ao qual foi emprestado pelo Sporting na reabertura do mercado de transferências, apó s no Verão ter sido contratado ao Braga pelos lisboetas, que caíram para o quinto lugar. O Sporting teve de recorrer às

camadas jovens para compensar a ausência de futebolistas do plantel principal indisponíveis: Tomané e David Caiado tiveram uma estreia amarga com a camisola "verde e branca", tal como Marco Caneira, reforço de Inverno do clube Lisboeta. Sexta-feira, o Nacional não tinha ido além do empate a duas bolas na recepção ao Vitó ria de Setú bal, num encontro com final emotivo, com dois golos nos ú ltimo 10 minutos – um para cada lado – e o "bis" de André Pinto, para os insulares.

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º

F. C. do Porto 40 17 12 Benfica 34 17 10 Nacional 34 17 10 Sport. Braga 32 17 10 Sporting 30 17 9 Vitória Setúbal 30 17 9 União Leiria 24 17 7 Boavista 23 17 5 Marítimo 22 17 5 Est. Amadora 22 17 6 Paços Ferreira 21 17 6 Rio Ave 20 17 5 Gil Vicente 20 17 6 Belenenses 20 17 6 Académica 19 17 5 Naval 14 17 4 Vit. Guimarães 14 17 4 Penafiel 7 17 1

G

4 1 29-10 4 3 25-12 4 3 22-9 2 5 19-11 3 5 25-19 3 5 14-7 3 7 22-22 8 4 21-18 7 5 20-20 4 7 14-15 3 8 18-23 5 7 21-26 2 9 15-19 2 9 17-19 4 8 16-23 2 11 18-28 2 11 9-25 4 12 12-31

18.ª Jornada (15-1-06) 14-01-19:00 14-01-21:15 15-01-16:00 15-01-16:00 15-01-16:00 15-01-16:00 15-01-18:45 15-01-20:45 16-01-20:30

Sporting Braga - União Leiria Belenenses - Sporting Rio Ave - Penafiel Naval - Vitória de Guimarães Marítimo - Gil Vicente Nacional - Paços de Ferreira Benfica - Académica Est. Amadora - F.C. do Porto Vitória de Setúbal - Boavista


CORREIO DE CARACAS – 12 DE JANEIRO DE 2006

Um deles será o novo Chefe de Estado Cavaco Silva

O

Mário Soares

s 8,9 milhões de eleitores portugusese vão ter seis candidatos nos boletins de voto das eleições presidenciais de 22 de Janeiro, todos apoiados ou provenientes de partidos políticos. Dos seis candidatos, cinco são apoiados por partidos: Garcia Pereira, pelo PCTP/MRPP, Cavaco Silva pelo PSD e CDS-PP, Francisco Louçãpelo Bloco de Esquerda, Jeró nimo de Sousa pelo PCP e Verdes e Mário Soares pelo PS. O dirigente socialista Manuel Alegre avançou sem apoio do seu partido, o PS. Antó nio Garcia Pereira, advogado e professor universitário, nascido em Lisboa em 1952, tem encabeçado diversas candidaturas do PCTP/MRPP quer para as eleições legislativas (pelo círculo eleitoral de Lisboa) quer para as autárquicas (em Lisboa) e foi candidato às ú ltimas eleições presidenciais em 2001. Aderiu à organização F.E.M.L. (organização do MRPP para a juventude estudantil) em 1972, logo apó s o assassínio de Ribeiro Santos, a que assistiu, e foi recrutado como militante do MRPP em Junho de 1974. O candidato Aníbal Cavaco Silva governou Portugal durante dez anos (1985-1995), oito dos quais em maioria absoluta, candidatou-se às presidenciais de 1996, mas perdeu para o actual chefe de Estado, Jorge Sampaio. O antigo primeiro-ministro só começou a admitir publicamente a hipó tese de avançar com uma candidatura no final de 2005, abandonando a frase muitas vezes repetida: "Essa possibilidade [candidatura a Belém] não faz parte das minhas ambições actuais". Desde Julho, apó s a possibilidade da entrada na corrida do ex- presidente Mário Soares, com quem manteve relações tensas durante a fase final do seu man-

Manuel Alegre

dato como primeiro-ministro, nos anos 90, Cavaco continuou a gerir o silêncio e remeteu a decisão para depois das autárquicas de 09 de Outubro e da apresentação do Orçamento do Estado de 2006. A sua candidatura acabou por ser anunciada a 20 de Outubro. Francisco Louçã, deputado e coordenador do Bloco de Esquerda, é economista e ambiciona passar à segunda volta das eleições, apoiado por toda a "esquerda socialista moderna" ou "esquerda plural". Na apresentação da sua candidatura às presidenciais de 2006, a 13 de Outubro de 2005, Francisco Louçã, 49 anos, referiu que era um candidato à Presidência da Repú blica que pretende combater "o consenso mole", o conservadorismo e "as elites dominantes" em Portugal. Manuel Alegre, deputado e poeta, anunciou em Setembro a sua candidatura às eleições presidenciais de Janeiro de 2006. Deputado desde a Constituinte, pelo PS, desempenhou as funções de Secretário de Estado da Comunicação Social no I Governo Constitucional de que foi porta-voz, tendo sido eleito em Outubro de 1995 vice-presidente da Assembleia da Repú blica. Amigo de Mário Soares, Manuel Alegre afirmou-se disponível, em Julho, para a corrida presidencial, depois de o ex-líder do partido Antó nio Guterres e o ex-comissário europeu Antó nio Vitorino se colocarem fora da corrida. Contudo, o deputado e poeta acabou por ver o partido apoiar Mário Soares, ex-presidente da Repú blica, e anunciou a sua candidatura a 24 de Setembro. Jeró nimo de Sousa, secretário-geral do PCP, candidata-se pela segunda vez às eleições presidenciais, dez anos depois da campanha que lhe deu visibilidade

Jerónimo de Sousa

Francisco Louçã

pú blica e em que mostrou os seus dotes de dançarino. Eleito secretário-geral dos comunistas no congresso de Novembro de 2004, sucedendo a Carlos Carvalhas, Jeró nimo de Sousa, 58 anos, entrou pela primeira vez na corrida a Belém em 1996. Contudo, acabou por não ir a votos, desistindo a favor do actual Presidente da Repú blica, Jorge Sampaio, que derrotou o ex-líder do PSD Cavaco Silva. Mário Soares, ex-presidente e fundador do PS, regressa, aos 81 anos, à política activa, para a sua terceira candidatura à Presidência da Repú blica, cargo que ocupou de 1986 a 1996. Depois de sair do Palácio de Belém, em 1996, prometeu dedicar- se à escrita, mas, ao longo dos ú ltimos nove anos, Mário Soares fez muito mais do que isso, continuando a ser um actor da política portuguesa, a ponto de concorrer às europeias de 1999 e cumprir o mandato no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Em 2004, Mário Soares voltou a garantir que se iria afastar, chegando a classificar-se a si pró prio como um "político na prateleira", quando foi escolhido para mandatário nacional do PS às eleições europeias de Junho do mesmo ano. Contudo, no final de Julho, Mário Soares volta a agitar a política portuguesa, depois do secretário-geral do PS, José Só crates, ter afirmado ao Jornal de Notícias que o ex-chefe de Estado terá todo "o apoio do PS e do país" se estiver disponível para se candidatar a Belém. No mesmo dia, numa declaração enviada à Lusa, Mário Soares reconheceu que o apoio de José Só crates a uma sua candidatura "muda as circunstâ ncias e tem um peso inegável" e avançou para a corrida a Belém.

Garcia Pereira

Os eleitores da diá spora

Os seis candidatos presidenciais começaram no domingo, primeiro dia oficial de campanha, o arranque da corrida eleitoral sem actos simbólicos. Os 8,9 milhões de eleitores portugueses vão escolher então o sexto Presidente em 30 anos de democracia e o 19º desde a implantação da República em Portugal, a 5 de Outubro de 1910. Na Venezela,segundo dados do Secretariado Técnico dos Assuntos para o Processo Eleitoral (STAPE),estão e cndições de participar nas eleições apenas 7.307 pessoas. Um número sem significado face à dimensão da comunidade portuguesa que ultrapassa várias centenas de milhares de indivíduos. Os portugueses que estão recenseados na Venezuela poderão exercer o seu direito de voto em três mesas de votação que serão instaladas no Consulados Geral de Caracas (1 mesa), no Consulado de Curação (2 mesas) e Consulado de Valencia (1 mesa). Também o poderão fazer nos consulados honorários de Margarita, San Cristóbal e Barquisimeto. Não foi possível saber em tempo útil se o consulado honorário de Maracaibo venha a abrir as portas no dia das eleições. Os requisitos necessários para o exercício do direito de voto são os seguintes: bilhete de identidade; ou o número recenseamento eleitoral. No caso de que o cidadão não esteja na posse de nenhum destes documentos, só poderá votar se apresentar duas pessoas que servirão de testemunhas para certificar a sua identidade. Inácio Pereira, conselheiro principal das Comunidades Portuguesas assegurou ao Correio que está sendo facilitado ao máximo o processo para que os portugueses não tenham quaisquer desculpas para não poder ir votar. Esta é a segunda vez que os eleitores portugueses residentes no estrangeiro podem escolher o Presidente da República.


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