Correio da Venezuela 163

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O jornal da comunidade luso-venezuelana

ano 07 – N.º 163 - DePóSito LegaL: 199901DF222 - PubLicação SemanaL

caracaS, De 29 a 05 De JuLHo De 2006 - VenezueLa: bS.: 1.000,00 / PortugaL: € 0,75

Lei anti-sequestros vai congelar contas Para impedir que os sequestradores sejam bem sucedidos, as contas bancárias dos sequestrados ficarão inacessíveis

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Um “ show” em Portugal

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Queremos mais!

PáginaS 29 a 31

Troféus do velho Marítimo fora do CP Página 4


2 | EDITORIAL Falta de respeito CORREIO DE VENEZUELA - DE 29 DE JUNHO A 05 DE JULHO DE 2006

Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Tábita Barrera, Victoria Urdaneta e Yamilem Gonzalez Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira Fotografía: Paco Garret Preparação Gráfica: DN-Madeira Produção: Elsa de Sá Secretariado: Carolina de Nóbrega Distribuição: Enrique Figueroa Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares

á cerca de três anos, conforme relatou o CORREIO nessa altura, foi preciso que um grupo de emigrantes tivesse ido durante uma madrugada “ resgatar” os troféus tão orgulhosamente conquistados pelo Marítimo da Venezuela. É que a sede social do clube iria ser embargada no dia seguinte e havia que salvar pelo menos esse patrimó nio de valor sentimental inestimável. Entretanto, o tempo foi passando e um novo sinal de “ alerta vermelho” viria a tocar a (in)consciência de todos quantos têm a obrigação de sentir os feitos verde-rubros nesta terra, quanto mais não seja para a perpetuação deste marco incontornável da nossa

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emigração, sobretudo visando as gerações mais novas. O que se passa é que, com razão ou sem ela, o Centro Português, em Caracas, acaba de solicitar aos antigos dirigentes do Marítimo para retirarem os trofèus encaixotados no CP durante este tempo todo. Estão a deteriorar-se, alega o presidente do CP. É má vontade, alegam os dirigentes maritimistas. O que resulta claro é que a velha instituição Marítimo e o seu legado histó rico neste país estão a ser desrespeitados. Pelo Centro Português e pelos que deveriam cuidar minimamente do patrimó nio que, afinal, ainda é mais deles do que da comunidade em geral. Haja bom senso!

O CaRTOON Da SEMaNa As mulheres estão loucas por ver o Cristiano Ronaldo nos “quartos”...

Estás a referir-te aos quartos-de-final do Mundial, não é?!

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias.

a SEMaNa MUITO BOM O Centro Português, em Caracas, acaba de chamar a si a organização do arraial do Dia da Madeira. Uma atitude louvável, que só engrandece os festejos. Até agora a iniciativa decorria sob a responsabilidade de dirigentes maritimistas da Venezuela, tanto que a festa começou por designar-se “arraial do Marítimo”. Esperemos que as futuras juntas directivas dêem continuidade a esta determinação.

BOM A prudência dos empresários portugueses aqui radicados, perante o desafio do Governo da República tendo em vista a implantação da Universidade Lusófona, demonstra maturidade. Ficou claro que há vontade de ajudar e de colaborar para que o projecto cresça. Mas deve ser Lisboa a demonstrar que está igualmente interessado e empenhado. Ficamos a aguardar esse importante sinal! Afinal, “gato escaldado de água fria tem medo”...

MaU O Mundial de Futebol está em pleno, com um entusiasmo fora de comum em toda a Venezuela, mas com particular destaque em todos os centros comunitários, restaurantes e ruas de Caracas. Porque previsível, este deveria ser um momento a aproveitar pelas autoridades portuguesas para o lançamento de iniciativas para juntar a comunidade ou promover o nosso país. Mas o que se vê são as televisões a chamar a si esse trabalho, perante o total alheamento dos nossos representantes.

MUITO MaU Apregoada vezes sem conta em discursos de circunstância, a verdade é que a importância do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas raramente é tida em consideração pelo Governo da República, quando se trata de assuntos que lhes dizem respeito. Daí que faça todo o sentido a reclamação do CPCP, farto de ser ignorado quando em causa estão matérias que directamente lhes interessam. Para quando o fim deste “faz de conta”?

El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

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Lei anti-extorsão e sequestro vai estar pronta em Julho Novo instrumento legal prevê o congelamento das contas das famí lias das ví timas de sequestros para assim evitar o pagamento do resgate e proí be as vendas dos bens de quem seja afectado por este delito Tábita Barrera tabita@correiodevenezuela.com

O aumento do nú mero de sequestros nos ú ltimos anos tornou necessário à introdução de reformas legais para tornar a penalização mais eficaz deste delito que muitas vezes tem afectado as comunidades de estrangeiros residentes na Venezuela. Em 2005 o Có digo Penal foi reformulado e introduziram-se artigos que aumentar as penas pelos crimes ligados ao sequestro. Agora, para 15 de Julho, foi anunciado que vai estar pronto o projecto completo da Lei Anti-extorsão e sequestro, que já foi aprovado pela Assembleia Nacional em primeira discussão. Entrevistado pelo CORREIO, Juan José Molina, vice-presidente da Comissão de Política Interior e um dos redactores do diploma, assegura que é uma lei específica que complementa o que está estabelecido no Có digo Penal na ú ltima reforma que lhe foi feita, onde foram incluídos uma série de artigos que tratam do tema. "O problema dos sequestros é histó rico e estrutural. O que procuramos é fazer leis que regulem sobre a nossa pró pria situação e deixar de nos basearmos em leis

Juan José Molina, vice-presidente da Comissão de Política Interior

30 anos para os sequestradores

São 13 as pessoas que integram, de maneira directa, a equipa que trabalha na execução da lei. No entanto, a Direcção Geral de Investigação e Desenvolvimento Legislativo também apoia a iniciativa. Além disso, foi elaborado um plano de consulta com distintos organismos do Estado, como o Tribunal Supremo de Justiça, Fedecámaras, Cicpc e a Guardia Nacional, sobre os efeitos do estudo, análise e diagnó stico dos seus conteú dos. O Có digo Penal estabelece a pena máxima de 30 anos para os delitos de sequestro, de extorsão e assassínio sem nenhum tipo de benefício. Molina informou que as câ ma-

ras de industriais e associações de criadores de gado e outros organismos que costumam ver-se directamente afectados por estes delitos, foram consultados acerca da promulgação de legislação e "mostraram-se bastante receptivos com os resultados", disse. Não obstante, partidos da oposição, como o COPEI, manifestaram o seu desacordo com a lei. Para esta força política, a aprovação do projecto de Lei Anti-extorsão e sequestro, significaria o "aumento deste tipo de delito não declarados", pois a família do sequestrado procuraria a forma de ocultar o delito das autoridades.

estrangeiras", observou Molina, deputado da organização política Podemos, pelo estado Bolívar. O diploma, composto por cerca de 25 artigos, contempla o bloqueio de contas bancárias da pessoa sequestrada e dos seus familiares com o fim de evitar que se aceda ao pagamento do resgate. A nova lei também estabelece a proibição da venda de bens de quem se veja neste delito, isto é, a confiscação dos bens das pessoas durante o processo de sequestro e de extorsão. O instrumento legal também obrigará as companhias de telefones e telemó veis a fornecer a informação para que as forças de segurança tenham um contacto directo com os sequestradores ou com a vítima. O deputado assegurou que os organismos policiais estão suficientemente dotados e contam com as técnicas adequadas para combater o problema. De acordo com Molina, existe a possibilidade de criar uma comissão anti-extorsão e sequestro "que controle os trabalhos de apenas uma unidade", para "garantir às jurisdições penais que existe suficiente quantidade de juízes e fiscais para que se ocupem da situação". A lei também contempla a protecção das testemunhas.

Violência faz nova vítima em Guanare Um manto de sombras cobre o caso do assassinato do luso-descendente Gregory de Sousa, situação que não é desmentida pelas autoridades policias, que não escondem o facto de ainda não ter sido capazes de estabelecer com clareza as razões por trás do sucedido. O jovem comerciante, de 29 anos de idade, era filho de Manuel Ponte, madeirense natural da Ribeira da Janela e ex-dirigente do Centro Portu-

guês de Barinas, estado onde a família desenvolve a sua actividade comercial. São donos de uma loja de pneus e peças para automó veis. Sousa foi assassinado com vários disparos de balas na cidade de Guanare, juntamente com o seu cunhado, Bernardo Brizuela, de 26 anos de idade. Ambos viajavam num veículo para a povoação de Guanare para realizar diligências quando foram intercepta-

dos por vários sujeitos, que os manietaram e algemaram. Posteriormente, foram "transladados até ao sector Tierra Blanca, mas especificamente para a entrada de Ospino, onde se presume que tenham sido assassinados com mú ltiplos disparos", revelou o perió dico "Dfrente", da cidade de Barinas. El corpo policial abriu averiguações ao caso de forma a encontrar os autores deste duplo homicí-

dio, ao qual se apresentam várias explicações. Mas as principais pistas apontam ou para um acto de vingança ou para roubo. O luso-descendente era casado. Deixa ó rfãos três crianças, uma de oito e outro de cinco anos e ainda uma outra de sete meses. Entrevistado pelo Correio, o pai da vítima, Manuel Ponte, desconhece os motivos do assassinato. Só sabe o que foi noticiado.


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Espó lio do Marítimo à deriva O C.S. Marí timo, a equipa que uniu a comunidade portuguesa e conquistou o carinho e respeito dos adeptos venezuelanos, volta a estar "com a casa às costas" António Carlos da Silva F. antoniodasilva@correiodevenezuela.com

O que restava do espólio “verde-rubro” foi resgatado e volta a estar em perigo.

ma carta da Junta Directiva do Centro Português de Caracas dirigida a Mário Pereira, a qual o CORREIO teve acesso, solicita o retirada do espó lio do Clube Sport Marítimo da Venezuela que se encontra armazenado nos depó sitos daquela associação desde Setembro de 2003. O prazo estipulado expira a 15 de Julho pró ximo. André Pita, presidente do CPC, assegura ter recebido muitas solicitações para fazer uso espaço em causa, no sentido servir para arrumar equipamentos, roupagens e distintos objectos de algumas das agremiações que fazem vida no clube. A petição, segundo o dirigente do CPC, já tinha sido feita verbalmente a começo do ano, altura em que voltou a dar conta de que as taças e objectos que compõem o patrimó nio do clube "verde-rubro" estão a degradar-se progressivamente naquele local. Quase três anos depois os haveres, as taças, galhardetes, troféus e fotografias que dão conta do brilhante passado de uma das equipas mais bem sucedidas na histó ria do futebol venezuelano podem voltar a ficar sem tecto e a incerteza quando seu destino não pode deixar ninguém indiferente.

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O iní cio da "peregrinação" E bom lembrar que apó s a saída forcada da prática profissional do futebol em 1995, o patrimó nio do Marítimo e os seus troféus ficaram expostos ao pú blico na sua sede em "Los Chorros", numa casa arrendada que ficou aberta como restaurantebar, explorado por Ilídio Camacho. O enfraquecimento do tecido econó mico nacional levou o negó cio à falência, e no 31 de Agosto de 2003, apó s uma acção de despejo interposta pelo proprietário da casa,

A última sede do clube tetracampeão venezuelano

Mário Pereira, em conjunto com outros maritimistas, quase numa operação tipo "comando", conseguiram resgatar o que restava do patrimó nio evitando assim o seu desaparecimento total. O espó lio foi transportado e depositado nas instalações do CPC - de modo provisó rio - até que fosse encontrada uma solução definitiva e uma nova sede. Já lá vão quase três anos. Marí timo em estado de emergência Contactado pelo CORREIO, Mário Pereira confessou ter ficado muito surpreendido com esta comunicação, e sobretudo pelo prazo tão curto que foi dado para proceder à retirada do patrimó nio. Sobre as razões expostas pela Directiva do CPC, Pereira afirmou: "conheço muito bem o depó sito do Centro Português e sei perfeitamente que ali há muito espaço. Não acredito que seja essa a razão". Pereira não tem dú vida em afirmar que o C.S. Marítimo da Venezuela é uma instituição que orgulha toda a comunidade portuguesa do país, portanto merecedora de todo o carinho e respeito dos lusitanos que moram na Venezuela e explicou que a colocação do espó lio do clube

de futebol em Macaracuay "foi apenas uma solução provisó ria". Confrontado com facto de esta situação provisó ria já estar quase atingir os três anos, Pereira contrapô s que "a difícil situação econó mica do país nestes ú ltimos anos tem impossibilitado concretizar o sonho da nova sede, pois os custos de manutenção de uma edifício digno não são fáceis de suportar". O ex-presidente do clube maritimista, pretende enviar uma carta de contestação à direcção do Centro Português e torná-la pú blica e convocar a uma reunião o mais rápido possível que possa juntar ex-dirigentes, adeptos e maritimistas em geral, para poder arranjar uma solução definitiva e mudar o patrimó nio para uma sede condigna com os pergaminhos do clube. O sonho passa por relançar o projecto do clube a um nível ainda mais abrangente, que possa fazer regressar a equipa de futebol à competição profissional. Pereira, porém, não garante poder arranjar dita solução no prazo exigido e apela a compreensão da direcção do CPC: "a bola está agora no campo deles", atira. As razões do CPC

O presidente do CPC foi contactado pelo nosso semanário para assim dar a posição da instituição em relação a este caso, no qual reivindica o direito de "pô r ordem na sua casa desde os depó sitos à presidência, pois para isso foi eleito pelos só cios", disse. Confrontado com a situação de que o prazo dado para o retirada do patrimó nio ser entendido como verdadeiramente curto, Pita esclarece que "já em Janeiro deste ano, numa reunião feita entre a Junta Directiva e o senhor Mário Pereira, lhe foi pedida uma solução definitiva e a entrega dos espaços. Até agora não recebemos nenhuma resposta nem foi tomada nenhuma medida". O presidente do CPC deixa bem claro que a intenção da sua direcção, longe de querer prejudicar o Marítimo, antes pelo contrário, é a de fazer uma chamada de atenção aos responsáveis "verde-rubros" pois as taças e demais espó lio "estão armazenados às escuras num local impró prio e que não garante a integridade dos objectos ali guardados, pois já muitos dos troféus estão a sofrer um processo de degradação e de enferrujamento que, nalgumas peças, já pode ser até irreversível, e que sem dú vida irá dar cabo de tudo se não é retirado de ali". Peremptó rio, Pita vai mais além: "se não retiram o armazenado agora para a uma sede definitiva, ao cabo de um tempo vão ter que o retirar mas para depositar no lixo, pois tudo ficará definitivamente estragado". As memó rias de um clube que nasceu no seio da comunidade portuguesa e que tomou a bandeira da Venezuela com honra e gló ria em vários dos mais famosos estádios da América do Sul, estão à beira de se perder para sempre. Vamos a ficar só a olhar e chorar quando nada possa já ser feito?


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Piloto acusa Estado de não ajudar portuguesa inocente piloto Luís Santos, que esteve preso 14 meses na Venezuela por suspeita de tráfico de droga, acusou o Governo de saber que há uma portuguesa inocente presa naquele país e de nada fazer para a ajudar. "Há uma cidadã portuguesa que está presa e, segundo a Polícia Judiciária, é inocente. Esse processo está no Ministério Pú blico (MP) e o Estado até agora não fez nada", declarou Luís Santos à agência Lusa. De acordo com o piloto, as cidadãs portuguesas que fretaram o avião para viajarem para a Venezuela estavam a ser investigadas pela Polícia Judiciária há alguns meses quando foram detidas naquele país. "O Procurador-Geral da Repú blica, Souto Moura, recebeu um processo elaborado pela Polícia Judiciária vinte dias depois de a tripulação ter sido detida, onde dizia que nem nó s nem a senhora Maria Antonieta estávamos a ser alvo de investi-

O

gação", afirmou. No final de Outubro, a Procuradoria-Geral da Repú blica emitiu um comunicado onde afirma que "no processo pendente na Direcção Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), em que se investiga um crime de tráfico de estupefacientes com eventuais ligações na Venezuela, não há, na presente fase de investigação, a mínima referência ou alusão aos elementos da tripulação do avião "Citation X", que recentemente foi apreendido naquele país". Apesar disso, o piloto lamenta ter ficado preso 14 meses e que Maria Antonieta tenha sido condenada a nove anos e seis meses. "O problema é ela não ter um sindicato como o dos pilotos, que foi preponderante na resoluç ão do meu caso", sublinhou. O piloto lembrou ainda o caso do português detido no Dubai por ter fumado haxixe, a 28 de Abril de 2005, e que foi libertado doze dias depois, apó s intervenç ões

do então presidente da Repú blica, Jorge Sampaio, e do Ministério dos Negó cios Estrangeiros. "Será que há cidadãos portugueses que têm dois pesos e duas medidas", perguntou. Luís Santos lamenta ter ficado sem o trabalho de piloto depois de tudo o que passou, já que o avião "Citation X" que está confiscado na Venezuela era motivo do seu contrato. "Sem avião, fico sem emprego", explicou o piloto, acrescentando que rescindiu amigavelmente com a empresa onde trabalhava, a Tinairlines, que "teve uma atitude sempre correcta durante todo o processo". Enquanto não surge outra oportunidade de trabalho, Luís Santos continua a dar aulas de aviação em escolas da zona de Cascais. O caso teve início em Outubro de 2004, quando quatro portugueses, entre eles o piloto Luís Santos, e seis venezuelanos foram detidos pelas autoridades sob a acusaç ão de

transporte ilícito de cerca de 400 quilos de cocaína. As três passageiras portuguesas, Maria Margarida da Silva Mendes, Maria Virgínia Passos e Maria Antonieta Luís, foram condenadas cada uma a nove anos de prisão por autoria de tráfico ilícito de substâ ncias estupefacientes. Quatro dos seis venezuelanos foram condena-

CCP questiona fraca consulta O

secretariado do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas questionou terça-feira o ministro dos Negó cios Estrangeiros sobre o reduzido nú mero de vezes que o Governo consultou aquele ó rgão sobre questões relacionadas com a emigração em países como a Venezuela ou África do Sul. "Desde Dezembro que o Governo não consulta o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). Se não há consulta não vale a pena haver Conselho", disse à agência Lusa Carlos Pereira, presidente do CPCP, nas vésperas da reunião com Diogo Freitas do Amaral. De acordo com Carlos Pereira,

desde que o actual Governo liderado por José Só crates tomou posse, em Março de 2005, apenas consultou o Conselho "uma ú nica vez". Aquele organismo foi ouvido pelo Executivo no â mbito da alteração da lei que rege o Conselho das Comunidades Portuguesas, entretanto já aprovada pelo Governo. No encontro com Freitas do Amaral, os membros do secretariado do CPCP vão também abordar a questão do ensino do português no estrangeiro, legislação recentemente alterada pelo Governo, que não ouviu o Conselho. "Não fomos consultado sobre o ensino e vamos perguntar o motivo ao ministro", salientou Car-

los Pereira, criticando o novo regime para o ensino do português no estrangeiro, que acaba com o destacamento de professores, passando a ter contratos anuais com possibilidade de renovação. O concurso para a contratação de professores de português no estrangeiro foi hoje aberto e as candidaturas poderão ser apresentadas até sexta-feira. O responsável lamentou que o concurso não tenha sido divulgado em ó rgãos de comunicação social nas comunidades portuguesas, uma vez que os emigrantes podem candidatar-se localmente nos respectivos países. Considerou ainda que este processo se iniciou muito tarde, pois muitos países já estão a preparar

dos a quatro anos e seis meses de cadeia e outros dois a nove anos porque o tribunal considerou que também foram autores do delito. A juíza ordenou a confiscação da aeronave onde a droga foi encontrada, uma vez que a lei venezuelana prevê que os bens que sejam usados ou provenientes do tráfico passem para o Estado.

o novo ano lectivo que começa em Agosto. A reestruturação consular que está a ser preparada pelo Governo é outro assunto em destaque na reunião. O secretariado do CPCP vão ainda reunir-se, quarta-feira, com as comissões parlamentares dos Negó cios Estrangeiros e da Educação, Ciência e Cultura. "Vamos denunciar aos deputados que não somos ouvidos", disse. O Conselho das Comunidades Portuguesas é um ó rgão de consulta do Governo para as questões da emigração, composto por 96 conselheiros espalhados pelo mundo e tutelado por um Conselho Permanente.


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Milhares festejam o São João Mais de dois mil portugueses juntaram-se em diferentes pontos de Caracas, e fora da capital, para celebrar o São João Jean Carlos De Abreu jeancarlos@correiodevenezuela.com

m diferentes pontos de Caracas e do interior do país, os portugueses celebraram o São João. A direcção do Centro Português (CPC), de Caracas, organizou a sua habitual festa em honra do patrono dos "excessos", segundo diz a histó ria das festas pagãs. Desde a noite de 23 até à madrugada de 24, mais de mil pessoas participaram na celebração e partilharam entre amigos e família bons momentos com boa comida e algumas bebidas. Os agrupamentos folcló ricos do clube executaram bailes tradicionais assim como a procissão do santo pelas instalações do centro. Entre sardinhas assadas, carne no espeto e sobremesas, todos os que marcaram presença nas festas desfrutaram

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de uma noite "divertida" e repleta de "magia" com a recordação de tradições que trazem desde pequenos da sua terra natal.

São João desportivo

A Missão Cató lica Portuguesa (MCP), situada na urbanização de San Bernardino, em Caracas, serviu como local de encontro e de sede para que mais de 1.500 pessoas, que não estavam associadas a um clube, se concentrassem e celebrassem o dia de São João.

Ali também foi servido vinho, sardinhas assadas, provados bolinhos de bacalhau e, claro, saboreada a incontornável espetada. A iniciativa foi organizada pela filial do clube Porto e os fundos arrecadados serão utilizados para acções de beneficência e a outra parte será doada como forma de colaboração para a manutenção da fachada do templo. Ranchos folcló ricos, grupos musicais, cantores e fogos de artifício "iluminaram" o encontro festivo. O presbítero

da MCP, Alexandre Mendonça, realizou uma missa e organizou uma procissão em honra do santo.

Saltar a fogueira

Em Maracay, na Casa Portuguesa do estado Aragua, a comunidade lusa também não se deixou ficar em casa. Os associados do clube executaram uma das mais antigas tradições, como é o caso do salto da fogueira. Segundo a tradição, as pessoas que "brincam com o lume" deviam pedir um

desejo e, caso este estivesse ao alcance do santo, tal seria concedido, segundo o ditado: "Se São João tem, São João dá". Mais de 300 pessoas assistiram as instalações do clube, onde puderam desfrutar de mú sica ao vivo, com tambores, ranchos folcló ricos, e também provar a espetada, sardinhas assadas e vinho. Apesar de a festividade ter estado aberta ao pú blico em geral, "os portugueses foram os que encheram o clube", revelando tanta concorrência como nunca se havia visto antes numa outra festa santa lusa. Esta festa foi organizada por Asoluven (Associação de Jovens Luso-descendentes Venezuelanos). Segundo disse Ángela Carolina Díaz, também houve lugar a uma recolha de fundos nesta festividade que será destinado a iniciativas de beneficência para ajudar a jovens luso-descendentes necessitados.


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Valência é sede da 1.ª Cimeira do Pão Carlos A. Balaguera

carlosbalaguera@correiodevenezuela.com

eve início no passado dia 28 de Junho a 1.ª Cimeira Ibero-americana do Pão, a XXVI Convenção Anual da FEVIPAN e a XI Expo FEVIPAN, eventos que contam com a participação de países como a Argentina, Brasil, Colô mbia, Chile, Costa Rica, Equador, Espanha, México, Peru, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela, O presidente da ACIPAN, José Antó nio Pereira, sublinhou o facto de Valência ser a anfitriã de tão importante evento. "Contamos com a presença de 12 países, que se reú nem pela primeira vez para celebrar a primeira Cimeira Ibero-americana da indú s-

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tria do pão". Segundo Pereira, o conceito de padaria na Venezuela está a chamar a atenção na América Latina, já que naqueles países comercializam de forma diferente. "A Venezuela, actualmente, é um modelo que está a fazer mudar a indú stria do pão na América Latina". Cerca de 80 por cento deste sector é dominado por portugueses. O evento recebeu o apoio da Federação Venezuelana de Industriais da Panificação e Afins (FEVIPAN). Este ano, a ACIPAN, constituída pelas padarias do estado Carabobo, é a anfitriã e, junto com a FEVIPAN, organizou a XXXVI convenção anual. A XI Exposição FEVIPAN 2006 está patente num espaço de 2.300 metros quadrados, no centro de exposições do centro comercial

Sambil, em Valência, e está aberta desde o dia 28 de Junho, até ao dia 1 de Julho. Oitenta e quatro expositores e dez patrocinadores estarão presentes. "Para além disso, vamos realizar o quinto concurso

Aberto concurso para professores de português no estrangeiro concurso para a contratação de professores de português no estrangeiro abriu segunda-feira e as candidaturas poderão ser apresentadas até final do corrente mês, segundo um aviso publicado em Diário da Repú blica. O concurso será aberto para a educação pré-escolar, 1º , 2º e 3º ciclos do ensino básico e ensino secundário, e os professores serão contratados por um ano. As condições exigidas no aviso publicado no passado dia 23 seguem já as novas regras de acesso ao ensino do português no estrangeiro, elaboradas pelo Ministério da Educação (ME). Assim, podem ser candidatos a dar aulas no estrangeiro cidadãos portugueses e estrangeiros, devendo estes dar provas de conhecimentos de português. Os professores dos quadros do Ministério da Educação devem, juntamente com a sua candidatura, pedir licença sem vencimento por um ano. O texto prevê ainda que os docentes no estrangeiro possam requerer o regresso antecipado ao serviço se,

O

por motivos de doença, acidente de serviço ou gozo de licença de maternidade, entre outros, tenham de cessar mais cedo o seu contrato de um ano. Os interessados têm cinco dias ú teis, a partir de segunda-feira, para se candidatarem, devendo entregar a candidatura pela Internet, através do site www.dgrhe.min-edu.pt. As listas serão depois publicadas em Diário da Repú blica, divulgadas nos sites da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE) e do Gabinete de Assuntos Europeus e Relações Internacionais (GAERI) do ME, nos consulados ou embaixadas de Portugal a que o concurso respeita. Os professores que aceitem a colocação e não se apresentem no local e data determinados para o exercício de funções docentes e os candidatos que, tendo aceite a colocação, abandonem o exercício das funções em menos de seis meses, ficam impedidos de prestar serviço docente durante dois anos escolares no estrangeiro ou no â mbito de concursos efectuados pela DGRHE.

de pastelaria, Copa Aaró n Bracho. Também vai haver conferências no salão Luís Aparício e entre os oradores contamos com o excelente conferencista e campeão do mundo, Francisco Tejero, que vai estar de visita à

Venezuela". A inauguração desta cimeira contou com a presença do Ministro da Indú stria Ligeira e Comércio e com o Ministro da Indú stria Alimentícia.


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Picheleiro: Uma arte em vias de extinção Jean Carlos De Abreu jeancarlos@correiodevenezuela.com

ofício de picheleiro não é muito conhecido na Madeira, segundo referiu Amâ ndio Gomes, do Funchal, que se dedicou àquela profissão depois de muitos anos a trabalhar no comércio, na Venezuela. A razão principal para o desconhecimento de que fala vem do facto de "ninguém querer fazer este ofício, porque é muito trabalhoso e, de certo modo, es-

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O único da ilha

cravizante". Amâ ndio começou cedo, desde os 7 anos de idade, a aprender o ofício de criar ferramentas e utensílios para padarias, cozinhas, instrumentos para construção, entre outros. Quando emigrou para a Venezuela, deixou esta profissão de lado, para se dedicar ao comércio. Gomes viveu em solo crioulo durante 20 anos, mais especificamente em Valência, no estado Carabobo. Enquanto permaneceu em terras de Bolívar, montou um talho e uma frutaria. Mas confessou que nunca

Para tristeza de muitos madeirenses e para Gomes, o interesse por este ofício na ilha é "nulo", já que trabalhar com materiais em cobre, ferro, zinco e alumínio não é fácil. "Este ofício desaparecerá dentro de pouco tempo, se não aparecer alguém interessado em levar este trabalho a sério", avisou. "Cada objecto criado pelo picheleiro contém uma experiência de vida e uma riqueza grande que me faz admirar este ofício a cada dia que passa", confessou Gomes ao Correio, via telefone. Es-

se esqueceu do que aprendeu na sua terra natal. Este madeirense desfrutou, durante aqueles anos, das belezas da Venezuela mas, por circunstâ ncias alheias à sua vontade, teve de regressar à pátria. Uma vez de volta à Madeira, retomou o seu antigo trabalho como picheleiro. Trabalhar com latas e construir artefactos passou então a ser o seu ofício, até aos dias de hoje. "Conseguir um ajudante é difícil porque os jovens não gostam deste tipo de trabalho", o qual, explicou Gomes, é algo muito complicado e pesado.

te madeirense tem fé em que poderá conseguir um substituto que continue com a tradição. O filho de Amâ ndio esteve, durante um tempo, a trabalhar como picheleiro, mas deixou porque não gostava. Gomes tem sempre muito trabalho em qualquer época do ano. Cada artigo que fabrica deve ser pedido com antecedência, porque a lista é grande e ele é o ú nico que trabalha para quase toda a ilha. Cada trabalho de Gomes pode custar 100 euros ou mais, conforme o que o cliente peça.

"As frutas são como as pessoas" Victoria Urdaneta Rengifo victoria@correiodevenezuela.com

rmando da Silva Pereira considera que todos os ofícios são muito dignos e que limpar e ordenar frutas num supermercado implica um trabalho minucioso. "Trabalhar com frutas e hortaliças tem os seus segredos. Tens que ter respeito por elas, porque a terra dá-as como uma prenda e temos que entregá-las às pessoas tal como as colhemos, mas mais bonitas, no entanto", esclarece o madeirense Armando da Silva Pereira. Trabalha na sucursal do El Marquês da Central Madeirense, em Caracas, empresa onde está há cerca de 30 anos. Neste supermercado, encarrega-se de receber uma imensa variedade de produtos provenientes da agricultura. Este humilde trabalhador, nascido no Funchal e residente na Venezuela desde 1974, explicou a

A

Armando da Silva Pereira chegou a Venezuela em 1974

importâ ncia do seu trabalho e a interessante relação com a vida: "Este ofício requer muito cuidado. Primeiro, há que conhecer todos os tipos de frutas, e segundo, saber como tratá-las. Por exemplo, a algumas não se lhes pode tirar as folhas porque perdem o aroma, enquanto que noutras é necessário tirar porque senão as folhas envelhecem e apodrecem a fruta. O mesmo acontece com as pessoas. Temos que conhecê-las antes de formar uma ideia, depois já sabes o que essa pessoa pensa e no fim tornam-se amigos." Pereira explicou que a tarefa de limpar e arrumar as frutas e hortaliças, cuidando da sua apresentação, é um trabalho minucioso, que as pessoas não imaginam quando as compram. "Temos que deixá-las limpas e o mais bonitas que se possa, para que depois a pessoa que as vá comprar ao supermercado as veja lindas, saborosas, como se fossem pintadas, e por isso as escolha para levar. Aqui também é como as pessoas. As mulheres são bonitas mas

usam sempre pintura para ficarem com melhor aspecto e quando vão a uma festa vestem o vestido mais bonito que têm. Imaginem que o supermercado é a festa", disse este trabalhador madeirense. Com 68 anos de idade, Antó nio Pereira espera continuar a ter muita força "para trabalhar todos os dias por muitos mais anos". Tem três filhos e a sua esposa, Francisca dos Ramos, teve de regressar a Portugal há quatro anos. A perseverança e capacidade de trabalho são características que os companheiros de Pereira assinalam, quando se lhes pergunta que opinião têm deste madeirense. "É muito honesto e trabalhador, com um excelente desempenho e humildade. Creio que todos aqui podemos aprender com ele, por exemplo, com a sua pontualidade: Ele começa às duas da tarde e à uma hora da tarde já está aqui. Isso demonstra o respeito que tem pelo seu trabalho", disse o seu chefe, Euclides Pérez.


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VENEZUELA | 11

"Não foi o que esperávamos" O balanço do V Encontro de Jovens Luso-descendentes em Lisboa revela que houve muito turismo e pouco debate

Jean Carlos De Abreu jeancarlos@correiodevenezuela.com

o passado mês de Maio, três jovens luso-venezuelanas viajaram até Lisboa a fim de participar no V Encontro de Jovens Luso-descendentes, organizado pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Com a finalidade de trocar ideias, participar em diversas actividades e criar uma página na Internet onde toda a comunidade lusa dispersa pelo mundo pudesse inteirar-se das actividades realizadas em Portugal, meia centena de pessoas, dividida em 20 de-

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MAL COMUN

Mó nica da Silva disse ao Correio que um dos temas abordados no V Encontro foi a problemática dos consulados. Uma vez mais, o tema foi central nas conversações daqueles que se sentem abandonados pelos diplomatas. "A reunião não foi tão produtiva quanto esperávamos. Em dois dias tivemos que fazer o que estava estipulado para uma semana", disse, enquanto sublinhava o des-

legações, representou os cinco continentes e reuniu-se para dar vida ao projecto de uma Plataforma Mundial de Comunicação. Mas o itinerário com o qual as três jovens saíram da Venezuela não se cumpriu, quiçá porque os organizadores queriam mostrar a parte turística do país e "esqueceram a verdadeira intenção da viagem". Ainda assim, os jovens das diferentes delegações dos países de acolhimento expressaram de viva voz que desejavam cumprir o programa estabelecido e criar a página web com informação sobre oportunidades de estudo, trabalho e vida em Portugal ou nos países onde habita a comunidade emigrante portuguesa. Na reunião mantida com o Pre-

contentamento de que se apercebeu nos seus companheiros. Neste encontro houve também lugar a algumas revelações. A delegação do Brasil, segundo disse Rodrigues, não tinha conhecimento da existência de representantes denominados Conselheiros das Comunidades Portuguesas, que têm o dever de orientar a comunidade lusa nos países de acolhimento.

sidente português, Aníbal Cavaco Silva, os luso-descendentes oriundos da Venezuela entregaram um prato com os símbolos do país crioulo e umas "maracas". Shirley Rodrigues enfatizou que não houve tempo suficiente para cumprir com o principal objectivo da viagem, mas, em consenso com os demais participantes, decidiram não ir a lugar nenhum enquanto não se reunissem e não concluíssem a Plataforma Mundial para troca de infor-

"UMA SÓ FAMÍ LIA"

Para Ângela Dias, conviver com luso-descendentes de outros países foi como estar "em família". Segundo contou, os jovens presentes no encontro formaram um grupo unido, onde todos estavam ao mesmo nível profissional e cultural. Sublinhou que todos tinham "ideias claras no que toca às actividades que realizariam neste encontro e cada um dos jovens era

mação ú til para todos. Em Lisboa, estas jovens lusovenezuelanas, junto com os representantes das diferentes nações, foram recebidas por uma comitiva política portuguesa. Segundo Rodrigues, o acolhimento foi excelente mas lamentou o facto de não ter sido cumprido o que estava programado, o que impediu que se realizassem todas as actividades previstas.

representante de grupos encarregues de divulgar a cultura lusa nos seus países de origem". Para Dias a Venezuela foi um dos países cuja delegação estava completa, por abarcar diversos pontos da comunidade lusitana: Mó nica representava os grupos folcló ricos, Shirley foi como porta-voz do teatro e do desporto e "eu representei os jovens lusodescendentes do país através da minha organização, ASOLUVEN".


12 | HISTÓRIA DE VIDA

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José Ismael Teixeira da Silva: Paixão pelo artesanato

eixou a Serra de Água, concelho da Ribeira Brava, Madeira, em 1977, fugindo do trabalho pesado. "Era preciso trabalhar muito para sobreviver", confessa José Ismael Teixeira da Silva. Com 18 anos chegou à "Venezuela Saudita", como era conhecida nesses anos devido aos elevados investimentos petrolíferos que dispararam para níveis impensáveis. "Antes de emigrar, eu trabalhava na agricultura apanhando erva para a vaca e cuidando das cabras na serra. Os meus irmãos já tinham emi-

D

grado para a Franca, mas disseramme que a Venezuela passava por um bom momento e foi assim que decidi arriscar", lembra o interlocutor do CORREIO. Efectivamente, era uma época de abundâ ncia. José Ismael hospedouse em casa de uns primos, em Guarenas. O seu primeiro trabalho foi numa "chicharronera" (local de venda da pele do porco frita) nessa mesma zona. Depois foi trabalhar de "carretillero", para o Mercado de Coche. Em 1980, três anos depois de ter chegado ao país, já tinha o seu primeiro negó cio. "Comprei a Chicharronera Guaicoco, em San Diego de los Altos", que continua a ser da sua propriedade e "pedi dinheiro aos meus amigos e responsavelmente paguei os juros. Eles confiavam em mim", diz com satisfação. Os sonhos de realização pessoal começaram assim a concretizar-se. Mas não foi fácil. "A Chicharronera era também um bar com restaurante onde havia 18 empregados. Eu só tinha 21 anos e tinha de resolver tudo", com as limitações pró prias de um emigrante, entre elas o idioma, que lhe custou muito aprender. Cerca de 10 anos depois de estar

na Venezuela, pô s fim à sua solidão. Conhece a sua esposa, natural dos Canhas, com quem tem mais tarde um filho e uma filha. As raízes chamam e Ismael procura aquilo que tinha moldado a sua personalidade durante grande parte da sua infâ ncia, na Serra da Agua. Mas agora as perspectivas eram muito mais amplas. "Sempre gostei de criar gado e quando já tinha pago o negó cio, comprei uma quinta em Camatagua. Tinha matas furtais e animais: vacas, ovelhas, porcos e galinhas. Foi ali, conta, onde experimentou o drama da insegurança. "Nessa zona de Camatagua, havia muitos ladrões. Um dia atacaram-nos a tiro. Eu tentei fugir e deram 11 tiros no carro onde eu ia, um deles entrou-me pela cabeça e, graças a Deus, saiu". Em San Diego dos Altos, zona montanhosa, José Ismael encontrou a sua paixão ao abrir uma loja de artesanato típico da Venezuela, juntamente com a venda de plantas verdes e de flores. "Gosto muito do artesanato de todas as regiões do país. Adoro viajar pela Venezuela e conhecer os artesãos porque esse é um ofício curioso. Adoro ver as suas ideias, como trabalham, e também gosto de contribuir com eles", confessa.

No negó cio deste emigrante madeirense é possível observar uma ampla gama de objectos que fazem parte do artesanato venezuelano, trazidos dos diferentes estados do país, especialmente de Lara e Táchira. Viaja à Madeira aproximadamente cada 7 anos, para visitar a família da esposa, pois "eu já não tenho mais ninguém lá. A ilha desenvolveu-se muito. É encantador ir e estar lá, mas só para passear. Para trabalhar, só gosto daqui". San Diego de los Altos, pelo clima e tranquilidade, recorda-o da sua localidade, e por isso decidiu estabelecer-se ali.


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14 | CULTURA

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Portugal rende-se ao "Sonero del Mundo"

Sandra Rodrí guez

om mais de trinta anos de carreira e apó s visitar mais 170 países, Oscar D´ Leó n chega a Portugal para uma estada de três dias, possibilitando, pela primeira vez, que um dos melhores intérpretes de mú sica afro-latina de todos os tempos faça as delícias de milhares de pessoas. O "Centro Social Luso Venezuelano" de Espinho e a freguesia da Calheta, na ilha da Madeira, nas comemorações dos seus 504 anos, receberam o "El Sonero del Mundo". Dois espectáculos, de duas horas e meia de duração cada, animaram a comunidade venezuela-

C

na residente em Portugal. Espanhó is, cubanos, colombianos e portugueses que já estiveram lá, e nem por isso, portugueses que gostam do género musical também se associaram aos espectáculos. Abriu e fechou o show com "Llorarás", um dos seus maiores êxitos. "La Mazucamba", "Frenesi", "Mani", foram outras das canções que também se puderam ouvir. "Os portugueses devem receber os venezuelanos com amor. Não pensem que viemos invadir. Pensem que viemos dar todo o nosso amor e celebrar a origem portuguesa", foi uma das improvisações de "El Diablo de la Salsa" dentro da conhecida musica "Caballo Viejo" e que causou

euforia entre o pú blico. Com a iniciativa do empresário Egídio Monteiro, a deslocação a Portugal do cantor e da sua orquestra, composta por 18 elementos, também esteve marcada por um convívio com equipas de basebol que actualmente existem na Região Autó noma da Madeira e pela oferenda floral ao Libertador Simon Bolivar, no Jardim Municipal do Funchal. No campo de basebol de Campanário, Oscar D´Leon fiz o primeiro lançamento da "Copa Madeira" e ofereceu as luvas, bolas e autó grafos aos basebolistas e familiares ali presentes. "Estou cheio de emoção, desde que cheguei e vi a resposta massiva do pú blico, já os portugueses são meus "paisanos" também, foram eles que nos ensinaram a comer arepas. Conhecemos o "abasto", o supermercado, a comercialização, foram pioneiros em muitas iniciativas. Aos retornados o ú nico que lhes digo é que olhem para trás... mais nada", expressou D´ Leon. "El Sonero del mundo" destacou ainda a culinária portuguesa. "A gastronomia é sabrooosa. O caldo verde, a espetada e a sardinha assada são pratos requintados".

“ Tragam mais artistas” Oswaldo Ponte

"Como promotor musical, tenho levado Oscar D' Leon pelo mundo, mas enche-me de muita alegria e prazer, tê -lo trazido à terra onde nasci e permitir que a minha ilha conheç a o melhor artista latino-americano. Sinto-me realizado e muito satisfeito", disse o "manager", quem nasceu na freguesia de Sã o Martinho, na cidade do Funchal.

Tibisay Rivilla

"Festas deste tipo deviam ser feitas com mais frequê ncia. Seriam uma boa oportunidade para todos os 'miras' se reunirem. Já agora, tragam todos os artistas venezuelanos que possam: Franco de Vita, Ilan Chester, Frank Quintero", pediu a espectadora, natural de Guayana, mas há dois anos na Madeira.

Pilar Alves

O artista não deve entrar em politica

"El bajo danzante", como também é conhecido, nasceu embalado pela mú sica cubana, uma corrente musical que predominou no seu ouvido e que logo ficou engendrada no seu gosto. Mas não pensava que um dia ia ser o que é e sempre esteve através dessa mú sica. "Todo o que sou e tenho alcançado e pelas melodias oriundas de Cuba", falou D`Leon Actualmente "El Sonero del Mundo" conta com 50 produções discográficas e o seu nome está junto dos grandes cantores de salsa do mundo. Se falarmos de álbuns, o seu mais recente CD, intitulado "Asi soy", é um dos

discos produzidos pelo cantor e que foi nomeado aos Prémios Grammys. "Enamoradito" é o single mais tocado. Interrogado se faria uma canção sobre o momento actual que o seu país atravessa, o cantor foi directo. "Não porque isso seria cair na política e o artista não deve entrar nisso. Já me vi ao espelho de outros que a política só tem feito danos. Como artista internacional, seria desagradável que o mundo me visse em uma ou outra tendência. Perderia fãs pois seria defraudar muita gente que tem confiado em mim e na minha mú sica. Prefiro estar com todos e sempre em paz".

"Achei que o espectá culo foi muito bom. Isto motiva-nos, a nó s como venezuelanos, que lamentavelmente nã o tê m a oportunidade de voltar ao nosso paí s para matar essa "saudade". Todos os artistas venezuelanos sã o muito bons: humoristas, cantores, actores, profissional em qualquer ramo, para nos é um orgulho ter eles em esta terra", disse este espectador, natural de Carupano, estado Sucre, há cinco anos na Madeira.

Susana Duarte

"Considero que foi uma iniciativa fantá stica. Mas devia de haver mais, para complementar a grande afluê ncia de retornados venezuelanos à ilha e ao continente, e para assim reunir mais a comunidade. Gostava que trouxessem a Reyna Lucero e a Servando e Florentino", pediu esta "araguense" oriunda de Cagua que está na Madeira há cinco anos.


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Agostinho Lucas homenageado

CULTURA | 15

Cursos em Fuerte Tiuna iniciam em Setembro

Derlys Melim derlysmdc@hotmail.com

Jean Carlos de Abreu jeancarlos@correiodevenezuela.com

o salão Ríos Reyna do Teatro Teresa Carreño, a Orquestra Sinfó nica da Venezuela (OSV) condecorou, com um "botó n", o presidente da comissão do Dia da Região Autó noma da Madeira, Agostinho Lucas Gomes, pela ajuda que esta organização deu à orquestra. Segundo Alejandro Ramírez, presidente e professor da orquestra, esta homenagem anual é feita às pessoas ou organizações que apoiam o grupo. O presidente da orquestra comentou, em tom de brincadeira, que está a ponto de trocar o seu fanatismo pelo Brasil pelo fanatismo por Portugal, já que "parte dos nossos patrocinadores são de origem portuguesa e estamos mais ligados a estes".

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Ramírez agradeceu a contribuição de outras empresas, entre as quais destacou a Central Madeirense, os Grupo Hermanos Camacho, Castelo Branco, Pasaplos Cátedra, a Casa Oliveira e

a Distribuidora Viejo Almacén, como "amigos fiéis". Na comemoração, esteve presente o cô nsul de Portugal em Caracas e Valência, Rui Monteiro, em companhia da esposa.

"24 de Junho histórico"

A Orquestra Sinfó nica da Venezuela (OSV) nasce a 24 de Junho de 1930, apó s a dissolução da União Filarmó nica Nacional, a qual não conseguiu cumprir sete anos de actividade cultural. O extinto agrupamento foi a primeira tentativa da mú sica académica no país. A primeira aparição em pú blico da OSV foi perante grandes políticos da época, letrados, artistas e pessoas da alta sociedade de Caracas. A orquestra de mú sica académica recebeu prémios e reconhecimento a nível mundial, como também participou em diferentes concertos com reconhecidos artistas a nível internacional. Anualmente, a orquestra realiza 70 apresentações a nível nacional e internacional. Na actualidade, este grupo musical conta com 120 participantes que se dedicam, há mais de 10 anos, à mú sica clássica na Venezuela.

BREVE

IV Cotorreo Publicitario o pró ximo dia 6 de Julho, é levado a cabo, no auditó rio da Faculdade de Humanidades e Educação da UCV, o IV Cotorreo Publicitario. O tema central do evento vai girar em torno da "Publicidade de Ontem e de Hoje". Desde as 10 da manhã e até às duas da tarde,

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uma série de profissionais de renome na área vai trocar impressões sobre os mais de 60 anos de histó ria da publicidade no país. As intervenções vão versar sobre diversas pontos de discussão: "Marcas que fizeram histó ria"; "Do racional ao emocional"; "Das sú plicas ao ó bvio"; "Do texto à imagem" e "Do massivo ao segmentado".

Desde há dois anos que o professor Rainer Sousa, da Universidade de Aveiro, em Portugal, dá aulas de língua portuguesa na Escola de Idiomas Generalísimo Francisco de Miranda de Fuerte Tiuna. As aulas são dirigidas a militares, aos seus familiares ou amigos e civis que trabalhem no Ministério da Defesa. Este curso apresenta quatro níveis de vocabulário e gramática, cada um com uma duração de dois meses e meio, com um custo de 250 mil bolívares e uma capacidade para 30 alunos. As aulas ocorrem de segunda a sexta-feira, durante duas horas diárias. As inscrições estão abertas até Setembro, mês no qual se iniciam as aulas. O conteú do programático é parecido com o do curso leccionado no Centro Português de Caracas, já que trabalham com os mesmos livros, muitos destes brasileiros, devido ao facto de que algumas pessoas estudam o idioma porque têm ligação com aquele país, e é-lhes bastante ú til aprender a língua. Um dos textos mais utilizados é o "Portugal XXI", que é muito bom em vocabulário, mas um pouco menos completo na gramática.Todo este material é conseguido pelos professores. "Sentimonos muito abandonados pelas instituições de Portugal, porque não nos facultam nenhum tipo de material didáctico, seja audiovisual ou impresso, e este é um grande problema que existe com o consulado e a embaixada de Portugal na Venezuela. Não nos ajudam a ensinar o nosso idioma a outras pessoas", disse o professor Sousa. O regime do curso nesta escola é muito exigente, no que diz respeito a avaliações e assiduidade, as instalações são confortáveis, mas a procura não é muita. Um dado interessante é que a maioria dos alunos que vêm às aulas neste recinto com o professor Sousa são venezuelanos sem ascendência portuguesa, ou seja, os luso-descendentes são poucos. "Muitas das pessoas que começam a estudar este idioma fazem-no porque pensam que é fácil, mas logo se dão conta de que tem as suas complicações. Uns acabam por abandonar, mas outros permanecem", comenta Sousa.


16 | LAZER

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100 vacas "invadem" Lisboa O maior e mais divertido evento de arte pú blica do mundo chega a Portugal pela primeira vez té ao mês de Setembro, as principais ruas, praças, centros comerciais e outros locais importantes da capital portuguesa vão ser invadidas pela Cow Parade Lisboa 2006: Uma centena de vacas construídas em fibra de vidro e em tamanho natural. Excentricamente transformadas e decoradas por artistas anó nimos e convidados de renome, estes quadrú pedes são transformados, com criatividade e irreverência, em verdadeiras obras de arte de um modo divertido, chamativo e contagioso. Diversidade de cores e desde os mais simples aos mais chamativos e inesperados temas, as obras podem ser observadas ao longo de alguns meses, na cidade. Símbolos da cultura portuguesa também estão representados nos bovinos. Depois de o evento ter passado por quase trinta cidades em todo o mundo, de terem sido pintadas mais de três mil vacas e de terem sido arrecadados mais de 11 milhões de dó lares, chega pela primeira vez a Lisboa para dar outro aspecto à paisagem urbana daquela cidade europeia.

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Perguntam-se como foi possível colocar esta centena de vacas por toda a paisagem citadina? Em tempo recorde, cerca de cinco horas, 11 camiões e 22 camionetas de uma conhecida empresa de entrega imediata, e com a ajuda de 80 voluntários, foi feita a distribuição das peças. Agora, e de forma gratuita, poderão ser admiradas e fotografadas por milhares de pessoas que diariamente circulam por aquela zona, chamando a especial atenção dos mais pequenos. Quando a exposição terminar, as vacas serão leiloadas numa cerimó nia a realizar-se no Parque das Nações e o dinheiro obtido destina-se a entidades de solidariedade social: Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), AMI, APAV, Cruz Vermelha Portuguesa, Chapitô , Espaço T, Liga de Bombeiros Portugueses e para projectos da SIC Esperança. Criado em 1998, em Zurique (Suiça), a Cow Parade é um evento contemporâ neo de arte de rua com alcance internacional. Desde então, tem sido um êxito em cada um dos países por onde passa. Praga, Barcelona, Bruxelas, Nova Iorque, Chicago, Estocolmo, Tó quio e São Paulo foram alguns dos locais.

Scutaro quer franchising em Portugal reconhecido designer de moda ítalo-venezuelano Giovanni Scutaro apresentou a sua colecção Outono-Inverno 2006, sob o nome "A Magia da Aguarela". Uma apresentação para a qual se inspirou no jogo de cores com as aguarelas, com peças baseadas nos anos 60 e no retro dos anos 50. O seu talento foi mostrado, no passado dia 21 de Junho, nas instalações do hotel Radisson Eurobuilding, num evento para benefício das fundações "Siempre Amigos" e "Mano Amiga". O designer apostou na sensualidade e elegâ ncia mais refinada, fugindo da provocação e mantendo-se na década de 50, ao estilo das grandes divas dessa época. Para o sexo masculino, Scutaro criou uma colecção marcada por trajes de corte impecável, unicolores, e em jeans com corte recto e moderno, bem como em calçado desportivo de diversas cores, dando ao homem um toque actual, no estilo mais informal. A fim de fazer entrevista exclusiva, antes do desfile do estilista, o Correio visitou a sua loja no centro comercial Sambil, onde Scutaro falou de parte da sua experiência quando viajou até Portugal. "Considero a ilha da Madeira uma das melhores atracções que Portu-

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gal tem. Destaca-se pelas suas paisagens, pela cordialidade dos portugueses, o bom serviço ao turista. Recordo que me deram a provar o licor de nozes, e o dono do local ofereceu-me uma garrafa. É um detalhe que mostra o que é bonito nesta terra". No que diz respeito à moda portuguesa, Scutaro comentou que, "a exemplo da mudança positiva de Portugal desde a sua entrada na União Europeia, também os estilistas mudaram, têm uma visão mais internacional e menos local". Importa destacar que, entre os pró ximos projectos deste designer internacional, está a ideia de criar um franchising da sua marca em Portugal. "Há vários interessados mas para mim é importante que seja alguém que tenha uma visão de trabalho como a que eu tenho e que também seja alguém nativo", disse. Neste desfile, esteve presente um grupo de modelos de onde se destacaram Cristina Dieckman (Miss World Venezuela 1997), Marianne Puglia, Rosamaría Mateo, Veró nica Hernández, Enzo Paulicelli, Julio Montenegro, Carlos Orellana, e ainda os luso-descendentes Tony Ferreira, Nelson Jardim, Myriam Abreu e Shanon de Lima.


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18 | PORTUGAL

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breves Abandono por Lisboa

Explosão na Feira

Medalha de Ouro

Recuperar convento

Os cerca de 200 professores de Português das 67 escolas comunitárias portuguesas nos Estados Unidos encerraram o ano lectivo com queixas de “abandono” por parte do Governo português e da falta de um Coordenador de Ensino. A acusação é feita por João Coelho, director da escola Portuguese United for Education de New Bedford.

A explosão da caldeira que matou segunda-feira um operário numa fábrica de reciclagem de papel de Rio Meão, Feira, distrito de Aveiro, projectou destroços num raio de 100 metros, disse fonte dos bombeiros. O acidente, que causou ainda ferimentos noutro trabalhador, ocorreu na Fábrica de Papel Zorrinha e partiu vidros de outras casas.

A câmara de Almada atribuiu ontem , a título póstumo, a Medalha de Ouro da Cidade ao líder histórico do PCP Álvaro Cunhal e ao antigo primeiro-ministro Vasco Gonçalves. A cerimónia de entrega da distinção decorreu no novo Teatro Municipal de Almada, na presença da presidente do município, a comunista Maria Emília de Sousa.

A Câmara de Valença vai investir cerca de 2,5 milhões de euros num projecto de recuperação e dignificação do convento beneditino de Sanfins, um monumento nacional em ruínas, informou o presidente da autarquia. Segundo José Luís Serra, a intervenção no convento e na quinta, numa área com 300 mil metros quadrados.

Reforço contra a droga Governo de José Sócrates garante reforço investimento na luta contra a toxicodependência

“Dispensamos para a luta contra a toxicodependência mais de 60 milhões de euros”, disse o ministro.

Ministro da Saú de, Correia de Campos, garantiu, em Leça do Balio, Matosinhos, o reforço do investimento na luta contra a toxicodependência, afirmando tratar-se de uma das áreas “ mais prioritárias” da acção do Governo. “ Dispensamos para a luta contra a toxicodependência mais de 60 milhões de euros” , disse o ministro da Saú de, sublinhando, sem especificar valores, que “ o reforço feito no orçamento de 2006 manterse-á na mesma linha para 2007” . Na cerimó nia de inauguração da Comunidade Terapêutica do Norte - Ponte da Pedra, em Leça do Balio, Matosinhos, que assinalou também o Dia Internacional da Luta contra a Toxicodependência, Correia de Campos disse que, apesar da crise, o Governo “ não apertou os cordões à bolsa” para apoiar instituições como as que hoje

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foram inauguradas. “ São, aliás, das poucas instituições pú blicas do Ministério da saú de que viram o seu orçamento aumentado” , frisou Correia de Campos. Acrescentou que o problema “ passou de moda e foi secundarizado pelos media” , mas “ não desapareceu e é por isso que no Ministério da Saú de insiste na vontade e na necessidade de ampliar os meios para o combater” . Correia de Campos inaugurou também as novas instalações do Centro de Atendimento a Toxicodependentes (CAT) de Matosinhos e assinou protocolos para a abertura da extensão do CAT de Guimarães, em Freamunde, e para a recuperação do novo edifício que acolherá o CAT de Gaia. O ministro considerou que são já visíveis os resultados do trabalho e do investimento realizado nesta área, sobretudo no que respeita aos “ consumos tradicionais” .

Esta redução, segundo Correia de Campos, pode medirse pelo nú mero de consultas realizadas nos centros de apoio a toxicodependências, que “ todos os anos têm vindo a cair” . A Comunidade Terapêutica do Norte, hoje inaugurada, funciona desde Setembro de 2005 prestando apoio a 42 toxicodependentes, 22 dos quais em regime de internamento. A psicó loga clínica, Paula Sobrinho, directora da comunidade, disse aos jornalistas que o novo equipamento está lotado, existindo já uma lista de espera, que não soube quantificar. Em média, segundo a responsável, os utentes permanecem internados durante um ano, realizando um programa “ centrado no indivíduo e nas suas experiências” . Os utentes que ali permanecem são habitualmente encaminhados por instituições que trabalham na área da toxicodependência, em particular pelos CAT.

Um em cada três alunos faltaram ais de 15 mil alunos faltaram sexta-feira, dia 23, aos exames nacionais do 12º ano a Introdução ao Direito, Química e Inglês, quase um terço do total de 48.019 inscritos, segundo dados do Jú ri Nacional de Exames. Dos 15.426 estudantes que não compareceram ao quinto dia de provas, 12.741 faltaram aos dois exames de Química (relativos ao programa novo e ao programa antigo), os que registaram o maior nú mero de ausências na sexta-feira. Às cinco provas de Inglês faltaram 1.237 alunos, 27 por cento dos inscritos, enquanto que dos 6.739 que iriam testar conhecimentos a Introdução ao Direito, 1.448 não compareceram à chamada. No total, faltaram à primeira semana de exames nacionais do ensino secun-

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dário 57.172 alunos. Segunda-feira realizaram-se as provas de Desenho e Geometria Descritiva A e B, Alemão e Francês. Os exames nacionais do 12º ano começaram há uma semana e prolongamse até 03 de Julho, com mais de 176 mil alunos inscritos em 618 escolas secundárias de todo o país. Até ao final da primeira fase vão realizar-se exames a 36 disciplinas, sendo divulgados os resultados a 13 de Julho.

Consequências “ muito graves” Coligação Democrática Unitária (CDU) de Lisboa considerou que a nova lei do arrendamento, que entra em vigor quarta-feira, vai trazer consequências sociais “ muito graves” . “ As consequências sociais gravosas não se farão esperar e virão, claro, em prejuízo das camadas da população com maiores dificuldades financeiras já hoje” , refere um comunicado da CDU de Lisboa, que integra o Partido Comunista

A

Português (PCP) e o Partido Ecologista “ Os Verdes” (PEV). “ A nova lei das rendas prejudica gravemente os inquilinos mais pobres, lesa os da classe média, incluindo os comerciantes, e nem sequer beneficia todos os senhorios: só beneficia os bancos e os grandes proprietários que venham a despejar inquilinos para construírem condomínios fechados e habitação de luxo (...) para venda” , acrescenta o comunicado.


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PORTUGAL | 19

Ajudar a encontrar soluções políticas P

ortugal está disponível para ajudar Timor-Leste a encontrar soluções para os problemas políticos, apoiando a “ plena consolidação das instituições de um país soberano” , afirmou em Díli o secretário de Estado português João Gomes Cravinho. “ Toda a nossa colaboração vai exactamente nesse sentido. Não de apoio ao indivíduo A ou B, mas às instituições de Timor-Leste e à procura de uma solução dentro dos contornos constitucionais que já estão definidos” , precisou o secretário de Estado dos Negó cios Estrangeiros e Cooperação no final da visita efectuada ao quartel do sub-agrupamento Bravo da GNR. Referindo-se ao processo de diálogo em curso entre os timorenses, João Gomes Cravinho, que se encontra em Timor-Leste desde domingo, acrescentou que Portugal pretende ajudar para que essa iniciativa “ contribua para a procura de uma solução” . “ Não trazemos qualquer solução ou receita. É aos timorenses que compete encontrar soluções políticas para problemas políticos” , vincou. Acompanhado do embaixador de Portugal em Díli, João Ramos Pinto, o governante português jan-

O

Primeiro embaixador O diplomata português Luís Ritto é o primeiro embaixador da Comissão Europeia junto da Santa Sé, em Roma, tendo apresentado as suas credenciais ao Papa Bento XVI no sábado, informou a Comissão das Comunidades Europeias.

Ligação concluí da O último lanço de 4,5 quilómetros do Itinerário Principal 6 (IP6) que liga Peniche à auto-estrada 8 (Lisboa/Leiria) em Óbidos está concluído, abrindo terça-feira à circulação automóvel, informaram fontes autárquicas.

Duas vacinas à venda Duas vacinas contra o vírus causador do cancro do colo do útero deverão começar a ser comercializadas no início de 2007, disse à agência Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa do Papiloma, Rui Medeiros. Secretário de Estado português João Gomes Cravinho, manifestou apoio de Lisboa a Díli.

tou com os efectivos da GNR, e percorreu as instalações do quartel, em Díli, numa visita guiada pelo comandante operacional, capitão Gonçalo Carvalho. No final desta primeira visita de um governante português ao contingente militar da GNR em TimorLeste, Gomes Cravinho disse ainda aos jornalistas que já reuniu, entre outros, com o primeiro-ministro demissionário Mari Alkatiri e com o ministro dos Negó cios Estrangeiros e da Defesa, também demissionário, José Ramos-Horta.

Para terça-feira, o secretário de Estado português tinha agendado um encontro com o Presidente Xanana Gusmão, apó s a reunião prevista do Conselho de Estado, e também com Ian Martin, enviado especial do secretário-geral da ONU a Timor-Leste, com quem abordará a participação portuguesa numa futura missão das Nações Unidas. Portugal “ responderá à altura das necessidades daquilo que for considerado necessário” , disse, referindo-se à missão de Ian Mar-

tin, que chegou hoje a Díli para avaliar os contornos de uma futura missão das Nações Unidas naquele país. Segundo o secretário de Estado português, a resposta portuguesa passa pela manutenção de uma força policial ou militarizada, como a GNR. “ Neste momento é isso que está a ser equacionado. É esse que nos parece ser o contributo mais provável de Portugal. Não há elementos que nos levem a pensar noutros cenários” , afirmou.

Algarvios são os que mais reciclam s algarvios foram os portugueses que mais resíduos separaram no ano passado, anunciou a empresa responsável pela reciclagem na região, durante uma visita da deputada socialista Jovita Ladeira, que aplaudiu a notícia. Segundo dados da Algar - empresa responsável pelo tratamento de resíduos só lidos na região -, no ano de 2005, o Algarve foi a região que mais quantidade de resíduos enviou para recicla-

breves

gem “ per capita” , numa média de 31 quilos por habitante. “ A realidade que hoje encontrámos deixa-nos extremamente descansados” , disse à Lusa Jovita Ladeira, salientando que a situação actual nada tem a ver com a “ forma anárquica” com que se tratava os resíduos só lidos há dez anos no Algarve. A deputada eleita pelo Algarve iniciou a visita hoje de manhã na sede da Algar, de onde seguiu para a es-

tação de transferência que serve Faro, Loulé e Olhão, tendo igualmente visitado o Centro de Educação Ambiental de Albufeira. Salientando o “ bom trabalho” que tem vindo a ser desenvolvido no Algarve em termos de sensibilização ambiental, principalmente junto das escolas, Jovita Ladeira aproveitou para chamar a atenção para a importâ ncia do envolvimento das autarquias. A deputada aplaudiu igualmente os projectos que

a Algar pretende pô r em marcha até 2010, nomeadamente a construção de uma nova estação de bio-gás no Sotavento (existe uma no Barlavento) e de uma fábrica de desmontagem de automó veis. A visita que a deputada algarvia promoveu para fazer um levantamento da forma como os Resíduos Só lidos Urbanos (RSU) estão a ser tratados no Algarve terminou em Lagos com uma visita ao aterro sanitário do Barlavento.

Perpetuar memórias A história e as estórias da emigração clandestina e do contrabando vão ser perpetuadas no Espaço Memória e Fronteira, que abrirá no final do ano no antigo matadouro de Melgaço, divulgou o presidente da câmara.

Lisboa quer integrar O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues, propôs quarta-feira ao executivo autárquico a aprovação da participação de Lisboa como membro da Rede Europeia de Cidades para Políticas Locais de Integração de Emigrantes.

Brincadeira julgada O Tribunal Judicial de Santa Comba Dão começou a julgar um homem acusado de difamar o presidente da Câmara de Mortágua, Afonso Abrantes (PS), durante uma brincadeira no Carnaval de 2004.

Água adulterada A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) está a investigar, junto do supermercado de Estremoz que vendeu no domingo água alegadamente com substâncias tóxicas, se existem mais garrafas do mesmo lote distribuídas por retalhistas.


20 | PORTUGAL

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Independência do apoio do Estado ministra da Cultura defendeu uma “ maior responsabilização” e “ maior independência” das estruturas e dos criadores artíst icos do país “ em relação ao apoio financeiro do Estado” . Isabel Pires de Lima falava no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, per ante jornalistas e dezenas de artistas e agentes culturais que assistiram à apre sentação do novo regime de apoio às artes, cuja regulamentação entra a partir de segunda-feira em fase de discussão pú blica. O sistema cultural “ darnos-á um sinal de grande vitalidade no dia em q ue os grupos (artísticos) aos quais chamamos independentes consigam tornar-se re almente não dependentes, a todos os níveis” , sublinhou a ministra. “ Não faz sentido que uma entidade apoiada, qualquer uma, em qualquer ár ea, relegue para segundo plano a circunstâ ncia de se confrontar

A

com salas semi-v azias” , disse, acrescentando que as companhias “ não podem viver divorciadas das pessoas que são, afinal, a razão da sua existência” . Um levantamento recente feito pelo Ministério da Cultura (MC) apurou qu e o custo médio por espectador das estruturas que recebem apoios estatais varia entre um euro e os 300 euros. A ministra considerou esta ú ltima verba “ inaceitável” dando como exempl o o custo médio por espectador do Teatro Nacional de São Carlos, que se situa em “ menos de metade de 300 euros” . Isabel Pires de Lima precisou que, quando falava em reduzir a dependênc ia dos apoios estatais não se referia a “ repertó rios difíceis, que seduzem apena s uma minoria e que existirão sempre” , nem a preocupações economicistas, “ materi alizadas em receitas de bilheteira” . A governante considera

que o que está verdadeiramente em causa é a “ qua lificação de pú blicos” e defendeu que as companhias “ devem empenhar-se no chamam ento de novos pú blicos às salas” . Nesta área, considerou que “ há muito a fazer em Portugal” e que “ essa é um atarefa que o Estado só poderá cumprir em parceria com criadores, produtores e programadores” . O secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, salientou que os novos regulamentos visam acabar com as grandes disparidades de apoios, po rque a partir de agora a natureza dos projectos e áreas serão diferenciados. No início deste ano, quando viajou pelo país para fazer contactos com a s estruturas de artistas e outros agentes do sector, deparou-se com “ companhias que estavam muito sub-financiadas e outras que não conseguiam gastar todo o dinh eiro que recebiam” .

Isabel Pires de Lima falava no Centro Cultural de Belém.

breves 2006/2007, “a cobertura na população com idade superior a 65 anos seja, no mínimo, de 50 por cento”.

Oito cursos Vacinação de idosos A Direcção-Geral da Saúde alertou para o facto da vacinação contra a gripe nos portugueses com mais de 65 anos ter ficado “aquém do desejável” e quer, no próximo ano, pelo menos metade destas pessoas vacinadas. Numa circular, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) adianta que na época gripal 2004/2005 quinze em cada cem portugueses foram vacinados contra o vírus da gripe, enquanto nas pessoas com mais de 65 anos este valor sobe para 40 em cada cem. Ainda assim, é um valor que a autoridade nacional de saúde pública considera insuficiente, pelo que alerta os médicos para receitarem a tempo a vacina às pessoas deste grupo etário, sobretudo às com doenças crónicas e às institucionalizadas. O objectivo, indica a DGS, é conseguir que na época gripal

O Ministério da Educação já aprovou oito licenciaturas do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) ao abrigo do processo de Bolonha, que visa promover a igualdade de oportunidades no espaço europeu, foi anunciado. A revelação foi feita pelo presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Armando pires, durante uma conferência de imprensa para balanço dos primeiros três meses de exercício da actual direcção daquele estabelecimento de ensino. Segundo Armando Pires, o Instituto Politécnico de Setúbal, que integra as Escolas Superiores de Educação, Tecnologia (Barreiro e Setúbal), Ciências Empresariais e Saúde, espera conseguir a aprovação das outras 22 licenciaturas até ao início do próximo ano lectivo de 2007/2008. “Estamos a fazer um grande esforço de adequação dos nossos cursos ao processo de Bolonha”, disse Armando Pires.


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22 | OPINIÃO

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Populismo no Brasil

Antonio de Abreu aindax1@yahoo.com

m exemplo de populismo é a histó ria do Brasil entre 1930 e 1954, quando governou Getú lio Vargas. A crise econó mica mundial afectava o país nas suas exportações e comércio interno. As massas de camponeses estavam empobrecidas. A política não convencia pela inefi-

U

ciência partidária que se alternava no governo e na gestão econó mica que não atendia ao descontentamento das classes médias. Enfim, eram condições para que uma revolução acabasse com o sistema político e a sua Constituição do século 19. Vargas aproveitou as circunstâ ncias: acusou o governo de fazer eleições fraudulentas, de perseguir e assassinar líderes da oposição e, apoiado pelo exército, deu um golpe militar. Desde então só falou do povo e de oligarquia mas continuou fazendo o mesmo. Como Salazar em Portugal e outros ditadores, misturava e administrava o Estado e o governo segundo critérios pessoais. O povo chamava-o 'O pai dos humildes'. Getú lio desfez o equilíbrio de poderes e considerou-se a autoridade suprema para dirigir a polí-

tica interna e externa do Estado de acordo com os seus interesses ideoló gicos pessoais. Promoveu uma legislação social e laboral destinada aos pobres para ganhar a lealdade e apoio para a sua imagem de "pai" enquanto que, ao mesmo tempo, brindava o dinheiro de todo o país a um só sector da população, deixando a outra vexada pelo seu governo. Getú lio criou uma falsa imagem de trabalho generalizado mediante cooperativas pagas por ele e criou o Partido Trabalhista, precedente do que levou Lula da Silva ao poder. Todo o trabalhador que beneficiava do governo tinha de ser membro do partido. Desta forma, mobilizou as massas para ampliar, mediante a demagogia política, as diferenças de classes. O seu carácter autoritário ocultou-se atrás do nacionalismo e a

luta contra o consumismo e o imperialismo mas, no entanto, falava de um desenvolvimento industrial. A realidade encarregou-se de dizer-lhe que a massa de trabalhadores "varguista" não queria mudanças laborais senão maiores vantagens sociais. Por isso, ainda que o Brasil experimentasse um crescimento econó mico, estava mais caó tico e endividado. Perante este fracasso, a massa "varguista" decepcionou-se e uniu-se de novo ao resto da Nação brasileira para reclamar junto Vargas, tendo este acabado por se suicidar se que o resto do seu gabinete tivesse feito o mesmo. O ego e a imagem deste ditador populista eram débeis. Ficou provado na sua carta de suicídio que termina dizendo: 'Saio da vida para entrar na histó ria'. Pobre, não entendeu que a historia lhe pedia o suicídio do populismo.

O grupo dos audazes Antonio López Villegas

ltrapassar as dificuldades para chegar ao mundial de futebol da Alemanha 2006 já foi triunfo. É quarta vez que Portugal marca presença num Campeonato do Mundo. São poucos os que se podem gabar de tanto!!! Portugal, apó s ter-se sagrado vice-campeão no Euro 2004, iniciou o processo de classificação para o Campeonato do Mundo com a obrigação de não só se classificar como também de demonstrar a seu estatuto, experiência e bom futebol. No final, estas qualidades conjugaram-se para alcançar o objectivo que foi conseguido de forma quase irrepreensível. O caminho para o Alemanha 2006 começou na Letó nia, ponto de partida para nove vitó rias e três empates, 35 golos marcados e cinco sofridos. Em solo alemão, Portugal leva quatro vitó rias em outros tantos jogos, seis golos marcados e um

U

sofrido. Mesmo sem algumas peças fundamentais para a estratégia de Scolari, a Inglaterra sabe que no sábado não vai ter a tarefa facilitada. Talvez para alguns adeptos não tenha sido suficiente a presença no mundial e a classificação para os quartos-de-final. A ú nica coisa que exigem é a Taça. Mas talvez seja possível que estejam a ver a vida desde o que lhes falta e não desde o que têm. Ter conseguido chegar a este ponto é uma grande obra de trabalho, perseverança e disciplina. É assim para quem quer triunfar na vida. Qualquer que seja o

caminho que escolham, têm de trabalhar para alcançar o que pretendem. Esses indivíduos são os que pertencem ao grupo dos audazes, que são aqueles que querem melhorar a sua situação, que querem progredir, que querem superar as suas dificuldades, que querem alcança um melhor nível e sabem que só o podem conseguir lutando dia apó s dia, utilizando para isso, métodos adequados. Os que sabem que devem de percorrer o caminho, qualquer que seja, para chegar à meta; os que sabem que são tão bem sucedidos como acreditam ser; aqueles que sabem que cair faz parte

da experiência, mas também sabem que devem levantar-se cada vez que caiem e que só é essa, e apenas essa, a ú nica alternativa viável enquanto tenhamos um hálito de vida. Este é o grupo que sabe que deve aprender a lição!!! Os que se perguntam: Que deixamos de fazer que ainda não tenhamos feito ainda? É o grupo menos numeroso dos seres humanos, porque requer manejar alguns princípios tais como: valor, entusiasmo, perseverança, paciência, trabalho e esforço constante. Qualidades estas relativamente escassas justamente nesses grupos

humanos. Em que grupo consideramos que estamos agora? Porque estou seguro que, a seguir fielmente estes princípios ou regras, estaremos muito em breve no grupo dos audazes. Não há tempo a perder. Não importa o quão difícil o desesperante seja a nossa situaç ão, de qualquer maneira é possível sair dela. No entanto, não há que ter ilusões de encontrar fó rmulas ou palavras mágicas ou de esperar golpes de sorte ou a cooperação de alguma divindade, talismã, feitiç o, exorcismo, essência ou amuleto. Estes certamente poderiam ajudar se é que é verdadeiramente férrea a nossa confiança neles. Se é que não podemos deixar de confiar. Carreguemolos connosco, peçamoslhes que nos concedam a cristalizaç ão do nosso sonho, tentemos a fortuna se assim o desejamos. Certamente não nos custa nada, mas indefectivelmente queiramos o não, só se triunfa com esforço.


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OPINIÃO | 23

CARTAS

Parabéns desde os EUA

Procura-se

Sou açoriano, radicado em Massachussetts desde os nove anos de idade. Falo bem o português e o escrevo mais ou menos, graças ao esforço que sempre fizeram os meus pais para que eu conservasse a minha língua natal, a pesar de ter saído de Portugal muito novo. Costumo visitar na Internet as páginas de alguns jornais dos Açores e recentemente me recomendaram entrar na página do vosso semanário, o CORREIO. Fiquei gratamente impressionado pelas informações que ai são

Manuel Bárbara Figueira Chaves, de 44 anos, natural do Sítio da Fazenda, Faial, Região Autónoma da Madeira. Ele já residiu no Estado Aragua Maracay. Mas já muito tempo que se encontra em parte inserta. Quem souber do seu paradeiro,

noticiadas. São o reflexo de uma comunidade importante e altamente dinâmica e motivada que tem orgulho em manter os seus costumes e tradições. Quanto ao jornal, achei uma publicação muito profissional e adaptada aos novos tempos que honra os portugueses não só da Venezuela mas a todos os que não se esquecem das suas raízes. Um grande abraço e meus parabéns.

colocou sobre o apoio que deve dar aos empresários luso-venezuelanos para a constituição da Universidade Lusófona, considero que o impulso definitivo para que este projecto se concretize terá de ser dado sempre pelo governo português. As autoridades venezuelanas já deram luz verde para que a iniciativa comece a andar. Mas nada será feito se o governo português não apoiar e agilizar o apoio logístico para os professores, programas, e estrutura do projecto. Sem esta base inicial, por muito entusiasmo e boa vontade que possam ter os empresários portugueses na Venezuela, a Universidade Lusófona ficará como tantos outros projectos que nunca chegaram a concretizar-se.

José Neves

somos e de onde viemos. Essa tem sido a grande obra desta publicação. Realmente o CORREIO já não é só de Caracas, o CORREIO é de todos aqueles que, desde a mais pequena aldeia até a grande cidade, levam no coração "A Portuguesa", embora para muitos exista também espaço para fazer uma "Gloria al Bravo Pueblo". Obrigado por fazer de mim um leitor habitual de algo que vale mais do que mil imagens.

Pedro Pereira

Isabel Chaves

Compromisso de Estado

Mais que uma imagem Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras, será verdade? Será que alguém consegue igualar em imagens todas aquelas palavras escritas no "nosso" CORREIO e o que elas representaram e representam para a nossa comunidade? É de louvar o trabalho de todos os que dão letras à nossa voz, aqueles que conseguiram unir o que durante muitos anos esteve separado. Hoje podemos dizer que temos algo em comum. Estamos longe da nossa terra, mas sentimos que temos um cantinho só nosso aqui e que não nos deixam esquecer quem

faça o favor de contactar Isabel Bárbara ou Maria Bárbara através dos números: 912586754 e 963764757 ou através do endereço de correio electrónico: isabelchaves1@gmail.com.

Apesar da ênfase que o secretario de Estado, António Braga,

Maria Carolina Rodrí guez

InquéRITo:

Acha que existe promoção suficiente na Venezuela sobre turismo em Portugal? Maribel Pinto Assistente administrativa "Creio que há promoção, mas não a suficiente. Deveria ser feita de maneira mais profunda, porque Portugal tem lugares muito bonitos e aqui muitos de nós desconhecemos as coisas lindas que há por lá. Precisa-se de mais publicidade, para que haja também mais visitantes a chegar directamente a essas paragens turísticas".

Odette Ferreira Doméstica "Considero que não há uma promoção suficiente, pois muita gente não conhece as zonas turísticas de Portugal. Penso que se deve fazer mais publicidade, seja pela televisão ou fazendo chagar folhetos nas agências turísticas. Isto seria uma forma de incentivar as pessoas a visitar Portugal".

Isabel Caldeira Doméstica "Parece-me que não se faz suficiente promoção, porque não se ouve falar muito. Nós que fazemos parte da comunidade portuguesa sabemos, mas os restantes venezuelanos não estão a par e é muito pouco o que se vê nos meios de comunicação. Sinto que temos lá coisas muito lindas para ensinar e devia-se fazer mais publicidade".

Manuel de Sousa Comerciante

"Sim, há promoção. Não obstante, é necessário aumentar a publicidade e mostrar às pessoas a quantidade de actividades que podem realizar em Portugal e a imensa variedade de paisagens com que o país conta, pois é um lugar muito bonito que, sem dúvida, necessita ser promovido".


24 | ECONOMIA

CORREIO DE VENEZUELA - DE 29 DE JUNHO A 05 DE JULHO DE 2006

Sumafin abre nova sucursal

BREVE

Plumrose distingue clientes Jean Carlos De Abreu jeancarlos@correiodevenezuela.com

Derlys Melim

derlysmdc@hotmail.com

nova sucursal da Cooperativa Sumafin, na cidade de Caracas, foi aberta ao pú blico numa cerimó nia especial organizada para o efeito que teve lugar no passado dia 22 de Junho. No evento marcaram presença o presidente Alcino Vieira, a vice-presidente executiva Mery Bravo e o gerente Alexis Rivas, acompanhados de familiares e demais funcionários. Esta empresa foi fundada em

A

Dezembro de 2004, em Maracay (Edo Aragua), sendo nesta localidade que está instalada a sua sede principal. Ao longo deste ano e meio, a cooperativa tem experimentado um bom crescimento, daí que se tenha decidido dar o salto e abrir outras sucursais no resto do país. Já estão na cidade de San Cristó bal, Acarigua, La Victoria, Valencia e Los Teques. Cada sede conta com um grupo de professionais especializados no ramo. A empresa conta com grandes benefícios para todos os seus afiliados, como contratos de prevenção para fazer face a qualquer

circunstâ ncia adversa que ocorra nos diferentes sectores, como patrimoniais (incêndios, roubos, terramotos, responsabilidade civil geral), automó veis (individual e frota), saú de (hospitalização, cirurgia, cirurgia estética, maternidade), acidentes pessoais (individual, colectivo, escolar) e funerários. Cooperativa Sumafin responsabiliza-se por pagar até os limites do contrato quando o afiliado assim o precise, e também conta com a "ATENCIÓ N AVISA 24", com disponível 24 horas por dia em todos os seus sectores, para assim oferecer um melhor serviço.

A Plumrose da América Latina reconheceu o gosto dos seus clientes que integram a Associação de Padarias (Cevipan) por serem fiéis compradores dos produtos da empresa de fiambres. Javier Arango, Gerente Regional de Ventas, comentou que a percentagem das vendas superou o estimado para o ú ltimo trimestre de 2005. Por seu turno, o presidente de "Cevipan", Juvenal de Barros, explicou que vão continuar a fazer o possível para manter estes nú meros quanto às vendas e manter o apoio a Plumrose como empresa "líder" dedicada à fabricação e comercialização de fiambre na Venezuela. "Cevipan" está composto por cinco lusitanos: Juvenal de Barros, presidente; Rafael Vicente Andrade, vice-presidente; Manuel Firmino de Abreu, director; João de Gouveia, director; e Ana Cristina de Abreu, directora. No futuro, a direcção de "Cevipan" tem projectos com a empresa Plumrose para alcançar metas comerciais dentro do mercado crioulo e talvez associar-se com outras empresas.


CORREIO DE VENEZUELA -DE 29 DE JUNHO A 05 DE JULHO DE 2006

Caracas e Washington assinam acordo antidroga enezuela e Estados Unidos assinarão a 8 de Julho um acordo que regulará a sua cooperação na luta contra o narcotráfico, anunciou o director do Gabinete Nacional antidroga venezuelano (ONA), Luís Correa. A principal diferença entre o novo acordo e o que foi denunciado por Caracas em Julho de 2005 radica em que as forças norte-americanas não intervirão em operações que se realizem em solo venezuelano. Correa disse em conferência de imprensa que a assinatura do acordo está prevista para o pró ximo 08 de Julho, esclarecendo, contudo, que dependerá das agendas do ministro do Interior e da Justiça venezuelano, Jesse Chacon, e

V

do embaixador dos Estados Unidos em Caracas, William Brownfield. O novo acordo tornará impossível "a acção operacional dos agentes da DEA (Agência da luta anti-droga norte-americana) na Venezuela", mas tornará mais estreita a relação entre os dois organismos para troca de informação e mantém a cooperação no treino das tecnologias, estimou o patrão da ONA. A nova convenção devia ter sido assinada a 31 de Janeiro por Chacon e Brownfield, mas foi adiada. Este atraso explica-se "mais por razões de forma do que de conteú do", afirmou Correa, sublinhando que a nova data dependia apenas das agendas de Chacon e Brownfield.

Em finais de Julho de 2005, a Venezuela cortou as relações com os Estados Unidos na luta contra o narcotráfico porque, segundo Caracas, a DEA realizou "infiltrações dos serviços secretos que ameaçaram a segurança e defesa do país". O novo pacto é "muito parecido" com os que a Venezuela tem com a Grã-Bretanha, Holanda, França ou Espanha, reiterou o Governo venezuelano. A Venezuela apreendeu o ano passado 72 toneladas de droga, quase o dobro das 43 toneladas apreendidas em 2004, segundo nú meros oficiais. A maioria da droga apreendida provinha da Colô mbia, país com o qual a Venezuela partilha uma fronteira de mais de 2.200 quiló metros.

ECONOMIA | 25 BREVE

Portugueses viajaram menos no primeiro trimestre Ricardo Miguel Oliveira

Os turistas residentes em Portugal efectuaram 2,9 milhões de viagens no primeiro trimestre deste ano, o que representa uma quebra homó loga de 14,7%. Para o Instituto Nacional de Estatística, este decréscimo poderá estar relacionado com o efeito da Páscoa que, em 2005, ocorreu no primeiro trimestre e em 2006, só em Abril. No período em análise, as principais regiões de destino das viagens dos residentes foram o Centro, que concentrou 27,3% do total das dormidas, Lisboa (25,5%) e o Norte (18,4%). Segundo revela o INE, as visitas a familiares e amigos originaram, em média, duas viagens por turista, com uma duração média de quatro noites e uma despesa média diária de 19,9 euros. Já as deslocações de lazer, recreio e férias representaram em média 1,9 viagens por turista, com uma duração média de 3,4 noites, correspondendo a uma despesa média diária de 45,6 euros.


26 | PUBLICIDADE

CORREIO DE VENEZUELA - DE 29 DE JUNHO A 05 DE JULHO DE 2006

TAP com as cores da Star Alliance frota da TAP acaba de atingir as 47 unidades, um recorde absoluto, com a entrada em operação do seu novo A320, CS-TNP, designado “ Alexandre O´ Neill” , em homenagem ao grande poeta português, desaparecido há

A

breves

Publituris distingue TAP A TAP foi eleita pelos leitores do jornal do trade “Publituris” a Melhor Companhia Aérea de 2005. O jornal “Publituris” distingue anualmente as melhores empresas do sector do Turismo, tendo a selecção final na categoria de “Melhor Companhia Aérea incluído outras duas Companhias de aviação, além da TAP. A votação foi feita pelos leitores da publicação, através de um impresso inserido no próprio jornal ou directamente no site www.publituris.pt. Para a TAP, eleita pelo segundo ano consecutivo como a “Melhor Companhia Aérea” pelo “Publituris”, este prémio assume particular importância, dado ser atribuído por profissionais do sector. Esta é quinta distinção atribuída à Companhia, desde o início de 2006. A Nova Imagem Institucional da TAP, foi distinguida, em Maio, com o Prémio de Melhor Branding e Rebranding (2005), pela publicação especializada “Meios & Publicidade”. O Programa Victoria da TAP foi também premiado (Abril 2006) com os Freddie Awards de 2005, como Programa do Ano; Best Redemption Award e Best Member Communications.

20 anos. Este avião entrou hoje em operação, com o voo TP 424, Lisboa-Paris (Charles de Gaulle), e foi pintado com as cores da Star Alliance. Todas as companhias que integram a Star Alliance têm, pelo menos, um avião pintado com as cores da Aliança, pas-

sando agora a TAP a dispor também de uma aeronave exibindo a imagem da Star Alliance, pouco mais de um ano apó s a sua integração. A Star Alliance reforçou recentemente a sua dimensão com a integração, em Abril, da Swiss e da South African Air-

ways e o anú ncio da entrada pró xima de duas companhias chinesas – a Shangai Airlines e a Air China – intensificando ainda mais a sua qualidade de maior Aliança global de companhias aéreas a nível mundial. No conjunto, a Rede da Star Alliance oferece hoje

mais 15.500 voos diários para 842 destinos em 152 países. A escolha de um avião da frota de médio-curso da TAP, que abrange agora 35 unidades, tem por objectivo realçar a importâ ncia da Star Alliance para a Companhia.


CORREIO DE VENEZUELA -DE 22 A 28 DE JUNHO DE 2006

DESPORTO | 27

David de Sousa: esperança "vinotinto" no C.S. Marítimo zuelana encontrava-me lesionado, pois parti o nariz e não podia jogar. A notícia encheume de alegria e eu gostava imenso de vir, mais não foi possível. São do futebol.

António C. Da Silva F. antoniodasilva@correiodevenezuela.com

esde muito pequenino David de Sousa adoptou a bola como brinquedo favorito. Trabalhou com o "maestro" Lino Alonso, o homem cujas "mãos" têm moldado todos os grandes talentos do futebol crioulo. Sonhava com imitar Rivaldo, tentando algum dos truques que fazia o mágico canhoto brasileiro, e algum dia, tal como ele, vestir a camisola "azulgrenat" do FC Barcelona. Como tantos outros lusovenezuelanos, fez escala no Funchal para tentar a sua sorte, e depois de uma paragem forçada devido a problemas burocráticos, estreou-se esta época com as cores do C.S. Marítimo na categoria juvenil. De férias em Caracas, David de Sousa falou com o correio da sua primeira época em Portugal:

D

Lembras-te de alguma actuação especial com a equipa juvenil dos "verde-rubros"? Sim contra o Belenenses. Eu vinha de uma lesão e ganhámos por 4-2. Marquei um dos golos, fazendo assistências em outros dois.

David vai lutar por um lugar no Marítimo e na selecção "Vinotinto"

Como correu a época recentemente finalizada? Correu bem, embora sofresse muitas lesões, cinco em total. Mas consegui fazer bastantes jogos com o Marítimo e vou passar agora a sénior, jogando na pró xima época já

com a equipa "B". Foste convocado para a selecção venezuelana sub-20 mas não conseguiste estrear-te com ela. Que aconteceu? Bom… na altura em que fui chamado pela selecção vene-

A época correu bem termos pessoais mas não tanto em termos colectivos…. Tínhamos um grupo talentoso liderado por um bom treinador (Nelson Gouveia) mas de facto acabamos por baixar. Penso que não existiu união, cada um só pensava em acautelar o seu lugar no onze inicial e só depois pensar na equipa. A luta era terrível e a equipa ressentiu-se disso, sobretudo nos jogos fora,

onde não estivemos nada bem. FC Porto, Benfica, Sporting, Braga, "deram cabo" da equipa "B". Não tens temor de que o Marítimo faça o mesmo? Poucos jogadores do juvenil passaram aos seniores, mas eu estou nesse grupo. Vou fazer a pré-época com "os Bês" e lutarei para ganhar um lugar na equipa que até o momento não vai ser extinguido. Não tenho temor. Eu conheço o meu valor e as minhas capacidades e se tenho que ser emprestado lutarei para regressar. Qual são os teus objectivos para a época 06-07? - Logicamente conseguir um lugar na equipa "B", pois assim estarei um passo mais perto da estreia na equipa principal do Marítimo. Gostaria de ser chamado a selecção de sub-20 da Venezuela pois jogar com o meu país e um dos meus sonhos.


28 | DESPORTO

CORREIO DE VENEZUELA - DE 29 DE JUNHO A 05 DE JULHO DE 2006

Aproxima-se a Taça de Portugal e o "playoff" madeirense A época de basebol está chegando ao seu ponto alto com uma nova edição da "Taça" portuguesa, enquanto que na Madeira se prepara já a semifinal do torneio regional Victoria Urdaneta Rengifo victoria@correiodevenezuela.com

basebol de Portugal continua a desenvolver-se com grande êxito e prova disso è a expectativa que nestes ú ltimos anos causou o máximo campeonato nacional, o qual, para esta temporada se realizará a 29 e 30 de Julho, em Lisboa. Nessa ocasião será possível avaliar o nível que neste momento têm as equipas lusitanas, assim como o crescimento do nú mero de adeptos. Além disso, também será estreado o ú nico campo exclusivo para a prática do basebol de Portugal, o qual constituiu um passo firme para a massificação deste desporto em terras onde antes apenas haviam adeptos de futebol. Por isso, já está tudo preparado e em Abrantes, muito em breve, será dada a ordem "playball" para depois coroar os campeões de 2006. Por outro lado, na Madeira, o basebol também está "ardendo". Tanto que agora se caracteriza por ser "pelota caliente", tal como desde há anos era denominado o basebol latinoamericano, caracterizado por uma excelente técnica e sobretudo pela criatividade e força que demonstram os seus jogadores. Tal como deu conhecer Alberto Rodríguez, presidente do Funchal Baseball Club: "Estão a ser

O

organizadas várias actividades de muita importâ ncia para contribuir para o crescimento da 'pelota' na região madeirense e apoiar com eventos e inovações o trabalho realizado pela Associação de Basebol da Madeira", dirigida por Manuel de Luz. Entre essas iniciativas está o "Jogo das estrelas", que se realiza este domingo, 2 de Julho, e reú ne as melhores formações da Madeira: Funchal BBC, Lobos, Caciques de Funchal, Campanário e Crioulos da Calheta. Além disso, este jogo vai servir de preparação do terreno para a semana seguinte, a partir do domingo 9 de Julho, quando começa a série dos "play off's", onde a equipo que ganhe três das cinco partidas será o vencedor e, por naturalmente, o Correio levará a todos os "fanáticos" da "pelota" os detalhes sobre essa grande final. Equipas Baseball Clube Tigres de Loulé, Bravos do Luso Venezolano, Caciques de Espinho, Caciques do Funchal, Funchal Basebol Club, Latinos da Bairrada, Lisboa Basebol Clube, Nú cleo de Basebol da Universidade de Aveiro, PAZ Baseball Club, Secção de Basebol da Associação Académica de Coimbra, Lobos B.C. (Clube Desportivo Curral das Freiras), Vigor Basebol , Villas Vikings e White Sharks de Almada.


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O espanhol César Barroso e sua mulher portuguesa.

António Ferreira e mulher natural de Canárias

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Aldónio Prioste, da Madeira, com a mulher das Canárias.

Festa multicultural na Venezuela Aleixo Vieira avieira@correiodevenezuela.com

uem visita Caracas durante qualquer competição futebolística internacional, como é o caso presente do Mundial de Futebol, facilmente se apercebe das multiculturas que se aqui se misturam. Bandeiras de todas as nações são exibidas nos carros, motos, fachadas de restaurantes, janelas, balcões, etc. É por esta altura que res-

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salta mais à vista os casais formados por pessoas de diferentes nacionalidades de origem. É ver venezuelanos com portugueses, espanhó is com italianos, e por aí fora. Predomina a mistura de raças oriundas da Europa, entre elas e também entre os europeus e sul-americanos. Durante o Mundial de Futebol ou qualquer competição internacional com dimensão similar dá-se um fenó meno curioso, no seio das famílias com estas características. Tudo porque, por causa das sau-

dáveis misturas, não há família que torça apenas por um país. Bem pelo contrário, é ver saudáveis “ confrontos” de bandeiras, de preferências, de vitó rias e de derrotas. Com uma grande vantagem: raramente a família se entristece. Se não ganha num lado, ganha do outro. Essa é a garantia da festa permanente, nas ruas ou em casa. Em casa de Encarnacion Ferreira, natural das Canárias, a preferência está dividida entre Portugal e Espanha com um “ rebelde” que torce pela

Argentina. Antó nio Ferreira, português, sofre pela nossa selecção, e a mulher prefere obviamente a Espanha. “ Que ganhe o melhor” , dizem de pleno acordo. César Barroso, espanhol natural da Galiza, é casado com Margarida Reis, portuguesa. Quando joga Portugal, ela exibe a bandeira verde e vermelha. Mas quando joga Espanha, os dois sofrem de igual maneira pelas duas nações. O problema é se se enfrentam, como aconteceu no Euro’ 2004...

Aldó nio Prioste, natural da Camacha, Madeira, é casado com Aracelis, natural das ilhas Canárias. Ela veste verde e vermelho quando joga Portiugal ele torce pela Espanha quando joga a seleccao “ roja e amararillo” . O filho tem a preferência por Portugal já que lida mais com os portugueses do que com espanhó is. “ Contra Portugal isso é que nunca” sentencia Aldó nio. “ Isso dá direito a dormir na sala” diz com humor.


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E agora os ingleses!!! selecção portuguesa de futebol concretizou domingo, apó s uma intensa batalha com a Holanda (1-0, em Nuremberga), os objectivos que trouxe para o lemanha2006:terminar a prova entre os oito melhores do Mundo. Um motivo mais do que suficiente para, na Venezuela, se comemorasse em grande, como ilustram as fotos aqui publicadas. Um grande golo de Maniche, aos 23 minutos, valeu a Portugal o acesso aos quartosde-final, num jogo intenso, dramático e marcado por um festival de cartões (16 amarelos e quatro vermelhos por acumulação), como nunca se tinha visto num Mundial. Com enorme capacidade de sofrimento, garra e vontade, mais do que futebol de encantar, a formação lusa, a “ família Scolari” sobreviveu a uma Holanda que apareceu como invencível na “ era” Van Basten, mesmo muito tempo em inferioridade numérica. Entre a expulsão de Costin-

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ha (descontos da primeira parte) e a de Boulahrouz (63 minutos) e entre a de Deco (78) e a de Van Bronckhorst (96), Portugal jogou com menos um elemento, mas “ agigantouse” constantemente, num verdadeiro “ hino” ao ser português, como afirmou no final do encontro o guarda-re-

des Ricardo. A força do colectivo luso foi mais forte do que tudo, incluindo alguns erros individuais, principalmente o de Costinha, que, de forma infantil, viu o segundo amarelo em “ cima” do intervalo, num lance que poderia ter comprometido o apuramento luso.

Os jogadores que ficaram souberam, porém, suar a camisola e compensar o erro do colega com uma vitó ria feliz, mas justa, afinal Portugal conseguiu um lindo golo e não permitiu nenhum aos holandeses, a maioria das vezes por mérito pró prio, algumas por demérito alheio e uma ou ou-

tra por felicidade, sobretudo num remate de Cocu à barra. Certo é que, Portugal venceu e está, com todo o mérito, entre os oito melhores do Mundo, num trajecto sempre ascendente... e vitorioso: quatro vitó rias em outros tantos encontros são nú meros que, para já, apenas a anfitriã Alemanha também apresenta no currículo. O objectivo proposto por Scolari, que já soma 11 vitó rias consecutivas em Mundiais um recorde que dificilmente será batido -, está, assim, concretizado e nada mais é exigível, embora todos os “ sonhos” sejam expectáveis, face ao que a equipa tem mostrado. Mesmo sem Costinha e Deco, cujas suspensões por um jogo já foram confirmadas oficialmente, Portugal tem “ armas” para se bater com a Inglaterra, que superou num passado recente, nas fases finais do Europeus de 2000 (3-2, apó s 0-2, na primeira fase) e 2004 (6-5 na “ lotaria” das grandes penalidades, na Luz, nos quartos-de-final).


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Aconteça o que acontecer face aos ingleses, Portugal, que conta 18 jogos consecutivos sem perder, afastou em definitivo os fracassos dos Mundiais 1986 e 2002, que terminaram na primeira fase, e igualou o feito dos “ magriços” (quatro vitó rias consecutivas em 1966). Os triunfos face a Angola (1-0), Irão (2-0), México (2-1) e Holanda (1-0) só valem os “ quartos” , entanto, aos comandados de Manuel da Luz Afonso, os sucessos perante Hungria (3-1), Bulgária (3-0), Brasil (3-1) e Coreia do Norte (5-3) selaram as “ meias” .

Há 40 anos, também surgiu pela frente, ao quinto jogo, a Inglaterra, que então era a anfitriã do Mundial e ganhou por 2-1, com um “ bis” de Bobby Charton, ao qual Eusébio respondeu com um insuficiente golo... antes de sair em lágrimas do relvado. A “ família Scolari” tem agora nova oportunidade de “ vingar” - mais uma vez esse desaire, dando sequência a um trajecto que não começou de forma brilhante, mas com uma vitó ria muito importante, face a Angola, selada por Pauleta, com um tento aos quatro minutos.

Depois, Portugal, com Costinha, Maniche e Deco de volta ao onze” , melhorou contra o Irão e, mesmo voltando a pecar na finalização, venceu sem discussão, com um grande golo de Deco e uma grande penalidade apontada por Cristiano Ronaldo. Face ao empate entre México e Irão, o apuramento ficou garantido e, como tal, Scolari defrontou o México sem cinco titulares (Cristiano Ronaldo, Deco, Costinha, Pauleta e Nuno Valente), todos com amarelos e em risco de verem mais um e falharem os “ oitavos” .

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Caso Sindoni ainda sem julgamento Délia Meneses deliameneses@correiodevenezuela.com

audiência preliminar do caso de homicídio e sequestro do empresário ítalo-venezuelano Filippo Sindoni desenrolou-se durante três dias de intenso debate no Palácio de Justiça de Maracay. Os oito suspeitos prestaram declarações, entre eles o cidadão de origem portuguesa, natural de Aveiro, João Paulo Costa Marques, de 35 anos de idade. Mas até à hora do fecho desta edição, o Tribunal 6º de Control, presidido pela juíza Emperatriz Díaz, ainda não se tinha decidido se haveria julgamento para todos ou só para alguns dos suspeitos. No entanto, fontes judiciais declararam que ficaria decidido nesta semana a sorte dos presumíveis envolvidos no caso e ainda estabelecido se o julgamento ia ser oral e pú blico. O advogado e defensor da família Sindoni, Luís Manuel Valdivieso, informou aos meios de comunicação social que os suspeitos, nas declarações prestadas,

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não admitiram factos, com ou sem fins da obtenção de algum benefício. No entanto, alguns deles reconheceram a sua participação no sucedido. Durante a audiência preliminar, o Ministério Pú blico apresentou a acusação através de provas escritas. Foram, no total, 150 elementos de convicção expostos. O CORREIO contactou o defensor do cidadão português para tentar obter uma declaração sobre o exposto na audiência por Costa Marques. O defensor alegou que neste momento do processo não se pode dar declarações à imprensa por forma a evitar que isto possa acarretar consequências negativas para o arguido ou que más interpretações possam afectar a decisão final do Tribunal. Os suspeitos neste caso são Rafael Orlando Lamuño Flores, Víctor Contreras Belisario, José Alejandro Pestana, Debora Estanga Ortega, Charly Terry Hernández, Miguel Angel João de Jesus, João Paulo Costa Marques e Carlos Manuel João de Jesus.

Estão indiciados pelo Ministério Pú blico da prática dos delitos de homicídio qualificado, sequestro de um idoso com morte em cativeiro, lesões leves qualificadas, roubo agravado, encobrimento, uso indevido de uniformes ou hábitos, roubo agravado de veículo automotor, utilização de bens pú blicos, administração de substâ ncias ilícitas e psicotró picas.

ÚLTIMA horA Articular obras Municí pios ribeirinhos do Tejo de Portugal e Espanha vã o reunir-se a partir de amanhã em Abrantes num encontro que visa articular projectos de requalificaç ã o de um rio encarado como "territó rio internacional" pelos dois paí ses.

Direito à saú de O indeferimento pelo Tribunal Administrativo de Braga da providê ncia cautelar interposta pela Câ mara de Barcelos ao fecho da sala de partos do Hospital partiu do princí pio que é respeitado o direito à saú de.

Nova flexibilidade

Cante Alentejano

O ministro da Justiç a disse que a revisã o do mapa judiciá rio, que prevê o fim das comarcas como unidade de referê ncia dos tribunais, vai conferir "uma nova flexibilidade ao emprego de meios humanos", incluindo magistrados e funcioná rios.

Cantares ao baldã o e a actuaç ã o de grupos corais e mú sicos internacionais marcam a terceira ediç ã o da Festa do Cante, um evento que decorre amanhã e sá bado em Beja para celebrar o tradicional cantar alentejano.

Trá fico seres humanos e exploraç ã o laboral diminuí ram em Portugal Os crimes de trá fico de seres humanos e de exploraç ã o laboral estã o a registar nos ú ltimos anos uma diminuiç ã o em Portugal, situaç ã o que fonte da Polí cia Judiciá ria (PJ) atribui à resposta "cé lere e eficaz" das autoridades portuguesas. "A partir 2000, com o fluxo de imigrantes de Leste, este tipo de crimes começ ou a surgir com muita frequê ncia, mas a resposta cé lere e eficaz das autoridades fez com que o problema estancasse", afirmou a fonte, na vé spera da conferê ncia internacional "Acç ã o Contra o Trá fico e Exploraç ã o pró Trabalho Forç ado de Trabalhadores Migrantes na Europa", que se realiza quinta e sexta-feira no Centro Cultural de Belé m, em Lisboa. Durante dois dias, especialistas internacionais vã o debater boas prá ticas e experiê ncias realizadas contra o trá fico e a exploraç ã o laboral. De acordo com dados da Polí cia Judiciá ria (PJ), em 2005 foram participados 36 crimes de auxí lio à imigraç ã o ilegal, enquanto este ano foram participados seis. No que respeita ao crime de lenocí nio [favorecimento da prostituiç ã o], em 2005 foram participados 58 casos e este ano 12, indicam dados da PJ. Quanto ao trá fico de seres humanos, a PJ ressalva que, legalmente, é apenas considerado para casos de portugueses que vã o para o estrangeiro, porque nã o existe na lei qualquer designaç ã o para o crime de estrangeiros que vê m forç ados para Portugal. Assim, em 2005 foram participados à PJ 27 crimes de trá fico de seres humanos, nomeadamente de portugueses que foram para Espanha para a apanha do tomate e fruta, e este ano apenas um. Apesar de nã o estar previsto na lei o crime de trá fico de pessoas do estrangeiro para Portugal, a fonte afirmou que a PJ tem "consciê ncia" de que o trá fico para fins de exploraç ã o sexual existe. A mesma fonte defendeu ser necessá ria uma lei de protecç ã o das ví timas, que estã o muitas vezes ilegais no paí s, tê m dí vidas enormes e sã o alvo permanente de crimes, como agressã o e extorsã o. "Estas pessoas tê m medo de pedir apoio na polí cia. É fundamental que haja a mensagem de que podem ir à PJ porque nã o serã o perseguidos e enviados para o paí s de origem", sublinhou.


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