Correio da Venezuela 159

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O jornal da comunidade luso-venezuelana

Ano 07 – N.º 159 - DePósito LegAL: 199901DF222 - PubLicAção semAnAL

cArAcAs, De 01 A 07 De JunHo De 2006 - VenezueLA: bs.: 1.000,00 / PortugAL: € 0,75

Ensino do Português aflige comunidade Lisette Andrade participa no programa “ Conhece as tuas Origens”

Tema dominou V Encontro de Gerações e os contactos entre os governos português e venezuelano

PáginA 14

Exposição sobre “ A Arte do Azulejo em Portugal” em destaque em El Hatillo PáginA 14

Empresário madeirense assassinado quando viajava a Puerto la Cruz PáginA 32

Padarias exigem aumentos no preço do pão devido ao agravamento dos custos PáginA 32

PáginA 3 A 8

Copa Dia de Portugal

A caminho do Mundial

Galegos e canários entre os convidados

Preparação de Portugal em ambiente de festa

PáginA 28

PáginA 30


2 | EDITORIAL Os sinais deles CORREIO DE VENEZUELA - DE 01 A 07 DE JUNHO DE 2006

Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva, Noélia de Abreu, Tábita Barrera, Victoria Urdaneta e Yamilem Gonzalez Correspondentes: Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira Preparação Gráfica: DN-Madeira Produção: Elsa de Sá Secretariado: Carolina Nóbrega Distribuição: Enrique Figueroa Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares

o Encontro de Gerações realizado no passado fim-de-semana registou-se uma série de sinais que importa reter. Desde logo, a confirmação do interesse que a iniciativa desperta, sendo já uma referência no calendário anual dos eventos da comunidade portuguesa na Venezuela. Depois, a reconfirmação do interesse e atenção com que o Encontro de Gerações é seguido em Portugal, nomeadamente pelas autoridades governativas. No entanto, a mensagem mais marcante é a que todos temos a obrigação de captar e interiorizar, e que demonstra a inigualável vontade de participação das gerações mais jo-

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vens. Quando algumas visões mais pessimistas teimam em antever o afastamento gradual da nossa juventude, eis a prova contundente do contrário. Se calhar, o que é necessário é inverter alguns dos preconceitos para perceber porque é que grupos expressivos de jovens fizeram milhares de quiló metros para aqui estarem para um dia que já consideram seu. Se calhar, é imperioso começar a contar com eles, como eles são, e não como os velhos hábitos da comunidade pretendem que tudo continue a ser. Já não há desculpas ou receios acerca da participação. Haja capacidade para cativar e os jovens dizem logo "presente!"

O CaRTOON Da SEMaNa Já temos uma nova "Primeira Dama" na Associação das Damas de Beneficência!

Ah sim?! Agora tem piada saber quem é o novo "primeiro damo"...

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias.

a SEMaNa MUITO BOM Vem aí o maior evento mundial, com a realização do Campeonato Mundial de Futebol Alemanha'2006. Para a comunidade portuguesa espalhada por todo o mundo, este é um dos raros momentos em que nos é possível gritar bem alto o nome da nossa Pátria. Todos torcemos para que os resultados desportivos prolonguem até onde for possível a imensa fé que espalhamos pelos quatro cantos do mundo. Que a festa seja portuguesa, com certeza!

BOM Vêm aí duas efemérides importantes, que ano após ano, se assumem como marcos incontornáveis da vida da comunidade portuguesa além fronteiras. Primeiro é o 10 de Junho, Dia de Portugal, com um significado que dispensa mais adjectivos. Três semanas depois, é a vez do Dia da Madeira. Dois eventos, dois exemplos de dedicação a que várias comissões, um pouco por todo o lado, se entregam apenas pelo gosto de afirmar a sua portugalidade.

MaU A insegurança continua a pairar sobre as populações que vivem nos mais diversos recantos da Venezuela. Nesta edição voltamos a noticiar um caso de assassínio de um empresário português, em plena auto-estrada Caracas-Puerto de la Cruz. São contingências a que a comunidade portuguesa, tal como as restantes que constituem este país, já estão habituados. Mas por mais rotineiro que seja, esta continua a ser uma dura realidade.

MUITO MaU De Portugal esperava-se que o secretário de Estado trouxesse o cheque prometido ao Lar Joaquim Ferreira. Tal entrega constava no programa do evento, assim não aconteceu, embora tudo esteja encaminhado para breve. Não foi apenas o facto daquela instituição não poder contar ainda com esse apoio. O mais triste foi que o grupo de jovens voluntárias baptizadas "Netas do Lar", não havendo cerimónia de entrega durante o Encontro de Gerações, não pôde mostrar-se e demonstrar o trabalho que tão meritoriamente desempenha. Injustiça!

El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

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gustos

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Ensino da língua portuguesa precisa de ser reformulado V Encontro de Gerações serviu para apontar soluções para a ausência do ensino de português Ricardo Miguel Oliveira (DN/MADEIRA)

penas 700 alunos aprendem português na Venezuela. O diagnó stico foi feito pela professora Célia Mendes, na noite de sábado passado, durante a quinta edição do "Encontro de Gerações". Perante uma plateia composta por diversas entidades oficiais e mais de mil emigrantes portugueses, residentes em diversas cidades do País, a oradora traçou um diagnó stico severo, mas bem realista, sobre aquilo que denominou ser "a ausência do ensino do português na Venezuela". Lamentou que os reparos a este propó sito sejam invariavelmente os mesmos, com a acusação de falta de livros, de apoios e de professores. Contudo, julga que a comunidade não pode ficar eternamente à espera daquilo que não tem. Defensora de uma nova política de difusão da língua, pediu maior responsabilidade aos portugueses residentes na Venezuela, pois, entende que zelar pela língua é também cultivá-la em casa. Aliás, a professora admite que a procura pelo ensino da língua portuguesa tem

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aumentado de forma visível em várias universidades e instituições. Um aumento que pode ser bem mais sustentado se houver maior interesse noutros sectores. Daí que tenha lançado "uma proposta de união e de exigência", sem protagonismos, projectos pessoais e discussões desprovidas de conteú dos, e que passa pela criação de um Observató rio do Ensino do Português na Venezuela. O secretário de Estado das Comunidades ouviu os alertas. Voltou a garantir que o governo português está empenhado em dar aos portugueses que vivem fora de Portugal os mesmo direitos de cidadania que dá aos residentes no nosso País. E no caso concreto do ensino da língua lusa, ficou o compromisso de rever a forma como se processa, através da criação de um roteiro do estudo da língua no mundo, a elaborar com o apoio de privados. De resto, Antó nio Braga salientou que saber e falar português, além das outras línguas, é ter "um instrumento acrescido" na vida profissional venezuelana, lembrando que até o presidente Hugo Chávez já fez questão de sublinhar publicamente a importâ ncia da língua no

contexto da América Latina. É ainda uma oportunidade de estar com 15 milhões de portugueses em todo o mundo. E um elemento fundamental para a internacionalização das empresas, para os negó cios e para a partilha de sucessos. Ao palco do CPC subiram diversos oradores. O historiador de futebol, Jesú s García Regalado e o jornalista desportivo especialista em basebol, Ricardo Maio, tal como a designer de moda Angélica Fernández, o escultor Roberto dos Santos, a actriz televisiva, Flor Elena González, a concertista Maria Figueira,

os professores Célia Mendes e João da Costa e o actor de teatro, José Manuel Vieira. Todos partilharam emoções, o orgulho em ser portugueses, o empenho na divulgação da cultura herdada e na preservação dos valores que se podem aplicar na moda, na mú sica e nas diversas manifestações artísticas. Alguns também pediram maior empenho do Estado na promoção dos talentos lusos espalhados pelo mundo. Outros, simplesmente, emocionaram-se com esta nova oportunidade para cumprir Portugal.

"Prémio Talentos" visa dar maior projecção às comunidades em Portugal

secretário de Estado trouxe a Venezuela projectos que têm em vista organizar ainda este ano, de forma a dar maior projecç ão às co-

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munidades. Casos do "Prémio Talentos 2006", bem como o "Encontro Mundial dos Lusoeleitos" e o "Congresso Mundial dos Empresários. Três iniciativas que no entender de Antó nio Braga "colocam na agenda nacional a relevâ ncia dos portugueses no estrangeiro, que reflectem influências e inspiram admiraç ão, para o prestígio e para a economia de Portugal". O projecto "Prémios Talentos 2006" deverá ser aquele que despertará maior curiosidade e interesse das novas geraç ões. O executivo entende que importa evidenciar os valores lusos espalhados pelo Mundo e que se destacam nos domínios da ciência, cultura, arte, economia, des-

porto, investigaç ão, juventude, associativismo, política, comunicaç ão social e empresarial. Daí a opção pelo concurso que vai premiar portugueses residentes no estrangeiro e que culminará com a "Gala dos Talentos", a ser transmitida em directo pela RTP para todo o mundo. O "Prémios Talento 2006" é instituido pelo Ministério dos Negó cios Estrangeiros e a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Com o referido prémio, pretende -se distinguir os portugueses ou lusodescendentes, residentes no estrangeiro, que se destacaram no exercicio da actividades, ao longo do ano, dentro de diversas categorias.

Podem concorrer a este premio todos os portugueses ou lusodescendentes residentes no estrangeiro. As candidaturas devem ser dirigidas e enviadas ao Gabinete da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, Largo do Rllvas, 1399 - 030 Lisboa ou entregues nas embaixadas e consulados portugueses que as dirigirão ao GSECP. A data limite de entrega das candidaturas é o dia 30 de Julho 2006. Os documentos a enviar são: fotocó pia do BI ou passaporte, curriculum vitae, relató rio detalhado e justificativo da candidatura.


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Muitos motivos para crescer ndré Pita, presidente do Centro Português, abriu o V Encontro de Gerações, por ser o anfitrião da casa que tem acolhido este evento desde a sua primeira edição. Reconheceu que, devido à perfeita integração da comunidade portuguesa na sociedade venezuelana, "esta iniciativa não só tem razão de ser, como tem motivos de sobra para crescer e continuar por muitos mais anos. Estamos seguros que temos motivos para estar orgulhosos. A mensagem para a nossa comunidade é que sigamos este exemplo do Encontro de Gerações e que nos unamos para discutir e resolver os problemas e para transmitir as experiências e sabedoria às novas gerações". Pita pediu aos jovens que usem da palavra e que utilizem estes espaços para que possam expressar as suas inquietudes e ansiedades. Por seu turno, José Bettencourt da Câ mara, administrador do Diário de Notícias da Madeira, dirigiu palavras de agradecimento a todos aqueles que estão envolvidos no evento, especialmente às equipas do Correio e do Banif. Agradeceu ainda a André Pita por abrir, mais uma vez, as portas do Centro às pessoas que vieram de todas as partes da Venezuela para presenciar o V Encontro de Gerações. Sublinhou a presença das autoridades portuguesas no encontro como um sinal da

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Aleixo Vieira

José Bettencourt da Câmara

importâ ncia que esta iniciativa tem ganho, agradecendo a presença do secretário de estado das Comunidades, Antó nio Braga, e de José Manuel da Costa Arsénio, da direcção dos Assuntos Consulares em Lisboa. "O Encontro de Gerações ganhou um lugar privilegiado entre os eventos lusos que se realizam na Venezuela. Para a nossa organização, será muito gratificante abrir novas janelas para a comunidade portuguesa com este tipo de eventos, que se posicionam na comunidade como via de expressão", acrescentou. O administrador do Banif na Madeira, José Machado de Andrade, expressou satisfação pelo crescimento que o banco teve ao longo dos anos. "No grupo Banif, estamos orgulhosos não apenas por acompanhar-vos em questões financeiras mas também pelas actividades realizadas pelas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo". Já o director do Correio de Venezuela, Aleixo Vieira, referiu, na ocasião, que "este encontro permite-nos mostrar o que somos, aquilo que sonhamos e o que fazemos nesta terra maravilhosa chamada Venezuela". Agradeceu ao grupo de trabalho da organização, constituído por "jovens e alguns deles sem afinidades familiares nem qualquer vínculo com portugueses, pela sua entrega e entusiasmo por esta iniciativa".

André Pita

José Machado Andrade

Célia Mendes: "O ensino do idioma é tarefa primordial" reconhecida professora Célia Mendes agradeceu a oportunidade para abordar uma questão que considera primordial: "O ensino do idioma português", pois, segundo explicou, é importante tanto para o desenvolvimento da cultura portuguesa como para a cultura em geral. Neste sentido, a professora do Departamento de Idiomas da Universidade Simó n Bolívar explicou que o aspecto idiomático já não se trata de algo que interessa exclusivamente aos emigrantes "mas que é fundamental para o país onde eles residem. Na Venezuela, uma importante percentagem dos alunos não é portuguesa". Mendes explicou ainda que para conseguir melhores resultados na tarefa de ensinar o idioma português, é necessária a participação de todos: Comunidade, autoridades, empresas, universidades, entre outros. Destacou o esforço realizado pela comunidade fora de Portugal, que já assumiu a responsabilidade de difundir a sua língua, inclusive sem contar com apoio

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suficiente, mas pediu mais colaboração das autoridades portuguesas.


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Mais que donas de casa A desenhadora de moda Angélica Fernandes falou da sua experiência na área da confecção de roupa e expressou o modo como os seus pais a inspiraram para desenvolver esta arte. "A minha mãe é modista junto de um famoso desenhador e o meu padre foi construtor. Ambos fizeram com que me interessasse pela arte de construir e de criar cada peça que confecciono", disse.

Fernandes referiu que a mulher portuguesa e luso-descendente que vive na Venezuela conseguiu ganhar um espaço cada vez maior no mundo dos negó cios, mas, para além disso, continuou cumprindo os seus papéis fundamentais de mãe e esposa. É esta combinação de actividades que esta desenhadora tem em conta no momento de criar os seus trajes, por forma a que estes se possam adaptar ao estilo de uma mulher dinâ mica, sem esquecer, obviamente, as características do país onde vive, pelo que assegura nas suas confecções uma oferta de frescura e ao mesmo tempo de "glamour".

"A nossa cultura é exemplo da globalização" Roberto dos Santos, escultor especializado em vidro e cerâ mica, centrou o seu discurso em dois factores. Em primeiro lugar, sublinhou que este V Encontro permitiu à comunidade conhecer em detalhe o progresso dos seus membros, assim como possibilitou "uma nova oportunidade par apresentar inquietudes e projectos". Outro objectivo da sua apresentação foi explicar que "a nossa cultura é um exemplo da globalização" e que uma das formas mais eficazes de "apoiar essa globalização e garantir a integração

futura" é através do aspecto tecnoló gico, o qual também beneficiaria a comunidade lusa que reside noutros países, pois dessa maneira o seu legado será cada vez mais difundido e poderão abrir-se ao mundo através da Internet, "tal como há séculos o fizeram os exploradores através do mar".

"Forjadores de valores e Muitos motivos de orgulho exemplo de preserverança" Pedro Ricardo Maio, profissional da comunicação e locutor da Meridiano Televisió n explicou que, ao longo da sua carreira, foi fundamental o exemplo dos seus pais e amigos portugueses, como "a perseverança, a

constâ ncia, a força, a luta e a entrega, pois todos estamos aqui porque as nossas famílias conseguiram o que queriam graças ao trabalho, nada lhes foi oferecido, tudo ganharam e isso é o mais importante". Para além de prestar homenagem aos portugueses que emigraram, também disse estar orgulhoso de fazer parte da nova geração que nasceu e cresceu na Venezuela e que continua profundamente ligada à cultura dos seu pais.

O professor de português - um dos fundadores do Instituto Português de Cultura - falou daquela que considera ser a sua principal paixão: a cultura portuguesa e do seu sonho de que as novas gerações tenham cada vez mais orgulho da cultura dos seus pais e sintam a necessidade de conhecer cada vez mais a cultura de Portugal. "A vida e a cultura vão juntas. A cultura surgiu com o homem. Cultura é por exemplo os Lusíadas, mas também é o Galo de Barcelos. Cultura é também o trabalho que fazem as bordadeiras da Madeira. Cultura também são os pastéis de nata ou as festas dos santos populares em Portugal", observou na ocasião Antó nio da Costa Lopes. Enumerou algumas das razões que têm os portugueses e os luso-descendentes para estar orgulhosos da sua cultura. "Fernando Pessoa criou pelo menos quatro poetas do tamanho do Fernando Pessoa, e isso não é comum em nenhuma literatura", lembrou Cos-

ta Lopes, frisando que "nó s devemos ter certo um orgulho" quando toca a falar de cultura. "Temos uma pintora, a Paula Rego, onde em Inglaterra se acaba de imitar uma colecção de quadros dela", prosseguiu, indicando que "temos talvez a maior intérprete de Mozart neste momento a nível do piano, que é Maria João Pires, e um realizador de cinema que já vai pelos 97 ou 98 anos continua a filmar muito bem e é o ú nico realizador que está no activo desde o tempo do cinema mudo". Estas são coisas pelas quais "vale a pena estar orgulhosos e são as coisas que no Instituto Português de Cultura temos andado a fazer ao longo destes 20 anos", concluiu.

Aperfeiçoar a tradição A jovem concertista do acordeão, nascida em Valência, reuniu no seu discurso a tradição e o académico para culminar depois a sua intervenção com uma execução impecável do instrumento que conseguiu aperfeiçoar através de intensos anos de estudos. "Em quase todos os países da Europa, o acordeão está ligado com a cultura e o folclore desses países e o acordeonista, além de ter uma importante formação académica, usa estes conhecimentos para enaltecer as suas tradições", disse Figueira ao referir-se ao facto de que são cada vez mais os jovens luso-descendentes que se dedicam a estudar este instrumento, não só em Valência, mas também noutras cidades da Venezuela. "Para chegar a concertista de acordeão é preciso, em média, mais ou menos 10 ou 11 anos. Na academia onde eu estudei, as crianças começam a partir dos cinco anos a estudar o acordeão e pode-se dizer que a partir do 3º

ou 4º ano já se tem os conhecimentos técnicos suficientes para executar alguma peça importante". Segundo Figueira, cada vez mais jovens e adultos estão empenhados em seguir a cultura do acordeão com mais profissionalismo. No entanto, a professora de teoria e canto, de 29 anos de idade, quis expressar a sua admiração por aquelas pessoas que só de ouvido tocam estas peças e é muito habitual que nos centros portugueses estas pessoas se reú nam para não deixar esquecer as suas raízes e cultura. “ É preciso destacar a todos aqueles que estão a estudar e participar na cultura e no folclore através da melhor e mais profissional execução do acordeão “ .


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"O importante é competir e ganhar" O nadador Francisco dos Santos, que recentemente representou a Venezuela em El Salvador na categoria de atletas especiais e tendo trazido três medalhas de ouro, foi o responsável pelo discurso mais emotivo da noite. "Já estou aqui, no Centro Português,

desde os 7 anos, treinando na minha disciplina. Desde os 18 anos, "le he echado pichó n" e ganhei medalhas de ouro. Tive que fazer um esforço bastante grande. Para mim, o importante é ganhar e competir. Vou continuar a ganhar, todo o mundo espera que o faça. Quando estive em El Salvador, cheguei em primeiro lugar três vezes. As pessoas diziam-me que continuasse, porque conseguiria, e nadei mais rápido que um tubarão e quando ganhei o primeiro lugar, fiquei emocionado".

Somos dos dois lados O profissional da representação, dobragem e jornalismo desportivo referiu-se à dualidade conservada pela primeira geração de luso-descendentes, que têm um coração luso-venezuelano e que se sentem perfeitamente nos dois lados. "O mesmo sucede comigo, no que

diz respeito às minhas profissões, ao realizar actividades tão diferentes mas que no fundo têm em comum a comunicação". Para José Manuel Vieira, as actividades que conjugou ao longo dos anos são perfeitamente compatíveis. "Foi difícil fazer os meus pais entenderem todas estas actividades, mas sempre me apoiaram. Ainda que muitas vezes não tenham entendido, essa compreensão simplesmente é uma compreensão de coração e tem de ser assim."

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Conhecermo-nos e reconhecermo-nos A famosa actriz de telenovelas, que participa nestes encontros ano apó s ano, mostrouse agradada com o facto de que, a cada edição, este evento consegue juntar mais pessoas, "o que é sinó nimo de êxito". Destacou que é uma plateia importante para falar sobre "o que necessitamos, os problemas que temos, as alianças que queremos fazer para podermos ajudar-nos uns aos outros. Émuito importante conhecermo-nos e reconhecermo-nos para

podermos darmos a mão". Flor Elena Gonçalves mostrou interesse em visitar Portugal ao nível profissional, especialmente no teatro.

A contribuição lusa para o futebol venezuelano O ú nico orador ao Encontro de Gerações sem raízes lusitanas, Jesú s García Regalado, tratou de apresentar um levantamento detalhado dos nomes das equipas, dirigentes, árbitros, treinadores e profissionais da comunicação social de descendência portuguesa que deixaram uma marca futebol venezuelano. Regalado referiu que o futebol nacional venezuelano foi marcado por três equipas da comunidade portuguesa nas ú ltimas cinco décadas. Ao nível profissional, destacou o Deportivo Portugués e o sempre incontornável

Sport Marítimo de Venezuela. A terceira equipa actua ao nível do futebol amador, a Central Madeirense, formação que foi catalogada como a que mais tradição, prestígio e melhor organização possui ao nível nacional. Foram também enaltecidos os futebolistas oriundos de Portugal que fizeram carreira na Venezuela.


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Empresários português têm de investir no ensino superior em português Este foi o desafio lançado pelo secretário de Estado das Comunidades, na sua mais recente visita à Venezuela, a fim de participar no V Encontro de Gerações. Délia Meneses Carlos Orellana

principal bandeira da visita do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Antó nio Braga, foi a concretização de projectos relacionados com o ensino do português na Venezuela. No encontro que Braga manteve com José Vicente Rangel, vice-presidente da Repú blica Bolivariana da Venezuela, deu luz verde para começar a trabalhar no projecto da Universidade Lusó fona. Depois de o governo venezuelano ter mostrado interesse na iniciativa, Braga lançou o desafio a todos os empresários portugueses e luso-venezuelanos para que participem no projecto. "O estado português vai encarregar-se de contribuir com os recursos que lhe correspondam, mas a Universidade Lusó fona é uma instituição privada e portanto precisa do apoio do empresariado português na Venezuela". Aquele responsável disse ainda que no mundo há mais de 120 mil empresas de portugueses e que 22 mil são empresas de grandes dimensões, assim como 34 câ maras de comércio a nível mundial. Antó nio Braga reiterou que esta ideia não poderá avançar só com a aprovação do vice-presidente da Venezuela, sendo primordial o apoio dos investidores portugueses. De referir que o secretário de Estado fez-se acompanhar pelo reitor da Universidade Lusó fona, Manuel Damásio. No â mbito empresarial, o secretário de Estado anunciou o lançamento do programa Netinvest, que está já a encaminhado e que visa criar oportunidades para os empresários portugueses espalhados pelo mundo. Esta iniciativa contempla a criação de empresas com o apoio do governo português, com as seguintes condições: 25 por cento de capital de risco, 25 por cento de capital da banca e os restantes 50 por cento de investimento das empresas portuguesas dos emigrantes das diferentes comunidades no estrangeiro.

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Rangel deu luz verde para começar no projecto da Universidade Lusófona

O secretário anunciou o lançamento do programa Netinvest

"Com este projecto queremos passar do sentimento da saudade ao inverso com garantia e seriedade e evitar a má experiência dos empresários quando chegam a Portugal e ficam decepcionados". Braga lembrou ainda que no terceiro semestre deste ano, vai realizar-se o congresso de empresários portugueses, em Lisboa. Investir em

infra-estruturas ferroviárias A reunião entre Rangel e Braga serviu também para que o secretário de Estado das Comunidades expressasse o interesse do governo português em investir na Venezuela em matéria de diversas infra-estruturas, designadamente ferroviárias. Antó nio Braga referiu que esta disposição do seu governo obedece

ao desejo de incrementar o intercâ mbio comercial com a Venezuela, sobretudo nas áreas assinaladas. Na reunião, Rangel fez um convite ao primeiro-ministro de Portugal, José Só crates, para que visite Caracas proximamente. "O primeiro-ministro virá o mais tardar no primeiro trimestre de 2007, acompanhado de empresários portugueses para estudar novas formas de participação no desenvolvimento de infra-estruturas. Esta será uma boa oportunidade para incrementar as nossas relações comerciais", disse Antó nio Braga. O convite é também "um reconhecimento das excelentes relações que mantemos com a Venezuela e o povo venezuelano e da proximidade e respeitabilidade que a comunidade portuguesa angariou nesta sociedade". Segundo o secretário de Estado, "há hoje grandes desafios que se colocam ao desenvolvimento na Venezuela, como a construção de grandes infra-estruturas e Portugal tem condições, através do seu tecido empresarial, de poder concorrer numa cooperação nesse domínio, o que ajudará também à internacionalização da economia portuguesa". Presença nos centros sociais Braga reservou um espaço na sua breve estadia na Venezuela para visitar os principais centros sociais portugueses. Esteve no Centro Português em Caracas, na Casa Portuguesa de Aragua, na Casa Portuguesa Venezuelana de Valência e visitou o Centro Luso de Caracas. Manuel Pereira, presidente do Centro Luso referiu, a propó sito do almoço de homenagem ao secretário de Estado, que "sentimo-nos orgulhosos desta visita, já que penso que é um apoio à ideia de construir o nosso campo de futebol. Nesta oportunidade, Braga disse que Portugal não tem recursos mas pensam fazer o possível para nos apoiar. Na realidade, mostrou-se muito interessado em ajudar-nos. Também não descartou a possibilidade de voltar no ano que vem e visitar-nos".


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10 | REPORTAGEM

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Vidas que a droga rouba

Os 700 efectivos da Região já não chegam para tudo

Marta Caires (DN/MADEIRA)

e fosse vivo, o João Paulo havia de estar muito irritado. Por causa do Porto ser campeão". É Ana quem se lembra. Na sala do apartamento do Bairro da Palmeira, a família revê fotografias e lembra o rapaz que morreu no Estabelecimento Prisional da Cancela. As irmãs lembram momentos, as imagens mostram um adolescente numa piscina de Castelo Branco, na igreja junto a Nossa Senhora no dia da Confirmação de Fé, com o filho nos braços e um cachecol do Benfica. "Era a alegria da casa". Apesar da vida que levava, apesar da droga que o consumia. De luto fechado, a mãe Filomena sorri. "Quando estava drogado, ficava bem disposto, abraçava-me, chamavame velhota". As irmãs concordam. "Estava sempre a contar anedotas, a contar coisas para a gente rir". E talvez por ter um feitio assim, tão bem disposto, ninguém sabe bem dizer quando começou a consumir. "Quando a gente deu por isso já ele estava agarrado". No Bairro da Palmeira, para quem quiser e tiver dinheiro, basta um estalar de dedos. A droga circula livremente, para injectar, fumar. Em pó ou comprimidos. "Sabe aquele nome daquele bairro do continente? Aquele onde havia muita droga? O Casal Ventoso? É o nome que agora dão ao nosso bairro". E o João Paulo foi apanhado nas mal-

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has desse "Casal Ventoso" ilhéu. O Bairro da Palmeira, rebaptizado pelo povo de "Malvinas" por causa da guerra entre a Argentina e e o Reino Unido no início dos anos 80. Há 12 anos a família do rapaz que morreu numa cela da Cancela foi realojada num apartamento das "Malvinas". "Foi a desgraça para o João Paulo", lamenta a mãe, mas as filhas dizem que ninguém sabe como seria se não se tivessem mudado. Lá, onde viviam antes, não havia droga, mas volta e meia caíam derrocadas. "Houve uma que lascou a cabeça a este", aponta Filomena para o filho, um dos irmãos mais velhos de João Paulo. Criado entre oito irmãos, num bairro degradado, onde faltam vidros nas janelas e fechaduras às portas, o rapaz cedo deu "nessa vida". A existência da droga, da urgência de alimentar o vício, dê por onde der. Aos 15 anos, no entanto, João Paulo fez um intervalo à rotina do bairro. "Deste bairro onde não se consegue levantar cabeça", desabafa Ana, uma das irmãs, uma das que já não vive ali, naqueles blocos acastanhados, de estendais repletos de roupa. Teria 15 anos - mais coisa, menos coisa - quando os amigos com quem se dava foram presos. João Paulo ficou só e, segundo as irmãs, não descansou enquanto não o enviaram para uma instituição de apoio a jovens com problemas em Castelo Branco. As fotografias desses anos mostram um rapaz bem disposto, na piscina, com amigos. Tinha até um diário que, no entanto, não chegou ao fim. Em dois anos, tirou o curso profissional de carpinteiro e

Rui Marote

regressou a casa. Pouco uso deu ao curso. Era jeitoso e até ajudou numas obras em casa de uma das irmãs, mas de regresso ao bairro a droga falou mais alto. Nem a namorada, nem o filho que lhe nasceu mudaram os caminhos por onde andava. O vício agarra e um "agarrado" faz tudo para conseguir a dose seguinte. Rouba, engana, mente. João Paulo, no entanto, nunca tinha sido preso. "Já tinha respondido em tribunal e ia sempre que a polícia o vinha buscar a casa". Não oferecia resistência e, em casa, a família lembra-se de o ouvir dizer que, se algum dia apanhasse mais de 20 anos, matava-se. Promessas às quais a mãe e os irmãos não deram crédito. João Paulo era assim, tinha "aquela vida", dizia estas coisas, como contava anedotas. E, por isso, quando saiu de casa na terça-feira da Semana Santa ninguém pensou que era a ú ltima vez. "Nem sei porque lhe deu para ir para a Levada dos Piornais. Ele nunca ia para aqueles lados, não era costume". A mãe lamentase. O irmão culpa as patilhas, o "Cernal 50", que as velhinhas tomam para os nervos e que os toxicodependentes usam como recurso. "Tiram o juízo a uma pessoa", continua o irmão, enquanto mostra, de longe, a área onde João Paulo foi apanhado pela polícia. A Levada dos Piornais, passeio de eleição para os turistas, lugar de assaltos e acidentes. "É perigosa e não é só por causa dos assaltos", recorda a família, mas a verdade é que a Polícia andava de olho na zona por conta dos furtos e roubos a estrangeiros. Nos primeiros meses do ano, foram muitos

os assaltos e Jorge Silva, da Associação Sindical da Polícia, lembra-se de ter recebido no começo de Março, no Comando Regional, uma participação de um casal alemão. "A senhora, dos seus 50 anos, tremia. Tinha sido ameaçada com uma faca ao pescoço". Com as férias da Páscoa à vista, a Polícia montou uma operação na zona que terá incluído agentes à paisana. Foi no decurso dessa acção concertada que João Paulo e Marco Jesus foram capturados. O comunicado emitido no dia 12 de Abril pelo Comando Regional da PSP refere que foram detidos "em flagrante delito dois perigosos indivíduos encapuçados do sexo masculino, com 21 e 22 anos de idade, naturais e residentes num conhecido bairro social do concelho de Câ mara de Lobos, no momento em que estavam a perpetrar um violento roubo a um casal de estrangeiros" que faziam o percurso pedonal da Levada dos Piornais, entre o Funchal e Câ mara de Lobos. Nesse mesmo texto enviado às redacções, a PSP acrescentava que "os dois indivíduos estavam referenciados pelo Comando Regional pela prática de crimes contra as pessoas e contra o patrimó nio, possuindo largo cadastro em matéria tutelar e criminal". Os suspeitos, adiantava o comunicado emitido um dia depois das detenções na Levada dos Piornais, "tentaram reagir com violência à intervenção da PSP, resistindo com grande agressividade e procurando a fuga por entre os terrenos agrícolas".


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João Paulo e Marco Jesus foram apresentados ao juiz de instrução que, depois de ouvir os testemunhos das vítimas, decidiu-se pela prisão preventiva de ambos na Cancela. O comunicado de 12 de Abril concluía que os dois rapazes das "Malvinas" aguardariam o julgamento no Estabelecimento Prisional. Um deles, no entanto, não passaria dessa noite. Na Quinta-feira Santa, a família era informada que João Paulo se suicidara na cela na noite anterior. A versão oficial não convenceu a família. De acordo com a notícia do DIÁRIO, foram chamados à Cancela a Polícia Judiciária e o Ministério Pú blico. Tanto uns, como outros ficaram convencidos quanto à tese suicídio. Mãe, irmãs, irmãos e padrasto do morto não. Para eles, que o viram pela ú ltima vez com escoriações na cara, a causa da morte é outra e dá pelo nome de violência policial. Inconformados, recorreram aos serviços de um advogado. Marcos Aragão Correia pô s a mexer as diligências possíveis. Autó psia ao corpo de João Paulo, perícia médica a Marco Jesus, queixa na Inspecção Geral da Administração Interna e na Amnistia Internacional. O advogado garante agora que há fotografias dos dois detidos tal como estavam quando entraram no Estabelecimento Prisional. Feitas pelos pró prios guardas prisionais para acautelar responsabilidades futuras. Marco Jesus, o detido sobrevivente, mantém que, na Levada dos Piornais, não assaltou turistas. Só pediu uma moeda de 50 cêntimos. "Diz que era um hábito que tinha, esse de pedir dinheiro". Aragão Correia sabe, no entanto, que neste momento conta apenas com o que lhe diz o seu cliente. Protegidos pelo segredo de justiça, tem o acesso vedado aos depoimentos dos turistas e aos resultados da autó psia. E assim será até à conclusão do inquérito. "Até que o juiz se decida pela instrução do processo ou dê despacho de arquivamento". Enquanto o assunto corre nas instâ ncias judiciais, em Câ mara de Lobos, há uma família que teme que o caso de João Paulo fique como o de outro vizinho, de alcunha o "Preto", que morreu depois de ter sido preso pela Polícia. "Morreu e nunca ninguém soube porque foi. Morreu", lembra a irmã Ana, consciente que, por ser das "Malvinas", as pessoas dão pouca importâ ncia.

Ao Comando da PSP já foi enviado um fax com perguntas sobre este e outros casos de alegada violência policial. A resposta ainda não chegou. No entanto, Jorge Silva, representante sindical dos agentes de Segurança Pú blica, entende que estas suspeitas acabavam no momento em que se instalasse nas esquadras da PSP câ maras de videovigilâ ncia. "Era mais simples, evitava as suspeitas. Em caso de suspeita, via-se a cassete". A ideia é boa, foi proposta pela pró pria Associação Sindical da Polícia. O Ministério da Administração Interna não aceitou, alegando que não tinha verba para financiar o projecto de equipar todas as esquadras do País com sistema de videovigilâ ncia. SER DAS "MALVINAS" Ser das "Malvinas" é uma cruz pesada para carregar. Construído no início dos anos 80 e contemporâ neo do conflito no Atlâ ntico Sul entre a Argentina e o Reino Unido, o bairro realojou as famílias mais desfavorecidas de Câ mara de Lobos. E, depressa, ganhou má fama. Casais de muitos filhos, com hábitos pró prios e anos e anos de histó rias de miséria. L. vai a caminho dos 30 anos e cresceu no bairro. Hoje, quando olha para trás, sente que teve sorte. Dos amigos de infâ ncia, dos miú dos que jogavam à bola, "muitos morreram de overdose, outros estão lá em cima, na Cancela. Há outros que estão dentro e fora". Sempre por causa da droga, da heroína. "Tenho um amigo, boa pessoa, que não faz mal a ninguém, mas que vive para a heroína. O que trabalha é para consumir. Ele mesmo diz que ama a heroína". Se não fosse o futebol, também tinha dado nessa vida. É o que pensa quando olha o passado, quando se vê a si, já estabelecido, com uma casa e bem longe do cenário da sua infâ ncia. "Quando só se vê isso à frente o mais certo é que se experimente, mas eu gostava de bola, só pensava em jogar, em treinar". Sem condições, equipamentos ou campo. Jogava-se ali, no alcatrão, num bairro vandalizado pelos "índios" que controlavam as diversas zonas das "Malvinas". Havia "índios" na rua e, em casa, nem sempre era melhor. Bem apertados que o espaço era pouco para tanta gente. "Eu lembro-me de um amigo meu que foi para a Venezuela. Na casa dele, até na cozinha se dormia, abrindo

REPORTAGEM | 11

a porta do fogão". L. sabe que teve sorte e só não estudou porque quis ser dono da sua vida cedo demais. Aos 13 anos, com o 6º ano, estava a trabalhar. Não se queixa da família, nem da vida, mas conhece histó rias complicadas. De vizinhos, de amigos que tremiam com medo das bebedeiras do pai. "Uma vez vi um pai atirar um miú do de uma janela de um terceiro andar. O miú do caiu dentro de um caixote do lixo. Hoje, puxa de uma perna e tem sorte em estar vivo". E se para os rapazes era difícil sobreviver àquele ambiente, às gritarias da vizinhança, para as raparigas era ainda pior. "Era uma mentalidade muito antiga. Hoje está melhor, mas há 10, 15 anos, não andavam de calças, não se pintavam, nem se arranjavam. Estudar nem pensar, mesmo quando a mãe queria tinha medo da língua da vizinhança". As que se atreviam a enfrentar o meio sofriam a maledicência. "Eram logo putas. Uma mulher séria devia ficar em casa, ter filhos e ficar à espera do marido". Contracepção nem pensar. Um pescador que não tivesse muitos filhos ficava mal visto, era gozado. Os outros diziam que não tinha competência. A miséria convivia com esta mentalidade antiga, embora L. se lembre da abundâ ncia do dia da paga, uma espécie de subsídio de Natal dos pescadores. "Era muito dinheiro. Alguns chegavam a receber cinco mil euros que ardiam numa semana. Compravam tudo, andavam de táxi toda a semana". O pior, no entanto, foi quando Antó nio Guterres criou o Rendimento Mínimo. "Aí, muitos deixaram de ir para o mar, de trabalhar. Antes, ao princípio, era obrigató rio pô r as

crianças na escola, mas a fiscalização deixou de funcionar". E o ciclo mantém-se agora agravado pelo fascínio da droga. Porque, como L. diz, não é só o consumo. "É muito dinheiro, dinheiro fácil, rápido e de fartura". Nas "Malvinas", qualquer lugar mais escuso serve como sala de chuto, quem lá vive sabe onde param os toxicodependentes, conhece os dramas, as brigas e zaragatas. A pró pria PSP sabe que o bairro social é complicado, mas Jorge Silva, da Associação Sindical da Polícia, chama a atenção para a falta de efectivos na Esquadra da PSP de Câ mara de Lobos. 35 efectivos, divididos por quatro turnos e com obrigação de dar resposta a todos os problemas. "Só quem nunca esteve no 112 a atender chamadas é que não percebe". À Polícia chegam os desentendimentos entre vizinhos por causa da água, por causa do ruído e do cão que ladra muito. A PSP é chamada para tudo e falta pessoal para fazer o patrulhamento. "Falta tempo e gente para aquela que é a verdadeira missão da PSP que é o patrulhamento das ruas". Os 700 efectivos da Região já não chegam para tudo. A lei descentralizou os poderes da Polícia Judiciária para a PSP e a droga alastrou por toda a ilha. Neste momento, as "Malvinas" têm problemas com a toxicodependência. É verdade e Jorge Silva reconhece, mas acrescenta que todas as localidades têm o seu nú cleo. "Até do Porto Moniz chegam queixas de droga. A pergunta que faço, que fazemos, é onde pára a Polícia Judiciária? Porque não acredito que na Madeira só existam pequenos traficantes".


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"As melhores recordaçõ es que tenho são da Venezuela" Clementino De Abreu Campanário, Madeira

lementino de Abreu tinha 10 anos quando começou a trabalhar na terra, na Ribeira dos Melões, Campanário, Madeira. Por ser o mais velho de quatro irmãos, tinha de ajudar na horta enquanto a mãe se encarregava dos afazeres do lar e o pai trabalhava como mordomo. Sair da sua terra e sobretudo ter que deixar a família não foi uma decisão fácil. No entanto, aos 19 anos, procurava aventuras e melhores condições de vida, pelo

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que aceitou o convite do padrinho de vir para a Venezuela. Foi assim que subiu a bordo do "Ci Cello". Uma vez no navio, não sabia o que o futuro lhe reservava. Chegou a La Guaira em 1948 e foi logo para o supermercado Santa Maria, propriedade do seu padrinho e que se situava na rua Mis Encantos de Chacao, em Caracas. Ali descansava à noite e, ao amanhecer levantava-se para ir à procura de trabalho. Foi desta maneira que, oito dias apó s ter chegado, conseguiu empregar-se como jardineiro na quinta Acapulco, em Campo Alegre.

De repente, sem ter planos para formar família, conheceu a mulher que seria sua esposa pelo resto da sua existência: Uma rapariga caraqueña chamada Ana Luisa Amador, que caminhava com muita graça pelo centro da praça Bolívar de Petare. Uniram as suas vidas e, em 1950, chegou ao mundo Norelis Enriqueta, a sua primeira filha. Clementino nunca deixou de trabalhar e pô de inaugurar o seu primeiro supermercado na rua Los Totumos de El Cementerio, decorria o ano de 1951. Ainda que nunca tivesse corrido muito bem, este negó cio ensinou-o a movimentar-se no mundo do comércio de alimentos, pelo que investiu num outro espaço em Lídice, Catia, tendo depois adquirido um terreno onde construiu o seu primeiro lar. Ali nasceram Omar Clemente, em 1955, e Yiczi Magdalena, em 1960. A Venezuela começava a mudar e, posteriormente, a insegurança obrigouos a vender as suas propriedades e a mudarem-se para Los Magallanes de Catia, em 1964. Clementino não se deixou intimidar e, seguindo em frente, comprou um espaço maior. No entanto, aquele negó cio também não vingou e Clementino optou por percorrer as ruas da capital trabalhando com

Clementino desfruta com frequência dos seus sete netos

um táxi. Quando os seus filhos eram já adolescentes, ele e Ana Luísa, sua esposa, decidiram casar na igreja La Divina Pastora, em1972. Em 1977 conseguiu erguer-se de novo, economicamente, e adquiriu um terreno em Higuerote, onde começou a construir, com as suas pró prias mãos, aquela que seria a sua vivenda de retiro, da qual viria a desfrutar com frequência com os seus sete netos, e, sobretudo, com o pequeno Gabriel, que é a sua companhia diária e o seu as-

sistente inseparável. Com 77 anos, instalado definitivamente em Higuerote, continua a lavrar a terra, semeando frutas e hortaliças, e lutando contra a artrite que o afecta. Depois de chegar à Venezuela, Clementino teve a oportunidade de visitarPortugal em 1958 e 1962. No entanto, assegura com a firmeza e a serenidade conferidas pelo tempo, que não regressaria à sua terra, porque as melhores recordações que tem são da Venezuela, o país que o ajudou a crescer.


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14 | CuLtuRA

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Luso-venezuelana assiste ao programa "Conhece as tuas Origens" ses, realizará no pró ximo dia 26 de Jean Carlos de Abreu Junho na Madeira, a terceira edição jeancarlosdeabreu@correiodevenezuela.com do programa "Conhece as tuas origens". Esta iniciativa, proposta pelo Governo Regional da Madeira, tem a finalidade de proporcionar aos jovens lusodescendentes de pais naturais da Madeira, uma volta pela Ilha para dar a conhecer os aspectos culturais, sociais, políticos e econô micos da "pérola do Funchal". Para levar a cabo este projecto, foram convidados os filhos de emigrantes lusos que vivem em diversos paises onde habitam madeirenses: como no Brasil, França, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Venezuela, entre outros. Representando a comunidade lusa radicada na Venezuela, Lisette Concepció n Gourmeitte Andrade, de Lisette Andrade 22 anos de idade e estudante de Engenharia Química na Universidade A secretária Regional dos Recursos Simon Bolívar, foi eleita para particiHumanos conjuntamente com a Di- par durante uma semana no prograrecção Regional da Juventude e o ma. Lisette Andrade entrou para a actiCentro das Comunidades Madeiren-

vidade graças a ajuda de Célia Cruz, Directora do Centro das Comunidades Madeirenses, quando atendeu a mãe dela em Portugal. Conceição Andrade, mãe de Lisette, tinha uma operação na coluna e Andrade disse que "graças a ajuda proporcionada pelo conselheiro Inácio Pereira e pelo presidente da Academia de Bacalhau de Caracas, José Luís Ferreira, conseguiu realizar a dita operação". Enquanto Conceição permaneceu hospitalizada, esta falou a Cruz da sua família. "A Directora do Centro das Comunidades Madeirenses mostrou interesse em mim e entregou o seu endereço de e-mail a minha mãe para que eu pudesse enviar-lhe o meu currículo", disse Lisette. Em Fevereiro deste ano recebeu a resposta que deveria ir a Portugal para participar numa actividade no mês de Junho. Semana intensa e com expectativas Lisette permanecerá duas semanas na Madeira e logo regressará a Venezuela para realizar os exames finais

deste trimestre. O pró ximo dia 24 de Junho está jovem parte para a Madeira. Ali deverá percorrer a Ilha com os outros companheiros. A segunda semana aproveitará para visitar a sua família que não ve há muitos anos. Esta lusodescendente espera compartilhar ideias e experiências com os jovens dos outros paises. Lisette declarou "que se sente orgulhosa de ser filha de portugueses e demonstrar que sou luso-venezuelana, porque vou mostrar que o meu país é belo apesar do que está acontecendo". Andrade também vai aproveitar esta viagem para buscar informações nas Universidades lusas para realizar, depois de terminar o curso na Venezuela, o mestrado na Península Ibérica. "Sou polifacetada e penso que posso superar todos os desafios, já que a minha mãe ensinou-me que devemos lutar por tudo o que queremos, sem importar os obstáculos", comentou ao Correio que desejava fazer especializações em Portugal.

Giselle Reyes lança Azulejos no "El 120 novas modelos Hatillo" Carlos Orellana carlosorellana@correiodevenezuela.com

Carlos Orellana carlosorellana@correiodevenezuela.com

Giselle Reyes, responsável da Organização Miss Venezuela pelo ensino de como bem andar numa passerelle tendo sido Miss Vargas em 1985 - formou, na sua academia, mais 120 alunas, num ano de trabalho que culminou no passado dia 23 de Maio, nas luxuosas instalações da Quinta Esmeralda, na cidade de Caracas. As 120 modelos desfilaram com criações dos estilistas venezuelanos Richard Febles, Gionni Straccia, Hugo Espina, Justo Gó mez, Hajsky Bueno, Ingrid Hidalgo, Alejandro Fajardo e Octavio Vásquez. A dar o exemplo, desfilaram junto com as novas manequins a Miss Ve-

nezuela 2005, Jictza Viña, e as top models venezuelanas Eleidy Aparicio, Veró nica Hernández e Rosa María Mateo. De salientar que a madrinha deste evento foi a actriz internacional Marjorie de Sousa, uma luso-descendente que também subiu à passerele. Outra luso-descendente de destaque neste evento foi a modelo Mó nica Ferreira, uma das instrutoras das recém-formadas jovens. Ferreira, de tez clara e figura exuberante, captou as atenções dos espectadores com a sua impecável passagem pela passerelle. Entre as luso-descendentes que se graduaram na academia de Giselle Reyes estão Carolina Esteves, Maria Jesus Ferreira, Fátima Ferreira, Maria Alexandre e Anabel Freitas.

A Arte do Azulejo em Portugal é o tema de uma exposição inaugurada no passado dia 25 de Maio, no Centro de Arte el Hatillo, evento que contou com a presença de personalidades do Instituto Português de Cultura (IPC) e outros convidados especiais. Trata-se de uma exposição sob os auspícios da embaixada de Portugal e do Instituto Camões. A mostra pode ser visitada naquele centro até ao pró ximo dia 11 de Junho. Um total de 20 peças compõem esta exposição, que permite um passeio virtual pela arte dos azulejos nos diferentes estilos: Rococó , Neoclassicismo, Ecletismo. Para Ana Maria Ferris, assessora cultural do Alcalde de El Hatillo, a ideia de montar a exposição surgiu tendo em vista as festividades lusas que se realizam na zona, como o dia da Virgem de Fátima: "Este lugar está muito ligado aos portugueses porque aqui vivem e trabalham muitos deles. Por esta razão, pensamos realizar uma mostra das suas peças aqui para que se aproveite o espaço deste centro artístico", disse. Esta exposição é resultado da fecunda colaboração entre o Instituto Camões e o Museu Nacional do Azule-

jo. Ambas as instituições partilham o objectivo de dar a conhecer, de uma forma simples e acessível, uma das expressões mais originais da cultura portuguesa. O azulejo português é um exemplo de uma arte profundamente sincró nica e uma das contribuições mais criativas da riqueza do patrimó nio artístico mundial. Em Portugal, já ultrapassou amplamente a sua mera função utilitária para alcançar o estatuto transcendente de Arte.


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Boscán inaugurou exposição no Centro Português em Caracas Jean Carlos de Abreu jeancarlosdeabreu@correiodevenezuela.com

No passado, 25 de Maio, o pintor venezuelano Nelson Boscán inaugurou uma exposição com 11 obras na galeria do Centro Português, em Caracas (CPC). Boscán declarou ao Correio, que as obras irão permanecer no recinto durante uma semana, até o dia 2 de Junho. E que escolheu o CPC pela fusão de culturas, já que tem trabalhado com o ex-cô nsul de Portugal na Venezuela, Francisco Duarte Azevedo. Também disse que esta era a primeira vez que expõe num clube e que gostou da ideia considerando que a cultura portuguesa é "uma das culturas mais fortes no nosso país", e devido "as boas re-

lações entre os emigrantes lusos e os pró prios venezuelanos", declarou. Há pouco tempo teve a oportunidade de relacionar-se, através da arte, com o ex-cô nsul Azevedo, que na actualidade cumpre funções diplomáticas nos Estados Unidos. Por está razão considerou "importan-

te que pudesse mostrar minhas obras ali, porque os lusitanos são dados às expressões culturais por respeitar as tradições", declarou. Esta exposição chamada "Sonatas Cromáticas" reú ne um conjunto de 10 obras onde se podem observar cavalos em quadros de diferentes tamanhos e

uma diversidade de tonalidades que permitem ao visitante conhecer a visão equestre sobre a qual o artista trabalhou ao longo da sua trajectó ria. As obras expostas estão à venda e os preços oscilam entre os dois milhões e oitocentos mil até os catorze milhões de bolivares. Dependendo do tamanho do quadro que o espectador desejar. Por ú ltimo, comentou que se for possível, sempre e quando houver disponibilidade da sala e que o CPC permitir, realizará outras exposições na associação. Boscán, de 54 anos, estudou pintura e arte no Pedagó gico de Caracas e Nova Iorque. Um dos seus futuros projectos passam por expor num museu europeu para dar a conhecer a pintura nessas latitudes.

Melanie de Sousa eleita "Teen Prensa" Delia Meneses delia_jornalista@yahoo.com

Na passada quinta-feira, 18 de Maio, foi apresentada a imprensa todas as candidatas a Teen Model Distrito Capital 2006. O evento realizou-se no "LI-BAR" no Centro Comercial San Ignácio da cidade capital. Entre as candidatas figurou a lusodescendente Melanie de Sousa como Teen Prensa

deste ano. Esta jovem tem 17 anos de idade, estuda 4º ano do liceu e é filha de madeirenses. O seu pai, Juvenal Martins, natural do Funchal e a sua mãe, Maria Vieira, nasceu no Caniço. A agência "C Modelo", liderada pela Directora, Cynthia Zamora, sob a produção de Norberto Pérez Grillo, tem a seu cargo a preparação do espetáculo no qual 33 jovens entram em cena para competir por um lugar no Teen Model Venezuela 2006. No

evento só entram candidatas que pertençam aos estados Distrito de Capital e Portuguesa. As instalações do Caracas Theater Club será o lugar escolhido para a realização do concurso que promete ser especial e que contará com a animação do modelo Carlos Orellana e a linda Cynthia Lander, que foi Miss Venezuela 2001 e agora é apresentadora do programa " Loco Vídeo Loco" de RCTV.

Caravelas da Associação de Pintores de Porcelana celebram 28 anos Saudade na UCV A sala de exposições do Centro Português de Caracas cede o seu espaço, de 8 a 11 de Junho, à Associação de Pintores de Porcelana da Venezuela a fim de esta exibir mais de 100 peças pintadas à mão. A exposição servirá para celebrar os 28 anos do organismo e nela vão participar cerca de 35 artistas que vão dar a conhecer as diversas técnicas para trabalhar com aquele material. Romana Gonçalves, presidente da Associação de 1994, manifestou sentir-se contente com a oportunidade, pois vai permitir-lhes apresentar o seu trabalho ao pú blico. Para além disso, esta artista, natural da Madeira e que estudou no Instituto Pedagó gico de Caracas - vertente arte do fogo - está encarregue da organização do evento, para o qual convidou não apenas os membros da comunidade portuguesa mas também os amantes das criações artísticas em porcelana.

A Universidade Central da Venezuela (UCV) acolhe, no pró ximo dia 9 de Junho, uma sessão comentada de fados. Naquela instituição existe uma cátedra denominada "Apreciação musical", na qual participam, todas as sextasfeiras, mú sicos, cantores e instrumentistas, em recitais dirigidos aos estudantes de todas as escolas. Desta vez, o "Caravelas da Saudade" é o grupo convidado, que vai levar um pouco da cultura portuguesa a todos aqueles que queiram assistir a este evento, que vai realizar-se no Auditó rio da Faculdade de Humanidades, pelas 12.00 horas. A entrada é livre.


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Ambientalistas pressionam Lisboa plataforma para a conservação dos fundos oceâ nicos apelou ao envolvimento de Portugal na defesa de uma morató ria sobre pesca de arrasto em alto mar, cuja decisão final será tomada pelas Nações Unidas em Novembro. O objectivo da morató ria é suspender este tipo de pesca até que a capacidade de regular e fiscalizar as frotas seja mais desenvolvida. Representantes daquela plataforma, que congrega mais de 50 organizações internacionais e às quais se juntaram as três principais associações ambientalistas portuguesas, estiveram em Lisboa a convite da Fundação LusoAmericana para o Desenvolvimento para apelar ao governo português que tome um posição clara sobre esta matéria. "Portugal tem um papel determinante nas negociações que estão em curso ao nível da União Europeia, mas às vezes questionamo-nos sobre se as instruções estão a ser ditadas por Lisboa ou por Madrid", declarou Remi Parmentier da Warda uma das organizações que integra a plataforma. Para os responsáveis da plataforma, Espanha, que representa cerca de 40 por cento do total mundial de capturas realizadas com arrastos de fundo em alto mar, tem sido um dos principais obstáculos a estas negociações, tentando

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Ministra culpa professores pelo insucesso escolar A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, responsabilizou os professores pelo insucesso escolar e a falta de qualificação dos alunos e criticou o funcionamento dos estabelecimentos de ensino. Na abertura de uma série de seminários, promovidos pelo Conselho Nacional de Educação, no Fórum da Maia, Maria de Lurdes Rodrigues disse que o trabalho dos professores "não se encontra aos serviço dos resultados e das aprendizagens". Maria de Lurdes Rodrigues lamentou também que a escola não esteja a combater as desigualdades sociais.

Força Aérea perde 1.105 milhões de euros impedir a adopção de medidas contra este tipo de pesca por parte da ONU. Monika Verbeek, responsável da organização não governamental Seas-at-risk, sublinhou que Portugal tem estado sempre a apoiar Espanha, mas comentou que as 12 embarcações portuguesas que se dedicam à pesca de arrasto representam menos de um por cento da frota pesqueira nacional e apenas 2,2 por cento dos pescadores inscritos. A pesca de arrasto fundo é considerada uma das técnicas de captura mais destrutivas já que afecta os ecossistemas existentes nos montes submarinos e nos corais de água fria que são mais vulneráveis do que os das zonas costeiras. Este tipo de pesca é praticado normalmente a 500 ou

mil metros de profundidade, mas pode ir até aos dois mil. "Devido à sobre-exploração dos recursos pesqueiros, as frotas comerciais têm procurado oportunidades para explorar áreas cada vez mais profundas", explicou Remi Parmentier. Os montes submarinos albergam espécies de corais e peixes muito diversificadas, mas que têm características que os tornam particularmente vulneráveis como o facto de viveram mais anos e se reproduzirem mais tarde. Parmentier comparou o fundo do mar à Amazó nia em termos de biodiversidade e alertou que a probabilidade de extinção é bem maior nas águas profundas. Para Mathew Gianni, outro representante da plataforma, "é possível pescar em

águas profundas, mas de forma sustentável, recorrendo às artes tradicionais". Granadeiros, imperadores, tubarões, alfonsinhos, ou redfish, são algumas das espécies de peixes ameaçadas por esta técnica de captura. O investigador português Ricardo Serrão Santos apontou os Açores como um bom exemplo de gestão de pescas ao proibir a pesca de arrasto e as redes de emalhar nas suas águas territoriais. Os Açores, Madeira e Canárias são as ú nicas regiões europeias onde esta técnica de captura é interdita. A morató ria sobre arrasto de fundo em alto mar foi apresentada à ONU em 2004, mas só no final deste ano deverá haver uma decisão final sobre uma eventual suspensão.

Visto para quem procura trabalho A atribuição de um visto de residência temporário para os estrangeiros que pretendam procurar trabalho em Portugal é uma das novidades do anteprojecto da nova Lei da Imigração apresentado pelo governo. Em conferência de imprensa, o ministro de Estado e da Administração Interna, Antó nio Costa, revelou que os estrangeiros

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candidatos aos empregos disponíveis anualmente em Portugal e que possuam as qualificações adequadas vão passar a dispor de um visto de residência temporário. "Os estrangeiros vêm legalmente para Portugal arranjar trabalho e as entidades patronais têm a oportunidade de contratar pessoas que entraram no país p elas vias legais", dis-

se Antó nio Costa, destacando que as entradas "vão ser determinadas em função das necessidades do mercado de trabalho". A actual lei exige que um imigrante só obtenha visto de entrada em Portugal mediante a apresentação de um contrato de trabalho, uma exigência muito difícil de satisfazer e que, segundo o ministro, estimula "a imigração ile-

gal". Com a nova lei, o Governo, mediante parecer da Comissão Permanente da Concertação Social, vai fixar anualmente uma bolsa com as oportunidades de emprego disponíveis. Por sua vez, o Instituto de Emprego e Formação Profissional passa a ter uma bolsa de emprego online para divulgar as ofertas de emprego.

A Força Aérea é o ramo militar mais penalizado pela nova Lei da Programação Militar, já que nos novos mapas de investimento até 2023 perderá 1.105 milhões de euros, segundo noticiou o Correio da Manhã. Nos mapas de previsão orçamentais da Lei de Programação Militar (LPM) aprovada em 2003, a Força Aérea deveria receber até 2023 2.117 milhões de euros, contra os 1.012 que vai receber de acordo com o novo planeamento do Governo.

PJ desmantela rede de lenocí nio e imigração ilegal A Polícia Judiciária anunciou a detenção, na região do Porto, de dois homens e uma mulher acusados do crime de lenocínio (fomento da prostituição) e auxílio à imigração ilegal. Em comunicado, a PJ refere que a detenção ocorreu na sequência de busca s domiciliárias nas residências dos suspeitos e num bar de diversão nocturna explorado por um dos detidos.

Cavaco reconhece que missão da GNR "tem riscos" O Presidente da República, Cavaco Silva, reconheceu que a missão dos 120 elementos da GNR em Timor-Leste "tem alguns riscos", mas sublinhou que Portugal tudo deve fazer para que "reine a paz" no território.


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breves Qualificação e formação O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou esta semana que a prioridade do Governo na aplicação das verbas do próximo Quadro Comunitário de Apoio será destinada à melhoria da qualificação e da formação profissional l dos portugueses.

Cessação tabágica

90 mil internamentos

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte vai promover, ainda este ano, um novo programa de Prevenção e Tratamento do Tabagismo que visa envolver todas as unidades de saúde da região Norte.

Os internamentos por pneumonia aumentaram 135 por cento desde 1994, revelou o presidente do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, acrescentando que só no ano passado foram internados nos hospitais portugueses 36.256 doentes com esta infecção.

32 mil infectados

"Fraqueza do cristianismo" O director do Secretariado Nacional de Liturgia, padre Pedro Ferreira, considera que a "ineficácia" das celebrações cristãs deve-se, em parte, "à falta de reconciliação com Deus".

Associação Apoio Vítima registou 3.537 casos Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou no primeiro trimestre do ano 3.537 crimes, sendo a esmagadora maioria contra mulheres que foram vítimas de violência doméstica, segundo estatísticas da organização divulgadas recentemente. De acordo com os dados, nove em cada dez vítimas de crimes registados pela associação neste período são mulheres, das quais mais de metade (54 por cento) têm idades compreendidas entre os 26 e os 55 anos. A maioria é portuguesa. Cerca de metade das vítimas são casadas (49,8 por cento), 17,4 solteiras e 13,4 por cento vivem em união de facto. Apesar deste ser o perfil da vítima, estão a aparecer mais casos de pessoas idosas, crianças e mulheres de

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agência das Nações Unidas para a Sida estima que em Portugal a doença atinja 32 mil portugueses, um valor superior aos 28 mil casos notificados no país até 31 de Dezembro do ano passado, indica um relató rio da organização. O Relató rio Global sobre a Epidemia da Sida 2006, da ONUSida, divulgado esta semana, e que se baseia nos dados oficiais disponibilizados pelos vários países, indica ainda que em Portugal podem existir até 53 mil pessoas infectadas com o VIH, na pior estimativa. Nú meros superiores aos indicados nos ú ltimos dados do Centro de Vigilâ ncia Epidemioló gica de Doenças Transmissíveis (CVEDT) do Instituto Nacional de Saú de Ricardo Jorge, que indicam que, até 31 de Dezembro ú ltimo, foram notificados 28.370 casos de infecção no país.

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O documento da ONU aponta também que os 32 mil portugueses que vivem com a infecção pelo VIH são essencialmente jovens com idade superior a 15 anos e adultos. Entre as mulheres com mais de 15 anos, o Relató rio referencia 1.300 portuguesas infectadas com o VIH, podendo, no pior cenário admissível, o nú mero subir para 2.300. Em relação aos progressos feitos pelo país no combate à epidemia o Relató rio é omisso em todos os indicadores, desde os gastos do Estado com a infecção, ao nú mero de doentes em tratamento, até à percentagem da população que está informada sobre os meios de prevenção da transmissão da infecção. De acordo com os dados indicados pelo CVEDT do Instituto Nacional de Saú de Ricardo Jorge, referentes a Janeiro deste ano, entre 01 de Julho e 31 de Dezembro de

2005 foram registados 1.473 novos casos da infecção pelo VIH. O estudo do CVEDT salienta ainda que os casos notificados de infecção pelo VIH que referem como forma provável de transmissão da doença a relação heterossexual "apresentam uma tendência evolutiva crescente importante", representando esta categoria 52,7 por cento de todos os casos notificados no segundo semestre de 2005. Um relató rio do Observató rio do Medicamento e Produtos de Saú de, do Instituto Nacional de Farmácia e do Medicamento, divulgado em Fevereiro deste ano, revelou que, numa amostra de 28 hospitais do Serviço Nacional de Saú de, os medicamentos para a terapêutica da infecção pelo VIH/Sida foram responsáveis pelo gasto de 73.466.178 euros em 2004 e 44.649.630 euros no primeiro semestre de 2005.

outras nacionalidades, disse o secretário-geral da APAV, João Lázaro. A estatística indica que a maioria das vítimas (75 por cento) é portuguesa, mas há também casos de pessoas oriundas do continente africano (44), americano (39) e do Brasil (33). O responsável adiantou que no ano passado 57 por cento dos crimes não foram objecto de queixa muitas vezes por serem imigrantes ilegais.

Adiada audiência de luso detido em Omã audiência do português detido no Sultanato de Omã por falsificação de dó lares norte-americanos foi adiada para terça-feira, a pedido do seu advogado para poder preparar a defesa, disse à Lusa o filho do arguido. Segundo Benedito Alves, o pai será ouvido "sem falta" na pró xima terça-feira porque a lei omanita não permite mais adiamentos. Agostinho Alves foi detido a 23 de Março à chegada ao aeroporto de Riade,

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Arábia Saudita, onde esteve até ser extraditado para Omã, no final de Abril, para cumprir a pena de dois anos e meio de cadeia a que foi condenado, apó s um julgamento à revelia. A justiça de Omã dá agora a possibilidade ao português de apresentar a sua defesa, dado que foi julgado à revelia, e segundo Benedito Alves, o advogado está confiante de que a sentença possa ser alterada porque "não têm provas para justificar as acusações".


20 | PORTUGAL

CORREIO DE VENEZUELA - DE 01 A 07 DE JUNHO DE 2006

Época balnear arranca hoje com 207 bandeiras azuis época balnear abre hoje com 207 praia s galardoadas com bandeira azul e cerca de 4.500 nadadores-salvadores e 470 polícias marítimos disponíveis para fiscalizar as zonas balneares. As previsões do Instituto de Meteorologia para 1 de Junho indicam baixa de temperatura, para um máximo de 26 graus, sol no norte do país, céu nublado n o centro e sul e possibilidade de aguaceiros no interior. A época balnear vai ter novas regras que incluem multas para banhistas que desrespeitem a bandeira vermelha, que proíbe nadar, ou outra sinalética nas praias. A primeira bandeira azul, símbolo de qualidade balnear, vai ser içada n o dia 9 de Junho na praia da Comporta, concelho de Grâ ndola. As praias estão agora a ser objecto de vistorias, da qualidade das água s, acessibilidades e infra-estruturas, para poderem içar aquele galardão de qual idade. Este ano entraram para a campanha Bandeira Azul 16 zonas balneares (das quais quatro no Algarve) e estrearamse seis municípios: Arouca, Aveiro, Figueiró dos Vinhos, Calheta, Ribeira

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Brava e Ponta do Sol. O Algarve voltou a ser a região que recebeu maior nú mero de Bandeiras A zuis, com 55 praias, seguido por Lisboa e Vale do Tejo (48) e pelo norte (35), c entro (17) e Alentejo (12). O arquipélago dos Açores recebeu 26 bandeiras azuis e a Madeira 15. Comparando com anos anteriores, este é o ano com mais bandeiras azuis. "Portugal está no topo dos países do sul da Europa quando se comparam a s bandeiras atribuídas e as zonas balneares designadas. Este ano os galardões vã o chegar a 49 por cento das zonas balneares, bastante mais do que países com a Espanha, Turquia ou Grécia", afirmou o presidente da Associação Portuguesa Bandeira Azul, José Archer. Para vigiar as praias, o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) conta com 4.500 nadadores/salvadores aptos a serem contratados pelos concessionários d as praias. O ISN formou este ano cerca de 700 nadadores/salvadores, esperando ter até ao final do mês um total de 1.450 novos nadadores. Estes novos elementos, em conjunto com os que já possuem o curso (que t em uma validade de três anos), perfa-

zem um máximo de nadadores/salvadores superior a 4.500, aptos a serem contratados pelos concessionários. Na época balnear do ano passado, entre 01 de Junho e 30 de Setembro, o ISN registou cinco mortos em praias vigiadas e 16 em praias não vigiadas. Dos cinco mortos em praias vigiadas três eram de nacionalidade estrangeira, enquanto das 16 vítimas em praias não vigiadas cinco eram também estrangeiras. Por sexo, morreram três mulheres e 18 homens. Esta época balnear, pela primeira vez, vai ser medida a qualidade das areias nas praias portuguesas. O projecto, liderado pela Associação

Portuguesa da Bandeira Azul, arranca em 81 praias portuguesas de 32 municípios espalhados por todo o país. Em cada uma das praias onde vão ser feitas as medições, das sete regiões do país, estão previstas três monitorizações, uma antes de começar a época balnear (que arranca a 1 de Junho), outra durante e outra depois de 15 de Setembro, quando termina o período oficial de praia. Durante a época balnear os resultados da qualidade das areias poderão ser afixados nas respectivas praias, se assim os responsáveis dos municípios o entenderem.

breves 2.500 assinaturas contra fecho consulado Orleans

Cozinha lusa em Nova Iorque para o 10 de Junho Dois chefes de cozinha portugueses vão estar em Nova Iorque na próxima semana para participar numa semana de gastronomia portuguesa por ocasião do dia 10 de Junho. Os chefes Francisco Meireles, do Restaurante Sessenta Setenta no Porto, e Pedro Nunes, do Restaurante São Geão de Guimarães, vão juntarse a José Meireles do Retaurante Tintol em Nova Iorque para organizar um jantar de pratos portugueses na Fundação James Beard, a 07 de Junho, sob o lema "Taste of Portugal".

Mais de 2.500 assinaturas de portugueses residentes na região de Orleans, França, vão ser entregues ontem ao embaixador de Portugal em Paris para mostrar que estão preocupados com o futuro do consulado naquela localidade. "Queremos saber o que é que querem fazer com o consulado de Orleans", disse à Agência Lusa José Luís Cunha, um dos organizadores do protesto. De acordo com o responsável, várias associações decidiram organizar o abaixo-assinado quando o conselheiro para as comunidades daquela área, David Gomes, lhes disse que aquele consulado "poderia estar em perigo" no âmbito da reestruturação consular que o Governo quer levar a cabo. Segundo o responsável, se o Governo português não der qualquer resposta quanto ao futuro do consulado de Orleans, a reivindicação da comunidade vai ser "mais intensa".


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22 | OPINIÃO

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Um dado cultural significativo Hélio Bernardo Lopes

Volta que não volta, lá nos surgem dados novos que simplesmente servem para confirmar o que, com um pouco de atenção e de cultura, sempre se terá podido perceber. Nos termos de mais um estudo sobre a nossa realidade, os portugueses são os cidadãos da União Europeia que menos se interessam pela problemática política e que menos a discutem, seja com os amigos, seja com os familiares.Trata-se do resultado de mais um estudo encomendado pela Comissão Europeia, e que foi divulgado em Bruxelas há umas duas ou três semanas atrás.Nos termos deste estudo, dois terços dos portugueses manifestam desinteresse pela política do seu país, o que é naturalíssimo e, ao menos, por duas razões. Por um lado, porque sempre os portugueses se mostraram desinteressados da política, e, por outro, porque o interesse que surgiu na sequência do 25 de Abril foi completamente defraudado por políticos bastante pouco competentes, pouco convictos dos valores que defendem nas campanhas eleitorais, e por cuja acção os portugueses chegaram à situação de falta de

futuro que hoje já se não discute. E, como seria naturalmente expectável, o seu interesse pela política europeia revela ainda menos entusiasmo: setenta e dois por cento dos portugueses não têm um mínimo de interesse. Dois casos que são máximos absolutos no seio da União Europeia. Em todo o caso, situações absolutamente expectáveis! Os políticos portugueses que surgiram entre nó s na sequência do 25 de Abril, em especial os da designada esquerda, nunca tiveram a coragem de reconhecer que os quarenta e oito anos de vigência da II Repú blica só foram possíveis com a ampla conivência da grande maioria dos portugueses, que sempre evitavam chatices, ainda que fossem mínimas: fingiam não perceber o que se passava. Tal como acontece hoje com o tráfico de estupefacientes: fingem não ver, sempre salientando nada saberem nem perceberem. É como se o fenó meno simplesmente não exista. Já quanto ao desinteresse pela política europeia, a situação tem duas causas. Por um lado, a construção europeia tem sido um fenó meno completamente operado à revelia dos povos europeus e, por outro lado, a verdade é que, para lá do dinheiro que nos

chegou dos países mais ricos da União Europeia, começa agora a perceber-se que, afinal, a segurança que se possuía simplesmente desapareceu e que um futuro melhor nunca chegará. Portanto, porque haverão os portugueses de se interessar pela política europeia?! É muito provável - é o que me parece cada dia mais evidente - que a União Europeia venha a dar em nada. E, de imediato, por duas razões, que cada dia parecem estar mais presentes: as gravíssimas consequências da gripe das aves, ou um conflito militar em grande escala, bastando notar a facilidade com que tantos vêm falando da utilização de armas nucleares. E não só americanos... O grande erro dos maus políticos europeus que tivemos o azar de vir a conhecer foi o de se deixarem levar por factores completamente alheios à cultura europeia e ao sentido de servir a dignificação da vida dos cidadãos, elegendo novos valores profundamente desumanos, como são a competitividade, a inovação, as novas tecologias, a iniciativa privada, o lucro e a globalização, etc.. Nunca a pessoa, a sua vida, a sua dignidade e a solidariedade surgem no discurso político de hoje. Os resultados, esses, estão à vista e são incontornáveis.

Uma "revolução sem sangue..."? Fernando Cruz Gomes

Já o sabíamos. Já o tínhamos escrito. Agora, porém, é a toda poderosa RTP a dar o mote para, uma vez mais... mais políticos e mais altos militares, alguns ainda vivos, se cobrirem de vergonha. Talvez não tanto pelo que fizeram... mas pelo que deixaram fazer. Com testemunhos insuspeitos, preto no branco, ficámos a saber que Portugal, enquanto Pátria, servida por uns quantos políticos de pacotilha e por algumas patentes militares de opereta... entregou, na Guiné, às forças que em 75 passaram a dominar o País... os soldados que nos tinham sido fiéis. Entregaram-nos, pronto. Sem cuidar de saber o que lhes iria acontecer. Pois... umas quantas centenas foram fuziladas. Ou nos campos de futebol. Ou nas "fugas" inventadas dos terríveis campos de concentração. Que Portugal permitiu. Que Portugal "abençoou", embora agora todos nó s juremos a pés juntos que não. Pragmaticamente até somos capazes de dizer que... não havia mais nada a fazer. O "25 de Abril". Efeméride que, aos poucos, se vai perpetuando nos meandros da Histó ria. Com razões de gló ria. Com motivos de vergonha. Sobretudo quando os apaniguados que ainda existem teimam em atirar aos ares com atoardas que querem que fiquem na Histó ria. A falar (só ) de

heroísmo e a querer apagar coisas que a Histó ria está a começar a alinhar. Neste caso, pelas mãos de quem menos pensaríamos, como foi o caso da RTP. Soldados guineenses que serviram Portugal nas Unidades de Comandos. Entregues à morte por fuzilamento. Entregues, afinal, por quem assinou as chamadas "negociações" de Argel. Alguns dos poucos sobreviventes aos "mascres" ainda têm forças para gritar frente às câ maras televisivas o seu amor a Portugal. "Eu jurei bandeira... por Portugal". "Sou leal a Portugal". "Sou ainda... português". Por sobretudo, o bacoco do Nino Vieira a atirar mais umas quantas atoardas, ele que tem também as mãos cheias de sangue, a dizer que "sim... que Portugal tem o dever moral de ajudar aquelas famílias". Ouvimos. Pasmámos. E ainda temos dificuldade em entender ser possível ouvir dizer - e ainda agora aconteceu que o "25 de Abril" foi uma revolução sem sangue. É que a Guiné foi apenas um exemplo. Angola e Moçambique também tem páginas... que nos deveriam cobrir de vergonha. Entregar soldados - que eram, técnica e realmente soldados de Portugal - aos seus algozes não é mais do que "massacrar". O "25 de Abril" deu a Portugal algo de bom, sim. Mas a meditação não deveria toldar-nos a mente para não vermos que, de facto, a chamada "descolonização exemplar" nos cobriu,

igualmente, de vergonha. Uma vergonha que há-de cair sobre a cabeça dos nossos filhos e netos. E mesmo que se diga que Portugal respondeu a crimes feitos pelos extremistas... que não tinha outra solução senão fazer o que fez... entendemos que não há forma de entender... a vergonha que é entregar à morte - todos deveriam saber que era a morte que os esperava - milhares de soldados guineenses, angolanos e moçambicanos, que serviram Portugal. Que tinha jurado bandeira por Portugal. Que tinham jurado fidelidade ao velho... Portugal. Foi, então, uma "revolução sem sangue"? Com muitos cravos vermelhos, não é? Talvez que em Portugal... talvez que nas fileiras das Forças Armadas lá no "puto". Talvez... Mas e os milhares que entregámos à morte? Não se contabilizam? Não são gente...? Não têm sangue, talvez! Por mim.. continuo envergonhado! Angustiado! Com a certeza de não saber explicar aos netos porque é que os da minha geração atraiçoaram leais servidores de Portugal. E só não choro, porque de tanto amargor... as lágrimas de há muito me secaram nos olhos. Talvez seja uma meditação que muitos chamarão de "reaccionário" ou mesmo "fascista". É possível. Mas como também já houve quem alinhasse, frente a mim, outros "istas" não me apoquenta o epíteto. Apoquenta-me, isso sim, essa vergonha... que colectivamente me vai

Cinco anos de encontros

Ricardo Miguel Oliveira (DN/MADEIRA)

aO "Encontro de Gerações" completou esta noite cinco anos de vida. Está mais dinâ mico que nunca. É levado a sério. Deixa desafios. Mobiliza vontades. Tudo porque nasceu com objectivos claros, como resposta pragmática e inequívoca ao permanente anseio da comunidade portuguesa, que sempre fez notar a necessidade de não deixar morrer o espírito português junto das gerações mais jovens, muitas delas nascidas na Venezuela. O "Encontro" deixa falar. Não é feira de vaidades, nem desfile de vedetas. É e será aquilo que os portugueses e seus filhos quiserem. Mas também a prova que para dialogar com aqueles que cumprem Portugal no Mundo não importa ter títulos, cargos mais ou menos pomposos ou riquezas vistosas. O que importa é ter alma. O que marca a diferença é a honestidade e a capacidade para honrar compromissos. Os mentores da iniciativa têm nome. O Correio da Venezuela, o DIÁRIO de Notícias da Madeira e o Banif. E credibilidade. Por muito que custe aos distraídos, que irrite os ressabiados e revolte os hipó critas que muito devem à Venezuela mas que nada têm feito por continuar a merecêla. As mentes doentias que tentam em vão denegrir méritos alheios podem sempre aprender com a persistência e dedicação. Para a histó ria comum ficam cinco edições que denotam o dinamismo de uma comunidade que não se acomoda, transformando as contrariedades em oportunidades. É a sina portuguesa, com certeza.


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OPINIÃO | 23

CARTAS Felicitações ao atleta Francisco dos Santos

"Venezuela é de todos… os portugueses"

Em primeiro lugar quero felicitar ao Correio de Venezuela, os seus integrantes e os patrocinadores da iniciativa e em especial ao senhor Aleixo Vieira pela dedicação e o seu trabalho incansável, seu amor pela profissão. Minha admiração e respeito por ser uma pessoa muito humana, simples, agradável, sincero, sempre de bom humor, humilde e muito cavalheiro. As minhas felicitações do fundo do coração. Para o atleta campeão "o tubarão", Francisco, quero felicitálo e desejar-lhe muitos êxitos e que os seus sonhos os está a realizar com muita alegria, entusiasmo e força. Que Deus te abençoe e que te acompanhe sempre. Francisco deste uma grande lição, uma alegria imensa e satisfação ao saber que tinhas triunfado. És um ser humano lindo. Quero felicitar os pais dele. Deus deu-lhes um presente, um anjo com uma bela alma, de coração é um privilégio ter um filho tão especial, devem estar orgulhosos de ter um filho maravilhoso, inteligente e lutador.

Estive presente no V Encontro de Gerações, onde estiveram os representantes das mais diversas áreas da cultura. Cada um adaptado ao seu contexto, cada um entrelaçando ideias vinculadas a Portugal e a influência das raízes lusas nas mais diversas profissões. Por essa razão, digo que a Venezuela é de todos os portugueses e filhos destes, porque não há canto no país por onde caminhemos que não encontremos um lusitano. Estão em todas as partes e os seus filhos também. Cada descendente de um português que está vinculado com a arte, à cultura ou ao desporto merece um reconhecimento, porque de algum modo estão abrindo caminho para dar-se a conhecer, esforçando-se por mostrar um bom trabalho e desempenho nas suas actividades. Quanto as participantes no debate, uns estiveram melhor que outros, para mim, o que obteve a "victória" foi o Francisco dos Santos, denominado o "Golfinho" o nadador especial, que com autenticidade e espontaneidade amenizou o evento e galardoou seus familiares e amigos. Gesto

Analia de Sousa

nobre de uma pessoa nobre e com uma alma pura. Por outro lado, a pontualidade foi um elemento em destaque, mas este "inconveniente" foi compensado pela participação de dez oradores que de alguma forma reflectiram a importância dos lusodescendentes na sociedade venezuelana, ao deixar claro que a cada dia que passa eles se posicionam nas áreas que desempenham. Só espero que sigam realizando estes eventos anualmente e que no desapareça esta "tradição" e valorização dos portugueses na Venezuela, porque graças a este tipo de reuniões podemos conhecer mais pessoas da comunidade que são importantes e influentes no trabalho que desempenham dentro e fora do seu trabalho, e sentem-se orgulhosos de carregar sangue português. Pedro Carlos Barreira Pinto

A iniciativa de organizar um encontro de gerações é, na minha perspectiva, excelente. Gostei do tema deste ano, e achei que foi bastante produtivo o debate que se gerou à volta dele. Contudo, gostava de pedirvos que, num dos próximos encontros, abordem um tema que tenha a ver com o destacamento que algumas mulheres têm aqui na Venezuela, Desde à mulher que trabalha no negócio todo o dia enquanto o marido anda nas compras, até mulheres que se distinguem positivamente em universidades venezuelanas, acho que é de louvar o papel que cada vez mais conseguem desempenhar as mulheres lusas neste País. É que elas têm dado claras provas de mudança e evolução. É Já não são como antes, umas "Marias" mal vestidas e cheias de bigode… Lúcia Gomes

As mulheres lusas

InquéRITo:

¿ O que lhe pareceu o V Encontro de Gerações?

Maria J. Freitas

Ana Maria Fernandes

Gabriel Cerdinha

Leonardo dos Santos

Doméstica

Administradora

Estudante

Estudante

"Um grande evento. Eu normalmente venho com o meu marido e gosto de ver a juventude. Estou de acordo com a realização deste tipo de iniciativas que permitem a integração das gerações. Gosto de tudo, mas algo que me emocionou foi o rapaz com problemas especiais, a forma como falou, como se expressou isso foi algo que me emocionou muito e a criança Tiffany, é muita "viva" e tem muita "faísca". Foi muito agradável, gostei muito".

"Achei uma iniciativa muito bonita, na qual houve um intercâmbio de ideias entre os jovens, novas gerações de lusodescendentes que nasceram na Venezuela, e os seus antecessores. Gostei do desejo de pensar no futuro, do impulso que a comunidade portuguesa tem na economia da Venezuela e isso é muito importante. Tudo esteve excelente e as intervenções foram muito enriquecedoras."

"É um encontro muito importante para a juventude e para todos os lusodescendentes que estão na Venezuela e que ainda nos permite conhecer as nossas raízes. Tem muito significado poder compartilhar as diferentes experiências de cada um e ver como o conhecimento se tem mantido praticamente igual através dos anos, de geração em geração. Sinceramente tudo esteve grandioso e espero que continue nos próximos anos."

"Pareceu muito interessante. Creio que como jovem devemos aprender como todas as pessoas que intervieram hoje porque é uma grande experiência, pois eles já tem uma trajectória e um núcleo familiar português, o mesmo que o meu. É admirável ver esse grande trabalho que cada um deles tem levado a cabo e é muito importante seguir esse exemplo, e de repente no futuro pode ser nos a estarmos em cima do palco."


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Portugal interrompe queda na competitividade Portugal interrompeu a tendência descendente que apresentava no 'ranking' de competitividade do Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Gestão (IMD), divulgado recentemente, ao recuperar duas posições na edição de 2006 para o 43.º lugar. A edição 2006 do IMD cobre 61 economias - mais uma do que na edição anterior -, divididas em 53 países e oito regiões, a saber, Baviera, Catalunha, Ilha de França, Lombardia, Maharashtra (Í ndia), Escó cia, Estado de São Paulo e Zhejiang, na China. Esta subida de Portugal interrompe a tendência descendente que trouxe o País do 32.º lugar em 2001, para o 33.º em 2002, 39.º em 2003 e 2004 e 45.º lugar em 2005. As classificações devem ser avaliadas tendo em conta o nú mero de participantes considerado, que foi de 49 em 2001, 2002 e 2003, passou entretanto para 60 e subiu agora para 61.

O IMD subdivide o índice geral por dimensão da população, regiões e produto interno bruto (PIB) por habitante. No primeiro, relativo ao grupo das economias com menos de 20 milhões de habitantes, Portugal ocupa a 26.ª posição, entre 31 integrantes, o que constitui uma recuperação face ao 28.º lugar da edição anterior. Atrás de Portugal ficaram Eslovénia, Jordâ nia, Bulgária, Lombardia e Croácia. Na ordenação respeitante à região Europa-Médio Oriente-África, Portugal continua a aparecer na 26.ª posição, mas agora entre 37 economias, a seguir à Grécia e imediatamente antes da África do Sul. A Itália aparece aqui na 34.ª posição, a seguir à Federação Russa e antes da Roménia, Poló nia e Croácia. Quando o critério para hierarquizar é o PIB por habitante superior a 10 mil dó lares, Portugal

surge no 33.º lugar, superando apenas Eslovénia, Lombardia e Itália, que ocupa o ú ltimo lugar. Estas classificações resultam da agregação do desempenho em quatro áreas: desempenho econó mico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infra-estruturas. Na primeira, liderada por EUA, Luxemburgo e Repú blica Popular da China e encerrada pela Federação Russa, Jordâ nia e Indonésia, Portugal surge na 48.ª posição, uma descida de quatro lugares em relação ao 'ranking' anterior. As principais debilidades são de tal ordem que Portugal surge no fim da lista (61.º ) na referente à ameaça que a deslocalização representa para a economia e em 60.º nas que respeitam ao crescimento do PIB e à capacidade da economia de suportar as variações conjunturais. Ao contrário, a economia portuguesa aparece melhor no índice de termos de troca (o valor da unidade exportada sobre o da importada), ao aparecer no 11.º lugar, nas saídas de investimento directo - 14.ª posição - e na percentagem da população empregue e nas receitas de turismo, em que está no 15.º lugar. No respeitante à eficiência governamental, encimada por Hong Kong, Singapura e Dinamarca e encerrada por Poló nia, Brasil e Itália, Portugal ocupa a 42.ª posição, uma descida de um lugar. Os principais pontos positivos são a ausência de problemas sociais por discriminação racial ou sexual (7.º lugar), as leis da imigração, que não impedem o em-

prego de trabalhadores estrangeiros (10.º lugar), e a estabilidade cambial, com Portugal no 14.º lugar. Ao contrário, as principais fraquezas situam-se na evasão fiscal, cuja dimensão coloca o País na 55.ª posição, e no nú mero de dias necessários para iniciar um negó cio e no défice orçamental, que põem Portugal no 54.º lugar. A pior classificação da economia portuguesa nas quatro áreas é na da eficiência empresarial, apesar de melhorar uma posição, para a 50.ª, na tabela que é liderada por Hong Kong, Islâ ndia e Dinamarca e encerrada por Venezuela, Poló nia e Croácia. Neste 'ranking' Portugal surge à frente da Itália (55.º ) e muito perto da França, que aparece em 48.º lugar. As principais forças da economia portuguesa estão na participação feminina na força de trabalho, que dá direito ao 7.º lugar, na pró pria dimensão da população activa (10.º ) e ainda na cultura nacional, apreciada na perspectiva de abertura às ideias estrangeiras, que permite a 20.ª posição. Ao contrário, as fraquezas mais acentuadas são o débil empreendorismo dos gestores, que colocam o País no ú ltimo lugar, a formação (penú ltimo lugar) e a adaptabilidade das empresas às mudanças de mercado em que, tal como na satisfação os clientes, Portugal aparece no antepenú ltimo posto. Na quarta área, relativa às infra-estruturas, é onde o País aparece em melhor posição, ao melhorar um posto para o 34.º


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lugar na classificaç ão liderada por EUA, Japão e Dinamarca, e encerrada por México, África do Sul e Indonésia. Os contributos mais determinantes para esta evoluç ão vieram do critério relativo aos rácio entre professores e alunos no ensino secundário e primário, em que Portugal lidera no primeiro e ocupa o 5.º lugar no segundo, e ainda da despesa pú blica em educaç ão, expressa em percentagem do PIB, que permite o 8.º lugar. Ao contrário, nesta área os priores critérios de desempenho

são os custos de ligaç ão à Internet e a ausência do desenvolvimento sustentável nas prioridades das empresas (56.º ), bem como a iliteracia econó mica da população (54.ª posiç ão). O parceiro português da IMD neste anuário, a Formédia, aponta ainda vários desafios que, considera, o País enfrentará em 2006, o primeiro dos quais é reduzir o défice orç amental. Aumentar a competitividade e as exportações e mostrar empenho na reduç ão do desemprego são outros dois, a que acrescenta o da realizaç ão da reforma da

ECONOMIA | 25

administraç ão pú blica e da justiç a e a conjugaç ão da melhoria da qualidade dos serviç os de saú de com a reduç ão de custos. O IMD publica este anuário sobre competitividade desde 1989 de forma ininterrupta. Os 'rankings' são baseados em 312 critérios. Estes dividem-se em 126 indicadores estatísticos extraídos de informaç ão disponibilizada por organizaç ões internacionais, nacionais e regionais, 113 baseados em inquéritos de opinião e 73 que são apresentados como informaç ão de 'background' mas

não utilizados na construç ão das ordenaç ões. Os primeiros pesam dois terç os do total e os do inquérito, respondido por 4.055 líderes de opinião, como professores universitários, empresários, gestores, sindicalistas, políticos, personalidades da cultura e ciência, o terç o restante. Todos estão agrupados em quatro factores de competitividade, a saber, o desempenho da economia, que mobiliza 77 critérios, a eficiência do governo (72), a das empresas (68) e a infra-estrutura, que mobiliza 95 critérios. O primeiro inclui economia doméstica, comércio internacional, investimento internacional, emprego e preç os. O segundo desdobra-se em finanç as pú blicas, política fiscal, ferramentas institucionais, legislaç ão para empresas e enquadramento social. O factor relativo à eficiência das empresas inclui produtividade, mercado de emprego, finanç as, práticas de gestão e atitudes e valores. O ú ltimo tem como sub-factores as infra-estruturas básicas, tecnoló gica e científica, saú de e ambiente e educaç ão.


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Cooperação com a Turkish Airlines TAP Portugal, Membro da Star Alliance e a TURKISH AIRLINES assinaram a 29 de Maio, um acordo, que engloba uma vasta cooperação comercial e a operação em code-share na rota Lisboa/Istambul. Com efectividade a

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partir de 1 de Julho e três frequências semanais, estes voos são operados pela Companhia aérea turca. O acordo permite um melhor acesso às redes de ambas as companhias, com a oferta de significativos benefícios aos seus Clientes. Através deste acordo, a

TAP poderá colocar o seu có digo nos voos da Turkish Airlines entre essas duas cidades, oferecendo serviços adicionais aos seus Clientes nesta rota. A TAP tem continuamente intensificado esforços para responder às elevadas expec-

tativas dos seus Clientes, tendo como prioridade o reforço da sua Rede e a melhoria do seu produto. Nesse â mbito, esta operação conjunta com a Turkish Airlines reforça as opções colocadas à disposição dos seus Clientes entre Portugal e a Turquia.

“ Intensificar a nossa relação com a TAP Portugal através deste code-share significa mais um passo nos esforços que temos feito“ , disse Faruk Cizmecioglu, VicePresidente de Vendas e Marketing da Turkish Airlines.

breves

TAP Cargo premeia agentes A TAP Cargo homenageou, no dia 26 de Maio, os Agentes de Carga da Região Norte que mais se distinguiram no ano de 2005 pelo volume de vendas efectuado, com a entrega dos prémios TOP TAP. O primeiro lugar coube à Van Esch Ibérica Transitários Lda., seguida pela ECU Line (Portugal) Transitários Lda. (segundo lugar), pela Pantrans Transitários SA, a Abreu Carga e Transitários Lda. e a Nortemar Agência Marítima do Norte LDA, em terceiro, quarto e quinto lugares, respectivamente. Foram ainda atribuídas três Menções Honrosas às Agências Rangel Internacional e Marítima SA, à Trevomar Navegação e Transitários, Lda. e à Eurolis Transitários, Lda. Estiveram presentes no encontro, que reuniu várias dezenas de Agentes do Porto e Região Norte, o Director da TAP Cargo, Américo Costa, o responsável da Carga da TAP para a Região Norte, Manuel Alves de Sousa e respectiva equipa. Em 2005, o sector no Porto realizou uma receita de 5,4 milhões de Euros, demonstrando um crescimento de 29 por cento relativamente ao ano anterior. Ao manifestar o seu apreço pelo trabalho efectuado, Américo Costa agradeceu à equipa TAP Cargo e também aos Agentes presentes.


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Estágio termina em grande Antonio C. da Silva axedrezado@gmail.com

om grande sucesso finalizou o estágio de "Talentos Franco Rizzi e suas Estrelas" que durante quatro dias decorreu na cidade de Mérida, nas modernas instalaç ões da "Academia Emeritense".

C

Mais de 250 crianç as de ambos os sexos trabalharam sob atenta supervisão de grupo de treinadores integrado por antigos futebolistas da nossa selecção nacional. As sessões de treino incluíram mó dulos de trabalho físico, táctico, técnico e sobretudo muito futebol recreativo. Muitos meninos cadenciados puderam participar no evento. O grupo integrado por ex-futebolistas crioulos que certamente aproveitaram também a oportunidade para se formar como treinadores de camadas jovens e aprender novos métodos de trabalho para treinos com futebolistas de tenra idade. O seleccionador nacional, Richard Paéz, foi um dos convidados para a palestra técnica, e deu muitos valiosos conselhos aos jovens futebolistas. Ao

finalizar o estágio ficou formalizado um acordo entre o FC Barcelona e a "Fundaç ão Franco Rizzi" para o estabelecimento de uma escola de futebol do clube espanhol no nosso país. A presenç a desta instituiç ão servirá para potenciar o desenvolvimento da modalidade e aproveitar o grande nível dos jovens futebolistas crioulos para um dia, talvez, ter no plantel do FC Barcelona algum jogador de nacionalidade venezuelana. Depois de Caracas e Mérida "Talentos Franco Rizzi e suas Estrelas" vai estar visitando a cidade oriental de Puerto Ordaz entre o dia 8 e 11 de Junho, onde os pequenos futebolistas de Bolívar, Anzoátegui, Monagas e até Sucre, vão poder participar no evento que aos poucos vai granjeando muito prestígio no meio

futebolístico local. Para o estágio de Puerto Ordaz fica a promessa de convidar algumas velhas gló rias do popular clube catalão, cujos nomes ficaram ainda em segredo mais que muito provavelmente, sejam alguns elementos da inesquecível equipa que conquistou a Taç a dos Campeões Europeus de 1992.

Para o mês de Agosto "Talento Franco Rizzi e suas estrelas" vai chegar até a cidade de Maracaibo e depois no final de dito mês, uma selecç ão integrada por os melhores 24 futebolista dos diferentes estágios realizados, vão representar a Venezuela no prestigioso torneio "Joan Gamper" na cidade de Barcelona.


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Holanda convida basebolistas de Portugal e Venezuela Victoria Urdaneta Rengifo victoria@correiodevenezuela.com

"European Baseball School" vai chegar à Venezuela para realizar encontros amistosos e "tryouts", pois estão muito interessados nos jogadores portugueses e venezuelanos. O basebol europeu tem vindo a crescer significativamente e a prova disso é a de dois países do velho continente no recente Mundial: Itália e Holanda. É precisamente no país das tulipas que se desenvolve a "European Baseball School" (EBS), coordenada por um venezuelano chamado Iván Rodríguez Rodríguez. Para o pró ximo mês de Julho, entre os dias 11 e 25, elementos da EBS estarão de visita na Venezuela para realizar jogos amistosos, na sua maioria com a prestigiosa organização

A

Entre os dias 11 e 25 de Julho elementos da EBS estarão na Venezuela

dos "Criollitos de Venezuela". Esta academia de "pelota" tem entre os seus planos de curto prazo a contratação de jogadores de diversas nacionalidades com o fim de aproveitar as suas experiências e conheci-

mentos desportivos para elevar o nível com que se maneja a "pelota" holandesa. Segundo Rodríguez, que também é o "scout" principal para a Europa e América da EBS e "coach" de categoria jú nior, são bem-vindos

Gama Club consegue a "dobradinha" Antonio Carlos Da Silva antoniodasilva@correiodevenezuela.com

epois da vitó ria na categoria Super Veteranos a equipa do Gama Club conquistou também o troféu da Copa Millenium, desta vez na categoria Masters no CPC, derrotando folgadamente a equipa do A.D. Camacha por 4 bolas a 1. Com um início avassalador a equipa dos hipermercados conseguiu uma vantagem de dois golos nos primeiros minutos do jogo que depois

D

FINAL A.D. CAMACHA: 1 17: 15 (2T) Gilberto Gonçalves

conseguiram segurar ate o fim. O A.D. Camacha começou o jogo desnorteada, a falhar nas marcações e oferecendo a bola ao rival, num período que lhes resultaria fatal. Aos poucos a equipa azul e branca foise recompondo e até dispô s de várias ocasiões para marcar. No segundo tempo os "camacheiros" lançaram-se em força ao ataque empurrando o Gama para sua área, e falhando uma mão cheia de oportunidades, num período de verdadeiro sufoco para os encarnados. Mas quem falha os golos arrisca-se a vê-los acontecer na sua baliza, e foi o que aconteceu no minuto 12 quando numa rápida jogada de contra-ataque, o goleador Alcides Pires anotou o 0-3 e matou o jogo. Justa vitó ria de uma equipa que dominou a prova, como se vê no facto de conquistar também os troféus de melhor marcador por Alcides Pires e o de melhor guarda-redes, por Fernando Martins. O Nacional derrotou ao FC Porto por 2-0 conquistando o terceiro lugar.

GAMA CLUB: 4 05:02 (1T) Armando Camilo 09:10 (1T) Ulisses Pereira 12:11 (2T) Alcides Pires 13:43 (2T) Alcides Pires

CAMPEÃO: GAMA CLUB VICE-CAMPEÃO: A.D. CAMACHA 3º LUGAR: C.D. NACIONAL 4º LUGAR: F.C. PORTO MELHOR MARCADOR: ALCIDES PIRES (Gama Club)(11 Golos) MELHOR GUARDA-REDES: FERNANDO MARTINS (Gama Club)(5 Golos sofridos)

todos os basebolistas portugueses que se encontrem na Holanda, Portugal e Venezuela. "Lamentavelmente não temos jogadores portugueses ou de outro país europeu, mas esperamos que num futuro pró ximo possamos estabelecer intercâ mbios com países europeus para trazer jogadores estrangeiros para jogar cá na Holanda", disse Rodríguez. "Numa oportunidade conversei com Sandra Monteiro, quem é a presidente da Federação portuguesa, mas não concretizamos. Talvez a partir desta entrevista possamos começar uma relação de trabalho entre a Holanda e Portugal, e incluir a Venezuela. As pessoas interessadas em contactar a "European Baseball School" podem fazê-lo através de Internet em http://www.europeanbaseballschool.com.

Taça "Dia de Portugal" em futebol de salão Victoria Urdaneta Rengifo victoria@correiodevenezuela.com

o dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o desporto é o "anfitrião", pois o Centro Luso de Turumo organizou um torneio de futebol de salão com a finalidade de comemorar esse dia. A competição contará com a participação do Centro Português, o lar Canário, o Clube Oricao, a Irmandade Galega e o Clube Água Sal, "que assim demonstrará a integração da nossa comunidade na sociedade venezuelana e com as coló nias europeias. Precisamente por isso este evento é especial, porque celebram com outros centros sociais e partilham a nossa paixão pelo futebol", declarou

N

Manuel Pereira, Presidente do Clube. Pereira também informou que "não só no dia 10 teremos actividades, mas também durante toda a semana teremos festa e jogos de futebol na modalidade de salão, assim como petanca, pois é outro desporto que todos jogamos com muita freqü ência". O dirigente do Centro Luso de Turumo aproveitou para dizer a comunidade portuguesa dessa localidade "para apoiar a nossa selecção no Mundial de Futebol 2006 e quem deseje visitar o nosso clube, poderão desfrutar de cada jogada no Restaurante Salão Venezuela e no Restaurante Luso, onde colocaremos écrans gigantes e mostraremos muita alegria pela nossa bandeira".


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Portugal impotente nos Sub-21 Rui Barbosa Batista Agência Lusa

ortugal não conseguiu “ fintar” o destino e, como “ anunciado” , ficou num decepcionante ú ltimo lugar do Grupo A do Campeonato da Europa de futebol de Sub-21, apesar do triunfo por 1-0 sobre a Alemanha, em Guimarães. A frustração lusa é ainda maior pelo facto de ter terminado em igualdade pontual com a Sérvia e Montenegro, que viaja para as meias- finais com a França, que concluiu esta fase só com vitó rias, sendo a ú nica equipa dos oito finalistas a não sofrer qualquer golo em três jogos. Inicialmente um dos favoritos à vitó ria no Europeu - pelo facto de jogar em casa e pelo irrepreensível apuramento, com 11 vitó rias e um empate em 12 jogos -, a equipa orientada por Agostinho Oliveira nunca confirmou o estatuto e constituiu uma enorme desilusão. Contrariando o discurso sempre cauteloso e realista do selecciona-

P

dor, os jogadores assumiram-se como principais candidatos ao título, mas nunca mostraram argumentos para tal, revelando mesmo alguma imaturidade, falta de classe e ausência de consistência competitiva. Depois da vitó ria na terceira e ú ltima jornada com um golo fantástico de João Moutinho, já nos descontos, o conjunto de Agostinho Oliveira ficou com a amarga sensação de que podia, e devia, ter feito bem melhor no Europeu, que teve o privilégio de disputar em casa. Com um desempenho irregular e que nunca motivou os portugueses, o conjunto das “ quinas” cometeu a “ proeza” de fazer dois auto-golos - “ sofremos três golos sombra, dignos de apanhados” , lamentou Agostinho Oliveira apó s a eliminação -, um azar inexplicável, mas que ajuda a entender o fracasso. Agostinho Oliveira parece nem sempre ter abordado os jogos com a melhor atitude táctica e os onze jogadores em campo raramente fizeram uma equipa.

Quaresma, o elemento de quem mais se esperava, esteve a anos- luz do seu habitual rendimento no FC Porto, dando a clara sensação de ter ficado muito afectado com a rábula da sua hipotética ida ao Campeonato do Mundo, enquanto o goleador Hugo Almeida (apontou oito dos 32 golos do apuramento) foi uma sombra do que vale. Com apenas oito dias para preparar a prova, o seleccionador sempre se queixou de só saber muito tarde com que elementos podia contar, pois esperava pela informação de Luiz Felipe Scolari sobre quais os jogadores convocados para o Mundial Alemanha2006. A troca de palavras entre Oliveira e Scolari através da comunicação social, em que o técnico brasileiro se assumiu como “ chefe dos Sub-21” , terá mesmo prejudicado o grupo e a sua estabilidade emocional. A França, talvez a melhor equipa do torneio, foi claramente a formação mais consistente do grupo, terminando a prova com três êxitos e um parcial de 6-0 em golos.

João Moutinho marcou o único golo português no Europeu.


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breves Sucesso organizativo O Campeonato da Europa de futebol sub- 21 que Portugal organiza até domingo tem sido um “sucesso organizativo”, garantiu Gilberto Madaíl. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) afiançou que todas as partes envolvidas no evento estão “extremamente satisfeitas com os resultados”.

“Todas as notícias e referências que temos recebido da UEFA e das várias selecções são altamente elogiosas”, vincou. Gilberto Madail assegura que “a capacidade organizativa portuguesa continua em alto prestígio internacional” e manifestou o desejo de que “tudo se mantenha assim até ao fim”. O elogio ao público português foi outra nota de destaque.

RDP investe 100 mil A RDP vai gastar um mínimo de 100.000 euros na cobertura do Mundial de futebol de 2006, divulgou em Évora o director de informação da rádio, João Barreiros, na apresentação da cobertura do evento. “Os custos totais da operação nunca serão inferiores a 100.000 euros”, explicou João Barreiros, segundo o qual este valor

será mais elevado se Portugal, Angola e Brasil, as selecções que vão ter acompanhamento privilegiado, chegarem longe na prova. No que será a “maior cobertura de sempre da Antena 1 de qualquer evento desportivo”, a rádio pública promete “seis a 10 horas diárias” de acompanhamento do Mundial, em dias de jogos de Portugal, e “um pouco menos” quando a equipa das “quinas” não actuar.

Évora festejou na rua passagem da selecção «Equipa das quinas»esteve cerca de duas semanas no Alentejo, a preparar-se para o Mundial 2006

Jogadores elogiam escolha da cidade extremo Figo, “ capitão” da selecção portuguesa de futebol, afirmou em Évora que “ nos momentos difíceis” do Mundial de futebol de 2006 os jogadores da formação das “ quinas” vão “ recordar” a “ feliz” passagem por Évora. “ Nos momentos difíceis que tivermos de enfrentar na Alemanha vamos recordar todas estas pessoas” , afirmou Figo, no final da sentida cerimó nia formal do “ adeus” à capital do Alto Alentejo da selecção portuguesa, com a visita à Câ mara Municipal. “ Foi uma escolha feliz, pois foi possível fazer um bom estágio e tivemos um apoio extraordinário desde o primeiro dia” , frisou Figo, acrescentando: “ Saímos daqui mais fortes, no sentido de que nos preparámos bem para enfrentar a fase final do Mundial” . Segundo Figo, que conta 119 internacionalizações “ AA” e já disputou três Europeus (1996, 2000 e 2004) e um Mundial (2002), a estadia em Évora é um bom “ ponto de partida” . “ Vamos tentar fazer o melhor possível no Mundial” , prometeu o extremo

O

tradição alentejana ainda é o que era e, na terçafeira, mais uma vez, o povo eborense saiu à rua para saudar a selecção portuguesa de futebol, recebida com honras especiais na Câ mara Municipal da cidade. A 12 dias do primeiro jogo no Mundial da Alemanha, a 11 de Junho, em Coló nia, frente a Angola, e no penú ltimo dia de preparação em terras alentejanas, a selecção portuguesa voltou a receber o carinho dos eborenses, bem patente nos gritos e saudações de apoio. Com a Câ mara Municipal engalanada com fotos da presença da equipa das “ quinas” na cidade, que aqui estagiou durante 11 dias, e com a população em “ histeria” gritante, a “ família” de Scolari recebeu mais um “ ban-

A

ho” de multidão e agradeceu o apoio dado desde o primeiro dia. O hino, cantado por crianças e com um coro efusivo de populares, entusiasmou a formação portuguesa e restante comitiva, preparada para se despedir da cidade e da região alentejana. A “ Paixão Total” , lema da recepção, foi novamente esclarecedora quanto ao carinho e esperança que os alentejanos depositam nesta equipa, à semelhança do que já tinha acontecido sextafeira, na visita ao Templo Romano. Além disso, a população tem marcado forte presença no trajecto do Convento do Espinheiro até ao complexo desportivo do Lusitano, enchendo a bancada central do “ palco” utilizado para os treinos. O presidente da Federação

Portuguesa de Futebol (FPF), Gilberto Madaíl, despediu-se com “ emoção e gratidão” da população de Évora, no penú ltimo dia do estágio de preparação para o Campeonato do Mundo Alemanha2006. Na recepção oficial na Câ mara Municipal da cidade alentejana, Madaíl enalteceu o esforço com que os eborenses apoiaram a equipa das “ quinas” e garantiu que os jogadores liderados por Luiz Felipe Scolari tudo irão fazer na Alemanha para dignificar o nome do país. A Governadora Civil de Évora, Fernanda Ramos, deixou também transparecer a felicidade pela presença da selecção portuguesa de futebol na cidade e no Alentejo e desejou que, “ com espírito colectivo” , a equipa alcance os seus objectivos na Alemanha.

do Inter de Milão. Por seu lado, o “ trinco” Costinha, um dos “ sub-capitães” da formação das “ quinas” , mostrou-se igualmente satisfeito com tudo o que se passou no estágio: “ Temos de devolver na Alemanha todo este apoio” .

Figo e o guarda-redes Ricardo expressaram o agradecimento do grupo às gentes de Évora. «Foi uma escolha feliz», confessou Luí s Figo “ Estamos todos felizes por estar aqui e queremos retribuir com vitó rias” , garantiu o nú mero seis da formação das “ quinas” . Sempre emotivo, o guarda-redes Ricardo também não escondeu a satisfação por mais uma “ banho” de multidão em Évora, desta vez com centenas de pessoas nas imediações da Câ mara Municipal de Évora. “ Esta recepção é mais um espectáculo” , disse o titular da baliza lusa.


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Selecção de voleibol lamenta falta de tempo para trabalhar seleccionador nacional de voleibol queixou-se da “ falta de tempo para trabalhar com todos os jogadores convocados” , mas manteve que o principal objectivo na qualificação para o Europeu de 2007 é vencer o grupo A. O técnico brasileiro Francisco dos Santos, que falava na conferência de imprensa de apresentação da primeira fase do grupo A, a realizar em Lordelo (Paredes), pretende que, para atingir o “ ú nico objectivo” de vencer o grupo, Portugal “ jogue mais rápido e seja mais eficaz e coeso a defender (com blocos triplos), bem como agressivo no serviço” . A selecção portuguesa é a anfitriã de sexta-feira a domingo da primeira fase do Grupo A, no Pavilhão Rota dos Mó veis, em Lordelo, ten-

O

do como opositores as selecções da Bélgica, Bielorrú ssia e Azerbaijão. “ O nosso grande problema é o pouco tempo que tivemos para preparar a selecção, mas a esperança de vencer é muita” , referiu Chico dos Santos, reforçando que “ o espírito do grupo é encarar cada jogo para vencer” . De acordo com o seleccionador, “ a equipa está bem fisicamente, mas há ainda aspectos técnicos a requerer mais tempo de trabalho específico, uma vez que se encontram ainda em fase de maturação e de implementação” . Embora Portugal seja teoricamente superior aos seus adversários, possuindo melhor classificação no “ ranking” mundial (18º ), Chico dos Santos aborda de forma cautelosa os jogos, estudando-os “ um a um” .

breves

Mourinho visita hospital pediátrico O treinador de futebol José Mourinho, que esta época se sagrou bicampeão de Inglaterra pelo Chelsea, visitou o serviço de pediatria do Hospital São Bernardo, em Setúbal, no âmbito do Dia Mundial da Criança. Segundo revelou fonte hospitalar, durante a visita de José Mourinho, foi feita uma distribuição de prendas, incluindo lembranças do clube britânico, às crianças internadas naquela unidade de saúde. Nascido em Setúbal há 43 anos, José Mourinho é hoje um dos portugueses mais conhecidos em todo o Mundo, após ter sido campeão de Portugal em 2003 e 2004, vencedor da Taça UEFA em 2003 e da Liga dos Campeões de 2004, sempre ao serviço do FC Porto, e ter conseguido dois títulos da Primeira Liga inglesa.


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Terceiro jantar dos "Amigos do Clero" contou com o Cardeal Urosa Jean Carlos de Abreu jeancarlos@correiodevenezuela.com

Na passada sexta-feira, 26 de Maio, no salão Nobre do Centro Português, em Caracas, realizou-se o terceiro jantar dos "Amigos do Clero", organizada pelo pároco da Missão Cató lica Portuguesa, Alexandre Mendonça, que exerce o cargo de Director Arquidiocesano dos Fundos dos Ministros Ordenados. O jantar contou com a presença de 800 pessoas entre padres e fieis que colaboraram

com o evento ao vender entradas. O valor das mesmas foi de 75 mil bolivares por pessoa, que incluía jantar e participação num sorteio de rifas. Mendonça comentou que o dinheiro arrecadado será destinado para ajudar as paró quias mais pobres e pessoas necessitadas para comprarem roupa, comida e medicamentos. "O jantar é organizado uma vez por ano e esperamos que com esta iniciativa possamos ajudar muitas pessoas que necessitam como também, espe-

ramos obter apoios", explicou o padre Mendonça. Jorge Urosa Sabino, Cardeal da Venezuela e Arcebispo de Caracas, participou no terceiro jantar organizado pela Arquidiocese de Caracas e Secretariado Pastoral Vocacional, para compartilhar com os fieis que assistiram ao jantar. O Cardeal Urosa deu as boas vindas aos que participaram, e realizou a consagração dos alimentos. Logo depois, houve o sorteio das rifas com cestos cheios de produtos e prémios para as paró quias

que venderam mais entradas. Celeste Moreira participou no jantar interpretando canções de fado para animar o convívio.

Empresário assassinado na auto-estrada Bolívar-El Tigre O empresário madeirense Jhonny Arlindo Gonçalves Abreu, 32 anos, foi assassinado a tiro por desconhecidos na auto-estrada que liga Ciudad Bolívar a El Tigre, a 500 quiló metros de Caracas, noticiou a Agência Lusa, no sábado, citando um familiar. Filho de emigrantes naturais do Campanário, Madeira, Jhonny Arlindo Gonçalves Abreu estava radicado na cidade de Guayana (600 quiló metros a sudoeste da capital) e era proprietário de várias padarias. "Jhonny Gonçalves partiu de Guayana, de passeio, no seu carro acompanhado pelos pais, Margarida e José Gonçalves, a mulher Resdy de Gonçalves, e dois filhos, Jhonny e Carlos de 14 e 12 anos", indicou o primo, Rui Gonçalves.

Segundo este, dirigiam-se para Puerto La Cruz (a 400 quiló metros a Oeste da capital), apanhar um ferry para a Ilha de Margarita, onde ficariam vários dias. O mesmo familiar esclareceu que o ataque que vitimou Jhonny Gonçalves ocorreu durante uma paragem em La Soledad, quando foi interceptado por quatro indivíduos fortemente armados, que circulavam num veículo Ford Fiesta de cor verde, sem matrícula. Os desconhecidos tentaram atemorizar os portugueses disparando para as proximidades da viatura estacionada. O empresário madeirense - que foi recentemente alvo de uma outra tentativa de assalto - respondeu, agarrando uma pistola da qual era proprietá-

rio e disparando vários tiros contra os agressores. Durante a troca de tiros, Jhonny Gonçalves foi ferido mortalmente. Os quatro desconhecidos obrigaram todos os passageiros a sair do veículo e estender-se no chão, tendo a mulher do empresário conseguido agarrar a mesma pistola e disparado vários tiros contra um deles. Os desconhecidos puseram-se em fuga, todos eles ilesos, disse a mesma fonte. Fonte policial confirmou à Agência Lusa terem sido encontrados três impactos de bala no corpo do madeirense e que o veículo usado pelos assaltantes foi localizado, abandonado, nas proximidades de uma portagem em La Soledad, a escassos quiló metros do local, com dois buracos de bala

ÚLTIMA horA Panificadoras exigem aumento do pão Carlos Orellana corellanacorreio@hotmail.com As panificadoras solicitaram uma subida no preço do pão por causa do aumento dos custos de produção e propõem a venda do escolar de 100 gramas a 370 bolívares, pedindo que o resto dos pães francês, "sobado", doce e outros fiquem sem regulações ao nível dos gastos. Tomás Ramos López, presidente da Fevipan, explicou que todos os produtos ficaram mais caros cerca de 113 por cento, em média, enquanto que o preço do pão só se ajustou a um 20 por cento. Actualmente, os industriais da panificação apenas estão à espera de receber uma resposta satisfatória por parte do governo venezuelano por forma a que seja possível encontrar uma fórmula que compense tanto o consumidor como o panificador. Mas, segundo Tomás Ramos, a situação actual é grave, pois "muitas padarias que estão nos bairros e que dependem do pão estão a fechar e vão continuar a fazê-lo porque os índices são muito caros". Propõe colocar a "canilla" de 200 gramas - pão familiar - no preço dos "740 bolívares e o pão escolar a 370 bolívares, o que significa um ajuste da ordem de apenas 46 por cento". O responsável acrescentou que os restantes preços dos pães ficariam livres já que "não são iguais pão francês, a "canilla" ou o "sobado", e as matérias primas e os processos de produção são diferentes, por isso é que há uma maior perda em uns pães que noutros. Em três anos e meio já desapareceram, formalmente, 11.000 postos de trabalho. "Éramos 6.850 padarias. Hoje só somos 6.120", observou. Na sua opinião, o mais importante é equilibrar a situação ao nível dos preços, já que, caso contrário, continuarão fechando as "santamarías de los negocios".


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