Passaportes prontos a sair
Impressões dos “ Starlight”
Novos documentos emitidos em apenas dez minutos Página 11
Grupo musical impressionados com a Venezuela Página 14
www.correiodevenezuela.com
O jornal da comunidade luso-venezuelana
ano 07 – N.º 177 - DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL
caracas, 05 a 11 De outubro De 2006 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL: € 0,75
Hotel expropriado continua na mesma
Empresários ainda não foram indemnizados e apelam agora àintervenção da diplomacia portuguesa
Página 6
Comentadores internacionais comentam incidente com Só crates Página 8 20 pessoas vítimas diárias de ladrões no “ boulevard” de Sabana Grande Página 10
Um luso-venezuelano que singra na Madeira Johnny Fernandes é o director-geral do Parque Temático da Madeira, um espaço moderno e atractivo Página 15 que completou dois anos de actividade no norte da Região Autónoma portuguesa
FC Porto sofre primeira derrota Página 31 em Braga
2 | EDITORIAL Sinais de esperança CORREIO DE VENEZUELA - 05 A 11 DE OUTUBRO DE 2006
Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Tábita Barrera, Victoria Urdaneta e Yamilem Gonzalez Correspondentes: Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Álvaro Diaz Publicidade e Marketing: Carla Vieira Ventas Ricardos de León Preparação Gráfica: DN-Madeira Produção: Elsa de Sá Fotografia Paco Garrett Secretariado: Carolina Nóbrega Distribuição: Enrique Figueroa Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares
inguém melhor que a comunidade portuguesa saberá analisar os sinais dos tempos na Venezuela. Desde sempre habituados a conviver com o dia-a-dia político-social deste grande País, os portugueses que optaram por esta segunda Pátria não estranham os períodos de instabilidade social ou as oscilações da economia da Venezuela. Por tudo o que ficou escrito, é com normalidade que a comunidade lusa aguarda o aproximar de mais um período eleitoral, com todas as vicissitudes que o mesmo possa representar ou gerar. Essencialmente, os portugueses sabem que a vida continua muito para além do dia 3 de Dezembro. Contudo, há outros sinais
N
que reforçam a esperança portuguesa na Venezuela. Entre eles figuram, a título meramente exemplificativo, o anunciado investimento do Grupo Pestana - precisamente o maior operador hoteleiro português e um dos mais cotados internacionalmente - com a construção de um hotel “ cinco estrelas” em Caracas, bem como a disponibilidade para alargar essa presença. Noutro plano, podemos juntar o início de uma edição local do DIÁRIO de Notícias nas mais importantes cidades da Venezuela, de segunda a sexta-feira, já a partir de Novembro, com notícias da comunidade luso-venezuelana e de Portugal. Dois exemplos, dois sinais que aumentam a confiança.
O CaRTOON Da SEMaNa O embaixador de Portugal na Venezuela foi nomeado em Maio, mas ainda não chegou...
A burocracia portuguesa é assim. Mas a Venezuela é que tem a fama...
Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA
a SEMaNa MUITO BOM Na recente “Noite de Folclore” os diferentes grupos que participaram demostraram que, unidos, conseguem mais que de costas voltadas. Mais de três milhões de bolívares foi quanto conseguiram angariar para ajudar na recuperação de um membro dos grupos folclóricos que sofreu um acidente no último Festival de Folclore, no Poliedro de Caracas. Iniciativas como estas devem repetir-se e, mais ainda, quando é para ajudar quem mais precisa.
BOM A visita de um grupo com tanta relevância internacional, como é o caso dos Madredeus, que atrai por igual portugueses e venezuelanos. O impacto cultural e económico é evidente, como também a oportunidade de promover Portugal através de música que não é a tradicional ou a mais conhecida nestas latitudes. Que a organização deste evento esteja nas mãos de uma empresa de eventos venezuelana, também se deve destacar como algo de positivo.
MaU Já passou quase um mês desde que um hotel, em construção, propriedade de um grupo de portugueses, foi invadido por cerca de 250 pessoas. A situação permanece inalterada e os donos do hotel não depositam esperanças de chegar a uma justa indemnização. Para obterem algum apoio, os prejudicados vão enviar uma carta às autoridades lusas. A medida é razoável, tomando em conta que é a própria Alcaldia Mayor de Caracas que está a avaliar a acção.
MUITO MaU Cinco meses sem embaixador é muito tempo. Não queremos dizer com isto que a Embaixada esteja mal entregue, mas não se pode compreender tanta demora. Se já foi nomeada uma pessoa no mês de Maio, porque é que este cargo de tanta importância ainda não está ocupado? Não será a Venezuela um país importante para Portugal?
O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias.
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Assembleia Nacional ultima lei anti-extorsão e sequestro Tábita Barrera tabita@correiodevenezuela.com
á quase três meses, a Comissão de Política Interior da Assembleia Nacional anunciou que estudava um projecto de lei contra a extorção e sequestro, com a finalidade de arranjar soluções para o problema da segurança na Venezuela. Esperava-se que a respectivas aprovação e promulgação teriam lugar durante o mês de Setembro, mas Juan José Molina, vice-presidente da Comissão de Política Interior, anunciou que o processo havia sofrido atrasos, porque nesta altura dão prioridade para definir as competências dos corpos de investigação e da Fiscalia. Molina explicou que, recentemente, surgiram algumas
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"Lei anti-extorsão e sequestro" procura que as pesquisas não sejam efectuadas pela "fiscalia", mas sim pelos organismos especializados nessa matéria discussões em pleno parlamento, dado que ainda não tinha sido completamente clarificado que tipo de trabalho cada um dos organismos realizaria e, por isso, atrasaram-se as reuniões. Apesar disso, disse que o que a "lei anti-extorsão e sequestro" procura é que as pesquisas não sejam efectuadas pela "fiscalia", mas sim pelos organismos
especializados nessa matéria, como a Guarda Nacional e o Corpo de Investigaciones Penales y Criminalísticas". Para além disso, acrescenta que o atraso na aprovação deste instrumento legal obedece, em parte, à decisão de dar prioridade à reforma do Có digo Orgâ nico do Processo Penal, a qual pretende melhorar a situação penitenciária do país e facilitar aos reclusos a possibilidade de aceder a benefícios penitenciários com menos obstáculos. Nesse sentido, disse que não se alhearam das discussões em torno da lei anti-extorsão, mas apenas querem "cuidar até ao mais pequeno pormenor, para que não exista nenhuma irregularidade a esse respeito". Concluiu anunciando que o mais breve possível se retomarão as reuniões.
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Compadres baptizaram fados do "Conde del Guácharo"
O habitual jantar da Academia do Bacalhau, que se realiza na primeira segunda-feira de cada mês, contou desta vez com uma visita surpresa. Ao restaurante Rucio Moro, chegou Benjamín Rausseo, na sua versão de "El Conde del Guácharo" para apresentar diante de um local cheio -com mais de 250 "compadres" - o seu CD de fados. Não falou de política, e clarificou que a sua presença nesse acto não obedecia ao cronograma da sua campanha eleitoral como candidato presidencial para as próximas eleições. "Eu queria concretizar este projecto antes do final do ano e não era justo que a campanha interferisse nesta promessa de lançar o disco", comentou o Conde. Um lote de discos foram leiloados durante a noite a um preço muito mais elevado do normal, considerando que os fundos seriam destinados a fins de beneficência, concretamente para serem entregues ao lar da terceira idade "Padre Joaquim Ferreira". No evento esteve presente também uma destacada figura do canto, especificamente da música tradicional venezuelana, Reinaldo Armas, que baptizou o CD acompanhado do Conde e do presidente da Academia do Bacalhau, José Luís Ferreira. O CD de fados foi baptizado em honra dos portugueses, não com champanhe, mas sim com vinho tinto. Num breve discurso, Rausseo agradeceu o apoio dos presentes na produção do disco, no qual trabalhou durante dois anos. Em jeito de brincadeira, falou no seu português e pediu desculpa pela acentuação, pois "já estava há muitos anos na Venezuela".
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Sequestrados recorrem pouco ao apoio consular Apesar desta tendência, o acompanhamento que os consulados fazem dos casos de sequestro é na generalidade bem visto s familiares de portugueses raptados e as pró prias vítimas de sequestro recorrem pouco ao apoio consular, disse à agência Lusa o cô nsul-geral de Portugal em Caracas, Teles Fazendeiro. Apesar desta tendência, o acompanhamento que os consulados fazem dos casos de sequestro "é na generalidade bem visto", tanto pelas vítimas, como pelos seus familiares, explicou Teles Fazendeiro. "Na maioria das vezes, as pessoas (sequestrados ou familiares) não nos vêm procurar, tem sido o Consulado a tomar conhecimento e a oferecer os seus préstimos, a procurar saber qual o ponto da situação junto das autoridades", adiantou o cô nsul-geral de Portugal em Caracas. Segundo o diplomata, "é comum
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dizer-se, em Caracas, no seio da comunidade portuguesa, que há sequestros dos quais o pú blico não tem conhecimento ou sabe à posteriori". "Quando o consulado tem conhecimento duma situação dessas, enquanto se está a desenrolar, procura informar-se, apoiar e solidarizar-se com a família, e, se for o caso, agilizar eventuais contactos com as autoridades", disse. Teles Fazendeiro explicou que "a questão dos raptos e da insegurança das pessoas é algo que preocupa" o consulado, acrescentando que, no ano passado, promoveu uma reunião com o comissário Joel Rengijo da Brigada AntiSequesto do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalistas, em que a polícia explicou o que fazia e
"quais as formas de evitar situações difíceis ou perigosas". Segundo o diplomata, "o Consulado aconselhará sempre a que a denú ncia seja feita e que as famílias procurem o apoio das autoridades venezuelanas para colaborarem entre si e fazerem frente aos criminosos", mas "nunca agirá contra a vontade da família". "A privacidade das pessoas é uma coisa que o Consulado respeita de forma total e absoluta", enfatizou.
"Na maioria das vezes, as pessoas (sequestrados ou familiares) não nos vêm procurar, tem sido o Consulado a tomar conhecimento e a oferecer os seus préstimos Teles Fazendeiro explicou que muitos dos raptos praticados na Venezuela envolvem luso-venezuelanos, em virtude do seu sucesso na integração na sociedade e aparente estabilidade financeira. "Felizmente que na maioria dos casos, em termos físicos, não tem havido tragédias", disse. Teles Fazendeiro diz ter conhecimento do caso de um português que se encontra actualmente raptado e aponta como razões para o sequestro a presunção de que as víti-
mas têm dinheiro, pese, embora, que "muitas vezes podem ter bens mas não ter liquidez para corresponder a pedidos resgate". "Já houve alguns casos em que houve nitidamente alguma precipitação, porque de facto não eram ricos, eram portugueses que trabalham todos os dias para manter o seu nível de vida", notou. Sem revelar nú meros, explicou que "a comunidade lusa não é a ú nica a ser atingida e os sequestros não têm como finalidade ou objectivo específico os portugueses". Segundo a polícia "em 2004, em termos de comunidade estrangeira, os portugueses terão sido mais visados e vitimizados pela acção dos sequestradores", situação que diminuiu em 2005. O diplomata contou que esteve ausente da Venezuela durante seis meses (numa missão em Luanda) e quando voltou notou um recrudescimento dos crimes de sequestro. O cô nsul-geral de Portugal em Caracas chamou ainda a atenção para o facto de as notícias sobre os casos de sequestro nem sempre terem um efeito positivo. "Tudo depende da notícia. O ideal, sobretudo enquanto a situação não estiver resolvida, é o máximo de discrição ou a não publicação da notícia. Agora, num mundo de informação e imprensa livre, é uma questão que diz respeito ao jornalista em si e ao meio de informação ao qual pertence", vincou. No entanto, admitiu que, em alguns casos, e com o apoio das autoridades, um apelo da família através da comunicação social "poderá ser ú til".
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Donos do hotel invadido pedem ajuda às autoridades lusas Délia Meneses
deliameneses@correiodevenezuela.com
á passaram mais de três semanas desde que um grupo de aproximadamente 250 pessoas, coordenado pela Alcadia Mayor de Caracas, invadiu um hotel situado em La Yaguara, propriedade de portugueses naturais da Madeira (Ribeira Brava). José da Silva, um dos afectados, declarou ao CORREIO que esta semana vão escrever uma carta às autoridades portuguesas, mais especificamente ao cô nsul geral de Portugal em Caracas, Fernando Teles Fazendeiro, com a intenção de pedir apoio ao governo português, perante o que consideram um atropelo ao seu direito como proprietários daquele espaço, que estava destinado a ser um hotel de três estrelas.
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Esta carta será também dirigida às autoridades venezuelanas. A impotência e a incerteza de não saber por quanto tempo mais se vai estender esta situação anormal motivou a redacção deste pedido de ajuda, que se espera ser entregue esta semana. A denú ncia já foi feita também perante a Fiscalía (Ministério Pú blico), de forma a deixar o caso nas mãos de um tribunal competente. Da Silva admitiu que o grupo de só cios, donos do hotel, estaria disposto a vender aquela propriedade e que para tal tem realizado contactos com funcionários da Alcadia Mayor dirigida por Juan Barreto. No entanto, não têm esperanças em arranjar uma solução para o problema. "Não conhecemos ocupação por parte da Alcadia onde tenham indemnizado os donos. O dinheiro nunca chega". Da Silva acrescenta que na ú ltima avaliação que fizeram da cons-
trução, o valor da mesma estava na ordem dos 3 milhões e 500 mil dó lares, pelo que asseguram que nunca vão receber esta quantia por parte da Alcadia. O grupo de só cios tem esperanças de que o governo português possa interceder e apoia-los nesta situação irregular. Desde que ocorreu a invasão, os donos do hotel foram ameaçados para não se aproximarem do lugar. "Advertiram o vigilante que se os donos aparecessem iam ser "linchados". As ameaças continuam. "Numa ocasião, aproximei-me e os comentários eram que me iam cortar a cabeça. Percatamo-nos de alguns materiais de construção que já se perderam". Os invasores são provenientes, na sua maioria, dos bairros de La Vega, Carapita e Antímano, que se encontram relativamente perto da zona onde está situado o hotel, na rua Três com a rua Intermedia, de La Yaguara.
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Puerto la Cruz vai acolher pró ximo encontro de folclore Centro Portugués Venezuelano de Guayana, em Puerto Ordaz, foi o cenário do VII Encontro de Folclore Madeirense, no qual se destacou o grupo Danças e Cantares de Portugal, de Puerto la Cruz, ao vencer várias categorias e ao obter o primeiro lugar do evento. Por isso, a pró xima edição do Encontro de Folclore vai realizar-se em Puerto La Cruz. A representação de Puerto la Cruz também recebeu o prémio de melhor traje típico e de melhor agrupamento musical, enquanto que a distinção de Madrinha do Festival foi entregue a Marlene Vieira, representante do Rancho Folcló rico Saudades da Casa Portuguesa Venezolana do Estado Carabobo. Distinguidas foram, também, a melhor voz feminina e masculina, com esses prémios a serem atribuídos ao Centro Social Madeirense, de Valencia (voz feminina) e às Danzas Internacionales "Dos Patrias" (voz masculina). Para além destas distinções, foram
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A representação de Puerto la Cruz também recebeu o prémio de melhor traje tí pico e de melhor agrupamento musical escolhidos os cinco primeiros lugares do festival. Os grupos distinguidos foram o Danzas Internacionales "Dos Patrias" (5.º lugar), Amizade de la Casa Portuguesa del estado Aragua (4.º ), Renacer lusitano (3.º ) e Social Madeirense de Valencia (2.º ), para além do grande vencedor da noite, o grupo de Danças e Cantares de Portugal, de Puerto la Cruz. Víctor Vieira, presidente do Centro Luso-Venezolano de Guayana, anunciou que o festival registou um importante nú mero de participações, apesar de nem todas as colectividades convidadas terem comparecido.
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7 mil portugueses emigraram em 2005 erca de sete mil portugueses saíram do país no ano passado para trabalhar em vários países europeus, revelou o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Antó nio Braga. Estes nú meros "não são um resultado absoluto", sendo apenas "estimativas" e "uma média estatística" devido à livre circulação de pessoas na União Europeia, disse aos jornalistas Antó nio Braga, no final da sessão de apresentação da campanha "Trabalhar no Estrangeiro". O responsável pela pasta da Emigração explicou que a livre circulação de pessoas na UE faz com os portugueses se fixem num determinado país sem se registarem nos consulados e permitiu um aumento dos trabalhos sazonais. Reino Unido, Espanha, Holanda, Espanha, Irlanda do Norte, Luxemburgo e Suíça são alguns dos países mais procurados pelos portugueses. A campanha "Trabalhar no Estrangeiro", que foi lançada, consiste na distribuição de cartazes, brochuras e
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Reino Unido, Espanha, Holanda, Espanha, Irlanda do Norte, Luxemburgo e Suí ça são alguns dos paí ses mais procurados pelos portugueses desdobráveis pelo país e pelas representações diplomáticas e consulares portuguesas espalhadas pelo mundo. A iniciativa tem por objectivo informar os portugueses que pretendem trabalhar no estrangeiro sobre os seus direitos e os riscos que podem correr. Os serviços pú blicos que podem ajudar as pessoas que querem ir trabalhar para outro país, os direitos dos trabalhadores por conta de outrem e a protecção social a que têm direito se for para um país da Europa são algumas das informações disponíveis no folheto.
A brochura tem uma informação mais completa sobre trabalho temporário, empresas de recrutamento de trabalhadores, trabalhar por conta pró pria, impostos e segurança social. A campanha "Trabalhar no
Estrangeiro" é da responsabilidade da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, da Inspecção-Geral do Trabalho e do Instituto do Emprego e Formação Profissional. O secretário de Estado das Comunidades justificou a campanha com os relatos de portugueses que são "explorados e enganados" no estrangeiro. "É muito importante que os portugueses conheçam muito bem as condições de trabalho dos países para onde vão trabalhar, sobretudo as empresas que os contratam para evitar que possam ser enganados", salientou. Antó nio Braga considerou este tipo de iniciativas "positivas", pois as campanhas conseguem que as pessoas fiquem mais atentas e mais disponíveis para procurar informações. Os panfletos e as brochuras vão ser distribuídos nos centros do IEFP, nos balcões da Segurança Social, nas câ maras municipais, juntas de freguesia, igrejas, sindicatos e nas delegações regionais da Inspecção-Geral do Trabalho.
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Desagrado do governo português é completamente razoável
Governo da Venezuela pediu desculpas pela utilização da imagem do primeiro-ministro português e da bandeira nacional no â mbito da campanha eleitoral do presidente Hugo Chavez, incidente que causou desagrado ao executivo português. José Só crates era o ú nico líder europeu incluído numa série de cartazes (no â mbito da pré-campanha para as eleições presidenciais de 03 de Dezembro), em Caracas, Venezuela, em que Hugo Chávez aparece ao lado de outras personalidades, como o líder cubano, Fidel Castro, o presidente do Irão, Mahmud Ahmadinejad, e da Bielorrú ssia, Alexander Lukachenko. O Governo português manifestou publicamente a "surpresa" e "desagrado" pela utilização da fotografia no â mbito de uma campanha eleitoral interna e chamou o embaixador da Venezuela em Lisboa ao Ministério dos Negó cios Estrangeiros. Na ocasião, o Governo manifestou o seu desagrado pela utilização indevida da imagem do primeiro-ministro português e da bandeira de Portugal no quadro de uma campanha interna,
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José Sócrates era o único lí der europeu incluí do na série de cartazes no âmbito da pré-campanha para as eleições presidenciais
Relações entre paí ses é mais importante que um painel A candidata presidencial luso- descendente na Venezuela congratulou-se por ter sido ultrapassado o incidente da utilização da imagem do primeiro-ministro português e da bandeira nacional no âmbito da campanha eleitoral de Hugo Chavez, que causou desagrado ao executivo português. "Acima de um painel estão as relações que uniram os dois países durante muito tempo. Um cartaz não é motivo para desunir o que durante tantos anos esteve
declarou o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, no final da reunião do Conselho de Ministros. O executivo venezuelano acabou por pedir desculpas a Portugal embora recusando qualquer conotação eleitoral da utilização da fotografia e anunciou que o cartaz já foi retirado. O ministro venezuelano da Comunicação e Informação, William Lara, acrescentou: "Se houve algum tipo de interpretação particular, pedimos desculpas [ao Governo português]". O painel, que estava colocado numa das saídas da cidade de Caracas, "faz parte de uma série de reproduções do presidente [Hugo Chavez] com presidentes e importantes personagens da vida política internacional, de países com quem Caracas mantém relações", segundo o Ministério de Comunicação e Informação da Venezuela. O executivo venezuelano pretendia manter o cartaz vários dias em exposição na auto-estrada Francisco Fajardo, nas proximidades do tú nel de La Planície, à saída de Caracas em direcção ao Aeroporto Inte rnacional de Maiquetía, La Guaira. A fotografia em causa foi obtida num encontro entre Só crates e Hugo Cha vez realizado a 23 de Julho, em Lisboa, que ocorreu na sala VIP do aeroporto de Lisboa.
INQUÉRITO Italo Luongo Internacionalista "O incomodo do governo português é completamente razoável, porque a faixa foi colocada sem qualquer autorização e porque se estava a utilizar a imagem do Primeiro Ministro de Portugal como propaganda política de Chávez. Por outro lado, considero que perante o carácter tão controverso do discurso do presidente Chávez nas Nações Unidas, Portugal, como aliado dos Estados Unidos na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), não quer de nenhuma maneira apoiar essas declarações. Essa propaganda foi uma estratégia meramente política, com uma mensagem dirigida à comunidade portuguesa neste país. Pareceu-me correcta a actuação da Venezuela ao retirar a faixa, mas em primeiro lugar não deveria tê-la colocado"
Carlos Romero Internacionalista "O significado que este incidente pode ter para o governo português é que, havendo aqui uma comunidade lusa tão importante, ele não deve tomar partido por nenhuma das alternativas políticas em função das próximas eleições presidenciais. Não é correcto utilizar-se, com fins políticos, o que resulta de uma visita diplomática. Este caso apenas originou ligeiras divergências e parece-me correcto que tivessem retirado a faixa. Creio que ninguém pensou antes de colocá-la. Pensaram apenas em explorar a importância que o presidente Chávez atribui às visitas diplomáticas".
Demetrio Boessner
Internacionalista
unido", disse Venezuela Portuguesa da Silva, candidata de origem portuguesa que concorre contra Chavez nas eleições presidenciais de 03 de Dezembro. A candidata luso-descendente pediu ainda "ponderação" às autoridades portuguesas e venezuelanas, apelando ao uso da via diplomática. "Respeito as estratégias que tenha o governo nacional, como respeito as decisões do povo venezuelano”. “A comunidade (lusa) é respeitada, trabalhadora e ajudou ao desenvolvimento deste país, penso que os impasses se devem solucionar pela via diplomática", frisou.
"A insatisfação do Governo de Portugal pode derivar do facto de, nesse país, haver opiniões bastante divididas em relação ao presidente Chávez. Para além disso, Portugal pertence à OTAN e tem muito boas relações com os Estados Unidos, por isso quer deixar claro o seu desacordo com o discurso proferido por Chávez nas Nações Unidas, quando ofendeu o presidente Bush. Retirar a faixa foi o mais conveniente neste caso. Foi um gesto de respeito e de gentileza, porque essa propaganda foi um acto político e assim se compreende que um país estrangeiro não queira converter-se num instrumento partidário eleitoral".
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"Sucursal do inferno" Aproximadamente 20 pessoas são ví timas, diariamente, de ladrões no boulevard de Sabana Grande, convertendo-o numa das zonas com maior í ndice de insegurança na capital. Yamilem González yamilem@correiodevenezuela.com
á 30 anos, o boulevard de Sabana Grande era conhecido como o melhor centro comercial de Caracas ao ar livre, já que os habitantes de Caracas visitavam aquela zona na companhia da família e amigos. As crianças saíam para andar de patins, as pessoas corriam, e era ali que se celebravam os melhores Carnavais da cidade. Actualmente, converteu-se num mercado perigoso e as noites são um mundo sem lei. Os "maquineros" e os "arrebatadores". Estes são os dois modus operandi mais utilizados pelos delinquentes no boulevard. Os "maquineros" são um grupo formado por três ou quatro homens; o mais forte agarra a vítima pelo pescoço, impedindo-a de respirar, enquanto os outros revistam-na, despojando-a dos seus objectos pessoais. Os "arrebatadores" são aqueles que, sem que a pes-
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soa se dê de conta, arrancam-lhes os seus pertences e rapidamente saem a correr. Isto sucede em questão de segundos e a vítima não consegue raciocinar a tempo.
Portugueses afectados
A comunidade portuguesa também é afectada pela insegurança que reina no boulevard e alguns falaram ao Correio e deram suas impressões acerca deste problema. César Mortágua, lisboeta, tem o seu negó cio no boulevard de Sabana Grande desde há 32 anos: a conheci-
da padaria "Pan 900". O mesmo comentou que se observa diariamente uma infinidade de roubos, mas felizmente não foi afectado directamente, já que trata de fechar cedo e tem um sistema de vigilâ ncia para evitar que os delinquentes entrem na padaria. "Há 30 anos, este era um lugar bonito onde se podia vir passear com a família. Actualmente, é perigoso caminhar aqui, porque quando menos esperas, tiram-te o que tiveres, seja a carteira, telemó veis, correntes, reló gios, o que
E a polí cia? Os "buhoneros" exigiram maior presença policial ao longo do boulevard. Insistem em que pelo menos seis “bandas” operam durante as 24 horas do dia na zona. Segundo informação dada pelos comerciantes, a polícia nunca está presente na zona e sobretudo quando ocorre algum assalto. A vigilância é escassa e alguns dos "buhoneros" sublinharam que a polícia é corrupta e que encobre os ladrões para que não sejam agarrados. Muitos dos comerciantes formais optaram por contratar os serviços de vigilantes privados. O director da Policaracas, o comissário Rafael León, anunciou recentemente à imprensa que nas próximas semanas serão integrados 12 novos funcionários, para que se dediquem à vigilância do boulevard.
Muitos dos comerciantes formais optaram por contratar os serviços de vigilantes privados seja", assegurou Mortágua. Filomena de Freitas, natural da ilha da Madeira, é "buhonera", vendedora de peluches desde há seis anos. Comentou que, devido ao elevado índice de insegurança, as vendas baixaram consideravelmente, já que as pessoas não visitam tanto o boulevard devido ao medo de serem assaltadas. Disse ainda que os mais afectados são os donos dos grandes comércios e os transeuntes, porque os "buhoneros" normalmente não são assaltados, por respeito ao seu trabalho. Também ela trata de recolher o material bem cedo, porque ao descer da noite, o
boulevard converte-se numa "terra de ninguém". O restaurante "O Capricho" também tem sido vítima dos ladrões. Segundo nos contou o dono, Jeró nimo de Abreu, já se viram afectados, em diversas ocasiões sobretudo porque o negó cio mantém-se aberto até à meianoite, uma das horas mais perigosas. "Antes, o boulevard era a sucursal do céu, agora transformou-se na sucursal do inferno, porque nem os clientes nem nó s podemos viver em paz sem pensar que podemos ser novamente vítimas". José Nunes é um jovem que se dedica aos artefactos em couro e também é "buhonero". Afirmou que os ladrões não se metem com eles porque respeitam a zona. Só não respeitam os comerciantes ditos formais e as pessoas que por ali passam. "Imagino que não nos fazem nada porque vêem como trabalhamos todos os dias para viver e porque não nos metemos com eles".
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Consulado emite primeiro passaporte electró nico O processo da recolha dos dados para o documento leva menos de dez minutos. Ainda não se sabe quanto tempo vai ser necessário para a chegada do documento desde Lisboa. Inicialmente será dado um prazo de duas semanas Tábita Barrera tabita@correiodevenezuela.com
Consulado Geral de Portugal em Caracas deu início, na passada sextafeira, dia 29, à emissão do novo passaporte electró nico. Às 8:30 da manhã, foi feito um simulacro com uma das funcionárias, que foi presenciado por alguns trabalhadores e várias pessoas que se encontravam na sede consular. Minutos mais tarde, Maria Gomes era a primeira portuguesa a fazer o novo documento electró nico. Com a ajuda de Luís Fernandes, técnico enviado pelo governo luso, conseguiu completar-se satisfatoriamente todo o processo. Em menos de 10 minutos, Gomes concluiu os passos a seguir. A primeira coisa que fez foi entregar o seu bilhete de identidade. Os seus dados foram introduzidos no computador para comprovar que estavam correctos e para preencher o requerimento que solicita os dados básicos, como o nome do titular, o apelido e a nacionalidade. Uma vez levadas a cabo aquelas acções, procedeu-se à obtenção dos dados biométricos. A máquina começou a mover-se até colocar-se à altura da utente, a quem foi tirada uma foto, tendo também sido pedido que colocasse os polegares no aparelho, para regis-
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tá-lo. Finalmente, foi lhe dado um pequeno papel para que assinasse e foi-lhe dito: "Já está pronto". Maria Gomes não queria acreditar. "Foi muito mais rápido que antes. Na verdade, é excelente. Como estão a começar, ainda não sabem muito bem quando é que o passaporte vai chegar, mas pelo menos já fiz o mais importante",
Quando se faz o pedido do passaporte, este chega imediatamente a Lisboa, mas não sabemos, todavia, quanto tempo vai demorar até que mandem o documento de Portugal para Caracas disse. O cô nsul Fernando Teles Fazendeiro informou que o passaporte anterior, o digitalizado, continua a ser válido e as pessoas poderão usá-lo até à sua caducidade. Aquele responsável não quis precisar uma data para a entrega do documento, pois desconhece o
tempo exacto que pode demorar. "O meu medo é dar uma data que depois não se possa cumprir por dificuldades de transporte ou outros pormenores. Quando se faz o pedido do passaporte, este chega imediatamente a Lisboa, mas não sabemos, todavia, quanto tempo vai demorar até que mandem o documento de Portugal para a Caracas. Inicialmente, vamos dizer às pessoas que o passaporte vai ser entregue uma ou duas semanas depois e quando começarem a chegar os primeiros, começaremos a diminuir o espaço de tempo entre o momento em que a pessoa faz o pedido e o momento da recepção", disse. Teles Fazendeiro comentou ainda que este novo documento electró nico tem um maior grau de segurança que os anteriores, é mais sofisticado e garante mais protecção", o que beneficia os cidadãos. Actualmente, no Consulado Geral de Portugal em Caracas, só existe uma máquina para tirar o passaporte, mas espera-se que nas pró ximas semanas cheguem mais duas. Esclareceu também que os cidadãos sem passaporte ou com passaporte caducado poderão, entretanto, efectuar qualquer viagem. Nesses casos, o Consulado emite um "título ú nico de viagem", que substitui o passaporte, pelo que nenhum cidadão ficará impedido de deslocar-se a Portugal.
Nomeação de cô nsules honorários secretário de Estado das Comunidades, Antó nio Braga, revelou que Portugal vai nomear novos cô nsules honorários nos países com quem mantém "relações privilegiadas". "Temos vindo a fazer um levantamento profundo junto dos países com os quais temos relações privilegiadas. As nomeações dos cô nsules honorários são feitas em função dos interesses de Portugal e desse levantamento", disse Antó nio Braga no final da cerimó nia de
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Sobre a reestruturação consular, o responsável pela pasta da Emigração adiantou que, até ao final do ano, o Governo vai a presentá-la aos parceiros sociais para discussão apresentação da campanha "Trabalhar no Estrangeiro".
O secretário de Estado das Comunidades, que tutela os consulados portugueses espalhados pelo mundo, escusou-se a revelar os países que vão ter cô nsules honorários de Portugal. Sobre a reestruturação consular, o responsável pela pasta da Emigração adiantou que, até ao final do ano, o Governo vai apresentá-la aos parceiros sociais para discussão. "Algumas das medidas de reestruturação envolvem direitos labo-
rais, sendo por isso necessário falar com os sindicatos sobre essa matéria", disse Antó nio Braga, que não adiantou se vão ser encerrados consulados. De acordo com o secretário de Estado, neste momento o estudo está numa fase de concretização, tendo já sido recolhida a opinião dos diplomatas, estando também a ser feita uma consulta aos membros do Conselho das Comunidades Portuguesas sobre os serviços consulares da área de residência.
12 | HISTÓRIA DE VIDA
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Sidó nio Correia Mestre: "A minha família é a minha maior riqueza" Fui operado 11 vezes, de uma hérnia umbilical, de uma úlcera que me "explodiu" no estômago, extraí ram-me um rim, entre outras, e em cada uma das operações, os meus filhos cuidaram de mim ortugal e a Venezuela são dois países verdadeiramente maravilhosos. Cada um deixou-me tesouros muito belos. É certo que a maior parte da minha vida foi vivida em solo venezuelano, mas é impossível tirar da minha memó ria a terra que me viu nascer. Cheguei a este mundo a 10 de Outubro de 1940. Foi na freguesia da Fajã da Ovelha que passei os primeiros 18 anos da minha vida. Foi um tempo lindo, onde, para além de estudar, trabalhava no campo. Recordo com nostalgia cada uma das tradições. Uma das minhas favoritas era apanhar uvas e fazer vinho e cortar a lã das ovelhas. Que tempos aqueles! No entanto, o quartel era um problema. Vim para a Venezuela para escapar de prestar serviço militar, porque, na altura, estavam a recrutar pessoas para irem para África e
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isso dava-me pavor. Em Caracas, tinha um tio que tinha vindo uns anos antes e mandou-me buscar. A 29 de Janeiro de 1959, saí do barco Sorriento e cheguei a um lugar que desconhecia, mas que me cativou desde o primeiro instante. Foi muito difícil deixar os meus pais, ainda que, felizmente, pude trazê-los mais tarde. Também foi duro deixar a mulher da minha vida, à qual nunca tinha confessado o meu amor. Mas comecei a trabalhar duro, primeiro com o meu tio, no mercado, e depois como agricultor. Isto permitia-me aproximar-me mais e mais das coisas que fazia em Portugal. Comecei a fazer amizades. Não foi nada difícil adaptar-me aos venezuelanos. São pessoas muito amáveis, cordiais e amistosas. O idioma tão pouco foi um problema.
O clima era uma bênção. Podia estar a chover, mas daí a pouco fazia sol. Era, sem dú vida, um paraíso. Trabalhando arduamente, consegui, a pouco e pouco, estabelecerme, e sete anos depois regressei à ilha para ir buscar a minha amada. Antes de ir buscá-la, a minha irmã ajudou-me a pedir a sua mão em casamento e fez de mensageira. Os seus pais aceitaram e eu fui à ilha para casar-me com Maria José. O melhor da minha vida foi o dia da nossa boda. Foi um momento mágico e muitas pessoas acompanharam-nos. Ela sempre me apoiou e sem problema algum, acedeu vir para a Venezuela comigo. Aqui, construímos um lar e tivemos três filhos: Maria Ofélia, José Ricardo e Antó nio, que também souberam ajudar-me e cuidaram de mim todo o tempo. Se não fosse por eles, eu não estaria aqui. Passaram poucas e boas a meu lado. Fui operado 11 vezes, de uma hérnia umbilical, de uma ú lcera que me "explodiu" no estô mago, extraíram-me um rim, entre outras, e em cada uma das operações, os meus filhos cuidaram de mim. Estou satisfeito com o trabalho que, como pai, fiz, porque eles completaram-me. Qualquer pessoa pode ter um filho, mas há que saber criálos. Esse é o verdadeiro pai, o que ensina a obediência, respeito e a procura da aprendizagem dos seus rebentos.
A comunicação é a chave
Nunca esquecerei que o que o meu pai mais queria no mundo era que nós aprendêssemos a ler e a escrever, porque ele não sabia. Os meus três irmãos e eu cumprimos. Também os meus filhos cumpriram, porque eu lhes pedi que tivessem a profissão que eu não tenho e todos são profissionais. O nosso lar fundamenta-se na comunicação. A chave para ter um bom matrimónio e uma boa família é o bom entendimento entre os pais, porque se o esposo e a esposa não se entendem bem, os filhos também agirão da mesma forma. É por isso que estou convencido de que a maior riqueza que tenho é a minha família.
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Cardiologia experimental da UCV reconhecida Entre os médicos que foram reconhecidos com este prémio encontra-se João Marques, presidente da Associação de Médicos Luso-Venezuelanos Tábita Barrera
tabita@correiodevenezuela.com
rês trabalhos de investigação realizados por Iván Mendoza, João Marques, Álvaro Mateus, Francesca Ristichio e Frederico Molero, doutores do Departamento de Cardiologia experimental do Instituto de Medicina Tropical da Universidade Central da Venezuela, obtiveram os primeiros lugares no XXXIX Congresso Venezuelano de Cardiologia. Este teve lugar no passado mês de Agosto, nas instalações do hotel Eurobuilding, e contou com a participação de cerca de 1.500 cardiologistas. O estudo mais premiado,
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intitulado "Ritmo circadiano de la muerte sú bita en Venezuela," tratava da relação da hora da morte na doença de chagas, comparada com o momento em que morrem as pessoas que não sofrem daquele problema. O mesmo é dizer que ficou demonstrado que as pessoas que têm problemas coronários morrem mais pela manhã, enquanto que os que sofrem do mal de chagas morrem mais à noite. "É a primeira vez que isto se comprova num mesmo grupo comparativo", disse João Marques, um dos líderes das investigações. Este luso-descendente, também presidente da Associação de Médicos LusoVenezuelanos (ASOMELUVE), explicou que o mal de chagas afecta mais de 18
milhões de pessoas no mundo e, na Venezuela, é uma das principais causas de morte por problemas cardíacos. Por esse motivo, nos ú ltimos 10 anos, propuseram-se averiguar a profundidade do problema. Para além deste galardão, conseguiram outros dois prémios ao investigar a relação do parasita que origina a doença com uma alteração genética, o que é a primeira vez que se comprova a nível mundial. Dedicaram também os seus esforços à criação de um algoritmo para identificar que pacientes podem beneficiar de um tratamento específico para as arritmias, que consiste em queimar o sítio daquelas no coração e assim conseguir controlá-las. Sob a tutela de Iván
Mendoza, presidente do departamento, as pesquisas da equipa competiram com outros 400 trabalhos e, graças à excelência das suas exposições, conseguiram alcançar o prémio nacional de investigações sobre cardiologia que a Sociedade Venezuelana de Cardiologia entrega. Mendoza referiu que a equipa deseja combater esse
incremento na morte sú bita, que agora acontece em pessoas cada vez mais jovens. "A morte sú bita é aquela que sucede de forma rápida e inesperada. Não nos opomos à forma de morrer, mas sim ao aumento considerável que ocorreu e que se apresenta prematuramente por stress, sufocos e outras causas", disse.
14 | cultura
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BREVES Como conseguir uma alta qualidade de vida?
"Venezuela é palco ideal para cantar" Katiuska Martins
ram 14h30 quando Tony Melo (vocalista), Luis Furtado (baixo), Denny Paga (teclas), Geraldo Cabral (guitarra), Víctor Freitas (bateria) e Geraldo Rodrigues (técnico de som), todos membros integrantes da banda "Starligh", chegaram às instalações do Centro Português, em Caracas. Na noite anterior tinham-se apresentado na cidade de La Victoria, pelo que aproveitaram o almoço para recuperar forças para o segundo espectáculo no país. O vocalista do grupo, Tony Melo, dispô s-se a transmitir-nos a suas impressões acerca da Venezuela e dos seus compatriotas.
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CORREIO - É a primeira vez que vêm à Venezuela? Tony Melo - Não, é a segunda vez. Estivemos cá há aproximadamente sete anos. Mas esta é a primeira que actuamos no Centro Português, em Caracas. CORREIO - Quais são as vossas impressões deste país? TM - É fantástico. As pessoas daqui receberam-nos muito bem. Apesar de estarmos longe de casa, na Venezuela todos nos tratam como se estivéssemos lá. As pessoas são muito carinhosas e agrada-nos a ideia de cá regressar lá de vez em quando. O que mais nos impressionou é a forte amizade que existe entre os portugueses. Eu sou açoriano e sei muito bem o que é a rivalidade. Nesse arquipélago há muitos
clubes e associações, entre os quais há muitas discrepâ ncias. A união que aqui se regista devese a que aqui haja uma grande comunidade madeirense... CORREIO - Como vêem a comunidade portuguesa aqui radicada em comparação com os que vivem em Portugal? TM - Penso que tanto na Venezuela como noutros países do mundo, fora de Portugal, há uma comunidade que sente muito mais a nossa terra. Essas pessoas exibem o orgulho de ser português a cada minuto. Recordam e idolatram o seu país de origem de uma forma muito mais acentuada que os residentes em Portugal. CORREIO - Que lhes pareceu as condições oferecidas pelos clubes portugueses de Venezuela? TM - Temos dito nas várias entrevistas em Portugal, Estados Unidos e Canadá que na Venezuela estão os melhores clubes portugueses de todo o mundo. Nó s temos passado por muitas comunidades lusas na Europa, América e Canadá e não há dú vida que é aqui que está a excelência. CORREIO - Há alguma diferença entre os emigrantes da Venezuela e os de outros países que tenham visitado? TM - Não sei porquê, mas creio que o facto de haver muitos madeirenses é a principal razão. Aqui os emigrantes são muito mais unidos. Por isso é que conseguiram fazer grandes obras, feito que só se consegue com a união. Por isso é que da Vene-
zuela vêm os melhores artistas, clubes e tradições. CORREIO - Nalgum momento sentiram receio de vir a este país por causa da insegurança? TM - Bem, para começar, não somos ricos. Por isso nunca sentimos medo de vir. Somos humildes e simples. Sabíamos muito bem que iríamos estar protegidos pela família portuguesa. Tínhamos a certeza que não nos íam deixar cair em nenhuma situação perigosa. Por isso, sempre que posssamos, havemos de vir cá. CORREIO - Que têm preparado para o espectáculo de hoje, em Caracas? TM - Temos um bom espectáculo para que a comunidade se divirta. Nó s somos um grupo alegre e animado que no palco transmite uma boa vibração. Como sempre, vamos tentar dar o nosso melhor para agradecer aos empresários que nos trouxeram aqui. É o caso de Nino Acosta, pelo seu esforço e sacrifício em nome dos Starlight. O nosso entrevistado manteve sempre a ideia que a Venezuela é o sítio ideal para cantar. A vontade demonstrada pelas pessoas em manterem vivas as suas tradições anima os Starlight, um grupo que desde 1993 vem somando êxitos e que agora esperam começar a gravar o álbum nú mero 15. Preparam também um espectáculo que pretendem reunir artistas luso-venezuelanos, como Carlos Kanto, a ser apresentado em Toronto (Canadá). Uma maneira diferente de promover o seu novo trabalho.
A chave para se ter uma alta Qualidade de Vida está em desenvolver dentro de nós mesmos, no nosso mundo interno, um lugar sólido, um EU forte que não possa ser afectado pelas mais adversas circunstâncias externas. Sobre esta problemática trata o Terceiro Encontro Aberto organizado pelo Instituto Filosófico Hermético, que estará subordinado ao tema "Uma vida melhor é possível", que se realiza sábado, 7 de Outubro, às 10 am, na sua sede, localizada na Avenida Francisco de Miranda, Torre Provincial A, Piso 15, Chacao. Mais informação poderá ser obtida através dos telefones 2641666 e 2655254 ou a partir de uma visita ao sítio virtual do Instituto, em www.ifh.org.ve. O custo de inscrição é de 5.000 bolívares.
"Vida empresarial" apresentada A Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Luso Venezuelana apresentou ao público a revista "Vida empresarial", numa ceia realizada na passada quinta-feira no Salão Cristal do Hotel C.C.C. Tamanaco, onde estiveram presentes importantes personalidades do mundo comercial e empresarial, para além de alguns dos patrocinadores que tornaram possível a realização deste projecto. A revista Vida Empresarial conta com 48 páginas escritas em espanhol, com temas de interesse para os empresários e comerciantes luso-venezuelanos no país. Os trabalhos baseiam-se em entrevistas a personalidades do mundo empresarial, temas de turismo, os últimos avanços na parte comercial e informação sobre os eventos a realizar na Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Lusovenezuelana. Segundo José Luís Ferreira, presidente daquela entidade, este projecto tem sido um grande sonho para todos os membros da mesma, já que é um reconhecimento para os que fundaram a organização. Para além disso, com ela poder-se-á integrar um pouco mais os empresários e por sua vez mantê-los informados do que vai ocorrendo na Câmara. Na "Ceia empresarial", todos os membros da Câmara, na companhia do padre Alexandre Mendonça, assistiram à bênção deste novo projecto e de seguida deram início à ceia, a qual contou com a presença da jovem fadista Liliana Farias, dando um toque português à celebração.
Semana da moda com modelos de Diana de Sousa
As instalações do Hard Rock Café do Centro Comercial Sambil serviram de cenário, na passada quinta-feira, 28 de Setembro, para o Glam Fashion Rock Show, onde modelos e artistas se reuniram naquele que foi o quarto dia da Semana da Moda de Caracas. Com peças da luso-descendente Diana de Sousa, foi levado a cabo um desfile num estilo gótico e agressivo, que deixou boquiabertos muito do público presente. Na passerelle fez-se um leilão para benefício da associação civil Senos Ayuda, que luta contra o cancro da mama. Quinze trajes foram doados pelos estilistas participantes na Semana da Moda. Foi uma noite onde as cores branco e negro predominaram, num ambiente cheio de glamour, criatividade e rock, onde uma vez mais se mostrou o grande talento que existe na Venezuela.
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LAZER | 15
Parque Temático fez dois anos Actualmente o Director Geral desta importante atracção turí stica é Johnny Miguel Fernandes de Nóbrega, um luso-venezuelano, nascido em Maiquetia, La Guaira Sandra Rodrí guez olgaria6@yahoo.com
atalogado como uma das mais importantes atracções turísticas, histó ricas e culturais da Região da Madeira, o Parque Temático alcança o seu segundo aniversario. Para o dia 10 de outubro, quem visite as instalações poderá desfrutar gratuitamente do espaço, e de todas as actividades programadas pela organização para comemorar a data, ressaltando o "Grande bolo na lagoa". Com quase duzentos mil visitantes registados, o Parque Temático alberga a beleza natural da zona rural e construções, concebidas em pavilhões, para destacar o genuíno da ilha. "O produto que temos é de boa qualidade, onde as pessoas em duas horas e meia conhecem toda a realidade da Região, sua historia, costumes e tradições", explicou o Director Geral, Johnny Fernandes. "E as atracções são para todo tipo de publico. Desportos radicais, simuladores virtuais e filmes educativos e informativos em três dimensões. Artesanatos, casas típicas, e carros de bois e redes. Pavilhões identificados que falam sobre os descobridores da ilha, sobre as ilhas no mundo, e sobre o futuro da terra, a importâ ncia que tem para o ser vivo. Tudo isto em um só lugar. "Nasci na Madeira e é gratificante ver todas as coisas novas que se apresentam. Aparte dos turistas, os madeirenses também deveriam vir e conhecer como no parque reflectem a nossa cultura. Gostei muito do filme e os barcos que nos amostram a historia da ilha", opinou Antó nio Da Silva, visitante. Com sete hectares de terreno, repleto de arvores e jardins, e todas as condições para ser a maior referencia turística da ilha,
C
O Parque Temático promoveu este ano o I Arraial Temático, simulando tudo o que uma festa de esse estilo deve ter e não só umas das mais destacadas a nível nacional, o projecto arquitectó nico do Parque recentemente foi também destaque numa publicaç ão internacional "Arquitectura Ibérica", revista bilingue que apresenta como tema a sustentabilidade, onde as relações
entre a paisagem natural e as construções estão retratadas. E logo da promoção pelo ar, onde cada passageiro que viajou com destino a Madeira obteve uma brochura identificativa do Parque, os promotores já preparam novas iniciativas que o mantenham como um dos cartazes turísticos de preferencia. Como um projecto da Sociedade de Desenvolvimento do Norte, e pensando na comunidade e nos emigrantes que nas datas de ferias visitam a ilha, o Parque Temático promoveu este ano o I Arraial
Temático, simulando tudo o que uma festa de esse estilo deve ter e com o espectáculo musical de Marco Paulo, um dos artistas portugueses mais reconhecidos pelo mundo
PARQUE DIRIGIDO POR UM VENEZUELANO Johnny Miguel Fernandes de Nóbrega é o Director Geral do Parque Temático da Madeira. Luso-descendente, nascido em Maiquetia -La Guaira- e de pais oriundos do Faial, concelho de Santana, graduou-se em engenharia mecânica e logo de trabalhar por mais de seis anos numa companhia norte-americana, em projectos de controlo para plataformas petroleiras, por motivos pessoais decide radicar-se na terra dos seus pais. Já faz quatro anos que veio da sua terra natal, altura que foi contratado por uma empresa continental e onde começa a execução da obra do Parque Temático na ilha da Madeira. Depois da conclusão do projecto, passa a ser Director de Manutenção e responsável das equipas. "Como esteve na construção, conhecia perfeitamente tudo, e logo de um período, em janeiro de 2005, foi nomeado Director Geral", relatou Fernandes de Nóbrega. Assim, Johnny Fernandes lidera os cento e vinte empregados do Parque Temático da Madeira, três de eles também venezuelanos.
fora. "Já estamos a pensar numa segunda edição, a ideia é simular o ambiente e orientar tudo ao resgate das raízes, do autó ctone. O Arraial Temático esta orientado principalmente aos emigrantes", destacou o Director Geral do parque. E importante destacar que, actualmente o espaço emprega mais de cem pessoas, directe e indirectamente - presentes nos serviços de restauração, seguridade e manutenç ão sendo a sua grande maioria oriundos do concelho de Santana, contribuindo isto com o desenvolvimento socio-economico da Região. E para conhecer um pouco mais sobre o Parque Temático podem aceder a www.parquetematicodamadeira.pt, que já recebeu perto de um milhão de visitas e para além de apresentar todas as atracções do Parque, destacando nas instalações uma webcam permanentemente, apresenta outros pontos turísticos do concelho de Santana e de toda a Região.
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"A nossa música está dedicada à palavra" a voz inconfundível e incontornável dos Madredeus, a que torna possível o fenó meno, a voz que conquista os grandes cenários, a que chama a atenção sobre os mú sicos que a acompanham: Teresa Salgueiro é selo de Madredeus, junto a Pedro Ayres Magalhães e José Peixoto na guitarra clássica, Fernando Jú dice na guitarra baixo acú stica e Carlos Maria Trindade nos sintetizadores.
É
Que trazem os Madredeus à Venezuela? Teresa Salgueiro - "Um pouco de tudo. Um amor infinito e Faluas do Tejo são os nossos ú ltimos discos e seu extraordinário êxito motivou esta digressão que nos traz também à Venezuela, pela primeira vez, assim que estamos emocionados por vos ver e ansiosos em partilhar a nossa mú sica convosco. Temos mais de 100 temas compostos, presentaremos un poco de todo, de una manera que resulte nueva si el pú blico ya nos ha visto antes".
De onde parte a música de Madredeus? Teresa Salgueiro - "As guitarras jogam um papel essencial. Arranjos e escalas. O ponto de partida para construir as nossas canções, agora mais que nunca, é a mú sica de guitarra do mundo: brasileira, clássica, italiana ou francesa, fado, rock, country, blues, de alaú de magrebino. Um pouco de tudo, mas com um selo muito pró prio. A mú sica serve a poesia, mas a poesia está feita pensando na mú sica, são poemas musicais. Está feito para descobrir a musicalidade da língua portuguesa. Por isso não utilizamos a percussão, para que a palavra tenha o seu lugar primordial; é uma mú sica dedicada à palavra". Madredeus é excelência?
saudade por
Teresa Salgueiro - "A saudade é mais que nostalgia. É um sentimento que tem muita presença na cultura portuguesa e os Madredeus pretendem colocá-la em evidência a partir da personagem da cantora, uma mulher que espera e que acredi-
Ganhadores do sorteio para o concerto dos Madredeus
ta que algum dia vai a encontrar uma pessoa ou um lugar. Isto sentimos quando estamos longe de alguém ou de algo mas, ao mesmo tempo, essa tristeza nos dá alegria, permite-nos viver o amor na distâ ncia. No fundo fala-nos do amor". Em que se diferenciam do fado? Teresa Salgueiro - "A mú sica de Madredeus não é fado, não é mú sica popular, não responde a uma definição que a reduza. É uma paixão muito grande, é uma mú sica que está muito pró xima das emoções verdadeiras, do pensamento das pessoas. Não, não cantamos fado". Os Madredeus actuam em dois espectáculos, previstos para os pró ximo sábado e domingo, 7 e 8 de Outubro, às 7:00 p.m. na Aula Magna da UCV. As entradas estão à venda - desde 120.000 bolívares - em todas as "discotiendas Esperanto" (nos centros comerciais San Ignacio, Toló n, Paseo Las Mercedes e Vizcaya) e nas "taquillas" da Aula Magna. Para maior informação pode chamar ao telefone 794.00.93.
Ganhadores do sorteio realizado durante o Encontro de Gerações Andrea Dias Bolívar C.I. 18.810.061
Joaquin Dos Reis C.I. 12.742.839
José Correia C.I. 6.502.912
Rosalina de Oliveira C.I. 937.184
Silvia Molina de Sousa C.I. 11.163.168 Ma. Alice Rodrigues Basilio Pestana
INQUÉRITO José Perez Perazo
Director de orquestra
Madredeus é uma visão renovada do fado português em todos os sentidos. No estilo musical, no tratamento das vozes, no planeamento das canções, mas sem perder a essência profunda que é a característica do fado. A apresentação deste grupo na Venezuela vai trazer inúmeras vantagens, sobretudo porque vai traduzir-se numa maior importância para a comunidade portuguesa, a qual é muito vasta neste país e também é uma maneira importante de dar a conhecer a sua cultura. Para além disso, esta visita deve ser um prémio para eles.
José Antonio Pires
Director do Instituto Português de Cultura Parece-me muito bem que uma banda com tão excelente percurso ao nível mundial venha à Venezuela. Para além disso, este tem sido um grande elo de ligação entre todos os portugueses desde há muito tempo. Por outro lado, é muito importante que Venezuela saiba que há grupos tão bons como os Madredeus, já que eles marcaram a diferença em relação a todos os outros estilos musicais, porque souberam juntar o rock ao fado português num estilo único, criando um projecto original. Eles t~em um toque português, mas são universais, pelo êxito e pela popularidade que têm em vários países.
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18 | PORTUGAL Lisboa trava providência cautelar da Câmara de Coimbra
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Ministério do Ambiente travou os efeitos suspensivos da providência cautelar requerida pela Câ mara Municipal de Coimbra contra a decisão de avançar com a co-incineração em Souselas sem avaliação de impacto ambiental, alegando ser lesiva do interesse pú blico. Numa resolução a que a Agência Lusa teve acesso, o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, argumenta que a suspensão dos efeitos do despacho governamental pretendida pela autarquia, "mais do que inconveniente, é gravemente lesiva para os interesses pú blicos subjacentes à sua emissão (...), os quais contribuem para a concretização de uma política global de gestão de resíduos perigosos". A suspensão da eficácia da de-
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O secretário de Estado invocou ainda o cumprimento do princí pio da auto -suficiência que norteia a polí tica europeia de resí duos (redução da exportação) cisão governamental foi requerida a 13 de Setembro. Na altura, o presidente da Câ mara Municipal, Carlos Encarnação, adiantou que a providência cautelar seria acompanhada de uma acção principal a contestar o despacho com que o ministro do Ambiente, Nunes Correia, dispensou em Agosto a Cimpor de Souselas da realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Carlos Encarnação disse que a decisão de dispensar a Cimpor de efectuar o EIA representava "um erro e um perigo" e sublinhou que a aposta da cimenteira no uso dos Resíduos Industriais Perigosos (RIP) como combustível "não é um proj ecto pú blico, mas sim privado". O secretário de Estado do Ambiente refere que o Instituto dos Resíduos (entidade competente para o licenciamento das operações
de co-incineração) e o Instituto do Ambiente (Autoridade de AIA) emitiram parecer favorável à dispensa deste procedimento e propuseram um conjunto de medidas de minimização dos impactes ambientais. Humberto Rosa considera que o diferimento do processo de co-incineração de RIP durante o tempo necessário à tomada de decisão judicial na providência cautelar é "totalmente inadmissível e altamente prejudicial para os interesses pú blicos". Entre estes interesses contam-se nomeadamente: a necessidade de uma política de gestão de RIP que complemente o uso dos Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos (CIRVER), o tratamento dos lixos contaminados existentes e acumulados em diversos locais e a resolução do processo de pré-contencioso comunitário por incumprimento da directiva relativa aos RIP por não terem sido adoptadas as medidas necessárias a um tratamento adequado. Além disso argumentou ainda que a adopção da valorização energética de RIP por co-incineração nas cimenteiras é uma solução adequada e que contribui pa ra a redução dos riscos para a saú de das populações que resultam da contaminação de solos ou de queima não controlada. A providência cautelar não foi o primeiro recurso da Câ mara de Coimbra para impedir a co-incineração. No dia 21 de Agosto, o executivo municipal aprovou uma postura de trâ ns ito que proíbe a circulação de Resíduos Industriais Perigosos (RIP) para co-inci neração na fábrica de cimento de Souselas, uma freguesia a norte da cidade. No dia seguinte, o Governo, através do secretário de Estado do Ambiente , Humberto Rosa, anunciava que mantinha a previsão de iniciar em Setembro ou Out ubro os testes para a queima dos RIP em Souselas. No dia 24 de Agosto, a Câ mara de Coimbra começou a instalar sinais de trâ nsito nos acessos a Souselas, proibin do a circulação de RIP e outras matérias perigosas. Quatro dias depois, o ministro Nunes Correia questionou a competência d a autarquia para aplicar essa proibição e acusou a Câ mara de Coimbra de "usar o terror das pessoas para fins políticos".
Novo mapa de urgências abre caminho aos privados Movimento dos Utentes dos Serviços de Saú de ( MUSS) defendeu que o projecto governamental de reorganização das urgências, que prevê o encerramento de catorze, vai "tirar cada vez mais direitos aos cidadãos" e "abrir caminho aos Hospitais privados". "Corta, corta, corta é o lema deste ministério", afirmou Castro Henriques, do MUSS, numa crítica ao relató rio encomendado pelo Ministério da Saú de sobre a reorganização das urgências. De acordo com o documento, divulgado segunda-feira, dez por cento da população portuguesa (cerca de um milhão de pessoas) vai ficar a mais de 45 minutos de acesso a um serviço de urgência. Para o representante do MUSS, os projectos do actual ministério da saú de "servem apenas para tirar cada vez mais direitos aos utentes que têm de pagar cada vez mais, numa tentativa acelerada de acabar com o Serviço Nacional de Saú de". Castro Henriques acusou o actual ministro de "saber muito bem o que anda a fazer aos portugueses", nomeadamente de estar a "abrir caminho para agora aparecerem os hospitais privados". Contactado pela agência Lusa, o presidente do Movimento dos Utentes da Saú de (MUS), João José Cardoso, remeteu para mais tarde uma análise ao relató rio por considerar "não possuir dados suficientes para se poder pronunciar de forma objectiva" sobre o projecto governamental. De acordo com o relató rio, a reorganização proposta por onze especialistas deverá começar a ser executada no início do pró ximo ano, de uma forma escalonada no tempo, e em "conjugação com outras acções complementares ligadas a acessibilidades e à re-
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De acordo com o documento, é proposto o encerramento de cinco serviços de urgência na região norte, sete na região centro e dois na região de Lisboa. qualificação de recursos humanos e materiais". Embora a reorganização vise que um serviço de urgência fique no máximo a 30 minutos de distâ ncia da população servida (45 minutos no caso de uma urgência polivalente), os especialistas assumem que, devido a limitações demográficas e geográficas, um milhão de portugueses vai demorar mais a chegar a estas unidades. "As metas são propostas para 90 por cento da população, não sendo possível consignar objectivos idênticos em todo o territó rio", lê-se no documento. A proposta apresentada prevê a criação de um Rede com três tipos de serviços de urgência - Serviço de Urgência Básica (SUP), Serviço de Urgência Médico -Cirú rgica (SUMC) e Serviço de Urgência Polivalente (SUP) -, num total de 83 serviços. O aumento do nú mero de pontos da Rede de Urgência em relação aos actuais 73 é conseguido porque os existentes considerados são apenas hospitalares e, a pesar do encerramento previsto de 14 urgências hospitalares, são integrados na Rede os serviços de atendimento urgente reconvertidos de 24 centros de saú de.
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PORTUGAL | 19
Política de imigração ú nica na Europa primeiro-ministro, José Só crates, defendeu uma política ú nica de imigração na União Europeia, abrangendo a cooperação fronteiriça, a harmonização das regras de entrada e um apoio comum aos países de origem. José Só crates defendeu estas posições na sessão de abertura da XI Conferência Internacional das Migrações, em Lisboa, iniciativa que junta centenas de especialistas sobre o fenó meno migrató rio de cerca de seis dezenas de países. Tendo ao seu lado o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, Só crates lembrou que foi um dos oito chefes de Estado e de Governo da bacia do mediterrâ neo que escreveram recentemente à presidência finlandesa da União Europeia a reclamar uma atenção maior às questões da imigração. "Pode e deve haver uma ú nica atitude política em relação à imigração dentro da União Europeia",
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prevendo "a cooperação nas fronteiras, a harmonização das condições de entrada, o apoio aos países de origem e uma política comum de integração", sustentou o primeiro-ministro.
Luso-descendente arrepende-se de ter acusado o pai de violação ma jovem luso-descendente residente em França que há sete anos fez a Justiça francesa acreditar que tinha sido abusada sexualmente pelo seu pai, pediu recurso e espera agora que os tribunais o declarem inocente. Numa entrevista à agência Lusa, Virginie Madeira, de 21 anos, diz-se "arrependida" do que fez e quer provar a inocência do pai. Por isso, pediu ao advogado para recorrer da sentença que condenou o seu pai a 12 anos de cadeia e escreveu um livro a contar toda a histó ria. "Eu Menti" é o título do livro lançado no passado dia 20 de Setembro em França e que a luso-descendente espera que venha a ajudar a Justiça francesa a declarar o seu pai inocente."Durante três anos ninguém me ouviu. Escrevi cartas ao Presidente da Repú blica e ao ministro da Justiça, que nunca me responderam, ao Procurador, quem me disse que não era da sua jurisdição, falei com uma deputada e com duas advogadas, que me meteram medo ao insistirem que podia ir
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para a prisão", disse a jovem . "No final do ano passado, decidi escrever o livro. Foi a solução que encontrei. A Justiça não me quis ouvir, mas agora são obrigados a ouvir-me". A histó ria de Virginie Madeira começou em 1998, quando tinha 14 anos e era uma adolescente "imatura e com problemas em fazer amigos". Um dia, uma colega de quem se queria aproximar fez-lhe uma confidência íntima e Virginie pensou que tinha de retribuir. "Como tinha visto uma situação semelhante na televisão, decidi dizer-lhe que o meu pai abusava de mim, mas pedi-lhe para não contar a ninguém. Só que ela foi dizer à directora da escola". Nesse mesmo dia, Virginie foi chamada ao gabinete da directora e já não voltou para casa. "De repente, chamaram o Procurador e a polícia, tirou-me de casa e fui para um centro de menores vítimas de maus tratos", relatou. Virginie "não conseguiu" dizer às autoridades que era tudo mentira, por que "não queria passar por mentirosa".
"Não pode haver uma política inteligente sobre o fenó meno migrató rio sem que haja uma verdadeira cooperação internacional", acrescentou. No seu breve discurso, José Só crates garantiu que Portugal "atribui
prioridade à questão da imigração ao nível da sua política doméstica" e referiu as mudanças recentemente operadas nas leis da nacionalidade e da imigração. "A política do Governo é humanista e responsável em relação à imigração. Queremos promover a imigração legal, e queremos combater a imigração clandestina e a burocracia, que tantas vezes é amiga da ilegalidade", salientou o primeiro-ministro. O primeiro-ministro vincou ainda que Portugal se assumiu tradicionalmente como um país de emigração e que, a partir da década de 80, em resultado do crescimento econó mico do país, passou a ser um país de imigração. "A entrada de trabalhadores estrangeiros em territó rio nacional contribuiu para aumentar o crescimento econó mico e melhorar a sustentabilidade do sistema de Segurança Social", sublinhou o chefe do Governo.
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Código mais antigo das praxes permite colheradas e limpezas s caloiros da Universidade de Coimbra que desrespeitem a praxe podem levar colheradas nas unhas ou ver o cabelo rapado, normas do mais antigo Có digo da Praxe, criado em nome da Academia e da integração dos alunos. As praxes académicas continuam a ser um tema polémico e até já levaram alunos a apresentar queixa em tribunal, como aconteceu com uma estudante do Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros, que alega ter sido vítima de "praxes violentas" e cujo julgamento começa quarta-feira. Na mais antiga universidade do país, o primeiro Có digo da Praxe ficou registado por escrito na década de 50, vindo a servir de modelo para muitos outro s regulamentos. As normas foram revistas em 2001, mas mantiveram-se alguns artigos controversos. De acordo com o có digo, um caloiro não pode, por exemplo, andar na rua
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depois da meia-noite, uma infracção que pode ser sancionada com penalizações como o corte do cabelo. Cabe às trupes, estudantes trajados a rigor e muitas vezes encapuzados com a batina negra, percorrer as ruelas da cidade de Coimbra à caça de alunos "hierarquicamente inferiores" que estejam a infringir as normas definidas pelo Conselho de Veteranos da universidade. Maria Teresa (nome fictício) foi uma das muitas alunas apanhadas por um a trupe feminina quando estudava na Universidade de Coimbra, um momento que a deixou "paralisada de medo". Comer relva e levar uma tesourada no cabelo, que a obrigou a cortá-lo " bem curtinho", foram as sanções definidas pela trupe, que a terão reconhecido como caloira. Tudo porque estava na rua depois da hora permitida. Segundo o có digo da praxe, todos os elementos da trupe podem dar tesouradas ou colheradas, estando apenas esta-
De acordo com o código, um caloiro não pode, por exemplo, andar na rua depois da meia-noite belecido que "os veteranos podem dar o nú mero de colheradas que quiserem, mas sempre em nú mero impar". As colheradas ou sanção de unhas açoite aplicado nas unhas com a "Colher da Praxe" ou um sapato do pró prio infractor - são a segunda sanção referida no Có digo da Praxe. Caso um estudante se recuse a receber a punição definida, o chefe de trupe pode pedir aos outros elementos "a imobilização do infractor no sentido de a aplicar", define o artigo 139º do novo có digo. Hoje, a criação de trupes é uma prática em vias de extinção e o Conselho de Veteranos recomenda aos grupos andarem de cara destapada. "Às vezes há comportamentos um bocado exagerados das pessoas e se os quisermos responsabilizar é quase impossível", reconheceu o Dux (representante máximo do Conselho de Veteranos) da Universidade, João Luís Jesus, garantindo, no entanto, que são "raras as queixas que aparecem" no Conselho de Veteranos. Não poder circular na rua a partir de determinada hora são "reminiscências do tempo da Polícia Académica" que permaneceram, mas o "controlo" começa a desaparecer, já que "há cada vez menos trupes", lamentou aquele
estudante da Universidade de Coimbra. Outra das práticas que entraram em desuso, de acordo com o Dux, foram a "pastada" (bater com a pasta na cabeça dos estudantes mais novos) e o "canelão" , uma praxe em que o caloiro é obrigado a passar por uma fila de "doutores", que o pontapeiam nas canelas. "Já houve praxes violentas na universidade, mas foram sendo sucessivamente abolidas", afirmou o Dux, garantindo que "a violência gratuita foi proibida e deixou de existir". Outra das tradições que está a desaparecer é o julgamento de caloiros, um cerimonial "intimidató rio" para definir qual o castigo a aplicar ao infractor . Numa sala iluminada por velas com caveiras, onde as mesas são cobertas com capas pretas e todos os participantes estão encapuzados, os caloiros eram julgados num ambiente "intimidató rio, para mostrar que não se deve desrespeitar as normas do có digo aceite", recordou o Dux. Hoje, os caloiros continuam a poder ser "mobilizados e gozados", de acordo com o Có digo da Praxe, mas cabe à imaginação de cada "doutor" pô r em prática estas regras destinadas a integrar os mais novos na mais velha instituição de ensino do país. Entre as possíveis "mobilizações", encontram-se os "trabalhos doméstico s" em casa dos doutores. Lavar as escadas monumentais ou a calçada portuguesa com uma escova de dentes ou medir a Ponte de Santa Clara com um palito são outras das praxes mais clássicas que continuam na moda. Segundo o Dux João Luís, "a essência da praxe é que todos se divirtam".
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22 | OPINIÃO
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A partir da Madeira (II)
António de Abreu Xavier Historiador
á muitas coisas a dizer em relação à circulação na ilha da Madeira. Uma delas tem a ver com a atitude de muitos jovens ao volante, aborrecidos porque algum peão os obriga a travar nas passadeiras, o que lhes corta a velocidade. Outra é a fixação dos condutores de veículos de duas rodas em colocar ressonadores nas motos. Vi quatro turistas a queixarem-se, quando um deles lhes passou ao lado, no Campo da Barca, a caminho da Quinta das Orquídeas. É interessante mas em duas ocasiões (Avenida do Mar e Rua 5 de Outubro), vi condutores impruden-
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tes que foram indicados pelos locais como sendo "venezuelanos". Conduzimos assim tão mal? O que sei é que pude constatar que os luso-venezuelanos são vistos de duas maneiras. Primeiro, que são uns filhinhos de papá incapazes de ganhar a vida por si mesmos. Segundo, que continuam ali e tratam de impor atitudes e costumes venezuelanos e por isso negam-se e confessam-no - a falar português. Comprovei-o com exemplos muito pró ximos, lamentavelmente. A visibilidade dos venezuelanos já é bastante notó ria pelo sotaque. Mas há exemplo de excessos intencionais: O jipe - porque tinha de ser um 4x4! - parado sobre o passeio, com as quatro portas abertas, na rua João de Deus, a seguir ao Museu Francisco Franco, com um "joropo" a todo o volume. Se a ganharam (visibilidade), não foi pelo "joropo", mas pela atitude: Não houve turista ou peão que não tivesse de ver a cena dos jovens e da mulher que lhes falava desde a porta de uma loja. Outro exemplo foi dado por uma jovenzinha à saída de uma loja de hambú rgueres. Eu estava sentado
no aprazível café do lado, Sunny Bar, com vontade de comer um bife em bolo do caco e beber uma Sumol, vendo os turistas a esperar a sua vez no semáforo para cruzar em direcção à Pontinha, e não pude deixar de ver e ouvir - era impossível!!! - tal desperdício de presencialidade. Tudo aconteceu quando a jovem se virou e pude ver o que estava escrito na sua camisola: "Porque me da la gana!". Senti calafrios e recordei-me dos spots de Caracas: "estudio idioma cuando y como quiero" e "si ahí me provoca, ahí me la tomo", que chamam de exercício da vontade individual, não importa onde e quando!! Que diferente a atitude do madeirense e em especial a conduta já descrita do funchalense. - Por sorte, apreciei também o lado oposto. Retornados da Venezuela ocupando seu tempo em pequenas explorações agrícolas ou comerciais, readaptados ao tipo de vida da ilha, ainda que o processo de reintegração não tenha terminado. Nem terminará, porque quem teve contacto com outros povos e sociedades, torna-se cosmopolita e a insularidade restringe o espaço mas não o espírito.
Uma comunidade motivada
Antonio López Villegas altatribuna@yahoo.com.mx
m destes dias, ao sintonizar a rádio na frequência 99.1 FM, ouvi falar, no programa "Brú jula Internacional", o insigne especialista em questões internacionais Jú lio César Pineda. O programa é transmitido diariamente de segunda a sexta-feira, pelas 10 da manhã. Aquele especialista referia-se à quantidade de portugueses que vivem em territó rio nacional. Dizia que há mais de um milhão deles a viver aqui, mas que por nada do mundo esquecem a sua origem. Creio que é difícil para qualquer indivíduo esquecer a sua terra natal. A comunidade de emigrantes portugueses é muito significativa,
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e exercem uma influência importante nas decisões que se devem tomar no país. Os seus contributos foram, a pouco e pouco, dignos de respeito porque, para além de tudo, fazem parte de uma comunidade "que não se mete em problemas". As novas conjunturas política, econó mica e social alteraram a importâ ncia dos portugueses no mundo e também a importâ ncia do idioma; como consequência, na escala dos idiomas ocidentais, o português passou a ocupar o terceiro lugar, depois do inglês e do espanhol. Se a referência é a América do Sul, ali é o idioma com maior nú mero de utilizadores. Este idioma é língua oficial de oito estados e quatro continentes e é a língua de comunicação de 12 organizações internacionais. Sabe-se que actualmente, no mundo, o nú mero de luso-falantes supera os 200 milhões; isto coloca este idioma no oitavo lugar entre os idiomas mais falados do planeta. O português é uma língua de cultura que dá acesso à literatura e civilizações originais e variadas. O Comité Nobel distinguiu esse facto ao atribuir o Prémio Nobel da Paz a José Ramos Horta e a Carlos Felipe Ximenes Belo, em
1996, e o Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, em 1998. Neste mundo tão globalizado e de grandes transformações, o português é uma língua que "se las trae". E como se diz por aí, uma língua do futuro a ser descoberta. Neste sentido, e considerando que o pensamento não existe se não existir uma linguagem, haveria que aceitar que tanto a língua como os portugueses passarem a ser, hoje mais do que nunca, uma referência importante, porque pouco a pouco, com o seu procedimento exemplar de trabalho e dedicação responsável, entram aos poucos no coração dos que aqui habitam e em todo o mundo. Definitivamente, esta comunidade é uma das mais motivadas das que aqui convivem, porque dedicou-se a desenvolver uma atitude mental positiva para transformar os seus sonhos em metas e as suas metas em acção. Penso que isto tem muito a ver com a sua histó ria e essa grande herança de conquista posta aos navegantes portugueses na crista da onda. Enfim, dedicaram-se a viver uma vida sem desculpas e ensinam os seus descendentes a respeitar a terra que um dia lhes deu acolhimento.
Dicas para uma Biblioteca de Literatura Portuguesa
Jesús Ignacio Pérez-Perazzo Destaca-se, também no século XVI, as obras dos historiadores Diogo do Couto (1542-1616), autor de "O Soldado Prático", a quem Felipe II encarregou de continuar as "Décadas" de João Barros; e Gaspar Correia (c.1500-1561?), cujas "Lendas da Índia" são uma interessante obra da historiografia ultramarina portuguesa. Em 1562, publica-se um "Dicionário Português - Latim", de Jerónimo Cardoso, e graças a esta obra, reviu-se o "Sistema Jurídico Português", à luz do Direito Romano. Damião de Góis (1502 - 1574), cujas obras " Crónica do Felicíssimo D. Manuel" e "Crónica de Príncipe João" são muito famosas, foi perseguido e condenado pela Inquisição e libertado já velho e enfermo, e a sua morte esteve rodeada de circunstâncias pouco claras. Como curiosidade, cito, a seguir, o texto que este autor escreveu para o seu epitáfio: "Deus Todo-Poderoso, fui anteriormente Damião de Góis, fidalgo português. Peregrinei por toda a Europa em negócios de Estado. Entreguei-me a actividades guerreiras e a trabalhos de musas. Príncipes e homens doutos foram meus amigos. Agora em Alenquer, onde nasci, aguardarei na minha tumba que revivam as cinzas". Neste Século de Camões: Durante o ano 1572, aparece a Primeira Edição do poema épico, símbolo da nacionalidade portuguesa, "OS LUSÍADAS", de Luís Vaz de Camões (1524-1580), obra fundamental da literatura portuguesa, que canta em verso as proezas de Vasco da Gama e do povo português, misturando com mestria a realidade da crónica histórica com a mitologia clássica; escreveu também várias comédias de cariz humanista e o conhecido livro de Rimas, o qual contém importantes sonetos. É importante recordar que em 1536, é concedida a Bula da Inquisição a Portugal, a qual havia sido solicitada ao Papa pelo rei D. João III, em 1531; já em 1534, realizou-se o procedimento contra Gil Vicente, que teve de purgar dois anos de penitências, como castigo por excessos de liberdade expressiva nas suas obras. As censuras impostas pela Inquisição abarcam: A proibição de possessão e leitura dos livros contidos no Índice; a fiscalização do comércio de livros e da entrada de livros estrangeiros no país; submeter a produção literária e artística à censura prévia do Santo Ofício. Esta incluía o direito de cortes e correcção de textos. Assim, a segunda edição de "Os Lusíadas" apareceu com cortes de monta.
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CARTAS Eleições à vista Quando faltam cerca de dois meses para a realização das eleições presidenciais, é preocupante ver que os dois candidatos que mais possibilidades têm de ganhar, Chávez e Rosales, só estão a oferecer facilitismo aos venezuelanos. Nenhum dos planos que fizeram até agora tem enfoque na garantia de uma verdadeira estabilidade aos cidadãos. Parece que o que se quer é continuar a dar peixe ao povo e não se vislumbram intenções de ensinar as pessoas a pescar. O mesmo é dizer que penso que o esquema é o mesmo "Eu prometo" ao qual já estamos acostumados e que tan-
Um palco maior tas vezes nos decepcionou. Seria mais conveniente e produtivo se as propostas se orientassem para o aumento do emprego, pois a única maneira de construir o país que verdadeiramente queremos é com trabalho árduo. Já basta de tentar subornar o povo e fazer promessas que no final nunca se cumprem. O que faz falta é criar um cenário onde sejam dadas as condições para o progresso, o qual só é possível fazer com educação, compromisso e esforço.
Ana Cristina Ferreira
Estudo de mercado Parabéns ao Correio de Venezuela pela agradável notícia que li na vossa última edição sobre a chegada à Venezuela do jornal madeirense Diário de Noticias. Para mim, serão umas páginas de leitura obrigatória, já que vou ter imenso gosto em ler o que acontece em Portugal e especialmente na minha querida ilha. No entanto, penso que isto talvez pode não ocorrer com muitos dos portugueses que vivem na Venezuela, pois acho que a maioria não lhe interessa ler o que acontece na Venezuela e muito menos vão querer saber o que se passa em Portugal. Não significa isto que estou a pensar que seja um projecto
sem seguidores mas penso que deviam ter feito - seguramente fizeram - um estudo do mercado para determinar o potencial número de leitores que uma publicação deste tipo pode ter. Eu, por mim, estou encantando, mas não sei se o português médio vai acolher esta iniciativa com o mesmo entusiasmo que o meu. Não é por discriminar ninguém mas é uma realidade que a nossa comunidade não está muito envolvida no que à agenda diária de notícias se refere. Desejo muito êxito e parabéns.
Felipe Correia M
Sobre a presença dos Madredeus na Venezuela, quero expressar a minha surpresa porque nunca pensei que tantas pessoas, portuguesas e venezuelanas, jovens e velhas, tivessem tanto gosto e motivação para ouvir este grupo. No entanto, é lamentável que muitas dessas pessoas fiquem sem poder vê-los e ouvi-los. Em primeiro lugar, pelo preço muito alto das entradas, o que se converte numa limitação para a maioria das pessoas, e em segundo lugar penso que o palco devia ter sido outro e não o da Aula Magna da Universidade Central. Considero que o mais justo seria ter agendado um espectáculo para as pes-
soas do interior do país, pois muitas delas não vão ter a oportunidade de vêlos. Considerando que uma oportunidade como esta não acontece todos os dias, acho que se devia ter pensado em atingir o maior número de espectadores. É uma maneira de mostrar Portugal na Venezuela de uma forma diferente, com uns artistas modernos, com grande fama internacional, e não com as mesmas vozes de sempre. Lamentavelmente serão poucos os afortunados que poderão desfrutar da sua música.
Armindo de Sousa
Falta de informação? Desde há umas semanas que o Meridiano TV transmite os jogos de futebol português, coisa que a mim, como amante da modalidade, me faz super feliz, pois assim os venezuelanos vão poder conhecer os nossos clubes, que também têm valor. Agora, penso que a melhor maneira de os adeptos venezuelanos ganharem carinho pelas nossas equipas seria que alguns dos jogadores mais famosos da nossa “Vinotino” fossem contratados por um Benfica, um Sporting ou até por um Marítimo ou por um Beira-Mar. Creio que os jogadores crioulos demonstra-
ram nível para jogar em qualquer campeonato do mundo, e os clubes portugueses bem que poderiam tirar proveito desportivo deles. O impacto que teria no nosso país seria imenso, pois os fanáticos da "Vinotino" certamente que seguiriam as transmissões do nosso futebol, de forma a seguirem a carreira dos seus ídolos, e muitas crianças começariam a ficar aficionados dos clubes portugueses. Assim aconteceu com o Mallorca de Juan Arango…
Beto Rocha
InquéRITo
Que pensa do concerto dos Madredeus? Que importância tem a visita deste grupo musical de portugueses ao paí s?
Andioli da Silva Advogada "Quando me inteirei do concerto, emocionei-me muito. Quero comprar um bilhete, porque o grupo fascina-me. Das vezes que fui a Lisboa, fui sempre aos concertos. É um grupo excelente e por isso creio que deveria haver maior promoção no país da música portuguesa."
Maribel Fernandes Farmacêutica "Não conheço muito o grupo. Parece-me maravilhoso que se apresentem em solo venezuelano este tipo de coisas é muito importante para promover a cultura portuguesa no país. Com efeito, creio que a música une o mundo e por isso os cantores portugueses deveriam vir mais vezes à Venezuela."
Florinda Fernandes Doméstica "É um grupo muito bom. É uma alegria que venham ao país, porque considero que faz falta uma maior promoção da cultura portuguesa na Venezuela e pareceme que esta é uma grande forma de fazê-lo. Espero que continuem a vir outros grupos, porque é muito importante para a integração entre ambos os povos."
Angelina Gonçalves Doméstica "É excelente que venham grupos portugueses, porque nós gostamos muito de ouvir canções que nos recordem Portugal. Para além disso, estes eventos contribuem para promover as nossas raízes e sirvam para que a juventude conheça a música portuguesa, assim como também nos permite integrarmo-nos."
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breve
Congresso para empresários O Governo vai organizar no primeiro trimestre do próximo ano um congresso destinado aos representantes dos 120 mil empresários portugueses
espalhados pelo Mundo, anunciou secretário de Estado das Comunidades. António Braga, que falava aos jornalistas do final da apresentação da campanha "Trabalhar no Estrangeiro", revelou que em todo o mundo há 120 mil empresários portugueses,
dos quais 20 mil são grandes empresas. De acordo com o responsável pela pasta da Emigração, o congresso pretende motivar os empresários das comunidades portuguesas a estabelecerem investimentos em Portugal e a fazer parecerias com empresas portuguesas em áreas
de mercado estratégico. O secretário de Estado disse ainda que a iniciativa tem também como objectivo que os empresários portugueses espalhados pelo Mundo ajudem no "crescimento e internacionalização" da economia portuguesa.
Com forte aceleração da economia no 2º trimestre Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou os dados das contas nacionais trimestrais relativas ao período de Abril a Junho deste ano, os quais revelaram uma fortíssima aceleração da actividade econó mica nesse período. Face ao mesmo período de 2005, a riqueza produzida em Portugal registou um crescimento de 0.9%, que compara com um crescimento de 1.1% no trimestre anterior. Esta ligeira desaceleração resulta dos efeitos ocorridos em 2005, quando do aumento da taxa normal do IVA para 21%, o que ocorreu em 1 de Julho. Devido à subida dos preços que daí resultou, muitas famílias portuguesas decidiram antecipar a aquisição de automó vel para o segundo trimestre (com efeito, para Junho de 2005), o que dá lugar a comparações homó logas desfavoráveis. Os detalhes, contudo, revelam uma situação que se pode caracterizar, apesar de tudo, como sendo positiva, embora hajam algumas áreas que se desejariam a evoluir mais positivamente, como o investimento. Mas, começando pelo consumo privado, conclui-se que, face ao mesmo período de 2005, a taxa de crescimento foi de apenas 0.1%. Contudo, como mencionado, os tais efeitos de base foram aqui mais predominantes, pelo que houve que analisar o comportamento da despesa das famílias face ao trimestre anterior. Esta análise revela um crescimento trimestral de 0.5% (o que resultaria numa média anual de 2.0%), o que se pode considerar como um crescimento suportado, beneficiando, por um lado do "efeito Páscoa", que ocorreu em Abril e, por outro lado, da redução do desemprego ocorrido neste trimestre, de 7.7% para 7.3%. Relativamente ao investimento, que foi a componente da procura agregada com a pior performance neste trimestre, deve destacar-se a forte contracção do sector de construção, que registou uma queda de quase 9%, quando comparado com o mesmo período de 2005. Como temos já mencionado em anteriores
O
"Comentários do Totta", o sector da construção residencial continua a corrigir o forte volume de construção do final da década de 1990, em especial no segmento médio. Por outro lado, em 2005 houveram eleições autárquicas, as quais também se traduziram num maior volume de obras pú blicas concluídas antes do Verão. Um factor adicional que deprimiu o investimento foi a redução de stocks, em particular de produtos petrolíferos. A redução de stocks tem um efeito positivo para o crescimento nos trimestres subsequentes, à medida que as empresas repõem os níveis de stocks (com a adicional de os preços do petró leo estarem em forte queda, para um mínimo desde Março). A componente que evoluiu mais favoravelmente foi as exportações de bens e serviços, que cresceram 7.6% face ao mesmo período de 2005. Apesar dos receios relacionados com a concorrência dos produtos asiáticos, as exportações têm surpreendido claramente em alta este ano, beneficiando não só da subida dos preços dos combustíveis (Portugal é um exportador de gasolinas) como do sucesso do novo modelo da Volkswagen, o "Eos", que é produzido na AutoEuropa. As exportações, no primeiro semestre, para mercados fora
da Europa foram igualmente dinâ micas, com um crescimento de cerca de 30% face ao mesmo período do ano passado (com Angola e os EUA a liderarem os mercados de destino). Esta melhoria das exportações, associado a um crescimento mais moderado das importações, permitiu uma redução acentuada do défice externo, o qual passou de 9.3% do PIB no primeiro trimestre para 6.9% no segundo trimestre de 2006.
Face ao mesmo perí odo de 2005, a riqueza produzida em Portugal registou um crescimento de 0.9% Na sequência deste dado, as perspectivas de crescimento para o ano de 2006 surgem mais favoráveis, tendo o Banco de Portugal mencionado a possibilidade de rever em alta a sua estimativa de 1.2%, que tinha apresentado em Julho. As estimativas preliminares apontam para a possibilidade de a riqueza produzida em 2006 poder registar um crescimento de 1.4%. As indicações disponíveis continuam a apontar para que, durante o
terceiro trimestre, as exportações possam continuar a crescer de forma sustentada, como o revelam a avaliação menos negativa que os empresários do sector industrial fazem da carteira de encomendas externas, suportada pelo forte crescimento das encomendas externas dirigidas à economia portuguesa (as quais crescem quase 18% em Julho, face a igual período de 2005). O consumo privado deve igualmente permanecer suportado, fruto da recente estabilização do mercado de trabalho. Contudo, a subida das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu encarecem os custos do crédito à habitação, o que pode impedir uma maior aceleração da despesa de consumo pelas famílias portuguesas. Relativamente ao investimento, o enquadramento para a realização de despesa de capital pelas empresas surge favorável, suportado pelo forte crescimento das exportações. Há indicações de que as empresas nacionais estarão a registar menores perdas de quota de mercado, pelo que a manutenção dos clientes agora obtidos poderá passar por novos processos e produtos, o que requer a realização de alguma despesa de investimento. Esta é a variável chave, por assim dizer, para um maior fortalecimento da actividade em 2006, mas em especial em 2007. Um tema final prende-se com a evolução dos dados da despesa corrente das Administrações Pú blicas. Os dados das contas nacionais revelam uma redução da despesa, em termos reais, face ao segundo trimestre de 2005, o que ocorre pela primeira vez. Em consequência, o peso da despesa pú blica em relação ao PIB reduziu-se para 20.5%, uma redução de cerca de meio ponto percentual face aos níveis de há um ano atrás. Daqui resulta uma maior confiança na possibilidade de o Governo conseguir reduzir o défice orçamental para 4.6% do PIB em 2006.
(Artigo cedido pelo Banco Santander Totta)
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ECONOMIA | 25
Pestana investe 25 milhões de dó lares em Caracas Aleixo Vieira
aleixo@correiodevenezuela.com
Grupo Pestana, liderado pelo empresário madeirense Dionísio Pestana, vai investir cerca de 25 milhões de dó lares num empreendimento hoteleiro em Caracas. O hotel "cinco estrelas" ficará sediado pró ximo do Parque del Este, criará cerca de 300 postos de trabalho directos e deverá ser inaugurado dentro de um ano e meio. Miguel Emauz, responsável pela área de desenvolvimento do Grupo Pestana, esteve esta semana em Caracas. Em conferência de imprensa explicou que a ideia de expandir os investimentos do grupo para a Venezuela nasceu há cerca de três anos. "Em 1999 aparecemos no Brasil, depois na Argentina. Como faz todo o sen-
O
tido vender hotéis inter-países na América Latina, estudámos o mercado venezuelano e decidimos entrar pela capital, que é sempre o grande centro de negó cios em todo o mundo", expli-
O hotel "cinco estrelas" ficará sediado próximo do Parque del Este cou Miguel Emauz. O representante do Grupo Pestana referiu ainda que "talvez por motivos de ordem política, o sector hoteleiro esteve um pouco em baixa nos ú ltimos anos, com pouca renovação da oferta". Miguel Emauz revelou que "como os nossos investimentos são de alguma envergadura, procurámos
Hotel Pestana Caracas é o primeiro hotel desta cadeira portuguesa na Venezuela
apoios e soubemos de alguns incentivos contemplados na lei de turismo venezuelana. Depois conseguimos bons parceiros, bons terrenos e avançámos", disse. Sobre as eventuais ameaças à invasão da propriedade privada e o ambiente negativo reinante no empresariado nacional, com o espectro das expropriações imobiliárias na linha da frente, Miguel Emauz explicou o investimento do grupo que representa na Venezuela: "Contrariamente a algumas cadeias de hotéis de nome internacional, que apenas marcam presença através da gestão de hotéis sem investir um centavo, nó s pelo contrário estamos a investir cerca de 25 milhões de dó lares. Isso é uma prova que acreditamos no País e na sua prosperidade econó mica", destaca.
Novos espaços para eventos sociais
Miguel Emauz Sobre o futuro e as intenções do grupo Pestana continuar a investir na Venezuela, Emauz declarou que "estamos dispostos a estudar outras oportunidades de investimento sempre associados ao turismo, como hotéis, resortes com campos de golfe ou imobiliárias turísticas". Ainda sobre as características do projecto, o representante do Grupo Pestana declarou que o novo investimento funcionará como hotel "cinco estrelas", com excelente qualidade de serviço e com especial atenção para a vertente dos eventos, dado que o hotel contará com espaços grandes e adequados para levar a cabo todo tipo de eventos sociais e corporativos. O Hotel Pestana Caracas vai dispor de 312 quartos numa área de três mil metros quadrados de salas para conferências, reuniões e eventos. Um moderno e sofisticado SPA, que ocupará o último piso do hotel, estará envolto por uma grande zona envidraçada que permitirá aos utentes do lugar o desfrute de uma vista única de 360 graus de toda a cidade de Caracas. Além disto, o hotel vai possuir um restaurante com capacidade para 115 pessoas, piscina situada num lugar privilegiado do edifício com vista para a montanha, solário Lounge Vip, bar junto à piscina, fitness center, sala para massagens e Longe Zen.
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Mundo Victoria I
ndependentemente do local do mundo que pretenda visitar, a TAP, membro da Star Alliance, ou outra das nossas companhias aéreas parceiras pode levá-lo lá. Norte de África: Marrocos, Tunísia. África Ocidental, Central e Oriental: Cabo Verde, Egipto,
breve Novos parceiros TAP Victoria ofrecem mais milhas O Arteh Hotels e o Choupana Hills Resort & Spa são, desde o dia 1 de Outubro, parceiros do Programa TAP Victoria. Com estas novas parcerias, os membros do Programa de Passageiro Frequente ganham mais possibilidades de acumularem milhas no seu cartão TAP Victoria ao adquirirem estadas em qualquer unidade destes dois grupos hoteleiros. O Arteh Hotels & Resorts, que disponibiliza aos seus clientes uma vasta gama de opções de alojamento em toda a Europa, oferece agora a todos os membros do TAP Victoria a possibilidade de ganharem 500 Milhas Bónus, caso optem por uma estada mínima de duas noites num dos seus hotéis, e ainda 200 Milhas Bónus por cada noite a mais. Os Membros do Programa TAP Victoria podem ainda acumular até 1000 Milhas Bónus ao adquirirem uma estada mínima de duas noites no Choupana Hills Resort & Spa, na Madeira e
100 Milhas Bónus por cada 35 Euros gastos no Restaurante Xôpana. Membro dos Design Hotels, o Choupana Hills Resort & Spa oferece aos seus clientes um espaço de lazer rodeado pela beleza natural da Madeira, assim como um Spa completo e um restaurante. Mais informações disponíveis em www.tapvictoria.com
Etió pia, Gana, Guiné-Bissau, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Senegal, Sudão. África Austral: África do Sul, Angola, Maurícias, Moçambique. Ásia: Bangladesh, Brunei, China, Coreia, Filipinas, Guam, Í ndia, Indonésia, Japão, Malásia, Maldivas, Myanmar, Nepal, Pa-
quistão, Singapura, Sri Lanka, Taiwan, Tailâ ndia, Vietname. América do Norte: Antígua, Barbados, Canadá, Cuba, El Salvador, Estados Unidos da América, Gronelâ ndia, Jamaica, México, Trinidad e Tobago. América do Sul: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colô mbia, Paraguai, Peru, Uruguai, Vene-
zuela. Europa: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bielorrú sia, Bó snia-Herzegovina, Bulgária, Chipre, Croácia, Repú blica Checa, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Estó nia, Finlâ ndia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letó nia, Lituâ nia, Luxemburgo, Macedó nia, Malta, Noruega, Países Baixos, Poló nia, Portugal,
Roménia, Rú ssia, Reino Unido, Repú blica Eslovaca, Sérvia e Montenegro, Suiça, Ucrâ nia. Médio Oriente: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irão, Israel, Jordâ nia, Kuwait, Líbano, Omã, Repú blica do Iémen, Síria, Turquia. Oceâ nia: Austrália, Ilhas Cook, Ilhas Fiji, Nova Zelâ ndia, Polinésia.
CORREIO DE VENEZUELA -DE 05 A 11 DE OUTUBRO DE 2006
Liga Betandwin 5.ª Jornada Académica - Nacional Belenenses - Boavista Benfica - D. das Aves Marítimo - E. Amadora Naval - Beira Mar S. Braga - FC Porto Sporting - União de Leiria V. Setúbal - P. Ferreira
Liga de Honra 5ª Jornada 1-3 0-2 4-1 2-1 2-1 2-1 2-0 1-1
Classificação 1º FC Porto 2º Sporting 3º Naval 4º S. Braga 5º P. Ferreira 6º Boavista 7º Benfica 8º Marítimo 9º União de Leiria 10º Nacional 11º Belenenses 12º Beira Mar 13º V. Setúbal 14º Académica 15º D. das Aves 16º E. Amadora
J 5 5 5 5 5 5 4 5 5 5 4 5 5 5 5 5
V 4 4 3 3 2 2 2 2 2 2 1 1 1 0 0 0
E 0 0 1 1 2 1 1 1 1 0 2 2 2 3 2 1
D 1 1 1 1 1 2 1 2 2 3 1 2 2 2 3 4
Estoril - Leixões Gondomar - O. Moscavide Olhanense - Penafiel Portimonense - Feirense Rio Ave - Gil Vicente Trofense - Santa Clara V. Guimarães - Chaves Vizela - Varzim
1-0 0-1 1-1 0-0 1-0 0-1 1-0 0-1
Classificação G 11-3 8-3 6-4 5-3 6-5 9-6 6-5 4-4 5-6 4-4 3-3 7-9 3-5 6-9 3-9 1-9
6.ª Jornada (15-10) Beira Mar - S. Braga Boavista - Naval D. das Aves - V. Setúbal E. Amadora - Sporting FC Porto - Marítimo Nacional - Belenenses P. Ferreira - Académica União de Leiria - Benfica
II divisão Série A 3ª Jornada
P 12 12 10 10 8 7 7 7 7 6 5 5 5 3 2 1
1º Varzim 2º Feirense 3º Penafiel 4º Estoril 5º Rio Ave 6º Leixões 7º Trofense 8º O. Moscavide 9º Santa Clara 10º V. Guimarães 11º Olhanense 12º Portimonense 13º Gondomar 14º Vizela 15º Chaves 16º Gil Vicente
J 5 5 5 4 5 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 2
V 4 3 3 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 0 0
E 1 2 2 2 2 1 1 1 1 0 2 1 1 0 1 0
D 0 0 0 0 1 1 1 2 2 3 2 3 3 4 4 2
6ª Jornada (15-10) Chaves - Gondomar Feirense - Estoril Gil Vicente - V. Guimarães Leixões - Trofense O. Moscavide - Olhanense Penafiel - Vizela Santa Clara - Rio Ave Varzim - Portimonense
II divisão Série B 3ª Jornada
P 13 11 11 8 8 7 7 7 7 6 5 4 4 3 1 0
III divisão Série E 3ª Jornada
Bragança - Maria Fonte
1-2
Dragões S. - União
1-2
Lousada - Lixa
0-1
Esmoriz - U. Lamas
1-0
Maia - Pontassolense
1-1
Fiães - Paredes
2-1
Marítimo B - Ribeirão
0-2
Infesta - Lusitânia
5-2
Moreirense - Famalicão
1-0
Machico - Oliveirense
3-2
Ribeira Brava - Fafe
1-1
Marco - Sp. Espinho
0-2
Vila Meã - Freamunde
2-1
Portosantense - Camacha
1-1
Classificação G 5-1 8-1 6-2 4-2 4-4 7-3 3-1 5-6 3-6 5-5 5-8 5-7 3-5 2-6 1-5 0-4
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1º Lixa 2º Pontassolense 3º Moreirense 4º Ribeira Brava
Classificação
J V E D G P 3 3 0 0 5-2 9 3 2 1 0 8-2 7 3 2
7 5
1º Sp. Espinho 2º Fiães
J V E D G 3 3 0 0 7-3 3 2
1 0 4-2
7
3º União 4º Camacha
3 2 0 1 5-4 3 1 2 0 3-2
6 5
3 1
5º Fafe 6º Maria Fonte
3 1
2 0 6-5
5
5º Esmoriz
3 1
2 0 1-0
5
3 1
2 0 2-1
5
3 1
1 1 6-6
4
7º Ribeirão
3 1
1 1 2-2
4
6º Machico 7º Infesta
8º Maia 9º Lousada
3 1
1 1 4-6
4
3 1
1 1 6-4
4
3 1
1 1 4-3
4
3 1 0 2 3-5 3 0 2 1 3-4
3 2
3 1 0 2 2-4
3
3 1 0 2 4-8
3
8º Oliveirense 9º U. Lamas 10º Portosantense
3 0 1 2 3-5 3 0 1 2 2-5
1 1
11º Dragões S.
3 0 2 1 2-3
2
12º Paredes
3 0 2 1 2-3
2
13º Bragança
3 0 1 2 3-5
1
13º Marco
3 0 1 2 2-5
1
14º Famalicão
3 0 1 2 2-4
1
14º Lusitânia
3 0 1 2 5-9
1
4ª Jornada (15-10) Fafe - Bragança Famalicão - Ribeira Brava Freamunde - Maia Lixa - Vila Meã Maria Fonte - Marítimo B Pontassolense - Moreirense Ribeirão - Lousada
4ª Jornada (15-10) Camacha - Dragões S. Lusitânia - Marco Oliveirense - Infesta Paredes - Portosantense Sp. Espinho - Fiães U. Lamas - Machico União - Esmoriz
1-1 1-3 5-2 3-1 1-0 1-1 4-2 1-4
Classificação P 9
1 0 6-2 2 0 3-1
10º Vila Meã 11º Freamunde 12º Marítimo B
1º Dezembro - Casa Pia Alcochetense - Caniçal Cacém - Povoense Carregado - Oriental Cartaxo - "O Elvas" Câmara de Lobos - Oeiras Lourel - Montijo Sintrense - Santana
1º Cacém 2º Cartaxo 3º Caniçal 4º Alcochetense 5º Carregado 6º Lourel 7º Povoense 8º Oriental 9º Câmara de Lobos 10º Santana 11º Sintrense 12º Montijo 13º 1º Dezembro 14º Casa Pia 15º Oeiras 16º "O Elvas"
J 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
V 3 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
E 0 1 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 2 2 1 0
D 0 0 0 1 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 2 3
G 11-5 6-1 9-5 7-4 5-2 7-10 9-6 4-4 3-4 4-5 5-9 4-9 2-3 2-6 4-6 1-4
4ª Jornada (08-10) "O Elvas" - 1º Dezembro Caniçal - Cartaxo Casa Pia - Lourel Montijo - Cacém Oeiras - Carregado Oriental - Sintrense Povoense - Câmara de Lobos Santana - Alcochetense
P 9 7 7 6 6 6 4 4 4 3 3 3 2 2 1 0
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CORREIO DE VENEZUELA - DE 05 A 11 DE OUTUBRO DE 2006
Da Venezuela à Ponta do Sol para singrar no futebol Mário Rondon, avançado que apontou três golos domingo pelo Pontassolense, ambiciona jogar na I Liga Emanuel Pestana (DN-MADEIRA)
ário Rondon, avançado de 20 anos do Pontassolense, descendente de madeirenses, é mais um exemplo de um jovem que deixou o seu país natal - a Venezuela - à procura de fazer carreira no futebol como profissional. Há três anos na Ponta do Sol - um como jú nior e dois como sénior - esteve em foco domingo, ao marcar três dos quatro golos da vitó ria sobre o Vila Meã. "É a primeira vez que me aconteceu fazer três golos em jogos oficiais de seniores aqui em Portugal" revela. "O jogo correu-me muito bem",
M
acrescenta, para depois alargar o mérito aos companheiros. "Tenho de dar parabéns à equipa, pois sem ela não podia fazer nada". Dos três golos que conseguiu aponta o terceiro como o melhor. "Foi um remate imprevisível em que o guarda-redes nem viu a bola". Mas, diz, "outros dois foram em lances de bola parada que trabalhamos nos treinos, graças ao "mister". Tenho treinado entradas ao primeiro poste e marquei os dois assim".
Esta equipa pode fazer coisas muito boas Mário Rondon não se deslumbra com o feito. "Sou titular e vou continuar a trabalhar para jogar de início", apresentando um discurso ambicio-
no quando se lhe pede para antever até onde pode ir o Pontassolense este ano. "Muito longe" afirma. "O "mister" dá muita confiança aos jogadores. Acho que temos uma boa equipa e podemos fazer muitas coisas boas".
Jogar na I Liga é o grande sonho Deixando a família para trás aos 17 anos, na Venezuela, o avançado apostou tudo num carreira como futebolista profissional. Para a qual tem metas bem definidas. "O sonho de qualquer jogador é sempre chegar o mais longe possível, ou seja, a I Liga". O ano passado, conta, esteve à experiência no Benfica B. Não ficou, é certo, mas o desejo "é jogar ao mais alto nível".
Central Madeirense goleia na abertura do "Ibérico" equipa da Central Madeirense aplicou uma goleada à sua congénere da Universidad Central de Venezuela. José Francisco Parada foi o heró i desta primeira jornada do 57.º Torneio Ibérico de Futebol, ao marcar seis dos sete golos com que a CM brindou o seu adversário na ronda de abertura que se realizou nos Campos del Fray Luis de Leó n, a Universidad Santa María e a Universidad Cató lica Andrés Bello em Montalbán. No jogo que opô s a Central Madeirense à UCV registou-se um amplo domínio do actual campeão ibérico. No entanto, deve salientar-se também que contra a UCV jogou o facto desta se apresentar com uma equipa bastante jovem que, apesar dos esforç os, não conseguiu equilibrar os argumentos da CM. No registo da goleada, fica o
A
golo marcado por Gianny Hernandez perto do final da partida (84 minutos), o ú nico que não foi apontado por Francisco Parada. Este jogador marcou três golos em cada parte, sendo um deles na marcação de uma grande penalidade.
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Um adepto "luso" muito especial António Carlos Da Silva F.
antoniodasilva@correiodevenezuela.com
undial de Alemanha 2006. A selecção portuguesa busca conquistar um lugar nas meias-finais, mais para isso, deve bater a Inglaterra no desempate na marcação de grandes penalidades. No CSI de Caracas, centenas de luso-descendentes enchem o local e festejam eufó ricos quando Cristiano Ronaldo assegura o triunfo. No ecrã do canal de televisão da RCTV, chegam imagens das entrevistas aos adeptos lusitanos que festejam em grande. Entre a enorme massa de vermelho e verde, um adepto mais ferrenho e barulhento, dá nas vistas pelos seus gritos perante o microfone e ás câ maras da TV. Quase num transe de loucura, ele chora, ele grita, ele treme, ele berra, ele mexe os braços até o céu repetidas vezes. Bom até aqui nada de es-
M
tranho. Más de donde é originário este fanático adepto? Da Madeira? Do Continente? Não. Alejandro Blanco, comerciante informal, provém de uma família de Catia, popular zona do Oeste da capital venezuelana.
"Adoptei a Portugal como minha equipa desde o Euro 2004” Alejandro é um jovem especial de 31 anos conhecido na zona pela sua paixão desportiva e seu "chavismo". Ao chegar a "temporada" de basebol, lá aparece a descer da sua casa todo equipado de "pelotero", com o uniforme dos Tiburones de La Guiara. Joga a selecção nacional e troca os Tiburones pela Vinotinto. Mas se á uma marcha do MVR, adeus a Vinotinto e lá aparece o homem com una camisola do presidente Chávez. Mas á outra camisola na colecção deste personagem: a da
selecção nacional de futebol de Portugal. Qual é a razão? Naturalizou-se? Alejandro esclarece: "minha ligação com os portugueses é de longa data. Os aprecio muito e tem-me ensinado muito da sua cultura e suas tradições. Eles trabalham muito pelo nosso país. Sou amigo de vários portugueses em especial os que atendem um talho em Propátria, perto de onde eu trabalho". Ok. Mas e a camisola sete do Figo? Ele rapidamente responde: "adoptei a Portugal como minha equipa desde o Euro 2004. Maniche, Pauleta, Figo, eu gosto de todos. Quando ganharam a Inglaterra senti-me um português mais. Depois da derrota com a França fiquei chateado, não queria falar com ninguém". Alejandro Blanco é um dos muitos venezuelanos que, levados pela admiração que nutrem pela equipa nacional de futebol, tem-se acercado a conhecer, aprender e admirar a cultura portuguesa, como muitos luso-descendentes não o fazem.
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Tigres de Loulé vencem Académica de Coimbra por 9-1 s Tigres de Loulé sagraram-se bicampeões nacionais ao derrotar a Académica de Coimbra por 9-1 na final do Campeonato Nacional de basebol, disputada em Abrantes. A equipa de Coimbra foi a primeira a marcar e dominou o primeiro "inning", mas os Tigres de Loulé superiorizaram-se nos três períodos seguintes e conseguiram uma vantagem de 8- 1, que souberam gerir, conseguindo ainda mais um ponto na sétima parte do jogo. A vitó ria sobre a Académica de Coimbra permitiu à equipa algarvia conquistar o sexto título nacional do seu historial, superando o conjunto de Coimbra que conta com cinco campeonatos no palmarés. O jogo marcou o reencontro entre "velhos rivais", que perseguiam o sexto título nacional, pois tinham ambos cinco vitó rias na competição. O basebol é um desporto com pouca tradição em Portugal, onde actualmente há entre 500 e 600 jogadores senio-
O
res federados, que o praticam de forma amadora e em campos relvados adaptados à modalidade com recurso a marcações temporárias, disse à Lusa TV a presidente da Federação Portuguesa de Basebol e Softbol, Sandra Monteiro. No entanto, Sandra Monteiro revelou que existem em Portugal 16 equipas, seis delas da Região Autó noma da
Madeira. A divulgação da modalidade tem mais força nas regiões de Lisboa, Porto, Coimbra e Madeira, muito por influência de antigos emigrantes na Venezuela e do interesse de vários professores de Educação Física, à excepção da Académica, onde o basebol tem raízes universitárias, referiu.
Uma das promessas da Federação passa pela "criação de campeonatos para os escalões de formação e pela dinamização do projecto nacional de informação, formação e divulgação da modalidade denominado Academia do Basebol, que está centrado em Abrantes e vai organizar demonstrações e competições em todo o país". A aposta visa sobretudo captar jovens para o basebol e formar técnicos e árbitros, sublinhou Sandra Monteiro. O Tigres de Loulé foi fundado por filhos de emigrantes na Venezuela, os quais formam actualmente a maioria dos 33 jogadores activos no clube. A equipa algarvia tem também jogadores norte-americanos, um filipino e um sul- africano. Apesar de ser uma equipa onde predominam os portugueses, a Académica de Coimbra - este ano com 22 jogadores inscritos - conta também com jogadores franceses e venezuelanos.
BREVES médico, que faz o histórico da lesão e refere que os exames até então realizados não o evidenciavam. Rui Costa lesionou-se a 09 de Setembro, no jogo com o Boavista, da segunda jornada da Liga, e regressou frente ao Desportivo das Aves, depois de perder dois jogos do campeonato e outros tantos da Liga dos Campeões.
Lesão de Rui Costa é mais grave A lesão contraída por Rui Costa é uma rotura muscular e não um edema na coxa direita, como inicialmente foi diagnosticado, e o médio vai voltar a parar, anunciou o departamento médico do futebol profissional do Benfica. Utilizado domingo, na segunda parte do jogo com o Desportivo das Aves, da quinta jornada da Liga, Rui Costa voltou a manifestar queixas e foi submetido a novos exames, que revelaram uma lesão mais extensa. "Efectuámos ecografia muscular e ressonância magnética, os quais revelaram rotura muscular no músculo bicipete crural da coxa direita", lê-se num comunicado do departamento
Carlos Alberto Quaresma apresenta candidatura Carlos Alberto Quaresma apresentou numa unidade hoteleira de Lisboa, a sua candidatura à presidência do Benfica, segundo informou à Agência Lusa. Carlos Quaresma é um português radicado na Suécia e nunca assumiu qualquer cargo no clube "encarnado", sendo simpatizante do Benfica há mais de 50 anos. Até ao momento, Luís Filipe Vieira foi o único a formalizar a sua candidatura às eleições do Benfica, agendadas para o dia 28 de Outubro.
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FC Porto cai e Sporting levanta-se FC Porto sofreu segunda-feira a primeira derrota na Liga de futebol 2006/07, perdendo em Braga (2-1), e deixou o Sporting encostar-se à liderança, graças ao triunfo "caseiro" sobre a União Leira (2-0), no dia em que Liedson regressou aos golos. Com quatro vitó rias nos quatro jogos disputados, o campeão nacional, ú ltima equipa invicta, caiu à quinta ronda e sofreu a segunda derrota consecutiva, apó s o desaire da Liga dos Campeões com o Arsenal (2-0), vergado pelos golos de Marcel (25 minutos) e de Luís Filipe (56), aos quais respondeu com o insuficiente tento de Hélder Postiga (42). Depois de ter deixado o banco "arsenalista" no final da época passada, apó s três anos de casamento bem sucedido, Jesualdo Ferreira foi infeliz no seu primeiro confronto com o Sporting de Braga, que se colocou a apenas dois pontos de "dragões" e "leões", a par da Naval. Com o ataque mais concre-
O
Benfica conquistou o seu segundo triunfo, em quatro jogos, ao bater ao Desportivo das Aves tizador do campeonato (11 golos), o FC Porto manteve a liderança, mas o pecú lio de 12 pontos com que entrou para a ronda foi igualado pelo Sporting, que bateu a União de Leiria no dia em que Liedson se reencontrou com os golos. Depois de Nani abrir a contagem (34), marcando o seu terceiro golo no campeonato, o brasileiro retomou a veia goleadora apó s cinco meses de jejum, selando o triunfo dos "leões" de grande penalidade (57), a castigar falta de Éder sobre a jovem "pérola" de Alvalade. A União, que seguia no grupo dos perseguidores de FC Porto e Sporting, viu a
sua tarefa dificultada pela expulsão do capitão, que apó s o lance do penalti veria novo cartão amarelo e respectivo vermelho (73), e não evitou a segunda derrota no campeonato. O Paços de Ferreira (5º ) também perdeu o contacto com Sporting de Braga e Naval, mas arrecadou um preciso ponto em Setú bal, ao empate com o Vitó ria 1-1. Mário Carlos inaugurou o marcador (26), mas Ronny repô s a igualdade e
reforçou a liderança da lista de "artilheiros", com o quinto golo no campeonato. Na véspera, o Benfica conquistou o seu segundo triunfo, em quatro jogos na Liga, ao bater em casa o Desportivo das Aves por convincentes 4-1, e acabou por beneficiar da derrota portista, embora siga ainda a cinco pontos, a par de Leiria, Boavista e Marítimo. Paulo Jorge adiantou os "encarnados" e os forasteiros chegaram à igualdade, atra-
vés de um inofensivo remate de Filipe Anunciação, ao qual Quim respondeu com um monumental "frango". Na segunda parte, com o regressado Rui Costa, o Benfica chegou sem problemas a 4-1, com tentos de Nuno Gomes, Simão (grande penalidade) e Karagounis. Nos outros encontros do dia, a surpresa chegou de Coimbra, onde a Académica não conseguiu a tão desejada primeira vitó ria, ao cair perante o Nacional por 3-1, para grande desgosto do seu técnico (Manuel Machado), que liderou os insulares na época passada. O conjunto de Coimbra e o Desportivo das Aves continuam, assim, sem vitó rias, tal como o "lanterna vermelha" Estrela da Amadora, que perdeu com o Marítimo, no A jornada começou sextafeira, com a Naval a bater em casa o Beira-Mar por 2-1, e prosseguiu sábado, dia em que o Boavista acabou com a invencibilidade do Belenenses, ao vencer no Restelo por 2-0.
CORREIO DE VENEZUELA - DE 05 A 11 DE OUTUBRO DE 2006
Mais de 50 mil passaportes "sem dono" na ONIDEX
ÚLTIMA HORA
Ampliação do porto Vila Franca O presidente do Governo açoriano anunciou a abertura do concurso público para a obra de ampliação e requalificação do porto de Vila Franca do Campo, em São Miguel, um investimento orçado em oito milhões de euros. A realização da obra é desejada há muito pelos pescadores da primeira capital da ilha de São Miguel.
18 mortos nas estradas portuguesas Dezoito pessoas morreram nas estradas portuguesas na última semana, anunciou a Direcção-Geral de Viação (DGV), que já contabilizou desde o início do ano 612 mortos resultantes de acidentes rodoviários registados pela GNR e PSP.
O director da ONIDEX-Oficina Nacional de Identificació n y Extranjeria, Hugo Cabezas, anunciou que naquele organismo se encontram mais de 50 mil pasaportes que não foram reclamados ou levantados pelos seus requerentes. Nesse sentido, faz um apelo a toda a população venezuelana que tenha requerido aquele documento pela via ordinária, através da página electró nica www.onidex.gob.ve, não se esqueça de ir reclamar o documento nos pró ximos dias. Cabezas disse que a ONIDEX prolongou o prazo por mais 15 dias ú teis para que os titulares dos passaportes procedam ao levantamento do documento, pelo que esse prazo vence no pró ximo dia 18 de Outubro. Explicou ainda que já foram estabelecidos contactos com um nú mero significativo de requerentes, designadamente cerca de 15% dos 51 mil cidadãos em causa. Aquele funcionario acrescentou que os cidadãos contactados alegam
O
Os cidadãos contactados alegam não ter recursos económicos suficientes para se deslocarem à cidade de Caracas não ter recursos econó micos suficientes para se deslocarem à cidade de Caracas. Esta situação gera uma despesa, enfatiza o director da ONIDEX, tanto para a instituição como para o Estado venezuelano. Por isso, ao não serem reclamados, a ONIDEX ver-se-á perante a necessidade de eliminar esses documentos que, entre outras coisas, são fundamentais para deslocar-se em viagem a outros países. Para além disso, Cabezas revelou que a ONIDEX continua a executar cerca de 20 mil solicitações semanais,
Reorganização do MNE o que de alguma maneira são dirigidas a toda a população nacional. Daí que apele a todas as pessoas que não precisam deste tipo de credenciais para que não as solicitem. Porque a partir de Dezembro pró ximo entrará em vigor um novo passaporte, que se caracteriza por ser o mais seguro do mundo. Cabezas explicou ainda que, por disposição da Cancillería de la Repú blica Bolivariana de Venezuela, a partir de Dezembro deste ano, o novo passaporte terá 15 medidas de segurança adicionais, para equiparar-se ao modelo internacional. E adiantou que a designação principal na capa do documento já não incluirá a referência à Comunidade Andina de Naciones (CAN), mas sim Repú blica Bolivariana de Venezuela, como está estabelecido na Constituição de 1999. O prazo para recolher os passaportes vence no dia 18 de Outubro, data em que se eliminarão os passaportes que não tiverem sido reclamados.
Luís Amado anunciou uma reorganização do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da rede de embaixadas e de consulados que definiu como uma "tarefa inadiável" de adaptação da organização à nova realidade mundial. "As organizações têm de se adaptar às exigências do ambiente a que têm de responder”, disse o ministro.
21 mortos durante a época balnear Dezoito homens e três mulheres, totalizando 21 pessoas, morreram nas praias portuguesas durante a época balnear deste ano, que decorreu entre 1 de Junho e 30 de Setembro, anunciou a Marinha. No período em causa, registaram-se oito acidentes mortais em praias vigiadas e 13 em praias não vigiadas.