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Santa Bárbara na Madeira

Companhia aérea venezuelana estreou-se a voar para a Madeira. Vários eventos assinalaram o feito. p.32

O jornal da comunidade luso-venezuelana

Um livro sem portugueses

O livro “ Da Europa à Venezuela” não contém referências sobre Portugal. p. 7

Um ano em análise

O resumo dos principais acontecimentos do ano, com os pontos bons e os menos bons de mais um ano p.14 a 17

Depósito LegaL: 199901DF222 - pubLicação semanaL ano 07 – N.º 188 caracas, 21 a 27 De Dezembro De 2006 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / portugaL:

Lei anti-sequestros continua à espera

0,75

Três meses para mostrar serviço Mário Pereira e José Luí s Ferreira tencionam recuperar o património do Marí timo no espaço de três meses p.28,29

Venezuelanos aguardavam promulgação da lei anti-extorsão em Setembro deste ano. Mas tudo foi adiado p.3

Lar de idosos celebrou Natal em grande Um pouco por todo o lado sucedem-se as celebrações de Natal. Fomos ao lar geriátrico Pe. JoaquimFerreira testemunhar a alegria dos idosos p.10

Devido à quadra natalí cia e às festas de fim-de-ano, o CORREIO da Venezuela apenas volta ao conví vio dos seus leitores a 11 de Janeiro. BomNatal e Boas Festas!

FC Porto encerra ano na liderança Os portistas chegam ao fim de 2006 na frente da I Liga portuguesa p.31


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EDITORIAL

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Tempo de balanço Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Jean Carlos de Abreu Jornalistas: António da Silva, Délia Meneses, Tábita Barrera, Tomás Ramirez, Katiuska Martins e Vanessa de Oliveira Correspondentes: Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira, Álvaro Dias Gerente Executivo Aurelio Antunes Contabilidade Sandra Agosta Publicidade e Marketing: Carla Vieira Ventas Ricardo de León

ais um ano chega ao fim e estamos outra vez em tempo de balanço. É inevitável olhar para trás e ver como tudo evoluiu... ou regrediu. Nessa tarefa, exige-se serenidade e equilíbrio. Não se pode concluir, de â nimo leve, que tudo foi bom ou que tudo foi mau apenas porque pontualmente algo nos foi favorável ou adverso. Com a dose recomendável de serenidade, facilmente chegamos à conclusão que o povo venezuelano - onde está incluída a comunidade portuguesa - protagonizou um ano igual a tantos outros: houve agitação política, muita expectativa e receios, instabilidade social e econó mica, e, no final, um processo eleitoral que decorreu felizmente sem sobressaltos. Para além do efeito elei-

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toral, que teve o condão de tudo influenciar e condicionar, os venezuelanos tiveram de suportar mais um ano de insegurança e criminalidade nas ruas. Venezuela parece estar conformada com esta triste realidade. Parece que até é mais conveniente que não se fale muito no assunto e que se esqueça que o problema existe. Mas a realidade obriga-nos a esbracejar e a pedir outra postura das autoridades. Não é possível que sobre determinadas forças policiais recaiam as mais fundadas suspeitas e que tudo continue igual, como se nada estivesse a passar-se. Esperemos, agora, que o novo ano traga outra estabilidade, outra segurança e, sobretudo, redobrados motivos para querermos continuar a viver nesta nossa segunda Pátria. Boas Festas!

Eventos Yamilem Gonzalez Preparação Gráfica: DN-Madeira Produção: Elsa de Sá Secretariado: Adriana Saffontt Fotografia Paco Garrett José Miguel Carrasquel Distribuição: Juan Fernández e Enrique Figueroa Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela

A semana Aidosos preparam-se para o Natal Os utentes do Lar de Terceira Idade 'Padre Joaquim Ferreira', em Los Anaucos, preparam-se para celebrar este Natal nesta sua "segunda casa". Apesar de muitos já nem terem família por perto, continuam a argumentar que se sentem felizes apenas por partilharem as alegrias do Natal com outras pessoas da sua nacionalidade. Para além disso, sentem-se bastante reconhecidos ao acolhimento de que têm sido lvo por parte dos vários colaboradores da instituição. Um reconhecimento a que damos também a nossa nota de apreço.

Santa Bárbara com um voo semanal Uma empresa venezuelana, como a companhia aérea 'Santa Bárbara', decidiu por sua conta e risco o desafio de 'unir' a Venezuela à Ilha da Madeira, em Portugal, com um voo semanal directo. A inauguração aconteceu a 16 de Dezembro e agora aguarda-se que perdure por muitos anos. As primeiras impressões foram excelentes e indiciadoras de um grande futuro. Uma resposta oportuna face à inquietação de comunicação entre o país de origem, a família e o emigrante.

Jovem precisa de ajuda

O cartoon da semana A "Santa Bárbara" começou a voar para a Madeira!

Que lhe valha Santa Bárbara e todos os outros santos na hora de enfrentar a santa concorrência...

Endereço: Av. Las Mercedes. Edif. Centro Vectorial (Banco Plaza). Pent House, Urb. Las Mercedes, Baruta - Caracas (Ao lado de CONAVI).

Um jovem luso-descendente que se dedica à música de câmara precisa de ajuda para poder pagar o instrumento que utiliza. O lamentável deste caso é que o jovem tenha de depender da generosidade de terceiros para reforçar os seus conhecimentos e enaltecer o nome do seu país, como já o fez em várias oportunidades. Entretanto, algumas "luzes" se acendem ao "fundo do túnel". Esperemos que o sonho legítimo não se apague nos próximos tempos...

Portugueses em estado lamentável Em Tacagua, no Estado de Vargas, constata-se a desolação e o estado lamentável em que vivem alguns portugueses. É o caso das irmãs Maria Cecília e Ana Maria Gonçalves, que enfrentam uma pobreza extrema e pedem ajuda aos representantes oficiais de Portugal e às associações lusovenezuelanas de beneficência. Mas há outros casos de igual urgência, em que também não beneficiam de nenhum tipo de ajuda, ressalvando o apoio possível que é prestado por alguns vizinhos e conhecidos. Esperamos que este alerta consiga sensibilizar alguém...

Telefones: (0212) 9932026 / 9571 Telefax: (0212) 9916448 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares Fontes de Informação: Agência de Notícias Lusa, Diário de Notícias, Diário de Notícias da Madeira, Ilhapress, Portuguese News Network e intercâmbio com publicações em língua portuguesa, de diferentes partes do Mundo.

Para todos los

gustos

El mejor Bodegón de Caracas con la mayor variedad en vinos Nacionales e Importados C.C.C.T. P.B. (cerca al Banco Provincial) Telfs.: (0212) 959.73.77, 959.67.28 - Caracas - venezuela


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AcTuAL

Acordo de geminação entre Madeira e Margarita Cô nsul da Venezuela no Funchal quer aprofundar o intercâ mbio turístico, cultural e científico entre a Região e a ilha do 'Mar Del Caribe' Ricardo Duarte Freitas (DN-MADEIRA)

cô nsul da Repú blica Bolivariana da Venezuela no Funchal, empossado a 1 de Dezembro ú ltimo, apresentou, na passada segunda-feira, cumprimentos a Alberto João Jardim, em seu nome mas também do reeleito Hugo Chávez e do embaixador em Lisboa, Lucas Rincon. Fortalecer o vínculo de amizade, de cooperação e de cultura entre ambos os países, são instruções que trouxe na bagagem. "Temos a certeza que vamos fazer um trabalho de cooperação e retomar muitas coisas que ficaram pendentes entre Madeira e Venezuela", referiu Félix Correia, à saída da reunião. Os voos

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directos entre Caracas e Funchal, realizados aos domingos pela companhia 'Santa Bárbara', representam uma oportunidade para fomentar o intercâ mbio. A par disso, será retomado o acordo de geminação entre as ilhas da Madeira e a de Margarita, no Mar Del Caribe. O projecto está por retomar desde 2001, mas Alberto João Jardim manifestou-se disposto em revê-lo e colocá-lo em prática. O aprofundamento do vínculo entre as ilhas prevê o intercâ mbio de cooperação não só turística e cultural, mas também científica. Aos madeirenses radicados na Venezuela, o cô nsul pediu-lhes que continuem a acreditar na democracia que respeita o direito privado e a justiça social, tal como têm feito há mais de 500 anos.

Lei anti-extorsão e sequestro só em 2007 Tábita Barrera

tbarrera@correiodevenezuela.com

projecto de lei contra extorsão e sequestro que foi proposto pela Comissão de Política Interior da Assembleia Nacional (AN), em Agosto deste ano, ainda se encontra em fase de análise, como deu conta o deputado Juan José Molina, vice-presidente daquela delegação. A data inicial que tinha sido prevista para a sua promulgação era algures

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Setembro deste ano. No entanto, a reforma policial e a do Có digo Processual Penal (CPP), levaram ao atraso dos planos. Assim, espera-se que para 2007 seja aprovado este documento legal. Molina explicou que já foi distribuída uma nota ao Parlamento e que proximamente será feito o mesmo na Fiscalía e no Ministério do Interior e Justiça, para poder dar início às discussões pertinentes e executar as possíveis modificações que se apresentem. "Uma

vez que eles tenham estudado, começaremos o debate, e confiamos que será para o ano que vem", acrescentou. Além disso, notou que "neste momento se prevê que a Polícia Nacional lide com todo o que está relacionado com a extorsão e sequestros". A lei tem como fim solucionar o problema da insegurança na Venezuela. Contempla, como estratégias para evitar vários delitos, o bloqueio de contas bancárias e o confisco de bens das vítimas até ao desenlace da situação.

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Milho venezuelano apreendido na Madeira

Breves

Análises laboratoriais revelaram a existência de glú ten na farinha de milho, susceptível de colocar em risco a saú de Óscar Branco

(DN-MADEIRA)

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uase dez toneladas de farinha de milho importada da Venezuela foram apreendidas no passado dia 16 de Dezembro pela Inspecção Regional das Actividades Econó micas apó s ter sido detectada na sua composição a existência de glú ten. Uma substâ ncia susceptível de colocar em risco a saú de, nomeadamente daqueles que são portadores da doença celíaca, ou seja, que revelam intolerâ ncia ao glú ten. De acordo com um comunicado enviado ontem pela Inspecção Regional das Actividades Econó micas, esta apreensão surgiu na sequência de "averiguações levadas a cabo" e "em resultado de análises efectuadas", as quais acabaram por revelar a presença daquela substâ ncia na farinha de milho. "Por tal motivo, foram os factos comunicados ao Ministério Pú blico,

tendo sido instaurado o respectivo procedimento criminal", explica o comunicado das Actividades Econó micas. Como medida cautelar "foi ordenada a apreensão da farinha em causa, tendo sido, até ao momento, [ontem à tarde], apreendidos 9,277 quilogramas" daquele produto. As autoridades vão agora recolher amostras de todos os lotes apreendidos para respectiva análise laboratorial, "apó s o que se procederá em conformidade", acrescenta o comunicado. Paralelamente, decorrem outras diligências tendo em vista a retirada total do produto que ainda esteja eventualmente a ser comercializado. Refira-se que esta é a segunda grande apreensão efectuada pela Inspecção Regional das Actividades Econó micas nos ú ltimos dias. Numa primeira operação, ontem noticiada pelo DIÁRIO, tinham já sido apreendidos, num hipermercado, 808 quilos de frango impró prio para consumo humano.

Comerciante morre em acidente de viação Um emigrante português foi encontrado sem vida na passada sexta-feira, 15 de Dezembro, numa zona da auto-estrada Valle-Coche. Por razões que se desconhecem, o veículo de António Jaime Rodrigues, de 42 anos de idade, natural do sítio do Rancho, Câmara de Lobos, Madeira, chocou contra os rails de protecção da via quando se dirigia para o seu estabelecimento comercial, situado em Petare, Caracas. Momentos antes, o emigrante tinha recebido uma chamada telefónica a avisá-lo que o seu negócio estava a ser saqueado. Desde que chegou à Venezuela, este luso esteve radicado em Los Teques, Estado Miranda, onde formou família e conduziu os seus negócios. O corpo do malogrado emigrante foi velado e sepultado no passado no cemitério da localidade onde residia.


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Direcção toma posse Acto da tomada de posse dos membros da recém-eleita direcção do clube decorreu no passado sábado

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Salão Nobre do Centro Português acolheu, no passado sábado, 16 de Dezembro, a tomada de posse dos membros da recém-eleita direcção do clube, onde João da Silva Gonçalves, o novo presidente, acompanhado da sua equipa, prestaram juramento para assim iniciarem oficialmente uma gestão, referente ao período de 2007. O acto oficial também serviu para prestar homenagem aos membros da junta cessante. Sob a orientação de David Pinho, professor de português, foi dado início ao acto, que começou com a audição das dos hinos nacionais da Venezuela e de Portugal e, por ú ltimo, do Centro Português. André Pita, presidente cessante, abriu a sessão de discursos começando por agradecer a todos os que depositaram confiança na sua gestão e enalteceu o empenho dos integraram a sua direcção. Destacou o trabalho do Comité de Damas e pediu desculpas "àqueles que possam sentir-se ofendidos", com alguma das suas acções. Depois, Fernando Campos, secretário do Centro, usou da palavra para expressar a sua "enorme satisfação por concluir o mandato com honestidade". O Comité de Damas subiu ao pú lpito para entregar um presente a Pita e sua esposa. O Comité Juvenil atribuiu uma placa de

reconhecimento pelo seu trabalho. Vítor Sousa, presidente dos membros da comissão eleitoral, convidou a nova direcção para prestar juramento e assim tomar posse, observando que tal acto serviria assumir o compromisso que abria as portas a "una nova etapa de expectativas". Além disso, avisou que "todos, desde a bancada", iriam seguir a sua gestão e que queriam sentir que "eram uma associação com dirigentes e não uns dirigentes com uma associação". Todos os membros da nova direcção, com João da Silva a liderar, assinaram a acta. Una vez concluída esta parte, o novo presidente proferiu um breve discurso, através do qual agradeceu a "todos os que votaram pelo exemplo de harmonia, amizade e respeito, demonstrado nas eleições". Ao acto assistiram Fernando Teles Fazendeiro, Cô nsul Geral de Portugal na Venezuela, Daniel Morais, presidente do Instituto português de Cultura e João Caetano da Silva, novo Embaixador de Portugal em Caracas. Este ú ltimo, felicitou os membros da nova direcção e manifestou que se encarregará de "reforçar os laços existentes entre a Venezuela e Portugal". Membros da recém-eleita direcção do clube, onde João da Silva Gonçalves é o novo presidente


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Da Europa à Venezuela" mas alheio a Portugal epresentantes da União Europeia apre- do livro tentaram obter apoio financeiro sentaram a 7 de Dezembro, o livro "Da junto da Embaixada de Portugal em Europa à Venezuela", nas instalações Caracas. Tal pretensão foi recusada e essa da Associação Cultural Humboldt, situada será a razão porque o livro pouco ou nada na urbanização San Bernardino. Saído da refere sobre Portugal. Daniel Morais, adido caneta do escritor venezuelano Karl Krispin, cultural junto da Embaixada de Portugal, justificou que o livro "trata da o texto pretende reafirmar os problemática da emigração valores da emigração "como em geral e não especificamenparte da "venezuelidade", da sobre Portugal". Daí que a tolerâ ncia e do diálogo", Os autores do livro tenta- te Embaixada tivesse consideracomo refere o autor. do que "não era importante A obra aborda o impacto ram obter apoio financeiro investir no projecto". linguístico, econó mico, junto da Embaixada de A publicação contou com social, cultural e gastronó miPortugal em Caracas. Tal o apoio financeiro de outos co contado através das histó pretensã o foi recusada e países membros da União rias de 25 emigrantes. Foram Europeia, das embaixadas da dois entrevistados por país, essa será a razã o porque Suiça e da Noruega e da onde um é uma figura conDelegação da Comissão hecida do pú blico e outro o livro pouco ou nada refeEuropeia. não, mas ambos com uma re sobre Portugal Denis Daniilidis, chefe da característica em comum: secção política, econó mica, Fizeram coisas importantes cultural e da imprensa daquepela Venezuela. As pessoas que partilharam as suas expe- la comissão, referiu que o livro era um "tririências no livro eram oriundas da buto aos vínculos histó ricos da Europa e da Alemanha, Áustria, Espanha, Finlâ ndia, Venezuela; a esta terra acolhedora que tanGrécia, Holanda, Itália, Noruega, Poló nia, tos sonhos cumpriu até converter-se em Repú blica Checa e Roménia. pátria para muitos europeus". Curiosamente, nenhum testemunho português figura no livro. Segundo soube o CORREIO, os autores

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Karl Krispin, escritor do livro "Da Europa à Venezuela"

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Europa presente em toda a Venezuela Tábita Barrera

tbarrera@coreiodevenezuela.com

livro "Da Europa a Venezuela" conta com o contributo de uma série de colaboradores. Como é o caso de Maria Helena Freitas, uma das promotoras da obra. Nascida no Funchal, ilha da Madeira, veio para a Venezuela quando tinha apenas dois anos, mais a mãe, para se juntarem ao pai. Através de uma narração conceptual, relata parte do que ocorreu então desde um ponto de vista socioló gico, o que contribui para mostrar que esta terra se converteu no que actualmente é graças a essa imigração. Assim, diz que a sua entrevista "é um esboço que resume todas as demais vivências", pois expressa "o que todos os demais dizem de outra maneira". Neste sentido, comenta que "eles narram histó rias de acontecimentos que viveram e que marcaram a sua vida, o seu trabalho e a sua trajectó ria no país e inte-

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graram todo um processo histó rico", o qual mostra a diversidade de pessoas que com as suas diferentes habilidades conseguiram "projectar o seu trabalho e desenvolver essa área para a nação". Freitas explica que o seu contributo se baseou no conhecimento que teve a oportunidade de alcançar por causa do ambiente que a envolvia, não só por ter nascido na Europa e ter vindo para a Venezuela tão nova, se não porque teve a oportunidade de viajar. E foi nesta acção que esteve com gente "maravilhosa", que lhe ensinou e ajudou a compreender muitas coisas. Tudo isto providenciou "o critério para analisar todo esse processo", que se deu durante o seu crescimento. "Isso permitiume afirmar e reafirmar o que eu digo na entrevista, que é que os emigrantes europeus desenvolveram uma cultura gastronó mica, de entretenimento, de serviço neste país, muito importante", disse. Basicamente "estou falando dos lusitanos, porque a maioria

dos portugueses dedicaram a sua vida a isso, a esse espaço virgem". Para a entrevistada, "é incrível pensar na Venezuela de há 50 anos e não menos impressionante é vê-la agora". "Convertemo-nos numa urbe, deixando de ser uma cidade campestre para sermos uma cidade cosmopolita, com uma vida nocturna muito activa e com uma variedade de opções de entretenimento que competem com as mais importantes cidades do mundo", explicou. Por isso considera que "Da Europa a Venezuela" é um livro muito importante para as novas gerações, não só de imigrantes, senão que também dos filhos que estão cá", para que apreciem o trabalho dos seus antepassados neste país Venezuela, "para que valorizem esse processo de imigração e tomem conta que o que receberam em mãos, deste país, tem uma longa histó ria, árdua e, em muitos casos, dolorosa", sublinhou.

Maria Helena Freitas, uma das promotoras do livro "Da Europa a Venezuela"


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"Aqui as festas são boas" Délia Meneses

dmeneses@correiodevenezuela.com

comum ouvir dizer que os idosos são como crianças. Mas a ilusão do Pai Natal entre os velhinhos não se vive da mesma forma que entre os mais pequenos. No lar Padre Joaquim Ferreira, em Los Anaucos, os residentes sabem que São Nicolau vai chegar e vai distribuir presentes por todos mas identificam também com nome e apelido o homem atrás do disfarce, um português que presta serviço no lar há algum tempo. A árvore de Natal já está enfeitada, e em diversos cantos podem ver-se adornos alusivos a esta época, a decorar esta casa onde vivem aproximadamente 65 idosos. "As cores da festa verde e vermelho - são também as da bandeira de Portugal", diz um dos velhinhos, para explicar que esta época lhe traz muitas lembranças do seu país. "Na minha época, na Madeira, comíamos carne só no Natal. Aqui comemos carne todos os dias", diz Juan Freitas, natural de Câ mara de Lobos. Para ele, este será o segundo Natal que passa no lar. Já está há dois anos em Los Anaucos. "Nesta época, oferecem-nos muita coisa. Vem o Pai Natal e entrega as ofertas". Pode ser uma

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camisa, um par de meias ou um fato de treino. Ninguém fica de mãos vazias. O Natal é a época onde as visitas aos avó s aumentam, assim como os convívios, organizados com comida típica, quer venezuelana quer portuguesa. Na mesa não falta hallaca e pan de jamó n, mas também há vinho e sopa portugueses. Passeios aos centros sociais portugueses de Valência e Maracay ou ao Santuário de Betania também fazem parte da agenda nesta altura.

No lar Padre Joaquim Ferreira, em Los Anaucos, os residentes sabem que Sã o Nicolau vai chegar e vai distribuir presentes por todos Pedro Quintal nasceu na Camacha, mas já está há 50 anos na Venezuela. Gosta do Natal no lar porque "vem muita gente e trazem-nos ofertas". No entanto, acha que esta época é mais bonita em Portugal, ou talvez reflecte -, "como éramos novos, ríamos mais e tudo era mais alegre". O aspecto religioso está sempre presente, com a realização da Missa e uma procissão. Rosa Regina Farias che-

gou à Venezuela há 20 anos, oriunda de São Vicente. Tem família em Catia La Mar, uma irmã e uma sobrinha, que não vê há mais de cinco meses porque "elas não têm carro para vir visitar-me. O ano passado vieram me buscar e passei o Natal em casa". Mas desta vez, Rosa vai adiar a visita à família para Janeiro. "Quero passar o Natal no lar porque o ano passado não estive e veio o Pai Natal. Aqui é muito bonito", diz Farias, recordando que na Madeira "fazíamos o presépio e brincávamos na rua com as amigas. Nesses dias, comíamos bolo de mel, carne de vinha d' alhos e bacalhau, mas agora também gosto muito de hallaca". "Aqui fazem festas muito boas", concorda Dionísio Silva Oliveira, natural de Famalicão, Braga, que já passou dois Dezembros no lar. Gosta especialmente dos grupos de folclore que visitam a casa, e que até fazem erguer algum velhinho para mexer-se ao som da mú sica. Dionísio foi um dos muitos portugueses vítimas das enxurradas de Dezembro de 1999. Vivia no Bairro Piache, em Catia La Mar, mas perdeu tudo e não pô de recuperar nada. Actualmente, tem de ser operado às cataratas e lamenta que a família o visite pouco.

Eventos festivos 10 / 12 : Realizou-se um convívio com o grupo folclórico do Centro Social Cultural Virgem de Fátima 18 / 12 : Bazar com os trabalhos manuais realizados por alguns dos idosos. Tarde de Folclore. 20 / 12: Festa de Natal com as Damas de Beneficência, os empregados do lar. Amigo Secreto. 27 / 12: Festa de Natal com as damas e os avós.


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Músico pede apoio Para concretizar o seu sonho, deve arranjar oito milhões de bolívares em pouco tempo para especializar-se em trompa em Portugal Jean Carlos De Abreu

jcdeabreu@correiodevenezuela.com

lex Alfonso Gonçalves é um luso-descendente que começou aventurarse no mundo da mú sica desde os quatro anos de idade, interpretando o instrumento musical venezuelano, o 'cuatro'. Aos 12 anos, começou a tocar mú sica académica na Orquesta Sinfó nica, nú cleo de Guarenas, tocando a trompa francesa. Apó s percorrer vários grupos filarmó nicos da grande Caracas, entrou para o Centro Mozarteum, situado na capital, onde actualmente recebe aulas do instrumento que toca. Uma vez neste centro educativo, Alex começou a realizar cursos e apresentações no exterior com a trompa. As coisas correram bem até ao ponto de hoje em dia ser convidado por grandes profissionais do

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instrumento para tocar no estrangeiro. Estados Unidos, Alemanha, Trinidad e Tobago e Holanda são alguns dos países que Alex visitou para participar em concertos de mú sica clássica. Recentemente, o jovem de 17 anos esteve na Alemanha, onde pô de partilhar o auditó rio com um dos "maiores grandes trompetistas da Europa", Michael Holtzel, que foi professor de Joel Arias, o seu actual mestre de trompa na Venezuela. "Na Alemanha tudo é perfeito. Existe a sincronização, a delicadeza e o profissionalismo", descreve o interlocutor ao CORREIO, observando depois que a América Latina também tem esses elementos e "até num nível melhor no que toca à mú sica académica", disse, enquanto comparava as vantagens de ter viajado por esse país europeu.

Alex afirmou que foi a Alemanha para abrir a mente e obter novas experiências com professores de outros países. Assim mesmo, disse que recebeu felicitações por parte do corpo de professores e companheiros pela sua "excelente manipulação da trompa". PRóxIMA VISãO: PORTUGAL Entre os projectos de Alex está o de visitar Portugal para receber classes avançadas de trompa. "Ainda não fui à terra dos meus pais porque a oportunidade não se colocou, apesar de que o meu professor conheça Abel Pereira, um dos trompetistas lusitanos mais importantes", expressa Gonçalves. A família de Alex apoiouo desde sempre e continua a fazê-lo ainda hoje. Segundo disse o trompetista, a viagem que realizou a Alemanha foi custeada por todos os mem-

Nova mestre

colégio Maria Auxiliadora, em Altamira, vestiu-se de gala no passado dia 12 de Dezembro, para comemorar o fim de um ciclo de vida estudantil. Vanessa Cristina Pereira Nunes obteve a licenciatura em Educação Pré-escolar, na Universidade José Maria Vargas, em Caracas. Licenciaram-se, no total, 128 pessoas, das quais apenas um era do sexo masculino. Actualmente,

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Vanessa é mestre no colégio Cristo Rey de Altamira, onde dá aulas em educação inicial, chamado antes nível pré-escolar. Assistiram à cerimó nia de graduação familiares e amigos, que partilharam com ela a alegria de converter-se numa profissional dedicada ao ensino. A esta nova profissional desejamos muito êxito e bons augú rios na sua nova vida.

bros do seu nú cleo familiar, já que os pais não contariam com os recursos econó micos necessários para pagar todos os gastos que implicava a estadia num "país tão caro". P ATROCí NIO LUSO "Estou interessado em fazer uma proposta a uma empresa de lusos para que me apoiem e patrocinem uma viagem para Janeiro de 2007 a Alemanha e assim receber umas classes avançadas de trompa", explica Gonçalves.

Acontece que o custo do instrumento está avaliado em 12 milhões de bolívares e Alex não tem o dinheiro para pagar tal montante. Gonçalves disse que pediu uma reunião com a direcção do Centro Português para ver se estes podiam oferecer-lhe a ajuda que necessita. "Ainda não há nada de concreto", observa, deixando claro que se comprometeu a pagar o apoio "com trabalho", pois ofereceu-se para dar aulas de mú sica a crianças para pagar a sua dívida depois de ter pago


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Histó ria de Vida "Quando conseguir um dador, vou passear à Madeira"

Jaime da Conceição Camacho Curral das Freiras, Madeira

adeira, década de 40. embarcar no Santa Maria Eu era uma criança e com destino à América do trabalhava na terra. Sul. Muitos dos meus conteRecordo que corria toda a rrâ neos comentavam que fazenda da minha casa para esse navio era apelidado de colher hortaliças e legumes "carga perros", pois dentro que a minha mãe depois viajavam algumas pessoas sem pagar passagem. cozinhava para comermos. O meu pai estava no Fazíamos tudo em família. A ú nica coisa que compráva- Brasil. Escrevi-lhe uma carta mos no supermercado era o dizendo que viesse para a querosene, o arroz e os fó s- Venezuela porque parte dos foros com os quais acendía- seus filhos estava aqui. Em mos o fogo. Ajudei em minha 1959, ele chegou a terras casa desde os 7 anos de idade, crioulas, depois de sair daquecom a intenção la nação carioca. de aligeirar o O meu irmão trabalho da A ú nica coisa que com- mais velho, o já estava cá minha mãe no prá vamos no supermer- que há mais anos, lar. cado era o querosene, o preparou todos Não tive papéis infâ ncia, arroz e os fó sforos com os necessários quiçá porque a os quais acendí amos o para que o meu situação do país pai pudesse não permitiu fogo viver neste país. que eu estudasEm 1961, se. Tão pouco existia a facilidade econó mi- pisei o porto La Guaira. ca com a qual podemos con- Fiquei surpreendido ao ver tar agora, já que nessa época casas que não eram iguais às a nossa situação financeira que havia em Portugal. Uma vez em Caracas, fiquei a viver era crítica. Um dos meus irmãos esta- no bairro Pinto Salinas, no va na Venezuela. As cartas sector Párate Bueno, abaixo que recebíamos, mensalmen- do bloco Siete Mares, na capite, diziam que este país era tal. Ali, trabalhei num superbom para fazer futuro. Ele mercado e dormi durante trouxe-me para esta nação muito tempo em cima de nos anos 60, enviando-me uma saca de açú car. Aguentei essa situação uma carta de chamada para quatro anos. que eu pudesse preparar a durante minha viagem e assim Posteriormente, fui trabalhar

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Ferido por um acidente

em Las Lomas de Urdaneta, em Catia. Passei para El Valle, depois para o bairro Guarataro e por ú ltimo para a Cota 905, onde vivi durante dois anos. Casei-me na década de 80. O meu primeiro casamento durou 8 anos, já que a minha primeira esposa, também portuguesa, faleceu. Desse matrimó nio tivemos dois filhos. Meses depois, visitei a minha mãe em Portugal. Já estava há muito tempo sem ver a minha terra. Uma vez ali, voltei a enamorar-me e decidi casar pela segunda vez, com Fátima, o meu segundo amor. Em 1988, fui saqueado. Na altura tinha um supermercado na Cota 905. Os ladrões só

me deixaram a roupa do corpo. Isso aconteceu pelas 9 da noite, segundo o relato da minha irmã, pois eu não me encontrava em casa quando tudo ocorreu. Com o dinheiro que tinha poupado e que estava no banco, construí uma casa em Tacagua, no estado Vargas. Comprei um distribuidor de pão e comecei a vender por conta pró pria em todo o Litoral Central. Subia e regressava a Caracas várias vezes para ir buscar mercadoria. Com o passar do tempo, comprei, junto com um só cio, uma loja de bebidas em Playa Verde. Passei depois por uma crise de saú de, da qual ainda padeço.

Tive um acidente de automóvel de onde saí ferido. O condutor de uma mota morreu e quando eu estava no hospital, os médicos deram-me uma má notícia: Disseram que eu tinha os rins secos e que devia fazer diálise. Foi há sete anos que passei por este infortúnio, mas ainda continuo com o problema. Agora vivo tranquilo com a minha esposa e os meus quatros filhos na minha casa. Vou a Caracas três vezes por semana, onde faço diálise. A Venezuela é o país que me acolheu. Aqui tenho a minha família e as minhas amizades. Como diz o ditado: "Chivo que se devuelve, se desnuca". Por isso, não regressarei a Portugal para viver lá. Amo a terra que me viu nascer, mas não voltaria ao meu país para ficar a viver. Se Deus quiser, quando conseguir um dador e me colocarem uns rins, irei passear à Madeira para ver o quão bela a minha terra está.


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Resumo informativo do bom e do mau de 2006 Com a intenção de avaliar as informações noticiadas pelo CORREIO de Venezuela durante todo o ano de 2006, apresentamos a seguir um resumo de algumas notícias que marcaram presença no dia-a-dia da comunidade portuguesa na Venezuela.

O DIÁRIO de Notícias vai circular em 2007 na Venezuela

Redacção

correio@correiodevenezuela.com

Durante o ano de 2006, o Correio de Venezuela foi porta-voz de muitas notícias, boas e más, que mostraram ser do interesse da nossa comunidade radicada no país. As boas encheram de alegria centenas de portugueses e, em alguns casos, encheu de esperanças os lusos que nos lêem semana apó s semana. Por outro lado, as notícias más fizeram com que os nossos leitores se inteirassem das debilidades de algumas organizações ou pessoas que fazem parte da nossa comunidade. A finalidade não é depreciar estes nem outros portugueses dentro ou fora do país, mas sim fazê-los entender que o que se promete, cumpre-se. Associações internacionais de beneficência, actividades culturais dentro do país, eventos comerciais, disputas desportivas, eventos competitivos, festividades religiosas, sequestros, entre outros, foram temas que fizeram manchete no nosso semanário. FOLCLORE DE VULTO O xxI Festival de Folclore marcou a histó ria das actividades culturais lusas na Vene-

zuela, quando no passado mês de Julho se juntaram, no Poliedro de Caracas, 18 grupos lusos vindos de todo o país. Assistiram ao evento mais de 2.500 pessoas, que apreciaram parte das suas tradições na área da dança e catalogaram este acto como "ú nico". Foi uma mostra da integração lusa, que parte da premissa de que "pode-se reunir vários grupos sem entrar em disputas". A participação de jovens nos grupos folcló ricos foi massiva e "extraordinária", já que estes demonstraram que estão interessados em preservar as tradições e costumes dos seus pais. "QUEDA DE UM LAR" O mês de Outubro foi catastró fico para o lar de terceira idade Padre Joaquim Ferreira, situado em Los Anaucos, no estado Miranda. A falta de ajuda econó mica para a manutenção do espaço, à ajuda aos idosos e a ausência de uma estação de tratamento de águas residuais põe em perigo a residência, que alberga 65 lusos. Segundo Maurílio Santos, presidente da direcção do lar, cada velhinho tem diferentes necessidades e estas devem ser atendidas por pessoas qualificadas para que os ajudem com essas necessidades. Por isso, Santos

solicita a ajuda da comunidade portuguesa que vive em Caracas para que continue a levar cabo a ajuda que tem dado ao lar até ao momento. Se é certo que alguns familiares destes idosos colaboram com o lar, também é certo que outros não o fazem. Por esta razão, pede-se a cada membro da comunidade lusa que auxilie esta obra com donativos, porque não se sabe quando é que algum de nó s vai precisar dos serviços deste lar... DIÁRIO DE NOTíCIAS NA VENEzUELA Num projecto conjunto do CORREIO de Venezuela, o DIÁRIO de Notícias da Madeira (DN) e o Grupo Blandy, foi anunciado em Outubro que em 2007 o DN vai circular em terras de Bolívar. Com uma frequência diária de segunda a sexta-feira, este jornal português poderá ser encontrado nos principais quiosques do país, por portugueses e venezuelanos que estejam interessados em inteirar-se do que acontece fora da Venezuela. Para além da informação diária da ilha da Madeira, vai contar com algumas páginas escritas em castelhano, onde se dará conta das notícias da comunidade residente neste país.

Rostros novos apoiam a cultura dos pais e avós

O Lar Padre Joaquim Ferreira necessita de ajuda e de apoio da comunidade


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O antigo Primeiro-Ministro não contactou à comunidade lusa durante a sua visita na Venezuela

AMI ajuda portugueses mais necessitados através de doações

de origem. AMI(GOS) DOS NECESSITADOS Com o intuito de apoiar economicamente e supervisionar as obras iniciadas VISITA SURPRESA para ajudar os emigrantes portugueses A chegada inesperada do ex-primeimais necessitados na Venezuela, a ro-ministro português, Mário Soares, à Assistência Médica Internacional (AMI) Venezuela apanhou de surpresa muitos visitou o nosso país a meados do mês de membros da comunidade luso-venezueNovembro. lana, pois teve uma duração de três dias O trabalho do representante da durante os quais não houve contacto AMI, José Luís Nobre, consistiu em com nenhum membro da comunidade. observar o avanço dos projectos que Pode dizer-se que foi uma visita "por estão a ser financiados por esta organiza- debajo de cuerdas", durante a qual o exção. São três planos que estão a ser desen- governante foi recebido pelo presidente volvidos em função dos habitantes lusos Hugo Chávez. Nesta reunião, foram com escassos recursos residentes em focados temas de índole energética, social e política. Os dois Caracas, Maracay e La trocaram opiniões no que Guaira. se refere ao chamado Para além de se ter Multidõ es cheias de cor, "Socialismo do século inteirado do bom avanço emoç ã o e juventude pin- xxI" e das suas implicaçõdas obras, Nobre veio es na sociedade venezuelaoutorgar novos donativos taram de vermelho e verde a diferentes associações de as ruas e centros sociais na. Esta visita ao nosso beneficência no país com país foi um marco no pério fim de proporcionar lusitanos por todo o nosso plo por vários países levabem-estar aos portugueespaç o nacional do a cabo por este socialisses. A presidente das ta em busca da presidência Damas Portuguesas de Beneficência de Caracas, do Parlamento Europeu. Mary Monteiro, é a receptora destes De destacar que na reunião mantida donativos, que agradeceu a colaboração entre estes dois representantes políticos da AMI no valor de 25 mil dó lares ao estiveram apenas os meios de comunicalar de terceira idade Padre Joaquim ção social do Estado, já que o visitante luso não anunciou a sua chegada a nenFerreira. No fim da visita, José Luís Nobre hum dos outros ó rgãos de comunicação concluiu que nem todos os portugueses que cobrem este tipo de eventos. residentes na Venezuela têm dinheiro e vivem comodamente. Por essa razão, O MUNDIAL DE FUTEBOL: DINâMICA, aproveitou a oportunidade para comuni- EMOçãO E ORGULHO PORTUGUêS car a necessidade de criar um fundo para O acontecimento mais importante a trasladação daqueles portugueses que de 2006 foi sem dú vida o Mundial da tenham manifestado, antes da sua morte, Alemanha e a destacada participação do o desejo de serem enterrados no seu país grupo português, que conseguiu alcan-

Jovens vestiram a camisola verde e vermelha em representação da pátria dos seus pais


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Central Madeirense domina por completo o futebol amador

Aqui repousa o Clube Sport Marítimo. Até quando?

çar as semi-finais apó s 40 anos, encheu milhares de portugueses e luso-descendentes de alegria e ganhou respeito e admiração de adeptos de outras nacionalidades. Multidões cheias de cor, emoção e juventude pintaram de vermelho e verde as ruas e centros sociais lusitanos por todo o nosso espaço nacional. Longe estão os anos nos quais os filhos de portugueses, estupidamente, ocultavam a sua origem lusa. Agora, e graças às estrelas do futebol como Ronaldo, Figo ou Ricardo, os luso-descendentes mostram-se orgulhosos da camisola vermelha da selecção nacional. Pura afirmação nacionalista. Muitos tiraram da Internet a letra do hino português para poder cantá-lo antes do apito inicial. Porque no futebol, Portugal está ao nível dos melhores do Mundo e isso dá vontade de gritá-lo. A outra face da moeda desta bonita paixão está nos excessos que ela gera: Engarrafamentos nas ruas para festejar as vitó rias, excesso de ruído e consumo de álcool e alguns escâ ndalos e brigas (felizmente pontuais e minoritárias) foram a parte menos positiva que a festa do Mundial deixou. Mas o certo é que já estamos com vontade de ver Portugal no pró ximo Europeu, em 2008.

CENTRAL MADEIRENSE: UM MARCO NO DESPORTO NACIONAL AMADOR

O "furacão" futebolístico que o Desportivo Central Madeirense protagonizou no futebol amador não tem paralelo na histó ria recente. A sua afirmação como maior vencedor no célebre e tradicional "Torneio Ibérico", as vitó rias das suas diferentes equipas de futebol jovem nas mais importantes ligas do nosso país, os recordes e os golos para recordar, marcam um ano no qual o Madeirense, como é conhecido no meio local, começou a ganhar e terminou a triunfar. A par das taças que decoram e enchem as vitrinas, fica uma vitó ria mais importante ainda: Os benefícios sociais, culturais e formativos que o Madeirense deixou nas comunidades mais desfavorecidas, naquelas onde se nutrem as suas diferentes equipas, nas pessoas dessas crianças e jovens que, vestidos com a camisola vermelha do Central Madeirense, dedicamse ao desporto e afastam-se dos vícios, das drogas, da delinquência e do ó cio. É talvez ali que reside o maior triunfo de "los abasteros". O Madeirense consolida-se ano apó s ano como uma instituição respeitada, temida pelos rivais no campo e onde os futebolistas aspiram chegar. Este ano de 2006 ficará na memó ria dos

seus atletas e dirigentes, pois viveu-se ao ritmo dos gritos de triunfo, estonteados de tantas voltas olímpicas de troféu na mão. O POLÉMICO MARíTIMO DE VENEzUELA, OS SEUS TROFÉUS E A SEDE

Foi do pior mas ao mesmo tempo do melhor que o ano de 2006 nos deixou. Dizemos do pior porque foi verdadeiramente penoso assistir, durante várias semanas, a uma exasperante polémica que trouxe a lume velhas quezílias e diferenças entre personagens que, pela sua actividade comercial e como dirigentes, são rostos respeitados e reconhecidos dentro da comunidade luso-venezuelana. Acusações foram e vieram, cada uma das partes fazendo valer as suas razões. Entretanto, o certo é que muitas das peças que fizerem parte do enorme patrimó nio desportivo da perpetuada equipa luso-venezuelana perderam-se irremediavelmente devido ao tempo em que estiveram armazenados. O que é que torna grande uma equipa de futebol em qualquer país do Mundo? Os títulos conquistados, os nomes e a histó ria reflectidas em cada uma das taças e troféus das suas vitrinas. Ainda que a equipa verderubra já não esteja em competição a nível profissional, era necessário recuperar todos os


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objectos que relatam a histó ria desta grande formação. Mas ao ver-se o copo meio cheio e meio vazio, esta polémica acabou por despertar os responsáveis maritimistas, que se dedicaram ao trabalho de recuperar as peças e conseguir uma nova sede digna onde pudessem expô -los e, inclusive, seduzindo com a possibilidade de empreender um grande projecto que reactive as actividades da equipa, para a qual muito terá contribuído o Centro Luso Turumo de Caracas. Certamente que se esta polémica acabar por ser a causa do tão desejado regresso do Marítimo, não restarão dú vidas que recordaremos "a polémica do patrimó nio maritimista" como uma das melhores coisas que o ano 2006 nos deixou. CASA DO BENFICA: PROMESSAS VãS Em Maio de 2005 e no meio da euforia causada pela reconquista do título que escapava às "águias" desde há 11 anos, um grupo de notáveis residentes na Venezuela e seguidores do clube mais popular de Portugal decidiu iniciar reuniões que tinham como objectivo a criação de uma Casa da equipa encarnada no nosso país, um dos poucos que, apesar de contar com grande emigração portuguesa, não possui nenhuma filial do "glorioso". O

O dinheiro foi arrecadado e depositado numa instituiç ã o bancá ria à espera de poder materializar, por fim, a inauguraç ã o da referida casa dinheiro foi arrecadado e depositado numa instituição bancária à espera de poder materializar, por fim, a inauguração da referida casa. Termina 2006 e, ano e meio depois, verifica-se que tudo ficou pelas promessas vãs. Não há casa. As desculpas aparecem mas certamente as expectativas foram frustradas e a credibilidade das pessoas que anunciaram publicamente a criação e manutenção desta casa ficou muito afectada. A euforia foi se desvanecendo paulatinamente e esta bonita intenção teve um fim. Será que foi arquivada para sempre no sítio onde se colocam as típicas promessas que fazemos a nó s pró prios a cada fim de ano e depois jamais cumprimos? Uma equipa tão grande e histó rica como é o Benfica, para muitos o maior clube de Portugal, bem merece ter uma filial em Caracas. Mas isto apenas será possível se aqueles que anunciaram a sua criação retomarem o caminho e realizarem o necessário para poder abri-la a uma enorme

legião de benfiquistas que trabalham e convivem na Venezuela. Estaremos atentos. ANSA MOTIVA EMPRESÁRIOS Graças à realização dos seus fó runs anuais, a Asociació n Nacional de Supermercados y Autoservicios (Ansa) apresenta constantemente as suas novas estratégias na área das vendas na Venezuela. Este ano, efectuaram o quinto evento no mês de Outubro e aproveitaram a oportunidade para discutir tácticas orientadas para a evolução nesta área. A iniciativa teve por lema "Sú bete ya! Evoluciona" e as empresas nacionais marcaram presença a fim de mostrar as suas propostas no que diz respeito ao "consumo em massa". De acordo com Carlos Carvalho, presidente da Ansa, este slogan foi uma espécie de convite para que estes serviços comecem a adaptar-se a uma nova realidade. "Queremos fazer ver às pessoas que o comboio está a passar e é o momento para subirmos e avançar". Carvalho considera ainda que a importâ ncia deste fó rum deve-se ao facto de que, actualmente, a Ansa tem filiadas 20 por cento das empresas do país, as quais representam 50 por cento das vendas do sector a nível nacional e a ideia é justamente "optimizar o sistema de supermercados do país", disse aquele responsável.

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PS põe Estrela e Belém na campanha pelo referendo Edite Estrela e Maria de Belém vão estar na primeira linha da campanha Edite Estrela e Maria de Belém vão ser as responsáveis socialistas pela ligação entre os deputados do PS na Assembleia da Repú blica e em Estrasburgo e a direcção do partido na campanha para o referendo ao aborto. De acordo com fonte da direcção dos socialistas, a participação do PS n a campanha do referendo ao aborto será coordenada pelo Secretariado Na-cional e dividir-se-á em três eixos: partido, Grupo Parlamentar na Assembleia da Repú blica e eurodeputados socialistas. "Maria de Belém será a responsável pela ligação entre a direcção e o Grupo Parlamentar

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na Assembleia da Repú blica, enquanto que Edite Estrela fará a ligação com os eurodeputados do PS", acrescentou o mesmo dirigente. Em declarações à Lusa, membros do Secretariado Nacional do PS como Marcos Perestrello, José Lello e Edite Estrela referiram que o secretário-geral, José Só crates, terá na campanha do referendo ao aborto uma presença "marcante" a favor do sim, embora pontual, devido à sua agenda de primeiro-ministro. "O PS incentivará os seus militantes e dirigentes a integrar os movimentos a favor do sim à despenalização do aborto e

desenvolverá acções de campanha no â mbito do partido e dos seus grupos parlamentares na Assembleia da Repú blica e no Parlamento Europeu. A nossa campanha será equilibrada, serena e moderada, procurando explicar às pessoas que devem votar sim", disse Marcos Perestrello. Tanto Marcos Perestrello como Edite Estrela adiantaram que o PS estará no terreno ainda na fase de pré-campanha, em meados de Janeiro, através da organização de conferências, de encontros e da "publicação de material informativo", onde se poderá incluir a afixação de outdoors.

Maria de Belém será a responsável pela ligação entre a direcção e o Grupo Parlamentar na Assembleia da República.

Júdice nega ter prejudicado ou favorecido antigo bastonário da Ordem dos Advogados José Miguel Jú dice negou, em Tribunal, ter qualquer relação com os arguidos ou as vítimas da Casa Pia e afirmou que nunca procurou prejudicar ou favorecer qualquer interveniente no processo. José Miguel Jú dice foi segunda-feira a testemunha ouvida na 265ª sessão do julgamento do processo de pedofilia da Casa Pia de Lisboa, a decorrer no antigo Tribunal Militar de Santa Clara, em Lisboa. Interrogado por José Maria Martins, que defende Carlos Silvino da Silva

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José Miguel Júdice foi a testemunha ouvida na 265ª sessão do julgamento.

Breves

Mini-tornado assusta Açores O mini-tornado que atingiu uma zona da vila da Lagoa, ilha de São Miguel, deixou um rasto de destruição e obrigou até agora ao realoja-

mento de duas famílias, segundo o presidente da Câmara Municipal. O autarca, João Ponte, disse à agência Lusa que as duas famílias, no total de quatro pessoas, vão ser realojadas provisoriamente no Convento dos Frades, já que os telhados das suas casas estão em risco de ruir. Em toda a zona atingida pelo minitornado, conhecida como Portinho de São Pedro, ficou "um rasto de destruição, com telhas partidas e viaturas [de um estabelecimento comercial] atiradas", disse o autarca.

("Bibi"), o principal arguido do processo, Jú dice ouviu o advogado acusá-lo de ter um plano para proteger alguns arguidos e prejudicar o seu cliente. Por essa e outras acusações, o antigo bastonário chegou mesmo frisar perante a juíza que não estava a ser julgado neste caso, alegando que mais parecia estar a deixar de ser uma testemunha para passar a ser uma "espécie de arguido de um processo inexistente". José Miguel Jú dice disse que voltaria a tomar as mesmas posições pú blicas que teve no passado, explicou que o ú nico arguido que conhe-

400 famí lias à espera de casa A lista de espera para habitações sociais em Évora apresenta 400 famílias como "primeira prioridade", revelou o presidente do

ceu ou que conhecia era Carlos Cruz, porque este o entrevistou uma vez, e que conheceu Hugo Marçal já no início do processo, quando este lhe pediu uma reunião e quando o visitou na prisão. "Nunca me referi ao processo Casa Pia como havendo corrupção e nunca ouvi falar que neste processo tivesse havido qualquer conspiração", afirmou ao tribunal. O advogado reafirmou, no entanto, que manifestou na altura preocupação com notícias que davam conta de que os jovens que eram ouvidos como vítimas eram antes "preparados" por psiquiatras.

município, reclamando o apoio do Governo para resolver um problema de "grande envergadura". "As 400 famílias que estão na lista de espera da autarquia classificadas como primeira prioridade exigem respostas urgentes", reconheceu o presidente da autarquia, José Ernesto Oliveira (PS). O autarca falava aos jornalistas à margem de uma cerimónia de atribuição de novas habitações sociais a onze famílias, num total de 52 pessoas, que viviam em situações extremamente degradantes.


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CEMFA sem contestação Nomeação para suceder a Taveira Martins na chefia do Ramo não suscitou "contestação nenhuma", assegura o novo CEMFA Chefe de Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), Luís Araú jo, considerou que o processo que conduziu à sua nomeação para suceder a Taveira Martins na chefia do Ramo não suscitou "contestação nenhuma". Depois de ter sido empossado no cargo pelo Presidente da Repú blica, Cavaco Silva, o novo CEMFA assegurou que a sua nomeação mereceu concordâ ncia unâ nime por parte de dos tenentes-generais que pediram a passagem à reserva na sequência da escolha. "Não há contestação nenhuma (...) O Conselho Superior da Força Aérea, onde estavam todos os tenentes-generais, foi consultado e a concordâ ncia com o meu nome foi unâ nime. É cultura da Força Aérea que, quando um oficial mais moderno é escolhido, os mais antigos solicitam a passagem à reserva. É cultural, tem a ver com a nossa maneira de ser", disse.

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A escolha levou à apresentaç ã o de pedidos de passagem à reserva de quatro tenentes-generais A escolha de Luís Araú jo para chefiar a Força Aérea levou à apresentação de pedidos de passagem à reserva de pelo menos quatro tenentes-generais da Força Aérea, incluindo o Vice-chefe. A ultrapassagem na antiguidade militar e o carácter eminentemente político da escolha do ex-director-geral de Política de Defesa Nacional terão estado na origem da decisão dos tenentes-generais Hélder Rocha Martins (actual Vice-CEMFA), Antó nio Martins de Matos (comandante da Logística e Administração da Força Aérea), David Oliveira (adjunto operacional do chefe

Estado-Maior General das Forças Armadas) e João Oliveira (comandante operacional da Força Aérea). Para Luís Araú jo, estes pedidos "não querem significar nada", nomeadamente em relação a si. "Eventualmente, se tivesse na mesma situação teria feito o mesmo. Só tenho que respeitar a decisão dos nossos tenentesgenerais", adiantou. Na ocasião, o novo chefe da Força Aérea prometeu ainda tomar medidas em relação a um problema cró nico deste ramo das Forças Armadas: a fuga de pilotos para a aviação civil. "Esse é um problema que não é de hoje. A Força Aérea sempre teve esse problema. A questão é que o mercado da aviação civil abriu muito e o que acontece é que temos dificuldade em reter pilotos (...) Teremos, com algumas medidas, de tentar reter os pilotos", referiu. O Chefe de Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), Luís Araújo.

Breves

Associações aplaudem mas... Associações de imigrantes aplaudem o Plano para a Integração dos Imigrantes apresentado pelo Governo, mas manifestaram dúvidas quanto à sua concretizam e criticaram a iniciati-

va por deixar de fora os ilegais. O Plano para a Integração dos Imigrantes, que o Governo pretende aplica r nos próximos três anos, envolve 13 ministérios e inclui 123 medidas nas áreas do trabalho, habitação, saúde, educação, justiça, desporto e língua. A educação e a formação profissional para a igualdade de oportunidades são as áreas prioritárias deste "roteiro de compromissos", que está em discussão pública até 5 de Janeiro e deverá ser aprovado em Conselho de Ministro na segunda quinzena de Janeiro.

Lusos dos que menos concordam Os portugueses estão entre os europeus que menos concordam com o casamento entre homossexuais ou a adopção de crianças por casais do mesmo sexo, segundo um

Eurobarómetro sobre a opinião pública na União Eu ropeia publicado em Bruxelas. O documento com os resultados de um inquérito realizado entre Setembro e Outubro deste ano nos 25 Estados-membros mostra que 44 por cento dos europeus estão de acordo com o casamento entre homossexuais, sendo essa percentagem de apenas 29 por cento em Portugal. A posição de Portugal contrasta com a da vizinha Espanha onde 56 por cento estão de acordo com os casamentos homossexuais.


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Carolina Salgado já falou com um procurador ex-companheira do presidente do Futebol Clube do Porto esteve hoje no tribunal de Gondomar no â mbito do processo "Apito Dourad o", falou informalmente com procurador Carlos Teixeira, mas não se sabe se foi ouvida pelo juiz de instrução. Pedro Miguel Vieira, que está a instruir o processo principal do "Apito Dourado" - relativo ao Gondomar Sport Clube - alimentou a dú vida sobre se inquiriu a excompanheira de Pinto da Costa, Carolina Salgado. "Não posso dizer se a ouvi. A seu tempo se saberá", disse o magistrado à agência Lusa, explicando que todas as diligências que desenvolve se reportam a penas ao processo do Gondomar Sport Clube. "Só posso revelar as intenções do tribunal depois de informar os sujeit os processuais", acrescentou Pedro Miguel Vieira. Relativamente ao Ministério Pú blico, uma fonte judicial disse que a ex-companheira de Pinto da Costa foi recebida pelo procurador Carlos Teixeira de forma informal,

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A ex-companheira do presidente do FC Porto revela que contratou duas pessoas para agredirem Ricardo Bexiga.

já que a diligência processual para que fora convocada terá sido anulada. Segundo a fonte, essa anulação,

que não terá sido comunicada atempadamente a Carolina Salgado, surgiu na sequência da nomeação de Maria José Morgado para coordenar 81 processos ligados à investigação do caso de Gondomar. Quer à chegada, quer à saída do tribunal - quase duas horas depois Carolina Salgado e o seu advogado, José Dantas, nada disseram aos jornalistas. Em vésperas do início da instrução do processo "Apito Dourado" sobre Gondomar, Carolina Salgado publicou um livro intitulado "Eu, Carolina", no qual denuncia alegadas situações de corrupção desportiva, evasão fiscal, violação do se gredo de justiça, agressões, perjú rio e fuga à justiça. Entre outras acusações, a ex-companheira do presidente do FC Porto revela que contratou duas pessoas a mando de Pinto da Costa - para agredirem Ricardo Bexiga, actual deputado do PS e então vereador da Câ mara de Gondomar, por este alegadamente ter denunciado situações relacionadas com a investigação do processo "Apito Dourado".

Mãe condenada a oito anos de prisão por matar filho à fome O Tribunal de Leiria condenou uma mulher a oito anos de prisão por ter deixado morrer à fome, em 1988, um filho de seis anos, portador de deficiência. A criança terá morrido por "deficiência alimentar prolongada", explicou o juiz-presidente do colectivo, Emídio Santos. Para o colectivo, a "arguida demonstrou desinteresse na sorte do filho", permitindo um "estado de desnutrição" que era "consequência de um processo que se arrastou meses", com "atrofiamento muscular, ausência total de tecido adiposo e olhos encovados". "O estado de subnutrição de H.R. foi fruto de uma escolha intencional da arguida" que, "em determinado momento da sua vida, escolheu não alimentar o filho", considerou o magistrado, confirmando a tese do Ministério Público que considerou o crime de "especial censurabilidade e perversidade". Até porque "a arguida era capaz e tinha condições de alimentar o filho", afirmou o juiz, recordando que os outros filhos não tinham sinais de subnutrição. "Apesar de se ter apercebido da degradação do corpo do seu filho, a arguida não pôs termo à sua intenção criminosa", demonstrando uma "insensibilidade chocante". Por isso, o colectivo condenou a arguida pelo crime de homicídio qualificado, até porque a mulher tinha "especiais responsabilidades" devido à relação familiar com a criança.


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Permissão para viver Carolina Pereira

iversos paradigmas, diversos pensamentos, diversos costumes foram sendo inculcados, de geração em geração, nos descendentes de lusitanos. Um conjunto de valores que se estabelece como prioridade inviolável e que se deve respeitar para o resto das nossas vidas. Mas que acontece quando abres a janela da tua casa e encontras uma realidade quotidiana completamente diferente? Qual das duas vertentes é a correcta? Devemos aceitar uma realidade e eliminar a outra do nosso ser? Muitas interrogações surgem quando se trata de nos integrarmos num novo espaço. Um cenário novo onde as regras do jogo são diferentes das que te ensinaram em casa. O que era uma estrutura estritamente vertical modificou-se para algo curvilíneo. A pergunta é: Mantemos o impenetrável ou arriscamo-nos a saborear uma cultura distinta? É sempre difícil romper com as referências, com o que foi estabelecido e imposto durante décadas. Mas por acaso viver numa redoma permanente, com as mesmas pessoas, costumes e atitudes, vai te garantir um futuro feliz? Particularmente, não acredito. Se é certo que, por um lado, estás a embarcar num comboio desconhecido que certamente vai acarretar riscos, também é verdade que vai permitir-te ser uma pessoa com amplitude mental, sentimental e com

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valentia de aceitar o bom e eliminar o que não é tão bom dessa cultura. Simplesmente a essência da vida traduz-se no intercâ mbio e na convivência entre as pessoas, e por isso nos seus pensamentos, nos seus costumes, nas suas ambições, nas suas necessidades, ou seja, em todo o seu ser. Arrisquemo-nos a viver algo novo, novas emoções, novas conquistas, que seguramente nos enriquecerão. É sempre mais fácil continuar e perpetuar o conhecido. É mais simples conviver com isso. Mas mantenho, sem dú vida alguma, que uma cultura pode ser enaltecida com centelhas de outras. Ficar com o bom, aprender algo com as suas forças mas eliminando vícios e debilidades, vai nos permitir construir uma cultura só lida e diversa. E com esta nova

estrutura de identidade, trabalharemos por e para os nossos filhos. Desenvolvam a vossa obrigação como pais, de inculcar o que vocês considerem melhor. Mas permitam aos vossos descendentes ter a abertura de lidar com novas coisas. Sintamse dispostos a dar variedade às vossas comunidades. Asseguro-lhes que a princípio será difícil, mas também afirmo que vai gerar algo maravilhoso para o teu ser: A oportunidade de fazer parte de uma nova comunidade e cultura. A comunidade lusitana tem um sem fim de qualidades e características com uma riqueza inimaginável. Mas também tem uma quantidade de debilidades e vícios nada dignos de admirar. Então, sejamos humildes e valentes para enfrentarmos algo maravilhoso: A diversidade da vida.

O Arquivo Regional da Madeira

António de Abreu Xavier aindax1@yahoo.com

sta instituição guarda memó rias da administração das ilhas da Madeira e do Porto Santo desde os alvores do povoamento até ao incremento do processo autonô mico em pleno século xx. Para melhor conhecer este depositário da histó ria do povo madeirense, podese dizer que os fundos da Alfâ ndega do Funchal, do Cabido da Sé, dos conventos de Santa Clara e de Nossa Senhora da Encarnação, da Provedoria e da Junta da Real Fazenda, fundos valiosos para o estudo do arquipélago, foram incorporados no Arquivo Nacional em 1862 e 1886.

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No ano de 1931, passa para as autoridades locais o encargo de preservar e comunicar o patrimó nio arquivístico regional e, assim, no â mbito de uma ampla reforma do sistema arquivístico, tem lugar a criação do Arquivo Distrital do Funchal. Dois anos mais tarde, este Arquivo é instalado no Palácio de S. Pedro. A designação de Arquivo Regional da Madeira só foi atribuída no ano 1980 e no ano 2005 fica instalado na sua pró pria sede: Um edifício novo localizado nos Álamos, pró ximo da Universidade da Madeira e das piscinas olímpicas. Até ao presente, o ARM teve cinco directores: o Dr. João Cabral do Nascimento, o Dr. José Pereira da Costa, o Dr. Aragão Mendes Correia, o Dr. Luís de Sousa Melo e a Dra. Fátima Araú jo de Barros, a actual directora. O Arquivo Regional tem como principal tarefa garantir o acesso do pú blico aos documentos que conserva e dispõe duma sala de leitura com uma magnífica equipa composta por Leonardo Pereira, Lucília Alves, Só nia Correia, Elsa Gonçalves e outros funcionários

que indicam qual o caminho a percorrer na pesquisa de cada leitor. Para quem só procura informações da imprensa, o ARM tem para consulta o Diário de Notícias, o Jornal da Madeira, o Patriota Funchalense, entre outras publicações. O Arquivo oferece também um serviço de certidões que conta com o serviço de João Paulo Camacho e Regina Nó brega. Só tem que subir ao piso 2, dirigir-se ao balcão de atendimento e fornecer o máximo de informações possível sobre o documento pretendido. O Serviço Educativo tem programado um Dia aberto à Comunidade para expor o que acontece ao documento desde que é incorporado ao Arquivo até à sua consulta na Sala de Leitura. Publica também o jornal para jovens 'O aprendiz do Arquivo' e uma série de cadernos pedagó gicos como o de 'Genealogia e Histó ria da Família'. Uma visita ao Arquivo Regional dá uma ideia do que nó s também podemos fazer na Venezuela em benefício da nossa Histó ria. Mais uma vez: Um arquivo da nossa comunidade é necessário.

Dicas para uma Biblioteca de Literatura Portuguesa

Jesús Ignacio Pérez-Perazzo Décima quarta parte: Menção especial merece a figura do médico natural de São Martinho de Anta, Trás-os-Montes, Adolfo Correia da Rocha (1907), conhecido poeta, autor de ficção e dramaturgo com o pseudónimo de Miguel Torga, cujas obras Portugal, A Criação do Mundo, Contos da Montanha, Vindima, para além dos poemas O Livro de Job, O Cântico do homem, Poemas Inéditos e Orfeu Rebelde, são verdadeiras jóias das letras portuguesas: "… Mar! Tinhas um nome que ninguém temia: Era um campo macio de lavrar Ou qualquer sugestão que apetecia"... E os poetas José Gomes Ferreira (1900-1985); José Régio (José Maria dos Reis Pereira), nascido em Vila do Conde (19011969), autor, também, de uma importante obra na narrativa, na dramaturgia e no ensaio; Saul Dias (Júlio Maria dos Reis Pereira), poeta, irmão de José Maria, nascido na mesma povoação de Vila do Conde em 1902; Armindo Rodrigues (1904); António Gedeão (Rómulo Carvalho), poeta lisboeta nascido em 1906; Carlos Queirós (1907-1949); Adolfo CasaisMonteiro (1908-1972); Joaquim Namorado (1914-1986); Ruy Cinatti (1915-1986), poeta, engenheiro agrónomo e meteorologista, autor de belos poemas: "As estrelas brilham. Os homens falam, Lá entre eles. Não escutam silêncio os homens que falaz neste jardim..." Álvaro Feijó, nascido em Viana do Castelo (1916-1941); Mário Dionísio (1916); Papiniano Carlos (1916) e o médico, poeta e novelista Fernando Namora (1919-1989), natural de Condeixa-a-Velha, entre muitos outros.


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OPInIãO

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CArtAs

União e humildade para o nosso paí s

"Um ano em famí lia"

Desejo mandar, através do semanário da comunidade portuguesa na Venezuela, o Correio, uma mensagem de união e de irmandade para toda a comunidade lusa neste país. Espero que esta comunidade, que trabalhou por esta nação, se mantenha unida e continue com o mesmo trabalho de solidariedade e adaptação, como se demonstra na actualidade. Quero igualmente transmitir esta mensagem a toda a família venezuelana, sobretudo neste momento de incerteza que se vive no país. Sabemos que a situação não é fácil para ninguém, mas desejo que todos permaneçam unidos para conseguirmos a prosperidade e o bem-estar das

Tradicionalmente, nos últimos dias do mês de Dezembro, empenhamo-nos em conviver em família, em reflectir sobre os acontecimentos e actividades que realizámos ao longo do ano e, muito especialmente, pedir os melhores desejos para que o ano seguinte seja próspero e produtivo. No entanto, este ano, como em alguns anteriores, noto como o clima político interveio bastante no que se refere ao

nossas famílias e da nossa comunidade. A mensagem que deixo à comunidade é simples: Trabalhar de forma contínua para que continuemos com o estilo de vida que alcançámos ao longo dos anos. Esses valores, que são os pilares fundamentais e o suporte da nossa honestidade, são os mesmos que devemos, a todo o custo, preservar e inculcar nos nossos descendentes. Finalmente, convido todos os dirigentes que conduzem os destinos do nosso país para que unam todos os sectores, a fim de haver uma verdadeira união e reconciliação. Tony Nunes

Feliz Natal e um próspero ano novo Escreve ao semanário para desejar a todos um Feliz Natal a toda a comunidade portuguesa radicada na Venezuela e aos que se encontram na Madeira. Espero que 2007 traga muita energia positiva e boa disposição e que todos nós alcancemos os nossos objectivos. Desejo que cada um de nós tenhamos também muita saúde e que o "nosso porta-voz", o Correio de Venezuela, continue com o trabalho que tem vindo a exercer desde há muito tempo, ou seja, a de

continuar a informar o que acontece com a nossa comunidade dentro e fora do país. Desejo a todos vocês e aos que colaboram e trabalham no semanário, um novo ano cheio de muita saúde, paz e harmonia passado em família e com os amigos. Tenham sempre presente que com humildade e sinceridade podemos conseguir um mundo melhor. Felicidades! Arminda dos Ramos

desenvolvimento das actividades normais do mês de Dezembro. Todos pudemos notar quando a atenção da opinião pública estava absorvida na contenda eleitoral do dia 3 de Dezembro, seguindo o habitual nestes últimos anos de lutarmos uns contra os outros devido a uma tendência política e de deixar de lado a união e a paz que caracterizam estes tempos. Por isso é necessário que nos

unamos de novo como filhos de uma mesma pátria sem dar importância à tendência política que nos move. É também necessário à reconciliação que se esqueçam os ódios ou discriminações devido ao nosso lugar de origem, religião, cor de pele, posição económica e muitas outras segregações que são o cancro da nossa sociedade venezuelana. Fátima da Silva

Solidariedade para com os padeiros Sobre a notícia que publicaram no vosso jornal sobre os elevados preços da farinha e os diferentes preços do pan de jamón, quero reforçar que essas informações são certas. Na zona onde resido, no estado Anzoátegui, as diferentes padarias que aqui existem praticam preços diferentes para o mesmo produto, que vão dos 18 aos 25 mil bolívares. Certamente que a diferença de preços é evidente. Considero que todas as indústrias de farinha do país devem chegar a um consenso e fazer um acordo onde nem eles nem os padeiros percam, já que estes últimos são quem paga as

consequências da subida do preço do produto. Faço um apelo para que ganhem consciência e não soframos perdas de nenhum tipo, pois este é o nosso trabalho e temos que sustentar a família. Não permitamos que, por "caprichos" de outros, tenhamos que fechar os

nossos estabelecimentos. Espero que este Natal seja tranquilo e que todos os venezuelanos e portugueses radicados no país desfrutem em família a chegada do Menino Jesus. Silvestre Pereira

InquérItO: quais são as suas expectativas para 2007?

Maria de Jesus Administradora

"Desejo que o próximo ano seja repleto de muitas esperanças e ilusões. Com mais oportunidades de trabalho quer para a minha família, como para o país de forma a seguirmos todos em frentes. Que 2007 traga paz e prosperidade".

Fernando Sousa Comerciante

"No plano laboral, por exemplo, espero que haja muita força de trabalho a contribuir para o progresso desta terra. Quanto à família e ao espírito, espero que haja muita alegria e um clima de harmonia e unidade".

Lúcia da Rocha Dona de casa

"Muita felicidade e prosperidade. Além disso, peço a Deus para ter bastante saúde para desfrutar de todos os momentos do ano que vai começar. Espero também que a Venezuela continue a superar todos os obstáculos".

Concepción de Figueira Dona de casa

"Em primeiro lugar espero poder ter muita saúde, porque é o mais importante. Sem saúde nada podemos fazer. Em segundo lugar, mas não menos importante, queria que o ambiente se enchesse de amor, tranquilidade e que pudéssemos podamos estar bem economicamente".


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EcOnOmIA

CORREIO DA VENEZUELA 21 A 27 DE DEZEMBRO DE 2006

Taxa de câmbio euro-dólar de novo D

epois de na semana passada termos abordado o tema das taxas de câ mbio, terminando precisamente com a ressalva de que é um mercado onde a volatilidade é mais elevada e de que podem ocorrer surpresas, eis que temos uma nova vaga de depreciação generalizada do dó lar. Em consequência deste movimento, o euro apreciouse mais significativamente face à moeda norte-americana, ultrapassando o anterior máximo do ano, definido em 1.297 dó lares por euro (0.771 euros por dó lar), e chegando mesmo a aproximar-se de 1.32 dó lares por euro (0.758 euros por dó lar).

O QUE TERÁExPLICADO ESTE MOVIMENTO?

À partida não haveriam razões fundamentais a suportar o movimento ocorrido na passada sexta-feira, já que não foram divulgados dados econó micos substancialmente diferentes do antecipado pelos participantes nos mercados financeiros. Não houveram surpresas que consideremos suficientes para engendrar o movimento de depreciação generalizada do dó lar que ocorreu. Um facto marcante tem a ver com os mercados financeiros estarem a funcionar a "meio-gás", na sequência do fim-de-semana prolongado da "Acção de Graças", nos Estados Unidos da América. Estes períodos de menor liquidez dos mercados permitem que ocorram estes movimentos mais bruscos das taxas de câ mbio. Acresce um segundo factor associado ao pró prio posicionamento dos investidores.

Há já algum tempo que juro no final do primeiro haviam apostas no sentido de semestre de 2007. Os principais países paruma maior apreciação do euro face ao dó lar, mas sempre ceiros comerciais dos EUA dentro do intervalo a que alu- devem continuar a subir as díamos a semana passada, de taxas de juro de referência. 1.25-1.30 dó lares por euro. A Estas são as expectativas para a queda do limite superior deste Europa, aliás em linha com as intervalo obrigou os investi- indicações que têm sido transdores a terem que reverter a mitidas pelo Banco Central sua aposta, comprando mais Europeu, de que a principal euros contra dó lares. taxa de juro de referência Os restantes factores são já poderá subir a, pelo menos, conhecidos e a eles temos 3.75%, no decurso de 2007. feito várias alusões em anterioNo Japão, o banco central res "Comentários do Totta". deve continuar a subir as taxas Estes são factores puramente de juro de referência, ainda econó micos e que continuam que de forma mais moderada, a pressionar o dó lar, no senti- reagindo à aceleração da actido da depreciação, face às prin- vidade econó mica, bem como cipais moedas. da inflação. Ao Um tem longo do ano, o que ver com o iene japonês O euro apreciou-se mais processo de tem sido a significativamente face à desaceleraç ão moeda que da actividade mais resistência moeda norte-americana, em curso nos tem enfrentado ultrapassando o anterior EUA, e que em termos de má ximo do ano, definido em apreciação face tem estado associado à ao dó lar, com 1.297 dó lares por euro correcção no o movimento (0.771 euros por dó lar) sector imobiliáglobal do ano a rio, com uma saldar-se por uma evolução diminuição da construção e das vendas de praticamente nula. Por ú ltimo, relativamente habitações. A diminuição do diferencial de crescimento ao Banco de Inglaterra, no econó mico entre os EUA e Reino Unido, já ocorreram os principais parceiros comer- duas subidas das taxas de juro ciais poderia suportar uma de referência este ano, até 5.0%, assim reagindo à reanidepreciação do dó lar. Associado a este movi- mação da despesa de consumo mento, estão igualmente as das famílias, a qual tem beneexpectativas de alteração das ficiado da valorização do imotaxas de juro nos EUA. Ainda biliário ao longo dos ú ltimos que a Reserva Federal, o meses. Um terceiro factor está banco central dos EUA, esteja a apontar para taxas de juro associado ao elevado défice de referência inalteradas comercial dos EUA, ainda que durante um período de tempo tenha revelado alguns sinais relativamente prolongado, o de estabilização ao longo de consenso dos mercados finan- 2006. O problema global não é ceiros é de que se possa iniciar de falta de competitividade um ciclo de corte das taxas de dos produtos norte-america-

nos, na medida em que as exportações têm estado a crescer de forma sistemática ao longo do ano, com um crescimento de 9%, em termos reais, face ao mesmo período de 2005. Há que considerar a elevada componente importada da despesa de consumo das famílias, que tem pressionado o crescimento das importações, juntamente com o aumento dos preços da energia. Os investidores continuam a considerar que esta dinâ mica, de elevado défice, é incomportável e a moeda norte-americana deveria depreciar, para contribuir para a redução do défice. A principal questão tem que ver com a distribuição geográfica do défice comercial dos EUA, que tem vindo a ampliar-se mais com países asiáticos, em especial com a China, sendo que as moedas desses países têm registado uma mais lenta apreciação face ao dó lar. QUAIS AS PERSPECTIVAS? Uma vez mais reportamos à opinião de consenso dos analistas e economistas sondados pelas agências Reuters e Bloomberg. Os analistas inquiridos apó s o movimento da ú ltima semana reportaram uma revisão em alta das expectativas de apreciação do euro face ao dó lar, agora com o nível de 1.32-1.33 dó lares por euro (0.758-0.725 euros por dó lar) para os pró ximos meses. Os riscos são os de sempre: que surja um facto inesperado de mercado que possa acentuar o movimento agora iniciado ou inclusive revertê-lo. Artigo cedido pelo Banco Santander Totta


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EcOnOmIA

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'Gamaexpres' em Las Mercedes Excelsior Gama abrange o sector de Las Mercedes com a sua nova loja 'express', a qual estará aberta 24 horas por dia todo o ano Yamilem González

ygonzalez@correiodevenezuela.com

A rede de supermercados 'Excelsior Gama' inaugurou a sua quarta loja de conveniências 'Gamaexpres', desta feita em Las Mercedes, Caracas. Este novo mini-supermercado está aberto ao público durante as 24 horas do dia e conta com um grande variedade de produtos e serviços para o consumidor, como farmácia, garrafeira, ví veres, padaria, caixa automática, florista, frutaria e até 'take-away'. As lojas 'Gamaexpres' foram lançadas no mercado a ní vel nacional em 2002, com a abertura do primeira estabelecimento situado em Santa Eduvigis, onde se começou a mostrar um novo estilo de estação de serviço mais que um supermercado. Dois anos depois, inauguraram a loja de San Bernardino e no princí pio de 2006 a de Chuao, a qual tem possui um conceito e

espaço fí sico semelhante ao de Las Mercedes. O novo espaço 'Gamaexpres' oferece ao público um cómodo estacionamento gratuito de 50 lugares e disponibiliza ao consumidor todos os serviços de primeira necessidade no mesmo local. Segundo comentou Nelson da Gama, presidente da Direcção desta organização, a ideia de criar este novo estabelecimento da Excelsior Gama surge da necessidade de melhorar e fortalecer um modelo de serviço e atenção ao cliente, que beneficie a comunidade de Las Mercedes que tem estado carente de supermercados com esta qualidade. Além disso, informou que esta nova sede não só beneficia os vizinhos do sector, como também gera 60 novos empregos para jovens 'caraqueños', o que permite promover o desenvolvimento e profissionalização deste sector empresarial no paí s.


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PubLIcIDADE

CORREIO DA VENEZUELA 21 A 27 DE DEZEMBRO DE 2006

RTP e TAP renovam e alargam parceira na emissão de conteúdos a bordo A

Rádio e Televisão de Por-tugal e a TAP Portugal anunciam hoje a renovação e alargamento da sua actual parceria envolvendo o fornecimento de conteú dos da responsabilidade da RTP para emissão a bordo dos aviões da transportadora aérea portuguesa.

Breves

Alargamento do check-in online à Madeira, Açores e Espanha Os clientes da TAP podem, desde o dia 12 de Dezembro, fazer o seu check-in através da Internet, de e para as Ilhas da Madeira e Açores, à excepção dos passageiros com tarifas de residentes e estudantes. Esta facilidade também passa a estar disponível, à partida de Madrid e Barcelona. Ao alargar este serviço, a TAP pretende reforçar a oferta aos seus clientes, disponibilizando uma forma cómoda, rápida e eficiente de efectuar o seu check-in, que já está disponível em toda a rede da Companhia, à excepção dos Estados Unidos, destino sujeito a procedimentos especiais de embarque. O check-in online pode ser efectuado desde as 24 horas até 90 minutos antes da partida, para passageiros com reserva confirmada num voo operado pela TAP, que viajem sem bagagem ou só com bagagem de mão. Os passageiros da TAP podem fazer o check-in online através do site www.flytap.com, com a impressão imediata do respectivo cartão de embarque.

O acordo é agora renovado para os anos de 2007 e 2008 e passa a compreender, além da componente de televisão, os conteú dos de 12 canais temáticos de áudio, cuja produção pela RTP se iniciará em Março de 2007. Os conteú dos televisivos referem-se a telejornais dia-

riamente produzidos em Portu-guês e Inglês, e a programas regulares nas áreas da actualidade africana, cultura e língua portuguesa, turismo, gastronomia e humor, incluindo o Gato Fedorento. Na sua nova vertente radiofó nica, o acordo con-

templa, entre outros, canais de mú sica portuguesa, brasileira e africana, mú sica clássica, jazz, chill-out e poprock, bem como conteú dos infanto-juvenis. Desde 2004 que esta parceria tem permitido uma ampla divulgação de conteú dos produzidos pela RTP

junto de milhões de passageiros transportados anualmente pela TAP em todo o mundo. O acordo consagra a associação de duas das mais emblemáticas empresas nacionais, constituindo cada uma delas referência na sua área de actividade específica.


21 A 27 DE DEZEMBRO DE 2006 CORREIO DA VENEZUELA

II Divisão - Série A 12ª Jornada

II Divisão - Série B 12ª Jornada

II Divisão - Série C 12ª Jornada

II Divisão - Série D 12ª Jornada

DEsPORTO

Liga de Honra 14ª Jornada

Breves

Bragança - Pontassolense

0-1

Esmoriz - Lusitânia

2-0

Mirandense - Fátima

0-1

Atlético - Abrantes

0-1

Estoril - Varzim

2-1

Fafe - Ribeirão

3-3

Fiães - Portosantense

3-0

Pampilhosa - Nelas

0-0

Eléctrico - Imortal

1-0

Feirense - Penafiel

0-0

Famalicão - Lixa

1-1

Infesta - União

0-0

Penalva - Lusitânia

1-1

Est. V. Novas - Torreense

2-0

Leixões - O. Moscavide

4-0

Lousada - Vila Meã

0-1

Machico - Camacha

1-1

Pombal - Operário

1-0

Louletano - Barreirense

1-0

Marítimo B - Maia

1-0

Marco - Dragões S.

1-1

Portomosense - Avanca

1-1

Mafra - Rio Maior

1-1

Moreirense - Maria Fonte

3-1

Oliveirense - Sp. Espinho

2-0

Tourizense - Sp. Covilhã

0-0

Messinense - Real

2-0

Trofense - Vizela

1-1

Ribeira Brava - Freamunde

0-1

U. Lamas - Paredes

1-0

Oliv. Bairro - Madalena

adiado

Odivelas - Pinhalnovense

0-0

V. Guimarães - Gondomar

0-1

Classificação J V E D G

Classificação P

J V E D G

Classificação P

J V E D G

Classificação P

J V E D G

12 7 3 2 24-14 24

1º Fátima

12 9 2 1 22-3 29

1º Louletano

12 8 3 1 15-5 27

2º Lixa

12 6 4 2 12-9 22

2º Esmoriz

12 7 3 2 17-9 24

2º Operário

12 7 2 3 25-14 23

2º Mafra

12 6 3 3 16-7 21 12 5 5 2 20-1020

3º Moreirense

12 6 3 3 12-8 21

3º União

12 7 2 3 18-13 23

3º Nelas

12 7 2 3 16-9 23

3º Atlético

4º Freamunde

12 5 4 3 15-10 19

4º Infesta

12 6 3 3 19-15 21

4º Sp. Covilhã

12 4 5 3 16-12 17

4º Pinhalnovense 12 5 5 2 20-1320

5º Marítimo B

12 4 4 4 16-12 16

5º Oliveirense

12 5 5 2 19-11 20

5º Tourizense

12 4 5 3 16-15 17

5º Real

12 6 2 4 23-2020

6º Ribeira Brava

12 3 5 4 12-9 14

6º Marco

12 4 5 3 18-17 17

6º Oliv. Bairro

11 5 2 4 16-15 17

6º Odivelas

12 5 3 4 14-13 18

7º Famalicão

12 3 5 4 13-15 14

7º Camacha

12 4 4 4 17-15 16

7º Pombal

12 5 2 5 9-10 17

7º Abrantes

12 5 3 4 14-14 18

8º Fafe

12 3 5 4 19-23 14

8º Fiães

12 4 4 4 16-14 16

8º Penalva

12 3 7 2 9-7 16

8º Rio Maior

12 4 4 4 19-17 16

9º Maia

12 4 2 6 16-20 14

9º Lusitânia

12 4 2 6 14-22 14

9º Pampilhosa

12 4 3 5 16-15 15

9º Torreense

12 4 3 5 10-15 15

10º Vila Meã

12 4 2 6 11-18 14

10º Machico

12 3 4 5 15-19 13

10º Lusitânia

12 3 5 4 16-18 14

10º Eléctrico

12 3 5 4 8-14 14

11º Ribeirão

12 3 4 5 12-16 13

11º Paredes

12 2 4 6 11-14 10

11º Avanca

12 3 2 7 13-25 11

11º Barreirense

12 3 2 7 8-14 11

12º Maria Fonte

12 3 3 6 11-14 12

12º Portosantense 12 2 4 6 11-16 10

12º Mirandense

12 2 4 6 12-21 10

12º Imortal

12 3 2 7 9-19 11

13º Lousada

12 2 5 5 12-18 11

13º Dragões S.

12 2 4 6 10-18 10

13º Madalena

11 2 3 6 6-12 9

13º Est. V. Novas

12 3 1 8 7-15 10

14º Bragança

12 2 4 6 12-16 10

14º U. Lamas

12 3 1 8 13-25 10

14º Portomosense 12 1 4 7 7-23 7

14º Messinense

12 2 3 7 7-14 9

13ª Jornada (14-01)

13ª Jornada (14-01)

Freamunde - Bragança

Camacha - Infesta

Avanca - Penalva

Abrantes - Odivelas

Lixa - Ribeira Brava

Dragões S. - Fiães

Fátima - Pombal

Barreirense - Atlético

Maia - Lousada

Lusitânia - Oliveirense

Lusitânia - Mirandense

Imortal - Messinense

Maria Fonte - Fafe

Paredes - Machico

Madalena - Pampilhosa

Pinhalnovense - Mafra

Pontassolense - Marítimo B

Portosantense - Esmoriz

Nelas - Portomosense

Real - Est. V. Novas

Ribeirão - Famalicão

Sp. Espinho - U. Lamas

Operário - Tourizense

Rio Maior - Eléctrico

Vila Meã - Moreirense

União - Marco

Sp. Covilhã - Oliv. Bairro

Torreense - Louletano

1-1

Santa Clara - Chaves

0-0

P

1º Sp. Espinho

13ª Jornada (14-01)

1-1

Rio Ave - Olhanense

Classificação

1º Pontassolense 12 10 2 0 20-5 32

13ª Jornada (14-01)

Portimonense - Gil Vicente

J V E D G P 1º Feirense 2º Leixões 3º Santa Clara 4º Penafiel 5º V. Guimarães 6º Rio Ave 7º Estoril 8º Trofense 9º Gondomar 10º O. Moscavide 11º Olhanense 12º Varzim 13º Gil Vicente 14º Portimonense 15º Vizela 16º Chaves

14 13 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 13 14 14 14

7 8 7 5 6 5 6 4 5 5 4 5 3 3 3 1

6 1 4 7 3 6 3 7 4 4 6 2 5 4 2 4

1 19-8 27 4 23-1325 3 16-14 25 2 12-9 22 5 19-15 21 3 19-18 21 5 15-14 21 3 14-11 19 5 15-13 19 5 14-16 19 4 15-17 18 7 14-20 17 5 8-16 14 7 16-21 13 9 15-19 11 9 8-18 7

15ª Jornada (17-01) Chaves - Leixões Gil Vicente - Santa Clara Gondomar - Portimonense O. Moscavide - Feirense Olhanense - V. Guimarães Penafiel - Estoril Varzim - Trofense Vizela - Rio Ave

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FPF leiloa escultura de José Torres A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) vai leiloar no seu sítio oficial a escultura "Memória que pensa, José Torres o Bom Gigante", de José Coelho, em solidariedade com o ex- magriço, que sofre de doença prolongada. A escultura, em ferro, foi feita, segundo José Coelho, "inspirada em José Torres, com o estilo muito eclético no modo como dominava a bola no ar e como marcava golos". O próprio nome da escultura recorda o título que foi dado ao ex-jogador, que fez parte da equipa dos "magriços" que conquistou o terceiro lugar no Mundial de Inglaterra em 1966, tendo apontado três golos na competição.


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DEsPORTO

CORREIO DA VENEZUELA 21 A 27 DE DEZEMBRO DE 2006

Breves

Marí timo goleado

Jean Carlos De Abreu

jcdeabreu@correiodevenezuela.com

O Marítimo de Venezuela perdeu por 5-1 ante a equipa de Sorrento, no passado domingo, numa partida que disputava a "Copa Navidad del CIV", organizado pelo Centro Ítalo-Venezuelano. Segundo Mário Tronca, organizador daquele torneio relâmpago, esta actividade desportiva teve por finalidade agrupar cinco equipas para assim se desfrutar do "deporte rey" num mês algo calmo como é o caso de Dezembro. O único golo apontado pelo Marítimo, da autoria do central Luís Enrique Marinha, aconteceu aos 35 minutos da segunda parte. Durante o primeiro tempo, os verde-rubros atacaram, mas foi o Sorrento a brilhar, indiscutivelmente, durante os 90 minutos de jogo. Tronca explicou que os jogadores do Marítimo serão bem-vindos ao Centro Ítalo sempre que desejem voltar. Comentou ao CORREIO que é a primeira vez que participa neste torneio interno do clube, com uma equipa alheia aos quadros existentes no CIV e assegurou que o Marítimo teve uma participação limpa e profissional durante todo o torneio. Por seu turno, Mário Pereira, dirigente da equipa verde-rubra, declarou que os jogadores do Marítimo deram muita luta apesar de terem perdido por números tão expressivos. Franco Rizzi, antiga glória do Marítimo, esteve à frente da equipa durante torneio. Sobre os jogadores, fez questão de manifestar o seu contentamento pela forma como todos deram o melhor que tinham para dar, tendo ainda sublinhado que o mais importante "é participar".

Património recuperado e exposto em três meses António Carlos da Silva F.

adasilva@correiodevenezuela.com

visita do dirigente desportivo português Carlos Pereira, convidado especial no ú ltimo aniversário do Correio de Venezuela, serviu para mobilizar e entusiasmar - esperemos que definitivamente, desta vez -, um grupo de ex-dirigentes e simpatizantes da 6.ª filial do clube da Almirante Reis a fim de reactivar as actividades do clube tetracampeão venezuelano. Mário Pereira e José Luís Rodrigues, figuras ligadas ao passado glorioso da equipa verderubra venezuelana, deixaram a promessa pú blica de recuperar e expor as taças, troféus e demais objectos que compõem o patrimó nio do clube, num prazo nunca superior a três meses, como pontapé simbó lico inicial da ansiada reactivação da outrora chamada "equipa do povo".

A

"enquanto estivemos à frente de clube, nã o tivemos tempo para pensar no futuro, mas demos aos adeptos quatro tí tulos de campeã o nacional" A criação de uma nova sede, local de entretenimento e inclusive um futuro estádio, fazem parte de um grande projecto, que vai contar com o apoio financeiro e logístico a partir da Madeira e que vai envolver também o Centro Luso Turumo. "QUE A MINHA PRóxIMA VISITA SEJA PARA VER ALGUMA COISA" O principal orador do encontro, como não podia deixar de ser, foi o presidente maritimista Carlos Pereira, que não poupou nenhum elogio aos seus anfitriães,

agradecendo de forma sentida, o acolhimento: "A histó ria do C. S. Marítimo não pode ser contada sem contar a histó ria dos madeirenses emigrados" foi a frase que Carlos Pereira deixou à concorrência, a quem deixou também fez uma curiosa revelação desconhecida de muitos: O seu clube é a ú nica equipa portuguesa que pode utilizar, nos equipamentos, as cores verde e vermelha, as mesmas da bandeira republicana portuguesa, uma vez que a referida bandeira foi implantada 15 dias depois da fundação da famosa equipa madeirense. Enfatizando o cariz social e formador do clube funchalense, Pereira reafirmou, uma vez mais, a total disposição do Marítimo para receber no seu seio jogadores e atletas luso-venezuelanos de qualquer modalidade desportiva, sendo presentemente o clube europeu que tem maior quantidade de atletas de origem venezue-


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lana nas suas fileiras. Deixou a promessa de ajudar a clarificar tudo o que se refere às penalizações e impedimentos jurídico-desportivos que pesaram, diante da FIFA, contra a equipa crioula, e que foram um obstáculo à reactivação do futebol profissional verde-rubro. Ofereceu ainda ajuda logística e até econó mica à futura direcção, disponibilizando, sem custos, a equipa principal do Marítimo, para que venha à Venezuela efectuar um jogo amigável, cujas receitas seriam doadas integralmente ao Marítimo da Venezuela. "Contem comigo" foi a mais esperançosa das frases que proferiu.

PATRIMóNIO RECUPERADO EM TRêS MESES

Alguns vêem-no como a primeira pedra deste "projecto ressurreição". E foi o compromisso assumido pelos expresidentes. Com uma humildade que o engrandece, Mário Pereira confessou aos presentes que "enquanto estivemos à frente de clube, não tivemos tempo para pensar no futuro, mas demos aos adeptos quatro títulos de campeão nacional". E é justo reconhecer que a popularidade e prestígio que ainda se mantêm vivos nas memó rias do Marítimo, pese embora os 11 anos de ausência da primeira divisão, de devem a esses triunfos dentro de campo.

CENTRO LUSO DE TURUMO: A NOVA SEDE Considerando a oferta do presidente do clube, Manuel Pereira, o Centro Luso de Turumo em Caracas poderia ser a nova sede do Marítimo de Venezuela. Não apenas para exibir as suas taças e troféus, mas também para construir de um campo de futebol para as categorias menores e um futuro estádio para o plantel profissional. Para transformar este projecto em realidade, que no papel parece ideal, a par do forte investimento econó mico, é necessário clarificar convenientemente todos os aspectos jurídicos que permitam coexistência, no seio do

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clube, dos accionistas e os associados da equipa verde-rubra. Mas não há dú vida que a presença do tetracampeão dinamizaria e revitalizaria o clube de Turumo. A bola está agora no campo dos dirigentes deste clube social. Depois de vários falhanços internos, parece que agora sim estão reunidas as condições para o ansiado regresso. Mas é nossa responsabilidade advertir todos que esse sonho de poder coser no emblema a quinta estrela de campeão nacional só será possível com a ajuda de todos os verde-rubros e através de um longo e espinhoso caminho. Dependerá de nó s.


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Braga empata e falha 3º lugar Sporting de Braga cedeu segunda-feira um empate (2-2) em casa com o Boavista, em partida que encerrou a 14ª jornada da Liga de futebol, e falhou o "assalto" ao terceiro lugar, ocupado pelo Benfica. Os "arsenalistas", que em caso de vitó ria igualavam com o Benfica no terceiro posto, mas ficavam à frente por terem ganho os "encarnados", embora com mais um jogo, entraram melhor na partida e chegaram a deter uma vantagem de duas bolas. A equipa bracarense, já depois de ter falhado uma grande penalidade, adiantou-se no marcador aos 32 minutos, por zé Carlos, e, aos 43, beneficiou de um auto-golo de Hélder Rosário para ampliar a contagem. Os "axadrezados", que com o empate subiram ao 11º posto, desempatando com o Estrela da Amadora, reagiram e, já no segundo minuto de descontos, reduziram a desvantagem, com um tento de zé Manel, tendo igualado a contenda aos 58, com um golo do inevitável austríaco Roland Linz, segundo melhor marcador do campeonato com sete golos, menos três que o líder, o portista Hélder Postiga. Domingo, o campeão e líder FC Porto goleou o Paços de Ferreira, por 40, no Estádio do Dragão, mantendo Sporting e Benfica à distâ ncia. Um "bis" do defesa brasileiro Pepe (25 e 68 minutos), o 10º golo do melhor

O

marcador da prova, Hélder Postiga, no campeonato (42) e outro tento do argentino Lucho Gonzalez (87) permitiram aos "dragões" manter os cinco pontos de avanço para o segundo, o Sporting, e 11 para o terceiro, o Benfica. Sábado, Sporting e Benfica cumpriram em recepções à Académica de Coimbra (1-0) e ao Vitó ria de Setú bal (3-0). No Estádio José Alvalade, os "leões" bateram os "estudantes" com um tento do brasileiro Liedson, aos 27 minutos, e a

"Briosa", com esta terceira derrota seguida, foi desalojada da 12ª posição pelo Estrela da Amadora, que bateu domingo o Desportivo das Aves, penú ltimo classificado, com um golo solitário de Edu Silva. No Estádio da Luz, golos de Nuno Gomes, Simão e Nuno Assis, respectivamente aos 13, 63 e 86 minutos, colocaram o Benfica, que ainda tem a recepção, quinta-feira, ao Belenenses em atraso, no terceiro lugar. Por seu turno, o Vitó ria de Setú bal,

antepenú ltimo posicionado, acumulou um oitavo encontro sem triunfar na estreia de Carlos Cardoso, pela sexta vez à frente dos sadinos, no lugar do dispensado treinador Antó nio Conceição "Toni". A União de Leiria falhou o "assalto" ao quarto lugar, ao perder na visita à Naval 1º de Maio, por 2-1, apesar de ter inaugurado o marcador por intermédio de Paulo César, logo aos dois minutos, mas Lito (69) e Orestes (73) deram a vitó ria aos figueirenses. Em Aveiro, o brasileiro Mário Jardel regressou aos golos, cobrando o penalti que empatou o encontro do "lanterna vermelha" Beira- Mar com o Nacional da Madeira (1-1), quatro minutos depois de Bruno Amaro ter dado vantagem aos visitantes. A ronda começou sexta-feira com uma surpreendente goleada do Belenenses no Estádio dos Barreiros frente ao Marítimo, por 4-1. Os "azuis" estiveram a vencer por 4-0, com tentos de Silas, zé Pedro, que "bisou" através de penalti, e Eliseu, mas Lipatin ainda reduziu para os insulares. O Belenenses segue no nono lugar, com os mesmos 20 pontos de Nacional (sétimo posto) e Naval (oitavo lugar), enquanto os "verde- rubros" estão na quinta posição, dois pontos atrás do Sporting de Braga.


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Leixões caminha para a promoção Leixões goleou em Matosinhos o Olivais e Moscavide (4-0) e "sagrou-se" vencedor na ronda dos candidatos à promoção, aliando a vitó ria ao "nulo" entre Feirense e Penafiel, na 14ª jornada da Liga de Honra de futebol. Num embate que juntava em Santa Maria da Feira dois pretendentes à subida, Feirense e Penafiel repartiram pontos depois de 90 minutos sem golos, resultado que não comprometeu, porém, a liderança no campeonato dos anfitriões. O Feirense continua a comandar a tabela com os mesmos dois pontos de vantagem sobre a concorrência, agora encabeçada pelo Leixões, protagonista da vitó ria mais dilatada da ronda, marcada por cinco empates. O Santa Clara desperdiçou uma soberana oportunidade de colar- se ao Feirense no topo da classificação, pois também não fez melhor que um empate sem golos na recepção ao "aflito" Desportivo de Chaves, que acabou com uma série de três derrotas consecutivas mas não consegue descolar do ú ltimo posto. Além do inesperado ponto dos flavienses no terreno de outro dos pretendentes à primeira liga, o triunfo do Gondomar no terreno do irreconhecível Vitó ria de Guimarães também marcou esta ú ltima jornada de 2006. Um golo solitário de Tarantino, a 15 minutos do final, ditou a vitó ria do Gondomar, que colocou agora os vimaranenses, que sofreram o segundo desaire

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O

Liga Bwin 14ª Jornada Beira Mar - Nacional

1-1

Benfica - V. Setúbal

3-0

E. Amadora - D. das Aves

1-0

FC Porto - P. Ferreira

4-0

Marítimo - Belenenses

1-4

Naval - União de Leiria

2-1

S. Braga - Boavista

2-2

Sporting - Académica

1-0

Classificação J V E D G 1º FC Porto 2º Sporting 3º Benfica 4º S. Braga 5º Marítimo 6º União de Leiria 7º Nacional 8º Belenenses 9º Naval 10º P. Ferreira 11º Boavista 12º E. Amadora 13º Académica 14º V. Setúbal 15º D. das Aves 16º Beira Mar

14 14 13 14 14

12 1 10 2 8 2 7 3 7 1

14 6 3 5 13-15 21 14 6 2 6 21-1620 13 14 14 14 14 14 14 14 14

6 5 4 4 4 3 2 2 1

2 5 6 4 3 4 3 2 5

5 15-1020 4 12-1220 4 14-19 18 6 17-19 16 7 9-17 15 7 18-22 13 9 8-22 9 10 10-21 8 8 15-30 8

15ª Jornada (17-01)

em casa, a quatro pontos do objectivo do rápido regresso ao escalão principal. Além de Leixões e Gondomar, o Estoril-Praia foi a outra equipa a vencer

nesta ronda, superiorizando-se por 2-1 ao Varzim, que não vence há sete jornadas, somando no Antó nio Coimbra da Mota a quarta derrota consecutiva.

P

1 32-8 37 2 22-9 32 3 26-1326 4 21-19 24 6 16-17 22

Académica - Benfica Belenenses - Sporting Boavista - Marítimo D. das Aves - FC Porto Nacional - S. Braga P. Ferreira - Beira Mar União de Leiria - E. Amadora V. Setúbal - Naval


correio De VenezueLa - 21 A 27 DE DEZEMBRO DE 2006

Com a 'Santa Bárbara' poupa-se 250 euros A pontualidade e o serviço a bordo da companhia aérea venezuelana, que ontem fez o voo inaugural Caracas-Madeira, agradaram aos emigrantes Madeira, e a azáfama de pessoas em seu redor, muitos não dispensaram comentar esta nova opção nas suas viaais vale tarde que nunca. Essa gens entre as duas terras, os dois terriserá a principal ilação que reti- tó rios que levam no coração. SB Airlines cobra menos e oferece ramos das palavras de alguns dos cerca de 200 passageiros que, serviço igual à TAP "Uma viagem excelente", garantiu domingo (17) de manhã, chegaram no primeiro voo directo da companhia Domingos Calheiros, 49 anos. O emiaérea venezuelana Santa Bárbara grante, há 29 na Venezuela, não perdeu Airlines, ligando Caracas à Madeira. E tempo a atirar-se à TAP: "Já faltava a longa viagem de mais de 6 horas outra opção para a comunidade madeiparece não ter esmorecido a convicção rense. Espero que façam (Santa Bárbara) mais viagens dos emigrantes (na sua por semana. Ainda por maioria, madeirenses e cima, o preço é muito descendentes), que ansiamenor e o serviço excevam pelo dia em que A longa viagem de mais de lente.". pudessem optar entre a 6 horas parece nã o ter Também Paulo TAP e uma companhia concorrente. esmorecido a convicç ã o Pestana, há 42 anos radicado naquele país, disse A começar pelos predos emigrantes que que "estava há cinco anos ços praticados pela SB Airlines, muito mais ansiavam pelo dia em que à espera desta oportunidade" que, acredita, vem competitivos (901 euros, pudessem optar entre "terminar com o monoainda sem a taxa xP, que a TAP e uma companhia pó lio que sabemos que a empresa deverá decidir havia." O cidadão lusoem breve qual será) que concorrente venezuelano acredita os da companhia de banque, agora, muitos contedeira nacional (1116,83 rrâ neos "que antes não euros, também sem a referida taxa xP, mas que a TAP cobra podiam vir à Madeira por causa do por 35 euros a passagem), passando preço excessivo, poderão vir à sua pela 'pontualidade britâ nica' com que terra", acrescenta. Um tratamento impecável, pelo o voo saiu do Aeroporto de Maiquetia, no Estado de Vargas, que serve a capi- preço mais acessível. A ideia é de tal venezuelana, e culminando com a Alberto dos Reis, 55 anos. "Pelo serviatenção dispensada pela assistência de ço, quase se compara ao da TAP", garante o madeirense, relembrando bordo. Assim se explica as palavras elogio- que os bilhetes ficam muito mais em sas dos passageiros que o DIÁRIO conta. "Poupei 800 dó lares nesta viainterpelou à saída do Boeing 767-300, gem", revela, o que em 41 anos de emiali mesmo, na placa do Aeroporto da gração nunca acontecera. "Era bom que Madeira. Recebidos com flores (orquí- houvesse pelo menos dois ou três voos deas e estrelícias), numa operação de por semana". "TAP trata-nos mal", diz dirigente charme da ANAM e do Turismo da Francisco José Cardoso (DN-MADEIRA)

M

do Centro Português Quem não perdeu a oportunidade de garantir um lugar neste primeiro voo da SB Airlines foi o presidente do Centro Português de Caracas. André Pita reforçou a ideia já expressa: "É um momento muito importante para os portugueses na Venezuela. Não concordo que haja uma só linha aérea, por isso acredito que a competição fará com que a TAP deixe de nos tratar mal, como às vezes já tem acontecido. Cobram um preço que não é justo, que deveria ser igual para todos. Compreendemos que a Madeira não seja uma linha muito competitiva, principalmente no regresso à Venezuela, pois vêm cheios e vão com menos passageiros. Um voo por semana já é bastante bom. Oxalá tenha êxito, pois não irá retirar clientes à TAP. Haverá, sim, muito mais gente a querer e a poder vir à Madeira.".

Um dos exemplos é Maria Olívia, uma continental que está radicada há 38 anos naquele país e já veio 3 vezes à Região. Desta feita, veio toda a família (marido e 3 filhos). "Foi uma viagem espectacular e fomos bem tratados", referiu. "E, na verdade, fazia falta uma opção, principalmente quanto ao preço, que nem é preciso referir as vantagens que trazem, especialmente aos madeirenses. Com o dinheiro de um na TAP, vêm dois na Santa Bárbara", argumenta. Por fim, a experiência de Maria da Conceição Abreu que, apesar de não saber qual foi o preço da viagem, sabe bem quantos anos já tem de Venezuela: 55 anos! Aos 78 anos de idade já fez a mesma viagem vezes sem conta, de barco e de avião, mas há 8 que não passava o Natal com a filha na Madeira. "Este foi um bem que nos deram", disse. "Estou satisfeita".


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