Correio da Venezuela 170

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O jornal da comunidade luso-venezuelana

ANo 07 – N.º 170 - DePósIto LeGAL: 199901DF222 - PubLIcAção semANAL

cArAcAs, 17 A 23 De AGosto De 2006 - VeNezueLA: bs.: 1.000,00 / PortuGAL: € 0,75

Sequestradores portugueses apanham 20 anos de cadeia Os portugueses permanecem presos em La Planta, até que o Tribunal de Execução de penas os transfira para outro estabelecimento penitenciário

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250 venezuelanos integrados na vida universitária da Madeira

Luso-descendente que assassinou a pró pria mãe aguarda julgamento PÁGINA 6

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Nova lei para os conselheiros deve ser aprovada até ao final do ano no Parlamento luso PÁGINA 6

“ Caciques” ganham torneio na Madeira

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Encontro de Folclore

IDE esclarece dú vidas

Evento marcado para 13 de Setembro

CORREIO lança secção sobre investimentos PÁGINA 24

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Jogo de futebol em veteranos junta emigrantes de treze países diferentes PÁGINA 28


2 | EDITORIAL

CORREIO DE VENEZUELA - 17 A 23 DE AGOSTO DE 2006

Aprender a lição Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Tábita Barrera, Victoria Urdaneta e Yamilem Gonzalez Correspondentes: Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira, Álvaro Diaz, Sandra Rodríguez Publicidade e Marketing: Carla Vieira Coordinadora de Relaciones Públicas: Raquel Terraboa Ventas: Ricardo León Preparação Gráfica: DN-Madeira Produção: Elsa de Sá Secretariado: Carolina De Nóbrega Distribuição: Enrique Figueroa Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares

al como já foi oprtuna e amplamente divulgado, dois dos malfeitores envolvidos no sequestro de um empresário madeirense, o ano passado, são portugueses. Um deles até originário da Madeira, terra natal do empresário em causa. O que agora traz este assunto outra vez à ordem do dia é a decisão recente dos tribunais, ao castigarem os sequestradores com cerca de duas dezenas de prisão. Uma sentença pesada, que deve servir de lição para todos os marginais que se deixam seduzir pela malvadez. Para a comunidade portuguesa, é também importante que a decisão dos tribunais tenha surgido com uma certa

T

celeridade. E que a sentença seja também proporcional aos malefícios que causou, servindo de exemplo para situações futuras. Quando a comunidade se debate com a necessidade de sensibilizar as autoridades a terem uma actuação mais incisiva para retrair os sequestradores, o conhecimento pú blico da sentença deste caso específico relança a humilhação que é ter estes “ judas” entre a pró pria comunidade, mas sobretudo deixa ficar a mensagem que a Justiça funciona. E que o crime, afinal, não compensa. Por tudo isto, nada melhor que a exemplar punição destes sequestradores portugueses. Que a lição fique para sempre!

O CaRTOON Da SEMaNa Os sequestradores portugueses apanharam 20 anos de cadeia!

Que saudades devem ter da Justiça portuguesa!! Se fosse em Portugal, ainda nem havia sentença...

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias.

a SEMaNa MUITO BOM Parabéns à iniciativa do Centro Social Cultural Virgem de Fátima de Guatire, pela realização de cinco jornadas desportivas intensas, em que as crianças foram protagonistas, muitos delas jovens de escassos recursos económicos que mostram qualidade e disciplina. O torneio entre a equipa do clube e a da Central Madeirense serviram de preparação para o “Mundialito de la Amistad”, que se realizará em Guatire.

BOM Na Madeira, duas freguesias destacaram-se recentemente com a reedição de iniciativas meritórias, tendo como base os emigrantes que nesta altura do ano retornam à ilha em férias. Na Camacha, tiveram lugar vários jogos tradicionais e uma inédita partida de futebol que reuniu emigrantes madeirenses de 13 países diferentes. Na freguesia da Ilha, perto de São Jorge, o Dia do Emigrante debateu temas importantes e proporcionou excelentes momento de lazer.

MaU Há regras em vigor que estão a limitar ou a inibir o voto de venezuelanos no estrangeiro. São critérios que também têm sido refutados por autoridades relacionadas com os direitos humanos que sustentam que a democracia deve estar acima da situação em que se encontrem os venezuelanos que emigraram para outros países. O CNE-Conselho Nacional Electoral não dá mostras de querer modificar estas exigências que se afiguram discriminatórias.

MUITO MaU Vários cônsules de várias comunidades estrangeiras marcaram presença numa reunião em Puerto Cabello (Estado de Carabobo), para falarem da preocupação em torno dos sequestros. Curiosamente, nenhum representante consular português esteve presente, nem nenhum representante da Câmara de Comércio Portuguesa de Venezuela, a quem a comunidade lusa havia recorrido para seu interlocutor. Uma falha grave que não poderia ter acontecido!

El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

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BREVES Qual é a sua opinião sobre a decisão do Tribunal?

Isabel Ferreira Professora de Inglês e Catequista

Sequestradores levam 20 anos de cadeia Tábita Barrera tabita@correiodevenezuela.com

pó s passar aproximadamente um ano presos na cadeia de "La Planta", em El Paraíso, finalmente, no passado dia 3 de Agosto, foi proferida sentença para José Luís de Abreu Pita e Joaquim Ribeiro da Costa, arguidos que vinham acusados de pertencer a uma banda de sequestradores. Ambos foram condenados a 20 anos de prisão efectiva. A captura dos sequestradores foi realizada na segunda semana de Junho de 2005, por elementos dos corpos policiais venezuelanos, tendo sido referenciado de ter actuado como negociadores e responsáveis por estabelecer o montante que os familiares das vítimas deviam pagar pelo resgate. A audiência preliminar foi levada a cabo em Novembro de 2005, mas a situação permaneceu igual com o passar de vários meses até à leitura da sentença. É por isso que, dada a demora em relação a este caso, conduzido pela "Fiscalía 54" da Área Metropolitana de Caracas, que os acusados solicitaram a recusa de Iris Marú Rojas, fiscal da instâ ncia, designada para tomar conta da investigação. Apresentaram como argumento que ela atrasava o processo. Não obstante, tal petição não obteve deferimento. José Luís de Abreu Pita, de 55 anos de idade, natural da

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O tribunal deu como provado que ambos levaram a cabo, em Junho de 2005, o sequestro de Dioní sio de Sousa, proprietário do Restaurante Maracaná Ponta do Sol, Madeira, residia em Los Valles del Tuy, onde exercia a profissão de carpinteiro. Por seu turno, Joaquim Ribeiro da Costa, 57 anos, natural de Aveiro, era dono de uma empresa de compra e venda de imó veis em Caracas. O tribunal deu como provado que ambos levaram a cabo, em Junho de 2005, o sequestro de Dionísio de Sousa, proprietário do Restaurante Maracaná, o qual foi libertado uma vez pago o montante solicitado pelos delinquentes. No julgamento, também foram decretadas penas de prisão efectiva de 20 anos aos venezuelanos José Gregó rio Ramos, 42 anos, e Marvin Oropeza Ramos, 23 anos, os quais, segundo entendeu o Tribunal, participaram na organização do crime, na qualidade de mentores e colaboradores. Por outro lado, Tibisay Pabó n, que vinha acusada de

ter colaborado no sequestro, foi absolvida, dado que não ficou demonstrada a sua responsabilidade na execução do delito. Foi devolvida à liberdade sem nenhum tipo de restrições. A juíza María Afiuni Mora, quem presidiu o tribunal que julgou o crime, designada sob nomenclatura 1J-U-395-05, perguntou pela vítima, só que esta, segundo a informara a magistrada, não assistiu ao julgamento. Acto contínuo, concedeu o direito de palavra a todos os acusados, mas eles manifestaram o seu desejo de não prestar declarações. No Tribunal Primeiro de Juízo foi explicado que se usaram provas técnicas, como declarações de funcionários policiais, vítimas, testemunhas e dos mesmos actuantes, para determinar a sentença. De acordo com fontes oficiais, não é possível apresentar maiores detalhes "porque a sentença ainda não foi publicada e é necessário manter a informação reservada por mais alguns momentos". Uma vez que a sentença seja tornada pú blica, os condenados terão dez dias ú teis para poder apelar, mas dado que o Juízo estará de férias até Setembro, Pita e Ribeiro terão que esperar até essa data para exercer o seu recurso. Tanto os portugueses como os venezuelanos, permanecem presos em La Planta, até que o Tribunal de Execução de penas os transfira para outro estabelecimento penitenciário, como assim o indica a sentença.

"É bom saber que a justiça venezuelana reconheceu estes homens como culpados se tinham provas do delito, porque sentimo-nos indignados, como comunidade, com estes actos mal intencionados realizados pelos dois portugueses. Talvez existam pessoas que se aproveitam da nossa generosidade, porque nos abrimos a eles por serem compatriotas, mas abusam da confiança e cometem actos inaceitáveis como é o sequestro".

Neida de Silva Dona de casa "Considero que se a lei venezuelana os condenou com tanto tempo é porque conseguiram as provas que os incriminam. Pode-se dizer que houve justiça depois de o caso se arrastar durante um ano pelos tribunais. Mas sinto indignação ao saber que nossos conterrâneos estejam metidos nisto. No caso dos dois portugueses, vê-se que violaram a confiança do senhor e obtiveram o que procuraram".

Moisés Rodrigues Comerciante "O importante não é a nacionalidade, senão que os sequestradores obtenham um bom castigo por tentar fazer mal contra outra pessoa. Lamentavelmente, estes dois homens já estão conotados como delinquentes comuns. O sequestro já não respeita nacionalidade, raça nem cor, porque a avareza é o que predomina em todos os casos. Se foram condenados é porque mereceram tal castigo".

Ana Maria Rodrigues Comerciante "É doloroso saber que existem pessoas da nossa comunidade envolvidas num sequestro ou roubo. Tenho amigos que foram sequestrados e sei o que sofreram as suas famílias. Parece-se justo que se a lei venezuelana os encontrou culpados que lhe tenham dado um castigo por fazer mal, sejam eles portugueses ou pessoas de outra nacionalidade. Estou convicta de que obtiveram a lição que mereciam".


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Gabinetes apoio à emigração A função principal destes gabinetes é dar a os emigrantes "um suporte de retaguarda" que lhes permita verem os seus direitos cumpridos dando a conhecer os vários produtos e divulgando "de forma mais intensa as oportunidades" secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Antó nio Braga, inaugurou recentemente, em Resende, o 60º Gabinete de Apoio ao Emigrante (GAE), estruturas que considera poderem ajudar o país a internacionalizar a sua economia. Antó nio Braga referiu que há "cinco milhões de portugueses que vivem e trabalham fora de Portugal" o que, além de "uma grande responsabilidade" para Governo e autarquias, é também "uma grande oportunidade". "Vivemos um momento em que temos a ambição de internacionalizar a nossa economia. Quem melhor do que os portugueses que estão fora para o fazer?", questionou, numa cerimó nia em Resen-

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de, município com grande tradição de emigração, em tempos para o Brasil e actualmente para a Europa (sobretudo para a Suíça e, mais recentemente, também para Espanha). Na sua opinião, as informações e ajudas prestadas pelos GAE podem ajudar a que os emigrantes se tornem "um interface de ligação" entre as empresas portuguesas e os países que os acolheram. Por outro lado, o secretário de Estado frisou que "há mais de 120 mil empresas no mundo inteiro tituladas por portugueses", entre as quais "mais de 20 mil são grandes empresas" - desde o ramo farmacêutico ao da electró nica -, com uma posição estratégica nos países em que estão instaladas. Neste â mbito, e apesar de a

António Braga, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

função principal destes gabinetes ser dar a os emigrantes "um suporte de retaguarda" que lhes

"Vivemos um momento em que temos a ambição de internacionalizar a nossa economia. Quem melhor do que os portugueses que estão fora para o fazer?", disse Braga permita verem os seus direitos cumpridos, considera que podem também "potenciar para lá e para cá o investimento", dando a conhecer os vários produtos e divulgando "de forma mais intensa as oportunidades". Antó nio Braga referiu que "têm ocorrido muitas desilusões de investimentos não acautelados", garantindo que, ainda que exista sempre uma margem de risco, os GAE podem dar informações credíveis, encaminhando os emigrantes para investimentos que lhes possam trazer rendimentos. Por outro lado, podem também informar quem pretende emigrar "se a empresa que os contrata é boa, se cumpre ou não os direitos", de forma a evitar situações de exploração, "às vezes mesmo de escravatura humana" como os que têm vindo a pú blico.

O presidente da Câ mara de Resende, Antó nio Borges, considerou a criação do GAE um passo fundamental para a afirmação do concelho. "Numa terra como a nossa, onde os desafios são em crescendo, é importante que se perceba que uma terra se faz, e se fez no passado, com muito dos nossos concidadãos que daqui partiram porque aqui não fomos capazes de responder às suas necessidades de ambições", afirmou. Na opinião do governante, Resende - um concelho do Norte do distrito de Viseu, que sofre de maus acessos - "não tem condições de se afirmar na plenitude se não for capaz de integrar no seu processo de desenvolvimento" os emigrantes . O protocolo celebrado entre a autarquia e a Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas estabelece que o GAE visa apoiar munícipes que tenham estado emigrados, em vias de regresso ou que ainda residam noutros países. À Câ mara compete ceder o espaço onde o gabinete funciona, afectar-lhe funcionários e divulgar a sua existência e competências perto das Juntas de Freguesia. À direcção-geral cabe dar formação a esses funcionários e prestar-lhes apoio técnico continuado, fazer deslocar um técnico sempre que necessário e manter uma disponibilidade permanente para com o município.


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Nova lei para conselheiros pode ser aprovada no final do ano Jean Carlos De Abreu jeancarlos@correiodevenezuela.com

que possam ter as pessoas da sua comunidade", acrescentou Pereira.

Conselho Permanente das Comunidades (CCP), na ú ltima visita que efectuou a Portugal, conversou com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Antó nio Braga, a quem propuseram uma nova lei que já está no parlamento e a qual vem trazer melhorias e benefícios para as comunidades emigrantes. A lei propõe que os conselheiros possam trabalhar directamente com todos as entidades governamentais portuguesas e não só com o Governo. Neste sentido, reiterou, a ser aprovada a lei, os conselheiros poderão pedir "contas" aos Ministros portugueses e aos governos das regiões autó nomas. O projecto legislativo não descurou os jovens. "Foi criado um Conselho da Juventude para que exista uma participação mais activa de gente jovem e que tornem pú blicas as necessidades

Regulamento estipulado Uma vez aprovada a lei, segundo prevê o primeiro secretario, a Secretaria de Estado elaborará o regulamento onde se estipula o tempo de vigência de funções dos conselheiros, quantas pessoas fazem parte do CCP de cada país de acolhimento e quais serão os requisitos básicos para participar. Segundo indica Pereira, 70 será o nú mero total de pessoas que vão ocupar os cargos de conselheiros a nível mundial e não 100 como na actualidade. Pereira indicou ainda que a ser aprovada esta lei antes do final deste ano, o secretário de Estado das comunidades Portuguesas, Antó nio Braga, poderá convocar a eleições para eleger os novos representantes que serviram como intermediários dos emigrantes portugueses perante várias instituições e organismos do Estado português. Requisitos da candidatura

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A lei propõe que os conselheiros possam trabalhar directamente com todos as entidades governamentais portuguesas e não só com o Governo Para candidatar-se ao lugar de Conselheiro das Comunidades Portuguesas, os candidatos devem cumprir alguns requisitos exigidos pela lei lusa. Inácio Pereira, Conselheiro Coordenador da secção da Venezuela e Primeiro Secretário do Conselho Permanente (CCP), lembrou ao CORREIO que os candidatos devem ser portugueses e estar inscritos nas secções consulares.

O tempo de vigência como entidades consultoras da comunidade lusa emigrante é de quatro anos. Segundo precisou Pereira, os actuais conselheiros foram eleitos em Abril de 2003 e em Junho desse ano assumiram o cargo. A cessação das funções diplomáticas destes ocorrerá em Junho de 2007, quando se convoquem a eleições para eleger os pró ximos 20 conselheiros que representarão a Venezuela no CCP. Para candidatarem-se ao Conselho, deverão arranjar listas com um total de 20 pessoas, das quais dez serão os conselheiros titulares e os restantes suplentes, que podem vir a exercer funções no caso de um dos conselheiros principais sair. Na Venezuela apenas existem seis mil pessoas inscritas no recenseamento eleitoral, dos 400 mil que estão listados.

BREVES Ainda sem data de julgamento O caso de José Andrés Martín Lópes, o estudante de engenharia da Universidade Central de Venezuela, de 22 anos de idade, suspeito de ter assassinado a própria mãe com 14 golpes de arma branca (faca de cozinha) no passado dia 3 de Agosto, na urbanização Macaracuay, em Caracas, ainda está sob a alçada do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (Cicpc) da subdelegação do município Baruta, Caracas. Segundo precisou ao CORREIO uma fonte próxima da família, o jovem encontra-se detido naquela delegação de Baruta, onde ainda aguarda a chegada do seu pai e irmão para iniciar os procedimentos

a favor da sua defesa. Armindo Lópes, pai do suspeito, encontra-se em Portugal, para onde levou o corpo de Maria Alda de Almeida Lopes, sua malograda esposa. Familiares de Andrés visitam-no diariamente na sede do Cicpc para levar-lhe comida e estar a par do estado físico e psicológico. Até ao momento, fontes próximas da família Lopes ainda não fazem ideia de quando é que será fixada uma data para o julgamento de José Andrés pelo crime de que é acusado. Esperam o regresso de Armando Lopes para reunir com o advogado encarregado do caso e dar início ao processo legal para determinar a sua culpabilidade ou inocência.


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Aprovada nova Lei da Imigração Governo aprovou, na semana passada, a nova Lei da Imigração, que vai permitir que as autarquias locais renovem as autorizações de residência aos estrangeiros que vivem em Portugal. Em conferência de imprensa, o ministro da Administração Interna, Antó nio Costa, explicou que as autorizações de residência vão ser concedidas pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), mas a sua renovação vai ser feita ao nível das autarquias "com mera intervenção do SEF a título de parecer". Esta foi uma das principais alterações ao ante-projecto da Lei da Imigração apresentado em Maio pelo Governo e que esteve em consulta pú blica durante o mês de Junho. "O envolvimento das autarquias neste processo favorece o relacionamento e a aproximação entre os imigrantes" e as câ maras municipais, disse o ministro.

O

A proposta de lei sobre o regime jurídico de entrada, permanência e saída de estrangeiros do territó rio nacional, hoje aprovada em Conselho de Ministros, mantém, segundo Antó nio Costa, "as linhas fundamentais" do anteprojecto, existindo "seis alterações resultantes do debate pú blico". O mecanismo de divulgação de ofertas de emprego vai também ser feito nas regiões autó nomas e nas associações de imigrantes com assento no Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração (COCAI). De acordo com a nova lei, as associações de imigrantes com assento no COCAI, os sindicatos e a InspecçãoGeral do Trabalho vão ter a possibilidade de "atestar a ligação de trabalho" dos imigrantes ilegais que fazem descontos para a segurança social e para as finanças portuguesas, mas as entidades patronais recusam-se a celebrar contrato ou a passar recebido.

Os ilegais que conseguirem fazer prova desta ligação vão ter oportunidade de obter uma Autorização de Residência com dispensa de visto Os ilegais que conseguirem fazer prova desta ligação vão ter oportunidade de obter uma Autorização de Residência com dispensa de visto. Antó nio Costa adiantou que também vão ser concedidas Autorizações de Residência com dispensa de visto "aos estrangeiros vítimas de exploração laboral e estejam dispostos a denunciar os patrões". As normas relativas ao reagrupamento familiar também sofreram inovações, nomeadamente no que toca à diminuição de seis para três meses do prazo de decisão, e ao abranger os imigrantes que vivam em união de facto, cujos parceiros estejam no país de origem, e os filhos sejam maiores. Com o debate pú blico, mudou também o regime de Autorizações de Residência com dispensa de visto aos menores nascidos em

Portugal que se encontrem a frequentar não só o 1º ciclo do ensino básico, mas também no préescolar ou em qualquer grau de ensino secundário. Os pais destes jovens vão também conseguir regularizar a sua situação. No domínio da recusa de entrada, vai passar a ser obrigató ria a comunicação da decisão à representação diplomática do país de origem e em língua que se possa entender. A nova Lei de Imigração prevê a atribuição de um visto de estada temporário aos estrangeiros que pretendam procurar trabalho em Portugal, desde que possuam as qualificações adequadas à bolsa de emprego anualmente fixada, mediante parecer da Comissão Permanente da Concertação Social. Este sistema, que o Executivo apelida de "contingentação global de oportunidades de trabalho", exige que os estrangeiros entrem no país com uma promessa de contrato de trabalho ou interessados na bolsa de emprego que será divulgada on-line pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional. A posposta de lei estabelece igualmente um novo regime de vistos para a imigração temporária e a concessão de Autorizações de Residência a investigadores e quadros qualificados estrangeiros.


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Dia do Emigrante assinalado na Ilha Fiéis do Monte reclamam "sítio condigno" Patrí cia Gaspar (DN-MADEIRA)

osé Gomes está no "negó cio das círios" há mais de 20 anos. Entre segunda e terça-feira, (14 e 15 de Agosto), o comerciante esperava vender cinco mil velas. Todos os anos, o largo da Fonte, onde comercializa também pequenas recordações alusivas à Senhora do Monte, é ponto de passagem obrigató rio para os fiéis que procuram dar cumprimento a promessas alcançadas. A procura continua a ser grande, mas as condições não correspondem às expectativas, quer de quem explora o "negó cio" quer das pessoas que ali se dirigem. Bem viva na memó ria de João Gomes está a edição de 2003 da festa do Monte quando um incidente com uma vela quase ocasionava um acidente. Actualmente, as regras impostas são mais rígidas. "Digo às pessoas que apaguem os círios mal acabe a procissão e não saio daqui, enquanto a cera não estiver toda queimada", refere. Dada a dimensão das festividades do Monte, João Gomes não tem dú vidas de que a freguesia já merecia "um espaço maior para queimar as velas à semelhança do que acontece no Santuário de Fátima". A mesma reivindicação é partilhada por várias pessoas que, já na tarde de ontem, aproveitavam para homenagear a Senhora do Monte. Entre elas, Maria Manuela e Odete Andrade - duas fiéis para quem o acender de uma vela à Senhora do Monte é uma obri-

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Dinis Mendonça DN-Madeira

festa do emigrante, que decorreu no dia 14 ú ltimo na freguesia da Ilha, foi uma ocasião para consciencializar os emigrantes para as oportunidades de negó cios na sua terra natal e dos mecanismos que estão à sua disposição para mais facilmente poderem levar por diante os projectos de investimento. A conferência realizada sobre as novas oportunidades de investimento na Região teve como oradores Isabel Andrade, responsável do projecto "Negó cios do Futuro" da ACIF, e Rui Dantas, por parte da Loja do Cidadão. O projecto "Negó cios do Futuro", segundo Isabel Andrade, visa ajudar as pessoas a concretizar as suas ideias de negó cios, não sendo um programa de apoio financeiro, mas um apoio em termos de orientação na implementação do projecto de investimento. Este projecto da ACIF abrange duas vertentes, uma no apoio à criação de novas empresas e outra no incentivo à internacionalização de empresas madeirenses já existentes. Aos emigrantes, Rui Dantas explicou que os objectivos da criação da Loja do Cidadão passaram pela desburocratização da Administração Pú blica e pela facilitação das oportunidades de investimento, nomeadamente com a criação do Centro de Formalidades de Empresas e, mais

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O projecto "Negócios do Futuro", segundo Isabel Andrade, visa ajudar as pessoas a concretizar as suas ideias de negócios, não sendo um programa de apoio financeiro, mas um apoio em termos de orientação na i mplementação do projecto de investimento recentemente, da "Empresa na Hora". Presente no evento esteve também Gonçalo Santos, do Centro das Social das Comunidades Madeirenses, que relevou a importâ ncia que os emigrantes têm tido no desenvolvimento da sua terra ao longo dos ú ltimos trinta anos. Entre as actividades que decorreram, destaca-se a caminhada associada ao projecto "Mexa-se pela sua Saú de", do IDRAM, que decorreu entre o Lombo Antão Alves e a freguesia da Ilha, tendo como objectivo alertar para os problemas de sedentarismo. Ao longo do dia acorreram à freguesia da Ilha algumas centenas de emigrantes que puderam desfrutar de um programa recreativo e cultural, cujo momento alto foi a actuação do artista nacional convidado, Clemente.

gação repetida, ano apó s ano. "Acho que aquilo como está é um bocado perigoso. As velas caem umas em cima das outras. Merecia que se criassem outras condições", afirma Odete Andrade. Alheios a promessas, os comerciantes aguardam com expectativa o cair da noite. Ninguém parece duvidar que a festa está mais rija do que nunca. E se ao "lado pagão" da festa não falta clientela, os rituais religiosos também continuam a atrair multidões. "Este ano veio mais gente às Novenas. Por isso, é capaz de vir mais gente à festa", constata o padre Romão Aveiro, revelando-se "estupefacto" com a afluência de pessoas, um fenó meno que não consegue explicar.

Vinho lidera vendas à noite

Cada vez mais frequentada, a festa do Monte reparte-se entre o lado religioso e as diversões pagãs.No largo da Fonte, as barracas enfeitadas conferem um colorido diferente à paisagem. Entre os produtos disponibilizados pelos "stands", o vinho e a carne de vinho e alhos são os artigos com maior procura.Este ano, Ricardo Câ mara espera vender à volta de 600 litros de "bom vinho regional". As expectativas para a festa são, refere, muito boas. Ainda assim, Ricardo Câ mara aproveita para reclamar a organização de excursões de populares para os arraiais. "Esta é a ú nica festa na Madeira em que não há a iniciativa de se organizarem autocarros para trazer as pessoas", refere.


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Universitários em convívio Na distribuição de alunos matriculados por nacionalidade na UMa, quase 250 venezuelanos fazem parte da população universitária e estão espalhados por 24 licenciaturas Sandra Rodriguez olgaria6@yahoo.com

proveitando o ú ltimo dia de aulas antes das férias, um grupo de jovens estudantes venezuelanos, na sua maioria da Universidade da Madeira (UMA), organizaram um almoço-convívio. Com especial atenção para a gastronomia venezuelana, o objectivo do encontro foi reunir uma grande quantidade de jovens nativos do país sul-americano e de portugueses, com vista à integração. "Por exemplo, no meu curso, Engenharia das Telecomunicaç ões e Redes, a maioria fala espanhol. Quando isto acontece, os portugueses ficam de parte. Então, esta ideia surgiu para juntar e incluir, tanto de lá, como daqui", sublinhou Leonardo Correia, um venezuelano promotor da iniciativa. O espaço utilizado foi o restaurante Multidelícias, propriedade dos irmãos Sousa Simões, venezuelanos nascidos em Maracay mas que vieram para a ilha da Madeira depois dos "saques" de 1989. "Quando cheguei, comecei numa loja de ferragens, mas foi

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Com especial atenção para a gastronomia venezuelana, o objectivo do encontro foi reunir uma grande quantidade de jovens nativos do paí s sul-americano e de portugueses, com vista à integração difícil, prefiro o convívio com as pessoas. Aqui vem muita gente venezuelana, e sempre que possa apoiar a comunidade, vou fazêlo", garantiu Francisco Eduardo, que falou ainda do que o local oferece, destacando o "pabelló n criollo", "arepas", "empanadas", "hallaquitas", "chaguarmas", e ainda os populares "pepitos". De acordo com Luís Teixeira, estudante de Informática, os venezuelanos são a primeira minoria a estudar no recinto universitário, isto segundo os dados no site oficial da UMA (www.uma.pt), referiu. Na distri-

Peregrinação mariana visitou Portugal Yamilem González Yamilem@correiodevenezuela.com

m grupo de 30 pessoas dedicadas à peregrinação dos Santuários Marianos Europeus visitou as cidades de Fátima e Lisboa, nos dias 14 e 15 deste mês. O padre Eduardo Gonçalves foi uma das pessoas convidadas para esta peregrinação, encabeçada pelo padre Rafael Chávez. Lisboa e Fátima foram as primeiras paragens deste grupo. No dia 14, estiveram em Lisboa e a 15 e a 16, no Santuário da Virgem de

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Fátima. Viajaram de seguida até Santiago de Compostela, à cidade de Tous, em França, depois Paris e finalmente Roma, onde tiveram um encontro com o Papa Bento XVI. O regresso deste grupo está marcado para o dia 31. "Estas viagens fazem-se com regularidade mas esta é a primeira vez que temos um grupo de 30 pessoas, esperamos que seja satisfató rio", referiu o padre Gonçalves, antes da partida. Para além da visita aos centros de peregrinação, participaram em actividades eucarísticas e na reza do santo rosário, nas diferentes cidades por onde passaram.

buição de alunos matriculados por nacionalidade, quase 250 venezuelanos fazem parte da população universitária e estão espalhados por 24 licenciaturas, exceptuando Educaç ão Sénior. A título de exemplo da integração, até o "ceptro" de rei dos caloiros já esteve nas mãos de venezuelanos… Cristian Joel Pereira da Silva está há quatro anos na Região e em 2003 foi considerado o mais divertido dos novos alunos da UMa. Questionado sobre a vivência fora da sua terra natal, foi directo: "Ninguém que chega cá

adapta-se. Uma coisa é ao meio, mas nunca ao país em geral. O sonho de todos é voltar ao nosso país, gostava de estar na Venezuela, mas lá não temos possibilidades de estudo nem de trabalho", destacou o estudante de Engenharia. Também Susana Vieira, de 23 anos, estudante de Serviço Social e gerente do MaCdonalds do Fó rum Madeira, que está há seis anos na ilha, confia na qualidade de vida que tem aqui e que no seu país de origem lamentavelmente não teria.


12 | HISTÓRIA DE VIDA

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Maria Adelaide Faria de Amorim Uma vida a emigrar Durante cinco anos viveram em Cortada de Catia. “ Ali nunca tivemos problemas, até que chegou o ano de 1989 e com ele os saques. Vivemos momentos horrí veis” . aria Adelaide Faria de Amorim é uma emigrante moderna, como ela mesma se define. Natural da Pó voa do Varzim, perto do Porto, aterrou no aeroporto de Maiquetía em Junho de 1985. Na Venezuela, tudo era diferente, uma cultura e uma sociedade distintas das do Canadá, onde tinha vivido durante cinco anos, com os pais e os irmãos. "A primeira pergunta que fiz ao meu esposo era se eu ia viver numa casinha dessas", referindo-se aos "ranchos" dos bairros que se podem observar no trajecto de La Guaira até Caracas. "O meu marido disse-me que não, que íamos conseguir algo melhor". "Durante um mês, vivi em casa de uma prima do meu marido, e ele foi trabalhar com o cunhado, distribuindo carne num camião".

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Ao princípio, Adelaide sentiu que estava a deixar-se afectar pela saudade. "Eu pertencia a uma família grande, somos 10 irmãos, muitos tios e primos. Na Venezuela, não tinha ninguém. O meu marido ia todas as noites, às 10, para o matadouro em Turmero para ir buscar carne, carregava a mercadoria e às cinco da manhã estava em Caracas para fazer as entregas. Eu ficava só em casa toda a noite e ainda por cima grávida", conta Adelaide, sobre a dura época do começo. Manuel Antó nio Gonçalves Amorim, o esposo de Adelaide, mantém este trabalho até aos dias de hoje.

De Catia a Vista Alegre

Durante cinco anos viveram em Cortada de Catia. "Ali nunca tivemos problemas, até que chegou o ano de 1989 e com ele os saques.

Vivemos momentos horríveis. Tive um parto prematuro e havia recolher obrigató rio. Os militares foram ao nosso edifício e levaram todos os homens para revis-

tá-los. As pessoas queriam acabar com tudo, destruíram os negó cios". A partir dessa altura, planearam a mudança. No final de 90, compraram uma casa em Vista Alegre. "Queríamos outro ambiente para as meninas, mais tranquilo". Em Vista Alegre, fizeram muitos amigos, mas não tiveram a tranquilidade que procuravam. "Desde que estamos aqui já entraram em nossa casa várias vezes para roubar. Numa dessas vezes, amarraram as meninas". Este episó dio levou-os a tomar a decisão de mandar a filha mais velha ao Porto, para estudar. Adelaide também decidiu mandar para Portugal todas as coisas de valor, in-

cluindo muitas fotos. Há cinco anos, a família Amorim Faria decidiu que queria voltar para Portugal, para o seu local de origem, Pó voa do Varzim, onde Adelaide admite que se sentirão emigrantes pela terceira vez. "Lá, tudo está diferente. Nó s já não somos de parte nenhuma. Deixo a Venezuela com tristeza pois, apesar de tantos contratempos, aqui nunca me faltou apoio, tenho amigos e vizinhos que são mais do que minha família. No Canadá, vivi cinco anos na mesma rua e nunca falei com os meus vizinhos. Os venezuelanos, pelo contrário, são muito solidários".

Portugal - Canadá - Venezuela Fugindo da pobreza, o pai de Adelaide decidiu emigrar para o Canadá com a esposa e filhos. "Manuel António Gonçalves Amorim, que depois seria meu marido, emigrou para o Brasil fugindo do quartel". Em 1982, ambos estiveram em Portugal. "As nossas famílias eram conhecidas, mas nós nunca nos tínhamos visto". Para Amorim, foi amor à primeira vista mas não tentou nada nesse momento. A primeira manifestação concreta de amor chegou

por meio de uma carta. "Escrevemos um ao outro durante três anos até que ele decidiu viajar ao Canadá e pedir-me em casamento". Depois disso, emigraram pela segunda vez. Nunca haviam planeado viver na Venezuela. "A irmã do meu marido tinha morrido num acidente de automóvel na Venezuela e ele queria visitar o lugar onde a irmã tinha vivido. O cunhado convidou-o e falou dos ganhos que um negócio aqui podia dar. Ele reflectiu que na

Venezuela poderia ganhar mais do que ganhava no Brasil e já estamos aqui há 21 anos. Aqui nasceram as nossas três filhas, que agora têm 20, 17 e 14 anos".


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Oremos pela paz no Médio Oriente

Pbro. David Rodrí guez davidro33@hotmail.com

O derramamento de sangue não pode continuar e só nos resta, nestes momentos, rezar insistentemente pela paz no Médio Oriente

ueridos irmãos e irmãs leitores assíduos deste jornal. Chama-me a atenção, de forma alarmante, os ú ltimos acontecimentos vividos e que são conhecidos por meio das notícias vindas do Médio Oriente. Uma guerra sem sentido e que muitos de nó s temos partilhado, no intercâ mbio de impressões, como se tira a vida de imen-

sos inocentes que não participam directamente neste conflito. Esta situação parece que, com o passar dos dias, tornase algo normal e inclusive vai se perdendo todo o tipo de sensibilidade pelas desgraças que causa. Isto tem que ter um fim, para que não existam mais vítimas a lamentar e sejam respeitados os direitos da vida humana.

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O derramamento de sangue não pode continuar e só nos resta, nestes momentos, rezar insistentemente pela paz no Médio Oriente. Rezar também para que mudem os corações daqueles homens ou grupos que têm ideias macabras de terrorismo colectivo, os quais desestabilizam a tranquilidade e a ordem da sociedade. Devemos incentivar desde agora um clima de paz que ajude a acalmar as preocupações, as asperezas e mais ainda: A trazer paz e entendimento. Será difícil, mas não impossível de realizar, se nos unirmos, considerando também as orientações dos nossos pastores e da igreja para conseguir a paz tão ambicionada. Irmãos e irmãs, oremos pela paz, oremos pelo Médio Oriente, e que a Santíssima Virgem Maria nos bendiga e proteja sempre. Ámen.

RELIGIÃO | 13

BREVES Cardeal chileno representa Papa na Venezuela O Papa Bento XVI nomeou o cardeal chileno Jorge Medina como seu representante na sessão solene de clausura do Concílio Plenário da Igreja católica venezuelana, que se vai realizar em Caracas no próximo mês de Outubro, dia 7, avançou o Vaticano. Medina é o emérito da congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos. O prelado, que faz parte dos sectores mais conservadores da Igreja, afirmou, em Outubro de 2005, no México, que se devem perdoar os pecados do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, acusado dos

piores atropelos aos direitos humanos, como o desaparecimento de três mil pessoas. "Não existe nenhum pecado que não se possa perdoar", disse o religioso ao referir-se ao general retirado. O Concílio Plenário é fruto do intenso esforço realizado ao longo de sete anos de trabalho, nos quais se trataram diversos temas e assuntos relacionados com a vida da Igreja na Venezuela.


14 | CULTURA

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Intelectuais defendem soberania cubana

Acordeão ganha adeptos Jean Carlos de Abreu jeancarlos@correiodevenezuela.com

a Venezuela existe um centro especializado no ensino do acordeão, situado na cidade de Valência, estado Carabobo, onde 200 pessoas estão a aprender a tocar este instrumento, segundo explicou Paulo Sérgio Correia, director musical e acordeonista do grupo folcló rico "Alma Lusitana", de Montalbán, e professor particular daquele instrumento musical. Correia é um português procedente da Camacha, Madeira, que emigrou aos 2 anos de idade para a Venezuela. A sua paixão pela mú sica lusa "é inata", apesar de não existirem mú sicos na sua família, excepção feita ao avô , um "xarambista" aficcionado. Sérgio e a sua família foram afectados pela tragédia de Vargas em 99, altura em que perderam o negó cio e a casa. Também perdeu todos os seus instrumentos, já que este luso fazia parte de grupos musicais e corais. Correia é perito em instrumentos musicais, pois toca "cuatro" venezuelano, bandolim, guitarra, requinto de guitarra, rajão e braguinha.

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Instrumentos caros Segundo este professor, o preço médio de um acordeão de boa qualidade anda ao redor de quatro ou cinco mil dó lares,

O preço médio de um acordeão de boa qualidade anda ao redor de quatro ou cinco mil dólares, equivalente a 10 milhões de bolí vares equivalente a 10 milhões de bolívares. "Na Venezuela não existe uma cultura de ensino do acordeão, apesar de estarmos perto da Colô mbia, onde este instrumento é essencial para o "vallenato", ritmo conhecido deste país vizinho", disse. Para tocar o acordeão, deve haver independência entre ambas as mãos, pois do ponto de vista neuroló gico, cada hemisfério do cérebro controla as mãos de forma isolada e trata de manter, com o movimento das articulações e braços, o fluxo de ar que surge do fole, explica Correia. Falta de acordeonistas Segundo este mú sico, os grupos folcló ricos deveriam formar os seus pró prios acordeonistas, para dar espaço a novos talentos que se encontram por aí ou "dentro das famílias dos membros dos diferentes agrupamentos". Outra das dificuldades que Correia aponta é não contar com o instrumento ou pessoa que o ensine. Este luso não duvida que

haja pessoas com a disposição de aprender a tocar o acordeão e oferece-se como professor. "Estou a dar aulas particulares a uma senhora e agora juntaramse dois jovens que desejam aprender", disse. Correia pensa que, ao haver disposição por parte dos acordeonistas dos diferentes grupos lusos na Venezuela, mais pessoas juntar-se-iam para aprender a tocar o instrumento. Prática por gosto No Ocidente do país, mais especificamente em Punto Fijo, estado Falcó n, dois luso-descendentes de 14 anos de idade tocam acordeão há dois anos. Antó nio Alves aprendeu a tocar o instrumento porque o seu pai o ensinou. Gosta da mú sica portuguesa e pratica diariamente para aperfeiçoar a sincronização das mãos, assim como dominar os baixos, "que é o mais difícil". Este adolescente necessita de duas horas por dia para ensaiar. Por seu turno, Edson Gonçalves possui veia musical desde pequeno e toca vários instrumentos, entre os quais o acordeão. O que mais lhe custou foi aprender a tocar os baixos, pois é difícil coordenar ambas as mãos e os diferentes movimentos com os dedos. Entre os seus projectos de futuro está continuar com a mú sica mas quer ser piloto de aviação, "sem descuidar e deixar a minha paixão".

osé Saramago e Boaventura Sousa Santos são dois dos 400 intelectuais de 50 países que assinaram um documento em defesa da soberania de Cuba elaborado pelo Ministério da Cultura cubano e publicado na semana passada no diário Granma. O documento foi apresentado em Havana pelo poeta e crítico literário cubano Roberto Fernández Retamar, por Andrés Gó mez, director do Areíto Digital, um jornal pró -castrista de Miami na Internet, e pelo padre francês François Houtart. De acordo com o professor Boaventura Sousa Santos, este é um documento "correcto e importante", que se revela oportuno num "momento muito complicado" para Cuba. "Esta é uma mensagem importante: a de que se mantenha a nível internacional o respeito pela soberania cubana", afirmou à agência Lusa o soció logo português. O texto, destinado "a impedir a todo o custo uma nova agressão" contra Cuba, tem sobretudo um destinatário, o gigante vizinho a norte: os Estados Unidos.

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A lista dos subscritores é extensa e sonante, contando com escritores, académicos, artistas e personalidades da cultura internacional, entre eles vários prémios Nobel: além de Saramago, surgem os nomes dos sul-africanos Nadine Gordimer e Desmond Tutu, do nigeriano Wole Soyinka, do russo Zhores Alfiorov, do argentino Adolfo Pérez Esquivel, do italiano Darío Fo e da guatemalteca Rigoberta Menchú . "Sabemos que tem de haver uma transição pacífica em Cuba, mas tem de ser levada a cabo pelos cubanos. E até o pró prio cardeal de Havana (Jaime Ortega) salientou o mesmo numa mensagem" recente, sublinhou Boaventura Sousa Santos. "Há temor por causa de uma intervenção militar que pode vir a provocar o caos social e uma tragédia humana", acrescentou o professor da Universidade de Coimbra. "Existem forças suficientes em Cuba interessadas numa transição pacífica e prontas para a levar a cabo", concluiu. O texto agora tornado pú blico está também assinado pelos brasileiros Thiago de Mello, Theotô nio dos Santos e Egberto Gismonti, e pelos actores norte-americanos Harry Belafonte e Danny Glover. "Perante a ameaça crescente contra a integridade de uma nação, a paz e a segurança na América Latina e no mundo", como se deduz pelas declarações de responsáveis norte-americanos nos ú ltimos dias, "os subscritores exigem que o Governo dos Estados Unidos respeite


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CULTURA | 15

III Encontro folcló ri- "Sou um franco-atirador" co em Setembro Durante os 10 dias que esteve em Caracas, conviveu com 40 poetas de diferentes paí ses e trocou opiniões acerca da poesia Jean Carlos De Abreu

jeancarlos@correiodevenezuela.com

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Jean Carlos De Abreu

jeancarlos@correiodevenezuela.com

grupo folcló rico "Emigrante Português", de Santa Teresa del Tuy, está organizando para o pró ximo dia 17 de Setembro o III Encuentro Continental, no qual participarão 13 agrupamentos folcló ricos lusos de todo o país. Na ú ltima edição, o grupo "Renascer Lusitano" sagrou-se vencedor. Segundo precisou a directora de Relações Pú blicas do grupo "Emigrante Português", Rita Fernandes de Pita, o III Encontro estava para ser realizado no club Dorado, situado no Estado Miranda. No entanto, a actual presidente da direcção não "deseja que a actividade se realize ali", apesar da antiga junta directiva ter permitido a utilização daquele espaço como lugar de encontro para actividades de portugueses. Contudo, o III Encontro Continental será realizado na data agendada. Na localidade de Santa Teresa del Tuy, existe outra opção, o restaurante "Grande del Tuy", que oferece a parte

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Cada grupo deverá interpretar três bailes durante um perí odo de tempo não superior a 12 minutos traseira do estacionamento para a realização da actividade folcló rica. "O ú nico aspecto negativo é que não conta com uma zona coberta o que obriga a alugar um toldo", observou Fernandes. No pró ximo domingo, 20 de Agosto, haverá lugar à realização de uma ú nica reunião com os representantes dos diferentes agrupamentos para acertar os preços das entradas e estabelecer, por sorteio, a ordem de subida ao palco das representações dos grupos. "Cada grupo deverá interpretar três bailes durante um período de tempo não superior a 12 minutos", indiciou a responsável, que precisando ainda que o encontro começa às duas da tarde, para dar "fluidez e rapidez" ao festival continental.

a sua segunda visita à Venezuela, o poeta e presidente do Pen Clube Português, Casimiro de Brito, foi convidado para o III Festival de Poesia para dar uma palestra sobre o género poético que desenvolve há 50 anos. "A Venezuela é um país interessante e belo. Encontrei muitas diferenças em relação à minha primeira visita que ocorreu durante a greve. Naquela altura, o ambiente que se vivia no país era tenso. Agora está mais calmo". "Parece que as pessoas estão mais adaptadas à situação política, econó mica e social do país", afirmou, enquanto explicava que existe uma contenção, por parte de alguns grupos políticos, no que toca às “ ideias de avanço que o governo venezuelano tem previsto para o desenvolvimento do país” . Durante os 10 dias que esteve em Caracas, conviveu com 40 poetas de diferentes países. Brito é embaixador mundial da Paz, em representação

de uma organização suíça. A visita do poeta foi ocasional, já que devia estar no Líbano como intermediário e representante da organização de paz entre aquele país árabe e Israel. "Sou poeta nato, sou um franco-atirador", afirma Casimiro Brito quando explicava que na sua adolescência teve que trabalhar para sobreviver e, aos 19 anos, publica o seu primeiro livro de poesias. Evitou entrar na milícia e conseguiu trabalho num banco, onde esteve 30 anos e ocupou o cargo de gerente, sem esquecer a escrita como actividade paralela. Em toda a sua carreira profissional, Brito escreveu e traduziu mais de 40 livros. "Desde há oito anos que estou a viajar como conferencista e escritor, para proferir palestras em universidades". Casimiro Brito levou da Venezuela para Portugal a simpatia dos venezuelanos e expressou que a ideia do ministro da cultura venezuelano, Farruco Sexto, é boa no que diz respeito aos projectos que tem pensados para executar no â mbito da educação primária no país.


16 | lAzer

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Myriam Abreu brilha no Gran Modelo Carlos Orellana

corellanacorreio@hotmail.com

ela segunda vez consecutiva, o concurso Gran Modelo de Venezuela reuniu os melhores modelos - rapazes e raparigas - na passerelle da La Esmeralda. A bela luso-descendente, Myriam Abreu, conseguiu ser a Primeira Finalista neste espectáculo que premiou também um filho de portugueses, Victor Fernandes, que se posicionou como 4.º finalista da noite. O espectáculo teve

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início com a explosiva apresentação dos 68 participantes, desfilando com os trajes dos melhores estilistas do país, tudo isto com fundo musical da banda sonora do filme "Missão Impossível". Não se enganaram na escolha da mú sica, pois para os membros do jú ri foi quase uma missão impossível escolher apenas dois vencedores. Laura Vieira e Francisco Leó n ficaram encarregues de apresentar e animar um evento que foi o ideal para, além de premiar a indiscutível beleza vene-

zuelana, valorizar e desfrutar da criatividade e originalidade das criações de um importante nú mero de estilistas, que tinha a seu cargo realçar a beleza dos participantes. Eram eles Carlos Benguigui, Octavio Vásquez, Ingrid Hidalgo, Lixido Solarte, Samuel Pantaleó n, Luís Bracal e Alejandro Fajardo. Por seu turno, Marisela Balazar e Alejandro Ramírez desenharam os fatos-de-bano.

José Cid regressa aos discos José Cid está de volta à edição discográfica com "Baladas da minha vida", editado pela Farol, apó s cinco anos de ausência e numa altura de "redescoberta pelos mais jovens". O álbum inclui dois inéditos, "O melhor tempo da minha vida" e "Café contigo", e revisita ainda êxitos como "Balada para Dona Inês", "Na cabana junto à praia", "20 anos" ou "Ontem, hoje e amanhã". "Não gravava um disco só meu há mais de cinco anos, o ú ltimo foi em 2001, com os Quinta do Bill, o Paulo de Car-

valho, Vitorino e o Waldemar Bastos", disse o cantor. José Cid, 63 anos, está de volta com as baladas que mais gosta. A selecção das canções foi sua, aguardando com "expectativa" o acolhimento do pú blico. O álbum reú ne 19 temas gravados de novo, entre eles, "São Salvador do mundo", "Sonhador", "O poeta, o pintor, o mú sico", uma homenagem a Frederico García Lorca, ou "Verdes trigais em flor", mas não a canção com a qual venceu o Festival RTP de 1980, "Um grande, grande amor".


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PUBLIREPORTAGEM | 17

Madredeus "moram em Lisboa" s Madredeus são um grupo musical de Lisboa, que se dedica a escrever e a tocar ao vivo a sua mú sica, cujo ponto de partida ocorreu com o lançamentos o primeiro disco em 1987. Apresentando o seu trabalho como sendo "uma fantasia musical de raiz portuguesa", os Madredeus são ainda hoje uma oficina de repertó rio para voz, guitarra clássica e sintetizadores. Estará em Venezuela a 7 e 8 de Outubro, actuando para todos os portugueses e venezuelanos que gostam deste género musical e prometem encher a aula magna da UCV. Desde o início que este grupo se propô s a oferecer recitais de poesia cantada, procurando realizar concertos em espaços propícios à tranquilidade de quem os escuta, em teatros, jardins, monumentos, ou outros espaços em que o pú blico sentado e isolado de ruídos urbanos, pudesse apreciar em silêncio a insinuação da sua arte. Os Madredeus afirmaram a sua vocação ao culto do amor pela mú sica cantada em português, através da produção de mais de uma centena de canções originais, divididas por cinco recitais distintos: Existir (Tour 1987/93); O

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Espírito da Paz (1994/96); O Paraíso (1997/2000); Movimento (2001/2003); Um Amor Infinito; (2005/07). É um projecto electro-acú stico que se dedicou determinadamente à apresentação do seu repertó rio ao vivo, tendo conseguido transformar um grupo de autores numa companhia musical itinerante, e realizado até à data cerca de oitocentos concertos em Portugal, Bélgica, Grécia, Japão, Espanha, França, Alemanha, Itália, México, Brasil, Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Suíça, Áustria, Canadá, Poló nia, Luxemburgo, Argentina, Sérvia e Israel. Desde o ano de 1996, que o grupo se apresenta com Teresa Salgueiro na voz, Pedro Ayres Magalhães e José Peixoto na guitarra clássica, Fernando Jú dice na guitarra baixo acú stica e Carlos Maria Trindade nos sintetizadores. O seu ú ltimo trabalho denominado "Um Amor Infinito", é dedicado, com uma vénia, ao extraordinário e anó nimo pú blico que em todo o mundo saudou a invulgar viagem dos Madredeus. Desde há três anos que os Madredeus só viajam quinze dias por mês, e é por isso que se diz

que agora, que "moram em Lisboa". O novo concerto do grupo continua a abraçar o projecto original da já antiga oficina de mú sica, o de inspirar o seu repertó rio na poesia da saudade lusitana e na cidade de Lisboa. A biografia dos Madredeus, é a histó ria da dramatização do canto da saudade. Em cena, há uma mulher em pé que canta, enquanto espera, as fantasias do seu pensamento inquieto. Depois da apresentação nesta terra latino-americana, continuarão a sua digressão

mundial por países como Espanha, Portugal, Luxemburgo, Itália, Bélgica, Croácia, China, Japão, entre outros. As entradas estarão à venda proximamente nas lojas Esperanto do centro comercial El Toló n, San Ignacio, Vizcaya e Paseo Las Mercedes. Esta será uma oportunidade ú nica, proporcionada pela empresa de organização de eventos Only Ticket, que tem como missão fortalecer a indú stria do entretenimento na Venezuela e América Latina.


18 | EVENTOS

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Na Quinta Elite de Caracas

Erika Vanesa de Freitas Moniz celebrou a sua Graduação Raquel Terra Boa Fotógrafo: Marcos Aray

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Quinta Elite de San Bernardino foi o cenário escolhido para celebrar com pompa e circunstâ ncia a graduação de Erika Vanesa como desenhadora gráfica, juntamente com os seus familiares e amigos. A cerimó nia de gra-

duação oficial decorreu nas instalações do Colégio San Ignacio de Loyola, durante a tarde, onde Erika e outros companheiros do Instituto de Desenho de Caracas receberam o título académico das mãos dos directores dessa prestigiosa instituição. Já de noite, a Quinta Elite encheu-se de alegria e emotividade quando Erika outorgou uma placa de agradecimento aos seus pais, Jorge e Fátima, pelo apoio dado à sua carreira e

Jorge, Erika, Fátima, Jessica e Jorge De Freitas

bons conselhos de vida. O resto dos colegas de estudo também lhe entregou um reconhecimento à irmã de Erika, por ter-lhes ajudado cada vez que tinham que entregar algum trabalho especial. Entre brindes e longas conversas entre os convidados, a festa prosseguiu com a prova de requintados pratos e o gozo da animação se de uma orquestra que interpretou temas dos anos 60 e 70.

Juan Carlos, Angelina e José Manuel Erika Vanesa De Freites Moniz

Rosa e Daniel Rodrigues con Erika

Os tios Antonio e Julia

Humberto, Isabel e Mario Alejandro com Erika

Celebrando com Erika

Os irmãos Moniz


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PORTUGAL | 19

breves Estaleiro assaltado

Alegado pedófilo

Prisão preventiva

Estudante esfaqueado

Um estaleiro da zona de Viseu foi assaltado, no final da semana passada, tendo sido levados 11.500 euros em dinheiro, informou a GNR. Segundo a mesma fonte, “o furto terá ocorrido na noite de quinta para sexta-feira”, mas a queixa só foi apresentada no posto da GNR de Viseu no sábado.

O Tribunal de Cascais decretou a proibição de sair do país a um cidadão brasileiro detido por suspeita de práticas de pedofilia no sábado, na praia de Carcavelos. O suspeito foi presente segunda-feria à tarde ao tribunal, que decretou a proibição de sair do país, além da obrigação de apresentações periódicas na esquadra da polícia.

O Tribunal de Vila do Conde determinou a prisão preventiva de um homem de 53 anos detido sábado, em flagrante, a molestar a sobrinha de seis anos. O suspeito foi detido no final da tarde de sábado pela PSP, alertada pelos vigilantes do Parque João Paulo II, em Vila do Conde, que o viram a abusar sexualmente da sobrinha de seis anos.

Um estudante português Bordalo foi assassinado na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, vítima de uma tentativa de assalto, divulgaram fontes policiais. O turista foi esfaqueado por um assaltante que tentou levar a sua mochila e teve morte imediata. O assaltante foi detido logo após o crime.

Novo fô lego agrícola A produção e exportação de vinho, frutas, legumes e saladas “ pronto a comer” relança sector e atrai investidores ao Algarve

agricultura no Algarve está a ganhar um novo fô lego e já não se faz ao ritmo da enxada e da foice. A produção e exportação de vinho, frutas, legumes e saladas “ pronto a comer” está a relançar o sector e a atrair cada vez mais investidores. O sector que durante décadas representou, a par da pesca, o sustento da maior parte das famílias algarvias, foi sendo progressivamente abandonado, mas está agora a ganhar notoriedade, em grande parte no estrangeiro. A terra onde crescem as uvas utilizadas para produzir um dos mais famosos vinhos do Algarve, o Tapada da Torre, apreciado por americanos, suíços e irlandeses, está nas mãos da família do viticultor João Mendes há século e meio. Se durante anos o sector esteve abandonado na região, parece agora estar a atrair cada vez mais investidores. O cantor Cliff Richard e o magnata Vasco Pereira Coutinho são os

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exemplos vivos dessa aposta. Dizem os especialistas que os vinhos algarvios - que da Quinta do Morgado da Torre saem para países como a Suiça, Alemanha, Irlanda e Estados Unidos - só não têm a notoriedade dos alentejanos por falta de terrenos. “ A diferença é que no Alentejo há herdades enormes” , diz João Mendes. “ Onde é que se encontra no Algarve 500 hectares de terra seguidos para plantar vinha?” , questiona o viticultor. Isto para não falar do elevado preço dos terrenos, inflacionados pelos apetites da Indú stria turística. “ Nesta zona, um hectare de terra pode ascender aos 50 mil euros” , observa. Outro sector em expansão no Algarve, embora ignorado pela maioria da população, é o da transformação de semente de alfarroba, fruto mediterrâ nico com aplicação na Indú stria farmacêutica, cosmética e alimentar. Quem passa junto à zona ri-

beirinha de Faro não faz ideia de que num daqueles armazéns está uma das fábricas líderes do sector a nível mundial - a Danisco. Só existem no mundo doze unidades do género e duas delas estão na capital algarvia, de onde o produto é exportado para toda a Europa, China, Japão, Tailâ ndia e Estados Unidos. O director da Danisco, conhecido no meio por “ Mister Alfarroba” , diz que Portugal só não é o primeiro em termos de produção “ porque os portugueses estão mais interessados em vender patrimó nio fundiário do que em plantar árvores” . Durante décadas, as estufas praticamente emolduraram a paisagem algarvia. Chegaram a existir mais de 2.000 hectares, agora restam apenas 200. Mas a corrida não foi totalmente perdida e o Algarve foi a primeira região no país a desenvolver culturas hidropó nicas, há cerca de dez anos.

CDS-PP culpa PS pelos incêndios CDS-PP responsabilizou o governo socialista pela falta de medidas contra o fogo posto, reiterando a defesa de penas agravadas para incendiários que já tinha feito o ano passado e que o PS não apoiou. Em comunicado, o CDS nota o apoio manifestado domingo pelo ministro da Administração Interna, Antó nio Costa, às preocupações do subdirector da PJ Pedro Carmo sobre o facto de os suspeitos de fogo posto aguardarem julgamento em liberdade e o risco de reincidência. No entanto, os democratas-cristãos lembram que “ há um ano” , o governo socialista “ rejeitou a proposta [de agravamento da pena para incendiários], sem propor

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sequer qualquer alternativa adequada” . “ O arrastamento do ‘ status quo’ quanto ao crime incendiário é da inteira e exclusiva responsabilidade do governo e da maioria PS” , acusa o CDS-PP. Como já tinham declarado em Agosto de 2005, os democratas- cristãos querem “ maior rigor e severidade” nas medidas de coacção impostas aos suspeitos de fogo posto, “ agravamento” das penas pelo crime de fogo posto, sem possibilidade de pena suspensa. O CDS-PP defende ainda “ medidas de segurança” contra indivíduos que tenham registo de fogo posto no passado nos períodos de maior risco de incêndios.

2.700 có pias ilegais apreendidas Inspecção-Geral das Actividades Culturais apreendeu no fim-de-semana mais de 2.700 có pias ilegais de CD’ s, DVD’ s e videojogos, numa operação conjunta com a GNR e a PSP em mercados e bares em vários pontos do país. A acção conjunta resultou, no total, na apreensão de um computador e de treze equipamentos de som e imagem e no levantamento de seis autos de contra-ordenação por infracções à legislação de espectáculos. No sábado, a IGAC e a

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GNR apreenderam a dois vendedores asiáticos, no mercado mensal de Benavente, 1.324 có pias piratas (889 CDs e 435 DVD), no valor total de cerca de 28.500 euros. No â mbito desta acção, foram levantados dois autos de notícia pelo crime de usurpação de obras videográficas e fonográficas. Um dos multados foi, nos ú ltimos meses, constituído arguido pela prática do mesmo ilícito, nas comarcas de Almeirim, Santarém e Entroncamento, refere a IGAC.


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Lisboa avalia militares no Líbano ministro da Defesa, Severiano Teixeira, reiterou hoje a disponibilidade do Governo para avaliar o envio de militares portugueses para o Líbano, destacando que a decisão terá que envolver o Presidente da Repú blica e o Parlamento. “ O Governo está disponível para avaliar a situação e a possibilidade de uma participação nesse quadro. (Ó ) Mas há um quadro constitucional e o processo de decisão vai ter que se fazer dentro desse quadro envolvendo outros ó rgãos de soberania” , afirmou Severiano Teixeira. O ministro da Defesa Nacional falava aos jornalistas na área portuguesa do aquartelamento Slim Lines, em Pristina, Kosovo, onde estão estacionados as tropas portuguesas em missão de paz sob o comando da NATO, no final de um almoço com os militares do 1º batalhão de infantaria mecanizada do Exército. Questionado pelos jornalistas sobre se o Governo já iniciou contactos com o Presidente da Repú blica, Cavaco Silva, a propó sito da avaliação da eventual participação portuguesa na força internacional a destacar para o Líbano, Severiano Teixeira recusou comentar, mas assegurou que “ a cooperação institucional existe” . “ Não posso fazer comentários sobre essa matéria, mas o que posso dizer

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é que o quadro constitucional existe, a cooperação constitucional existe e é nesse quadro de cooperação que as coisas se farão” , afirmou. Severiano Teixeira assegurou que Portugal, que têm actualmente cerca de 800 militares em missões no exterior, vai continuar a participar em missões no â mbito da ONU e da NATO, apesar dos custos que essa participação implica. “ Dinheiro custa, mas há coisas que não têm preço e o prestígio do Estado português no exterior e o contributo que as Forças Armadas são para a paz e para a estabilidade e para a segurança internacional não tem preço. Temos que encontrar um equilíbrio” tendo em conta a situação financeira do país, afirmou. Sobre a participação no Líbano, Severiano Teixeira afirmou que “ ainda é muito cedo” para falar do tipo de operação e dos custos, dizendo que “ esse problema será equacionado quando e se houver uma decisão” ao nível das instâ ncias internacionais. Na sua primeira visita a missões portuguesas no exterior, Severiano Teixeira, foi acompanhado pelo chefe do EstadoMaior-General das Forças Armadas, Almirante Mendes Cabeçadas, e pelo chefe do Estado- Maior do Exército, general Valença Pinto.

breves

Agressão na praia A Polícia Marítima deteve domingo um nadador-salvador na praia do Tamariz, concelho de Cascais, por agressão e injúrias a um agente. O episódio aconteceu quando um agente da Polícia Marítima se dirigiu ao nadador-salvador para confirmar se este tinha ou não uma arma na sua posse, o que não se veio a confirmar.

PJ deteve homicida O Departamento de Investigação Criminal de Leir ia da PJ anunciou ter identificado e detido um homem de 34 anos, suspeito de ter morto, em Julho, um colega de trabalho na zona de Abrantes. De acordo com comunicado daquela polícia, o detido foi interrogado pelas aut oridades judiciárias, ficando em prisão preventiva.

20 mortos na estrada Os acidentes rodoviários registados entre a seg unda-feira, dia 07, e domingo passado causaram 20 mortos, 65 feridos graves e 94 6 ligeiros, segundo dados da Direcção-Geral de Viação (DGV) revelados na segunda-feira. De acordo com um relatório do Observatório de Segurança Rodoviária da D GV hoje divulgado, a GNR registou um total de 763 vítimas dos acidentes, dos qua is 17 mortos, 54 feridos graves e 692 feridos ligeiros. Os números da PSP referem a existência de três mortos, 11 feridos grave s e 254 feridos ligeiros. Desde o início do ano, Lisboa é o distrito que regista mais vítimas dos acidentes nas estradas, num total de 5.416, seguido do Porto, com 4.114. Aveiro surge em terceiro lugar no que respeita ao número de vítimas (2.316), seguindo-se Braga (2.229) e Setúbal (2.227).


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Saú de recuperada

António de Abreu Xavier aindax1@yahoo.com

uitos de nó s estão preocupados com o reaparecimento, na Venezuela, de algumas doenças epidémicas. Muitos recordarão o que as campanhas de DDT empreendidas pelo Dr. Gabaldó n conseguiram por todo o país, contra os mosquitos que transmitiam a malária. Mas a histó ria recorda-nos que este reaparecimento de doenças que acreditávamos estar superadas ou controladas não é coisa nova. Por exemplo, em Portugal, em 1723, declarou-se oficialmente em Lisboa a epidemia da febre amarela, quando os primeiros casos haviam sido denunciados em 1721, ou

M

seja, dois anos antes. Depois, com a chamada guerra peninsular, apareceu o tifo que, segundo dados disponíveis, matou mais pessoas do que a pró pria guerra. A condição de país marítimo trouxe consequências negativas para Portugal. Por exemplo, os barcos que transportavam tropas para o exército de D. Pedro IV trouxeram consigo a có lera que começou a alastrar-se no Porto, em 1823, e se estendeu até Lisboa. A có lera foi recorrente: Em 1910 já se contavam 10 epidemias. Nesse mesmo ano, a có lera também assolou a Madeira, mas diz-se que foi trazida por emigrantes russos. Também no Porto, mas em 1899, gente vinda da Í ndia trouxe uma epidemia de peste bubó nica que matou 112 pessoas. O arquipélago dos Açores não foi excepção: Entre 1922 e 1923, teve que enfrentar uma grande epidemia de peste. Outra mortífera epidemia foi a registada em Portugal em 1918, quando a gripe pneumonia afectou todo o país. Entre 1918 e 1919, morreram 102.750 pessoas. A situação piorou nesses anos com o surgimento de outros problemas: Tifo, varíola e difteria.

Estas são apenas provas das enfermidades que atemorizaram os nossos antepassados em Portugal. Mas não se pode dizer que na Venezuela a saú de seja muito diferente. No início do século passado, temiam-se as febres de altas temperaturas. Os viajantes que vinham de San Cristó bal chegavam a Guasdualito doentes, clamando por infusões de quinina, que era o nome pelo qual era conhecida a quina. Nas cidades, os médicos viviam aterrorizados pelas epidemias. Uma das mais temíveis foi a peste bubó nica, que chegou em 1918. As condições higiénicas deixavam muito a desejar, pergunte-se a Luís Razetti. Nada fazia esperar que as campanhas de consciencialização de higiene dessem tão poucos resultados, mas é assim. Em qualquer parte vêem-se recipientes de água a descoberto, o que é um claro convite para os mosquitos. Ao fim do dia, vêem-se vendedores de cachorros quentes a vazar os restos de molhos ou de água das salsichas em plena rua e com isso alimentam os ratos. Para já nem falar das provas humanas deixadas nas ruas! O problema de saú de não é combater as velhas epidemias, é evitá-las.

Sem papas na língua

Álvaro Dias alvarodias63@hotmail.com

O

NOSSO TESOURO. Parece que terminou, por fim, a polémica em torno dos troféus do Marítimo de Venezuela e pode-se dizer que se escreveu direito por linhas tortas.... Foi na quarta-feira, dia 2 de Agosto, que um grupo de simpatizantes, ex-jogadores e dirigentes do sempre recordado Marítimo da Venezuela se reuniu com dirigentes do Centro Português de Caracas, e depois de alguma já habitual discussão, foram analisadas as propostas. Foram necessárias algumas horas para chegar a consenso, mas a grande conclusão é que é urgente elaborar um plano de recuperação das taças. Para este fim foi nomeada uma comissão (da qual este servidor faz parte). Os primeiros passos já serão dados

esta semana, quando a comissão se reunir. Depois de recuperados do estado em que se encontram, e já com uma aparência bastante atractiva, estes troféus serão, em princípio, exibidos num espaço do "nosso" C.P.C. e não se descarta a ideia de que, de tempos a tempos, sejam exibidos também noutros clubes da nossa comunidade. Julgo que esta reunião foi bastante ú til e necessária, tenho quase a certeza que aquela famosa carta até passou mesmo a ser "bendita", porque devido a ela é que houve todos estes movimentos, e como consequência vai ser possível resgatar e exibir com muito orgulho estes valiosíssimos troféus que de alguma forma se estavam deteriorando, metidos nas "caixas do esquecimento". Este grande esforço realizado por pessoas que, apesar das suas diferenças e discordâ ncias, tiveram a nobreza de sentar-se à mesma mesa e pô r de parte algum falso orgulho e vaidade, foi motivo de aplauso. Colaboraram ao máximo para que se possa defender este valioso testemunho das grandes vitó rias alcançadas. Uma palavra de agradecimento também para o Centro Português de Caracas, representado pelo seu presidente, Andres Pita, que aceitou o compromisso de disponibilizar espaços e sobretudo vontades para a obtenção deste acordo. E não se trata simplesmente das

"taças do Marítimo" mas de incalculável patrimó nio conquistado pelo nosso querido clube. É também parte da nossa histó ria que está aí. Quem não se lembra dessas inesquecíveis tardes de domingo que passávamos nos diferentes estádios da Venezuela? Quantas "excursões" fizemos, vibrando todos, como uma grande Família. ESPETADAS PERIGOSAS Nem é a tentação da carne, mas já se torna até perigoso assistir a algumas festas ou aos chamados "arraiais". E digo perigoso, porque quase sempre temos que "aguentar" aqueles "bêbados do costume", que têm o "dom" de importunar-nos com palavras menos correctas. Também há aqueles a quem sempre falta a paciência e não os aguentam, e as famosas "brigas" ou zaragatas sempre acabam por aparecer. Mas o mais lamentável destas situações é que pessoas que deveriam ser exemplo ou modelos a seguir, se vejam envolvidas nestas discussões ou zaragatas, que em nada dignificam a nossa Coló nia. Penso que há que vestir o "hábito sagrado" da tolerâ ncia e da paciência e não cair em provocações ou "ofensas". A nossa Missão (Cató lica) deve ser exactamente sinó nimo de perdão, boa vontade, bondade, paz, irmandade, etc...etc... Sinceramente...Valha-me Deus....

Representação Folclórica Sérgio Correia Todos aqueles que pertencem à comunidade lusitana na Venezuela e que de alguma maneira estão ligados ao mundo dos grupos folclóricos, sabem em maior ou menor medida o que significa o termo folclore. Desde os dias da nossa educação primária, ensinaram-nos que essa estranha palavra de origem inglesa significa "o saber do povo". Mas, sabemos também o que significa a representação folclórica? Fazer representação folclórica não é outra coisa que encenar ou reproduzir da maneira mais fidedigna possível um "feito folclórico" que se encontra devidamente marcado numa época histórica ou cronológica e num espaço geográfico bem delimitado. Os grandes etnógrafos e folcloristas, não só em Portugal senão que em muitos outros países, concluem que para que um feito ou acontecimento (dança, canção, costume, traje, etc.) seja considerado folclórico deve reunir as seguintes características básicas: Não deve ter autor conhecido (carácter anónimo); deve ser do domínio ou conhecimento do colectivo; deve perdurar e ser transmitido de geração em geração até os nossos dias com a menor alteração possível. É por isto que o folclore não pode, nem deve evoluir, porque a evolução necessariamente altera o feito folclórico original, e aqui está justamente o grande dilema com o que são confrontados os grupos folclóricos que fazem pela vida na Venezuela actualmente: Como manter a sua representação folclórica ajustada à realidade histórica e ao mesmo tempo ser competitivos face a um festival anual de folclore que ano após ano exige inovações, bailes mais rápidos, trajes mais vistosos e coreografias mais excêntricas? Não resulta isto contraditório? Certamente que é uma tarefa difícil, pois na minha opinião a única inovação possível seria levar à encenação músicas, danças e trajes de regiões menos conhecidas de Portugal (como afortunadamente têm feito alguns grupos nos últimos tempos) mas respeitando em todo o momento o rigor da representação e recordando sobretudo que inovar e desvirtuar não são sinónimos. Enfim, esta é uma interrogação sobre a qual cada um dos dirigentes e membros de grupos folclóricos deveria reflectir se é que pretendemos manter a cada vez mais fina linha que diferencia aquilo a que chamamos folclore português de danças contemporâneas.


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CARTAS Humildade e muita transparência

Rostos de Portugal no Mundo

Sou sócio do melhor clube social português que existe a nível mundial e devo dizer que com muito orgulho. Sinceramente penso que estamos muito bem representados pelos actuais dirigentes. Num Clube com sócios tão exigentes como é o nosso, é óbvio que os dirigentes sejam pessoas muito bem sucedidas, honestas e sumamente capazes. Agora também devo dizer que é uma grande lástima que muitos destes sócios quando assumem algum cargo de dirigentes se transformem em pessoas muito arrogantes. Até parece que sobem a uma nuvem de vaidade e protagonismo que lhes impede de ser as maravilhosas pessoas que no fundo são. E se de arrogância, vaidade e falta de modéstia se trata... pior ainda são as suas queridas esposas, (mal chamadas primeiras Damas). Atingem facilmente o insuportável.

Numa altura em que muitos dos clubes portugueses na Venezuela estão a renovar as suas direcções, permitam-me que vos lembre a importância que estas associações têm na união e fortalecimento da comunidade lusa no país. Penso que o seu papel deve ser cada dia mais proactivo, as suas direcções devem propiciar uma maior abertura. Já basta de elitismo. Temos que propiciar uma convivência mais fraterna e sincera e isto deve prevalecer acima de outras atitudes que fomentam divisões e boatos. Em cada país da diáspora os diferentes clubes portugueses são de alguma forma o rosto de Portugal no mundo. Por isso, entendo que é importante

Outro capítulo em que também sempre falham é aquele que diz respeito à transparência. Parece que é um assunto sumamente fácil de praticar, mas na realidade é algo que os nossos dirigentes sempre se descuidam. Custaria alguma coisa nas vezes em que realizam uma verbena ou algum outro evento publicar num grande cartaz o que se angariou e que destino se dará a esses recursos? O cartaz também poderia acolher a publicação dos nomes das pessoas ou empresas que colaboraram ou doaram e quanto foi o montante doado. Eu sempre digo que: A maior e melhor arma de defesa que pode ter um gerente, dirigente ou director, é e sempre será transparência, e é exactamente essa arma a que menos utilizam os responsáveis do meu clube.

Júlio da Referta

Castigo para os polí cias Quero dar a minha opinião sobre a lei anti-extorsão e sequestro que contempla o bloqueio das contas bancárias das vítimas de tais delitos. Penso que alguma coisa tem que ser feita nesse sentido, por isso as autoridades devem experimentar outros sistemas para evitar essa desgraça. No entanto, acho que

outras medidas seriam mais efectivas, como por exemplo dar castigo a triplicar a todos os polícias que fossem apanhados a cometer algum crime, embora reconheça que correríamos o risco de ficar sem polícias.

Marco Brandão Ferraz Teixeira

desenvolver cada dia mais um número diversificado de actividades, o que não significa só a realização de festas que são importantes mas também o desenvolvimento de actividades culturais, desportivas e educativas que podem muito bem contribuir para a formação das novas gerações de lusodescedentes. É preciso semear neles a semente da portugalidade, que não é a cultura do elitismo nem o pensamento de que tudo merecem, mas sim uma atitude humilde, constante e agradecida a ter com dois países e duas culturas que fazem parte da sua vida.

Francisco Teixeira

Viva o folclore Sou natural da Madeira, onde nasci no meio do folclore porque era a única diversão que tínhamos em casa. Na nossa zona não havia outra coisa. Quando vejo os meus filhos a bailar folclore encho-me de orgulho. Orgulho porque basta ver os passatempos que eles têm em casa e na universidade e escolhem bailar folclore. É

digno de admiração. Quanto aos festivais estou de acordo com eles, mas gostava que fossem mais cedo e com menos grupos, pelo menos dividir entre dois grupo por regiões. Mas o último evento de folclore foi muito bom.

Lisette M G Rocha

O CORREIO errou Na passada edição, número 169, foi publicado neste espaço uma carta intitulada “Deitar mais gasolina ao fogo”. Esta carta foi assinada por engano com o nome de Fernando Campos, quando em realidade o remetente da mesma era Nestor Perez (pedroportugues@hotmail.com). Pedimos desculpas por todo e qualquer inconveniente que este erro tenha causado aos envolvidos.

InquéRITo

Qual é a sua opinião a respeito da actuação da Venezuela no âmbito do conflito entre Israel e o Lí bano? Beverly Brito Engenheiro "É lamentável a perda de vidas humanas por causa da guerra simplesmente porque nenhum quer ceder e cada um procura proteger os seus interesses. Estou totalmente de acordo com o que está fazendo a Venezuela no que se refere a retirar os venezuelanos que estão na zona. Creio que cada país deveria fazer o mesmo, pois a situação é muito perigosa".

Carlos López Comerciante "Quanto à actuação do Presidente Chávez e às agressões verbais que lhes dirigiram Israel, oponho-me totalmente. Isso não se faz. A Venezuela não deve meter-se onde não é chamada e deve actuar à margem. É claro que considero que a guerra é condenável, mas há maneiras de expressar isso sem agredir".

Inês Santos Advogada "Creio que a Venezuela está actuando muito mal ao referir-se como o tem feito a Israel, mas em relação com os refugiados que trouxeram provenientes do Líbano acho excelente. Essa gente está sofrendo muito e sempre que podamos ajudá-los, devemos fazê-lo".

Carlos Rodrí guez Comerciante "Está mal que o Governo continue cometendo o mesmo erro de intrometer-se em políticas e assuntos de outros países. Isso pode representar um risco para nós. No entanto, considero que o que se fez para ajudar o Líbano está muito bem. Toda a situação em que se encontra o povo desse país é horrorosa".


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CORREIO DE CARACAS - 2 DE MAIO DE 2005 CORREIO DE CARACAS - 17 A 23 DE AGOSTO DE 2006

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Os primeiros passos o regresso à Madeira os emigrantes, para além das habituais dificuldades de integração social, deparam-se com constrangimentos vários que dificultam o acesso à actividade empresarial. Consequência desse facto, o Governo Regional da Madeira, através da Vice-presidência, criou uma Unidade de Apoio aos Emigrantes Empresários para dar resposta a estas questões e facilitar a realização de investimentos. Esta Unidade de Apoio procura, de um modo geral, encaminhar os nossos emigrantes, para os serviços adequados, elucidando-os acerca quer dos Organismos / Serviços existentes, quer da pró pria legislação específica que regulamenta a respectiva actividade que pretendam exercer. Dado que, muitos emigrantes aspiram em regressar um dia e abrir o seu pró prio negó cio, e sendo o turismo a principal actividade exercida na região, tornase importante esclarecer e elucidar acerca dos procedimentos inerentes ao início de uma actividade nesta área. Antes de avançar com qualquer projecto, é fundamental consultar o Plano Director Municipal (PDM) junto da Câ mara Municipal da localidade onde pretende investir de modo a confirmar se área pretendida se enquadra com a actividade a desenvolver. É o PDM que estabelece o modelo e a estrutura espacial do territó rio municipal constituindo uma síntese da estratégia de desenvolvimento e de ordenamento local prosseguida. Entre outras situações é o PDM que define o modelo de organização municipal do territó rio, nomeadamente identificando as redes urbanas, viárias, de transportes, etc., e identificando as aptidões e potencialidades do espaço. Apó s confirmada que a área pretendida se enquadra com a actividade a desenvolver, é necessário consultar o Plano de Ordenamento Turístico (POT) da Região Autó noma da Madeira

N

José Luí s Pita

Comerciante, emigrante na Venezuela Gostaria de saber que tipo de apoio que possibilidades tenho de poder investir na área da hotelaria na Madeira. Sou natural da Ponta de Sol, mas no entanto gostaria de saber que possibilidades tenho para recorrer a algum tipo de apoio para investir na área da Hotelaria na zona da Calheta ou Madalena do Mar já que considero que nessas localidades da ilha carecem de um bom hotel turístico.

Unidade de apoio ao Emigrante Empresário O IDE-RAM é o organismo na dependência da VicePresidência do Governo Regional da Madeira que presta apoio às pequenas e médias empresas. Na área da Emigração, dispõe de uma unidade de apoio ao Empresário Emigrante. Nesse âmbito, e em colaboração com o CORREIO de Venezuela, o IDE fará publicar uma série de esclarecimentos a potenciais investidores na Madeira. Qualquer pessoa poderá colocar as suas dúvidas através do CORREIO ou através do site do IDE que vem publicitado nesta página.

O concelho da Calheta é uma das várias localidades da Madeira propícias ao investimento.

junto da Secretaria Regional do Turismo e Cultura de modo a verificar se o projecto se enquadra na estratégia de desenvolvimento turística da RAM e no modelo territorial adoptado. O POT assegura deste modo que, os investimentos, tanto pú blicos como privados, são orientados garantindo o equilíbrio na distribuição territorial dos alojamentos e equipamentos turísticos, bem como um melhor aproveitamento e valorização dos recursos humanos, culturais e naturais. Assim, será através do POT que se confirmará se as características do empreendimento turístico se adequam às realidades paisagísticas e histó ricas das diversas zonas da Região e que se inserem no meio social e cultural, contribuindo para o desenvolvimento local integral. Tendo em conta a necessidade de orientar o crescimento no horizonte temporal e físico que abrange, o POT estabelece ainda limites e ritmos de crescimento do alojamento, bem como valores para a sua distribuição territorial. Definidas estas variáveis, devemos então avançar para uma fase mais operacional: a de elaboração do projecto e definição do tipo de investimento que se

Os primeiros passos a dar são a análise dos planos (PDM e POT). Depois segue-se a elaboração do projecto e definição do investimento. pretende de um modo mais concreto. É nesta fase que questões como: que tipo de actividade turística se pretende? Hotel? Pousada? Quantas estrelas? Turismo de Habitação? Qual o nú mero de camas? Qual o montante do investimento a realizar? deverão ser definidas e quantificadas. Supondo que se pretende construir uma unidade hoteleira cujo investimento elegível é de 1.700.000 Euros. Neste caso, a empresa poderá beneficiar de apoios financeiros apresentando uma candidatura ao Sistema de Incentivos à Modernização Empresarial (SIME). Trata-se de um programa de â mbito nacional que apoia projectos de investimento que visem o reforço da produtividade e da competitividade das empresas e a sua participação no mercado global, e que incluam investimentos corpó reos e incorpó reos nas seguin-

tes áreas funcionais de investimento: investimentos essenciais à actividade e investimentos em factores dinâ micos de competitividade (internacionalização; eficiência energética; certificação da qualidade, segurança e gestão ambiental; qualificação de recursos humanos). Assim, será possível obter apoio em relação aos investimentos considerados essenciais à actividade, tais como construção de edifícios; aquisição de equipamentos sociais, aquisição de máquinas e equipamentos, entre outros. As candidaturas a este sistema de incentivo são apresentadas junto do Instituto de Desenvolvimento Empresarial da Região Autó noma da Madeira que, apó s a respectiva análise, informará os promotores da decisão de aprovação ou desaprovação. Em caso de aprovação, o apoio atribuído varia entre o 30% e 35 % em função da localização. De referir ainda que os projectos de investimento têm que apresentar viabilidade técnica, econó mica e financeira, sendo fundamental que os capitais pró prios sejam no mínimo responsáveis por 30% do investimento total.


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ECONOMIA | 25

Fazer da mú sica mexicana: um negó cio lucrativo Francisco José Cardoso (DN-MADEIRA)

lias Ferraz e Treneddy Da Gama são os dois fundadores de uma banda de mú sica popular, mas não a madeirense, mas sim mexicana. Apesar do estilo musical do seu agrupamento, os "Mariachi", não ser o que a maioria dos madeirenses está habi-

E

tuado, conseguem fazer desta actividade um bom negó cio. Principalmente nesta altura do Verão, muito solicitados que são para as festas populares e também privadas, além de fazerem uma "perninha" em bares e na hotelaria. Conseguem dar mú sica, mas também ter resultados satisfató rios, a nível monetário. Não são profissionais, mas encaram a actividade de frente, pois a experiência de

BREVES

Cada português vai pagar 640 euros de petróleo A factura resulta de um preço médio de 68 dólares por barril previsto para 2006 e de um desconto de três por cento neste valor por via do custo das importações A factura petrolífera de Portugal deverá ficar nos 6,4 mil milhões de euros, uma subida de 27 por cento face ao ano passado. A notícia é avançada pelo Jornal de Negócios. A factura resulta de um preço médio de 68 dólares por barril previsto para 2006 e de um desconto de três por cento neste valor por via do custo das importações (devido ao efeito cambial). Trata-se de um crescimento de 27% nos custos do consumo de petróleo em relação a 2005. Em sentido inverso, o preço do petróleo não tem parado de subir. Em 2003 o preço médio por barril era de quase 29 dólares. Este ano, o preço médio está nos 68 dólares e não se prevê qualquer descida. "Neste momento o mercado pode suportar os cortes de fornecimento actuais, mas tendo em conta as possíveis ameaças à produção, incluindo a época de furacões, não há muitas dúvidas de que a margem de manobra permanece reduzida", afirmam os especialistas da Agência Internacional de Energia, citados pelo Jornal de Negócios.

10 anos do grupo já garante a tranquilidade dos "pro". Naturais da Venezuela, contam com o interesse da comunidade radicada na Madeira, para fazer pagar os investimentos na roupagem e nos instrumentos. Como conta Elias Feraz, "somos professores de mú sica, pois o mercado era aberto, e sentimos que haveria receptividade à nossa mú sica, que é muito parecida com a mú sica "pimba"", ao que é com-

plementado por Treneddy Da Gama: "Tocamos em arraiais, festas de casamento e baptizados, entre outras festas. O mais curioso é que já não somos convidados apenas pela comunidade venezuelana, mas também por madeirenses nascidos cá". Ao longo do ano, com incidência no Verão, o grupo "Mariachi" consegue ter um repertó rio de 60 canções do género latino-americano. Jovens dos 21 aos 38 anos, que

apesar da grande popularidade que alcançaram nesta década, afirmam que "ninguém vive disto". Treneddy Da Gama acrescenta: "É uma actividade que fazemos por gosto, seja ele rentável ou não, pouco importa". Elias Ferraz conclui: "Na realidade somos "free-lancers" e temonos saído bem".


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TAP atinge 710 milhoes de proveitos operacionais A TAP atingiu os 710 milhões de euros de proveitos operacionais no primeiro semestre de 2006, mais 17 por cento que os 606 milhões apurados em igual período do ano

breves

TAP CONTINUA A APOSTAR EM BOLONHA E ZAGREB Bolonha e Zagreb são dois dos mais recentes destinos da TAP e constituirão, no próximo Inverno IATA (com início em 29 de Outubro), uma das novidades da Rede da Companhia face ao ano passado. Com o objectivo de corresponder à procura registada, a TAP vai assim dar continuidade à aposta feita nestas cidades, cuja operação começou em 2 de Junho passado, mantendo o mesmo nível de oferta. Para Bolonha, a TAP efectuará voos diários, com partida de Lisboa às 07h55. No regresso, as partidas de Bolonha ocorrem pelas 15h50 às segundas, quartas e sábados e têm lugar às 12h15 nos restantes dias da semana. Por seu turno, Zagreb, capital da Croácia e novo destino da TAP no Leste europeu, passa a contar com três frequências semanais. Os voos, com escala em Bolonha, são operados às segundas, quartas e sábados, saindo de Lisboa às 07h55 da manhã e regressando às 15h50.

passado. O aumento de 41 por cento da factura dos combustíveis, que ascendeu a 167 milhões de euros, contra os 118 milhões gastos há um ano, foi um dos

factores que mais influenciou os resultados da TAP na primeira metade do ano. Continuou, no entanto, a melhorar a eficiência da companhia, já que o aumento de 17

por cento dos proveitos foi muito superior ao crescimento de apenas oito por cento nos restantes custos da empresa, que foram abaixo dos 9.8% de crescimento da operação.

Os custos totais cresceram 14,8 por cento, situando-se, nos primeiros seis meses de 2006 em 675 milhões de euros, em contraste com os 588 milhões de euros do ano anterior.


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DESPORTO | 27

"Caciques" campeões da Madeira A equipa sagrou-se esta temporada, pela primeira vez, como campeão absoluto da liga madeirense de basebol Victoria Urdaneta Rengifo

victoria@correiodevenezuela.com

CORREIO tem acompanhado passo a passo o desenvolvimento do basebol português, tanto continental como insular. Nesta ocasião a atenção vai para o torneio madeirense, que terminou recentemente e que foi ganho pela equipa de Caciques Basebol Club ao enfrentar o Campanário Basebal Club, uma das formações com maior tradição neste tipo de contendas. A Série Final da campanha 2006 foi dividida em três jogos, sendo a melhor equipa aquela que vencesse duas partidas. A primeira vitó ria dos Caciques terminou como "score" de nove "carreras" a três e a segunda de três a zero. Devido a estes triunfos consecutivos

O

não foi preciso jogar o terceiro jogo. Para além do "blanqueo" no segundo jogo, as vitó rias seguidas e o título de campeões, a jornada foi marcada por um "swing" especial, já que nunca antes a equipa havia chegado a uma final como esta e, sendo a sua estreia, ganhou em grande plano. No entanto, isto não se ficou a dever a uma obra do acaso, pois o clube leva anos preparando-se para momentos gloriosos como o que acaba de viver, já que foi fundado em 1994 e já em 2005 participou no Campeonato Nacional; e a partir de 2002 começou outra etapa como equipa destacando-se na seguinte edição do dito torneio. Também é preciso reconhecer a actuação do "roster" de Caciques, formado por Felix Requena, José Luís,

Jhonny Rodrigues, Nelson Goncalves, Jose Freitas, Helder Pestana, Pedro Villamedida, Juan Carlos, Coach e treinador; Richard Camacho, Jaime Camacho, Richard B; assim como Leonel, Arlindo, Humberto, Nelson Camacho e Carlos Preto, que aproveitou a ocasião para "exaltar a grande importâ ncia dos jogadores-reforços" sobretudo do já popular basebolista "Alfredito", o qual deu 'homerun' nos dois jogos impulsionado seis "carreras". Convém não esquecer ainda que o reforço Omar Alfredo realizou um feito muito aplaudido (e pouco frequente) no basebol: lançou o jogo completo, "fazendo um grande esforço já que na semana anterior havia trabalhado na Taça de Portugal contra Coimbra", explicou Preto.


28 | DESPORTO

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Troféu DIÁRIO de Notícias da Madeira reuniu 30 jogadores veteranos madeirenses oriundos de 13 países diferentes. Antes, os filhos dos emigrantes também fizeram a festa na Camacha!

Futebol junta madeirenses de 13 países Troféu DIÁRIO de Notícias-Madeira, integrado no programa do festival Camacha’ 2006, juntou num jogo de futebol emigrantes madeirenses oriundos de treze países diferentes, nomeadamente Venezuela, França, In-

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glaterra, Austrália, Brasil, África do Sul, Estados Unidos, Panamá, Equador, Costa Rica, El Salvador e Cabo Verde. As honras da casa couberam aos Veteranos da Associação Desportiva da Camacha, que venceram venceram por uns expressivos 7-1 à “ selecção” de

emigrantes “ espalhados” pelos quatro cantos do mundo. Desta forma os veteranos “ azuis e brancos” conquistaram o “ Trofeu DIÁRIO de Notícias” , que esteve integrado no programa do XVIII Festival de Arte Camachense. A manhã desportiva patrocinada

pelo DIÁRIO e que teve lugar no piso sintético do complexo desportivo local, completou-se com um jogo entre jovens do ADC e um misto de filhos de emigrantes madeirenses. Os locais também venceram aquela partida. Na partida principal, onde

imperou o fair-play, ficou demonstrado que o facto de possuir um plantel extenso não é sinó nimo de sucesso. Que o diga Olavo Manica, incumbido de orientar a formação dos Emigrantes. Valeu sobretudo o convívio e o golo de Antó nio Pita!

Nuno Henriques campeão Paulo Lopes DN-Madeira

atleta do Clube de Golf do Santo da Serra, Nuno Henriques, conquistou ontem o título no Campeonato Internacional Amador da Repú blica Checa. Pela primeira vez na histó ria da Região um madeirense consegue um título absoluto numa prova internacional fora de Portugal. O jovem golfista conseguiu este feito muito devido à excelente prestação alcançada na terceira volta do Prosper Golf Club Celadna, onde registou 66 pancadas igualando o recorde do campo que tinha sido obtido há já alguns anos pelo carismático joga-

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dor espanhol, Miguel Angel Jimenez. Aliás este resultado permitiu a Nuno Henriques, no dia de ontem, segurar a liderança, já que trazia uma vantagem de seis pancadas em relação ao segundo classificado, o inglês Danny Belch. Apesar de 76 pancadas obtidas na derradeira volta o madeirense alcançou o título com uma vantagem de duas pancadas em relação ao britâ nico (290 contra 292). Por ú ltimo de destacar outro excelente resultado obtido por outro madeirense, João Pedro Sousa que terminou no ú ltimo lugar do top-ten com +15 pancadas. Em relação aos restantes golfistas portugueses de salientar o 5.º lugar de Pedro Figueiredo e o 7.º de Antó nio Rosado.


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DESPORTO | 29

Mais perto do sonho António Carlos da Silva F. antoniodasilva@correiodevenezuela.com

"guayanés" Carlos Freitas, futebolista que encontrava-se a jogar nas camadas jovens do C.S. Marítimo, assinou já contrato de formação com o clube verderubro, e apesar de ainda ser jú nior, já se encontra a trabalhar com o plantel do Marítimo "B" com a esperança de defender a equipa na segunda divisão nacional na época que se avizinha. Assim foi noticiado no sítio oficial da Internet do popular clube madeirense, que recolhe as impressões do atleta luso-descendente e de outros dois companheiros em idêntica situação (Futre e João Diogo), na hora de subir mais um degrau na escada que o pode levar a ser o segundo jogador de origem crioula em estrearse com as cores maritimis-

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Carlos Freitas na rota do sucesso

tas na primeira divisão, depois de completar a sua formação nos escalões juvenis do clube. Saído das escolinhas do Mineros de Guayana, Carlos Freitas foi indicado pelo presidente do CPPO, Victor Vieira, ao Agente FIFA de jogadores Antó nio Pita, empresário que já tem colocado a vários futebolistas luso-descendentes no futebol da Madeira, quem levou o defesa ao Funchal para prestar as provas da praxe. Desde a sua chegada a Portugal, Carlos Freitas conseguiu surpreender aos técnicos e responsáveis maritimistas, e rapidamente ganhou o estatuto de jovem promessa do "viveiro" verde-rubro. Lateral-esquerdo com boa projecção no ataque e seguro na marcação, Freitas foi chamado pela selecção de Portugal sub-17 a começos de 2005, participando no Torneio de Algarve e no

Apuramento para o Campeonato da Europa disputado na Croácia, e continuou a defender as cores da equipa das Quinas na época passada. Fã do famoso jogador brasileiro Roberto Carlos, Carlos Freitas comentou no sítio da Internet do Marítimo sobre esta promoção que "era o meu objectivo desde que entrei no Marítimo, dar sempre o máximo e me entregar para merecer um lugar neste escalão. Não estava a espera desta chamada neste momento, mas fiquei muito contente". Desde já desejamos-lhe muita sorte a este jovem "guayenés", pois o seu sucesso pode abrir as portas do futebol português a muito outros talentos lusodescendentes. Para poder ler na íntegra a entrevista de Carlos Freitas digite www.csmaritimo.pt/content/view/540/2/ no seu browser.


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CORREIO DE VENEZUELA - DE 17 A 23 AGOSTO DE 2006

Central Madeirense vence tudo Venceram as cinco jornadas celebradas em Guatire, onde os meninos anfitriões também mostraram qualidade e disciplina dentro e fora do terreno Victoria Urdaneta Rengifo

victoriaurdaneta@yahoo.com

s jogos amigáveis que se realizaram no passado sábado nas instalações do Centro Só cio-Cultural Virgem de Fátima, converteram-se num cenário excelente do futebol infantil. As escolas lutaram em cada jogo e até ao ú ltimo minuto, revelando-se como verdadeiros profissionais. Os futebolistas de "Central Madeirense" foram os vencedores em todas as categorias: 4 a 0 (Sub-10); 3 a 0 (Sub-12); 2 a 1 (Sub-14); 5 a 1 (Sub-16); e 3 a 1 (Sub-18). No entanto, os jogadores de "Virgem de Fátima"

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Esta escola de futebol tem nos seus campos jogadores destacados de ní vel estatal e nacional mostraram muito talento e entusiasmo, além de uma boa atitude como anfitriões e exemplar poder de organizaç ão e convocató ria. Entre as "fichas" mais conhecidas das equipas "guatireñas", estavam Erick Castro, Kelvin Fuquene, Luis Fuquene e Angelo Sarti, os quais integram a Selecç ão Estatal de Miranda. Esta escola de futebol tem nos seus campos joga-

dores destacados de nível estatal e nacional. Por exemplo, Jean Carlos Echeverría, que tem 15 anos de idade, exibe uma técnica excelente. Joga para a Selecç ão de Miranda e acaba de participar nos Jogos Distritais, em Los Teques. Os jogadores da Central Madeirense, chegaram a Guatire com um grande apoio: o bem sucedido historial futebolístico. "Participamos em várias ligas como a 'Cesar del Vecchio', onde nos sagramos campeões na categoria juvenil; na Liga Nacional de Futeol Menor; e na Associaç ão do Distrito Capital, ganhamos a sub-10, sub-14 e sub-16. Apenas faltou a sub-18, que perdemos na semifinal

por grande penalidade", explicou Orlando Faría, coordenador de todas as escolas de futebol pertencentes à Central Madeirense. Convém mencionar o exemplo dado pelo ú nico elemento feminino, a menina Liseth Tinoco, de 11 anos de idade e excelentes aptidões de futebolista, tanto que entrou para a equipa a pedido do treinador Giral, da escola do Junquito. Também vários dos jogadores brilham no con-

texto internacional representando a Venezuela em países como Espanha. Por exemplo, Jhonny Sosa, foi eleito como o "Mais Valioso" do Campeonato de Futebol Menor, em terras espanholas, onde também se destacaram Jaison Linares e Manuel Morales. Actualmente, outros estão jogando nos Jogos Municipais da Venezuela, em Maracaibo; e em Táchira, como José Torres, Carlos Vargas, Guyervel Vargas, Ronaldo Morales, entre outros.


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Seleccionador do Voleibol demitiu-se Alberto Peres Agência Lusa

seleccionador português de voleibol, o brasileiro Francisco dos Santos, demitiu-se segunda-feira do cargo, apó s as duas derrotas sofridas com a Argentina, em Rosário, para o Grupo B da Liga Mundial. Francisco dos Santos, que assumiu o cargo em Abril, entende não ter condições para continuar em funções, assumindo a total responsabilidade pela falência do seu projecto, e já não vai orientar a equipa na ú ltima jornada do Grupo B, frente ao Brasil, em Fortaleza. O ex-seleccionador deixou a comitiva, com destino a São Paulo, tendo o comando técnico da equipa sido entregue ao adjunto Daniel Lacerda, que será coadjuvado por Carlos Pratas. Em jeito de despedida, Francisco dos Santos endereçou um pedido de desculpas "ao povo português, dirigentes e jogadores de voleibol pelos excessos cometidos e transmi-

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O ex-seleccionador deixou a comitiva, com destino a São Paulo, tendo o comando técnico da equipa sido entregue ao adjunto Daniel Lacerda tidos pela televisão", e admitiu sair "para não trazer mais mal" à selecção portuguesa. O técnico brasileiro admitiu que pressionou os jogadores, porque "não é a passar a mão pela cabeça que se faz uma selecção campeã", e que procurou "mexer com o lado emocional", embora entenda que lhes exigiu o que não podiam dar. Para além de o técnico se ter sentido indisposto, a ausência no terceiro "set" do jogo de domingo com a Argentina foi explicada por Francisco Santos como uma tentativa para puxar do brio dos jogadores, para que estes

se transcendessem. Francisco dos Santos reconhece que há jogadores portugueses com muito valor e de enorme potencial, deixandolhes a mensagem de que adoptem o voleibol como prioridade e vivam sob pressão jogo a jogo. Portugal tem feito uma carreira decepcionante na Liga Mundial, em que - depois do quinto lugar da geral em 2005 - ocupa o ú ltimo lugar do grupo de qualificação, com apenas um triunfo em 10 jogos realizados (9-29 em "sets"). Depois de se ter estreado com o apuramento falhado para o Campeonato da Europa de 2007, Francisco dos Santos não tem sido feliz à frente da selecção lusa na Liga Mundial, em que soma apenas um triunfo frente à Finlâ ndia (32). A dificuldade evidenciada pela selecção de transpor dos treinos para os encontros o novo sistema de jogo pretendido por Francisco dos Santos, rápido, com blocos triplos e serviço agressivo, chegou a levar Francisco Santos ao

desespero. O facto de a lesão do distribuidor Nuno Pinheiro o ter impedido de disputar parte do apuramento para o Europeu e os primeiros jogos da Liga Mundial atenua, no entanto, um pouco a série de maus resultados da selecção. Esta situação obrigou Francisco dos Santos, que também não pô de contar com André Lopes em pleno, a

recorrer a jogadores menos experientes, como o jovem distribuidor Pedro Sousa, de apenas 18 anos. Entre as 16 selecções presentes na Liga Mundial, que distribui um "prize-money" recorde de 20 milhões de dó lares (cerca de 16 milhões de euros), Portugal tem apenas atrás de si as equipas nacionais do Japão, China e Egipto.


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BREVES Lei eleitoral

O Presidente da República, Cavaco Silva, anunciou que promulgou a nova Lei Eleitoral para os Açores, mas enviou uma mensagem ao Parlamento em que critica a falta de consenso partidário em torno do diploma.

Partida adiada

A partida dos militares portugueses que vão substituir o contingente que está no Afeganistão, prevista para as 18:00 de quarta-feira, foi adiada pela segunda vez devido à falta de autorização de sobrevoo do Azerbaijão, disse à Agência Lusa fonte militar.

Os habitantes de Puerto Cabello organizaram uma marcha em protesto pelos sequestros

Guerrilha recebe resgate mas não liberta refém... Délia Meneses deliameneses@correiodevenezuela.com

avier de Gois, o filho de madeirenses naturais de São Vicente que foi sequestrado a 27 de Julho apó s pagar o resgate de dois familiares raptados no início desse mês, estava para ser libertado na quarta-feira passada, depois da sua família ter pago o montante exigido pelos sequestradores para devolvê-lo à liberdade. Até à hora do fecho desta edição, 12:00 de quarta-feira, o CORREIO ainda não possuía uma confirmação oficial de que o jovem já se encontrava são e salvo no seio familiar, situação que representaria o fim de um cativeiro que já se arrastava há mais de 20 dias, desde a altura em que se deslocou até à cidade de Cú cuta, na Colô mbia, onde se encontravam o pai e tio e

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seus captores. A família do jovem, que vive e trabalha na cidade de Puerto Cabello, vem atravessando um momento extremamente complicado do ponto de vista emocional e psicoló gico, ou não fosse a intervenção da "guerrilha" colombiana - que pediu um resgate de 500 milhões de bolívares - neste sequestro motivo suficiente para temer o pior desfecho para esse caso. Em 31 de Julho ú ltimo, vários membros da família do jovem partiram com destino a San Cristobal para tratar do resgate. O contacto com os sequestradores, segundo apurou o CORREIO, não foi fácil, dado que foi preciso esperar duas semanas até que a "guerrilha" e os familiares se encontraram e chegassem a um acordo sobre o montante exigido. O pagamento acabou por ser feito nos ú ltimos dias, mas, co-

mo já referimos, até ao momento ainda não se tinha produzido a libertação dos jovem. Os nervos dos familiares estavam "à flor da pele", mas um sentimento de grande confiança em que tudo ia acabar bem dentro das pró ximas horas era comum a todos. Para a família Gois, os ú ltimos tempos foram aterradores, as recordações dos mesmos vão acompanhar os seus membros até ao fim das suas vidas. Tudo começou em 2 de Julho, quando Abel de Gois e Caetano Andrade, foram raptados quando se dirigiam para um encontro marcado com compradores de gado, com quem tinham contactado telefonicamente. Acabaram sequestrados até a dia em que foi paga a quantia de 1.000 milhões de bolívares. Os dois portugueses foram libertados, mas a "guerrilha" decidiu ficar com o jovem Javier cativo e exigir novo resgate...

Lista de devedores

Cerca de duas centenas de contribuintes vão integrar a lista de devedores à Segurança Social, que vai ser publicada quinta-feira, anunciou o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.

Não pagava água

Um dos maiores hotéis do Nordeste Transmontano foi multado em 120 mil euros pela Câmara de Mirandela por consumir água da rede pública sem pagar há pelo menos cinco anos, disse à Lusa o presidente da autarquia.

"Muito importante"

O realizador português Hugo Vieira da Silva, autor do filme "Body Rice", considerou "muito importante" a menção especial atribuída pelo Festival Internacional de Locarno por ser um certame "na linha da frente nas novas tendências do cinema".

Número de desempregados diminuiu

O número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego diminuiu 5,1 por cento em Julho, face ao mesmo mês do ano passado, de acordo com os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Este é o quinto mês consecutivo em que se regista uma diminuição do desemprego homólogo. No final de Julho estavam inscritos nos Centros de Emprego do Continente e Regiões Autónomas 436.901 desempregados, menos 23.511 indivíduos que no mesmo período de 2005.


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